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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE

FERNANDÓPOLIS – FEF

FONOAUDIOLOGIA

PATOLOGIAS DOS ÓRGÃOS


DA AUDIÇÃO

PROFa. ANA LÚCIA RIOS

ALUNA: ___________________________

2004
Patologias dos Órgãos da Audição 1

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FROTA, S. Fundamentos em fonoaudiologia: audiologia. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 1998.

FUKUDA,Y. Otorrinolaringologia – EPM. São Paulo: Manole, 2002.

JERGER, J; JERGER, S. Alterações auditivas: um manual para avaliação clínica. São


Paulo: Atheneu, 1989.

HAWKE, M. Guia clínicos para as afecções do ouvido. Gower Medical Publishing, 1987.

HUNGRIA, H. Otorrinolaringologia. 7.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.

KATZ, J. Tratado de audiologia clínica. 4. ed., São Paulo: Manole, 1999.

LOPES FILHO, O. Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 1997.

MUNHOZ, M. S. L. et al. Audiologia clínica. São Paulo: Atheneu, v.2, 2000.

NORTHERN, J.L. et DOWNS, M.P. Audição em crianças. 3.ed. São Paulo: Manole, 1989.

PEREIRA, L.D. et SCHOCHAT, E. Processamento auditivo central: manual de avaliação.


São Paulo: Lovise, 1997.

RUSSO, I. P. et SANTOS, T.M.M. A práticas da audiologia clínica. 4.ed. São Paulo: Cortez,
1993.

RUSSO, I. P. et SANTOS, T.M.M. Audiologia infantil. 4.ed. São Paulo: Cortez, 1994.

OBS: Figuras extraídas do guia clínico de afecções do ouvido.

OBJETIVO

Oferecer ao aluno noções teóricas sobre a anatomofisiologia do sistema auditivo


humano, enfocando a fisiopatologia do sistema vestibular e das vias auditivas centrais.
Estudar as etiologias, os sinais e sintomas; os perfis audiológicos e os tratamentos das
patologias de orelha externa, média, interna e surdez central; levando o aluno a adotar uma
postura crítica - reflexiva sobre a importância desta área na realidade atual da Fonoaudiologia;
despertando-o ainda, para as possíveis ações preventivas a serem desenvolvidas com relação
aos aspectos abordados.
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

- ANATOMIA DA ORELHA HUMANA


1. OSSO TEMPORAL
2. ORELHA HUMANA
2.1. ORELHA EXTERNA
2.2. MEMBRANA TIMPÂNICA
2.3. ORELHA MÉDIA
2.4. ORELHA INTERNA
2.5. VIAS AUDITIVAS
2.6. VIAS VESTIBULARES
2.7. INERVAÇÃO

- FISIOLOGIA DA ORELHA HUMANA


1. FISIOLOGIA DA AUDIÇÃO
2. FISIOLOGIA DO EQUILÍBRIO

- SEMIOLOGIA DA ORELHA HUMANA

- PATOLOGIAS DA ORELHA HUMANA


1. ORELHA EXTERNA
1.1. OTITE EXTERNA AGUDA (Difusa)
1.2. FURÚNCULO DO MEATO ACÚSTICO EXTERNO (Otite Externa Localizada)
1.3. OTITE EXTERNA MALÍGNA (Otite Externa Necrosante)
1.4. OTITE EXTERNA ECZEMATOSA
1.5. OTITE EXTERNA ESTENOSANTE
1.6. OTITE EXTERNA HEMORRÁGICA
1.7. OTOMICOSE (Otite Externa Fúngica)
1.8. OTOHEMATOMA
1.9. ROLHA CERUMINOSA
1.10. OUTRAS ALTERAÇÕES ENCONTRADAS EM OE:
a) Otite Externa Granulosa
b) Pericondrite do Pavilhão
c) Erisipela do Pavilhão
d) Exostoses
e) Corpos Estranhos
f) Rolha Epidérmica
g) Colabamento de CAE
h) Miíase
i) Patologias Congênitas de Orelha Externa
j) Miringite Bolhosa
k) Herpes Zoster

2. MEMBRANA TIMPÂNICA
2.1. PERFURAÇÃO DE MEMBRANA TIMPÂNICA
2.2. TIPOS DE PERFURAÇÃO DE MEMBRANA TIMPÂNICA:
a) Perfuração da Membrana de Schrapnell
b) Perfuração na Parte Inferior
c) Perfuração na Parte Anterior Perfuração na Parte Posterior
d) Perfuração na Parte Central
e) Perfuração Marginal

3. ORELHA MÉDIA
3.1. OTITE MÉDIA AGUDA SIMPLES
3.2. OTITE MÉDIA DO LACTENTE (Otoantrite)
3.3. OTITE MÉDIA AGUDA NECROSANTE
3.4. OTITE MÉDIA CRÔNICA
a) Não-Supurativa:
a.1) Otite Média Crônica Simples
a.2) Otite Média Crônica Secretora ou Serosa
b) Supurativa:
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b.1) Otite Média Crônica Não-Colesteatomatosa


b.2) Otite Média Crônica Colesteatomatosa
3.5. OTOESPONGIOSE OU OTOSCLEROSE
3.6. DISFUNÇÃO TUBÁRIA
3.7. DESARTICULAÇÃO OU DISJUNÇÃO DE CADEIA OSSICULAR
3.8. TUMORES DO GLOMOS JUGULAR
3.9. OUTRAS ALTERAÇÕES ENCONTRADAS EM OM:
a) Barotrauma
b) Malformações Congênitas

4. ORELHA INTERNA
4.1. OTOSPONGIOSE COCLEAR
4.2. PRESBIACUSIA
4.3. PAIR
4.4. TRAUMA SONORO OU ACÚSTICO
4.5. SCHWANNOMA OU NEURINONA DO ACÚSTICO
4.6. DOENÇA DE MÉNIÉRE
4.7. OTOTOXICIDADE
4.8. PERDA AUDITIVA SÚBITA IDIOPÁTICA
4.9. SÍFILIS
4.10. DIABETES MELLITUS
4.11. OUTRAS ALTERAÇÕES ENCONTRADAS EM OI:
a) Fístula Perilinfática
b) Malformações Congênitas
c) Icterícia Neonatorum
d) Rubéola Congênita
e) Caxumba
f) Doenças Virais
g) Esclerose Múltipla
h) Traumas Cranianos
i) Deficiência Auditiva Sensorioneural Hereditária
j) Tumores Intracranianos Que Afetam O Sistema Auditivo Central
k) Alterações Vasculares
l) Alterações Labirínticas

- NERVO FACIAL
1. PARALISIA DO NERVO FACIAL

- PERDA AUDITIVA FUNCIONAL

- PROCESSAMENTO AUDITIVO

- VERTIGEM

- ZUMBIDO

- RELAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA COM DEMAIS ESPECIALIDADES

- ILUSTRAÇÕES GERAIS
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ANATOMIA DA ORELHA HUMANA

1. OSSO TEMPORAL
Fica na parte lateral do crânio, contém o CAE (está presente no 2/3 de sua parte
interna), toda a OM e OI, parte do VII par (nervo facial) e do VIII par (nervo vestibulo-coclear)
do nervo craniano, artéria carótida interna e o bulbo da jugular.
O osso temporal possui 4 porções (escamosa, timpânica, petrosa e mastóidea) e 3
processos (saliências – mastóidea, estilóidea e zigomática).

2. ORELHA HUMANA
A orelha humana é de grande complexidade anatomofuncional, cuja função é auditiva
(transmissão de ondas sonoras nas freqüências de 20 a 20.000 Hz – no homem) e de equilíbrio
(captação da pressão da gravidade e do deslocamento do corpo no espaço).
É dividida em OE, OM e OI. As OE e OM permitem ao som do meio aéreo chegar
adequadamente ao meio líquido, onde estão imersas as células sensoriais da cóclea, que
captam essa energia sonora.

2.1. ORELHA EXTERNA


É constituída pelo pavilhão auricular e pelo meato (conduto) auditivo externo.
a) Pavilhão Auricular: É a parte mais visível do mecanismo de audição e responsável pela
captação do som. É uma estrutura flexível (cartilagem elástica) em forma de concha. É
conectado ao crânio e ao couro cabeludo por três pequenos músculos extrínsecos
(anterior, posterior e superior) que não conferem movimento próprio ao pavilhão. É
ricamente vascularizado e apresenta inervação sensitiva feita pelos nervos do ramo do
plexo cervical. Apresenta uma série de irregularidades denominadas de:
- Concha Auricular: Depressão mais profunda;
- Hélice: É a margem do pavilhão semelhante a um friso que desce anteriormente em
direção à concha;
- Antihélice: Segunda borda semicircular, anterior a hélice;
- Fossa Escafóide: Depressão entre a hélice e antihélice;
- Tragus: Saliência anterior que protege o CAE;
- Antitragus: Pequeno sulco no limite inferior da concha;
- Lóbulo: Parte inferior, desprovida de cartilagem, formado por tecido adiposo.

b) Meato ou Conduto Acústico Externo (CAE): A comunicação entre as OM e OI com o


ambiente externo é realizada através deste CAE, cuja função básica é a de conduzir os
sons até a MT. É constituído por um tubo irregular, fechado ao fundo, de aproximadamente
25 mm de comprimento na porção póstero-superior, 31 mm na porção ântero-interior e 8
mm de diâmetro no adulto, que diminui gradualmente em direção ao istmo (fusão da
estrutura cartilaginosa com a estrutura óssea. É formado de 1/3 de cartilagem (metade
lateral) e de 2/3 de porção óssea. O eixo do CAE é dirigido ligeiramente para baixo
impedindo que a água ou outros corpos estranhos se acumule nesta região. O tubo tem o
formato curvo (“S”) que pode variar um pouco de pessoa para pessoa. A pele que reveste
este conduto contém no terço lateral do canal, numerosos pêlos ou cílios e glândulas
sebáceas modificadas que em conjunto com glândulas ceruminosas produzem o cerume
ou a cera da orelha. Este cerume protege o CAE impedindo a entrada de insetos e outros
corpos estranhos , pois apresenta coloração amarelada, é amargo e pegajoso.

2.2. MEMBRANA TIMPÂNICA


Encontra-se na porção final do CAE, separando-o da OM. É uma estrutura delgada,
côncava e semitransparente; tem a forma de um cone cujo o ápice está voltado para dentro da
OM. Permanece em posição oblíqua e possui tamanho e posição variável, mas tem
aproximadamente 10 mm de diâmetro e é formada pela junção da extremidade medial do CAE
com a extremidade lateral do recesso tubotimpâmico, interposta por um tecido fibroso.
A MT é inervada pelos ramos dos nervos vago e glossofaríngeo e é composta por duas
partes:
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- Parte Tensa: Camada média fibrosa que não ocupa a porção mais inferior da membrana,
estando ausente na sua porção superior; é ela que confere consistência própria à
membrana com suas fibras radias e não radiais. É responsável pela transmissão da
vibração sonora para a OM.

- Parte Flácida ou Membrana de Schrapnell: Ocupa a porção mais superior da membrana


e é constituída por duas camadas de tecido. Está firmemente fixada na parede do CAE por
um anel de tecido fibroso denominado de anel timpânico.

2.3. ORELHA MÉDIA


É constituída pela:
a) Cavidade Timpânica: Comunica-se anteriormente com a nasofaringe através da tuba
auditiva e posteriormente com as células mastóideas pelo ádito.
É um espaço dentro da porção petrosa do osso temporal preenchido por ar. Tem
formato irregular, mede aproximadamente no seu diâmetro vertical 15 mm e no seu diâmetro
horizontal 6 mm e contém a cadeia ossícular.
Apresenta 6 paredes que são praticamente paralelas entre si dando a esta cavidade
um formato de cubo alongado. Os limites da cavidade são:
- Parede Lateral: Membrana timpânica;
- Parede Superior: Tegmen Tympani e é denominada de tecto ou parede tegmentar;
- Parede Inferior: Células timpânicas, bulbo da veia jugular e artéria carótida interna;
- Parede Anterior: Tuba auditiva e semicanal do músculo tensor do tímpano;
- Parede Posterior: Nervo facial, músculo estápedio e antro da mastóide;
- Parede Medial: Janela oval, janela redonda e promontório (parte mais lateral do giro basal
da cóclea e sobre o qual se dispõe o plexo timpânico).

b) Cadeia Ossícular: Encontra-se suspensa na cavidade timpânica e é constituída por três


ossículos (martelo, bigorna e estribo). Esses ossículos são considerados os menores ossos
do corpo humano e funcionam como uma ponte que liga a MT ao OI. Eles são mantidos em
posição por uma série de ligamentos (anular, superior, lateral, anterior, superior e posterior)
muito delicados e por músculos que são:

- Músculo Estápedio: Ocupa o conduto da eminência piramidal, chega ao orifício de saída


e em forma de tendão, se fixa na cabeça, ou no colo do estribo. Esse músculo se contrai
quando o som ambiental se torna muito intenso, provocando um enrijecimento da cadeia
ossicular, que dificulta a transmissão do som para a orelha interna, funcionando dessa
maneira como um mecanismo protetor contra os sons excessivamente intensos.

- Tensor do Tímpano: Situa-se num semicanal localizado acima da tuba auditiva, seguindo
direção paralela à mesma.

Os ossículos são:
- Martelo: É o maior e o mais lateral de todos os ossículos e está ligado a MT. É formado
por cabeça, colo, cabo e dois processos (lateral e anterior). É na região do colo que se
insere o tendão do músculo tensor do tímpano. Mede cerca de 8 a 9 mm e está suspenso
pelo ligamento anterior.

- Bigorna: Mede aproximadamente 7 mm, mas é o mais longo. Consiste num corpo e três
processos (curto, longo e lenticular). Seu corpo articula-se com a cabeça do martelo e seu
processo lenticular articula-se com o estribo.

- Estribo: É o menor dos três ossículos, mede em torno de 3,3 mm e tem a forma de um
estribo. É constituído por cabeça, base, dois ramos e uma platina. A base do estribo se
encontra fixada à borda da janela oval pelo ligamento anular.

c) Tuba Auditiva: É um tubo achatado osteocartilaginoso que comunica a cavidade timpânica


com a nasofaringe, tem um total de 37 mm de comprimento. Permite uma ventilação dos
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espaços pneumatizados do osso temporal, protegendo contra possíveis agressões


bacterianas, além de equilibrar a pressão de ar entre a OE e a OM, proporcionada todas às
vezes que o sujeito deglute. A tuba por sua natureza elástica permanece fechada e abre-se
ao bocejar e deglutir, através da ação dos músculos tensor e elevador do véu palatino,
além do salpingofaríngeo. A manutenção da pressão de ar dentro da OM em equilíbrio com
a pressão de ar do OE é condição básica para que ocorra uma boa transmissão da onda
sonora através das estruturas do sistema tímpano-ossicular. Se a OM não existisse haveria
uma perda de energia devido à diferença de densidade dos meios existentes entre o ar
(OE) e o líquido (OI).

2.4. ORELHA INTERNA


Está contida na parede petrosa do osso temporal consiste de três partes principais:
- Estruturas Neuroepiteliais: Estão na parte central da luz do labirinto e são constituídas
por células sensoriais (ciliadas), células de sustentação e membrana gelatinosa. São
nutridas pela perilinfa (rica em sódio) através da membrana basilar.

