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E D I T O R A
2021 by Editora EduFatecie
Copyright do Texto © 2021 Os autores
Copyright © Edição 2021 Editora EduFatecie
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dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora EduFatecie. Permitido
o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a
possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
ISBN 978-65-87911-30-4
https://orcid.org/0000-0001-5409-4194
Caro (a) aluno (a), seja bem-vindo (a) a mais uma etapa do curso de Graduação
em Educação Especial, com a disciplina de Atendimento Educacional Especializado para
alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla.
Ao longo das quatro unidades serão debatidos assuntos pertinentes a esse assun-
to, onde você poderá compreender, na Unidade I, sobre a História da Deficiência Intelectual
e múltipla analisando como se dá o processo histórico relacionado a essa deficiência, bem
como as legislações nacionais e internacionais que regem o atendimento educacional es-
pecializado para esses alunos.
Dando sequência, na Unidade II será possível analisar como acontece a interlo-
cução entre o AEE para os alunos com essas deficiências e o ensino regular, enfatizando
os processos teóricos, legais e pedagógicos que envolvem essa discussão, bem como
as atividades de vida diária para que esse atendimento aconteça de maneira assertiva e
institucionalização do mesmo no projeto pedagógico das escolas.
Já na Unidade III, você poderá analisar, também, como a deficiência intelectual
e múltipla acontece no contexto escolar, entendendo como a mesma é compreendida no
ambiente institucional e como são as percepções de pais, escola e professores em relação
ao atendimento educacional para a inclusão escolar dos alunos com tais deficiências.
Por fim, na Unidade IV você terá a compreensão de como se dá o processo de
ensino e aprendizagem desses alunos, refletindo como o mesmo ocorre nas escolas e na
sociedade, finalizando com o entendimento sobre recursos didáticos adaptados e alguns
exemplos que podem ser utilizados em sala de aula.
É importante ressaltar, caro (a) aluno (a), que os conteúdos aqui apresentados nas
quatro unidades desse livro são direcionamentos para as possibilidades de pensar e refletir
sobre os assuntos abordados, sendo assim, necessário, que você aprofunde seus estudos
por meio das indicações de filmes, livros e leituras complementares.
UNIDADE I....................................................................................................... 3
História da Deficiência Intelectual e Múltipla
UNIDADE II.................................................................................................... 27
Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular para
Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla
UNIDADE III................................................................................................... 52
Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar
UNIDADE IV................................................................................................... 69
Aprendizagem
UNIDADE I
História da Deficiência
Intelectual e Múltipla
Professor Esp. Jhonathan Phelipe Peixoto
Plano de Estudo:
● A deficiência intelectual e múltipla através dos tempos
● Conceituando a deficiência intelectual e múltipla
● Legislação nacional e estadual, acessibilidade e a era da inclusão
Objetivos da Aprendizagem:
● Contextualizar a deficiência intelectual e múltipla no contexto histórico
● Conceituar a deficiência intelectual e múltipla
● Analisar a legislação nacional e estadual, acessibilidade e a era da inclusão
3
INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a),
Boa leitura!
Caro (a) acadêmico (a) para dar início a nossa discussão sobre a História do De-
ficiente intelectual e múltipla é necessário que façamos uma compreensão sobre como a
deficiência intelectual e múltipla vem sendo discutida e compreendida no contexto histórico.
Pensando em um viés histórico, é possível identificar que a deficiência intelectual
e múltipla passou por diversas evoluções no que diz respeito ao seu processo de con-
ceituação, sendo discutida desde a antiguidade até os dias atuais, onde muitos termos e
discussões foram esquecidas e outros novos passaram a ser debatidos.
Para que você, aluno (a), possa compreender de fato como ocorreu o processo
histórico da deficiência intelectual e múltipla, é necessário analisar toda sua evolução de
conceitos, como esses foram construídos, quais os objetivos voltados para a deficiência em
cada época e como cada sociedade contribuiu para a discussão de tal assunto (CORSO,
2020).
O debate sobre a deficiência intelectual teve início na Antiguidade e se estendeu,
inicialmente, até a Idade Média. Naqueles tempos, a sociedade buscava apresentar a
deficiência intelectual como algo inerente à pessoa, tendo assim, sua discussão de forma
isolada e com poucas políticas públicas para o atendimento de pessoas com tal deficiência,
e com isso, a inclusão era algo inexistente.
De acordo com Corso (2020), somente era considerado como verdadeiros seres
humanos aqueles que possuíam terras e se classificavam como pessoas da nobreza, e
com isso, os que trabalhavam para a nobreza eram classificados como uma subcategoria,
Nessa época as pessoas passaram a ter acesso e direito à educação nas conhe-
cidas como escolas especiais, as quais eram distintas e separadas das escolas de ensino
regular, dando início a novas oportunidades de ensino e desenvolvimento educacional,
humano e social.
A roda dos expostos sempre esteve ligada às instituições caridosas (abadias, mosteiros
e irmandades beneficentes). Nela eram deixadas crianças cujos pais por alguma razão
não as podiam criar.
Formada por uma caixa dupla de formato cilíndrico, a roda foi adaptada no muro das
instituições caridosas. Com a janela aberta para o lado externo, um espaço dentro da
caixa recebia a criança após rodar o cilindro para o interior dos muros, desaparecendo
assim a criança aos olhos externos; dentro da edificação a criança era recolhida, cuida-
da e criada até se fazer independente.
As rodas dos expostos das Misericórdias sempre existiram, e a primeira foi fundada em
Portugal em 1498. A roda da Irmandade de São Paulo tem idade de uso a partir de 16
de novembro de 1876, quando Ariana da Silva Albuquerque foi deixada no meio da noi-
te. Documentos, porém, atestam sua existência desde 02 de julho de 1825.
O término do uso da roda da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo se dá em 20 de
dezembro de 1950, quando Maria Assunta foi recebida e registrada em um livro com o
número de 4.580. Maria foi exposta na roda e as Irmãs de São José a acolheram e le-
varam-na ao Asylo dos Expostos Sampaio Vianna, fundado em 1896, e assim nomeado
em homenagem ao benemérito Irmão João Maurício de Sampaio Vianna.
Mesmo depois que a roda foi retirada de seus muros, a Irmandade de Misericórdia con-
tinuou a receber enjeitados até 26 de dezembro de 1960. Glória Graciana Sampaio foi o
último registro, de número 4.696.
site/quemsomos/museu/pub/10956/a-roda-dos-expostos-1825-1961
Caro (a) aluno (a), para dar sequência em seus estudos acerca do atendimento
educacional de alunos com deficiência intelectual e múltipla, é necessário que você conheça
um pouco mais sobre essas deficiências, de forma que compreenda seus conceitos e defi-
nições. Para que você, aluno (a), possa compreender de uma melhor forma, primeiramente
irei definir o que é deficiência intelectual e, posteriormente, o que é deficiência múltipla,
vamos lá?
Dias e Oliveira (2013) apresentam que a construção de compreensão acerca da
deficiência intelectual possui diversas variações ao longo dos tempos e diferentes contex-
tos históricos e sociais, sendo entendida de acordo com manifestações não normativas do
funcionamento intelectual. Com isso, surgiram diferentes ideias sobre as representações
que abordam o modo predominante da pessoa com deficiência em relação ao seu convívio
sociocultural relacionadas às limitações do sujeito por meio de testagens de sua inteligên-
cia. Porém, nos dias atuais, para se ter uma compreensão concreta sobre esse assunto, é
necessário levar em consideração os diferentes conhecimentos sobre a contextualização
dos conceitos, concepções e critérios científicos para que haja uma identificação concreta
e válida, levando em consideração, também, a maneira como as pessoas com deficiência
intelectual identificam as noções sobre si e suas experiências nos mais variados contextos.
De acordo com Corso (2020, p. 28), as pessoas que possuem deficiência intelec-
tual são “indivíduos que possuem prejuízos no domínio conceitual social e prático, sendo
classificados em deficiência intelectual leve, moderada, grave e profunda. [...] O nível de
prejuízo intelectual pode ser indicativo de maior ou menor capacidade de aprendizagem”.
Portanto caro (a) acadêmico (a), não podemos e não conseguimos definir a defi-
ciência intelectual em apenas um conceito ou explicação, pois além dos diferentes con-
textos sociais culminantes a essa limitação, também temos a complexidade em analisar
e identificar os componentes básicos que associam a quadros clínicos, devido o fato de
existir uma vasta compreensão de fatores e variáveis, como as manifestações dos sinais e
relação social da pessoa com essa deficiência (TOMAZELI, 2020).
Como mencionado anteriormente, a deficiência intelectual pode ser compreendida
em quatro níveis de gravidade, sendo eles: leve, moderada, grave e profunda. Vamos co-
nhecer os critérios para classificação da deficiência intelectual?
Partindo para o art 2º desta mesma Lei, você, caro (a) aluno (a), poderá verificar que
cabe como responsabilidade do poder público assegurar para as pessoas com deficiência
o exercício de todos os seus direitos básicos como: educação, saúde, trabalho, lazer, entre
outros, direitos esses que vem sendo assegurados desde a Constituição Federal e de leis
provenientes a esse assunto.
Em relação a educação, neste mesmo artigo em seu inciso I, é evidenciado a in-
clusão no sistema educacional tendo a Educação Especial como modalidade de ensino se
estendendo a todos os níveis escolares da educação básica e supletiva, sendo necessário
ofertar a habilitação e reabilitação dos profissionais dessa área. Neste mesmo inciso é
destacado que:
[...] a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, pri-
vadas e públicas[...]; oferta, obrigatória e gratuita da Educação Especial em
estabelecimento público de ensino[...]; o oferecimento obrigatório de progra-
mas de Educação Especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e
congêneres nas quais estejam internados por prazo igual ou superior a 1
(um) ano, educandos portadores de deficiência [...] (BRASIL, 1989, p.1).
Além disso, para a área da educação, é assegurado o acesso dos alunos com de-
ficiência a todo os benefícios que são ofertados aos demais alunos do sistema educacional
e a matrícula para cursos ofertados em estabelecimentos públicos e privados, a fim de que
as pessoas com deficiência se integrem no sistema regular de ensino.
Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990: mais conhecida com Estatuto da Criança e
do Adolescente, essa Lei “[...] aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discrimi-
No art. 59 podemos observar que fica evidente que os sistemas de ensino devem
assegurar aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habi-
lidades e superdotação, currículos e recursos específicos para atender todas as necessida-
des desse aluno, além de, professores com especializações adequadas para realização do
atendimento especializado e professores capacitados para mediarem a integração desses
alunos às classes comuns do ensino regular.
Você sabia que, além das leis e decretos brasileiros, temos alguns marcos legais inter-
nacionais? Vamos conhecer quais são?
- Declaração Mundial de Educação para Todos – 1990: enfatiza que as necessidades
básicas de aprendizagem das pessoas com deficiência devem ter atenção especial, de
forma que surjam medidas que, de forma igualitária, apresente a educação para todos.
- Declaração de Salamanca – 1994: este documento, de grande importância para o
atendimento educacional especializado, é uma resolução da ONU, a qual foi originado
na Conferência de Educação Especial, em Salamanca na Espanha. Em seu texto é
abordado os princípios, políticas e práticas para ações em todos os níveis regionais e
mundiais sobre a Educação Especial, inclusive no que diz respeito às escolas.
- Convenção de Guatemala – 1999: Denominada Convenção Interamericana para a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as pessoas com deficiência,
trás como resultado, no Brasil, o decreto nº 3.956/2001, o qual afirma que as pessoas
com deficiência possuem os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que
as outras pessoas.
- Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – 2009: afirma que a pro-
moção e garantia de um sistema de Educação inclusiva de qualidade é de responsabili-
dade dos respectivos países.
- Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS – 2015: se trata de um documento
elaborado pela UNESCO, o qual apresenta 17 objetivos que devem ser realizados até
2030, tendo como discussão a educação inclusiva em seu item 4, o qual justifica uma
educação inclusiva, equitativa e de qualidade, de forma que isso aconteça em toda a
vida de todos.
Para conhecer mais as especificidades desses documentos, oriento que faça a leitura
na íntegra dos mesmos!
Boa leitura!
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos documentos internacionais relacionados ao Atendimento Edu-
Você sabia que não se usam mais os termos portador de deficiência, portador de neces-
sidades especiais e pessoa portadora de deficiência?
“De acordo com a Convenção sobre os direitos das Pessoas com Deficiência, da Orga-
nização das Nações Unidas – ONU, o Brasil ratificou com valor de emenda constitucio-
nal em 2008 que é totalmente inadequado o termo “pessoa portadora de deficiência ou
portador de deficiência’’ . Por que? Simples, nós não portamos, não carregamos nossas
deficiências, simplesmente as temos e, antes de termos deficiência, somos pessoas
como qualquer outra”
O uso adequado da terminologia de acordo com as deficiências deve ser da seguinte
forma:
- Cadeirantes, amputados, ostomizados: pessoa com deficiência física;
- Autista: pessoa com TEA – transtorno do espectro autista;
- Síndrome de Down: pessoa com deficiência intelectual;
- Surdos: pessoas com deficiência auditiva;
- Cegos: pessoas com deficiência visual, e assim por diante.
“Menções a situações de deficiências, incapacidades ou quadros patológicos devem ser
feitas em contexto e sem tom de piedade. A pessoa com deficiência também tem nome,
sobrenome e dignidade a ser respeitada.
Use preferencialmente o termo “pessoa com deficiência”, adotado pela ONU, não use
termos pessoa portadora de deficiência e jamais use termos pejorativos como aleijado,
defeituoso, incapacitado ou inválido.
Fonte: G1 – Globo, Terminologia no tratamento da pessoa com deficiência, por Tulio Mendhes, 2018.
-no-tratamento-da-pessoa-com-deficiencia.html
nicacao/redacao-e-estilo/estilo/linguagem-inclusiva#:~:text=N%C3%A3o%20use%20os%20termos%20
pessoa,h%C3%A1%20dois%20grupos%20de%20defici%C3%AAncia.
Caro (a) aluno (a), chegamos ao final de nossa primeira unidade de discussão
sobre a disciplina de Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual
e Múltipla.
Em nosso primeiro momento de discussão, foi possível que você verificasse o
processo histórico relacionado à pessoa com deficiência intelectual e múltipla desde a
Antiguidade até os dias atuais no Brasil. Você pode verificar que a discussão sobre es-
sas pessoas é inserida na própria história da humanidade, sendo marcada por inúmeros
momentos de repressão, preconceito, humilhação, religiosidade e rejeição, dando origem
a duas principais ações de crueldade: o infanticídio na Antiguidade até meados do século
XVIII e a Roda dos Expostos no Brasil.
Já no segundo tópico discutido, você pôde verificar as principais conceituações
sobre o que é deficiência intelectual e o que é deficiência múltipla, a fim de que sua
compreensão sobre o assunto seja de forma assertiva. Nesse momento de discussão,
foi possível verificarmos que a classificação e definição dessas deficiências passou por
diversas variações no decorrer dos tempos, de forma que é claro dizer que não é possível
apresentar apenas uma terminologia ou explicação para ambas. Ainda, estudamos quais
são os diferentes tipos de classificação da deficiência intelectual, sendo eles: leve, mode-
rada, grave e profunda.
E em nosso terceiro e último momento de discussão, estudamos as legislações,
acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência, de forma que você pôde compreen-
der que temos diversas leis, decretos e resoluções brasileiras que regem o atendimento
educacional especializado para pessoas com deficiência, bem como, declarações de cunho
internacional sobre esse assunto. Foi possível verificar que no Brasil temos uma Lei san-
cionada que trata especificamente sobre a pessoa com deficiência, conhecida como Lei
de Inclusão ou Estatuto da Pessoa com Deficiência que passou a ser um grande fator de
discussão sobre a proteção e amparo dos direitos das pessoas com deficiência em nosso
país.
Para ampliar mais o seu conhecimento acerca do Atendimento Educacional de
Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla não deixe de consultar as referências, bem
como a indicação de leitura complementar, livro e filme.
[…]
A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis,
etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os
serviços e recursos próprios desse atendimento e orienta os alunos e seus professores
quanto a sua utilização nas turmas comuns do ensino regular.
O atendimento educacional especializado identifica, elabora e organiza recursos
pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos
alunos, considerando as suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no
atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula
comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou
suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e
fora dela.
O atendimento educacional especializado disponibiliza programas de enriqueci-
mento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sina-
lização, ajudas técnicas e tecnologia assistiva, dentre outros. Ao longo de todo processo
de escolarização, esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do
ensino comum.
A inclusão escolar tem início na educação infantil, onde se desenvolvem as bases
necessárias para a construção do conhecimento e seu desenvolvimento global. Nessa eta-
pa, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos nos
aspectos físicos, emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convivência com as
diferenças favorecem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança. Do
nascimento aos três anos, o atendimento educacional especializado se expressa por meio
LIVRO
Título: Atendimento Educacional Especializado: Deficiência Mental.
Autor: Adriana L. Limaverde Gomes; Anna Costa Fernandes;
Cristina Abranches Mota Batista; Dorivaldo Alves Salustiano; Maria
Teresa Eglér Mantoan; Rita Vieira de Figueiredo.
Editora: SEESP/SEED/MEC
Ano: 2007.
Sinopse: Para entender a deficiência mental, temos de puxar diferen-
tes fios e cruzá-los entre si, buscando respostas e esclarecimentos
que permitam compreendê-la.
Os textos que aqui apresentamos abordam essa limitação humana
nessa tessitura, com o cuidado de não reduzi-la em se entendimento.
Quanto ao atendimento educacional especializado – AEE – para
esses alunos, estamos trazendo experiências interessantes, que
envolvem os mais diferentes níveis de comprometimento mental e
atividades pedagógicas as mais variadas, tecendo com a prática.
FILME/VÍDEO
Título: Meu nome é rádio.
Ano: 2003.
Sinopse: Em uma cidade racialmente dividida, o treinador Jones
encontra um estudante deficiente mental chamado Rádio e é ins-
pirado a fazer amizade com ele. Logo, Rádio é o fiel assistente de
Jones e o diretor Daniels observa que a autoconfiança da Rádio
aumentou. Porém as coisas começam a piorar quando Jones
começa a ter reclamações dos fãs, que sentem que a sua devo-
ção por Rádio está atrapalhando a sua busca por uma vitória no
campeonato.
Link do filme: https://gloria.tv/post/npQ2LnufXGyR17wPBQ7f-
DKWLt
Plano de Estudo:
● Fundamentos teóricos, legais e pedagógicos do atendimento especializado;
● Institucionalização do atendimento especializado no projeto político-pedagógico;
● Atividades de vida diária do aluno com deficiência intelectual e múltipla.
Objetivos da Aprendizagem:
● Contextualizar os fundamentos teóricos,
legais e pedagógicos do atendimento especializado;
● Identificar a institucionalização do atendimento
especializado no projeto político-pedagógico;
● Entender sobre as atividades de vida diária
do aluno com deficiência intelectual e múltipla.
27
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), seja bem-vindo (a) a Unidade II intitulada “Interlocução do aten-
dimento especializado no ensino regular para alunos com deficiência intelectual e múltipla
da disciplina de Atendimento Educacional para alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla
do curso de Graduação em Educação Especial.
No primeiro momento iremos contextualizar os fundamentos teóricos, legais e
pedagógicos do atendimento especializado, para que, a partir dessa discussão você possa
compreender o que é o Atendimento Educacional Especializado – AEE, como o mesmo
aborda a questão da acessibilidade, quem são os agentes de integração de sua interlocu-
ção com o ensino regular e, por fim, quais são os fundamentos legais para o AEE.
Seguindo a discussão de nossa unidade acerca da interlocução do atendimento
especializado no ensino regular para alunos com deficiência intelectual e múltipla, iremos
falar sobre como identificar a institucionalização do atendimento especializado no projeto
político-pedagógico - PPP, para que você, aluno (a), compreenda o que é o PPP e como o
atendimento educacional especializado é compreendido e inserido no contexto educacional
por meio deste documento.
E para finalizar a discussão dessa unidade, iremos entender sobre as atividades de
vida diária – ADV do aluno com deficiência intelectual e múltipla, a fim de que você com-
preenda as especificidades da resolução que dispõe sobre a prática de Atividades de Vida
Diária, de Atividades Instrumentais da Vida Diária e Tecnologia Assistiva pelo Terapeuta
Ocupacional.
