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Higiene

do Trabalho
Professor Me. Renan Gonçalves da Silva
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

S586h Silva, Renan Gonçalves da


Higiene do trabalho / Renan Gonçalves da Silva.
Paranavaí: EduFatecie, 2021.

106 p. : il. Color.

1. Segurança do trabalho. 2. Higiene do trabalho. 3.


Ergonomia. 4. Educação para segurança do trabalho
I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a
Distância. III. Título.

CDD : 23 ed. 363.116


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Kauê Berto

Projeto Gráfico, Design e


Diagramação
André Dudatt
AUTOR

Professor Me. Renan Gonçalves da Silva

● Mestre em Agroecologia (Universidade Estadual de Maringá – UEM)


● Bacharel em Engenharia Ambiental (Universidade Estadual de Mato
Grosso do Sul – UEMS)
● Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho (UNINGÁ)
● Especialista em auditoria, perícia e educação ambiental (UNIFATECIE)
● Licenciado em Geografia (UNIJALES)
● Professor do Curso de Engenharia Civil (UNIFATECIE)
● Consultor Ambiental
● Consultor de Segurança do Trabalho

Possui ampla experiência como professor lecionando as disciplinas de Saneamento


Ambiental, Licenciamento Ambiental, Sistemas de Informações Geográficas,
Recuperação de Áreas Degradadas, Avaliação de Impactos Ambientais e Análise de
Investimentos Ambientais, Gestão de Resíduos, Química Aplicada ao Meio Ambiente entre
outras. Coordenador da especialização pós-técnica em gestão de resíduos ofertado pela
Secretaria de Estado de Educação (SEED). E ainda com consultoria ambiental para
empresas e prefeituras.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/6149238437676530
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo (a)!

Prezado (a) aluno (a), é com muito prazer que estarei junto com você durante
a disciplina de higiene do trabalho. Assim, quero que você reflita sobre a relação do
homem e o seu trabalho. E como suas atividades laborais podem refletir sobre sua
saúde, meio ambiente e sobre a coletividade.
Na unidade I, quero lhe apresentar um breve histórico sobre a segurança do trabalho
e a higiene ocupacional, mencionado como foi o seu surgimento. No tocante, irei apresentar
os conceitos e definições sobre a higiene do trabalho, você saberá o que significa higiene
do trabalho e quais são os seus objetivos. Apresentarei também nesta unidade de forma
breve as principais legislações aplicadas na área de segurança do trabalho.
Já na unidade II, você conhecerá qual é a diferença entre risco e perigo, este
estudo é fundamental para definir as medidas de controle de riscos ocupacionais. Ainda
nesta unidade, será abordado as definições de um trabalho seguro e como ocorre a
organização da CIPA e também do SESMT.
Adiante, na unidade III você conhecerá o que são riscos químicos e físicos. Na
oportunidade será explanado como estes riscos influenciam na saúde do trabalhador. E
quais são as medidas de controle adotadas para estes riscos com a finalidade de mitigar
a ação dos agentes de riscos e, se possível, eliminá-los.
Por fim, na unidade IV será apresentado os riscos biológicos e ergonômicos.
Neste momento, você conhecerá também como estes agentes causam danos para a saúde
do trabalhador e como devem ser as medidas de controle. Ainda nesta unidade será
apresentado o mapa de risco que é um elemento fundamental para o controle de riscos
ocupacionais.
Espero que você aproveite este material que preparei com muito carinho para que
você possa obter mais conhecimento. Desejo que você tenha bons estudos e muito
sucesso na sua carreira profissional.
Muito obrigado e bom estudo!
SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 3
Introdução à Higiene Ocupacional

UNIDADE II.................................................................................................... 27
Institutos Para a Previsão de Riscos Ocupacionais

UNIDADE III................................................................................................... 51
Riscos Químicos e Físicos

UNIDADE IV................................................................................................... 79
Riscos Biológicos e Ergonômicos
UNIDADE I
Introdução à Higiene Ocupacional
Professor Me. Renan Gonçalves da Silva

Plano de Estudo:
● Breve histórico sobre a segurança do trabalho e higiene ocupacional;
● Conceitos e definições sobre higiene do trabalho;
● Objetivos da higiene do trabalho;
● Legislação aplicada à segurança do trabalho.

Objetivos da Aprendizagem:
● Entender o histórico da segurança do trabalho e higiene ocupacional.
● Compreender os conceitos sobre higiene ocupacional e segurança do trabalho.
● Saber sobre os objetivos da higiene do trabalho.
● Compreender a Legislação aplicada à segurança do trabalho.

3
INTRODUÇÃO

Caro (a) aluno (a), você já parou para observar como seria o desenvolvimento
do trabalho sem as devidas regulamentações que conhecemos na atualidade?
Certamente os números de doenças e acidentes de trabalho seriam ainda muito maiores.
As preocupações com um ambiente seguro para o desenvolvimento do trabalho não é
uma questão que em toda a história da humanidade foi levada em consideração.
Assim, imagine, quando o trabalhador adoece ou é acidentado em decorrência
do desenvolvimento de suas atividades, todos perdem. O próprio funcionário que
poderá ter sua vida ceifada ou ficará afastado temporariamente ou definitivamente de
suas funções. A empresa contratante, que terá de arcar com indenizações. O próprio
governo que será pressionado com o pagamento de benefícios. E não se deve descartar
a possibilidade de perda de produtividade, visto que é possível que o restante da equipe se
sinta amedrontada em desenvolver a atividade que causou danos ao trabalhador afetado.
Desta forma, quando se fala em higiene, logo vem em mente a ideia de limpeza
e higiene do trabalho, traz a conotação de um “trabalho limpo”, no sentido de que ao
desenvolver suas funções, o trabalhador não será afetado de forma negativa perdendo
sua saúde física ou mental. No sentido estrito, a higiene do trabalho configura-se como
uma ciência que tem por objetivo reconhecer estes riscos de forma sistêmica, propondo
medidas para reduzi-los, transformando o ambiente de trabalho em um local seguro.
Para isso, foram desenvolvidas uma série de legislações e normas que são
importantes conquistas sociais das quais você conhecerá um pouco mais nas próximas
páginas. De antemão, apresentarei um breve histórico sobre a higiene do trabalho, seus
conceitos e objetivos observando suas etapas. E ainda apresentarei, não no sentido de
esgotar, mas de instigar suas buscas, as principais legislações aplicadas nessa área.

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 4


1. BREVE HISTÓRICO SOBRE A SEGURANÇA DO TRABALHO E HIGIENE
OCUPACIONAL

Dentro do histórico da civilização até a revolução industrial existem poucos registros


sobre a promoção da saúde do trabalhador e do controle do ambiente de trabalho como
conhecemos hoje (FUNDACENTRO, 2014). Observa-se então que a saúde do trabalhador,
bem como o ambiente de trabalho, por muito tempo foi praticamente ignorada e não havia
a clara percepção do adoecimento em função do desenvolvimento do trabalho e/ou do
ambiente laboral. No entanto, existem alguns fatos históricos importantes a serem
observados sobre a promoção da saúde do trabalhador, revelando que esta é uma
preocupação antiga. Um destes fatos é demonstrado na própria Bíblia Sagrada, no livro de
Deuteronômio que contém as Leis do povo hebreu, entre elas observa-se a Lei Civil que
determina que: “quando algum de vocês construir uma casa nova, faça um parapeito em
torno do terraço, para que não traga sobre a casa a culpa pelo derramamento de sangue
inocente, caso alguém caia do terraço” (BÍBLIA, Dt. 8). O código de Hamurabi na Babilônia
também fazia menções a questões de segurança e trazia uma série de punições como
exemplo, “se um arquiteto constrói para alguém e não o faz solidamente, e a casa que ele
construiu cai e fere de morte o proprietário, esse arquiteto deverá ser morto” (2200 a.C.) ou
ainda que se um trabalhador tivesse um membro inferior (pé) esmagado e por tal fato
tivesse que ser amputado, o encarregado também teria seu pé cortado, equiparando as
perdas (BRISTOT, 2019).

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 5


No decorrer do período do desenvolvimento histórico observa-se que os trabalhos
manuais eram basicamente desenvolvidos por escravos na civilização egípcia
(FUNDACENTRO, 2014). Como se sabe, dentro do regime de escravidão obviamente o ser
humano passa a ser tratado como um objeto de trabalho e consequentemente
despersonificado. Este fato é grave, pois existe um desrespeito com relação ao respeito à
dignidade da pessoa humana, e consequentemente as condições do desenvolvimento do
trabalho acabam sendo precárias.
No tocante, no século IV a.C., ocorreu outro fato relevante para este estudo, que foi
a associação da toxidade do chumbo na indústria mineradora registrada pelo médico
Hipócrates, 500 anos depois Plínio, um sábio Romano, relatou sobre os perigos do manejo do
zinco, chumbo, mercúrio, enxofre e poeiras recomendando uso de máscaras
(FUNDACENTRO, 2014).
Mais tarde, Bernardino Ramazzini publicou na Itália em 1700 o livro De morbis
artiicum diatribe que descrevia com clareza e perfeição 54 doenças relacionadas ao
trabalho (BAGATIN e KITAMURA, 2005). Ramazzini, na atualidade, é conhecido como o pai
da medicina do trabalho. Ele descobriu que o ambiente de trabalho poderia afetar a saúde
do trabalhador e em suas consultas sempre perguntava qual era a ocupação que o
trabalhador exercia na linguagem da época “Qual arte exerce?” (FUNDACENTRO, 2014).
O médico introduziu na anamnese clínica (que é uma espécie de entrevista para descobrir
as causas das doenças) esta simples pergunta que revolucionaria a área da medicina,
inaugurando então a medicina do trabalho. É notório que Ramazzini foi um médico que tinha
uma observação sistêmica. Ou seja, ele observava o paciente por inteiro, não somente a sua
patologia de forma pontual, mas sim todo o contexto que ele estava inserido e
principalmente qual era a causa da doença. Para a área da segurança do trabalho as
observações de Ramazzini foram revolucionárias. Iniciava então uma nova era para a
saúde do trabalhador. A partir dos estudos de Ramazzini outras doenças ocupacionais
puderam ser reconhecidas e detectadas.

FIGURA 01: FOTOGRAFIA DE BERNARDINI RAMAZZINI PAI DA MEDICINA DO


TRABALHO

Fonte: Anamt , 2017.

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 6


Com o avanço do processo de industrialização advindo da revolução
industrial (século XVIII), foi notório o crescente número de trabalhadores nestes
ambientes, consequentemente houve aumento no desenvolvimento de doenças
ocupacionais. As doenças do trabalho neste período ocorreram em decorrência do
processo produtivo acelerado, condições desumanas e ainda a submissão de crianças,
idosos e mulheres no processo produtivo, fator que culminou em um número de mortes
em níveis nunca antes observados, gerando verdadeiras epidemias nos países onde a
industrialização era mais acelerada (FUNDACENTRO, 2014). É importante observar que
este foi um período de grande crescimento econômico a partir das instalações dos
complexos industriais. Assim, com a introdução expoente do sistema capitalista o ser
humano passou a ser tratado apenas como uma das engrenagens para manter a
produtividade.
De acordo com Martins (2008), neste período os trabalhadores eram submetidos
a regras rigorosas como jornadas excessivas de trabalho de 12 horas, castigos
físicos, agressões, humilhações, pagamento de multas, entre outros. Ainda de acordo com
a autora supracitada, o novo sistema industrial arrasou a saúde dos trabalhadores
submetendo-os a deformações físicas, tuberculose, anemia, asma, envenenamentos,
além dos riscos de explosões. Todos estes fatores foram a causa da redução da
qualidade e expectativa de vida dos trabalhadores.
Para atenuar esta problemática foi necessário a organização dos trabalhadores em
movimentos sociais com a finalidade de pressionar a classe política para a criação de leis
específicas para garantir condições mínimas no ambiente de trabalho. Assim, em
decorrência dos movimentos de humanização do trabalho em 1833, o parlamento
britânico editou a “Lei das Fabricas” que pela primeira vez regulamentou o trabalho infantil,
na pratica baniu o trabalho noturno de menores de 18 anos e determinou que as crianças
poderiam trabalhar a partir dos 13 anos de idade (FUNDACENTRO, 2014). Esta
legislação também trouxe importantes avanços como a limitação do trabalho para 48
horas semanais melhorando também as condições do ambiente de trabalho.
Assim, com os avanços na criação de políticas públicas e o desenvolvimento da
ciência, foi possível reduzir os acidentes de trabalho e consequentemente os danos à
saúde do trabalhador. Um fato histórico de grande relevância na área da segurança do
trabalho foi a criação da OIT (Organização Internacional do Trabalho) em 1919. Assim, a
OIT exerceu um papel muito relevante na definição de legislações trabalhistas e na
formulação de políticas econômicas, sociais e trabalhistas durante boa parte do século
XX.

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 7


Em 1938, um grupo de higienistas industriais organizaram a Conferência Americana
de Higienistas Industriais do Governo, com o objetivo de trocar ideias, promover técnicas e
padrões na área de saúde ocupacional. Esse mesmo grupo, em 1948 estabeleceu limites
de tolerância para contaminantes atmosféricos. Com o avanço dos estudos, na década de
90 foi incorporada a ideia de gerenciamento de riscos com caráter preventivo com relação
aos acidentes de trabalho (FUNDACENTRO, 2014). A ideia de gerenciamento de risco por
sua vez deu origem aos inúmeros programas de segurança, saúde e meio ambiente que
conhecemos na atualidade.

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 8


2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES SOBRE HIGIENE DO TRABALHO

Como pode ser observado anteriormente, ao longo da história da


humanidade desenvolveu-se uma certa consciência coletiva sobre a necessidade de
promover medidas para a proteção da saúde do trabalhador. Essas medidas além de
garantir a dignidade da pessoa humana, fornecem também mecanismos para a proteção
do meio ambiente. Assim, a higiene ocupacional pode ser definida “a ciência e arte
dedicada ao reconhecimento, avaliação e controle daqueles fatores ou tensões
ambientais, que surgem do trabalho e que podem causar doenças, prejuízos à saúde ou
bem-estar, ou significativos entre trabalhadores ou entre cidadãos da
comunidade” (BREVIGLIERO et al., 2011, p. 10).
A higiene do trabalho não só identifica os riscos no ambiente de trabalho, indo
além, fornecendo mecanismos para reduzir as chances de o acidente ocorrer.
Desta maneira, esta é uma das áreas mais abrangentes da segurança do trabalho
tendo como foco reconhecer os fatores que possam causar algum efeito maléfico à
saúde do trabalhador e realizar as avaliações quantitativas e qualitativas promovendo
ainda as medidas saneadoras (GOELZER, 2020).
Na relação a seguir, é possível observar que a higiene do trabalho agrupa todas
as demais áreas relacionadas, onde todas as demais áreas se relacionam e existem
influências entre si. Assim, é possível observar que a higiene do trabalho se sustenta em
8 pilares sendo eles: saneamento e meio ambiente, psicologia e sociologia, medicina do
trabalho, toxologia, segurança do trabalho, direito, engenharia e ergonomia. Todos estes

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 9


pilares, funcionam também como engrenagem para o desenvolvimento de um trabalho
seguro, quando uma destas engrenagens está com “defeito”, pode-se dizer que a higiene
do trabalho está afetada. E consequentemente, todas as outras áreas poderão sofrer
alguma consequência. É por isso, que é fundamental que o higienista tenha a visão
sistêmica, observando todas as partes em suas particularidades sem se esquecer que ela
afetará todo o sistema.

FIGURA 01 - PILARES DA HIGIENE DO TRABALHO

Fonte: NRs do trabalho, 2020 – Adaptado pelo autor.

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3. OBJETIVOS DA HIGIENE DO TRABALHO

Em geral, os objetivos da higiene do trabalho fundamentam-se na antecipação,


reconhecimento, avaliação e controle de riscos ambientais. Na Tabela 01 é possível
verificar as etapas da higiene do trabalho e as principais ações a serem desenvolvidas.

TABELA 01 - ETAPAS DA HIGIENE OCUPACIONAL

Antecipação Reconhecimento Avaliação Controle de riscos


ambientais
● Estudo do projeto; ● Estudo do ● Estratégia; ● Fonte;
● Seleção de processo; ● Metodologia; ● Percurso;
tecnologias limpas; ● Visitas ● Amostragem; ● Trabalhador
● Inclusão de preliminares; ● Análise;
medidas de ● Entrevista com ● Interpretação;
controle de forma trabalhadores;
antecipada; ● Avaliações
preliminares;

Fonte: (CASTRO et al., 2014; GOELZER, 2020).

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 11


3.1 Antecipação
A fase de antecipação é uma fase muito importante na higiene ocupacional, pois
essa é uma fase onde as plantas ainda estão sendo projetadas. Nesta etapa é
fundamental pensar na construção do layout com vistas a segurança do trabalho. Esta
etapa tem por objetivo prever os riscos potenciais para a saúde do trabalhador
implementando as medidas cabíveis para preveni-los (GOELZER, 2020). Um exemplo
seria implementar alterações na planta de uma indústria (ainda no projeto) visando reduzir
ruídos que causem danos à saúde do trabalhador.

3.2 Reconhecimento
A fase de reconhecimento é quando a construção já é existente e o higienista faz
visita in loco com a finalidade de conhecer os processos, os trabalhadores e as
estruturas físicas com a fim de verificar os riscos existentes naquele local. Esta etapa
direcionará para uma avaliação eficaz das causas de doenças e medidas adotadas
para a adequação do ambiente de trabalho, trazendo diversos benefícios para o
empregador, prevenindo doenças, economizando tempo e custos, além de trazer
menor risco para a saúde do trabalhador (CASTRO et al., 2014).

3.3 Avaliação
A etapa de avaliação vislumbra verificar a presença e a magnitude dos riscos
existentes no ambiente de trabalho (GOELZER, 2020). É importante a adoção de
estratégias e metodologias de avaliação de riscos e doenças nesta etapa, o higienista
necessita ter em mente que se houver alguma falha, o trabalhador correrá riscos de
estar desenvolvendo suas atividades em ambiente insalubre (CASTRO et al., 2014). As
avaliações podem ser qualitativas ou quantitativas veja as definições:
As avaliações qualitativas são baseadas em observação, experiências
anteriores ou modelos. As avaliações quantitativas são baseadas, em
geral, na comparação de resultados de medições com valores limites de
exposição ocupacional recomendados e/ou legalmente adotados. Se tais
valores não tiverem sido estabelecidos, o higienista ocupacional deve ter
a capacidade de estabelecer seus próprios critérios de avaliação.
Inclusive, quando riscos sérios para a saúde são óbvios e evidentes, a
recomendação de medidas preventivas deve ser imediata, mesmo antes de
ser feita uma avaliação quantitativa de risco. (GOELZER, 2016).

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3.4 Controle de riscos ambientais
Na fase de controle de riscos ambientais, o higienista irá determinar as mudanças
que devem ocorrer no ambiente de trabalho. Estas mudanças podem ser no rearranjo das
estruturas físicas existentes, uso de equipamentos de proteção ou melhorias dos processos
objetivando reduzir os riscos para o trabalhador e para o meio ambiente. Esta etapa tem
por objetivo recomendar, projetar, implementar e verificar medidas de prevenção e controle
de riscos, que devem ser integradas em programas de SSMA (Saúde, Segurança e Meio
Ambiente) (CASTRO et al., 2014).

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4. LEGISLAÇÃO APLICADA À SEGURANÇA DO TRABALHO

Caro (a) aluno (a), este tópico tem por objetivo demonstrar de forma breve as
principais legislações aplicáveis à segurança do trabalho, você deve ter em mente que o rol
de legislações pertinentes a este assunto é muito vasto e não será esgotado neste
momento. Então você deverá buscar mais conhecimentos sobre este assunto para
aprimorar seus estudos.

4.1 Constituição Federal


Isto posto, é de conhecimento comum que a Constituição Federal (CF) é a
carta magna, ou seja, a carta maior da nação brasileira, e é fundamentado nela que
emergem as leis, decretos, portarias e regulamentos. A figura a seguir exemplifica a
hierarquia da legislação brasileira demonstrando que a constituição está na ponta da
pirâmide, ou seja, ela possui a maior força se comparada com os demais dispositivos.
FIGURA 02 - HIERARQUIA DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Fonte: (LEITE, 2017)

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 14


Diante disso, será observado agora alguns pontos relevantes da CF para o estudo da
higiene do trabalho. Vale ressaltar, que verificando o histórico da segurança do trabalho estes
dispositivos constitucionais são importantes conquistas sociais que visam a proteção da saúde
do trabalhador. Assim, o Art. 7° determina os diretos dos trabalhadores urbanos e rurais onde
nos artigos XIII, XIV e XV determina as jornadas de trabalho onde determina-se que a:

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta
e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da
jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos
de revezamento, salvo negociação coletiva.
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos.
(BRASIL, 1998).

