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Movimentação e

Armazenagem
Autor: Prof. Jean Cavaleiro
Colaborador: Prof. Santiago Valverde
Professor conteudista: Jean Cavaleiro

Bacharel em Administração de Empresas, especialista em Gestão de Negócios e mestre em Engenharia de Produção,


é professor universitário há 10 anos em instituições como: Universidade Cruzeiro do Sul, Faculdade Unida de Suzano
e Universidade Paulista (UNIP). Na segunda instituição, da qual é professor titular, coordena as atividades práticas
de gestão; na UNIP, ministra aulas nos cursos de gestão e coordena o curso de Logística na modalidade de ensino a
distância.

Como consultor in company do Senac/SP, atua com controle financeiro, fluxo de caixa, contabilidade, contas a
pagar e, ainda, na área logística: produção, compras, estoques, transporte etc.

É diretor proprietário da Horseman Consultoria Ltda., empresa especializada em treinamento na área logística.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

C376m Cavaleiro, Jean.

Movimentação e armazenagem / Jean Cavaleiro. São Paulo:


Editora Sol, 2021.

168 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.

1. Logística. 2. Movimentação. 3. Armazenagem. I. Título.

CDU 658.78

U510.17 – 21

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor

Prof. Fábio Romeu de Carvalho


Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças

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Vice-Reitora de Unidades Universitárias

Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez


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Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez


Vice-Reitora de Graduação

Unip Interativa – EaD

Profa. Elisabete Brihy


Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didático – EaD

Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Geraldo Teixeira Jr.
Michel Kahan Apt
Sumário
Movimentação e Armazenagem
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7

Unidade I
1 LOGÍSTICA...............................................................................................................................................................9
1.1 Movimentação e armazenagem.........................................................................................................9
1.2 Conhecendo a armazenagem........................................................................................................... 11
1.3 Breve histórico........................................................................................................................................ 13
1.4 Conceitos.................................................................................................................................................. 14
1.5 Princípios da armazenagem.............................................................................................................. 16
1.6 Localização de um armazém............................................................................................................ 24
1.7 Parâmetros quantitativos na localização física........................................................................ 25
1.8 Técnicas de localização — Método do centro de gravidade................................................ 27
1.9 Parâmetros qualitativos na localização........................................................................................ 31
2 DEFINIÇÕES DE ESTRUTURA DE ARMAZÉM.......................................................................................... 32
2.1 Capacidade estática............................................................................................................................. 32

Unidade II
3 EMPILHAMENTO............................................................................................................................................... 45
3.1 Problemas de armazenagem quanto ao aproveitamento do pé‑direito........................ 46
3.2 Fator de estiva........................................................................................................................................ 49
3.2.1 Capacidade estática real....................................................................................................................... 50
3.3 Quebra de espaço.................................................................................................................................. 51
3.4 Pontos importantes na armazenagem......................................................................................... 57
3.5 As operações da armazenagem....................................................................................................... 58
3.5.1 Recebimento e descarregamento de veículo............................................................................... 58
4 PRINCIPAIS CUIDADOS NO RECEBIMENTO............................................................................................ 58
4.1 Alguns tipos de embalagens............................................................................................................. 60
4.2 Funções da embalagem na armazenagem................................................................................. 62
4.3 Tipos e sistemas de unitização......................................................................................................... 65

Unidade III
5 TIPOS DE ARMAZENAGENS.......................................................................................................................... 84
6 RISCOS DE CARGAS E MERCADORIAS..................................................................................................105
6.1 Cargas perigosas..................................................................................................................................113
Unidade IV
7 CONTÊINERES..................................................................................................................................................124
7.1 Operações com contêineres............................................................................................................126
7.2 Ovação.....................................................................................................................................................127
7.3 Custos da armazenagem..................................................................................................................128
8 MEDINDO O DESEMPENHO DO ARMAZÉM.........................................................................................144
8.1 Tecnologia da informação em armazém...................................................................................146
8.1.1 WMS – Warehouse Management System.................................................................................. 147
8.1.2 Código de barras e leitura óptica................................................................................................... 149
8.1.3 RFID............................................................................................................................................................ 150
8.1.4 Intercâmbio eletrônico de dados (EDI)......................................................................................... 150
8.2 O futuro da armazenagem..............................................................................................................151
APRESENTAÇÃO

Caro aluno,

Nas atividades logísticas, a armazenagem ocupa lugar de destaque. É uma atividade que tem
a função de alocar os itens estocados em locais adequados, em estrutura apropriada, com custos
convenientes, com garantia de seletividade e densidade que assegure competitividade.

Você vai estudar nesta disciplina meios de ampliar a competitividade por meio de operações
de serviços, buscar agilidade e presteza no atendimento ao cliente. Verá que a movimentação e a
armazenagem têm a função de melhorar o atendimento ao cliente na medida em que se conheçam
melhor as práticas de armazenagem e movimentação, apontando para as melhores técnicas de
armazenagens e para os equipamentos.

O aluno deve dominar esses conceitos, que hoje são a base do planejamento da cadeia logística.
Quando se está em busca de competição, não é suficiente apenas mexer nos produtos; os processos
operacionais são importantes ferramentas para ampliar a competitividade.

INTRODUÇÃO

Esta disciplina tem como objetivo desenvolver as seguintes competências:

• Definir os melhores sistemas de armazenagem para cada situação.

• Elaborar projetos de armazenagem e gestão de estoques.

• Realizar estudo para conhecer as evoluções sobre sistemas de armazenagens.

• Definir tipos de máquinas e equipamentos a serem utilizados na armazenagem, levando em


consideração a demanda, as normas e os regulamentos de segurança, além dos tipos de produtos.

• Escolher acertadamente sistemas de gestão de estoque.

• Avaliar o impacto dos custos da implantação de sistemas de armazenagens.

Saiba mais
Para ampliar seus conhecimentos, leia artigos destes sites:
<http://www.revistaintralogistica.com.br>.
<http://www.imam.com.br/logistica/Artigos.asp?pPage=2>.
<http://www.logweb.com.br/novo>.
<http://www.logweb.com.br/novo/upload/revista/97/logweb97site.pdf>.

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Unidade I

8
MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

Unidade I
1 LOGÍSTICA

As operações logísticas das empresas passaram por evoluções por diversas razões: desde as
necessidades de consumo até as de competição. Evoluiu‑se de um momento em que havia prática de
escambo, na Era Colonial, até se chegar à era das grandes redes de varejo. Cada um desses contextos
tem suas características.

De maneira geral, a indústria, o comércio e os serviços passaram por uma evolução para atender à
crescente demanda e aproveitar as oportunidades de negócio frente ao crescimento da concorrência.
A ideia era atender mais e melhor por um preço menor. A competição passava a estar centralizada em
como se faz e não em o que se faz. Em outras palavras, a competição estava na eficiência percebida
em produzir e entregar em um prazo e preços aceitáveis.

Hoje, podemos dizer sem medo de errar que a competição não está no produto ou serviço que uma
empresa vende, mas em como vende, pois o produto comercializado pode ser encontrado em qualquer
outra empresa. O como é feito é o diferencial.

Nesse contexto, podemos definir logística como:

[...] o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente


e eficaz o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços
e informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o
ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do cliente
(CSCMP, 2004).

Para atender a essa definição ou até mesmo podermos dizer qual é a missão da logística, é necessário
que se subdivida em algumas áreas ou funções. Uma dessas funções ou áreas é a movimentação e
armazenagem, que será mais bem detalhada a seguir.

1.1 Movimentação e armazenagem

É importante que, em cada disciplina estudada, o aluno enxergue o papel da disciplina dentro do
curso. Assim, qual é o papel da armazenagem na logística?

Vamos observar um modelo para entender:

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Unidade I

Fábrica A 8 Tons.

Fábrica B 6 Tons.

Armazén de 26 tons.
distribuição Cliente
Fábrica C 7 Tons.

Fábrica D 5 Tons. Armazén para consolidar

Figura 1

Para entender essa figura, que indica várias etapas da cadeia logística, vamos relembrar a missão
da logística:

A missão da logística é dispor a mercadoria ou o serviço certo, no lugar


certo, no tempo certo e nas condições desejadas, ao mesmo tempo em que
fornece a maior contribuição à empresa (BALOU, 2001, p. 33).

O que as empresas precisam fazer para cumprir essa missão?

