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Professor Me.

Victor Vinicius Biazon


Professor Esp. Renato Valença

ADMINISTRAÇÃO DE
RECURSOS MATERIAIS E
PATRIMONIAIS

gRADUAÇÃO

gESTÃO PúblICA

MARINgÁ-PR

2013
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva


Diretor Comercial, de Expansão e Novos Negócios: Marcos Gois
Coordenação de Marketing: Bruno Jorge
Coordenação Comercial: Helder Machado
Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha
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Coordenação de Pós-graduação, Extensão e Produção de Materiais: Renato Dutra
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Coordenação Administrativa/Serviços Compartilhados: Evandro Bolsoni
Coordenação de Curso: Ariane Maria Machado de Oliveira
Supervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa Moura
Capa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Humberto Garcia da Silva, Jaime de Marchi Junior,
José Jhonny Coelho, Robson Yuiti Saito e Thayla Daiany Guimarães Cripaldi
Supervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo
Revisão Textual e Normas: Amanda Polli, Hellyery Agda Gonçalves da Silva, Janaína Bicudo Kikuchi, Jaquelina Kutsunugi
Keren Pardini, Maria Fernanda Canova Vasconcelos e Nayara Valenciano

Ficha catalográica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação


a Distância:

C397 Administração de recursos materiais e patrimoniais/ Victor


Vinicius Biazon, Renato Valença Maringá - PR, 2013.
149 p.

“Graduação em Gestão Pública - EaD”.

1. Administração de materiais. 2. Administração pública. I.Título.

CDD - 22 ed. 658.7


CIP - NBR 12899 - AACR/2

“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM e SHUTTERSTOCK.COM”.

Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br
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ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS
MATERIAIS E PATRIMONIAIS

Professor Me. Victor Vinicius Biazon


Professor Esp. Renato Valença
APRESENTAÇÃO DO REITOR

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos.
A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para
liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no
mundo do trabalho.

Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos
nossos fará grande diferença no futuro.

Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso


de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos
brasileiros.

No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas


do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-ex-
tensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que
contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade.

Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referên-
cia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de compe-
tências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação
da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social
de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também
pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação
continuada.

Professor Wilson de Matos Silva


Reitor

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Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação,
pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos
e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De
que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo
contemporâneo.

O CESUMAR mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo


este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação
do mundo”.

Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à


proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação
profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais
têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma
possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a
sua formação pessoal e profissional.

Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento


deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o CESUMAR
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem,
interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso,
lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar
com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica.

Então, vamos lá! Desejo bons e proveitosos estudos!

Professora Kátia Solange Coelho

Coordenadora de Graduação do NEAD - CESUMAR

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APRESENTAÇÃO

livro: ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS


Professor Me. Victor Vinicius Biazon
Professor Esp. Renato Valença

Buscando pela eficiência da gestão empresarial, seja na esfera pública ou privada, é


importantíssima a compreensão e utilização dos conceitos da Administração de Recursos
Materiais e Patrimoniais, bem todos os elementos que compõe essa vertente. Este livro vem
contribuir para absorção desses conteúdos, apresentando ao aluno considerações importantes
sobre a evolução e conceitos de administração de materiais e administração patrimonial,
sobre armazenamento e processo de compra e a forma de conservação do patrimônio, todas
voltadas às organizações públicas.

Na Unidade I, intitulada Evolução e Conceitos de Administração de Materiais apresentaremos,


além de um breve histórico sobre o assunto, os conceitos, fundamentos e objetivos da
administração de materiais de modo que, após a leitura do capítulo, você, como futuro gestor
público esteja apto a tomar a melhor decisão quanto ao controle de estoque, armazenamento,
compra, distribuição, entre outros aspectos pertinentes.

A Unidade II apresentará os conceitos da administração patrimonial voltados para a


conscientização de conservação do bem público. O aluno terá conhecimento da classificação
e codificação desses bens e saberá qual a ferramenta utilizada para controlar a veracidade
das informações do controle de estoque.

Na Unidade III serão expostos os principais aspectos do armazenamento de materiais,


garantindo a qualidade do item e sua localização quando for necessário utilizá-lo. Procura
mostrar a importância de se utilizar mecanismos de armazenagem com particularidades e
organização para garantir a posterior agilidade de distribuição externa.

Aprofundando o estudo sobre o processo de compra de serviços e bens públicos, a Unidade


IV trata da fonte de fornecimento dos materiais, enfatizando o processo licitatório, com uma
abordagem sustentável. O aluno, após a leitura deste capítulo perceberá a importância de atos
públicos corretos no que diz respeito à aquisição de materiais, relacionando os impactos que
essa ação positiva com o meio ambiente e a vida em sociedade.

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Para finalizar, a Unidade V trabalhará com as normativas do patrimônio público, abordando o
tombamento do patrimônio cultura.

Professor Me. Victor Vinicius biazon


E-mail: victor.biazon@ead.cesumar.br

Professor Esp. Renato Valença


E-mail: renato.professor@hotmail.com

A administração é uma ciência social que para ser perfeita precisa se apoiar em um tripé
harmonioso, sendo recursos financeiros, materiais e humanos. A interdependência destes
fatores torna a gestão de empresas, tanto públicas quanto privadas, mais produtivas.

Não se constrói nada sem capital ou os recursos financeiros. Sem os recursos materiais,
os equipamentos, matérias-primas, peças e etc., juntamente com os recursos humanos, as
pessoas, a Administração não acontece.

Segundo Martins (2000), das muitas mudanças que ocorreram no pensamento gerencial nos
últimos 10 anos, talvez a mais significativa tenha sido a ênfase dada à procura de estratégias
que proporcionassem um valor superior aos olhos do cliente. A vantagem competitiva não pode
ser compreendida olhando para uma empresa como um todo. Ela deriva das muitas atividades
discretas que uma organização desempenha projetando, produzindo, comercializando,
entregando e apoiando seu produto. Cada uma dessas atividades pode contribuir para a
posição de custo relativo da empresa e criar a base para a diferenciação. A cadeia de valor
desdobra a empresa em suas atividades estrategicamente relevantes, para compreender
o comportamento dos custos e as fontes de diferenciação existentes ou potenciais. Uma
organização ganha vantagem competitiva executando estas atividades estrategicamente
importantes de maneira mais barata ou melhor do que seus concorrentes.

Segundo Chiavenato (2005) Toda a produção depende da existência conjunta de certos


componentes indispensáveis. No decorrer da era industrial esses componentes eram
tradicionalmente denominados fatores de produção: natureza, capital e trabalho. Integrados
por um quarto fator denominado empresa. Para os economistas, todo processo produtivo se
fundamenta na conjunção desses quatro fatores de produção.

Neste livro abordaremos o conceito e a aplicação dos recursos materiais e patrimoniais das

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empresas, focados sempre nas da esfera pública. A gerência de materiais é um conceito
vital que pode resultar na redução de custos e no aperfeiçoamento do desempenho de uma
organização de produção quando é adequadamente entendida e executada. É um conceito
que deve estar contido na filosofia da empresa e em sua organização.

Conforme Pozzo (2004), os materiais em geral representam a maior parcela de custo de


produtos acabados, mostrando que são responsáveis por aproximadamente 52% do custo do
produto numa média empresa e, em alguns casos, podem chegar a 85%. O investimento em
estoque de materiais é tipicamente de 1/3 do ativo de uma empresa.

O autor afirma ainda que administrar materiais é fazer um exercício de provedor, analista,
pesquisador e programador. É, acima de tudo, colocar a empresa como um organismo viável
a todos que dela participam.

O controle desses materiais se faz por meio da administração patrimonial através do registro,
conservação, e controle do acervo de bens permanentes, nesse caso, de um órgão público.
Abordaremos assim a gestão patrimonial, envolvendo conscientização dos usuários para
conservação do bem público; a classificação e codificação desses bens bem como os
balanços físicos.

Você aprenderá a classificar um bem e diferenciá-lo em bem de uso comum, especial ou


dominical. Estará apto a compreender a necessidade e importância da codificação desses
bens. Como gestor público, você irá perceber o quanto o controle de estoque é igualmente
importante no setor público e que para comprovação desse tipo de informação é realizado o
inventário.

Dando sequência ao nosso estudo, teremos uma unidade sobre o armazenamento de


materiais, pois será em vão o trabalho de gestão de uma empresa, pública ou privada, se esta
se preocupar somente com o processo de compra e controle de seus bens. É fundamental
que a armazenagem seja de acordo com o tipo de bem estocado e sempre de forma eficiente
facilitando o acesso quando necessário e garantindo a qualidade quando utilizado.

Uma importante divisão da administração de materiais é o setor de compras, responsável pela


aquisição de bens ou serviços de melhor qualidade, com garantia de preço acessível, garantindo
que estejam a disposição na quantidade certa e período desejado. Todavia, no setor público,
esse processo é amparado por lei e dotado de características próprias. A licitação permite

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que os bens sejam adquiridos em conformidade com o princípio da isonomia, ou igualdade
de critérios, atendendo os interesses da administração pública com a melhor proposta, o que
envolve, como já observamos, qualidade, melhor preço e tempo hábil de entrega.

No capítulo sobre as fontes de fornecimento, especificamente sobre licitação sustentável,


estudaremos a conduta sustentável no processo de compras do poder público, conciliando
fatores ambientais e sociais durante todas as etapas do processo de compra, reduzindo
impactos ao meio ambiente e à própria sociedade.

Para finalizar, estudaremos ainda as normativas do patrimônio público, focados no tombamento


para valorização do patrimônio cultural e histórico bem como sua origem.

Desejamos desde já uma leitura proveitosa e que os conceitos apresentados neste livro
possam ser assimilados de forma tal que possam ser aplicados de forma eficiente na gestão
pública.

10 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


SUMÁRIO

UNIDADE I

EVOLUÇÃO E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................15

CONCEITOS EM GESTÃO DE MATERIAIS ...........................................................................15

A MODERNIZAÇÃO DOS RECURSOS MATERIAIS .............................................................28

CONSIDERAÇõES FINAIS ....................................................................................................32

UNIDADE II

EVOLUÇÃO E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO PATRIMONIAL

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................39

GESTÃO PATRIMONIAL .........................................................................................................41

BALANÇOS FÍSICOS .............................................................................................................57

CONSIDERAÇõES FINAIS ....................................................................................................63

UNIDADE III

ARMAZENAMENTO DE MATERIAIS

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................67

ESTRUTURA E LAYOUT DO ALMOXARIFADO ....................................................................69

ADMINISTRAÇÃO DOS ESTOQUES E ARMAZENAMENTO ...............................................78

UTILIZAÇÃO DE SISTEMAS GERENCIAIS PARA O


CONTROLE DE ARMAZENAMENTO DE ESTOQUES..........................................................82
CONSIDERAÇõES FINAIS ....................................................................................................85

UNIDADE IV

FONTES DE FORNECIMENTO E A SUSTENTABILIDADE NAS COMPRAS PÚBLICAS

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................91

FONTES DE FORNECIMENTO ..............................................................................................92

SUSTENTABILIDADE NAS COMPRAS PÚBLICAS .............................................................105

CONSIDERAÇõES FINAIS .................................................................................................. 114

UNIDADE V

NORMATIVAS DO PATRIMÔNIO PÚBLICO (TOMBAMENTO)

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................121

ORIGEM HISTÓRICA DA PRESERVAÇÃO PATRIMONIAL.................................................122

PATRIMÔNIO CULTURAL (MATERIAL E IMATERIAL) ........................................................127

CONSIDERAÇõES FINAIS .................................................................................................. 141

CONCLUSÃO ........................................................................................................................144

REFERêNCIAS .....................................................................................................................146
UNIDADE I

EVOlUÇÃO E CONCEITOS DE
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
Professor Me. Victor Vinicius Biazon

Objetivos de Aprendizagem

• Conhecer os conceitos iniciais quanto à gestão de materiais tanto públicos quanto


privados.

• Visualizar o que vem a ser uma cadeia de suprimentos e sua importância para os
resultados.

• Destacar os objetivos da ARMP.

• Estudar quais os avanços do setor e sua inluência.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:


• Conceitos em gestão de materiais

• Gerenciamento da cadeia de suprimentos

• Objetivos do setor da Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais

• A modernização dos recursos materiais


INTRODUÇÃO

Prezado aluno, nesta unidade você aprenderá os conceitos de Administração de Materiais, sua
importância e seus objetivos. Antes, porém, é interessante para sua formação, e como gestor
público, saber um pouco da história dessa ciência.

A relação do indivíduo com a atividade material é antiga, desde as civilizações mais remotas,
onde para satisfazer as necessidades, trocavam-se caças e objetos. A Revolução Industrial
modernizou esse cenário com os conceitos de concorrência e valorização de mercadorias
e estoques, contribuindo diretamente para evolução dos meios e processos de fabricação e
estocagem. A produção, qualquer que seja o ramo, assume matizes tecnológicos e dá impulso
a administração de materiais, que tem sua importância como ciência ressaltada nos momentos
de guerra, em que abastecimento, suprimento e disponibilidade de munições, equipamentos e
alimentos, por exemplo, se constituem como elementos vitais se disponíveis no local e tempo
certo.

CONCEITOS EM gESTÃO DE MATERIAIS

Depois de uma breve alusão histórica, torna-se mais fácil aprender conceitos. Sendo assim, a
Administração de Materiais é definida como sendo um conjunto de atividades desenvolvidas
dentro de uma empresa, de forma centralizada ou não, destinadas a suprir as diversas
unidades, com os materiais necessários ao desempenho normal das respectivas atribuições.
Tais atividades abrangem desde o circuito de reaprovisionamento, inclusive compras, o
recebimento, a armazenagem dos materiais, o fornecimento dos mesmos aos órgãos
ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 15
requisitantes, até as operações gerais de controle de estoques. Neste último caso, auxiliando
o gestor/administrador na definição do seu estoque ótimo para o desempenho de suas funções
de produção, sendo capaz de apontar o nível de estoque mínimo, máximo e de segurança.

Costin (2010, p.183) reforça que a administração de materiais é uma área da gestão que visa
assegurar que a organização disponha de modo contínuo, dos insumos necessários para
suas atividades e elenca cinco (5) elementos fundamentais para gestão de recursos materiais:
(1) qualidade do material; (2) quantidade necessária; (3) prazo de entrega; (4) preço e (5)
condições de pagamento.

Em outras palavras: “A Administração de Materiais visa a garantia de existência contínua de


um estoque, organizado de modo à nunca faltar nenhum dos itens que o compõem, sem tornar
excessivo o investimento total”.
A administração de recursos materiais engloba a sequência de operações que tem início
na identificação do fornecedor, na compra do seu bem, em seu recebimento, transporte
interno e acondicionamento, em seu transporte durante o processo produtivo, em sua
armazenagem como produto acabado e, finalmente em sua distribuição ao consumidor
final (MARTINS; ATL. 2005, p. 5).

A administração de materiais consiste no departamento responsável pelo fluxo de materiais a


partir do fornecedor, passando pela produção até o cidadão. Como afirma Arnold (2008), se
as empresas desejam minimizar seus custos totais nesta área e prover um melhor nível de
serviços aos clientes devem obedecer a esse processo.

Para um prefeito, por exemplo, cabe a ele a gestão municipal de todos os setores e secretarias
de modo que com o menor custo possível possa entregar à sua cidade os serviços de que ela
necessita.

Na visão de Chiavenato (2005, p. 37) “a administração de materiais consiste em ter os


materiais necessários na quantidade certa, no local certo e no tempo certo à disposição (...)”.
A administração de materiais é uma função coordenadora responsável pelo planejamento
e controle do fluxo de materiais cujos objetivos são maximizar a utilização dos recursos e

16 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


fornecer o nível requerido de serviços ao consumidor.

Dias (2006) diz que “um sistema de materiais deve estabelecer uma integração desde a
previsão de vendas, passando pelo planejamento de programa-mestre de produção, até a
entrega do produto final”. Ainda cabe à gestão do acondicionamento de matérias-primas e
insumos que serão como mão de obra e equipamentos necessários para a execução. Logo,
um bom gestor público, precisa de planejamento, alicerçando seu mandato como base em
bons projetos, fundamentados na melhoria da qualidade de vida da população, sendo descritos
os problemas, os objetivos, os custos e os insumos necessários para a realização do mesmo.

Chiavenato (2005, p. 38) completa dizendo que “refere-se à totalidade das funções relacionadas
com os materiais”, programação, compra, estocagem e distribuição. Logo, o controle da
entrada, manutenção e saída.

Sabendo-se que nem sempre o volume do capital é o esperado, devido à busca de recursos
que por vezes não é recebido no prazo ou na quantia necessária, a utilização de um sistema
integrado visando à operacionalização das necessidades reais adaptando-se a variações e
restrições faz-se necessária.

Uma tradicional organização de sistema de materiais pode ser dividida conforme Dias (2006)
em:

• Controle de estoque: se faz necessário para que o processo de produção/vendas opere


com o mínimo de preocupações e desníveis. Os estoques podem ser de matéria-prima,
produtos em fabricação e produtos acabados (no caso público podemos nos referir a
obras públicas). Este setor acompanha e controla o nível de estoque e o investimento
financeiro envolvido.

Arnold (2008) inclui o planejamento como responsabilidade da administração de estoques


e elenca estoque agregado, que lida com estoque de acordo com a classificação e função
que os itens desempenham, e não o com nível de itens finais; e estoque por itens. O autor

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 17


propõe ainda o fluxo de materiais que auxiliará na visualização do que entra, passa e sai
de uma empresa.

De acordo com a logística, conforme aponta Bowersox e Closs (2010), a formulação de


políticas de estoque requer o conhecimento do papel deste setor nas demais áreas da
empresa. Os autores citam ainda três tipos de estoque - produção, atacado e varejo – e
retoma a importância do gerenciamento dos estoques para evitar os altos custos.

• Compras: preocupa-se com o estoque de matéria-prima e de todos os insumos neces-


sários. Inclui nesta atividade a responsabilidade pela quantidade correta, prazo e preço
(levando-se em conta o processo licitatório).

Batista e Maldonado (2008) sugerem a preocupação com o cliente no processo de com-


pra, pois este depende dos produtos ou serviços para alcançarem seus objetivos, o que
justifica a necessidade de estarem engajados na melhoria do sistema para maximização
dos resultados esperados. De acordo com os autores, o modelo de desenvolvimento
organizacional eficiente otimiza os processos e procedimentos relativos às compras re-
alizadas, deixando-as mais claras e transparentes e de fácil verificação pelos usuários
envolvidos.

Na condição de gestor público, é importante que você, aluno, conheça alguns dos obje-
tivos de compra, elencados, conforme Batista e Maldonado (2008) em: suprir a organi-
zação com um fluxo seguro de materiais e serviços para atender as suas necessidades;
garantir a continuidade de fornecimento ou para manter relacionamentos efetivos com
fontes existentes, ou para atender as necessidades emergentes ou planejadas; comprar
de forma eficiente, obtendo por meios éticos o melhor valor por centavo gasto; administrar
estoques, proporcionando a melhor prestação de serviço ao menor custo; manter relacio-
namentos cooperativos com outros departamentos, fornecendo informações necessárias
garantindo o desenvolvimento de atividades eficazes na organização e desenvolver fun-
cionários, políticas, procedimentos e organização para assegurar o alcance dos objetivos
previstos.

18 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


• Almoxarifado: também conhecido como depósito ou armazém, é o local responsável
pela guarda física destes estoques, dos produtos, medicamentos, alimentos e etc. Para
Arnold (2008) deve desempenhar 4 funções: oferecer atendimento pontual; manter um
controle dos itens para sejam encontrados de forma rápida; minimizar o esforço físico
total e, consequentemente, o custo de transporte e; fornecer elos de comunicação com
os clientes.

• Planejamento e controle da produção: é o setor responsável pela programação e


controle do processo produtivo, ou no caso ao qual estamos estudando, esfera pública,
podemos enfatizar o acompanhamento do processo de entrega de valor ao cidadão. Ao
falar de previsões, Bowersox e Closs (2010) afirmam que essas são projeções de valores
e quantidades que provavelmente serão produzidas, vendidas ou despachadas, permitin-
do o equilíbrio da demanda por recursos e a diminuição dos custos tanto de capacidade
quanto de estoque, além de aumentar a eficiência da logística.

• Transportes e distribuição: a entrega de valor, do produto ou do serviço ao cidadão,


como a merenda escolar, por exemplo, vai chegar até a creche municipal, ou como os
dutos chegarão até a obra de esgoto de um novo conjunto residencial. É importante que
você, aluno e gestor público, saiba que o transporte de materiais é dividido em duas
funções, suprimento físico, significando o transporte e armazenamento dos produtos ori-
ginários dos fornecedores para a produção e distribuição física, relacionada ao transporte
e armazenamento do produto acabado, desde final da produção até o cliente (ARNOLD,
2008).

Viana (2000) salienta que o objetivo da Administração de materiais é determinar quando


e quanto adquirir para repor o estoque, o que determina que a estratégia de abasteci-
mento sempre seja acionada pelo usuário a medida que, como consumidor, ele detona
o processo.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 19


Esses objetivos podem ser mais bem visualizados no quadro 1:

Quadro 1: Compra de materiais

PROCEDIMENTO ESClARECIMENTO
Implica a especificação de compra, que
O que deve ser comprado
traduz as necessidades da empresa
Revela o procedimento melhor
Como deve ser comprado
recomendável
Quando deve ser comprado Identifica a melhor época
Implica o conhecimento dos melhores
Onde deve ser comprado
segmentosde mercado
Implica o conhecimentodos fornecedores da
De quem deve ser comprado
empresa
Estabelece a quantidade ideal, por meio da
Por que preço deve ser comprado
qual haja economia na compra
Fonte: Viana (1999, p.40)

Fica claro que a Administração de materiais compreende as certezas que a empresa precisa
ter para continuar produzindo seus bens e serviços, ligadas aos insumos necessários para a
produção contínua. Na esfera pública, a A.M. reflete as compras, armazenamento e distribuição
de materiais para que o setor não pare e continue operando de forma contínua e eficiente.

Partindo de um exemplo bastante simplista, porém esclarecedor, podemos apontar o caso


de uma prefeitura, onde determinada secretaria necessita de materiais de escritório, como
papel, caneta e cartucho de impressora para despachar documentos, impressão de guias,
memorandos e etc. Logo, é necessário observar quando estes insumos estão se esgotando
no estoque para que possa ser aberto um processo de licitação, que depois de vencido por
uma empresa que ofereça as condições necessárias, serão adquiridos para a manutenção da
rotina administrativa.

20 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Ainda, em se tratando das rotinas de uma prefeitura, salientamos outro caso que demanda
controle e eficácia da Administração de Materiais: a Secretaria Municipal de Saúde, que abarca
grande parte dos recursos destinados ao município e de tantos outros recursos provenientes do
governo estadual e federal. Nesta secretaria, o controle deve ser minucioso e possuir exatidão
de dados alimentados pelo setor de materiais devido à complexidade e relevância dos serviços
prestados a população e pelo caráter de responsabilidade por ser detentora da gestão plena
de saúde do município. Neste caso, o gerenciamento de materiais terá grande sucesso quando
possuir uma retaguarda administrativa que dê suporte para a solicitação de compras, trocas,
permutas de materiais e medicamentos, sendo estes adquiridos por força de licitação ou por
qualquer outra modalidade de aquisição, seja esta por caráter de excepcionalidade ou outro
motivo de base jurídica para sua compra.

gerenciamento da cadeia de suprimentos

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Quando falamos em gerenciamento de materiais, é fundamental que você, caro aluno, entenda
que estamos falando de cadeia de suprimentos, que nada mais é que o conjunto de processos
requeridos para aquisição de materiais e fornecimento na data e local desejado. Assim,
conforme Christopher (2010) menciona, o gerenciamento da cadeia de suprimentos propicia
a criação de vínculos e coordenação entre fornecedores e clientes e a organização. O foco

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 21


passa a ser a gestão das relações, atingido resultados lucrativos para todas as partes da
cadeia.

O gerenciamento da cadeia de suprimentos (supplychain management) veio revolucionar


a forma de comprar, produzir e distribuir bens e serviços. A tecnologia da informação veio
auxiliar a administração de forma geral inclusive reduzir o tempo de estocagem e do número
de fornecedores e pelo aumento da satisfação de clientes. Eis o conceito de gerenciamento
da cadeia de suprimento “administrar o sistema de logística integrada da empresa (...) uso de
tecnologias avançadas, entre elas o gerenciamento de informações e pesquisa operacional
para planejar e controlar uma complexa rede de fatores visando produzir e distribuir produtos
e serviços para satisfazer o cliente” (MARTINS; ALT, 2009, p. 377-378).

