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FÍSICA E SAÚDE
EDUCAÇÃO
FÍSICA E SAÚDE
1ª E diç ão
J a n e i ro | 2021
Gestão Universidade
Reitor Prof. Dr. Paulo Fossatti - Fsc
Vice-Reitor, Pró-Reitor de Pós-grad., Prof. Dr. Cledes Casagrande - Fsc
Pesq. e Extensão e Pró-Reitor de Graduação
Pró-Reitor de Administração Vitor Benites
Diretora de Graduação Profª. Dr.ª Cristiele Magalhães Ribeiro
Diretor de Extensão e Pós-Graduação Lato Sensu Prof. Me. Márcio Leandro Michel
Diretora de Pesquisa e Pós-Graduação Stricto Sensu Profª. Dr.ª Patricia Kayser Vargas Mangan
Diretor Administrativo Patrick Ilan Schenkel Cantanhede
Diretor de Marketing e Relacionamento Cleiton Bierhals Decker
Procuradora Jurídica Michele Wesp Cardoso
Assessor de Assuntos Interinstitucionais e Internacionais Prof. Dr. José Alberto Miranda
Assessor de Inovação e Empreendedorismo Prof. Dr. Jefferson Marlon Monticelli
Chefe de Gabinete Prof. Dr. Renaldo Vieira de Souza
Gestão EaD
Coordenadora Pedagógica Profa. Me. Michele de Matos Kreme
Coordenador de Produção Prof. Dr. Jonas Rodrigues Saraiva
UNIDADE 2
Exercício Físico na Prevenção e Tratamento de Doenças Crônicas e Degenerativas �������������������������������������������89
Objetivo Geral ...........................................................................................................................................................89
Parte 1
Exercício Físico Para a Promoção da Saúde e Qualidade de Vida........................................................................................91
Parte 2
Atividade Física Como Prevenção a LERs e DORTs...........................................................................................................103
Parte 3
Doenças Crônico-Degenerativas......................................................................................................................................117
Parte 4
Saúde na Escola..............................................................................................................................................................139
UNIDADE 3
Bases Clínicas Para Prescrição de Exercício Físico na Saúde e na Doença.........................................................157
Objetivo Geral .........................................................................................................................................................157
Parte 1
Práticas de Condicionamento Físico Para Populações Especiais.......................................................................................159
Parte 2
Saúde e as Aulas de Educação Física .............................................................................................................................183
Parte 3
Treinamento Para Idosos ................................................................................................................................................197
Parte 4
Exercícios Para Gestantes ..............................................................................................................................................213
UNIDADE 4
Avaliação, Prescrição e Monitoramento de Programas de Exercícios Físicos no Contexto da Saúde Pública
229
Objetivo Geral .........................................................................................................................................................229
Parte 1
A Profissão Dentro da Área da Saúde: Nacional e Mundial...............................................................................................231
Parte 2
Atividades do Profissional Como Integrante da Equipe de Saúde......................................................................................245
Parte 3
Planejamento e Avaliação das Intervenções da Educação Física no Contexto da Saúde ���������������������������������������������������259
Parte 4
Prescrição de Exercícios Para a Saúde e o Condicionamento Físico.................................................................................281
unidade
1
Exercício Físico, Atividade
Física, Aptidão Física, Saúde
e Qualidade de Vida.
Prezado estudante,
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados
com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado
tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os
tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.
Objetivo Geral
Esquematizar os conceitos e as relações entre exercício físico, atividade física, aptidão física, saúde e
qualidade de vida.
8 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
unidade
Parte 1
Padrões de Saúde e Doença
Introdução
A saúde está geralmente está em pauta nas ações governamentais.
Recorrentemente, os discursos de autoridades públicas e dos setores
privados atentam para a importância de programas voltados à promoção
da saúde e da prevenção de doenças. Mas, afinal, qual seria o conceito de
saúde? Quais seriam as diferenças conceituais em promoção e prevenção
no âmbito da saúde? E como os programas voltados à saúde podem
encontrar formatos eficientes para a sua exequibilidade?
Neste capítulo, você vai estudar a evolução histórica dos conceitos
de saúde até os das atuais, onde muitos governos se utilizaram das de-
finições encontradas nas conferências organizadas pela Organização
Mundial de Saúde; explicar as diferenças conceituais e práticas nas ações
de prevenção de doenças e promoção da saúde; e, além disso, conhecerá
os estudos epidemiológicos que fornecem dados intersetoriais sobre as
características da população.
Conceitos de saúde
Os conceitos que buscam definir a saúde são bastante diversos e atravessam
os campos sociais, econômicos, políticos e culturais. Ou seja, a saúde pode
apresentar-se e ser apresentada por formas distintas por grupos sociais dife-
rentes. Essas diferenças ocorrem também em função do tempo histórico em
que a sociedade se encontra. Ao longo dos tempos, várias foram as causas
Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
Padrões de Saúde e Doença | PARTE 1
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2 Padrões de saúde e doença
Embora saúde e doença estejam relacionados, um indivíduo que não esteja doente
não necessariamente goza de boa saúde. Em outras palavras, a saúde não se trata
apenas de ausência de doenças, mas de gozar de um estado de completo bem-estar
físico, mental e social, ainda que isso possa ser algo inatingível.
vam relacionadas à obtenção da saúde, uma vez que esses animais poderiam
transmitir algum tipo de doença.
Em alguns grupos indígenas, como os Sarrumá, que habitam a fronteira
entre Brasil e Venezuela, as mortes, provocadas por qualquer que seja a causa,
são resultantes de maldições de tribos inimigas. A saúde, portanto, era con-
siderada a partir da força que os espíritos protetores da aldeia exerciam sobre
os maus espíritos. Quando os males pairavam, era necessária a evocação de
espíritos capazes de afastar o mal. Nesses casos, o xamã, uma espécie de
curandeiro de todos os males, é responsável por convocar os espíritos capazes
de enfrentar o mal que foi lançado sobre sua tribo. Além disso, é o responsável
por coletar plantas e preparar substâncias alucinógenas, capazes de facilitar
a entrada dos bons espíritos e combater as moléstias que pairam sobre sua
tribo (SCLIAR, 2007).
No entanto, a visão que rompe com a ligação espiritual, ainda que possamos
encontrá-la nos dias atuais, começa a se desenhar na Grécia Antiga. Hipócrates
de Cós (460–377 a.C.), considerado o pai da medicina, atribuía a saúde ao pleno
equilíbrio de quatro fluídos corporais: bile amarela, bile negra, fleuma e sangue
(Teoria Humoral de Hipócrates). As desordens nesse equilíbrio causavam as
diversas doenças que afetavam a saúde dos seres humanos. A partir de sua
empiria, evidenciou que algumas doenças atingiam indivíduos em condições
específicas de idade e de localização nas quais viviam. Na sua interpretação, as
doenças que afetavam a saúde dos seres humanos eram desenvolvidas a partir
de desordens biológicas causadas pelo ambiente (ARAÚJO; XAVIER, 2014).
Durante a Idade Média (476–1492), a forte presença da Igreja alertava para
o pecado como forma de contrair doenças. No entanto, as ideias de Hipócrates
continuaram a se difundir na sociedade ocidental, em especial aquelas que aler-
tavam para a necessidade de cuidados quanto às questões sanitárias, higiênicas e
alimentares. Nessa época, o desenvolvimento dos estudos anatômicos do corpo
humano, que buscavam entender melhor o funcionamento dos órgãos, permitiu
compreender melhor como o organismo reagia a determinadas doenças. No
entanto, esses estudos só ganharam profundidade ao final do século XIX, na
denominada Revolução Pasteuriana (SCLIAR, 2007). O microscópio, até então
pouco utilizado, apesar de ter sido desenvolvido ainda no século XVII, revelou
a Louis Pasteur (1822–1895) a presença de microrganismos e a possibilidade
de combatê-los através de soros e vacinas. Os novos entendimentos etiológicos
passam a definir a doença como uma contaminação de organismos externos.
Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
Padrões de Saúde e Doença | PARTE 1
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4 Padrões de saúde e doença
Promoção da saúde
Como vimos ao final da seção anterior, os conceitos de saúde passaram a
abordar um enfoque de múltiplas responsabilidades que devem ser desen-
volvidas pelo Estado, de forma a garantir esse direito a cada cidadão. Nesse
sentido, quatro conferências ganharam destaque na busca por conceitos que
abordassem e pudessem orientar os Estados nas proposições de políticas
de promoção da saúde, realizadas em Ottawa (CARTA..., 1986), Adelaide
(DECLARAÇÃO..., 2002), Sundsvall (DECLARAÇÃO..., 1991) e Jacarta
(DECLARACIÓN..., 1997).
https://goo.gl/qJfRoz
18 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Padrões de saúde e doença 9
Prevenção em saúde
Nesse contexto de promoção de saúde, surge o conceito de prevenção, que, para
Czeresnia e Freitas (2009), denota sentidos diferentes na forma de abordar a
saúde, contudo complementares. Para os autores, a promoção da saúde é um
processo mais amplo, que tem vistas a identificar e enfrentar os macrodetermi-
nantes ambientais, econômicos, culturais e sociais, transformando-os de modo
favorável na direção da saúde. Para tanto, a promoção da saúde busca modificar
Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
Padrões de Saúde e Doença | PARTE 1
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10 Padrões de saúde e doença
Categoria Prevenção de
Promoção da saúde
comparativa doenças
Pode-se dizer que o modo como Snow conduziu sua pesquisa, fazendo ques-
tionários, realizando buscas por incidências da doença e elencando estratégias,
está presente nas estratégias epidemiológicas atuais. Podemos encontrar ações
parecidas no controle da transmissão do vírus da Aids/HIV atualmente. Em
grande escala, os dados coletados apresentam os números de casos a partir de
regiões geográficas, sexo, idade, renda, ocupação entre outros determinantes.
No mesmo sentido, podemos verificar ações parecidas no controle de doenças
transmitidas por mosquitos, como a Dengue e o vírus Zika, e também naquelas
transmitidas a partir do contato próximo entre um infectado e um sujeito não
infectado, como o sarampo, por exemplo. A epidemiologia, portanto, contribui
com os avanços médicos no sentido de identificar as doenças, as populações
suscetíveis e as melhores formas de controlar ou diminuir a contaminação.
No Brasil, estes estudos começam a ganhar força ainda no período co-
lonial, quando a sede portuguesa foi transferida para nosso país, trazendo a
Família Real Portuguesa. O controle das doenças que se desenvolviam em
uma população crescente, em um território onde cada vez mais as atividades
comerciais ocorriam, com a consequente ampliação dos portos, era uma ne-
cessidade para proteger a saúde da corte real. Nesta época, D. João VI criou o
primeiro órgão que se propunha a erradicar as doenças que se apresentavam
no solo brasileiro. Consultando os médicos, foi elaborada a perspectiva de que
as doenças se transmitiam pelo ar, seguindo a teoria miasmática, e a origem
de bactérias que afetavam a saúde dos seres humanos estava nos cemitérios
das zonas centrais da cidade e nos pântanos de águas paradas, onde a matéria
orgânica animal e vegetal se decompunha, liberando gases prejudiciais. Para
combater esses males, D. João VI propôs padrões de urbanização da cidade,
envolvendo aterro de águas paradas, normas de saúde para enterro de mortos
e a demarcação de ruas, estabelecendo padrões de vigilância que permanecem
nos dias atuais (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
A vigilância é o processo realizado para coletar, gerenciar, analisar, interpre-
tar e relatar informações relacionadas à saúde. As ações em vigilância envolvem
diferentes órgãos e instituições, em geral públicos. O propósito principal das
ações de vigilância é estabelecer informações basais para compreender e
controlar a saúde da população. De modo a aprofundar a interpretação dos
dados referentes à saúde de determinada população, são necessários estudos
epidemiológicos, estabelecendo evidências fidedignas dos fatores que englobam
a saúde de determinada população em determinada região.
24 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Padrões de saúde e doença 15
Abrangência da epidemiologia
A ciência epidemiológica busca respostas aos problemas da saúde. Para tanto,
utiliza-se de diversas outras ciências para formular tais entendimentos, como
a estatística, a antropologia, a biologia, entre outras. Os estudos epidemioló-
gicos são desenvolvidos em duas áreas principais: estudos epidemiológicos
descritivos e estudos epidemiológicos analíticos.
De modo geral, podemos estabelecer que a epidemiologia trata das relações
entre uma tríade formada pelo agente causador das doenças, como os vírus,
bactérias ou disfunções orgânicas, que incidem em determinadas populações;
o ambiente no qual o agente se desenvolve também está pautado pelos hábitos
e condições de cada ser humano e pelos hospedeiros, referentes aos indivíduos
e populações específicas (Figura 1).
Hospedeiro
Ambiente Agente
Figura 1. Tríade epidemiológica.
manos.usp.br/index.php/OMS-Organiza%C3%A7%C3%A3o-Mundial-da-Sa%C3%BAde/
constituicao-da-organizacao-mundial-da-saude-omswho.html>. Acesso em: 4 nov.
2018.
ROSEN, G. Da polícia médica à medicina social. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
ROUQUAYROL, M. Z.; ALMEIDA FILHO, N. A. Epidemiologia e saúde. 5. ed. Rio de Janeiro:
MEDSI, 1999.
SCLIAR, M. História do conceito de saúde. Saúde Coletiva, v. 17, n. 1, p. 29-41, 2007.
STEFFENS, D. Epidemiologia: contexto histórico. In: MARTINS, A. A. B.et al. Epidemiologia.
Porto Alegre: SAGAH, 2018.
Leituras recomendadas
FLETCHER, R. H.; FLETCHER, S. W.; FLETCHER, G. S. Epidemiologia clínica: elementos
essenciais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
HAYNES, R. B. et al. Epidemiologia clínica: como fazer pesquisa clínica na prática. 3. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2008.
HULLEY, S. B. et al. Delineando a pesquisa clínica: uma abordagem epidemiológica.
Porto Alegre: Artmed, 2008.
PREZADO ESTUDANTE
Parte 2
Inter-Relação Entre Atividade
Física, Aptidão Física e Saúde
Inter-relação entre
atividade física, aptidão
física e saúde
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Os termos “atividade física”, “exercício físico” e “aptidão física” são utilizados
como sinônimos de forma recorrente. No entanto, existem diferenças
fundamentais nesses conceitos que requerem a atenção dos profissionais
de educação física. Além disso, é fundamental que saibamos quais são os
efeitos que a atividade física exerce sobre a aptidão física, tendo em vista
que seus elementos são constituintes da busca pelo completo estado
de bem-estar físico, emocional e social.
Neste capítulo, você vai estudar as diferenças conceituais dos termos
“atividade física”, “exercício físico” e “aptidão física”. Conhecerá os principais
efeitos que a atividade física e o exercício físico exercem sobre a aptidão
física e entenderá como esses fatores, o profissional de educação física
e essa área do conhecimento se relacionam na busca pela promoção da
saúde e da qualidade de vida.
Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
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2 Inter-relação entre atividade física, aptidão Inter-Relação
física e saúde Entre Atividade Física, Aptidão Física e Saúde | PARTE 2
Atividade física
Partindo da ideia da evolução, é possível pensar que os seres humanos, assim
como muitas das espécies vivas, só chegaram à condição atual por meio do
movimento corporal. Isto é, podemos imaginar que os hominídeos necessitavam
se movimentar para se alimentar e reproduzir, fatores que estão presentes
até hoje. Portanto, o movimento é imprescindível para que um ser humano
possa nascer, crescer e se desenvolver de forma autônoma. Esses movimentos
necessários à manutenção da vida, podem ser considerados como exemplos
de atividade física.
A atividade física, para Caspersen, Powell e Christenson (1985, p. 126)
é definida como “[...] qualquer movimento corporal produzido por músculos
esqueléticos que resultam em gasto de energia”. Ou seja, a maioria das ações
que realizamos diariamente são atividades físicas. Ao levantar da cama pela
manhã, escovar os dentes, correr, jogar uma partida de voleibol, varrer a casa,
quando estamos aparentemente parados e nossos músculos agem de forma
inconsciente para manter a posição ereta ou até mesmo durante o sono, quando
nos movimentamos para trocar a posição, estamos realizando atividades físicas.
No entanto, essas atividades são diferentes, são realizadas em momentos
diversos e com propósitos distintos. Assim, podemos realizar um agrupamento
delas formando categorias de atividades físicas. De maneira bastante simplista,
elas podem ser classificadas em:
Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
4 Inter-relação entre atividade física, aptidão física e saúde
Inter-Relação Entre Atividade Física, Aptidão Física e Saúde | PARTE 2
33
Exercício físico
As atividades físicas são as contrações musculoesqueléticas que resultam
em um aumento do gasto energético. Entre as suas subcategorias, encontra-
-se o exercício físico. Com isso, em uma análise de pertencimento, podemos
destacar que todo exercício físico é uma atividade física; no entanto, nem toda
atividade física é um exercício físico. Embora esses termos sejam utilizados
como sinônimos com frequência, eles são um pouco diferentes.
Os exercícios físicos, para serem apresentados como tal, devem possuir
uma série de elementos que os destacam entre o rol de atividades físicas. Ou
34 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE Inter-relação entre atividade física, aptidão física e saúde 5
Aptidão física
Historicamente, o conceito de aptidão física tem sido apresentado por diversos
teóricos com definições diferentes. Guedes, D. e Guedes, J. (1995) destacam
que, por muito tempo, a aptidão física esteve estreitamente ligada às capaci-
dades que os indivíduos possuíam em relação à prática esportiva. No entanto,
essa visão reduz a abrangência da aptidão física e a sua relação com a saúde.
Partindo desse pressuposto, em 1978, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
buscou enfatizar que a aptidão física estaria relacionada à capacidade que
cada indivíduo possui de realizar o trabalho muscular de maneira satisfatória.
Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
6 Inter-relação entre atividade física, aptidão física e saúde
Inter-Relação Entre Atividade Física, Aptidão Física e Saúde | PARTE 2
35
Retomando o que foi abordado até aqui, podemos identificar uma relação
entre a atividade física, o exercício físico e a aptidão física. Ainda que sejam
conceitos diferentes, eles estão entrelaçados de modo que podemos estabelecer
uma relação de pertencimento. Quer dizer, a aptidão física, qualquer que seja,
só se torna possível por meio do exercício físico. Por sua vez, o exercício físico
trata-se de uma subcategoria da atividade física. Bem verdade que o contrário
pode não ocorrer. Ou seja, nem toda atividade física pode ser considerada um
36 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE Inter-relação entre atividade física, aptidão física e saúde 7
exercício físico e nem todo exercício físico pode resultar em aptidão física (p.
ex., nos casos em que os exercícios em demasia acabam gerando lesões que
comprometem o bem-estar do indivíduo). De todo modo, podemos reconhecer
que a atividade física e a aptidão física estão intimamente ligadas.
agilidade;
capacidade de equilíbrio;
coordenação;
velocidade;
força;
tempo de reação.
Agilidade
A agilidade consiste na capacidade que um indivíduo possui de realizar mo-
vimentos rápidos e de efetuar mudanças de posição de forma voluntária, no
menor tempo possível e mantendo a precisão nesses movimentos (GALLAHUE;
OZMUN, 2013). Por exemplo, se estivermos caminhando na rua e, repenti-
namente, alguém cruzar de forma despercebida o nosso caminho, devemos
desviar para não esbarrar nessa pessoa. Os níveis adequados de agilidade nos
Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
8 Inter-relação entre atividade física, aptidãoInter-Relação
física e saúde
Entre Atividade Física, Aptidão Física e Saúde | PARTE 2
37
Equilíbrio
Para Gallahue e Ozmun (2013), o equilíbrio consiste na capacidade que um
indivíduo tem de manter a postura de seu corpo inalterada, mesmo quando
colocado em várias posições. As sinergias musculares dizem respeito à ativação
dos músculos que são responsáveis por manter o corpo controlado de forma
permanentes para que se mantenha o equilíbrio. Para se manter a ortostase,
por exemplo, muitos músculos dos membros inferiores, do abdome e do tronco
podem ser necessários. Assim, a visão, os sistemas somatossensoriais e vestibular
fornecem as informações necessárias para que o corpo se mantenha controlado e
equilibrado de acordo com o ambiente externo. Podemos também destacar que o
equilíbrio se divide em estático, quando os sujeitos encontram-se com seu corpo
parado e dinâmico, e dinâmico, quando o corpo se encontra em deslocamento.
No mesmo sentido, os sistemas adaptativos permitem que os músculos
regulem uma postura adquirida ou atuem resgatando um controle durante
eventos de perda de equilíbrio. As articulações, nesse aspecto, ditam as pos-
sibilidades e as limitações que os movimentos corporais podem tomar forma
para que o controle corporal e o equilíbrio sejam exercidos. O equilíbrio e a
estabilidade do controle corporal também exercem influências de elementos
morfológicos, como a altura, a distribuição do peso corporal, os tamanhos
dos pés, entre outros fatores.
Coordenação
A coordenação é a capacidade de integrar a mobilização de diferentes gru-
pos musculares com as modalidades sensoriais variadas de forma eficiente
(GALLAHUE; OZMUN, 2013). A coordenação mantém uma ligação bastante
próxima com outros elementos da aptidão física como o equilíbrio, a velocidade
e a agilidade. A ineficácia de qualquer um desses elementos compromete uma
coordenação corporal quando diante da exigência de realizar um movimento
em série, de forma rápida e precisa.
Gallahue e Ozmun (2013) destacam dois tipos de coordenação: a coor-
denação olho-mão/pé e a coordenação corporal rudimentar. A coordenação
motora olho-mão e olho-pé consiste na capacidade de controlar os movimentos
dos membros de maneira precisa para projetar, fazer contato ou receber um
objeto. Pegar um copo, realizar um aperto de mão ou rebater uma bola são
38 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE Inter-relação entre atividade física, aptidão física e saúde 9
Velocidade
A velocidade consiste na habilidade de percorrer uma distância curta no menor
tempo possível. Essa capacidade é comum em esportes diversos, naqueles em
que a corrida é a principal atividade motora, como em algumas modalidades
do atletismo, até nos esportes coletivos, como o voleibol, que acontece em
pequenas distâncias, e o futebol.
Força
A força é a capacidade que o corpo tem de realizar movimentos em uma carga,
superando as influências da gravidade (GALLAHUE; OZMUN, 2013). Essa
valência pode ser mensurada a partir de diversos músculos; são comuns os
testes a partir dos grupos musculares abdominais e de membros superiores.
No teste de flexão de braços, o indivíduo deve se posicionar em quatro apoios,
tocando apenas as mãos e os pés (no caso do sexo masculino) ou os joelhos
(no caso do sexo feminino) no solo. A proposta é realizar o máximo de flexões
em 1 minuto. Indivíduos do sexo masculino, com idade entre 20 e 29 anos,
devem realizar entre 22 a 28 flexões. Já os indivíduos do sexo feminino, devem
conseguir realizar entre 15 a 20 repetições.
Tempo de reação
O tempo de reação consiste no intervalo entre a percepção de um estímulo e
a ativação voluntária de grupos musculares necessários para a sua resposta
adequada. Gallahue e Ozmun (2013) indicam que existem duas descrições
comumente encontradas na literatura sobre o tempo de reação. A primeira
descreve o tempo de reação não fracionado, indica o processo total entre o
estímulo recebido e a ação motora. A segunda, apresenta o tempo de ação
fracionado e busca subdividir o processo de reação em tempos distintos:
Componente da
Medida de campo comum Aspecto avaliado
aptidão física
A aptidão física está relacionada com quatro dimensões corporais: a dimensão mor-
fológica, a dimensão funcional-motora, a dimensão fisiológica e a dimensão corporal.
Cada uma dessas dimensões engloba componentes que estão relacionados ao estado
de bem-estar e com a capacidade, habilidade e potencialidade de exercer tarefas
cotidianas. A Figura 1 apresenta as dimensões e componentes que estabelecem
essa relação.
Aptidão física
relacionada à saúde
Dimensão morfológica
A dimensão morfológica é composta pela composição corporal e pela distri-
buição da gordura corporal. Em tese, a composição corporal é obtida pelo
fracionamento do peso corporal a partir de quatro elementos: gordura, ossos,
42 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE Inter-relação entre atividade física, aptidão física e saúde 13
insuficiência cardíaca;
acidente vascular cerebral;
elevação da pressão arterial sistólica;
elevação dos níveis de colesterol;
intolerância à glicose;
presença de hipertrofia ventricular esquerda.
Muitas dessas doenças, se não forem tratadas e não tiverem seus quadros
revertidos, estarão associadas à mortalidade (HUBERT et al., 1983).
A obesidade e o excesso de gordura corporal estão diretamente relacionados
com as dietas hipercalóricas e a falta de atividade física cotidiana. Ou seja, o
tecido adiposo, em muitos dos casos de excesso, está relacionado a uma ingestão
de calorias maior do que o dispêndio energético diário. Nessa perspectiva,
aliado ao consumo de uma alimentação balanceada, as atividades físicas e
os programas de treinamento demonstram ser muito efetivos no controle e
na diminuição de peso e gordura corporal, possibilitando uma vida saudável.
Dimensão funcional-motora
A dimensão funcional-motora envolve as capacidades de consumo máximo
de oxigênio, força, resistência muscular e flexibilidade. O consumo máximo
de oxigênio (VO2máx) é a capacidade máxima que cada indivíduo tem de
captar, de transportar e de metabolizar o oxigênio no corpo humano (KENNEY;
WILMORE; COSTILL, 2015). A força pode ser entendida como o esforço que
os músculos exercem sobre uma massa, resultando em movimento, cessação
do movimento ou resistência em relação a um corpo. A resistência muscular
Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
14 Inter-relação entre atividade física, aptidãoInter-Relação
física e saúde
Entre Atividade Física, Aptidão Física e Saúde | PARTE 2
43
Dimensão fisiológica
A dimensão fisiológica envolve a pressão sanguínea, a tolerância à glicose
e a sensibilidade à insulina, a oxidação de substratos e os níveis de lipídeos
sanguíneos e o perfil de lipoproteínas. A pressão sanguínea é resultante da
interação entre o trabalho do músculo cardíaco e a elasticidade dos vasos
sanguíneos. A tolerância à glicose e a sensibilidade insulínica correspondem
ao transporte de moléculas de glicose para o interior das membranas celulares.
A oxidação de substratos refere-se à metabolização de substratos energéticos,
em especial os lipídeos e os carboidratos, com vistas à sua transformação em
energia pelas células. Este fator está ligado aos níveis de lipídeos sanguíneos
e ao perfil de lipoproteínas que, por sua vez, estão relacionados aos acúmulos
de gordura corporal.
Guedes, D. e Guedes, J. (1995) apontam que as taxas inadequadas dessas
variáveis podem levar a consequências negativas sobre a saúde dos indivíduos,
como problemas relacionados a aterosclerose, hipertensão, diabetes melito e
ao maior acúmulo de gordura corporal no abdome e no quadril. Os mesmos
autores indicam vários estudos que demonstram a relação entre a atividade
física regular e a manutenção de níveis desejáveis dessas variáveis. Dessa
forma, os programas voltados à atividade física têm se mostrado eficientes
quanto à manutenção e à promoção da saúde, impedindo a variação negativa
desses indicadores e até mesmo na reversão de índices negativos.
44 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE Inter-relação entre atividade física, aptidão física e saúde 15
Dimensão comportamental
A dimensão comportamental envolve a tolerância ao estresse, que pode ser
entendido como “uma reação do organismo, com componentes físicos e/ou
psicológicos, causada pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem quando a
pessoa se confronta com uma situação que, de um modo ou de outro, a irrite, a
amedronte, a excite ou a confunda, ou mesmo que a faça imensamente feliz”
(LIPP; MALAGRIS, 2001, p. 477).
Leituras recomendadas
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 154, de 24 de janeiro de 2008. Cria os núcleos
de saúde da família – NASF. Brasília, DF, 2008. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.
br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt0154_24_01_2008.html>. Acesso em: 24 nov. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Base nacional curricular comum: educação é a base.
Brasília, DF: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-
content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2018.
CARVALHO, Y. M. Lazer e saúde. Brasília, DF: SESI/DN, 2005.
FERNANDES, E. C. Saúde do adolescente e do jovem: crescimento e desenvolvimento
físico, desenvolvimento psicossocial, imunizações e violência. Recife: Ed. Universitária
da UFPE, 2015.
FERREIRA, N. T. Imaginário social e educação. Rio de Janeiro: Gryphus, 1992.
FLETCHER, R. H.; FLETCHER, S. W.; FLETCHER, G. S. Epidemiologia clínica: elementos
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HAYNES, R. B. et al. Epidemiologia clínica: como fazer pesquisa clínica na prática. 3. ed.
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HULLEY, S. B. et al. Delineamento a pesquisa clínica: uma abordagem epidemiológica.
4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
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Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
Inter-Relação Entre Atividade Física, Aptidão Física e Saúde | PARTE 2
47
PREZADO ESTUDANTE
Parte 3
Programas de Educação
Física na Promoção da Saúde
Programas de
Educação Física na
promoção da saúde
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Os programas de intervenção para a promoção da saúde são essenciais
para a busca da qualidade de vida social. Como a saúde é multidimen-
sional, isto é, envolve o estado de bem-estar físico, emocional, social e
cultural, existem inúmeras propostas de desenvolver tais programas.
Entre essas possibilidades, encontram-se aquelas voltados à promoção
da saúde através de incrementos nos níveis de atividade física, um dos
fatores primordiais que influenciam na qualidade de vida.
Neste capítulo, você vai estudar quais devem ser as características a
serem consideradas no desenvolvimento de programas de promoção
da saúde, conhecerá algumas das diversas possibilidades de avaliar os
programas voltados à atividade física e conhecerá, de forma prática, uma
proposta de programa voltado ao incremento da saúde e da qualidade
de vida de seus participantes.
Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
51
2 Programas de Educação Física na promoção daProgramas
saúde de Educação Física na Promoção da Saúde | PARTE 3
Concepção holística
Por muito tempo, a saúde foi considerada apenas como um estado de não
doença. Essa visão dualista, que se centrava nas patologias como sinais e
sintomas bastantes visíveis, restringia a ampla complexidade do bem-estar
humano. Sendo assim, os programas de intervenção da saúde não devem
atrelar-se apenas aos aspectos fisiológicos patológicos, mas contemplar, além
da saúde física, a saúde emocional, a saúde espiritual e a saúde social de cada
indivíduo.
Nesse viés, podemos compreender que a saúde deve ser tratada como uma
produção social, envolvendo a população como um todo e sendo atravessada
por diversos fenômenos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 1996), os programas por si só não são suficientes
para a saúde populacional. Nesse sentido, são necessárias ações nos microssis-
temas econômico, político, social e cultural para que tal objetivo seja atingido,
tais como ações relacionadas à renda, à paz, e à alimentação, por exemplo.
Intersetorialidade
Partindo da premissa da saúde como algo que não se restringe apenas ao campo
físico de manifestação das doenças, é possível pensar que ela não deva ser objeto
de estudo e trabalho apenas do campo médico. Os programas de intervenção,
portanto, devem pautar-se nos diferentes campos de conhecimento. É nesse
sentido que Junqueira elabora que a saúde deve ser fruto da “[...] articulação de
saberes e experiências no planejamento, realização e avaliação de ações para
alcançar efeito sinérgico em situações complexas visando ao desenvolvimento
social e à inclusão social” (JUNQUEIRA, 1998, p. 84).
Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
53
4 Programas de Educação Física na promoção daProgramas
saúde de Educação Física na Promoção da Saúde | PARTE 3
Equidade
Presumir que todos os cidadãos de todas as regiões necessitam das mesmas
ações, em um caráter isonômico de tomada de decisões implica, em muitos
dos casos, agir desnecessariamente em situações cujos indivíduos possuem
54 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Programas de Educação Física na promoção da saúde 5
Ações multiestratégicas
Da mesma forma que os programas de intervenção na promoção da saúde
devem envolver profissionais de diversas áreas do conhecimento desde a sua
elaboração até o seu desenvolvimento, elas devem prever a combinação de
métodos e abordagens diversas. Tais abordagens devem prever o envolvimento
de todas as áreas a partir de diversas análises sobre o desenvolvimento de
políticas públicas, na formulação e aplicação da legislação, nas mudanças
organizacionais, no fortalecimento comunitário, na educação e na comunicação.
Sustentabilidade
Finalmente, a sustentabilidade pressupõe que as ações ocorram de forma
duradoura e forte. Os princípios da sustentabilidade também apontam que
ela envolve vários aspectos dimensionais, como indicado por Jacobi (1999)
ao mencionar que:
Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
Programas
55
6 Programas de Educação Física na promoção da saúde de Educação Física na Promoção da Saúde | PARTE 3
mas envolver uma série de fatores que busquem melhorar tais programas para
focalizar no incremento da qualidade de vida de um grupo. Assim, podemos
pensar que ela deve ser desenvolvida em seis etapas: obter a participação das
partes interessadas, descrever o programa, focalizar o projeto de avaliação,
recolher evidências confiáveis, justificar as conclusões e assegurar o uso e
compartilhar as lições aprendidas.
Como dito na seção anterior, os programas de promoção da saúde não
se estendem diretamente àqueles que são atendidos por tais propostas. Em
uma visão mais ampla, eles se constróem na sociedade e voltam-se para a
sociedade através de seus benefícios. Nesse aspecto, a participação no seu
desenvolvimento e na sua avaliação deve abranger todas as partes interessadas,
inclusive aquelas que estão envolvidas de forma indireta. Podemos classificar
os participantes dos programas de atividade física como implementadores
(as pessoas envolvidas nas operações do programa), os parceiros (as pessoas
que apoiam ativamente o programa), os participantes (as pessoas atendidas
ou afetadas pelo programa) e os tomadores de decisão (as pessoas que têm
autoridade para tomar decisões em relação ao programa).
Dentro desse aspecto, é viável pensar que as avaliações dos programas
de atividades físicas podem se basear na compreensão e entendimento de
diversos objetivos.
Medidas diretas
(Continuação)
Medidas diretas
Medidas indiretas
Medidas de intervenção
(Continua)
Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
61
12 Programas de Educação Física na promoção daProgramas
saúde de Educação Física na Promoção da Saúde | PARTE 3
(Continuação)
Medidas de intervenção
Avaliação do programa
Além da avaliação das modificações comportamentais, de hábitos e de aptidões
nos sujeitos de maneira individual, é preciso também realizar uma avaliação
do programa. Essa medida se faz necessária para identificar os pontos fortes e
fracos na elaboração dos objetivos, desenvolvimento do programa e resultados
obtidos.
Além disso, é importante para saber se ele está articulado às políticas
regionais de promoção da saúde, para a reavaliação epidemiológica. Nesse
sentido, Pedrosa (2004) salienta que a avaliação da promoção da saúde necessita
ser participativa, onde os atores envolvidos negociam, pactuam e decidem de
forma coletiva, a fim de atingir as mudanças desejadas.
62 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Programas de Educação Física na promoção da saúde 13
Organização do programa
Caminhando até a escola
Como viemos discutindo até aqui, os programas de atividades físicas são
diversos e podem envolver diferentes elementos que serão necessários para
o seu desenvolvimento e sua avaliação. Assim, existem vários caminhos
possíveis de serem percorridos na elaboração de programas de saúde. Nesta
seção, vamos buscar desenvolver de forma prática um programa de atividades
físicas voltado ao incremento da saúde e da qualidade de vida. Uma das formas
possíveis de desenvolver tais propostas ocorre através dos modelos lógicos.
