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Vítor da Fonseca
Colecção Pedagogia, Nº 14
Reservados todos os direitos para a língua portuguesa por Editorial Notícias - EPNC
Capa: Estúdios Gráficos da Editorial Notícias Edição: N.o 125014-285 Editor: Editorial
Notícias R. Rodigues Faria,103 -1300 LISBOA Depósito Legal n.o 5188/84
EDITORIAL NOTÍCIAS
LISBOA
1984
Índice
Introdução
Bibliografia.
(IN) CONCLUSÕES
Índice de Autores....
Índice de temas.....
Índice de figuras......
Introdução
Passado e Presente
das D.A.
Introdução
13
Transmissão Assimilação
I l CRIANÇA i
DISLEXIA . - - -. - ; PROFESSOR DISPEDAGOGIA Processo de
i Sistema de ensino
Fig. 1 - Interacção dos FACTOREs DA APRENDIZAGEM HUMANA
14
15
16
17
18
em adultos lesados cerebralmente eram, de certa forma, idênticos aos encontrados por
Strauss eWerner em crianças deficientes mentais, classificadas como exógenas. Com
apoio nestes trabalhos, surgiram métodos pedagógicos de grande interesse, como
sejam os inúmeros processos de aprendizagem baseados na atenuação e minimização
de estímulos não essenciais ou irrelevantes; que se encontram explicados em detalhe
num livro essencial, hoje clássico e fundamental para o estudo das
D.A.Psychopathology and Educaton of the Brain Injured Child -16.a edição de
Strauss e Lehtinem (47). Estes dois autores afirmam nesse livro que: dado que a lesão
orgânica é medicamente intratável os nossos esforços devem ser orientados em dois
sentidos: na manipulação e no controlo de envolvimentos superestimulados, e, na
educação de crianças para exercitarem o seu controlo voluntário (pág. 131).
Provavelmente, sem o trabalho destes dois autores, o campo da deficiência
mental seria visto num contexto homogéneo, quando a investi gação prova a existência
de significativas diferenças que se passam entre a deficiência mental e as dificuldades
de aprendizagem (D.A.). Devem-se a estes autores recomendações de grande
significado para a compreensão do problema. Ambos os autores advogaram que é
necessário equacionar o campo das D.A. na perspectiva da psicologia do
desenvolvimento. E mais, para eles, a evolução no terreno poderia ser alcançada na
base de um estudo comparativo, entre a psicologia da criança normal e a psicologia da
criança deficiente mental.
Para Werner espeeificamente, é preciso ir mais além do que os resultados nos
testes estandartizados, i.é., não basta quantiticar (quocientizar) é necessário analisar
os processos mentais e os processos de assimilação, conservação e utilização da
informação que estão por detrás dos resultados que a criariça atinge nos testes.
Strauss e Werner, há quarenta anos, já preconizavam uma análise funcional na
abordagem psicológia e educacional da criança deficiente mental. Não há diferença
nenhuma entre esta abordagem e a que se faz, ou pelo menos, a que se devia fazer,
actualmente no campo das D.A. De acordo com estes aspectos, e segundo os mesmos
autores, não basta preocuparmo-nos com o resultado num teste ou num subteste, mas
sim preocuparmo-nos como a criança realizou e atingiu tal resultado. Em complemento,
o que é evidente e importante no diagnóstico são as situa ções críticas que evidenciam
determinados distúrbios funcionais.
O alcance pedagógico desta dimensão é notável, principalmente, pelo que se
pode retirar quanto à planificação educacional a prescrever.
Cada criança deve ser avaliada nas suas possibilidades ou facilidades (abilities)
e nas suas dificuldades (disabilities). Não há dúvida que a partir daqui podemos
organizar métodos, técnìcas, materiais e processos que obviamente se terão de ajustar
às necessidades educacionais (perceptivas, linguísticas, simbólicas e cognitivas)
específicas das crianças.
As recomendações destes pioneiros continuam válidas, quarenta anos depois,
tão válidas e intrínsecas que em muitos centros de diagnóstico e de reeducação ainda
não foram tomadas em consideração.
19
Estes sete autores, dos quais quatro já tratámos diferencialmente noutro livro
(Mendes e Fonseca 78), são reconhecidos comó os defensores das teorias perceptivo-
motoras no campo das D.A.
Cruickshank
20
Kephat't
Kephart com o seu livro The slow learner in the classroom, apre senta um
contributo filogenético no processo de aprendizagem humana, tomando como alicerce
duas teorias de Hebb; a da proporçâo entre o cortex associativo e o cortex sensorial
(A/S ratio), e a da função associativa do cortex (cell assembly).
Segundo o mesmo A. e de acordo com Hebb, Hunt, Pribram, Kendle ry, etc., o
organismo humano, devido à grande porporção entre o cortex associativo e o cortex
sensorial ou entre os sistemas cerebrais intrínsecos ou extrínsecos, é capaz de atingir
comportamentos muito complexos, mas só quando estão adquiridos comportamento
mais elementares e comulativos. Tais aquisições evidenciam a hierarquia e a mediação
entre os processos sensorio-motores e os processos perceptivo-motores, naturalmente
pondo em relevo o papel da estimulação precoce e das oportunidades de
aprendizagem no desenvolvimento intelectual posterior.
Kephart para além do seu trabalho no domínio da perceptivo-motricidade é também
responsável por uma teoria perceptiva baseada num modelo semelhante a um
servomecanismo, defendendo que os sistemas de input (sensação e percepção) são
inseparáveis do output (motricidade). Noutras palavras, a percepção é indissociável da
resposta motora - não podemos pensar em actividade perceptiva e em actividade
motora, como dois aspectos diferentes; devemos pensar no termo hifenisado integrado
de perceptivo-motricidade (Kephart 60).
21
Getman
Barsch
Frostig
Dolman e Delacato
Dolman e Delacato são teóricos contestados. O primeiro, fisioterapeuta, e
o segundo sicólogo escolar, são responsáveis por uma teoria de organização
ne,urológica (ver Fig. 3). O seu trabalho The Treatment and Prevention of
Reading Problems é uma adaptação de Gesell e de Temple Fay (neurocirurgiâo). As
suerçadasS mrnco premissaervlr) pm crianças com lesôes cerebrais sâo a i
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a criança no chão para treinar actividades que reeduquem as áreas lesa das
cerebralmente; 2) manipular externamente o corpo em padrões cor porais
característicos da lesão cerebral; 3) treinar dominância hemisférica e a unilateralidade;
4) administrar terapia de dióxido de carbono (o C02 segundo Fay, pode contribuir para
a dilatação das veias facilitando assim a circulação cerebral); 5) estimular os sentidos
para melhorar a consciência corporal.
Estes autores criando o lnstitute for the Achievement of Human Potencial
atingiram grande popularidade, independentemente de grandes críticas da parte de
médicos, psicólogos e de professores. Na base da sua teoria desencadearam-se
grandes debates e controvérsias, exactamente por certos singularismos,
nomeadamente os da ontogénese do cérebro e da localização funcional, bem como,
pela eficiência dos seus métodos de tratamento.
24
fundo a significação conceptual se encontra próxima deste termo de raiz francesa como
sabemos, e sobre os quais já desenvolvemos vários traba Ihos (Fonseca 77 78, 79).
çonstata-se historicamente, numa análise crítíca, que pouca atenção se tinha
dedicado aos problemas da linguagem, sabendo-se que é hoje inegável o papel da
linguagem no desenvolvimento global da criança, como é indubitável a relevância das
funções receptivas e expressivas da linguagem na compreensão das D.A.
É incontestável que os problemas de linguagem (compreensâo auditiva, fala,
leitura e escrita) se encontram envolvidos preferencialmente no âmbito das D.A.,
todavia o estudo aprofundado das suas variáveis não foi tomado em consideração nos
primeiros trabalhos mais de índole percepti vo-motora como acabamos de ver, dada a
influência marcante de Strauss e Werner.
Samuel Orton
25
comobão., ,pai, como qai", 69 lido como 96, etc., (casos de
estrefossimóolia) (' ).
Sem ter adquirido uma dominância hemisférica a criança pode experimentar
uma grande contusão, e portanto diticuldades na aprendizagem da leitura. Estas
afirmações de Orton são hoje incontestáveis, visto saber-se que a mielinização do
hemisfério esquerdo se inicia por volta dos 6 anos (Killen), sendo posterior à do
hemisfério direito, pondo aqui em relevo o papel preventivo e facilitador da
psicomotricidade na obtenção da Iateralidade, principalmente quando tal intervenção é
assegurada no período pré- primário. As técnicas que Orton recomenda para superar
estes problemas são ainda consideravelmente utilizadas para além da motivação que
constitui o seu notável trabalho, do qual resultaram métodos pedagógicos e
reeducativos (Orton-Gillingham Approach to Teaching Reading 1).
Os seus métodos resultam da noção que Orton tez do Homem, veriticando que a
sua superioridade é dependente essencialmente de dois factores: 1) a comunicação
com os outros da sua espécie; 2) a dextralidade manual,(tool user), dependente
da assimetria funcional que está na base do desenvolvimento tecnológico da
Humanidade.
É preciso notar, no entanto, que estes dois factores são controlados num dos
dois hemisférios, normalmente, e em 94% dos casos, no hemisfério esquerdo.
As expressões emocionais e gestuais, de raiz instintiva, iniciam-se muito cedo
no desenvolvimento do Homem (quase idêntica à dos animais), porém a linguagem
simbólica é muito mais complexa e depende quase sempre da socialização.
A linguagem falada na raça humana surge sempre antes da linguagem escrita.
De facto, para Orton a linguagem simbólica é uma série de sons e de sinais que
servem para substituir objectos e conceitos, podendo ser utilizadas para transferir e
transmitir ideias.
A faculdade da linguagem (language faculty) e este aspecto foi o que mais
preocupou Orton, decorre de quatro estádios de desenvolvimento a saber: 1)
compreensão da linguagem falada; 2) sua reprodução; 3) compreensão da linguagem
escrita; 4) sua reprodução.
Orton apresenta a evolução da linguagem em termos filogenéticos e ontogénicos
indo buscar dados à antropologia e à sua experiência de neuroanatomista. A evolução
da linguagem na criança, começa a partir das lalações, desenvolvendo-se à medida
que o mecanismo motor da tala, se encontra integrado com os centros auditivos, a tim
de produzir ecos dos sons vocais dos outros (ecolalias), sem se dar, todavia, a
compreensão da sua significação. Mais tarde, a associação de sons com objectos ou
ideias que os representam, vai-se operando em paralelo com a expansão do
vocabulário desde os nomes até às trases, passando pelos verbos. Passará depois
gradualmente para estruturas de linguagem mais longas e mais complexas. Só por
volta dos 6 anos a criança estará apta a adaptar
26
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assinaladas,se undo
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27
28
30
31
3) Outro problema importante põe em destaque o insucesso escolar
provocado por repetências crónicas, cujo efeito na higiene mental das crianças pode
ser causador de sentimentos de inferioridade, de auto-desvalorização, etc. O gosto
pela cultura constrói-se na escola primária, na medida em que a cultura deve ser vista
não como uma forma seleetiva de oportunidades, mas como meio de libertação e
realização das crianças. Daqui decorre uma transtormação de currículos escolares
proporcionando nos casos em risco", programas individualizados de aprendizagem,
evitanto formas desumanas e pouco dignas de segregação e de humilhação:
Katrina de Hirsch
Outro importante vulto no estudo das D.A. é Katrina de Hirsch. Com influência
dos gestaltistas (Goldstein, Werthein, etc.) e com formação err patologia da fala no
Hospital de Doenças Nervosas de Londres, K. de Hirsch desenvolve intensa actividade
com crianças afásicas com um grande prática nos domínios das disfunções
neurológicas. Tendo sido fundadora da primeira clínica de desordens da linguagem
nos Estado: Unidos (Pediatric Language Disorder Clinic - Columbia Medical Center)
esta pioneira pode ser considerada como Orton e Myklebust, uma especialista da
patologia da fala, tendo nessa linha investigado os défices, receptivos e expressivos da
linguagem em crianças disléxicas.
Dentro de tais défices, conseguiu detectar os seguintes: 1) DificuldadE em
processar verbalizações linguísticas complexas; 2) problemas de for mulação; 3)
disnomia; 4) tendência ao cluttering, (confusão na produ
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Memória
Sequencial
Visual
Estímulo Estímulo Resposta Resposta
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auditivo
auditivo Combinação de sons
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Da Associação Visual
Apontar para a figura central. O que é que vai bem com esta imagem?
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As restantes funções ao nível representacional, avaliam a expressão de
conceitos em termos verbais e em termos manuais.
Exemplos: Da expressão verbal.
São dados cinco objectos (prego, bola, cubo, envelope e botão). Pede-
-se ao observado:
Da expressão manual
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Estimulo Resposta
visual e verbal e
aúditivo motora
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Independentemente das críticas que se têm publicado sobre, I.T.P.A., uma com
enfoque estatístico, outras na base dos problemas qu se levantam ao nível
reeducativo, não restam dúvidas, que o I.T.P.A. é un instrumento valioso no que
respeita à articulação indispensável entre diagnóstico e os programas de
intervenção.
-nos a destacar dois desses trabalhos: 1) o de Corrine Kass (66); 2) o d Macione (69),
em que se apresenta, pelo interesse didáctico que constitu o respectivo perfil médio
dos dois grupos experimentais.
42
RESULTADOS DO I.T.P.A.
N(VEL REPRESENTACIONAL N(VEL AUTOMATICO "
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Recepção Associação Expressão Completament se uencial su lementares
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leitores sem dificuldades
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MAUS LEITORES I
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a Média de grupo sem dificuldade b Média de grupó com dificuldade
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' Diferenças significativas entre crianças com e sem dificuldade (p.> 0.05)
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ma Fig.13- Resultados do ITPA em bons e maus leitores
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ível Deste projecto concluia-se que as crianças com dificuldades na leitura
sor- apresentam mais problemas nos seguintes subtestes do nível automático:
das completamente gramatical e visual,memória sequencial visual,completa-
ova mento auditivo e combinação de sons.
ntos Destes dois estudos,parece eoncluir-se de novo que o processo da
em leitura,(a provar estão em evidência as dificuldades encontradas nas
crianças disléxicas) exige a presença dum Conjunto de pré-requesitos de
da nível automático,que raramente se tomam em atenção nos programas
pré-primários,primários e mesmo até reeducativos,daí a importância des-
com tes dados numa perspectiva preventiva.
ndo- A interpretação dos resultados do I.T.P.A.permite detectar o perfil
la 3.a intraindividual. e o estilo de aprendizagem das crianças D.A..Ao contrá-
rio do teste de Frostig,o I.T.P.A.evidencia factores isolados (isola apti-
43
t!E~s : " onn=c mc ntu do ootencial oasr, - e ar
rndrzú= a
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(') Sabe-se igualmente que uma pequena disfunção numa dada área do cé bro,
pode provocar grandes efeitos no comportamento, enquanto que uma gran ou
extensiva disfunção noutra área, resulta em alteraçóes de comportamento mi mas. A
questão está em saber quando é mínima a lesão, o que nos parece, par
conhecimento actual, muito difícil de definir, até porque como afirmou Orton a ái e a sua
localização funcional específica é maís importante do que a quantidade tecido cerebral
lesado.
46
APRENDIZAGEM NORMAL
Integração da experiência
Funções intra-sensoriais
Audição Visão
Táctilo Quinestésico
Capacidades Psiconeurológicas
47
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DIFICULDADES QE APRENQlZAGEM -,
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sobre este assunt0 "G entartc n=reCe-n0 q;e ns dac!neuroióáCc:s (sem
:,uererermos substimá-!o eVider"ernenteì nGo Sãn wc CesSariamente definitiv.: S e
,onclúsivos. Sc:`ge aqui a ntroíluC:, áos lermnadOs =sof!
siqnals ou sinais !igeroS n:;e nodem ser iáualmente tec;tados se
gundo Myklebust em testes :S ;:G óáiCOs eáuCac onais e p;iomotOres. ist0 é, em
termos de evìdéncias Ccmportrmenrais.
este é um aspecto cruc:: !"', =:c!5 ÈZe.`
C",.C,'7lpr<rE:.^; ;'? piCOlógÍCO P professores) que causa a ú A poáe nà0
Ser ne,esSriamente. causaá por lesão ou dano (damage) ia pode ser evC:!
uti<ua. pndendo ocorrer numa base endógena. ou ser até mesmo de natureza
hereditária.
Embora controversa a investigacão nes;e dOm n;o vem apresentand0 factos que
confirmam a d!sfunção cerebral _ rn indivídos dis éx!cos após análise pós-
morte: dos seus cérebros.
48
49
50
r;1 z "io-socio-histórica
Atingir abstrações de sinais de signos e e simboins úm áriv ìen ^
-!n H,mem O Homem reage a um sinal ou a um estímulc sensnr : ,: :,;ìri este
transporta um sigr;itìcalo uma motlvaçáo iMoweri
A !inguagem ao contrário da comu!,icaco <tambén; inerente na cor ' niCacáo
não humana) implica a capacidadc: r1e abstracção nascid dr experiència e integrada
no cérebro áo Homem. por meio da linguaóem interinr. primeira e verdadeira dimensão
da linguagem entre os sees hurnanos.
A significação constitui a caracteristica dom;nante da aprendizagen ':
lirrguagem (interior, receptiva e expressiva) visto ser a base do codiui? verbal Como
avança Myklebust. e este é um dado imprescindível para a compreenSo aS D A a
lin;age~ é o re<u!ta;1o da !r ansfor nação das informações senso em
símboles signiticativos E a simbolìzacc nue torna posSível : códino qire
consubstanc!a a !i!ugem na spécie hiimana O resrltn, leta tranSorma
:o como é tácil ver nc qúadro ac!ma rererído é na?r:!merte rma 'un; ãr 'n
céreho
É c CéreSroquc a rende a sign!tcação e a urová-Ic estão os trabaIhos de
Neisser 78 Vejamos o ;;ue ncs mostram estes trabalhos. Segundo aqueir autor, os
;::tenciais ere5rais evocados pelo termo rock== sãc diferentes consoante a
significacão Quando o termo significa uma rocha n potencial evocade é diferente
uandc a mesma palavra significa um tipo de música Parece provar-se que o
cérebro codifica e processa a informação na base da sua signifiCação e não
eramente pela sua produção ou expressão (utterance? voca! ou pela sua
caracterização como palavra isolada numa frase, num per!odo ou numa página.
, .ignificaGác 'udo o que "ons;itú; a liiiguagem nterior ùu n e 'or. e o
comportamento representac!ona! ie - presença. istc e. presença tíxnaa ro céreb
co,o ur~ r s gni!Icaçãn aóquirida e Consoiiúaaa; resuitaníe úa experiériCia c como
taI un veráaáei:; rCdtn do pensamen;o íecess. à trar,siiss": de ideias
Por outras palavras, a 'ingúae^ envùie uma sicnilieaCúo LSta púr sua vez.
envo!ve urr processc áe informao. e nor úitirnc este impllca um processo de
tradução e de aclu;valéncia. e comc ta!. súentende um rnodelo cogniiivo e urrra
estrúiur uu o percionallze isto é urn crebre
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estimulos audrtivos compreendende-os
signifcativamente A sf,:a lesac náo altera a faia rf>f;t pui). mas sim a compreensáo. da'
a designacáu da i3taia recFpr va e ou cer,trai A carea de Broca situada nc lóbulo
trontal compreende as unidades motoras que contro am, movimentc
- articulemas = que r>roduzem a tala C urrc anyular. actua cf;mn ^onexao entre as
egióe auditivas e visuais. centro basico da conversáo dc est mf;lo visua -- gra)erna -
em unidades
auditivas equivaientes = tonerna -. ou se)a. ú processo oasieo aa ertura.
53
Por outro lado na escrita, que é como sabemos realizada pela r dominante, mão
essa controlada por mecanismos motores eorticais hemisfério oposto, compreende um
movimento voluntário, inicialmentt posteriormente, um movimento automatizado.
Continuando ainda Myklebust, o factor ideacional da linguagem, c seja falado
lido, ouvido ou escrito, depende de certa porção de hemisfério (normalmente o
esquerdo). Esta localização funeional é aquisição filogenética, própria da evolução
dos mamíferos, citando Penf e Roberts. Outras funções intelectuais, como a
percepção, a rememor ção, as generalizações, etc., são feitas por áreas homólogas em
ambo: hemisférios, que por sua vez se encontram coordenados e integrados G trabalho
do tronco cerebral.
A aprendiagem da linguagem por consequência, envolve natu mente o
cérero, como provam as experiências de Hebb (conceito sistemas semiautónomos)
e de Pimsleur e Bonkowski (conceito de apr dizagem transmodal).
A hierarquia da linguagem é um todo. A fala, a leitura e a escrita, i podem ser
vistas como elementos isolados.
Independentemente do envolvimento, incluindo aqui a estimulação interacção
verbal ou os métodos de ensino, a hierarquia da linguac inclui factores genéticos que
sequencialmente seguem um padrão de senvolvimento, necessariamente dependentes
de processos de matura orgânìca (dialéctica da hereditariedade e do meio).
Na base desta evolução, estão vários processos psicológicos, tamE
hierarquicamente integrados, vejamos então tais processos, segundo I klebust:
54
LINGUAGEM FALADA
afasia afasia
expressiva disfasia incapacidade dificuldade
55
Desordem cognitiva. exactamente porque se centra na problemát ca da
significação da Iinguagem interior, da abstracção. da tormação dos conceitos e das
metáforas. Para Myklebust a disléxia evidéncia uma perturbação no processo de
simbolização não se operando a siqn ticac:ãu da significaçào (meaning of
meaning) na medida em que. a aquisiãc da significação, que deverá resultar da
leitura, põe em jogo um processo cognitivo e integrativo (cognitive neura.l process
j Descoditicar. s m; ;a neamente compreender, são um todo no processo da !
eitura trata se de uma análise pela síntese.
Obter significação compreende uma relaçào com o pensamen'u abstracto.
Deduzir, inferir, implicar. generalizar conotar. associar. categor;zar etc., dão-se
imediatam2nte quando o prcc2sso da leitura Nstá adquicidn
A significação resultante da ietura um conceito p5icolóáico que procede a
linguagem, porque ela nasce das coisas reais 2 concretas A significação é anterior à
utilìzaçào Na nqúagem talada e esta perman2ntemente implícita no processo da
receNçáo 2 da expressào áa linquagern escrita (Gibson e Levin 75I
Desordem da linguagenl. porque impede as relaçóes entre a linguagem auditiva
(receptiva 2 expressiva? e a inguagem visual ; receNtiv e expressiva). ou seja o
=xcesso a alfabetização independenie garaE' da cultura consolidada em cada ser
humano. Ler não é uma aprndivag2m de novos sinais. Trata-se an2na de !idar com
material já adquirido auditiva mente. mas agora sobrepondn o sinal visual (grafema!
sobre o sina! anterior (fonema! A difrença está na modaiidade sensorial e n f ncào
neurológica Na iinquaáerr? 2sersta a modalidade é visua !assanao áeía audiÍ
a, a!G :, :, css:s r 2urolóáices pré-estruturaaos e de equi valen^ias
sinificatevM. que cors!t; 'mo domínio integrado do cod!n;
Er- rAS;,c :c":,itc;c. : .n.aqem nterior) e nl r2ques!to aa !eitura.
ANrerider a !er ::omcc: :;orn aquisiçáo da linguagern auáiteva Assim nao basta
reNrodzir a pa!avra para a compreenrfer como acontece na ecolália (o nrin;!pio
ara o papagaio tambm é válidoj, tambér a s": ples I2iéur !r,rorá-c:alin; de
pa :vras ou frases sein as !igar à
bust urn detice na caaacfaade Nara verbaiizar simboiicamf,nte.
:';es tipos de c:is nxias são d2scrífas por Myklebusi Vejamos
sumanamente cada um aeles
6
Ir"r?YhPmISfN IC'l VISuO-rUclItIVC E. íìnt N t i i x. .:" "i:: ( 7:"Ob'rtt71 0:
eStUGOs de `F i., (' !O:í": =lCI;:. ` r r
c?ICO e OrtOqrãfic0
5áo transtoCn- adOs n = s ~, ` ,r ' . ` N Quatro tunGòes
cognitlvas Int;: r rPCe:sár35 : P t r ;n E-. e!lGade Go processo
t:t.. 7,'!P Cr` ;Z n ac rci?::. ;r,;!:,
transmudaiSl e IntearlGad 1n nrrf?SSc: in;Nc;r tlv;i
r F I I i ; `,rr, : I
5. -, .