De forma sucinta a você, nosso aluno, o gestor desta cadeia de suprimento deve ter em
mente a diminuição de custos e desperdícios, maximização de lucros, criando um diferencial
competitivo, armazenamento, transportes e controles.

Veja um exemplo da cadeia de suprimentos de uma empresa amplamente conhecida:

Figura 1: Cadeia de suprimentos


Fonte: Logística de Suprimentos FURG. Disponível em: <http://logisticadesuprimentos.blogspot.com.br/2012/04/
perdigao-redesenhando-operacao.html>

22 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Neste caso a cadeia é simples de entender, porém a ilustração nos mostra com clareza onde
inicia o processo da construção do produto que o consumidor final compra no supermercado.

No setor público, não se compra algo, necessariamente, mas para que seu filho possa receber
a merenda escolar, ela passa por um processo desde o plantio da semente do arroz, que
cresce, é colhida, beneficiada por uma empresa que irá selar (dar um nome, uma marca),
vai participar do processo de licitação, ser a empresa vencedora por atender aos requisitos,
entregar os sacos de arroz na data e local predeterminados e este arroz no município será
encaminhado até a escola e de lá para o prato do aluno.

Fala-se hoje em gerenciamento Integrado da Cadeia de suprimentos, onde segundo


Martins e Alt (2009) o Massachusets Institute of Technology (MIT) a define como um enfoque
integrado com foco nos processos, objetivando produzir e entregar produtos e serviços aos
clientes. Esta cadeia de suprimentos integrada contempla subfornecedores, fornecedores,
operações internas de transformações, estocagens e distribuição, cobrindo também o
gerenciamento do fluxo de materiais, informações e fundos.

Como exemplo, podemos visualizar a complexa e completa rede logística da cadeia de


suprimentos na figura abaixo.

Figura 2: Cadeia de abastecimento mais completa


Fonte: Visão Sistêmica da Cadeia Logística. Disponível em <http://www.guiadotrc.com.br/logistica/logistica.asp>

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 23


Para melhor compreensão da figura, destacamos três fases no fluxo de materiais que, conforme
Arnold (2008) possibilita que as matérias-primas fluam para uma empresa fabricante com base
em um sistema de suprimento físico, são processadas pela produção e finalmente produtos
acabados são distribuídos para os clientes finais por meio de um sistema de distribuição física:

• A cadeia de suprimento inclui todas as atividades e processos necessários ao forneci-


mento de produto/serviço ao consumidor/população.

• Um cliente pode ser também um fornecedor de outro cliente, de modo que a cadeia total
possua muitas relações do tipo fornecedor-cliente.

• O sistema de distribuição se dá diretamente do fornecedor para o consumidor, depen-


dendo dos produtos e dos mercados podendo conter ainda diversos intermediários (ou
distribuidores).

Neste caso temos uma ampla cadeia se movimentando para que o produto chegue ao seu
destino.

Pensando nisso e transportando para área pública, podemos pensar, e creio que vocês
concordem comigo, dificilmente, ou em raras situações, a esfera pública vai produzir um bem,
porque estamos mais acostumados a receber serviços, e a merenda escolar, os remédios
distribuídos nos posto de saúde, nos hospitais, não são produzidos e sim comprados por meio
de licitação, logo essa cadeia integrada de suprimentos, está mais voltada a área privada que
efetivamente cria, desenvolve produtos, e a área pública não se preocupa com a produção,
mas sim com a compra, armazenagem e distribuição destes bens aos usuários cidadãos.

Contudo isso não significa que não possamos adotar, ou que não é importante conhecer este
conceito, pois, é de extrema importância que saibamos, como agentes públicos, a efetuar a
parte que nos cabe neste emaranhado de fases que compõem esta cadeia.

24 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Segundo Arnold (2008), para que as empresas possam ter mais lucros é necessária a obtenção
de quatro objetivos principais:

1. Prover o melhor serviço ao cliente.

2. Prover os mais baixos custos de produção.

3. Prover o menor investimento em estoques.

4. Prover os menores custos de distribuição.

Esses objetivos podem ser adaptados e interpretados diante do setor público onde os serviços
à população precisam ser entregues, pois esta é a função dos governantes; os processos de
licitação são justamente, dentre outras, uma forma de obter produtos e serviços de qualidade
por um preço satisfatório; sendo comprados somente suprimentos necessários à gestão de
determinado setor ou projeto e a entrega ao cidadão, pode ser feito o mais direto possível.

É possível que tais objetivos criem conflitos entre os departamentos de uma empresa tanto
quanto entre as secretarias municiais, pois cada qual sabe da sua necessidade específica,
porém é preciso lembrar que o bem total é conseguido quando há sinergia entre as partes,
ou seja, o maior beneficiado precisa ser o morador, o estudante, o doente que depende da
boa gestão dos materiais desde a percepção da necessidade de um material ou serviço, a
aquisição e entrega do mesmo.

Além dos propostos por Arnold (2008), abordaremos no próximo tópico nove objetivos para
que você, nosso aluno, aumente ainda mais seus conhecimentos sobre a importante área que
é a gestão de materiais.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 25


Objetivos do setor da Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
A administração de materiais é como uma subespecialidade da administração que apresenta
uma preocupação constante de procurar medir seu desempenho. E como todo setor da
administração, também falamos em objetivos a serem alcançados, afinal se nos dedicamos
tanto a uma atividade é porque esperamos algo dela não é mesmo?

Na administração de materiais não é diferente, cabe a ela uma série de responsabilidades


que precisam estar em dia para que todos os envolvidos tenham seus objetivos alcançados. E
como falamos em administração pública os envolvidos somos também eu e você.

Como nós já sabemos que a ARMP existe para não deixar que o produto ou serviço falte
ao consumidor final é preciso que o departamento, os gestores, os responsáveis pensem
mercadologicamente também para que, analisando alguns itens ou critérios, possam fazer o
melhor com o dinheiro que possuem, com o tempo que possuem e ainda com a demanda que
bate a sua porta.

Sendo assim autores abordam os objetivos, os critérios desta gestão:

a) Preço baixo: Pensando em maximizar os lucros, este é o objetivo mais óbvio e, pos-

26 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


sivelmente um dos mais importantes. Uma vez que reduzir o preço de compra (custos)
melhora as chances de maximizar os lucros, não podendo ainda esquecer-se de manter
a mesma qualidade.

b) Alto giro de Estoques: Não deixar estoques parados no armazém, está ligado na me-
lhor utilização do capital (dinheiro público), aumentando o retorno sobre os investimentos
e reduzindo o valor do capital de giro. No caso da Administração pública não se corre o
risco de estragar matéria-prima antes de ser destruída.

c) baixo Custo de Compra e Posse: Dependem fundamentalmente da eficácia das áreas


de Controle de Estoques, Armazenamento e Compras. Exige competência e planejamen-
to dos gestores ao analisar o processo de licitação e cuidar alocar adequadamente esses
produtos no armazém. Manter estoques custa dinheiro, e isso precisa ser observado.

d) Manutenção e Continuidade de Fornecimento: É resultado de uma análise criteriosa


quando da escolha dos fornecedores (processo de licitação). Os custos de produção, ex-
pedição e transportes são afetados diretamente por este item. Na administração pública
todos esses processos devem estar implícitos no edital de licitação.

e) Consistência de Qualidade: A área de materiais é responsável apenas pela qualidade


de materiais e serviços provenientes de fornecedores externos. Em algumas empresas a
qualidade dos produtos e/ou serviços constitui-se no único objetivo da Gerência de Mate-
riais. E na gestão pública a qualidade do que se entrega está diretamente ligado também
à satisfação do usuário/cidadão.

f) Despesas com Recurso Humanos: Às vezes compensa investir mais em pessoal por-
que se pode alcançar com isto outros objetivos, propiciando maior benefício com relação
aos custos. No caso da gestão pública as pessoas são contratadas por meio de testes
seletivos ou concursos, logo as atribuições também estarão contidas no contrato de tra-
balho. O que em muitos casos acontece (não generalizando) é a falta de atitude imediata
de servidores por contarem com sua estabilidade no emprego, isso pode por vezes atra-
sar o processo de compra e entrega.

g) bom Relacionamento com Fornecedores: A posição de uma empresa no mundo dos


negócios é, em alto grau determinada pela maneira como negocia com seus fornecedo-
res (é claro que cabe aos “juízes” da licitação verificar todas as questões possíveis antes
mesmo de fazer a escolha pelo fornecedor).

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 27


h) Capacitação e aperfeiçoamento de Pessoal: toda unidade deve estar interessada em
aumentar a aptidão de seu pessoal (isso está mais ligado a iniciativa privada).

i) Fazer Registros: Anotar todos os detalhes, fazer registro de preço, quantidade, datas,
são considerados como o objetivo primário, pois contribuem para o papel da Adminis-
tração de Material, na sobrevivência e nos lucros da empresa, de forma indireta. Esses
registros podem ser posteriormente observados em caso de processos administrativos.

A MODERNIZAÇÃO DOS RECURSOS MATERIAIS

A Administração de Materiais moderna é conceituada e estudada como um Sistema Integrado


em que diversos subsistemas próprios interagem para constituir um todo organizado. Destina-
se a dotar a administração dos meios necessários ao suprimento de materiais imprescindíveis
ao funcionamento da organização, no tempo oportuno, na quantidade necessária, na qualidade
requerida e pelo menor custo.

A oportunidade, no momento certo para o suprimento de materiais, influi no tamanho dos


estoques. Assim, suprir antes do momento oportuno acarretará, em regra, estoques altos, acima
das necessidades imediatas da organização. Por outro lado, a providência do suprimento após
esse momento poderá levar a falta do material necessário ao atendimento de determinada
necessidade da administração. Do mesmo modo, o tamanho do Lote de Compra acarreta
as mesmas consequências: quantidades além do necessário representam inversões em
estoques ociosos, assim como, quantidades aquém do necessário podem levar à insuficiência
de estoque, o que é prejudicial à eficiência operacional da organização.

Estes dois eventos, tempo oportuno e quantidade necessária, acarretam, se mal planejados,
além de custos financeiros indesejáveis, lucros cessantes, fatores esses decorrentes de
quaisquer das situações assinaladas. Da mesma forma, a obtenção de material sem os
atributos da qualidade requerida para o uso a que se destina acarreta custos financeiros
maiores, retenções ociosas de capital e oportunidades de lucro não realizadas. Isto porque

28 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


materiais, nestas condições podem implicar em paradas de máquinas, defeitos na fabricação
ou no serviço, inutilização de material, compras adicionais etc.

Viana (2000) traz à tona as técnicas de administração japonesas estão sendo assimiladas
por empresas brasileiras pelo seu alto teor de inovação referente à produtividade, qualidade e
envolvimento participativo. Esta técnica é denominada “perda zero”, fundamentada no sentido
de que havendo perda há aumento de custo desnecessário, devendo então manter uma
produção sem perdas com melhor qualidade e sem aumento de custos.

Surge então a Toyota com o sistema Kanban para atender a dois quesitos:

Just in time: é a produção na quantidade necessária, no momento necessário para atender


a variação de vendas com o mínimo de estoques em produtos acabados, em processos e
em matéria-prima. A produção Just in time é a eliminação de todo desperdício e a melhoria
continua da produtividade. Como resultado da eliminação do desperdício, tem-se uma
organização eficiente em custos, orientada para a qualidade e que responda as necessidades
dos clientes (ARNOLD, 2008).

Corroborando com o modelo de produção Just in Time, temos ainda um ciclo de verificações
contínuas, que auxilia no controle e planejamento dos recursos materiais e patrimoniais das
organizações. Este ciclo tem como pressupostos básicos o planejamento (plan), execução
(do), verificação (check) e ação (action). Assim como mencionado anteriormente, várias
ferramentas de gestão e controle são utilizadas tanto nas empresas de capital privado, quanto
nas empresas públicas.

A seguir, apresentamos o ciclo de Deming em forma de figura para uma melhor visualização
e entendimento.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 29


Jidoka: também chamado de autocontrole, é um controle visual em que cada operador poderá
controlar sua qualidade e sua produção com um mínimo de perdas.

Transportando essas técnicas ao setor público, podemos propor a compra de materiais


suficientes para o uso dentro de um período especifico (um mês, por exemplo) para que não
haja desperdício e a participação de todos os servidores no sentido de fazer a sua parte não
desperdiçando material e tendo controle do seu consumo.

Os subsistemas da Administração de Materiais, integrados de forma sistêmica fornecem


portanto, os meios necessários à consecução das quatro condições básicas alinhadas acima,
para uma boa Administração de material.

Podemos atribuir a Gestão de recursos materiais um conjunto de atividades com a finalidade


de assegurar o suprimento de materiais necessários ao funcionamento da organização privada
e também da administração pública, no tempo correto, na quantidade necessária, na qualidade
requerida e pelo melhor preço.

• Antes do tempo correto – estoques altos, acima da necessidade da empresa.

30 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


• Após o tempo correto – falta de material para atendimento das necessidades.

• Além da quantidade necessária – representam imobilizações em estoque ocioso.

• Sem atributos de qualidade – acarreta custos maiores oportunidades de lucros não rea-
lizados.

• Aquém da quantidade necessária – podem levar à insuficiência de estoques.

É claro que determinar o tempo na esfera pública é mais complicado do que na iniciativa
privada, pois após o processo de identificar a necessidade, a escolha do fornecedor passa pelo
processo de licitação, o que pode demorar mais do que o esperado, por isso a necessidade de
um planejamento mais apurado quanto aos níveis de insumos em estoque para que possa ser
aberto o edital o quanto antes não prejudicando a compra desses materiais.

Por exemplo, nada mais chato do que em plena semana de provas em uma instituição de
ensino pública os professores pereçam com a falta de papel A4, ou toner de impressão. Fruto
da má utilização dos recursos públicos ou da falta de gestão no setor de compras.

Para finalizar nosso estudo, apresentamos resumidamente as responsabilidades e atribuição


da administração de materiais:

a) Suprir, através de compras, a empresa, de todos os materiais necessários ao seu funcio-


namento.

b) Avaliar outras empresas como possíveis fornecedores.

c) Supervisionar os almoxarifados da empresa.

d) Controlar os estoques.

e) Aplicar um sistema de reaprovisionamento adequado, fixando Estoques Mínimos, Lotes


Econômicos e outros índices necessários ao gerenciamento dos estoques, segundo cri-
térios aprovados pela direção da empresa.

f) Manter contato com as Gerências de Produção, Controle de Qualidade, Engenharia de

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 31


Produto, Financeira etc.

g) Estabelecer sistema de estocagem adequado.

CONSIDERAÇõES FINAIS

Fica claro então que o objetivo primordial da Administração de Materiais é determinar o que,
quando e quanto adquirir para estocar ou já distribuir aos subsetores que farão uso destes
insumos. A área de materiais é indispensável no sentido de alcance de fins para proporcionar
os resultados esperados pelo poder público, pois a compra e entrega destes insumos, destes
materiais fará uma grande diferença na manutenção desta gestão e no bom andamento dos
subsetores como saúde, educação, saneamento e etc., sem contar que a reputação do gestor
estará vinculada a boa manutenção deste processo.

Sem dúvida é necessário que o gestor de materiais faça uma administração eficaz dos
sistemas otimizando o capital disponível, ou seja, o dinheiro público e os materiais adquiridos.
Ainda se faz necessário balancear os objetivos distintos dos subsetores e coordenar os fluxos
assegurando que o local certo receberá o material correto no tempo exato.

Na próxima unidade abordaremos o controle do patrimônio público, que deve ser feito com a
máxima eficácia. Estudaremos a classificação e a codificação dos bens públicos e a confecção
de inventários.

32 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Administração Pública
Autora: Claudia Costin
Editora: Elsevier
Para além das dei nições conceituais relativas a cada tema abor-
dado, há em cada capítulo o histórico do Estado e da Adminis-
tração Pública brasileira no que se refere ao assunto. Contém
igualmente questões para aprofundamento e uma bibliograi a
complementar. E alguns capítulos contam com o depoimento de
um dirigente público sobre uma vivência importante que possa
ilustrar o tema na prática. Naturalmente, dada a experiência que
a autora teve como ministra da Administração Federal e Reforma
do Estado e, anteriormente, como titular ou assessora em diferentes secretarias da Administração
federal e estadual, os comentários puderam ser enriquecidos também por uma experiência prática
pessoal. Como tudo o que se refere à Administração Pública, o tratamento dado é interdisciplinar, com
contribuições da Ciência Política, da Economia, do Direito Administrativo e Constitucional e de Teoria
Geral da Administração.

lOgÍSTICA EMPRESARIAl: O Processo de Integração da Ca-


deia de Suprimento
Autor: David J. Closs e Donald J. bowersox
Editora: Atlas
Sinopse: Este livro trata do desenvolvimento e dos fundamentos
da logística empresarial. Apresenta a visão dos autores em rela-
ção ao futuro da logística nas empresas e seu papel na compe-
titividade entre elas. Expande o assunto e as perspectivas para
rel etir a crescente importância do papel da logística na estraté-
gia competitiva globalizada. Apresenta também os objetivos, os
procedimentos das operações e as estratégias necessárias para
atingir o gerenciamento integrado de uma cadeia de suprimento. Com essa abordagem, os autores
pretendem alcançar três objetivos fundamentais: (1) apresentar uma descrição abrangente das prá-
ticas logísticas existentes nos setores particular e público; (2) descrever formas e meios de aplicar
princípios logísticos para atingir vantagens competitivas e (3) proporcionar uma base conceitual para
integrar a logística como um núcleo de competência na estratégia empresarial.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 33


lOgÍSTICA E gERENCIAMENTO DA CADEIA DE
SUPRIMENTOS: CRIANDO REDES QUE AgREgAM
VAlOR
Autor: Martin Christopher
Editora: Cengage learning
Sinopse: No mercado globalizado e altamente competitivo
dos dias de hoje, é cada vez mais forte a pressão para que
as organizações encontrem novas maneiras de criar e en-
tregar valor para os clientes. Cada vez mais se reconhece
que é por meio da ei ciência logística e de um gerencia-
mento ei caz da cadeia de suprimentos que se podem al-
cançar as metas de redução de custo e aprimoramento do
serviço. Diante dessas premissas, publicamos a 2ª edição
de Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos,
com um novo capítulo sobre gerenciamento de riscos na cadeia de suprimentos. Incrementado com
diagramas, estudos de caso e resumos de capítulos, a obra focaliza as ferramentas, os principais
processos e iniciativas para assegurar lucratividade nos negócios e manter a vantagem competitiva.

Pensando um pouquinho a nossa obrigação, como gestores de materiais, devemos nos preocupar
com todo o processo, ou participar de todo o processo desde a elaboração do edital a ser publicado
chamando a participação das empresas fornecedoras; observar critérios como os preços praticados
pelo mercado, a índole ou o histórico desses fornecedores; sempre trabalhar com pessoas interessa-
das (utopia possível) e isso tudo para quê?
Pensando no bem estar do cidadão que no nosso caso é o consumidor i nal. Ele é quem precisa
ser um benei ciado de todo esse processo, nosso maior objetivo como gestor público é o bem estar
dessas pessoas que muitas vezes dependem da nossa competência para receberem assistência em
hospitais, escolas, creches, praças, asfalto e etc. Imaginem um senhor da melhor idade que não pode
mais caminhar na rua de sua casa devido ao estado deplorável do asfalto que ali se encontra? Tentem
imaginar como resolver esse problema levando em consideração os objetivos da ARMP.

34 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Caro aluno este é o vídeo mais completo sobre as origens do Sistema Toyota de Produção. O i lme
mostra a história da Toyota desde os tempos da fabricação de teares até os dias atuais. Autonomação,
Just in Time, Poka Yoke, Desperdícios, e Kanban são alguns dos temas abordados pelo vídeo: Vale
a pena assistir!
- <http://www.youtube.com/watch?v=c6KVeDbgRgU> – parte 1
- <http://www.youtube.com/watch?v=6vmdVRzPM&feature=related> – parte 2

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO

Leia o texto abaixo

Preparação do Estoque na Motorola

Em fevereiro de 1995, a Motorola Inc. concluiu que suas estimativas de ganhos para o ano
anterior apresentavam um quadro exageradamente otimista de sua posição financeira. A
Motorola relatou ganhos recordes no quarto trimestre, de US$ 515 milhões sobre vendas
de US$ 6,45 bilhões. As altas estimativas de lucros provinham de pedidos superestimados
de telefones celulares por parte de distribuidores varejistas. O ímpeto nas vendas durante
a temporada de férias de final de ano pode ter vindo graças a suas vendas para a primeira
metade do ano anterior (1994). Novos pedidos de telefones celulares declinaram neste período.

De acordo com fontes da indústria, muitos distribuidores, incluindo a US West e a BellSouth,


haviam feito pedidos muito grandes. Parte do problema era que os distribuidores estavam
reagindo defensivamente. Durante as duas temporadas anteriores de férias, a Motorola não
pôde atender às demandas dos consumidores de aparelhos portáteis, forçando a Bells e
outros distribuidores perderem vendas.

Esperando não repetir o erro, as unidades de celulares da Bells fizeram pedidos mais cedo e
com maior frequência, duplicando-os. Os distribuidores não avisaram à Motorola para diminuir
sua produção a tempo em razão desse fato.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 35


Os distribuidores estavam alarmados quando os telefones pedidos começaram a jorrar, a
Motorola estava entregando tudo. Trabalhando sob um sistema de qualidade total, a Motorola
eliminou praticamente todos os gargalos e estava completamente capacitada a atender à
demanda das férias de final de ano. Um analista do setor eletrônico afirma que a Motorola
não monitorou adequadamente os pedidos que chegavam. O analista acrescenta: A Motorola
deveria ter sabido que os pedidos estavam indo muito além da demanda.

A Motorola Inc. não defrontou com um sério problema financeiro por causa desses
supercarregamentos de produtos (elevados estoques), pois a alta administração prefere que
os distribuidores não enfrentem problemas de estocagem.

Todavia é um problema para os acionistas, já que o preço das ações caiu 10% devido ao
elevado estoque.

FONTE: POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística.

2. Ed. São Paulo: Atlas, 2002. p.30.

QUESTõES:

Em face do exposto, e do que você já estudou até aqui:

1. Como a Motorola poderia evitar o excesso de estoque, em face do que ocorreu?

2. Como a Motorola poderia agir para que os pedidos exagerados não ocorram novamente?

3. Que conselho sobre administração de estoques você daria aos distribuidores da Motorola?

36 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


UNIDADE II

EVOlUÇÃO E CONCEITOS DE
ADMINISTRAÇÃO PATRIMONIAl
Professor Me. Victor Biazon

Professor Esp. Renato Valença

Objetivos de Aprendizagem

• Compreender os conceitos evolutivos da gestão patrimonial.

• Entender a diferenciação da gestão patrimonial de bem público e privado.

• Saber qual a importância de se monitorar os bens por meio da codiicação e calcu-


lar sua depreciação.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:


• Gestão Patrimonial

• Classiicação dos bens patrimoniais

• Codiicação de bens do patrimônio público

• Vida econômica e depreciação de bens

• Balanços físicos
INTRODUÇÃO

Em nível de estado, a administração é a gestão de todos os recursos público a fim de executar


a prestação de serviços, dar direção ou ainda governar buscando alcanção o objetivo de ser
eficaz para a sociedade. E a gestão patrimonial, aquela que cuida dos bens, terrenos, prédios,
instalações veículos e etc. É uma das grandes atribuições da administração pública inclusive
para que se amplie ao máximo a permanência, duração destes bens servindo a todos os
usuários/cidadãos pela maior quantidade de tempo possível e de preferência com qualidade.

E historicamente a origem da repartição pública que zela e controla o patrimônio estatal vem
de longa data iniciando na descoberta do Brasil em 22 de abril de 1500, e em 1530 quando
Portugal pensou em povoar e colonizar nossas terras.

A partir de 1531, a ocupação do solo, com a adoção do sistema das Capitanias Hereditárias.
Dai os problemas fundiários, inicialmente, afetos aos donatários, responsáveis pela distribuição
de sesmarias, bem como a fiscalização do uso da terra.

Com a criação do Governo-Geral sediado em Salvador-BA, esses problemas fundiários


passaram aos Governadores-Gerais. Expandindo-se o povoamento da terra, coube a tarefa
da distribuição de áreas e sua fiscalização a autoridades locais.

O sistema fundiário seguiu no curso do tempo sem grandes alterações, de forma mais ou
menos desordenada, até a Independência do Brasil, em 1822.

Naquela época, diante da situação fundiária, totalmente tumultuada e até caótica, adotou-
se pouco antes da independência uma solução drástica, por intermédio da Resolução de 17
de julho de 1822, quando suspenderam-se todas as concessões de terras, até que uma lei
especial regulasse, por completo, a matéria.

