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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE

FERNANDÓPOLIS – FEF

FONOAUDIOLOGIA

PERDA AUDITIVA INDUZIDA PELO


RUÍDO (PAIR)

PROFa. ANA LÚCIA RIOS

ALUNA: ___________________________

2005
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 1

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FROTA, S. Fundamentos em fonoaudiologia: audiologia. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 1998.

HUNGRIA, H. Otorrinolaringologia. 7.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.

KATZ, J. Tratado de audiologia clínica. 4. ed., São Paulo: Manole, 1999.

LOPES FILHO, O. Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 1997.

NUDERMANN, A. A. Perda auditiva induzida pelo ruído. Porto Alegre: Baggagem, v.1, 1997.

NUDERMANN, A. A. Perda auditiva induzida pelo ruído. Rio de Janeiro: Revinter, v.2, 2001.

OBJETIVO

Oferecer ao aluno conhecimento teórico sobre a audiologia ocupacional e sobre as


técnicas subjetivas e objetivas de avaliação. O aluno deverá ser capaz de: identificar conceitos
básicos em audiologia ocupacional; diferenciar a atuação clínica e ocupacional em audiologia;
realizar anamnese audiológica ocupacional e testes audiométricos da bateria básica de
avaliação; compreender a importância da equipe interdisciplinar no diagnóstico audiológico
ocupacional e quanto ao prognóstico.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

 Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) – Sinais e sintomas


 Efeitos psicoacústicos da PAIR
 Simulação e Dissimulação
 Métodos de Classificação da PAIR
 Aplicação de testes audiométricos, otoemissão acústica e potencial auditivo evocado
em audiologia ocupacional
 Norma Regulamentadora (NR) para trabalhadores expostos a elevados níveis de
pressão sonora
 Programa de Conservação Auditiva (PCA)
 Reabilitação auditiva e aconselhamento ao indivíduo submetido ao ruído
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ASPECTOS FÍSICOS RELACIONADOS AO RUÍDO

SOM X RUÍDO (PSICOACÚSTICA)


- Sensação de prazer;
- É individual;
- Pode danificar ou não;
- Prazer no trabalho
- O que pode ser ruído para um pode não ser para outro.

RUÍDO X BARULHO
- Ruído: Impossível de ser medido pelo decibelímetro. É impossível avaliara seu espectro de
freqüência;
- Barulho: Espectro de freqüências aleatórias, no entanto é possível de ser medido.

SOM: É utilizado para sensações prazerosas como música ou fala.

RUÍDO: É usado para descrever um som indesejado. Por exemplo: buzina, explosão, barulho
de trânsito, máquinas. Para o som ser percebido é necessário que esteja dentro da faixa de
freqüência captável pelo ouvido humano normal que varia em média de 16 a 20.000 Hz.
Também é necessário uma certa variação de pressão para percepção desse som.
Os ruídos podem ser mais lesivos (são de pouca freqüência no limite com o tom puro
e concentram a energia em um grupo pequeno de células) ou menos nocivos (contém muitas
freqüências e se dispersam por muitas células ciliadas).
São características do ruído:
- Intensidade: É a quantidade de energia vibratória que se propaga nas áreas próximas a
uma fonte emissora e é expressa em termos de energia (watt/m 2) ou em termo de pressão
(N/m2 ou Pascal).
- Freqüência: É representada pelo número de vibrações completas em um segundo sendo
expressa em Hertz (Hz).

O ruído pode ser classificado quanto à:


a) Espectro de Freqüência:
- Espectro com poucos tons audíveis;
- Com predomínio de poucas freqüências podendo chegar a tom puro (ruído de banda
estreita);
- Com predomínio de altas ou baixas freqüências.
b) Variação de Tempo:
- Contínuo: Ruído com pequenas variações dos níveis (até 3 dB);
- Intermitente ou Pulsátil: Ruído cujo nível varia de um valor apreciável durante o período
de observação, superior a 3 dB;
- Impacto ou Impulso: Ruído se apresenta em picos de energia acústica de duração inferior
a 1 segundo.

MEDIÇÃO DO SOM
Todo processo de medição consiste em calcular quantas vezes uma determinada
unidade de medida está contida na grandeza a ser medida.
- Pressão Sonora: A pressão sonora no ar representa a variação de pressão atmosférica
em relação a um valor de referência percebida pelo ouvido. A sua unidade de medida é o
Pascal (Pa).

- Nível de Pressão Sonora (NPS): A faixa de audibilidade percebida pelo ouvido humano
varia de 0,00002 (N/m2) – mínima pressão perceptível à freqüência de 1KHz), até os
valores muitos elevados atingindo 200 (N/m2) – limiar de dor.
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- Nível de Intensidade Sonora (NIS): A intensidade sonora representa a quantidade média


de energia transmitida por ondas sonoras na unidade de tempo através da unidade de
superfície.

- Nível Equivalente (Leq – fator de correção = q): Como os níveis de ruído variam de
maneira aleatória no tempo utiliza-se medir o nível equivalente expresso em dB que
representa a média da energia sonora durante o intervalo de tempo (t). Na maioria dos
países europeus o q é igual a 3 e no Brasil o q é igual a 5. O Leq é um ruído flutuante
correspondente por definição do nível de ruído constante que no intervalo de tempo
considerado apresenta a mesma energia.

- Dose de Ruído: É uma variante do nível equivalente, com tempo de medição fixado em 8
horas (considerado para definição dos limites de tolerância).

- Freqüência da Onda Sonora: Para que a onda sonora possa causar sensação auditiva é
necessário que ela oscile entre 16 a 20.000Hz. A sensibilidade auditiva não é igual para
todas as freqüências e nem é igual para todas as pessoas, variando também com a idade.

EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO
a) Decibilímetro: O medidor de nível de pressão sonora registra de forma direta o nível de
pressão sonora de um fenômeno acústico e é expresso em dB. São dotados de filtros de
ponderação divididos em 4 tipos: A, B, C e D, sendo que o mais utilizado é o filtro A, pois
apresenta resposta mais próxima do ouvido. Este filtro avalia melhor em que medida a energia
sonora distribuída em várias freqüências pode ser responsável pela alteração da audição. Os
medidores são dotados ainda de circuitos de respostas divididos em três tipos, que são:
- Fast ou Rápida: Usado para medir ruídos contínuos e também para determinar valores
extremos de ruídos intermitentes.
- Slow ou Lenta: Usado em situação de grande flutuação. É o habitualmente o mais usado.
- Impulso: Usado para ruídos de impacto. Quando o aparelho não é dotado deste circuito
usa-se a resposta fast e o filtro de ponderação C.

b) Dosímetro: É um monitor de exposição que acumula o ruído constantemente utilizando um


microfone e circuitos similares aos dos medidores de pressão sonora. O sinal é acumulado
num condensador assim que se transforma em energia elétrica.

FONTES DE RUÍDO
- Variam de acordo com o seu tipo e posição de trabalho;
- Entre as fontes de ruído encontradas temos: tipos de máquinas, distribuição geográfica das
máquinas, variabilidade da fonte, duração de diversas fases de ruído e pausas;
- A posição das máquinas também influencia na fonte de ruído;
- Ela pode ser fixa, móvel (mais definida) e móvel não definida;
- Exemplos de ruído de alguns ambientes de trabalho:
- Metalúrgica: 95 a 100 dB;
- Beneficiamento de Pedras: 100 a 118 dB;
- Indústria Têxtil: 101 a 105 dB;
- Vidreira: 100 a 110 dB;
- Gráfica Rotativa: 95 a 100 dB.

LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO DE IMPACTO


- Medição: Circuito linear e circuito de resposta para impacto;
- Limite de tolerância – 130 dB (linear) ou 120 dB (C);
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- Não considerar o número de impactos no período.

Critério OSHA/1974 para ruído de impacto:

NÍVEL DE PICO (dB) Nº DE IMPACTOS PERMITIDOS / EXPOSIÇÃO


140 100
130 1000
120 10.000
110 100.000

Critério de risco para ruído de impacto:


Considerar:
- Nível de pico;
- Duração do impulso;
- Freqüência de repetição dos impulsos.

LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO

NÍVEL DE RUÍDO dB (A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO


85 8h
90 4h
95 2h
100 1h
105 30 min.
110 15 min.
115 7 min.

Norma Brasileira – especificações:


- Medição: Circuito de compensação A e circuito de resposta lenta – “slow”;
- Não é permitida exposição superior à 115 dB(A);
- Se ocorrer exposição à níveis diferentes, considerar efeitos combinados: C1 + C2 + ... = CT
T1 T2 TT
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RUÍDO X SOLVENTES

- Fatores de risco, em qual, estão presentes simultaneamente no ambiente de trabalho


(físicos, químicos, biológicos, orgânicos);
- Outros estudos de interação: Drogas, saúde em geral, vibração, substâncias;
- Lesão auditiva:
- Mecânica: Acúmulo de microtraumas acústicos, violenta movimentação de líquido na
cóclea;
- Metabólica: Queda de oxigênio, rápida perda de nutrientes, perda de glicogênio;
- Vascular: Vasoconstrição

- SOLVENTES: Ototoxicidade comprovada sem esclarecimento sobre a forma de ação.


- SNC (via oral): inalação;
- SNP (via auditiva): ruído

TOXICOLOGIA OCUPACIONAL

Tem como objetivo prevenir a ocorrência de dados a saúde do trabalhador pela


exposição ocupacional a agentes químicos.

- Agentes Tóxicos: Todo e qualquer agente químico que introduzido e/ou absorvido pelo
organismo provoca efeitos nocivos ao sistema biológico
- Intoxicação: Conjunto de sinais e sintomas que revelam as alterações no sistema
biológico.

