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DANIELLE SILVA VIEGAS DE OLIVEIRA

DESEMPENHO DO MEMBRO SUPERIOR DURANTE O MOVIMENTO


DIRIGIDO AO ALVO AO LONGO DA SEGUNDA INFÂNCIA

Dissertação apresentada à Universidade Federal de


São Paulo – UNIFESP para obtenção do título de Mestre
no programa Interdisciplinar em Ciências da Saúde.

SANTOS - SP
2021
DANIELLE SILVA VIEGAS DE OLIVEIRA

DESEMPENHO DO MEMBRO SUPERIOR DURANTE O MOVIMENTO


DIRIGIDO AO ALVO AO LONGO DA SEGUNDA INFÂNCIA

Dissertação apresentada à Universidade Federal de São


Paulo – UNIFESP para obtenção do título de Mestre no
programa Interdisciplinar em Ciências da Saúde.

Orientadora:

Profª. Drª. Cristina dos Santos Cardoso de Sá

Coorientadora:
Profª. Drª. Sandra Regina Alouche

SANTOS - SP
2021
Oliveira, Danielle Silva Viegas de .
O48d Desempenho do Membro Superior Durante o
Movimento de Dirigido ao Alvo ao Longo da Segunda
Infância. / Danielle Silva Viegas de Oliveira; Orientadora
Cristina Santos Cardoso de Sá; Coorientadora Sandra
Regina Alouche. -- Santos, 2021.
43 p. ; 30cm

Dissertação (Mestrado - Pós-graduação


Interdisciplinar em Ciências da Saúde) -- Instituto Saúde e
Sociedade, Universidade Federal de São Paulo, 2021.

1. Desenvolvimento infantil. 2. Desempenho


psicomotor. 3. Membro Superior. 4. Crianças. I. Sá, Cristina
Santos Cardoso de , Orient. II. Título.

CDD 610

O48d
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
CAMPUS BAIXADA SANTISTA

PROGRAMA INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Chefe do Departamento:
Profª. Drª. Nara Rejane Cruz de Oliveira

Coordenadora do curso de Pós-Graduação:


Profª. Drª. Alessandra Medeiros

iv
Danielle Silva Viegas de Oliveira

DESEMPENHO DO MEMBRO SUPERIOR DURANTE O MOVIMENTO


DIRIGIDO AO ALVO AO LONGO DA SEGUNDA INFÂNCIA

Presidente da banca:
Profª Drª Cristina dos Santos Cardoso de Sá

Banca examinadora:
Profª Drª Raquel de Paula Carvalho
Prof° Dr° Luciano Basso
Prof° Dr° Carlos Bandeira de Mello Monteiro

v
AGRADECIMENTOS

Refletir sobre o processo que me trouxe até aqui me leva a pensar em muitas
pessoas que participaram ativamente dessa construção. Mas antes de tudo, e por
causa de todo o caos que estamos vivendo no mundo (e de forma muito acentuada
no Brasil), gostaria de iniciar agradecendo e valorizando a universidade pública e seus
profissionais que seguem firmes. É muito bom fazer parte da UNIFESP e é inspirador
– e um tanto quanto doloroso - acompanhar o esforço de professores, alunos e demais
profissionais para manter de pé a pesquisa e o ensino de qualidade. Em meio a tantos
ataques, à descrença, ao negacionismo e à falta de recursos manter-se funcionando,
produzindo e entregando para a sociedade um serviço de qualidade é sinal de
resistência.
Em seguida, gostaria de agradecer à minha orientadora Cristina Sá. Obrigada
pela oportunidade, por acreditar em mim desde o nosso primeiro contato anos antes
da pós-graduação e por ser essa pessoa incrível, humana, justa e profissional
exemplar.
Agradeço imensamente à minha coorientadora Sandra pela parceria e por todo
o conhecimento compartilhado ao longo desse período. Aos alunos de Iniciação
científica: Bianca, Matheus e Gabriela por tanta ajuda e dedicação com o nosso
projeto.
Ao meu marido que me proporciona nada menos do que todo o necessário para
que eu alcance meus sonhos. Por ser um homem incrível, que me inspira a ser cada
dia uma pessoa melhor e mais alegre.
Aos amigos que me ofereceram momentos leves, de alegria e de reflexão em
todo esse processo. Em especial à querida Vivi, por tanto apoio profissional e
emocional. Pelos conselhos, por dividir comigo tanta experiência e por me ouvir nos
momentos de angústia. E aqui não poderia deixar de lembrar da minha terapeuta
Thais. Obrigada por me fazer refletir sobre o significado do processo de pós-
graduação, e por me ajudar a lidar com as angústias e incertezas que surgiram
durante toda essa construção.
Obrigada à Alessandra que me colocou em contato com a direção e
coordenação da escola Brigadeiro e a todos os profissionais da escola, que me
auxiliaram tanto no período de coleta. Aos pais e às queridas crianças que

vi
participaram de forma alegre e me ajudaram em muitos momentos a ser mais leve e
mais feliz.
Agradeço também a todos os professores que participaram da minha formação
até hoje. Em cada um de vocês me inspiro como profissional e como ser humano. É
muito bom poder contar com pessoas competentes, humanas e honestas nesse
caminho.
Por fim, agradeço a tantas outras pessoas que contribuíram direta ou
indiretamente para que fosse possível concluir mais essa etapa.

vii
SUMÁRIO

Agradecimentos ....................................................................................................................... vi
Lista de Figuras ........................................................................................................................ x
Lista de Siglas ......................................................................................................................... xi
Resumo .................................................................................................................................. xii
Abstract.................................................................................................................................. xiii

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................1
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................................4
2.1 Fases do desenvolvimento: por que estudar a segunda infância? .................................4
2.2 Movimento voluntário: aspectos sobre as fases de planejamento motor e execução do
movimento .............................................................................................................................5
2.3 O movimento de alcance e o seu desenvolvimento ao longo da infância ......................7
2.4 O movimento de alcance e a destreza manual ...............................................................9
3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................................11
4 OBJETIVOS.........................................................................................................................12
4.1 Objetivo geral ................................................................................................................12
4.2 Objetivos específicos ....................................................................................................12
5 HIPÓTESE...........................................................................................................................13
6 MÉTODOS...........................................................................................................................14
6.1 Participantes .................................................................................................................14
6.1.1 Critérios de inclusão, não-inclusão e exclusão .......................................................15
6.2 Caracterização da Amostra ...........................................................................................15
6.2.1 Preferência Manual.................................................................................................15
6.2.2 Dados antropométricos...........................................................................................15
6.2.3 Desenvolvimento motor global ...............................................................................15
6.2.3.1 Teste de Desenvolvimento Motor Grosso (TGMD-3) ........................................15
6.3 Movimento dirigido ao alvo ...........................................................................................17
6.4 Destreza manual ...........................................................................................................19
6.5 Procedimentos ..............................................................................................................20
6.6 Variáveis analisadas .....................................................................................................20
6.7 Análise estatística .........................................................................................................22
6.7.1 Cálculo amostral .....................................................................................................22
6.7.2 Análise de Dados ...................................................................................................22
7 RESULTADOS ....................................................................................................................24
7.1 Participantes .................................................................................................................24

viii
7.2 Tarefa de movimento dirigido ao alvo ...........................................................................26
7.2.1 Planejamento do movimento ..................................................................................28
7.2.2 Execução do movimento ........................................................................................29
7.3 Relação entre o desempenho do membro superior durante o movimento dirigido ao
alvo e a destreza manual ....................................................................................................29
8 DISCUSSÃO .......................................................................................................................31
8.1 Implicações práticas e clínicas ......................................................................................36
8.2 Limitações do estudo e sugestões para estudos futuros ..............................................37
9 CONCLUSÃO......................................................................................................................38
10 REFERÊNCIAS .................................................................................................................39

ANEXOS
ANEXO 1 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
ANEXO 2 – Documentos de análise e autorização da diretoria regional de educação de
Itaquera

APÊNDICES
APÊNDICE 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
APÊNDICE 2 – Termo de assentimento
APÊNDICE 3 – Formulário do Teste de Desenvolvimento Motor Grosso - Terceira Edição
(TGMD-3)
APÊNDICE 4 – Ficha de caracterização dos participantes

ix
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Posicionamento do participante e representação dos alvos demonstrados à tela do


computador .............................................................................................................................18
Figura 2. Posicionamento, materiais e execução do Box and Blocks Test ............................19
Figura 3. Fluxograma de recrutamento e seleção dos participantes ......................................24
Figura 4. Classificação normativa do Teste de Desenvolvimento Motor Grosso – TGMD-3 .26
Figura 5. Gráficos de interação entre as variáveis da tarefa de movimento dirigido ao alvo
conforme grupos etários avaliados .........................................................................................28

x
LISTA DE SIGLAS

INSE: Indicador de Nível Socioeconômico das Escolas de Educação Básica


IMC: Índice de Massa Corporal
TGMD-3: Teste de Desenvolvimento Motor Grosso terceira edição
TGMD-2: Teste de Desenvolvimento Motor Grosso segunda edição
BBT: Box and Blocks Test
TR: Tempo de reação
TM: Tempo de movimento
PV: Pico de velocidade
Suav: Suavidade
EDA: Erro de direção incial
ECR: Erro constante
EVR: Erro de posição final
F: feminino

xi
RESUMO

Introdução: a realização do movimento voluntário de forma harmoniosa exige


eficiência nos processos de planejamento e execução do movimento. Ao longo da
segunda infância alterações estruturais no sistema nervoso central e no sistema
musculoesquelético podem influenciar as estratégias necessárias para a realização
do movimento. Objetivo: Avaliar as características do planejamento motor e da
execução do movimento dirigido ao alvo em diferentes grupos etários. Métodos: trata-
se de um estudo transversal que avaliou crianças com preferência manual à direita,
sem alterações no desenvolvimento motor, agrupadas em três grupos conforme a
idade: 7, 9 e 11 anos. As crianças realizaram uma tarefa de movimento dirigido ao
alvo sentadas diante de um monitor segurando com o membro superior direito uma
ponteira sobre uma mesa digitalizadora. Elas foram instruídas a realizar o movimento
a partir de um alvo inicial em direção a um dos alvos (ipsi ou contralateral ao membro
superior avaliado), da forma mais rápida possível, procurando acertar o centro do alvo.
Variáveis temporais e espaciais relacionadas ao planejamento motor (i.e, tempo de
reação e erro de direção inicial) e execução do movimento (i.e., tempo de movimento,
pico de velocidade, erro de posição final, erro variável resultante e suavidade) foram
analisadas através do teste ANOVA de medidas repetidas. Resultados: crianças de
7 anos foram menos eficientes para planejar o movimento e realizaram mais correções
durante a sua execução. No entanto, tais estratégias foram suficientes para manter a
acurácia e precisão da tarefa, uma vez que não foram encontradas diferenças entre
as idades para essas variáveis. A direção do movimento influenciou no planejamento
e na execução do movimento. Conclusão: As crianças foram capazes de realizar a
tarefa com acurácia, precisão e tempo similares, mas diferiram nas estratégias
utilizadas para planejar e executar o movimento. Crianças de 7 anos planejaram o
movimento de forma menos eficiente e realizaram mais correções durante sua
execução do que as crianças de 9 e 11 anos.

Palavras-chave: desenvolvimento infantil, desempenho psicomotor, membro


superior, crianças.

xii
ABSTRACT

Introduction: carrying out the voluntary movement in a harmonious way


requires efficiency in the planning and execution processes of the movement. During
the middle childhood, structural alterations in the central nervous system and in the
musculoskeletal system can influence the strategies needed to perform the movement.
Aim: To evaluate the characteristics of motor planning and the execution of the aiming
movement in different age groups. Methods: this is a cross-sectional study that
evaluated right-handed children, without motor development deficits, organized into
three groups according to age: 7, 9 and 11 years old. The children performed an aiming
movement, seated in front of a monitor, holding a stylus pen on a drawing tablet with
their right hand. They were instructed to perform the movement from an initial target
towards one of the other targets (ipsi or contralateral to the evaluated upper limb), as
quickly as possible, trying to hit the center of the target. Time and spatial variables
related to motor planning (i.e., reaction time and initial direction error) and movement
execution (i.e., movement time, peak velocity, final position error, resulting variable
error and smoothness) were analyzed using repeated measures ANOVA test.
Results: 7-year-old children were less efficient in planning the movement and made
more adjustments during its execution. However, such strategies were sufficient to
maintain the accuracy and precision of the task since no differences were found
between the ages for these variables. The direction of the movement influenced the
planning and execution of the movement. Conclusion: The children were able to
perform the task with similar accuracy, precision, and time, but they differed in the
strategies used to plan and execute the movement. 7-year-olders planned the move
less efficiently and made more adjustments during their execution than the other
groups.

