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Definições de inovação do Curso

Design Thinking para Inovar nos Negócios

A fim de compreender os aspectos relacionados com a inovação, este texto enfoca-se


em estabelecer as gerações da inovação, bem como definições, tipos, graus, atributos,
princípios, métricas, relações, dentre outros. Para atingir estas relações, utilizou-se de
referências oriundas, primeiramente, de Schumpeter (1934) para, posteriormente, apontar as
óticas de outras referências, como Simantob e Lipp (2003), Manual de Oslo 1(2004), Paradis e
McGaw (2007), Tiid, Bessant e Pavitt (2008), Rampino (2011), Terra (2012) e Keeley (2013)
para entrelaçar as diferenças de perspectivas e atribuições ao conceito de inovação.
Portanto, inicia-se este item abordando os significados imbuídos no conceito de
inovação, conforme se ilustra no quadro 1.

Quadro 1: definição de inovação sob diferentes óticas.


Definição de inovação Referência
A inovação é um processo de “destruição criativa” em que há uma busca constante Schumpeter (1934)
pela criação do algo novo que destrói velhas regas e estabelece novas fontes de
lucratividade. As vantagens estratégicas da inovação acabam, inevitavelmente, sendo
copiadas por demais empresas e, assim, as regras do jogo deverão ser reescritas.

Inovação é a concretização e implementação bem sucedida de uma ideia antes da Simantob & Lippi
concorrência. Trata-se de uma iniciativa, modesta ou revolucionária, que surge como (2003, p. 12)
uma novidade e traz resultados econômicos para a empresa, sejam eles ligados à
tecnologia, gestão, processos ou modelos de negócios.

“Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou OECD (2004, p. 55)
significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou
um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de
trabalho ou nas relações externas”.
A inovação é um processo movido pela habilidade de estabelecer relações, detectar Tiid, Bessant e
oportunidades e tirar proveito das mesmas, seja abrindo novos mercados ou servir Pavitt (2008, p. 23)
mercados já existentes, caracterizando que o extrato do processo inovador não é
apenas tecnológico, mas também, através de serviços.

A inovação é o resultado da soma da visão e invenção que tem por objetivo entregar Paradis & Mcgaw
valor para o consumidor. (2007)

A inovação é a materialização e a geração de valor associada à introdução de novos Terra (2012, p. 19)
produtos ou soluções que atendem oportunidades latentes ou emergentes – de várias
ordens - que estão surgindo no mundo externo através de um processo sistemático,
deliberado e contínuo.

1 O Manual de Oslo - Proposta de Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados sobre Inovação Tecnológica - tem o objetivo
de orientar e padronizar conceitos, metodologias e construção de estatísticas e indicadores de pesquisa de P&D de países
industrializados. No Brasil, a primeira tradução para o português foi produzida e divulgada pela FINEP em 2004. Destaca-se
que o Manual cobre tão somente inovações em empresas do setor privado, tratando a inovação no nível da empresa e
concentrando-se em inovação tecnológica de produto e processo (TPP). O manual apresenta, ainda, diretrizes opcionais para
outras formas de inovação, como as mudanças organizacionais; e envolve a difusão até o nível “o novo para a empresa”. Hoje,
O Manual de Oslo é a principal fonte internacional de diretrizes para coleta e uso de dados sobre atividades inovadoras da
indústria.
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Inovação é a criação de uma oferta viável e que requer a identificação de problemas Kelley (2013)
que possuem significado para os usuários.
Fonte: desenvolvido pela autora e baseado em Schumpeter (1934); Simantob & Lippi (2003); Oecd (2004); Tiid,
Bessant e Pavitt (2008); Paradis & Mcgaw (2007); Keeley (2013); Terra (2012, p. 19).

Ao se observar o quadro, pode-se perceber que a inovação é um processo, acima de


tudo, dinâmico e que envolve o relacionamento de diferentes atores e elementos que levaram
Schumpeter (1934) a utilizar a expressão destruição criativa. A inovação, portanto,
caracteriza-se como uma ideia desconhecida pelos concorrentes que deve ser implementada
com o objetivo de trazer resultados econômicos para a empresa. Para tanto, a habilidade de
detectar oportunidades e tirar proveito das mesmas através da entrega de bens (produtos ou
serviços) deve ser uma competência central para as empresas (TIID; BESSANT; PAVITT, 2008;
OECD, 2004; SIMANTOB; LIPPI, 2003).
Além das definições mais tradicionais, o quadro também traz algumas visões mais
abrangentes, oriundas desde 2007, com Paradis e McGaw, que aferem o termo “valor” como
um extrato igualmente importante para a conceituação da inovação. Rampino (2011), Terra
(2012) e Keeley (2013), também corroboram com esta perspectiva apontando que a inovação
é a materialização e a entrega de valor para os clientes. Para explicitar esta ideia, Paradis e
Mcgaw (2007) apresentam um diagrama intitulado como “a equação da inovação” que é
resultante da soma da visão com a invenção.

