Prof. MSc.

Felipe de Araújo Nascimento

EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
LIVRO 3

1ª EDIÇÃO

Livro 3
Módulos Aula 5 e 6 GOIÂNIA
Centro Universitário de Goiás Uni-ANHANGUERA
2018

Catalogação: Biblioteca Anhanguera
____________________________________________________________
Educação Ambiental – Módulos Aula 5 e 6 / Mayra Caiado
Paranhos (organizadora); Felipe de Araújo Nascimento. –
Goiânia : Centro Universitário de Goiás Uni-ANHANGUERA,
2018.
39 p. : il.
ISBN XXX-XX-XXXXX-XX-X
1. Educação Ambiental. I. Paranhos, Mayra Caiado. II. Nasci-
mento, Felipe de Araújo. III. Título.
CDU: 658
____________________________________________________________
2018
Direitos exclusivos em língua portuguesa cedidos ao
Centro Universitário de Goiás Uni-ANHANGUERA
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Cidade Jardim Cep: 74423-115- Goiânia - GO
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Organização
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Profª. Ms. Mayra Caiado Paranhos
Autores
Prof. MSc. Felipe de Araújo Nascimento
Produção
Supervisão do Processo Instrucional (SPI)
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Instrução de Material Didático Impresso (IMADIM)
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Instrução de Material para Web (IMAWEB)
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de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação
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autorização por escrito, do Centro Universitário de Goiás Uni-ANHANGUERA.
 LIVRO 3: MÓDULOS AULA 5 E 6

SUMÁRIO

MÓDULO AULA 5
Problemáticas Ambientais Urbanas............................. 9
5.1 Saneamento básico: água, esgotamento
sanitário, drenagem e limpeza urbana.............................. 9
5.1.1 Abastecimento de água.................................. 10
5.1.2 Esgotamento sanitário e drenagem.............. 13
5.2 Gerenciamentos de Resíduos Sólidos........................ 15
5.3 Poluição do ar: automotiva, industrial
e queimadas........................................................................ 18
5.3.1 Poluições automotivas.................................... 19
5.3.2 Poluições industriais...................................... 20
5.3.3 Queimadas...................................................... 21

MÓDULO AULA 6
Problemáticas Ambientais Rurais.............................. 25
6.1 Desgaste dos recursos naturais.................................. 25
6.2 Desmatamento............................................................. 29
6.3 Plano de manejo e reserva legal................................. 31
6.4 Agricultura e Pecuária................................................ 32
6.5 Mineração..................................................................... 36
 APRESENTAÇÃO DO MAGNÍFICO REITOR

O Centro Universitário de Goiás Uni-ANHANGUERA

mantém-se fiel com mais de 40 anos de existência, à sua missão
de oferecer cultura e disseminar o saber para o sociedade,
acreditando que, um mundo melhor só é possível por meio da
valorização da educação. O nome referencia o descobridor e
colonizador de Goiás, um bandeirante.

Por isso, a marca institucional reflete os valores da história.

A CRUZ que se encontra dentro do escudo foi plan-tada à beira
do Rio Paranaíba, hoje município de Catalão, pelo bandeirante
Anhanguera em data incerta, porém presumivelmente nos
primeiros anos do Séc. XVI. Atualmente, esta cruz encontra-se
estabelecida a margem esquerda do Rio Vermelho na Cidade de
Goiás (antiga capital do Estado - Vila Boa) e constitui-se para
muitos o símbolo maior do Estado de Goiás.

A Bateia em Fogo ao centro superior relembra o episódio

do encontro do Anhanguera com os índios Goiá (tribo que
habitava a região), quando teria ele queimando uma bebida
alcoólica numa bateia para ameaçar com a queima do que os
índios acreditavam ser água encontrar a localização das minas
de ouro.
 As cores, ocre e amarelo, simbolizam o fogo e o ouro, MÓDULO AULA 5
respectivamente. Enquanto, o significado das quatro palavras
inscritas no brasão significam: PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS
URBANAS
TRADITIO significa Tradição: expressão maior dos 45
anos de tradição e de ensino com qualidade do Centro Univer-
sitário.

ETTICA significa Ética: significa proporcionar aos Prezado aluno,

membros da família Uni-ANHANGUERA valores que tinjam Neste módulo vamos observar as principais
um nível de satisfação e de bem estar para todos. problemáticas que envolvem o meio urbano, exemplo do
saneamento e gerenciamento de resíduos, poluição do ar,
entre outros.
COGNITIO significa Conhecimento: motivo da criação
e existência do Centro Universitário, mediar o conhecimento.
O que esperamos que vocês aprendam?
OFFICIUM significa Trabalho ou Responsabilidade: ex-
Quais os principais problemas ecológicos
pressa a responsabilidade assumida por parte de todos que tra-
observados no meio urbano?
balham e estudam no Uni-ANHANGUERA, proporcionando
Como é a situação sobre o saneamento urbano?
um ensino e atendimento de alta qualidade comprometido
De que forma podemos gerenciar
com os valores como Tradição, Ética, Conhecimento e Respon-
nossos resíduos sólidos?
sabilidade.
Como está a problemática da
poluição do ar?
Diante de grandes valores estabelecidos pela marca do
Uni-ANHANGUERA e contando com um número expressivo Vamos lá?!
de docentes (que incluem mestres e doutores), a Instituição é
reconhecida pela qualidade de seu ensino, por meio da marca
indelével da tradição. Desta forma, a Instituição tem a honra
de unir tradição e modernidade, contribuindo de modo sólido
para o avanço da educação no país. 5.1 SANEAMENTO BÁSICO:
ÁGUA, ESGOTAMENTO SANITÁRIO,
DRENAGEM E LIMPEZA URBANA

Viver em sociedade não é considerado fácil. Na maioria

Prof. Joveny Sebastião Cândido de Oliveira, J.M, J.D. das situações não percebemos, mas tudo que fazemos ou pro-
duzimos, afeta diretamente o vizinho ou uma pessoa que mora
em algum bairro distante de você. Os mecanismos ambientais

PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS URBANAS 9

estão interligados por toda a biosfera, em que ações nesta parte
do mundo provoca consequências do outro lado do mundo.
Algumas problemáticas são concentradas em metrópo-
les, mesmo aquelas de considerados países ricos. Podemos
afirmar que todas as cidades do mundo sempre possuem o
mesmo dilema que é o funcionamento do saneamento básico.
Como sendo um dos principais fatores na disseminação de
pragas ou agentes patogênicos, o saneamento básico engloba
desde a atividade de abastecimento de água, manejo da água
pluvial, coleta e tratamento do esgoto até o manejo de resíduos
sólidos.
Considerado como o conjunto de medidas adotadas
numa região visando proporcionar uma situação higiênica
saudável para os habitantes, na maioria dos casos, estes traba-
lhos possuem responsabilidade de empresas públicas, ou em
regime de concessão para empresas privadas, serviço conside-
rado essencial para a sociedade e o meio ambiente.
No mundo inteiro, há uma correlação de dados de locais
com menos trabalhos de saneamento com maiores índices de
doenças infectocontagiosas e maior mortalidade infantil. No
Brasil, podemos afirmar que a falta de saneamento básico é
uma das principais causas de mortalidade por doenças parasi-
tárias. Doenças como Dengue, Febre Amarela, Esquistossomo-
se, Ascaridíase, e tantas outras, têm como vetores associações
com a qualidade da água, ou da ausência de tratamento de re-
síduos e esgoto.
5.1.1 ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Diariamente somos avisados pela mídia a respeito dos
problemas hídricos que as cidades passam. Considerado bas-
tante óbvio como somos dependentes da água para a nossa so-
brevivência e/ou nossos processos industriais. Nos últimos
10  EDUCAÇÃO AMBIENTAL
anos passamos por situações que vivemos em sociedades que
estão nos limites do abastecimento de água.
Muitas cidades já ado-
taram sistemas de rodízios
em épocas de seca, outras es-
tão investindo cada vez mais
em represas e novas canaliza-
ções para evitar a seca nas
torneiras das casas, no co-
mércio ou indústria. Grandes
metrópoles como São Paulo ou Rio de Janeiro, vivem seus pio-
res momentos, pois vêem suas represas específicas para abaste-
cimento serem diminuídas a cada ano e operando em volumes
tão baixos que assustam ambientalistas.
No entanto, nos perguntamos, será que a quantidade de
represas ou a quantidade de água não é suficiente para a quan-
tidade de pessoas existentes nas cidades? Na verdade a quanti-
dade de água trazida pelos ciclos de chuva que incorporam os
lençóis freáticos e formam nascentes, é mais do que suficiente.
O que ocorre é um complexo desperdício de água que ocorre
de todas as formas imagináveis.
No ano de 1992, a ONU elaborou a declaração universal
dos direitos da água, composta por dez artigos que dizem res-
peito ao uso da água do planeta, principalmente relacionada à
água potável. Observe o Art. 7:
Art. 7°: “A água não deve ser desperdiçada, nem poluí-
da, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve
ser feita com consciência e discernimento para que não se
chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da
qualidade das reservas atualmente disponíveis.”
Declaração Universal dos Direitos da Água – ONU/1992
PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS URBANAS 11
 Antes de ocorrer a coleta para o abastecimento das cida-
des, diversos agricultores ou pecuaristas de regiões próximas
dos centros urbanos captam a água, clandestinamente, ou até
de forma regular para irrigação de suas culturas. Até aí não
veríamos problemas se esta captação não fosse de maneira des-
controlada, utilizando de grandes volumes de água em pivôs
agrários ou através de desvios dos rios e córregos que fazem
parte do manancial hídrico.
Você Sabia?
Uma pessoa gasta em média 200 litros de água por
dia. Um pivô central consome em 10 horas de trabalho,
Fonte: 2.600 metros cúbicos por hora (m3/h), ou 2,6 milhões de
Jornal O Popular
litros por hora. Analisando, percebemos que um pivô cor-
– 06/03/2015
responde ao consumo de uma cidade de 13 mil habitantes.
Uma quantidade de água absurda sendo desperdiçado se
considerarmos que já existem diversas técnicas agrícolas que
reduzem a necessidade de água nas plantações. No entanto,
este não é o único problema do desperdício.
Na coleta de água, também encontramos diversos pro-
blemas, como a falta de tratamento desta água ou constru-
ções que provocam erosões e poluições muito próximas dos
leitos dos rios e córregos. Após a coleta de água, há o trata-
mento desta água, que se torna cada vez mais oneroso se esta
água estiver sido contaminada anteriormente com poluição e
dejetos.
Após o tratamento, temos a distribuição, outro grande
problema que o poder público não dá a devida atenção. Enca-
namentos sem manutenção, muito antigos, falhas nos siste-
mas, podem conter vários vazamentos que fazem com que
parte da água potável seja perdida e seja absorvida pelo lençol
freático.
12  EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Outro grande proble-
ma, a utilização desta água,
famosa cultura do desperdí-
cio. No meio doméstico, o uso
desta água para lavagem de
calçadas, ou outras coisas
desnecessárias. Banhos de-
morados, torneiras abertas
sem nenhum controle, no meio industrial temos também a
grande quantidade de água potável para lavagem de materiais,
ou outros procedimentos que desperdiçam uma grande quan-
tidade de água.
Todos estes problemas apresentados têm apenas uma ra-
zão, uma cultura desfavorável da sociedade à sustentabilidade.
Quando modificarmos nossa cultura a respeito do abasteci-
mento de água, iremos perceber que pequenas medidas, muitas
pontuais, possuem a capacidade da sociedade recuperar-se de
uma das piores crises hídricas que enfrentamos. Se modificar-
mos nosso modo de pensar, conseguiremos reduzir o consumo
de água em nossos meios domésticos, reutilizar a água para
outros fins, investir em novas tecnologias que evitem o desper-
dício e incentivar o consumo consciente da população.
Muitos empreendimentos, antenados com esta nova
demanda, já agregam valores aos seus produtos através de
novas tecnologias, voltadas para o consumidor consciente.
Infelizmente, há muito que se fazer, mas temos que modificar
esta consciência sobre o abastecimento de água para garantir
as necessidades das próximas gerações.
5.1.2 ESGOTAMENTO SANITÁRIO E DRENAGEM
Segundo os últimos rankings, o abastecimento de água tra-
tada chega a 89% dos lares do Brasil, não sendo uma situação tão
grave se considerarmos o esgoto. Um dos piores dados é da coleta
PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS URBANAS 13
e tratamento de esgoto no Brasil, assim percebemos a precarieda-
de numa questão tão vital para o desenvolvimento do país.
Segundo o Instituto Trata Brasil (2015), 48,6% da popu-
lação tem acesso à coleta de esgoto e apenas 39% dos esgotos
são tratados. Se observarmos ainda as 100 maiores cidades bra-
sileiras, apenas 6 municípios possuem mais de 80% do esgoto
sendo tratado, são elas: Sorocaba (SP), Niterói (RJ), São José do
Rio Preto (SP), Jundiaí (SP), Curitiba (PR) e Maringá (PR).
Dados que refletem um descompromisso político à sustentabi-
lidade quando observamos também que 40 dos 100 maiores
municípios brasileiros tratam menos de 20% do esgoto urbano.
Desde 2007, o cidadão brasileiro conta com a Lei
11.445/2007, lei do saneamento básico que segue como um dos
princípios a universalização do esgoto sanitário como direito
do cidadão, além da sustentabilidade e eficiência, infraestru-
tura, etc. (Art.2°, CF 11.445/07)
O tratamento do esgoto possui diversas etapas, primeira-
mente ocorre à coleta deste esgoto, após as diversas fases de