Estas medidas colaboram para que não ocorra a exaustão do trabalhador como
acontecia no passado, onde estes trabalhadores eram submetidos ao trabalho em condições
desumanas ou análogas à escravidão. Assim, este mecanismo favorece os trabalhadores
para que estes desfrutem de melhor qualidade de vida e consequentemente maior
segurança no desenvolvimento de suas atividades. Outro ponto relevante determinado na
C.F. é a determinação dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde,
higiene e segurança observados no inciso XXII (BRASIL, 1998). Além disso, o XXIII
determina que ocorra o adicional de remuneração para as atividades penosas,
insalubres ou perigosas, na forma da lei (BRASIL, 1998). Já o XXVIII determina que
seja realizado seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir
a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa (BRASIL,
1998).

4.2 Consolidação das leis do trabalho


Outro marco importante na legislação trabalhista, é a Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) pelo decreto lei n° 5.452 de 1943, que complementam o texto constitucional
no que se refere a proteção do trabalhador, trazendo de forma detalhada como deverá ser
a relação entre empregado e empregador, e ainda várias medidas que devem ser
adotadas vislumbrando o trabalho em condição segura. Assim a CLT determina os
direitos e obrigações dos empregados e empregadores, incumbindo-lhes de suas
responsabilidades. Para a higiene do trabalho um dos pontos importantes sem dúvidas é o
Art. 158 que determina que:
Art. 157 - Cabe às empresas:
I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;
II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às
precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças
ocupacionais;
III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional
competente;
IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente” (BRASIL,
1943).

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 15


Neste dispositivo, fica claro que as empresas deverão adotar medidas para garantir
a condição do trabalho seguro evitando acidentes e o adoecimento do trabalhador.
Art. 158 - Cabe aos empregados:
I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as
instruções de que trata o item II do artigo anterior;
Il - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo.      
Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada:
a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item
II do artigo anterior;
b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela
empresa. (BRASIL, 1943).

Assim, verifica-se também que o empregado deverá cumprir as medidas para a


sua própria segurança, atendendo as determinações da empresa que deverá por meio de
programas relacionados a SSMA.
A CLT também determina que as empresas deverão criar e manter os serviços
especializados em segurança e em medicina do trabalho. Estes serviços configuram-se
como uma importante ferramenta para que as empresas consigam implementar os
programas relacionados à segurança do trabalho. A partir da sanção da CLT ficou
estabelecido que as empresas deverão ser classificadas segundo o número e a
natureza do risco de suas ativadas, onde o número de profissionais exigidos para cada
empresa é de acordo com sua classificação (BRASIL, 1943).
Entre os pontos de destaque para o estudo da higiene do trabalho vale ressaltar a
obrigatoriedade do fornecimento do Equipamento de Proteção Individual (EPI) pela empresa.
Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,
equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado
de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral
não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à
saúde dos empregados (BRASIL, 1943).

O fornecimento de forma gratuita do EPI também é uma conquista social muito


importante. Além de tornar o trabalho mais seguro, garante ao empregador maior
tranquilidade na execução do trabalho evitando gastos com indenizações em casos de
acidentes.
Outro ponto de destaque para o estudo da higiene ocupacional é o Art. 168 da
CLT, que determina que o empregador deverá exigir que o empregado faça exames
médicos. Vale lembrar que as custas dos exames são por conta do empregador. Em
geral, são três tipos de exames, na admissão antes mesmo do trabalhador iniciar as
suas atividades. Os exames periódicos, que são realizados no decorrer das atividades,
são repetidos de forma periódica de acordo com o risco ocupacional de cada empresa.
E ainda, o exame demissional, que é realizado quando o empregado é desligado da
empresa. A princípio, estes exames são importantes para o trabalhador verificar se está

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 16


com sua saúde apta para desenvolver determinada função. O trabalhador também
saberá se a atividade executada está ou não prejudicando a saúde ao longo do tempo.
Estes exames acabam sendo tanto de interesse do trabalhador quanto do empregador,
pois são provas fundamentais para auxiliar na resolução de litígios que porventura
possam ser ajuizados.
Mais um aspecto relevante para o estudo da higiene do trabalho, são as
definições de atividades insalubres ou perigosas também definidas na CLT. Observe:
   

Fica estabelecido também que o próprio Ministério do Trabalho fixará quais são
as atividades e operações consideradas insalubres, bem como os critérios que deverão
ser adotados para a caracterização, os níveis de tolerância, os meio de proteção e o
tempo máximo que um trabalhador poderá ficar exposto a estes agentes (BRASIL,
1943). Ainda de acordo com a CLT, a insalubridade poderá ser eliminada com a
adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de
tolerância, ou ainda com a utilização dos equipamentos de proteção individual.
Desta forma, imagine que uma determinada máquina emite ruídos que ultrapassem
os limites estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, sendo a atividade nestas
condições considerada insalubre. A empresa então para reverter esta caracterização
poderá adotar as medidas de isolamento acústico para as máquinas. Caso não tenha
sido solucionado o problema, poderá adotar protetores auriculares para os empregados.
A CLT determina ainda que caso a atividade seja desenvolvida no ambiente
insalubre, o empregado deverá receber um adicional de insalubridade, veja:
   

O Art. 193 da CLT, considera atividade ou operação perigosa aquelas que, por
sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição
permanente do trabalhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica, roubos ou outras
espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou
patrimonial mínimo (BRASIL, 1943). A CLT também determina que as atividades de
trabalhador em motocicletas são consideradas perigosas. Estas atividades, asseguram
ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os
acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 17


A conceituação da insalubridade bem como de trabalho perigoso na CLT é de
grande valia para o estudo da higiene do trabalho. É através destas definições e
caracterizações que são adotadas as medidas de proteção para a saúde do trabalhador.
Além disso, como trabalhador exposto ao ambiente insalubre ou ambiente perigoso tem
direitos de aumento salarial, essas regras acabam sendo um forte estímulo para o
empregador adotar as medidas de proteção, vislumbrando eliminá-las ou reduzi-las.
Para o profissional que trabalha na área de segurança do trabalho, ou desenvolve
alguma atividade que a ela se relaciona é fundamental conhecer a CLT em sua íntegra.
Nela são contidas as normativas das relações trabalhistas como mencionado, e ainda
como deverão ocorrer o desenvolvimento dos trabalhos por áreas, as sanções legais e
penalidades para quem descumprir as determinações e outras providências. Todas estas
medidas visam proteger principalmente o ente mais fraco da relação, que é o trabalhador.
Além da Constituição Federal e da CLT existem outras leis, decretos, medidas
provisórias, portarias, instruções normativas, resoluções, ordens de serviços, convenções,
acordos coletivos entre outros que devem ser observados para que o empregador não
incorra em multas e outras penalidades. No entanto, para o nosso estudo quero chamar
a atenção para a portaria n° 3.214 de 8 de julho de 1978, que aprova as normas
regulamentadoras relativas à segurança e medicina do trabalho.

4.3 Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho


A Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST) foi instituída
pelo decreto n° 7.602 de 7 de novembro de 2011, esta lei tem por objetivo promover a
saúde, melhora da qualidade de vida do trabalhador e a prevenção de acidentes e de
danos à saúde advindos, relacionados ao trabalho ou que ocorram no curso dele, por meio
da eliminação ou redução dos riscos nos ambientes de trabalho (BRASIL, 2011). Os
princípios da PNSST são a universalidade da saúde e segurança do trabalho, a
prevenção de acidades, promoção da assistência, reabilitação, reparação de danos
relacionados a doenças e acidentes de trabalho, bem como a promoção do diálogo social
e a integridade dentro das relações (BRASIL, 2011).
A PNSST a partir da Criação da Comissão Tripartite de Saúde e Segurança no
Tra-balho criou o Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho, a comissão foi
formada com representantes de governo, trabalhadores e empregadores, esta vem
atuando no sentido de definir diretrizes para uma atuação coerente e sistemática do
Estado na promoção do trabalho seguro e saudável e na prevenção dos acidentes e
doenças relacionados ao trabalho (BRASIL, 2012). Assim, a comissão elaborou as
estratégias para alcançar os objetivos da PNSST determinando as ações que na
atualidade estão sendo implementadas, os responsáveis pelas ações propostas e ainda
os prazos a serem cumpridos.

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 18


Observe as diretrizes que fundamentam o plano:
a) inclusão de todos trabalhadores brasileiros no sistema nacional de promoção e
proteção da saúde;
b) harmonização da legislação e a articulação das ações de promoção, proteção,
prevenção, assistência, reabilitação e reparação da saúde do trabalhador;
c) adoção de medidas especiais para atividades laborais de alto risco;
d) estruturação de rede integrada de informações em saúde do trabalhador;
e) promoção da implantação de sistemas e programas de gestão da segurança e
saúde nos locais de trabalho;
f) reestruturação da formação em saúde do trabalhador e em segurança no
trabalho e o estímulo à capacitação e à educação continuada de trabalhadores;
g) promoção de agenda integrada de estudos e pesquisas em segurança e saúde
no trabalho (BRASIL, 2011).

Neste sentido, observa-se que esta política qualifica o trabalho como um


determinante social de saúde da população, sendo que a saúde do trabalhador é
colocada como uma responsabilidade ampla e coletiva no sentido de garantir o direito
pleno do trabalhador, sendo configurada como uma uma política universal e inclusiva
(ANDRADE; MARTINS; MACHADO, 2012).
A existência de um plano nacional é uma medida de extrema relevância no
sentido de orquestrar as ações a nível nacional para garantir que os trabalhadores
possam desenvolver suas funções de forma segura. Este plano foi construído de forma
participativa entre os atores envolvidos (governo, trabalhadores e empregadores),
configurando-se como um marco de muita relevância para a higiene do trabalho, pois,
a partir dele na atualidade existe um norte que deve ser seguido por todos os
envolvidos.

4.4 Normas regulamentadores


As normas regulamentadoras, conhecidas como NRs possuem um papel
fundamental na prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, sendo
detentora do cumprimento de um grande impacto social (AABIC, 2010). Ainda de acordo
com a associação supracitada, na atualidade existem inúmeros acidentes de trabalho
que levam a mortes, invalidez temporária ou permanente, sendo que o cumprimento às
normas podem resultar na economia para as empresas e para a previdência social.
Quando um trabalhador é acometido por morte ou doenças ocupacionais toda a
sociedade acaba perdendo, a empresa que necessita pagar indenizações e o próprio
governo que necessitará fornecer aposentadoria ou pensão antecipada para este
trabalhador ou sua família, fator que acaba pressionando todo o sistema financeiro do
país.
Desta forma, observe agora o quadro contendo a relação das normas
regulamentadores em vigência:

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 19


QUADRO 01 - RELAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS

NR Título
1 Disposições Gerais
2 Inspeção Prévia
3 Embargo e Interdição
4 Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT
5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA
6 Equipamento de Proteção Individual - EPI
7 Exames Médicos
8 Edificações
9 Riscos Ambientais
10 Instalações e Serviços de Eletricidade
11 Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais
12 Máquinas e Equipamentos
13 Vasos Sob Pressão
14 Fornos
15 Atividades e Operações Insalubre
16 Atividades e Operações Perigosas
17 Ergonomia
18 Obras de Construção, Demolição, e Reparos
19 Explosivos
20 Combustíveis Líquidos e Inflamáveis
21 Trabalhos a Céu Aberto
22 Trabalhos Subterrâneos
23 Proteção Contra Incêndios
24 Condições Sanitárias dos Locais de Trabalho
25 Resíduos Industriais
26 Sinalização de Segurança
27 Registro de Profissionais
28 Fiscalização e Penalidades
29 Segurança e Saúde no trabalho portuário
30 Segurança no trabalho aquaviário
31 Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura,
explorações florestais e aquicultura
32 Segurança e saúde no trabalho e em serviços de saúde
33 Segurança e saúde no trabalho em espaços confinados
34 Condições e meio ambiente de trabalho na indústria de Construção e
Reparação Naval
35 Trabalho em Altura
36 Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento
de Carnes e Derivados.

Fonte: o autor

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 20


Sendo assim, as NRs possuem papel fundamental para a higiene do trabalho, pois
estas normas irão determinar de forma prática como ocorrerão as fases de antecipação,
reconhecimento, avaliação e controle de riscos ambientais, vislumbrando o
desenvolvimento do trabalho seguro.

SAIBA MAIS

A Carteira Profissional, que originou a atual Carteira de Trabalho e Previdência Social


(CtPs), foi criada no governo Getúlio Vargas, em março de 1932. Trata-se de um
documento que registra o histórico profissional e garante direitos como salário,
férias, 13º salário, seguro-desemprego, aposentadoria, FGTS etc. É por isso que,
há 80 anos, tanta gente busca ter a “carteira assinada” trabalhando numa empresa
que registre os funcionários e garanta os benefícios. Antes da CtPs, só havia a
“carteira de trabalhador agrícola” e os empregadores mantinham registros dos
empregados apenas para fins contábeis. Desde 2011, o documento é impresso em
papel-moeda, com inscrições timbradas na capa e informações digitalizadas em
código de barras. O objetivo é evitar fraudes no preenchimento e facilitar o acesso
do trabalhador a números atualizados sobre tempo de serviço e benefícios, além de
integrar esses dados numa base nacional.

Fonte: MENEGHETTI, Diego. Quem inventou a carteira de trabalho? Superinteressante. São Paulo:

Edi-tora Abril, 2020. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quem-inventou-a-

carteira-de--trabalho/. Acesso em: 20 ago 2021.

REFLITA

“O trabalho deve ser para dignificar o ser humano e não para degradá-lo”

Fonte: o autor.

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 21


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro (a) aluno (a), ainda na introdução desta unidade fiz a seguinte
indagação: você já parou para observar como seria o desenvolvimento do trabalho sem
as devidas regulamentações que conhecemos na atualidade? Ao longo desta unidade
você obteve algumas respostas. No decorrer da história da humanidade, o trabalho
humano sofreu graves períodos de exploração. Como você observou, a ganância
humana pela geração de capital, transformou o ser humano em apenas uma peça da
engrenagem. Por isso, ao longo da história verifica-se períodos terríveis, seja no
próprio sistema escravista ou ainda como ocorreu no início da revolução industrial, em
que homens, mulheres e crianças eram submetidos ao trabalho forçado em condições que
certamente seriam acometidos por graves doenças físicas e psicológicas.
As revoluções sociais que pretendiam criar um ambiente de trabalho seguro, foram
importantíssimas para a construção da legislação e das regulamentações que existem
na atualidade. Essas leis funcionam como freios para a ganância humana, e colocam
importantes limites na geração de capital a todo custo. Por outro lado, o próprio
desenvolvimento científico, onde vale destaque para o médico Bernardino Ramazzini,
foram cruciais para o desenvolvimento da ciência da higiene do trabalho.
Por sua vez, a higiene do trabalho é uma ciência que opera de forma
interdisciplinar, vislumbrando a prevenção dos riscos ambientais de forma sistêmica,
pautadas na antecipação, reconhecimento, avaliação e controle de riscos ambientais.
Assim, quando as etapas de higiene do trabalho são realizadas de forma adequada,
atentando para as legislações e normas vigentes, o trabalhador acaba encontrando um
ambiente de trabalho mais seguro. Assim, todos os entes envolvidos acabam obtendo
benefícios, pois o trabalhador acaba obtendo proteção e melhor qualidade de vida, o
governo evita gastos previdenciários e o empresário acaba melhorando sua
produtividade, e consequentemente ocorre um aumento em suas margens lucrativas.

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 22


LEITURA COMPLEMENTAR
O Direito do Trabalho e a revolução industrial 4.0
A Revolução Industrial foi um processo de transformação ocorrido entre a segunda
metade do século XVIII e o início do século XIX, com o surgimento de máquinas a vapor,
substituindo a manufatura pela maquinofatura, implicando em uma exploração exacerbada
da mão de obra e representando o início da consolidação do capitalismo.
Esse avanço tecnológico provocou grandes transformações na sociedade da
época, acelerando o processo produtivo, aumentando a exploração e a degradação do
meio ambiente, além de ter causado grande impacto nas relações de trabalho.
Com o surgimento de máquinas capazes de produzir mais e em menos tempo
que um ser humano, os operários se viram obrigados a lidar com salários muito baixos e
jornadas de trabalho elastecidas, que chegavam a até 16 horas por dia
A acelerada exploração e o malbaratamento da mão de obra desencadearam uma
série de mobilizações da classe trabalhadora, exigindo uma intervenção estatal, a fim de
equilibrar a relação desigual que existia entre o empregado e o empregador. Por isso, boa
parte da doutrina aponta o século XIX como marco do surgimento do Direito do Trabalho.
Atualmente vivemos uma grande revolução tecnológica, que tem despertado
o surgimento de novas formas de trabalho, além de provocar significativa alteração nas
modalidades já existentes. Este momento é chamado por alguns de Revolução Industrial
4.0.
Na lavoura os trabalhadores já foram substituídos por máquinas que plantam e
colhem com mais eficiência; as montadoras de automóveis têm um processo quase que
completamente robotizado e até os escritórios de advocacia usam robôs para redigir
petições e promoverem consultas processuais.
Entretanto, os casos que mais chamam a atenção são dos aplicativos de transporte
e entrega, como Uber, 99 táxi, Uber Eats, Ifood, dentre outros, onde a pessoa se
cadastra e trabalha sem qualquer vínculo de emprego formal, são os chamados
“parceiros”.
A ausência de implementação de políticas públicas eficientes e capazes de gerar
postos de trabalho formal, tem levado milhões de brasileiros a se submeterem a
jornadas de trabalho extenuantes em condições sub-humanas, em favor de plataformas
digitais.
Em estudo recente, foi divulgado que no Brasil, atualmente, existem mais de 38
(trinta e oito) milhões de pessoas trabalhando informalmente, sem carteira assinada, o
que representa 41% do total da população economicamente ativa. Em alguns estados da
Federação, a informalidade passou de 62%, como é o caso do Pará.

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 23


A situação demanda uma forte intervenção do estado, a fim de regular as novas
formas de trabalho e garantir a existência de direitos sociais mínimos aos trabalhadores
ligados a essas relações de trabalho.
Contudo, no Brasil, caminha-se em sentido oposto ao que se seguiu no
século XIX, adotando uma postura neoliberal, privilegiando-se o capital em detrimento
dos trabalhadores, isto é, permitindo que milhões de pessoas trabalhem na informalidade,
sem qualquer proteção social.
Não se pode tratar como “empreendedor” ou empresário o sujeito que se ativa
entre 12h e 14h por dia, sete dias por semana, por intermédio de um aplicativo, seja
dirigindo ou pedalando, em troca de uma remuneração ínfima, incapaz de satisfazer as
suas necessidades mais básicas.
A consequência social disto é nefasta, traduzindo-se num quadro preocupante em
que quase metade da população com ocupação financeira carece de proteção, trabalha
sem jornada definida, sem direito à folga, sem férias e, principalmente, sem direito à
remuneração em caso de doença ou acidente.
O Direito do Trabalho surgiu da concepção de que era necessário garantir, aos
trabalhadores, o mínimo existencial, mas parece que, mesmo depois de dois séculos, ainda
há muito o que se estudar sobre a matéria, tendo em vista que, até mesmo no meio jurídico,
alguns enxergam o Direito do Trabalho como um obstáculo ao crescimento econômico.
Enquanto países da Europa, como Espanha e França, têm reconhecido os
trabalhadores desses aplicativos como empregados, no Brasil, o TST decidiu que o motorista
de Uber não possui vínculo de emprego com a empresa, atuando unicamente em regime de
parceria.
Aqui tramita tardiamente o PL 391/20, que visa obrigar que as empresas de
entrega por aplicativo contratem seguro de acidentes pessoais em favor de seus
“parceiros”, que abranja o pagamento de despesas médicas, hospitalares,
odontológicas, invalidez permanente total ou parcial e morte acidental.
Trata-se de medida importante, mas muito tímida, tendo em vista a necessidade
de regulamentar, de forma mais detalhada, essas profissões, estabelecendo valores
mínimos de remuneração e jornada máxima de trabalho.
O Direito a um trabalho digno foi objeto de regulamentação na Declaração
Universal dos Direitos Humanos publicada pela ONU em 1948, além de ser um dos
fundamentos do Estado Democrático de Direito brasileiro (art.1º, inciso IV, da CRFB/88).
Além disso, os direitos à previdência e à assistência social, foram inseridos no
ordenamento jurídico brasileiro pela Constituição Federal de 1988, que impõe ao Estado o
dever de garantir a todos a assistência necessária para a manutenção de uma vida digna.
O Brasil de hoje tem sonegado esses direitos.
UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 24
A excessiva desregulamentação estatal em matéria trabalhista é preocupante, pois
além de impactar de forma negativa a vida de milhões de trabalhadores brasileiros, tem
construído uma péssima imagem do Brasil perante autoridades estrangeiras, levando a
OIT a incluir o Estado Brasileiro na lista de países denunciados por violação das normas
internacionais do trabalho.
É difícil saber a dimensão dos problemas sociais causados pela excessiva
informalidade, mas é certo dizer que, se não houver uma forte intervenção estatal a fim de
regular as novas formas de trabalho, daqui a três ou quatro décadas teremos um país com
a maior parte da população ocupando postos de trabalho informais, trabalhando até o fim
da vida sem direito à aposentadoria. Com isso, estaremos retornando ao século XVIII.