As estratégias podem ser inúmeras, mas sempre buscarão o mesmo objetivo: eficiência e eficácia nas
operações; a ideia é fazer mais, melhor e mais barato.

Vejamos as possibilidades. Imagine uma empresa que tenha quatro plantas (A, B, C e D). Cada planta
produz um grupo de produtos, que são vendidos em um mesmo mercado.

Nesse cenário, uma opção seria sair da fábrica e ir direto para o cliente:

Fábrica A 8 Tons.

Fábrica B 6 Tons.

Fábrica C 7 Tons. Cliente

Fábrica D 5 Tons.

Figura 2

10
MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

Como são quatro plantas, as dificuldades começariam na expedição da fábrica, que deveria ter a
preocupação de separar e embalar os pedidos, de preparar tudo para a entrega aos clientes, isso em cada
uma das fábricas. Se os caminhões de cada fábrica saíssem ao mesmo tempo, isso causaria um acúmulo
de veículos nos clientes esperando para fazer o recebimento, além de todos os caminhões andarem um
percurso maior para fazer as entregas. A fábrica teria que se preocupar em roteirizar as entregas ou
contratar uma transportadora para que fizesse isso. Veja quantas preocupações a fábrica teria, o que
poderia prejudicar o core business da empresa, ou seja, o foco principal da empresa, por exemplo: uma
fábrica deve se preocupar com a fabricação.

Outra alternativa é o exposto na figura 1. Ali, as fábricas produzem e entregam em um armazém,


o destino é único e podem‑se transportar quantidades maiores. A operação de preparar e enviar os
pedidos fica a cargo de um armazém central, onde se faz uma consolidação, a entrega – em um único
veículo – do conteúdo das quatro fábricas; isso é consolidar.

Comparando as duas alternativas, percebe‑se que a segunda torna a operação mais ágil, mais
próxima do cliente, e, por consequência, menos onerosa (figura 1).

Tivemos aqui dois conceitos diferentes, por isso é importante fazer um adendo:

Core business: é um termo em inglês, que significa “parte central de um


negócio”. Mais especificamente, é utilizado para conceituar ou limitar o
negócio principal de uma empresa.

Consolidação: pode ser entendido como um conjunto de processos, como


analisar e agrupar pedidos com base nas características do produto, rotas de
entrega, datas requeridas e localização dos clientes, visando obter o menor
custo e o melhor serviço pelo melhor aproveitamento do transporte e pela
melhoria de atividades operacionais do armazém ou centro de distribuição
(BERTAGLIA, 2006).

Reflexão

Você percebeu como o armazém pode auxiliar na missão logística? Esta tem várias áreas e cada uma
delas possui seu papel específico para tornar a empresa mais eficiente.

Pudemos verificar a importância da disciplina; vamos agora conhecer os aspectos técnicos e


conceituais sobre armazenagem e reflexos na movimentação de materiais.

1.2 Conhecendo a armazenagem

Uma visão antiga, mas que traz uma clareza enorme sobre a importância de estocar ou armazenar
é o que está registrado em uma passagem da Bíblia, em Gênesis 41:26‑27,29‑30,34‑35,47‑49,53‑54 –
interpretação do sonho do Faraó por José:

11
Unidade I

As sete vacas formosas são sete anos, as sete espigas formosas também são
sete anos. o sonho é um só.

E as sete vacas feias à vista e magras, que subiam depois delas, são sete anos,
e as sete espigas miúdas e queimadas do vento oriental, serão sete anos de
fome.

[...]

E eis que vêm sete anos, e haverá grande fartura em toda a terra do Egito.

E depois deles levantar‑se‑ão sete anos de fome, e toda aquela fartura será
esquecida na terra do Egito, e a fome consumirá a terra.

[...] ponha governadores sobre a terra, e tome a quinta parte da terra do


Egito nos sete anos de fartura,

E ajuntem toda a comida destes bons anos, que vêm, e amontoem trigo
debaixo da mão de faraó, para mantimentos nas cidades, e o guardem.

[...]

47 E nos sete anos de fartura a terra produziu abundantemente. 

[...]

E ele ajuntou todo o mantimento dos sete anos, que houve na terra do Egito,
e guardou o mantimento nas cidades, pondo nas cidades o mantimento do
campo que estava ao redor de cada cidade.

Assim juntou José muitíssimo trigo, como a areia do mar, até que cessou de
contar [...].

[...].

Então acabaram‑se os sete anos de fartura que havia na terra do Egito..

E começaram a vir os sete anos de fome, como José tinha dito, e havia fome
em todas as terras, mas em toda a terra do Egito havia pão (BÍBLIA, s.d.).

Na época, não havia técnicas para se armazenar em espaços apropriados, tampouco as ferramentas
necessárias e os cuidados que garantissem agilidade nas operações, mas – mesmo de maneira rústica – o
objetivo foi cumprido.

12
MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

1.3 Breve histórico

Os conceitos de armazenagem estão intimamente relacionados com a história do comércio entre os


povos. A atividade de vendas requer necessariamente, em alguma etapa, a armazenagem.

Em 3000 a.C., os egípcios construíram os primeiros depósitos registrados pelos historiadores, com
o objetivo específico de armazenar o trigo excedente e também papiros. A localização do depósito era
estrategicamente escolhida: estava situado no fértil vale do Nilo. Os materiais eram carregados em
navios e utilizados como moeda de troca no Líbano, aonde os egípcios iam em busca de madeira.

Observação

Papiro: planta encontrada na margem do rio Nilo; os egípcios a


utilizavam para produzir uma espécie de papel, o papel papiro, muito
utilizado na época.

Os romanos têm papel grandioso na história. Eles estenderam seus domínios até o mar do
Norte, fundaram Londres, desenvolveram bastante a navegação e tinham dois ditos que poderíamos
chamar hoje de valores: “navegar é preciso” e “todos os caminhos levam a Roma”. A supremacia
romana não seria possível sem a prática de armazenagem e distribuição, levando riqueza para todo
o império.

Por outro lado, os vikings, piratas saqueadores que atuaram entre os séculos VI e IX, foram conhecidos
pela história somente como possuidores de grande poderio bélico e vastos conhecimentos de navegação,
mas não tinham conhecimento de armazenagem, não juntavam riqueza, saqueavam e consumiam tudo
que possuíam; eram verdadeiros predadores.

Havia praticamente o monopólio de especiarias no século XI. O império de Veneza e Gênova


converteu‑se numa potência no comércio graças aos conhecimentos de armazenagem e
comercialização.

Nos séculos XV e XVI, os escandinavos construíram entrepostos e dominaram o comércio ao longo


da Escandinávia, Holanda e Alemanha.

Observação

Entrepostos: espécie de armazém localizado estrategicamente entre


duas cidades com interesses econômicos.

Já no século XV, o poderio comercial estava com a Península Ibérica, que, na busca por fortalecer o
Império, espalhou entrepostos comerciais em diversos pontos da rota de navegação.

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Unidade I

Na segunda metade do século XVIII, a Revolução Industrial multiplicou rapidamente a geração


de riqueza. Surgiu nesse momento a visão de produzir em grande escala, a produção em massa; a
armazenagem passou a ser ainda mais relevante.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os países estavam em reconstrução, as trocas comerciais
entre os países ocorriam com frequência nunca antes vista. Assim, as técnicas de armazenagem nos
portos eram essenciais naquele momento, pois o tráfego marítimo cresceu rapidamente, impondo
modernizações e racionalização no uso das restritas áreas de armazenagem portuárias. Desde então, a
armazenagem não parou de se desenvolver.

1.4 Conceitos

A armazenagem tem o papel de administrar duas coisas importantíssimas: o espaço e o tempo. O


espaço nunca é suficiente, é sempre escasso; não podemos ampliá‑lo sempre que necessário, pois isso
implica custos. O tempo é tão escasso quanto, mas seu gerenciamento é considerado ainda mais complexo.

Exemplo de aplicação

Você concorda com a afirmação de que a tempo e espaço são escassos?

Então, como a armazenagem administra espaço e tempo?

Podemos dizer que a administração do tempo acontece em duas etapas: 1) na recepção, em que se
devem agilizar o recebimento de mercadoria, a conferência, a movimentação, o registro e a estocagem
dos itens; 2) na expedição, em que se devem localizar, separar, conferir e ajustar pedidos em tempos
mínimos e com ausência de erros. Assim, a armazenagem trará economia de tempo.