Somente com a Lei nº 601, de 18 de setembro de 1850, disciplinou-se o regime jurídico


aplicável às terras públicas. A referida lei, segundo Messias Junqueira (“Estudos sobre o

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 39


sistema sesmaria”, Recife, 1965), constituiu uma das leis mais perfeitas que o Brasil já teve:
humana, liberal, conhecedora da realidade brasileira, sábio código de terras, que tanto mais se
admira quanto mais se lhe aprofunda o espírito, superiormente inspirado”.

Possui, também, a referida lei, outra particularidade interessante: dela se originou a primeira
repartição pública, especificamente incumbida do problema fundiário, denominada “Repartição-
Geral de Terras Públicas”, criada no seu art. 21 e regulamentada pelo Decreto nº 1.318, de 30
de janeiro de 1854.

Já após a promulgação da República, pela Lei nº 2.083, de 30 de julho de 1909, criou-se novo
órgão, para cuidar das terras públicas, denominado Diretoria do Patrimônio Nacional.

No curso do tempo, passou-se a denominar o Órgão: Diretoria do Domínio da União (Decreto


nº 22.250/32), Serviço do Patrimônio da União” (Decreto-lei nº 6.871/44), recebendo, por
força do Decreto nº 96.911, de 3 de outubro de 1988, sua atual denominação, Secretaria do
Patrimônio da União, quando ainda integrava a estrutura do Ministério da Fazenda.

Atualmente a SPU integra a estrutura do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão


(MP), tendo em vista a alteração em lei ocorrida em 1999, que dispõe sobre a estrutura da
Presidência da República e seus Ministérios.

As atuais atribuições conferidas à Secretaria do Patrimônio da União encontram-se descritas


no art. 29 do Decreto nº 3.858, de 04 de julho de 2001, que aprovou a estrutura regimental do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão1.

Com a criação da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) pode administrar, planejar,


organizar, dirigir e controlar melhor o patrimônio público ou efetuar uma Gestão Patrimonial
que iremos entender melhor a partir de agora. Sejam bem vindos a leitura!

1
Texto disponível no portal do governo federal www.planejamento.gov.br

40 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


gESTÃO PATRIMONIAl

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Caro aluno, na unidade anterior estudamos a administração de recursos materiais e a
importância que o fluxo de material tem, principalmente no setor público, para que o produto
ou serviço esteja no local certo, no momento certo e com a quantidade necessária. Dando
sequência ao nosso plano de trabalho, nessa unidade trabalharemos sobre Gestão Patrimonial
e sua relação com a Administração de Materiais.

Entende-se por Gestão Patrimonial, conforme Correia (2009), o processo de aquisição,


registro, conservação, e controle do acervo de bens permanentes de um órgão público ou que
tenha este tipo de controle exigido regimentalmente.

O controle patrimonial é uma atividade administrativa que visa à preservação e defesa deste
acervo. Este controle consiste no registro (tombamento), na identificação da utilização e do
estado da conservação dos bens e na sua localização no espaço físico da organização ou
fora dela. Consiste também na retirada (baixa) do bem do acervo. O patrimônio ou acervo
patrimonial de uma organização é normalmente representado pelo conjunto de seus bens
imóveis e permanentes móveis.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 41


De acordo com a Garcia (2004)2, patrimônio público é o conjunto de bens e direitos que
pertence a todos e não a um determinado indivíduo ou entidade, é um direito difuso, um
transindividual, de natureza indivisível de que são titulares pessoas indeterminadas e ligadas
pelo fato de serem cidadãos, serem o povo, para o qual o Estado e a Administração existem.

Podemos simplificar dizendo que o patrimônio público não tem um titular individualizado ou
individualizável – é de toda a sociedade.

Assim é que o patrimônio público abrange não só os bens materiais e imateriais pertencentes
às entidades da administração pública (os bens públicos referidos pelo Código Civil, como
imóveis, os móveis, a imagem etc.), mas também aqueles bens materiais e imateriais que
pertencem a todos, de uma maneira geral, como o patrimônio cultural, o patrimônio ambiental
e o patrimônio moral.

A GESTÃO PATRIMONIAL envolve uma fase importante: a CONSCIENTIZAÇÃO dos usuários


sobre a importância da mencionada CONSERVAÇÃO do bem público.

Recursos patrimoniais, conforme Martins; Alt (2005) é a sequência de operações que, assim
como a administração dos recursos materiais tem início na identificação do fornecedor,
passando pela compra e recebimento do bem para depois lidar com sua conservação,
manutenção e ainda alienação (quando for o caso).

No que se refere à alienação, a constituição brasileira exige o procedimento licitatório, nos


termos do XXI do art. 37 nos seguintes termos: verbis... “Art. 37: A administração pública
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:” ressalvando em seu inciso XXI que “ressalvados os casos
especificados na legislação, as alienações serão contratados mediante processo de licitação

2
Procuradora Regional da República, mestre em Direito do Estado pela Faculdade de Direito da USP, autora do
livro “Responsabilidade do Agente Público” (Fórum, 2004).

42 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes”.

Ainda abrangendo o conceito de Patrimônio, de acordo com Martins; Alt (2005, p. 6), este se
apresenta como “um conjunto de bens, valores, direitos e obrigações de uma pessoa física ou
jurídica que possa ser avaliado pecuniariamente e que seja utilizado na consecução de seus
objetivos sociais”.

Mas então, caro aluno, você deve estar se perguntando, especificamente o que é um patrimônio
público, ou qual a caracterização dele?

O artigo 1º, parágrafo 1º da Lei da Ação Popular (Lei 4.717, de 29.6.65) define patrimônio
público, como o conjunto de bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou
turístico, pertencentes aos entes da administração pública direta e indireta.

Ainda conforme a referida lei, o que caracteriza o patrimônio público é o fato de pertencer ele
a um ente público – em nível federal, estadual ou municipal, uma autarquia ou uma empresa
pública, por exemplo. Considera-se que o patrimônio público é formado pelos bens públicos,
definidos no Código Civil como sendo os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno, diferençando-os, portanto, dos bens particulares (artigo 98).

Mas então nos perguntamos o que são esses bens públicos?

Garcia (2004) nos responde que de acordo com o Código Civil, são, entre outros, os rios,
mares, estradas, ruas e praças (bens de uso comum do povo), edifícios ou terrenos destinados
a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal,
inclusive os de suas autarquias (bens de uso especial) e outros bens pertencentes a cada um
dos entes públicos (bens dominicais).

Pública ou privada a gestão deste patrimônio é indispensável, Correia (2009) fala sobre esta
importância inclusive juridicamente, e que necessita ter à frente um profissional capacitado e
com conhecimento dos principais pontos da legislação que regulamenta a área.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 43


Neste sentido e contabilmente falando administrar o patrimônio significa gerir os direitos
e obrigações, ou de outro modo, os ativos e passivos da empresa pública. Muitas vezes,
conforme o autor, o passivo é maior que o ativo, gerando o que se denomina patrimônio líquido
negativo.

Patrimônio líquido = Ativo - Passivo

A Portaria 828 de 14 de Dezembro de 2011 da Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério


da Fazenda efetuou padronização dos procedimentos contábeis referentes à gestão de
bens patrimoniais (Ativo Imobilizado) ligados ao Governo (União, Estados e Municípios) para
sustentar administração patrimonial aplicada ao setor público na forma estabelecida na LC 101
/ 2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal.

A Secretaria de Patrimônio da União possui algumas atribuições no sentido de regularizar e


fiscalizar ações que envolvam a incorporação do patrimônio público.

É de competência da SPU principalmente ações que regulamentam a incorporação de imóveis


como pode ser visto no quadro abaixo:

44 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Quadro 1: Competências da SPU

I - Administrar o patrimônio imobiliário da União e zelar por sua conservação.

II - Adotar as providências necessárias à regularidade dominial dos bens da União.

III - Lavrar, com força de escritura pública, os contratos de aquisição, alienação, locação,
arrendamento, aforamento, cessão e demais atos relativos a imóveis da União e providenciar
os registros e as averbações junto aos cartórios competentes.

IV - Promover o controle, fiscalização e manutenção dos imóveis da União utilizados em


serviço público.

V - Proceder à incorporação de bens imóveis ao patrimônio da União.

VI - Formular, propor, acompanhar e avaliar a política nacional de gestão do patrimônio da


União, e os instrumentos necessários à sua implementação.

VII - Formular e propor a política de gestão do patrimônio das autarquias e das fundações
públicas federais.

VIII - Integrar a Política Nacional de Gestão do Patrimônio da União com as demais políticas
públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável.
Fonte: www.planejamento.gov.br

Pelo quadro podemos ver como os preceitos da administração geral estão se fazendo valer
pelo governo federal, onde cabe a SPU planejar, organizar, dirigir e controlar os bens imóveis
zelando pela sua integridade.

Mas ainda precisamos saber como os bens podem ser classificados até para que possamos
entender de quem é a responsabilidade pela gestão deles. No próximo tópico veremos as
classificações destes bens para esclarecer ainda mais nossas dúvidas e ampliar nossos
conceitos.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 45


Classificação dos bens Patrimoniais

Uma das atividades mais importantes na administração dos recursos patrimoniais é registrar e
controlar todos os bens patrimoniais da empresa. Para que essa ação possa desenvolver-se
com melhor acuracidade e perfeito controle, torna-se necessário classificar e codificar todos
os bens pertencentes à empresa.

Conforme o professor Epiphânio (s/d3), o objetivo da classificação e codificação de materiais


e bens é simplificar, especificar e padronizar com uma numeração todos os bens da empresa,
tanto os materiais como os patrimoniais. Com a codificação do bem, passamos a ter um registro
que nos informará todo o seu histórico, tais como: data de aquisição, preço inicial, localização,
vida útil esperada, valor depreciado, valor residual, manutenção realizada e previsão de
sua substituição. Após o bem estar codificado, recebe uma plaqueta com sua numeração
e controle. Vale salientar, que esta modalidade de controle, codificação e mapeamento dos
bens é uma prática também muito utilizada nas empresas privadas, que por sua vez, têm no
patrimônio e nos seus bens sua fonte de diferenciação frente aos seus concorrentes.

Os bens patrimoniais podem ser entendidos como as instalações, prédios, terreno,


equipamentos, veículos, maquinários, bem como todo o arranjo físico necessário para que
ocorra o processo produtivo da empresa, seja esta prestadora de serviços ou manufatureira.
Desta forma, os equipamentos podem ser exemplificados como, máquinas operatrizes,
caldeiras, reatores, pontes rolantes, computadores e móveis, já os prédios e terrenos são os
edifícios e instalações prediais em geral.

Exemplo: São bens patrimoniais de uma cidade, da prefeitura: os computadores, os móveis, o


carro oficial que o prefeito utiliza, a sede da prefeitura e demais bens do gênero.

3
s/d – sem data.

46 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Os bens permanentes possuem algumas características conforme Correia (2009):

• Não ser caracterizado como material de consumo.

• Não ser peça de reposição.

• Ter seu prazo de vida útil superior a 02 (dois) anos conforme o artigo 15, parágrafo 2º, da
Lei nº 4.320/64.

São assim considerados: móveis e utensílios, equipamentos, livros, máquinas, mapas, veículos
etc.

Os Bens Públicos são todos aqueles que estão incorporados ao patrimônio da Administração
Pública, de forma direta ou indireta, por sua vez, todos os demais bens são considerados
particulares.

De acordo com o Código Civil, artigo 98, “são públicos os bens de domínio nacional pertencentes
às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual fora
pessoa a que pertencerem”. Todavia, as empresas públicas e as sociedades de economia,
mesmo que sejam pessoas jurídicas de direito privado, integram as pessoas jurídicas de direito
público interno, assim os bens destas pessoas também são públicos.

Conforme preconizado pelo artigo 99 do Código Civil, a destinação do bem é utilizada para a
classificação dos bens públicos, conforme demonstrado a seguir:

• bens de uso comum: São aqueles destinados ao uso indistinto de toda a população. Ex:
Mar, rio, rua, praça, estradas, parques (art. 99, I do CC).

• bens de uso especial: São aqueles destinados a uma finalidade específica. Ex: Biblio-
tecas, teatros, escolas, fóruns, quartel, museu, repartições públicas em geral (art. 99, II
do CC).

• bens dominicais: Não estão destinados nem a uma finalidade comum e nem a uma
especial. “Constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 47


de direito pessoal ou real, de cada uma dessas entidades” (art. 99, III do CC). Um exemplo
são as terras devolutas dos Estados.

Há ainda outras classificações de bens conforme Martins (2005) quanto a:

MATÉRIA

• Corpóreos: quando possui uma forma identificável, um corpo.

• Incorpóreos: são os bens não constituídos de matéria, não possuem corpo ou forma
(como direito de uso de marca, fórmula, imagem).

• Materiais: quando possuem substância material, palpável (mesa, cadeira, veículo).

• Imateriais: os que não possuem matéria (como registros de jazidas, e projetos de pro-
dutos).

• Tangíveis: quando possuem substância ou massa (caneta, folha de papel).

• Intangíveis: são os que não possuem substância ou massa (como patentes e direitos
autorais).

MOBILIDADE

• Móveis: quando podem ser deslocados sem alteração de sua forma física (móveis e
utensílios, máquinas e veículos).

• Imóveis: quando não podem ser deslocados sem perder sua forma física (prédios, pon-
tes) ou não podem ser locomovidos (terrenos).

DIVISIBILIDADE

• Divisíveis: quando podem ser divididos sem que as partes percam sua característica
inicial (terrenos, lotes, fazendas).

• Indivisíveis: quando não tem possibilidade de divisão, constituindo uma unidade (auto-
móvel).

48 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


FUNGIBILIDADE : sua capacidade de serem fundidos uns nos outros sem perder sua
característica inicial.

• Fungíveis: podem ser substituídos por outro da mesma natureza (commodities: trigo,
algodão, arroz e ouro).

• Infungíveis: Insubstituíveis, únicos.

DISPONIBILIDADE: Disponíveis quando usados de imediato ou indisponíveis.

Ainda temos outras denominações como bens numerários que são bens em forma de dinheiro
ou títulos de liquidez imediata; semoventes, constituídos por animais domésticos como bovinos,
equinos e suínos e ainda os dominicais, bens do poder público como praça, ruas e rios e de
domínio publico.

Falamos até aqui de bens, equipamentos, terrenos e construções, porém Garcia (2004)
apresenta outros tipos de Patrimônio como o cultural, ambiental e também o moral:

O patrimônio cultural é integrado, nos termos do artigo 216, da Constituição da República,


pelos bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores
de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira, nos quais se incluem: as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as
criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e
demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios
de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

O patrimônio ambiental corresponde ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, referido


no artigo 225 da Constituição da República, como sendo bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. O patrimônio ambiental é
aquele em que mais nitidamente se percebe o caráter difuso, transindividual e indivisível do
patrimônio público.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 49


O patrimônio moral é composto pelos princípios éticos que regem a atividade pública,
sintetizados no princípio da moralidade, consagrado no artigo 37 da Constituição. A atuação
segundo o princípio da moralidade, por parte de todos os agentes públicos, garante a observância
de um padrão de atuação dentro da moral, da boa-fé, da lealdade e da honestidade, essencial
ao bom e correto funcionamento da administração pública.

Assim como cuidamos das nossas coisas lá na nossa casa, na faculdade, porque sabemos
que se nós não cuidarmos, nossos pertences serão degradados, assim também acontece com
o patrimônio público, alguém precisa ser responsável pelo cuidado, pelo acompanhamento. E
este cuidado é compartilhado, pois há diversas entidades que dividem estas responsabilidades.

A Secretaria de Patrimônio da União4 é dividia em departamentos que nos facilita o


entendimento de suas atribuições no sentido de responsabilidades. Por exemplo,
quando se fala em caracterizar, incorporar ou dar destino a um bem imóvel.

Ao Departamento de Incorporação de Imóveis compete: Coordenar, controlar e orientar as


atividades de incorporação imobiliária ao Patrimônio da União, nas modalidades de aquisição
por compra e venda, por dação em pagamento5, doação, usucapião, administrativa, e de
imóveis oriundos da extinção de órgãos da administração pública federal direta, autárquica ou
fundacional, liquidação de empresa pública ou sociedade de economia mista, cabendo-lhe,
ainda, o levantamento e a verificação in loco dos imóveis a serem incorporados, a preservação e
regularização dominial desses imóveis e a articulação com entidades e instituições envolvidas.

Departamento de gestão de Receitas Patrimoniais compete: Coordenar, controlar


e orientar as atividades relativas aos processos de arrecadação e cobrança de créditos

4
Fonte: www.planejamento.gov.br
5
O contribuinte propõe para regularização da dívida bens móveis ou imóveis que se encontrem livres de ónus ou
encargos ou em outras palavraasa extinção de uma obrigação consistente no pagamento da dívida mediante
a entrega de um objeto diverso daquele convencionado. Nesses termos, o devedor transfere ao credor da
obrigação um bem imóvel que é de sua propriedade.

50 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


patrimoniais.

Departamento de Caracterização do Patrimônio compete: Coordenar, controlar e orientar


as atividades relacionadas à identificação, ao cadastramento e à fiscalização dos imóveis da
União.

Departamento de Destinação Patrimonial compete: Coordenar, controlar e orientar as


atividades relacionadas com o desenvolvimento de ações e projetos voltados à destinação, à
regularização fundiária, à normatização de uso e à análise vocacional dos imóveis da União.

Cabem aos departamentos específicos atividades que lhe competem com a finalidade de
preservar o patrimônio público. A isto podemos chamar de Gestão Patrimonial, cuidar, zelar,
gerir ou então administrar o que temos.

A título de exemplificação, podemos dizer que a gestão patrimonial está sujeita a leis gerais
(constitucional), porém, os estados da federação podem usufruir de uma legislação mais
específica como é o caso do Decreto Nº 16.109, de 1º de Dezembro de 1994 que disciplina a
Administração e o controle dos bens patrimoniais do Distrito Federal, e dá outras providências.

Garcia (2004) ainda nos fala que sendo o patrimônio público pertencente a todo o povo, cabe
também a nós todos zelar, preservando e defendendo. Quando o patrimônio estiver vinculado a
um determinado ente, a ele cabe, em primeiro lugar, adotar todas as providências necessárias
à sua preservação e conservação.

A autora ainda afirma que às vezes, são os próprios dirigentes e representantes que atacam e
ofendem o patrimônio. Quanto ao patrimônio público difuso – como o meio ambiente, a cultura,
a moralidade administrativa – não se pode atribuir apenas ao cidadão, individualmente, que
promova ações em sua defesa, ainda que seja, também, titular desse patrimônio. É que essas
ações são, na maior parte das vezes, especializadas e demandam um conhecimento técnico
de que o cidadão comum nem sempre dispõe.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 51


A autora completa que a Constituição da República atribui a uma instituição, especificamente,
a tarefa de defender e proteger o patrimônio público. Trata-se do Ministério Público, que tem
como uma de suas funções institucionais promover o inquérito civil e a ação civil pública, para
a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos (art. 129, III, da Constituição, art. 5º, III e art. 6º, VII, b, da Lei Complementar nº 75/93,
artigo 25, IV, b, da Lei 8.625/93).

O Ministério Público Federal (MPF) utiliza diversos recursos para defender o patrimônio público
e social brasileiro. A ação civil pública por improbidade administrativa é um meio muito
usado. Em alguns casos, como a dispensa ilegal de licitação, os fatos levam a instituição a
propor também uma ação criminal, o que possibilita sanções nas duas áreas6.

As ações integradas do MPF nas áreas cível e criminal já resultaram em condenação judicial
de agentes políticos, servidores públicos e outros por: formação de quadrilha; fraudes em
licitação, em benefícios previdenciários do INSS e bancárias; desvio de recursos públicos;
contratação irregular de mão de obra; quebra de sigilo; irregularidades em desapropriações
para reforma agrária.

E como vimos no decorrer do tópico, não apenas os terrenos, imóveis fazem parte do patrimônio
público. Os equipamentos que usamos no dia a dia de nosso trabalho em repartições públicas,
as mesas, as cadeiras também foram incorporadas ao patrimônio e precisam ser zelados, por
cada usuário.

Uma forma de garantir um maior e melhor controle sobre cada item é colocar códigos para
que sejam facilmente localizados. Este é o assunto que veremos a seguir com a codificação
de bens.

6
Ministério Público federal – Procuradoria da República em Roraima. Disponível em <http://www.prrr.mpf.gov.br/
areas-de-atuacao/patrimonio-publico>

52 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Codificação de Bens do Patrimônio Público

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
A codificação de um bem é o processo de numeração do mesmo, dando um registro
sequenciado único para o mesmo. Esta gestão de ativo imobilizado é feita em sua maior parte
por uma unidade organizacional denominada controle de ativo fixo ou imobilizado.

A função básica é registrar, controlar e codificar os bens considerados imobilizados (passiveis


de depreciação). Este controle é feito sob o auxilio de uma ficha individual (física ou virtual)
onde se registram normalmente a data da aquisição do bem; o código (colocando-se chapas
em bens móveis), o valor inicial, critério e prazo para a depreciação, depreciação do período
e acumulada, centro de custo em que o bem encontra-se alocado e espaço para registrar
possíveis melhorias deste bem desde que não alterem seu valor contábil (MARTINS 2005).

Usando como exemplo Conselho Federal de Psicologia, a identificação é feita pela Plaqueta de
Identificação, metálica e padronizada, com número sequencial, afixada em local determinado,
para o reconhecimento do bem e controle patrimonial. A plaqueta fixada não pode ser retirada,
alterada ou reutilizada, permanecendo afixada pelo tempo de vida do material permanente.
Dentre os critérios para se identificar um bem vale trabalhar com uma estrutura padrão:

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 53


A numeração adotada é de livre escolha do gestor patrimonial, mas deve priorizar a maior
facilidade de agrupamento do mesmo em relatórios específicos, como os inventários. Correia
(2009) apresenta um exemplo:

Patrimônio número 5.1.37.502 - Máquina fotográica digital,5 mega-


pixels, lente especial, onde:

5.1 – Codiicação contábil de bem permanente onde se agrupa as


máquinas fotográicas.

37 – Codiicação da unidade setorial onde se localiza o bem


(pode ser o centro de custo).

502 – Número sequencial de registro do bem.

Após a definição desta codificação, o bem deverá ser incorporado à relação geral de bens do
órgão, com a posterior destinação à unidade setorial detentora de sua guarda.

Figura 3: Exemplo de codificação


Fonte: http://www.3tecinfor.com.br/

A tecnologia permite que as repartições públicas possam3 ter a chapa com o número do
código de barras que facilita a leitura e o controle do patrimônio imobilizado. Cabe lembrar

54 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


que na esfera pública existem normas e resoluções fixando critérios para a codificação de
materiais como, por exemplo, o decreto Decreto n° 9617 de 1966, que dispõe sobre o controle
patrimonial da Administração Pública Estadual de Minas Gerais7.

Vida Econômica e Depreciação de Bens

A vida econômica de um bem é a duração, normalmente medida em anos, em que o custo


anual equivalente de possuir e operar o bem é mínimo. E vida útil é o período de tempo em
que o bem consegue exercer as funções que se espera dele, claro que isso depende também
de como esse bem é utilizado.

A depreciação de um bem nada mais é do que a perda do seu valor devido ao uso, deterioração
ou obsolescência tecnológica. É comum vermos em repartições públicas os móveis e
eletrônicos com idade avançada, destoando em beleza e agilidade, da iniciativa privada. Neste
caso, podemos dizer que este bem está em grande estágio de depreciação.

A forma como a depreciação de um bem será calculada define a perda que cada item sofrerá
no decorrer do tempo e como esses critérios de avaliação e a vida deste bem impactam no
resultado no resultado operacional da empresa, ambos, são regulados pela Receita Federal
por meio de instruções normativas.

A depreciação está atrelada à contabilidade junto aos ativos da empresa e por isso, até para
efeito de imposto de renda, se faz necessário o cálculo da depreciação. A maioria dos bens
do Imobilizado, com exceção de terrenos, tem vida útil limitada. Em função disso, os princípios
contábeis exigem que os gastos incorridos com sua aquisição sejam apropriados às despesas
(depreciação) nos exercícios contábeis relacionados com sua utilização.

7
Decreto n°9617 de 1966 - Legislação referente a material PERMANENTE disponível em <http://www.
planejamento.mg.gov.br/governo/gestao_logistica/leg_mat/legislacao_tema.asp?op=view&txtOrigem=NaoTem
a&txtTipo=E&txtVerLegNum=9617&txtVerLegAno=1966&txtVerNtrCod=1&txtVerTipCod=8> Acesso em 26 nov
2012.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 55


Veja as principais classes de bens do Ativo Imobilizado e suas respectivas vidas úteis, de
acordo com a legislação do Imposto de Renda8:

• Edifícios 25 anos.

• Máquinas 10 anos.