tratamento que ocorrem nas ETE’s – Estação de Tratamento de
Esgoto. Alguma das etapas constitui no Gradeamento, que é o
esgoto in natura sendo retido e passando por um processo de
filtragem para separação de grandes e pequenas partículas.
Outra etapa é a de decantação, onde ao misturar com substân-
cias químicas, o material orgânico sólido precipita para o
fundo dos tanques.
Outras duas etapas importantes são a peneiração, uma
espécie de filtração de partículas e a etapa dos tanques de aera-
ção, que micro-organismos decompõem a matéria orgânica,
convertendo em gás carbônico e outras substâncias. Outras
etapas também ocorrem como uma segunda decantação, aden-
samento do lodo e digestão anaeróbica, sendo eliminadas
inclusive as bactérias utilizadas do processo químico. redução, reciclagem e tratamento de resíduos, além da disposi-
14  EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Após a eliminação de todos os poluentes através de um
processo químico, físico e biológico, a água tratada pode final-
mente ser reutilizada para fins industriais ou agrícolas. A fun-
ção do tratamento de esgoto é exatamente acelerar o processo
de limpeza para que possa ser redirecionado para a natureza,
sendo assim mais fácil que a natureza termine o tratamento
por conter bactérias que decompõe a matéria orgânica.
Para uma cidade sustentável, a premissa básica é o con-
sumo de água consciente e o tratamento de esgoto de quali-
dade permitindo que a natureza consiga retornar seus elemen-
tos naturais para os ciclos biogeoquímicos. Além do
abastecimento de água e do esgoto, outra preocupação está
presente em grandes centros urbanos que é o gerenciamento
dos resíduos, em outras palavras, o que fazer com o lixo?
5.2 GERENCIAMENTOS DE
RESÍDUOS SÓLIDOS
A lei 12.305/2010 institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos que estabelece um marco regulatório sobre o gerencia-
mento de resíduos. Primeiramente, temos que entender o que é
resíduo e rejeito. Segundo a lei, resíduo é todo aquele lixo que
pode ser reaproveitado ou reciclado, e rejeito é todo aquele lixo
que não é passível de reapro-
veitamento. Os resíduos po-
dem ser inclusive de todos os
tipos, domésticos, industriais,
da construção civil, eletroele-
trônico, lâmpadas de vapores
(mercúrio), agrossivilpastoril,
área da saúde, perigosos, etc.
Os principais objetivos desta política é da não-geração,
PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS URBANAS 15
ção final ambiental adequada, racionalização dos recursos, in-
tensificação das ações ambientais, promoção à inclusão social,
e geração de renda para catadores de materiais recicláveis.
(MMA, 2015)
Para entendermos mais sobre o destino e tratamento dos
resíduos, vamos pensar sobre a coleta. Na grande maioria dos
centros urbanos, a coleta se dá por meios de caminhões de em-
presas públicas ou privadas. Algumas cidades não ocorrem ne-
nhum tipo de separação e classificação, outras possuem siste-
mas de coletas de rejeitos e caminhões específicos para coletas
de resíduos recicláveis. Esta coleta seletiva poderá ser realizada
pelo cidadão, ou pelo poder público, dependendo muito das
condições urbanas de cada região.
Em alguns locais, inclusive, é estimulada a coleta seletiva
em postos de entrega voluntaria (PEV’s). Independente da for-
ma se há a separação do material de forma efetiva, os objetivos
postos pela política de resíduos poderão ser cumpridos.
Importante salientar que o reaproveitamento e a recicla-
gem, que já comentamos em módulos anteriores são conside-
rados como um importante benefício à sociedade visto que,
além de contribuir para a sustentabilidade, contribui para a
geração de renda, movimentando a economia local.
Sobre a destinação do lixo é a mais diversa, para iniciar-
mos a reflexão vamos falar sobre a pior delas, os “lixões”. Os
“lixões” nada mais são do que
ambientes impróprios, sem
nenhum tipo de estudo am-
biental ou prevenção de da-
nos ambientais. Simplesmen-
te a sociedade ou o próprio
poder público se encarrega de
captar o lixo e despejar nesse
16  EDUCAÇÃO AMBIENTAL
ambiente. O “lixão” representa o que há de mais primitivo em
uma sociedade em relação à disposição final do lixo.
Como a coleta e o manejo dos resíduos são de responsa-
bilidade dos municípios, 60% dos municípios brasileiros em
2014 ainda apresentam lixões como destinação final. A política
nacional de resíduos sólidos estabeleceu metas para a adequa-
ção dos municípios, porém a grande maioria não conseguiu
adequar a estes princípios por diversos motivos.
Outra forma de destino é do Aterro Controlado e Sanitá-
rio. O Aterro controlado é quando o lixo é disposto de forma
controlada e os resíduos recebem uma cobertura de solos, sua
principal desvantagem é a falta de uma impermeabilização do
solo do aterro e a falta de canalização para os gases da decom-
posição, assim como a falta de tratamento do chorume (subs-
tância-produto da decomposição inicial de matéria orgânica.
O Aterro Sanitário seria um dos mais vantajosos atual-
mente, pois é baseados em técnicas sanitárias como a imper-
meabilização do solo, compactação e cobertura diária das
células de lixo, coleta e tratamento dos gases e coleta e trata-
mento do chorume. O objetivo é reduzir ao máximo os as-
pectos negativos da deposição do lixo, reduzindo a prolifera-
ção de ratos e moscas, exalação do mau cheiro, contaminação
dos lençóis freáticos, surgimento de doenças e o transtorno
visual desolador.
Contudo, o aterro sanitário também enfrenta suas limi-
tações, principalmente a respeito do crescimento das cidades,
por necessitar de um grande espaço. Assim, quando associado
com o processo de coleta seletiva, reciclagem, permite sua vida
útil prolongada.
Outros métodos de destino também surgem nas estatís-
ticas, como a Compostagem, que é um modo de tratamento
PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS URBANAS 17
apenas para a parcela orgânica da do lixo. Este método consis-
te em transformar o lixo orgânico em adubo, sua desvantagem
está no preconceito do agricultor em adquirir este tipo de adu-
bo, até por poder apresentar metais pesados provenientes de
contaminação e também pelo cheiro considerável forte duran-
te o processo.
A incineração é outro método que se baseia na combus-
tão (queima) do lixo. Apresenta custos elevados e necessidade
de controle super-rigoroso de gases poluentes. Devido à modi-
ficação da natureza de nossos lixos através dos anos, baseando-
-se em plásticos e produtos químicos, a incineração pode agra-
var a poluição do ar devido à emissão de gases tóxicos,
necessitando de um conhecimento técnico especializado para
este fim.
5.3 POLUIÇÃO DO AR: AUTOMOTIVA,
INDUSTRIAL E QUEIMADAS
Um dos grandes problemas urbanos e um dos principais
motivos do agravamento do efeito estufa e do aquecimento
global é a poluição do ar. A partir do século XVIII, com a Re-
volução Industrial, os índices de poluição atmosférica têm au-
mentado consideravelmente. Quase todas as metrópoles mun-
diais passam por problemas semelhantes quando o assunto é a
poluição do ar provocado por diversos fatores que serão discu-
tidos a seguir.
Diversos problemas de saúde possuem relação direta
com o ar que respiramos, exemplo de doenças como a bronqui-
te, rinite alérgica, alergias e asmas que levam milhares de pes-
soas a hospitais, além de outros problemas como inflamações
de garganta, irritação na pele, lacrimação exagerada, etc. Todas
estas doenças também são agravadas em períodos muito secos
e com pouca circulação de ar.
18  EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A poluição também prejudica os ecossistemas e a biodiver-
sidade, como consequência também provoca chuvas ácidas que
prejudicam o patrimônio histórico e cultural. Toda esta poluição
