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Botânica

Professora Cíntia Zani Fávaro Polonio


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P778b Polonio, Cíntia Zani Fávaro


Botânica / Cíntia Zani Fávaro Polonio. Paranavaí:
EduFatecie, 2022.
105 p. : il. Color.

1. Botânica. 2. Angiosperma. I. Centro Universitário


UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância.
III. Título.

CDD : 23 ed. 581


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Carlos Firmino de Oliveira
AUTORA

Professora Cíntia Zani Fávaro Polonio

Olá alunos (as), me chamo Cíntia Zani Fávaro Polonio, sou professora, formada
em Ciências Biológicas pela UNIPAR e em Pedagogia pela UniCesumar, especialista em
Biotecnologia pela UEM, Atendimento Educacional Especializado e Psicopedagogia pela
UniCesumar e mestra em Biologia Comparada pela UEM. Atualmente sou pesquisadora
pelo Cnpq na Universidade Estadual de Maringá realizando estudos relacionados com
fungos endofíticos associados à nanoparticulas como sendo possíveis biorremediadores
de corantes têxteis e metais pesados. Além disso, atuo como professora de apoio pela pre-
feitura municipal de Maringá, auxiliando alunos que possuam TEA (Transtorno do Espectro
Autista) e outras dificuldades de aprendizagem. Possuo experiência na área de ensino
em todas as fases, desde o infantil até pós-graduação, como professora e conteúdista em
diversas faculdades, além de orientadora de TCC pela UniCesumar.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/7098722908193878


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Queridos (as) alunos (as), sejam muito bem-vindos (as) a nossa disciplina de
Botânica. Durante nossos estudos, vocês terão acesso a um mundo que se esconde aos
nossos olhos, pois por mais que vejamos as belezas exteriores das plantas, não imaginamos
o quanto são ainda mais surpreendentes diante de toda a complexidade que existe em seu
interior. As plantas apresentam uma infinidade de estruturas e de mecanismos aos quais
parecem nem mesmo acontecer, pois elas não são dinâmicas como os demais seres vivos
que se movimentam todo o tempo, mas, veremos o quanto elas realizam em silêncio.
Em nossa primeira unidade, vamos entender sobre os caminhos percorridos durante
todos os anos até que as plantas chegassem no status que apresentam hoje, tudo isso
graças a evolução. Para que tenhamos um melhor entendimento, precisamos conhecer
as plantas de dentro para fora, por isso vamos conhecer sobre sua estrutura celular, os
tecidos vegetais e apreciar um pouco sobre a fisiologia vegetal.
Durante a segunda unidade, adentraremos em três dos quatro grupos que existem
para classificar as plantas, sendo elas as briófitas, as pteridófitas e as gimnospermas, e
iremos conhecer as principais características que as definem além de entender sobre como
se reproduzem. Já na terceira unidade, vamos explorar o quarto e mais diversos grupos,
que são as angiospermas, e diante de todas as informações, iremos saber o porquê de
tamanha diversificação dessas plantas. Em nossa quarta e última unidade, vamos ver sobre
as interações entre o homem e as plantas, destacando o quanto nós somos dependentes
delas. Também será evidenciado como que a agronomia foi implementada e qual sua
importância para que nossa sociedade se tornasse como conhecemos hoje. Por fim, iremos
compreender mais sobre as aplicações biotecnológicas das plantas e todas as inovações
que elas oferecem para nós.
SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 4
Botânica

UNIDADE II.................................................................................................... 29
Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas

UNIDADE III................................................................................................... 55
Angiospermas

UNIDADE IV................................................................................................... 80
Aplicações
UNIDADE I
Botânica
Professora Cíntia Zani Fávaro Polonio

Plano de Estudo:
● Evolução das Plantas;
● Estrutura Celular;
● Tecidos Vegetais;
● Fisiologia das Plantas.

Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender a evolução das plantas
● Entender sobre as células vegetais e sua composição;
● Conceituar as funções das organelas;
● Conhecer os tecidos vegetais;
● Compreender de uma maneira geral a Fisiologia Vegetal.

4
INTRODUÇÃO

Olá alunos (as), sejam muito bem-vindos (as) a disciplina de Botânica! Em nossa
primeira unidade, vamos compreender mais sobre como as plantas evoluíram desde o
primórdio até apresentarem a grande diversidade de espécies que encontramos atualmente,
com as mais variadas formas, tamanhos, cores e nos mais diferentes ambientes.
Cada planta apresenta uma infinidade de funções, sistemas e uma complexidade
muito maior do que podemos ver enquanto contemplamos ela, porém, quando passamos
a conhecer profundamente toda a engrenagem existente para que uma planta seja da
maneira que ela é, entendemos a dimensão e o quanto são majestosas e imponentes, por
mais pequenas que possam ser.
Também vamos conhecer sobre as estruturas celulares presentes nas plantas e
entender que estão ali para desempenhar diversos processos importantes, permitindo com
que várias funções ocorram, pois elas são as engrenagens que não param. Isso é possível
por conta de várias peças que a compõe, sendo elas chamadas de organelas, e cada
uma delas desempenham um papel fundamental para a planta. Além disso, possuem uma
organela única que é chamada de cloroplasto, responsável pelo grande sucesso evolutivo
por esses organismos que fabricam seu próprio alimento, chamados de autótrofos, que é a
fotossíntese.
Essas células que possuem diversas funções específicas, quando se agrupam
formam os chamados tecidos vegetais. Vamos ver que nas plantas, existem os sistemas
de tecidos, agrupamentos maiores de células que são classificados em três grupos:
fundamental, dérmico e vascular. Cada um deles vão ser muito importantes para que a
planta tenha a estrutura e forma que podemos contemplar em nosso dia-a-dia. Portanto,
precisamos compreender essas características para que assim tenhamos todas as
ferramentas necessárias para abranger todos os grupos existentes entre as plantas, que se
diferem entre si por conta dessas características.
Sabendo disso, passamos para o próximo passo, que é compreender as funções
desempenhadas por cada estrutura, e nesse ponto iremos falar sobre a fisiologia vegetal.
Os hormônios que garantem o desenvolvimento da planta em vários níveis, a fotossíntese
importante para a produção da energia, a nutrição que é fundamental para o desenvolvimento
da planta, e outras diversas situações que vão garantir a planta todo o suporte para que se
desenvolva e cresça da melhor forma possível.

UNIDADE I Botânica 5
Nesse primeiro momento, vamos compreender o mais íntimo da planta para
que tenhamos todas as ferramentas necessárias e entender o todo. Por isso, nunca se
esqueçam de sempre buscar mais informações em locais seguros, tendo como guia nosso
material. Através da leitura e da exploração desse tema tão amplo e magnífico, que sempre
terá muito a ser compreendido, você terá o que precisa para aprender muito sobre o mundo
das Plantas.

UNIDADE I Botânica 6
1. EVOLUÇÃO DAS PLANTAS

As plantas são essenciais para os seres humanos e permeiam suas vidas das
mais diversas formas como sendo fonte de alimento, de renda, utilizada medicinalmente
e na ornamentação como alguns exemplos. Mas o seu papel vai muito além disso, elas
são importantes para que o equilíbrio do nosso meio ambiente ocorra, e através dos ciclos
biogeoquímicos, que são processos que ocorrem na natureza para a manutenção de
diversos elementos como a água, o nitrogênio, oxigênio e carbono, da fotossíntese e até
mesmo na formação dos solos através das interações existentes entre ambos, as plantas
modificam e moldam ambientes (CLARKE; WARNOKE e DONOGHUE, 2011).
Mas, para que tudo isso que vivemos no presente acontecesse, houve uma longa
jornada evolutiva, com diversas mudanças e aperfeiçoamentos por parte das plantas.
O início de tudo é alvo de muitas teorias que são desenvolvidas com base em muitas
informações relacionadas com o caos inicial de nosso planeta, em que muitas interações
entre gases, moléculas orgânicas, descargas elétricas em forma de relâmpagos, chuva
foram se acumulando no decorrer do tempo nas águas dos oceanos, e então as moléculas
ali presentes foram se agrupando por afinidade até formarem pequenos moldes para que
as células primárias fossem formadas, as chamadas microsferas de proteinoides. Alguns
estudos ainda apontam que essas moléculas podem ter sido fonte de energia para as
formas de vida iniciais, sendo que a energia é crucial para que um organismo possa conduzir
variadas ações, entre elas se reproduzir, passando adiante todas as características que
foram adquirindo conforme evoluíram.

UNIDADE I Botânica 7
A endossimbiose primária foi o primeiro passo para que os cloroplastos surgissem.
Nesse processo, um organismo eucarioto (que já possui um núcleo delimitado por uma
membrana) engloba um endossimbionte, que no caso das plantas seria uma cianobactéria
procarionte (sem núcleo delimitado), que foram os primeiros organismos a realizarem
fotossíntese. Mesmo estando dentro de outra célula, ambos formaram uma relação cujo
todos se beneficiaram, resultando no estabelecimento e proliferação dessa informação para
as demais gerações. Esses organismos que continham agora continham um cloroplasto
passaram a desenvolver a capacidade de capturar a luz solar, e transformá-la em energia,
se tornando assim seres autotróficos. Estudos complementares indicam que essa primeira
endossimbiose ocorreu em algas verdes, vermelhas e nas glaucótitas (MAGALHÃES e
NAUER, 2018, RAVEN; EVERT e EICHHORN, 2014).
Analises filogenéticas que utilizam caracteres genéticos, indicam que as plantas
evoluíram a partir de algas streptophytas (Figura 1). Essas mudanças que ocorreram para que
a grande diversidade que conhecemos pudesse acontecer, foram possíveis por processos
que mudavam as informações a partir da alteração de sequências dos nucleotídeos, no
número de cromossomos ou ainda em sua estruturação, sendo denominadas de mutações.
Quando as plantas terrestres surgem, existem indícios de que ocorreu também um aumento
de maneira gradual dos níveis de Oxigênio (O2) e a redução de dióxido de Carbono (CO2),
culminando no resfriamento do planeta (VRIES e ARCHIBALD, 2018; VEASEY et al. 2011).

FIGURA 1 – ALGAS VERDES SIMILARES AS STREPTOPHYTAS

UNIDADE I Botânica 8
A evolução é muito importante, pois é por meio dela que podemos compreender o
presente. Assim como a história conta o passado da humanidade, a evolução conta como
que as plantas evoluíram até que conquistasse todos os tipos de ambientes, as mais diversas
formas, tamanhos, maneiras de se reproduzirem e até mesmo de interagir entre si e com
tudo o que está ao seu redor, além de compreender também as classificações que iremos
ver durante os nossos estudos na Botânica. Embora nosso foco não esteja na evolução
em si, é fundamental que tenhamos esse conhecimento básico para que então todo o
nosso estudo tenha uma sequência que fará com que todas as informações futuras sejam
compreendidas. Então, como vimos, por meio do processo evolutivo surgiram células que
continham novas estruturações, sendo uma delas o cloroplasto. A partir de agora, vamos
conhecer toda maquinaria existente dentro de uma célula vegetal, compreendendo as
funções de cada uma delas e também qual a sua importância, mesmo sendo tão pequena,
para que o todo aconteça.

UNIDADE I Botânica 9
2. ESTRUTURA CELULAR

A célula é classificada como sendo procarióticas, sem envoltório nuclear e que


ocorre nas bactérias, e eucarióticas, quando o núcleo é organizado, separando o material
genético das demais estruturas. Dentre as plantas, existe um número de diversidade
celular menor do que em outros organismos, contudo, elas são altamente especializadas
para desempenhar funções que serão importantes para a planta como um todo. Elas são
organizadas de acordo com os tecidos que serão componentes, sendo eles classificados
em três grupos: tecidos vasculares, de sustentação e dérmicos. Vamos entender um pouco
sobre as diferenças entre elas para então, conhecermos a estrutura como um todo da
célula vegetal.
Os tecidos vasculares são aqueles constituídos por células alongadas variadas,
que irão compor os vasos condutores (xilema e floema) responsáveis pelo transporte de
nutrientes e de água pela planta toda. Nos tecidos de sustentação, existem três tipos
de células presentes, as células do parênquima, do esclerênquima e as células do
colênquima, tendo como principal característica a parede celular mais espessa, fornecendo
assim a sustentação estrutural da planta. E por último, os tecidos dérmicos, que são
compostos por células epidérmicas, revestindo a planta como uma camada protetora, e
que irá permitir a absorção dos mais variados nutrientes (COOPER e HAUSMAN, 2016).

UNIDADE I Botânica 10
2.1 Compreendendo a célula vegetal
A célula vegetal é composta por diversas estruturas, e cada uma desempenha
funções importantes e vitais para o desenvolvimento da planta. Como podemos observar na
Figura 2, diversas são as estruturas que compõem uma célula, e agora, vamos compreender
sobre as suas funções para dessa maneira entender o quanto ela é fundamental.

FIGURA 2 - ESTRUTURAS DE UMA CÉLULA VEGETAL

Fonte: Cooper e Hausman (2016, p. 11).

● Parede Celular: essa estrutura envolve o conteúdo celular, que chamamos de


protoplasto (contém o citoplasma e o núcleo). Não é rígida, assim como também
não é muito fluída, mas que molda e da forma a célula, passando a ser denominado
de exoesqueleto de celulose. Existe um endoesqueleto que é chamado de
citoesqueleto, que contém filamentos de actina e microtubos, sendo que ainda
nas plantas existe um citoesqueleto adicional nos plastídeos. Nessa estrutura,
existem canais que as atravessam e ligam as células umas às outras, os chamados
plasmodesmos.

● Citoplasma: é o local em que estão imersas as organelas, tem consistência


gelatinosa, que é o plasma fundamental, cujo também é mantido o chamado
meio iônico, com bombas de íons que consomem energia em forma de ATP
(Adenosina-Trifosfato), equilibrando o pH do citoplasma, tornando-o ideal para que
todas as reações metabólicas, como por exemplo a síntese de proteínas, ocorram
adequadamente.

UNIDADE I Botânica 11
● Membranas plasmáticas: envolvem o protoplasto em seu interior, e ela apresenta
uma característica muito relevante que é a seletividade, permitindo passar moléculas
não carregadas e água, e excluindo outras substâncias não necessárias. Essa ação
é realizada pelas proteínas de transporte que estão presentes em sua composição.

Agora, iremos conhecer as organelas, que são as peças fundamentais para o


funcionamento da célula através das funções que cada uma desempenha.

● Ribossomos: são pequenas partículas, compostas por subunidade maior e


subunidade menor, que podem estar dispersas no citoplasma ou agregadas ao
retículo endoplasmático rugoso, que são ribossomos reunidos chamados de
polissomos. Eles são complexos ribonucleoproteico, locais em que ocorrem as
biossínteses das proteínas e ainda contém RNA.

● Retículos Endoplasmáticos: podem ser classificados em dois tipos, um deles


é denominado Retículo Endoplasmático Rugoso, e são complexos parecidos com
“sacos achatados”, as cisternas, local onde as proteínas são armazenadas. Já a
organela que secreta lipídios é chamada de Retículo Endoplasmático Liso (sem
polissomos), e tem um formato mais tubular.

● Complexo de Golgi: estão organizadas em pilhas pequenas de “bolsas”, deno-


minados cisternas de Golgi, local em que são recebidos os produtos advindos do
Retículo Endoplasmático Rugoso.

● Vacúolos: são grandes compartimentos com formato arredondado, e armazena


grande parte do suco celular, além de substâncias que precisam ser armazenadas,
pigmentos, metabólitos secundários, produtos tóxicos e resíduos.

● Peroxissomos: vesículas que contém em seu interior enzimas capazes de


degradar o peroxido de hidrogênio resultante de reações metabólicas.

● Cloroplastos são compostos por numerosas cisternas que contém clorofila e


carotenoides. Nesse local é cujo ocorre a fotossíntese, através da conversão da
energia advinda do sol em energia química, sendo que um dos produtos gerados
através desse processo é o ATP (Adenosina Trifosfato), fundamental para que a
célula funcione de maneira eficaz.

UNIDADE I Botânica 12
● Mitocôndrias: são responsáveis pela respiração celular, e possui as chamadas
cristas, que são dobras presentes na membrana interna, aumentando assim o
local onde as enzimas estarão presentes, e consequentemente todas as reações
referentes a elas.

