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Barbitúricos
Mecanismo de ação
Deprimem o sistema reticular ativador no tronco encefálico (SRAA: controla várias funções vitais, incluindo
a consciência)
Atuam na sinapse nervosa, suprimindo a ação de neurotransmissores excitatórios (actilcolina) e aumentando a
ação de neurotransmissores inibitórios (GABA) por interferir com sua liberação (pré-sináptica) e sua
interação com receptores (pós-sináptica)
Propriedades específicas
A substituição do O (oxibarbitúricos) no carbono 2 por S (tiobarbitúricos: tiopental, tiamilal) aumenta a
solubilidade lipídica
# Por isso, tiopental e tiaminal têm maior potência, início de ação mais rápido e duração mais curta
A substituição do grupo metil em N1 no metoexital está relacionada à sua curta duração
Farmacocinética
Absorção
Em geral usados EV, com exceção de crianças (tiopental e metoexital VR para indução) e pré-medicação
(secobarbital IM)
Distribuição
A duração da ação dos barbitúricos muito lipossolúveis (tiopental, tiaminal, metoexital) é determinada pela
distribuição, não pelo metabolismo ou eliminação. Apesar de 80% do tiopental ligar-se a proteínas, sua alta
afinidade lipídica e alta fração não ionizada é responsável por captação cerebral máxima em 30seg
# Se o compartimento central está diminuído (choque), albumina está baixa (hepatopatia) ou fração não
ionizada elevada (acidose) → Maior concentração cerebral e cardíaca para a mesma dose
Redistribuição (em especial muscular) reduz a concentração plasmática e cerebral para 10% em 20-30min
# Na anestesia com barbitúricos, os pacientes perdem consciência em 30seg e despertam e 20-30min
# Idosos → Menor dose de anestesia por redistribuição mais lenta (níveis plasmáticos mais altos)
A eliminação do tiopental é lenta, variando 3-12h
A administração repetitiva de barbitúricos irá saturar o compartimento periférico, impedindo a redução na
duração do seu efeito devida à redistribuição, tornando a duração da ação dependente da eliminação
Obs.: o tiaminal e metoexital têm distribuição semelhante ao tiopental, enquanto os barbitúricos menos solúveis em lipídios têm meia
vida de distribuição e duração de ação mais longas
Biotransformação
Oxidação hepática → Metabólitos inativos solúveis em água
Pela alta metabolização hepática, o metoexital é eliminado 3-4x mais rápido que o tiopental ou tiamilal
# Apesar da redistribuição ser responsável pelo despertar, a completa recuperação psicomotora é mais
rápida após o uso de metoexital, em virtude de seu maior metabolismo
Excreção
Alta ligação com proteínas (pouca filtração glomerular) e alta solubilidade lipídica (mais reabsorção tubular
renal) → Excreção renal lenta e limitada aos produtos finais hidrossolúveis da metabolização hepática
O metoexital é excretado nas fezes
Efeitos nos sistemas orgânicos
Cardiovascular
↓PA: por depressão do centro vasomotor medular → Vasodilatação periférica → ↓Retorno venoso
↓FC: por efeito vagolítico central
DC mantido: por aumento da FC e contratilidade por reflexos barorreceptores compensatórios à ↓PA
# Se não há resposta barorreceptora adequada (p.ex. hipovolemia, ICC, bloqueio beta-adrenérgico) →
Gera represamento periférico não compensado e depressão miocárdica direta → Queda drástica de DC
e PA
Obs.: os efeitos cardiovasculares dos barbitúricos variam bastante com a hidratação, tônus autonômico basal e doença cardiovascular
preexistente. Injeção lenta e hidratação adequada pré-OP podem reduzir essas alterações
Respiratório
↓Resposta ventilatória a hipóxia e hipercapnia: por depressão do centro respiratório medular
Não há depressão completa dos reflexos de vias aéreas:
# Possível broncoespasmo em asmático. Pode ser causado por estimulação colinérgica, (prevenível com
atropina), liberação de histamina ou estímulo direto da musculatura lisa do brônquio
# Laringoespasmo em pacientes superficializados (+ comum com metoexital que com tiopental)
Cerebral
