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Professora Me.

Bianca Burdini Mazzei


Professora Dra. Anny Rosi Mannigel
Professora Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett

RESPONSABILIDADE SOCIAL E
SUSTENTABILIDADE

PÓS-GRADUAÇÃO

NÚCLEO-COMUM

GESTÃO

MARINGÁ-PR
2012
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva


Coordenação Pedagógica: Gislene Miotto Catolino Raymundo
Coordenação de Marketing: Bruno Jorge
Coordenação Comercial: Helder Machado
Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha
Coordenação de Curso: Silvio Silvestre Barczsz
Supervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa Moura
Capa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Luiz Fernando Rokubuiti e Thayla Daiany Guimarães Cripaldi
Supervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo
Revisão Textual e Normas: Cristiane de Oliveira Alves, Gabriela Fonseca Tofanelo, Janaína Bicudo Kikuchi, Jaquelina Kutsunugi e Maria Fernanda
Canova Vasconcelos

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR



CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação
a distância:
C397 Responsabilidade social e sustentabilidade / Bianca Burdini
Mazzei, Anny Rosi Mannigel, Mirian Aparecida Micarelli Struett -
Maringá - PR, 2012.
100 p.

“Pós-Graduação Núcleo Comum Gestão - EaD”.




1. Responsabilidade social. 2. Tecnologia ambiental. 3.Ba-
lanço ambiental. 4.EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 658.408


CIP - NBR 12899 - AACR/2

“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM e SHUTTERSTOCK.COM”.

Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
SUSTENTABILIDADE
Professora Me. Bianca Burdini Mazzei
Professora Dra. Anny Rosi Mannigel
Professora Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett
4 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância
APRESENTAÇÃO DO REITOR

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por
tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de
problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará
grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso de democratizar
o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento,
formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e
solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas institucionais
e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência
social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração
com a sociedade.
Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referência regional
e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos
ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão
acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com
o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos,
incentivando a educação continuada.
Professor Wilson de Matos Silva
Reitor

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 5


Caro aluno, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou
a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 25). Tenho a certeza de que no Núcleo de Educação a Distância
do Cesumar, você terá à sua disposição todas as condições para se fazer um competente profissional e,
assim, colaborar efetivamente para o desenvolvimento da realidade social em que está inserido.

Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o seu processo
de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação, determinadas pelo
Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas necessidades, dispomos de uma
equipe de profissionais multidisciplinares para que, independente da distância geográfica que você esteja,
possamos interagir e, assim, fazer-se presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.

Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente, você
construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada especialmente no
ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do material produzido em
linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de estudo, enfim, um mundo de
linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para a sua aprendizagem. Assim sendo, todas
as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu processo de formação, têm por intuito possibilitar o
desenvolvimento de novas competências necessárias para que você se aproprie do conhecimento de
forma colaborativa.

Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os textos, fazer
anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos fóruns, ver as indicações
de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados, pois tais atividades lhe possibilitarão
organizar o seu processo educativo e, assim, superar os desafios na construção de conhecimentos.
Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe estendo o convite para que caminhe conosco na
Comunidade do Conhecimento e vivencie a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de
aprendizagem e membro de uma comunidade mais universal e igualitária.

Um grande abraço e ótimos momentos de construção de aprendizagem!

Professora Gislene Miotto Catolino Raymundo


Coordenadora Pedagógica do NEAD- CESUMAR

6 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


APRESENTAÇÃO

Livro: RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE


Professora Me. Bianca Burdini Mazzei

Professora Dra. Anny Rosi Mannigel

Professora Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett

Caro acadêmico, é com muito prazer que apresentamos a você o livro que fará parte da disciplina
Responsabilidade Social e Sustentabilidade. Somos as professoras Bianca Burdini Mazzei, Anny Rosi
Mannigel e Mirian Aparecida Micarelli Struett, e o preparamos com empenho e carinho para que você
adquira conhecimentos sobre a Sustentabilidade e suas dimensões social, ambiental e econômica.

Sou a professora Bianca Burdini Mazzei, sou graduada e mestre em Administração, professora e
pesquisadora da área social e confesso que sou apaixonada pelo tema e muito interessada em contribuir
para a efetivação das práticas sociais das organizações.

Sou a professora Anny Rosi Mannigel e participei com muito empenho da elaboração deste material, que
apresenta um tema que eu considero apaixonante. Leciono a disciplina de Conservação de Recursos
Naturais na graduação e desenvolvo pesquisa na área de fertilidade de solos, com o intuito de uso mais
racional de fertilizantes. Essas duas atividades me fazem crer que eu esteja contribuindo na caminhada
em busca da Sustentabilidade.

Sou a professora Mirian Aparecida Micarelli Struett, minha formação é em administração, tanto na
graduação como no mestrado. Sou gestora pública, professora e pesquisadora da dimensão econômica
da sustentabilidade, e por isso acredito poder contribuir mais uma vez para a discussão sobre esse
importante tema.

Nosso objetivo ao escrever este livro não foi apresentar um modelo pronto de Sustentabilidade, até porque
estando no campo das ciências sociais aplicadas, não existe uma certeza matemática que nos permita
emitir receitas de sucesso. O que pretendemos aqui é discutir o real papel das organizações na sociedade
e a partir disso, sua conscientização sobre uma atuação em prol do desenvolvimento sustentável, como
atualmente tem sido valorizado por todos os grupos interessados na organização, desde consumidores,
fornecedores, parceiros e organizações públicas (stakeholders).

Para tanto, será necessário também muito empenho de sua parte para a realização desse intenso trabalho.
No decorrer de suas leituras, procure interagir com os textos, fazer anotações, responder às atividades
de autoestudo, anotar suas dúvidas, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os
assuntos tratados, pois com certeza não será possível esgotá-lo em apenas um livro.

Para nortear nosso trabalho, utilizamos o modelo Triple Botton Line que considera a Sustentabilidade
como um conjunto de três dimensões essenciais: social, ambiental e econômica. Dessa forma, nosso livro

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 7


foi organizado da seguinte forma: na primeira unidade discutimos a dimensão social e a responsabilidade
social, na segunda unidade discutimos a dimensão ambiental e por fim, na terceira unidade foi discutida a
dimensão econômica da sustentabilidade.

Na unidade I, fazemos uma contextualização da dimensão social empresarial, desde sua compreensão
inicial como filantropia, até seu contexto atual de integração de valores como responsabilidade social, no
qual se baseia:
• na orientação de suas ações sobre os valores éticos de respeito e construção do bem comum, incluin-
do os demais integrantes da vida em sociedade;
• na comprovação do seu comprometimento social por meio da divulgação de suas ações, implicando
em uma transparência para com a sociedade;
• e por fim, na busca pela promoção do desenvolvimento sustentável utilizando os recursos atualmente
disponíveis de maneira a preservá-los para as próximas gerações.

Assim, é possível compreender a atual concepção de responsabilidade social, que implica muito mais do
que em meras ações sociais, mas em uma direção organizacional pautada para esses valores.

A fim de apoiar a operacionalização da responsabilidade social apresentamos também os instrumentos


de gestão social recomendados pelo Instituto Ethos (Indicadores Sociais), pelo GRI – Global Reporting
Initiative (Relatório de Sustentabilidade), e pelo IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas (Balanço Social).

Na unidade II, a sustentabilidade é discutida sob sua dimensão ambiental, e para isso resgatou o conceito
elaborado na década de 80, que foi fundamental para que os governos e a sociedade de maneira geral
começassem um processo reflexivo sobre o uso do meio ambiente, transformando-o no modelo de
desenvolvimento sustentável que atualmente tem sido reconhecido como o grande alvo para a humanidade.

Nessa unidade, destaca-se ainda que, na dimensão ambiental, vários progressos ocorreram em
decorrência da aplicação por parte de governos das decisões tomadas nos vários eventos internacionais
promovidos pela ONU, mas também por conta de grandes acidentes ambientais que aumentaram a
pressão da opinião pública. A criação do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente),
que almeja gerenciar as atividades de proteção ambiental, é certamente um grande passo nesse caminho,
cuja trajetória histórica é apresentada. Além disso, tratou-se também da questão de Políticas Ambientais
desenvolvidas em nosso país, juntamente com os instrumentos de Gestão Ambiental, por meio de alguns
indicadores de desempenho ambiental.

Na terceira unidade a discussão é sobre a dimensão econômica da sustentabilidade, pois sem a busca pelo
econômico organização alguma consegue sobreviver no atual mercado, uma vez que até as organizações
sem fins lucrativos precisam do econômico para sobreviver e alcançar seus fins sociais. No entanto, a
busca pelo econômico deve aparecer indissociável às dimensões sociais e ambientais da organização.
Para isso, a análise segue no sentido de que a busca pelo econômico também interfere no ambiente
organizacional e suas práticas precisam ser responsáveis.

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Também buscando a compreensão das possibilidades da dimensão econômica da sustentabilidade,
são apresentadas as ferramentas econômicas mais utilizadas como: o Balanço Social e indicadores
do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), os indicadores de terceira geração
do Instituto Ethos, os indicadores de sustentabilidade utilizados pelas Empresas filiadas ao Conselho
Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), o protocolo e diretrizes dos indicadores
do Global Reporting Iniatiave (GRI), os indicadores de sustentabilidade Dow Jones (DJSI) e os Indicadores
de Sustentabilidade Empresarial (ISE) utilizados pela Bolsa de Mercadorias e Futuro e Bolsa de Valores
de São Paulo (BM&FBOVESPA).

Dessa forma, buscamos mostrar a inter-relação social, ambiental e econômica necessários para a
sustentabilidade, bem como os principais instrumentos para sua operacionalização empresarial.

Esperamos, assim contribuir para possibilitar a transformação das expectativas, que ainda atuam mais
no campo do discurso, em práticas empresariais sustentáveis e como estas têm avançado nesse sentido.

Bom estudo a todos.

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10 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância
UNIDADE I

RESPONSABILIDADE SOCIAL – A DIMENSÃO SOCIAL

AS ORGANIZAÇÕES E A SOCIEDADE 15

CONTEXTO SOCIOECONÔMICO 16

RESPONSABILIDADE SOCIAL E A SUSTENTABILIDADE 18

ASPECTOS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL 20

A RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO 24

REFLEXÕES SOBRE A RESPONSABILIDADE SOCIAL E A GESTÃO SOCIAL 32

UNIDADE II

A DIMENSÃO AMBIENTAL E A SUSTENTABILIDADE

TRAJETÓRIA HISTÓRICA DE REUNIÕES AMBIENTAIS 41

SUSTENTABILIDADE E SOCIEDADE DE RISCO 47

TECNOLOGIA AMBIENTALMENTE SAUDÁVEL 48

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE 51

BALANÇO AMBIENTAL 57

NOÇÕES GERAIS SOBRE POLÍTICAS E LEGISLAÇÕES AMBIENTAIS 58

POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 61

POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS (Lei nº 9.433/97) 62

UNIDADE III

A DIMENSÃO ECONÔMICA E A SUSTENTABILIDADE

CARACTERÍSTICAS DA DIMENSÃO ECONÔMICA E SUA RELAÇÃO COM OUTRAS DIMENSÕES DA


SUSTENTABILIDADE  69

GESTÃO EMPRESARIAL E ORGANIZACIONAL 74

MODELOS DOS PRINCIPAIS INDICADORES ECONÔMICOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL E


SUSTENTABILIDADE 81

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 11


CONCLUSÃO 94

REFERÊNCIAS 97

12 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


UNIDADE I

RESPONSABILIDADE SOCIAL – A DIMENSÃO SOCIAL


Professora Me. Bianca Burdini Mazzei1

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender o papel das organizações na sociedade.
• Contextualizar o ambiente organizacional a partir das principais demandas socioeconômicas atuais.
• Entender o conceito de responsabilidade social e seu papel para a sustentabilidade.
• Analisar os aspectos que compõem a responsabilidade social.
• Compreender a responsabilidade social como um instrumento de gestão.
• Refletir sobre a responsabilidade social e a gestão social.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• As organizações e a sociedade
• Atual contexto socioeconômico
• Responsabilidade social e a sustentabilidade
• Aspectos da responsabilidade social
• A responsabilidade social como instrumento de gestão
• Reflexões sobre a responsabilidade social
• Gestão social

1
Mestre em Administração, área de concentração em Gestão de Negócios pela Universidade Estadual de Londrina – UEL.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 13


INTRODUÇÃO

Caro aluno, nesta unidade você estudará a dimensão social da sustentabilidade sob a ótica da
responsabilidade social, um assunto muito importante que o ajudará a refletir sobre suas práticas
gerenciais. Nela busco a compreensão do papel social das organizações e a necessidade da atuação dos
gestores com essa orientação estratégica pela sustentabilidade.

O conceito de responsabilidade social vem sofrendo mudanças ao longo do tempo, acompanhando as


mudanças sociais e econômicas vividas pelas organizações.

Começou timidamente na década de 1970 e conforme as práticas organizacionais foram mudando, por
meio do processo de Industrialização, foi se incorporando ao papel das organizações do mundo todo.
A princípio tinha um caráter mais filantrópico e assistencialista até chegar ao modelo atual em que para
assumi-la, as organizações se propõem a operar preocupando-se também com os demais públicos
envolvidos (stakeholders).

Institucionalizando-se como uma prática de gestão, passou a ser necessária a criação de instrumentos
de operacionalização e divulgação (como o balanço social e o relatório de sustentabilidade), instituições
de suporte e certificação específicos (IBASE, Instituto Ethos, GRI entre outros), que são abordados nesta
unidade.

Os princípios e pilares que determinam a responsabilidade social também são apresentados e discutidos
nesta unidade. O propósito é apresentar sua estrutura de composição de maneira a permitir maior
possibilidade de operacionalização pelas organizações.

Para finalizar, apresento uma pequena reflexão sobre o real papel da responsabilidade social e a
possibilidade de sua abrangência por meio da gestão social.

AS ORGANIZAÇÕES E A SOCIEDADE

A palavra organização possui dois sentidos, sendo ambos usados pela administração. Organização no
sentido de colocar ordem, conforme algum critério, está relacionado com a função estrutural da gestão,
ou seja, determinar a estrutura e os recursos necessários para a realização dos processos e tarefas.
Outro sentido da palavra organização se refere ao objeto de estudo e atuação da administração, ou seja,
os grupos de pessoas, sistematicamente reunidos com objetivos comuns. Dessa forma, temos três tipos
de organizações:
• empresas (privadas com objetivo de gerar lucro aos seus proprietários);
• públicas (empresas estatais, órgãos públicos, autarquias entre outros);
• sem fins lucrativos (pertencentes ao terceiro setor como associações, ONGs, institutos entre outros).

Conforme Lacombe e Heilborn (2008, p. 13), “são as organizações que executam todas as atividades da

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 15


vida moderna” e representam um dos elementos mais importantes da sociedade atual.

Por isso as organizações possuem um papel social tão importante e são elas as responsáveis pela
sociedade em que atuam, com seu entorno. Isso implica dizer que as organizações existem em função da
sociedade. Em análises estratégicas, é primordial que as organizações considerem o ambiente em que
atuam, com suas peculiaridades e necessidades, e por isso também é necessário preocupar-se com esse
ambiente externo e interno a cada organização.

Para Estigara et al. (2009, p. 09), a empresa é “uma instituição capaz de transformar e dinamizar a
sociedade, através de sua atuação nos campos sociológico, jurídico e econômico, alterando de forma
radical o modo de agir da humanidade”. Para as autoras, a empresa é muito mais do que estrutura para
produção de bens e serviços, com função econômica, é também uma instituição que deve atuar como
protagonista na “realização das demandas sociais”.

Numa sociedade como a que vivemos, que é organizada por especialidades de funções, de maneira
que cada organização desempenha sua função específica (competências essenciais pelo qual ela foi
criada), existe uma interdependência, uma solidariedade mecânica como já sinalizava Durkheim, como
uma engrenagem em que cada ator social faz uma parte para que a sociedade funcione adequadamente.
Caso um desses atores não cumpra sua parte, todo o restante passa a ser prejudicado.

Assim, as organizações possuem esse importante papel social como atores sociais, e também cabe
a elas a responsabilidade pela sociedade em que atuam, no sentido de sua preservação e do seu
desenvolvimento.

CONTEXTO SOCIOECONÔMICO

Com a abertura da economia, que se deu no mundo por volta dos anos 80, o fenômeno da globalização se
instaurou em todas as relações comerciais. A partir desse momento, as relações comerciais começaram
a se dar sem muitas barreiras pelo mundo todo. O aumento da possibilidade de comercialização entre as
nações também promoveu o aumento da competitividade entre as organizações.

Essa competição cada vez mais acirrada faz com que as empresas precisem cada vez mais buscar a
eficiência (usar a menor quantidade de recursos) e a eficácia (ter menores custos e maiores lucros). A
disputa pelos mercados passa a ser cada vez maior, uma vez que grande parte das empresas mundiais
conseguem atuar na maior parte do mundo.

Essa competição acaba por estimular a lógica da acumulação, assim as grandes potências mundiais
acabam por acumular mais capital, que por sua vez cada vez mais conseguem aprimorar suas técnicas
de produção com qualidade, e entram num contínuo de acumulação. Por outro lado, as pequenas
organizações acabam por perderem mais espaço no mercado e ficando com menor capacidade de
concorrer em qualquer espaço que seja.

16 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Com o aumento acirrado da competição, que provoca a lógica da acumulação, promove-se o que alguns
autores chamam de hegemonia de poder (DUPAS, 2000; SINGER, 2002; SANTOS, 2003). De maneira
que apenas algumas grandes potências econômicas acabam por ditar o mercado, deixando espaço
apenas para as pequenas organizações que estiverem a serviço das maiores. As demais ficam à margem
da economia, promovendo assim vários problemas sociais.

O maior problema social acaba por se caracterizar pela exclusão social que, neste livro, irei tomar como
referência um dos modelos de Dupas (2000) retratado como a falta de acesso à cadeia produtiva, que
por sua vez compromete o acesso à renda para obter bens e serviços essenciais para a sobrevivência
humana em sociedade.

Para o autor, essa dinâmica de mercado da globalização provoca duas dialéticas:


• Concentração versus fragmentação – de um lado, a concentração de forças das empresas gigantes
mundiais e, de outro, a fragmentação do processo produtivo por empresas menores que alimentam a
cadeia central (terceirizações, franquias e informalidade).
• Exclusão versus Inclusão.

É interessante ressaltar que o mesmo sistema econômico que causa acesso a bens e serviços a uma
camada da população por meio do barateamento dos custos de produção causa uma enorme falta de
acesso de bens e serviços básicos a outra camada da população que não tem acesso à renda, ficando
à margem do mercado.

Segundo o professor Dupas (2000), para esse mercado altamente competitivo e excludente, seria
necessário um poder público muito forte para dar suporte aos problemas sociais causados por ele. No
entanto, as práticas têm mostrado que não existe Estado com tamanha capacidade de atuação para
resolver todas essas mazelas sociais.

É nesse contexto que as empresas são chamadas a atuar de forma responsável, uma vez que os

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 17


maiores problemas sociais são ocasionados pela dinâmica atual do mercado em que elas são os atores
do processo, também são chamadas a agir de maneira sustentável em busca do desenvolvimento da
sociedade.

A lógica da economia global e a exclusão social


<http://www.scielo.br/pdf/ea/v12n34/v12n34a19.pdf>.
Gilberto Dupas

Para isso, as práticas empresariais precisam ser norteadas não apenas pela busca do crescimento
econômico, mas em busca do desenvolvimento que possui como base o tripé: econômico, social e
ambiental, na busca pela sustentabilidade.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E A SUSTENTABILIDADE

A atuação social empresarial surgiu no início do século XX, com o filantropismo. Com o desenvolvimento
da sociedade pós-industrial e a mudança da visão do papel das organizações, o conceito evoluiu,
incorporando os anseios de agentes sociais nos negócios das organizações. Dessa forma, além do
filantropismo adotou-se conceitos como voluntariado empresarial, cidadania corporativa, responsabilidade
social corporativa e desenvolvimento sustentável (TENÓRIO et al., 2006).

Segundo os autores, no primeiro período que corresponde ao início do século XX até a década de 1950,
influenciadas pelo liberalismo econômico, as empresas tinham como foco o crescimento econômico, e por
isso buscavam maximizar os lucros, gerar empregos e pagar impostos. Quanto ao papel social, estava
apenas voltado para o capital, ou seja, usar seus recursos para aumentar seus lucros dentro de uma
competição livre e aberta, sem enganos ou fraude. E a responsabilidade social limitava-se apenas à
filantropia.