Fr 9 -- Prc:rs ! i e ! .
7
Birch and Belmond 65, apresentaram dados sobre os maus leitores que
evidenciavam problemas de integração intermodal, provando que a leitura envolve
algures, uma conexão entre a informação visual e a audi- tiva.
58
1.4 PERSPECTIVAS NEUROPSICOLÓGICAS DAS D.A.
Artur Benton
59
8Et u'., -,C5r "r,!; v rc z 'rnativa da realizacao dG des~nr7"
' ' . F l,1 ,;II(jo ú C?iE ' -7rllj ": .,/ , L L ,ri
,5 Li..
alph Rnitar
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, - ''. C". s. T'dia st:,i: ; ilo "- I;.G,
ú:.;"ruc
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1
des :m nsisien. rr ;c."., . . -, <, . -,<,
c1;-j;; rF i ;-.", z ,, , nt,. ,r.r ..
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ÍGa;ldes F81
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Baráar28atema; ;
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e genEralrzaçaú dã rrfc n?açã :;erii cúirro.;s v!;:-c,,r:E armaz<)i-
mento e rememorizâçâo a rni0;iaao
inegávai nes!e aspee o a ^!uéricd áe Kn rrús sE.;s irabaihús.
61
Dl Reeducação
O
Diagnóstico `
`
Etiologia ` ,
`
``
`.'- `
0 ,-
R -' ` ` '
I Educação ; ' ` ,-
E ` '
N , I , `
T Psicologia I ' `
A `
` I` I I
à Medicina i ` I I ,
0 JI,I
n` ` I
Leitura I \, ,, I
`I I i
Problemas de ' I
comunicação I ` ' I
- ` I
9t` Problemas
psicomotores
63
Ì 3i'" "^y
::,..:r
tr E, !, r;
Langiiaae Froblems r;lm Nrc".-ss, rara IE:ent ficar e ReeÚucar na clr"t
:ri' ,r"
f i4
IiiI
I II Ì
J
65
5) Codificação (vocal e motora): Expressão pela linguagem e pelo movimento
intencional., isto é, as generalizações interiorizadas e as tormulações ideacionais que
podem ser expressas em termos vocais ou motores. As situações vocais podem incluir:
a descrição de objectos e a contagem de histórias; ,como fazer algo,; resolução de
problemas reais e hipotéticos de quantas maneiras se pode utilizar um objecto;
exploração da imaginação etc. As situações motoras referem a expressão de ideias por
gestos, acções, pantomimas, imitações, desenhos, jogos, etc.
Na base destas sugestões Wiseman constrói um programa de intervenção
linguística simples e cientificamente fundamentado, dirigindo-se especificamente às
áreas fracas das crianças, antecipadamente diagnosticadas pelo I.T.P.A. Para Wiseman
a criatividade dos próprios professores é suficiente para construir um programa desta
natureza basta que a sua aplicaçâo seja sistemática e hierarquicamente estruturada.
Grace Fernald
Fernald é uma figura notável do campo das D.A., sendo também defensora de
uma abordagem caracterizada por uma relação inter-dependente entre o diagnóstico e
a intervenção. Fundadora de uma das primeiras clínicas (Clinic School na Universidade
da California de Los Angeles - UCLA), é reconhecida como uma das autoras da
pedagogia científica. Para ela, todas as dificuldades de aprendizagem podem ser
compensadas por técnicas adequadas através de modelos de diagnóstico e de
estratégias de tratamento, descritas no seu livro Remedial Techniques in Basic
School Subjects.
Frenald fornece sugestões para intervir no âmbito do insucesso escolar e dos
problemas emocionais concomitantes. Dentro delas aponta as seguintes: 1) não dar
atenção a situações com carga emocional; 2) não utilizar métodos pelos quais as
crianças não aprendem; 3) não sujeitar as crianças a situações que Ihes possam
causar dificuldades; 4) dirigir a atenção da criança para as tarefas que sabem fazer e
não para as que não sabem fazer.
Frenald recomenda o ensino da leitura pela escrita de palavras correctas,
posteriormente comparadas com uma cópia das mesmas palavras, mas agora
impressas. A palavra é escrita numa ficha. A criança traça-a com o dedo indicador ao
mesmo tempo que a vai pronunciando letra a letra, sílaba a sílaba. Repete este
processo até aprender a escrever a palavra de memória. Mais tarde a ficha entra num
ficheiro, alfabeticamente organizado pela criança, devendo em seguida, utilizá-la numa
trase e posteriormente numa história. Logo que este proeesso está aprendido, a
palavra é batida à máquina para que a criança a leia. Na fase seguinte, a criança olha e
lê a palavra, isto é, lê sem precisar de traçar com o dedo. Na terceira fase, as fichas
deixam de ser utilizadas, a criança lê palavras batidas à máquina, escrevendo-as, ao
mesmo tempo que as diz oralmente.
66
Z
Depois desta tase, a criança é então colocada no seu nível escolar, estimulando
a automatização, a velocidade e a compreensão do material da leitura. Para Frenald,
as crianças devem começar pelas suas próprias histórias contadas, em vez de
começarem pelas histórias dos adultos.
As ideias ou interesses e motivações das crianças são uma condição
fundamental ao êxito da leitura e da escrita, com base na garantia de um
condicionamento e de uma atmostera favorável, a tim de impedir qualquer bloqueio
emocional, normalmente associado a uma situação de insucesso ou de inêxito.
67
68
MODELOS DE ABORDAGEM
AS D.A.
MODELO 1
NÍVELFACTORES
CAMPO DE DIAGNbSTICO RELEVANTES ENFASE
.Fisiológico .Etiologia .Acontecimentos
.Prevenção biológicos, gené-
MEDICINA .Tratamento mé- ticos, neurofisio-
dico lógicos etc.
.Mudanças na .Estrutura e
função e na es- função
trutura
.Correlações psi- .Avaliação .Acontecimentos
PSICOLOGIA coeducacionais .Desenvolvimento psicológicos
da aprendizagem cognitivo .Desenvolvimento
.Reeducação cognitivo
.Comportamento .Classificação .Consequências
.Orientação educacionais
.Modificação do .Comportamento
EDUCAÇÃO comportamento sócio-emocional
.Métodos de de- .Motivação
senvolvimento .Comportamentos
.Reeducação observáveis
69
MODELO 2
70
Fig. 26 - Modelo Interdisciplinar das D.A.
\
ISTS g Vocalizações
Ç Ã T \" Silabações
Ã0E .Linguagem
0S convencional
0I ,' .Comunicação
C verbal
0 i,
'.Posturas
' Mov.o Automáticos
, Mov.o Voluntários
FUNCÕES Imitação
RECEPTIVAS t Gestos simbólicos
(Input)Sinais
Linguagem gestual
.Transformação da energia Pantomimas
.Transmissão da informação .Escrita
71
-- Processos de Transdução - -
i i
Frocesso Processo de
de - Processo de Integração ---/ Expressão
Recepção
+ ++
. Feed-back
PROCESSO DE INTEGRAÇÃO
T
PROCESSO PROCESSO
DE DE
RECEPÇÃO EXPRESSÃO
i
i i
__
Modelo da Multideficiência
++
73
OPERAÇÕES
PRODUTOS C
Unidades U Classes
Relações C Sistemas
Transformações
Implicações - -- S
CONTEÚDOS
Figurativo - concreto
Simbólico - abstracto
Semãntico - significado
Comportamental - pensamentos, intenções
74
75
A falta de uma perspectiva integrada, a delimitação de áreas de conteúdo e o
divórcio interdisciplinar entre profissionais fazem perder de
vista uma dimensão global das D.A.
k! O trabalho de grupo e cooperativo pode romper com a inadequação
conceptual e com os problemas metodológicos que caracterizam os estudos neste
domínio.
Autores há, que puxam pela perspectiva do tratamento ser activado na
base de afirmações cuja validade é discutível.
Doman por exemplo, preconiza na sua teoria de organização neurológica
a activação de células cerebrais atraves de exercícios motores padronizados. Outros
autores, nomeadamente franceses, asseguram que a psicomotricidade pode
compensar os défices psicológicos e por esse facto, garantir as aquisições de leitura. A
exclusividade destas abordagens, pode redundar muitas vezes, em especulações
pouco fundamentadas sobre os vários níveis do desenvolvimento humano.
Outros autores ainda descrevem variáveis neurológicas ou
neuropsicológicas, mas não avançam com quaisquer subsídios de ordem pedagógica.
Os defensores das teorias dos défices perceptivos, apresentam a
imprecisão perceptiva de letras e de palavras, como a causadora de D.A. A influência
de Piaget, Strauss e Werner é marcante, pois tais autores assumem que a
aprendizagem tem o alicerce na actividade sensorio-motora, que progride mais tarde
para actividades perceptivo-motoras, inte grando consequentemente, níveis mais
elevados que estarão na base da estruturação hierarquizada do desenvolvimento
cognitivo.
Segundo Inhelder e Piaget 69, à medida que o desenvolvimento
intelectual decorre, as actividades perceptivas surgem consideravelmente mais
automáticas e dirigidas pelos processos cognitivos,, daqui se depreende, de facto, o
papel significativo que as correntes perceptivas desempenharam e desempenham no
campo das D.A. É neste âmbito que teremos de integrar os métodos de intervenção de
vários autores nomeada mente: Werner, Strauss, Lehtinen, Kephart e muitos outros.
As teorias dos processos de informação, embora tragam novos dados de
esclarecimento do problema, não satisfazem, e a prová- lo, estão os estudos de
Morrison, Giordani e Nayy 77. Estes autores apresentam uma teoria em que se torna
necessário separar o processo sensorial, do processo perceptivo, e este do processo
da memória (processo de codificação).
Para Morrison o processo de informação decorre em duas fases: a
primeira fase decorre entre 0 e 300 milisegundos, constituindo a percepção; a segunda
fase, decorre entre 300 e 2000 milisegundos, constituindo a codificação ou
armazenamento (memória) da informação.
Inicialmente na fase perceptiva e sistema visual integra uma grande
quantidade de informação, seguindo-se posteriormente, a fase de codificação, onde
aquela vai ser armazenada (VIS - Visual Information Storage).
76
Vellutino 77, provou que o processo perceptivo dos maus leitores é fraco nos
aspectos lógicos, conceptuais e empíricos, veriticando-se neles a evidência de
dificuldades na etiquetagem e disequetagem de tormas.
Para além destes teorias, que tem influenciado o seu desenvolvimento, as D.A.
apresentam variadíssimos problemas de ordem metodológica.
Sabemos hoje que não podemos negar a relação entre a D.A. e a disfunção
cerebral, independentemente de muitos autores a combaterem. Como vimos atrás, a
dificuldade subsiste em definir D.A. e lesão cerebral (brain damage).
Enquanto se verificar este problema haverá sempre críticas a fazer.
Outra dìficuldade de ordem metodológica, põe em jogo a etilogia da disfunção
cerebral mínima (D.C.M.) como já vimos. Não se pode provar que é a D.C.M. a
causadora das D.A. (Ross 76), na medida em que seria anti-ético conduzir uma
experiência que comprovasse aquela afirmação.
Freeman 67, ao rever cinquenta trabalhos sobre EEG, concluiu que os seus
resultados não se relacionam conclusivamente como insucesso escolar com as
condições psiquiátricas ou com a hiperactividade.
78
U
3 - Teoria do Desenvolvimento 5 - Hipótese do das Capacidades
Perceptivas
Défice Verbal e Linguísticas ( Vellutino) (Satz e Van Nostrand)
4 - Teoria do Atraso
do Desenvolvimento da Atenção Selectiva
(Ross)
79
eo
81
Processo Processo
Sensorial Processo Cognitivo Motor
VISUAL --r -- MOTOR )
O-- O f- O
AUDITIVO -. VOCAL
I (fala)
..Feed-back" (sensações auditivas e quinestésicas)
FASES DA
APRENDIZAGEM DA LEITURA
82
83
Para Ross a atenção selectiva é uma variável que diferencia claramente o nível
de realização entre a criança normal e a criança com D.A.
A partir do trabalho de Senf, que vimos atrás, este autor dá maior ênfase à
capacidade de recodificação (recode), ou seja, a reorganização da informação e sua
subsequente, imediata e precisa rechamada para efeitos de expressão ou de
produção.
Na base das suas investigações, Ross demonstrou que as funções de
rememorização e de reorganização da informação dependem de factores de
desenvolvimento e de maturação, consubstanciadas numa atenção selectiva mais
controlada e intencional.
Tendo em conta que o êxito académico ou escolar depende da aquisição de
dados aprendidos anteriormente que resultam na passagem de uma classe ou fase
para outra, Ross argumenta que a criança com D.A. tem mais problemas porque, as
aquisições mais simples, i.e., das fases anteriores, não estão suficiente e
consolidadamente aprendidas.
gem considerada, daí muitas vezes a razão de ser da sua dificuldade de concentração
e de organização da informação.
Neste campo novas investigações serão necessárias, para determinar qual a
significação e importância das variáveis distrácteis e situacionais em presença,
variáveis essas, que se interrelacionam na dialéctica entre as condições internas (da
criança) e externas (da situação educacional), e que podem facilitar ou comprometer, a
atençâo selectiva, pondo em risco as condições normais da aprendizagem.
Vellutino 77 representa a nova vaga das D.A. A sua hipótese do défice verbal
nos maus leitores, ou melhor nas crianças com D.A., surge como a manifestação de
uma dificuldade na rememorização e na renomeaçâo de palavras, provocadas segundo
o autor, por uma falta ou carência de informação disponível. Esta falta de informação,
repercute-se na reduzida e limitada capacidade de utilizaçâo e de produção,
confirmando um défice linguistico e uma certa lentidão de identificação e uso das
palavras.
Vellutino desenvolveu vários trabalhos experimentais de linguística tendo
concluído, que as crianças com D.A. apresentam défices fonológicos, semânticos e
sintácticos, associados a problemas de memória de curto termo e de codificação,
síntese, e subsequentemente, de rechamada da informação.
A chamada da informação é fundamental à expressão. Nela estão incluídos
complexos mecanismos e processos de selecção da palavra e das suas estruturas
componentes.
Para além destes processos de mobilização e de formulação activas, que
preparam e planificam a expressão (quer falada, quer escrita), é necessário que se
observem processos de precisão e fluência.
A perspectiva de Vellutino está muito próxima da de Perfetti e Lesgold 77, que
falam em défices de compreensão, argumentando que a lenta descodificação da
palavra, prejudica os maus leitores, dificultando-Ihes a lembrança da informação
contida nas frases previamente lidas. Porque a integração da informação não se opera
adequadamente, a compreensão do texto lido é feita com dificuldades.
Vellutino contrapõe às concepções perceptivas das D.A. uma concepção
linguística, criticando aquela por falta de dados empíricos. De facto, embora não se
podendo negar a importância da sua concepção linguística, não restam dúvidas (nem
tão pouco dados empíricos), que as D.A. e as dificuldades da leitura incluem,
igualmente, défices não linguísticos. Não se devem defender concepções extremistas,
ora detendendo que as D.A. dependem apenas de problemas linguísticos, ora apenas
de problemas perceptivos. Ouanto a nós entre estes dois tipos de problema, edificam-
se interacções recíprocas e complexas que convém identificar e minimizar, através de
programas de intervenção específica.
85
87
Para além das críticas que o modelo apresenta, a proposta de Wiener e Cromer
obriga-nos a discriminar entre dois níveis envolvidos na aprendi- zagem da leitura. Um,
compreende as subaquisições da leitura. O outro, envolve os processos psicológicos
exigidos pela própria leitura. Sem a observância destas duas condições, segundo estes
autores o exemplo dos métodos de reeducação ou de prevenção estarão em si
limitados.
BIBLIOGRAFIA
88
89
90
9Y
92
$I III I I I
1i ;"
Etiologia e Epidemiologia
das D.A.
1- Hiperactividade;
2 - Problemas psicomotores;
3 - Labilidade emocional;
4- Problemas gerais de orientação; 5- Desordens de atenção;
6 - Impulsividade;
7- Desordens na memória e no raciocínio;
95
Na busca de um critério mais científico, por vezes nem sempre mais eda
ó ico e humanista, as Universidades ápa anas estimularam a criação degtestes de
leitura. Foi a fase do cimento do Wide Range Achievement Test (WRAT de Jastak e
Jastak 65), do Canadian Test of Basic Skills (CTBS de Nelson 68) do Gates Basic
Reading Test e do Gates - McKillop Reading Diagnostic Test e tantos outros. Com estes
testes definiram-se parâmetros e percentis para todos os graus de ensino, parâmetros
esses, que continuaram a ser pouco satìsfatórios para a re solução do problema.
Um dos modelos de maior consenso nos Estados Unidos toi desenvolvido
por Myklebust (ver pág. 44) comeitocd Çidad esperQ a(eexp e Aprendizagem
(O.A.) que inclui o conc ( tancy age), que mais não é, do que a média entre a idade
mental obtida pelo WISC - Wechsler Intelligence Scale for Children), a idade
cronológica e a idade do grau escolar trequentado pela criança como vimos atrás.
Obtida essa idade esperada e a idade de leitura por testes normalizados,
98
99
A criança D.A. não é uma criança deficiente vê e ouve bem, comunica e não
possui uma inferioridade mental global. Acusa problemas de comportamento,
discrepâncias na linguagem e na psicomotricidade, aprende a um ritmo lento e pouco
pode beneficiar dos programas escolares regulares. nào abngindo muitas vezes. as
exigèncias e os objectivos educacionais minimos.
A criança D.A. não pode ser classificada" eomo deficiente. Trata-se de uma
criança normal que aprende de uma forma diferente, apresenta uma discrepância entre
o potencial actual e o potencial esperado. Não pertence a nenhuma categoria de
deficiência, não sendo sequer uma deficiência mental, pois possui um potencial normal
que não é realizado em termos de aproveitamento escolar.
O risco está em não identiticar estes casos, não se proporcionando no momento
propício as intervenções pedagógicas preventivas nos períodos de maturação mais
plásticos.
Se não se identiticam estes casos, a escola com o seu critério selectivo e de
rendimento, pode influenciar e reforçar a inadaptação, culminando muitas vezes mais
tarde, no atraso mental, na delinquência ou em sociopatias múltiplas.
A criança deficiente mental educável (QI 55-75) e a criança D.A. (OI, 80-90)
podem ter ambas os mesmos problemas de aprendizagem, só que os potenciais em
causa são nitidamente diferentes. Em termos educacionais as fronteiras destes casos
são difíceis e complexas, muitas vezes fictícias; o que interessa é garantir a cada
criança a maximização do seu nível funcional de aprendizagem.
A criança D.A. não pode, por definição, ter qualquer deficiência (visual, auditiva,
mental, motora, emocional, etc.). A crìança D.A. tem uma inteligência normal, uma
adequada recepção sensorial e um comportamento motor e sócio-emocional
adequado.
De facto, a criança D.A. distingue-se da criança deficiente e da criança normal.
Possui sinais difusos de ordem neurológica, provocados por factores obscuros, ainda
hoje pouco claros, mas que podem incluir índices psicotisiológicos, variações
genéticas, irregularidades bioquímicas, lesões eerebrais mínimas, alergias, doenças,
etc., que interterem no desenvolvimento e na maturação do sistema nervoso central
(SNC). Se acrescentarmos a estes dados aspectos emocionais, afectivos, pedagógicos
e sociais inadequados, é óbvio que o quadro se torna mais complexo.
Por necessidades de precisão de identificação, os factores de privação cultural
ou outros associados aos aspectos socioeconómicos, não devem entrar em linha de
conta. Para identificar crianças D.A. devemos eliminar os faetores
socioeconómicos e exógenos porque aqui, a natureza do problema é outra, na medida
em que as D.A. seriam uma consequência e não uma causa. Trata-se de uma
difieuldade manifestada na aprendizagem simbólica independentemente de uma
adequada inteligência, de um adequado desenvolvimento (boa nutrição, bom
envolvimento maternal e familiar, etc.) e de um adequado método de ensino
(professora competente com arovas dadas).
100
As causas orgânicas das D.A. são múltiplas e diversas. O mesmo se pode dizer
das causas sociais e económicas. A integração biossocial é i ndispensável como
modelo para abordar o problema das D.A. Modelos, excessivamente nativistas, ou
excessivamente empiristas, não se coadunam com a dimensão dialéctica e complexa
da problemática das D.A.
Não é só a criança desfavorecida, que vive em habitações pobres e carenciadas
a sentir problemas na aula. A criança das classes médias acusa outra ordem de
problemas e de pressões que se reflectem em D.A. A criança das classes favorecidas,
também não escapa a este problema tão candente do ensino actual. A excepção à
regra inverteu-se.
Cada vez é mais raro encontrar crianças sem D.A., e provavelmente, não é só
nelas que está a solução do problema. Qualquer criança, de qualquer elasse social ou
de qualquer nível económico se pode sentir confusa, ameaçada e insegura pelas
exigências escolares. Muitas tragédias e conflitos familiares resultam, como se sabe,
das D.A. da criança.
Nesta linha de abordagem interessará avançar com alguns factos sobre as D.A.,
na medida em que nos podem ajudar a encarar outras ópticas do problema. Por
exemplo:
102
Não é estranho que este problema das D.A. encerre uma certa relatividade
cultural e uma certa política de educação, de saúde e de bem estar.
O combate à privação sócio-cultural, à pobreza e à miséria, que está na base de
muitas D.A., não se faz por medidas puramente educacionais.
103
Variável
Variável Biológica
Sociocultural
- - / (indução ao nível da dis-
(dasses sociais, valores. função cerebral,da priva-
atitudes,expectativas,ex- ção de estímulos e de
periências,etc.) malnutriçáo,etc.)
i I I I ,
6 j
Variável Variável
Sociopsicológica Psicológica
(socialização,
desenvolvimento dos
valores,das atitudes,dos (problemas psicomotores
e intelectuais do desenvol-
comportamentos) vimento.etc.)
! Ì
I I
i i
5 4
Variável
Ocupacional Variável
Pedagógica
ou Educacional
(redução do estatuto só-
cio-económico,baixo salá- (dislexias e insucessos
rio,selecção marital, escolares.etc)
etc.)
i
/
i
ii
104
Malnutrição
I>
Atraso mental Atraso ná estatura física
Condições sociais
Malnutrição
105
O mesmo autor constatou que tais crianças vinham mais de famílias pobres, as
quais, por sua vez, poderiam ser subdivididas em:
106
ll
107
111
Num Oona s ;
EmOc, s
, (EEG)
Médicas - Neurologislas
l.
' Psiouiatra5
T a PeOiaIras
1
Problemas Psicométricos ^ s
e Educacionais
so0a s
o P Pleda,g gicas P~olóyicasEslcas
Crlén de
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108
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c N uu0c o .u.
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ÌO9
110
Umve,so D A de
Esiudo
Fig. 39-Classificação das causas de D.A. de Bannatyne
1
presente livro se situa num plano introdutório dos factores bioetiológicos mais focados
em alguns trabalhos de investigação (Bannatyne 71 Benson e Geschwind 69, Benton
62, Boder 71, Chalfant e Scheffelin 69, Cruickshank 66).
. ...
DISFUNÇÃO CEREBRAL
Aspecto Aspecto
social biológico 3 (Meio (médico)
educacìonal
Dificuldade de aprendizagem
112
Deste simples esquema etiológico podemos sugerir que as D.A. po- dem resultar
de três processos:
113
De certo modo, a etiologia das D.A. tem uma certa analogia com a
alguns carácteres sâo mais dependentes de genes especíá pte tros de tactores
envolvimentais, como é o caso da inteligência e aprendizagem. ç g
Para obviar estas complexas eonstela ões etioló icas, os investigadores da
genética, lançam mãos, aos estudos dos g áeos lom e final dade de estimar a
contribuição relativa dos g
p ozigótìc
com rtame áos de gémeos idênticos ou mon os, ou seja, de gémeos que se
desenvolvem da divisâo de um só óvulo fertilizado, e portanto do mesmo enótipo, são
mais rigorosos em termos genéticos do que
114
115
Kawi e Pasamanick 58, num trabalho hoje já clássico no campo das D.A.,
avaliaram a relação entre complicações da gravidez (mas sem anoxia) e a capacidade
de leìtura numa população de 205 casos de rapazes brancos. A selecção da amostra
teve em consideração: um grupo experimental e um grupo de controlo, na base do
seguinte critério: QI 85 (Binet), 2 anos de atraso de leitura e obtenção de certifieados
de nascimento. Neste mesmo estudo foram identificadas 104 complicações na gravidez
nas mães do grupo experimental, enquanto só foram encontradas 50 nas mâes do
grupo de controlo. As mães dos disléxicos apresentavam, elo menos, uma complicação
em 37 6%a, enquanto as mâes de crianças pão disléxicas apresentavam 21,5%. Mas,
16,6% dos disléxicos e apenas 1,5% dos não disléxicos, tinham sido expostos pelo
menos, a duas complicações na gravidez. A presença de mais do que uma
complicação parece relevante; drástica em relação a factores de desenvolvimento que
predispoem às D.A. As complicações mais frequentes na população das crianças D.A.
foram: preeclampsia, hipertenção e a hemorragia vaginal.
