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CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL

Campus Rio de Janeiro

Larissa Vago Santos

AS ARTICULAÇÕES NO SISTEMA AGROECOLÓGICO NO ESTADO


DO RIO DE JANEIRO: UM ENFOQUE A PARTIR DA CAPACITAÇÃO
CIENTÍFICA

Rio de Janeiro - RJ
2017
Larissa Vago Santos

AS ARTICULAÇÕES NO SISTEMA AGROECOLÓGICO NO ESTADO


DO RIO DE JANEIRO: UM ENFOQUE A PARTIR DA CAPACITAÇÃO
CIENTÍFICA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


coordenação do Curso Superior de Tecnologia
em Gestão Ambiental, como cumprimento
parcial das exigências para conclusão do curso.

Orientadora: Profª. Maria Gabriela von Bochkor Podcameni

Rio de Janeiro – RJ
2017
Ficha catalográfica elaborada por

CRB

SANTOS, Larissa Vago

As articulações no sistema agroecológico no estado do Rio de Janeiro: um


enfoque a partir da capacitação científica / Larissa Vago Santos, 2017.
99p.

Orientadora: D.Sc. Maria Gabriela von Bochkor Podcameni

Trabalho de Conclusão de Curso - (Curso Superior de Tecnologia em


Gestão Ambiental)– Instituto Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

Bibliografia: f. xx-xx.

1. Agroecologia. 2. Subsistemas. 3. Grupos de estudo. 4.Estrutura


científica.

CDU

3
Larissa Vago Santos

AS ARTICULAÇÕES NO SISTEMA AGROECOLÓGICO NO ESTADO DO RIO DE


JANEIRO: UM ENFOQUE A PARTIR DA CAPACITAÇÃO CIENTÍFICA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


coordenação do Curso Superior de Tecnologia
Em Gestão Ambiental, como cumprimento
parcial das exigências para conclusão do curso.

Data de aprovação: 14 de julho de 2017.

__________________________________________________
Profa. D.Sc. Maria Gabriela von Bochkor Podcameni (Orientadora)
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ)
Campus Rio de Janeiro, RJ.

__________________________________________________
Prof. D.Sc. Guilherme Cruz de Mendonça
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ)
Campus Rio de Janeiro, RJ.

__________________________________________________
Prof. M.Sc. Israel Sanches Marcellino
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

__________________________________________________
Rick Barradas Badra
Universidade de São Paulo (USP)

RIO DE JANEIRO
2017
i
AGRADECIMENTOS

Na jornada que é a vida, nada se conquista sozinho. A minha conquista de morar em


uma nova cidade não seria possível não fosse o apoio dos meus pais e familiares. Agradeço ao
meu pai Reginaldo e minha mãe Débora por me inspirarem com as suas caminhadas.
Guerreiros, pessoas do bem e de muita fé, me ensinaram a importância de Deus, de ter um
bom coração e de acreditar no que a vida guarda pra nós. A eles, agradeço imensamente por
proporcionarem a realização do sonho de estudar no Rio de Janeiro. Por muitas vezes a
saudade apertou o peito, mas a certeza que mesmo de longe eu estou amparada me deu forças
para continuar.
A esta cidade maravilhosa, agradeço suas belíssimas paisagens que me causam
suspiros. A cada aurora, um agradecimento por poder contemplar diariamente a natureza
distinta deste lugar. Aqui, conheci pessoas especiais, as quais expresso minha gratidão eterna:
meu amor, amigo, companheiro e parceiro da vida, Bruno Sued, que acredita em mim e no
meu potencial, diariamente me encorajou para concluir esta etapa; meus queridos sogros
César e Mônica Sued, que me proporcionaram estrutura física e emocional e sempre com
muito carinho me motivaram neste processo; meu cunhado Victor Sued, que me ajudou nas
dificuldades com o querido excel. A todos eles, agradeço.
A minha orientadora, a Professora Maria Gabriela Podcameni, meus mais sinceros
agradecimentos. Primeiramente pela oportunidade e confiança ao me escolher como
orientanda em seus projetos de pesquisa em energia eólica. Foram dois anos que pude
aprender sobre o que é desenvolver pesquisa sob sua excelente orientação, além de, neste
período, ter conquistado feitos importantes que me fizeram amadurecer e valorizar o trabalho
em equipe. Agradeço por me orientar neste trabalho e ser tão generosa comigo, dedicando seu
tempo, compartilhando seus conhecimentos que tanto admiro e sua rede de parceiros que
foram de extrema importância para conclusão deste trabalho. Sem você e sua dedicação este
trabalho não seria possível. Obrigada!
Um agradecimento especial aos professores que fazem parte da banca examinadora do
meu trabalho, Guilherme Mendonça e Israel Marcellino, ao Rick Badra e também a professora
Carla Santi. É uma honra poder contar com pessoas extremamente competentes para avaliar
este trabalho, de quem esta apenas começando a caminhada acadêmica. Obrigada por
disponibilizarem o tempo e a atenção de vocês para a conclusão deste importante ciclo.
Para a desenvolvimento deste trabalho as contribuições do Rick Badra, sua gentileza,
atenção e disponibilidade foram muito importantes. Por isso, agradeço. Também sou grata por

ii
me colocar em contato com o Richard Smith, a quem também devo agradecer por
disponibilizar dados importantes que auxiliaram enormemente na produção deste trabalho.
À Cecília Tomassini, agradeço a disponibilidade e colaboração na produção deste
trabalho.
Agradeço ao IFRJ e especialmente ao corpo docente deste Instituto. A cada aula uma
nova inspiração com os professores incríveis, que sempre foram a minha motivação para não
abandonar minha caminhada no IFRJ. Ser aluna dos professores que compõe o curso de
Gestão Ambiental foi uma honra. Que sorte poder contar com o conhecimento e carinho de
vocês na minha trajetória acadêmica. Sem dúvidas o diferencial do IFRJ são vocês. Muito
obrigada.
Ao IFRJ também devo agradecimentos pelas pessoas maravilhosas que lá conheci.
Aos meus amigos Jéssica e Eduardo, agradeço aos momentos especiais que compartilhamos
dentro das salas de aula, pelos corredores e fora do IFRJ. Nossos encontros são garantia de
boas e sinceras risadas. Obrigada também por acreditarem em mim e por estarem ao meu
lado.

iii
SANTOS, Larissa Vago. As articulações no sistema agroecológico no estado do Rio de
Janeiro: um enfoque a partir da capacitação científica. 99p. Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC). Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental, Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), Campus Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2017.

RESUMO

O Brasil possui um paradigma de produção que favorece a monocultura, a agricultura


mecanizada, o uso de produtos químicos e os grandes produtores. Por outro lado, sistemas
produtivos alternativos como as de base agroecológicas estão
ganhando força em território nacional. Esta forma de desenvolver a agricultura, que respeita
os ciclos ecológicos, utiliza agricultura familiar e técnicas livres de agrotóxicos, para se
fortalecer e conquistar ainda mais espaço precisa de estratégias articuladas entre os diferentes
atores do sistema de produção e inovação associado à agroecologia. Desta forma, as ações do
governo através de políticas públicas, dos institutos de pesquisa, através do desenvolvimento
científico e os pequenos produtores por meio das redes e cooperativas, uma vez
sistematizadas, proporcionam avanços para a agroecologia. Assim, o presente trabalho buscou
analisar de que forma estes três conjuntos de atores estão se articulando, principalmente os
grupos de pesquisa presentes no estado do Rio de Janeiro com os agricultores da região.

Palavras-chave: Agroecologia. Subsistemas. Grupos de estudo. Estrutura científica.

iv
SANTOS, Larissa Vago. Agroecological system and its articulations in Rio de Janeiro state:
an approach focused in scientific capacitation. 99p. Work Course Conclusion. Course of
Technology in Environmental Management, Federal Institute of Education, Science and
Technology of Rio de Janeiro (IFRJ), Campus Rio de Janeiro, RJ, Brazil, in 2015.

ABSTRACT

Brasil has a paradigm in his own production system that favors monoculture, mechanized
agriculture, chemical products use and major producers. Otherwise, alternative productions
systems such as agroecological basis are growing all over the country. This way of developing
agriculture, that respect ecological cicles and utilizes familiar agricultures and agrotoxic free
techniques, to keep enhancing and conquest even more consideration needs articulated
strategies between the diferent actors of the production system and inovation associated with
agroecology. In this way, if government develop public politics, research institutes, scientific
development and minor producers assistance with networking and cooperatives, if it is
systematized, provides advances for agroecology. So, this work looks for analyse how those
set of actors are articulating with themselves, principally research groupes based in the state
Rio de Janeiro with local producers.

Keywords: Agroecology. Subsystems. Research groups. Scientific structure.

v
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 10
2 REFERENCIAL TEÓRICO: SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO 20
(SNI) E ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS (APLs)
3 AGROECOLOGIA NO CONTEXTO NACIONAL E LOCAL – 25
ESTADO DO RIO DE JANEIRO: HISTÓRICO E CONCEITOS
3.1 AGROECOLOGIA NO BRASIL 25
3.2 AGROECOLOGIA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 26
4 MAPEAMENTO DO SISTEMA AGROECOLÓGICO NO RIO DE 30
JANEIRO
4.1 INTRODUÇÃO 30
4.2 SUBSISTEMA PRODUTIVO LOCAL 30
4.3 SUBSISTEMA DE DEMANDA LOCAL 35
4.4 SUBSISTEMA DE POLÍTICA 40
4.4.1. Políticas nacionais 40
4.4.2 Políticas estaduais – Rio de Janeiro 45
4.5 SUBSISTEMA CIENTÍFICO 47
4.6 PLANO NACIONAL DE AGROECOLOGIA E PRODUÇÃO ORGÂNICA 54
(PLANAPO): ARTICULAÇÃO ENTRE POLÍTICAS PÚBLICAS,
ESTRUTURA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA E AGRICULTORES
4.6.1 Lei de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) 55
4.6.2. Núcleos de Estudos em Agroecologia (NEA’s) 56
4.6.3 Ensino básico, superior e profissionalizante 56
4.6.4 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) 58
5 METODOLOGIA 62
6 MAPEAMENTO DA ESTRUTURA CIENTÍFICA NO ESTADO DO 66
RIO DE JANEIRO
6.1 ANÁLISE DOS GRUPOS DE PESQUISA 66
6.1.1 Evolução temporal 66
6.1.2 Análise das Linhas de pesquisa 68
6.1.3 Classificação por município 69

vi
6.1.4 Classificação por áreas do conhecimento 70
6.1.5 Análise das relações com as instituições parceiras 71
6.2 ANÁLISE DOS PROJETOS DE PESQUISA, EXTENSÃO E 74
DESENVOLVIMENTO
7 CONCLUSÃO 80
REFERÊNCIAS
APÊNDICE
ANEXOS

vii
1. INTRODUÇÃO

Fundamentada no discurso ideológico de que era necessário aumentar a produção de


alimentos para acabar com a fome no mundo, a Revolução Verde (RV) se difundiu após a
Segunda Guerra Mundial. Neste período, diversas indústrias químicas que abasteciam a
indústria bélica norte-americana iniciaram o processo de produção de herbicidas, fungicidas,
inseticidas e fertilizantes químicos além de estimular a utilização dos mesmos na produção
agrícola (ROSA, 1998 apud ANDRADES e GANIMI, 2007).
O modelo de produção desenvolvido pela RV, baseado na monocultura, utiliza em
larga escala agrotóxicos1 e fertilizantes2 sintéticos, além de sementes geneticamente
modificadas3 e também investe fortemente no uso de maquinário e na mecanização dos
processos agrícolas. Este pacote tecnológico, como é denominado por alguns autores (ROSA,
1998; ZAMBERLAM e FRONCHET, 2001 apud ANDRADES e GANIMI, 2007), permitiu o
aumento considerável da produção, mas, por outro lado, não erradicou a fome do mundo,
como era previsto. Vale ressaltar que, na realidade, a problemática mundial da fome não está
relacionada à insuficiência na produção para uma população crescente, mas sim à má
distribuição dos alimentos e das terras agrícolas (TONIAL, 2009). Segundo estudo publicado
em 2016 pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO4) a
produção mundial de alimentos é largamente superior às necessidades alimentares da
população mundial. O referido estudo aponta que o crescimento da produção calórica mundial
cresceu nas últimas duas décadas, atingindo a marca de 123% da necessidade per capita atual.
1
Agrotóxicos são definidos como produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao
uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na
proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e
industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa
de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias e produtos empregados como desfolhantes,
dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento (DECRETO Nº 4074,2002).
2
Fertilizantes são definidos como substância mineral ou orgânica, natural ou sintética, fornecedora de um ou
mais nutrientes de plantas (DECRETO 4954, 2004).
3
Compreende se como geneticamente modificadas toda entidade biológica cujo material genético (ADN/ARN)
foi alterado por meio de qualquer técnica de engenharia genética, de uma maneira que não ocorreria
naturalmente (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA).
4
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (The Food and Agriculture Organization
of the United Nations — FAO) foi fundada em outubro de 1945, com o objetivo de elevar os níveis nutricionais
das populações, ampliar a produtividade agrícola, melhorar a qualidade de vida da população rural e contribuir
para o crescimento da economia mundial. Hoje, a FAO agrega 184 países e mais a Comunidade Europeia, como
organização membro. Seu esforço maior é o de diminuir a fome, a desnutrição e a pobreza no mundo. Por meio
da FAO, são aprovadas normas internacionais que cuidam da saúde e do meio ambiente, e muitos convênios e
acordos são estabelecidos e pactuados. Entre os espaços de encontro e discussão dos países membros, o mais
importante é a Conferência da FAO, na qual as nações se reúnem anualmente. A sede da FAO está localizada em
Roma, na Itália, desde 1951.
10
Contudo, um terço de toda a comida produzida anualmente (em torno de 1,3 bilhões de
toneladas) não é consumido. Ainda segundo o estudo, a correta destinação de apenas 25% dos
alimentos desperdiçados já seria suficiente para abastecer a população com fome
(OECD/FAO/UNCDF 2016).
Em 1981, o indiano ganhador do Prêmio Nobel de economia, Amartya Sen, em seu
livro ―Pobreza e Fomes‖ (1981), identifica a existência de populações com fome mesmo em
países que não convivem com problemas de abastecimento. Segundo o autor, períodos de
grande fome em Bangladesh e na Índia, por exemplo, ocorreram quando não havia uma
significativa queda no fornecimento de comida. Sem (1981) revela que tampouco o nível de
exportação de alimentos desses países, atingidos pela fome, foi reduzido. Dessa forma, o autor
defendeu a existência de uma relação causal entre a fome e questões sociais, como pobreza e
concentração de renda, e tirou o foco de aspectos técnicos relacionados à produção de
alimentos.
Em relação ao Brasil, é importante ressaltar que o País possui uma batalha histórica
contra a fome. Em 1946, Josué de Castro publica o clássico, Geografia da Fome, introduz os
conceitos de áreas alimentares, áreas de fome endêmica, áreas de fome epidêmica, áreas de
subnutrição, mosaico alimentar brasileiro e, por consequência, traça o primeiro mapa da fome
no país (VASCONCELOS, 2008)5. Segundo o autor, é impossível determinar uma única
causa para o problema da fome que, no Brasil, está diretamente relacionada à desigualdade
social e concentração fundiária. Para Josué de Castro, a luta contra a fome precisaria ser
encarada como uma luta contra o subdesenvolvimento em todo o seu complexo regional.
Segundo o autor, desenvolvimento e reforma agrária eram elos de uma mesma corrente e não
poderiam ser pensados separadamente6 (CASTRO, 1964 apud SILVA 2009). É importante

5
Por áreas alimentares, concebe uma determinada região geográfica que dispõe de recursos típicos, dieta
habitual baseada em determinados produtos regionais e com seus habitantes refletindo, em suas características
biológicas e sócio-culturais, a influência marcante da dieta. Por área de fome endêmica, concebe uma
determinada área geográfica em que pelo menos metade da população apresenta nítidas manifestações de
carências nutricionais permanentes. Por áreas de fome epidêmica, concebe uma determinada área geográfica em
que pelo menos metade da população apresenta nítidas manifestações nutricionais transitórias. Por áreas de
subnutrição, concebe uma determinada área geográfica em que os desequilíbrios e as carências alimentares,
sejam em suas formas discretas ou manifestas, atingem grupos reduzidos da população. E por mosaico alimentar
brasileiro, concebe a diferenciação regional dos tipos de dieta existentes no país, oriundas das variadas categorias
de recursos naturais (alimentos) e das distintas etnias que constituíram a nação brasileira.
6
É crucial também mencionar a importância histórica do sociólogo Herbert de Souza, mais conhecido
como Betinho, no combate a fome no Brasil. Em 1993, Betinho lançou o programa Ação da Cidadania, tendo
como objetivo a mobilização de todos os segmentos da sociedade brasileira na busca de soluções para as
questões da fome e da miséria. Assim, apesar do problema da fome no Brasil ser histórico, este só se tornou
visível devido à atuação de Josué de Castro, que desnaturalizou a fome, classificando-a como ―flagelo fabricado
pelos homens contra outros homens‖, e Betinho, que associou o direito à alimentação à cidadania. Foge ao
11
ressaltar que Josué de Castro já denunciava os significativos dados sociais, ecológicos e
culturais associados à produção do modelo de monocultura no País.
Aos interesses da sua monocultura intempestiva, destruindo quase que inteiramente
o revestimento vivo, vegetal e animal da região, subvertendo por completo o
equilíbrio ecológico da paisagem e entravando todas as tentativas de cultivo de
outras plantas alimentares no lugar, degradando ao máximo, deste modo, os recursos
alimentares da região [...] Contudo, mais destrutiva do que esta ação direta da cana
sobre o solo é a sua ação indireta, através do sistema de exploração da terra que a
economia açucareira impõe: exploração monocultora e latifundiária (CASTRO,
1982, p. 115-116).

Josué de Castro também alertava que a monocultura ocasionava o aumento do


desemprego, o inchaço das grandes cidades e o crescimento do pauperismo generalizado,
além de discutir o perigo de se justificar tais mazelas como o ―o custo do progresso‖ (SILVA,
2009). Além disso, o autor defendia ainda que ―o problema do Nordeste não é a seca, mas a
cerca‖, ressaltando assim a influência dos latifúndios na questão da fome neste território
(SILVA, 2009, p. 64).
É possível perceber que as conclusões a que o autor chega em 1946, permanecem
válidas para o Brasil de hoje. As contradições internas, passados mais de sessenta anos,
complexificam a realidade brasileira e impõe desafios aos governos que objetivam garantir a
segurança alimentar (SILVA, 2009).
Recentemente o governo brasileiro alcançou uma meta importante nesta direção. Em
2014, a FAO revelou que o Brasil não fazia mais parte do Mapa Mundial da Fome. A
organização não considera que o aumento da produção de alimentos tenha sido um fator
importante para mudança da situação da fome no País. A FAO declara que entre as ações que
contribuíram para o alcance desse objetivo estão as políticas de segurança alimentar e
nutricional, como a transferência condicional de renda tendo como exemplos o programa
Bolsa Família e o benefício da prestação continuada.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), a
pobreza no Brasil foi reduzida de 24,7% em 2002 para 8,5% em 2012, e a extrema pobreza
caiu de 9,8% para 3,6% no mesmo período. Esse resultado fez com que o país cumprisse a
meta de reduzir pela metade o número de pessoas que passam fome estabelecida nos
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
Também é importante destacar o apoio à agricultura familiar como fator que favoreceu
a saída do País do Mapa da Fome, com ações que visam facilitar o acesso ao crédito, prestar

escopo deste trabalhar analisar mais profundamente a questão da fome no Brasil. Para uma leitura mais
aprofundada, recomenda-se Josué de Castro (1982). .

12
assistência técnica e proporcionar maior segurança aos agricultores familiares (FAO, 2014). A
FAO atenta também que a alimentação saudável é um direito da população7 e para tal as
dietas precisam garantir alimentos nutritivos e ricos em proteínas. Quem pode contribuir
bastante para isso são os pequenos produtores, que são responsáveis por mais de 70% dos
alimentos que chegam diariamente às mesas brasileiras (BRASIL, 2015).
Porém, apesar deste importante passo, o cenário agrário brasileiro é complexo.
Atualmente, o País ainda estimula os métodos da RV e estes continuam sendo o paradigma de
produção mais expressivo no território nacional. O Brasil lidera o consumo mundial de
agrotóxico, com mais de um milhão de toneladas por ano (INCA, 2015). Além disso, a
monocultura também prevalece em território nacional, apresentando grande relevância nas
culturas de soja, cana-de-açúcar, café e laranja (BAIN& COMPANY, 2014). A safra de
2015/2016 de soja, por exemplo, permitiu que o Brasil ocupasse a segunda colocação na
produção mundial do grão (95,631 milhões de toneladas), atrás apenas dos Estados Unidos
(106,934 milhões de toneladas). Além disso, a produção de soja ocupou no mesmo período
uma quantidade total de 33,177 milhões de hectares de área plantada, enquanto o maior
produtor mundial totalizou 33,109 milhões de hectares (EMBRAPA, 2016).
Apesar de o País alcançar sucessivos recordes na produção agrícola a cada ano, é
importante salientar que esta produção possui um elevado ônus para a sociedade. A
monocultura de commodities tende a gerar poucos empregos e ter um elevado desgaste sobre
o solo. Ademais, conforme já salientado acima, os expressivos números na produção são
sustentados por políticas públicas que destinam parte dos recursos públicos para incentivar o
paradigma produtivo do País.
Grandes bancos nacionais, como o BNDES, disponibilizam financiamentos para a
aquisição de máquinas, equipamentos, implementos agrícolas e bens de informática e
automação. A exemplo, o financiamento intitulado Inovagro, que disponibiliza verba para a
incorporação de inovações tecnológicas nas propriedades rurais, visando ao aumento da

7
A Constituição Federal (1988) garante no Art. 6º que ―são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados‖. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), no artigo 25
declara que:
―1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar,
inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à
segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
subsistência em circunstâncias fora de seu controle‖.
13
produtividade e melhoria de gestão (BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO,
2017)8.
Os impactos ambientais, socais e culturais ocasionados pela agricultura da RV, como a
poluição e envenenamento dos recursos naturais, dos alimentos e da saúde humana, a perda da
biodiversidade, a destruição dos solos e o assoreamento e contaminação dos rios e águas
subterrâneas continuam a ocorrer. Além disso, o enfraquecimento das comunidades locais e
tradicionais e suas formas de desenvolver a terra e a agricultura também é fruto do arquétipo
de produção agrícola predominante. Assim, estamos diante de um sistema que causa exaustão
dos recursos naturais, prejudica a saúde dos seres vivos e desestimula os conhecimentos
arcaicos e não é capaz de alimentar a população.
Organizações nacionais como Instituto Nacional de Câncer (INCA), a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) alertam
para os potenciais riscos que o uso expressivo de agrotóxicos pode causar à saúde humana.
Analogamente, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) bem como o Ministério do Meio Ambiente
(MMA) também enfatizam os prejuízos ambientais que os agrotóxicos podem provocar à
natureza.
Segundo a Segurança Alimentar e Nutricional da presidência da República, o maior
desafio para a segurança alimentar no Brasil é a promoção de um novo modelo de produção
de alimentos, baseado na agroecologia, sem o uso de sementes transgênicas, agrotóxicos e
fertilizantes químicos, em pequenas propriedades familiares, e a regulação do abastecimento e
distribuição (BRASIL, 2013).
Assim, o principal ponto a ser superado é alimentar uma população em crescimento
sem degradar a base de recursos naturais. Segundo Altieri e Nicholls (2012), isto não será
possível sem uma alteração significativa no modelo de agricultura. Estes autores afirmam que
é necessária uma mudança de abordagem e, para isso, é preciso dar maior ênfase para
sistemas mais sustentáveis, como a agroecologia, que proporciona a alternativa teórica e
prática para alcançar este novo modelo.