Um modelo lógico é um esquema que traça os principais caminhos a
serem percorridos durante o planejamento, desenvolvimento e avaliação dos
programas. Durante o percurso, metas podem ser reelaboradas para melhor
atingir os objetivos. Para melhor exemplificar, a Figura 1 demonstra alguns
dos principais tópicos que devem estar presentes em um modelo lógico.
ATIVIDADES
RESULTADOS RESULTADOS
Eventos ou ações PRODUTOS
(ex.: workshops, INICIAIS INTERMEDIÁRIOS
Produtos
Efeitos do Resultados a
desenvolvimento diretos do
de plano de aulas, programa a médio prazo
programa
treinamento, marketing curto prazo (ex.: mudanças
(ex.: número
(ex.: mudanças comportamentais,
social, eventos de pessoas
no grau de normativas ou nas
especiais, defesa de alcançadas
conhecimento, políticas)
direitos) ou sessões
nas atitudes,
realizadas)
habilidades,
nível de
conscientização)
PRESTE ATENÇÃO ÀS SETAS RESULTADOS A
As setas do modelo lógico representam os vínculos entre LONGO PRAZO
as atividades e os resultados. Considere cada seta como OBJETIVO Impacto final
uma ponte entre dois quadros. Para construir essas Missão ou finalidade (ex.: mudanças
pontes, utilize teorias (consulte o Apêndice 3), pesquisas, do programa sociais ou
resultados de pesquisas anteriores, intervenções ambientais)
fundamentadas (consulte o Apêndice 2) ou modelos de
programas.
Tema e desenvolvimento
Como tema central está o fato de crianças praticarem poucas atividades físicas
diárias. A intervenção será necessária para que adotem a caminhada de suas
residências até a escola, todos os dias. Nessa fase, alguns elementos devem ser
realizados de forma a compreender e descrever com profundidade o problema.
Exemplificamos a seguir algumas das questões e respostas que podem servir
de exemplo para a elaboração da descrição e compreensão do programa (U.S.
DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 2003).
https://goo.gl/4h9v78
Insumos
Como abordamos neste capítulo, os recursos humanos necessários nem sempre
envolvem apenas os participantes diretos no programa. No exemplo que estamos
seguindo, cujo enfoque é aumentar a atividade física diária de crianças através
das caminhadas diárias de suas residências até a escola, será necessária a
participação da comunidade escolar, como os pais e responsáveis dos alunos,
que os guiarão até a instituição de ensino, os professores das instituições e os
próprios alunos, obviamente.
A adesão a esse programa também deve ser realizada por voluntários,
que podem realizar a sinalização do trânsito e o acompanhamento dessas
crianças. Além disso, é imprescindível, nesse caso, a concordância e adesão
das instituições de ensino, responsabilizando-se pelo fomento do programa
e pela interlocução com os pais e responsáveis. Em um caráter mais amplo,
outros participantes podem ser envolvidos, como os governos municipais e
estaduais, providenciando a segurança necessária nos entornos das escolas
com as patrulhas escolares e as sinalizações de ruas adequadas. Nessa fase,
os modelos lógicos se mostram importantes ferramentas para construir a ação
a ser desenvolvida.
Atividades
As atividades são as ações que serão desenvolvidas para aumentar a atividade
física e incrementar a qualidade de vida entre os estudantes. Selecionamos
algumas ideias que podem dar potência ao desenvolvimento e entusiasmo
dos participantes.
66 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Programas de Educação Física na promoção da saúde 17
Uma das grandes preocupações dos pais em relação ao trajeto até as instituições de
ensino é a violência dos centros urbanos. Para superar este desafio, algumas cidades
norte-americanas estabeleceram redes de cuidado coletivo às famílias utilizando-se da
própria presença dos pais e dos comerciantes na vigilância do trajeto até a escola. Como
resultado, os índices de tráfico e de outros tipos de crime reduziram drasticamente
nessas regiões. Outras ações, como o uso de lombadas (dificultando o acesso e a saída
rápida de consumidores de drogas e assaltantes em veículos), semáforos e câmeras
também incrementam a segurança pública.
Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
67
18 Programas de Educação Física na promoção daProgramas
saúde de Educação Física na Promoção da Saúde | PARTE 3
Focalizar a avaliação
A avaliação ocorre no sentido de adquirir conhecimentos acerca do tema
abordado, melhorar o programa e avaliar seus efeitos. Assim, a avaliação deve
buscar indicadores que apresentem os recursos que foram utilizados e os efeitos
do programa nos participantes diretos e indiretos, assim como seus efeitos
frente às dificuldades encontradas. No Quadro 2, apresentamos um roteiro
que pode ser elaborado na avaliação do programa que estamos apresentando.
(Continua)
68 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Programas de Educação Física na promoção da saúde 19
(Continuação)
U.S. DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES. Physical activity evaluation han-
dbook. Atlanta: U.S. Department of Health and Human Services, Centers for Disease
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Evaluation. Health promotion evaluation: recommendations to policymakers. Cope-
nhagen: WHO, 1998.
Leituras recomendadas
FLETCHER, R. H.; FLETCHER, S. W.; FLETCHER, G. S. Epidemiologia clínica: elementos
essenciais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
HAYNES, R. B. et al. Epidemiologia clínica: como fazer pesquisa clínica na prática. 3. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2008.
HULLEY, S. B. et al. Delineamento a pesquisa clínica: uma abordagem epidemiológica.
4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
PREZADO ESTUDANTE
Parte 4
Adesão à Atividade Física
Introdução
Embora possamos presenciar uma crescente oferta de programas de pro-
moção da saúde por meio da atividade física, a participação da população
ainda é pouco efetiva. Além disso, mesmo aqueles que decidem participar
de programas de atividades físicas acabam desistindo poucas semanas
ou poucos meses depois de iniciá-las. Para compreender os motivos da
baixa participação nesses tipos de programas, é fundamental entender
as principais razões pelas quais os indivíduos iniciam, permanecem e
desistem das atividades.
Neste capítulo, você vai estudar os motivos que levam à adesão de
adultos aos protocolos de treinamento físico, diferenciará os principais
fatores que aumentam ou reduzem a adesão de idosos aos programas
de atividades físicas e estabelecerá algumas medidas e estratégias para
aumentar a adesão a esses programas com vistas à promoção da saúde.
Frente a isso, é possível pensar que a adesão aos exercícios físicos ocorre a
partir de fatores internos ou externos aos indivíduos, como as características
pessoais (sexo, idade, raça, ocupação, tabagismo, renda, estado médico, conhe-
cimento, experiência na prática, atitudes, crença) e os atributos psicológicos/
comportamentais (traços, habilidades). Ou seja, a adesão pode ser considerada
como um nível de participação alcançado em um regime comportamental, de
forma voluntária, individual ou em grupo (MARCUS; FORSYTH, 2003). De
modo geral, podemos caracterizar a adesão em três categorias:
74 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Adesão à atividade física 3
Elencamos, portanto, alguns motivos que têm sido relatados e que têm
ganhado destaque na literatura como contribuintes para a adesão de adultos
a protocolos de treinamento físico.
Recomendação médica
Entre as motivações que levam os indivíduos adultos a praticarem algum
tipo de atividade física estruturada, a recomendação médica é apontada por
Santos e Knijinik (2006) como uma das principais. A saúde é um estado de
completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência
de doença ou de enfermidade. Nessa perspectiva, a saúde é um processo de
busca constante, não restringe-se apenas ao tratamento de doenças. É possível
Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
Adesão à Atividade Física | PARTE 4
75
4 Adesão à atividade física
reconhecer que para muitas pessoas a saúde ainda é vista como a ausência de
doenças, uma vez que a busca das atividades físicas só ocorre após a orientação
médica, quando uma patologia já apresenta sinais de desenvolvimento.
O sedentarismo ou a baixa atividade física auxilia no processo de desen-
volvimento direto ou indireto de inúmeras patologias. A hipocinesia favorece
o desenvolvimento da obesidade que, por sua vez, aumenta os riscos de de-
senvolvimento de doenças cardiovasculares (TRICHES; GIUGLIANI, 2005).
O surgimento dos sintomas e sinais da obesidade, da hipertensão arterial, da
hipercolesterolemia e de outros processos de regressão funcional, como a
perda da flexibilidade, a atrofia das fibras musculares e o comprometimento
funcional de vários órgãos, direcionam os sujeitos para os sistemas de saúde
na busca de auxílio médico. Associados aos tratamentos medicamentosos e de
mudança de hábitos alimentares, as pessoas são orientadas a procurar alguma
atividade física para ser desenvolvida de forma regular.
Podemos salientar, então, que a busca por atividades físicas, em grande parte
das vezes, é para enfrentar patologias que já demonstram sinais e sintomas
nos sujeitos. Nessa direção, a atividade física ainda é relacionada como um
instrumento de tratamento de doenças e também uma prática considerada
dispensável na vida adulta por grande parte da população.
Estética e autoconceito
Outro motivo bastante grande que leva os adultos à prática de exercícios
físicos é a preocupação com a estética. Na vida adulta, algumas modificações
corporais começam a ocorrer, como os declínios das capacidades físicas e a
mudança da composição corporal (PAPALIA; OLDS, 2000). Esses fenômenos
levam as pessoas a aderirem à prática de alguma atividade física sistematizada
como forma de recuperar certa aparência física ou na tentativa de retardar as
suas modificações.
No mesmo sentido, Codo e Senne (1984) já apontavam, há algumas décadas,
que o boom das academias de ginástica, iniciado entre as décadas de 1970 e de
1980, e influenciado por padrões inseridos nos moldes capitalistas, indicava
que esses espaços estavam servindo para a promoção de um corpo “desejável”
esteticamente. Atualmente, como apontado por Baptista (2001) a busca por
um ideal de corpo belo, o qual deve ser magro e de traços musculares bem
definidos, tem motivado adultos a procurarem as academias de ginástica. Cabe
salientar que o “belo” esteve por muitos anos direcionado ao sexo feminino
apenas. A presença do público do sexo masculino com o objetivo de aumentar
o autoconceito estético tem aumentado nas academias de ginástica.
76 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Adesão à atividade física 5
Convergindo com a busca estética, é possível pensar também que boa parte
dos praticantes aderem às práticas de exercícios físicos com o objetivo de
aumentarem o autoconceito. Tamayo et al. (2001, p. 158) define o autoconceito
como uma “[...] estrutura cognitiva que organiza as experiências passadas do
indivíduo, reais ou imaginárias, controla o processo informativo relacionado
consigo mesmo e exerce uma função de autorregulação”. Ou seja, podemos
elaborar que o autoconceito traduz as representações mentais elaboradas pelo
indivíduo sobre as próprias características. Os mesmos autores, em pesquisa
realizada com adultos praticantes e não praticantes de atividades físicas,
concluíram que, aliadas às concepções de beleza que os exercícios físicos
podem proporcionar, também se encontram as perspectivas de aumento de
autoconfiança e autocontrole.
hidroginástica;
ginástica;
ioga;
dança;
musculação;
ciclismo;
tênis;
natação;
cavalgada;
golfe. (VARANDA, 2003).
Melhora da saúde
Com o envelhecimento, várias alterações fisiológicas começam a ocorrer no
indivíduo idoso. A senilidade, a osteopenia, a sarcopenia, a perda da flexibi-
lidade e, como consequência, da mobilidade articular, prejudicam os idosos
em suas tarefas mais rotineiras. Esses fenômenos podem ser revertidos com
a atividade física e ser facilmente identificados na autopercepção de idosos
quanto à melhora de sua saúde. Ribeiro et al. (2016) apontam que cerca de 60%
dos estudos com idosos que aderem à prática de atividades físicas relatam que
a melhora da saúde é o principal fator que os mantém engajados.
A adesão às atividades físicas também ocorre por determinação médica
quando ocorre alguma lesão, como no caso das fraturas em decorrência de
quedas. A necessidade de retomar sua condição de vida adequada às tarefas
pelo cotidiano faz com que muitos idosos busquem esse tipo de atividade como
forma de tratamento de lesões, como no caso dos exercícios fisioterápicos, no
fortalecimento muscular, para que sejam evitadas novas lesões. Com isso, progra-
mas cujo enfoque seja a melhora da saúde, podem facilitar a adesão por idosos.
Convívio social
Assim como as mudanças fisiológicas específicas acontecem durante o enve-
lhecimento, as modificações sociais também ocorrem. Ao envelhecerem, é
bastante comum que os meios sociais frequentados pelos idosos se modifiquem.
A aposentadoria pode ser considerada um marco dessa idade.
Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
Adesão à Atividade Física | PARTE 4
79
8 Adesão à atividade física
Diminuição do estresse
O estresse é resultado da interação entre os sujeitos e o ambiente e pode ser
entendido como um estado de tensão que causa uma ruptura no equilíbrio
interno do organismo, ou seja, um estado de tensão patogênico para o organismo
(LAZARUS; FOLKMAN, 1984). Ainda que o envelhecimento seja marcado
pela diminuição das tensões laborais, o que poderia sugerir uma sensação de
bem-estar, o que ocorre em muitos casos é o contrário. A aposentadoria pode
representar certo luto aos idosos, despertando o sentimento de pouca utilidade
social e do fim de vínculos sociais e afetivos.
Além disso, as patologias e as disfunções que ocorrem em decorrência do
processo de envelhecimento, o falecimento de entes queridos e a diminuição
da aptidão que era apresentada na fase adulta, podem também resultar em
um estado de tensão que caracteriza o estresse na fase idosa. As atividades
físicas podem suprir essa tensão e seus efeitos são facilmente reconhecidos
pelos idosos, sendo esse também um dos motivos que facilita a sua adesão
aos programas de atividade física.
Os sintomas de estresse entre os idosos são bastante comuns e podem ter várias
origens, como a perda do cônjuge, a aposentadoria ou até mesmo a chega de um
membro novo na família. O estresse crônico eleva o risco de doenças cardíacas, pode
desencadear azia, agravar o quadro de diabetes, elevar a pressão arterial e causar
insônia, além de tornar as pessoas ansiosas, preocupadas, deprimidas ou frustradas.
80 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Adesão à atividade física 9
Percepção de segurança
Além dos fatores que conduzem os idosos à adesão aos programas de atividades
físicas, alguns fatores parecem gerar o efeito oposto, dificultando essa adesão.
Nesse aspecto, o sentimento de insegurança em desenvolver as atividades
é o principal fator mencionado pelos autores sobre a desistência de idosos aos
programas. Devemos salientar que a insegurança envolve aqueles aspectos
fundamentais de estruturas ambientais necessárias ao deslocamento do idoso
até o local de prática de atividades como, transporte adequado, iluminação
pública, policiamento e passeios planos. Outros aspectos são subjetivos, como
a segurança em desenvolver as atividades físicas e a autoestima em participar
dos programas.
Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
Adesão à Atividade Física | PARTE 4
81
10 Adesão à atividade física
https://goo.gl/Jb6ux3
FATORES
DETERMINANTES
PESSOAIS AMBIENTAIS
Variáveis Variáveis relacionadas ao
sociodemográficas e ambiente social, ambiente físico e
cognitivas/comportamentos características da atividade física
Acessibilidade
Muitos programas de atividades físicas voltadas à promoção de saúde são cons-
tituídos por profissionais e materiais de excelente qualidade, mas, no entanto,
não se mostram acessíveis à população. Pitanga (2001) informa que um dos
principais fatores que contribuem para a adesão aos programas de atividade
física consiste na acessibilidade ao local de sua prática. Ou seja, quanto mais
próximo da residência dos participantes, maior será a probabilidade de sua
continuidade no serviço.
Os programas de atividades físicas têm elaborado estratégias para decen-
tralizar os serviços de promoção da atividade física e, como consequência,
Exercício Físico, Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida | UNIDADE 1
Adesão à Atividade Física | PARTE 4
83
12 Adesão à atividade física
da saúde. Nos últimos anos, podemos citar algumas alternativas criadas pelos
Governos Federal, Estaduais e Municipais na criação de Unidades Básicas
de Saúde (UBS), Academias ao ar livre e outras propostas que buscam dis-
tribuir com os espaços de práticas corporais pelos diversos bairros. Esses
espaços têm se mostrado importantes campos de atuação dos profissionais
de educação física, em que a presença desse profissional se mantém mais
próxima das moradias dos praticantes. Isso favorece a criação de vínculos e
a identificação das situações nas quais as comunidades em que os praticantes
vivem se encontram.
Uma das estratégias que deve compor os programas de promoção da saúde
é justamente o mapeamento residencial dos atendidos, elaborando a descen-
tralização e a criação de espaços para a prática de atividades físicas variadas.
Outro fator que merece destaque também são as vias próximas ao local de
prática de atividades, que devem permitir o deslocamento dos praticantes de
forma segura. Com isso, ações multisetoriais, envolvendo as secretarias de
planejamento urbano, os setores ligados ao trânsito e à segurança devem ser
efetivados.
Viabilidade financeira
As atividades físicas são possíveis de serem realizadas em qualquer ambiente,
por livre iniciativa de qualquer sujeito, como as caminhadas nos parques, por
exemplo. No entanto, muitas pessoas necessitam de um acompanhamento
ou de um programa de atividades que possibilitem a eficácia dessa prátiva.
Evidentemente, o acompanhamento profissional é feito por meio de materiais
adequados e gera custos aos participantes dos programas e isso, muitas vezes,
impede a continuidade nos programas.
Assim, é necessário que as políticas públicas promovam práticas físicas
a baixo ou a nenhum custo, permitindo que sejam acessíveis em termos fi-
nanceiros a qualquer participante. A Organização Mundial da Saúde (OR-
GANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2003) aponta que a alta renda é um
dos principais fatores que contribuem para a adesão e a continuidade em
programas de atividades físicas.
Flexibilidade de horários
Tendo em vista que os horários de trabalho ocupam grande parte do dia dos
indivíduos adultos, torna-se necessário que a oferta de atividades ocorra
em horários diversos. Por exemplo, sabemos que grande parte da população
84 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Adesão à atividade física 13
Características de atividades
Um dos fatores mais importantes trata-se do desenvolvimento de atividades.
