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1 - Introdução
O presente projeto de pesquisa tem como foco investigar o processo de inserção
da música como ferramenta pedagógica multidisciplinar no processo de ensino-
aprendizagem de crianças com transtornos de desenvolvimento, em específico o
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), sendo o entendimento da
contribuição dessa ferramenta no contexto escolar, o âmago da pesquisa. Buscou-se
refletir sobre práticas docentes inclusivas em sala de aula de maneira apropriada como
aliada a promoção da educação de qualidade, visto que a criação de estratégias
educacionais é significativa para o processo de ensino-aprendizagem.
Somente a partir do diagnóstico, do planejamento e da preparação da turma é
possível engendrar as condições necessárias para atender ao propósito aventado. Assim,
é possível inovar, renovar, aprender, ressignificar, dinamizar e fugir às condições de
imprevisibilidade, tornando a aula envolvente para os aprendentes.
Além disso, é fundamental criar estímulos para contemplar a aquisição de
conhecimentos pelos alunos em geral, contudo mantendo um olhar especial para com
aqueles que possuem necessidades específicas, como os sujeitos com o transtorno do
déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).
E em função do desenvolvimento das potencialidades destes, principalmente no
âmbito educacional, pretende-se discutir a temática da importância de subsumir a
música no contexto disciplinar e elaborar propostas para promover transformações no
cenário da inclusão de alunos com TDAH e melhor preparar os profissionais da
educação para atender a diversidade de especificidades dentro de um ambiente
heterogêneo como é a escola.
À vista disso, a relevância do projeto se justificou ao propor novas alternativas
de mediação do conhecimento, fugindo da iminente concepção arcaica de transmissão
do conhecimento passivo, garantindo ao aluno participação ativa, tornando-se o
protagonista do processo de aprendizagem, ou seja, um ser autônomo e consciente.
O objetivo geral da pesquisa é compreender como pode ser feita a aplicação da
música no ensino de disciplinas convencionais para alunos com Transtorno do Déficit de
Atenção e Hiperatividade e a importância dessa ferramenta no processo de ensino-
aprendizagem da educação inclusiva.
E para que o objetivo específico seja alcançado foram traçados os seguintes
objetivos específicos:
Descrever como a música deve ser utilizada no contexto escolar;
Analisar a eficácia da aplicabilidade da música como recurso pedagógico para a
educação inclusiva;
Traçar alternativas para formação inicial e continuada dos professores na busca
de novas formações de atuação inclusiva.
A pesquisa será fundamentada, principalmente, com base em 3 (três) teóricos
relacionados à temática, a saber: Antonio Nóvoa (2009), Beatriz Ilari (2003) e Elsa
Antunha (2010).
Antonio Nóvoa (2009) contribuiu com a temática ao elaborar estudos sobre a
importância da formação profissional no âmbito da educação e a necessidade da
reflexão sobre a prática como hábito constante e o quanto ela influencia no processo
educativo, provocando melhorias no próprio desempenho, bem como no rendimento dos
alunos, uma vez que adquirindo consciência da identidade profissional, é possível
promover mudanças comportamentais que, ao longo do tempo, tornam o ato de lecionar
mais seguro e confiante, tendo as experiências pessoais e o diálogo com os demais
colaboradores como fatores primordiais, encontrando nessas ações a necessidade de
valorização do profissional.
Beatriz Ilari (2003) propõe discussões acerca da função da música e a
importância no processo de desenvolvimento do cérebro, pois, segundo a autora, a
musicalidade acompanha as pessoas desde a vida intrauterina ao decorrer das fases e,
consequentemente, por estar presente no contexto da maioria dos indivíduos, pode ser
uma ferramenta de apoio para as questões de aprendizagem e cognição, contribuindo
para com o desenvolvimento não somente na educação inclusiva, mas no ensino em
geral.
E por fim, Elsa Antunha (2010) analisa a sensação musical que, ao estimular
regiões como o hipocampo, responsável por transformar a memória de curto prazo em
memória de longo prazo, o córtex pré-frontal, responsável pela atenção, memória de
trabalho, tomada de decisões, entre outras funções executivas, faz-se essencial para o
aprendizado, e, assim, promove um reforço das informações e a assimilação de
conteúdos e, consequentemente, é eficaz na construção dos conhecimentos.
