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ERGONOMIA NO

TRABALHO
Professor Esp. Klaus Porto Azevedo
REITOR Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
DIRETOR DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Ms. Daniel de Lima
DIRETORA DE ENSINO EAD Prof. Dra. Giani Andrea Linde Colauto
DIRETOR FINANCEIRO EAD Prof. Eduardo Luiz Campano Santini
DIRETOR ADMINISTRATIVO Guilherme Esquivel
SECRETÁRIO ACADÊMICO Tiago Pereira da Silva
COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Prof. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Prof. Ms. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Ms. Jeferson de Souza Sá
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE GESTÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS Prof. Dra. Ariane Maria Machado de Oliveira
COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE T.I E ENGENHARIAS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE SAÚDE E LICENCIATURAS Prof. Dra. Katiúscia Kelli Montanari Coelho
COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS Luiz Fernando Freitas
REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling
Caroline da Silva Marques
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Eduardo Alves de Oliveira
Jéssica Eugênio Azevedo
Kauê Berto
Marcelino Fernando Rodrigues Santos
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO André Dudatt
Vitor Amaral Poltronieri
ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz
DE VÍDEO Carlos Henrique Moraes dos Anjos
Pedro Vinícius de Lima Machado

FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

A994e Azevedo, Klaus Porto


Ergonomia no trabalho / Klaus Porto Azevedo. Paranavaí:
EduFatecie, 2023.
57 p.: il. Color.

1. Ergonomia. 2. Segurança do trabalho. 3. Teletrabalho. I. Centro


Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III.
Título.

CDD: 23. ed. 363.11


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la
de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
AUTOR

Professor. Esp. Klaus Porto Azevedo

● Graduado em Fisioterapia pela Universidade de Brasília


● Especialista em Fisioterapia traumato-ortopédica
● Mestrando em Ciências da Reabilitação
● Prof. Titular do curso de Fisioterapia da Universidade Cruzeiro do Sul
● Prof. do Programa de pós-graduação do CREFITO-11
● Membro do laboratório de pesquisa em plasticidade músculotendinea

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/4233614323759275

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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja muito bem-vindo (a)!
Prezado (a) aluno (a), este é o início de uma grande jornada, visto que você se
interessou pelo assunto desta disciplina. Venho propor junto com você construir nosso co-
nhecimento sobre conceitos fundamentais de ERGONOMIA NO TRABALHO na sua área
específica de formação. Além destes fundamentos, exploremos as mais diversas aplicações
especificas na área Laboral/Ocupacional.
Durante o desenvolvimento deste material de apoio da disciplina estaremos abor-
dando os princípios e conceitos básicos da introdução das Doenças que estão intimamente
relacionados ao Trabalho. Sem dúvida o processo Laborativo, acaba expondo o trabalha-
dor em diversas situações de risco, dentre elas, estão: sobrecarga, movimentos errados,
movimentos repetitivos, estresse (emocional e estrutural) levando o colaborador a uma
vulnerabilidade, acarretando Doenças Osteomusculares Relacionado ao Trabalho (DORT),
diante disto, será de extrema importância que acompanhem todas as Unidades de Ensino
e Aprendizagem que estará sendo destacada abaixo. Use-o de forma sistemática, especial-
mente como um instrumento para seu sucesso na carreira escolhida.
É exatamente por isso que ela se torna importante para você, visto que, terá conhe-
cimentos diversos da área das doenças ocupacionais.
Busca-se, através deste material, promover uma perspectiva crítica e elevada so-
bre os conhecimentos, permitindo uso destes em diversas áreas, setores, organizações ou
ações de você profissional especializado.
Na Unidade I, deste material de apoio, iremos iniciar compreensão, estratégias ge-
rais e abordagens de educação em saúde do trabalhador e ergonomia. Durante essa
etapa do processo de formação será desenvolvido os princípios introdutórios da elaboração
de conhecimentos básicos necessários para compreensão da disciplina. Logo após, vamos
dar continuidade nos estudos, no entanto, de maneira pormenorizada, aprofundando os
processos ergonômicos.
Logo após, na Unidade II, Condições ambientais e Estação de trabalho e tele-
trabalho. Durante o desenvolvimento dessa unidade, estará sendo abordado as estruturas
que estão relacionados ao teletrabalho (home office) a legislação brasileira, avaliação da
estrutura do trabalho e avaliação dos riscos do trabalho.

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Já na Unidade III, iremos dar continuidade ao estudo das DOENÇAS DO TRA-
BALHO, no entanto, dissecaremos alguns temas para elucidarmos e ficar melhor a com-
preensão, fazendo uma ponte com a unidade I e unidade II, Profissional da saúde na
promoção e prevenção da saúde — individual e coletiva. Durante o desenvolvimento
dessa unidade de ensino estará sendo abordado as sobrecargas que poderá ocorrer em
diversos profissionais, fizemos uma analogia ao profissional da área da saúde, no entanto,
podemos fazer uma correlação em diversas áreas, também trazemos um tema muito impor-
tante e relevante na parte ocupacional que é a ginástica labora, onde tem uma aplicabilidade
diversa nas empresas
E por último, na Unidade IV, iremos dar continuidade com a abordagem de mais
técnicas de avaliação do fisioterapeuta, A NORMA REGULAMENTADORA 17 (NR-17).:
Durante o desenvolvimento desta etapa da disciplina estaremos discutindo de maneira
aprofundada as NR (Normas Regulamentadoras) dentre elas, a NR 17 que tem uma espe-
cificidade na área ergonômica
Desta forma, como já dito, esperamos que este material sirva como base na apli-
cação destes conceitos na sua vida profissional diária. Convido você a entrar nesta jornada
cheia de conhecimento comigo, de temas fundamentais para você.

Muito obrigado e bom estudo!

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SUMÁRIO

UNIDADE 1
Estratégias Gerais e Abordagens de Educação
em Saúde do Trabalhador e Ergonomia

UNIDADE 2
Saúde e Segurança no
Trabalho e Teletrabalho

UNIDADE 3
Fisioterapia na Promoção e Prevenção da
Saúde - Individual e Coletiva

UNIDADE 4
A Norma Regulamentadora 17 (NR-17)

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UNIDADE
ESTRATÉGIAS GERAIS
E ABORDAGENS DE
EDUCAÇÃO EM SAÚDE
DO TRABALHADOR E
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ERGONOMIA
Professor Esp. Klaus Porto Azevedo

Plano de Estudos
• Definições e conceitos de saúde do trabalhador e
ergonomia;
• Domínios da ergonomia;
• LER/DORT.
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Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar a ergonomia de acordo com
diretrizes atualizadas;
• Compreender os tipos de ergonomia;
• Estabelecer a importância da saúde do trabalhador e
ergonomia na fisioterapia.
INTRODUÇÃO
Olá, estudante!
Nesta unidade abordaremos as definições e conceitos de saúde do trabalhador e
ergonomia, destacando o papel da fisioterapia na saúde do trabalhador na prevenção e
promoção da saúde, bem como os tipos de disfunções musculoesqueléticas relacionados
ao trabalho e a importância da ergonomia de modo a proporcionar o máximo de conforto,
segurança e desempenho eficiente no ambiente de trabalho.
A ergonomia é a disciplina científica preocupada com a compreensão das interações
entre humanos e outros elementos de um sistema e, aqui, abordaremos os tipos de ergo-
nomia que incluem aspectos físicos, cognitivos e organizacionais. Além disso, discutiremos
as lesões por esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteomusculares relacionados ao
trabalho (DORT), que são um conjunto de doenças que afetam músculos, tendões, nervos
e que tem relação direta com as exigências das tarefas e com a organização do trabalho.

UNIDADE 1 ESTRATÉGIAS GERAIS E ABORDAGENS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR E ERGONOMIA 8


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TÓPICO
DEFINIÇÕES E CONCEITOS DE
SAÚDE DO TRABALHADOR E
ERGONOMIA
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O termo Saúde do Trabalhador refere-se a um campo do saber que visa compreen-


der as relações entre o trabalho e o processo saúde/doença. A saúde do trabalhador con-
figura-se como um campo de práticas e de conhecimentos estratégicos interdisciplinares e
multiprofissionais, voltados para avaliar e intervir nas relações de trabalho que provocam
doenças e agravos.
Os distúrbios musculoesqueléticos (DMEs) relacionados ao trabalho são os distúr-
bios ocupacionais mais comuns em todo o mundo e são reconhecidos como um problema
desde o século XVII (RAMAZZINI, 1964). Outros termos gerais para esses distúrbios in-
cluem lesões por esforço repetitivo, síndrome de uso excessivo ocupacional e distúrbios
cumulativos de trauma (YASSI, 1997).
Os DMEs podem ser divididos em condições específicas com critérios diagnós-
ticos claros e achados patológicos, que incluem distúrbios relacionados ao tendões (por
exemplo, tendinite), aprisionamento nervoso periférico (por exemplo, síndrome do túnel do
carpo) e distúrbios articulares/cápsulas articulares (por exemplo, osteoartrite) ou condições
inespecíficas em que a queixa principal é dor ou sensibilidade, ou ambas, com achados
patológicos limitados ou nulos (BUCKLE 1997; SU et al, 2013; YASSI 1997).
Com base no estudo Global Burden of Disease 2010, a prevalência global de dor
no pescoço foi estimada em 4,9%, e foi classificada em quarto lugar em termos de incapa-
cidade, medida por anos vividos com incapacidade e 21º em termos de sobrecarga geral
(HOY et al, 2014).