O parto prolongado foi também mais frequente nas mães das criança:
D.A. do que nas outras mães. Por último 67,2% das famílias das criança: D.A. estavam
na metade inferior da escala socioeconómica, enquanto si 56,3% das famílias das
crianças controlo caiam na mesma categoria.
116
dos filhos, idade das mães e seu estatuto marital, higiene de habitação e interesse dos
pais na escolaridade dos filhos.
Prematuridade (') e condiçôes socioeconómicos desfavoráveis tendem a
complicar o quadro. Na base do índice de Características Sociais de Warner (Warner's
Index of Social Chararcteristics - Warner 60), os pesos das crianças inferiores a 1,5 kg
vinham quase sempre de lares pobres. Foi também possível, eom o mesmo índice,
detectar o papel das classes sociais favorecidas na obtenção de melhores resultados
no QI, no aproveitamento escolar e nas variáveis de comportamento.
Lyle 70, tentou relacionar as D.A. com factores pré-natais, perinatais e de
desenvolvimento. Utilizando técnicas de regressâo múltipla, este autor conseguiu obter
vários factores predictivos como por exemplo distorções perceptivo- motoras,
explicados por variações do nascimento, e problemas verbais explicados por factores
de desenvolvimento. Toxémias, baixo peso e ameaças de aborto não atingiram valor
predictivo.
Por estes dados se confirma a hipótese de que as D.A. também estão
associadas, de uma forma significativa e relevante, a factores pré e perinatais.
Prematuros do sexo masculino, pequenos para a idade de gestação e small
for date de ambos os sexos, parecem ser uma população do alto risco em termos
de D.A. e de inéxito escolar, o que só por si justificaria um estudo longitudinal (follow up
study).
A exacta natureza da relaçâo entre os factores, pré, peri e posnatais ainda não
está esclarecida; no entanto, os trabalhos que acabamos de expor, suportam pelo
menos a existência de três hipóteses (Schulman e Leviton 79) :
117
educacional de crianças com lesões cerebrais (brain injured children como atestam os
trabalhos clássicos de A. Strauss, L. Lehtinen e Kephar
SINTESE OÙTPÚT
INPUT
ARMAZENAMENTOS Linguagem
Visão
Contra Movimento
Descodilicação _
Audição .,Feed-
Transdução -back. I
Tactilo-Ouinestésico I
ão I
Coditicaç I
I - -J
u Feed-Backa --
L--
Fíg.
ç1 - Modelo de disfunção cerebral
Como nos elucidou Luria na sua brilhante e extensiva obra, a dis ção
cerebral altera não só a aprendizagem como o comportamento e cional, daí nascendo
relações de causa e efeito, que se tornam cada mais complexas à medida que o
processo de desenvolvimento se de rola.
Por outro lado, não se verificando determinadas condições de ma ção
do eérebro, o desenvolvimento fica comprometido gerando co quentemente, disfunções
que dificultam as mudanças d,e comportam provocadas pelas aprendizagens (Benton,
64).
118
Dentro desta linhas de estudo, outros factores se encontram igual- mente
relacionados com os D.A. como o hospitalismo (admissão num hospital por mais de
uma semana, entre os 6 meses e os 4 anos) e a adopção.
6meses..... 87
recém nascido........ 378-382
1ano....... 908
2anos...... 993
3anos..... 1124
4anos...... 1234
5anos..... 1242
6anos (entrada na escola primária).. 1322
10anos (fim escola primária) 1344
s
Até aos 3 anos, o cérebro aprende as aquisições mais fulcrais e cruciais que vão
perdurar durante todo o período de vida. A deficiência proteica nesta fase pode deixar
rastos de perturbação tónica, de descontrolo da atenção e da motricidade, de
hiperirritabilidade, de instabilidade emocional, etc.
Vários investigadores referem as implicações nas mudanças bioquímicas, nas
alterações da formação dos neurónios, no transporte de elementos através da
membrana neuronal na função sináptica, na formação da ARN (ácido ribonucleico) e do
ADN (ácido desoxiribonucleico), ep.
120
121
das D.A. todos eles são elucidativos das implicaçóes dos stresse: ciais no
desenvolvimento do potencial cognitivo do indivíduo.
124
125
favorecidos, pouco tem realizado para compensar ou combater esta desigualdade
humilhante.
A escola persiste na função de reprodução das desigualdades sociais. Antes da
democratização do ensino, surgem outras modalidades de demoeraticidade na saúde,
na habitação, no bem- estar, na cultura etc. que necessitam ser resolvidas. Sem esta
visão sociopolítica do problema não podemos encarar medidas nem soluções.
126
127
128
Y29
130
131
25% foram considerados maus leitores (liam material abaixo da sua clas-
se ou turma). t ia e do tipo de ocupaçãc
0estudo envolveu ainda a análise da fra r
dos pais. No que respeita à fratria, conclui-se que 60"/o dos bons leitore;
vinham de famílias com 3 e 4 membros, enquanto 20% vinham de família:
com 9ou mais membros tamiliares.Mais,a ordem de nascimento apura
da, teve também relação significativa com o ser considerado bom ou mai
leitor.Assim,à medida que a ordem ía do 1.o ao 5. filho,a percentager
dos bons leitores decrescia de 72para 20%,enquanto a percentagem do
maus leitores crescia de 9 para 60%. Interessante notar, que a percent
gem dos bons e maus leitores, estava igualmente associada ao maior o
menor número de livros em casa.
Quanto à ocupação dos pais,verificou-se o seguinte: os bons leitore
tinham pais com posições administrativas em 55 /o os leitores médios e c
maus leitores tinham pais naquelas posições em,25 /a e 27o/o respectiv;
mente. Por outro lado, os pais com profissões na agricultura ó na pesc
tinham 23% de filhos considerados maus leitores e apenas 8/o de filh<
considerados leitores médios,6% dos maus leitores,também possuía
pais eom aquelas ocupaçôes laborais. g
Noutra investigação feita por Davie,Butler e Galdstein 72; abran en<
uma população de 15468criansspá eomo o5tuáá miáe is de gran
classes sociais (pela ocupação d
importância para a compreensão das D.A.Assim,a variável superpopu
ção (metida na base de 1-5pessoa por casa assoalhada),estava assoc
da a 2-3meses de atraso médio na leitura; a variável auséncia de comc
q )
dades (água uente,casa de bano ú timo,aaova5á te taba,gism,este
associada a 9meses de atraso e p o da rr
(medida pelo hábito de fumar pelo menos 10cigarros diários),estava
sua vez associada a 4meses de atraso na leitura.
Não restam dúvidas de que o estatuto sócio-económico está intir
mente ligado ao aumento de risco de factores biológicos (infecções,sif
toxoplasmose,rubéola,anemia doenças vasculares crónicas,várias n
funções de reproduçâo,gravidez nascimento,traumatismos,seque
doenças,etc.),e inevitavelmente,de factores sociais (estimulação precc
envolvimento afectivo e emocional,nutrição,oportunidades de desenv<
mento e de educação,cuidados médicos,privações trágicas,expectati,
etc
),que naturalmente e obviamente,se reflectem no aproveitamento
colar. '
No estudo das D.A.,quer os factores biológicos quer os fact
sociológicos,assumem uma dimensão dialéctica e dinâmica,que tentá
superficialmente sublinhar.É certo que os factores biológicos contrib
com uma percentagem inferior à dos factores sociológicos,porém a
relevância é determinante como acabamos de ver.
Provavelmente a privaçâo sóeio-cultural (factor sociológico) produ
mesmos efeitos,em termos de sistema nervoso central,que uma I
cerebral (factor biológico) quando está em causa a análise do potenci
aprendizagem ou o estudo das D.A.
132
133
A existência de vários modelos diferentes, por vezes até, lamen mente hostis e
fragmentados, não facilita a aquisição de um con; entre profissionais, nem possibilita a
aplicação de medidas
134
135
BIBLIOGRAFIA
136
137
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138
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- Ed. Long
139
.:
3
Visão Integrada da Aprendizagem
1-Aprendizagem e comportamento;
2 - Teorias da aprendizagem;
3 - Aprendizagem humana e aprendizagem animal;
4 - Aprendizagem, estímulo, reflexo e condicionamento; 5 - Aprendizagem e
motivação;
6 - Aprendizagem, habituação e reforço;
7 - Aprendizagem e encadeamento; 8 - Aprendizagem e discriminação;
9 - Aprendizagem e memória;
10 - Aprendizagem, noção de desenvolvimento e noção de deficiéncia e
de dificuldade;
11- Condições da aprendizagem: neurobiológicas, socioculturais e
psicoemocionais;
12 - Sistemas psiconeurológicos de aprendizagem: - Sistemas de
processamento de conteúdo; sistemas de processamento sen sorial; sistemas de
processamento cognitivo.
Várias teorias têm sido advogadas para nos esclarecer sobre a pi mática da
aprendizagem. As teorias conexionistas estimulo-resposta, ressaltam os trabalhos de
Thorndike e Hull, defenderam que a aprer gem depende da relação compreendida
entre o estímulo e a respos primeiro autor, especificou a aprendizagem em três leis: a
do exercí da aptidão e a do eteito. O segundo, equacionou a aprendizager modelos
matemáticos, entrando em linha de conta com o númei tentativas, a quantidade de
reforço, a intensidade do estímulo, a ini reactiva e a inibição condicionada, como
funções predictivas do poh de aprendizagem.
Guthrie, outro behaviorista,, avançou com vários postulados: associação
entre o estímulo e a resposta; o da adaptação positiva, i a lei de frequêneia de Watson;
o do hábito e ocorrência, e por último, condicionamento, isto é, a evocação de
respostas por estímulos in cionados (predeterminados, inatos e invariantes),
substituídos pos
i42
143
?44
145
146
147
148
ce-se o papel do envolvimento, mas apenas numa dimensão corrup criança é vista
como um ser diferente do adulto, a quem se de liberdade para que as suas
capacidades naturalmente se express criança nesta posição é encarada como
atravessando um conjur fases (ontogénese-estádios) até chegar à idade adulta. O
desenvolvi é encarado exclusivamente como uma maturação biológica e com auto-
regulação espontânea endógena, centrada na criança. Caberr bém aqui, as
concepções do inatismo e do naturalismo onde se des Lombroso conceito de
personalidade criminal, Esquirol e outros, certa forma, as de Gesell 48, e Piaget 60,
nos seus primeiros escritc estudos mais recentes de base genética, esta concepção
eugénica ser defendida numa espécie de Darwinismo Social, como vemc
Jensen e Eysenek, podendo ser levada ao extremo das selectivi genéticas
perigosas e abusivas.
A deficiência e a D.A., nesta posição, dependem de um pot genétieo
desfavorecido, respeitando igualmente a intrusão inapropriac infeliz) dos factores
pré e perinatais. O envolvimento pode fazer para compensar a constituição
endogéna predeterminada e inev Parece aqui ressaltar uma concepção despótica da
hereditarieda deficiência e a D.A. sâo observadas como incuráveis e irreversíveis. va-
se, segundo os seus defensores, de uma aberração do padrã tural. de
desenvolvimento, que é guiado e dominado por variáveis I néticas. O envolvimento, em
suma, não é a causa do desenvolvime apenas o lugar onde ele decorre. Como o
desenvolvimento é biol, mente determinado, a intervenção é quase exclusivamente de
nat médica (cirurgia, medicamentos, hormonoterapia, etc.).
A deficiência e a D.A. aqui, estão associadas a crenças sobrena e a atitudes de
compaixão e caridade. À medida que a medicina ; aprofundando, os estigmas
proliferaram, valorizando atitudes de marc zação e de exclusão. Os deticientes e a
criança D.A. são vistos i ndesejáveis, porque perturbavam e ameaçavam a ordem
social e es É a época dos internamentos e da institucionalização da deficiênci;
É claro que esta perspectiva extremista não pode explícar porc que muitas
crianças diagnosticadas como deticientes mentais, e D.A., não apresentam
qualquer deteito orgânico e não têm na sua hi: clínica, qualquer deficiência hereditária
(Reese e Lepsitt 70, e Tred Soddy 56). Tal perspectiva reducionista, defende que a
deficiência D.A. é predeterminada basicamente por factores poligenéticos e bioló
limitando a prevenção e a intervenção apenas ao foro biomédico.
O envolvimentalismo, responde a um extremismo com outrc factores
biológicos passam a ser minimizados em relação aos factore meio.
Esta perspectiva que tem em Locke (1632-1704) o seu primeiro d sor, advoga a
filosofia da ,tábua rasa, ressaltando a convicção de q cérebro está em branco no
momento do nascimento, negando por via, o papel dos tactores biológos pré-
estruturados, como as modifica bioquímicas, metabólicas, neuroendócrinas,
neurológieas, etc.
150
151
152
153
NEUROBIOLbGICOS SOCICCULTURAIS
154
e Dentro desta área,devemos igualmente assinalar os sinais de risco
e inerentes às instituições educacionais.Aqui,vários factores têm sido apon- ?
's tados,como sejam: a inexistência de uma educação pré-primária compen-
e satória; sistema educacional rígido; expectativas negativas e atitudes pes-
i- simistas dos professores; escolas superlotadas e mal equipadas; protes-
io sores mal qualificados e inexperientes,que perdem tempo com problemas
e de disciplina; currículo pouco adequado às necessidades especiais das
- crianças; estimulação excessiva ou inadequada por exigências de avalia-
a- ção; etc.Tais situações colocam objectivamente a necessidade de modifi-
car a escola e os seus agentes,pois parece cada vez mais evidente que
ela não se encontra apta para as crianças.São necessários: centros de
recursos; novos processos; programas individualizadQs; formas de obser-
vação e avaliaçâo; planos de intervenção e de identificação precoces etc.
Por último,os factores psicoemocionais mais relacionados com fraco
potencial de aprendizagem,têm sido resultantes do produto dos factores
neurobiológicos e socioculturais apontados.Os psicoanalistas,os psiquia-
tras e os psicólogos clínicos têm focado a importância da porçâo integra-
tiva da personalidade (ego).A ansiedade,a fantasia,a confusão,o medo,
o desinteresse complicam o quadro.O papel da mãe é erucial,com o t
sabemos, para o desenvolvimento da personalidade da criança. Mães
deprimidas,abandonadas,frustradas e ansìosas ou que abandonem as
crianças a si próprias,muitas vezes por razões sociais e de emprego,
podem afectar a formaçâo do ego.A relaçâo causa efeito dos problemas
escolares com os problemas emocionais,merece ser aprofundada,através
de mais estudos psicodinâmicos de forma a controlar os factores psico-
emocionais,que possam prejudicar a realizaçâo plena do potencial de
aprendizagem,pois só com tais estudos se poderá diminuir a incidência
das dificuldades de aprendizagem nas populaçôes em risco.
As crianças desfavoreficas,deficientes ou não,devem ter as mesmas
' oportunidades para realizarem o seu potencial biosocial.Só controlando os
factores etiológicos,neurobiológicos,soeioculturais e psicoemocionaìs se
pode combater a pobreza e os seus efeitos,promovendo no plano concre-
to a igualização de oportunidades educàcionais e sociais. '
3.12 Sistemas Psiconeurológicos de Aprendizagem
A - Sistema auditivo
156
Vários estudos (Hécaen e Ajuriaguerra 64, Dimond 73, Penfield e Roberts 59)
têm assegurado que os dois hemisféricos acusam cada um uma especializaçâo. O
hemisfério direito, tem sido considerado o hemisfério responsável pelos conteúdos não
verbais, ao contrário do hemisfério esquerdo, que tem sido considerado como o
responsável pelos conteúdos verbais.
.
Mais,as investigações de Elliott e colaboradores 78,confirmam que o Í
hemisfério direito tem uma maturação mais precoce que o esquerdo e que ?
essa maturação decorre no periodo sensório motor (0-2anos) de Piaget. f
,Í"
No periodo pré-operatório (2aos 7anos), a dominãncia depende da
mielinização das vias de conexão do corpo caloso,justificando a bilaterali- i
dade característica da criança na fase da apropriação do símbolo.No I!!
periodo operacional (7-11anos) inicia-se a dominância de maturaçâo do
hemisfério esquerdo,período onde a dominância manual se estabelece e
que compreende a aprendizagem da linguagem escrita.No periodo formal,
e ainda segundo a mesma fonte,a dominância do hemisfério esquerdo
está quase concluída.
Em termos globais,o hemisfério esquerdo é responsável pelas seguin-
,
tes funções: análise,organização,seriação,atençâo auditiva,fluêneia ver-
!
bal,regulação dos comportamentos pela fala,praxias,raciocínio verbal,
vocabulário,cálculo,leitura,escrita etc. `
Por sua vez,o hemisfério direito é responsável pelas seguintes tun-
ções: síntese,organização gestaltista",funções difusas,processo emo-
cional,atenção visual,organização involuntária,memória auditiva não ver- 'i
bal,memória de frases,percepção do espaço,praxia construtivo- espacial, G
reconhecimento visual de objectos e figuras,etc.(Zangwill 68).
Em resumo.O hemisfério esquerdo é o hemisfério dominante da
linguagem e das funções psicolinguísticas,enquanto que o direito é o
hemisfério dominante da percepção espacial e das funções psicomotoras.
A neuropatologia ajuda-nos a peceber ainda mais a especializaçâo hemis-
férica,quando as lesôes no hemisfério esquerdo surgem localizadas e as
do direito surgem difusas (Luria 65,Masland 67). ! `
s
0hemisfério direito processa os conteúdos não verbais,como as '
experiências,as actividades da vida diária,a imagem,as orientações
espaço-temporais e as actividades interpessoais.Estas experiências po- 't
157
Sistema Sistema
. intrahemisféricointerhemisférico Sistema
hemistérico i ntegrativo
dem ser representadas por tiguras, sons, gestos ou números que, quant tivamente,
descrevem acontecimentos (Killen 78).
O hemisfério esquerdo, ao contrário, processa os conteúdos verb através dos
quais a comunicação se realiza, o pensamento se expressa representação interiorizada
da experiência se opera, e a conceptualizaç das mesmas se verifica.
Mas atenção, os dois hemisférios trabalham em conjunto numa per1 ta divisão
de tarefas. O que acabámos de focar compreende as funçc intrahemisféricas (isto é,
dentro de cada hemisfério), pois há a diferenc as funções interhemisféricas e as
integrativas.
As funções interhemisféricas, concretizam o diálogo e a co-função ambos os
hemisférios, quando estão em jogo funções de transdução conversão. Quando se
pede a uma criança para descrever um aconte mento, ela está a traduzir a experiéncia
que teve em conteúdos verba Ao contrário, quando a criança lé, ela pode associar os
conteúdos verbi com desenhos, figuras ou expressões mímico-gestuais dF conteúdo n
verbal. O mesmo aeontece quando Ihe pedimos para ilustrar uma histó que acabou de
ler.
As funções integrativas hemisféricas envolvem significações eq valentes entre
os conteúdos verbais e não verbais, que por exemplo, est envolvidos na realização de
praxias construtivas, em que o substrac verbal da linguagem interior, planifica, controla
e executa o substracto n verbal dos gestos, que sequencialmente vão materializando a
ideia.
15B
LOBULO LOBULO
FRONTAL PARIETAL
(3." bloco) (2ó bloco)
.Estruturação .Interacçáo somato-sensorial
espacio-temporal . Somatognosia
Praxia
Q Q. .Espaço agido-Espaço
.unguagem expressiva LO OQ representa0o
.Planiticação das f 5 .Autotopognosia
acç8es e da linguagem 5 .Discriminaço tactilo-
.Julgamento social AUDITIVA - quinesica
.Controlo e Regula- .Gnosia tactil dos
ção exteroceptiva obiectos e dos
VISUAL s
LOBULO
DCCIPITAL
159
160
Processos Processos
Receptivos Expressivos
S.N.C.'
TO i
' Auditivo (A)
.Visual (V) INPUT .Verbal
.Tactilo UTPU ,Mor ,
.Ouinestésico (TO)
1AV 1
sISTEMA ACTIVIDADE
I ntraneurossensorial
Interneurossensorial !I
Auditivo para visual Ditado.
Auditivo para táctil Seleccionar texturas a partir de direcções
orais.
Visual para auditivo Leitura oral.
Visual para táctil Seleccionar texturas a partir de direcções
visuais . I
Táctil para auditivo Descrever oralmente objectos (gnosia
táctil) . d
Táctil para visual Desenhar um objecto depois de ter sido
explorado tactilmente. ;'
in- 4
lo- Integrativo
;a- Visual para auditivo e para Experiência total,envolvendo audição,vi-
ie- táctilo-quinestésico são e sentido táctilo-quinestético para
o5 adquirir significação. f
de I
Fig.52- Sistemas de Processamento e Actividades Psicopedagógicas segundo Killen
.
161
Conceptualizaçã o O
Simbolização
I C
Imagem D
A i D
Sensação Percepção i E
162
163
Sequência.Plano.Regulação
CRIAÇÃO DA RESPOSTA
Criação de Novas Entidades,
u Segmentos. Acessibilidade
Ligar e Reconhecer Pormenores
' RECHAMADA (recall)
O _ _
Z
I % ç
~ T Q QOr, Procura e Localiza ão
Q- r, COnceito5Hierarquizado5
SNC Q ARMAZENAMENTU
O.F
o
a o
Conceitos Hierarquizados ,
eh e
ó c0 Proposições Significativas o
á MEMÓRIA DE LONGO TERMO Ú %
0Q c
CODIFICAÇÃO m0
Q 5
UJ 0
MEMÓRIA DE CURTO TERMO (20seg) Q o
_ _ _ f ú
Seleccionar Es Ignorar Es V
Relevantes Irrelevantes +
0
ATENÇÃO - Percepção S2lectiva a
á
e Q ó
o
Registo Sensorial U 0
=
I
o. F v
ao Qóv'
o , o
z <vc0>v2
u J QQ`
c O Q
VISÃO AUDIÇÃO TACTO Q
QUINEsTÉSICO
Estimulação
RECEPTORES
.,Feed-back"
Eteitos da Realização
REFORÇO
164
Concluindo, é perante este tipo de modelos que julgamos, no futuro, ser possível
educar todas as crianças independentemente das suas condiçôes adaptativas e
psicossociais, pois acreditamos que nenhuma criança é i neducável.
Por meio deste modelo podemos rever os processos de diagnóstico mais
utilizados, permitindo observar as crianças no seu todo e enquadrá-las dentro de um
perfil intraindividual de aptidões (áreas fortes) e de dificuldades (áreas fracas), de torma
a modificar as práticas educacionais, satisfazendo as suas necessidades e
desenvolvendo ao máximo as suas capacidades (Kirk 72).
A maximização do potencial humano inerente à criança deficiente e à criança
nâo deficiente (criança D.A.) requer uma visão integrada da aprendizagem, afim de
desenvolver novos processos de diagnóstico diferencial e novos modelos de
intervenção pedagógica individualizada, como meios indispensáveis para promover a
modificabilidade cognitiva e a igualdade de oportunidades educacionais, visando a
satisfação das necessidades de adaptação e realização sociai de todas as crianças
sem excepção.
BIBLIOGRAFIA
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Contribuições da Psiconeurologia
às D.A.
167
pode evitar aspectos ou factores da aprendizagem que possam ii com o
comportamento e com o cérebro do educando.
A compreensão do comportamento, bem eomo a sua modifica
modificabilidade, pede o conhecimento das estruturas e das funç órgão que o coordena
e o organiza, isto é, o cérebro, verdadeiro I da evolução bio-social da nossa espécie. O
órgão mais organiz nosso organismo.
A compreensão, a predicção e o controlo do comportament aprendizagem
humanas têm exigido e vão exigir muitos anos de tral de reflexâo; só que tais esforços,
no futuro, devem ser aplicados co mente no envolvimento educacional, para que todos
tenham, ob mente, direito às mesmas oportunidades de aprendizagem.
