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Moderna
Professor Dr. Saulo Henrique Justiniano Silva
Professor Me. Herculanum Ghirello Pires
Professor Me. Willian Carlos Fassuci Larini
EduFatecie
E D I T O R A
2021 by Editora EduFatecie
Copyright do Texto © 2021 Os autores
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possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
ISBN 978-65-87911-11-3
https://orcid.org/0000-0001-5409-4194
Olá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo aos seus estudos sobre a História Moder-
na. Nesta apostila você irá estudar assuntos e acontecimentos referentes a este período
da História. Só para constar, e lembrá-lo(a), a separação cronológica da ciência histórica
consiste em: Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea, a qual
estamos presenciando. Portanto, a Idade Moderna sucede a Idade Média e precede a
Idade Contemporânea. Até os dias atuais há um debate sobre quando se inicia o período
Moderno e quando ele termina, no entanto, há o consenso em algumas datas: a Queda de
Constantinopla, em 1453, e a Revolução Francesa, em 1789.
Mas, você pode se perguntar, por que estudar História Moderna? Neste período os
indivíduos produziram diversos avanços em várias áreas. Presenciamos o nascimento da
modernidade. Diversas instituições que até hoje existem foram desenvolvidas e aperfeiçoa-
das na Idade Moderna: por exemplo, na política temos os Estados Modernos, início dos
estados nacionais, dos países e da burocracia política que existe hoje. O Renascimento, o
Iluminismo e a Reforma Protestante são o conjunto de ideias e reflexões que irão colocar
à prova muitos dos dogmas e ideias hegemônicas da Idade Média, permitindo uma expan-
são do saber, da racionalização, da espiritualidade e do intelecto humano, constituindo o
nosso modelo de pensamento até os dias atuais.
Os exemplos de algumas instituições citadas são os temas de estudo desta apostila.
Na Unidade I vamos conhecer sobre o Humanismo, Renascimento e o Estado Moderno.
O professor Herculanum Ghirello Pires explica como a leitura e o renascimento dos clássi-
cos, isto é, dos estudos dos antigos filósofos greco-romanos foi importante para a expansão
das ideias e possibilidades de modelos de vida diferentes, mais humanos, mais racionais.
Essas novas formas de organização da vida vão produzir novas formas de organização
política: assim nasce o Estado Moderno e o Mercantilismo.
Já na Unidade II você irá saber mais sobre a Reforma Protestante. O professor
Saulo Justiniano demonstra os principais aspectos das Transformações Religiosas na
Modernidade. Quais os impactos da reforma, não só no campo religioso, mas também
no social e político da Europa. Contextualizando-a com os aspectos sociais e econômicos
do final da Idade Média. E situando os diferentes tipos de reforma e de religiosidade que
surgiram do rompimento com a Igreja Católica.
Na sequência, na Unidade III falaremos a respeito do Iluminismo e a Emanci-
pação das Treze Colônias. O professor Willian Carlos Larini discorre inicialmente sobre
os conceitos iluministas que tiveram considerável preponderância no século XVIII e os
pensadores que as formularam. Relacionando-o ao processo de emancipação das treze
colônias inglesas que levaria a constituição dos Estados Unidos no século XVIII. Neste
tópico são abordados os diferentes acontecimentos, circunstâncias políticas e econômicas
que fariam os habitantes das 13 colônias inglesas na América amotinaram-se em oposição
a Grã-Bretanha e como se deu o êxito belicoso dos colonos em relação à nação europeia.
Em nossa Unidade IV vamos finalizar o conteúdo dessa disciplina com a Revolu-
ção Francesa no final do século XVIII. O professor William Carlos Larini expõe a conjuntura
sociopolítica problemática da França antes do começo da insurreição dos franceses que
se opunham à monarquia e às camadas sociais que tinham certas regalias. Assim como
o período mais violento da Revolução Francesa, regido principalmente por Maximilien de
Robespierre, que levaria à morte por decapitação vários franceses. É igualmente analisado
neste tópico a etapa final do processo revolucionário francês que possibilitaria a subida de
Napoleão Bonaparte como soberano.
UNIDADE I....................................................................................................... 8
Humanismo, Renascimento e Estado Moderno
UNIDADE II.................................................................................................... 27
Transformações Religiosas na Modernidade
UNIDADE III................................................................................................... 58
O Iluminismo e a Emancipação das Treze Colônias Inglesas
UNIDADE IV................................................................................................... 79
A Revolução Francesa
UNIDADE I
Humanismo, Renascimento
e Estado Moderno
Professor Mestre Herculanum Ghirello Pires
Plano de Estudo:
● Conceituar e contextualizar o Humanismo, Renascimento e Estado Moderno
● Compreender a importância desses acontecimentos para os dias de hoje
● Estabelecer a importância econômica, social, política e cultural de ambos
Objetivos da Aprendizagem:
● Humanismo
● Renascimento
● Estado Moderno
7
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a). Nesta unidade você verá sobre Humanismo, Renascimento
e Estado Moderno. Eles são caracterizados por mudanças sociais e os primeiros aconteci-
mentos que traçam um hiato entre a Idade Média e a Idade Moderna. Antes de mais nada,
devemos lembrar que o período posterior à Antiguidade, conhecido como a Idade Média
(V – XV), teve uma longa duração, em quase mil anos de sua dinâmica e queda apresentou
diversos aspectos comuns em quase todos os séculos, assim como, concomitantemente,
ocorreram mudanças em sua estrutura. Na Baixa Idade Média (XI – XV), o período medieval
se viu em meio a mudanças rápidas, as quais o poder político da Igreja não podia conter
as alterações sociais, culturais, mas principalmente as econômicas que passaram a se
configurar, aos poucos, nas condições que dariam forma ao Humanismo, Renascimento
e o Estado Moderno.
Esses acontecimentos vão marcar a história e dar uma configuração a novos modos
de vida e organização social. Tais acontecimentos e novas formas de vida irão inaugurar
um novo período, que denominamos de Idade Moderna. Alguns historiadores atribuem
o início desse período à queda da cidade de Constantinopla, em 1453, até a Tomada da
Bastilha durante a Revolução Francesa, em 1789.