Contudo, essa busca pelo crescimento econômico levou a uma degradação da qualidade de vida,
intensificou os problemas ambientais e precarizou as relações de trabalho, que por sua vez levou a
uma mobilização da sociedade pressionando o governo e as empresas a buscarem soluções para os
problemas gerados pela industrialização. Então, passou-se a incorporar ao conceito de responsabilidade
social o cumprimento de obrigações legais referentes a questões trabalhistas e ambientais (TENÓRIO et
al., 2006).

O segundo período analisado pelos autores acontece a partir da década de 1950 até os dias atuais.
Segundo Tenório et al. (2006), esse período é marcado pela intervenção do Estado na economia que vai

18 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


até 1970, em que se começa a questionar o objetivo da maximização de lucros das empresas, e amplia-se
o conceito de responsabilidade social.

Na sociedade pós-industrial, passou-se a valorizar o aumento da qualidade de vida, a valorização do ser


humano, o respeito ao meio ambiente, a pluralidade dos objetivos empresariais e a valorização das ações
sociais tanto das empresas quanto dos indivíduos. Dessa forma, esses são os valores da sociedade pós-
-industrial que passam a direcionar a responsabilidade social (TENÓRIO et al., 2006).

É por isso que as empresas passam a adotar um novo papel na sociedade, mais comprometido com seu
entorno. Não apenas focado no crescimento econômico, mas também nos aspectos sociais e ambientais,
o que forma o desenvolvimento sustentável.

Essa nova postura empresarial acontece em função de uma mudança no mercado que, no período pós-
-revolução industrial, se torna cada vez mais competitiva, obrigando as empresas a se tornarem cada dia
mais atrativas aos seus consumidores. Esse conceito passa a se chamar teoria dos Stakeholders.

São chamados de stakeholders todos aqueles grupos que tenham algum interesse na organização,
que por sua vez também se interessa pela imagem que representa a eles. Podem ser chamados de
stakeholders os trabalhadores, os acionistas, o Estado em suas diversas esferas, os fornecedores, os
consumidores, a comunidade do entorno organizacional entre outros.

Dessa forma, as organizações, cada dia mais preocupadas com sua imagem frente aos stakeholders,
incorporam um novo papel social, agora mais voltado para os novos valores sociais, e se veem preocupadas
em contribuir para o desenvolvimento sustentável.

Na Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), realizada em 2001,
foram consideradas as seguintes obrigações como pilares para a Responsabilidade Social Empresarial
(ESTIGARA et al., 2009):
• Obrigações para com a promoção de desenvolvimento.
• Respeito aos Direitos Humanos.
• Proteção do Consumidor.
• Proteção do Meio Ambiente.
• Ética na Administração e Governança Corporativa.
• Democracia e participação sociopolítica.

A nova definição do conceito de responsabilidade social empresarial passa a ser:


[...] a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os
públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis
com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para
as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais
(INSTITUTO ETHOS, 2012, on line).

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 19


ASPECTOS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Conforme o conceito de responsabilidade social orientado pelo Instituto Ethos, que é considerado uma
importante organização responsável pela mobilização, sensibilização e ajuda às empresas brasileiras
para gerir de forma responsável seus negócios, a responsabilidade social está plantada sob o tripé da
ética, da transparência e do desenvolvimento sustentável. Por isso discutiremos cada um desses aspectos
separadamente.

Ética

Conforme Barbieri e Cajazera (2009, p. 85), “o substantivo feminino ética indica o estudo a respeito da
moral, por isso também é conhecido como filosofia moral ou ciência moral”. Isso implica em dizer que a
moral é o objeto da ética, por isso o estudo da ética equivale à reflexão das questões morais.

Ainda conforme os autores, moral é um substantivo que refere-se ao conjunto de normas e valores aceitos
por uma sociedade, que orienta a conduta dos seus cidadãos.

Para Stoner e Freeman (1999, p. 77), a ética, em um termo geral, envolve tanto relacionamentos internos
como externos, que pode ser definido “como o estudo do modo pelo qual nossas decisões afetam as
outras pessoas”.

Assim, pode-se dizer que o que deve nortear a conduta das organizações atuais são aqueles valores já
apresentados como pós-industriais, adotados pela sociedade moderna, como:

20 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


• aumento da qualidade de vida;
• a valorização do ser humano;
• o respeito ao meio ambiente;
• a pluralidade dos objetivos empresariais;
• a valorização das ações sociais tanto das empresas quanto dos indivíduos.

Acredito que uma boa orientação para uma conduta organizacional ética seja aquela norteada por decisões
que não prejudiquem nenhum dos envolvidos no processo e, ainda, se preocupe com a sociedade do
entorno.

Vale a pena ressaltar que algumas práticas, apesar de legalmente aceitas, podem se caracterizar como
antiéticas, uma vez que podem trazer prejuízos para alguns. Essa é uma reflexão que merece ser feita
no dia a dia empresarial. Por isso, Araya (2003 apud DIAS, 2011, p. 173) trás uma ampliação no conceito
de responsabilidade social quando diz que “promove um comportamento empresarial que integra os
elementos sociais e ambientais que não necessariamente estão contidos na legislação, mas que atendem
às expectativas da sociedade em relação à empresa”

A ética nas organizações


<http://www.youtube.com/watch?v=c_Xp3EANLcg>.

Stoner e Freeman (1999) destacam ainda os quatro níveis das questões éticas que precisam ser geridas
na empresa:
1. Sociedade - preocupação com as ações que causam impacto social.
2. Stakeholders - preocupação em como lidar com grupos afetados pela organização.
3. Políticas internas - preocupação com a natureza das relações da empresa para com as pessoas, e
das pessoas para com a empresa.
4. O indivíduo – preocupação com forma de tratamento entre as pessoas que compõem uma organiza-
ção.

Segundo os autores, cabe a cada organização fazer a gestão da orientação para a aplicação da ética em
todos os seus comportamentos, incluindo cada uma das pessoas que a compõe. Essa institucionalização
dos valores éticos adotados pode ser feita por meio de vários instrumentos como:
• Delimitação dos valores norteadores da empresa, que estão presentes em seus documentos internos,
bem como na missão e visão da empresa.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 21


• Estabelecimento de um código de ética/conduta empresarial.
• Comitê de ética.
• Escritórios de ombudsman (funcionário encarregado de ouvir reclamações do povo, e quando justas,
buscar atendimento pela organização ou pelo governo).
• Programas de treinamentos éticos.
• Auditorias sociais.

Outra sugestão interessante dos autores é a orientação das questões para exame da ética em decisões
empresariais, conforme o quadro 1.

Quadro I – Questões para exame da ética numa decisão empresarial

1. Você definiu o problema com precisão?


2. Como você definiria o problema caso estivesse do outro lado da cerca?
3. Como essa situação aconteceu da primeira vez?
4 A quem você é leal como pessoa e como membro da empresa?
5. Qual é a sua intenção ao tomar essa decisão?
6. Como essa intenção se compara com os resultados prováveis?
7. A quem sua decisão ou ação poderia prejudicar?
8. Você pode discutir o problema com as partes afetadas antes de tomar a decisão?
9. Você tem confiança em que sua decisão será válida por um longo período de tempo,
tanto quanto parece válida agora?
10. Você poderia revelar sem qualquer escrúpulo sua decisão ou ação ao seu chefe,
à sua família e à sociedade?
11. Qual é o potencial simbólico de sua ação caso ela seja compreendida?
Ou caso seja mal-entendida?
12. Sob que condições você permitiria exceções à sua posição?

Fonte: adaptado de Nash (1981, apud STONER; FREEMAN, 1999)

E ainda, conforme o Instituto Ethos (2012), as organizações precisam adotar a postura de compor uma
economia praticada segundo padrões éticos elevados, que implicam em:
• Combate à corrupção e à impunidade.
• Valorização da integridade e da transparência.
• Estímulo à concorrência leal.
• Estímulo à cooperação.
• Respeito às leis e às regras de negócio.
• Respeito aos direitos das diferentes comunidades, etnias e grupos sociais de se aproximar em seu
próprio ritmo do estilo de vida contemporâneo.

Essa economia, com visão de sustentabilidade, se completa com o compromisso de não sobrepor
os interesses privados aos interesses públicos, mantendo esses padrões em qualquer investimento e
estabelecendo relações éticas independente das exigências (INSTITUTO ETHOS, 2012).

22 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


Plataforma por uma Economia Inclusiva, Verde e Responsável
<http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/arquivo/0-A-974Plataforma%20por%20uma%20Economia%20Inclusi-
va,%20Verde%20e%20Respons%C3%A1vel.pdf>.

Transparência

A transparência refere-se à divulgação das ações empresariais tanto para a sociedade como para os seus
trabalhadores. Já que, conforme Tenório et al. (2006), a responsabilidade social nasce do compromisso
da organização com a sociedade, cabe às empresas prestarem contas de sua ações a essa sociedade.

Existem alguns relatórios de divulgação dessa responsabilidade social da empresa, que serão mais
detalhados na parte em que discutiremos os instrumentos de gestão, no entanto já vou adiantar que o
modelo mais utilizado e conhecido atualmente é o Balanço Social, institucionalizado pelo Betinho em sua
campanha Ação da Cidadania contra Fome, a Miséria e pela Vida, que começou em 1993, que desde
então tem sua gestão realizada pelo IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas.

É por meio da prestação de contas de suas ações sociais, que a empresa abre o espaço para a participação
da sociedade em geral, em suas atividades, possibilitando também a articulação entre os demais atores
sociais que a compõem (governo, ONGs, outras empresas etc...).

Desenvolvimento Sustentável
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 23


O movimento em prol do desenvolvimento sustentável acontece em função da limitação da capacidade do
planeta, que é superexplorado pela humanidade ocasionando catástrofes sociais e ambientais. Segundo
Estigara et al. (2009, p. 18), esse movimento mundial ganha força em 1987 por meio da publicação do
relatório Nosso Futuro Comum, em que traz sua definição como “o desenvolvimento que satisfaz as
necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias
necessidades”.

Ainda para as autoras, esse movimento em torno do desenvolvimento sustentável foi reforçado e
internacionalizado a partir da Conferência da ONU – Organização das Nações Unidas sobre meio ambiente
e desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro no ano de 1992, popularmente conhecida como Rio-92.

Segundo Barbieri e Cajazeira (2009), o desenvolvimento sustentável se apoia nos seguintes pilares:
• Sustentabilidade social – equidade na distribuição dos bens e da renda para melhorar os direitos e
condições da população e reduzir as distâncias entre os padrões de vida das pessoas.
• Sustentabilidade econômica – distribuição e gestão eficiente dos recursos produtivos, bem como fluxo
regular de investimentos público e privado.
• Sustentabilidade ecológica – busca pelo aumento da capacidade de carga do planeta e para evitar
danos ao meio ambiente, principalmente causados pelos processos do crescimento econômico.
• Sustentabilidade espacial – refere-se ao equilíbrio do assentamento humano rural/urbano.
• Sustentabilidade cultural – respeito pela pluralidade de soluções particulares específicas a cada ecos-
sistema, cada cultura e cada local.

Considerando esses cinco pilares do desenvolvimento sustentável, é comum que eles sejam apresentados
divididos em três dimensões essenciais: social, econômica e ambiental, conforme está organizado este
livro.

A RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO

Segundo Estigara et al. (2009), a responsabilidade social traz várias vantagens para uma organização, pois
além de promover um amadurecimento de suas estratégias de manutenção e crescimento no mercado,
possibilita ainda:
• Redução de carga tributária – incentivos fiscais dos quais a empresa pode se valer.
• Forma alternativa de recolhimento de alguns impostos – possibilitando a reversão desse capital em
benefício dela mesma e dos seus stakeholders.
• Criação de uma política permanente para a empresa – como as ações de responsabilidade social exi-
gem um planejamento estratégico e permanente, acabam por contribuir pela elevação da qualidade
de vida e inclusão social no médio e no longo prazo.
• Incremento do marketing social – incremento na imagem da empresa perante seus stakeholders,
reforçando e agregando valor e credibilidade à marca, o que por sua vez contribui para a formação de
parcerias e redes.

24 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


• Redução dos custos operacionais e melhoria dos indicadores de produtividade e qualidade – maior
comprometimento dos seus trabalhadores.
• Lealdade dos clientes – que optam por manter um relacionamento com empresas socialmente com-
prometidas, podendo até significar um diferencial competitivo.
• Divulgação do Balanço Social e dos Indicadores de Desempenho – adaptam a empresa em seu perfil
social e aumenta sua credibilidade frente ao mercado.
• Obtenção de certificados e selos – que ampliam ainda mais a visibilidade da marca e atestam a boa
prática empresarial.
• Preferência nas licitações e contratações com o Poder Público.

Figura 1- Vantagens da Responsabilidade Social

Fonte: Estigara et al. (2009, p. 15)

Ainda para as autoras, para o gerenciamento da Responsabilidade Social, uma organização precisa
desenvolver suas ações voltadas para seis eixos estabelecidos pela Iniciativa Global 300, outro importante
movimento liderado pela ONU.
• Pessoas – envolvimento com os clientes e trabalhadores da empresa, preocupando-se quanto à saú-
de, à segurança, à formação e desenvolvimento, à diversidade, à compensação, ao voluntariado, à
satisfação e ao acesso aos bens e serviços.
• Produtos e Serviços – processo de produção voltado para a sustentabilidade.
• Princípios – determinar os valores que norteiam as ações empresariais, bem como sua real implemen-
tação, acompanhamento e monitoramento.
• Ambiente – preocupação com todos os aspectos ecológicos.
• Comunidade – realização de iniciativas locais e nacionais quanto à educação, ao emprego, à cultura,

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 25


ao esporte e apoio a ações de ONGS e de Governos.
• Democracia – elemento indispensável para a cultura de responsabilidade social e envolve critérios
como a participação democrática, a educação e a formação.

Figura 2 – Eixos da Responsabilidade Social

Fonte: Estigara et al. (2009, p. 16)

Na gestão da responsabilidade social um fator importante é a aferição para o acompanhamento da própria


organização e também da sociedade como um todo, das ações sociais realizadas. Por isso os relatórios
e certificações garantem a transparência necessária para que a responsabilidade social de uma empresa
aconteça.

Os principais instrumentos de aferição da dimensão social são: o Balanço Social, Indicadores Sociais,
GRI – Global Reporting Initiative, SA 8000.

Nesta unidade, trabalharei apenas a dimensão social de cada um dos instrumentos citados, pois as
dimensões Ambiental e Econômica serão exploradas nas próximas unidades deste livro.

26 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


O Balanço Social

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Conforme Caetano (2006), o Balanço Social surgiu nos Estados Unidos há alguma décadas, mas
espalhou-se pelo mundo a partir da década de 1970.

Para o autor, pode ser definido como um instrumento de gestão e de informação que visa divulgar as
ações econômicas, sociais e ambientais que são realizadas por uma organização, aos seus diferentes
usuários, dentre eles os seus trabalhadores. Embora não seja obrigatório, ele deve ser transparente
quanto às descrições das informações.

O Balanço Social é composto por indicadores previamente definidos referentes aos aspectos sociais,
ambientais e econômicos da organização.

Os indicadores sociais internos à organização, ou seja, que refletem as ações sociais voltadas para
os trabalhadores da empresa, levam em consideração fatores como: alimentação, encargos sociais
compulsórios, previdência privada, saúde, segurança e medicina do trabalho, educação, cultura,
capacitação e desenvolvimento profissional, participação nos lucros e resultados.

Os indicadores sociais externos à organização, ou seja, que descrevem as ações sociais voltadas para o
público externo à empresa, consideram fatores como: educação, cultura, saúde e saneamento, habitação,
esporte, lazer e diversão, creches, alimentação.

Os indicadores do corpo funcional retratam o relacionamento da organização com seu público interno,
quanto à utilização de serviços de terceiros, à valorização da diversidade e da inserção em cargos de
chefia por grupos historicamente discriminados (negros, mulheres, portadores de deficiência).

Os indicadores relevantes quanto à cidadania empresarial retratam as relações com os demais públicos
de interesse da organização e com o desenvolvimento sustentável.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 27


2 - Indicadores Sociais Internos Valor (mil) % sobre FPB % sobre Valor (mil) % sobre FPB % sobre
RL RL
Alimentação 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Encargos sociais compulsórios 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Previdência privada 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Saúde 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Segurança e saúde no trabalho 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Educação 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Cultura 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Capacitação e desenvolvimento
profissional 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Creches ou auxílio-creche 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Participação nos lucros ou resultados 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Outros 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Total - Indicadores sociais internos 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
3 - Indicadores Sociais Externos Valor (mil) % sobre RO % sobre Valor (mil) % sobre RO % sobre
RL RL
Educação 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Cultura 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Saúde e saneamento 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Esporte 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Combate à fome e segurança alimentar 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Outros 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Total das contribuições para a
sociedade 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Tributos (excluídos encargos sociais) 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Total - Indicadores sociais externos 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
5 - Indicadores do Corpo Funcional 20XX 20XX-1
Nº de empregados(as) ao final do
período 0 0
Nº de admissões durante o período 0 0
Nº de empregados(as) terceirizados(as) 0 0
Nº de estagiários(as) 0 0
Nº de empregados(as) acima de 45
anos 0 0
Nº de mulheres que trabalham na
empresa 0 0
% de cargos de chefia ocupados por
mulheres 0,00% 0,00%
Nº de negros(as) que trabalham na
empresa 0 0
% de cargos de chefia ocupados por
negros(as) 0,00% 0,00%
Nº de pessoas com deficiência ou
necessidades especiais 0 0

28 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


6 - Informações relevantes quanto ao 20XX Valor (Mil reais) Metas 20XX+1
exercício da cidadania empresarial
Relação entre a maior e a menor
0 0
remuneração na empresa
Número total de acidentes de trabalho 0 0
Os projetos sociais e ambientais ( ) direção ( ) direção e ( ) ( ) direção ( ) direção e ( )
desenvolvidos pela empresa foram gerências todos(as) gerências todos(as)
definidos por: empregados empregados
(as) (as)
Os pradrões de segurança e salubridade ( ) direção e ( ) todos(as) ( ) ( ) direção e ( ) todos(as) ()
no ambiente de trabalho foram definidos gerências empregados(as) todos(as) + gerências empregados(as) todos(as) +
por: Cipa Cipa
Quanto à liberdade sindical, ao direito ( ) não se ( ) segue as ( ) ( ) não se ( ) seguirá as ()
de negociação coletiva e à envolve normas da OIT incentiva e envolverá normas da OIT incentivará
representação interna dos(as) segue a e seguirá a
trabalhadores(as), a empresa: OIT OIT
( ) direção ( ) direção e ( ) ( ) direção ( ) direção e ()
gerências todos(as) gerências todos(as)
empregados empregados
A previdência privada contempla: (as)
( ) direção ( ) direção e ( ) ( ) direção ( ) direção e ()
gerências todos(as) gerências todos(as)
A participação dos lucros ou resultados empregados empregados
contempla: (as) (as)
Na seleção dos fornecedores, os ( ) não são ( ) são ( ) são ( ) não ( ) serão ( ) serão
mesmos padrões éticos e de considerados sugeridos exigidos serão sugeridos exigidos
responsabilidade social e ambiental considerados
adotados pela empresa:
( ) não se ( ) apoia ( ) ( ) não se ( ) apoiará ()
Quanto à participação de envolve organiza e envolverá organizará
empregados(as) em programas de incentiva e
trabalho voluntário, a empresa: incentivará
Número total de reclamações e críticas na empresa no Procon na Justiça na empresa no Procon na Justiça
de consumidores(as): _______ _______ _______ _______ _______ _______
% de reclamações e críticas atendidas na empresa no Procon na Justiça na empresa no Procon na Justiça
ou solucionadas: _______% _______% _______% _______% _______% _______%
Valor adicionado total a distribuir (em mil Em 20XX: Em 20XX-1:
R$):
___% governo ___% ___% governo ___%
colaboradores(as) ___% acionistas colaboradores(as) ___% acionistas
___ ___

Figura 3 – Indicadores sociais do Balanço Social

Fonte: Balaço social (2012)

Guia para elaboração do Balanço Social


<http://www.ethos.org.br/docs/conceitos_praticas/guia_relatorio/default.htm>.

Modelo de Balanço Social - IBASE


<http://www.balancosocial.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm>.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 29


Indicadores Sociais

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Com o intuito de orientar as empresas no sentido de ser socialmente responsável, o Instituto Ethos criou
os indicadores de responsabilidade social, de acordo com parâmetros de pesquisas internas e com base
nas normas e certificações ISO 9000, ISO 14000, SA 8000, e AA 1000 (ESTIGARA et al., 2009).