UNIDADE 1 ESTRATÉGIAS GERAIS E ABORDAGENS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR E ERGONOMIA 9


Há que se considerar os diversos riscos ambientais e organizacionais aos quais
estão expostos os trabalhadores, em função de sua inserção nos processos de trabalho.
Dessa forma, a assistência deve ser ampliada olhando-os como sujeitos a um adoecimento
especifico que exige estratégias de promoção, proteção e recuperação da saúde.
As Normas Regulamentadoras (NR) foram aprovadas pelo Ministério do Trabalho
em 1978, e tornaram obrigatório que as empresas seguissem orientações e procedimentos
da Medicina do Trabalho. Porém, a NR 17, conhecida como “norma da ergonomia” foi
aprovada pela Portaria MTb n.º 3.214/1978, com redação dada pela Portaria MTPS n.º
3.751, somente em 23 de novembro de 1990. As NRs, ou “Normas Regulamentadoras” são
regras para evitar acidentes, doenças e qualquer fator prejudicial à saúde. A NR 17 é uma
regulamentação específica das condições de trabalho
O Ministério do Trabalho propõe a NR – Norma Regulamentadora (NR-17) visando
estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho as caracterís-
ticas psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto,
segurança e desempenho eficiente. As condições de trabalho incluem aspectos relaciona-
dos ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos
e as condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.
A ergonomia, conforme definida pela Associação Internacional de Ergonomia (AIE),
é a disciplina científica preocupada com a compreensão das interações entre humanos e
outros elementos de um sistema. A ergonomia no local de trabalho refere-se às interações
entre os trabalhadores e outros elementos do ambiente de trabalho. Trata-se essencial-
mente de adequar o trabalho ao trabalhador. A ergonomia, geralmente, é classificada em
três domínios específicos: ergonomia física, organizacional e cognitiva.
Trata-se de uma disciplina orientada para uma abordagem sistêmica de todos os
aspectos da atividade humana.

UNIDADE 1 ESTRATÉGIAS GERAIS E ABORDAGENS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR E ERGONOMIA 10


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TÓPICO

DOMÍNIOS DA
ERGONOMIA
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A ergonomia física está relacionada às características da anatomia humana, an-


tropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação com a atividade física. Os tópicos
relevantes incluem o estudo da postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos
repetitivos, distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho, projeto de posto de
trabalho, segurança e saúde. Este domínio consiste em ambiente e equipamentos de tra-
balho, por exemplo, teclado, mouse, ferramentas manuais, estações de trabalho, unidades
de exibição visual e iluminação que são instaladas aos trabalhadores.
Intervenções ergonômicas físicas incluem fornecer espaço de trabalho e equi-
pamentos com base em princípios ergonômicos e antropometria dos trabalhadores. Isso
reduzirá a tensão física no sistema musculoesquelético, reduzindo assim o risco de lesões.
Um exemplo é o uso de um teclado dividido que foi encontrado para reduzir a intensidade
da dor em usuários de computador com distúrbios musculoesqueléticos (TITTIRANONDA
et al, 1999).
A ergonomia cognitiva refere-se aos processos mentais, tais como percepção, me-
mória, raciocínio e resposta motora conforme afetem as interações entre seres humanos e
outros elementos de um sistema. Os tópicos relevantes incluem o estudo da carga mental
de trabalho, tomada de decisão, desempenho especializado, interação homem-computa-
dor, estresse e treinamento conforme esses se relacionem a projetos envolvendo seres
humanos e sistemas.
A intervenção em ergonomia cognitiva consiste em melhorar os processos mentais,
como percepção, memória, raciocínio e resposta motora, modificando o processo de traba-
lho e o treinamento. Isso reduzirá a carga de trabalho mental, aumentará a confiabilidade

UNIDADE 1 ESTRATÉGIAS GERAIS E ABORDAGENS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR E ERGONOMIA 11


e reduzirá o erro, isso pode ter um efeito indireto na redução da tensão no sistema muscu-
loesquelético.
O domínio organizacional diz respeito à otimização de sistemas socio técnicos, in-
cluindo as estruturas, políticas e processos organizacionais; por exemplo, ritmo de trabalho,
ciclo de descanso do trabalho e participação do trabalhador na tomada de decisões. Os
tópicos relevantes incluem comunicações, gerenciamento de recursos de tripulações, pro-
jeto de trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, projeto participativo,
novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo, cultura organizacional, organizações
em rede, tele trabalho e gestão da qualidade.
As intervenções ergonômicas organizacionais consistem em permitir o ritmo ideal
de trabalho e o tempo de descanso para que o sistema musculoesquelético se recupere
da fadiga, reduzindo assim o risco de lesões a longo prazo. Um exemplo é permitir pausas
suplementares para trabalhadores de entrada de dados (GALINSKY et al, 2000). Também
pode incluir intervenções participativas, onde os trabalhadores participam da tomada de de-
cisões sobre melhoria e mudanças feitas no local de trabalho (BOHR, 2000), e treinamento
em princípios e práticas ergonômicas (BAYDUR et al, 2016).

UNIDADE 1 ESTRATÉGIAS GERAIS E ABORDAGENS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR E ERGONOMIA 12


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TÓPICO

LER/DORT
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Segundo Pastore et al (2001), a cada R$2,00 investido em segurança e saúde do


trabalhador, economiza-se R$8,00 com gastos em acidentes e doenças ocupacionais.
Um posto de trabalho mal planejado e desconsiderando os aspectos ergonômicos
recomendados pode causar aos trabalhadores doenças como as Lesões por Esforços
Repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort). Em
determinadas circunstâncias, as LER/DORT podem levar o trabalhador ao afastamento
médico e a restrições permanentes de suas atividades.
As lesões por esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteomusculares relacio-
nados ao trabalho (DORT) são um conjunto de doenças que afetam músculos, tendões,
nervos e vasos do corpo e que tem relação direta com as exigências das tarefas e com a
organização do trabalho.
Não há uma causa única para a ocorrência de LER/DORT. Há fatores psicológicos,
biológicos e sociológicos envolvidos na gênese desses distúrbios. No diagnostico, pre-
venção e tratamento das LER/DORT pelas equipes de profissionais do sistema de saúde,
tem-se adotado recentemente a perspectiva da multideterminação desses distúrbios, ou
seja, de que são afecções multifatoriais cuja abordagem exige investigação das dimensões
biomecânicas, cognitivas, sensoriais e afetivas da atividade de trabalho. Seu maior sintoma
é a própria dor do indivíduo, que pode apresentar, ainda, queixas de parestesias, edema,
perda da forca muscular e/ou diminuição dos controles dos movimentos.
Na evolução do quadro clínico, em relação ao estabelecimento da sintomatologia,
com base no desenvolvimento da dor e da capacidade funcional do indivíduo, pode-se
estabelecer graus que variam do I ao IV. O nível I corresponderia a uma sensação de peso

UNIDADE 1 ESTRATÉGIAS GERAIS E ABORDAGENS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR E ERGONOMIA 13


e desconforto do membro afetado, com caráter ocasional, enquanto o nível IV correspon-
deria a uma dor forte e um sofrimento intenso, com manifestação de edema persistente e
aparente deformidade.
O tratamento ideal é considerado como resultante da colaboração de profissionais
de diversas áreas, que devem orientar e informar acerca da condição do paciente e do
contexto, visando uma participação ativa deste no processo de recuperação. Esta equipe
multidisciplinar deve propiciar a autonomia do indivíduo em relação ao tratamento adequa-
do a sua sintomatologia; discutir as repercussões das LER/DORT no seu cotidiano familiar
e social; esclarecer seus determinantes e suas consequências, diminuindo a ansiedade,
angustia e depressão do cotidiano; e aumentar gradativamente a capacidade laboral possi-
bilitando seu retorno ao trabalho.

Você sabia que já existem aplicativos educativos sobre a segurança do trabalho?


O aplicativo SST-Fácil da Fundação Jorge Duprat e Figueiredo (FUNDACENTRO) aborda diversos conteúdo
da área de Segurança e Saúde no Trabalho propiciando ao usuário o aprendizado de conhecimentos da
área, por meio de perguntas e respostas em consonância com os princípios do ensino dirigido. As lições são
baseadas em perguntas e respostas, e respaldadas por uma biblioteca de materiais educativos formulados
pela própria fundação e ótimas para fixar os assuntos abordados acerca do assunto.

Fonte: O autor (2022).

“Nenhum trabalho será tão urgente ou importante que não possa ser planejado e executado com
segurança.”
Esta frase, cujo autor é desconhecido, evidencia, de forma direta, que a saúde do trabalhador deve ser
levada em consideração tanto no planejamento quanto na execução das atividades. É importante destacar
o papel das equipes de saúde agindo de forma multe e interdisciplinar a fim de prevenir lesões nestes
trabalhadores.

Fonte: O autor (2022).

UNIDADE 1 ESTRATÉGIAS GERAIS E ABORDAGENS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR E ERGONOMIA 14


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade aprendemos sobre estratégias gerais e abordagens de educação
em saúde do trabalhador e ergonomia, vimos que a ergonomia é a disciplina científica
preocupada com a compreensão das interações entre humanos e outros elementos de um
sistema abordando aspectos físicos, cognitivos e organizacionais. Destacou-se, também,
a importância dos aspectos ergonômicos adequados como fator facilitador para melhoria
de desempenho no trabalho e, principalmente, na qualidade de vida.
Pudemos observar a importância das mais atuais definições e conceitos acerca da
saúde do trabalhador e ergonomia para a atuação do fisioterapeuta na prevenção e pro-
moção da saúde. Notamos como é imprescindível saber identificar os tipos de disfunções
musculoesqueléticas e como proporcionar o máximo de conforto, segurança e desempenho
eficiente no ambiente de trabalho.
Aprendemos sobre as lesões por esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteo-
musculares relacionados ao trabalho (DORT), que são um conjunto de doenças que afetam
músculos, tendões, nervos e que tem relação direta com as exigências das tarefas e com a
organização do trabalho, abordando a evolução do quadro clínico, sintomas, como identifi-
car os graus que variam do I ao IV e o raciocínio para intervenção fisioterapêutica.

