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GESTÃO DE RECURSOS

AMBIENTAIS GESTÃO DE RECURSOS

Gestão de recursos ambientais


ORGANIZADOR LILIANE DE DEUS BARBOSA
AMBIENTAIS
ORGANIZADOR LILIANE DE DEUS BARBOSA
O livro Gerenciamento de Unidades de Conservação é direcionado para
estudantes de engenharia florestal, ciência ambiental e gestão ambiental.
Além de abordar assuntos gerais, o livro traz conteúdo específico dos
seguintes assuntos: gestão de recursos naturais, instrumentos de gestão
de unidades de conservação, gestão das unidades de conservação e reme-
diação ambiental.

Após a leitura da obra, o leitor vai conhecer as noções e conceitos prelimin-


ares que envolvem sustentabilidade e monitoramento ambiental de ecoss-
istemas florestais: aspectos ecológicos, econômicos e sociais; com-
C

M
preender os fundamentos legais que norteia a elaboração de projetos e
Y
planos para unidades de conservação; estudar sobre as zonas de amorteci-
CM
mento para a preservação das unidades de conservação; apreender sobre
MY
as relações básicas entre a fauna silvestre e a flora nativa; perceber como é
CY
o processo de seleção para os corredores ecológicos e sua relação com as
CMY
unidades de conservação; entender o que são áreas de proteção integral
K
UCs e áreas de desenvolvimento sustentável.

GRUPO SER EDUCACIONAL


E não é só isso. Há muitos assuntos importantes e interessantes abordados
nesta obra.

Agora é com você! Bons estudos!

gente criando futuro


GESTÃO DE
RECURSOS
AMBIENTAIS
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de
informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional.

Diretor de EAD: Enzo Moreira

Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato

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Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa

Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha

Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi

Barbosa, Liliane de Deus.

Gestão de recursos ambientais / Liliane de Deus Barbosa:

Cengage – 2020.

Bibliografia.

ISBN 9788522129775

1. Gestão de recursos ambientais 2. Gestão ambiental

Grupo Ser Educacional

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CEP: 50100-160, Recife - PE

PABX: (81) 3413-4611

E-mail: sereducacional@sereducacional.com
PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL

“É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com


isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns
anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também
passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o
aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino
Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil.

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec,


tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar
seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento
da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da
democracia com a ampliação da escolaridade.

Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar


as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer-
lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no
contexto da sociedade.”

Janguiê Diniz
Autoria
Liliane de Deus Barbosa
Possui bacharelado e licenciatura em Geografia e Análise Ambiental pelo Centro Universitário de Belo
Horizonte (UniBH), em 2009; possui formação complementar em Gestão Ambiental na Universidade
Federal de Viçosa (UFV); Especialização em Cultura e História dos Povos Indígenas pela Universidade
Federal de Juiz de Fora(UFJF), em 2016; Mestrado em Geografia – Tratamento da Informação Espacial
pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), em 2015; e cursa desde 2017,
Doutorado em Geografia, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Leciona Geografia nos
ensinos fundamental e médio, há mais de 10 anos. Já atuou no Instituto Federal de Minas Gerais
(IFMG) ministrando aulas em cursos técnicos de Controle Ambiental e Guia de Turismo.
SUMÁRIO

Prefácio..................................................................................................................................................8

UNIDADE 1 - Fundamentos da temática ambiental.........................................................................9


Introdução.............................................................................................................................................10
1 Conceitos de temática ambiental....................................................................................................... 11
2 Utilização de recursos naturais........................................................................................................... 14
3 Progresso histórico de exploração dos recursos ambientais.............................................................. 18
4 Educação ambiental............................................................................................................................ 22
5 Histórico da educação ambiental e conferências internacionais........................................................ 27
PARA RESUMIR...............................................................................................................................30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................31

UNIDADE 2 - Uso de recursos naturais sobre diversas perspectivas.................................................33


Introdução.............................................................................................................................................34
1 Recursos naturais, subdivisões e funções........................................................................................... 35
2 Recursos energéticos.......................................................................................................................... 37
3 Uso dos recursos naturais na área econômica.................................................................................... 44
4 Uso de recursos naturais na área socioeconômica............................................................................. 47
5 Problemas e recursos ambientais....................................................................................................... 49
PARA RESUMIR...............................................................................................................................52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................53

UNIDADE 3 - Órgãos de regulação, controle e fiscalização ambiental..............................................55


Introdução.............................................................................................................................................56
1 Origens históricas de uma estruturação política brasileira na área de meio ambiente......................57
2 Organização da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA)............................................................ 60
3 Organizações recentes no Brasil: avanços após a Constituição de 1988.............................................65
4 Órgãos de controle e fiscalização das águas e das Unidades de Preservação da Natureza................68
5 Organizações não governamentais (ONGs), normas ISO e Sistemas de Gestão................................. 71
PARA RESUMIR...............................................................................................................................75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................76

UNIDADE 4 - Legislações pertinentes relacionadas ao meio ambiente no Brasil..............................77


Introdução.............................................................................................................................................78
1 Origens das legislações ambientais do Brasil...................................................................................... 79
2 Lei Federal nº 6.938/81 – Política Nacional de Meio Ambiente, seus instrumentos
e suas finalidades................................................................................................................................... 82
3 Avaliação de Impactos Ambientais e as etapas para sua realização................................................... 85
4 Licenciamento ambiental e as etapas do processo............................................................................. 90
5 Constituição de 1988 e princípios do Direito Ambiental..................................................................... 96
PARA RESUMIR...............................................................................................................................101
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................102
PREFÁCIO

Nos tempos atuais, devido aos últimos desastres ambientais que o mundo sofreu,
é muito comum ouvir as pessoas falando sobre gestão ambiental, no entanto, é preciso
conhecimento para que se possa ter uma discussão. Este livro, Gestão de recursos
ambientais, assunto subtema de Gestão Ambiental, aborda amplamente diversos
conceitos e os principais assuntos da matéria: Fundamentos da Temática Ambiental, O
uso de recursos naturais sobre diversas perspectivas, Órgãos de regulação, controle e
fiscalização ambiental, Legislações pertinentes relacionadas ao Meio Ambiente no Brasil.

Fundamentos da Temática Ambiental, a primeira unidade, aborda os antecedentes


e as principais Conferências Internacionais Ambientais; os conceitos, princípios e
histórico da Educação Ambiental; as relações estabelecidas entre os recursos naturais
e ecologia, bem como utilização dos recursos naturais para diversas finalidades.

O uso de recursos naturais sobre diversas perspectivas, a segunda, discute os


recursos ambientais divididos conforme sua utilidade/tipos em hídricos, biológicos,
energéticos e minerais, aprofundando o conhecimento sobre esses recursos e suas
finalidades.

Órgãos de regulação, controle e fiscalização ambiental, terceira unidade, explica as


origens históricas de uma estruturação política brasileira na área de meio ambiente.

Para finalizar, a quarta e última unidade, Legislações pertinentes relacionadas


ao Meio Ambiente no Brasil, elucida as origens históricas das legislações ambientais
do país subdivididas nos períodos colonial e imperial- de 1500 a 1889 e do início do
período republicano até a Constituição de 1988; bem como a Política Nacional de Meio
Ambiente (PNMA), seus instrumentos e finalidades, os princípios do Direito Ambiental
e as recentes legislações com base na Constituição de 1988.

Esta é apenas uma pincelada do que o leitor aprenderá após a leitura do livro. A
ele, sorte em seus estudos!
UNIDADE 1
Fundamentos da temática ambiental
Introdução
Olá,

Você está na unidade Fundamentos da temática ambiental. Conheça aqui os antecedentes


e as principais conferências internacionais ambientais, os conceitos, os princípios e o
histórico da educação ambiental, além das relações estabelecidas entre os recursos
naturais e a ecologia e como se dá a utilização de recursos naturais para diversas
finalidades.

A Gestão de Recursos Ambientais é considerada uma temática inovadora, sendo pautada


nas concepções de valorização de meio ambiente e da sustentabilidade. Em concordância
com os conceitos e os princípios da educação ambiental, requer a aplicabilidade dessas
convicções de maneira prática na contemporaneidade.

Bons estudos!
11

1 CONCEITOS DE TEMÁTICA AMBIENTAL


A temática ambiental está em destaque no cenário mundial, por isso, há uso indiscriminado
dos termos relacionados a ela. Antes de discutir sobre tais questões, você precisa conhecer e
aprofundar seus conhecimentos sobre esses conceitos da área no intuito de evitar possíveis
discordâncias ou equívocos.

1.1 Conceitos de natureza e meio ambiente


O termo natureza, de maneira geral, é entendido como algo do mundo natural ou do meio
físico que não depende do homem para nascer ou desenvolver-se. Dulley (2004) confirma essa
definição enquanto termo genérico, que designa os organismos e o ambiente onde eles vivem:
o mundo natural. Souza (1997) destaca o seguinte conceito: “a natureza, vista em dimensão
histórica, inclui o homem, seus atos, objetos, conhecimentos, crenças, potencialidades e limites”.
Nele, destaca-se o fato de que o homem faz parte da natureza, ainda que essa ideia seja rejeitada
por grande parte da população.

Ainda, Capra (1996) apresenta um conceito mais complexo, confira: “a natureza é vista como
uma teia interconexa de relações na qual a identificação de padrões específicos como sendo
‘objetos’ depende do observador humano e do processo do conhecimento”. Veja que o autor
defende a ideia de que a natureza está conectada com absolutamente todas as formas de vida por
meio de uma teia de inter-relações em que se encontram os seres humanos. Mas, ainda assim,
devido ao seu ponto de vista ou de observação, visualiza enquanto “objetos”, ou seja, aquilo que
ele pretende extrair. A percepção da natureza, enquanto conjunto de objetos a serem extraídos e
utilizados pelo homem, integra uma visão de mundo capitalista.

Quanto ao termo meio ambiente, Dulley (2004) destaca que a expressão é constituída por
relações dinâmicas entre os seres vivos e os não vivos, ou seja, de todos os seus componentes.
Os seres e as coisas, isoladas, não formariam meio ambiente porque não se relacionariam. Assim,
nesse conceito, há destaque para as “relações” estabelecidas entre os seres. E é relevante você
perceber que tal definição inclui o homem no ambiente.
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Figura 1 - O meio ambiente é um conjunto com todas as coisas com vida e sem vida que
existem no planeta Terra que afetam os outros ecossistemas e a vida dos seres humanos
Fonte: Alphaspirit, Shutterstock, 2020.

#ParaCegoVer: a ilustração mostra o planeta Terra e, na sua superfície, rodeando o globo,


ícones de pessoas, casas, árvores, animais, carros e o símbolo de reciclagem com três setas
cíclicas para indicar que o meio ambiente é formado por um conjunto de seres vivos e não vivos.

Conforme a Organização das Nações Unidas (ONU), em 1972, durante a Conferência de


Estocolmo, o meio ambiente foi definido como “o conjunto de componentes físicos, químicos,
biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos em um prazo curto ou longo, sobre
os seres vivos e as atividades humanas”. A partir desse conceito, o meio ambiente foi subdividido
em quatro esferas: atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera. Essa conferência também foi uma das
primeiras iniciativas em busca da preservação e do melhoramento do meio ambiente.

1.2 Conceitos de recursos, recursos naturais e recursos ambientais


Os recursos, de acordo com Dulley (2004), referem-se à obtenção de algo, estão distribuídos
na Terra, nos vários lugares em porções fixas e, apesar de possuírem potencial para renovação, tais
processos demoram centenas de milhões de anos. Nessa definição é importante destacar dois pontos:

• Em relação à distribuição em porções fixas na Terra por vários lugares, isso representa o
fato de os recursos estarem distribuídos de maneira desigual pelo planeta. Como exem-
plo, você pode considerar o petróleo, cuja maior parte das reservas encontram-se na
área do Oriente Médio.

• Em relação à renovação, eles levam muito tempo, isso ressalta o fato de os recursos, uma
vez utilizados, não serem facilmente repostos na natureza.

Conforme a Constituição Brasileira de 1988, recurso pode ser “componente do ambiente


relacionado com frequência à energia que é utilizada por um organismo e qualquer coisa obtida
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do ambiente vivo e não-vivo para preencher as necessidades e os desejos humanos”. Essa


definição colabora com a ideia de que os recursos estão à disposição das vontades humanas.
Como você pode perceber, esse entendimento favorece a exploração inconsequente dos recursos
e é contrário à lógica da sustentabilidade.

Já recursos naturais são um conceito antigo que vem da união dos significados das palavras
recurso e natureza, descritos anteriormente. Sendo, portanto, aquilo que está na natureza, necessário
aos seres humanos. Esses recursos são divididos em duas categorias: renováveis e não renováveis.

O que diz respeito a recursos ambientais, conforme Dulley (2004), corresponderiam aos
recursos naturais renováveis que possuem valor econômico. Na legislação brasileira, tal termo
tem sido mais frequentemente empregado, pois vincula-se à ideia de sustentabilidade, para qual
objetiva-se aproveitar dos recursos econômicos de forma racional para que os renováveis não se
esgotem por mau uso e para retardar a finitude dos não renováveis. A legislação brasileira mais
recente admite, preferencialmente, a nomenclatura recursos ambientais, porém, nos textos mais
antigos, ainda existe o termo recursos naturais.

1.3 Recursos naturais renováveis e não renováveis


São classificações criadas a partir do conceito de recursos naturais. Para Dulley (2004), os recursos
naturais renováveis são aqueles que, mesmo posteriormente à sua utilização, podem ser renovados,
ou seja, retornam e, novamente, tornam-se disponíveis. Como exemplos de recursos renováveis você
pode considerar as energias solar, eólica e hidrelétrica. Agora, os recursos naturais não renováveis
são aqueles que, uma vez utilizados, não retornam à natureza, ou seja, não podem ser substituídos
ou produzidos novamente. São exemplos de recursos não renováveis minerais como ferro, ouro etc.

Figura 2 - A energia solar, uma das fontes de energia renováveis, é um exemplo que pode
manter-se e ser aproveitada sem possibilidade de esgotamento de sua fonte
Fonte: Alphaspirit, Shutterstock, 2020.

#ParaCegoVer: a imagem mostra placas na cor cinza expostas ao Sol para captação de luz e
posterior transformação dessa luz em energia. As placas estão em uma área aberta, sobre grama,
e o Sol está incidindo sobre elas.
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Conforme virtuoso (2004), ainda que o conceito de recursos naturais renováveis enfatize a
capacidade de esses recursos serem renovados, eles possuem uma capacidade de renovação
limitada, pois, ao poluir o ar, a água, destruir os biomas entre outros, há uma enorme dificuldade
em repor tais recursos ao meio ambiente.

2 UTILIZAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS


Os recursos naturais são fundamentais para a existência humana visto que eles auxiliam no
equilíbrio da Terra e são a principal fonte de matéria-prima para a maioria dos produtos dos que
o homem usufrui em forma primária ou original. Além disso, há a possibilidade de modificá-los
para obtenção de subprodutos que são empregados para as mais diversas finalidades. Saiba que
a relação de exploração dos recursos naturais por todos os seres vivos realiza-se continuamente
ao longo dos anos, pois recursos como a água e a luz solar são fundamentais para a sobrevivência
de qualquer organismo, por isso, é importante zelar pela preservação de tais recursos.

Figura 3 - A sobrevivência dos seres vivos depende da água, substância mais abundante na
constituição da maioria dos seres vivos
Fonte: Alphaspirit, Shutterstock, 2020.

#ParaCegoVer: a imagem mostra uma criança de perfil bebendo água em uma garrafa. A
criança tem pele branca, cabelos loiros e veste uma camisa branca. Ao fundo, copas de árvores.

De acordo com Pádua e Lago (2004), a troca de matéria e energia entre a natureza e os seres vivos
constitui um meio ambiente harmônico. O conjunto de relações estabelecidas entre comunidades
que vivem em um determinado local e interagem entre si é denominado como ecossistema. Porém,
é preciso ressaltar que esse convívio entre esses grupos anteriormente acontecia em equilíbrio.

As objeções que se fazem hoje no âmbito da área ambiental não são, em si, contrárias ao
aproveitamento e ao beneficiamento de recursos. Em sua essência, os ambientalistas questionam
o uso indiscriminado desses recursos. Veja um exemplo: no Brasil, foi exorbitante a extração de
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recursos naturais com a exploração de ouro e diamantes pelo garimpo em Minas Gerais, nos
séculos XVII e XVIII. Diamantes e outras pedras preciosas revelaram-se em diferentes locais da
Serra do Espinhaço Meridional, principalmente, nas regiões de Ouro Preto e Diamantina. Eles
foram descobertos pela administração portuguesa em 1729, o que promoveu uma expressiva
movimentação de bandeirantes e aventureiros para a área.

FIQUE DE OLHO
No século XVIII, a descoberta das minas de ouro e pedras preciosas pelos bandeirantes
gerou uma verdadeira corrida pelo ouro, dando início aos primeiros povoamentos em
Minas Gerais, o que fez com que a população da região cresce disparadamente (TORRES
et al., 2012). A falta das devidas precauções na retirada dos minérios dos garimpos
resultou no esgotamento desses minérios, causando esgotamento também das próprias
minas. Isso levou à decadência do ciclo de mineração, visto que os minerais são recursos
naturais não renováveis.

Atualmente, sabe-se que a extração sem as devidas ponderações ambientais e sem o


conhecimento dos mineradores conduziu a um grande desperdício desses minerais.

2.1 Uso dos recursos naturais para finalidades comerciais e empresariais


Atualmente, as empresas são cobradas tanto pela sociedade quanto pelos órgãos ambientais a
realizar medidas e providências compatíveis de gerenciamento com relação ao meio ambiente. Devido a
isso, os estabelecimentos devem dispor de uma política que se empenhe em preservar o meio ambiente.
Portanto, note que uma correta gestão dos recursos ambientais pelas instituições é primordial. Além
disso, as empresas que possuem políticas justas e conscientes em relação às práticas ambientais possuem
um diferencial no mercado e, diante de uma negociação, tornam-se vantajosas perante os concorrentes.

Existe uma tendência de utilização e consumo de bens produzidos de acordo com as normas
de preservação do meio ambiente (NETO LIMA, 2008). Há uma exigência de que as organizações
produzam e comercializem produtos e serviços que estão de acordo com padrões ecologicamente
adequados aos seus clientes e consumidores.

Certamente, você já deve ter lido ou ouvido falar que, durante longos anos, a humanidade
obstinou-se em realizar sua própria evolução econômica e industrial, sem se preocupar com a
preservação de seu ambiente de sobrevivência, não é mesmo? Bom, tal mentalidade está, hoje,
em transformação, porém, esta não se tornou uma escolha, mas sim uma forma de sobrevivência
futura para que o homem continue habitando e usufruindo dos recursos naturais presentes na
Terra, visto que esses se encontram em ameaça de escassez (COSTA, 2004).
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Diante dessa lógica, a preservação do meio ambiente consiste no maior desafio humano
para colocar em prática suas ações de modo sustentável, que gerem também a consciência da
necessidade dessa preservação, tornando-se um objetivo comum não somente a cada indivíduo,
mas, em especial, aos principais agentes poluidores atuais, como as indústrias.

• Saiba que é imprescindível realizar uma reformulação dos padrões de produção para que
as empresas estejam equilibradas com o meio ambiente, pois o industrial consciente, com
inteligência, opta pela aplicação de estratégias tecnológicas em benefício do uso racional
das matérias-primas e da redução de resíduos gerados na produção” (PINTO, 2004).

• Para Dias e Moraes Filho (2006), as indústrias têm o desafio contemporâneo de dar
exemplos sobre os demais setores empresariais. Essa importante missão vem em contra-
ponto ao desenvolvimento desenfreado e despreocupado que essas instituições manti-
veram por diversos anos.

Além de reconstituir politicamente seus processos a fim de reduzir os excessos de poluição


e resíduos finais, é preciso incentivar a necessidade de ser ambientalmente correto, fato que é
vantagem para as empresas, pois uma boa gestão dos recursos ambientais gera uma economia
no sistema de produção, refletindo em menores custos e, portanto, maior lucro (PINTO, 2004).
A sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável são os principais conceitos que norteiam os
sistemas de gerenciamento ambiental das empresas.

2.2 Conceitos de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade


Os conceitos desenvolvimento sustentável e sustentabilidade são coerentes aos princípios
adotados pelas empresas por considerarem um progresso econômico contínuo ao longo
do tempo, mas que aconteça de maneira equilibrada ao meio ambiente e leve também em
consideração aspectos sociais e culturais.

Passos (2009) defende que o termo sustentabilidade foi estabelecido pela Conferência
de Estocolmo, em 1972, e surgiu em decorrência dos debates realizados pelo Clube de Roma,
instituído em 1968, formado por intelectuais e empresários. Essa reunião citou quatro tópicos
que deveriam ser solucionados para que o mundo conseguisse atingir a sustentabilidade, são
eles: o controle do crescimento populacional, o controle do crescimento industrial, a insuficiência
da produção de alimentos e o esgotamento de recursos naturais.

Conforme Sachs (1990), o termo vem do latim sustentare, que significa suster, sustentar, suportar,
conservar em bom estado. Porém, saiba que esse conceito vai além da preservação do meio ambiente,
pois engloba algumas dimensões, como: geográfica, cultural social, econômica e ecológica. Dentre os
valores vinculados a essas esferas, estão incluídas uma espacialização rural-urbana mais equilibrada,
desenvolver-se em harmonia com o cultural, diminuição das diferenças sociais, melhor distribuição de
renda, destinação certa de recursos naturais e mínima degradação ambiental.