Fonte: VIANA, Renan de Oliveira. O Direito do Trabalho e a revolução industrial 4.0. Migalhas de

peso, 2020. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/depeso/321468/o-direito-do-trabalho-e-a-revolucao-

-industrial-4-0. Acesso em: 20 ago 2021

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 25


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Higiene e segurança no trabalho• Autor: Eduardo Moraes
Araújo
Editora: Contentus
Sinopse: Este livro aborda aspectos introdutórios sobre
segurança do trabalho, o histórico das principais normas,
mapeamento de riscos e ergonomia. Retrata definições,
procedimentos e a legislação referente a acidentes de trabalho,
aspectos sobre a CIPA e os conceitos de insalubridade e
periculosidade. De modo a estimular sua prevenção, a obra
ainda descreve as doenças ocupacionais mais comuns.

FILME/VÍDEO
Título: Indústria Americana
Ano: 2019.
Sinopse: O longa mostra, em detalhes, a entrada de uma
indústria chinesa fabricante de vidros automotivos em território
americano especificamente em Dayton, no estado de Ohio. No
local, antes, havia uma fábrica da General Motors (GM) que fechou
as portas no auge da crise que abalou os Estados Unidos em
2008, deixando mais de 1000 pessoas sem emprego naquela
região. Durante o filme, vários são os momentos em que o tema
Segurança do Trabalho é abordado, tendo em vista a diferença de
comportamento, regras e métodos de trabalho que fazem parte
da rotina de americanos e chineses que atuam agora em
“conjunto” em território norte-americano. Um aspecto importante a
ser considerado ainda, é a questão da formação e presença dos
sindicatos que vem perdendo sua força nos Estados Unidos e
em boa parte do mundo, mas cuja importância é retratada em
diversos momentos. Os sindicatos acabam se tornando uma
esperança na luta contra os “abusos” cometidos com aval da
cúpula da indústria chinesa principalmente no que diz respeito à
mão de obra norte-americana, considerada “fraca” e “ineficiente” se
comparada aos padrões chineses.
Link: https://www.netflix.com/br/title/81090071

UNIDADE I Introdução à Higiene Ocupacional 26


UNIDADE II
Institutos Para a Previsão
de Riscos Ocupacionais
Professor Me. Renan Gonçalves da Silva

Plano de Estudo:
● Conceitos e Definições de risco e perigo;
● Campos de estudo dos riscos ocupacionais;
● Definições de trabalho seguro;
● Organização da CIPA e SESMT.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar risco e perigo;
● Compreender os tipos de riscos ocupacionais;
● Estabelecer a importância do trabalho seguro;
● Entender a organização da CIPA e SESMT.

27
INTRODUÇÃO

Caro (a) aluno (a), em muitas ocasiões na execução de um trabalho eu e você


nos expomos a riscos de adoecimento ou de acidentes. Estes riscos se não forem bem
geridos podem colocar em risco a saúde e o bem-estar do trabalhador, e em muitos
casos levá-lo até mesmo à morte. Os riscos no ambiente do trabalho vão desde os locais
mais complexos, como as plantas industriais, onde os trabalhadores podem ser
expostos a inúmeras fontes de perigo, ou em lugares que tem uma organização e rotina
mais simples, como um escritório. Não importa o lugar, sempre na execução de um
trabalho poderá haver riscos ocupacionais que precisam de gerenciamento adequado.
Assim, nesta unidade, você conhecerá a diferença de risco e perigo. São dois
conceitos que muitas vezes são utilizados como sinônimos. No entanto, existem diferenças
cruciais entre eles, e o entendimento destes conceitos são fundamentais para uma análise
de riscos. Vale ressaltar, que uma análise de risco bem feita é fundamental para adotar as
medidas mitigadoras dos riscos no ambiente de trabalho, garantindo a execução de um
trabalho seguro.
Com toda certeza, o grande objetivo das legislações, normas regulamentares,
portarias, entre outros, que versam sobre segurança do trabalho é alcançar uma
condição de trabalho segura. Mas e você sabe o que é um trabalho seguro? Nesta unidade
você também conhecerá um pouco mais das condições para o desenvolvimento do
trabalho seguro.
No tocante, quero lhe apresentar dois institutos fundamentais para a prevenção
dos riscos ocupacionais, que é a CIPA (Comissão interna de Prevenção de Acidentes) e o
SES-MT (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho). Você verá como esse instituto é formado. Sempre tenha em mente que o
grande objetivo da formação da CIPA e o SESMT é promover o trabalho seguro através
da prevenção dos riscos ocupacionais.

UNIDADE III Institutos


IntroduçãoPara
à Higiene
a Previsão
Ocupacional
de Riscos Ocupacionais 28
1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE RISCO E PERIGO

1.1 Conceituação
Antes de conhecer alguns institutos importantes para a prevenção dos riscos
ambientais e consequentemente promover a higiene do trabalho, é fundamental
compreender alguns conceitos básicos para a área de segurança do trabalho. Neste
sentido, embora muitas vezes sejam utilizados como sinônimos, risco e perigo não devem
ser confundidos, a fim de promover a adequada gestão da segurança e saúde no trabalho.
Assim, para este estudo adota-se o conceito de perigo como sendo: “fonte ou
situação potencialmente capaz de causar perdas em termos de saúde, prejuízo à
propriedade, prejuízos ao ambiente do local de trabalho ou de uma combinação entre
eles’’ (OHSAS, 1999). Para Maynard (2015), esta fonte possui conjunto de
características e propriedades intrínsecas capazes de causar dano ou prejuízo. Ou
seja, o perigo é uma característica própria do elemento em questão. Ele por si só é fonte
de dano.
Já o risco, configura-se como o conjunto de características e propriedades
intrínsecas capazes de causar dano ou prejuízo. Na mesma perspectiva, Maynard
(2015), avalia que o risco ocorre quando existe a probabilidade real de ocorrência desse
dano ou prejuízo. Ou seja, o risco está relacionado com a exposição ao perigo. A ISO
45001 conceitua risco como sendo: a “combinação da probabilidade de ocorrência de
eventos ou exposições perigosas relacionadas aos trabalhos e da gravidade das lesões e
problemas de saúde que podem ser causados pelo (s) evento (s) ou exposição (ões)” (ISO
45001, 2018).
UNIDADE III Institutos
IntroduçãoPara
à Higiene
a Previsão
Ocupacional
de Riscos Ocupacionais 29
Segundo Santos (2021, o risco ocupacional é definido pela frequência com a
qual uma pessoa pode sofrer danos causados por fonte de perigo, ou seja, quanto maior
a frequência de exposição ao fator de risco maior será a probabilidade de ocorrer
consequências negativas.
Desta forma, algo que é perigoso tem o potencial de causar danos, e algo que
é arriscado tem a probabilidade de causar danos, o perigo não muda, mas o risco pode
mudar a depender da exposição ao perigo (MAYNARD, 2015).
Veja alguns exemplos clássicos:

FIGURA 1 - TUBARÃO RISCO E PERIGO

Fonte: EFSA apud URRIOLA, (2020, n.p).

Na figura 1, observa-se que o tubarão por si só já possui potencial para causar


danos. Ele tem presas que podem matar uma pessoa, possui muita agilidade em seu
ataque. O banhista que está na areia não será atacado pelo tubarão, pois por motivos
óbvios o tubarão não consegue caminhar sobre a areia para atacá-lo. Já no segundo
Quadrante da figura, observa-se que o banhista entra ao mar, neste momento o banhista
criou uma situação de risco, pois ali agora existe a probabilidade do dano ocorrer. Ou
seja, o risco será a soma do perigo mais a exposição ao agente causador de danos.

UNIDADE III Institutos


IntroduçãoPara
à Higiene
a Previsão
Ocupacional
de Riscos Ocupacionais 30
RISCO = PERIGO + EXPOSIÇÃO

Veja alguns exemplos de situações que o trabalhador está exposto diariamente


que podem levá-lo a uma situação de risco:

Fonte: Adaptado de Facini (2021).

No fluxograma apresentado, existe uma relação onde existe a fonte de perigo e o


risco. Como exemplo, pode-se tomar o trabalhador da construção civil, que muitas vezes
se submete ao trabalho em alturas, e acaba correndo o risco de sofrer quedas. Já no
segundo quadro, pode ser exemplificado como o cozinheiro, que trabalha com chapas, a
superfície quente representa uma fonte de perigo, a queimadura é o risco. E por fim, as
bombas de combustível representam uma fonte de perigo para os frentistas que podem ser
surpreendidos com o risco de explosões.

UNIDADE III Institutos


IntroduçãoPara
à Higiene
a Previsão
Ocupacional
de Riscos Ocupacionais 31
1.2 Gerenciamento de riscos
O grande objetivo de estabelecer as diferenciações entre risco e perigo é sem
dúvidas promover a gestão de riscos sempre vislumbrando a proteção da saúde do
trabalhador e a proteção ambiental. O gerenciamento de riscos se constitui na
implantação de uma metodologia que tem por função dentro de uma organização prever,
priorizar e superar obstáculos para obter o cumprimento de metas, ao mesmo tempo
que atua na proteção dos recursos humanos, materiais e financeiros de uma
determinada organização, preocupando-se com eventos aleatórios que possam reduzir a
rentabilidade, sob forma de danos físicos, financeiros ou responsabilidades para com
terceiros (RUPPENTHAL, 2013). Ainda de acordo com a autora supracitada, o
gerenciamento de riscos também pode ser definido como o processo formal em que as
incertezas são identificadas, analisadas, estimadas categorizadas e tratadas,
vislumbrando administrar e eliminar possíveis falhas dentro de um processo produtivo.
Dentro de uma organização, para que ocorra o gerenciamento de riscos é
necessário desenvolver um processo de identificação de riscos, análise, avaliação,
tratamento e monitoramento. Desta maneira, será possível conviver com o perigo sem que
estes possam de forma potencial causar danos para a saúde humana ou para o meio
ambiente.
Neste sentido, o modelo de gerenciamento de riscos deverá seguir, no
mínimo, as seguintes etapas:
● Identificação dos perigos – esta etapa consiste em verificar as fontes capazes
de causar danos à saúde das pessoas e meio ambiente.
● Identificação dos riscos – nesta etapa deve ser identificada a probabilidade dos
perigos virem a se concretizar, ou seja, se há trabalhadores expostos aos
perigos.
● Avaliação dos riscos – os riscos identificados devem ser avaliados qualitativa e
quantitativamente, a fim de estimar, classificar e dimensionar a exposição dos
trabalhadores aos agentes e fatores ocupacionais de risco. É importante
ressaltar que quando forem identificados riscos aparentemente graves na fase
anterior, estes devem ser tratados antes de mesmo de serem avaliados.
● Controle e Prevenção dos riscos – Após avaliados os riscos, devem ser
aplicadas medidas de controle e prevenção aos riscos considerados
inaceitáveis. Os riscos que estejam sob controle, devem ser monitorados
frequentemente para garantir que os trabalhadores não tenham sua saúde
afetada.
● Monitoramento, auditoria e reavaliação – todas as medidas de controle e
prevenção aplicadas devem ser monitoradas, auditadas e avaliadas quanto à
sua eficácia. Este é o processo cíclico que deve ser realizado periodicamente
(SANTOS, 2021, n.p).

UNIDADE III Institutos


IntroduçãoPara
à Higiene
a Previsão
Ocupacional
de Riscos Ocupacionais 32
Assim, imagine a situação hipotética em que existe um posto de combustíveis
e que o proprietário decide abrir uma conveniência. Nesta conveniência, serão servidos
lanches com hambúrgueres produzidos em uma churrasqueira a carvão. Ao analisar o
fato, o higienista ocupacional verifica que existe o perigo, que é justamente a própria
natureza do combustível por ser altamente inflamável. Na sequência existe a identificação
do risco que é a probabilidade de uma explosão acontecer. Em seguida, é realizada a
avaliação de risco, onde se verifica de forma qualitativa e/ou quantitativa a probabilidade
de ocorrer uma explosão. Posteriormente, deve ser realizado o controle e prevenção de
riscos, neste caso, poderá ser adotada outras tecnologias, por exemplo, a substituição da
chapa a carvão por uma chapa de indução, e ainda o isolamento físico da cozinha
estabelecendo distâncias seguras para o desenvolvimento das atividades de forma
concomitante. Em seguida, o risco deverá ser sempre monitorado para que as medidas
sejam adotadas de forma a evitar acidentes.
Existem duas matrizes que podem auxiliar na avaliação de risco. A matriz de
risco qualitativa é construída atribuindo classes de risco à combinações entre a
probabilidade de ocorrência de um evento associado com a sua consequência potencial,
e também a matriz semi-quantitativas que são construídas atribuindo pesos às classes de
probabilidade e de consequência e definindo as classes de risco à partir da combinação
da classe de probabilidade com a de consequência, atribuindo valores a estas
combinações.
A seguir veja as duas matrizes:
FIGURA 2 - MATRIZ DE RISCOS QUALITATIVA

Fonte: Riskex (2021).

UNIDADE III Institutos


IntroduçãoPara
à Higiene
a Previsão
Ocupacional
de Riscos Ocupacionais 33
Em uma análise qualitativa verifica-se a probabilidade do risco ocorrer em que se
faz uma análise com caráter subjetivo, um exemplo é quando se colhe depoimento dos
trabalhadores não demonstrando números de forma concreta. Marca-se então a coluna da
probabilidade do risco ocorrer em uma escala que vai de raro até quase certo em que se
relaciona com a gravidade das consequências que vai de desprezível até extrema. A paleta
de cores auxilia na identificação do risco variando de azul onde a situação é mais amena
até o vermelho, em que se tem um risco drástico.

FIGURA 3 - MATRIZ DE RICO SEMI-QUANTITATIVA

Fonte: Riskex (2021).

Outra maneira de fazer uma análise de risco é através de uma análise


quantitativa. A organização da tabela é semelhante à matriz quantitativa em termos de
organização. O que difere é que em uma análise quantitativa os parâmetros utilizados são
numéricos.
Tanto a matriz quantitativa como a matriz qualitativa têm como objetivo analisar
a severidade e a probabilidade do risco de fato ocorrer. Essa análise é importante para
adotar as medidas de controle, prevenção e monitoramento de riscos.
Em geral a análise de risco é realizada no PGR – Programa de Gerenciamento
de Riscos contanto com as seguintes etapas:
a) antecipação e identificação de fatores de risco, levando-se em conta,
inclusive, as informações do Mapa de Risco elaborado pela CIPAMIN, quando
houver;
b) avaliação dos fatores de risco e da exposição dos trabalhadores;
c) estabelecimento de prioridades, metas e cronograma;
d) acompanhamento das medidas de controle implementadas;
e) monitorização da exposição aos fatores de riscos;
f) registro e manutenção dos dados por, no mínimo, vinte anos e
g) avaliação periódica do programa. (NR 22, 1978).

UNIDADE III Institutos


IntroduçãoPara
à Higiene
a Previsão
Ocupacional
de Riscos Ocupacionais 34
2. CAMPOS DE ESTUDO DOS RISCOS OCUPACIONAIS

2.1 O que são riscos ocupacionais


Como você verificou no tópico anterior, os riscos ocupacionais devem ser
identificados, avaliados, controlados e monitorados. Por definição, os riscos ocupacionais
são todos e quaisquer perigos que existam na nossa área de atuação, aos quais
estejamos expostos no exercício de nossas funções, independente de sua magnitude
(TEODORO, 2021). Os riscos ocupacionais também podem ser definidos como os
riscos de acidentes aos quais os trabalhadores estão sujeitos em seu ambiente de
trabalho, os riscos estão associados a ruídos, vibrações, gases, vapores, iluminação
inadequada, presença de máquinas, calor, entre outras (FERSILTEC, 2021).
Diariamente os trabalhadores são expostos a variados tipos de riscos em seu
ambiente de trabalho. Imagine, por exemplo, o grau de exposição a riscos que um
trabalhador de um hospital tem diariamente. Dependendo de sua função, este
trabalhador poderá ser exposto a vírus, bactérias, radiações, além de riscos ergonômicos,
entre outros. Muitas vezes é comum imaginar que somente em ambientes industriais ou
hospitalares os trabalhadores estão expostos a riscos. No entanto, os trabalhadores de
um escritório, por exemplo, por menores que sejam o grau de impacto também estão
sujeitos a adoecerem pela exposição dos riscos ocupacionais. Estes trabalhadores
geralmente se expõem a riscos ergonômicos.

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a Previsão
Ocupacional
de Riscos Ocupacionais 35
Na atualidade está muito em alta o desenvolvimento dos trabalhos em home
office, embora muitas vezes negligenciado, o trabalho desenvolvido em casa também
poderá ser fonte de riscos ocupacionais. Estudos de Silva (2020), revelam que os
trabalhadores em home office podem estar expostos a riscos ergonômicos, entre os
fatores de riscos elencados, verifica-se que a postura inadequada pode acarretar diversas
doenças como alterações na coluna vertebral, problemas cervicais, torácicos,lombares e
pélvicos, que acarretam dores e desconforto nos trabalhadores. Ainda de acordo com o
autor supracitado, os trabalhadores poderão sofrer com iluminação inadequada que
poderá causar problemas oculares, fadiga, estresse, e ainda, dependendo do local de
exercício da atividade, poderá sofrer com o ruído excessivo no ambiente de trabalho
causando perda auditiva, problemas circulatórios, respiratórios, gastrointestinais,
neurológicos, psíquicos e de comunicação.
Estes exemplos mostram que os riscos ocupacionais podem estar presentes
desde as mais complexas funções de trabalho até as mais simples. Desta forma, a
prevenção dos riscos ocupacionais merece atenção especial dentro dos estudos de
higiene do trabalho.
2.2 Fatores de riscos

Como você pode observar, o perigo sempre existirá de uma forma constante,
no entanto o risco poderá ser variável. Neste sentido, os riscos poderão ocorrer em três
grandes esferas, podendo ser as esferas do risco operacional, riscos comportamentais e
riscos ambientais. O risco operacional é geralmente definido como o risco de perda
resultante de processos internos, pessoas e sistemas inadequados ou falhos, ou de
eventos externos (VALIÑO, 2021). As 7 categorias dos riscos ocupacionais são:

● Fraude interna: práticas de corrupção, comunicação falsa, roubo entre


outras;
● Fraude externa: roubo, falsificação, hacking, etc.
● Praticas em matéria de emprego e segurança no local de trabalho:
violação das regras de segurança dos colaboradores, discriminação,
assédio entre outros.
● Clientes, produtos e práticas comerciais: uso indevido de
informações privilegiadas de clientes, lavagem de dinheiro e venda de
produtos não autorizados;
● Danos ocasionados e ativos físicos: terrorismos, vandalismos,
terremotos, fogos, inundações etc.
● Perturbação das atividades comerciais e falhas do sistema:
problemas de telecomunicações entre outros.
● Execução, entrega e gestão de processos: falhas na introdução de
dados, documentação legal incompleta, etc (MATOS, 2007, n.p).

Dentre as 7 categorias de riscos operacionais elencadas, para a área de higiene


do trabalho, as que merecem destaque são as: práticas em matéria de emprego e
segurança no local de trabalho e danos ocasionados e ativos físicos, que podem trazer
prejuízo para a saúde do trabalhador.
Os riscos comportamentais estão relacionados com as ações e atitudes que cada
trabalhador possui em seu ambiente de trabalho, isto significa, que é um comportamento
de risco individual que varia de pessoa para pessoa e depende dos atos de cada um, mas
que pode influenciar a todos (RISKEX, 2021). De acordo com o autor supracitado, cabe a

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CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), profissionais da segurança do
trabalho, profissionais responsáveis pela gestão da empresa fazer a identificação e
conscientização das equipes sobre os perigos e riscos decorrentes de certos
comportamentos.
Já os riscos ambientais, são os riscos advindo dos agentes químicos, físicos
e biológicos existentes no ambiente de trabalho. Este ponto merece atenção, pois
são estes os riscos que terão enfoque na elaboração dos programas da área de
segurança do trabalho como previstos na NR 9 que trata sobre o PPRA – Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais.

