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Universidade Veiga de Almeida

Campus Cabo Frio


Serviço Social

A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL FRENTE AOS


USUÁRIOS DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA A
ONCOLOGIA NO MUNICÍPIO DE CABO FRIO (RJ)

JULIANA SOUZA DA FONSECA

Cabo Frio
2018
JULIANA SOUZA DA FONSECA

A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL FRENTE AOS


USUÁRIOS DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA A
ONCOLOGIA NO MUNICÍPIO DE CABO FRIO (RJ)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Veiga de Almeida como requisito parcial para
a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social, sob a
orientação da Profª. Ms. Mary Lane Cruz Madureira
(Orientadora- UVA).

Cabo Frio
2018
Universidade Veiga de Almeida
Campus Cabo Frio
Serviço Social

A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL FRENTE AOS


USUÁRIOS DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA A
ONCOLOGIA NO MUNICÍPIO DE CABO FRIO (RJ)

Juliana Souza da Fonseca


Orientadora: Profª. Ms. Mary Lane Cruz Madureira (Orientadora- UVA).

Aprovada em: ____/____/____

_______________________________________________________________
Prof.ª. Drª. Altineia Maria Neves (Banca Examinadora- UVA-Cabo Frio)

_______________________________________________________________
Prof.ª Jociane Souza Da Silva (Banca Examinadora- UVA-Cabo Frio)

Cabo Frio
2018
Estou persuadido de que o nosso
futuro depende da mobilização dos
melhores espíritos e sua dedicação
à nova ciência humanista do
homem, dada a consciência da crise
atual. Porque nada, a não ser seu
esforço conjunto, contribuirá para
solucionar os problemas já
mencionados aqui [...] (FROMM,
1987).
DEDICATÓRIA

Primeiramente, hoje e sempre, ao Meu Deus, luz da minha vida.

Á toda minha família, ao meu Pai Reginaldo Romão, (in memorian), que

mesmo não estando, nesse plano, buscou incentivar-me sempre, em todos os

momentos desde a minha infância, e investiu sempre em mim para que eu me

realizasse como pessoa e futuramente como profissional. Muito obrigada meu

Pai, amores Eternos.


AGRADECIMENTOS

Porque Dele, e por Ele e para Ele são todas as coisas, glória, pois à Ele
eternamente, Amém. Á DEUS, o meu primeiro agradecimento, dedico a
pessoa Dele, por ter me proporcionado esta oportunidade do acesso ao meio
acadêmico, e desde o início ter me guiado em meio as muitas tempestades até
os pastos verdejantes, Amém Senhor.
Á minha mãe Eunice Da Conceição Souza Da Fonseca por me auxiliar e
confortar me com palavras de ânimo nos dias mais difíceis que enfrentei em
tendo que conciliar trabalho, provas e faculdade. Pelos muitos chás quentes e
lanches nas noites que fiquei até tarde a estudar, amor eterno
Ao meu Pai, Reginaldo Romão, que mesmo em memória trago sempre comigo
seus ensinamentos com muito carinho.
Á minha irmã e companheira desde sempre, Tatiana Souza da Fonseca
Martins, que mesmo em meio aos seus compromissos, sempre encontrou um
tempinho para me auxiliar, de uma forma ou outra, mesmo quando não
demonstrava muito interesse eu a enjoava pra me ajudar. Obrigada com muito
amor.
Ao meu companheiro e amigo, George Dias de Oliveira, que esteve ao meu
lado, nesses últimos anos, como muito me apoiou e ajudou-me com incentivos
e puxões de orelha, quando foi preciso, no decorrer desta caminhada, muito
obrigada bem com amor e carinho.
As minhas colegas, hoje muito mais, amigas e parceiras sempre, é o que eu
desejo uma amizade para além da universidade, pra vida toda. Patrícia
Alvarenga, Ana Paula Machado, que em determinado momento, por
circunstâncias, cursamos períodos diferentes, mas permanecemos juntas
nessa longa jornada, muitas lágrimas, cansaço, frustações, alegrias, nesse
caminho árduo seguir para que hoje pudéssemos chegar até aqui. sem
esquecer-me das muitas colegas que compartilharam dessa caminhada,
Eliana, Giselle, Solange, Evelyn e tantas outras. Obrigada meninas.
E eu não poderia deixar de esboçar, um carinho e admiração especial, a minha
orientadora Mary Lane Cruz Madureira, primeiro por ter acreditado em mim, no
momento onde eu estive prestes a interromper essa finalização do trabalho,
apostando no meu potencial, gratidão sempre, Mary por isso, nunca irei me
esquecer desse momento. Obrigada. E a todas as outras professoras que
muito colaboraram para que esse momento acontecesse, Adriana Mesquita,
Jociane Souza e Altinéia Neves.
Assim como, uma grande amiga que descobrir nesses últimos meses, meu
carinho todo especial, Lilia S. Dias Cunha, Cida B. Alves. Saibam que vocês
foram muito importante nesse quebra cabeça, obrigada pelo apoio e a todos
que diretamente e indiretamente contribuíram como essa conquista.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................11

I - A POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASI..........................................................................14

1.1 O contexto de constituição da política de saúde no Brasil........................................14


1.2 A Política de Saúde a partir da década de 1980.......................................................20
1.3 Os Níveis de Atenção à Saúde no SUS....................................................................24
1.4 Política Nacional de Oncologia..................................................................................25

II - A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE: UM CAMINHO DE


TRANSFORMAÇÕES.....................................................................................................30

2.1 Os Aspectos Normativos Para Atuação Do Assistente Social Na Saúde.................30


2.2 Breves Considerações Sobre Serviço Social No Contexto Hospitalar......................35
2.3 A Atuação do Assistente Social Na Área Oncológica................................................38
2.4 Os desafios e perspectivas na atenção dos pacientes oncológicos e suas
famílias.............................................................................................................................42

III - BREVES CONSIDERAÇÕES DOS USUÁRIOS DE UM SERVIÇO DE REFEÊNCIA


A ONCOLOGIA E DO SERVIÇO SOCIAL......................................................................50

3.1 O caminho metodológico da pesquisa.......................................................................50


3.2 Entrevista e perfil dos entrevistados..........................................................................52
3.3 Entrevista com a assistente social.............................................................................54
3.4 Análises dos dados....................................................................................................55

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................62

APÊNDICE A ..................................................................................................................65

APENDICE B...................................................................................................................66

ANEXOS .........................................................................................................................68
LISTA DE ABREVIAÇÕES

AIS - Ações Integradas de Saúde.


C A - Câncer Antigen.
CEBES - Centro Brasileiro de Estudos em Saúde.
CFM - Conselho Federal de Medicina.
DATAPREV - Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social.
FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
ICMS - Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e
Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação.
INCA - Instituto Nacional de Câncer.
INPS - Instituto Nacional de Previdência Social.
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social.
IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados.
IPTU - Imposto sobre a Propriedade Predial Urbana.
IPVA - Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores.
LOAS - Lei Orgânica de Assistência Social.
MPAS - Ministério da Previdência Social e Assistência Social.
PASEP - Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público.
PIS - Programa de Integração Social.
PNAO - Política Nacional de Oncologia.
PNS - Política Nacional de Saúde.
PSF - Programa de Saúde da Família.
SINPAS - Sistema Nacional de Previdência e Assistência.
SUDS - Sistema Unificado e Descentralizado da Saúde.
SUS - Sistema Único de Saúde.
TFD - Tratamento Fora de Domicílio.
UICC - União Internacional Contra o Câncer.
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Tempo para confirmação do diagnóstico ......................................56

Gráfico 2 – Apoio e satisfação durante o tratamento .......................................57

Gráfico 3 – Satisfação com o atendimento do Serviço Social ..........................58


RESUMO

O presente estudo trata de uma análise sobre o trabalho do assistente social


no âmbito da oncologia, tendo como objetivo basilar desvelar as ações
desenvolvidas pelos profissionais do Serviço Social, quais os desafios e
perspectivas no acolhimento a famílias e pacientes inseridos nos serviços de
oncologia, na garantia de seus direitos e na melhoria do tratamento. Foi
utilizada, neste trabalho, análise documental e revisão de bibliografia como
procedimento metodológico principal. No decorrer do trabalho será apontada
um panorama acerca da política de saúde voltada para o câncer,
posteriormente o câncer e família, já que esta doença, em especial, traz um
adoecimento social/familiar, e por fim a atuação do serviço social inserido numa
equipe multidisciplinar da saúde, enfocando uma nova demanda posta à
profissão, que é a oncologia.

Palavras-chave: Serviço Social; Oncologia; Família.


ABSTRACT

This study is an analysis of the work of the social worker in the context of
oncology, with the basic aim to unveil the actions developed by the
professionals of Social Services, which challenges and prospects in host
families and placed patients in oncology services, guaranteeing their rights and
improving the treatment. It was used in this work, document analysis and
literature review as the main methodological procedure. During the work will be
pointed an overview about the health policy focused on cancer, then cancer and
family, as this disease, in particular, brings a social / family illness, and finally
the role of the inserted in a social service team multidisciplinary health, focusing
on a new demand put to the profession, which is oncology.

Key-words: Social Work; oncology; family


11

1. INTRODUÇÃO

A presente monografia ora desenvolvida, tem por objeto de estudo a


atuação do assistente social frentes aos usuários oncológicos no município de
Cabo Frio/ RJ. A fim de trazer visibilidade a necessidade de se refletir, sobre a
viabilização do acesso aos serviços de saúde ofertados aos usuários
oncológicos, por meio de ações mais humanizadas que visem amenizar o
sofrimento do acometido pelo câncer, tendo o acolhimento como meio para tal
acesso. Haja vista, que existem casos onde em um primeiro momento, os
usuários chegam aos hospitais e clínicas e se deparam com inúmeras
dificuldades para terem acesso aos serviços de saúde.
A motivação para a realização dessa temática deve-se a um
interesse próprio advindo de experiências vivenciadas no âmbito do trabalho,
por estar inserida numa realidade profissional cotidianamente na área da
saúde, onde desenvolvi atividades tais quais observações, co-participação no
atendimento com usuários e visitas aos leitos, onde por vezes, permitiu-me
como aluna e estagiária, em fase de aprendizado, observar e analisar de
maneira crítica e reflexiva quão grande desafios estão postos ao serviço social,
principalmente no que tange garantir um acesso aos serviços e saúde de forma
universal, justa, igualitária como prevê a Constituição de 1988. Além do
crescimento de número do câncer no Brasil onde tem ganhado relevância pelo
perfil epidemiológico, demográfico dentre outros.
Outro fator motivacional pela escolha da temática encontra-se na
percepção das refrações da expressão da questão social, que acabam por se
configurarem e reconfigurarem na seara da oncologia. Por conta da maneira
como o processo de adoecimento se expressa na vida dos sujeitos e também
afetando suas relações com o todo.
Entretanto, a relevância acadêmica e profissional da pesquisa,
equivale a uma forma de ampliação em termos de produção científica pela
categoria do serviço social, haja vista, que mesmo diante de tantos avanços e
lacunas preenchidas em termos acadêmicos e científicos, sobre a temática
ainda há uma escassez de referencial teórico além da colaboração com a
categoria profissional. Esse tipo de interesse sobre a temática oncológica, do
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serviço social inserido nesse campo, tende a proporcionar debates


enriquecedores para além dos espaços acadêmicos.
O título da pesquisa investigativa, a atuação do assistente social
frente aos usuários oncológicos, evidencia que este é um espaço sócio
ocupacional relativamente novo para a categoria profissional. Daí a importância
de se explorar essa realidade. Sendo assim, define-se como delimitação: A
atuação do serviço social frente aos usuários oncológicos no município de
Cabo Frio/ RJ
Parte-se das seguintes questões norteadoras: De que forma o
profissional assistente social pode contribuir para a garantia de um acesso aos
serviços de saúde aos usuários de maneira universal, igualitária, equânime?
Quais implicações que a doença apresenta para um paciente diagnosticado
com câncer? Quais tipos de câncer tem tido maior incidência sobre a
população de Cabo Frio? Como trabalhar com as determinações da Instituição,
com programas que respondem a uma lógica da sociedade capitalista, levando
em conta as demandas dos usuários e suas necessidades sem perder de vista
seu Código de Ética e as leis que regulamentam a profissão?
Os objetivos específicos do presente estudo compreendem:
Conhecer a política de saúde para o controle do câncer no país, entender o
contexto social, cultural, político e econômico em que está inserido o usuário
oncológico. Verificar quais são os maiores desafios enfrentados pelos
assistentes sociais no espaço sócio ocupacional da saúde.
A pesquisa orientou-se pelo método dialético crítico, o qual “[..]
parte de uma concepção que vê a realidade e os sujeitos sociais que a
constituem e por ela são constituídos como unidades dialéticas’’ (PRATES,
2003, p.1). Deste modo, tornou-se necessário compreender o tempo histórico
do presente objeto de estudo.
Para realização desta pesquisa, recorreu se a uma abordagem
metodológica quantitativa. Conforme Minayo( 2001), a modalidade de pesquisa
qualitativa lida com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças,
valores e atitudes, o que condiz com um espaço mais profundo das relações,
dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis.
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Para a materialização desta pesquisa, realizou se entrevistas


semiestruturadas, aplicadas em dois roteiros, a primeira aplicada com a
assistente social inserida na unidade hospitalar, com o fim de tecer reflexões a
cerca do serviço social neste espaço sócio ocupacional e a segunda fora
aplicado a alguns usuários que estavam inseridos no contexto hospitalar.
Logo, tomou-se o cuidado na observância quanto aos cuidados
éticos e metodológicos, sendo a entrevista previamente agendada por meio da
assistente social responsável. Mediante apresentação do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
Sendo assim, a introdução apresentou apenas aspetos introdutórios
bem como a trajetória metodológica da pesquisa. O segundo capítulo
apresenta uma breve contextualização sobre a inserção do assistente social na
saúde, caminhos e transformações, ainda contemplou os aspectos normativas
para a atuação do assistente social na saúde consolidando a saúde como
direito social e a instituição do SUS Sistema Único de Saúde, apresentando
entre os elementos a Lei Orgânica da saúde (Leis nº 8.080/90) e ( 8.142/90)
até desembocar na atenção de nível de alta complexidade na Oncologia.
O terceiro capítulo apresenta breves considerações dos usuários
entrevistados, suas opiniões e pontos de vista com respeito aos serviços de
saúde, bem como suas dificuldades de acesso aos serviços oferecidos a
população local. Assim como a trajetória aplicada para a realização da
pesquisa de campo e seus resultados.
Em suma, foram realizadas as considerações finais com respeito ao
tema exposto, em como se realiza o fazer profissional do assistente social, que
diante de uma lógica tão arbitrária em relação ao usuário, a seus direitos,
estabelecido nos espaços sócio ocupacional, se vê desafiado frente a essas
questões tendo que se portar como um mediador, porém sempre atento as
necessidades que estes usuários lhe apresentam, a fim de trazer respostas
para suas demandas.
14

CAPÍTULO I

A POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL

O presente capítulo tem por objetivo abordar o caminho percorrido


pela política de saúde no Brasil, mais precisamente entre a década de 1970 e
1980, elucidando alguns aspectos sócios históricos que incidirão na formação
de um sistema único de saúde no país.
Pretende-se, no decorre deste capítulo levantar questões vinculadas
ao enfrentamento dos problemas de saúde pública, correlacionados a
episódios econômicos, político e social alicerçado nos ditames do capitalismo
mundial, contudo pretende se chegar a uma leitura da realidade, por meio dos
períodos marcantes que arquitetaram e consolidaram a forma atual dessa
conjuntura no Brasil.