No entanto, o conceito mais difundido refere-se à responsabilização e à conscientização


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quanto ao futuro das gerações, explicitado por Barbosa (2019)

refere-se à satisfação das necessidades humanas (físicas, econômicas e sociais) sem comprometer o
futuro das novas gerações, com o objetivo de oferecer recursos e oportunidades iguais a todos. Ou seja,
ele diz respeito a uma utilização consciente dos recursos naturais do planeta e de uma equidade social.

Ainda na análise de Barbosa (2019), a expressão desenvolvimento sustentável foi citada em


1980, no documento Estratégia de Conservação Global (World Conservation Strategy), publicado
pela World Conservation Union. Porém, a difusão do termo ocorreu a partir 1987, quando se
popularizou internacionalmente devido à publicação do Relatório Brundtland, também chamado
de Nosso Futuro Comum, para o qual o desenvolvimento sustentável é aquele que “atende às
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de gerações futuras atenderem às suas
próprias necessidades”, ou seja, ele representa uma consolidação dos ideais da sustentabilidade.

A partir da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,


ocorrida no Rio de Janeiro, em 1992, também conhecida como Rio 92, foi originado o documento
denominado de Agenda 21, em que desenvolvimento sustentável se reformula como “um
desenvolvimento com vistas a uma ordem econômica internacional mais justa, incorporando as
mais recentes preocupações ambientais, sociais, culturais e econômicas.

2.3 Conceitos de recursos naturais e ecologia


O termo ecologia, derivado de biologia, foi criado por Ernest Haeckel, em 1866, a partir da
união das palavras gregas oikos (casa) e logos (estudo). Sendo assim, note que a ecologia seria o
“estudo da casa” ou então o “estudo do habitat dos seres vivos” (PÁDUA; LAGO, 2004).

Figura 4 - Como uma ciência complexa e ampla, a ecologia investiga o funcionamento de toda a natureza
Fonte: Alphaspirit, Shutterstock, 2020.

#ParaCegoVer: a imagem mostra uma mão voltada para cima segurando um pedaço do
planeta. Sobre a Terra, há gramado, árvores, casas, animais e hélices de captação de vento para
geração de energia eólica. Um avião sobrevoa pelo cenário da imagem que, ao fundo, mostra o
céu com nuvens e o Sol.
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Como você pode notar, a ecologia está diretamente interligada às preocupações referentes
à conservação do meio ambiente, visto que este estuda a “casa” dos seres humanos, ou seja, a
Terra. Sendo que a ecologia se preocupa com as esferas em um mesmo meio ambiente, tais como
os biomas. Há também uma inquietação quanto ao manejo dos recursos ambientais, buscando
uma utilização mais consciente para melhorar as relações de convívio dentro de um ecossistema.
Outro aspecto importante que interliga a ecologia e os recursos ambientais é a biodiversidade, que
corresponde à quantidade de espécies diferentes que um bioma pode ter, ou seja, à sua variedade.

De acordo com Nascimento (2012), o próprio termo sustentabilidade está ligado à ecologia,
pois esse conceito também representa “a capacidade de recuperação e reprodução dos
ecossistemas (resiliência) em face de agressões antrópicas (uso abusivo dos recursos naturais,
desflorestamento, fogo etc.) ou naturais (terremoto, tsunami, fogo entre outros)”.

Já no entendimento de Neto Lima (2008), a ecologia se relaciona aos recursos naturais e aos
seus fins comerciais e econômicos. Isso porque os consumidores cobram um posicionamento
das empresas quanto à ecologia e ao meio ambiente, caso esse equilíbrio não ocorra, há
um posicionamento contrário às gestões de suas produções que podem resultar em uma
desaprovação dos produtos, ocasionando queda nos lucros.

Assim, tenha em mente que, para que a ecologia e os recursos naturais sejam preservados,
é preciso que ocorra uma harmonia entre os seres humanos, os demais seres vivos e o meio
ambiente, de modo a gerar um equilíbrio no ecossistema. Para isso, note que é preciso uma
conscientização coletiva dos atores sociais, resultando, assim, em um planejamento que favoreça
a todos e também ao meio ambiente, pois as iniciativas em prol da manutenção dos sistemas
ecológicos somente possuem futuro quando levarem em consideração a importância de se
manter o ambiente natural, aproximando os objetivos sociais dos objetivos ambientais.

3 PROGRESSO HISTÓRICO DE EXPLORAÇÃO DOS


RECURSOS AMBIENTAIS
As relações entre o homem e a natureza são remotas. Desde a vinculação ocorrida entre
ambos, o homem usufruía dos recursos naturais para sua sobrevivência. No entanto, com o
crescimento das sociedades, o consumo desses recursos tornou-se mais frequente e demasiado.
Essa exploração foi justificada e incentivada historicamente pelos modelos econômicos vigentes.
Confira, a seguir, detalhes sobre algumas fases.
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3.1 Antecedentes ao capitalismo


O feudalismo foi um modelo econômico que perdurou durante toda a Idade Média, em meados
os séculos V e XVI, era amparado pela realização da agricultura e pela troca de mercadorias.
Devido às diversas mudanças na sociedade, esse sistema se tornou obsoleto e foi substituído pelo
capitalismo. Esse novo sistema é organizado com o objetivo de obtenção máxima de lucros, em
que os recursos ambientais são aproveitados para o aumento de riquezas.

Tal processo é melhor explicitado por Moreira (2006, p. 90), que diz que

o nascimento do capitalismo se dá a partir das entranhas do pré-capitalismo. A desagregação que


subverte as relações pré-capitalistas para convertê-las em relações capitalistas chama-se acumulação
primitiva do capital. Com a acumulação primitiva se estabelecem: (1) a forma de propriedade privada
capitalista e (2) a hegemonização do capital sobre o trabalho. Na base dessa sucessão, iniciando-a e
determinando seu rumo, está a separação que se estabelece no nível das propriedades das forças
produtivas em conjunto dos meios de produção e a força de trabalho.

Veja que o capitalismo é, portanto, pautado na propriedade privada e no domínio do capital


através do desenvolvimento dos meios de produção e exploração do trabalho. Sua vigência
compreende o período do século XV até os dias atuais. Devido à longa perpetuação do sistema,
ele é subdividido em três diferentes fases: Capitalismo Comercial (século XV – XVIII), Capitalismo
Industrial (século XVIII – XIX) e Capitalismo Financeiro (a partir do século XX). Conheça as principais
características dessas fases a seguir.

3.2 Capitalismo Comercial (séculos XV – XVIII)


A primeira fase do capitalismo, denominada como comercial, tinha sua economia pautada
no mercantilismo, unida ao absolutismo, que atuava no âmbito político. Tinha como principais
características a intervenção do Estado nas relações comerciais, a busca incessante pelo lucro e
20

o acúmulo de riquezas. Essa doutrina incentivou as nações europeias a expandir seus territórios
para aumentar o comércio de mercadorias. Durante esse processo, ocorreram as colonizações
nos continentes americano e africano, decorreram em caráter exploratório, com interesse
inicial na extração de recursos minerais e, posteriormente, na dominação dos territórios e no
desenvolvimento da agricultura, em estruturas estruturadas pelo latifúndio e trabalho escravo de
outros povos, principalmente indígenas e grupos étnicos negros de origem africana.

Tenha em mente que a reprodução ampliada das estruturas de dominação era sustentada
pelos pilares da escravização e pela cobrança de tributos pagos ao rei. Foram formados verdadeiros
impérios com duas nítidas divisões de classe: a elite dominadora e os escravizados, que podem
ser conhecidos com os termos dominados e dominantes ou colonizadores e colonizados. A queda
do mercantilismo advém das revoltas populacionais aos abusos do poder do monárquico e ao
surgimento da classe burguesa – nova camada social criada a partir do enriquecimento por meio
do comércio e que desejava libertar os mercados da intervenção estatal e o fim da escravidão,
que era um dos alicerces dessa fase econômica do capitalismo.

3.3 Capitalismo industrial e suas duas fases (séculos XVIII – XIX)


O capitalismo industrial é dividido em duas fases. A primeira deu-se como resultado da evolução
na sociedade a partir da substituição da produção manufatureira para a industrial, iniciada pelo
processo de Revolução Industrial, em 1760, na Inglaterra com emprego de aparelhagem mecânica
simples e também pelas transformações tecnológicas e políticas ocorridas no período.

Quanto à tecnologia, você pode considerar que as fábricas iniciaram seu funcionamento
tendo como força motriz a máquina a vapor, que era abastecida com recursos minerais, tais como
ferro e carvão. O processo despontou, inicialmente, na área têxtil e, depois, expandiu-se para
outros setores, o que propiciou uma grande alteração na estrutura da sociedade, pois um grande
contingente de pessoas migrou para as cidades à procura de uma posição no mercado de emprego.

• Como resultado, você pode entender que houve um inchaço demográfico nas cidades,
que se tornaram imundas e superlotadas. Em decorrência da grande procura por empre-
gos e da ausência de legislação trabalhista, os operários das fábricas vivenciaram situa-
ções insalubres, com jornadas de trabalho avançadas e precárias condições de trabalho.

• Nas questões políticas, destacaram-se as revoluções derivadas das camadas sociais me-
nos favorecidas, a exemplo da Revolução Francesa, em 1789. A população desfavorecida
revoltou-se diante dos privilégios concedidos apenas à parcela dominante na sociedade
ao passo que poucos direitos eram concedidos a eles (desfavorecidos).

A segunda fase ocorreu devido à evolução tecnológica como resultado dos avanços
científicos, refletido pelas indústrias que modernizaram suas produções e passaram a empregar,
principalmente, o aço como gerador de força motriz, além dele, produtos químicos diversos,
energia elétrica, petróleo e seus derivados.
21

Durante o capitalismo industrial, a economia esteve fundamentada no liberalismo, tal


sistema baseia-se na livre concorrência, com pequena ou nenhuma intervenção do Governo na
economia. Ele defende a democracia, mas continua negando a real participação social e protege
as grandes organizações; a economia era voltada exclusivamente para o mercado com um grande
conservadorismo social.

3.4 Capitalismo financeiro (a partir do século XX)


Essa é a fase mais recente do capitalismo, que iniciou-se após o fim da Segunda Guerra
Mundial (1939-1945). Segundo Moreira (2006), nesse período, mudanças históricas importantes
ocasionaram transformações significativas na sociedade, dentre elas, houve um grande avanço
dos recursos tecnológicos e uma valorização, em esfera internacional, das técnicas voltadas à
quantificação e precisão dos dados. Também marcado pela chamada globalização, apresenta
evoluções em diversas áreas, como informática, telecomunicações e meios de transporte.

Durante o capitalismo financeiro, a economia está fundamentada no chamado neoliberalismo,


considerado como a volta do liberalismo. Com isso, veja que crescem os processos de
transnacionalização e uma dependência maior das empresas, o que gerou o aumento das
privatizações. Assim, os países tiveram as soberanias nacionais ameaçadas devido à dependência
ao capital estrangeiro. Nesse contexto, a maioria dos países subdesenvolvidos venderam seus
recursos naturais a preços baixos e privatizaram empresas, estradas etc. O discurso do poder
expressa as ideias e as realizações de apenas alguns setores e classes.

Porém, o capitalismo tem apresentado sinais de decadência. Note que esse cenário ocorreu
em grande medida devido à junção de vários fatores, como dívidas externas, arrocho salarial,
desemprego, atividades informais, narcopoder, estagflação, fome etc. Os países latinos passaram
uma década produzindo apenas para tentar pagar as dívidas e exportar produtos.

FIQUE DE OLHO
O capitalismo tem demonstrado sinais de exaustão, pois ocorreram sucessivas crises
nesse sistema. A exemplo disso, você pode considerar a chamada década perdida no
Brasil, em 1980, marcada pelo fim da ditadura, forte crise social e estagnação econômica.
Outra crise bastante conhecida foi a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929.
22

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Um dos caminhos mais eficazes de difundir o senso de criticidade e quebrar os paradigmas
anteriores é por meio do ensino. Assim, a educação ambiental é um dos métodos difusores desses
conceitos, portanto, é um processo que visa ensinar e modificar as convicções do público em geral.
A seguir, você vai conhecer definições de educação ambiental, algumas de suas características e
formas de disseminação e antecedentes da questão ambiental.

4.1 Definições de educação ambiental


Conforme o Congresso de Belgrado, promovido pela UNESCO (1975), a educação ambiental
é um procedimento que visa ao ensino ou à formação da população, em geral, que possua os
conhecimentos, o estado de espírito, as motivações, as competências, a vontade de integrar-se
para a criação de uma consciência com relação aos problemas do meio ambiente que sejam de
sua responsabilidade com um envolvimento que permita que esses problemas realizem ações
individual e coletivamente para impedir problemas futuros e resolver os atuais.

Durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,


também chamada de ECO-92, foi conceituada a Educação Ambiental, no capítulo 36, do
documento da Agenda 21 como

o processo que busca desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o meio
ambiente e com os problemas que lhes são associados. Uma população que tenha conhecimentos,
habilidades, atitudes, motivações e compromissos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca
de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos ONU (2020).

Para que a educação ambiental funcione, saiba que é preciso a formação de uma percepção
23

ambiental. Oliveira (1996) revela que a percepção do meio ambiente é uma ferramenta para a
educação ambiental. Esta resulta do fato

de o processo de aprendizagem exigir uma participação do sujeito no meio externo, mediante


experiência. Estas experiências podem ser diretamente sobre os objetos – experiência física –, o que
implica uma ação do sujeito no sentido de descobrir as propriedades de tais objetos. A abstração,
aqui, está presa às propriedades do objeto. As experiências podem ser também, indiretamente sobre
os objetos – experiência matemática –, o que implica agir sobre as ações exercidas pelos sujeitos
(OLIVEIRA, 1996, p.199-200).

A partir de uma percepção ambiental, note que podem ocorrer as mudanças sociais e
econômicas de utilização adequada dos recursos naturais, conforme vêm ocorrendo lentamente
ao longo dos anos. Porém, ainda há muito o que se fazer. Uma das primeiras iniciativas em prol
da realização de mudanças na sociedade são as consolidações de novos conceitos que surgiram
principalmente após debates promovidos em âmbito internacional, tais como sustentabilidade,
desenvolvimento sustentável, ecologia dentre outros.

4.2 Características e formas de disseminação da educação ambiental


A concepção de educação ambiental e de termos tais como sustentabilidade e
desenvolvimentos sustentável têm como objetivo sinalizar e demonstrar as novas visões do
mundo de hoje, no qual você pode identificar uma preocupação em modificar-se a lógica do
uso indiscriminado dos recursos para uma mentalidade mais voltada para a realização de
ações sustentáveis dos elementos naturais. Porém, para que aconteça essa transformação, é
preciso introduzir novos conhecimentos à comunidade para que as pessoas se conscientizem
das demandas contemporâneas e superem a ideologia anterior, que ainda está enraizada na
sociedade como um todo.

As diretrizes da educação ambiental foram fundamentadas na Conferência Intergovernamental


sobre Educação Ambiental aos Países Membros, ocorrida entre 14 e 26 de outubro de 1977, na ex-
União Soviética. Nela, foram definidos os pontos em que a educação ambiental deve ser baseada.

O Ministério da Educação (MEC, 1998) enumerou os sete pontos levantados na Conferência


que devem compor a educação ambiental no Brasil. Confira quais são.

Dinâmico integrativo

É um processo permanente por meio do qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência


do seu meio ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as experiências e a
determinação que os tornam aptos a agir, individual e coletivamente, e resolver problemas ambientais.
24

Transformador

Possibilita a aquisição de conhecimentos e habilidades capazes de induzir mudanças de


atitudes. Objetiva a construção de uma nova visão das relações do ser humano com o seu meio e
a adoção de novas posturas individuais e coletivas em relação ao meio ambiente. A consolidação
de novos valores, conhecimentos, competências, habilidades e atitudes refletirá na implantação
de uma nova ordem ambientalmente sustentável.

Participativo

Atua na sensibilização e na conscientização do cidadão, estimulando-o a participar dos


processos coletivos.

Abrangente

Extrapola as atividades internas da escola tradicional, deve ser oferecida continuamente em


todas as fases do ensino formal, envolvendo a família e toda a coletividade. A eficácia virá na
medida em que sua abrangência atingir a totalidade dos grupos sociais.

Globalizador

Considera o ambiente em seus múltiplos aspectos: natural, tecnológico, social, econômico,


político, histórico, cultural, moral, ético e estético. Deve atuar com visão ampla de alcance local,
regional e global.

Permanente

Tem um caráter permanente, pois a evolução do senso crítico e a compreensão da


complexidade dos aspectos que envolvem as questões ambientais se dão de um modo crescente
e contínuo, não se justificando sua interrupção. Despertada a consciência, ganha-se um aliado
para a melhoria das condições de vida do planeta.

Contextualizador

Atua diretamente na realidade de cada comunidade, sem perder de vista a sua dimensão
planetária.

Além desses sete pontos que você acabou de conhecer, o MEC criou a oitava premissa,
recentemente acrescentada nas características da educação ambiental no Brasil:

Transversal

Propõe-se que as questões ambientais não sejam tratadas como uma disciplina específica, mas
25

sim que permeiem os conteúdos, os objetivos e as orientações didáticas em todas as disciplinas.


A educação ambiental é um dos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais do
Ministério da Educação e Cultura.

A educação ambiental também é pautada por princípios, ou seja, aquilo que deve basear os
ensinamentos da educação ambiental. Esses princípios e suas características, que você conhecerá
a seguir, devem ajudar a formar cidadãos a se tornarem mais conscientes com relação às suas
ações no meio ambiente (MEC, 1998).

• Considerar o ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos naturais e artificiais,


tecnológicos e sociais (econômico, político, técnico, histórico-cultural e estético).

• Construir-se em um processo contínuo e permanente, iniciando na educação infantil e


continuando por meio de todas as fases do ensino formal e não formal.

• Empregar o enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada discipli-


na, para que se adquira uma perspectiva global e equilibrada.

• Examinar as principais questões ambientais em escala pessoal, local, regional, nacional,


internacional, de modo que os educandos tomem conhecimento das condições ambien-
tais de outras regiões geográficas.

• Concentrar-se nas situações ambientais atuais e futuras, tendo em conta também a pers-
pectiva histórica.

• Insistir no valor e na necessidade de cooperação local, nacional e internacional para


prevenir e resolver os problemas ambientais.

• Considerar, de maneira clara, os aspectos ambientais nos planos de desenvolvimento e


crescimento.

• Fazer com que os alunos participem da organização de suas experiências de aprendiza-


gem, proporcionando-lhes oportunidade de tomar decisões e de acatar suas consequên-
cias.

• Estabelecer uma relação para os alunos de todas as idades, entre a sensibilização pelo
ambiente, a aquisição de conhecimentos, a capacidade de resolver problemas e o escla-
recimento dos valores, insistindo especialmente em sensibilizar os mais jovens sobre os
problemas ambientais existentes em sua própria comunidade.

• Contribuir para que os alunos descubram os efeitos e as causas reais dos problemas
ambientais.

• Salientar a complexidade dos problemas ambientais e, consequentemente, a necessida-


de de desenvolver o sentido crítico e as aptidões necessárias para resolvê-los.

• Utilizar diferentes ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para comunicar
e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente, privilegiando as atividades práticas e
26

as experiências pessoais.

Tenha em mente que, para você se destacar na carreira e se tornar um bom profissional no
futuro, é preciso aprimorar seus conhecimentos quanto aos conceitos e a história da educação
ambiental para colocá-los em prática na sua carreira. É importante também refletir sobre a as
questões ambientais para se posicionar diante de situações ambientais reais atuais e futuras, com
o objetivo de aplicar a sustentabilidade na prática. Esse é um dos maiores desafios da sociedade
sobre o assunto, mas ainda é insuficiente o número de iniciativas concretas para a preservação
dos recursos naturais no planeta.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

4.3 Antecedentes da questão ambiental


Durante o capitalismo industrial, já havia indícios dos futuros problemas ambientais do
planeta. A exemplo disso, entre as décadas de 50 e 60, os níveis de poluição atmosférica geraram
muitas mortes da cidade de Londres (Inglaterra), a origem do problema eram os poluentes no
ar lançados pelas indústrias. Em Nova York (Estados Unidos) e Minamata (Japão), situações
semelhantes ocorreram nesse mesmo período.

• Conforme a autora Passos (2009), as preocupações quanto aos problemas ambientais do


planeta tiveram início a partir do livro “Primavera Silenciosa” (Silent Spring), publicado
em 1962 pela norte-americana Raquel Garsons. A publicação era instigante, pois apre-
sentava o perigo do uso de dicloro-difenil-tricloroetano (DDT), inseticida de baixo custo
largamente utilizado pelo mundo, e protestava sobre as crenças da sociedade quanto ao
progresso tecnológico.

• Assim, ela afirmava que a natureza está vulnerável às intervenções humanas. Tais indaga-
ções levariam à proibição do uso do DDT na Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente Humano, realizada 10 anos após a divulgação do livro.
27

Outro antecedente crucial para que tenham sido realizadas as primeiras Conferências
Internacionais de Meio Ambiente foi a criação do Clube de Roma, fundado em 1968 por industriais
e cientistas para conversarem sobre meio ambiente, sustentabilidade, política e economia em
âmbito mundial. A principal publicação desse grupo ocorreu em 1971, com o relatório “Limites do
crescimento”, que apresentava os problemas que a Terra enfrentaria no futuro devido à exploração
dos recursos naturais pelas pessoas. Esse texto foi o principal documento que fundamentou os
acordos desenvolvidos durante a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano,
em 1972.