Keywords: child development, psychomotor performance, upper extremity, child.

xiii
1 INTRODUÇÃO

A intenção para realizar um movimento está presente desde os primeiros


meses de vida e se modifica ao longo do tempo. Transformações no ato de mover-se
podem ser estudadas sob a ótica do desenvolvimento motor, definido por Gallahue e
Ozmun como uma “[...] mudança contínua do comportamento motor ao longo do ciclo
da vida”.(1) Um processo constante de variações que fará com que o ser humano
adquira habilidades motoras, que inicialmente serão simples e desorganizadas, para
em seguida agregar padrões organizados e movimentos cada vez mais complexos.(2)
Períodos de mudanças mais e menos expressivas nos movimentos marcam
diferentes fases do desenvolvimento motor, que são igualmente importantes para que
os movimentos voluntários sejam realizados de forma harmoniosa.(3, 4) Quanto mais
específico e refinado o movimento, mais experiências ao longo do tempo são
necessárias para que o objetivo seja alcançado com sucesso. Tal evolução pode ser
observada por meio da investigação dos movimentos voluntários realizados com os
membros superiores.
Com o auxílio do membro superior as crianças exploram o ambiente através
das habilidades de alcance, preensão e manipulação.(5) Dentre elas destaca-se a
capacidade para o alcance, que diz respeito ao movimento do braço e da mão dirigido
a um alvo específico no espaço.(6) Alcançar as partes do próprio corpo e diferentes
objetos é um desafio para as crianças desde os primeiros meses de vida. O
movimento de alcance emerge entre o terceiro e o quinto mês de vida do bebê e passa
por muitas mudanças até atingir um padrão mais estável após o segundo ano de
vida.(7, 8) No entanto, embora o movimento torne-se menos variável a partir dos dois
anos de idade, há importantes mudanças no desenvolvimento do indivíduo que
continuam impactando a realização do movimento de alcance.(4, 9, 10)
A partir da intenção de se movimentar em direção a um alvo, as fases de
planejamento motor e de execução do movimento exigirão do sistema nervoso
controle acurado e a participação de diferentes áreas corticais, as quais continuam se
desenvolvendo durante a segunda infância e adolescência.(4, 11) No sistema nervoso,
a quantidade de massa branca se altera ao longo do crescimento e desenvolvimento,
com novas conexões sendo formadas e fortalecidas; maior acoplamento entre os

1
sistemas frontal e parietal, e do córtex parietal com o cerebelo podem ser observadas,
além de mudanças que alteram os sistemas sensorial e motor.(4, 12)
O sistema musculoesquelético que participa da execução do movimento
também sofre alteração no comprimento dos membros, incremento de força e
flexibilidade, alterando a mecânica corporal.(10, 13)
É importante que o sistema se
reorganize constantemente para incorporar tais transformações no planejamento e
execução do movimento. Dessa forma, é esperado que mudanças no desempenho
do movimento dirigido ao alvo estejam presentes ao longo desse período de
crescimento e desenvolvimento.
Yan e colaboradores (2000, 2003)(14, 15) apontaram em seus estudos que antes
dos 8 anos as crianças planejam o movimento de forma ineficaz, exigindo mais
correções online, durante sua execução, em comparação com crianças maiores e
adultos. Dessa forma, o movimento é executado com maior variabilidade. Estudos
com enfoque na execução do movimento demonstraram que as habilidades de
alcance são refinadas ao longo da primeira e segunda infância;(4, 11, 13, 16, 17) nota-se
que com o avanço da idade os movimentos tornam-se menos variáveis e mais
acurados.(4, 13, 18)
Ao abordar aspectos relacionados ao planejamento motor, os estudos
controlaram a precisão da tarefa,(14) a incerteza da posição do alvo(14) e a informação
visual.(19) Os resultados demonstraram que crianças menores apresentam respostas
mais lentas e pior desempenho em comparação às crianças mais velhas e adultos
jovens em tarefas que exigem maior precisão, e cuja posição final do alvo é
desconhecida.(14) Mesmo sem utilizar a informação visual para correção do
movimento, crianças a partir dos 6 anos de idade foram capazes de utilizar somente
as informações proprioceptivas para planejar e executar o movimento.(19) Para além
dessas restrições, surge a dúvida de como o sistema planeja e realiza movimentos
para diferentes direções, uma vez que músculos e articulações são ativados de forma
distinta de acordo com a posição final do alvo. Ainda, estudos anteriores não
apontaram como a idade – e a possível variação do sistema musculoesquelético e
neuromotor ao longo do desenvolvimento – pode influenciar no planejamento do
movimento quando este é realizado para direções diferentes. Dessa forma, o objetivo
principal desse estudo foi avaliar as características do planejamento motor e da
execução do movimento dirigido ao alvo em diferentes grupos etários ao longo da

2
segunda infância; de forma específica, buscou-se investigar como o movimento
realizado para diferentes direções pode influenciar tais características.
Estudos como os citados até aqui investigaram o movimento voluntário, em
especial o movimento de alcance, através de tarefas controladas e são limitados em
dizer qual a implicação de tais achados para tarefas funcionais e outras habilidades
requeridas para o uso dos membros superiores. Pensando nisso, neste estudo
procuramos investigar se há relação entre o desempenho do membro superior na
tarefa de movimento dirigido ao alvo e a destreza manual.
A destreza manual é definida como a capacidade de realizar uma tarefa
coordenada com as mãos e dedos, como durante a manipulação de objetos(20); pode
ser considerada um resultado do desenvolvimento do sistema neuromotor, sendo
atribuída à maturação do trato corticoespinal.(21) Há indícios de que a destreza manual
continua se desenvolvendo ao longo da segunda infância,(22) da mesma forma que
aspectos do movimento voluntário. A relação entre essas variáveis, no entanto, ainda
não está clara.

3
2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Fases do desenvolvimento: porque estudar a segunda infância?

O desenvolvimento em seu sentido mais amplo refere-se às mudanças no nível


de função que um indivíduo sofre ao longo do tempo.(1) Segundo Gallahue e
colaboradores (2013)(1) ao adotarmos a definição de desenvolvimento descrita acima
está implícito que ao longo da vida serão necessários ajustes, compensações e
mudanças para adquirir, melhorar ou manter uma determinada função.(1) É comum
abordar o desenvolvimento sob o ponto de vista de diferentes domínios, tais como: o
domínio motor, cognitivo e afetivo. Neste trabalho estamos abordando
especificamente o domínio motor, mas é importante citar que o ser humano
desenvolve-se na sua integralidade formando importantes interrelações entre os
diferentes domínios de desenvolvimento de forma que não é possível afirmar que um
deles detenha poder mais relevante do que o outro neste processo.
Além da divisão em diferentes domínios, o desenvolvimento do indivíduo pode
ser observado de forma distinta ao longo do tempo. Os autores diferem na forma como
descrevem os períodos de desenvolvimento levando em consideração a faixa etária
do indivíduo. Neste texto seguiremos a classificação proposta por Gallahue e
colaboradores (2013)(1) que ao olhar para a infância, divide-a em dois períodos
distintos: primeira infância (ou fase inicial) que compreende o período dos dois aos
seis anos de idade e segunda infância (ou fase final) que se estende dos seis anos
até a puberdade.
No período que compreende a primeira infância, no que diz respeito ao
desenvolvimento motor, as crianças passam a desenvolver as habilidades motoras
fundamentais, havendo melhora progressiva nos padrões de movimento
apresentados.(1) As atividades motoras amplas desenvolvem-se com rapidez; porém
as habilidades motoras finas não apresentam ainda controle estabelecido.(1) Já a
segunda infância costuma ser citada como um período de “preenchimento”, o qual
antecede a puberdade e as suas transformações. Por esse motivo muitas vezes acaba
sendo negligenciado em pesquisas, já que não são esperadas grandes mudanças nos
padrões de movimento ao longo desse período.(11) No entanto, esse é um período
importante de aprimoramento do controle dos movimentos. Um estudo desenvolvido

4
por Butler e colaboradores (2010)(23) que avaliou a cinemática do movimento durante
uma tarefa cíclica com o membro superior – envolvendo alcançar, agarrar e
transportar um objeto – observou diferenças no padrão de movimento de acordo com
a idade. Crianças mais novas realizaram o movimento de alcance com menores graus
de flexão do cotovelo e desvio radial do punho. O autor explica que ao longo do
desenvolvimento a organização interarticular sofre alteração, influenciada pelo
crescimento ósseo e tecidual;(23) além disso, segundo Golenia (2017)(10) as
proporções corporais estão sofrendo mudanças,(1) o controle postural que acompanha
os movimentos de alcance se desenvolve(24) e as funções executivas e de atenção
melhoram(25, 26) nesse período. Por essas e outras razões que serão abordadas a
seguir é importante que os estudos estejam focados também em compreender como
essas mudanças impactam no desenvolvimento durante a segunda infância, nas
diferentes tarefas às quais as crianças dessa faixa etária são expostas.

2.2 Movimento voluntário: aspectos sobre as fases de planejamento


motor e execução do movimento

Imagine que você tem a intenção de alcançar um copo de água que está à sua
frente. O ato de desejar, pensar e executar essa tarefa de forma harmônica envolve
diversas áreas do córtex cerebral, núcleos da base e cerebelo, que atuam em conjunto
com o sistema nervoso periférico e o sistema musculoesquelético, em milésimos de
segundos para que o objetivo seja alcançado. Grande parte da construção do
movimento voluntário acontece no lobo frontal, em áreas específicas que se
comunicam com o restante do encéfalo para que o movimento seja realizado de
maneira harmônica e organizada. Todo o processo que antecede a execução do
movimento é chamado de planejamento motor, que pode ser descrito como a
capacidade de prever uma ação e organizar os comportamentos motores necessários
para alcançá-la.(27) Após selecionar o plano motor, o sistema nervoso aciona as
estruturas responsáveis pela execução do movimento.
A intencionalidade do movimento surge no córtex pré-frontal envolvendo
mecanismos cognitivos e atencionais no processo de sequenciamento e organização
espacial. Em seguida, as áreas pré-motoras em conjunto com os núcleos da base,
que por sua vez também se conectam ao córtex pré-frontal, selecionam a estratégia

5
motora mais adequada para que a ação seja realizada.(28) Então, a área motora
primária controla a atividade de grupos musculares específicos para que o sistema
musculoesquelético atue na direção da tarefa a ser executada. Estratégias
antecipatórias são acionadas para controlar a postura e prever a trajetória do membro
superior em direção ao alvo a ser alcançado, enquanto que imediatamente após o
início do movimento estratégias compensatórias são ativadas visando corrigir a
trajetória do movimento para que a execução aconteça de forma eficiente.(4, 5)
Experiências anteriores e a informação sensorial do ambiente e do próprio
corpo são importantes ferramentas para que o plano de ação seja traçado. A ação
muscular dos agonistas e antagonistas do movimento será controlada em grande
proporção pelas informações traçadas durante o processo de planejamento motor e
poderá ser observada durante a realização de um movimento balístico. Até o momento
em que é atingido o pico de velocidade durante a realização do movimento estamos
observando os músculos trabalharem de acordo com o plano primário de ação; em
seguida, através dos inputs sensoriais o sistema é capaz de realizar correções online,
ajustando a trajetória do movimento.(14, 29)
Portanto, quanto mais acurado o plano
motor, menos correções durante a realização do movimento serão necessárias para
que o alvo seja alcançado.(30)
Estudos sugeriram que crianças mais novas são mais lentas para processar
informações,(31) necessitando de maior esforço cognitivo para controlar os
movimentos dos membros superiores em comparação com crianças mais velhas.(14)
Estudo realizado por Yan e colaboradores(2003)(15) crianças de 5, 8 e 10 anos foram
analisadas durante a realização de movimento balístico na linha média incluindo
movimentos únicos e movimentos repetidos. Foi encontrado que as crianças de 5
anos realizaram mais correções online, sugerindo que o plano de ação não foi
suficiente para a realização da tarefa; ainda, as crianças de 5 anos executaram o
movimento com maior variabilidade.
Características específicas da tarefa também devem ser levadas em
consideração e exijem diferentes estratégias para programar e realizar o movimento.
A direção para a qual o movimento é realizada é uma delas. A altura do alvo influencia
os ajustes posturais antes e após a execução do movimento de alcance em adultos
jovens.(32) Em estudo realizado por Loureiro(2012),(33) dez adultos foram instruídos a
tocar um alvo posicionado ipsi ou contralateralmente ao membro superior direito. A

6
localização do alvo influenciou os parâmetros temporais do movimento, exigindo maior
tempo de reação e de movimento durante o alcance contralateral. Investigando
crianças de 6 anos de idade, Bagesteiro e colaboradores (2020)(34) avaliaram
assimetrias manuais e a coordenação interarticular durante o alcance realizado para
alvos contra e ipsilaterais. Os resultados mostraram que os movimentos realizados
para o alvo contralateral eram mais curvos, com maior tempo de movimento e maior
excursão do ombro e menor excursão do cotovelo em comparação com os
movimentos realizados para o alvo ipsilateral.
Ainda não há um consenso sobre quais estratégias são utilizadas durante a
segunda infância para que o movimento seja realizado com sucesso. Em especial,
quando há restrições impostas pela tarefa. O presente trabalho teve como objetivo
verificar o desempenho do membro superior a partir desses aspectos.