LT – LIMITE DE TOLERÂNCIA

Objetivo: Estabelecer condições para que a incidência de efeitos adversos diminua ou


desapareça, mantendo um estado ótimo de bem estar físico, mental e social da população
trabalhadora (Salgado e Fernícola, 1929).

Método: Estudos experimentais com animais, estudos epidemiológicos com trabalhadores e


estudos clínicos a partir de casos de intoxicação.

Considerações:
- O LT refere-se à uma única substância, perdendo a exatidão quando ocorre mistura de
agentes;
- Não considerar variações de exposição (ritmo de trabalho, deslocamento do trabalhador);
- Os LT são geralmente adotados de outros países, sem considerar as diferenças sócio-
econômicas, nível educacional e condições termológicas do processo produtivo.
- O LT é apenas um indicativo, pois não é seguro além de ser muito antigo.

LTB – Limite de Tolerância Biológica


Objetivo: Verificar se existe segurança em relação a contaminação ambiental, determinando
vários níveis de advertência dos efeitos biológicos tóxicos e a presença de agentes tóxicos no
organismo.
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TIPOS DE AGENTES
- Dissulfeto de carbono (industria têxtil):
- Sulkowski, 1979: Aumento da prevalência de perdas vestibulares;
- Morata, 1989: Aumento da prevalência de perda auditiva, maior gravidade e instalação
mais precoce;
- Hirata, 1992: (só solvente): Exposição crônica afeta vias auditivas em nível de tronco
cerebral.

- Tolueno (inalação involuntária):


- Perda auditiva de origem central;
- (Só solvente): Desordens de equilíbrio, zumbido, perda auditiva;
- Morata, 1993: Perda auditiva maior no grupo exposto a dois agentes (ruído + solvente),
seguido pelo exposto só a ruído e pelo exposto só a solvente;
- Souza, 1994: Maior perda auditiva no grupo só a ruído, seguido por ruído + solvente e
pelo só a solvente.

- Mistura de solventes:
- Maior prevalência de perda em indivíduos expostos mesmo com ruído não elevado;
- Alterações no BERA maiores que na audiometria tonal;
- Os danos cocleares são menos significativos que o do sistema auditivo central.

FORMAS DE CONTROLE
- Informações;
- Substituição do solvente;
- Mecanismo de exaustão e ventilação;
- Inclusão dos trabalhadores expostos só a solventes nos PCAs;
- SESMT: Serviço de engenharia, segurança e medicina do trabalho;

OBS:
- Perda por solventes tem configuração idêntica à PAIR;
- As mulheres são mais resistentes ao ruído que os homens.
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EFEITOS DO RUÍDO SOBRE A AUDIÇÃO

MUDANÇA TEMPORÁRIA DO LIMIAR


Efeito após algumas horas de exposição com queda do limiar devido à exaustão das
células ciliadas externas e fibras aferentes e eferentes, com superação.

TRAUMA ACÚSTICO
Patologia mecânica provocada por um som explosivo, instantâneo com pico de pressão
sonora que exerce 140 dB, ou seja, quando uma importante concentração de potência sonora é
aplicada num único momento.
A energia acústica pode distender os delicados tecidos da OI, além dos seus limites de
elasticidade, com rompimento e laceração desses tecidos. Ocorre instantaneamente e resulta
em perda auditiva imediata.
Pode ocorrer lesão na OM (desarticulação de cadeia, PMT) até patologias de OI. O
trauma pode ser considerado ocupacional quando ocorre dentro do ambiente de trabalho.

PERDA AUDITIVA INDUZIDA PELO RUÍDO (PAIR)

Patologia acumulativa e incidiosa que cresce ao longo dos anos de exposição


associada ao ambiente de trabalho. É causada por qualquer exposição que exceda uma média
de 85 dB, oito horas por dia, regularmente, por um período de vários anos. Nessa patologia as
alterações podem ser mecânicas e metabólicas.
O maior dano inicial ocorre no primeiro terço da cóclea ou a 10 mm da base, por ser
área mais sensível ao dano devido a fatores metabólicos, anatômicos e vasculares. Raramente
é detectada sem audiometria, pois não afeta significativamente a compreensão da fala. Após
décadas de exposições, perdas em 4.000 Hz se acumulam em menor quantidade nas primeiras
décadas e espalham-se até as baixas freqüências, que são importantes para a compreensão
da fala. Nesta fase o paciente torna-se consciente do problema.
Exposições moderadas podem inicialmente causar perdas auditivas temporais,
denominadas desvios temporais dos limiares (TTS). Exposições repetidas a sons que causam
TTS podem gradualmente causar perdas auditivas permanentes, denominadas desvios
permanentes dos limiares (PTS).
A exposição crônica ao ruído produz no ser humano uma deterioração auditiva,
lentamente progressiva, com características sensorioneurais, não muito profundas, quase
sempre similar, bilateral e absolutamente irreversível.
Embora sujeita a grandes diferenças, devidas a suscetibilidade individual, o
crescimento da perda auditiva é mais rápido nos primeiros 10 a 15 anos de exposição, após os
quais sua evolução parece diminuir e atingir um platô. Os afetados começam a ter dificuldade
para perceber os sons agudos, tais como telefone, apitos tic-tac do relógio, campainhas e
outros. Como acontece nas demais lesões auditivas sensorioneurais, abre-se a possibilidade
de surgimento de um leque de outros sintomas auditivos, que poderão acompanhar o quadro,
no entanto, eles nem sempre estarão presentes.
Os mecanismos de lesão coclear são:
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- Lesão do tipo mecânica;


- Stress metabólico;
- Alterações vasculares

A sede da lesão na PAIR são:


- Órgão de Corti;
- Gânglio espiral;
- Fibras do núcleo coclear.

A localização das lesões cocleares por ruído são:


- Configuração do canal coclear: maior impacto na região de 6 a 8 mm da janela oval (região
responsável por 4 e 6Khz);
- Suprimento sangüíneo da cóclea fica deficiente na região de 4Khz;
- Porção basal da cóclea: É a mais estimulada, pois é mais firme e rigidamente fixada à
janela oval;
- ??? Ressonância da OM favorece uma melhor transmissão das freqüências de 6 a 8Khz;
- ??? Teoria de Vórtice: Perilinfa e endolinfa formam um vórtice (redemoinho) na região das
freqüências altas.

A nocividade da exposição depende:


- Do nível de pressão sonora;
- Das freqüências que o compõem;
- Ruído agudo: É mais lesivo à audição, mas é mais fácil de ser enclausurado;
- Ruído grave: Efeitos extra-auditivos;
- Da duração das exposições diárias;
- Dos anos efetivos de exposição;
- Do tempo de repouso acústico;
- Da presença de outros agentes coadjuvantes (como alguns produtos químicos).

Os sintomas da PAIR são divididos em auditivos e não auditivos:


a) AUDITIVOS:
- Zumbido: São também conhecidos como acúfenos ou tinitus. Podem ser considerados
como uma ilusão auditiva, ou seja, uma sensação sonora produzida na ausência de fonte
externa geradora de som. Eles são freqüentes, desagradáveis e presentes em
significativos números de casos. Geralmente, são bilaterais, sem diferença significativa de
freqüência ou de intensidade entre os ouvidos. Pacientes portadores dessa patologia
queixam-se de que ele interfere nas atividades diárias, tais como: conversação pelo
telefone e sono. São de tonalidade aguda, não depende da idade do paciente e há alguns
autores que acreditam que é menos comum entre indivíduos submetidos por até 10 anos
do que aqueles com longas exposições. Nas patologias sensorioneurais é predominante
em três entidades nosológicas (conjunto de sinais e sintomas que caracterizam uma certa
patologia) – PAIR, presbiacusia e Doença de Méniére.

- Dificuldades no Entendimento da Fala: É a queixa que envolve a habilidade de


diferenciar os sons da fala, apresentam dificuldade principalmente quando o paciente
encontra-se em ambiente ruidoso. À medida que a lesão auditiva avança em direção as
freqüências mais baixas, o paciente começa a não perceber as palavras faladas de longe,
assim como as muito fracas e má articuladas, ou seja, ele começa a escutar e a não
entender o que é falado.

- Recrutamento: É o desproporcional aumento da sensação sonora frente a um


relativamente pequeno incremento de intensidade, ou seja, o paciente sente dores e/ou
desconforto diante a presença de som intenso.

- Sensação de Plenitude Auricular: Paciente refere que após algum tempo passado em
ambiente com níveis elevados de ruído, tem a impressão de ouvido cheio ou tampado.
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b) NÃO AUDITIVOS:
- Transtornos da Comunicação: Este fato proporciona um conseqüente isolamento social
do indivíduo. As dificuldades nas interações familiares, no lazer, no trabalho e na vida
social concorrem para uma baixa qualidade de vida.

- Alterações no Sono: O barulho perturba o sono REM, sem acordar o indivíduo, mas
causando irritabilidade, cansaço e dificuldade de concentração. Como o ruído interfere na
profundidade, na qualidade e na duração do sono, um número significativo de interrupções
desta natureza pode trazer efeitos desastrosos ao dia-a-dia do indivíduo, com visíveis
interações em seu trabalho e mesmo em sua vida social. Sabe-se ainda que ruídos
escutados durante o dia podem atrapalhar o sono de horas após. Os pacientes reclamam
de insônia, dificuldade para iniciar o adormecimento e despertares freqüentes o que
determina o cansaço no dia seguinte.