1.1O contexto de constituição da política de saúde no Brasil.

A saúde no Brasil alcançou avanços históricos com destaque para a:


descentralização, a municipalização das ações e serviços, a melhoria e a
ampliação da atenção à saúde, com fomento à vigilância em saúde sanitária e
controle social com a participação da sociedade civil, através dos conselhos e
conferências de saúde. Acerca disto, Abreu (2008) explica que:

[...] Na sociedade brasileira, nos anos 80,criam se condições


concretas para o avanço do projeto profissional identificado com os
interesses das classes subalternas, determinadas pelo referido
movimento de democratização das relações sociais, em que avançam
estratégias de politização dessas relações integradas às lutas sociais
e organização das referidas classes e, contraditoriamente, pelas
estratégias estatais no âmbito das políticas sociais à busca de
legitimidade do sistema de poder em crise. (ABREU, 2008, p.151).

No final dos anos1970, a sociedade brasileira já sentia os sinais do


acirramento de uma crise no setor econômico, consequentemente estatal,
sendo percebida com a falência do modelo econômico do regime militar e pelo
descontrole inflacionário. Diante desse quadro, o sistema ditatorial mostrou se
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desgastado e como consequência, desencadeou um processo lento e gradual


que acabara, resultando em uma distensão do regime militar, que até tentou
incorporar algumas demandas da população.
Entretanto, várias medidas foram tomadas, no quesito reformas
destinadas a esfera das políticas sociais, visando atenuar o clima de tensão e
efervescência emanadas entre a figura do Estado e a população. Diante dessa
situação, o governo lançou mão de algumas medidas de âmbito administrativo,
como forma de estratégia, destacando se entre elas: a criação do Ministério da
Previdência e Assistência Social (MPAS) em 1974, a fim de demonstrar o
interesse do governo pela Previdência Social. Todavia, a criação do INPS não
conseguiu trazer mudanças a verdadeira situação que a saúde do país
experimentara, continuando a dicotomia entre a assistência médica individual e
saúde pública.
Bravo (1996) faz apontamentos evidenciando a situação crítica que
a assistência médica previdenciária vivenciava, em face do modelo implantado,
concomitantemente a esse modelo de saúde, crescia as demandas por
serviços médicos que trouxessem solução para questões que eram
apresentados a esse modelo gestado pelo governo. Portanto, é possível
observar modificações concernentes ao complexo previdenciário: “a criação da
empresa de processamento de dados da previdência social (DATAPREV) e a
ampliação do setor antes conveniado, tornou se pequeno diante do
contratado.” (idem, p.42)
Logo, houve um crescimento, dos convênios em relação aos
sindicatos, universidades, governos estaduais e municipais e outras entidades
representativas que muito contribuíram na expansão e propagação da
cobertura dos serviços e para o fortalecimento do setor público. No entanto, o
setor privado permaneceu maior que os setores conveniados, sendo uso de
estratégia para escoar a demanda em excesso, não trazendo mudanças
substantivas. (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1989).
Tecendo considerações, no tocante a saúde, outras medidas foram
usadas nos pós 1974, entre elas, a implementação do Plano de Pronta Ação
em 1974 e a criação do Sistema Nacional de Saúde em 1975. O plano de
Pronta Ação teve como objetivo “disciplinar e organizar as diversas
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modalidades de prática médica vinculadas à previdência social, universalizando


o atendimento de emergência” (BRAVO, 1996, p. 43).
Por meio deste plano, ocorreu a desburocratização dos
atendimentos à emergência e a integração da prática previdenciária às
instituições conveniadas.
Para Bravo (1996):

As reformas implementadas não foram capazes de trazer solução a


crise decorrente da contradição entre à tendência à universalização, a
pouca flexibilidade da base financeira no que concerne ao sistema de
contribuições e a impossibilidade de controle dos produtos privados
de serviço. (BRAVO, 1996, p.45).

A finalidade do Sistema Nacional de Saúde destinava-se a


disciplinar a articulação entre os órgãos atuantes no setor da saúde, porém as
pressões foram muitas sobre o grupo que trazia novas proposições, de forma
que o projeto veio a ser alterado. Vale ressaltar, que concomitante a esse
processo, marcado por uma efervescência de ideologias, com o foco na saúde
difundida e disseminada de forma democrática à todos, um grupo de
profissionais começaram a discutir questões ligadas a saúde, passaram a
exercer atos de pressão, perante ao sistema de saúde vigente, de maneira que
este fosse alterado, porém muitos foram os obstáculos constantes advindos, de
setores empresariais e industriais, que definiam maneira hegemônica a política
de saúde no país.
A partir dessas inquietações que foi possível observar, os primeiros
indícios da organização de setores progressistas compostas por profissionais
da saúde em defesa do fortalecimento do setor público que em outro momento
adiante, ficou conhecido pelo Movimento Sanitário.
A cerca do exposto, Escorel et al (2005) aponta que:

Nestes primeiros anos do movimento sanitário, a ocupação de


espaços institucionais caracterizou se pela busca do exercício e da
operacionalização de diretrizes transformadoras do sistema de saúde.
Dessa forma, profissionais que pensavam criticamente o sistema
tratavam estes espaços como uma arena onde era possível tratar
uma luta surda, mas acirrada, para por em prática projetos que, de
resto iam completamente na contramão dos interesses do regime
autoritário.
17

Esse grupo formado por profissionais progressistas e que


compartilhavam dos mesmos ideais, viam nos encontros, a oportunidade de
trazer em voga, em debates, as questões pertinentes ao setor saúde por meio
de uma ótica diferenciada, o que possibilitou um crescente aumento em termos
de produção acadêmicas, em conjunto interpolava se também com as questões
voltadas as Ciências sociais.
Nesse processo, a importante figura representativa foi o Centro
Brasileiro de Estudos em Saúde (CEBES) criado em 1975, que possibilitou a
articulação de vários atores sociais sendo impulsionados de proposições que
se materializaram de maneira concreta por meio dos serviços de saúde
eficazes e de qualidade disponível a todo cidadão.
Bravo (1996):

Aponta que o CEBES como centro de estudos propôs ser uma


instância de organização do saber sobre a saúde, e sua aplicabilidade
efetiva na formulação de contra políticas, com participação constante
e efetivas nos eventos nacionais e regionais relativos à temática e um
entrosamento efetivo com entidades da sociedade civil preocupadas
com as questões populares, entre elas a CNBB, a OAB, a SPBC, o
Centro Brasil Mulher, sindicatos, partidos políticos, universidades,
associações estudantis e associações comunitárias. (BRAVO, 1996,
p. 46-47).

O movimento da Reforma Sanitária defendia a concepção de saúde


ampliada, articulada a democracia e política, trazendo como uma de suas
principais proposições, a noção de saúde como um direito de todos e dever do
Estado, a universalidade do acesso e a integralidade da atenção à saúde; Além
disso, impulsionou a reestruturação do sistema de saúde, criando o Sistema
Unificado de Saúde, e integrando a saúde pública e individual; a
descentralização do poder e a municipalização (poder local); a democratização
do poder através da criação dos Conselhos e Conferências de Saúde,
enquanto mecanismos de gestão compartilhada com a participação social e o
financiamento efetivo. (COHN, 2002; ELIAS, 2002; BRAVO et al., 2006)
De acordo com Oliveira e Teixeira (1989), nesse mesmo período,
ocorre uma disseminada divulgação sobre a política previdenciária de
assistência médica, em decorrência da socialização do debate, permitindo o
18

envolvimento de grupos de interesses comuns, levando ao reconhecimento da


saúde como uma questão nacional.
A saúde assume uma dimensão política, porém atrelada à
democracia, migrando do nível técnico para ser amplamente discutida pela
sociedade civil, e o que vemos, é que o Movimento da Reforma Sanitária em
consonância com os movimentos populares conseguiu ganhar visibilidade
política.
A respeito da politização da questão da saúde, Bravo (1996) afirma
que:

A ampliação do espaço de atuação das entidades representativas dos


profissionais e sindicatos médicos favoreceu o desdobramento da
prática política, havendo articulação com outros sindicatos de
trabalhadores, outras entidades, movimentos populares e avançando
se no âmbito parlamentar. A luta pela saúde se ampliou e diversos
movimentos se destacaram: os movimentos de bairro de periferia
urbana e favelas, na luta por saneamento, água, luz, transporte e
postos de saúde; os movimentos de bairro de “classe média, visando
a melhoria dos serviços de saúde e alteração das políticas do setor; o
movimento político dos partidos oposicionistas, com propostas
alternativas de políticas de saúde enfatizando o setor público e a
promoção da saúde; os movimentos desencadeados pelas
comunidades eclesiais de base, visando mobilizar e organizar a
população em torno de suas questões concretas de vida, passando
por lutas específicas na esfera da saúde e o movimento sindical que,
a partir de sua reorganização enfrentou a grave situação de saúde
dos trabalhadores, colocando na pauta de reivindicações essa
questão. (BRAVO, 1996, p. 55).

Em face de tal movimento, eclodiam de forma alternativa, as


políticas destinadas a reverterem o modelo de assistência à saúde, pautado no
privilegia mento do setor privado em prol de captar recursos no setor público.
Entretanto, o Estado reagiu a essas pressões e como forma de punição
bloqueou as propostas mais variadas ligadas aos setores capitalistas e
empresariado, modificando os planos e programas de interesse democrático
tendo como pano de fundo um processo de intensa tensão.
Entretanto, a respeito dos planos e programas formulados pelo
Estado, são resultados nada satisfatórios no tocante as demandas político-
sociais apresentadas nessa conjuntura com a divulgação do Estado de que a
previdência estava enfrentando uma acirrada crise econômica e conjuntural, eis
19

que surgia, uma oportunidade para que novas propostas e debates ganhassem
vez na arena política.
Acerca disto Bravo (1996) explica que:

A crise da previdência se agudizou devido aos seguintes fatores. a


arrecadação do sistema previdenciário. Diminuição da contribuição da
união, redução da contribuição das empresas como porcentagem da
folha de salários, a crescente absorção de faixas da população a
serem cobertas pelo sistema e a má gestão dos recursos captados,
orientando se pela lucratividade em detrimento da ética e das reais
necessidades da população (BRAVO, 1996, p. 59).

No entanto, em meio a um cenário político de repressões e


autoritarismo e intensa militância, mas com a atuação efetiva de movimentos
sociais e sindicais que impulsionou uma nova proposta de modelo de saúde,
passando a incorporar, o Plano de Reorientação da Assistência à saúde, com
contribuição dos profissionais progressistas e lançando mão de estratégia
básica: Ações Integradas de Saúde (AIS).
As (AIS) ancorava se em princípios como: universalização;
priorização das ações de atenção primária à saúde; foco na prevenção,
descentralização e democratização das decisões de interesse administrativo,
regionalização e hierarquização dos serviços da rede de saúde, proposta esta
fortalecida após 1985 com o fim do regime ditatorial (BRAVO 1996).
Entre os períodos de 1979 a 1985, o que se presenciava era
continuidade no que diz respeito a abertura política, que outrora, havia sido
iniciada nas gestões anteriores, uma das medidas estratégica nesse momento,
seria a implantação e implementação de uma abertura política sim, porém
planejada e controlada por eles, mas o que as instâncias do Estado não
esperava, e que a crise econômica que pairava sobre o país, abalaria as
intenções de serem postas em prática. Mas uma vez o setor da saúde
perpassa por mais um período de crise após as reformas incorporadas pela
gestão anterior. De acordo com o Sistema Nacional de Saúde (SINPAS) não
obtiveram sucesso no tocante a trazer respostas aos problemas relacionados
ao setor, prevalecendo ações curativas, a instabilidade no custeio das
despesas previdenciárias e o modelo de privatização da medicina.
A partir desse exposto, o que se percebe é um misto de
descontentamento e revolta que pairou sobre a sociedade civil em um todo e
20

ademais profissionais, principalmente os do setor saúde, capaz de ir além dos


muros e espaços acadêmicos. Assim, este momento caracterizou de fato a
consolidação do movimento de organização dos profissionais da saúde.
Importante ressaltar, que uma ampla divulgação da política
previdenciária de assistência médica nesse período, proporcionou o
envolvimento de grupos de interessados e levando ao reconhecimento a
questão saúde em nível nacional. (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1989). A saúde
assumiu outro patamar, mesclando-se entre a dimensão política e a
democracia, deslocando-se da área de interesse técnico, alcançando os
debates que eram pulverizados pela sociedade civil.