pode ser consequência de automóveis, indústrias e queimadas.
5.3.1 POLUIÇÕES AUTOMOTIVAS
O automóvel causa basicamente dois tipos de problemas,
a emissão de gases poluentes que agravam o efeito estufa e libe-
ração de substâncias tóxicas. Se considerarmos um carro novo
e regulado, em um passeio de carro de 4 km, sairiam do esca-
pamento 96g de monóxido de
carbono (CO), 8,4 gramas de
hidrocarbonetos e 8 gramas
de óxido de nitrogênio, isso
sem contar a quantidade de
dióxido de carbono, principal
produto na queima de com-
bustíveis fósseis.
O uso da gasolina propiciou em 2012 a emissão de apro-
ximadamente 71 milhões de toneladas de CO2, valor que vem
aumentando a cada ano. Para absorver este impacto, seria ne-
cessária a plantação de 1,6 bilhões de árvores na Mata Atlânti-
ca. Calcula-se, que 90% de toda a poluição atmosférica mun-
dial sejam provocadas apenas por automóveis, devido o grande
uso para o homem. (UOL, 2013)
Logicamente, estas emissões poderão variar de acordo
com o uso de sistemas de carro diferente, exemplo de carro
movido a álcool que reduz o impacto ambiental, ou outras tec-
nologias mais viáveis no que tange a sustentabilidade como os
carros híbridos, totalmente elétricos ou movidos a hidrogênio.
Em todos estes tipos, temos a redução da emissão de gases po-
luentes, alguns com menor potencial outros de emissão 0% em
relação aos carros movidos a gasolina.
PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS URBANAS 19
 Infelizmente, muitas destas tecnologias já existem, mas
são muito caras para o uso do meio urbano brasileiro ou falta
desenvolvimento de tecnologia para baratear os custos. De
qualquer forma, vários projetos ambientais têm tido sucesso na
meta de reduzir as emissões pelos automóveis, mesmo que de
maneira pontual, alguns empreendedores estão observando
este novo mercado promissor para um novo tipo de consumi-
dor e para as necessidades de uma sociedade mais sustentável.
Diversos avanços tecnológicos nos automóveis permiti-
ram uma redução na emissão de poluentes, como a injeção ele-
trônica e o catalisador. Atualmente os carros são inspeciona-
dos nas montadoras através de testes rigorosos para controle
da emissão de gases por órgãos fiscalizadores.
Experimente...
Você já percebeu a quantidade de fuligem que é elimi-
nada através do escapamento de alguns veículos? Fuligem são
partículas maiores da poluição emitida pelo escapamento dos
veículos automotores. Sabendo disto, faça o seguinte:
Pegue três meias brancas e coloque na abertura do esca-
pamento de três tipos de carros, movidos a álcool, gasolina e a
diesel. Ligue o carro por uns 5 minutos e observe a cor das meias.
Você irá observar que motores movidos a diesel emitem
uma maior quantidade de fuligem, seguidos de gasolina e
álcool. Caso algum carro esteja desregulado ou de uma idade
mais avançada, ele provavelmente estará emitindo mais fuli-
gem, independente do tipo de motor.
5.3.2 POLUIÇÕES INDUSTRIAIS
As indústrias são outro ponto de importância na emissão
de gases para a atmosfera. Durante a década de 80 e início dos
anos 90, cidades como Cubatão-SP e São Paulo-SP passaram
20  EDUCAÇÃO AMBIENTAL
por uma grande crise do ar, devido à incidência de poluição
atmosférica provocada por indústrias, principalmente por refi-
narias que existiam ali, eliminando poluição atmosférica sem
nenhum tipo de controle.
Com o agravamento de doenças e a situação crítica do
planeta, foi instituída uma política de redução de emissão de
gases, principalmente nestas cidades, que não conseguiu elimi-
nar, mas conseguiu reduzir consideravelmente a poluição den-
sa e acinzentada presente por entre as pessoas.
Algumas cidades do mundo, ainda passam por estes pro-
blemas, é o caso das cidades chinesas, onde são sociedades ex-
tremamente populosas, como Pequim, que durante as olimpí-
adas, demonstrou para o mundo todos sobre uma poluição
com índices tão altos que chega a ser visível.
Muitas substâncias baseadas em enxofre, nitrogênio e me-
tais pesados são oriundas da indústria e provocam consequên-
cias desastrosas na região da indústria e conseqüências globais.
5.3.3 QUEIMADAS
Principalmente em pe-
ríodos secos, a propagação de
queimadas apresenta-se rele-
vante em diversas regiões do
país com conseqüências ne-
gativas como o agravamento
do efeito estufa e a piora da
qualidade do ar.
As origens das queimadas são diversas, desde a uma des-
preocupação cultural da natureza jogando “bitucas” de cigarro
no mato, ou a própria cultura de limpeza da área para algum
fim. Há também aqueles que fazem a limpeza do ambiente uti-
PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS URBANAS 21
lizando do fogo para diversos fins, como a formação de pasto,
ou simples limpeza para produção de nova cultura.
Infelizmente, muitas destas situações se tornam incon-
troláveis devido ao ambiente, clima, ventos, agravando cada
vez mais e direcionando totalmente contrário a sustentabilida-
de e preservação ambiental. Em períodos de inversão térmica,
o calor e a emissão de gases como o CO2 não sobe à atmosfera,
ficando apenas na parte inferior próxima a superfície.
Há a necessidade de se repensar o uso das queimadas de
forma proposital e evitar que se alastre, agravando a situação
sobre a emissão de gás carbônico. Desta forma, consideramos
como um dos objetivos da Educação Ambiental de conscienti-
zação da população sobre as queimadas.
Nos centros urbanos, ocorrem também situações de
queima de lixo que provoca a emissão de gases, alguns tóxicos
para a saúde humana. Situações como esta necessita de modi-
ficações de comportamento para melhorar a qualidade susten-
tável das sociedades.
Referências
BRASIL. Lei nº 12.305 de 02 de agosto de 2010. Institui a
Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de
12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Ofi-
cial da União, Brasília, nº 147, p. 3, 03 de ago. 2010. tiva de formação.3 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.
BRASIL. Lei nº. 11.445, de 05 de janeiro de 2007. Estabe-
lece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as
Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio
de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro
de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá ou-
22  EDUCAÇÃO AMBIENTAL
tras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm
Trata Brasil. Ranking do Saneamento Instituto Trata
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pdf, visualizado em 11-nov-2015, Publicado em 22 de Abril de
2015.
LIMA, G. Água abasteceria 6 vezes Goiás. Jornal o Popu-
lar, Goiânia-GO, 06-mar-2015.
MMA – Ministério do Meio Ambiente, Disponível em
http://www.mma.gov.br/estruturas/srhu_urbano/_arquivos/
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em 2015.
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uol .c om .br/me io - a m bie nt e /u lt i m a s -not ic i a s /re d a-
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es-de-co2-em-2012-diz-estudo.htm, visualizado em 10-nov-
2015. Publicado em 19/03/2013.
DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: Princí-
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MEDINA, Naná Mininni & SANTOS, Elizabeth da
Conceição. Educação Ambiental: Uma metodologia participa-
REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental. 1. ed.
São Paulo: Brasiliense, 2001.
CARVALHO, Vilson Sérgio de. Educação ambiental &
desenvolvimento comunitário. 17ed. Rio de Janeiro:WAK,
2006
PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS URBANAS 23
 MÓDULO AULA 6
DIAS, Genebaldo Freire. Iniciação à temática Ambiental.
São Paulo: Gaia, 2002. PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS
RURAIS
GUIMARÃES, Mauro. Educação Ambiental: No con-
senso um embate? São Paulo: Papirus, 2000.