Figura 1: A equação da inovação.

Fonte: adaptado de Paradis & Mcgaw (2007).


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A figura 1 é composta por dois eixos - identificação de oportunidades e


desenvolvimento de ofertas – que se desdobram nas intensidades boas e ruins. Assim: a) Uma
oportunidade e desenvolvimento ruim, são caracterizados pelo pictograma de uma bomba; b)
Uma boa oportunidade com um mal desenvolvimento é apenas uma visão; c) Um bom
desenvolvimento associado à uma oportunidade ruim, é apenas uma invenção; d) Uma boa
oportunidade e desenvolvimento caracteriza-se como uma inovação.
O Manual de Oslo aponta que os significados da inovação estão relacionados aos seus
objetivos econômicos, que devem ser (OECD, 2004): a) substituir produtos que estejam sendo
descontinuados; b) aumentar a linha de produtos (dentro e fora do campo do produto
principal); c) desenvolver produtos amistosos em termos de meio ambiente; d) manter
participação de mercado; e) aumentar participação de mercado; f) abrir novos mercados (no
exterior e em novos grupos-alvos domésticos); g) aumentar a flexibilidade da produção; h)
reduzir os custos de produção (através da redução dos custos unitários de mão de obra, do
corte de materiais de consumo e energia; e/ou da redução da taxa de rejeição, custos de
desenho do produto e dos prazos de início de produção); i) melhorar a qualidade do produto;
j) melhorar as condições de trabalho; k) reduzir os danos ao meio ambiente.

TIPOS DE INOVAÇÃO
Schumpeter (1934) é frequentemente citado em função de ter sido o primeiro
economista a ressaltar a importância da inovação. Ele definiu cinco tipos de inovação: a)
introdução de um novo produto ou mudança qualitativa em produto existente; b) inovação
em processo que seja novo para determinada indústria; c) abertura de um novo mercado; d)
desenvolvimento de novas fontes de suprimento de matéria prima ou outros componentes;
e) mudança na organização da indústria.
Já o Manual de Oslo, afere que os tipos de inovação são (OECD, 2004):
a) Implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente
melhorado: um produto simples pode ser aperfeiçoado através da utilização de matérias
primas ou componentes de maior rendimento; um produto complexo pode ser aperfeiçoado
via mudanças parciais em um dos seus componentes ou subsistemas; e um serviço pode ter
adições de novas funções ou mudanças na característica de como ele é oferecido e que,
consequentemente, irão implicar em maior eficiência, rapidez de entrega ou facilidade de uso
do produto;
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b) Processo: introdução de novos ou substancialmente aprimorados métodos de


produção ou entrega de produtos que podem se caracterizar como mudanças nas técnicas,
máquinas, equipamentos ou softwares usados no processo de transformação de insumos em
produtos;
c) Novo método de marketing: é um novo plano mercadológico que relaciona-se com a
mudança significativa da concepção do produto, identidade visual e forma de comercialização;
d) Novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização local de
trabalho ou nas relações externas: é a implementação de métodos organizacionais que se
objetivam a reduzir custos administrativos e de suprimentos. Podem ter caráter
administrativo, de gestão de pessoas e de gestão da organização ou ocorrer nas relações
externas da empresa como, por exemplo, o estabelecimento de parcerias com entidades do
mesmo setor, fornecedores e clientes, universidades e institutos de pesquisas.
O Manual de Oslo ainda cita que mudanças puramente estéticas ou de estilo,
aprimoramentos em produtos sem mudança significativa ou melhorias e a comercialização de
produtos novos desenvolvidos e produzidos integralmente por outra empresa, não podem ser
considerados inovadores (OECD, 2006).
Com o objetivo de sintetizar os tipos de inovação aferidos por diferentes autores,
construiu-se o quadro 2 que integra as visões, já mencionadas, de Schumpeter (1934) e
Manual de Oslo (OECD, 2004), à de outros autores.
Quadro 2: Síntese dos tipos de inovação.
Tipos de Inovação Aspectos Referência
relacionados
Produto: introdução de um novo bem no mercado; Produto Schumpeter
Processo: a descoberta de um novo método de produção; Processo (1934)
Abertura de um novo mercado: ou a alteração de alguma já existente; Mercado
Fontes de suprimento de matéria prima: conquista de novas fontes de matérias primas; Matéria Prima
Mudança na organização da indústria: mudanças na forma de comercialização das mercadorias. Organização

