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Aquisição e Desenvolvimento

de Linguagem
Profª. Karissa Cristina Aued
2022 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2022 Os autores
Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP


A917d Aued, Karissa Cristina
Aquisição e desenvolvimento de linguagem / Karissa
Cristina Aued. Paranavaí: EduFatecie, 2022.
76 p. : il. Color.

1. Psicolinguística. 2. Psicologia infantil. 3. I. Centro


Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância.
III. Título.

CDD : 23 ed. 401.93


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Caroline da Silva Marques
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Jéssica Eugênio Azevedo
Kauê Berto

Projeto Gráfico, Design e


Diagramação
André Dudatt
Carlos Firmino de Oliveira
AUTOR

Professora Karissa Cristina Aued

Graduação:
● Fonoaudiologia
● Pós Graduação:
● Pós-Graduação Completa em Educação Especial com Ênfase em Educação
Inclusiva, Universidade Salgado de Oliveira - RJ);
● Pós-Graduação Completa em Neuro psicopedagogia (Faculdade UNIMA);
● Pós-Graduação em Fonoaudiologia Escolar, (Faculdade UNIMA);
● Ampla experiência nas áreas de fonoterapia, audiometrias ocupacionais,
indicação e adaptação de aparelhos auditivos.

Penso que ser fonoaudióloga é oferecer ciência com muito amor.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/2847594489258917


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja bem-vindo (a)!

Prezado (a) aluno (a), falar de fonoaudiologia de maneira clara é o que nos traz a
este momento, os assuntos abordados nessa disciplina são de suma importância no labor
fonoaudiológico.
Minha proposta é iniciar nossa aprendizagem e trazer o conhecimento básico para
um futuro fonoaudiólogo de sucesso.
Na unidade I, nos será apresentado conceitos básicos á fonoaudiologia, assim como
algumas teorias essenciais para o desenvolver do pensar fonoaudiológico. E na unidade
II, nos será apresentado conhecimento para facilitar a compreensão de como acontece a
aquisição de fala e linguagem, entendendo a comunicação efetiva; A estimulação de fala
e linguagem e algumas alterações que acontecem ou podem acontecer nesse processo
de desenvolvimento.
Chegando à unidade III, nos será apresentado algumas patologias fonoaudiológicas
específicas, como identifica-las e encaminhar para o tratamento adequado.
Por fim, na unidade IV, nos será apresentado como elaborar anamnese, avaliação
e tratamento das patologias específicas anteriormente relatadas.
Iniciando assim o projeto de saber das funções fonoaudiológicas, no qual o aluno é
convidado a compreender não apenas a função do fonoaudiólogo, mas também a base que
fará parte do seu conhecimento, assim como a organização terapêutica para o desempenho
desta função.
Meu convite se faz a você, futuro fonoaudiólogo, para iniciar e continuar esta jornada
de conhecimento, pois conhecimento necessita ser multiplicado, compartilhado e renovado.

Meus sinceros agradecimentos!

Bons estudos!
SUMÁRIO

UNIDADE I ...................................................................................................... 3
Conceitos Básicos

UNIDADE II ................................................................................................... 21
Aquisição de Fala e Linguagem

UNIDADE III .................................................................................................. 37


Alterações Comuns na Fala e Linguagem

UNIDADE IV .................................................................................................. 56
Avaliação
UNIDADE I
Conceitos Básicos
Profª. Karissa Cristina Aued

Plano de Estudo:
● Conceitos básicos;
● Jean Piaget;
● Vygotsky;
● Chomsky;
● Skinner.

Objetivos da Aprendizagem:
● Estudar os pensadores da aquisição de fala e linguagem;
● Desenvolver pensamento crítico pertinente a fonoaudiologia;
● Entender as diferentes teorias e como elas podem
ajudar nossa construção do conhecimento;
● Engrandecer nossos estudos e nossa prática.
.

3
INTRODUÇÃO

Prezado (a) aluno (a)!

Considerando que a emissão dos primeiros sons e das primeiras palavras são
momentos esperados com grande expectativa pela família sabemos que o desenvolvimento
de fala e linguagem e suas Teorias vem sendo estudado a anos por profissionais de diversas
áreas tais como: medicina, psicologia, fonoaudiologia entre outros.
A linguagem é um processo em que através de métodos inerentes a cada indivíduo
transmitimos algo a outra pessoa, nesse contexto esperamos que a linguagem esteja
sempre evoluindo ou se adaptando ao meio onde a pessoa vive.
Nossa disciplina abordará os conceitos, principais teorias de aquisição de linguagem,
desenvolvimento de fala e linguagem normais, avaliação, diagnóstico e tratamento
fonoaudiológico (estimulação e intervenção).

Desejo a você, uma boa leitura e aprendizado!

UNIDADE I Conceitos Básicos 4


1. CONCEITOS BÁSICOS

1.1 O que é linguagem?


O conceito de linguagem refere-se ao processo de interação entre as pessoas,
onde usamos mecanismos para transmitir nossas ideias, assim como recebe – lá quando
ofertadas pelo próximo.
É um conjunto de signos estruturados por um meio, normalmente desde o nascimento
da criança que facilitando sua interação com o outro.

1.2 O que é voz?


O conceito de voz refere – se ao som ou conjunto de sons produzidos pelas vibrações
das pregas vocais sob pressão do ar que percorre a laringe. Sendo assim a respiração se
faz de suma importância para a produção vocal, sendo que a voz acontece quando durante
a expiração as pregas vogais vibram produzindo a voz propriamente dita.

1.3 O que é a fala?


A fala se refere à como as pessoas de comunicam oralmente, sendo a forma
pessoal de expressão do indivíduo que possui organização própria de pensamentos, ideias
e opiniões (linguagem). A fala é o resultado da voz articulada.
A fala, de forma genérica, pode ser entendida como a maneira de se comunicar
oralmente, assim como é o processo observável da linguagem oral. Ela está diretamente
relacionada com a voz e aos órgãos fonoarticulatórios, é considerada individual e
normalmente recebe influência cultural ganhando assim o que chamamos de “sotaques”.

UNIDADE I Conceitos Básicos 5


1.4 O que é língua?
O conceito de língua, está ligado intimamente a uma estruturação verbal que
organiza os significados em um local pré-determinado. Podemos dizer que a língua se
estrutura através da linguagem.
Lembramos que em nosso país utilizamos a Língua portuguesa e a Língua
Brasileira de Sinais, porém a Língua Brasileira de Sinais se restringe a um grupo pequeno
considerando a Língua Brasileira.

1.5 Gramática e Linguística


É um conjunto de regras e normais que existem para estruturar nossa língua, para
que assim ela se organize da melhor maneira possível. Isso significa que pessoas de um
mesmo meio (no caso país) consigam uma comunicação efetiva através da mesma língua.
A linguística é a ciência que estuda a linguagem.

1.6 Tipos de Linguagem


A comunicação entre as pessoas é chamada de linguagem e a dividimos em 3
vertentes:
● Linguagem verbal (oral ou gráfica);
● Linguagem Não-Verbal;
● Linguagem Mista.

1.6.1 Linguagem verbal


A fala é um tipo de linguagem verbal. Na fonoaudiologia, normalmente chamamos
de fala. Na fonoaudiologia dividimos estas definições e chegamos a comunicação oral
(palavras emitidas) e comunicação gráfica (palavras escritas).
A linguagem verbal, ou seja, a fala é composta essencialmente por palavras
faladas. Porém a linguagem gráfica composta por leitura e escrita também é considerada
linguagem verbal, pois em ambas utilizamos a mesma organização de regras, ou seja, a
mesma gramática para direcionar sua organização.
Na linguagem verbal utilizamos as codificações neurais elaboradas desde o
nascimento e que nos fazem subsistir em sociedade, pois este compõe o sistema de troca
de informações através dos sons da fala e nos transforma em seres capazes de subsistir e
evoluir com a troca de informações e sentimentos.
Cada indivíduo possui uma linguagem própria sendo autônomo para construí – lá
de acordo com suas bases familiares e cognitivas, entendamos que a interação entre os
indivíduos sempre acontece porque ali está presente e estruturada uma forma de linguagem.

UNIDADE I Conceitos Básicos 6


Diante de todas essas informações nos deparamos com o termo Fala Funcional
esta é o meio pelo qual um indivíduo se comunica, falando de forma clara e espontânea
comunicando seus desejos e necessidades, ou seja, é uma fala com significado.

1.6.2 Linguagem não-verbal


Placas informáticas como placas de trânsito, assim como semáforos são exemplos
de linguagem não-verbal.
Nem toda forma de linguagem utiliza-se necessariamente de palavras. Podemos
citar placas de trânsito, placas informativas, gestos, expressões faciais, símbolos, entre
outros para exemplificar a linguagem não-verbal.

1.6.3 Linguagem mista


A linguagem mista é composta por palavras e imagens como nas tirinhas, quadri-
nhos ou placas informativas.
A Linguagem mista é aquela que une a linguagem verbal e não-verbal, como o
cinema, o teatro ou as revistas.

1.6.4 Linguagem formal e informal


Em situações diversas utilizamos a linguagem de maneira diferenciada, a estas
linguagens podemos chamar de linguagem formal e informal.
Uma pessoa normalmente faz uso das duas linguagens o que difere é a situação,
esta será determinante na escolha das palavras determinando assim uma linguagem formal
ou informal. Na linguagem formal escolhemos uma linguagem mais rica em detalhes e
organização gramatical, já a linguagem informal é definida por uma linguagem mais simples
e pouco estruturada.
Por exemplo, o uso da linguagem informal é mais comum entre uma conversa de
amigos. Por outro lado, uma reunião de trabalho costuma requerer uma linguagem formal.

1.7 Aquisição da linguagem


Quando o bebê nasce ele não apresenta linguagem, esta vai se estruturando a partir
do nascimento com as necessidades básicas do bebê, ou seja o mesmo precisa comer, sente
– se desconfortável quando não está trocado e a partir desses sentimentos que ainda não
tem nome para esta criança os pais ou responsáveis vão falando, o bebê vai processando
e iniciando seu processo comunicativo, quando o bebê mama no seio e olha para a mãe
acontece uma mágica, a primeira comunicação entre mãe e filho, logo após isso ele chora
e percebe que a mãe o troco quando o faz sentindo – se bem com a troca, ou o bebê chora
e a mãe o alimenta, iniciando uma comunicação sem palavras e organização de linguagem.

UNIDADE I Conceitos Básicos 7


Para a fonoaudiologia a amamentação é muito importante pois além de nutrir e
hidratar, aumenta os laços afetivos e fortalece musculatura facial.
Informações a respeito das alterações da linguagem infantil devem estar ao
alcance de todos os profissionais que trabalham com crianças afim de que
estes possam orientar e encaminhar as famílias cujos filhos por algum motivo,
não estejam conseguindo evoluir satisfatoriamente (ZORZI, 2000, p. 12).

A linguagem oral acontece devido a ação conjunta dos órgãos fonoarticulatórios,


tendo como coadjuvante o Sistema Nervoso Central que coordena a produção da fala.
Entendendo que as palavras faladas chegam aos receptores da orelha sob forma de ondas
sonoras, estas são transmitidas por vias auditivas ao córtex cerebral sendo ali interpretadas.
Os centros da linguagem são acionados para produzir a resposta coerente e rápida, resposta
que chega as áreas motoras que coordenam os músculos do mecanismo da fala. Sendo
assim a linguagem oral ou fala pressupões duas ou mais pessoas participantes.
O cérebro humano é dividido em dois hemisférios direito e esquerdo, a produção da
linguagem acontece graças a ação dos dois hemisférios simultaneamente, porém a ação
do hemisfério esquerdo é dominante na produção da fala e linguagem.

FIGURA 1 - LATERALIDADE CEREBRAL E PRINCIPAIS ATIVIDADE

Fonte: COMO funciona o nosso cérebro. Home Seniors Day Care. 2022. Disponível em: https://home-
seniors.blogspot.com/2018/11/como-funciona-o-nosso-cerebro.html Acesso em: 15 dez. 2021.

UNIDADE I Conceitos Básicos 8


O hemisfério esquerdo é responsável pelo ritmo de fala, significado verbal,
entonação timbre, sequenciação, relação entre os elementos e formação de conceitos.
Neste hemisfério encontra – se a área de Broca (Codifica a linguagem) e Werneck
(processa a compreensão verbal)
O hemisfério direito domina a sintaxe de imagens visuais e auxilia a formação da
entonação, timbre e formação de conceitos.

FIGURA 2 - CONEXÃO ENTRE A ÁREA DE BROCA E WERNICKE ATRAVÉS DO


FASCÍCULO ARQUEADO

Fonte: PARDO, D. T. Guia Visual Rápido para Neurofisiologia da Fala e da Audição. PsicoSabedoria,
2016. Disponível em: https://psicowisdom.wordpress.com/2015/02/13/guia-visual-rapida-sobre-neurofisio-
logia-del-habla-y-escucha/. Acesso em: 15 dez. 2021.