Conforme as autoras, para realizar o diagnóstico sobre a Responsabilidade Social das empresas, foram
criados indicadores que abrangem sete temas:
a. Valores e transparência.
b. Comunidade interna.
c. Meio ambiente.
d. Fornecedores.
e. Consumidores.
f. Comunidade.
g. Governo e sociedade.

A metodologia de indicadores consiste em aplicação de um questionário de modelo único, referente aos


temas acima relacionados, de maneira a permitir a comparação do nível de comprometimento social entre
as diferentes empresas. Conforme as autoras, esse questionário permite também a autoavaliação.

Para tanto, o questionário respondido é enviado ao Instituto Ethos, que, após a análise, entra em contato
com a empresa.

30 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


GRI – Global Reporting Initiative

A Global Reporting Initiative – GRI foi constituída em 1997, por meio de uma parceria entre a Coalition
for Environmentally Responsible Economics (CERES) e o Programa de Desenvolvimento das Nações
Unidas.

Com o objetivo de que a elaboração de relatórios de desempenho econômico, social e ambiental se tornem
rotineiros, a GRI indica 103 indicadores amparados nas três dimensões, preconizando a sustentabilidade.
(ESTIGARA et al., 2009).
O Relatório encontra-se estruturado em seis partes:
1. Declaração da Direção da Empresa sobre os valores e princípios que norteiam sua atuação.
2. Visão geral sobre os produtos, serviços e marcas da empresa, dos países onde opera e da natureza
dos mercados.
3. Visão dos indicadores que têm utilizado.
4. Visão e estratégia da empresa.
5. Explicações sobre as estratégias de relacionamento dos principais stakeholders da organização.
6. Informações sobre a atuação da organização.

A dimensão social do Relatório subdivide-se em três categorias:


• Direitos humanos – discriminação, liberdade de associação, trabalho infantil, trabalho forçado, práti-
cas disciplinares, práticas de segurança e direitos indígenas.
• Sociedade – comunidade, contribuições políticas, competição e preço, corrupção.
• Responsabilidade pelo produto – saúde e segurança do consumidor, produtos e serviço, respeito à
privacidade.

Relatório de Sustentabilidade – Metodologia GRI


Walmart
<http://www.walmartbrasil.com.br/sustentabilidade/relatorio-online/port/ra/index.htm>.

SA 8000

Para Estigara et al. (2009), a SA 8000 foi lançada em 1997 e trata-se de um casamento entre as convenções
da OIT – Organização Internacional do Trabalho - e da ONU – Organização das Nações Unidas -, com
foco na defesa dos direitos humanos, da criança, das mulheres e da organização internacional do trabalho.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 31


Os objetivos de maior destaque, de acordo com Estigara et al. (2009) são:
• Melhorar as condições do trabalho e promover o respeito aos direitos do trabalhador.
• Proporcionar a padronização em todos os setores e em todos os países.
• Realizar parcerias com organizações que atuam em defesa dos direitos humanos pelo mundo todo.
• Incentivar o equilíbrio nas relações entre empresas e consumidores, de modo que ambos ganhem
com o processo.
• Prover uma base única para auditorias.
De acordo com Estigara et al. (2009), os principais benefícios para as organizações, em função dessa
certificação são:
• Melhoria na moral dos empregados.
• Melhoria na qualidade e na produtividade.
• Comprovação de práticas de Responsabilidade Social com os empregados.
• Redução na rotatividade.
• Melhoria na reputação da empresa.
• Facilidade no recrutamento e na retenção de bons profissionais.
• Melhores relações com o governo, sindicatos, ONGS e empregados.

REFLEXÕES SOBRE A RESPONSABILIDADE SOCIAL E A GESTÃO SOCIAL


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

32 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


Após apresentada a responsabilidade social, sob a dimensão social da sustentabilidade, vale a pena
elaborar uma reflexão sobre seu papel e a realidade das práticas.

Como já citado nesta unidade, a responsabilidade social empresarial só ganhou essa abrangência a
partir da cobrança da sociedade (teoria dos stakeholders). Isso significa que, num mercado altamente
competitivo, faz a diferença aquela organização que atende às expectativas da sociedade, causando
uma boa imagem perante ela. Portanto, é correto dizer que uma organização socialmente comprometida
possui um diferencial competitivo e que isso é utilizado como uma estratégia de Marketing.

Não há nada de errado em buscar adicionar valor a sua marca por meio da divulgação das ações sociais
realizadas pela empresa. A reflexão deve ser feita no sentido de que:
• as ações são realizadas por que a empresa reconhece seu papel social e por isso desenvolve a res-
ponsabilidade social no seu todo?
• ou simplesmente faz algumas ações sociais pontuais a fim de desenvolver uma imagem institucional
ou conseguir alguns benefícios fiscais?
• ou pior ainda, “faz de conta” que é socialmente comprometida, mas na realidade possui ações antié-
ticas com seus trabalhadores, fornecedores, consumidores entre outros.

Assim, é importante ressaltar que a ação social não é a mesma coisa que responsabilidade social. Para
Oliveira (2008, p.66), “a responsabilidade social das empresas envolve atitudes, ações e relações com
um grupo maior de partes interessadas (stakeholders) como consumidores, fornecedores, sindicatos e
governo”.

Isso quer dizer que responsabilidade social não significa apenas realizar ações sociais, mas implica em
uma postura organizacional voltada para o bem-estar coletivo.

Sob essa ótica, a Gestão Social amplia ainda mais a atuação das organizações, uma vez que conforme
Fischer (2010, p. 3)
Entende-se a gestão social como o ato relacional capaz de dirigir e regular processos por meio da
mobilização ampla de atores na tomada de decisão (agir comunicativo) que resulte em parcerias
intra e interorganizacionais, valorizando as estruturas descentralizadas e participativas, tendo como
norte o equilíbrio entre a racionalidade em relação a fins e em relação a valores, alcançar enfim
um bem coletivamente planejado, viável e sustentável a médio e longo prazo. O que se exige do
gestor, então, é que ele tenha visão de conjunto, ajude na transformação sociocultural, mas também
simbólico-valorativa, e que se mantenha vigilante ante os mecanismos de autorregulação.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 33


O Futuro da Gestão
Tânia Fischer
<http://liegs.cariri.ufc.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=176&Itemid=58>.

Essa mobilização social preocupada com o seu entorno, que norteie todas as práticas organizacionais e
proporcione parcerias em função do coletivo, é que podemos chamar de futuro da gestão.

O mundo dá voltas e são as pequenas ações que fazem a diferença.


<http://www.youtube.com/watch?v=A-0n4W1_q2Y>.
As gerações futuras dependem das nossas atitudes enquanto administradores.
<http://www.youtube.com/watch?v=B2cjHc3YPII&feature=related>.

Iso 26000 A norma da Responsabilidade Social – Pessoas diferentes, mas com os mesmos sonhos.
<http://www.youtube.com/watch?v=kYV5ZYdx2L4>
Palestrante Mario Persona – Ética nas empresas.
<http://www.youtube.com/watch?v=yY0PHWpvCuo>
Ética Empresarial – importante em todas as organizações
<http://www.youtube.com/watch?v=1d4OP1TI76c&feature=related>
Ética e confl ito de valores – narração de um caso.
<http://www.youtube.com/watch?v=o6dyLHxMevI>

34 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para concluir esse estudo, vamos relembrar os principais aspectos discutidos na unidade I.

Começamos discutindo o papel social das organizações pautado na sua compreensão como membro de
uma sociedade e, portanto, também responsável por ela. Ou seja, as organizações existem em função da
sociedade, e por isso precisam contribuir para seu crescimento e desenvolvimento.

A partir desse entendimento, buscamos apresentar um pouco sobre os problemas sociais atualmente
encontrados, e a dinâmica organizacional econômica que leva a eles para, então, enfatizar ainda mais a
necessidade de uma postura socialmente comprometida pelas organizações.

No momento seguinte fizemos uma breve contextualização do conceito de responsabilidade social percebido
pelos diferentes momentos históricos, nitidamente influenciado pelo processo de industrialização adotado
ao longo dos tempos, até chegar ao atual modelo em que se pauta na busca pela sustentabilidade.

A partir daí, desmembramos os três principais aspectos que compõem a responsabilidade social, sob a
ótica da teoria dos Stakeholders: uma postura organizacional pautada nos princípios éticos da construção
do bem comum; a divulgação desse comportamento ético e comprometido, garantindo a transparência
dessa postura; a adoção de práticas de utilização dos recursos atuais de maneira a preservá-los para as
futuras gerações em busca do desenvolvimento sustentável.

Assim, para garantir a operacionalização da responsabilidade social pelas organizações, apresentamos


alguns instrumentos de gestão institucionalizados por reconhecidas organizações do setor, como: o
modelo de indicadores / Instituto Ethos, o Relatório de Sustentabilidade / GRI e o Balanço social / IBASE.

Para finalizar, concluímos a discussão com uma reflexão sobre o verdadeiro fundamento da responsabilidade
social, utilizada apenas como prática de sustentação de imagem ou como real compreensão do papel
organizacional. Mostrando ainda a possibilidade de ampliação da atuação organizacional para uma
gestão verdadeiramente social.

Espero que com as discussões propostas nesta unidade tenhamos colaborado com o seu conhecimento
acerca da dimensão social da responsabilidade.

Muito sucesso!!

Professora Bianca Burdini Mazzei

ATIVIDADES DE AUTOESTUDO
I. Considerando o que dizem Lacombe e Heilborn (2008, p. 13), que “são as organizações que exe-
cutam todas as atividades da vida moderna”, e representam um dos elementos mais importantes da
sociedade atual, escreva sobre a importância das organizações na sociedade quanto à dimensão

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 35


social da sustentabilidade.
II. A partir da defi nição do Instituto Ethos em que a responsabilidade social está plantada sob o tripé da
ética, da transparência e do desenvolvimento sustentável, relacione as principais difi culdades para
se implementar a responsabilidade social em uma organização atual, e apresente alternativas para
resolvê-las.
III. A professora Tania Fischer discute a ampliação das práticas de responsabilidade social para uma
gestão que norteie todas as suas ações preocupadas com o seu entorno. Realize novas pesquisas e
apresente uma discussão sobre a viabilidade ou não da Gestão Social.

DUPAS, Gilberto. Economia global e exclusão social: pobreza, emprego, estado e o futuro do capitalismo. 3.
ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001.

FISCHER, Tania. Gestão do desenvolvimento e poderes locais: marcos teóricos e estratégias de

36 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


avaliação. Salvador: Casa da Qualidade, 2002.

SCHROEDER, Jocimari Tres; SCHROEDER, Ivanir. Responsabilidade social corporativa: limites e


possibilidades. RAE electrônica, São Paulo, v. 3, n. 1, jun. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-56482004000100002&lng=pt&nrm=iso>.

SOUZA, Washington J.; TEIXEIRA José Rubens M.; FERREIRA, Luciano A.; WELLEN, Henrique A. R.
Entre a racionalidade instrumental e a racionalidade substantiva: estudo sobre o dilema central do
trabalho cooperativo. Disponível em: <http://www.rizoma.ufsc.br/pdfs/96-of3-st1.pdf>.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 37


UNIDADE II

A DIMENSÃO AMBIENTAL E A SUSTENTABILIDADE


Professora. Dra. Anny Rosi Mannigel1

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender o conceito de Sustentabilidade.
• Conhecer a evolução ao longo do tempo das discussões sobre Meio Ambiente.
• Conhecer Tecnologias Ambientalmente Saudáveis.
• Refletir sobre os Indicadores de Sustentabilidade vistos sob o enfoque Ambiental.
• Conhecer aspectos relevantes sobre Políticas e Legislações Ambientais.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Trajetória histórica de reuniões ambientais
• Sustentabilidade e sociedade de risco
• Tecnologia ambientalmente saudável
• Indicadores de sustentabilidade
• Noções gerais sobre políticas e legislações ambientais

1
Doutora em Agronomia, área de concentração em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Estadual de Maringá - UEM.
INTRODUÇÃO

A discussão sobre sustentabilidade é tema tão frequente na atualidade que corre o risco de ser banalizada,
ou seja, embora tão relevante para a continuidade da vida no nosso planeta, passa a ser discutido sem o
devido aprofundamento necessário para sua verdadeira compreensão, bem como de suas particularidades.

Assim, buscaremos no primeiro momento resgatar o contexto no qual foi concebido o conceito de
Sustentabilidade, e a seguir as implicações práticas existentes. A ênfase será em relação à conjuntura
histórica e nos esforços realizados pela ONU para diminuir a pressão exercida pelo homem sobre o meio
ambiente. Iniciaremos estudando sobre o Clube de Roma, reunião ocorrida em 1968 que gerou o relatório
chamado de “Limites de Crescimento”, continuaremos o estudo com informações sobre a Conferência de
Estocolmo, que foi primeira reunião oficial a tratar das questões ambientais em nível mundial.

O conceito de Sociedade de Risco também será discutido, bem como suas implicações. A seguir,
aprenderemos um pouco mais sobre Tecnologia Ambientalmente Saudável, Indicadores de
Sustentabilidade, Normas ISO 14000 e o Balanço Ambiental.

Para concluir esta unidade, estudaremos sobre Políticas e Legislações Ambientais.

Entrevista com o cientista Kevin Noon


Neste vídeo você compreenderá melhor a questão dos Limites da Terra.
Fonte:
<http://www.oeco.com.br/multimidia/videos/24515-entrevista-com-kevin-noon>.

TRAJETÓRIA HISTÓRICA DE REUNIÕES AMBIENTAIS


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 41


As visões de sustentabilidade atualmente tão em voga não podem ser consideradas neutras e muito
menos imutáveis (JATOBÁ et al., 2009). Os conceitos hoje tão enfatizados e divulgados nas mídias são
originados de discussões que evoluíram ao longo de décadas, e que serão expostas nesta unidade.
De acordo com Ferreira (2004), o marco das preocupações do homem moderno com o meio ambiente
aconteceu em 1968 com o Clube de Roma. Houve nesta reunião uma incorporação das questões sociais,
políticas, ecológicas e econômicas com o uso racional dos recursos naturais. Este encontro de notáveis
de diversos países e áreas de conhecimento gerou o relatório chamado de “Limites de Crescimento”,
que sacudiu as convicções da época sobre o valor do desenvolvimento econômico, tendo o mérito de
conscientizar a sociedade sobre os limites da exploração do planeta (TOMMASIELLO; FERREIRA, 2001).

Além disso, esse encontro motivou a elaboração pelos Estados Unidos do NEPA (National Environmental
Policy Act), uma legislação que determinava considerações ambientais no planejamento e nas decisões
sobre projetos de grande escala. Outra ação efetiva nos EUA foi a criação, na mesma época, da Agência
de Proteção Ambiental Norte-americana (EPA), ação que foi seguida por outros países (JATOBÁ et al.,
2009).

Em 1972, ocorreu a Conferência de Estocolmo, que foi primeira reunião oficial a tratar das questões
ambientais em nível mundial. Preparada pela ONU, a conferência reuniu 113 países e 250 organizações
não governamentais que tinham por objetivos (VECCHIATTI, 2004):
a) fazer um balanço dos problemas ambientais em todo o mundo;
b) buscar soluções e novas políticas governamentais no sentido de reduzir o grande número de proble-
mas causados pelo desenvolvimento das sociedades, tais como poluição, deterioração dos ambientes
e limitação dos recursos naturais;
c) discutir a urbanização acelerada, mal concebida e caótica;
d) debater o caráter global dessas perturbações de origem humana.

O reflexo desta conferência no Brasil foi a criação, em 1973, da Secretaria Especial de Meio Ambiente
(Sema), que se fundamentava nos compromissos assumidos em Estocolmo (JATOBÁ et al., 2009).

Outra consequência direta foi a criação do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente),
que tem por objetivo gerenciar as atividades de proteção ambiental, além disso, foi também criado o
Fundo Voluntário para o Meio Ambiente, voltado para os países em desenvolvimento (FERREIRA, 2004).

Sugestão de atividades:
1.Visite o site do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Lá você encontrará notícias atualizadas
sobre as ações e eventos do PNUMA.
Fonte: <http://www.pnuma.org.br/>.
2. Assista ao documentário: “Uma verdade inconveniente”. Excelente obra, em que você poderá visualizar as

42 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


principais demandas do Meio Ambiente.
3. Assista ao vídeo: “A história das coisas” - com Annie Leonard.
Fonte: <http://video.google.com/videoplay?docid=-7568664880564855303#>

Acreditava-se na época que a modernização dos processos produtivos seria suficiente para resolver
os problemas ambientais e que, portanto, a solução dependeria apenas da legislação e de técnicas de
controle de poluição (tal estratégia ficou conhecida como “comando-controle”), conforme postulavam os
representantes dos países industrializados. Entretanto, com o passar do tempo tornou-se claro que essa
era uma visão tecnicista e reducionista, havendo a necessidade de uma abordagem mais ampla dos
problemas e das soluções, voltando-se o foco de atenções para discutir o modelo de desenvolvimento
internacional (VECCHIATTI, 2004).

Podemos ainda destacar nesta conferência a Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano,
que trouxe vinte e seis princípios comuns para a preservação do meio ambiente humano (São Paulo,
2011).

A partir da Conferência de Estocolmo, as nações iniciaram o processo de estruturação de órgãos


ambientais nacionais e estabeleceram suas legislações, objetivando o controle da poluição ambiental
(TOMMASIELLO; FERREIRA, 2001). Outra consequência prática foi o destaque dado aos resíduos
perigosos nas discussões sobre contaminação ambiental, sempre com o propósito de se garantir a
qualidade de vida.

Entretanto, apesar das propostas feitas e dos bons resultados da Conferência, a realidade não se
desenvolveu como o esperado, pois muitos países continuaram com a mesma postura anterior, e além
desse fator, a crise econômica da década de 70 prejudicou ainda mais os avanços que foram obtidos (São
Paulo, 2011).

O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu somente na década de 80, conforme Vecchiatti (2004),
resultado do trabalho feito pela Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento presidida
por Gro Harlem Brundtland, Primeira Ministra da Noruega. A Comissão foi criada em 1983 e após quatro
anos produziu o relatório nomeado de “Our Common Future”, que se tornou um marco para as teorias
sobre desenvolvimento sustentável:
[...] um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos,
a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o
potencial presente e futuro [...] é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer
a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades (IBGE, 2002).

Neste relatório estavam registrados os sucessos e as falhas do desenvolvimento mundial, reiterando uma
visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e que estavam sendo
reproduzidos nos países em desenvolvimento (São Paulo, 2011).

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 43


Assim, o Relatório Brundtland prega que o desenvolvimento é que poderia ser comprometido pela
degradação ambiental, mudando o foco do ambientalismo para a defesa da qualidade da vida humana
(PIERRI, 2001). Este relatório ratificava as posições anteriormente defendidas nos documentos oficiais da
ONU e preparava o caminho para a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ser
realizada no Rio de Janeiro, em 1992 (JATOBÁ et al.,2009).

Segundo Weber (1997), esse conceito foi decisivo para se rediscutir as dimensões do desenvolvimento,
bem como para a conscientização da sociedade, examinando se as práticas econômicas e sociais
desenvolvidas não estavam restringindo a capacidade dos ambientes naturais de suportar a vida no
planeta. Iniciava-se então a discussão sobre o modelo de desenvolvimento adotado, se seria insustentável
ao logo do tempo, comprometendo a vida de futuras gerações.

Outra consequência das discussões sobre o Meio Ambiente é o Protocolo de Montreal, que é um tratado
internacional visando substituir as substâncias que demonstraram reagir quimicamente com o ozônio
na parte superior da estratosfera, as Substâncias Destruidoras da Camada de Ozônio (SDOs), como os
grupos Clorofluocarbonos (CFCs), Halons, Tetracloretos de Carbono (CTCs) e Hidroclorofluorcarbono
(HCFCs), emitidas em todo o globo, a partir dos processos de industrialização.

O Protocolo de Montreal entrou em vigor em 1/1/1989 e sofreu emendas nas reuniões de Londres (1990),
Copenhague (1992), Viena (1995), Montreal (1997) e Pequim (1999). Para a viabilização do cumprimento
do Protocolo foi criado em 1990 o Fundo Multilateral (FML). É administrado por um Comitê Executivo e
suprido por países desenvolvidos. Os projetos apoiados pelo FML são executados em diversos países
com a colaboração de agências internacionais das Nações Unidas: a dedicada ao Desenvolvimento,
PNUD; ao Meio Ambiente, PNUMA; e à indústria, UNIDO, além do Banco Mundial (SILVA, 2009).