Produtos e Serviços: Desenvolvimento e comercialização de produtos ou serviços novos, fundamentados em novas Finanças Simantob e Lipp
tecnologias e vinculados à satisfação de necessidades dos clientes; Produto (2003)
Processos: Desenvolvimento de novos meios de fabricação de produtos ou de novas formas de relacionamento para a Serviço
prestação de serviços; Processos
Negócios: Desenvolvimento de novos negócios que forneçam vantagem competitiva sustentável;
Gestão: Desenvolvimento de novas estruturas de poder e liderança.

Produto (bem ou serviço): implantação/comercialização de um produto ou serviço com desempenho aprimorado Produto Oecd (2004)
Processo: novo método de produção ou distribuição novo ou melhorado. Processo
Método de marketing: novo método de marketing com mudanças significativas na concepção do produto ou em sua Mercado
embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços. Marketing
Método organizacional: novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de Organização
trabalho ou em suas relações externas.

Produto: mudanças nas coisas (produtos/serviços) que uma empresa oferece; Produto Tiid, Bessant e
Processo: mudanças na forma em que os produtos/serviços são criados e entregues; Serviço Pavitt (2008)
Posição: mudanças no contexto em que os produtos/serviços são introduzidos; Contexto
Paradigma: mudanças nos modelos mentais subjacentes que orientam o que a empresa faz. Modelo mental

Modelos de Negócios: formas de se obter lucro; Finanças Paradis e Mcgaw


Network: redes que fornecem formas para que as empresas sejam beneficiadas pelos processos de qualquer componente Processo (2007)
de um negócio; Entrega Keeley (2013)
Estrutura: estrutura focadas em organizar os ativos da empresa – máquina, humano ou intangível; Oferta
Processo: atividades e operações que produzam ofertas primárias;
Performance do produto: abordam o valor, recursos e qualidade da oferta da empresa;
Sistema Produto: forma como os produtos e serviços individuais se conectam com um conjunto complexo que visa criar um
sistema robusto e coerente;
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Serviço: asseguram e melhoram a utilidade, desempenho e valor aparente de uma oferta;


Canal: abrangem todas as maneiras que a empresa conecta suas ofertas com seus clientes e usuários;
Marca: estratégias dos pontos de contato entre a empresa e seus clientes;
Experiência do Cliente: movimentos que buscam compreender as aspirações profundas de clientes e usuários.

Soluções: resolver problemas end-to-end para os clientes; Finanças Terra (2012)


Novos Clientes: achar novos segmentos de clientes ou necessidades não atendidas; Produto
Experiências de clientes: mudar o jeito como a empresa interage com os seus clientes; Serviço
Modelo de receitas: mudar o jeito elo qual a empresa é paga; Entrega
Cadeia de valor e plataforma: mudar a posição ou o escopo de participação na cadeia de valor que está inserida; Oferta
Canais: mudar a forma como a empresa entrega seu produto ao cliente;
Rede de trabalho: mudar a forma como se liga aos clientes ou fornecedores;
Marca: mudar a maneira como a empresa comunica sua marca.

Fonte: desenvolvido pela autora com base nas teorias de Moura e Adler (2010); Simantob e Lipp (2003); Oecd (2006), Paradis e McGaw (2007); Tiid, Bessant e Pavitt
(2008); Terra (2012); Keeley (2013).
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Como se pode observar no quadro síntese, as tipologias definidas por