● Núcleo: é a maior das organelas, possui um duplo envoltório que contém poros,
mas seu interior é livre para que todo o material genético esteja armazenado ali.
Também estão presentes os nucléolos, em que são constituídos os precursores
de ribossomos (RAVEN; EVERT e EICHHORN, 2014; BRESINSKY et al., 2012).

Depois de compreendermos um pouco mais sobre a estrutura de uma célula vegetal,


vamos ver o que acontece quando elas se organizam e, através de suas especialidades,
constituam os tecidos vegetais.

UNIDADE I Botânica 13
3. TECIDOS VEGETAIS

Quando as células se associam entre si de diferentes maneiras, formam estruturas


especializadas e funcionais, que denominados por Tecidos. Essas organizações são
diversas, mas nas plantas vasculares (que apresentam vasos condutores) algumas delas
se sobrepõem e podem ser visíveis. Esses sistemas de tecidos são classificados em três
grupos que são muito bem evidenciados nas raízes, caule e folhas (Figura 2). Mas, para que
esses sistemas sejam desenvolvidos enquanto a planta ainda é um embrião, inicialmente
são antecedidos pelos meristemas primários: prododerme, procâmbio e meristema
fundamental, respectivamente originando os sistemas dérmico, vascular e fundamental
(sustentação), que vamos conhecer agora.
FIGURA 3 - TIPOS DE TECIDOS VEGETAIS

UNIDADE I Botânica 14
No Sistema Dérmico estão agrupados os tecidos da epiderme, que reveste o corpo
externo da planta em seu crescimento primário, e depois no crescimento secundário em
que é denominado de periderme. A epiderme (Figura 4) reveste folhas, frutos, sementes e
partes das flores. Em raízes e caule elas estão presentes até que seu crescimento alcance o
segundo estágio. A disposição das células que compõem os tecidos da epiderme ocorre de
maneira compacta, o que garante uma proteção de ações mecânicas. Nas partes aéreas,
essas células possuem uma camada que recobre sua parede celular, que é a cutícula, e
seu principal papel é garantir uma menor perca de água pelas folhas. Um dos principais
constituintes da cutícula é a cera, que garante o aspecto mais brilhante nos frutos e nas folhas.
Uma das características mais interessantes é que a epiderme possui uma sensibilidade de
perceber a presença e a ausência da luz, controlando os movimentos relacionados ao ciclo
circadiano existente na planta, e assim, quando a fotossíntese ocorrerá.

FIGURA 4 – EPIDERME

Outra célula que compõe esse sistema, são as células-guarda (Figura 5) que
regulam os estômatos (estruturas que regulam as trocas gasosas) que se apresentam em
maior abundancia na parte aérea da planta.

UNIDADE I Botânica 15
FIGURA 5 - CÉLULAS-GUARDA

O Sistema Vascular (Figura 6) é composto pelos tecidos condutores, o xilema e o


floema. O xilema é o responsável pelo transporte de água e sais minerais, além de estar
relacionado com a sustentação e o armazenamento de algumas substâncias. As células
que se destacam na composição do xilema são os elementos traqueais, sendo divididos
em elementos de vaso que apresentam perfurações e os traqueídes, células alongadas
que possuem pontuações em suas paredes. O floema é o tecido que conduz substâncias
orgânicas como hormônios, aminoácidos, lipídios e sacarose, além do transporte de
moléculas sinalizadoras, fundamentais para que todas as informações necessárias se
desloquem de um ponto a outro na planta. As células que o compõe em sua grande maioria
são os elementos crivados, composto pelas células crivadas e pelos elementos de tubo
crivado, e possuem esse nome pois apresentam um conjunto de poros denominados por
área crivada, e elas se diferenciam em plantas sem sementes (gimnospermas) e com
sementes (angiospermas), pois nas plantas sem sementes as células crivadas são as
únicas que conduzem as substâncias orgânicas, enquanto que nas plantas com sementes
são encontrados apenas os tubos crivados, que são mais especializadas. Associadas as
células crivadas estão as células albuminosas e aos tubos crivados, estão relacionadas
as células companheiras, que aparentemente possuem a função de nutrir os elementos
crivados (SILVEIRA, 2004).

UNIDADE I Botânica 16
FIGURA 6 – VASOS CONDUTORES PRESENTES NAS PLANTAS

Os Tecidos Fundamentais (sustentação) são compostos por três tipos, o parênquima,


o esclerênquima e o colênquima. O parênquima (Figura 7) é o tecido mais predominante
dentre os três, possuindo diversas formas e tamanhos, estando presente desde o corpo
primário da planta. Essas células podem possuir apenas uma parede primária, sendo que
nesses casos são extremamente importantes para a cicatrização e na regeneração, assim
como são responsáveis pela origem das raízes adventícias (que nascem nos caules por
exemplo). Além disso, elas apresentam a capacidade de totipotencia, quando as células
apresentam a capacidade de se transformarem em células embrionárias, capazes de
originarem uma nova planta inteira. Também, são capazes de transportar substâncias
nutritivas e movimentar a água, até mesmo especializando-se em algumas plantas
Cactaceas, para reserva da mesma.

UNIDADE I Botânica 17
FIGURA 7 – PARÊNQUIMA EM PERSPECTIVA LONGITUDINAL E TRANSVERSAL

As células que compõem o esclerênquima (Figura 8) podem se desenvolver


em qualquer local da planta, tanto em seu corpo primário quanto no secundário, e como
característica principal possui a presença de parede celular secundária, muito espessa
e constituída por lignina, o que as configura como sendo de extrema importância para a
resistência e a sustentação em locais em que o alongamento já não ocorre mais. Essas
células podem ser classificadas como esclereides, quando possuem formas diversificadas e
as ramificadas, mais curtas, sendo frequentemente encontradas nos envoltórios de cascas
de algumas oleaginosas como as nozes ou no caroço da azeitona como exemplos. As
fibras são outro tipo de células, mais alongadas e afiladas, dispostas em feixes.

UNIDADE I Botânica 18
FIGURA 8 – ESCLERÊNQUIMA EM PERSPECTIVA LONGITUDINAL E TRANSVERSSAL

O colênquima (Figura 9) possui células alongadas que contém paredes primárias,


espessas, mas de maneira desigual e sem lignina, flexíveis e macias. Esse tecido é encontrado
nas proximidades das nervuras em folhas, nos pecíolos e nos caules, sendo que no corpo
primário da planta se adapta para que haja uma sustentação, conferindo flexibilidade para
que o desenvolvimento da planta ocorra. Elas estão presentes principalmente em tecidos
jovens e que estão permanecerão durante o seu desenvolvimento (RAVEN; EVERT e
EICHHORN, 2014).

FIGURA 9 - COLÊNQUIMA EM PERSPECTIVA LONGITUDINAL E TRANSVERSSAL

UNIDADE I Botânica 19
4. FISIOLOGIA DAS PLANTAS

4.1 Fisiologia Vegetal


Aprendemos sobre as células vegetais e que quando se organizam entre si formam
estruturas as quais chamamos de tecidos, sendo que sua disposição é a base para a formação
dos órgãos, que nas plantas são as raízes, caule e folhas. Todos esses componentes vão
ser responsáveis por funções que serão importantes para o desenvolvimento da planta,
como as trocas gasosas, a fotossíntese, a expressão gênica, entre outros diversos. Essas
ações são enquadradas na chamada fisiologia, e agora vamos descobrir um pouco mais
sobre ela, para que dessa forma possamos compreender todas as nuances da botânica.
Para que a planta cresça, são necessários alguns elementos, como os minerais,
a luz solar, a água e do dióxido de carbono presente no ar. Tudo isso permite com que
ela se desenvolva de maneira efetiva e não apenas em massa e tamanho, mas também
se diferenciando por meio de suas células, tecidos e órgãos. Tudo isso se deve pelas
interações que a planta realiza, tanto por fatores externos quanto por fatores internos.
A fisiologia está associada a diversas reações, que podem estar relacionadas ao
metabolismo por meio da assimilação de nitrato e sulfato, e após, seu transporte através
do floema para toda planta; o ganho energético através da decomposição de carboidratos
– glicólise, respiração celular e fermentação; a formação de lipídeos de reserva e
estruturais, sua mobilização e reserva; a fabricação de metabólitos secundários – possuem
características que podem inibir predadores ou atrair polinizadores; a nutrição mineral que
garante o desenvolvimento e a propagação das plantas; as relações hídricas, importantes

UNIDADE I Botânica 20
para que diversos mecanismos aconteçam e principalmente regulando o crescimento da
planta, tendo em vista que a agua é grande parte de seu componente; a fotossíntese que
é crucial para que a planta, através da sintetização de compostos orgânicos utilizando a
energia solar, seja caracterizada como autótrofa (produz seu próprio alimento) como já
mencionado.

FIGURA 10- FOTOSSÍNTESE E RESPIRAÇÃO CELULAR.

A fisiologia está relacionada também ao desenvolvimento, através da diferenciação e


do crescimento, que acontecem através de sinais químicos que são chamados de hormônios.
Eles podem ser produzidos em tecidos específicos, mas são transportados para os demais
que irão gerar respostas fisiológicas altamente especificas, mas também podem ser utilizados
nos mesmos tecidos em que são produzidos. Os principais hormônios vegetais são a auxina,
o etileno, o ácido abscísico, as giberelinas e as citocininas (Tabela 1).

UNIDADE I Botânica 21
TABELA 1- PRINCIPAIS HORMÔNIOS VEGETAIS, ORIGEM, LOCAL DE SÍNTESE,
COMO SÃO TRANSPORTADOS E QUAIS SUAS PROPRIEDADES

UNIDADE I Botânica 22
Fonte: Raven, Evert e Eichhorn. (2014, p. 1.195).

Todas essas reações que ocorrem na planta são altamente complexas, com
inúmeras reações e envolvem diversas interações que são minimamente detalhadas na
disciplina de Fisiologia Vegetal. Aqui, pudemos compreender de maneira mais superficial,
algumas das atividades que serão muito evidenciadas na disciplina de Botânica.

UNIDADE I Botânica 23
SAIBA MAIS

Para que possamos estar cada vez mais atualizados e agregar cada vez mais informações
relevantes ao nosso conhecimento relacionado tanto a Botânica quanto aos demais
assuntos, é importante que saibamos onde buscar. Por isso, vamos conhecer o Google
Acadêmico, uma plataforma em que você terá acesso aos mais diversos trabalhos de
relevância e fonte segura.

Acesso o site pelo seguinte link: https://scholar.google.com.br/?hl=pt

REFLITA

As plantas possuem muitas características similares, tanto em sua composição celular


quanto em suas funções fisiológicas. Contudo, elas podem se adaptar ou não aos mais
diversos ambientes, desde o mais árido até mesmo na água. Isso se deve a toda a
história evolutiva, onde seus descendentes tiveram que se adequar as adversidades que
lhes eram conferidas, e assim, todas as estruturas necessárias para a sua sobrevivência
foram repassadas pelo seu material genético.

Fonte: A autora (2022).

UNIDADE I Botânica 24
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após adquirirmos alguns conceitos básicos, podemos compreender um pouco mais


sobre como as plantas conseguem se desenvolver. Vimos nesta primeira unidade como
que uma célula pode ser capaz de realizar diversas funções, graças as organelas que a
compõe. Mas, também conhecemos um pouco sobre a trajetória da célula até que ela se
tornasse parte de um ser vivo, algo que levou milhares de anos para que fosse possível,
por meio de muitas interações e adaptações que quando bem-sucedidas se mantiveram e
perpetuaram para as novas gerações.
Diante das diferenciações que foram acontecendo, graças as mutações, novas
formas foram tomando e a diversificação foi se constituindo até o ponto em que novos
organismos surgiram. Por meio de uma célula microscópica, a imensidão pode ser vista,
com toda a sua maquinaria que exerce atividades a todo o momento, mas que nós nem
nos damos conta. Sem essa silenciosa e minúscula, porém frenética e intensa nada teria
acontecido. E quando elas se unem, formam algo ainda mais grandioso, que são os tecidos,
tomando uma dimensão muito maior e com mais especialidades fundamentais para a
sobrevivência da planta, sendo base para a proteção, para a nutrição e para a sustentação.
A formação dos órgãos é o ápice dessa escala que conhecemos até o momento, e que
podemos contemplar como sendo as raízes, caules e folhas. Então, a fisiologia nos permite
compreender mais sobre todas as funções que ocorrem no interior da planta para que seja
realizada a manutenção de toda a sua estrutura.
Vimos de maneira sucinta um pouco da composição das plantas de uma maneira geral
para que possamos nos aprofundar na diversidade existente dentro da botânica, mas há muito
além disso, por isso ressalto mais uma vez, se apropriem do conhecimento através da leitura e
da aquisição de informações em locais confiáveis. Bons estudos e até a próxima unidade.

UNIDADE I Botânica 25
LEITURA COMPLEMENTAR
Para que possamos nos aprofundar e compreender mais sobre a Fisiologia
das Plantas, vamos realizar a leitura de alguns trabalhos que nos evidenciam de
maneira detalhada sobre alguns dos pontos mais importantes para o desenvolvimento
e proteção da planta: a produção de Metabólitos secundários, a Fotossíntese e a
Nutrição Mineral.
Já parou para pensar como uma planta pode se defender de seus inimigos
naturais, competir com as outras plantas pelos recursos que precisam, enfrentar
situações que afetam sua sanidade, sendo que elas não conseguem se movimentar
e buscar por proteção ou recursos? Essa resposta vem através dos Metabólitos
Secundários, e vamos conhecer mais sobre esse fascinante recurso que as plantas
utilizam para garantir sua sobrevivência.

Fonte: VIZZOTTO, Márcia; KROLOW, A. C. R.; WEBER, Gisele Eva Bruch. Meta-
bólitos secundários encontrados em plantas e sua importância. Embrapa Clima Tempera-
do-Documentos (INFOTECA-E), 2010.

Link de acesso:
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/886074/1/documento316.pdf

A Fotossíntese, como vimos em nossos estudos, foi a mais importante evolução que
ocorreu em células vegetais, garantindo que as mesmas produzam seu próprio alimento.
Contudo, para que isso aconteça, existe uma séria de etapas com diversos mecanismos, e
são todos esses detalhes que vamos conhecer com a leitura do artigo abaixo.

Fonte: KLUGE, Ricardo Alfredo; TEZOTTO-ULIANA, Jaqueline V.; SILVA, Paula P.


M. da. Aspectos fisiológicos e ambientais da fotossíntese. Revista virtual de química, v. 7,
n. 1, p. 56-73, 2015.

Link de acesso: https://rvq-sub.sbq.org.br/index.php/rvq/article/view/996/531

A Nutrição mineral é importante para que diversos mecanismos aconteçam, e


assim, o funcionamento dos componentes de uma planta não sejam comprometidos. Para
compreender um pouco mais sobre esses minerais, vamos realizar a leitura do artigo abaixo.

UNIDADE I Botânica 26
Fonte:
COSTA, Alexandra. Nutrição mineral em plantas vasculares. Escola de Ciência e
Tecnologia da Universidade de Évora. Portugal, 2014.
Link de acesso: https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/12007/1/NUTRI%-
c3%87%c3%83O%20MINERAL%20DAS%20PLANTAS%20VASCULARES.pdf

UNIDADE I Botânica 27
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Tratado de Botânica de Strasburger
Autor: Andreas Bresinsky et al.
Editora: Artmed
Sinopse: Neste livro é possível compreender de maneira
aprofundada sobre as células vegetais e suas organelas, com
detalhamento de todas as atividades executaras por elas. Os
processos relacionados com a Fisiologia são muito bem discutidos
com todas as funções e como ocorrem.

FILME/VÍDEO 1
Título: Como surgiram as plantas (fotossíntese)
Ano: 2020.
Sinopse: Nesse vídeo é possível compreender sobre como a
fotossíntese contribui para que o planeta Terra fosse habitat de
tantas vidas. Aqui, será possível entender como esse processo tão
complexo e importante iniciou e revolucionou tudo.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=b9sfQZrK8jQ

FILME/VÍDEO 2
Título: De onde vem as células (eucariotos)
Ano: 2019.
Sinopse: Breve histórico de como as células eucarióticas (com
envoltório nuclear) foram constituídas. Nesse vídeo é possível
aprofundar mais no assunto Evolução, de uma maneira dinâmica
e de fácil entendimento.
Link de acesso: youtube.com/watch?v=vSpsk4F3muU

UNIDADE I Botânica 28
UNIDADE II
Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e
Gimnospermas
Professora Mestra Cíntia Zani Fávaro Polonio

Plano de Estudo:
● Briófitas – Características gerais e ciclo reprodutivo;
● Pteridófitas – Características gerais e ciclo reprodutivo;
● A evolução das sementes;
● Gimnospermas – Características gerais e ciclo reprodutivo.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar as sementes;
● Compreender os grupos de plantas: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas;
● Estabelecer a importância desses grupos e das sementes.