Já administrar o espaço significa alocar cada item em locais adequados, considerando giro, custo e
características dos itens. Um bom aproveitamento de espaço deve oferecer melhor aproveitamento nos
espaços tridimensionais, aproveitando‑se da melhor maneira possível os espaços existentes.

Resumindo, o que é armazenagem? É a imobilização de uma mercadoria entre dois movimentos


consecutivos.

Rodrigues (2008, p. 46) afirma que é

[...] o processo logístico responsável por gerenciar eficazmente o espaço


tridimensional de um local adequado e seguro, colocado à disposição para a
guarda de mercadorias, que serão movimentadas rápida e facilmente, com
técnicas compatíveis às suas respectivas características, de forma a preservar
a sua integridade física e entregando a quem de direito no momento que
for necessário.

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MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

Para melhor entendimento, vamos analisar essa definição:

• O que é utilizar melhor o espaço tridimensional?

Algo muito importante para a armazenagem são a seletividade e a densidade. Seletividade é a


facilidade de se ter acesso aos itens estocados, enquanto densidade significa volume versus peso estocado
no espaço. Então, ao mesmo tempo em que se deve ter facilidade de acesso aos itens, precisamos
garantir também que o espaço do armazém seja aproveitado da melhor maneira possível.

Como esticar os prédios onde os itens ficam estocados não é possível, temos que buscar estratégias
que os tornem mais eficientes. Da mesma maneira como acontece na produção, o armazém também
tem sua capacidade operacional; quando essa capacidade é alcançada, os itens são estocados uns sobre
os outros nos corredores, nas docas de embarque e áreas de espera. O resultado, como se pode prever,
se traduz em muita dificuldade e lentidão nas operações. Assim, o excesso de material em um armazém
é algo muito ruim e que interfere no fator tempo.

• O que é um local adequado e seguro?

A armazenagem, antes de ser “bonitinha”, deve ser funcional, ou seja, acontecer num local adequado.
Isso significa escolher um local que garanta fácil acesso, que na logística de materiais chamamos de
“seletividade”. Além desta, também é necessário garantir que o produto armazenado se conservará do
mesmo jeito no momento em que for consumido.

A segurança é uma preocupação constante dos operadores logísticos, e as perdas com itens
armazenados devem ser as menores possíveis. Exemplo de insegurança no armazém: local em que o
sol ou a água da chuva danifiquem os produtos, ou em que o acesso para colocar ou retirar os itens de
estoque seja difícil, proporcionando risco de queda.

• O que é movimentação rápida e fácil?

Os itens estocados devem respeitar o critério de uso, de peso, de custo etc. Nesse sentido, a classificação
ABC proporciona indicação de onde estocar cada item. Os itens de classificação A na movimentação são
aqueles de maior uso, com maior giro; logo, seu posicionamento deve ser em local próximo à porta.

Em relação ao peso, os itens mais pesados ficam na parte de baixo, minimizando os riscos e
proporcionando que os operadores andem menos no momento de localizar um item em estoque.

• E armazém, o que vem a ser?

É o local onde os materiais ou produtos são recebidos, classificados, estocados e expedidos.

Vamos simplificar os conceitos aqui apontados trazendo‑os para o seu dia a dia.

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Unidade I

Imagine um gestor do lar, uma dona de casa, alguém que tenha como função fazer as compras.
Essa pessoa faz compras para manter a despensa cheia, ela compra itens como arroz, feijão, leite, sal,
óleo, margarina, frios, legumes, açúcar etc. Na hora de ela guardar os itens, todos eles são colocados no
mesmo lugar? A resposta óbvia deveria ser “não”.

Simplificando, uma casa tem vários armazéns: geladeira, armário, prateleiras etc. Em cada um desses
lugares, o gestor do lar guardará produtos específicos. Nas empresas, ocorre a mesma coisa e com as
mesmas funções.

1.5 Princípios da armazenagem

A armazenagem tem um papel estratégico nas operações logísticas. Seu objetivo é atender a alguns
princípios básicos, como:

• Planejamento

— Para que o processo de armazenagem cumpra seu papel, é necessário avaliar previamente a
área disponível para estocagem, a fim de planejar a aquisição dos itens a armazenar. Devem‑se
verificar as efetivas condições de espaço, equipamentos, mão de obra para receber, controlar
e entregar adequadamente os produtos, respeitando todos os seus aspectos, como natureza,
peso, tamanho, características de manuseio e de segurança. Tudo deve ser programado
antecipadamente, para que as ações ocorram tranquilamente. Associando ao exemplo da casa,
a geladeira, o armário será proporcional ao consumo e ao tamanho da família que vive ali.

Esse planejamento é prejudicado quando os setores comerciais, de compras, de produção e de estoque


não se relacionam adequadamente entre si, ou seja, quando cada um planeja de acordo com suas convicções
sem se preocupar com quem está na próxima etapa. É a necessidade de integração da logística.

• Flexibilidade operacional

— Um armazém deve proporcionar a adaptação de corredores, docas, portas e equipamentos


disponíveis nos espaços de estocagem, recebimento e expedição. Tudo isso é importante para
receber com facilidade diferentes produtos que requeiram diferentes equipamentos ao mesmo
tempo. Deve‑se garantir ainda que se possa expedir e receber ao mesmo tempo.

Observação

Você pode se perguntar: é necessário receber e expedir ao mesmo


tempo? Para tal, é preciso que se tenham espaços específicos para cada
operação: um local de recebimento e outro para expedição. Isso exige
maior espaço, mais mão de obra, mas garante maior produtividade tanto
para receber como para expedir. É indicado para empresas que precisem de
maior movimentação.
16
MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

• Simplificação

— A armazenagem deve ainda proporcionar a implantação ou adaptação de arranjo físico de


uma área de armazenagem, considerando as características dos equipamentos disponíveis, a
posição das docas, portas e corredores, objetivando simplificar ao máximo o fluxo de entrada e
saída das mercadorias, de modo a conseguir a maior produtividade possível, sem criar gargalos
e minimizando os já existentes.

Essa simplificação busca criar espaços para que as empilhadeiras, paleteiras e os veículos se
movimentem sem prejudicar um ao outro. A ideia é facilitar todas as operações.

• Integração

— Em um armazém, é fundamental que as ações sejam integradas, que se saiba, por exemplo, o
que se vai receber no dia seguinte, para onde o setor de compras envia um espelho de pedidos.
Assim, é possível programar as ações de recebimento, preparar os espaços necessários para a
estocagem e reservar pessoas para a operação.

• Otimização do espaço físico

— No processo de armazenagem, otimizar o espaço físico significa aproveitar da melhor maneira


possível os espaços disponíveis e, ao mesmo tempo, proporcionar a fácil movimentação da
maior quantidade possível de mercadoria em uma mesma área de armazenagem, obviamente
respeitando‑se a capacidade volumétrica desse local.

A produtividade de uma linha de produção é mensurada pela quantidade produzida. A produtividade


de um vendedor é a quantidade vendida; a de um armazém, a de itens recebidos, estocados e expedidos.
Quanto mais vezes isso se repetir, maior será sua produtividade.

• Otimização de equipamentos e mão de obra

— Um layout estratégico e um mapa de localização bem‑definido proporcionam que os


equipamentos e as pessoas usem sua capacidade máxima, para que se faça mais com menos
desgastes. Quando se posicionam, por exemplo, os itens de maior movimentação mais próximos
da saída, as empilhadeiras se movimentam menos, gastam menos combustíveis, menos tempo
etc.

• Verticalização

— A verticalização é uma técnica muito utilizada. É uma forma de ampliar o pé‑direito. Isso
significa que a altura está sendo aumentada, ou melhor, utilizada. Isso porque é mais barato
crescer para cima do que para os lados (horizontalização, o que requer aquisições de plantas);
a verticalização, por outro lado, exige apenas equipamentos especiais.

17
Unidade I

Veja o exemplo de um equipamento que facilita a operação em uma estrutura verticalizada:

Transelevador

Figura 3

Figura 4

Esses dois modelos exemplificam bem um sistema verticalizado e as dificuldades de operação que
temos, como acesso aos itens, agilidade para movimentação, seguranças dos materiais e dos funcionários.
Esses problemas são minimizados pela utilização de equipamentos adequados, como o transelevador
ilustrado anteriormente.