Fato é que foi um período de intensa produção social, econômica e cultural, onde
sentimos a influência desses eventos até hoje: o Humanismo permitiu ao ser humano
se interrogar sobre o seu lugar na terra e os dogmas da Igreja; o Renascimento foi um
retorno aos clássicos, à filosofia, a uma nova maneira de vida, que permitiu um renascer
social, comercial e cotidiano na Europa; e, por fim, o Estado Moderno foi a instituição que
promoveu a criação das nações, identidades nacionais, o aperfeiçoamento da máquina bu-
rocrática estatal e organização social. Portanto, sem eles, a concepção de vida que temos
hoje provavelmente seria diferente.
HOMO VITRUVIANO. O homem Vitruviano, o homem de Leonardo. Desenho detalhado com base na obra de
arte de Leonardo da Vinci, realizada por ele em 1490, com base no manuscrito do mestre romano Vitruvius
1.1 Antropocentrismo
O impacto dessas leituras veio com a noção de antropocentrismo, quando o ho-
mem passa a se colocar no centro do mundo. Ele passa a ser a medida de todas as coisas.
Capaz de escolher o próprio destino. Agora, as perguntas partiam dele para interpretar o
seu ser, e não mais de um dogma, de Deus ou da Igreja. O homem se tornará livre para
pensar, mais uma vez, para fazer seus movimentos, suas técnicas, e, de suma importância,
a sua arte: o Homem Vitruviano de Da Vinci (figura que está no início desta seção) é um dos
melhores exemplos do antropocentrismo na arte e na sociedade.
Sendo o centro do mundo, ele consegue agora se perguntar sobre questões relevan-
tes a sua ocupação na sociedade. Questões que interpretem o ser humano, não mais uma
condição metafísica ou uma interpretação sobrenatural da vida. Para alguns historiadores
e psicólogos, é neste momento que nós temos a invenção do psicológico (FIGUEIREDO,
2017), a emergência do indivíduo (DUBY, 2009) e aumento da individualidade e dos desejos
e vontades pessoais de cada um. O homem havia obtido sua liberdade.
Retrato de Louis XIV, por Hyancinthe Rigaud, estúdio, 1701, pintura francesa, óleo sobre tela. Esta
3.4 O Mercantilismo
O mercantilismo é o modelo econômico do Estado Moderno. As decisões comer-
ciais eram tomadas pelo rei, isso significava que a economia se mantinha atrelada a suas
vontades, assim como a as decisões políticas.
Metalismo é a crença na qual quanto mais ouro e prata uma nação possuísse,
mais rica ela seria. Com base nessa crença, procurava-se acumular metais preciosos no
país, também conhecido como bulionismo. Balança comercial favorável é o princípio
que vinha do metalismo. Veja por que: na época, o dinheiro era feito de ouro e prata; assim,
a forma de reter ouro e prata em um país era exportar o máximo e importar o mínimo,
mantendo-se, assim, a balança comercial favorável, em suma, precisava exportar mais do
que importar manufaturados
Protecionismo é o incentivo à indústria interna, ao comércio e à manufatura na-
cionais, protegendo-os da concorrência estrangeira. Deste modo, havia o aumento dos
impostos sobre os produtos estrangeiros a fim de torná-los mais caros, favorecendo os
similares nacionais. E o exclusivo colonial consistia na obrigação que a colônia tinha
de comercializar exclusivamente com sua metrópole. Por exemplo, os colonos do Brasil
podiam comercializar apenas com Portugal, que era sua metrópole (HUBERMAN, 1980).
SAIBA MAIS
Hoje em dia quando pensamos em ter uma profissão, seguir um trabalho para a vida, na
maioria dos casos, pensamos em estudar e nos especializar em uma área específica.
Não era assim no século XVI. Por exemplo, você conseguiria enquadrar Leonardo da
Vinci em uma única profissão? Naquele momento, o ideal era o homem completo, que
entendesse das diversas áreas, diversas artes: física, química, artes, matemática, bio-
logia e assim por diante. Quem dominasse mais áreas do saber estava o mais perto de
se tornar o homem completo
REFLITA
“Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida” (Sêneca).
Caro(a) aluno(a), devemos ter em mente que qualquer conclusão definitiva é preci-
pitada. Até hoje os estudos históricos sobre a Idade Moderna estão avaliando e reavaliando
o impacto do Humanismo, Renascimento e Estado Moderno para a humanidade oci-
dental. Mas podemos ter a certeza de afirmar que essas instituições estabeleceram novas
formas de pensamento e organização social.
Não é à toa que a Idade Moderna leva esse nome: moderna. A modernidade surge
neste período. A individualidade, o pensamento científico e a forma de organização e polí-
tica em que as sociedades ocidentais repousam hoje em dia, são influenciados por essas
instituições, esses acontecimentos desse período.
LIVRO
Título: O nascimento da ciência moderna na Europa
Autor: Paolo Rossi
Editora: Edusc (Florianópolis)
Sinopse: Abordagem de um tema fulcral na história da Ciência
e da Europa, este livro situa o clima não artificial em que perso-
nagens hoje altamente considerados trabalharam arduamente na
configuração de áreas do conhecimento, enfrentando preconceitos
e perseguições das mais diversas modalidades.
FILME/VÍDEO
Título: O Nome da Rosa
Ano: 1986
Sinopse: Um monge franciscano investiga uma série de assassi-
natos em um remoto mosteiro italiano. Isso provoca uma guerra
ideológica entre os franciscanos e os dominicanos, enquanto o
monge lentamente soluciona os misteriosos assassinatos.
Plano de Estudo:
● Compreender as questões econômicas em finais da Idade Média e início
da Idade Moderna.
● Conceituar as diferentes Reformas Protestantes.
● Entender a Reforma em seu aspecto religioso, político e social.
Objetivos da Aprendizagem:
● Economia
● As transformações religiosas na Europa e a Reforma Protestante
● A reforma luterana
● A “reforma inglesa”
● A reforma calvinista
● Situação política na Europa pós-reforma
● A contrarreforma ou reforma católica
26
INTRODUÇÃO
Olá, aluno(a). Seja bem-vindo(a) a mais uma unidade da apostila de História Mo-
derna. Neste capítulo intitulado Transformações religiosas na modernidade, estudaremos
questões de extrema importância para se compreender as nuances do período da História
denominado Idade Moderna.