2.3 O movimento de alcance e o seu desenvolvimento ao longo da infância

O uso do membro superior é importante em uma série de tarefas no dia a dia,


por exemplo na alimentação, no vestir-se e na comunicação. Nas crianças, o membro
superior assume também outras funções importantes, como a proteção diante de uma
possível queda e o deslocamento no chão, por exemplo durante o engatinhar. Mas é
através do alcance que a criança passa a explorar o ambiente, deixando de ser
apenas observadora para então interagir com aquilo que está ao seu redor.
De acordo com Thelen e Spencer(1998),(35) o movimento de alcance pode ser
descrito como um movimento do membro superior, cujo objetivo é levar a mão para
uma tarefa específica em determinado espaço. Ao movimentar a mão em direção a
um alvo o objetivo final pode envolver a exploração manual, exigindo as habilidades
de preensão e manipulação ou a mão pode ser levada somente a tocar, apontar ou
se aproximar de determinado objeto. De qualquer forma, ao movimentar o membro
superior em direção a um alvo específico no espaço há grande complexidade neural
e musculoesquelética, que exige não somente o controle do sistema motor, mas
também a participação da cognição através dos processos de intenção e atenção.(6,
36)
Por esse motivo o movimento de alcance é um modelo bastante utilizado quando
se almeja compreender as diferentes formas que o sistema encontra para planejar e
executar um movimento voluntário.

7
O movimento de alcance é amplamente estudado nos primeiros anos de vida
da criança. Sabe-se que esse comportamento tem início entre o terceiro e o quinto
mês de vida do bebê.(6-8) No início são observados movimentos pouco acurados, com
ativação muscular desproporcional, que resulta em movimentos rápidos e pouco
precisos.(5, 6) Com nove meses os bebês já são capazes de realizar alguns ajustes
antecipatórios para melhor execução da tarefa de alcance, demonstrando habilidade
para movimentar-se de forma assimétrica e lateralizada, revelando preferência
manual.(8, 37) Até os 24 meses outras mudanças significativas ocorrerão no alcance: a
criança aprende a diminuir a velocidade de seus movimentos, usando estratégias para
preservar as melhores trajetórias em diferentes velocidades,(6, 35) de forma que ao fim
do segundo ano de vida o perfil de velocidade total do alcance na criança é
praticamente como o do adulto;(5, 38)
aos dois anos espera-se que as crianças
detenham controle completo dos movimentos dos membros superiores(37) e grande
parte dos estudos realizados nessa população concentra-se nesse período de
desenvolvimento abundante e mudanças constantes. No entanto, estudos que
buscaram olhar para o que acontece com o membro superior e a sua função na
segunda infância mostraram que o desenvolvimento do movimento de alcance
continua durante esse período.
Dados de cinemática demonstraram que a trajetória da mão em direção ao
alvo torna-se mais harmoniosa e menos variável com o passar da idade(5) e que esse
controle tende a se desenvolver até por volta de 10 e 12 anos de idade(5) embora
estudos recentes apontem para possível melhora do desempenho ocorrendo após
essa faixa etária.(4) Estudo realizado por Martinez e colaboradores (2018)(13) que
investigou os parâmetros espaço-temporais e angulares em crianças de diferentes
grupos etários durante diferentes tarefas com o membro superior – entre elas o
alcance, encontrou que as crianças com idade entre cinco e sete anos se moviam com
menor pico de velocidade e trajetórias menos lineares em comparação a crianças com
11 e 12 anos e adolescentes com 13 e 15 anos de idade; os autores argumentam que
o movimento de alcance tornou-se mais rápido e direto com o aumento da idade
encontrando seu ápice aos 11 anos, devido à melhora da coordenação visuomotora e
do planejamento motor, que estão se desenvolvendo nesse período.(13)
Em 2000, Yan e colaboradores(14) encontraram que crianças mais jovens (com
idade média de 6,4 anos) realizavam movimentos balísticos com o membro superior

8
de forma mais lenta, com maior variabilidade e menor suavidade e linearidade do que
crianças mais velhas (9,2 anos em média) e adultos jovens (com média de 24,4 anos)
durante diferentes tarefas realizadas sobre uma mesa digitalizadora. Os resultados
sugeriram que crianças mais velhas e adultos jovens foram mais eficientes para
planejar o movimento, necessitando de menos correções online durante a tarefa. Em
outro estudo realizado por Wilson e colaboradores (2013),(4) constatou-se que
crianças com idade entre seis e sete anos têm mais dificuldades de controlar o
movimento do membro superior diante de uma perturbação visual do que crianças
mais velhas e que estas são mais rápidas do que crianças menores, mas mais lentas
do que os adultos para corrigir o movimento, demonstrando que nessa faixa etária há
uma estabilização do comportamento. Entretanto, há evidência de refinamento
contínuo inclusive entre a adolescência e a idade adulta.(4) Além disso, parâmetros
específicos do movimento, tais como: tempo de reação e tempo de movimento
parecem diminuir com a idade, no caso de tarefas simples.(6)
O movimento do membro superior em direção a um alvo está presente em boa
parte das tarefas realizadas no dia a dia e seu desenvolvimento ocorre de forma
gradual, em conjunto com outros sistemas e funções aprimoradas pela criança. Ao
longo de todo o desenvolvimento, uma série de experiências sensoriais e motoras
servirão de repertório para que a mudança de um comportamento não seja algo
limitado e estanque, mas sim um processo contínuo.
Além disso, durante a segunda infância as crianças ainda estão em processo
de crescimento, alterando a morfologia do corpo em diferentes níveis e sistemas,
exigindo constantes reformulações para que o movimento continue sendo executado
de forma eficiente.
Dessa forma, pesquisas que investiguem o processo de desenvolvimento do
movimento do membro superior durante a segunda infância são importantes. Voltar o
olhar para compreender como os sistemas se organizam para que o movimento seja
realizado de forma harmônica exige um olhar atento aos processos envolvidos no
antes, durante e após o início do movimento voluntário.

9
2.4 O movimento de alcance e a destreza manual

Estudar o movimento de alcance tem se mostrado uma forma confiável de


compreender como o sistema se organiza para planejar e executar o movimento
voluntário. Observar suas mudanças ao longo do tempo pode nos permitir inferir sobre
como o sistema nervoso também se altera ao longo dos anos. Da mesma forma,
observamos mudanças funcionais no uso das mãos durante o desenvolvimento.
Estudos demonstraram que a velocidade de atividades realizadas com as mãos
aumenta até os 12 anos;(39) o padrão de movimento em tarefas de agarrar e levantar
objetos é refinado ao longo da segunda infância.(40)
Está claro que a melhora da destreza manual durante a infância está
relacionada à maturação do trato corticoespinal.(21) Ao longo da infância e
adolescência a destreza manual torna-se mais fluída e eficiente,(21) enquanto que
observa-se mielinização contínua do trato corticoespinal, que favorece uma
transmissão mais rápida e eficiente dos sinais motores.(21, 41)
A melhora na eficiência do sistema nervoso central induz melhora nas funções
sensoriomotoras observadas nas tarefas realizadas com os membros superiores;
atividades que demandam destreza manual exijem, assim como as tarefas de
movimento dirigido ao alvo, um processo adequado de planejamento motor e
execução do movimento. No entanto, ainda não sabemos se é possível relacionar o
desempenho do membro superior em uma tarefa de movimento dirigido ao alvo e a
destreza manual. Por isso, esse trabalho também buscou investigar esse
relacionamento.

10
3 JUSTIFICATIVA

A compreensão do controle do movimento é objeto de pesquisa há décadas; o


estudo nessa área é importante não só para aqueles que buscam decifrar a circuitaria
envolvida por trás do movimento voluntário, mas também para elucidar questões
quando estamos diante de indivíduos com lesões cerebrais. Tão importante quanto
compreender os mecanismos envolvidos no controle do movimento é observar a
forma como tais mecanismos se desenvolvem ao longo do tempo, uma vez que o
organismo humano não é estanque, mas demonstra constante mudança e
reformulação, em especial nos primeiros anos de vida.
Estudos com essa temática trouxeram grande compreensão acerca de como a
execução do movimento se modifica ao longo do desenvolvimento da criança, de
forma que quanto menor a idade, menor a acurácia e a precisão para a realização de
tarefas com o membro superior. No entanto, para além da forma como o movimento
é realizado é igualmente importante compreender como ele é planejado pelo
organismo e como esse planejamento interfere nos parâmetros de execução. Ainda,
é importante investigar como características da tarefa podem influenciar na maneira
como o sistema se organiza para realizar o movimento.
Outro aspecto importante é a necessidade de identificar se há relação entre o
desempenho observado em tarefas controladas e outras medidas de função dos
membros superiores, no caso a destreza manual. Esse conhecimento pode auxiliar
na avaliação clínica, permitindo que a análise de determinada tarefa possibilite a
inferência sobre outros aspectos do controle do movimento ao longo do
desenvolvimento.

11
4. OBJETIVOS

4.1 Objetivo geral

Avaliar as características do planejamento motor e da execução do movimento


dirigido ao alvo em diferentes grupos etários.

4.2 Objetivos específicos

▪ Avaliar as características temporais e espaciais do movimento dirigido


ao alvo em diferentes grupos etários.
▪ Verificar se a direção do movimento modifica o planejamento motor e o
desempenho do membro superior durante o movimento dirigido ao alvo.
▪ Verificar a relação entre o desempenho do membro superior durante o
movimento dirigido ao alvo e a destreza manual.

12
5 HIPÓTESE

De forma geral, espera-se que quanto maior a idade, melhor o desempenho na


realização da tarefa de movimento dirigido ao alvo. É esperado que crianças mais
novas planejem o movimento de forma menos eficiente, necessitando de maior tempo
para reagir ao estímulo e mais correções durante a execução do movimento.
Espera-se que movimentos realizados para o lado contralateral exijam maior
tempo de reação e de movimento, independentemente da idade. Ainda, é esperado
que a direção do movimento influencie aspectos do planejamento motor e da
execução, em especial nas crianças mais novas.
Por fim, supomos que quanto melhor o desempenho na tarefa de movimento
dirigido ao alvo, melhor a destreza manual, independentemente da idade.

13
6 MÉTODOS

Este é um estudo com desenho transversal. Os participantes foram recrutados


e avaliados na Escola Municipal de Ensino Fundamental Brigadeiro Correia de Mello,
situada no bairro Jardim Fernandes, São paulo - SP no período de Agosto a Dezembro
de 2019.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP
(parecer nº 0563/2019) (ANEXO 1). Foi também submetido à análise e aprovação da
Diretoria Regional de Educação Itaquera (ANEXO 2). Para participar do estudo, os
pais das crianças assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice
1) após explicação do mesmo; as crianças assinaram o Termo de Assentimento Livre
e Esclarecido (Apêndice 2).

6.1 Participantes

A amostra foi composta por crianças com idades de 7, 9 e 11 anos , alunos


regulares da escola Escola Municipal de Ensino Fundamental Brigadeiro Correia de
Mello. A escola fica situada no bairro Jardim Fernandes, alocada no distrito Cidade
Líder, região periférica da cidade de São Paulo. Grande parte dos estudantes da
escola são residentes da região. De acordo com o Mapa da Desiguldade de São Paulo
publicado em 2020,(42) 38,8% da população do distrito é composta por pessoas pretas
ou pardas; do total de domicílios, 6,8% são favelas e 45,3% das famílias não têm
automóvel e recebem em média R$ 3744,88 por mês. Em relação à saúde, no período
analisado 37% do total de internações no distrito foram por condições sensíveis à
atenção primária e o índice de mortalidade infantil é de 12,8 crianças para cada 1000
nascidos vivos. No quesito educação o documento apontou que 78,8% das matrículas
do ensino básico realizadas na região são em escolas públicas. O Indicador de Nível
Socioeconômico das Escolas de Educação Básica (INSE) do distrito foi de 53,9,
enquanto a média da cidade de São Paulo foi de 56,0. O INSE é um índice que utiliza
dados que dizem respeito à renda familiar, posse de bens e contratação de serviços
pela família dos estudantes, além do nível de escolaridade de seus pais e
responsáveis. Quanto menor o índice, maior é a vulnerabilidade da escola.

14
6.1.1 Critérios de inclusão, não-inclusão e exclusão

Foram incluídas crianças com preferência manual à direita, de ambos os sexos,


com idade de 7 , 9 e 11 anos, que fossem estudantes regulares da escola municipal
onde o estudo foi conduzido.
Os critérios de não-inclusão foram: diagnóstico de alteração neurológica,
alteração musculoesquelética e/ou alterações que implicassem na execução das
tarefas; crianças com comprometimento visual ou auditivo não corrigidos, ou
alterações que prejudicassem o desenvolvimento motor.
Foram excluídas as crianças que não conseguiram finalizar a tarefa proposta,
seja por questão atencional ou volitiva, e as crianças cujos dados dos questionários
estivessem incompletos.