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INTRODUÇÃO

Olá alunos (as), sejam bem-vindos (as) a nossa segunda unidade da disciplina de Bo-
tânica! Em nossa unidade anterior, compreendemos diversos conceitos essenciais para que
possamos nos aprofundar nos grupos de plantas existentes. Ao todo, são quatro categorias
que englobam plantas com características similares, sendo elas as: Briófitas, Pteridófitas,
Gimnospermas e Angiospermas. Em um primeiro momento, vamos conhecer mais sobre
os três primeiros grupos, como é a composição de cada uma, como elas se reproduzem e
todos os atributos que as classificam como sendo pertencentes a essas classes.
As briófitas são consideradas, através dos estudos evolutivos, muito similares
as primeiras plantas existentes no planeta Terra, o que evidencia sua grande importância
na compreensão de como ocorreram todas as adaptações necessárias para que novas
características fossem surgindo e assim, pudessem delinear todo o curso evolutivo que garantiu
a grande diversidade presente em todos os locais possíveis. As pteridófitas se destacam
por serem as primeiras a apresentarem o aparecimento dos vasos condutores, o xilema e o
floema, e são consideradas o segundo grupo diante da escala evolutiva, permitindo com que
pudessem atingir tamanhos muito maiores do que as briófitas. Pensando nessa sequência,
precisamos nos aprofundar e conhecer mais sobre o surgimento das sementes, que ocorre
a partir das plantas agrupadas como gimnospermas. Essa característica é um divisor de
águas no modelo reprodutivo das plantas, que será totalmente diferente das briófitas e das
pteridófitas. Já as angiospermas serão apresentadas a vocês em nossa próxima unidade,
tendo em vista as muitas mudanças evolutivas apresentadas por esse grupo.
Esses grupos são ainda classificados como criptógamas e fanerógamas. As
criptógamas são assim denominadas pois não apresentam estruturas reprodutivas de
maneira visível, sendo possível sua visualização apenas com o auxílio de microscópio,
sendo chamados de vegetais intermediários, e seus representantes são as briófitas e as
pteridófitas. Já as fanerógamas apresentam suas estruturas reprodutivas muito aparentes,
e são chamadas de vegetais superiores, e nessa classificação estão presentes as
gimnospermas e angiospermas.

UNIDADE II
I Diversidade:
Botânica Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas 30
Sendo assim, vamos agora conhecer mais sobre esses três grupos de plantas
e todas as suas características. Nos aprofundar nesses aspectos é importante para que
possamos compreender sobre a diversidade, o papel ecológico e como podemos utilizar
essas plantas de maneira consciente e sustentável, para contribuir com a humanidade
sem impactar de maneira negativa nosso ecossistema. As plantas são essenciais para o
equilíbrio da natureza, e podem apresentar soluções para diversos problemas existentes,
por isso precisamos ter a consciência de como devem ser utilizadas e preservadas, sem
que ocorram explorações desenfreadas e que podem ser irreversíveis, causando grandes
danos ao planeta como um todo.

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Botânica Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas 31
1. BRIÓFITAS - CARACTERÍSTICAS GERAIS E CICLO REPRODUTIVO

1.1 Briófitas – Características gerais e ciclo reprodutivo


As briófitas são também conhecidas como plantas talosas (não é possível diferenciar
o cauloide do folóide - vamos conhecer esses conceitos em breve) ou folhosas (apresentam
uma estrutura diferenciada com caules e folhas não verdadeiras). Essas plantas possuem
uma importância muito grande, pois armazenam uma quantidade muito significativa de
gás carbônico, apresentando um papel fundamental no ciclo do carbono. Existem também
algumas plantas que apresentam propriedades antibióticas, como a briófita hepática
Marchantia polymorpha, e outras plantas consideradas medicinais.
Existem evidências que apontam semelhanças entre as briófitas e as primeiras
plantas a aparecerem no planeta. Características como a retenção de água que pode ser
até 12 vezes maior do que o peso seco dessas plantas, permitem com que a germinação
de sementes que caem em solos em que as briófitas estão presentes, isso porque o
processo de germinação, que será elucidado ainda neste capítulo, em sua grande maioria
necessita da presença de água. Esse pode ter sido um dos requisitos fundamentais
para o desenvolvimento e a diversificação das plantas superiores. Ainda, através dessa
característica advém um papel ecológico, pois através dessa absorção de água há um
retardo no processo erosivo dos solos, podendo ser utilizada em locais onde tal evento
ocorra ou que tenham características favoráveis a ele como solos argilosos e arenosos.

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A característica que agrupa essas plantas é por serem avasculares, ou seja, elas
não possuem os vasos condutores – xilema e floema, e por conta disso apresentam um
tamanho reduzido, atingindo o máximo de 30 centímetros. Contudo, elas apresentam
estruturas em suas células que permitem a condução de água e nutrientes que são os
plasmodesmos, composto por um desmotúbolo. A sua morfologia é constituída por fílidios –
semelhante as folhas; caulídeos – semelhante aos caules e rizoides – semelhante a raízes.
A seta é importante pois eleva a cápsula (armazena os esporos) para que os esporos
possam ser dispersos de maneira mais eficaz (CHAN et al., 2022).

FIGURA 1 – ESTRUTURA BÁSICA DAS BRIÓFITAS

A reprodução sexuada (quando há a formação de um zigoto a partir da fecundação


de um gameta feminino por um gameta masculino) também é diferenciada, pois ela depende
da água para acontecer. Isso porque o gameta masculino, denominado por anterozoide
(produzido no órgão anterídio) possui um flagelo em sua estrutura, e sua locomoção precisa
ser no ambiente aquático. O gameta feminino das briófitas se chama oosfera (produzido
no órgão arquegônio), quando se unem, formam um zigoto que irá se multiplicar e formar
os esporófitos. Essa primeira fase é denominada por haplodiplobionte pois cada gameta
possui a metade do número de cromossomos (haploides) e ocorre de maneira independente.
Assim que isso ocorre, a próxima fase se inicia, sendo chamada de esporofítica, com
a união dos gametas, o zigoto terá o número total de cromossomos necessários para o
desenvolvimento (diploide), essa mudança de fases se chama alternância de geração.

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FIGURA 2- CICLO REPRODUTIVO DAS BRIÓFITAS

Sua distribuição ocorre em diversos locais do mundo, tendo preferência por locais
úmidos e com sombra, em muros de casas que tenham essa condição por exemplo são
muito comuns, mas também em locais de altitude muito elevada, até mesmo em baixíssimas
temperaturas, demonstrando o quanto podem ser adaptáveis aos mais diversos locais.
Existem cerca de 20.000 espécies de briófitas em todos o mundo, que são
distribuídos em três grupos, sendo eles: os Antóceros, as Hepáticas e os Musgos. Vamos
compreender mais sobre as características que diferenciam essas plantas.

1.2 Antóceros (Anthocerotophyta)


Esse grupo é constituído por aproximadamente 300 espécies distribuídas em
11 gêneros. São multilobados e talosos, sendo que seu esporófito é permanente com
crescimento que não cessa, além do mais, não apresentam as setas. A característica
que evidência esse grupo é a morfologia dos esporos, que apresenta uma ornamentação
diferenciada dos demais.

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FIGURA 3 - ANTÓCEROS

1.3 Hepáticas (Marchantiophyta)


Essas plantas apresentam tamanhos pequenos e esse nome, hepática, remete a
semelhanças entre o gametófito com a forma de fígado. Existem aproximadamente 5.200
espécies, com três tipos principais e que são agrupadas de acordo com suas estruturas
em dois clados. Em um deles, estão as hepáticas talosas simples e folhosas e o outro são
as hepáticas talosas complexas com diferenças nos tecidos internos, e seus talos crescem
paralelos ao solo.

FIGURA 4 - HEPÁTICAS

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1.4 Musgos (Bryophyta)
Essa é a maior classe das briófitas, com mais de 10.000 espécies divididas em três
grupos que possuem estruturas de formas, gametófitos e tamanhos variados, sendo eles:
Andreaidae (musgos-de-granito); Brydiae (musgos verdadeiros) e Sphagnidae (musgos-
de-turfeira).

FIGURA 5 - MUSGOS

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2. PTERIDÓFITAS - CARACTERÍSTICAS GERAIS E CICLO REPRODUTIVO

2.1 Pteridófitas – Características gerais e ciclo reprodutivo


Essas plantas, diferentemente das briófitas, apresentam vasos condutores (xilema
e floema), mas não possuem sementes, frutos e flores. Atualmente, a nomenclatura
Pteridófita não é difundida no âmbito científico, pois, para fins de organização existem
parâmetros relacionados a evolução. Esse grupo de plantas é considerado parafilético,
isso significa que elas não possuem um ancestral comum (monofilético), dessa forma,
atualmente são denominadas por Licófitas e Samambaias. Contudo, como essa é uma
mudança relativamente nova, vamos tratar em nossos estudos como sendo Pteridófitas,
mas sabendo que existe uma nova denominação.
A distribuição geográfica dessas plantas ocorre em praticamente todos os ambientes,
contudo, conforme a área está mais próxima aos trópicos há um aumento muito grande na
diversidade de espécies em comparação com outros locais onde elas estão presentes.
Uma grande diferenciação entre essas plantas e as briófitas, é o surgimento dos vasos
condutores, xilema e floema, o que permite uma nova dinâmica de distribuição tanto dos
nutrientes, quanto de outras substâncias por toda a planta.
As plantas mais conhecidas deste grupo são as avencas, licopódios, samambaias e
cavalinhas, sendo esta última considerada um “fóssil vivo”, pois são extremamente antigas e
praticamente não se modificaram durante o processo evolutivo. A morfologia das samambaias
e das licófitas se baseiam em raiz, folhas (frondes) e rizoma (caules), mas possuem diferenças
entre si que serão destacadas nos tópicos referentes a cada uma delas.

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Como já vimos, quanto a distribuição ambiental, ambas podem ser encontradas nos mais
diversos tipos de clima, dando preferência a locais em que se tenha acesso facilitado a água.
O ciclo reprodutivo de ambas é semelhante, o que as diferencia é o posicionamento
dos esporângios – licófitas apresentam entre o caule e as folhas (axila) e as samambaias
apresentam um aglomerado desses esporângios os quais chamamos de soros, embaixo
de sua folha (Figura 6).

FIGURA 6 - CONJUNTO DE ESPORÂNGIOS (SOROS) EM SAMAMBAIAS

A reprodução em samambaias e licófitas é sexuada (envolve troca de gametas) e


ocorre de maneira diplobionte a partir da alternância de geração, com uma fase gametofítica
e outra fase esporofítica. O esporófito, que é a estrutura formada da planta, quando madura
produz os esporângios que contém em seu interior os esporos, e essas “bolsas” possuem
uma estrutura chamada de ânulo (células que formam uma linha espessa). Quando há uma
mudança climática relacionada com a umidade, essas células se comprimem pela falta de
água, e então são rompidas, liberando os esporos que serão distribuídos pela ação dos
ventos, e poderão germinar quando o ambiente apresentar as características propícias,
formando o protalo que ao se desenvolver se tornará o gametófito. Esses gametófitos
possui um tamanho pequeno e contém as estruturas sexuais (Femininos- arquegônio que

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produz as oosferas (n). Masculino- anterozoide que produz os anterozoides (n)), podendo
apresentar ambas estruturas ou apresentar apenas uma delas. Essa fase é chamada
gametofítica, pois envolvem os gametas e necessita de água para ser bem-sucedida, isso
porque os anterozoides possuem flagelos que permitem sua locomoção até atingir a oosfera.
Quando a fecundação acontece, forma-se o zigoto (2n), e o gametófito permanecerá até
que as primeiras folhas se desenvolvam e depois morre. O zigoto passa por diversas
divisões mitóticas forma um novo esporófito composto por raiz, folhas e rizomas.

FIGURA 7 - CICLO REPRODUTIVO LICÓFITAS E SAMAMBAIAS

Algumas plantas podem apresentar reprodução assexuada por meio da propagação


vegetativa ou por apomixia. A propagação vegetativa ocorre através da formação de
gemas que se desenvolvem e originam uma nova planta idêntica a planta mãe, e quando
são dispersas no solo tornam-se independentes e se desenvolvem. Já a apomixia ocorre
de maneira mais ampla em plantas que não possuem acesso a água. Nesses casos,
os esporos já são diploides e quando germinam formam o gametófito que já produz um
esporófito composto por raiz, folhas e rizoma (PEREIRA, 2003).
Vamos conhecer agora mais sobre esses dois grupos que apresentam algumas
características diferentes entre si.

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2.2 Licófitas (Lycopodiaceae)
As licófitas apresentam microfilos, que são folhas diminutas e em formato
espiralado, dotadas de apenas um esporângio por microfilo (homosporada), que está
localizado em sua superfície. Essas folhas estão interligadas ao caule que é composto por
vasos condutores (xilema e floema). São aproximadamente 1.338 espécies distribuídas
em três grupos: Isoetales, Lycopodiales e Selaginellales. Algumas espécies possuem
características medicinais, como Lycopodyum clavatum que pode combater infecções
urinárias por exemplo (CHAN et al., 2022).

FIGURA 8 - LICÓFITA

2.3 Samambaias (Monilophyta)


Nesse agrupamento existem cerca de 10.578 espécies, sendo a ordem Polypodiales
detentora da maior parte de plantas. A morfologia das samambaias é muito característica,
pois suas folhas são grandes (megafilos), em que encontram-se os esporângios (em
grandes quantidades em uma única folha), contendo ramificações de nervuras, e estão
unidas ao caule. Essas folhas nascem espiraladas e enroladas, podendo ter formatos

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diferentes depois de seu desenvolvimento (reticuladas, lineares ou furcadas), sendo essa
uma característica utilizada para poder identificar qual a espécie da samambaia.
Essas plantas se desenvolvem muito bem em locais no qual a vegetação é muito
densa, e essa é uma característica que surgiu por conta da evolução também. Com o
estabelecimento de novas plantas e a formação de florestas, o acesso das samambaias
a locais em que a incidência solar é alta não foi mais algo facilmente acessível, dessa
forma, elas passaram a se desenvolver a sombra das demais plantas, onde estabeleceu
seu habitat (CHAN et al., 2022).

FIGURA 8 – SAMAMBAIAS PRESENTES DENTRO DA FLORESTA

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3. A EVOLUÇÃO DAS SEMENTES

3.1 A evolução das sementes


Como vimos, o surgimento dos vasos condutores é um grande marco para as
plantas, permitindo com que as mesmas pudessem ter mudanças fisiológicas e anatômicas
que as favorece no ambiente onde estão inseridas. Com o passar das evoluções, algumas
plantas vasculares, que apresentam xilema e floema, começaram a apresentar uma nova
forma de reprodução, a partir das sementes. Essa é uma característica que garantiu uma
maior dispersão das plantas que as possui, e consequentemente uma quantidade de plantas
mais elevada, culminando em uma dominância das mesmas em diversos ambientes. Isso
se deve principalmente porque as sementes possuem estruturas muito bem delineadas e
com o objetivo primordial de proteger e nutrir o embrião que abriga, muito diferente das
plantas que se reproduzem por esporos como vimos até esse momento.
As sementes podem permanecer em estado de latência até que o ambiente estar
de acordo com todas as necessidades que ela necessita para germinar, nesse caso é
utilizado o termo “dormência”, e quando a semente inicia o processo de germinação, diz-se
que houve uma “quebra de dormência”, que pode ser induzida de diversas formas, estando
associadas principalmente ao ambiente em que a planta está inserida. A água é um dos
recursos mais importantes nesse momento, mas algumas sementes precisam de outros
fatores como o frio, o fogo ou até mesmo por escarificação mecânicas. Algumas precisam
ser ingeridas por animais (pássaros e mamíferos como morcego, anta, cotia).

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Mas então, o que acontece de diferente no processo reprodutivo para que as sementes
sejam formadas? Todas as plantas possuem órgãos reprodutivos feminino e masculino,
podendo estar presentes na mesma planta ou separadas. Aqui, os megagametófitos
dão origem aos gametófitos femininos e os microgametófitos originam os gametófitos
masculinos, dessa forma classificamos essas plantas como heterosporadas, ou seja, os
gametófitos se desenvolvem na parede dos esporos. No quadro 1, podemos observar quais
foram os eventos responsáveis pela evolução desses óvulos.