↓fluxo sanguíneo cerebral e ↓PIC: por vasoconstrição cerebral
# A do ↓fluxo sanguíneo não é prejudicial, já que há redução ainda maior do consumo de O2
↑pressão de perfusão cerebral: porque a queda de PIC excede a queda de PA
Progressão do EEG → Baixa dose: atividade rápida de baixa voltagem → Alta dose: atividade lenta de alta
voltagem
# Por isso, pode proporcionar proteção cerebral em isquemia parcial (p.ex. AVC), mas não em isquemia
global (p.ex. PCR)
# Doses de supressão de EEG → Despertar prolongado, extubação retardada, suporte inotrópico
Bartibúricos têm efeito anti-analgésico por diminuir o limiar da dor (pequenas doses → agitação)
Doses pequenas de tiopental (50-100mg EV) controlam a maioria das convulsões do tipo grande mal
Outros
Renal → ↓fluxo sanguíneo renal e ↓taxa de filtração glomerular (proporcional à ↓PA)
Hepático → Fluxo hepático diminuído. A indução de enzimas hepáticas aumenta a taxa de metabolismo de
algumas drogas (p.ex. digoxina); enquanto a ação no citocromo P-450 interfere na biotransformação de outras
(p.ex. ADT). Também, estimula a formação de porfirina (leva a porfiria aguda em suscetíveis)
Imunológico → Tiobarbitúricos (com enxofre) liberam mais histamina em mastócitos (tiopental, tiamilal)
Interações medicamentosas
Aumentam a biodisponibilidade da droga livre e potencializam os efeitos de determinada dose → Contrastes e
sulfonamidas e outros que ocupam os mesmos locais de ligação a proteínas
Potencializam efeitos sedativos → Etanol, narcóticos, anti-histamínicos e outros depressores do SNC
Benzodiazepínicos
Mecanismo de ação
Ativação de receptores específicos no SNC, principalmente no córtex cerebral → Aumenta o efeito de alguns
neurotransmissores. Por exemplo, facilita a ligação do GABA → Aumenta a condutância da membrana ao Cl
→ Alteração da polarização da membrana, que inibe a função neuronal normal
Farmacocinética
Absorção
VO → Diazepam e lorazepam são bem absorvidos no TGI, com pico plasmático de 1 e 2h respectivamente
IM → Midazolan e lorazepam são bem absorvidos IM, com picos séricos em 30-90min
# Diazepam tem injeção IM dolorosa e absorção não confiável
Distribuição
Solúveis em lipídios → Diazepam tem alta lipossolubilidade, penetrando rapidamente a barreira hemato-
encefálica. O midazolam, apesar de hidrossolúvel em pH baixo, é lipossolúvel em pH fisiológico. A
moderada solubilidade lipídica do lorazepam é responsável por seu início de ação mais lento
A redistribuição é bastante rápida (meia vida de distribuição inicial = 3-10min) e é o responsável pelo
despertar (embora não tão rápida quanto o tiopental)
Todos se ligam fortemente a proteínas (90-98%)
Biotransformação
São biotransformados no fígado em glicuronídeos solúveis em água
# Diazepam → Seus metabólitos de fase I são farmacologicamente ativos. Tem meia vida de eliminação
longa (30h) por alto Vd e extração hepática lenta
# Lorazepam → Tem baixa extração hepática, mas menor solubilidade lipídica (limita Vd), resultando
em meia vida de eliminação mais curta (15h) que o diazepam. No entanto, a duração de ação é grande
pela alta afinidade com o receptor
# Midazolam → Compartilha o Vd do dizepam, mas tem alta extração hepática, tendo a menor meia
vida de eliminação de todos (2h)
Excreção
Excretados na urina
# Diazepam → A circulação entero-hepática produz pico secundário após 6-12h da administração
# Midazolam → Insuficiência renal pode causar sedação prolongada (acúmulo de um metabólito
conjugado, o alfa-hidroximidazolam)
Respiratório
Deprimem a resposta ventilatória para CO2 → Em geral insignificante se não for intra-venoso e não forem
associados a outras drogas depressoras respiratórias (no entanto podem resultar em parada respiratória)
Cerebral
↓consumo O2, ↓fluxo sanguíneo cerebral e ↓PIC (com menor efeito que os barbitúricos)
Prevenção e controle de convulsões de grande mal
Amnésia anterógrada (efeito útil para pré-medicação), sedação, ansiólise