6.2 Caracterização da amostra

6.2.1 Preferência manual

Para definir a preferência manual foi solicitado que as crianças escrevessem


seu nome em um papel após pegarem a caneta na linha média.

6.2.2 Dados antropométricos

Foram coletados dados de peso e altura dos participantes utilizando uma


balança digital e trena manual. Os resultados foram utilizados para cálculo do Índice
de Massa Corporal (IMC) por meio do software Anthro WHO Plus, que considera peso,
altura, idade e sexo e fornece os valores de escore Z.

6.2.3 Desenvolvimento motor global

Para caracterização da amostra do ponto de vista do nível de desenvolvimento


motor global, foi utilizado o Teste de Desenvolvimento Motor Grosso (TGMD-3).

15
6.2.3.1 Teste de Desenvolvimento Motor Grosso (TGMD-3)

Para avaliar o desenvolvimento motor global dos participantes foi utilizado o


Teste de Desenvolvimento Motor Grosso (TGMD-3) (APÊNDICE 3), validado para a
população brasileira.(43) Trata-se de um teste composto por múltiplas habilidades
motoras fundamentais, o qual avalia como as crianças coordenam o tronco e membros
durante o desempenho de uma habilidade motora. Foi originalmente deselvolvido por
Ulrich, em 1985, teve uma atualização em 2000 como TGMD-2, e em 2019,
novamente atualizada(TGMD-3).(43, 44) Optou-se pela utilização desse teste devido sua
capacidade de analisar especificamente habilidades motoras fundamentais, sendo
empregado nesse estudo para caracterizar estas habilidades da amostra.
A versão atual, TGMD-3, propõe 13 tarefas organizadas em dois subtestes:
locomoção (correr, galopar, saltitar, passo saltado, saltar horizontalmente e correr
lateralmente) e controle de objetos (rebater, bater em uma bola em movimento, quicar,
receber, chutar, arremessar por cima do ombro e rolar uma bola). Cada uma das13
tarefas motoras incluem de três a cinco componentes comportamentais, referidos
como critérios de desempenho, que representam o padrão de movimento apropriado
da habilidade. O teste requer observação sistemática dos critérios de desempenho e
leva aproximadamente 20 minutos por criança para ser executado. Para a realização,
as crianças recebem orientação verbal e prática, sendo possível a realização da tarefa
como um “treino” antes da pontuação.
Para pontuação verifica-se se a criança executou o componente
comportamental (recebe um ponto) ou não (pontua zero). A soma dos critérios de
desempenho para cada habilidade compreende os escores brutos de cada subteste
(0 a 46 pontos para locomotor, 0 a 54 para controle de objetos).
O TGMD-3 fornece quatro tipos de resultados: dados brutos, percentis, valores
estandardizados e equivalentes etários. Para este estudo foram extraídos os valores
brutos dos subtestes de locomoção e controle de objetos e o Índice Motor Bruto, que
dá uma ideia geral sobre o desempenho motor da criança. Optou-se pelo uso do
Índice Motor Bruto e os termos descritivos relacionados (Quadro 1).
A pontuação do teste foi feita por meio da análise de vídeo. Para a obtenção
da filmagem um celular foi posicionado preferencialmente no plano sagital durante a

16
realização das tarefas. Os vídeos foram salvos e as filmagens foram analisadas pela
pesquisadora principal, previamente treinada conforme orientação no manual do teste.

Quadro 1. Termos descritivos do Teste de


Desenvolvimento Motor Grosso em relação ao Índice
Motor Bruto

Termo Descritivo Pontuação Índice

Prejudicado ou atrasado <70

Limite de prejudicado ou
70 - 79
atrasado

Abaixo da média 80 - 89

Média 90 - 109

Acima da média 110 - 119

Superior 120 - 129

Dotado ou Muito Avançado >129

6.3 Movimento dirigido ao alvo

Para avaliação do movimento dirigido ao alvo foi utilizada uma mesa


digitalizadora de 12x12 polegadas (WACOM Intuos2 Professional®) e um monitor de
15 polegadas marca Samsung®, posicionado na altura dos olhos dos participantes.
Estes equipamentos foram conectados a um laptop (HP AMD Pavilion® 64), composto
pelo programa de controle das tarefas. Os dados obtidos foram analisados por meio
do Software LabView® 9.0. As crianças foram posicionadas sentadas à mesa, em
cadeira com regulagem de altura com apoio total do tronco e foi utilizado apoio para
os pés. O tronco foi estabilizado por um colete em sua porção anterior durante os
testes para evitar movimentos compensatórios.

17
A mesa digitalizadora foi posicionada à frente do participante. Os ombros
deveriam estar em posição neutra para a rotação, próximos ao tronco e com cotovelos
fletidos em 90°; o apoio do antebraço foi permitido durante os intervalos entre
tentativas, mas não durante os testes. O participante segurou uma ponteira com o
membro superior direito, através da qual fez os movimentos na mesa digitalizadora
(Figura 1 - A). A forma de preensão da caneta não foi controlada; os participantes
foram orientados a segurar a caneta de forma firme e confortável, evitando a preensão
com todos os dedos. O avaliador ficou atrás do participante para não interferir no teste.

Figura 1. Posicionamento do participante (A); e representação dos alvos demonstrados à tela do


computador (B), sendo I – alvos demonstrados no monitor; II – estímulo indicativo; III – estímulo
imperativo e IV – realização do movimento.

A tarefa proposta envolvia a realização de movimentos dirigidos a um alvo


sobre a mesa digitalizadora, a partir de um ponto inicial pré-estabelecido. Na tela do
monitor foram apresentados três alvos, com diâmetro de 1,0 cm cada. O alvo inferior
centralizado na tela e em relação ao corpo do participante foi considerado o ponto
inicial; o segundo alvo (contralateral), foi posicionado a uma distância de 10 cm acima
e à esquerda do ponto inicial; por último o terceiro alvo (ipsilateral) foi localizado à
direita do alvo ponto inicial.
Inicialmente as crianças fizeram familiarização com o aparato instrumental por
meio de uma tentativa com movimentos cíclicos do membro superior por período de 5
segundos em direção ao alvo determinado. Em seguida, os alvos foram calibrados e
as crianças foram instruídas sobre como deveriam realizar o teste.

18
A partir do ponto inicial a criança deveria realizar um movimento para um dos
alvos (ipsilateral ou contralateral), conforme indicação visual. Em cada tentativa um
estímulo indicador (mudança de cor do alvo de branca para vermelha) com duração
de 300 milissegundos (ms) foi apresentado no monitor, indicando para qual dos alvos
a criança deveria se direcionar. Após um intervalo entre 300 e 800 ms, o alvo mudou
da cor branca para verde (estímulo imperativo) indicando que o participante deveria
iniciar o movimento. O participante foi instruído a: “Executar o movimento o mais
rápido possível procurando acertar o centro do alvo”, a partir do ponto inicial. Um
esquema é demonstrado na Figura 1 – B. Os participantes fizeram dois blocos
constituídos por 20 tentativas no total, sendo 10 tentativas para cada alvo. A ordem
dos alvos foi randomizada pelo programa.

6.4 Destreza Manual

6.4.1 Box and Block Test

O Box and Block Test (BBT) é um teste utilizado para avaliar a destreza manual
dos participantes.(45) É um teste já validado e que pode ser utilizado no Brasil, uma
vez que dispensa tradução.(46) O teste consiste em uma caixa separada por dois
compartimentos com blocos. Os blocos devem ser transportados um por um de um
compartimento para outro em um período de 60 segundos. O transporte dos blocos
deve ser feito o mais rápido possível e quanto maior a quantidade de blocos
transportados, melhor a destreza motora dos indivíduos (Figura 2).
Cada participante tem 15 segundos para familiarização com a tarefa e em
seguida realiza duas tentativas do teste. O resultado final é obtido a partir da média
das duas tentativas.
Neste estudo cada participante realizou o teste com ambos os membros
superiores. Para análise foram considerados os resultados do membro superior direito
apenas.

19
Figura 2. Posicionamento, materiais e execução
do Box and Block Test

6.5 Procedimentos

Após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, os pais


responderam a um questionário para coleta de informações gerais (Apêndice 4).
As avaliações foram realizadas na escola em dois dias diferentes: em um dia
foi realizada a avaliação do desenvolvimento motor global (TGMD-3) e em outro dia a
avaliação do movimento dirigido ao alvo e da destreza manual. O intervalo entre as
duas avaliações foi de até 14 dias e a ordem dos testes (desenvolvimento motor global
e tarefas com o membro superior) foi aleatória.
O TGMD-3 foi aplicado na quadra da escola. As crianças foram avaliadas em
dupla, conforme orientação do manual do teste e cada avaliação durou cerca de 20
minutos. Imediatamente antes da coleta do TGMD-3 foram coletados os dados
antropométricos das crianças.
As avaliações de destreza manual e a tarefa de movimento dirigido ao alvo
foram realizadas em uma sala cedida pela escola. Para a aplicação do BBT cinco
minutos foram suficientes para demonstração e realização do teste. Para a tarefa
experimental as crianças levaram entre 40 e 60 minutos para a sua realização,
variando conforme cansaço e maior necessidade de explicação para compreensão da
tarefa. As crianças menores (isto é, de 7 anos) levaram mais tempo para realização
da tarefa, pois precisaram de mais pausas entre as tentativas.
É importante salientar que, apesar do esforço dos avaliadores e da direção da
escola, o ambiente de realização dos testes não esteve completamente livre de
distrações durante as avaliações, não podendo, portanto, ser comparado ao ambiente
20
controlado disponível em um laboratório de pesquisa. No entanto, julgamos importante
realizar os testes no ambiente escolar, primeiramente pela inviabilidade de transferir
os alunos ao laboratório devido às restrições de orçamento e logística para realização
da pesquisa e por julgarmos interessante que as crianças fossem avaliadas em um
ambiente ao qual estavam habituadas, apesar de todo o aparato de pesquisa.

6.6 Variáveis analisadas

Em relação à tarefa de movimento dirigido ao alvo, foram avaliadas variáveis


temporais e espaciais do movimento.
As variáveis temporais são:
▪ Tempo de reação (TR): definido como o intervalo entre o estímulo
imperativo e o início do movimento em ms.
▪ Tempo de movimento (TM): intervalo de tempo entre o início e término
do movimento, em ms.
▪ Pico de Velocidade (PV): velocidade máxima tangencial da ponteira, em
cm/s.
As variáveis espaciais do movimento são:
▪ Suavidade (Suav): corresponde ao número de vezes em que a curva de
aceleração muda de direção. É expressa em unidades de movimento
(um). Indica quantas vezes o indivíduo corrigiu o movimento durante a
sua realização.
▪ Erro de direção inicial (EDA): erro de direção da trajetória no instante do
pico de aceleração, corresponde ao ângulo entre um vetor definido pela
posição inicial e o alvo a ser alcançado (vetor alvo) e o vetor entre a
posição inicial e a posição no instante do pico de aceleração (vetor
movimento). É expresso em graus. A partir dessa variável é possível
analisar como o indivíduo planejou a execução do movimento.
▪ Erro de posição final (ECR): o erro de posição final ou erro constante é
resultante das direções médio-lateral e ântero-posterior, e corresponde
a uma medida de acurácia (i.e., à proximidade do centro do alvo, que
deveria ser o objetivo final do movimento) que mede o erro médio da

21
resposta bidimensional; quanto mais próximo do zero maior a acurácia.
O resultado é expresso em centímetros (cm).
▪ Erro variável resultante (EVR): variável verificada a partir da
variabilidade nas direções ântero-posterior e médio-lateral em torno da
posição média das tentativas. É uma medida de precisão do movimento
(i.e., quão constante o participante foi em relação ao alvo atingido após
a execução do movimento); quanto menor o erro, maior a precisão. O
resultado é expresso em cm.

Separando as variáveis de acordo com a fase de interesse durante o


movimento voluntário, para a fase de planejamento motor foram consideradas as
variáveis TR e EDA, pois fornecem informações de como o sistema se organizou para
realização da primeira fase do movimento balístico, isto é, antes da realização de
correções online.
Para a fase de execução do movimento consideramos as variáveis TM, PV,
Suav, ECR e EVR. A variável Suav, embora forneça dados sobre as correções
realizadas durante a execução do movimento também reflete a eficiência do
planejamento motor, uma vez que quanto maior o número de correções online nesta
tarefa, menos eficiente o plano de ação traçado antes do início do movimento.
Em relação à destreza manual foi utilizado o resultado médio das duas
tentativas realizadas com o membro superior direito.