FIGURA 9 - SEMENTES

QUADRO 1 - EVOLUÇÃO DO ÓVULO


● Retenção dos megásporos no interior do megasporângio, que carnoso e chamado de
nucelo nas plantas com semente – em outras palavras, o megasporângio não libera os
esporos;
● Redução do número de células-mãe de megásporo para uma em cada megasporângio;
● Sobrevivência de apenas um dos quatro megásporos produzidos pela célula-mãe de
esporo, deixando um único megásporo funcional dentro do megasporângio;
● Formação de um megagametófito no interior do único megásporo funcional – ou seja,
formação de um megagametófito endospórico (dentro da parede do esporo), que não é
mais de vida livre e fica retido dentro do megasporângio;
● Formação de um tegumento que recobre completamente o megasporângio, exceto por
uma abertura no seu ápice chamada de micrópila;
● Modificação do ápice do megasporângio para receber micrósporos ou grãos de pólen.

Fonte: Raven e Susan. (2014. p. 812).

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As plantas que apresentam essas características são classificadas como sendo
epermatófitas, englobando as gimnospermas e angiospermas. Dessa forma, as sementes
vão apresentar algumas características que diferenciam ambos os grupos, como a localização
dos óvulos que nas gimnospermas está presente no saco embrionário, e nas angiospermas
no arquegónio. As sementes em gimnospermas são nuas pois não possuem frutos, já nas
angiospermas as sementes são protegidas, pois se localizam dentro dos frutos.
Agora, vamos conhecer mais sobre as gimnospermas e posteriormente sobre as
angiospermas (Capítulo 3), e durante nossos estudos novas informações sobre as sementes
serão complementares. O que precisa ser entendido é que as sementes são consideradas
uma evolução muito importante para o estabelecimento da diversidade das plantas.

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4. GIMNOSPERMAS - CARACTERÍSTICAS GERAIS E CICLO REPRODUTIVO

4.1 Gimnospermas – Características gerais e ciclo reprodutivo


As gimnospermas são plantas que apresentam como característica principal e
que confere o nome ao grupo (gimnós – nu; sperma – semente) seus óvulos e sementes
expostas, ou seja, essas estruturas não estão protegidas por um envoltório, que chamamos
de fruto. Dessa forma, a organização dessas plantas é dividida em quatro filos: Ginkgophyta,
Gnetophyta, Cycadophyta e Coniferophyta.

FIGURA 10 – CICLO REPRODUTIVO DAS GIMNOSPERMAS, COM A REPRESENTANTE


CONIFEROPHYTA. GINKGOPHYTA E CYCADOPHYTA APRESENTAM ALGUMAS
CARACTERÍSTICAS DIFERENCIADAS QUE SERÃO DESTACADAS POSTERIORMENTE

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A reprodução nessas plantas apresenta evoluções a partir do que conhecemos
das briófitas e pteridofitas. Uma delas é a independência de água para que a fecundação
ocorra, isso porque o microgametófito, ainda não completamente desenvolvido e chamado
então de grão de pólen, é integralmente carregado (em sua grande maioria pelo vento)
até o megagametófito (dentro do óvulo), a esse processo chamamos de polinização.
Depois disso, o microgametófito que já está próximo de seu alvo, irá produzir o chamado
tubo polínico, uma extensão, chegando até ao megagametófito que possui uma abertura
tegumentar (micrópila) onde ocorrerá a fecundação.
O ciclo de vida das gimnospermas possui alternância de gerações (diplobionte),
então temos aqui uma fase gametofítica (haploide (n)) e outra fase esporofítica (diploide
(2n). O megagametófito (gametófito feminino) se desenvolve a partir de um megásporo
funcional, localizado dentro de um megasporângio. Os elementos responsáveis pela
reprodução são organizados em estruturas chamadas estróbilos (cones), e pode ser
composto por um eixo de esporofilos (estróbilo simples) ou formado por escamas ovulíferas
(estróbilo composto).

FIGURA 11 – ESTRÓBILOS SIMPLES E COMPOSTO

A estrutura dessas plantas é dividida em raiz, caule e folhas e como já vimos


algumas dessas folhas são modificas para a formação dos estróbilos, assim como vasos
condutores (xilema e floema).

UNIDADE II
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FIGURA 12 - ESTRUTURA DAS GIMNOSPERMAS

A partir de agora, vamos conhecer os grupos que compõem as gimnospermas:


Ginkgophyta, Gnetophyta, Cycadophyta e Coniferophyta.

4.1.1 Ginkgophyta
O representante deste grupo que ainda está presente na natureza é a espécie
Ginko biloba, sendo que há um vasto registro fóssil de outras plantas que foram extintas.
Essas plantas são encontradas em maior abundância nos ambientes no Japão e na China,
mas pode se desenvolver em outros locais. É uma árvore ramificada, decídua (perdem suas
folhas em determinada estação), com folhas em formato de leque, podendo alcançar grandes
alturas, dioicas (sexos separados). A fecundação dos óvulos ocorre a partir da sua liberação
pela planta e os microgametófitos formam um sistema haustorial com ramificações, que se
desenvolvem a partir do tubo polínico, e onde são formadas as estruturas saculiformes que
quando maduras apresentam dois gametas masculinos, e quando rompida essa estrutura,
ambos nadam até atingirem a oosfera e assim ocorre a fecundação. Essa planta é muito
difundida no âmbito medicinal, principalmente na China.

UNIDADE II
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FIGURA 13 - FOLHAS DE GINKO BILOBA

4.1.2 Gnetophyta
As Gnetófitas são representadas por três gêneros, sendo eles Ephedra, Welwitschia
e Gnetum, que juntas, totalizam aproximadamente 75 espécies apresentando características
morfológicas muito diferentes dos demais grupos, contudo, apesar de serem muito distintas
em suas formas, estudos moleculares indicam que todas essas plantas são monofiléticas
(possuem apenas um ancestral comum).

FIGURA 14 - WELWITSCHIA MIRABILIS É A ÚNICA REPRESENTANTE DO GÊNERO


WELWITSCHIA. ELA POSSUI PARTE DO SEU CORPO ENTERRADO, COM APENAS UM
DISCO CAULINAR E SUAS FOLHAS EMERGENTES NO SOLO

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4.1.3 Cycadophyta
As cicadófitas são classificadas em 11 gêneros que compreendem aproximadamente
300 espécies. Elas são encontradas em regiões subtropicais e tropicais, e podem alcançar
alturas de até 18 metros ou mais. Suas folhas são em sua grande maioria composta e
pinada, se assemelhando com algumas palmeiras, e são dioicas (sexos separados). Quanto
a reprodução, é semelhante com a as Ginkgophitas, com a formação do hautório a partir
do tubo polínico, mas sua polinização ocorre principalmente com a ajuda de insetos. Uma
característica muito própria de algumas plantas é o aparecimento das raízes acima do solo
(raízes coraloides). Os besouros são os principais polinizadores dessas plantas.

FIGURA 15 – EXEMPLO DE CICADÓFITA

UNIDADE II
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4.1.4 Coniferophyta
Esse é o grupo das gimnospermas com maior destaque, principalmente do ponto
de vista ecológico, pois foram em determinado período as mais abundantes espécies do
planeta, e por conta disso apresenta uma importância muito grande para os mais diversos
biomas. Possuindo 70 gêneros e cerca de 630 espécies, sua distribuição é muito ampla e
diversificada, não estando presente apenas na Antártida. Dentre as plantas vascularizadas,
a maior de todas é uma Coniferophyta, a sequoia, que podem atingir até 115 metros de
altura. Elas apresentam uma gama muito grande de ramificações foliares, que são simples
e organizadas em pequenos ramos. Essas folhas são resistentes as secas, apresentando
uma cutícula muito eficaz. Quanto a sua reprodução, elas se defirem por terem o tubo
polínico desenvolvido dentro do aparato arquegonial, dessa forma os gametas masculinos
já são alocados diretamente na oosfera.

FIGURA 16 – SEQUOIAS

UNIDADE II
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SAIBA MAIS

O que é vigor da semente e qual a sua importância para a agricultura? O vigor está
relacionado com a presença de atributos que vão garantir com que a semente consiga
germinar, emergir e se estabelecer como uma plântula, nas mais diversas condições
ambientais as quais possa estar submetida. Dessa forma, o vigor é importante para a
agricultura pois permite um estabelecimento mais rápido e uniforme da população, e
então o desempenho da mesma será muito favorável.

Fonte: KRZYZANOWSKI, Francisco C.; FRANÇA-NETO, J. B. Vigor de sementes. Londrina: Embrapa


Soja, 2001.

REFLITA

“A germinação, que ocorre quando as sementes estão maduras e se as condições


ambientais forem adequadas, é o processo de reativação do crescimento do embrião,
culminando com o rompimento do tegumento da semente e o aparecimento de uma nova
planta. As condições básicas requeridas para a germinação das sementes são a água,
o oxigênio, a temperatura (20°C a 30ºC) e, para algumas espécies, a luz” (FLOWLER e
BIANCHETTI, 2000, p. 05).

Fonte: FOWLER, A. J. P.; BIANCHETTI, A. Dormência em sementes florestais. Colombo: Embrapa Flo-
restas, 2000. 27p.

UNIDADE II
I Diversidade:
Botânica Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas 51
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste segundo capítulo, pudemos compreender mais sobre as características que


são intrínsecas a três grupos de plantas: as briófitas, as pteridófitas e as gimnospermas.
A partir dessas informações, é possível entender mais sobre a história da evolução que as
plantas sofreram durante muitos anos.
As briófitas são plantas que nos remetem a uma fase de desenvolvimento, em
que as estruturas presentes vão se adequando as necessidades elementares para a
sobrevivência e a sua reprodução. Tudo está interligado, como vimos a morfologia das
briófitas são simples e rudimentares, estando compatíveis com todo o seu funcionamento.
Elas ainda não apresentam vasos condutores, mas possuem elementos que garantem os
mecanismos mais importantes para sua nutrição. Sua reprodução ainda é simplificada, mas
funcional na garantia de sua propagação na natureza.
As pteridófitas já surgem com uma novidade evolutiva, que são o xilema e o floema,
o que conferiu a mesma muitas inovações quanto à sua fisiologia e estruturas celulares.
A reprodução das mesmas já possui algumas mudanças e certa complexidade, com a
formação de gametas masculinos e femininos, não apresentando uma grande diversidade,
pois possui apenas dois grupos. Mas, percebemos muitas evoluções nessas plantas que
vão se intensificando com o tempo.
O surgimento das sementes é um marco quando se fala sobre o quanto esses
organismos foram se especializando e tornando sua sobrevivência, propagação e
diversificação cada vez mais incríveis e altamente complexas. As sementes podem parecer
tão simples, mas foram capazes de garantir um marco na evolução das plantas, as quais
são agrupadas em gimnospermas e angiospermas.
As gimnospermas apresentam além do xilema e do floema desenvolvidos como
contam com as sementes. Seu ciclo reprodutivo é mais complexo e podem ter diferenças
entre os grupos. A diversidade já começa a ser mais evidenciada, ainda mais quando
conhecemos um pouco mais sobre as plantas e suas características, algumas contemplando
morfologias até mesmo incomuns.
Todo conhecimento adquirido neste capítulo é fundamental para que possamos
compreender todas as plantas, pois apesar de serem distribuídas em diferentes grupos, a
interação que elas possuem é intensa e dinâmica, e vai além de ser entre si, se estendendo
aos demais elementos que estão presentes ao seu redor. No próximo capítulo, vamos conhecer
as angiospermas que possuem uma diversidade muito grande, assim como sua complexidade.

UNIDADE II
I Diversidade:
Botânica Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas 52
LEITURA COMPLEMENTAR

As briófitas são plantas que apresentam uma composição que pode parecer básica,
e muitas vezes suas funções não são muito bem conhecidas. Dessa forma, é importante
compreender o papel delas na natureza, e o quanto podem contribuir para diversas situações
que as vezes passam despercebidas.

Fonte: OLIVEIRA, Reggláucia Rodrigues de; ANDRADE, Ivanilza Moreira de. Brió-
fitas em unidades de conservação: Uma análise cienciométrica. Pesquisa, Sociedade e
Desenvolvimento, v. 10, n. 8, pág. e4610816940-e4610816940, 2021.

Link de acesso: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/16940/15192

Plantas podem ser bioindicadores muito eficientes para a conservação da natureza


como um todo, podendo ser utilizadas de muitas maneiras. As pteridófitas são utilizadas
como indicadoras de estágios sucessionais, que é a formação de florestas, para licencia-
mentos ambientais.

Fonte: DELLA, Aline Possamai; FALKENBERG, Daniel de Barcellos. Pteridófitas


usadas na legislação como indicadoras de estágios sucessionais no Estado de Santa Ca-
tarina, Brasil. Hoehnea, v. 46, 2019.

Link de acesso: https://www.scielo.br/j/hoehnea/a/w8KPhLV3vjkGNdzFkDTPk7m/?-


format=pdf&lang=pt

UNIDADE II
I Diversidade:
Botânica Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas 53
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Biologia Vegetal
Autor: RAVEN, Peter H.; EVERT, Ray F.; EICHHORN, Susan E.
Editora: Guanabara Koogan
Sinopse: O livro Biologia Vegetal aborda todas as informações
necessárias para compreender as plantas de uma maneira
aprofundada e completa, desde o início e passando por todas os
detalhes da composição de cada grupo.

FILME/VÍDEO 1
Título: Bôtanica - Planta Briófita
Ano: 2019.
Sinopse: Este vídeo mostra um pouco sobre as briófitas e suas
características com diversas imagens exemplificando tudo o que
vimos em nossos estudos.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=ecVxpsIK_wc

FILME/VIDEO 2
Título: Botânica - Plantas Pteridófitas
Ano: 2020.
Sinopse: As pteridófitas podem estar presentes em nosso
cotidiano, mas, muitas vezes não nos atentamos as caracteríticas
que tornam elas únicas. Nesse vídeo vamos observar e entender
as pteridófitas.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=MrowQ8W-
z7Es

FILME/VIDEO 3
Título: Bôtanica - Plantas Gimnospermas
Ano: 2020.
Sinopse: As gimnospermas são plantas muito importantes e que
apresentam sementes, uma novidade evolutiva muito importante
para as plantas.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=c-c89VU2TjE

UNIDADE II
I Diversidade:
Botânica Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas 54
UNIDADE III
Angiospermas
Professora Mestra Cíntia Zani Fávaro Polonio

Plano de Estudo:
● Características gerais e ciclo de vida;
● Evolução das angiospermas;
● Raiz, caule, folha, flor, fruto e semente;
● Polinização e fecundação.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar os grupos de Angiospermas;
● Compreender os tipos de Angiospermas;
● Estabelecer a importância da diversidade em Angiospermas.

55
INTRODUÇÃO

Olá queridos (as) alunos (as), sejam muito bem-vindos (as) ao nosso terceiro capitulo,
no qual iremos conhecer mais sobre o quarto e maior grupo de plantas, as angiospermas.
Como vimos nos capítulos anteriores, as briófitas, pteridófitas e gimnospermas apresentam
características que as agrupam, e isso é possível por conta da complexidade que essas
novas estruturas apresentam em cada grupo que vamos conhecendo. As angiospermas
são responsáveis pela grande diversidade de plantas que conhecemos, e isso se deve
principalmente as novas habilidades adquiridas e repassadas para as próximas gerações.
Nesse grupo, surgem as flores e os frutos, sendo esses órgãos fundamentais para
a reprodução das angiospermas e para a proteção das sementes. Além disso, existem
outras novidades evolutivas que são precursoras da adaptabilidade e do sucesso dessas
espécies no planeta terra. Dentre os grupos que representam as angiospermas, estão as
plantas mais conhecidas e aquelas que mais são empregadas em atividades relevantes
aos seres humanos, como a agricultura e a farmacologia por exemplo.
Nesta unidade, além de conhecermos as características gerais, ciclo reprodutivo
e diversidades existentes entre as angiospermas, vamos também compreender sobre as
estruturas que se destacam nessas plantas, sendo elas as raízes, caules, folhas, flores,
frutos e sementes. Entender esses pontos permite com que saibamos de maneira integral
como cada parte é importante no funcionamento das plantas, assim como compreendemos
também sua relevância ecológica diante de todas as funções executadas.
Por fim, a polinização será compreendida de uma maneira superficial, mas
destacando toda sua importância para a manutenção da natureza como um todo, pois
através dessa interação entre planta e polinizadores, as plantas conseguem ser distribuídas
nos mais diversos habitats. Essa função é associada às angiospermas pois os insetos,
pássaros e mamíferos que são atraídos pelas majestosas flores.
A partir de agora, vamos conhecer mais sobre as angiospermas e todas as suas
peculiaridades tão intrigantes e magnificas.