O psicólogo escolar (que lamentavelmente não é ainda recor pelo sistema
educacional português) não poderá ignorar o papel d tores etiológicos das D.A.,
reforçando a exclusividade dos aspectos sociais ou subsestimando os aspectos
psicobiológicos, ou vice-ver; outro lado, os educadores e os protessores não podem
continuar t aspectos neurobiopsicológicos e ficar apenas, na sua formação, pi
psicologia-do- ego, que tende a esgotar, abusivamente, as conc sobre as D.A.
Os aspectos neurológicos da aprendizagem têm sido exageradt ignorados pelos
fasedores e planificadores de cursos de forma professores, pois muitas
vezes concebem em termos reducioni: problemática da aprendizagem, explicando-a
apenas em variáveis p gicas exteriores à criança e ao educando. Por outro lado, é
também que se combata uma perspectiva psiquiatrizante ou nei zante da
aprendizagem, porque é sofisticada e limitativa.
Nos últimos anos, a significativa produção de trabalhos de inv ção no domínio
das D.A. justifica, inequivocamente, a mudança de o ções hiperpedagogizantes para
concepçôes dialécticas, onde est interacção recíproca, variáveis psicológicas do
educando (atenção, minaçâo perceptiva, processamento da informaçâo,
sequencializaçã mória, formulação ideacional, rechamada, e organização de tarefas,
variáveis pedagógicas do professor e dos seus múltiplos e cri recursos
(planificaçâo de tarefas, métodos de individualização, siste reforços, desenho curricular,
etc.).
Muitos professores alimentam o desinteresse pelas teorias nei cológicas, e pelos
resultados experimentais no domínio das ciências nas, porque não vêm objectivamente
a importãncia de tais implicaçí sala de aula ou na situação terapéutico-
reedueativa.
Não se pode progredir em D.A. sem ter conhecimento causal e fico dos
problemas. A permanência das famigeradas intuições empíi das aplicações acríticas de
processos de tentativas-e-erros ou de m insubstanciados, não será certamente
válida, nem no ponto de vi conhecimento, nem no ponto de vista prático-pedagógico.
Para lidar com problemas de D.A., é inevitável a procura dum co mento
psiconeurológico, dado que estão em situação sintomas qu
168
169
170
171
172
173
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Prósodia
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Fonologia Conlrolo motor
semãnuca lonologica /hngua lábios
maxilar
176
Lb BULO
PARIETAL 2 AREA
PARIETAL
Lb BULO OCCIPITAL
177
É agora possível perceber, com Luria, porque é que uma lesão tiúma área
produz efeitos diferentes dos produzidos quando a lesão é noutra área. A destruição do
córtex temporal torna a selecçâo de fonemas impossível, e consequentemente, produz
a afasia sensorial (Luria 77). A destruição das partes inferiores pós-centrais (aferentes)
implica quebra nos articulemas e, concomitantemente, provoca distúrbios secundários
na fala. Os distúrbios nas zonas inferiores premotoras (eferentes) resultam na perda da
melodia quinestésica e na inércia patológica das aquisições motoras, provocando
assim, a afasia motora.
Outros processos lógicos-gramaticas exigem a participaçâo das zonas terciárias
parieto-occipitais, também chamadas associativas, onde se processa a análise e a
síntese espacial dos componentes da linguagem. Por este facto, a lesão nestas zonas
implica uma quebra de aquisição e de utilização (competência e realização) da
linguagem, onde se encontram diferenciadas as várias relações gramaticais.
Por estes exemplos, Luria demonstra claramente que uma localização directa
dos processos linguísticos é impossivel. Devido a este fundamento, torna-se urgente
uma análise psicológica mais cuidadosa de todos os factores envolvidos nos diferentes
processos linguísticos.
Entre cada um dos processos passam-se estados neurodinâmicos diterentes
que fazem recurso de processos de selectividade e de plasticidade. A linguagem exige
a selecção e o recrutamento rápido, eficaz e
178
179
cos nos revelam uma perturbação no reconhecimento tactil na mão direita, mas não na
da mão esquerda, então, dentro de uma perspectiva neuropsicológica, pode-se
equacionar uma disfunção no cortex parietal esquerdo e, a partir daí, criar situações-
problemas que visem à sua compensação funcional.
O modelo neuropsicológico permite uma ídentificação do potencial de
aprendizagem no seu todo, considerando as funções de input (áreas sensoriais), de
organização e integração (áreas associativas) e de outpuf (áreas motoras),
proporcionando-nos uma quantidade e uma qualidade de informação de crucial
importância, para a compreensão dos défices comportamentais e cognitivos da criança
e para intervenção pedagógica a equacionar para cada caso.
Várias baterias são utilizadas nesta perspectiva. (Bannatyne, Benton 72,
Myklebust, etc.). W. Gaddes, por exemplo, utiliza na Universidade de Vitória a seguinte
bateria:
I - Testes sensoriais:
Visuais
Auditivos
Tactéis
II - Testes sensorio-motores
180
Teste Wechsler-Bellevue
WISC (Wechsler Intelligence Scale for Children) WAIS (Wechsler Adult
Intelligence Scale)
Teste Categorial de Halstead (Adulto, Intermédio e crianças)
Teste de Vocabulário-Imagem Peabody (Peabody Picture Vocabulary Test)
Teste de Realização Wide Range (Wide Range Achievement Test)
I V - Testes Motores
VI - Miscelânia
bém, com os estudos das lesões intra e interhimisféricas, das lesõe anteriores e
posteriores, das lesões corticais superlocalizadas na criança sua posterior
recuperação, dos problemas resultantes de múltiplas priv ções, etc.
Embora a tendência actual seja a de se verificar que as crianças D.f não têm
disfunções cerebrais, não há dúvida, como afirmam Myklebust Boshes, que o
envolvimento neurológico cresce na razão directa da sever dade do problema de
aprendizagem. A revelação de sinais neurológico subtis e ténues (soft signals,) é
quase sempre evidente nos casos da crianças D.A., quando efectivamente se
respeitam as definições mais ace tes internacionalmente, não esquecendo obviamente
aqui, o efeito d meio.
Quer sejam localizadas ou difusas, as lesões produzem efeitos n
comportamento. Umas são mais facilmente indentificadas, outras são mai difíceis de
detectar ou até mesmo impossíveis de isolar (Birch 64, McCarthy 69).
O problema é deveras complexo dado que os testes de inteligência mais
frequentemente utilizados, exigem a memória cerebral de longo term (Gaddes), pois
estão saturados de vocabulário e de informaçâo, aquisiçõe (Skills) estas, que variam
em termos sociais e que resistem aos efeito: das lesões cerebrais nas áreas cerebrais
específicas da fala. Por isso, tai; testes são insensíveis a disfunções cerebrais. A
inteligência obtida com o; testes psicométricos é até ao momento, pouco discriminativa
no âmbitc das D.A.
Halstead 47, e Reitan 56, já tinham proposto a noção de inteligênci biológica
(biological intelligence) por nascer de um modelo neuropsicolc gico. Tal modelo,
pode permitir a detecção de aquisições que são sensi veis a disfunções cerebrais
(Reitan 55, e Reld 68) e por isso, sigificativa mente importantes para o estudo das D.A.
Isto independentemente de mesmo neste modelo, não se entrar em linha de conta com
factore intrínsecos da aprendizagem humana (Eccles 52).
A problemática da resposta em D.A. exige a criação de um mosaia significativo
de dados (Cruickshank 66, e Gaddes 77) recolhidos de vária áreas: neurológica,
psicológica, educacional e comportamental.
Sem esta preocupação, muitos aspectos estarão ausentes, aspecto; esses
tendentes a reflectirem-se na banalidade do diagnóstico e na inefi cácia dos métodos
de intervenção ou de reeducação.
Conhecendo as áreas fortes da criança D.A., bem como as sua; áreas fracas,
em termos neuropsicológicos de aprendizagem, estamos en condições ideais para
preferir métodos de intervenção que permitam opti mizar e maximizar áreas fortes e,
dessa forma, reforçar aquisições que ajudem a superar as áreas fracas, mantendo
assim níveis motivacionai; mais adequados às tarefas educaeionais.
O modelo neuropsicológico e psiconeurológico das D.A., deve preocu par-se por
reunir uma amostra de funções mentais envolvidas na aprendi zagem simbólica e
obviamente correlacionadas com a organização funcio nal do cérebro.
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186
acabámos de ver, como também por sinais disfuncionais mais localizados, digamos
regionalizados.
Assim, as intervençôes cirúrgicas nos lóbulos (lobos) cerebrais - as lobectomias
- revelam que cada um deles exerce, preferencialmente, determinado número de
funções específicas.
Vejamos a titulo didáctico com Miller 72, Gaddes 77, Benton 63, Kimura 67 e
Luria 68, algumas das funções mentais por regiões (Fig. 58).
Pela figura se pode verificar que as relações cérebro-comportamento envolvem
não só a regionalização dos dois hemisférios - o esquerdo (verbal) e o direito (não
verbal) - como a regionalização anterior (frontal), posterior (parietal, temporal e
occipital) que podem, em termos funcionais e também de acordo com o modelo de
Luria, ajudar e clarificar o diagnóstico psicopedagógico dos problemas de
aprendizagem revelados pelas crianças (Fonseca 80).
O modelo neuropsicológico de Luria (Fonseca 79, 80) permite-nos visualizar a
relação cérebro-aprendizagem, ao mesmo tempo que torna mais clara, a
interdependência das capacidades da aprendizagem humana.
A aprendizagem humana exige um conjunto mínimo de requesitos que podemos
traduzir por uma totalidade funcional neuropsicológica. Sem esse número de condições
funcionais indispensáveis, a aprendizagem não se processa normalmente e, neste
caso, estamos em presença de uma disfunção cerebral.
A disfunção cerebral, aparente ou real, nalgumas crianças D.A. (disléxicas),
interfere eom todo o processamento da informação que a aprendizagem envolve.
Processo de informação que compreende três grandes fases e sub-processos:
recepçâo, integração e expressão.
No caso da disfunção cerebral que reflecte as D.A. podemos verificar alterações
em cada uma daquelas fases ou, eventualmente, na transformação de umas nas
outras. A disfunção pode ocorrer na recepção (problemas de processamento perceptivo
e de captação de informação por exemplo), na integração (problemas de retenção-
memória, elaboração ou de rechamada) ou na expressão (problemas de ordenação,
sequencialização, planificação e execução) ou, evidentemente na transferéncia ou
tradução (transdução) de uns processos noutros. Quer dizer, a disfunção pode ocorrer
numa ou em várias unidades funcionais do cérebro. Quais serâo essas unidades?
É isso que tentaremos abordar em seguida, pois sentimos que o professor de
educação especial (e porque não o professor em geral), compreenderá melhor a sua
função e responsabilidade na situaçâo do processo aprendizagem-ensino.
Para Luria, como já vimos, o cérebro é uma constelação de trabalho,
principalmente concentrada em três grandes unidades (blocos) funcionais. Tais
unidades eompreendem os seguintes: sistemas, estruturas anatómicas, e
concomitentes recursos terapêuticos-reeducativos.
187
3.o BLOCO
Planificação
Programação Sistema piramidal Cortex motor Psicolinguística
Intenção (ideocinético) Cortex pré(psi- Psicomotricidade
Síntese Áreas pré-frontais co)-motor Pensamento
Execução Lóbulos frontais Fo rm u I ação i n-
Verificação tencional
Correcção `, L i n g u a g e m i n-
Sequencialização das , ; terior
operações cogni- Feed-back
tivas.
188
189
Tradução auditivos F NE
Sintese
Comparação
SIGNI
1
CONJIrCTURA AVALIAÇÃO COMPREENSÃO
.1
191
gundo Sperry, assume igualmente funçôes de memória e de integração intra e
interhemisférica, quer no plano posterior (sensorial), quer no plano anterior (motor),
como provaram as investigações de Luria.
A desconexão interhemisférica pode ser provocada por alterações do corpo
caloso. No plano posterior afeeta as relações entre as informações sensoriais e
perceptivas; no plano anterior afecta a coordenação dos movimentos e a dextralidade.
Ayres 72, e Whittrock 75, conduziram experiências com crianças que permitiram
objectivar a repercussão da integração dos estímulos auditivos, vestibulares e
somatossensoriais no desenvolvimento da linguagem. Na nossa experiência clínica
temos verificado que as sessôes psicomotoras têm algum reflexo no desenvolvimento
da linguagem dos nossos reeducandos, provavelmente porque se estabelece com a
simbolização e a verbalização do movimento, um melhor diálogo entre os hemisférios
cerebrais, facilitando assim, as funções interhemisféricas e o trânsito de relações
funcionais através do corpo caloso, aperfeiçoando por consequência, os sistemas
neuropsicológicos da aprendizagem.
Nesta unidade funcional passam-se também os processamentos mais
fundamentais da visão, da audição e do sistema tactilo-quinestésico. Funções de
discriminação, identificaçâo, imagem, figura-fundo, memória de curto, médio e longo
termo, rechamada (recall), sequencializaçâo etc., tem lugar em cada um dos sistemas,
quer intraneurossensorial quer interneurossensorialmente.
Não é por acaso que muitos destes distúrbios se identificam em crianças D.A., e
por esse facto, a reaprendizagem deverá criar tarefas educacionais que reforcem estes
sistemas e subsistemas de aprendizagem, podendo afinar e reprecisar os seus
processos, e consequentemente, os seus produtos (output). Aqui estará
provavelmente, o dtsafio dos novos métodos de reaprendizagem, na medida em que o
conhecimento da neuropsicologia, trará no futuro, novos subsídios a estes problemas.
Por último, a D.A. pode resultar de disfunções na terceira unidade (3.o bloco),
que se ocupa especialmente da programação e da planificação da informação a ser
emitida, expedida e dirigida. Trata-se de uma unidade que se encontra dependente das
outras. O input (recepção da informação) está antes do output (expressão
da informação, ou seja, a transformação); daí o seu grau de interrelação e
interdependência funcional.
Os planos e as intenções geridas pelo pensamento, jogam- se também na
leitura. Para o adulto, a leitura satisfaz necessidades de curiosidade, de cultura, de
conhecimento, de curiosidade profissional, etc. À criança, a leitura vai permitir a
descoberta e a apropriação da cultura do grupo social onde está inserida.
É portanto, neste bloco funcional que se regulam e verificam as funções
linguísticas expressivas, a leitura pelo processo oral e a escrita pelo processo motor. A
fala e a escrita são controladas pelo cortex motor e reguladas e modificadas por
processos de feed-back.
No primeiro caso entra em funcionamento o sistema piramidal, isto é, o sistema
ideocinético que rapidamente põe em ligação o cérebro com os
192
193
cérebros do grupo treinado eram 6,4% superiores no cortex visual e 14"/a superiores
na taxa de nevróglias.
Com estes modestos dados, tentámos sensibilizar para a neuropsicologia e para
a sua aplicação no âmbito da Educação Geral e Especial, sublinhando a necessidade
de garantir e de criar o maior número de oportunidades educacionais que permitam
maximizar os potenciais de aprendizagem de qualquer criança, com ou sem D.A.
Dentro desta análise temática da neuropsicologia (e da psiconeurologia) tem
interesse referir ainda outros parâmetros.
Os acidentes de tráfego e de trabalho, são por outro lado, infelizmente férteis em
números, para clarifiear este problema de regionalização funcional do cérebro que
temos estado a observar.
Por outro lado, as fracturas ou depressões craneanas, podem do mesmo modo,
produzir lacerações num hemisfério ou no outro, dando assim origem a alterações
concomitantes de comportamento.
Por exemplo, uma lesão lateral no hemisfério esquerdo pode produzir: ao nivel
táctil, insensibilidade na mão direita; ao nivel motor, lentidão na mão direita, sem perda
de eficácia e velocidade na mão esquerda; ao nivel da linguagem falada, esquecimento
de algumas palavras; ao nivel da compreensão auditiva, quebra de significação e de
retenção de informação; ao nivel da articulação, uma ligeira amodulação; ao nivel da
leitura e da escrita, lentidão; ao nivel espacial (que envolve as funções do hemisfério
direito), boa orientação, boa execução gráfica e boa espacialização agida e
representada.
Outro exemplo de regionalização funcional, pode ser estudado por meio de
convulsões localizadas, envolvendo ou não, ligeiras paratonias nos braços e nas
pernas. Consoante a sua localizaçâo hemisférica, as convulsões poderão afectar a
leitura e a escrita, ou o desenho e a análise espacial. Conhecendo efectivamente a
lateralidade da lesão cerebral, pode-se hoje ajudar o professor ou o terapeuta a
diferenciar as capacidades mentais e as aquisições escolares.
As aprendizagens escolares primárias (ler, escrever e contar) colocam mais em
jogo as funções do hemisfério esquerdo, ao contrário das aprendizagens pré-escolares
(desenhar, pintar, recortar, jogar, saltar, etc.), que assentam mais nas funções do
hemisfério direito. Por esse facto, sabemos actualmente que as lesôes no hemisfério
direito não são tão problemáticas em termos de aproveitamento escolar. Daí também, a
importância do ensino pré-primário obrigatório, como meio de prevenção, inequívoca e
essencial, às dificuldades precoces de adaptação e de aprendizagem, que surgem com
as exigências das tarefas verbais e simbólicas do 1.o ano de escolaridade obrigatória
(ex - 1. classe).
Efectivamente, e de acordo com a maturação do sistema nervoso central,
concretizado pelo processo de mielinização, o hemisfério direito atinge a sua
maturação mais precocemente que o hemisfério esquerdo; por isso, o ser humano, na
sua ontogénese, evolui do não verbal ao verbal, do acto ao pensamento, do reflexo à
reflexão, do gesto à palavra, da psicomotricidade à psicolinguística, e nunca o
contrário. Aqui estará,
194
certamente, uma das maiores soluções ou respostas a dar à praga social das
D.A. que surgem com a entrada para a escola, onde a maioria das crianças,
prineipalmente as desfavorecidas, são colocadas em tarefas educacionais que Ihes
exigem mais do que aquilo que o seu parâmetro de desenvolvimento neurobiológico
Ihes pode garantir (ver fig. 64).
Várias crianças sem lesões, mas com disfunções, provocadas ou não por
privações de vária ordem, podem não evoluir bem em geometria e geografia, porque
estas envolvem funções do hemisfério direito, mas podem em contraste, atingir um
nível médio de progresso na aprendizagem de línguas, da história, da filosofia, etc.,
porque envolvem funções do hemisfério esquerdo. O inverso é igualmente verdadeiro;
aqui está pois, um importante aspecto a tomar em linha de conta, na optimização
educacional e vocacional das crianças e dos jovens.
A compreensão dos efeitos das lesões ou disfunções, no hemisfério esquerdo ou
direito, permite, na nossa óptica, uma melhor compreensão dos problemas das
crianças deficientes e das crianças D.A.
Os estudos de lesões antero-posteriores mostram-nos e revelam-nos outros
dados também importantes. Intervençôes cirúrgicas em adultos no lóbulo frontal direito,
originam perda de julgamento em decisões sociais, dificuldades no raciocínio indutivo
ou dedutivo e rigidez mental, sem no entanto se verificarem alterações no vocabulário,
na abstracção verbal, na informação geral ou na compreensão de problemas, funções
estas preferencialmente organizadas nas zonas médias e posteriores do hemisfério
esquerdo.
Ao contrário, segundo Gaddes, as lesões nas áreas posteriores podem causar
distúrbios na percepção visual, na compreensão da fala, no reconhecimento tactil na
direccionalidade, na imagem do corpo, na gnosia digital na memória de longo-termo e
na interpretação de fìguras. Estes distúrbios, segundo o mesmo autor, parecem revelar-
se nas crianças D.A., mais do que os localizados nas zonas anteriores, isto é, frontais,
como provam as ondas lentas do E.E.G., que tendem a aparecer com mais frequência
nas regiões occipitais. Para Gaddes, os estudos das técnicas de registo eléctrico
tendem a aperfeiçoar-se pelo que poderão daí nascer, novos ensinamentos para a
eompreensão das D.A.
A nossa tentativa, sem o rigor que os neurologistas podem atingir, pretende
apenas trazer para o campo da Educação e da Psicologia, ou melhor das D.A. alguns
contributos de reconhecida validade sobre a interdependência das capacidades de
aprendizagem para melhor compreensão dos problemas da aprendizagem e
naturalmente do desenvolvimento da linguagem, visto que são dois aspectos humanos
inequivocamente inseparáveis em termos neuropsicológicos.
Independentemente dos professores intervirem fundamentalmente nos domínios
da linguagem (input - compreensão auditiva, e, output - linguagem falada) com as
crianças nas escolas primárias, é lamentável que na sua formação básica, poucas
medidas se tomem quanto às D.A., e quant4 às desordens da linguagem. Com
conhecimento mínimo de casos patológicos (afasias) poder-se-ia mais
adequadamente, deduzir o que
195
96
197
98
199
Por outro lado, é preciso compreender que os testes de inteligência (QI) são
diferentes das baterias psiconeurológicas. Eles não se reduzem uns aos outros, não
sâo sequer incompatíveis. Enquanto o OI, é um predictor útil para as crianças com
funções cerebrais normais, ele não o é quando estamos em presença de crianças com
disfunções cerebrais. Aqui a inteligência biológica é preterível à inteligência
psicométrica.
A avaliação psieoneurológica oferece uma nova explicação sobre os problemas
das crianças D.A., pois encaram-na num todo, onde todos os factores históricos
(pessoais, familiares, escolares e médicos) são respeitados em termos globais e
dialécticos.
Os próprios pais podem ter outra tolerância para superar os problemas
emocionais dos seus filhos. As percepções dos pais, embora algumas vezes ignoradas
por técnicos, devem ser tomadas em linha de conta. A sua função como co-terapeutas
pode atingir outras implicações com o suporte da psiconeurologia. A dinãmica
intrafamiliar pode complementar o esforço clínico-pedagógico, daí a vantagem em
promover expectativas mais abertas com a introdução desta nova alternativa.
200
SISTEMA SEMÃNTICO
( 3)
Z \ 2
. INPUT
SISTEMA VISUAL
ll)
P
201
202
203
204
SNC
PROGRAMAGAO REGULAÇÁO
t 1
ARMAZENAMENTO VERIFICAÇÁO
MEIO
T
CONDUTA
ANÁLISE 1
fonemas
INFORMAÇÃO t DECISÃO LINGUAGEM
articulemas
RECEPGÃO TRANS DUÇAO
brgãos TRANSMISSÃO -- EXECUGÁO
sensoriais AFERENTE
ESTIMULAÇÃO TRANSMISSÃO ACÇÃO
EFERENTE
Produ Gào
DADOS de
sons na
leitura
--- oral
SITUAÇÃO
Produçáo
de gralemas
OPTEMAS na escrifa
+I+I
205
ORDENAÇÁO
SEOUENCIALIZAÇÃO
RETENÇÃO
A V TQ
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R I R I N I E I "F I
I I E I T I X I E I
E I C I E I P I E I
T I E I G i R I D I LINGUAGEM
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Luria 63, por exemplo, demonstrou que os distúrbios na função fonética levam
inevitavelmente a uma perturbação na capacidade da leitura e a uma desintegração na
capacidade da escrita. Alterações na funçâo de análise e sintese fonética originam
desordens na leitura e na escrita, e muitas vezes na própria estrutura quinestésica da
fala.
Zigmond 66, demonstrou que as crianças disléxicas apresentam mais
dificuldades na aprendizagem auditiva. Na sua investigação, as variáveis auditivas que
mais diferenciavam as crianças disléxicas das não disléxicas eram as seguintes:
associação e sintese auditiva (ex: p + é faz = pé; b + o faz =
bo; I + a faz = la; bola, etc.) e no ditado oral (dizer oral e sequencialmente
com que letras se escreve as palavras: prato; barba; árvore, etc.) Tallar 76, mostrou
noutro estudo, que os disléxicos apresentam dificuldades no processamento auditivo
primário, pois eviden206
207
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208
209
PERCEPÇÃO VISUAL
COORDENAÇÃO RELAÇÕES
VISUO-MOTORA ESPACIAIS
FIGURA POSIÇÃO
E NO
FUNDO ESPAÇO
CONSTÃNCIA
DA
FORMA
211
212
anós meses
2 - APTIDÕES DA LEITURA
2.1- Leitura Oral
2.1.1- Pronúncia. ......... 1 23
2.1.2- Confusões,repetições e hesitações (proc.auditivo) ... ....... 1 23
2.1.3- Omissões,inversões,adições e substituições (proc.visual)............. 1
23
2.1.4- Velocidade da leitura (tempo).......... ......... 1 23
2.1.5- Pontuação ......... 1 23
2.1.6- Expressão ......... 1 23
2.1.7-Posturacorporal.... ......... 1 23
2.1.8- Compreensão e interpretação.......... ......... 1 23
2.1.9- Desenvolvimento de conclusões...... ......... 1 23
O Observador
213
s0 ~0~0
.amostragem
j Imagens .refiram-se as fichas e a criança reproduz com
as
palavras respectivasfichasaspalavras
BIBLIOGRAFIA
214
215
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216
217
ANEXO
Observações complementares
Idade anos me5es
3 - Identificação fonética
4 - Síntese auditiva
5 - Completamento de palavras 6 - Completamento de frases 7 - Associação
auditivo-visual
8 - Memória auditiva de números e sílabas
10 - Associação auditiva
Recomendações
O Observador
218
Em resumo
LINGUAGEM FALADA
Processo
de
Processo
Input de
Audilivo Oupul
Ve ba!