6.7 Análise Estatística

6.7.1 Cálculo Amostral

Previamente foi realizado um cálculo amostral com 2 crianças de cada grupo


etário. Para computar o tamanho da amostra foi considerado o teste estatístico
ANOVA one-way com efeito fixo para comparação dos grupos, considerando as
variáveis TM, Suav e EDA. Adotou-se tamanho de efeito de 0,25, poder de 0,80, com
erro probabilístico alfa de 5%, chegando ao valor de 17 indivíduos por grupo (conforme
faixa etária), totalizando 51 indivíduos.

22
6.7.2 Análise de dados

Foi utilizado o teste de Shapiro Wilk para testar a normalidade, o teste de


Levene para avaliar a homogeneidade dos dados, e o teste de Mauchly para a
esfericidade dos dados. Em caso de não normalidade dos dados, não havendo quebra
considerável deste requisito, optou-se pela realização da análise sem transformação
dos dados ou utilização de teste não-paramétrico, uma vez que os demais requisitos
fossem respeitados. Em caso de não esfericidade dos dados, utilizou-se a correção
de Greenhouse-Geisser para a análise de variância de medidas repetidas.
As variáveis de caracterização da amostra (i.e., peso, altura, IMC, TGMD-3 e
destreza manual) foram analisadas por meio de análise descritiva (i.e., média e
desvio-padrão). Para as variáveis espaciais e temporais obtidas por meio da análise
do movimento dirigido ao alvo foi realizada análise de variância para medidas
repetidas, considerando a direção do alvo (ipsilateral e contralateral) e comparando
os grupos etários. O teste post-hoc de Bonferroni ajustado foi realizado quando
necessário.
Por fim, foi realizado o teste de correlação de Pearson para verificar a relação
entre a destreza manual (avaliada pelo BBT Test) e as variáveis relacionadas ao
planejamento e execução do movimento. Esse teste indica a relação entre 2 variáveis
lineares e os valores sempre serão entre +1 e -1. O sinal indica a direção, se as
variáveis são diretamente proporcionais (+) ou inversamente proporcionais (-); e o
tamanho da variável indica a força da correlação. Então, a variável com valor de r
maior ou igual a 0,9 indica correlação muito forte; entre 0,7 a 0,89 positivo ou negativo
indica correlação forte; 0,5 a 0,69 positivo ou negativo indica correlação moderada;
0,3 a 0,49 positivo ou negativo indica correlação fraca; 0 a 0,29 positivo ou negativo
indica correlação muito fraca.(47)
Para todas as análises, o nível de significância de 0,05 foi considerado. As
análises foram feitas no Software SPSS, versão 23.0

23
7 RESULTADOS

7.1 Participantes

O recrutamento e seleção dos participantes está demonstrado no fluxograma


abaixo (Figura 3). A seguir, as características dos participantes estão descritas na
Tabela 1.

Crianças Recrutadas

62
Não-Incluídas
• Doença
Neurológica: 2
• Cardiopatia: 1

Crianças Avaliadas

59
Excluídas
• Não concluíram a
tarefa: 7
• Desistência: 2
• Dados
Crianças Incluídas incompletos: 7

43

7 anos 9 anos 11 anos

17 17 9

Figura 3. Fluxograma de recrutamento e seleção dos participantes.

Ao todo, 43 crianças foram incluídas para análise e divididas em três grupos


conforme a idade. Em ambos os grupos há predominância do sexo feminino e o IMC
é adequado para a idade (Tabela 1). Dentre as crianças excluídas, sete crianças não
conseguiram finalizar a tarefa do movimento dirigido ao alvo. Duas famílias desistiram
24
de participar do estudo e sete crianças apresentaram os questionários com dados
incompletos (faltando data de nascimento) (Figura 3).
Apesar de o cálculo amostral sugerir 17 indivíduos por grupo, o grupo de
crianças com 11 anos não pôde ser completado, pois durante a segunda fase de
coletas (isto é, primeiro semestre de 2020) a pandemia causada pelo vírus SARS-
CoV-2, que causa a COVID-19, interrompeu as aulas e não houve retorno durante
todo o ano de 2020.

Tabela 1. Características dos participantes do estudo de acordo


com a idade

Idade
Características
7 anos 9 anos 11 anos
n=17 n=17 n=9

Sexo (F) 9 11 6

Peso (kg) 28,7±10,8 33,9±8,9 41,0±9,4

Altura (cm) 121,4±31,6 135,9±7,1 152,8±9,5

IMC 17,1±4,6 18,2±3,7 17,4±2,7

TGMD-3 87,7±13,3 89,0±17,1 94,9±9,1

F= feminino, kg= quilogramas, cm= centímetros, IMC= Índice de


Massa Corporal, TGMD-3= Teste de Desenvolvimento Motor
Grosso 3° edição

Os resultados do desenvolvimento motor global estão descritos na Tabela 1 e


a distribuição de acordo com a idade e classificação normativa estão demonstradas
na figura 4. No total, 16 crianças apresentaram resultado dentro da média esperada
para a idade. A maior parte dos participantes (n=23) apresentou resultado inferior à
média esperada para a idade; somente três crianças pontuaram acima da média e
nenhuma criança atingiu o nível máximo da classificação normativa proposta no teste
(nível Dotado ou Muito avançado).

25
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Prejudicado Limite de Abaixo da Média Acima da Superior
ou atrasado prejudicado média média
ou atrasado

7 anos 9 anos 11 anos

Figura 4. Classificação normativa do Teste de Desenvolvimento Motor


Grosso – TGMD-3

7.2 Tarefa de movimento dirigido ao alvo

Os valores de média e desvio-padrão das variáveis do movimento dirigido ao


alvo e os valores dos testes estatísticos são apresentados na Tabela 2. Os gráficos
de interação são apresentados na Figura 5.

26
Tabela 2. Valores médios, desvio padrão e resultados das análises estatísticas (valores F e p) para cada fator (Idade e Direção do Movimento) e
interação entre eles (Idade vs. Direção)
Idade vs. Direção
Idade Direção do Movimento
do Movimento
Variáveis
Teste F Alvo Teste F Teste F
7 anos 9 anos 11 anos p Alvo Ipsilateral p p
1,40 Contralateral 1,40 1,40

Tempo de Reação (ms) 501±9,79 494±9,79 485±13,46 0,52 0,599 486±7,31 501±6,64 8,11 0,007* 0,20 0,816

Erro de Direção Inicial (°) 7,5±0,36 6,1±0,36 5,8±0,49 5,72 0,007* 7,7±0,34 5,2±0,33 28,13 <0,001* 1,02 0,370

Tempo de Movimento (ms) 567±27,03 500±27,03 497±37,15 1,89 0,164 557±19,23 486±17,43 59,44 <0,001* 1,54 0,227

Pico de Velocidade (cm/s) 43,4±3,31 50,2±3,31 43,6±4,54 1,24 0,300 43,4±2,14 48,1±,29 27,29 <0,001* 3,26 0,040*

Suavidade (um) 4,3±0,30 3,2±0,30 2,9±0,41 5,07 0,010* 3,5±0,21 3,4±,021 0,65 0,420 0,72 0,493

Erro de Posição Final (cm) 0,2±0,02 0,2±0,02 0,2±0,03 0,06 0,941 0,2±0,02 0,2±0,03 6,54 0,010* 1,78 0,180

Erro Variável Resultante (cm) 0,5±0,06 0,5±0,05 0,4±0,08 0,19 0,830 0,4±0,03 0,6±0,05 12,63 0,001* 0,95 0,400

Ms= milissegundos; cm/s= centímetros por segundo; um= unidades motoras; cm= centímetros

27
Figura 5. Gráficos de interação entre as variáveis da tarefa de movimento dirigido ao alvo
conforme grupos etários avaliados. A barra de erro representa o Intervalo de Confiança de 95%

28
7.2.1 Planejamento do movimento

Foi encontrada diferença entre as idades para a variável EDA (p=0,007, Tabela
2), sendo que as crianças de 7 anos tiveram maior EDA do que as crianças de 9 e 11
anos.
Já a direção do movimento influenciou o TR (p=0,007, Tabela 2) e o EDA
(p<0,001, Tabela 2). Ao realizar o movimento para o alvo ipsilateral as crianças
apresentaram maior TR, enquanto o EDA foi maior quando o movimento foi realizado
para o alvo contralateral.
Não foram encontradas interações idade vs. alvo para ambas as variáveis e não
houve diferença entre as idades para a variável TR (p>0,05, Tabela 2).

7.2.2 Execução do movimento

Houve interação na variável PV (p=0,04, Tabela 2): as crianças de 7 anos


apresentaram menor PV quando se movimentaram para o alvo contralateral (Figura 5).
Em relação à idade, a ANOVA encontrou diferença para a variável Suav (p=0,01,
Tabela 2) sendo que as crianças de 7 anos foram menos suaves, ou seja, realizaram
mais correções do que as crianças de 9 e 11 anos.
Diferença estatística entre os alvos foi encontrada para as variáveis TM (p<0,001),
PV (p<0,001), ECR (p=0,010), e EVR (p<0,001) (Tabela 2). Quando as crianças
realizaram o movimento para o Ipsilateral apresentaram maior PV, ECR e EVR; e o TM
foi maior para o alvo contralateral.
Não foram encontradas diferenças entre as idades para as variáveis TM, PV, ECR
e EVR (p>0,050, Tabela 2); a variável Suav foi similar entre os alvos (p>0,05, Tabela 2),
e não houve interação idade vs. alvo para as variáveis Suav, TM, EVR e EVR (Tabela 2
e Figura 5).

7.3 Relação entre o desempenho do membro superior durante o movimento


dirigido ao alvo e a destreza manual

Os resultados do teste de correlação são apresentados na Tabela 3. Não foram


encontradas correlações entre as variáveis do movimento dirigido ao alvo e a destreza

29
manual. Os valores de média e desvio padrão para o BBT foram: 42,7±1,91 para as
crianças de 7 anos, 47,3±1,17 para crianças de 9 anos e 52,5±1,76 para crianças de 11
anos.

Tabela 3. Resultados do Teste de Correlação entre a destreza


manual e as variáveis da tarefa de movimento dirigido ao alvo
Controle de
Variáveis Objetos
r p
Pico de Velocidade Alvo Contralateral -0,05 0,730
Pico de Velocidade Alvo Ipsilateral 0,05 0,770
Suavidade Alvo Contralateral -0,29 0,060
Suavidade Alvo Ipsilateral -0,2 0,200
Erro de Direção Inicial Alvo Contralateral -0,11 0,490
Erro de Direção Inicial Alvo Ipsilateral -0,14 0,360

30
8 DISCUSSÃO

O objetivo geral deste estudo foi avaliar as características do planejamento motor


e da execução do movimento dirigido ao alvo em diferentes grupos etários. De forma
específica, buscou-se: (a) avaliar as características espaciais e temporais do movimento
dirigido ao alvo em diferentes grupos etários; (b) verificar se a direção do movimento
modificaria o planejamento motor e o desempenho do membro superior durante o
movimento dirigido ao alvo; (c) verificar a relação entre o desempenho do membro
superior durante o movimento dirigido ao alvo e a destreza manual.
Dentre as 59 crianças avaliadas, 43 tiveram seus dados incluídos para análise.
Durante a realização dos testes, sete crianças não conseguiram concluir a tarefa, sendo
seis crianças de 7 anos e uma de 9 anos. Em grande parte, as crianças apresentaram
dificuldade considerável para compreender a tarefa ou para sustentar a atenção
necessária para sua execução. O primeiro ano escolar (o qual as crianças de 7 anos
participam) pode ser desafiador para algumas crianças no que diz respeito à demanda
de atenção e realização das atividades propostas, além da adaptação social à rotina da
sala de aula e aos novos colegas e professor; entretanto, achamos esse dado
discrepante das demais crianças analisadas, já que uma grande quantidade de crianças
de 7 anos foi capaz de realizar a tarefa sem qualquer dificuldade. Coincidentemente, ao
relatar o caso para a coordenação da escola, fomos informados de que tais crianças
apresentavam participação e rendimento abaixo do esperado nas aulas. Infelizmente,
não tivemos acesso a dados que nos permitissem analisar essa informação de maneira
mais específica. Importante ressaltar que nesse período escolar as queixas relacionadas
ao rendimento podem indicar transtornos do desenvolvimento, e é importante que as
crianças sejam acompanhadas por profissionais especializados, o que nem sempre é
possível através da rede de atenção básica. Os casos foram discutidos com a
coordenação e, em caso de suspeita de algum transtorno por parte da equipe escolar,
foi oferecida a possibilidade de avaliação no ambulatório de Psiquiatria da Universidade
Federal de São Paulo. Além dessas questões, destacamos que aos sete anos as
crianças não são ainda capazes de separar informações relevantes e não relevantes do
ambiente, apresentando também ineficiência no que diz respeito ao uso da memória
operacional(48).