• Instalações 10 anos.

• Móveis e utensílios 10 anos.

• Veículos 5 anos.

• Equipamentos e software3 anos.

Para Martins; Alt (2009) o critério aceito pelos órgãos da Receita Federal é o Linear, ou de linha
reta, onde se depreciam em partes iguais durante toda a vida útil do bem. Como vimos, a vida
útil de um bem é fixada em função de sua natureza e podemos calcular da seguinte forma:

Dt = P –VR / N

Exemplo: Calcular a depreciação física anual de um veículo que custou R$ 25.000,00 e que
terá uma vida útil de 5 anos. Sua taxa anual de depreciação é de 20%. Temos:

P = R$ 25.000,00

VR (Valor Residual)= 0 (nulo)

N = 5 anos

Dt = 25.000 – 0 / 5= R$ 5.000,00 ao ano

Sendo assim, sabendo que os bens como equipamentos, veículos e etc. se desgastam com
o uso, acabam precisando de manutenções, logo espera-se que os custos operacionais

8
Disponível em <http://www.crcsp.org.br/portal_novo/publicacoes/arbitragem/22.htm>

56 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


aumentem paralelamente a diminuição do seu valor de venda. A partir de um determinado
tempo não se torna mais interessante manter o bem, assim dissemos que ele atingiu o ápice
de sua vida econômica.

Caro aluno, a arte de fiscalizar precisa ser constante, e depois de codificados os bens, é
preciso de tempos em tempos saber se ele ainda está lá, independente da sua idade ou
depreciação. Isso é o que fazemos com os balanços físicos.

bAlANÇOS FÍSICOS

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Paoleschi (2008, p. 16) cita que “a empresa a realizar o balanço físico anual terá que fazer um
inventário anual conforme determina a lei, demonstrando aos fiscais ou órgão responsáveis o
real valor desse patrimônio”. E que grandes partes desses balanços são realizadas no final
do ano, porque no Brasil o ano fiscal inicie se em 1 (um) de janeiro e termina 31 de dezembro.

O autor ainda diz que conforme tais procedimentos sejam efetuados o responsável pelo
inventário deve observar se os resultados obtidos expressão a verdades dos fatos, ou seja,
se o controle de estoque está correto e se os saldos são verdadeiros através da acuracidade,
controle preciso, do inventário (ativo fixo).

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 57


Conforme o manual de Correia (2009) o levantamento físico dos materiais permanentes e de
consumo será realizado pelo menos uma vez ao ano e no início e término de gestão, bem
como, nas trocas dos responsáveis por sua guarda e conservação.

Um levantamento poderá ser realizado em datas especiais, determinadas em razão de


auditorias especiais ou sindicâncias.

O inventário dos bens permanentes apurará a existência física dos mesmos e os respectivos
valores monetários, em confronto com as informações registradas no sistema de administração
de material e ou patrimonial próprio, e deverão:

I – Informar o estado de conservação dos bens e materiais.

II – Confirmar os agentes responsáveis pelos bens.

III – Manter atualizados e conciliados os registros do sistema de material, patrimonial e os


contábeis.

Os bens móveis com estrutura de madeira considerados inservíveis e irrecuperáveis que não
apresentarem valor econômico poderão ser incinerados em local seguro, após vistoria e
autorização por escrito do setor competente.

Por meio do inventário físico, segundo Correia (2009), confirmamos a localização e atribuição
da carga de cada material permanente permitindo a atualização dos registros dos bens
permanentes bem como o levantamento da situação dos equipamentos e materiais em uso,
apurando a ocorrência de dano, extravio ou qualquer outra irregularidade além de verificar
as necessidades de manutenção e reparo e constatação de possíveis ociosidades de bens
móveis possibilitando maior racionalização e minimização de custos.

“O departamento do patrimônio em via a todas as unidades uma lista de bens permanentes


por departamento/seção.” (PAOLESCHI, 2008, p. 16). Cada departamento/seção deve ter

58 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


um responsável para acompanhar, que será de responsabilidade do setor de patrimônio ou
na falta deste algum funcionário do setor contábil será responsável pelos bens de uso da
empresa do qual essa responsabilidade na empresa investigada são os próprios proprietários
e sucessores.

O autor ainda complementa que para realização do inventário físico anual será criado o comitê
de inventário de responsabilidade do setor contábil para discutir as normas que conduzirão o
inventário.

De acordo com Correia (2009) o Inventário pode ser:

Anual – com a finalidade de comprovar a quantidade e o valor dos bens patrimoniais do acervo
de cada Unidade Gestora, existente em 31 de dezembro.

Inicial – quando da criação de uma unidade, para identificação e registro dos bens sob sua
responsabilidade.

Transferência de Responsabilidades – realizado quando da mudança do dirigente da Unidade


Gestora.

Por extinção ou transformação – quando da extinção ou transformação da unidade gestora.

Eventual – realizado em qualquer época, por iniciativa do dirigente da unidade ou por iniciativa
do órgão de fiscalização.

O gestor do comitê do inventário vai convocar os auditores contábeis que acompanharão o


inventário e os funcionários que participarem dele. Os convocados para realização do inventário
físico devem ser treinados para um bom desempenho. Dar preferências à convocação de
funcionários que conheçam os itens do inventário (PAOLESCHI, 2008).

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 59


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
O comitê vai rodar a lista de todos os itens que serão inventariados e as fichas numeradas
sequencialmente, de cada item, em quatro vias. A primeira via colocada da embalagem do
item contado. Se houver mais de uma embalagem, marcar nelas o número da ficha utilizada.

A segunda via é preenchida e enviada ao comitê depois de o item ser contado. A terceira via
será usada quando for necessário efetuar uma nova contagem. A quarta via é de uso exclusivo
dos auditores.

As fichas devem ser separadas por setores do almoxarifado ou armazém, nas quais devem
constar os dados do item. Depois de realizada a primeira contagem, as fichas são enviadas
para o comitê (com exceção da primeira via que fica no estoque contado) e os auditores
confrontam os números encontrados fisicamente com os dos registros contábil constantes na
lista do inventário.

60 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Se os números baterem, a contagem do item fica encerrada. Se não baterem, é enviada a
terceira via da ficha para nova contagem, que deve ser efetuada por outro funcionário. Se os
números físicos se repetirem e a diferença por mais ou para menos estiver dentro da tolerância
preestabelecida, a contagem é aprovada.

Se os números encontrados divergirem da primeira contagem o comitê pode solicitar o


acompanhamento de uma nova contagem por um dos auditores internos, e se for o caso, do
auditor externo. Se as tolerâncias persistirem, o comitê deve decidir pela aprovação ou não
da contagem. Se o comitê decidir pela não aprovação, o item é discutido pela diretoria da
empresa (PAOLESCHI, 2008).

Todos os casos devem ser decididos até o final do lançamento do inventário para fins do
balanço.

O Centro de Apoio Operacional do Patrimônio Público - CAOPP, criado no Estado de Minas Ge-
rais pela Resolução nº 064/2001 publicada no D.O.MG. de 14/9/2001, tem como função fundamental,
no âmbito interno, promover a articulação, integração e intercâmbio dos órgãos de execução do Minis-
tério Público, prestando aos Promotores de Justiça com atuação perante as Promotorias de Defesa do
Patrimônio Público todo o auxílio material e jurídico para que possam desempenhar, satisfatoriamente,
as funções institucionais identii cadas pela garantia de efetivo respeito da probidade e legalidade ad-
ministrativas e da proteção do patrimônio público e social. Disponível em <http://www.mp.mg.gov.br/
portal/public/interno/index/id/19>
Portal do Patrimônio da Prefeitura de Ouro Preto, Minas Gerais. É possível encontrar conceitos,
listas de bens inventariados, composição e objetivos do inventário. Um excelente case prático
disponível em <http://www.ouropreto.mg.gov.br/patrimonio/index/secao.php?id=4>
Veja mais detalhes sobre como é feita a codii cação dos recursos por meio deste estudo. CODIFI-
CAÇÃO DE RECURSOS PATRIMONIAIS. Disponível em <http://www.ans.gov.br/portal/upload/per-
i l_operadoras/informacoescadastraisoperadora/planosdecontas/planosdecontas_baixar_arquivos/
cod_planodecontas_RN136.pdf>

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 61


Reportagem veiculada no programa Justiça Gaúcha aborda o problema de vandalismo contra o Patri-
mônio Público e ainda aborda as penas para os infratores deste tipo de crime.
Vídeo: Saiba o que diz a lei sobre vandalismo contra o patrimônio público. Disponível em <http://www.youtube.
com/watch?v=b2UBry15-rA>
Reportagem exibida no Programa Direitos do Cidadão - Tv Unifev com o tema “Crimes contra o Patri-
mônio” tendo como convidados Roberto Farinazzo e Dr. Jaime Pimentel (Delegado de Polícia classe
especial aposentado, Advogado criminalista, Mestre em Processo Penal, Autor do livro “Crimes de
Trânsito comentados” e Professor Universitário.
Vídeo: Direitos do Cidadão - Crimes contra o patrimônio. Disponível em <http://www.youtube.com/
watch?v=qmLZzQD4jRA>

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - 3ª Ed. 2011.


Autor: Martins, Petronio Garcia; Alt, Paulo Renato Campos
Editora: Saraiva
Sinopse: Esta é uma obra inédita no mercado, pois foi voltada
para atender às exigências do novo currículo da disciplina, des-
tacando as recentes transformações da área. Traz também ques-
tões para discussão, exemplos resolvidos, exercícios propostos,
casos e sugestão de livros e sites na Internet.

62 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Administração de materiais: uma introdução.
Autor: Arnold, J R Tony
Editora: ATLAS
Sinopse: Esta obra descreve os fundamentos de administração
da cadeia de suprimentos, sistemas de planejamentos e controle
de produção, compras e distribuição física.

CONSIDERAÇõES FINAIS

Podemos dizer então que contabilmente falando, o patrimônio das entidades, sejam elas
públicas ou privadas, compreende o conjunto de seus bens, direitos e obrigações, avaliado
em moeda corrente, destinado à realização de seus fins. E ainda de acordo com o art. 98
da Constituição Federal “são públicos os bens de domínio nacional pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual fora pessoa a
que pertencerem”.

O controle do patrimônio público, ou a gestão deste patrimônio também deve ser feito com a
máxima eficácia como se fossem os bens que possuímos em nossa casa, devemos zelar pelo
que temos, para que a maior quantidade possível de pessoas, cidadãos possam fazer uso
destes bens.

Uma atividade importante desta gestão é a codificação destes bens para que possa ser feitos
inventários de tempos em tempos e localizados todos os bens que foram adquiridos para a
gestão.

Se beneficiando desta codificação, facilita a realização de balanços físicos e inventários onde


confirmaremos a localização de bens equipamentos e demais itens do patrimônio, bem como
o levantamento da situação dos equipamentos e materiais em uso.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 63


Garcia (2004) afirma que o patrimônio público pertence a todos e por todos deve ser
preservado, protegido e defendido (digo pela sociedade em geral, Administração Pública e
Ministério Público). Existem, ainda, diversos órgãos encarregados de exercer o controle da
atividade administrativa, preventiva e repressivamente, adotando medidas tendentes a diminuir
práticas lesivas ao patrimônio (como atos de corrupção) bem como punindo aqueles que
incidem nessas práticas (Tribunais de Contas, Corregedorias, Controladorias, entre outros).

A efetiva responsabilização penal, civil e administrativa daqueles que causam lesão ao


patrimônio público é de suma importância devendo ser punida por meio de ações penais, ações
de improbidade administrativa, processos administrativos e ações civis de ressarcimento de
danos.

ATIVIDADE E AUTOESTUDO

1. O que você compreendeu como sendo Patrimônio e qual a importância da gestão


Patrimonial?

2. De quem é a responsabilidade por zelar pelo Patrimônio Público?

3. O que é a depreciação e qual a diferença entre vida útil e vida econômica de um bem

64 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


UNIDADE III

ARMAZENAMENTO DE MATERIAIS
Professor Me. Victor Vinicius Biazon

Professor Esp. Renato Valença

Objetivos de Aprendizagem

• Conhecer os mecanismos de armazenagem de materiais.

• Entender como fazer a alocação por endereçamento no armazém.

• Visualizar a importância de utilizar recursos tecnológicos no processo de armaze-


nagem.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:


• Estrutura e layout do almoxarifado

• Endereçamento de itens

• Administração dos estoques e armazenamento

• Curva A, B, C

• Utilização de sistemas gerenciais para o controle de armazenamento de esto-


ques
INTRODUÇÃO

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
A armazenagem está se tornando mais e mais uma atividade crítica na cadeia de abastecimento
para superar concorrentes no serviço ao cliente, prazos de entrega e custos.

Se armazenagem é uma fonte de vantagem competitiva, é fato que uma boa armazenagem
de materiais contribui para o processo de qualidade total, porém para direcionar esta atividade
alguns passos básicos precisam ser seguidos e respeitados para uma correta manutenção
dos estoques da empresa.

Costumeiramente quando pensamos em almoxarifado, a visão é um local grande e cheio de


objetos alocados a espera de uso, porém nem sempre a realidade condiz com um espaço
organizado. Na esfera pública não seria diferente, em muitos casos a ausência de planejamento
nas compras e a falta de pessoal especializado para armazenar podem transformar o
almoxarifado em um local extremamente bagunçado, logo, dinheiro público gasto de forma
inadequada, fazendo transparecer a ideia de desorganização e por consequência a má gestão
do gestor público.

Quem não guarda direito, não pode distribuir direito, portanto o almoxarifado, não só guarda

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 67


como também distribui, e para isso é preciso seguir algumas regras básicas.

O termo Almoxarifado é derivado de um vocábulo árabe que significa “depositar”.

De acordo com Cavalcante (2012) almoxarifado é o local destinado à guarda e conservação


de materiais, em recinto coberto ou não, adequado à sua natureza, tendo a função de destinar
espaços onde permanecerá cada item aguardando a necessidade do seu uso, ficando sua
localização, equipamentos e disposição interna acondicionados à política geral de estoques
da empresa.

A armazenagem compreende a guarda, localização, segurança e preservação do material


adquirido pelo órgão/entidade, a fim de suprir adequadamente as necessidades operacionais
das suas unidades administrativas (SILVA; KINOSHITA, 2011).

Executar esta fase corretamente por meio do espaço físico disponível no armazém de forma
organizada e eficiente, possibilitando a correta movimentação destes materiais dentro do
almoxarifado com os devidos cuidados evitando estragos.

A gestão do espaço necessário para manter os estoques inclui: localização, dimensionamento


de área, arranjo físico, equipamentos para movimentação, estruturas de armazenagem e
sistemas informatizados para auxiliar na operação.

Os autores dizem ainda que o objetivo principal deste processo é garantir o atendimento
dos pedidos efetuados pelas demandas, garantindo assim uma boa execução das políticas
públicas e das atividades cotidianas dos órgãos/entidades, não bastando meramente uma boa
atividade de compra, devendo também possuir um bom controle e rastreamento das atividades
inerentes a movimentação destas mercadorias dentro do armazém de guarda e distribuição.

Acredita-se que agindo dentro dos padrões disponíveis é possível garantir a boa aplicação dos
recursos públicos, uma vez que se prioriza a armazenagem (posicionamento e identificação
dos materiais) e a movimentação adequadas dos itens, reduzindo assim as perdas por guarda

68 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


e manuseio incorretos.

A padronização do layout dos armazéns, independentemente de estar se tratando de uma


empresa pública ou privada, é bastante particular, devendo esta atender as necessidades do
perfeito fluxo de movimentação de mercadorias e também que resguarde a integridade da
guarda e manutenção destas mercadorias.

ESTRUTURA E lAYOUT DO AlMOXARIFADO

Fonte: Jorgenca (2012)

Segundo Cavalcante (2012) os almoxarifados primitivos eram constituídos em um depósito em


um local inadequado dentro das empresas sendo os materiais armazenados e acondicionados
de uma forma errônea por uma mão de obra desqualificada. Com a evolução dos tempos
e o surgimento de sistemas de manuseio e de armazenagem sofisticados, o aumento da
produtividade com mais segurança nas operações de controle e rapidez na obtenção das
informações se tornou uma realidade cada vez mais exigida.

Tão importante quanto decisões de o que comprar, quando comprar e onde comprar, acontece
assim que os materiais chegam à fase de armazenamento. Para que os recursos materiais
tenham maior garantia de não perder qualidade.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 69


As estruturas de armazenagem são elementos básicos para a organização e o uso ideal do
espaço do almoxarifado, que podem atender aos mais diversos tipos de carga. As estruturas
de armazenagem são elementos básicos para a organização e o uso ideal do espaço do
almoxarifado, que podem atender aos mais diversos tipos de carga (SILVA e KINOSHITA,
2011).

Os novos layouts apresentam várias características como a modularidade, adaptabilidade,


densidade, acessibilidade, flexibilidade e distribuição de movimento para permitir que esta
estrutura de armazenamento responda às condições de mudança, melhorar a utilização do
espaço, e reduzir o congestionamento e movimento.

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Normalmente, antes de serem armazenados, os itens devem ter sua estrutura de armazenagem
definida (palete, blocado, prateleira etc.). Para estabelecer qual item deve ser armazenado em
determinada estrutura, devem ser levados em consideração os seguintes aspectos:

• O tipo de produto (suas características, peso, dimensões etc.).

• A área disponível no almoxarifado.

• As condições do espaço, tais como o pé direito e as condições do piso.

70 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


• As condições operacionais, como por exemplo, a quantidade de itens a armazenar.

Nesta fase a preparação de um local preparado para acondicionar os materiais adquiridos


se faz necessário com algumas características que possam permitir melhor aproveitamento
de espaço, isso pode ser alcançado por meio do layout. A eficiência das operações de
movimentação e armazenagem está ligada ao planejamento deste layout.

Layout é o arranjo de homens, máquinas e materiais; é a integração do fluxo típico de materiais,


da operação dos equipamentos de movimentação, combinados com as características
que conferem maior produtividade ao elemento humano; isto para que a armazenagem de
determinado produto se processe dentro do padrão máximo de economia (VIANA, 1998,
citado por FREITAS, 2006).

O layout é uma estrutura que já foi bastante ignorada por seus administradores, sendo
considerado secundário nos seus planejamentos. Hoje, o meio empresarial concebe que
não se pode obter eficiência nas operações logísticas, sem que haja um arranjo físico bem
planejado da área do armazém, mas para o Setor Público, essa concepção ainda não é bem
evidente, pois em muitos deles, o layout do armazém não possui projeto de instalação para ser
um armazém, e são apenas prédios adaptados para tal função.

De acordo com a Apostila de Almoxarifado de São Paulo, Almoxarifado é um local de grande


circulação de pessoas e dos mais variados tipos de produtos, assim, ao programar o LAYOUT
de um Almoxarifado não se esqueça:

a) A carga e a descarga de materiais devem ser sempre feitas de forma segura e ágil, por
isso é necessário que os veículos transportadores (empilhadeiras, guindastes, carregado-
res etc.) e os responsáveis pelo armazenamento estejam sempre disponíveis.

b) As entradas e as saídas dos materiais não devem possuir bloqueios e devem ser suficien-
temente compatíveis com a dimensão dos produtos em circulação.

c) A altura do Almoxarifado deve ser compatível com o tipo de produto a ser estocado, assim
como as portas de entrada e saída.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 71


d) Os pavimentos devem ser projetados de maneira a suportar empilhamentos e/ou o peso
dos materiais estocados.

e) A largura, o comprimento, a altura, o volume etc. dos materiais que serão transportados
em veículos são importantes fatores que deverão compor o planejamento do LAYOUT do
Almoxarifado.

f) Estruturar o trânsito interno dos veículos dentro do Almoxarifado, levando-se em conta


suas dimensões, tamanho dos produtos e circulação interna.

Freitas (2006) afirma ainda que o almoxarifado é um “motor” para qualquer organização, por
guardar os materiais que sustentam o funcionamento delas. Desta forma, o almoxarifado
precisa ter condições para assegurar que o material correto, na quantidade correta, estarão
disponíveis na localização adequada, no momento oportuno seguindo as normas que objetivam
resguardar, além de preservar a qualidade e as exatas quantidades.

As passagens dos corredores devem ser retas e não devem conter obstruções causadas
por empilhamento de materiais ou colunas, de forma a permitir a direta comunicação entre
as portas e todos os setores do Almoxarifado, que devem estar devidamente identificados e
divididos por critérios de conveniência (cores, números etc.).

Figura 4: Corredores de almoxarifado

72 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Para tanto, Viana (2002), aborda alguns procedimentos que precisam ser cumpridos:

• Realização de cargas e descargas de veículos mais rápidas.

• Agilidade dos fluxos internos, tanto de materiais quanto de informação.

• Melhor utilização de sua capacidade volumétrica.

• Acesso fácil a todos os itens (grau de seletividade).

• Máxima proteção aos itens estocados.

• Maior otimização do layout para reduzir distâncias e perdas de espaço.

Cabe lembrar que os materiais devem ser armazenados de acordo com sua frequência de
saída. Os que tiverem mais saída devem ser deixados próximos a porta de saída já aqueles
que têm pouca saída, podem ser armazenados mais próximo da entrada.

Figura 5: Arranjos de almoxarifados quadrados ou retangulares.


Fonte: elaborado pelo autor.

Para fechar, o Portal da Educação (2012) apresenta outros itens importantes para a busca da
qualidade e agilidade que é a proposta da organização do almoxarifado:

• Definição e demarcação de local específico para cada material.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 73


• Identificação e codificação dos itens.

• Localização dos materiais a fim de que os maiores, mais pesados e de difícil manuseio
sejam dispostos próximos à entrada e saída do ambiente.

• Confinamento de materiais perigosos, produtos químicos.

• Acepção da saída dos itens materiais. Por via de regra, o primeiro item a entrar no es-
toque, deve ser o primeiro a sair. Este princípio é inquestionável, principalmente para os
itens considerados perecíveis (PEPS).

Para que haja essa eficiência interna, a averiguação do espaço físico é importante. Assim
como verificar se os recursos disponíveis (mão de obra e equipamentos de movimentação) são
suficientes para atender prontamente as operações logísticas.

Todo processo de armazenagem deve ser planejado e os equipamentos utilizados devem ser
simples, flexíveis e de baixo custo, neste sentido busque utilizar:

• Estruturas de metal modulares que possam ser ampliadas.

• Espaços em sentido vertical.

• Paletes e contentores modulares, preferencialmente, em tela de arame e/ou dobráveis e


sempre que possível padronizado.

Figura 6: Estruturas de almoxarifado


Fonte: www.protecpe.com.br

74 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Como exemplo público a prefeitura de Itápolis-SP tem um local próprio para efetuar o
armazenamento correto de seus materiais.

Imagem Externa Imagem Interna

Fonte: Prefeitura Municipal de Itápolis-SP-2012

Para que possa atender melhor a população e ter garantias da qualidade dos materiais, o
armazenamento precisa ser feito de forma adequada e segura.

Outro item importante que precisa ser pensado e realizado é o endereçamento dos materiais.
Cada item, cada corredor (chamado também de rua) tem uma identificação singular para
facilitar a localização dos itens.

Endereçamento de Itens

O endereçamento é uma ferramenta que auxilia na localização de materiais dentro de um


armazém. Seu objetivo é auxiliar na identificação de locais específicos para a armazenagem
dos itens, facilitando também as operações de movimentação, de separação e de inventários
(SILVA; KINOSHITA, 2011).

Destaca-se que essa ferramenta é um diferencial dentro da armazenagem e estocagem, pois


influencia de forma precisa no espaço que deverá ser utilizado.

Os autores citam que o método mais comum de endereçamento é o sistema de endereçamento

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 75


fixo, em que é definida uma localização específica de cada material, de acordo com o layout
e estruturas de armazenagem disponíveis. Com essas definições, institui-se um código
alfanumérico, que associa letras e números (exemplo B5P3) que determinará o posicionamento
do item, o qual deve seguir as seguintes diretrizes:

• Agrupamento por classe de material (medicamentos, alimentos).

• Agrupamento conforme quantidade x valor do item (porções maiores ou menores x bara-


tos ou caros).

• Itens que têm maior volume de saída devem ficar em posições próximas à área de sepa-
ração.

• Itens de maior peso ou volume devem ficar nas posições mais baixas dos paletes.

• O empilhamento deve levar em consideração a capacidade máxima do material informa-


da pelo fornecedor, bem como o espaço disponível no almoxarifado (ex. máximo 3 caixas
empilhadas).

• Os itens devem ser organizados conforme a data de vencimento, os quais os mais antigos
devem estar nas posições de mais fácil acesso.