Saber a função e localização destas áreas são de suma importância para a


fonoaudiologia, pois a partir daí pode-se avaliar, diagnosticar e tratar patologias da fala e
linguagem decorrentes de disfunções e ou traumatismos neurológicos.
Segundo Lyons (1987), a linguagem é um sistema de comunicação utilizado para
a interação social. De modo que a linguagem é todo tipo de comunicação em que se pode
ser compreendido.
Borges e Salomão (2003, p. 327) afirma que “A linguagem corresponde ainda a
uma das habilidades especiais e significativas dos seres humanos, compreendida como um
sistema de sinais de duas faces – significante e significado”.
Ao analisarmos o desenvolvimento de fala e linguagem da criança notamos que
existe uma sequência no desenvolvimento neural, a esta sequência chamamos Marcos
do Desenvolvimento e em cada marco podemos notar uma evolução linguística, ou seja
o desenvolvimento de fala e linguagem acontece concomitantemente ao amadurecimento
das funções neurais e cognitivas da criança.

UNIDADE I Conceitos Básicos 9


Considerando as afirmativas acima vemos que a criança inicia seu processo de fala
por uma necessidade de comunicar o que quer ou o que não quer (instintivamente), assim a
mãe oferece modelos linguísticos aos quais a criança modela da melhor maneira possível,
iniciando balbucios seguidos de fala.
As palavras estão ligadas a conceitos, ideias, sentimentos, experiências que
enfatizam o “ser”, afinal somos o que pensamos. A aquisição da linguagem insere – se no
quadro de evolução do processo global de comunicação, que engloba símbolos verbais e
não verbais (ZORZI, 2000, p. 12).
O responsável direto pelo bebê é que oferece os significados quando o mesmo
nos oferta uma expressão facial “um choro, uma risada, etc.”, falando com o bebê fazen-
do-o entender involuntariamente que a comunicação se faz como aquela pessoa que lhe
oferece conforto faz.
O contexto do desenvolvimento de fala e linguagem parece simples, porém é um
processo complexo e estruturado a partir de um sistema neural organizado, também pelas
funções pragmática, sintática, fonética e fonológica, isso tudo nos lembra da necessidade
da intenção comunicativa pois sem ela não existe comunicação.
Considerando a linguagem necessitamos compreender alguns pensadores que
nos auxiliaram com seus estudos e teorias, sendo assim serão apresentados 4 estudiosos
que fizeram diferença, porém muitos outros também não são menos importantes.
A Teoria Construtivista de Jean Piaget diz que o homem possui potencial e que de
forma receptiva o conhecimento é desenvolvido.
A Teoria Interacionista é a definida por Vygotsky diz que existe uma interação
entre o homem e o seu meio em que o conhecimento é construído continuamente através
desta relação.
A Teoria Inativista é a defendida por Chomsky diz que o homem possui conhecimento
inato, ou seja, que o homem é pré-disposto a desenvolver a fala e linguagem.
A Teoria Behaviorista de Skinner é elaborada a partir do princípio de ação e
reação. Várias teorias buscam explicar aquisição da linguagem e apresentaremos as
principais abordagens:

UNIDADE I Conceitos Básicos 10


2. JEAN PIAGET

Piaget nos diz que a existência da criança em um contexto, ou seja, no meio onde
vive desenvolve estruturas cognitivas fundamentais para o desenvolvimento. Considera
“esquema” um padrão de comportamento ou pensamento que acontece com a integração
das unidades mais simples em um todo, levando em conta que este todo é mais complexo
e organizado.
Piaget usa o termo esquema para um padrão de comportamento ou pensamento,
no bebê este “esquema” é o conjunto de reflexos que este apresenta e quanto mais
estes se organizam e se desenvolvem vão amadurecendo e se tornando generalizados,
diferenciados e numerosos formando estrutura intelectual que percebe, compreende e
classifica os acontecimentos de acordo com suas características comuns.
Tendo em vista aquisição da linguagem propriamente dita, Piaget enfatiza que a
mesma inicia seu processo de desenvolvimento após uma elaboração cognitiva individual,
não sendo dessa forma inata, pois vê o indivíduo como construtor e dependente do meio
para esta organização e manifestação de seus processos de assimilação.
Piaget entende o desenvolvimento individual como uma função de atividades múltiplas
em seus aspectos de exercício, de experiência e de ação sistemáticos onde estes aspectos se
coordenam, se autorregulam e se equilibram e dependem das circunstancias, potencialidades
e condições de cada indivíduo, gerando uma assimilação e acomodação e quando estes dois
fatores sem desvios dissemos que o indivíduo está adaptado (em equilíbrio).

UNIDADE I Conceitos Básicos 11


Entende assimilação um processo cognitivo em que o indivíduo integra, ou seja,
aprende algo novo (na área da percepção, motora ou se tratando de conceitos).
Pensemos numa criança na praia, ela absorve está experiencia ouvindo, vendo e
sentindo coisas diferentes do seu cotidiano e tenta adaptar-se a situação criando novos
estímulos e adaptando-os as estruturas cognitivas pré-existentes.
Piaget entende “acomodação” toda mudança de esquemas de assimilação sob
a influência de fatores (situações) externos, ou seja, a acomodação acontece quando
indivíduo (normalmente a criança) não consegue assimilar (entender) um novo estímulo,
pois ainda não apresenta estruturas cognitivas para tal.
Piaget considera “Acomodação” toda modificação dos esquemas de assimilação sob
a influência de situações exteriores ao quais se aplicam, por não ter condições cognitivas
no momento para tal; novas informações não são processadas ou assimiladas da maneira
esperada, porém nesse momento a criança consegue criar e modificar um “esquema pré-
existente” alterando sua estrutura mental para que compreenda a situação a sua maneira.
Quando ocorre acomodação, a criança pode tentar assimilar o estímulo novamente, e uma
vez modificado a estrutura cognitiva, o estímulo é prontamente assimilado.
Sendo a linguagem para Piaget uma função do pensamento, seu trabalho
trata das formas que ela assume e do papel que ela desempenha em cada
um dos estágios do desenvolvimento do pensamento lógico. A fala da criança
é, assim, enfocada a partir do processamento do pensamento (FONTANA e
CRUZ, 1997, p. 89).

Piaget divide o desenvolvimento em quatro estágios ou períodos:


● Sensório-motor (0 – 2 anos);
● Pré-operatório (2 – 7 a 8 anos);
● Operatório-concreto (8 – 11 anos) e
● Operatório-formal (12 – 14 anos).

● Período sensório-motor (0 - 2 anos): Este nome é dado a um período bastante


complexo na vida da criança, pois nessa fase ou período acontece a organização
e desenvolvimento dos aspectos perceptivo, motor, intelectual, afetivo e social, ou
seja, é a fase em que a criança está iniciando a capitação e decodificação das
informações do mundo ao seu redor. Esse período inicia-se com reflexos que aos
poucos são estruturados.

UNIDADE I Conceitos Básicos 12


● Período pré-operacional (2 - 7 anos): Período em que a atividade sensório
motora é refinada, nesta fase surge inicia a abstração no qual a criança inicia a
substituição de algo concreto por algo abstrato – função simbólica (diferenciação
de significante e significado), em que ocorre uma possibilidade de elaboração mais
requintada, possibilitando maior exploração do mundo, a criança já faz uso de mais
movimentos e apresenta percepções intuitivas.
• A criança nesse estágio apresenta algumas características:
é egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar,
abstratamente, no lugar do outro;
• Não aceita a ideia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos
“por quês”);
• Já pode agir por simulação, “como se”;
• Possui percepção global sem discriminar detalhes;
• Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos. Exemplo: mostram-se
para a criança duas bolinhas de massa iguais e dá-se a uma delas a forma de
salsicha. A criança nega que a quantidade de massa continue igual, pois as
formas são diferentes. Não relaciona as situações.

● Período das operações concretas (7 - 12 anos): Período no qual a criança


desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, relacionando
fatos e melhorando a organização dos fatos abstrato, mesmo assim ainda necessita
do apoio do mundo concreto agindo como facilitador para a abstração. Um fato
importante é que nesse período a criança adquire o conceito de reversibilidade.
● Período das operações formais (dos 12 anos em diante): Período em que
a estrutura cognitiva da criança encontra-se mais elaboradas, em um nível de
desenvolvimento mais elaborado. Nesta fase a criança consegue fazer uma
abstração total.

Já existe um pensamento logico, a capacidade de formular hipóteses buscando


soluções. Cognitivamente a criança está em um nível elevado, conseguindo elaborar
raciocínios lógicos, pensamento crítico para todos os tipos de assunto.

UNIDADE I Conceitos Básicos 13


3. VYGOTSKY

Para Vygotsky, o desenvolvimento da linguagem implica o desenvolvimento do


pensamento, pois pelas palavras o pensamento ganha existência. Vygotsky afirma que a
linguagem possui duas funções básicas intercâmbio social e pensamento generalizante.
Para o autor, o desenvolvimento da linguagem da criança inicia quando esta usa
de formas de comportamento que outras pessoas usaram com ela, (o que chamamos de
imitação lógica), ou seja, a criança repete o que lhe foi ofertado iniciando assim a comunicação
e estruturando sua linguagem, onde seu ambiente auxilia na criação de situação em que
a criança consiga atingir seu objetivo. Em um momento de futura organização cognitiva,
estes fatores envolverão a fala. Acreditando no desenvolvimento da fala e linguagem de
forma natural em que o conhecimento é aprendido e desenvolvido por conta própria, ou
seja, independente de situações ofertadas pelo meio.
Vygotsky nos apresenta três conceitos fundamentais a nossa profissão: O conceito
de desenvolvimento real: Entendendo pelo que a criança é capaz de nos ofertar ou de
produzir sem a interferência de outra pessoa; O conceito de desenvolvimento potencial:
Entendendo a capacidade da criança em adquirir novos conhecimentos com cooperação
de outras pessoas; O conceito de zona proximal de desenvolvimento: Entendendo a
capacidade da criança baseada nos dois ambientes anteriormente expostos.
[...] à distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma
determinar através da solução independente de problemas, e o nível de
desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas
sob a orientação de um adulto, ou em colaboração com os companheiros
capazes (VYGOTSKY, 1932/1996, p. 97).

UNIDADE I Conceitos Básicos 14


4. CHOMSKY

A Teoria Inativista é a defendida por Chomsky está se estabeleceu a partir do


estudo de que o ser humano desenvolve a fala e a linguagem por ter um conhecimento
inato, pré-determinado; afirmando que a linguagem não poderia se desenvolver apenas
por fontes externas.
Chomsky se apoiou na ideia de que o ser humano é auto suficiente para o
desenvolvimento da linguagem, como se houvesse um receptor independente para este
desenvolvimento criativo e exclusivo do ser humano.
[...] os seres humanos são, então, dotados de uma capacidade inata para
a linguagem, e possuem um conhecimento sobre o sistema linguístico,
chamado de “competência”. Isso explica como uma criança, exposta a tão
poucos dados no seu ambiente, consegue desenvolver um sistema tão
complexo em tão pouco tempo. Assim, a existência da GU, acionada por
meio de um Dispositivo de Aquisição da Linguagem – DAL – nas primeiras
versões da teoria, é o que desencadeia a competência linguística da criança
(QUADROS e FINGER, 2007, p. 28).

Mesmo acreditando nas potencialidades inatas da criança para o desenvolvimento


de fala e linguagem, Chomsky não descartou que estímulos facilitadores facilitam e
favorecem e melhoram o desempenho desta competência.
O que um professor ensina para uma criança fazendo com que as crianças des-
cubram por elas mesmas por meio da curiosidade e da exploração, faz com que
elas aprendam por elas mesmas de forma muito mais significativa e produtiva,
do que o que a elas é passado de forma passiva (CHOMSKY, 1988, p. 135).

UNIDADE I Conceitos Básicos 15


5. SKINNER

Skinner pressupões que o desenvolvimento de fala e linguagem acontece devido


a processos de imitação e repetição, processo em que a criança repete o que ouve e é
recompensada por isso.
B.F Skinner acredita em desenvolvimento de fala e linguagem através de reforços
positivos e negativos, que farão a criança manter, construir ou eliminar comportamentos
linguísticos e assim construir uma fala elaborada, mas não considerou os processos
imaginativos e criativos inerentes as crianças.
Os teóricos behavioristas rejeitam veementemente a existência de qualquer
tipo de conhecimento inato, pois, segundo eles, o conhecimento – resultado
do processo de aprendizagem – é produto da interação do organismo com o
seu meio através de condicionamento estímulo-resposta-reforço (QUADROS
e FINGER, 2007, p. 13).

Para a teoria behaviorista, o ser humano é um ser moldável pelo seu meio. Dessa
forma, nessa abordagem teórica, o comportamento linguístico de uma criança é uma
resposta à estimulação realizada por um fator externo: família, professor ou outros estímulos
(QUADROS e FINGER, 2007).

UNIDADE I Conceitos Básicos 16


SAIBA MAIS

A linguagem é o resultado de uma atividade nervosa complexa que permite a comunicação


interindividual de estados psíquicos através da materialização de signos multimodais que
simbolizam estes estados de acordo com uma convenção inerente a uma comunidade
linguística. Lecours e Cols (1979).

Fonte: Lecours e Cols (1979, p. 35).

REFLITA

Procurar entender o que os pensadores acima estudaram e como suas teorias foram
estruturadas faz parte do saber fonoaudiológico, portanto não nos permitamos estagnar
nos estudos!

Fonte: A autora (2021).

UNIDADE I Conceitos Básicos 17


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Algumas teorias nos foram apresentadas, mas com o pensamento crítico sempre
devemos nos questionar sobre os fatores que desenvolvem a linguagem: Seriam apenas
fatores biológicos ou apenas fatores externos.
Hoje sabemos que vários são os fatores responsáveis pela aquisição da fala e da
linguagem. Para a fonoaudiologia conhecer as diferentes teorias é de suma importância
pois diante destes desenvolveremos análise para avaliação e planejamento terapêutico.