A metodologia utilizada nesse trabalho será a pesquisa descritiva sobre o tema,
realizando-se a análise, a observação e os apontamentos das características da finalidade
da música para a educação e o ensino de alunos com TDAH, buscando propor
possibilidades de inovações no processo de mediação do conhecimento a partir dessa
ferramenta.
O que se pretendeu obter, à primeira vista, foram respostas que assegurassem a
diferenciação entre os resultados alcançados por aqueles que fazem o uso da música
como instrumento de auxílio no âmbito da educação inclusiva e do resultado obtido
pelos demais alunos dentro das classes regulares, que não a utilizam.
A partir do que foi traçado buscou-se responder aos seguintes questionamentos:
É possível integrar alunos da educação inclusiva em classes regulares de ensino e
utilizar a música como ferramenta pedagógica? Como os profissionais docentes podem
se preparar para a mediação do conhecimento disciplinar a partir da musicalidade? A
música é um instrumento adequado para atingir o objetivo proposto pela educação?
Quais atividades poderão ser aplicadas a partir da música? Em quais disciplinas ela se
faz eficaz? Quais aspectos cognitivos são desenvolvidos através da música?
Portanto, através desta proposição, será possível implementar novas ferramentas
pedagógicas para contribuir na atuação profissional e, com isso, esse recurso atingirá
diferentes atores envolvidos no processo educativo, como a escola, a família, o docente,
o aluno e, também a sociedade, visto que a educação de qualidade fornece os subsídios
necessários para a construção de uma sociedade justa e democrática.
2. Desenvolvimento
No desdobramento desta pesquisa buscar-se-á discorrer sobre as questões
relativas ao TDAH, caracterizando-o como um dos transtornos que podem implicar
negativamente no processo de aprendizagem, contudo, se respeitadas às indicações
normativas de inclusão, espera-se definir a apropriação de ferramentas e recursos que
ampliem o acesso dos aprendentes ao conhecimento de forma válida e eficiente, na
busca de seu desenvolvimento e autonomia.
2.1 – O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade no Brasil.
Ou seja, existem inúmeros caminhos para que seja possível lidar com essa
adversidade, contudo, faz-se necessário, primeiramente, o conhecimento para uma
abordagem coerente com as demandas as quais esses indivíduos exigirão em suas
especificidades cotidianas, conferindo-lhes o desenvolvimento qualitativo frente aos
desafios do transtorno. Para tanto, é imprescindível que o diagnóstico precoce seja
realizado.
Contudo, existem poucas bibliografias que atestem, em dados quantitativos, a
incidência total de casos do transtorno na população brasileira no ano vigente, porém, é
sabido que o resultado gire em torno de 2 (dois) milhões de habitantes. Dentro desses
casos, o Instituto Neurosaber informa:
Um estudo da Universidade Federal do Pará — A prevalência do transtorno
do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): uma revisão de literatura —
mapeou dados de 23 estudos de prevalência do TDAH realizados nos quatro
continentes. Os autores encontraram as maiores estimativas de prevalência
em crianças de 3 a 6 anos — uma média de 25%. Com base em artigos e
pesquisas, as amostras revelaram que, no Brasil, 7.6% dos estudantes
investigados, de 6 a 17 anos, apresentaram sintomas de TDAH. (UFPA, 2015
APUD Instituto Neurosaber)
Os resultados são alarmantes, todavia, ainda existe uma lacuna a ser preenchida
no que tange informações concretas acerca dos dados oferecidos, visto que são
estatísticas importantíssimas para o conhecimento, esclarecimento e a disseminação de
hipóteses sobre o transtorno e as formas corretas de intervenções a serem realizadas,
visto que muitos casos, sequer, são diagnosticados e criam visões estigmatizantes a
respeito do indivíduo acometido pela patologia, sobretudo na etapa da educação básica,
fundamental para a sua formação para a vida cotidiana e para o trabalho.
Ou seja, no Brasil, ainda há a necessidade de elaboração de novas pesquisas que
abranjam o tema de forma a conscientizar e criar alternativas, recursos e estratégias para
o enfrentamento e a minimização dos impactos negativos do Transtorno do Déficit de
Atenção, para que essas pessoas possam lograr de satisfatória qualidade de vida.
Ou seja, todos devem ser colocados na mesma classe, sem que haja distinções,
devendo a escola estar preparada para atender a essas necessidades e não o contrário (o
aluno atender as necessidades da escola). Toda a equipe deve compreender quais serão
os desafios encontrados para a assistência de seus alunos e saná-los, de modo a
contribuir para com o seu desenvolvimento, independentemente das condições
apresentadas.