Os programas de promoção da saúde geralmente são voltados ao público
adulto. Nessa fase, algumas características devem estar presentes para que
se aumente o engajamento e a satisfação dos participantes em praticá-las.
Veja algumas características que devem permear o trabalho com os adultos:
Vínculos socioafetivos
Outro fator que leva os indivíduos a aderirem aos programas de atividades
físicas são os vínculos sociais com os outros participantes e com os próprios
profissionais. Por isso, as atividades físicas devem, sempre que possível, ser
desenvolvidas em grupos, fortalecendo a criação de vínculos afetivos entre
os participantes. Ryan e Deci (2000) afirmam que a motivação intrínseca é
essencial para os processos de adesão à atividade. Os mesmos autores infor-
mam que os vínculos sociais e a percepção de pertencimento a um grupo são
essenciais para que se mantenham.
A criação e a manutenção desses laços é uma das atribuições dos pro-
gramas de promoção da saúde. As buscas aos sujeitos que demonstram os
primeiros sinais de desistência dos programas devem ser ativas, isto é, devem
ser promovidas por meio de telefonemas, de visitas às residências, ressaltando
a importância das atividades físicas para os praticantes e deles para o grupo
que foi constituído.
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p. 1845720, jul. 2016. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/
PMC4967669/>. Acesso em: 18 nov. 2018.
Leituras recomendadas
BARBOSA, S. S. R.; SILVA, K. Hidroginástica: estética ou saúde?: discussões a respeito das
concepções de corpo e praticantes. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO
ESPORTE: sociedade, ciência e ética, 12., 2001, Caxambú. Anais... Caxambú: Colégio
Brasileiro de Ciências do Esporte, 2001.
FLETCHER, R. H.; FLETCHER, S. W.; FLETCHER, G. S. Epidemiologia clínica: elementos
essenciais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
HAYNES, R. B. et al. Epidemiologia clínica: como fazer pesquisa clínica na prática. 3. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2008.
HULLEY, S. B. et al. Delineamento a pesquisa clínica: uma abordagem epidemiológica.
4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
88 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
PREZADO ESTUDANTE
2
Exercício Físico na Prevenção
e Tratamento de Doenças
Crônicas e Degenerativas
Prezado estudante,
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados
com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado
tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os
tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.
Objetivo Geral
Explicar a relevância dos exercícios físicos para a prevenção e tratamento de doenças crônicas e
degenerativas e elaborar programas de exercícios físicos que atendam estas especificidades.
90 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
unidade
Parte 1
Exercício Físico Para a
Promoção da Saúde e Qualidade de Vida
Introdução
A inatividade física está intrinsecamente relacionada à severidade de
certas doenças crônicas, e, com isso, a prática regular de exercícios
físicos passa a representar uma ferramenta fundamental para a pro-
moção da saúde. Dentre as doenças crônicas existentes, abordaremos
neste capítulo aquelas que abrangem grandes populações e que mais
apresentam benefícios diretos advindos de atividades físicas regulares:
doenças arteriais, depressão, diabetes, osteoporose, obesidade, câncer
e asma. Porém, para que esses benefícios à saúde sejam conquistados
e conduzam à melhoria de diferentes quadros clínicos crônicos, é
preciso analisar com cuidado as especificidades de programas de
treinamento para cada uma dessas populações especiais, conduzindo
a uma intervenção prática eficiente e adequada às necessidades de
cada indivíduo.
Exercício Físico na Prevenção e Tratamento de Doenças Crônicas e Degenerativas | UNIDADE 2
Exercício Físico Para a Promoção da Saúde e Qualidade de Vida | PARTE 1 93
2 Exercício físico para a promoção da saúde e qualidade de vida
Embora as respostas corpóreas sejam, no cômputo geral, as mesmas, cada faixa etária
apresenta sua particularidade fisiológica, ou seja, cada organismo responde de uma
forma diferente aos estímulos, e o profissional deve ter um olhar atento para essas
diferenças.
Doenças arteriais
Não muito tempo atrás, o exercício físico ainda era um tabu para pessoas
com algum tipo de doença arterial, pois a ciência enxergava a prática como
algo nocivo à saúde do paciente. Contudo, novos estudos destituíram o mito
e revelaram inúmeros benefícios para os pacientes com doenças arteriais
(WILLMORE; COSTILL; KENNEY, 2010).
O Instituto do Coração garante que o exercício físico monitorado é capaz
de auxiliar na dilatação dos vasos sanguíneos mais periféricos, além de levar
a uma diminuição da frequência cardíaca de repouso, ou basal, que é um dos
fatores principais da hipertensão.
Depressão
A depressão é considera uma das doenças que mais afligem a população
mundial nos tempos atuais. Para Lane e Lovejoy (2001), o exercício físico tem
resultados diretos sobre indivíduos com quadro de depressão, e, de fato, seus
estudos conseguiram encontrar uma relação direta na melhora de humor em
pacientes que praticavam exercícios físicos.
Nesse contexto, atividades como ioga e exercícios aeróbicos são os mais
indicados para esses casos, pois os aspectos relacionados ao controle respira-
tório são muito significativos para as fases de inspiração e expiração.
No link a seguir, você encontrará uma ótima reportagem no site UFRGS Ciência que
examina a relação entre depressão e atividade física. Nela, você verá que pesquisadores
da UFRGS, Universidade La Salle, UERJ, UFRJ e outras sete universidades estrangeiras
desenvolveram um estudo que investiga como exercícios físicos podem ajudar na
prevenção de quadros depressivos.
https://qrgo.page.link/znvNB
Exercício Físico na Prevenção e Tratamento de Doenças Crônicas e Degenerativas | UNIDADE 2
Exercício Físico Para a Promoção da Saúde e Qualidade de Vida | PARTE 1 97
6 Exercício físico para a promoção da saúde e qualidade de vida
Diabetes
A prática de exercícios físicos como recurso para melhoria do quadro de
diabetes está diretamente vinculada ao efeito pontencializador das atividades
físicas no movimento orgânico de quebra das moléculas de glicose, gerando
energia e, assim, simulando a função do hormônio da insulina (WILLMORE;
COSTILL; KENNEY, 2010).
Além disso, pesquisas apontam para a redução do teor de gordura visceral
em órgãos como coração e rins, o que também ajuda a reduzir o risco de infarto
agudo do miocárdio, que, mesmo não sendo uma doença crônica, apresenta
uma relação intrínseca com indivíduos que têm diabetes.
Osteoporose
Ao contrário do que muitos pensam, a osteoporose não é uma doença que atinge
apenas a população de mais idade. As mulheres, por exemplo, já a partir da menarca
param de produzir tecido ósseo. Ademais, a OMS (2014) relata que quase metade
das mulheres do mundo sofrerá uma fratura vertebral até os 80 anos de idade.
Dentre os princípios do tratamento que auxiliam na neutralização dos impactos
da perda de tecido ósseo, o exercício físico surge como um grande aliado, pelo
fato de conseguir contemplar grande parte das necessidades do tratamento.
A atividade física de impacto ajuda o corpo a gerar massa óssea, apresen-
tando, assim, forte potencial osteogênico. Todavia, é de grande importância
ter os devidos cuidados no que diz respeito a frequência, carga e intensidade
de treinamento, pois cada caso deve ser tratado mediante sua especificidade
(BUTTROS et al., 2011).
Obesidade
Para Prado et al. (2009), a obesidade é uma doença inflamatória sistêmica, ou seja,
uma doença crônica relacionada à grande concentração de adipocinas no orga-
nismo, capazes de alterar o estado de saúde geral dos indivíduos. Embora poucos
entendam a obesidade como doença, este é o primeiro passo para seu tratamento.
O exercício físico surge para a obesidade como um modulador direto dos
processos corpóreos, causando uma eficiente resposta às inflamações contidas
nas adipocinas. Indivíduos que se exercitam elevam seu consumo calórico,
o que, aliado a uma ingesta calórica inferior ao despendido, gera uma curva
nutricional e metabólica descendente, que inverte a balança energética e
propicia a melhoria clínica do sujeito com obesidade.
98 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Exercício físico para a promoção da saúde e qualidade de vida 7
Câncer
Em termos dos benefícios oriundos das atividades físicas, o Instituto Nacional
do Câncer (2018) afirma que atividades físicas regulares com duração de 30
minutos já são suficientes para auxiliar na prevenção de três tipos de câncer:
de mama, de endométrio e de cólon.
Além de um grande aporte em termos de prevenção, a atividade física
regular também representa uma das ferramentas de tratamento para dife-
rentes tipos de câncer, sendo um forte aliado na busca pela neutralização
dos sintomas oriundos da doença e dos efeitos advindos de tratamento por
quimioradioterapia.
Asma
Mesmo com uma grande necessidade de adequações e controle de ritmo e
intensidade de treinamento, pessoas que sofrem de asma podem ser muito
beneficiadas pela prática de atividades físicas frequentes, isso porque tais
atividades ajudam a aumentar sua capacidade respiratória, propiciando trocas
gasosas benéficas capazes de suavizar os sintomas da doença.
No entanto, para Freitas, Silva e Carvalho (2015) é importante ter cuidado,
pois em períodos de crise, a atividade física não é benéfica para indivíduos as-
máticos. Os exercícios aeróbios são os mais recomendados, além das atividades
em meio aquático, já que dentro da água ocorre uma resistência no momento
da expiração, fazendo com que os músculos respiratórios sejam fortalecidos.
Agora que você está a par das devidas informações referentes aos bene-
fícios dos exercícios físicos regulares e da sua relação com a melhoria de
diferentes quadros clínicos crônicos, vamos analisar melhor as especificidades
de programas de treinamento de populações especiais, com o objetivo de
adquirir dados relevantes para uma intervenção prática eficiente e adequada
às necessidades de cada indivíduo.
Pessoas com asma, por exemplo, devem, antes de qualquer atividade física, cumprir à
risca uma rotina controlada de aquecimento. Caso uma crise seja iniciada, a atividade
deve ser interrompida e retomada em outra oportunidade.
No caso de pessoas com algum tipo de doença arterial ou alguma cardiopatia, é
preciso ter o controle constante da sua frequência cardíaca. Além disso, sua pressão
arterial deve ser medida logo antes da atividade e outra vez após a atividade, a fim
de identificar qualquer alteração que possa agravar seu quadro.
Já no caso das pessoas com obesidade, a maior adaptação não está no controle
cardiovascular ou respiratório, mas sim na carga e no tipo de atividade física, pois em
decorrência do peso da pessoa, alguns exercícios podem sobrecarregar os agrupa-
mentos musculares e/ou articulações, e, com isso, gerar lesões graves.
ANDRELLA, J. L.; NERY, S. S. Populações especiais: conceitos na área das ciências da saúde e
do esporte. Efdeportes.com, v. 17, n. 167, 2012. Disponível em: https://www.efdeportes.com/
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BUTTROS, D. A. B. et al. Fatores de risco para osteoporose em mulheres na pós-
-menopausa do sudeste brasileiro. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 33,
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arttext&pid=S0100-72032011000600006&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 22 jul. 2019.
FREITAS, P.; SILVA, R.; CARVALHO, C. R. Efeitos do exercício físico no controle clínico da
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GOODPASTER B. H. et al. The loss of skeletal muscle strength, mass, and quality in older
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GUALANO, B.; TINUCCI, T. Sedentarismo, exercício físico e doenças crônicas. Revista
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IESPE. Exercício físico para grupos especiais: o mercado do futuro? 2007. Disponível em
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INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Atividade física. Causas e prevenção 2018. Dispo-
nível em: https://www.inca.gov.br/causas-e-prevencao/prevencao-e-fatores-de-risco/
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KATZMARZYK, P. T.; JANSSEN, I. The economic costs associated with physical inactivity
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Exercício Físico na Prevenção e Tratamento de Doenças Crônicas e Degenerativas | UNIDADE 2
Exercício Físico Para 101
10 Exercício físico para a promoção da saúde e qualidade deavida
Promoção da Saúde e Qualidade de Vida | PARTE 1
Leituras recomendadas
HORTENCIO, R. F. H. et al. Exercícios físicos no combate à depressão: percepção dos
profissionais de psicologia. In: CONGRESSO NORDESTE DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 3.,
2010, Fortaleza. Anais [...]. Ceará: UFC, 2010. Disponível em: http://congressos.cbce.
org.br/index.php/conece/3conece/paper/viewFile/2475/969. Acesso em: 22 jul. 2019.
PORTUGAL. Lei no. 38, de 18 de agosto de 2004. Define as bases gerais do regime jurídico
da prevenção, habilitação, reabilitação e participação da pessoa com deficiência. Diário
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RIBEIRO, P. R. Q. Reabilitação cardiovascular, doença arterial coronariana e infarto agudo
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-fisico.htm. Acesso em: 22 jul. 2019.
PREZADO ESTUDANTE
Parte 2
Atividade Física Como
Prevenção a LERs e DORTs
Introdução
LER e DORT acometem milhares de brasileiros todos os anos, gerando
muitos prejuízos à saúde física e mental dos trabalhadores. É importante
ressaltar que na grande maioria das vezes esses sintomas poderiam ter
sido evitados com medidas simples, como a manutenção de uma prática
regular de exercícios físicos e a implementação da ginástica laboral dentro
do ambiente ocupacional.
Neste capítulo, você vai conhecer os conceitos de LER e DORT, iden-
tificando seus fatores de risco e de proteção. Além disso, vai examinar os
procedimentos mais adotados nos processos de prevenção e tratamento
de LER e DORT, reconhecendo a prática do professor de educação física
como protetor da saúde dos trabalhadores.
Exercício Físico na Prevenção e Tratamento de Doenças Crônicas e Degenerativas | UNIDADE 2
Atividade Física Como Prevenção a LERs e DORTs | PARTE 2 105
2 Atividade física como prevenção de LERs e DORTs
A ginástica laboral corretiva pode ser aplicada junto a trabalhadores com desvios
posturais importantes, como escolioses, que podem alterar o movimento corporal e
laboral. Para isso, é necessário realizar um trabalho muscular específico para este desvio
postural, buscando fortalecer e alongar as musculaturas que ajudarão a corrigi-lo.
https://qrgo.page.link/2oUcP
Por mais que muitas ações possam ajudar a prevenir as LERs e DORTs,
tais problemas podem surgir pelos mais diferentes fatores, até mesmo con-
gênitos e hereditários. Por isso, nessas situações é de suma importância que
empregador e empregado assumam a responsabilidade sobre o tratamento,
buscando o atendimento médico especializado. Esse atendimento costuma ser
realizado por um médico do trabalho, que pode encaminhar o sujeito a um
atendimento mais direcionado, a fim de realizar o tratamento adequado para
voltar às suas atividades ocupacionais e laborais, que muitas vezes terão de
sofrer adaptações em termos de função e mobiliário.
Por mais que o professor de educação física possa exercer um impacto positivo nos
quadros de dor quando uma LER ou um DORT já estão instaurados no sujeito, é
importante que o tratamento especializado (médico e fisioterapêutico) seja realizado
pelo período determinado pelos especialistas, que devem ter um trabalho articulado
com o profissional responsável pelo programa de ginástica laboral da empresa para
que, após o período agudo do quadro da doença, possam ser empregadas estratégias
de manutenção, prevenção e diminuição da dor com o uso dos estímulos adequados
para cada caso.
LIMA, V. Ginástica laboral: atividade física no ambiente de trabalho. 4. ed. São Paulo:
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MACIEL, R. H. et al. Quem se beneficia dos programas de ginástica laboral? Cadernos
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Leituras recomendadas
LUCCHESE, C. Ginástica laboral: intervenção exclusiva do profissional de educação
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NASCIMENTO, J. S.; GERIBELLO, R. S.; AMARANTE, M. S. A correlação entre ergonomia
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116 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Atividade física como prevenção de LERs e DORTs 13
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cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
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local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
PREZADO ESTUDANTE
Parte 3
Doenças Crônico-Degenerativas
Doenças crônico-
degenerativas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
As doenças crônico-degenerativas afetam muitas pessoas e seus sin-
tomas restringem a movimentação diária desses indivíduos, acarretam
em perdas na qualidade de vida e desencadeiam sintomas associados,
como a depressão e a ansiedade. Os exercícios físicos, além de reduzirem
a incidência de várias dessas doenças por meio de sua prática regular,
ainda podem contribuir no tratamento e na recuperação dos pacientes,
reduzindo ou revertendo os impactos patológicos causados.
Neste capítulo, você vai compreender as principais doenças crônico-
-degenerativas neurais e osteoarticulares, a aids, o câncer e a fibromialgia,
as relações da prevenção dessas patologias e a promoção da saúde e da
qualidade de vida por meio dos exercícios físicos.
Esclerose múltipla
A esclerose múltipla é uma desordem desmielinizante dos axônios, em que
a autoimunidade acaba por destruir as estruturas nervosas, o que ocasiona
episódios repetidos de disfunção neurológica. Sua causa ainda é bastante des-
conhecida; no entanto, a hipótese mais aceita é a de que a esclerose múltipla é
fruto da predisposição genética e de algum fator ambiental desconhecido. Essa
doença provoca desordens no sistema imunológico que geram autolesões na
substância branca neural, isso resulta na perda de oligodendrócitos e mielina,
o que causa a dificuldade da transmissão dos impulsos nervosos (MOREIRA
et al., 2000). A dificuldade na condução nervosa tem como sinais e sintomas
principais as alterações sensitivas no sistema vestibular e as alterações mo-
toras, entre elas:
fraqueza progressiva;
atrofia muscular;
diminuição da força muscular;
cãibras musculares;
tremor involuntário das mãos;
perda de equilíbrio;
contrações involuntárias e descoordenação dos músculos;
hiperreflexia (reflexos muito ativos/reflexos exagerados);
disartria (dificuldade de articular as palavras de maneira correta);
disfagia (dificuldade na deglutição — engolir a saliva e os alimentos);
perda de peso;
paralisia da função respiratória, que pode levar a queixas de cansaço.