UNIDADE I Conceitos Básicos 18


LEITURA COMPLEMENTAR

As teorias de aquisição de fala e linguagem são variadas, para conhecer mais sobre
o tema, aprender sobre outras teorias que não foram citadas nesse material e conhecer
sobre pesquisas no Brasil a respeito de aquisição de linguagem.

Fonte: QUADROS, R. M.; FINGER, I. Teorias de aquisição da linguagem.


Editora UFSC: Santa Catarina, 2007.Disponível em: https://www.researchgate.net/
publication/268366651. Acesso em: 10 nov. 2021.

UNIDADE I Conceitos Básicos 19


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Manual de Fonoaudiologia
Autor: J. Peña-Casanova.
Editora: Artmed.
Sinopse: A segunda edição desta obra chega num momento
de grandes mudanças e avanços no âmbito da patologia e da
reabilitação da linguagem. O acumulo progressivo de conhecimentos
e o desenvolvimento de novas tecnologias irão representar uma
revolução na atividade clínica. Dentre as contribuições dos últimos
tempos, destacam-se: a eclosão das abordagens cognitivas,
o desenvolvimento da psicolinguística e da neurolinguística, o
espetacular avanço das técnicas de neuroimagem, a expressiva
introdução dos computadores no diagnóstico e na reabilitação,
os avanços na neurobiologia, a decisiva introdução do controle
metodológico e de estudos sobre a eficácia das diferentes
formas de terapia e a aplicação de abordagens antropológicas,
sociológicas e socio terapêuticas. Muitas dessas contribuições
marcam os conhecimentos atuais em fonoaudiologia e fazem
com que o futuro da patologia da linguagem e a sua recuperação
sejam muito mais promissores. Nesse contexto de inovações, o foi
reescrito e acrescido de capítulos, propiciando ao leitor - estudante
ou profissional - um texto-fonte completo e contemporâneo.

FILME/VÍDEO
Título: Especial Síndrome de Down
Ano: 2017.
Sinopse: Dia 21 de março é o Dia Internacional da Síndrome de
Down. Conheça histórias de famílias que contém membros com
essa deficiência e como eles lidam e aprendem com eles.

UNIDADE I Conceitos Básicos 20


UNIDADE II
Aquisição de
Fala e Linguagem
Profª. Karissa Cristina Aued

Plano de Estudo:
● Aquisição de fala e linguagem;
● Estimulação de fala e linguagem.

Objetivos da Aprendizagem:
● Iniciar o estudo da comunicação humana efetiva;
● Conhecer o estudo das Alterações de fala e linguagem.

21
INTRODUÇÃO

Prezado (a) aluno (a)!

Estudar e compreender os processos de aquisição de fala e linguagem se fazem


imprescindíveis para a classe fonoaudiológica, tendo em vista que tais conhecimentos
são a base do nosso estudo enquanto ciência, compreender o desenvolvimento normal
faz com que tenhamos um raciocínio clinico amplo e preciso em nossas avaliações,
diagnósticos e intervenções.
Tenhamos um olhar delicado e voraz frente as informações como ferramentas
ofertadas entendendo que cada uma delas faz parte de um todo para a construção do saber
que necessita ser diário para que possamos crescer pessoal e profissionalmente.

Desejo a você, uma boa leitura e aprendizado!

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Fala e Linguagem 22
1. AQUISIÇÃO DE FALA E LINGUAGEM

A aquisição da fala e da linguagem de uma criança sempre foi motivo muitos


estudos, sendo ela uma manifestação perfeita ou imperfeita, fato é que na atualidade a
vemos como algo que depende de múltiplos fatores para se desenvolver com veemência.
A fonoaudiologia vem aprimorando seu conhecimento no sentido de ter um olhar
mais humano considerando a singularidade do indivíduo e o percebendo como um todo e
nessa proposta temos uma visão do indivíduo, onde não podemos esquecer de analisar
seus sentimentos pois estes repercutem diretamente na produção da fala.
A comunicação, objeto de estudo desta profissão, é vista como forma de integra-
ção social do indivíduo por meio das diversas modalidades da linguagem, que possibilita
ao indivíduo se colocar como agente transformador da sociedade e de sua realidade
(SOUZA; CUNHA e SILVA, 2005).
Cada pessoa tem uma maneira diferente de se expressar, nesse momento vamos
dar início aos estudos do desenvolvimento da linguagem oral no que chamamos de “padrões
de normalidade”, lembrando que os estudos continuam e marcos e conceitos podem ser
reelaborados com o passar do tempo.

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Fala e Linguagem 23
Nas funções da linguagem podemos definir que:
● Emissor é que envia a mensagem;
● Receptor é que recebe a mensagem;
● Mensagem é o conteúdo a ser passado;
● Canal de Comunicação é o meio pela qual a mensagem é enviada, no nosso
caso a fala (linguagem oral).
● Código é a língua usada no momento da comunicação;
● Contexto é o objetivo ou a situação a que a mensagem se refere.

Sobre a importância da fala e da linguagem, Luria (1986, p. 57) afirma:


A palavra não somente designa objetos do mundo externo, ações, traços
e relações, mas também analisa e generaliza esses objetos. A palavra é o
instrumento de análise da informação que o sujeito recebe do mundo externo.
Se no início da vida da criança o significado da palavra possui um caráter
afetivo, ao finalizar a idade pré-escolar e no começo da escolar, no significado
da palavra já se encerram as impressões concretas sobre a experiência direta
real e prática. Nas etapas posteriores começam a haver por trás das palavras
sistemas complexos de enlaces e relações abstratas, e a palavra começa a
introduzir o objeto em uma determinada categoria de sistemas conceituais
hierarquicamente organizados (LURIA, 1986, p. 57).

Veremos a seguir os estudos de Vygotsky em que nos é apresentada as etapas do


desenvolvimento da seguinte forma:
● Fala social de 0 a 03 anos primeira fase de desenvolvimento de fala e linguagem
onde a fala está associada a ações e fazem parte de uma comunicação comum
(pouca organização linguística);
● Fala egocêntrica de 3 aos 6 anos, este estágio apresenta – se transitório onde
a fala expressa pensamentos mais organizados linguisticamente;
● Função planejada a partir dos 6 anos este é um período de autorregulação
em que a criança apresenta controle de fala, linguagem interna e comportamento.
Nesse momento a fala vai se tornando elaborada, a criança domina a ação e faz
uso da linguagem interna (expressa pensamentos).

Vygotsky também nos direciona com as etapas do desenvolvimento das operações


mentais:
● Estágio natural ou primitivo considera um período de fala pré-intelectual e os
pensamentos pré-verbais, no qual as características marcantes são choro, balbucios
e sorrisos essas características são aspectos comunicativos que antecedem a fala;
● Estágio das experiencias psicológicas ingênuas considera um período no qual a
criança passa por experiencias psicológicas mesmo antes de entendê-las;

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Fala e Linguagem 24
● Estágio dos signos exteriores, período de evolução das experiências psicológicas
ingênuas, em que a criança traz o pensamento a seu favor para planejar e ou
executar as ações que deseja;
● Estágio do crescimento Interior, no qual a criança interioriza pensamentos e fala.

Vygotsky enfatiza em seus escritos:


O estudo do pensamento e da linguagem é uma das áreas da psicologia
em que é particularmente importante ter-se uma compreensão clara das
relações interfuncionais existentes. Enquanto não compreendermos a
inter-relação entre o pensamento e a palavra, não poderemos responder a
nenhuma das questões mais específicas deste domínio, nem sequer levantá-
las (VYGOTSKY, 2009, p. 06).

Piaget em seus estudos entende as etapas do desenvolvimento de linguagem da


seguinte forma:
● Período Sensório-motor de 0 a 02 anos em que a criança associa a função
simbólica a ação motora, iniciando o processo de reconhecimento do próprio corpo
e fala, algumas vezes apresenta ecolalia;
● Período Simbólico de 02 a 04 anos etapa de forte simbolismo, monólogos e
acontece a socialização das ações (período de fantasias);
● Período Intuitivo de 05 a 07 anos, etapa de buscas constante por explicações
(fase do por que), separando a fantasia da realidade e conseguindo manter diálogos.
● Período Operatório concreto de 01 a 11 anos existe a elaboração do pensa-
mento lógico, a criança apresenta boa interação social e comunicativa;
● Período Operatório Abstrato a partir dos 11 anos existe o desenvolvimento do
pensamento hipotético – dedutivo, assim como abstrações, a linguagem já é usada
em discussões gerando pensamento crítico e ideias.

Tendo em vista a Teoria de Piaget chegamos à conclusão de que a evolução da fala


e linguagem está ligado ao desenvolvimento de suas funções psicológicas superiores, não
sendo possível separar o desenvolvimento de fala e desenvolvimento de pensamento, pois
estes estão intimamente relacionados.

1.1 Sinais de Alerta para fonoaudiólogos:


● 0 a 06 meses a criança não reage a estímulos sonoros, não sorri ou não mantém
contato visual;
● 06 a 12 meses a criança não produz sons (balbucios), não reage quando chamada
pelo nome, não reage a sons familiares (campainha, batidas de palmas, telefone...);

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Fala e Linguagem 25
● Não mantém contato visual;
● 12 a 18 meses a criança não produz palavras isoladas, não reage sorrindo em
situações de conforto, não mantém contato visual;
● 18 a 24 meses a criança não compreender ordens simples e ter um 24 a 36
meses a criança não combinar duas palavras para formar frases;
● Vocabulário reduzido a 4 ou 6 palavras;

Atenção:
Após aos 48 meses toda troca, omissão ou distorção fonêmica deve-se observada
atentamente. A família da criança deve procurar avaliação fonoaudiológica sempre que
tiver dúvidas quanto ao desenvolvimento de fala da criança e o fonoaudiólogo necessita ter
conhecimento específico dos marcos do desenvolvimento infantil para uma estimulação,
intervenção ou para orientação a família.
O desenvolvimento da linguagem depende não somente das condições biológicas
inatas de cada indivíduo, como também sofre influência de fatores ambientais presentes
nos meios em que as crianças estão inseridas, como por exemplo, a família e a escola
(SCOPEL et al., 2011, p. 734).

QUADRO 1 - DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM DA CRIANÇA

Fonte: BOONE, D; PLANTE, E. Comunicação Humana e seus distúrbios. Ed. Artes médicas, 1994.; BEE, H.
A criança em desenvolvimento. Ed. Artes Médicas, 1996; FRANKENBURG, W.K e cols. Manual de aplicação
do teste de desenvolvimento, Denver II, 1992.

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Fala e Linguagem 26
Tendo base a afirmação acima e a experiência clínica chegamos à conclusão que
muitos fatores podem influenciar o desenvolvimento de fala e linguagem, dentre eles: fato-
res biológicos, fatores emocionais e fatores sociais.
Considerando os fatores biológicos pensamos na integridade de Sistema Nervoso,
de Sistema Auditivo, de OFAs e de Cognição em que cada um se faz essencial para uma
organização e produção de fala e linguagem;
Como fatores emocionais podemos pensar nas desestruturas familiares onde pais
não ofertam o afeto necessário e a criança não adquire ou maturidade emocional esperada.
Toda família pode estimular o desenvolvimento de fala e linguagem de suas crian-
ças, porém na maioria das vezes estas necessitam de orientação ao chegar ao consultório
fonoaudiológico.
Orientações básicas as famílias de crianças com dificuldades ou atrasos no desen-
volvimento de fala e linguagem:
● Ofertar a criança um ambiente aconchegante e tranquilo em que ela se sinta
segura;
● Enriquecer a rotina da criança com situações que favoreçam o diálogo;
● Interagir sempre com a criança ofertando possibilidades de emissões e ou
possibilidades de diálogo;
● Dar reforço positivo as intenções comunicativas da criança;
● Estimular aspectos cognitivos da linguagem;
● Observar a criança procurando identificar as atividades que ela mais gosta e se
valer dessas para criar um ambiente que favoreça a comunicação oral (fala).

Concluímos que para muitas crianças produzir sons de acordo com a língua é
um desafio, em alguns casos esta dificuldade está relacionada a alterações neurológicas,
auditivas, orgânicas em OFAs (órgãos fonoarticulatórios), autismo ou síndromes. Porém
há casos em que as crianças apresentam alterações na fala e não apresentam nenhuma
das condições citadas são casos de possíveis Desvios Fonológicos. Considerando as
alterações na fala, é imprescindível que o fonoaudiólogo tenha conhecimento da fonética,
da fonologia e do desenvolvimento normal da fala para que a partir daí exista uma avaliação
da história pregressa dos distúrbios atuais, avaliando e concluindo e em qual patologia
fonoaudiológica o mesmo se enquadra e a partir daí estruturar o melhor tratamento.