Schumpeter (1934), Simantob e Lipp (2003), OECD (2006) e Tiid, Bessant e Pavitt (2008)
enfocam-se em categorizações que se aproximam dos produtos e afastam-se daquelas
que a conceituam através de abordagem em significados para seus consumidores.
Percebe-se que muitas categorizações de inovação estão focadas no resultado, mas
poucos discutem os processos e o contexto necessário para viabilizar a inovação.
No entanto, embora historicamente a divisão entre os tipos de inovação se
resumisse, inicialmente, às classificações de produtos, processos, organização e
mercado, hoje, esta abordagem é mais ampla e considera fatores mais complexos e
oriundos da intensa dinâmica social atual, conforme se observou no quadro 1 e 2. Assim,
nas tipologias mais recentes, oriundas de publicações de 2007 até os dias de hoje,
questões relacionadas aos aspectos como capital humano, experiência do consumidor,
sistema produto, oferta e distribuição passaram a ser compreendidos enquanto tipos de
inovação tão importantes quanto os tradicionais já mencionados.
Paradis e McGaw (2007) e Keeley (2013) contribuem para esta disseminação da
ampliação conceito e aplicabilidade através de 10 tipos de inovação: a) Modelo de
Negócio: Modelos inovadores de lucro que buscam uma nova maneira de converter as
ofertas de uma empresa e outras fontes de valor em dinheiro; b) Networking: Inovações
de rede que fornecem formas para que as empresas sejam beneficiadas pelos processos
de outras empresas, tecnologias, ofertas, canais, marcas ou, praticamente, qualquer
componente de um negócio; c) Estrutura: Inovações estruturais estão focadas em
organizar os ativos da empresa – máquina, humano ou intangível - de maneiras únicas
que criam valor; d) Processo: As inovações de processo envolvem as atividades e
operações que produzam ofertas primárias de uma empresa e que permite à empresa
utilizar recursos exclusivos, se adaptam rapidamente e, assim, conseguem construir
margens líderes de mercado; e) Desempenho do produto: Inovações na performance do
produto abordam o valor, recursos e qualidade da oferta da empresa. Este tipo de
inovação envolve produtos totalmente novos e extensões de linha que agregam valor
substancial; f) Sistema Produto: Inovações de sistema produto estão relacionadas na
forma como os produtos e serviços individuais se conectam com um conjunto complexo
que visa criar um sistema robusto e coerente, promovido através da interoperabilidade,
modularidade, integração e outras formas de criação de conexões entre as ofertas de
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outra forma distintas e díspares; g) Serviço: Inovações de serviços asseguram e


melhoram a utilidade, desempenho e valor aparente de uma oferta, fazendo com que
um produto seja mais fácil de experimentar, usar e desfrutar; h) Canal: Inovações dos
canais abrangem todas as maneiras que a empresa conecta suas ofertas com seus
clientes e usuários; i) Marca: É resultado de estratégias cuidadosamente trabalhada que
são implementadas através de muitos pontos de contato entre sua empresa e seus
clientes, incluindo comunicações, publicidade, interações de serviços, ambientes de
canal e de funcionários e conduta parceiro de negócios; j) Experiência do Cliente:
Inovações que envolvem o cliente são todos os movimentos que buscam compreender
as aspirações de clientes e usuários e utilizar esses conhecimentos para desenvolver
conexões significativas entre os mesmos e sua empresa.
Terra (2012) corrobora com Paradis e McGaw (2007) e Keeley (2013) na
perspectiva de uma visão mais abrangente dos tipos de inovação, no qual os conceitos
variam mas os significados dos tipos de inovação são muito semelhantes: a) Soluções:
resolver problemas end-to-end2; b) Clientes: achar novos segmentos ou necessidades
não atendidas; c) Experiência do cliente: mudar a interação com o cliente; d) Modelo de
receitas: trocar a forma pela qual a empresa faz a captação de seus recursos financeiros;
e) Cadeia de Valor e plataforma: reposicionar a participação na cadeia de valor do
mercado; f) Canais: redefinir as formas de como a empresa oferta no mercado; g)
Networking: rearranjar a maneira como a empresa se relaciona aos clientes ou
consumidores; h) Marca: reformular o método que a empresa comunica sua marca.

GRAUS DE INOVAÇÃO
Além de analisar os tipos de inovação, também é necessário compreender o grau
de impacto que elas causam nas organizações, mercados e sociedades. O Manual de
Oslo afere o grau de inovação através de uma definição quantitativa em que o relaciona
com a intensidade de ocorrência: a) Máximo: novo no mundo; b) Intermediário: novo
em uma região ou país; c) Mínimo: novo na empresa (OECD, 2004). Já Tidd, Bessant e
Pavitt (2008) apresentam os conceitos de inovação incremental e inovação radical, no
qual a relação enfoca-se em uma visão mais qualitativa, sobretudo, quando explanam
acerca da inovação radical:

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Significa que a cadeia de fornecimento deve abranger a empresa como um todo.
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a) Inovação incremental: podem ser consideradas as transformações menores


ou de menor impacto para a organização; os incrementos relacionados com o
aprendizado contínuo, resultante da solução de problemas que acompanha a
introdução de um novo produto ou processo; ou a estratégia gerencial de grande
potencial que se inicia a partir de algo conhecido, que será aprimorado na busca por
soluções para as incertezas cruciais;
b) Inovação radical: caracterizam-se por transformar a maneira como as pessoas
compreendem e usam as coisas e, por isso, são eventos não corriqueiros que redefinem
limites.
Segundo os autores, o nível do sistema que está sendo inovado -
incrementalmente ou radicalmente – também deve ser considerado em virtude de
relacionar-se diretamente com a dimensão do contexto de inserção em que o bem de
consumo está sendo inserido e o nível dos componentes envolvidos, conforme se
observa na figura 2.