Leve atividade relaxante muscular mediada ao nível da medula (não da junção neuromuscular)
Obs.: Baixas doses: amnésia, sedação, ansiólise → Altas doses: estupor e inconsciência
Obs.: Sem propriedades analgésicas diretas
Interações medicamentosas
Todos → Reduzem a CAM dos anestésicos voláteis em até 30%. Associações com etanol, barbitúricos e
outros depressores do SNC aumentam os efeitos sedativos (sub-unidades alfa do receptor GABA)
Diazepam → Cimetidina liga-se ao citocromo P450 e reduz seu metabolismo. A heparina o desloca dos locais
de ligação a proteínas e aumenta a concentração de droga livre (↑200% após 1000U heparina). Combinado
com opiáceos, reduz a PA e resistência vascular periférica (especialmente em cardiopatas)
Midazolam → Eritromicina inibe o metabolismo, prolonga 2-3x e intensifica seu efeito
Opióides
Mecanismo de ação
Receptores específicos → Inibe liberação pré-sináptica e resposta pós-sináptica de NT excitatórios
(acetilcolina, substância P) em neurônios nocioceptivos → Analgesia potente e sedação leve
# Bloqueio de impulsos de dor pode se dar ao nível medular com opióide intratecal ou epidural →
Ligação a receptores “mi” na substância gelatinosa da medula espinhal
# Modulação da via inibitória descendente da substância cinzenta periaquedutal pelo núcleo magno da
rafe até o corno posterior da medula também desempenha um papel importante na analgesia
Agonistas e antagonistas ligam-se aos receptores, mas apenas os agonistas os ativam → Os efeitos do opióide
dependem de a qual receptor ele se liga, da afinidade de ligação e se ele ativa o receptor (agonistas-
antagonistas, como a nalbufina podem ter ações opostas em diferentes receptores)
Opióides endógenos → Endorfinas, encefalinas, dinorfinas
Farmacocinética
Absorção
IM → Absorção rápida em injeções de morfina e meperidina (pico plasmático em 20-60min)
VO → Citrato de fentanil (“pirulito”) tem início rápido (10min). Usado em crianças (15-20mcg/Kg)
Transdérmica → Fentanil é usado transdérmico pelo seu baixo peso molecular e alta solubilidade lipídica.
Ocorre um reservatório da droga na camada superior da derme, fazendo com que as concentrações séricas
atinjam platô em 14-24h, mas permanecendo constantes por até 72h (uso limitado por muita náusea)
Distribuição
As meias vidas de distribuição de todos os opióides são rápidas (5-20 minutos)
# Baixa lipossolubilidade da morfina → Início de ação mais lento e duração mais prolongada
# Alta lipossolubilidade do fentanil e sufentanil → Rápido início de ação e curta duração
Obs.: O alfentanil tem início de ação mais rápido e duração mais curta que o fentanil, mesmo sendo menos solúvel em lipídios. Isso
se deve à sua alta fração não ionizada e pequeno Vd, que aumenta a quantidade de droga disponível para ligação no cérebro
Quantidades significativas de opióides lipossolúveis podem ser retidas no pulmão (captação de primeira
passagem) e difundir-se mais tarde de volta para a circulação sistêmica → Acúmulo pulmonar depende do
acúmulo prévio de outra droga (diminui), tabagismo (aumenta) e uso de anestésicos inalatórios (diminui)
Redistribuição é responsável pelo término do efeito de pequenas doses, mas não de doses maiores
Obs.: Tempo de meia vida contexto-sentitivo: observar: sufenanil < alfentanil até 8h de infusão (alto Vd)
Obs.: no remifentanil, essa meia vida não depende do tempo de infusão, enquanto cresce exponencialmente para o fentanil
Excreção
Morfina → Produtos finais eliminados nos rins (excreção biliar <10%). Como 5-10% da morfina é excretada
inalterada e a morfina-6-glicuronida é um agonista mais potente e durador que a morfina, a insuficiência renal
prolonga sua duração de ação (o acúmulo de metabólitos da morfina nesses pacientes pode levar a narcose e
depressão respiratória durando vários dias)
Meperidina → Excreção, efeitos de metabólitos e influência da insuficiência renal similar à morfina.