8
No Brasil, o setor rural costuma receber fortes incentivos econômicos. O Governo Militar, por exemplo, adotou
medidas para consolidar a implantação deste modelo. Nos anos de 1960 e 1970, assumiu-se a prioridade do
subsídio de créditos agrícolas para estimular a produção em larga escala, as esferas agroindustriais, as empresas
de maquinários e de insumos industriais para uso agrícola e a agricultura de exportação. Pode haver alguma
alteração na especificação dos incentivos econômicos, mas a agricultura do agronegócio associada à RV sempre
foi apoiada por incentivos (econômicos e políticos) dados pelo governo. Para um estudo mais aprofundado ver
Moreira (2000), Christoffoli (2006).

14
A agroecologia pode ser definida como:
[...] uma nova abordagem que integra os princípios agronômicos, ecológicos e
socioeconômicos à compreensão e avaliação do efeito das tecnologias sobre os
sistemas agrícolas e a sociedade como um todo. [...] Uma abordagem agroecológica
incentiva os pesquisadores a penetrar no conhecimento e nas técnicas dos
agricultores e a desenvolver agroecossistemas com uma dependência mínima de
insumos agroquímicos e energéticos externos. O objetivo é trabalhar com e
alimentar sistemas agrícolas complexos onde as interações ecológicas e sinergismos
entre os componentes biológicos criem, eles próprios, a fertilidade do solo, a
produtividade e a proteção das culturas (ALTIERI, 1987, p.23).

Autores afirmam que, indubitavelmente, grande parte dos sistemas baseados em


monoculturas ultrapassa limites e, portanto, não podem ser considerados sustentáveis e por
isso não estão aptos a fornecer alimentos ecologicamente e socialmente saudáveis
(KOOHAFKAN et al., 2011 apud ALTIERI e NICHOLLS, 2012). As abordagens
agroecológicas, segundo alguns autores (GLIESSMAN, 1998; UK FOOD GROUP, 2010;
PARROTT e MARSDEN, 2002; UPHOFF, 2002 apud ALTIERI, 2012), certamente
cumprem diversos atributos e requisitos9 que um sistema de produção sustentável
necessita. Altieri e Nicholls (2012) asseguram que para que uma estratégia agrícola possa
caber dentro dos critérios de sustentabilidade, esta precisa ser capaz de responder aos desafios
do século XXI, respeitando as suas metas de produção dentro de certos limites, em termos de
impacto ambiental, níveis de degradação do solo, uso de insumos e energia, emissões de gases
de efeito estufa (GEE) etc.
Uma análise de vários projetos agroecológicos durante os anos noventa mostraram que
as combinações de culturas tradicionais e animais, muitas vezes podem ser otimizadas para
aumentar a produtividade e melhorar a estrutura biológica, fazendo uso eficiente dos recursos
e da mão de obra local (ALTIERI, 2012). Em seu estudo, Altieri (2012) atesta que, no Brasil,
a maioria das tecnologias agroecológicas promovidas por organizações não governamentais
para melhorar os rendimentos agrícolas tradicionais, permitiram o aumento da produção por
unidade de área, em áreas marginais, de 400-600 para 2000-2500 kg/ha.
Estes dados corroboram com o potencial que sistemas agroecológicos possuem acerca
do aumento da biodiversidade agrícola e os seus efeitos positivos associados à integridade do

9
Uso de variedades locais e melhoradas de cultivos e animais para aumentar a diversidade genética e melhorar a
adaptação às mudanças nas condições bióticas e do meio ambiente; evitar o uso desnecessário de agrotóxicos e
outras tecnologias que impactam negativamente o meio ambiente e a saúde; utilizar de forma eficiente os
recursos (nutrientes, água, energia, etc.), reduzir o uso de energia não renovável e diminuir a dependência de
insumos externos por parte dos agricultores; usar de forma produtiva o capital humano, combinando
conhecimento científico tradicional para promover inovação; promover a igualdade social através do
reconhecimento da identidade cultural, métodos e redes de agricultores participativas para aumentar a
solidariedade e o intercâmbio de inovações e tecnologias para resolver problemas (KOOHAFKAN et al., 2011
apud ALTIERI e NICHOLLS, 2012).
15
meio ambiente e, consequentemente à segurança alimentar (ALTIERI, 2012). Assim, a
agroecologia tem se revelado como uma nova abordagem competente para conciliar as
necessidades do meio ambiente com as necessidades alimentares.
Entretanto, existem críticas à agroecologia e alguns autores ainda desconfiam do
perigo do uso de agrotóxicos para saúde humana. Estas são temáticas polêmicas e que
possuem correntes distintas. Navarro (2013) critica os sistemas agroecológicos e argumenta
de maneira favorável aos sistemas uniformes de produção moderna (monocultivos) e afirma
também que o desempenho produtivo da agricultura brasileira produz sustentabilidade. Em
resposta, Silva (2013) ressalta que, na natureza, a uniformidade significa vulnerabilidade e
reforça que o modo capitalista global de produção e consumo replicado pelo agronegócio é a
causa profunda da vulnerabilidade do planeta.
Segundo Petersen (2014):
[...] está justamente no arranjo da perspectiva agroecológica a chave para a
compreensão das estratégias locais adotadas para desativar os mecanismos geradores
de dependência impostos pela lógica da mercantilização de parcelas crescentes do
mundo natural e do mundo social. Vem daí também a força social emergente capaz
de contrapor com suas respostas concretas o modelo único de desenvolvimento
propugnado pelos agentes do mercado globalizado em aliança com setores
hegemônicos do estado (ibid, 2014; apud Gollo et al., 2014, p.13).

Outros autores (ALTIERI e NICHOLLS, 2012; BAUER e MESQUITA, 2016)


também defendem a agroecologia como forma exitosa de ruptura do modelo convencional de
produção agrícola.
Segundo o Caderno de Experiências Agroecológicas (2014), pelo seu caráter
primordialmente local, e por vezes social e geograficamente isolado, essas experiências
permanecem pouco visíveis e não costumam ser percebidas como expressões importantes de
força transformadora (GOLLO et al. 2014). Entretanto, a agroecologia vem crescendo em
escala mundial, revelando a mudança nas demandas e consequentemente no padrão de
produção. Na última década, o valor da produção orgânica comercializada mundialmente
passou de 20 para 60 bilhões de dólares, e a área manejada sob esses modelos de produção
expandiu-se de 15 para mais de 35 milhões de hectares (PLANAPO, 2013).
Simultaneamente, ocorre também a ampliação do conhecimento científico, da pesquisa
e inovação no Brasil na área agroecológica. Um número expressivo de pesquisadores
altamente qualificados vinculados a universidades e empresas estaduais de pesquisa também
vem desenvolvendo trabalhos no campo da agricultura orgânica e de base agroecológica.
Além disso, redes estaduais de pesquisa e extensão também desenvolvem iniciativas
ordenadas na agroecologia (PLANAPO, 2013).
16
Desta forma, as articulações entre produtores e os estudos desenvolvidos na área da
agroecologia são essenciais para continuar fomentando este modelo de produção. Estas
interações permitem consolidar as organizações que atuam com agroecologia em rede,
ampliando quantitativamente as organizações e os espaços para o intercâmbio de experiências
e sistematização do conhecimento em agroecologia (PLANAPO, 2013).
As características da estrutura científica influenciam diretamente o processo de
produção e inovação de um país (PODCAMENI, 2014). Por tanto, analisar os grupos de
pesquisa em agroecologia e sua interação com os produtores ou redes agroecológicas é crucial
para possibilitar maior diálogo entre saberes.
Desta forma, fazer o mapeamento dos grupos de estudos em agroecologia e verificar
sua interação com as redes agroecológicas permite reunir os estudos e avanços científicos na
área e identificar os gargalos existentes nestas relações.
O objetivo geral deste trabalho é realização de um levantamento teórico sobre os
subsistemas de inovação em agroecologia, dando maior ênfase ao subsistema de capacitações,
pesquisa e serviços tecnológicos. Para isso, o trabalho buscou realizar o mapeamento dos
grupos de estudos em agroecologia no estado do Rio de Janeiro (ERJ) e analisar as interações
destes com os agricultores familiares, a fim de ressaltar a relevância das articulações entre a
comunidade acadêmica e o setor de produção agroecológica.
Os objetivos específicos podem ser identificados como:

1. Realizar um levantamento teórico dos subsistemas de inovação em agroecologia


2. Mapear os Grupos de Pesquisa (GP) cadastrados no Diretório de Pesquisa do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (DGP-CNPq) com
ênfase em agroecologia no estado do Rio de Janeiro;
3. Analisar as possíveis interações dos GP com os agricultores na mesma região.
O pressuposto desta pesquisa é que as interações entre a comunidade científica e as
redes de produção agroecológica no ERJ são benéficas, porém as articulações existentes são
abaixo do potencial.
Para a elaboração deste trabalho realizou-se uma revisão da literatura relacionada ao
revolução verde; agroecologia; subsídios agrícolas; desenvolvimento sustentável;
desenvolvimento científico; sistema nacional de inovação; arranjos produtivos locais. A
análise destes temas buscou elaborar uma base conceitual para a pesquisa.

17
A fim de alcançar os objetivos específicos e confirmar a hipótese, a metodologia
adotada primordialmente foi a análise dos grupos de pesquisa (GP) cadastrados no DGP-
CNPq. Esta base de dados foi utilizada com filtros que delimitaram o escopo da pesquisa ao
ERJ. Nela, foi possível destacar apenas os grupos que possuíam linhas de pesquisa
absolutamente diretas em agroecologia. Assim, embora seja reconhecido que outros temas
estão intimamente relacionados à agroecologia, apenas as palavras-chave ―agroecologia‖ e
―agroecológico‖ e ―agroecossistemas‖ foram consideradas. Posteriormente, verificou-se ainda
o currículo Lattes dos pesquisadores líderes das linhas de pesquisa em agroecologia, a fim de
verificar a interação entre os projetos aos quais estes pesquisadores estavam vinculados e os
agricultores familiares. A partir dos projetos, também foram consideradas as instituições
relacionadas a estes trabalhos.
Por fim, o levantamento deste banco de dados permitiu a elaboração de gráficos, que
revelaram dados quantitativos que possibilitaram, juntamente com outras análises, a
percepção de informações qualitativas.
Além da presente introdução, o trabalho está estruturado em cinco capítulos. O
primeiro apresenta os principais conceitos da teoria de sistema nacional de inovação e
arranjos produtivos locais. Optou-se por este arcabouço teórico por julgar essencial adotar
olhar sistêmico sobre o objeto estudado, isto é, incluir as diversas dimensões associadas à
agroecologia. Sequencialmente, o capítulo seguinte discorre sobre a agroecologia em duas
seções, uma destinada a agroecologia no contexto nacional e outra em relação ao estado do
Rio de Janeiro.
Já o terceiro capítulo tem como objetivo realizar um mapeamento preliminar do
sistema local de agroecologia. Neste trabalho, definiu-se a escala local como o estado do Rio
de Janeiro. O capítulo divide-se em seis seções, são elas: introdução, mapeamento do
subsistema produtivo; mapeamento do subsistema de demanda; mapeamento do subsistema
de política, que neste caso jugou-se necessária a apresentação não apenas das políticas locais,
mas também das políticas nacionais; mapeamento do subsistema científico e, por fim uma
seção destinada a analisar o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. Esta
última seção foi acrescentada, pois se percebeu que este plano se constituía como o eixo
integrador dos quatro subsistemas identificados e influenciava diretamente elementos
essenciais ao sistema de agroecologia, tais como a Lei de Assistência Técnica e Extensão
Rural, os Núcleos de Estudo em Agroecologia, ensino básico, superior e profissionalizante e a
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

18
No quarto capítulo é apresentada a metodologia utilizada para realizar o estudo
empírico, que consiste no mapeamento da estrutura científica no estado do Rio de Janeiro. O
quinto capítulo, que apresenta o estudo empírico, é dividido em cinco seções. A primeira se
destina a realização de uma análise temporal, a segunda é voltada a um estudo regional, a
terceira se destina às áreas do conhecimento; a quarta foca nas relações dos grupos de
pesquisa com as instituições parceiras e por fim, uma análise dos projetos de pesquisa,
extensão e desenvolvimento é apresentada. O trabalho finaliza com as conclusões.

19
2. REFERENCIAL TEÓRICO: SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO (SNI) E
ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS (APLs)

Conforme apontado na introdução deste trabalho, optou-se por um arcabouço teórico


que permitisse o desenvolvimento de uma visão sistêmica sobre o objeto estudado. Uma visão
sistêmica considera as diferentes esferas e os variados atores para o desenvolvimento e
inovação de determinado processo. Esta visão sistêmica é horizontal quando considera
instituições que desenvolvem políticas públicas, capacitação, produção e demanda, e também
vertical, quando avalia a interação entre os âmbitos local, regional, nacional e internacional.
Embora o objeto deste estudo seja numa esfera local, que visa analisar o ERJ, entende-
se a forte influência dos outros níveis, regional, nacional e internacional sob o contexto local.
Assim, são entendidas as diversificadas e complexas interconexões com atores e dimensões
que extrapolam o local, embora não sejam amplamente discutidas. Enfatizam-se então as
estruturas e processos majoritariamente intrínsecos ao ambiente local e suas especificidades.
―Os processos locais estão articulados, muitas vezes de forma subordinada, a
processos globais, nacionais e regionais‖ (CASSIOLATO, LASTRES e MACIEL, 2003;
SZAPIRO et al, 2015; MATOS et al., 2015, apud MATOS, 2017, p.8). Portanto, estes
processos precisam interagir ―tanto com características da natureza, condições e leis físicas
quanto com outros sistemas sociais que não são locais, mas sim de camadas regionais,
nacionais e globais como política, poder econômico, cultura, entre outros‖ (MATOS, 2017,
p.8). O sistema local, por sua vez, se articula com os processos externos, por meio de variadas
dimensões internas aos sistemas locais, que serão apresentadas nas próximas seções.
O presente trabalho considera de suma importância a analise sistêmica de um objeto,
que aqui se trata da agroecologia. Para isso o arcabouço teórico utilizado foi o Sistema
Nacional de Inovação (SNI) e os Arranjos Produtivos Locais (APLs).
O SNI é o ―conjunto de instituições que contribuem para o desenvolvimento e difusão
de novas tecnologias‖ (METCALFE, 1995 apud CAVALCANTE, 2017, p.12). O processo
de inovação pode ser compreendido como um fenômeno complexo, interativo e, sobretudo,
não-linear. Desta forma, Cassiolato e Lastres (2005) afirmam que
a abordagem de Sistema Nacional de Inovação (SNI) considera que o processo
inovativo é determinado pelos contextos geopolíticos, sociais, econômicos e
culturais, políticas governamentais, instituições de financiamento, o perfil
socioeconômico da demanda e todos os outros agentes e elementos que afetam a
aquisição, uso e difusão de inovações (ibid, 2005 apud; PODCAMENI, 2014, p. 41).

20
Estes autores também apontam para o caráter sistêmico, interativo e social do processo
de inovação e reforçam a importância que se estabeleça a integração entre as organizações e
instituições que constituem o sistema de inovação.
Recortes espaciais foram conferidos ao SNI, sendo estes nacional, regional e local.
Cassiolato, Lastres e Maciel (2003) enfatizaram os aspectos locais para o desenvolvimento do
SNI. Os sistemas espaciais se diferem em relação às fronteiras geográficas nas quais atuam. O
que aproxima estes sistemas são os processos históricos para o desenvolvimento de
identidades e de construção de vínculos territoriais, a partir de uma base social, cultural,
política e econômica que se assemelham (CASSIOLATO, LASTRES, 2005; apud
PODCAMENI 2014).
Metcalfe (1995) enfatiza que é sobre a estrutura do SNI que os governos elaboram
suas políticas de inovação. Também vale ressaltar que as ―políticas de Estado desempenham
papel-chave para o desenvolvimento das nações, principalmente na indução do
desenvolvimento de seus sistemas de produção e inovação‖ (PODCAMENI, 2014, p.46).
Uma abordagem ampla do SNI inclui subsistemas diversificados e capazes de
interagir, influenciados por diversos aspectos já citados acima. Estes subsistemas são
divididos em quatro frentes e para o desenvolvimento satisfatório do SNI é absolutamente
necessários que elas estejam em constante diálogo. O quadro abaixo apresenta estes
subsistemas.

Tabela 1. Sistema Nacional de Inovação e seus subsistemas


SUBSISTEMAS INSTITUIÇÕES
Atividade econômica e sua estrutura
Grau de informalidade
Produção e Inovação Distribuição espacial
Nível de emprego
Estratégias empresariais de produção e
inovação
Sistema educacional
Esforços de pesquisa e desenvolvimento
Treinamento e capacitação
Capacitações, Pesquisa e Serviços
Ciência e tecnologia
Tecnológicos (Científico)
Serviços de medição
Certificação e consultoria
Propriedade intelectual, entre outros.

21
Políticas públicas de ciência, tecnologia e
inovação (CTI),
Políticas públicas industrial e setorial - ditas
Políticas e Financiamento explícitas - e as políticas macroeconômica,
comercial, fiscal - ditas implícitas –
Regulação
Formas de financiamento.
Padrão de distribuição de renda
Estrutura de consumo
Demanda Organização social
Demanda pública, entre outros.

Fonte: Elaboração própria com base em CASSIOLATO e LASTRES, 2008.

Além do SNI, outra abordagem analítica e metodológica importante a se considerar é o


conceito de Arranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (ASPILs), popularmente
chamado de APLs. Este conceito foi desenvolvido pela Rede de Pesquisa em Sistemas
Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist) no final da década de 1990 e ―se consolidou como
um importante referencial, tanto na esfera da pesquisa acadêmica, quanto para orientar
políticas públicas para o desenvolvimento inovativo que não ignorem as especificidades dos
diferentes territórios‖ (MATOS, et al., 2017, p.2)10.
Segundo Matos e Stallivieri (2016)
(O conceito de APL) constitui uma alternativa ao foco tradicional de setores
econômicos e empresas individuais por englobar, de forma articulada, os mais
diversos agentes produtivos, institucionais e sociais que caracterizam qualquer
sistema de produção. O enfoque abrange conjuntos de atores econômicos, políticos e
sociais e suas interações, incluindo: empresas produtoras de bens e serviços finais e
fornecedoras de matérias-primas, equipamentos e outros insumos; distribuidoras e
comercializadoras; trabalhadores e consumidores; organizações voltadas à formação
e treinamento de recursos humanos, informação, pesquisa, desenvolvimento e
engenharia; apoio, regulação e financiamento; cooperativas, associações, sindicatos
e demais órgãos de representação (p.4).

Os APLs possuem um olhar sistêmico e abrangem atores e atividades produtivos e


inovativos com distintas dinâmicas e trajetórias, desde as mais intensivas em conhecimentos
até aquelas que utilizam conhecimentos endógenos ou tradicionais. Também são considerados
os diferentes portes e funções, que podem ser provenientes dos setores primário, secundário e
terciário, que operem local, nacional ou internacionalmente (MATOS e STALLIVIERI,
2016).

10
A RedeSist já adotava o arcabouço teórico de Sistema Nacional de Inovação, que foi desenvolvimento
inicialmente na Europa e nos EUA. Assim, a utilização deste arcabouço teórico no Brasil não capturava
plenamente as heterogeneidades regionais que o Brasil apresenta. Desta forma, recomenda-se que o arcabouço
teórico do SNI seja complementado com as uma análise regional, a fim de dar conta das heterogeneidades
regionais.
22
O conceito de APL também considera que a produção e as capacitações necessárias à
inovação são sistêmicas e localizadas no território. Estes arranjos são considerados locais
quando algumas características em comum são identificadas, como:
proximidade geográfica, especialização setorial, predominância de pequenas e
médias empresas, estreita colaboração entre firmas, competição entre firmas baseada
na inovação, identidade sócio-cultural com confiança, organizações de apoio ativas
na prestação de serviços comuns, atividades financeiras, etc., além da promoção de
governos regionais e municipais‖ (SCHMITZ, 1999 apud MATOS e
STALLIVIERI, 2016, p.5).

Os APLs buscam entender os processos de geração, difusão e uso de conhecimentos


dando destaque à esfera local refletindo o caráter localizado da assimilação e do uso de
conhecimentos e capacitações. Desta forma, ―reconhecendo que o conhecimento não é neutro
nem autônomo, mostra-se fundamental considerar o contexto em que ele é gerado, adquirido e
se difunde, bem como quem o detém, utiliza e dissemina, incluindo desde indivíduos a
instituições‖ (MATOS et al., 2017, p.6). Assim, diante de um País tão diverso como o Brasil,
dificilmente experiências desenvolvidas em determinadas circunstancias podem ser
absolutamente replicadas em outro território, considerando que o contexto histórico-cultural
de cada região no País é bem específico (MATOS et al., 2017). Daí a importância do caráter
local para o desenvolvimento dos sistemas, seja do conhecimento ou qualquer outro.
Ao passo que o SNI considera os subsistemas, o argumento básico do enfoque
conceitual e analítico de APL é que em qualquer produção, independente de qual seja o bem
ou serviço, haverá inevitavelmente um sistema em torno da mesma. Assim, os APLs
consideram os processos inovativos, capacitação produtiva e inovativa, os processos de
cooperação e a articulação entre os agentes, o enraizamento, governança e a territorialização.
A este ultimo cabe um destaque especial, pois valoriza pontos chaves deste trabalho: a
articulação entre os atores e o ambiente local.
Segundo Matos et al. (2017):
a análise dos fatores vinculados à territorialização está centrada nas articulações
entre os atores e o ―ambiente local‖ e, especificamente, com o variado conjunto de
organizações e fatores que conformam um sistema inovativo local. Busca-se
entender em que medida as características do ambiente local, a mão de obra, os
agentes produtivos, a infraestrutura física, de financiamento e de conhecimento, as
instituições de representação e fomento, bem como as demais facetas do território,
influenciam e contribuem para o desenvolvimento de capacitações produtivas e
inovativas, a forma de organização das relações, a competitividade/atratividade e o
desenvolvimento da região (p.14).