Rua A

Prateleira 2

Palete 3 (de baixo pra cima)

R PALETE A5 R PALETE B5 R PALETE C5


U PALETE A4 U PALETE B4 U PALETE C4
A PALETE A3 A PALETE B3 A PALETE C3
PALETE A2 PALETE B2 PALETE C2
A PALETE A1 b PALETE B1 b PALETE C1
Figura 7: Endereçamento por ruas
Fonte: elaborado pelo autor

76 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Os paletes ainda apresentam divisões dependendo do tamanho de cada armazém, desta
forma ainda pode haver divisões em cada estrutura como por exemplo:

R PALETE A5a PALETE A5b PALETE A5c PALETE A5d


U PALETE A4a PALETE A4b PALETE A4c PALETE A4d
A PALETE A3a PALETE A3b PALETE A3c PALETE A3d
PALETE A2a PALETE A2b PALETE A2c PALETE A2d
A PALETE A1a PALETE A1b PALETE A1c PALETE A1d
Figura 8: Endereçamento horizontal
Fonte: elaborado pelo autor

Desta forma cada repartição da RUA A terá o andar dos paletes e ainda outra repartição
horizontal.

Autores apresentam outras formas de se identificar materiais nos almoxarifados separando por
horizontal e vertical como na figura 09:

Figura 9: Endereçamento AA.b.C.D.E


Fonte: (SILVA; KINOSHITA, 2011).

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 77


ADMINISTRAÇÃO DOS ESTOQUES E ARMAZENAMENTO

As organizações, tanto públicas, quanto privadas, necessariamente precisam gerenciar


seus estoques e por consequência administrar seu armazenamento dentro do almoxarifado.
A este respeito, várias empresas possuem estilos distintos de almoxarifados, dependendo
de sua área de atuação ou segmento, dentre este destacamos os almoxarifados centrais,
de fábrica, de distribuição – também conhecidos como C.D. (centrais de distribuição), onde
independentemente de seu estilo, precisam de um controle minucioso de controle de entradas
e saídas de produtos.

Sobre a tipologia dos estoques, estes podem ser mencionados como os estoques de produtos
acabados, em processamento, de materiais comprados e armazenados para distribuição.
Neste último, podemos salientar um dos tipos mais utilizados pelas empresas públicas, como
exemplo o armazenamento, distribuição e/ou dispensar dispensação de medicamentos de
uma secretaria de saúde.

Fonte: www.ima.sp.gov.br

De acordo com Tubino (2008), a administração e armazenamento de estoques são desenvolvidas


para: a) garantir a independência entre etapas produtivas, onde os estoques de matérias primas
ou de materiais para distribuição possam permitir que a produção possa ser protegida em caso
de não atendimento em prazo hábil de seus fornecedores; b) permitir uma produção constante,

78 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


e em caso de aumento da demanda, o material estocado é distribuído/comercializado, não
comprometendo desta forma o ritmo da produção; c) possibilitar o uso de lotes econômicos, pois
em algumas etapas do ciclo de produtivo, a produção ou a movimentação das mercadorias só
será atendida com lotes maiores do que a necessidade demandada de consumo, ocasionado
um excedente que necessariamente deverá ser controlado pelos gestores; d) redução dos lead
times produtivos, uma vez possuindo estoques intermediários, isso acarretará a diminuição do
tempo de entrega das mercadorias demandas – o termo lead time também pode ser entendido
como tempo de aprovisionamento; e) como fator de segurança, onde as inúmeras variações da
demanda são gerenciadas através da criação dos estoques de segurança.
Dentro da função da administração de materiais, os estoques de segurança, quando
empregados, são projetados para absorver as variações na demanda durante o tempo
de ressuprimento, ou variações no próprio tempo de ressuprimento, dado que é apenas
durante este período que os estoques podem acabar e causar problemas ao fluxo
produtivo [...]. Desta forma, quanto maiores forem as variações na demanda prevista e/
ou variações nos tempos previstos de ressuprimento, maiores deverão ser os estoques
de segurança do sistema para garantir o abastecimento contínuo. (TUBINO, p.81, 2008)

Figura 10: Estoque de segurança


Fonte: www.ilos.com.br

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 79


Deste modo, todos os tipos mencionados surgem para suprir determinados problemas
resultantes das intempéries de mercado, fornecedores, demanda e programação de compra.

Ainda segundo o autor, o lote econômico é uma das ferramentas que mais auxilia no controle e
manutenção do estoque. A este respeito, estes podem ser considerados como sendo a busca
por uma faixa econômica que colabora consideravelmente para a minimização dos custos de
gerenciamento e contenção dos problemas oriundos das complexidades de manutenção dos
materiais nas organizações, públicas ou privadas.

Atualmente, as empresas precisam operar cada vez mais com lotes econômicos menores,
desta forma, esta alcançará maior agilidade e, por consequência, eficácia na gestão de
armazenagens.

Curva A, b, C

O método de controle de estoque e de materiais foi desenvolvido por Wilfredo Pareto, logo
após a Segunda Guerra Mundial, em seu estudo, ele pode identificar que 20% da população
detinham cerca de 80% da riqueza de uma nação, dados estes percentuais este método também
foi identificado como modelo 80-20. Trazendo seus estudos para o aspecto organizacional,
podemos perceber que nas empresas, de um modo generalista, cerca de 20 % dos estoques
impactam diretamente sobre 80% das compras e movimentação dos estoques.

Analisando a sistemática do modelo 80-20, podemos identificar três tipos de categorias de


materiais: A, B e C, conforme identificados a seguir:

Categoria A: corresponde a uma pequena parcela de quantidade de itens do estoque, cerca de


20%, contudo, este percentual representa cerca de 80% do valor transacionado nas compras
e que deverão ter um controle bastante sistemático na sua movimentação no estoque, pois
perfazem grande fatia do valor financeiro adquirido pela empresa.

Categoria B: refere-se aos materiais que estão na intersecção entre as categorias A e B e que

80 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


representam aproximadamente 15% dos itens do estoque e na mesma proporção do valor
financeiro comprado.

Categoria C: concentra 70% dos itens estocados e que agrupados perfazem apenas 20% das
compras efetuadas em valor financeiro.

Desta forma, analisando as categorias mencionadas, podemos perceber que o prazo de


abastecimento e suprimento dos estoques, para os itens constantes da Categoria A, deverá
ser curto, pois o seu alto tempo de estoque impactará diretamente na saúde financeira da
empresa. Em contrapartida, os itens constantes da Categoria C poderão ter um giro mais
lento, de entrada e saída (movimentação interna), pois, por mais que a quantidade de itens
seja extremamente superior aos constantes da Categoria A, estes, por sua vez, causam menor
impacto financeiro para a organização.

Quadro 2: Curva A, b, C

Valor
Valor Percentual
Item Consumo por Ordem Percentual Categoria
total Acumulado
unidade
1 250 120 30000,00 1 46,70 46,70 A

5 170 54 9180,00 2 14,30 61,00 A

2 342 26,80 9.165,60 3 14,30 75,30 A

4 87 57,90 5.037,30 4 7,80 83,10 B

3 25 158,90 3.972,50 5 6,20 89,30 B

10 15 245,60 3.684,00 6 7,70 95,00 C

6 38 35,20 1.337,60 7 2,10 97,10 C

9 120 10,64 1.276,80 8 2,00 99,10 C

8 312 1,65 514,80 9 0,80 99,90 C

7 210 0,25 52,50 10 0,10 100,00 C

Valor
- - 64.221,10 - - 100,00 -
Total
Fonte: www.cff.org.br

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 81


Figura 11: Curva A, b, C
Fonte: www.cff.org.br

UTIlIZAÇÃO DE SISTEMAS gERENCIAIS PARA O


CONTROlE DE ARMAZENAMENTO DE ESTOQUES

Para o auxílio dos gestores na manutenção e controle dos estoques, a tecnologia da


informação está sendo empregada como uma grande ferramenta de apoio e suporte nas
tomadas de decisões, colocando as empresas em um patamar de diferenciação pela eficácia
nos resultados do acompanhamento do fluxo de materiais. Não distante desta realidade,
as empresas públicas também estão inseridas neste contexto, para atender não somente a
eficácia do gestor pública, mas também a celeridade e transparência do gasto público previsto
na legislação de responsabilidade fiscal.

Dado este fato, um sistema de informações bastante difundido em empresas privadas também
passa a fazer parte da empresa pública, a este respeito estamos nos referindo ao sistema
WMS (Warehouse Management System), que busca otimizar a armazenagem de materiais
nos estoques, bem como promover o melhor arranjo físico dos layouts dos armazéns.

82 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Segundo Barros (2005), este sistema trouxe maior agilidade e qualidade das informações
referentes ao trâmite dos materiais nos depósitos de armazenagem de mercadorias, tendo
como foco a minimização dos custos e uma maior qualidade dos serviços prestados aos
clientes/usuários da empresa.

Figura 12: Características do WMS


Fonte: www.logisticaeideias.com

(Artigo WMS no gerenciamento de depósitos, armazéns e centros de distribuição – Autora Mônica


Barros – www.ilos.com.br)
Um dos benefícios gerados pelo WMS é a otimização do espaço na área de estocagem. O sistema
tem como uma de suas funções a sugestão do melhor local para armazenar um determinado produto
na hora do seu recebimento, evitando assim que o operador percorra todo o centro de distribuição em
busca de um local disponível para armazenar.
Um WMS possibilita a otimização operacional através do aumento da produtividade, otimização dos
espaços e melhoria da utilização dos recursos (equipamentos de movimentação e estocagem). Esses
benefícios são devidos aos seguintes pontos, conforme apresentado em Banzato (1998):
• Controle Operacional (o WMS fornece as tarefas a serem feitas).

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 83


• Redução do tempo perdido com esperas.
• Redução do tempo morto dos recursos de movimentação.
• Otimização do percurso de separação de pedidos.
• Aumento da densidade de estocagem, diminuindo distâncias a serem percorridas.
Outro benefício associado ao WMS é a disponibilidade online da real quantidade em estoque. Fun-
cionando em tempo real, um WMS pode apoiar reduções nos lead times tanto para o processamento
de pedidos quanto para o gerenciamento de inventário. Esses benefícios, por sua vez, podem propor-
cionar um melhor nível de serviço ao cliente e um giro mais rápido do estoque, podendo, assim, ser
traduzidos em economias i nanceiras às operações do centro de distribuição.
O WMS, por meio do seu gerenciamento de tarefas e da possibilidade de trabalhar com equipamentos
de movimentação automatizados, pode proporcionar grande redução de custos com pessoal, já que
reduz a necessidade de equipamentos para uma mesma quantidade de movimentações, em compa-
ração com os sistemas tradicionais.
Alguns autores destacam que, nos sistemas ERP (Enterprise Resource Planning), o WMS é um dos
muitos módulos já disponíveis no mercado, cujo principal objetivo é gerenciar o l uxo de informações,
através do controle de posições, entre outras funcionalidades. Ao se ter um WMS aliado a um ERP, a
possibilidade de troca de dados entre eles é maior. Com isso evitam-se retrabalhos, como por exem-
plo, a atualização de cadastros. Entretanto, para outros autores, o WMS é um aplicativo analítico que
não necessariamente faz parte do ERP (sistema transacional), sendo, portanto, um software que pode
ser comercializado à parte.
Independentemente de ser ou não um módulo do ERP, o WMS pode otimizar os negócios de uma
empresa com redução de custos e melhoria do serviço ao cliente, sendo a sua integração com os
sistemas ERP fortemente recomendável. A redução de custo está associada à melhoria da ei ciência
de todos os recursos operacionais, tais como equipamentos e mão de obra. Por outro lado, a melhoria
do serviço ao cliente pode ser atribuída ao fato de os erros e falhas de separação e entrega serem
minimizados, bem como a agilização de todo o processo de atendimento ao cliente, combinando me-
lhorias do l uxo de materiais com melhorias no l uxo de informações.

84 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


CONSIDERAÇõES FINAIS

Como pregam Silva e Kinoshita (2011) esse processo de guarda e localização dos itens
adquiridos tem relação com as estruturas de armazenagens disponíveis. Dessa forma,
dependendo dos tipos de estruturas (palete, blocado, prateleira, contêiner etc.) constantes no
almoxarifado e definidas para os itens, é possível organizar adequadamente o layout interno
para determinação das posições dos materiais de acordo com necessidades específicas de
certos itens (refrigerados, produtos químicos, grandes volumes) e da própria capacidade
operacional do almoxarifado.

Efetuando um bom planejamento de armazenagem será possível identificar materiais sem


uso, em quantidade excessiva, duplicados etc. Outro objetivo de um bom armazenamento
é diminuir o espaço alocado para estocagem dos materiais e consequentemente reduzir os
custos. Sendo assim frente a esse cenário é preciso pensar ou repensar formas de armazenar
e movimentar os recursos materiais com qualidade.

AlMOXARIFADO PASSA POR AMPlIAÇÃO E ADEQUAÇÃO


PARA MElHORAR A QUAlIDADE DO SERVIÇO
O Almoxarifado da Prefeitura Municipal que i ca localizada no Distrito Industrial III está mais adequado
para armazenar materiais, máquinas e veículos da Administração. O Almoxarifado Municipal também
abriga o estacionamento de máquinas, equipamentos e alguns veículos da Prefeitura, proporcionando
assim maior segurança ao patrimônio público.
Disponível em <http://www.itapolis.sp.gov.br/portal3/index.php?option=com_content&view=art
icle&id=2559:almoxarifado-passa-por-ampliacao-e-adequacao-para-melhorar-a-qualidade-do-
-servico&catid=135:obras-e-servicos-publicos&Itemid=100061> Acesso em 10 dez 2012.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 85


Esta pesquisa foi realizada em um órgão público da administração indireta, onde foram entrevistados
funcionários ligados ao almoxarifado, onde se verii cou que a armazenagem ocupa um importante
papel de suprir lacunas no processo logístico institucional.
SILVA, Joelder Alves da. logística de armazenagem intermediaria a no setor público: estudo de
caso de uma secretaria da Universidade de brasília. Disponível em <http://bdm.bce.unb.br/bitstre-
am/10483/1329/1/2010_JoelderAlvesdaSilva.pdf >

gESTÃO DE ESTOQUES
Autores: Antônio De Pádua Salmeron Ayres, Cezar Sucupira,
Felipe Accioly
Editora: FGV
Uma característica essencial da atividade do gestor de estoques
é o pragmatismo. Gerir estoques é uma atividade que exige re-
sultados efetivos, passíveis de mensuração e informe periódi-
cos, aliando teoria à prática. Este livro analisa a sequência de
implantação de um processo de gestão de estoques. Iniciando
pela classii cação e codii cação dos materiais, planejamento e
gestão da demanda, inclui técnicas para dimensionamento de
lotes e estoques de segurança, medição de desempenho e téc-
nicas de controle da operação de estoques. Finaliza com o planejamento orçamentário e a avaliação
de desempenho da gestão.

86 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


APlICAÇõES PRÁTICAS DE
EQUIPAMENTOS DE MOVIMENTAÇÃO E
ARMAZENAgEM DE MATERIAIS
Autor: Reinaldo A. Moura e Eduardo Banzato
Editora: IMAM
Complementando O Manual de Logística, o
IMAM publica O Volume V, dedicado a apli-
cação prática dos Equipamentos. A grande
diversidade de tipos e modelos de equipa-
mentos de movimentação e armazenagem de
materiais existentes no mercado e outros que estão sendo introduzidos continuamente impossibilita
um conhecimento total e profundo sobre os mesmos. Mas, sabendo que nos dias de hoje a movimen-
tação e a armazenagem tem uma importância fundamental dentro das Estratégias Logísticas das
Organizações, este livro tenta cobrir esta lacuna, apresentando Aplicações Práticas ilustradas dos
tipos de equipamentos mais importantes e mais empregados. O mesmo foi estruturado com base em
Pesquisa e Desenvolvimento de Sistemas Logísticos, objetivando apresentar casos de aplicações
especíi cas que poucas pessoas têm acesso. Desta forma, o leitor poderá apreciar e comprovar o
emprego dos mais diversos equipamentos conforme descrição de cada caso. Naturalmente, as des-
crições e denominações de equipamentos e sistemas citados em nosso manual poderão conl itar com
outras que existem no mercado. Porém, procuramos utilizar os termos mais conhecidos para facilitar
a leitura e a compreensão. Lembramos ao leitor que: “Movimentação de Materiais e a arte e a ciência
do l uxo de materiais, envolvendo a embalagem, a movimentação e a estocagem” (conforme dei nição
do IMAM).

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 87


ATIVIDADE DE AUTOESTUDO

1. Dentro que você leu, qual a real finalidade do bom armazenamento ou acondicionamento
de materiais? Como isso pode contribuir para uma melhor gestão?

2. O endereçamento de itens pode ser feito de diversas maneiras, dentro do seu conhecimento,
há como sugerir uma maneira mais eficaz do que as apresentadas neste unidade?

3. Você acredita que a utilização de um sistema de informação para melhor o acondicionamento


dos materiais é uma opção válida e eficaz na gestão pública? Justifique.

88 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


UNIDADE IV

FONTES DE FORNECIMENTO E A SUSTENTAb-


IlIDADE NAS COMPRAS PúblICAS
Professor Me. Victor Vinicius Biazon

Objetivos de Aprendizagem

• Entender como pode acontecer o fornecimento de materiais e patrimoniais no setor


público.

• Conhecer as licitações sustentáveis e exemplos propulsores da modalidade no


Brasil e no mundo.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:


• Fontes de fornecimento

• Aquisição de recursos materiais e patrimoniais


- licitação
- Compra por empenhamento direto com dispensa de licitação
- Compra por adiantamento

• Sustentabilidade nas compras públicas

• Licitação sustentável
INTRODUÇÃO

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Caro aluno, nesta unidade você verá que o poder de compra do setor público pode ser
elemento indutor de mudanças nos padrões de produção e consumo da sociedade rumo à
sustentabilidade. De acordo com Tosini (2008) as compras do setor público - nos âmbitos
federal, estadual e municipal, movimentam cerca de 15% do Produto Interno Bruto (PIB)
nacional. E, como gestores públicos, precisamos saber fazer o uso correto desses recursos,
independente no cargo que ocupamos. Não somente o uso, mas tendo em vista a importância
dos recursos e bens públicos, como o dinheiro investido, remédios, merenda escolar, mudas
de arvore para revitalização de praças públicas, devemos, igualmente, valorizar o processo de
aquisição.

André Trigueiro, da Globo News, explica que o setor de compras públicas brasileiro mobiliza
setores importantes da economia ajustados à demanda já previstas nos editais de licitação.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 91


Logo, a responsabilidade do gestor público em trabalhar as fontes de fornecimento de forma
adequada, zelando pelo dinheiro público, pela qualidade dos materiais adquiridos e ainda
assegurar a livre concorrência.

Segundo Batista e Maldonado (2008), a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, Lei de


Licitações e Contratos Administrativos (Brasil, 1993), conceitua “compra como toda aquisição
remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente”. A compra como
uma verdadeira função administrativa, envolve administração de materiais em uso corrente,
desde a determinação de fontes de fornecimento e “vias de fornecimento”, até a entrega
final nos pontos de produção. Em todos os estágios há decisões a serem tomadas, quanto à
qualidade, quantidade, cronogramas, origem e custo.

Como a aquisição de bens e materiais acontece de forma diferente na iniciativa privada e no


setor público, é importante que você conheça quais são as fontes de fornecimento utilizadas e
como ela funciona tanto em uma esfera quanto na outra.

Existem técnicas para que bens e patrimônios sejam adquiridos, é preciso compreender as
modernidades desse setor (público) e aplicarmos, regidos pela legislação, tais técnicas em
nossa atividade no meio público.

As licitações, que também fazem parte da ementa no curso de Gestão Pública, aqui serão
vistas particularmente abordando a modalidade sustentável. Como poderemos, enquanto
gestores, melhorar nossa imagem perante a sociedade com práticas que não agridam o meio
ambiente e nem ferem a constituição.

FONTES DE FORNECIMENTO

Dentro do processo de compra de materiais, uma ação que também deve ser planejada é a
fonte de fornecimento, ou seja, de onde virão os bens que o poder público utilizará em sua

92 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


gestão, ou ainda quem serão os fornecedores, onde compraremos o que logo chamaremos
de patrimônio.

De acordo com Arnold (2008) o objetivo da função de compras é conseguir tudo ao mesmo
tempo: qualidade, quantidade, prazo de entrega e preço. Uma vez tomada à decisão sobre
o que comprar, a segunda decisão mais importante refere-se ao fornecedor certo. Um bom
fornecedor é aquele que tem a tecnologia para fabricar o produto na qualidade exigida, tem
a capacidade de produzir as quantidades necessárias e pode administrar seu negócio com
eficiência suficiente para ter lucros e ainda assim vender um produto a preços competitivos.

Falando em fornecedores, conforme Dias (2008) toda empresa está interessada em suprir
necessidades de outra empresa em termos de matéria-prima, serviços e mão de obra.

Há três tipos de fontes conforme Arnold (2008, p. 218):


1. Fonte única implica que apenas um fornecedor está disponível devido a patentes,
especificações técnicas, matéria-prima, localização, e assim por diante.
2. Fonte múltipla é a utilização de mais de um fornecedor para um item. As vantagens
potenciais da fonte múltipla são as seguintes: a competição vai gerar preços mais
baixos e melhores serviços, o que garantirá uma continuidade no fornecimento.
Na prática, existe uma tendência de relação competitiva entre fornecedor e cliente.
3. Fonte simples é uma decisão planejada pela organização no sentido de selecionar
um fornecedor para um item quando existem várias fontes disponíveis. A intenção
é criar uma parceria de longo prazo.

A eficiência de um departamento ou um gestor de compras está diretamente ligada com o


bom relacionamento entre o comprador e o fornecedor. Batista e Maldonado (2008) dizem
que o comprador reativo representa uma visão simplista do ato de comprar, que consiste em
encontrar um fornecedor que esteja disposto a trocar os bens ou serviços por uma determinada
quantia. Já o proativo tenta estabelecer parcerias com o fornecedor, compartilha ideias e
conhecimentos necessários para o fechamento de boa compra.

Podemos dizer que passamos por uma evolução neste relacionamento cliente x fornecedor.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 93


Esta evolução passa por algumas fases conforme quadro abaixo:

O que manda é o preço. Quem pode mais impõe


Abordagem convencional: as condições. A empresa vive desconfiada da
qualidade do produto/serviço fornecido
O que manda é a qualidade do produto. Início de
Melhoria da qualidade: uma relação mais duradoura onde nasce uma
confiança recíproca.
O que manda é o controle dos processos. Cliente e
Integração Operacional: fornecedor pesquisam e desenvolvem juntos para
melhoria do resultado final.
O que manda é a parceria nos negócios.
Integração estratégica Gerenciamento comum dos procedimentos de
construção do produto com qualidade assegurada.
Fonte: Martins e Alt (2009)

Um termo moderno que se usa para designar o ápice da qualidade nesta relação cliente-
fornecedor é comakership que significa que foi atingido um excelente grau de confiança e
entendimento entre ambos.

Trazendo a discussão para o campo dos atributos, sabemos que é muito importante determinar
alguns itens, algumas características como quantidade, serviço e preço. Esses elementos
definem o que se espera do fornecedor, e forma uma base para a seleção e avaliação.
Considerando isso, há vários fatores que influem na seleção de um fornecedor como diz
Arnold (2008):
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

94 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Habilidade técnica: O fornecedor precisa ter a habilidade técnica para produzir ou fornecer o
produto desejado, ter um programa de desenvolvimento e melhoria para o produto, a capacidade
de auxiliar na melhoria dos produtos entre outras. Esses aspectos são importantes, pois,
muitas vezes, o comprador depende do fornecedor no sentido de que ele forneça as melhorias
no produto que poderão aumentar ou reduzir o custo dos produtos comprados.

Capacidade de produção: Deve ser capaz de produzir ao máximo e errar o mínimo. O


fornecedor deve ter um bom programa de controle de qualidade, pessoal de produção
competente e capaz, e bons sistemas de planejamento e controle de produção, para garantir
uma entrega pontual.

Confiabilidade: Nenhuma empresa, ou repartição, vai selecionar um fornecedor no qual


não confia. Se a relação deve continuar, deve haver uma atmosfera de confiança mútua e a
garantia de que o fornecedor tem solidez financeira para permanecer no negócio.

Serviço pós-vendas: Alguns produtos precisam de peças de reposição ou apoio técnico, por
isso a necessidade do bom atendimento também após o fornecimento do produto.

localização do fornecedor: Muitas vezes fornecedor perto significa diminuir custos de


transporte e tempo de entrega.

Preço: O fornecedor deve ser capaz de oferecer preços competitivos.