Até a próxima!

UNIDADE 1 ESTRATÉGIAS GERAIS E ABORDAGENS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR E ERGONOMIA 15


LEITURA COMPLEMENTAR
ARTIGO 1: O que é ergonomia?
Quer conhecer mais sobre a saúde do trabalhador e ergonomia? A reportagem
aborda aspectos que explicam de maneira didática e divertida como funcional a ergonomia
atual e como ela vai ainda mais longe e não fica só no desenho de objetos, explicando,
entre outros fatores, que por causa da variedade de aplicações, o trabalho em ergonomia
é feito por vários profissionais, como engenheiros, arquitetos, médicos, fisioterapeutas e
psicólogos.

Fonte: Redação Mundo Estranho. O que é ergonomia? Rev. Super Interessante, São Paulo, 2018. Disponível
em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-ergonomia/ Acesso em: 20 nov.2021.

ARTIGO 2: País gasta R$ 71 bilhões ao ano com acidente de trabalho


Neste outro artigo, é abordado que o custo dos acidentes e doenças do trabalho
para o Brasil chega a R$ 71 bilhões por ano, o equivalente a quase 9% da folha salarial
do País, da ordem de R$ 800 bilhões. O cálculo é do sociólogo José Pastore, professor de
Relações do Trabalho da Universidade de São Paulo (USP). “Trata-se de uma cifra colossal
que se refere a muito sofrimento e perda de vidas humanas.”

Fonte: País gasta R$ 71 bilhões ao ano com acidente de trabalho. Jornal da Tribuna, São Paulo, 21 de jan.
de 2012. Disponível em: https://tribunapr.uol.com.br/noticias/economia/pais-gasta-r-71-bilhoes-ao-ano-com-
-acidente-de-trabalho/. Acesso em: 20 nov. 2021.

UNIDADE 1 ESTRATÉGIAS GERAIS E ABORDAGENS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR E ERGONOMIA 16


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Ergonomia: Projeto e Produção
Autores: Itero Iida, Lia Buarque de Macedo Guimarães.
Ano: 2016.
Editora: Blucher.
Sinopse: Esta terceira edição traz muitas novidades. Os autores
fizeram uma grande atualização, introduzindo principalmente
as mudanças provocadas pela aplicação da informática e dos
novos meios de comunicação nas interações do sistema hu-
mano-máquina-ambiente de trabalho. Além disso, nas últimas
décadas, alargou-se a abrangência da ergonomia, com a visão
macroergonômica e com maior respeito a certas minorias po-
pulacionais, como as pessoas idosas, obesas e portadoras de
deficiências. Foram colocados casos de aplicação ao final dos
capítulos. Sempre que possível, basearam-se em pesquisas
brasileiras ou aquelas com possíveis aproveitamentos em
nossas situações de trabalho. A aplicação dos conhecimentos
deste livro contribuirá para melhorar o desempenho humano
no trabalho, reduzindo erros, acidentes, estresses e doenças
ocupacionais. Ao mesmo tempo, contribuirá para aumentar o
conforto e a eficiência dos trabalhadores, com evidentes resul-
tados custo/benefício favoráveis.

FILME/VÍDEO
Título: Fisioterapia na Saúde do Trabalhador | Dra Áurea Maria
de Ponte
Ano: 2019.
Sinopse: No dia 13 de outubro de 2019, foram realizadas as
programações científicas do I Congresp e II Conifito, em co-
memoração aos 50 anos de reconhecimento da Fisioterapia e
da Terapia Ocupacional no Brasil. A Dra Áurea Maria de Ponte
abordou os assuntos supracitados nesta unidade.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=cRb6ExSj7o0

UNIDADE 1 ESTRATÉGIAS GERAIS E ABORDAGENS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR E ERGONOMIA 17


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UNIDADE

SAÚDE E
SEGURANÇA NO
TRABALHO E
TELETRABALHO
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Professor Esp. Klaus Porto Azevedo

Plano de Estudos
• Regulamentações vigentes, definição e história
do teletrabalho, flexibilização do tempo e espaço,
vantagens e desvantagens do teletrabalho;
• Requisitos ergonômicos para um bom posto de
trabalho;
• Avaliação de riscos no ambiente de trabalho.
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Objetivos da Aprendizagem
• Abordar a avaliação de riscos ergonômicos
• Apresentar e contextualizar a ergonomia no trabalho e
teletrabalho, bem como suas vantagens e desvantagens
• Compreender do que precisa um bom posto de trabalho
INTRODUÇÃO
Estudante, seja bem-vindo (a) à unidade de Saúde e Segurança no Trabalho e
Teletrabalho, onde estudaremos sobre as recomendações ergonômicas, tanto no que con-
cerne à organização do trabalho quanto ao mobiliário da sua estação de trabalho em casa,
estando aptos para proteção e promoção da saúde, segurança e qualidade de vida.
Veremos, nesta unidade, que trabalhar sentado ou em um trabalho administrativo
gera fadiga, estresse quando mantemos posturas prolongadas. Para evitar consequências
negativas do estresse psicológico e físico, recomenda-se o design ergonômico do local de
trabalho.
Abordaremos o contexto da pandemia de covid-19, explicando o teletrabalho como
ferramenta global e explicando que este é o trabalho efetuado distante da sede ou local
físico da empresa A avaliação dos trabalhadores e ambientes de trabalho andam, no Brasil,
de mãos dadas com a Norma Regulamentadora nº 17 (NR-17). É de extrema importância
avaliar os resultados dessas análises, pois estes devem ser usados para definir um progra-
ma de intervenção específico e eficiente para a melhora dos pacientes.

UNIDADE 2 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO E TELETRABALHO 19


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1
TÓPICO
REGULAMENTAÇÕES VIGENTES, DEFINIÇÃO E HISTÓRIA
DO TELETRABALHO, FLEXIBILIZAÇÃO DO TEMPO E ESPAÇO,
VANTAGENS E DESVANTAGENS DO TELETRABALHO
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A sociedade atual apresenta um crescimento enorme no número de pessoas


que trabalham sentadas. O que muitos não sabem é que trabalhar sentado ou em um
trabalho administrativo também gera fadiga, estresse em posturas prolongadas. Algumas
recomendações devem ser levadas em conta para evitar possíveis desconfortos e lesões
relacionadas à postura.
De acordo com Mojtahedzadeh et. al (2021), as estações de trabalho no home offi-
ce são baseadas nas mesmas diretrizes que para estações de trabalho de escritório. Para
evitar consequências negativas do estresse psicológico e físico, recomenda-se o design
ergonômico do local de trabalho. Além disso, a organização do horário de trabalho (estrutu-
rar a jornada de trabalho, manter pausas e momentos de descanso e evitar interrupções) é
de grande importância para uma maneira de promover a saúde ao trabalhar em casa.
O teletrabalho é o trabalho efetuado distante da sede ou local físico da empresa.
Os teletrabalhadores executam seu trabalho fora dos domínios da empresa; porém, se
mantêm conectados com seus supervisores e demais colegas por meio das tecnologias de
informação e comunicação, em tempo real ou não. No Brasil, a Lei nº 12.551/11, conhecida
como a Lei do Teletrabalho, promoveu o reconhecimento dessa modalidade de trabalho a
distância na Consolidação das Leis do Trabalho.
Para a manutenção da saúde, é de extrema importância manter a organização da
mesa ou posto de trabalho para melhorar a produtividade e também reduzir os esforços
repetitivos, além de realizar pausas entre uma tarefa e outra aliviam as tensões do corpo e
melhoram a atenção.
O teletrabalho é um dos indicadores de melhor qualidade de vida e satisfação pro-
fissional na Europa. Consequência disso é a presença de uma melhor qualidade de vida no

UNIDADE 2 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO E TELETRABALHO 20


trabalho, assim como um aumento da eficácia e eficiência. Porém, alguns pesquisadores
ressaltam desvantagens e desafios da realização e gestão do teletrabalho (GOULART,
2009; VIEIRA, 2007), sendo:
● Questões familiares (maior convívio x conflitos, confusão entre o espaço privado
e o espaço profissional);
● Limites físicos (espaço familiar x espaço de trabalho);
● Distanciamento do convívio e troca de conhecimentos/experiência com a equipe
de trabalho;
● Distanciamento da dinâmica organizacional (redução do vínculo e identidade
com empresa podendo impactar desempenho e comprometimento);
● Necessidade de autogerenciamento; estabelecimento de rotinas; redução dos
níveis de feedback de desempenho;
● Possibilidade de queda de produção em virtude da adaptação;
● Gestão do tempo (o efeito negativo sobre horas excessivas de trabalho);
● Saúde do teletrabalhador (fadiga ocular, dores e tensões musculares devido à
má posição de corpo e movimentos repetitivos);
● Mudança na cultura de gestão (o controle se desloca para os resultados, possí-
vel crise da hierarquia tradicional);
● Segurança da Informação;
● Agravamento de doenças mentais ou compulsões/adições.
Segundo Sigahi et al (2021), no contexto de mudanças drásticas, como a pandemia
de Covid-19, considerar os trabalhadores e sua subjetividade pode ser decisivo para as or-
ganizações. Trabalhadores de todos os níveis organizacionais podem contribuir com seus
conhecimentos, habilidades e criatividade para ajudar as organizações a se reestruturarem
e se adaptarem às novas realidades. Além disso, ao entender como o trabalho está sendo
afetado pela pandemia, os líderes podem ajudar suas organizações a responder de forma
mais eficaz a curto prazo e estar melhor preparados a longo prazo.