Caro (a) aluno (a) para que você possa compreender como se dão os fundamentos
teóricos, legais e pedagógicos do atendimento especializado, é necessário a compreensão
sobre o que é o atendimento educacional especializado – AEE, vamos lá? De acordo com
Vara e Cidade (2020, p. 131) o AEE é ,
[...] uma das principais estratégias de acessibilidade no contexto educacional
brasileiro e ter por finalidade complementar e/ou suplementar o processo de
ensino-aprendizagem dos estudantes com deficiência [...] a ser desenvolvido
na sala comum do ensino regular, auxiliando a minimização de obstáculos
que impeçam o processo de aquisição de conhecimentos.
Logo, com base nessas informações, podemos compreender que o AEE nada
mais é do que uma forma de buscar a integração dos alunos com deficiência no contexto
educacional do ensino regular, de forma que os mesmos possam prosseguir com seus
estudos de forma clara e assertiva, sem nenhuma discriminação por suas necessidades
educacionais especiais. E para que haja uma educação objetiva para esses alunos, é
necessário discutirmos também sobre acessibilidade, você sabe o que é isso, aluno (a)?
Vara e Cidade (2020) esclarecem que a acessibilidade se caracteriza como sendo
a possibilidade de uma eliminação de determinadas barreiras que dificultam e diminui a
inserção e participação dos alunos com deficiências nos diferentes contextos sociais, e
como estudamos na unidade anterior, de preferência nas escolas de ensino regular.
Com isso, caro aluno (a), podemos compreender que para que o AEE aconteça de
forma assertiva no contexto educacional, devem ser levadas/os em consideração todas as
leis, decretos e resoluções discutidas nessa unidade, a fim de que o acesso à Educação
seja igualitário para todos os alunos, independentemente se há ou não uma deficiência
específica.
REFLITA
“Decreto da exclusão”. É assim que tem sido chamada a nova Política Nacional de Edu-
cação Especial (PNEE), sancionada pelo Presidente Jair Bolsonaro por meio do Decreto
nº 10.502/20.
A medida, na prática, tira a obrigatoriedade da escola comum em realizar a matrícula de
estudantes com deficiência e permite a volta do ensino regular em escolas especializa-
das, o que é visto por entidades como um retrocesso à educação inclusiva no país, além
de violar a Constituição ao segregar alunos.
[...]
O decreto flexibiliza o direito da pessoa com deficiência de frequentar a escola comum.
O que isso significa na prática?
Sem uma consulta pública ou embasamento técnico, o decreto distorce o próprio con-
ceito de inclusão, permitindo classes especializadas dentro de escolas inclusivas. Além
disso, ao dar a opção para que famílias escolham por matricular os filhos em escolas
regulares ou especiais, abre-se um precedente para a negação de matrículas.
Caro (a) acadêmico (a) convido você a acessar o link abaixo e realizar a leitura completa
da reportagem, bem como acessar o Decreto nº 10.520/2020 e reflita sobre o mesmo.
Será que esse decreto inclui ou exclui os alunos com necessidades educacionais espe-
ciais de seu direito ao acesso de uma educação que deve ocorrer, preferencialmente,
nas escolas de Ensino Regular?
Fonte: CARVALHO, Diana. Por que a nova política de educação especial é vista como retrocesso? Ecoa,
-educacao-especial-e-vista-como-retrocesso.htm
O autor supracitado nos revela que da mesma forma como as discussões acerca
do projeto político pedagógico, as informações sobre a inclusão de alunos com deficiên-
Além disso neste mesmo artigo é mencionado que os demais profissionais da edu-
cação como tradutor e intérprete de Libras, entre outros, atuarão com os alunos do AEE e
da Educação inclusiva em todas as suas atividades acadêmicas e em todos os momentos
que lhe fizerem necessários. Em relação a proposta do AEE que é evidenciado nos projetos
políticos pedagógicos, a mesma deve ser analisada e aprovada pela Secretaria de Educa-
ção que atende a comunidade escolar da região.
Diante de tudo isso, a União terá como responsabilidade o apoio técnico e finan-
ceiro aos sistemas de ensino de todo o contexto nacional, estadual e municipal, de forma
que intencione a ampliação da oferta do AEE aos estudantes com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, implementando essas
ações nos PPP’s das escolas.
Fonte: ALONSO, Daniela. Os desafios da educação inclusiva: foco nas redes de apoio. Nova Escola, São
-foco-nas-redes-de-apoio
Caro (a) aluno (a) chegamos ao final das discussões de nossa Unidade II e, neste
momento, iremos discutir um pouco sobre as atividades de vida diária do aluno com defi-
ciência intelectual e múltipla, portanto, muita atenção para essa última leitura, pois será de
grande valia para seu conhecimento e futura atuação profissional.
De acordo com a Resolução nº 316 de 19 de julho de 2006 que dispõe sobre a
prática de Atividades de Vida Diária, de Atividades Instrumentais da Vida Diária e Tecnolo-
gia Assistiva pelo Terapeuta Ocupacional e dá outras providências, “é função do Terapeuta
Ocupacional operar com as capacidades de desempenho das Atividades de Vida Diária
(AVD’s) e que estas abrangem a mobilidade funcional, os cuidados pessoais, a comunicação
funcional, a administração de hardware e dispositivos ambientais e a expressão sexual”,
além de cooperar com “as capacidades de desempenho das atividades instrumentais de
vida diária (AIVD’s) e que estas incluem a administração doméstica e capacidades para a
vida em comunidade (BRASIL, 2006, p.1).
De acordo com o art. 2º desta resolução, compete ao terapeuta ocupacional o uso
da Tecnologia Assistiva nas Atividades de Vida Diária (AVD’s) e Atividades Instrumentais de
Vida Diária (AIVD’s) com os objetivos de:
I – promover adaptações de jogos, brincadeiras e brinquedos; II – criar equi-
pamentos, adaptações de acesso ao computador e software; III – utilizar sis-
temas de comunicação alternativa, de órteses, de próteses e adaptações; IV
– promover adequações posturais para o desempenho ocupacional por meio
de adaptações instrumentais; V – realizar adaptações para déficits sensoriais
De acordo com Brasil (2001, p. 163) “As Atividades da Vida Diária (AVD) são si-
tuações ricas para o desenvolvimento cognitivo: noções espaço-temporais, pensamento
lógico, classificações e seriações, raciocínio matemático e principalmente a compreensão
das transformações”. Com isso, tendo essa oportunidade de poder participar das atividades
escolares, bem como realizar as atividades de vida diária, ajudará as crianças com defi-
ciência a terem sua autonomia moral, intelectual e social, podendo, por meio disso, ocorrer
a integração escolar.
Sierra (2009, p. 9-10) nos evidencia que as AVD’s são “as ações desempenhadas
rotineiramente pela própria pessoa, no lar e fora dele”, envolvendo, assim, habilidades
físicas, mentais e sociais, com o objetivo de promover o máximo da independência das
pessoas com deficiência e autossuficiência para as necessidades do dia a dia.
O programa de Atividades da Vida Diária constitui-se, basicamente no trei-
namento de habilidades referentes à: alimentação, higiene pessoal e ao ves-
tuário, aparência pessoal, higiene e arrumação da casa, administração do lar,
comunicação pelo telefone, verificação de horas, enfermagem caseira e boas
maneiras (SIERRA, 2009, p. 10).
SAIBA MAIS
As Atividades de Vida Diária (AVDs), como diz o nome, são aquelas realizadas no
dia-a-dia de cada educando, como por exemplo: amarrar sapatos, vestir-se, escovar
dentes, etc. Essas atividades requerem o desenvolvimento de certas habilidades, pois
para que se aprenda a realizá-las é necessário que se desenvolva habilidades especí-
ficas para cada atividade como desenvolvimento da coordenação motora, por exemplo.
Neste sentido, a aprendizagem que às vezes não ocorre com a exercitação, poderá
acontecer na situação do brinquedo, pois o prazer da brincadeira produz a especiali-
dade, quanto mais o educando se envolve nela, mais estará aberto a produzir novos
conceitos. (FINGER, 1986).
Objetivo Específico: Trabalhar visando atividades dentro das áreas de AVD (Ativi-
dades de Vida Diária), AVP (Atividades de Vida Prática), Lazer e Relacionamento Social.
- Abrir torneiras;
- Acender fósforo e forno ou queimador a gás;
- Despejar líquidos quentes;
- Servir comida quente;
- Abrir embalagens de comida;
- Abrir latas e garrafas;
- Abris leite em saquinhos ou caixinhas;
- Carregar comida ou panelas quentes;
- Tirar comida da geladeira;
- Tirar utensílios dos armários;
- Descascar legumes, frutas, etc.;
guardanapos / etc.;
- Selecionar as roupas;
- Usar varal
- Usar pregadores e cesto;
- Prender no varal;
- Preparar a mesa ou tabua de passar roupa;
05 LAVANDERIA
- Passar roupas simples;
- Passar camisetas ou vestido;
- Dobrar roupas passadas;
- Guardar corretamente as roupas passadas.
- Tapetes;
- Pinturas (caixas, tecido, telas, etc.);
- Guardanapos;
- Alinhavos;
- Abotoar e desabotoar;
- Escovar os dentes;
- Cozinhar.
Fonte: SOUZA, Vera Lúcia Pereira de. Propostas de atividades pra oficinas pedagógicas, 2015.
na Lima (silvanapsicopedagoga.blogspot.com)
Caro (a) aluno (a), chegamos ao final de nossa segunda unidade de discussão
sobre a disciplina de Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual
e Múltipla intitulada “Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular para
alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla.
No início de nossas discussões dessa unidade, foi possível que você compreen-
desse os fundamentos teóricos, legais e pedagógicos acerca do atendimento educacional
especializado podendo compreender que o AEE se refere como a proposta de integração
dos alunos com deficiências no contexto escolar do ensino regular, buscando que os mes-
mos tenham progressos escolares sem nenhum tipo de discriminação ou segregação. Além
disso, foi possível compreender que o atendimento educacional é garantido de maneira
legal, onde passa a ser discutido a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988,
perpassando pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN de 1996,
Diretrizes Nacionais para e Educação Especial, até chegar no Estatuto da Pessoa com
Deficiência a qual foi instituído em 6 de julho de 2015.