2.2 Classificação dos riscos


De acordo com a NR 9, os riscos ocupacionais são agrupados em cinco
categorias, sendo elas: os riscos físicos, químicos, biológicos ergonômicos e de
acidentes. Os riscos são agrupados de acordo com a natureza de suas características
constituintes.
Observe a seguinte a tabela:
TABELA 01 - CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS RISCOS OCUPACIONAIS EM GRUPOS,
DE ACORDO COM A SUA NATUREZA

FÍSICOS QUÍMICOS BIOLÓGICOS ERGONÔMICOS ACIDENTES


Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico Arranjo físico
intenso inadequado
Vibrações Fumos Bactérias Levantamento Máquinas e
e transporte equipamentos
manual de peso sem proteção
Radiações Névoas Protozoários Exigência Ferramentas
ionizantes de postura inadequadas ou
inadequada defeituosas
Radiações não Neblinas Fungos Controle rígido de Iluminação
ionizantes produtividade inadequada
Frio Gases Parasitas Imposição de Eletricidade
ritmos excessivos
Calor Vapores Bacilos Trabalho em Probabilidade
turno e noturno de incêndio ou
explosão
Pressões Substâncias, Jornadas Armazenamento
anormais compostas de trabalho inadequado
ou produtos prolongadas
químicos em
geral

Umidade Monotonia e Animais


repetitividade peçonhentos
Outras situações Outras
causadoras de situações
stress físico e/ou de risco que
psíquico poderão
contribuir para
a ocorrência de
acidentes
Fonte: Portaria SSST Nº 25 DE 29/12/1994

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A Tabela 1 demonstra os grupos de riscos ocupacionais a que os trabalhadores
poderão estar sujeitos. Em termos práticos esta tabela facilita para fazer a classificação
dos riscos para a construção da análise de risco. E consequentemente, para realizar as
medidas de controle necessárias para atenuar esses riscos.
A Portaria SSST N° 25 também estabelece as cores de classificação destes
riscos, sendo que a cor verde representa os riscos físicos; vermelho, químicos; marrom,
os biológicos; amarelo, ergonômicos; e azul o s riscos de acidades (BRASIL, 1994).
Esta classificação por cores torna o processo de reconhecimento de riscos mais
dinâmico, e serve para tornar o processo de alerta mais didático na hora da
implementação dos programas de prevenção de riscos ocupacionais dentro dos
empreendimentos.
Na Figura 4, você pode observar as cores da classificação de riscos.
FIGURA 4 - RISCOS OCUPACIONAIS CLASSIFICADO POR CORES

Fonte: SNC (2021).

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3. TRABALHO SEGURO

Você observou ainda na Unidade I, que os trabalhadores em geral passaram


por situações difíceis, como jornada de trabalho exacerbada, local para o
desenvolvimento do trabalho inadequado colocando-os em situação de risco. E que
em muitos casos, estes sofriam com diversas enfermidades. Foi então, através dos
movimentos sociais, introduzidas as legislações vislumbrando que este trabalhador
tivesse um trabalho seguro. Já nesta unidade, você verificou que é necessário fazer o
reconhecimento, a avaliação, o tratamento e o monitoramento dos riscos no ambiente de
trabalho justamente para promover o trabalho seguro. Mas o que seria o trabalho seguro
que tanto é buscado?
O trabalho seguro é aquele que proporciona ao trabalhador um ambiente em que
sua saúde física e psicológica é protegida durante a execução de suas funções. Neste
ambiente, é necessário que os riscos ambientais (aqueles advindos de agentes químicos,
físicos e biológicos) sejam erradicados ou controlados de modo a não provocar
doenças para estes trabalhadores. Para isso, pode-se adotar alterações físicas no
próprio layout do empreendimento, ou adoção de novas tecnologias. Quando estas
medidas não forem suficientes, pode-se adotar também o uso de EPI (Equipamento de
Proteção Individual) ou EPC (Equipamento de Proteção Coletiva).
Para a obtenção de um ambiente onde se desenvolve um trabalho seguro e saudável,
além dos riscos dos agentes químicos, físicos e biológicos, deve-se proteger o
trabalhador contra os riscos ergonômicos, que acabam colocando em risco tanto a
saúdefísica como a saúde psicológica do trabalhador. Para isso, de forma geral, a equipe
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de Riscos Ocupacionais 39
SESMT deve levar em consideração os esforços físicos e a questão postural
desprendidas por este trabalhador durante a sua jornada de trabalho, bem como a
pressão psicológica e as condições de stress no qual o trabalho está submetido.
Por fim, para a obtenção de um trabalho seguro, é necessário que o ambiente
de trabalho seja limpo e organizado, fornecendo uma condição agradável para que este
trabalhador desenvolva suas atividades laborais. Este local deve prezar pela boa
iluminação, arranjo físico que facilite o desenvolvimento das atividades, prezar pela
preservação dos instrumentos e ferramentas de trabalho, fiações elétricas e hidráulicas
adequadas, entre outras situações que podem colocar em risco a saúde e o bem-estar do
trabalhador.
Prezado (a) aluno (a), para que se obtenha um trabalho seguro é fundamental
ter em mente a dignidade da pessoa humana, o trabalhador desenvolve suas funções
para levar o seu sustento e o de sua família, ele está ali para ter uma melhor condição de
vida. O trabalhador não é uma peça inanimada de toda a engrenagem, ele é acima de
tudo, um ser humano, que possui sentimentos, sente cansaço, dor, frio. Ali está uma mãe,
um pai, um filho ou um amigo. Logo, a empresa tem a responsabilidade de garantir a
segurança deste trabalhador, conforto e dignidade. Esta mentalidade é fundamental para
que não ocorram fatos como ocorreram no início da revolução industrial. Somente com
o pensamento humanista será possível construir um ambiente de trabalho seguro.

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4. ORGANIZAÇÃO DA CIPA E SESMT

Buscando o trabalho seguro com base na redução dos riscos para o trabalhador,
existem dois institutos de grande relevância que é a CIPA (Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes) e o SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho).

4.1 CIPA
O objetivo da CIPA é a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho,
de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a
promoção da saúde do trabalhador (NR 5, 1978). Sua regulamentação é fornecida na NR
5. A CIPA vislumbra garantir a representação dos trabalhadores em todas as questões de
melhoria e saúde ocupacional, observando e comunicando condições de risco no ambiente
de trabalho, devendo ainda propor ao empregador medidas que possam prevenir, reduzir e
até eliminar as possíveis causas de acidentes e doenças ocupacionais no ambiente de
trabalho, esta comissão também deve orientar os trabalhadores sobre estas medidas (NR
5, 1978).
Em termos práticos e de forma generalista, a CIPA tem por objetivo apresentar as
demandas dos trabalhadores, analisar riscos do trabalho, investigar e prevenir acidentes.
A CIPA é formada por representantes dos trabalhadores que são eleitos e também por
representantes dos patrões que são designados para a função.
O Quadro I da NR 5 determina que as empresas que possuem a partir de 20
empregados necessitam ter CIPA, onde o número de representantes (que são chamados
Cipeiros) irá variar de acordo com o número total de trabalhadores, ramo de atividade.

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Vamos a um exemplo:
Imagine que você necessita dimensionar a quantidade de membros para formar a
CIPA de uma indústria de processamento, preservação e produção de conservas de frutas
que possui 200 funcionários.

1° Passo – Identi icar o Grupo


Para a veri icação do grupo você deverá analisar a NR 5, Quadro III (relação
da classi icação nacional de atividades econômicas – CNAE, com correspondente
agrupamento para dimensionamento da CIPA)
FIGURA 5 - QUADRO III DA NR 5

Fonte: NR 5 (1978).

No caso do exemplo, o grupo é o C-2, conforme demarcado em preto.

2° Passo – Relacionar o grupo e quantidade de funcionários


No segundo passo, você deverá observar o Quadro I da NR5, e relacionar o grupo
encontrado anteriormente com o número de funcionários. Veja:

FIGURA 6 - QUADRO I DA NR 5

Fonte: NR 5 (1978).

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Observe que anteriormente encontramos o grupo C-2, e a quantidade de emprega-
dos é de 200 (dado no exemplo). Veja na tabela acima a relação em amarelo. Nela
consta-tamos que serão necessários 4 efetivos e 4 suplentes representando os
empregados. Os representantes da empresa também serão de 4 efetivos e 4 suplentes. Ao
todo, teremos um grupo de 16 pessoas integrantes da CIPA onde 8 serão efetivos e 8
suplentes.
É importante salientar que todas as empresas precisam cumprir os objetivos da
CIPA.
Quando o estabelecimento não se enquadrar no Quadro I, a empresa
designará um responsável pelo cumprimento dos objetivos desta NR,
podendo ser adotados mecanismos de participação dos empregados,
através de negociação coletiva (NR5, 1978).

Isto quer dizer que, mesmo que a empresa não tenha uma comissão propriamente
formada nos termos do Quadro I da NR 5, por não conter o número mínimo de empregados que
é de 20, a empresa deverá indicar um empregado para realizar os trabalhos atribuídos à CIPA.
A CIPA deverá realizar suas reuniões ordinárias mensais durante o expediente
de trabalho normal em local apropriado, sendo lavrada a ata assinada pelos
integrantes ficando à disposição dos Agentes de Inspeção do Trabalho.
Já as reuniões extraordinárias deverão ser realizadas quando ocorrer:
a. houver denúncia de situação de risco grave e iminente que determine
aplicação de medidas corretivas de emergência;
b. ocorrer acidente do trabalho grave ou fatal;
c. houver solicitação expressa de uma das representações (NR5, 1978).

Outro ponto importante é que deverá ocorrer um treinamento no prazo máximo de


trinta dias depois da posse dos cipeiros, com a carga horária de 20 horas distribuídas
em, no máximo, 8 horas diárias e deverá ocorrer durante o expediente normal da
empresa.

O treinamento para a CIPA deverá contemplar, no mínimo, os seguintes


itens:
a. estudo do ambiente, das condições de trabalho, bem como dos riscos
originados do processo produtivo;
b. metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças do trabalho;
c. noções sobre acidentes e doenças do trabalho decorrentes de exposição
aos riscos existentes na empresa;
d. noções sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS, e
medidas de prevenção;
e. noções sobre as legislações trabalhista e previdenciária relativas à
segurança e saúde no trabalho;
f. princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de controle dos
riscos;
g. organização da CIPA e outros assuntos necessários ao exercício das
atribuições da Comissão. (NR5, 1978).

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Ocupacional
de Riscos Ocupacionais 43
4.2 SESMT
O SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina
do Trabalho) é outro instituto fundamental para a promoção da higiene do trabalho. Sua
regulamentação é fornecida na NR 4. O seu objetivo principal é garantir de forma técnica
a prevenção de acidentes e doenças do trabalho, atuando também na prestação de
assistência em trabalhadores acidentados ou que têm sintomas de doenças do trabalho.
O SESMT é formado por uma equipe multidisciplinar composta por engenheiro de
segurança do trabalho, médico do trabalho, enfermeiro do trabalho, técnico de segurança
do trabalho e auxiliar de enfermagem do trabalho. A atribuição de cada profissional é
determinada na NR 4.
Para fazer o dimensionamento do SESMT você deverá observar a NR 4.
Vamos utilizar o exemplo anterior, em que dimensionamos CIPA para uma indústria de
processamento, preservação e produção de conservas de frutas que possui 200
funcionários.

1° Passo – Identi icar o grau de risco


Para identificar o grau de risco observe o Quadro I da NR 4 que relaciona o
ramo de atividade ao grau de risco do empreendimento. Veja de forma aplicada:
FIGURA 7 - QUADRO I DA NR 4

Fonte: NR 4 (1978).

Observando o quadro em grifo amarelo, observa-se que a empresa possui o grau 3.

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2° Passo – Relacionar o grau de risco com a quantidade de funcionários

FIGURA 8 - QUADRO II DA NR 4

Fonte: NR 4 (1978).

Observe que anteriormente encontramos o grau de risco 3, e a quantidade de


empregados é de 200 (dado no exemplo). Veja na tabela acima a relação em amarelo.
Observa-se que será necessário somente 1 técnico de segurança do trabalho.
Assim, tanto dentro de suas particularidades, tanto o SESMT quanto a CIPA são
institutos que têm por objetivo a prevenção de acidentes de trabalho. A manutenção destes
institutos nos empreendimentos traz vantagens para a empresa que acaba tendo menos
custos em decorrência dos acidentes do trabalho, e traz maior segurança para o empregado
que pode desenvolver suas funções em um ambiente mais seguro.

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Ocupacional
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SAIBA MAIS

Objetivo do PGR

O PGR (Programa de Gerenciamento de Risco) tem como principal objetivo evitar,


ou seja, prevenir que acidentes ambientais ocorram, que possam vir prejudicar a
vida de colaboradores, a propriedade privada e também o meio ambiente, isto é, o
programa visa acima do gerenciamento utilizar técnicas eficazes que não permita a
possibilidade de um acidente. Quando se há a existência de um ou mais riscos em
um ambiente laboral, o processo a ser seguido em primeiro lugar é, identificar esse
risco, apontar, saber exatamente qual o risco que se trata; segundo, realizar uma
avaliação criteriosa a respeito do mesmo, para assim poder ser tomada as atitudes
corretas em relação ao risco e; terceiro, se não for possível eliminá-lo, é necessário
realizar o controle desse risco, ou seja, em momento algum, o risco existente torna-se
uma ameaça sem controle ou monitoramento.

Fonte: SEGMED, 2021.

REFLITA

Segurança no trabalho é a arte de preservar a vida.

Fonte: Almeida, (2014).

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de Riscos Ocupacionais 46
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro (a) aluno (a), como você sabe, o desenvolvimento do trabalho pode
colocar em risco a saúde do trabalhador. É muito comum observar nos noticiários
casos de acidentes em plantas industriais onde o trabalhador sofre esmagaduras, se
contamina com agente patógenos, ou é exposto a algum elemento químico que leva
este trabalhador ao adoecimento ou até mesmo a morte. Outra situação recorrente é
observar trabalhadores adoecendo em função de uma condição ergonômica de trabalho
inadequada. Afinal, quem já não ouviu algum caso em que uma pessoa adquiriu uma
doença em decorrência do desenvolvimento do trabalho?
É fato de que todos necessitamos trabalhar para garantir condições dignas de vida,
mas não é necessário adoecer ou morrer em decorrência da execução de suas funções
laborais. Para que isso não ocorra você verificou ao longo desta unidade que é importante
criar estratégias para reduzir os riscos ocupacionais. Aliás o perigo sempre será uma
constante, mas o risco pode ser reduzido.
Nesta unidade você verificou também que a CIPA é formada por representantes
dos trabalhadores e representantes da empresa. Esta comissão é fundamental para o
reconhecimento, avaliação, tratamento e o monitoramento dos riscos no ambiente de
trabalho. Através da CIPA é possível criar um canal direto entre o empregado e o
empregador na busca por soluções viáveis para a redução dos riscos de acidentes de
trabalho, em um cenário onde todos devem estar focados na busca por um trabalho em
uma condição segura.
Outro instituto de grande relevância na prevenção dos riscos ocupacionais é
sem dúvidas o SESMT, formado por profissionais especializados na área de segurança
do trabalho. Desta forma, somente com o envolvimento e a colaboração de todos os
atores institucionais será possível alçar um ambiente seguro e saudável para o
desenvolvimento das atividades laborais.

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de Riscos Ocupacionais 47
LEITURA COMPLEMENTAR

HOME OFFICE NÃO TIRA RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR


EM CASO DE ACIDENTES OU DOENÇAS OCUPACIONAIS

Em meio aos desafios do universo trabalhista pós-pandemia, o home office parece


consolidado como opção para empregadores e empregados. O fato de o local de trabalho
ser o lar do empregado não desobriga o empregador de zelar pela saúde dos
trabalhadores. O advogado e especialista em Direito e Processo do Trabalho, Otavio Calvet
– também Juiz do Trabalho no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ) – tira
algumas das dúvidas inerentes a essa nova realidade.

Já temos uma definição legal para o trabalho em home office? Há diferença


entre ele, o trabalho remoto e o teletrabalho?

Otavio Calvet: Trabalho remoto é aquele realizado fora das dependências do


empregador, podendo ocorrer na residência do empregado ou em qualquer outro lugar.
Já o teletrabalho, que possui definição em lei (art. 75-B da CLT), é uma das espécies de
trabalho remoto, caracterizado pelo fato de o trabalhador prestar sua atividade
preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de
tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituem
como trabalho externo. Já o home office é uma modalidade de trabalho remoto –
geralmente também teletrabalho –, mas realizado na residência do empregado.

Como se poderia definir um acidente de trabalho em home office?


Otavio Calvet: O acidente de trabalho típico, aquele que acontece no
estabelecimento do empregador – como uma queda, por exemplo – é de difícil definição
fora daquele espaço, já que é da essência do teletrabalho em home office a liberdade
de horários; o empregado é quem determina quais os seus momentos de trabalho e
de lazer. Agora, doenças desencadeadas pela forma de trabalhar, ou pelas condições
oferecidas pelo empregador na estrutura do home office, podem ser mais facilmente
configuradas como tendo nexo com o trabalho e, portanto, consideradas como acidente
de trabalho. A legislação permite o reconhecimento do nexo causal [vínculo fático que
liga o efeito à causa] e, ainda, da responsabilidade civil/trabalhista do empregador em
caso de culpa no evento.

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Ocupacional
de Riscos Ocupacionais 48
Quais os direitos do empregado após um acidente de trabalho em home office?
Otavio Calvet: Os mesmos de um empregado que trabalha no estabelecimento
do empregador. Se o acidente provocar incapacidade para o trabalho, o empregado
deve apresentar atestado médico para licença remunerada dos primeiros 15 dias e,
persistindo a incapacidade, o empregador deve emitir a CAT [Comunicação de Acidente
de Trabalho], encaminhando o empregado ao INSS para receber o auxílio-doença
acidentário. Em caso positivo, quando da futura alta, o empregado gozará de no mínimo 12
meses de estabilidade no emprego. Além disso, deve-se verificar se o acidente ocorreu
por culpa do empregador, pois neste caso pode haver a responsabilização por danos
patrimoniais e morais.

Qual o dever do empregador para garantir a saúde do empregado que


trabalha em home office?

Otavio Calvet: O empregador precisa compreender que colocar o empregado em home


office não retira sua responsabilidade: ele deve agir com as cautelas necessárias para
que o novo ambiente de trabalho, o escritório na própria residência do trabalhador, seja
adequado, tanto em relação aos equipamentos quanto a forma de trabalhar. Cabe ao
empregador instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às
precauções a tomar, a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho. O empregado
deverá assinar termo de responsabilidade, comprometendo-se a seguir as instruções
fornecidas pelo empregador, conforme o artigo 75-E da CLT [Consolidação das Leis do
Trabalho]. Além disso, o empregador deve fiscalizar o ambiente de trabalho, combinando
com o empregado visitas para verificação do cumprimento das instruções passadas.

Fonte: CALVET, Otávio. Home office não tira responsabilidade do empregador em


caso de acidentes ou doenças ocupacionais. Jornal Jurid, 2021. Disponível em: https://
www.jornaljurid.com.br/noticias/home-office-nao-tira-responsabilidade-do-empregador-
em--caso-de-acidentes-ou-doencas-ocupacionais. Acesso em: 30 ago 2021.

UNIDADE III Institutos


IntroduçãoPara
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a Previsão
Ocupacional
de Riscos Ocupacionais 49
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Manual de segurança do trabalho
Autor: Ariadne da Silva Fonseca e Marcelo Ricardo Andrade Sartori
Editora: São Camilo
Sinopse:Introdução à Administração Aplicada à Segurança do
Trabalho - Segurança e Medicina do Trabalho - Riscos
Ocupacionais - Informática e Estatística: Aplicação nos Serviços
de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho -
Legislação e Normas Regulamentadoras em Segurança no
Trabalho - Ergonomia - Prevenção e Combate a Incêndio -
Gestão Ambiental - Segurança na Construção Civil - Segurança
em Instalações e Serviços em Eletricidade - Segurança nas
Atividades de Trans-porte - Segurança Rural - Contratação de
terceiros: exigências legais - Principais Equipamentos de
Proteção para Segurança do Trabalho - Prevenção e Combate a
Sinistros - Noções Básicas de Primeiros Socorros.

FILME/VÍDEO
Título: Challenger - um vôo sem retorno
Ano:1990
Sinopse: Filme que mostra o treinamento e as emoções daqueles
que constituíam a tripulação e as dúvidas dos engenheiros quanto
a da espaçonave que explodiu pouco depois de seu lançamento,
em janeiro de 1986.