18
MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

• Mecanização

— Um armazém deve levar em consideração as possibilidades de mecanização, de maneira que os


custos sejam cobertos pelo ganho nas operações.

Um bom exemplo desenvolvido pela empresa Scheffer Logística e Automação é o carregador lateral:

Carregador lateral

Figura 5

Um sistema como esse agiliza muito o processo de expedição das caixas de bebidas. Tal equipamento
foi desenvolvido para carregamento de cargas unitizadas em paletes, pela lateral do caminhão, podendo
ser carregados simultaneamente todos os paletes em uma única operação, reduzindo o tempo de carga
e descarga.

Elevador monta‑carga

Figura 6

Esse equipamento facilita a movimentação dos materiais de um pavimento para outro de maneira
rápida e segura.

19
Unidade I

Transelevador automático

Figura 7

Um equipamento como esse proporciona agilidade na seleção de itens no armazém. Para que um
item seja acessado, o operador posiciona automaticamente o equipamento, dando as coordenadas dos
itens a serem acessados de acordo com o endereçamento.

• Controle

— O processo de controle nas atividades de um gestor é o que garante a sustentabilidade da


operação. Assim, deve‑se acompanhar sistematicamente um adequado meio de registro dos
recebimentos, tempo de descarga, quantidade recebida, tempo de conferência, tempo em que
as cargas ficaram armazenadas, fazer inventário físico de mercadorias etc.

• Segurança

— A área de armazenagem deve ser protegida com sistemas que garantam a integridade física
tanto das mercadorias armazenadas quanto da mão de obra; deve proporcionar a segurança
das instalações, dos equipamentos e da saúde financeira da empresa, mantendo as equipes de
trabalho treinadas para eventuais emergências.

• Custo

— Toda essa operação deve custar o mesmo que a média de mercado. Se o gasto é maior, não se
justifica o investimento, pois isso significa que a concorrência gasta menos fazendo o mesmo
que você.

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MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

Case

Uma empresa distribuidora de brinquedos está enfrentando sérios problemas na operação de seu
depósito. A área de armazenagem não é adequada, o prédio precisa de reformas e as estruturas porta
paletes não têm nenhum tipo de identificação de endereçamento. O recebimento e a expedição estão
subdimensionados, e quase todos os dias há a necessidade de horas extras para atender aos pedidos.

A área de vendas tem reclamado constantemente porque não consegue visualizar o estoque no
momento do pedido e promete prazos de entregas que não são cumpridos, ou mesmo vende produtos
sem estoque.

Pontos importantes de estocagem para gestão de armazenagem

Todos os princípios discutidos até aqui são perceptíveis quando partimos para a prática. Enxergar
essas práticas no planejamento de layout e/ou plantas de um armazém garante a boa funcionalidade
do empreendimento. Vamos conhecer as técnicas para elaboração de layout e alguns termos técnicos
bastante utilizados.

Para a elaboração e/ou construção de um armazém, o planejamento requer que se pense em alguns
pontos, como:

• Dimensões do armazém

As dimensões do armazém são as medidas existentes em seu interior, como largura, profundidade
e altura, chamado aqui de “pé‑direito”. Essa dimensão citada indica a área interna tridimensional e a
capacidade volumétrica inicial do armazém. É importante frisar a expressão “capacidade inicial”, pois
a capacidade real de armazenagem será diferente, uma vez que temos as áreas para movimentação
de mercadorias, de equipamentos, de segurança etc. Porém, ainda que seja apenas capacidade inicial,
trata‑se de uma informação indispensável para planejar a armazenagem.

• Planta

Contém informações importantes que fazem parte do planejamento operacional do espaço. A


chamada planta baixa do prédio identifica escritórios, instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias,
pontos de iluminação e respectivas capacidades, redes de combate a incêndio etc.

• Layout operacional

A planta desenvolvida precisa agora ser estruturada de maneira que o armazém seja funcional. A
expressão “layout operacional” significa o arranjo físico de uma área de armazenagem levando em conta
a separação das pilhas, a facilidade de acesso aos volumes e o fluxo de tráfego dos equipamentos. Um
layout estratégico combinado com criação de fluxos previamente planejados traz algumas vantagens:

21
Unidade I

— Racionalização no uso da área de armazenagem: cada área é pensada para oferecer a maior
produtividade possível. Deve‑se buscar maior utilização da metragem quadrada e cúbica.

— Simplificação na movimentação de volumes: cada Stock Keeping Unit (SKU) fica estocado em
posições estratégicas de acordo com a movimentação e as características de cada SKU.

— Redução do tempo perdido dos equipamentos: cada empilhadeira ou paleteira deve ser
otimizada, pois equipamento parado significa investimento desnecessário.

— Racionalização do uso de mão de obra: busca‑se a redução do esforço e das movimentações


de pessoas. Devem‑se reduzir os gargalos e minimizar a distância de viagem e o tempo de
realização das tarefas. Necessita‑se também minimizar as vezes em que um produto é tocado,
pois, cada vez que isso acontece, os custos sobem.

— Redução das possibilidades de avarias: fazer com que tudo seja pensado de maneira a se
conseguir a menor movimentação possível; com produtos em locais adequados, a chance de
perdê‑los por avarias é menor.

Vimos as vantagens de um layout operacional e o que se deve buscar para atingi‑lo. Mas, o que
necessitamos levar em conta para definir um layout operacional?

Tendo conhecimento do tipo de produtos com os quais se vai trabalhar, os volumes previstos para
hoje e para o futuro devem definir:

• Portas de acesso – definir quantidade, medidas e localização, para facilitar o acesso, a fim de
receber e expedir os itens.

• Docas – local de embarque e desembarque de caminhões – deve‑se apontar a quantidade de


docas; se as docas de recebimento e expedição serão juntas ou separadas; pensar nos espaços
para circulação dos caminhões e evitar gargalo no encontro de veículos que estão chegando e
saindo.

• Ruas internas do armazém – deve‑se pensar na disposição e largura das ruas e definir a
largura dos corredores internos no sentido longitudinal e das travessas dos corredores no sentido
transversal. Os equipamentos utilizados interferirão diretamente nas larguras das ruas, a não ser
que se escolham equipamentos de acordo com a largura das ruas.

• Localização, medidas e capacidade volumétrica da praça – é o total da área do armazém


realmente destinada ao empilhamento de mercadorias, já que o armazém possui outras áreas que
não necessariamente estocarão mercadorias.

• Localização, medidas e capacidade volumétrica das coxias – é cada uma das zonas de
empilhamento na praça, após descontarem–os corredores e outros espaços não disponíveis;
pode‑se chamar de área útil.
22
MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

• Localização, medidas e capacidade volumétrica do xadrez – trata‑se das áreas reservadas à


guarda segura de mercadorias de alto valor agregado.

Deve‑se pensar ainda na localização, dimensão, capacidade volumétrica e nos dispositivos de


segurança das áreas destinadas à segregação de mercadorias perigosas (classes IMO de 1 a 9).

Observação

IMO significa International Maritime Organization ou, em português:


Organização Marítima Internacional.

Saiba mais

Para melhor entender o assunto, acesse o site:

<http://www.imo.org/Pages/home.aspx>

Em alguns casos, é importante pensar ainda na localização, dimensão e capacidade das áreas
destinadas à ova e desova de contêineres.

• Condições e resistência estrutural do piso – é o limite máximo de peso que um metro quadrado
do piso pode suportar sem se deteriorar, é expresso em ton/m².

Com todos esses pontos, podemos iniciar a montagem ou organização de um armazém com mais
segurança. Porém, para termos um caminho a seguir, vamos observar as etapas no projeto de um
armazém:

1. Análise da cadeia logística.

2. Análise da função básica do armazém na cadeia logística.

3. Determinação das premissas básicas da logística, como:

a. estratégia de atendimento ao cliente;

b. nível de serviço;

c. política de estoque.

4. Análise do fluxo de materiais e determinação da localização física do armazém.

23
Unidade I

5. Análise do sistema de armazenagem de materiais frente às necessidades futuras, considerando as


operações de:

a. recebimento;

b. estocagem;

c. separação de pedidos;

d. expedição.