5 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E


CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS
É recente, na sociedade, a demanda de questionamentos sobre a área ambiental. Tal processo
emerge, principalmente, nos séculos XX e XXI, pois foi necessário repensar, em caráter individual
e coletivo, as possíveis soluções para resolver ou minimizar os problemas ambientais atuais
bem como evitar a repetição desses problemas no futuro. A cerca disso, confira como se deu o
histórico da educação ambiental por meio de conferências internacionais.

5.1 A primeira Conferência Mundial Ambiental: Estocolmo, 1972


A partir da publicação do relatório “Limites do crescimento”, elaborado pelo Clube de Roma,
houve a percepção de que seria necessário reunir as nações para discutir sobre o futuro do meio
ambiente. Essa primeira reunião mundial viria a ocorrer em 1972, porém, primeiramente, foram
realizadas reuniões preparatórias para essa Conferência, a exemplo do Painel de Especialistas em
Desenvolvimento e Meio Ambiente, ocorrido em Founex (Suíça), em junho de 1971.

De acordo com a ONU (1972), a primeira Conferência Mundial com a temática ambiental foi
a Conferência Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano (ou Conferência de
Estocolmo) que começou seus debates de 5 a 16 de junho de 1972, contando com representantes
de 113 países. Após muitas discussões entre os países participantes, a conferência gerou um
documento denominado Declaração de Estocolmo, que, pela primeira vez, admitia que, nos países
em desenvolvimento, a maioria dos problemas ambientais é motivada pelo subdesenvolvimento.
Foram criados 26 princípios derivados do Princípio nº 1 que você conhecerá a seguir.

Deliberações da ONU no Princípio nº 1

No seu Princípio nº 1, a ONU (1972) deliberou que o homem tem o direito fundamental à
liberdade, à igualdade e a adequadas condições de vida em ambiente que lhe permita viver com
dignidade e bem-estar, e tem a solene obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para
as gerações atuais e futuras.
28

Para a ONU (1972), além do documento, originou-se o Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA) que teria sua sede internacional instalada em Nairobi (Quênia) para disseminar
e coordenar as ações de proteção ambiental das Nações Unidas. Também foi criado um Fundo
Voluntário para o Meio Ambiente administrado pelo PNUMA. Em consideração à importância dessa
Conferência, o dia 5 de junho foi instituído como o Dia Mundial do Meio Ambiente.

5.2 Conferências mundiais ambientais realizadas posteriormente: Eco-


92, Rio +10, Rio +20
Mesmo com o passado histórico marcado pela exploração dos recursos naturais, o Brasil possui
uma liderança nas Conferências Mundiais Ambientais. Saiba que isso pode ser comprovado pelo
fato de terem sido realizadas duas dessas conferências com sede no Rio de Janeiro: a Conferência
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (ECO-92) e a Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).

Em 1992, aconteceram, no Rio de Janeiro a ECO-92 e o Fórum Global - Fórum Internacional de


Organizações Não Governamentais e Movimentos Sociais, também chamada de Cúpula da Terra,
que teve como um dos principais resultados a adoção da Agenda 21 (ONU, 2020). Confira quais
foram os resultados desse encontro:

Carta da Terra

Compunha a declaração dos princípios da ECO-92.

Convenção das Mudanças Climáticas

Estabeleceu a necessidade do aumento de estudos sobre os efeitos de liberação de poluentes


na atmosfera e defende a colaboração entre as nações para a socialização das tecnologias limpas
de produção.

Convenção da Biodiversidade

Que atesta a soberania dos países na exploração dos recursos biológicos que estejam
presentes em seus territórios e recomenda que sejam criados apoios financeiros para que os
países que possuem maior biodiversidade possam gerir as suas conservações.

No entanto, o grande marco dessa conferência foi a Agenda 21, pois ela determinou que cada
país elabore a sua própria Agenda 21 nacional, com metas a serem cumpridas pelo país. Também
foi instituído o conceito de Educação Ambiental e incentivada a sua realização pelo mundo. O
documento possui uma série de outras recomendações, sendo considerado um documento
extenso, que possui mais de 600 páginas, subdividido em 40 capítulos.
29

Dando um salto para agosto e setembro de 2002, foi realizado, em Johannesburgo (África
do Sul), o Encontro da Terra, chamado também de Rio +10, para retomar as decisões tomadas na
conferência Eco-92 e reavaliar as mudanças ocorridas nos últimos 10 anos (ONU, 2020). Para isso,
foi criado um plano de ação com 153 artigos e 615 pontos sobre diversos assuntos ligados ao meio
ambiente e à sustentabilidade. Alguns desses pontos estão descritos pela ONU (2020) como: “pobreza
e miséria, consumo, gestão de recursos naturais, globalização, direitos humanos, assistência oficial ao
desenvolvimento, contribuição do setor privado ao meio ambiente, entre outros”.

Figura 5 - A pobreza e miséria são um grande problema associado à sustentabilidade


Fonte: Alphaspirit, Shutterstock, 2020.

#ParaCegoVer: a imagem em preto e branco mostra três crianças próximas umas das outras.
Uma de perfil, veste uma camisa; as outras duas, só de calção, uma delas sentada em uma bicicleta.
Ao fundo, homens de pé encostados em um balcão e uma casa com estrutura de madeira.

Além disso, foram estabelecidas as Metas do Milênio. O evento desapontou a comunidade


internacional pelo fato de que obtiveram como resultado poucas sugestões práticas a serem
realizadas, devido aos conflitos entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Foram
debatidos, principalmente, temas relacionados aos problemas sociais, como a erradicação da
pobreza, aos problemas de saneamento e à saúde.

Por fim, foi consentido pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em sua 64ª sessão, o retorno
da Conferência Mundial ao Rio de Janeiro, 20 anos após a Eco-92. A Rio+20 foi realizada entre 13
e 22 de junho de 2012. A base da conferência referia-se à renovação dos acordos políticos para o
desenvolvimento sustentável e, conforme a ONU (2020), teve como temas principais a economia
verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e a estrutura
institucional para o desenvolvimento sustentável.
30

PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• Conhecer conceitos de natureza, meio ambiente, recursos, recursos naturais e


recursos ambientais além de diferenciar os recursos naturais renováveis e não
renováveis e conhecer exemplos desses tipos de recursos.

• Aprender sobre os diversos tipos de utilização dos recursos naturais para fins
comerciais e empresariais, conhecer o conceito de ecossistema, desenvolvimento
sustentável e sustentabilidade e verificar as relações estabelecidas entre recursos
naturais e ecologia.

• Aprender sobre o progresso histórico de exploração dos recursos ambientais que


avança a partir do feudalismo e perpassa por diferentes fases do capitalismo até
chegar aos dias atuais.

• Saber sobre educação ambiental, suas definições, características e princípios.


Também, os antecedentes que despertaram no mundo a necessidade de se preocupar
com os problemas ambientais.

• Conhecer sobre o histórico da educação ambiental e conferências internacionais:


Estocolmo, 1972; Eco-92, Rio +10, Rio +20.
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de Emprego e Renda. In: Revista Conhecimento on-line, a. 7, v. 2, 2015, Novo Hamburgo.
UNIDADE 2
Uso de recursos naturais sobre
diversas perspectivas
Introdução
Você está na unidade Uso de recursos naturais sobre diversas perspectivas. Conheça
aqui os recursos ambientais divididos conforme sua utilidade/tipos em hídricos,
biológicos, energéticos e minerais, aprofundando o conhecimento sobre esses recursos
e suas finalidades. Além disso, confira sobre as aplicações contemporâneas dos recursos
ambientais nos âmbitos econômico, socioeconômico, tecnológico etc. e os principais
problemas relacionados ao uso dos recursos nessas áreas.

É preciso criar e aplicar metodologias inovadoras, em diferentes âmbitos, para que seja
possível a realização de projetos ambientais que promovam a educação ambiental com
empenho tanto das empresas quanto da sociedade para a necessidade de preservar o
meio ambiente.

Bons estudos!
35

1 RECURSOS NATURAIS, SUBDIVISÕES E FUNÇÕES


A distribuição de recursos naturais no mundo, tanto renováveis quanto não renováveis, é
desigual. Por esse motivo, alguns países possuem maiores reservas ou jazidas de determinados
minérios que, na maioria das vezes, são muito valorizados devido à sua finitude, tais como
diamantes, ouro, petróleo dentre outros. A falta desses recursos e o aumento dos preços podem
ocasionar disputas econômicas e trazer uma série de problemas de ordem socioeconômica.

Quanto aos recursos renováveis, há condições ambientais que propiciam a presença de alguns
recursos naturais, como árvores (madeira), que dependem das condições de solo e clima ou da
incidência dos raios solares (devido à proximidade aos polos), fundamentais para a geração de
energia solar. Outro exemplo que você pode considerar é a velocidade e a constância de ventos,
que consistem no deslocamento dos gases atmosféricos acarretado por alterações na pressão
atmosférica. Isso também pode ser influenciada pelo relevo e outros fatores, sendo que os ventos
são o principal recurso para a geração de energia eólica. Dessa forma, antes de avaliar o valor e a
influência de cada recurso natural no planeta, saiba que é preciso conhecê-los para descobrir as
suas funções diversas bem como sua utilidade econômica.

A classificação dos recursos pode ser feita conforme sua capacidade e sua velocidade de
renovação, sendo divididos em recursos renováveis e não renováveis. Outra categorização tem
como critério de divisão a sua utilidade, subdividindo-os de acordo com a sua natureza, ou seja,
conforme a sua origem ou seu tipo em: biológicos, hídricos, minerais ou energéticos. Essa divisão
pode ser correlacionada às áreas econômica, socioeconômica, tecnológica e outras.

1.1 Recursos biológicos e recursos hídricos


Tanto os recursos biológicos quanto os hídricos são considerados renováveis e possuem uma
interligação, sendo, os biológicos, representados pelos animais e pelos vegetais da Terra; já os
hídricos correspondem à água subterrânea e/ou superficial. Como exemplos de usos desses
recursos você pode considerar a extração de árvores para utilizar a madeira, da água para
consumo próprio ou para praticar a agricultura.
36

Figura 1 - A agropecuária é um exemplo da associação entre os recursos biológicos e hídricos


Fonte: Shutterstock, 2020.

#ParaCegoVer: a imagem mostra vários bois pastando em uma área verde. Ao fundo, árvores
e plantações.

Note que os recursos em questão também são proveitosos para a geração de energia elétrica,
pois a água funciona como força motriz para girar a turbina que transforma fisicamente a energia
potencial em cinética, bem como o carvão movimenta as termelétricas dentre outros meios e usos.

Assim, perceba que esses recursos são essenciais para a realização de várias atividades
humanas e dos demais seres vivos. No entanto, é preciso zelar pelo seu uso sustentável, visto que
eles vêm sendo prejudicados por vários fatores.

1.2 Recursos minerais


São recursos, em sua grande maioria, não renováveis. Eles podem ser retirados de rochas,
por meio da mineração, ou ainda do subsolo. Após a extração dos minerais, chamada de
extrativismo mineral, eles passam a ser denominados como minérios e são encaminhados para o
beneficiamento, em geral, nas siderúrgicas.

Existem dois grupos de minerais: os metálicos e os não metálicos.

Metálicos

Possuem metal em sua composição física e química, com propriedades específicas. Como
exemplos, você tem alumínio, cobre, diamante, ferro, magnésio, ouro, prata entre outros.
37

Não metálicos

Não possuem qualquer elemento metálico. São exemplos: água, areia, argila, cascalho,
cloreto de sódio (sal de cozinha). Seu valor no mercado é baixo, porém são de suma importância
no contexto socioeconômico.

Ainda em relação a minerais metálicos, para exemplificar seu uso, confira sobre a utilização
dos elementos manganês e chumbo.

Manganês

De acordo com Silvia e Figueira (2003), o manganês é um elemento metálico e frágil cujo
principal minério é a pirolusita, que tem o símbolo químico representado por MnO2 (bióxido de
manganês). Saiba que a principal finalidade desse mineral é a constituição de ligas de ferro para
fabricar aços. Outras ligas com manganês são as composições de permanganato de sódio (NaMnO4)
e de potássio (KMnO4), que formam subprodutos, como oxidantes e desinfetantes......

Chumbo

O chumbo, considerado um metal pesado, ainda é muito utilizado na produção de baterias


dos veículos para abastecê-los com energia elétrica. Nos últimos 50 anos, grandes quantidades
de chumbo foram extraídas, processadas e emitidas para o meio ambiente pelo homem. Apesar
de ocorrer uma redução desse uso nos últimos anos, homens e animais ainda estão em risco.

2 RECURSOS ENERGÉTICOS
São recursos que possuem a capacidade de fornecer energia. Eles podem ser não renováveis,
como o urânio para a energia nuclear e/ou combustíveis fósseis, como o petróleo; ou renováveis,
como a energia solar (Sol), eólica (ventos) etc. Esses recursos são empregados na construção, na
produção de materiais, na eletricidade, nos transportes dentre outros. Ainda, possuem serventias
essenciais para a vida humana moderna: iluminação, locomoção, funcionar máquinas e motores.
Dessa forma, elas podem ser consideradas como facilitadoras do trabalho humano em diversas
situações, pois a energia fornecida por meio dos recursos energéticos pode ser aproveitada para
movimentar veículos, erguer peso, agilizar a locomoção dentre muitas outras utilidades.

2.1 Principais tipos de energia elétrica e seus recursos naturais


Como você já deve ter percebido, a energia movimenta o mundo. As pessoas dependem dela
seja em suas residências, no trabalho e em outros meios de convívio. Mas, afinal, quais são os
tipos de energia e como você pode classificá-las? Confira a seguir.
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Hidrelétrica

A energia é originada por meio da transformação da energia potencial da água reservada


em áreas de barragens. Ao descer pelas turbinas geradoras de eletricidade, é transformada em
energia cinética, e a força do fluxo das águas movimentam as turbinas, possibilitando a conversão
de energia mecânica em elétrica. Saiba que, após a geração da energia, é preciso transportá-la
por uma rede de fios de transmissão. Para sua implantação, é necessário que haja um relevo
favorável com quedas d’água e rios com grande disponibilidade de água. Devido ao seu baixo
custo de manutenção e das condições favoráveis em território brasileiro, essa é a principal fonte
geradora de energia elétrica do país.

Eólica

Utiliza-se da força dos ventos para movimentar as hélices, converte a energia cinética de
movimentação das pás em energia elétrica. No entanto, dependente das condições naturais, por
isso, há poucos lugares no mundo que possuem as condições de corrente de vento ideais que
favoreçam a rentabilidade dessa geração de energia, pois a sua implantação é muito cara. As
vantagens da usina eólica são os impactos ambientais baixos e a produção de energia limpa e
renovável. Na região nordeste do Brasil, há um recente investimento nessa área.

Solar

Tem como principal fonte de energia a luz do Sol. As implantações de usinas solares possuem
alto custo. Suas limitações são referentes às mudanças do tempo, visto que, dependem da
disponibilidade da energia solar, que é limitada, por exemplo, em situações de tempo nublado
ou chuvoso. Tem como qualidade a geração de energia limpa e renovável. Note que sua utilização
mais conhecida é para a economia de energia em residências e empresas pelo aquecimento de
placas ou painéis solares.

Nuclear

Também chamada de atômica, essa energia é obtida pela fissão nuclear de recursos minerais
radioativos, assim como o urânio. Esses elementos possuem capacidade de gerar energia por
meio do aquecimento de água que se transforma em vapor e ativa os geradores, que fornecem
calor pelo processo físico. É considerada uma fonte de energia limpa, pois não elimina gases
poluentes, e não renovável, pois utiliza-se de minerais radioativos.

Termelétrica

Seu nome vem do grego thermos (quente) e do latim electricus (elétrico). Produz energia
elétrica por meio da combustão de combustíveis fósseis, como o carvão mineral, que possui alto
poder de gerar calor, originando combustões que ativam as turbinas interligadas aos geradores.
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2.2 Recursos energéticos como combustíveis


Dentro dos recursos energéticos usados como combustíveis, estão as fontes fósseis,
denominadas como combustíveis fósseis. Elas têm sua origem há milhões de anos por meio
da deposição de matéria orgânica, constituída por resíduos de origem vegetal e animal, que
passou por diferentes condições conforme as circunstâncias ambientais em cada época da Terra,
formando as bacias sedimentares que correspondem a quase 60% da área territorial brasileira.
Tenha em mente que essas bacias possuem formações históricas em épocas distintas e, por isso,
geraram recursos ambientais diversificados.

As bacias sedimentares que foram formadas durante o Período Carbonífero (ocorrido,


aproximadamente, de 359 milhões a 299 milhões de anos atrás), na Era Paleozoica, geralmente,
derivam em jazidas carboníferas, daí o motivo de o período ter recebido esse nome. Aquelas
que foram constituídas durante a Era Mesozoica, comumente, geraram petróleo. Os combustíveis
fósseis são basicamente de três tipos: carvão mineral, gás natural e petróleo.

O carvão mineral é um minério não metálico, de cor preta ou marrom, constituindo-se como a
fonte fóssil com maior disponibilidade no planeta. Saiba que sua origem é um processo complexo,
que ocorre devido à presença de matéria orgânica acumulada, que, posteriormente, é soterrada,
compactada e, finalmente, concebida após suscetíveis ações das bactérias em condições propícias
de pressão e calor no local do depósito. Portanto, é um processo natural, no qual é necessário que
não exista a presença do oxigênio.

Figura 2 - O carvão, por ser extraído do solo em minas a céu aberto, gera grandes riscos tanto
para o meio ambiente quanto para os operários
Fonte: Shutterstock, 2020.

#ParaCegoVer: a imagem mostra uma pilha de carvão sobre o chão, sendo depositado por
uma máquina que contém uma esteira por onde passam as partículas até o topo, de onde caem.
O carvão mineral tem coloração cinza escura.
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Esse minério é altamente energético por causa do carbono, principal componente do carvão
mineral, em seguida, pelos átomos de magnésio (o teor do elemento pode variar entre 55% a
96%, aproximadamente).

As etapas de formação do carvão mineral o diferencia em tipos em consequência da maior


concentração de carbono, ou seja, quanto maior é sua qualidade, mais valorizado será e,
consequentemente, o preço será superior no mercado. Nesse sentido, o minério é classificado
por esses critérios de constituição e valor de mercado. Conheça os quatro tipos principais:

Turfa

Com teor de carbono entre 55% e 60%, com potencialidade calorífera inferior a 4.000 kcal.

Linhito

Provém de rocha sedimentar formada por meio da compressão de turfa, possui entre 67%
e 78% de carbono. Apesar da maior concentração do elemento, também possui potencialidade
inferior a 4.000 kcal.

Hulha

Procede de rocha sedimentar, pode ser dividida em duas categorias: hulha sub betuminosa,
com menor qualidade, e hulha betuminosa, que tem como diferencial o betume, cuja proporção
de carbono é alta, com cerca de 80% a 90%, possibilitando a geração de 7.000 a 8.650 kcal.

Antracito

É considerada a forma mais pura de carvão, pois detém um teor de carbono de 96%.
Corresponde a uma estrutura compacta e sólida, contendo baixas ou nulas concentrações de
betume, seu principal uso é doméstico.

Caso você precise manusear carvão mineral alguma vez, é importante que você tenha
bastante cuidado, pois ele é uma fonte fóssil altamente inflamável. Sua armazenagem precisa
ser cuidadosa, para evitar possíveis acidentes e explosões. O gás liberado pelo carvão mineral
tem outras serventias na indústria, viabilizando a fabricação de isqueiros, amônia, lubrificantes,
fertilizantes, combustíveis líquidos etc.
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Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

Dando continuidade aos tipos de combustíveis fósseis, o gás natural é uma fonte fóssil, sem
cheiro e sem cor, não é tóxico e é mais leve que o ar. Em condições normais de pressão atmosférica
e temperatura ambiente, tende a permanecer no estado gasoso. É definido, na química, como
uma combinação de hidrocarbonetos. Seus principais componentes são os hidrocarbonetos
simples (compostos pela união de átomos de carbono e hidrogênio) associados a hidrocarbonetos
pesados, como etano (C2H6), propano (C3H8), metano (CH4) e butano (C4H10).

O gás natural tem como origem a matéria orgânica provinda, possivelmente, dos organismos
unicelulares fitoplanctônicos, depositados junto aos sedimentos de baixa permeabilidade, que,
consequentemente, inibiram a ação oxidante da água. Como sua localização está nas regiões
profundas do subsolo, para ser retirado, é preciso que sejam realizadas perfurações.

Saiba que o gás natural está diretamente relacionado ao petróleo, pois ambos provêm dos
reservatórios geológicos de hidrocarbonetos (óleo e gás). Na área explorada, o gás natural está
na parte mais alta (pois é gasoso), enquanto o petróleo e a água, nas áreas baixas, pelo fato de se
encontrarem em estado líquido.

Esse combustível fóssil pode ser dividido em dois tipos que você conhecerá a seguir:

Associado

Quando no depósito, encontra-se dissoluto no petróleo. Nessas situações, devido ao melhor


retorno econômico e às dificuldades em desassociar o gás do petróleo, privilegia-se a produção
de óleo.

Não associado

É aquele que não está diretamente relacionado ao petróleo e à água, pois sua concentração
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está na camada rochosa. Diante dessa situação, justifica-se o contexto mercadológico da


comercialização do gás natural.

Quanto aos locais de armazenamento de gás natural, sejam cilindros ou botijões, eles são
testados para suportar as condições de alta pressão às quais o gás é submetido. Já em relação
ao impacto ambiental, ainda que seja um combustível de origem fóssil, causa menor impacto
ambiental, apresentando-se como uma solução para meios de transportes mais sustentáveis, com
uma redução direta na emissão de gases poluidores na atmosfera.