UNIDADE III Institutos


IntroduçãoPara
à Higiene
a Previsão
Ocupacional
de Riscos Ocupacionais 50
UNIDADE III
Riscos Químicos e Físicos
Professor Me. Renan Gonçalves da Silva

Plano de Estudo:
● Conceituação sobre agentes de riscos químicos;
● Os riscos dos agentes químicos para a saúde do trabalhador;
● Tipos de riscos químicos;
● Medidas de controle;
● Conceituação sobre agentes de riscos físicos;
● Riscos para a saúde do trabalhador;
● Medidas de controle;

Objetivos da Aprendizagem:
● Estabelecer a importância do Front Office perante ao cliente;
● Compreender o fluxo de entrada do hóspede e a relação com
os setores da Hospedagem;
● Contextualizar as funções inerentes dos cargos da Hospedagem
e relevância para fidelização de clientela.

51
INTRODUÇÃO

Caro (a) aluno (a), ao longo desta disciplina você tem observado que o risco
está presente nos mais variados ambientes de trabalho. No entanto, existem alguns
ambientes em que os riscos são mais elevados e que podem comprometer de forma
grave a saúde humana. Os riscos abordados nesta unidade são os riscos químicos e
físicos.
Por sua vez, os riscos químicos poderão estar presentes em indústrias de vários
segmentos, laboratórios, clínicas, farmácias, hospitais, mineradoras, trabalhos
agrícolas, entre outros. Os riscos físicos também são encontrados em variados
postos de trabalho como construção civil, indústrias, setores da área da saúde e
ambientes encharcados. Além destes, os riscos físicos também estão presentes em
trabalhos que demandam submersão em água em altas profundidades como é o caso de
mergulhadores e também em trabalhos em altitudes elevadas.
Todos estes trabalhos representam graves riscos para a saúde humana e
necessitam ser mitigados pelo higienista do trabalho. É importante ter em mente
que as normas regulamentadoras determinam quais são os limites de exposição para
cada tipo de agente, seja ele químico ou físico, e que quando estes limites são
extrapolados caberá ao empregador “pagar” por estar submetendo o trabalhador a
estes riscos. Na área de segurança do trabalho este pagamento é chamado de adicional
de insalubridade.
Antes de instaurar o adicional de insalubridade é necessário realizar as avaliações
para saber se o funcionário terá direito ou não ao adicional de insalubridade, para isso
deve ser consultado a NR-15 que determina os limites de exposição para cada tipo de
agente de risco. Após essa verificação é necessário também verificar se é possível adotar
medidas coletivas e individuais de prevenção ao risco.
Sendo assim, nesta unidade você irá verificar a conceituação dos riscos químicos
e físicos, os riscos para a saúde do trabalhador, os tipos de riscos químicos e físicos,
e verificará também as medidas de controle para cada tipo de risco.

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 52


1. CONCEITUAÇÃO SOBRE AGENTES DE RISCOS QUÍMICOS

Os riscos químicos podem estar presentes em variados setores da indústria,


sendo muito comum que o trabalhador esteja exposto a estes tipos de riscos. Os riscos de
origem química podem estar presentes na indústria da construção civil, alimentícia, têxtil,
extrativa, de transformação, entre outros. Além da indústria, os riscos químicos são
encontrados em hospitais, clínicas, laboratórios, entre vários outros setores. Na atualidade, já
não é possível pensar em uma civilização sem a utilização de agentes químicos, cabe então
ao higienista prevenir os riscos relacionados a estes agentes com a finalidade de promover o
trabalho seguro.
Desta forma, a NR 9 define que os agentes químicos são as substâncias,
compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas
formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza
da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo
através da pele ou por ingestão (BRASIL, 1978). Essas substâncias interagem com o
organismo do indivíduo podendo causar danos à sua saúde, por meio do contato ou pelas
vias aéreas.
Assim, o risco químico está relacionado com a probabilidade do trabalhador
sofrer um dano no momento que ele se expõe ao agente químico podendo lhe trazer
prejuízos para a saúde (UNIFAL, 2021). Além disso, os agentes químicos quando
manejados de forma indevida podem trazer riscos para o meio ambiente através da
contaminação, ou perdas materiais quando estes causam acidentes.
UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 53
Os agentes de riscos químicos podem se apresentar de diversas formas no
ambiente de trabalho e durante os processos podem sofrer mudanças, sendo que a
possibilidade da substância química interagir com o organismo está associada ao seu
estado físico (UNIFAL, 2021).

FIGURA 1 - ESTADO DO AGENTE DE RISCO E A INTERAÇÃO COM O ORGANISMO

Fonte: UNIFAL, (2021).

Na Figura 1, é possível observar que o agente químico pode interagir com o


organismo de diversas formas, seja ele no estado gasoso, líquido ou sólido. Sendo que
os gases interagem pelas vias respiratórias. Já os líquidos e sólidos entram no organismo
por meio da pele ou ingestão, quando transformados em vapores ou partículas de
pequenos diâmetros também podem entrar por meio da respiração.
É importante relembrar que o agente químico em si só já representa uma fonte
de perigo, cabendo ao higienista adotar alternativas para que a exposição ao risco seja
minimizada.

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 54


2. OS RISCOS DOS AGENTES QUÍMICOS PARA A SAÚDE DO TRABALHADOR

Os agentes químicos podem causar uma série de doenças para o trabalhador como
você tem observado. Além disso, estes agentes podem causar impactos para a
população em geral em casos de acidentes, e ainda, impactos sobre o meio ambiente
quando dispersos de forma inadequada. Para o ser humano existem três vias principais
de exposição que é através da absorção por inalação chegando aos pulmões, através da
pele (absorção dérmica), absorção pelo trato digestivo (através da ingestão) (JANAÍNA
FONSECA; MARCHI; FONSECA JASSYARA, 2008).

FIGURA 2: PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO DOS AGENTES QUÍMICOS

Fonte: Fonseca Janaína; Marchi; Fonseca Jassyara, (2008, p. 27).

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 55


Quando uma substância química é inalada, ela entra pelo nariz chegando
aos pulmões, podendo provocar irritações no nariz e garganta, e pressão no peito
(FREITAS, 2000). Segundo o autor supracitado, quando as substâncias chegam ao
pulmão podem causar problemas no local onde elas ficam alojadas, como é o caso da
sílica e do amianto que provocam a silicose e a asbestose que são doenças pulmonares
graves. É interessante observar que o tecido pulmonar não representa uma barreira
protetora contra a exposição a substâncias químicas, sendo que sua principal função é
transportar oxigênio do ar para o sangue e dióxido de carbono no sentido inverso
(JANAÍNA FONSECA; MAR-CHI; FONSECA JASSYARA, 2008). Como o tecido dos
pulmões é muito fino, permite a passagem de outras substâncias para o sangue,
criando um efeito sistêmico causando diversas consequências negativas para o corpo
(JANAÍNA FONSECA; MARCHI; FONSE-CA JASSYARA, 2008).
Uma das formas mais frequentes de contaminação com agentes químicos é
através da pele. Quando este agente entra em contato com a pele, ele age de duas
formas. Na forma direta se a substância for corrosiva, provoca a queimadura direto na
pele, podendo provocar também reações alérgicas, ferimentos e inchaços (FREITAS,
2000). Algumas substâncias químicas também possuem o poder de penetração na
pele, entrando na corrente sanguínea e sendo conduzida para outras partes do corpo
(FREITAS, 2000). As substâncias químicas quando entram em contato com a pele
necessitam ultrapassar um grande número de camadas de células da pele até atingir
a circulação, quando encontrada, é carregada por todo o corpo, sendo que a
capacidade de uma substância em penetrar na pele depende de sua lipossolubilidade, ou
seja, de seu potencial em se dissolver na gordura (JANAÍNA FONSECA; MARCHI;
FONSECA JASSYARA, 2008). Algumas substâncias como benzeno, provoca dano na
produção do sangue, outras provocam problemas nos rins, fígado, coração, ou outra parte
do corpo (FREITAS, 2000).
E por fim, outra forma que os agentes químicos causam doenças para o
trabalhador é através da ingestão acidental. No ambiente de trabalho estes episódios
podem ocorrer quando o trabalhador possui o hábito de comer, beber ou fumar no
ambiente de trabalho, ou devido a formas inadequadas de trabalho, como a prática que
ainda se vê em alguns laboratórios onde o trabalhador faz transferência de líquidos
sifonando-os (chupando-os) com a boca (FREITAS, 2000). As substâncias químicas
quando ingeridas entram no organismo por absorção no trato gastrintestinal, quando não
são absorvidos, não causam danos sistêmicos, a absorção das substâncias pode ocorrer
em qualquer ponto do trato digestivo, da boca ao reto, mas o maior sítio de absorção é o
intestino delgado, por sua função fisiológica na absorção de nutrientes (JANAÍNA
FONSECA; MARCHI; FONSECA JASSYARA, 2008).
UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 56
FIGURA 3: CAMINHOS PELOS QUAIS AS SUBSTÂNCIAS

QUÍMICAS PODEM INTERAGIR COM O HOMEM

Fonte: Fonseca Janaína; Marchi; Fonseca Jassyara, (2008, p. 27.

Conforme ilustrado na Figura 3, as substâncias químicas também podem causar


doenças para o homem de diversas formas. Uma das formas é pelo contato direto conforme
discutimos ao longo deste tópico. Mas essas substâncias podem interagir com o homem
causando danos à saúde de outras formas. Observe na ilustração que as substâncias
químicas entram em contato com o meio ambiente atingindo o solo, água e ar. Logo
após, essas substâncias podem entrar em contato com o homem. Um exemplo é
quando existe a água contaminada com algum elemento químico causador de doenças
e o ser humano faz a ingestão desta água contaminada.
Outro processo interessante de ser observado é que as substâncias químicas
podem contaminar os animais e em seguida contaminar o ser humano que ingere estes
animais na forma de alimento. Este processo é conhecido como biomagnificação.
Bioacumulação é o termo geral que descreve um processo pelo qual
substâncias (ou compostos químicos) são absorvidas pelos organismos. O
processo pode ocorrer de forma direta, quando as substâncias são
assimiladas a partir do meio ambiente (solo, sedimento, água) ou de forma
indireta pela ingestão de alimentos que contém essas substâncias. Esses
processos frequentemente ocorrem de forma simultânea, em especial em
ambientes aquáticos.

Biomagnificação (ou magnificação trófica) é um fenômeno que ocorre quando há


acúmulo progressivo de substâncias de um nível trófico para outro ao longo da teia
alimentar. Assim, os predadores de topo têm maiores concentrações dessas substâncias
do que suas presas. (MONTONE, 2021, np).

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 57


SAIBA MAIS

Embora o termo “bioacumulação”, possa ser confundido ou usado como sinônimo


de “biomagnificação” ou mesmo “bioconcentração”, existe uma distinção importante
entre esses termos. Bioacumulação ocorre num nível trófico e representa o aumento
da concentração de uma substância nos tecidos ou órgãos dos organismos. A
Bioconcentração ocorre quando as substâncias são absorvidas pelos organismos em
concentrações mais elevadas do que o ambiente circundante. Assim, a
bioconcentração e a bioacumulação ocorrem dentro de um organismo, enquanto que
a biomagnificação ocorre entre os diferentes níveis da cadeia alimentar (níveis
tróficos). Outra definição considera a bioacumulação como a soma dos dois
processos. De certa forma, a bioconcentração e a biomagnificação resultam em
bioacumulação de substâncias geralmente tóxicas para os organismos.
Para que esses processos ocorram, as substâncias devem ser lipossolúveis, ou
seja, podem ser dissolvidas em gorduras, e dessa maneira fixar-se nos tecidos dos
seres vivos. As substâncias bioacumuladas geralmente não são biodegradáveis ou
não são metabolizadas pelos organismos, de maneira que a sua taxa de absorção e
armazenamento é maior que a de excreção.
As classes de compostos com maior capacidade de bioacumulação são compostos
cíclicos, aromáticos e clorados com moléculas grandes, ou seja, pesos moleculares
maiores do que 236g/mol. Um exemplo muito conhecido é o pesticida DDT, que já foi
banido ou restrito, mas continua presente no ambiente porque não é facilmente
destruído. A biomagnificação do DDT ocorre porque esse composto é metabolizado e
excretado mais lentamente do que os nutrientes que são transferidos de um nível
trófico para o próximo. Assim, as aves e mamíferos por ocuparem um nível mais
elevado na cadeia alimentar podem apresentar uma quantidade de DDT mais de um
milhão de vezes maior do que a quantidade encontrada na água do mar.
Fonte: (MONTONE, 2021, np).

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 58


3. TIPOS DE RISCOS QUÍMICOS

Os riscos químicos necessitam ser controlados ou eliminados do ambiente


de trabalho para que haja um trabalho salubre. Neste sentido, é necessário que o
higienista do trabalho faça a identificação de qual risco químico ele está atuando. Em
geral, os aerodispersóides se apresentam na forma de poeiras, fumos, névoas, neblinas,
fumaça e fibras.

3.1 Poeiras
A poeira pode ser definida como uma partícula sólida gerada por um rompimento
mecânico de sólidos, por meio de processos de moagem, atrito, impacto, entre outras,
elas são categorizadas em poeiras minerais, alcalinas, vegetais e metálicas (NEMOURS,
2019). As poeiras podem surgir quando os materiais sólidos sofrem golpeamento, ruptura,
moagem, peneiramento, lixamento, trituração ou ainda, na manipulação de grãos
vegetais, gerando partículas sólidas que flutuam no ar até se depositarem por gravidade
(PEIXOTO E FERREIRA, 2013). Segundo Carneiro (2017), normalmente o tamanho da
partícula varia de 0,1 μm a 25 μm (1 μm significa 1 micrômetro e é igual a 0,001 mm).

De acordo com NEMOURS (2019), as poeiras podem ser categorizadas em:


a) Poeira mineral: este material é produzido, sobretudo, por ações de
perfurações para a extração mineral, sendo que este tipo de poeira pode causar
8% dos acidentes fatais de trabalho.

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 59


b) Poeira alcalina: É originária, principalmente, do calcário e é responsável por
doenças pulmonares crônicas, como enfisema pulmonar.
c) Poeira vegetal: é originária das atividades de campo como plantações de grãos
e vegetais que liberam poeiras durante a atividade.
d) Poeiras metálicas: São provenientes de atividades que envolvam metais, como
lixamento de peças, por exemplo. Essas partículas oferecem ao trabalhador
doenças do sistema respiratório e, também, febre e calafrios.

3.2 Fumos
Os fumos são partículas muito pequenas que se formam quando algum material
sólido se vaporiza ou sublima com o calor e logo se esfriam bruscamente e condensam.
Frequentemente, os fumos são encontrados nas atividades de soldagem, fundição
quando estes materiais são aerotransportados podendo causar danos para a saúde do
trabalhador (FLORES, 2020; PEIXOTO E FERREIRA, 2013). As partículas existentes
nos fumos são extremamente pequenas, geralmente abaixo de 1 μm (CARNEIRO, 2017).

3.3 Névoas
As névoas também necessitam de atenção especial do higienista do trabalho que
dependendo da sua composição pode ser nociva para a saúde do trabalhador. As névoas
configuram-se como partículas líquidas geradas pela ruptura mecânica de um líquido.
Exemplos: nebulização de agrotóxicos e pintura tipo spray (PEIXOTO E FERREIRA,
2013). As névoas são gotículas que variam entre 0,01 μm e 10 μm, sendo geradas por
condensação de um estado gasoso ou pela desintegração de um estado líquido, por
atomização, ebulição e outros processos (CARNEIRO, 2017).

3.4 Neblinas
A neblina é a suspensão de partículas líquidas formadas pela condensação do
vapor de uma substância que é líquida na temperatura normal (FLORES, 2018). A
geração de neblina de um agente químico é considerada rara, pois a condensação do
vapor no ar só pode ocorrer se existe a saturação pelo vapor de um líquido, seguindo-se
da diminuição da temperatura do ar, provocado a condensação do excesso de vapor
presente. (TORLONI, 2003 apud CARNEIRO, 2017, p. 20). Assim, a neblina se configura
como partículas líquidas entre 2 μm a 60 μm (CARNEIRO, 2017).

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 60


3.5 Fumaça
As fumaças são misturas de gases, vapores e aerodispersóides provenientes
da combustão incompleta de materiais (PEIXOTO E FERREIRA, 2013).

3.6 Fibras
As fibras são partículas sólidas produzidas por rompimento mecânico com
característica física de um formato alongado. Exemplo: amianto (PEIXOTO E FERREIRA,
2013).
A figura 4 retrata a classificação dos aerodispersóides que foram discutidos acima, veja:

FIGURA 4 - CLASSIFICAÇÃO DOS AERODISPERSÓIDES

Fonte: SABER SST, (2018) apud FLORES (2020, n.p) – Adaptado

Os riscos químicos também podem ser encontrados no ambiente de trabalhos na


forma de aerodispersóides como foi verificado anteriormente e também pode se apresentar
nas fases gasosas e em forma de vapor. Segundo Flores (2020), se um contaminante,
em condições normais, já estaria no estado gasoso, o higienista está diante de um gás,
se o contaminante é um líquido em condições normais, sua fase é definida como vapor.
Sendo que de acordo com suas propriedades químicas, os gases e vapores podem ser
classificados como orgânicos, ácidos, alcalinos e inertes.

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 61


Na Figura 5 é possível verificar a classificação química dos gases e vapores.

FIGURA 5 - CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA DOS GASES E VAPORES

Fonte: SABER SST, (2018) apud FLORES (2020, n.p) – Adaptado

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4. MEDIDAS DE CONTROLE DE RISCOS QUÍMICOS

Antes de propor as medidas de controle para os riscos químicos é importante


observar os níveis de tolerâncias para o agente causador de riscos. Para isso, deve ser
utilizado a NR 15. Esta norma regulamentadora trata sobre as atividades e operações
insalubres. É importante salientar que quando um trabalhador se expõe a uma
insalubridade, o desenvolvimento de doenças do trabalho é desenvolvida no médio e
longo prazo. Assim, quando a empresa não consegue adotar medidas para conter a
exposição do trabalhador aos agentes de risco além dos limites de tolerância também
tratados na NR 15, esta deverá adotar o adicional de insalubridade.
Assim, a BRASIL (1978b), determina que o exercício de trabalho em condições
insalubres acima dos limites de tolerâncias, assegura ao trabalhador a percepção de
adicional, incidente sobre o salário mínimo da região equivalente a:

● 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo;


● 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio;
● 10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo;

É importante salientar que no caso de incidência de mais de um fator de


insalubridade, será apenas considerado o de grau mais elevado para efeito de acréscimo
salarial, sendo vedada a percepção cumulativa, e que a eliminação ou neutralização da
insalubridade cessará o pagamento do adicional ( BRASIL, 1978b).

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 63


A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer com a adoção
de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de
tolerância, ou ainda com a utilização de equipamento de proteção individual (BRASIL,
1978b).
Desta maneira, quando verificado que um agente de risco químico está acima
dos limites de tolerância que são verificados nos anexos XI, XII, XIII da NR15, devem
ser adotadas medidas de controle com a finalidade de mitigar ou eliminar a
insalubridade. Caso contrário, caberá ao empregador adotar o adicional de insalubridade
de acordo com o grau de exposição.

Como verificado, a norma estabelece que o risco poderá ser controlado pela
utilização de medidas de proteção coletiva que consiste em:
● Eliminação dos riscos: poderá haver a substituição das substâncias em uso;
● Neutralização do risco: que pode correr com a proteção contra os riscos,
isolamento, e enclausuramento dos ricos
● Sinalização e bloqueio do risco: A sinalização do risco é um recurso que se
usa quando não há alternativas que se apliquem à eliminação e neutralização
do risco (INBRAEP, 2021).

Segundo a Promatel (2021), os principais EPIs utilizados contra os riscos químicos são:
● Respiradores
● Óculos de Proteção
● Luvas de Segurança
● Botas de PVC
● Cremes de Proteção
● Avental de PVC

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 64


5. TIPO DE RISCOS FÍSICOS

No ambiente é comum haver várias situações em que o trabalhador acaba


sendo exposto a riscos físicos. Estes riscos podem comprometer a saúde do trabalhador
causando-lhe lesões, doenças e até mesmo a morte. Segundo Onsafety (2021), os
riscos físicos necessitam do ar como meio de condução para se propagar, diferentemente
dos biológicos e químicos, que dependem do contato direto do trabalhador, e os riscos
físicos são por si só os agentes causadores de danos à saúde do trabalhador.
Neste sentido, estes riscos se manifestam em ruído, calor, radiação
ionizante, trabalho em condições hiperbáricas, radiação não ionizante, vibrações, frio e
umidade. Os riscos físicos podem ser encontrados nos mais variados segmentos, como
restaurantes, frigoríficos, indústria de mineração, construção civil, hospitais, entre outros.
No Quadro 1 é possível observar mais alguns exemplos de situações em que
o trabalhador pode ser exposto aos riscos físicos.