6. Determinação dos requisitos funcionais de cada provável recurso operacional, como equipamentos
e instalações.

7. Análise preliminar de viabilidade técnica e econômica para as estimativas iniciais.

8. Pesquisa das alternativas de mercado que atendam aos requisitos funcionais e às premissas do
sistema de armazenagem.

9. Análise das alternativas disponíveis; deve‑se fazer uma análise de valor das alternativas.

10. Escolha da melhor alternativa logística para o processo logístico, para o processo de armazenagem,
levando em consideração parâmetros qualitativos e quantitativos.

1.6 Localização de um armazém

Um bom projeto de armazém torna‑se mais funcional quando respeita critérios de escolha do local.
Após definidas as premissas logísticas básicas, como visto anteriormente, vamos iniciar agora o projeto
de localização física. Devem‑se levar em consideração toda a análise da cadeia logística da empresa e
ainda a função que a armazenagem terá na cadeia.

Para se falar em análise da cadeia logística, temos que saber e entender quem são os elos participantes
do negócio: de quem você recebe material? Como o recebe? Com qual frequência recebe? Que volume
recebe? Que tipo de veículo traz as mercadorias? Que tipo de material recebe? Quanto tempo o item
precisa ficar estocado? Quantos pedidos são separados por dia? Qual o volume de expedição? Quais
recursos a expedição terá? Para quem você enviará os itens? Que volume será enviado para cada cliente?
E com que frequência? O transporte é próprio ou terceirizado? E os custos de distribuição?

Quando se fala em função da armazenagem na cadeia logística, temos de levar em consideração as


intenções de atendimento aos clientes. Se o desejo é atender, por exemplo, a todos os clientes na região
Sudeste do Brasil em um prazo de oito horas, os estoques não podem se concentrar em um armazém
central, visto que ele não terá infraestrutura de distribuição física que possibilite o atendimento ao
cliente como pretendido. Isso tudo levando em consideração que o modal a ser usado seja o rodoviário.

24
MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

Assim, como critério de escolha na localização, podemos trabalhar as pretensões da empresa ou


reformular as estratégias de armazenagem, como:

• Em vez de alcançarmos 100% dos clientes em oito horas, podemos atender a 90% deles ou
somente aos clientes de classificação A e B.

• No lugar de utilizar um armazém centralizado, podemos trabalhar de maneira descentralizada, ou


seja, ter armazéns mais próximos dos clientes.

• Podem‑se utilizar mais de um canal de distribuição e/ou variar os meios de transporte.

Assim, a localização física deve ser constantemente avaliada por meio de uma administração
logística que acompanhe parâmetros ou indicadores logísticos que apontem as variações quantitativas
e qualitativas da localização física, de maneira que se justifique o investimento feito, indicando o
momento de mudança de local ou a escolha por um local de implantação.

Observação

Como critérios de localização, podemos definir duas partes importantes:

A macrolocalização define a melhor a região geográfica, como estado e


cidade, entretanto, é importante lembrar que um estado pode ser bastante
grande, o que obriga a uma definição mais precisa.

A microlocalização avalia parâmetros mais específicos daquela região e


possibilita a melhor escolha do local, como qual bairro, distrito industrial,
enfim, qual o local específico em que o armazém deve ser feito.

Lembrete

Como dito antes, devemos levar em consideração parâmetros


quantitativos e qualitativos.

1.7 Parâmetros quantitativos na localização física

Na tomada de decisão para a localização física do armazém, é importante levar em consideração:

• custos de importação;

• impostos estaduais e municipais, que podem variar muito de um local para outro e que podem ser
decisivos na escolha;

• custos de portos;
25
Unidade I

• locação de espaço de estocagem intermediária;

• custos de transportes;

• transporte porto‑armazém;

• transporte aeroporto‑armazém;

• transporte armazém‑principais clientes;

• custos de armazenagem;

• depreciação das instalações e dos equipamentos de armazenagem;

• aluguel de armazenagem e equipamentos;

• manutenção do armazém e dos equipamentos;

• custo do capital investido;

• custo de mão de obra;

• custo de segurança;

• custo de comunicação;

• custos administrativos;

• encargos tributários;

• oscilação dos custos em função dos volumes.

Considere que esses são alguns dos parâmetros considerados em projetos de localização de armazém
e que podem variar de negócio para negócio.

Lembrete

Como são dados quantitativos, não se pode trabalhar somente no


“achômetro”, os números apontam e auxiliam nas decisões.

26
MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

1.8 Técnicas de localização — Método do centro de gravidade

É uma técnica de posicionamento que procura o ponto em que se tenha menor custo de entrega
de acordo com os volumes entregues e com posicionamento dos clientes. É importante levar em
consideração também o posicionamento dos fornecedores principais, pois isso terá impacto nos custos
totais de logística. Existe uma fórmula matemática para procurar o ponto de gravidade para vários
objetivos: localização de fábrica, localização de armazém, entre outros. Mas, resumidamente, podemos
apontar uma maneira simbólica.

Para facilitar o seu entendimento, vamos enxergar como centro de gravidade o local – ou posição
do armazém/fábrica – que resulte no menor deslocamento para atender aos clientes existentes,
considerando volumes transacionados e localização dos clientes.

Como forma de exemplificar, pode‑se visualizar uma chapa de madeira como se fosse uma área a
ser atendida. Fazem‑se pequenos buracos na localização de cada um dos clientes ou dos fornecedores.
Em cada um dos buracos, coloque um barbante com um nó na ponta e pendure pesos equivalentes aos
volumes movimentados. Assim, procura‑se o ponto no qual a madeira fique balanceada sobre a ponta de
uma vara (LOG&MAN, 2003). Essa é uma forma física de obter o posicionamento provável do armazém.

Como foi dito, há fórmulas matemáticas para tal fim. Podemos ainda fazer uso dos seguintes
procedimentos, mais técnicos, para atingir o posicionamento.

Cx 
  dix * Vi
 Vi
Na chapa de madeira apontada, essas duas coordenadas vão gerar um ponto a ser traçado, e esse
será o centro de gravidade.

Cy 
  diy * Vi
 Vi
Em que:

Cx – coordenada x no eixo horizontal do centro de gravidade.

Cy – coordenada y no eixo vertical do centro de gravidade.

dix – coordenada x – é a distância horizontal a partir do ponto zero.

diy – coordenada y – é a distância vertical a partir do ponto.

Vi – volume de bens movimentados em cada um dos pontos.

27
Unidade I

Esse método tenta responder a um grande problema: onde localizar um armazém intermediário
entre as fábricas e os distribuidores e ainda com mínimos custos de transportes envolvidos?

Vejamos um exemplo:

Pegamos o mapa da região a ser considerada, no caso, o estado de São Paulo. Determinamos
escalas de 100, de forma que toda a região seja contemplada tanto na horizontal como na
vertical.

Exemplo:

Y Legenda
800 Fábrica - São Paulo
Distribuidores
700
1 - Presidente Prudente
600 2 - Bauru
3 - São José dos Campos
4 - Franca
500

400

300

200

100

100 200 300 400 500 600 700 800 x

Figura 8

Adaptado de: base catalográfica do IBGE.

As coordenadas de Araçatuba seriam

X = 250; Y = 580

Isso seria feito para pontuação e localização de cada uma das cidades da região considerada, no
caso, São Paulo.

Assim, é possível dar a localização da fábrica e de todos os distribuidores. Vejamos:

Fábrica: posição 630‑330

28
MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

Distribuidores:

Presidente Prudente: 120‑510

Bauru: 410‑470

Franca: 590‑650

São José dos Campos: 720‑350

Para completar o raciocínio, vamos supor que a fábrica em São Paulo tenha distribuído no ano 15,5
toneladas de um produto da seguinte maneira:

• Presidente Prudente: 2,5 toneladas;

• Bauru: 5,5 toneladas;

• Franca: 3 toneladas;

• São José dos Campos: 4,5 toneladas.

Assim sendo, temos que apontar a melhor posição para o armazém, de acordo com a seguinte
fórmula:

Cx 
  dix * Vi
 Vi
Para encontrar o ponto no eixo X.

Cy 
  diy * Vi
 Vi
Para encontrar o ponto no eixo Y.

O cruzamento de X e Y será o ponto ideal para o armazém.