Síndrome de Parkinson
A síndrome de Parkinson é uma doença que ocasiona a morte dos neurônios
produtores de dopamina e não apresenta causas específicas (CORRÊA, 1996).
O local mais comum de degeneração celular é a substância negra presente na
base do mesencéfalo, que é responsável pela produção do neurotransmissor
dopamina. No entanto, com o avançar da doença, outras regiões, além da
substância negra, podem ser afetadas, levando a anormalidades na produção
de outros neurotransmissores (serotonina, acetilcolina e noradrenalina). De
forma geral, as zonas afetadas são as responsáveis pelo controle motor. Entre
os sintomas e sinais mais comuns, encontram-se:
https://goo.gl/6mXCMB
Exercício Físico na Prevenção e Tratamento de Doenças Crônicas e Degenerativas | UNIDADE 2
Doenças Crônico-Degenerativas | PARTE 3 123
6 Doenças crônico-degenerativas
Doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer é uma patologia progressivamente incapacitante
que atinge os neurônios do cérebro. A morte dos neurônios está associada à
acumulação e à deposição cerebral de aglomerados proteicos. Com isso, as
mitocôndrias neuronais têm seu funcionamento alterado, levando à falta de
energia dos neurônios e desencadeando processos inflamatórios no cérebro
(STELLA, 2006).
Em geral, as áreas afetadas pela doença de Alzheimer são responsáveis
pelas funções cognitivas, pela linguagem, pela agilidade nos movimentos
e pelo equilíbrio. Diversos estudos têm apontado para a importância das
atividades aeróbicas para a manutenção e a melhora da oxigenação cerebral,
contribuindo para as funções cognitivas e para a linguagem. Além disso, os
treinamentos de força, de tomadas de decisão e de agilidade são importantes
para a manutenção da realização das atividades de vida diária (COELHO et
al., 2009).
É possível pensar que as doenças crônico-degenerativas neurais compro-
metem a qualidade de vida de pessoas de ambos os sexos. Elas são bastante
comuns na vida adulta e têm se expressado com maior ênfase no início do
envelhecimento. As atividades físicas são importantes instrumentos na preven-
ção a essas doenças e também na manutenção e na recuperação das funções
motoras e cognitivas que foram comprometidas. Na próxima seção, vamos
buscar compreender como os processos degenerativos afetam os ossos e as
articulações.
Osteoartrose
A osteoartrose (ou osteoartrite) é uma doença degenerativa que afeta as car-
tilagens de articulações que sustentam o peso corporal como, por exemplo, o
joelho. É uma doença bastante comum em indivíduos com mais de 50 anos de
idade e atinge entre 44% e 70% dessa população. Em indivíduos acima de 75
anos de idade, a estimativa é de que atinja cerca de 80% das pessoas (REJAILI
et al., 2005). Entre os sinais e os sintomas mais comuns, podemos identificar:
dor intensa;
rigidez matinal;
crepitação óssea;
atrofia muscular;
estreitamento do espaço intra-articular;
formações de osteófitos;
esclerose do osso subcondral;
formações císticas.
Na osteoartrose, a cartilagem é o tecido que sofre mais alterações: perde sua natureza
homogênea e é rompida e fragmentada, com fibrilação, fissuras e ulcerações. Veja a
Figura 1.
Terminação Esporão
Osso ósseo
óssea
Cartilagem
diluída
Cartilagem Cartilagem
em diluição
Osteopenia e osteoporose
A osteopenia consiste na perda da densidade mineral óssea que, se não tratada,
leva ao quadro de osteoporose. A osteoporose, de forma geral, se encontra
relacionada à deficiência de cálcio e de vitamina D, ao sedentarismo, à baixa
ingestão de proteínas e à ingestão inadequada de alimentos alcalinizastes,
como frutas e hortaliças (VIEIRA, 2013). Essa patologia se encontra, com
maior frequência, em mulheres no período pós-menopausa, em razão das
alterações hormonais características dessa fase. Embora o processo de perda
da densidade óssea não seja reversível, ele pode ser evitado e amenizado com
o tratamento que geralmente ocorre com a reposição hormonal, com a ingestão
de cálcio e com a complementação desses tratamentos com exercícios que têm
cargas de peso e impactos (GALLAHUE; OZMUN, 2013).
Diversas pesquisas têm buscado identificar as influências dos exercícios
físicos no tratamento e na recuperação da osteoporose. O Quadro 1 traz uma
síntese desses estudos.
126 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Doenças crônico-degenerativas 9
Tipo de
exercício
realizado Objetivo do Complementação
no estudo exercício ao exercício Resultados
(Continua)
Exercício Físico na Prevenção e Tratamento de Doenças Crônicas e Degenerativas | UNIDADE 2
Doenças Crônico-Degenerativas | PARTE 3 127
10 Doenças crônico-degenerativas
(Continuação)
Tipo de
exercício
realizado Objetivo do Complementação
no estudo exercício ao exercício Resultados
O exercício físico é um grande aliado no controle da aids, pois pode amenizar os efeitos
colaterais induzidos pela terapia farmacológica. Durante o exercício físico, neutrófilos
e linfócitos têm suas produções aumentadas. No entanto, o exercício físico bastante
intenso pode representar uma queda nos linfócitos após a prática, constituindo uma
janela para a contração e o desenvolvimento de infecções por até 72 horas. Logo, os
exercícios mais adequados devem ser executados em uma intensidade moderada e
por curta duração, sendo eles tanto aeróbicos quanto anaeróbicos (RASO et al., 2007).
Quanto à frequência: pelo menos, de três a cinco vezes por semana; porém o
exercício diário pode ser ótimo para os pacientes com câncer não condicionados,
que devem realizar exercícios de intensidade mais leve e de duração mais curta.
distúrbios do sono;
rigidez matinal;
cefaleia crônica;
distúrbios psíquicos.
Para melhor compreender as atividades que devem ser oportunizadas para indivíduos
com fibromialgia, apresentamos como exemplo algumas possibilidades:
Aeróbicos — pedalada, caminhada, trote, natação. Fazer um exercício aeróbico três
vezes por semana ajuda a manter o peso e a manter níveis elevados de hormônios
que permitem o relaxamento muscular.
Musculação — existem estudos apontando que treinos de resistência melhoram
os sintomas da fibromialgia.
Pilates — o método trabalha a postura corporal, a flexibilidade, o equilíbrio e a
respiração, contribuindo para relaxar os músculos e combater a ansiedade e a
depressão.
Exercícios no meio líquido — natação ou hidroginástica favorecem a diminuição
das dores e possibilitam os movimentos mais amplos.
Alongamento — embora não existam tantos estudos sobre essa técnica no tra-
tamento da fibromialgia, há indícios de que ajuda a contornar a rigidez.
DIMEO, F.; RUMBERGER, B. G.; KEUL, J. Aerobic exercise as therapy for cancer fatigue.
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136 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Doenças crônico-degenerativas 19
Leituras recomendadas
FLETCHER, R. H.; FLETCHER, S. W.; FLETCHER, G. S. Epidemiologia clínica: elementos
essenciais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
HAYNES, R. B. et al. Epidemiologia clínica: como fazer pesquisa clínica na prática. 3. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2008.
HULLEY, S. B. et al. Delineamento a pesquisa clínica: uma abordagem epidemiológica.
4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
Exercício Físico na Prevenção e Tratamento de Doenças Crônicas e Degenerativas | UNIDADE 2
Doenças Crônico-Degenerativas | PARTE 3 137
PREZADO ESTUDANTE
Parte 4
Saúde na Escola
Saúde na escola
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A obesidade infantil é um problema de saúde pública com múltiplos
determinantes. Para conter seu crescimento, são necessárias diversas
ações, principalmente de âmbito escolar, uma vez que é na escola que
a criança e o adolescente passam grande parte do seu dia. A prática de
atividade física dentro da escola, com a correta orientação, é fundamental
na prevenção e no tratamento da obesidade infantil.
Neste capítulo, você vai conhecer os tipos de obesidade infantil e as
comorbidades associadas a ela. Além disso, vai estudar as estratégias de
promoção à saúde e de combate à obesidade infantil bem como os pa-
râmetros de prescrição de exercícios para crianças e adolescentes obesos.
Obesidade infantil
A obesidade é considerada uma doença crônica e multifatorial, sendo o distúrbio
nutricional mais comum na infância (BRASIL, 2017). Trata-se de “[...] uma
desordem da composição corporal caracterizada por um excesso absoluto ou
relativo de massa gorda, levando a um aumento do índice de massa corporal
(IMC)” (CAMINATO; YABARRA; FRANCO, 2017, p. 3). Seu evento final
é uma ingestão calórica superior ao gasto energético, levando ao acúmulo de
tecido adiposo.
Exercício Físico na Prevenção e Tratamento de Doenças Crônicas e Degenerativas | UNIDADE 2
Saúde na Escola | PARTE 4 141
2 Saúde na escola
Por meio das diretrizes que acabamos de ver, podemos perceber que a
prevenção deve começar desde o pré́ -natal, com a identificação de fatores de
risco familiar, a orientação e o monitoramento do estado nutricional da gestante
(BRASIL, 2017). No tratamento, e na prevenção também, os programas de
intervenção no ambiente escolar tornam-se essenciais, e aqueles que envolvem
a prática de atividade física têm se mostrado bastante eficazes.
aluno aguarda na fila a sua hora de realizar uma tarefa —, sobra pouco tempo
para o aluno realizar atividades físicas com intensidade moderada a vigorosa.
Alguns estudos realizados com o uso de acelerômetro têm verificado que o
tempo médio que os alunos passam “se movimentando” nas aulas de educação
física é de 20 minutos. Esse tempo não é suficiente para que os escolares
cumpram as recomendações sobre a prática de atividades físicas. Desse modo,
aumenta ainda mais a importância da reflexão e da conscientização sobre os
hábitos de vida saudáveis por parte desses professores para além das aulas.
https://qrgo.page.link/n4AuN
Exercício Físico na Prevenção e Tratamento de Doenças Crônicas e Degenerativas | UNIDADE 2
Saúde na Escola | PARTE 4 153
14 Saúde na escola
Leituras recomendadas
BRASIL. Base nacional comum curricular: [educação infantil e ensino fundamental].
Brasília, DF: MEC; Secretaria de Educação Básica, 2017. Disponível em: http://basena-
cionalcomum.mec.gov.br/abase/. Acesso em: 11 jul. 2019.
MUITO além do peso. [S.l. : s.n.], 2013. 1 vídeo (1h). Publicado pelo canal Maria Farinha
Filmes. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8UGe5GiHCT4&t=121s.
Acesso em: 11 jul. 2019.
ZANELLA, L. W. et al. Crianças com sobrepeso e obesidade: intervenção motora e suas
influências no comportamento motor. Motricidade, v. 12, supl. 1, p. 42−53, 2016. Disponí-
vel em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/mot/v12s1/v12s1a06.pdf. Acesso em: 11 jul. 2019.
PREZADO ESTUDANTE
3
Bases Clínicas Para Prescrição
de Exercício Físico na
Saúde e na Doença
Prezado estudante,
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados
com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado
tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os
tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.
Objetivo Geral
Elaborar o processo de prescrição e monitoramento de programas de exercícios físico na saúde e na
doença, bem como o processo de prescrição de atividades para crianças, idoso e gestantes.
158 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
unidade
Parte 1
Práticas de Condicionamento
Físico Para Populações Especiais
Práticas de condicionamento
físico para populações
especiais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Devido a seus múltiplos benefícios, o exercício como prática para a
melhoria do condicionamento físico está em ascensão. Nesse sentido,
cada vez menos se observa a prescrição de um único tipo de exercício
e cada vez mais uma mescla desses estímulos, visando causar inúmeras
alterações positivas junto ao praticante. Podemos projetar essas melhorias
tanto para indivíduos saudáveis quanto para sujeitos com determinadas
particularidades ou cuidados especiais que, dependendo de suas altera-
ções metabólicas, poderão colher os benefícios da prática do exercício
de uma maneira mais intensa.
Neste capítulo, você conhecerá as características específicas das popu-
lações especiais, bem como os benefícios, riscos e cuidados da prescrição
de exercícios para populações especiais. Além disso, estudará as práticas
de condicionamento físico mais indicadas para cada população especial.
Bases Clínicas Para Prescrição de Exercício Físico na Saúde e na Doença | UNIDADE 3
161
2 Práticas de condicionamento físico paraPráticas de Condicionamento
populações especiais Físico Para Populações Especiais | PARTE 1
Idosos
O envelhecimento é um processo natural, dinâmico e constante, influenciado
por uma série de fatores biopsicossociais que acarretam mudanças fisiológicas
significativas no corpo humano. Segundo Silveira (2017), apesar de ser um
processo natural, o envelhecimento não é vivenciado da mesma forma por
todas as pessoas, já que o ambiente, o contexto social, o contexto econômico
e o contexto familiar influenciam nesse processo e são fundamentais para que
transcorra bem e com saúde.
Considerando o processo de envelhecimento, observamos inúmeras mu-
danças fisiológicas no corpo e em seus diversos sistemas, como o nervoso, o
muscular, o cardiovascular, o endócrino, o respiratório e o esquelético, bem
como na integração entre eles. A maioria dessas mudanças ocasionadas pelo
envelhecimento representa processos que reduzem a capacidade funcional do
indivíduo idoso, prejudicando, por consequência, sua saúde e qualidade de
vida (SILVERTHORN, 2017).
O processo de envelhecimento pode começar a se tornar mais visível e
perceptível entre os 40–45 e os 60–65 anos de idade, podendo ser precoce ou
não dependendo dos hábitos e da qualidade de vida de cada pessoa. Além disso,
o processo de envelhecimento pode ser dividido em primário e secundário.
A osteoporose é uma doença metabólica do tecido ósseo, caracterizada por perda gra-
dual da massa óssea, que enfraquece os ossos por deterioração da sua microarquitetura
tecidual, tornando-os mais frágeis e suscetíveis a fraturas. A perda da independência
funcional, decorrente da incapacidade de deambular, é a principal consequência da
fratura de quadril, seja por limitação funcional ou por medo de quedas. A inatividade
física leva à piora da osteoporose e aumenta ainda mais os riscos de novas quedas
(SANTOS; BORGES, 2010).
2 Condições crônicas
Cardiopatas
Cardiopatas são todos aqueles indivíduos que possuem alguma alteração pato-
lógica ou doença, seja crônica ou adquirida, que afeta o sistema cardiovascular,
atuando em especial no coração ou nos vasos sanguíneos. Como exemplos de
cardiopatias, podemos citar a doença cardíaca coronária, uma enfermidade
que afeta os vasos sanguíneos que levam o sangue para o miocárdio; a ar-
166 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Práticas de condicionamento físico para populações especiais 7
A hipertensão é uma enfermidade ainda mais perigosa por seu caráter de doença
silenciosa, isto é, que não apresenta grandes sintomas ao indivíduo. Os principais
sintomas percebidos ocorrem em casos de crises hipertensivas, quando pode-se
observar uma forte dor de cabeça, tonturas, visão turva e dores no peito. Dessa forma,
com exceção de casos de crises hipertensivas, a hipertensão arterial costuma ser uma
doença assintomática e, por isso, pode levar anos (e até décadas) para ser diagnosticada.
Porém, enquanto isso todos os desgastes causados pela hipertensão arterial continuam
ocorrendo de forma progressiva, sem que a pessoa sequer tenha conhecimento.
Diabéticos
O diabetes mellitus é uma doença metabólica que causa uma condição de
hiperglicemia, isto é, grande quantidade de açúcar (glicose) no sangue. O
diabetes pode ser classificado em duas variações/tipos:
3 Condições adquiridas
Gestantes
A gestação é um momento ímpar na vida de uma mulher. Ao longo de 40
semanas, essa mulher passará por inúmeras alterações fisiológicas e biome-
cânicas em seu corpo, causando, entre outras coisas, mudanças posturais e do
centro de gravidade, que tende a se deslocar para frente, podendo provocar
forte dor lombar, a ponto de causar o afastamento de inúmeras atividades que
a mulher desenvolvia até então.
De uma maneira geral, durante a gravidez podemos observar um aumento
do volume sanguíneo, o que acarreta um aumento na frequência cardíaca em
cerca de 10 a 15 batimentos por minuto. Isso causa uma sobrecarga do músculo
cardíaco para bombear o sangue de maneira eficiente para a mãe e para o feto.
Paralelamente, com o transcorrer das semanas gestacionais, observamos uma
maior dificuldade para a mãe realizar os movimentos ventilatórios, o que
tende a aumentar a dificuldade na transferência dos gases entre a atmosfera
e suas células.
Outra região que sofre é o sistema musculoesquelético. A postura tende
a impor maior sobrecarga às articulações. Sabe-se que a gestante sofre um
aumento de peso (líquido, bebê e tecido adiposo), o que pode variar de 11 a
30 kg, causando maior desconforto e dificuldade para as atividades básicas.
Os músculos abdominais, dorsais e do assoalho pélvico acabam sendo os
principais prejudicados pela fraqueza muscular. A gestante tende a encontrar
uma posição que proporcione maior conforto, deixando de lado o correto
alinhamento postural, o que aumenta as lombalgias e acentua a cifose torácica.
Outros fatores significativos durante o período gestacional são o aumento
da flexibilidade pela elevação hormonal — a fim de aumentar a amplitude
articular da pelve no momento do parto — e também a alteração do centro
de gravidade.