UNIDADE III Angiospermas 56


1. CARACTERÍSTICAS GERAIS E CICLO DE VIDA

1.1 Características gerais e ciclo de vida


As angiospermas são plantas que apresentam, além dos vasos condutores e
sementes (contidas em um carpelo), uma estrutura reprodutiva exclusiva responsável pela
formação destas últimas, que são as flores, e também os frutos. Este é o maior grupo
de plantas, contendo aproximadamente 300.000 espécies que apresentam uma grande
diversidade de características físicas (árvores de diferentes tamanhos, gramíneas, cactos,
arbustos), ambientais, assim como ciclos reprodutivos diferenciados. No entanto, mesmo
apresentando essas diferenças, as características chamadas evolutivas (sinapomorfias)
estão presentes em todos os membros, dessa forma as angiospermas são um grupo
monofilético (derivam de um ancestral comum).

UNIDADE III Angiospermas 57


FIGURA 1 - FLORES SÃO A PRINCIPAL CARACTERÍSTICA DESTE GRUPO

As angiospermas são classificadas em quatro grupos: Monocotiledôneas,


Eudicotiledôneas, Grado ANA e Magnoliídeas. Antes de nos aprofundar nestes grupos,
vamos compreender sobre a reprodução das angiospermas como um todo, destacando as
diferenças existentes posteriormente. Essas plantas produzem as sementes com o objetivo
de que as mesmas sejam dispersadas e assim germinem em local favorável. O início de
tudo ocorre com a formação de células reprodutivas que acontece no interior das flores,
mas para que isso ocorra, são necessários vários fatores.

FIGURA 2 - CICLO REPRODUTIVO GERAL DAS ANGIOSPERMAS

UNIDADE III Angiospermas 58


São formadas a princípio, as células reprodutivas nas anteras (microsporogênes)
e no ovário (megasporogênese). A massa celular diferenciada que é formada na epiderme
da antera vai se diferenciar em quatro outras células que serão férteis, as chamadas
esporógenas, que estarão rodeadas por outras células que são estéreis e se desenvolvem
na parede do saco polínico, sendo elas uma fonte nutritiva para que os micrósporos possam
desenvolver. Quando maduras, as esporógenas vão se tornar diploides (2n) e ao sofrerem
meiose (divisão celular que resulta na formação dos gametas), originando outros quatro
micrósporos haploides (n). Ao final, a microsporogênese resulta na formação dos grãos
de pólen e a microgametogênese vai acontecer a partir de um dos micrósporos que será
uninucleado, formando as células geradora e do tubo.
Ao mesmo tempo, no interior do megasporângio (óvulo) a megasporogênese
acontece formando o funículo, que é uma haste que sustenta o núcleo (possui dois tegumentos
e uma região em que há uma pequena exposição chamada de micrópila). Inicialmente,
existe apenas um megasporócito diploide, e a partir dele ocorrerá a meiose que resultará
em quatro megásporos haploides, sendo que três deles serão desintegrados e um se
desenvolverá, gerando o megagametófito iniciando-se assim o seu desenvolvimento.
No núcleo do megásporo, vão ocorrer sucessões de mitoses (divisão celular em que uma
célula origina outras células idênticas), que resultam em oito núcleos organizados em dois
grupos, em que um núcleo de cada grupo migra para o centro do megásporo e assim se
formam os núcleos polares. Os demais núcleos formarão a oosfera ou o saco embrionário.
Quando as anteras (estrutura presente na porção final do estame nas flores –
Figura 3) amadurecem, ocorre a transposição dos grãos de pólen para os estigmas, isso
acontece por meio da polinização que veremos durante este capítulo de maneira mais
aprofundada. Estando neste local, ocorre a origem do tubo polínico, e o grão de pólen é
germinado. Em alguns casos, além do núcleo espermático penetrar a oosfera, um outro se
associa com uma célula central, sendo denominada de dupla fecundação (CHAN et al.,
2022; RAVEN; EVERT e EICHHOR 2014).

UNIDADE III Angiospermas 59


FIGURA 3 - ANTERAS NA PONTA DO ESTÍOLO DAS FLORES

A partir de agora, vamos conhecer mais sobre os quatro grupos que compõem as
angiospermas.

1.1.1 Monocotiledôneas
Esse grupo é composto por aproximadamente 60.000 espécies distribuídas em 11
ordens, sendo um dos maiores grupos das angiospermas, e elas habitam os mais diversos
lugares, até mesmo ambientes marinhos. Exemplos de plantas deste grupo são a cana-de-
açúcar, trigo, gramas, arroz, banana, palmeiras, orquídeas, lírios, entre outros.

FIGURA 4 – O LÍRIO É UM DOS REPRESENTANTES DAS MONOCOTILEDÔNEAS

UNIDADE III Angiospermas 60


As características que mais se destacam são as partes florais em trimeria (três
pétalas). O nome monocotiledôneo se refere a quantidade de cotilédone, que são as
primeiras folhas de uma planta, que armazenam os órgãos fotossintéticos ou os nutrientes
importantes para seu desenvolvimento. A raiz (pivotante pois cresce diretamente para
baixo) inicialmente desenvolvida na germinação da semente possui uma vida mais curta,
e assim, quando a planta se torna adulta são formadas as raízes adventícias, originarias
a partir dos nós (local onde há a união entre folha e caule), para posteriormente serem
produzidas as raízes laterais. Os elementos crivados existentes no floema são dispersos e
as folhas apresentam uma bainha em sua base. Em sua grande maioria, não apresentam
crescimento secundário (CHAN et al., 2022; RAVEN; EVERT e EICHHOR 2014).

FIGURA 5 - CARACTERÍSTICAS DAS MONOCOTILEDÔNEAS

1.1.2 Eudicotiledôneas
Este é o grupo com maior diversidade, apresentando cerca de 190.000 espécies,
e os representantes de destaque são os cactos, feijão, amendoim, plantas frutíferas
como a mangueira, cerejeira, árvores como pau-brasil, entre outros. As famílias com uma
diversidade maior são as Asteraceae, que ainda são economicamente importantes pois
dentre as plantas inclusas estão as Fabaceae, englobando o feijão e a soja. A ordem
Caryophyllales possui uma diversidade de espécies muito peculiar, englobando a família
Droseraceae que são plantas insetívoras e as Cactaceae, que apresentam características
adaptativas para climas desérticos, como o mecanismo CAM (os estômatos se fecham
quando está de dia e se abre quando anoitece, evitando que a transpiração ocorra), as
folhas que são modificadas em espinhos e um caule suculento.
As Rosídeas são também um grupo muito diverso, que apresentam um número
de estames muito superior ao número de pétalas, sendo as Malvídeas e as Fabídeas as
classes com mais indivíduos dentre todas. As Asterídeas englobam plantas como batatas,
cenouras, tomate, margaridas e boca-de-leão.

UNIDADE III Angiospermas 61


FIGURA 6 - BOCA-DE-LEÃO

Quanto as características gerais, os feixes vasculares nessas plantas são distribuídos


em um anel, as flores são tetrâmeras ou pentâmeras, e possuem ainda dois cotilédones.
Sua raiz não apresenta crescimentos secundários em grande parte das plantas, assim a
raiz inicial permanece crescendo, além de ser composta por tecidos primários. As folhas
podem ser simples ou compostas, possuindo muitas nervuras, além de possuir estômatos
dispostos de maneira aleatória (característica vista microscopicamente) (CHAN et al., 2022;
RAVEN; EVERT e EICHHOR 2014).

FIGURA 7 - CARACTERÍSTICAS DAS DICOTILEDÔNEAS

UNIDADE III Angiospermas 62


1.1.3 Grado ANA
Este grupo é composto por três ordens, sendo elas: Austrobaileyales, Amborellales
e Nymphaeales, e são assim enquadrados diante das informações genéticas que as
agrupam em um único clado (grupo que se origina de um único ancestral comum), sendo
assim monofilético (CHAN et al., 2022). As características dessas plantas serão destacadas
abaixo de acordo com as ordens que pertencem.

● Austrobaileyales- composta por três famílias, as plantas pertencentes possuem


como representante mais conhecido o Anis estrelado (Figura 8), que é uma
especiaria muito utilizada;
● Amborellales- possui apenas uma família e espécie, sendo ela a Amborella
trichopoda Baill (Figura 9), uma planta lenhosa e que possui somente um traqueíde
no xilema, além de ser dioica.
● Nymphaeaceae- com três famílias representantes, podem estar presentes
nos mais diversos ambientes, com ocorrência nas águas doces, e uma das
representantes mais conhecidas é a vitória-régia (Figura 10). Elas possuem folhas
com tamanhos grandes e flores classificadas como polímeras.

FIGURA 8 - ANIS ESTRELADO

UNIDADE III Angiospermas 63


FIGURA 9 - AMBORELLA TRICHOPODA BAILL

FIGURA 10 - VITÓRIA RÉGIA

UNIDADE III Angiospermas 64


1.1.4 Magnoliídeas
Este é um grupo que compartilha de um único ancestral comum (monofilético),
e possui aproximadamente 10.000 espécies distribuídas em quatro ordens, sendo elas
Magnoliales, Laurales, Canellales e Piperales. As flores destas plantas são ordenadas de
maneira espiralada e em muitas plantas apresentam em suas folhas células com capacidade
de armazenar óleos voláteis, com destaque para a pimenta do reino e a folha de louro
(CHAN et al., 2022). Esses odores são uma tática para atrair os agentes polinizadores, que
iremos conhecer logo mais.
Agora, vamos ver brevemente um pouco sobre cada uma das ordens supracitadas.
● Magnoliales- composta por seis famílias contendo aproximadamente 2.820
espécies. Exemplos dessas plantas são a graviola e a magnólia.
● Laurales- possui sete famílias e cerca de 2.800 espécies, e seus representantes
são o abacateiro e o boldo.
● Canellales- são agrupadas aqui apenas duas famílias, com 90 espécies. Como
exemplo de planta, a mais conhecida é a casca de anta.
● Piperales- com quatro famílias representantes e4.090 espécies, essa é a ordem
com mais integrantes. A pimenta-do-reino é a planta mais conhecida.

FIGURA 11 - GRAVIOLA

UNIDADE III Angiospermas 65


FIGURA 12 - BOLDO

FIGURA 13 - CASCA DE ANTA

UNIDADE III Angiospermas 66


FIGURA 14 - PIMENTA DO REINO

UNIDADE III Angiospermas 67


2. EVOLUÇÃO DAS ANGIOSPERMAS

2.1 Evolução das angiospermas


A partir de agora, vamos compreender um pouco sobre como a evolução foi moldando
as plantas até que se formasse as angiospermas. As características que são exclusivamente
observadas nessas plantas são: a fertilização dupla, a presença de elementos de tubo
crivado, as sementes que estão dentro do carpelo, os estames contendo dois pares dos
sacos polínicos e as flores.
Agregando essas informações com os dados advindos de análises moleculares e
dos fósseis encontrados, há um delineamento de como surgiram essas as angiospermas.
Elas provavelmente derivaram de plantas que possuíam sementes, mas não flores e
frutos. Os fósseis com datações mais antigas encontrados e que estão associados com
as angiospermas são grãos de pólen, mas também já foram encontrados outros resquícios
que evidenciam a presença de plantas que possuíam flores cerca de 130 milhões de anos.
As ferramentas moleculares contribuem para que essa história seja contada,
indicam ainda que as angiospermas estejam presentes no planeta há 140-180 milhões de
anos. Diante dessas evidências, compreende-se que as características intrínsecas a essas
plantas não surgiram todas juntos a partir de um mesmo ancestral, principalmente porque a
evolução vai acontecendo em etapas e em locais diferentes, sendo necessário um acúmulo
de mudanças para que todas elas sejam expressas.

UNIDADE III Angiospermas 68


Assim, quando essas modificações se expressaram, houve uma grande elevação
na diversificação das angiospermas, e isso se evidência através dos registros fósseis, que
indicam a dominância das angiospermas nos mais diversos ambientes. Uma característica
que ainda é encontrada em monocotiledôneas e em algumas angiospermas é uma abertura
única no pólen, assim, está é uma marca ancestral, que permaneceu em apenas algumas
espécies e desapareceu em outras (CHAN et al., 2022; RAVEN; EVERT e EICHHOR 2014).

FIGURA 15 - FÓSSIL DE ARCHAEFRUCTUS

Fonte: Raven, Evert e Eichhor (2014, p. 905).

O primeiro fóssil encontrado e associado com as angiospermas foi da planta


Archaefructus, e foi datada em 125 milhões de anos. Ela era uma planta pequena e herbácea,
com estilo de vida aquático, sem flores grandiosas que não apresentavam pétalas, mas
sim, ramos compostos por carpelos e estames, o que pode ser um indicativo de potencial
atração para polinizadores.
A partir de agora, vamos entender mais sobre as estruturas que uma angiosperma
apresenta.

UNIDADE III Angiospermas 69


3. CONCEITOS DE RAÍZES, CAULES, FOLHAS, FLORES, FRUTOS E SEMENTES

As angiospermas apresentam uma estrutura anatômica muito diferenciada e


complexa. Agora, vamos entender mais sobre as principais estruturas: raízes, caules,
folhas, flores, frutos e sementes.

3.1 Raiz
As raízes apresentam um papel muito importante para as plantas quanto a sua
sustentação e também na absorção de água e nutrientes que serão distribuídos. Quando
a semente inicia sua germinação, ocorre a chamada protusão radicular, e então a raiz
primária irá emergir. Em monocotiledôneas, essa raiz cresce em direção única no solo,
para baixo, e é então denominada de raiz pivotante e após origina as raízes laterais, e isso
vai acontecendo conforme a planta se desenvolve, sendo classificada assim de sistema
radicular pivotante. A raiz primária não tem uma sobrevida, e logo desaparece, dessa
forma, o sistema radicular passa a ser composto pelas raízes adventícias, e o sistema
passa a ser chamado de radicular fasciculado.
Quando as raízes estão se desenvolvendo, são sensíveis a alguns fatores como
luz, nutrientes, temperatura e umidade, contudo, com o passar do tempo elas podem se
adaptar as mais diversas formas de estresse que possam ser submetidas.
O ápice das raízes é permeado por um conjunto de células parenquimáticas (coifa)
que protege o meristema além de contribuir para que a raiz continue penetrando o solo, e
conforme isso ocorre, essas células vão secretar um polissacarídeo chamado mucilagem,

UNIDADE III Angiospermas 70


que garante a lubrificação dessa raiz. Outra estrutura muito importante na raiz são os pelos
radiculares, que facilitam a absorção de nutrientes e água, pois aumentam a superfície
de abrangência da mesma. As raízes ainda realizam associações com fungos, chamada
de micorrizas, e ocorre em praticamente todas as plantas vasculares. Quando essa união
acontece, as hifas dos fungos garantem uma maior área de absorção (RAVEN; EVERT e
EICHHOR, 2014).

3.2 Caules
O caule apresenta duas principais funções, que são o de condução e o de suporte.
Essa estrutura é responsável pela sustentação das folhas, além de garantir o melhor alcance
das mesmas a luz solar. Todas as substâncias que são produzidas nessas folhas precisam
ser distribuídas para a planta como um todo, e isso ocorre pelo floema que está presente
no caule, assim como todos os nutrientes e água absorvidos pelas raízes são igualmente
distribuídos pela planta pelo xilema por meio do caule.
O meristema apical caulinar é responsável por acrescentar células no corpo
primário de uma planta, e então originam os primórdios foliares e de gema, que serão
precursores, respectivamente, das folhas e dos sistemas caulinares laterais (RAVEN,
EVERT e EICHHOR 2014).