Como a Terra funciona enquanto um sistema, é relevante você aprender que pequenas ações
em prol do meio ambiente, como a troca do combustível, provocam a redução de poluentes
no ar e, em um efeito cascata, podem ajudar a minimizar os efeitos das ações do homem no
meio ambiente. Visto que as mudanças climáticas provocadas pelos seres humanos já são uma
realidade discutida por diversos países, que, assim como o Brasil, assinaram tratados e protocolos
internacionais, como o Protocolo de Kyoto, em 1997, em que o país assumiu metas de redução de
emissões dos poluentes no ar.

Além do efeito estufa, a destruição da camada de ozônio e o aquecimento global tem ocorrido
um agravamento dos chamados fenômenos ou anomalias atmosféricas, a exemplo de furacões,
ciclones etc., em nível regional, e de outros, como El Niño e La Niña, em âmbito mundial.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

O terceiro tipo de combustível fóssil a ser apresentado nesta unidade é o petróleo, cujo
nome vem do latim petra oleum (óleo de pedra). Trata-se de uma substância oleosa, viscosa
e inflamável, que consiste em uma mistura de hidrocarbonetos no estado líquido. Além disso,
possui cor escura e odor característico. Em geral, é menos denso que a água, sendo formado por
uma combinação complexa de compostos orgânicos, principalmente hidrocarbonetos associados
a pequenas quantidades de outros compostos, como nitrogênio, oxigênio e enxofre.
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Figura 3 - A extração do petróleo é feita em alto mar por meio de maquinários em plataformas
Fonte: Shutterstock, 2020.

#ParaCegoVer: a imagem mostra uma plataforma para extração de petróleo em alto mar.
Sobre a plataforma, há estruturas de ferro que servem de apoio para o maquinário de extração,
antenas e guindaste. Próximo à plataforma, há um barco nas cores branca e preta.

Ao contrário dos combustíveis fósseis, os biocombustíveis são um tipo de biomassa,


recursos produzidos a partir do plantio de vegetais, ou seja, são orgânicos ou biológicos, mas
não são derivados dos combustíveis fósseis. Para você entender como se deu a introdução
desse combustível, leve em consideração que a sua inclusão foi após a crise do petróleo, em
1979, quando o Brasil e outros países perceberam a intensidade da dependência do petróleo,
principalmente na área de combustíveis.

A partir dessa situação, o país criou fontes alternativas de energia, em especial, na área de
combustíveis, buscando diminuir essa dependência e reduzir as emissões de poluentes no ar,
sendo, portanto, uma demanda recente e necessária. Para isso, foram implementados programas
de incentivo governamental, como o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), instituído em
1975 com a pretensão de incentivar a produção do álcool, que seria comercializado em todo o
território nacional e no mercado exterior.

Essa iniciativa cresceu e a produção de etanol, a partir do plantio de cana-de-açúcar, é, hoje,


uma realidade no Brasil. As políticas governamentais foram essenciais para que o programa
funcionasse com incentivos à venda dos carros modelos flex, ou seja, bi-combustíveis, e
colocando o preço do álcool em valores baixos, conforme verificado, por exemplo, em 2003. Veja
que, de certa forma, isso também beneficia o consumidor que possui mais de uma opção para
abastecimento e pode abastecer com aquele que oferecer melhor retorno financeiro, fator este
que varia ao longo do ano.
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Figura 4 - Veículos movidos a biocombustíveis são menos poluidores


Fonte: Shutterstock, 2020.

#ParaCegoVer: a imagem mostra a mão de uma pessoa segurando uma bomba de combustível,
abastecendo um carro branco.

Outras iniciativas partiram depois do Proálcool, como o biodiesel (produto obtido a partir do
plantio de mamona), o biogás (criado a partir da mistura de gases advindos da decomposição
biológica de matéria orgânica) e outras fontes, como milho e beterraba. A maior realização dessa
produção dos biocombustíveis é, sem dúvidas, a redução da emissão de gás carbônico e outros
poluentes na atmosfera, visto que os carros e as indústrias são as principais fontes poluidoras do ar.

3 USO DOS RECURSOS NATURAIS NA ÁREA


ECONÔMICA
A área econômica tem sido uma das mais criticadas e responsabilizadas pelos impactos ao meio
ambiente na contemporaneidade. Dessa forma, é preciso que as empresas realizem planos de gestão
de recursos ambientais para a realização de gerenciamento completo da cadeia de seus recursos. Isso
porque a responsabilidade ambiental deve ser um princípio das indústrias e das empresas, que devem
acompanhar cada etapa do processo produtivo, realizando o levantamento de dados referentes às
características químicas e físicas de seus recursos e resíduos produzidos, bem como sua destinação final.

A partir dos anos 1970, o mundo vivenciou uma série de conjunturas desfavoráveis ao
desenvolvimento econômico dos países que estavam em crescente progresso no mundo, pois essas
instabilidades atingiram diretamente o capitalismo. Dentre os problemas, destacam-se o colapso do
regime de Bretton Woods, crises cambiais etc. Porém, saiba que os recursos naturais estavam no
centro das atenções, visto que a crise do petróleo gerou um colapso mundial, pois a maioria dos países
tem sua base energética relacionada ao uso desse recurso não-renovável (MORAES; SERRA, 2005).
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Nos dias de hoje, as indústrias têm o desafio de se tornar um exemplo sobre os demais
setores empresariais (DIAS; MORAES FILHO, 2006). Veja que essa importante missão vem em
contraponto ao desenvolvimento desenfreado e despreocupado no qual esse setor perpetuou
por diversos anos.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

3.1 Relações estabelecidas entre recursos biológicos, hídricos e área


econômica
Para as indústrias, são vários os produtos e os processos de produção que se utilizam dos
recursos biológicos como fonte de energia (por exemplo, o carvão) ou hídricos para resfriamento
de caldeiras, na siderurgia, entre outros. E ainda, na produção de vestuários, existem produtos
derivados de animais e plantas (como a lã, produzida das ovelhas; o couro, dos animais), e, na
limpeza, pois a água é um dos principais recursos utilizados para higienização dos seres humanos
e animais, sendo também utilizada nas empresas com essa finalidade.

3.2 Relações estabelecidas entre recursos minerais e área econômica


Os recursos minerais metálicos são visados devido ao seu alto valor no mercado, quanto mais
raro é o recurso, maior será seu valor ao ser comercializado. Eles foram explorados no Brasil a partir
do século XVII, quando os colonizadores encontraram ouro e pedras preciosas (como os diamantes)
por meio dos bandeirantes, que ocasionaram a chamada corrida pelo ouro e deram início aos
primeiros povoamentos em Minas Gerais. Outra área mineradora de grandes riquezas, valorizada
nos séculos XVII e XVIII e que ainda prospera no setor de mineração nos dias atuais é o Quadrilátero
Ferrífero. No entanto, o preço do ferro é pequeno se comparado a outros recursos metálicos.

De acordo com Silvia e Figueira (2003), os metais podem realizar inúmeras funções
comerciais e econômicas. Veja o caso do manganês, por exemplo, que é um elemento presente
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na fabricação de baterias, vidros, tintas, cerâmicas, ligas de solda e ainda fornece micronutrientes
para a agricultura e a pecuária na forma de sulfatos e óxidos. Já o chumbo está relacionado,
principalmente, com a atividade de produção e comercialização das baterias automotivas. Outras
aplicações importantes do chumbo são na fabricação de soldas, munições, itens da construção
civil e tintas.

3.3 Relações estabelecidas entre recursos energéticos e área econômica


O carvão mineral é extraído do subsolo por meio da mineração e possui grande importância
histórica na consolidação do capitalismo e do desenvolvimento da indústria. Isso se deve ao fato
de ele ter sido extremamente útil durante o início da Revolução Industrial, sendo considerado
a primeira fonte energética das fábricas, durante o século XVIII, propiciado pela existência de
reservas de carvão mineral distribuídas por todo o território europeu.

Na área comercial, há uma longa cadeia logística para que o minério seja encaminhado até
o mercado, pois é preciso transformar o minério bruto em beneficiado. Quanto à sua qualidade,
lembre-se de que o carvão mineral tem diferentes utilizações, conforme você pôde conferir (o
linhito, a hulha sub betuminosa e a hulha betuminosa).

Já em se tratando do gás natural, a influência econômica inicia-se pela extração e,


posteriormente, pelo transporte, geralmente, realizado por meio dos gasodutos. Porém, antes
da comercialização, ele passa por um processo de limpeza, quando é realizada a retirada de
impurezas (areia e outros gases, assim como de subprodutos e outros elementos mais pesados),
resultando em gasolina natural e gás liquefeito do petróleo (GLP).

Na indústria, o gás natural serve como matéria-prima em diversos setores, como o petroquímico
(para fabricar plásticos, tintas, fibras sintéticas e borracha), o de fertilizantes (na retirada de ureia,
amônia e seus derivados), o veicular, o comércio, os serviços, os domicílios etc. Ao passo que, como
combustível, pode gerar eletricidade, servir de força motriz e/ou fornecer calor, possibilitando a
substituição aos outros combustíveis fortemente poluidores, como carvão e lenha.

Em se tratando da relação com o petróleo, ela se dá pelo fato de ele ser uma fonte fóssil
muito versátil, pois integra a grande maioria dos produtos comercializados, sendo, comumente,
a matéria-prima para fabricação de óleos combustíveis, tintas, cosméticos, plásticos, parafina,
borrachas sintéticas, solventes. Além dessas funções desempenhadas por ele, é usado como
fonte de energia (em termelétricas) e, principalmente, com combustíveis (gasolina, diesel). E
ainda, o petróleo possui diversos subprodutos. Confira dois deles:

Gás liquefeito do petróleo (GLP)

empregado principalmente no uso residencial, mas também nas indústrias de diversos


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segmentos, como as cerâmicas e os alimentícios. Formado por hidrocarbonetos, o GLP apresenta-


se na forma líquida e tem como principais componentes o propano (C3H8) e butano (C4H10),
conhecido como “gás de cozinha”.

Lubrificantes

Reduz o atrito entre os eixos e as peças que se movem umas sobre as outras, sendo essencial
para o funcionamento correto de equipamentos e peças, resultando na diminuição do desgaste
do motor e aumentando a vida útil de máquinas.

4 USO DE RECURSOS NATURAIS NA ÁREA


SOCIOECONÔMICA
Diante da configuração atual, é possível conciliar os interesses empresariais junto à boa
vontade da sociedade para um uso econômico e cada vez mais aprimorado dos recursos naturais
(DIAS; MORAES FILHO, 2006).

No entanto, note que é preciso que a sociedade possua uma ética de reciprocidade entre
pessoas e a natureza, pois todos dependem da vida no planeta e dos recursos ambientais
preservados de forma sustentável. Existem algumas sociedades, como comunidades indígenas,
camponesas, quilombolas ou mesmo ribeirinhas, que ainda preservam o equilíbrio com a Terra.
Portanto, se as populações do mundo, em geral, que seguem os princípios do capitalismo,
conseguirem rever seus conceitos, haverá reciprocidade e respeito com a natureza e poderá,
finalmente, ser restabelecida a relação homem-natureza.

4.1 Relações estabelecidas entre recursos biológicos, hídricos e


minerais n a área socioeconômica
Os recursos biológicos e hídricos têm como principais funções a alimentação e o consumo,
seja por meio da agricultura, da pecuária, da pesca, da piscicultura, da caça etc. Quanto aos
recursos minerais, você pode notar que, com o crescimento socioeconômico, também cresce a
demanda por uma maior exploração dos minérios, pois se estabelece uma relação direta entre
o progresso econômico, o consumo de recursos e a qualidade de vida. Por isso, é preciso estar
atento ao uso seguro dos minerais, visto que eles podem ocasionar problemas à saúde humana.

Conforme Silvia e Figueira (2003), um exemplo são os riscos aos seres humanos do uso de
manganês em processos industriais, pois a inalação do produto prejudica o sistema respiratório.
Os sintomas são irritação, infecção do trato respiratório e pneumonite. A inalação de fumos
de óxido de manganês pode levar ao quadro de “febre dos metais”. A toxicidade sistêmica do
manganês é mais comum na exposição crônica por inalação e ingestão.
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FIQUE DE OLHO
Os maiores efeitos da exposição prolongada ao manganês são os problemas no sistema
nervoso central, após períodos variáveis de seis meses a três anos de exposição em
elevadas concentrações. O controle da exposição e a prevenção da intoxicação são
realizados ao manter os locais de trabalho ventilados, além da necessidade de usar os
Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) e realizar controles ambientais.

Outro exemplo que você pode considerar é o chumbo, tido como um metal pesado altamente
poluente (SILVIA; FIGUEIRA, 2003). Para minimizar esses efeitos, seria necessário maiores
reduções nos teores de chumbo na fabricação de produtos, pois os compostos de chumbo que
são introduzidos no ambiente pelo homem não se decompõem e acumulam-se nos organismos,
em especial, em fetos, crianças e mulheres grávidas. Ele influencia o sistema nervoso, retardando
a resposta do cérebro, o que impacta na habilidade de aprendizagem e comportamento.
Aparentemente, a concentração de chumbo nos seres humanos aumentou com o surgimento da
metalurgia e de processos químicos, sendo ingerido por meio de alimentos, água e ar.

4.2 Relações estabelecidas entre recursos energéticos e área


socioeconômica
Você já deve ter percebido que a energia solar é comumente utilizada, em especial, em
residências e indústrias como forma alternativa ao uso de energia elétrica e redução dos custos.
Para isso, são instalados painéis fotovoltaicos, que captam a energia térmica solar, transformando-a
em calor que é armazenado em forma de água quente. Dessa forma, o aquecimento solar baseia-
se no convertimento da energia térmica solar em calor.

Agora, quanto ao gás natural, ele tem como seu principal uso o GNV, um combustível de
diferentes meios de transportes, evitando a gasolina e o diesel. Esse gás é composto por uma
mistura gasosa, proveniente do gás natural ou do biometano cujo principal elemento é o metano.
Além disso, é muito mais econômico, apresentando menor custo.

Em relação ao petróleo, ele influencia na área socioeconômica em diversas situações, pois está
contido na maioria dos recursos utilizados pelo homem. Sua principal utilidade está nas áreas de
transportes e combustíveis: gasolina (para motores automotivos, em geral, de carros e motos),
diesel (em ônibus, caminhões e tratores), querosene (para aviões) e óleo (combustível de navios).
O petróleo também fornece o subproduto asfalto, empregado na pavimentação de ruas e estradas.

4.3 Relações estabelecidas entre recursos naturais, área tecnológica e


outras
Os recursos energéticos são uma das bases do mundo contemporâneo, pois a modernização
das indústrias e o avanço do capitalismo e da globalização criaram uma sociedade dependente e
49

com consumo cada vez mais alto das fontes energéticas. Sendo essencial para diversas áreas, como
telecomunicações, informática, agricultura, computação dentre outras. Você pode categorizá-los
de acordo com as suas finalidades: para a geração de energia elétrica ou como combustível.

Os recursos ambientais e hídricos também podem contribuir para o tratamento de doenças,


pois animais e plantas são fontes para a cura de doenças e fazem parte de fórmulas de vários
medicamentos, a exemplo da penicilina, que combate bactérias, mas tem como origem o fungo
Penicillium notatum, do qual é derivado o nome do antibiótico, descoberto como primeiro
antibiótico do mundo e que tem seu aproveitamento até os dias atuais.

Outra aplicabilidade é o uso fitoterápico, com as plantas medicinais, reconhecidas pelas suas
propriedades naturais, como a camomila e a erva cidreira (calmantes), a babosa (para cicatrização
de feridas), a hortelã (para trato de doenças respiratórias) etc. É importante destacar que ainda
existem sociedades, como as indígenas, que utilizam os recursos biológicos como fonte única para
tratamento de enfermidades.

No que diz respeito a recursos hídricos, saiba que eles ainda podem ser utilizados para o
lazer, o esporte e a melhoria da qualidade de vida, pois a água serve como diversão, prática de
natação e outras atividades e descanso, que proporcionam tanto o bem-estar quanto a melhoria
da saúde.

5 PROBLEMAS E RECURSOS AMBIENTAIS


Recursos ambientais, como biológicos, hídricos, minerais e energéticos, estão, há muito
tempo, no centro de discussões e conflitos. As ameaças mais recorrentes aos recursos biológicos,
por exemplo, são o desmatamento, a extinção de espécies e comunidades, o tráfico de animais
e plantas, a queda da biodiversidade, a exploração excessiva e a introdução de espécies exóticas.

Já quanto aos hídricos, sua qualidade é prejudicada pela poluição (devido aos esgotos
domésticos e industriais jogados sem tratamento nos corpos d’água), pela secagem de nascentes
e pela contaminação por metais pesados (provindos de mineração e indústrias).
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Figura 5 - O desmatamento é uma das principais ameaças aos recursos biológicos


Fonte: Shutterstock, 2020.

#ParaCegoVer: a imagem mostra alguns troncos de árvores cortadas e outras árvores inteiras
ao fundo, demonstrando o desmatamento da área.

Em se tratando de problemas quanto ao uso dos recursos minerais, uma grande preocupação
com relação aos considerados metálicos está na retirada deles da mineração, pois esse
procedimento gera cavas de minério que são verdadeiras crateras, de grande impacto ambiental.
Também quanto à poluição de águas por meio da contaminação, visto que os minerais liberam
metais pesados prejudiciais aos seres humanos e aos animais, além de ameaçar a sobrevivência
das espécies e dos ecossistemas. Quanto aos recursos metálicos, suas composições, finalidades e
riscos serão exemplificados pelos minérios manganês e chumbo.

Os metais pesados provocam, cada vez mais, efeitos negativos ao meio ambiente, como
exemplo, você pode observar a influência deles quando em contato com drenagens, onde se
depositam no fundo, tornando inviável a sua retirada. De acordo com (DIAS; MORAES FILHO,
2006). A partir disso, esses resíduos são repassados em menores quantidades aos usuários dessa
água, contribuindo para a contaminação dos seres humanos. Para evitar tais danos, tenha em
mente que é preciso realizar o seu controle para evitar doenças futuras, assim, essa precaução
pode reduzir os riscos, sendo possível adquirir matérias-primas que contenham níveis de
tolerâncias aceitáveis para que não haja a contaminação do resíduo final.

Outro problema que você precisa compreender é relacionado ao uso de recursos energéticos.
O impacto ambiental nas áreas de implantação das hidrelétricas é grande, pois é preciso inundar
uma área extensa para a construção da barragem e dos lagos da represa, destruindo o ecossistema
desse local, o que pode provocar ainda o assoreamento do rio e alterar a sua vazão, problemas ao
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meio ambiente e à sociedade devido à necessidade de remover comunidades ribeirinhas, povos


indígenas, agricultores etc.

Em caso de abundância de vazão - velocidade do fluxo da água ou redução do seu volume - há


risco de rompimento da barragem caso ocorra aumento do fluxo de água e não tenha sido realizada
uma manutenção adequada e apropriada fiscalização pelos órgãos de controle governamentais.
O inverso também pode ocorrer, em caso de grandes épocas de seca, pode ocorrer uma crise de
desabastecimento, pois essa fonte de energia depende de condições climáticas para manter a
quantidade de água necessária para que a hidrelétrica funcione. Porém, tem como vantagens o
fato de ser considerada uma energia limpa, renovável e de baixo custo de manutenção.

Os problemas ocasionados por fontes geradoras de energia elétrica que emitem poluentes
não devem ser deixados de lado. A exemplo disso, você pode considerar que as termelétricas
agravam os problemas ambientais (efeito estufa e o aquecimento global) por causa da emissão
de gás carbônico (CO2). É preciso ainda estar alerta quanto às usinas nucleares ou atômicas, pois
a radioatividade é considerada um grande risco pelos ambientalistas.

FIQUE DE OLHO
Em 1986, houve uma tragédia em Chernobyl, na antiga União-Soviética, atual território
da Ucrânia, onde um reator explodiu, causando a contaminação de uma grande área
que até hoje não pode ser recuperada e não há previsão de que isso ocorra.

O aumento de consumo do carvão mineral em escala mundial também entra na lista


de problemas ambientais por ser preocupante, pois é preciso alertar sobre o fato de que sua
combustão, realizada principalmente por siderúrgicas, apresenta grande potencial poluente
devido à emissão de dióxido de carbono (CO2) no ar. Alguns dos principais efeitos causados
pela liberação do CO2 na atmosfera têm como desdobramento a ampliação do efeito estufa
e a consequente destruição da camada de proteção dos raios solares refletidos na superfície
terrestre, composta por ozônio (O3).

Deveria ser incentivada uma maior conscientização e o uso de fontes menos poluentes, como
GNV, que possui uma combustão limpa e eficiente, pois o fato de o gás natural já se encontrar em
estado gasoso, torna dispensável a combustão, necessária aos demais combustíveis, reduzindo a
emissão de gás carbônico.
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PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• Conhecer os recursos naturais, seus tipos (hídricos, biológicos, energéticos e mine-


rais) e suas respectivas utilidades.

• Aprender a origem, a definição e conhecer as categorizações e os exemplos dos


recursos biológicos, hídricos, minerais e energéticos.

• Compreender e reconhecer os diferentes usos dos recursos naturais na área econô-


mica.