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Fala e Linguagem 27
Yavas (2001) indica em um de seus estudos que muitas crianças apresentam
desordens na comunicação ou tem dificuldades no âmbito fonológico. Isto é, dificuldade
quanto a organização dos sons, escolha dos sons em sua sequência correta, na constituição
de palavras ou até mesmo na utilização desse conhecimento.
Segundo Spíndola (2007), a Fonologia, em um sentido mais restrito é o estudo dos
padrões de sons de uma língua, ou seja, é o estudo sistemático dos sons, entendendo a
função desses sons em determinada língua, organização e classificação desses sons. Em
um sentido mais amplo, a Fonologia refere-se ao estudo em todos os aspectos da fala,
entendendo a percepção, produção, aspectos cognitivos e motores da fala.
A aquisição dos sons da nossa Língua Portuguesa especificamente quanto as
idades esperadas para aquisição de cada fonema estão apresentadas no quadro abaixo:

QUADRO 2 - IDADE DE AQUISIÇÃO FONÊMICA

Fonte: Adaptado de FERNANDES, B. Aquisição dos sons do Português Brasileiro. Smarty Ears, Estados
Unidos, 2017. Disponível em: http://www.ipadfono.com/aquisicao-dos-sons-do-portugues-brasileiro/.
Acesso em: 10 jan. 2021.

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Fala e Linguagem 28
2. ESTIMULAÇÃO DE FALA E LINGUAGEM

Desde o momento em que uma criança nasce ela passa por várias fases até adquirir
competências no desenvolvimento geral, em se tratando de fala e linguagem observando
o quadro abaixo perceberemos as nuances da evolução da fala e linguagem em um curto
período de existência.

QUADRO 3 - ETAPAS DA AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM


0-3 meses Produção de sons (choro/consolo, gritos, barulhos), “discriminação de sons
familiares”
4-6 meses Discriminação dos sons da fala – compreensão de palavras – “balbucio”,
produção de vogais e despois consoantes, “expressões faciais”
7-9 meses Balbucio reduplicado (“babada”) de forma interativa e produção gestual
comunicativa – “aponta para objetos”
10-12 meses Primeiras palavras reais + jargão (balbucio com fala) “contato visual,
expressões faciais, vocalizações e gestos (se faz entender por meio dessas
formas de comunicação antes mesmo de falar)”
12-18 meses Produção de 10-50 palavras e algumas frases de duas palavras – chama
atenção para receber uma resposta verbal do adulto.
2 anos Produz 150 a 200 palavras e frases de 2 a 3 palavras – nomeia objetos quando
inquirida.
3 anos Sentenças gramaticais (artigo, preposição, plurais), formula questões
4 anos Clara sintaxe – completa inteligibilidade é esperada aos 4 anos e 6 meses
(meninas em média um pouco antes) para fonologia do português e do inglês.

Fonte: Adaptado de: ATTACHMENT: Etapas do desenvolvimento da linguagem oral. Psicosol, Blumenau,
2021. Disponível em: https://psicosol.com/tabela-com-desenvolvimento-da-linguagem/etapas-do-
desenvolvimento-da-linguagem-oral-4-jpg/#top_of_page. Acesso em: 10 jan. 2021.

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Fala e Linguagem 29
A estimulação da fala e linguagem tem início logo após o nascimento do bebê,
durante a amamentação, onde a mãe troca palavras de carinho, mantém contato visual
com seu bebê e inicia o trabalho de estimulação de OFAs, todo esse processo faz com que
a criança obtenha uma maturidade mastigatória e evolução linguística.

FIGURA 1 - O DESENVOLVIMENTO DE FALA E LINGUAGEM

O desenvolvimento de fala e linguagem acontece continuamente na maioria das


crianças, quando bebê a criança se comunica através do choro, das risadas, evoluindo para
sons, palavras e frases, porém nesse percurso podem ocorrer alguns percalços que pre-
judicam intimamente o desempenho da criança nessas atividades ressaltando novamente
questões orgânicas, sensoriais, sociais, afetivas e cognitivas. Na atualidade não podemos
deixar de considerar que o isolamento social decorrente da Pandemia de Covid-19 afetou
diretamente o desempenho das crianças em suas habilidades sociais e de fala.
Os distúrbios da comunicação constituem algumas das doenças infantis
mais prevalentes, manifestando-se como atraso ou desenvolvimento atípico
envolvendo componentes funcionais da audição, fala e/ou linguagem em
níveis variados de gravidade. Na maioria das vezes esses distúrbios são
percebidos pelos pais, que referem que a criança tem dificuldade para falar
ou que não fala, é dificilmente compreendida, incapaz de dizer alguns sons
corretamente ou que gagueja (PRATES e MARTINS, 2011, p. 54).

Em caso de comorbidades, no qual já existe uma patologia ou existe a suspeita


desta é orientado aos pais procurar ajuda fonoaudiológica o mais rápido possível para
análise de uma possível estimulação ou intervenção precoce.
Souza (2005, p. 427) indica:
As ações de promoção, proteção e recuperação da saúde devem ser
garantidas nos variados aspectos associados à comunicação humana
em todo ciclo vital, uma vez que a comunicação humana abrange o falar,
o ouvir, o ler, o escrever e os informes não verbais (expressões faciais,
gestos, hesitações e o próprio silêncio. Sua qualidade é determinante para
autoconfiança, felicidade e segurança, propiciando uma comunicação mais
efetiva e fundamental para saúde do sujeito (SOUZA, 2005, p. 427).

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Fala e Linguagem 30
A fonoaudiologia se faz importante para prevenir e tratar alterações de linguagem,
pois como ciência da comunicação lhe cabe reverter aspectos alterados evitando que as
demais etapas do desenvolvimento sejam prejudicadas, um exemplo é a criança que troca
fonemas na fase de alfabetização fazer a mesma troca na escrita (troca de grafemas).
O número de crianças com atraso do desenvolvimento de fala e linguagem cresceu
consideravelmente juntamente com os diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista e no
cenário atual de um mundo pós-pandemia.
Pesquisadores afirmam que crianças com atraso no desenvolvimento de linguagem
podem vir a apresentar dificuldades fonológicas, morfológicas, de semântica e em vários
outros aspectos. Por isso a importância do atendimento fonoaudiológico precoce.
As alterações no desenvolvimento da fala e da linguagem podem causar sérios
problemas no desenvolvimento cognitivo e socioemocional na idade escolar
ou adolescência. Estudos demonstram que a detecção de tais alterações aos
dois a três anos reduz 30% a necessidade de acompanhamento terapêutico
(fonoaudiologia, psicologia, educação especial, entre outros) aos oito anos
de idade (PRATES e MARTINS, 2011, p. 58).

Esta visão, a estimulação de fala e linguagem se faz indispensável no sentido de


prevenção de possíveis alterações, pois a criança está em evolução contínua, apta a receber,
relacionar e decodificar as informações do meio, sendo que devemos lembrar e considerar
que nesta fase a plasticidade cerebral está mais sensível, assim como a linguagem verbal
caminha lado a lado com outras habilidades desenvolvidas pela criança. Portanto, todo
processo evolutivo da criança necessita ser observado durante a avaliação.
Em casos de atraso no desenvolvimento da fala e linguagem, o papel do
fonoaudiólogo tem pertinência desde a avaliação até a intervenção, sendo que muitas vezes
uma orientação direcionada a família faz diferença no cotidiano da criança e na construção
linguística da mesma.
O termo “Estimulação Precoce” normalmente é utilizado quando o objetivo é estimu-
lar a criança mesmo que ela não tenha alterações no desenvolvimento. Já quando utilizamos
o termo “Intervenção Precoce” a criança está fora dos padrões considerados normais para
sua idade cronológica, ou seja, apresenta um atraso nos “marcos do desenvolvimento” e
a terapia fonoaudiológica visa adequação de fala ou de linguagem, nesse caso usamos o
termo reabilitação. Esta intervenção visa readequar o que está alterado possibilitando um
prognóstico favorável para a criança em questão. O diagnóstico precoce, ou melhor, o mais
cedo possível direciona a intervenção no que consideramos período crítico de maturação
e plasticidade de Sistema Nervoso Central (SNC). A intervenção precoce acontece desde
os primeiros dias de vida da criança pois muitas vezes o fonoaudiólogo é solicitado para
auxiliar as mamadas, onde acontece as primeiras intenções comunicativas do bebê.

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Fala e Linguagem 31
Estimular fala e linguagem significa proporcionar condições favoráveis para que a
criança consiga adquirir um desenvolvimento tranquilo, dentro do que consideramos normal.
Já fazer uma Intervenção de fala e linguagem significa proporcionar condições favoráveis
dentro de um contexto terapêutico para que a criança consiga desenvolver as funções
linguísticas, (de fala e linguagem) que estão aquém dos marcos esperados em sua idade
cronológica, lembrando que esta intervenção necessita ser lúdica, prazerosa e que nunca a
criança deverá sentir-se cobrada. A intervenção de linguagem necessita trabalhar ludicamen-
te a vontade da criança comunicar-se através da fala correta. Para crianças com “transtornos”
a intervenção e estimulação ganha importância ainda maior devendo acontecer de forma
sistematizada e especializada, sendo o acompanhamento profissional imprescindível.
As diretrizes educacionais brasileiras definem:
Um conjunto dinâmico de atividades e de recursos humanos e ambientais
incentivadores que são destinados a proporcionar à criança, nos seus
primeiros anos de vida, experiências significativas para alcançar pleno
desenvolvimento no seu processo evolutivo (BRASIL, 1995, p. 11).

Com nosso estudo concluímos que muitos fatores interferem no desenvolvimento


de fala e linguagem das crianças. No atual cenário de pandemia em que o isolamento
social tornou-se uma realidade podemos perceber o quanto a socialização faz diferença,
pois tivemos um aumento considerável de crianças com dificuldades na fala, linguagem e
socialização; cabendo ao fonoaudiólogo avaliar e reestruturar a desorganização causada
neste intervalo de tempo, para que as crianças readquiram suas habilidades comunicativas.
Estas crianças normalmente apresentam dificuldade nas dimensões fonológica, morfológica,
semântica e pragmática da fala.
Nessas condições necessitamos refletir sobre a consciência fonológica que
entendemos como o conjunto de habilidades que vão desde a percepção global do tamanho
da palavra e de semelhanças fonológicas entre elas, até a segmentação e manipulação de
fonemas ou sílabas, esta consciência fonológica faz parte de um processo de operações
mentais no qual existe um processamento de informações baseado na estrutura fonológica
da nossa fala. Assim a consciência fonológica refere-se à habilidade de manipular segmentos
de fala, na medida em que a criança vai percebendo o sistema sonoro da língua, ou seja,
palavras, sílabas e fonemas como unidades identificáveis vai estruturando sua comunicação
com maior riqueza de detalhes.

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Fala e Linguagem 32
Vamos pensar, nós vimos todos os marcos de aquisição da linguagem, sendo
assim quando uma criança não se encontra com a evolução esperada precisamos avaliar
quais fatores podem estar gerando as alterações por isso uma anamnese minuciosa se
faz necessária para uma avaliação da história pregressa dos distúrbios atuais, a partir da
anamnese teremos alicerce para direcionar nossa avaliação onde ficará claro se a criança
necessita ou não de terapia fonoaudiológica. A decisão de iniciar ou não intervenção
fonoaudiológica dependerá do grau de atraso na criança em questão, mas normalmente
indicamos o início da terapia o mais breve possível, todos os casos terão evolução com a
terapia, porém alguns podem evoluir para uma Dislalia. Não podemos esquecer que a criança
em questão estará mais suscetível a apresentar dificuldades no processo de alfabetização.

SAIBA MAIS

Quando a criança adquire (produz) palavras e lhes atribui significados as áreas de Broca,
Werneck e Córtex de Associação Adjacente, estão atuantes.

Fonte: A autora (2021).

REFLITA

A postura familiar pode influenciar no desenvolvimento de fala e linguagem da criança?


Sendo assim a família pode ser uma facilitadora para nosso tratamento?

Fonte: A autora (2021).

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Fala e Linguagem 33
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro (a) Aluno (a)

Acabamos de aprender sobre o desenvolvimento típico, ou seja, o desenvolvimento


normal de fala e linguagem, e neste percebemos que a aquisição fonológica está intimamente
relacionada a este processo. Contar histórias, ler livros, cantar músicas, explorar o ambiente
ao redor, todas as cores, formas, objetos, cheiros e sons faz com que a criança desenvolva
sua habilidade perceptiva ao mundo, desenvolvendo assim a fala e linguagem, a criança
faz uso dos neurônios espelho onde a mesma repete o que ouve ou vê e esta organização
é feita desde o seu nascimento. Toda pessoa que convive com a criança é um estimulador,
sendo assim pais, babás e professores são de suma importância pois fazem parte da vida
da criança em maior tempo e necessitam cuidar para que o ambiente seja favorável ao
desenvolvimento das habilidades da criança.
E mesmo que a criança necessite de um apoio fonoaudiológico existe a
necessidade de os pais atenderem as solicitações realizadas pelo profissional para que
a criança tenha estímulos corretos em seu ambiente natural sentindo – o encorajador
e acolhedor à fala. O fonoaudiólogo além de estimulador, readequador também é um
facilitador as habilidades comunicativas.

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Conceitos de
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Fala e Linguagem 34
LEITURA COMPLEMENTAR

Para maior conhecimento sobre as Diretrizes Educacionais Brasileira sobre


Estimulação Precoce uma indicação de leitura interessante é: Diretrizes educacionais sobre
estimulação precoce. Secretaria de Educação Especial. Brasília: MEC, SEESP, 1995.

Fonte: BRASIL. Diretrizes educacionais sobre estimulação precoce. Secretaria de


Educação Especial. Brasília: MEC, SEESP, 1995. Disponível em: http://www.dominiopubli-
co.gov.br/download/texto/me002557.pdf. Acesso em: 10 nov. 2021.