- Labirinto Membranoso (ductos): Está dentro do labirinto ósseo. É um sistema de tubos e


espaços epiteliais preenchido pela endolinfa (rica em potássio) e circundado na sua maior
parte pelo espaço perilinfático. É constituído pelas seguintes estruturas: ducto e saco
endolinfático, sáculo, utrículo, ductos semicirculares e ducto coclear. Tanto o espaço
perilinfático quanto o endolinfático estão envoltos pelo labirinto ósseo.

- Labirinto Ósseo (canais): Apresenta as seguintes porções: vestíbulo, cóclea, canais


semicirculares (aqueduto coclear, aqueduto vestibular e meato acústico interno). É
preenchido pela perilinfa.

a) Labirinto Anterior ou Coclear: É uma estrutura que se parece com um cone achatado,
helicoidal com cerca de 2 ou 3 espirais. No eixo ósseo central conhecido como modíolo
encontram-se vasos que irrigam a cóclea, as fibras nervosas do ramo coclear do VIII par e
o gânglio espiral (células bipolares) e também apresenta uma expansão perpendicular da
base ao ápice do modíolo, denominada de lâmina espiral. Em torno da lâmina espiral
situa-se o canal coclear, que tem início na parte anterior do vestíbulo. A lâmina divide
incompletamente o canal em duas porções: uma superior, a escala ou rampa vestibular,
e uma inferior, a escala ou rampa timpânica. Ambas contêm perilinfa que penetra no
labirinto através do aqueduto coclear. As duas escalas unem-se no helicotrema, situado
no ápice da cóclea. Da lâmina espiral partem duas membranas, uma como continuação da
lâmina, completando a separação entre as duas escalas, a membrana basilar, e outra
com um ângulo de aproximadamente 30º em relação à primeira, a membrana vestibular
ou membrana de Reissner. Essas duas membranas delimitam um espaço triangular, o
ducto coclear ou escala/rampa média. Junto ao canal, entre duas membranas, situa-se o
ligamento espiral, sobre o qual está uma estrutura ricamente vascularizada e de grande
atividade metabólica, a estria vascular. Essa estria produz o líquido que preenche a
escala média, a endolinfa. É graças a essa composição iônica da endolinfa que existe o
potencial endococlear, fundamental para a transformação mecano-elétrica da energia
sonora que ocorre no interior das células ciliadas. Sobre a membrana basilar, estão as
células ciliadas banhadas pela perilinfa; há uma coluna de células ciliadas internas e três
colunas de células ciliadas externas, todas apoiadas sobre as células de sustentação.
Um espaço triangular (túnel de Corti) separa as células ciliadas internas das externas.
Acima das células ciliadas há uma membrana tectória (estrutura gelatinosa), onde os
cílios mais longos das células ciliadas externas estão imersos. O conjunto de células
sensoriais, células de sustentação e a membrana tectória constitui o órgão de Corti.

b) Labirinto Posterior ou Vestibular: É composto pelos três CSC e pelo vestíbulo.


- Canais Semicirculares: São em número de três e de acordo com sua posição dentro do
osso temporal recebem a seguinte denominação: lateral, posterior e superior. Cada um
deles forma um arco onde as extremidades se abrem no vestíbulo, em número de cinco
(uma das extremidades do canal superior une-se à do canal posterior antes de chegar ao
vestíbulo). No interior de cada canal está o ducto semicircular, de estrutura membranosa,
contendo a mesma endolinfa produzida na estria vascular (da cóclea). Cada ducto,
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apresenta uma dilatação, conhecida como ampola, em uma das extremidades, onde estão
as cristas ampulares contendo as células ciliadas. Os cílios estão imersos na cúpula,
uma estrutura semelhante à membrana tectória (da cóclea). Os corpos dos neurônios
vestibulares estão situados no CAI, no gânglio vestibular (de Scarpa), sendo que o
segmento axonal distal vai fazer sinapse com as células ciliadas, e o segmento proximal irá
construir o nervo vestibular, que inerva os estímulos aos núcleos vestibulares localizados
no soalho do IV ventrículo. (Aceleração linear do corpo – percepção da posição do corpo
no espaço em plano vertical, sofrendo os efeitos da gravidade).

- Vestíbulo: É uma grande cavidade cheia de perilinfa situada entre os CSC e a cóclea. No
interior dessa estrutura, existem duas bolsas membranosas contendo endolinfa: uma
póstero-superior, o utrículo e, outra ântero-inferior, o sáculo. Tanto o utrículo quanto o
sáculo contêm as células sensoriais localizadas na mácula, com os cílios imersos na
membrana otolítica, que contém otólitos. O sáculo e o utrículo comunicam-se através
dos ductos utricular e sacular, cuja união forma o ducto endolinfático. Este segue em
direção posterior, passando por dentro do arco do CSC posterior, através do aqueduto do
vestíbulo e terminando numa dilatação, o saco endolinfático que está situado
medialmente ao seio sigmóide e apresenta uma função secundária na absorção do líquido
endolinfático.
(Aceleração angular do corpo – percepção dos movimentos rotatórios e da velocidade de
deslocamento, não sofre os efeitos da gravidade).

2.5. VIAS AUDITIVAS


As fibras aferentes primárias que vêm do gânglio espiral do órgão de Corti (1ª
estação) chegam ao núcleo coclear ventral e dorsal (2ª estação), fazendo sinapse nesses
núcleos do bulbo.
Do núcleo coclear ventral, fibras nervosas dirigem-se para o complexo olivar (3ª
estação) dos dois lados, onde outra sinapse ocorre.
O complexo olivar de cada lado recebe fibras dos dois ouvidos. Nesse nível, já pode
ocorrer a comparação das características sonoras que chegam aos dois ouvidos, para
detecção da direção do som.
Do núcleo coclear dorsal partem fibras que se dirigem para o lado oposto fazendo
sinapse no núcleo do lemnisco lateral (4ª estação).
As fibras que saem do complexo olivar seguem em direção ascendente, umas do
mesmo lado e outras cruzando para o lado oposto, ligando-se aos núcleos do lemnisco lateral.
Deste partem fibras que se projetam para o colículo inferior (5ª estação), sendo algumas
delas cruzadas.
Do colículo inferior, as fibras passam ao corpo geniculado medial (6ª estação) sem
cruzar, e daí ao córtex auditivo (7ª estação) no lobo temporal.
Esses tratos possuem cinco ou seis estações sinápticas em seu trajeto. Na cadeia
neuronal das vias auditivas, da cóclea ao colículo inferior, a informação sensorial sofre um
processamento crescente, pela sintonia das unidades nervosas, pela maior complexidade das
respostas e pela maior participação de informações do ouvido contralateral. As vias auditivas
enviam projeções ao sistema reticular ativador e ao cerebelo.

2.6. VIAS VESTIBULARES


O nervo vestibular, intimamente ligado ao nervo coclear, percorre o CAI, juntamente
com o nervo facial, dirigindo-se ao tronco encefálico, mas especificamente no soalho do IV
ventrículo, na ponte, onde se localizam os núcleos vestibulares. Os núcleos vestibulares
superior e medial, recebem informações dos CSC e enviam fibras, via fascículo longitudinal
medial, aos núcleos oculomotores e também ao feixe vestíbulo-espinhal medial. O núcleo
vestibular lateral recebe fibras dos órgãos otolíticos e envia pelo feixe vestíbulo-espinhal
lateral informações e o núcleo vestibular inferior recebe fibras originadas nos CSC e no
utrículo, envia informação para o cerebelo e formação reticular (trato vestibular cerebelar).
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2.7. INERVAÇÃO
A orelha humana é inervada pelo VIII par craniano é também conhecido como nervo
vestibulo-coclear que leva as informações ao SNC.

Orelha externa, média e interna.


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FISIOLOGIA DA ORELHA HUMANA

1. FISIOLOGIA DA AUDIÇÃO
O som é uma energia vibratória com fase de compressão e de rarefação (movimento
sinusoidal) que penetra pelo CAE e incide na MT, sendo transmitido aos ossículos, conferindo
movimento de pistão à platina do estribo. No homem, a freqüência audível varia de 20 a 20.000
Hz, sendo que essa vibração sonora é transformada em energia elétrica na OI, que é enviada
ao SNC com todas as suas características de intensidade, freqüência, harmonia, atingindo o
cérebro no giro temporal transverso anterior (área auditiva primária), quando o som é
percebido.

ORELHA EXTERNA:
- O pavilhão apresenta o papel de localizar o som no sentido vertical, o sentido horizontal é
dado pela bilateralidade das orelhas, além de captar as ondas sonoras;
- O tragus protege o CAE;
- O CAE protege as estruturas mais profundas e conduz a vibração sonora até a MT, além
de ajudar na ressonância do som.

ORELHA MÉDIA:
- É transmitir adequadamente a energia sonora do meio aéreo (OE) ao meio líquido (OI), por
isso é conhecido como o transformador mecânico.
- Como a transmissão direta dissipa grande parte de energia dois mecanismos foram criados
para garantir eficácia da transmissão sonora (ar – água). Essa multiplicação de pressão
permite força necessária para que a energia sonora possa chegar e criar onda sonora na
perilinfa da cóclea. Os mecanismos são:
a) Mecanismo de Redução de Área: Ocorre uma diferença de diâmetro entre a área da
MT (55 mm2) e da janela oval (3,2 mm 2), portanto, a pressão que incide sobre a janela
oval é 17 vezes maior que a da MT.

b) Mecanismo de Amplificação de Energia ou de Alavanca: É o efeito de alavanca dos


ossículos; o cabo do martelo é 1,3 vez mais longo que o ramo longo da bigorna,
portanto o resultado final é 22 vezes maior na janela oval que na MT.
- A tuba auditiva mantém a caixa timpânica num meio aéreo e com pressão igual ao meio
ambiente;
- O músculo estapédico (inervado pelas fibras motoras do nervo facial) apresenta contração
reflexa quando a orelha é exposta a ruídos intensos, não permitindo o livre movimento
ossicular e, dessa forma, impedindo que a energia sonora excessiva atinja a orelha interna
na sua totalidade. Este fenômeno evidencia a integração entre o nervo coclear (aferente) e
no nervo facial (eferente), efetuada, possivelmente, nos núcleos olivares situados no tronco
encefálico.

ORELHA INTERNA:
- A vibração sonora ampliada 22 vezes pela estrutura timpanossicular da OM, chega ao
vestíbulo criando ondas na perilinfa e na membrana basilar deslocado as células ciliadas
externas da sua posição de repouso.
- Como os cílios mais longos dessas células estão imersos na membrana tectória o
deslocamento traciona esses cílios, levando à contração ativa e à distensão dessas
células. Isso amplia o movimento da membrana basilar ao mesmo tempo em que
especifica a freqüência, colocando as células ciliadas internas em funcionamento com
entrada de íons de sódio e de potássio no interior dessas células ativando os
neurotransmissores situados na base das mesmas. Esses neurotransmissores ativam a
sinapse com o dendrito do nervo coclear, cujo corpo está situado no modíolo da cóclea e
os axônios proximais constituem o nervo coclear, que são ativados e levam os impulsos
elétricos sonoros ao SNC.
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Mecanismo de Condução Óssea: Até agora verificamos a transmissão por via aérea
(VA) do estímulo sonoro, porém as estruturas da OI podem ser estimuladas através de
vibrações que a energia provoca nos ossos do corpo humano. Os mecanismos de condução
óssea podem ser classificados em três grupos:
a) Compressão e Descompressão do Crânio: O crânio vibra de maneira diferente para
cada freqüência do estímulo sonoro. Estes movimentos causam a compressão dos líquidos
intralabirínticos no mesmo padrão vibratório e com isso ocorre a alteração do repouso das
células ciliadas do órgão de Corti.

b) Inércia da Cadeia Ossicular: O crânio vibra como um todo e como a cadeia ossicular
encontra-se suspensa dentro da cavidade timpânica, a vibração do crânio faz com que a
platina do estribo seja movimentada sobre a janela oval provocando a alteração dinâmica
dos líquidos do OI.

c) Mecanismo da Mandíbula: Quando o crânio vibra a mandíbula também vibra, porém em


fase diferente provocando deslocamentos das estruturas cartilaginosas do CAE que são
transmitidas através dos meios aéreos convencionais.

2. FISIOLOGIA DO EQUILÍBRIO (VESTIBULAR)


O equilíbrio é mantido através da junção de informação do sistema vestibular, visual e
proprioceptivo. A lesão em algum desses sistemas ocasionam um desequilíbrio. A falta de
alguns destes sistemas é compensado pelos outros dois. Esses sistemas são coordenados
pelo cerebelo que interliga as informações dadas e orienta os movimentos do corpo no espaço.
Quando se movimenta a cabeça num sentido a endolinfa por inércia permanece
parada. Isso corresponde a endolinfa ter sido movimentada para o lado oposto. Este fenômeno
produz uma deflexão dos cílios das células sensoriais da crista ampular, esta deflexão tira as
células do seu estado de repouso gerando assim um estímulo nervoso, este estímulo vai
caminhando pela via vestibular chegando ao SNC (cerebelo, núcleo oculomotor, medula
espinhal e pneumogátrico).
A compressão ou descompressão das células sensoriais da mácula (sáculo e utrículo)
tira as células do repouso gerando impulsos nervosos que também são encaminhados pela via
vestibular até o SNC.
O sistema vestibular recebe as sensações de movimento e posição da cabeça e do
corpo no espaço.
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SEMIOLOGIA DA ORELHA HUMANA

1. ANAMNESE: São dados do paciente para ajudar a chegar ao diagnóstico. São perguntas
feitas de maneira simples e diretas. As perguntas mais comuns são:
- Idade e sexo do paciente;
- Qual a queixa;
- Há quanto tempo que está com a queixa;
- Se a queixa é bilateral;
- Se o ouvido tem vazado;
- Quais os outros sintomas relacionados a hipoacusia;
- Se teve algum fator desencadeante;
- Qual a profissão e há quanto tempo exerce essa função;
- Se está exposto a ruídos intensos.

2. EXAME FÍSICO DO APARELHO AUDITIVO: Divide-se em:


a) Exploração Física: Observar o que está acontecendo anatomicamente.

- Inspeção: Permite reconhecer as alterações; é verificar como está a orelha e as estruturas


adjacentes. Dá para observar o pavilhão auricular, a região da mastóide, a região da
mandíbula. As alterações geralmente encontradas são: Abscesso de pavilhão auditivo,
pericondrite (infecção na cartilagem), agenesias do pavilhão e do CAE, fístulas pré-
auriculares, otoantrite (infecção na mastóide).

- Palpação: Fornece elementos de valor para a orientação diagnóstica pela comprovação


dos pontos dolorosos e dos gânglios (íngua) peri-auriculares.

- Otoscopia: Estruturas a serem observadas através de um espéculo auricular acoplado


num otoscópio:
- CAE: ver se há alguma lesão, secreção, corpo estranho.
- MT: ver as características dessa estrutura, se há transparência, integridade, ver a
projeção do cabo do martelo, o triângulo de luz.