Bases Clínicas Para Prescrição de Exercício Físico na Saúde e na Doença | UNIDADE 3
173
14 Práticas de condicionamento físico paraPráticas de Condicionamento
populações especiais Físico Para Populações Especiais | PARTE 1
Obesos
A obesidade é uma condição definida pelo acúmulo excessivo de gordura,
armazenada nos depósitos de tecido adiposo, tanto superficiais — na forma
de gordura subcutânea, presente imediatamente abaixo da pele nas regiões
abdominais, glúteas e femorais — quanto em depósitos de gordura profundos,
na forma de gordura visceral, localizada na cavidade abdominal junto aos
órgãos vitais. Esse acúmulo excessivo de gordura, em especial de gordura
visceral, traz inúmeros prejuízos para a saúde do indivíduo. Dados epidemio-
lógicos indicam que no mundo já existem mais de 500 milhões de pessoas
obesas. Segundo Rech (2014), no Brasil, essa condição tem demonstrado um
crescimento considerável, assim como nos países desenvolvidos.
O diagnóstico da obesidade é feito pelo índice de massa corporal (IMC),
que é encontrado a partir de um cálculo simples, em que a massa corporal
(em kg) é dividida pelo quadrado da estatura. Caso o resultado dessa equação
esteja acima de 30 kg/m2, o indivíduo é considerado obeso.
Apesar de simples, a avaliação do IMC tem sido utilizada em muitos estudos
clínicos e epidemiológicos e possui grande eficácia populacional. No entanto,
algumas ressalvas devem ser feitas, já que para indivíduos que apresentam uma
massa muscular muito desenvolvida, como no caso de fisiculturistas, o resultado
tende a ser impreciso, porque não distingue massa magra de massa adiposa.
Contudo, essa condição se aplica a um número muito baixo de pessoas e, portanto,
o IMC segue sendo uma avaliação bastante eficaz (CAPRA, 2016). O Quadro
1 apresenta os critérios de classificação de peso a partir do cálculo do IMC.
Quadro 1. Valores referente ao IMC, sua classificação, grau de obesidade e risco de co-
morbidade
Grau de Risco de
IMC (kg/m2) Classificação obesidade comorbidade
articulações corporais. Essa sobrecarga fica ainda maior quando são realizados
exercícios de alto impacto, como saltos, corridas, etc., que podem impor danos
significativos ao sistema articular do aluno e prejudicar sua continuidade no
programa de treinamento físico. Pensando nisso, as atividades no meio aquático,
em especial a natação ou a hidroginástica, são estratégias eficientes, já que pro-
movem inúmeros benefícios além do gasto calórico, sem que haja uma sobrecarga
articular por atividades de alto impacto (CAPRA, 2016). É importante destacar
que essas atividades em meio aquático podem ser aplicadas como estratégia de
treinamento para indivíduos obesos, já que nelas é possível modificar diversos
parâmetros de treinamento, como intensidade e volume, sem que haja aumento
na sobrecarga articular (PINHO et al., 2017; FERREIRA JUNIOR et al., 2019).
Na natação, por exemplo, a intensidade pode ser modulada pela velocidade
do nado (mensurada pelo tempo para se completar cada volta na piscina) ou
pelo uso de implementos que aumentem a força de arrasto, como palmares.
Já o volume do treinamento pode ser modulado pelo controle do número de
voltas realizadas, enquanto a densidade do treino é modulada pelo tempo
de intervalo entre cada volta ou entre cada ciclo de voltas. Já na hidroginás-
tica, a intensidade pode ser modulada pela velocidade de execução de cada
movimento, ou ainda pela utilização de implementos que aumentem a força
de arrasto, como palmares. Já o volume pode ser modulado pelo número de
repetições, séries ou exercícios para cada grupo muscular.
Em ambos casos, o treinamento promoverá diversas adaptações cardiome-
tabólicas que estão relacionadas à obesidade, como diminuição na quantidade
de tecido adiposo, maior eficácia no controle glicêmico e controle da pressão
arterial. Também pode promover adaptações em variáveis que não estão
diretamente relacionadas à obesidade, mas que contribuem para maior saúde
e qualidade de vida, como aumento da capacidade aeróbica, aumento da força
e resistência musculares, além de melhor coordenação motora.
Dessa forma, ao longo deste capítulo pudemos observar as caraterísticas de
cada um dos principais grupos considerados populações especiais. Além disso,
compreendemos como o treinamento físico pode ser uma estratégia eficiente para
o controle e prevenção dessas condições crônicas ou temporárias, além de identi-
ficarmos as intervenções mais adequadas para cada um dos grupos especiais. O
domínio desses conteúdos é importante para o profissional de educação física, já que
o exercício físico é utilizado como tratamento para todos esses indivíduos. Assim,
um profissional que compreenda as características, limitações e potencialidades
de cada um de seus alunos, poderá avaliar, planejar e prescrever um treinamento
físico de forma eficaz e segura, garantindo-lhes mais saúde e qualidade de vida.
178 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Práticas de condicionamento físico para populações especiais 19
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Bases Clínicas Para Prescrição de Exercício Físico na Saúde e na Doença | UNIDADE 3
179
20 Práticas de condicionamento físico paraPráticas de Condicionamento
populações especiais Físico Para Populações Especiais | PARTE 1
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
PREZADO ESTUDANTE
Parte 2
Saúde e as Aulas de Educação Física
Saúde e as aulas
de educação física
Beatriz Paulo Biedrzycki
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Os temas transversais surgiram pela primeira vez com os parâmetros curriculares
transversais. Com a mudança de diretrizes nacionais para a educação, estrutura-
-se a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que mantém tais temas, apenas
adequando-os para a realidade atual. Nesse contexto, um dos temas é o da saúde,
que está muito próxima da educação física, devendo ser desenvolvido ao longo
de todas as unidades temáticas.
Neste capítulo, você vai ver como a educação física se relaciona com a saúde,
interpretando possibilidades de atingir tal objetivo nas aulas de educação física
de diferentes formas, inclusive em projetos interdisciplinares.
Bases Clínicas Para Prescrição de Exercício Físico na Saúde e na Doença | UNIDADE 3
Saúde e as Aulas de Educação Física | PARTE 2
185
2 Saúde e as aulas de educação física
Educar e aprender são fenômenos que envolvem todas as dimensões do ser huma-
no e, quando isso deixa de acontecer, produz alienação e perda do sentido social
e individual no viver. É preciso superar as formas de fragmentação do processo
pedagógico em que os conteúdos não se relacionam, não se integram e não se
interagem (BRASIL, 2019, p. 6).
Neste capítulo, o enfoque recai sobre o tema transversal saúde, que per-
passa quentões relacionadas com a saúde física, mental e alimentar (BRASIL,
2019). Assim, é possível relacioná-las não apenas com os ganhos que essa
prática corporal pode proporcionar, mas também com os cuidados que são
necessários ou com o alerta para a diferença da sua prática recreativa e do
treinamento de alto rendimento, incluindo lesões e o uso de medicamentos
e anabolizantes como aliado dos treinos (GONZÁLES et al., 2017).
186 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
quais são seus impactos [...]” no espaço e ambiente dos estudantes. Ou seja,
a aprendizagem das práticas corporais deve ser realizada considerando-se
a visão integral do corpo que se movimenta, pertencente a um mundo que
influencia e sofre influência, uma vez que não é possível “[...] isolar tais
saberes do contexto em que eles estão inseridos” (DARIDO et al., 2017, p. 5).
Quando pensamos na educação física como parte pertencente da escola,
é importante que fique clara a necessidade de proporcionar espaços, por
meio das práticas corporais, de igualdade de oportunidades, reflexão crí-
tica, inclusão, respeitos , relacionando com o significado das práticas com
saúde e lazer, mostrando a sua importância para a construção igualitária
da sociedade, com o intuito de ensinar muito além de gestos técnicos e
movimentos táticos, mas que os alunos sejam capazes de interpretar cri-
ticamente tais movimentos, tornando-as uma aprendizagem significativa
(DARIDO et al., 2017).
Sabendo dessa importância do componente curricular como uma parte
fundamental da escola, é importante que sejamos capazes de desenvolver
os movimentos humanos de forma conectada e contextualizada com o que
está acontecendo na realidade escolar e comunitária, visando a ampliação do
vocabulário corporal dos alunos e utilizando, para isso, danças, ginásticas,
lutas e esportes (DARIDO et al., 2017).
Dessa forma, a seguir, veremos algumas possibilidades de práticas e ativi-
dades a serem desenvolvidas nas aulas de educação física com o objetivo de
desenvolver o tema transversal da saúde em diferentes unidades temáticas.
Uma abordagem interessante pode ser feita solicitando que os estudan-
tes realizem a aferição da sua frequência cardíaca de repouso. Após esse
momento, é realizada uma atividade dentro do planejamento do professor
(lutas, ginástica, atletismo, etc.). Depois disso, o professor solicita que os
estudantes verifiquem a frequência cardíaca novamente, comparando com
a de repouso e, então, que busquem compreender o que ocasionou essas
mudanças e como elas interferem na saúde de um modo geral.
Além dessa abordagem, também é interessante apresentar, para os
estudantes do anos finais do ensino fundamental, as relações entre o
esporte de alto rendimento e até mesmo o próprio doping, incluindo a
utilização de hormônios anabolizantes, a partir de pesquisas sobre esses
assuntos, buscando entender se essas ações fazem parte de uma vida
saudável ou não.
Bases Clínicas Para Prescrição de Exercício Físico na Saúde e na Doença | UNIDADE 3
Saúde e as Aulas de Educação Física | PARTE 2
193
10 Saúde e as aulas de educação física
Plano de aula
Ano: 1º.
Número de alunos: 20.
Materiais: quatro baldes (dois com identificação dos baldes “hábitos sau-
dáveis” e dois com identificação de “hábitos não saudáveis”, cartões, vídeo
sobre os hábitos de higiene, lápis de cor, dois cones, desenhos de diferentes
hábitos (saudáveis e não saudáveis), cola, papel pardo ou cartolina.
Objetivo: desenvolver o autocuidado e práticas de higiene.
Parte inicial: mostrar o vídeo que aborda os hábitos saudáveis. Logo depois,
pedir que os alunos desenhem em um cartão um hábito saudável e em outro
cartão um hábito não saudável, colocando o nome dos estudantes em cada
cartão para realizar uma exposição desses conhecimentos.
Parte principal: divide-se a turma em duas equipes e se coloca o cartão dos hábitos
no centro da quadra. Os cestos estarão dispostos nas extremidades da quadra. A
atividade será uma estafeta, em que cada estudante terá que pegar um cartão e
colocar na cesta correspondente à sua equipe (hábito saudável e não saudável).
Parte final: verifica-se se todos os estudantes colocaram os cartões no seu
devido cesto. Os desenhos elaborados pelos estudantes servirão para a
construção de um cartaz separando os hábitos saudáveis e os hábitos não
saudáveis para que fique exposto na escola.
Referências
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em risco de exclusão social. Roteiro, v. 44, n. 2, 2019. Disponível em: https://dialnet.
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BERTON, S. B. R. et al. Sequência didática para a promoção de estudo prático e mul-
tidisciplinar com materiais acessíveis. Química Nova, v. 43, n. 5, p. 649–655, 2020.
Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/qn/v43n5/0100-4042-qn-43-05-0649.pdf.
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educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República, [2019]. Disponível em: http://
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BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC,
[2017]. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 23 nov. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Temas contemporâneos transversais na BNCC: proposta
de práticas de implementação. Brasília, DF: MEC, 2019. Disponível em: http://basenacio-
nalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/guia_pratico_temas_contemporaneos.
pdf. Acesso em: 23 nov. 2020.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: in-
trodução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília, DF: MEC/SEF, 1997. Disponível
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CASTELAR, S. M. V. (org.). Metodologias ativas: projetos interdisciplinares. São Paulo:
FTD, 2016.
CORDEIRO, N. V. Temas contemporâneos e transversais na BNCC: as contribuições da
Transdisciplinaridade. 2019. Dissertação (Mestrado em Educação) – Escola de Educação,
Tecnologia e Comunicação, Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2019. Disponível
em: https://bdtd.ucb.br:8443/jspui/bitstream/tede/2661/2/NataliadeVasconcelosCor-
deiroDissertacao2019.pdf. Acesso em: 23 nov. 2020.
DARIDO, S. C. et al. Práticas corporais: educação física: 1º e 2º anos: manual do professor.
São Paulo: Moderna, 2017.
GONZÁLES, F. J. et al. (org). Lutas, capoeira e práticas corporais de aventura: prá-
ticas corporais e organização do conhecimento. 2. ed. Maringá: Eduen, 2017. Dis-
ponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/170986/001055495.
pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 23 nov. 2020.
GUIMARÃES, C. C. P. A.; NEILA, M. G.; VELARDI, M. Reflexões sobre saúde e educação
física escolar: a visão dos professores. Revista Hipótese, v. 1, n. 4, p. 113–138, 2015.
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JARDIM, N. F. P. et al. A educação física como componente curricular na educação infantil
e nas séries iniciais do ensino fundamental. Pensar a Prática, v. 17, n. 4, 2014. Disponível
em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/31250/17782. Acesso em: 23 nov. 2020.
OLIVEIRA, V. J. M.; MARTINS, I. R.; BRACHT, V. Projetos e práticas em educação para a saúde
na educação física escolar: possibilidades! Revista de educação Física/UEM, v. 26, n.
2, p. 243–255, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/refuem/v26n2/1983-3083-
-refuem-26-02-00243.pdf. Acesso em: 23 nov. 2020.
196 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
PREZADO ESTUDANTE
Parte 3
Treinamento Para Idosos
Introdução
O processo de envelhecimento pode trazer consigo um considerável
peso social, tendo em vista principalmente a costumeira perda de ca-
pacidade física e cognitiva para realização de atividades laborais, bem
como as mudanças de comportamento em decorrência da idade. Con-
tudo, se por um lado existe menor capacidade física e cognitiva, por
outro, a sociedade poderia aproveitar melhor a experiência do idoso,
a sua estabilidade emocional e conhecimento adquirido ao longo do
tempo. É fato inquestionável que o Brasil está envelhecendo. Dados
epidemiológicos revelam um crescimento de 26% da população idosa
entre 2012 e 2018, o que acabará gerando consequências sobre as faixas
etárias mais produtivas, se o Estado e a sociedade não se prepararem
para tal. Além da preocupação produtiva, é necessário prover melhores
condições de saúde para população idosa. Conhecer os limites fisiológicos
e emocionais, bem como os exercícios mais adequados para os idosos,
é de suma importância.
Neste capítulo, você conhecerá os padrões de mudança compor-
tamental associados ao avanço da idade, e a classificação do idoso na
atualidade. Além disso, será apresentado aos aspectos epidemiológicos
da população idosa no Brasil e entenderá as bases para desenvolver
programas de treinamento específicos para idosos.
Bases Clínicas Para Prescrição de Exercício Físico na Saúde e na Doença | UNIDADE 3
Treinamento Para Idosos | PARTE 3
199
2 Treinamento para idoso
https://qrgo.page.link/mbhyx
A OMS considera um país envelhecido quando 14% da sua população têm 65 anos ou
mais. Na França, esse processo levou 115 anos, na Suécia, 85 anos, e, no Brasil, levará
pouco mais de duas décadas (SBGG, 2019).
Quadro 1. Crescimento populacional do Brasil desde 2010 com projeção até 2040
Figura 1. Alteração demográfica por faixa etária desde 2010 com projeção até 2040.
Fonte: IBGE ([2019], documento on-line).
Os termos a seguir podem ser facilmente confundidos entre si, por isso apresentamos
as definições estritas de cada um deles:
Força: tensão máxima que um músculo ou grupo muscular é capaz de realizar em
apenas um movimento.
Potência: é a capacidade física determinada pelo produto da força pela veloci-
dade de execução (potência = força × distância / tempo). Assim, fica claro que
para maximizar a potência não adianta aumentar somente a força ou somente a
velocidade (distância/tempo).
Resistência muscular: consiste no máximo de contrações que um músculo ou
grupo muscular é capaz de realizar dada uma resistência.
Por sua vez, a recomendação para o DM2 baseia-se nas diretrizes para a
população geral (ACSM, 2018): acumular um mínimo de 150 minutos de
exercícios aeróbicos de intensidade moderada (50 a 75% FCreserva) ou 75
minutos de exercícios de intensidade vigorosa (intensidade superior a
75–80% FCreserva). Devido à fisiopatologia do DM2, o controle glicêmico é,
em grande parte, dependente da musculatura esquelética (entre 70–80% da
captação de glicose são realizados pelo músculo esquelético). Assim, é fácil
Bases Clínicas Para Prescrição de Exercício Físico na Saúde e na Doença | UNIDADE 3
Treinamento Para Idosos | PARTE 3
207
10 Treinamento para idoso
Imagine o seguinte cenário: um idoso de 70 anos com relativo deficit de força e massa
muscular, mas também com HAS (lembre que a presença de HAS aumenta em 40% o
risco de infarto agudo do miocárdio e em torno de 25% de acidente vascular cerebral).
Embora o treinamento de força, contra uma resistência qualquer, seja o recomendado
para aumento de força e massa muscular, o treinamento aeróbico de intensidade
moderada é a estratégia primária para os casos de HAS. O que você faria?
Nesse contexto, deve-se avaliar risco versus benefício tendo em vista a HAS e a
autonomia do idoso, sobretudo suas atividades cotidianas. Se a HAS estiver bem con-
Bases Clínicas Para Prescrição de Exercício Físico na Saúde e na Doença | UNIDADE 3
Treinamento Para Idosos | PARTE 3
209
12 Treinamento para idoso
ACSM. Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. 10. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Estatuto do idoso. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estatuto_idoso_3edicao.
pdf. Acesso em: 22 jul. 2019.
IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua — PNAD contínua: principais
destaques da evolução do mercado de trabalho no Brasil. 2012–2018. Rio de Janeiro:
IBGE, 2018. Disponível em: ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Na-
cional_por_Amostra_de_Domicilios_continua/Principais_destaques_PNAD_conti-
nua_2012_2018/PNAD_continua_retrospectiva_2012_2018.pdf. Acesso em: 9 ago. 2019.
IBGE. Projeção da população do Brasil e das Unidades da Federação. [2019]. Disponível
em: https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/. Acesso em: 22 jul. 2019.