/
i i
I i
I I
i I
I DAPA
L I
219
PROCESSO AUDITIVO
1.1- Nó-Nó
1.2 - Sua-Lua 1.3 - Ser-Ser
1.4 - Mola-Bola
1.5 - Ata-Ata
1.6 - Tomar-Tocar
1.7 - Faca-Vaca
1.8 - Janela-Panela 1.9 - Espada-Espada 1.10 - Empatar- Engatar
" /o êxitos
% inêxitos
220
3 - Identificação Fonética
Qual é a primeira letra ou som das seguintes palavras?
3.1- água
3.2- berlinde
3.3- carrocel
3.4- sol
3.5- elefante
3.6- folha
3.7- garf0 '
3.8 - vitória _"/ êxito i
3.9- triciclo o/ inêxito f
3.10- urso
4- Sintese Auditiva
R R
1Tentativa 2Tentativa
4.1-/p/ - /é/ (pé-té-sé)
4.2- /k/ - /a/ - /m/ - /a/ (gama-cama-ama)
4.3- /v/ - /a/ - /c/ - /a/ (faca-vaca-maca) ;
4.4- /b/ - /o/ - /V - /e/ (pote-lote-bote)
4.5- /r/ - /o/ - /d/ - /a/ (moda-roda-poda)
4.6- /p/ - /ão/ (pão-cão-não)
4.7- /g/ - /a/ - /V - /o/ (pato-gato-rato)
4.8- /p/ - /i/ - /p/ - /a/ (bica-pica-pipa)
4.9- /p/ - /ó/ (pó-nó-mó) i
4.10-/e/ - /s/ - /c/ - /o/ - /I/ - /a/ (esmola-escola-estola)
% êxito o/ êxito
% inêxito % inêxito
5- Completamento de Palavras
Completa as palavras...
:;
5.1-garra - - larrát) !
5.2- avi - - (banana)
5.3- bana - - (chupeta)
5.4- chupe - - (televisão)
5.5- tele - - são (escadote)
5.6- es - - dote (escola) `
5.7- es - - la (rebuçado)
5.8- re - - çado (gelado) "/o êxito
5.9- ge - - do ( )
5.10- bi - - cleta bicicleta % inéxito
6- Completamento de Frases
6.1-O João foi à praia (nadar,pescar,etc.)
6.2- A Sara foì brincar (bonecos,pessoas,etc.)
6.3- O Rodrigo gosta (brincar,jogar,etc.)
6.4- A casa tem e e (aás e mãosásetc) )
6.5- A boneca tem e e
6.6- O carro tem e e (rodas e motor,etc.) '
6.7- O João cinema (foi ao,vai ao,etc.)
6.8- A Sara jogar à malha (gosta de,quer,etc.
6.9- O Rodrigo piscina (nada,brinca,etc.) j
6.10-O cão gato (corre atrás do,etc.)
%a êxito 221
% inêxito s
7.1- relógio
7.2 - ambulância
7.3 - avião
7.4 - brinquedos ; 7.5 - sinal trânsito
; 7.6 - árvores 7.7 - guindaste
7.8 - chuva 7.9 - peões
'$ 7.10 - marco do correio
7.11- construir 7.12 - observar
7.13 - jogar 7.14 - dirigir $' 7.15 - esperar
7.16 - transporte
j: 7.17 - conduzir % éxito 7.18 - passear
7.19 - anunciar % inéxito 7.20 - socorrer
' ' I ;:'' JZZ
222
8.1- 916 8.2 - 4389 8.3- 54321 8.4 - 611097 8.5 - 2476015 8.6 - bri/ca/brac 8.7 -
spar/ti/cro
8.8 - bir/bri/cor /a êxito 8.9 - fra/Ihe/nho
8.10 - sa/gar/lir "/o inêxito
10 - Associação Auditiva
223
i';I
- etc.
Estes são alguns dos termos aplicados por investigadores para caracterizar as
crianças com D.A., complicando obviamente o acesso a um eonsenso no plano do
diagnóstico e no plano da aplicaçâo de estratégias educacionais, que permitam
determinar a etiologia e minimizar a incidência de um problema que joga com o
potencial humano e com a adaptação à sociedade moderna, cada vez mais dominada
por sofisticados avanços tecnológicos.
Para avançarmos neste problema é necessário especificar, o mais
rigorosamente possível, qual é o tipo de população que o termo D.A. compreende.
5.1. Definições
Não podendo aqui rever todas as definições que têm sido adiantadas por
eminentes investigadores, vejamos algumas delas pela sua importância e aceitação
internacional.
Kirk, autor do ITPA (Illinois Test of Psycholinguistic Abilities), define D.A. como:
um atraso desordem ou imaturidade num ou mais processos: da linguagem falada,
da leitura, da ortografia, da caligrafia ou da aritmética; resultantes de uma possivel
disfunção cerebral elou distúrbios de comportamento, e não dependentes de uma
deficiência mental, de uma privaçâo sensorial (visual ou auditiva), de uma privação
cultural ou de um conjunto de factores pedagógicos.
226
Outros autores avançam com outras definições, das quais destaca- mos, pelo
seu interesse, os seguintes:
Bateman, B. in Learning Disorders (1965)
,As crianças que têm dificuldades de aprendizagem, são as que
manifestam discrepâncias educacionalmente significativas. Discrepância
entre o seu potencial intelectual estimado e o actual nível de realização
escolar,relacionada essencialmente,com desordens básicas do processo
de aprendizagem,que pode ser ou não acompanhada por disfunções do
sistema nervoso central.As discrepâncias de qualquer maneira não são
causadas por um distúrbio geral de desenvolvimento ou provocadas por
privação sensorial (sensory loss)."
Clements,S.D.in Minimal brain dysfunction in children (1966): `
,O termo lesão mínima do cérebro (minimal brain dysfunction syn-
drome) retere-se às crianças que são de inteligência geral abaixo da
média,na média ou acima da média,com certas dificuldades de aprendi-
zagem e de comportamento,que podem ir de dificuldades mínimas a
severas e que se encontram associadas a desvios de funções do sistema
nervoso central.Tais desvios,podem ser manifestados por várias combi-
nações de privações na: percepção,conceptualização,linguagem,me-
mória controlo da atenção,impulsividade ou funções motoras. i
Sintomas idênticos podem ser ou não mais complicados em crianças
com paralisia cerebral,epilepsia,debilidade mental,deficiência visual e
auditiva.
Estas aberrações podem ser provocadas por variações genéticas,
irregularidades bioquímicas,lesões cerebrais perinatais,ou até mesmo,
outras doenças ou infecções ocorridas durante os anos críticos do desen-
volvimento e da maturação do SNC ou dependentes de causas ainda
desconhecidas."
Kass,C.in Conference on Learning Disabilities (1966): '
Uma criança com problemas e dificuldades de aprendizagem,é uma
criança com discrepâncias intradesenvolvimentais (intradevelopmental) sig-
nificativas nos seguintes sistemas funcionais de comportamento: sistemas
ideomotores,ideoperceptivos ou ideocognitivos,que estão directamente
implicados nos comportamentos da linguagem,da leitura,da escrita,da
ortografia,da aritmétiea e/ou conteúdos de conhecimento escolar (content
subjects).,
Report da National Advisory Committee on Handicaped Chil-
dren, (1968) :
Uma criança com D.A.(dificuldades de aprendizagem) é uma criança
com aptidões mentais adequadas,adequados processos sensoriais,esta-
bilidade emocional,que tem um limitado número de deficiências específi-
cas nos processos perceptivos,integrativos ou expressivos que impedem a
eficiência da aprendizagem.Estão também incluídas crianças que tenham
227
,i
1.Entre a capacidade e ní-1.Desorganização psico- 1. Problemas percepti-
vel de realização. neurológica. vos, associativos e
2.Dip repâncias em vários 2.Lesão neurológica. expressivos.
as ectos educacionais. 3. Importância da ma- 2. Problemas de descodi-
3.Desajustamentos emo- ?
cionais e sociais. turação e do desen- ficação, integração e
volvimento psicoló- codificação.
gico. 3. Problemas de desen-
4.Problemas visuo-moto- volvimento, inibição e
res.
interterência dos as-
5.Problemás de laterali- pectos de aprendiza- 'i
zação. gem entre si o
: ex.-
-crianças com hemor-
ragias cerebrais; atra-
sos de desenvolvi- i
mento; criança com
p :i
roblemas da fala.
4.Relação dialéctica en-
tre meio e aprendiza-
gem,entre hereditarie-
dade social e heredi-
tariedade biológica.
5.Relação entre dificul-
dades de aprendiza-
gem e desvantagem
cultural.
6. Relação entre dificuldades de aprendizagem e desvantagem cultural.
229
231
233
I
(5) As aquisições da linguagem falada, (5) As aquisições da linguagem falada,
da linguagem escrita e da lingua- da linguagem escrita e da lingua-
gem quantitativa, estão primaria- gem quantitativa,estão secundaria-
mente perturbadas. mente perturbadas.
1) Disfunções cerebrais 1) Afecções biológicas
1.1 Da Linguagem falada 1.1 Do sistema nervoso central
Disnomia Lesões cerebrais
;; Disfasia Paralisia cerebral
Disartria Epilepsia
Deficiência Mental
,i 1.2Da Linguagem Escrita 1.2Dos Sistemas sensoriais
I' ; i
'I Dislexia (Auditiva e Visual) Deficiência Auditiva
; Disgrafia Hipoacusia
Disortografia Deticiência Visual
"
Ambliopia
' ; 0 1.3Da Linguagem Quantitativa
,
..
Discalculia
; ' 2) Problema de comportámento
2) Problemas perceptivos
Reactivo
2.1 Do processo auditivo Neurótico
; Psicótico
Discriminação
S í ntese
Memória de curto termo
; :' Auditorização
' ;
2.2Do processo visual
Discriminação
Figura e fundo
Completamento
Constância da forma
" Posição e relação espacial
I " Visualização
3) Problemas psicomotores 3) Factores ecológicos e socioeco
nómicos
Controlo Vestibular e
i ': proprioceptivo Envolvìmento afectivo
Lateralização Malnutrição
i; Imagem do corpo Privação Cultural
Estruturação espacio- Dispedagogia
-temporal
Praxia global
; Praxia fina (visuomotricidade
; ; e dextralidade)
234
" ,
Muitas causas podem produzir as D.A. I e II, aliás como muitas causas podem
originar a deficiência auditiva. Dentro das causas das D. A., Quirós menciona: as
congénitas (imaturidade do girus angular); as hereditárias (gene autossómico); as
disfuncionais (disfunção cerebral mínima); as bioquímicas (metabolismo das aminas:
serotonina, dopamina, nor- epinefrina, etc.) e as patológicas (lesões cerebrais).
Factores como a prematuridade, a anoxia neonatal, as viroses, os problemas de
metabolismo, os traumas, e outras causas, que envolvam directa ou indirectamente o
SNC, podem produzir várias deficiências sensoriais, motoras ou neurológicas que em
si, podem compreender as D.A. II. Estas porém podem mais tarde produzir quadros
clínicos como as l esôes cerebrais (braindamage), as paralisias cerebrais, as
deficiências mentais, as deficiências sensoriais, etc.
As D.A. II, compreendem a taxonomia da deficiência, e estão mais relacionadas
com os factores médicos, isto é, as suas causas são obvias e bem eonhecidas. Aqui, o
diagnóstico não oferece dúvidas. Dentro delas temos :
-deficiências de comuniçação.
Outros factores podem produzir as D.A. II e esses estão mais relacionados com
aspectos exógenos de ordem psicológica, pedagógica e socioeconómica, como sejam:
envolvimento afectivo, privação cultural, problemas de nutrição, factores ecológicos,
mau enquadramento de aprendizagem e de desenvolvimento, dispedagogia, etc.
As D.A. I não estão tão relacionadas com os factores médicos e por i sso, as
suas causas sâo mal conhecidas. Aqui, o diagnóstico precisa de ser aprofundado, pois
oferece muitas dúvidas. A sua etiologia obscura, não permite determinar o domínio da
causa ou causas específicas do défice de aprendizagem.
235
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237
MODELO DE COMUNICAÇÁO
HUMANA (- -
I i _
/-- I Ideia
1 _r%
- Ideia ,
I
I
RECEPTOR
EMISSOR R SNC
(E
;SNC
Í Ì
FALAR ^r UVIR SONORAS. Sistema
. Aparelho auditivo ; fonador
ONDAS
Í DESCODIFICAGÃO CODIFICAG
ÃO
Sistemas de Sistemas de Input (Output/
11
PROCESSO DA LINGUAGEM
38
i:
Lóbulo Parietal
TACTILO-QUINESTÉSICO s l T Ql
TQ
34
Lóbulo Temporal
239
L INGUAGEM ESCRITA
VISÃO
4
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r
F c
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I II J
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' Fig. 74- Mecanismos de Integração da Hierarquia da Linguagem 9
240
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LINGUAGEM VERBAL
Auditiva e Visual
tt
LINGUAGEM VISUAL EXPRESSIVA
E crita t
t'
LINGUAGEM VISUAL RECEPTIVA '
Leitura _ó
TI
LINGUAGEM AUDITIVA EXPRESSIVA ú
E
Fala
m
Ti Ú
241
243
244
LINGUAGEM LINGUAGEM
FALADA ESCRITA
1 1
Sistema fonológico Sistema grafológico
OUVIR FALAR LER ESCREVE
lalaçóes Grafismos
entoações , componentes grafo-motores
segmentações componentes visuo-motores
fonemas letras
palavras agrupamentos
palavras
1
Sistema semântico - Sistema semântico
conceptualiazação rgn f cação
léxico análise-sintese
formulação
1
Sistema sintáctico Sistema sintáctico
1 1
' morfologia
morfologia gramática
gramábca
i
PROCESSO PROCESSO
s= AUDITIVO- VERBAL -- VÍSUO-MOTOR
246
247
249
250
1.o - Intençâo;
2.o-Formulação de ideias com recurso à linguagem interna, apelando à
rememorização das unidades de significação que se desejam expressar;
3.o - Chamada das palavras à consciência (factor semântico); 4.o- Colocação
das palavras segundo regras gramaticais (factor sintáxico) ;
5.o - Codificação com apelo à sequência das unidades linguísticas
(relação todo + partes);
6.o - Mobilização dos símbolos gráficos equivalentes aos símbolos
fonéticos (conversão fonema-grafema);
7.o - Chamada dos padrões motores (conversão visuo-tactilo-quinestésica) ;
8.o- Praxia manual e escrita propriamente dita.
251
ÁI
Y f:
1 ) Associações arbitrárias
Lápis azuis
Lápis vermelhos
//áOOá
/OOU
2) Conceitos
// OO
/O3O5
(3+5=5+o)
3 + 5 = 8 lápis
Por aqui podemos confirmar a hierarquia das tarefas matemáticas, avançada por
Browell e Hendrickson 50, e subdividida em quatro tipos de aprendizagem:
jada engloba uma ordem e uma sequência de actos motores, encadeados uns nos
outros. As condições internas, colocam a aprendizagem de cada conexão estímulo-
resposta e a presença de um.feed-back quinestésico contido na realização do
acto motor, encarado como experiêneia concreta. As exteriores, devem colocar o
educando numa sequéncia ou ordem de conexões (links) estímulo-resposta
dentro duma determinada sucessão de tempos (contiguity), bem como numa
certa prática coadjuvada com processos de reforço e de motivação.
4 - Aprendizagem por associaçâo verbal - Este tipo de aprendizagem envolve
nomeaçâo ou identificaçâo verbal. As condições internas, são as mesmas do tipo 3.
Cada conexão E - R deve ser aprendida previamente e acompanhada com a
componente do feed-back quinestésico. As externas, incluem a apresentação
das unidades verbais dentro de uma sequência adequada, colocando o educando na
situação de resposta, garantindo confirmação e reforço na presença das respostas
correctas.
5 - Aprendizagem por discriminação múltipla - Compreende tarefas de
discriminação e de diferenciação de formas, tamanho, cor, comprimento, volume,
palavras, números, propriedades de números, etc. As condiçôes internas, incluem a
aquisiçâo dos anteriores quatro tipos de aprendizagem. As externas, consistem na
utilização adequada de materiais, de instrumentos e de fichas de trabalho, para além
da prática, da repetição e do reforço positivo.
6 - Aprendizagem por conceitos - O problema agora situa a identificação
significativa de uma classe de objectos. A atenção aqui, recai sobre a semelhança entre
os objectos e o agrupamento de atributos que os caracterizam. As condições internas,
são as mesmas das do tipo 5. As condições externas, incluem a apresentação
simultãnea de objectos com suportes na identificação de atributos comuns, bem como,
o reforço das respostas correctas.
7 - Aprendizagem por principios - Engloba a utilização de dois ou mais conceitos.
As condições internas, exigem que o indivíduo conheça os conceitos que estâo
reunidos no princípio. As externas, colocam as condições seguintes:
257
das características da situação; formulaçâo das hipóteses; e por último, verificação das
hipóteses. As condições internas, exigem a utilização dos tipos de aprendizagem
anteriormente analisados e que sejam relevantes para a resoluçâo do problema. As
externas, devem fornecer suportes que permitam a rememorização dos princípios
relevantes necessários à obtençâo da solução.
Nesta hiearquização da aprendizagem que Gagné 65, propõe, denota-se uma
preocupaçâo de sistematização da aprendizagem, condição indispensável, não só à
linguagem quantitativa como ìgualmente necessária a todos os processos da
linguagem falada e escrita.
A análise das tarefas e a diferenciaçâo das suas componentes, colocam sempre
uma hierarquização da aprendizagem, que muitas vezes não é respeitada e, por
consequência, originam as dificuldades. É dentro deste contexto que se coloca o
conceito de dispedagogia, que está significativamente correlaeionado com as dislexias
e as discalculias. Para cada problema da criança (condições internas da
aprendizagem) está também, e necessariamente, um problema do professor
(condições externas do ensino).
Depois desta sumária introdução da linguagem quantitativa e que serve aos
anteriores parãmetros podemos agora encarar as principais dificuldades que
comprometem a sua aprendizagem, e que dão signiticação à noção de discalculia
(Cohn 61) que compreende a dificuldade em realizar operações matemáticas,
normalmente associadas a problemas de revisualização de números, de ideação, de
cálculo e de aplicação de instruções matemáticas.
A dificuldade em aprender matemática está associada a várias causas, podendo
incluir as seguintes: ausência de fundamentos matemáticos, falta de aptidão,
problemas emocionais, ensino inapropriado, inteligência geral, capacidades especiais,
facilitaçâo verbal e/ou variáveis psiconeurológicas.
A ausência de fundamentos matemáticos, e a falta de aptidão (readiness),
compreendem especificamente as pré-aquisições ligadas à manipulação de objectos e
à movimentação corporal e espacial. A matemática não pode ser percebida sem uma
aplicação no real concreto, através de processos activos e corporais, dado que o
próprio sistema decimal se baseia nos dez dedos da mão, para além das medidas
terem sido inicial mente feitas através do corpo (polegadas, pés, jardas, passos,
passadas, etc.). Antes de trabalhar com o número, a criança deve aprendera diferenciar
conceitos: mais ou menos,; mais alto-mais baixo; mais largo-mais
estreito; igual-diferente. As experiências de conservação de quantidade e as
seriações, devem fundamentalmente ser aplicadas com objectos tridimensionais,
realizando arranjos e rearranjos que possam facilitara compreensão dos conceitos
básicos. A correspondência um-a-um, primeiro com objectos e depois com figuras
(processo icónico ou pictográfico de Brunner 63), a noção de quantidade descontímua,
a eontagem de sequência, a equivalência, a correspondência e seriação de conjuntos,
a discriminação de formas, o uso de blocos lógicos, a identificação (igual258
259
Luria 66, demonstrou que as lesôes nas áreas parietal inferior e parieto-occipital
esquerdas, resultam na desintegração da síntese visuo-espacial, onde a estrutura dos
números perde a sua significação e as operaçôes de cálculo são realizadas com
dificuldade. O mesmo autor sublinhou que as dificuldades no cálculo estão associadas
à afasia motora (lesões do lóbulo frontal) e à perturbação do processo da linguagem
interior.
Independentemente deste campo ser muito confuso, o que nos interessa para o
ãmbito psicopedagógico, minimamente apoiado na investigação psiconeurológica, é
saber o que vamos ensinar e como vamos optimizar os potenciais de aprendizagem de
uma criança discalculica.
Para intervirmos no campo das dificuldades de aprendizagem, torna-se
imprescindível a despistagem e a identificação como primeiros passos de uma
avaliação compreendida em várias fases.
Dentro desta perspectiva, as dificuldades de aprendizagem, que habitualmente
têm estado mais associadas à discalculia e que precisam ser identificadas, são as
seguintes: relacionar termo a termo, associar símbolos auditivos e visuais aos
números, contar, aprender sistemas cardinais e ordinais, visualizar grupos de objectos,
compreender o princípio de conservação, realizar operações aritméticas, perceber a
significaçâo dos sinais de + e -, de x e = e de =; ordenar números espacialmente,
lembrar operaçôes básicas, tabuadas, transportar números, seguir sequências,
perceber princípios de medida, ler mapas e gráficos, relacionar o valor das moedas,
resolver problemas matemáticos, etc.
Na base de processos informais (isto é, sem envolver tormas psicométricas ou
estatísticas), o professor pode determinar o nível de aprendizagem da criança, através
de um perfil intra individual, que permita discriminar a natureza do problema.
260
BIBLIOGRAFIA
261
262
Despistagem e Identificação
Precoce de D.A.
263
sinais de riscos mais importantes nas áreas da linguagem, quer nos aspectos
receptìvos, quer nos expressivos.
A identificação precoee é uma alternativa imprescindível para os países de
fracos recursos como o nosso, na medida em que reduz os custos, elimina condições
que tendem a agravar o desenvolvimento total da criança e diminui os seus efeitos
cumulativos.
Muitos sinais que não são detectados antes da entrada para a escola podem ser
responsáveis pelo insucesso escolar e obviamento pelo desajustamento social.
A identificação não é um diagnóstico. Trata-se de um processo de despistagem
e de rastreio (screening) visando uma intervenção pedagógica compensatória. Nâo se
trata de um fim em si próprio, nem apenas duma descrição, ela implica, antes do mais,
uma prescrição, tendo em atenção as necessidades educacionais especificas das
crianças. Na identificação, o importante é a utilidade da informação e a sua eficácia
pedagógica e nunca qualquer estigmatizaçâo subtil.
Toda a despistagem de problemas, ou melhor, toda a identificação do potencial
de aprendizagem (IPA), toma em linha de conta a sua ocorrência na escola. A
tendência actual é fazer do professor o primeiro elemento de avaliação. O recurso a
especialistas virá posteriormente, quando necessário, e aqui o psicólogo escolar
justifica-se cada vez mais. E evidente que esta perspectiva está na ordem do dia. A
renovação dos processos de formação dos professores primários e especializados,
bem como dos psicólogos escolares (que tardam em Portugal) e dos próprios médicos
escolares, impõe-se cada vez mais.
Desta forma, com recurso a uma identificação precoce realizada pelo protessor
e na escola, os problemas educacionais podem mais facilmente ser solucionados. Não
se colocam problemas de classificaçâo ou de etiqueta, visto que está em jogo, a
optimìzação do potencial de aprendizagem das crianças. Para isto é preciso estudar o
envolvimento familiar e o envolvimento escolar, introduzindo aí as necessárias
modificações antes de ver o problema só nas crianças. As crianças não podem
continuar a ser vistas como automóveis, onde não se vê, se há ou não gasolina,
ou se a bateria, está ou não em condiçôes, mas se começa logo, por desmontar o
motor e as suas peças componentes. Primeiro, mudar o ambiente, e depois, o
professor, e só no fim, a criança.