- Exame da Tuba Auditiva: Para verificar se a tuba está funcionante, ou seja, se está
ocorrendo a passagem de ar da nasofaringe para a OM. Os métodos para se examinar a
tuba auditiva visam insuflar o ar para dentro da tuba. Há três métodos de insuflação:
- Manobra de Valsalva: Consiste em jogar ar dentro da OM, sobre pressão realizada
pelo próprio paciente (fecha a boca, tampa o nariz e solta o ar dos pulmões para a
nasofaringe sem deixar escapar o ar pela boca e/ou nariz, como se estivesse
segurando um espirro). Isso cria uma pressão dentro da nasofaringe fazendo a tuba se
abrir. Também utilizamos a imitanciometria para verificar o funcionamento da tuba
(pesquisa da função tubária), ela pode estar funcionante (aberta), semi-funcionante ou
fechada.

- Pêra de Politzer (seringa de borracha): Baseia-se no fato de que durante a


deglutição a tuba auditiva abre para dar alguma quantidade de ar ao interior da caixa
do tímpano. O paciente com disfunção tubária antiga apresenta uma retração
importante da MT e através deste exame consegue-se saber se a tuba está
funcionante e não obstruída e se a MT está ou não aderida à mucosa da OM. A
seqüência de Politzer é:
- O paciente coloca um gole de água na boca; o ORL coloca a ponta da pêra numa
narina e obstrui a outra com a mão; ao mesmo tempo em que o paciente engole a
água o médico aperta a pêra e injeta ar para a nasofaringe.

- Sonda de Itard: Ela é introduzida pela narina e levada até a abertura da tuba auditiva
nasofaringe e é injetado ar para dentro da OM.

- Exames Radiológicos: Seriam os:


- Raios-X simples;
- Tomografia computadorizada (CT) e ressonância magnética.
Patologias dos Órgãos da Audição 12

b) Exploração Funcional: Através das funções de:


- Audição: Verificar a integridade da via auditiva (desde o OE até o córtex auditivo) através
dos exames:
- Audiometria Tonal Limiar: Consegue verificar as alterações da OE, OM, OI e parte do
nervo auditivo, por meio da via aérea e via óssea;

- Logoaudiometria: Consegue verificar as alterações da OE, OM, OI e parte do nervo


auditivo, por meio da discriminação auditiva;

- Imitanciometria: Através da timpanometria e pesquisa do reflexo estapediano,


consegue verificar a movimentação do sistema tímpano-ossicular, como também a
função da tuba auditiva;

- Audiometria Condicionada: Consegue verificar as alterações da OE, OM, OI e parte


do nervo auditivo, por meio da via aérea e via óssea em indivíduos e/ou crianças que
não compreendem a execução da audiometria tonal convencional;

- Screnning Auditivo: Consegue verificar as alterações auditivas através das reações


comportamentais da criança;

- BERA: Consegue verificar o restante, ou seja, o nervo auditivo, o tronco cerebral e o


córtex cerebral (auditivo);

- P300 e MN (mismatch negativity): São potenciais a eventos e têm sido utilizados no


estudo da perda auditiva de origem central;

- Testes com Diapasão (Rinne, Bing, Weber e Schwabach): Permite realizar estudos
quantitativo e qualitativo da audição, além de ajudar no topodiagnóstico;

- Provas de SISI e TDT: Relacionados aos fenômenos de adaptação (TDT -


retrococleares) e recrutamento (SISI - cocleares);

- Emissões Otoacústicas: Verifica o movimento da contração das células ciliadas


internas do órgão de Corti.

- Eletrococleografia: É o registro dos potenciais de ação do nervo acústico ao nível da


cóclea.

- Equilíbrio: Verificar a integridade das estruturas dos CSC e órgãos otolíticos através dos
exames:
- Testes do equilíbrio estático e dinâmico;
- Testes de função cerebelar;
- Testes vestibulares: estudo do nistagmo através da eletronistagmografia (ENG) e
vetoeletronistagmografia (VENG).
Patologias dos Órgãos da Audição 13

PATOLOGIAS DA ORELHA HUMANA

1. ORELHA EXTERNA

OTITE EXTERNA: É o acometimento inflamatório dos tecidos cutâneos (com anexos


epiteliais), subcutâneos, cartilagíneo e ósseo. Varia desde quadros leves e discretos que
chegam a acometer 10% da população até quadros com evolução fatal (otite externa maligna).

Meato ou conduto auditivo externo ósseo e cartilaginoso (OD) normal.

1.1. OTITE EXTERNA AGUDA (Difusa)


- CONCEITO:
- Processo inflamatório da pele do CAE de origem infecciosa (dermite).
- ETIOLOGIA:
- TODAS que acarretam descamação epitelial abrindo “portas” para a entrada de
microorganismos na pele do CAE.
- Retenção de água no CAE (piscina, praia, banheira);
- Permanência prolongada de corpos estranhos;
- Corrimentos purulentos crônicos das otites médias;
- Ferimentos ou escoriações do epitélio em conseqüência de atrito no ato de coçar o
ouvido (cotonetes, lavagem otológica);
- Alteração na composição do cerume (Diabetes melittus);
- Umidade ambiental (clima tropical).
- FLORA MICROBIANA (agente etiológico):
- Estafilococos (Staphylococus aureus);
- Estreptococos;
- Bacilo piociânico (Pseudomona aeruginosa), é o mais comum;
- Proteus mirabilis;
- Aspergillus.
- SINTOMATOLOGIA E DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- Descamação do epitélio, edema e diminuição de secreção ceruminosa.
- Prurido e sensação de plenitude;
- Secreção serosa até purulenta com otalgia, às vezes, é intensa se o edema também
for intenso;
- Hiperemia difusa do CAE que pode fechar a “luz do conduto” (hipoacusia condutiva).
- TRATAMENTO:
- Curativos, aplicação da medicamentos a base de antibióticos e corticosteróides e sedar
a dor com uso de analgésicos, além de orientações preventivas das causas (profilaxia):
secar bem a orelha, não usar cotonetes, uso da protetores auriculares).
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Não são realizadas as avaliações devido a sintomatologia.
Patologias dos Órgãos da Audição 14

Otite externa aguda difusa.

1.2. FURÚNCULO DO MEATO ACÚSTICO EXTERNO (Otite Externa Localizada)


- CONCEITO:
- Processo inflamatório infeccioso, geralmente, do 1/3 externo do CAE, onde existem
glândulas sebáceas e folículos pilosos.
- ETIOLOGIA:
- Infecção local desencadeada por um dos fatores etiológicos da otite externa aguda.
- FLORA MICROBIANA (agente etiológico):
- Estafilococos (Staphylococus aureus).
- SINTOMATOLOGIA E DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- Otalgia intensa, às vezes, desesperante;
- Presença de um ou mais furúnculos na CAE.
- TRATAMENTO:
- Aplicação dos medicamentos a base de antibióticos e analgésicos.
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITANCIOMÉTRICOS:
- Não são realizadas as avaliações devido à sintomatologia.

Furúnculo OD.

1.3. OTITE EXTERNA MALÍGNA (Otite Externa Necrosante)


- CONCEITO:
- Afecção caracterizada por envolvimento necrótico agressivo dos tecidos moles,
cartilaginosos e ósseos da OE. Pode se estender para estruturas vizinhas como: OM,
glândula parótida, base do crânio e meninge.
- ETIOLOGIA:
- Acomete geralmente paciente idoso, diabéticos, debilitados e/ou imunodepressivos
(AIDS, transplantados, leucêmicos);
- Infecção em CAE por agente etiológico.
- FLORA MICROBIANA (agente etiológico):
- Bacilo piociânico (Pseudomona aeruginosa).
- SINTOMATOLOGIA E DIAGNÓSTICO (biópsia, RX, CT):
- Otalgia intensa;
Patologias dos Órgãos da Audição 15

- Otorréia purulenta;
- Paralisia facial periférica (VII) e de alguns nervos cranianos (IX, X, XI e XII pares);
- Meningite;
- Osteomielite de osso temporal;
- Morbidade (5%) e crescente se associado a outra patologia;
- Presença de carcinoma deve ser avaliado.
- TRATAMENTO:
- Uso de medicamentos a base de antibióticos e nos casos mais graves utilizar a
internação para um procedimento sistêmico. Tratamento cirúrgico é indicado nos casos
de retirada da necrose, mas é considerado muito agressivo.
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITANCIOMÉTRICOS:
- Não são realizadas as avaliações devido à sintomatologia.

Otite externa maligna – OE.

1.4. OTITE EXTERNA ECZEMATOSA (pode acometer todo o CAE)


- CONCEITO E ETIOLOGIA:
- Irritação da pele do CAE;
- Reação de hipersensibilidade alérgica do CAE e/ou do pavilhão da orelha por alimento
(chocolate, feijão, tomate, etc.) ou medicação (sulfamídicos ou antibióticos). Infecção
secundária associada não é raro de acontecer.
- SINTOMATOLOGIA E DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- Prurido;
- Descamação epitelial freqüente;
- Secreção serosa discreta;
- TRATAMENTO:
- Curativos, aplicação da medicamentos a base de corticosteróides e antihistamínicos;
regime alimentar, além de orientações preventivas (profilaxia).
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITANCIOMÉTRICOS:
- Não são realizadas as avaliações devido à sintomatologia.

1.5. OTITE EXTERNA ESTENOSANTE


- CONCEITO E ETIOLOGIA:
- Reação inflamatória crônica e hiperplásica da pele tendendo a obstrução da “luz” do
CAE.
- Entidade rara, com etiologia traumática ou inflamatória.
- TRATAMENTO:
- Resistência a tratamentos;
- Indicação para exérese da estenose pelo conduto e substituição por enxerto da pele
com resultados variáveis.
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Não são realizadas as avaliações devido à sintomatologia. Se realizado será PC.
Patologias dos Órgãos da Audição 16

Estenose adquirida – OD.

1.6. OTITE EXTERNA HEMORRÁGICA


- CONCEITO:
- Caracteriza-se por hemorragia da pele do 1/3 médio do CAE e da MT, devido a
infecção por vírus.
- SINTOMATOLOGIA:
- Otalgia intensa.
- TRATAMENTO:
- Prescrição de analgésicos.
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Não são realizadas as avaliações devido à sintomatologia.

1.7. OTOMICOSE (Otite Externa Fúngica)


- CONCEITO:
- Processo inflamatório do CAE de origem infecciosa (dermite).
- ETIOLOGIA:
- Retenção de água no CAE (piscina, praia, banheira);
- Ferimentos ou escoriações do epitélio em conseqüência de atrito no ato de coçar o
ouvido (cotonetes, lavagem otológica);
- Alteração na composição do cerume (Diabetes melittus);
- Umidade ambiental (clima tropical).
- FLORA MICROBIANA (agente etiológico):
- Candida albicans; Aspergillus.
- SINTOMATOLOGIA E DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- Otalgia intensa;
- Prurido e sensação de plenitude.
- TRATAMENTO:
- Aspiração cuidadosa do material do CAE;
- Medicamentos a base de antifúngicos (nistatin).
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Não são realizadas as avaliações devido à sintomatologia.
Patologias dos Órgãos da Audição 17

Otomicose – Cândida Albicans - OD


1.8. OTOHEMATOMA
- CONCEITO:
- Caracterizado pelo hematoma traumático do pavilhão da orelha;
- Comum em profissionais do boxe.
- ETIOLOGIA:
- Derrame sangüíneo entre o pericôndio e a cartilagem, na face ântero-externa do
pavilhão, comumente no seu 1/3 superior.
- SINTOMATOLOGIA E DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- Otalgia intensa;
- Edema.
- TRATAMENTO:
- Absorção própria do organismo com a evolução do caso;
- Incisão cirúrgica, principalmente nos casos de infecção;
- Medicamentos a base de antibióticos
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Não são realizadas as avaliações devido à sintomatologia.

Otohematoma extenso – OE.

1.9. ROLHA CERUMINOSA


- CONCEITO:
- Caracterizada pela hipersecreção ceruminosa levando a constituição de verdadeira
“rolha”, fechando a “luz” do CAE.
- ETIOLOGIA:
- Desconhecida, mas pode ser pela estimulação excessiva das glândulas ceruminosas
do 1/3 externo do CAE.
- SINTOMATOLOGIA E DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- Plenitude auricular e autofonia;
- Queda na acuidade auditiva (condutiva).
- TRATAMENTO:
- Remoção da rolha pelo ORL, às vezes, com amolecimento prévio com medicações.
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Não são realizadas as avaliações devido à sintomatologia.

v
Patologias dos Órgãos da Audição 18

Tipos de rolha de cera.

1.10. OUTRAS ALTERAÇÕES ENCONTRADAS EM OE:


a) OTITE EXTERNA GRANULOSA: Caracteriza-se por uma secreção purulenta crônica
formando tecido de granulação polipóide no 1/3 interno do CAE, por vezes com exposição
do osso e cartilagem subjacente, resistente ao tratamento clínico. O tratamento é
medicamentoso e cirúrgico para a retirada da área granulosa. Geralmente, essa patologia
ocorre em pacientes diabéticos.

b) PERICONDRITE DO PAVILHÃO: Exposição do pericôndrio e das cartilagens do pavilhão em


determinadas intervenções sobre a mastóide. Pode vir secundário de um otohematoma
infectado, queimaduras e infecções superficiais. Apresenta dor intensa, às vezes, com
secreção purulenta de cor azul-esverdeado. O tratamento é cirúrgico.

c) ERISIPELA DO PAVILHÃO: Infecção estreptocócica, secundária a um otite externa aguda. A


pele do pavilhão se edemacia, torna-se áspera e hiperemiada, lembrando a uma casca de
laranja. Pode se expandir para algumas regiões da face. O tratamento é com penicilina
injetável, procaínica ou benzatina.

d) EXOSTOSES: Caracteriza-se por formações ósseas arredondadas, localizadas na metade


interna do CAE, geralmente múltiplas e bilaterais. Parecem decorrer da prática prolongada
dos mergulhos em água fria. São assintomáticas e quando muito volumosas, fecham a
“luz” do CAE. O tratamento é cirúrgico. Às vezes, é possível encontrar OSTEOMAS, que
também poderá ser removido.

Exostoses múltiplas.
Patologias dos Órgãos da Audição 19

e) CORPOS ESTRANHOS: São objetos introduzidos de maneira involuntária ou acidentalmente


no CAE. (grãos de feijão, de milho, bolinhas de papel ou de pão, botões, moscas,
percevejos, areias, gravetos, bolas de algodão). O paciente tem a sensação de autofonia e
plenitude auricular. Se o corpo estranho ficar por muito tempo no CAE, pode ocorrer edema
e infecção. O tratamento é a retirada do corpo estranho pelo ORL.