MALACHIAS, M. V. B. et al. 7a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arquivos Brasileiros
de Cardiologia, v. 107, n. 3, sup. 3, p. 1–102, 2016. Disponível em: https://edisciplinas.usp.
br/pluginfile.php/2494261/mod_resource/content/2/VII%20Diretriz%20brasileira%20
de%20hipertens%C3%A3o%20arterial%202016.pdf. Acesso em: 9 ago. 2019.
MOZAFFARIAN, D. et al. Heart disease and stroke statistics - 2015 update: a report from
the American Heart Association. Circulation, v. 131, n. 4, e29–322, 2015. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25520374. Acesso em: 22 jul. 2019.
PAPALIA, D.; FELDMAN, R.; MARTORELL, G. Desenvolvimento humano. 12. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2013.
210 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Treinamento para idoso 13
Leituras recomendadas
BASYCHES, M. Atividade física para hipertensos e cardíacos — entrevista com Prof.
PhD Christiano Bertoldo. YouTube, 2016. 1 vídeo (18 min). Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=I3ZtpfioFQI. Acesso em: 22 jul. 2019.
CUNHA, R. M et al. Postexercise hypotension after aquatic exercise in older women
with hypertension: a randomized crossover clinical trial. American Journal of Hyper-
tension, v. 31, n. 2, p. 247–252, 2018. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/
pubmed/28985278. Acesso em: 22 jul. 2019.
IBRAGESP. Prescrição de exercícios físicos para diabéticos. YouTube, 2016. 1 vídeo (26
min). Publicado pelo canal IBRAGESP IBRAGESP. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=ts-doFYUnYY. Acesso em: 22 jul. 2019.
MALACHIAS, M. V. B. et al. VII diretriz brasileira de hipertensão arterial. Arquivos Brasileiros
de Cardiologia, v. 107, n. 3, p. 1–102, 2016. Disponível em: http://publicacoes.cardiol.
br/2014/diretrizes/2016/05_HIPERTENSAO_ARTERIAL.pdf. Acesso em: 22 jul. 2019.
PEDRINELLI, A.; GARCEZ-LEME, L. E.; NOBRE, R. O efeito da atividade física no apa-
relho locomotor do idoso. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 44, n. 2, p. 98–101,
2009. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Luiz_Garcez_Leme/
publication/250052713_O_efeito_da_atividade_fisica_no_aparelho_locomotor_do_
idoso/links/554254f50cf234bdb21a10ab/O-efeito-da-atividade-fisica-no-aparelho-lo-
comotor-do-idoso.pdf. Acesso em: 22 jul. 2019.
PREZADO ESTUDANTE
Parte 4
Exercícios Para Gestantes
Introdução
Gravidez não é doença, mas requer cuidados especiais. Esta frase traduz
o tema que será abordado neste capítulo. De fato, a gestação não implica
doença ou condição patológica alguma. Contudo, as gestantes são clas-
sificadas como “população especial” perante os programas de exercícios
físicos, por exigirem cuidados extras àqueles normalmente aplicados
na população em geral. Não são todas as modalidades, volumes, inten-
sidades e/ou posições de exercícios que as gestantes podem executar.
O entendimento dos principais cuidados, especialmente no primeiro
trimestre de gestação, pode determinar o sucesso de um programa
de exercício físico. Além disso, o fortalecimento do assoalho pélvico e
lombar, entre outros objetivos, tanto para gestantes sedentárias quanto
para aquelas habituadas a treinos, deve ser executado com segurança.
Assim, neste capítulo você conhecerá os cuidados que devem ser
adotados para a prática de exercícios físicos, com atenção especial
aos três primeiros meses de gestação. Também aprenderá a aplicar
programas de treinamento específicos para fortalecimento do core:
Bases Clínicas Para Prescrição de Exercício Físico na Saúde e na Doença | UNIDADE 3
Exercícios Para Gestantes | PARTE 4
215
2 Exercícios para gestantes
músculos do quadril, lombar e pelve. Por fim, ficará a par das dife-
rentes estratégias de treinamento para perfis distintos de gestantes:
sedentárias e atletas.
Você sabe qual é a diferença entre atividade física e exercício físico? Atividade física
é todo movimento corporal realizado pela musculatura esquelética que requer gasto
calórico acima do repouso. Exercício físico, por sua vez, é uma atividade física com o
objetivo específico de aumentar a aptidão física relacionada à saúde e/ou desempenho
esportivo. Assim, por atividade física, entenda “movimentar-se mais”, e por exercício
físico, entenda “[...] praticar atividade física programada e com objetivo definido sobre
a aptidão física” (GUEDES; GUEDES, 1995, documento on-line).
Bases Clínicas Para Prescrição de Exercício Físico na Saúde e na Doença | UNIDADE 3
Exercícios Para Gestantes | PARTE 4
217
4 Exercícios para gestantes
Absolutas Relativas
Não deve ser prescrito exercício máximo, mesmo que seja para avaliação.
É recomendada a presença ou supervisão de um médico.
Para avaliação do consumo máximo de oxigênio (VO2máx), pode ser
realizado um teste submáximo (até 80% FCmáx predita pela idade, ou
65–70% FC de reserva).
Gestantes sedentárias devem ser avaliadas pelo médico antes da rea-
lização dos testes físicos.
(Continua)
Bases Clínicas Para Prescrição de Exercício Físico na Saúde e na Doença | UNIDADE 3
Exercícios Para Gestantes | PARTE 4
221
8 Exercícios para gestantes
(Continuação)
No link a seguir, você encontra exemplos de exercícios com método Pilates para
reforçar o core. É necessário ajustar os exercícios de acordo com a individualidade
biológica das gestantes, levando-se em consideração a experiência prévia, possíveis
dores e desconfortos etc.
https://qrgo.page.link/dmBmL
Bases Clínicas Para Prescrição de Exercício Físico na Saúde e na Doença | UNIDADE 3
Exercícios Para Gestantes | PARTE 4
223
10 Exercícios para gestantes
GUEDES, D. P.; GUEDES, J. E. R. P. Atividade física, aptidão física e saúde. Revista Brasileira
de Atividade Física & Saúde, v. 1, n. 1, p. 18–35, 1995. Disponível em: http://rbafs.org.br/
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LEVENO, K. J. Manual de obstetrícia de Williams: complicações na gestação. 23. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2014.
NASCIMENTO, S. L. et al. Recomendações para a prática de exercício físico na gravidez:
uma revisão crítica da literatura. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 36, n.
9, p. 423–431, 2014.
ROBLEDO-COLONIA, A. F. et al. Aerobic exercise training during pregnancy reduces
depressive symptoms in nulliparous women: a randomised trial. Journal of Physiothe-
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UOL ESPORTE. Alysia Montano corre os 800 m grávida. UOL Esporte, 2014. Disponível
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-os-800m-gravida.htm?mode=list&foto=1. Acesso em: 12 jul. 2019.
WOLFE, L. A.; DAVIES, G. A. Canadian guidelines for exercise in pregnancy. Clinical
Obstetrics and Gynecology, v. 46, n. 2, p. 488-495, 2003.
Leituras recomendadas
FINKELSTEIN, I. et al. Comportamento da freqüência cardíaca e da pressão arterial, ao
longo da gestação, com treinamento no meio líquido. Revista Brasileira de Medicina
do Esporte, v. 2, n. 5, p. 376–380, 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/
rbme/v12n6/a15v12n6.pdf. Acesso em: 12 jul. 2019.
MONTENEGRO, L. P. Musculação: abordagens para a prescrição e recomendações para
gestantes. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, v. 8, n. 47, p. 494-98,
2014. Disponível em: http://www.rbpfex.com.br/index.php/rbpfex/article/view/676/618.
Acesso em: 12 jul. 2019.
228 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
PREZADO ESTUDANTE
4
Avaliação, Prescrição e
Monitoramento de Programas
de Exercícios Físicos no
Contexto da Saúde Pública
Prezado estudante,
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados
com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado
tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os
tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.
Objetivo Geral
Aplicar os processos de avaliação, prescrição e monitoramento de programas de exercícios físicos no
contexto da saúde pública.
230 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
unidade
Parte 1
A Profissão Dentro da Área
da Saúde: Nacional e Mundial
Introdução
O campo de trabalho do profissional de educação física é amplo, e sua
atuação se insere em diversos ambientes de trabalho e áreas. Na área
da saúde, existem muitas possibilidades de colocação profissional. Entre
elas, podemos citar a saúde pública, a prevenção de doenças, o apoio na
reabilitação de pacientes no âmbito hospitalar, além da atividade dentro
de grupos de profissionais nos hospitais.
Neste capítulo, você verá a posição da Organização Mundial da Saúde
(OMS) a respeito da importância do profissional da educação física e da
atividade física. Além disso, você vai conhecer a atuação do profissional
de educação física no âmbito da saúde nacional e a ação do Ministério
da Saúde do Brasil, colocando esse profissional no projeto das Unidades
hospitais;
UBS;
grupo integrado de profissionais;
clínicas;
academias;
clubes;
escolas esportivas.
Em 2002, a Organização Mundial da Saúde, em carta aos países que a integram, sugeriu
a construção de políticas públicas que priorizassem a importância da prática de
atividades físicas devidamente acompanhadas e orientadas por profissionais, bem
como a prática de atividade física rotineira para atingir uma qualidade de vida melhor.
O Ministério da Saúde do Brasil instituiu, a partir dessa carta, diversas ações que
integram o profissional de educação física em programas, projetos e grupos de pro-
fissionais da saúde. Também passou a promover ações que estimulam a prática de
atividade física para prevenir as doenças decorrentes de uma vida sedentária.
Por intermédio da Federação Brasileira de Associações dos Profissionais de Educação
Física, muitos anos antes disso, já se discutia a educação física, inclusive a escolar,
como sendo importante para a saúde e para a qualidade de vida. Hoje, em carta, a
OMS pede atenção às práticas da educação física escolar como meio para promover,
no indivíduo, o costume da atividade física.
236 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
A profissão dentro da área da saúde: nacional e mundial 27
https://goo.gl/nhuxwA
Esses núcleos têm por objetivo dar entrada ao usuário para o sistema do
PSF e também um apoio às equipes de saúde da família. O NASF está dividido
em nove áreas:
BRASIL. Ministério da Saúde lança programa para estimular a prática de atividade física.
07 abr. 2011. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/esporte/2011/04/ministerio-
-da-saude-lanca-programa-para-estimular-a-pratica-de-atividade-fisica>. Acesso
em: 09 ago. 2017.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Atividade física. Folha Informativa, Brasília, DF, n.
385, fev. 2014. Disponível em: <http://actbr.org.br/uploads/conteudo/957_FactShee-
tAtividadeFisicaOMS2014_port_REV1.pdf>. Acesso em: 09 ago. 2017.
SANTOS, L. R. dos. O profissional de educação física e a saúde da família. Educação
Física, Brasília, DF, v.8, n. 27, p. 18-19, mar. 2008. Disponível em: <http://www.confef.org.
br/extra/revistaef/arquivos/2008/N27_MAR%C3%87O/14_PROF_EF_SAUDE_NA_FA-
MILIA.PDF>. Acesso em: 09 ago. 2017.
STEIN et al. Rastreamento do sedentarismo em adultos e intervenções na promoção da
atividade física na atenção primária à saúde. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de
medicina de Família e Comunidade, ago. 2009.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Physical activity. 2017. Disponível em: <http://www.
who.int/mediacentre/factsheets/fs385/en/>. Acesso em: 10 fev. 2017.
Leituras recomendadas
BILIBIO, L. F.; CECCIM, R. B. Singularidades da educação física na saúde: desafios à
educação de seus profissionais e ao matriciamento interprofissional. In: FRAGA, A. B.;
WACHS, F. (Org.). Educação Física e Saúde Coletiva: políticas de formação e perspectivas
de intervenção. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2007. p. 47-62.
PREZADO ESTUDANTE
Parte 2
Atividades do Profissional Como
Integrante da Equipe de Saúde
Introdução
A importância de se ter uma boa saúde é incontestável em qualquer
lugar do mundo. Para que isso possa acontecer, são necessários siste-
mas de saúde com condições de atendimento e, principalmente, que
nestes atuem profissionais capacitados com qualificação adequada
em cada área.
Para que seja possível atender às necessidades da população na
área da saúde, é necessário criar equipes que possuam consonância de
pensamento e diversificação de profissões que irão atuar no atendimento
das necessidades populacionais na prevenção e na promoção da saúde.
Neste capítulo, você vai estudar o que são Núcleos de Apoio à Saúde
da Família (NASFs), reconhecer a equipe que os compõem e identificar
a atuação de um profissional de educação física como integrante de
um NASF.
O cuidado com a saúde não é somente de interesse nacional, mas também de nível
mundial, tanto é que, em 1986, foi realizada a Primeira Conferência Internacional sobre
Promoção da Saúde, em Ottawa/Canadá, em que foram propostas estratégias para a
qualificação da saúde, tendo ênfase a importância da comunidade em tal processo.
seus clientes, com qualidade, respeito e sinceridade para que possa satisfazer e
experienciar boas lembranças aos seus clientes, seja em produtos ou serviços.
Nessa linha, é notório que as equipes multidisciplinares são fatores de
extrema importância para o desenvolvimento de qualquer entidade organiza-
cional, pois elas irão melhorar a troca de informação e, consequentemente, o
desempenho das atividades, sejam elas individuais ou coletivas, pois todos os
profissionais envolvidos irão trabalhar no mesmo foco e no mesmo objetivo,
que é o sucesso profissional de cada um para um bem maior de todos.
Trazendo para dentro da área da saúde, é quase que ridículo não ter essa
percepção de equipes multidisciplinares ou multiprofissionais, e dentro do
NASF isso é muito mais que uma obrigação, mas, sim, uma necessidade.
Existem alguns tipos de equipes no NASF, que são NASF 1, NASF 2 e
NASF 3, em que, basicamente, o que mudará é a carga horária estabelecida
para uma das modalidades e o número de equipes empregadas (Tabela 1).
Nº de equipes
Tipo de NASF empregadas Carga horária empregada*
https://goo.gl/sBJrGm
funcionamento das rotinas do local onde atua, ou seja, deve ser parte efetiva
da equipe de um NASF quando esta for sua atividade laboral, fazendo parte
na colaboração para o atingimento do objetivo maior, que é proporcionar uma
melhor qualidade de vida a quem procura auxílio.
BRASIL. Lei 8.080, de 30 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes e dá outras providências. Brasília, DF, 1990. Disponível em: <http://
conselho.saude.gov.br/legislacao/lei8080_190990.htm>. Acesso em: 30 ago. 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 154, de 24 de janeiro de 2008. Cria os Núcleos
de Apoio à Saúde da Família – NASF. Brasília, DF, 2008. Disponível em: <http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt0154_24_01_2008.html>. Acesso em: 30
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BRASIL. Portal da Saúde. Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). 2012. Disponível
em: <http://dab.saude.gov.br/portaldab/nasf_perguntas_frequentes.php>. Acesso
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DEZORZI, M. Ferramentas da qualidade: aplicada a gestão de recursos humanos: trans-
formação do RH em parceiros estratégicos do negócio. Rio de Janeiro: Qualimark, 2011.
SILVA, C. M. Equipes multidisciplinares. 2014. Disponível em: <http://www.rhportal.com.
br/artigos-rh/equipes-multidisciplinares/>. Acesso em: 30 ago. 2017.
Leituras recomendadas
CARTA de Otawa. In: CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE PROMOÇÃO DA SAÚDE,
1., 1986, Otawa. Anais... Otawa, 1986. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/carta_ottawa.pdf>. Acesso em: 15 out. 2017.
DECLARAÇÃO de Alma-Ata. In: CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE CUIDADOS
PRIMÁRIOS DE SAÚDE, 1978, Alma-Ata. Anais... Alma-Ata, 1978. Disponível em: <http://
cmdss2011.org/site/wp-content/uploads/2011/07/Declara%C3%A7%C3%A3o-Alma-
-Ata.pdf>. Acesso em: 15 out. 2017.
PREZADO ESTUDANTE
Parte 3
Planejamento e Avaliação das Intervenções
da Educação Física no Contexto da Saúde
Planejamento e avaliação
das intervenções da
educação física no
contexto da saúde
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O tema qualidade de vida e saúde está presente em nossas vidas,
direta ou indiretamente, a todo momento. As temáticas são conteúdos
imprescindíveis para o trabalho dos profissionais de educação física em
ambientes escolares, pois a educação física está classificada como uma
profissão na área da saúde, sendo assim, o profissional tem o dever de
trabalhar em prol da educação para um estilo de vida ativo e saudável por
meio da orientação de práticas de exercícios físicos e do esclarecimento
de seus benefícios.
Neste capítulo, você vai estudar sobre qualidade de vida, saúde, ati-
vidade física e exercício físico. Poderá conceituar e se aprofundar nos
diferentes elementos e dimensões que compõem a qualidade de vida e a
saúde. Serão apresentados exemplos práticos das principais capacidades
físicas relacionadas à saúde, seus conceitos e as formas de desenvolvi-
mento de práticas.
Avaliação, Prescrição e Monitoramento de Programas de Exercícios Físicos no Contexto da Saúde Pública | UNIDADE 4
Planejamento e Avaliação das
261
2 Planejamento e avaliação das intervenções daIntervenções da Educação Física no Contexto da Saúde |
educação física... PARTE 3
A Lei n°. 9.615/98, conhecida com a “Lei Pelé”, regulariza o esporte em nosso país e o
caracteriza nas seguintes manifestações (BRASIL, 1998):
Esporte educacional: praticado em diferentes tipos de instituições de ensino
sem a finalidade de rendimento, com o foco no desenvolvimento integral de seus
praticantes por meio de uma prática para o lazer.
Esporte de participação: realizado no dia a dia do indivíduo, sem finalidades com-
petitivas de rendimento, com foco na integração e na socialização dos praticantes
e na promoção da saúde e do bem-estar.