No segundo momento de discussão você, caro (a) aluno (a), pôde compreender
sobre a institucionalização do atendimento especializado no projeto político pedagógico
- PPP, visando o entendimento sobre o que é o PPP e como a atendimento educacional
especializado é discutido e abordado neste documento. Ainda foi possível identificarmos
que por meio da Resolução CNE/CEB nº 4/2009 é estabelecido que no Projeto Político
Pedagógico da escola de ensino regular deve ser institucionalizada a oferta do AEE, con-
cluindo sobre como se dá a formação pedagógica do professor que realiza a mediação
desse atendimento.
E por fim, na última seção de nossa discussão você pôde compreender um pouco
mais sobre as Atividades de Vida Diária conhecidas como ADV’s, podendo assim, identi-
ficar que as mesmas são importantes para o desenvolvimento cognitivo dos alunos aten-
didos pelo AEE, de forma que os mesmos desenvolvam suas noções espaço-temporais,
pensamento lógico, classificações e seriações, raciocínio matemático e principalmente a
compreensão das transformações.
Para ampliar mais o seu conhecimento acerca do Atendimento Educacional de Alunos
com Deficiência Intelectual e Múltipla na perspectiva da interlocução do AEE no ensino, não
deixe de consultar as referências, bem como a indicação de leitura complementar, livro e filme.
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
LIVRO
Título: Educação Inclusiva: Atendimento Educacional Especializa-
do para a Deficiência Mental
Autor: Cristina Abranches Mota Batista; Maria Teresa Egler Man-
toan.
Editora: MEC.
Ano: 2006.
Sinopse: O Ministério da Educação por meio da Secretaria de
Educação Especial apresenta o documento Educação Inclusiva -
Atendimento Educacional Especializado para a Deficiência Mental,
com o objetivo de oportunizar aos sistemas de ensino orientações
e informações para a organização do atendimento às necessida-
des educacionais especiais dos alunos com deficiência mental.
FILME/VÍDEO
Título: Do luto à luta: Um novo olhar sobre a Síndrome de Down
Ano: 2005.
Sinopse: Uma análise das deficiências e potencialidades da Sín-
drome de Down, problema genético que atinge cerca de oito mil
bebês a cada ano no Brasil.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=CRyzd6Wsof4
Plano de Estudo:
● Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar;
● Percepção de pais, escola e o papel dos educadores no processo de inclusão.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer a evolução da contabilidade e seus fundamentos históricos;
● Conceituar a contabilidade, seu objetivo e suas áreas de aplicação;
● Identificar os aspectos legais da contabilidade;
● Compreender as características da informação e quem as utiliza.
52
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), seja bem-vindo (a) a Unidade II intitulada “Deficiência intelectual
e múltipla no contexto escolar” da disciplina de Atendimento Educacional para alunos com
Deficiência Intelectual e Múltipla do curso de Graduação em Educação Especial.
Para iniciarmos a nossa discussão acerca deste assunto, iremos discutir sobre
como a deficiência intelectual e múltipla é caracterizada mediante o contexto escolar, a fim
de que você compreenda como se dão as práticas e políticas educacionais relacionadas
ao processo de inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais no ensino
regular. Será possível, também, que você entenda o que é a inclusão escolar, como ela
acontece, bem como as especificidades da deficiência intelectual e múltipla neste processo,
finalizando com a compreensão de como ocorre a avaliação escolar desses alunos.
Já no segundo e último momento desta unidade, você poderá compreender sobre
como acontecem e se discutem as percepções de pais, escolas e professores em relação
à inclusão escolar, para que assim, seja possível analisar as diferentes possibilidades de
discussões relacionadas a todos os sujeitos envolvidos no contexto social e escolar dos
alunos com deficiência intelectual e múltipla. Por fim, será possível que você, aluno (a),
compreenda como se dá o papel da família e dos professores no processo de ensino e
aprendizagem desses docentes.
Caro (a) acadêmico (a) para dar início a nossa discussão sobre a deficiência in-
telectual e múltipla no contexto escolar é necessário que você, aluno (a) saiba um pouco
mais sobre como se dá a inclusão escolar para os alunos com deficiências, dentre elas a
deficiência intelectual e múltipla.
Diniz (2012) relata que a inclusão votada para o contexto escolar está relacionada
a um processo de modificações das escolas como um todo, tendo como anseio assegurar
para haja oportunidades e atendimento educacional para todos os alunos.
[...] Isso inclui o currículo corrente, a avaliação, os registros e os relatórios de
aquisições acadêmicas dos (das) alunos (as), as decisões que estão sendo
tomadas sobre seus agrupamentos, sala de aula, a pedagogia e as práticas
docentes, e também as oportunidades de esporte, lazer e recreação (DINIZ,
2012, p. 31-32).
Paloma (2020) deixa claro que devemos compreender todo o contexto em que o
aluno vive, principalmente o familiar e o escolar, ou seja, necessário que haja uma anamnese
para conhecer todas as especificadas de cada aluno inserido no contexto escolar de forma
inclusiva. Com isso, é válido ressaltar que o currículo escolar também faz parte do contexto
em que o discente vive, e é por meio deste que pode ocorrer um momento de ensino e
aprendizagem de forma assertiva. “A escola é a peça-chave neste processo de aprendiza-
gem do aluno especial, bem como para se tornar uma instituição inclusiva. Direção, equipe
pedagógica, secretaria, professores, comunidade escolar no geral são todos responsáveis
para que a escola seja inclusiva não apenas no papel” (PALOMA, 2020, p. 97).
O princípio fundamental da Educação Inclusiva consiste em que todas as
crianças devem aprender juntas, onde que que isso seja possível, não impor-
tando quais dificuldades ou diferenças elas possam ter. Nessa perspectiva,
o sistema educacional se aproxima da ideia de um caleidoscópio, ou seja,
de uma imagem que contém a capacidade de se formar como única e, ao
mesmo tempo, ser diversa, dada a grande riqueza de suas partes (DINIZ,
2012, p. 33).
Com isso, podemos compreender, caro (a) aluno (a) que a inclusão dos alunos com
deficiência no contexto escolar do ensino regular, consiste em uma possibilidade para que
os mesmos tenham acesso a uma história escolar muito mais favorável para seu processo
de ensino e aprendizagem.
Ainda sobre isso, Henriques (2012) elucida que a escola deve ser um espaço que
favoreça a todos os seus alunos o acesso igualitário ao conhecimento e desenvolvimento de
seu processo de ensino e aprendizagem, de forma que tenha, também, a possibilidade de
adquirir conhecimento efetivo para a cidadania, além de evidenciar uma prática pedagógica
resultante em uma contribuição para o processo de conhecimento do educando.
A escola inclusiva é aquela que garante qualidade de ensino a cada um de
seus alunos, reconhecendo e respeitando a diversidade e respondendo a
cada um de acordo com suas potencialidades e necessidades. Uma escola
somente poderá ser considerada inclusiva quando estiver organizada, para
favorecer a cada aluno, independentemente de etnia, sexo, idade, deficiên-
cia, condição social ou qualquer outra situação. Um ensino significativo é
aquele que garante o acesso ao conjunto sistematizado de conhecimentos
como recursos a serem mobilizados (HENRIQUES, 2012, p. 9).
Com isso, entende-se que a avaliação desses alunos deve acontecer de uma ma-
neira que seja baseada no que ainda será construído, ou seja, identificar quais serão as
A escola inclusiva é aquela que abre espaço para todas as crianças, incluindo as que
apresentam necessidades especiais. As crianças com deficiência têm direito à Educa-
ção em escola regular. No convívio com todos os alunos, a criança com deficiência deixa
de ser “segregada” e sua acolhida pode contribuir muito para a construção de uma visão
inclusiva. Garantir que o processo de inclusão possa fluir da melhor maneira é respon-
sabilidade da equipe diretiva – formada pelo diretor, coordenador pedagógico, orienta-
dor e vice-diretor, quando houver – e para isso é importante que tenham conhecimento
e condições para aplicá-lo no dia a dia da escola.
O princípio de inclusão parte dos direitos de todos à Educação, independentemente das
diferenças individuais – inspirada nos princípios da Declaração de Salamanca (Unes-
co, 1994). Está presente na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva
de Educação Inclusiva, de 2008. Os gestores devem saber o que diz a Constituição,
mas principalmente conhecer o Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelece a
obrigatoriedade de pessoas com deficiência e com qualquer necessidade especial de
frequentar ambientes educacionais inclusivos.
[...]
Caro (a) aluno, convido você a acessar essa reportagem na íntegra por meio do link
abaixo:
YOSHIDA, Soraia. Desafios da inclusão dos alunos com deficiência na escola pública. Nova Escola, São
nos-com-deficiencia-na-escola-publica
Caro (a) aluno (a) chegamos ao final das discussões de nossa Unidade III e, neste
momento, iremos discutir um pouco como ocorre a percepção dos pais e da escola perante
a criança com deficiência intelectual e múltipla, bem como compreender como se dá o pa-
pel do professor no processo de inclusão, portanto, muita atenção para essa última leitura,
pois será de grande valia para seu conhecimento e futura atuação profissional, vez que é
imprescindível participação de todos os indivíduos envolvidos no contexto escolar e social
desses alunos.
Lopes e Marquezine (2012) apresentam a percepção dos professores para a educação
inclusiva acerca das salas de recursos multifuncionais, recurso esse que é evidenciado nas
Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, a qual evidencia que,
Sala de recursos: serviço de natureza pedagógica, conduzido por professor
especializado, que suplementa (no caso dos superdotados) e complementam
(para os demais alunos) o atendimento educacional realizado em classes
comuns [...]. Esse serviço realiza-se em escolas, em local dotado de equipa-
mentos e recursos pedagógicos adequados às necessidades educacionais
especiais dos alunos, podendo estender-se a alunos de escolas próximas,
nas quais ainda não exista esse atendimento. Pode ser realizado individual-
mente ou em pequenos grupos, para alunos que apresentem necessidades
educacionais especiais semelhantes, em horário diferente daquele em que
frequentam a classe comum [...] (BRASIL, 2001, p. 50).