A figura abaixo ilustra o arcabouço associado à APL, já conjugando as dimensões


global, nacional e local.

23
Figura 1. O ASPIL e o Subsistema de Produção e Inovação.
Fonte: MATOS el. al., 2017.

24
3. AGROECOLOGIA NO CONTEXTO NACIONAL E LOCAL – ESTADO DO RIO
DE JANEIRO: HISTÓRICO E CONCEITOS

3.1. AGROECOLOGIA NO BRASIL

―A história da agricultura alternativa antecede a chamada revolução verde. Surge na


Alemanha, em 1924, com a agricultura biodinâmica e natural (VOGT, 1999), na
Inglaterra, em 1946, com a agricultura orgânica (REED, 2002) e na França, em
1940,com a ―agriculturebio-dynamique d‘alimentação normal e (CEZAR,1999)‖
(BRANDENBURG, 2002, p. 1)

É possível afirmar que foi a partir dos anos de 1970 que as críticas frente à
modernização agrícola, o padrão industrial de desenvolvimento e a relação sociedade-
ambiente passaram a se organizar de forma mais estrutural e a compor um contra movimento
mais organizado no cenário global. A agricultura dita alternativa, que surgiu como um
contraponto ao formato organizativo da agricultura convencional, valoriza a produção
ecologicamente sustentável, socialmente justa, tecnologicamente adequada, economicamente
viável e culturalmente aceita, foi motivada por organizações politicamente engajadas que
tiveram na agricultura ecológica a esperança de uma sociedade democrática e com a
perspectiva de transformação social (BRANDENBURG, 2002).
No Brasil, esse movimento de contestação ganhou força na década seguinte
culminando com a realização de três Encontros Brasileiros de Agricultura Alternativa, em
1981 na cidade de Curitiba, PR, em 1984 em Petrópolis, RJ, e em 1987 em Cuiabá, MT
(ABREU et al., 2009). Foi na década de 1980 que a agroecologia se popularizou, graças aos
trabalhos dos acadêmicos Miguel Altieri e Stephen Gliessman. Esses autores deram um
enfoque científico às pesquisas empreendidas nas comunidades tradicionais campesinas
(ANDRADE, 2014).
A agroecologia é um tema abrangente, multifacetado e interdisciplinar. No ano de
2006 um livro intitulado ―Marco Referencial em Agroecologia‖ foi publicado pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que contou com a colaboração de um grupo
de trabalho das diversas unidades da Embrapa. O trabalho buscou apresentar ideias para o
debate sobre as bases conceituais da agroecologia, no sentido de contribuir para a construção
coletiva de um programa institucional com enfoque agroecológico na Embrapa (Embrapa,
2006). Desta forma, foram compilados diversos conceitos para o termo ―agroecologia‖.

25
Considera-se, para a construção e desenvolvimento do presente trabalho a definição de
agroecologia utilizada por Altieri (1998), na primeira edição do seu livro ―Agroecologia: a
dinâmica produtiva da agricultura sustentável‖. Ele definiu que a agroecologia é:
[...] uma nova abordagem que integra os princípios agronômicos, ecológicos e
socioeconômicos à compreensão e avaliação do efeito das tecnologias sobre os
sistemas agrícolas e a sociedade como um todo (ALTIERI,1998, p.23).

O termo ―agroecologia‖ também foi incorporado ao dicionário, que a define como


―parte da ecologia que visa a integração equilibrada entre as atividades agrícolas e o meio
ambiente‖ (MICHAELIS DICIONÁRIO BRASILEIRO DA LÍNGUA PORTUGUESA,
2015).
Sob uma perspectiva mais abrangente, a agroecologia se consolida quando,
simultaneamente, cumpre com os seguintes princípios:
sustentabilidade econômica (potencial de renda e trabalho, acesso ao mercado),
ecológica (manutenção ou melhoria da qualidade dos recursos naturais e das
relações ecológicas de cada ecossistema), social (inclusão das populações mais
pobres e segurança alimentar), cultural (respeito às culturas tradicionais), política
(organização para a mudança e participação nas decisões) e ética (valores morais
transcendentes) (EMBRAPA, 2006, p.23).

Deste modo, a agroecologia busca analisar processos ecológicos, econômicos, sociais e


culturais sob uma perspectiva sistêmica e integrada. Cabe ressaltar ainda a forte participação
do conhecimento tradicional desenvolvido por agricultores familiares, camponeses, indígenas
e povos de comunidades tradicionais. Os princípios agroecologicos estão intimamente
relacionados à forma de manejo do solo e demais técnicas utilizadas por estes atores.
Uma característica marcante da agroecologia no Brasil é seu vínculo indissociável com
a defesa da agricultura familiar camponesa como base social de estilos sustentáveis de
desenvolvimento rural. Há de se considerar que entre 60 a 70% dos alimentos da cesta básica
de alimentos do povo brasileiro são produzidos pela agricultura familiar (BRASIL, 2009) e,
dessa forma, a agricultura familiar camponesa cumpre, no Brasil, com vários papeis
históricos, inclusive vinculados à segurança alimentar do País (CAPORAL; PETERSEN,
2012).

3.2. AGROECOLOGIA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Bem como no Brasil, as primeiras manifestações da agricultura dita alternativa no Rio


de Janeiro foram registradas nos de 1970. Os grupos que começaram a contestar a agricultura

26
tradicional foram a Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro
(ABIO), a ONG COONATURA e o Grupo de Agricultura Ecológica (GAE). Neste
movimento também contribuíram as primeiras ocupações de terra que foram se transformando
em assentamentos e experimentando práticas agroecológicas (ARTICULAÇÃO DE
AGROECOLOGIA DO RIO DE JANEIRO, 2017).
O estado também recebeu experiências de âmbito e contribuição nacional para o
tema, como a Agricultura Familiar e Agroecologia (AS-PTA) e a ―Fazendinha
Agroecológica‖ na Embrapa Agrobiologia. Implantada em 1993, esta unidade da Embrapa
merece destaque, pois é responsável pelo desenvolvimento de projetos que contribuem para o
fortalecimento e aprimoramento dos sistemas agroecológicos, além de aproximar agricultores
da região com os pesquisadores da empresa. Vale ressaltar que, apesar de estar localizada no
Rio de Janeiro, a ―Fazendinha‖ produz conhecimento científico que colabora com todo o
território nacional, pois suas conclusões podem ser replicadas em outras regiões.
O Rio de Janeiro também foi palco de várias articulações nacionais em prol deste
movimento, como o Encontro Brasileiro de Agricultura Alternativa e o Encontro Nacional de
Comunidades Alternativas, ambos na década de 80 e o Seminário Nacional de Agricultura
Alternativa no início da década de 90 (ARTICULAÇÃO DE AGROECOLOGIA DO RIO DE
JANEIRO, 2017).
A partir de 2006 iniciou-se a trajetória de encontros estaduais de agroecologia
motivada pela necessidade crescente de fomentar uma articulação agroecológica no estado.
Em 2010 houve o segundo encontro e no ano de 2013, o terceiro (SILVA, 2011). Em janeiro
do ano presente, agricultores familiares, movimentos sociais e instituições se uniram para
planejar o próximo evento. O ano de 2017 também marca os 10 anos da Articulação de
Agroecologia do Rio de Janeiro (AARJ), movimento de grande relevância para a
identificação, sistematização e mapeamento de experiências agroecológicas que se articulam
no estado com o objetivo de fortalecer as iniciativas agroecológicas (COMUNICAÇÃO
OBSERVATÓRIO DE TERRITÓRIOS SUSTENTÁVEIS E SAUDAVEIS, 2017).
O Rio de Janeiro é comumente percebido como um estado predominantemente urbano,
o que acaba por esconder a multiplicidade e os distintos grupos sociais envolvidos na
agricultura familiar e também nos processos agroecologicos (PEREIRA et al., 2009).
Segundo Gollo et al.,(2014):
Essas experiências são, no entanto, rurais e urbanas, de produção e de consumo,
agrícolas e não agrícolas. São protagonizadas por atores portadores das mais
variadas identidades socioculturais (agricultores (as) familiares, assentados (as),
quilombolas, caiçaras, agricultores(as) urbanos(as), consumidores(as), etc.) e
27
afiliações institucionais (organizações e movimentos da agricultura familiar e da
reforma agrária, ONGs, cooperativas de serviço e de consumo, instituições oficiais
de ensino, de pesquisa e de extensão rural) (p.10).

A pluralidade de experiências autônomas, localmente enraizadas e concebidas de


―baixo para cima‖ representa a manifestação efetiva de oposição aos padrões de
desenvolvimento impostos de ―cima para baixo‖. Desta forma, a presença da agricultura de
base agroecologia no ERJ promove saber e inovação local, racionalidade ecológica,
criatividade, cooperação, solidariedade, produção artesanal, cuidado e campesinidade
(GOLLO et al., 2014). Além disso, a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que abrange 19
municípios, vem se definindo pelo reconhecimento de múltiplas expressões de agricultura no
contexto urbano e periurbano, pela presença da agricultura familiar com características
camponesas acentuadas e pela emergência de uma rede de agroecologia (MATTOS et al.,
2017).
No estado, destaca-se ainda a participação das mulheres na agroecologia. No I
Encontro Nacional de Agricultura Urbana realizado na Universidade Estadual do Rio de
Janeiro em 2015, as mulheres representaram mais de 50% das participações. Elas também
foram maioria na composição da Comissão Organizadora do Encontro, bem como na
Comissão Político Pedagógica, e tiveram notável participação nas mesas, oficinas, instalações
pedagógicas, e na produção e comercialização da Feira de Saberes e Sabores (MULHERES
PARTICIPANTES DO I ENAU, 2015).
Além disso, a presença de jovens no processo agroecológico no estado é cada vez mais
marcante. O programa de intervivência ―a juventude do Campo no Campus‖ realizado pela
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), atendendo uma demanda da AARJ,
entre 2009 e 2011 acolheu cerca de 80 jovens. Eles puderam assim, contribuir na formação de
sua comunidade junto a Assistência Técnica, auxiliando a inserção de técnicas
agroecológicas, assim como no envolvimento de outros jovens para que estes também
busquem por meios de permanecer no campo, na comunidade tradicional, caiçara,
assentamento e na agricultura familiar (MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS
SEM TERRA, 2011).
A Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro não se restringe à delimitação
política administrativa das regiões de governo. Ela apresenta uma regionalização do Estado
baseada na organização social e articulação em torno da presença das diversas experiências
agroecológicas. Esta regionalização divide o estado em seis regiões: Serra-mar;
Metropolitana; Costa Verde; Médio Paraíba; Serrana e Norte Fluminense e revela identidades

28
que tanto se determinam pela proximidade física, quanto pela similaridade dos processos de
construção histórica relacionados à agroecologia e outros processos da terra (GOLLO et al.,
2014).

Figura 2. Mapa regional dos municípios com experiências agroecológicas


Fonte: GOLLO et al., 2014

29
4. MAPEAMENTO DO SISTEMA AGROECOLÓGICO NO RIO DE JANEIRO

4.1. INTRODUÇÃO

O presente capítulo tem como objetivos discorrer sobre os subsistemas que compõe o
Sistema de Inovação de agroecologia, identificados no capítulo 1, apresentar um mapeamento
preliminar destes subsistemas e posteriormente analisar a articulação destes subsistemas
através do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. O espaço disponível não
permite maior detalhamento de cada um dos subsistemas na sua totalidade espacial, ou seja,
internacional, nacional, regional e local. Para o presente trabalho coube apresentar os
subsistemas locais, restringindo a análise ao território do ERJ, com uma ressalva para o
subsistema de políticas públicas, que foi exposto também no contexto nacional. Esta exceção
foi necessária, pois a política brasileira federal que aborda a agroecologia é bem estruturada e
possui forte influencia sobre a dinâmica local. Seguindo nesta linha, percebeu-se ao longo do
trabalho que o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica possui caráter sistêmico,
que conecta todos os subsistemas do Sistema de Inovação de Agroecologia. Desta forma, foi
dado um destaque especial a este Plano.

4.2. SUBSISTEMA PRODUTIVO LOCAL

Esta subseção tem como objetivo mapear os produtores de agroecologia no Estado do


Rio de Janeiro. Porém, de acordo com Guadagnin (2010), estima-se que o número desses
produtores agroecológicos tem crescido na última década e já é expressivo, mas não existe
nenhuma estatística oficial que possa especificar um número mais exato.
Como forma de superar a falta de dados oficiais sobre os produtores agroecológicos do
ERJ, esta seção apresenta algumas estatísticas que podem conjuntamente ajudar a compor
uma aproximação do subsistema produtivo de agroecologia do ERJ.
Segundo os dados do último Censo Agropecuário do IBGE (2006), há um total de
44.145 estabelecimentos familiares no ERJ, que representam 75% do total das propriedades
rurais. Há de se considerar que nem toda produção familiar é em base agroecológica, mas

30
tendo em vista que não há um levantamento estatístico tão completo quando Censo
Agropecuário do IBGE e levando em consideração uma forte correlação entre a produção
familiar e a agroecologia, estes dados sobre agricultura familiar pode ser considerado uma
proxi importante para a produção agroecológica no ERJ.
Esta forma ecológica de desenvolver a agricultura vem sendo percebida como uma
alternativa para a viabilização econômica e social da agricultura familiar. Desta forma, o
subsistema produtivo da agroecologia abriga conhecimentos tradicionais, desenvolvidos por
pequenos produtores e possui um forte caráter local. Entretanto, não se pode confundir e
associar esta base de conhecimento convencional a um sistema produtivo incapaz e inferior.
―A capacidade inovadora da agricultura familiar agroecológica permite aumentar a produção,
o abastecimento alimentar e a oferta de produtos para o mercado e ainda diminuir os riscos
das mudanças climáticas‖ (SERVIÇO DE ASSESSORIA A ORGANIZAÇÕES
POPULARES RURAIS, 2017).
Outro levantamento importante sobre a produção agroecologia no ERJ foi realizado
pela rede Rio Alimentação Sustentável (RAS), fundada em 2013. Esta rede objetiva fomentar
a cadeia de alimentos saudáveis e sustentáveis no Brasil 11.
Através da articulação entre diversas organizações membros e parceiros da RAS, esta
rede elaborou uma ampla base de dados que compilou uma série de listagens a nível nacional
de: produtores e fornecedores com algum tipo de certificação orgânica ou de bem animal;
produtores presentes no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO) do MAPA;
Agroindústrias do Programa Prosperar12 da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
do Rio de Janeiro (Emater-Rio); cooperativas e associações de agricultura familiar enviada
pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS); além de fornecedores de carnes e ovos.
Da mesma forma que nem toda agricultura familiar pode ser considerada de base
agroecológica, nem todo produto orgânico é necessariamente produzido nestas bases.
Entretanto, uma produção agroecológica provavelmente é realizada por agricultores familiares
e fatalmente desenvolve produtos orgânicos (ainda que este não possua o selo nacional de
produto orgânico). Dessa forma, os dados de produção orgânica fornecida pela RAS foram

11
A RAS é uma rede composta por 35 organizações da sociedade civil, governo e instituições de pesquisa, sob
coordenação da WWF- Brasil e da Conservação Internacional (CI-Brasil). A RAS conta com representantes de
ministérios, secretarias do estado e do município do Rio de Janeiro, empresas públicas, academia, organizações
de base comunitária e dos principais selos de certificação. Seu primeiro foco foi a oferta de alimentos para os
Jogos Olímpicos de 2016, que ocorreram na cidade do Rio de Janeiro, e seu legado, em parceria com o Comitê
Rio 2016.
12
Este Programa será apresentado na seção 4.4.2.
31
utilizados neste trabalho como importante proxi para o sistema produtivo agroecológico, pois
dialogam com a estratégia agroecológica13.
Os dados disponibilizados pela RAS apresentam a existência no ERJ de 333
produtores e fornecedores com algum tipo de certificação orgânica. Neste caso, merece
destaque a ABIO com 304 das certificações. Esta associação concede os certificados por meio
do Sistema Participativo de Garantia (SPG) que envolve todos os componentes da rede de
produção orgânica. Agricultores, produtores, extrativistas, comerciantes, consumidores e
técnicos compartilham a responsabilidade pela avaliação da conformidade das unidades de
produção frente aos regulamentos da agricultura orgânica. O Sistema Participativo de
Garantia da ABIO (SPG-ABIO) além de fornecer aos produtores o Certificado de
Conformidade Orgânica, propicia a formação e a capacitação dos agricultores, produtores e
extrativistas, de modo a ajudá-los a incorporar a seus sistemas produtivos os princípios da
agroecologia, que são a base da agricultura orgânica (ASSOCIAÇÃO DE AGRICULTORES
BIOLÓGICOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2016).
Através do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO) também é possível
observar a relação de produtores orgânicos presentes no ERJ. No ultimo levantamento
realizado em maio de 2017, existiam no estado um total de 472 agricultores certificados no
estado.
A Emater-Rio, totaliza 133 produtores ou agroindústrias cadastrados no do Programa
Prosperar. A Emater-Rio é uma importante instituição em relação à agricultura no ERJ.
Dentre outras atribuições, a empresa colabora com o planejamento, a coordenação, a
formalização e execução de programas e projetos de ATER no ERJ, visando à difusão de
conhecimento de natureza técnica, econômica e social, para aumento da produção e da
produtividade agropecuária e a melhoria das condições de vida do meio rural do ERJ, além de
prestar aos produtores rurais serviços necessários à produção agropecuária (EMATER-RIO,
2017).
Além disso, 11 associações e cooperativas de agricultura familiar foram enviadas pelo
MDS. É preciso sublinhar a importância destas instituições no processo de viabilização das
atividades econômicas, possibilitando aos trabalhadores e pequenos proprietários um caminho
efetivo para participar do mercado em melhores condições de concorrência. Os pequenos
produtores, que geralmente possuem dificuldades similares para obter um bom desempenho
econômico, têm na transformação da participação individual e familiar em participação grupal

13
Agradeço à rede RAS pelo apoio na elaboração deste trabalho, em especial Richard Smith.
32
e comunitária uma alavanca. O associativismo é um mecanismo que acrescenta capacidade
produtiva e comercial a todos os membros, colocando-os em melhor situação para viabilizar
suas atividades, além de promover a troca de experiências e a utilização de uma estrutura
comum (AMARAL, 2017).
Além das associações, as cooperativas também são organizações que visam à
cooperação e ajuda mútua, com gestão democrática e participativa, com objetivos econômicos
e sociais comuns. O principal objetivo do cooperativismo é comercializar a produção dos seus
membros, permitindo a geração de renda dos seus cooperados além da possibilidade de
reinvestir parte desses benefícios para o bem comum do grupo (AMARAL, 2017). Desta
forma, quão maior for a união entre os pequenos agricultores familiares, maior a capacidade
de inserção dos produtos agroecológicos no mercado, o que, consequentemente possibilita o
aumento da produção e a geração de renda. Por fim, outro dado disponibilizado pela RAS, é a
presença de 16 produtores, fornecedores ou projetos que produzem ovos orgânicos no ERJ.
O conjunto de estatísticas apresentadas, apesar de não capturar a totalidade de
produção agroecológica no ERJ, são os dados mais atuais e estruturados que este sistema
produtivo possui. A ausência de uma base de dados com este levantamento tem sido apontada
como um dos obstáculos ao desenvolvimento da agroecologia no ERJ. Importantes
instituições governamentais como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), assim como
instituições não governamentais, como a Rio Alimentação Sustentável (RAS) já se
posicionaram sobre a necessidade de realizar tal levantamento e estão se articulando no
sentido de iniciar este mapeamento.
Ademais, é importante ressaltar que este levantamento apresentado se restringe apenas
aos produtores e não inclui elementos centrais do subsistema produtivo como as etapas de
transporte, armazenamento e comercialização dos produtos agroecológicos. Há importantes
debates sobre como reduzir os custos nestas etapas da cadeia produtiva. Um aspecto
identificado como essencial para o sistema produtivo conseguir reduzir tais custos é a
necessidade de uma maior aproximação entre consumidores e produtores, isto é, a promoção
de Circuitos Curtos de Comercialização (CCC). Esta discussão será retomada no subsistema
de demanda. Adicionalmente, discute-se a necessidade de existência de armazéns públicos
nos centros urbanos para que os agricultores possam estocar seus produtos, além da

33
necessidade de haver uma promoção de mais espaços para comercialização e feiras de
produtos agroecológicos14.
A AARJ disponibiliza em seu site uma lista que apresenta os locais onde é possível
adquirir produtos agroecológicos. A lista indica algumas associações e cooperativas de
produtores localizadas no Rio de Janeiro e também em outros estados, mas que chegam
através de logística ate os consumidores cariocas. Além disso, são listadas algumas feiras
onde os produtores comercializam seus produtos.

Tabela 2. Onde adquirir produtos agroecológicos.