- Transtornos Neurológicos: São eles: aparecimento de tremores nas mãos, diminuição da


reação aos estímulos visuais, dilatação das pupilas, motilidade e tremores dos olhos,
mudança na percepção visual das cores e desencadeamento ou piora de crises de
epilepsia.

- Transtornos Vestibulares: Podem acontecer durante ou mesmo depois da exposição ao


ruído. São eles: vertigens que podem ou não ser acompanhadas de náuseas, vômitos e
suores frios, dificuldades do equilíbrio e na marcha, nistagmos e desmaios.

- Transtornos Digestivos: Podem ser encontrados diminuição do peristaltismo e da


secreção gástrica, com aumento da acidez seguidas de enjôos, vômitos, perda de apetite,
dores epigástricas, gastrites e úlcera. Podemos encontrar ainda diarréias ou prisões de
ventre.

- Transtornos Cardiovasculares: Ocorrem constrição dos pequenos vasos sangüíneos


com redução do volume de sangue e alterações em seu fluxo, podendo apresentar
taquicardia e variações na pressão arterial.

- Transtornos Hormonais: O portador, submetido a níveis elevados de ruído, pode


apresentar: produção alterada dos hormônios de estresse, aumento de índices de
adrenalina e cortisol plasmático, com possibilidade de desencadeamento de diabetes e
aumento da prolactina, com reflexos no âmbito sexual.

- Transtornos Comportamentais: São eles: mudanças de conduta, no humor, cansaço,


falta de atenção e concentração, insônia, cefaléia, redução da potência sexual, ansiedade,
depressão e estresse.

- Transtornos Psicossociais: Não afetam apenas o trabalhador, mas também as pessoas


que convivem com ele, principalmente os familiares. Geralmente, o trabalhador não
relaciona seu problema com a exposição ocupacional, muitas vezes opta por esconder,
negar ou minimizar sua incapacidade. Os problemas sofridos pelo portador da PAIR são
identificados como: esforço, fadiga, estresse, ansiedade, dificuldade nas relações
familiares, auto imagem negativa e depressão, o que acabará induzindo-o a um isolamento
social. A família por sua vez, se sujeita a tolerar o tom de voz elevado, a repetição
freqüente da fala, a limitação do familiar afetado, em atividades como assistir TV, escutar
rádio, atender ao telefone e anotar recados. A família e o portador do transtorno tem que
ser bem orientados para conhecer e aceitar as reais limitações impostas pela PAIR. A
ajuda psicológica é fundamental.

FATORES AGRAVANTES NA PAIR


- Produtos Químicos: (tolueno, xileno, tricoloetileno) – mais sérios para a audição; dissulfeto
de carbono;
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- Vibração: Sinergismo = potencialização do risco. Dois fatores de risco aumentam o risco


em 4 ou 5 vezes;
- Idade;
- Fumo;
- Susceptibilidade individual;
- Álcool (etilismo)

PAIR – DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL


- Presbiacusia x PAIR: Geralmente na PAIR o IPRF é melhor. No entanto o envelhecimento
depende muito da vida que o indivíduo leva. O envelhecimento por desgaste deve ser
considerado, trabalhos pesados com “degeneração” geral;
- Otosclerose coclear: história familiar;
- Perda auditiva de origem metabólica;
- Infecções bacterianas (meningite);
- Ototoxicoses;
- Colabamento de conduto (ATENÇÃO)

FATORES NOCIVOS À SAÚDE DO TRABALHADORR


- 1º grupo – verde:
- Estressores físicos: ruído, calor, umidade, iluminação;
- 2º grupo – vermelho:
- Estressores químicos: gases, vapores;
- 3º grupo – amarelo:
- Trabalho físico: riscos ergonômicos;
- 4º grupo – azul:
- Organização no trabalho: ritmos excessivos, monotonia, repetitividade, ansiedade,
responsabilidade.
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SAÚDE – TRABALHO

“O trabalho que ultrapassar a mera atividade instrutiva é assim a força que criou a espécie
humana e a força pela qual a humanidade criou o mundo como conhecemos”.
Braverman, 1987.

TRABALHO
É uma atividade que altera o estado natural dos materiais encontradas na natureza
para melhorar a sua utilidade.
“O trabalho como atividade proposital orientada pela inteligência é produto especial dos
seres humanos”.
É a capacidade de confrontar o que quer com o que faz.

MEDICINA DO TRABALHO: Médico dentro da empresa para atender os dentes. Não havia
relação das doenças com o trabalho. O médico exercia um papel clínico dentro da empresa.

SAÚDE OCUPACIONAL: Mais prevenção e higienização com participação do engenheiro. No


entanto não havia uma multidisciplinaridade.

SAÚDE DO TRABALHADOR: Interdisciplinaridade buscando soluções e respostas dentro da


medicina, da engenharia, da sociologia e da psicologia. Além disso, houve a participação mais
ativa dos trabalhadores através das CIPAS e etc.

LEGISLAÇÃO
Antigamente existia apenas o Ministério do Trabalho para fazer as fiscalizações gerais
sobre o ambiente de trabalho e as agressões à saúde.
Atualmente, há o Ministério da Saúde:
- Constituição Federal: Explicações gerais mais generalizadas;
- Constituição estadual: Explicações mais detalhadas da constituição federal;
- Leis 8.080: Leis explicam mais detalhes da constituição estadual.
O Ministério da Previdência (antigamente junto com o Ministério do Trabalho) é uma
“seguradora” para o trabalhador nas questões de incapacidade para o trabalho. Diz se aquele
trabalhador faz jus ao seguro ou não.
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FLUXOGRAMA DO INSS
INSS: É para a perícia definir a incapacitação do trabalhador; o quanto a lesão ocasionou em
prejuízo na vida do trabalhador.

Emissão de CAT (comunicado de acidente do trabalho).

Papel da perícia no INSS:


- Avaliar nexo causal: emissão de CAT: não há nexo (relacionado com o trabalho) – decidir
necessidade ou não de benefício previdenciário (aposentadoria comum);
- Avaliar capacidade laborativa: emissão de CAT: há nexo – definição da incapacidade
laborativa – incapacidade – afastamento – auxílio doença acidentário (o INSS para o
“salário” do funcionário enquanto ele está se tratando) – CRP (centro de reabilitação
profissional) – readaptação profissional – retorno ao trabalho com mudança de função –
concessão do auxílio acidente;
- Avaliar a possibilidade de retorno à mesma função – não se readaptou – não retorna ao
trabalho – aposentadoria por invalidez acidentária.;
- Avaliar lesões indenizáveis: emissào de CAT: há nexo – definição da incapacidade
laborativa – inexistência de incapacidade – comunicação para a empresa manter o trabalho
e, PCA – concessão do auxílio acidente por redução da capacidade funcional (de acordo
com a nova legislação este caso não é mais possível).
SIMULAÇÃO E DISSIMULAÇÃO

“Quanta gente que ri, talvez, existe


Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa”
(Raimundo Correia, em “Mal Secreto”)

São consideradas disacusias funcionais. Fazem parte da condição humana e de suas


relações sociais e compõe um dos pecados capitais, a mentira. Alguns mentirosos acabam
acreditando em suas próprias mentiras, tornando-as para si verdades.

a) SIMULAÇÃO: É difícil diferenciar um processo de ordem psicogênica (natureza afetiva) de


uma simulação intencional. A deficiência auditiva é inexistente e o paciente simula, com
a finalidade de obter vantagens, como indenizações ou outros benefícios, ou de escapar do
serviço militar. Ocorre em maior número em homens. (mulheres tendem a aumentar
devido as mudanças no mercado de trabalho – queixam-se de vertigem).
- Exageração: outra forma de simulação – o paciente tem uma perda real, mas a exagera,
com os mesmos propósitos do simulador propriamente dito.
OBS: Há “treinadores” para simuladores.

b) DISSIMULAÇÃO: A pessoa tem uma patologia auditiva e simula não tê-la, com a
finalidade de obtenção de emprego, aprovação em concurso ou ascensão profissional. Às
vezes, se beneficiam da inexperiência dos examinadores para burlar a avaliação auditiva
admissional.

Como identificar casos de simulação e dissimulação: Desconfiar sempre que:


- Houver disparidade entre a compreensão das instruções para o exame audiométrico
(dadas por trás do paciente e em voz baixa) e os limiares excessivamente elevados, da
audiometria tonal;
- Houver perdas auditivas severas, de característica sensorioneural, com percentuais de
discriminação elevados;
- O paciente levar sempre a mão em concha à orelha, tentando passar uma idéia de perda
auditiva profunda, mas sem apresentar cofolalia (distorção da voz – surdos profundos);
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Instruções para a realização do exame nestes casos:


- Colocar o paciente de costas para o examinador, de forma que não veja os seus
movimentos em relação ao audiômetro;
- Falar com o paciente de costas, em voz baixa e observar as reações comportamentais.
- Utilizar câmara dupla, para que o paciente não ouça os ruídos dos controles do
equipamento;
- Utilizar sons de ritmo e formas de apresentação variadas (tom contínuo/pulsátil);
- Mascarar sempre o ouvido contralateral;
- Pode-se realizar a audiometria vocal, o SRT (mas não auxilia em perfis audiométricos
ascendentes ou descendentes).