Iniciamos a unidade fazendo uma retrospectiva sobre as questões de produção na
Europa durante a baixa Idade Média e como o renascimento comercial e urbano ocasionou
uma crise sanitária do século XIV, conhecida como Peste Negra. Apesar de ter sido respon-
sável pela dizimação de 1/3 da Europa, a recuperação demográfica da Peste foi tão rápida,
que causou outra crise, a de abastecimento. A produção de alimentos não acompanhou o
crescimento populacional e isso causou fome, miséria e medo.
Nesse contexto de medo, a Europa passou por grandes transformações na questão
religiosa que desembocaram na Reforma Protestante, em primeiro momento liderado pelo
monge agostiniano Martinho Lutero, mas que posteriormente foi apropriado como instru-
mento político contra os interesses do papado pela nobreza da época.
Após apresentar um pequeno perfil dos reformadores e suas principais contribui-
ções, no final da unidade traçamos os principais acontecimentos envoltos à questão política
da Europa após o impacto do surgimento do protestantismo e como a Igreja Católica Apos-
tólica Romana restabeleceu sua superioridade no mundo moderno.
Figura 1 - Homem e mulheres com a peste bubônica com seus bubões carac-
terísticos em seus corpos, pintura medieval de uma Bíblia em língua alemã de 1411 de
Toggenburg, Suíça
Como atestado por Scott (2009), a população europeia voltou a crescer durante os
períodos de calmaria da Peste, chamados de calmaria porque ainda era possível ver alguns
surtos da moléstia até meados do século XVI.
A volta do crescimento populacional ocorrida na segunda metade do XV trouxe um
saldo impressionante, segundo Jan de Vries (apud SCOTT, 2009, p. 36), de “60,9 milhões
de habitantes na Europa em 1500”, no entanto, esse rápido crescimento populacional gerou
outro grande problema, a chamada Revolução dos Preços (CAMERON, 2009).
Os anos finais do século XV foram marcados pela escassez das terras produtivas
e, consequentemente, pelo abastecimento de alimentos que não acompanharam, com a
mesma agilidade, as transformações demográficas do continente, com isso, houve um
desequilíbrio entre população e recursos.
Esse desequilíbrio trouxe um aumento considerável no preço dos mais diversos
gêneros alimentícios, gerando uma grande segregação e desigualdade, dando origem a
uma massa de esfomeados, que, muitas vezes, mesmo trabalhando, não conseguiam fazer
com que os seus salários acompanhassem a alta dos preços (SCOTT, 2009).
O que se podia observar era um crescente número de indigentes nas cidades
que se viam apegados à religiosidade como única forma de salvação, esperando dos céus
a ajuda que os tiraria daquele sofrimento.
REFLITA
“Segundo Lutero, Deus não é um juiz inflexível. Ele doa aos pecadores a salvação pela
graça, baseada na fé e por mérito exclusivo de Cristo. Isso exige a substituição da ritua-
lidade descaradamente exterior pela íntima edificação pessoal; do poder temporal do
papado pelo poder eterno do verbo divino, revelado através da Bíblia; da intermediação
dos ministros do culto pela leitura e interpretação individuais das Sagradas Escrituras”
(DE MASI, 2014, p.237). Na atualidade, podemos considerar as práticas que regeram a
Reforma vivas nas Igrejas protestantes brasileiras?
Com essa lei, chamada Act of Restraint of Appeals, em tradução livre “ato de res-
trição de apelações”, os direitos da Igreja Romana foram totalmente abolidos do território
inglês. Em 23 de maio de 1533, o casamento de Henrique VIII de Catarina de Aragão foi
declarado ilegítimo e perdeu validade. Em contrapartida, o casamento com Ana Bolena fora
considerado legítimo e o futuro herdeiro, como detentor do direito de privilégio na sucessão
do trono.
Em setembro de 1534, Henrique VIII foi excomungado da Igreja Católica pelo papa
Clemente VII e, em 30 de agosto de 1535, o papa Paulo III reforçou a excomunhão anterior,
que foi definitivamente publicada em 1538.
Ana Bolena deu à luz outra menina, batizada de Elizabeth, que posteriormente
reinou por 45 anos. Agora Henrique tinha duas filhas, Maria, do casamento com Catarina, e
Elizabeth; não alcançando seu objetivo primeiro. Henrique viria a casar mais quatro vezes,
sendo que da terceira esposa, Jane Seymour, teve um herdeiro varão, Eduardo.
Em 1534, Henrique VIII publicou o Ato de Supremacia, inaugurando definitivamente
a Igreja Nacional Inglesa, conhecida como Igreja Anglicana.
A Igreja que nascia era na prática, “um catolicismo sem papa” (MAINKA, 2007a, p.
140), Henrique e seus seguidores mantiveram, em primeiro momento, os mesmos princípios
católicos, no entanto a historiografia tradicional trata o movimento inglês como reformista,
pois aconteceu como consequência da reforma iniciada nos principados alemães.
A Igreja Anglicana, ainda sofreu algumas transformações importantes durante o
reinado da filha de Henrique VIII, Elizabeth I, aproximando-se às perspectivas calvinistas,
mas, de forma geral, os anglicanos ainda se assemelham aos católicos romanos. Ainda
hoje a autoridade máxima da Igreja é a rainha da Inglaterra e os preceitos religiosos são
ordenados segundo a visão do arcebispo de Canterbury.
A reforma iniciada por João Calvino, em Genebra, foi tão importante quanto a de
Lutero, mas o protestantismo calvinista imprimiu algo que o sociólogo Max Weber (2006)
chamou de “Ética Protestante”, que contribuiu para o desenvolvimento do que o autor
chamou de “Espírito do Capitalismo”, também essa modalidade teológica protestante foi
majoritária entre os colonizadores dos Estados Unidos da América.
De forma geral, não existe uma Igreja com o nome calvinista tal como há a lutera-
na, o próprio João Calvino não era simpático a este termo. Nos diversos países onde se
estabeleceram receberam nomes distintos, como huguenotes na França, Presbiterianos na
Escócia e Puritanos na Inglaterra.