UNIDADE 2 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO E TELETRABALHO 21


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2
TÓPICO
REQUISITOS
ERGONÔMICOS PARA UM
BOM POSTO DE TRABALHO
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De acordo com a Norma Regulamentadora nº 17 (NR-17), o conjunto do mobiliário


do posto de trabalho deve apresentar regulagens em um ou mais de seus elementos que
permitam adaptá-lo às características antropométricas que atendam ao conjunto dos traba-
lhadores envolvidos e à natureza do trabalho a ser desenvolvido.
Sempre que o trabalho puder ser executado alternando a posição de pé com a
posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para favorecer a
alternância das posições.
Para trabalho manual, os planos de trabalho devem proporcionar ao trabalhador
condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes requi-
sitos mínimos:
a) características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação
dos segmentos corporais de forma a não comprometer a saúde e não ocasionar amplitudes
articulares excessivas ou posturas nocivas de trabalho;
b) altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de ativi-
dade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento;
c) área de trabalho dentro da zona de alcance manual e de fácil visualização pelo
trabalhador;
d) para o trabalho sentado, espaço suficiente para pernas e pés na base do plano
de trabalho, para permitir que o trabalhador se aproxime o máximo possível do ponto de
operação e possa posicionar completamente a região plantar, podendo utilizar apoio para
os pés.

UNIDADE 2 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO E TELETRABALHO 22


e) para o trabalho em pé, espaço suficiente para os pés na base do plano de traba-
lho, para permitir que o trabalhador se aproxime o máximo possível do ponto de operação
e possa posicionar completamente a região plantar.
A área de trabalho dentro da zona de alcance máximo pode ser utilizada para ações
que não prejudiquem a segurança e a saúde do trabalhador, sejam elas eventuais ou tam-
bém, conforme AET, as não eventuais.
Para adaptação do mobiliário às dimensões antropométricas do trabalhador, pode
ser utilizado apoio para os pés sempre que o trabalhador não puder manter a planta dos
pés completamente apoiada no piso. Os pedais e demais comandos para acionamento
pelos pés devem ter posicionamento e dimensões que possibilitem fácil alcance, além de
atender aos requisitos estabelecidos.
Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes requi-
sitos mínimos:
a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida;
b) sistemas de ajustes e manuseio acessíveis;
c) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento;
d) borda frontal arredondada
e) encosto com forma adaptada ao corpo para proteção da região lombar

Antes de mudar os móveis de lugar, seguem algumas dicas sobre a escolha do


ambiente, sugerindo-se considerar a possibilidade de atendimento da maior parte dos itens
quanto possível:
● Ter espaços suficientes (tanto em relação ao ambiente, quanto em relação ao
mobiliário em si) que possibilitem o posicionamento e movimentação dos bra-
ços, pernas, tronco e cabeça, de forma que possa facilmente mudar de posição,
entrar e sair da estação de trabalho, se esticar quando necessário;
● A incidência e intensidade dos barulhos internos e externos no local escolhido;
● A possibilidade de luz direta ou indireta, artificial ou natural, evitando os possí-
veis reflexos que podem incidir no local, provenientes de espelhos, vidraças,
objetos brilhantes, a superfície de trabalho ou demais superfícies reflexivas;
● O conforto térmico do local considerando a ventilação natural ou por ventilador
para troca de ar, ou o posicionamento do ar condicionado;
● Se há́ vento no local, observar se atrapalhará a dinâmica e interação (exemplo:
se papéis e demais objetos leves podem ser movimentados pelo vento);
● Se o local está próximo de fontes de odores incômodos.

UNIDADE 2 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO E TELETRABALHO 23


Em relação ao posto de trabalho:
● O aspecto mais importante é que seus equipamentos e demais elementos este-
jam de acordo com as dimensões do ocupante. Ajustes podem ser necessários,
então o mobiliário, especialmente a cadeira, tem que estar preparado para
pequenas adaptações conforme as características de cada pessoa.
● A boa organização da estação de trabalho, com espaços livres para movimen-
tação dos braços e operação do mouse e com bom posicionamento dos equipa-
mentos é essencial não só para a prevenção de doenças ocupacionais, como
também para a motivação e satisfação do profissional com o seu ambiente de
trabalho.

UNIDADE 2 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO E TELETRABALHO 24


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3
TÓPICO
AVALIAÇÃO DE RISCOS
NO AMBIENTE DE
TRABALHO
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O corpo é nossa principal ferramenta para realizar as atividades cotidianas. Contu-


do, ele necessita de alguns cuidados importantes para ser utilizado com maior eficiência,
menor esforço e menor desgaste durante nossas atividades diárias, principalmente aquelas
de trabalho repetitivo ou quando permanecemos por longos períodos em uma mesma po-
sição.
Diante disso, desenvolver as capacidades corporais é de extrema importância como
forma de prevenir futuras lesões e doenças ocupacionais. O desenvolvimento de força e
resistência muscular ajuda a reduzir o esforço em determinadas musculaturas ou estrutura
corporal. Já a flexibilidade amplia a capacidade de mobilidade e amplitude dos movimentos,
reduzindo possíveis dores e desconfortos. Além da parte física sabemos da importância
de nos mantermos mentalmente saudáveis e isso também, de certa forma, passa pelas
atividades desenvolvidas diariamente.
A postura envolve uma relação dinâmica na qual as partes do corpo, principalmen-
te os músculos esqueléticos, se adaptam em resposta a estímulos recebidos. Segundo
Andersson (1999). o modelo biomecânico da coluna do homem não foi construído para
permanecer por longos períodos na posição sentada, manter posturas estáticas ou realizar
movimentos repetitivos.
É sabido há décadas que a manutenção prolongada da postura sentada pode oca-
sionar problemas biomecânicos por sobrecarga da musculatura de estabilização na coluna
vertebral, aumentar a tensão e rigidez muscular, influencia na redução do retorno venoso
dos membros inferiores e compressão de vísceras e diafragma. Então como prevenir le-
sões?

UNIDADE 2 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO E TELETRABALHO 25


A prevenção e a reabilitação dos DORT envolvem a análise das características do
funcionário, da demanda física do trabalho e da forma como este é apresentado e perce-
bido pelo empregado. Os resultados dessas análises devem ser usados para definir um
programa de intervenção específico e eficiente (FERREIRA et al, 2009).
A escolha dos métodos para a análise ergonômica depende da natureza e do
propósito da investigação. A análise pode ser feita por auto relato, técnicas de observação
simples e avançada e avaliação direta. As técnicas de observação simples são realizadas
por um observador e avaliam, em geral, a postura e posição dos segmentos corporais,
estabelecendo pontuações para o nível de risco ergonômico.
O auto relato é obtido por entrevistas e questionários de fácil aplicação e baixo
custo, como por exemplo o Short-Form 36 (SF-36), que avalia a capacidade funcional,
estado geral de saúde, aspectos sociais, entre outros, há também a Rapid Upper Limb
Assessment (RULA) que avalia a sobrecarga nos braços e pescoço. A Análise Ergonômica
Focada na Atividade (AEFA), que avalia as condições do ambiente de trabalho e o Checklist
de Couto, que é utilizado para identificar, entre outros fatores, a sobrecarga física, força
com as mãos e repetitividade.

As medidas de distanciamento social adotadas para conter a disseminação do vírus levam à necessidade
da avaliação de quantos trabalhos podem ser realizados remotamente, em casa. Mas será que todos os
empregos podem ser exercidos na modalidade de teletrabalho? Esta nota técnica aborda de uma forma
interessante o assunto.

Fonte: GÓES, G.S; MARTINS, F.S; NASCIMENTO, J.A.S. Potencial de teletrabalho na pandemia: um
retrato no Brasil e no mundo. Carta Conjunt.(Inst. Pesqui. Econ. Apl.), p. 1-10, 2020.

UNIDADE 2 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO E TELETRABALHO 26


“Precisamos adotar uma abordagem mais flexível em relação ao local de trabalho e ao trabalho que
fazemos; uma que nos forneça o espaço físico e cognitivo para aproveitar o incrível poder, insights e
experiência que oferecemos, porém, focado não nos processos individuais, mas nos resultados gerais que
nossas organizações estão buscando alcançar”. Nesta afirmação de David Coplin, autor e antigo executivo
da Microsoft, podemos destacar a importância dos ajustes ergonômicos para um melhor rendimento no
trabalho e no teletrabalho sempre levando em consideração os aspectos abordados nesta unidade.

Fonte: MARQUES, N. A Eficácia do Home Office em Tempos de Pandemia. Rev. Natalia Marques
Antunes. Disponível em: https://www.nataliamantunes.com.br/blog/mostrar/170. Acesso em: 20
de nov. de 2021.