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Conceitos de
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Fala e Linguagem 35
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Linguagem e linguística: uma introdução
Autor: John Lyons.
Editora: LTC; 1ª edição.
Sinopse: Escrito por um dos mais conhecidos linguistas britânicos,
Lingua(gem) e linguística – uma introdução começa com uma
exposição geral sobre os objetivos, métodos e princípios básicos da
teoria linguística, seguindo-se uma introdução a cada um de seus
principais subcampos: os sons da língua, a gramática, a semântica,
as modificações linguísticas, a psicolinguística, a sociolinguística,
a linguagem e a cultura. Em cada uma dessas seções, John Lyons
refere-se às tendências atuais mais significativas e examina obras
afins, dando ênfase aos aspectos da disciplina que parecem
mais fundamentais e duradouros. Ressalta também, ao longo de
todo o livro, o contexto biológico da linguagem humana e mostra
como as preocupações e os interesses dos linguistas se conectam
produtivamente aos interesses das ciências humanas e sociais. Esta
obra consiste em uma introdução geral à linguística e ao estudo da
linguagem, destinada particularmente aos estudantes que se iniciam
na matéria e aos leitores sem conhecimentos prévios do assunto.
A cada capítulo seguem-se um amplo questionário e exercícios de
revisão, com o objetivo de testar o aproveitamento da leitura.

FILME/VÍDEO
Título: Vídeo dia do Fonoaudiólogo
Ano: 2017.
Sinopse: O vídeo aborda as áreas de atuação da Fonoaudiologia.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=pvcD9GWivmM

UNIDADE III Aquisição


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Fala e Linguagem 36
UNIDADE III
Alterações Comuns
na Fala e Linguagem
Profª. Karissa Cristina Aued

Plano de Estudo:
● Desvio fonológico;
● Autismo;
● Gagueira;
● Alterações neurológicas e Síndromes.

Objetivos da Aprendizagem:
● Iniciar o estudo de como acontecem as
patologias fonoaudiológicas acima citadas;
● Identificar e direcionar para o tratamento
específico quando este for necessário.

37
INTRODUÇÃO

Nesta unidade iniciaremos o estudo específico de patologias comuns a


fonoaudiologia, assim como conceitos básicos que norteiam o desenvolver de nossas
atividades diárias, considerando estes conteúdos inerentes ao trabalho diário do
fonoaudiólogo, necessitamos de um olhar carinhoso e atento a todas as informações
aqui relacionadas entendendo que cada criança tem sua própria característica
independentemente de apresentar ou não uma patologia fonoaudiológica.
Entender as patologias e como elas acontecem em cada indivíduo faz diferença no
desenvolver dos processos terapêuticos e demanda o sucesso do nosso trabalho.
A visão do profissional ao avaliar uma criança, ou um indivíduo necessita ser precisa
e humanizada para a elaboração de uma hipótese diagnóstica, esta Unidade é altamente
relevante para o aprendizado fonoaudiológico, pois é o início de uma longa jornada.

UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem 38


1. DESVIO FONOLÓGICO

Quando a criança adquire a fala com alterações fonológicas sem causas aparentes
consideramos que esta apresenta um Desvio Fonológico, nesse transtorno existe a
ausência de alterações anatômicas dos órgãos fonoarticulatórios ou de outra ordem, sendo
assim consideramos Desvio Fonológico uma dificuldade de usar o sistema fonológico de
maneira correta (fonemas e/ou estruturas silábicas), nessa patologia a criança apresenta
substituições, omissões ou distorções na fala.
Yavas, Hernandorena e Lamprecht (2001) afirma que a maioria das crianças
apresentam desordens na comunicação ou tem dificuldades no âmbito fonológico, isto é,
dificuldade quanto a organização dos sons, escolha dos sons em sua sequência correta,
na constituição de palavras ou até mesmo na utilização desse conhecimento. Nessa
organização temos a consciência fonológica como algo de suma importância para o
desenvolvimento de fala e linguagem, pois de forma simplória é a capacidade de segmentar
as palavras em sua menor unidade, sendo assim muitas vezes o diagnóstico acontece em
idade escolar. A consciência fonológica se faz pela competência em várias habilidades:
reconhecimento e produção de rimas, diferenciação de pares mínimos, habilidades de
segmentação, subtração de fonemas, segmentação de palavras em sílabas, entre outras
deixando claro a sua importância na aquisição de fala e na alfabetização da criança
A consciência fonológica na aprendizagem da comunicação gráfica é amplamente
referenciada na literatura, assim como sua importância no emprego de atividades de cons-
ciência fonológica de forma preventiva ou reabilitadora.

UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem 39


Considerando uma criança com Desvio Fonológico e seu sistema de fonologia
notamos que este sistema é semelhante ao de crianças sem alterações consideráveis.
Verificamos que cada criança desenvolve seu sistema fonológico em sua linguagem de
maneira única com variações particulares, onde mesmo dentro destas particularidades
nós direcionamos pelos Marcos do Desenvolvimento analisando as peculiaridades do
desenvolvimento fonológico.
A avaliação de um desvio fonológico é um dos momentos mais importantes para um
terapeuta, pois ao analisar as características dos desvios de fala o terapeuta terá um melhor
conhecimento dos padrões de fala a serem analisados na sua comunidade de fala. No entan-
to, apesar de existir modos de avaliação diferentes, os tratamentos são sempre os mesmos.
Na década 90 utilizamos muitas vezes o termo Dislalia para definir o que chamamos
hoje de Desvio Fonológico, a Dislalia era o distúrbio da palavra falada podendo ter origem
orgânica (fissuras, freios linguais ou labiais alterados, arcada dentaria, etc.) ou funcional
(falha na musculatura de OFAs). Definimos o desvio fonológico de uma forma simples como
uma dificuldade no domínio da fonologia. Sendo assim, o termo tem a possibilidade de
imprecisões articulatórias e problemas na organização do sistema de sons.
Anteriormente utilizamos diversas nomenclaturas para intitular o, como conhecido
hoje, desvio fonológico, entre essas nomenclaturas destacam-se: dislalia, distúrbio
articulatório, transtorno fonológico, distúrbio fonológico, até chegar ao desvio fonológico.
Na etiologia das alterações fonológicas tem sido observado que existe relação
entre o transtorno fonológico e questões biológicas, psicossociais e ambientais. Quanto a
isso, Pappa e Wertzner (2006) concluíram em seu estudo que o transtorno fonológico está
associado ao histórico familiar da criança e ao reforço que a família faz na fala da criança,
ou seja, se a criança tem um familiar com trocas fonológicas, sua chance de apresentar
tal transtorno é maior que uma criança sem o mesmo histórico na família, assim como
quando a família estimula ou reforça a fala infantilizada. Quando o uso dos processos
fonológicos continua além da idade esperada, ou, apresentam processos não observados
no desenvolvimento fonológico típico, ocorre o que chamamos de desvios fonológicos, que
são os desvios na fala, na ausência de problemas orgânicos como deficiência auditiva,
anormalidades anatômicas ou neurofisiológicas e para tratar tal alteração de fala, a terapia
fonoaudiológica é primordial (GALEA e WERTZNER, 2005)

UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem 40


2. AUTISMO

Existem muitas patologias que apresentam como sintomatologia a ausência ou


dificuldade de fala dentre elas encontramos o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), também conhecido como Autismo, é
um transtorno do desenvolvimento, que se caracteriza por alterações comportamentais,
dificuldades de interação social e de comunicação, com prevalência cinco vezes maior em
meninos, para cada um do sexo feminino (FOMBONNE, 2009; RICE, 2007).
O transtorno do espectro autista é um novo transtorno do DSM-5 que
engloba o transtorno autista (autismo), o transtorno de Asperger, o transtorno
desintegrativo da infância, o transtorno de Rett e o transtorno global do
desenvolvimento sem outra especificação do DSM-IV. Ele é caracterizado
por déficits em dois domínios centrais: 1) déficits na comunicação social
e interação social e 2) padrões repetitivos e restritos de comportamento,
interesses e atividades (DSM-5, 2014, p. 853).

Atualmente muitos neuropediatras já percebem os sintomas do TEA antes dos 3


anos de idade e o diagnóstico precoce tem sido um diferencial na intervenção e evolução
destas crianças. O DSM-V trouxe mudanças importantes para este diagnóstico que é
sintomatológico, ou seja, é realizado a partir das observações dos sintomas da criança.

UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem 41


2.1 Critérios diagnósticos de autismo segundo DSM-5
● Com base nas informações do DSM-5 vimos que o indivíduo com TEA apresenta
uma dificuldade nas relações sociais, pois não existe reciprocidade nas relações
comuns a sociedade. Apresentando pouca ou nenhuma comunicação verbal usual.
Sendo TEA diagnosticado principalmente pelos sintomas vale lembrar que mesmo
estes estando presentes desde o início do desenvolvimento infantil, as manifestações
se fazem mais efetivas com o passar do tempo quando as intenções comunicativas
são restritas e os pais consideram que a criança na maioria das vezes não fala.

O fonoaudiólogo necessita conhecer a respeito do TEA, qual a sintomatologia e as


possibilidades de tratamento, pois o TEA provoca atrasos e desvios no desenvolvimento global
da criança, em que o diagnóstico precoce juntamente com a intervenção multidisciplinar,
fazem a diferença para um prognóstico favorável. Devemos ter em mente que cada criança
tem suas peculiaridades, ou seja, cada criança é única assim também as crianças com TEA
não são diferentes e cada uma pode apresentar sintomas diferentes da outra. Sendo assim
alguns sintomas requerem atenção mesmo antes de um diagnóstico fechado:
● Comunicação: atraso ou não emissão de fala, dificuldade de compreensão
de fala, não compreende metáforas, repetição de palavras ou frases (ecolalia) e
ausência de contato visual durante a comunicação;
● Comportamento: brinca ou utiliza o brinquedo de forma fora do padrão, interesses
atípicos ou excessivos, dificuldade em aceitar mudanças de rotina e realização de
movimentos repetitivos/estereotipados;
● Interação social: dificuldade de se relacionar com crianças da mesma faixa etária,
prefere ficar isolado, dificuldade para compreender e aceitar ordens, ausência ou
pouco contato visual;
● Alterações no âmbito sensorial: alterações nos aspectos de visão, audição,
tato, olfato e paladar. Como sensibilidade excessiva para toques físicos, sons ou
estímulos visuais, grande incômodo para cortar unhas ou cabelos, limiar de dor
reduzido e preferência por tipos de consistências alimentares;

No Brasil a pessoa diagnosticada com Autismo se enquadra na Política Nacional


de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo (Lei 12.764
de 27/12/12), considerado assim, pelas Leis vigentes, o autista uma pessoa com uma
deficiência. Sendo que uma das áreas mais afetadas é a comunicação expressiva e
receptiva (fala e linguagem)

UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem 42


Atualmente, o autismo é definido por única classificação. O que também ficou
evidente no DSM 5, em que o autismo, transtorno do espectro autista e Síndrome de
Asperger, passaram a ser classificados com Transtorno do Espectro Autista – TEA e usar
um único CID.
Pais de crianças com diagnóstico de autismo relatam que de 74 a 88% destas
crianças apresentam indícios significativos antes dos 2 anos de idade e 31 a 55% antes de
1 ano (YOUNG; BREWER e PATTISON, 2003).

2.2 Sintomas do Autismo nos primeiros meses de vida:


● Não olha ou retém atenção quando a mãe ou responsável falam com ele;
● Gosta de brinquedos ou objetos, mas não faz interação social;
● Não demostra sentimentos (sorri, faz carinha triste ou de bravo;
● Não apresenta foco visual nos pais ou responsáveis;
● Não emite sons com significado;
● Mostra-se ausência de olhar durante a amamentação;
● Não imita adultos com os sorrir, dar tchau ou mandar beijos;
● Não estende os braços quando quer colo.

2.3 Sintomas do Autismo no 1º ano de vida:


● Não chama os pais usando a fala;
● Não dá tchau, não manda beijo;
● Não apresenta emissões com significado;
● Não apresenta emissão verbal do que quer;
● Mostra-se indiferente ou apresenta reações irritativas a presença de pessoas ou
mudanças no cotidiano.

2.4 Sintomas do Autismo aos 2 anos


A partir do segundo ano os sinais ficam um pouco mais evidentes.
● Não pede o que quer e muitas vezes usa a mão do responsável levando a até o
objeto, ou perto do objeto desejado.
● Não mantém atenção quando alguém lhe mostra algo, muitas vezes nem olha.
● Quando chamado pelo nome não atende, muitas vezes parece não ouvir.
● Não demostra emoções, não apresenta expressões faciais.
● Isola-se, evitando contato humano.
● Apresenta aversão a certos sons e muitas vezes reage ao som alto.

UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem 43


2.5 Sintomas do Autismo entre 3 e 5 anos:
● Normalmente o atraso no desenvolvimento de fala e linguagem fica evidenciado
claramente.
● Muitas vezes a Escola ou Creche faz reclamações quanto aos comportamentos
inadequados da criança.
● Existe situações em que a mãe relata que a criança falava e parou de falar.
● Não apresentam ou apresentam pouco contato visual.
● Fica mais claro a falta de expressão facial.
● Quando quer algo normalmente aponta ou leva a mão da pessoa presente ao
local desejado.
● Não compreende ordens.
● Apresenta preferência por um tipo de brinquedo.
● Normalmente gostam de objetos girantes (ventilador, rodinha do caminhão).
● Coloca os brinquedos em sequência ou prefere brinquedos em que tem que
montar uma fila.
● Gostam da rotina e reagem a qualquer mudança.
● Hipersensibilidade a sons.
● Podem apresentar seletividade alimentar.
● Apresentam alterações sensoriais. Reagindo de forma negativa a texturas
diferentes (na comida, roupa, etc).