Corpo estranho em MAE

f) ROLHA EPIDÉRMICA: É o acumulo de descamação epidérmica que bloqueia o CAE. A


remoção é difícil e dolorosa, tendo que, às vezes, ser feita sob sedação.

g) COLABAMENTO DE CAE: Refere-se ao estreitamento ou o fechamento do CAE, geralmente


durante a testagem da audiometria, pelos fones de ouvido. Pode ser apresentado também
através da estenose por causas traumáticas ou inflamatórias. Ocorre em idosos (a maioria)
e a hipoacusia condutiva é errônea. Esse colabamento pode ser evitando com a colocação
de gazes atrás do pavilhão, ou um espéculo no CAE ou ainda, pedir para o paciente
segurar o fone (não muito indicado).

h) MIÍASE: Provocado por depósito de ovos de larvas de mosca no CAE. É comum em


indivíduos que já apresentam alguma infecção, que vivem em condições de saúde
precárias e falta de higiene. O paciente refere, prurido, otalgia, edema e secreção. O
tratamento consiste na retirada das larvas pelo ORL.

i) PATOLOGIAS CONGÊNITAS DE ORELHA EXTERNA:


- Microtia: É a formação anormal e pequena do pavilhão auricular podendo variar desde
uma microtia leve a condições de ausência total do pavilhão (anotia). É mais freqüente
em homens, podendo ser uni ou bilateral.
- Agenesia: Ausência de pavilhão auricular uni ou bilateral.
- Melotia: É uma implantação da orelha. Geralmente, vem acompanhada de má
formação.
- Agenesia de CAE: Ausência de CAE. Vem acompanhado de alterações na OE, na MT
e nos ossículos (devido à mesma origem embrionária).
- Atresia de CAE: É o fechamento total do CAE que pode ser causado por uma
irregularidade cromossômica, a fatores hereditários ou rubéola congênita. Pode ser uni
ou bilateral, ser pura (somente a ausência do CAE) ou vir acompanhada de alterações
de OE, OM e OI.

j) MIRINGITE BOLHOSA: Caracteriza-se por bolhas hemorrágicas sobre a MT e seus


arredores. Tem como etiologia os vírus respiratórios altos e também o micoplasma
pneumonie. Os sintomas são: otalgia súbita, zumbido, plenitude auricular com ocorrência
de pequeno sangramento no CAE. O tratamento é a base de medicamentos (analgésicos e
antibióticos) para evitar a ocorrência de otite média aguda associada. A drenagem da bolha
deve ser realizada apenas se a dor for intensa e o paciente não responder ao tratamento
clínico.
Patologias dos Órgãos da Audição 20

Mirigite bolhosa.

k) HERPES ZOSTER: É uma infecção viral inflamatória temporária geralmente caracterizada


por erupções na pele. O vírus varicela-zoster pode ocasionar dois quadros clínicos
distintos. O 1º é benigno e ocorre geralmente na infância e é denominado de varicela
(catapora), sendo caracterizado por erupção cutânea vesicular exantemática. O 2º, após
um período de latência variável, possivelmente em gânglios dorsais espinhais, o vírus pode
se reativar (principalmente após a 6ª década de vida e em momentos de estresse e
imunossupressão) com um quadro cutâneo, que pode incluir dor intensa, denominado
herpes zoster (cobreiro). A zoster pode se manifestar na pele do pavilhão auricular e do
CAE na forma de vesículas agrupadas, dolorosas que se rompem e formam crostas. Se
localizado em OI (cóclea e oitavo par) ocorre hipoacusia SN súbita, unilateral,
descendente, de grau leve-profundo, zumbido, PFP e tontura. Se acompanhado de
paralisia facial e hipoacusia é caracterizado como a Síndrome de Ramsay-Hunt. O
tratamento é discutível. O uso de aciclovir precoce parece encurtar a duração do quadro e
o uso de prednisona reduz a neuralgia pós-herpética. OBS: A hipoacusia melhora com a
evolução do caso.

2. MEMBRANA TIMPÂNICA

MEMBRANA TIMPÂNICA: É formada por duas partes. A primeira, superior as pregas maleolares
anterior e posterior são a parte flácida e a segunda, inferior, é a parte tensa que está
firmemente aderida ao anel timpânico. A parte tensa do tímpano é composta por três camadas.
A camada externa ou epitelial é derivada do epitélio estratificado do CAE e a camada interna é
semelhante ao restante da mucosa que reveste a cavidade timpânica. A camada intermediária,
ou fibrosa, é composta de fibras elásticas e de colágeno, dispersos circular e radialmente. Já a
membrana de Schrapnell tem a camada externa e interna. A irrigação vascular da MT é
realizada através dos ramos da artéria maxilar e sua inervação é proveniente dos nervos vago,
glossofaringeo e trigêmeo.

Membrana timpânica – OD.


Patologias dos Órgãos da Audição 21

2.1. PERFURAÇÃO DE MEMBRANA TIMPÂNICA:


- CONCEITO:
- As perfurações podem determinar hipoacusias cuja perda irá variar de acordo com a
área perfurada e a posição da mesma. A perfuração vai reduzir a relação hidráulica
entre MT e a platina do estribo. Sempre que existir uma perfuração poderá ocorrer
também uma lesão dentro da caixa timpânica do OM e consequentemente um
comprometimento auditivo maior. Quando a PMT não se fecha em até 2 meses
espontaneamente, essa perfuração é considerada de crônica.
- ETIOLOGIA:
- Traumática (barotrauma, trauma acústicos);
- Infecciosas.
- SINTOMATOLOGIA:
- Perda auditiva do tipo condutiva
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- PMT variada;
- Pesquisa da função tubária
- TRATAMENTO:
- Uso de tampões plásticos ou de silicone para evitar a entrada de água em CAE;
- Algodão embebido em óleo;
- Uso de medicamentos (antibióticos sistêmicos e tópicos), para sanar a infecção (se
houver);
- Cirurgia nos casos em que a MT não se fechou espontaneamente (timpanoplastia).
- OBS:
- As PMT causadas por otite média geralmente são pequenas e se curam
espontaneamente.
- Em indivíduos com PMT não é realizado a timpanometria, pois não vai ser possível
medir o volume de OE e OM separadamente, às vezes, não dá para vedar o CAE.
Realiza apenas a pesquisa da função tubária (tuba aberta (funcionante), semi-
funcionante e fechada).

2.2. TIPOS DE PERFURAÇÃO DE MEMBRANA TIMPÂNICA


a) Perfuração da Membrana de Schrapnell (parte superior e flácida): Ocorre pouco
comprometimento na audição, às vezes, nenhum. O paciente terá queixas auditivas e
essas não ultrapassam de 25 dB. A queda é maior nas freqüências graves, pois vai haver
um aumento de rigidez (porque a PMT vai diminuir as ondas vibratórias. Geralmente é
comum em otite média colesteatomatosa primária.

b) Perfuração na Parte Inferior: Tem pouca ação geralmente causando perda em torno de
25 a 30 dB. Queda maior nos graves.

c) Perfuração na Parte Anterior: É mais nociva à audição chegando de 30 a 40 dB. Queda


maior nos graves.

d) Perfuração na Parte Posterior: Desenvolve perda significativa podendo atingir até 55 dB.
É comum ser encontrada em otite média, colesteatoma secundário.

e) Perfuração na Parte Central: Pode ser seca ou úmida, com ou sem secreção. Acarreta
perda chegando até 60 dB, tanto para freqüências graves quanto para agudas, pois
chegam todos os quadrantes. Pode ser encontrada em otite média aguda necrosante, otite
média colesteatomatosa secundária e otite crônica supurada simples.

f) Perfuração Marginal: É a pior perfuração, é a mais difícil de ocorrer à reconstituição


(cirúrgica ou espontânea). A perda geralmente é em torno de 60 dB.

OBS: Membrana Manométrica: Já foi perfurada, mas se reconstituiu espontaneamente. A


audição é normal e/ou com leve perda.
Patologias dos Órgãos da Audição 22

Várias perfurações de membrana timpânica.

Tubinhos de ventilação.
Patologias dos Órgãos da Audição 23

3. ORELHA MÉDIA

OTITE MÉDIA: É o acometimento inflamatório da orelha média.

3.1. OTITE MÉDIA AGUDA SIMPLES


- CONCEITO:
- Processo inflamatório agudo da OM.
- É uma das doenças mais comuns da infância.
- ETIOLOGIA:
- São desencadeadas pelas infecções das fossas nasais, cavidades sinusais, paranasais
e rinofaringe propagada ao OM pela tuba auditiva (Trompa de Eustáquio), ou seja,
patologias que podem alterar o funcionamento da tuba.
- FLORA MICROBIANA (agente etiológico):
- Estafilococos (Staphylococus aureus);
- Estreptococos;
- Pneumococos;
- Hemófilos.
- SINTOMATOLOGIA:
- Otalgia súbita da intensidade variada, exacerbada pela deglutição e no ato de assoar o
nariz;
- Presença ou não de febre
- Hipoacusia (aumento de massa);
- Plenitude auricular;
- Dor ao pressionar o tragus;
- Pode ocorrer PMT, causando otorréia, otalgia e febre.
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- MT hiperemiada, com ou sem abaulamento, com ou sem otorréia e com ou sem PMT.
- TRATAMENTO:
- Tendência à cura espontânea;
- Aplicações de calor úmido sobre o ouvido;
- Prescrição de analgésico e antibiótico;
- Paracentese: Perfuração na metade inferior da MT para a drenagem da secreção
dentro da caixa do tímpano. O fechamento da PMT ocorre até 72h com o auxílio de
medicamentos.
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Normal ou perda condutiva leve;
- Curva tipo B com reflexo CL ausentes.

Otite Média Aguda.

3.2. OTITE MÉDIA DO LACTENTE (Otoantrite)


- CONCEITO E ETIOLOGIA:
- É caracterizada por desenvolver em crianças na fase do lactente (até 3 meses).
- A causa mais comum é a presença e depósito de leite dentro do OM.
- A tuba do lactente é curta, larga e horizontalizada.
- SINTOMATOLOGIA:
- A criança não manifesta sintomas auditivos;
- Apresenta elevação da temperatura;
Patologias dos Órgãos da Audição 24

- Diarréia crônica;
- Vômitos;
- Perda rápida de peso;
- Não tem dor, pois a necrose está lesionando células;
- Prurido, otorréia purulenta.
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- MT abaulada ou normal com ausência do triângulo luminoso;
- Choro ao pressionar o tragus
- TRATAMENTO:
- Orientações à mãe quanto à posição da mamada;
- Prescrição de analgésico e antibiótico;
- Paracentese.
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Pode-se realizar o screening audiométrico podendo dar alterado com ausência de
reflexos;
- Imitanciometria não realizada.

3.3. OTITE MÉDIA AGUDA NECROSANTE


- CONCEITO E ETIOLOGIA:
- É comum ser desencadeada durante episódios de febres eruptivas do tipo sarampo,
catapora e escarlatina.
- Tem manifestação semelhante a OMAsimples, porém possui um caráter destrutivo com
PMT e lesão da mucosa do OM, produzindo otorréia purulenta. Após a fase aguda,
surge a otite média crônica do tipo simples ou colesteatomatosa.
- SINTOMATOLOGIA:
- Não tem dor, pois a necrose está lesionando células;
- Prurido, otorréia purulenta.
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- Presença de mucosa necrosada;
- PMT.
- TRATAMENTO:
- Evitar que a necrose passe a cronicidade;
- Prescrição de analgésico e antibiótico;
- Às vezes, tem que ser feito cirurgia para a retirada da necrose.
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Perda condutiva moderada (GAP grande);
- Não realiza a imitanciometria devido a PMT, faz-se a pesquisa da função tubária.

3.4. OTITE MÉDIA CRÔNICA


- É um processo infeccioso da OM que se arrasta durante anos, tendo início quase
sempre nos primeiros ano de vida. Apresenta PMT e uma secreção que pode ser
catarral até purulenta vindo do OM, ou seja, é um processo crônico no qual não houve
resolução espontânea da inflamação deixando lesões irreversíveis na OM.
- O quadro é considerado crônico quando não se resolve num período de três meses,
pois até três semanas é considerado de OMAguda.
- Poeira, piscina, água, etc. podem piorar o quadro. O sujeito tem que usar protetor para
nadar, tomar banho.
- Divide-se em dois grupos: não-supurativa e a supurativa.
- Não-supurativa (“não vaza”): OMCsimples e OMCsecretora ou serosa;
- Supurativa: Não-colesteatomatosa e a colesteatomatosa.

a) NÃO-SUPURATIVA:
a.1) OTITE MÉDIA CRÔNICA SIMPLES
- CONCEITO:
- É quase sempre secundária a uma OMAnecrosante ou OMAguda que deixa com
seqüela uma PMT. É secundária, pois quando há PMT a membrana fica aberta
deixando que o líquido fique dentro da OM o que vai infectando cada vez mais o
mesmo.
- Caracteriza-se pela PMT persistente;
Patologias dos Órgãos da Audição 25

- Vai da MT até a tuba auditiva ou até a mastóide o que poderia levar a uma mastoidite
crônica. A mastoide é pneumatizada com ar ocorrendo uma OMCsimples que vai
acabar com o ar da mastóide e a infecção que ocorre pode levar à uma fibrose, sendo
esta ficando dura, ocorrendo assim a mastoidite crônica, que pode complicar levando à
uma infecção das meninges.
- ETIOLOGIA:
- IVAS ou infecção nos seios paranasais
- Aparecimento de secreção purulenta permanente ou retornar por resfriados ou
exposições à água.
- SINTOMATOLOGIA:
- Não tem dor;
- Hipoacusia;
- Na maioria dos casos, não tem secreção purulenta não fétida.
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- PMT;
- Forro mucoso que fica edemaciado e hiperemiado
- TRATAMENTO:
- Prescrição de analgésico e antibiótico;
- Indicação de cirurgia (timpanoplastia).
- O fechamento da PMT pode ocorrer de forma espontânea depois que a infecção for
controlada com uma formação de uma película epitelial fina e transparente chamada de
neotimpano ou placas de calcificação (timpanoesclerose).
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Perda condutiva plana podendo chegar em alguns casos SN e/ou mista. A perda vai
variar de acordo com o grau decorrente da PMT e da presença de líquido na OM. O
grau é moderado;
- Não realiza a imitanciometria devido a PMT, faz-se a pesquisa da função tubária.

a. 2) OTITE MÉDIA CRÔNICA SECRETORA OU SEROSA


- CONCEITO:
- É caracterizada pela presença de líquido seroso (baixo teor protéico) ou mucoso
(espesso, tipo cola conhecido como glue ear, com alto teor protéico) persistente devido
a alterações inflamatórias da OM e à hiperplasia de sua mucosa.
- Não há ventilação da OM o que causa um enrijecimento do sistema timpanossicular
(pressão -). Se essa pressão negativa permanecer por um longo período, há formação
de líquido, pois as células sem oxigenação irão produzir secreção.
- Em função da sintomatologia, a mucosa da OM torna-se hiperplásica (edemaciada) e
hiperativa (secretando).
- Uma das causas mais comuns de hipoacusia.
- ETIOLOGIA:
- Multifatorial (mecânica – fissurado, infecciosa – IVAS, hipoventilação – DTA, alérgica –
rinites);
- Disfunção da tuba auditiva;
- Hipertrofia de adenóides;
- IVAS;
- Fatores alérgicos;
- Alterações imunológicas.
- SINTOMATOLOGIA:
- Não tem otalgia;
- Plenitude auricular;
- Autofonia;
- Perda auditiva do tipo condutiva;
- QX de crianças na fase escolar. São desatentos, aumentam o volume da TV, tem
dificuldade no ditado, tem trocas articulatórias.
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- MT retraída (fase de transição da DTA para otite) ou abaulada (serosa pura), com
aspecto amarelado;
- TRATAMENTO:
- Difícil tratamento devido às várias etiologias;
- Prescrição de antibióticos, anti-histaminico;
Patologias dos Órgãos da Audição 26

- Indicação de cirurgia (tubo de ventilação ou de aeração).


- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Inicialmente com queda em graves e a medida em que o problema se agrava ocorre
queda em agudas, curva descendente, plana, com grau de leve-moderado (25-45 dB),
bilateral, discriminação normal;
- Imitanciometria com curva tipo B e ausência de reflexo CL.

Otite média serosa.

b) SUPURATIVA:
b. 1) OTITE MÉDIA CRÔNICA NÃO-COLESTEATOMATOSA
- CONCEITO:
- As lesões histopatológicas vão além das simples lesões na mucosa, ocorrendo
alterações na estrutura óssea com lesões osteolíticas determinadas pela necrose nos
tecidos, representando uma fase mais avançada com seqüelas nas estruturas da OM.
- É diferenciado da OMCsimples devido à presença de supuração quase que constante,
podendo ou não ser fétida e é resistente à tratamentos clínicos medicamentosos.
- ETIOLOGIA:
- IVAS ou infecção nos seios paranasais
- Aparecimento de secreção purulenta permanente ou retornar por resfriados ou
exposições à água.
- SINTOMATOLOGIA:
- Não tem dor;
- Hipoacusia;
- Presença de secreção
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- PMT
- TRATAMENTO:
- Prescrição de analgésico e antibiótico;
- Indicação de cirurgia (timpanoplastia ou mastoidectomia).
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Perda condutiva plana podendo chegar em alguns casos SN e/ou mista. A perda vai
variar de acordo com o grau decorrente da PMT e da presença de líquido na OM. O
grau é moderado;
- Não realiza a imitanciometria devido a PMT, faz-se a pesquisa da função tubária.
Patologias dos Órgãos da Audição 27

b.2) OTITE MÉDIA CRÔNICA COLESTEATOMATOSA


- CONCEITO:
- Colesteatoma: É um cisto epidermóide composto de lâminas epiteliais imbricadas
umas sobre as outras como as folhas de um bulbo da cebola. É uma bolsa cística com
tecido epitelial um sobre o outro, formando camadas de queratina e produzindo
colesterina.
- Tem este nome devido a presença das cristas de colesterina nas camadas epiteliais da
formação cística.
- Possui capacidade erosiva sobre as estruturas vizinhas, em especial, sobre os
ossículos e parede da OM, pela compressão e ação da colesterina sobre as estruturas.
- Seria decorrente de inclusão epitelial embrionária, pode ser encontrado no OM, nos
ossos da face e do crânio, sendo mais raro nas meninges (colesteatoma congênito).
- O colesteatoma congênito é diagnosticado pela otoscopia, é assintomático.
- O colesteatoma adquirido se manifesta através de uma otorréia persistente e muito
fétida, com presença de bolsa de retração atical com colesteatoma (massa branca ou
perolada), às vezes visível na otoscopia;
- Patologia progressiva.
- ETIOLOGIA:
- Várias e controversa;
- Tem como origem na OMAnecrosante e é semelhante à OMCsimples, porém com um
poder de necrose mais intenso e com PMT comprometendo o anel fibrocartilaginoso.
- Podemos ter duas origens quanto à formação do colesteatoma:
- Perfuração marginal (colesteatoma adquirido secundário): instala-se após o
episódio da OMAnecrosante intensa.
- Perfuração (epitimpanal) da membrana de Schrapnell (colesteatoma adquirido
primário): instala-se sem o episódio da OMAnecrosante prévia. Ocorre uma
retração ou uma perfuração da membrana de Schrapnell, com isso surge a
formação do colesteatoma por dentro da OM e vai alargando essa abertura por
erosão das estruturas adjacentes. As células da mastóide ficam comprometidas
pela invasão e a sua pneumatização é reduzida.
- SINTOMATOLOGIA:
- Hipoacusia condutiva, às vezes mista de grau variado, em função do comprometimento
da extensão do colesteatoma;
- Presença de secreção purulenta com odor fétido com escamação do colesteatoma;
- Quando presente a DOR, significa complicação intracraniana;
- A vertigem ocorre devido a fístula liquórica;
- Paralisia facial periférica, por erosão do canal do nervo facial.
- DIAGNÓSTICO:
- Otoscopia,
- Otorréia fétida;
- CT;
- MT íntegra apenas na OMCCcongênita;
- PMT na OMCCadquirida.
- TRATAMENTO:
- Indicação de cirurgia (mastoidectomia – faz uma raspagem do osso a fim de tirar todo
o colesteatoma – com timpanoplastia – reconstrução da MT através da colocação de
um enxerto associado ou não).
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Perda condutiva plana podendo chegar em alguns casos SN e/ou mista. A perda vai
variar de acordo com o grau decorrente da PMT e da presença de líquido na OM. O
grau é moderado;
- Não realiza a imitanciometria devido a PMT, faz-se a pesquisa da função tubária.

- COMPLICAÇÒES DO COLESTEATOMA:
a) Meningite Otogênicas: Quando tem colesteatoma em cima da cabeça do martelo,
leva a uma erosão do teto da caixa timpânica levando infecção para a fossa cerebral
média, causando uma meningite, ocorre um abcesso (bolsa de pus encapsulado).
b) Surdez: hipoacusia do tipo condutiva e/ou PSN (destruição das células da cóclea).
c) Fístulas (comunicação): é mais comum em PSN, o crescimento do colesteatoma
pode levar a erosão do CSC horizontal, causando assim uma fístula (sintoma –
tontura).
Patologias dos Órgãos da Audição 28

d) Paralisia Facial: O nervo facial tem uma capa óssea, se o colesteatoma destruir essa
capa, vai ocorrer PFP.

Colesteatoma.

3.5. OTOESPONGIOSE OU OTOSCLEROSE


- CONCEITO:
- É a fixação da platina do estribo na janela oval, caracterizada por excessiva reabsorção
óssea.
- É um otopatia constitucional, de regra bilateral, de etiologia desconhecida, freqüente
em antecedentes familiares e ocorre na maior proporção no sexo feminino.
- É considerada uma osteodistrofia da cápsula óssea do labirinto humano que ocorre em
duas fases distintas de evolução e podem encontrar-se simultaneamente na mesma
região acometida pela doença.
- A fase inicial, otospongiótica, é caracterizada pelo aumento da vascularização e
fenômenos de absorção óssea, graças ao aumento da atividade dos osteócitos e
osteoclastos, que tornam o tecido ósseo mais vascularizado e esponjoso.
- A segunda fase, otosclerótica, é constituída por neoformação óssea mais compacta,
graças à ação de osteoblastos.
- Pode ser classificada quanto a sua apresentação clínica: estapediana, coclear, mista e
histológica ou assintomática.
a) Estapediana: O foco otospongiótico envolve a platina do estribo, causando
anquilose estapedovestibular. (borda anterior ou posterior da janela oval ou
exclusivamente na platina do estribo) – perda condutiva.
b) Coclear: O foco otospongiótico promove lesão das estruturas do labirinto
membranoso – perda sensorioneural.
c) Mista: Acontece um acometimento simultâneo da articulação
estapedovestibular e estruturas sensorioneurais labirínticas – perda mista.
d) Histológica: É caracterizada por focos otospongióticos da cápsula ótica
desenvolvidos à distância da janela oval (promontório, CSC, CAI e redondezas
da janela coclear), sem comprometimento das estruturas SN e, portanto, com
evolução clínica assintomática. É a forma mais comum desta afecção.
- É mais freqüente em mulheres (2:1), podendo apresentar piora nos quadros de
gravidez, lactação e no uso de anticoncepcionais.
- Incidência: Idade entre 20 e 40 anos.
- É rara na raça negra e amarela.
- A HD é confirmada através de uma anamnese e avaliação da bateria audiológica.
- ETIOLOGIA:
- Idiopática podendo ter várias causas:
- Endócrinas;
- Metabólicas (relacionadas ao metabolismo do cálcio);
- Alterações vasculares;
- Resposta auto-imune;
- Traumáticas;
- Inflamatórias;
- Hereditárias (antecedentes familiares cerca de 50%).
Patologias dos Órgãos da Audição 29

- SINTOMATOLOGIA:
- Hipoacusia;
- Zumbido;
- Paracusia de Willis (ouve melhor em ambientes ruidosos);
- Tontura não rotatória de intensidade leve-moderada (PSN)
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- MT normal podendo ser visível uma mancha vermelha no promontório pela
transparência da MT devido a congestão vascular;
- CT (topodiagnóstico)
- TRATAMENTO:
- Clínico (medicamentoso): Inibidores de reabsorção óssea;
- Cirúrgico: PC pura ou mista de grau moderado para o fechamento da GAP. Em casos
de perda bilateral opera-se o lado pior e após 6 meses a 1 ano realiza a cirurgia do
outro lado. É contra-indicado para casos com PSN.
- Estapedectomia: Remoção do estribo e da sua platina e colocação de uma
prótese articulada na bigorna que se estende até a janela oval.
- Estapedotomia: É colocado um pistão de teflon e/ou metal que se articula com a
apófise descendente da bigorna e se encaixa em orifício realizado
aproximadamente na região central da platina do estribo.
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Audiometria: Perda condutiva progressiva, de grau leve-moderado e bilateral
(podendo ser simétricas). A evolução da perda é irregular dependendo da evolução do
quadro e nunca é reversível espontaneamente.
- Otospongiose estapediana isolada: Inicialmente a PC é mais acentuada nas
freqüências graves (ascendente). Com a evolução do quadro a curva se horizontaliza,
nos estágios avançados da doença a curva fica descendente, terminando às vezes em
PSN.
- Otospongiose coclear e mista: PSN e mista respectivamente.
- A discriminação vocal está preservada, ou melhor, que as expectativas para
determinadas PSN.
- Entalhe de Carhart: Nas fases iniciais, nota-se uma PSN na freqüência de 2.000 Hz
até no máximo de 20 dB.
- Imitanciometria: Curva tipo Ar com reflexo CL ausente. Nas fases iniciais pode estar
presente o efeito on-off, traduzindo uma alteração da movimentação ântero-posterior
da platina do estribo.
- Testes com diapasão:
- Rinne negativo (há diminuição do tempo normal de percepção sonora pela via
aérea);
- Schwabach prolongado (há aumento de tempo de percepção óssea);
- Weber (lateralizado para o lado mais hipoacústico).

3.6. DISFUNÇÃO TUBÁRIA


- CONCEITO:
- Ocorre acúmulo de pressão negativa em OM, em decorrência do mau funcionamento
da tuba auditiva;
- É comum em crianças devido a horizontalização da tuba, IVAS e hipertrofia de
adenóides, podendo ser bilateral; nos adultos geralmente é unilateral, mas não é regra.
- ETIOLOGIA:
- IVAS;
- Malformação de tuba;
- Alergias;
- Adenóide hipertrófica;
- Secreção nasofaríngea
- OBS: Comum em fissurados (n. glossofaríngeo)
- SINTOMATOLOGIA:
- Autofonia;
- Plenitude auricular;
- Pressão no ouvido;
- Paracusia de Willis;
- Hipoacusia flutuante.
Patologias dos Órgãos da Audição 30

- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- MT retraída;
- TRATAMENTO:
- Clínico (medicamentoso).
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Audiometria: Perda condutiva leve, bilateral, ascendente, (queda em graves – rigidez),
(queda em agudos – massa).
- A discriminação vocal está preservada;
- Imitanciometria: Curva tipo C com reflexo CL ausente/presente.
- Testes com diapasão:
- Rinne indiferente se for bilateral;
- Schwabach prolongado (há aumento de tempo de percepção óssea);
- Weber indiferente se for bilateral.

3.7. DESARTICULAÇÃO OU DISJUNÇÃO DE CADEIA OSSICULAR


- CONCEITO:
- Ocorre uma interrupção na articulação normal entre o martelo, a bigorna e o estribo. É
mais freqüente na articulação entre a bigorna e o estribo (incudoestapediana).
- ETIOLOGIA:
- Congênita (má formação - Mondini);
- Adquirida (mais comum);
- Traumática (penetração de objetos, barotrauma);
- Conseqüência de otites de repetição.
- Incidência: É maior nas idades de 13 a 32 anos, sendo 80% dos casos unilaterais.
- SINTOMATOLOGIA:
- Hipoacusia;
- Zumbido;
- Às vezes, otalgia.
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- MT flácida, abaulada, PMT, depende da causa.
- TRATAMENTO:
- Clínico (medicamentoso) ou cirúrgico (depende da causa).
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Audiometria: Perda condutiva moderada (40 – 60 dB), unilateral, plana.
- A discriminação vocal está preservada;
- Imitanciometria: Curva tipo Ad com reflexo CL ausente/presente.

3.8. TUMORES DO GLOMOS JUGULAR


- CONCEITO:
- São tumores típicos do OM
- É uma anastomose arteriovenosa especial complexa (neoplasia).
- Mais comum em mulheres;
- Não há casos de ser bilateral;
- Tem natureza histológica benigna, porém a evolução tem características malignas.
- ETIOLOGIA:
- Hipoacusia condutiva (fase inicial);
- Sensação de pulso auricular.
- SINTOMATOLOGIA:
- Hipoacusia condutiva (fase inicial);
- Zumbido;
- Sensação de pulso auricular;
- PFP pode estar presente.
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- MT abaulada nos quadrantes inferiores e de coloração vermelha;
- Com a evolução, ora lenta, ora acelerada, o tumor glômico termina por perfurar a MT
exteriorizando-se no CAE sob forma de pólipo duro, de difícil remoção e com
sangramento abundante ao toque.
- Biópsia (timpanotomia);
- Imitanciometria.
Patologias dos Órgãos da Audição 31

- TRATAMENTO:
- Cirúrgico (exérese do tumor).
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Audiometria: Perda condutiva leve, SN ou mista (dependendo do tamanho e local do
tumor), unilateral, plana.
- A discriminação vocal está preservada ou alterada (depende do topodiagnóstico);
- Imitanciometria: A agulha “pulsa” nesta pesquisa, reflexo CL ausente/presente.

Glomo timpânico.