SATO, Michèle. Educação Ambiental. São Carlos, SP:

RiMa, 2003 Prezado aluno,

Imagens: Banco institucional Shutterstock. Neste módulo completaremos uma etapa de nosso
estudo percebendo algumas problemáticas em ambientes
rurais, como o desmatamento, desgaste dos recursos
naturais, agricultura, pecuária e mineração de forma
que possam prejudicar o meio ambiente.

O que esperamos que vocês aprendam?

Quais as principais problemáticas ambientais

em ambientes rurais?
De que forma os recursos naturais podem
contemplar o princípio da sustentabilidade?
Como a agricultura, pecuária e mineração afeta
a preservação ambiental?
Quais as possíveis soluções sobre
estas problemáticas?

Vamos lá?!

6.1 DESGASTE DOS RECURSOS NATURAIS

O recurso natural é toda aquela matéria prima utilizada

para a fabricação de produtos. A colonização brasileira se deu
a partir do princípio da exploração de recursos que aqui se en-

24  EDUCAÇÃO AMBIENTAL PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS RURAIS 25

contravam em abundância, tais como o pau brasil, ouro, prata,
diamante, entre outros.
Durante muitos anos,
mesmo após a independência
do Brasil, continuamos a ex-
plorar nossos ambientes antes
preservados. Esta exploração
de recursos não foi exclusiva
do Brasil, no mundo inteiro,
principalmente em países que
serviram de colônias para outros, a cultura de exploração per-
sistiu em muitos, mesmo depois de suas libertações.
Estas explorações foram realizadas de maneira indiscri-
minada na maioria das vezes, sem nenhum tipo de controle ou
estudo de impacto ambiental realizado. Apenas a partir de al-
guns anos, foram criadas leis que obrigam de forma bastante
rigorosa a exploração e a concessão de direitos que dão a per-
missão para extrair determinado recurso natural. Tudo isso
para que não ocorram situações como o pau brasil, planta uti-
lizada muito na fabricação de móveis e naus portuguesas, atu-
almente quase extinta do meio ambiente brasileiro.
Outro exemplo de situ-
ação preocupante de como já
lidamos com os recursos na-
turais foi a busca pelo ouro
nas regiões Centro-Oeste e
norte do país. A colonização
de estados como Minas Ge-
rais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e outros estados
da região Norte, se deram inicialmente com o objetivo de ex-
ploração, principalmente do ouro. Os bandeirantes eram ser-
tanistas do século XVI que tinham por objetivo encomendado
pela coroa portuguesa ou financiada, particularmente para
26  EDUCAÇÃO AMBIENTAL
desbravarem regiões brasileiras em busca de ouro, prata e ou-
tras pedras preciosas.
Este tipo de exploração permanece até hoje, em alguns ca-
sos com grandes movimentações de terra, de forma tão grandio-
sa que assustam especialistas da área. Um exemplo assim foi a
mina de Serra Pelada que segundo o livro dos recordes, foi uma
das maiores movimentações de terra de forma quase manual,
desde as pirâmides. Uma região que se originou muitos conflitos
pelo ouro e a terra da região, tendo altos índices de criminalida-
de, constituindo-se em um problema social e ambiental, visto que
modificou completamente a característica ambiental da região.
No mundo, metais preciosos como o ouro e a prata, tive-
ram níveis de exploração em diversos continentes pelo mundo,
principalmente na África. Porém, atualmente, o recurso natu-
ral que há anos é um dos mais explorados e apresenta um po-
der estratégico neste mundo globalizado, sem dúvida é o pe-
tróleo. O petróleo é um combustível fóssil utilizado no mundo
todo, com produtos derivados como a gasolina, óleo diesel, pa-
rafina, produtos asfálticos, querosene, polímeros, solventes,
lubrificantes e combustíveis para aviação.
Com alto poder financeiro, e derivados primordiais para
o funcionamento de automóveis, geração de energia, fabrica-
ção de plástico e outros, o petróleo possui um poder estratégi-
co para o país que explora e refina. Alguns países do mundo
dominam a exploração e o comércio do petróleo, manipulando
assim boa parte da economia mundial.
Na década de 70, um dos principais motivos de ocorrer a
Conferência de Estocolmo foi sobre o modo desenfreado de ex-
ploração do petróleo mundial e a possível escassez deste bem
não renovável. Por ser um combustível criado a partir da de-
composição de espécies numa determinada pressão e tempera-
tura, demora milhões de anos para ocorrer sua renovação.
PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS RURAIS 27
 Pela primeira vez, então, ocorreu a preocupação mundial
a respeito de um recurso natural de forma global. A escassez
não foi confirmada devido o desenvolvimento de tecnologias
que possibilitaram a descoberta de novas bacias de petróleo e
novas formas de exploração.
Hoje os principais paí-
ses petrolíferos fazem parte
da OPEP – Organização dos
Países Exportadores de Pe-
tróleo, exemplo de países do
Oriente Médio e a Venezuela.
Atualmente o Brasil também
é um país produtor de petró-
leo tendo a Bacia de Campos
- RJ como sua principal região de exploração e guiando em
uma nova forma de exploração que é a do pré-sal, bacias de
petróleo que ficam abaixo de camadas de sal do Oceano
Atlântico.
Um grande problema, além do desgaste do petróleo
mundial, são os vazamentos que ocorrem de tempos em tem-
pos devido falhas humanas ou mecânicas. Um dos maiores de-
sastres ecológicos ocorreu em 2010 com o vazamento de petró-
leo de uma plataforma no Golfo do México. O vazamento foi
de 5 milhões de barris durante 87 dias, espalhando por mais de
1.500 km do litoral norte-americano, contaminando e matan-
do milhares de animais. Para se ter uma ideia da quantidade de
vazamento, esta quantidade representa o dobro a produção de
petróleo de todo o Brasil.
Reflita isso...
Pense sobre as consequências que um desastre desta