No ambiente de negócios moderno, o tipo de relação entre fornecedor e comprador é crucial


para ambos. Idealmente, a relação será baseada numa dependência mútua e duradoura. O
fornecedor pode confiar em negócios futuros, e o comprador terá garantia de fornecimento de
produtos de qualidade, apoio técnico ambiente de produto. A comunicação entre comprador e
fornecedor deve ser aberta e plena, de modo que ambas as partes entendam o problema uma
da outra, e possam trabalhar juntas na solução de problemas que beneficiará ambas. Assim,
a seleção do fornecedor e a relação com ele estabelecida são de fundamental importância.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 95


Mesmo sabendo que há particularidades no fornecimento voltado ao setor público, para efeito
de conhecimento, podemos ter uma classificação de tipos de fornecimento conforme o quadro
a seguir:

Monopolistas são os fabricantes de produtos


exclusivos dentro de um mercado interno
e normalmente o grau de atendimento e
Fornecimento Monopolista:
relacionamento determina o volume da compra
(o comprador tem de demonstrar interesse pela
compra).
São os fornecedores que sempre são consultados
numa “tomada de preços”. Geralmente são aqueles
que prestam melhor atendimento por saberem que
Fornecedores habituais:
existe concorrência e que o volume de vendas
está ligado a qualidade de seus produtos e ao
tratamento com o cliente.
São aqueles que ocasionalmente poderão prestar
serviços, mão de obra ou fabricação de produtos
Fornecedores especiais
e que requerem equipamentos especiais ou
processos específicos (que não são habituais).
Fonte: Dias (2008)

É importante que o departamento de compras tenha um cadastro com opções de fornecedores


e não fique a mercê de um único fornecedor.

Zanon (2008) tem a mesma opinião e complementa que esta “não dependência” gera maior
segurança na reposição, maior liberdade de negociação e maior possibilidade de intercâmbio
com produtos e fornecedores.

Em empresas privadas são feitos cadastros de fornecedor por tipo de produto ou serviços
para a realização de orçamentos. Cada uma estabelece critérios para selecionar e avaliar
(recursos, corpo técnico, equipamentos, knowhow, conceito no mercado e grau de interesse)
esses fornecedores.

96 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Conforme Arnold (2008), na iniciativa privada uma das principais responsabilidades do
departamento de compras é continuar a pesquisa de todas as fontes disponíveis de
fornecimento. Há fatores que fazem a diferenciação das fontes de fornecimento:

• Pessoal de vendas da empresa fornecedora.

• Catálogos.

• Listas telefônicas especializadas.

• Informação obtida junto ao pessoal de vendas da empresa compradora.

As compras no setor público, a diferenciação ocorre de forma diferente e, segundo Zanon


(2008), apresentam uma diversidade de possibilidades como, por exemplo, compra direta,
eletrônica, governamental, industrial, internacional, nova, organizacional, profissional,
simulada, centralizada, com estoque zero, entre outras.

Vejamos alguns métodos utilizados:

a) Três cotações: o que permite estimular a concorrência.

b) Preço objetivo: a força, a competitividade dos fornecedores onde os preços reais favore-
cem a argumentação para o comprador.

c) Duas ou mais aprovações: não se decide sozinho pelo fornecedor, as compras ficam su-
jeitas a um assessoramento e/ou supervisão. Pessoas se comprometem com as grandes
questões prioritárias (orçamento, fluxo de caixa, disponibilidade).

Como o comprador público normalmente lida com grandes somas de dinheiro, o contato com
os fornecedores e compradores tendem a ser mais estreitos devido ao tempo de convivência.
Há a necessidade do comprador se manter distante dos interesses dos fornecedores. O
comprador, durante a avaliação de um processo de compra de determinado material ou de
contratação de serviço, deve manter-se equidistante de todos os fornecedores, evitando
que aspectos pessoais e subjetivos interfiram nas suas decisões, beneficiando um único

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 97


fornecedor em detrimento de outros e, consequentemente, da sua própria empresa (BATISTA
e MALDONADO, 2008).

Os compradores públicos têm como responsabilidades éticas, não permitir que fornecedores
coloquem à sua disposição qualquer tipo de favor, sendo esses monetários ou em forma de
presente, é recomendável que esse tipo de relação seja mantido em bases iguais (equivalentes).

Aquisição de recursos materiais e patrimoniais

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Vamos falar agora sobre as modalidades de compra no setor público. A maneira de adquirir ou
contratar como já sabemos, diz respeito à maneira como o fornecedor será selecionado e no
setor público acontece de maneira diferente das empresas particulares.

Conforme Martins e Alt (2009) a aquisição dos bens produtivos ou não (se incorporam ou não
ao produto final) é tratada pelas empresas privadas de forma simples por meio de seu setor de
compras. Esses recursos materiais, entendidos como os itens ou componentes utilizados pela
empresa nas operações do dia a dia, com o qual formamos os estoques e fabricamos nossos
produtos, possuem uma classificação conforme quadro abaixo:

98 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Materiais auxiliares ou indiretos/não Não se incorporam ao produto final (material de
produtivos escritório e manutenção).
Materiais que se incorporam ao produto final,
Matéria-prima
inclusive a embalagem.
Materiais que ainda estão em processo de
Produtos em processo transformação para se tornarem um produto
acabado.
São aqueles que já passaram por transformação e
Produtos acabados
hoje são produtos prontos a serem comercializados.
Fonte: Martins e Alt (2009).

Esses materiais precisam ser monitorados para que possam ser adquiridos o mais rápido
possível, de acordo com o sistema utilizado pela empresa, a fim de não faltarem quando forem
ser utilizados na produção.

O Sinal da demanda é uma forma utilizada para saber quando é a hora de comprar, seja um
material ou um patrimônio. “Já no caso de obras públicas, ele (o patrimônio) pode ser resultado,
entre outros, de um estudo de mercado ou de necessidades sociais” (MARTINS e ALT, 2009,
p. 117).

Os contratos possuem formalização do acordo de aquisição de um bem patrimonial e


tais contratos são regidos por legislação especifica. Um pedido de compra (PC) ou de
fornecimento (PF) são modelos de contratos, uma das formas mais expeditas de formalizar
uma aquisição “principalmente para a entrega de itens de compras repetitivas, de baixo valor,
curto prazo de entrega e itens padronizados” (MARTINS e ALT, 2009, p. 156).

No caso de materiais, qualquer funcionário, ou servidor (salvo autonomia) pode utilizar o


que chamamos de solicitação de compras ou requisição que será enviada ao setor, ou
autoridade competente, para que a partir dos procedimentos necessários, seja suprida a
necessidade do bem ou patrimônio.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 99


Corriqueiramente nas empresas ou setores públicos, essa função também funciona para
reposição de materiais, onde o servidor verifica a necessidade de algo (caneta, cartucho de
impressora) e por meio de requisição solicita junto ao almoxarifado.

A aquisição de patrimônio no setor público possui regulamentação própria onde os principais


meios são a licitação, a tomada de preço e a carta-convite. No que chamamos de concorrência
pública, o patrimônio e suas condições de fornecimento são divulgados por órgãos da
imprensa. É colocada a disposição dos interessados o edital, no qual estão detalhadas as
condições deste fornecimento (em geral as propostas são divididas em três envelopes sendo
(1) demonstração do atendimento dos pré-requisitos legais; (2) proposta técnica e (3) proposta
financeira (MARTINS e ALT, 2009)).

Conforme Silva (2008, p.34) “os procedimentos para essa escolha são regulamentados pela
Lei de Licitações e Contratos (Lei nº. 8.666/93)”. Essa é a melhor fonte de pesquisa para que
saibamos onde buscar respostas, “todas as modalidades de compras no setor público são
regulamentadas pela Lei nº. 8.666/93” e dentro desta lei apresentam-se alguns mecanismos
para realizar essa aquisição, conforme veremos nos próximos tópicos.

licitação Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Esta é a modalidade mais conhecida para que produtos e serviços sejam adquiridos pelo
poder público e se destina a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia1
e a seleção da proposta mais interessante para a administração pública. Esta proposta será
processada e julgada de acordo com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade,
1
Isonomia: diz a respeito de lei, igualdade, utilizando os mesmos critérios a todos.
100 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância
da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao
instrumento convocatório (edital), do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatados.

Santos (2008) ainda nos explica que existem regras gerais para compras (ou contratação de
serviços) sendo a seleção do fornecedor mediante licitação pré-estabelecida. Assim sendo,
verificaremos algumas modalidades previstas na referida Lei de Licitações:

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
a) Concorrência: modalidade de licitação que se realiza com ampla publicidade, para que
todos que preencham os pré-requisitos dispostos no edital possam participar igualmente.

É apropriada para os contratos de grande valor, não sendo exigido registro prévio ou cadastro
dos interessados, deve-se apenas cumprir o edital nas seguintes situações:

1) Compra de bens imóveis.

2) Alienações de bens imóveis para as quais não tenha sido adotada a modalidade leilão.

3) Concessões de direito real de uso, serviço ou obra pública.

4) Licitações internacionais.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 101


b) Tomada de preços: modalidade de licitação realizada entre os interessados que foram
previamente cadastrados ou que estejam em conformidade com os requisitos para serem
cadastrados até três dias antes à data do recebimento das propostas, observada a necessária
qualificação.

Costumeiramente utilizada nas contratações de obras, serviços e compras dentro dos limites
de valor estabelecidos em lei e corrigidos por ato administrativo competente.

O que a difere da concorrência é o fato de haver habilitação prévia dos licitantes, através dos
registros cadastrais (registros de fornecedores de bens/obras/serviços que já se inscreveram e
foram mantidos por órgãos e entidades administrativas que frequentemente realizam licitações).

c) Convite: modalidade simples, destinada a pequenas contratações (valores) onde no mínimo


três fornecedores são convidados formalmente. Mesmo que outros fornecedores não tenham
sido convidados, mas estando cadastrados e qualificados a fornecer o objeto licitado, podem
participar desde que se manifestem 24 horas antes da apresentação das propostas.

Sua duração leva de duas a três semanas (do encaminhamento do convite até o resultado).
Não exige publicação de edital uma vez que a convocação já é feita por escrito obedecendo a
uma antecedência legal de cinco dias úteis, por meio da carta-convite.

d) Concurso: nesta modalidade de licitação podem participar todos os interessados para


escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmio ou
remuneração aos vencedores, conforme edital publicado na imprensa oficial.

Normalmente é utilizado na seleção de projetos nos quais se busca a melhor técnica e não o
menor preço. É considerado especial porque mesmo sendo regido pela publicidade e princípios
constitucionais, dispensa as formalidades específicas da concorrência.

e) leilão: ocorre entre todo e qualquer interessado para a venda de produtos legalmente
apreendidos ou penhorados, de bens móveis que não servem para a administração pública

102 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


ou ainda para a alienação2 de bens imóveis de aquisição derivada de procedimento judicial ou
por falta de pagamento.

Existem dois tipos: comum - privativo do leiloeiro oficial e é regido pela legislação federal
pertinente, podendo a Administração estabelecer as condições específicas; e administrativo
realizado por servidor público.

f) Pregão: uma modalidade de licitação regida pela Lei nº. 10.520 de 17 de julho de 2002 com
o objetivo de adquirir bens e serviços comuns podendo ser adotada por todas as esferas do
poder público sendo aplicada onde a disputa pelo fornecimento de bens ou pela prestação de
serviços comuns é feita por meio de proposta de preços escrita e lances verbais sucessivos
em sessão pública.

Para a aquisição de patrimônio conforme Martins e Alt (2009) o processo de julgamento


(dos três envelopes) e adjudicação3 segue um roteiro em que acontece sessão pública prevista
no edital com todos os concorrentes; envelopes abertos e verificado o descumprimento do
exigido; os concorrentes podem ser eliminados. A tomada de preço ocorre quase que da
mesma forma da concorrência pública e os processos de adjudicação e julgamento são os
mesmos. Na carta-convite um número limitado de proponentes é convidado a apresentar
suas propostas atendendo ao edital.

Compra por empenhamento direto com dispensa de licitação

Silva (2008) fala sobre os casos que a própria lei de licitações dispensa a licitação.
Frequentemente compras e contratação de serviços (não vinculados à engenharia) com valor
inferior a R$8.000,00.

2
Alienação: transferência de domínio de uma coisa, de um para outro.
3
Advém do direito sendo um ato que concede a posse de determinados bens.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 103


Compra por adiantamento

Modalidade de compra usada somente para despesas pequenas e emergenciais (no máximo
R$100,00), não sendo permitida a compra de bens de capital (móveis, equipamentos, livros
etc.).

Martins e Alt (2009) falam ainda sobre a aquisição de bens patrimoniais como equipamentos,
que merecem atenção especial, pois é difícil criar um critério para hierarquizar os concorrentes.
Faz-se necessário predeterminar uma série de critérios para que possa ser elencado o melhor
fornecedor dentre os proponentes, como por exemplo, prazo para o equipamento atingir o
desempenho especificado; garantia; peças sobressalentes; manutenção e serviço pós-venda;
manuais de operação; treinamento; dentre outros.

Por fim, Batista e Maldonado (2008) dizem que os compradores públicos devem estar cientes
de que, para realização das compras, se torna necessário a especificação completa do bem, a
definição das unidades e das quantidades. Além de garantir a perfeita aquisição dos bens ou
serviços necessários, permite clareza e exatidão por parte de quem está cotando os preços,
no caso, o fornecedor.

A dinâmica do relacionamento com o compartilhamento de informações entre a montadora e


o fornecedor no processo faz com que as características do papel proativo de compras sejam
mantidas.

Na avaliação de fornecedores potenciais, alguns fatores são quantitativos, e é possível atribuir


um valor monetário a eles. O preço é o exemplo mais óbvio. Outros fatores são qualitativos
e sua determinação exige alguma ponderação. Geralmente, são determinados de forma
descritiva. A competência técnica do fornecedor pode ser um exemplo. O desafio é encontrar
algum método de combinar esses dois fatores principais de modo que o comprador possa
selecionar o melhor fornecedor.

104 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


SUSTENTAbIlIDADE NAS COMPRAS PúblICAS

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Neste tópico poderemos perceber conforme Biderman et. al. (s/d4) que historicamente a noção
de sustentabilidade está vinculada ao “imperativo de se garantir a disponibilidade dos recursos
da Terra para nossos descendentes, por meio de uma gestão que contemple a proteção
ambiental, a justiça social e o desenvolvimento sadio da economia em nossas sociedades”.
Logo, é interessante que o próprio poder público apresente uma conduta sustentável em suas
compras, buscando fontes de fornecimento que estejam “limpas” neste quesito.

Os autores ainda afirmam que sempre que uma compra ou contratação pública é realizada
(serviços ou produtos) os recursos públicos são gastos, e tal ação causa impacto, sendo que
(1) é necessário avaliar a real necessidade de aquisição do(s) produto(s); (2) tomar decisão de

4
Sem data. Publicação disponível em: <http://www.cqgp.sp.gov.br/gt_licitacoes/publicacoes/Guia-de-compras-
publicas-sustent%C3%A1veis.pdf>

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 105


compra ou contratação baseando-se nas circunstâncias de produção do bem, nos materiais
utilizados e nas condições de trabalho de quem o gerou; (3) avaliar a manutenção e conservação
deste produto, ou seja, como se comportará durante sua fase útil e após a sua disposição final.

André Trigueiro, da Globo News, questiona a possibilidade das compras públicas influenciarem
de forma positiva a ampliação do mercado de produtos e serviços que causam menos impacto
ao meio ambiente e ainda um sistema de descarte ecologicamente correto (reciclagem).
Para ele é importante considerar a escala das compras governamentais e o efeito cascata
que uma licitação produz sobre os fornecedores, multiplicando investimentos na direção da
sustentabilidade.

O jornalista fala a respeito de experiências que comprovam que a licitação sustentável é uma
prática que se dissemina rapidamente pelo mundo e já inspira algumas ações de governo no
Brasil.

Podemos citar aqui a legislação que coíbe a compra de madeira clandestina ou ainda produtos
que colaborem para a destruição da camada de ozônio, combustíveis que prejudiquem menos,
reaproveitamento de água e etc.

Tosini (2008) nos fala ainda da grande resistência na adoção de critérios socioambientais e
de sustentabilidade na decisão das compra. O principal argumento é a Lei de Licitações e
Contratos da Administração Pública, Lei nº 8.666, de 1993, que privilegia o menor preço no
ato da compra.

No Brasil, a Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), iniciada em 1999, sob a


coordenação do Ministério do Meio Ambiente, visa estimular os gestores públicos a “incorporar
princípios e critérios de gestão ambiental em suas atividades rotineiras, levando à economia
de recursos naturais e à redução de gastos institucionais por meio do uso racional dos bens
públicos e da gestão dos resíduos” (VALENTE, 2011, p. 5).

A Agenda Ambiental na Administração Pública pode ser considerada como o marco indutor de

106 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


adoção da gestão socioambiental sustentável no âmbito da Administração Pública brasileira.

O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, por meio de sua Secretaria de Logística


e Tecnologia da Informação, adotou a Instrução Normativa nº 1, de 19 de janeiro de 2010,
que estabelece critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação
de serviços ou obras na Administração Pública Federal, trazendo a imposição para compras
nesta modalidade.

De acordo com Biderman et. al. (s.d) as compras sustentáveis possuem, dentre outras,
algumas condições legais que precisam ser levadas em consideração como o fato de compras
sustentáveis não poderem permitir gastos adicionais significativos; e que a sustentabilidade
será mais facilmente alcançada se muitos considerarem apenas alguns critérios ao invés de
poucos avaliarem muitos critérios ao tomar as decisões de compras e contratações.

Em mais uma etapa para a consecução de objetivos sustentáveis, em 19 de abril de 2010,


o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão lança o Portal de Contratações
Sustentáveis do governo Federal5, cuja intenção é difundir informações e práticas de
contratação sustentável e onde também estão reunidas normas, editais, contratos e compras
sustentáveis.

Alguns produtos são certificados no Brasil. Ainda são poucas as iniciativas, mas já bastante
relevantes. O programa mais conhecido e que mais avançou é o de certificação florestal,
que busca contribuir para o uso responsável dos recursos naturais, atestando que um
empreendimento florestal (empresa, produtor ou comunidade) obtém seus produtos de forma
ambientalmente correta, socialmente benéfica e economicamente viável.

5
Portal de Contratações Sustentáveis do Governo Federal - http://cpsustentaveis.planejamento.gov.br/

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 107


licitação sustentável

A licitação sustentável nas palavras de Biderman et. al. (s.d) pode ser vista como solução “para
integrar considerações ambientais e sociais em todos os estágios do processo da compra e
contratação dos agentes públicos (de governo) com o objetivo de reduzir impactos à saúde
humana, ao meio ambiente e aos direitos humanos”.

Uma vez reconhecida a importância de se fazer uso correto dos recursos públicos, a
Constituição Federal de 1988 trouxe no inciso XXI, do art. 37, a previsão legal obrigando
que as obras, serviços, compras e alienações públicas sejam feitos por meio de processo
licitatório, assegurando igualdade de condições a todos os concorrentes.

A partir desta determinação legal elaboraram-se normas gerais sobre licitações e contratos
com a administração pública descritas na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. A legislação
foi atualizada pelas leis nº 8.883, de 8 de junho de 1994; nº 9.032 de 28 de abril de 1995; nº
9.648 de 27 de maio de 1998 e, mais recentemente, a Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002,
que instituiu a sexta modalidade de licitação denominada pregão.

Conforme Biderman et. al. (s.d, p. 35) a Constituição Federal de 1988 tem, entre os princípios
que regem a atividade econômica, a busca pela defesa do meio ambiente e a livre concorrência.
“Ambos encontram-se descritos no mesmo art. 170 a demonstrar a preocupação do nosso
Estado pelo denominado desenvolvimento sustentável”. Uma vez que a Constituição Federal é
a norma maior na hierarquia e prevalência das demais normas, “a interpretação das leis por ela
recepcionadas e que a seguiram deve estar em consonância com os seus princípios e ordens”.

Também, incumbe ao Poder Público controlar o emprego de técnicas, métodos e substâncias


que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente (art. 225). Como diz
Tosini (2008), entre os princípios da administração pública, princípios que norteiam a licitação,
consta o da eficiência (art. 37).

108 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Segundo o autor, a licitação sustentável permite o atendimento das necessidades específicas
dos consumidores finais por meio da compra do produto que oferece o maior número de
benefícios para o ambiente e a sociedade. A licitação sustentável é também conhecida como
“compras públicas sustentáveis”, “eco aquisição”, “compras verdes”, “compra ambientalmente
amigável” e “licitação positiva”.

Com base em dispositivos legais, como a Lei nº 8.666, sobre licitação, podemos entender que
seria um despropósito o próprio Poder Público adquirir produtos que provocassem danos ao
meio ambiente, flagrantemente contrariando princípios constitucionais (TOSINI, 2008).

Como vemos, as leis existem tanto advindas da própria constituição quanto de melhorias
posteriores, e em suma, em função da interpretação dos artigos 23, VI; 37, XXI; 170, VI, e 225
da Constituição Federal. A Administração Pública deve procurar compatibilizar os bens
e serviços a serem contratados com exigências relativas à proteção do meio ambiente
(TOSINI, 2008).

Dentro desse processo de compra, não se pode negar que os consumidores têm uma grande
influência na economia. Devemos entender esse consumidor como os cidadãos que querem,
precisam ou desejam produtos e serviços de seus governantes.

Pensando em fornecimento de mão de obra e principalmente de produtos, sabemos que muitas


vezes o que chama atenção é o preço, o menor preço possível. Se os consumidores estiverem
somente interessados em pagar menos, a competição global entre empresas, ou até mesmo
entre economias inteiras, a noção de sustentabilidade poderia estar fadada ao fracasso.

Por outro lado, se consumidores requisitarem produtos levando em conta a qualidade, alto
desempenho e cuja produção aconteça sob circunstâncias justas e com menores impactos
ambientais, os fornecedores competirão com base na sustentabilidade, e não somente
baseado no menor preço.

O projeto de três anos do Iclei intitulado “Relief” (Environmental Relief Potential of Urban

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 109


Actionon Avoidance and Detoxification of Waste Streams Through Green Public Procurement),
apoiado pela EC-DG Research, calculou o potencial ambiental da contribuição das compras
sustentáveis e apresentou como resultado que uma mudança para 100% de consumo de
produção orgânica de trigo, carne e leite feita por autoridades públicas produziria uma redução
nos efeitos de eutrofização6 equivalente aos produzidos por 2,1 milhões de pessoas em função
da redução do uso de agrotóxicos.

Inclusive, de acordo com Biderman et. al. (s.d) o projeto Relief provou que as compras
sustentáveis na esfera pública poderiam ocupar um papel-chave no cumprimento da legislação
ambiental.

Tosini (2008) trás a discussão a Lei nº 9.605, de 1998, Lei de Crimes ambientais, sancionada
depois da Lei de Licitações, e estabelece como sanção para infratores de normas ambientais
a impossibilidade de contratar com a Administração Pública pelo período de até três anos (art.
72, §8º, V). Logo, praticar compras social e ambientalmente corretas, é desejável. E não estar
atentos a tais critérios poderia colocar o agente público responsável pela licitação em situação
de irregularidade.

A licitação sustentável também ajuda as autoridades públicas a alcançarem os objetivos no


tocante à minimização do impacto de resíduos, obrigatória por decorrência de várias leis.

No Brasil, como exemplo, a promoção da aquisição de produtos de limpeza ambientalmente


interessantes pode ajudar a garantir os padrões de qualidade da água, conforme consta na
legislação ambiental brasileira. A já mencionada compra de produtos florestais (madeira)
devidamente certificada vem de encontro ao cumprimento da legislação florestal do país.

Entendendo a legislação, o município e o estado de São Paulo, bem como outras cidades
brasileiras, vêm adotando políticas de compras de produtos ambientalmente mais eficientes.

6
Eutrofização: proliferação de matéria orgânica em meio hibrido, e que resulta na multiplicação de matéria
vegetal que por decomposição, provoca a diminuição do oxigênio necessário à vida animal.

110 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


São inúmeras as iniciativas nesse sentido.

Como exemplo de compra sustentável, Silvia Nascimento, procuradora chefe da Secretaria


de Estado do Meio Ambiente de São Paulo, especialista em licitações públicas e em direito
ambiental, defende a licitação sustentável não só como ação possível de ser realizada pelo
Estado, mas desejável.
Na 9ª edição do Fórum Empresarial, promovido pelo Centro de Estudos em
Sustentabilidade da Eaesp/FGV, Silvia Nascimento apresentou os fundamentos
legais da opção do governo do estado de São Paulo em promover obras, compras
e contratações, considerando aspectos ambientais. Trata-se de iniciativa pioneira no
Brasil, que integra várias pastas de governo na definição de critérios de sustentabilidade
para a licitação pública. Essa ação é muito relevante, tendo em vista que o governo tem
enorme poder de compra e, portanto de influenciar tendências de mercado (BIDERMAN
et. al. s.d, p. 36).