3.3 Folha
As folhas podem variar, tanto em estruturas internas, quanto em suas formas. Elas
podem apresentar uma estrutura expandida chamada de limbo além do pecíolo, que é um
pedúnculo, além das estíoulas que podem se desenvolver em algumas folhas, assim como
o pecíolo, isso em Eudicotiledôneas e Magnoliidaes. Ainda, elas podem ser simples (limbo
não tem distinção) ou compostas (limbo dividido em folíolos, em que cada um possui um
pecíolo), além disso, as folhas compostas podem ser pinadas ou palmadas
Em Monocotiledôneas e algumas eudicotiledôneas, existe uma bainha que abran-
ge o caule, e em algumas gramíneas essa estrutura pode acompanhar todo um entrenó.
Todas essas diferenças estruturais apresentadas pelas folhas ocorrem
principalmente por conta do ambiente onde a planta vive, e um dos fatores fundamentais
nessa diferenciação é a presença ou ausência de água, e assim surge uma classificação
de acordo com essa necessidade, como veremos abaixo.

UNIDADE III Angiospermas 71


● Hidrófitas- precisam de uma grande quantidade de água para crescerem, po-
dendo estar totalmente ou parcialmente submersas.
● Mesófitas- essas plantas precisam de um ambiente em equilíbrio, ou seja, que
não seja muito úmido ou muito seco.
● Xerófitas­- essas plantas se adaptaram à ambientes extremamente secos.

As folhas são totalmente especializadas para a realização de fotossíntese,


independentemente de forma, essa é sua função primordial. O mesofilo é uma região
foliar que possui grande espaço intercelular e muitos cloroplastos, sendo essa região
especializada para o processo da fotossíntese, além de ser permeado pelas nervuras, que
são extensões do sistema vascular advindo do caule. Em sua composição, também estão
presentes os estômatos, que em plantas xerófitas se apresentam em maior quantidade,
enquanto que em folhas hidrófitas estão presentes apenas na face superior da epiderme
(RAVEN; EVERT e EICHHOR 2014).

3.4 Flor
Depois de todo o desenvolvimento promovido pelo sistema caulinar, as flores
encerram essas atividades, sendo consideradas o ápice vegetativo. Mas para que isso
ocorra, são necessárias diversas mudanças fisiológicas e de estrutura que transformará
o sistema caulinar vegetativo em uma floração. Tudo isso ocorre de acordo com padrões
de crescimento pré-determinados e por isso vai acontecer em um período do ano.
Existem plantas que podem apresentar essas estruturas mais de uma vez ao ano, sendo
denominadas de perenes.
Dentre os fatores que influenciam o início de uma floração, estão a temperatura
e a duração dos dias. O primeiro estágio para que ocorra o desenvolvimento de uma flor
ocorrem incialmente com a formação das sépalas, posteriormente seguida pelas pétalas,
estamos e carpelos, podendo ser diferente em algumas flores. Essas peças florais podem
se desenvolver de maneira separada ou unindo-se e formando uma conação (RAVEN;
EVERT e EICHHOR, 2014).

3.5 Fruto
O fruto é resultante da dupla fecundação que ocorre em angiospermas,
precedendo alguns mecanismos que irão resultar em sua formação, que acontece por
meio do desenvolvimento a partir da parede do ovário (pericarpo) e de algumas estruturas
relacionadas.

UNIDADE III Angiospermas 72


Alguns frutos podem se desenvolver sem que ocorra uma fecundação e formação
de sementes, o que se chama de partenocarpia, exemplos dessa situação são as bananas
e o abacaxi (RAVEN; EVERT e EICHHOR, 2014).
Podem ser classificas como simples, agregados ou múltiplos:

● Simples- se desenvolvem através de um carpelo (abacate) ou de vários unidos


(vagem).
● Agregados- formados através do gineceu, e cada carpelo possui um estágio de
maturação (framboesa).
● Múltiplos- ocorrem a partir de uma inflorescência, que é a união de vários
gineceus advindos de diversas flores (abacaxi).

3.6 Sementes
A embriogênese das angiospermas é um processo extremamente complexo e
que envolve uma diversidade muito grande de situações, dessa forma, vamos destacar os
principais pontos de maneira sucinta (Quadro 1) para que saibamos como ela ocorre.

QUADRO 1 - EMBRIOGÊNESE DAS ANGIOSPERMAS

1. Na maioria das plantas com flor, a primeira divisão do zigoto é assimétrica e


transversal, em relação ao seu eixo longitudinal;
2. O polo superior (calazal) consiste em uma pequena célula apical, a qual
dá origem à maior parte do embrião maduro. O polo inferior (micropilar) consiste em
uma grande célula basal, a qual produz o suspensor, estrutura do tipo pedunculada,
que ancora o embrião junto à micrópila, a abertura do óvulo através da qual entram
os tubos polínicos.
3. O estabelecimento da polaridade (analogia com o ímã, o qual tem
polo positivo e negativo) é a primeira etapa essencial no desenvolvimento de todos
os organismos superiores, pois ele fixa o eixo estrutural do corpo vegetativo, a
“espinha dorsal” sobre a qual os apêndices laterais estarão dispostos. Em algumas
angiospermas, a polaridade já está estabelecida na oosfera e no zigoto,

UNIDADE III Angiospermas 73


4. Por meio de uma progressão ordenada de divisões celulares, o
embrião forma, finalmente, uma estrutura aproximadamente esférica – o embrião
propriamente dito – e o suspensor

5. O estágio de desenvolvimento do embrião que precede a formação


dos cotilédones – isto é, quando o embrião propriamente dito é esférico – é, fre-
quentemente, referido como estágio globular.

6. O desenvolvimento dos cotilédones, as primeiras folhas da planta,


pode começar durante ou após o momento em que o procâmbio se torna visível.
Como nas eudicotiledôneas se desenvolvem dois cotilédones, o embrião globular
gradualmente adquire uma forma bilobada ou cordiforme. Esta fase é conhecida
como estágio cordiforme
7. O chamado estágio de torpedo do desenvolvimento do embrião
ocorre com o alongamento do eixo do (s) cotilédone(s), com a extensão simultânea
dos meristemas primários. Durante o alongamento, o embrião pode permanecer
reto ou tornar-se curvo. O único cotilédone das monocotiledôneas muitas vezes
se torna tão grande, em comparação com o resto do embrião, que passa a ser a
estrutura dominante
8. Nos embriões de angiospermas (exceto monocotiledôneas),
o meristema apical caulinar surge entre os dois cotilédones. Nos embriões de
monocotiledôneas, diferentemente, o meristema apical caulinar surge em um
dos lados do cotilédone e é completamente envolvido por uma expansão do tipo
bainha, a partir da base do cotilédone
Fonte: Raven, Evert e Eichhor (2014, p. 977 a 979).

Quando esse processo acaba, a divisão celular que estava ocorrendo no embrião
também termina, e assim, a semente inicia a fase de maturação. É neste momento
que haverá um grande acumulo de reserva nutricional (cotilédones, endosporema ou
perisperma). Nesse momento, há também uma perca de água, denominada dessecação,
e o envoltório da semente se torna rígido como uma forma de proteção para o embrião.
Todo o metabolismo diminui para que a sua viabilidade ocorra por um período longo, o que
chamamos de estado de dormência.
A água é fundamental para que essa dormência seja “quebrada”, pois é a partir da
embebição que a semente vai aumentar de tamanho, se expandindo até que a pressão
necessária se forme em seu interior, culminando na germinação (RAVEN; EVERT e EI-
CHHOR 2014).

UNIDADE III Angiospermas 74


4. POLINIZAÇÃO E FECUNDAÇÃO

4.1 Polinização e fecundação


A polinização acontece quando grãos de pólen são transportados das anteras
para o estigma, local em que esses grãos irão germinar e originar os tubos polínicos, que
carregarão os gametas masculinos ou as células espermáticas para as oosferas. Assim, os
núcleos presentes na célula espermática e da oosfera vão se unir e formar um zigoto, se
desenvolver em embrião no óvulo. Este, vai amadurecer e gerar a semente, e suas paredes
se transformarão em fruto. Essa polinização ocorre por meio de agentes, que podem ser
insetos, morcegos ou o vento por exemplo.
Mas, para que tudo isso aconteça, houve um processo que chamamos de
coevolução entre os insetos e as plantas. Adaptações foram sendo implementadas com
o intuito de otimizar a polinização para ambos. Uma dessas mudanças foi o fechamento
do carpelo, pois assim resultou em uma vantagem reprodutiva por garantir que a perda
de grãos de pólen fosse reduzida. O surgimento de flores bissexuadas, dessa forma, o
polinizador coleta o pólen e ao mesmo tempo deposita o mesmo nas flores, otimizando
esse processo.
As características morfológicas das flores também foram se adaptando aos seus
polinizadores, pois assim ocorre uma promoção de compatibilidade específica maior, ou
seja, o polinizador passa a ser específico para aquele tipo de flor, por exemplo, plantas que
são polinizadas por besouros exalam um odor forte e semelhante ao estrume, o que atrai
apenas esse inseto.

UNIDADE III Angiospermas 75


As abelhas são as mais importantes polinizadores, sendo responsáveis por uma
grande diversidade de plantas que dependem delas para se reproduzirem, sendo as que
mais se diversificaram juntamente. As flores apresentam cores e pétalas muito chamativas
para atrair as abelhas, facilitando o reconhecimento das mesmas. Borboletas e mariposas
também são polinizadoras eficientes, e atraídas por flores chamativas. A fecundação é
o resultado da polinização, e acontece quando ocorre um encontro entre o grão de pólen
germinado e a oosfera, e como já vimos, nas angiospermas ocorre uma dupla fecundação
(RAVEN; EVERT e EICHHOR 2014).

SAIBA MAIS

Animais que se alimentam de plantas são classificados como herbívoros. As


angiospermas apresentam uma diversidade de formas foliares e de flores muito grande,
e esses animais selecionam quais serão consumidas de acordo com seu conteúdo
nutricional, dando preferência para flores e folha mais jovens, pois as mesmas possuem
uma quantidade de celulose muito maior.

Fonte: ALMEIDA-CORTEZ, J. Herbivoria e mecanismos de defesa vegetal. Estresses ambientais: danos


e benefícios em plantas. Recife: UFRPE, p. 389-396, 2005.

REFLITA

“Em vários países, o consumo de flores sempre foi abundante, principalmente em festas
comemorativas, como casamentos, em grandes banquetes e festas tradicionais. Há
registros de licores, compotas, flores cristalizadas, antepastos e outros, em toda a Ásia
e Europa” (SANTOS e GRACIANO, 2022, p. 06).

Fonte: SANTOS, Diego Aparecido dos; GRACIANO, Rosane Ferreira dos Santos. Flores comestíveis na
alimentação: uma revisão. Trabalho de Conclusão de Curso - FACULDADE DE TECNOLOGIA DE MARÍ-
LIA ESTUDANTE RAFAEL ALMEIDA CAMARINHA. Marília – São Paulo, 2022.

Diante de todos os conhecimentos que adquirimos neste capítulo e associando


a todas as informações sobre os outros grupos de plantas, podemos observar como as
plantas evoluíram de maneira impressionante, o que culminou em tanta diversidade.

UNIDADE III Angiospermas 76


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essas adaptações são fundamentais para sua manutenção na terra, além de


garantir também benefícios para todos os seres vivos.
Podemos ver que grande parte dos alimentos que consumimos são enquadradas
no grupo das angiospermas, destacando ainda mais toda sua importância para os seres
humanos, o que vamos nos aprofundar em nosso último capítulo. Conhecer mais sobre
as características intrínsecas a essas plantas são fundamentais para que a preservação,
manutenção e aproveitamento de maneira consciente dessas plantas.
Vimos também o quanto as estruturas das angiospermas são complexas e
totalmente integradas a natureza, revelando muito sobre as interações entre planta e
animais/microrganismos/seres humanos. Por fim, foi elucidado como a polinização é
importante para que a fecundação ocorra e assim sua propagação aconteça.

UNIDADE III Angiospermas 77


LEITURA COMPLEMENTAR

As sementes precisam de diversos fatores para que a germinação possa acontecer,


e se essas condições não estiverem a seu favor, elas iniciam um estado de “dormência”.
Esse mecanismo é fundamental para que a germinação ocorra apenas quando o ambiente
for adequado para o desenvolvimento da planta.

Fonte: FOWLER, A.J.P.; BIANCHETTI, A. Dormência em sementes florestais. Co-


lombo: Embrapa Florestas, 2000. 27p.

Link de acesso: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/290718/1/


doc40.pdf

A polinização acontece através da associação entre plantas e insetos, mamíferos


ou pássaros, e é um mecanismo que se desenvolveu através do tempo por meio de uma
coevolução. Entender esse processo é importante para que se compreenda as motivações
por detrás da polinização.

Fonte: BARÔNIO, Gudryan J. et al. Plantas, polinizadores e algumas articulações


da biologia da polinização com a teoria ecológica. Rodriguésia, v. 67, p. 275-293, 2016.

Link de acesso: https://www.scielo.br/j/rod/a/jt555NvwKBSZJsBLtDKsF5P/?forma-


t=pdf&lang=pt

As folhas das angiospermas possuem uma diversidade de formas e tamanhos


muito grandiosa, sendo importantes para diversas finalidades, como na taxonomia para a
identificação de espécies e até mesmo na reconstrução da história evolutiva das plantas.

Fonte: DUTRA, Tânia Lindner; BOARDMAN, Daiana Rockenbach. Folhas das


Angiospermas: Taxonomia, preservação e sua aplicação na reconstituição das floras e dos
climas do passado. Caderno La Salle XI, v. 2, p. 109-120, 2004.

Link de acesso:
https://www.researchgate.net/profile/Daiana-Boardman/publication/277881786_
Metodos_de_Estudo_em_Biologia_FOLHAS_DAS_ANGIOSPERMAS_TAXONO-
MIA_PRESERVACAO_E_SUA_APLICACAO_NA_RECONSTITUICAO_DAS_FLO-
R A S _ E _ D O S _ C L I M A S _ D O _ PA S S A D O / l i n k s / 5 5 7 5 a f c 4 0 8 a e 7 5 3 6 3 7 5 0 7 e f 0 /
Metodos-de-Estudo-em-Biologia-FOLHAS-DAS-ANGIOSPERMAS-TAXONOMIA-PRE-
SERVACAO-E-SUA-APLICACAO-NA-RECONSTITUICAO-DAS-FLORAS-E-DOS-CLI-
MAS-DO-PASSADO.pdf

UNIDADE III Angiospermas 78


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Morfologia de Angiospermas
Autor: Rejane Gomes Pimentel et al.
Editora: Technical Books Editora.
Sinopse: Neste livro, é possível compreender mais sobre a morfo-
logia das angiospermas de uma maneira didática, além de abordar
sobre aspectos relacionados a essas plantas, como a polinização.

FILME/VÍDEO
Título: Como diferenciar folhas simples e compostas
Ano: 2017.
Sinopse: Esse vídeo muito dinâmico e didático demonstra de
maneira prática como diferenciar as folhas de plantas.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=xLeZY1iFqkw>

UNIDADE III Angiospermas 79


UNIDADE IV
Aplicações
Professora Mestra Cíntia Zani Fávaro Polonio

Plano de Estudo:
● Interação entre plantas e homem;
● Agricultura;
● Aplicações biotecnológicas das plantas.

Objetivos da Aprendizagem:
● Contextualizar a interação entre homem e planta e sua importância;
● Compreender sobre a agricultura;
● Estabelecer a importância das plantas para diversas aplicações e inovações.

80
INTRODUÇÃO

Olá alunos (as), sejam bem-vindos (as) ao nosso último capítulo da disciplina de
Botânica.
Ao longo de nossos estudos, conhecemos muito sobre as plantas, principal enfoque
dessa linha de estudo. Antes de iniciarmos, é importante salientar que outros seres vivos são
objetos de estudo da Botânica, sendo eles as algas, fungos e protozoários, o que confere
uma ampla gama de conteúdo, muito complexos e que requerem um aprofundamento muito
grandioso. Assim, focamos nossos estudos em plantas para que possamos conhecer um
pouco mais sobre muitas características inerentes a elas.
Destacando isso, neste capítulo, vamos entender sobre a importância das plantas
para os seres humanos e como essa relação acontece. Este ponto é importante para que o
respeito e a compreensão sobre o quanto as plantas são cruciais para as nossas vivencias,
e assim todas as ações responsáveis por sua conservação e manutenção sejam realizadas
e respeitadas.
Veremos também sobre a agricultura, prática muito importante para a sobrevivência
dos seres humanos e que delineou nossa sociedade da maneira que conhecemos hoje. O
destaque vai além da relevância econômica que a agricultura oferece, está mais associada
com a fonte de sobrevivência das pessoas por meio da alimentação.
Por fim, vamos entender mais sobre a aplicação das plantas no âmbito biotecnológico,
pois é por meio delas que diversas inovações acontecem, como veremos, em vários âmbitos
como: farmacológico, fitorremediação, melhoramento genético, etc. Todas essas ações
interferem na vida de todos nós, desde a manutenção da saúde, da vida e na preservação
do meio ambiente.
Sendo assim, a partir de agora vamos nos aprofundar nesses aspectos para que
tenhamos melhor compreensão sobre a influência e importância das plantas em nossas vidas.