De acordo com este Protocolo, os países desenvolvidos que historicamente consumiram mais SDOs,devem
financiar a erradicação dessas substâncias em países em desenvolvimento. O Brasil recebe aporte do
FML desde 1993, sendo signatário do Protocolo de Montreal das Nações Unidas desde 1990 (SILVA,
2009).

Na década de 90, a ONU preparou a maior conferência sobre meio ambiente desde Estocolmo: a
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento, conhecida como Cúpula
da Terra ou Rio 92. O objetivo desta reunião era constituir acordos internacionais que serviriam para
mediar as ações do ser humano no meio ambiente, buscava-se a conciliação entre a conservação e o
desenvolvimento (BURSZTYN, 2008.).

A Eco-92, como o encontro também foi chamado, demonstrou que naquele momento a questão ambiental
ultrapassava os limites das ações isoladas e localizadas, para se constituir em uma preocupação de
toda a humanidade (TOMMASIELLO; FERREIRA, 2001). Os estilos de vida e os padrões de consumo
excessivos foram considerados como alguns dos fatores da insustentabilidade (São Paulo, 2011).

Segundo Jatobá et al. (2009), foi o evento mundial que selou politicamente o ambientalismo moderado,

44 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


fundamentado na proposta conceitual do desenvolvimento sustentável. Contou com a participação
de delegações de 175 países. Inúmeras ONGs e mais de três mil cidadãos se reuniram em um fórum
paralelo, considerado um dos mais importantes fóruns da sociedade civil para a discussão das questões
ambientais realizados até hoje (São Paulo, 2011).

Durante a Eco-92, foram aprovados cinco documentos oficiais: três convenções (Biodiversidade,
Desertificação e Mudanças Climáticas), uma declaração de princípios e a Agenda 21.

A Agenda 21, documento elaborado na Eco-92, com diversos princípios globais e locais que cada
país, de acordo com sua realidade, utilizada como instrumento de planejamento para a construção do
desenvolvimento sustentável, constitui-se como uma estratégia de sobrevivência para o século XXI. Ela
estabelece compromissos e intenções para a preservação e melhoria da qualidade ambiental, visando à
sustentabilidade da vida na Terra (TOMMASIELLO; FERREIRA, 2001).

Barbieri (2009) afirma que a Agenda 21 é um plano de ação para alcançar os objetivos do desenvolvimento
sustentável. Contempla décadas de estudos e discussões ocorridos na esfera da ONU. A Agenda 21
trata, em seus 40 capítulos, das dimensões econômicas e sociais; da conservação e manejo de recursos
naturais; do fortalecimento da comunidade; e dos meios de implementação (TOMMASIELLO; FERREIRA,
2001).

Livro: Desenvolvimento e Meio Ambiente - As estratégias de mudanças da Agenda 21


Autor: José Carlos Barbieri
Editora: Vozes
Leitura imprescindível para se compreender a Agenda 21
Acesse o site e obtenha informações detalhadas sobre a Agenda 21 <http://www.brasilpnuma.org.br/saibamais/
agenda21.html>.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 45


Na Cúpula da Terra, os países ricos declararam a sua intenção de contribuir com 0,7% do seu PIB
para auxiliar os países em desenvolvimento e foi decidida a criação de um fundo especial para financiar
programas ambientais nos países pobres, o Global Environmental Fund (GEF) (JATOBÁ et al., 2009).

A partir da Eco-92, iniciou-se um ciclo de conferências sobre desenvolvimento e meio ambiente na esfera
da ONU, com destaque para a Conferência sobre população e desenvolvimento realizada no Cairo em
1994, Conferência sobre desenvolvimento social (Copenhague) e sobre mudança climática (Berlin), ambas
realizadas em 1995, e sobre assentamentos urbanos (Habitat II) realizada em Istambul em 1996.

Durante a Cúpula da Terra da ONU sobre Meio Ambiente, mais de 200 países adotaram a Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que entrou em vigor em 1994. Outras conferências
anuais das Partes se seguiram, culminando com a assinatura do Protocolo de Kyoto em 1997 (SILVA,
2009).
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

O Protocolo de Kyoto é um acordo internacional que estabelece metas para limitar a poluição pela queima
de combustíveis fósseis causadoras do efeito estufa. Assim, o Protocolo prevê uma redução total das
emissões de 5,2% entre 2008 e 2012 em comparação aos níveis de 1990. Entretanto, apenas 42 países
industrializados do Anexo I do Protocolo estão sujeitos a essas metas que variam de um signatário para
outro. Os países da União Europeia têm que cortar as emissões em 8%, enquanto o Japão se comprometeu
com 5%. Países em desenvolvimento não tiveram de se comprometer com metas específicas. Como
signatários, no entanto, precisam manter a ONU informada sobre seu nível de emissões, bem como
devem buscar o desenvolvimento de estratégias para tratar as mudanças climáticas.

O Protocolo de Kyoto instituiu ainda três mecanismos: o Comércio de Emissões, a Implementação Conjunta
(somente para países desenvolvidos) e a implantação de projetos conjuntos denominada Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL), que conta com a participação dos países em desenvolvimento.

Ratificado por 36 países do grupo dos mais ricos, menos pelos Estados Unidos, o Protocolo de Kyoto
limita emissões dos seis gases que provocam o efeito estufa: o metano (CH4); o óxido nitroso (N2O); o
hidrofluorcarbono (HFC); o perfluorcarbono (PFC); o hexafluorsulfúrico (SF6) e o gás carbônico (CO2)
(SILVA, 2009).

Dez anos após a Rio-92, em 2002, ocorreu em Johanesburgo, na África do Sul, a Cúpula Mundial sobre

46 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


Desenvolvimento Sustentável ou Cúpula da Terra 2, mais conhecida como Rio + 10, com o objetivo
de realizar um balanço dos compromissos firmados na Rio 92. A tônica que marcou o debate nesta
Conferência foi, principalmente, o enfrentamento da pobreza, tendo em vista o aumento das disparidades
sociais e econômicas, que agravava cada vez mais a situação de pobreza em alguns países (BURSZTYN,
2008).

Constatou-se que haviam ocorrido poucos avanços nos acordos firmados desde a Rio 92, o que realçou
o fato de que o desenvolvimento sustentável, como propósito global, estava sendo mais retórico do que
real (JATOBÁ et al., 2009).

Visite o site das Nações Unidas e leia a matéria sobre a Rio+20.


Fonte:<http://www.onu.org.br/proposta-de-fortalecer-pnuma-durante-rio20-e-apoiada-por-mais-de-cem-pai-
ses/>.

SUSTENTABILIDADE E SOCIEDADE DE RISCO

Os graves acidentes envolvendo usinas nucleares e contaminações tóxicas de grandes proporções, como
os casos de Three-Mile Island, nos EUA, em 1979, Love Canal no Alasca, Bhopal, na Índia, em 1984 e
Chernobyl, na época, União Soviética, em 1986, fomentaram o debate público e científico sobre a questão
dos riscos nas sociedades contemporâneas (JACOBI, 2003). Segundo Ulrich Beck (1992), pode-se iden-
tificar a sociedade de risco com uma segunda modernidade ou modernidade reflexiva, que emerge com
a globalização, a individualização, o subemprego e a difusão dos riscos globais.
Fonte: PHOTOS.COM

Os riscos atuais caracterizam-se por ter consequências, em geral de alta gravidade, desconhecidas a
longo prazo e que não podem ser avaliadas com precisão, como é o caso dos riscos ecológicos, químicos,
nucleares e genéticos. Assim, segundo Castelnou (2006), a Sociedade de Risco caracteriza-se pelo fato
de que, ao invés dos benefícios da industrialização, seriam seus malefícios – ou riscos – que seriam
distribuídos uniformemente.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 47


Some-se a este cenário a questão da degradação da natureza e a pobreza. Segundo Abramovay (2010,
p. 42),
as conquistas recentes na luta contra a pobreza, no Brasil, padecem de dois problemas fundamentais:
de um lado, apesar da redução na desigualdade de renda, persistem as formas mais graves de
desigualdade no acesso à educação, à moradia, a condições urbanas dignas, à justiça e à segurança.
Além disso, os padrões dominantes de produção e consumo apoiam-se, sistematicamente, num
processo acelerado de degradação ambiental muito mais vigoroso do que o poder da legislação
voltada à sua contenção.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

TECNOLOGIA AMBIENTALMENTE SAUDÁVEL


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

A demanda mundial por tecnologias saudáveis aumenta cada vez mais, proporcionalmente à

48 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


conscientização da população. A Agenda 21 conceitua como tecnologias ambientalmente saudáveis
aquelas que protegem o meio ambiente, são menos poluentes, usam todos os recursos de maneira mais
sustentável, reciclam mais seus resíduos e produtos, além de tratar os dejetos residuais de um modo mais
aceitável do que as tecnologias que vieram substituir (ONU, 1992).

As tecnologias ambientalmente saudáveis recebem uma série de outras denominações, tais como:
tecnologias ambientais alternativas, tecnologias ambientalmente interessantes; tecnologias verdes;
tecnologias ambientalmente amigáveis; ecotecnologias; inovações tecnológicas ambientalmente
saudáveis; tecnologias limpas; tecnologias mais limpas entre outras. Alguns exemplos podem ser
observados no Quadro 2.

Quadro 2. Exemplos de Tecnologias Ambientalmente Saudáveis

Aproveitamento da energia Os painéis solares geram eletricidade em 12 volts em corrente


solar: células solares, ou contínua, que pode ser armazenada em baterias para o uso
células fotovoltaicas posterior.

Aproveitamento do vento: A energia dos ventos é uma abundante fonte de energia


energia eólica renovável, limpa e disponível em muitos locais.

Materiais para construção Superadobe (utilização de sacos cheios de areia, que quando
agrupados, devido a sua flexibilidade permitem a elevação de
paredes e a conformação de superfícies curvas).
Fardos de palha: material natural com notáveis propriedades de
isolamento térmico e acústico.
Bambu: material renovável, com interessantes propriedades
mecânicas e de possibilidades diversificadas. Utilizado
isoladamente ou associado à argila.
Biotelha: feita a partir da reciclagem de papel.
Telhados verde ou “vivo”: é possível se fazer telhados com
materiais naturais como bambus,terra e grama, com um bom
isolamento térmico e baixo custo.

Permacultura Criação de ambientes equilibradamente produtivos, ricos em


alimentos, energia, abrigos e outras necessidades materiais e não
materiais, o que inclui infraestrutura social e econômica.

Reuso da água, tratamento de Processo de utilização da água, tratada ou não, por mais de uma
efluentes vez, para o mesmo ou outro fim. Essa reutilização pode ser direta
ou indireta, decorrente de ações planejadas ou não. A água de
reuso tratada é produzida dentro das Estações de Tratamento de
Esgotos e pode ser utilizada para inúmeros fins, como geração de
energia, refrigeração de equipamentos, em diversos processos
industriais.

Construção de biodigestores Utilização do biogás na geração de eletricidade.


anaeróbicos cobertos

Troca de embalagens de Cooperação entre o setor de compras e o setor de produção -


papelão por bombonas Redução de 100% na emissão de resíduos e economia de 5% no
plásticas retornáveis custo do adesivo.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 49


ou indireta, decorrente de ações planejadas ou não. A água de
reuso tratada é produzida dentro das Estações de Tratamento de
Esgotos e pode ser utilizada para inúmeros fins, como geração de
energia, refrigeração de equipamentos, em diversos processos
industriais.

Construção de biodigestores Utilização do biogás na geração de eletricidade.


anaeróbicos cobertos

Troca de embalagens de Cooperação entre o setor de compras e o setor de produção -


papelão por bombonas Redução de 100% na emissão de resíduos e economia de 5% no
plásticas retornáveis custo do adesivo.

Fonte: Modificado de Isoldi et al. (2012)

Conheça projetos comunitários de energia renovável.


Fonte: <http://www.oeco.com.br/guardian-environmental-network/25491-envolva-se-com-projetos-comunitarios-
-de-energia-renovavel>.

Nas últimas duas décadas, a abordagem de proteção ambiental sofreu uma mudança de paradigma,
passando do controle para a prevenção (SENAI-RS, 2003). A Produção mais Limpa procura evitar a
poluição antes que esta seja gerada. Entre as principais metas ambientais da Produção mais Limpa
podem ser incluídas:
a) Eliminação/redução de resíduos.
b) Produção sem poluição.
c) Efi ciência energética.
d) Saúde e segurança no trabalho.
e) Produtos ambientalmente adequados.
f) Embalagens ambientalmente adequadas.

Entre as ações efetivas para a busca pelos mecanismos de preservação ambientais, podemos citar a
utilização dos Princípios Ceres, que também receberam o nome de Valdez para lembrar o Desastre
ecológico de grande proporção provocado por derramamento de petróleo ocorrido na Baía de Valdez no
Alasca em 1989. Tais princípios enfatizam uma abordagem prevencionista compatível com o conceito de
tecnologia ambientalmente saudável (BARBIERI, 2009).

No Quadro 3, estão relacionados os Princípios Ceres, que foram elaborados pela Coalition for
Environmentally Responsible Economics, atualmente Investors and Environmentalists for Sustainable
Prosperity.

50 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


Quadro 3- Princípios Ceres

1)Proteção da Biosfera.
2)Uso sustentável dos recursos naturais.
3)Criar o mínimo de resíduos, principalmente os perigosos; reciclar sempre que possível e adotar
métodos seguros para o despejo de resíduos.
4)Conservação e uso prudente de energia.
5)Redução ao mínimo dos riscos à saúde e ao meio ambiente para os nossos empregados e
para a comunidade.
6)Produção e comercialização de produtos seguros.
7)Compensação por danos causados ao meio ambiente e esforços para recuperar inteiramente
o meio ambiente afetado.
8)Informação aos empregados e ao público sobre operações e produtos que afetem
o meio ambiente ou constituam riscos.
9)Compromisso da administração. Pelo menos um membro da alta administração deve estar
qualificado para atuar na área ambiental (administradores e diretores ambientais). A empresa deve
fornecer recursos administrativos para a implementação destes princípios.
10) Auditoria e divulgação dos seus resultados (auditorias anuais e relatórios).

Restrições: estes princípios estabelecem uma ética com critérios pelos quais investidores e outros
possam avaliar o desempenho ambiental das empresas. As empresas que endossam esses
princípios se comprometem a ir além das exigências legais voluntariamente. Esses princípios não
têm por objetivo criar novas exigências legais, ampliar os direitos ou obrigações existentes, renunciar
à defesa de direitos ou da situação legal de qualquer empresa signatária e tampouco devem ser
usados contra outra empresa signatária em qualquer procedimento legal, para qualquer propósito.

Fonte: CERES (<http://www.ceres.org>) modificado de Barbieri (2009).

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 51


De acordo com Fonseca et al. (2007), indicadores são ferramentas para mensurar determinada situação
e têm sido utilizados nas mais variadas áreas do conhecimento para prover parâmetros para a sociedade,
de tal forma a permitir a avaliação do progresso ou comparar realidades. Por exemplo, pode-se citar o IDH
(índice de desenvolvimento humano), já bastante conhecido, que é utilizado para medir o desenvolvimento
social. Mas, com o surgimento do conceito de Desenvolvimento Sustentável, tornou-se imperativo o
desenvolvimento de indicadores que pudessem analisar devidamente a natureza multidimensional do
mesmo. Esses indicadores serviriam para aumentar o foco no tema Sustentabilidade e auxiliar os governos
ou mesmo empresas na implantação de programas adequados.

Em outras palavras, pode-se afirmar que o indicador é uma ferramenta que possibilita a obtenção de
informações sobre uma realidade posta, e que tem a habilidade de sintetizar um conjunto complexo de
informações, informando o essencial dos aspectos analisados. Farsari e Pratasco (2002) afirmam que,
segundo a sustentabilidade, os indicadores conseguem: informar a situação econômica, social e ambiental
de um local; alertar para as fragilidades e problemas em cada uma dessas áreas; ser ferramentas de
avaliação de políticas; ser ferramentas para o planejamento de políticas; auxiliar no esclarecimento de
objetivos e determinação de prioridades; conscientizar o público sobre o desenvolvimento sustentável e
as ações que devem ser tomadas para atingi-lo.

Ao considerar-se a complexidade das informações e das dimensões que o Desenvolvimento Sustentável


abrange, percebe-se que não é possível a formulação de um único indicador, conforme Fonseca (et al.,
2007), já que os indicadores deveriam ser formulados a partir da reflexão das necessidades e prioridades
de cada contexto (Sociedade Civil, Estado ou Empresas). Assim, temos como exemplos das diversas
possibilidades: o Genuine Progress Indicator (GPI), que reflete as preocupações da sociedade civil; o
Policy Performance Index (PPI) é um indicador que procura avaliar a atuação dos Governos e o Global
Reporting Initiative (GRI) é um indicador de sustentabilidade para organizações privadas.

O GRI já foi discutido sob a ótica social na unidade I e será analisado na dimensão econômica na unidade
III. Na presente unidade, vamos conhecer o GRI a partir da perspectiva ambiental.

De acordo com Fonseca et al. (2007), a dimensão ambiental do GRI se refere aos impactos advindos da
organização sobre os sistemas naturais vivos ou não vivos, o que abrange ecossistemas, ar e água. Seus
indicadores ambientais abrangem o desempenho relacionado a insumos, à produção, à biodiversidade,
à conformidade ambiental, aos gastos com meio ambiente e aos impactos de produtos e serviços. Além
disso, incluem também:
• principais resultados e metas atingidas ou não;
• riscos da organização quanto à questão ambiental;
• principais estratégias e procedimentos para alcançar os objetivos.

O Quadro 4 apresenta os aspectos relacionados pelo GRI no quesito de Indicadores Ambientais.

52 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


Quadro 4: Dimensões e aspectos dos indicadores GRI

Aspectos relacionados pelo GRI

Indicadores relativos a materiais (uso e reciclagem).

Indicadores relativos à energia (consumo de energia direta ou indireta).

Indicadores relativos à água (retirada por fonte).


Indicadores Ambientais

Indicadores relativos à biodiversidade (índice de biodiversidade e impactos nas áreas


pertencentes ou administradas pela organização).

Indicadores relativos a emissões, efluentes e resíduos.

Indicadores relativos a aspectos ambientais de produtos e serviços (mitigação de impactos


ambientais e recuperação de embalagens).

Indicadores relativos à conformidade ambiental (multas e sanções por conformidades


ambientais).

Indicadores relativos a transporte (impactos de transporte de


mercadorias e de trabalhadores).

Indicadores relativos a aspectos ambientais gerais (investimentos em proteção ambiental).

Fonte: adaptado de GRI (2008)

De acordo com Bortolin et al. (2008), o relatório GRI, dentro de sua proposta participativa de elaboração,
torna-se uma relevante ferramenta de gestão, uma vez que proporciona que as organizações sigam um
padrão e uma estrutura de comunicação, instituindo um espaço favorável para reflexão e integração das
diversas partes interessadas. Além disso, a divulgação de informações fomenta um processo que induz
ações de melhoria contínua.

Outra iniciativa empresarial de autorregulação é a adoção das Normas ISO 14000, que permitem que
empresas de qualquer setor da economia direcionem suas atividades administrativas e operacionais de
tal forma a se tornarem compatíveis com o cenário almejado de sustentabilidade ambiental. Desde que
surgiu, em 1996, a ISO 14001 tem sido difundida, sendo voluntariamente adotadas por organizações ao
redor do mundo, que seguem seus requisitos. Esta adoção ocorre por meio de um processo de certificação
por organismos específicos credenciados. Na figura 4, apresentamos um organograma com a estrutura
das normas ISO 14000.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 53


GESTÃO
AMBIENTAL

NORMAS PARA A ORGANIZAÇÃO NORMAS PARA PRODUTOS E


PROCESSOS
SISTEMA DE
GESTÃO NORMAS PARA
AMBIENTAL PRODUTOS E
PROCESSOS
AVALIAÇÃO DO AUDITORIA
ROTULAGEM ASPECTOS
DESEMPENHO AMBIENTAL AMBIENTAIS
AMBIENTAL AMBIENTAL
EM NORMAS
DE PRODUTOS

TERMOS E DEFINIÇÕES

Figura 4 - Estrutura das normas ISO 14000


Fonte: Barbieri (2009)

A ISO 14001 provê um guia para os requisitos do sistema de gestão que se baseia em um modelo de
aprimoramento contínuo do tipo planejar-executar-verificar-agir (AVILA; PAIVA, 2006). Tal comportamento
levaria a melhores práticas de gestão ambiental, que por sua vez possibilitariam melhores desempenhos.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

A certificação e o licenciamento ambiental são dois instrumentos importantes e possuem objetivos


semelhantes, mas não estamos afirmando que ambos têm a mesma finalidade. Em primeiro lugar,
porque o licenciamento ambiental é exigência da lei, tendo em vista o bem comum. Em segundo lugar,
porque ao buscar pela certificação, o empreendedor procura um instrumento que ateste adequação do
empreendimento aos parâmetros ambientais mais aceitos, o que será um diferencial no mercado, mas

54 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


que beneficia apenas o empresário, sem qualquer interesse público direto, embora possamos reconhecer
uma série de benefícios indiretos para toda sociedade (VIANA et al., 2003). No Quadro 5, podemos
observar as principais semelhanças e diferenças entre a certificação e o licenciamento ambiental.