Diante disso, podemos compreender, caro (a) aluno (a), que a identificação de
recursos e estratégias que serão utilizados em sala de aula para a inclusão não é algo
aleatório, pois o professor precisa planejar suas aulas, para assim analisar quais serão as
estratégias utilizadas em sala. Por isso, para que o processo de inclusão ocorra de forma
Isso se dá pelo fato de que a família é entendida como aquela que instrui as crian-
ças para a vida relacionada ao contexto social, e isso se torna uma grande influência nas
Com isso, podemos compreender que a escola tem o papel de trazer para a criança
com deficiência uma interação entre todos os sujeitos que fazem parte do contexto escolar,
pois isso contribuirá para o desenvolvimento de suas potencialidades e capacidades, ou
seja, uma escola que entenda as particularidades de aluno, independentemente de suas
diferenças.
REFLITA
Com base nas informações apresentadas nessa unidade, e também em todas as leitu-
ras realizadas até aqui, você, enquanto acadêmico (a), acredita que a inclusão escolar
acontece de forma assertiva e de acordo com o que as Legislações exigem?
Os professores estão preparados integralmente para trabalharem com crianças com
necessidades educacionais especiais?
A família é agente importante para a integração da inclusão escolar?
Reflita!
Caro (a) aluno (a), chegamos ao final de nossa terceira unidade de discussão so-
bre a disciplina de Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual e
Múltipla.
Em nosso primeiro momento de discussão foi possível que você compreendesse
como a Deficiência Intelectual e Múltipla é percebida no contexto escolar, de forma que
foi possível identificar que o processo de inclusão relacionado à escola está relacionado
a modificações de todas as instituições de ensino, a fim de que as mesmas assegurem
oportunidades de atendimento educacional especializado para todos os alunos com neces-
sidades educacionais especiais.
Além disso, a partir dessa discussão, compreendemos que para a inclusão escolar
acontecer de forma assertiva, é necessário que haja um repensar relacionado a todas as
políticas e práticas educacionais, bem como, a compreensão das mais diferentes maneiras
de aprendizagem e dificuldades que envolvem o processo de aprendizagem dos alunos,
por isso, é muito importante ressaltar que o objetivo da escola, nesse caso, seria ajudar os
discentes com necessidades educacionais especiais a se encaixarem no sistema educacio-
nal de ensino regular. Por isso, em uma escola que possibilita a inclusão, o aluno passa a
ser visto como peça importante em seu contexto escolar onde tem o direito a um ensino de
qualidade e com atendimento especializado, para que assim ocorra o seu desenvolvimento
cognitivo integral.
Já em relação ao processo de avaliação dos alunos deficiência intelectual e múltipla,
você pôde compreender que o mesmo deve ocorrer baseado no que ainda será construído,
ou seja, analisar quais as habilidades que irão ser desenvolvidas por esse aluno, bem
como, quais precisam ser melhoradas.
Para finalizar a discussão de nossa unidade, discutimos sobre como se dá a per-
cepção dos pais, da escola e dos professores em relação ao processo de inclusão, de forma
que foi possível compreender que o professor se sente desafiado perante esse processo,
pois lhe são apresentadas as mais diversas características que os alunos com necessida-
des educacionais especiais exigem, por isso é válido ressaltar que as ações pedagógicas
docente devem estar relacionadas a uma mediação assertiva do conhecimento.
O presente trabalho visa elencar algumas estratégias práticas de ensino para incluir
os estudantes com deficiência intelectual e facilitar o trabalho docente em sala de aula, devido
às dificuldades que os educadores encontram para potencializar as aprendizagens destes
alunos. Assim, a metodologia utilizada foi bibliográfica, considerando os obstáculos mais
comuns nas práticas educacionais de professores da rede pública de ensino. Considerar as
especificidades de cada estudante, planejar e executar atividades interativas que estejam
relacionadas com a vida cotidiana de alunos com deficiência intelectual, buscar sempre o
aperfeiçoamento pedagógico por meio de formações em serviço e utilizar brincadeiras e jogos
interativos como ferramenta de ensino são alguns dos desafios do fazer docente para incluir
educandos com deficiência intelectual na escola regular e no ambiente social.
Sabe-se das dificuldades dos professores em estimular a aprendizagem destes
estudantes devido a diversidade de deficiências e das possibilidades de aprendizagem
de cada educando, portanto torna-se essencial um planejamento que foque nas especi-
ficidades de cada aluno, considerando seus limites e valorizando suas potencialidades. A
intenção é proporcionar uma inclusão social autônoma.
INTRODUÇÃO
A escola, principalmente na sociedade vigente, tem enfrentado múltiplos desafios
na formação dos estudantes. Busca formar um indivíduo que: tome conhecimento dos
saberes historicamente acumulados, atue criticamente nos processos deliberativos da
sociedade, seja solidário e dialógico e, acima de tudo, respeite e valorize as diferenças no
cotidiano. Com as políticas públicas de inclusão, cada vez mais, educadores vislumbram
a necessidade de ter conhecimentos sobre os diferentes tipos de deficiências, objetivando
compreender o que são e como trabalhá-las durante o processo educacional dos alunos
com deficiência. Para que a educação seja democrática e igualmente qualitativa, atender
todos os estudantes em suas especificidades torna-se primordial.
No entanto, os profissionais da educação encontram muitos obstáculos no proces-
so de ensino e aprendizagem. Apesar de as escolas, por vezes, contarem com profissionais
de educação especial, ainda carecem de conhecimentos de práticas que possam auxiliar
o educando com deficiência.
LIVRO
Título: Deficiência intelectual: Realidade e ação
Autor: Maria Amélia Almeida
Editora: Secretaria de Educação/Núcleo de Apoio Pedagógico
Especializado
Ano: 2012
Sinopse: É, portanto, com muita satisfação, que apresento ao
público Deficiência intelectual: realidade e ação, resultado da vas-
ta experiência dos profissionais do Núcleo de Apoio Pedagógico
Especializado – CAPE da Secretaria da Educação do Estado de
São Paulo, que promovem a capacitação de professores para
a Educação Especial em todo o Estado. O livro é composto de
oito capítulos, iniciando por “Contexto histórico e educacional da
pessoa com deficiência no Brasil e no Estado de São Paulo”, em
que os autores Denise Rocha Belfort Arantes, Danilo Namo e Mar-
lene Aparecida Silva Machado descrevem, de forma simples mas
muito esclarecedora, a história da inclusão educacional de alunos
com deficiências, mais especificamente daqueles que apresentam
deficiência intelectual, tanto em nível nacional quanto no Estado
de São Paulo.
FILME/VÍDEO
Título: Colegas
Ano: 2012
Sinopse: Aninha, Stalone e Márcio protagonizam uma história
de amizade e sonhos. Os três fogem do instituto em que viviam
para perseguirem seus respectivos desejos de casar, ver o mar e
voar. Ao longo da trama, os três trilham um percurso de aventura,
contribuindo para que a Síndrome de Down seja retratada dentro
de um contexto de autonomia, superação e aprendizagem.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=4kyrKoBt4Pk
Plano de Estudo:
● Desenvolvimento do aluno com deficiência intelectual e múltipla
e aprendizagem;
● Recursos didáticos adaptados ou não aplicados à educação dos alunos com
deficiência intelectual e múltipla.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o desenvolvimento do aluno
com deficiência intelectual e múltipla e aprendizagem;
● Compreender os tipos de recursos didáticos adaptados ou não aplicados à educação
dos alunos com deficiência intelectual e múltipla.
69
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), chegamos ao final de nosso livro com a unidade IV intitulada
“Aprendizagem” da disciplina de Atendimento Educacional para alunos com Deficiência
Intelectual e Múltipla do curso de Graduação em Educação Especial.
No primeiro momento de discussão você poderá conceituar e contextualizar o de-
senvolvimento do aluno com deficiência intelectual e múltipla, de forma que seja possível
a compreensão sobre como se dá a aprendizagem desses alunos, bem como os desafios
para o atendimento educacional especializado dos mesmos e o papel da escola mediante
do processo de ensino e aprendizagem dos alunos com essas determinadas deficiências.
No segundo momento de discussão, você irá compreender sobre os tipos de
recursos didáticos adaptados ou não aplicados à educação dos alunos com deficiência
intelectual e múltipla, identificando como deve ser a ação pedagógica dos professores para
a AEE desses alunos por meio dos recursos pedagógicos adaptados e como os mesmos
refletem para a criação, elaboração e utilização desses materiais. E por fim, caro (a) aluno
(a), você poderá verificar alguns exemplos de materiais pedagógicos adaptados, qual é a
finalidade da sala de recursos multifuncionais e como acontece a implantação da mesma.
Bons estudos!
UNIDADE IV Aprendizagem 70
1. DESENVOLVIMENTO DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA
Caro aluno (a), para dar início em nossa discussão acerca da aprendizagem e
desenvolvimento do aluno com deficiência intelectual e múltipla é necessário que você
conheça qual é o significado de aprendizagem. Você sabe qual é?
De acordo com Paloma (2020), aprender é compreendido como quando podemos
realizar algo que antes não era possível, o qual o sujeito não sabia, pois, de acordo com
Ferreira (2018) por meio do Dicionário Aurélio, aprendizagem significa “[...] ato ou efeito de
aprender; [...] Tempo durante o qual se aprende; [...] Experiência que tem quem aprendeu
[...], dessa forma, é possível entendermos que o momento de aprendizagem de qualquer
pessoa pode acontecer durante toda a sua vida e de diversas maneiras diferentes.
“O meio onde a criança vive e está integrada é de extrema importância. Suas inte-
rações são de valiosa relevância para seu aprendizado. E a mediação do adulto, seja ele
familiar ou alguém da escola, é de grande significado para o aluno” (PALOMA, 2020, p.
7-8), com isso, mais uma vez enfatizamos que a integração e análise de todo o contexto
social, familiar e escolar do aluno com deficiência é de extrema importância para o seu
processo de ensino e aprendizagem.