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 65


QUADRO 1 - EXEMPLOS DE AGENTES FÍSICOS QUE PODEM OFERECER RISCOS
PARA A SAÚDE DE TRABALHADOR

AGENTE FÍSICO SITUAÇÃO DE EXPOSIÇÃO


Ruído Caldeiras, prensas, serras, rebitagem, utilização de
martelos pneumáticos, fiação e tecelagem, aeroportos,
construção civil, etc.
Vibrações Utilização de marteletes pneumáticos, tratores,
construção civil, etc.
Calor Fundição, forjas, fábricas de vidro, fornalhas, construção
civil, etc.
Pressão atmosférica Trabalhos em tubulões de ar comprimido, altitude,
anormal mergulhos, etc.
Radiações ionizantes Serviços de saúde, utilização de raio-x industrial.
Radiações não-ionizantes Solda elétrica, trabalhos ao sol, radares, construção civil,
etc.
Frio Serviços em camarás frias, frigoríficos etc.
Umidade Locais alagados e encharcados etc. \

Fonte: Brasil (2001c) – adaptado.

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 66


6. RISCOS PARA A SAÚDE DO TRABALHADOR

Durante a exposição aos riscos físicos, o trabalhador poderá sofrer um uma série
de doenças das quais você irá conhecer um pouco mais ao longo deste tópico.
Uma das formas mais comuns de geração de doenças causadas pelos riscos
físicos para o trabalhador é quando ele se expõe ao ruído. Esta forma de exposição
poderá causar a perda auditiva conhecida pela sigla PAIR, esta doença se dá quando o
trabalhador se expõe a elevadas pressões sonoras, mais de 85 dB por mais de 8 horas,
além de causar lesões nas vias auditivas desde a membrana timpânica até regiões do
sistema nervoso central (AVANCINI, 2021). Além dos problemas da PAIR, o ruído
elevado afeta a saúde em geral, causando problemas gástricos, cardíacos, dor de cabeça,
insônia, estresse, irritabilidade, diminuição da concentração, zumbido, entre outros
(AVANCINI, 2021).
Outro fator causador de doenças é o calor excessivo que pode provocar
desde cãibras musculares e exaustão por calor à internação (que é uma emergência
com risco de vida), estas doenças podem ser fatais (TANEN, 2019). Pacientes com
exaustão por calor mantêm a capacidade de dissipar o calor e função normal do sistema
nervoso central, intermação, os mecanismos compensatórios de dissipação do calor
falham (embora ainda possa haver sudorese) e a função do sistema nervoso central é
comprometida, esta doença poderá causar alteração do estado mental ou outra disfunção
do sistema nervoso central, independentemente da sudorese (TANEN, 2019).

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 67


Observa-se também que os efeitos da radiação ionizante no corpo humano também
podem gerar uma série de doenças como: queimaduras, câncer, alterações menstruais,
danos graves ao cérebro, alterações gastrointestinais, infertilidade e doenças
congênitas (doenças que surgem na formação do feto na gestação). Já as radiações
não ionizantes podem causar o envelhecimento precoce da pele, câncer de pele,
lesões na pele e nos olhos (BRASIL, 2021d).
O trabalho em condições hiperbáricas também pode comprometer a saúde do
trabalhador, as principais causas de comprometimento da saúde podem ser dividias em
duas categorias, as não descompressivas, que compreendem os barotraumas,
apagamentos e afogamentos; e as descompressivas, que podem se manifestar na
hiperdistensão pulmonar e a embolia arterial gasosa (AMPLUS, 2020).
Observa-se também que as vibrações podem ser a causadora de diversas
doenças. Uma das doenças causadas pela vibração é a síndrome de Raynaud (FRy), ela
caracteriza-se por episódios reversíveis de vasoespasmos de extremidades, associados à
alterações de coloração típicas que ocorrem após exposição ao frio ou em situações de
estresse, em geral ocorre em mãos e pés, em casos mais graves pode também acometer
o nariz, orelhas ou língua, estas alterações de coloração são classicamente descritas em
três fases sucessivas: palidez (fase isquêmica), cianose (causada por venostase e
desoxigenação) e rubor (hiperemia reativa/reperfusão), Dor e/ou parestesias podem
também estar associadas aos ataques, causando desconforto ao indivíduo (KAYSER;
CORRÊA; ANDRADE, 2009).
Outra situação que é muito comum a depender do ambiente de trabalho é a
exposição do colaborador ao frio, podendo gerar várias doenças como: urticária, úlcera,
congelamento de mãos, pés e face, frostbite (formação de cristais de gelo na epiderme),
perniose (frieiras) e a hipotermia (SAFE, 2019).
E por fim, dentro do rol de fatores de riscos físicos pode-se elencar a umidade
como uma causadora de doenças. A exposição do trabalhador à umidade pode acarretar
doenças do aparelho respiratório, quedas, doenças de pele, doenças circulatórias, entre
outras (FIOCRUZ, 2021, n.p).

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7. MEDIDAS DE CONTROLE DE RISCOS FÍSICOS

As medidas de controle para evitar que os trabalhadores adoeçam em decorrência


da exposição a riscos físicos deve ser adotada mediante a avaliação dos riscos. É
importante que o higienista observe a NR – 15 que traz o rol de limites de tolerância
para os riscos, sobretudo o anexo III.
Desta maneira, as principais medidas de controle adotadas na atualidade
para atenuar os riscos físicos são divididas em medidas de proteção coletivas e
medidas de proteção individual através da utilização de EPIs.

7.1 Ruído
No Brasil, o limite de tolerância para ruídos é de 85 dB(A) por 8 horas
diárias (BRASIL, 1978b). Segundo a NR-9 as ações de prevenção para ruídos devem-se
iniciar a partir de 80 dB (A) (NR9).
Para atender as normatizações como medidas de proteção coletivas Santos et
al (2020), propõe as seguintes medidas:

● Utilização de materiais que consigam reduzir a reverberação (reflexão do som


em paredes);
● Instalar dispositivos absorventes (que conseguem atenuar até 15 decibéis) nas
superfícies, para minorar a reflexão (mais eficaz no campo reverberante que no
campo direto, ou seja, na fonte de ruído); geralmente são eficazes desde que a
fonte do ruído não esteja muito próxima do trabalhador;

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 69


● Utilizar materiais como lã de vidro e lã de rocha (que dissipam a energia por
difusão através da espessura), nas paredes ou por suspensão nos tetos;
● Colocar divisórias de formato e material que proporcionem isolamento acústico/
insonorização, na proximidade do trabalhador;
● Diminuição do ruído transmitido pela estrutura (redutores de ruído/ isoladores);
● Construção de abrigo com isolamento acústico;
● Isolar equipamento ruidosos em área fechadas;
● Situar equipamentos ruidosos mais afastados do trabalhador;
● Utilização de controlos remotos para trabalhar à distância, se possível;
● Afastar dos cantos e paredes do edifício os instrumentos que emitem mais
decibéis;
● Desenhar portas e janelas com considerações acústicas;
● Escolher o material de isolamento adequado;
● Colocação de barreiras acústicas o mais próximo possível do trabalhador, com
altura mínima adequada (geralmente o dobro da altura do ouvido) e com
largura geralmente dupla à altura, com superfície revestida por material
absorvente, de forma a atenuar pelo menos 20 decibéis (se o local tiver
propriedades reverberantes, a atenuação pode ser menor, nomeadamente
apenas 5 decibéis, por exemplo);
● Manutenção dos equipamentos de trabalho;
● Reparação e/ou substituição dos equipamentos mais barulhentos;
● Informação/formação aos trabalhadores;
● Medidas organizacionais do trabalho (diminuir o tempo e a intensidade da
exposição; pausas adequadas; diminuir o tempo de trabalho dedicado a tarefas
mais ruidosas; rotatividade entre os trabalhadores para as tarefas mais
ruidosas);
Com relação aos EPIs o mais utilizado contra o ruído são os protetores auriculares.
Neste sentido, os principais protetores no mercado são o protetor de inserção moldável, o
pré-moldado, os abafadores e o de inserção parcial (DELTAPLUS, 2021).

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 70


FIGURA 6 - TIPOS DE PROTETORES AURICULARES - (A) INSERÇÃO MOLDÁVEL

(B) PRÉ-MOLDADO (C) ABAFADORES

(A) (B)

(C)
Fonte: Deltaplus, (2021, n.p).

7.2 Vibrações
Segundo Mendes (2013), não existe EPI antivibração que seja capaz de proteger
os trabalhadores e reduzir os níveis de exposição abaixo dos valores-limite estabelecidos
pela legislação, assim nos casos em que o limite é excedido durante um curto período de
tempo, a redução dos riscos na origem é a única medida a ser tomada, a fim de diminuir os
valores de exposição abaixo do que estabelecido a legislação.
Assim uma das medidas a serem adotadas para promover a redução das vibrações
é a substituição de ferramentas de trabalho que tenham menores taxas vibrativas durante a
jornada de trabalho. Caso não seja possível a realização desta substituição, Mendes (2013)
propõe algumas medidas, observe:
● Escolher outros métodos de trabalho que permitam reduzir a exposição à
vibrações mecânicas
● Escolha do equipamento apropriado concebido em conformidade com os
princípios de ergonomia e de produção, tendo em conta o trabalho a ser feito,
produzindo o mínimo de vibrações possível;
● Fornecimento de equipamento que reduz o risco de lesões causadas por
vibrações, por exemplo assentos que efetivamente reduzam a vibração de corpo
inteiro.
● Implementar programas adequados de manutenção do equipamento de
trabalho, do local de trabalho e sistemas de trabalhos;
● Prover a concepção e disposição dos locais e de trabalho (layout);

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 71


● Informar e treinar os trabalhadores para que usem corretamente e com
segurança os equipamentos de trabalho para minimizar a exposição à
vibrações mecânicas;
● Limitação da duração e intensidade da exposição;
● Adequar os horários de trabalho com períodos de repouso adequados;

7.3 Calor
Para a redução do calor destaca-se como medidas de proteção coletiva a redução
da taxa de metabolismo, movimentação do ar no ambiente e utilização de barreiras que
protejam contra o calor. De acordo com Moreira (2021), a redução do metabolismo
consiste em proporcionar ao trabalhador um menor esforço físico, para isso pode-se
adotar mecanismos com a finalidade de auxiliá-lo na movimentação de cargas, como
pontes rolantes, esteiras e até mesmo completa automatização do processo. Ainda de
acordo com o autor supracitado, é importante providenciar a movimentação do ar no
ambiente, através da abertura de janelas, instalação de aparelhos de ar condicionado,
climatizadores e ventiladores. Ainda como medida de proteção coletiva para a redução
do calor destaca-se a utilização de barreiras para refletir ou absorver os raios
infravermelhos como a utilização de alumínio polido, aço inoxidável e ferro, além de
promover a instalação de películas em portas e janelas para minimizar a incidência de
calor radiante (MOREIRA, 2018).
Como medidas de proteção individual pode ser adotado EPIs. Na atualidade,
os mais utilizados para a proteção do trabalhador contra o calor são:
● Luvas
● Aventais
● Mangotes
● Capuzes
Segundo Moreira (2021), os óculos de segurança com lentes especiais são
necessários sempre que houver fontes de calor radiante, as lentes especiais devem
reter mais que 90% da radiação infravermelho para ser considerada eficiente.

7.4 Pressão atmosférica anormal


O anexo 6 da NR 15 determina quais medidas deverão ser adotadas nos trabalhos
sob pressão atmosférica anormal. Vale ressaltar que, estes trabalhos são desenvolvidos
por profissionais que atuam em profundidades ou altitudes elevadas. São exemplos destes
profissionais: mergulhadores, mineradores, alpinistas entre outros.

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 72


Para este tipo de trabalho é importante que você consulte diretamente o anexo III
da NR -15 que trata especificamente sobre este assunto e demonstra maiores detalhes
sobre as medidas de controle que devem ser adotadas.
Em geral, este anexo tratará sobre trabalho sobre ar comprimido, determinando
como deve ser a compressão e descompressão para cada caso específico. E ainda tratará
sobre os trabalhos submersos.

7.5 Radiações ionizantes e não-ionizantes


Para promover a proteção do trabalhador contra as radiações ionizantes e
não ionizantes é necessário adotar medidas de proteção coletiva como o isolamento das
fontes, que normalmente acontece com a instalação de biombo protetor, e
enclausuramento das fontes de radiação, como exemplo pode-se verificar a adoção de
pisos e paredes revestidas de chumbo em salas de raio-X (UNESP, 2021).
Já as medidas de proteção individual configuram-se no uso de avental, luvas,
perneiras, mangotes para soldas e óculos (UNESP, 2021).

7.6 Frio
Para conter o frio, as medidas de proteção coletiva mais utilizadas é a
providência de um sistema de aquecimento para as mãos quando há exigência de
trabalhos manuais dentro de frigoríficos, que junto das luvas vai servir para aquecer as
mãos dos trabalhadores (LOUZA, 2021). De acordo com o autor supracitado, existe
uma gama de EPIs dais quais pode-se observar:
● Meias de acetato e proteção contra umidade para usar por baixo do calçado;
● Calçado impermeável com sola antiderrapante forrado em lã;
● Japona térmica com capuz, de preferência com gorro por baixo;
● Calças térmicas com forro;
● Luvas de nylon, algodão ou lã, dependendo da atividade a ser praticada.

7.7 Umidade
Para mitigar os problemas que a umidade poderá ocasionar para a saúde do
trabalhador, as medidas de proteção coletivas consistem na providência de estudo de
modificações no processo do trabalho, colocação de estrados de madeira e ralos para
escoamento. Já as medidas de proteção coletiva podem elencar o uso de luvas, botas e
aventais (Moreira, 2018).

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 73


REFLITA

Não haverá dinheiro no mundo capaz de pagar uma só vida, então é dever de
todos reduzir riscos no ambiente de trabalho para salvar vidas.

Fonte: o autor.

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 74


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro (a) aluno (a), você observou nesta disciplina que os riscos químicos e
físicos são inerentes ao processo de trabalho de vários setores laborais. E que são as
normas regulamentadoras que determinam quais são os limites de tolerância para cada
agente de riscos. É importante frisar que o cumprimento das normas é fundamental
principalmente para proteger a saúde e a integridade física do trabalhador.
Assim, você verificou que o agente de risco químico pode comprometer a saúde
do trabalhador pela inalação, ingestão e absorção dérmica. E que ele pode comprometer
não só a saúde do trabalhador como da população em geral que se expõe ao agente
químico. Este fenômeno de contaminação é possível a partir do processo de
bioacumulação e biomagnificação. Logo, é essencial que os empreendimentos que
trabalham com agentes químicos desenvolvam seus processos produtivos com
responsabilidade.
As medidas de controle para os riscos químicos são fundamentais para a garantia
do trabalho seguro. Em geral, as medidas de controle para os agentes químicos
constituem-se na substituição de substâncias causadoras do risco, neutralização do risco
através de enclausuramento das fontes, sinalização e bloqueio dos riscos. Geralmente os
EPIs utilizados são: respiradores, óculos de proteção, luvas de segurança, botas de PVC,
cremes de proteção e avental de PVC.
Nesta unidade, você observou ainda que os riscos físicos são constituídos por
ruído, vibrações, calor, pressão atmosférica anormal, radiação ionizantes e não ionizantes,
frio e umidade. Estes riscos podem ser severos para a saúde do trabalhador podendo
tornar-lhe inválido para o desenvolvimento de suas funções e causar até mesmo a morte
do trabalhador. Por esse motivo é fundamental garantir que no desenvolvimento destes
trabalhos, caso não seja possível eliminar o agente de risco ou mitigá-lo a níveis tolerantes,
fazer a correta utilização dos equipamentos de proteção individual.
Por fim, quero ressaltar que durante o exercício da sua profissão é fundamental
consultar as normas regulamentares em vigência, pois é através das normas
regulamentadoras que são determinados os limites de tolerância para cada agente de
risco.

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 75


LEITURA COMPLEMENTAR

Governo faz nova revisão de normas de segurança no trabalho

O governo federal anunciou nesta quinta-feira (7), em cerimônia no Palácio do


Planalto, uma nova rodada de revisões de normas regulamentadoras (NRs) de segurança
e saúde no trabalho.
Foram alteradas quatro NRs: 5, 17, 19 e 30. As portarias com a nova redação ainda
serão publicadas no Diário Oficial da União. Desde o início do atual governo, foram feitas
duas revisões de uma série de NRs. O objetivo, segundo o governo, é desburocratizar e
modernizar a legislação.
“As NRs tratam de toda a atividade econômica do país, de máquinas e
equipamentos à construção civil. Da agricultura à plataformas de petróleo. Da atividade
portuária aos frigoríficos. O objetivo da revisão dessas normas é tirar da frente o que é
burocrático e focar no que realmente importa”, afirmou o secretário executivo do Ministério
do Trabalho e Previdência, Bruno Dalcomo.
Segundo Dalcomo, as mudanças contaram com amplo consenso entre
empresas e trabalhadores. “Em números, foram 22 consultas públicas, com mais de 20
mil contribuições, entre centenas de reuniões com bancadas de trabalhadores e
empregadores de todos os setores, nesse processo de revisão, que possuem em torno de
95% de consenso.”
Uma das NRs revistas é a nº 5, que estabelece parâmetros e requisitos da
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa). Ela [a NR] trabalha em relação às
Cipas, Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), simplificando, facilitando,
desburocratizando, fazendo a prevenção da acidentalidade dentro das empresas,
com mais economia, e o que é mais importante, separando a grande da pequena
empresa”, disse o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni.
O objetivo da NR 30 é simplificar requerimentos no transporte aquaviário, para
diferenciar pequenas embarcações dos grandes navios. A NR 19 trata da saúde e
segurança na indústria e comércio de explosivos, fogos de artifício e outros artefatos
pirotécnicos e visa fazer adequações com os normativos das Forças Armadas, explica o
ministério.
Já a NR 17, que lida com aspectos de ergonomia em todos os setores
produtivos da economia, foi alterada para simplificar as exigências.

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 76


“Todas passam a conferir tratamento diferenciado a micro e pequenas empresas, a
separar empresas pelo seu efetivo grau de risco, a reconhecer certificações internacionais,
e a usar a tecnologia para reduzir os deslocamentos desnecessários de trabalhadores e
permitir que empresas e seus colaboradores foquem na melhoria contínua da produtividade
e da competitividade do país”, enfatizou Bruno Dalcomo.
Para o ministro Onyx Lorenzoni, a fiscalização do trabalho não deve ser apenas punitiva,
mas também atuar como orientadora de empresas e funcionários. “A fiscalização do trabalho é
importante, sim, porque precisamos preservar o trabalhador e as suas funções. Agora, é muito
importante que a fiscalização também saiba ser alguém que aconselha, alguém que orienta,
alguém que está ali para ajudar o empregador a dar a melhor condição de desempenho e
trabalho para o seu funcionário. E esta é a linha que nós temos trabalhado aqui.”

Reformulação
Desde fevereiro de 2019, o governo vem reformulando normas
regulamentadoras de segurança do trabalho. Além das NRs 1, 7 e 9, foram totalmente
revisadas a NR 3, sobre embargo e interdição; a NR 12, de segurança do trabalho em
máquinas e equipamentos; a NR 18, que trata das condições e meio ambiente de trabalho
na indústria da construção; a NR 20, sobre inflamáveis e combustíveis; a NR 24, que
trata das condições de higiene e conforto nos locais de trabalho; e a NR 28, de
fiscalização e penalidades. A NR 2, sobre inspeção prévia, foi revogada. Houve ainda
revisão do anexo sobre calor da NR 15 e do item sobre periculosidade do combustível para
consumo próprio da NR 16.

Fonte: BRASIL, Agência Brasil, Governo faz nova revisão de normas de segurança no

trabalho. Brasília, 2021. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2021-10/governo-

faz-nova-re-visao-de-normas-de-seguranca-no-trabalho. Acesso em 31 out 2021.

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 77


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Manual prático de avaliação e controle de calor: PPRA
Autor: Tuffi Messias Saliba
Editora: LTR
Sinopse: O Manual Prático de Avaliação e Controle de Calor
aborda, de maneira prática, o reconhecimento, a avaliação e o
controle da exposição ocupacional ao calor e, em especial, os
procedimentos de avaliação.

FILME / VÍDEO
Título: indústria americana
Ano: 2019
Sinopse: Mais um filme baseado em uma história real.
Indústria Americana conta a história de como um bilionário
chinês aproveitou a estrutura de uma antiga fábrica falida da
General Motors para criar uma indústria do vidro.
O documentário é uma coprodução da Netflix e leva a uma reflexão
sobre as relações de trabalho e a necessidade de medidas
preventivas, principalmente no momento atual em que os
governos por todo o mundo discutem afrouxar leis trabalhistas
como forma de combate ao desemprego.