1. ABIO – Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro
2. Agrojardim – Casimiro de Abreu
3. AMOQC – Associação de Moradores do Quilombo Campinho da Independência
4. APOP – Associação dos Produtores Orgânicos de Petrópolis
5. Associação Agroecológica de Teresópolis
6. Assentamento Fazenda Alpina
7. COPAGÉ – Cooperativa dos Produtores de Magé
8. Feira da Associação dos Produtores Agroecológicos de Teresópolis
9. Feira da Associação dos Produtores Orgânicos de Petrópolis
10. Feira da Roça
11. Feira orgânica e cultural da Glória
12. Feira do Flamengo
13. Feira de Botafogo
14. Feira do Catete
15. Feira da Cobal do Humaitá
16. Feira orgânica do itanhangá
17. FETAG – Federação dos Trabalhadores na Agricultura
18. SERORGÂNICO – Associação de Produtores Orgânicos de Seropédica
19. Feira do Cempes
20. UNIVERDE – Cooperativa de Agricultura Familiar e Produtos Orgânicos
21. Igreja Johrei Center
22. Banca local no bairro Geneciano
23. Banca local no bairro Figueira
24. Rede ecológica
25. APAT (Associação dos Pequenos Produtores e Trabalhadores Rurais)
26. APRUCARE (Associação dos Produtores Rurais de Campo Redondo)
27. Biohortas
28. Biorga
29. Casa de Cultura Nelson Mandella
30. COOPERACRE (Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre)
31. Cooperativa da Praia Vermelha
32. Família Freitas
33. Fazenda Serra Boa Vista

14
Foge ao escopo deste levantamento preliminar aprofundar tais discussões. Recomenda-se como forma de
continuação do presente trabalho que estes elementos do sistema produtivo local do ERJ sejam analisado em
maior profundidade.
34
34. QUILOMBOLAS DO SAPÊ DO NORTE
35. RECA
36. Restaurante Metamorfose
37. Sitio Desiderata
38. Sítio das Graúnas (Antônio Soares Castor)
39. Sitio Pimenta (Assentamento Sol da Manhã)
40. TerraUna – Produtos da Mantiqueira

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro (AARJ).

A produção agroecológica apresenta desafios a serem superados, como barreiras


comerciais, limitações para a distribuição, pressão do agronegócio, dificuldades para o acesso
a políticas públicas etc. Assim, o fortalecimento do sistema produtivo em agroecologia está
intimamente relacionado à percepção dos consumidores da importância de adquirir alimentos
livres de agrotóxicos e de apoiar um modelo de produção com forte apelo social e
participativo. Assim, a demanda por produtos agroecológicos estimula a produção agrícola,
que por sua vez atenta para a promoção de políticas públicas e fomenta a comunidade
científica. A próxima seção irá se dedicar a analisar o subsistema de demanda no estado do
Rio de Janeiro.

4.3. SUBSISTEMA DE DEMANDA LOCAL

Khatounian (2001), em seu livro ―A Reconstrução Ecológica da Agricultura‖ afirma


que, sem uma reeducação dos consumidores, não será possível conjugar abastecimento
seguro, boa nutrição humana e preservação dos recursos naturais. Essa reeducação parte
basicamente de uma nova percepção dos consumidores sobre o que é um alimento de
qualidade, com a valorização da biodiversidade, da sazonalidade e da regionalidade dos
alimentos e de uma mudança na forma de adquirir produtos agrícolas (CINTRÃO et al.,
2015).
Desta forma, outro fator relevante para o processo de fortalecimento do sistema
agroecológico (nacional e local) é a conscientização dos consumidores e sua aproximação
com os produtores locais. Assim, uma gama de iniciativas que visam esta integração por meio
de redes alimentares alternativas está se consolidando e mediando novos padrões de produção
e consumo. Esses mercados têm merecido crescente atenção por parte dos movimentos

35
sociais, pesquisadores e formuladores de políticas públicas (NIEDERLE, 2013). Portanto, a
percepção dos consumidores acerca de uma alimentação mais saudável favorece a demanda
por produtos agroecológicos além de fomentar a pesquisa e de dar voz à sociedade civil
articulada a fim de participar no processo de construção, acompanhamento e monitoramento
transparente, e avaliação das políticas públicas (BRASIL, 2013).
A Sociologia Econômica considera outra perspectiva para o estudo dos mercados que
não a capitalista. Aqui não cabe aprofundar conceitos sobre sociologia econômica, mas
considera-se neste trabalho
os mercados como construção social, onde as relações sociais constituem as formas
de comercialização e, estas não seguem a ordenação estrita dos aspectos
econômicos, agregando as dimensões políticas (ordenamento jurídico-institucional),
sociais (vínculos construídos com base na confiança entre produtor e consumidor) e
culturais (relativos aos valores compartilhados por determinados atores sociais, as
tradições morais e religiosas) (SILVEIRA et al., 2009, p.3).

Assim, as ditas alternativas de desenvolvimento rural devem trabalhar com a lógica de


que mercados podem ser construídos e os vínculos produção-consumo podem ser redefinidos
constantemente em um processo permanente de negociação. Isto implica no desenvolvimento
de novas possibilidades de distribuição, além do varejo e atacado convencionais. Neste
sentido, os Circuitos Curtos de Comercialização (CCC) revelam-se como uma alternativa para
a inserção dos alimentos produzidos em base agroecológica na mesa dos consumidores
(SILVEIRA et al., 2009).
Segundo os autores Darolt, Lamine e Brandemburg (2013), no Brasil ainda não há
uma definição oficial para CCC, mas o conceito aponta para uma proximidade entre
produtores e consumidores. Outras denominações, como circuitos de proximidade (AUBRI;
CHIFFOLEAU, 2009 apud DAROLT; LAMINE; BRANDEMBURG, 2013), circuitos locais
(MARECHAL, 2008 apud DAROLT; LAMINE; BRANDEMBURG, 2013) ou circuitos
alternativos (DEVERRE; LAMINE, 2010 apud DAROLT; LAMINE; BRANDEMBURG,
2013), também são adotadas. Os CCC se diferenciam pelo tipo de venda, que pode ser direta,
quando o produtor entrega pessoalmente a mercadoria ao consumidor ou indireta, através de
um único intermediário (que pode ser outro produtor, uma cooperativa, uma associação, uma
loja especializada, um restaurante ou até um pequeno mercado local). No diagrama abaixo
pode ser entendida a tipologia de CCC de produtos ecológicos no Brasil.

36
Figura 3. Tipologia de circuitos curtos de comercialização de produtos ecológicos no Brasil.
Fonte: Darolt (2013)

Darolt, Lamine e Brandemburg (2013) também afirmam que estes circuitos


estabelecem modos de troca e circulação de mercadorias de forma justa e solidária tanto para
produtores como para consumidores, pois reforçam a noção de autonomia e proporcionam
maior relevância e participação destes atores na definição dos modos de produção, troca e
consumo. Além disso, princípios como autonomia, solidariedade, segurança alimentar, justiça
social, respeito à cultura e tradição locais, assim como a reconexão entre produtores e
consumidores, são observados nos circuitos curtos (DAROLT; LAMINE; BRANDEMBURG,
2013). Mas para que os CCC possam oferecer os benefícios a que se propõe e cumprir com
seus princípios é necessário que estejam envolvidos diversos agentes locais.
As iniciativas bem sucedidas em CCC acontecem, normalmente, em locais onde se
verifica a formação de uma rede com estreita parceria entre o poder público,
entidades não governamentais, organizações de agricultores e consumidores. Isso
nos levou a pensar um conceito de sistema agroalimentar territorial, que podemos
definir como um conjunto de todos os atores de um território e das estruturas do
setor de produção, processamento, distribuição e consumo, incluindo ainda a
pesquisa, assistência técnica, ensino, políticas governamentais, órgãos reguladores,
consumidores e sociedade civil (LAMINE, 2012 apud DAROLT; LAMINE;
BRANDEMBURG, 2013, p.12).

Segundo Mundler (2008), a lógica de desenvolvimento em circuitos curtos repercute


sobre a organização da propriedade e para atender à demanda dos consumidores em
diversidade, quantidade, regularidade e qualidade, geralmente os pequenos produtores
adequam-se aos CCC. Neste sentido, a figura abaixo apresenta as características destas
propriedades que trabalham com circuitos curtos de comercialização de alimentos ecológicos.

37
Figura 4. Características de propriedades que trabalham com circuitos curtos de comercialização de alimentos
ecológicos.
Fonte: Darolt (2013)

Cada vez mais os consumidores estão se tornando conscientes e buscando nos


mercados locais produtos ecológicos, de época e com preços justos. Isso cria novas relações
sociais e novos valores, o que possibilita o resgate da autonomia dos agricultores. ―Nesse
sentido, as políticas públicas têm um papel fundamental para formar e informar os
consumidores menos esclarecidos‖ (DAROLT; LAMINE; BRANDEMBURG, 2013) e desta
forma favorecer o interesse e a participação da sociedade civil.
A demanda por produtos agroecológicos também é percebida por meio das compras
coletivas organizadas em grupos de consumo responsável, que são definidos como
―consumidores organizados que se propõem a fazer do seu ato de compra um ato político,
visando à sustentabilidade da própria experiência e o bem-estar do planeta, constituindo uma
ação educativa para o consumo responsável‖ (KAIRÓS, 2010 apud CINTRÃO, 2015, p.10).
No Rio de Janeiro, a Rede Ecológica (RE) é um dos maiores e mais antigos grupos de
consumo responsável de produtos agroecológicos (e orgânicos) do Brasil. Criado em 2001, a
RE envolve em torno de 30 produtores ou grupos de produtores, cerca de 230 famílias,
organizadas em 11 núcleos, situados em bairros de classe média urbana do Rio de Janeiro,
Niterói, Nova Iguaçu e Itaipava (CINTRÃO et al., 2015).
A RE é um movimento social, aberto a qualquer pessoa que se identifique com seus
princípios, e que pretende fomentar o consumo ético, solidário e ecológico. É composta por
grupos de consumidores que realizam compras coletivas diretamente de pequenos produtores

38
agroecológicos/orgânicos, possibilitando a compra desses produtos a preços acessíveis e ainda
apoia as iniciativas desses produtores (REDE ECOLOGICA, 2017).
A experiência da Rede Ecológica aponta para especificidades dos grupos de
consumo, que os diferenciam de outras formas de comercialização de produtos
agroecológicos. Nos grupos de consumidores, a autogestão é um elemento
importante, as definições de compra são compartilhadas e a aproximação com os
produtores se dá enquanto organização coletiva. O acúmulo de conhecimentos e
saberes favorece mudanças nas práticas cotidianas, abrindo caminho para outra
realidade humano-social do sistema alimentar, porque são as escolhas dos
consumidores que constroem essa realidade (CINTRÃO, 2015, p.14).

No entanto, a multiplicação dos grupos de consumo ainda é pouco priorizada pelos


movimentos sociais e tem se desdobrado lentamente. Levantamentos realizados pelo Instituto
Kairós, em 2010 e 2013, apontam a existência de 17 experiências de grupos de consumo no
Brasil, que declaravam realizar práticas de compras coletivas segundo princípios da
agroecologia e da economia solidária. Enquanto isso, o Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor (Idec) em 2012 registrou 140 feiras ecológicas identificadas em 22 das 27
capitais brasileiras (CINTRÃO, 2015). Portanto, as experiências mais comuns e que já são
melhores assimiladas pela população como as feiras, possuem número mais expressivo que
outras, como os grupos de consumo.
Há de se considerar que os produtos agroecológicos (e orgânicos de uma forma geral)
precisam ser desmitificados em relação ao preço. Embora seja crescente o número de
consumidores interessados por estes tipos de produtos, muitos ainda se afastam por conta do
alto valor associado a eles (INSTITUTO DE PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO,
2011). Diante deste contexto, uma pesquisa foi idealizada pela Rede Brasileira de Grupos de
Consumo Responsável e realizada coletivamente por meio da articulação em rede 15 a fim de
comparar preços de produtos convencionais, orgânicos e em transição agroecológica. A
avaliação foi feita no período de um ano (2014-2015) e concluiu que ―o preço geralmente
elevado dos alimentos sem veneno depende do canal de comercialização‖ (KAIRÓS, 2016,
p.2). O estudo sugere desta forma, que nos circuitos curtos de comercialização, existe uma
tendência de preços mais justos, remuneradores para o agricultor e acessíveis ao consumidor.
Paralelamente, os preços praticados nos grupos de consumo responsável (GCR) são muito
menores que nos supermercados, com produtos equivalentes, variando entre 16% até 280%,

15
A pesquisa contou com a participação voluntária de 5 grupos de consumo de diferentes regiões do país:
SISCOS em Alta Floresta (MT), Rede Ecológica no Rio de Janeiro (RJ), Rede Moinho em Salvador (BA),
Movimento de Integração Campo-Cidade (MICC) em São Paulo (SP) e Rede Guandu em Piracicaba (SP). Foi
coordenada pela pesquisadora e engenheira agrônoma Morgan e Retière (Rede Guandu / Instituto Terra Mater /
Piracicaba). E foi viabilizada por meio do projeto ―Produção e consumo responsável nas redes territoriais‖,
realizado pelo Instituto Kairós em parceria com a Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do
Trabalho e Previdência Social (SENAES/MTPS).
39
de acordo com a pesquisa (KAIRÓS, 2016). Assim, além da mudança de percepção dos
consumidores sobre alimentação, a justa introdução dos produtos agroecológicos no mercado
capaz de atender a demanda, também depende da mudança de paradigma do local onde se
adquire esses alimentos.

4.4. SUBSISTEMA DE POLÍTICA

4.4.1. Políticas nacionais

O Brasil tem sido citado como referência em ações públicas (GUZMÁN 2002,
MOLINA 2009) direcionadas ao fortalecimento da agricultura familiar com base nos
princípios da agroecologia. No País, estratégias de produção, de comercialização e de acesso à
educação adequada aos agricultores e também políticas de meio ambiente e de saúde para esse
público fazem parte do escopo brasileiro. Desta forma, as estratégias estabelecidas
nacionalmente pretendem integrar um conjunto de ações de apoio a agroecologia não só para
a produção, mas considerando também os agricultores e agricultoras familiares (ARABI,
2015).
As políticas públicas são relevantes na medida em que apontam para a possibilidade
de estabelecimento de um projeto nacional capaz de auxiliar de forma decisiva na transição
agroecológica, percebida como condição primordial para reorientar o modelo de
desenvolvimento rural e agrícola na busca de mais sustentabilidade econômica, ambiental e
social (CAPORAL; PETERSEN, 2012).
A transição de um modelo que degrada e contamina o meio ambiente e a saúde e que é
socialmente excludente, para outro, com características opostas, como sugere a perspectiva
agroecológica, enquadra-se nos objetivos de defesa dos direitos fundamentais previstos como
um marco jurídico na Constituição Federal. Além disso, o art. 6º considera como direitos
sociais ―a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição‖ (BRASIL, 1988), trazendo assim o
reconhecimento do direito à alimentação. Ainda, a Declaração Universal dos Direitos

40
Humanos de 1948, em seu art. XXV, dispõe que ―toda pessoa tem direito a um padrão de vida
capaz de assegurar para si e sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação‖. Assim
posto, estes direitos deveriam ser absolutamente considerados para a formulação de políticas
públicas (CAPORAL; PETERSEN, 2012).
Entidades governamentais e sociedade civil tem se engajado em um debate dirigido
a ampliar o suporte à agroecologia e à produção orgânica. Um marco importante foi
a sanção da Lei nº 10.831, de dezembro de 2003, que dispõe sobre os sistemas
orgânicos de produção e resultou de amplo processo de discussão em torno do tema.
Posteriormente, foi editado o Decreto nº 7.794, de agosto de 2012, que define as
bases institucionais da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica –
Pnapo, estabelecendo as diretrizes da política, os instrumentos de implementação e
as instâncias de gestão (PLANAPO, 2016).

Assim, a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Pnapo) representa


um avanço na ampliação e efetivação de ações para promover o desenvolvimento rural
sustentável. Esta foi incitada pelas crescentes preocupações das organizações sociais do
campo, da floresta e da sociedade em geral, a respeito da necessidade de se produzir alimentos
saudáveis conservando os recursos naturais.
Um dos principais instrumentos da política é o Plano Nacional de Agroecologia e
Produção Orgânica (Planapo), conhecido sob a denominação de Brasil Agroecológico. Em
2013 foi lançado o primeiro ciclo do Plano, que se estendeu ate o ano de 2015 e resultou em
um conjunto de ações públicas que recebeu mais de R$ 2,9 bilhões. O lançamento do Planapo
pelo governo federal representa um marco na trajetória agroecológica. Entre outros aspectos,
sinaliza o reconhecimento oficial da existência de um movimento de grande expressão social,
que há décadas vem se enraizando nos sistemas produtivos da agricultura familiar e dos povos
e comunidades tradicionais, e que, a partir desse patamar, mobiliza o mundo do ensino e da
pesquisa acadêmica, inspirando também a instituição de políticas e programas em órgãos
governamentais dos três níveis federativos (PETERSEN, 2013).
Buscando dinamizar as ações e políticas relacionadas à produção orgânica e
agroecológica nos territórios, o Programa de Ampliação e Fortalecimento das Redes de
Agroecologia e Produção Orgânica (Ecoforte) que integra o Planapo, visa o fortalecimento e a
ampliação das redes, cooperativas e organizações socioprodutivas e econômicas de
agroecologia, extrativismo e produção orgânica (BRASIL, 2017).
Através do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), assumiu-
se o compromisso de promover educação formal de base agroecológica para assentados (as)
de reforma agrária e seus filhos (as), inserindo a juventude rural na temática
(PLANAPO,2016). A atuação do Pronera se dá através de parcerias do INCRA, com

41
movimentos sociais e sindicais de trabalhadores e trabalhadoras rurais, instituições públicas
de ensino, instituições comunitárias de ensino sem fins lucrativos e governos estaduais e
municipais (BRASIL, 2017).
Além do Planapo que trata da articulação agroecológica nacional, o País também
possui políticas de financiamento sobre o tema. A agricultura familiar, a reforma agrária e os
povos e comunidades tradicionais contam com a linha de crédito Pronaf Agroecologia,
dirigida à produção orgânica e de base agroecológica e coordenada pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA). Durante a safra 2014/2015, foi criado o Pronaf Produtivo
Orientado, que também visa estimular o financiamento de sistemas de produção de base
agroecológica ou orgânicos, incluindo-se os custos relativos à implantação e manutenção dos
empreendimentos.
Outras duas linhas especiais voltadas para a produção orgânica e de base
agroecológica no Pronaf são: Pronaf-Eco e Pronaf Floresta. O primeiro disponibiliza
financiamento para investimento na utilização de tecnologias de energia renovável,
tecnologias ambientais, armazenamento hídrico, pequenos aproveitamentos hidroenergéticos,
silvicultura e adoção de práticas conservacionistas e de correção da acidez e fertilidade do
solo, visando sua recuperação e melhoramento da capacidade produtiva.
O Pronaf Floresta é o financiamento de investimentos em projetos para sistemas
agroflorestais; exploração extrativista ecologicamente sustentável, plano de manejo florestal,
recomposição e manutenção de áreas de preservação permanente e reserva legal e recuperação
de áreas degradadas.
A produção das mulheres e dos (as) jovens também conta com apoio financeiro por
meio dos créditos Pronaf Mulher e Pronaf Jovem que é uma linha para o financiamento de
investimentos de propostas de crédito da mulher agricultora e de jovens agricultores e
agricultoras, respectivamente (PLANAPO, 2013).
É indispensável para acesso a políticas públicas como o Pronaf, a Declaração de
Aptidão ao Pronaf (DAP). Este documento é a comprovação de enquadramento do agricultor
como pequeno produtor/agricultor familiar. Em 2016 estavam ativas 4,8 milhões de DAPs no
Brasil (BRASIL, 2016).
Embora o MDA tenha disponibilizado por meio do Pronaf R$ 2,5 bilhões para custeio
e investimento na produção agroecológica e orgânica, a constatação ao final do ciclo 2013-
2015 do PLANAPO foi de que os recursos efetivamente aplicados somaram R$ 63,1 milhões,
distribuídos em 1.973 contratos de crédito. Este número representa apenas 2,5% dos recursos

42
disponibilizados inicialmente, o que revela uma utilização ainda muito discreta do capital
disponível.
A agricultura familiar ainda conta com uma política específica de seguro agrícola
vinculado ao crédito do Pronaf, o Seguro da Agricultura Familiar (Seaf). Representa um
seguro de multirrisco, que resguarda os agricultores das perdas por adversidades climáticas e
doenças fúngicas ou praga ao passo que, reconhece o modo de produzir da agricultura
familiar, admitindo lavouras consorciadas, cultivares tradicionais, locais ou crioulas
(PLANAPO, 2013).
Sob a gestão do Mapa, uma linha de crédito específica do Programa de Agricultura de
Baixo Carbono – Programa ABC, tem como uma de suas finalidades a implantação e o
melhoramento de sistemas orgânicos de produção agropecuária – ABC Orgânico.
As compras governamentais, como as realizadas pelo Programa de Aquisição de
Alimentos (PAA) e pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), têm tido
também um crescimento sistemático da participação de produtos orgânicos e de base
agroecológica. O PAA teve inicio no ano de 2003, e é uma ação de nível Federal que fortalece
a agricultura familiar e, desta forma colabora com o enfrentamento da fome e da pobreza no
País. Para isso, o programa utiliza mecanismos de comercialização que favorecem a aquisição
direta de alimentos produzidos por agricultores familiares, assentados da reforma agrária,
comunidades indígenas e demais povos e comunidades tradicionais, para a formação de
estoques estratégicos e distribuição à população em maior vulnerabilidade social, estimulando
os processos de agregação de valor à produção (BRASIL, 2017).
O PNAE por sua vez, através da Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, determina que
do total dos recursos financeiros repassados pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta
por cento) deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente
da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações,
priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais
indígenas e comunidades quilombolas (BRASIL, 2009, p.3).

Embora o PAA e o PNAE não tratem da agroecologia diretamente, estes programas


estimulam o sistema agroecológico através da compra governamental, favorecendo a demanda
por alimentos agroecológicos e produzidos por agricultores familiares.
Além destes programas citados acima, entre os esforços do Governo Federal que
visam à construção e consolidação de políticas e programas de apoio à agroecologia e à
produção orgânica, direta ou indiretamente, pode-se destacar:

43
i) o Programa Nacional de Conservação, Manejo e Uso Sustentável da Agrobiodiversidade e o
Programa Nacional de Combate à Desertificação;
ii) os Programas Nacionais de Assistência Técnica e Extensão Rural, de Fortalecimento da
Agricultura Familiar, de Agroindústria e de Reforma Agrária;
iii) o Programa de Organização Produtiva de Mulheres Rurais;
iv) o Programa de Desenvolvimento da Agricultura Orgânica;
v) as linhas de pesquisa e tecnologia relacionadas à agroecologia, desenvolvidas pela
Embrapa, organizações estaduais de pesquisa e universidades;
vi) o ensino formal com enfoque agroecológico fomentado pelo Ministério da Educação;
vii) a Política Geral de Preços Mínimos;
viii) a Política Nacional de Educação Ambiental e Programa de Educação Ambiental e
Agricultura Familiar; e
ix) o Programa Cisternas
Embora existam todas as políticas públicas discorridas ate aqui, autores como Molina
(2009),Caporal e Petersen (2012) consideram que:
as iniciativas de políticas públicas que favoreçam uma transição agroecológica, até o
momento, são pontuais e não respondem ao que poderíamos entender teoricamente
como política pública, mas sim como fragmentos isolados de iniciativas incluídas
em projetos e programas (p.66,).
Apesar dos avanços permitidos pelo Pronaf, por exemplo, é preciso reconhecer e
identificar quais as limitações ou deficiências que devem ser superadas para efetivamente
fortalecer a agricultura familiar agroecológica. Neste sentido, Guadagnin (2010) apontou em
seu trabalho limites e desafios do Programa. O autor destaca que é importante que o crédito
rural sempre seja precedido de um o planejamento, mas este ocorre de maneira eventual.
Da forma como são elaborados atualmente, os projetos de crédito só cumprem a
finalidade de viabilizara obtenção do financiamento, não contribuindo para o
planejamento sistêmico de toda a unidade familiar (GUADAGNIN, 2010, p. 21).