João Calvino nasceu em Noyon, cidade do norte da França, em 1509, filho de
um importante promotor da igreja local e uma burguesia enriquecida, em 1521, passou a
receber uma pensão da diocese local, que lhe beneficiou pelos 13 anos seguintes.
Em 1523, foi para Paris estudar Latim e Teologia e, em 1528, passa a estudar leis,
na Universidade de Orléans. Dali segue para Bourges, onde também estudou grego e, em
1531, ano da morte de seu pai – sua mãe morrera quando tinha apenas 5 anos –, regressa
a Paris. Seus biógrafos atribuem sua conversão à fé protestante em 1533 e foi acusado de
coautor do discurso proferido por Nicholas Cop, reitor da Universidade de Paris em favor
da fé reformada, diante do clima criado entre seus colegas, foge para Angoulême e, no ano
seguinte, regressa a Noyon, onde abdica do benefício eclesiástico.
Figura 4 - John Calvin of France, Vintage engraving. From Popular France, 1869
Entre 1536 e 1537 foi convidado por um amigo, Guillaume Farel, a assumir a refor-
ma na cidade-estado de Genebra, na atual suíça. Atuaram como pregadores durante dois
anos na cidade, no entanto, entre 1538 e 1541, pregara apenas para alguns, porque foi
expulso da cidade (BLAINEY, 2012; ENCICLOPÉDIA BARSA, 1995), para outros, porém,
pregou porque foi convidado por outro amigo. Se mudou para Estrasburgo, onde foi pastor
de uma pequena igreja de refugiados franceses.
Retornou a Genebra em 1541 e, ao longo dos anos seguintes, tornou-se o homem
mais importante da cidade.
O temperamento de Calvino era calculista e reservado, em contraste com o
de Lutero, ardente e emotivo. Firmemente convencido de que deveria pôr em
prática sua religião, tentou transformar Genebra num Estado onde o governo
teria a exclusiva finalidade de fazê-la observar. Os cidadãos deveriam fazer
uma profissão de fé e viver de acordo com a mesma (ENCICLOPÉDIA BAR-
SA, 1995, p. 508).
O contexto europeu nos anos que marcaram a expansão da Reforma foi definitiva-
mente notado pelas lutas políticas, entre as poderosas famílias de Habsburgo e Valois, pela
real ameaça Otomana no oriente, pela volta do crescimento populacional após o decrés-
cimo do século XIV e pelos medos escatológicos que pairavam sobre as classes menos
favorecidas da Europa.
Como já posto, o sucesso da Reforma talvez estivesse nessas questões apresenta-
das. Enquanto o papa mediava as políticas de grandes proporções, Lutero e seus séquitos
floresciam na pregação de uma nova modalidade de fé cristã, que, de forma geral, era
mais simples e compreensível às classes populares, diferente de toda pompa católica e de
intermináveis homilias em latim.
As disputas entre Valois e Habsburgo chegaram a momentos bem delicados,
quando em 1527, o imperador Carlos V decretou o famoso Sacco di Roma (Saque de
Roma), uma retaliação contra o apoio do papa ao monarca francês. A cidade foi invadida
por soldados que “estavam sem soldo e com fome” (ARNAUT DE TOLEDO, 2007, p. 112),
já se pode imaginar o quão trágico foi este episódio no seio da cristandade, um monarca
católico, decreta a invasão ao centro do papado.
No Sagrado Império Romano Germânico, governado por Carlos V, era um conglo-
merado de principados com algumas características feudais, o imperador era a autoridade
REFLITA
Ao reafirmar com autoridade o dogma, o concílio (de Trento) pôs termo às indecisões
que tinham nascido das teses novas, circulando já antes do aparecimento de Lutero,
e das divergências entre os reformadores. Além disso, a necessidade de unidade, a
busca de segurança num mundo onde as referências tinham sido abaladas levaram os
indecisos a ligar-se mais fortemente à Igreja tradicional (Católica) e aos seus costumes.
LIVRO
História da Reforma: Um dos acontecimentos mais importantes
da História.
Autor: Carter Lindberg
Editora: Thomas Nelson
Sinopse: A história dos reformadores é inspiradora e merece
ser visitada em detalhes. A Igreja cristã da Idade Média havia
se corrompido de tal maneira que muitos dos ensinamentos da
Bíblia haviam sido totalmente distorcidos. É nesse contexto que
surgem reformadores dispostos a sacrificar a própria vida para que
a realidade fosse transformada. Com uma combinação única de
relatos históricos e comentários teológicos, História da Reforma,
de Carter Lindberg, traça um panorama dos acontecimentos que
levaram à Reforma Protestante e dos efeitos que repercutiram
desde então. De maneira vívida e acessível, Lindberg retrata a
Reforma amplamente, sem ignorar nenhum contexto. Sociedade,
religião, economia, política e personagens marcantes são reuni-
dos para formar uma narrativa cativante sobre um dos maiores
acontecimentos da história do cristianismo. Tendo como pano de
fundo inicial o final da Idade Média, o autor passa em seguida
a relatar toda a complexidade dos movimentos que surgiram por
toda a Europa, as diferentes reformas que culminaram numa gran-
de Reforma. O leitor ainda tem a oportunidade de refletir sobre o
legado da Reforma para os dias atuais.
Link:https://books.google.com.br/books/about/Hist%C3%B3ria_
Da_Reforma.html?id=w0EMtAEACAAJ&source=kp_book_des-
cription&redir_esc=
FILME/VÍDEO
Título: Lutero
Ano: 2003
Sinopse: O filme conta a história de Martinho Lutero, monge ale-
mão, fundador da Igreja Protestante. Devido aos abusos da Igreja
Católica no século XVI, com grande exploração de seus fiéis,
especialmente por meio da venda de indulgências, Lutero lutou
por uma igreja voltada a Deus, sem a corrupção dos poderosos
católicos da época. Um dos momentos mais significativos do filme
diz respeito ao momento que Lutero conclui as 95 teses e as divul-
ga na porta da Catedral de Wittemberg. Em seguida, os escritos
de Martinho Lutero foram impressos numa escala mais ampla,
atingindo, assim, um maior número de pessoas, inclusive o Papa.