Quadro 5. Comparação entre a certificação e o licenciamento ambiental

Elemento de Certificação Licenciamento


comparação

Objetivos Atestar comportamento menos Atestar comportamento menos nocivos ao


nocivos ao meio ambiente e, ou, meio ambiente e, ou, promover uma atuação
promover uma atuação do do particular conforme padrões técnicos de
particular conforme padrões conservação ambiental.
técnicos de conservação
ambiental.

Atuação Promove a verificação da Promove a verificação da compatibilidade da


compatibilidade da atividade com atividade com conservação ambiental,
conservação ambiental, visando visando equalizar desenvolvimento
equalizar desenvolvimento econômico e sustentável.
econômico e sustentável.

Formação do O sistema constitui-se através de É procedimento administrativo formado por


processo/ prescrições normativas que devem conjunto de prescrições normativas que
sistema ser obedecidas por aquele que devem ser obedecidas por aquele que
procura obtê-la. requer o licenciamento.
São regras cujo cumprimento e Devem ser observados procedimentos e
observância são pré-requisitos normas para a expedição da licença.
para a expedição do certificado.

A quem É desenvolvida por particulares, É atividade desenvolvida pelo Poder


compete visando atender a interesses Público, possibilitando o desenvolvimento
também particulares. de certa atividade privada. Visa sempre o
bem público, comum.

Natureza das As regras e os critérios que Decorre de exigência legal, isto é, são
normas prescrevem os procedimentos normas de caráter obrigatório, editadas e
para a certificação ambiental são válidas em todo o território nacional.
normas de adesão voluntária.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 55


Quem elabora As normas são elaboradas por São normas elaboradas pelas pessoas de
as entidades privadas (entidades direito público interno competentes (União,
normas normatizadoras), sendo Estados, municípios e DF).
também privadas aquelas
entidades encarregadas da
verificação e auditoria para a
expedição dos certificados
ambientais (entidades
certificadoras).

Origem Decorre da atuação particular Exercício do poder de polícia do Estado,


em virtude de uma exigência do por força dos deveres e das competências
mercado. constitucionais.

Momento de Atuação posterior, quando em Atuação preventiva, condicionando o


atuação funcionamento a atividade. exercício da atividade conforme a lei. Pode
haver atuação posterior, se a atividade já
está em funcionamento.

Fonte: Viana et al.(2003)

A série de normas ISO 14000 visa alcançar três principais objetivos (SOLEDADE et al., 2007):

a) promover uma abordagem comum a nível internacional no que diz respeito à gestão ambiental dos
produtos;

b) aumentar a capacidade das empresas de alcançarem um desempenho ambiental e na medição de


seus efeitos;

c) facilitar o comércio, eliminando as barreiras dos imperativos ecológicos.

Segundo Dias (2006), as normas são uma família de diretrizes que têm por objetivo constituir ferramentas
e sistemas para a administração ambiental de uma organização. O quadro 6 mostra as normas que
compõem a família ISO 14000.

56 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


Quadro 6 - Família de normas NBR ISO 14000

ISO 14001* Sistema de Gestão Ambiental (SGA) – Especificações para implantação e guia

ISO 14004 Sistema de Gestão Ambiental – Diretrizes Gerais

ISO 14010 Guias para Auditoria Ambiental – Diretrizes básicas

ISO 14011 Diretrizes para Auditoria Ambiental e procedimentos para Auditorias

ISO 14012 Diretrizes para Auditoria Ambiental – Critérios de Qualificação

ISO 14020 Rotulagem Ambiental – Princípios Básicos

ISO 14021 Rotulagem Ambiental – Termos e Definições

ISO 14022 Rotulagem Ambiental – Simbologia para Rótulos

ISO 14023 Rotulagem Ambiental – Testes de Metodologia para Verificação

ISO 14024 Rotulagem Ambiental – Guia para Certificação com Base em Análise Multicriterial

ISO 14031 Avaliação da Performance Ambiental

ISO 14032 Avaliação da Performance Ambiental dos Sistemas de Operadores

ISO 14040* Análise do Ciclo de Vida – Princípios Gerais

ISO 14041 Análise do Ciclo de Vida – Inventário

ISO 14042 Análise do Ciclo de Vida – Análise de Impactos

ISO 14043 Análise do Ciclo de Vida – Migração dos Impactos

Fonte: Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT), modificado por Soledade et al., 2007.

* Normas passíveis de certificação

BALANÇO AMBIENTAL

Como já discutido na unidade I, o Balanço Social é uma importante ferramenta, O Balanço Ambiental é um
desdobramento do Balanço Social e desloca o foco da relação empresa/pessoa para a relação empresa/
ambiente natural. Ribeiro (1992) ressalta que a informação ambiental passa a ser estratégica, contribuindo
para evitar preocupações e surpresas na colocação da empresa no mercado em que atua, além de
assegurar sua continuidade a longo prazo. Atualmente, as empresas precisam considerar a informação
ecológica para a tomada de decisões, tamanhas as imposições governamentais, as pressões sociais e as
penalidades pelo uso de tecnologias inadequadas. Assim, o empresário encontra-se com a necessidade
de promover discussões e pesquisas que reduzam o nível de poluição, que, ao mesmo tempo, sejam
economicamente viáveis. A Figura 5 apresenta uma parte de um Balanço Social, especificamente os
Indicadores Ambientais.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 57


4 - Indicadores Valor % sobre % sobre Valor % sobre % sobre
Ambientais (mil) RO RL (mil) RO RL

Investimentos relacionados
com a produção/operação
da empresa 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
Investimentos em programas 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!
e/ou projetos externos

Total dos investimentos em 0 #DIV/0! #DIV/0! 0 #DIV/0! #DIV/0!


meio ambiente

Quanto ao estabelecimento de ( ) não possui metas ( ) não possui metas


“metas anuais” para minimizar ( ) cumpre de 51 a 75% ( ) cumpre de 51 a 75%
resíduos, o consumo em ( ) cumpre de 0 a 50% ( ) cumpre de 0 a 50%
geral na produção/operação e ( ) cumpre de 76 a 100% ( ) cumpre de 76 a 100%
aumentar a eficácia na
utilização de recursos
naturais, a empresa

Figura 5 – Indicadores sociais do Balanço Social

Fonte: Balanço Social (2012)

NOÇÕES GERAIS SOBRE POLÍTICAS E LEGISLAÇÕES AMBIENTAIS


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

DIREITO AMBIENTAL BRASILEIRO

A política ambiental no Brasil começou a ser estruturada nas décadas de 30 e 40, com o surgimento das
primeiras leis de proteção ambiental no país, como o Código Florestal (1934), o Código de Caça (1935) e
Pesca e o Código de Águas (1935), além da própria Constituição Federal de 1937. Em 1965, foi aprovado
o Novo Código Florestal e elaborada a lei de proteção à fauna. Atualmente, o Código Florestal está em
discussão no Congresso Nacional.

58 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


A Constituição Brasileira de 1988 apresenta um dos impactos mais significativos do avanço ideal de
desenvolvimento sustentável, pois incorpora o compromisso do país com o desenvolvimento sustentável
e com a manutenção do meio ambiente equilibrado, por meio do artigo 225. É a primeira vez na história
do Brasil que uma constituição dedica um capítulo inteiro ao meio ambiente (São Paulo, 2011).

Conforme o artigo 225, do Capítulo VI – Do Meio Ambiente, da Constituição da República Federativa do


Brasil “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

PROGRAMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (PNMA - Lei 6938/81)

A Política Nacional do Meio Ambiente é instituída pela Lei Federal nº. 6.938/1981, que tem por objetivo a
preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade de vida, visando assegurar, no país, condições ao
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da
vida humana, atendidos os seguintes princípios:
I. Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um
patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II. Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III. Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV. Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V. Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
VI. Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos
recursos ambientais;
VII. Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII. Recuperação de áreas degradadas;
IX. Proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X. Educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando
capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.

Em conformidade com a Política Nacional do Meio Ambiente, os órgãos e entidades da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos territórios e dos Municípios, assim como as Fundações instituídas pelo
Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituem o Sistema
Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), como um conjunto articulado, de organizações, regras e práticas,
que está representado na Figura 6.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 59


SISNAMA

Conselho Superior

Ministério do Meio
Conama
Ambiente

IBAMA ICMBio

Órgãos estaduais

Órgãos municipais
Esquema - Organograma Sisnama.

Figura 6. Organograma SISNAMA

Fonte: São Paulo (2011)

Como instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente são instituídos:


I. Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental.
II. Zoneamento ambiental.
III. Avaliação de impactos ambientais.
IV. Licenciamento e revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras.
V. Incentivos à produção e instalação de equipamentos e à criação ou absorção de tecnologia, voltados
para a melhoria da qualidade ambiental.
VI. Criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e muni-
cipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas.
VII. Sistema nacional de informações sobre o meio ambiente.
VIII. Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental.
IX. Penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preser-
vação ou correção da degradação ambiental.
X. Instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente.
XI. Garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a
produzi-las.
XII. Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos
ambientais.
XIII. Instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros.

60 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


EIA/RIMA

As abreviaturas EIA e RIMA significam, respectivamente, Estudo de Impactos Ambientais e Relatório de


Impactos Ambientais, são instrumentos da política Nacional do Meio Ambiente e foram instituídos pela
RESOLUÇÃO CONAMA N.º 001/86, de 23/01/1986.

Desta maneira, as atividades que se utilizam de Recursos Ambientais consideradas de significativo


potencial de degradação ou poluição dependerão do Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) e
respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para seu licenciamento ambiental.

Neste caso, o licenciamento ambiental apresenta uma série de procedimentos específicos, inclusive
realização de audiência pública e envolve diversos segmentos da população interessada ou afetada pelo
empreendimento.

Você poderá aprender mais sobre EIA/RIMA no site do Ministério do Meio Ambiente: <http://www.mma.
gov.br>.

POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A Política Nacional de Educação Ambiental foi instituída pela Lei Federal nº 9.795, de 27 de abril de 1999
e estabeleceu objetivos, diretrizes, princípios, linhas de atuação e de execução.

A expressão “Educação Ambiental” foi utilizada pela primeira vez em 1965, na Conferência de Educação da
Universidade Keele, na Grã-Bretanha (São Paulo, 2011). Segundo Reigota (1998), a educação ambiental
aponta para propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento,
desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos educandos.

Conforme a Lei Federal nº. 9.795, são definidos dois tipos de educação ambiental: a formal, desenvolvida
no âmbito dos currículos das instituições de ensino, públicas e privadas, e a não formal, concernente às
ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e a
sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente (São Paulo, 2011).

O Quadro 7 apresenta os oito princípios e sete objetivos fundamentais para a Educação Ambiental,
propostos na Lei da PNEA, e que revelam a sua concepção moderna.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 61


Quadro 7- Mandamentos da Educação Ambiental Brasileira

Princípios Objetivos

● enfoque humanista, holístico, democrático e compreensão integrada do meio ambiente em


participativo; suas múltiplas e complexas relações (inclui


●concepção do meio ambiente em sua aspectos ecológicos, psicológicos, legais,
totalidade, considerando a interdependência políticos, sociais, econômicos, científicos,
entre o meio natural, o sócio-econômico e o culturais e éticos);
cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; ● garantia de democratização das informações
●pluralismo de idéias e concepções ambientais;
pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e estímulo e fortalecimento de uma consciência
transdisciplinaridade; crítica sobre a problemática ambiental e social;
●vinculação entre a ética, a educação, o ● incentivo à participação individual e coletiva,
trabalho e as práticas sociais; permanente e responsável, na conservação do
●garantia de continuidade e permanência do equilíbrio do meio ambiente (defesa da
processo educativo; qualidade ambiental como um valor inseparável
●permanente avaliação crítica do processo do exercício da cidadania);
educativo; ● estímulo à cooperação entre as diversas
●abordagem articulada das questões regiões do País, em níveis micro e
ambientais locais, regionais, nacionais e macrorregionais (para construir uma sociedade
globais; ambientalmente equilibrada, fundada nos
● reconhecimento e respeito à pluralidade e à princípios da liberdade, igualdade,
solidariedade, democracia, justiça social,
diversidade individual e cultural.
responsabilidade e sustentabilidade);
fomento e fortalecimento da integração com a
ciência e a tecnologia;
● fortalecimento da cidadania, autodeterminação
dos povos e solidariedade como fundamentos
para o futuro da humanidade.

Fonte: CZAPSKI (2008)

POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS (Lei nº 9.433/97)

A Política Nacional de Recursos Hídricos é instituída pela Lei Federal nº. 9.433/1997, baseando-se nos
fundamentos de que a água é um bem de domínio público; um recurso natural limitado e dotado de valor
econômico. Em situações de escassez, seu uso prioritário deve ser o consumo humano e a dessedentação
de animais, considerando que a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo
das águas.

A bacia hidrográfica passa a ser entendida como a unidade territorial para implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada, contando com a participação do Poder Público,
dos usuários e das comunidades.

A lei que estabelece a Política Nacional de Recursos Hídricos traça como objetivos:

62 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


I. Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualida-
de adequados aos respectivos usos.
II. Estimular a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com
vistas ao desenvolvimento sustentável.
III. Promover a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorren-
tes do uso inadequado dos recursos naturais.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Os instrumentos para o adequado exercício da Política Nacional de Recursos Hídricos são:


I. Planos de Recursos Hídricos, que visam fundamentar e orientar a implementação da política, bem
como o gerenciamento dos recursos hídricos.
II. Enquadramento dos corpos d’água em classes, segundo os usos preponderantes, para assegurar
qualidade compatível com os usos e diminuir os custos de combate à poluição das águas.
III. Outorga dos direitos de uso dos recursos hídricos, para assegurar o controle quantitativo e qualitativo
dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água.
IV. Cobrança pelo uso da água, reconhecendo a água como um bem econômico, indicando ao usuário
seu real valor; incentivando a racionalização do uso da água e a obtenção de recursos financeiros
para financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos. Os
recursos arrecadados deverão ser aplicados prioritariamente na bacia em que foram gerados.
V. Sistema de informações sobre recursos hídricos, de coleta, tratamento, armazenamento e recupera-
ção de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão.

De acordo com a Lei Federal nº. 9.433/1997, fica instituído o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos, composto pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos; os Conselhos de Recursos
Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; os Comitês de Bacias Hidrográficas; os órgãos dos poderes
públicos federal, estaduais e municipais; e as Agências de Água.

Dentre outras atribuições, compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos promover a articulação
do planejamento com os planos nacional, estaduais, regionais e dos setores usuários; e estabelecer

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 63


diretrizes para a implantação da Política Nacional. Compõe o Conselho os representantes dos Ministérios
e Secretarias com atuação no gerenciamento ou uso dos recursos hídricos, representantes indicados
pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, representantes dos usuários dos recursos hídricos e
representantes das organizações civis de recursos hídricos.

Aos Comitês de Bacias Hidrográficas compete, principalmente, promover o debate das questões
relacionadas aos recursos hídricos, articular a atuação das entidades intervenientes, aprovar e acompanhar
a execução dos Planos de Bacias. Os Comitês de Bacias Hidrográficas são compostos por representantes
da União, dos Estados e do Distrito Federal, dos Municípios, dos usuários das águas de sua área de
atuação e das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia.

As Agências de Água exercem a função de secretaria executiva do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica,
devendo, para isto, manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos, manter cadastro
de usuários, efetuar a cobrança pelo uso da água, acompanhar a administração financeira dos recursos
arrecadados dentre outras competências.

Conheça mais sobre as Agências de Água, acesse o portal:


Fonte: <http://www2.ana.gov.br/Paginas/default.aspx>.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, você conheceu um pouco mais sobre Sustentabilidade, desta vez vista pela dimensão
Ambiental. Pôde observar o longo caminho percorrido para chegarmos a algumas atitudes que hoje são
consideradas tão óbvias.

Entre a reunião de 1968 (o Clube de Roma) e os dias de hoje, foram várias as conquistas referentes à
preservação do Meio Ambiente, acredito que a principal foi a elaboração do conceito de Sustentabilidade,
que podemos considerar como um marco norteador para as discussões que se seguiram desde a
Conferência de Estocolmo (1972), bem como para as decisões e protocolos assinados pelos países
participantes da ONU. Lembrando que essas reuniões se pautaram nos seguintes objetivos: fazer um
balanço dos problemas ambientais em todo o mundo; buscar soluções e novas políticas governamentais
no sentido de reduzir o grande número de problemas causados pelo desenvolvimento das sociedades,
tais como poluição, deterioração dos ambientes e limitação dos recursos naturais; discutir a urbanização
acelerada, mal concebida e caótica; e debater o caráter global dessas perturbações de origem humana.

64 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


A Agenda 21 foi um dos grandes temas mundiais tratados, constituindo-se como estratégia de sobrevivência
para o século XXI.

Você também travou contato com as diretrizes utilizadas nos Instrumentos de Gestão, por meio de seus
Indicadores GRI e ISO 14000. Aprendeu sobre a importância dos Indicadores que são imprescindíveis
para: informar a situação ambiental de um local; alertar para as fragilidades e problemas em cada uma
dessas áreas; servir de ferramentas de avaliação e de planejamento de políticas; auxiliar no esclarecimento
de objetivos e determinação de prioridades; conscientizar o público sobre o desenvolvimento sustentável
e as ações que devem ser tomadas para atingi-lo.

Conheceu os Princípios Ceres e algumas das alternativas inovadoras já em uso em várias partes do
planeta para fomentar a Sustentabilidade.

No item Noções Gerais sobre Políticas e Legislações Ambientais, você pôde aprender mais sobre o
DIREITO AMBIENTAL BRASILEIRO, PROGRAMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, POLÍTICA
NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS. Além de
seus instrumentos legais instituídos.

Os links e as leituras sugeridas foram especialmente selecionados para ampliarem o seu aprendizado.

Concluo esta unidade recordando o conceito elaborado pela Comissão Brundtland: desenvolvimento
sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das
gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades (CMMAD, 1988, p. 46).

ATIVIDADES DE AUTOESTUDO
I. De acordo com Miller (2007), a queima de combustíveis fósseis em veículos motorizados, em usinas
elétricas e em indústrias é a principal fonte de poluição do ar proveniente da atividade humana. Dis-
corra sobre quais as alternativas viáveis.
II. Busque informações sobre quais são as ações necessárias para reduzir o uso e o desperdício de
água.
III. Relacione itens que você considera relevantes para a elaboração de um Balanço Ambiental.
IV. Pesquise sobre a Agenda 21 no site do Ministério do Meio Ambiente <http://www.mma.gov.br/sitio/
index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=18> e discorra sobre os principais desafios da Agenda
21 Local.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 65


UNIDADE III

A DIMENSÃO ECONÔMICA E A SUSTENTABILIDADE


Professora. Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett1

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender e contextualizar as características da dimensão econômica e sua relação com outras
dimensões da sustentabilidade.
• Compreender a importância da ferramenta responsabilidade social e da busca pela sustentabilidade.
• Compreender as estratégias e ações em sustentabilidade mais utilizadas pelas organizações para a
demonstração de suas ações e os resultados em busca pela sustentabilidade.
• Conhecer na prática alguns balanços sociais utilizados pelas organizações e os indicadores de
responsabilidade social e sustentabilidade mais utilizados.
• Compreender como os indicadores de sustentabilidade impactam na sustentabilidade organizacional.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Características da dimensão econômica e sua relação com outras dimensões da sustentabilidade
• Gestão empresarial e organizacional
• Modelos dos principais indicadores econômicos de responsabilidade social e sustentabilidade

1
Mestre em Administração, área de concentração em Gestão de Negócios pela Universidade Estadual de Londrina – UEL e Maringá -
UEM.
68 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância
INTRODUÇÃO

Impossível iniciarmos a discussão sobre a responsabilidade social e sustentabilidade na dimensão


econômica sem fazermos alusão às outras dimensões como as dimensões ecológica, social e política
indissociáveis entre si. A partir de uma abordagem sistêmica, esta unidade se propõe a evidenciar o tema
“dimensão econômica”, fazendo a relação com as outras dimensões da sustentabilidade da qual se faz
necessário compreender uma parte do processo que culminou na busca pela responsabilidade social e
sustentabilidade por todos os atores da sociedade.