1.2 A Política de Saúde a partir da década de 1980

Em meados da década de 1980, presenciou-se uma mobilização em


massa, dos mais variados setores da sociedade civil, em prol da
redemocratização e da construção de direitos civis, políticos e sociais no país.
Nesta transição que o país experimentara, na constituição de uma Nova
República, resultante de uma negociação comandada pelos dirigentes do bloco
autoritário e pela força de oposição. Essa transição não se deu de maneira
amistosa, foi marcada por continuidades e descontinuidades, revelando os
avanços democráticos, mas também mantendo vivos os aspectos do antigo
regime.
Conforme Bravo (1996), no momento de transição democrático que
o país vivenciava, houve um refluxo dos movimentos sociais uma fragilidade
em relação aos partidos políticos no país, o que contribuiu para que
reconsiderassem os enfrentamentos políticos, resultando numa flexibilidade na
aceitação dos acordos entre empresários e operários.
Em relação a realidade sanitária brasileira e seus desdobramentos
legais, em 1984 realizaram se eventos que foram veiculados pelas Secretarias
de Saúde dos Estados do Sudeste do país, com o objetivo de acumular
propostas e estimular a realização de fóruns de debates concernentes a
política de saúde. Segundo Bravo, (1996):
21

As políticas de saúde não têm assumido um cunho redistributivo


privilegiando as ações de caráter curativo em detrimento das medidas
de saúde coletiva, com alto custo e eficácia reduzida. A ação
governamental precisaria contemplar a implantação de uma política
econômica que evitasse o desgaste e a espoliação da saúde da
população e adoção de políticas sociais que tivessem por objetivo a
universalização do acesso aos serviços (saúde, previdência,
educação, habitação) [...]. (BRAVO, 1996. p. 74).

A VIII Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, constitui-


se um dos fatos mais significativos nesse contexto. Tratou-se de um marco
político importante, onde a saúde é trazida para a arena de um amplo debate
público, onde, foi capaz de envolver uma série de discussões prévias e de
conferências posteriores por temáticas específicas. Após a sua realização em
março de 1986, representou uma grande arrancada para o embate público que
haveria com a eleição e instalação da Assembléia Nacional Constituinte.
A temática central da Conferência debruçou-se sobre a saúde, como
direito de todos a reformulação do sistema de saúde e o financiamento.
(ESCOREL, 2005; BRAVO, 1996).
Após a realização da VIII Conferência Nacional de Saúde, o governo
aprovou a criação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS)
tornando-se a porta de entrada para o processo de descentralização do poder
e do financiamento, permitindo espaços de gestão da política para as
secretarias de saúde municipais e estaduais. O SUDS tornou-se uma medida
significativa para reorganização da política de saúde. Em um momento em que
os recursos eram repassados, mas sem possibilidade de controle. (BRAVO,
1996).
Assim, o movimento de reforma sanitária veiculado pelos
profissionais de saúde em conjunto com os movimentos populares
conseguiram englobarem legalmente a proposta de um sistema de saúde
público para o país em oposição ao modelo que privilegiava a oferta por
serviços de saúde privada.
De acordo com Bravo (1996), ganharam destaque três aspectos
centrais nesse período de transição do país, que abriram caminho para uma
nova ordem de assistência à saúde são eles: a politização da questão da
saúde, a alteração da norma constitucional e a mudança do arcabouço e das
práticas institucionais onde a autora expõe que:
22

A politização da saúde foi uma das metas a ser implementadas com o


objetivo de aprofundar o nível da consciência sanitária, alcançar a
visibilidade necessária para a inclusão de suas demandas na agenda
governamental e garantir o apoio político à implementação das
mudanças necessárias. A VIII Conferência Nacional de Saúde foi o
acontecimento mais importante nessa direção. A alteração da norma
constitucional ocorreu no processo constituinte com toda a articulação
e mobilização efetuada como vimos, tendo como resultado um texto
bom para a saúde, que incorpora grande parte das reivindicações do
movimento sanitário. Ao analisar o processo, muitos autores e
lideranças de entidades consideram que nenhum outro setor teve o
desempenho e uma proposta clara como a saúde. a mudança do
arcabouço e das práticas institucionais foi realizada através de
algumas medidas que visaram o fortalecimento do setor público e da
universalização do atendimento; da redução do papel do setor privado
na prestação de serviços à saúde; da descentralização política e
administração do processo decisório da política de saúde e da
execução dos serviços ao nível local, que culminou com a criação do
SUDS, passo mais avançado na reformulação administrativa no setor.
(BRAVO, 1996, p.83).

Todo esse processo de avanços conquistados com muito pleito,


afinco e determinação, resultou em mudanças na trajetória normativa
constitucional da década de 1980, no tocante a garantia da saúde como direito
do cidadão brasileiro.
A saúde teve grande repercussão na esfera política, foi introduzida
na Constituição tornando-se parte do sistema de proteção de seguridade
social, vista por uma nova ótica, de conquista, pois a mesma deixou de ser
reconhecida apenas como um tipo de seguro, passou assumir um outro nível,
como sendo direito de todos e dever do Estado, apresentou uma visão
universalizada, igualitária, independentemente de qualquer critério para seu
acesso. Ampliou-se o conceito saúde, onde as condições de vida inerente a
cada cidadão aparecem de forma exponencial, tornando-se determinante no
processo saúde doença. Ocorreu também, a ampliação da atenção à saúde
por meio de ações e prestações de serviços ofertados à população, ações
essas que buscavam efetuar a promoção, proteção e recuperação da saúde
como um todo, visando romper com a ideologia preventivo e curativo.
A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) sem dúvidas constituiu-
se uma das conquistas mais exitosas nessa trajetória. Pautada por
características como a integração das ações e serviços de saúde por meio de
uma rede regionalizada e hierarquizada, representa um sistema unívoco e
organizado por três diretrizes: descentralização, ou seja, apresentando uma
23

direção única para cada esfera do governo, de modo a serem redistribuídas as


responsabilidades em termos de ações e serviços de saúde em nível do
governo. Outra característica importante a cerca do SUS, possui atendimento
integral ressaltando as atividades de cunho preventiva, de modo que em
nenhum momento traga prejuízo a assistência à saúde, a participação social
que em todo momento tornou-se figura crucial nessa conjuntura, trazendo
materialidade ao processo de redemocratização do país em consonância com
esse processo de total efervescência vivenciado por diversos atores sociais e a
população.
A unificação das medidas de saúde pública e de saúde individual,
possibilitando a extinção da dicotomia que outrora existia. Ao Ministério da
Saúde incumbiu-se de reger e controlar as ações e serviços pertinentes à
assistência, bem como sua atuação na execução de ações em vigilância
sanitária e epidemiologias; a participação na formulação da política e execução
de ações destinadas ao saneamento básico, assim como a propagação e
provimento nas campanhas de vacinação entre outros serviços.
Entretanto, no que concerne a Lei nº 8080/1990, esta estabeleceu a
regulação dos serviços e ações da saúde, e institui o conceito de saúde como
sendo, fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a
moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a
educação, o transporte, o lazer e acesso aos bens e serviços essenciais; os
níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do
país. (BRASIL, 1999, p.1).
De acordo com Roncalli (2003) foram legalizados na Constituição
Federal novos ordenamentos para a política de saúde por meio da Lei 8080/
90, cabendo ressaltar que esta lei sofreu por vetos presidenciais nos itens
relativos ao seu financiamento e controle social, e a Lei de nº 8142/1990, que
após recuperar alguns vetos, garantiu a efetiva participação social na política
de saúde.
A legislação ainda prevê a ampliação das competências do Sistema
Único de Saúde, abrangendo as seguintes atribuições: o controle e fiscalização
de produtos e substâncias de interesse para a saúde; a participação na
produção de medicamentos, equipamentos, imunológicos, hemoderivados e
outros; execução das ações de saúde do trabalhador, ordenar a formação de
24

recursos humanos na saúde, incrementar a atuação no desenvolvimento


científico e tecnológico na área da saúde, fiscalizar e inspecionar alimentos,
bebidas e água para o consumo humano; colaborar com a proteção do meio
ambiente, entre eles, o do trabalho, participar no controle e fiscalização da
produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
psicoativos, tóxicos e radioativos. (BRASIL, 1988).

1.3 Os Níveis de Atenção à Saúde no SUS

A partir da década de 1990 a política de saúde no país passou a ser


organizada por níveis de atenção à saúde (básica, média e alta complexidade)
e que proporcionam uma rede vasta de serviços que visam atender e trazer
respostas às necessidades em termos de saúde da população, incorporados a
princípios de integralidade, e diretrizes de municipalização, regionalização e
hierarquização. Dentre esses níveis, a atenção básica é responsável no sentido
de trazer respostas a uma parcela majoritária da população, sendo
representada pela Unidade Básica de Saúde, que aparecem como porta de
entrada. A atenção Básica é co-responsável por direcionar os usuários que por
ela passam para o grau de nível conforme a sua particularidade.
Outro nível de atenção, à saúde é a Média Complexidade 1que
compreende ações e serviços que buscam a atender os principais problemas e
agravos de saúde apresentados pela população, demandando ser atendidos
por profissionais especializados e que por vezes, fazem uso de recursos
tecnológicos para um melhor diagnóstico e tratamento.

1
Os procedimentos que compõem a média complexidade são os seguintes: procedimentos
especializados, realizados por profissionais médicos, outros de nível superior e médio, cirurgias
ambulatoriais especializadas, procedimentos traumato- ortopédicos, ações especializadas em
odontologia, patologia clínica, anatomopatologia e citopatologia; radiodiagnóstico; exames ultra
sonogáficos, diagnose, fisioterapia, terapias especializadas; próteses e órteses, e anestesia
(BRASIL,2007, p.17).
25

O modelo de Atenção de Alta Complexidade 2é definido como o


conjunto de procedimentos que sejam capazes de envolverem alta tecnologia e
alto custo, com a única finalidade, ofertar a população, o acesso e serviços
com precisão, celeridade e qualidade de forma a integrá-los aos demais níveis
de atenção à saúde.
Embora o SUS tenha sido planejado para abranger os níveis de
complexidades, todavia deveriam ser acionados de acordo com as
necessidades e especificidades apresentadas pelos usuários, é notório as
restrições que sofrem quando estes procuram uma das atenções, entre muitas
restrições podemos citar as mais cotadas como altos custos financeiros e
infraestrutura.
Conforme aponta Costa (2006),

Na realidade, a atual organização do sistema de saúde, ao tempo em


que atende algumas reivindicações históricas do movimento sanitário,
de que são exemplos à universalização, a descentralização e a
incorporação dos mecanismos de controle sócia e participação social
da comunidade, ainda não superaram algumas contradições
existentes, dentre as quais constam a demanda reprimida/ exclusão,
a precariedade dos recursos, a questão da quantidade e qualidade da
atenção, a burocratização e a ênfase na assistência médica curativa
individual. (COSTA, 2006, p.8).

Diante de tal fato é possível compreender que muito dos problemas


enfrentados pela atenção de média e alta complexidade se deve à falta de
provisão do acesso, a articulação com a rede de atenção básica e a garantia
da qualidade no que tange ao modelo de atenção oferecida.

1.4 Política Nacional de Oncologia

2
Os procedimentos de alta complexidade é composta por procedimentos de alto custo e
internações, principais áreas que compõem a alta complexidade do SUS, organizadas em
redes são: assistência ao paciente portador de doença renal crônica ( por meio de
procedimentos de diálise); assistência ao paciente oncológico; cirurgia cardiovascular; cirurgia
vascular; cirurgia cardio vascular pediátrica; procedimentos da cardiologia intervencionista,
procedimentos endovasculares extra cardíacos; laboratório de eletrofisiologia; assistência em
traumato ortopedia. Procedimentos de neurocirurgia; assistência em otologia; cirurgia de
implante coclear; cirurgia das vias aéreas superiores e da região cervical; cirurgia da calota
craniana; da face e do sistema estomatognático; procedimentos para a avaliação e o
tratamento dos transtornos respiratórios do sono; assistência aos pacientes portadores de
queimaduras; assistência aos pacientes portadores de obesidade (cirurgia bariátrica); cirurgia
reprodutiva; genética clínica; terapia nutricional; distrofia muscular progressiva; osteogênese
imperfecta; fibrose cística e reprodução assistida (Idem p. 18-19).
26

Instruída pela portaria de nº 2439/GM, em 08 de dezembro de 2005,


a Política Nacional de Oncologia veio a ser implantada em vários Estados,
visando promover ações de caráter preventivo, diagnóstico tratamento,
reabilitação, promoção e cuidados paliativos. Seu intuito é desenvolver
estratégias ancoradas na Política Nacional de Saúde quer seja na identificação
preventiva, ou em forma de tratamento das principais neoplasias existentes.
Uma das características que asseguram a Política Nacional de
Oncologia é uma gestão integralizadora e articulada aos princípios e da política
nacional de saúde, sendo assim, a Política Nacional de Oncologia (PNAO)
vincula se as questões ligadas à incidência e mortalidade do câncer, a redução
da incidência da moléstia encontra se diretamente associada às medidas de
prevenção e de conscientização da sociedade quanto aos fatores de risco da
doença. já as questões que envolvem a redução da mortalidade, depende da
capacidade nacional em detectar o câncer o mais precoce possível, e tratá-lo
adequadamente.
O SUS constitui-se um sistema primordial no acesso, na realização
de procedimentos necessários ao combate a neoplasia. As ações
desenvolvidas “[...] pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisionadas pela
direção nacional do Sistema Único de saúde (SUS) permanecerão como
referencial de prestação de serviços, formação de recursos para a
transferência tecnológica”. (BRASIL, 1990 artigo 2º da Lei 8080/90).
A Política de saúde traz em seu cerne componentes fundamentais
para a efetivação dessas ações como: a promoção e vigilância em saúde,
plano de controle ao tabagismo e outros fatores de risco e a regulamentação
suplementar e complementar regulação, fiscalização, controle e avaliação,
Sistema de informação entre outros.
De acordo com (OLIVEIRA; GOMES, 2008) o câncer é uma doença
carregada de estigmas e as formas de seu tratamento são pouco conhecidas
pela sociedade, a negação do processo de adoecimento é comum entre o
indivíduo acometido e sua família, pois inicialmente ele traz consigo a imagem
da doença sem cura, que causa dor e que pode levar à morte em qualquer
momento. Existe, portanto uma forte correlação do câncer com a morte,
destacando se, por exemplo, que a finitude é algo percebido no discurso.
27