31
Em relação às características da amostra, observou-se maioria de meninas nos
grupos de 9 e 11 anos e IMC adequado para a idade. Apesar de haver na literatura
indícios de que meninas podem ter habilidades de controle manual superior em
comparação aos meninos, sugere-se que tais diferenças não são consideráveis e que
não necessitam de atenção especial por parte dos profissionais.(17)
Observou-se também que uma quantidade considerável de crianças apresentou
resultados de desenvolvimento motor global, avaliado por meio do TGMD-3, abaixo do
esperado para a idade, ou até mesmo com atraso motor. Estudos(49, 50)
vêm
demonstrando que a competência motora (i.e., a capacidade de atender a uma demanda
motora específica)(1) em crianças tem ficado abaixo do esperado, em alguns casos com
apenas cerca de metade das crianças apresentando os níveis adequados de
competência esperada para idade.(51) A pobre oportunidade de práticas físicas costuma
ser citada como fator que influencia negativamente o desenvolvimento motor global,(52,
53)
mas isso ainda não é consenso.(54) Bernett e colaboradores (2016)(55) encontraram
outros fatores que podem estar associados à baixa competência motora em crianças e
adolescentes, tais como o aumento de peso e baixa condição socioeconômica. Embora
neste estudo não foram controlados dados socioeconômicos, dada a região a qual a
escola está situada, podemos supor que os participantes não fazem parte de um grupo
com altos níveis socioeconômicos.
Para além dessas questões é importante ressaltar que o TGMD-3 avalia as
habilidades motoras fundamentais, dentre as quais estão as habilidades de locomoção
e controle de objetos. Principalmente no que diz respeito à habilidade de controle de
objetos, há uma série de tarefas às quais nem sempre as crianças são expostas, seja
por questões culturais (por exemplo, a habilidade de rebater uma bola com um bastão,
utilizado no baseball, esporte pouco praticado no Brasil) ou pela ausência nas práticas
escolares. Durante a administração do teste, com frequência as crianças relataram
nunca ter realizado determinada tarefa. Uma vez que tais habilidades não se
desenvolvem naturalmente,(1) parte da dificuldade pode ser explicada por esse fator. De
qualquer forma, ressalta-se que os resultados obtidos nesse estudo dizem respeito a
uma população com as características acima descritas, não devendo ser extrapolados
para crianças com altos níveis de competência motora. Por outro lado, dados de estudos
frequentes em que crianças e adolescentes avaliados não alcançaram o nível adequado
de habilidades motoras para a idade, a amostra deste estudo pode ser representativa da
população em questão.

32
Na tarefa de movimento dirigido ao alvo a idade influenciou o planejamento do
movimento e sua execução, conforme nossa hipótese inicial. Em nossos resultados
crianças de 7 anos tiveram maior EDA do que as crianças de 9 e 11 anos, demonstrando
que as crianças de 7 anos não tiveram um planejamento motor tão eficiente quanto o
das crianças mais velhas. Isso pode ser comprovado quando observamos a execução
do movimento (i.e., a Suav), pois as crianças de 7 anos realizaram mais correções online
do que as crianças de 9 e 11 anos, evidenciando que o plano motor inicial não foi
suficiente para a realização da tarefa. Esses achados vão ao encontro ao que está
descrito na literatura(4, 14, 15, 19)
e estão relacionados ao desenvolvimento do sistema
nervoso central, que com o passar do tempo, está mais apto para utilizar as informações
internas (tais como posição dos membros) e externas (características do ambiente e da
tarefa) para planejar o movimento. Estudos realizados por Yan e colaboradores (2000,
2003)(14, 15) também encontraram que antes dos 8 anos de idade as crianças planejam o
movimento de forma ineficiente e utilizam informações proprioceptivas para realizar
correções durante a sua execução.
Diferenças entre as idades não foram observadas no TR, TM, PV, ECR e EVR.
Ao investigar variáveis temporais (TR e TM) e a acurácia durante uma tarefa de alcance
realizada por crianças e adultos, Favilla (2006)(19) encontrou diminuição do TR
exatamente entre 6 e 7 anos, seguida por estabilização dessa variável até a idade adulta.
Já em relação à acurácia, foi observada melhora entre 7 e 8 anos, seguida por
estabilização. O TM foi similar durante todas as faixas etárias investigadas. O estudo de
Favilla (2006) indica que a partir de 7 anos é esperada estabilidade nessas variáveis, e
apesar de haver um padrão de melhora ao longo do desenvolvimento (vide figura 5) as
mudanças serão pequenas. Isso pode explicar o motivo pelo qual as crianças em nosso
estudo, independentemente da idade, realizaram a tarefa com tempo, acurácia e
precisão semelhantes. É importante ressaltar que embora o desempenho do membro
superior nas variáveis TR, TM, PV, ECR EVR tenha sido similar entre as idades, a
disposição e condições motoras para a realização da tarefa foram diferentes. Isso porque
as crianças de 7 anos levaram mais tempo (cerca de 20 minutos a mais) para completar
o experimento, pois necessitaram de mais pausas entre as tentativas para descanso do
membro superior. Infelizmente as pausas não foram controladas como parte da coleta,
o que inviabilizou uma análise específica para comparação entre os grupos. Um aspecto
que pode ter influenciado nesse ponto é a necessidade de preensão de uma ponteira
para a realização da tarefa. Embora a preensão não tenha sido estabelecida durante a

33
avaliação, as crianças menores podem ter mais dificuldade em manter a posição da mão
e dos dedos por um tempo prolongado, favorecendo maior cansaço e necessidade de
repouso.
Esses achados demonstram que, apesar de as crianças de 7 anos não planejarem
de forma tão eficiente o movimento, as correções realizadas durante a execução são
suficientes para que elas sejam tão acuradas e precisas quanto as crianças de 9 e 11
anos, independentemente do tempo utilizado para planejar e executar a tarefa. Sendo
assim, é possível dizer que independentemente da idade, a partir de 7 anos as crianças
serão capazes de alcançar os objetivos da tarefa de maneira similar, diferindo nos
mecanismos utilizados para que esses objetivos sejam alcançados. Crianças menores
utilizarão mais informações sensoriais (internas e externas) para corrigir o movimento
durante a sua execução, enquanto crianças maiores serão capazes de predizer de forma
mais eficiente. Tal padrão é evidenciado quando há restrição da tarefa: em nosso estudo
as crianças de 7 anos apresentaram menor pico de velocidade ao realizar o movimento
para o alvo contralateral.
A direção do movimento influenciou tanto o planejamento quanto a execução do
movimento, independentemente da idade. Porém, diferente da hipótese inicial, ao
realizar o movimento para o alvo ipsilateral as crianças apresentaram valores maiores
de TR, PV, ECR e EVR em comparação ao alvo contralateral. Em contrapartida, maiores
valores de EDA e TM foram observados quando o movimento foi realizado para o alvo
contralateral. Tais achados fogem em alguns aspectos do que é citado na literatura;
estudos apontam que movimentos realizados com o membro superior dominante para
alvos ipsilaterais tendem a apresentar menor TR, TM, maior PV e maior acurácia em
comparação a alvos contralaterais.(34) Em nosso estudo o TR foi maior quando o
movimento foi realizado para o alvo ipsilateral; isso pode demonstrar que as crianças
levaram mais tempo para organizar uma estratégia para se movimentar nessa direção,
o que foi efetivo, já que o EDA foi menor. Outra hipótese é apresentada por Elliot e
colaboradores (1993):(56) ao investigar indivíduos adultos que realizaram movimentos
dirigidos a diferentes alvos com o membro superior dominante e não-dominante, os
autores observaram que o tempo para início do movimento foi maior quando o
movimento foi realizado com a mão direita (dominante). A partir dos resultados, os
autores sugerem que há superioridade do hemisfério cerebral direito no processo de
percepção do ambiente e planejamento motor para realizar a tarefa; em contrapartida, o
hemisfério esquerdo estaria mais envolvido na execução do movimento. Tal hipótese

34
justifica o maior tempo necessário para o planejamento do movimento encontrado em
nossos resultados, já que a tarefa foi realizada com o membro superior direito
(dominante), o que exigiria maior atividade do hemisfério cerebral direito e ainda a
projeção da informação para o hemisfério cerebral esquerdo, responsável por controlar
os movimentos nesse hemicorpo; no entanto, mesmo a execução do movimento não foi
desempenhada de forma satisfatória uma vez que os valores de ECR e EVR foram
maiores no movimento para o alvo ipsilateral. Nesse ponto, acreditamos que ao
desempenhar o movimento com maior pico de velocidade e menor tempo de movimento
(como é esperado de acordo com estudos anteriores)(34, 57)
as crianças não foram
capazes de realizar as correções necessárias para manter a acurácia e precisão do
movimento.
Outra possível explicação envolve aspectos biomecânicos necessários para a
realização do movimento. Estudo realizado por Bagesteiro (2000)(34) investigou aspectos
cinemáticos e a coordenação interarticular durante a realização de movimentos de
alcance para alvos ipsi e contralaterais em crianças de 6 anos e adultos jovens. Os
resultados obtidos demonstraram que ao realizar movimentos para o alvo ipsilateral as
crianças apresentaram menor excursão do ombro e maior excursão do cotovelo; já para
o alvo contralateral observou-se grande excursão do ombro e menor excursão do
cotovelo. Uma vez que ao longo do desenvolvimento o controle das articulações
proximais se dá antes do controle de articulações distais (tais como cotovelo e punho),(34,
58)
a maior amplitude de movimento do cotovelo pode requerer maior controle e precisão
por parte do sistema motor, o que pode impactar na acurácia e precisão da tarefa.
EDA e TM foram maiores quando o movimento foi realizado para o alvo
contralateral. Durante o planejamento do movimento as crianças utilizaram menor TR ao
movimentarem-se para o alvo contralateral, o que não foi uma estratégia eficiente
inicialmente, já que o plano de movimento inicial não foi tão adequado (por isso, maior
EDA). Dessa forma, maior tempo de movimento foi necessário para corrigir a trajetória e
manter a acurácia e a precisão – o que foi alcançado. Ainda, movimentar o membro
superior como um todo, a partir de movimentos do ombro, pode requerer maior tempo
de movimento.
Por fim, não foi encontrada correlação entre a destreza manual e as variáveis
analisadas (Suav, EDA e PV para ambas as direções do alvo), ao contrário do que
esperávamos. Assim como as estratégias de planejamento motor e execução do
movimento, estudos sugerem que a destreza manual melhora ao longo do

35
desenvolvimento.(22, 34, 59) Em nosso estudo, é possível observar melhora da destreza
manual conforme o aumento da idade, porém tal melhora não teve relacionamento com
as variáveis investigadas. A nossa hipótese para esse resultado é que as variáveis EDA,
Suav e PV dizem respeito à maneira como o movimento foi realizado, de forma que a
qualidade para planejar e executar o movimento são analisadas de forma minuciosa. Por
outro lado, o teste escolhido para analisar a destreza manual preza somente pelo
resultado obtido, i.e., a quantidade de blocos que foram transportados de um lado a
outro, independentemente da estratégia utilizada para que a tarefa fosse executada.
Em nossos resultados as crianças foram capazes de cumprir a tarefa de
movimento dirigido ao alvo com acurácia e precisão semelhantes, embora tenham
utilizado estratégias diferentes para planejar e executar o movimento. Dessa forma, é
possível que estratégias diferentes tenham sido utilizadas pelas crianças para que os
blocos fossem transportados, no entanto, o teste não foi sensível a tais alterações.
Sugerimos que sejam utilizados testes que avaliem não somente o produto, mas sim a
qualidade com que o movimento é executado, a fim de obter informações mais
detalhadas.
Para além dos resultados de correlação, buscamos na literatura informações
sobre o nível de destreza manual esperado de acordo com a idade, uma vez que o BBT
não fornece resultado classificatório. Encontramos que os valores médios da nossa
amostra estão abaixo do esperado de acordo com estudos de dados normativos
consultados.(20, 60, 61)
Estudo que avaliou habilidades motoras finas em crianças
encontrou resultados abaixo do esperado para idade.(22) Os autores apontam as
mudanças ambientais e culturais como possíveis causas para estes resultados. Fatores
como menos exposição à atividade física, uso excessivo de telas e diminuição de
brincadeiras que desenvolvem a motricidade fina (tais como brinquedos de encaixe) são
trazidos à tona. No entanto, mais pesquisas são necessárias para compreender as reais
causas de encontrarmos valores abaixo do esperado para idade, seja em habilidades
motoras grossas ou finas.

8.1 Implicações práticas e clínicas

Os resultados desse estudo fornecem maior compreensão sobre como o sistema


se organiza para executar tarefas de movimento dirigido ao alvo específico no espaço

36
utilizando movimento balístico. Há indícios de que essa organização se dá de forma
diferente entre as idades e também é influenciada por restrições da tarefa, como a
direção do movimento.
Do ponto de vista clínico, estudos com populações específicas são necessários.
Mas durante o atendimento de crianças nessa faixa etária, é possível esperar que
crianças menores utilizarão mais correções durante a execução do movimento para
cumprir o objetivo da tarefa, enquanto crianças maiores conseguirão planejar e antecipar
de forma mais eficiente. Isso possibilita o uso de estratégias que favoreçam o
desempenho, como o acréscimo de informações sensoriais para que o sistema se
planeje melhor e seja capaz de corrigir o movimento de forma mais eficiente.
Incluir a direção do movimento como uma restrição na tarefa pode favorecer o uso
de articulações proximais (alvo contralateral), favorecendo a acurácia e precisão, ou
enfatizando o uso de articulações distais (alvo ipsilateral), com perda na acurácia e
precisão, mas incremento de velocidade durante a execução do movimento.