proporção... Você se lembra de algum outro desastre
ambiental com grandes consequências?
28  EDUCAÇÃO AMBIENTAL
6.2 DESMATAMENTO
Uma das primeiras etapas da busca pelo recurso natural
ou a produção de culturas é o desmatamento. Suas finalidades
são variadas e suas consequências são maléficas para a biodi-
versidade e para a redução do efeito estufa. A derrubada de
árvores e matas de um ambiente equilibrado é uma das piores
agressões que o ser humano pode provocar à natureza.
No Brasil, desde a chegada dos portugueses, há a cultura
de exploração, e para tal, necessita de desmatamento do meio
ambiente. Biomas como a Mata Atlântica foi um dos primeiros
a serem prejudicados pela extinção de várias espécies vegetais
e animais. Atualmente, aproximadamente 10% da mata origi-
nal ainda persistem, muito pela ação de ONGs e entidades que
desenvolvem projetos ambientais de recuperação deste bioma.
Outros tipos de Biomas
também passaram e passam
pelos mesmos processos de
desmatamento como o Cerra-
do, a Caatinga e o Pantanal,
que na grande maioria das
vezes possui finalidade de
formação de pastos, planta-
ções de culturas e desenvolvimento urbano. No entanto, um
bioma de interesse mundial preocupa muito com relação ao
desmatamento, a Amazônia.
Muitos países da Europa e os Estados Unidos já demons-
traram uma grande preocupação sobre os cuidados com rela-
ção à Amazônia. Essa preocupação possui justificativas bas-
tante plausíveis pela relação direta que este ecossistema tem
com o mundo. A maior floresta do mundo, de 5 milhões de
km2, possui a maior biodiversidade do planeta e o rio mais ex-
tenso do mundo. Estima-se que o rio Amazonas lança-se equi-
PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS RURAIS 29
valente a 11% de toda a massa de água continental com uma
fauna e flora exuberante. Sua responsabilidade é bem óbvia e
estima-se que sem a Amazônia a temperatura média global po-
deria aumentar em alguns graus.
Durante muitos anos a
Amazônia foi associada como
o “pulmão” ou o “coração” do
mundo. Mas na verdade, é
uma das principais regulado-
ras de todo o clima do plane-
ta. Sua umidade interfere nos
ritmos das chuvas e correntes de ar de boa parte do mundo,
com consequências para o indivíduo, mesmo que este more
longe da floresta.
O desmatamento da Amazônia, apesar dos esforços de
órgãos fiscalizadores, continua afetando o clima mundial. Vá-
rios hectares de terra são desmatados para formação de pasta-
gens, extração de madeira ou até plantações. Normalmente
estes trabalhos são realizados por grileiros de terra, que derru-
bam as matas, tomam posse da região por algum tempo e re-
passam as terras para terceiros de forma legalizada, uma ativi-
dade criminosa e de desrespeito com o meio ambiente.
A Amazônia desmatada já chegou a índices absurdos de
18% de sua extensão, no entanto, nos últimos anos órgãos
como Polícia Federal e IBAMA conseguiram reduzir o nível de
desmatamento anual para aproximadamente 5 mil hectares/
ano, bem diferente de 18 mil hectares/ano de 10 anos atrás.
Compreender sobre a importância da Amazônia nas
nossas vidas faz-se necessário para a preservação da biodiver-
sidade, do bioma e de nós mesmos. Uma das causas das mu-
danças climáticas que passamos temperaturas aumentando
suas médias, estações do ano modificando seus períodos, ala-
30  EDUCAÇÃO AMBIENTAL
gamentos em períodos de seca e seca em períodos de chuva,
afetam diretamente a nós seres humanos e tem como principal
causador nós mesmos.
6.3 PLANO DE MANEJO E RESERVA LEGAL
Os planos de manejo são uma alternativa de gestão para
uma unidade de conservação com o fim de preservação am-
biental. Para isso, é necessário o conhecimento sobre o ecossis-
tema envolvido, fatores bióticos e abióticos e as interferências
antrópicas positivas e negativas. Desta forma, implica em um
conjunto de ações necessárias para uma gestão sustentável em
um ambiente rural.
A lei 9.985/2000 estabelece o Sistema Nacional de Unida-
des de Conservação e define o plano de manejo como um do-
cumento técnico para ações do uso de área e recursos naturais.
O plano de manejo deve atender um enfoque da sustentabilida-
de e sempre beneficiar a natureza.
Nas reservas legais, são áreas de imóveis rurais que, co-
berta por vegetação natural pode ser explorada a partir do ma-
nejo sustentável, nos limites estabelecidos em lei. Atualmente,
as Reservas Legais, assim como as APP, Área de Preservação
Permanente são locais com o objetivo de garantir a preserva-
ção da biodiversidade local, na tentativa de conter o desmata-
mento e a pressão da agropecuária sobre as áreas nativas.
As áreas de reserva legal variam de acordo com o bioma
que a propriedade se encontra, 80% em propriedades que se
localizam em área da Floresta na Amazônia, 35% em proprie-
dades que se localizam no Cerrado da Amazônia. No entanto,
a grande problemática é a falta de cumprimento da legislação.
Nem sempre o proprietário cumpre com esta legislação, provo-
PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS RURAIS 31
cando diversos buracos sem matas em suas propriedades e fal-
ta de conexão entre os pontos de mata virgem.
Outra tentativa do governo foi à criação de corredores
ecológicos que interligavam zonas, denominadas de “hotspots”
(ou seja, pontos quentes) de maior biodiversidade em meio a
regiões já dominadas pela agropecuária. No entanto, esse mo-
delo apresenta também uma resistência enorme dos proprietá-
rios por alterarem o aspecto geográfico das propriedades e de
influenciar nas produções.
6.4 AGRICULTURA E PECUÁRIA
Se observarmos historicamente o desenvolvimento da
agricultura no país, percebemos uma mudança de costumes
que influenciou diretamente no meio ambiente. Antes da se-
gunda guerra mundial, percebemos no mundo todo, inclusive
no Brasil, um tipo de agricultura familiar que sobrevivia muito