Também, a normeperidina acumulada pode causar mioclonias e convulsões não revertidas pelo naloxone
Fentanil → Pico plasmático tardio após 4h da última dose (recirculação entero-hepática e droga sequestrada)
Sufentanil → Metabólitos excretados na urina e na bile
Remifentanil → Metabólitos com pouca atividade agonista eliminados no rim
Respiratório
Todos → ↓FR, ↓resposta ao estímulo pelo CO2 e ↑PaCO2 de repouso → Desvio da curva de CO2 para baixo
e para a direita, resultando em limiar apneico mais elevado e resposta hipóxica diminuída
Morfina e meperidina podem causar broncoespasmo pela liberação de histamina em suscetíveis
Todos (em especial fenta, sufenta, alfenta) podem induzir rigidez torácica (mediada centralmente) após
grandes bolus, tratada com relaxantes musculares
Cerebral
↓consumo O2, ↓fluxo sanguíneo cerebral e ↓PIC (mas muito menos que barbitúricos e BDZ)
Podem elevar a PPC pela queda de PA que proporcionam (pode ser significativa em pacientes com
complacência intracraniana anormal), embora o paciente superficialmente anestesiado aumente muito a PIC
Efeito no EEG → A maioria é mínimo, mas altas doses estão associadas com atividade lenta de onda delta
Estímulo da zona gatilho quimiorreceptora medular → Náusea e vômitos
Não produzem amnésia confiável
Meperidina EV (25mg) é considerada o opióide mais eficaz para diminuir calafrios
Gastrointestinal
↓peristalse → ↓velocidade de esvaziamento gástrico
Cólica biliar pode resultar da contração do esfíncter de Oddi por opiáceos (espasmo biliar) revertida com
naloxone
Terapia de longa duração causa tolerância à maioria dos efeitos, exceto constipação (↓motilidade TGI)
Endócrino
Opióides bloqueiam secreção de hormônios usados para mensurar resposta ao estresse cirúrgico
(catecolaminas, ADH, cortisol) → Pacientes com doença cardíaca isquêmica têm bom benefício
Interações medicamentosas
Opióides + iMAO → Hipertensão ou hipotensão, coma, hiper-reflexia e PCR
Opióides + BDZ, barbitúricos e outros depressores do SNC → Sinergismo em efeitos cardiovasculares,
respiratórios e sedativos
Biotransformação do alfentanil (mas não sufentanil) está comprometida com 7 dias de eritromicina, levando a
sedação prolongada e depressão respiratória
Cetamina
Mecanismo de ação
Antagonista não-competitivo do receptor N-metil-D-aspartato (NMDA: subtipo de receptor de glutamato) →
Bloqueio de reflexos sinápticos na medula e inibição de NT excitatórios em áreas selecionadas do cérebro →
Dissocia funcionalmente o tálamo, envolvido na consciência e sensação, que transporta impulsos sensoriais
do sistema de ativação reticular para o córtex cerebral
“Anestesia dissociativa” → Paciente parece consciente (olhos abertos, reflexo de deglutição, contratura
muscular), mas não processa ou responde a estímulos sensoriais
Farmacocinética
Absorção → Injeção IM com pico plasmático após 10-15min
Distribuição → Rápida captação cerebral e redistribuição, com meia vida de distribuição 10-15min (causas:
mais solúvel em lipídios e se liga menos a proteína que o tiopental, aumenta o fluxo cerebral e DC)
Biotransformação → Metabolizada no fígado. Alguns metabólitos (p.ex. norcetamina) têm atividades
anestésicas. Tem meia vida de eliminação curta (2h) pela extensa captação hepática. Ocorre tolerância com