Desta forma, a partir da caracterização da dimensão econômica e sua relação com outras dimensões,
focaremos, nesta unidade, o contexto econômico-político e ambiental-social, dando ênfase principal ao
processo de globalização, do qual trouxe grandes transformações na realidade mundial. Compreenderemos
a importância da ferramenta da responsabilidade social e da sustentabilidade no contexto mundial, da
necessidade do envolvimento dos diversos atores, com ênfase principal às organizações e seu papel
enquanto promotora de desenvolvimento sustentável e a busca pela sustentabilidade.

A seguir, a ênfase é nas ferramentas utilizadas para a busca desta sustentabilidade. Das estratégias e
ações de negócios da sustentabilidade, em que executivos e especialistas em pesquisa da Sustainability:
The Embracers Seize Advantage em análise pelo The Boston Consulting Group (BCG) e a MIT Sloan
Management Review nos fornecerão informações importantes sobre as iniciativas de sustentabilidade
que afetam a criação de valor, bem como seus benefícios para os negócios. Serão conhecidas também
algumas empresas que utilizam as ferramentas e as empresas consideradas as mais sustentáveis no
mundo.

As organizações buscam, a partir da transparência de suas ações por meio dos indicadores de
sustentabilidade, demonstrar sua preocupação com o status quo sustentável. Desta forma, são apresentadas
as ferramentas mais utilizadas para demonstrar estas ações perante seus stakeholders: o Balanço Social
e indicadores do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), os indicadores de terceira
geração do Instituto Ethos, os indicadores de sustentabilidade utilizados pelas Empresas filiadas ao
Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), o protocolo e diretrizes dos
indicadores do Global Reporting Iniatiave (GRI), os indicadores de sustentabilidade Dow Jones (DJSI) e
os Indicadores de Sustentabilidade Empresarial (ISE) utilizados pela Bolsa de Mercadorias e Futuro e
Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA).

CARACTERÍSTICAS DA DIMENSÃO ECONÔMICA E SUA RELAÇÃO COM OUTRAS


DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

A partir de um contexto histórico, o tema “economia e política” nos remetem a um grande pensador “Marx”,
um duro crítico da filosofia idealista da concepção da história, calcado em leis objetivas sobre a economia,

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 69


independentes da vontade humana. Da mesma forma, a política, a estrutura complexa da ação humana
está ao lado da análise econômica e do capitalismo.

Karl Marx
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Leia a Biografi a deste importante pensador do século XIX, marxismo, a crítica ao capitalismo no livro.
O Capital, Manifesto Comunista.
Informações do livro: <http://www.marxists.org/portugues/marx/1867/ocapital-v1/index.htm>.

Se por um lado nossa análise sobre a dimensão econômica é indissociável das demais dimensões da
sustentabilidade, quais sejam as dimensões, por outro, e para que possamos compreender de forma mais
clara a busca da sociedade global pela sustentabilidade e o motivo pelo qual o tema “responsabilidade
social” se tornou fundamental para a atualidade, precisamos compreender as particularidades humana,
biofísica e seu processo de acumulação e as condições materiais que determinam seus limites. E dentro
deste contexto, a análise do valor é indispensável para o entendimento da economia moderna – essência
capitalista.

70 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


Buscando compreender estas particularidades, Cavalcanti (1996, p. 319) salienta que:
Não pode haver dúvida de que, em qualquer época, em qualquer lugar, os problemas de organização
econômica devem manter relação profunda e determinante com a dimensão ambiental e depender de
sua judiciosa utilização para que possam ser solucionadas sustentavelmente [...] o meio ambiente e
também a sociedade são entidades “naturais”, no sentido de que independem do propósito humano,
o primeiro tendo uma existência autônoma que precede ao aparecimento da segunda. Assim, o
sistema econômico, que é uma ferramenta da sociedade, não passa de um subsistema aberto do
ecossistema, precisando dele vitalmente como fonte supridora de recursos e como espaço onde faz
o lançamento dos dejetos resultantes das atividades de produtiva e de consumo.

Percebido desse ângulo, é evidente que o processo econômico tem que respeitar limites além da própria
tecnologia, ou seja, trata-se de promover a economia e o bem-estar dos humanos sem causar estresses
que o sistema ecológico possa absorver (CAVALCANTI, 2004, p.1).

Conforme aponta Bruseke (1996, pp. 120-21):


Não só a particularidade da sociedade humana choca-se com o biofísico, mas também os processos
de acumulação próprios a ela têm condições materiais que determinam seus limites. Estes – visíveis
enquanto limites de crescimento – colocam barreiras externas à acumulação. A contínua reprodução
do valor é sempre concomitante transformação de matéria e energia. Apenas a análise dos problemas
inerentes ao processo de valorização não explica os transtornos que a produção industrial causa na
natureza e na sociedade humana [...] a análise do valor se supera na medida em que se descobre
que a natureza participa na formação do valor [...] o objeto de trabalho (recursos naturais) e a força
de trabalho (animal, homem) influenciam fundamentalmente a formação do valor [...] só o trabalho
tem o poder de criar valor [...] impossível sem a transformação da matéria.

De todo pensamento, seja ele de cunho filosófico ou utópico, de análise do valor, de caos e desordem do
planeta, da economia de mercado comum e equitativa, de uma governança política globalizada ou local,
dos debates incessantes sobre a questão ambiental e ecológica, dos fóruns sociais e políticos, enfim,
todas as tentativas e alternativas apontadas para “melhorar o mundo” ainda estão em xeque quando nos
deparamos com a “insustentabilidade econômica, social e ambiental atual”.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Conforme aponta Bruseke (1996, p. 121), “a economia de mercado adequou-se em princípio, em criar
a ordem do caos”. De acordo com o autor, agentes econômicos procuram encontrar alternativas para
descobrir se o comportamento econômico tem sentido ou não – o que chama de nexus socioeconômico.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 71


Desta forma, Bruseke (1996, p. 122) afirma que “as economias modernas tentam reagir contra a tendência
da crise inerente ao próprio sistema”, ou seja, em face de factível “crise” os agentes econômicos (empresários
e assalariados) impossibilitados de fazer algo contra esta crise, tem o Estado como interventor político.
A intervenção estatal na economia de mercado, que está sendo ideologizada e estereotipada
como economia de mercado, aumenta a inteligência sistêmica, que identifica os desenvolvimentos
ameaçadores da ordem socioeconômica e incentiva medidas que dão estabilidade ao sistema. A
superioridade da aceitação da imperfeição da síntese econômica organizada no mercado e da
confiança no mecanismo de mercado com base da racionalidade da produção industrial-capitalista
(BRUSEKE, p. 123).

A globalização da economia teve o seu primeiro momento importante na década de 50, momento este em
que se formavam as corporações multinacionais (atores econômicos com estratégias globais) que foram
progressivamente saindo do controle dos Estados-nações culminando em corporações transnacionais
com processos decisórios de escopo global ao final da década de 80. A produtividade econômica cresceu
fabulosamente nesta época combinando tecnologias de ponta (microeletrônica, robótica dentre outros) e
revoluções gerenciais foram sentidas como a reengenharia e a qualidade total. Porém, o desenvolvimento
desta produtividade eliminou massivamente empregos de baixa e média qualificação, produzindo
desemprego estrutural em todo o mundo (VIOLA, 1996).

Conforme aponta Viola (1996), a consolidação da globalização econômico-produtiva na década de 90


diferenciou os países em sete tipos:
1) Desenvolvidos: estrutura produtiva de informação e conhecimento intensivos, alta atratividade de cor-
porações transnacionais e capital financeiro, renda per capita e governabilidade altas.
2) Superpotências: aqueles que detinham além das características dos países continentais, detinham
mais poderio militar (EUA).
3) Continentais: países com territórios e população muito grande e renda per capita média, estrutura
inclusiva – heterogênea com setor de ponta, importante poderio militar (Rússia, China, Índia e Brasil
– militar médio). Nesta época, o Brasil e a China eram considerados países emergentes.
4) Emergentes: alto dinamismo econômico, renda per capita média e alta atratividade de corporações
transnacionais e capital financeiro (diversos países se enquadravam neste tipo: Tailândia, Indonésia,
Filipinas dentre outros).
5) Estagnados: baixo dinamismo econômico e renda per capita média ou baixa com pouca atratividade
de corporações transnacionais e capital financeiro (Iugoslávia, Ucrânia, Armênia dentre outros).
6) Extremamente pobres: sem dinamismo econômico, baixa renda per capita, nenhuma atratividade e
precária governabilidade (grande parte da África, Bangladesh e Haiti).
7) Excluídos politicamente: países em situação de guerra civil e/ou econômica autárquica e/ou funda-
mentalismo religioso ou terrorista (Irã, Afeganistão, Iraque dentre outros).

A ordem produtiva e industrial-capitalista, presente em muitos países, tem apresentado caos econômico
e social, demonstrados a partir do processo de globalização, que sugere cada vez mais intervenção
estatal e a busca pela ordem. Viola (1996) salienta sobre as capacidades regulatórias do Estado-Nação
estarem enfraquecidas pelas outras dimensões da globalização, em particular a econômica, financeira e
a comunicacional-cultural.

72 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


Independente da discussão colocada em diversos fóruns Internacionais, Nacionais e regionais, das
diversas correntes de pesquisa e conhecimento sobre o tema sustentabilidade, das estratégias de
ações mensuráveis e não mensuráveis, a explicação sobre um modelo concreto que promova a “real”
sustentabilidade parece inexistir. Importam considerar também, face ao debate do desenvolvimento
sustentável, as responsabilidades, estratégias e métodos para atingir a sustentabilidade do desenvolvimento.

De acordo com Bruseke (1996, p. 124), a racionalização industrial-capitalista “em relação à totalidade das
dimensões econômicas, sociais e ecológicas significa somente uma racionalização parcial”, neste sentido,
é necessária uma reestruturação global partindo do conceito de desenvolvimento com sustentabilidade,
sendo o fator “tempo” crucial para a sua estruturação.

Conforme aponta Binswanger (1999, p. 41):


O “conceito de desenvolvimento sustentável deve ser visto como uma alternativa ao conceito de
crescimento econômico, o qual está associado a crescimento material, quantitativo, da economia”. Isso
não quer dizer que, como resultado do desenvolvimento econômico, o crescimento econômico deva
ser totalmente abandonado. Admitindo-se antes que a natureza é a base e necessária e indispensável
da economia moderna, bem como das vidas das gerações presentes e futuras, desenvolvimento
sustentável significa qualificar o crescimento e reconciliar o desenvolvimento econômico com a
necessidade de se preservar o ambiente. É evidente, contudo, que a sustentabilidade perfeita não
pode ser efetivada, tendo em vista que os estragos feitos ao meio ambiente, bem como a perda do
capital natural, são já consideráveis. Mas o conceito de sustentabilidade pode servir para frear uma
destruição mais acelerada dos recursos naturais.

Para Elkington (2001, p. 10), a economia global sustentável emergirá por meio da metamorfose tecnológica,
econômica, social e política intensa. A economia de hoje é altamente destrutiva do capital natural e
social, e é caracterizada por grandes e crescentes desigualdades entre ricos e pobres. Os eventos de
11 setembro de 2001 - intencionalmente ou não – fazem parte das consequências desta desigualdade e
temas importantes no futuro.

Corroborando com o que a professora Bianca salientou na unidade I, sobre a degradação da qualidade de
vida, e o que a professora Anny salientou na unidade II, sobre a degradação ambiental, compreendemos
que a criação e a acumulação de riquezas gerou o agravamento dos problemas ambientais e sociais, e as
pressões cresceram continuamente para todos os atores da sociedade, as corporações e governos. De
acordo com Sousa (2011, p. 35), atualmente, “a sustentabilidade ocupa espaço cada vez maior nos meios
de comunicação, na agenda legislativa dos governos e na mente das pessoas”.

O Rio+20, fórum de sustentabilidade corporativa em 2012, reflete esta necessidade da manutenção do


“pacto global”, desenvolvida pela Organização das Nações Unidas (ONU), ou seja, o pacto refere-se
a manter boas práticas de negócios, de valores internacionais geralmente aceitos (direitos humanos,
relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção). No Brasil, empresários, governos e ONGS
buscam a convergência nas políticas públicas e biodiversidade discutida na Conferência Mundial sobre
Clima no Planeta (COP17) realizado em 2011, bem como as políticas voltadas para o desenvolvimento
sustentável com redução de desigualdades v. 1 e 2 o qual demonstram esta busca pelo desenvolvimento
mais equitativo.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 73


1) Conheça o Guia de Orientação para o Empresariado Brasileiro: Empresas na COP – sobre o COP 17.
Fonte: <http://www.cebds.org.br/media/uploads/pdf/iec_guia-cop17.pdf>.
2) E as políticas públicas Brasileiras para o Desenvolvimento Sustentável com Redução de Desigualdades
– Balanço do Governo 2003-2010.
Fonte: <http://pt.scribd.com/doc/48237854/Desenvolvimento-Sustentavel-com-reducao-da-desigualdade-
-Vl-2>.

Corroborando com o que salientou a professora Bianca, na unidade I, “as empresas são chamadas a
atuar de forma responsável”, – em sua grande maioria – preocupadas com o status quo, têm como meta
sine qua non uma preocupação cada vez maior com a gestão e sua sobrevivência no mercado, com as
suas obrigações sociais, ambientais e econômicas, ocasionada pelo crescimento da defesa do ambiente
e do consumidor que se voltam cada vez mais para a relação empresa e a sociedade em busca da
sustentabilidade.

O Cenário Mundial refl ete preocupações cada vez mais latentes em relação ao desenvolvimento, ao desenvolvi-
mento sustentável e a busca pela sustentabilidade. Qual é o seu papel diante deste cenário?

GESTÃO EMPRESARIAL E ORGANIZACIONAL


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Conforme apontam Montana e Charnov (2006), algumas empresas têm um grau de sensibilidade menor
em relação à sua percepção da responsabilidade social, ou seja, suas responsabilidades são cumprir
apenas com suas obrigações legais; outras organizações atuam com responsabilidade social (porém,
ainda muito reativas), cumprindo com suas obrigações legais e sociais que afetam diretamente a sua
empresa; e outras organizações vão muito mais além (são proativas, com sensibilidade social), cumprem

74 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


com suas obrigações legais e obrigações sociais relativas à tendências/problemas que estão surgindo
mesmo que afetem a empresa apenas indiretamente.

Conforme afirmam os estudos realizados por The Boston Consulting Group e MIT Sloan Managemente
Review, “há muitas empresas que são lentas na incorporação da sustentabilidade como premissa em
seus processos e decisões”. Entre os motivos: inércia e falta de conhecimento, e a dificuldade de definir o
business Case (estratégias e investimentos a serem utilizados para agregação de valor) da Sustentabilidade
e execução precária de projetos desta natureza (SOUSA, 2011, p. 35).

Elkington (2001, p.3) previa a transição do capitalismo para um modelo sustentável como uma das mais
complexas. “No terceiro milênio, embarcaremos em uma revolução cultural global. Para os executivos
esta transição não será fácil, provavelmente, para alguns, impossível”.

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
A sustentabilidade vai mudar o cenário competitivo? “Ou já mudou”?

Para as empresas que atuam com responsabilidade social em busca da sustentabilidade, a transição,
porém, não está sendo uma das mais difíceis alguns anos depois, como demonstram as pesquisas
realizadas com 1,5 mil pessoas – no final de 2009, The business of sustentability, entre executivos de
empresas que estão na Vanguarda da Sustentabilidade e especialistas de ampla gama de disciplinas
– engenharia, gestão e energia conforme apontou Sousa (2011, p. 36) - apesar da Crise econômica de
2009 (originado da crise dos EUA - Subprime), apenas um quarto dos executivos e líderes entrevistados
responderam que diminuíram seus compromissos com a sustentabilidade devido à crise econômica.

Na segunda edição da pesquisa realizada com 3 mil respondentes em 2010, a Sustainability: The Embracers
Seize Advantage em análise pelo The Boston Consulting Group (BCG) e a MIT Sloan Managemetn
Review (apud SOUSA 2011, p. 35), afirma que os executivos e líderes empresariais de todo o mundo
dizem SIM: “a sustentabilidade tem um efeito decisivo na maneira de pensar, agir, administrar e competir”,
totalizando hoje, em média, 59% de executivos e líderes têm compromisso com a sustentabilidade, e
58% destes consideram as preocupações dos consumidores muito importantes para suas empresas, e
afirmaram que “o declínio econômico trouxe a oportunidade de aperfeiçoar seu foco em áreas nas quais

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 75


a sustentabilidade pode oferecer vantagem competitiva” (SOUSA, 2011, p.35).

Dos executivos e especialistas das empresas que estão na vanguarda da sustentabilidade - consideradas
empresas de primeira classe pela The Boston Consulting Group e MIT Sloan Managemente Review –
são as que incorporaram o tema como fundamento e Norte Estratégico. Os executivos e especialistas
concordaram em relação aos seguintes princípios (SOUSA, 2011, p. 40):
A sustentabilidade tem o potencial de afetar todos os aspectos operacionais de uma empresa,
assim como todos os meios de criação de valor. Os stakeholders exercem pressão crescente para
a ação. As soluções e os desafios da sustentabilidade são interdisciplinares. As decisões sobre
a sustentabilidade acabam sendo tomadas em um ambiente de elevada incerteza (legislação,
demandas dos clientes e funcionários, acontecimentos geopolíticos), que turva a visão.

Conforme demonstra a Figura 7, as iniciativas que incorporam a sustentabilidade afetam todas as formas
de criação de valor:
Ferramentas para Benefícios Potenciais dos esforços
criação de valor da Sustentabilidade
• Marca mais forte e poder de fixar
Poder de fixação preços
de preços
• Mais eficiência Operacional
Lucros
• Uso mais eficiente dos recursos
Melhora de Economia • Otimização da Cadeia de
Margens de Custos fornecimento
• Custos e Impostos menores
• Melhora da capacidade de atrair,
Contratação e reter e motivar funcionários
compromisso
Retorno dos funcionários • Maior produtividade de
total para funcionários
o acionista
Participação
• Mais lealdade dos clientes
de mercado • Maior capacidade de penetração
Fluxo de Aumento de em mercados
caixa livre Receitas
• Mais fontes potenciais de
Entrada em
receitas
um novo
mercado • Riscos operacionais, de mercado
e de balanço menores.
Avaliação por Prêmio de • Diminuição dos custos de
múltiplos* risco**
capital e mais acesso a capital,
financiamento e seguros.
*Avaliação por indicadores que comparam a empresa com outras que atuam no mesmo Mercado.
**Diferença entre o retorno de um investimento arriscado e o de um investimento seguro.
Fonte: adaptado de “Sustainability Iniatiative 2009 survey” The Boston Consulting Group e MIT Sloan Managemente Review
Apud Sousa, 2011.

Segundo Sousa (2011, p. 40), empresas de vanguarda comprometem-se publicamente com metas
ambiciosas e mostram que os investimentos em sustentabilidade produzem resultados reais. Cerca de
66% dos strong adopters (aqueles que abraçam a causa da sustentabilidade), disseram que suas ações
ou decisões ligadas à sustentabilidade aumentaram seus lucros, enquanto apenas 23% dos cautelosos

76 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


(cautious adopters), afirmaram o mesmo. Face às exigências da sociedade, o que podemos afirmar é que
quanto mais ações sustentáveis, mais lucro.

Os conceitos que norteiam a busca pela sustentabilidade apontam a responsabilidade social como
ferramenta essencial. Seus princípios são norteados por uma gestão responsável (relação ética e
transparente com os stakeholders) e da sociedade, preservando os recursos ambientais e humanos
para as gerações futuras. De acordo com Young (ETHOS, 2012 online), as pesquisas revelam benefícios
tangíveis (redução de custos, melhora da produtividade, crescimento de receitas entre outros) e intangíveis
(valorização da imagem institucional, fidelização do consumidor, por exemplo).

Das 100 corporações consideradas mais sustentáveis do mundo (Global 100, 2012 online), o Brasil é
representado por três empresas, sendo o primeiríssimo lugar representado pela Empresa “Natura
Cosméticos S/A” (classificado em 2º lugar no mundo), o segundo lugar é representado pelo Banco
“Bradesco S/A” (classificado em 61º lugar no mundo) e o terceiro lugar no Brasil é representado pela
empresa de economia mista “Petrobrás” (classificada em 81º lugar no mundo).

Conheça as 100 corporações consideradas as mais sustentáveis do mundo em 2012.


Fonte: <http://www.global100.org/annual-lists/2012-global-100-list.html>.