Primeiro, vamos calcular o eixo X. Pegamos as distâncias em X para cada um dos pontos e
multiplicamos pelos volumes transacionados pelos pontos:

29
Unidade I

Tabela 1

Dix (posição em X) Vi (volume) Dix (posição x volume)


Fábrica 630 15,5 9.765
Presidente Prudente 120 2,5 300
Bauru 410 5,5 2.255
Franca 590 3,0 1.770
São José dos Campos 720 4,5 3.240
Total 31 17.330

Para encontrar o Cx – que será o ponto no eixo X –, vamos dividir a ∑ (dix x Vi) pela ∑ Vi, vejamos:

17.300
=Cx = 559
31

Agora, vamos calcular o Y. Da mesma maneira, vamos pegar a distância em Y para cada um dos
pontos e multiplicar pelo volume transacionado em cada um dos pontos.

Tabela 2

Diy (posição em Y) (Vi – volume) Diy (posição x volume)


Fábrica 330 15,5 5.115
Presidente Prudente 510 2,5 1.275
Bauru 470 5,5 2.585
Franca 650 3,0 1.950
São José dos Campos 350 4,5 1.575
Total 31 12.500

Para encontrar o Cy – que será o ponto no eixo y –, vamos dividir a ∑ diy pela ∑ Vi: 12.500 / 31
= 403.

Cy 
 (diy * Vi)
 Vi
12.500
Cy   403
31

Então, as coordenadas indicam que a posição ideal do armazém seria 559 em X e 403 em Y.

30
MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

Y Legenda
800 Fábrica - São Paulo
Distribuidores
700
1 - Presidente Prudente
600 2 - Bauru
3 - São José dos Campos
4 - Franca
500

400

300

200

100

100 200 300 400 500 600 700 800 x

Figura 9

O ponto ideal seria no cruzamento em azul, próximo a Piracicaba.

Redes de múltiplos depósitos

Existe a tendência de se utilizar o modelo citado quando se tem apenas um depósito central, mas,
com a ajuda de um computador, é possível fazer simulações com múltiplas áreas, usando os mesmos
critérios.

1.9 Parâmetros qualitativos na localização

Além dos critérios matemáticos utilizados até aqui, os aspectos qualitativos são essenciais. Eles são
decisões que cada empresa toma de acordo com suas convicções, são pontos que dariam uma vantagem
competitiva em relação ao mercado:

• nível de serviço – porcentagem de serviços atendidos é um parâmetro de qualidade na prestação


de serviços;

• tempo de desembaraço;

• tempo de incorporação dos itens ao estoque – referente a tempo de recebimento – conferência e


estocagem;

• tempo de atendimento;

• proximidade dos grandes clientes;


31
Unidade I

• facilidade de acesso;

• frequência de navios;

• riscos de greves (portos e aeroportos);

• disponibilidade de transportadoras;

• facilidade de despachantes;

• leis de zoneamento;

• congestionamento de trânsito na região;

• proximidades dos fornecedores;

• capacitação do pessoal da região.

Esses são apenas alguns parâmetros qualitativos, não se referem a custos nem a investimentos,
mas são tão importantes que muitas empresas decidem o posicionamento dos armazéns considerando
apenas esses parâmetros, pois afetam a imagem da empresa, a velocidade de atendimento, a qualidade
de vida e a motivação no trabalho.

2 DEFINIÇÕES DE ESTRUTURA DE ARMAZÉM

2.1 Capacidade estática

Na implantação ou ampliação de um armazém, é preciso que a capacidade de operação fique bem


definida. Uma das capacidades necessárias é a estática.

Capacidade estática é o limite máximo nominal de carga que uma área pode receber simultaneamente,
sendo expressa em toneladas. Ela pode ser calculada de maneira hipotética, multiplicando a área do piso
pela resistência estrutural. Vejamos:

Um armazém foi estruturado de forma que a resistência estrutural do piso fosse de 10,0 t/m². Ele
possui as seguintes dimensões:

40 m
120 m

Figura 10

32
MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

Área total do piso: 120 m x 40 m = 4.800 m²

Resistência estrutural do piso: 10,0 t/m²

Capacidade estática = 4.800 m² x 10,0 t/m² = 48.000 tons

Esse cálculo é apenas um parâmetro inicial, pois na prática há outros fatores que influenciarão na
capacidade de armazenagem. Perceba que o ponto de partida para o cálculo da capacidade estática são
as dimensões da área de armazenagem, mas fatores como características de movimentação, dimensões,
relação volume/peso, altura máxima de empilhamento e necessidade de separação entre os lotes vão
influenciar diretamente no cálculo da capacidade de estocagem.

Vejamos uma situação: imagine mil toneladas de uma mercadoria de baixa densidade, ou seja, grande
volume e baixo peso; isso pode lotar completamente um armazém. Se for uma mercadoria com elevada
densidade, o local poderá receber dez mil toneladas, mas que ocupe o mesmo espaço que mil toneladas.

Encontrar a capacidade estática de uma área de armazenagem depende basicamente de três fatores:

• praça útil ou área útil;

• altura de empilhamento;

• fator de estiva.

Praça útil

Chamamos de praça útil de armazenagem o conjunto total de espaços realmente destinados à


armazenagem e não a área total de pisos (RODRIGUES, 2008). Em busca da área que efetivamente estará
disponível para armazenagem, devemos deduzir da área total do piso todos os espaços não utilizáveis, como
corredores, pilastras e colunas, escritórios, banheiros, refeitórios, espaços de segurança ao redor das pilhas etc.

Devemos ainda levar em consideração as ações operacionais da empresa: alguns armazéns ou pátios
podem ter áreas reservadas para pesagem, conferência, separação e reembalagem. Essas áreas são
consideradas como áreas não utilizáveis.

Vejamos o exemplo de um armazém estruturado de forma que apresentasse as seguintes dimensões:

40 m
120 m

Figura 11

33
Unidade I

Área do piso: 120 m x 40 m = 4.800 m²

Para iniciar o cálculo, devemos levar em consideração também os fatores legais, tais como:

Norma Regulamentadora n° 11 do Ministério do Trabalho: transporte,


armazenagem e manuseio de materiais:

11.3 Armazenamento de materiais.

11.3.1 O peso do material armazenado não poderá exceder a capacidade de


carga calculada para o piso.

11.3.2 O material armazenado deverá ser disposto de forma a evitar a


obstrução de portas, equipamentos contra incêndio, saídas de emergências
etc.

11.3.3 Material empilhado deverá ficar afastado das estruturas


laterais do prédio a uma distância de pelo menos 0,50m (cinquenta
centímetros).

11.3.4 A disposição da carga não deverá dificultar o trânsito, a iluminação e


o acesso às saídas de emergência.

11.3.5 O armazenamento deverá obedecer aos requisitos de segurança


especiais a cada tipo de material (BRASIL, 1978, grifo meu)

Assim, a exigência é de no mínimo 50 cm, mas, para melhorar as ações operacionais, como espaço
necessário para as pessoas circularem em torno das pilhas para vistoriá‑las e eventualmente para
solucionar algum problema, vamos considerar os espaços para tais atividades de 1 m de largura ao
redor do perímetro do armazém.

38 m
118 m

Figura 12

A nova área seria de: 118 m X 38 m = 4.484 m²

Antes, a área era de 4.800 m² – redução de 316 m².

34
MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

Agora, já descontada a área em torno do armazém, vamos supor a necessidade de um corredor


longitudinal com 8 m de largura.
Coredor de
8 por 118

15 m
Corredor
de um 118 m 8m
metro ao corredor 38 m
redor do
armazém 118 m 15 m

Figura 13

Qual é a área disponível agora?

Vamos calcular a área do corredor. Perceba que será uma área não armazenável. Abateremos da área
anterior e ainda vamos abater todas as áreas não estocáveis.

Área do corredor longitudinal: 118 m x 8 m = 944 m².

Agora, vamos supor que sejam necessários três corredores transversais de 6 m de largura cada.
Coredor de Três corredores
8 por 118 de 6 metros de
largura

15 m
Corredor
de um 118 m 8m
metro ao corredor 38 m
redor do
armazém 118 m 15 m

Figura 14

Qual foi a área perdida agora com os três corredores?

38 m x 6,0 m = 228 m² em cada corredor; como temos 3 corredores: 3 x 228 = 684 m².

Entretanto, note que temos a intersecção dos corredores que já foram contabilizados, então, não
podemos abater a mesma área duas vezes. Vamos abater essa área.