Importante:
- Os exames podem ser subjetivos e objetivos;
- O examinador tem que ter competência, perspicácia, experiência e sociabilidade para lidar
com esse tipo de problema;
- A avaliação correta, não prejudica o indivíduo (ao contrário do que se pensa), pois evita o
agravamento de uma deficiência auditiva, aumentando seu aproveitamento em áreas onde
possa produzir melhor, sem os inconvenientes, para si para a empresa, que esse
agravamento poderia acarretar, ou seja, só beneficia os envolvidos (empregado e
empregador);
- Nunca atender pessoas sob perícia num consultório ou clínica particular – periciados
tentam envolver o perito de maneira financeira ou emocional;
- Não temer ao exame, por este ser ocupacional e/ ou pericial.
Métodos de Diagnósticos Dessas Patologias: São métodos informais e formais. O conjunto
de provas, associado à experiência e sensibilidade do examinador é que poderá levar a uma
conclusão adequada.

a) INFORMAIS: São métodos que vão observar o comportamento do indivíduo em relação ao


som e ao exame.

b) FORMAIS: São métodos com respostas mais amplas, diretas e objetivas. São eles:
- Audiometria Tonal Repetida: Repete-se o exame audiométrico, por via aérea, algumas
vezes com intervalos de dias, oscilando entre horários de uma avaliação e outra.

- Prova de Lombard: Baseia-se no reflexo cócleo fonatório. À medida que se aumenta o


nível de ruído a pessoa tende a elevar automaticamente o nível de voz. Entrega-se um
texto do nível sócio cultural e de interesse ao paciente, coloca-se os headphones e através
deles, um estímulo de ruído branco de intensidade crescente. Este estímulo deverá ser
aplicado supostamente no ouvido afetado, ou em qualquer dos ouvidos, quando a
intensidade do estímulo ultrapassar em 40-45 dB o limiar para a faixa da palavra, o
paciente tende a erguer a voz. Geralmente, quando a audição é normal, o paciente chega a
gritar. OBS: Quando o paciente diz não poder ler, pede-se que ele repita a palavra: pato-
pato-pato; tem que ser realizado um audiômetro de dois canais.

- Prova de Stenger: É um fenômeno muito interessante na audição binaural. Baseia-se no


seguinte princípio: “Se dois tons de mesma freqüência, mas de intensidades diferentes, são
apresentados simultaneamente aos dois ouvidos, o paciente irá perceber somente aquele
de maior intensidade”. É mais efetivo em perdas unilaterais e um mínimo de 20 dB de
diferença entre os ouvidos é necessário para a sua aplicação. Coloca-se um mesmo
estímulo sonoro (tom puro, voz, música) em ambos os ouvidos de uma pessoa, de modo
que em um dos ouvidos o som tenha intensidade superior a 15 dB em relação ao outro,
sendo que a pessoa só perceberá o estímulo no ouvido que a intensidade for maior. A
seguir, vamos aumentando gradativamente a intensidade do estímulo do lado
supostamente afetado.
- Deficiência Auditiva Real: O paciente manterá a mão erguida, pois haverá um esforço
do estímulo por condução translabiríntica, quando se ultrapassar o diferencial de 50
dB.
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 14

- Deficiência Auditiva Não Real: Quando se ultrapassar o limiar do lado afetado em


mais de 20 dB, o paciente só perceberá o estímulo do lado afetado. Como não pode
acusar a presença do estímulo deste lado, abaixará a mão, demonstrando não ouvir
mais.

- Pesquisa do SRT: Realiza-se o teste do SRT, onde temos visto muitos casos de
simulação em que as respostas à audiometria tonal limiar situam-se numa faixa acima de
80 dB, com SRT entre 20 e 25 dB, evidenciando não ser real a perda auditiva relatada
(áudio boa / SRT ruim; áudio ruim / SRT bom).

- Imitânciometria: Realiza-se a timpanometria convencional, geralmente os traçados são


curva tipo A. Na pesquisa do reflexo estapediano, se o paciente diz que não ouve nada e
há presença de reflexo, essa alegação não corresponde à realidade. Geralmente, está
incompatível com a audiometria.

- Audiometria Automática de Von Békésy: É aplicado em casos de deficiência parcial ou


exageração de um processo real. Utiliza-se um equipamento especial, o audiômetro de
Von Békésy. Esse audiômetro é de freqüência contínua, dotado de dois motores: um que
faz variação da freqüência e outro que modifica a intensidade. O paciente recebe um botão
de controle que comanda um inversor de rotação. O motor que faz a variação de
intensidade tende sempre a aumentar. Quando se aperta o botão, a rotação se inverte e a
intensidade diminui. O traçado obtido contém várias informações:
- Limiar diferencial: Um estímulo sonoro vai aumentando lentamente de intensidade, ao
começar a ouvi-lo o paciente aperta um botão e a intensidade vai diminuindo. Ao deixar
de ouvir o estímulo, solta o botão e automaticamente o som começa a aumentar de
intensidade novamente, produzindo dois pontos distintos no traçado que representa a
intensidade que começou a ouvir que são os picos inferiores e a intensidade que
deixou de ouvir que são os picos superiores. A diferença entre estes picos que
normalmente se situa entre 6 e 10 dB chama-se limiar diferencial. Nas lesões
cocleares, há uma diminuição desses limiares, mostrando uma maior sensibilidade na
detecção de pequenas variações de intensidade. Nas demais patologias não existem
diferenciação no limiar diferencial.
- Fadiga Per-estimulatória: Para a realização desse audiometria há necessidade de
fazer-se o teste em duas passagens, uma com tom pulsátil e outra com o tom contínuo.
- Tom Pulsátil: Não apresenta alterações qualitativas;
- Tom Contínuo: Por produzir fadiga per-estimulatória mostra um perfil que se
comparado ao tom pulsátil poderá contribuir para o diagnóstico topográfico da
lesão auditiva através de quatro tipos fundamentais:

- Métodos Eletrofisiológicos: O paciente participa apenas passivamente, uma vez que são
obtidos potenciais no nível da OM. Esses potenciais se classificam em três tipos:
- Potenciais de Curta Latência: Eletrococleografia e Audiometria de Tronco Cerebral
(BERA);
- Potenciais de Média Latência: Logons;
- Potenciais de Longa Latência: P300 e Audiometria Cortical.
- BERA: É utilizado com maior freqüência devido a riqueza de informações e por
facilidade de execução. Um resultado normal do BERA indica que o sistema
auditivo até o tronco cerebral está funcionando adequadamente. Uma ausência de
respostas não significa que o paciente seja inteiramente surdo, pode haver uma
perda auditiva severa, com conservação parcial da faixa de sons graves e médios.
As respostas do BERA traduzem-se por uma série de ondas numeradas em
algarismos romanos segundo a classificação de Jewett:
- Onda I: Cóclea;
- Onda II: Núcleos auditivos no assoalho do IV ventrículo;
- Onda III: Complexo olivar superior;
- Onda IV: Lemnisco lateral;
- Onda V: Colículo inferior;
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 15

- Onda VI: Corpo geniculado do tálamo;


- Onda VII: estrias corticais.
- As ondas I, III e V é que definem o topodiagnóstico devido ao seu inter-
relacionamento em termos de latência e amplitude (coclear, neuronal ou
central).
- A perícia médica preocupa-se mais com a obtenção do limiar, para isso é
realizado a pesquisa com intensidades decrescentes. Com estímulo mais
intenso, estão presentes as ondas I, III, V, à medida que vai diminuindo a
intensidade, a amplitude dessas ondas também vão diminuindo e
gradativamente, desaparece a onda I, em seguida a onda III. A presença
da onda V é, pois o que vai determinar o limiar.

- Otoemissões Acústicas (Kemp, 1978): Tem sua origem na atividade das células ciliares
externas do órgão de Corti e resultam do processo biomecânico das células. Quando os
mecanismos da OM estão inalterados, a ausência das emissões é geralmente associada à
uma perda de audição coclear leve ou maior que leve. Em pacientes expostos a níveis
elevados de ruído, as OEA são afetadas antes mesmo do aparecimento dos sintomas
subjetivos, como os tinidos e dos sinais audiométricos demonstrando-se a agressão às
células ciliadas externas. A utilização das OEA pode ser eficaz na detecção precoce da
PAIR, além de monitorar a audição.
Existem quatro classes de OEA:
- Espontâneas:
- Surgem na ausência de estimulação acústica externa;
- Ocorrência – 40 a 60% normais;
- Amplitude – 14 a 20 dB;
- OD – mais emissões que OE;
- Mulheres – mais emissões que homens.

- Evocadas transitórias:
- São obtidas com o uso de estímulos de curta duração – clicks;
- Latência de resposta – 3 a 15 ms;
- Resposta ampla – 800 a 6Khz;
- Amplitude decresce com o aumento da idade (RN: 20 dBNPS, adulto: 10 dBNPS e
adultos: 6 dBNPS)

- Estímulo freqüência:
- Evocadas pela apresentação de tons puros contínuos);

- Produto de distorção:
- Provocado pela presença simultânea de dois tons puros.

- Resultados: OEA presente = audição normal / OEA ausente = alteração na cóclea.