UNIDADE 2 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO E TELETRABALHO 27


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade pudemos aprender sobre as políticas que envolvem o trabalho e
teletrabalho focadas na saúde do trabalhador, analisando vantagens e desvantagens das
ferramentas apresentadas e destacando a importância dos requisitos ergonômicos para um
bom posto de trabalho, seja em casa ou na empresa.
Destacamos pontos importantes no que diz respeito à avaliação de riscos no
ambiente de trabalho e os recursos que podemos utilizar a fim de evitar consequências
negativas do estresse psicológico e físico, levando em consideração o design ergonômico
do local de trabalho. Vimos também a importância da organização do horário de trabalho
(estruturar a jornada de trabalho, manter pausas e unidades de regeneração e evitar inter-
rupções) é de grande importância para uma maneira promotora da saúde de trabalhar em
casa.
Aprendemos que, no Brasil, a Lei nº 12.551/11, conhecida como a Lei do Teletra-
balho, promoveu o reconhecimento dessa modalidade de trabalho a distância na Consoli-
dação das Leis do Trabalho e anda junto com a Norma Regulamentadora nº 17 (NR-17), o
conjunto do mobiliário do posto de trabalho deve apresentar regulagens em um ou mais de
seus elementos que permitam adaptá-lo para melhor execução do trabalho.
Inserimos na nossa avaliação o auto-relato obtido por entrevistas e questionários
de fácil aplicação e baixo custo, como por exemplo o Short-Form 36 (SF-36), o Rapid Upper
Limb Assessment (RULA), a Análise Ergonômica Focada na Atividade (AEFA), que são
ferramentas utilizadas para identificar fatores importantes relacionados ao trabalho.

Bons estudos!

UNIDADE 2 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO E TELETRABALHO 28


LEITURA COMPLEMENTAR
Quer saber mais sobre a atenção à ergonomia no home office? Leia as reportagens
a seguir:

MATÉRIA 1: O sonho do ‘home office’ vira pesadelo na pandemia


Esta reportagem aborda a romantização que costumava ocorrer acerca do “home
office” e como a Covid-19 obrigou empresas e funcionários a trabalhar remotamente sem
que estivessem preparados, abordando as dificuldades físicas e psicológicas dos trabalha-
dores.

Fonte: ALFAGEME, A. O sonho do ‘home office’ vira pesadelo na pandemia. Rev. El País, São Paulo, 09 de
agosto de 2020. Disponível em: https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-08-09/o-teletrabalho-nao-era-isto.
html Acesso em: 20 nov. 2021.

MATÉRIA 2: Atenção à ergonomia no home office


A matéria abaixo dá dicas de cuidados no escritório de casa são essenciais para o
bem-estar e a produtividade no trabalho abordando aspectos relacionados ao ambiente,
mesa, cadeira, iluminação e pausas necessárias.

Fonte: Casa Paranaense. Atenção à ergonomia no home office. Estúdio C, Paraná, 12 de novembro de 2011.
Disponível em: https://gshow.globo.com/RPC/Estudio-C/casa-paranaense/noticia/atencao-a-ergonomia-no-
-home-office.ghtml. Acesso em: 20 nov. 2021.

UNIDADE 2 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO E TELETRABALHO 29


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Manual de Ergonomia: Adaptando o Trabalho ao Homem
Autor: Karl H. E. Kroemer.
Editora: Bookman; 5ª edição.
Sinopse: A nova edição de um clássico da área aborda os prin-
cipais elementos da ergonomia de forma clara e inteligível, pro-
pagando o conhecimento básico sobre o assunto.

FILME/VÍDEO
Título: ERGONOMIA NO HOME OFFICE: confira dicas de como
aplicar!
Ano: 2022.
Sinopse: Garantir que os colaboradores tenham ergonomia no
ambiente de trabalho sempre foi um dos grandes desafios para
a equipe de Recursos Humanos. E, com a necessidade de mi-
gração para modelo home office, estar alinhado com esta pre-
ocupação ficou ainda mais desafiador para as empresas. Neste
vídeo, resumimos o que você precisa saber sobre ergonomia:
qual é a sua importância, o que diz a NR17 e como aplicar no
modelo de trabalho home office.

UNIDADE 2 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO E TELETRABALHO 30


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UNIDADE
FISIOTERAPIA NA
PROMOÇÃO E
PREVENÇÃO DA
SAÚDE - INDIVIDUAL
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E COLETIVA
Professor Esp. Klaus Porto Azevedo

Plano de Estudos
• Ginástica laboral e exercício físico;
• A importância da ergonomia para o fisioterapeuta.

Objetivos da Aprendizagem
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• Conceituar e contextualizar a aplicabilidade da


ginástica laboral e do exercício físico na promoção e
prevenção de distúrbios musculoesqueléticos;
• Entender como a ergonomia pode influenciar
positivamente na saúde do profissional da área da
saúde.
INTRODUÇÃO
Estudante, aqui nesta unidade, estudaremos sobre os conceitos e aplicabilidades
da ginástica laboral e exercício físico como recursos na prevenção e tratamento de dis-
túrbios musculoesqueléticos na saúde do trabalhador. Veremos que, em nível global, a
incapacidade causada pela dor lombar aumentou mais de 50% desde 1990. Será possível
observar o impacto positivo da prática regular de exercício físico na qualidade de vida dos
indivíduos, redução de risco de doenças cardiovasculares e diabetes, diminuição dos níveis
elevados de colesterol e regulação da pressão arterial.
Além disso, abordaremos o fato de o fisioterapeuta ser um dos profissionais da
área da saúde que mais sofrem carga física durante suas atividades de trabalho, portanto
o preparo da equipe de fisioterapia, do ambiente e aspectos ergonômicos importantes
associados aos exercícios e execução do trabalho realizado pelos fisioterapeutas serão
pontuados nesta unidade.

UNIDADE 3 FISIOTERAPIA NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE - INDIVIDUAL E COLETIVA 32


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1
TÓPICO

GINÁSTICA LABORAL E
EXERCÍCIO FÍSICO
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Como vimos nas unidades anteriores, distúrbios musculoesqueléticos (DMEs) são


frequentemente associados a fatores de risco ergonômicos, e há uma associação entre as
posições socioeconômicas dos trabalhadores e a dor musculoesquelética em vários locais
anatômicos da dor. Leclerc et al (2016) aponta que evidências sugerem características de
risco ergonômico, incluindo estresse de contato, postura embaraçosa (posições do corpo
que se desviam significativamente da posição neutra durante a realização de atividades
de trabalho) e repetição são a principal causa de muitos DMEs associados a questões
ergonômicas.
Dados do estudo Working Environment and Health (2018), representando a popu-
lação ativa em geral na Dinamarca, mostram que a proporção de dor musculoesquelética
várias vezes por semana aumentou de 31% em 2012 para 33% em 2018. Especificamente,
a dor lombar e cervical é altamente prevalente entre os trabalhadores e as principais causas
de incapacidade em países de alta renda. Em nível global, a incapacidade causada pela dor
lombar aumentou mais de 50% desde 1990.
Van Eerd et al (2016) apontou que em comparação com locais de trabalho seden-
tários (ou seja, trabalho de escritório), também pode ser mais desafiador implementar com
sucesso soluções eficazes em locais de trabalho com trabalho fisicamente exigente devido
às diferenças óbvias tanto na natureza do trabalho, design da estação de trabalho quanto
na organização do trabalho
A prática regular de exercício físico contribui com a qualidade de vida dos indivíduos,
reduzindo o risco de doenças cardiovasculares e diabetes, diminuindo os níveis elevados
de colesterol e regulando a pressão arterial. Além disso, a prática de exercício físico regular

UNIDADE 3 FISIOTERAPIA NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE - INDIVIDUAL E COLETIVA 33


favorece a redução do estresse diário e reduz os riscos para depressão e ansiedade. Da
mesma forma, um programa adequado de exercícios tem, também, papel importante na
prevenção de lesão e no controle da dor muscular, uma vez que a musculatura fortalecida
tem fator de proteção para as articulações e que o alongamento proporciona irrigação dos
tecidos e relaxamento muscular, aliviando dores residuais do esforço físico.
O Comitê de Ergonomia da EBSERH (2019) juntamente com a Universidade Fe-
deral de Pelotas, apontam em seu manual que, preocupadas com a saúde do colaborador
as empresas de modo geral, destaca-se a importância da Ginastica Laboral, que é um con-
junto de práticas físicas elaboradas, durante o expediente, a partir da atividade profissional
exercida, visando preparar ou relaxar as estruturas mais utilizadas no trabalho, compensar
musculaturas com sobrecarga ou esforços repetitivos ou ainda ativar as que não são muito
requeridas durante o expediente diário.
As práticas físicas no local de trabalho visam prevenir a fadiga muscular, corrigir
vícios posturais, prevenir as doenças por traumas cumulativos e diminuir o índice de aci-
dentes do trabalho; além de valorizar e incentivar a prática de exercícios como instrumento
de promoção da saúde e do desempenho profissional.