35
Unidade I

A intersecção tem dimensões de 8 m por 6 m = 48 m² em cada corredor, como temos 3 corredores:


3 x 48 = 144 m².

Assim, o valor correto a bater seria de 684 m² – 144² = 540 m².

Agora, vamos considerar que as instalações destinadas a escritórios, banheiros e outras funções
administrativas ocupem uma área de 12 m x 6 m. Como ficaria a área a ser abatida?
Coredor de Três corredores
8 por 118 de 6 metros de
largura

15 m
Corredor
de um 118 m 8m
metro ao corredor 38 m
redor do
armazém 118 m 15 m

Escritório
Área 12 x 6

Figura 15

Área do escritório: 12 m x 6 m = 72 m².

Assim, qual é a área útil?

Temos então 316 m dos corredores laterais + 944 m do corredor longitudinal + 540 m dos corredores
transversais + 72 m das áreas administrativas = 1.872 m² a serem abatidos do armazém de 4.800 m².

Área útil: 4.800 – 1.872 = 2.928 m².

Em uma análise percentual, a área aproveitada corresponde a 61% da área total.

(2.928 / 4.800) X 100 = 61%

O mercado considera ideal uma utilização superior a 70%, o que aponta para a necessidade de
ajustes, pois a operação deve ser eficiente e rentável para a empresa como um todo.

Para esses ajustes, é necessário considerar os equipamentos utilizados, pois não se pode reduzir a
largura dos corredores se as empilhadeiras não conseguirem trafegar por eles. Entretanto, seria uma
possibilidade reduzir o corredor longitudinal de 8 m para 6 m, e os corredores transversais de 6 m para
4 m. Qual seria a área a ser acrescida na área já calculada?

36
MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

A área recuperada contará com redução do corredor longitudinal de 8 m de largura para 6 m.

118 m de comprimento X 2 m, que é a área reduzida: 236 m² recuperados.

Área recuperada com os corredores transversais: 38 m (largura do armazém) x 2 m (área reduzida em


cada corredor): 76 m² x 3, que é a quantidade de corredores, é igual a 228 m² recuperados.

A intersecção seria de 2 m (área recuperada) x 6 m (largura do corredor longitudinal), sendo igual a


12 m² por corredor, que, x 3, é igual a 36.

Então, o total da área recuperada seria: 236 + 228 – 36 = 428 m².

Assim, ao acrescentarmos esse valor recuperado (428) à área útil anterior, que era de 2.928, teríamos
3.356. A porcentagem de uso seria:

3.356/4.800 = 69,91% de uso, arredondando, 70%.

Saiba mais

Para ampliar os conhecimentos sobre armazenagem, leia o trabalho


publicado neste site:

<http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2006_TR450303_8218.
pdf>

Exemplo de aplicação

1) O que causa a falta de identificação ou endereçamento no armazém de uma empresa? (Case na


página 17)

2) As atividades de recebimento e expedição estão subdimensionados. O que isso quer dizer? Por que
se precisa de horas extras? (Case na página 17)

3) Quais as sugestões para minimizar esses problemas?

4) Uma empresa que diminui a largura dos corredores e a quantidade destes no armazém trará quais
impactos a esse local?

5) Um estoque que atue com itens de elevada densidade consome mais ou menos espaço? Justifique.

6) Como a boa gestão de um armazém pode proporcionar maior competitividade para a empresa?

37
Unidade I

Observação

É importante que você responda com suas palavras para depois comparar com o padrão esperado.

Respostas

1) Um armazém sem identificação ou endereçamento faz com que ninguém saiba onde está cada
item; para separar um pedido, será perdido grande tempo na localização deles. Isso criará dificuldades
para armazenar novos itens, pois não há definição prévia; assim, é possível que se tenha o mesmo item
estocado em mais de um lugar, o que faz com se leve mais tempo que o necessário para a reposição,
a separação de pedidos ou o deslocamento dos itens para linha de produção. Dessa forma, o giro de
estoque será prejudicado, o tempo de estocagem vai ser maior, elevando os custos, criando atrasos em
entregas, entre outros problemas.

2) Quer dizer que a capacidade de recebimento e de expedição diária não é conhecida, não se sabe
quanto se pode fazer por dia; assim, há tanto recebimento quanto expedição em excesso, não havendo
condições de cumprir com as obrigações no horário de expediente normal de trabalho. As horas extras
completam as operações, porém ampliam os custos. Isso é causado pela falta de planejamento e
integração entre os setores da empresa.

3) Deve‑se fazer um planejamento da área a fim de adequar o espaço aos itens e volumes recebidos.
Quando se recebem produtos acima da capacidade de estocagem e da capacidade de operar, pode‑se
trabalhar com a integração, buscando alinhar as ações de todas as áreas envolvidas, como compras,
vendas etc. A otimização do espaço físico também é outra medida importante, o que implica a criação
de espaços para cada item estocado e de endereçamento e identificação dos itens. Um processo de
verticalização poderia ampliar a capacidade de estocagem. As operações de controle de recebimento e
expedição, emitindo relatórios diários das ocorrências, poderiam trazer maior visibilidade aos problemas.
A automação também seria outra solução importante, pois a tecnologia auxilia muito nas ações de um
armazém.

4) Aumentará a capacidade de armazenagem, a ocupação será maior, mas pode interferir na


seletividade e rapidez de movimentação.

5) Consome menos espaço, pois seriam itens mais pesados e menos volumosos.

6. Reduzindo o tempo de espera de um cliente, cometendo menos erros, reduzindo os custos.


Agilidade no atendimento ao cliente e retidão é o que vai diferenciar uma empresa da outra.

38
MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

Complemento de estudo

Receita Federal

Créditos de PIS e Cofins sobre frete

Decisão relatada pelo ministro Herman Benjamin, da 2ª Turma do Superior Tribunal de


Justiça (STJ), [...] vedou aos contribuintes o direito aos créditos do PIS e da Cofins na base
de cálculo dessas contribuições relativos a despesas com fretes na transferência entre filiais
(Resp 1.147.902). A medida causou enorme insegurança às empresas que fazem uso desses
créditos.

O referido acórdão tomou como base o objeto social da recorrente que, no caso,
tratava‑se da operação de transferência entre filiais de empresa dedicada à comercialização
de produtos e mercadorias. Aliás, hipótese essa que não possui qualquer previsão legal para
permitir a dedução.

Essa jurisprudência consolida diversas decisões manifestadas pelo Conselho


Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que tem declarado a inexistência de direito ao
creditamento na apuração da base de cálculo das contribuições, alegando que esse gasto
não corresponde a serviços utilizados como insumo na produção ou fabricação de bens ou
produtos destinados à venda.

O cerne da questão jurídica gira em torno do conceito de insumo que, em uma definição
simplificada, é aquilo que compõe o processo de industrialização (input), em contraposição
ao produto (output), que é o que sai ao fim.

Assim, os fretes decorrentes da transferência entre filiais de insumos necessários para


produção de bens ou produtos destinados à venda poderão ser descontados da base de
cálculo do PIS e da Cofins, pois compõem o custo de fabricação e industrialização das
empresas.

Como exemplo, ilustramos operações comuns nas empresas, em que os gastos de fretes
permitem o uso do crédito para atender à característica da não cumulatividade dessas
contribuições, é o caso de uma filial fabricante de tecido que o transfere para outra com o
objetivo de tingi‑lo, ou quando uma filial exploradora de minerais transfere o mineral bruto
extraído para ser tratado na indústria normalmente distante – filiais que industrializam os
produtos que serão vendidos –, nos termos do artigo 3º, inciso II, da Lei nº 10.833, de 2003.

Além do frete correspondente às transferências de insumos necessários à produção,


há também o frete correspondente à transferência da fábrica produtora para sua filial
armazenadora, geralmente centro de distribuição ou similar, para os produtos ficarem mais
próximos do mercado consumidor. Em realidade, essas situações conferem direito ao crédito
de PIS e Cofins pelos motivos que explicaremos em seguida.
39
Unidade I

Nesses casos de transferências para filiais armazenadoras, na verdade trata‑se de


despesa na venda de produto já produzido, portanto, um ciclo imediato de comercialização
superveniente à produção do bem demandado por motivos logísticos, prático e de tempo,
entre o trecho da fábrica ao estabelecimento do cliente comprador.