- Audiometria de Alta Freqüência:


- Indicações:
- Paciente de risco para perdas em agudos;
- Quimioterapia;
- Diálise renal;
- Ototóxicos;
- Ruído;
- Pacientes com perdas severas – fala muito boa – incompatível;
- Zumbido inexplicável – áudio normal;
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 16

- Perdas horizontais ascendentes


- Pré-requisito: Ausência de comprometimento na OM.
- Limiares de alta freqüência variam de idade e tem que levar em conta a variação individual.
- Procedimento: Limiares: 8 a 20Khz (8, 10, 12, 16, 20)

PADRONIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA DO


TRABALHADOR EXPOSTO AO RUÍDO

O objetivo de padronizar as muitas regras da sociedade científica, o Comitê Nacional


de Ruído e Conservação Auditiva (CNRCA) estabeleceu as seguintes normas:
- Pré-requisito: Repouso auditivo de no mínimo 14 horas;

- O exame tem que ser feito por uma fonoaudióloga ou por um ORL;

- Condições e procedimentos:
1) Identificação do trabalhador com documento oficial que contenha a fotografia;
2) Anamnese clínica e histórico ocupacional;
3) Otoscopia ou meatoscopia no momento do exame;
4) Calibração do audiômetro (calibração biológica) – Norma ISO 389/64 ou ANSI S3.6/69,
guardando o registro;
5) Eletroacústica a cada 5 anos (guardar o registro);
6) Orientação ao trabalhador quanto à sistemática do exame;
7) Pesquisa de VA e VO quando necessário;
8) Logoaudiometria (SRT, IPRF);
9) Imitanciometria (critério de acordo com a empresa);
10) Periodicidade: Pré admissional, 6 meses após a admissão, anual a partir de então e
demissional;
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 17

11) A ficha do registro audiométrico deve conter no mínimo: nome, idade, identificação do
examinado, data do exame, nome e assinatura contendo registro profissional do
examinador, equipamento utilizado, traçado audiométrico, calibração e observações;
12) O laudo fonoaudiológico deve conter o tipo e o grau da perda auditiva;
13) Na presença de qualquer perda auditiva o diagnóstico nosológico deve ser feito pelo
médico.

- Monitoramento: Consiste no controle audiométrico do trabalhador com o objetivo de


acompanhar a evolução dos limiares auditivos, partindo de uma avaliação de referência
(admissional). Para cumprir esses objetivos a determinação dos limiares tonais poderá ser
realizada somente por VA. A periodicidade dos exames será determinada pelos resultados
obtidos devendo ser no mínimo anual.

- Interpretação Audiológica: É usado 25 dBNA como limite máximo permissível para a


normalidade. Na comparação ao exame de referência é considerada mudança
significativa nos limiares auditivos o critério recomendado pela Sociedade Brasileira de
Otologia, 1993 (SBO), ou seja, as diferenças entre as médias aritméticas que atingirem
10 dB ou mais no grupo de freqüências de 500Hz, 1K e 2K ou no grupo 3K, 4K e 6KHz. As
freqüências isoladas só serão consideradas significativas se atingirem 15 dB ou mais, nas
piores. O comitê sugere que seja utilizado qualquer critério clínico que contemple não
apenas a profundidade do entalhe audiométrico, mas também o seu alargamento em
direção às freqüências baixas.

CLASSIFICAÇÃO DAS PERDAS AUDITIVAS INDUZIDAS PELO RUÍDO

É um instrumento de grande utilização para os sujeitos envolvidos com o problema. É


utilizado para análise epidemiológica e no registro das perdas auditivas, assim como, para a
avaliação da eficácia dos programas de conservação auditiva (PCA) das empresas.
São muitas classificações disponíveis sujeitas à críticas e restrições, mas
absolutamente necessárias. São criticáveis por se embasarem na audiometria tonal da VA que
está longe de representar os efeitos reais do ruído excessivo sobre o sistema auditivo, mas são
necessárias por sua grande utilidade na avaliação do audiograma único como os exames
admissionais nas empresas, sobretudo nas classificações da perda auditiva.
Na evolução da perda auditiva torna-se importante determinar quantitativamente se a
mudança ocorrida nos limiares foi ou não significativa e esta informação não é fornecida pelas
classificações.
OBS: Audiometria Tonal Limiar: É possível que as maiores deficiências das classificações de
perda auditivas se devam justamente às limitações da audiometria tonal, sendo este um exame
importante para o diagnóstico da perda auditiva. São inúmeros pacientes com queixas auditivas
apresentando audiometrias normais, pois elas não refletem fielmente todas as alterações que
se passa dentro da cóclea. As lesões cocleares iniciais passam desapercebidas à audiometria,
pois esta só acusa lesões já estabelecidas após um certo tempo de exposição. O audiograma
tonal também não reflete o zumbido e nem o recrutamento, por isso os especialistas de hoje,
recorrem a exames mais precisos e objetivos para melhor diagnosticar os danos auditivos que
ocorrem no ouvido. A audiometria passou a ser apenas um referencial, um ponto de partida
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 18

numa série de avaliações. Na área de saúde ocupacional a importância da audiometria ainda é


muito grande, seu uso é consagrado universalmente e está padronizado em todos os países. A
avaliação audiométrica tonal é um importante instrumento em programas de conservação
auditiva. No nosso meio o resultado audiométrico tem passado por interpretações variadas e
controversas por falta de padronização dos métodos de análise e por inadequação das normas
oficiais. Além disso, grande parte dos exames realizados em indústrias e instituições de
atendimento em massa peca por irregularidades na técnica de execução tornando difícil a
comparação de audiograma. Por tudo isso, as classificações das audiometrias são tão
importantes, mas ao utilizá-las não se pode perder de vista as limitações do próprio
audiograma que está sendo classificado.

Essas classificações podem ser agrupadas em clínicas e ocupacionais. São elas:


a) CLÍNICAS: São usualmente utilizadas na audiologia clínica, são variações da proposta
original de Davis & Silvermann (1970).
- 0 – 25 dB = normal
- 26 – 40 dB = leve
- 41 – 70 dB = moderada
- 71 – 90 dB = severa
- > 90 dB = profunda
Recomendada para utilizar as médias aritméticas dos limiares auditivos nas
freqüências de 500Hz, 1K e 2KHZ. Esta tabela passou a ser também usada para avaliar o
entalhe de 3K, 4K e 6KHz, próprio da PAIR. Esta classificação valoriza o aprofundamento do
entalhe do que seu alargamento. É útil para fins descritivos, mas também trás confusões na
avaliação auditiva. Existe uma outra versão que divide o grau moderado em moderadamente
severo.
- 0 – 25 dB = normal
- 26 – 40 dB = leve
- 41 – 55 dB = moderada
- 56 – 70 dB = moderadamente severa
- 71 – 90 dB = severa
- > 90 dB = profunda
b) OCUPACIONAIS: Divide-se em dois grupos: análise visual e média dos limiares por grupos
de freqüências.
- Análise Visual: Divide a carta audiométrica em territórios nos quais a medida em que
foram invadidos pelo traçado dos limiares modifica-se o grau da perda, consequentemente
a sua classificação. São elas:
- Merluzzi (1979): Esta classificação valoriza o alargamento do entalhe audiométrico
em direção às médias freqüências. Propõe a subdivisão da planilha audiométrica em 6
áreas nomeadas por letras e de acordo com a área atravessada pelo traçado
audiométrico é atribuído um número de 0 a 8 para cada uma das classes:
- Grupo 0: Foram reunidas todas as audiometrias normais considerando-se assim
aquelas com limiares menores que 25 dB em todas as freqüências.
- Grupos 1, 2, 3, 4 e 5: Foram agrupadas as PAIRs, segundo a gravidade foram
classificadas como hipoacusia de 1º, 2º, 3º, 4º e 5º graus.
- Grupo 6: Abrange independentemente da gravidade os traçados audiométricos
que indicam déficit auditivo cuja patologia é causada por ruído e outros fatores.
- Grupo 7: Foram reunidas as audiometrias cuja causa não é o ruído.

- Médias dos Limiares por Grupos de Freqüências: São de uso um pouco mais
trabalhoso e por isso menos populares.
- Fletcher (1929): Quem primeiro introduziu a fórmula para se calcular a perda auditiva
em percentuais a partir da média aritmética dos limiares audiométricos de 500Hz, 1K e
2KHz. Este método fez permanecer por muito tempo o conceito de que as freqüências
de 500Hz, 1K e 2KHz representariam a capacidade de se ouvir bem os sinais de fala,
mas não está sendo aceito nos dias de hoje, pois muitos estudos têm demonstrado que
as perdas tonais nas altas freqüências comprometem a compreensão de fala em
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 19

condições ambientais do dia-a-dia, principalmente a partir do comprometimento da


freqüência de 3KHz.

- Tempest (1977): Com seu esquema de 7 pontos ou 7 graus calcula a média aritmética
dos limiares de 500Hz, 1K e 2KHz em uma coluna e o lado melhor em 4K e 6KHz
numa outra coluna e indica os níveis de handicap (desvantagem) ocasionados pelos
respectivos graus da perda pelo aprofundamento do entalhe audiométrico.

- Pereira (1978): Do ponto de vista preventivo, esta classificação é muito interessante,


pois corresponde ao período pré-clássico ainda imperceptível ao paciente. O autor
classifica a perda auditiva utilizando as mesmas colunas de Tempest e classifica as
perdas em sintomáticas e assintomáticas:
- Sintomáticas: São aquelas que apresentam a média das perdas em 500Hz, 1K e
2KHz maior que 25 dB, em ambas as colunas.
- Assintomáticas: A primeira coluna até 25 dB e a segunda coluna com gotas
acústicas de pequena (perdas de 30 a 40 dB), média (45 a 50 dB) e grande (60 dB
ou maior). Traçados normais até 25 dB e distúrbios auditivos não ocupacionais não
se encaixam nos critérios acima citados.

- Costa (1992): Esta classificação baseia-se na identificação precoce da gota acústica e


de seu agravamento valorizando primordialmente as perdas em 3KHz. Baseia-se na
classificação de Pereira valorizando mais o alargamento do entalhe audiométrico e
não o aprofundamento da gota acústica.