múltiplas doses (por indução de enzimas hepáticas)
Excreção → Renal
Cerebral
Induzem analgesia, amnésia e inconsciência
↑fluxo sanguíneo cerebral, ↑consumo cerebral de O2, ↑PIC → Não usar em paciente com lesões intra-
cranianas que ocupem espaço
Atividade mioclônica → Por maior atividade elétrica subcortical
Efeitos colaterais psicomiméticos (ilusões, delírio, pesadelo) são menores em crianças e uso de BDZ
Obs.: delírio de emergência: Antagonismo de receptores muscarínicos → Sintomas anti-colinérgicos (delírios de emergência,
broncodilatação, aumento do tônus do SNS). É dose-dependente. Podem ocorrer ilusões, delírios, cegueira cortical transitória, sonhos
e alucinações até 24h após o uso. FR: mulher, >15 anos, dose > 2mg/kg, AP de psicopatia. Não altera personalidade a longo prazo.
CD: BDZ, propofol, barbitúricos. Atropina e doperidol aumentam a incidência (glicopirrolato diminui salivação sem aumentar
incidência: não passa BHE)
Interações medicamentosas
+ relaxantes adepolarizantes → Potencializa o efeito de relaxamento muscular
+ teofilina → Predispõe convulsões
+ diazepam → Atenua efeitos cardio-estimulatórios da cetamina e aumenta sua meia vida de eliminação
+ propranolol, fenoxibenzamina e ouros antagonistas simpáticos → ↓efeito cardiovascular
+ anestésicos voláteis (especialmente halotano) → Depressão miocárdica
+ lítio → Prolonga duração de ação da cetamina
Etomidato
Mecanismo de ação
Liga-se a subunidade do receptor de GABA, aumentando sua afinidade para o NT → Deprime o sistema de
ativação reticular e simula os efeitos inibitórios do GABA
Pode ter efeitos desinibitórios nas partes do SNC que controlam a atividade motora extrapiramidal (incidência
de 30-60% de mioclonias) (atenuado com BDZ prévio) (não relacionado com convulsão)
Farmacocinética
Absorção → Em geral administrado EV
Distribuição → Início de ação rápido graças à solubilidade lipídica e fração não ionizada em pH fisiológico
(apesar de ligar-se altamente a proteínas)
Biotransformação → Hidrolizado por enzimas microssomais hepáticas e esterases plasmáticas →
Metabolismo rápido (mais rápido de todos os indutores: 5x > que o tiopental) e metabólito inativo
Excreção → Urina
Respiratório
Doses de indução não resultam em apnéia, a menos que sejam associados a opióides
Cerebral
↓metabolismo cerebral, ↓fluxo sanguíneo, ↓PIC → Pressão de perfusão mantida (mínimos efeitos
cardiovasculares)
Hipnótico, sem propriedades analgésicas
Endócrino
Doses de indução inibem transitoriamente enzimas envolvidas na síntese de cortisol e aldosterona. Infusões
de longa duração podem levar a supressão adrenal
Interações medicamentosas
+ fentanil → Aumenta o nível plasmático e prolonga a meia-vida de eliminação do etomidato
+ opióides → Diminuem predisposição a mioclonia do etomidato
Propofol
Mecanismo de ação
Facilitação da neurotransmissão inibitória mediada pelo GABA (Interação com sítios específicos do GABAr
→ Diminuição da dissociação GABA-GABAr → Aumento da duração da abertura dos canais de cloro pós-
sinápticos → Hiperpolarização da membrana pós-sináptica → Inibição funcional do neurônio pós-sináptico)
Farmacocinética
Absorção → Usado principalmente EV
Distribuição → Início de ação tão rápido quanto tiopental (alta solubilidade lipídica: 30seg). O despertar é