UNIDADE III Riscos Químicos e Físicos 78


UNIDADE IV
Riscos Biológicos
e Ergonômicos
Professor Me. Renan Gonçalves da Silva

Plano de Estudo:
● Conceitos gerais sobre riscos biológicos;
● Riscos para saúde do trabalhador;
● Medidas de controle de riscos biológicos;
● Conceitos gerais sobre riscos ergonômicos;
● Medidas de controle de riscos ergonômicos;
● Mapa de risco.

Objetivos da Aprendizagem:
● Entender os conceitos gerais sobre riscos biológicos;
● Saber sobre a importância dos riscos biológicos para saúde do trabalhador;
● Compreender como ocorre as medidas de controle de riscos biológicos;
● Conceituar riscos ergonômicos;
● Conhecer as medidas de controle de riscos ergonômicos;
● Conhecer o que é um mapa de risco.
relevância para fidelização de clientela.

79
INTRODUÇÃO

Prezado (a) aluno (a), nesta unidade serão abordados dois assuntos de
grande relevância para a higiene do trabalho, que são os riscos biológicos e também
os riscos ergonômicos. Por sua vez, os riscos biológicos estão presentes em vários
setores de trabalho como hospitais, clínicas médicas e veterinárias, laboratórios, serviços
de saneamento básico, variadas indústrias, entre outros. Estes agentes podem colocar
em risco a saúde e o bem-estar do trabalhador. Os agentes biológicos são
causadores de doenças que podem até mesmo levar o trabalhador ao óbito. É
importante que os empreendimentos que trabalham com riscos biológicos venham
adotar medidas para controle destes riscos vislumbrando a promoção do trabalho
seguro.
Para isso, é importante que o higienista conheça os riscos associados aos
agentes biológicos com a finalidade de traçar ações para a mitigação dos
riscos. Assim, neste momento serão apresentadas algumas estratégias
baseadas nas normas regulamentadoras para a redução dos riscos inerentes
ao trabalho em ambientes que contenham agentes de riscos biológicos.
Ainda nesta unidade, será apresentado também os riscos ergonômicos. Estes
riscos muitas vezes são ignorados tanto pelo trabalhador como pelo empregador. No
entanto, eles podem comprometer de forma grave a saúde do trabalhador. Assim, será
apresentado sob a luz das normas regulamentadoras formas para reduzir os riscos
ergonômicos.
Por fim, nesta unidade será apresentado também o mapa de risco. Vale ressaltar
que a elaboração de um mapa de risco é uma ferramenta muito importante para
que o trabalhador venha conhecer os riscos inerentes ao processo de trabalho. No
mapa de risco existe a reunião dos riscos químicos, biológicos, físicos, ergonômicos e
de acidentes que você já estudou nas unidades anteriores.

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 80


1. CONCEITOS GERAIS SOBRE RISCOS BIOLÓGICOS

A NR-32 estabelece as diretrizes para a implementação das medidas de proteção à


saúde dos trabalhadores da área da saúde, esta norma estabelece que são considerados
riscos biológicos a probabilidade da exposição ocupacional à agentes biológicos (BRASIL,
2005a). Desta maneira, compreende-se como agentes biológicos os microrganismos,
geneticamente modificados ou não, as culturas de células, os parasitas, as toxinas, príons,
vírus, fungos, clamídias, riquétsias, micoplasmas, parasitos entre outros (BRASIL, 2005a;
BRASIL, 2006b).

Segundo Vilela (2008), os agentes de riscos biológicos podem ser subdivididos em:
● Microrganismos: formas de vida de dimensões microscópicas, visíveis
individualmente apenas ao microscópio - entre aqueles que causam dano à
saúde humana, incluem-se bactérias, fungos, alguns parasitas (protozoários) e
vírus;
● Microrganismos geneticamente modi icados: são organismos que tiveram
seu material genético alterado por meio de técnicas de biologia molecular;
● Culturas de células de organismos multicelulares: estes organismos
possuem o crescimento in vitro de células derivadas de tecidos ou órgãos de
organismos multicelulares em meio nutriente e em condições de esterilidade -
podem causar danos à saúde humana quando contiverem agentes biológicos
patogênicos;

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 81


● Parasitas: organismos que sobrevivem e se desenvolvem às expensas de um
hospedeiro, unicelulares ou multicelulares - as parasitoses são causadas por
protozoários, helmintos (vermes) e artrópodes (piolhos e pulgas);
● Toxinas: são substâncias secretadas (exotoxinas) ou liberadas (endotoxinas)
por alguns microrganismos e que causam danos à saúde humana, podendo
até provocar a morte - como exemplo de exotoxina, temos a secretada pelo
Clostridium tetani, responsável pelo tétano e, endotoxinas, as liberadas por
Meningococcus ou Salmonella;
● Príons: compreende estruturas proteicas alteradas relacionadas como agentes
etiológicos das diversas formas de encefalite espongiforme - exemplo: a forma
bovina, vulgarmente conhecida por “mal da vaca louca”, que atualmente não é
considerada de risco relevante para os trabalhadores dos serviços de saúde.

É importante frisar que os organizamos supracitados são causadores de


enfermidades para aqueles que se expõe a estes riscos e que é necessário adotar
medidas preventivas para a promoção do trabalho seguro nestes ambientes laborais. Em
geral, estes organismos podem ser encontrados em variados setores como hospitais,
clínicas médicas e veterinárias, laboratório, industriais em diversos segmentos, coleta e
tratamento de resíduos, tratamento de efluentes, entre outros (FIOCRUZ, 2021).
A NR-32 em seu anexo I, determina a classificação dos riscos biológicos e os
classifica de 1 a 4, onde 1 representa os riscos mais leves e o 4 os mais severos. A norma
considera o risco individual ao qual o trabalhador é exposto, os riscos de disseminação
para a coletividade, se existe profilaxia (medidas preventivas de saúde da população) e
tratamento das enfermidades geradas pelos agentes biológicos. Esta classificação pode
ser observada no Quadro 1.

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 82


QUADRO 1 - CLASSIFICAÇÃO DO RISCO DE AGENTES BIOLÓGICOS

CLASSE DE GRAU DE RISCO


RISCO

baixo risco individual para o trabalhador e para a coletividade,


1 com baixa probabilidade de causar doença ao ser humano.

risco individual moderado para o trabalhador e com baixa


probabilidade de disseminação para a coletividade. Podem
2 causar doenças ao ser humano, para as quais existem meios
eficazes de profilaxia ou tratamento.

risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade


de disseminação para a coletividade. Podem causar doenças
3 e infecções graves ao ser humano, para as quais nem sempre
existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento.

risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade


elevada de disseminação para a coletividade. Apresenta
4 grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro.
Podem causar doenças graves ao ser humano, para as quais
não exis-tem meios eficazes de profilaxia ou tratamento.

Fonte: Brasil (2005a)

É importante frisar que o anexo II da NR – 32 apresenta uma tabela de agentes


biológicos, classificados nas classes de risco 2, 3 e 4, de acordo com os critérios citados no
Anexo I. Prezado aluno (a), é importante que você venha acessar o anexo supracitado para
conhecer a lista dos agentes biológicos elencados que causam doenças para os
trabalhadores.

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 83


2. RISCOS PARA SAÚDE DO TRABALHADOR

Os agentes de riscos biológicos são capazes de provocar dano à saúde humana,


podendo causar infecções, efeitos tóxicos, efeitos alergênicos, doenças autoimunes e a
formação de neoplasias e malformações (VILELA, 2008).
Desta maneira, os vírus, bactérias e protozoários quando entram no
organismo humano podem causar doenças infectocontagiosas. Algumas dessas
doenças podem ser observadas como as ISTs que são as infecções sexualmente
transmissíveis como o HIV/Aids, sífilis, cancro mole, gonorreia e infecção por clamídia,
herpes genital, infecção pelo HTLV, linfogranuloma venéreo, tricomoníase entre outras). E
ainda, a tuberculose, dermatites, malária, leishmaniose, hepatites, poliomielite, sarampo,
difteria, tétano, coqueluche, rubéola; caxumba meningite, cólera, tétano, amebíase, entre
outras (SES, 2021; FHEMIG, 2021). No contexto contemporâneo, não se pode deixar de
comentar o risco do contágio pela COVID-19.
Já os fungos e bacilos podem provocar infecções variadas externas como
as dermatites e, quando internas podem se manifestar na forma de doenças
pulmonares (FHEMIG, 2021). Os parasitas, podem provocar infecções cutâneas ou
sistêmicas podendo causar contágio (FHEMIG, 2021).
É importante que o higienista conheça as fontes de transmissão feitas pelo
agente biológico. Segundo Vilela (2008), a transmissão pode ocorrer de duas formas:

● Direta: quando ocorre a transmissão do agente biológico sem a intermediação


de veículos ou vetores. Exemplos: transmissão aérea por bioaerossóis,
transmissão por gotículas e contato com a mucosa dos olhos;

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 84


● Indireta: quando a transmissão do agente biológico ocorre por meio de
veículos ou vetores. Exemplos: transmissão por meio de mãos,
perfurocortantes, luvas, roupas, instrumentos, vetores, água, alimentos e
superfícies.
Já as vias de entrada podem ocorrer por via cutânea que é através do contato direto
com a pele, de forma parental, quando ocorre a inoculação intravenosa, intramuscular ou
subcutânea (VILELA, 2008). E ainda, segundo o autor referenciado, a contaminação
pode ocorrer também com contato direto com as mucosas, por inalação ou por via oral.
O conhecimento das formas como o agente biológico contamina o organismo
humano é fundamental para adotar as medidas preventivas com a finalidade de evitar que
o trabalhador venha se contaminar com o agente causador de doenças.

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 85


3. MEDIDAS DE CONTROLE DE RISCOS BIOLÓGICOS

Antes de entrar propriamente nas medidas de controle de riscos biológicos, é


fundamental que você tenha em mente que é necessário elaborar e executar os
programas relacionados à saúde, meio ambiente e segurança do trabalho. Assim,
observe o quadro a seguir que demonstra as principais normas regulamentadoras e os
programas que versam sobre os riscos biológicos.

QUADRO 2 - PRINCIPAIS NORMAS QUE SE RELACIONAM AOS RISCOS BIOLÓGICOS

NORMA REGULAMEN- TÍTULO


TADORA
NR – 6 Equipamento de proteção individual - EPI
NR – 7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional -
PCMSO
NR – 9 Avaliação e controle das exposições ocupacionais a
agentes físicos, químicos e biológicos - PPRA
NR – 15 Atividades e operações insalubres
NR – 25 Resíduos industriais
NR – 31 Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária
silvicultura, exploração florestal e aquicultura
NR – 32 segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde
NR – 36 segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e
processamento de carnes e derivados

Fonte: o autor.

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 86


Conforme pode ser observado no Quadro 2, a norma regulamentadora 6
versa sobre os equipamentos de proteção individual que são fundamentais como
medidas de controle sobre os riscos biológicos. Na sequência, verifica-se a NR – 7 que
determina a obrigatoriedade da elaboração do Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional – PCMSO e determina que os agentes biológicos deverão ser avaliados com
a finalidade de evitar a contaminação dos trabalhadores. A NR – 7, determina que
deverá ser realizada a avaliação dos riscos biológicos no PPRA – Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais.
Ainda observado o Quadro 2, a NR-15 estabelece os limites de tolerância para
que os trabalhadores que se expõem aos riscos biológicos bem como o adicional de
insalubridade a depender do grau de exposição. Vale a pena observar o Anexo XIV da
NR-15 que demonstra a relação das atividades que envolvem agentes biológicos, cuja
insalubridade é caracterizada pela avaliação qualitativa. Insalubridade de grau máximo
Trabalho ou operações, em contato permanente com:
- pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como
objetos de seu uso, não previamente esterilizados;
- carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pelos e dejeções de
animais portadores de doenças infectocontagiosas (carbunculose, brucelose,
tuberculose);
- esgotos (galerias e tanques); e
- lixo urbano (coleta e industrialização).
Insalubridade de grau médio Trabalhos e operações em contato permanente
com pacientes, animais ou com material infectocontagiante, em:
- hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de
vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde
humana (aplica-se unicamente ao pessoal que tenha contato com os
pacientes, bem como aos que manuseiam objetos de uso desses pacientes,
não previamente esterilizados);
- hospitais, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos
destinados ao atendimento e tratamento de animais (aplica-se apenas ao
pessoal que tenha contato com tais animais);
- contato em laboratórios, com animais destinados ao preparo de soro,
vacinas e outros produtos;
- laboratórios de análise clínica e histopatologia (aplica-se tão só ao pessoal
técnico);
- gabinetes de autópsias, de anatomia e histoanatomopatologia (aplica-se
somente ao pessoal técnico);
- cemitérios (exumação de corpos);
- estábulos e cavalariças; e
- resíduos de animais deteriorados. (BRASIL, 1978c).
Conforme o Quadro 2, a NR-25 versa sobre os resíduos industriais e determina
que os resíduos biológicos devem ser manipulados de forma adequada com a finalidade
de promover a saúde do trabalhador e a segurança ambiental. Já a NR-31, também faz
menção aos riscos biológicos de forma breve.

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 87


Na sequência, verifica-se que a NR-32 que versa sobre a segurança e saúde no
trabalho em serviços de saúde. É interessante analisar o anexo III da referida norma, que
estabelece a obrigatoriedade dos estabelecimentos de saúde criar e implementar o plano
de prevenção de riscos de acidentes com materiais perfurocortantes. Entre as medidas da
norma estabelece que deverá ser constituída uma comissão gestora multidisciplinar que
tem como objetivo reduzir os riscos com os perfurocortantes.
Assim a comissão deverá ser formada por:
a) o empregador, seu representante legal ou representante da direção do
serviço de saúde;
b) representante do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho - SESMT, conforme a Norma Regulamentadora nº 4;
c) vice-presidente da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA ou
o designado responsável pelo cumprimento dos objetivos da Norma
Regulamentadora nº 5, nos casos em que não é obrigatória a constituição
de CIPA;
d) representante da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar;
e) direção de enfermagem;
f) direção clínica;
g) responsável pela elaboração e implementação do PGRSS - Plano de
Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde;
h) representante da Central de Material e Esterilização;
i) representante do setor de compras; e
j) representante do setor de padronização de material (BRASIL, 2005a).

Neste sentido, a norma determina também que a comissão gestora deverá analisar
as informações existentes no PPRA e no PCMSO, bem como os acidentes
ocasionados com os materiais perfuro cortantes, não devendo restringir informações
previamente existentes no serviço de saúde. Esta comissão deverá implantar
procedimentos de registro e investigação de acidentes e situações de risco envolvendo
materiais perfurocortantes. Segundo a NR- 32, a partir da análise das situações de risco e
dos acidentes de trabalho ocorridos com materiais perfuro cortantes, estabelecendo as
prioridades observando:
a) situações de risco e acidentes com materiais perfurocortantes que
possuem maior probabilidade de transmissão de agentes biológicos
veiculados pelo sangue;
b) frequência de ocorrência de acidentes em procedimentos com utilização
de um material perfuro cortante específico;
c) procedimentos de limpeza, descontaminação ou descarte que contribuem
para uma elevada ocorrência de acidentes; e
d) número de trabalhadores expostos às situações de risco de acidentes com
materiais perfurocortantes (BRASIL, 2005a).
A NR – 32 também estabelece que as medidas de controle para a promoção
da prevenção dos acidentes com perfurocortantes deve seguir a seguinte hierarquia:
a) substituir o uso de agulhas e outros perfurocortantes quando for
tecnicamente possível;
b) adotar controles de engenharia no ambiente (por exemplo, coletores de
descarte);
c) adotar o uso de material perfuro cortante com dispositivo de segurança,
quando existente, disponível e tecnicamente possível; e
d) mudanças na organização e nas práticas de trabalho.
6. Seleção dos materiais perfurocortantes com dispositivo de segurança:

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 88


6.1 Esta seleção deve ser conduzida pela Comissão Gestora
Multidisciplinar, atendendo as seguintes etapas:
a) definição dos materiais perfuro cortantes prioritários para substituição a
partir da análise das situações de risco e dos acidentes de trabalho ocorridos;
b) definição de critérios para a seleção dos materiais perfurocortantes com
dispositivo de segurança e obtenção de produtos para a avaliação;
c) planejamento dos testes para substituição em áreas selecionadas no
serviço de saúde, decorrente da análise das situações de risco e dos
acidentes de trabalho ocorridos; e
d) análise do desempenho da substituição do produto a partir das
perspectivas da saúde do trabalhador, dos cuidados ao paciente e da
efetividade, para posterior decisão de qual material adotar (BRASIL, 2005a).

por fim, observando ainda o Quadro 2, verifica-se que a NR-36 dispõe sobre a
segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e processamento de carnes e
derivados, também faz uma breve menção sobre a necessidade de considerar os riscos
biológicos na prevenção de riscos relacionados a segurança do trabalho.
Com base nas NRs apresentadas, como você verificou nos capítulos anteriores
é necessário adoras as medidas administrativas, medidas coletivas e caso ainda assim
o trabalhador esteja exposto aos agentes de riscos é necessário em último caso
implementar a utilização dos EPIs.
Para a prevenção de riscos com os agentes biológicos é necessário levar em
consideração os preceitos da biossegurança. Vale salientar que a biossegurança é a
condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir,
controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a
saúde humana, animal e vegetal e o ambiente (BRASIL, 2006b). Assim, as ações para
o controle de riscos biológicos devem ser de forma sistêmica e associada devendo ser
implementadas tanto as medidas administrativas, como as medidas de proteção coletiva
quando as medidas de proteção individual.
Em geral, as medidas coletivas adotadas segundo Cofen (2020), consiste
na utilização de meios seguros para a recolha, armazenamento e evacuação de
resíduos, incluindo recipientes seguros e identificados e o seu tratamento prévio,
sinalização adequadamente os locais (perigo biológico, proibição de fumar etc.), e
estabelecimento de planos de emergência para fazer face à libertação acidental de
agentes biológicos, especialmente no caso dos grupos 3 e 4.
Segundo Vilela (2008, p. 29), as medidas administrativas e de proteção
coletiva devem ser no sentido controlar os riscos na fonte de modo a mitigá-lo e se
possível eliminá-lo por meio da:

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 89


● “redução do contato dos trabalhadores do serviço de saúde, bem
como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à
saúde com pacientes-fonte (potencialmente portadores de agentes
biológicos), evitando procedimentos desnecessários;
● afastamento temporário dos trabalhadores do serviço de saúde, bem
como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à
saúde com possibilidade de transmitir agentes biológicos;
● eliminação de plantas presentes nos ambientes de trabalho;
● eliminação de outras fontes e reservatórios, não permitindo o
acúmulo de resíduos e higienização, substituição ou descarte de
equipamentos, instrumentos, ferramentas e materiais contaminados;
● restrição do acesso de visitantes e terceiros que possam representar
fonte de exposição;
● manutenção do agente restrito à fonte de exposição ou ao seu
ambiente imediato, por meio do uso de sistemas fechados e
recipientes fechados, enclausuramento, ventilação local exaustora,
cabines de segurança biológica, segregação de materiais e resíduos,
dispositivos de segurança em perfurocortantes e recipientes
adequados para descarte destes perfurocortantes.
● planejamento e implantação dos processos e procedimentos de
recepção, manipulação e transporte de materiais, visando a redução
da exposição aos agentes;
● planejamento do fluxo de pessoas de forma a reduzir a possibilidade
de exposição;
● redução da concentração do agente no ambiente: isolamento de
pacientes, definição de enfermarias para pacientes com a mesma
doença, concepção de ambientes com pressão negativa, instalação
de ventilação geral diluidora;
● realização de procedimentos de higienização e desinfecção do
ambiente, dos materiais e dos equipamentos;
● realização de procedimentos de higienização e desinfecção das
vestimentas;
● implantação do gerenciamento de resíduos e do controle integrado de
pragas e vetores”.

Em geral, o Cofen (2020) descreve que os equipamentos de proteção individual


para a prevenção dos riscos biológicos consistem na utilização de luvas, máscaras, gorros,
óculos de proteção, capotes (aventais) e botas. Para Vilela (2008), as medidas de proteção
individual devem promover a proteção das vias de entrada (respiratória, pele, mucosas)
por meio do uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPIs. O autor também
descreve que em toda ocorrência de acidente envolvendo riscos biológicos, com ou sem
afastamento do trabalhador, deve ser emitida a Comunicação de Acidente de Trabalho –
CAT.