É importante entendermos que, para a aprendizagem ocorrer, é necessário
que haja uma interação ou troca de experiências do indivíduo com o seu meio
ambiente ou comunidade educativa. As crianças, por exemplo, aprendem a
partir da interação com os adultos e com as crianças mais experientes. Por
meio dessas interações, a criança vai construindo, gradativamente, significa-
dos para as suas ações, suas experiências e objetos ao seu redor (LAKOMY,
2008, p. 17 apud PALOMA, 2020, p. 8).
UNIDADE IV Aprendizagem 71
Com base no exposto, podemos compreender que a aprendizagem pode ser útil
para a mudança de atitude de todos os indivíduos, seja o aluno, o professor ou alguém de
sua família, entendendo assim, o antes e o depois do contexto de aprendizagem desses
discentes em relação ao desenvolvimento de suas competências e habilidades.
Trancoso (2020) nos relata que existem diversos pressupostos sobre o que é a
aprendizagem e como se dá o papel da escola mediante o processo de ensino e aprendiza-
gem dos alunos com necessidades educacionais especiais, e que todas essas discussões
interferem na maneira em como os professores realizam seu trabalho e ação pedagógica e
em consequência disso, como os alunos aprendem.
Na concepção de Rossato, Constantino e Mello (2013), a educação nos dias atuais
tem como desafio proporcionar para todos os alunos, independentemente de suas parti-
cularidades, o acesso à escola bem como aos conteúdos programáticos historicamente
instituídos na escolarização, por isso, mais uma vez podemos ressaltar caro (a) aluno (a),
que a educação deve ser entendida como um direito de todos, e que, para as crianças com
deficiência intelectual, seja uma educação inclusiva de forma geral, promovendo assim,
o desenvolvimento completo dos educandos para que os mesmos sejam compreendidos
como os agentes de suas vidas. “Nessa perspectiva, ao pensar no desenvolvimento da
pessoa com deficiência no seu processo de escolarização, devemos tomá-la mas suas
diferentes possibilidades, [...]” (ROSSATO; CONSTANTINO; MELLO, 2013, p. 1).
A criança, em seus processos iniciais de desenvolvimento, tem o mundo de
objetos externos como estranho; mas quando começa a interagir com esse
mundo (mediado pelo outro) e passa a ter controle sobre esses objetos, utili-
za-os de modo funcional, ou seja, como ferramentas, e assim novas formas e
recursos de comportamento se desenvolver a fim de dar apoio aos movimen-
tos naturais e aos anteriormente adquiridos (ROSSATO; CONSTANTINO;
MELLO, 2013, p. 1).
UNIDADE IV Aprendizagem 72
Assim, em relação ao desenvolvimento da criança, Vygotski (1983) afirma
que, independentemente de esta ter ou não deficiência, é possível sua edu-
cação. A criança com deficiência pode superar a limitação imposta pela defi-
ciência, pois todo defeito cria estímulos para elaborar uma compensação, e o
importante não é o defeito em si, mas sim, a criança, atingida pela deficiência
(LEONEL; LEONARDO, 2014, p. 543).
Portanto, por meio dessa concepção teórica, podemos observar que a aprendiza-
gem e o desenvolvimento dos alunos com deficiência “dependem da qualidade das me-
diações que elas recebem ao longo da vida, sobretudo dos processos de ensino utilizados
em sua vida escolar, ou seja, dependem, entre outros aspectos, da qualidade do trabalho
do professor (ROSSATO; CONSTANTINO; MELLO, 2013, p. 1), logo, podemos verificar,
caro (a) aluno (a), que o papel do professor, bem como de sua formação é de extrema
importância para a evolução desses alunos, devendo levar em consideração, também, as
vivências e experiências pedagógicas do docente, as políticas públicas educacionais e as
condições de acesso para o trabalho de inclusão escolar.
UNIDADE IV Aprendizagem 73
Já em relação ao processo de desenvolvimento e aprendizagem do aluno com
deficiência múltipla, Godói (2006, p. 19) aborda que a inclusão escolar dos alunos com essa
condição não depende somente do grau da deficiência ou do desenvolvimento intelectual,
mas também de toda uma contextualização de sua inserção no ambiente escolar, desde
sua acolhida, socialização e adaptação aos demais contextos escolares da instituição.
“Piaget afirma que a inteligência se constrói mediante troca entre o organismo e o meio,
mecanismo pelo qual se dá a formação das estruturas cognitivas [...]”.
[...] o importante para o desenvolvimento cognitivo não é a sequência das
ações empreendidas pela criança, mas sim o esquema geral dessas ações
que pode ser transposto de uma situação para a outra. Assim, os esque-
mas são concebidos como resultado direto das generalizações das próprias
ações, não sendo de natureza perceptível, mas funcional. Dessa maneira, as
ações da criança sobre o meio: fazer coisas, brincar e resolver problemas,
podem produzir formas de conhecer e pensar mais complexas, combinando e
criando novos esquemas, possibilitando novas formas de fazer, compreender
e interpretar o mundo que a cerca (GODÓI, 2006, p. 19).
A autora ainda nos relata que diversos estudos de diferentes momentos históricos
sobre o desenvolvimento cognitiva das crianças com deficiência múltipla, mostram que
existem diversas oscilações e ritmos diferentes no que diz respeito a inteligência desses
indivíduos, vez que, por muitas vezes, as escolas focavam somente nas limitações e difi-
culdades de seus alunos, deixando de lado as potencialidades que cada um possui e os
recursos disponíveis para o aprendizado dos mesmos.
As crianças com deficiências múltiplas podem necessitar de mais tempo para
adquirir mecanismos de adaptação às novas situações, mas com uma boa
mediação de professores e pais poderão criar estratégias de ação e pen-
samento, assim, poderão auto-regular com ajuda de seu comportamento e
desenvolver autonomia pessoal, social e intelectual (GODÓI, 2006, p. 21).
UNIDADE IV Aprendizagem 74
adaptado às necessidades específicas, mobiliário adaptado para execução
de atividades, adaptação de jogos pedagógicos, materiais específicos e re-
cursos tecnológicos que favoreçam a interação, a comunicação e aprendiza-
gem. Esses procedimentos e instrumentos são essenciais, pois determinam
a qualidade da oferta educativa para o sucesso na aprendizagem e inclusão
desses alunos no sistema regular de ensino (GODÓI, 2006, p. 21).
Logo, entende-se que as crianças com deficiência múltipla que apresentam neces-
sidades educacionais específicas não se desenvolvem ou aprendem de forma espontânea
como os outros alunos, por isso, cabe a escola ter a busca de uma educação inclusiva de
qualidade, buscando a mediação e modificação de suas ações e práticas pedagógicas para
a promoção de uma aprendizagem significativa e assertiva.
UNIDADE IV Aprendizagem 75
2. RECURSOS DIDÁTICOS ADAPTADOS OU NÃO APLICADOS À EDUCAÇÃO
DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA
Caro aluno (a), chegamos a nossa última discussão do último capítulo da discipli-
na de Atendimento Educacional de alunos com deficiência intelectual e múltipla, e neste
momento iremos abordar sobre os recursos didáticos utilizados no processo de ensino e
aprendizagem desses alunos, recursos esses que precisam ser adaptados de acordo com
a necessidade educacional de cada discente. Mas afinal, qual é a importância dos recursos
didáticos adaptados no processo de inclusão escolar dos alunos com necessidades educa-
cionais especiais?
Em relação à isso Cristofoleti e Nunes (2019, p. 37) relatam que “uma educação
inclusiva não deve significar somente a inserção da criança no ambiente escolar [...], mas
a adaptação da escola no atendimento a suas especificidades de vida e de aprendizagem”,
por isso se faz necessário que as escolas busquem atender todas as particularidades de
todos os alunos, se responsabilizando pela aprendizagem dos mesmos, podendo isso
acontecer por meio dos recursos didáticos adaptados. Com isso, podemos compreender,
caro (a) aluno (a), que a inserção de estratégias pedagógicas e elaboração de recursos
adaptados são primordiais para que ocorra um processo de ensino e aprendizagem de
qualidade aos alunos da Educação Especial.
Nesse contexto, para os alunos com deficiência intelectual, as ações pedagógicas
devem ser pensadas de forma que sejam interativas para o aprendizado efetivo desses
UNIDADE IV Aprendizagem 76
educandos, de forma que as possibilidades de sua vida diária sejam inseridas no momento
em que se inicia o seu processo de escolarização, visto que todos os discentes, com ou
sem necessidades especiais, necessitam desenvolver habilidades úteis para a vida pessoal
(CRISTOFOLETI; NUNES, 2019).
Miura et al. (2011), enfatizam que as adequações dos recursos didáticos para a
educação dos alunos com necessidades educacionais especiais podem permitir aos mes-
mos o acesso aos conteúdos programáticos que estão definidos na proposta pedagógica
das escolas, inclusive para os que não possuem diagnóstico, como por exemplo, a defi-
ciência intelectual. Entende-se, também, que o uso de recursos adaptados pode, de certa
forma, facilitar o trabalho docente das classes comuns, de forma que contribua para o
desenvolvimento de cada criança.
[...] a elaboração de planos de ensino que envolva a adaptação de jogos
pedagógicos cujo objetivo busca a valorização de uma interação interpessoal
divertida por meio dos aspectos lúdicos em contexto real, da instigação da
criatividade e do desenvolvimento de estratégias que favoreçam a lógica e
o pensamento poderá auxiliar o professor a tornar o processo de ensino e
aprendizagem mais enriquecedora e efetiva. Os jogos e os recursos pedagó-
gicos podem ser confeccionados pelos professores também para auxiliá-los
no ensino daqueles conteúdos que parece ser complicado para o educando
(MIURA et al., 2011, p. 2022).
De acordo com as autoras supracitadas, temos diversos estudos que enfatizam que
a principal finalidade dos recursos pedagógicos adaptados consiste em auxiliar o aluno a
desenvolver o seu pensamento e a sua imaginação, bem como sua capacidade de raciocínio
lógico, de forma que, por meio desses, o educando tenha contato com suas vivências reais.
A elaboração e confecção desses recursos devem ser pensadas de acordo com as
especificidades das necessidades educacionais de cada criança, de forma que o mesmo
possa corresponder todas as atividades propostas no currículo escolar, a fim de que, com
isso, seja proporcionado tanto ao aluno quando ao professor benefícios relacionados ao
processo educativo durante todo o aprendizado escolar.