3.9. OUTRAS ALTERAÇÕES ENCONTRADAS EM OM:


a) BAROTRAUMA: As diferenças de pressão atmosférica, principalmente quando bruscas e
acentuadas, acarretam o que se denomina de barotrauma, que pode desencadear
alterações inflamatórias mais ou menos intensas, por vezes irreversíveis. O barotrauma
ocorre comumente durante a descida das altas altitudes em vôos aéreos ou durante a
subida de mergulhos subaquáticos. É causado pela falha da tuba de Eustáquio para abrir
suficientemente para permitir a equalização da pressão da OM e da pressão atmosférica.
Pode estar associado à distensão, estiramento ou ruptura da MT; excreção de fluído dentro
da cavidade da OM; deslocamento da cadeia ossicular; hemorragia em OI e ruptura das
membranas da janela oval e redonda. Os sintomas são: plenitude auricular, otalgia, PMT
(às vezes).

b) MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS: São inúmeras e podem se apresentar como:


- MT rudimentar, espessa e opaca;
- OM pequena, hipoplásica (diminuição da atividade formada por tecidos orgânicos);
- Variadas malformações de ossículos;
- Ausência da pneumatização da mastóide;
- Anomalias do trajeto do nervo facial;
- Tuba auditiva hipoplásica.
- O mecanismo da origem dessas malformações é idiopático. Podem ser independentes,
mas é comum estarem associadas a outras malformações. Há algumas síndromes que
apresentam alterações em OM que são:
- Doença de Crouzon ou disostose craniofacial;
- Síndrome de Treatcher-collins ou disostose mandibulofacial;
- Síndrome de Pierre Robin ou hipoplasia de mandíbula.
Patologias dos Órgãos da Audição 32

4. ORELHA INTERNA

As patologias da OI, geralmente, podem ser divididas em dois grupos diferenciados por
algumas características audiométricas. São eles: sensorial e neural.
a) Disacusia Sensorial (cóclea): Decorre de lesões localizadas nas células ciliadas e de
sustentação do órgão de Corti e as características audiométricas em geral são:
- Prova de Rinne positiva patológica (encurtada);
- Prova de Schwabach (encurtada);
- Prova de Weber lateralizada para o ouvido normal ou menos acometido;
- Recrutamento (reações de intolerância à sons intensos) e diplacusias (distorção da
sensação sonora) presentes;
- Discriminação vocal diminuída (o paciente ouve, mas não entende);
- Curva audiométrica do tipo descendente;
- Prova de SISI positiva;
- TDT (adaptação auditiva) dentro da normalidade;
- As principais patologias sensoriais são:
- Presbiacusia;
- Trauma sonoro;
- Ototoxicidade;
- Doença de Méniére;
- Surdez Súbita;
- Caxumba;
- Síndrome de Alport e da Rubéola Congênita;
- Surdez metabólica e vascular.

b) Disacusia Neural (nervo auditivo): Decorre de lesões das células bipolares do gânglio
espiral de Corti, nas neurofibrilas do nervo acústico, nos nervos cocleares bulbares e das
vias cocleares centrais e as características audiométricas em geral são:
- Prova de Rinne positiva patológica (encurtada);
- Prova de Schwabach (encurtada);
- Prova de Weber lateralizada para o ouvido normal ou menos acometido;
- Recrutamento e diplacusias ausentes;
- Discriminação vocal muito diminuída sendo incompatível com a áudio;
- Curva audiométrica do tipo descendente;
- Prova de SISI negativa;
- TDT (adaptação auditiva) positivo;
- As principais patologias neurais são:
- Herpes Zoster;
- Meningite;
- Presbiacusia;
- Trauma sonoro;
- Malformações Congênitas;
- Icterícia;
- Neurinoma do Acústico.

4.1. OTOSPONGIOSE COCLEAR


- CONCEITO:
- A hiperostose otoscletórica pode estender-se da área da janela oval para a região do
promontório (que corresponde à cóclea) ou instalar-se desde o início nessa região.
- ETIOLOGIA:
- Idiopática podendo ter várias causas:
- Endócrinas;
- Metabólicas (relacionadas ao metabolismo do cálcio);
- Alterações vasculares;
- Resposta auto-imune;
- Traumáticas;
- Inflamatórias;
- Hereditárias (antecedentes familiares cerca de 50%)
- SINTOMATOLOGIA:
Patologias dos Órgãos da Audição 33

- Hipoacusia SN;
- Zumbido;
- Paracusia de Willis (ouve melhor em ambientes ruidosos);
- Tontura não rotatória de intensidade leve-moderada (PSN)
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- MT normal;
- CT (topodiagnóstico)
- TRATAMENTO:
- Clínico (medicamentoso): Inibidores de reabsorção óssea;
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Audiometria: Perda SN progressiva, de grau leve-moderado e bilateral (podendo ser
simétricas).
- A discriminação vocal está preservada, ou melhor, que as expectativas para
determinadas PSN.
- Imitanciometria: Curva tipo A com reflexo CL ausente.

4.2. PRESBIACUSIA
- CONCEITO:
- “Audição de velho”; alteração auditiva que surge com a idade mais avançada;
- É o declínio da audição, que envelhece como tudo o mais no organismo;
- Com a idade, vão se instalando alterações estruturais em todo aparelho auditivo:
- Enrijecimento e aumento do pavilhão da orelha;
- Atrofia ou presença de flacidez da parede do CAE;
- Acumulo excessivo de cerume;
- Diminuição das fibras elásticas (espessamento) da MT;
- Os ossículos se tornam osteoporóticos;
- Limitação da articulação da cadeia ossícular;
- Alterações orgânicas do OI e das vias auditivas centrais.
- Apresenta-se sob os tipos histopatológicos que podem apresentar-se de maneira
isolada ou combinados:
- Sensorial: Caracteriza-se por atrofia (sem causa conhecida) lenta e progressiva
das células ciliadas e de sustentação do órgão de Corti. A perda auditiva é SN,
abrupta, quase vertical, acima de 2.000 Hz, que se inicia em geral, por volta de 45
– 50 anos; discriminação vocal é boa; o recrutamento é presente e o reflexo pode
está ausente nas freqüências agudas. Os pacientes não se adaptam à prótese
auditiva.
- Neural: Caracteriza-se pela lesão degenerativa dos neurônios cocleares e da via
auditiva central, ocorrendo em idades avançadas. A perda auditiva é SN
descendente; discriminação vocal é ruim e o reflexo pode está ausente nas
freqüências agudas. Os pacientes não se adaptam à prótese auditiva.
- Da estria ou Metabólica: Caracteriza-se pela presença de manchas atróficas nas
espiras média e apical da estria vascular (função metabólica), geralmente ocorre
com pessoas da mesma família na faixa da 5ª/6ª década da vida. As células
ciliadas do órgão de Corti e o gânglio espiral estão normais. A perda auditiva é SN
plana; discriminação vocal é excelente e o reflexo pode está presente. Os
pacientes se adaptam à prótese auditiva.
- Condutiva ou Mecânica: Caracteriza-se pela atrofia da cóclea que acarretariam
modificações nas propriedades físicas do ducto coclear (ruptura do ducto), cuja
rigidez aumenta e altera o movimento mecânico da membrana basilar, justificando
a deficiência auditiva. A perda auditiva é SN descendente; discriminação vocal é
boa e o reflexo pode está presente. Os pacientes se adaptam à prótese auditiva.
- ETIOLOGIA:
- Influências ambientais, infecciosas, traumas.
- SINTOMATOLOGIA:
- Hipoacusia SN;
- Zumbido;
- Vertigem;
- Desconforto em ambiente ruidoso;
- Dificuldade em entender o que se é falado, às vezes.
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
Patologias dos Órgãos da Audição 34

- MT normal ou um pouco retraída.


- TRATAMENTO:
- “Ilusória”;
- Clínico (medicamentoso): ativadores da circulação;
- Prótese auditiva.
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Audiometria: Perda SN descendente, progressiva, de grau leve-moderado e bilateral,
simétricas, acima de 2.000 Hz. No início, a curva pode ser horizontal;
- Freqüências agudas: maior queda nos homens
- Freqüências graves: maior queda nas mulheres
- Geralmente, há presença de recrutamento;
- A discriminação vocal está preservada ou compatível com a áudio;
- Imitanciometria: Curva tipo A com reflexo CL presente ou ausente nas freqüências
agudas muito abruptas.

4.3. PAIR – PERDA AUDITIVA INDUZIDA PELO RUÍDO


- CONCEITO:
- A exposição a ruídos de intensidade suficientemente fortes pode resultar em uma
perda auditiva temporária ou permanente, principalmente nas freqüências agudas;
- A perda auditiva pode ocorrer de duas maneiras:
- Por exposição prolongada a ruídos ambientais de risco (PAIR);
- Por exposição de curta duração a uma simples explosão de um ruído intenso
(trauma acústico).
- Deve ser considerada a susceptibilidade individual, uso de EPI e tempo de exposição.
- O indivíduo só percebe a patologia quando está muito comprometido;
- Presença de recrutamento;
- Incidência: Em homens e em adultos.
- ETIOLOGIA:
- Idiopática;
- Susceptibilidade;
- Exposição contínua a ambientes com ruídos intensos sem o uso de EPI;
- Metabólicas;
- Vasculares
- SINTOMATOLOGIA:
- Dificuldade de ouvir sons agudos;
- Hipoacusia SN progressiva;
- Zumbido;
- Stress;
- Dor de cabeça;
- Irritabilidade;
- Plenitude auricular;
- Vertigem.
- DIAGNÓSTICO:
- MT normal;
- Bateria audiológica com 14 horas de repouso auditivo;
- TRATAMENTO:
- Afastamento do local ruidoso;
- Uso de EPI.
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Audiometria: Perda SN progressiva, descendente (queda maior nas freqüências 4, 6 e
8 Khz) de grau leve-moderado e unilateral ou bilateral (simétrica). Observar a gota
audiométrica.
- A discriminação vocal está compatível com a áudio;
- Imitanciometria: Curva tipo A com reflexo CL presente ou ausente nas freqüências
agudas.

4.4. TRAUMA SONORO OU ACÚSTICO


- CONCEITO:
Patologias dos Órgãos da Audição 35

- O trauma ao sistema auditivo pode resultar de pancadas diretas à cabeça; golpes


penetrantes na OM e de mudanças súbitas de pressão na atmosfera (barotrauma);
- A perda auditiva ocorre por exposição de curta duração a uma simples explosão de um
ruído intenso;
- O estímulo sonoro ambiental, intenso e prolongado afeta o suprimento sangüíneo da
estria vascular, reduzindo o aporte de oxigênio ao órgão de Corti.
- Incidência: Em homens e em adultos.
- ETIOLOGIA:
- Explosões;
- Detonações;
- Tiros;
- Traumas (pancadas – PC)
- SINTOMATOLOGIA:
- Dificuldade de ouvir sons agudos;
- Hipoacusia SN progressiva irreversível;
- Hipoacusia condutiva ou mista;
- Zumbido;
- Otalgia;
- Irritabilidade;
- Plenitude auricular;
- Vertigem.
- DIAGNÓSTICO:
- MT normal ou PMT;
- Bateria audiológica com 14 horas de repouso auditivo.
- TRATAMENTO:
- Afastamento do local ruidoso;
- Uso de EPI.
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Audiometria: Perda SN progressiva, descendente (queda maior nas freqüências 4, 6 e
8 Khz) de grau leve-moderado e unilateral. Observar a gota audiométrica.
- A discriminação vocal está compatível com a áudio;
- Imitanciometria: Curva tipo A com reflexo CL presente ou ausente nas freqüências
agudas.
- Se o trauma afetou a OM a perda será condutiva ou mista de graus variados e DA boa.

4.5. SCHWANNOMA OU NEURINOMA DO ACÚSTICO


- CONCEITO:
- São tumores histologicamente benigno, que se localiza na bainha de Schwann
(neurilema), mais freqüente no ramo vestibular do que no ramo coclear do VIII par, no
fundo do CAI;
- Os sintomas são decorrentes da compressão, atrofia e invasão dos ramos
auditivos/vestibulares do nervo, interferência na vascularização da cóclea, distúrbios
bioquímicos dos fluídos cocleares, pressão sobre os nervos cranianos adjacentes e/ou
compressão ou deslocamento das estruturas adjacentes do tronco cerebral;
- Tem coloração amarela de consistência endurecida;
- O aparecimento dos sintomas acontece entre 30 e 50 anos de idade, na maioria no
sexo feminino (3:2) e de ocorrência unilateral.
- ETIOLOGIA:
- Idiopática;
- Metabólica
- SINTOMATOLOGIA:
- Tríade sintomática: PSN unilateral, zumbidos e crises vertiginosas e/ou instabilidade do
equilíbrio;
- Hipoacusia;
- Zumbido;
- Distúrbios do paladar;
- Paralisia facial
- DIAGNÓSTICO:
- MT normal;
- Provas supraliminares;
Patologias dos Órgãos da Audição 36

- Provas vestibulares;
- Exame radiológico (CT).
- TRATAMENTO:
- Cirúrgico.
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Audiometria: Perda SN progressiva, descendente (é a mais comum, mais pode ser de
U invertido, plana...) de grau leve-moderado e unilateral.
- A discriminação vocal está incompatível com a áudio e muito ruim;
- Imitanciometria: Curva tipo A com reflexo CL presente ou ausente nas freqüências
agudas muito abruptas.

4.6. DOENÇA DE MÉNIÉRE


- CONCEITO:
- É uma alteração da OI. Parece estar associada a uma falha no mecanismo regulador
da produção, circulação e/ou absorção de endolinfa; levando a uma crise hipertensiva
endolinfática, ou seja, é um acúmulo excessivo de endolinfa no interior do labirinto
membranoso.
- Ocorre em adultos com idade entre 40 – 60 anos e é raro em crianças.
- Há dois grandes grupos de DM:
- Doença de Méniére Compensada: A audição é flutuante (é a mais encontrada);
- Doença de Méniére Descompensada: A perilinfa não chega mais à rampa
vestibular porque o helicotrema está bloqueado, porque o ducto coclear (rampa
média) está ocupando toda a rampa vestibular permanentemente, sendo que os
sintomas são: audição não volta mais ao normal, a instabilidade do equilíbrio é
permanente ou latente, tornando-se incapacitante. As crises vertiginosas são
freqüentes.
- ETIOLOGIA:
- Idiopática;
- Mecânica e/ou bioquímica
- SINTOMATOLOGIA:
- Vertigem recorrente (náuseas, vômitos, sudorese, palidez – nervo vago);
- Hipoacusia SN flutuante;
- Zumbido de pitch baixo;
- Plenitude auricular;
- O estado emocional pode agravar os sintomas.
- DIAGNÓSTICO:
- MT normal;
- Bateria audiológica
- Provas vestibulares.
- TRATAMENTO:
- Clínico medicamentoso (depressores vestibulares – dramin, plasil);
- Cirúrgico radical (labirintectomia: destruição total do labirinto).
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Audiometria: Perda SN progressiva, flutuante, irreversível, unilateral e de grau
moderado-severo. No início, poder apresentar uma curva ascendente, depois
horizontal e finalizar como uma curva descendente.
- A discriminação vocal está incompatível com a áudio e muito ruim; os pacientes podem
relatar recrutamento.
- Imitanciometria: Curva tipo A com reflexo CL presente ou ausente nas freqüências
agudas muito abruptas.
- ACHADOS VESTIBULARES:
- É normal nas primeiras crises;
- Com o tempo é possível encontrar preponderância direcional do nistagmo;
- Presença de nistagmo espontâneo na fase aguda;
- TESTE DO GLICEROL:
- É indicado para a confirmação da patologia e para avaliar o prognóstico da doença.
- O glicerol é um diurético osmótico, provocando desidratação aguda da hidropsia
labiríntica.
- Antes de ministrar o glicerol (glicerol, suco de limão e soro fisiológico) por via oral,
realiza-se a audiometria. O paciente deve estar em jejum.
Patologias dos Órgãos da Audição 37

- Após duas horas repete-se a audiometria e se o limiar melhorar pelo menos 10 dB em


uma ou em duas das freqüências de fala, e/ou melhorar 12% na discriminação vocal, o
teste é considerado positivo (Méniére positivo). O paciente também pode referir
melhora do zumbido e da sensação de plenitude auricular. Neste caso, o cirurgião fica
mais seguro, pois a audição ainda é flutuante e a cirurgia conseguirá melhorar a
audição do paciente.
- Caso a resposta seja negativa (Méniére negativo), significa que a hipoacusia é
irreversível, sendo que a cirurgia não conseguirá melhorar a acuidade auditiva, apenas
poderá deter que ela prossiga.
- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:
- As principais síndromes vestibulares que merecem diagnósticos diferenciais com
Méniére são:
a) Neurinoma do Acústico: Pode simular um quadro clínico de Méniére puro, sem
nenhum outro acompanhamento sintomático.
b) Neuronite Vestibular: Surge hiporreflexia vestibular, por vezes arreflexia, geralmente
unilateral, com ausência de qualquer sintoma coclear (zumbido e hipoacusia). É de
etiologia discutida.
c) Distonia Neurovestibular com Repercussão Vestibular: É considerada a pseudo-
Méniére.
d) Vertigem Postural Paroxística Benigna (VPPB): O estado vertiginoso só se
manifesta em alguns movimentos da cabeça.
e) Síndrome de Lermoyez: É raríssima e seria a Doença de Méniére ao contrário.