UNIDADE 3 FISIOTERAPIA NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE - INDIVIDUAL E COLETIVA 34


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2
TÓPICO
A IMPORTÂNCIA DA
ERGONOMIA PARA O
FISIOTERAPEUTA
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Segundo Peres (2002), o fisioterapeuta é um dos profissionais da área da saúde


que mais sofrem carga física durante suas atividades de trabalho, pelas posturas adota-
das durante os atendimentos aos seus pacientes. A dor em membros superiores e coluna
vertebral por movimentos repetitivos e posturas prolongadas ou inadequadas durante as
atividades de trabalho, também pode afetar a saúde dos fisioterapeutas.
Adequar a postura do colaborador durante a movimentação do paciente evita riscos
e o desenvolvimento de lesões musculares com consequente afastamento. Neste momento
analisaremos a adequação postural do fisioterapeuta para os reposicionamentos do pa-
ciente no leito, as mudanças de decúbitos e as transferências.
Para adequar a postura do fisioterapeuta, levando em consideração aspectos er-
gonômicos, é necessário diferenciar os tipos de movimentações a serem realizadas com
o paciente, pois cada tipo exige um esforço físico diferente do trabalhador. Esse manual
diferenciará as movimentações com paciente em três sub- tópicos: mudança de decúbito,
reposicionamento no leito e transferência de paciente. Algumas movimentações exigem
o uso de dispositivos auxiliares, nesse manual falaremos sobre o uso do guincho e do
passante para transferência do paciente.

ORIENTAÇÕES PARA PREPARO DO AMBIENTE

Antes de realizar a movimentação do paciente preparar o ambiente e os equipa-


mentos, removendo obstáculos e observando a disposição do mobiliário; Obter condições
seguras com relação ao piso; Colocar o suporte de soro ao lado da cama, quando ne-

UNIDADE 3 FISIOTERAPIA NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE - INDIVIDUAL E COLETIVA 35


cessário; Travar as rodas da cama, maca e cadeira de rodas ou solicitar auxílio adicional;
Adaptar a altura da cama ao trabalhador e ao tipo de procedimento que será realizado.

ORIENTAÇÕES PARA PREPARO DA EQUIPE

Deixar os pés afastados e totalmente apoiados no chão; Manter as costas eretas;


Usar o peso corporal como um contrapeso ao do paciente; Flexionar os joelhos ao invés
de curvar a coluna; Utilizar movimentos sincrônicos; Trabalhar o mais próximo possível
do corpo do paciente; Usar uniforme que permita liberdade de movimentos e sapatos
apropriados; Realizar a manipulação de pacientes com a ajuda de, pelo menos, mais uma
pessoa.

DICAS ERGONÔMICAS

Conheça o seu ambiente de trabalho e estratégias para tornar sua função menos
cansativa; planeje pausas de 5 a 10 minutos a cada hora de trabalho, aproveite para alon-
gar-se, relaxar os músculos e a mente.
Use roupas confortáveis e jalecos que permitam a livre movimentação do corpo, a
mobilidade é essencial para prevenir lesões; se você trabalha em pé, intercale com perío-
dos sentado e se você trabalha sentado, aproveite as pausas para levantar e caminhar um
pouco.
Na assistência, use a cama hospitalar a seu favor. As camas do hospital possuem
ajustes de altura e posicionamento que são de simples manuseio. Por meio destes é pos-
sível elevar toda a cama, elevar a cabeceira ou os pés, transformar a cama em poltrona ou
inclinar a cabeceira para baixo. Usando os ajustes da cama, pode-se evitar a sobrecarga
de peso e a curvatura excessiva da coluna.
Para utilizar a cama nas transferências de pacientes, ajuste a altura da mesma
entre a sua cicatriz umbilical e as cristas ilíacas favorecendo o correto posicionamento da
coluna ao transferir o paciente. Se necessário, afaste os membros inferiores alargando a
sua base ao invés de fletir a coluna.
Nota-se, portanto, que o fisioterapeuta não deve se preocupar apenas com a
prevenção de dor e lesões de seus pacientes, mas com a sua saúde também, por isso
recomendam-se medidas preventivas já abordadas em nossas unidades, destacando a
prática de atividades físicas.

UNIDADE 3 FISIOTERAPIA NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE - INDIVIDUAL E COLETIVA 36


Quase metade dos brasileiros não pratica atividades físicas regulares. A informação vem de um estudo feito
pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que analisou dados dos últimos 15 anos e concluiu que 47%
das pessoas não têm o hábito de se exercitar com frequência. O sedentarismo é um dos principais fatores
associados ao agravamento de doenças como diabetes, hipertensão e colesterol alto, com impactos na
qualidade de vida e na produtividade. Quer saber mais sobre a ginástica laboral e o exercício físico?

Leia a reportagem a seguir: https://g1.globo.com/pr/parana/especial-publicitario/fiep/sistema-fiep/noti-


cia/2021/11/10/ginastica-laboral-on-line-reduz-o-sedentarismo-em-home-office.ghtml

“O bom design acontece quando o designer se torna o usuário”. Esta frase, de autor desconhecido, nos
leva a uma reflexão importante da relação do fisioterapeuta com sua própria saúde. Afinal, quem cuida do
fisioterapeuta. É necessário respeitar, também, os aspectos ergonômicos exigidos durante o exercício da
nossa profissão.

Fonte: O autor (2022).

UNIDADE 3 FISIOTERAPIA NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE - INDIVIDUAL E COLETIVA 37


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observamos, nesta unidade, o quanto a prática regular de exercício físico é capaz
de contribuir com a qualidade de vida dos indivíduos (incluindo fisioterapeutas), reduzindo o
risco de doenças cardiovasculares e diabetes, diminuindo os níveis elevados de colesterol
e regulando a pressão arterial.
Nota-se a importância que os programas adequados de exercícios têm no que diz
respeito à prevenção de lesão e no controle da dor muscular. praticas físicas no local de
trabalho visam prevenir a fadiga muscular, corrigir vícios posturais, prevenir as doenças por
traumas cumulativos e diminuir o índice de lesões no trabalho.
A unidade apresentou dicas práticas para o preparo do ambiente, orientações para
o preparo de toda a equipe e dicas ergonômicas para o próprio fisioterapeuta. Tais dicas
são extremamente valiosas para o contexto da atuação do fisioterapeuta, principalmente
em ambientes hospitalares. Deve-se lembrar, além disso, das pausas ativas abordadas em
outras unidades e da prática de exercícios físicos como manutenção da qualidade de vida.

UNIDADE 3 FISIOTERAPIA NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE - INDIVIDUAL E COLETIVA 38


LEITURA COMPLEMENTAR
ARTIGO 1: Covid-19 e dores na coluna foram principais motivos de afasta-
mento do trabalho em 2021
Esta reportagem traz informações preciosas em relação a dores na coluna e Co-
vid-19 foram os principais motivos que afastaram pessoas dos seus postos de trabalho em
2021. Destaca-se, nela, a importância da ginástica laboral para o trabalhador e como ele se
sente melhor ao realizar os exercícios, não só fisicamente como mentalmente.

Fonte: Redação Diário do Nordeste. Covid-19 e dores na coluna foram principais motivos de afastamento do
trabalho em 2021. Rev. Diário do Nordeste, 23 dez.2021. Disponível em: https://diariodonordeste.verdes-
mares.com.br/educalab/covid-19-e-dores-na-coluna-foram-principais-motivos-de-afastamento-do-trabalho-
-em-2021-1.3173834. Acesso em: 23 dez.2021.

ARTIGO 2: Ginástica laboral transforma rotina de colaboradores no Verso


Nesta outra, destacam a capacidade que os exercícios têm para promover o bem-
-estar dos funcionários da unidade do Governo de Goiás em Santa Helena, impactando
positivamente a assistência aos pacientes.

Fonte: ALVES, M. Ginástica laboral transforma a rotina de colaboradores no Herso. Secretaria De Estado
Da Saúde De Goiás, Goiás, 29 de outubro de 2020. Disponível em: https://www.saude.go.gov.br/noticias/
14009-ginastica-laboral-transforma-rotina-de-colaboradores-no-herso. Acesso em: 20 nov. 2021.

UNIDADE 3 FISIOTERAPIA NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE - INDIVIDUAL E COLETIVA 39


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Ginástica Laboral. Estratégia Para a Promoção da Quali-
dade de Vida do Trabalhado
Autor: Josenei Braga dos Santos.
Editora: Editora Phorte; 1ª edição (7 março 2014).
Sinopse: Com o presente livro, pretende-se estabelecer a relação
da GL com a Ergonomia, a qual se mostra como uma estratégia
efetiva para viabilizar a melhora do ambiente de trabalho e da
qualidade de vida do trabalhador. Dessa forma, o autor enfatiza
a sua preocupação com o profissional da área de Educação
Física, que necessita dos conhecimentos da Ergonomia para
poder desenvolver melhor suas ações com os programas de
atividade física na empresa, e que tais conhecimentos sejam
incluídos nos cursos de bacharelado em Educação Física no
Brasil.

FILME/VÍDEO
Título: Palestra - A importância da Ginástica Laboral
Ano: 2011.
Sinopse: Palestra “A importância da Ginástica Laboral” da Profª.
Raquele Tiana Kolher -- UCDB/SESI, durante a “Semana do
Profissional de Educação Física” realizado pelo CREF11/MS-MT
(Conselho Regional de Educação Física da 11ª Região MS-MT),
entre os dias 1 e 3 de setembro de 2011
Link: https://www.youtube.com/watch?v=4I-g7UcCI4E

UNIDADE 3 FISIOTERAPIA NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE - INDIVIDUAL E COLETIVA 40


• Estabelecer a importância da NR 17 no ambiente de
REGULAMENTADORA

• A aplicação da NR 17 por profissionais de saúde;

• Compreender os tipos de aplicações da NR 17;


• O adoecimento no ambiente de trabalho;
Professor Esp. Klaus Porto Azevedo

• A Norma Regulamentadora 17 (NR 17);

Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar a NR 17;
17 (NR-17)
A NORMA

• A importância da NR - 17.
Plano de Estudos
UNIDADE

trabalho.
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INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Nesta unidade, iremos estudar a Norma regulamentadora 17 (NR
17). Aqui aprenderemos sobre a aplicação da NR 17 no contexto do profissional de saúde
e como estes profissionais podem se embasar na NR 17. Além disso, vamos aprender
também como a NR 17 ajuda os profissionais de Saúde a prevenir e tratar doenças que
podem estar relacionadas ao ambiente laboral.