O autor também aponta para a necessidade de superação da lógica de financiamento


pelo Programa focada em um produto específico. Também sinaliza como uma falha a ser
superada o fato da legislação do Pronaf não exigir fiscalização das operações, ficando essa
ação a critério dos agentes financeiros. Guadagnin (2010) considera também que os técnicos,
os bancos, os movimentos sociais e o governo federal possuem poucas informações e
ferramentas capazes de avaliar o desempenho do programa quanto ao atendimento das metas e
dos objetivos do crédito rural, especialmente quanto ao incentivo à transição agroecológica.

44
Ademais, é importante ressaltar que para a resolução de problemas e limites, seja em
relação ao Pronaf ou mesmo para os demais entraves que possam ser observados em outras
políticas, se faz necessária a articulação com os demais atores envolvidos no processo.
Geralmente estas políticas e programas são amplas e precisam de um olhar particular para o
correto funcionamento e para que os recursos sejam alocados de maneira proveitosa.
A próxima seção tal qual esta, irá discorrer sobre políticas públicas, entretanto com o
enfoque local. Serão analisadas as políticas públicas do ERJ em agroecologia, território que é
objeto deste estudo. Fez-se necessária uma análise nacional previamente, pois as políticas
desenvolvidas localmente estão intimamente relacionadas ao que se produz em âmbito
nacional.

4.4.2. Políticas estaduais – Rio de Janeiro

O Governo do ERJ promove alguns projetos que visam estimular a agroecologia na


região, direta ou indiretamente. Os projetos Rio Rural, Fortalecimento da Agroecologia e da
Segurança Alimentar e Nutricional na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Cultivar
Orgânico, Atividades de Assistência Técnica e Extensão Rural e o Programa Prosperar são
alguns exemplos.
O Rio Rural é um Programa de Desenvolvimento Sustentável em Microbacias
Hidrográficas, que visa promover a autogestão dos recursos naturais por comunidades rurais
através de práticas sustentáveis e assim contribuir com a redução das ameaças à
biodiversidade, a reversão do processo de degradação de terras e o aumento dos estoques de
carbono na Mata Atlântica. Para isso, o programa prevê que os agricultores familiares adotem
práticas como: preservação de nascentes, proteção de matas ciliares, conservação da
biodiversidade e pastoreio rotacionado (RIO DE JANEIRO, 2017).
Como se pode perceber, o objetivo do Rio Rural não é diretamente relacionado à
agroecologia, entretanto o projeto esta vinculado a diversas atuações agroecológicas. Em 2015
foi divulgado o apoio do programa à estruturação da Rede de Sementes Agroecológicas e
Orgânicas do ERJ, junto com a Empresa de Pesquisa Agropecuária do ERJ (Pesagro-Rio), a
Emater-Rio e outras instituições parceiras (RIO DE JANEIRO, 2015). No ano anterior, o ERJ
recebeu mais R$ 50 milhões para investir no desenvolvimento da agricultura sustentável e a
45
aplicação desse recurso foi realizada pelo Programa (RIO DE JANEIRO, 2014). Além disso,
os executores do Programa, os técnicos da Emater-Rio, contam com módulos de Capacitação
Técnica do Programa Rio Rural, no qual aprendem sobre conceitos de agroecologia e sistemas
agroflorestais (RIO DE JANEIRO, 2015).
Outro programa que merece destaque é o programa de Fortalecimento da
Agroecologia e da Segurança Alimentar e Nutricional na Região Metropolitana do Rio de
Janeiro. Este tem como objetivo fortalecer os sistemas locais de produção e abastecimento de
alimentos, dentro dos princípios da economia solidária e da agroecologia. O projeto alcança a
capital e também os municípios de Japeri, Magé, Nova Iguaçu e Queimados. O projeto tem
previsão de beneficiar 840 famílias nestes cinco municípios da região metropolitana do RJ
(RIO DE JANEIRO, 2017).
O Programa Especial de Fomento Agropecuário e Tecnológico / Cultivar Orgânico
tem por objetivo estimular a conversão de práticas agrícolas tradicionais para a agricultura
orgânica e apoiar os produtores rurais que já trabalhem nesta atividade. O programa espera
alcançar este objetivo através do aumento da oferta de trabalho e renda na área rural, a partir
da abertura de linhas de financiamento a projetos que objetivem aumentar a
produção/produtividade dos sistemas orgânicos, assim como incentivar a conversão para esse
sistema, mediante a inserção de tecnologias agroecológicas, utilizando parcerias comerciais, e
contribuindo dessa forma para o desenvolvimento econômico, social e ambiental (RIO DE
JANEIRO, 2017). Ele abrange todo o ERJ e tem como finalidade a disponibilização de
créditos de investimentos e créditos de custeio para os produtores rurais que explorem terras
em base familiar ou empresarial.
Mais um projeto relacionado à agroecologia é o de Atividades de Assistência Técnica
e Extensão Rural em Apoio aos Programas e Projetos voltados para o desenvolvimento
socioeconômico e ambiental do ERJ. A ATER caracteriza-se por:
ações educativas com o envolvimento direto dos agricultores, estimulando
mecanismos, apoiando iniciativas e agregando tecnologias de desenvolvimento rural
sustentável, com vistas à melhoria da qualidade de vida do agricultor, inclusão
social¸ segurança alimentar e nutricional, fortalecimento da cidadania, a autogestão
comunitária e consolidação da agricultura familiar (RIO DE JANEIRO, 2017, p.1).

Este projeto teve como abrangência todo o estado, através 72 unidades operacionais
locais, cinco escritórios regionais, três centros de treinamento e sete escritórios de engenharia
rural.
O Programa Prosperar, por sua vez, através da Emater-Rio, prevê a capacitação dos
beneficiários em processamento, adequação às novas legislações e gestão do

46
empreendimento, resultando na inclusão integral das agroindústrias familiares no mercado
formal. Desta forma, o programa esta destinado a produtores rurais, pessoas físicas ou
jurídicas e suas diversas formas de organização, e agroindústrias que adquiram a matéria
prima do Estado do Rio de Janeiro. Estes produtores rurais deverão orientar suas atividades
produtivas respeitando as legislações e normas ambientais. O Prosperar espera que, com a
concessão do crédito, os beneficiários se organizem sob uma forma associativista ou
cooperativista e prevê que associações e cooperativas de produtores possam atuar como
integradora responsável pela comercialização da produção de seus filiados (RIO DE
JANEIRO, 2017).
Entretanto, embora as políticas públicas específicas para a agricultura familiar já sejam
acessadas, elas permanecem marginalizadas, apresentando dificuldades como, por exemplo, o
acesso à Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) e a carência de propostas voltadas ao
desenvolvimento rural, por conta do alto valor das terras e pela falta de iniciativas voltadas ao
desenvolvimento rural pelos poderes públicos locais. No município do Rio de Janeiro, por
exemplo, apesar das iniciativas mencionadas anteriormente, o Plano Diretor de 1992
desconsidera em seu zoneamento a existência de áreas rurais e, nem mesmo a revisão em
2011 modificou este cenário. Não foram sequer preservadas as áreas agrícolas já existentes
(MATTOS et al., 2017).

4.5 SUBSISTEMA CIENTÍFICO

Segundo Altieri (2008) uma abordagem agroecológica incentiva os pesquisadores a


penetrar no conhecimento e nas técnicas dos agricultores e a desenvolver agroecossistemas.
Desta forma, a academia e o desenvolvimento científico e tecnológico são fundamentais para
os avanços agroecológicos.
No Brasil, a partir de 1990, alguns pesquisadores começaram a desenvolver trabalhos
sobre a multifuncionalidade e a pluriatividade da agricultura. Já nos anos 2000, iniciaram-se
no País os Encontros Nacionais de Agroecologia, no qual foi criado, neste mesmo ano, a
Articulação Nacional de Agroecologia (BIANCHINI e MEDAETS,2013). Atualmente o
número de pesquisadores na área da agroecologia é crescente bem como as articulações
agroecológicas (PLANAPO, 2013).

47
Entretanto, autores já afirmaram que as iniciativas em ensino e educação em
agroecologia ainda são dispersas e precisam de maior suporte e orientação para que os
princípios e diretrizes se consolidem. Isto permitirá o desenvolvimento da matriz
agroecológica nos processos didáticos-pedagógicos, além de auxiliar na formação de redes
que permitirão o intercâmbio e a disseminação de informações e experiências (BIANCHINI e
MEDAETS, 2013).
Um agente de extrema importância para esta consolidação e também para os avanços
científicos e tecnológicos em agroecologia é a Embrapa. Através da unidade Embrapa
Agrobiologia, pesquisas e desenvolvimento estão sendo adicionados à estrutura científica e
tecnológica nacional. A Embrapa Agrobiologia é uma das 47 Unidades Descentralizadas da
Empresa, vinculada ao MAPA. Localizada no município de Seropédica, na Baixada
Fluminense, possui um quadro técnico de aproximadamente 150 colaboradores, entre
assistentes, técnicos, analistas e pesquisadores. As linhas de pesquisa desenvolvidas abrangem
a técnica da fixação biológica de nitrogênio, além de abordar a agroecologia e produção
orgânica, microbiologia e insumos biológicos, recuperação de áreas degradadas, genética
molecular e bioquímica.
A formalização do ingresso da Embrapa Agrobiologia no campo de estudos da
agricultura orgânica se deu em 1993, com a implantação do Sistema Integrado de
Produção Agroecológica (SIPA), mais conhecido como Fazendinha Agroecológica
Km 47, um espaço que foi planejado para ser uma vitrine da produção orgânica,
sendo resultante de uma iniciativa conjunta da Embrapa Agrobiologia, da Empresa
de Pesquisa Agropecuária do ERJ (Pesagro-Rio) e da Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro (UFRRJ)(EMBRAPA, 2017, p.1.).

A equipe de pesquisadores da Unidade está organizada em nove linhas temáticas, que


permitem uma abordagem multidisciplinar e holística, com foco na geração de tecnologias,
produtos e serviços que possam atender às demandas da sociedade para uma agricultura mais
sustentável. Por meio de folders são divulgados os resultados das pesquisas de maneira
simplificada a fim de facilitar a compreensão e aplicação dos conhecimentos. O espaço é
destinado ao exercício da agroecologia, onde também são realizadas atividades de capacitação
e troca de experiências entre técnicos, agricultores e demais cidadãos interessados em
conhecer e divulgar a aplicação de técnicas sustentáveis.
Além das pesquisas desenvolvidas para agricultura de base agroecológica, a estrutura
científica neste sentido tem um escopo que vai além e aborda temas e desenvolve projetos que
relacionam a agroecologia e a produção de medicamentos fitoterápicos e plantas medicinais.
Desta forma, por meio da Plataforma Agroecológica de Fitomedicamentos (PAF), vinculado
ao Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde de Farmanguinhos/Fiocruz, que é uma
48
Plataforma de Serviços Tecnológicos, são realizados estudos, serviços e assessoria
relacionados à inovação em medicamentos da biodiversidade. A PAF esta localizada no
Campus Fiocruz Mata Atlântica, no Rio de Janeiro e tem como princípio a produção
agroecológica com respeito à biodiversidade e o desenvolvimento regional, pautado na
diversidade dos biomas brasileiros. A PAF presta serviços, realiza estudos e oferece
assessoria através de projetos desenvolvidos por seus diversos laboratórios. Um deles é o
Laboratório de Agroecologia que realiza pesquisa, validação e aplicação métodos e técnicas
agroecológicas para a produção de plantas nas áreas de propagação, cultivo e manejo de
plantas medicinais (REDESFITO, 2017).
A Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-agroecologia), a Articulação Nacional
de Agroecologia (ANA) e a Sociedade Científica Latino-americana de Agroecologia (Socla)
através do sistema ―Agroecologia em Rede‖ apresentam informações sobre iniciativas em
agroecologia. O sistema é composto por três bancos de dados interligados entre si: o Banco de
Experiências, o Banco de Pesquisas e o Banco de Contatos (pessoais e institucionais). Abaixo
é possível identificar 88 experiências agroecológicas localizadas no ERJ, e também
experiências nacionais que influenciam no ERJ, compiladas neste banco de dados. As
instituições que compõem esta base de dados, de um modo geral, desenvolvem pesquisa e
auxiliam na capacitação agroecológica. Algumas estão diretamente relacionadas a estas
atividades, como é o caso das universidades, dos grupos de estudos, e de instituições como a
Embrapa e a Pesagro-Rio. Outras, como as associações, cooperativas e secretarias oferecem
algum suporte para as atividades de ensino e pesquisa, atuando no fortalecimento da
agroecologia16.

Tabela 3. Experiências agroecológicas no Rio de Janeiro.


1. ABIO Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro
2. AGROCRIOULO - Grupo de Estudos Agroecológicos
3. Agrojardim Serviços, Produção, Indústria e Comércio Ltda
4. AMOC - Associação dos Moradores do Campinho
5. ANA - Articulação Nacional de Agroecologia
6. APAC - Associação dos Produtores Autonômos da Cidade e do Campo
7. APLICA - Associação dos Profissionais Licenciados em Ciências Agrícolas

16
É reconhecido que este levantamento é amplo e as instituições acima também se relacionam com as atividades
produtivas, com as políticas estaduais e nacionais. Dessa forma, estas instituições poderiam ter sido enquadrada
nos subsistema produtivo ou no de política, por exemplo. Entretanto, uma análise mais aprofundada percebeu
que as atividades relacionadas à pesquisa e capacitação, de um modo geral, apareciam com maior frequência.
Desta forma, optou-se por classificar tais associações nesta seção que analisa o subsistema de capacitação,
mesmo reconhecendo tal limitação.
49
8. APOP - Associação de Produtores Orgânicos de Petrópolis
9. Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro
10. Articulação de Agroecologia Serramar
11. AS-PTA - Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa
12. Associação da Feira da Roça de Nova Iguaçu
13. Associação de Agricultores do Assentamento Aldeia Velha
14. Associação dos Agricultores e Agricultoras de Marapicu
15. Associação dos Camponeses de Marapicu
16. Associação Mico-Leão-Dourado
17. Associação Terrapia - Alimentação Viva na promoção da Saúde e Ambiente
18. Associação Unidos Venceremos dos Pequenos Agricultores do Assentamento Cambucaes
19. Banco Rio de Alimentos - SESC Rio
20. Boldinho - Grupo de Agroecologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
21. Capim Limão - Projeto de Educação Ambiental
22. CAPINA cooperação de apoio a projetos de inspiração alternativa
23. Cáritas Diocesana de Nova Iguaçu
24. CEDAC - Centro de Ação Comunitária
25. CEDRO-Cooperativa de Consultoria, Projetos e Serviços em Desenvolvimento Sustentável Ltda.
26. Centro Acadêmico de Agronomia "Seu Juvenal"
27. CILSJ - Consórcio Intermunicipal Lagos São João
28. Colégio Estadual Professora Alcina Rodrigues Lima
29. COMAMP - Conselho Municipal das Associações de Moradores de Paraty
30. Comissão Pastoral da Terra - Nova Iguaçu/RJ
31. Comunidade Ecológica Pedras da Prata
32. Cooperativa de Agricultores Familiares de Macaé
33. Cooperativa de Agricultura Familiar e Produtos Orgânicos – UNIVERDE
34. Cooperativa de Trabalhadores em Agroecologia Floreal
35. COOPERPROCIC Cooperativa de produção e comercialização Ilha Grande e Che Guevara
36. CPT Campos/R J-Comissão Pastoral da Terra
37. CPT Nova Iguaçu/RJ -Comissão Pastoral da Terra
38. Defesa Civil Municipal de Macaé
39. EAPA - Núcleo de Educação Ambiental e Práticas Agroecológicas
40. ecoaba consultoria agrícola e ambiental
41. EMBRAPA Agrobiologia
42. EMBRAPA solos
43. Escola da Mata Atlântica
44. Estação de Educação Ambiental - PUC RIO
45. FASE Educação e solidariedade
46. Fazendinha Agroecológica Km 47
47. FETAG -RJ Federação de Trabalhadores da Agricultura do estado do Rio Janeiro
48. Fundação Natureza
49. Furnas Centrais Elétricas S.A.
50. GAE - Grupo de Agricultura Ecológica
51. Grupo Capim Limão
52. Grupo de Estudos Agroecológicos Agrocrioulo
53. Grupo de Estudos e Trabalhos em Ensino e Reforma Agrária – GETERRRA

50
54. IAS - Instituto Ambientalista Saquarema
55. IBASE - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
56. IDACO - Instituto de Desenvolvimento e Ação Comunitária
57. INCRA – RJ
58. Instituto Chico Mendes - Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio São João
59. Instituto Nacional de Tecnologia – INT
60. INSTITUTO ORGÂNICA BRASIL
61. ITEN - Instituto Terra Nova
62. KOINONIA - Presença Ecumênica e Serviço
63. MÃE - Mutirão de Agricultura Ecológica
64. NIA-UFRRJ - Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Extensão Científica e Tecnológica em Agroecologia
65. Núcleo de Alimentação e Saúde Germinal
66. PACS - Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul
67. Pastoral da Saúde/Nova Iguaçu
68. PESAGRO Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro
69. Prefeitura Municipal de Casimiro de Abreu
70. Prefeitura Municipal de Macaé
71. Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu
72. Prefeitura Municipal de Parati
73. Prefeitura Municipal de Resende
74. PSF - Programa Saúde da Família Loteamento Ana Gonzaga
75. REBAL REDE BRASILEIRA DE AGENDAS 21 LOCAIS
76. Rede Ecológica
77. Rede Fitovida
78. Secretaria Municipal de Agricultura de Teresópolis
79. Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca de Casimiro de Abreu
80. Secretaria Municipal de Assistência Social de Casimiro de Abreu
81. Secretaria Municipal de Habitação -Coordenação de Participação Comunitária
82. Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Iguaçu –RJ
83. Sítio São José
84. UENF -Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
85. UFF - Universidade Federal Fluminense
86. UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
87. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO
88. VPAH-Verdejar Proteção Ambiental e Humanismo

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Agroecologia em Rede.

Estas experiências são bem diversas, e contribuem com os estudos em agroecologia


algumas associações, cooperativas, universidades, institutos, redes, núcleos, grupos, além de
órgãos públicos como prefeituras e secretarias. Esta gama de unidades desenvolve pesquisa
além de participar de outras esferas importantes relacionadas ao tema, como atividades de
ensino, de cooperação com agricultores e consumidores, dentre outras.
Outra contribuição muito importante que fomenta a pesquisa no RJ é o programa Rio
Rural, já mencionado anteriormente, através das Unidades de Pesquisa Participativa,
51
coordenadas pela Pesagro-Rio. Estas unidades objetivam estimular a agroecologia e apoiar a
adaptação de práticas de manejo sustentável, além de ajustar tecnologias sustentáveis às
condições sociais, econômicas e ambientais específicas de cada microbacia, região onde o
projeto atua, e de cada produtor, que participa em todas as etapas do processo. Estas pesquisas
têm contribuído com o desenvolvimento de pequenos produtores fluminenses e também com
o ajuste das tecnologias sustentáveis às condições socioeconômicas e ambientais destes
agricultores familiares, que participam de todas as etapas do processo (RIO DE JANEIRO,
2014).
Estas unidades de pesquisa atuam desde 2008 e é importante frisar que fornecem
acesso a tecnologias sustentáveis e metodologias agrícolas diversificadas, a partir de
demandas das comunidades. Assim, o estado considera a importância da participação dos
atores no processo de desenvolvimento de ciência e tecnologia (RIO DE JANEIRO, 2017).
Desta forma, as unidades de pesquisa participativa contam com uma série de instituições
articuladas listadas abaixo.

Tabela 4. Articulações institucionais do Núcleo de Pesquisa Participativa do Programa Rio Rural.


Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio)
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (Emater-Rio)
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/Solos, Embrapa/Agrobiologia e
Embrapa/CTAA)
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF)
Universidade Federal Fluminense (UFF)
Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA)
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)
Cooperativa de Consultoria, Projetos e Serviços em Desenvolvimento Sustentável Cedro
(CEDRO)
Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro (AARJ)
Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro (ABIO)
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA RJ)
Instituto Estadual do Ambiente (INEA)
Fonte: Elaboração própria com base em dados da Pesagro-Rio.

52
A Rede de Pesquisa está estruturada em três linhas temáticas e dez grupos de trabalho
e são constituídos de pesquisadores, extensionistas, professores, produtores e consumidores
do ERJ. A segunda linha temática, Reorientação dos Sistemas Produtivos com Incentivo à
Transição Agroecológica é a que possui maio número de grupos de trabalho, sendo eles:
Grupo de trabalho do Sistema Integrado de Produção Agroecológica em Ambiente de
Montanha (SIPAAM); Grupo de trabalho de Formação em Agroecologia e Novo Modelo de
ATER; Grupo de trabalho de Insumos para Transição Agroecológica; Grupo de trabalho de
Produção de Café Agroecológico; Grupo de trabalho de Produção Animal Agroecológica
(RIO DE JANEIRO, 2017).
Em 2014 existiam 17 pesquisas em andamento, distribuídas em onze municípios:
Itaocara, Quissamã, São João da Barra, Nova Friburgo, Mangaratiba, Itaguaí, Magé, Bom
Jardim, Duas Barras, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto (RIO DE JANEIRO, 2014).
A Pesagro-Rio também possui oito Centros Estaduais de Pesquisa localizados em
diversos municípios. Dentre eles, três unidades possuem temas relacionados à agroecologia,
como o Centro Estadual de Pesquisa em Agricultura Orgânica (CEPAO), em Seropédica;
Centro Estadual de Pesquisa em Desenvolvimento Rural Sustentável, em Macaé (CEPRUS) e
o Centro Estadual de Pesquisa em Agroflorestas (CEPA), em Silva Jardim e em Niterói (RIO
DE JANEIRO, 2017).
O CEPAO possui linhas de pesquisa direcionadas para a agricultura familiar e visam o
desenvolvimento de técnicas para a produção de alimentos de qualidade e sem a degradação
do meio ambiente. O CEPRUS possui uma área total de 140 hectares, sendo 90 hectares de
área preservada de Mata Atlântica, é dedicado a trabalhos científicos e a unidades
demonstrativas de tecnologias aplicadas ao conceito de desenvolvimento sustentável, tanto no
meio rural quanto na sua integração com o ambiente urbano. O CEPA é a unidade destinada a
atender à necessidade de recuperação de áreas degradadas, à implantação de sistemas
agroflorestais e agrossilvopastoris e à revitalização da heveicultura fluminense (RIO DE
JANEIRO, 2017).
Considerando a forte influência da cadeia científica para o processo de aprendizagem e
também para o fortalecimento da agroecologia, a seção 6 será destinada exclusivamente a
uma análise mais detalhada dos grupos de pesquisa em agroecologia no ERJ.