Muitos países como México, Japão, Itália, Suécia efetuam compras públicas pensando na
sustentabilidade.

Discutimos alguns pontos suficientes sobre os benefícios da licitação sustentável, mas para
nosso conhecimento e efeito didático/prático precisamos também conhecer quais recompensas
teremos, como autoridades públicas, uma vez que nos comprometemos com a modalidade de
compra.

Então como gestores públicos, se buscarmos fornecedores comprometidos com o meio


ambiente poderemos colher alguns frutos citados por Biderman et. al. (s.d, p. 55-56):

- Melhorar sua imagem política — Uma autoridade pública pode melhorar sua imagem política
informando os objetivos do programa de licitação sustentável à comunidade local, empregados
e fornecedores, e ampliando seus impactos pela mídia. Implantar a licitação sustentável significa
que uma autoridade pública está se comprometendo com a proteção ambiental, melhoria da
qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável em ações concretas significativas.
- Melhorar a eficiência — A licitação é um dos instrumentos mais importantes à
disposição de uma autoridade pública e é estrategicamente importante para melhorar

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 111


a eficiência organizacional do governo. A licitação sustentável requer análise e
gerenciamento cuidadosos de práticas de compras. Permite melhor tomada de decisão
sobre aquisições e contratações.
- Alcançar níveis mais elevados de sustentabilidade com o mesmo capital — alguns
produtos sustentáveis tendem a custar um pouco mais do que os convencionais.
Algumas autoridades públicas desconsideram os custos adicionais, ao se convencer
dos benefícios que a licitação sustentável traz à economia local, ao desenvolvimento
da comunidade e ao ambiente regional e global. Entretanto, em longo prazo, as
autoridades não precisam pagar mais pelos produtos ou serviços, já que compras
evitadas, alternativas sustentáveis mais baratas e economia em energia elétrica e nos
custos da água acabam equilibrando o custo adicional inicial.
- Melhorar a qualidade de vida da comunidade local — Alguns dos benefícios ambientais
da licitação sustentável atingem diretamente a comunidade local. A mudança para
o transporte com maior eficiência energética e menos poluente, por exemplo, alivia
problemas locais de poluição do ar. Os recursos financeiros economizados em
decorrência da licitação sustentável podem ser investidos em programas que mais
adiante contribuirão para a melhoria da qualidade de vida da comunidade.
- Desenvolvimento local — A opção por alternativas sustentáveis deve levar em conta
a geração local de produtos e a prestação de serviços sustentáveis, o que pode ser um
mecanismo estimulador de geração de renda e emprego para as populações rurais e
urbanas de um dado município, estado ou região. Em algumas cidades do sul do Brasil,
por exemplo, prefeituras adquirem merenda escolar orgânica, de pequenos produtores
familiares da cidade, gerando emprego e renda para a população rural e alimentação
saudável para os estudantes do sistema público de ensino.

Alguns avanços, mesmo que modestos, podem ser verificados em nível nacional como o
fornecimento de materiais e contratação de serviços pensados na sustentabilidade dos
negócios. Um exemplo que consta em Biderman et. al. (s.d, p. 75) é que “O Ministério do Meio
Ambiente estuda encaminhar proposta de alteração da Lei de Licitações ao Congresso (Lei
nº 8.666), para inclusão de critérios de sustentabilidade ambiental nas contratações públicas”.

Temos ainda na prestação de serviços um projeto de lei apresentado ao Congresso Nacional


estabelecendo que toda empresa que esteja participante de licitação para fornecer serviços
no setor de construção civil, deve apresentar um plano de manejo de resíduos sólidos como
pré-requisito para participar do processo de licitação.

112 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


O estado do Rio de Janeiro aprovou a Lei nº 3.908 de 25 de julho de 2002, que proíbe o
uso de alimentos geneticamente modificados nas merendas escolares. E ainda abordando
as merendas, algumas cidades dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
iniciaram a compra de produtos alimentícios orgânicos para serem servidos às crianças nas
escolas públicas - os chamados programas de merendas ecológicas.

Para fechar o assunto, os autores sugerem uma maneira de iniciar o processo para legalizar o
fornecimento, ou a abertura do processo de fornecimento de produtos/serviços sustentáveis,
onde o ideal é que se aprove um documento de política pública que contenha descrição de
objetivos e princípios orientadores da política de licitação sustentável.
Esse documento tem o objetivo de aumentar a percepção e educar o público em
geral. Deve delinear os princípios-chave, como: o comprometimento com o consumo
sustentável e as metas da campanha; a incorporação de considerações éticas
e ambientais na política de compras; o estímulo a fornecedores ambientalmente
conscientes, que tenham uma política ambiental ou que tenham um sistema de gestão
ambiental já instalado e o comprometimento de levar em conta os custos do ciclo de
vida dos produtos, sempre que viável (BIDERMAN et. at. (s/d, p. 92).

Poderiam também ser indicados os grupos de produtos não cobertos pelos objetivos
estabelecidos, dando preferência aos que preencham requisitos de certificações publicamente
controladas. Além de expressar o comprometimento de abrir as comunicações a fornecedores,
aumentando a conscientização ambiental entre os consumidores finais, trabalhar em parceria
com outras organizações de compras e participantes da campanha.

Esta modalidade de fornecimento pode ser uma excelente forma de se obter cada vez mais
fornecedores cujos produtos e serviços sejam de alta qualidade, com preços competitivos
e publicamente bem aceitos, melhorando o processo público de compra e fomentando os
processos licitatórios.

Como diz Tosini (2008) a adoção de critérios de sustentabilidade ambiental nas compras
públicas possui importante efeito indutor para que o mercado venha adotar padrões de
produção lastreados em protocolos ambientais. Assim, o Estado, como importante consumidor

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 113


de bens e serviços, conduzirá o setor produtivo a uma progressiva revisão de suas práticas
fabris, ampliando a oferta de bens sustentáveis para a sociedade brasileira.

CONSIDERAÇõES FINAIS

É importante sabermos quem serão os responsáveis pelas compras, bem como determinar os
critérios que serão utilizados para a confecção do edital que possibilitará abrir concorrência no
processo de licitação.

Aspectos legais como os contidos na Lei Nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e o art. 37, inciso
XXI, da Constituição Federal, instituem normas para licitações e contratos da Administração
Pública e dá outras providências que precisam ser levadas em conta durante a confecção
deste edital.

O que diz respeito às licitações sustentáveis, algo relativamente novo a ser discutido, mas
já previsto na Constituição, possibilita que as empresas sejam fornecedoras de materiais e
de patrimônio público sem que prejudiquem o ambiente em que vivemos, contribuindo para
melhora da imagem pública com a utilização destes meios.

Os benefícios das licitações públicas sustentáveis são muitos e alcançam a todos. Além das
vantagens ambientais, insita um processo fabril mais competitivo e responsável e produz
efeitos positivos na economia local.

114 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Segundo Arnold (2008, p.220) uma forma de fazer a seleção i nal de fornecedor equilibrando preço e
competência técnica é o método de classii cação:
Selecionar os fatores que devem ser considerados na avaliação de fornecedores potenciais.
Atribuir um peso a cada fator. Esse peso determina a importância de um fator em relação aos outros.
Geralmente, uma escala de 1 a 10 é utilizada. Se a um fator é atribuído peso 5, e a outro peso 10, o
segundo fator é considerado duas vezes mais importante que o primeiro.
Atribuir uma pontuação para os fornecedores quanto a cada um dos fatores. Essa pontuação não
é associada ao peso. Em vez disso, os fornecedores são classii cados segundo sua habilidade de
satisfazer às exigências para cada fator. Mais uma vez, geralmente se utiliza uma escala de 1 a 10.
Classii car os fornecedores. Para cada fornecedor, o peso de cada fator é multiplicado por sua pontu-
ação naquele fator. Por exemplo, se um fator teve peso 8 e a pontuação do fornecedor quanto a ele
é 3, o valor classii catório para aquele fator seria 24. As classii cações de cada fornecedor são então
reunidas para reproduzir uma classii cação total. Os fornecedores podem, com base nisso, ser listados
pela classii cação total, o que possibilitará a escolha do melhor fornecedor.

- Texto compilado da Lei 8.666/93


Medida Provisória nº 544, de 2011 (Vide Lei nº 12.598, de 2012) que regulamenta o art. 37, inciso
XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e
dá outras providências.
Disponível em <http://portal.conlicitacao.com.br/licitacao/legislacao/lei-8666-93/>

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 115


Este texto fala sobre as vantagens de se vender para o poder público e desmistii ca que esta prática
seja apenas coisa para empresas grandes. Pequenos empresários podem conseguir bastante lucro
comercializando seus produtos com o Estado.
- Vender para a administração pública é boa opção para pequenos e médios. Advogado Antonio Cecí-
lio Moreira Pires dá dicas para os empresários que querem começar a participar de licitações públicas.
Disponível em: <http://www.rcc.com.br/v8/rccdigital/detail.asp?iNews=5573&amp;iType=64>

A lICITAÇÃO PúblICA NO bRASIl E SUA NOVA FINAlIDADE


LEGAL – A promoção do desenvolvimento nacional sustentável
Autor: Daniel Ferreira
Editora: Fórum
São analisados sucessivos diplomas legais para amparar o operador
do direito a aplicar um conceito de desenvolvimento sustentável em
sentido amplo, conectado com a função social da licitação pública.
Posteriormente, o controle administrativo e judicial de todo o proces-
so de busca pelo desenvolvimento por intermédio da licitação é anali-
sado sob um viés, ao mesmo tempo, aprofundado e didático.

lICITAÇõES E CONTRATAÇõES PúblICAS SUSTENTÁVEIS


Coordenadores: Murillo Giordan Santos, Teresa Villac Pinheiro Barki
Editora: Fórum
O dever constitucional e legal do Estado de preservação do meio am-
biente traz uma nova forma de gestão administrativa, obrigando o
Poder Público a preservar os recursos naturais também por meio de
seu poder de consumo. Com isso, as contratações públicas devem
passar a privilegiar bens, serviços e obras sustentáveis, ou seja, que
causem menor impacto ambiental e social.

116 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


ATIVIDADE DE AUTOESTUDO

1. O que são recursos materiais e no que difere seu sistema de compras em relação às
compras de bens patrimoniais?

2. O que significa sinal de demanda? E como surge a solicitação de compras?

3. Como acontece uma sessão de concorrência pública para a aquisição de um bem


patrimonial?

4. O que é e quais as vantagens de se realizar uma licitação sustentável?

5. Além de preservar o meio ambiente, como as compras sustentáveis podem auxiliar os


gestores públicos?

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 117


UNIDADE V

NORMATIVAS DO PATRIMÔNIO PúblICO


(TOMbAMENTO)
Professor Esp. Renato Valença

Objetivos de Aprendizagem

• Aprender como surgiram as noções de preservação cultural e ambiental.

• Conhecer conceitos da Carta de Veneza (1964) quanto à necessidade de


preservação, manutenção e controle do patrimônio público.

• Entender a Convenção do Patrimônio Mundial (UNESCO) e Entender como se dá


o tombamento no Brasil.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:


• Origem histórica da preservação patrimonial

• Conhecendo o Patrimônio Brasileiro

• Patrimônio Cultural (material e imaterial)

• Tombamento

• Patrimônio Natural
INTRODUÇÃO

Há quem diga que quem tem passado tem história e quem não tem história não existe. E
talvez pensando nisso é que procuramos deixar registros de nossa passagem por aqui para
que outros saibam que aqui estivemos e que fomos responsáveis para o registro da história
de um povo.

Mas de fato, como será possível deixar registro de uma nação, de uma época, de cultura
existente, de construções magníficas? Como permitir que futuras gerações possam vislumbrar
uma história de um lugar, de uma cidade, de um país? A resposta, evidentemente não é fácil,
nem tampouco permeada em argumentos superficiais. Precisaremos, antes de mais nada, de
comprometimento e conhecimento da legislação e de exemplos de sucesso na preservação e
manutenção de nossa história.

A conservação patrimonial é uma maneira de permitir que artefatos, construções, lugares


e costumes sejam eternizados e uma maneira disso acontecer é por meio do tombamento
patrimonial, que como poderemos observar, trata-se de uma série de registros e obrigações,
que na sua maior parte caberá ao setor público, que tem por natureza básica executar e
legislar sobre a necessidade da proteção e perpetuação do patrimônio de um povo.

Historicamente veremos que a instituição do tombamento, com o intuito de proteção do


patrimônio, surgiu ou tomou corpo no contexto da Modernidade e que existem categorias
distintas para as diferentes possibilidades de tombamento.

Compreenderemos ainda as definições e exemplificações sobre os estilos de patrimônio


e a responsabilidade do poder público para com a sua fiscalização e controle, através de
legislação específica, bem como com o suporte de institutos e organizações internacionais
para a proteção do patrimônio mundial.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 121


ORIgEM HISTÓRICA DA PRESERVAÇÃO PATRIMONIAl

Para Funari e Carvalho (2005), as expressões de herança paterna ou outros fazem menção
a moneo, que em latim significa “levar a pensar”. Portanto, as noções de patrimônio cultural
mantêm-se vinculadas às de lembrança e de memória — uma categoria basal na esfera das
ações patrimonialistas, uma vez que os bens culturais são preservados em função dos sentidos
que despertam e dos vínculos que mantêm com as identidades culturais.

Conforme Pelegrini (2006) no âmbito do patrimônio, o restabelecimento da acepção


antropológica da cultura como “todo conhecimento que uma sociedade tem de si mesma,
sobre outras sociedades, sobre o meio material em que vive e sobre sua própria existência”
provocou a ampliação do conceito.

Este passou a abarcar também as maneiras de o ser humano existir, pensar e se expressar,
bem como as manifestações simbólicas dos seus saberes, práticas artísticas e cerimoniais,
sistemas de valores e tradições. Essa noção de cultura, fomentada desde o início da década
de 1980 nas convenções internacionais promovidas pela Organização das Nações Unidas
para a Educação, Ciência e Cultura — UNESCO, adquiriu maior magnitude em 1985, por
ocasião da “Declaração do México”. A caracterização ampliada da cultura, apresentada nesse
documento, definiu o patrimônio como produções de “artistas, arquitetos, músicos, escritores
e sábios”, “criações anônimas surgidas da alma popular” e “valores que dão sentido à vida”.

Nessa linha argumentativa, a referida declaração frisou a importância da preservação de


“obras materiais e não materiais que expressassem a criatividade de um povo: a língua, os
ritos, as crenças, os lugares e monumentos históricos, a cultura, as obras de arte e os arquivos
e bibliotecas”. E também salientou que a “preservação” e o “apreço” pelo patrimônio cultural
permitem aos povos a “defesa da sua soberania e independência”.

Há que se admitir que embora a definição de patrimônio cultural busque contemplar as


mais diversas formas de expressão dos bens da humanidade, tradicionalmente o referido

122 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


conceito continua sendo apresentado de maneira fragmentada, associado às distintas áreas
do conhecimento científico que o definem como patrimônio cultural, natural, paisagístico,
arqueológico.

A emergência de uma “consciência preservacionista” na esfera ambiental se consolidou na


década de 1980, mas essa mobilização não partiu do Estado como ocorreu com o patrimônio
histórico durante a Revolução Francesa, no século XVIII. Pelo contrário, o movimento em
prol do direito e da proteção ao meio ambiente se irradiou através da comunidade científica e
acabou difundido entre organizações não governamentais que passaram a reivindicar melhor
“qualidade de vida” no planeta.

Entretanto, a questão da preservação do patrimônio natural vem suscitando polêmicas desde


longa data. Para as correntes naturalistas do século XIX, a maneira mais adequada de garantir
a proteção das áreas naturais residia em afastá-las do homem. Esse entendimento, por sua
vez, consistia em uma reação à corrente culturalista, segundo a qual a natureza representava
uma ameaça de volta à condição “selvagem” do homem.

A instituição do tombamento para fins de proteção do patrimônio também se engendrou no


contexto da Modernidade.

Curiosamente, a proteção de ecossistemas, paisagens naturais, conjuntos arquitetônicos,


centros urbanos, monumentos, sítios arqueológicos, peças móveis, manifestações culturais e
artísticas prefigurou-se, por algum tempo, como um movimento anacrônico devotado a refrear
as trajetórias progressivas do desenvolvimento e a domesticação da natureza. Em meio às
contínuas transformações advindas da modernização, a defesa do meio ambiente e das
tradições culturais foi dotada do sentido de afiançar a imortalidade dos signos da identidade
nacional, cultural e ecológica. Portanto, somente nos últimos anos do século passado a
preservação dos bens naturais e culturais passou a ser admitida como uma atitude positiva e
inteligível.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 123


Desta forma, para a proteção do patrimônio, seja este cultural, material, imaterial ou natural,
deve-se haver uma profunda inter-relação e comprometimento dos mais diversos especialistas,
público e privados.

Conforme o disposto no artigo 216 da Constituição Federal configura patrimônio como:


As formas de expressão; os modos de criar; as criações científicas, artísticas e
tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços às
manifestações artístico-culturais; além de conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

A Carta de Veneza, publicada em 1964, discorre sobre a necessidade de preservação,


manutenção e controle do patrimônio público (no caso arquitetônico), pormenorizando
princípios essenciais e diversas recomendações para efetivamente promover a proteção dos
patrimônios, pois nestes, estão inseridas as experiências vivas de culturas, costumes e valores
de uma população.

Visualizemos o fragmento introdutório da Carta de Veneza (Texto aprovado no II Congresso


Internacional de Arquitetos e Técnicos de Monumentos Históricos, em Veneza, no período de
25 a 31 de maio de 196):

Art.1 - O conceito de monumento histórico engloba, não só as criações arquitetônicas


isoladamente, mas também os sítios, urbanos ou rurais, nos quais sejam patentes os
testemunhos de uma civilização particular, de uma fase significativa da evolução ou do
progresso, ou algum acontecimento histórico. Este conceito é aplicável, quer às grandes
criações, quer às realizações mais modestas que tenham adquirido significado cultural com o
passar do tempo.

Art.2 - A conservação e o restauro dos monumentos devem recorrer à colaboração de


todas as ciências e técnicas que possam contribuir para o estudo e a proteção do patrimônio
monumental.

Art.3 - A conservação e o restauro dos monumentos têm como objetivo salvaguardar tanto a

124 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


obra de arte como as respectivas evidências históricas [...].

Diante do exposto, podemos observar a necessidade da proteção do patrimônio construído


por uma sociedade, bem como, a responsabilidade do poder público para a criação,
desenvolvimento e acompanhamento de políticas públicas para, de fato, fazer cumprir a
preservação de patrimônios nacionais, estaduais e municipais.

Conhecendo o Patrimônio Brasileiro

A Organização das Nações Unidas para a Ciência e a Cultura (UNESCO), criou em 1972 a
Convenção do Patrimônio Mundial, tendo como princípio básico a preservação de bens que
sejam considerados de extrema relevância em termos mundiais, a este respeito, citamos os
patrimônios culturais (materiais e imateriais) e naturais.

A seguir, apresentaremos alguns exemplos de patrimônios brasileiros:

Patrimônio Cultural, onde são citados aqueles considerados Patrimônio Mundial


Cultural:

Praça São Francisco – São Cristóvão (Sergipe).

• São Cristóvão foi a primeira capital do estado de Sergipe e fundada em 1590.

Fonte: http://www.altodapraiahotel.com.br

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 125


• Cidade Histórica de Ouro Preto – Ouro Preto (Minas Gerais).

Ouro Preto, município mineiro fundado em 1698 e uma das antigas capitais do estado.

Fonte: http://brasilportuguesecultura.blogspot.com.br

• Missões Jesuíticas Guarani – Ruínas de São Miguel das Missões (Rio Grande do Sul)

Fonte:http://ailisor-literaturabrasileira.blogspot.com.br

Município localizado na região de fronteira entre o Paraguai e Argentina e que preserva uma
das maiores riquezas jesuíticas do Brasil.

• Centro Histórico de Diamantina (Minas Gerais).

126 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Fonte: http://www.educacional.com.br

Localizada no Vale do Jequitinhonha, onde a paisagem caracteriza-se pela fusão de montanhas


e urbanismo.

Ainda assim, apresentamos os demais Patrimônios Mundiais Cultural do Brasil: Centro


Histórico de Salvador (Bahia), Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas
do Campo (Minas Gerais), Plano Piloto de Brasília (Distrito Federal), Parque Nacional Serra
da Capivara em São Raimundo Nonato (Piauí), Centro Histórico de São Luís do Maranhão
(Maranhão) e Centro Histórico da Cidade de Goiás (Goiás).

PATRIMÔNIO CUlTURAl (MATERIAl E IMATERIAl)

Fonte: http://www.une.org.br

A definição de patrimônio cultural pode ser entendida em dois conceitos, o material, que são
os bens considerados de grande significado para a cultura material brasileira e imateriais,
relevantes para o encontro da identidade nacional.

O Brasil conta com o IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, onde lhe
ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 127
são atribuídas as tarefas de preservação e manutenção do patrimônio histórico nacional, de
ordem material e imaterial.

Sobre o IPHAN:
O Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional foi criado em 13 de janeiro de
1937 pela Lei nº 378, no governo de Getúlio Vargas. Já em 1936, o então Ministro da
Educação e Saúde, Gustavo Capanema, preocupado com a preservação do patrimônio
cultural brasileiro, pediu a Mário de Andrade a elaboração de um anteprojeto de Lei
para salvaguarda desses bens. Em seguida, confiou a Rodrigo Melo Franco de Andrade
a tarefa de implantar o Serviço do Patrimônio. Posteriormente, em 30 de novembro
de 1937, foi promulgado o Decreto-Lei nº 25, que organiza a “proteção do patrimônio
histórico e artístico nacional”. O Iphan está hoje vinculado ao Ministério da Cultura.
Rodrigo Melo Franco de Andrade contou com a colaboração de outros brasileiros ilustres
como Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Afonso Arinos, Lúcio Costa e Carlos
Drummond de Andrade. Técnicos foram preparados e tombamentos, restaurações e
revitalizações foram realizadas, assegurando a permanência da maior parte do acervo
arquitetônico e urbanístico brasileiro, assim como do acervo documental e etnográfico,
das obras de arte integradas e dos bens móveis.
A próxima etapa consistiu na proteção dos acidentes geográficos notáveis e paisagens
agenciadas pelo homem. Há mais de 75 anos, o Iphan vem realizando um trabalho
permanente de identificação, documentação, proteção e promoção do patrimônio
cultural brasileiro. (portal.iphan.gov.br)

Para conhecermos e entendermos sobre os patrimônios culturais materiais e imateriais,


podemos exemplificá-los da seguinte forma:

• Patrimônios culturais materiais: são aqueles identificados como bens culturais conforme
sua característica paisagística, arqueológica, histórica e artes aplicadas, podendo ser
subdivididos em bens imóveis, como centros urbanos, sítios arqueológicos, conforme já
exemplificados anteriormente (Patrimônio Mundial Cultural) e os bens móveis, tais como
os acervos de museus, música, vídeos, fotografias, dentre outros.

• Patrimônios culturais imateriais: caracterizados como o modo de vida de uma determi-


nada população, seus ritos, costumes e saberes. Estes bens, patrimônios muito parti-
culares estão relacionados com uma determinada vocação local. Dentre os patrimônios
culturais imateriais brasileiros podemos salientar o samba, os rituais afro-brasileiros, o
maracatu, o queijo mineiro.

128 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Fonte: http://charmedance.blogspot.com.br Fonte: http://noticiasdacozinha.blogspot.com.br

Tombamento

Segundo o IPHAN, o tombamento refere-se a um ato administrativo realizado pelo Poder


Público, tendo como foco a preservação, por meio da legislação, de bens de valor histórico,
cultural, arquitetônico, ambiental, afim de que não venham ser destruídos ou descaracterizados.

Este pode ser realizado sobre os bens móveis e imóveis, sendo feito pela União, intermediado
pelo IPHAN, pelos Governos Estaduais ou pelos Governos Municipais, pautados em legislação
específica.

Vale ressaltar que o tombamento não se refere à desapropriação do bem ou seu usufruto, na
verdade, ele vem resguardar a sua integridade e proteção.

O bem tombado, desde que continue sendo preservado e que seja comprovada a sua proteção,
não haverá impedimento legal para a sua venda, contanto que seja previamente comunicada
esta intenção ao órgão/instituição que procedeu a seu tombamento.

A seguir, apresentamos um fragmento da lei nº 25, de 20 de novembro de 1937, que organiza


a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 129


CAPÍTULO II - DO TOMBAMENTO

Art. 4º O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro Livros do Tombo,
nos quais serão inscritas as obras a que se refere o art. 1º desta lei, a saber:

1. No Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, as coisas pertencentes às


categorias de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, e bem assim as men-
cionadas no § 2º do citado art. 1º.