UNIDADE 4 A NORMA REGULAMENTADORA 17 (NR-17) 42


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1
TÓPICO
O ADOECIMENTO
NO AMBIENTE DE
TRABALHO
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.....

As questões que envolvem a influência do contexto laboral na saúde dos indivíduos


vêm atraindo cada vez mais a atenção de pesquisadores pelo mundo. Isto se deve ao
aumento do absenteísmo em geral. O afastamento do trabalho gera inúmeros ônus ao em-
pregado e ao empregador, atraindo assim a atenção dos empregadores para a manutenção
da qualidade de vida no ambiente de trabalho.
Os trabalhadores permanecem focados na realização de suas atividades laborais
durante a jornada, assumindo diferentes posturas e posições, sendo algumas prejudiciais,
como exemplo o manuseio. As diferentes posturas adotadas no trabalho são indicadores
que permitem o entendimento da relação entre a tarefa e a atividade, pois são resultado
de como os postos de trabalho, das máquinas e equipamentos utilizados, ritmo de trabalho,
exigências cognitivas, são dispostas. A organização do trabalho contempla o estudo da
divisão das tarefas, as competências, os turnos, controle do tempo, relações interpessoais
e a participação social.
A forma como o trabalho é organizado pode gerar ou facilitar o aparecimento
de várias enfermidades relacionadas ao trabalho, desta forma se faz muito importante a
participação do trabalhador no processo de disposição do trabalho. Dentre as causas de
afastamento do trabalho, a mais prevalente é a proveniente de acidentes de trabalho, que
podem ser evitados com treinamento dos funcionários e utilização correta dos equipamen-
tos de proteção individual (EPIs). A segunda maior causa de afastamento do trabalho é a
dor lombar, sendo está uma doença multifatorial, com causa biopsicossocial. O modelo
biopsicossocial permite uma abordagem ampla ao indivíduo, abordando não só as conse-
quências estruturais do indivíduo, mas também fatores psicológicos e os fatores pertinentes
a inserção destes indivíduos na sociedade.

UNIDADE 4 A NORMA REGULAMENTADORA 17 (NR-17) 43


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2
TÓPICO
A NORMA
REGULAMENTADORA
17 (NR 17)
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As Normas Regulamentadoras ou NRs foram aprovadas pelo Ministério do Trabalho


em 1978, e deram obrigatoriedade ao seguimento de orientações e procedimentos saúde
de trabalhador. A NR 17, ficou sendo conhecida como “norma da ergonomia” foi aprovada
na Portaria MTb n.º 3.214/1978, com redação dada pela Portaria MTPS n.º 3.751, somente
em 23 de novembro de 1990. As NRs, ou “Normas Regulamentadoras” são regras que têm
como objetivo evitar acidentes, doenças e qualquer fator prejudicial à saúde. A NR 17 é uma
regulamentação específica das condições de trabalho.
O contexto desta regulamentação aborda peculiaridades de prevenção de doenças
visando garantir a qualidade de vida do trabalhador, assim como sua saúde, bem-estar, e
segurança. No contexto da NRs, a maioria delas é aplicável a todas as atividades laborais.
Apesar de existirem regulamentações específicas para trabalhos mais arriscados, como:
atividades rurais, portuárias, construção civil, indústrias e outras, a NR 17 aborda a ergono-
mia e os riscos à saúde de ambientes e campos de trabalhos inadequados.
Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a adap-
tação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de
modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
A Ergonomia pode ser entendida como um estudo da relação entre o homem e
seu trabalho, assim como sua interação com o meio, visando a garantia do bem-estar e
do desempenho do trabalhador. E por isso foi incluída nas regulamentações da prática
laboral brasileira. O desempenho em condições inadequadas pode gerar uma série de
doenças, dentre elas estão as doenças lombares, posturais, lombalgias, hérnias discais.
A NR 17 deve implementar regras que garantam a saúde do trabalhador, a redução da

UNIDADE 4 A NORMA REGULAMENTADORA 17 (NR-17) 44


incidência de doenças de trabalho, e a qualidade de vida e de desempenho do trabalhador.
A ergonomia não trabalha apenas com aspectos estruturais inerentes ao trabalhador, mas
também psicossociais seguindo a tríade: conforto, segurança e eficiência.
Os aspectos gerais da NR 17 são: Levantamento e transporte individuais de car-
ga/materiais; Mobílias e equipamentos dos postos de trabalho; Condições ambientais de
trabalho (iluminação, ruídos, etc); Organização do trabalho; Trabalho dos operadores de
checkout; Trabalho em teleatendimento/telemarketing.

UNIDADE 4 A NORMA REGULAMENTADORA 17 (NR-17) 45


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3
TÓPICO
A APLICAÇÃO DA NR 17
POR PROFISSIONAIS
DE SAÚDE
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Algumas das regras da NR 17 são altamente específicas em termos técnicos, outras


fazem abordagens mais gerais.

3.1 Levantamento e transporte individuais de carga/materiais

A primeira regra estabelecida pela NR 17 discorre das condições individuais para o


levantamento e transporte individual de carga.
Para exemplificar essa questão, vamos hipotetizar uma empresa com um almoxari-
fado: certamente o departamento possui funcionários que são responsáveis pelo transporte
de cargas. Ou até mesmo um colaborador responsável por manusear pacotes de materiais
impressos como contratos, etc.
É predefinido que as empresas são responsáveis por averiguar e tratar das
questões ergonômicas, compreender o profissional que executa essa atividade,
e fornecer equipamentos de transporte para diminuir os impactos na saúde do
colaborador.
Essa regra possui uma preocupação maior com jovens de 14 a 18 anos e mulheres.
“17.2.1.2 Transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada
de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte manual de
cargas.
17.2.1.3 Trabalhador jovem designa todo trabalhador com idade inferior a dezoito
anos e maior de quatorze anos.
17.2.2 Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um
trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança.

UNIDADE 4 A NORMA REGULAMENTADORA 17 (NR-17) 46


17.2.3 Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, que
não as leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de
trabalho que deverá utilizar, com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes.
17.2.4 Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas deverão ser
usados meios técnicos apropriados.
17.2.5 Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o transpor-
te manual de cargas, o peso máximo destas cargas deverá ser nitidamente inferior àquele
admitido para os homens, para não comprometer a sua saúde ou a sua segurança.”

3.2 Mobílias e equipamentos dos postos de trabalho

Essa segunda norma trata das mobílias adequadas para que o colaborador possa
então usufruir de um ambiente de trabalho que garanta a sua integridade física.
Especialmente para trabalhadores que trabalham em escritório, são assistentes ou
trabalham com atendimento telefônico, existem algumas regras a serem seguidas.
A partir do dispositivo 17.3.1 que aborda a necessidade do planejamento ou adap-
tação do posto de trabalho para profissionais que executam suas atividades na posição
sentada, a norma estabelece que as bancadas, mesas ou escrivaninhas devem proporcio-
nar:
“Condições para postura;
Boa visualização;
Altura e características compatíveis com a atividade;
Distância mínima entre a visão e o foco da atividade do colaborador, preservando assim a
visão, o pescoço e a coluna, e a altura do assento compatível;
Área de trabalho com fácil alcance para o colaborador;
Móveis em dimensões adequadas que possibilitem movimentação;
Pedais ou suporte para os pés a fim de manter o colaborador com postura e ângulo ade-
quados em função da postura lombar;
Assento com altura ajustável, bordas arredondadas e encosto adaptável a região lombar.”

Então, devemos salientar a importância do profissional de saúde presente no con-


texto da saúde do trabalhador, não só no contexto de tratamento de doenças relacionadas
ao trabalho, mas também na prevenção destas doenças, visto que em termos econômicos
ainda é mais oneroso ao empregador ter um trabalhador afastado do que prevenir lesões
no ambiente de trabalho.

UNIDADE 4 A NORMA REGULAMENTADORA 17 (NR-17) 47


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4
TÓPICO

A IMPORTÂNCIA
DA NR-17
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.....