Assim, também os jogos pedagógicos adaptados parecem ser necessários para
atender às necessidades educacionais especiais dos alunos, de modo que o educando
possa ter acesso a novas contingências de aprendizagem de forma efetiva. A partir da
aprendizagem por meio de jogos, o aluno poderá melhorar o seu desempenho em ativi-
dades acadêmicas formais que serão fundamentais para que o mesmo possa avançar na
aquisição de novos conceitos, receber elogio dos professores, pais e outros adultos, que
poderão ser essenciais para facilitar a aquisição de repertórios relevantes de aprendizagem
acadêmica em outros níveis de ensino (MIURA et al., 2011, p. 2023).
UNIDADE IV Aprendizagem 77
Sobre isso Cristofoleti e Nunes (2019, p.45) reforçam dizendo que “a escola se
apropriando dos caminhos alternativos e recursos auxiliares que venham a contribuir para
o aprendizado do aluno, possibilita o avanço do seu desenvolvimento cognitivo”, por isso,
é importante ressaltar que os docentes que trabalham com alunos com necessidades es-
peciais devem investir na elaboração de metodologias inclusivas e adaptadas, para assim,
desenvolver suas habilidades e o seu pensamento para as funções psicológicas superiores.
Schinato e Strider (2020, p. 32-33), reforçam que
Os recursos didáticos utilizados para fins pedagógicos são aqueles emprega-
dos no ensino, tornando-o mais adequado e eficaz. Eles são indispensáveis
para o processo de ensino e aprendizagem de todos os alunos – inclusive
daqueles com necessidades educacionais especiais no sistema regular de
ensino. [...] os recursos didáticos são capazes de proporcionar aos alunos
aspectos, elementos, informações e saberes, que facilitam o entendimento
dos conteúdos e temáticas apresentadas no decorrer do processo de ensi-
no, promovendo, portanto, uma aprendizagem efetiva. De fato, a utilização
desses na perspectiva da inclusão é importante para auxiliar a aprendizagem
e, ao mesmo tempo, preencher as lacunas do ensino tradicional. Entretanto,
é fundamental que os professores permitam que os alunos os utilizem com
objetividade, equidade e de maneira racional.
Com isso, pode-se entender que no momento em que o professor elabora o seu
planejamento de aula é necessário que já defina quais os recursos didáticos e propostas
que são mais adequadas para a turma em que leciona, de forma que leve em consideração
as necessidades educacionais de cada aluno. Por isso, pode-se compreender que antes de
apresentar qualquer recurso em aula, seja adaptado ou não, cabe ao docente identificar e
avaliar os resultados que serão esperados pelo mesmo.
Caro (a) acadêmico (a), agora você poderá identificar qual é a importância dos
recursos educacionais adaptados e/ou especializados, bem como exemplos dos recursos
que são mais utilizados em sala de aula para a escolarização dos alunos com deficiência
intelectual e múltipla.
Os Recursos Educacionais Especializados envolvem toda a adaptação físi-
ca necessária para realizar o atendimento pedagógico da pessoa com defi-
ciência. Podem ser utilizados de forma isolada, como um material adaptado
dentro da sala de ensino regular, ou ainda constituir uma Sala de Recursos
Multifuncional, ambiente projetado especialmente para receber o estudante
com algum tipo de deficiência (TOMAZELI, 2020, p.40).
É válido ressaltar, mais uma vez, que cabe à escola estabelecer em seu plano
de ação previsto no Projeto Político Pedagógico o atendimento educacional especializado
para alunos com deficiências, de forma que atenda de forma assertiva e objetiva esses
alunos na sala de recurso e tenha como professor um especialista em Educação Especial
ou áreas correlacionadas ao AEE (TOMAZELI, 2020).
UNIDADE IV Aprendizagem 78
A deficiência intelectual, diferentemente das outras deficiências, não apre-
senta especificidade nos materiais utilizados para a intervenção pedagógica.
Isso porque ela vai apresentar características bem diferenciadas em cada
indivíduo. Considerando que as variáveis geradas por esse tipo de deficiên-
cia são muitas, apenas o cotidiano com a criança vai informar quais tipos de
adaptações e/ou tecnologias serão necessárias para a intervenção psicoló-
gica e/ou pedagógica. [...] De qualquer forma, o uso de materiais lúdicos e
coloridos tende a instigar o interesse. Outra questão importante a ser consi-
derada é a profundidade de conhecimento necessária para a execução de
cada atividade. Como qualquer outra criança do ensino regular, é importante
realizar uma “sondagem” para saber seu ponto de partida no direcionamento
das atividades (TOMAZELI, 2020, p. 45).
UNIDADE IV Aprendizagem 79
um ótimo jogo para estimular e desenvolver no aluno com deficiência a coordenação moto-
ra, o raciocínio rápido, estratégia de jogabilidade, paciência, lidar com a frustração, atenção
e concentração. Também contribui para o desenvolvimento de conceitos matemáticos de
linhas horizontal, vertical e transversal; classificação e quantidades.
Tangram com material sensorial: “O Tangram é um antigo jogo chinês, que con-
siste na formação de figuras e desenhos por meio de 7 peças (5 triângulos, 1 quadrado e
1 paralelogramo). Esse jogo pode oferecer muitas possiblidades de trabalho com a criança
que apresenta deficiência intelectual. Pode ser confeccionado com cores e texturas diferen-
tes e ser utilizado na discriminação das formas, cores e texturas, no desenvolvimento do
raciocínio lógico, na formação de figuras, dentre outras possibilidades” (CRISTOFOLETI;
NUNES, 2019, p. 47).
Painel sensorial com grãos: “As atividades de estimulação sensorial para crian-
ças com deficiência intelectual são de grande relevância, dadas as possibilidades de de-
UNIDADE IV Aprendizagem 80
senvolvimento do sistema sensorial da pessoa, da atenção ao sensível e de nomeação das
sensações. O painel apresentado” [...] abaixo “pode estimular na criança com deficiência
o desenvolvimento do reconhecimento de um objeto por meio do toque e preensão, bem
como compreender o conceito de textura (áspero e macio), dentre outros” (CRISTOFOLETI;
NUNES, 2019, p. 48).
UNIDADE IV Aprendizagem 81
FIGURA 5: MATERIAL LÚDICO PARA ESCRITA
Como você pode observar na figura abaixo, caro (a) aluno (a), entre os anos de
2005 e 2007 ocorreu um grande aumento no que diz respeito a implantação de SRMF no
Brasil, porém ainda é considerado um aumento pouco significativo. Mas, já no ano de 2007,
tivemos um aumento significativo sobre as SMRF nas escolas municipais e estaduais, de-
vido ao grande número de alunos com necessidades educacionais especiais matriculados
na rede de ensino regular (MEDEIROS, 2019).
UNIDADE IV Aprendizagem 82
Neste aspecto, tem-se nas SRMF uma oportunidade de acesso a diversos
materiais e equipamentos que podem promover e potencializar a aprendi-
zagem das pessoas com NEE. Ainda em 2011, é promulgado o Decreto nº
7611, que em seu art. 4, § 3º caracteriza as SRMF como sendo “ambientes
dotados de equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos
para a oferta do atendimento educacional especializado”. Nesta perspecti-
va, as atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado
- AEE diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo
substitutivas à escolarização. Esse atendimento que deve ser ofertado em
turno contrário às aulas regulares, complementa ou suplementa a formação
dos alunos com vistas à autonomia e à independência na escola e fora dela
(MEDEIROS, 2019, p. 27).
As salas de recursos multifuncionais são divididas em dois tipos: na sala tipo I es-
tão apresentados os materiais pedagógicos adaptados, com exceção os para alunos com
deficiência visual, e na sala tipo II além dos materiais já mencionados, são disponibilizados
os recursos específicos para o atendimento dos alunos com deficiência visual (MEDEIROS,
2019). Cada um desses tipos de sala possui seus materiais específicos como você pode
observar nos quadros abaixo:
UNIDADE IV Aprendizagem 83
QUADRO 2: ESPECIFICAÇÕES DE ITENS DA SALA DE TIPO II
REFLITA
Com base nas informações apresentadas nessa unidade, e também em todas as lei-
turas realizadas até aqui, você, enquanto acadêmico (a), considera a sala de recursos
multifuncionais e o uso de recursos/materiais adaptados fundamental para o atendimen-
to educacional especializado para os alunos com deficiência intelectual e múltipla?
Reflita!
UNIDADE IV Aprendizagem 84
SAIBA MAIS
Fonte: NOGUEIRA, Fernanda. 2020, Porvir Inovações em Educação. Disponível em: https://porvir.org/
tecnologia-e-aliada-na-criacao-de-aulas-acessiveis-a-todos/
UNIDADE IV Aprendizagem 85
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro (a) aluno (a), chegamos ao final de nossa quarta e última unidade de discussão
sobre a disciplina de Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual
e Múltipla.
Em nosso primeiro momento de discussão você pôde compreender como se dá o
desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos com deficiência intelectual e múltipla, onde
o processo de escolarização e desenvolvimento desses alunos, não se refere somente a
pensar e aplicar habilidades intelectuais entre as que são comuns aos demais conflitos
da vida escolar, social e profissional, mas deve, também, levar em consideração todos os
momentos e características de desenvolvimento cognitivo, para que somente assim sejam
pensadas habilidades a serem atingidas.
Além disso, foi possível identificar que para compreendermos o desenvolvimento
das crianças com necessidades educacionais especiais, é necessário que, primeiramen-
te, cada aluno compreenda como se dá e acontece o mundo ao seu redor, ou seja, é
importante que essa criança entenda o seu contexto social e escolar, para assim, ter sua
aprendizagem desenvolvida de forma assertiva. E em relação ao desenvolvimento do aluno
com deficiência múltipla, é necessário ressaltar que a inclusão escolar dos mesmos não de-
pende somente do grau da deficiência ou de seu desenvolvimento intelectual, mas também
da compreensão de toda a sua inserção no ambiente escolar e social.