• Compreender e reconhecer os diferentes usos dos recursos naturais na área socioe-


conômica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIAS, J. A.; MORAES FILHO, A. M. Resíduos sólidos e a responsabilidade ambiental pós-


consumo. São Paulo, 2006. Disponível em: <www.prsp.mpf.gov.br/marilia>. Acesso em:
17 mar. 2020.

FERREIRA, R. A. R.; NISHIHAMA, L. Principais equipamentos e processos utilizados no


condicionamento e tratamento do lodo de esgoto. In: II Simpósio Regional de Geografia:
Perspectivas para o cerrado no século XXI. Universidade Federal de Uberlândia, 2003.

MORAES, G. I.; SERRA, M. A importância e a atualidade do pensamento de E. F.


Schumacher. In: Ensaios FEE, Porto Alegre, v. 26, n. 2, p. 1019-1040, nov. 2005.

SILVIA, C. R. M. M.; FIGUEIRA, M. E. M. Utilização de hidrociclones no tratamento ou


reaproveitamento de resíduos constituídos pela produção de MnSO4 e MnO. Dissertação
– Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte: 2003.
UNIDADE 3
Órgãos de regulação, controle
e fiscalização ambiental
Introdução
Você está na unidade Órgãos de regulação, controle e fiscalização ambiental. Conheça
aqui as origens históricas de uma estruturação política brasileira na área de meio ambiente
e compreenda sobre as estruturas das organizações das políticas de meio ambiente e as
atuações de fiscalizadores da contemporaneidade, como o IBAMA e ICMBio. Além disso,
você vai aprender sobre as atuações de organizações não governamentais (ONGs) bem
como as normas ISO 9000 e IS0 9001, do Sistema de Gestão de Qualidade (SGQ), e as
normas ISO 14000 e IS0 14001, do Sistema de Gestão Ambiental (SGA).

Bons estudos!
57

1 ORIGENS HISTÓRICAS DE UMA ESTRUTURAÇÃO


POLÍTICA BRASILEIRA NA ÁREA DE MEIO AMBIENTE
Os órgãos governamentais relacionados às questões ambientais surgiram a partir de
percepções da sociedade mundial e brasileira sobre a necessidade da realização de um uso mais
consciente dos recursos naturais. Isso promoveu mudanças que afetaram diversas esferas, como
a econômica, a socioeconômica entre outras. O Brasil possui, atualmente, um sistema organizado
a fim de promover o desenvolvimento sustentável e possibilitar a preservação do meio ambiente.
Saiba que essa estruturação possui dois grandes marcos históricos que promoveram mudanças
importantes na esfera política: a Conferência Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Humano, realizada em 1972, Estocolmo, e a Constituição Federal do Brasil, de 1988.

1.1 Antecedentes à Conferência de Estocolmo


Desde a formação territorial do Brasil, a agricultura possui destaque como uma das
principais atividades econômicas do país. Devido a isso, foi uma das primeiras áreas a dispor de
um ministério. Em 12 de agosto de 1909, por meio do Decreto nº 7.501, unido aos setores de
indústria e comércio, cria-se o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Mas foi em 1930
que essa pasta recebeu distinção específica, formando o Ministério da Agricultura. Suas atuações
possibilitaram a elevação do preço do café no mercado mundial e esse ministério também era o
principal responsável pelas competências relacionadas ao meio ambiente no país, incluindo os
regulamentos quanto às minas e energia.

Em 18 de maio de 1939, foi instituído pelo Decreto-lei nº 1.285, o Conselho Nacional de Águas e
Energia Elétrica (CNAEE), órgão de consulta, orientação e controle do uso de recursos hidráulicos e
de energia elétrica, portanto, o primeiro fiscalizador da área de energia elétrica do Brasil.

A partir da década de 1960, foram instituídas outras agências para regulamentar o uso dos recursos
naturais no país. Devido à crescente exploração dos recursos naturais, motivada pelo fomento da
industrialização brasileira, houve uma demanda pela formação de uma pasta própria denominada
Ministério das Minas e Energia, em 22 de julho de 1960. Conforme a Lei nº 3.782, a pasta tinha como
intuito básico o estudo e a resolução das questões da produção mineral e de energia.

Confira quais eram as corporações sob responsabilidade do Ministério das Minas e Energia

Companhia Vale do Rio Doce S.A., Petróleo Brasileiro S.A., Comissão Executiva do Plano
do Carvão Nacional, Comissão Nacional de Energia Nuclear e Companhia Hidrelétrica do São
Francisco.
58

Confira quais eram as repartições administrativas que estavam incorporadas ao Ministério

Comissão de Exportação de Materiais Estratégicos, Conselho Nacional de Minas e Metalurgia,


Conselho Nacional de Petróleo, Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica e Departamento
Nacional da Produção Mineral, posteriormente transformado pela Lei nº 4.904, de 17 de
dezembro de 1965, no Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE), incumbido
da supervisão, da fiscalização e do controle dos serviços de eletricidade e nessas mesmas funções
quanto aos aproveitamentos das águas que alteram o seu regime, assim como o planejamento, a
coordenação e a execução dos estudos hidrológicos no território nacional.

Interligados ao Ministério da Agricultura, surgem o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento


Florestal (IBDF) – Decreto-lei nº 289, em 28 de fevereiro de 1967, como uma administração
descentralizada com o objetivo de orientar, coordenar, executar ou fazer executar atividades
que garantem o uso racional, a conservação e a proteção dos recursos naturais renováveis e ao
desenvolvimento florestal do país, bem como elaborar a política florestal – e o Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA) – instituído pelo Decreto-lei nº 1.110, de 9 de julho de 1970,
responsável pela realização da Reforma Agrária no Brasil e a descentralização da estrutura fundiária.

1.2 Mudanças após a Conferência Mundial Ambiental de Estocolmo


Ao estudar sobre conferências sobre o meio ambiente, certamente, você vai se deparar com
a Conferência Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano (ou Conferência de
Estocolmo), realizada em junho de 1972, na Suécia. Ela foi a primeira referência histórica de uma
reunião internacional para debate das questões ambientais. Durante a conferência, alguns temas
ganharam destaque, como a rápida exploração dos recursos naturais, o aumento da população
mundial e a poluição atmosférica.

O Brasil era um dos 113 países-membros da Conferência, e, após a reunião, o Governo


mobilizou-se no sentido de criar uma política nacional concisa que abrangesse tais temas.
Primeiramente, em 30 de outubro de 1973, surgiu a Secretaria Especial de Meio Ambiente
(SEMA), pelo Decreto nº 73.030. Suas tarefas principais eram incentivar e garantir o uso consciente
dos recursos naturais, bem como a preservação do meio ambiente. E foram atribuídas a ela, as
seguintes competências

a) acompanhar as transformações do ambiente através de técnicas de aferição direta e


sensoriamento remoto, identificando as ocorrências adversas e atuando no sentido de sua correção;

b) assessorar órgão e entidades incumbidas da conservação do meio ambiente, tendo em vista o


uso racional dos recursos naturais;

c) promover a elaboração e o estabelecimento de normas e padrões relativos à preservação do


meio ambiente, em especial dos recursos hídricos, que assegurem o bem-estar das populações e o seu
desenvolvimento econômico e social;
59

d) realizar diretamente ou colaborar com os órgãos especializados no controle e fiscalização das


normas e padrões estabelecidos;

e) promover, em todos os níveis, a formação e o treinamento de técnicos e especialistas em


assuntos relativos à preservação do meio ambiente;

f) atuar junto aos agentes financeiros para a concessão de financiamentos a entidades públicas
e privadas com vista à recuperação de recursos naturais afetados por processos predatórios ou
poluidores;

g) cooperar com os órgãos especializados na preservação de espécies animais e vegetais


ameaçadas de extinção e na manutenção de estoques de material genético;

h) manter atualizada a Relação de Agentes Poluidores e Substâncias Nocivas, no que se refere aos
interesses do país;

i) promover, intensamente, através de programas em escala nacional, o esclarecimento e a


educação do povo brasileiro para o uso adequado dos recursos naturais, tendo em vista a conservação
do meio ambiente (DECRETO Nº 73.030 – ART. 4º).

Dentre essas competências que foram apresentadas a você, estava estabelecido pelo mesmo
Decreto que a prioridade seria em realizar pesquisa, planejamento, controle e fiscalização para
garantir a conservação do meio ambiente. Buscando, principalmente, o uso racional dos recursos
naturais e impedir a poluição hídrica.

Conforme verificado, a SEMA recebeu muitas atribuições, mas exerceu com maior empenho
a função de controlar e fiscalizar as indústrias, por elas serem consideradas as principais fontes
poluidoras. Sem dúvidas, essa atribuição relaciona-se aos principais temas discutidos em
Estocolmo, portanto, considere que isso é um desdobramento dessa conferência mundial.

O setor industrial havia sido apontado na Conferência de Estocolmo como grande fonte
poluidora e responsável pela rápida exploração dos recursos naturais. As cobranças com relação à
emissão de poluentes pelas indústrias progrediam em escala mundial e também preocuparam ao
Brasil. Assim, em 2 de julho de 1980, foi sancionada a Lei nº 6.803 com objetivo de estabelecer as
diretrizes para zonear áreas urbanas críticas de poluição, que seriam prioritariamente destinadas
à instalação de indústrias. Essa legislação criou uma classificação em três categorias. Confira cada
uma delas:

Zonas de uso estritamente industrial

Onde haveria ruídos, vibrações, vapores, radiações, resíduos gasosos, sólidos e líquidos
potencialmente perigosos à saúde, bem-estar e segurança dos seres humanos mesmo com o
adequado controle e tratamento dos resíduos.
60

Zonas de uso predominantemente industrial

Onde seriam instaladas as indústrias que, devido à sua atividade de produção, caso submetidas
aos métodos de controle e tratamento de efluentes exigidos na legislação, não causem incômodos
ao exercício de outras atividades urbanas.

Zonas de uso diversificado

Onde poderiam existir estabelecimentos industriais que, independentemente dos métodos


de controle da poluição, não apresentem, em hipótese alguma, riscos às populações vizinhas.

Ainda conforme a Lei nº 6.803, a criação dessas zonas é de competência dos Municípios,
restabelece a necessidade de serem seguidas as normas e os padrões ambientais deliberados pela
Secretaria Especial do Meio Ambiente. No entanto, a atuação da SEMA estava limitada pela sua
própria estrutura, muito restrita diante da dimensão de suas competências e, consequentemente,
era preciso ampliar a organização constituindo um sistema integrado de gestão dos recursos naturais.

2 ORGANIZAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE MEIO


AMBIENTE (PNMA)
A implantação de uma política ambiental sistematizada por meio da Política Nacional de
Meio Ambiente (PNMA), Lei nº 6.938, revelou a necessidade de romper com a estrutura dos
órgãos de controle e fiscalização criada anteriormente e ampliar para uma política composta
por uma maior integração dos entes da federação, pela responsabilização e pela distribuição de
tarefas entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Saiba que essa nova política
viria a ser consolidada por meio da Constituição Federal de 1988, e, após sua promulgação, foi
definitivamente extinta a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA) e instituído o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Por isso, ocorreu uma
nova redação da Política Nacional de Meio Ambiente dada por meio da Lei nº 8.028, de 12 de
abril de 1990; posteriormente, pela Lei nº 7.804, de 18 de julho de 1989. O IBAMA, como novo
órgão responsável pela aplicação do PNMA, trouxe importantes contribuições à consolidação do
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), em 2000.

Para expandir, fortalecer e aumentar a autoridade da SEMA, foi necessário criar, em 31 de


agosto de 1981, pela Lei nº 6.938, uma PNMA que tivesse uma estrutura institucional organizada e
como objetivo principal “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia
à vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses
da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana”.

Veja quais são os princípios da PNMA, Lei nº 6.938, instituídos pelo Art. 2º
61

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente


como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso
coletivo;

II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;

V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção


dos recursos ambientais;

VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

VIII - recuperação de áreas degradadas;

IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade,


objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.

Os princípios da PNMA irão nortear seus mecanismos de formulação. A aplicação da Lei,


resumidamente, leva em consideração três conjunturas, confira:

Consciência ecológica

Busca a proteção dos ecossistemas, a preservação, a proteção e a recuperação das áreas


degradadas e o equilíbrio ecológico.

Fiscalização e uso adequado dos recursos ambientais

Planejamento, fiscalização, controle, zoneamento de atividades poluidoras, acompanhamento


do estado da qualidade ambiental, racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar.

Educação

Incentivos ao estudo e à pesquisa, bem como a capacitação por meio da educação ambiental.

Além dos princípios, outra importante apreciação refere-se à definição de poluidor referindo-
se à pessoa física ou jurídica responsável, direta ou indiretamente, pelas alterações no meio
ambiente.

Os objetivos da PNMA, Lei nº 6.938, no Art. 4º, são


62

I - compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do


meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

II - definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio


ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
Municípios;

III - estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso


e manejo de recursos ambientais;

IV - desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de


recursos ambientais;

V - difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, divulgação de dados e informações


ambientais e formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade
ambiental e do equilíbrio ecológico;

VI - preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e
disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;

VII - imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos


causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

Os objetivos da PNMA são um progresso a partir da SEMA, pois são maiores as exigências
quanto ao poluidor, de recuperar e/ou indenizar pelos danos, e ao usuário, em cooperar ao uso
racional dos recursos naturais. Outras importantes contribuições da PNMA foram o Sistema
Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) além
de ter estabelecido os instrumentos que podem ser utilizados por essa política para alcançar
esses objetivos: estabelecimento de padrões de qualidade, avaliação de impactos ambientais,
licenciamento e revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, zoneamento,
sistema nacional de informações, incentivos à produção e à instalação de equipamentos voltados
para a melhoria da qualidade ambiental, cadastro técnico federal de atividades e instrumentos
de defesa ambiental.

Em 1985, surge o Ministério de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente com a


responsabilidade de constituir políticas habitacionais, de saneamento básico, de desenvolvimento
urbano e do meio ambiente. Constituindo uma inter-relação entre crescimento das cidades,
saneamento básico e a área ambiental; em 1999, retornaria à denominação de Ministério da
Agricultura e assumiria o domínio da PNMA.

2.1 Desdobramentos da Política Nacional de Meio Ambiente


A Lei nº 6.938 instituiu a PNMA, que se resume a uma política pública criada em prol do meio
ambiente para regulamentar sua proteção, seu controle e sua fiscalização. Mas veja que, para que
63

essa política seja aplicada nos moldes da democracia, foram instituídos o CONAMA e o SISNAMA.

Dessa forma, a Política Nacional de Meio Ambiente define a criação do CONAMA – um conselho
cujas atribuições possuem o encargo concedido ao Poder Executivo, que permite o diálogo entre
diferentes segmentos, pois reúne representantes políticos (do governo estadual); da indústria, da
agricultura e comércio (presidentes e trabalhadores), de associações (da engenharia/sanitária e
da Fundação Brasileira para Conservação da Natureza) e representantes legalmente constituídos
para a defesa dos recursos naturais e de combate à poluição.

Conheça, a seguir, as competências do CONAMA:

• Constituir as normas e os critérios a fim da realização do licenciamento das atividades


potencialmente ou efetivamente poluidoras; bem como os padrões nacionais de controle
da poluição por veículos de transporte.

• Determinar a produção de estudos de possibilidades e das presumíveis consequências


ambientais em projetos públicos ou privados, solicitando esclarecimentos quando neces-
sárias.

• Decidir aos recursos de direito, como última instância, sobre multas e outras penalidades
aplicadas pelo Governo.

• Homologar acordos que alteram as penalidades financeiras para gerar a incumbência da


execução de medidas que privilegiem a proteção ambiental.

• Determinar a redução ou a perda de benefícios fiscais determinados pelo Poder Público


ou de utilização de linhas de financiamento em bancos.

• Constituir as normas, os critérios e os padrões para a realização de uso racional dos re-
cursos naturais, principalmente os hídricos, por meio do controle e da manutenção da
qualidade do meio ambiente.

Tenha em mente que o CONAMA foi um passo importante para a conservação da natureza,
pois representa uma participação mais democrática com relação ao meio ambiente, pois é um
conselho significativo de diferentes representantes correlacionados a essa temática. Sua atuação
é realizada por meio de resoluções publicadas. O CONAMA 001/86, publicado em 23 de janeiro
de 1986, definiu o conceito de impacto ambiental, exigiu e deliberou sobre a realização de Estudo
de Impacto Ambiental (EIA) junto ao Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Ambos deverão
ser submetidos e aprovados pelo órgão governamental de competência para o licenciamento do
empreendimento.
64

FIQUE DE OLHO
O Sistema Nacional do Meio Ambiente é considerado uma instância superior ao
CONAMA. Em sua criação, ambos estavam subordinados à Secretaria Especial de Meio
Ambiente. Porém, após a extinção dessa Secretaria, em 1989, ambos foram vinculados
ao Ministério do Meio Ambiente. O sistema foi criado com o objetivo de preservação e
melhoria da qualidade do meio ambiente, tendo como função principal realizar a gestão
ambiental no Brasil bem como definir as atribuições de cada um dos níveis municipal,
estadual, federal e do Distrito Federal. O SISNAMA foi criado pela Lei nº 6.938/1981 e
regulamentado pelo Decreto nº 99274/1990.

O departamento de coordenação do SISNAMA tem como competências possibilitar a


articulação e a integração intra e intergovernamental de condutas para implementação de
políticas públicas de meio ambiente. Portanto, o Sistema está subdividido em órgãos conforme
você pode conferir a seguir:

O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) pertencente Política Nacional de Meio


Ambiente (PNMA), após as alterações realizadas pela Lei nº 8.028, de 12 de abril 1990 e Lei nº 7.804,
de 18 de julho de 1989, prevê no Art. 6º da Lei nº 6.938, que a estrutura do SISNAMA é composta por:

I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República


na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos
ambientais; (Inciso com redação dada pela Lei nº 8.028, de 12/4/1990).

II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA,


com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas
governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência,
sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à
sadia qualidade de vida; (Inciso com redação dada pela Lei nº 8.028, de 12/4/1990).

III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade
de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes
governamentais fixadas para o meio ambiente; (Inciso com redação dada pela Lei nº 8.028, de 12/4/1990).

IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
– IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Instituto Chico Mendes, com
a finalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio
ambiente, de acordo com as respectivas competências; (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.856,
de 2/9/2013, retificada no DOU de 4/9/2013).

V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas,


projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental;
(Inciso com redação dada pela Lei nº 7.804, de 18/7/1989).

VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização


dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições; (Inciso com redação dada pela Lei nº 7.804, de
65

18/7/1989).

Além dessa estruturação, o Art. 6º atesta, em seus parágrafos, que compete aos Estados e aos
Municípios a elaboração de normas supletivas e complementares assim como padrões de meio
ambiente constituídos pelo CONAMA. Ainda, atesta que os órgãos central, setoriais, seccionais e
locais têm a obrigatoriedade de conceder resultados de análises efetuadas e sua fundamentação,
se for requisitado por indivíduo legitimamente interessado.

3 ORGANIZAÇÕES RECENTES NO BRASIL: AVANÇOS


APÓS A CONSTITUIÇÃO DE 1988
A Constituição de 88 é o principal fundamento da vigência e da elaboração das demais leis e
normas do Brasil contemporâneo. Além disso, ela é considerada até mesmo mais avançada na área
de meio ambiente do que outras constituições mais recentes, como a da Espanha, a de Portugal e a
da Bulgária. A Constituição, por meio do Art. nº 225, já previa a criação de órgãos para a proteção e
a conservação do meio ambiente, que resultaram no IBAMA, no ICMbio, na PNRH, no SNUC, todos
com preceitos democráticos de participação da sociedade e melhor gestão dos recursos naturais.

3.1 Influências da Constituição Federal de 1988


A Constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988, apresenta o conjunto de normas do
país, sendo a base para a elaboração das leis. Com relação ao meio ambiente e aos recursos
naturais, conheça suas principais contribuições:

• Estabelecer o direito de qualquer cidadão de propor ação popular que vise a anular ou
minimizar os prejuízos ao meio ambiente.

• Distribui as responsabilidades em âmbito individual ou comum, entre os entes da Fede-


ração e estabelece a responsabilidade de legislar, ou seja, adequar as leis já instituídas e
aquelas que estão porvir de forma que fiquem respaldadas conforme as normas estabe-
lecidas pela Constituição. Por exemplo, “é competência comum da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em
qualquer de suas formas”.

• Atribui os bens e os recursos dos entes da Federação. Por exemplo, “incluem-se, entre os
bens dos Estados, as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em de-
pósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União”.

• Estabelece que as atividades econômicas devem respeitar enquanto princípio a defesa


do meio ambiente.

• Constitui os recursos que são monopólios da União. Por exemplo, “a refinação do petró-
leo nacional ou estrangeiro”.
66

No entanto, o grande destaque da Constituição é que ela assegura a todos o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado. Ao conferir, você pode notar que essa mesma Constituição
define o meio ambiente como um bem de uso comum, ou seja, coletivo, do povo e essencial
à sadia qualidade de vida. Quanto ao dever de defendê-lo e preservá-lo para atual e futuras
gerações, você verá que isso é atribuído ao poder público e à coletividade.

Figura 1 - A preservação do meio ambiente está em consonância com os princípios do


desenvolvimento sustentável
Fonte: Shutterstock, 2020.

#ParaCegoVer: a imagem mostra um grupo de cinco pessoas, formado por quatro mulheres
e um homem, recolhendo lixo em uma área de gramado. Todos vestem camisas verdes com o
símbolo de reciclagem (três setas cíclicas) na cor branca, no centro da parte frontal camisa. Duas
mulheres estão agachadas, recolhendo lixo e colocando em um saco preto, as outras duas estão
de pé e praticam a mesma ação logo atrás, o homem recolhe o lixo com um cabo de ferro que tem
garras na ponta. Ao fundo, há várias árvores verdes.