A etiologia do Transtorno do Espectro do Autismo vem sendo muito estudada,


porém não se chegou a uma conclusão definitiva, o que sabemos é que fatores genéticos
e hereditários podem estar intimamente relacionados ao Transtorno, assim como os fatores
ambientais podem influenciar o desenvolvimento da criança.
As diretrizes de atenção à Reabilitação da pessoa com Transtornos do Espectro do
Autismo (TEA), sugerem que a anamnese com os responsáveis pelo paciente, componha
questionamentos a respeito de aspectos qualitativos da comunicação, linguagem e interação
social, atenção compartilhada, comportamentos de apego, afetividade, brincadeira,
comportamentos repetitivos e estereotipados, sensibilidade sensorial e problemas de
comportamento. Além disso, as diretrizes apontam que a observação do paciente se faz
imprescindível para o diagnóstico e tratamento, de forma que deve ser observada a atenção
compartilhada, busca de assistência, responsividade social, sorriso, outras expressões
afetivas identificáveis pelo observador, linguagem, relação com objetos, brincadeiras
e atividades, brincadeira funcional, brincadeira simbólica, atividade gráfica, movimentos
estereotipados do corpo e aspectos sensoriais (BRASIL, 2013).

UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem 44


O diagnóstico é realizado através das observações e testes de comportamento, ou
seja, o diagnóstico é realizado através da análise dos sintomas do paciente, este normalmente
é feito por uma equipe formada por: Médico neurologista, pediatra, fonoaudiólogo, terapeuta
ocupacional, psicólogo e outros profissionais que venham a compor a equipe multidisciplinar.
Sabemos que quanto mais rápido for o diagnóstico melhor será o prognóstico da criança
quando devidamente tratada.
A questão envolvendo a possibilidade de identificação da melhor abordagem
terapêutica para essas crianças também tem sido discutida na literatura. As
pesquisas tem identificado a efetividade de diversas abordagens terapêuticas e
chama a atenção para o fato de que qualquer comparação deve levar em conta
os dados a respeito do contexto familiar social (FERNANDES, 2008, p. 268).

Nessa linha de pensamento o fonoaudiólogo necessita ter conhecimento para fazer


a intervenção precoce mesmo sem diagnóstico fechado e encaminhar ao neurologista
sempre que necessário.

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3. GAGUEIRA

Gagueira (Disfemia) é um transtorno na fluência da palavra, ou seja, o ritmo


da linguagem oral (fala) é interrompido. Estas interrupções podem ou não ser bruscas.
A interrupção do discurso normalmente vem associada a alterações no tônus e uma
incoordenação pneumofonoarticulatória.
Van Riper (1973) propõe: “(...) uma palavra mal organizada temporariamente, mais
a consecutiva reação do falante a esta palavra”.
Nesse transtorno no ritmo da fala (gagueira) acrescentamos uma série de fatores
psicopatológicos, que complicam o quadro e transformam a disfemia em uma síndrome
complexa e difícil de tratar.
Van Riper (1973), deixou claro à comunidade científica que, apesar das
consequências emocionais que uma gagueira poderia gerar em algumas pessoas, ele já
intuía que as dificuldades estavam no cérebro. E ele chegou a essa conclusão mesmo sem
nenhuma tecnologia à disposição.
Atualmente, há um número expressivo de técnicas e procedimentos de avaliação
que possibilitam um diagnóstico diferencial e tratamento da gagueira, sendo que o
profissional fonoaudiólogo deve estar atento a estes avanços e novas possibilidades de
sucesso no tratamento.

UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem 46


O início da gagueira acontece por volta dos 33 meses, porém encontramos relatos
sobre crianças que começaram a gaguejar com 18 meses, fator que não difere entre
meninos e meninas, porém em adultos a proporção de gênero é de quatro homens para uma
mulher, fato não visível na infância, então fica a pergunta o que determina essa mudança
em adultos? E nessa resposta existe grande discordância entre os autores. Entendemos a
gagueira como uma alteração ou desordem na organização à linguagem oral em que não
temos uma etiologia pautada, mas sim muitas possibilidades. Sendo que alguns fatores
podem colaborar para que esta se instale de forma permanente alterando em grau de
severidade, a análise destes fatores são fundamentais para organização de um processo
terapêutico efetivo.
Fatores predisponentes ou fatores de risco à Gagueira:
1. Hereditariedade, quando a criança apresenta pessoas na família com tais
dificuldades ou convive com pessoas que apresentam uma alteração nos
processos de fala;
2. Quando a criança convive em ambiente adverso em fase de desenvolvimento;
3. Quando a criança convive com bilinguismo;
4. Quando a família exige mais do que a criança pode ofertar, neste caso esta
cobrança não necessita estar relacionada a fala.

3.1 A semiologia da Disfemia nos leva a duas formas de Gagueira:


● Gaguejar tônico: fala entrecortada com espasmos, isto afeta os grupos
musculares da fonação provocando bloqueio de fala. O paciente normalmente
procura falar sem bloqueios isso demanda grande esforço intensificando o tônus
muscular causando fala explosiva e violenta;
● Gaguejar clônico: acontece em rápidas e breves contrações bucais tendo uma
repetição compulsiva de vocábulos.
Devemos considerar que as duas formas de gaguejar podem ocorrer em um mesmo
paciente e em uma única fase ou tentativa de comunicação (gagueira tônico-clônica).

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4. ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS E SÍNDROMES

Na fonoaudiologia das alterações e síndromes a Síndrome mais conhecida é a


Síndrome de Down, pois nela existe um atraso no desenvolvimento de fala e linguagem e
alterações no tônus muito característica.
A Síndrome de Down como o próprio nome já diz não é uma doença, mas sim uma
condição genética, onde o ser humano ao invés de 23 pares de cromossomos apresenta
24 pares em seu código genético.

4.1 Características da criança com Síndrome de Down:


As características clássicas da criança com Síndrome de Down são possuir rosto
mais arredondado, olhos amendoados, orelhas menores que o habitual, as extremidades
também são reduzidas principalmente o tamanho das mãos e dedos, a hipotonicidade
corporal e facial que favorece a protrusão de língua onde o tamanho da mesma também é
aumentado, o desenvolvimento de suas funções intelectuais acontecem de maneira lenta

(neste quesito devemos sempre levar em consideração a estimulação que é ofertada a esta
criança), as condições cardíacas congênitas normalmente precisam de atenção.
Como em outras síndromes nem todas as características estão presente em todas
os indivíduos com esta síndrome.

UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem 48


4.1.1 Etiologia
Muitos estudos foram realizados acerca da etiologia, porém nada que indique que
os pais possam fazer algo para prevenir a síndrome, alguns estudos nos indicam a alta ida-
de materna como fator predominante na maioria dos casos de crianças com esta síndrome.

4.1.2 Diagnóstico
O diagnóstico pode ser realizado antes do bebê nascer por meio de exames es-
pecíficos solicitados pelo médico responsável (ginecologista). Após o nascimento do bebê,
quando existe a suspeita desta síndrome o médico responsável solicita um exame chamado
cariótipo, que avalia a posição dos cromossomos para saber se existe trissomia.

4.2 Síndrome de Pierre Robin


A Síndrome de Pierre Robin também pode ser chamada de “Sequência de Pierre
Robin” se caracteriza por anomalias faciais, o que faz da intervenção fonoaudiológica
imensurável a esta criança.

Características:
● Mandíbula diminuída;
● Queda da língua na garganta;
● Obstrução de vias pulmonares;
● Fenda palatina;
● Úvula bífida;
● Infecções de ouvido frequentes;
● Alterações na anatomia de nariz;
● Malformações dentárias;
● Refluxo;
● Alterações cardíacas;
● Crescimento de um dedo a mais nos pês ou nas mãos.

Tudo isso pode favorecer um atraso no desenvolvimento de fala e linguagem,


atraso na evolução das funções intelectuais, a criança também pode apresentar epilepsia
ou hidrocefalia.

UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem 49


4.2.1 Diagnóstico
O diagnóstico normalmente é realizado após o nascimento do bebê, com um exa-
me físico, onde o médico responsável muitas vezes solicita o cariótipo para confirmar sua
hipótese diagnóstica.

4.3 Síndrome de Treacher Collins

FIGURA 1 - SÍNDROME DE TREACHER COLLINS

A Síndrome de Treacher Collins, também chamada de disostose mandibulofacial, é


uma doença genética rara, que pode acontecer com homens e mulheres.

Características
● Mal formações de cabeça e de face;
● Olhos caídos, fissuras labiais ou palatinas;
● Orelhas pequenas ou ausentes o que nos leva a outra característica: a perda
auditiva;
● Não apresenta cílios;
● Ausência de alguns ossos da face;
● Maxilar descentralizados;
● Desenvolvimento incompleto do crânio;
● Dificuldades na mastigação e deglutição;
● Problemas respiratórios.

Nesta síndrome o paciente normalmente tem dificuldades de ouvir, respirar e


se alimentar, mesmo assim o Treacher Collins não é evidenciada pelo risco de morte
do paciente quando devidamente tratado, também não está intimamente relacionada a
patologias neurológicas.

UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem 50


4.4 Síndrome de Tourette

FIGURA 2 - SÍNDROME DE TOURETTE

A Síndrome de Tourette apesar do nome é uma doença neurológica que evidencia


– se por tiques vocais e motores múltiplos combinados, esses tiques dificultam as relações
sociais das pessoas com essa Síndrome. Esses tiques iniciam quando a criança tem de 5
a 7 anos e aumentam a gravidade gradativamente nas idades de 8 a 12 anos. Os tiques
normalmente tem início com movimentos pequenos e desestruturados como um piscar de
olhos fora de hora, ou movimento de mãos involuntários, em se tratando de fonoaudiologia
podem as pessoas com esta síndrome podem emitir sons sem estrutura considerados muitas
vezes explosivos e comparados a sons de animais como latir. Essas situações levam as
pessoas a situações delicadas e muitas vezes embaraçosas pois muitos não compreendem
que os movimentos e mesmo o falar acontece de forma involuntária.
Com tratamento adequado os tiques podem ser controlados, porém situações de
estresse geram dificuldade de controle.
Nessa patologia temos como objetivo principal o controle mesmo em situações
delicadas.

UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem 51


Características:
Vamos citar algumas características comuns a esta doença movimentos conside-
rados motores: piscar de olhos, movimentos involuntários de cabeça e/ou ombros, mo-
vimentos de nariz, expressões faciais, movimento de mãos e/ou dedos, movimentos de
pernas (como chutes), movimentos de pescoço, movimentos de braços e até movimentos
que podem ser entendidos como obscenos. Agora as alterações vocais comuns: Emissões
como xingar, gritar, uivar, falas estereotipadas, jargões, cacarejar, Gemer, soluçar, etc.

4.4.1 Diagnóstico
O diagnóstico desta Síndrome é realizado pelo médico através da observação,
ou seja, é sintomatológico, não sendo usados recursos como exames para identificar
esta doença, mas normalmente o neurologista solicita uma ressonância ou tomografia
computadorizada, para verificar a possibilidade de comorbidades neurológicas.

4.4.2 Etiologia
A síndrome de Tourette é considerada uma doença genética, esta acomete pessoas
que pertençam a mesma família, mas não sabemos ainda o causa, há dados de pessoas
que tiveram diagnóstico fechado após um traumatismo crânio encefálico. Vale ressaltar que
um número expressivo de pessoas que sofrem com esta Síndrome apresenta Transtorno
Obsessivo Compulsivo e/ou hiperatividade paralelamente.

SAIBA MAIS

A proposta deste texto é descrever resumidamente o caminho percorrido pela AMA – Associação
de Amigos do Autista, desde sua fundação em agosto de 1983 até o desenvolvimento da atual
metodologia do “Sistema Educacional e Terapêutico da AMA”.

O primeiro atendimento da AMA para crianças com autismo foi realizado no quintal de uma
Igreja Batista, em maio de 1984, momento em que as dificuldades ligadas ao atendimento de

pessoas com autismo foram fortemente sentidas. Essa experiência conscientizou aquele grupo
determinado de pais, a pesquisar quais seriam os melhores tratamentos para pessoas com
autismo no mundo. Com esse objetivo, em meados de 1988, com a ajuda do Governo Brasileiro,
a AMA organizou uma viagem de pesquisa metodológica para a Europa e os Estados Unidos.
Depois de visitar vários países, a AMA constatou – na época – que a metodologia com os

melhores resultados na maioria dos países visitados, era o método TEACCH – Treatment
and Education of Autistic and related Communication handicapped Children ou Tratamento e
Educação de Crianças com Autismo e Problemas de Comunicação Correlatos.

UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem 52


Esse método, criado nos anos 60 pela equipe de pesquisa do psicólogo Eric Schoppler, do
Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte
nos Estados Unidos; foi desenvolvido para ser aplicado em salas especiais de escolas públicas
americanas.
Para aprimorar seu método e agregar conhecimento, a AMA realizou o V Congresso Mundial
de Autismo, em 1991, com mais de 1.500 participantes e presenças ilustres como o Dr. Eric
Schoppler e Margaret Lansing, criadores do método TEACCH, o Dr. Bernard Rimland dos
EUA, Dr. Renèe Diatkine da França e Dr. Angel Rivière da Espanha, entre outros.
Depois do Congresso, o Dr. Eric Schoppler visitou a AMA e aconselhou um aperfeiçoamento no
método TEACCH, feito logo em seguida, ao final de 1991, com o Dr. Thomas Mates do Centro
TEACCH e no início de 1992, com dois renomados profissionais dinamarqueses: Mogens Kaas
Ipsen e Klaus Toft Olsen.
O TEACCH trouxe uma grande contribuição ao trabalho desenvolvido pela AMA que – ao
mesmo tempo – acompanhava a evolução e consolidação do método ABA – Applied Behavior
Analisys em todo o mundo.
No ano 2000, a AMA recebeu durante um ano a consultoria das psicólogas brasileiras Paula Braga
Kenyon e Daniela Fazzio e do psicólogo americano Shawn E. Kenyon, profissionais com vasta
experiência no método ABA, tendo trabalhado por mais de 10 anos em uma das maiores instituições
dedicadas ao tratamento do autismo nos Estados Unidos. Eles prestaram essa consultoria durante
um ano, aplicando o ABA diariamente nos assistidos e capacitando os profissionais da AMA.

Para saber mais acesse: https://www.ama.org.br/site/

REFLITA

Você sabia que crianças com Síndrome de Down quando bem atendidas e estimuladas,
tem potencial para uma vida saudável com plena inclusão social. Tendo em vista sua
aprendizagem, você acredita que crianças outras síndromes ou patologias neurológicas
conseguem uma inclusão de qualidade?

Fonte: A autora (2021).

UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem 53


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade iniciamos nosso saber acerca de patologias com as quais nos
deparamos em nossa vida profissional, estas patologias vem sendo estudadas com o passar
dos anos e todos os dias novas bibliografias, novos estudos surgem visando a melhora da
qualidade de vida das pessoas que necessitam do nosso auxílio, sendo assim continuem
vossa busca, analisando todas as informações e buscando novos estudos para ter uma
visão individualizada e crítica de todas as informações que possam agregar conhecimento
e discernimento direcionando o exercer da profissão.

UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem 54


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Novo Tratado de Fonoaudiologia
Autor: Otacílio Lopes Filho; Alcione Ramos Campiotto; Cilmara
Cristina Alves da Costa Levy; Maria do Carmo Redondo e Anelli,
Wanderlene Anelli.
Editora: Manole.
Sinopse: Organizada pela Santa Casa de São Paulo, a obra
abrange detalhadamente os cuidados para auxiliar os pacientes
portadores de distúrbios de audição, voz, motricidade oral,
deglutição e linguagem, bem como os pacientes oncológicos
de cabeça e pescoço, minimizando as incapacidades e as
desvantagens geradas por tais alterações, com o objetivo de
melhorar a sua qualidade de vida. Em 55 capítulos, o livro oferece a
estudantes e profissionais de otorrinolaringologia e fonoaudiologia
as mais atuais condutas e diretrizes das áreas.

FILME/VÍDEO
Título: Forrest Gump
Ano: 1994.
Sinopse: Quarenta anos da história dos Estados Unidos, vistos
pelos olhos de Forrest Gump (Tom Hanks), um rapaz com QI abaixo
da média e boas intenções. Por obra do acaso, ele consegue
participar de momentos cruciais, como a Guerra do Vietnã e
Watergate, mas continua pensando no seu amor de infância,
Jenny Curran.

UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem 55


UNIDADE IV
Avaliação
Profª. Karissa Cristina Aued

Plano de Estudo:
● Anamnese, avaliações e terapia nas alterações de fala e linguagem;
● Anamnese, avaliação e terapia no Transtorno no Espectro Autista;
● Anamnese, avaliação e terapia na Gagueira.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer como faze anamnese e avaliação
nas alterações de fala na infância e terapias;
● Iniciar a aprendizagem de técnicas terapêuticas que fazem
a diferença no trabalho do profissional de fonoaudiologia.

56
INTRODUÇÃO

Caros alunos (as),

Iniciaremos nosso processo de aprendizagem de como chegamos a um diagnóstico


fonoaudiológico, no qual enfatizaremos patologias fonoaudiológicas comuns na infância, em
nossa abordagem aos pais ou responsáveis devemos ter sensibilidade desde a anamnese
até a intervenção, sempre colocando as palavras como gostaríamos que estas fossem
colocadas para cada um de nós.
Lembrando que os pais sempre esperam e muitas vezes cobram exageradamente
a perfeição de seus filhos, mas nosso trabalho é fazer orientações e até intervenções ba-
seados nos nossos estudos, usando do melhor de cada um de nós no tratar tanto os pais
(responsáveis), como aos pacientes.

UNIDADE IV Avaliação 57
1. ANAMNESE, AVALIAÇÕES E TERAPIA NAS ALTERAÇÕES DE FALA E LINGUAGEM

A anamnese deve nos fornecer dados sobre a história da criança desde sua
concepção até os dias atuais pois estes contribuem para nossa hipótese diagnóstica e
muitas vezes direciona nossa intervenção:
Vou sugerir algumas questões básicas:
● Nome, idade e data de nascimento do paciente;
● Nome, idade e profissão dos responsáveis;
● Endereço do paciente;
● Queixa principal (por que procuraram o apoio fonoaudiológico);
● Dados gestacionais: tempo de gestação e intercorrências;
● Dados de parto e pós-parto;
● Dados de amamentação;
● Dados de hábitos deletérios (sucção de chupeta, dedo, onicofagia...);
● Dados de controle de esfíncteres;
● Dados do sono (ronca, baba);
● Dados de desenvolvimento de fala e linguagem (balbuciou, como se comunica,
fala palavras...
● Dados do desenvolvimento motor (engatinhou, andou, com quanto tempo?);
● Dados de alimentação;
● Faz uso de brincadeiras simbólicas;

UNIDADE IV Avaliação 58
● Escolaridade e como é seu contato na escola com professores e amigos, se
gosta da escola, se gosta de estudar;
● Como é sua socialização com outras crianças;
● Tem irmãos e como é a socialização entre eles;
● Já realizou terapia fonoaudiológica ou com outra especialidade;
● Já foi ao neurologista? Teve diagnóstico?

1.1 Avaliação
Segundo Guacheti (2014) a Fonoaudiologia atua junto a diversos diagnósticos das
mais variadas etiologias. Cada diagnóstico dos distúrbios da comunicação apresenta um
contexto multidisciplinar particular.
Existem vários protocolos para avaliação da fala e linguagem de uma criança dentre
eles podemos citar o ADL ( Avaliação de Desenvolvimento da Linguagem), o TALC (Teste de
Avaliação da Linguagem da Criança), mas além dos protocolos existentes também podemos
avaliar utilizando nosso próprio saber de desenvolvimento normal de fala e linguagem, nessa
avaliação normalmente nos valemos de materiais lúdicos, como brinquedos (mini objetos de
casa: cama, sofá, cadeira, mesa, pratos), animais, brinquedos pedagógicos, enfim brinquedos
que nos possibilitem avaliar a organização fonética/fonológica da fala e a linguagem.
Para a caracterização do desempenho dos indivíduos, os dados da avaliação
fonoaudiológica devem sempre ser conjugados à história clínica. Ressalta-
se que esse processo pode ser realizado de duas formas distintas e/ou
complementares: informal e formal. Na primeira, faz-se a avaliação clínica
sem o uso de escore, sendo o perfil do sujeito traçado a partir dos critérios
considerados como desenvolvimento típico. Já para a avaliação formal, usam-
se instrumentos sistemáticos/formais que fornecem dados quantitativos. Tais
instrumentos devem, necessariamente, estar adequados à idade do indivíduo
e possibilitar a avaliação de habilidades específicas relacionadas à recepção
e expressão da linguagem falada e escrita e de habilidades subjacentes
à linguagem (p. ex., memória), e expressivas, fornecendo, assim, as
potencialidades e dificuldades de cada indivíduo (GUACHETI, 2014, p. 950).

Na avaliação dos padrões fonológicos elaborada por Yavas, Hernandorena,


Lamprecht (2001) são avaliadas habilidades de fonética, fonologia, inventário fonético e
capacidade fonológica, utilizando lâminas de figuras, conforme os exemplos:

FIGURA 1 - LÂMINA AVALIAÇÃO FONOLÓGICA

Fonte: Yavas, Hernandorena e Lamprecht (1991).

UNIDADE IV Avaliação 59
FIGURA 2 - LÂMINA AVALIAÇÃO FONOLÓGICA

Fonte: Yavas, Hernandorena e Lamprecht (1991).

Já o teste do ABFW, são abordadas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e


pragmática:

FIGURA 3 - ABFW

Fonte: Andrade, Befi-lopes e Fernandes (2004).

UNIDADE IV Avaliação 60
Essas lâminas ou um álbum avaliativo podem ser construídos pelo próprio
fonoaudiólogo com figuras contendo todos os fonemas da nossa língua. O fonoaudiólogo
necessita manter um registro das ocorrências na fala, em que a análise direcionará a
terapia, segue um exemplo:

FIGURA 4 - TRANSCRIÇÃO DE FALA – ABFW

Fonte: Andrade (2004).

1.2 Terapia (intervenção)


Para a reabilitação das alterações de fala e linguagem temos várias abordagens
que podemos seguir, de modo que definir o tipo de terapia é essencial para o sucesso na
intervenção, a primeira noção que precisamos ter é a necessidade do paciente. O paciente
necessita ser colaborativo sendo assim é fundamental empatia entre paciente terapeuta
a isso chamamos “Rapport”, esta relação se constrói nas primeiras sessões terapêuticas.
Assim como o engajamento de pais e professores também é de suma importância, pois a
reabilitação fonoaudiológica depende desta união.

UNIDADE IV Avaliação 61
Pensando especificamente nas trocas, omissões ou distorções fonêmicas, o
fonoaudiólogo tem como centro das terapias adequação do padrão fonético ou fonológico
da criança, ou seja, fazendo com que o paciente automatize a emissão correta dos fonemas.
Para que isso aconteça a criança necessita reconhecer, discriminar e só assim conseguirá
automatizar esta produção.
Por exemplo, foi trabalhado a diferença entre os fonemas /f/ e /v/, mas além
de adquirir o /f/ e /v/, o paciente adquiriu /p/ e /b/, isto é, realizou o que chamamos de
generalização. Para Mota (2002), essa é a prova real da eficácia da terapia fonoaudiológica.
Para definir a ordem dos fonemas a serem trabalhados observamos as oscilações
que ocorrem com maior frequência, quais fonemas deveriam estar adequados mais cedo,
quais fonemas comprometem a inteligibilidade de fala da criança e quais fonemas ela tem
mais facilidade de emissão, outro fato a ser considerado é se a troca acontece sistemática
ou assistemática. Após delimitar o fonema a ser trabalhado o fonoaudiólogo apresentará
diversas atividades com o fonema escolhido, ocasionalmente o profissional produz esses
materiais específicos. Sempre considerando que o paciente necessitará reconhecer,
discriminar, em seguida nomear este fonema e a partir daí será iniciado o processo de
automatização propriamente dito.
Exemplo de atividade para emissão do fonema /b/:
Orientação para pronunciar o fonema /b/ necessitamos encostar um lábio no outro,
ou necessitamos fechar os lábios (reconhecimento).
1. Fechar os lábios bem forte e ao abrir emitir o som do /b/;
2. Emitir o som do BA, BE, BI, BO, BU;
3. Emitir palavras iniciem com os sons do BA, BE, BI, BO, BU:
● Baleia
● Bengala
● Bico
● Bota
● Burro
4. Emitir palavras que contenham o som do BA, BE, BI, BO, BU, no meio da palavra:
● ABA
● BEBA
● BIBO
● BOBO
● IBU

UNIDADE IV Avaliação 62
5. Emitir palavras que contenham o som do BA, BE, BI, BO, BU, no final da palavra,
lembrando que a palavra não precisa ter significado real:
● CABA
● CABE
● CABI
● CABO
● CABU
Lembrando que cada fonema tem sua individualidade.

FIGURA 5 - FONEMA S

As atividades lúdicas específicas são fundamentais para o sucesso do trabalho


desenvolvido com crianças, pois promovem o desenvolvimento da cognição e imaginação.
Na terapia fonoaudiológica relacionada a desvios fonéticos e fonológicos devemos
considerar os seguintes aspectos:
● Conhecimento do sistema fonológico da criança;
● Identificação do processo objetivo que levará a conduta terapêutica;
● Identificação de sons objetivos dentro do processo selecionado;
● Desenvolvimento da seleção de palavras a serem utilizadas para os sons serem
trabalhados;
● Desenvolvimento das atividades linguísticas que usem matéria, enfatizam a
generalização e promovam o domínio da criança sobre sua dificuldade.

UNIDADE IV Avaliação 63
Algumas metodologias que podem ser utilizadas pelo fonoaudiólogo nos Desvios
fonéticos ou fonológicos:
● Método das Boquinhas;
● Oposições Contrastivas;
● Modelo Abab – Retirada e Provas Múltiplas;
● Modelo Metaplon;
● Modelo de Ciclos.