53
4.6. PLANO NACIONAL DE AGROECOLOGIA E PRODUÇÃO ORGÂNICA
(PLANAPO): ARTICULAÇÃO ENTRE POLÍTICAS PÚBLICAS, ESTRUTURA
CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA E AGRICULTORES

O Planapo é um dos mais relevantes planos sobre agroecologia no País. Um aspecto


muito importante deste, é o fato de ser um plano articulado, que conta com os subsistemas
apresentados acima de forma alinhada, valorizando a interação entre eles. Tal interação pode
ser comprovada no trecho abaixo.
Nas últimas décadas, tivemos importantes avanços no campo do conhecimento
agroecológico e orgânico, integrando os saberes tradicionais dos agricultores,
assentados da reforma agrária, e dos povos e comunidades tradicionais com o
científico, refletindo em diversas iniciativas de políticas públicas em setores do
ensino superior e profissionalizante, no direcionamento da pesquisa e nos métodos e
metodologias da extensão rural, bem como na ampliação das técnicas e tecnologias
de suporte à transição agroecológica (PLANAPO, 2013, p. 11).

Segundo Podcameni (2014) as características da estrutura científica influenciam


diretamente o processo de inovação e de desenvolvimento de um país. Paralelamente, as
estratégias do governo são de grande relevância para o fomento deste processo de
conhecimento, além de ser parte fundamental para ações de investimentos e subsídios. Desta
forma, os sistemas de conhecimento e política precisam de estratégias alinhadas para que
possam otimizar o desenvolvimento da agroecologia no País. Ademais, também é de suma
importância que estes atores estejam próximos aos agricultores para que assim, possam
entender suas demandas e, consequentemente, produzam conhecimento e politicas públicas
significativas.
O Planapo 2013 contou com 14 metas organizadas a partir de 4 eixos estratégicos
(Produção; Uso e Conservação de Recursos Naturais; Conhecimento; e Comercialização e
Consumo). Em um processo de continuidade e aperfeiçoamento do primeiro ciclo do Plano,
foi lançado o Planapo 2016-2019 que contou com 30 metas que foram distribuídas em 6 eixos
(Produção; Uso e conservação de recursos naturais; Conhecimento; Comercialização e
consumo; Terra e Território e Sociobiodiversidade). Isso posto, para o presente estudo, coube
analisar com maior atenção o terceiro eixo do Plano (2013 e 2016), considerando que o
objetivo do mesmo é exatamente avaliar as interações entre estrutura científica e tecnológica,
politicas públicas e agricultores, estimulando assim o subsistema científico. Desta forma,
ganha destaque a Lei de assistência técnica e extensão rural (ATER), os Núcleos de Estudos
em Agroecologia (NEA), a EMBRAPA e o ensino básico, superior e profissionalizante.
54
4.6.1. Lei de assistência técnica e extensão rural (ATER)

A Lei de ATER 12.188, de janeiro de 2010, tem como objetivo melhorar a renda e a
qualidade de vida das famílias rurais possibilitando o aperfeiçoamento de seus trabalhos
através de cursos e recursos oferecidos, revelando novos sistemas de produção sustentáveis
(BRASIL, 2017). Esta assistência está inserida no Planapo em diferentes momentos, mas é no
Eixo três – ―conhecimento‖ através do quarto objetivo que ela ganha destaque, com diversas
estratégias que contam com a ATER para o alcance deste objetivo, que é
ampliar a capacidade de geração e socialização de conhecimentos em sistemas de
produção orgânica e de base agroecológica, por meio da valorização e intercâmbio
do conhecimento e cultura local e da internalização da perspectiva agroecológica nas
instituições e ambientes de ensino, pesquisa e extensão (PLANAPO, 2013).

O Planapo publicou também um Relatório de Balanço 2013-2015 (2016) no qual


foram compiladas informações sobre as conquistas do Plano. Neste sentido, ficou evidenciado
no referido documento que a universalização da Assistência Técnica e Extensão Rural com
enfoque agroecológico para agricultores familiares orgânicos e agroecológicos e a
qualificação de suas organizações econômicas é uma das metas mais importantes do Planapo.
O relatório divulgou também que na modalidade de ATER agroecologia, foram lançadas pelo
MDA duas Chamadas Públicas que originaram 58 contratos e permitiram o atendimento de
46.110 famílias. Outras conquistas foram alcançadas no âmbito da Ater que podem ser
verificadas no quadro abaixo.

Tabela 5. Chamadas de ATER no Planapo – 2013-2015.

Fonte: Relatório de balanço Planapo 2013-2016.

55
4.6.2. Núcleos de Estudos em Agroecologia (NEA’s)

Outra estratégia significativa são os NEA‘s, estruturados em torno de universidades,


institutos federais e centros de pesquisa. Eles têm desempenhado um importante papel na
construção e compartilhamento de conhecimentos agroecológicos (PLANAPO, 2016). Estes
núcleos contribuem para a formação de técnicos capazes de possibilitar benefícios ambientais,
sociais e econômicos no campo. Os mapas abaixo representam, respectivamente, os
municípios com atuações de núcleos de estudos em agroecologia no País e um destaque para o
ERJ.

Figura 5. Municípios com atuações de Núcleos de Estudos em Agroecologia.


Fonte: Ministério da agricultura, pecuária e abastecimento (Mapa).

Figura 6. Municípios com atuações de Núcleos de Estudos em Agroecologia no ERJ.


Fonte: Ministério da agricultura, pecuária e abastecimento (Mapa).

56
Segundo o coordenador do GWATÁ, NEA localizado no interior do estado de Goiás,
Murilo Mendonça de Souza
os NEA‘s mudam a forma de relação da universidade com a agroecologia e é um
processo democrático que une o conhecimento de todos os envolvidos (professores,
técnicos, alunos, agricultores) e trata como mesmo peso. Então valorizamos a
sabedoria dos camponeses tradicionais também (LISBOA, 2017, p.2).

A reconhecida importância dos NEA‘s permitiu que iniciativas fomentassem a


instalação de mais núcleos. Em 2010 iniciou-se o ciclo de lançamento de editais com a
finalidade de fomentar a criação ou manutenção dos NEA‘s, totalizando desde então oito
chamadas públicas que apoiaram 281 projetos, em 192 campi de 102 Instituições de Ensino de
Educação Profissional e Superior com cursos na área de ciências agrárias (LISBOA, 2017).

4.6.3. Ensino básico, superior e profissionalizante

Mais um quesito que acaba integrando ensino, pesquisa e agricultores é justamente a


inclusão e o incentivo à abordagem da agroecologia e dos sistemas orgânicos de produção nos
diferentes níveis e modalidades de educação e ensino. Este ponto foi apresentado no Planapo
como um desafio a ser superado e considerou que uma das formas de solucionar este
problema é por meio da criação de políticas públicas que ampliem os processos de formação
de professores e educadores. Além disso, são considerados a
orientação nos projetos pedagógicos dos cursos para os princípios e diretrizes da
agroecologia para a produção orgânica e de base agroecológica; a ampliação de
acesso aos cursos, permitindo a inclusão das populações do campo e da floresta; a
integração dos cursos de agroecologia com a educação do e no campo; e as
iniciativas concretas para reconhecimento dos cursos profissionalizantes em
agroecologia por conselhos profissionais (PLANAPO,2013).

O Plano atenta que a escassez de profissionais com conhecimento em agroecologia e


na produção orgânica dificulta que os agricultores consigam assistência técnica para orientá-
los. Além disso, essa carência também impede que sejam ampliadas as pesquisas em
agroecologia, pois os profissionais contratados pelas instituições do ramo não têm, em sua
maioria, conhecimentos para desenvolvê-las (PLANAPO, 2013).
Nos últimos anos, algumas iniciativas começaram a minimizar esse quadro e merece
destaque a atuação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia – IFEs, que
oferecem cursos de agroecologia em quase todos os estados brasileiros. Além disso, as

57
universidades também têm disponibilizado cursos com esse enfoque à comunidade
acadêmica.
É preciso sublinhar a parceria entre o Mapa, o Ministério da Educação (MEC), o
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Ministério da Pesca e Aquicultura
(MPA) e o MDA, e o suporte aos núcleos de estudo e extensão tecnológica em agroecologia.
Tal colaboração fortalece as estratégias para a formação de professores e alunos, produção
científica de pesquisas, articulação de parcerias e ampliação do debate e acesso a
conhecimentos, tecnologias e materiais didáticos voltados para a produção orgânica e de base
agroecológica. No ano de 2013 foram registrados 80 núcleos constituídos em instituições de
ensino em todas as unidades da federação.
Segundo o Relatório de Balanço do Planapo 2013-2015 (2016),
em relação à formação técnica em agroecologia, o MEC estabeleceu uma meta
específica de promover a formação de 1.000 agricultores familiares e 3.000 jovens
agricultores (total de 4.000 formandos), de acordo com as demandas regionais. Estas
ações deveriam estar articuladas com as chamadas de ATER, quando possível. O
total de alunos matriculados nos cursos de formação foi de 6.017, sendo 2.004
alunos em 2014 e 4.013 em 2015. Isso representa uma realização 150% acima da
meta inicial (p.63).

4.6.4. Empresa Brasileira De Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)

Outro ponto que o Plano considera com destaque é a importância da atuação junto aos
órgãos responsáveis pelo fomento científico no Brasil, como a EMBRAPA, a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e fundações estaduais. Este contato visa
estabelecer critérios de avaliação e decisão que possam priorizar o financiamento de pesquisas
voltadas para o fortalecimento da produção orgânica e de base agroecológica. O Planapo
considera ainda a necessidade de
[...] atuar junto às entidades de pesquisa para a disponibilização dos resultados no
campo da produção orgânica e de base agroecológica para as instituições de Ater e
aos agricultores/as e produtores/as, além de ampliar o diálogo com esses atores
sociais na construção das próprias agendas de pesquisa e na sua implementação
(PLANAPO, 2013, p.38).

Neste sentido, uma importante parceira é a Embrapa que, como já mencionado


anteriormente, conta com a unidade Embrapa Agrobiologia, que através da Fazendinha
agrobiológica integra ensino, pesquisa e extensão. Além disso, a partir do ano de 2012, a
Embrapa começou a estimular a criação de portfólios de projetos como uma estratégia capaz
58
de promover a priorização, a indução e a execução coordenada de projetos (PLANAPO,
2013). Diante deste contexto, foi criado o Portfólio de Sistemas de Produção de Base
Ecológica, que objetiva ampliar a sustentabilidade ambiental, econômica e social da
agricultura familiar. Esse portfólio contribui também para a geração de conhecimentos e
tecnologias para os sistemas de produção orgânicos, agroecológicos ou em transição, de
forma a possibilitar a otimização do uso dos recursos disponíveis. Atualmente, o portfólio
conta com 58 publicações (EMBRAPA, 2012).
O Plano conta ainda com a Embrapa como instituição responsável para o cumprimento
de algumas metas e também como fonte de financiamento, além da participação de
colaboradores da Embrapa para sua elaboração.
Além da Embrapa, outros órgãos importantes que participam deste processo de
integração são os MAPA, MEC e MDA. Na tabela abaixo fica evidente algumas conquistas
em números destes agentes.
Tabela 6. Projetos e núcleos apoiados por editais.

Fonte: Relatório de balanço Planapo 2013-2016.

Outros números relevantes são apontados no relatório:


Considerando a consolidação de dados de 54 projetos em Institutos Federais e
Universidades Públicas relativos aos Editais 46/2012 e 81/2013 sistematizados pelos
ministérios MAPA, MEC, MCTI e MPA, foram beneficiadas um total de 33.678
pessoas, sendo 1.473 técnicos, 6.587 agricultores e mais 25.618 pessoas de um
público geral beneficiado direta e indiretamente pelo projeto. Os núcleos
promoveram 302 parcerias, 176 eventos de capacitação e foram responsáveis pela
elaboração de 449 produções técnicas (publicações e tecnologias). Considerando a
consolidação de dados pelo MDA para o Edital 81/ 2013 relativos a 56 projetos em
Universidades Públicas, as ações abrangem 1.243 municípios, com um total de
12.101 beneficiários, sendo 6.292 agricultores(as) familiares envolvidos; 675
agentes de Ater; 622 estagiários(as) que atuam no projeto e 4.512 de outros públicos
envolvidos, destes 8.261 são mulheres e 9.285 jovens. Os Núcleos promoveram 372
parcerias institucionais, sendo 152 entidades de Ater. Totalizou-se 1.845 ações de
capacitações, com carga horária total de 6.817h nos cursos promovidos, sendo
capacitados: 1.858 agentes de Ater; 8.424 agricultores(as) familiares; 8.400
estudantes e 1.216 professores. Foram 556 atividades de ensino, 790 atividades de
extensão, e 307 projetos de pesquisa. Ao todo foram geradas 816 produções
acadêmıcas; 188 mídias e 180 tecnologias sociais, tão importantes para os
agricultores familiares (PLANAPO, 2013, p.68).

59
Além da sua articulação com o Planapo, cabe ainda ressaltar a preocupação constante
que a Embrapa possui com as áreas de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) e de transferência
de tecnologia (TT). A intenção é a de estar permanentemente em contato com o setor
produtivo e seus distintos atores, como forma de manter o fluxo de informações que permite
perceber as preocupações, as necessidades e as demandas dos produtores e estabelecer um
diálogo que permita a busca de soluções às demandas identificadas.
O processo de inovação (soluções) só acontece quando as tecnologias (produtos,
processos e serviços) são apropriadas pela sociedade, coroando um esforço que
envolve todo o nosso processo de produção, trabalhado de forma integrada pelos
macroprocessos de Desenvolvimento Institucional, Pesquisa e Desenvolvimento e
Transferência de Tecnologia, com suporte estratégico transversal de todos os setores
da Empresa (EMBRAPA, 2012, p.5).

Pautados nesta premissa, a empresa desenvolveu um conjunto de ações que marcou a


partir do ano de 2012, os esforços das equipes das Unidades Centrais e Descentralizadas, na
realização de eventos e nas práticas junto com os produtores rurais e suas representações, em
todas as regiões do País. No caso da agroecologia, a unidade descentralizada responsável por
estas transferências foi a Embrapa Agrobiológica.
Para a divulgação dos resultados alcançados, foram elaborados relatórios que teve sua
primeira divulgação no ano de 2012 e a ultima publicação foi referente ao ano de 2015. As
ações de transferência de tecnologia realizadas no ano de 2012 pela Unidade responderam aos
seguintes procedimentos: a) formação de agentes multiplicadores; b) implantação do sistema
integrado de produção agroecológica, por meio de vitrine permanente; c) monitoramento de
tecnologias em temas estratégicos para a Unidade (agricultura orgânica, recuperação de áreas
degradadas e fixação biológica de nitrogênio); e d) participação em importantes eventos
regionais e nacionais, além de outras atividades que também contribuíram para potencializar a
atuação da área de TT. Estas ações foram alcançadas por meio de feiras, exposições, dias de
campo, treinamentos, etc. Elas tiveram abrangências variadas, podendo ser local, territorial,
estadual, regional, nacional ou internacional.
No ano seguinte, houve um total de 53 ações de Transferência de Tecnologia. Destas,
24 tiveram como público-alvo agricultores e foram ações locais na região de Seropédica-RJ.
Outras duas ações que também envolveram agricultores tiveram abrangência nacional e
aconteceram em São Paulo e no Paraná. Já em 2014, foram 41 iniciativas durante o ano e
destas, 18 envolveram agricultores com dimensões locais, nacionais e internacionais. As
atividades locais aconteceram nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Araruama,

60
Seropédica – RJ. Foram duas atuações nacionais, que ocorreram no estado de São Paulo, nas
cidades de Lençóis Paulistas e Ribeirão Preto e uma internacional realizada na Colômbia.
O ultimo relatório, lançado em 2015 apontou um total de 40 ações sendo 15 com a
ótica voltada para os agricultores. Neste ano, as ações locais e regionais ocorreram nas
cidades de Petrópolis, Cachoeira de Macacu, Teresópolis, Seropédica, Araruama, Nova
Friburgo, Paraty, Campos dos Goytacazes, Lumiar e Nova Iguaçu, localizadas no ERJ.
Apenas uma iniciativa teve abrangência nacional e foi realizada na cidade de Lençóis
Paulistas – SP. Esses exercícios mantêm agricultores e as instituições lado a lado construindo
soluções criativas, inusitadas e inteligentes de acordo com as características e enfoques locais.

61
5. METODOLOGIA

Para as primeiras seções deste trabalho, a metodologia utilizada foi a revisão


bibliográfica da literatura conceitual, assim como, a análise descritiva de dados secundários
para complementar o estudo.
A abordagem do SNI considera o processo de aprendizado como elemento central do
sistema. Paralelamente os APLs ―pressupõe que o mapeamento e avaliação das relações
interativas é fundamental para a compreensão das características dos processos de
aprendizado (MATOS e STALLIVIERI, 2016, p.13)‖. Assim sendo, este trabalho considerou
com maior ênfase o subsistema científico, valorizando a cadeia científica para o processo de
aprendizagem em termos agroecológicos.
Para isso, foi realizado um mapeamento da estrutura científica em agroecologia no
ERJ através do levantamento de dados disponíveis no DGP-CNPq, que consiste em um
inventário dos grupos de pesquisa científica e tecnológica em atividade no Brasil. Esta é uma
base de dados composta por instituições que certificam seus grupos de pesquisa (GP) e dela
participam atores da academia vinculados a instituições de ensino, bem como estudantes e
técnicos. Esta base possui boa representatividade da comunidade científica brasileira
(RAPINI, 2010; BIANCHI, 2011) apesar de ser preenchida de forma espontânea pelos
pesquisadores.
Foram dois os enfoques adotados no trabalho: um teve como unidade de análise os GP
e o outro, projetos de pesquisa, extensão e desenvolvimento. Ambos tiveram um recorte
regional, referente ao ERJ, e também temático, com o foco na agroecologia. Para cada um
destes conjuntos de informações, foram utilizadas distintas fontes da mesma base de dados.
GP é definido como
um conjunto de indivíduos organizados hierarquicamente em torno de uma ou,
eventualmente, duas lideranças, cujo fundamento organizador dessa hierarquia é a
experiência, o destaque e a liderança no terreno científico ou tecnológico, no qual
existe envolvimento profissional e permanente com a atividade de pesquisa, cujo
trabalho se organiza em torno de linhas comuns de pesquisa, e que, em algum grau,
compartilha instalações e equipamentos (PODCAMENI, 2014, p. 358)

Cada GP possui uma ou mais linha de pesquisa (LP), que são temas aglutinadores de
estudo científico que se baseiam em tradição investigativa, de onde se originam projetos cujos
resultados guardam afinidades entre si (PODCAMENI,2014). As LP, bem como os GP, são
constituídos por uma gama de pesquisadores, que são cadastrados no sistema de Currículo

62
Lattes, que também pode ser entendido como uma base de dados, uma vez que dispõe de
informações que caracterizam os pesquisadores e os situam sobre os temas que trabalham.
Para o desenvolvimento deste trabalho, empregou-se como fonte de informação básica
a ―Base corrente‖ do DGP-CNPq, metodologia já desenvolvida por autores como Rapini
(2004) e Podcameni (2014). Esta base dispõe de informações acerca dos grupos de pesquisa
em atividade no País, coletados tanto a partir do cadastro de todos os grupos registrados no
ultimo Censo (2014) quanto através das atualizações permanentes da base de dados, realizada
pelos próprios pesquisadores-líderes de grupo e que podem inclusive incluir novos grupos.
Todas as informações coletadas foram obtidas por meio de consultas online, realizadas
no período de março a maio de 2017.
Para a identificação dos GP com LP dedicadas a atividades em agroecologia no ERJ,
foram utilizadas as palavras-chave ―agroecologia‖, ―agroecológico (a)‖ e ―agroecossistema‖.
É reconhecida que a aplicação de outras palavras-chave poderiam ampliar os GP com LP
relacionadas ao tema, como agricultura familiar, produção orgânica, entre outros. Porém, a
decisão de considerar apenas as palavras-chave expostas acima deu-se pela intenção de
avaliar apenas a agroecologia pura e simplesmente, e não temas que poderiam ser aplicados a
agroecologia, ou não. Uma vez que o objeto desta pesquisa é o ERJ, foram utilizados os
filtros que restringiam a busca pelos GP a região sudeste e, mais ainda, ao ERJ.
Desta forma, um conjunto de GP foi exibido e, a partir deste, iniciou-se uma análise
mais minuciosa, que gerou a produção de dados que organizaram os GP e extraiu deles
diversas informações. Foram observados para este trabalho informações com o nome do GP;
o ano de sua formação; grande área do conhecimento; área do conhecimento; instituição a que
o GP esta vinculado; suas LP; pesquisadores; e instituição parceira (IP). Estes dados
permitiram a elaboração de uma série de análises estatísticas, que possibilitaram, além da
análise quantitativa, o desenho do subsistema científico em agroecologia no ERJ. A seção 6.1
irá apresentar tais análises.
Inicialmente, a fim de alcançar seus objetivos, ou seja, mapear as interações do GP
com as redes agroecológicas, o trabalho pretendeu direcionar o olhar para as IP. Este é um
dado que o DGP-CNPq disponibiliza e ainda expõe variadas informações sobre os padrões de
interação com o setor produtivo, como investem e sua natureza jurídica. Rapini (2004) em seu
trabalho considerou fortemente estas informações sob uma ótica industrial. Paralelamente,
Podcameni (2014) utilizou esta base de dados e também analisou as IP para o seu trabalho em
energia eólica. Porém, para uma análise com enfoque agroecológico, esta base de dados se

63
mostrou insuficiente. Ao tentar utilizá-la como fonte para perceber as interações entre as
instituições parceiras e os grupos de pesquisa notou-se que a base de dados busca identificar o
grau de envolvimento dos grupos com as empresas do setor produtivo, bem como com
entidades jurídicas de outra natureza, públicas ou privadas, desconsiderando desta forma
outras fontes de produção que não empresas.
Como já discutido em seções anteriores, a agroecologia é um sistema que depende
maiormente da agricultura familiar e também das cooperativas e redes formadas por pequenos
produtores. Entretanto, a maneira como o DGP-CNPq pergunta sobre a existência de IP aos
GP, aparentemente não permite que as interações com outros atores que extrapolam as
indústrias e empresas sejam considerados. É verdade que outras instituições de ensino e
pesquisa e, ainda, órgãos governamentais, como ministérios, também são entendidos como IP,
porém, não se podem perceber redes ou cooperativas de agricultores neste nicho. Assim, esta
base de dados mostra-se satisfatória para análises do setor industrial, mas outros sistemas
produtivos acabam não aparecendo como parceiras, o que pode enviesar os resultados de
forma a produzir indicadores equivocados.
Diante deste fato, constatado apenas após o levantamento dos GP em agroecologia no
ERJ, uma segunda etapa foi desenvolvida a fim de tentar desvendar a possível articulação
entre agricultores, redes agroecológicas e cooperativas com os GP.
Para isso, o segundo momento teve como objetivo analisar os projetos de pesquisa,
extensão e desenvolvimento que tivessem como pressuposto a interação com agricultores.
Nesta etapa, foram considerados os pesquisadores das LP em agroecologia no ERJ (já
mapeadas na fase anterior), para então observar os projetos a que estes estavam vinculados.
Esta percepção foi possível através da análise do Currículo Lattes destes pesquisadores, que
conta com uma seção exclusiva para os projetos deste pesquisador. Foi levada em conta a
descrição dos projetos para concluir sobre as articulações entre estes projetos e os
agricultores.
Uma vez listados os projetos em agroecologia que se articulavam com os agricultores,
e tinham como finalidade transmitir conhecimento e gerar ensino, pesquisa e extensão, foi
feito um levantamento sobre a instituição a que o projeto estava vinculado e também quais
seus parceiros. Desta forma, foi possível constatar a existência da articulação existente entre
projetos de pesquisa, desenvolvimento e extensão, ou seja, entre o setor acadêmico e
científico com os agricultores. Além disso, este levantamento permitiu desenhar as conexões
entre as diferentes organizações, como universidades, instituições de pesquisa e governo. Para

64
isso, foi utilizada a ferramenta Gephi que permite esta modelagem. O diagrama abaixo
esclarece a organização existente entre os elementos do DGP-CNPq.