No primeiro parágrafo do Art. 225, são estabelecidos os direitos a preservar espécies,


ecossistemas, proteger a fauna e a flora; zelo e pesquisa de material genético; delimitar e proteger
áreas ambientais; exigir estudos prévios em caso de atividades degradantes; controlar a produção
e a comercialização de qualquer produto que contenha substâncias que tragam riscos e promover
a educação ambiental.

Nos parágrafos 2 e 3, obriga poluidor e pessoas físicas ou jurídicas que explorar recursos minerais
a recuperar o local degradado e, independentemente disso, aquelas atividades que acarretarem
dano ao meio ambiente poderão ser penalizadas por meio de processos penais e administrativos.
Porém, apesar dessas orientações, é difícil aplicar, na prática, as penas com rigor da lei

Nos parágrafos 4, 5 e 6, você pode ver que são definidos como patrimônio nacional Floresta
Amazônica brasileira, Mata Atlântica, Serra do Mar, Pantanal Mato-Grossense e Zona Costeira. Por
67

isso, estão garantidos o uso de seus recursos naturais e a preservação do meio ambiente. Não estão
disponíveis as terras devolutas ou arrecadadas destinadas à proteção dos ecossistemas naturais. Por
medida de segurança, a localização de usinas com reator nuclear deverá ser deliberada por lei federal.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

3.2 IBAMA e ICMbio


Em 22 de fevereiro de 1989, a Lei nº 7.735 instituiu o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Esse Instituto, estando vinculado ao Ministério do Meio
Ambiente (MMA), ficou encarregado de exercer o poder de polícia ambiental e executar ações da
Política Nacional de Meio Ambiente. Com relação às suas atribuições federais, encarregou-se do
licenciamento ambiental, do controle da qualidade ambiental, da autorização de uso dos recursos
naturais, assim como da fiscalização, do controle ambiental e do monitoramento ambiental, além
de executar ações supletivas de competência da União. Portanto, o IBAMA é o principal órgão
na área de meio ambiente e, por isso, ele realiza ações preventivas que visam à conservação, à
preservação, ao controle e à fiscalização dos recursos naturais.

FIQUE DE OLHO
O IBAMA atua por meio de projetos como o TAMAR, uma abreviatura de tartarugas e
marinhas, formulado para a defesa dessas tartarugas em todo o território brasileiro, que
procura preservar cinco espécies de tartarugas ameaçadas de extinção. Uma das principais
frentes de fiscalização são as operações contra o desmatamento ilegal na Amazônia.

Outro importante órgão criado em 2007 e regulamentado em 2011, estando vinculado


ao Ministério do Meio Ambiente e integrado ao SISNAMA, foi o Instituto Chico Mendes de
68

Conservação da Biodiversidade (ICMBio), criado pela Lei nº 11.516, de 28 de agosto de 2007. O


ICMBio tem como principal objetivo realizar as ações necessárias para o correto funcionamento
do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) cujas finalidades você conhece a seguir:

I - executar ações da política nacional de unidades de conservação da natureza, referentes às


atribuições federais relativas à proposição, implantação, gestão, proteção, fiscalização e monitoramento
das unidades de conservação instituídas pela União;

II - executar as políticas relativas ao uso sustentável dos recursos naturais renováveis e ao apoio ao
extrativismo e às populações tradicionais nas unidades de conservação de uso sustentável instituídas pela União;

III - fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da


biodiversidade e de educação ambiental;

IV - exercer o poder de polícia ambiental para a proteção das unidades de conservação instituídas
pela União; e

V - promover e executar, em articulação com os demais órgãos e entidades envolvidos, programas


recreacionais, de uso público e de ecoturismo nas unidades de conservação, onde estas atividades
sejam permitidas.

Parágrafo único. O disposto no inciso IV do caput deste artigo não exclui o exercício supletivo
do poder de polícia ambiental pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA (SNUC – LEI Nº 11.516, ART. 1º).

4 ÓRGÃOS DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DAS ÁGUAS


E DAS UNIDADES DE PRESERVAÇÃO DA NATUREZA
A Constituição de 88, a instituição do IBAMA e do ICMBio propiciaram a execução de novas
políticas de meio ambiente que resultaram em uma melhoria da verificação da qualidade das
águas e seus usos bem como melhor gerência das áreas ambientais.

4.1 Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH)


Em 1992, ocorreu a Conferência Internacional da Água e Meio Ambiente (ICWE), em Dublin,
na Irlanda. O evento reuniu 500 pessoas, entre elas representantes dos governos de 100 países
e representantes de 80 organismos não governamentais, internacionais e intergovernamentais.
Essa reunião foi diagnosticada por especialistas como crítica à situação do futuro dos recursos
hídricos no planeta. As conclusões finais da reunião sobre a água foram:

• Ela é um recurso finito e vulnerável, essencial para a manutenção da vida, do meio am-
biente e do desenvolvimento.

• As políticas de gestão dos recursos hídricos devem respeitar uma abordagem participati-
69

va, incluindo os usuários e os planejadores dessas políticas, em todos os níveis.

• A água é reconhecida como bem econômico e seus usos devem possuir valor econômico.

Após essa reunião, o dia 22 de março foi indicado como Dia Mundial da Água pela Assembleia
Geral da ONU. No Brasil, isso se refletiu na criação de uma política direcionada aos recursos hídricos.

Como integração da PNMA, surgiu a proposta de formação de uma organização específica


para a gestão das águas no Brasil, e, em 8 de janeiro de 1997, ela foi efetivada com a Política
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), por meio da Lei nº 9.433, que formalizou a ideia do
Sistema Nacional de Recursos Hídricos (SNRH) com o objetivo de melhorar a forma de utilização e
preservação das águas e das nascentes. Seus fundamentos possuem grande semelhança com as
conclusões da Conferência Internacional da Água e Meio Ambiente.

Veja os objetivos dessa política, descritos no Art.2, da Lei 9.433:

I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões


de qualidade adequados aos respectivos usos;

II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário,


com vistas ao desenvolvimento sustentável;

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou


decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

IV - incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas pluviais


(Incluído pela Lei nº 13.501, de 2017).

Para que esses objetivos sejam alcançados, saiba que é necessário que sejam implementados
os instrumentos dessa política: os Planos, o Sistema de Informações, a cobrança pelo uso,
a compensação dada aos municípios, a outorga dos direitos de uso – é uma concessão para
exploração dos recursos hídricos – e o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo
os usos preponderantes da água, que seria realizado posteriormente.

O enquadramento das águas foi realizado pela resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de
2005, em que foi realizada a qualificação das águas em 13 classes (5 doces, 4 salobras e 4 salinas),
classificadas conforme o emprego dos usos preponderantes (sistema de classes de qualidade)
atuais e futuros. Tais classes se iniciam com a classe especial, que é a considerada de melhor
qualidade e alcançam até as classes 3 ou 4 que possuem menor qualidade.
70

FIQUE DE OLHO
Você pode compreender que, quanto ao uso, por exemplo, a classe especial pode ser
consumida pelos seres humanos sem nenhum tratamento, enquanto a classe 3 necessita
de tratamento para o consumo e a 4 não é recomendada para consumo humano.

Outra importante realização com relação à política de águas foi a imposição da cobrança por
volumes lançados de esgotos e demais resíduos líquidos e gasosos, em função da verificação
das características físicas, químicas, biológicas e toxicidade, sendo possível a taxação por meio
da aplicabilidade do princípio do poluidor pagador (PPP), que estabelece que o poluidor deve
ressarcir financeiramente pela poluição causada ao meio ambiente.

Existe uma estrutura de organização do SNRH composta por: Secretaria Executiva (SRH),
Agência Nacional das Águas (ANA), Comitê de Bacia (federal), Agência de Bacia (federal), Conselho
Estadual de Recursos Hídricos (CERH), Órgão Gestor Estadual e Comitê de Bacia Estadual. Nesse
comitê, os representantes da comunidade da bacia hidrográfica discutem e deliberam sobre a
gestão dos recursos hídricos compartilhando responsabilidades de gestão com o poder público,
considerando, assim, como uma forma democrática de decisão.

4.2 Sistema Nacional de Unidades de Preservação da Natureza


Em 18 de julho de 2000, foram regulamentados os incisos I, II, III e IV do primeiro parágrafo
do Art. 225, da Constituição Federal de 88, que preveem a instituição do Sistema Nacional de
Unidades de Preservação da Natureza (SNUC), por meio da Lei nº 9.985, que institui o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Tenha em mente que o SNUC é um passo
importante para a preservação das áreas ambientais por meio da regulamentação e da delimitação
das reservas ambientais do Brasil.

Esse Sistema possui como órgão central o Ministério do Meio Ambiente (MMA) com a
finalidade de coordená-lo; um órgão consultivo e deliberativo (CONAMA) para acompanhar a
implementação do Sistema; e os órgãos executores: ICMBio e IBAMA, em caráter supletivo, os
órgãos estaduais e municipais, com a função de implementar o SNUC, subsidiar as propostas de
criação e administrar as unidades de conservação federais, estaduais e municipais, nas respectivas
esferas de atuação.

Por meio do SNUC, as unidades de conservação foram classificadas em dois grupos:

Unidades de proteção integral

Têm como objetivo básico preservar a natureza. É admitido apenas o uso indireto dos seus
recursos naturais. Esse uso indireto não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos
recursos naturais.
71

Unidades de uso sustentável

Por meio delas, é possível compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de
parcela dos seus recursos naturais.

As unidades de proteção integral são divididas nas seguintes categorias de unidade de


conservação: Monumento Natural, Estação Ecológica, Refúgio de Vida Silvestre, Reserva Biológica
e Parque Nacional. Já as unidades de uso sustentável são divididas em: Reserva Extrativista,
Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável, Reserva Particular do Patrimônio
Natural, Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico e Floresta Nacional.

5 ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS


(ONGS), NORMAS ISO E SISTEMAS DE GESTÃO
Diante de tantos problemas ambientais apresentados e discutidos no mundo a partir de 1960,
que culminaram em diversas conferências internacionais pelo meio ambiente, ficou claro que
a preocupação com o uso exacerbado dos recursos ambientais alcançou tanto a esfera política
quanto a social, pois alguns grupos de pessoas unidas fundaram ONGs com atuações em nível
mundial e nacional, a exemplo do Greenpeace, do WWF etc. Essas organizações uniram-se
em prol da defesa do meio ambiente e se movimentam por meio de mobilizações, protestos e
conscientização da população em geral.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

5.1 ISO 9000 e IS0 9001 – Sistemas de Gestão de Qualidade (SGQ)


Em pouco tempo, surgiram as cobranças sobre os setores comercial e empresarial. Assim,
no início da década de 1990, as organizações que realizam a padronização e a normalização,
72

principalmente dos países industrializados, precisaram atender às exigências da sociedade e do


mercado para que as empresas demonstrassem suas preocupações com a qualidade ambiental
e uso adequado dos recursos naturais, essas normas foram instituídas por organismos não
governamentais, como a International Organization for Standardization (ISO).

A sigla ISO, de origem grega, significa igualdade. A International Organization é uma organização
não governamental com sede em Genebra, na Suíça, responsável pelo desenvolvimento de normas
e padrões internacionais. No Brasil, você tem a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
como representante oficial da federação mundial dos organismos nacionais de normatização, que
possui aproximadamente 162 países-membros.

Antes do surgimento das normas ISO, saiba que já existiam normas oficiais em outros
países. O primeiro instituto para padronização internacional foi criado em 1926 (a International
Federation of the National Standardizing Associations – ISA), porém ela parou de atuar em 1942.
Outra norma bastante difundida foi a BS 5750 da Inglaterra, criada por meio da British Standard
Institution (BSI).

A ISO 9000 teve sua primeira edição em 1987 e foi baseada nas BS 750. A série 9000 tinha
cinco normas principais (de ISO 9000 a ISO 9004). A norma foi criada para a implantação de
sistemas de gestão da qualidade e requisitos para produtos. A IS0 9000 refere-se ao Sistema de
Gestão da Qualidade – Fundamentos e Vocabulários, as demais normas conforme a ABNT foram:

• ISO 9001:1987 Modelo de garantia da qualidade para design, desenvolvimento, produ-


ção, montagem e prestadores de serviço.

• ISO 9002:1987 Modelo de garantia da qualidade para produção, montagem e prestação


de serviço.

• ISO 9003:1987 Modelo de garantia da qualidade para inspeção final e teste.

• ISO 9004:1987 Modelos de orientações.

As normas IS0 9000 podem ser aplicadas em empresas de pequeno, médio e grande portes,
podendo ser de qualquer tipo (industrial, prestadora de serviço ou empresa governamental). Se
referem à organização da empresa nas atividades que influem diretamente na qualidade e nas
exigências de procedimentos escritos para as atividades, tais como: análise de contrato; controle
de documentos, de produtos; ação corretiva; registro de qualidade; treinamento.

A certificação traz maior credibilidade ao processo das empresas e é reconhecida pelo mundo
todo. Se a empresa adotar as normas ISO série 9000, ela comprova a administração com qualidade
e, consequentemente, assegura a qualidade de seus produtos e serviços. Em 1994, a série passou
pela sua primeira revisão, possuindo 20 normas, sendo considerada muito burocrática.
73

Essa estrutura evoluiu. Em 2000, ocorreu a segunda revisão da série 9000, para um Sistema
de Gestão de Qualidade (SGQ) e passou a ser denominado ISO 9001, tornando-se mais clara e
objetiva, contendo oito seções: 1) objetivo e campo de aplicação, 2) referência normativa, 3)
termos e definições, 4) requisitos do sistema de gestão da qualidade, 5) responsabilidade da
direção, 6) gestão de recursos, 7) realização do produto, 8) medição, análise e melhoria.

Note que as empresas buscam, hoje, seguir essas normas para melhorar a qualidade dos processos
por meio de uma organização e uma equipe integrada. Por isso, buscam o perfil de funcionários
capazes de seguir a missão, a visão e os valores da empresa e também se unirem em equipe.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

5.2 ISO 14000 e IS0 14001 – Sistema de Gestão Ambiental (SGA)


Em 1996, o comitê técnico TC-207 criou a norma ISO 14000, que determina diretrizes para
garantir que qualquer tipo de empresa pratique a gestão ambiental, formando um Sistema de
Gestão Ambiental (SGA). As empresas que possuem a certificação ISO 14000 possuem uma boa
visão no mercado tanto pelos seus consumidores quanto pelo comércio com outras empresas.

FIQUE DE OLHO
Mas você sabe como receber o certificado das normas ISO 14000? Bom, a empresa
precisa seguir este conjunto de requisitos: estabelecer e manter um SGA de acordo com as
especificações da ISO 14000, seguir corretamente as políticas e as leis ambientais do país. Além
disso, é preciso elaborar um planejamento ambiental com metas, objetivos, leis e programas
ambientais e mantê-lo em perfeito funcionamento e, constantemente, é preciso monitorar
e verificar os processos de gestão ambiental. Caso haja uma ação corretiva, ela deve ser
documentada e arquivada, bem como todos os processos ligados à gestão ambiental.
74

Essa norma foi atualizada em 2015. De acordo com Junior Machado et al. (2013), a Norma NBR
Série ISO 14001 orienta a empresa na elaboração da política ambiental e no estabelecimento de
estratégias, objetivos e metas, levando em consideração os impactos ambientais significativos e a
legislação ambiental em vigor no país. As empresas certificadas na NBR ISO 14001 incorporaram
práticas de gestão dos recursos com implicações importantes para a preservação ambiental. Se
há existência de indicadores e de programas estruturados, seria uma ocorrência normal que esse
grupo de empresas objetivasse reduzir esse consumo por meio de avanços tecnológicos ou ações
em seus processos.

A SGA considera o conjunto de requisitos mínimos norteadores das empresas a partir da lógica
ambiental na gestão das organizações (JUNIOR MACHADO et al., 2013). As empresas certificadas
pela norma NBR ISO 14001 apresentam procedimentos de gestão ambiental diferentes dos
adotados pelas empresas não certificadas por essa norma.

Figura 2 - As empresas certificadas apresentam procedimentos de gestão distintos no que se


refere aos recursos água, energia elétrica, óleo combustível, lenha/carvão e recursos minerais
Fonte: Shutterstock, 2020.

#ParaCegoVer: a imagem mostra uma pessoa inspecionando uma muda de planta para
analisar quesitos de qualidade.

Com relação aos recursos naturais, as empresas que têm certificação NBR ISO 14001 gerenciam
melhor a água. A energia elétrica também é um recurso que aparece com predominância na
gestão das empresas, constituindo um processo de conscientização dos funcionários para o
consumo racional desse recurso. O óleo combustível é um recurso que possui monitoramento e
programas estruturados. A lenha e o carvão são recursos que não aparecem com predominância
na gestão das empresas certificadas. Fica evidente que, de modo geral, as empresas certificadas
tendem a apresentar um elevado grau de integração da NBR ISO 14001 à estrutura organizacional.
75

PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• Conhecer as origens históricas de uma estruturação política brasileira na área de


meio ambiente e as mudanças ocorridas antes e após a Conferência Mundial Am-
biental de Estocolmo.

• Compreender como se dá a organização da Política Nacional de Meio Ambiente e


seus desdobramentos com relação ao SISNAMA e ao CONAMA.

• Aprender sobre as organizações recentes no Brasil, instruindo-se sobre as influên-


cias da Constituição de 1988 e as atuações do IBAMA e do ICMBio.

• Compreender estruturas e regulamentações dos órgãos de controle e fiscalização


das águas e das Unidades de Preservação da Natureza - Política Nacional de Recur-
sos Hídricos e o Sistema Nacional de Unidades de Preservação da Natureza.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Decreto nº 73030, de 30 de outubro de 1973. Cria, no âmbito do Ministério


do Interior, a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) e dá outras providências.
Brasília, 1973.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA. Resoluções do Conama.


Resoluções vigentes publicadas entre julho de 1984 e novembro de 2008. 2. ed. Ideal:
Brasília, 2008.

FLORIANO, E. P. Planejamento ambiental. Caderno Didático n. 6, 1. ed. Santa Rosa, 2004.

INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION – ISO. NBR IS0 14001: Sistemas


de gestão ambiental – Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio.
Rio de Janeiro: ABNT, 1996a.

JUNIOR MACHADO, C. et al. A gestão dos recursos naturais nas organizações certificadas
pela norma NBR ISO 14001. Produção, v. 23, n. 1, p. 41-51, jan./mar. 2013.

PECCATIELLO, A. F. O. Políticas públicas ambientais no Brasil: da administração dos


recursos naturais (1930) à criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação
(2000). Editora UFPR. Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 24, p. 71-82, jul./dez. 2011.
UNIDADE 4
Legislações pertinentes relacionadas
ao meio ambiente no Brasil
Introdução
Você está na unidade Legislações pertinentes relacionadas ao Meio Ambiente no Brasil.
Conheça aqui as origens históricas das legislações ambientais do país subdivididas
em três partes: período colonial e imperial, de 1500 a 1889; em seguida, o início do
período republicano até a Constituição de 1988; e as legislações mais atuais. Também
serão apresentadas outras informações importantes para serem aplicadas no campo
profissional. Nelas, você verá a relevância de se conhecer os tipos e as modalidades do
licenciamento ambiental e as etapas indispensáveis para realizar os procedimentos com
êxito, visando à sustentabilidade em primeiro lugar.

Bons estudos!
79

1 ORIGENS DAS LEGISLAÇÕES AMBIENTAIS DO


BRASIL
As primeiras legislações relacionadas aos recursos ambientais em território brasileiro tiveram
início na época da colonização portuguesa. Por meio de regimentos reais criados com o intuito
de conservar e controlar a retirada dos recursos naturais, que já eram explorados, como a
madeira e os minerais, é que nasce o que podemos chamar de uma pré-elaboração da legislação
que foi desenvolvida no período republicano anterior à Constituição de 1988, a partir da qual
foram criadas diversas leis que seriam o alicerce para a composição das normas previstas pela
constituição vigente.

1.1 Principais legislações relacionadas à temática ambiental dos


períodos colonial e imperial, de 1500 a 1889
Em 1605, por meio de um regimento real, foi aplicada a primeira legislação em território
brasileiro relacionada ao meio ambiente. Sua origem foi baseada no código legal europeu e visava
proteger o primeiro recurso natural explorado pelos colonizadores: a madeira. O regimento do
pau-brasil reconhecia que havia uma desordem na retirada do recurso e que era necessária a sua
conservação, visto que essa madeira já estava em falta, sendo preciso um esforço maior para ter
acesso a ela. Tal acontecimento era, dessa forma, uma consequência da exploração da árvore há
mais de 100 anos pelos próprios colonizadores. Saiba que a punição pelo descumprimento era
dada conforme a quantidade retirada; eram atribuídas multas que poderiam levar até mesmo ao
confisco da fazenda do condenado, inclusive à pena de morte.

O intuito de proteger o pau-brasil era de evitar o contrabando e limitar sua exploração


para manter o preço da mercadoria em valores altos no mercado europeu. O responsável por
controlar, conceder as licenças e os certificados para a exploração dessa madeira era o provedor-
mor. Ele era um dos auxiliares do chamado Regimento do Governador Geral. Esse sistema de
governo possuía uma estrutura composta pelo governador-geral, ouvidor-mor (um administrador
da justiça que atuava em nome do rei), o provedor-mor (responsável pelas questões econômicas)
e o capitão-mor (que atuava na defesa).