Assim sendo, o câncer é uma doença que promove um tipo de


cicatriz e estigma que traz consigo comprometimentos nas relações familiares
dificultando a fala sobre a doença, cercada por denotações ligadas a morte.
Receber um diagnóstico de uma enfermidade como esta, acarreta sentimentos
e inquietações de um futuro incerto que influenciarão na maneira como o
acometido portará se frente aos obstáculos que a doença traz. Pois no senso
comum, as pessoas já possuem a pseudo-sensação de que estão
sentenciadas à morte.
Conforme o pensamento de (BORGES, et al. 2008) ao ser
diagnosticado o câncer, além de envolver a descoberta que causa alterações
teciduais, bem como fatores comportamentais e psicológicos do paciente, no
tratamento oncológico a quimioterapia e as complicações decorrentes da
doença, tornam os pacientes temerosos frente a esta nova realidade em suas
vidas, levando os mesmos de maneira inconsciente ao isolamento.
A perspectiva de Borges (2006) aponta para uma problemática
complexa a qual o acometido se vê absorvido, condizendo muito além do que
uma simples enfermidade física, pois este se vê perdido em seus sentimentos,
dúvidas, ansiedade, medo da morte, variáveis mudanças que incidirão sobre
este onde terão de readaptarem se a um novo ritmo de vida.
Atualmente, os métodos de tratamento mais utilizados para o
combate ao câncer destacam se a radioterapia, cirurgia e quimioterapia. Cada
uma possui suas indicações, seus limites, efeitos positivos e colaterais
podendo ser usados de forma tanto isolada ou em associação com a
radioterapia, método que utiliza radiações produzidas por uma máquina em um
local delimitado do corpo, isto é, ela afeta apenas o tumor e a área afetada.
(STRAUB, 2005). Segundo Valle e Ramalho (2008), o número de sessões
poderá variar conforme cada caso.
Diante dessa situação aonde o paciente se encontra fragilizado em
todos os sentidos de sua vida pelo quadro o qual se vê imergido, aliado a
administração das drogas em forma de terapias. É fundamental que a família
seja figura presente e atuante nesse processo a ser vivenciado, haja vista que
o câncer é uma doença cheia de estigmas e perturbadora.
De acordo com Valle e Ramalho (2008) o tratamento é complexo
podendo perdurar meses ou anos, dependendo do tipo de câncer. É importante
28

enfatizar que um tratamento como esse, acaba por causar mudanças no


sistema imune, logo proporcionará abertura para que infecções oportunistas
apareçam sendo de extrema atenção os cuidados concernentes à medidas de
prevenção a doenças infecciosas, os quais ficam também em especial
responsabilidades do familiar cuidador, estando relacionados também sob
estes mesmos cuidados a uma alimentação saudável, a higienização constante
das mãos, assim como de todo o corpo do paciente e do familiar cuidador,
além da higienização adequada de todo ambiente em que o mesmo passa
frequentar, estas orientações frequentemente feitas do profissional de saúde
para o paciente e o familiar cuidador. (INCA, 2011).
Sendo assim, o tratamento em oncologia tem sido compreendido
com maior amplitude e magnitude, cooptando a atuação e esforços de todos,
desde uma equipe de saúde o que acaba por envolver nesse árduo e
impactante processo, profissionais como oncologistas, radioterapeutas,
assistente social, psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, e os
respectivos familiares que são peças fundamentais nesse processo saúde
doença, tratamento este hoje pautado no Brasil pela Política Nacional de
Atenção Oncológica.
De certo, diante dos dados tão convincentes, não há como omitir
que o câncer é um problema de saúde pública no Brasil e que a Política
Nacional de Atenção Oncológica foi proposta como uma das estratégias dotada
de ações integradas visando o controle das neoplasias malignas. Tais ações
integradas correspondem ao controle do câncer do colo do útero e de mama,
como sendo uma prioridade nacional pela elevada incidência, além é claro, da
possibilidade de redução de mortalidade diante do rastreamento populacional.
Destarte, a coordenação de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional do
Câncer (INCA) tem agido em parceria com as Secretarias Estaduais de saúde
para contribuir com a organização da rede de atenção oncológica nos Estados
(PARADA et al., 2008).
O Estado representa a figura mantenedora das unidades públicas,
cabendo a ele financiar os custos ligados à prevenção, detecção precoce e
tratamento da moléstia dentro da esfera do SUS, importante frisar, que além do
financiamento, cabe a ele manter e custear os programas de prevenção e
29

detecção executadas pelas secretarias municipais e estaduais tendo como


coordenação o INCA, respaldado pelo Ministério da Saúde.
O INCA é o órgão que regula e normaliza a assistência oncológica
no País, assim fazendo parte da administração direta do Ministério da Saúde,
vinculada à secretaria de assistência à saúde sob o regimento do Ministério da
Saúde aprovado pelo Decreto Lei nº: 3496 de 1º de junho de 2000, constitui se
atribuição do INCA: Desenvolver ações em âmbito nacional visando à
prevenção e ao controle do câncer e a prestação de serviços oncológicos na
esfera do SUS, tendo como visão estratégica exercer o papel governamental
no tocante a prevenção e combate ao câncer, assegurando a implantação das
ações correspondentes em todo território nacional contribuindo para melhor
qualidade de vida da população.
30

CAPÍTULO II

A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE: UM CAMINHO DE


TRNSFORMAÇÕES

Este capítulo discorrerá sobre analisar a inserção do assistente


social no contexto hospitalar, compreendendo seus elementos constitutivos,
bem como identificar os aspectos sócio históricos inerente a essa profissão,
sediada em espaço sócio ocupacional da área de saúde e traçar um panorama,
explicitando como até os dias atuais, ainda prevalece traços conservadores
3
que impedem a emancipação social e concretude das ações profissionais,
seus desafios e possibilidades de seu trabalho profissional, considerando ao
mesmo tempo a realidade do direito social à saúde no cenário contemporâneo.

2.1 Os aspectos normativos para atuação do assistente social na saúde

Muito se discute a cerca do assistente social e o seu fazer


profissional, nos mais diversos campos de atuação, aqui em específico a
saúde. Por vezes, essa profissão é vista de forma equivocada restrita apenas a
ações assistencialistas e ajuda de caridade, não sendo considerado como um

3
Compreende-se como emancipação social a capacidade do homem de, a partir da reflexão
das incertezas da contemporaneidade e de perceber as contradições dialéticas do contexto
social, se restituir como sujeito autônomo ( processo de subjetivação) mediante o exercício de
pensar criticamente sua condição humana, orientado por uma práxis que possibilite um
processo de transformação social e que pensa a importância das relações entre os indivíduos
de forma mais “ humana”, ou uma busca por mais humanidade como fala Zitkoski ( 2008 ). “O
olhar emancipado permite possibilidades de caminhos novos, emergência de novas
possibilidades e acesso a novas experiências, ampliando desta forma, o repertório sociológico
e filosófico para questionar as evidências do nosso tempo.” (SILVA, 2013; p. 753-754).
31

todo, que o assistente social inseriu se historicamente no campo da saúde,


atuando de maneira interventiva sobre os fenômenos sócios culturais e/ ou
econômicos, que tem incidido e colocado em risco a saúde da população, bem
como a promoção, a proteção e recuperação destes.
Portanto, de acordo com Iamamoto (2005):

[...] Aceita se como senso comum que a profissionalização do Serviço


Social surge de uma tecnificação da filantropia . Inclusive é esta a
tônica do discurso da maioria dos pioneiro e da leitura especializada –
mesmo na época do Movimento de Reconceituação -, que sustenta
que o Serviço Social se torna profissão ao se atribuir uma base
técnico- científico às atividades de ajuda, à filantropia. Esta é uma
visão de dentro e por dentro das fronteiras do Serviço Social, como se
ele fosse fruto de uma evolução interna e autônoma das formas de
proteção e apoio social. Todavia, a constituição e institucionalização
do Serviço Social como profissão na sociedade depende, ao
contrário, de uma progressiva ação do Estado na regulação da vida
social, quando passa a administrar e gerir o conflito de classe, o que
pressupõe, na sociedade brasileira, a relação capital/ trabalho
constituída por meio do processo de industrialização e urbanização.
(IAMAMOTO, 2005, p. 23).

O Serviço social é uma profissão liberal e de nível superior que


regulamenta-se pela Lei nº: 8662/19934. Portanto, constitui-se como uma
profissão reconhecida no meio acadêmico, tornando se uma especialização do
trabalha, uma profissão particular inscrita na divisão social e técnica do
trabalho coletivo da sociedade, e legitimada socialmente, pautada em uma
práxis profissional sendo orientada pelo Código de Ética Profissional –
Resolução CFESS nº 273/1993. Assim, expressando o projeto profissional
contemporâneo que prima pelo comprometimento com a democracia, tendo
como parâmetro o acesso universal aos direitos de cunho social, civis e
políticos.
O Assistente social dispõe de um Código de Ética profissional e
embora o Serviço social seja regulamentado como uma profissão liberal, não
tem essa tradição na sociedade brasileira. É um trabalhador especializado, que
vende sua capacidade de trabalho para algumas entidades empregadoras,
predominantemente de caráter patronal, empresarial ou estatal, que
4
A Lei nº 8662/1993, de 07 de junho de 1993, lei de regulamentação da Profissão de Serviço
social que estabelece as competências e atribuições do/ a assistente social, bem como o
Código de Ética Profissional aprovado pela resolução CFESS nº 273/ 93, em 13 de Março de
1993, dispondo sobre a ética profissional e os direitos e deveres relativos ao profissional.
32

demandam essa força de trabalho que qualificada e a contratam. Esse


processo compra e venda da força de trabalho especializada em troca de um
salário faz com que o Serviço social ingresse no universo da mercantilização,
no universo do valor. A profissão passa constituir se como parte do trabalho
social produzido pelo conjunto da sociedade, participando da criação e
prestação de serviços que atendem as necessidades sociais. (IAMAMOTO,
2012, p. 23 e 24).
De certo, as questões concernentes a saúde, hoje se encontra na
pauta da discussão da sociedade contemporânea, pois não se restringe
apenas à questão fisiológica do sujeito, mas a outras áreas de sua vida.
Entretanto, o assistente social é um dos profissionais, que mais sentem
rebatimentos das ações advindas do governo na sua ação profissional.
As atribuições e competências profissionais relativas ao serviço
social são orientadas e norteadas por direitos e deveres que constam no
Código de Ética profissional e na Lei de Regulamentação da profissão devendo
ser respeitados e observados pelos (as) profissionais, pelas instituições
empregadoras. No que tange aos direitos das (os) assistentes sociais, o artigo
2º do Código de Ética prevê: garantia e defesa de suas atribuições e
prerrogativas, estabelecidas na Lei de Regulamentação da Profissão e dos
princípios firmados nesse Código; - livre exercício das atividades inerentes à
profissão, tais como:

- participação na elaboração e gerenciamento das políticas sociais, e


na formulação e implementação de programas sociais;
- inviolabilidade do local de trabalho e respectivos arquivos e
documentação, garantindo o sigilo profissional;
- desagravo público por ofensa que atinja sua honra profissional;
- aprimoramento profissional de forma contínua, colocando o a
serviços a princípio deste Código; entre outros.
Já o que tange aos deveres profissionais,o artigo 3º do Código de
Ética prevê:
- desempenhar suas atividades profissionais, com eficiência e
responsabilidade, observando a legislação em vigor;
- utilizar seu número de registro no Conselho Regional no exercício
da profissão entre outros. (CEFESS, 2009).

Desde a implantação do SUS, o assistente social busca desenvolver


ações em grupos populacionais, supervisão e coordenação de ações propostas
pelo modelo de assistência à saúde. Costa (2008, p. 308) procurando
33

investigar o trabalho do assistente social nos serviços de saúde enfatiza que:


“[...] A ampliação do mercado de trabalho dos assistentes sociais na área da
saúde deve se tanto a ampliação horizontal das subunidades de serviços
quanto a uma maior divisão sociotécnica do trabalho”. Se em termos genéricos,
esse quadro é, explicativo do crescimento quantitativo de profissionais do
serviço social na área da saúde, ele ainda é insuficiente para desvendar os
modos e as formas de objetivação do trabalho dos (as) assistentes sociais no
interior do processo de cooperação, constitutivo do trabalho coletivo nos
serviços públicos de saúde. Aqui a nossa preocupação principal está voltada
para as práticas dos diversos trabalhadores que conformam o trabalhador
coletivo dos serviços de saúde onde se inclui o serviço social.
Segundo Costa (2008) os processos coletivo que ocorre no interior
do trabalho, mais precisamente nos espaços de saúde, são determinados a
partir de fundamentos históricos, vinculados a saúde pública no país, que por
sua vez, teve seu desenvolvimento, considerando as mudanças de natureza
tecnológica organizacional e político, que perpassam o sistema único de saúde
e das muitas formas de cooperação vertical (divisão sociotécnica e institucional
do trabalho) e a horizontal (expansão dos subsistemas de saúde).
Consubstanciadas nas redes de atividades, saberes, hierarquia, funções e
especializações profissionais.
No entanto, a profissão se norteia também pelos princípios e direitos
firmados na Constituição Federal de 1988 e na legislação complementar
referente às políticas sociais e aos direitos da população. Sendo assim, nesta
direção o serviço social tem como um dos seus compromissos, materializado
em sua prática profissional, informar e viabilizar os mecanismos pelos quais as
pessoas acessam seus direitos traduzidos por via políticas públicas. Políticas
estas que têm como objetivo, efetivar direitos, promover e fortalecer os
processos de cidadania, participação e democracia. (BRESSAN, 2009).
Conforme Rosa et al (2006) o assistente social é um profissional da
saúde. As Resoluções do Conselho Nacional de Saúde nº: 218, de 06 de
março de 1997, e do Conselho Federal de Serviço Social nº: 383, de 29 de
março de 1999, além da Resolução nº: 196 de 1996 que trata da ética em
pesquisa envolvendo seres humanos são expressos concretos desta
afirmativa.
34

Logo, a instituição do Código de Ética de 1993 muito contribuiu para


o trabalho do assistente social na saúde. Também o Código de Ética seguido
pela profissão dispõe de ferramentas fundantes para o trabalho dos assistentes
sociais na saúde destacam se:

- defesa intransigente dos direitos humanos e reusa do arbítrio e do


autoritarismo;
- posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure
universalidade de acesso aos bens e serviços voltados aos
programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática;
- articulação com os movimentos de outros segmentos profissionais
que comunguem dos mesmos princípios deste código e na luta geral
dos trabalhadores.
-comprometimento com a qualidade dos serviços destinados à
população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da
competência profissional.