Conforme aponta Ricardo Young do Instituto Ethos (2011, online) e Barbieiri e Cajazeira (2009, p.116), “a
responsabilidade social empresarial (RSE), definitivamente, tornou-se uma importante ferramenta para a
sustentabilidade das organizações”. As organizações buscam por modelos de gestão empresariais para
incorporarem as dimensões da sustentabilidade.

Atualmente, o termo mais utilizado para definir o papel das empresas perante o desenvolvimento sustentável
é Sustentabilidade Corporativa, o qual consiste na busca por sobrevivência em longo prazo a partir de
sua viabilidade econômica e a coexistência harmônica com o meio ambiente e a sociedade. Segundo
Sousa (2011, p. 38), os principais benefícios de abordar a sustentabilidade segundo a Sustainability: the
embracers seize advantage, The Boston Consulting Group e MIT Sloan Managemente Review, foram:
a) Melhor imagem institucional ou da marca da empresa: 49%.
b) Redução de custos pela efi ciência energética: 28%.
c) Vantagem competitiva ampliada: 26%.
d) Redução de custos pela efi ciência em materiais e resíduos: 25%.
e) Acesso a novos mercados: 22%.
f) Aumento de margem e de participação de mercado: 21%.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 77


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

E, você, como gestor, em que quadrante está em termos de estratégia de sustentabilidade? A ferramenta
– Figura 8 – categoriza os objetivos corporativos (SOUSA, 2011, p. 36):
Impulsionadores e Resultados esperados

II. Boas práticas de III. Diferenciação


de uma estratégia de sustentabilidade

negócios competitiva
Específicos para uma
. Redesenho do produto
empresa ou setor
. Transparência . Entrada em um
. Produtividade da cadeia novo mercado
de fornecimento . Novos modelos
organizacionais

I. Aposta mínima IV. Inovação para


Compartilhados por mudar o jogo
todas as empresas . Relações Públicas . Reformulação de
. Cumprimento das leis modelos econômicos
. Eficiências . Associação com
grupos de interesse

Como vimos até agora, é indissociável também que os gestores conheçam em profundidade os princípios
e os temas focais do Desenvolvimento Sustentável. De acordo com a Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (1991, p. 46), “desenvolvimento sustentável é aquele atende às necessidades
do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias
necessidades”. Neste cenário, as empresas têm buscado novos modelos de gestão que estejam alinhados
com os princípios do desenvolvimento sustentável.

78 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


TRIPLE BOTTOM LINE (TBL) E 3 P’S (PROFIT, PEOPLE AND PLANET): A DIMENSÃO ECONÔMICA
E O LUCRO.

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Livro: Sustentabilidade: Canibais com Garfo e faca


AUTOR: John Elkington
Editora: M Books
Informações sobre o livro:
<http://www.mbooks.com.br/cgi-bin/e-commerce/busca_e-commerce.cgi?lvcfg=mbooks&action=saibamais&cod
igo=801238>.

O grande paradigma está em conciliar sinergicamente as três sustentabilidades: econômica, social e

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 79


ambiental. Neste sentido, o modelo Triple Bottom Line (tríplice linha de resultados líquidos) e os Três P’s
(profit, people and planet) tornaram-se populares.

Barbieri e Cajazeira (2009) acreditam que o modelo TBL está afinado e em convergência entre
responsabilidade social e desenvolvimento sustentável. O modelo busca responder à seguinte questão:
o capitalismo, assim como um canibal, tornar-se-ia civilizado se comesse com garfo e faca? Originado
do livro de Elkington, em 1997, Cannibals with forks; a metáfora do garfo refere-se às três dimensões:
econômica, social e ambiental da sustentabilidade, como uma forma de conceber essas dimensões no
âmbito das empresas.

Conforme descrevem Barbieiri e Cajazeira (2009), no âmbito empresarial, na dimensão econômica, é


reconhecida a obtenção de lucros, a partir do aumento no valor de mercado e da geração de riquezas
para seus acionistas. Importante salientar que outras formas de apuração – não somente o conceito do
lucro contábil ou convencional – devem estar em pauta quando tratamos das dimensões ambiental e
social.

Como isto ocorre? Mesmo na dimensão econômica, constituída de capital físico e capital financeiro, há
inter-relação entre as dimensões, ou seja, o capital humano – a competência – gera valor econômico.
Da mesma forma, outras deficiências ligadas ao lucro convencional, como as externalidades, não são
conhecidas, tornando-se um custo ambiental ou social com o qual a sociedade irá arcar, ou talvez a
própria empresa, como é o caso das organizações que adotam práticas de gestão para evitar a poluição,
por exemplo, tornando-se a mitigação da externalidade negativa um custo para empresa.

Os três P’s – Profit, people and Planet (lucro, pessoas e planeta) servem como um modelo de organização
sustentável, porém não difere muito do TBL, em termos de direcionamento das dimensões (econômica,
social e ambiental) no âmbito de empresas. A única diferença é que não cabe para todos os tipos de
organizações, como o TBL, já que em algumas organizações, como cooperativas, organizações não
governamentais e governos o critério que associa a dimensão econômica não é o lucro (BARBIERI;
CAJAZEIRA, 2009).

Colocando em prática:
Conheça o Grupo Eco “empresa que tem a sustentabilidade no DNA” e utiliza os princípios baseados na susten-
tabilidade e nos conceitos TBL.
Fonte: <http://www.catho.com.br/carreira-sucesso/noticias/tendencias/empresa-que-tem-a-sustentabilidade-no-
-dna>.

80 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


MODELOS DOS PRINCIPAIS INDICADORES ECONÔMICOS DE RESPONSABILIDADE
SOCIAL E SUSTENTABILIDADE

As organizações de uma forma geral apresentam os principais indicadores por meio do seu balanço social.
Neste balanço social, são apresentados os indicadores das dimensões: social, econômica e ambiental.
Nesta abordagem, faremos menção com maior ênfase aos indicadores utilizados na dimensão econômica,
mas nada o impede de conhecer cada uma destas dimensões e seus indicadores nos balanços em sua
completude, afinal de contas, eles são indissociáveis entre si e sua abordagem sobre sustentabilidade é
sistêmica.

Segundo o Global Reporting Iniatiative - GRI (2012), as companhias e organizações relatam suas ações
organizacionais por várias razões:
a) Para aumentar a compreensão sobre os riscos e oportunidades enfrentados.
b) Melhorar a reputação e fidelização de seus clientes pela marca.
c) Apoiar seus stakeholders a compreender os impactos da sustentabilidade e seus desempenhos.
d) Enfatizar a relação existente entre o desempenho financeiro e não financeiro.
e) Influenciar na estratégia e política de gestão dos negócios ao longo prazo.
f) Servir como padrão (Benchmarking) e avaliação de desempenho (normas, códigos, ética, iniciativas
voluntárias entre outros).
g) Demonstrar como a organização influencia e é influenciada pelas expectativas em relação ao desen-
volvimento sustentável.
h) Comparar desempenho interno e entre organizações.
i) Conformidade com os regulamentos nacionais ou com requisitos referentes à bolsa de valores.

Os tópicos a seguir demonstram como as organizações organizam suas ações por meio do balanço social
e apresentam os principais indicadores econômicos.

BALANÇO SOCIAL DO INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E ECONÔMICAS (IBASE)

Como você já leu na unidade I, no tópico Balanço Social, o Balanço Social é composto por indicadores
previamente definidos referentes aos aspectos sociais, ambientais e econômicos da organização. Em 1997,
o sociólogo Herbert de Souza e o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) chamaram
a atenção do empresariado e de toda a sociedade Brasileira para a importância e a necessidade da
realização do balanço social em um modelo único e simples. Conjuntamente a apresentação do Balanço
Social e com fins de estimular a participação de um número cada vez maior de corporações o IBASE
lançou o selo “Balanço Social IBASE/Betinho”, demonstrando que a empresa já deu o primeiro passo para
se tornar uma empresa cidadã, porém o mesmo foi suspenso em 2008 para reformulação.

O Balanço Social demonstra quantitativa e qualitativamente o papel desempenhado pelas empresas no


plano social, tanto internamente quanto na sua atuação na comunidade. De acordo com o modelo IBASE

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 81


apresentado pelo portal IBASE (2012), o balanço social é composto basicamente pelos indicadores:

a) Sociais Internos: apresentam o total de investimentos realizados pela empresa em função de seus
funcionários – FBP e RL (alimentação, encargos sociais compulsórios, previdência privada, saúde se-
gurança e saúde no trabalho, educação, cultura, capacitação e desenvolvimento profi ssional, creches
ou auxílio-creche entre outros).
b) Sociais Externos: são evidenciados os valores totais dos investimentos realizados pela empresa no
que diz respeito a contribuições para a sociedade - RO e RL (educação, cultura, saúde e saneamento,
esporte, combate à fome, segurança alimentar entre outros).
c) Os Indicadores Ambientais: representam o montante dos investimentos realizados pela empresa re-
lacionados com a produção/operação da empresa e meio ambiente nos investimentos realizados em
programas e/ou projetos externos, bem como “metas anuais” para minimizar resíduos, o consumo em
geral na produção/operação, e aumentar a efi cácia na utilização de recursos naturais.

Chamamos a atenção nesta unidade ao modelo IBASE, já apresentado pela Professora Bianca na unidade
I, principalmente pelo fato dos indicadores econômicos: a receita líquida (RL), o resultado operacional
(RO) e a folha de pagamento (FPB) realizada servirem de base de cálculo para se calcular o percentual
dos investimentos socioambientais, representados pelos respectivos indicadores - Você já conheceu o
modelo de Balanço Social Betinho IBASE 2008, contemplado na unidade I, desta forma, no Colocando
em Prática, conheça os balanços sociais de algumas empresas.

Colocando em prática:
Conheça cada um dos Indicadores IBASE a partir da publicação de Balanços Sociais de algumas empresas.
Fonte: <hhttp://www.balancosocial.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm>.

INDICADORES ECONÔMICOS – GLOBAL REPORTING INITIAVE

Criada em 1997 pela (ONG) norte-americana Coalition for Environmentally Responsible Economics
(CERES) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), a GRI é uma organização
baseada em redes, pioneira em desenvolver diretrizes para a publicação de relatórios de sustentabilidade.
A GRI produz a mais abrangente Estrutura de Relatórios de Sustentabilidade do mundo, e tem como
missão “fazer com que a prática de relatórios de sustentabilidade se torne padrão, fornecendo orientação
e suporte para as organizações” (GRI, 2012).

A GRI forma parceria estratégia global com diversas organizações: Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OECD), Programa das Nações Unidas para o Meio ambiente (UNEP) e com
o Pacto Global das Nações Unidas (UNPG), e diversas Organizações utilizam seus padrões e diretrizes

82 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


na divulgação de seus desempenhos econômicos, sociais, ambientais e de governança.

Conheça cada uma das diretrizes GRI e o conjunto de Protocolos de indicadores e seus níveis de aplicação nas
dimensões: econômico, meio ambiente, direitos humanos, práticas trabalhistas e trabalho decente, responsabi-
lidades pelo produto e sociedade.
Fonte:<https://www.globalreporting.org/languages/Portuguesebrazil/Pages/Elabora%C3%A7%C3%A3o-de-
-relat%C3%B3rios-de-sustentabilidade.aspx>.

Nesta unidade, as ênfases são aos Indicadores de Desempenho Econômico utilizados pelo GRI,
considerados, no conjunto de protocolo de indicadores: desempenho econômico, presença no mercado e
impactos econômicos indiretos – Tabela 1 (GRI, 2012, on line):

Colocando em prática:
Conheça cada um dos Indicadores GRI utilizados na publicação do Balanço Social do Bradesco e da Editora
Abril.
Fontes: <http://www.cebds.org.br/cebds/pubdocs/Relatorio_Sustentabilidade_2009_port.pdf>
<http://www.cebds.org.br/cebds/pub-docs/Relatorio_Sustentabilidade_port.pdf>

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 83


Tabela 1: Indicadores Econômicos GRI.
ASPECTO: DESEMPENHO ECONÔMICO

CÓDIGO ASPECTO COMENTÁRIO AÇÕES

Receitas, custos Gerado: Venda líquida das receitas


operacionais, (investimentos financeiros e ativos)
remuneração de Distribuído: custos operacionais com
Valor pagamentos a fornecedores, royalties,
empregados, doações e
econômico por exemplos, salários e benefícios a
outros investimentos na
Ec1 direto empregados, pagamento para
comunidade, lucros
gerado e provedores de capital e ao governo
acumulados e
distribuído (impostos) e investimentos na
pagamentos para
provedores de capital e comunidade (doações)
governos.

Implicações Impactos ocasionados pelo clima:


financeiras doenças relacionadas ao calor, novas
e outros O que a organização faz regulamentações, seguros e
riscos e em termos de gestão e oportunidades de investimento em
EC2 oportunidades redução das emissões crédito de carbono.
devido em GEE (gases do efeito
às estufa).
mudanças
climáticas

Cobertura O que a organização Planos de pensão de benefícios:


das oferece em termos de porcentagens de cobertura do
EC3 obrigações geração de valor para os empregado e empregador.
do plano de colaboradores e outros
pensão benefícios relacionados.

Ajuda Incentivos fiscais, créditos, subsídios,


Fomentos e subsídios entre outros advindos do governo.
financeira
EC4 significativos recebidos
recebida do
do governo.
governo

ASPECTO: PRESENÇA NO MERCADO

Variação Verificação do salário mínimo local


salário mais Variação do salário mais (estado, província) por categoria funcional
baixo baixo comparado ao salário e salário mais baixo integral.
EC5 *Salários de estagiários e aprendizes não
comparado ao mínimo local em unidades
salário mínimo operacionais importantes. são considerados (baixos)
local

Políticas, Definição geográfica local, porcentagem


práticas e Políticas, práticas e de faturas e obrigações assumidas, fóruns,
proporção de proporção de gastos com orçamentos, fatores que influenciam a
EC6 seleção dos fornecedores, entre outros.
gastos com fornecedores locais em
fornecedores unidades operacionais
locais

Procedimentos com Política utilizada na contratação e seleção


contratação local e local e a proporção de membros
proporção de membros de contratados (Indivíduos nascidos no local
Contratação e demais membros da alta gerência)
EC7 alta gerência recrutados na
local
comunidade local em
unidades operacionais
importantes

84 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


ASPECTO: IMPACTOS ECONÔMICOS INDIRETOS

Explicação dos principais apoios e


Impacto de
investimentos, impactos atuais e
investimentos Desenvolvimento e
esperados nas comunidades e economia
em impacto de investimentos
locais (esportes, cultura, entre outros),
infraestrutura em infraestrutura e
EC8 por meio de engajamento comercial, em
oferecidos serviços oferecidos,
espécie ou atividades pro bono.
para principalmente para o
benefício benefício público.
público

Mudanças de produtividade por meio de


informação e tecnologia,
Identificação e descrição desenvolvimento econômico da área,
de impactos econômicos impacto econômico em áreas de alto
indiretos significativos, índice de pobreza, disponibilidade de
incluindo a extensão de produtos e serviços para pessoas de
Descrição de baixa renda (preços mais acessíveis,
impactos. Verificam-se os
impactos medicamentos, entre outros),
riscos sócio-ambientais
EC9 econômicos fortalecimento das habilidades e
associados às instituições
indiretos conhecimento de uma comunidade
financeiras e à cadeia de
significativos profissional ou região geográfica,
negócios (fornecedores e
clientes) por meio da empregos indiretos na cadeia de
atividade de financiamento fornecimento, impactos econômicos
e investimento. (mudança das operações para outro
local, uso dos produtos e serviços, das
atividades, entre outros).

Fonte: adaptado do portal GRI, 2012

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 85


INDICADORES ETHOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

Na unidade I, você compreendeu bem os aspectos da responsabilidade social, na qual a professora


Bianca deu forte ênfase às questões éticas das organizações e sobre a prática desta ética também na
área econômica e as vantagens que a utilização da ferramenta “responsabilidade social” traz para as
organizações. Na unidade II, da mesma forma, a professora Anny deu forte ênfase às questões ambientais
e ao nosso compromisso enquanto atores do desenvolvimento sustentável.

De acordo com informações no portal do Instituto Ethos (2012 online), o processo de construção da
terceira geração de Indicadores Ethos foi recentemente ajustado – primeira etapa – com uma proposta
de convergência entre os Indicadores Ethos, as Diretrizes do Global Reporting Initiave (GRI-3) e a norma
ABNT NBR ISO 26.000 tem como meta – segunda etapa – a apresentação do Indicador Ethos de 3ª
geração previsto para outubro de 2012, contemplando micro e pequenas empresas, e onde se pretende
promover a plataforma para uma Economia inclusiva, verde e responsável.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Os indicadores são compostos por dois eixos, sendo o primeiro relacionado à gestão com responsabilidade
social e o segundo à avaliação dos temas centrais da responsabilidade social (governança, direitos
humanos, público interno, meio ambiente, cadeia de valor, comunidade e sociedade, governo e mercado).
No segundo eixo, o indicador 13 – Relatórios de Sustentabilidade serão abordados os aspectos sociais,
ambientais e econômicos oferecendo informações quantitativas como, por exemplo, no aspecto econômico,
será dado o número de partes interessadas envolvidas nos relatórios de sustentabilidade e contempladas
no demonstrativo de distribuição de riqueza.

Conheça cada um dos Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial - 3ª geração – versão inter-
mediária para aplicação piloto.

86 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


Fonte: <http://www.ethos.org.br/docs/conceitos_praticas/indicadores/download/VersaoIntermediariaparaAplica-
cao_Piloto.pdf>.

INDICADORES ECONÔMICOS – CEBDS

O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), constituído pela iniciativa
privada em março de 1997 como integrante da rede de conselhos vinculada ao World Business Council for
Sustainable Development (WBCSD), associa as dimensões segundo os critérios TBL, baseados também
no critério de ecoeficiência e de responsabilidade social corporativa, sendo ainda o primeiro a apresentar
um relatório de sustentabilidade dentro dos critérios do TBL. No mundo, das 2 mil empresas que realizam
relatórios de sustentabilidade no modelo GRI, 135 são brasileiras, sendo 46% das associadas ao CEBDS
que realizam os relatórios pelo Padrão GRI (CEBDS, 2012 online).

Colocando em prática:
Conheça os indicadores utilizados a partir das empresas associadas e seus relatórios de sustentabilidade. Em
especial, link do Balanço Social da Natura.
Fonte: <http://www.cebds.org.br/relatorios-de-sustentabilidade> e
<http://www.cebds.org.br/media/uploads/Relatorios_sustentabilidade_empresas/natura2010.pdf>.

ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE DOW JONES (DJSI)

A partir da internalização dos conceitos sobre a responsabilidade social e de sustentabilidade, as


organizações, sejam as privadas ou públicas, assim como os indivíduos, sabem que possuem um
compromisso com a sociedade. Este compromisso tem sido consolidado também no mercado de
capitais. Lançado em 1999, os índices Dow Jones foram os primeiros índices globais utilizados para o
monitoramento do desempenho financeiro das empresas orientadas para a sustentabilidade. Em parceria
com a companhia para Administração de Ativos (SAM), licenciam cerca de 60 gestores de ativos em 16
países, correspondendo a mais de $ 8 bi baseado no DJSI (<www.sustainability-index.com>, 2012 online).

De acordo com o portal, é realizada revisão anual com as companhias com ações listadas na bolsa, e o
critério utilizado para a análise é baseado na análise de dados econômicos corporativos, desempenho
ambiental e social, avalia-se também a gestão corporativa, a gestão de riscos, mitigação na mudança
climática e as questões trabalhistas. A DJSI elabora cinco índices de sustentabilidades diferentes:

1) Dow Jones Word Index: este indicador reúne e classifica os primeiros 10% das empresas em termos

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 87


de desenvolvimento sustentável no ano.

2) Dow Jones Europe Index: indicador utilizado para investimentos sustentáveis na Europa (DJSI Europe)
e que reúne as empresas líderes em sustentabilidade na Europa. Reúne as que se encontram nos
primeiro 20% da classificação em termos de desenvolvimento sustentável.

3) Dow Jones Sustainability North America Index: este indicador reúne e classifica as empresas nos
primeiros 20% de classificação em termos de desenvolvimento sustentável.

4) Dow Jones Sustainability Asia Pacific Index: da mesma forma, este indicador reúne e classifica as
empresas nos primeiros 20% de classificação em termos de desenvolvimento sustentável.

5) Dow Jones Sustainability Koera Index: este indicador reúne e classifica as empresas nos primeiros
30% de classificação segundo os termos de desenvolvimento sustentável.