Em 7 de março de 1609, na cidade de Salvador, foi inaugurado o primeiro tribunal brasileiro


com jurisdição para a colônia inteira, que deliberou o Regimento da Relação e Casa do Brasil, no
qual estava incluso o regimento do pau-brasil.
80

FIQUE DE OLHO
De acordo com Brasil (1824), foi outorgada a primeira Constituição do Brasil, em 1824, que
combinava os Códigos Civil e Penal de 1830, confirmando a proteção à retirada de madeira,
prevendo sanções penais e administrativas para a queimada e a derrubada de florestas por
meio de multa e penas de prisão. E, segundo Brasil (1850), finalmente foi promulgada a Lei
nº 601 ou Lei das Terras para impedir a posse das terras devolutas, no caso são as terras que
pertencem ao governo imperial, que elas pudessem ser adquiridas de forma gratuita, também
houve o registro de todas as terras ocupadas.

Durante os períodos colonial e imperial, assim como na política internacional, as questões


relacionadas ao meio ambiente estavam ainda em sua fase inicial.

1.2 Principais legislações relacionadas à temática ambiental do período


republicano anteriores à Constituição de 1988
Durante o período republicano, devido às instabilidades no âmbito político, foram publicadas
seis Constituições Federais, são elas: de 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. A Constituição de
1981, primeira do período republicano, instruía que a União deveria formular legislações sobre
as minas e as terras, no art. 34, inciso XXIX (BRASIL, 1891). Já a Constituição de 1934 tornou-se
importante devido à ênfase na proteção do meio ambiente, pois, no art. 10, determinou como
responsabilidade do poder público a competência em proteger o patrimônio de valor histórico e
artístico, assim como as belezas naturais, de forma concorrente da União e dos estados, do qual
pressupõe-se que o ente federativo era o principal a legislar sobre o assunto (BRASIL, 1934).

Sendo assim, veja que cabia à União editar normas gerais sobre o tema e os Estados apenas
sobre normas específicas peculiares a ele. Porém, em caso de ausência da legislação federal, cabia
ao Estado editar normas gerais e específicas sobre o tema. Se, posteriormente, fosse decretada
uma lei federal dispondo sobre o tema, a lei estadual seria suspensa.

• Saiba que essa Constituição previa a elaboração de legislações para regulamentar a ex-
ploração dos recursos naturais, que, posteriormente, deram origem a quatro códigos: das
Águas, de Mineração e Florestal, todos de 1934, e da Pesca (1938).

• Esses códigos forneceram o embasamento para a formação dos Parques Naturais pro-
tegidos: do Itatiaia (1937), do Iguaçu (1939), da Serra dos Órgãos (1939), do Araguaia
(1959), das Emas (1961), das Sete Quedas (1961) e também da Floresta Nacional de Ara-
ripe-Apodi (BRASIL, 1934).

Segundo Brasil (1937), a Constituição de 1937, outorgada no decorrer da presidência Getúlio


Vargas, no art. 18, determinava que, caso não houvesse lei federal estabelecida, os estados podem
legislar, independentemente de autorização prévia, sobre diversos recursos naturais, como
81

energia hidrelétrica, águas, riquezas do subsolo, mineração, metalurgia, florestas, caça e pesca e
sua exploração. Além disso, foi considerada nacionalista, como você pode conferir por meio do
art. 144, que regulamentava a nacionalização progressiva dos bens e dos serviços considerados
como básicos para a defesa econômica ou militar do país, incluindo-se as quedas d’água ou outras
fontes de energia, as minas, as jazidas minerais e, por fim, as indústrias.

Na Constituição promulgada em 1946, destaca-se principalmente o art. 153, que estabelece


a obrigatoriedade de autorização ou concessão federal, na forma da lei, para aproveitamento dos
recursos minerais e de energia hidráulica, com exceção para a exploração da energia hidráulica de
potência reduzida, que não depende de concessão prévia (BRASIL, 1946). No entanto, isso pode
ser conferido apenas aos brasileiros ou às sociedades organizadas no Brasil, sendo resguardado
ao proprietário do solo a prioridade para a exploração.

Após serem seguidas as exigências da lei para a concessão de exploração assim como a
comprovação de que os concedidos possuem os recursos necessários para realizar os serviços
técnicos e administrativos, os Estados passarão a exercer em suas áreas a atribuição constante
desse artigo. Saiba também que cabia à União auxiliar os Estados nos estudos referentes às águas
termominerais de aplicação medicinal e no aparelhamento das estâncias destinadas ao uso delas.

• Conforme Brasil (1964), em 30 de novembro de 1964, foi publicado o Estatuto da Terra –


Lei nº 4504, com o objetivo de regular os direitos e as obrigações aos bens imóveis rurais,
além da promoção da política agrícola e da realização da reforma agrária.

• Segundo Brasil (1965), em 15 de setembro de 1965, foi editada a Lei nº 4.771, revogando
o Código Florestal instituído em 1934, tornando-se a nova legislação sobre a preservação
do meio ambiente.

Já em 3 de janeiro de 1967, foi sancionada a Lei 5.197, que dispõe da proteção à fauna e
dá outras providências, em que é proibida utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha
dos animais de qualquer espécie que vivem fora das áreas de cativeiro, ou seja, aqueles que
constituem a fauna silvestre (BRASIL, 1967).

No mesmo ano, em 24 de janeiro, foi outorgada uma nova Constituição, da qual destaca-se o
art. 8º, que compete à União legislar sobre jazidas, minas, outros recursos minerais, metalurgia,
florestas, caça, pesca, águas, energia elétrica e telecomunicações (BRASIL, 1967). Outra
importante atribuição está contida no art. 81, incisos III e V, referindo-se à competência privativa
do presidente da república em sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, expedir decretos e
regulamentos para a sua execução, bem como dispor sobre a estruturação, as atribuições e o
funcionamento dos órgãos da administração federal.

Essa incumbência permitiu a publicação do Decreto nº 73.030, em 30 de outubro de 1973,


que instituiu a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA) com o objetivo de promover
82

a conservação do meio ambiente e o uso racional dos recursos naturais (BRASIL, 1973). As
atribuições dessa Secretaria foram aprimoradas e substituídas por uma nova política organizada
por meio da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de
1981 (BRASIL, 1981).

2 LEI FEDERAL Nº 6.938/81 – POLÍTICA NACIONAL


DE MEIO AMBIENTE, SEUS INSTRUMENTOS E SUAS
FINALIDADES
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) constituiu as bases das normas da legislação
ambiental brasileira a partir dos instrumentos criados com o objetivo de defender, fiscalizar
e evitar/minimizar os impactos ambientais para alcançar sua principal finalidade que é a
preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental. Tenha em mente que sua
estrutura principal é dirigida pelo conselho de governo (órgão superior), que tem como intuito
auxiliar o presidente a estabelecer as diretrizes governamentais para o meio ambiente e os seus
recursos bem como na elaboração dessa política brasileira (BRASIL, 1981).

Para que a PNMA funcione como um sistema integrado, ela subdivide os papéis a serem
exercidos por três grandes áreas que exercem funções governamentais distintas: o Ministério
do Meio Ambiente (MMA), que planeja, coordena, supervisiona e controla a PNMA; o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que executa ou delibera outros órgãos para
executarem as políticas e as diretrizes e também pode atuar junto a outras autoridades, como
Polícia Federal, exército, Receita Federal e outros, que operam em conjunto, podendo realizar,
por exemplo, ações de fiscalização (BRASIL, 1981). Por fim, conforme o MMA (2009), o Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é um órgão consultivo e deliberativo que determina as
normas e os padrões dessa política por meio de publicações.

2.1 Instrumentos executados exclusivamente pelos órgãos


governamentais
Por meio do art. 9º, da Lei nº 6.938/81 – PNMA, foi definida a maioria dos mecanismos ou
instrumentos para exercer as funções de controle, como fiscalização e preservação do meio
ambiente, realizadas exclusivamente pelos entes do Governo, ou seja, a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, logo, não podem ser realizadas por iniciativa privada (BRASIL,
1981). Confira, a seguir, quais são esses mecanismos:
83

Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental

É composto pela gestão dos componentes do meio ambiente, que são a qualidade do ar, das
águas e dos padrões de ruído. Geralmente, é realizado por meio de resoluções publicadas pela
CONAMA. Por exemplo: Resolução CONAMA nº 5/1989 (criou o Programa Nacional de Controle
de Qualidade do Ar, que estabeleceu os limites de poluentes no ar atmosférico como instrumento
básico da gestão ambiental para proteção da saúde e bem-estar das populações e melhoria
da qualidade de vida; Resolução CONAMA nº 357/2005 (realizou a qualificação das águas, ou
enquadramento, em 13 classes, sendo 5 doces, 4 salobras e 4 salinas, classificando-as de acordo
com seus usos preponderantes atuais e futuros) (MMA, 2012).

Zoneamento ambiental ou zoneamento ecológico econômico

Estabelecido pelo Decreto nº 99.540, que tem objetivo de ordenar os usos e as formas de
ocupação do solo, consistindo na repartição de um território. Um exemplo em nível municipal
é a subdivisão da área do município em zonas de uso, como a classificação em zonas das áreas
urbanas críticas de poluição, que seriam destinadas, prioritariamente, à instalação de indústrias.
Elas são, ainda, subdivididas em zonas de uso estritamente industrial, uso predominantemente
industrial e uso diversificado (BRASIL, 1980).

Criação de espaços territoriais especialmente protegidos

Esses espaços, protegidos pelos poderes Público Federal, Estadual e Municipal, são áreas de
proteção ambiental de relevante interesse ecológico e reservas. As Áreas de Proteção Ambiental
(APA) são territórios de conservação dos processos naturais e da biodiversidade, orientando o
desenvolvimento adequado das atividades humanas aos recursos ambientais da área.

Já as zonas de conservação da vida silvestre (ZVS) foram instituídas para que sejam reguladas
para uso moderado e autossustentado da biota, assegurando a manutenção dos ecossistemas
naturais ou áreas em que a proteção é essencial para a sobrevivência das espécies da fauna,
da flora e da biota regional, consideradas vulneráveis, e também para proteger ecossistemas
parcialmente alterados em sua organização funcional primitiva (BRASIL, 1990).

Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente

Tem como objetivo a publicidade das informações ambientais por meio da criação de um
grande banco de dados centralizador para compartilhamento de informações pelas três esferas
de governo (BRASIL, 1981).

Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental

Propõe a criação e a atualização constante de um banco de dados nacional de pessoas físicas


84

e jurídicas que exerçam atividades potencialmente degradadoras ou que prestem serviços de


estudos ambientais (BRASIL, 1981).

Relatório de Qualidade do Meio Ambiente

Realiza um panorama anual sobre o meio ambiente no Brasil. A responsabilidade de criação e


divulgação do material é do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(BRASIL, 1981).

Garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente

Onde obriga-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes (BRASIL, 1981).

Instrumentos econômicos

Como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros (BRASIL, 1981).

2.2 Instrumentos que requerem ações conjuntas dos órgãos


governamentais e das empresas
Quanto aos instrumentos que promovem a relação entre os órgãos governamentais e as
empresas, eles são principalmente de ação preventiva (SIRVINSKAS, 2020). Confira:

Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)

É um levantamento dos possíveis impactos ambientais bem como o potencial de dano,


com o intuito de certificar-se sobre a legitimação das medidas de proteção a serem propostas
em caso de aprovação do empreendimento ou atividade após o processo de licença ambiental
(SIRVINSKAS, 2020).

Licenciamento e revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras

Configura-se como o processo mais complexo requerido para o início de uma atividade ou
empreendimento. Após a concessão da licença, devem ocorrer auditorias para revisar se as
empresas estão cumprindo as exigências governamentais por meio da fiscalização do uso dos
recursos ambientais (SIRVINSKAS, 2020).

Incentivar produção, instalação de equipamentos e criação ou absorção de tecnologia

Esses incentivos são voltados para a melhoria da qualidade ambiental. Logo, entende-se que
os processos de inovação devem acompanhar as leis e o uso de recursos ambientais e auxiliar
as atividades das empresas a minimizar ou neutralizar seu potencial degradador. Isso deve ser
incentivado pelo Governo (BRASIL, 1981). Como exemplo disso, você pode considerar o Projeto
85

PROCONVE, criado por meio da resolução CONAMA 018/86, que incentiva o controle da poluição
do ar pelos automóveis (MMA, 2012).

Penalidades disciplinares ou compensatórias

Aplicadas pelo não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou à correção da


degradação ambiental, sendo assim, em caso de degradação ambiental, é de responsabilidade
das empresas buscar reparar esses danos. Caso isso não ocorra, elas podem ser penalizadas por
meio da Lei (BRASIL, 1998).

3 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS E AS


ETAPAS PARA SUA REALIZAÇÃO
A AIA é um trabalho realizado por profissionais de diferentes áreas. Você pode considerá-la,
portanto, como um estudo multidisciplinar que realiza o levantamento das alterações causadoras
da instalação de empreendimento ou atividade (MMA, 2009). Ao estudar sobre esse assunto, é
importante, primeiramente, você compreender a definição do termo impacto ambiental.

Conforme o MMA (2012), a Resolução CONAMA nº 001/86, no art. 1º, impacto ambiental é

qualquer alteração das propriedades físicas, químicas, biológicas do meio ambiente, causada por
qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que afetem diretamente ou
indiretamente: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a
biota; as condições estéticas e sanitárias ambientais; a qualidade dos recursos ambientais.

A AIA não é instrumento de decisão, mas é essencial ao processo, pois fornece os subsídios
para a tomada de decisão, sendo, portanto, o processo anterior ao licenciamento (SIRVINSKAS,
2018). Para a realização da AIA, são necessários alguns passos que você conhecerá a seguir.

A etapa inicial é fundamental para constar qual o enquadramento da atividade, com o objetivo
de verificar a natureza do empreendimento para realizar o requerimento ao apropriado órgão
ambiental competente, seguindo as normas estabelecidas pela Lei Complementar nº 140/2011,
de acordo com Brasil (2011).

A partir dessa verificação, é emitido o Relatório Ambiental Preliminar (RAP) que instrumentaliza
a decisão quanto à exigência ou à dispensa da realização do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e
o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Em caso de necessidade, a empresa deve elaborá-los.

Em seguida, ocorre a fase de elaboração e análise técnica do EIA. Também são analisados as
sugestões e os interesses da sociedade diretamente relacionados ao AIA por meio da participação
pública.
86

Posteriormente, resulta-se em uma decisão favorável ou não ao projeto. Sendo sugeridas


condições para a aprovação do projeto pelo órgão ambiental (SIRVINSKAS, 2018).

Logo então, busca-se garantir a realização efetiva das condições sugeridas pelo órgão
ambiental, verificando se as exigências apontadas como requisitos para aceitação do projeto ou
atividade foram colocadas em prática.

Por último, são realizadas as verificações por meio de monitoramento e auditoria das
modificações que foram acordadas entre o órgão governamental e a empresa (SIRVINSKAS, 2018).

Para MMA (2012), o CONAMA 001/86, publicado em 23 de janeiro de 1986, apresentou a


definição do conceito de impacto ambiental bem como exigiu e deliberou sobre a realização de
EIA, junto ao RIMA. Ambos deverão ser submetidos e aprovados pelo órgão governamental de
competência para o licenciamento do empreendimento.

3.1 Estudo de Impacto Ambiental


O Estudo de Impacto Ambiental, conforme o CONAMA 001/86, é composto por vários
estudos com dados técnicos detalhados, realizados por profissionais especializados nas áreas
relacionadas ao meio ambiente (MMA, 2012).

Segundo Sirvinskas (2018), o EIA se inicia pelo processo de diagnóstico ambiental caracterizado
pelo levantamento das características gerais do ambiente em cada um dos seguintes meios: físico,
biológico e os ecossistemas naturais, e socioeconômico. Em seguida, são analisados os possíveis
impactos ambientais positivos e negativos causados pela implementação do empreendimento, e
são propostas medidas para minimizar os impactos negativos e potencializar aqueles considerados
positivos. Por fim, é realizada a criação de um programa de acompanhamento e monitoramento
dos impactos ao meio ambiente. Você pode verificar os detalhes dessas quatro etapas por meio
da leitura do art. 6º a seguir.

I – Deve-se realizar o diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, completa descrição e


análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação
ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando:

a) o meio físico: neste, temos o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais,
a topografia, os tipos e as aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes
marinhas, as correntes atmosféricas.

b) o meio biológico e os ecossistemas naturais: que são a fauna e a flora, destacando as espécies
indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e
as áreas de preservação permanente.

c) o meio socioeconômico: que se constitui a partir do uso e ocupação do solo, os usos da água
e a socioeconomia destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da
87

comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial


utilização futura desses recursos.

II – Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, por meio de identificação,
previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes,
discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos
e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades
cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais.

III – Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de
controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas.

lV – Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento com os impactos positivos e


negativos, indicando fatores e parâmetros a serem considerados (MMA, 2012).

Como resultado a esse processo, veja que há o levantamento e a descrição dos impactos
ambientais potenciais. No documento do EIA, são identificados e numerados cada um dos
impactos classificados como positivos ou negativos, separados de acordo com o meio físico, meio
biológico e os ecossistemas naturais, e meio socioeconômico. Em seguida, é apresentada a ação
geradora, ou seja, a causadora do impacto, seguida da descrição e da análise (que descreve o
processo de alteração do meio ambiente, com o que será modificado, considerando tanto as
condições de hoje quanto aquelas após os resultados esperados no futuro, que acontecerá depois
da interferência dos empreendimentos). Dando continuidade, é realizada a classificação dos
impactos ambientais que leva em consideração seus aspectos a partir de sete características do
impacto ambiental:

Categoria

Negativos (quando trazem um resultado indesejável, pois resultam na quebra do equilíbrio


ecológico. Exemplos: erosão dos solos, desmatamento etc.) e positivos (quando trazem um
resultado desejável, ou seja, trazem melhoria ao meio ambiente. Exemplos: geração de novos
empregos, recuperação de nascentes etc.).

Tipo de impacto

Direto (as implicações do impacto têm relação de causa e consequência simples) e indireto
(as implicações do impacto têm como fonte inicial outra relação de causa e consequência).

Área de abrangência

Local (quando atinge áreas próximas) e regional (quando alcança áreas longínquas).
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Duração

Temporária (quando seu efeito possui uma duração limitada), permanente (quando seu efeito
é definitivo), cíclica (quando o efeito possui uma duração temporária, mas que pode retornar em
outro momento).

Reversibilidade

Reversível (quando é possível reverter a tendência, levando em consideração a possível


aplicabilidade de medidas de reparação do meio ambiente ou no caso de suspensão da atividade
geradora) e irreversível (quando não é possível reverter os impactos ambientais).

Magnitude

Forte (quando o impacto se manifesta fortemente), média (quando o impacto se manifesta


de forma mediana), fraca (quando o impacto se manifesta de forma pequena) e variável (quando
o impacto varia a magnitude e não é possível precisar sua intensidade).

Prazo

Curto (quando o impacto se manifesta em um curto espaço de tempo), médio (quando o


impacto se manifesta em um médio espaço de tempo), longo (quando o impacto se manifesta em
longo prazo de tempo).

Por fim, saiba que são sugeridas medidas mitigadoras ou potencializadoras das alterações ao
meio ambiente: quanto aos impactos negativos (destinam-se a prevenir/mitigar ou reduzir sua
magnitude) e quanto aos impactos positivos (devem ser potencializados a fim de aumentar as
alterações ao meio ambiente).

3.2 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)


Realizado após o EIA, o RIMA configura-se como o relatório conclusivo, que traz os termos
técnicos para esclarecimento, avaliando os impactos ambientais. Esse documento pode ser
escrito de maneira objetiva e de fácil compreensão, por isso, preferencialmente, as informações
devem ser traduzidas ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos etc. de modo que fiquem
claras as vantagens e as desvantagens do projeto (MMA, 2009).

O relatório deve ser estruturado apresentando, primeiro, as informações gerais sobre o


empreendimento (nome, endereço, telefone entre outras) e apresentar a identificação do
responsável pela elaboração do EIA/RIMA e de sua equipe (MMA, 2009). É comum que as
empresas contratem consultorias para realizar esse processo.
89

Figura 1 - É obrigatória a presença de uma equipe multidisciplinar especializada em diversas


áreas do conhecimento para realizar consultorias
Fonte: Shutterstock, 2020.

#ParaCegoVer: a imagem mostra cinco pessoas conversando, três homens e duas mulheres.
Sobre a mesa em que eles estão apoiados, há papéis e canetas espalhados.

Conforme MMA (2009), em seguida, o relatório identifica, localiza e informa sobre o


empreendimento que se pretende conseguir a licença. Portanto, são detalhadas as etapas desse
processo que vão desde o planejamento, a implantação, a operação até a desativação da obra.

Depois, apresenta-se a caracterização do empreendimento limitando a área geográfica,


representada por um mapa em que são exibidas as áreas de influência bem como as interações
e a descrição das inter-relações dos componentes bióticos, abióticos e antrópicos do sistema,
apresentando-os em forma de síntese (MMA, 2009).

Os dados seguintes referem-se à descrição detalhada de cada um dos componentes do meio


físico, como solo, clima, hidrografia, vegetação etc.; do meio biótico, como aves, insetos, mamíferos
etc.; e do meio antrópico, como educação, atividades econômicas, infraestrutura etc. Posteriormente,
é apresentado o diagnóstico ambiental com a identificação e a interpretação dos impactos ambientais
das etapas previstas do projeto. E conclui-se com as medidas que estão previstas para minimizar os
impactos negativos e potencializar os positivos, especificando a natureza, a época, o prazo de duração,
a responsabilidade pela sua implantação entre outros pontos (MMA, 2009).