Link para o filme completo: https://www.youtube.com/watch?-
v=PlP-Xt4LLNg
Plano de Estudo:
● Conceituar e contextualizar o Iluminismo e o processo de emancipação dos Estados
Unidos
● Compreender a concepção de diferentes pensadores iluministas e os fatores que con-
dicionaram o conflito de emancipação dos Estados Unidos contra a Inglaterra.
● Estabelecer a importância das ideias iluministas e os princípios que condicionaram a
construção dos Estados Unidos como nação.
Objetivos da Aprendizagem:
● As origens do Iluminismo
● Pensadores Iluministas
● Impacto Teórico e Político do Iluminismo
● A Emancipação das Treze Colônias Inglesas
57
INTRODUÇÃO
Os conceitos originados por estes três autores europeus foram essenciais no perío-
do de difusão das concepções iluministas (FORTES, 1985).
Fortes (1985) refere-se a uma ocorrência de grande impacto, próxima do final do
século XVII, em que a interpretação dos cosmos, que era preponderante, é subvertida.
Então, se origina
[...] à explicação do movimento dos corpos por meio da teoria da atração
universal formulada pelo inglês Sir Isaac Newton, cujos Principia Philoso-
phiae Naturalis, publicados em 1687, constituem, na opinião unânime dos
historiadores, a carta de alforria dos tempos modernos. A hipótese explicativa
de Newton constitui uma aplicação concreta e brilhante para um problema
particular de física do novo método científico e abre, nestas condições, pers-
pectivas auspiciosas para o conhecimento humano (FORTES, 1985, p. 26).
Estes dois autores tiveram uma significativa atuação na época em que viveram, as
gerações futuras também foram inspiradas por estes iluministas (FORTES, 1985).
O primeiro, de origem francesa, era denominado “Charles-Louis de Secondat, se-
nhor de La Brède e barão de Montesquieu, nascido em 1689 e morto em 1755” (FORTES,
1985, p. 30-31). Montesquieu originou vários escritos eruditos no decorrer de sua vida,
porém seu trabalho de maior impacto é denominado O Espírito das Leis (FORTES, 1985).
Com esta produção, o intelectual francês iniciou “uma análise de ciência política”
(FORTES, 1985, p. 36). Um dos cernes da obra de Montesquieu consiste na recusa que as
normas que regem distintas populações sejam consideradas legítimas ou ilegítimas, porém,
tais normas são relativamente apropriadas às particularidades das diferentes populações e
das condições dos períodos e locais onde foram constituídas (FORTES, 1985).
Em tal concepção, “a forma de governo não é a única variável a ser considerada.
Deve-se levar em conta igualmente outras relações assim como o ‘espírito’ particular de
cada povo e de cada época” (FORTES, 1985, p. 36).Estimado(a) aluno(a), é essencial
O iluminismo teve como seu âmago “a França e sua capital, Paris. Paris, aliás, é a
grande metrópole do século XVIII, não apenas do ponto de vista cultural” (FORTES, 1985,
p. 46). Mas isto não quer dizer que o movimento Iluminista compreendia apenas o território
francês, manifestou-se também nas principais cidades de diferentes nações europeias
(FORTES, 1985).
De acordo com Fortes (1985, p. 47), sobre o Iluminismo francês e os preceitos
iluministas de forma geral é necessário mencionar a sublime obra Enciclopédia, que foi
inicialmente lançada na capital francesa “em 1751, seu título completo era o seguinte:
Enciclopédia ou Dicionário Raciocinado das Ciências, das Artes e dos Ofícios, por uma
Sociedade de Homens de Letras”. Este trabalho voltava-se principalmente “às ciências, às
artes e aos ofícios e busca mostrar as ligações que se estabelecem entre seus diferentes
setores” (FORTES, 1985, p. 47).
Fortes (1985) menciona que com a finalidade de se efetuar este grandioso trabalho
no século XVIII,
[...] foram convocados os espíritos mais brilhantes da época, além de espe-
cialistas das mais diversas matérias e profissionais liberais, como advogados
e médias. O principal organizador da Enciclopédia, sua verdadeira “alma”,
que a ela dedicou a maior parte de sua vida, foi Diderot1. O conjunto da obra
1 Denis Diderot (1713-1784) erudito de maior importância na Enciclopédia. Ele tinha maior audácia que
Voltaire manifestando uma determinada descrença no soberano divino. Ele defendia que os ser humano não
era distinto de outras criaturas dos cosmos, tudo seria composto por corpos formados de átomos e concebi-
dos de acordo com as normas absolutas o qual mandavam no mundo natural. Mas ele era mais contido no
Junto aos múltiplos autores que compõem este trabalho incluem-se: Montesquieu
que teve uma participação mais singela no compilado de escritos e Voltaire que escreveu
vários textos opinativos sobre diferentes temáticas. Enciclopédia é um trabalho muito rele-
vante, pois é uma manifestação dos conceitos fundamentais no que diz respeito a classe
burguesa na época de difusão do Iluminismo, em tal compilados de escritos é possível
encontrar conhecimentos essenciais relativos à administração governamental e filosofia
que eram discutidos entre eruditos europeus no período (FORTES, 1985).
Além da França, a Inglaterra também foi um fundamental cerne das ideias iluministas
no continente europeu. Os Pensadores ingleses advogavam pela racionalidade (deísmo),
eles eram a favor de
“uma religião racional” e uma idéia de divindade apoiada exclusivamente na
razão, eles dão grande impulso à crítica da religião tradicional. São os primei-
ros a introduzir a ideia de uma “religião natural” que fará enorme número de
seguidores em todos os países no século XVIII (FORTES, 1985, p. 59).
A ocupação britânica na
[...] América do Norte, particularmente das colônias setentrionais, não foi feita
mediante um plano sistemático. Em parte, pelas características das colônias,
em parte pela própria situação da Inglaterra no século XVII com suas crises
internas, as colônias gozavam de certa autonomia (KARNAL, 2007, p. 70).