Pela nova NR-7 cabe ao médico do trabalho a escolha do critério a ser adotado para a
classificação das audiometrias podendo escolher outros critérios desde que tenha base
científica. O exame analisado por qualquer um dos três critérios (Merluzzi, Pereira e Costa) é
seguro desde que seguida às orientações e limitações citadas por seus autores.
Todas as classificações audiométricas significam na prática uma tentativa de
simplificação, portanto, nenhuma delas satisfaz totalmente e sempre será possível um
especialista perceber incorreções numa ou noutra classificação.
O mais importante do que classificar corretamente é a adoção de condutas médicas
administrativas coerentes.

PROGRAMAS DE INSPEÇÃO MÉDICO-PERICIAL EM EMPRESAS QUE


EXPONHAM TRABALHADORES A RISCOS OCUPACIONAIS

PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA


Conjunto de medidas coordenadas que tem por objetivo impedir que determinadas
condições de trabalho provoquem a deterioração dos limiares auditivos de um grupo de
trabalhadores.
É um programa que previne não só problemas auditivos como aqueles que não são.
Envolve a atuação de uma equipe multidisciplinar (medicina e engenharia do trabalho,
fonoaudiologia e administração).

PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS – PPRA


Visa à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, pela antecipação,
pelo reconhecimento, pela avaliação e, consequentemente, pelo controle da ocorrência de
riscos ambientais, sendo sua abrangência e profundidade dependentes das características dos
riscos e das necessidades de controle devendo ser elaborado e implementado pela empresa.
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 20

Os agentes ocupacionais encontrados são: ruídos, agentes químicos, radiações


ionizantes, acidentes como traumatismo cranioencefálicos, barotraumas e outros.

PROGRAMA DE GERENCIAMENTOS DE RISCO – PGR


É obrigatório para as atividades relacionadas à mineração;
Deve ser elaborado e implementado pela empresa ou pelo permissionário de lavra
garimpeira;
Substitui o PPRA para essas atividades.

PROGRAMA DE CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA


CONSTRUÇÃO – PCMAT
É obrigatório para as atividades relacionadas à indústria da construção com 20
trabalhadores ou mais;
Implementa medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos,
nas condições e no meio ambiente de trabalho.

PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL – PCMSO


Objetiva promover e preservar a saúde dos trabalhadores;
É elaborado e implementado pela empresa ou por uma empresa terceirizada;
Parte dos dados do PPRA e do PCMAT;
Tem o caráter de promover, prevenir, rastrear e diagnosticar precocemente os agravos
à saúde relacionada ao trabalho;
Realiza também a constatação da existência de casos de doenças profissionais ou
danos irreversíveis à saúde.

COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO – CAT


Objetiva comunicar a empresa que ocorreu um acidente com o seu trabalhador.

PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO – PPP


Preconizado pelo INSS em sua Instrução Normativa nº 84 (17/12/2002) é um
documento histórico-laboral, individual do trabalhador que presta serviço à empresa, destinado
a prestar informações ao INSS relativa a efetiva exposição a agentes nocivos que, entre outras
informações registra dados administrativos, atividades desenvolvidas, registros ambientais com
base no LTCAT (laudo técnico de condições ambientais do trabalho) e resultados de
monitoração biológica com base no PCMSO e PPRA.
Tem como objetivo prover o trabalhador de provas produzidos pelo empregador
perante a previdência social, a outros órgãos públicos e aos sindicatos, de forma a garantir
todo direito decorrente da relação de trabalho – administrativo, cível, tributário, trabalhista,
previdenciário, penal – seja ele individual ou coletivo. Com o PPP a empresa pode organizar e
individualizar as informações contidas em diversos setores da empresa ao longo dos anos, que
em alguns documentos se apresentam de forma coletiva.
Desde outubro de 1996 é aceito de maneira aleatória e, a partir de 1º de julho de 2003
será obrigatório.
O PPP basicamente contém o histórico laboral do trabalhador, abrangendo
cronologicamente por período, informações administrativas, ambientais e biológicas.

Quem emite o PPP?


- Empresa empregadora, no caso de empregado;
- Cooperativa de trabalho, no caso de cooperados;
- Sindicato da categoria, no caso de trabalhador avulso.
- É assinado pelo gerente de RH ou representante legal ou administrativo da empresa.

Quem recebe o PPP?


- Todo trabalhador – empregado, avulso ou cooperado – que prestar serviço remunerado,
independente de haver a exposição.
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 21

Quando se atualiza?
- Sempre que houver mudança das informações contidas nas seções administrativas,
ambientais ou biológicas;
- Não havendo mudanças, a atualização será feita pelo menos uma vez ao ano, na mesma
época em que forem apresentados os resultados da análise global do desenvolvimento do
PPRA e demais programas ambientais.

Quem fiscaliza?
- O próprio trabalhador (via CIPA ou individualmente);
- Sindicato;
- Auditor Fiscal da Previdência Social;
- Médico Perito do INSS;
- Ministério Público;
- Auditor Fiscal do Trabalho.

PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA (PCA)

A conservação auditiva implica na manutenção do estado auditivo do sujeito seja ele


normal ou portador de uma perda auditiva, sendo esta podendo ter início a partir da primeira
exposição do indivíduo a agentes ocupacionais de risco.
A prevenção implica em evitar o desencadeamento da perda auditiva, começando bem
antes da primeira exposição.
O processo de implementação de qualquer programa implica partir da realidade de
cada empresa considerando a situação auditiva dos trabalhadores, equipe técnica disponível e
o recurso financeiro a ser disponibilizado.
Considerando inicialmente que o ruído não é o único agente capaz de provocar perdas
auditivas a NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health) também propôs a
utilização do termo Programa de Prevenção de Perdas Auditivas (PPPA), mas este termo é
pouco utilizado.
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 22

O mais comum é PCA, conhecido como um conjunto de medidas coordenadas que tem
por objetivo impedir que determinadas condições de trabalho provoquem a deterioração dos
limiares auditivos de um grupo de trabalhadores. As medidas devem ser coordenadas, pois
isoladamente não apresentam efetividade.
Os agentes ocupacionais encontrados são: ruídos, agentes químicos, radiações
ionizantes, acidentes como traumatismo cranioencefálicos, barotraumas e outros.
É um programa que previne não só problemas auditivos como aqueles que não são.
Envolve a atuação de uma equipe multidisciplinar (medicina, engenharia do trabalho,
fonoaudiologia, treinamento e administração).
Um PCA tem um custo aparentemente elevado, pois se faz necessário a atuação de
técnicos para a elaboração do projeto de acústica e adequação da situação do suposto
problema encontrado, além disso, há o custo com protetores auriculares individuais, exames
audiométricos, consultas médicas, treinamento, sem contar na supostas indenizações
pleiteadas na justiça.
Num PCA o fluxo de informações deve ser multidirecional entre os profissionais da área
médica e os da área de engenharia. A interdependência das atividades implantadas é real e
sua correta valorização determina o sucesso ou o fracasso do programa.
As particularidades de cada empresa devem ser respeitadas sempre.

Recomendações Mínimas para a Elaboração de um PCA:


Considerando as seguintes publicações oficiais que são:
- Programa de Conservação Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e Programa de
Prevenção a Riscos Auditivos (PPRA) – Portaria nº 24, 1994;
- Portaria nº 19 de 09/04/98 do Ministério do Trabalho (Mtb);
- Ordem de Serviço (OS0 nº 608 de 05/08/98 do Ministério da Previdência Social).
Estabelece a necessidade de padronização do PCA para os profissionais da saúde e
da engenharia.
A possibilidade de prevenção, a alta prevalência, a irreversibilidade e a severidade dos
efeitos da PAIR vem surgir às diretrizes (etapas) básicas que se seguem para a elaboração de
um PCA.

a) Reconhecimento e Avaliação de Riscos para a Audição – Monitorização de controle à


exposição ao ruído (ambiente ruidoso e exposição): Qualquer posto de trabalho com
níveis de ruído iguais ou superiores a 85 dB medidos em circuito de compensação A do
decibelímetro pode ser considerado patogênico independente do tempo de exposição do
trabalhador. Devemos ainda:
- Avaliar os riscos para a audição no ambiente;
- Avaliar se o risco interfere na comunicação e reconhecimento de sinais acústicos;
- Identificar grupos expostos a maior e menor risco;
- Identificar e avaliar as fontes de emissão do ruído (através da avaliação instrumental do
ambiente de trabalho e da exposição dos indivíduos e da análise dos exames
audiométricos dos trabalhadores expostos) para possibilitar seus controles;
- Estabelecer prioridades para o controle;
- Avaliar a eficácia dos controles propostos.
b) Controle de Engenharia e Medidas Administrativas: São consideradas todas as
atividades de planejamento e avaliação dos problemas. A motivação e sensibilidade quanto
ao uso de EPI também são medidas administrativas. As adoções de tais medidas só
acontecem com o apoio efetivo dos superiores e dos gerentes das áreas produtivas.
- Medidas de Engenharia:
- Intervenções realizadas na fonte ou transmissão do ruído, reduzindo o nível que
atinge o ouvido do trabalhador;
- Fonte: Instalação de silenciosos, enclausuramento de máquinas;
- Trajeto: Instalação de silenciosos nas máquinas, colocação de barreiras, materiais
absorventes e isolantes de ruído.