Esporte de rendimento: praticado de forma profissional, ou não, seguindo as
normas e as regras das mais diferentes entidades desportivas, com a finalidade de
rendimento e performance esportiva.
Por que? Aqui, são traçados os objetivos gerais e específicos das ações/pro-
gramas. Devem ser analisados de forma detalhada e devem estar diretamente
relacionados ao tema principal do projeto/programa.
Para que? Todo bom projeto/programa deve ter uma justificativa, ou seja,
relevância, importância, e isso deve ser bem detalhado e esclarecido para
melhor fundamentar as ações.
Onde? O(s) local(is) onde serão desenvolvidas as ações devem ser pensados
antecipadamente para que se possa analisar a infraestrutura e as condições
para o desenvolvimento geral.
Esses são alguns procedimentos gerais prévios que são importantes e devem
ser organizados e detalhados para o melhor desenvolvimento e o sucesso nas
270 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Planejamento e avaliação das intervenções da educação física... 11
Avaliação diagnóstica: nada mais é do que uma análise dos pontos fortes e
fracos do indivíduo, ou da turma, em relação a uma determinada característica.
Avaliação, Prescrição e Monitoramento de Programas de Exercícios Físicos no Contexto da Saúde Pública | UNIDADE 4
Planejamento e Avaliação das
273
14 Planejamento e avaliação das intervenções daIntervenções da Educação Física no Contexto da Saúde |
educação física... PARTE 3
Pensar que a avaliação é o ato final do julgamento, e não de um meio para observar o
progresso, algumas vezes é um engano. Outro conceito errôneo é pensar em avaliação
como sendo sinônimo de medida, que, na realidade, é apenas um processo da avaliação.
Seguem alguns conceitos importantes, segundo Marins e Giannichi (2003):
Teste: é um instrumento, um procedimento ou uma técnica, usados para se obter
uma informação.
Medida: é o processo utilizado para coletar as informações obtidas pelo teste,
atribuindo um valor numérico aos resultados.
Avaliação: é o que determina a importância ou o valor da informação coletada.
Teste de IMC: embora seja um teste bastante simples, pode ser utilizado
para verificar se os alunos estão nos índices considerados adequados para a
faixa etária. É um teste interessante, pois é fácil de aplicar e exige somente
os dados do peso e da altura, mas tem fragilidades, pois em indivíduos com a
massa muscular bem desenvolvida pode apresentar resultados não fidedignos,
indicando algum nível de sobrepeso ou até obesidade.
Fórmula para cálculo do IMC:
Peso
IMC = ______
Altura2
Meninos Meninas
Obesidade
Obesidade
Sobrepeso
Sobrepeso
Normal
Normal
Idade
Mulheres ≥ 80 ≥ 88
Homens ≥ 94 ≥ 102
https://goo.gl/DE5gnR
MENDES, R. A.; LEITE, N. Ginástica laboral: princípios e aplicações práticas. 2. ed. rev.
ampl. Barueri, SP: Manole, 2008.
NAHAS, M. V. Atividade física, qualidade de vida e saúde. 3. ed. Londrina: Midiograf, 2003.
NASCIMENTO, P. C. Democracia e saúde: uma perspectiva arendtiana. In: FLEURY, S.
(Org.). Saúde coletiva?: questionando a onipotência do social. Rio de Janeiro: Relume-
-Dumará, 1992. p. 177-196.
ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Documentos básicos. 26. ed. Genebra: OMS,
1976.
PRIESS, F. G. Características do estilo de vida e da qualidade de vida de professores univer-
sitários de instituições privadas de Foz do Iguaçu e região. 2011. Dissertação (Mestrado
em Educação Física)- Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011. Disponível em:
<http://hdl.handle.net/1884/26495>. Acesso em: 22 ago. 2018.
SCLIAR, M. História do conceito de saúde. PHYSIS: Revista Saúde Coletiva, v. 17, n. 1, p.
29-41, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/physis/v17n1/v17n1a03.pdf>.
Acesso em: 22 ago. 2018.
Leituras recomendadas
FERNANDES FILHO, J. A prática da avaliação física. 2. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003.
NIEMAN, D. C. Exercício e saúde: como se prevenir de doenças usando o exercício como
seu remédio. Barueri, SP: Manole, 1999.
PREZADO ESTUDANTE
Parte 4
Prescrição de Exercícios Para
a Saúde e o Condicionamento Físico
Prescrição de exercícios
para a saúde e
condicionamento físico
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Os princípios da prescrição de um programa de exercício físico são de
extrema importância para a organização do treinamento e para se atin-
gir resultados concretos. O entendimento desses princípios permite
compreender a relação entre as variáveis de controle intervenientes do
treinamento. Para a maioria dos adultos, um programa que inclua ativida-
des aeróbicas, de força, de flexibilidade e neuromotoras é indispensável
para a melhora e manutenção da aptidão física e da saúde. No entanto,
existem condições que exigem abordagens diferentes com prescrições
específicas.
Neste capítulo, você vai aprender quais são os princípios que orientam
a prescrição de exercício seja para a indivíduos saudáveis, seja para po-
pulações especiais, compreendendo as principais características de cada
condição. Conhecerá também as principais orientações e considerações
especiais para a prescrição de exercícios para as diferentes condições.
Por fim, vai entender o papel do exercício físico na promoção de saúde.
Avaliação, Prescrição e Monitoramento de Programas de Exercícios Físicos no Contexto da Saúde Pública | UNIDADE 4
Prescrição de Exercícios Para a Saúde e o Condicionamento Físico | PARTE 4 283
2 Prescrição de exercícios para a saúde e condicionamento físico
Prescrição de exercícios,
condicionamento e saúde
Diversas evidências demonstram que a inatividade física é um fator de risco
primordial para o desenvolvimento de doença cardiovascular, equiparando-
-se ao tabagismo, à hipertensão e ao colesterol elevado. A prática regular de
atividade física (AF) rigorosa revela-se fundamental para a redução do risco
de doença coronariana para indivíduos fumantes ou hipertensos. De fato,
incrementos na AF e no condicionamento apresentam relação inversa com a
taxa de mortalidade por qualquer causa (POWERS; HOWLEY, 2017).
Primeiramente, precisamos distinguir o que vêm a ser AF, exercício e
condicionamento. A primeira representa qualquer forma de atividade muscular
que exija um gasto energético proporcional ao trabalho realizado. Exercício
representa um tipo de AF realizado de forma planejada com o objetivo de
promover incrementos no condicionamento. Este, por sua vez, é definido como
um conjunto de atributos inerentes ao indivíduo que podem ser desenvolvidos
e se relacionam à capacidade de executar AF (POWERS; HOWLEY, 2017).
Uma das maiores preocupações na prescrição do exercício está na dose
apropriada e necessária para que gere um efeito desejado (relação dose–resposta).
Qual, por exemplo, deve ser a dose necessária para se atingir um melhor desem-
penho na corrida de 100 m? Seria a mesma intensidade de quando o objetivo é
melhorar uma variável relacionada à saúde (tal como a pressão arterial) ou ao
condicionamento (como aumentar o VO2máx)? (POWERS; HOWLEY, 2017):
Fatores de
risco negativo Critério de definição
% VO2reserva % de PSE
Classificação %FCmáx ou FCreserva 1–RM (Borg) MET
Crianças e adolescentes
Segundo o ACSM (2018), indivíduos jovens, em sua maioria, são saudáveis e
estão aptos a iniciarem um programa de exercício físico de intensidade mo-
derada sem a necessidade de triagem médica. Após o período de adaptação,
eles podem iniciar um treinamento vigoroso. No entanto, crianças em idade
pré-púbere (até 12 anos) possuem o esqueleto imaturo, não sendo recomen-
dado participarem de grandes volumes de exercício em intensidade vigorosa.
Deve-se ter em mente que suas respostas fisiológicas agudas ao exercício são
qualitativamente semelhantes às dos indivíduos adultos, mas com diferenças
quantitativas. Além disso, as crianças possuem capacidade anaeróbica menor
que a dos adultos, o que restringe sua capacidade de realizar atividades vigo-
288 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Prescrição de exercícios para a saúde e condicionamento físico 7
Fortalecimento
Aeróbico Resistência ósseo
Envelhecimento
Devido à repercussão que as alterações fisiológicas do envelhecimento têm na
capacidade de realização de atividades diárias, é recomendado que se realize
algum teste de desempenho físico (teste funcional) com os idosos. Existem
diversas baterias já validadas que estão associadas aos diferentes domínios
subjacentes à aptidão física. Os testes mais utilizados identificam pontos de
corte específicos que indicam as limitações funcionais, contribuindo para a
prescrição do exercício. Um exemplo é o Senior Fitness Test, que abrange um
conjunto de testes para avaliar força e flexibilidade dos músculos dos membros
superiores e inferiores, aptidão cardiorrespiratória, agilidade e equilíbrio
dinâmico (ACSM, 2018).
É recomendado que um programa neste âmbito contemple exercícios
aeróbicos de fortalecimento muscular e de flexibilidade. Além disso, exer-
cícios neuromotores específicos (posturas em dificuldades progressivas,
movimentos dinâmicos que perturbem o centro de gravidade, estímulo dos
músculos posturais, etc.) podem contribuir para melhorar o equilíbrio, a
agilidade e a propriocepção, o que pode auxiliar na prevenção de quedas
(ACSM, 2018). Atualmente, programas de exercícios multimodais (mul-
ticomponentes) — que incluem dois ou mais dos componentes de força,
equilíbrio, resistência ou flexibilidade — têm contribuído para melhorar
a capacidade funcional em idosos (POWERS; HOWLEY, 2017). O Quadro
4, a seguir, apresenta as principais recomendações para a prescrição de
exercício para idosos.
290 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Prescrição de exercícios para a saúde e condicionamento físico 9
Gestantes
Gestantes saudáveis que não apresentem contraindicações para os exercícios
devem ser orientadas a se exercitar ao longo da gravidez. Para isso, primei-
ramente, a grávida deve realizar um exame clínico completo, para que sejam
eliminadas possíveis complicações que a contraindicariam para a prática de
exercícios (POWERS; HOWLEY, 2017; ACSM, 2018):
Diabetes melito
Existem algumas diferenças na prescrição de exercícios para pacientes com
diabetes melito do tipo 1 (DM1) e com diabetes melito do tipo 2 (DM2). Para
os pacientes com DM1, é importante um cuidado na monitorização da glicemia
antes, durante e após o exercício, além da variação da ingestão de carboidratos
e da utilização da insulina, para se evitar um quadro de hipoglicemia. Além
disso, deve-se ter cuidado com as condições pré-AF a respeito da hiperglicemia.
No Quadro 6, são apresentados alguns procedimentos de automonitorização
para o paciente com DM1 antes, durante e após o exercício. A prescrição de
exercícios para os portadores de DM1 deve levar em consideração outros fatores
associados à doença, como neuropatias, retinopatia e nefropatia (POWERS;
HOWLEY, 2017).
Monitorização
Controle metabólico da glicemia pré e Ingestão de
pré-exercício pós-exercício alimentos
Além disso, outros cuidados especiais devem ser tomados para a prescrição
do programa, bem como para a realização da sessão de treinamento, conforme
apresentado a seguir (ACSM, 2018):
Obesidade
Existe uma relação dose–resposta entre os níveis de AF e a perda de peso.
Algumas recomendações sugerem uma quantidade mínima de 150 min/semana
de AF, enquanto outras defendem que seja realizado entre 200 e 300 min/
semana. Independentemente disso, os objetivos do exercício durante a fase
de perda de peso são maximizar a quantidade de gasto calórico e promover
adaptações neuroendócrinas que possam contribuir com a regulação metabólica
do indivíduo (incluindo maior sensibilidade à leptina, promovendo saciedade;
maior capacidade mitocondrial para transportar e utilizar ácidos graxos como
fonte energética) (EHRMAN et al., 2017; ACSM, 2018).
Para iniciantes, a duração da AF com intensidade moderada e vigorosa
deve progredir até alcançar pelo menos 30 min/dia. Para se manter a perda de
peso a médio e longo prazos, deve-se executar pelo menos 250 min/semana
em intensidade moderada a vigorosa. No Quadro 8, são apresentadas as reco-
mendações do ACSM (2018) para prescrição de exercícios a indivíduos com
sobrepeso e obesos.
296 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Prescrição de exercícios para a saúde e condicionamento físico 15
Doenças cardiovasculares
Pacientes que apresentam insuficiência cardíaca (IC) devem ingressar em um
programa de exercícios com os objetivos de reverter a intolerância ao exercício e
diminuir o risco de um evento clínico. Primeiramente, é necessário que realizem
exames médicos específicos, além de ser recomendado que façam um teste de
esforço com medição de gases espirados, um eletrocardiograma e medições
hemodinâmicas. Uma vez liberados para iniciar o programa e munidos dos
resultados dos exames, o treinamento pode ter início (ACSM, 2018).
Recomenda-se que o volume de treinamento seja aumentado a cada semana,
de forma lenta e consistente, elevando-se primeiro a duração e a frequência,
ao invés da intensidade. Após um período de quatro semanas de treinamento
aeróbico, exercícios de força podem e devem ser incluídos à rotina de treina-
mento (ACSM, 2018). No Quadro 9, a seguir, são apresentadas as diretrizes
para pacientes com IC que desejam praticar exercícios.
Para casos com hipertensão arterial sistêmica (HAS), deve ser dada ênfase
às atividades aeróbicas, que podem ser complementadas com treinamento de
força. Dados mais recentes demonstram que, por si só, o exercício de força
promove reduções da pressão arterial (PA). É importante considerar o nível de
controle da PA associado a terapia farmacológica. A progressão do treinamento
deve ser gradual, evitando acréscimos exagerados em qualquer uma das vari-
áveis do treinamento. É importante manter a PA sistólica ≤ 220 mmHg e/ou a
PA diastólica ≤ 105 mmHg durante o exercício (POWERS; HOWLEY, 2017;
ACSM, 2018). As principais recomendações para a prescrição de exercícios
a essa população são apresentadas no Quadro 10.
Quadro 10. Recomendações da prescrição de exercício físico para indivíduos com HAS
Para a prescrição de exercícios físicos a pacientes cardíacos que fazem uso de betablo-
queadores, é importante realizar a redução do percentual da sua frequência cardíaca
de trabalho, a depender da dosagem utilizada, como é demonstrado no I Consenso
Nacional de Reabilitação Cardiovascular, que você pode acessar via o link a seguir.
https://qrgo.page.link/LT2yQ
Doenças pulmonares
Para indivíduos com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) capa-
zes de se exercitar, recomenda-se treinamento aeróbico. Além disso, a
realização de exercícios de força se revela bastante eficaz no tratamento
da disfunção cardíaca, que às vezes é observada nesses pacientes. Nesses
indivíduos, ainda se observa um aumento nos episódios de quedas, associado
a fraqueza muscular e anormalidade da marcha e equilíbrio; portanto, o
fortalecimento dos membros inferiores e o treinamento de equilíbrio são
indicados (ACSM, 2018).
300 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Prescrição de exercícios para a saúde e condicionamento físico 19
Quadro 11. Recomendações da prescrição de exercício físico para indivíduos com DPOC
e asma
(Continua)
Avaliação, Prescrição e Monitoramento de Programas de Exercícios Físicos no Contexto da Saúde Pública | UNIDADE 4
Prescrição de Exercícios Para a Saúde e o Condicionamento Físico | PARTE 4 301
20 Prescrição de exercícios para a saúde e condicionamento físico
(Continuação)
Quadro 11. Recomendações da prescrição de exercício físico para indivíduos com DPOC
e asma
Câncer
De maneira geral, os pacientes com câncer, independente da fase de tratamento,
não devem exercitar-se ao máximo. A prescrição inicial tem por objetivo
promover a deambulação, desde que não existam contraindicações específicas,
302 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Prescrição de exercícios para a saúde e condicionamento físico 21
A SMSe está relacionada com diversas condições de saúde envolvendo altos níveis de
triglicerídeos, colesterol e glicose, maior risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2,
hipertensão arterial, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, obesidade, síndrome
metabólica, câncer de mama, cólon, endometrial e epitelial do ovário, depressão,
acidente vascular encefálico, dentre outros. Essas condições se tornam mais urgentes
ainda devido ao fato das crianças estarem apresentando doenças relacionadas a SMSe
(ACSM, 2018).
Dessa forma, aqueles que mantêm uma rotina de AF com maior duração
e/ou maiores intensidades (> 6 METs) podem obter maiores benefícios para a
saúde. Cada vez mais, novos estudos demonstram haver uma relação de dose–
304 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Prescrição de exercícios para a saúde e condicionamento físico 23
Evidência de
relação inversa de
Variável dose–resposta Força de evidência*
A osteoartrite é uma condição articular degenerativa que cada vez mais vem acome-
tendo indivíduos mais novos, podendo estar associada à obesidade e a lesões ligadas
ao esporte. Ela ocorre quando a cartilagem articular sofre um desgaste. Antigamente,
o tratamento tradicional era conservador e orientava os indivíduos com essa condição
que aliviassem ou reduzissem a sobrecarga nas articulações acometidas. Atualmente,
é recomendado que os pacientes artríticos associem atividades de baixo impacto
como atividades aquáticas, pedaladas ou caminhadas, com redução do peso corporal
e o fortalecimento da musculatura estabilizadora articular. Essa abordagem vem se
revelando mais eficiente na melhora da saúde e da qualidade de vida para esses
indivíduos (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018).
ACSM. Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. 10. ed. Rio de Janeiro:
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Leituras recomendadas
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
KETEYIAN, S. J. High intensity Interval training in patients with cardiovascular disease: a
brief review of the physiologic adaptations and suggestions for future research. Journal
Avaliação, Prescrição e Monitoramento de Programas de Exercícios Físicos no Contexto da Saúde Pública | UNIDADE 4
Prescrição de Exercícios Para a Saúde e o Condicionamento Físico | PARTE 4 307
26 Prescrição de exercícios para a saúde e condicionamento físico
PREZADO ESTUDANTE