No século XVIII, tal conjuntura se alteraria, o poder do rei passaria a ser res-
tringido pelo parlamento na Grã-Bretanha, o cenário governamental inglês passaria a ser
mais constante em tal contexto. A classe burguesa passaria a ter mais preponderância e
fomentaria o amplo crescimento financeiro. Nesse período, as possessões britânicas na
parte do norte do continente americano passariam a ser consideradas relevantes, pois elas
nutririam o sistema econômico industrializado da Grã-Bretanha que passava a ser vigente
nesta época (KARNAL, 2007).
No findar do século XVII e durante o século seguinte se decorreram vários conflitos
belicosos no continente europeu e no novo mundo (KARNAL, 2007). Tais conflitos ocasio-
naram:
[...] maior presença de tropas britânicas na América, causando inúmeros atri-
tos. Os acordos ao final dessas guerras nem sempre foram favoráveis aos
colonos. Por fim, guerras como a dos Sete Anos, mesmo terminando com
a vitória da Inglaterra, implicaram altos gastos. Eram inúmeras as vozes no
Parlamento da Inglaterra que desejavam ver as colônias da América colabo-
rando para o pagamento desses gastos (KARNAL, 2007, p. 71).
Karnal (2007, p. 72-73) menciona que no ano seguinte a medida restritiva sobre
os territórios indígenas foi instituída uma norma que diminuía os tributos em relação ao
melaço produzido em outros países, porém determinava tributos extras “sobre o açúcar,
artigos de luxo, vinhos, café, seda, roupas brancas. Desde 1733 havia lei semelhante, no
entanto os impostos sobre os produtos perdiam-se na ineficiência das alfândegas inglesas
nas colônias”.
Incomodava mais os habitantes das colônias a determinação da Grã-Bretanha que
a norma tributária fosse efetivada do que a própria regra em si. Teria se originado na Nova
Escócia um tribunal que tinha alçada em relação a possessões inglesas no continente ame-
ricano, que podia penalizar as pessoas que se negassem em acatar as normas (KARNAL,
2007). Neste período, o reinado inglês “queria fazer as colônias cumprirem a sua função de
colônias: engrandecimento da metrópole” (KARNAL, 2007, p. 73).
Os habitantes da colônia tiveram uma resposta rápida, foi feito um escrito por um
indivíduo denominado James Otis, que procurava demonstrar porque a norma tributária
negava um preceito que era habitual na Grã-Bretanha na qual “para alguém pagar um
imposto (taxação) esta pessoa deve ter votado num representante que julgou e aprovou
este imposto (representação)” (KARNAL, 2007, p. 73). Karnal (2007) menciona que os
No ano de 1767 foram ordenadas, por uma autoridade política britânica, normas
que tributavam diferentes mercadorias, se visou também indicar pessoas que teriam como
função conter o tráfico ilegal de produtos nos domínios ingleses na América do Norte. Tais
normas (Atos Townshend) ocasionaram mais queixas, recusa em relação a produtos prove-
nientes da Inglaterra e afirmações que contestavam as ações instituídas pelos governantes
britânicos. As normas de 1767 também foram anuladas, mas ocasionariam uma grave
ocorrência (KARNAL, 2007).
Na localidade estadunidense de
[...] Boston, quase ao mesmo tempo em que se deu a anulação dos Atos
Twnshend, um choque entre americanos e soldados ingleses tornaria as re-
lações entre as duas partes muito difíceis. Protestando contra os soldados,
um grupo de colonos havia atirado bolas de neve contra o quartel. O coman-
dante, assustado, mandara os soldados defenderem o prédio. Os soldados
acabaram disparando sobre os manifestantes. Cinco colonos morreram. Seis
outros colonos foram feridos, mas conseguiram sobreviver. Era 5 de março
Os Estados Unidos visaram fundamentar seu suporte legal “na ideia de represen-
tatividade popular, ainda que o conceito de povo fosse, nesse momento, extremamente
limitado” (KARNAL, 2007, p. 92). Grande parcela das pessoas que habitavam o território
estadunidense achava-se omitida da atuação governamental. Tomemos por exemplo os
nativos norte-americanos que não foram beneficiados com a emancipação das treze co-
lônias perante a Grã-Bretanha, porque cresceu a ameaça de invasão em relação a áreas
onde eles habitavam (KARNAL, 2007).
A independência estadunidense também não teve grande significância em rela-
ção aos afrodescendentes que eram escravizados nos Estados Unidos. Ocorreram mais
escapatórias no decorrer do conflito de emancipação, contudo não houve prerrogativa
por nenhum dos lados que batalhavam no conflito belicoso pela soberania estadunidense
em torná-lo uma conflagração que envolvesse os cativos contra os proprietários de terras
(KARNAL, 2007).
Mesmo apresentando problemas,
[...] o movimento de independência significava um fato histórico novo e fun-
damental: a promulgação da soberania “popular” como elemento suficiente-
mente forte para mudar e derrubar formas estabelecidas de governo, e da
capacidade, tão inspirada em Locke, de romper o elo entre governantes e
governados quando os primeiros não garantissem aos cidadãos seus direi-
tos fundamentais. Existia uma firme defesa da liberdade, a princípio limitada,
mas que se foi estendendo em diversas áreas (KARNAL, 2007, p. 94-95).
O historiador brasileiro menciona que uma nação afetada pela emancipação das
trezes colônias inglesas foi a França que era governada pelo monarca Luís XVI. Tropas
francesas que batalharam no conflito emancipatório estadunidense retornaram para o seu
país de origem “com ideias de liberdade e república. Haviam lutado contra uma tirania na
América e, de volta à pátria, reencontravam um soberano absoluto. No entanto, só 13 anos
depois de independência norte-americana, esse germe de liberdade frutificará na França”
(KARNAL, 2007, p. 94).
Na próxima unidade discorreremos sobre o processo revolucionário no território
francês.
Você sabia que para certos indivíduos foram legados o papel de progenitores da nação
estadunidense? Eles são os denominados Founding Fathers (Pais Fundadores). Tais
homens são representados no dinheiro dos Estados Unidos, sendo George Washington
e Benjamin Franklin os com maior notoriedade (KARNAL, 2007).