A finalidade da identificação precoce é evitar as consequências do insucesso
escolar. Não se podem ignorar certas questões da aprendizagem, pois podem-se
subvalorizar certos sinais de risco educacional e consequentemente adiar a sua
solução. Concordamos com a afirmação que nos diz que o diagnóstico grosseiro é um
perigo. De facto, o diagnóstico não se deve confundir com a identificação. A
identificação deve, quanto possível, dar significação a determinados sinais, não os
banalizando ou nigligenciando.
Quanto mais estudos e investigação prática se tiver neste domínio, tanto mais
facilmente se distinguem os sinais de vulnerabilidade, atribuindo-Ihes valor e
significação, podendo, a partir daí; determinar a natureza e
264
a origem das D.A. Pensamos que neste campo, não haverá progresso sem
identificaçâo e sem diagnóstico, caso contrário, deixamos escapar sinais e problemas
de difícil solução mais tarde.
A identificação a desenvolver deve tomar em consideração vários factores,
conforme exemplo seguinte:
1- Linguagem Auditivo-verbal:
- Reprodução automática e sequencial;
- Compreensão;
- Formulação:
a) Semântica - objectos, lateralidade, partes do corpo, símbolos;
b) Sintáctica/gramatical;
c) Pragmátiea; d) Prosódica.
- Articulação.
265
Descodificação tacti I :
- Percepção de estimulações duplas do mesmo lado do corpo;
- Percepção de estimulações duplas dos dois lados do corpo;
-Reconhecimento de objectos (exterognosias);
- Reconhecimento de objectos com transfer interhemisférico (da
esquerda para a direita - da direita para a esquerda);
- Reconhecimento quinestésico e taetil da lateralidade do corpo;
- Reconhecimento de partes do corpo (dedos).
Descodificação vìsual :
- Percepção de estimulações homólogas bilateraìs;
- Reconheeimento de objectos;
- Reconhecimento do objecto, por apresentação de algumas partes
do mesmo;
- Reconhecimento de:
a) Partes do corpo (esquerda-direita, de si, dos outos); b) Reconhecimento da
divisão esquerda- direita do corpo; c) Formas geométricas (figuras e partes);
d) Orientação espacial (esquerda-direita; cima- baixo, perto-afastado).
Localização, direcção, relações, dimensões; e) Figura-fundo;
t) Símbolos.
- Reminiscências de:
a) objectos;
b) partes do corpo;
c) orientação espacial;
d) símbolos.
4 - Integração intersensorial:
- Reconhecimento audio-visual de:
a) objectos ;
i` b) símbolos e palavras; i c) sequência temporal.
- Reeonhecimento visual - reminiscência auditiva: a) objectos ;
i b) leitura;
c) sequência temporal.
, - Reconhecimento auditivo - reminiscência visual de palavras ' (escrever a partir
do ditado).
5 - Codificação visuo-moto-quinestésica
- Praxia fina manual;
- Praxia ideacional;
- Praxia construtiva: a) por cópia visual; b) por reminiscência.
- Praxia ideatória.
266
6 - Funçôes globais:
- Leitura;
- Escrita criativa;
1
- Cálculo;
- Conhecimento;
- Abstracção;
- Lógica.
G
AO PROFESSOR
267
CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO
1. COMPREENSÃO AUDITIVA
COMPREENSÃO DO SIGNIFICADO DAS PALAVRAS ESCALA
- Nível extremamente imaturo de compreensão....
- Dificuldade em captar o significado de palavras simples,má compre-
ensão de palavras do seu nível de escolaridade 2
- Boa captação de vocabulário próprio da idade e daescolaridade 3
- Compreensão do vocabulário do seu nível de escolaridade bem como
do significado de palavras de nível superior...... 4
-Compreensão de vocabulário de nível superior,compreende muitas
palavras abstractas.. 5
EXECUÇÃO DE INSTRUÇÕES
- Incapaz de seguir instruções,confunde sempre.
- Segue habitualmente instruções simples,mas necessita muitas vezes
de reforço individual... 2
- Segue instruções familiares e pouco complexas 3
- Segue instruções extensas e prolongadas....... 4
- Excepcionalmente dotado em lembrar e seguir instruções 5
2. LINGUAGEM FALADA
VOCABULÁRIO ESCALA
- Usa sempre vocabulário pobre e imaturo...........
-Vocabulário limitado; substantivos simples,poucaspalavras precisase
descritivas... 2
- Vocabulário adequado à idade e aograu escolar......... 3
-Vocabulário acima da média; usa numerosas palavras descritivas e
precisas.. 4
- Alto nível devocabulário; utiliza palavrascomplexas .... 5
268
GRAMÁTICA
- Usa frases incompletas com erros gramaticais
- Usa frequentemente frases incompletas; numerosos erros gramaticais 2
- Construção gramatical correcta; poucos erros no uso de proposições,
tempos de verbos e pronomes 3
- Linguagem oral acima da média; raros erros gramaticais 4
- Utiliza sempre frases gramaticais correctas..... 5
MEMÓRIA VERBAL
- Incapaz de recordar a palavra exacta
- Exprime-se com hesitação na utilização das palavras..
- Ocasionalmente procura a palavra correcta; recorda a palavra adequa-
da para a idade e grau escolar..........
- Acima da média,raramente hesita na palavra 4
- Fala sempre bem; nunca hesita ou substitui palavras..
CONTAR HISTbRIAS - RELATAR EXPERIÊNCIAS
- Incapaz de contar uma história compreensível
- Dificuldade de relatar ideias com sequéncia lógica..... 2
- Na média,adequado para a idade e grau escolar......... 3
- Acima da média,usa sequências lógicas......... 4
- Excepcional,relata ideias de uma maneira lógica e significativa 5
FORMULAÇÃO DE IDEIAS
- Incapaz de relatar factos isolados...... 1
- Dificuldade em relatar factos isolados,ideias incompletas e dispersas 2
- Frequentemente relata factos com significado e adequados à idade e
grau escolar 3
- Acima da média,relata bem os factos e as ideias...... 4
- Excepcional,relata sempre factos com propriedade...... 5
RESULTADO 0
3. ORIENTAÇÃO ESPACIO-TEMPORAL
269
ORGANIZAÇÃO
- Bastante desorganizado; muito desleixado.....
- Frequentemente desorganizado na maneira de trabalhar;inexacto e
descuidado
- Mantém uma organização média de trabalho; cuidadoso...........
- Acima do nível médio de organização; organiza e completa bem o
trabalho......
- Bem organizado;realiza o trabalho com meticulosidade adequada......
SITUAÇÕES NOVAS (festas, viagens e mudanças de rotina)
- Extremamente excitável; perde totalmente o seu controlo... ....
- Hiper-reacções frequentes; dificuldade em enfrentar situações novas
- Adaptação adequada para a sua idade e escolaridade
- Adaptação fácil, rápida, com confiança
- Excelente adaptação; manifesta inciativa e independência........
ACEITAÇÃO SOCIAL ESCALA
- Rejeição pelos outros...........
- Tolerado pelos outros........ 2
- Aceite pelos outros; comportamento adequado à sua idade e escolari-
dade 3
- Bem aceite pelos outros..... 4
- Procurado pelos outros........ 5
RESPONSABILIDADE
- Rejeita a responsabilidade; nunca toma a iniciativa..... 1
-Evita a responsabilidade; aceitação limitada do papel adequado à
idade 2
- Aceita a responsabilidade adequada à sua idadeeescolaridade 3
-Responsabilidade acima da média; gosta da responsabilidade,tem
iniciativa e é voluntário.... .4
- Procura responsabilidade;quase sempre toma iniciativa com entu-
siasmo....... 5
CUMPRIMENTO DE TAREFAS
- Nunca acaba mesmo com ajuda.......
- Algumas vezes termina, mas com ajuda.........
- Realização adequada das tarefas; tinaliza as tarefas...
- Realização acima da média; completa as tarefas sem pressa...
- Completa sempre as tarefas sem supervisão.
AJUSTAMENTO - DISCERNEMENTO
- Sempre impertinente
- Desrespeita os sentimentos alheios... _
- Discernimento médio; por vezes comportamento social desajustado...
- Adaptado socialmente; comportamento raramente desajustado
- Sempre adaptado; comportamento nunca é desajustado
271
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273
5.- CRIATIVIDADE
5.1-Curiosidade ......... 1 23
5.2- Exploração ........ 1 23
5.3- Espontaneidade...... ....... 123
5.4-Dramatização........ ......... 1 23
5.5-Modelação ........ 1 23
5.6- Pintura e desenho imaginativo .......... 1 23
5.7- Invenção de histórias ........ 1 23
6.- COMPORTAMENTO SOCIAL
6.1- Cooperação......... 1 23
6.2- Atenção.. 1 23
6.3- Independência ....... 1 23
6.4-Organização......... 1 23
6.5-Adaptação a novas experiências........ 1 23
6.7- Aceitação social no grupo..... 1 23
6.8- Relação com o adulto......... 1 23
6.9- Noção de responsabilidade... 1 23
6.10- Finalização de tarefas........ 1 23
6.11- Agressivìdade...... 1 23
6.12-Impulsividade....... 1 23
6.13-Inibição. 1 23
TOTAL DE PONTOS
Rubrica do observador
Idade:anos meses
scar o que nao m eressa
274
ESCRITA
Prefere pintar
Dificuldade em seguir otraço pedido .. I nclina-se para a frente
enquanto escreve.. Não copia do quadro para o papel
275
CALCULO
Não conhece as horas Não conhece os minutos
Dif. correspondéncia um a um.... Não recorda números até 10..... Não recorda
números até 20.. ...
Aritmética inferior ao nível da classe....... . Usa dedos ou objectos para
contar..... ...
DITADO
TOTAL DE PONTOS....
Rubrica do observador
276
i
277
278
280
adaptativo (N.B.A.)
mal estabelecido
métodos inapropriados
objectivos demasiado
difíceis de alcançar
RECOMENDAÇÕES
,
I I Aceitação da Identificação de D.A.
D.A. I dentificação
de D.A. por , áreas e subáreas
I nvestigação sobre
as D.A.
Reavaliação
r-
8ucesso Insucesso
281
282
BIBLIOGRAFIA
III
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D.A. e Aprendizagem
285
286
288
INTEGRIDADES DA APRENDIZAGEM
Para que a criança se exprima pela linguagem é necessário que se observe uma
hierarquia da ìdentificação, isto é, a criança tem que ouvir e compreender primeiro as
palavras emitidas pelos adultos e só depois exprimir-se por meio delas. Da mesma
forma que tem de aprender primeiro a ler e só depois exprimir-se pela escrita.
A comunicação humana é total e dialéctica, visto que se observam múltiplas
dependências entre o gesto (comunicação não verbal) e a palavra (comunicação
verbal), uma é primeiro que a outra, visto traduzirem o resultado da hierarquia da
experiência humana.
O papel da comunicação humana total coloca-nos num problema muito mais
geral que é a imitação, que em si, já é um misto de movimento emoção e
representação. A imitação não é mais do que a habilidade de interiorizar a realidade.
Interiorizar, que compreende um meio de assimìlação do mundo exterior (Piaget 50).
Para que a aprendizagem se torne um facto, é necessário operar-se na criança uma
apropriação (psicogenética e soeiogenética) de inúmeras aptidões extrabiológicas.
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Aprendizagem Intraneurossensorìal
Aprendizagem Interneurossensorial
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295
296
297
BIBLIOGRAFIA
CHILAND, C. - L'enfant de six ans et son avenir - PUF, Paris, 1971. DOWNING, J e
THACKARDAY, D. V. - Reading readines - Ed. University of
London Press Ltd., London, 1972.
298
299
97
3 Í: 1 I
Algumas Características
das Crianças D.A.
301
Para além destas características muito gerais, a criança D.A. apresenta outros
problemas que vamos de seguida abordar sumariamente, de uma forma sistemática,
com a finalidade de permìtir essencialmente a identìficação, mais ou menos precisa,
das suas necessidades educacionais.
Esforça-se por aprender mas não consegue. Perde objectos.
Frequentemente é muito desorientada. É trapalhona a talar. Coordena
mal os movimentos. Sabe muitas coisas mas não aprende a ler, etc.
Estas afirmações recolhidas na nossa experiência clínica pedagógica quando
entrevistamos os pais, tem naturalmente, uma inexcedível significação como sinais de
caracterização da criança D.A.
302
funções de alerta e vigilância. A sua desatenção pode ser motivada por carência
(inatenção) ou por excesso (superatenção). Em ambos os casos a fìxação anormal ou
afixaçâo em pormenores supérfluos e pouco significativos, impede que se processe a
selecção da informação necessária à aprendizagem.
Parece verificar-se um descontrolo do reflexo básico de orientaçâo, não se
seleccionando, nem se explorando convenientemente os estímulos.
As crianças D.A. apresentam normalmente problemas de selecçâo quando dois
ou mais estímulos estão em presença. A existência de estímulos competitivos perturba
estas crianças, tanto ao nível visual como ao nível auditivo.
A distracção parece interferir com a percepção, e subsequentemente, com a
aprendizagem. Sabe-se hoje, que a atenção é controlada pelo tronco cerebral, mais
exactamente, pela substância reticulada, que tem por função regular a entrada e a
selecção integrada dos estímulos, bem como a criação de um estado tónico de controlo
(1.o bloco de Luria) que é indispensável à aprendizagem. Uma vez afectada esta
unidade funcional, o cérebro está impedido de processar e conservar a informação,
pondo em risco as funções de descodificaçâo e de codificação.
Na criança D.A., registam-se alterações e flutuações na atenção selectiva e na
sua duração e extensão. Os sistemas de activação, de excitaçâo, de inibição e de
integração neurossensorial evidenciam disfunções reticulo-cortico- reticulares e vários
descontrolos talâmicos, que impedem a atenção, de fazer face às situações ou tarefas
durante um período de tempo razoável, prejudicando por esse facto, o tratamento
subsequente e consciente da intormação. Pode dar-se a este nível, segundo alguns
investigadores, uma espécie de bloqueio no processamento de dados, nâo
possibilitando a análise e a síntese cortical dos estímulos necessários à aprendizagem.
Muitas tarefas de aprendizagem requerem da parte do indivíduo um i
solamento crítico e pré-perceptivo de vários estímulos muitas vezes inacessível
às crianças D.A. Não se operando uma selecção da informação, o cortex pode
encontrar-se em permanente dificuldade e confusão, em separar a informação,
supérflua e parasita, da informação relevante e necessária. Outras tarefas porém,
exigem a mudança controlada da atençâo, o que muitas vezes não ocorre nas crianças
D.A.
A atenção depende doutras variáveis como a motivação, a hiperactividade, a
impulsividade, o biorrítmo preferencial, a presença de estímulos simultãneos, a funçâo
intraneurossensorial da figura-fundo e centro-periférica, a complexidade da tarefa, a
sequencialização das operações em causa, a observância de condições que ocorreram
antes e durante as situaçôes, o tipo de reforço em causa, o nível da experiência
anterior, o estado emocional do momento, etc.
Muitas destas condições ocorrem nas situaçôes de aprendizagem, e muitas
delas não se podem imputar à criança D.A. A ocorrência de muitos estímulos como
acontece em muitas salas de aula: permanente barulho
303
Dentro dos problemas perceptivos mais estudados nas crianças D.A. destacam-
se: os visuais e os auditivos.
A criança D.A. revela certas dificuldades em identificar, discriminar e interpretar
estímulos. Os primeiros processos de tratamento da informação sensorial parecem
apresentar ambiguidades, sincretismos, confusões, hesitações, distorções, falhas, etc.
Segundo M. Frostig, 50% das crianças na primeira fase (1. ano da 1.a fase)
possuem um inadequado desenvolvimento perceptivo que tende a repercutir-se nas
D.A., quer quanto à leitura e escrita, quer quanto ao cálculo.
Embora a aprendizagem envolva processos psíquicos superiores (retenção,
integração, conceptualização, etc.), não restam dúvidas de que ela também depende
de processos psíquicos automáticos (atenção, discriminação, identificação, figura-
fundo, descodificação, sequencialização, análise, síntese, completamento,
reconhecimento primário, memórìa de curto termo, recodificação, etc.), onde as
crianças D.A. manitestam problemas de várias ordem.
O processo perceptivo humano envolve processos de recepção, transdução e
integração de informação muito complexos, a que já nós referimos nos capítulos
anteriores.
304
305
pgS
A percepção subentendeda experiêáciaee da p trair si nifica ão do
ica com a estimula-
envolvimento,como resultado rocesso activo no sentido
ção.Compreende como atma Gbsoproduzrestmulação em feed-back,
de uma exploração,q p
posteriormente integrada no cérebro.
A capacidade peceptiva de discriminar,analisar,sintetisar,reconhecer
e armazenar estímulos e suas relações,está indissociavelmente ligado à
manipulação de objectos e à elaboraçâo de respostas simples,compostas
lexas.O reconhecimento do objecto (contorno,forma,c mprim péo
e comp .) é inseparável da sua mánipul Çte motora (pro-
largura,orientação,etc p
qual a percepçâo envolve reciprocamente uma co
cesso perceptivo-motor). e é que as crianças D.A.apresentam
Compreendemos agora,porqu problemas perceptivos.
vários problemas motores e vários
A criança D.A.é normal em termos intelectuais,porém o seu sistema
nervoso não recebe,não organiza,não armazena e m manei7at q nforma-
çâo visual,auditiva e táctilo-quinestésica da mes ue uma
criança normal.
A criança D.A.manifesta discrepâncias entre a capacidade em com-
preender acontecimentos,ex eriências e ideias e a capacidade em apren-
der a ler,soletrar escrever P calcular.Neste caso parece que a criança
D.A.manifesta diticuldades em distinguir,detectar,diterenciar escrutinar e
investìgar estímulos,subtilmente semelhantes mas com significados muito
diferentes. ,tem diticuldades em seguir explicações e instruções
A cúéSa DrA na sala de aula ou em distinguir no quadro de ardósia
verbais
muitos e variados sién!smuitos casos,assume uma deficiência perceptiva,
A criança D.A. ôes tão refinadas e organiza-
por isso tem dificuldades em formar percepç
das como as que sâo necessárias para aprender a ler.Percebe mal a
informação sensorial,subvaloriza detalhes importantes,ou então super-
ue alteram a noção do todo.Compreé d rté specto
valoriza pormenores q preender as relações das ç
do todo,mas nâo consegue com
constituem.Ouve significações,mas perde-se quando toma áten âo à
estrutura da palavra.Confunde auditivamente as estruturas das alavras e
erde o seu significado.Distrai-seá oimelé ante ps e
como consequência,p para si,m
ideias que são interessantes e significantes ara
o objectivo específico das tarefas ou situacões do momento.
Para nos apercebermos destas diticuldades,basta lembrarmo-nos do
que nos ocorre quando conduzimos automóveis em dias de intensa chuva
ou de nevoeìro.Aí,para além da insegurança característica da situaçâo,
as formas dos objectos tomam um aspecto bem diterente daquele que se
verifica em condiçôes normais de luminosidade.Em dia de nevoeiro a
(ac ão é imprecisa,incerta,cautelosas,hipercontrolada,
nossa conduçãoxact mente porque as nossas percepçôes já não são
nervosa,etc.,
seguras,claras e adequadas.
306
Por esta razão, muitas crianças disléxicas não apresentam anomalias no exame
oftalmológico, mas não deixam de manifestar problemas de processamento e
tratamento da informação visual, pois são frequentes nelas, inúmeros problemas de:
figura-fundo, completamento visual, atenção visual selectiva, constância da forma,
posição no espaço, relações de espaço, coordenação óculo-manual, etc.
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316
palavras. Para tais autores as dificuldades mais facilmente detectadas são: dificuldades
de reauditorização, dificuldades de integração auditivo-motora e dificuldades de
formulação e sintaxe.
Nas dificuldades de reauditorização revelam problemas na rechamada de
palavras. Compreendem a reconhecem palavras, podem mesmo armazená-las só que
têm dificuldades em as reaver, utilizar e seleccionar espontaneamente no discurso
falado (disnomia). Nas crianças D.A., é por vezes trequente o uso da expressão não
verbal e de gestos e de frases i ncompletas, para compensar este problema.
Nas dificuldades de integração auditivo-motora passa-se antes, um problema de
produção de sons, aqui a crianças D.A. tem problemas em imitir sons, na medida em
que não são movidos os músculos e as restantes componentes anátomo- fisiológicas
apropriadas para articular os sons da fala (disartria).
Por último, surgem as dificuldades em formular frases gramaticalmente
correctas, onde as crianças D.A. demonstram problemas ao nível da organização e da
sintaxe (disfasia).
Distorções de ordem, omissões de palavras e de estruturas de conexão, erros
gramaticais, concordância masculino- feminino, singular-plural, etc., utilização
incorrecta do tempo dos verbos, etc., revelam problemas em generalizar os princípios
que permitem a produção de frases, evidenciando uma utilização incompleta da
linguagem com subsequentes problemas de aproveitamento escolar e inserção social.
nente inêxito, muito menos uma criança. Muitas das crianças D.A. face aos resultados
escolares, vão-se convencendo que não aprendem por mais que tentem, daí o perigo
em negligenciar a implicação das D.A. no desenvolvimento da personalidade global da
criança.
Efeetivamente nenhuma crianças D.A. é inume a um envolvimento inadequado e
abusivo que atecta toda a gente. Na insegurança, na desconfiança e na humilhação
nada se aprende. O encorajamento, a estimulação da iniciativa, o reforço positivo, são
os dispositivos mais perspicazes de mudança de comportamento e não o contrário.
A instabilidde emocional é uma das características que tem sido mais referida
nas crianças D.A. Hipersensíveis e vulneráveis, quer ao riso constrangido, quer
ao choro exagerado, estas crianças tendem a evidênciar rápidas e imprevisíveis
mudanças de humor e de temperamento, que se reflectem em problemas perceptivos e
em problemas motores.
Impulsividade e perseveração são também frequentes e usuais. Falta de controlo, de
avaliação crítica, de descernimento, de percepção social, de cooperação, de aceitação
e de prudência, são comuns nestes casos, pois raramente antecipam e antevêm as
consequências dos seus comportamentos.
Ávidas de gratificação imediata, de atenção constante e sem planificação de
condutas, estas crianças experimentam certos problemas de organização do espaço e
do tempo. Raramente pensam antes de agir, daí a maior trequência de inêxitos, na
medida em que as suas dificuldades de inibição as levam a experimentar maior número
de situações sociais conflituosas.
Este quadro pode, por vezes, complicar-se quando se associam distorções,
irregularidades e discontinuidades nas relaçôes n ãe-filho, essencialmente no período
crítico do desenvolvimento da lìnguagem. Em vários casos da nossa clínica, temos
encontrado sinais maternais de abandono, de desinteresse, de depressão, de
agressão, de probreza de comunicação, etc., que naturalmente tendem a agravar o
problema emoeional da criança.
Sem uma atmosfera afectiva, lúdica e relacional, a interacção e a comunicação
não se desenrolam favoravelmente. Não adiantará resolver os problemas de
aprendizagem se os problemas de relação não forem superados. As crianças D.A. não
pode continuar mergulhadas em envolvimento de ameaça, de stress e de
humilhação. Antes do mais, a crianças D.A. precisa de ser respeitada na sua totalidade
como pessoa o que não é, infelizmente, frequente nas nossas escolas.
Sem uma professora simpática, confiante, amiga e conhecedora, a criança não
vence o ciclo vicioso entre as D.A. e o desajustamento emocional, daí a importância
das expectativas e do reforço positivo e de outros processos de modificação de
comportamento.
As crianças emocional e socialmente desajustadas tendem a obter fracos
resultados escolares, na medida em que os disturbios emocionais desintegram o
comportamento, e consequentemente, o potencial de aprendizagem.
318
319
Todas estas fases de tratamento da informação vão exigir a sua fixação, função
esta especificamente operada pela memória de médio termo.
Independentemente de se ocupar de processos sequencializados de
restauração da informação, a memória de curto termo encontra-se em interacção
recíproca com a memória de longo termo, a fim de estabelecer associações
significativas (ou não) entre a intormação actual (presente) e a informação anterior
(passada).