do que se plantava.
Neste período, o país
era conhecido como um país
rural, que comercializava in-
tensamente café, feijão e gado.
Após a segunda guerra mun-
dial a produtividade dos ali-
mentos aumentou através da mecanização e do aumento das
políticas químicas. Com isso, começou a surgir a necessidade
de serviço especializado direcionando a maior produção de
culturas. Embora estas novas tecnologias possibilitassem uma
maior quantidade de alimento, muitos efeitos negativos signi-
ficativos foram afetando o meio ambiente.
Primeiramente ocorrendo à debilitação do solo, ocorren-
do o desgaste de sais minerais devido não ocorrer o ciclo natu-
32  EDUCAÇÃO AMBIENTAL
ral de decomposição e reciclagem de nutrientes a partir de mi-
croorganismos e também pelo uso intensivo de poucas culturas.
Outro fato é o uso indiscriminado de agrotóxicos que são pro-
vados cientificamente que algumas substâncias podem causar
doenças à saúde humana como câncer, malformações congêni-
tas, problemas respiratórios e cardíacos. Para o meio, o agrotó-
xico ainda pode incorporar o lençol freático e contaminar o
manancial hídrico da região.
Em muitos casos de uso de agrotóxicos, ocorre a explora-
ção de trabalhadores que sem informação, não utilizam equi-
pamentos de proteção individual, estando mais suscetíveis as
doenças. Agrotóxicos como o DDT, foram amplamente disse-
minados durante as décadas de 50 e 60 no mundo todo com a
propaganda de salvação das lavouras e maior eficiência na pro-
dução. No entanto, durante a década de 90, cientistas do mun-
do todo perceberam que o uso indiscrimado do DDT acarre-
tou em consequências desastrosas para a saúde humana,
entrando na lista das substâncias com maior potencial cancerí-
geno.
Muitos países já aboliram o DDT de suas plantações, po-
rém alguns países ainda persistem na utilização. No Brasil, em
1998 foi banido através de campanhas educativas e apenas em
2009, proibido pela legislação brasileira. As conseqüências se-
rão percebidas ainda por muitos anos, pelo fato de que sua
substância química tem uma alta capacidade de se acumular
nos seres vivos.
O processo de mecanização levou muitos agricultores fa-
miliares a desistirem deste modelo e se mudarem para as gran-
des metrópoles. Assim, as necessidades alimentares e de pro-
dutos das grandes metrópoles contribuíram cada vez mais
para uma agricultura de produção em larga escala e um pro-
cesso extrativista, perfazendo um clima de degradação am-
biental mais evidente.
PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS RURAIS 33
 Outras práticas comuns
deste novo modelo de agri-
cultura têm sido o desmata-
mento, as queimadas e as al-
terações do relevo. Estas
práticas já citadas anterior-
mente causam desestabiliza-
ção dos ciclos naturais, além
da extração da madeira e
criação de animais, provo-
cando modificações algumas vezes imperceptíveis aos olhos
humanos.
O agricultor sustentável necessita de conhecimentos re-
lacionados à consciência ecológica e responsabilidade ambien-
tal. Parece um contrassenso sugestionar que agricultores con-
sigam produzir mais e ao mesmo tempo garantir a
sustentabilidade, mas com novos conhecimentos agroecológi-
cos e vontade, é possível sim este tipo de situação.
As práticas agrícolas mais difundidas são: a Agricultura
orgânica, agricultura natural, agricultura regenerativa, perma-
cultura, agricultura biodinâmica e agricultura biológica. Den-
tre estas técnicas, ou movimentos, a mais conhecida pela socie-
dade é da agricultura orgânica que mais teve aceitação do
mercado. No entanto, todas estas técnicas têm como principal
manter o equilíbrio da natureza, partindo para três objetivos:
saúde ambiental, rentabilidade econômica e igualdade social e
econômica.
Nosso objetivo não é de ensinar como estas técnicas são
feitas, mas demonstrar a possibilidade de uma agricultura
sustentável, seguindo assim a filosofia de que nós devemos en-
contrar as necessidades do presente sem comprometer a habi-
lidade das futuras gerações de encontrar as próprias necessi-
dades.
34  EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Pesquise mais sobre...
Agricultura orgânica, onde encontrar e comprar?
O mesmo pode ser realizado para a pecuária, adotando a
filosofia da pecuária sustentável. A pecuária atual é uma das
maiores do mundo, o país é atualmente o um dos maiores ex-
portadores de carne do mundo e apresenta relevo favorável
para a criação de gado. Em 10 anos aumentou em 50 milhões
de cabeças de gado exportando para mais de 100 países.
Porém, os impactos ambientais gerados a partir desta
produção também são significativos. Na pecuária extensiva, o
gado é criado de forma solta, em regiões de pastos com muitos
hectares de terra, muitas das vezes previamente desmatado
para a movimentação do rebanho e com baixo investimento,
sendo preferência em 90% dos pecuaristas do país. Na pecuária
intensiva, mais próxima da filosofia da sustentabilidade que a
extensiva, é considerada mais moderna e consiste na criação de
gado em confinamento. Esta técnica é considerada de maior
investimento pela adoção de procedimentos tecnológicos in-
cluindo manipulação genética, inseminação artificial, entre
outras estratégias de produção.
Alguns projetos brasileiros visam à nova filosofia de pe-
cuária sustentável, como a do GTPS – Grupo de Trabalho da
Pecuária Sustentável, uma organização com representantes de
diversos segmentos que buscam uma atividade que utiliza prá-
ticas socialmente justas, ambientalmente corretas e economi-
camente viáveis. Este grupo tem o apoio e a interlocução do
Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). (MMA, 2012)
Pesquise mais sobre...
Pecuária Sustentável.
PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS RURAIS 35