Figura 7. Organização dos elementos do DGP-CNPq.


Fonte: elaboração própria com base nos dados do CNPq.

65
6. MAPEAMENTO DA ESTRUTURA CIENTÍFICA NO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO

6.1 ANÁLISE DOS GRUPOS DE PESQUISA

Esta seção tem como objetivo traçar uma síntese do subsistema científico sobre
agroecologia no ERJ. Como já foi evidenciado, embora tenha sido realizada uma análise
teórica dos subsistemas de produção, demanda, de políticas públicas e ate mesmo do
científico, o levantamento empírico teve como enfoque apenas este último.
A busca através das palavras-chave e dos filtros utilizados alcançou um universo de 21
GP em agroecologia no ERJ. A maioria dos grupos possui apenas uma LP com abordagem
agroecológica, com exceção de três GP que possuem 2 LP, totalizando assim 24 LP em
agroecologia.
Além disso, embora a análise das IP não tenha alcançado o resultado esperado,
também foi considerada e desenvolvida a título de identificação. Desta forma, o levantamento
concluiu que dos 21 GP, apenas 5 grupos possuem alguma instituição parceira.
A seguir, os GP em agroecologia no ERJ serão caracterizados considerando
informações como o ano de formação, o que permite uma análise temporal dos GP; os locais
(instituição) onde se encontram, que possibilita conhecer os municípios dos GP; a grande área
e a área do conhecimento; percebendo quais são os campos que mais desenvolvem pesquisa
em agroecologia. Por fim, serão entendidas as interações entre as IP e os GP.

6.1.1 Evolução temporal

A análise da evolução temporal refere-se ao ano de formação do grupo de pesquisa.


Assim, vale ressaltar que o ano de fundação do grupo pode não representar o ano em que se
iniciou a linha de pesquisa em agroecologia – essa informação não esta disponível na base de
dados.
O primeiro grupo surgiu em 1987: Laboratório de Gestão do Território (LAGET). Em
1993 o GP ―Radioecologia Tropical Experimental‖ iniciou suas atividades. ―GT Ecosocial -

66
Laboratório De Justiça Ambiental‖ foi o terceiro grupo de pesquisa registrado, apenas no ano
2000.
Nos anos seguintes, 2001 e 2002, foram adicionados um grupo por ano. Já em 2003
surgiram dois novos grupos no mesmo ano. No ano posterior, em 2004, mais um grupo foi
registrado.
Apenas quatro anos depois, em 2008, um novo grupo foi adicionado. Em 2009,
também houve registro de um novo grupo. Já no ano de 2010 e 2011dois grupos foram
inseridos. No período de 2012 a 2015,a cada ano um novo grupo foi incorporado.
Foi no ano de 2016 que houve maior crescimento. Neste ano, três novos grupos foram
inseridos.
A tabela 7 apresenta a quantidade de grupos por ano e a figura 8 expõe estes mesmos
dados graficamente.

Tabela 7. Quantidade de grupos de pesquisa por ano.


ANO QNT/ANO
1987 1
1993 1
2000 1
2001 1
2002 1
2003 2
2004 1
2008 1
2009 1
2010 2
2011 2
2012 1
2013 1
2014 1
2015 1
2016 3
Fonte: elaboração própria com base nos dados do CNPq.

67
Figura 8. Quantidade de grupos de pesquisa por ano.
Fonte: elaboração própria com base nos dados do CNPq.

6.1.2 Análise das Linhas de pesquisa

As palavras-chaves utilizadas para encontrar os GP em agroecologia foram as mesmas


utilizadas para considerar as LP. Assim, ao localizar um GP que atendia às palavras-chave
―agroecologia‖, ―agroecológico (a)‖ e ―agroecossistema‖, estas mesmas palavras eram
consideradas para identificar se as LP estavam estudando agroecologia.
Todos os GP possuíam mais de uma LP com temas variados. O levantamento concluiu
que os 21 GP totalizavam 125 LP, dos quais 24 eram em agroecologia. Percebe-se que apenas
três do total de GP apresentavam mais de uma LP em agroecologia; cada um deles possuíam 2
LP.
Para cada LP, é preciso associar de um até três setores de atividade econômica17 onde
a pesquisa é ou pode ser aplicada. Na base de dados, estes setores aparecem com a
denominação de setores de aplicação (SA). Geralmente apenas um setor é exposto pelas LP.
Para o SA1, vale ressaltar a aparição significativa de atividades relacionadas a ensino e
pesquisa. Do total de 11 SA distintos, cinco possuem estes enfoques. No segundo SA, estas
atividades continuam sendo as mais aparentes. O SA3 apresenta apenas dois campos. A tabela
abaixo demonstra estes dados, relacionando os SA com a quantidade de grupos que cada um
deles considera.
A figura 8 mostra a relação entre os AS e a quantidade de GP por setor.

17
Para a classificação destes setores, é utilizada a tabela de Classificação Nacional de Atividades Econômicas -
CNAE.
68
Tabela 8. Relação entre setores de aplicação e quantidade de grupos de pesquisa.
SETOR DE APLICAÇÃO 1 QNT/S.A.
Agricultura, Pecuária e Serviços Relacionados 7
Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aqüicultura 4
Atividades de apoio à agricultura e à pecuária; atividades de pós-colheita 1
Atividades de apoio à educação 2
Atividades profissionais, científicas e técnicas não especificadas anteriormente 2
Educação profissional de nível técnico e tecnológico 1
Educação superior 3
Pecuária 1
Produção de lavouras permanentes 1
Restaurantes e outros serviços de alimentação e bebidas 1
Pesquisa e desenvolvimento experimental em ciências físicas e naturais 1

SETOR DE APLICAÇÃO 2 QNT/S.A.


Administração do estado e da política econômica e social 1
Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aqüicultura 1
Atividades de apoio à educação 1
Educação 1
Educação profissional de nível técnico e tecnológico 2
Pesquisa e desenvolvimento científico 1

SETOR DE APLICAÇÃO 3 QNT/S.A.


Educação 1
Serviços coletivos prestados pela administração pública 1

Fonte: elaboração própria com base nos dados do CNPq.

6.1.3 Classificação por município

A capital do estado é o local que mais apresenta grupos de pesquisa, totalizando seis
GP. Na sequência, Niterói, com cinco GP, é a segunda cidade com maior número de GP.
Estes dois municípios somam mais da metade da área com GP em agroecologia. Seropédica é
o terceiro município com maior número de grupos, apresentando três grupos. Cambuci e
Pinheiral totalizam quatro grupos, sendo dois de cada um dos municípios. Campos dos
Goytacazes, São Gonçalo e Três Rios possuem apenas um GP cada uma das cidades. Na
figura 9 pode-se verificar estes dados.

69
Figura 9. Relação entre os municípios de ERJ e a quantidade de grupo de pesquisa.
Fonte: elaboração própria com base nos dados do CNPq.

6.1.4 Classificação por Áreas do Conhecimento

Esta classificação possui duas formas distintas para ser analisada: a grande área do
conhecimento e a área do conhecimento. Em termos de grande área do conhecimento as
ciências humanas é a área que aparece com maior frequência. Na sequência, a ciências
agrárias é a grande área mais aparente. Ciências sociais aplicadas juntamente com as ciências
exatas e da terra são a grande área que mais aparece posteriormente. Por fim, ciências
biológicas.
As áreas do conhecimento são mais dispersas e tem maior destaque a área da
agronomia, seguida pela educação, com o mesmo número de grupos nestas áreas. Aparecem
também áreas como direito, ecologia, economia, engenharia agrícola, geociências, geografia,
planejamento urbano e regional, química e sociologia.
As figuras 10 e 11 apresentam estes dados.

70
Figura 10. Relação entre grande área do conhecimento e quantidade de grupos de pesquisa.
Fonte: elaboração própria com base nos dados do CNPq.

Figura 11. Relação entre área do conhecimento e quantidade de grupos de pesquisa.


Fonte: elaboração própria com base nos dados do CNPq.

6.1.5 Análise das relações com as instituições parceiras

Esta seção analisa a relação entre os grupos de pesquisa de agroecologia e as


instituições parceiras. Dos 21 grupos de pesquisa de agroecologia, apenas cinco grupos
possuem algum tipo de relação com instituições. Em sua maioria, cada GP possui mais de
uma IP.

71
Estes cinco GP que possuem parcerias são: GT ECOSOCIAL - Laboratório de Justiça
Ambiental (3IP); Laboratório de Gestão do Território – LAGET (2IP); Núcleo de Estudos e
Pesquisas Agroambientais (6 IP); Núcleo de Estudos em Ambiente Território e Sistemas
Agroalimentares (1 IP) e Radioecologia Tropical Experimental (2 IP).
Frequentemente a instituição parceira trata-se de uma universidade (9 de 13). Também
aparecem a Embrapa e a Fiocruz. Assim, a educação superior e o desenvolvimento de
pesquisa são os setores que mais se relacionam com os GP. As demais IP são órgãos públicos
como o Ministério da Justiça, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. O
diagrama abaixo demonstra os GP e as IP com que estes se relacionam.

Figura 12. Os grupos de pesquisa e suas respectivas instituições parceiras.


Fonte: elaboração própria com base nos dados do CNPq.

O DGP-CNPq adota uma perspectiva ampla ao se caracterizarem as relações,


inventariando 14 tipos mais habituais de relacionamento (anexo A). Desta forma, a relação
entre um GP com uma IP, pode apresentar mais de uma forma de se relacionar. Desta forma,
72
os grupos se relacionam com 13 instituições diferentes e estabelecem um total de 20 tipos de
relação.
É possível identificar que metade das interações entre IP e os grupos é caracterizada
por pesquisa científica sem considerações de uso imediato dos resultados (REL1), que aparece
10 vezes. Na sequência, a pesquisa científica com considerações de uso imediato dos
resultados (REL2) aparece 3 vezes, assim como a REL14, ―outros tipos predominantes de
relacionamento que não se enquadrem em nenhum dos anteriores‖. As relações de
transferência de tecnologia desenvolvida pelo parceiro para o grupo (REL8), as atividades de
consultoria técnica não englobadas em qualquer das categorias anteriores (REL9), a relação
de treinamento de pessoal do parceiro pelo grupo incluindo cursos e treinamento "em serviço"
(REL12) e também o treinamento de pessoal do grupo pelo parceiro incluindo cursos e
treinamento "em serviço" (REL 13), aparecem apenas uma vez. A figura 13 expõe estes
valores.

Figura 13. Tipos de relação.


Fonte: elaboração própria com base nos dados do CNPq.

Ainda como forma de compreender o padrão de relacionamento que se estabelece


entre uma IP e os GP em agroecologia, o tipo de remuneração desta parceria foi considerado.
As formas de remuneração foram divididas em 10 categorias, conforme mostra o quadro no
anexo B, e assim como as relações, uma mesma IP pode apresentar mais de um tipo de
remuneração. Assim, um total de 14 remunerações foi identificado.

73
A maioria das relações (48%) é pautada na parceria sem a transferência de recursos de
qualquer espécie envolvendo exclusivamente relacionamento de risco (Rem4). As parcerias
com transferência de recursos de qualquer espécie nos dois sentidos (Rem9) ocorrem em 3
relações, bem como ―outras formas de remuneração que não se enquadrem em nenhuma das
anteriores‖ (REM10), ou seja, nenhuma das formas de remuneração que aparece na tabela
anteriormente. A remuneração de fato monetária, que é a transferência de recursos financeiros
do parceiro para o grupo (Rem1) aparece apenas duas vezes nas relações. A figura 14 expõe
estes valores.

Figura 14. Tipos de remuneração


Fonte: elaboração própria com base nos dados do CNPq

6.2 ANÁLISE DOS PROJETOS DE PESQUISA, EXTENSÃO E DESENVOLVIMENTO

Os projetos de pesquisa, extensão e desenvolvimento analisados a partir do currículo


Lattes dos pesquisadores das LP em agroecologia pretendeu enxergar a existência de
articulação entre a academia e os agricultores, além de verificar àqueles que fomentavam o
ensino e capacitação. Para isso, foi levado em consideração o título dos projetos e mais ainda,
sua descrição. Desta forma, foi possível perceber a pretensão da interação entre pesquisa e

74
agricultor, de maneira que o objetivo dos projetos era transferir o conhecimento gerado por
meio dos estudos e trabalhos para os pequenos produtores familiares.
Os projetos estão sempre vinculados a uma instituição de ensino e pesquisa que por
sua vez possuem uma série de parceiros que contribuem para o desenvolvimento das
pesquisas e auxiliam na promoção da relação entre os projetos e os agricultores. Foi analisado
um universo de 38 projetos, todos estes em agroecologia e com intenções de contato com os
produtores rurais. Este total apresentou 12 instituições diferentes a que os projetos estavam
vinculadas, sendo universidades, institutos e centros de pesquisa. Em geral, cada projeto
possui um parceiro (com exceção de apenas dois projetos), totalizando desta forma 43
instituições parceiras. Neste sentido, algumas instituições merecem destaque por serem as
maiores promotoras dos projetos em agroecologia alinhados com os agricultores familiares.
A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) possui oito do total de
projetos. Os trabalhos desenvolvidos na universidade buscam a construção do conhecimento
agroecológico, o fortalecimento da agricultura familiar e o apoio às práticas tradicionais. As
pesquisas também estão voltadas para o fortalecimento de rede sociotécnica e a ampliação e
fortalecimento de atividades agroindustriais. Algumas atividades possuem o olhar direcionado
aos jovens rurais e quilombolas. Também existem pesquisas com viés técnico, como o tema
da adubação verde e ainda com o olhar mais subjetivo, tratando da educação ambiental
através do teatro e da dança. A UFRRJ não atende às demandas apenas da área onde esta
localizada (Seropédica), considerando localidades como o Médio Paraíba, a Baixada
Fluminense, a região metropolitana do Rio de Janeiro, a zona oeste da cidade do Rio de
Janeiro, o Maciço da Pedra Branca, além de estudos voltados para o ERJ na sua totalidade.
Paralelamente, o Colégio Técnico da Universidade Rural (CTUR) também se mostra
ativo no sentido da articulação agroecológica, com quatro projetos. Neste caso, os estudos
costumam tratar da agroecologia no contexto local, como o desenvolvimento de um mutirão
no próprio colégio, além da elaboração de atividades de um lago existente no espaço do
CTUR. Atividades que buscam a vivência interdisciplinar em agroecologia também são
presentes no Colégio.
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, através do
campus de Pinheiral desenvolve sete projetos em agroecologia. Neste caso, a maio parte dos
estudos estão voltados para capacitação, conhecimento e multiplicação da agroecologia,
principalmente através da implantação de Centro Vocacional Tecnológico (CVT) e também

75
de núcleo de estudo e pesquisa. Também são difundidas técnicas sustentáveis para promoção
da agroecologia.
Como já destacado em seções anteriores, ao analisar os 38 projetos, a Embrapa
também mostrou sua força no sentido da agroecologia. De um modo geral, a empresa soma
dez projetos, sendo eles distribuídos pela Embrapa Solos (1) e Embrapa Agrobiologia (5).
Nesta ultima, está inserido o SIPA (4), parte mais importante da Embrapa para agrobiologia.
Na Embrapa Solos o planejamento agroambiental em áreas de Mata Atlântica é o foco dos
estudos em agroecologia que se articula com agricultores no Rio de Janeiro. Já a Embrapa
Agrobiologia possui grandes esforços para o apoio ao desenvolvimento científico e
tecnológico e a socialização dos conhecimentos e das técnicas desenvolvidas em
agroecologia, além de considerar em seus estudos a agroecologia como estratégia para a
segurança alimentar em ambientes de montanha. No SIPA, a maioria dos estudos é de base
tecnológica, tratando da adubação verde e outras técnicas associadas e o repasse do
conhecimento desenvolvido para os agricultores. Também ganha destaque no SIPA o mais
importante Centro Vocacional Tecnológico em Agroecologia e Produção orgânica do estado
do Rio de Janeiro.
A Fiocruz, por meio da Farmanguinhos é uma instituição bastante interessante no
sentido de que associa a agroecologia à saúde por meio do cultivo de plantas medicinais em
bases agroecológicas. Esta instituição possui quatro trabalhos, sendo três relacionados ao
Profito, projeto agroecológico que atende cerca de 100 famílias moradoras do entorno do
Parque Estadual da Pedra Branca. Tem como objetivo estimular o cultivo, beneficiamento e
comercialização de plantas medicinais, oferecendo alternativas de desenvolvimento
sustentável, por meio de capacitação dos agricultores locais e integração deles e de seus
produtos também ao Sistema Único de Saúde (SUS).
As demais instituições e os seus respectivos projetos podem ser verificados no
apêndice A. A figura abaixo demonstra a quantidade de projetos por instituição.

76
Figura 15. Instituições e a quantidade de projetos que possuem.
Fonte: elaboração própria com base na Plataforma Lattes

Além das instituições dos projetos, as instituições parceiras foram analisadas a fim de
entender a rede formada pela união de todas elas. As parcerias foram ainda mais dispersas,
totalizando 43 instituições distintas com diferentes funções ao se relacionar com os projetos.
É importante sublinhar que estas parcerias ocorrem entre as instituições envolvidas e também
diretamente com os projetos. Ou seja, uma parceira pode se relacionar com a instituição do
projeto de uma forma geral como também possuir uma relação direta com determinado
projeto.
Para os projetos analisados, foram identificadas três instituições financiadoras
maiores: Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
(FAPERJ) (5) CNPq (8) e MEC (5), que investiram juntas em 18 projetos. A Embrapa
Agrobiologia apareceu como financiadora de apenas uma pesquisa.
Ainda pode ser notada a Embrapa mais uma vez como um agente importante. Desta
vez, como parceira de alguns projetos aparecem além da Embrapa, outras unidades como a
Embrapa Hortaliças, Embrapa Pecuária Sul, Embrapa Solos, Embrapa Agrobiologia e a SIPA.
Cabe destacar que a SIPA é uma parceria entre a Embrapa Agrobiologia e outras unidades da
empresa, a UFRRJ e a Pesagro-Rio. Desta forma, naturalmente essas três instituições já são
articuladas por conta da essência da formação do SIPA.

77
Por sua vez, a UFRRJ, além de ser uma das instituições que mais abarca projetos,
como já citado anteriormente, ela também estabelece importantes relações de parceria (6). A
Pesagro-Rio também possui notada participação (4) como colaboradora. O Programa Rio
Rural, que é subordinado ao Pesagro-Rio, também faz parte destas articulações.
As universidades e institutos além de desenvolverem projetos são partes-chave para as
pesquisas. É notado que estes atores formam elos no sentido de desenvolver e fomentar a
agroecologia.
Além da já citada UFRRJ, outras universidades localizadas no ERJ como a
Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), a Universidade Federal Fluminense
(UFF), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) fazem parcerias com os projetos,
além do CTUR. Aparece ainda a Universidade Federal do Ceará (UFCE). É interessante notar
também a existência de instituições internacionais como parceiras dos projetos no ERJ. A
exemplos, a Universidade Nacional de Rio Cuarto, na Argentina; as Universidade de
Colônia, Leipzig e Jena,na Alemanha e o Instituto Politécnico de Bragança, em Portugal.
Os institutos como o de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica (IPEMA), no
estado de São Paulo e o Instituto Bélgica, localizado em Nova Friburgo também participam
dos processos de pesquisa e articulação agroecológica. Este último, desenvolve um método
pedagógico que tem como objetivo adequar a educação no campo, nas áreas de agricultura
familiar, onde a compatibilização das atividades escolares com os afazeres da produção
agrícola é essencial.
Algumas associações também colaboraram com projetos como a ABIO, Associação
Brasileira de Reciclagem e Assistência em Homeopatia (ABRAH) e a AS-PTA – Agricultura
Familiar e Agroecologia, que é uma associação de direito civil sem fins lucrativos.
Existem outras instituições que participam destes projetos e juntas formam uma cadeia
que entrelaça pesquisa, ciência, educação, empresas públicas e privadas, e, principalmente,
agricultores e pequenos produtores familiares. Esta grande rede com seus variados atores pode
ser entendida no diagrama abaixo (Figura 16).