8.2 Limitações do estudo e sugestões para estudos futuros

Apontamos como limitações deste estudo a não utilização de teste de rastreio


para habilidades de atenção e concentração nos participantes; essa informação
permitiria traçar melhor o perfil dos indivíduos analisados e poderia servir como critério
de participação no estudo. As pausas e nível de cansaço não foram controlados pelo
avaliador, inviabilizando a comparação do desempenho físico entre os grupos
analisados. Ainda, a ausência de análise cinemática inviabilizou a comparação mais
detalhada entre os grupos. Por fim, a escolha do BBT para análise da destreza manual
não permitiu avaliar a qualidade com a qual o movimento foi realizado, permitindo que
somente o produto fosse analisado.
Sugerimos que em estudos futuros esses fatores sejam levados em consideração.
Estudos que comparem diferentes grupos socioeconômicos e controlem questões como
tempo de exposição a telas e nível de atividade física fornecerão dados que podem
ajudar a compreender questões levantadas acima.

37
9 CONCLUSÃO

Crianças de 7 anos planejaram o movimento de forma menos eficiente e


realizaram mais correções durante sua execução do que as crianças de 9 e 11 anos. A
direção do movimento influenciou o planejamento e a execução do movimento. Ao
movimentarem-se para o alvo ipsilateral as crianças levaram mais tempo para planejar
o movimento e menor tempo para executá-lo, o que interferiu negativamente na acurácia
e precisão da tarefa. Já os movimentos realizados para o alvo contralateral foram
planejados com menor eficiência, o que demandou maior tempo para sua execução. Não
foram encontradas correlações entre a destreza manual e as variáveis de desempenho
do movimento dirigido ao alvo.

38
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early adolescence: A 3-year cohort study. PLoS One. 2020;15(3):e0229305.

54. Mellina Maria Lago Manso S, Maria Teresa C, Carlos Bandeira Mello M, Mariana
T, Alessandro Hervaldo Nicolai R. Physical activity and motor competence in childhood.
Journal of Physical Education. 2019;30(1).

55. Barnett LM, Lai SK, Veldman SLC, Hardy LL, Cliff DP, Morgan PJ, et al.
Correlates of Gross Motor Competence in Children and Adolescents: A Systematic
Review and Meta-Analysis. Sports Med. 2016;46(11):1663-88.

56. Elliott D, Roy EA, Goodman D, Carson RG, Chua R, Maraj BKV. Asymmetries in
the preparation and control of manual aiming movements. Canadian Journal of

42
Experimental Psychology/Revue canadienne de psychologie expérimentale.
1993;47(3):570-89.

57. Carey DP, Hargreaves EL, Goodale MA. Reaching to ipsilateral or contralateral
targets: within-hemisphere visuomotor processing cannot explain hemispatial
differences in motor control. Experimental Brain Research. 1996;112(3):496-504.

58. Konczak J, Borutta M, Topka H, Dichgans J. The development of goal-directed


reaching in infants: hand trajectory formation and joint torque control. Experimental
Brain Research. 1995;106(1):156-68.

59. Jongbloed-Pereboom M, Sanden MWGN-vd, Steenbergen B. Norm scores of the


box and block test for children ages 3-10 years. AJOT: American Journal of
Occupational Therapy. 2013;67:312+.

60. espinosa L, Ortiz-Corredor F, Eslava-Schmalbach J, Mendoza-Pulido C.


Validación y estandarización de valores normales de la prueba de caja y cubos en
niños. Revista de Salud Pública. 2014;16:418-30.

61. Mathiowetz V, Federman S, Wiemer D. Box and Block Test of Manual Dexterity:
Norms for 6–19 Year Olds. Canadian Journal of Occupational Therapy. 1985;52(5):241-
5.

43
ANEXO 1 - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

UNIFESP - HOSPITAL
SÃO PAULO -
HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DA
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SÃO
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa: Desenvolvimento de Habilidades Motoras Grossas e Habilidades Manuais em


Escolares

Pesquisador: Danielle Silva Viegas de Oliveira

Área Temática:

Versão: 2

CAAE: 13744619.5.0000.5505
Instituição Proponente: Universidade Federal de São Paulo

Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DO PARECER
Número do Parecer: 3.528.124

Apresentação do Projeto:
Projeto CEP/UNIFESP n:0563/2019 (parecer final)
Trata-se de Projeto de mestrado de Danielle Silva Viegas de Oliveira. Orientadora: Profª Drª Cristina
dos Santos Cardoso de Sá. Coorientação: Profª Drª Sandra Regina Alouche; Projeto vinculado ao
Departamento de Ciências do Movimento Humano, Campus Baixada Santista, UNIFESP.

-As informações elencadas nos campos "Apresentação do Projeto", "Objetivo da Pesquisa" e


"Avaliação dos Riscos e Benefícios" foram retiradas do arquivo Informações Básicas da Pesquisa
(PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_PROJETO_1304183.pdf, gerado em 14/5/2019)

APRESENTAÇÃO: O desenvolvimento motor ocorre de forma intensa nos primeiros anos de vida;
durante esse processo novas funções são adquiridas e aprimoradas. Inicialmente desenvolvemos
padrões de movimento simples e desorganizados, que aos poucos vão se tornando mais complexos
e elaborados. Normalmente, habilidades motoras grossas são desenvolvidas (como a locomoção, o
equilíbrio e a manipulação) para em seguida habilidades específicas serem conquistadas, como é o
caso de várias tarefas realizadas com os membros superiores. No entanto,

Endereço: Rua Francisco de Castro,


55 CEP: 04.020-
Bairro:
UF: VILA CLEMENTINO
SP Município: SAO PAULO 050
Telefone: (11)5571-1062 Fax: (11)5539-7162 E-mail: cep@unifesp.edu.br

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ANEXO 2 - DOCUMENTOS DE ANÁLISE E AUTORIZAÇÃO DA DIRETORIA
REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE ITAQUERA
APÊNDICE 1 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Nome do voluntário: _________________________________________________


Nome do responsável: _______________________________________________
Telefones para contato: ______________________________________________
Endereço: ____________________________________________Nº: __________
Complemento:__________ Bairro: _______________Cidade: ________________

1- Seu filho (a) está sendo convidado a participar da pesquisa


“DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS GROSSAS E HABILIDADES
MANUAIS EM ESCOLARES”.
O desenvolvimento motor é caracterizado pelo aprendizado e refinamento de
atividades amplas (como andar, correr e pular) e habilidades finas, como as atividades
usando a mão e o braço; o desenvolvimento dessas atividades pode ser influenciado
pelos estímulos do ambiente (como atividades oferecidas à criança em seu dia a dia).
Dessa forma, baixa oferta de atividades físicas pode atrasar ou tornar mais difícil o
desenvolvimento motor da criança. Por outro lado, atividades com aspecto sedentário,
que envolvem as brincadeiras com aparelhos eletrônicos podem estimular a aquisição
das habilidades manuais. Sendo assim, o objetivo principal desse estudo é avaliar a
destreza manual e comparar com o nível de habilidade motora grossa e nível de
atividade física em crianças em idade escolar. Estes resultados auxiliarão os pais e
profissionais a buscarem atividades que estimulem de forma adequada o
desenvolvimento motor das crianças, conforme sua real necessidade. Esperamos
colaborar com a diminuição do sedentarismo infantil e a programação de atividades
que explorem a capacidade motora da criança como um todo.
Para isso, avaliaremos crianças de ambos os sexos, com idade de 5, 7, 9 e 10
anos que aceitem participar do estudo. Os participantes serão distribuídos em grupos
conforme a sua idade e realizaram testes para verificar os itens acima. o estudo será
realizado no laboratório de análise do movimento da Universidade Cidade De São
Paulo (UNICID).
Inicialmente os pais preencherão um questionário com informações gerais da
criança, e em seguida um questionário para verificar o nível de atividade física. Em
seguida, as crianças realizarão um teste composto por 13 tarefas motoras, que
envolvem atividades como correr, pular, chutar e arremessar uma bola. O teste é
realizado em 20 minutos. Para avaliar as mãos e braços, as crianças realizarão um
teste no qual pequenos blocos de madeira devem ser transportados de um
compartimento a outro por um período de 60 segundos (Teste de caixas e blocos).
Por último, avaliaremos o movimento dirigido ao alvo; para isso, a criança ficará
sentada diante de um monitor e deverá realizar movimentos dirigidos a um alvo sobre
uma mesa digitalizadora.
Todos os testes serão filmados para análise posterior; toda a avaliação deve
levar cerca de 60 minutos.
2- Desconfortos e riscos esperados nos procedimentos: os testes realizados
não impõem riscos à saúde de seu filho; pode ser esperado leve cansaço após
realização dos testes motores.
3- Benefícios para o participante: não há benefício direto para o participante e
não existe nenhum tipo de seguro de saúde ou de vida que possa vir a me beneficiar
em função de minha participação no estudo;
Direitos do Participante
a- Direito de confidencialidade: as informações obtidas serão analisadas em
conjunto com as de outros voluntários, e sua identificação ou de seu(sua) filho(a) não
será divulgada;
b- É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento
do estudo, sem nenhuma penalização e sem qualquer prejuízo à continuidade de suas
atividades escolares;
c- O pesquisador utilizará os dados e os materiais coletados somente nesta
pesquisa.
d- Caso seja necessário, seu filho terá assistência permanente durante o
estudo, ou mesmo após o término deste estudo.
e- Se ocorrer qualquer problema ou dano pessoal, o(a) sr(a) e seu(sua) filho(a)
terão garantidos os direitos a tratamento imediato e gratuito na instituição. e se o dano
for decorrente da pesquisa, o(a) sr.(a) e seu(sua) filho(a) terão direito a indenização
determinada por lei.
f- Despesas e compensações: Todos os gastos relacionados com o
desenvolvimento da pesquisa serão de total responsabilidade dos pesquisadores. Não
há despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo, incluindo todas
as avaliações que serão realizadas. Também não há compensação financeira
relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será
absorvida pelo orçamento da pesquisa.
g- O participante e seu responsável têm direito de serem mantidos atualizados
sobre os resultados parciais das pesquisas, quando em estudos abertos, ou de
resultados que sejam do conhecimento dos pesquisadores;
h- O participante terá o direito, quando solicitado, de saber os resultados e
conclusões finais do estudo.
i- Garantia de acesso: em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos
profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas.
A principal investigadora é Danielle Silva Viegas de Oliveira, aluna de mestrado sob
orientação da Profª Drª Cristina dos Santos Cardoso de Sá, que podem ser
encontradas no endereço Rua Silva Jardim 136, Bairro Vila Mathias, Santos/SP,
Telefone (13) 3878-3700. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética
da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Unifesp (CEP)
– Rua Professora Francisco de Castro, 55 – CEP: 04020-050 – Vila Clementino -
Telefone: (11) 5571-1062, FAX: (11) 5539-7162 – E-mail: cep@unifesp.edu.br
j- Esse termo foi elaborado em duas vias, as quais devidamente assinadas,
ficará uma com o participante e outra com o pesquisador.
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li
ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo “DESENVOLVIMENTO DE
HABILIDADES MOTORAS GROSSAS E HABILIDADES MANUAIS EM
ESCOLARES”.
Eu discuti com a aluna Danielle Silva Viegas de Oliveira sobre a minha decisão
em participar desse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do
estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as
garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro
também que minha participação e de meu(minha) filho(a) são isentas de despesas e
que temos garantia do acesso a tratamento hospitalar quando necessário. Concordo
voluntariamente com a minha participação e de meu(minha) filho(a) neste estudo e
poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo,
sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que possamos ter
adquirido, ou no nosso atendimento neste Serviço.
Fui informado de que o experimento não trará nenhum risco para a saúde de
meu (minha) filho(a), e que a identidade dele(a) ou a minha não serão reveladas;

Nome do participante:
____________________________________________________

Assinatura do participante / representante legal:


__________________________________________________________

Data ____/_____/_____

Nome do pesquisador/testemunha:
__________________________________________________________
Assinatura da testemunha:
__________________________________________________________

Data ____/_____/_____

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e


Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo.
E me comprometo a cumprir tudo o que está descrito neste termo.
Nome do pesquisador:
__________________________________________________________

Assinatura do responsável pelo estudo:


__________________________________________________________

Data_____/_____/_____
APÊNDICE 2 - TERMO DE ASSENTIMENTO

Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

Você está sendo convidado a participar da pesquisa “DESENVOLVIMENTO


DE HABILIDADES MOTORAS GROSSAS E HABILIDADES MANUAIS EM
ESCOLARES”. O objetivo dessa pesquisa é avaliar o desenvolvimento motor
(incluindo atividades motoras grossas e atividades motoras realizadas com as mãos)
e o nível de atividade física das crianças em idade escolar.
Para esse estudo, vamos avaliar crianças (meninos e meninas) com idade de
5, 7, 9 e 10 anos, que aceitem participar do estudo. Este estudo acontecerá no
Laboratório de Análise do Movimento da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID).
Inicialmente seu pai ou responsável preencherá um questionário com
informações gerais sobre você e em seguida outro questionário que irá avaliar quanto
de atividade física você realiza durante a semana. Em seguida, você vai participar de
uma avaliação para verificar a atividade motora grossa. Para isso, usaremos um teste
que inclui 13 tarefas motoras com atividades como correr, pular, chutar e arremessar
uma bola. A seguir, para avaliar as mãos e braços faremos um teste no qual pequenos
blocos de madeira devem ser levados de um compartimento a outro por um período
de 60 segundos (Teste de caixas e blocos). Por último, faremos uma atividade em
uma mesa digitalizadora; você ficará sentado(a) diante de um monitor e deverá
realizar movimentos dirigidos a um alvo.
A realização deste estudo não impõe riscos à sua saúde. Em caso de qualquer
problema, você receberá assistência imediatamente.
Sua identificação não será divulgada.
Seu responsável está sabendo a respeito da pesquisa e autorizou sua
participação. Sua participação nessa pesquisa é voluntária, e caso você não queira
participar ou queira deixar o estudo, poderá sair da pesquisa a qualquer momento,
sem qualquer punição por isso.