Por fim, na finalização de nossa discussão, você pode compreender qual é a im-
portância dos recursos didáticos adaptados e da sala de recursos multifuncionais para o
atendimento educacional dos alunos com deficiência intelectual e múltipla, de forma que
saibamos que a inclusão dos alunos com necessidades educacionais não deve acontecer
somente com a sua inserção nas escolas, mas também com a adaptação dos materiais pe-
dagógicos e as metodologias de ensino que serão empregadas pelos professores e pelos
demais membros das escolas. Pois, por meio das adequações dos recursos didáticos para
a educação desses alunos é possível termos a possibilidade dos mesmos para o acesso
aos conteúdos programáticos que estão definidos na proposta pedagógica das escolas,
inclusive para os que não possuem diagnóstico, como por exemplo, a deficiência intelectual.
UNIDADE IV Aprendizagem 86
LEITURA COMPLEMENTAR
Fabiana Cia³
Universidade Federal de São Carlos, UFSCar, Brasil
Resumo
UNIDADE IV Aprendizagem 87
as escolas de rede pública estadual, sendo que os professores aparecem em maior número
como participantes e o instrumento de coleta mais utilizado foi a entrevista.
[...]
Introdução
A presente proposta faz parte das atividades do Observatório Nacional de Educa-
ção Especial (ONEESP) e tem como foco uma avaliação de âmbito nacional do programa
de implantação de “Salas de Recursos Multifuncionais” (SRM), promovido pela Secretaria
de Educação Especial/MEC que, desde 2005, vem apoiando a criação do serviço de aten-
dimento educacional especializado (AEE).
O programa das SRM é destinado às escolas das redes estaduais e municipais
de educação e foi criado na intenção de promover ensino com qualidade para alunos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação -
público alvo da educação especial. Esse programa é desenvolvido de forma complementar
e suplementar a escolarização, sendo oferecido no contraturno em que a criança frequenta
na escola comum em que está matriculada. O intuito é assegurar condições de acesso,
participação e aprendizagem no ensino comum possibilitando a oferta do atendimento
educacional especializado, de forma não substitutiva à escolarização (BRASIL, 2007).
Referente ao plano pedagógico, este deve levar em conta as características de
forma individual para cada aluno, contendo as atividades a serem desenvolvidas, visando
proporcionar melhor adaptação dos alunos na sala comum (BRASIL, 2007).
Há diversos benefícios que podem ser desenvolvidos na SRM de forma paralela
e que auxilia o desenvolvimento do ensino na sala de aula comum, como relata Baptista
(2011, p.70):
Algumas das vantagens que eram associadas à classe especial podem ser
potencializadas na sala de recursos, pois o trabalho com pequenos grupos
é estimulado, permitindo melhor acompanhamento do aluno, favorecendo
trajetórias de aprendizagem mais individualizadas sob a supervisão de um
docente com formação específica. No caso da sala de recursos, a grande
vantagem é que esse processo tem condições de alternância contínua com
aquele desenvolvido na sala de aula comum.
UNIDADE IV Aprendizagem 88
A SRM é uma nova realidade presente em todo território nacional para o atendimento
de alunos público alvo da educação especial e tem recebido incentivos materiais e investido
na formação profissional para o professor de educação especial para atuar nessas salas,
como também observado por Oliveira e Leite (2011, p. 198) sobre a importância dessa
implantação:
No contexto de inclusão educacional, a sala de recursos ganha papel funda-
mental na viabilização do acesso da parcela de alunos com NEEs ao currícu-
lo comum. De acordo com as recomendações legais, no caso, as Resoluções
SE No. 8 (2006) e SE No. 11 (2008), a sala de recursos compõe um dos
suportes existentes na Educação Especial e oferece serviço de natureza pe-
dagógica, a fim de complementar ou suplementar o atendimento educacional
fornecido na sala comum.
Segundo dados do MEC, entre os anos de 2005 a 2009, foram financiadas 15.551
(SRMs) para 4.564 municípios brasileiros, espalhados em todos os estados. Com base
nas demandas apresentadas no Programa de Ações Articuladas (PAR), esse quantitativo
atenderia 82% das necessidades de SRM.
Algumas evidências reforçam o consenso sobre a necessidade de empenho para
atender as necessidades educacionais dos alunos com deficiência, muitas vezes privados
do direito de acesso, ingresso, permanência e sucesso na escola básica. Como pode ser
observado pelas estatísticas estimadas pela UNESCO (2005) nos países pobres e em de-
senvolvimento, mais de 140 milhões de crianças e jovens não têm acesso à escolarização
básica; e apenas 2% de uma população dos indivíduos com deficiências, estimada em mais
de um bilhão de pessoas em todo o mundo, recebem algum tipo de educação formal.
[...]
Oriento que você leia o artigo na íntegra, o qual se encontra no link abaixo. Boa
leitura!
Fonte: PASIAN, Mara Silvia; MENDES, Enicéia Gonçalves; CIA, Fabiana. Sala de
Recursos Multifuncionais: Revisão de artigos científicos. Revista Eletrônica de Educação
- REVEDUC. São Carlos, v. 8, n. 3, p. 213-225, 2014
Link: http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/view/949/366
UNIDADE IV Aprendizagem 89
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Salas Abertas: Formação de professores e práticas pe-
dagógicas em comunicação alternativa e ampliada nas salas de
recurso multifuncionais
Autor: Leila Regina d’Oliveira de Paula Nunes; Carolina Rizzotto
Schirmer (org).
Editora: EdUERJ
Ano: 2017
Sinopse: [...] O livro oferece ao leitor contribuições teórico-práticas
relativas às áreas de Educação Especial, Formação de Profes-
sores, Tecnologia Assistiva, Comunicação Alternativa e Ampliada,
além de constituir um trabalho de grande importância para a
consulta por parte daqueles que atuam ou pretendem atuar nas
áreas da Educação Especial e da CAA. Ao longo dos dezesseis
capítulos são discutidas questões relativas à formação continuada
em serviço de professores, comunicação alternativa e ampliada,
materiais pedagógicos e lúdicos adaptados, informática acessível,
entre outros.
FILME/VÍDEO
Título: Deficiência Intelectual - Multirio
Ano: 2017
Sinopse: A informação como promotora de mudança na percep-
ção sobre a deficiência, na promoção da autonomia, da inserção
social e da capacidade de viver com qualidade.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=CQQ9acLTKE-
Q&t=21s
UNIDADE IV Aprendizagem 90
REFERÊNCIAS
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91
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95
CONCLUSÃO GERAL
Caro (a) aluno (a), chegamos ao final de mais uma etapa do curso de Graduação
em Educação Especial e com ela a disciplina de Atendimento Educacional Especializado
para alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla.
Ao longo das quatro unidades foram debatidos assuntos pertinentes a esse tema,
iniciando com a História da Deficiência Intelectual e múltipla dando sequência, analisando
a interlocução entre o AEE para os alunos com essas deficiências e o ensino regular, já na
Unidade III, foi possível analisar, também, como a deficiência intelectual e múltipla acontece
no contexto escolar, e, por fim, na Unidade IV foi possível a compreensão de como se dá o
processo de ensino e aprendizagem desses alunos.
Partindo dessas concepções, na Unidade I foi possível compreender que, analisan-
do por meio de um contexto histórico, podemos identificar que a deficiência intelectual e
múltipla passou por inúmeras evoluções no que se respalda o seu processo e compreensão
de conceituação, tendo suas discussões apresentadas desde a Antiguidade, se esten-
dendo até os dias atuais, tendo sempre novas definições sobre a mesma. Com isso, em
suma, podemos compreender a deficiência intelectual como sendo uma característica das
pessoas que possuem determinados prejuízos nos domínios conceituais social e prático,
tendo classificações entre leve, moderada, grave e profunda, porém, ainda há autores que
a enfatizam como sendo uma forma compreendida amplamente como um retardo mental,
classificação essa muito obsoleta, mas utilizada até hoje. Enquanto que, em relação a
Deficiência Múltipla, podemos compreender que a mesma se refere à designação para
as pessoas que possuem mais de uma deficiência, sendo compreendida como condição
heterogênea, identificando diferentes grupos de indivíduos que possuem determinadas
deficiências associadas à outras.
No âmbito legal e legislativo foi possível verificar que no Brasil temos uma Lei que
aborda especificamente sobre a pessoa com deficiência, conhecida como Lei de Inclusão
ou Estatuto da Pessoa com Deficiência que passou a ser um grande fator de discussão
sobre a proteção e amparo dos direitos das pessoas com deficiência em nosso país.
Na Unidade II você pode analisar os fundamentos teóricos, legais e pedagógicos
acerca do atendimento educacional especializado podendo identificar que o AEE se refere
96
como a proposta de integração dos alunos com deficiências no contexto escolar do ensino
regular, buscando a progressão escolar dos mesmos sem nenhum tipo de discriminação
ou segregação, ressaltando que o AEE é garantido por Lei desde a Constituição Federal.
Além disso, também discutimos sobre a institucionalização do atendimento especializado
no projeto político pedagógico – PPP, onde você pode compreender a importância deste
documento nas instituições escolares, bem como a importância e fundamentação das Ativi-
dades de Vida Diária – ADV nas escolas.
A partir na Unidade III, foi possível uma compreensão maior sobre a Deficiência
Intelectual e Múltipla no contexto escolar, dando ênfase ao processo de inclusão nas esco-
las, o qual se relaciona as mais variáveis modificações ocorridas em todas as instituições
de ensino, onde foi possível compreender que para este processo acontecer de forma
assertiva é necessário repensar todas as políticas educacionais vigentes e analisar as mais
variadas formas de aprendizagens e dificuldades.
Por fim, na Unidade IV discutimos sobre a aprendizagem dos alunos com deficiên-
cia intelectual e múltipla, entendendo que a mesma, em conjunto com o desenvolvimento
desses discentes, fazem parte do processo de escolarização dos mesmos, não sendo
apenas a aplicação de uma ou outra metodologia, mas sim a consideração de todos os
momentos e particularidades do cognitivo. Também foi possível a compreensão acerca da
importância dos recursos didáticos adaptados e das salas de recursos multifuncionais para
o AEE, verificando como a adaptação dos materiais pedagógicos e as metodologias de
ensino serão empregadas pelos professores e pelos demais membros das escolas.
Desejo a você, caro (a) aluno (a), muito sucesso em sua formação acadêmica e
profissional!
Até breve!!!
97
EduFatecie
E D I T O R A