Figura 2: Dimensões da inovação.

Fonte: adaptado de Tidd, Bessant e Pavitt (2008)


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Judy Estrin (2008) acrescenta a ideia da inovação do grau ortogonal que


compreende-se ao lado das inovações incrementais e radicais em função de serem
oriundas da combinação de inovações existentes para um uso inteiramente novo.
Diante da perspectiva de intensidade de ocorrência para a inovação, Palmer e
Kaplan (2014) contrastam os graus de inovações com a forma de ocorrência através de
um desenho composto por dois eixos antagônicos: radical e incremental; intencional e
ao acaso. Nesta dimensão, são formados quatro cenários possíveis: a) Disrupções
casuais: oriundas de um processo de inovação radical ao acaso; b) Melhorias não
planejadas: oriundas de um processo de inovação incremental ao acaso; c) Melhorias
não casuais: oriundas de um processo de inovação incremental intencional; d) Inovação
estratégica: oriundas de um processo de inovação radical e intencional, conforme
destacado na figura 3.

Figura 3: Graus de Inovação versus formas de ocorrência.

Fonte: adaptado de Palmer e Kaplan (2014).

Segundo os autores, muitas organizações se baseiam, com frequência, em atos


de serendipidade para inovar e através de uma abordagem desestruturada que,
consequentemente, resulta apenas em melhorias incrementais e com implementação
precária. A Inovação Estratégica, ao contrário, oferece um modelo estruturado e um
processo replicável, com foco na inovação radical, permitindo que empresas inovem
continua e deliberadamente.
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Leifer et al (apud BORJA DE MOZOTA, 2011, p. 163) ampliam a discussão acerca


dos graus de inovação apontando os tipos de impactos que eles provocam nas questões
referentes aos aspectos gerenciais dos projetos, baseando-se em estudos oriundos de
empresas de grande porte, como DuPont, General Eletric, General Motors, IBM,
Polaroid, entre outras, conforme se observa no quadro 3.

Quadro 3: Atributos da inovação incremental versus gestão da inovação radical.


Incremental Radical
Duração do projeto Curto prazo: de alguns meses a Longo prazo: dez anos ou mais
dois anos
Trajetória projetual Rota linear e contínua Rota com múltiplas
descontinuidades e lacunas a serem
preenchidas
Geração de ideias Nas etapas iniciais do processo Esporadicamente ao longo do ciclo
de vida
Processo Formalmente aprovado Formal para financiamento, mas
desprezado pelos participantes
Modelo de negócios Completo e detalhado já no O modelo evolui por meio de
início técnicas baseadas em descobertas à
medida que a incerteza é reduzida
Participantes Equipe formada por indivíduos Indivíduos de várias funções que
de várias funções no projeto chegam e saem de uma rede que
cresce ao entorno
Estrutura organizacional Equipe de indivíduos de várias Começa no P&D em uma
funções em uma unidade de organização em incubação e depois
negócio passa para uma organização de
projeto dirigida por metas
Recursos e Todas as competências Criatividade e habilidade na
competências necessárias e sujeitas à alocação aquisição de recursos e
de recursos padrão competências
Envolvimento dos Envolvidos desde o início Informal
colaboradores
Fonte: Adaptado de Leifer et al (apud BORJA DE MOZOTA, 2011, p. 163).

A partir do quadro, pode-se perceber que as questões relativas ao processo de


inovação incremental tendem a diminuir as constâncias, variantes e incerteza inerentes
ao processo de inovação radical. Tais certezas caracterizam-se em detalhes relacionados
com todo o processo projetual, desde insumos humanos, até processuais,
organizacionais, financeiros e competências envolvidas. Por outro lado, o quadro ilustra
as características do gerenciamento de projetos de cunho radicais que se esperam
resultados mais agressivos no mercado e possuem processos mais orgânicos,
caracterizados por múltiplas descontinuidades e menor formalidade que estão
relacionadas com as formas de relações estabelecidas entre os colaboradores do
processo.
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Ainda na ótica de possíveis relações estabelecidas perante os graus de inovações


radicais e incrementais, Terra (2012) também aponta que a inovação incremental ocorre
de forma mais linear, com riscos e incertezas reduzidos, conforme é apontado no quadro
4.