UNIDADE IV Avaliação 64
2. ANAMNESE, AVALIAÇÃO E TERAPIA NO TRANSTORNO NO ESPECTRO AUTISTA

A anamnese deve nos fornecer dados sobre a história da criança desde sua
concepção até os dias atuais pois estes contribuem para nossa hipótese diagnóstica e
muitas vezes direciona nossa intervenção:
Vou sugerir algumas questões básicas:
● Nome, idade e data de nascimento do paciente;
● Nome, idade e profissão dos responsáveis;
● Endereço do paciente;
● Queixa principal (por que procuraram o apoio fonoaudiológico);
● Dados gestacionais: tempo de gestação e intercorrências;
● Dados de parto e pós-parto;
● Dados de amamentação;
● Dados de hábitos deletérios (sucção de chupeta, dedo, onicofagia...);
● Dados de controle de esfíncteres;
● Dados do sono (ronca, baba);
● Dados de desenvolvimento de fala e linguagem (balbuciou, como se comunica,
fala palavras...
● Dados do desenvolvimento motor (engatinhou, andou, com quanto tempo?);
● Dados de alimentação;
● Faz uso de brincadeiras simbólicas;

UNIDADE IV Avaliação 65
● Escolaridade e como é seu contato na escola com professores e amigos, se
gosta da escola, se gosta de estudar;
● Como é sua socialização com outras crianças;
● Tem irmãos e como é a socialização entre eles;
● Já realizou terapia fonoaudiológica ou com outra especialidade;
● Já foi ao neurologista? Teve diagnóstico?
● Apresenta movimentos estereotipados;
● Anda na ponta dos pés;
● Olha quando chamado pelo nome;
● Anda na ponta dos pés;
● Gosta de dar e receber carinho;
● Gosta de brinquedos específicos;
● Da tchau com as mãos ou manda beijo quando está saindo;
● Mantém contato visual.

2.1 Avaliação
A avaliação fonoaudiológica realizada em crianças com indícios de TEA, tem início
como as avaliações específicas de Alterações no Desenvolvimento de Fala e Linguagem,
porém já na anamnese o terapeuta nota situações e características tipicamente deste
transtorno, o que o direciona para perguntas diretas e relacionadas a área.
Na avaliação o fonoaudiólogo se orienta pelas noções básicas de desenvolvimento
de fala e linguagem, podendo se especializar e fazer a avaliação específica da metodologia
usada para desenvolver sua terapia. Lembrando que nesses casos o tratamento com a
equipe multiprofissional é imprescindível.

Exemplos mais utilizados na atualidade:


● Terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada), busca o aprendizado
de competências e habilidades (inclusive a comunicação oral) através de
condicionamento e reforços comportamentais positivos ou não. Ressalto que não é
considerada uma metodologia, mas sim uma ciência.
Um dos pressupostos teóricos que podem ser utilizados na área da intervenção
com linguagem é a Análise Comportamental Aplicada (ABA), que se baseia
em princípios científicos do comportamento para construir repertórios
socialmente relevantes e reduzir repertórios problemáticos. Nesta abordagem,
comportamentos indesejados (como estereotipias e falta de atenção) podem
ser retirados ou extintos e comportamentos desejados (como contato de
olho e intenção comunicativa) podem ser reforçados e modelados por meio
de estratégias como as que exigem: repetição, imitação, mandos, modelos,
imitação, pareamento de estímulos, entre outras técnicas (SILVA, 2007, p. 323).

UNIDADE IV Avaliação 66
● TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related Communication
Handcapped) é um método que trabalha a rotina visando que o paciente com TEA
desenvolva maior independência, trabalhando a compreensão no dia a dia do
paciente. Este método é voltado a um ensino a partir de estimulação de habilidades
visuais promovendo assim a generalização de outras habilidades.
● PECS (Picture Exchange Communication System ou Sistema de comunicação por
troca de figuras) é uma metodologia de comunicação alternativa, que utiliza como
o próprio nome diz figuras do cotidiano para formar um sistema de comunicação
onde a criança consiga expor suas necessidades;
● PADOVAN: visa recapitular o processo de desenvolvimento motor de fala
e pensamento, através da estimulação do Sistema Nervoso Central (SNC) e
trabalhando com seu potencial genético.
● DENVER: é uma técnica que preconiza a intervenção precoce, objetivando o
aprendizado e desenvolvimento da criança de maneira lúdica, com foco na integração
sensorial levando em conta as etapas esperadas no desenvolvimento infantil;
● INTEGRAÇÃO SENSORIAL: é uma técnica de intervenção com foco de
organização, interpretação e respostas a estímulos sensoriais, a terapia necessita
ser realizada em ambiente com múltiplos estímulos de modo que a criança explore
esses estímulos e com apoio necessário evolua da melhor maneira possível.

Temos muitas abordagens teóricas, mas necessitamos lembrar que cada criança é
uma criança e nem todas respondem da mesma maneira a uma abordagem específica por
isso se faz necessário o conhecimento de várias abordagens para delimitar a melhor para
o desenvolvimento da criança.
É evidente a importância de um trabalho fonoaudiológico individual precoce
com crianças autistas, visando, por meio de metas terapêuticas adequadas,
a interação social, atenção conjunta, troca de turnos interacionais e, conse-
quentemente, aquisição da linguagem oral e compreensão do processo de
comunicação (SILVA et al., 2007, p. 327).

UNIDADE IV Avaliação 67
3. ANAMNESE, AVALIAÇÃO E TERAPIA NA GAGUEIRA

A anamnese em caso de queixa de gagueira ou disfemia normalmente tem a mesma


base da que é utilizada nas alterações de fala e linguagem, seguida de questionamentos
específicos:
● Com que idade os pais ou responsáveis notaram as dificuldades da criança?
● Como as pessoas próximas reagem ao falar da criança?
● A criança é comunicativa?

3.1 Avaliação
A avaliação fonoaudiológica necessita verificar nomeação, fala espontânea, fala
direcionada e coordenação pneumofônica, identificando assim bloqueios, repetições,
hesitações, tiques e outros possíveis sintomas de gagueira, a partir daí se faz necessário uma
investigação de possíveis fatores emocionais que possam estar interferindo na fluência da fala.
Ao identificar a gagueira é necessário iniciar o mais rápido possível a intervenção
fonoaudiológica, muitas vezes a intervenção multidisciplinar é indispensável ao sucesso do
tratamento, contando com o apoio de um profissional da área de psicologia.

3.2 Terapia
A terapia fonoaudiológica deve contar com a sensibilidade do profissional para com as
dificuldades do paciente, em que o terapeuta não pode mostrar ansiedade e também nunca
deve terminar uma frase pelo paciente, a postura do terapeuta necessita ser de tranquilidade.

UNIDADE IV Avaliação 68
Sugestão de atividades terapêuticas:
● Exercícios de propriocepção respiratória, visando maior controle da fala e respiração;
● Exercícios respiratórios como: inspirar e soltar emitindo som de /Z/, inspirar
profundamente e expirar, inspirar e soltar emitindo o som do /S/, entre outros
indicados para cada caso em específico;
● Atividades de fala espontânea: utilizar materiais lúdicos para facilitar a fala
espontânea, contar histórias e pedir para a criança reproduzir a história como ela
entendeu, pedir para criança contar uma história, pedir para criança contar algo
muito bom que aconteceu e ela se lembra;
● Trava línguas;
● Parlendas;
● Ditados populares;
● Exercícios com sons foneticamente semelhantes;
● Exercícios articulatórios, como: “A, E, É, I, Ô, Ó, U”, “IU-IU-IU-IU”, “PA-TA-KA”,
“VA-SA-JÁ”, entre outros;

Para o sucesso do tratamento a família deve ser orientada sobre sua conduta
(não corrigir ou chamar a atenção da criança quando a mesma estiver em situações
de gagueira), assim como a realização dos exercícios passados pela fonoaudióloga
necessitam ter continuidade em casa.

UNIDADE IV Avaliação 69
SAIBA MAIS

Foi realizada uma campanha para conscientização da gagueira em que o tem foi Gagueira
não tem graça tem tratamento, visando a maior informação, pois muitos acometidos por essa
patologia sofrem bullying o que piora a situação do indivíduo acometido. Essa campanha foi
elaborada e vinculada pelos Conselhos de Fonoaudiologia, assim como outras campanhas
aceca da nossa profissão estão nas páginas do Crefono. Vale a pena conferir.
Para aprender mais sobre a terapia fonoaudiológica na gagueira, o livro em sequência é
uma excelente opção: JAKUBOVICZ, Regina. Tratamento da gagueira na criança 2012.

Fonte: BASBAUM, F. T.; JAKUBOVICZ, R. Tratamento da gagueira na criança. 1ª ed. Editora: Revinter, 2012.

REFLITA

No processo terapêutico cabe ao fonoaudiólogo seguir apenas um método para alcançar


os objetivos propostos?

Fonte: A autora (2021).

UNIDADE IV Avaliação 70
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como proposto inicialmente nessa Unidade vimos os caminhos para o fechamento


diagnóstico fonoaudiológico nas patologias fonoaudiológicas comuns à infância, com
direcionamento para uma avaliação expressiva, lembrando que o processo de avaliação
muitas vezes tem início na sala de espera, quando observamos a criança com os pais ou
responsáveis, pois estes muitas vezes estão ansiosos por uma definição que virá com
nossas palavras, por isso o protocolo de avaliação, sua aplicação e o olhar cientifico do
fonoaudiólogo se faz necessário.
Temos a comunicação oral um fator determinante para que o indivíduo se integre
a sociedade e vimos que as alterações de fala e linguagem na infância acontecem por
diferentes fatores, desde um simples atraso a patologias neurológicas e síndromes,
sendo que em cada caso o olhar do fonoaudiólogo deve ser humanista e interacionista
analisando a criança como um todo. A evolução dos pacientes acontece com um bom
processo terapêutico e depende também da resposta individual de cada um nesse cenário
entendemos o diagnóstico precoce como um diferencial. Iniciamos os estudos dos processos
de avaliação, diagnóstico e intervenção lembrando que esses processos são complexos,
onde consideramos o paciente em suas dimensões biológica, emocional e sociocultural,
buscando entender não só os estados patológicos, mas também fisiológicos.
A visão multidisciplinar é impreterível nos estudos e trabalhos fonoaudiológicos,
subsidiando também os processos de avaliação da fala e linguagem, pois temos o paciente
como corpo, mente e circunstância.

UNIDADE IV Avaliação 71
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Manual de fonoaudiologia
Autor: J. Peña-Casanova.
Editora: Grupo A.
Sinopse: Esta edição foi elaborada a partir dos avanços atuais no
âmbito da patologia e da reabilitação da linguagem, dentre elas:
as abordagens cognitivas, o desenvolvimento da psicolinguística e
neurolinguística, e os avanços na neurobiologia.

FILME/VÍDEO
Título: O Milagre na Cela 7
Ano: 2019.
Sinopse: Ambientado na Turquia dos anos 1980, Milagre na cela
7 conta a história de Mehmet (Aras Bulut Iynemli), ou Memos,
homem que tem a idade mental parecida com a da filha Ova (Nisa
Sofiya Aksongur), uma criança de seus 8 anos. A vida dele dá uma
guinada quando ele é acusado do assassinato de Seda, colega
de Ova com quem ela não se dá muito bem. A menina é filha de
um importante militar turco que quer fazer justiça (ao modo dele,
claro) a qualquer custo e pressiona o tribunal até que Memos
seja condenado à morte. Sem nenhuma prova, Memos é preso e
passa por maus bocados atrás das grades. Antes que o pai seja
executado, Ova precisa convencer a todos de que a versão do
pai, de que tudo não passou de um acidente e de que há uma
testemunha que prove isso, é verdadeira.

UNIDADE IV Avaliação 72
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76
CONCLUSÃO GERAL

Prezados (as) alunos (as),

Este material foi confeccionado com intuito de proporcionar familiaridade com


as principais teorias de desenvolvimento de fala e linguagem, assim como as patologias
comuns a fonoaudiologia na infância.
Ao abordar os aspectos destas teorias, fazendo uma consideração atual,
conseguimos elaborar nossas próprias considerações sobre o tema.
A fala é o maior veículo de comunicação no mundo atual, sendo assim, aprender
sobre como ela acontece de forma funcional é um papel fundamental para o fonoaudiólogo
que, entendendo a fisiologia, conseguirá olhar para as patologias de fala e linguagem,
de maneira suave, porém científica e assim, entendê-las chegando a direcionamentos
terapêuticos eficientes.
Nas nossas unidades de estudo vimos de maneira gradativa desde conceitos
básicos, teorias de aquisição de fala e linguagem, evoluindo para processos patológicos
e intervenções.
Em se tratando das patologias abordadas, foram elaboradas informações básicas
para auxiliar o início da formação do pensamento clínico avaliativo, assim como organização
de ideias pra uma possível orientação e intervenção terapêutica.
Este material necessita ser entendido como o iniciar de uma jornada que não pode
parar, pois nossa área sofre mudanças significativas com as evoluções cientificas e nós
juntamente com esta evolução necessitamos estar atentos a tais mudanças.
Espero que todos aproveitem ao máximo o conteúdo proposto, não se esquecendo
que agregar conteúdo é indispensável em nossa profissão.

Agradeço a atenção de cada aluno que se propôs ao estudo

77
+55 (44) 3045 9898
Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro
CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR
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