UNIDADE IV Aplicações 81
1. INTERAÇÃO ENTRE PLANTAS E HOMEM

1.1 Interação entre plantas e homem


Os seres humanos habitam o planeta e extraem uma infinidade de recursos para
sua sobrevivência, isso porque desenvolveram uma capacidade de raciocinar e promover
diversas ferramentas que permitiram sua sobrevivência. Em relação as plantas, os seres
humanos são relativamente muito novos no planeta terra, mas assim como elas, se
difundiram por todo o mundo através das adaptações evolutivas também. Quando pensamos
na superfície terrestre, todos os organismos aqui presentes foram cruciais para que a Terra
seja como é hoje. As plantas contribuíram para que a atmosfera tenha a composição atual
e os seres humanos fizeram muitas coisas, transformaram muitas paisagens com suas
construções e modo de vida, mas em alguns casos a exploração descontrolada acabou
prejudicando a maneira de sobreviver de outros seres vivos.

UNIDADE IV Aplicações 82
FIGURA 1 - A INTERAÇÃO ENTRE HOMENS E PLANTAS SEMPRE EXISTIU

O cultivo de plantas em lavouras é um processo muito antigo, datado de


aproximadamente 10.500 anos, sendo esta prática a peça chave para a vida constituída
nas cidades e comunidades, como vemos hoje. Assim, a interação entre plantas e seres
humanos é muito importante para nós, mas, e para as plantas? Fazemos algo para contribuir
com a preservação e manutenção das mesmas? O conhecimento advindo dos estudos e
pesquisas científicas são caminhos importantes para que essas duas situações ocorram,
e mesmo com as práticas agrícolas ou outras que se utilizem das plantas como matéria
prima, possam ser realizadas de uma forma benéfica para todos os envolvidos.
Compreender o quanto somos dependentes das plantas permite com que a sua
utilização seja mais consciente e não descontrolada e deixada para ser pensada posterior-
mente, quando não será mais possível recuperar tudo o que foi retirado sem os cuidados e
estudos relacionados as mesmas, afinal, se está na natureza é porque possui algum papel
ecológico importante para alguma finalidade importante.

UNIDADE IV Aplicações 83
FIGURA 2 - AS PLANTAS SÃO GRANDES FONTES DE VITAMINAS

Outra situação que torna as plantas importantes para os seres humanos é que esses
últimos não possuem a capacidade de sintetizar as vitaminas necessárias para um bom
funcionamento de seu organismo, já as plantas conseguem realizar essa façanha. Então,
através do consumo de frutas, verduras, hortaliças, legumes, é que nós adquirimos essas
vitaminas fundamentais para nossa vida. Algumas plantas também possuem propriedades
medicinais que são muito difundidas nas populações desde muito tempo atrás, utilizadas no
tratamento de diversas doenças. Essa especialidade pode ser explorada de uma maneira
consciente através de estudos que vão englobar muitos aspectos relacionados.
Além desses aspectos, os seres humanos necessitam de algo que as plantas
dispõem de uma forma grandiosa, que é a fotossíntese. Esse processo é fundamental
para a sobrevivência de todos os seres vivos, pois é por meio dela que o gás oxigênio,
que é indispensável na manutenção da vida, será produzido. Além disso, o resultado da
fotossíntese na planta é a geração de glicose que será absorvida por todos os seres que a
consumir, podendo ser direta ou indiretamente (animais carnívoros podem não se alimentar
diretamente de plantas, mas se alimentam de outros animais que as consome). Ainda, no
processo de fotossíntese, as plantas sequestram moléculas de gás carbônico (CO2), sendo
esse o motivo da atmosfera ser compatível com a vida.

UNIDADE IV Aplicações 84
FIGURA 3 - A FOTOSSÍNTESE É FUNDAMENTAL PARA OS SERES VIVOS

As interações entre seres humanos e plantas podem não ser percebidas, mas elas
acontecem todos os dias, e são primordiais, de maneira mais enfática, os seres humanos
são muito mais dependentes das plantas do que o contrário, pois como vimos, nos outros
capítulos, a dispersão, manutenção e reprodução delas acontecem sem nenhuma ação
humana. Mas, todas as situações que ocorrem na outra direção não podem ser realizadas
pelo homem com a mesma maestria das plantas. Assim, precisamos compreender a
importância das mesmas e utiliza-las da melhor forma possível, respeitando-as e garantindo
sua preservação (RAVEN, EVERT e EICHHOR, 2014).
A partir de agora, vamos entender de uma maneira mais aprofundada sobre a
agricultura e como ela se estabeleceu na sociedade.

UNIDADE IV Aplicações 85
2. AGRICULTURA

2.1 Agricultura
A agricultura é uma prática muito difundida em todo o mundo, e sua origem está
associada a pré-história. Diante de todas as mudanças que ocorreram no decorrer da
evolução, os homens primitivos que caçavam animais para sobreviver, passaram por
períodos de escassez de alimentos. Foi a partir de então, que o consumo das plantas
iniciou como uma nova forma de obter alimento em quantidade além de garantir uma maior
sobrevivência, pois a caça já não era algo crucial para sua sobrevivência.
O início do plantio das sementes provavelmente ocorreu diante de consequências,
a partir grãos que eram coletados pelas pessoas e caíram ou foram despejadas em locais
abertos, com poucas plantas próximas. A partir de sua germinação cresceram em quantidade
em um único local, seguro e de fácil acesso. Dessa maneira, a permanência dos grupos de
pessoas nesses lugares passou a se estender, e novas formas de aumentar a quantidade
dessas plantas foram surgindo, além da associação de outras espécies que também eram
consumidas. A irrigação dessas plantas, adubação, proteção contra outros animais, foram
conduzindo essa prática para o cultivo.

UNIDADE IV Aplicações 86
FIGURA 4 - O CULTIVO DAS PLANTAS FOI DESENVOLVIDO A MILHARES DE ANOS

Existem locais em todo o mundo no qual a agricultura se desenvolveu de forma


independente, e uma dessas áreas mais conhecidas é o chamado Crescente Fértil, região
que contempla locais em que hoje estão os países do Líbano, Irã, Turquia, Iraque, Israel,
Jordânia e Síria, no qual os cultivos de plantas como o trigo, lentilha, fava, grão de bico,
oliveira, ervilha e a cevada foram as primeiras a serem difundidas em larga escala.
Conforme as plantas foram se apresentando com maior importância, passaram a ser
selecionadas quanto a características que garantiam as melhores colheitas, esse foi o início
da seleção genética, e também da chamada “domesticação” das plantas. Essa seleção de
plantas que eram altamente consumidas, garantiu o surgimento de grãos muito maiores e
que possuíam um sabor mais agradável. Nesse processo, a dispersão das sementes (que
ocorre na natureza, garantindo sua disseminação) foi deixando de existir, e as mesmas
passaram a ficar retidas de forma a serem facilmente colhidas, ocasionando a dependência
do ser humano para esse processo. A espiga de milho primitiva apresentava sementes com
tamanhos e alinhamentos diferentes, além da quantidade ser muito menor do que temos
hoje, isso, graças aos cruzamentos realizados entre espécies de milhos (RAVEN, EVERT
e EICHHOR, 2014).

UNIDADE IV Aplicações 87
FIGURA 5 - MILHO

Esse processo de domesticação das plantas foi precursor de outras atividades


humanas como a criação e domesticação de animais para alimentação.
No chamado “Novo Mundo” a agricultura se desenvolveu em três grandes centros:
América do Sul e do Norte e Mesoamérica (América Central e México). De acordo com
estudos, as plantas que foram domesticadas conforme vimos acima (Crescente Fértil), não
foram trazidas para esses centros antes do ano de 1492. Nesse contexto, as plantas que
foram cultivadas nos moldes da domesticação, foram o milho, abóboras, morangas, feijão,
amendoim, pimenta, cacau, abacaxi, abacate e algodão. Na América do Sul a diversidade
de cultivares aumentava ainda mais, com destaque para o cultivo de batatas. As chamadas
especiarias passaram a ser altamente cultivadas, principalmente porque o valor agregado
a elas era muito grande, despertando o interesse em sua produção para o consumo.

UNIDADE IV Aplicações 88
FIGURA 6 - O ORÉGANO É UMA DAS ESPECIARIAS MAIS DIFUNDIDAS E UTILIZADAS

Desta forma, podemos perceber a grande relevância da agricultura como sendo


responsável por uma nova forma de se viver, garantindo assim o estabelecimento de
sociedades. Se hoje nos organizamos desta forma, o cultivo de plantas é um dos fatores
determinantes para isso.
As plantações de culturas importantes estão sendo cada vez mais difundidas nos
últimos 500 anos em diversos locais do mundo, desde que consiga se adaptar de maneira
satisfatória. Plantas como milho, arroz e trigo possuem uma plasticidade quanto a sua
adaptabilidade em diversos climas, e assim, podem ser cultivadas em diversos locais. As
tecnologias que foram surgindo transformaram a agricultura, que se tornou mecanizada
em vários locais, facilitando assim o cultivo e a colheita dessas espécies. Contudo, apesar
de todas essas inovações, existem problemas associados, como o aumento expressivo da
população, resultando em uma maior necessidade da elevação na produção de alimentos.
Mesmo com todas as tecnologias existentes suprir essa quantidade de pessoas é um
grande desafio a ser enfrentado.
Outro ponto importante é a sustentabilidade, que precisa ser empregada na
agricultura, possuindo como princípios a manutenção dos recursos naturais a longo prazo e
com o menor impacto possível; a utilização de insumos químicos reduzida consideravelmente
e suprir as necessidades sociais das pessoas assim como as suas necessidades alimentícias
(RAVEN, EVERT e EICHHOR, 2014).

UNIDADE IV Aplicações 89
FIGURA 7- A MECANIZAÇÃO DA AGRICULTURA

UNIDADE IV Aplicações 90
3. APLICAÇÕES BIOTECNOLÓGICAS DAS PLANTAS

3.1 Aplicações biotecnológicas das plantas


A partir de agora, vamos compreender como as plantas são utilizadas para outras
finalidades além da agricultura, assim como veremos sobre o emprego da biotecnologia
vegetal e seus benefícios para todos nós.

3.2 Fármacos
Como vimos, as plantas podem possuir propriedades medicinais, e assim surge
uma aplicabilidade das mesmas como sendo fontes de fármacos. Durante milhares de
anos, o homem utiliza as plantas como medicamentos naturais, e até mesmo na medicina
elas são fortemente empregadas.
Esse grande potencial ofertado pelas plantas advém de substâncias chamadas
de metabólitos secundários, compostos naturais que conferem a planta proteção contra
patógenos e resistência diante de intempéries que ocasionam estresses fisiológicos
à mesma. Mesmo com tecnologias capazes de reproduzir de maneira sintética em
laboratórios, todas essas substâncias aplicadas, advém de um modelo, que é fornecido
pelas plantas. Algumas moléculas apresentam uma complexidade muito grande, e a sua
produção incialmente ocorria a partir das substâncias extraídas diretamente das plantas. As
plantas sempre foram muito utilizadas na farmacologia, principalmente quando essa prática
teve início a muitos anos atrás (RAVEN, EVERT e EICHHOR, 2014).

UNIDADE IV Aplicações 91
FIGURA 8 – CATALOGAÇÃO DE ESPÉCIES DE PLANTAS INICIALMENTE.
PESSOAS QUE ENTENDIAM DAS PROPRIEDADES DAS MESMAS INICIARAM
SUA APLICAÇÃO COMO MEDICAÇÃO

3.3 Fitorremediação
A fitorremediação ocorre através da utilização de uma planta em ambientes poluídos
com a finalidade de reduzir a quantidade desses poluentes ou de remover os mesmos,
dependendo dos mecanismos que ocorrem nessa interação. A fisiologia da planta, a química
do contaminante e a bioquímica do solo precisam ser conhecidas para que seja realizado o
delineamento da ação a ser feita e qual planta deve ser utilizada para readequar a ecologia
do solo. As plantas possuem também associações com microrganismos capazes de
contribuir com a descontaminação. Arabidopsis é um exemplo de planta fitorremediadora
(RAVEN, EVERT e EICHHOR, 2014).

UNIDADE IV Aplicações 92
FIGURA 9 - ARABIDOPSIS, MODELO DE FITORREMEDIAÇÃO

Esse processo ocorre em solos em que haja a necessidade de descontaminação,


e constitui uma forma menos agressiva de ação. Existem outras formas utilizadas com
essa finalidade, mas são utilizados componentes químicos ou físicos que possam gerar
outras consequências agravantes para a natureza. Assim, a utilização de plantas para essa
finalidade é uma alternativa muito eficaz. Contudo, não são todas as plantas capazes de
realizar essas ações, por isso são necessários estudos que promovam o conhecimento de
quais espécies podem ser utilizados. No quadro abaixo, podemos ver quais são as técnicas
utilizadas para esse fim (RAVEN, EVERT e EICHHOR, 2014).

QUADRO 1- TÉCNICAS DE FITORREMEDIAÇÃO


1. Fitoextração ou Fitoacumulação: é um processo pelo qual as plantas
acumulam contaminantes nas raízes, rebentos e folhas. Esta técnica tira baixos
níveis de contaminantes numa grande área contaminada;
2. Fitotransformação ou Fitodegradação: refere-se à remoção de com-
ponentes orgânicos do solo, sedimentos ou água e subsequente transformação
em componentes menos nocivos;
3. Fitoestabilização: as plantas reduzem a mobilidade e migração do solo
contaminado. Através da sua absorção e ligação à estrutura da planta, forma-se uma
massa estável, que garante que os contaminantes não vão reentrar no ambiente;
4. Rizodegradação: Passa pela quebra do contaminante através da
atividade existente na rizosfera. Consiste numa relação simbiótica, que recorre a
microrganismos que obtêm os nutrientes que necessitam enquanto conferem um
ambiente mais saudável às plantas;
5. Rizofiltração: é uma técnica de remediação aquática que envolve a
remoção de contaminantes pelas raízes das plantas.
Fonte: Adaptado de: Catarino (2016, p. 06-07, apud Mashi, 2013).

UNIDADE IV Aplicações 93
3.4 Bioindicadores
Plantas podem ser utilizadas como bioindicadoras, ou seja, elas podem ser
indicadoras de ambientes poluídos, demonstrando se o solo, a água ou o ar contém
substâncias que são poluentes. Isso porque cada ser vivo apresenta respostas diante
dessas situações, e essas características nas plantas podem ser mais expressivas. Um
exemplo muito difundido são os musgos, que não conseguem se desenvolver em locais
onde à poluição.

FIGURA 10 - MUSGOS SÃO BIOINDICADORES DE POLUIÇÃO

3.5 Biotecnologia Vegetal


Acima, vimos algumas aplicações das plantas que são muito difundidas na área
biotecnológica (manipulação de organismos vivos para a fabricação de produtos).
Agora, vamos entender um pouco mais sobre a biotecnologia vegetal, que é a
aplicação de diversas técnicas que promovem a manipulação de todo o potencial genético
disponível nas plantas. Essa tecnologia já existe a muitos anos e a cada vez mais vai se
aperfeiçoando e promovendo inovações importantes.
Pesquisadores conseguiram demonstrar através de suas pesquisas que várias
plantas conseguem ter um crescimento satisfatório na água, quando a mesma for acrescida
de minerais fundamentais para que esse processo aconteça. Dessa forma, não haveria
a necessidade de que essas plantas precisassem do solo para que suas raízes se
desenvolvessem, e assim, surgiu uma técnica muito utilizada atualmente, que é a hidroponia.