2. No Livro do Tombo Histórico, as coisas de interesse histórico e as obras de arte histórica.

3. No Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita, nacional ou estrangeira.

4. No Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das artes
aplicadas, nacionais ou estrangeiras.

§ 1º Cada um dos Livros do Tombo poderá ter vários volumes.

§ 2º Os bens, que se incluem nas categorias enumeradas nas alíneas 1, 2, 3 e 4 do presente


artigo, serão definidos e especificados no regulamento que for expedido para execução da
presente lei.

Art. 5º O tombamento dos bens pertencentes à União, aos Estados e aos Municípios se fará de
ofício, por ordem do diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mas deverá
ser notificado à entidade a quem pertencer, ou sob cuja guarda estiver a coisa tombada, a fim
de produzir os necessários efeitos.

Art. 6º O tombamento de coisa pertencente à pessoa natural ou à pessoa jurídica de direito


privado se fará voluntária ou compulsoriamente.

Art. 7º Proceder-se-á ao tombamento voluntário sempre que o proprietário o pedir e a coisa


se revestir dos requisitos necessários para constituir parte integrante do patrimônio histórico e
artístico nacional, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, ou sempre que o mesmo proprietário anuir, por escrito, à notificação, que se lhe fizer,

130 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


para a inscrição da coisa em qualquer dos Livros do Tombo.

Art. 8º Proceder-se-á ao tombamento compulsório quando o proprietário se recusar a anuir à


inscrição da coisa.

Art. 9º O tombamento compulsório se fará de acordo com o seguinte processo:

1. O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, por seu órgão competente, noti-
ficará o proprietário para anuir ao tombamento, dentro do prazo de quinze dias, a contar
do recebimento da notificação, ou para, si o quiser impugnar, oferecer dentro do mesmo
prazo as razões de sua impugnação.

2. No caso de não haver impugnação dentro do prazo assinado, que é fatal, o diretor do
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará por simples despacho que
se proceda à inscrição da coisa no competente Livro do Tombo.

3. Se a impugnação for oferecida dentro do prazo assinado, far-se-á vista da mesma, dentro
de outros quinze dias fatais, ao órgão de que houver emanado a iniciativa do tombamento,
afim de sustentá-la. Em seguida, independentemente de custas, será o processo remeti-
do ao Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que
proferirá decisão a respeito, dentro do prazo de sessenta dias, a contar do seu recebi-
mento. Dessa decisão não caberá recurso.

Art. 10. O tombamento dos bens, a que se refere o art. 6º desta lei, será considerado provisório
ou definitivo, conforme esteja o respectivo processo iniciado pela notificação ou concluído pela
inscrição dos referidos bens no competente Livro do Tombo.

Parágrafo único. Para todos os efeitos, salvo a disposição do art. 13 desta lei, o tombamento
provisório se equiparará ao definitivo [...].

CAPÍTULO III - DOS EFEITOS DO TOMBAMENTO

Art. 11. As coisas tombadas, que pertençam à União, aos Estados ou aos Municípios,
inalienáveis por natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra das referidas entidades.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 131


Parágrafo único. Feita a transferência, dela deve o adquirente dar imediato conhecimento ao
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Art. 12. A alienabilidade das obras históricas ou artísticas tombadas, de propriedade de pessoas
naturais ou jurídicas de direito privado sofrerá as restrições constantes da presente lei.

Art. 13. O tombamento definitivo dos bens de propriedade particular será, por iniciativa do
órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, transcrito para os
devidos efeitos em livro a cargo dos oficiais do registro de imóveis e averbado ao lado da
transcrição do domínio.

§ 1º No caso de transferência de propriedade dos bens de que trata este artigo, deverá
o adquirente, dentro do prazo de trinta dias, sob pena de multa de dez por cento sobre o
respectivo valor, fazê-la constar do registro, ainda que se trate de transmissão judicial ou
causa mortis.

§ 2º Na hipótese de deslocação de tais bens, deverá o proprietário, dentro do mesmo prazo e


sob pena da mesma multa, inscrevê-los no registro do lugar para que tiverem sido deslocados.

§ 3º A transferência deve ser comunicada pelo adquirente, e a deslocação pelo proprietário, ao


Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro do mesmo prazo e sob a mesma
pena.

Art. 14. A. coisa tombada não poderá sair do país, senão por curto prazo, sem transferência
de domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Art. 15. Tentada, a não ser no caso previsto no artigo anterior, a exportação, para fora do país,
da coisa tombada, será esta sequestrada pela União ou pelo Estado em que se encontrar.

§ 1º Apurada a responsabilidade do proprietário, ser-lhe-á imposta a multa de cinquenta por

132 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


cento do valor da coisa, que permanecerá sequestrada em garantia do pagamento, e até que
este se faça.

§ 2º No caso de reincidência, a multa será elevada ao dobro.

§ 3º A pessoa que tentar a exportação de coisa tombada, além de incidir na multa a que se
referem os parágrafos anteriores, incorrerá, nas penas cominadas no Código Penal para o
crime de contrabando.

Art. 16. No caso de extravio ou furto de qualquer objeto tombado, o respectivo proprietário
deverá dar conhecimento do fato ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
dentro do prazo de cinco dias, sob pena de multa de dez por cento sobre o valor da coisa.

Art. 17. As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum ser destruídas, demolidas ou
mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de multa de cinquenta por cento
do dano causado.

Parágrafo único. Tratando-se de bens pertencentes á União, aos Estados ou aos municípios,
a autoridade responsável pela infração do presente artigo incorrerá pessoalmente na multa.

Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não
se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a
visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra
ou retirar o objeto, impondo-se neste caso a multa de cinquenta por cento do valor do mesmo
objeto.

Art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não dispuser de recursos para proceder às obras
de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das mencionadas obras, sob pena de
multa correspondente ao dobro da importância em que for avaliado o dano sofrido pela mesma

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 133


coisa.

§ 1º Recebida a comunicação, e consideradas necessárias as obras, o diretor do Serviço do


Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará executá-las, a expensas da União, devendo
as mesmas ser iniciadas dentro do prazo de seis meses, ou providenciará para que seja feita
a desapropriação da coisa.

§ 2º À falta de qualquer das providências previstas no parágrafo anterior, poderá o proprietário


requerer que seja cancelado o tombamento da coisa.

§ 3º Uma vez que verifique haver urgência na realização de obras e conservação ou reparação
em qualquer coisa tombada, poderá o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
tomar a iniciativa de projetá-las e executá-las, a expensas da União, independentemente da
comunicação a que alude este artigo, por parte do proprietário.

Art. 20. As coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância permanente do Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, que poderá inspecioná-los sempre que for julgado conveniente,
não podendo os respectivos proprietários ou responsáveis criar obstáculos à inspeção, sob
pena de multa de cem mil réis, elevada ao dobro em caso de reincidência.

Art. 21. Os atentados cometidos contra os bens de que trata o art. 1º desta lei são equiparados
aos cometidos contra o patrimônio nacional.

Patrimônio Natural

O Patrimônio Natural de um país reúne um conjunto de especificidades que marcam a


identidade preservacionista, histórica e do passado de seu povo. Traz consigo a importância
da preservação ambiental, bem como a responsabilidade do poder público em salvaguardar
para as gerações posteriores a maior riqueza de uma nação, que são seus recursos naturais
e ambientais.

134 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


O Brasil ocupa uma posição de destaque no seleto rol de nações que possuem uma das
maiores diversidades em seus ecossistemas. A seguir, apresentamos os principais sítios
ambientais considerados como patrimônio mundial da natureza, onde neles destacam-se a
preservação associada à geração sustentável de lucros da população local, principalmente
através do ecoturismo.

Parque Nacional do Iguaçu

Fonte: http://www.portalangels.com

Situado no oeste paranaense, fazendo divisa com a Argentina, é detentor de uma das maiores
reservas florestais da América Latina. Nela podemos encontrar um imenso patrimônio de
espécies animais e vegetais, sendo ainda o berço das Cataratas do Iguaçu, eleita no ano de
2012, como uma das Sete Maravilhas da Natureza.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 135


Costa do Descobrimento (Reservas de Mata Atlântica)

Fonte: http://portoseguropasseios.blogspot.com.br

Uma das maiores regiões contínuas da Mata Atlântica, está situada na costa do descobrimento,
em Porto Seguro (Bahia).

Área de Conservação do Pantanal (Mato Grosso do Sul e Mato Grosso)

Situa-se entre o sudoeste do Mato Grosso e noroeste do Mato Grosso do Sul, sendo
considerada a maior área pantaneira do mundo, abrigando em seu interior várias espécies de
animais ameaçados de extinção.

Fonte: www.ecodebate.com.br

136 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Ainda assim, destacamos os demais sítios naturais brasileiros considerados como Patrimônio
Natural da Humanidade: Mata Atlântica (Reservas do Sudoeste), Complexo de Conservação
da Amazônia Central, Ilhas Atlânticas Brasileiras (Fernando de Noronha e Atol das Rocas),
Parques Nacionais da Chapada dos Veadeiros e das Emas (Goiás).

Vale destacar ainda, que a preservação do patrimônio natural ainda é objeto de grande
discussão e opiniões antagônicas entre seus principais atores.

Atualmente, a preservação ambiental deixou de ser apenas o apoio a uma causa, a um lema,
e sim uma necessidade para a manutenção e sustentação da vida em todos os seus sentidos,
cabendo ao setor público o acompanhamento e a fiscalização das medidas implantadas para
o seu desenvolvimento.

A este respeito, trazemos à luz um exemplo da Estrada do Colono. Trata-se de uma estrada
(de chão) de 17,6 km., aberta em 1950, que cortava o Parque Nacional do Iguaçu, entre os
municípios de Capanema, Serranópolis do Iguaçu e Medianeira, no estado do Paraná, sendo
o principal portal de acesso do sudoeste paranaense e o oeste da região sul do Brasil à Foz
do Iguaçu uma região rica de flora brasileira regional e conta ainda com diversas espécies de
animais que dali retiram seu sustento

A estrada foi pela primeira vez fechada em 1986 devido aos fortes movimentos ambientais,
alegando a intensa degradação ambiental e a vitimização de várias espécies de animais que
habitavam o parque.

Pelo fato deste haver sido considerado Patrimônio Natural da Humanidade, e somado aos
vários argumentos contra a manutenção da estrada, a UNESCO no ano de 1999, inscreveu
o parque como sendo um patrimônio em perigo, onde várias ações, inclusive ilegais de
reabertura, assim como a ocorrida em 1997, trouxeram inquietude aos ambientalistas e políticos
contra a sua manutenção, sendo somente com a ação do Exército Brasileiro, Polícia Federal
e Ibama, no ano de 2001, fazendo cumprir determinação judicial para o fechamento definitivo

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 137


da estrada, fez com que a UNESCO retirasse o Parque Nacional do Iguaçu de patrimônios
naturais em perigo.

Fonte: http://molinacuritiba.blogspot.com.br

Mesmo com todos os argumentos contra, várias lideranças políticas locais estão tentando
viabilizar a reabertura, como sendo uma estrada ecologicamente correta, sem pavimentação,
transformando-a em estrada parque. O projeto de lei, encaminhado para apreciação e votação
na Comissão Especial da Câmara dos Deputados.

Este exemplo reflete o fundamental papel do setor público no balizar de leis que regulamentem
a proteção e manutenção do patrimônio natural. Observamos que mesmo na esfera pública,
há vários argumentos pró e contra, cabendo a esta a determinação legal para sua deliberação
favorável ou contra.

138 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


A falta de apoio e recursos está ruindo uma obra de milhares de anos: o Parque Nacional da Serra da
Capivara, no Piauí, um dos maiores conjuntos de pinturas rupestres do mundo, não consegue mais se
manter e a administração ameaça encerrar suas atividades de preservação.
Com isso, estão seriamente ameaçadas milhares de espécies animais, que i carão sujeitas aos ca-
çadores, e milhares de pinturas rupestres, preservadas e recuperadas por trinta anos pela equipe
chei ada pela arqueóloga Dra. Niéde Guidon, diretora da Fundação Museu do Homem Americano
(FUMDHAM), que administra a preservação do Parque.
“É, no mínimo, de partir o coração”, desabafa dra.Guidon, que se mudou para o Piauí há 13 anos para
cuidar dos sítios arqueológicos e desde então dedica sua vida a esse projeto. “Tantos anos de pesqui-
sa, dedicação e trabalho para preservar obras rupestres tão importantes, e agora ver tudo isso ruir. É
triste constatar que o Brasil não sabe preservar a grandeza de seus Parques Nacionais”.
O Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, sul do Piauí, foi considerado
pelas Nações Unidas como a UC - Unidade de Conservação com melhor infraestrutura da América
Latina. Os mais de 1,2 mil Km² de caatinga do Parque abrigam 105 sítios arqueológicos preparados
para a visitação turística em um total de 735 sítios.
Com a interrupção das atividades de conservação e defesa do Parque, que é Patrimônio da Huma-
nidade (UNESCO), a destruição das pinturas rupestres e dos animais da região seria apenas uma
questão de tempo.
“Já é possível encontrar sítios arqueológicos vizinhos pichados. Como muitas vezes a pichação é com
tinta a óleo, i ca impossível recuperar o que foi danii cado”, diz Dr.ª Niéde.
A salvação do Parque e o desenvolvimento da região se concentram especialmente na construção do
aeroporto em São Raimundo Nonato para permitir o acesso dos visitantes.
O aeroporto já teve sua obra licitada e construção aprovada por duas vezes, sendo que a última delas
aconteceu na semana passada, com o aval de autoridades federais, como o Ministro de Comunicação
de Governo, Luiz Gushiken, e o Ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, e o governador do
Piauí, Wellington Dias.
“Sem o aeroporto não haverá mais nenhuma iniciativa aqui. Conseguimos em 1996 que fosse criado
um aeroporto internacional. Em 1997 o aeroporto foi licitado. Em 1998 foi liberada a primeira parcela
de R$ 5 milhões, que não chegou às nossas mãos. Em 2003 foi licitado de novo e o ministro Mares
Guia já liberou R$ 5 milhões, sendo que R$ 1 milhão já está com o governo do Estado”, conta a dire-

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 139


tora da FUMDHAM.
Hoje a FUMDHAM não recebe os recursos prometidos nem do Governo Federal nem do Estadual e
está se mantendo graças às economias pessoais de Dr.ª Niéde.
“Mas agora não há mais de onde tirar e como o apoio do Governo não chega, nossa única alternativa
é fechar as portas”, conclui Dr.ª Niéde.
“São trinta anos de consagração nacional e internacional jogados fora e o Parque Nacional da Serra
da Capivara, Patrimônio da Humanidade e um patrimônio cultural e histórico mundial vai ser entregue
à depredação e à pichação”.
Com o encerramento das atividades de preservação dos sítios, o que acontecerá é que a FUMDHAM
deixará a proteção do Parque por conta do IBAMA, que é o responsável, pela Constituição e pelas leis
federais, da proteção, manejo dos Parques Nacionais.
“E se eles não o i zerem por falta de recursos, de funcionários (têm 3 funcionários aqui), de vontade,
nós simplesmente vamos testemunhar o fato”, ai rma Niéde.
A proteção e manutenção das pinturas e sítios arqueológicos é de responsabilidade do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Ministério da Cultura, que não tem nenhum funcionário no
Parque Nacional da Serra da Capivara, apesar de ser um sítio tombado pela UNESCO e pelo IPHAN.
Fonte: ZenzaAmerica (www.ecoviagem.uol.com.br)

140 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


CONSIDERAÇõES FINAIS

Pelo que aprendemos até aqui o tombamento é um ato administrativo realizado pelo Poder
Público, onde por meio de legislação tem com o objetivo a preservação de bens de valor
histórico, cultural, arquitetônico, ambiental, afim de que não venham ser destruídos ou
descaracterizados.

O Livro do Tombo é subdivido em partes como Histórico, Belas Artes, Artes Aplicadas que por
sua vez possuem itens que se enquadram nas categorias para que os tombamentos possam
ser devidamente registrados.

O patrimônio a ser tombado pertence à União, Estado ou Municípios será feito por meio
de ofício ordenado pelo diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. E
no caso do tombamento de algo pertence à pessoa jurídica de iniciativa provada será feito
voluntariamente ou por compulsório.

Pudemos ainda compreender, que o bem tombado, não poderá ser impedido de ser vendido,
comercializado, negociado, uma vez que respeite as condições imperiosas de preservação do
bem e sua proteção contra a descaracterização ou destruição.

Vimos à diferença de patrimônio material e imaterial sendo o primeiro caracterizado pela


tangibilidade como bens moveis e imóveis, e imateriais caracterizando os costumes de um povo,
por exemplo. Já o Patrimônio Natural de um país traz consigo a importância da preservação
ambiental, para que futuras gerações possam ter acesso à riqueza desses recursos naturais
e vale saber que o Brasil apresenta diversos tombamentos considerado Patrimônio natural da
Humanidade.

Percebemos ainda, que o assunto pertinente às especificidades e características


preservacionistas é bastante complexo e carregado de interpretações variadas, um exemplo
citado refere-se à Estrada do Colono, que pelo fato de ser considerada pelo UNESCO como
Patrimônio Natural da Humanidade, foi fechada por força judicial, contudo, membros do poder
público e autoridades locais ainda tentam, de forma legal, a sua reabertura condicionada em
adaptações que atendam os quesitos de preservação e manutenção das características da
fauna e flora do Parque Nacional do Iguaçu.

É importante que o poder público esteja ciente da história nacional e das belezas que aqui

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 141


tempos a fim de procurar tornar esses bens, construções, meio ambiente vivo e seguro. A
legislação é necessária para que seja fundamentado o destino e as condições com que cada
patrimônio, cada categoria seja incorporado à proteção.

Nossa responsabilidade, como cidadãos e agente de mudanças, é de sermos propulsores e


acima de tudo, condutores de políticas que venham preservar e eternizar nossa cultura, arte,
costumes e riquezas naturais, pois a sociedade necessita de gestores públicos voltados não só
para a responsabilidade social e econômica, mas acima de tudo, calçados na responsabilidade
ambiental, fazendo com que desta forma consigamos fechar e disseminar os princípios da
sustentabilidade, tão importante e necessária para nossa sobrevivência e para a marca do
legado que deixaremos para as futuras gerações.

PATRIMÔNIOS DA HUMANIDADE NO bRASIl


Autor: Percival Tirapeli
Editora: Metalivros
Sinopse: Patrimônios da Humanidade no Brasil, belíssi-
ma obra que chega agora à quarta edição revisada, traz
os dezessete sítios culturais e naturais declarados pela
UNESCO no Brasil até o i nal de 2007, como Patrimônio
Mundial da Humanidade. Com texto de Percival Tirapeli e
colaboração de Aziz Ab’Sáber, é ilustrado com mais de 250 imagens de proi ssionais de renome e ofe-
rece um amplo retrato de conjuntos urbanos históricos e reservas naturais preservadas, apresentando
a complexidade e a relevância de cada um de forma organizada e atraente.

O QUE É PATRIMÔNIO HISTÓRICO.


Autor: Carlos A. C. Lemos
Editora Brasiliense.
Sinopse: Nem só de cidades e monumentos é formado o patrimônio his-
tórico: quadros, livros ou mesmo fotograi as que documentam a memória
e os costumes de uma época também fazem parte do acervo cultural e
artístico. Devem ser preservados. Não importa a forma: se através de
coleções particulares, do mercado de arte ou da proteção de entidades
governamentais. O necessário é preservar, já que o que não é patrimô-
nio histórico desaparece com o tempo.

142 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância


Secretaria do Estado da Cultura – Coordenação do Patrimônio Cultural do Paraná. A expressão
Tombamento e Livro de Tombo, provém do Direito Português, onde a palavra tombar tem o sentido de
registrar, inventariar inscrever bens nos arquivos do Reino. Disponível em: <http://www.patrimoniocul-
tural.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=46>

Este vídeo cujo título é Curso de gestão de Estoque e Materiais para Concurso Público abor-
da todos os conceito trazido neste livro. Pode ser uma excelente forma de assimillar, compreender
com outra linguagem a gestão material e patrimonial, focando concurso público. Um vídeocarente
de recursos visuais diversii cadoss, mas interessante. Disponível em <http://www.youtube.com/
watch?v=ut6JPDdrrWk>.

Este outro vídeo é um compilado curto que aborda rapidamente a gestão de estoques e sua impor-
tância para as empresas. Serve como um bom lembrete, um resumo! Disponível em < http://www.
youtube.com/watch?v=EsL-cxNR33I >

Abordamos aqui temas como o just in time, Kanban e este vídeo ilustra de forma interessan-
te e resumida como esses processos funcionam. Disponível em < http://www.youtube.com/
watch?v=GXxkX4eCZgE>

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 143


CONClUSÃO

Agora já que nós aprendemos vários conceitos e pudemos visualizar claramente os preceitos
da administração de materiais e patrimoniais, tanto privada como na área pública (nosso foco),
creio que facilmente poderemos dizer que o objetivo primordial da Administração de Materiais
é determinar a movimentação do que é necessário para a entrega de um bem, ou um serviço.
De forma geral podemos dizer que a administração de Recursos Materiais e Patrimoniais
possuem funções básicas e também auxiliares conforme quadro abaixo:

Quadro 3: Funções da ARMP

Funções básicas Funções auxiliares


Compras Planejamento e Controle de Estoques
Recebimento Contabilidade de materiais
Armazenagem Inspeção
Distribuição Embalagem
Transporte Interno
Fonte: http://www.fesppr.br

Conhecer esta área da gestão pública é indispensável para buscarmos alcançar os objetivos e
resultados esperados pelo poder público e principalmente pelo cidadão.

Uma gestão patrimonial, sendo a responsável pelos bens, terrenos, prédios, instalações
veículos e etc torna-se importante para todos no sentido de durabilidade destes bens e
par servindo a todos os usuários/cidadãos pela maior quantidade de tempo possível e de
preferência com qualidade. Este controle precisa ser feito com a máxima eficácia.

E entendendo que para as empresas a armazenagem é uma fonte de vantagem competitiva,


é fato que para o poder público essa vantagem será bastante grande tanto financeiramente
(por efetuar uma boa manutenção do que já foi comprado evitando uma recompra) como em
preocupações desnecessárias de abrir outro processo de licitação.

Segundo Batista e Maldonado (2008), a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, Lei de Licitações
e Contratos Administrativos (Brasil, 1993), conceitua “compra como toda aquisição remunerada
de bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente”. E agora já sabemos também
que é necessário que alguém responda pela aquisição dos materiais e também do patrimônio
144 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância
público para que cada vez com mais perfeição saiba-se determinar os critérios que serão
utilizados para a confecção do edital que possibilitará abrir concorrência no processo de
licitação.

E para preservação o tombamento é um ato administrativo realizado pelo Poder Público,


onde por meio de legislação poderemos manter bens de valor histórico, cultural, arquitetônico,
ambiental, afim de que não venham ser destruídos ou descaracterizados.

A administração dos materiais e do patrimônio público é uma boa maneira de se evitar gastos
desnecessários e é muito importante que todos os cidadãos estejam atentos para que não
sejam enganados, roubados e também para que tenham suas necessidades básica regidas
pela constituição sanadas.

Esperamos que este livro tenha sido útil para o seu aprendizado e que possam ser cada vez
mais competentes em suas funções de agentes públicos.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS | Educação a Distância 145


REFERêNCIAS

Apostila do Curso de Almoxarifado do Estado de São Paulo. Disponível em: <http://www.prefeitura.


sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/Apostila_Curso_Almoxarifado_1260476807.
pdf>. Acesso em 07 dez 2012.

ARNOLD, J. R. Tony. Administração de materiais: uma introdução. 1.ed. 7 reimpr. – São


Paulo: Atlas, 2008.

BATISTA, Marco Antonio Cavalcanti; MALDONADO, José Manuel Santos de Varge. O papel do
comprador no processo de compras em instituições públicas de ciência e tecnologia em saúde
(C&T/S). Rev. Adm. Pública vol.42 no.4 Rio de Janeiro July/Aug. 2008. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-76122008000400003&script=sci_arttext>. Acesso em
01 fev 2013.

BIDERMAN, Rachel; MACEDO, Laura Silvia Valente De; MONZONI, Mario; MAZON, Rubens.
guia de compras públicas sustentáveis: Uso do poder de compra do governo para a
promoção do desenvolvimento sustentável. (s/d). Disponível em: <http://www.cqgp.sp.gov.br/
gt_licitacoes/publicacoes/Guia-de-compras-publicas-sustent%C3%A1veis.pdf>. Acesso em
21 jan 2013.

BANZATO, Eduardo. Warehouse Management System WMS: Sistema de Gerenciamento de


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