De acordo com Costa (2008) para que ocorra uma intervenção que
se traduza em materialidade e concretude, como respostas em suas ações
profissionais, o assistente social necessita conhecer o funcionamento da
instituição e/ ou a unidade que trabalha, bem como a lógica de funcionamento
do sistema de saúde, ou seja, a rede. A dinâmica e a capacidade de
atendimento de outras instituições públicas e que envolvam e/ ou se
apresentam como um meio de viabilizar o atendimento das necessidades da
população e que extrapolem a capacidade de atendimento exclusivo das
instituições de saúde.
Entretanto, é imprescindível enfatizar que as ações profissionais
desenvolvidas no contexto da saúde, e em outros segmentos não se efetivam
de maneira isolada. Não obstante, se articulam por eixos e processos á medida
que se diferenciam ou se aproximam entre si e, especificamente na saúde
integrando o processo coletivo do trabalho (MIOTO E NOGUEIRA, 2007).
Portanto, a construção do princípio de integralidade e da
participação social pelo serviço social vincula se a três processos básicos, são
eles: processos político-organizativos, processos de planejamento e gestão e
processos sócio-assistenciais.
Segundo Mioto e Nogueira (2007) a integração constituída entre os
três processos permite estabelecer a dinâmica entre os vários níveis de
atenção em saúde. Níveis de atenção em saúde que perpassam entre as
35

necessidades individuais e coletivas. Os três eixos de intervenção profissional


dividem se em:

Processos político organizativos: traz como foco principal a


participação de cunho social sob fundamentos pautados na
pluralidade e cidadania, direcionada a fortalecer a sociedade civil.
São desenvolvidas nesse processo ações de assessoria e
mobilização por meio de abordagens diferentes utilizando vários
instrumentos técnico-operativos. Processos de planejamento e
gestão: pautado em ações que são geridas nas instituições públicas e
privadas destinadas a proposta e avaliação, ligados a programas e
projetos sociais. Assim, como o desenvolvimento de ações ligadas à
gestão de recursos humanos. Processo sócio assistenciais: efetivam
se por ações vinculadas ao atendimento de demandas singulares de
cada usuário. Essas ações tomam forma e concretude nas esferas
institucionais, o objetivo desse processo, é corresponder as
expectativas e necessidades dos usuários na perspectiva da
cidadania e dos direitos. (NOGUEIRA, MIOTO, 2007, p.224).

Logo, o assistente social, ao intervir num contexto hospitalar, quer


seja este uma unidade pública ou privada, vincula se as várias manifestações
da expressão da questão social.

2.2 Breves considerações sobre serviço social no contexto hospitalar

Visto que a área da saúde tem cooptado um maior quantitativo de


assistentes sociais, notoriamente no âmbito hospitalar, sendo de incumbência
destes, gerenciar conflitos e disparidades que poderão vir a existir, entre as
demandas dos usuários e os recursos sociais e bem como as necessidades
que estes lhe apresentam.
Mota (2003) apresenta o serviço social como profissão:

[...] que tem a particularidade de intervir em situações reveladoras das


profundas desigualdades sociais geradas pelo próprio capitalismo,
mas que, contraditoriamente, por forças de tensões e confrontos
daqueles que são espoliados, o capital é obrigado a administrá-las
para manter sua dominação de classe. (MOTA, 2003, p. 10).

Por meio de uma visão de totalidade, o assistente social em conjunto


com a equipe multidisciplinar, torna se apto a interpretar aspectos
consideráveis na esfera social, e sobe este enfoque precisa estar atento quanto
aos objetivos e normas das instituições, assim como identificar as
36

necessidades dos usuários disponibilizando de recursos quando julgar


necessário.
Conforme Berezovsky (1980):

O assistente social desenvolve suas atividades junto aos pacientes


com vários objetivos. Cabe lhe em primeiro lugar determinar o
problema ou dificuldades apresentadas pelo doente, na área das
necessidades humanas ou sociais, e que possam estar prejudicando
a formulação do diagnóstico, o planejamento do tratamento médico e
mesmo da alta hospitalar. (BEREZOVSKY, 1980, p.5).

De certo, o serviço social tem na questão social, como um dos


fundamentos da profissão onde seus profissionais historicamente buscam
concretizarem, na execução das políticas públicas, que demandam respostas
das expressões da questão social, advindas pela desigualdade social que
emana pela sociedade capitalista. O assistente social enquanto profissional
participa do processo de divisão social e técnica do trabalho insere se nessa
divisão para realizar a prestação de serviços sociais, por meio das políticas
públicas ofertadas pelo Estado.
Lamentavelmente, por conta do modelo médico-curativo que ainda
tem prevalecido na saúde, a divisão social e técnica do trabalho evidenciam e
denunciam a hegemonia da profissão médica, em face aos demais
profissionais. Caracterizando assim, o serviço social como sendo uma atuação
subsidiária a atuação médica, sua inserção nesse contexto apresenta- se:

[...] profunda e particularmente enraizada na forma como a sociedade


brasileira, e os estabelecimentos empregadores [...] recortam e
fragmentam as próprias necessidades do ser social e a partir desse
processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam
para a intervenção. Sobre essas necessidades (ABEPSS, 1996 apud
COSTA, 2008, p.37).

Todavia, assim como outro trabalhador pertencente a outra categoria


profissional, o assistente social exerce uma relação de compre e venda da
força de trabalho. Portanto desenvolvendo suas atividades, como sendo parte
de um trabalho combinado nas instituições que poderão ser do tipo público ou
privado, atendendo as demandas oriundas dos fragmentos da questão social.
Faleiros (1993, p. 20) afirma que “o serviço social alavancado nestes
pressupostos busca desenvolver seu trabalho, dentro da instituição hospitalar
37

da melhor maneira possível, pois encontram obstáculos mais precisamente em


relação às atividades desenvolvidas”.
Não obstante, a nova configuração das políticas de saúde que tem
se configurado no país, vem impactando o trabalho do assistente social nas
mais diversas dimensões, quer seja nas condições de trabalho, na formação
profissional, nas influências teóricas, na ampliação da demanda e na relação
que se dá com os demais profissionais e movimentos sociais. O que podemos
presenciar é a ampliação do trabalho de forma precarizada onde os
profissionais são cooptados a amenizar situações de extrema pobreza
manifestada em diversas áreas da vida humana, a qual a classe trabalhadora
está submetida.
Entretanto, outro fato a destacar, que não são apenas as atividades
historicamente assumidas pelo profissional assistente social, que irão trazer
efetiva concretude à contemporaneidade do fazer profissional, mas a
perspectiva metodológica que direcionará o seu agir profissional diante de
muitos obstáculos no cotidiano profissional, independentemente de sua
atuação se dá na seara da saúde ou não. Na condição de sujeito, este poderá
intervir independente da consciência da repercussão de suas ações e de
conhecimentos teóricos metodológicos apreendidos, tornando se um único
vínculo estabelecido entre a triagem médico/ hospital/ e família.
Contudo, por mais que o serviço social esteja regulamentado como
uma profissão liberal na sociedade, este não detêm todos os meios
necessários para realizar seu trabalho, visto que estes pertencem às
instituições que lhe contratam, resultando também na dependência de muitos
profissionais pelos recursos previstos nos programas e projetos da instituição
(IAMAMOTO, 2012)
Por isso, podemos afirmar de acordo com a autora que os
assistentes sociais dispõem de uma autonomia relativa, pois:

[...] Na efetivação de seu trabalho, o assistente social depende, da


organização da atividade do Estado, da empresa, entidades não
governamentais que viabilizam aos usuários o acesso a seus
serviços, que forneçam meios e recursos para sua realização,
estabelecem prioridades a serem cumpridas interferem na definição
de papéis, e funções que compõem o cotidiano do trabalho
institucional (IAMAMOTO, 2012, p.63).
38

Dessa forma, pode-se verificar que o assistente social não realiza


seu trabalho isoladamente. Tudo faz parte de um conjunto de especialidades
que realizam conjuntamente os fins das instituições empregadoras, sejam
empresas ou instituições governamentais.

2.3 A atuação do assistente social na área oncológica

De certo, tecer considerações acerca do serviço social na área de


saúde significa ter em vista os determinantes e demandas sociais que são
implícitas à questão social do fenômeno do câncer, onde o processo vivenciado
pelo sujeito de adoecimento perpassam muito mais do que uma enfermidade
física, onde na maioria das vezes, atrela se a uma questão muito intrínseca a
vulnerabilidade social a que esse indivíduo está exposto e que tende a se
agravar, quando associada as condições de vida precária que esses sujeitos
apresentam ao profissional, situação essa que se torna explícita nos
atendimentos profissionais. Essa situação acaba por demandar políticas sociais
específicas para o seu enfrentamento. Neste ínterim, torna se fundamental
conhecer e conhecer os determinantes sociais que a doença confere a cada
caso exposto. Assim o profissional terá condições de pensar o seu agir
profissional, e quais ferramentas lançar mão.
As demandas que se colocam diante da profissão no espaço sócio
ocupacional onde este atua, e os preparo de trabalho que são desenvolvidos
coletivamente em conjunto com os demais profissionais da área de saúde, só
faz revelar a que situação ele se encontra submetido e em quais condições, o
que acaba por exigir maior preparo e comprometimento desses profissionais e
aqui em específico aos assistentes sociais, no sentido de apontar para ações
que objetivem a democratização em termos de informações e a participação
social no esforço de tentar ultrapassar os limites e desafios colocados para o
Sistema Único de Saúde.
De acordo com Iamamoto (2012):

A vinculação das demandas e as competências profissionais revelam


que, estes profissionais atuam na construção de respostas imediatas
frente aos problemas cotidiano, o que acaba caracterizando um perfil
profissional técnico, contudo se tem reconhecido que o privilégio da
eficiência técnica, se considerado isoladamente é insuficiente para
propiciar uma atuação profissional crítica e eficaz, pois não é possível
39

o fazer profissional deslocado da realidade social. (IAMAMOTO,


2012, p.55).

Desse modo os assistentes sociais são desafiados a dispor de


clareza teórica e estratégia política, apoiadas em um criterioso trabalho de
pesquisa sobre as novas expressões da questão social, as condições e
relações de trabalho (IAMAMOTO, 2002, p.36), possibilitando “[...] avançar seu
exercício e no enraizamento na qualificação do projeto ético político profissional
nas ações cotidianas e na vida profissional.” Para garantir a materialização das
disposições na Lei 8662/1993 de regulamentação da profissão de assistente
social – a qual não se limita em uma representação formal, mas assume
centralidade na direção e respaldo para a intervenção, a partir da incorporação
das disposições nas relações cotidianas. (SILVA, 2014, p, 163).
É imprescindível a importância da intervenção social na
hospitalização do usuário, onde o objetivo do hospital não restringe se somente
ao aspecto curativo, mas o preventivo.
O profissional de serviço social se depara com a realidade de seu
trabalho em oncologia, um campo de complexidade e especificidades, onde as
demandas com as quais se trabalha são impregnadas de determinações
sociais, econômicas e culturais, desta forma, vai se inserindo em novos
campos. Assim as profissões se criam a partir de necessidades sociais e se
desenvolvem na medida da utilidade, vindo a institucionalizar ofícios
reconhecidos socialmente num determinado tempo.
O câncer é uma doença carregada de preconceitos. Para Almeida et
al. (2010), no entanto, o preconceito identificado por portadores de doença
oncológica explicita também a probabilidade da repetição da doença, quando
causam em seu discurso a falta de credibilidade na cura.
A ação do Assistente Social no acompanhamento dos usuários da
área oncológica acontece após o arrolamento do perfil biopsicossocial do
usuário e de orientações sobre o tratamento da doença e promoção de ações
educativas, que apontam “desencadear um processo reflexivo nos usuários e
familiares, para que possa participar do processo de tratamento e/ou cura.”
(GUALDA, 2008, p. 7).
A cada dia é notório e crescente a visibilidade, que a equipe
multidisciplinar exerce no que se refere ao atendimento do usuário oncológico,
40