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 90


4. CONCEITOS GERAIS SOBRE RISCOS ERGONÔMICOS

Muitas vezes existe a falsa percepção que os riscos de trabalho estão


associados somente em ambientes onde tem ação de agentes químicos, físicos e
biológicos. No entanto, os riscos ergonômicos estão presentes nos mais variados e
simples postos de trabalho. Antes de entrar no conceito de riscos ergonômicos é
necessário conceituar o que é ergonomia. Neste sentido, Hermosilla (2008, p. 1) “define
que a ergonomia objetiva modificar os sistemas de trabalho para adequar a atividade nele
existente às características, habilidades e limitações das pessoas com vistas ao seu
desempenho eficiente, confortável e seguro”. É importante analisar nesta definição que o
próprio ser humano possui limitações e que essas limitações devem ser respeitadas no
momento do desenvolvimento do trabalho.
Vidal (2021), explica que o ser humano interage com diversos componentes
do sistema de trabalho como equipamentos, instrumentos, mobiliários, formando
interfaces sensoriais, energéticas e posturais, com a organização e o ambiente
formando interfaces ambientais, cognitivas e organizacionais. O autor supracitado, em
seus estudos relata também que a interação humana ocorre de maneira sistêmica
envolvendo seu organismo, sua mente e sua psique, cabendo à Ergonomia modelar
essas interações e buscar formas de adequação para o desempenho confortável,
eficiente e seguro face às capacidades, limitações e demais características da pessoa no
desenvolvimento de suas funções.

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 91


A interdisciplinaridade da ergonomia pode ser observada na Figura 1, que
demonstra que a ergonomia se relaciona com as ciências da vida que são as ciências
relacionadas com a área da saúde, ciências técnicas que se relaciona a área de
engenharia e tecnologia, ciências sociais eu está relacionado com as relações humanas e
as ciências humanas.

FIGURA 1 - INTERDISCIPLINARIDADE DA ERGONOMIA

Fonte: Hubault (1992) apud Vidal (2021, p. 5).

Quando os fatores apresentados na Figura 1 não são planejados e


manejados de forma adequada surgem os riscos ergonômicos. Por sua vez os riscos
ergonômicos se manifestam no esforço físico, levantamento de peso, postura
inadequada, controle rígido de produtividade, situação de estresse, trabalhos em período
noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade, imposição de rotina
intensa (FIOCRUZ, 2008).
Observe a ilustração na Figura 2 como em um simples posto de trabalho
poderá haver riscos ergonômicos envolvidos que poderão causar doenças para o
trabalhador. Observe que a coluna do trabalhador está desalinhada, ombros tensos e
torcidos, tela do computador em altura inadequada o que prejudica a visão, altura da
cadeira inadequada.

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 92


FIGURA 2 - POSTO DE TRABALHO INADEQUADO

Fonte: Laboral (2021).

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 93


5. MEDIDAS DE CONTROLE PARA OS RISCOS ERGONÔMICOS

Com a finalidade de evitar que o trabalhador venha adoecer em decorrência da


exposição aos riscos ergonômicos a NR 17 (1978d), estabelece as normativas para o
desenvolvimento do trabalho de forma adequada.

5.1 Cargas
Assim NR 17 (1978d), determina que para transporte de cargas devem ser seguidas
as seguintes recomendações:

● Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um
trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua
segurança.
● Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, que
não as leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos
métodos de trabalho que deverá utilizar, com vistas a salvaguardar sua saúde
e prevenir acidentes.
● Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas, deverão ser
usados meios técnicos apropriados.
● Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o transporte
manual de cargas, o peso máximo destas cargas deverá ser nitidamente inferior
àquele admitido para os homens, para não comprometer a sua saúde ou a sua
segurança.

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 94


● O transporte e a descarga de materiais feitos por impulsão ou tração de vagonetes
sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico deverão ser
executados de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja
compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua
segurança.
● O trabalho de levantamento de material feito com equipamento mecânico de
ação manual deverá ser executado de forma que o esforço físico realizado pelo
trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a
sua saúde ou a sua segurança (BRASIL, 1978d).
Isto posto, no Quadro 3 é possível observar a capacidade individual e os limites
de peso que podem ser levantados pelos trabalhadores sem que ocorra danos para a sua
saúde, veja:

QUADRO 3 - LIMITAÇÕES PARA LEVANTAMENTO DE PESO COM RELAÇÃO A GÊNERO E IDADE

Pessoas x limitações Homens (Kg) Mulheres (Kg)


Adultos (18 a 35 anos) 40 20
16 a 18 anos 16 8
Menor de 16 anos Proibido

Fonte: (BRASIL, 1978d).

Segundo Ferreira (2001), é recomendado que as mulheres levantem 50% dos


valores máximos levantados para os homens, porque em geral as mulheres possuem
menor tolerância ao trabalho físico pesado, menor massa muscular e menor peso, o que
faz com que o peso do corpo sobre o centro de gravidade seja menor. O autor também
destaca que para não prejudicar a formação do esqueleto recomenda-se aos jovens, de
16 a 18 anos, que executem, ocasionalmente, o levantamento de, no máximo, 40%
do peso destinado aos adultos, e que o levantamento de peso para pessoas idosas deve
ser evitado, pois seus ossos tendem a ser mais frágeis.
Conforme estudos de Ferreira et al. (2001), para que o levantamento de peso ocorra
sem prejuízo à saúde é necessário observar algumas posturas, veja:
● Posicionar-se junto ao objeto, mantendo os pés afastados, com um pé mais à
frente que o outro, para aumentar sua base de sustentação;
● Abaixar-se, dobrando os joelhos e mantendo a cabeça e as costas em linha reta;
● Segurar firmemente o objeto, usando a palma das mãos e todos os dedos;

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 95


● Levantar-se, usando somente o esforço das pernas e mantendo os braços
estendidos;
● Aproximar bem o objeto do corpo;
● Manter o objeto centralizado em relação às pernas durante o percurso

5.2 Mobiliário dos postos de trabalho


Sobre o mobiliário dos postos de trabalho, a NR – 17 determina que para
trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas, mesas,
escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa
postura, visualização, operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos:
ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade,
com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento;
ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador;
ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação
adequados dos segmentos corporais.
Para trabalho que necessite também da utilização dos pés, os pedais e
demais comandos para acionamento pelos pés devem ter posicionamento e dimensões
que possibilitem fácil alcance, bem como ângulos adequados entre as diversas partes do
corpo do trabalhador, em função das características e peculiaridades do trabalho a ser
executado.
Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes
requisitos mínimos de conforto: altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da
função exercida; características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento;
borda frontal arredondada; encosto com forma levemente adaptada ao corpo para
proteção da região lombar (BRASIL, 1978d).
Observe na Figura 3 como seria a postura adequada para o trabalho em
um computador, veja:

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 96


FIGURA 3 - POSTURA ADEQUADA PARA O TRABALHO EM COMPUTADOR

Fonte: Laboral (2021).

5.3 Condições do ambiente e organização do trabalho


A NR 17 também estabelece medidas sobre as condições ambientais de trabalho,
onde determina que níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma
brasileira registrada no INMETRO, onde o índice de temperatura efetiva entre 20oC (vinte)
e 23oC (vinte e três graus centígrados) e que velocidade do ar não seja superior a 0,75m/s.
E ainda que umidade relativa do ar não seja inferior a 40 (quarenta) por cento. Em
todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral
ou suplementar, apropriada à natureza da atividade. A NR-17 também determina que a
organização do trabalho deve ser adequada às características psicofisiológicas dos
trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado (BRASIL, 1978d).

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 97


7. MAPA DE RISCO

O mapa de risco é um recurso didático fundamental para a garantia do trabalho


seguro. Entre os objetivos da elaboração do mapa de risco destaca-se a reunião de
informações suficientes para o estabelecimento de um diagnóstico da situação de
segurança e saúde do trabalho do estabelecimento, além de possibilitar a troca e
divulgação das informações entre os trabalhadores e estimulá-los nas atividades de
prevenção (SEGPLAN, 2021).
Por definição, o mapa de Risco é uma representação gráfica de um conjunto de
fatores presentes nos locais de trabalho, capazes de acarretar prejuízos para a saúde dos
trabalhadores, como os acidentes e as doenças de trabalho, sendo que estes fatores têm
origem nos diversos elementos do processo de trabalho (materiais, equipamentos,
instalações, suprimentos e espaços de trabalho) e a forma de organização do trabalho
(arranjo físico, ritmo de trabalho, método de trabalho, postura de trabalho, jornada de
trabalho, turnos de trabalho, treinamento, entre outros.) (PUC, 2021).
Para elaborar o mapa de risco é necessário conhecer o processo de trabalho
no local analisado, identificar os riscos existentes no local, identificar as medidas
preventivas e sua eficácia, analisar os indicadores de saúde, conhecer os levantamentos
ambientais já realizados no local e, por fim, elaborar o Mapa de Riscos, sobre o layout do
órgão, indicando através de círculos (SEGPLAN, 2021).
Assim, para a elaboração do mapa de risco deve-se considerar as cores e os
agentes causadores de risco, observe:

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 98


FIGURA 4: CLASSIFICAÇÃO E DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS RISCOS

OCUPACIONAIS EM GRUPOS, DE ACORDO COM SUA NATUREZA E PADRONIZAÇÃO

DAS CORES CORRESPONDENTES

Fonte: (PUC, 2021).

Outro fator a ser considerado é o tamanho das esferas onde é considerado a


proporção do risco. Se ele é grande, médio ou pequeno. Observa a Figura 5:

FIGURA 5 - PROPORÇÃO DO TAMANHO DO RISCO

Fonte: (SEGPLAN, 2021).

Veja um exemplo de um mapa de risco:

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 99


FIGURA 6 - MAPA DE RISCO DA HABIB’S LANCHES

Fonte: Rodrigues (2021, n.p).

Observe que o higienista criou uma planta do empreendimento elencando cada


risco inerente às condições ambientais e de trabalho da lanchonete. Foram adotadas as
cores para cada tipo de risco, a proporção de cada risco através do tamanho das esferas e
a localização de cada um deles.

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 100


SAIBA MAIS

A Análise Ergonômica do Trabalho, conhecida pela sigla AET, visa analisar todos os
riscos ergonômicos da empresa e estipular soluções para reduzi-los ou eliminá-los.
Por meio dela, as organizações podem ter uma melhor compreensão sobre suas
atividades internas e das adversidades inerentes à elas, sendo capaz de criar um
ambiente mais favoráveis aos seus funcionários e parâmetros mais seguros para as
suas tarefas. Sem a AET não é possível saber quais são os riscos reais a que as
pessoas estão sujeitas, e isso significa que ela é indispensável para garantir medidas
ergonômicas realmente eficientes. Muitas são as ações que podem ser estipuladas a
partir das análises, como o investimento em postos de trabalho com melhor
adequação postural, em EPIs mais eficientes e até em programas de exercícios
laborais.

Fonte: Atec, Blog. Os 4 riscos ergonômicos mais comuns no ambiente de trabalho. São Paulo: Atec,

2021. Disponível em: https://www.atec.com.br/blog/ergonomia/riscos-ergonomicos-mais-comuns-no-

ambiente--de-trabalho/ Acesso em 09 nov 2021.

REFLITA

Considerar os riscos do trabalho é responsabilidade com a vida.

Fonte: o autor.

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 101


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro (a) aluno (a), nesta unidade você conheceu um pouco mais sobre os riscos
químicos e ergonômicos. Você pode verificar que a NR-32 estabelece as medidas de
proteção para a saúde dos trabalhadores na área da saúde. Este grupo de trabalhadores
merece atenção especial quando se aborda o tema riscos biológicos, pois faz parte da
sua rotina profissional a exposição a estes riscos.
É importante lembrar que a NR-32 classifica os riscos biológicos em 4 categorias
entre baixo risco, moderado, elevado, e elevado com grande poder de transmissibilidade.
Assim, o trabalhador pode ser acometido por doenças de forma direta quando entra em
contato direto sem a intermediação com um veículo transmissor, ou ainda de forma indireta
quando existe a transmissão por vetores. Estas definições são importantes para traçar as
estratégias com a finalidade de reduzir os riscos biológicos.
Sendo assim, na atualidade existe uma série de normas regulamentadoras que
versam sobre os riscos biológicos e que as estratégias de redução dos riscos devem
ser definidas dentro dos programas de segurança, saúde e meio ambiente. Em geral, é
recomendado que se faça a utilização de medidas de proteção coletiva e medidas de
proteção individual para a promoção do trabalho seguro nestes ambientes.
Ainda nesta unidade, você também observou como ocorrem os riscos
ergonômicos. Estes riscos estão associados ao modo com que o trabalhador executa a
sua atividade. Os riscos estão associados a postura inadequada, levantamento de peso,
trabalho noturno, situações de estresse entre outros fatores. Embora os riscos
ergonômicos muitas vezes sejam ignorados, eles poderão trazer sérios prejuízos para a
saúde do trabalhador. E caso as empresas não adotem as medidas de controle de
riscos, esta poderá sofrer com ações trabalhistas.
Por fim, foi apresentado também o mapa de risco que reúne as informações de
forma visual sobre os agentes de riscos químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e de
acidentes. Este mapa serve para que o trabalhador possa visualizar os riscos e o
seu potencial, e sobretudo ter maior atenção na execução do trabalho quando este
apresentar maior potencial de risco.

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 102


LEITURA COMPLEMENTAR
Trabalho híbrido e remoto: o que pode (e o que não pode) de acordo com a lei

O processo de readaptação ao trabalho no escritório está exigindo mudanças de


atitudes e novos cuidados por parte de empregadores e de funcionários. Uma pesquisa
recente feita pelo Great Place to Work com 2000 pessoas, mostrou que 77,7% deles
passaram a trabalhar em regime híbrido, 12,7% ficaram totalmente remotos e 9,6% está
em vias de voltar a frequentar a empresa diariamente. A legislação para os novos
arranjos entre empresas e empregados não cobre todos os aspectos dessa nova vida
corporativa. Quem banca os móveis ergonômicos do home office, se o valor do vale-
transporte poderá ser usado para outros gastos e se é legal a empresa monitorar o
trabalho à distância de alguma forma, são questões que começam a aparecer. “Na
legislação não fica claro o limite exato de tempo fora da empresa que constitui
teletrabalho. Esse cálculo é relativo. Se você fica fora três dias na semana, já é
considerado”, diz Bruno Mendes Lopes, sócio da Bosísio Advogados, firma especializada
em direito trabalhista.
A Bosísio criou um programa em conjunto com a Câmara Americana de Comércio
(Amcham), para orientar as empresas nesse momento de transição. Uma das
questões diz respeito a colaboradores que mudaram de cidade durante o isolamento
social. “Pela lei, quando se muda o contrato de tele para presencial, o empregado tem
15 dias para se adaptar, mas na prática sabemos que isso não é tão simples, então a
recomendação é que as empresas analisem o que é possível e ouçam também os
funcionários”, diz Lopes. Se no contrato consta que o trabalho é presencial, no entanto, a
regra cai. Ainda assim, o melhor caminho para ajustar é ponderar. “Primeiro pensamos
no que é melhor para os clientes, depois para a operação e vemos se é viável
financeiramente. Alguns sócios preferiram ficar remotos e tudo bem, vamos analisando.”

Boticário dá kit ergonômico


Outro ponto importante são os cuidados com a saúde dos funcionários.
Legalmente, costuma ser da empresa a obrigatoriedade de estabelecer um ambiente de
trabalho onde os empregados não corram riscos de adquirir lesões pela falta de
equipamentos adequados. Por isso, muitas companhias transformaram o valor investido
no vale-transporte ou em outros benefícios que não vinham sendo usados durante a
pandemia em uma ajuda de custo para compra de mobiliário de escritório, um dos
arranjos mais comuns no momento.

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 103


O grupo Boticário, que optou por trabalho 100% remoto para parte de seus
funcionários, pagou R $1800 para que cada um investisse no que mais precisasse, de
uma cadeira ergonômica à internet de alta velocidade. No ano passado, quando todos
estavam em casa, entregaram um kit suporte para pé e computador, além de promover
sessões de ginástica laboral online e consulta com fisioterapeutas. “A empresa pode – e
deve – pedir um monitoramento, que pode ser feito por vídeo, para avaliar se as
condições de trabalho são saudáveis para não correr riscos futuros. Mas nem todos os
funcionários aceitam bem essa avaliação”, diz Lopes. No início do regime remoto, houve
gestores que consideraram a possibilidade de um monitoramento em tempo real do
colaborador via câmera, por exemplo, para checar se todos estavam de fato cumprindo
seu expediente. “Eu não recomendaria a nenhum cliente esse tipo de vigilância, mesmo
porque a maior parte de nós fica quase que dia todo em frente à tela do computador. É da
natureza do trabalho.
Fonte: CORRÊA, Fabiana. Trabalho híbrido e remoto: o que pode (e o que não pode) de

acordo com a lei. Forbes, 2021. Disponível em: https://forbes.com.br/carreira/2021/11/trabalho-hibrido-e-re-

moto-o-que-pode-e-que-nao-pode-de-acordo-com-a-lei/. Acesso em: 05 nov 2021.

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 104


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Ergonomia prática
Autor: Jan Dul e Bernard Weerdmeester
Editora: Blucher
Sinopse: Este livro é um dos maiores sucessos mundiais em
ergonomia, fornecendo referência rápida e segura sobre sistemas
de trabalho, postos de trabalho e antropométrica. Esta terceira
edição fez atualização nos seguintes aspectos: * Completa revisão
do capítulo sobre informação e operação * Acréscimo de tópicos
sobre projeto de sites, interação móvel e realidade virtual * Nova
tabela antropométrica para projeto de produtos e locais de trabalho
* Novas indicações bibliográficas classificados por temas * Lista de
171 normas ISO para aplicações em ergonomia.

FILME/VÍDEO
Título: Horizonte Profundo: Desastre no Golfo (2016)
Ano: 2016
Sinopse: Este filme retrata o acidente em uma plataforma de
petróleo de uma companhia Britânica em 2010, que foi o
responsável pelo maior vazamento de petróleo da história dos
Estados Unidos, o desastre da Deepwater Horizon no Golfo do
México, ainda causou a morte de 11 funcionários e um incêndio
de 2 dias. O filme é estrelado pelo ator Mark Wahlberg, que dá
vida ao chefe eletricista Mike Williams, a produção não hesita em
apontar a responsabilidade da companhia, e é construída sobre a
perspectiva dos sobreviventes, dando destaque as perdas
humanas ocorridas no acidente, porém ele peca em não abordar
de fato os danos ambientais causados pelo desastre.

UNIDADE IV Riscos Biológicos e Ergonômicos 105


CONCLUSÃO GERAL

Prezado (a) aluno (a),


Neste material, você pôde observar vários aspectos sobre a higiene do
trabalho. Procurei dotá-lo de conhecimentos teóricos e práticos que tenho certeza que te
dará maior segurança no momento em que for propor ações na área de segurança do
trabalho.
Assim, você conheceu que desde os tempos da bíblia sagrada e o código de
Hamurabi já existiam algumas ações voltadas para a segurança do trabalho. No
desenrolar histórico, você observou que as doenças provenientes dos processos
laborais se exacerbaram sobretudo com o advento da revolução industrial, que passou
a exigir trabalhos considerados desumanos, incluindo mulheres e crianças, em que
as condições eram extremamente favoráveis ao desenvolvimento de doenças que
ceifaram milhares de vidas.
O próprio movimento dos trabalhadores pressionou os governantes mundo
afora para a criação de legislações voltadas para a proteção do trabalhador. Surgiram
assim, as normas regulamentadoras que são fundamentais para a área de higiene do
trabalho, que tem por objetivo identificar os riscos e fornecer mecanismos para que o
acidente ou a doença não venha ocorrer.
Neste material, você também observou que existe a classificação de riscos
inerente ao processo de desenvolvimento de trabalho. Estes riscos são classificados em
riscos químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. Vale ressaltar que os
riscos, independente da classificação, sempre estarão presentes nos mais vastos
ambientes laborais, cabendo ao higienista propor as medidas de controle. Assim, as
medidas são compreendidas como administrativas, coletivas e individuais.
Por fim, neste material você observou também que existe uma ferramenta
didaticamente muito importante no gerenciamento de riscos, que é o mapa de riscos.
Essa ferramenta demonstra os riscos que estão presentes no ambiente e o seu
potencial para causar danos e funciona como um grande resumo das informações
levantadas em uma análise de risco.
A partir de agora acredito que você obteve uma formação de excelência e
está preparado para ser um agente de proteção da saúde do trabalhador e do meio
ambiente, contribuindo com a melhoria da qualidade de vida da população e com o
desenvolvimento do trabalho seguro. Desejo que tenha muito sucesso na sua carreira
profissional.
Muito Obrigado!

106
+55 (44) 3045 9898
Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro
CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR
www.unifatecie.edu.br

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