Em 2020 ocorreu a 59ª eleição presidencial dos Estados Unidos que elegeu o candida-
to do partido democrata Joe Biden, e novamente na mídia internacional foi debatido o
sistema eleitoral presidencial estadunidense em decorrência das suas particularidades.
O governante designado primeiramente para o cargo presidencial por tal sistema eleito-
ral foi George Washington. Sua vitória “era um fato mais ou menos óbvio. Era o único a
contar com apoio em quase todos os estados. Um colégio eleitoral constituído de eleito-
res por estados, deu maioria de votos a Washington e a vice-presidência a John Adams”
(KARNAL, 2007, p. 92).
REFLITA
“Uma sociedade só é democrática quando ninguém for tão rico que possa comprar
alguém e ninguém seja tão pobre que tenha de se vender a alguém” (Jean-Jacques
Rousseau).
“A árvore da liberdade deve ser regada de quando em quando com o sangue dos patrio-
tas e dos tiranos. É o seu adubo natural” (Thomas Jefferson).
Material interessante para o estudante que queira ter contato com uma obra de um
pensador Iluminista:
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da
desigualdade entre os homens precedido de Discurso sobre as ciências e as artes.
São Paulo: Martins Fontes, 2005.
Estudo relevante para o estudante que tem por interesse ter uma melhor com-
preensão sobre a elaboração do texto constitucional dos Estados Unidos:
BENTES, Fernando Ramalho Ney Montenegro. A separação de poderes da
revolução americana à constituição dos Estados Unidos: o debate entre os projetos
constitucionais de Jefferson, Madison e Hamilton. 2006. 96 f. Dissertação (Mestrado em
Direito) - Pontífice Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
LIVRO
Título: História dos Estados Unidos
Autores: Sean Purdy, Luiz Estevam Fernandes, Marcus Vinícius
de Morais, Leandro Karnal
Editora: Editora Contexto
Sinopse: Leandro Karnal e outros estudiosos abordam diferen-
tes períodos históricos dos Estados Unidos, obra complementar
interessante para o estudante que busca ter compreensão sobre
a nação estadunidense para além do seu processo revolucionário.
FILME/VÍDEO
Título: O Patriota.
Ano: 2000.
Sinopse: Quando se decorre o conflito de emancipação das treze
colônias em relação a Grã-Bretanha, um fazendeiro denominado
Benjamin Martin é forçado a se envolver na guerra depois de ter
seu filho morto por um oficial inglês.
Plano de Estudo:
● Compreender a conjuntura francesa antes do processo revolucionário.
● Explanar as etapas iniciais da Revolução Francesa desde a
derrocada da monarquia em 1789.
● Explicar as fases republicana e do Terror do processo revolucionário francês.
Objetivos da Aprendizagem:
● Reino Francês em Conflito No Século XVIII
● O Início Da Insurreição Na França
● A Desestruturação do Reinado Francês
● Os Estágios Finais do Processo Revolucionário Francês
78
INTRODUÇÃO
A formação da Assembleia Constituinte fez o monarca Luís XVI adotar ações extre-
mas, como afastar do cargo um auxiliar político denominado Necker, que era famoso devido
a sua visão remodeladora (COGGIOLA, 2013).
Coggiola (2013, p. 292) relata que nos estratos mais altos a adversidade no governo
monárquico se sucederá grandemente, e nos estratos mais inferiores da sociedade francesa
a insatisfação estava presente, “só faltava que estes últimos tomassem a iniciativa política
para que uma revolução acontecesse. E assim foi feito: em resposta ao rei, a população de
Paris, em 12 de julho, se mobilizou e tomou as ruas da cidade”.
Os aristocratas visavam, por meio da realização dos Estados Gerais, enfraquecer
integralmente a soberania política do rei (FLORENZANO, 1981). Contudo,
[...] na prática, o cálculo da aristocracia revelou-se um verdadeiro suicídio
político para ela e para o regime que a representava, e isto basicamente por
duas razões. A primeira, porque a aristocracia subestimou perigosamente a
força e a capacidade políticas do Terceiro Estado. Em segundo, porque como
a época coincidia, [...] com uma conjuntura econômica de crise, com suas
sequelas de fome e desemprego, o estado de espírito dos pobres do campo
e das cidades era de desespero e revolta (FLORENZANO, 1981, p. 35 - 36).
2 Luís XVI era um governante absolutista, tal sistema de governo foi explicado na Unidade I.
Nos dias 13 e 14 de julho de 1789, o centro urbano parisiense foi dominado por
múltiplas pessoas que protestavam, as forças militares se ausentaram, as tropas foram
influenciadas por conceitos inovadores tendo vários dos seus integrantes, consentido pe-
rante as demandas do povo que protestava (FLORENZANO, 1981).
Vovelle (2007, p. 31-32) menciona sobre a tomada da Bastilha durante as revoltas
na capital francesa:
[...] Em busca de armas, no dia 14 de julho os parisienses invadiram a Bas-
tilha, antiga fortaleza medieval que se tornará uma prisão do Estado. [...]
É lá que o rei prendia, sem julgamento, aqueles que o rei prendia, sem jul-
gamento, aqueles que o contrariavam. Escritores, jornalistas (chamados de
panfletários), autores de textos proibidos, indivíduos de mau comportamen-
to, também, a pedido da família. Bastava uma carta régia com a ordem de
prisão, sem acusação precisa nem processo. Ela se tornará o símbolo da
arbitrariedade do rei. A bem da verdade, é preciso dizer que em julho de 1789
a prisão estava quase vazia, só havia meia dúzia de presos. Não eram eles
que as pessoas queriam, e sim as armas. Uma multidão armada, composta
sobretudo por artesãos e populares, além de soldados – os guardas do rei –,
dirigiu-se à Bastilha: o diretor recusou-se a abrir os portões, houve uma bata-
lha que provocou numerosas mortes entre os atacantes, mas eles acabaram
se impondo e assassinando o diretor.
Um reinado europeu que sucedera por séculos era derrubado. A camada popula-
cional francesa tinha uma conquista. Com maior capacitação e disposição, os franceses
tinham percebido o seu poder. A vontade popular era refletida por meio da ação dos sans-
-culotte (VOVELLE, 2007).