nos hospitais e unidades de saúde, com o foco principal, de beneficiá-lo no que


tange à encaminhamentos, orientações e tratamento na busca por um
resultado satisfatório na luta contra o câncer. E não há profissional mais
capacitado para intervir em tais situações do que o (a) assistente social.
Inserido também na equipe multidisciplinar, apto a abranger questões ligadas a
esfera social, econômica, educativa no tocante ao bem estar e satisfação do
usuário. Nesse campo de intervenção, torna se peça fundamental, para o
sucesso do tratamento contra o câncer.
O câncer é uma enfermidade que produz impactos em vários
âmbitos para quem vive a experiência dessa neoplasia, quase sempre
estabelecendo diversas limitações, dificuldades, possível finitude de vida do
ponto de vista social do acometido. Por vezes essas limitações, conseguem
causar a excluí-lo (a) do mundo do trabalho, a possibilidade de dependência
dos familiares para a locomoção, o comprometimento da atividade na vida
sexual, a perda de valores que antes faziam parte da vida e após a doença já
não faziam mais. E nesse momento de enfrentamento em rumo da luta pela
vida, a representação do (a) assistente social é de suma importância, pois no
cotidiano o câncer envolve a questão biomédica da patologia, bem como os
aspectos sociais, econômica, trabalhista e psicológica, abarcando toda a rede
de relacionamentos que permeiam esse sujeito.
De acordo com Pimenta (1993) “a questão biomédica da doença não
é isolada do indivíduo portador de câncer, mas de toda rede de
relacionamentos principalmente a família”.
O trabalho do (a) assistente social no setor oncológico é o de
viabilizar aos usuários e familiares, o acesso às políticas sociais e
institucionais, focando o exercício da cidadania e garantindo os direitos sociais.
Na oncologia essa prática cotidiana é vista alcançando algumas dimensões são
elas: Atuação ambulatorial: propondo uma intervenção profissional e orientando
quanto ao acolhimento do paciente, o (a) assistente social, contribui para a
construção de uma análise reflexiva sobre sua trajetória, quer seja pelo ponto
de vista das dificuldades de acesso aos serviços de saúde, quer seja pelo
caráter estigmatizante que a doença propicia. (COSTA, 2000, p.41).
Conforme Bertani (1993, p.41): “O serviço social na atuação
ambulatorial, deve relacionar os fundamentos teóricos da profissão com as
41

metas da prática, a estrutura administrativa da instituição, o trabalho


interdisciplinar e os contatos com a comunidade”.
Entretanto, é imprescindível que o profissional esteja articulado (a)
com o Projeto- Ético Político da profissão, apto a trazer respostas significativas
às demandas oriundas da instituição e da população usuária num todo. Tendo
a função ainda de reportar à equipe, por via planejamento de intervenções que
facilite o tratamento e a recuperação ao paciente de uma maneira mais viável e
humanizada, no intuito de assisti-lo visando seu conforto físico, e emocional
Desta forma, o profissional de serviço social se depara com a
realidade de seu trabalho em oncologia, um campo de complexidade e
especificidade, onde as demandas com as quais se trabalham são
impregnadas de determinações sociais, econômicas e culturais.
Todavia, partindo desse entendimento, as ações profissionais
tomam maior amplitude indo além das orientações a respeito da prevenção e
traz a discussão sobre o acesso aos serviços de saúde, proporcionando então,
outro meio de interlocução com os usuários e demais equipe de saúde atuante
na unidade hospitalar, permitindo novas formas de atuação. Assim sendo,
experimenta se um processo de desmistificação do adoecimento e insere se
este processo, em uma esfera a partir dos determinantes sociais do câncer.
Convém ressaltar que é fundamental que o profissional
comprometido, com o usuário e o Código de Ética profissional que rege a
profissão de Serviço social garanta a identidade do usuário enquanto sujeito no
seu projeto de vida. Infelizmente, na maioria das vezes em situações como
essas no contexto hospitalar, a vida do paciente acometido pelo câncer passa
a ser direcionada pelos seus entes queridos, que por vezes impossibilita o
doente, de tomar conhecimento sobre sua verdadeira situação físico. Em
situações como essa, o (a) assistente social intervém com o objetivo de
garantir a participação do mesmo no processo saúde doença. Procedendo
dessa maneira, o profissional assegurará total respeito pelo paciente, na
condição de cidadão que vivencia um processo adverso em sua vida.
No que tange a atuação do (a) assistente social na área hospitalar, o
trabalho que é realizado por ele, dá se continuidade ao vínculo que fora
estabelecido no primeiro contato. Nesse momento, o (a) assistente social está
42

apto a não só identificar, bem como intervir nas situações emergenciais e


intercorrências que poderão surgir no momento da internação.
Conforme sinaliza Vasconcelos (2006):

Independente do tipo de unidade de saúde, independente das


diferenças dos usuários e das demandas dirigidas ao Serviço social,
os assistentes sociais vêm seguindo uma lógica de organização do
seu trabalho e estratégias de ação. Considerando as ações
desenvolvidas pelos assistentes sociais, tem demonstrado que a
construção histórica do serviço social na saúde também contribuiu
para a postura dos profissionais de se colocarem “passivos,
dependentes, submissos e subalternos ao movimento das unidades
de saúde – às rotinas institucionais, às solicitações da direção das
direções de unidades, dos demais profissionais e serviços de saúde”.
(VASCONCELOS, 2006, p. 4).

É preciso que os profissionais se façam qualificados no seu


cotidiano profissional e nas possibilidades reais que se expressam para a
profissão, comprometidos com o projeto ético político, visto que na maioria das
vezes, os objetivos institucionais são levados em consideração com maior
ênfase em detrimento do compromisso profissional.

2.4 Os desafios e perspectivas na atenção aos pacientes oncológicos e suas


famílias

Um dos primeiros passos no atendimento do paciente oncológico


feito pelos assistentes sociais é justamente tirá-lo da situação de passividade
em que, muitas vezes, os familiares os colocam, quando não os deixam decidir
sobre o tratamento ou até escondem a doença, tomando assim as rédeas da
vida do cidadão. É necessário que este sujeito continue ativo e ciente dos seus
direitos como cidadão portador de neoplasia.

É preciso enfatizar o papel do (a) assistente social na constituição do


paciente como indivíduo que vive o processo de cisão, ao ter acesso
aos serviços de saúde, entre um ser político, que possui direitos, e o
seu corpo doente; e ainda refletir até que ponto o fazer cotidiano do
Serviço Social corrobora com o que Antunes chama de “suspensão
do exercício pleno da cidadania” do indivíduo doente, analisando
como esse profissional se posiciona frente à realidade de um usuário
que busca os seus serviços, na tentativa de obter uma resposta
humanizada no campo da saúde. (FARIAS, 2007, p.100).
43

Ao assistente social é fundamental conhecer e a família, saber quais


são os anseios e dúvidas que permeiam aquele circulo familiar, assim
Identificar quem são essas famílias, quais as dificuldades que apresentam,
quais são suas dúvidas e questionamentos e em que contexto cultural, social e
econômico se inserem, constitui um dos seus trabalhos na saúde. (SILVA,
2010, p.140).
O atendimento ao paciente com câncer é feito através de uma
equipe multidisciplinar, onde se encontram médicos oncologistas, enfermeiros,
psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais e outras categorias
profissionais, mas,

Especificamente em oncologia, Mejía (2004) explicita que o assistente


social é o profissional apto a, num primeiro momento, identificar a
fonte e o grau de recursos e flexibilidades sociais e financeiras da
família, e, num segundo momento, identificar quais recursos podem
ser acionados na rede para dar o suporte necessário com vistas à
garantia do seu acesso aos cuidados propostos. (MEÍJA, 2004 apud
SILVA, 2010).

O atendimento multidisciplinar visa sempre um resultado positivo


para o tratamento da neoplasia. As competências conferidas ao serviço social
dentro dessa equipe envolvem as “esferas social, econômica, educativa e
reabilitacional. Seu campo de atuação implica um contato íntimo com o
paciente e sua família, sendo esse profissional determinante para o sucesso no
tratamento do câncer.” (FARIAS, 2007, p. 101). O trabalho através dessas
esferas é feito visando à garantia tanto do paciente quanto dos familiares às
políticas institucionais e sociais, para que seus direitos sejam garantidos. Esses
trabalhos são realizados em quatro dimensões:

 Ambulatório:

O(a) assistente social propõe uma intervenção profissional; e


orientada no acolhimento ao paciente, contribuindo para a construção
de uma análise reflexiva sobre sua trajetória, tanto do ponto de vista
das dificuldades de acesso aos serviços de saúde quanto ao caráter
estigmatizador da doença. (FARIAS, 2007, p.101).

Para o trabalho no ambulatório Farias (2007, p. 102) afirma que “o


profissional precisa estar atualizado com o projeto ético-político da profissão,
44

preparando-se para dar respostas significativas às demandas provenientes da


instituição e da população usuária.”. Neste ambiente o profissional se depara
com a necessidade de averiguar todas as situações que fazem parte da vida do
paciente (social, financeiro, psicológico, ambiental e cultural), pós a
investigação é necessária repassar a situação à equipe que o assistente social
está inserido para que sejam pensadas as melhores condições para cada
paciente específico.

 Enfermaria:

O trabalho na enfermaria é tido como complementar ao trabalho feito


nos ambulatórios. Para Farias (2007, p. 105) “Essa atuação do(a) assistente
social identifica e intervém nas situações que emergem durante o período de
internação, de forma a contribuir para a realização do trabalho em equipe,
como também para o tratamento médico.”. Uma noção geral de clínica é
essencial ao assistente social que atua nas enfermarias.

 Grupos de Apoio:

Técnica muito utilizada pelo serviço social na oncologia, busca com


que as próprias experiências de vida dos pacientes sejam motivacionais para o
sucesso do enfrentamento da doença.

O(a) assistente social nos grupos de apoio tem a habilidade de


identificar e discutir os valores culturais, utilizando-os como subsídios
de sua atuação, cabendo também a esse profissional desencadear
um processo reflexivo com pacientes e/ou familiares, quanto ao
diagnóstico, tratamento e reabilitação, visando a contribuir para o
enfrentamento da nova situação, permitindo que o(a) paciente
assuma a condição de sujeito de sua história de vida, durante o
tratamento do câncer. (FARIAS, 2007, p.107).

 Radioterapia/ Quimioterapia:

O tratamento de radioterapia é longo, ininterrupto e dispendioso,


pois há a necessidade de estar no hospital todos os dias, já o quimioterápico
tem prazo definido, mesmo que longo, mas não é diário. Assim o trabalho do
assistente social é fundamental para a quebra de tabus que os pacientes e
familiares muitas vezes criam acerca dos tratamentos.
45

Cabe ao assistente social a competência de educador nos processos


de trabalho, desmistificando esses mitos postos pelos próprios
pacientes junto a equipe médica, tentando estabelecer uma relação
de confiança entre os mesmos, pois é preciso termos cuidado de não
assumirmos papéis que não são os nossos, relembrando o processo
ético-político que norteia nossa profissão. (FARIAS, 2007, p. 108-
109).

Dentro desses 04 espaços hospitalares, o serviço social aplica


técnicas próprias da profissão para que a investigação para cada caso que
chegue ao profissional seja efetuada com sucesso. A entrevista social é feita
para ser instrumento norteador das futuras ações do profissional para com
aquele paciente, nessa entrevista busca-se saber as condições sociais,
culturais e econômicas, que cercam o doente e sua família.

A intenção da entrevista é garantir o registro do caso, e a partir daí,


proceder com os encaminhamentos dos dados que foram expostos,
pois é preciso o(a) assistente social ater-se na forma de redigir o que
ouve, analisando tudo o que se viu e ouviu, utilizando-se assim do
seu conhecimento teórico para decidir a intervenção que será
abordada. (FARIAS, 2007, p.109).

Um segundo artifício que se pode destacar aqui são os


encaminhamentos, Farias (2007, p. 109) afirma que “Nesse momento, é
preciso informar com clareza ao paciente e aos familiares as dificuldades que
os órgãos gestores da saúde, previdência e assistência possuem, pois nem
todo encaminhamento realizado é prontamente atendido.”. Para utilizar deste
instrumento a assistente social tem que conhecer as reais necessidades que o
paciente está passando, para que o encaminhamento seja feito de melhor
maneira possível, conhecendo normas e regras das instituições para onde
serão encaminhados os pacientes.
Outro norteador para trabalho são os planejamentos e pesquisas
feitas pelo setor do serviço social. Farias (2007) diz:

[...] o(a) assistente social precisa participar de decisões na Instituição,


no que diz respeito à qualidade do tratamento proposto, visando aos
efeitos sociais pelos quais esses irão passar, considerando sempre
seu referencial teórico, a conjuntura vivenciada e as demandas que
chegam até sua área de competência. (FARIAS, 2007, p.109).
46

A atuação do serviço social na oncologia está também ligada aos


encaminhamentos para a garantia dos direitos do cidadão portador de
neoplasia maligna. O INCA (2009) em sua publicação intitulada “Direitos
Sociais da Pessoa com Câncer-Orientações aos Pacientes”, traz esses quais
são os direitos garantidos pela CF e quais são os documentos necessários
para alcançar a efetivação desses direitos. “O Serviço Social atua no campo
das políticas sociais, com o objetivo de viabilizar o acesso aos direitos da
população e o exercício da cidadania.” (INCA, 2009, p.8).
A seguir seguem quais são esses direitos, retirados da publicação
do INCA intitulada Direitos sociais da pessoa com câncer – Orientações aos
pacientes (2012).

 Saque do FGTS/ Saque do PIS/PASEP

A Lei nº 8.922, de 25 de Julho de 1994, garante ao trabalhador


portador de câncer ou àquele que tem um dependente que seja acometido por
neoplasia maligna, o saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS), esses saques podem ser realizados junto a Caixa Econômica. Essa
mesma lei afirma o saque do PIS pela Caixa Econômica e do PASEP pelo
Banco do Brasil; (INCA, 2012, p.11-12).

 Auxílio-Doença:

A Lei que garante o auxílio-doença é a Lei 8.213, de 24 de Julho de


1991, em seu artigo 61. O auxílio-doença é um benefício mensal a que tem
direito o segurado que ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua
atividade habitual. O artigo 42 da citada Lei, garante a aposentadoria por
invalidez, para ter esse direito garantido é necessário ao portador de câncer
está inscrito no Regime Geral de Previdência Social (INSS); (INCA, 2012,
p.12).

 Aposentadoria por Invalidez:

A aposentadoria por invalidez é concedida desde que a


incapacidade para o trabalho seja considerada definitiva pela perícia médica do
47

INSS. Tem direito ao benefício o segurado que não esteja em processo de


reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência
(independente de estar recebendo ou não o auxílio-doença).
O portador de câncer terá direito ao benefício, independente do
pagamento de 12 contribuições, desde que esteja na qualidade de segurado.
(INCA, 2012, p.13).

 Amparo Assistencial ao Idoso e ao Deficiente (Lei Orgânica de


Assistência Social - LOAS):

Amparado pela Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) o cidadão


portador de câncer tem garantido uma renda mensal vitalícia (amparo
assistencial ao deficiente), que é um salário-mínimo mensal; (INCA, 2012,
p.14).