Para tanto, faz-se necessário à ampliação de uma abordagem efetiva com a
finalidade de abranger esse público e, com isso, a Base Nacional Comum Curricular
mostra a necessidade da composição de um currículo adaptado, reconhecendo a
multiplicidade de perfis atendidos na escola, bem com as diversidades existentes em
cada território.
Desse modo, ela garante “[...] requer o compromisso com os alunos com
deficiência, reconhecendo a necessidade de práticas pedagógicas inclusivas e de
diferenciação curricular, conforme estabelecido na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência.” (Lei nº 13.146/2015 APUD BNCC)
Embora o TDAH não seja considerado uma deficiência, mas sim um transtorno,
é fundamental dar ênfase que este necessita de práticas pedagógicas inclusivas, que
requerem adaptação nas estratégias de ensino e nos recursos que deverão ser
empregados para que o objetivo da aula e os alunos sejam alcançados.
Em consonância com o que sugerem esses documentos, as Diretrizes Nacionais
para a Educação Especial reconhecem:
Além disso:
Sendo assim, pode-se perceber que as áreas cerebrais afetadas pela música são,
basicamente, as mesmas atingidas pelo cérebro do TDAH, como por exemplo, a
amígdala e o hipocampo. Este importante na regulação de emoções e na memória,
aquela responsável pelo controle emocional e necessária à aprendizagem. Com isso,
verifica-se a possibilidade de associação desses dois aspectos na relação música e
aprendizagem, não somente no cérebro com transtorno, mas em geral.
A partir do momento em que é diagnosticado o TDAH no aprendente, a escola,
uma das principais responsáveis pela aprendizagem, tem função imprescindível na
criação de estratégias para beneficiar esse público, sendo o professor, principal contato
da criança na mediação ao ensino, fundamental para que seja proporcionado um
ambiente verdadeiramente inclusivo.
Essa inclusão deve ser iniciada desde a arrumação do espaço até a escolha dos
instrumentos que serão utilizados na mediação no conhecimento, como atividades
lúdicas, trabalhos em grupo, avaliações formativas, entre outros.
Com isso, o professor deve propiciar atividades que envolvam os alunos,
conferir o andamento e o desenvolvimento do processo, auxiliando-os quando
necessário, valorizar as potencialidades e minimizar as limitações.
E no reconhecimento do trabalho mediado através da musicalidade, sabe-se que
os aprendentes são beneficiados visto os proveitos que esse recurso oferece, como
envolvimento entre diversas estruturas cerebrais, linguagem, ritmo, movimentação,
emoção, memória e mais. (ROCHA, BOGGIO, 2013)
E as atividades musicais com o propósito educativo podem ser
direcionadas a diferentes finalidades, tais quais:
Contudo, essas práticas não devem ser realizadas de maneira aleatória, mas com
um propósito bem definido, na busca de resultados efetivos, sem que esses produzam o
resultado contrário daquilo que se almeja, uma vez que músicas lentas, por exemplo,
podem não afetar a criança, que tem o desejo de estar em movimento, além disso, a falta
de percepção do propósito daquela atividade pela criança pode não a tornar
significativa.
Portanto, para que essa prática seja efetiva e contribua para com o
desenvolvimento da pessoa com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade no
processo de ensino aprendizagem, a intervenção deve ser feita com o intuito de
direcionar a atenção para o conteúdo específico, tornando-o interessante. Permitir o
contato com o assunto, fazendo com que o aprendente consiga fixá-lo e acessá-los em
práticas de sua vida cotidiana e, para isso, a música pode interferir, como menciona:
Para enriquecer a sua pesquisa, eu sugiro que você faça um estudo de caso, para
fundamentar as contribuições da musicoterapia no desenvolvimento da criança com
TDAH.
3 – Considerações Finais
REFERÊNCIAS
ROCHA, Viviane Cristina da; BOGGIO, Paulo Sérgio. A música por uma óptica
neurocientífica. Per Musi [online]. 2013, n. 27 [Acessado 18 de Abril 2022], pp. 132-
140. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1517-75992013000100012>. Epub
20 Dez 2012. ISSN 2317-6377. https://doi.org/10.1590/S1517-75992013000100012.