4.7. OTOTOXICIDADE
- CONCEITO E ETIOLOGIA:
- Caracteriza-se a uma reação tóxica não desejada nos sistemas auditivos ou
vestibulares.
- Podem ser causadas por uma grande variedade de substâncias:
- Antibióticos;
- Aminoglicosídeos;
- Diuréticos;
- Arsênico;
- Álcool;
- Tabaco;
- Chumbo;
- Monóxido de Carbono;
- Mercúrio;
- Aspirina;
- Quinino;
- Mostarda nitrogenada.
- A audição pode melhorar ou não com a suspensão do uso da droga.
- Os fatores que podem influenciar o desenvolvimento da um perda auditiva por agentes
ototóxicos incluem potencial de toxicidade do agente, dosagem absoluta, duração e
método de exposição, normalidade da função renal, uso prévio ou simultâneo de outras
drogas ototóxicas e suscetibilidade individual;
- Os danos são em nível coclear (células ciliadas externas e espiral basal) e degeneração
neural;
- Os agentes ototóxicos alcançam a OI através da corrente sangüínea e acumulam-se nessa
região;
- Processo metabólico.
- Congênita (ingestão de algum ototóxico durante a gestação) e adquirida (qualquer idade);
- SINTOMATOLOGIA:
- Hipoacusia;
- Zumbido;
- Vertigem (se atingir o sistema vestibular).
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- MT normal;
- Bateria audiológica;
- Realização de audiometrias de controle.
- TRATAMENTO:
Patologias dos Órgãos da Audição 38

- Não indicação das drogas.

- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:


- Audiometria: Perda SN progressiva, bilateral, insidiosa, de grau leve-profundo,
podendo ser assimétrico e descendente.
- A discriminação vocal está incompatível com a áudio ou ruim;
- Imitanciometria: Curva tipo A com reflexo CL presente ou ausente nas freqüências
agudas muito abruptas.

4.8. PERDA AUDITIVA SÚBITA IDIOPÁTICA


- CONCEITO:
- Caracteriza-se à uma perda auditiva abrupta sem causa identificável;
- As lesões histopatológicas ocorrem na cóclea e/ou no VIII par;
- Pode ocorrer em qualquer idade;
- O paciente percebe a perda ao acordar pela amanhã;
- Cerca de 70% dos pacientes apresentam recuperação de hipoacusia, sendo que
tratadas precocemente.
- ETIOLOGIA:
- Idiopática;
- Teorias virais ou vasculares.
- SINTOMATOLOGIA:
- A hipoacusia é precedida ou acompanhada de:
- Vertigem, tontura ou sensação de instabilidade.
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- MT normal;
- Bateria audiológica;
- Realização de audiometrias de controle.
- TRATAMENTO:
- Não há tratamento; alguns preconizam o uso de dietas, terapia medicamentosa
(vasodilatadores), repouso ou atividade física limitada.
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Audiometria: Perda SN abrupta de grau leve-moderado ou severo-profundo, unilateral
e horizontal e/ou descendente.
- A discriminação vocal está incompatível com a áudio ou ruim (patologia retrococlear);
- Imitanciometria: Curva tipo A com reflexo CL presente ou ausente dependendo do
grau da perda.

4.9. SÍFILIS
- CONCEITO:
- É uma infecção sistêmica crônica causada pela bactéria Treponema palllidum;
- Na orelha humana ocorre a deformidade ou a destruição da cápsula ótica óssea, atrofia
do órgão de Corti e hidropsia endolinfática do labirinto membranoso;
- Apresenta-se de forma:
- Congênita (infecção intra-uterina como conseqüência da sífilis da mãe)
- Adquirida
- Incidência: Maior no sexo masculino, mas a hipoacusia ocorre na maioria no sexo
feminino.
- A hipoacusia em pessoas com sífilis pode ocorrer em qualquer idade.
- A evolução da sífilis é flutuante e progressiva.
- ETIOLOGIA:
- Bactéria Treponema palllidum
- SINTOMATOLOGIA:
- Hipoacusia;
- Zumbido
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- Testes sorológicos
- MT normal;
- Bateria audiológica;
- Realização de audiometrias de controle.
- TRATAMENTO:
Patologias dos Órgãos da Audição 39

- Medicamentoso.

- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:


- Audiometria: A hipoacusia é SN, bilateral, plana, simétrica de grau severo-profundo.
Na sífilis adquirida o quadro auditivo difere por ser flutuante.
- A discriminação vocal está incompatível com a áudio;
- Imitanciometria: Curva tipo A com reflexo CL presente ou ausente dependendo do
grau da perda.

4.10. DIABETES MELLITUS


- CONCEITO:
- É uma doença sistêmica crônica relacionada a uma deficiência absoluta ou relativa de
insulina;
- Na orelha humana ocorre atrofia do gânglio espiral; degenerações da bainha de mielina
do VIII par, diminuição do número de células nervosas da lâmina espiral e
estreitamento das estrias vasculares do CAI.
- ETIOLOGIA:
- Metabólica e vascular decorrente do quadro de Diabetes.
- SINTOMATOLOGIA:
- Hipoacusia SN;
- Tontura
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- MT normal;
- Bateria audiológica;
- Realização de audiometrias de controle.
- TRATAMENTO:
- Medicamentoso
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Audiometria: A hipoacusia é SN, bilateral, progressiva, descendente de grau leve-
profundo;
- A discriminação vocal está incompatível com a áudio;
- Imitanciometria: Curva tipo A com reflexo CL presente ou ausente dependendo do
grau da perda.

4.11. OUTRAS ALTERAÇÕES ENCONTRADAS EM OI:


a) FÍSTULA PERILINFÁTICA: É uma ruptura espontânea ou traumática da membrana da janela
redonda (mais comum) ou da oval dando origem à fístula. É a causa mais comum de
surdez súbita e pode ocorrer em diferentes graus de intensidade. A fístula pode ser
secundária a outras patologias como o colesteatoma e o barotrauma. Os sintomas são:
surdez súbita, com ou sem zumbido, vertigem e vômitos. O quadro é tratado de acordo
com a patologia associada. O tratamento é cirúrgico (fechamento da fístula). Na
imitanciometria, ocorre a presença do Fenômeno de Túlio: o paciente recebe um estímulo
sonoro muito alto (acima de 100 dB) e têm desequilíbrio, mal estar e nistagmo (nem todo
Túlio positivo tem fístula, mas toda fístula tem Túlio positivo). Na pesquisa do Hennebert
ocorre a variação de pressão brusca, os sintomas são os mesmos do fenômeno de Túlio.

b) MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS: Defeitos genéticos dos pais podem acarretar agenesia ou


desenvolvimento incompleto do OI, resultando em surdez congênita. Diferentes
malformações podem ser assinaladas:
- Tipo Michel: Agenesia de todo o labirinto;
- Tipo Bing-Siebenmann: Desenvolvimento normal do labirinto ósseo e agenesia do
labirinto membranoso;
- Tipo Scheibe: O aparelho vestibular desenvolve-se normalmente; a malformação limita-se
ao sáculo e ao ducto coclear.
- Deformidade de Mondini: Só há desenvolvimento de uma espira e meia do canal coclear,
em vez de duas espiras e meia; falta a lâmina óssea que separa as espiras apicais da
cóclea; há também deformidades dos canais semicirculares. Há casos de que a cóclea
pode estar vazia e até houver ausência de CSC. A criança apresenta hipoacusia SN
Patologias dos Órgãos da Audição 40

flutuante, sendo progressiva chegando à totalidade. Pode ser uni ou bilateral. Para a
confirmação da deformidade é necessário a realização de RX, CT e eletrococleografia.
- Síndrome de Waardenburg: Caracteriza-se por heterocromia da íris (azul de um lado e
marrom do outro), faixa de cabelo branco no centro da testa e prega ou dobra cutânea no
canto interno dos olhos. Associa-se a PSN congênita decorrente da atrofia do órgão de
Corti e da estria vascular, com redução da população de células do gânglio espiral de Corti.
É de caráter familiar.
- Síndromes Gerais: As mais conhecidas são:
- Sd Alport
- Sd Anemia de Fanconi
- Sd Apert
- Sd de Cockayne
- Sd de Crouzon
- Sd de Down
- Sd de Duane
- Sd de Goldenhar
- Sd de Möbius
- Sd de Pendred
- Sd de Pierre Robin
- Sd de Treacher Collins
- Sd de Turner
- Lista completa em Northern, J. et Downs, M. Audição em crianças – Apêndice dos
distúrbios auditivos, 372 – 392p.

c) ICTERÍCIA NEONATORUM: Normalmente 85% das pessoas são Rh+, enquanto apenas 15%
são Rh-. Decorre da incompatibilidade entre o fator Rh- da mãe e o Rh+ do feto, do que
resulta formação de anticorpos no organismo materno, os quais atravessam a barreira
placentária e vão inter-relacional com o fator Rh+ do feto. Isso ocorre da segunda gestação
em diante. Dessa inter-relação antígeno-anticorpo, surge hemólise das hemácias
(eritroblastose fetal) com subseqüente liberação de bilirrubina que se deposita na pele e
nos núcleos de base do cérebro (kernicterus). A eritroblastose só se instala após o
nascimento do feto e os núcleos cocleares do bulbo podem ser lesados, resultando numa
surdez profunda principalmente nas freqüências altas. Atualmente, são raros os casos
devido ao uso da vacina prévia da mãe com fator Rh-.

d) RUBÉOLA CONGÊNITA: Gestante que contrai rubéola até o terceiro mês de gestação corre
o risco de acarretar lesões do neuroepitélio do órgão de Corti do embrião, evitando o seu
desenvolvimento e provocando surdez congênita SN de grau severo-profundo. As outras
características são: presença de catarata e cardiopatia, além de alterações como baixo
peso, anemia, retardo psicomotor e mental. Atualmente, são raros os casos de rubéola
congênita devido ao uso da vacina prévia da mãe (pelo menos 1 ano a 6 meses antes de
engravidar).

e) CAXUMBA (parotidite epidêmica): O vírus da caxumba é o fator etiológico mais importante


de surdez súbita. As lesões são de média intensidade no ápice da cóclea e na espira basal
a destruição é total. É adquirida pela aspiração e os sintomas clássicos envolvem febre,
dor de cabeça, anorexia, mal estar, dor de ouvido e dilatação das parótidas. É
relativamente comum e a hipoacusia SN é unilateral.

f) DOENÇAS VIRAIS: SARAMPO, MENINGITE, CITOMEGALOVÍRUS E AIDS: São causas menos


freqüentes da surdez súbita, sendo que ocorre lesão da várias intensidades na cóclea.
- O sarampo pode causar perda auditiva devido à invasão do OI através da corrente
sangüínea ou do SNC ou através da labirintite purulenta secundária à otite média
supurativa.
- A meningite é uma infecção e inflamação da membrana meningeal que envolve o cérebro
e a medula espinhal, pode ser secundária a uma otite média. Os sintomas incluem pescoço
duro, dor de cabeça, febre alta, náusea, vômito e hipoacusia SN de grau severo-profundo
bilateral podendo ocasionalmente ser unilateral.
Patologias dos Órgãos da Audição 41

- A CMV é uma infecção viral contraída da mãe no período intrauterino ou pós-natal


causando retardo mental, espasticidade, microcefalia, estados convulsivos, fissura lábio-
palatal e PSN.
- O vírus da AIDS causa primordialmente depressão da imunidade geral do organismo,
dando ensejo à instalação de infecções oportunas. As otites médias secretoras e de
repetição são as mais comuns em crianças. Em adultos, a configuração é muito
semelhante com a configuração de ototoxicidade.

g) ESCLEROSE MÚLTIPLA: É uma doença crônica progressiva do SNC e caracteriza-se pela


destruição da bainha de mielina (desmielinização) das fibras nervosas com causas
desconhecidas. Acredita-se que o envolvimento do VII par é limitado à porção do SNC do
nervo (neuroglia). É mais freqüente em mulheres e a hipoacusia está presente em 55% dos
casos. A perda auditiva é SN, bilateral, de grau leve e descendente. A discriminação está
normal e a imitanciometria apresenta curva tipo A com ausência de reflexos.

h) TRAUMAS CRANIANOS: Podem causar diversos tipos de distúrbios labirínticos. O grau mais
leve é a VPPB e o mais grave é a fratura de rochedo que se comporta de forma
semelhante à vertigem súbita idiopática podendo também apresentar PFP.

i) DEFICIÊNCIA AUDITIVA SENSORIONEURAL HEREDITÁRIA: Pode ocorre quando um gene ou


um par de genes for anormal para a audição. A classificação é baseada tanto em
características genéticas, etiológicas e histopatológicas. Portadores desta deficiência
podem apresentar ausência do órgão de Corti na espiral basal, degeneração do gânglio
espiral da espiral basal e degeneração irregular da estria vascular. Geralmente se
manifesta durante a infância ou adolescência, sendo PSN bilateral, simétrica, de leve-
severo, descendente. A discriminação está compatível com a áudio; na impe a curva é tipo
A com presença ou ausência de reflexos.

j) TUMORES INTRACRANIANOS QUE AFETAM O SISTEMA AUDITIVO CENTRAL: Podem


originar-se do crânio, das meninges, dos vasos sangüíneos, dos nervos cranianos. As
neoplasias parecem desenvolver-se de alterações das células normais com crescimento
incontrolado sem causa esclarecida. A localização, em geral, é no tronco cerebral ou no
lobo temporal. A audiometria e a discriminação vocal podem estar normais. A avaliação do
processamento auditivo pode mostrar alteração nos testes dicóticos.
k) ALTERAÇÕES VASCULARES: Podem decorrer de fatores vasculares intratemporais (trauma
acústico) ou à distância do OI (cardiopatias) que podem acarretar insuficiência circulatória
no OI levando a uma PSN de graus variados. Distúrbios vasculares cerebrais (aneurismas,
arterioesclerose, etc...) podem afetar as vias auditivas centrais ou ter repercussão lesiva
diretamente na circulação do OI. As alterações vasculares no OI dependem da localização
e da duração do processo isquêmico. Os sintomas podem ser zumbido, PSN e vertigem.