A memória de longo termo recebe e armazena a informação interpretada,
percebida, organizada e compreendida, tornando-a disponível e livre para ser
estrategicamente utilizada e reutilizada no futuro.
A conservação da informação anterior constitui uma função de controlo e de
comparação, face à informação presente, que obviamente se integra nas funções de
formulação e de planificação antecipadoras da decisão e da acção.
Tais conservações de informação, também chamadas de engramasou sejam,
unidades de informação significativa e relevante conservadas pela acção dos ácidos
núcleicos ADN e ARN - vão permitir a combinação e a flexibilidade das funções
cognitivas da aprendizagem por meio de facilitações sinápticas específicas,
processadas entre os neurónios e as neuróglias e integradas pelo circuito de Papez.
A memória ocupa uma função importantíssima na aprendizagem. Ao seleccionar
e chamar a informação assimilada e consolidada, o cérebro combina-a, relaciona-a,
classifica-a e organiza- a de uma forma sequencializada e ordenada para efeitos de
recepção, de integração e de expressão.
À memória estão adstritas funções de análise, síntes , selecção, conexão,
associação, estratégia, formulação, arranjo, rearr;njo e regulação da informação, daí
a sua implicação inevitável na aprendizagem.
Inúmeros trabalhos de investigação demonstraram os vários tipos de problemas
de memória em crianças D.A.
Gallagher e Lucito 61, e Kirk 68, detectaram problemas na memória sequencial
auditiva. Bannatyne 71, 74, e M. Frostg 64, encontraram significativa dificuldade na
memória sequencial visual entre os maus leitores. Chall 63, revelou numa população
de crianças disléxicas dificuldades originadas na reprodução de estruturas silábicas.
Na nossa prática clínica temos encontrado crianças D.A. que apresentam
dificuldades relevantes em reproduzir sequências: de objectos, de imagens, de
desenhos, de formas geométricas, de letras, de números, de rítmos batidos ou
marchados, de gestos dos braços, das mãos ou dos dedos (imitação), etc., quer sejam
apresentados por estímulos auditivos ou visuais, quer táctilo-quinestésicos.
A reprodução de sílabas, de palavras, de frases e pequenas histórias, noutros
casos, é igualmente difícil naquelas crianças. Mais difícil é a transferência da
informação de uma modalidade sensorial (ex: imagens) para outra (ex: fichas com os
respectivos nomes) a confirmar outros
320
321
322
324
Gratemas
325
Díscriminação
Visual JT T
LEITURA
Grafomotricidade
326
,Lè ra,
. RECEPÇAOINTEGRAÇAO--EXPRSSÁO
J
Procasso Visual Procasso Audtivo
I -
LEITURA , ParcapçáoMambria Graloma Fonema
Fonema
I Processo de SigniMcaçao
I r
I
I Procasso Oral \ I
I I
I Fo mulaçáoProdução
I Audilivo Oral I
Varbal I
~ 3
tível, a quem tenha de seguir as crianças D.A. A informação que se pode obter da
WISC em termos de quocíente intelectual (QI) pode ser de grande valor para o
reedueador.
Como se sabe o QI, em termos da WISC, fornece-nos dois quo- cientes:
dos mais altos e o subteste do Código eom o resultado mais baixo na escala não verbal
o QINV significativamente superior ao QIV; etc.
Nos estudos de Bannatyne 75, quatro dos cinco subtestes da escala nâo verbal
(de realização) obtiveram resultados médios superiores ao subteste mais cotado da
escala verbal. Todavia o subteste nâo verbal do Código obteve resultados quase tão
baixos como os subtestes da escala verbal menos cotados (Informação e Aritmétiea).
12
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Subtestes verbai s Q r
QIV O P
Subtestes de performance
(não verbais)
QI QINV
Fig. 103- Vales" e picos" na WISC em crianças D.A.
Que conclusões se devem tirar destes perfis cognitivos das crianças D.A.?
Primeira: muitas crianças D.A. não possuem, de facto, uma \inteligência
normal (para Bryan só 37% das crianças D.A. satisfazem este critério), pois foram
obtidas grandes amplitudes nas médias, nalguns casos diferenças de 17 pontos.
Segunda: os resultados obtidos na escala não
329
Com base nesta recategorização, o mesmo autor verificou que as crianças D.A.
obtêm melhores resultados na Categoria Espacial e os mais baixos na Categoria
Sequencial, com resultados intermédios na Categoria Conceptual.
O que quererá isto dizer em termos de problemas cognitivos para as crianças
D.A. ?
Muito, não só para se compreenderem melhor os seus estilos de aprendizagem
coro para melhor gestão dos recursos e estratégias pedagógicas, permitindo assim
um melhor ajustamento às suas necessidades educacionais específicas.
Como temos vindo a abordar, a leitura depende muito das variáveis cognitivas
exigidas pelos subtestes da Categoria Sequencial. Ora vejamos:
O Código mede a capacidade de copiar e transferir símbolos não significativos
para números e requer um bom controlo óculo-motor, velocidade motora, memória
visual de curto termo, direccionalidade, fixação e compreensão do conceito de código.
A Aritmética mede não só a capacidade de reter pormenores apresentados oralmente e
de resolver oralmente problemas matemáticos, como também a concentração e a
memória auditiva de curto termo e requer conceitos matemáticos, rechamada precisa
de factos quantitativos, memória auditiva para pormenores e visualização da linguagem
(transdução auditivo-visual e vice-versa). A Memória de Digitos mede não só a
capacidade de manipular dígitos apresentados auditiva mente e de uma forma
sequencial, como igualmente, a atenção e a concentraçâo, a memória auditiva imediata
e sequencial, a capacidade de visualização etc.
330
Por este atalho, pela características intelectuais das crianças D.A. que fomos
forçados a fazer, pois não era nossa intenção focar tais aspectos neste capítulo, somos
levados a concluir que as aprendizagens simbólicas não poderão eontinuar a ser
concebidas por formas psicológicas ou pedagógicas simplistas. Sem esclarecer e
substancializar, em termos cognitivos, o que se passa nas aprendizagens simbólicas
corre-se o risco de segregar educacionalmente cada vez mais crianças com potencial
intelectual.
De faeto, a leitura envolve aquisições não verbais como a selecção fígura-fundo,
a discriminação e reconhecimento auditivo e visual, a rechamada de imagens e sua
sequencialização, etc. É evidente que as crianças D.A. surgem com problemas
nalgumas destas aquisições, como vimos atrás, comprometendo o desenvolvimento de
outras aquisições da leitura.
A capacidade de transferir conteúdos de imagens (factores não verbais) para
conteúdos de palavras (factores verbais), é hoje reconhecida como uma pré-aptidão da
leitura na medida em que as crianças deverão poder extrair conteúdos das imagens,
expressando-as em termos de linguagem falada. Trata-se de processos
neuropsicológicos que envolvem os dois hemisférios cerebrais. - O hemisfério direito,
normalmente ligado aos conteúdos não verbais, transfere para o esquerdo as
significações que terão de ser processadas em termos de fala. Esta transdução não
verbal para o verbal é indispensável à aprendizagem humana e imprescindível para a
leitura.
Não se trata de analisar separadamente os processos verbal e nâo verbal. No
caso das crianças D.A., por vezes confrontamo-nos com crianças que não tém
problemas em cada um dos processos. Expressam-se oralmente de uma forma fluente,
por vezes até exagerada, com um vocabulário versátil, como inclusivamente
manipulam imagens e séries de imagens com facilidade. O problema parece centrar-se
mais quando transferem a informação do verbal para o não verbal e vice-versa. As
dificuldades nestes processos cognitivos ìntrahemisférios ou interhemisféricos implicam
um conjunto de problemas que interferem com a compreensão, a inferéncia de
significações e a interpretação da informação contida na leitura e é neste parâmetro
que temos detectado, na nossa prática clínica, vários problemas cognitivos na crianças
D.A.
Nos processos sensoriais, quer numa modalidade (intrassensorial), quer em
duas (interssensorialmente), quer nomeadamente em três, como por exemplo no acto
da escrita em que estão envolvidos simultaneamente a visão (optemas), a audição
(fonemas) e o sentido tactilo-quinestésico (grafemas), as crianças D.A. evidenciam,
igualmente, vários problemas cognitivos.
É frequente identificar crianças D.A. com problemas intrassensoriais auditivos,
nomeadamente dificuldades de identificação fonética, de discriminação de pares de
palavras, de sequencialização de sílabas ou de memória de curto termo, de repetição
de palavras ou frases, etc. Os problemas intrassensoriais visuais também são
frequentes, inclusivamente
331
332
r-
, ;%
i r :;I
, I
i Processo Processo ,, q RTICULEMAS
FONEMAS -- Auditivo - Vocal ,
i i
OPTÉMAS -- Processo
Processo .,GRAFÉMAS
Visual Motor I
I I
L
-
Nesta fugaz análise dos problemas cognitivos das crianças D.A. falta-nos
abordar os processos de hierarquização da aprendizagem. De facto, a leitura envolve
todos os níveis do sistema da aprendizagem: - percepção (discriminação grafética e
fonética) imagem (categorização grafema-fonema, bases do processo de
descodificação); simbolização (abordagem processual ou ataque de palavras,
compreensão, fixação da ideia principal e localização de pormenores, etc.); e
conceptualização (conclusões, deduções, comparações, interpretações, níveis criativos
e críticos, manipulaçôes das ideias e sua relação com os diferentes contextos
passados e presentes, etc.).
333
efectivamente for possível isolar a disfunção (ou disfurções) por meio de um
diagnóstico (intra ou interníveis), talvez se possa vir a compreender melhor qual o tipo
de intervenção a implementar posteriormente.
Problemas perceptivos implicam inequivocamente problemas cognitivos,
perturbando o reconhecimento integral das palavras. Problemas de imagem ou de
memória de curto termo vão, evidentemente, intervir com o armazenamento da
informação, dificultando o processamento simbólico concomitante. Se por sua vez este
se encontrar afectado, os níveis de compreensão logo sofrem, perdendo-se a riqueza e
a interrelaçâo das operações concretas e abstractas intrínsecas do acto da Ieitura.
Por aqui se conclui que a leitura, aliás como as restantes aprendizagens
simbólicas (escrita e cálculo), integra uma série de complexas combinações cognitivas,
parecendo ser neste quadro que surgem os problemas das crianças D.A.
Atenção selectiva, organizaçâo perceptiva visual e auditiva, orientação espacial
superior-inferior e esquerda- direita, discriminação grafético-fonética, vocabulário
visual, identificação fonética, silabação, memória de curto termo, recognição visual e
auditiva, etc., sâo algumas das múltiplas pré-aptidões da leitura. Da rede das suas
combinaçôes eognitivas resulta a compreensão que se retira dos símbolos impressos.
Na leitura, os símbolos visuais recebidos são convertidos em equivalentes
auditivos por um processo intermodal. Para passar da modalidade auditiva à fala na
leitura oral, de novo se exige um processo intermodal que envolve entâo a rechamada
(reauditorização) dos articulemas, que, uma vez formulados interiormente, irão
proporcionar a correcta expressão vocal (motora), ou seja, uma.leitura oral sem
repetições ou hesitaçôes, sem omissôes, inversões, adições ou substituiçôes, de forma
a libertar os processos cognitivos para a compreensão e o julgamento da informação
escrìta.
Ouer as disfunções de processamento de informação, quer as dificuldades
cognitivas, podem emergir em cada um dos níveis de aprendizagem ou nos seus
sistemas de conversão ou hierarquização, dificultando, por interferência de uns
processos noutros, o processo da leitura.
Na base da estruturação dos diferentes níveis de aprendizagem, da percepçâo à
conceptualização, podemos agora discriminar ou identificar o tipo de distúrbios que
caracterizam as dislexias, as disortografias ou discalculias.
Será que o segredo da intervenção reeducativo-terapêutica, nestes casos, está
na possibilidade de se isolarem os níveis da aprendizagem onde ocorrem dificuldades?
334
335
336
des, anáforas, etc., revelam outros sinais léxicos e estruturais curiosos, que mereciam
ser objecto de investigação psicolinguística.
As dificuldades dos maus leitores, segundo Menyuk e Flood 79, situam-se ao
nível da palavra (descodificação fonológica, rechamada das palavras, morfologia, etc.);
ao nível da frase (análise de frases; relações sujeito-predicado etc.) e ao nível de
passagem (inferências, memorização, i ntegração da informação, etc.).
Muitos destes problemas psicolinguísticos, podem ser influenciados pela
imitação pelo reforço e pela interacção sócio e psicolinguísticas antes dos 4 anos de
idade, período em que se encontram adquiridas as estruturas gramaticais básicas
(McCarthy 75).
As aquisições das regras fonológicas, por vezes negligenciadas no envolvimento
familiar e materno infantil, para não dizer escolar, são de uma grande importância para
o desenvolvimento da linguagem, pois são indissociáveis da percepção auditiva
(Eisenson 72). Regras semânticas e sintácticas parecem pouco assimiladas e
generalizadas nas crianças D.A., daí a relevância dos procesos psicolinguísticos no
desenvolvimento da linguagem receptiva, interior e expressiva.
Como tentámos abordar as crianças D.A. apresentam também dificuldades em
associar as palavras (processo auditivo) com imagens (processo visual). Têm
dificuldades em identificar num conjunto de 4 imagens as palavras verter,
contentamento, privaçâo, como surgem por exemplo nas pranchas 23, 63,
e 87, no Peabody Picture Vocabulary Test (Dunn 65) - Teste de Vocabulário - Imagem
de Peabody).
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339
340
341
pois nâo podemos esquecer que a leitura está inequivocamente relacionada com
outras funçôes da linguagem.
A correspondência e a equivalêncìa fonética e silábica (estruturas de superfície)
sâo as bases dos sistemas alfabéticos, pois através deles temos acesso aos elementos
sintáeticos e semânticos (estruturas de profundidade), isto é, à abstracção e à
generalização.
Quando maior for a consciência dos segmentos da fala e da estrutura da
linguagem (fonética, morfologia, sintaxe e semântica), ou seja, o conheCimento da
linguística, mais fácil parece ser, segundo dados de investigação, a aprendizagem da
leitura, daí a detecção precoce destes problemas que acabamos de referir, daí
também, a integração urgente destas pré-aptidõesN nos currículos pré-primários e
primários.
342
Para além destes aspectos, detectam-se com facilidade nas crianças D.A.,
paratonias (dificuldades de relaxação voluntária), disdiadococinésias (dificuldades em
realizar, subsequentemente, movimentos alternados e opostos - bater com a mão
esquerda e mexer com a direita), e sincinésias (movimentos imitativos, parasitas e
desnecessários da boca, da língua e da face ou dos membros contralaterais).
A função de Equilibração parece igualmente mal controlada pelo criança D.A. As
suas provas de imobilidade (com os olhos fechados) são normalmente caracterizadas
por perturbações posturais e vestibulares, manifestando grandes oscilações laterais e
antero-posteriores, para além de revelarem crispações faciais, agitaçôes e tremores,
risos, respirações pro fundas, verbalizações incoerentes, etc. As provas de equilibrio
estático, dinâmico e de locomoção são férteis em reequilibrações abruptas, quedas
unilaterais, descontrolo postural por desencadeamento de reflexos posturais
insuficientemente inibidos, arrítmias, dismetrias, etc. Não é de estranhar que as provas
de equilibração nos proporcionem tantos dados de reflexão, pois o seu controlo é
devido ao cerebelo e à formação reticulada, estruturas responsáveìs pelo controlo da
atençâo, normalmente mal controlada como já vimos na criança D.A.
A criança D.A. acusa de facto alguma anomalias na organizaçâo motora de base
(tonicidade, postura, equilibração e locomoção) e consequentemente na organização
psicomotora (lateralização, direccionalidade, imagem do corpo, estruturação espacio-
temporal e praxias). Como sabemos o início do desenvolvimento humano reflecte uma
antecipaçâo da motricidade face à psicomotricidade. Mais tarde a actividade mental
absorve a aetividade motora, isto é, transforma-se em psicomotricidade, razão pela
qual a psicomotricidade traduz a organização neuropsicológica que serve de base a
todas as aprendizagens humanas.
nC
344
As praxias, quer globais, quer finas, surgem nas crianças D.A. com lentidão ou
com impulsividade. A coordenação óculo- manual e óeulo-pedal apresentam dismetrias
e percentagens de rentabilidade muito baixas. A dissociação dos movimentos é
prejudicada pelos problemas de organização tónica, onde se revelam sinergias
onerosas que tendem a alterar a realização, a velocidade e a preeisão dos movimentos
globais e finos. A recepção e a propulsão de objectos, põem em relevo problemas de
agilidade, de generalização e de disponibilidade. No âmbito da dissociação digital e da
dextralidade, verifica-se que as crianças D.A. demonstram dificuldades em separar as
funções de ìniciativa e de suporte, e de planifi cação de tarefas e subtarefas motoras e
psicomotoras.
É óbvio que este potencial psicomotor interfere com as aprendizagens eseolares
não só porque demonstram uma insuficiente organização perceptivo-motora, como
evocam alterações relevantes no processamento cortical da informação.
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346
que tem servido aquela apenas como constatação dos seus deficits
metodológicos. A pedagogia reeorre à psicologia quando confrontada com os seus
inéxitos. De facto, sâo os critérios pedagógicos que dão significado ao quociente
intelectual (OI) e não o inverso (Zazzo 68), conceito este que assenta numa norma
imposta por um grupo social dominante. Não somos contra o diagnóstico do potencial
intelectual básico, apenas combatemos o seu uso ideológico em termos de prática
pedagógica.
A constelação dos problemas pedagógicos advém do desenvolviemnto da
industrialização e das suas contradições sociais, que geram a necessidade do aumento
do nível de instrução para se adaptar à mobilidade de novos empregos que se
reflectem como pressões sobre a escola e a que esta responde como nova noção de
debilidade - a dislexia.
348
- má frequência escolar;
-deficiente orientação pedagógica;
-inexisténcia do ensino pré-prìmário;
- recusa do ambiente escolar (oposição);
-problemas de motivação cultural;
- etc.
- carências instrumentais;
-difìculdades de processamento da informação visual e auditiva;
- imaturidade psicomotora com problemas de imagem
do corpo, da I ateralidade e da orientação no espaço e no tempo;
- deficiente desenvolvimento da linguagem (expressâo
limitada, vocabulário diminuto, construção sintáxica pobre, problemas de comunicação
verbal), etc. ;
- problemas orgânicos e genéticos que se podem retleetir na
dificuldade de aprendizagem, como sejam por exemplo: problemas do SNC, diabetes,
anomalias enzimáticas, afecções congénitas dos elementos constituintes do sangue,
etc.;
- etc.
349
PROCESSO DA LEITURA
pondo em destaque uma frequência espacial dos grafemas com uma sequência
temporal dos fonemas, que dá origem a um sinal auditivo familiar: barco. Aqui
está de uma forma didáctiea, o aspecto analítieo-sintético do processo de leitura. É
aliás aqui que se retrata a evolução da lìnguagem escrita em termos antropológico-
históricos, que eomeçou por ser representada por figuras, desenhos e grafismos
significando situações, acontecimentos, etc.; depois da figura, passou-se ao sinal que
representava uma palavra ou uma ideia. O passo histórico seguinte, toi usar um sinal
por cada sílaba, separando assim as unidades fonéticas. A lista destes sinais é o
alfabeto, cujo seu domínio, exige uma certa evolução simbólica e mental.
Como se processa entâo a hierarquia do desenvolvimento da linguagem ?
A hierarquia do desenvolvimento da linguagem, como já vimos, pres supõe os
seguintes períodos de maturação:
INTEGRAÇÃO INTEGRAÇÃO VISUAL I NTEGRA ÃO DA AUDITIVA
EXPERINCIA NÃO VERBAL
351
352
ou lidas, representam símbolos auditivos, que por sua vez representam experiências
humanas, isto é, relações em envolvimento concreto.
Em resumo, a sequência da comunìcação verbal atravessa o seguinte
desenvolvimento:
353
354
3. - Descodificação
. Análise;
. Síntese.
4. - Retenção
. Extensâo do estímulo; . Automatizaçâo;
. Curto termo - longo termo.
5. - Imagem
1. - Acuidade
. Focagem ;
. Proximidade.
2. - Coordenação óculo-motora
. Orientação esquerda-direita;
Fixaçâo;
. Convergência; . Acomodação.
3. - Percepção . Fusão;
. Posição no espaço; . Relações de espaço;
. Consistência da forma;
. Figura-fundo.
4. - Lateralidade ocular
. Olho dominante e seu funcionamento com o olho auxiliar 5. - Velocidade
de recepção e de transmissão
6. - Retenção
. Curto e longo termo;
. Sequência;
. Automatização.
7. - Descodificação
. Análise; . S í ntese.
8. - Interpretação e integração
. Relação estímulo visual com os outros estímulos e sua associação
interneurossensorial.
355
Visão ;
Audição;
Tacto e sentido quinestésico
356
357
I - Características do Comportamento
358
I - Caracteristicas do Comportamento
359
360
acordo com uma criança concreta que se conhece nos seus comportamen- tos
peculiares. Não há necessidade de sofisticados processos de diagnós- tico, mas é do
maior interesse o uso de instrumentos que permitam detectar precocemente qualquer
dificuldade de aprendizagem, pois só as- sim, uma intervenção psicopedagógica pode
ser considerada socialmente útil, pois quanto mais tarde for identificada a dificuldade,
menos hipóteses haverá para a solucionar correctamente.
BIBLIOGRAFIA
361
/
10
D.A. versus
Insucesso Escolar
363
ros. Este aspecto, para além de ser impregnado de tendências antissociais que se
verificam mais tarde, converter-se num sentimento de autodesvalorizaçâo que urge
combater.
Porque é que as crianças falham escolarmente? Oual a consequência do
insueesso escolar em termos de desenvolvimento da personalidade da criança? O
insucesso escolar é inato ou é produzido pela sociedade e pela escola?
A equação destes problemas é fácil, a sua resolução porém, é mais complicada
e levanta consequentemente, problemas de formação científico-pedagógica dos
professores e de organização do sistema de ensino.
Em termos sumários, o professor deverá ter uma noção do desenvolvimento da
criança, não só no que respeita à psicomotricidade (aquisições antigravíticas,
consolidação da lateralidade, estruturaçâo da direccionalidade, integração do corpo,
dissociação motora da mão e aquisições práxicas), como no que respeita à linguagem
falada (discriminação, identificação, completamento, sequencialização auditiva -
funções receptivas - e vocabulário, estrutura gramatical, memorização, formulação e
articulaçâo
- funções expressivas).
Antes de iniciar o processo de aprendizagem da linguagem escrita, a criança
deve ser portadora de uma diferenciada experiência multissensorial, pois nela
desenvolve as integridades e as associaçôes visuomotoras, por um lado, e as auditivo-
verbais, por outro, associaçôes que se passam no sistema nervoso e que são
necessárias às aprendizagens escolares fundamentais. Num envolvimento sócio-
familiar adequado e qualìtativamente estimulado, a criança desenvolve as aptidões que
vão jogar um papel imprescindível na aprendizagem, mas num envolvimento sócio-
familiar inadequado e frustre, com pouca estimulação e interacção socio linguística, é
óbvio que as aptidões da criança nâo atingem a maturação exigida para superar as
situaçôes-problema da escolaridade.
Muitas das aprendizagens adquirem-se por imitação e por simples interacção
social, outras porém, só se adquirem em situaçôes estruturadas, que exigem a
participaçâo e mediatização de um adulto científica e culturalmente preparado.
Será que todas as crianças beneficiam do ambiente adequado antes de
entrarem para a escola? Durante o período de aprendizagem escolar, estarão os pais
disponíveis para proporcionar os reforços emocionais necessários?
A etiologia das dificuldades escolares pode ser colocada em dois níveis:
endógeno e exógeno. Nos aspectos endógenos, não podemos esquecer os factores
hereditários e a sua influência em termos de desenvolvimento. Nos aspectos exógenos,
não podemos deixar de ter em conta a influência das oportunidades e das experiências
multissensoriais, para além das necessidades de segurança, afecto, interacção lúdica e
linguística, responsabilização e independência pessoal. Estas necessidades, em
conjunto, determinam por um lado, a maturação neurobiológica e, por outro, a
progressiva aprendizagem e integraçâo social, variáveis cruciais para o
desenvolvimento biopsicossocial da criança.