 Tratamento Fora de Domicílio (TFD) no Sistema Único de Saúde (SUS):

A Portaria nº 055, da Secretaria de Assistência a Saúde, de 24 de


fevereiro de 1999. Esta portaria garante o Tratamento Fora do Domicílio (TFD);
(INCA, 2012, p.15).

 Isenção do Imposto de Renda na aposentadoria:

A isenção do imposto de renda na aposentadoria é assegurada pelo


artigo 6 da Lei 7.713, de 22 de Dezembro de 1988, assegura que os portadores
de câncer tem direito a essa isenção mesmo que a doença tenha sido
identificada após a aposentadoria; (INCA, 2012, p.17).

 Quitação do financiamento da casa própria:

A pessoa com invalidez total e permanente, causada por acidente ou


doença, possui direito à quitação, caso exista esta cláusula no seu contrato.
Para isso deve estar inapto para o trabalho e a doença determinante da
incapacidade deve ter sido adquirida após a assinatura do contrato de compra
do imóvel. (INCA, 2012, p.17).

 Isenção de IPI na compra de veículos adaptados:


48

O paciente com câncer é isento deste imposto apenas quando


apresenta deficiência física nos membros superiores ou inferiores que o impeça
de dirigir veículos comuns. É necessário que o solicitante apresente exames e
laudo médico que descrevam e comprovem a deficiência. (INCA, 2012, p.18).

 Isenção de Imposto de Circulação Mercadorias e sobre Prestação de


Serviços (ICMS) na compra de veículos adaptados:

Cada Estado possui a sua própria legislação que regulamenta este


imposto. (INCA, 2012, p. 19).

 Isenção de Imposto de Propriedade de Veículos Automotores (IPVA)


para veículos adaptados:

É o imposto estadual referente à propriedade de veículos


automotores. Cada Estado tem a sua própria legislação sobre o imposto. Os
estados que possuem a regulamentação são Distrito Federal, Espírito Santo,
Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo. (INCA, 2012, p.20).

 Isenção de Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana


(IPTU):

Alguns municípios prevêem, em sua Lei Orgânica, isenção do IPTU


para pessoas portadoras de doença crônica, segundo critérios estabelecidos
por cada Prefeitura. Confira se você tem direito a este benefício na Prefeitura
do seu município. (INCA, 2012, p.20).

 Bilhete de Viagem do Idoso - Transporte interestadual gratuito:

A carteira do idoso é um documento de direito ao acesso a


transporte interestadual gratuito (duas vagas por veículo) ou desconto de 50%
(cinquenta por cento), no mínimo, no valor das passagens.
Este direito está determinado no Estatuto do Idoso - Lei Nº
10741/2003, no art. 40 e o Decreto Nº 5934/2006 estabelece os mecanismos e
critérios a serem adotados na aplicação do ICMS. (INCA, 2012, p.21).
49

 Laudo Médico para Afastamento de Trabalho:

É uma documentação exigida para acesso aos diferentes direitos


previdenciários, das iniciativas pública ou privada.
O médico assistente é o profissional que acompanha o paciente em
sua doença e evolução e, quando necessário, emite o devido atestado ou
relatório médico. De acordo com o artigo 3º da Resolução CFM 1851/2008, o
médico assistente especificará o tempo concedido de dispensa às atividades
de trabalho e estudantil, necessário para recuperação do paciente. (INCA,
2012, p.22).

 Laudo Médico para Atestado de Lucidez:

Este atestado é usualmente utilizado para fins de procuração a


terceiros.
Conforme Resolução CFM 1658/2002, o atestado médico é parte
integrante do ato médico, sendo seu fornecimento direito inalienável do
paciente, inclusive para fornecimento de atestados de sanidade, em suas
diversas finalidades (arts. 1º e 7°). (INCA, 2012, p.22).
A União Internacional Contra o Câncer (UICC), citada por Farias
(2007) “tem como incentivo e proposta a filosofia de que o sucesso para o
tratamento oncológico depende também do atendimento global a esse
paciente.”.
Assim é possível reconhecer a relevância da visão que o profissional
de Serviço Social deve ter do seu espaço dentro da instituição e da equipe,
auxiliando assim a interpretar os fatores políticos, sociais e econômicos que
intervém na realidade dos pacientes e de seus familiares.
50

CAPÍTULO III

BREVES CONSIDERAÇÕES DOS USUÁRIOS DE UM SERVIÇO DE


REFERÊNCIA A ONCOLOGIA E DO SERVIÇO SOCIAL

3.1 O caminho metodológico da pesquisa

De modo que os objetivos fossem alcançados, no intuito de


fundamentar a pesquisa, a elaboração metodológica utilizada, foi através de
métodos qualitativos. De acordo com Minayo (2008), onde a pesquisa em sua
perspectiva aponta para o novo pesquisador, a pesquisa qualitativa permite ao
investigador meios mais consistentes, de como explorar melhor pontos de
vistas e representações dos sujeitos, que estão vinculados nesse contexto
assim sendo, o pesquisador terá uma compreensão e interpretação mais
apurada do fenômeno que aspira explorar, ao delinear-se pela abordagem
qualitativa, dados intrínseco e peculiares dos sujeitos, participantes direto e
indiretamente desse fenômeno social a se tratar do câncer serão melhor
analisados.
Para fins de alcance dos objetivos deste estudo, foram utilizados os
métodos de pesquisa bibliográfica e entrevista. Por meio do uso pelo método
de pesquisa bibliográfica foi possível fazer um levantamento de literaturas que
abordassem a temática, e a entrevista pelo qual foi possível compreender em
dado momento, o posicionamento e opinião tanto pela entrevista realizada com
o profissional, e em momento distinto com os usuários. Esta pesquisa também
se orienta pelo método dialético crítico, o qual “[...] e de uma concepção que vê
a realidade e os sujeitos sociais que a constituem e por ela são constituídos
como unidades dialéticas’’ (PRATES, 2003, p.1), que considera os fatores
concretos da realidade social e os processos contraditórios que envolvem.
Além da quantificação que se deu por meio de coletas de dados via
questionário quanto na análise dos resultados.
51

Para a aplicação deste método, a entrevista constituiu-se um


importante instrumento para se alcançar dados precisos, que até então não
seria possível apenas pela pesquisa bibliográfica e as entrevistas
semiestruturadas como instrumental investigativo, conforme exposto no Anexo
A. Minayo (2008) evidencia que entre as diversas formas de abordagem
técnica do trabalho de campo, a entrevista e observação participante, se
destaca, por se tratar de importantes componentes da realização da pesquisa
qualitativa.
Não obstante, a entrevista, uma técnica bem simples, pode ser
compreendida como uma conversa a dois com propósitos pré-definidos. As
entrevistas podem ser estruturadas e não estruturadas, portanto para essa
pesquisa articulam as duas modalidades, caracterizando- se como entrevistas
semiestruturadas. (MINAYO, 2008, p.58).
Assim, foi elaborado inicialmente, um questionário com perguntas
abertas, com os usuários oncológicos inseridos na unidade hospitalar, no
município de Cabo Frio- RJ que foi aplicado a 10 usuários, sendo 6 femininos e
4 masculinos. Porém, vários foram os obstáculos que poderiam dificultar ou até
mesmo inviabilizar essa importante etapa da pesquisa. Um dos maiores
desafios foi o de conseguir realizar as entrevistas, na unidade, onde impera
nesse espaço sócio ocupacional correlações de forças e hierarquias a serem
obedecidas, já que todas as categorias profissionais, e inclusive o serviço
social, estão trabalhando com vínculos frágeis e precisam do trabalho, e ainda
que se motivem a colaborar nesse processo investigativo do discente, não
gostariam de serem expostos a tal situação.
Ao elaborar o roteiro de entrevista, o passo inicial, foi o de
estabelecer um contato direto com a profissional, dirigindo-me até a unidade
onde pretendia-se realizar as entrevistas, para posteriormente chegar até os
usuários oncológicos, internados ou aqueles que vem a unidade apenas para
realizar procedimentos quimioterápicos. Entretanto, com a confirmação da
profissional e da direção da unidade hospitalar, a assistente social foi orientada
que antes das entrevistas serem executadas, a mesma precisaria estar em
consentimento com a proposta que lhe fora apresentado pelo discente, e de
que precisaria assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, a ser
conferido no Anexo 1, o que de alguma maneira facilitou a persuasão.
52

Não obstante, em outro momento, e em dia diferente foi aplicado um


questionário com a assistente social a qual relatou do seu cotidiano, o seu
fazer profissional e os desafios inerentes a essa profissão. No que tange aos
sujeitos da pesquisa, estes foram escolhidos baseados nos objetivos do projeto
de pesquisa, onde busca compreender a atuação dos assistentes sociais
inseridos no setor oncológico, a tratar-se da saúde, espaço esse onde se
configura e reconfigura se várias vertentes.

3.2 Entrevistas e perfil dos entrevistados

De acordo com o relato dos dez usuários entrevistados, inseridos na


enfermaria oncológica, do hospital, por meio de um questionário previamente
preparado, a respeito de seu percurso de seu tratamento até chegarem a
unidade hospitalar, e há quanto tempo estão em tratamento. Então, dos 10
entrevistados, para facilitar a compreensão das falas, destacaremos 5 falas e a
classificaremos em X, Y, Z, W e F.
Foram entrevistados dez (10) usuários, sendo seis (6) mulheres e
quatro (4) homens, com idade entre 50 e 70 anos. A coleta de dados foi de
modo aleatório, realizada através de entrevista semiestruturada conforme o
(Apêndice A), baseando se em observações apropriadas para a aquisição de
conhecimento e melhor fundamentação na temática a ser explorada, haja visto
que, há uma escassez de referencial teóricos que se propõem a discutir e se
aprofundar na temática.
Por se tratar de um tema subjetivo e peculiar a cada usuário, um dos
objetivos dessa pesquisa, é a de compreender como esses entrevistados, com
idades, sexo, e realidades por vezes bem diferentes, vivenciam e
compreendem todo o processo de saúde-doença, as vezes os mesmos
dilemas, que apesar da proposta de universalização que prediz na Constituição
de 88, o SUS cotidiano nos espaços sócio ocupacionais, não atende
qualitativamente e tão pouco quantitativamente as demandas, por vezes não se
aplica na vida desses sujeitos. Os entrevistados serão aqui representados pela
letra X, Y, Z, W e F e com falas diretas.
Entretanto, cabe ressaltar que os princípios éticos da pesquisa onde
envolve seres humanos, de acordo com a Universidade Veiga de Almeida,
53

campus Cabo Frio foram seguidos. Sendo assim, mediante a um


consentimento prévio, por parte do profissional e dos usuários, que se
encontravam inseridos na enfermaria hospitalar, foi explicado e ressaltado aos
mesmos, antes de se iniciar as entrevistas, o seu objetivo, a garantia do
anonimato, bem como o livre arbítrio do usuário de sair da pesquisa em
qualquer momento, e depois da assinatura, garantido pelo Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido conforme o Anexo 1. As entrevistas foram
realizadas individualmente, de leito em leito de maneira bem tranquila. A
seguir, apresenta se uma síntese dos relatos de cada entrevistado.
Sr (a). X, 52 anos, casada, secretária, 1 filha adolescente. Ao
perguntar a ela, sobre o seu percurso quanto ao seu tratamento até chegar ao
hospital, e há quanto tempo está em tratamento: Relata, ter descoberto a
doença há dois meses, após sentir fortes dores estomacais, passou por uma
consulta na clínica médica, realizou uma endoscopia digestiva alta, dias depois
fez a biópsia e diagnosticou um tumor de estômago C.A estomacal. Ao
perguntar quais tipos de encaminhamentos ela recebeu durante o tratamento:
relatou que seus documentos foram encaminhados para a Secretaria de saúde,
para que então ela pudesse passar por uma consulta pelo hospital oncológico.
A respeito das dificuldades quanto ao seu tratamento: sentiu dificuldades para
realizar exames de imagem, de alta complexidade, pois pelo SUS demoram
muito e sendo assim, optou por pelo menos realizar os exames de imagem por
meios próprios.
Sr(a). Y, 58 anos, divorciada, aposentada, 4 filhos adultos. Relata
que os primeiros sintomas ocorreram à cerca de 8 meses, após sentir fortes
dores na barriga, e evacuações sanguinolentas, o que a deixaram aterrorizada,
procurou um PSF, após alguns exames e constatação do C.A de intestino,
seus documentos também foram encaminhados a Secretaria de saúde, hoje já
se encontra na unidade hospitalar, realizou o procedimento de colostomia,
porém queixa se pela demora, de uma nova cirurgia para reversão do intestino
na posição normal, queixou se sobre o descaso.
Sr. Z, 61 anos, divorciado, 5 filhos adultos. Relata que após uma
consulta normal, em um PSF, na cidade de origem, Unamar, diagnosticou um
C.A gástrico, o que o deixou mais assustado, pois há 14 anos fora acometido
por um câncer no cólon. Após a endoscopia digestiva alta, biópsia e
54

confirmação do tumor, por meio da Secretaria de saúde, por via marcação, foi
consultado pelo oncologista na unidade hospitalar. Porém está bastante
debilitado, perdeu quantidade significativa de sangue, está pleiteando por uma
bolsa de sangue e hemoderivados, sendo esta a queixa dele e de seus
familiares.
Sr(a) W. 62 anos viúva. Do lar. 2 filhos adulto. Relata que desde que
chegou ao hospital, após marcação pela Secretaria de saúde, a cerca de 7
meses diagnosticou se um C.A de mama, segundo ela a doença apareceu
após ter ficado viúva do marido, e alega ter sérios problemas emocionais como
depressão e síndrome do pânico. Apesar de ter relatado o apoio familiar, que
está recebendo da família, queixa se pela espera da cirurgia a qual necessita
fazer.
Sr.F. 69 anos. Solteiro, sem filhos. Relata que após uma reincidência
do C.A de cólon, e uma forte infecção urinária, encontra se na unidade para
novos exames, residente na cidade de Rio das Ostras RJ, mostrou se satisfeito
com o tratamento, garante está tendo apoio familiar, apesar de sua irmã, ter
relatado que ele anda com comprometimento emocional muito grande depois
que descobriu a reincidência da doença, e segue aguardando novos exames.