l) ALTERAÇÕES LABIRÍNTICAS: As principais afecções vestibulares periféricas são:


- Doença de Méniére;
- Síndrome Cervical: Caracteriza-se por crises vertiginosas recidivantes, associadas a
zumbidos, manifestações neurovegetativas e cefaléia occipital. Áudio com perda em
agudas e na ENG quase sempre do tipo irritativo. O tratamento é com vasodilatadores
e reabilitação vestibular com fisioterapia para coluna cervical.
- Vertigem Idiopática Súbita: Caracteriza-se por perda súbita da função de um dos
labirintos que pode ser acompanhada de surdez súbita.
- Vertigem Postural Paroxística Benigna (VPPB): Caracteriza-se por crises
vertiginosas resultantes de determinados movimentos de cabeça e tronco. O
tratamento é através de depressores da função labiríntica e de reabilitação vestibular.
- Labirintopatias Metabólicas: Caracteriza-se por prejuízo labiríntico de diversas
maneiras, segundo a sensibilidade do paciente. A causa mais comum parece ser a
hiperinsulinemia que é comum em obesos, alérgicos a açúcar e em diabéticos. Ocorre
hipoacusia metabólica e vertigem.
- Comoção Labiríntica Traumática: Caracteriza-se por uma síndrome periférica
deficitária, sem perda total da função labiríntica em nenhum dos lados.
- Hydrops Labiríntico por Vírus: Caracteriza-se por crises de vertigem recidivante em
pacientes que muitos anos antes apresentou surdez súbita por vírus (caxumba).
Patologias dos Órgãos da Audição 42

- Neurinoma do Acústico.
- As principais afecções vestibulares centrais (ocorre às dissociações audiovestibulares) são:
- Schwannoma Vestibular;
- Meningeoma;
- Cisto de Aracnóide;
- Processos Degenerativos (Esclerose Múltipla);
- Processos Vasculares (Insuficiência Vertebrobasilar);
- Síndrome de Wallenberg;
- Doença de Arnold-chiari.
Patologias dos Órgãos da Audição 43

NERVO FACIAL

1. PARALISIA DO NERVO FACIAL


- CONCEITO:
- Caracteriza-se por uma paralisia completa ou parcial da musculatura facial do lado
afetado;
- As manifestações da PF variam dependendo se a lesão for:
- Proximal ao núcleo do nervo facial (supranuclear ou central): Ocorre paralisia
nos 2/3 faciais, porém os músculos da testa e a sobrancelha não são afetados;
- Distal ao núcleo do nervo facial ou no próprio (nuclear ou periférica): Ocorre
PF em toda a face do lado envolvido;
- Os ramos do nervo facial podem ser testados separadamente e dizem respeito à:
secreção lacrimal, reflexo acústico, salivação, gustação.
- ETIOLOGIA:
- Traumática (fratura do osso temporal);
- Neoplasias (neurinoma do VIII ou do VII par, tumores da parótida ou gliomas;
- Infecções (Herpes Zoster, otites média);
- Metabólica: Diabetes;
- Congênitas: Colesteatoma;
- Idiopática: Paralisia de Bell – paralisia facial do tipo neurônio motor inferior (periférica)
sem evidência de doenças do ouvido. A etiologia é desconhecida podendo ser variada,
mas pode estar relacionada à exposição ao frio, causas psicossociais e alterações
vasculares. Tem início súbito e pode ter dor retroauricular associada. O prognóstico e a
evolução do quadro são bons.
- SINTOMATOLOGIA:
- Otalgia;
- Zumbido;
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- MT normal;
- Bateria audiológica;
- Realização de audiometrias de controle;
- Eletromiografia;
- Eletroneurografia.
- TRATAMENTO:
- Medicamentoso; cirúrgico e terapia fonoaudiológica e/ou fisioterápica.
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Audiometria: Normal (leão no VII par);
- A discriminação vocal está incompatível com a áudio;
- Imitanciometria: Curva tipo A com reflexo CL presente ou ausente dependendo do
topodiagnóstico.
- Reflexos ausentes: A lesão pode estar localizada acima ou proximal ao ramo que
inerva o músculo estapédio.
- Reflexos presentes: A lesão pode estar localizada abaixo ou distal ao ramo que
inerva o músculo estapédio.
Patologias dos Órgãos da Audição 44

PERDA AUDITIVA FUNCIONAL

- CONCEITO E ETIOLOGIA:
- São perdas aparentemente que não podem ser atribuídas a uma etiologia orgânica
ou a uma mudança estrutural;
- São conhecidas como pseudo-hipoacusias, simulação (encontrada na PAIR) e
alterações psicogênicas não orgâncias;
- Pode estar relacionada a fatores monetários, estresse emocional, desejo de
situações específicas (serviço militar). Em crianças está relacionada ao ato de
chamar a atenção;
- As motivações para este tipo de perda podem ser inconscientes ou conscientes;
- Pode ser bilateral ou unilateral;
- O aparecimento da perda é súbita.
- SINTOMATOLOGIA:
- Hipoacusia;
- Zumbido;
- DIAGNÓSTICO (otoscopia):
- MT normal;
- Bateria audiológica;
- Testes de Lombard e Stenger.
- Realização de audiometrias de controle.
- TRATAMENTO:
- Terapia psicológica.
- ACHADOS AUDIOLÓGICOS E IMITÂNCIOMÉTRICOS:
- Audiometria: Normal ou com qualquer tipo de hipoacusia
- A discriminação vocal está incompatível com a áudio, geralmente são bons;
- Imitanciometria: Curva tipo A com reflexo presente.
Patologias dos Órgãos da Audição 45

PROCESSAMENTO AUDITIVO

Diz respeito à percepção auditiva via o sentido da audição e ocorre no sistema auditivo.
A localização sonora que se manifesta através de olhar em direção à fonte sonora parece ser
um processo importante no desenvolvimento da percepção espacial e no desenvolvimento da
atenção seletiva. As estruturas responsáveis são componentes sensoriais e neurais.
A habilidade do ser humano em prestar atenção ao som e discriminar os sons e vozes
está presente desde cedo. O desenvolvimento das habilidades auditivas depende da interação
das habilidades inatas e das experiências com o meio. A habilidade envolvida na organização
da informação auditiva ou habilidade auditiva perceptuais é conhecida como processamento
auditivo central.
Dentro das funções auditivas temos o reconhecimento, a compreensão e memória. A
audição é o principal meio pelo qual a linguagem é adquirida, para que isso ocorre o sistema
auditivo tem que estar íntegro.
O sistema auditivo analisa os sons da fala identificando acusticamente os fonemas da
língua a que está exposto. A informação sensorial auditiva que chega numa orelha é
transmitida principalmente pelo lobo temporal contralateral.
O distúrbio da audição pode envolver dois aspectos: a perda auditiva que se refere na
incapacidade de detectar a energia sonora e a desordem do processamento auditivo central
que se refere à inabilidade de interpretar padrões sonoros.
O processamento é avaliado através de testes especiais utilizando sons verbais e não
verbais, competição sonora, avaliação dicótica e monótica.
Patologias dos Órgãos da Audição 46

VERTIGEM

O equilíbrio corporal é resultante da integração de informações proprioceptivas, visuais


e vestibulares que ocorre no SNC.
A vertigem é a falsa sensação de objetos girando ao redor ou de a cabeça estar
girando. Ela é uma forma específica de tontura que pode ser definida como uma sensação
errônea de deslocamento no espaço. A tontura surge quando informações ao respeito do
movimento corporal e ocular entram em defasagem com as informações provenientes do
labirinto, podendo ocorrer de forma súbita ou crônica.
A tontura rotatória (ou vertigem) é característica de distúrbios do labirinto ou do sistema
vestibular e ocorre na fase crítica da doença, ocasião em que o encéfalo não consegue integrar
as informações.
As causas mais freqüentes de vertigem são:
- Infecções;
- Trauma craniano;
- Fístula Perilinfática;
- Malformações de OI;
- Distúrbios Vasculares do Labirinto;
- Ototoxicose;
- Doença de Méniére;
- Schwannoma Vestibular;
- Otospongiose Coclear;
- Processo Imunomediado;
- Afecções Vestibulares Centrais.
O diagnóstico é simples uma vez que o paciente consegue descrever o quadro. A
anamnese deve ser bem detalhada e meticulosa, o exame otoneurológico auditivo e vestibular
central e periférico deve ser realizado e os exames laboratoriais e de imagem devem ser
dirigidos de acordo com a hipótese diagnóstica.
O tratamento é medicamentoso e cirúrgico nos casos de insucesso do tratamento
clínico, fístula e neurinoma.
Patologias dos Órgãos da Audição 47

ZUMBIDO

É a percepção de uma manifestação auditiva endógena, originada na cóclea e no nervo


coclear ou nas estruturas circunvizinhas como o músculo da OM ou do palato, vasos ou
patência da tuba auditiva. Por ser uma sensação, sua nocicepção está relacionada à disfunção
geradora do sintoma e aos aspectos psicológicos, emocionais e mentais. Pode variar na sua
característica específica como na intensidade, tonalidade e constância. É uma das queixas
otoneurológica das mais freqüentes. Na maioria é de pitch baixo não incomodando as
atividades diárias dos pacientes, porém uma em cada 100 pessoas é incomodada, sendo em
mulheres jovens e homens idosos. O zumbido pode ser classificado como:
a) Periótico (ZPO):
- Origina-se nas estruturas próximas à OI e transmitidas à cóclea;
- Apresenta alguma causa definida que pode ser identificada e objetiva (ouvida pelo
examinador) em alguns casos;
- Não é usual estar associado a outras queixas como: tontura, PSN, recrutamento e
diplacusia;
- As causas podem ser:
- Miogênica: Pode ser causado tanto pelos músculos da OM como pelos músculos
elevador e tensor do palato, que alteram a fisiologia da tuba auditiva. É o que
apresenta zumbido objetivo.
- Vascular: É percebido pelo paciente como um ruído pulsátil sincrono com o batimento
cardíaco; é causado pelo fluxo sangüíneo, sendo transmitido à OI diretamente ou
através da OM. Pode ser causado por tumor glômico, anomalia de artéria carótida
interna, fístula arteriovenosa, hipertensão arterial. O diagnóstico é feito através da
anamnese, imitanciometria, ausculta ao redor do CAE e uso de ressonância e CT.
- Tubal: É causado pela tuba auditiva patente. O ruído da passagem do ar na
nasofaringe pode transmitir-se-á OM através da tuba aberta. Ocorre em pessoas com
rápida e acentuada perda de peso corporal. O diagnóstico é feito pela história e pela
imitanciometria.

b) Sensorioneural (ZSN):
- Advém da disfunção do órgão de Corti, do nervo coclear ou nas estruturas auditivas do
SNC;
- O ZSN gerado na cóclea atinge os núcleos auditivos no tronco encefálico, chegando ao
córtex auditivo cerebral, onde há percepção e reconhecimento desse fenômeno. Este
estímulo irradia para o sistema límbico, onde gera associações emocionais.
- Quanto maior o estímulo, maior é o desconforto, porém, em algumas situações, pequenos
estímulos podem causar grandes desconfortos, depende do estado emocional do paciente.
- Está associada a PSN, tontura, alteração neurovegetativas;
- As principais causas são as mesmas que originam PSN e vertigem:
- Ototoxicose;
- Trauma Sonoro;
- Presbiacusia;
- Schwannoma Vestibular;
- Doença de Méniére;
- Otospongiose Coclear;
- Trauma craniano;
- Fístula Perilinfática;
- Intolerância Alimentar.
- O diagnóstico é feito através da análise integrada de todas informações como:
- Anamnese Dirigida;
- Exame Físico Geral;
- Exame Otoneurológico;
- CT e ressonância;
- Exame Laboratorial
- O tratamento é bem diversificado, mas geralmente é medicamentoso ou cirúrgico (injeção
intratimpânica de gentamicina ou corticosteróides).
Patologias dos Órgãos da Audição 48

RELAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA COM DEMAIS ESPECIALIDADES

As patologias que acometem a orelha humana requerem muito conhecimento dos


profissionais que estão diretamente ou não ligadas a elas. Geralmente, os profissionais
envolvidos realizam procedimentos multi e interdisciplinar objetivando um bom prognóstico e
melhor qualidade de vida ao paciente. As áreas envolvidas são:
- Fonoaudiologia;
- Otorrinolaringologia;
- Neurologia;
- Fisioterapia;
- Farmácia;
- Psicologia;
- Terapia Ocupacional;
- Radiologia.
Patologias dos Órgãos da Audição 49

ILUSTRAÇÕES GERAIS
ORELHA HUNAMA
Patologias dos Órgãos da Audição 50

ILUSTRAÇÕES GERAIS
ORELHA HUNAMA
Patologias dos Órgãos da Audição 51

ILUSTRAÇÕES GERAIS
MEMBRANA TIMPÂNICA

ESTRUTURAS ENCONTRADAS NAS PAREDES DA CAVIDADE TIMPÂNICA

ORELHA MÉDIA VISTA POR DENTRO OSSÍCULOS DA OM


Patologias dos Órgãos da Audição 52

ILUSTRAÇÕES GERAIS
CÓCLEA (VISTA INTERNA) CORTES SECCIONAL DA CÓCLEA

RAMPAS DA CÓCLEA CÓCLEA RAMPAS

RAMPA MÉDIA ÓRGÃO DE CORTI


Patologias dos Órgãos da Audição 53

ILUSTRAÇÕES GERAIS
VESTÍBULO SACO ENDOLINFÁTICO

ESQUEMA DO LABIRITNO MEMBRANOSO LABIRINTO MEMBRANOSO

AMPOLA E CRISTA MÁCULA


Patologias dos Órgãos da Audição 54

ILUSTRAÇÕES GERAIS
VIA AUDITIVA AFERENTE
Patologias dos Órgãos da Audição 55

ILUSTRAÇÕES GERAIS
VIA AUDITIVA EFERENTE
Patologias dos Órgãos da Audição 56

ILUSTRAÇÕES GERAIS
CURVAS TIMPANOMÉTRICAS
Patologias dos Órgãos da Audição 57

TRABALHO DE ANATOMIA DA ORELHA

Preencha os espaços em branco com o nome das devidas estruturas.

- PAVILHÃO DA ORELHA

- CORTE FRONTAL DO SISTEMA AUDITIVO

- CORTE VERTICOTRANSVERSAL OU FRONTAL DO OUVIDO DIREITO


Patologias dos Órgãos da Audição 58

- MEMBRANA TIMPÂNICA E TUBA AUDITIVA

- CADEIA OSSICULAR – MÚSCULOS E LIGAMENTOS

- ESTRUTURAS ENCONTRADAS NAS PAREDES DA CAVIDADE TIMPÂNICA


Patologias dos Órgãos da Audição 59

- ESQUEMA DO LABIRÍNTO ÓSSEO

- ESQUEMA DO LABIRINTO MEMBRANOSO

- VESTÍBULO
Patologias dos Órgãos da Audição 60

- CÁPSULA ÓTICA, CADEIA OSSICULAR E MEMBRANA TIMPÂNICA

- VIAS COCLEARES

- VIAS VESTIBULARES

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