364
Só perspectivando estes aspectos podemos formular uma ampla prevenção das
dificuldades escolares. A instituição escolar não pode continuar ao sabor das boas
intenções e do imobilismo empírico e acientífico, nem muito menos ao sabor de
desenhadores de currículos, que nunca intervieram no real educativo. A
educaçâo é fundamentalmente uma verdadeira e mútua descoberta, entre o adulto e a
criança. A eseola, e principalmente os seus agentes (os professores), não podem
continuar alheios aos estudos da neurologia do desenvolvimento e da psicologia da
aprendizagem. Só tendo um conhecimento global da criança a podemos educar, não
arbitrariamente, mas de acordo com as suas necessidades específicas. A escola não
pode pôr o programa ou os métodos à frente da criança. A finalidade da escola é
proporeionar a todas as crianças sem distinção, de acordo com os seus bioritmos, o
prazer da cultura adquirida pela experiéncia social das geraçóes antecedentes.
A identificação precoce de crianças vulneráveis ou em risco é
capaz de ser menos dispendiosa do que ter no fim da escolaridade primária uma
percentagem de repetições que aumenta, entre nós, de ano para ano. Nâo
combatendo a inércia pedagógica da nossa escolas, provavelmente as inadaptaçôes
sociais multiplìcam-se, e no futuro, podemos ser responsáveis por muitas neuroses.
O papel do diagnóstico precoce justifica-se no princípio da aprendizagem e nâo
no fim. A psicologia escolar ou a psicopedagogia, não pode. continuar a ser um
hospital no fim das auto-estradas. A Psicologia, como a Medicina, têm que edificar
uma perspectíva preventiva das dificuldades escolares. É no princípio da
escolarização, e não no fim, que se deve optimizar o potencial de apréndizagem das
crianças.
Os políticos da educação que decidem não podem continuar amblíopes da
pedagogia científica. A Pedagogia nâo é um problema banal e superficial que todo o
mundo domina. Os políticos da educação têm que se envolver eom espeeialistas,
consultá-los e estimulá-los cientificamente, a fim de lançar medidas que impeçam a
epidemia assustadora das dificuldades escolares.
A escola não pode perpetuar as diferenças sociais nem legitimar os grandes
desníveis de aptidão que as crianças apresentam no início da aprendizagem.
Qual a opção? Pensar nas dificuldades escolares em termos de percentagem de
repetições, ou pensar em programas preventivos à luz dos dados mais recentes da
investigação psicopedagógica? Provavelmente, se as difieuldades escolares forem
encaradas na óptica da prevenção, muito se pode economizar quer em potencial
humano quer em dinheiro.
Não estará no insucesso escolar a razão de ser dos problemas de delinquência,
desemprego, sociopatia, etc...?
Vale a pena apoiar a atitude de prevenção ou vamos continuar a fazer da escola
uma central de psicoses?
Segundo várias investigações, 15% das crianças precisam de apoio no início da
escolaridade. Se tal intervenção tardar, a percentagem duplica e o insucesso escolar
será a tendência normal. Como vamos resolver isto?
365
pré- rimário podem, desde que bem orientados cientifimamente det t tar
dificuldades que se ultrapassam por metodologias pedagógicas adequadas. Não basta
um puro diagnóstico psicométrico ou quantificador, nem basta alimentar o contormismo
do inatismo hereditário do potencìal intelectual. Não é só um diágá óstico do poten
eaed átapre dizae válido que interessa. A identificação pe 9 9
mentais e emocionais aos menos dotados, exactamente aqueles que deviam ser
compensados pelas drásticas condiçôes sociais da sua evolução
tro desta percentagem, podemos encontrar vultos como Einstein, Newton, Edison, Walt
Disney, Caruso, Lincoln, Churchill e outros que foram considerados maus alunos
e repetentes. Ouantas crianças em Portugal com potenciais intelectuais
adequados se perderam e se continuarão a perder?
O insucesso escolar é a explicação de uma sociedade iletrada como a nossa. A
percentagem do analfabetismo funcional entre nós é problemática e ameaçadora. O
número de analfabetos que chegam ao serviço militar (só um sexo...) já foi alguma vez
apurado? Que tipo de desenvolvimento económico podemos aspirar com tão elevada
percentagem de indivíduos que não sabem ler nem escrever?
Oue fazer?
Não pretendendo avançar com soluçôes definitivas, parece-me que teremos de
começar pela formação universitária dos professores primários. Quem tem medo de
professores primários cultos, dinâmicos e insatisfeitos com a realidade cultural
portuguesa?
É evidente que tal formação não pode continuar nas mâos de uma universidade
passiva e conformista, centrada em professores desactualizados e medrosos de
serem ultrapassados, normalmente sem experiência pedagógica concreta com
crianças. Na formação, os processos magistrais devem dar lugar a experiêneias de
campo e a uma maior interacçâo entre os vários intervenientes do processo, bem com
o dar acesso à utilização de meios audiovisuais e de materiais pedagógicos
adequados. Também aqui, a formação científica interdisciplinar deve ocupar um lugar
prioritário. O professor nâo pode continuar a desconhecer que a aprendizagem da
criança se opera no seu sistema nervoso, segundo conexões interìorizadas de
estímulos e de respostas envolvidas numa dialéctica e numa numa socializaçâo
progressiva.
Será que, por parternalismo, não vemos estes problemas? Se a toda a hora se
põe em causa a formação universitária de médicos engenheiros e advogados, porque
nâo pôr em causa a dos professores? (não queremos desenvolver neuroses
obsessivas...). Temos de reconhecer que muitas crianças falham porque têm medo e
se encontram confundidas. Têm medo de falhar ou de desapontar os mais velhos;
muitas vezes com expeetativas utópicas e ultra-ambiciosas. Estão confundidas, porque
aquilo que Ihes pedem na escola nâo as motiva nem Ihes permite desenvolver a sua
inteligência e os seus talentos.
368
1-I.E. e D.A.; conceitos independentes (não tem nada em comum)
I. E. D. A.
2-Integração entre I.E. e D.A. (Algumas crianças D.A. não tem I.E. e algumas
crianças com I.E. não acusam D.A.
I. E. D. A.
3-O I.E. é uma subcategoria das D.A. (Todas as crianças com I.E. são D.A., mas
nem todas as crianças D.A. têm I.E.)
4- As D.A. são uma subcategoria do I.E. (Todas as crianças D.A. tem I.E.,
mas nem todas as crianças com I.E. são crianças D.A.)
I. E. D.A.
Nenhuma criança gosta que Ihe chamem estúpida (assim como nenhum adulto
gosta que Ihe chamem incompetente). A escola não pode continuar a insultar
potencialidades e tendências. A criança deve experimentar o erro sem interiorizar o
sentimento de autodesvalorização que está implícito no poder coercivo de uma
aprendizagem repressiva.
A escola tem que ter novos professores, novos materiais, novas metodologias,
para ter no futuro novos cidadâos aptos a construir uma sociedade mais justa, culta e
humanizada. p
O nosso ponto de vista é que a eriança normal não nasce com dificuldades
escolares, ela é feita numa criança com problemas. A sociedade, a família e a escola
têm em primeiro lugar responsabilidade no processo.
O insucesso escolar da criança é, antes do mais um insucesso social do
adulto. A transformação desta realidade não pode dar-se na criança. Cabe ao adulto
resolver os problemas, quer nos aspectos político- educacionais, quer nos aspectos
científico-pedagógicos. Só considerando estes aspectos numa visão dialéctica, se
poderá no futuro reduzir o número assustador de crianças que tendem para o
insucesso na vida.
371
contrário dos testes não pode perder de vista a situação objectiva de aprendizagem
nem deve correr o risco das predicçôes abusivas. Em desenvolvimento humano, nunca
podemos assumir uma predicção ou uma infabilidade rigorosa, na medida em que a
imprevisibilidade e modificabilidade do comportamento humano é por natureza a
condição de maturação
que, nos primeiros anos, se encontra mais plástico e disponível do SNC s que
vão justificar a aprendizagem. para novas conexôes neuronai
jP
rofessores têm de dominar problemas de observação sisteb e tiv é
Dórádica, individualizada e colectiva bem como na linguagem
BIBLIOGRAFIA
373
(In)conclusões
Neste modesto livro de introduçâo não foi possível, nem seria possível, cobrir
todos os aspectos que afectam os processos de aprendizagem humana. Apenas nos
preocupou apresentar um conjunto de dados que consideramos relevantes, para tentar
lançar outras preocupações, perspectivas e soluções de carácter científico-pedagógico,
no domínio, tão controverso e disputado, das Dificuldades de Aprendizagem (D.A.).
As D.A. já não são uma excepção do sistema educacional. O insucesso da
criança, rotulado de dislexia, é também o resultado de outros insucessos: sociais,
políticos, culturais, educacionais, pedagógicos, etc. O abuso do poder
(saber) de considerar as D.A. um problema estritamente da criança, deve ceder
lugar a outra atitude bem mais real e concreta, ou seja, considerar as D.A. um reflexo
das dificuldades de ensino (dispedagogia).
A aprendizagem humana é um processo interactivo, onde portanto, várias
componentes se interrelacionam - genéticas, neurológicas, psicológicas, educacionais,
sociais etc. Não basta pois, encarar variáveis genéticas ou biológicas, ignorando
variáveis sociais e educacionais, ou vice-versa.
Efectivamente, enquanto muitas patologias não deixam espaço à intervençâo,
considerada como inútil ou imperfícua, por outro lado, as etiologias neurofisiológicas
(lesões mínimas no cérebro) mostram que a intervençâo é positiva se ocorrer
precocemente.
Em contrapartida, encarar que a pobreza (tipo de envolvimento socio-familiar,
nível sócio-económico, etc.), durante os primeiros momentos do desenvolvimento, pode
levar à redução do potencial de aprendizagem taz pensar que a intervenção só dá
resultado quando muito cedo. Nestas duas perspectivas, sempre problemáticas,
defende-se a irreversibilidade de Deficiência Mental e das D.A., com as quais não nos
compatibilizamos, pois acreditamos na modificabilidade cognitiva.
Condições genéticas, neurofisiológicas e envolvimentais adversas podem ser
modificadas num estádio de desenvolvimento relativamente adiantado (Feuerstein), por
outro lado, sabe-se hoje, que quanto pior é a história social melhor é o prognóstico para
a mudança (Clark e Clark 76). .
376
378
379
381
Nâo são as crianças desfavorecidas que são responsáveis pela privação, nem
muito menos a cultura em si. O facto destabilizador está no falhanço da sociedade (e
da escola) em transmitir e mediatizar a sua cultura a novas gerações.
382
383
34
:
1. Histbria Social Assistente Social .Informação sobre a dinâmica :
familiar; '
. Determinar o que significa 'p
para a família,toda a dimen-
são dos problemas da cri-
ança,etc.;
.Dados mesológicos;
2. Exame médico Pediatra . Nível de saúde da criança; história
clínica; identificação de problemas bio-médicos, genéticos; marcos do
desenvolvimento; anamnése;
385
386
PROCESSOPROCESSOPROCESSORECEPTIVO INTEGRATIVO
EXPRESSIVO
-? -
I TQ \
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al
iB G t Ì0808 MAO
VISAO Formas 0as Ielres e dos DescoOiÌceç o a De%enMo
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FInBnáB
a o ntaçeo óitive Nome a9 i9tres
a FiDura B tun0o
388
389
modelos de identificação, observação e de intervenção no campo das D.A., e ao
mesmo tempo, fornecer alguns resultados sobre as nossas investigações, para além de
ilustrações de casos de dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia e respectivas
estratégias educacionais.
Eis pois em (in)conclusão o nosso pequeno contributo para o estudo das D.A.
Concentrámo-nos no estudo dos factores e condições em que se desenrola a
aprendizagem normal e atípica, procurando sempre uma análise interdisciplinar, aberta
e sistémica.
Concluímos inconclusivamente esta abordagem com uma série de
sugestões que temos intenção de aprofundar noutros trabalhos. Em resumo,
procurámos caracterizar o campo das D.A., apresentámos processos de controlo dessa
realidade obscura, e sugerimos processos de transformação, sempre com a ideia de
que é possível ultrapassar o insucesso escolar e as D.A., e ao mesmo tempo,
salvaguardar o potencial de todas as crianças a quem temos a responsabilidade de
educar.
390
indice de Autores
A BOSHES: 99,117,182,1B5.
BRIELEY: 119.
ADELItilAN' 16,79,80,96. BROADBENT: 225.
AJURÌÁGUERRA: 144,157,231,342. BROCA' 173231,24B.
BROWELL: 256.
ALAM t76 BRUNNER' 258
ALEXANDER: 259. BRYAN: 328,330.
ALLEN' 193 BRYANT' 70
AMANTE: 103. BUCHBINDER: 120.
AMES: 121,32B. BUTLER: 132.
ANDERSON: 73. BUTTER: 96.
ANOKHINE: 143,173.
APGAR: 113,116.
AUSTIN: 368. C
AUSUBEL: 151.
AVANZINI: 347. CARRILLO: 131.
AYRES: 192.CARUSO: 367.
B CHÁLFÁNT ??6 112,350,354.
CHALL: 17,32Ó.
BAKKER: 16,207. CHESS: 121.
BANNATYNE 110 111,112,180,249,320, CHOMSKY' 242,243.
328,329,330.CHUN' 120.
CHURCHIL: 30 367,378.
BARRIT' 40 CLARK' 97 376
BATEMAN?6?61,62,63,64,70,75,227, CLEMENTB' 117,227.
COHEN: 368.
249. COHN: 258.
BAX: 225. COOPER: 204.
BEECKER' 16. CORAH' 116
BBÉEMOND N:8378. 78,212 CRAVIOTO' 64 104,110,119,133,204.
CRITCHLEY: 225.
BENDER' 16 33,60.CROMER' 79 B7 B8
BENNETT: t93. CRUICKSHANK: t6,20,104,112,118,t35,
BENTON: 59?60,t12,118,180,187,250, 182
342.
BERKSON : 145. D
BERLIN' 225.
BERNSTEIN: 126. DAMÁSIO: 1B4 185.
BERRY: 78. DAVIE: 96,132.
BINDRIM: 263. DAYTON: 119
BIRCH: 583964 78,117,119,182,212, DECROLY: 13
225,231,250.DEJERINE' 231,247
DELACATO: t6,22,23,24.
BLACKBURN: 115. DELGADO t79
BODER: 112,250. DELICARDIE: 119,204.
391
392
KAPPELMAN: 129,130.
KARRER: 77. M
KASS' 41 42 211,227. MACIONE: 42.
KAUFMAN: 16,75,328. MACINTYRE: 204.
KAWI' 116 MACKEITH 225
KBECH' 193. MAKARENKO: 13.
KELLEY' 96 MASLAND: 16,157.
KEMPER 49 MASLOW 75,100,171.
KENDLERY' 21 MASON- 115
KEPHART 18 20,21,22,59,76,77,118, MATHEWS: 120.
225 342 MCCARTHY: 16,36 75,78,95,100,182,
KERDEL-VÉRGAS: 131. 225,336,338.
KERR' 113. MACGRADY- 337.
KILLEN 26 157 161. MCHOUGLIN: 70.
KIMURA 33 187. MCKEACHIE: 248.
KIRK: 163334,353640,4461 7578, MCMENEMY: 67.
160,165,174,226,282,320,,321, MEIER: 328.
336,350 MENDEL: 13.
KISBOURNE: 57,249. MENDES: 20,21,22,305.
KLEIN' 118 320. MENYUK: 57,338,341.
KLEIST' 179 MERCIER' 328.
KLINFFELTER- 151. MILLER: 143,187.
KNOBLOC' 110. MONEY: 259.
KOFFKA: 143. MONROE: 34.
KOHLER 143. MORGAN: 113,225.
KOPPITZ: 86 MORRIS: 96,97.
KRESKY- 120 MORRISON' 76.
KUSSMAN: 225. MONTESSORI: 13,151,172.
MOWER: 52.
L MYERS: 16.
MYKLEBUST: 16,32,44-58,98,99, 117,
LABOV: 126. 156, 162, 163, 173, 180, 185,220,
LACEY: 259. 225,226,230,231,236,241,244,
LACHMAN: 147. 249,250,253,259,267,279,316,
LAFEVER: 75. 328,348,350.
LANGFORD: 86,341.
LARSEN: 16,70,75.
LASHLEY: 173. N
LAW: 193.
LEACH: 96. NADER: 118.
LEHTINEN: 19,76,118,225. NATION: 176.
LEJARRAGA: 121. NAVY: 76.
LENNEBERG: 196. NEALE: 99.
LEONARDO DA VINCI: 30. NEIPP: 292.
LEONG: 207. NEISSER: 52.
LEONTIEV: 144,151. NELSON: 98.
LEPSITT: 150. NEWBROUGH: 98.
LESGOLD: 85. NEWTON: 367,368.
LEVIN: 56,82. NIELSEN: 173,245,251.
LEVINE: 193.
LEVINSON: 211.
LEVITON : 103,117,118. 0
LEWIN: 143.
LIBERMAN: 341. OARIS: 98.
LIEPMAN: 231. OLIPHANT: 220.
LINCOLN: 367,37B. ONG: 349.
393
ORTON 16,25,26,27,28,29,30,31,32, SCHAEFFER: 225.
225. SCHANKWEILLER: 341.
OSGOOD: 34,36,42,251. SCHAWART: 321.
OTTO: 67,68. SCHEFFELIN: 16,112,350,354.
SCHULMAN: 103,117,118.
p SCHUMER- 63,64
SCRIMSHAN: 105,120.
PAINE: 77. SEGUIN' 151.
PALLIE 248 SELL' 120.
PARASKEVOPOULOS: 40. SEMMEL 40
PASAMANICK: 110,116. SENF- 79 80-82.
PATAU: 151. SHELDON' 131.
PATE: 121. SHERRINGTON: 64,169.
PAVLOV- 143 145. SIMON:14
PENFIELD: 52,54,157,169,174,231,251. SKWFFINGTON: 302,308.
PERFETTI 85. SKEELS 128
PESTALOZZI: t49. SKINNER: 143,242.
PIAGET: 76,150,157,236,237,242,254, SKODAK: 128.
279,288,289,324,356,377,383, SMITH' 179
384. SMYTH: 119.
PICKHAM 121 SODDY- 150.
PIERRE MARIE: 231. SPERRY' 191,192.
PIMSLEUR: 54 SPITZ- 288.
POLITZER: 348. STAMBAK 64
PRECHTL: 203. STEPHENSON- 113.
PRENSTEDT: 125. STEVENS' 225.
PRESCOTT: 132. STILLMAN 28.
PRIBRAM: 21. STOCH 119.
PRINGLE: 96,97. STRATTON: 210
STRAUSS: 18-20,22,24,25,76,11B,225.
SULLIVAN: 151.
Q SYMMES: 115.
QUAY 77 T
QUIRÓS: 149,233,249.
TALLAR: 206.
TANNEUBAUM: 368.
R TAYLOR: 211.
RABINOVITCH: 17,122. THACKRAY,350.
RAISMAN' 204 THOMAS 113
RAPOPORT: 115. THORNDIKE 142.
RAMON E CAJAL' 145. THRUSTONE: 259.
TIZARD' 99 117,133.
RASMUSSEN 174.TOLMAN: 143.
RAYBOULD: 96. TORGESEN: 75,79,86,87.
REESE' 150. TREDGOLD' 150
REITAN' 60,182. TURNER: 151,204.
RELD: 182.
RENSHAW: 22.
RHODES: 193. U
RICHARDSON: 110.
RICHMOND: 98,129,133. UZGIRIS: 125.
ROBERTS: 52,54,157,169,231.
ROBINSON ' 116 126 V
ROSS: 77,79,84,85.
ROUSSEAU 13 149. VALETT- 191 210.
ROZENZWEIG:,133,193. VAN NOSTRf\ND: 79,82-84,212.
RUGEL' 328.VELLUTINO: 57,77,79,85,86.
RUTTER' 99 115,117,133. VIAL 347
RYCKMAN: 42. VYGOTSKY: 52, 143, 151, 173,242,279,
384.
SALVIA: 70.
SATUEL,57.-B4, 197, 207, 212. WALLON 151 356 WALT DISNEY: 367,
378.
394
Indice de Temas
Acção' 295 -aprendizagem intraneurossensorial: acalculia: 59, 197, 237, 260. 2g4,
aconselhamento genético: 153. -aprendizagem unormal : 72. adaptação psicossocial:
153. -aprendizagem pré-primária: 194. adopção: 119. -aprendizagens primárias: 194
ADN: 120, 320. -aprendizagem simbblica: 72, 11B, afasia: 111, 195, 196, 230-232, 237,
2B5, 182, 197 331 334.
29B, 293, 340. -aprendizagem transmodal: 54
-afasia amnésica: 244.-condições externas de aprendizagem:
397
ú S8
399
400
401
402
-vocal: 333. sincinésias: 122,343.
programas: sindroma:
-de intervenção compensatória: 97. -de Down: 113,151.
-educacionais individualizados: 279, -de Gertsmann: 59.
281. -de Strauss: 225.
-individualizados: 155,278,279,385. sinais:
proprioceptores- 189 204, 232, 234, 292, -de risco: 153,155,201,278.
304,343,355,388. -difusos: 100.
psicanálise: 376 -neurológicos ligeiros: 134, 153, 342-
psicometna- 376. -345.
psicomotricidade: 2695103 170 188 191, -neuropsicológicos: 121.
192, 193, 228 232 265 833,342. sinapse: 120, 143, 147, 193, 204, 242.
psiconeurologia: 49 50, 167, 171, 198. 334. sintaxe: 242, 244, 246, 251, 253, 317,
342,
psicopedagogia: 13b. 388.
QI: 17,40,64,98,99,108,111,117,120, sintese auditiva: 206,315.
121,128,172,182,183,185,200, sistemas:
232,249,328,329,348,371,376, -de avaliação: 380 381.
377,382,383.-de processamento cognitivo: 156,
157 162-165,327 336.
quociente: -de processamento âe conteúdos:156,
-de aprendizagem' 44 157,158,327.
-de realização 328 329. -de processamento sensorial: 156,
-não verbal.328,389. 157 158-161 327.
-psicolinguístico: 40. -escólares: 122, 125, 129, 155, 280,
-verbal: 328.329. 285,336,376,371,379,381,382.
-fonológicos: 246.
Raciocínio: 95. -grafológicos: 246,325.
reauditorização: 244,317,334. -hapticosp: 292.
recepção - integrativos: 237.
-auditiva' 36,127,337. -interneurossensoriais: 237,294,305,
-visual: 37. 326,335,355.
receptor: 238,295. -intraneurossensoriais: 237,294,305,
recodificação: 201. 326.
recognição: 319. -motores: 325.
reforço: 81,146,164,256 257,318. -nervoso central (SNC): 100,118-120,
regionalização funcional: 194.
reitan indiana neuropsychological test: 132, 142, 157,204,226,229,234,
battery for children (RINTBC): 55. 236,237,238,288,293,294,295,
relação: 342 356,367.
-espacial: 210 -nervóso periférico (SNP): 156,288,
-mãe-filho: 122,318. 293,295,356.
-termo-a-termo: 260. -psiconeurológicos de aprendizagem:
rememorização: 84,86,148,164,244,251, 155,156,237.
319,388. -piramidal: 188,192.
representação fonética: 341. -reticulo-córtico-reticulares: 77.
resolução de problemas: 256,332. -simbblicos: 248,326.
retenção: 71,156,319,355,388. -semiautónomos: 54, 188, 204, 232,
retroacção: 81. 343.
retroestimulação' 81. situação: 295.
revisualização: 252.slow learner: 225.
ritmo alfa 76. socialização: 104.
rubeola: 121.,soft signals: 48,99,153,182,185.
"stress,: 121,124.
Segmentaçáo: strandford-binet intelligence scale (SBIS): 40.
-fonética: 341. substância reticulada: 188,189,303,343.
-silábica: 341. sucesso escolar: 83,285.
semântica: 242,246, 247, 251, 337, 342, superpopulação: 132.
388.
sensação: 149,156. Tactilo-quinestésico: 47, 48, 71 118, 156,
sequencialização visual: 323. 158,159, 164, 188, 192,239,240,
significação: 52,56,72,144,190,201,241, 256,260,288,289,292,295,356,
242,243,248,294,323,324,326, 388-
327,335. taquitoscbpio: 211.
silabação: 57. tarefa: 146.
simbolização: 54-57, 144, 149, 156, 162, taxonomia: 225,230,236,244,263.
163,209,243,250,333. telereceptores: 292.
403
Índice de Figuras
405
406
111- Possíveis rela etre o insucesso escolar e as DA, 369. 112 - Aquisições às
endizagens Simbólicas, 388.
Fim