Os sans-culotte era um conjunto de indivíduos politicamente ativos que recebiam
essa denominação pois “a roupa deles é diferente: em vez do calção até o joelho e das
meias usadas pelos burgueses e aristocratas, eles vestem uma calça (geralmente listrada)
– é daí apelido, inicialmente depreciativo, mas que depois será motivo de orgulho para eles”
(VOVELLE, 2007, p. 65).
REFLITA
“Não é por um povo que combatemos, mas pelo universo. Não pelos que vivem hoje,
mas por todos aqueles que existirão” (Maximilien de Robespierre).
“Todo o homem luta com mais bravura pelos seus interesses do que pelos seus direitos”
(Napoleão Bonaparte).
Prezado(a) aluno(a), esperamos que ao final desta unidade você tenha compreen-
dido as diferentes etapas do processo revolucionário da França no final do século XVIII,
acontecimento que completou 230 anos desde o seu início. A Revolução Francesa é uma
temática histórica muito instigante, tanto para estudiosos de história quanto para pessoas
que não pertencem ao meio acadêmico. Caso este assunto tenha lhe causado interesse,
existem muitas obras publicadas no Brasil que podem lhe trazer diferentes visões sobre
tal ocorrência. Independentemente de qual sejam as temáticas históricas, elas podem se
tornar mais fascinantes, quanto maior aprofundamento se efetuar sobre elas.
É evidente que a Revolução Francesa pode ser analisada em diferentes óticas, po-
dendo existir aqueles que só enxergam suas máculas, os que veem apenas suas virtudes
e os que são mais criteriosos e que tentam compreender a conjuntura da época, buscando
as diferentes posições dos indivíduos envolvidos no processo histórico. É evidente que,
mesmo tendo se preservado os relatos do período, é difícil nos colocarmos no lugar das
pessoas que viveram naquela época na França num momento tão conturbado. É interes-
sante ressaltar que mesmo que o mundo tenha sofrido transformações desde o processo
revolucionário francês, a camada populacional em diferentes países continua tendo sua re-
levância quando decidem exercer o direito de manifestação. Como exemplo podemos citar
os protestos do povo chileno, ocorridos no ano de 2019, que, de alguma forma, impactaram
politicamente o país latino-americano.
Ainda no que se refere à revolução francesa, acreditamos que seja relevante apon-
tar que ela impactaria diretamente a história brasileira se pensarmos que o processo de
insurreição na França ocasionaria a escalada de Napoleão que, posteriormente com suas
ações belicosas na Europa, faria com que os monarcas portugueses fugissem para o Brasil,
o que levaria a modificações internas no território brasileiro.
Artigo interessante para o estudante que tiver interesse em ter contato com uma
análise diferenciada sobre a Revolução Francesa:
SCHIMIDT, J. F. As mulheres na Revolução Francesa. Revista Thema. Rio Grande
do Sul, v 9, n.2, p. 01-19, jun. 2012.
Obra relevante para o estudante que busca ter contato com uma análise aprofun-
dada sobre A Revolução Francesa:
HOBSBAWM, Eric J. A revolução francesa. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
LIVRO
A Era das Revoluções
Autor: Eric Hobsbawm
Editora: Editora Paz e Terra
Sinopse: O historiador Eric Hobsbawm explora diversos aspectos
do período de transição entre o século XVIII e XIX. Há um capítulo
sobre a Revolução Francesa com dados extras interessantes para
o(a) aluno(a) que tiver interesse.
FILME/VÍDEO
Título: Maria Antonieta
Ano: 2006
Sinopse: O filme aborda a vida da rainha Maria Antonieta a partir
do momento que ela parte da Áustria com destino a França para
se casar com Luís XVI até o período em que se inicia o processo
revolucionário francês. O longa retrata as formalidades e opulência
da monarquia francesa antes da insurreição em 1789.
99
REFERÊNCIAS
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103
CONCLUSÃO GERAL
Olá alunos(as),
Chegamos ao fim do material de História Moderna. Aqui tivemos a oportunidade
de conhecer alguns pontos importantes sobre um período de intensa mudança no cenário
ocidental. Entre 1453 e 1789, um período relativamente curto, ocorreram transformações
decisivas que moldaram o mundo contemporâneo.
A necessidade real de um mundo cada vez mais colaborativo fez com que este
material fosse desenvolvido à 6 mãos. Três acadêmicos se reuniram e definiram os temas
a serem trabalhados de modo que se complementassem. O renascimento cultural e a
formação das monarquias nacionais foram as temáticas trabalhadas na primeira unidade
pelo Prof. Me. Herculanum Ghirello-Pires. Lá o professor discorre sobre a transição do
feudalismo para o fortalecimento do poder real culminando na constituição dos Estados
Nacionais absolutistas. Ainda nesta porção do trabalho a questão do renascimento cultural
e os desdobramentos alcançados por ele, como o humanismo, foi tratada de maneira pri-
morosa pelo mestre.
As reformas religiosas foram o tema da segunda unidade, que foi escrito pelo
Prof. Dr. Saulo Henrique Justiniano Silva. Nesta porção do trabalho, o professor tratou dos
antecedentes europeus da Reforma Protestante iniciada por Martinho Lutero. Ainda neste
capítulo tratou-se do desenvolvimento da Reforma Anglicana e Calvinista, além dos desdo-
bramentos do movimento católico conhecido como Contrarreforma, ou Reforma Católica.
A Era das Revoluções que culminaram com o iluminismo e as revoluções americana
e francesa foram tratadas nas unidades três e quatro pelo Prof. Me. Willian Carlos Fassuci
Larini. No capítulo três o professor tratou do Iluminismo e a influência deste na Independên-
cia dos Estados Unidos em 1776. Já na quarta e última unidade o autor tratou da Revolução
Francesa, a mais importante em termos de influência para o ocidente contemporâneo.
Longe de esgota a temática sobre Idade Moderna, esse material serve-nos como
base para pesquisas futuras, um gatilho para novas inquietações acadêmicas que poderão
culminar com investigações a nível especialização, mestrado ou doutoramento.
Muito obrigado!
Os autores.
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EduFatecie
E D I T O R A