Quadro 4: Diferenças entre as características das inovações de graus incremental e radical.


Inovação incremental Inovação Radical
Na operação ou na unidade de negócio No corporativo
Focados nos produtos atuais Focado nas necessidades de clientes e
não clientes
Linear e contínuo Não linear e descontínuo
Riscos reduzidos Alto risco
Gerenciar riscos Eliminar incertezas
Componente Sistema
Trabalho em equipe Colaboração de indivíduos
Resolução de problemas ou restrições Responder a desafios
Estritamente nacional e explícito Tácito e emotivo
Atende clientes Surpreende ou trabalha com early
adopters3
Foco no mercado Foco nas adjacências
Junto à produção Junto aos centros de competência ou no
mercado
Fonte: Adaptado de Terra (2012, p. 6).

Ao se observar o quadro, pode-se destacar algumas características importantes


do processo de inovação radical: a) Corporativo: demonstrando que a inovação não
ocorre de forma isolada, mas de maneira integral que atinge a corporação como um
todo; b) Focado nas necessidades dos clientes e não clientes: apontando uma visão
ampla em relação aos movimentos comportamentais de consumo do público alvo e
outros públicos; c) Não linear e descontínuo: manifestando um processo altamente
dinâmico, iterativo e orgânico; d) Alto risco: caracterizando um processo onde os
extratos do projeto são incertos; d) Eliminar incertezas: apontando que elas sempre
existirão neste processo, mas podem ser minimizadas através do gerenciamento; e)
Sistema: apresentando a preocupação em responder à demanda através de um
conjunto de fatores e não apenas do produto em si; f) Colaboração de indivíduos:
configurando um modelo de trabalho composto por pessoas que colaboram
mutuamente; g) Responder a desafios: manifestando que não existem problemas claros
ou explícitos, mas sim, buscas por oportunidades que não estão destacadas no mercado

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Usuário que aderem aos produtos antes de se tornarem tendências.
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e/ou os consumidores, nem tenham consciência destas necessidades; h) Tácito e


emotivo: relacionando o tipo de envolvimento com que os colaboradores efetuam ao
longo do processo; i) Surpreende ou trabalha com early adopters: enfatizando que os
resultados projetuais se vinculam mais, provavelmente, com pessoas adeptas de
tendências iniciantes; j) Adjacências: atua nos sinais mais intangíveis do mercado e que
se manifestam de maneira menos óbvia; k) Junto aos centros de competência ou
mercado: indicando um descolamento do foco na fábrica que não a compreende como
um briefing (possibilidades e ociosidade das máquinas, por exemplo).

REFERÊNCIAS DO TEXTO:

BORJA DE MOZOTA, Brigitte. Design management: using design to build value and
corporate innovation. Canadá: Allworth Press, 2003.

KEELEY, Larry; et all. Ten types of innovation: the discipline of building breakthroughs.
John Wiley & Sons, Inc: New Jersey, 2013.

MOURA, Heloísa Tavares de; ADLER, Isabel Krumholz. A ecologia da inovação e o papel
do design estratégico. In: Congresso de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. São
Paulo, 2010.

OECD. Manual de Oslo: diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre


inovação. São Paulo: FINEP, 2004.

PALMER, Derrick; KAPLAN, Soren. A Framework for Strategic Innovation: Blending


strategy and creative exploration to discover future business opportunities.
Disponível em http:// www.innovation-
point.com/Strategic%20Innovation%20White%20Paper.pdf. Acessado em 23.05.2104

PARADIS, Jean Zachary; McGAW, David. Naked Innovation. Chicago: Institute of Design,
2007.

SCHUMPETER, Joseph. The Theory of Economic Development. Massachusetts: Harvard


University Press, 1934.

SIMANTOB, Moysés; LIPPI, Roberta. Guia Valor de inovação das empresas. São Paulo:
Editora Globo, 2003.

TERRA, José Cláudio. Dez dimensões da gestão da inovação: uma abordagem para a
transformação organizacional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
TIDD, Joe; BESSANT, John; PAVITT, Keith. Gestão da inovação. Porto Alegre: Artmed,
2008.

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