UNIDADE IV Aplicações 94
FIGURA 11 - A HIDROPONIA É MUITO UTILIZADA NO CULTIVO DE HORTALIÇAS
COMO A ALFACE

A partir de então, foram desenvolvidos outros estudos relacionados com o


crescimento de partes das plantas, como fragmentos de folhas, ápices caulinares, entre
outros, em soluções nutritivas (contendo vitaminas, sacaroses e outras substâncias)
como base de crescimento. Assim, muitas descobertas foram surgindo, principalmente
relacionadas com os hormônios vegetais e dos mecanismos de controle do crescimento e
desenvolvimento vegetal. Essa é a chamada de cultura de tecidos, altamente utilizada em
pesquisas relacionadas com plantas.

FIGURA 12 - COMO A CULTURA DE TECIDOS É REALIZADA EM LABORATÓRIO

UNIDADE IV Aplicações 95
Assim, a cultura de tecidos é um conjunto de métodos aplicados para o crescimento
de forma numerosa das células em meio estério e que pode ser controlado de acordo com
os propósitos a serem compreendidos. A propagação clonal é a produção de indivíduos
geneticamente idênticos a partir da célula isolada inicialmente. Nestes casos, a meta principal
é induzir as células de maneira individual a expressarem a totipotência, que é a capacidade
que uma única célula apresenta quando madura e que origina uma planta inteira. Essa
técnica proporciona uma resistência maior a diversas doenças vegetais. Isso acontece por
alguns motivos, um deles é a descontaminação dos explantes (tecido vegetal utilizado na
micropropagação), mas também porque utilizam-se técnicas de cultura do meristema, que
é o tecido embrionário e também dos ápices caulinares, que estão livres de contaminações
por serem de difícil acesso rápido pelos mesmos (RAVEN, EVERT e EICHHOR, 2014).

FIGURA 13 - DEMONSTRAÇÃO DE COMO É PREPARADA A CULTURA DE TECIDOS

UNIDADE IV Aplicações 96
3.6 Engenharia Genética
A engenharia genética é a aplicação da tecnologia do DNA recombinante (Quadro
2), e é um dos meios mais importantes para que o melhoramento das plantas ocorra de
forma satisfatória.

QUADRO 2 - COMO OCORRE A APLICAÇÃO DO DNA RECOMBINANTE


1. A tecnologia do DNA recombinante baseia-se, em grande parte, na
capacidade de clivar precisamente moléculas de DNA de diferentes origens em
fragmentos específicos e em combinar esses fragmentos para produzir novas
combinações.
2. Esse procedimento depende da existência de enzimas de restrição,
que reconhecem sequências específicas do DNA de fita dupla, conhecidas
como sequências de reconhecimento. Tipicamente, essas sequências têm 4 a 6
nucleotídeos de comprimento e são sempre palindrômicas (uma fita é idêntica à
outra fita quando lida em sentido oposto).
3. As enzimas de restrição clivam o DNA dentro ou próximo a suas
sequências de reconhecimento específicas. Algumas enzimas de restrição fazem
cortes em linha reta, enquanto outras fazem um corte através das duas fitas com uma
diferença de alguns nucleotídeos, criando as denominadas extremidades coesivas.
4. As fitas simples de DNA nas duas extremidades coesivas são
complementares; por conseguinte, podem parear uma com a outra e unir-se
novamente por meio da ação da DNA ligase.
5. O aspecto mais importante é que essas extremidades coesivas
podem ligar-se a qualquer outro segmento de DNA – de qualquer outra origem –
que tenha sido clivado pela mesma enzima de restrição e que apresenta, portanto,
extremidades coesivas complementares.
6. Essa propriedade possibilita a criação de recombinações
praticamente ilimitadas de material genético, visto que os fragmentos de DNA se
recombinam, independentemente das fontes originais dos fragmentos.

Fonte: Adaptado de: Raven, Evert e Eichhor (2014, p. 390).

Dentre as vantagens que ela apresenta, duas são as mais importantes:


● A engenharia genética oferta a possibilidade de se inserir genes individuais em
organismos de forma simples e muito precisa;
● As espécies que estão envolvidas nessa transferência de genes não precisam
necessariamente serem capazes de se associar (hibridizar) uma com a outra.

UNIDADE IV Aplicações 97
No quadro abaixo, vamos entender uma das formas de como essa aplicação do
DNA recombinante acontece.

QUADRO 3 - COMO OCORRE A TÉCNICA DE OBTENÇÃO DO DNA RECOMBINANTE


1. Uma maneira de transferir genes exógenos em plantas-alvo consiste
em utilizar Agrobacterium tumefaciens, uma bactéria do solo que infecta uma
ampla variedade de plantas com flores, penetrando tipicamente através de feridas.
A. tumefaciens induz a produção de tumores, denominados galha-de-coroa (Figura
10.10), ao transferir uma região específica, o DNA de transferência (T-DNA) de um
plasmídio indutor de tumor (Ti) para o DNA nuclear da planta hospedeira.
2. Cada plasmídio Ti é um ciclo fechado de DNA, constituído de cerca
de 100 genes. O T-DNA consiste em aproximadamente 20.000 pares de bases
de DNA, delimitados, em cada extremidade, por repetições de 25 pares de base.
O T-DNA contém diversos genes, incluindo um gene (gene O) que codifica uma
enzima envolvida na síntese de opinas, que são derivadas de um único aminoácido.
3. A região onc consiste em um grupo de três genes, dois dos quais
codificam enzimas envolvidas na síntese do hormônio auxina, enquanto o terceiro
codifica uma enzima que catalisa a síntese de uma citocinina. Em virtude da presença
desses genes envolvidos na biossíntese de hormônios, as células hospedeiras
passam a crescer e a se dividir de modo descontrolado, formando um tumor.
4. As opinas são utilizadas pelas bactérias como fonte de carbono e
nitrogênio. Outra região do plasmídio Ti, a região vir, é essencial para o processo
de transferência, porém não é incorporada no DNA do hospedeiro.
5. Por conseguinte, a Agrobacterium é um engenheiro genético natural.
Essa bactéria reprograma as células vegetais pela transferência de nova informa-
ção genética no genoma do hospedeiro.
6. A Agrobacterium tumefaciens, com o seu plasmídio Ti, constitui
uma poderosa ferramenta para a engenharia genética das eudicotiledôneas e de
certas monocotiledôneas. Os genes promotores de tumores no T-DNA podem ser
removidos e substituídos por quaisquer genes que os pesquisadores pretendam
transferir para plantas
7. A infecção de uma planta pela A. tumefaciens contendo esses
plasmídios de engenharia genética resulta na transferência desses genes para o
genoma da planta. As plantas transgênicas (plantas que contêm genes exógenos)
obtidas pelo uso de plasmídios transmitem os genes exógenos a sua descendência
de acordocom a lei mendeliana.

UNIDADE IV Aplicações 98
SAIBA MAIS

Qual das situações é mais viável, adaptar o ambiente para a planta ou a planta para
o ambiente? A biotecnologia abre um leque de possibilidades para que uma planta
possa estar mais protegida biologicamente, garantindo melhores desempenhos que
contribuem para uma diminuição na utilização de diversos produtos químicos que podem
ser prejudiciais para o ambiente e aos seres vivos.

Fonte: BARTH, Wilmar Luiz. Engenharia genética e bioética. Teocomunicação, v. 35, n. 149, 2005.

REFLITA

“A maioria dos países que cultiva PGM criou uma legislação própria de biossegurança,
e, no Brasil, todas as etapas de produção de uma PGM (Plantas Genéticamente
Modificadas) devem atender às exigências de biossegurança e à aprovação pela
Comissão Técnica de Biossegurança (CTNBio), descritas nas leis n° 8.974/1995 e
11.105/2005” (BRASILEIRO e CARNEIRO, 1998, p. 15).

Fonte: BRASILEIRO, Ana Cristina de Miranda; CARNEIRO, VT de C. Manual de transformação


genética de plantas. Brasília: Embrapa-SPI/Embrapa-Cenargen, 1998.

UNIDADE IV Aplicações 99
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme vimos até o momento, as plantas possuem uma diversidade muito


grande e assim suas propriedades também apresentam as mais aplicabilidades possíveis.
Inicialmente, as plantas foram fundamentais para a sobrevivência dos seres humanos,
como fonte de alimento, o que culminou também em fonte econômica.
Os benefícios que as plantas conferem aos seres humanos vão além da alimentação,
sendo fundamentais para a manutenção da vida diante da fotossíntese e também como
sendo precursoras de vitaminas importantes para a saúde e bem-estar das pessoas. Ainda,
a agricultura permitiu com que inovações pudessem surgir, inicialmente de maneira empírica,
pois as pessoas adquiriram informações através da observação. Mas com o desenvolver
das tecnologias e dos estudos, as aplicações das plantas foram expandidas e as inovações
foram surgindo cada vez mais. Por isso, é muito importante que os estudos continuem e
que a conscientização sobre a preservação da natureza como um todo ocorram sempre.
Dessa forma, finalizamos nossa disciplina, mas lembre-se sempre de se atualizarem
a partir desses novos estudos que falamos acima, pois a ciência nunca para e sempre nos
agrega informações valiosas. Assim, busquem em locais seguros e nunca se esqueçam
de disseminar conteúdos verídicos, pois dessa maneira além de contribuírem para o
desenvolvimento da sociedade, estarão também respeitando a natureza e ajudando-a
quanto a sua preservação.

UNIDADE IV Aplicações 100


LEITURA COMPLEMENTAR

Os medicamentos utilizados no controle de doenças possuem diversos compostos


que são cruciais para resultados positivos. Algumas plantas apresentam em sua composição
substâncias que podem ser também utilizadas com essa finalidade e garantir resultados
muito positivos.

Fonte: BADKE, Marcio Rossato et al. Panorama brasileiro dos serviços de plantas
medicinais e fitoterápicos. Revista de Enfermagem da UFSM, v. 9, p. e64, 2019.

Link de acesso:
https://pdfs.semanticscholar.org/3dae/acc0717514525b89133317b34890
ab825562.pdf

As plantas podem ser grandes aliadas na percepção de que o ambiente possa


estar contaminado com substâncias prejudiciais para a natureza e para os seres vivos.
Dentre os contaminantes que podem ser identificados estão os metais pesados, que são
devastadores para os organismos vivos quando em excesso.

Fonte: SOUZA, Ana Kely Rufino et al. Poluição do ambiente por metais pesados
e utilização de vegetais como bioindicadores. Acta Biomedica Brasiliensia, v. 9, n. 3, p.
95-106, 2018.

Link de acesso: https://actabiomedica.com.br/index.php/acta/article/view/300

A fitobiorremediação é um potencial que pode ser adquirido através do emprego


de plantas que possuem a capacidade de assimilar contaminantes que estão dispersos no
solo, de maneira a regenerar sua qualidade.

Fonte: ESTRELA, Maria Alexandra; CHAVES, Lúcia Helena Garofalo; SILVA, La-
rissa Novais. Fitorremediação como solução para solos contaminados por metais pesados.
Revista Ceuma Perspectivas, v. 31, n. 1, p. 160-172, 2018.

Link de acesso:
http://www.ceuma.br/portalderevistas/index.php/RCCP/article/view/191

UNIDADE IV Aplicações 101


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Melhoramento de Plantas
Autor: Aluizio Borém et al.
Editora: Oficina de textos.
Sinopse: Este livro conta toda a história da domesticação das
plantas até as mais avançadas técnicas empregadas no seu
melhoramento genético.

FILME/VÍDEO 1
Título: Você sabia? Plantas como fonte de medicamentos
Ano: 2020.
Sinopse: Uma pequena amostra de como as plantas são utilizadas
na fabricação de medicamentos.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=G24DEKztSvc

FILME/VIDEO 2
Título: Agronomia Sustentável - Gestão de fazendas urbanas em
Curitiba
Ano: 2021.
Sinopse: A sustentabilidade é uma via muito importante que pre-
cisa ser explorada pela sociedade para que o equilíbrio ambiental
se mantenha.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=5E8JjhT2Dz8

UNIDADE IV Aplicações 102


REFERÊNCIAS

BRESINSKY, Andreas et al. Tratado de botânica de Strasburger. Porto Alegre: Artmed


Editora, 2012.

CATARINO, Sofia Raquel Madalena. Biorremediação. Coimbra, 2016.

CHAN, A. K.; RAYMUNDO, C. E. V.; BETETE, B. B.; LOPES, A. S. L;

SILVEIRA, E. R.; MATOS, T. M.; RIBEIRO, R. S.; FURLAN, C. M. Botânica no inverno


2022. Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2022.

CLARKE, John T.; WARNOCK, Rachel C. M.; DONOGHUE, Philip C. J. Estabelecendo


uma escala de tempo para a evolução das plantas. New Phytologist, v. 192, n. 1, p. 266-
301, 2011.

COOPER, Geoffrey M.; HAUSMAN, Robert E. A Célula: Uma Abordagem Molecular.


Artmed Editora, Porto Alegre, 2016.

DE VRIES, Jan; ARCHIBALD, John M. Plant evolution: landmarks on the path to terrestrial
life. New Phytologist, Nova Scotia, Canadá, v. 217, n. 4, p. 1428-1434, 2018.

MAGALHAES, K; NAUER, F. Origem e evolução dos cloroplastos. VIII Botânica no


Inverno 2018 / Org. Aline Possamai Della [et al.]. – São Paulo: Instituto de Biociências da
Universidade de São Paulo, Departamento de Botânica, 2018.

PEREIRA, Antônio Batista. Introdução ao estudo das pteridófitas. Editora da ULBRA,


2003.

103
RAVEN, Peter H.; EVERT, Ray F.; EICHHORN, Susan E. Biologia vegetal. In: Biologia
vegetal. 8ª ed. p. 830-830 Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

SILVEIRA, A. O. Anatomia vegetal. Curvelo: Faculdade de Ciências de Curvelo. Departa-


mento de Ciências Biológicas, Curvelo, São Paulo, 2004.

VEASEY, Elizabeth Ann et al. Processos evolutivos e a origem das plantas cultivadas.
Ciência Rural, Santa Maria, v. 41, p. 1218-1228, 2011.

104
CONCLUSÃO GERAL

A botância engloba uma diversidade de informações muito grande, assim como a


dimensão das plantas. Tudo isso vai muito além do que estudamos durante nossa disciplina,
mas tudo o que aprendemos será uma base muito forte para que compreendamos as
plantas como um todo.
Na primeira unidade vimos o início de tudo, a evolução que foi fundamental para o
desenvolvimento de todas as plantas, que estão na vida de todos os organismos e nos mais
diversos habitats, isso graças a todas as mudanças provenientes durante a evolução. As célu-
las foram fundamentais para que a vida seja como conhecemos agora. Essas estruturas que
compõem as plantas possuem características intrinsecas a esses grupos, que apresentam
os cloroplastos, responsáveis pela fotossíntese, que é destaque nas plantas. Essas células
se organizam e formam os tecidos, que compõem os organismos de forma especializada. A
fisiologia aborda essas ações que são fundamentais para a manutenção de um organismo.
Em nossa segunda unidade, passamos a compreender sobre os grupos de plantas
diante de suas características, que agrupa as mesmas diante de suas estruturas específicas.
As briófitas, pteridófitas e gimnospermas, e observamos o quanto a evolução garantiu
as adaptações que classificam essas plantas. Também, vimos sobre as sementes, que
surgiram nas plantas gimnospermas, e foram importantes para a prospecção das plantas
que apresentam essa adaptação nos locais mais diversos.
Durante a terceira unidade, foi explorado o maior e mais diverso grupo de plantas,
as angiospermas, onde muitas mudanças foram apresentadas, as flores e frutos, muito
importantes para que o sucesso de sua disperção fosse tão grandiosa. Essa plantas são
fundamentais para o desenvolvimento da economia e também da alimentação dos seres
vivos. A polinização foi abordada, assim como a fecundação, processos extremamente
importantes para as angiospermas.
Durante a quarta unidade, associamos as plantas na vida dos seres humanos, desta-
cando a importância que as mesmas apresentam, desde ser uma forma de alimentação, como
também sua grande contribuição para a formação da estrutura social como conhecemos.
Diante de todas essas informações, podemos entender o porque de tanta preocupação
quanto a preservação da natureza como um todo, e em especial das plantas, que compõem
de forma abrangente uma diversidade de ecossistemas. Além disso, sem as plantas nós não
poderiamos sobreviver, elas são essenciais para nossa vida, e por isso devem ser cuidadas e
preservadas. Para isso, nós, que adquirimos esses conhecimentos precisamos estar sempre
atualizados e dispersas esses saberes da melhor forma possível. A conscientização da popu-
lação é a melhor via para que as plantas sejam cuidadas como merecem.

105
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