- Medidas Administrativas:
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 23

- Redução da jornada de trabalho;


- Introdução de mais um grupo para o revezamento dos turnos de trabalho;
- Deslocamento das atividades ruidosas para o horário de menor presença do
pessoal que trabalha;
- Implementação de pausas durante a jornada de trabalho;
- Acesso a áreas ruidosas dentro do necessário.

c) Controle Médico: O fonoaudiólogo tem papel fundamental dentro de um PCA. Não só na


realização do exame audiométrico, mas também no contato direto e individual com o
trabalhador. O momento do exame é fundamental para a efetuação de esclarecimentos ao
trabalhador quanto ao ruído e a audiometria em si. É também o fonoaudiólogo a tarefa de
garantir qualidade e confiabilidade do exame auditivo.
Uma consulta médica tem o objetivo de esclarecer o diagnóstico etiológico ou de
informar o resultado do exame. A comunicação do exame deve ser feita por uma pessoa
preparada, pois deverá explicar ao trabalhador sobre a audição e/ou a perda da mesma.
A atuação na área médica (médico do trabalho, ORL, fonoaudiólogos, enfermeiros) se
faz em três níveis:
- Monitoramento dos limiares auditivos;
- Diagnóstico etiológico da perda auditiva;
- Educação individual e coletiva dos trabalhadores.
Além disso, há também o gerenciamento audiométrico que ocorre através de:
- Estabelecer audiometria inicial de todos os trabalhadores;
- Identificar a situação auditiva da população fazendo o acompanhamento periódico;
- Identificar indivíduos que necessitam de encaminhamentos para ORL;
- Alertar os trabalhadores sobre o efeito do ruído;
- Contribuir para a implantação e avaliação do PCA.

d) Treinamento, Informação e Educação: Deve ser planejado de forma que estenda a


informação em todos os níveis hierárquicos. Os trabalhadores devem ser informados
anualmente e de maneira coletiva sobre os seguintes aspectos:
- Resultados atualizados das avaliações ambientais;
- Efeito do ruído no organismo humano;
- Medidas adotadas com o PCA;
- Formas de proteção.
A divulgação e o treinamento deverão ser feitos através de vídeos, folhetos, manuais,
cartazes e frases além da palestra coletiva.

e) Avaliação do PCA: Uma análise detalhada fornece instrumentos para diversas decisões
dentro do programa: áreas prioritárias para a intervenção ambiental, trabalhadores que
merecem a atenção educacional diferenciada e a eficácia das medidas adotadas. Se os
resultados desta análise forem agrupados por setores, por funções ou por grupos
homogêneos de exposição traz melhores resultados. Para se obter essas informações, é
necessário classificar os resultados dos exames e adotar um critério de analise evolutiva. O
critério mais difundido internacionalmente é o Working Group S12 do American National
Standard Institute (ANSI), que consiste em um critério simplificado de avaliação da eficácia
do PCA. Em resumo, é proposto que se estabelece o percentual anual de trabalhadores de
uma organização que apresenta pioras audiométricas de pelo menos 15 dB em no mínimo
uma das freqüências de 500 a 6.000Hz em qualquer das orelhas. Se este percentual for
menor do que 20% o programa é considerado aceitável. Essa análise é feita através das
audiometrias seqüências e de referência.
OBS: A conservação dos registros é feita através da sistematização dos dados obtidos nas
etapas anteriores, de modo a subsidiar as ações de planejamento e controle do PCA.
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 24

SUGESTÃO DE COMPOSIÇÀO DO RELATÓRIO AUDIOLÓGICO


1) Introdução:
- Efeitos do ruído à saúde;
- Estadiamento da PAIR (graus x danos);
- Comprometimento na comunicação;
- Irreversibilidade da PAIR;
- Importância da prevenção.
2) Objetivos:
- Estabelecer audiometria inicial de todos os trabalhadores;
- Identificar a situação auditiva da população para priorizar ações de prevenção;
- Identificar indivíduos que necessitam de encaminhamentos para ORL;
- Contribuir para implantação e avaliação do PCA;
- Propiciar acompanhamento audiométrico ao longo dos anos.
3) Metodologia:
- Cabina ou ambiente silencioso (Normas ANSI S3.1. 1977 e ANSI S3.1. 1991);
- Anamnese;
- Meatoscopia prévia;
- Via aérea;
- Via óssea (?)
- Logoaudiometria (?)
4) Resultados:
- Caracterização da população (idade, sexo, tempo de exposição , etc);
- Critérios de classificação;
- Apresentação dos resultados;
- Cruzamentos de dados principais.
5) Conclusão:
- Interpretação dos dados

CONDUTAS NA PAIR

Diante de um trabalhador acometido de PAIR devemos tomar as seguintes condutas:


1) Relativas ao Exame Audiométrico Admissional:
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 25

a) Na Presença de Exames Anteriores:


- Considerar de baixo risco a admissão do trabalhador:
- Portador de PAIR com limiares auditivos comprovadamente estabilizados, sem
sintomatologia clínica;
- Considerar de alto risco a admissão do trabalhador;
- Para postos ou ambientes de trabalho ruidosos se o mesmo apresentar progressão dos
limiares auditivos.

b) Na presença ou ausência de Exames Anteriores:


- Considerar de alto risco a admissão do trabalhador:
- Para ambiente de trabalho ruidoso quando este apresentar anacusia unilateral, mesmo
que a audição contralateral esteja normal;
- Com perda auditiva sensorioneural causada por agente etiológico que não o ruído que
comprometa as freqüências de 500Hz, 1K e 2KHz;
- Com PAIR em empresas nas quais não seja implantado o PCA.

2) Relativas ao Exame Audiométrico Periódico: Uma vez constatadas a PAIR e seu


agravamento deve-se:
- Controlar a exposição ao ruído por meio da adoção de medidas de proteção coletiva e
individual;
- Afastar a exposição ao risco o trabalhador com PAIR em progressão na empresa em que
não esteja implantado o PCA.

3) Relativas ao Trabalhador: Todo trabalhador que apresentar uma PAIR relacionada ao


trabalho deve ser incluído imediatamente num PCA que contenha esclarecimentos sobre:
- O fato ocorrido com sua audição;
- Os potenciais danos causados elo ruído;
- O mecanismo de instalação e agravamento das perdas auditivas;
- Os mecanismos de proteção ao tipo de ruído a que está exposto;
- Os direitos e deveres dos trabalhadores que trabalham sob estas condições;
- O uso de protetores auditivos;
- Encaminhamentos necessários para cada caso.

PROTEÇÃO AUDITIVA AO TRABALHADOR EXPOSTO AO RUÍDO


Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 26

Nossa legislação prevê que o ruído deve ser eliminado na fonte, no meio e por último
caso no trabalhador. Quando a única solução técnicas é a proteção do receptor (trabalhador)
devemos utilizar o recurso do PCA. A norma regulamentadora (NR-6) é sobre os EPIs.

TIPOS DE PROTETORES
São divididos em três tipos:
a) Extra Auriculares: São compostos por duas conchas plásticas com bordas revestidas
tendo no interior material atenuante de ruído que deve cobrir totalmente o pavilhão
auricular e uma haste de material resistente que faz a compressão do crânio.
- Vantagens:
- Podem ser colocados em qualquer pessoa;
- Podem ser visualizados à distância, permitindo tomar providências para realizar a
comunicação oral;
- Torna-se fácil a fiscalização do seu uso correto;
- Podem ser ajustados mesmo utilizando luvas;
- É o melhor em atenuação de ruído;
- São confortáveis em ambientes frios;
- O capacete facial deve pode ser acoplado (mas pelo fabricante);
- O custo inicial de implantação é maior, mas sua vida útil é longa;
- Há peças de reposição
- Fácil remoção;
- É recomendável para áreas sujas.
- Desvantagens:
- Problemas com a armazenagem (por ser grande);
- Podem interferir no uso de máscaras e óculos (principalmente soldador);
- Acarretam problemas de espaço em locais pequenos e confinados;
- Geram desconforto pelo peso do protetor;
- São desconfortáveis em ambientes quentes.

b) Intra-auriculares ou de Inserção: Podem ser do tipo pré-moldado (borracha, silicone,


plástico); auto moldável (espuma plástica, algodão parafinado, fibra de vidro), moldável
(borracha, silicone) e descartável (espuma plástica, algodão parafinado, fibra de vidro).
Devem ser fabricados de material não tóxico e em vários tamanhos com superfície lisa
permitindo a melhor limpeza para a alteração com o seu tempo de uso.
- Vantagens:
- Fáceis de carregar;
- Permitem o uso de qualquer outro EPI;
- Não existem problemas de limitação de espaço;
- Custo inicial de implantação é baixo, mas possui vida útil curta;
- O seu uso não é afetado pela temperatura ambiente.

- Desvantagens:
- São fáceis de perder e esquecer;
- Difícil de serem fiscalizados por ser pequeno;
- Devem ser limpos e higienizados freqüentemente;
- Difíceis de manipular com luvas e mãos sujas;
- Podem causar lesão no CAE.

c) Semi-inserção: São compostos por duas olivas ou dois obturadores do CAE sem que haja
penetração e uma haste plástica tensora que oferece uma compressão dos obturadores no
CAE.
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 27

- Vantagens:
- Baixo custo, havendo reposição de olivas;
- Confortável no frio e no calor;
- Fácil de transportar;
- Não interfere em qualquer outro EPI;
- Podem ser observados a distancia;
- Não acarretam problemas em locais apertados;
- Podem ser manipulados com luvas;
- Recomendado tanto para áreas limpas quanto para áreas sujas;
- Indicado para trabalhadores que trocam com freqüência setores ruidosos por
silenciosos.

- Desvantagens:
- Não há.

ATENUAÇÃO DE PROTETORES
Os métodos para verificação da real atenuação proporcionada pelos protetores
auriculares são os testes de cabeça artificial ou ouvido eletrônico e o teste ao vivo. Os
fabricantes devem fornecer a atenuação média, o desvio padrão e o número único do nível de
redução do ruído, além do nome do laboratório e a norma utilizada para obter esses valores.
(ficha técnica).