Saiba que existem algumas informações que, obrigatoriamente, devem constar no RIMA, elas
estão especificadas no art 9º da Resolução CONAMA nº 001/86. Confira:

I – Os objetivos e as justificativas do projeto, sua relação e sua compatibilidade com as políticas


setoriais, os planos e os programas governamentais;
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II – A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada


um deles, nas fases de construção e operação, a área de influência, as matérias-primas, a mão de obra,
as fontes de energia, os processos e a técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos
de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados;

III – A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do
projeto;

IV – A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e da operação da atividade,


considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e
indicando métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação;

V – A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes


situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização;

VI – A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos
negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados e o grau de alteração esperado;

VII – O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;

VIII – Recomendação quanto à alternativa mais favorável com as conclusões e os comentários de


ordem geral (MMA, 2012).

4 LICENCIAMENTO AMBIENTAL E AS ETAPAS DO


PROCESSO
Conforme a Resolução CONAMA nº 237/97, o licenciamento ambiental é o processo
administrativo pelo qual o órgão ambiental competente pode conceder a licença às empresas,
mas veja que isso é desde que elas estejam de acordo com as normas ambientais, diante da
necessidade de funcionamento de empreendimentos nas circunstâncias de localização, instalação,
ampliação, operação deles ou para atividades que usufruem dos recursos naturais (MMA, 2012).

A Lei Federal nº 6.938/81 estabelece que, para implementação e planejamento de


empreendimentos, potencial ou efetivamente poluidores, é necessário que a empresa possua
a licença ambiental correspondente à etapa que será executada pelo empreendimento (BRASIL,
1981).
91

Figura 2 - Para ser concedida a licença ambiental, o órgão competente estabelece condições,
restrições e medidas de controle ambiental a serem executados por parte do empreendedor
Fonte: Shutterstock, 2020.

#ParaCegoVer: a imagem mostra um homem segurando uma caneta com a mão direita e
assinando um papel. Ele veste camisa azul-clara e gravata azul-escura.

Outro aspecto importante, é que o licenciamento pode ser concedido ou renovado, porém,
leve em consideração que é obrigatória a publicação em jornal oficial, periódico regional ou local
de grande circulação ou em algum meio eletrônico de responsabilidade do órgão ambiental
competente.

4.1 Critérios para a seleção do órgão de competência para conceder


licenças
O primeiro passo para a concessão da licença é a determinação do órgão ambiental
competente indicado pelo IBAMA e pelo ICMBio, conforme a jurisdição dos quais os impactos
ambientais podem atingir (SIRVINSKAS, 2020).

O art. 10, da Lei Federal nº 6.938/81, descreve que o licenciamento é um mecanismo que,
primordialmente, é realizado pelo órgão estadual de meio ambiente, que varia conforme o
estado (BRASIL, 1981). No estado de Minas Gerais, a responsabilidade do serviço é da Secretaria
de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD). Já o órgão que realiza o
licenciamento no estado do Ceará é a Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE.
92

FIQUE DE OLHO
Conforme verificado, cada estado tem seus órgãos de licenciamento. Os critérios
locacionais bem como os fatores de restrição ou vedação que acometem os
empreendimentos/atividades solicitantes do licenciamento devem respeitar as
legislações próprias do estado requerido. No estado do Ceará, elas são regidas pela
Resolução COEMA nº 10/2015. Ao passo que, no estado de Minas Gerais, a deliberação
normativa COPAM nº 217/2017 é quem regulamenta o licenciamento ambiental.

Em algumas determinadas situações, em que os empreendimentos geram impactos em nível


nacional, note que o licenciamento será exercido pelo IBAMA, como em situações em que as
obras ultrapassam o nível regional e ainda podem ocorrer em caráter supletivo. As situações que
demandam o licenciamento ambiental pela União foram definidas pelo art. 7º. Elas são, em geral,
relacionadas à proteção daquilo que é determinado como bem da União pela Constituição de 1988.

De acordo com Brasil (2011), uma das ações administrativas da União é promover o
licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades (Lei Complementar nº 140/2011, art.
7º, inciso XIV):

a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe.

b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona


econômica exclusiva.

c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas.

d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em


Áreas de Proteção Ambiental.

e) localizados ou desenvolvidos em dois ou mais Estados.

f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder


Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei
Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999.

g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material


radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e
aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).

h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da
Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do
Meio Ambiente e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou
empreendimento (BRASIL, 2011).
93

Há também algumas situações em que o licenciamento ambiental é realizado pela esfera


municipal, principalmente naquelas restritas a apenas um Município. Assim, uma das ações
administrativas de licenciamento reservadas aos Municípios são aquelas que

a) causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida
pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial
poluidor e natureza da atividade (BRASIL, 2011).

b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de


Proteção Ambiental (LEI COMPLEMENTAR Nº 140, ART. 9º).

A concessão de licenças será realizada, principalmente, pelo órgão estadual de meio ambiente,
pois a ele cabe promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos
utilizadores de recursos ambientais, com exceção daqueles que foram atribuídos aos âmbitos
nacionais ou municipais (determinados, respectivamente pelos arts. 7º e 9º) (BRASIL, 2011).

As ações administrativas dos Estados com relação ao licenciamento são:

XIV – promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de


recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar
degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7º e 9º.

XV – promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos localizados ou


desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção
Ambiental (LEI COMPLEMENTAR Nº 140, ART. 8º, INCISOS XIV E XV).

Sirvinskas (2020) destaca que o processo de licenciamento ambiental é complexo. Para que
ele ocorra de maneira mais descomplicada, é necessário que a empresa já possua um sistema de
gestão ambiental implantado, com uma equipe que possua bom desenvolvimento organizacional.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:


94

4.2 Etapas para a concessão do licenciamento ambiental


A exigência do cumprimento das leis ambientais não é apenas requerida pelos órgãos
ambientais, pois também refletem as exigências do mercado e dos próprios consumidores.
Saiba que, em alguns casos, como o do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), a licença
ambiental é solicitada para pedidos de empréstimos e investimentos, os quais somente são
concedidos mediante a sua conferência.

É relevante ressaltar que a PNMA, na Lei Federal nº 6.938/81, determinou a indispensabilidade


do licenciamento em todas as atividades efetivas ou potencialmente poluidoras dentro do
território brasileiro. Porém, não são todos os empreendimentos que demandam de licenciamento
ambiental. Nesses casos, é possível requerer a Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF),
que possui validade de quatro anos, podendo ser submetida periodicamente a reavaliações,
sendo concedida apenas àquelas atividades que não são consideradas de impacto ambiental
significativo, portanto, dispensada do processo de licenciamento.

Nos casos em que é comprovada a necessidade da Licença Ambiental, deve-se determinar,


primeiramente, qual será o órgão governamental competente para realizar o processo e este
deverá informar à empresa requerente as informações sobre qual a modalidade de licença que o
empreendimento deverá realizar bem como solicitar a entrega dos documentos para iniciar o processo.

Entenda que diversos setores se enquadram nessa obrigatoriedade, como: extração e


tratamento de minerais, obras civis, serviços de utilidade, transporte, terminais e depósitos,
turismo, atividades agropecuárias e uso de recursos naturais (SIRVINSKAS, 2020). Porém, como
você pode notar, as indústrias são as que possuem maior quantidade de empreendimentos
necessários à concessão de licença. As indústrias que possuem subtipos que necessitam de
licenciamento são:

produtos minerais não metálicos, metalúrgica, mecânica, de material elétrico, eletrônico e


comunicações, de material de transporte, de madeira, de papel e celulose (indústria de borracha),
de couros e peles, química de produtos de matéria plástica, têxtil, de vestuário, calçados e
artefatos de tecidos, de produtos alimentares e bebidas, de fumo e outras indústrias diversas.

Porém, dentro de cada uma dessas áreas, são citadas algumas atividades, por exemplo, na
área de atividades agropecuárias, há as subáreas: projeto agrícola, criação de animais e projetos
de assentamentos e de colonização.
95

FIQUE DE OLHO
Várias atividades ou empreendimentos estão sujeitos ao licenciamento ambiental.
Para conhecê-los, pesquise pela listagem do ANEXO I da Resolução CONAMA nº 237/97,
que apresenta a relação dos setores econômicos/áreas, com todas as suas subáreas, e
consulte-a.

Saiba que há três tipos de licença, que variam conforme a etapa do empreendimento,
podendo ser prévia, de instalação ou de operação. Essas foram definidas pela Resolução CONAMA
nº 237/97, no art. 1º.

De acordo com MMA (2012), para efeito dessa resolução, foram adotadas as seguintes
definições:

I – Licença Prévia (LP) – concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou


atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo
os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação.

II – Licença de Instalação (LI) – autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo


com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas
de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante.

III – Licença de Operação (LO) – autoriza a operação da atividade ou empreendimento após a


verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle
ambiental e condicionantes determinados para a operação.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

A aplicação desses três tipos de licença depende da modalidade que será exigida a licença
ambiental. O prazo máximo da licença prévia é de cinco anos, de instalação são 6 anos e de
operação em, no máximo, 10 anos (MMA, 2012).
96

De acordo com Bastos (2013), em situações que ocorrem conflitos, principalmente com
relação à sociedade, esses processos podem demorar muitos anos para ocorrer, tal como o
licenciamento da Usina de Belo Monte - PA.

As etapas para concessão da licença dependerão do tipo de modalidade que a licença foi
classificada pelo órgão ambiental responsável. Essa classificação pode ser feita em três tipos, veja:

Licença Ambiental Simplificada (LAS)

Em casos em que os empreendimentos ou as atividades são de pequeno porte e com baixo


potencial poluidor/degradador, pode ser concedida a mais simples e rápida.

Licenciamento Ambiental Trifásico (LAT)

Serão analisadas a LP, LI e LO em fases sucessivas.

Licenciamento Ambiental Concomitante (LAC)

Podendo este ser monofásico (LAC 1 - quando a análise ocorre em uma única fase, das etapas
de LP, LI e LO) ou bifásico (LAC 2 – em que ocorre uma análise mais aprofundada, pois ocorre em
uma única fase, as etapas de LP e LI do empreendimento, com análise posterior da LO; ou análise
da LP com posterior análise concomitante das etapas de LI e LO do empreendimento).

Dessa forma, você pode compreender que, ainda que exista a Resolução CONAMA nº 237/97,
que estabelece os principais processos da licença, há a necessidade de cada estado criar a sua
própria legislação (MMA, 2012).

5 CONSTITUIÇÃO DE 1988 E PRINCÍPIOS DO


DIREITO AMBIENTAL
As legislações ambientais do Brasil estão agrupadas no chamado Direito Ambiental
(SIRVINSKAS, 2020). Ele é considerado como um ramo do Direito cuja principal temática em
destaque é o meio ambiente e surgiu a partir dos avanços na legislação ocorridos a partir da
Constituição Federal de 1988.

5.1 Meio ambiente na Constituição de 1988


Há diversos trechos da mais recente Constituição que se referem ao meio ambiente. O
primeiro deles está presente no título II, referente aos Direitos e Garantias Fundamentais, e no
Capítulo I, sobre os Direitos e Deveres Individuais e Coletivos.
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LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência (BRASIL, 1988).

A partir do art 5º, tenha em mente que se torna clara a importância dos papéis exercidos pelos
cidadãos no sentido de contribuir nos aspectos individuais e coletivos com o meio ambiente,
visando diminuir seus impactos no planeta (BRASIL, 1988).

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

No título III, referente à organização do Estado, são citados os bens da União. É importante
lembrar-se de que, quando o licenciamento ambiental é referente a algum desses bens, é
executado pelo IBAMA (BRASIL, 1988).

Assim, a Constituição Federal recente estabelece, no seu art. 20º, que são bens da União:

I – os que, atualmente, lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II – as terras devolutas
indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de
comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III – os lagos, rios e quaisquer correntes de
água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros
países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais
e as praias fluviais; IV – as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias
marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as áreas referidas no art. 26, II; V – os
recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI – o mar territorial; VII
– os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII – os potenciais de energia hidráulica; IX – os recursos
minerais, inclusive os do subsolo (BRASIL, 1988).

Em seguida, são assinaladas as funções que cabem individualmente à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios e as atribuições competentes a todos, sendo, posteriormente,
instituídas pela Lei Complementar n. 140, de 8 de dezembro de 2011, conforme a seguir:
98

Art. 23º: é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas.

VII - preservar as florestas, a fauna e a flora.

Art. 24º: compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição.

VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (BRASIL, 1988).

Ainda, são assinaladas as funções institucionais do Ministério Público no art. 129: “III –
promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social,
do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”. Veja que isso significa que, em
casos que forem causados danos ambientais, cabe ao Ministério Público abrir inquérito bem
como realizar investigação. Também é relevante apontar que, no Capítulo I: Dos Princípios Gerais
da Atividade Econômica, no art. 70, na área que descreve as questões da ordem econômica, é
levantado que é necessário assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, respeitando os princípios de defesa do meio ambiente. E a maior contribuição refere-se ao
art. 225, dedicado exclusivamente ao meio ambiente, do qual se fundamentaram os princípios
do Direito Ambiental.

5.2 Algumas legislações pertinentes após a Constituição de 1988


A Lei nº 9.605, de fevereiro de 1998, também chamada de Lei dos crimes ambientais, dispõe
sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente e dá outras providências (BRASIL, 1998). Dessa forma, ela é um importante passo para
a punição em casos de dano ao meio ambiente.

Outra legislação impactante foi o novo Código Florestal, de 25 de abril de 2012, sendo
publicado pela Lei nº 12.651/12, que delimitou as normas gerais sobre a proteção da vegetação,
as áreas de preservação permanente e de reserva legal bem como a exploração florestal, o
suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle
e a prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o
alcance de seus objetivos (BRASIL, 2012).

Assim, o Código Florestal manteve a legislação do código anterior com relação às propriedades
privadas urbanas e rurais, que, a partir dessa lei, estariam obrigadas a conservar dentro de suas
propriedades (BRASIL, 1965):
99

Áreas de Preservação Permanente (APPs) – consideradas em zonas rurais ou urbanas

Florestas e demais formas de vegetação natural situada ao longo dos rios ou de qualquer
outro curso d’água, em faixa marginal; ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais
ou artificiais; nas nascentes ou “olhos d’água”, seja qual for a sua situação topográfica; no topo
de morros, montes, montanhas e serras; nas encostas ou partes destas, com declividade superior
a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; nas restingas, como fixadoras de dunas ou
estabilizadoras de mangues; nas bordas dos tabuleiros ou chapadas; em altitude superior a 1.800
(mil e oitocentos) metros, nos campos naturais ou artificiais, as florestas nativas e as vegetações
campestres (BRASIL, 1965).

As APPs possuem a função ambiental de preservar os recursos hídricos, o fluxo gênico de


fauna e flora, a paisagem, a biodiversidade, a estabilidade geológica além de proteger o solo e
assegurar o bem-estar das populações humanas, podendo corresponder à área coberta ou não
por vegetação nativa (BRASIL, 1965).

Reserva Legal (RL)

É considerada como imprescindível para o uso sustentável dos recursos naturais, a conservação
e a reabilitação dos processos ecológicos, a conservação da biodiversidade, o abrigo e a proteção
de fauna e flora nativas. O percentual varia conforme a localização da propriedade. Na Amazônia
Legal, o valor é de 80% no imóvel situado em área de florestas; 35% no imóvel situado em área de
cerrado; 20% no imóvel situado em área de campos gerais, ou nas demais regiões do país. Essa
área deverá ser situada no interior de uma área rural e precisa ser distinta daquela determinada
como de preservação permanente (BRASIL, 1965).

Essa foi uma importante decisão em prol da preservação dos recursos ambientais, pois foi
delegada aos proprietários a obrigação de manter, pelo menos, uma parcela de suas propriedades
destinada à conservação do meio ambiente. Os proprietários que não cumprissem as normas de
delimitação das APPs e da Reserva Legal precisariam recompor as áreas desmatadas (BRASIL, 1965).

A legislação de Gestão de Florestas Públicas originou um novo mecanismo ambiental


incluídos na Lei nº 6.938/81 da PNMA (BRASIL, 1981). Como instrumentos econômicos, refere-se
a procedimentos como:

Concessão florestal

Permite à iniciativa privada a compra do direito de manejo florestal sustentável bem como a
exploração de produtos e serviços de uma unidade de manejo.
100

Servidão ambiental ou servidão de conservação

É realizada a partir da renúncia voluntária ao direito de uso, exploração ou supressão de


recursos naturais pelo proprietário rural na sua propriedade (BRASIL, 2006).

Seguro ambiental

São recursos financeiros para reparação ou recomposição de área degradada por danos
ambientais (BRASIL, 2006).
101

PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• Conhecer as origens históricas das legislações ambientais do Brasil desde o período


colonial até a CF.

• Relembrar a estruturação da Lei Federal nº 6.938/81 – PNMA.

• Aprender o conceito de impacto ambiental e visualizar as etapas para sua realização.

• Entender os tipos e as modalidades do licenciamento ambiental bem como as etapas


do processo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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de pequenas centrais hidrelétricas. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Tecnologia
para o Desenvolvimento - LACTEC, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento
de Tecnologia – PRODETEC. Curitiba, 2013.

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do Interior, a Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA e dá outras providências.
Brasília: 30 de outubro de 1973. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/
fed/decret/1970-1979/decreto-73030-30-outubro-1973-421650-publicacaooriginal-1-
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abril de 1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectivamente,
sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências. Brasília: 6 de junho de 1981.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D99274.htm>.
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do Zoneamento Ecológico Econômico do Território Nacional. Brasília: 21 de setembro de
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BRASIL. Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011, fixa normas, nos termos
dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal,
para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações
administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção
das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição
em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a
Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Brasília: 8 de dezembro de 2011. Disponível em:
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BRASIL. Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006, dispõe sobre a gestão de florestas públicas
para a produção sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o
Serviço Florestal Brasileiro – SFB; cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal
– FNDF; altera as Leis nº 10.683, de 28 de maio de 2003, 5.868, de 12 de dezembro de
1972, 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, 4.771, de 15 de setembro de 1965, 6.938, de
31 de agosto de 1981, e 6.015, de 31 de dezembro de 1973 e dá outras providências.
Brasília: 2 de março de 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2004-2006/2006/Lei/L11284.htm>. Acesso em: 3 mar. 2020.

BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, dispõe sobre a proteção da vegetação


nativa; altera as Leis nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de
1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nº 4.771, de 15 de setembro
de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de
agosto de 2001 e dá outras providências. Brasília: 25 de maio de 2012. Disponível em:
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dá outras providências. Brasília: 30 de novembro de 1964. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4504.htm>. Acesso em: 3 mar. 2020.
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BRASIL. Lei nº 6.803, de 2 de julho de 1980, dispõe sobre as diretrizes básicas para o
zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição e dá outras providências. Brasília:
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Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências.
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Império. Brasília: 18 set. 1850. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, dispõe sobre as sanções penais e


administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras
providências. Brasília: 12 de fevereiro de 1998. Disponível em: <http://www.planalto.
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CEARÁ. Resolução COEMA nº 10, de 11 de junho de 2015, dispõe sobre a atualização dos
procedimentos, critérios, parâmetros e custos aplicados aos processos de licenciamento
e autorização ambiental no âmbito da Superintendência Estadual do Meio Ambiente
– SEMACE. Diário Oficial [do] Estado. Ceará, 1 de dezembro de 2015. Disponível
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Estabelece critérios para classificação, segundo o porte e potencial poluidor, bem
como os critérios locacionais a serem utilizados para definição das modalidades de
licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades utilizadores de recursos
ambientais no Estado de Minas Gerais e dá outras providências. Disponível em: <http://
www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=45558>. Acesso em: 3 mar. 2020.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resoluções do
Conama: Resoluções vigentes publicadas entre julho de 1984 e janeiro de 2012. Brasília:
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MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Programa Nacional de Capacitação de gestores


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PECCATIELLO, A. F. O. Políticas públicas ambientais no Brasil: da administração dos


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SÃO PAULO. Lei Estadual nº 10.100, de 1º de dezembro de 1998, declara Área de Proteção
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attachments/2/2602-Manual-de-Direito-Ambiental-Lus-Paulo-Sirvinskas-2018.pdf>.
Acesso em: 3 mar. 2020.
O livro Gerenciamento de Unidades de Conservação é direcionado
para estudantes de engenharia florestal, ciência ambiental e gestão
ambiental.

Além de abordar assuntos gerais, o livro traz conteúdo específico


dos seguintes assuntos: gestão de recursos naturais, instrumentos
de gestão de unidades de conservação, gestão das unidades de
conservação e remediação ambiental.

Após a leitura da obra, o leitor vai conhecer as noções


e conceitos preliminares que envolvem sustentabilidade e
monitoramento ambiental de ecossistemas florestais: aspectos
ecológicos, econômicos e sociais; compreender os fundamentos
legais que norteia a elaboração de projetos e planos para unidades
de conservação; estudar sobre as zonas de amortecimento para a
preservação das unidades de conservação; apreender sobre as
relações básicas entre a fauna silvestre e a flora nativa; perceber
como é o processo de seleção para os corredores ecológicos e sua
relação com as unidades de conservação; entender o que são áreas
de proteção integral UCs e áreas de desenvolvimento sustentável.

E não é só isso. Há muitos assuntos importantes e interessantes


abordados nesta obra.

Agora é com você! Bons estudos!

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