rápido pela meia vida de distribuição muito curta (2-8min)
# Uma dose menor de indução está recomendada em idosos pelo menor Vd
Biotransformação → Clearance excede o fluxo sanguíneo hepático (há metabolização extra-hepática),
levando a recuperação rápida após infusão contínua → Metabólitos inativos
# Farmacocinética não é afetada por cirrose moderada
# Infusão em longa duração → Dislipidemia, acidose metabólica, morte
Excreção → Renal (insuficiência renal não altera seu clearance de eliminação)
Respiratório
Deprime a ventilação → Mesmo doses de sedação consciente inibem o esforço ventilatório hipóxico e
deprimem a resposta normal à hipercarbia
Inibe reflexos da via aérea (mais que os barbitúricos)
Pode liberar histamina, mas com menor risco que barbitúricos e etomidato, podendo ser usado na asma
Cerebral
↓fluxo cerebral e ↓PIC → Em pacientes com hipertensão intracraniana, pode causar redução crítica da PPC (a
menos que condutas para manter a PAM sejam tomadas)
Proteção cerebral durante a isquemia frontal similar ao tiopental
Na indução pode haver antagonismo subcortical à glicina → Contração muscular, soluços, opistótono
# Apesar de simular convulsões, o propofol na verdade tem propriedades anti-convulsivantes (↑GABA)
Outros efeitos → Anti-pruriginoso, anti-hemético, ↓pressão intra-ocular
Interações medicamentosas
Propofol aumenta as concentrações de fentanil e alfentanil
Droperidol
Mecanismo de ação
Ações centrais → Antagoniza ativação dos receptores da dopamina (trigger zone: anti-hemético); interfere na
transmissão mediada pela serotonina, norepinefrina e GABA (sedação)
Ação periférica → bloqueio alfa-adrenérgico
Farmacocinética
Absorção → Em geral usado EV
Distribuição → Rápida distribuição (meia vida de 10min), mas os efeitos sedativos são retardados pelo alto
peso molecular e grande ligação com proteínas, que dificultam a penetração na barreira hemato-encefálica →
Duração de ação prolongada (2-3h) pela forte ligação com receptores
Biotransformação → Metabolizado no fígado rapidamente (como a cetamina e etomidato)
Excreção → Renal
Respiratório
Isoladamente não deprime significativamente a respiração (até estimula resposta ventilatória hipóxica)
Cerebral
Vaso-constrição cerebral → ↓fluxo sanguíneo cerebral, ↓PIC
Não reduz o consumo de O2 cerebral (ao contrário de barbitúricos, BDZ e etomidato)
Altera pouco o EEG
Potente anti-hemético → Despertar prolongado limita seu uso (0,05mg/kg até máximo de 2,5mg)
Ação anti-dopaminérgica → Pode precipitar reações extra-piramidais (nistagmos, torcicolo, agitação), que
podem ser tratadas com difenidramina
# Contra-indicado em distúrbios de movimento mediados neurologicamente (p.ex. parkinson)
Tranqüilizante → Não produz amnésia, analgesia ou inconsciência
Interações medicamentosas
+ levodopa e/ou doença de Parkinson → Droperidol pode precipitar parkinsonismo
+ dopamina → Droperidol antagoniza os efeitos renais da dopamina
+ clonidina → Droperidol pode antagonizar a ação alfa-adrenérgica central da clonidina e causar ↑PA rebote
Droperidol atenua os efeitos cardiovasculares da cetamina
Usos e dosagens de alguns anestésicos (Morgan)
Obs.: _2= os efeitos da meperidina e morfina sobre a PAM e broncodilatação dependem da extensão da liberação de histamina