Para as empresas, a NR 17 é uma norma regulamentadora que visa regular os


procedimentos necessários para manutenção da saúde e segurança de seus funcionários.
As Normas Regulamentadoras têm como requisito uma análise dos riscos e das
possibilidades para prevenção de doenças ocupacionais em seus funcionários. Porém,
se faz necessária a investigação das condições de trabalho que se adequem às normas
definidas.
Um dos fatores mais importantes se trata da fiscalização. Ocorrendo está com
maior frequência em empresas que apresentam risco maior à saúde, segurança e vida,
porém, está presente também em outros ambientes laborais.
As empresas precisam observar bem as normas regulamentadoras para evitar
problemas com os trabalhadores. Para isso, é fundamental estar atento às mudanças das
Normas Regulamentadoras em geral. As atualizações mais recentes foram as NRs 1, 7, 9
e 18 que tiveram novos textos publicados no início de 2020. Entretanto, todas as normas
foram atualizadas entre outubro e novembro de 2020.
A primeira atualização está no campo das disposições gerais, a NR 1, que agora
aborda os riscos físicos, químicos, biológicos, acidentes, e agora também abrange os er-
gonômicos, sejam eles ambientais ou ocupacionais. Além das normas nacionais, a NR 1
também prevê adequação às normas internacionais como o Sistema de Gestão de Saúde
e Segurança Ocupacional (ISO 45001).
Agora passa a ser necessário apresentar dois documentos de saúde ocupacional
que trata sobre o inventário dos riscos à saúde (GRO), assim como um plano de ação
(PGR). Essa norma apresenta exceção aos Microempreendedores Individuais e pequenas

UNIDADE 4 A NORMA REGULAMENTADORA 17 (NR-17) 48


empresas, desde que a atividade laboral não ofereça exposição ao risco de agentes quími-
cos, biológicos ou físicos.
Entretanto, mesmo que o documento não seja obrigatório para empresas que se
caracterizam com risco baixo, a empresa pode adotar um inventário de riscos ergonômicos.
Além disso também vale criar um planejamento que busque evitar possíveis problemas de
saúde de seus colaboradores.
Quais os benefícios da NR 17?
Você já aprendeu qual o foco da NR 17 ao evitar o risco de doenças e acidentes no
ambiente de trabalho. Agora, veja como essa norma pode trazer benefícios ao empregador
e ao funcionário.
A redução do afastamento por doença de trabalho é o impacto mais sentido pelas
empresas. Embora o ano de 2020 tenha sido um desafio para a humanidade, dados revelam
a necessidade do cuidado tanto físico, como mental e emocional de seus colaboradores.
A pandemia de covid-19 influenciou de forma negativa no trabalho. Um dos motivos
é que as empresas falharam nos cuidados à saúde, bem-estar e segurança de seus cola-
boradores durante a pandemia e o processo de reestruturação do trabalho em home office.
Além disso, os impactos sanitários da pandemia causaram problemas mundiais
quanto à falta de convívio social, e por consequência, aumento de notificação de casos de
doenças mentais.
Apenas em 2020, o Seguro Social registrou aumento de 26% na concessão do
auxílio-doença e aposentadorias por invalidez devido a transtornos mentais e comporta-
mentais, considerando o período anual de 2019. Foram registrados 576,6 mil afastamentos.
Somente depressão e ansiedade registraram 285,2 mil em 2020, um aumento de
33,7%. Outro dado importante de se observar, é em relação à Lesões por Esforços Repeti-
tivo (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).
De acordo com dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, quase 40
mil trabalhadores foram afastados do trabalho devido à perda de funcionalidade e dificulda-
de de movimentos, em 2019.
As empresas devem oferecer ferramentas adequadas para o trabalho, seja na
empresa, como também no home office. O aparato à saúde não se tornou dispensável, e o
ambiente de trabalho, mesmo que seja na casa da pessoa, ainda é de responsabilidade da
empresa criar ações e estratégias para evitar doenças futuras.

UNIDADE 4 A NORMA REGULAMENTADORA 17 (NR-17) 49


Os primeiros estudos sobre segurança do trabalho começaram na era a.C. por Aristóteles e Hipócrates.
Porém, pouco se avançou nesses estudos até 1713, na Itália, onde o primeiro tratado sobre medicina ocu-
pacional foi escrito por Bernardino Ramazzini.

Fonte: O autor (2022).

“Todos são peças importantes no trabalho em equipe, cada um representa uma pequena parcela do
resultado final, quando uma falha, todos devem se unir, para sua reconstrução.”

Salvador Faria

UNIDADE 4 A NORMA REGULAMENTADORA 17 (NR-17) 50


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro aluno, nesta unidade estudamos sobre o processo de adoecimento do traba-
lhador quando este tem como risco seu ambiente laboral, estudamos também sobre a nor-
ma regulamentadora 17 e sua importância para o profissional de saúde atuar no ambiente
laboral, agora somos capazes de entender como a NR-17 apoia o profissional de saúde no
ambiente laboral auxiliando na prevenção e no tratamento das disfunções e doenças que
podem acometer os trabalhadores.

UNIDADE 4 A NORMA REGULAMENTADORA 17 (NR-17) 51


LEITURA COMPLEMENTAR
ERGONOMIA NO HOME OFFICE: IMPORTÂNCIA, DESAFIOS, E AÇÕES A SE
ADOTAR

Ergonomia é um conceito que abrange teorias, métodos e procedimentos presentes


na norma regulamentadora nº17, do Ministério do Trabalho, e nas Leis do Trabalho – CLT,
em conformidade à Segurança e Medicina do Trabalho.
Seu estudo se dá a partir da relação entre pessoa e ambiente profissional. Já o
seu objetivo é garantir uma boa condição para que os funcionários possam exercer suas
funções com bem-estar, pensando no desempenho geral da empresa.
A ergonomia é pensada para adaptar o ambiente de trabalho e contribuir para a
saúde do funcionário, promovendo a sua produtividade e evitando que acidentes aconte-
çam e que possíveis problemas de saúde se desenvolvam.
Além disso, caso a ergonomia não seja aplicada, a empresa pode sofrer multas e
até indenizações, se algum funcionário desenvolver algum problema de saúde devido às
más condições oferecidas pelo empregador.

Fonte: ERGONOMIA no home office: importância, desafios, e ações a se adotar. Conexa Saúde, 2022. Dispo-
nível em: https://www.conexasaude.com.br/blog/ergonomia-no-home-office-entenda-a-importancia/ Acesso
em: 10 jan. 2023.

UNIDADE 4 A NORMA REGULAMENTADORA 17 (NR-17) 52


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Ergonomia-Interpretando a NR-17: Manual Técnico e
Prático para a Interpretação da Norma Regulamentadora 17
Autor: Alexandre Pinto da Silva.
Editora: LTr.
Sinopse: Este livro aborda de forma atualizada, clara e objetiva,
todos os dizeres da Norma Regulamentadora n. 17 Ergonomia,
interpretando as questões técnicas que devem ser observadas
para a manutenção das condições de conforto em um ambiente
de trabalho.

FILME/VÍDEO
Título: Nova Norma Regulamentadora nº 17 (NR 17) - Principais
Itens conforme Portaria nº 423 de 04/10/21
Ano: 2021.
Sinopse: A Norma Regulamentadora N°17 (Ergonomia), origi-
nalmente editada por meio da Portaria nº 3214/1978, foi criada
para evitar ou reduzir o risco ergonômico atrelado ao ambiente
de trabalho e que pode dar origem a doenças ocupacionais gra-
ves, tais como LERs e DORTs.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=1vNrT_s83yM

UNIDADE 4 A NORMA REGULAMENTADORA 17 (NR-17) 53


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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55
CONCLUSÃO GERAL
A Disciplina ERGONOMIA NO TRABALHO faz parte das disciplinas complementa-
res em diversas Graduação devido a sua importância na formação de diversos profissionais,
pois, vemos a necessidade de informar e trazer conhecimentos intimamente relacionado a
área Laboral/Ocupacional, a disciplina esta pautada na compreensão das Doenças Osteo-
musculares Relacionada ao Trabalho (DORT) que acaba acometendo os colaboradores/
trabalhadores. Toda e qualquer disfunção apresentada no ambiente laboral temos que ter
uma ótica de que a prevenção, informação, orientação irá auxiliar na melhor qualidade de
trabalho, produção e consequentemente melhora na qualidade de vida do trabalhado, com
isto, mantendo um bom relacionamento empregado-empregador e uma vida mais produtiva
na empresa.
As ações propostas para a empresas também são pautadas em bons movimentos,
exercícios terapêuticos, que seguem princípios da área da saúde, no entanto, far-se-á
necessário uma análise correta, aprendidos aqui.
A avaliação ergonômica está intimamente relacionada a avaliação das atividades
desempenhadas no âmbito laboral, indo além, sempre acompanhando o índice de mani-
festação que poderá ser gerado em um determinado ambiente, neste diapasão, é muito
importante identificarmos o fator causal para que com isto, consigamos traçar meios e mé-
todos preventivos e ou instrumentos para minimizar auxiliar a atividade ali desempenhada.
Por isso, é muito importante conhecer o ambiente de trabalho, os movimentos ali
desempenhados, conhecer toda a parte de biomecânica e avaliar todos os mecanismos
que poderão sobrecarregar as estruturas musculoesquelética.
Alguns recursos de avaliação, orientação e prevenção também foram abordados
nesta disciplina, como a parte geral, introdução, todo o passo-a-passo, algumas disfunções
gerais e disfunções especificas, sendo avaliadas de maneira pormenorizada. Criar uma óti-
ca diferente de como visualizar o colaborador, não ficar cego apenas nos sinais e sintomas
e sim ir além, descobrir o fator causal, e assim realizar a intervenção correta.
Podemos observar que Empresa (empregador) tem que ir de encontro com o
empregado, pois um ira ajudar o outro, se a empresa fornece condições de trabalho de
maneira ideal, o trabalho será desempenhado com mais eficiência que consequentemente
acarretara em aumento da produtividade.

56
Considere que estes conhecimentos formam base para a compreensão de outras
disciplinas, tanto aquelas com características especifica quanto de maneira geral. Por isso,
esperamos que você tenha compreendido a importância do conteúdo, algumas ações que
deveremos adotar como rotina e poderemos estar corrigindo alguns vícios, e ainda mais,
siga na direção do seu objetivo final: o de ser um profissional amplamente qualificado.

Até uma próxima oportunidade. Muito obrigado!

57
ENDEREÇO MEGAPOLO SEDE
Praça Brasil , 250 - Centro
CEP 87702 - 320
Paranavaí - PR - Brasil
TELEFONE (44) 3045 - 9898

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