3.3 Entrevista com a assistente social

Foi realizada uma entrevista com a assistente social da unidade


hospitalar, campo onde foi feita a pesquisa (Apêndice B). Na entrevista relatou
que é formada desde 2012, pela Universidade Veiga de Almeida e se
especializou em Terapia de Família Sistêmica, Oncologia Multidisciplinar, além
de ter participado de vários encontros da categoria relacionados à profissão.
Possui vínculo trabalhista CLT no hospital onde atua atualmente há
oito anos cumprindo uma carga horária de trinta horas semanais. Possui uma
sala equipada onde faz atendimentos e reuniões de famílias quinzenalmente.
Ao ser perguntado quais conhecimentos acredita serem
fundamentais, respondeu que deve-se ter conhecimento sobre alguns
instrumentos com os parâmetros de atuação do serviço social na saúde, a
NOB-SUS/96, a PNAS, o Conselho Saúde e uma boa articulação com a rede
para viabilizar ou facilitar o acesso aos usuários.
55

O Projeto Social que a orienta é o Projeto Ético Político Profissional.


Sua ação é norteada pelos princípios que regem o agir profissional, como ter
uma visão democrática sem exploração propondo sempre uma ordem social
com comprometimento com a classe trabalhadora realizando um melhor
atendimento aos usuários.
Afirmou que o serviço social é organizado por um esquema de
plantão e que os instrumentos utilizados nas ações desenvolvidas no hospital
são entrevistas, encaminhamentos e informações.
Ao se perguntar o que a direção do hospital determina que seja
realizado pelo serviço social em relação às demandas institucionais, respondeu
que não que seja exigência da direção, mas como não tem na unidade o NIR
(Núcleo interno de regulação), o serviço social é quem realiza os cadastros dos
usuários para pleitear por leitos de UTI, bem como especialidades que não se
dispõe no hospital.
Afirmou durante a entrevista que trabalha com equipe multidisciplinar
e que realiza um round diário de 1 hora com toda equipe, a fim de discutir cada
caso, de cada usuário internado, tem como competência a não neutralidade, a
importância de conhecer as demandas com sua realidade política, econômica e
culturais, e assim se cria estratégias e técnicas para desenvolver com cada
demanda que surge.

3.4 Análise dos dados

Infere se que apesar da atual organização do SUS atenderem


minimamente algumas reivindicações que prediz o movimento de Reforma
Sanitária, ainda não superou as contradições existentes. Entre elas, a
precariedade de recursos, de verbas, a burocratização, a qualidade no
atendimento, além da ênfase na medicina curativa. É imprescindível, que haja
uma interlocução entre as várias políticas setoriais, de maneira que possam
intervir nas condições de vida dos usuários, por meio de ações conjuntas.
O que se presencia são problemas relativos ao acesso à saúde, a
maioria da população tem ficado à deriva desses serviços, onde a oferta não é
proporcional a demanda que se apresenta à instituição dentro e fora dela
configurando se assim, uma forma de exclusão.
56

Logo, o que recebemos como consequência, de uma má


estruturação e da escassa articulação das políticas sociais, no país de um
modo em geral, é um crescimento progressivo e desordenado no que tange á
pessoas acometidas pelos vários tipos de câncer.
Em suma, entende se que o câncer é um problema de saúde
pública, onde devem ser implementadas e formuladas políticas com fins de
controle, visando melhorar o acesso ao modelo de assistência médico
hospitalar. Diante dessa realidade, torna-se imprescindível e espera-se de um
profissional do serviço social, comprometido com os usuários e com a categoria
a qual pertence, uma postura política e ética norteada pelo o que diz o Código
de Ética Profissional, na luta por melhores condições de trabalho, na busca por
respostas qualificadas aos usuários e garantindo a real universalidade no
acesso dos mesmos aos serviços ofertados pelas unidades de saúde, quer
seja pelo SUS ou pelos hospitais privados, posicionando se sempre em favor
da equidade.

Gráfico 1 - Tempo para confirmação do diagnóstico

Fonte: Elaborado pela própria autora

Atrasos relacionados aos profissionais de saúde, notadamente da


atenção básica, ordenadores do Sistema, foram também observados, visto que
grande parcela da população inicia sua busca por tratamento pelos Centros de
57

Referência ou recorre ao atendimento privado. Atrasos relacionados aos


provedores de saúde podem ser verificados na desestruturação da rede de
assistência insuficiente e concentrada, o que promove a sobrecarga dos
centros especializados e favorece situações indesejáveis como a seleção
adversa em favor dos casos de melhor prognóstico. O início do tratamento foi
instituído com atraso na maioria dos casos, em não conformidade com a
legislação vigente no país.

Gráfico 2 – Apoio e satisfação durante o tratamento

Fonte: Elaborado pela própria autora

O gráfico 2 apresenta os resultados da avaliação do grau de


satisfação do paciente para com o atendimento e apoio oferecido pelo hospital.
A maioria dos pacientes avaliou como bom. De acordo com Travassos e
Martins (2004), o processo de utilização dos serviços de saúde é resultante da
interação do comportamento do usuário, que procura cuidados e do profissional
que o conduz dentro do sistema de saúde. O comportamento do usuário é
reflexo do primeiro contato com os serviços de saúde e os profissionais de
saúde são responsáveis pelos contatos subsequentes. Apesar da minoria
considerar o atendimento bom, não se indagou ao paciente quais fatores o
58

levaram a atribuir esse conceito. Dado importante que pode ser acrescentado
ao estudo em pesquisas futuras.

Gráfico 3 – Satisfação com o atendimento do Serviço Social

Fonte: Elaborado pela própria autora

Fonseca, Gutiérrez e Adami, 2006 observaram em estudo com


pacientes oncológicos que a interação profissional/paciente indicou dois
elementos que influenciaram a avaliação positiva da qualidade do serviço: a
capacidade técnica do profissional e o adequado relacionamento interpessoal.
Mendonça e Guerra, 2007 sugerem que o esclarecimento das dúvidas do
paciente, a segurança transmitida durante a assistência, a oportunidade para
expressar a opinião, a gentileza e o respeito da privacidade do paciente podem
ser as principais fontes de satisfação e/ou descontentamento do paciente para
com o atendimento.
Estudos mostram que a utilização do indicador satisfação do
paciente por diferentes instituições e profissionais está assumindo significativa
importância para o processo de avaliação da qualidade do tratamento
odontológico. Essas pesquisas apontam que, na maioria das vezes, o paciente
não tem conhecimento técnico e não sabe avaliar se um tratamento foi
executado de maneira correta. Assim, a qualidade percebida pelo paciente tem
muito mais a ver com a maneira como ele é tratado e com os indícios de
59

qualidade que ele vai encontrar no consultório e no profissional do que com a


parte técnica (BUTTERS; WILLIS, 2000; LEÃO; DIAS, 2001; JUHAS, 2002;
MACIEL-LIMA, 2004).
Nas entrevistas realizadas com os entrevistados, foi possível
observar que estes, ao expressarem sua insatisfação para com os serviços
ofertados pelo SUS, pela demora na realização de determinado e exame e
procedimento, o que só faz confirmar concepções de que é preciso também
priorizar o trabalho multiprofissional e coletivo, a fim de potencializar as
consequências e resultados de suas ações diante das demandas que lhes são
apresentadas no cotidiano profissional, que seja capaz de envolver ações
voltadas para a garantia da participação da população, e na definição dos
rumos da atenção prestada aos usuários.
Por isso, é necessária a realização de uma atenção tanto
individualizada e coletiva, que permeie a equipe de saúde,bem como o serviço
social, sobre os direitos dos usuários enquanto cidadãos, no intuito de facilitar a
participação destes na proteção, recuperação da saúde e prevenção da
doença.
60

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho que foi apresentado, não dá por encerradas as


reflexões concernentes a Atuação do serviço social frente aos usuários
oncológicos. Logo, procura continuar avaliando os debates sobre essa
profissão, sócio historicamente que foi construída e legitimada, a fins de trazer
respostas às demandas implícitas e explícitas, advindas pelo enfrentamento da
questão social, inserida em uma trajetória pautada pelo Projeto Ético Político
da profissão, bem como a prática desse profissional no espaço sócio
ocupacional da saúde e no contexto oncológico, onde certamente não o
permitiria estar imune as alterações da dinamicidade que ocorrem na
sociedade.
Sendo assim, se averiguou por meio da pesquisa que as várias
demandas de trabalho que são apresentadas ao serviço social neste espaço
sócio ocupacional, são oriundas do vínculo entre as demandas e as
competências profissionais contidas na Lei de Regulamentação, além disto, de
uma valorização da dimensão técnico operativa que tipifica a requisição de um
perfil técnico apto para intervir sobre as ações cotidianas.
Logo, verificou-se a necessidade de ações mais humanizadas no
que concerne o atendimento direto para com os usuários, o que se condiciona
sendo um meio de trabalho essencial na política de saúde, haja vista os
desafios e lacunas presentes no Sistema Único de saúde (SUS)
De certo, as implicações da questão social sobre a população são
vistas sobre um conjunto de disparidades de cunho econômico, políticos,
sociais e culturais que culminam com rebatimentos na área da saúde, e
consequentemente no fenômeno social do câncer, que é uma doença
enigmática e com ampla magnitude capaz de trazer consequências sérias para
o usuário e seus familiares. No que concerne, a atuação do serviço social,
constatou-se a apreensão do objeto da profissão, vinculado ás demandas
institucionais, instituídos pelas necessidades emergentes diante do
adoecimento pela referida doença, e as demandas que surgiram na relação
direta entre usuário e profissional. Entretanto, os assistentes sociais por meio
do conhecimento da demanda são capazes de identificar as muitas
61

determinações que as compõem, conseguindo reconstruir e reformular as


múltiplas expressões da questão social, isto é, seu objeto de trabalho.
Percebe-se que mediante, essas expressões o assistente social
desenvolve enquanto estratégia de trabalho, práticas interdisciplinares na
realidade institucional bem como articulações intersetoriais na garantia de
viabilizar o acesso aos serviços ofertados e direitos sociais relativos aos
usuários diante do processo de adoecimento.
Nesse sentido, constata-se que o Serviço Social é uma profissão
especializada, inscrita na divisão sócio técnica do trabalho, onde o assistente
social é um trabalhador assalariado condicionado a determinadas condições e
relações de trabalho, dependendo também dos diversos espaços sócio
ocupacionais para sua materialização, entre esses a área oncológica.
Em síntese, o projeto monográfico, apresentou à atuação
profissional do assistente social frentes as demandas apresentadas pelos
usuários oncológicos pelo SUS, em tratamento ou a espera pelos serviços
oferecidos pela unidade hospitalar. Neste contexto, os assistentes sociais são
desafiados, em articular todos os dias, princípios e valores que imprimam o
Projeto Ético Político Profissional, e aqueles norteados pelo Sistema Único de
Saúde (SUS) resultantes do Movimento de Reforma Sanitária, contribuindo na
realidade dos serviços prestados aos usuários diante do cenário atual da
política de saúde, a fim de garantir a efetivação d direitos sociais e ações mais
humanizadas pelo Estado.
62

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21 de maio de 2018.
65

APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO PACIENTE

1) Nome:
2) Idade:
3) Idade:
4) Sexo:
5) Estado Civil:
6) Reside em qual município?
7) Composição familiar:
8) Profissão:
9) Qual tipo de moradia?
10)Qual foi o percurso de seu tratamento até chegar ao hospital? E há quanto
tempo está em tratamento?
11)Quais tipos de encaminhamentos você recebeu durante o tratamento?
12) Ocorreu algum tipo de dificuldades em seu tratamento?
13)Recebe apoio familiar em relação ao seu tratamento?
14) Já recebeu apoio em relação ao seu tratamento em outras instituições?
15) O que você pensa sobre o tratamento oferecido pela instituição?
16)Está satisfeito com o seu atendimento, acompanhamento e tratamento
recebidos pelo hospital?
17)Qual sua opinião a respeito da atuação do Serviço Social na oncologia no
hospital?
66

APÊNDICE B

ENTREVISTA COM O SERVIÇO SOCIAL

1) DADOS PESSOAIS

Nome:
Sexo:
Formação:
Ano de formação:
Instituição:
Especialização:

2) Tem projeto de realizar algum tipo de capacitação ou já participa?


3) Você participa dos eventos da categoria ou eventos relacionados à profissão?

CONDIÇÕES DETRABALHO
4) Tipo de vínculo empregatício neste hospital?
5) Tempo de trabalho neste hospital?
5.1) O Serviço social possui sala neste hospital?
5.2) Como são as condições das instalações?
5.3) Existe espaço para atendimento individuais?

6) Onde você atende os usuários e onde guarda os seus registros?

REFERÊNCIA DE CONHECIMENTO E PROJETO PROFISSIONAL

7) Quais conhecimentos você acredita que são fundamentais para a sua


intervenção no hospital?
8) Você se orienta por qual projeto profissional?
9) Quais os princípios do Código de Ética direcionam seu o seu trabalho?
67

10) Em sua opinião existe relação entre o Projeto de Reforma Sanitária e o Projeto
Ético Político do Serviço social?
11) Neste hospital existe alguma ação relacionada com a Política de
humanização?

ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES E PROCESSO DE ESCOLHA DOS


INSTRUMENTOS

12)Como o Serviço social está organizado na instituição?


13)Você atua em Programas e/ou Projetos?
14)Quais os instrumentos são utilizados por você nas ações desenvolvidas nos
programas e projetos por você?
15) O que a direção do hospital determina que seja realizado pelo Serviço social
(demandas institucionais)?
16) Você já realizou alguma pesquisa/ investigação sobre a população atendida?
17)Você trabalha em equipe interdisciplinar ou multidisciplinar?
18) Quais são as competências e atribuições do assistente social nesta equipe?
68

ANEXOS

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