Essas despesas são mero adiantamento do frete cobrado entre a unidade fabril até seu
cliente final e, portanto, são gastos com vendas que não se identificam com o processo de
transformação ou produção dos bens e produtos, mas sim estão relacionadas aos valores
gastos com a estrutura comercial da empresa.

Ademais, salientamos que, no voto do relator, ministro Herman Benjamin, ele sinalizou
afirmativamente para o direito ao crédito quando mencionou equiparação às despesas de
frete em operações de venda.

Contabilmente, registre‑se que a despesa de frete (venda) não é sinônimo de custo ou


de insumo e não é relacionada ao processo produtivo dos bens ou serviços, mas sim com a
manutenção das atividades comerciais da empresa sendo, portanto, nesse caso, aplicado o
inciso IX do artigo 3º da Lei nº 10.833.

Partindo dessa premissa, a despesa de frete na venda pode ocorrer de diferentes formas,
que variam consoante a estratégia de vendas adotada pela empresa.

Pode ocorrer de forma direta quando, por exemplo, um fornecedor de São Paulo vende
para um cliente na Bahia. Esse frete corresponde à despesa de venda e compõe os créditos
abatidos ou descontados da base de cálculo do PIS/Cofins não cumulativos, com fundamento
no inciso IX do artigo 3º da Lei nº 10.833. Isso ocorre porque o frete compõe o preço de
venda do produto e é um gasto necessário para a obtenção de faturamento.

Por outro lado, advém a forma indireta quando o mesmo fornecedor de São Paulo vende por
meio da operação de consignação ao cliente na Bahia e, com vistas a facilitar seu fornecimento,
constitui uma filial no estabelecimento desse cliente – essa situação é comum, ocorrendo
quando o cliente busca ter o menor estoque possível e/ou em circunstâncias just‑in‑time.
Assim, o produto sai do fornecedor de São Paulo, via transferência (ocorre o frete), e, a partir
da necessidade de produção e/ou comercialização do cliente, há o faturamento do produto.

Outro exemplo ocorre quando o fornecedor de São Paulo transfere o produto para
armazenagem na Bahia para habilitar a entrega do produto a ser vendido naquele estado
com maior rapidez.

De todas essas formas, o frete é ônus suportado pelo vendedor, que comporá o preço de
venda ao cliente e, por esse motivo, será base de cálculo do PIS e da Cofins.

Qual é a diferença entre os processos? Nenhuma, pois a consequência comercial é


rigorosamente a mesma. Sob o aspecto temporal, no entanto, essa venda tornou‑se efetiva
40
MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

em duas fases como melhor estratégia de logística (indireta), enquanto aquela se realizou
numa única fase (direta), usufruído de direito ao crédito com base no inciso IX do artigo 3º
da Lei nº 10.833.

Concluímos, considerando as circunstâncias anteriormente elencadas, que a despesa


de frete nas transferências de insumos entre diferentes unidades fabris é também
um componente “insumo” – crédito nos termos do artigo 3º, inciso II, da Lei nº 10.833.
Outra conclusão é que a despesa do frete nas transferências de produtos para centros de
distribuição, depósito ou armazém é despesa de vendas, pois a operação é realizada com esse
propósito e o ônus é suportado pelo vendedor, permitindo, então, o direito ao creditamento
de tal despesa com o frete conforme previsão no inciso IX do artigo 3º da Lei nº 10.833.

Fonte: Valor Econômico, 2010.

Resumo

Os conceitos de movimentação e armazenagem são a direção para


atingir a missão logística, que é dispor a mercadoria certa no local certo
e do jeito certo. Vê‑se, assim, a importância de um armazém na cadeia
logística.

A evolução da armazenagem deve ser acompanhada pelo profissional


de logística; devem‑se conhecer os princípios da armazenagem e os
equipamentos que agilizem as operações.

Pontos importantes:

• dimensões da armazenagem;

• plantas de armazéns;

• layout operacional;

• localização de um armazém;

• parâmetros na localização;

• técnicas de localização;

• capacidade estática.

A capacidade de estocagem determina o nível de agilidade que se terá


nas ações logísticas, os estudos das capacidades possibilitam planejar as
ações de integração logística.

41
Unidade I

Exercícios

Questão 1. Uma empresa de manufatura está avaliando uma proposta de parceria para expandir-
se no mercado internacional. Na avaliação da proposta, o engenheiro de produção da empresa ficou
responsável pela análise da nova cadeia de suprimento (supply chain) que se formaria.

Tendo a situação hipotética acima como referência, é correto o engenheiro de produção afirmar que:

A) Produtos semiacabados vindos de outras unidades de fabricação própria fazem parte dos fluxos
diretos de logística.
B) A importância dos fluxos reversos para a reciclagem de produtos é irrelevante no mercado
internacional de produtos manufaturados.
C) Uma característica básica a ser respeitada é a exigência de que os membros de cadeias de suprimento
internacional tenham suas atividades gerenciadas como se fossem entidades separadas.
D) A contratação de um operador logístico (third party logistics) com base em ativos é livre de riscos
para o empreendimento.
E) O modal dutoviário de transporte é o mais indicado para a distribuição dos produtos aos clientes,
pois se trata de um empreendimento de manufatura.

Resposta correta: alternativa A.

Análise das alternativas

A) Alternativa correta.

Justificativa: em um processo de produção tradicional, matérias-primas são transformadas


gradativamente em produtos por um ou mais segmentos industriais ao longo de uma cadeia de empresas.
O produto assim obtido chega aos consumidores finais pelos canais de distribuição. Esse caminho é
denominado fluxo direto ou tradicional de produtos. Produtos semiacabados, vindos de outras unidades
de fabricação própria, fazem parte deste fluxo direto de logística, pois também participam dessa cadeia.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: a importância dos fluxos reversos para a reciclagem de produtos é relevante no mercado
internacional de produtos manufaturados.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: a visão logística mais apurada exige a união de fabricantes, atacadistas e varejistas
para promover a competitividade da cadeia de suprimentos. A integração das atividades entre eles
42
MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

viabiliza a coordenação dos fluxos correspondentes às comunicações e às necessidades materiais para


todos (CHAVES, 2008).

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: em relação aos ativos, os prestadores de serviços logísticos dividem-se entre os


que detêm os ativos e os que não os detêm. Os primeiros têm ou operam ativos de transporte ou de
armazenagem e os segundos subcontratam os ativos e a sua operação com terceiros.

Segundo Brasiliano (2008), disponibilizar o produto certo, na hora certa e no local desejado, conforme
os requisitos do cliente, são fatores que indicam a capacidade logística da empresa.

Em função dos riscos existentes no transporte de cargas, para garantir a capacidade logística
da empresa dentro de um adequado controle de prevenção de danos, existe a necessidade de um
gerenciamento de riscos que impeça ou minimize as perdas que o empreendimento possa sofrer no
aspecto logístico se as suas cargas forem sinistradas.

A contratação de terceiros não está livre de riscos, pois a empresa terceirizada também está
sujeita aos riscos inerentes ao transporte de cargas. Ela também deve possuir um gerenciamento
de riscos.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: a forma de transporte denominada dutoviário é apropriada para o transporte de


produtos líquidos, gasosos ou pastosos, quase que sem interrupções, para clientes que utilizam
tais produtos em grande escala. É um empreendimento do negócio, e não exclusivamente da
manufatura.

Questão 2. Você é consultor e estuda o mercado de esmagamento de soja no Brasil. Os produtos


comercializados nesse mercado são farelo de soja e óleo vegetal. As plantações de soja estão espalhadas
por todo o interior do país. A margem de lucro dos produtos é muito pequena e a logística é um custo
significativo da operação. O transporte é feito via modal rodoviário e o volume de soja colhida é muito
superior ao volume somado de farelo e óleo.

Para ter um desempenho sustentável em longo prazo, é necessário que as empresas tenham:

I − grande volume de esmagamento;

II − proximidade de centros de plantação de soja;

III − frota de transporte próprio;

IV − localização perto de uma grande capital metropolitana.

43
Unidade I

Estão corretas somente as afirmativas:

A) Afirmativas I e III.

B) Afirmativas II e III.

C) Afirmativas I e II.

D) Afirmativas III e IV.

E) Afirmativas I e IV.

Resolução desta questão na plataforma.

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