Conheça as organizações que fazem parte do Dow Jones Index de Sustentabilidade 2011-2012. Veja as organi-
zações que foram adicionadas e deletadas do DJSI e as Top Word 2011-2012.
Fonte:<http://www.sustainability-index.com/djsi_pdf/news/PressReleases/SAM_Presentation_110908_Re-
view11_fi nal.pdf>.
<http://www.sustainability-index.com/djsi_pdf/news/PressReleases/110908-djsi-review-2011-e-vdef.pdf>.

A criação de índices de sustentabilidade no mercado de capitais demonstra que servem de estímulo para
a adoção de práticas sustentáveis pelas empresas, levando em consideração os conceitos internacionais
TBL que integra a avaliação das dimensões econômica, social e ambiental. Entretanto, numa das
suposições feitas por ZAGO (2007), seria quanto às empresas que comporiam o DJSI e se essas obteriam
benefícios financeiros crescentes devido aos investimentos baseado no índice (hipótese 1), e encontrar
uma forma de relacionar o desempenho socioambiental com o desempenho financeiro (hipótese 2) obteve
como resultados:

Para as hipóteses 1 e 2, foram utilizados cálculos de retorno normal e esperado e não foram evidenciadas
mudanças estatísticas significativas que confirmassem a hipótese do estudo bem como não permitiu
identificar nenhuma tendência de aumento de preços a partir da inclusão do DJSI.

Mesmo quando analisado os resultados a partir da observação dos setores de atividade, áreas geográficas
e anos em que as empresas passaram a compor o DJSI, não houve nenhuma indicação de que a entrada
no grupo do DJSI influenciasse positivamente ou negativamente o comportamento dos investidores com
relação às suas ações no mercado.

88 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


A importante análise desta pesquisa nos leva a compreender que investir no social e no ambiental enfraquece
o argumento de que um melhor desempenho social corporativo acarretaria um pior desempenho financeiro,
devido aos dispêndios dos recursos nas atividades socioambientais, conforme aponta Zago (2007, p.90)
que em sua pesquisa demonstra que “é possível obter os mesmos ganhos, agindo com responsabilidade
social e sem comprometer o meio ambiente”, e ainda pode ser uma vantagem competitiva futura. Os
resultados não implicam em maiores retornos financeiros ao longo prazo, uma vez que os aspectos
sociais e ambientais não são incompatíveis com os aspectos competitividade e lucratividade.

ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL - ISE

As bolsas Bolsa de Mercadorias e Futuro e a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA) assumiram
uma atitude de protagonismo no desenvolvimento de ações para aprimoramento das boas práticas de
governança corporativa das empresas, no suporte à criação de novos mercados e no incremento à
agenda social, em face de exigências de um mercado cada vez mais exigente.

A exemplo do (DJSI) Dow Jones, e a tendência mundial dos investidores em procurarem empresas
socialmente responsáveis, sustentáveis e rentáveis para aplicarem os seus recursos, empresas estas,
denominadas empresas de “investimentos socialmente responsáveis” (SRI), tem se consolidado a cada
dia. De acordo com portal da Bovespa (2012, p.18 online), o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)
– lançado em 2005 – marca o entendimento da Bolsa de Mercadorias e Futuro e a Bolsa de Valores de
São Paulo (BM&FBOVESPA) de que a “sustentabilidade pode criar vantagem competitiva para a empresa
e valor para seus acionistas, enquanto promove um mercado saudável e perene”.

Neste vídeo você compreenderá melhor como investir em negócios sustentáveis e o que signifi cam os fundos
ETF, os índices ISE e IGCT.
Fonte: <http://isebvmf.com.br/index.php?r=site/conteudo&id=6>.

O ISE tem como objetivo refletir o retorno de uma carteira composta por ações de empresas com
reconhecido comprometimento com a responsabilidade social e empresarial, bem como atuar como
promotora de boas práticas no meio empresarial Brasileiro.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 89


Conheça mais sobre o ISE e a fórmula do cálculo.
Fontes:
<http://www.bmfbovespa.com.br/Indices/download/ResumoISENovo.pdf>. <http://www.bmfbovespa.com.br/Indi-
ces/download/ISE.pdf >.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

As empresas que quiserem fazer parte deste índice devem participar de um processo competitivo em que
devem responder a um questionário e enviar documentos comprobatórios de suas práticas. Desta forma,
são encaminhados questionários às empresas pré-selecionadas, com as 200 ações mais líquidas. O
conselho escolhe as que obtiverem melhor classificação considerando: o relacionamento com empregado,
fornecedores e com a comunidade, a governança corporativa e o impacto ambiental de suas atividades.
Este índice é revisado anualmente.

No questionário do ISE, a estes princípios de TBL foram acrescidos mais três grupos de indicadores:
a) critérios gerais (que questiona, por exemplo, a posição da empresa perante acordos globais e se a
empresa publica balanços sociais); b) critérios de natureza do produto (que questiona se o produto da
empresa acarreta danos e riscos à saúde dos consumidores entre outros); e c) critérios de governança
corporativa.

As respostas das companhias são analisadas por uma ferramenta estatística chamada “análise de
clusters”, que identifica grupos de empresas com desempenhos similares e aponta o grupo com melhor
desempenho geral. As empresas desse grupo irão compor a carteira final do ISE (que terá um número
máximo de 40 empresas), após aprovação do Conselho.

De acordo com o portal da Bovespa (2012, p. 18 online):

90 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


O ISE – cujo desenho metodológico foi desenvolvido pelo Centro de Estudos em
Sustentabilidade (GVces) da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio
Vargas (FGV-EAESP) – tornou-se uma das maiores referências em práticas de gestão
sustentável no Brasil e no mundo. Avaliação realizada pelo International Finance Corporation
(IFC) em 2010 mostrou, por exemplo, que 64% das empresas participantes apontam o ISE
como principal fator para o aprimoramento de suas práticas de sustentabilidade.

Da mesma forma que os estudos levantados por Zago (2007) ao DJSI, Gomes e Tortato (2011), em
estudo realizado para investigar as práticas de sustentabilidade empresarial em relação aos Índices
de Sustentabilidade Empresarial (ISE), analisaram os Índices Bovespa (IBOV) e Índices de Ações
com Governança Corporativa Diferenciada (IGC) e evidenciaram que seu retorno é semelhante (não é
significativamente diferente) aos índices de ações convencionais.

Em relação às vantagens significativas em adotar as práticas de responsabilidade social corporativa,


no caso, tangibilizadas pelo ISE, os resultados estão em consonância com as pesquisas de Rezende et
al. (2007) o qual realizaram estudos a respeito da superioridade da rentabilidade de fundos (ISRs) em
relação a outros fundos e concluíram que não possuíam maior rentabilidade que outros fundos de ações
constantes no IBOV, porém em desacordo com os estudos de Bertagnolli et al. (2006), que evidenciaram
em seus estudos em 176 balanços publicados pelo IBASE os impactos dos investimentos sociais por
parte das empresas - que tanto a receita líquida como o resultado operacional estão associados aos
investimentos sociais e ambientais no desempenho econômicos da empresa (GOMES;TORTATO, 2011).

Há vantagens signifi cativas em adotar as práticas de responsabilidade social corporativa tangibilizadas pelo ISE
e Dow Jones?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em todos os tópicos desta unidade, e, inclusive das unidades anteriores, foi possível verificar a forte
relação entre as dimensões econômica, ambiental, social e política indissociáveis entre si. Desta forma,
a partir da caracterização da dimensão econômica e sua relação com outras dimensões, do contexto
econômico-político e ambiental-social, dando ênfase principal ao processo de globalização, do qual trouxe
grandes transformações na realidade mundial, foi possível compreender, a partir da análise do valor, que
a dimensão ambiental e social está fortemente atrelada ao processo econômico, pois tanto o homem (por

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 91


meio de seu trabalho e decisões) como a natureza (energia) fazem parte da formação deste valor e podem
ser limitadores ou promotores do processo de desenvolvimento sustentável.

Da mesma forma, a participação do Estado como interventor no processo tornou-se fundamental e de


extrema importância para mitigar as consequências ocasionadas ao mercado global pela imperfeição da
síntese econômica racionalizada. A desigualdade econômica evidenciada a partir da década de 90 e a
ordem produtiva e industrial-capitalista demonstraram o caos econômico e a necessidade das capacidades
regulatórias do Estado face ao enfraquecimento das demais dimensões, principalmente a ambiental e
social, onde, desta forma, o conceito de desenvolvimento sustentável aparece como uma alternativa para
o crescimento econômico mais sustentável, envolvendo todos os atores da sociedade global.

A gestão organizacional demonstra que há preocupação com o tema, mas as iniciativas e ações, bem
como as ferramentas utilizadas para a busca desta sustentabilidade, as estratégias e ações de negócios
da sustentabilidade, são diferenciadas pelo grau de sensibilidade destas organizações em relação à sua
percepção de sustentabilidade e o conhecimento dos benefícios que traduzem esta sustentabilidade. Os
executivos demonstram que a sustentabilidade tem efeito decisivo sobre sua maneira de pensar e agir,
administrar e competir, e que a sustentabilidade afeta todos os aspectos operacionais assim como os
meios de agregação de valor. Dentre os benefícios no uso das estratégias sustentáveis, foi constatado
um poder de fixação de preços melhor, economia de custos, maior lealdade e maior capacidade de
penetração em mercados, bem como mais fontes potenciais de receitas, além do prêmio pelos riscos
operacionais menores e diminuição dos custos de capital, dentre outros benefícios. A responsabilidade
social foi apontada como ferramenta essencial e tanto os strongs adopters como os cautions adopters da
sustentabilidade concluíram que as decisões ligadas à sustentabilidade aumentaram seus lucros.

As organizações buscam demonstrar suas ações a partir do uso de indicadores de responsabilidade


social e sustentabilidade, seguindo o modelo Triple Botton Line e 3 P’S popularmente conhecido. O Global
100 apresenta as 100 empresas mais sustentáveis do mundo anualmente, o que traz maior visibilidade
para a empresa em termos globais.

As organizações e os modelos de apresentação do Balanço Social e indicadores mais utilizados foram


apresentados: o balanço social proposto por Herbert de Souza, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais
e Econômicas (IBASE), os indicadores de terceira geração do Instituto Ethos, os quais passam por
uma reformulação, buscando atender também à realidade das pequenas empresas, os indicadores de
sustentabilidade utilizados pelas Empresas filiadas ao Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS), organização está ligada ao World Business Council for Sustainable Development
(WBCSD), e o protocolo de diretrizes dos indicadores do Global Reporting Iniatiave (GRI), modelo padrão
utilizado pela maioria das organizações demonstraram sua aplicabilidade.

Já em relação aos relatórios de sustentabilidade empresarial, os indicadores de sustentabilidade Dow


Jones (DJSI) de New York, EUA, e os Indicadores de Sustentabilidade Empresarial (ISE) do Brasil utilizados
pela Bolsa de Mercadorias e Futuro e Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA) demonstraram
que algumas empresas mais conscientes de sua responsabilidade social e sustentabilidade buscam

92 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


incorporar-se a estes índices como forma de vantagem competitiva no mercado de capitais. Porém,
os estudos realizados por Zago (2007) e Gomes e Tortato (2011) não evidenciaram nenhuma relação
significativa em relação ao uso dos índices como forma de benefícios ou retornos financeiros maiores
por atuarem como organizações sustentáveis em termos financeiros se comparado a outros índices,
como IBOV e IGC, diferentemente dos estudos de Bertagnolli et al. (2006) (apud GOMES; TORTATO,
2011) o qual demonstrou que tanto a receita líquida como o resultado operacional estavam associados
aos investimentos sociais e ambientais no desempenho econômico da empresa. A boa notícia é que,
nos estudos de Zago (2006), fica evidenciado que investir em sustentabilidade não acarreta um pior
desempenho financeiro, enfraquecendo os argumentos de que os “dispêndios com a sustentabilidade
acarretaria um pior desempenho financeiro”.

ATIVIDADES DE AUTOESTUDO
I. Foi possível verifi car em todas as unidades a forte relação existente entre diversas dimensões indis-
sociáveis entre si. Explique quais são essas dimensões e analise a relação entre elas.
II. Diversas ferramentas, estratégias e ações de negócios são utilizadas na busca pela sustentabilidade.
Quais iniciativas e benefícios impactam na sustentabilidade? Explique.
III. O grande paradigma está em conciliar sinergicamente as três sustentabilidades: econômica, social e
ambiental. Neste sentido, que modelos tornaram-se populares na atuação organizacional e empresa-
rial. Explique os modelos e faça a distinção entre ambos.
IV. As organizações buscam demonstrar suas ações a partir do uso de indicadores de responsabilidade
social e sustentabilidade. Cite alguns desses indicadores, enfatizando os indicadores econômicos e
sua importância na busca pela sustentabilidade.
V. É possível afi rmar que os Indicadores de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e o Dow Jones (DJSI)
utilizados por algumas organizações no mercado de capitais propiciam maiores retornos que os índi-
ces convencionais? Explique.

Acompanhe o desempenho das empresas listadas e o valor de suas ações.


Fonte:
<http://www.bmfbovespa.com.br/indices/ResumoCarteiraQuadrimestreISE.aspx?Indice=ISE&idioma=pt-br>.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 93


CONCLUSÃO

Prezado, estudante.

Foi com muita satisfação que apresentamos a você a conceitos e práticas em responsabilidade social
e sustentabilidade. Esperamos sinceramente ter contribuído para a vossa compreensão sobre o tema.
Como pôde ser percebido, o conteúdo aqui desenvolvido foi resultado de muita pesquisa, assunto este,
porém, ainda não esgotado. Somando as aulas e a vossa prática vivenciada no cotidiano, e os exemplos
aqui mencionados, acreditamos que corroboramos com vosso aprendizado.

Ao longo da disciplina, foi disponibilizado o conhecimento dos principais conceitos, das ações, das
estratégias, dos instrumentos, da legislação pertinente ao tema ambiental, e buscando demonstrar como
cada dimensão (social, ambiental e econômica) iniciou sua trajetória nesta grande seara do conhecimento
e aprendizado sobre o desenvolvimento sustentável e a necessidade da responsabilidade social como
ferramenta, fundamental para a conquista da sustentabilidade.

Na unidade I, dimensão social da sustentabilidade, a compreensão foi pautada no papel social


das organizações e da sua responsabilidade em seu entorno a partir da compreensão da teoria dos
stakeholders, na qual é cobrada das organizações uma postura ética e transparente de suas ações, bem
como a busca pelo desenvolvimento sustentável, de maneira a buscar a utilização dos recursos atuais,
respeitando a sua disponibilidade também para as próximas gerações. Procurou-se enfatizar os principais
indicadores sociais utilizados para a demonstração que a organização atua com responsabilidade social.
Com veemência, frisamos sobre a importância de se compreender que apenas ações sociais pontuais
não cumprem o papel social da organização e por isso não pode ser denominada de Responsabilidade
Social. E, que para que seja caracterizada como uma organização socialmente comprometida, ela precisa
adotar uma postura voltada para o bem-estar coletivo.

Na unidade II, dimensão ambiental, você conheceu um pouco mais sobre Sustentabilidade e pôde observar
o longo caminho percorrido para chegarmos a algumas atitudes que hoje são consideradas tão óbvias.
Entre a reunião de 1968 (o Clube de Roma) e os dias de hoje, foram várias as conquistas referentes à
preservação do Meio Ambiente. Dentre elas, podemos citar a Conferência de Estocolmo (1972), bem como
as decisões e protocolos assinados pelos países participantes da ONU. Estas reuniões são pautadas
em objetivos voltados para reduzir o grande número de problemas causados pelo desenvolvimento das
sociedades, tais como a poluição, a deterioração dos ambientes e a limitação dos recursos naturais,
bem como a urbanização acelerada, as reuniões ainda ocorrem globalmente e localmente no sentido de
debater e encontrar soluções para um desenvolvimento sustentável.

Alguns temas e algumas ferramentas foram apresentados como estratégia de sobrevivência. A Agenda 21
foi um dos grandes temas, e a utilização de diretrizes utilizadas como instrumentos foram imprescindíveis
para esclarecer e determinar prioridades, bem como sensibilizar a conscientização global sobre a questão
ambiental, damos ênfase aqui à legislação ambiental.

94 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


Em todas as unidades, foi possível verificar a forte relação entre as dimensões econômica, ambiental
e social. Na unidade I e II, independente da abordagem ser social ou ambiental, respectivamente, a
dimensão econômica aparece no contexto, do qual trouxe grandes transformações na realidade mundial.
Também foi possível compreender, na unidade III, dimensão econômica, que a dimensão ambiental e
social está fortemente atrelada ao processo econômico, pois tanto o homem como a natureza fazem parte
da formação de valor econômico e podem ser limitadores ou promotores do processo de desenvolvimento
sustentável.

A responsabilidade social foi apontada como ferramenta essencial e tanto os strongs adopters como os
cautions adopters da sustentabilidade concluíram que as decisões ligadas à sustentabilidade aumentaram
seus lucros. Da mesma forma, que as organizações buscam demonstrar suas ações na dimensão social e
ambiental, a dimensão econômica também é enfatizada a partir do uso de indicadores de responsabilidade
social e sustentabilidade, seguindo o modelo Triple Botton Line e 3 P’S. As organizações e os modelos
de apresentação do Balanço Social e indicadores mais utilizados como os do IBASE, do Instituto Ethos,
do CEBDS, Global Reporting Iniatiave (GRI), Dow Jones (DJSI) e os Indicadores de Sustentabilidade
Empresarial (ISE) demonstraram que algumas empresas mais conscientes de sua responsabilidade social
e sustentabilidade buscam incorporar-se a estes índices como forma de vantagem competitiva.

Vimos em alguns estudos, a importância da responsabilidade social e sustentabilidade, bem como os


benefícios que trazem para as pessoas, para o ambiente e para as organizações, inclusive em termos
econômicos. A maioria destes estudos aponta favoravelmente, o uso da ferramenta responsabilidade
social como forma de alcançar a sustentabilidade. Os indicadores de sustentabilidade de mercado de
capital apontados em alguns estudos ainda não demonstraram valores significativos na atuação mais
responsável em relação a outros indicadores de mercado, porém sabe-se que a imagem da organização
sustentável perante seus stakeholders é bastante visada, o que ao longo prazo pode ser um grande
diferencial competitivo e, também que investir nas dimensões socioambientais não incorre em custos
maiores para a organização ou acarreta um pior índice financeiro.

Neste longo caminho percorrido, caro aluno, você provavelmente conseguiu compreender que a
desagregação das dimensões, a ênfase social, a ênfase ambiental e a ênfase econômica abordada
por nós, Bianca, Anny e Mirian respectivamente, somente contribuiu para que você entendesse ao final
que, apesar da abordagem de cada dimensão ser abordada separadamente, isto apenas contribuiu para
fortalecer vosso pensamento sobre a importância da sinergia que deve haver entre as dimensões, como
indissociáveis entre si.

Em especial, o conceito da Comissão Brundtland nos causa perplexidade sobre como caminhar
sustentavelmente, se nossas ações atuais ainda não conseguem, “atendem às necessidades do
presente” e ainda “comprometem a possibilidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias
necessidades”. Desta forma, concluímos que apesar da trajetória já percorrida, das ações sustentáveis de
algumas empresas, a “insustentabilidade” ainda está presente em todas as dimensões, o que pressupõe
que ainda temos muito a percorrer. Novas diretrizes, mais conscientização coletiva, local e global, mais

RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE | Educação a Distância 95


ações responsáveis voltadas para o desenvolvimento sustentável e a busca pela sustentabilidade.

Esperamos que os fóruns de sustentabilidade, o próprio mercado de capitais, o Rio+20, o pacto global
firmado entre os países, os acordos de redução dos gases do efeito estufa, as políticas públicas globais
possam se concretizar em ações efetivas por toda a sociedade. Que as ações não fiquem pautadas
somente em uma ou outra dimensão, pois entendemos que todas as dimensões, de uma forma sistêmica,
são importantes para o alcance do desenvolvimento sustentável e da sustentabilidade.

Deixamos para você parte da letra da música que nos inspira a dizer que cada um de nós deve fazer o
seu papel, e que nossa atuação responsável fará uma grande diferença na busca pela sustentabilidade,
seja como cidadão, como gestor de organizações, como político ou promotor de ideias.
caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais, braços dados ou não, nas escolas
nas ruas, campos, construções, caminhando e cantando e seguindo a canção. Vem vamos embora,
que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer [...]
Canção: “para não dizer que não falei das flores” (Geraldo Vandré).

Sucesso a todos!

São nossos votos,

Professoras Bianca, Anny e Mirian.

96 RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE| Educação a Distância


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