CONDUTA MÉDICA
Sempre que um trabalhador estiver exposto a ruído superior a 85 dB o uso do EPI está
indicado. A escolha do tipo de equipamento a ser utilizado deverá ser orientada pelo médico do
trabalho, pelo higienista ou pelo engenheiro de segurança. Dependendo do nível de pressão
sonora ambiental (ruído superior a 100 dB) devemos indicar a utilização dos dois tipos de
protetores concomitantemente o intra e o extra auricular.

FICHA DE FORNECIMENTO DO EPI


É obrigatório o fornecimento, o treinamento e a obrigatoriedade do uso do EPI. A ficha
deve conter o nome do trabalhador, o seu setor de trabalho, sua assinatura, o tipo de EPI
fornecido e a assinatura do encarregado de distribuição. Existem três circunstâncias que o uso
do EPI é obrigatório, são elas:
- Por intervalo de tempo, restrito a execução de determinadas tarefas durante a jornada de
trabalho;
- Por período de tempo definido em caráter temporário;
- Quando houver indicação para o uso de EPI como única opção viável para redução do
nível de pressão sonora elevada.
Os equipamentos devem ser usados em tempo integral, enquanto permanecer em
ambiente ruidoso. Além disso, cabe a empresa fiscalizar seu uso, cuidar de suas condições
higiênicas e efetuar quando necessárias eventuais substituições do equipamento.
Esses protetores são utilizados basicamente em áreas de atividades de lazer e
ocupacional:
- Ocupacional: Trabalhadores expostos a ambientes ruidosos, especialmente, metalurgia,
operadores de máquinas, funcionários de teares, músicos, além de uma infinidade de
outras profissões cujo trabalhador é seu próprio patrão.
- Lazer: Danceterias, práticas de tiro ao alvo, motociclistas, em quadras esportivas
fechadas.

CONTRA INDICAÇÕES DOS EPIs


O ORL é o especialista no caso de contra-indicar a utilização dos EPIs, mantendo com
esta atitude um processo de conservação auditiva interferindo em casos de admissão ou
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 28

afastamento de trabalhadores a algum posto de serviço. As contra-indicações absolutas,


felizmente são poucas. Existem algumas doenças ORL que podem ser agravadas pelo uso
constante tanto do protetor inserido no CAE como da concha comprimindo as áreas
circunvizinhas à orelha. Alguma destas entidades pela freqüência que acometem serão
examinadas a seguir:
- Otite Externa: São inflamações que acomete o pavilhão, o MAE e face externa da MT. O
paciente reclama de dor, de prurido e de otorréia;
- Otite Média Crônica Supurada: São doenças crônicas de infecções recorrentes que
produzem alterações da mucosa da OM. Enquanto não for solucionada, é contra-indicado o
uso do EPI e trabalhos em ambientes ruidosos;

- Exostoses e Osteomas: São tumores encontrados na OE, geralmente são raros. Na


presença destas patologias está contra-indicado o suo de EPI de inserção;

- Lesões da ATM: O ponto de articulação temporomandibular pode ser afetado por lesões
inflamatórias, infecciosas ou tumorais. Aparece com sintomas de dificuldade de movimento
da mandíbula, otalgias, zumbido, vertigem, plenitude auricular. Os EPIs são contra-
indicados quando o indivíduos estiver sobre o efeito dessas manifestações clínicas;

- Parotidites ou Tumores da Glândula Parótida: As inflamações da glândula parótida são


caracterizadas pelo aumento de tamanho bem como pela dor e os EPIs estão totalmente
contra-indicados;

- Dermatite de Contato: São relatados em pacientes que utilizam plugs de borracha. São
conhecidos como eczema de CAE, não correspondem ao tratamento de corticóide e
podem manter-se em atividade enquanto não for suspenso o uso do EPI;

- Deformidades Congênitas de CAE: Em geral, constitui-se de uma atresia do CAE, com


pequeno vestígio do pavilhão;

- Traumatismos do CAE: Apresentam-se desde simples hematomas até extensas


lacerações do CAE, com perfuração da MT. Esses traumatismos ocorrem com freqüência
na retirada do cerume com uso de grampos, cotonetes e a solução deste problema é a
realização de palestras educativas. O uso do EPI é contra-indicado momentaneamente;

- Processos Virais e Infecciosos do Pavilhão Auricular: Uma infecção viral geralmente


encontrada é a Herpes Zoster Oticus. É uma infecção no gânglio geniculado do 7º par
craniano constituindo-se de uma paralisia facial acompanhada por otalgia. Enquanto as
manifestações clínicas estiverem presentes é contra-indicado o uso de EPI;

- Problemas de Ordem Psicológica: Os funcionários se negam a usar EPI alegando


pressão sofrida na cabeça, calor e umidade; reclamam ainda de dificuldade de
comunicação e diminuição de sua segurança pessoal com respeito a ruídos de alerta. Essa
atitude negativa é fruto de um baixo nível de conscientização do uso do EPI;

- Desconsiderando os casos legais, são poucas as razões capazes de impedir o seu uso.
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 29

REABILITAÇÃO AUDITIVA E ACONSELHAMENTO


AO PACIENTE SUBMETIDO AO RUÍDO

Considerando que a PAIR é uma patologia sensorioneural, bilateral, insidiosa e


irreversível, leva a reabilitação auditiva um dos programas mais difíceis de se ativar com o
trabalhador, pois, no momento em que ela é necessária, o trabalhador atingido já está
enfrentando vários problemas tais como:
a) O indivíduo já está afastado do seu ambiente de trabalho e mais preocupado com o seu
futuro da vida profissional e pessoal do que com seu problema auditivo;
b) Pouca compreensão da natureza do problema. Falta-lhe informação sobre a natureza das
dificuldades auditivas que envolvem problemas de comunicação e de certa forma
discriminação;
c) O trabalhador atingido nega a perda auditiva minimizando o problema atribuindo-o a outros
fatores como sendo comum aos seus companheiros.

REABILITAÇÃO AUDITIVA
Não deve levar em conta somente os problemas auditivos, mas sim desenvolver
habilidades necessárias para uma adequada comunicação. Na PAIR, o problema de saúde é
definido operacionalmente em termos de desabilidades auditivas, isto é, redução nas
habilidades de ouvir e se comunicar.
O seu objetivo é reinstalar as habilidades satisfatórias para a comunicação, para
prevenir as várias conseqüências dos problemas que já foram discutidos em sinais e sintomas
de aspectos psicossociais da PAIR.
A primeira atitude é a seleção, indicação e adaptação do AASI. O indivíduo é relutante
em aceitar o problema auditivo e é mais forte em relação ao uso de AASI, pois, mostrará
claramente a perda auditiva levando a rejeição do aparelho carregando o estigma de surdez.
Uma outra dificuldade enfrentada é o fator de problemas de comunicação em ambientes
ruidosos levando o indivíduo achar que o problema não é com a audição, mas, com o ambiente
onde ele se encontra. Este dado dificulta a seleção do melhor aparelho, uma vez que o ruído
ambiental também será amplificado dificultando ainda mais a compreensão de fala.

SELEÇÃO E INDICAÇÃO DE AASI


Normalmente as PAIRs não são planas, apresentam quedas nas freqüências agudas
de graus variados. Apesar de hoje em dia dispormos de aparelhos programáveis e digitais, em
geral, esses aparelhos são muito caros para os trabalhadores.
Já os aparelhos analógicos (mais acessíveis) apresentam uma faixa de freqüência que
não atinge satisfatoriamente as freqüências altas. Geralmente numa adaptação de AASI em
portadores de PAIR precisa de um molde com ventilação (propicia a equalização da pressão
entre o ar atmosférico e o ar existente na cavidade entre a ponta do molde e a MT); aparelho
com corte em graves, aparelho com banda de freqüência extensa e com AGC (controle
automático de ganho).

ADAPTAÇÃO
É a orientação e aconselhamento que fornece explicações, suporte e orienta as
opções, atitudes e comportamentos dos deficientes auditivos e/ou suas famílias. Destina-se a
capacitar o indivíduo a encontrar as soluções para suas dificuldades facilitando a resolução de
seus problemas.
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 30

A adaptação influencia desde a aceitação da perda auditiva até a reabilitação da


mesma. Abrange vários aspectos e as orientações dadas devem ser as seguintes:
- Manipulação do AASI: Aprender a colocar e a tirar o AASI, saber quando trocar as pilhas,
identificar possíveis problemas no aparelho, procedimentos de segurança (não molhar, não
deixar cair, não guardar em lugar errado);

- Acompanhamento: Orientar quanto à nova confecção de molde, realização de


audiometrias anualmente, visitas constantes ao ORL e a firmas de aparelhos.

ILUSTRAÇÕES GERAIS
CRITÉRIO DE MERLUZZI
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 31

ILUSTRAÇÕES GERAIS
CLASSIFICAÇÃO DE PEREIRA

CRITÉRIO DE COSTA
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 32

ILUSTRAÇÕES GERAIS
DECIBILÍMETROS
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 33

ILUSTRAÇÕES GERAIS
DOSÍMETRO

ONDAS DO BERA
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 34

ILUSTRAÇÕES GERAIS
AUDIOMETRIA AUTOMÁTICA DE VON BÉKÉSY
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 35

ILUSTRAÇÕES GERAIS
FICHA DO PPP
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 36

ILUSTRAÇÕES GERAIS
MODELO DE ANAMNESE OCUPACIONAL
Técnicas Audiológicas - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) 37

ILUSTRAÇÕES GERAIS
MODELO DE AUDIOMETRIA OCUPACIONAL

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