78
Figura 16. Instituições envolvidas em pesquisas agroecológicas que se relacionam com os
agricultores familiares
Fonte: Elaboração própria com base Plataforma Lattes18

18
Agradeço a Cecília Tomassini pelo apoio na elaboração deste trabalho.
79
7. CONCLUSÃO

Este trabalho buscou analisar a relação existente entre a estrutura científica e os


agricultores familiares, redes e cooperativas formadas por eles. Para isso, a análise buscou
primeiramente considerar os elementos que compõe o sistema agroecológico no ERJ, através
de um levantamento teórico sobre os subsistemas produtivo, de demanda, de política e o
científico, utilizando para isso o arcabouço de SNI e APLs.
É preciso reconhecer algumas limitações deste processo metodológico, como a
ausência de um levantamento consistente sobre o sistema produtivo agroecológico no ERJ, o
que dificultou o desenho da cadeia produtiva no estado. Entretanto uma proxi foi possível a
partir de levantamentos que se assemelham às bases agroecológicas, como a análise da
agricultura familiar e da produção orgânica no Rio de Janeiro. Esta análise permitiu perceber
que a produção de base agroecológica, praticada por agricultores familiares, é para além da
produção de alimentos, um movimento que reconhece os modos de vida desta comunidade, as
relações de interdependência com o ambiente natural, a sua importância no abastecimento de
alimentos e da sua identidade definida pela ancestralidade dos conhecimentos e métodos de
produção.
O subsistema de demanda por alimentos agroecológicos pode ser reconhecido
primeiramente pela mudança do pensamento dos consumidores sobre o que significa um
alimento de qualidade. A partir desta nova percepção, também é importante que o público
entenda e considere novas formas de adquirir seus alimentos, a partir de sistemas que
valorizam a aproximação com os produtores locais, respeitam a sazonalidade dos produtos e o
meio ambiente. Neste sentido, as redes alternativas de consumo como os CCC e os grupos de
consumo responsável mostram-se como uma opção favorável aos produtos agroecológicos,
afastando-se das grandes redes varejistas que dificultam a entrada destes produtos na mesa
dos consumidores por conta dos altos preços aplicados.
As políticas públicas, que foram tratadas nacional e localmente neste trabalho, por
conta da forte influência do primeiro sobre o segundo, foram de suma importância para a
construção deste trabalho, por conta, principalmente, do Planapo. Outros planos, políticas e
programas, que foram considerados para perceber como o tema tem sido fomentado pelo
poder público, possuem grande influência na viabilização da agroecologia no País e no ERJ,
porem, o Planapo ganhou destaque pelo seu caráter sistêmico, que alinha os diversos atores

80
envolvidos nos processos agroecológicos. Neste sentido, o Plano considera a produção, o
meio ambiente, a comercialização e consumo, a terra e o território, a sociobiodiversidade, o
conhecimento, e a articulação existente e necessária entre estes agentes.
O SNI e os APLs possuem conceitos que consideram a importância da comunidade
científica, da pesquisa e da proximidade da academia com os produtores locais. Da mesma
forma, o Planapo também valoriza estas articulações e aponta para a influência destas
interações para o fortalecimento da agroecologia. Paralelamente diversos autores, como
Rapini (2004) e Podcameni (2014) já afirmaram e estudaram como estas interações auxiliam
na produção de determinado setor.
Isso posto, o presente trabalho considerou estes arcabouços para o desenvolvimento de
uma seção empírica que buscou avaliar o subsistema científico e suas articulações com os
produtores locais no ERJ. Para isso foi considerado no primeiro momento os grupos de
pesquisa cadastrados no DGP-CNPq. Porém, a partir desta base de dados não ficou
evidenciada a possível articulação entre grupos de pesquisa e os produtores rurais. A fim de
conseguir perceber esta interação, no segundo momento foi analisado o currículo Lattes dos
pesquisadores das LP. Neste caso, foram considerados os projetos aos quais os pesquisadores
estavam vinculados e foi constatada a existência da articulação entre academia e agricultores.
Embora a primeira base de dados não tenha sido uma boa fonte para fazer a análise
pretendida, foi possível extrair dela uma série de outras informações que permitiram entender
de que modo os GP em agroecologia encontram-se no ERJ. A seção 6 desenvolveu esta
análise considerando dados quantitativos produzidos ao observar os GP em agroecologia no
ERJ. Foram levantados para isso: o ano de formação dos GP em agroecologia no ERJ, as LP
no tema, os locais onde estes GP estão instalados, quais as áreas do conhecimento que mais
estudam agroecologia e as instituições parceiras.
A análise da evolução temporal constatou que o primeiro GP registrado no DGP-
CNPq no ERJ foi em 1987, apenas uma década depois que as primeiras manifestações da
agricultura dita alternativa no Rio de Janeiro foram registradas. É preciso sublinhar ainda que
o ano de registro do GP não necessariamente é o mesmo em que se iniciou a LP em
agroecologia. Assim, os primeiros estudos de cunho agroecológico podem ter sido ainda mais
tarde como também mais cedo, se considerada outras fontes. A quantidade de novos grupos a
cada ano nunca tinha superado a marca de dois GP, salvo no ano de 2016 que três novos
grupos foram registrados.

81
A quantidade de LP em agroecologia ainda é pequena, tendo em vista que os 21 GP
totalizam 24 LP, ou seja, com exceção de três GP, apenas uma LP é registrada por grupo.
Outro dado que foi possível perceber ao analisar as LP, é que o SA das pesquisas em sua
maioria pretende ser aplicada a novas pesquisas, além do setor de educação, o que corrobora
com a importância destes setores para a agroecologia, bastante destacado e discutido neste
trabalho.
Em relação aos locais das instituições a que os GP estão vinculados, a capital do
estado e a cidade de Niterói foram as que mais apresentaram registros. É comum a capital de
determinado estado possuir maior desenvolvimento, inclusive em termos de ensino, pesquisa
e extensão. Porém, no caso da agroecologia, chama a atenção o município de Seropédica
apresentar apenas três GP, uma vez que é neste local que estão instaladas o SIPA e a UFRRJ,
instituições fortemente marcadas pelos estudos em agroecologia, como discutido ao longo
deste trabalho.
A grande área do conhecimento mais frequente foi a ―ciências humanas‖ seguida pela
―ciências agrárias‖. Uma vez que a agroecologia é uma forma de desenvolver a agricultura
que valoriza não apenas a produtividade, mas considera princípios da ecológica, como a
manutenção ou melhoria da qualidade dos recursos naturais e das relações ecológicas de cada
ecossistema, é de se esperar que estas áreas do conhecimento sejam mais aparentes. Assim,
agronomia, ecologia, geografia e educação são as áreas que mais contribuem com os GP
analisados.
Deve-se considerar que na base de dados, o item ―instituições parceiras‖, que foi
analisada para tentar perceber a articulação GP-agricultores, objetiva levantar o grau de
envolvimento dos grupos com as empresas do setor produtivo, bem como com entidades
jurídicas de outra natureza, públicas ou privadas. Desta forma, a agricultura familiar e as redes
agroecológicas não aparecem no DGP-CNPq como parte integrante do setor produtivo.
Assim, no DGP-CNPq foi observada a relação que as universidades mantêm com outras
instituições de ensino e pesquisa. Esta interação também é importante para o fomento da
pesquisa no País, porém não se mostra suficientemente capaz de entender as demandas
daqueles que vivenciam diariamente o campo e promovem a agricultura de base
agroecológica.
As análises destas interações permitiram observar que metade das relações é do tipo
―pesquisa científica sem considerações de uso imediato dos resultados‖. Assim, percebe-se o
caráter experimental dos estudos. Em termos de remuneração, considerando que as relações

82
são estabelecidas por entidades que possuem características similares, uma vez que se trata de
uma relação equivalente, entre universidades, a remuneração é praticamente nula. Desta
forma, a parceria é mantida sem a transferência de recursos de qualquer espécie envolvendo
exclusivamente relacionamento de risco.
A segunda análise empírica deste trabalho, a fim de desvendar a interação que já era
conhecida existência, constatada através da revisão bibliográfica, considerou no currículo
Lattes dos pesquisadores vinculados às LP em agroecologia, a seção destinada aos projetos
que estes membros participam. A seção 6.2 mostrou a existência de uma rede de instituições
baseadas na agroecologia no ERJ que articulam pesquisa e agricultores.
Os projetos, com suas respectivas instituições, juntamente com as suas parceiras,
formam uma rede de interações. As trocas mútuas permitem o fomento da pesquisa, a
realização de projetos e o desenvolvimento de tecnologias, que possibilitam a ampliação da
estrutura científica. Entretanto, é importante salientar que de pouco valeria a construção do
conhecimento não fosse o repasse deste para os agentes que precisam destas informações.
Desta forma, o desenvolvimento da ciência e tecnologia alinhadas com os agricultores
familiares, as redes e cooperativas de pequenos produtores, é uma importante estratégia para o
avanço da agroecologia em qualquer território.
Paralelo a isto, a academia, uma vez articulada com os produtores rurais, consegue
perceber as reais demandas de quem vivência o campo diariamente. Assim, esta via de mão
dupla beneficia todos os envolvidos, auxilia na promoção de ensino direcionado e
transferência de conhecimento legítimo. Além disso, fortalece a agroecologia como sistema,
envolvendo as esferas sociais, ambientais, econômicas e políticas.
As expressões da agricultura familiar e da agroecologia podem ser entendidas como
movimentos de resistência às raízes históricas de exclusão e de embate frente às diferentes
institucionalidades que restringem a sua expressão e favorecem o processo de expansão
urbana hoje. ―Trata-se de um movimento pelo reconhecimento dos seus modos de vida, das
relações de interdependência com o ambiente natural, da sua importância no abastecimento de
alimentos e da sua identidade definida pela ancestralidade‖ (MATTOS et al., 2017).
Desta forma, a agroecologia relaciona-se com um cenário plural, que considera além
da produção de alimentos. Valoriza o meio ambiente como fonte de riqueza não apenas para a
resolução da questão da fome, mas também como ambiente capaz de desenvolver
conhecimento, cultura e participação.

83
A agroecologia vem sendo cada vez mais percebida como um sistema que apresenta
grande potencial ambiental, social e produtivo. Frente a esta percepção, o governo federal se
articulou com outras esferas, como a do conhecimento, do setor produtivo e da demanda.
Desta forma, a partir do Planapo, o País esta fomentando a agroecologia em território
nacional, concebendo estratégias e abrindo espaço para esta forma diferenciada de cultivar e
de consumir. Para isso, políticas públicas que estimulam a produção de base agroecológica
são percebidas tanto em contexto nacional como local, considerando as particularidades das
regiões que desenvolvem a agroecologia.
Outras entidades também possuem forte influência sobre o desenvolvimento da
agroecologia. É o caso da Embrapa, que por meio do SIPA, é um dos maiores exemplos neste
sentido. Esta unidade da Embrapa é absolutamente alinhada com os diversos agentes da
agroecologia: produtores, pesquisadores, consumidores e órgãos governamentais. Diante dos
levantamentos realizados neste trabalho, constatou-se que para o estudo da agroecologia, a
Embrapa é indissociável. Ela é uma instituição sistêmica, que atua de maneira articulada e
para o ERJ, ela é central para o desenvolvimento de um sistema agroecológico. Ela aparece
como instituição que desenvolve pesquisa, como parceira de outras instituições, como agente
de ensino e capacitação em agroecologia, através de CVT e NEA‘s, além de financiar projetos
em agroecologia.
Diante das análises realizadas, percebe-se que a construção coletiva do conhecimento
agroecológico, catalisada pelas interações entre os atores agroecológicos, ou seja, os agentes
envolvidos nos sistemas produtivos, de demanda, de políticas públicas e a comunidade
científica é fundamental para a consolidação da agroecologia. No ERJ, o levantamento teórico
juntamente com o trabalho empírico permitiram perceber que a necessidade da articulação na
agroecologia é reconhecido pelas instituições que a fomentam. No estado, os grupos de
pesquisa, as linhas de pesquisa, os projetos de extensão e desenvolvimento, de uma forma
geral, buscam o alinhamento com os pequenos produtores, o que têm permitido o
desenvolvimento orientado dos estudos.
É importante destacar que além das universidades, institutos de pesquisa e governo,
que já são instituições consolidadas, a agroecologia não seria possível sem a participação e
contribuição dos conhecimentos desenvolvidos pelos agricultores familiares. Estes agentes
têm na agroecologia uma forma de resistência da sabedoria tradicional e de permanência no
campo. Entretanto, embora existam políticas públicas que buscam apoiar estes produtores,
elas ainda possuem limitações quanto ao acesso, dificultando a cadeia agroecológica. O

84
PNAE, por exemplo, que é um Programa com grande influência no sistema de demanda,
ainda possui seu potencial abaixo do exigido. Desta forma, esta política, que poderia ser uma
grande articuladora e fomentadora do sistema produtivo, através do aumento da demanda,
ainda esta marginalizada.
A agroecologia é um sistema que vai além da questão alimentar. Ela perpassa pela
questão ambiental, por ser um sistema que respeita os ciclos ecológicos; pela questão social,
ao envolver a agricultura familiar, a juventude no campo e a atuação das mulheres na
agricultura; pela economia, apresentando-se como um sistema com alto potencial produtivo
de alimentos livres de agrotóxicos, o que passa pela questão da saúde também; pela política,
que precisa enxergar na agroecologia uma alternativa ao modelo convencional de produção;
pela comunidade científica, com o desenvolvimento de pesquisas que frutificam os
conhecimentos gerados no campo, através da capacitação e troca de saberes com os
agricultores. Assim, os sistemas agroecológicos podem ser percebidos como um novo modelo
de produção que, por agregar tantos atores, pode ser visto como uma alternativa que assegura
não só a segurança alimentar, mas também a segurança social, econômica, da saúde, do meio
ambiente e de tantos outros contextos que direta ou indiretamente podem ser influenciados
pela agroecologia. Este definitivamente é um sistema que precisa ser cada vez mais
reconhecido e para isso, considera-se que a comunidade científica possui papel fundamental,
influenciando em todos os sistemas que envolvem a agroecologia.

85
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95
APÊNDICE A – Lista de projetos e suas respectivas instituições

Projeto Instituição do Projeto


A construção do conhecimento agroecológico e UFRRJ
fortalecimento da agricultura familiar no Médio Paraíba e na
Baixada Fluminense/RJ: intervenção participativa entre
grupos sociais e universidade
Adubação verde e orgânica no manejo da fertilidade do solo Embrapa Agrobiologia - SIPA
e nutrição mineral de hortaliças em sistemas orgânicos de
produção
Adubação verde e orgânica no manejo da fertilidade do solo Embrapa Agrobiologia - SIPA
no cultivo orgânico de hortaliças
Adubação Verde no Cultivo Orgânico de Hortaliças: Embrapa Agrobiologia – SIPA
desenvolvimento e aplicação de metodologia para estudo da
UFRRJ
transferência de N dos adubos verdes para cultura de
interesse econômico Pesagro - Rio
Agroecovivência CTUR - UFRRJ
Ampliação e fortalecimento das atividades agroindustriais Farmanguinhos – Fiocruz
das associações de agricultores do Maciço da Pedra Branca
UFRRJ
/RJ
Ampliação e fortalecimento das redes agroecológicas da UFF
Região Macaense: criando vínculos e incentivando a
economia local
Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico Embrapa Agrobiologia
Regional no Rio de Janeiro
Apoio às práticas tradicionais, usos de plantas medicinais e UFRRJ
sistemas agroalimentares, articulados em redes de
participação política na região metropolitana do Rio de
Janeiro
Bases Científicas e Tecnológicas para o Desenvolvimento da Embrapa Agrobiologia
Agricultura Orgânica no Brasil
Campo e Campus: Jovens rurais/quilombolas protagonizando UFRRJ
o fortalecimento da agricultura familiar e a construção do
conhecimento agroecológico no estado do Rio de Janeiro.
Capacitação de produtores rurais de Pinheiral e adjacências IFRJ
em sistemas alternativos de criação de frango
Centro Vocacional Tecnológico de Agroecologia - Rio de IFRJ
Janeiro: Desenvolvendo Conhecimentos e Multiplicando a
Agroecologia
Centro Vocacional Tecnológico de Agroecologia - Rio de IFRJ
Janeiro: Desenvolvendo Conhecimentos e Multiplicando a
Agroecologia sub-projetos de Manejo Racional da Irrigação
e Bombeamento Alternativo da Água (Tecnologias para o
Manejo Sustentável da Irrigação
Centro Vocacional Tecnológico em Agroecologia e Produção Embrapa Agrobiologia - SIPA
orgânica do estado do Rio de Janeiro
Comunicação para transferência de tecnologia, atendimento UFRRJ
das demandas por informações, treinamentos e produtos
agroecológicos
Controle Alternativo de Pragas: Técnicas Sustentáveis para IFRJ
Promoção da Agroecologia
Dinâmica da paisagem associada a indicadores para subsidiar Embrapa Solos
o planejamento agro ambiental em áreas de Mata Atlântica
Entre o rural e o urbano: o fortalecimento das redes UFF
agroecológicas a partir da economia solidária e dos
movimentos organizativos de feiras orgânicas
Estratégias agroecológicas para a segurança alimentar em Embrapa Agrobiologia
ambientes de montanha
96
Fortalecimento da rede sociotécnica orientada aos sistemas UFRRJ
agroalimentares da zona oeste e região metropolitana do rio
de Janeiro
Implantação do Núcleo de Estudos em Agroecologia do IFF
Instituto Federal Fluminense Campus Avançado Cambuci
para incentivo às práticas agroecológicas, visando ao
fortalecimento da agricultura familiar do Noroeste
Fluminense e adjacências
Manejo Ecológico de Pragas: difusão do pensamento IFRJ
agroecológico para controle de pragas em Pinheiral – RJ
Modelo sócioprodutivo agroecológico de plantas medicinais Farmanguinhos - Fiocruz
Mutirão Agroecológico do CTUR CTUR - UFRRJ
Núcleo de Estudo e Pesquisa em Agroecologia: IFRJ
Desenvolvimento Participativo de Tecnologias para sistemas
agroecológicos de produção
O Lago do CTUR: Recuperação de Área Degradadas com CTUR - UFRRJ
Sistemas Agroflorestais
Profito pedra branca - plantas medicinais em sistema Farmanguinhos - Fiocruz
agroecológico: uma alternativa sócio-ambiental para os
produtores agrícolas do maciço da pedra branca
Projeto Capacitação em rede para inserção de agricultores em Farmanguinhos - Fiocruz
arranjo produtivo local de plantas medicinais
Projeto ecoarte: o teatro-dança na educação ambiental UFRRJ
Projeto Pinheiral Orgânico: a agroecologia e seu potencial na IFRJ
promoção da qualidade de vida
Projeto Profissional do Jovem do Campo CEA Rei Alberto I
Socialização de conhecimentos e desenvolvimento Embrapa Agrobiologia
tecnológico voltados à agroecologia e à produção orgânica no
estado do Rio de Janeiro
Socialização do conhecimento sobre bases tecnológicas na Embrapa Agrobiologia
produção orgânica de alimentos junto a grupos de
agricultores fluminenses vinculados a Sistemas Participativos
de Garantia
Territórios rurais autossustentáveis Instituto Socioambiental Serra do Mar
Vivência Interdisciplinar em Agroecologia CTUR - UFRRJ

97
ANEXO A – Tipos de relações do grupo de pesquisa com o setor produtivo

Rel1 Pesquisa científica sem considerações de uso imediato dos resultados

Rel2 Pesquisa científica com considerações de uso imediato dos resultados

Rel3 Atividades de engenharia não-rotineira inclusive o desenvolvimento de


protótipo cabeça de série ou planta-piloto para o parceiro

Rel4 Atividades de engenharia não-rotineira inclusive o desenvolvimento/fabricação


de equipamentos para o grupo

Rel5 Desenvolvimento de software não-rotineiro para o grupo pelo parceiro

Rel6 Desenvolvimento de software para o parceiro pelo grupo

Rel7 Transferência de tecnologia desenvolvida pelo grupo para o parceiro

Rel8 Transferência de tecnologia desenvolvida pelo parceiro para o grupo

Rel9 Atividades de consultoria técnica não englobadas em qualquer das categorias


anteriores

Rel10 Rel10 - Fornecimento, pelo parceiro, de insumos materiais para as atividades de


pesquisa do grupo sem vinculação a um projeto específico de interesse mútuo

Rel11 Fornecimento, pelo grupo, de insumos materiais para as atividades do parceiro


sem vinculação a um projeto específico de interesse mútuo

Rel12 Treinamento de pessoal do parceiro pelo grupo incluindo cursos e treinamento


"em serviço"

Rel13 Treinamento de pessoal do grupo pelo parceiro incluindo cursos e treinamento


"em serviço"

Rel14 Outros tipos predominantes de relacionamento que não se enquadrem em


nenhum dos anteriores

Fonte: PODCAMENI, Maria Gabriela von Bochkor. SISTEMAS DE INOVAÇÃO E ENERGIA EÓLICA: A
EXPERIÊNCIA BRASILEIRA. 2014. 364 p. Tese (Doutorado) - Curso de Economia, Ufrj, Rio de Janeiro,
2014. Cap. 7, p.223

98
ANEXO B – Tipos de remuneração do grupo de pesquisa com o setor produtivo

Rem1 Transferência de recursos financeiros do parceiro para o


grupo
Rem2 Transferência de recursos financeiros do grupo para o
parceiro
Rem3 Fornecimento de bolsas para o grupo pelo parceiro

Rem4 Parceria sem a transferência de recursos de qualquer


espécie envolvendo exclusivamente relacionamento de
risco
Rem5 Transferência de insumos materiais para as atividades de
pesquisa do grupo
Rem6 Transferência de insumos materiais para as atividades do
parceiro
Rem7 Transferência física temporária de recursos humanos do
parceiro para as atividades de pesquisa do grupo

Rem8 Transferência física temporária de recursos humanos do


grupo para as atividades do parceiro
Rem9 Parceria com transferência de recursos de qualquer
espécie nos dois sentidos
Rem10 Outras formas de remuneração que não se enquadrem
em nenhuma das anteriores

Fonte: PODCAMENI, Maria Gabriela von Bochkor. SISTEMAS DE INOVAÇÃO E ENERGIA EÓLICA: A
EXPERIÊNCIA BRASILEIRA. 2014. 364 p. Tese (Doutorado) - Curso de Economia, Ufrj, Rio de Janeiro,
2014. Cap. 7, p.225.
99

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