6.5 MINERAÇÃO
A economia brasileira
sempre teve uma relação
direta com a mineração, du-
rante o período colonial, a
mineração era uma das prin-
cipais fontes de renda da
população e uma grande
quantidade ia para a coroa portuguesa através de impostos. No
período da década de 1690, a exploração de ouro foi tão intensa
que foi denominado como ciclo do ouro por historiadores.
Só nos últimos anos que a sociedade começou a se preo-
cupar com o impacto ambiental provocado pela mineração. Os
minérios, metálicos e não metálicos são utilizados em uma
infinidade de produtos humanos, da construção civil a bens
industriais.
A atividade mineradora é inevitável se a sociedade quiser
manter um nível elevado de conforto e as distâncias dos cen-
tros urbanos e uso de mão de obra sem qualificação favorece
desleixo com relação à sustentabilidade.
Os problemas ambientais relacionados à mineração são
muitos, consumo exagerado de água nos diversos processos
dependendo do tipo de minério, degradação e contaminação
de ambientes em torno das minas, modificações do relevo, uso
de substâncias tóxicas no processo, etc.
Podemos citar como exemplo o uso proibido de mercú-
rio em minas de ouro. Como o mercúrio possui uma tendência
a se ligar a outros metais, como o ouro, deixa mais pesado e
reluzente, favorecendo ao garimpeiro de encontrar mais. A
consequência negativa está no fato de que o mercúrio é tóxico,
36  EDUCAÇÃO AMBIENTAL
cumulativo e com potencial cancerígeno. Quando mercúrio é
jogado nos rios, incorpora nas algas e peixes da região, che-
gando até o ser humano pelas cadeias alimentares, provocando
maiores probabilidades de doenças.
Outro exemplo é a utilização do amianto, usado em
telhas, caixas d’água, pastilhas de freio, discos de embrea-
gem, mantas de isolamento térmico e tubulações. O grande
problema deste mineral é a exploração que durante muitos
anos, trabalhadores foram expostos apresentando consequên-
cias como doenças pulmonares, fibrose pulmonar, doenças
pleurais e alguns tipos de câncer. Para o meio ambiente o
amianto provoca a devastação e contaminação de lençóis fre-
áticos.
No geral, a exploração indiscriminada de minerais pode
provocar uma série de impactos como, a variação da qualidade
da água, alteração do pH, derrame de óleos ou graxas, derrame
de metais pesados, assoreamento dos rios, poluição do ar e per-
das de grandes áreas dos ecossistemas nativos.
Historicamente, a atividade mineradora possui baixo
nível de comprometimento social e ambiental que está sendo
modificado aos poucos devido à informação sobre educação
ambiental e uma melhor consciência ambiental da sociedade.
A pressão popular está provocando o aumento das exigências
ambientais e fiscalização de novas leis, obrigando uma
mudança no comportamento das mineradoras. Desta forma,
os preços dos minerais devem refletir no custo sócio-ambien-
tal de sua exploração, aumentando o preço do produto.
Segundo ambientalistas, o nível de consumo atual é insusten-
tável, as sociedades necessitam de uma revisão de comporta-
mento que aumentaria a eficiência e diminuiria o desperdício
no uso dessas matérias-primas.
PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS RURAIS 37

Referências
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38  EDUCAÇÃO AMBIENTAL PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS RURAIS 39