Declaração do participante
Eu ______________________________________ aceito participar do
trabalho sobre “DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS GROSSAS E
HABILIDADES MANUAIS EM ESCOLARES”, em que farei testes para verificar o meu
desenvolvimento motor e o movimento de alcance.
Declaro que a pesquisadora Danielle Silva Viegas de Oliveira me explicou todas
as questões sobre o estudo que vai acontecer. Compreendi que não sou obrigado(a)
a participar da pesquisa, eu decido se quero ou não participar.
Dessa forma, concordo livremente em participar dos encontros para que os
testes sejam feitos, sabendo que posso desistir a qualquer momento, se assim
desejar.

São Paulo, ______ de _____________________ de_________.


_______________________________________________
Participante da pesquisa
________________________________________________
Pai ou responsável
_________________________________________________
Pesquisador responsável
Danielle Silva Viegas de Oliveira
Telefone para contato: 11-9-8250-9062
E-mail para contato: danielleviegas.oliveira@gmail.com
APÊNDICE 3 - FORMULÁRIO DO TESTE DE DESENVOLVIMENTO MOTOR
GROSSO – TERCEIRA EDIÇÃO (TGMD-3) – tradução livre realizada pelas
pesquisadoras

Teste de Desenvolvimento Motor Grosso – Terceira Edição

Formulário de Registro do Examinador - Idades 3.0 até 10.11

Nome do Examinador _________________________________________

Título do Examinador _________________________________________

Escola______________________________________________________

Seção 1. Informações de Identificação

Nome:_________________________________________ Feminino Masculino

Ano Mês Dia

Data do teste ______ _________ ______

Data de Nascimento ______ _________ ______

Idade * ______ _________ ______

*Quando acessar as tabelas normativas, utilize anos e meses. Não faça arredondamentos.

Mão dominante Ou preferida Direita Esquerda Não estabelecido

Pé dominante Ou preferido Direita Esquerda Não estabelecido

Seção 2. Performance nos Subtestes

Subteste Pontuação Idade Ranqueamento Pontuação ______% Termo Diferença entre


Bruta Equivalente em percentil Escalada Intervalo descritivo as pontuações
de escaladas
Confiança
Locomoção _____ _____ _____ _____ ____ a
____
Controle de
Objetos _____ _____ _____ _____ ____ a
____
Soma da pontuação escalada: ______ ____Não importante ____ Estatística (3 ou mais) ____Clínica (6 ou mais)

Seção 3. Performance composta

Soma da Ranqueamento Índice Motor _____% Intervalo Termo descritivo


Pontuação em percentil Bruto de Confiança
Escalada
Motor bruto ____ a ____

Seção 4. Termos descritivos


Pontuação 1–3 4–5 6–7 8 – 12 13 – 14 15 – 16 17 – 20
Escalada
Termo Prejudicado Limite de Abaixo da Média Acima da Superior Dotado ou
descritivo ou Atrasado prejudicado Média Média muito
ou atrasado avançado
Pontuação <70 70 – 79 80 – 89 90 – 109 110 – 119 120 – 129 >129
Índice

Seção 5. Administração e Diretrizes de Pontuação

• Instruções para todos os itens de teste devem ser precedidas de uma boa demonstração da habilidade desejada, o que inclui
todos os critérios de performance. Após, dê à criança uma tentativa prática, seguida por duas tentativas que você pontua. Se
estiver incerto se a criança performou os critérios de desempenho corretamente, administre um novo ensaio, olhe somente
para esses critérios, e pontue-os.
• Pontue cada critério de desempenho como:
o 1 = Executa corretamente 0 = Não executa corretamente
• Pontuações de critério de desempenho são calculadas pela soma das pontuações da Tentativa 1 e da Tentativa 2 para cada
critério de desempenho.
• Pontuações de habilidade são calculadas pela soma de todas as pontuações de critério de desempenho para cada habilidade.
• A Pontuação locomotora total bruta é calculada pela soma das 6 pontuações de habilidade locomotora.
• A Pontuação de habilidade com bola total bruta é calculada pela soma das 7 pontuações de habilidade com bola.
Seção 6. Registro do desempenho por item

Subteste Locomotor
Habilidade Materiais Direções Critério de desempenho Tentativa 1 Tentativa 2 Pontuação
1. Correr 18,3 metros Posicione os dois cones a 1. Braços se movem em oposição à perna com
de espaço 15,2 metros de distância um cotovelos flexionados.
livre e dois do outro. Tenha certeza de
cones ou ter de 2,4 a 3,1 metros de 2. Pequeno período em que os dois pés se
marcadores espaço atrás do cone para encontram fora da superfície
uma parada segura. Diga 3. Aterrissagem com parte do pé, calcanhar ou
para a criança correr de um ponta do pé, no solo (i.e., os pés não tocam
cone ao outro quando você chapados o chão).
disser “Vai”. Repita uma 4. Perna que não é de apoio flexionada cerca de
segunda tentativa. 90° (i.e., perto das nádegas)
Pontuação da habilidade
2. Galopar 7.6 metros de Posicione os dois cones à 1. Braços flexionados e balançando para a frente
espaço livre, uma distância de 7,6 metros 2. Um passo adiante com o pé condutor, seguido
e dois cones entre eles. Diga para a pelo outro pé, que pousa ao lado, ou um pouco
ou criança galopar de um cone atrás do pé condutor (não à frente do pé
marcadores ao outro e parar. Repita uma condutor).
segunda tentativa. 3. Pequeno período em que os dois pés se
encontram fora da superfície
4. Mantém um padrão rítmico por 4 galopadas
consecutivas.
Pontuação da habilidade
3. Pulo com No mínimo Coloque os cones com 4.6 1. A perna que não está pulando balança para
uma perna 4,6 metros de metros de distância entre frente em um padrão pendular para produzir força
só espaço livre, eles. Diga para a criança 2. O pé que da perna que não pula segue atrás da
dois cones ou pular com um único pé perna que pula (não passa à frente)
marcadores quatro vezes com seu pé 3. Braços flexionam e balançam para frente para
dominante (estabelecido produzir força
antes do teste). Repita uma 4. Pula quatro vezes consecutivas com o pé
segunda tentativa. dominante antes de parar.
Pontuação da habilidade
4. Pulos No mínimo Coloque os cones com 9,1 1. Um passo a frente seguido de um pulo com o
alternando de 9,1 metros metros de distância entre mesmo pé.
as pernas de espaço eles. Marque duas linhas a 2. Braços estão flexionados e se movem em
livre e dois pelo menos 9,1 metros de oposição às pernas para produzir força.
cones ou distância com 3. Completa quatro pulos alternados contínuos e
marcadores cones/marcadores. Diga para rítmicos.
a criança pular de forma
alternada de um cone ao
outro. Repita uma segunda
tentativa.
Pontuação da habilidade
5. Pulo No mínimo Marque uma linha de início 1. Antes do pulo, ambos os joelhos estão
horizontal de 3,1 metros no chão, tablado ou carpete. flexionados e o braços estendidos atrás das costas.
de espaço Posicione a criança atrás da 2. Braços se estendem com força para frente e
livre e fitas ou linha. Peça para a criança para cima, passando acima da cabeça.
marcadores pular o mais longe possível. 3. Ambos os pés saem do chão e pousam juntos.
Repita uma segunda 4. Ambos os braços são forçados para baixo
tentativa durante a aterrisagem.
Pontuação da habilidade
6. Deslizar No mínimo Posicione dois cones com 7,6 1. Corpo vira de lado de forma que os ombros se
7.6 metros de metros de distância entre mantem alinhados com a linha do chão (pontue
espaço livre, eles em uma linha reta. Diga somente no lado preferido)
uma linha para a criança deslizar de um 2. Um passo lateral com o pé direcionador seguido
reta e dois cone ao outro. Deixe a por uma deslizada com o pé seguinte onde ambos
cones ou criança decidir em qual deixam de tocar o chão por um breve momento.
marcadores direção irá deslizar primeiro. (pontue somente no lado preferido)
Peça para a criança deslizar 3. Quatro deslizadas contínuas com o lado
de volta para o ponto inicial. preferido.
Repita uma segunda 4. Quatro deslizadas contínuas com o lado não
tentativa. preferido.
Pontuação da habilidade
Pontuação locomotora total bruta

Subteste de Controle de Objetos


Habilidade Materiais Direções Critério de desempenho Tentativa 1 Tentativa 2 Pontuação
1. Bater Uma bola Posicione a bola no apoio na 1. Mão dominante da criança segura o bastão
com as plástica de altura da cintura da criança. acima da outra mão.
duas mãos 10,2 cm, um Diga para a criança bater 2. Cintura e ombro não dominantes miram à
em uma bastão de forte na bola em direção a frente.
bola parada plástico, e um sua frente. Aponte para essa 3. Cintura e ombro rotacionam e derrotacionam
apoio para direção. Repita uma segunda durante o movimento.
batidas ou tentativa. 4. Passos com o pé não dominante.
algum outro 5. Bate na bola, mandando ela para a sua frente
material para
manter a bola
parada
, Pontuação da habilidade
2. Bater em Uma bola de Entregue a raquete e a bola 1. Criança faz um giro para trás com a raquete
uma bola tênis, uma à criança. Diga para a criança quando a bola quica.
em raquete segurar a bola acima e soltar 2. Dá um passo com o pé não dominante
movimento plástica leve, (para que ela quique ao 3. Bate na bola em direção à parede
com uma e uma parede redor da altura da cintura, 4. Raquete segue em direção ao ombro não
mão bata na bola em direção à dominante.
parede. Aponte para a
parede. Repita uma segunda
tentativa.
Pontuação da habilidade
3. Quicar a Uma bola de Diga para a criança quicar a 1. Entra em contato com a bola na altura da
bola com brinquedo de bola usando uma mão, por cintura.
uma mão 20,3 a 25,4 pelo menos quatro vezes 2. Empurra a bola com as pontas dos dedos (não
parado. cm para consecutivas, sem mover dá tapas na bola).
crianças de 3 seus pés, e terminar 3. Mantem o controle da bola por pelo menos
a 5 anos, uma segurando a bola. Repita quatro quiques consecutivos sem mover os pés
bola de uma segunda tentativa. para buscar a bola.
basquete
para crianças
de 6 a 10
anos e uma
superfície
plana.
Pontuação da habilidade
4. Agarrar Uma bola Marque duas linhas com 4,6 1. Braços da criança estão posicionados à frente do
com as plástica de metros de distância entre corpo e com os cotovelos flexionados.
duas mãos 10,2 cm, elas. A criança fica em uma 2. Braços se estendem buscando a bola quando ela
4,6m de linha, e o arremessador na se aproxima.
espaço livre, outra. Arremesse a bola por 3. Bola é agarrada com as mãos somente.
e fita ou baixo para a criança,
marcadores. mirando na área do peito da
criança. Diga para a criança
agarrar a bola com as duas
mãos. Conte somente as
tentativas onde o arremesso
chega próximo do peito da
criança. Repita uma segunda
tentativa.
Pontuação da habilidade
5. Chutar Uma bola Marque uma linha a mais ou 1. Rápida e contínua aproximação em direção à
uma bola plástica, ou menos 6 metros da parede e bola.
parada de brinquedo uma segunda linha a 2,4 2. Criança faz um passo alargado ou salto logo
ou de futebol metros além da primeira antes de entrar em contato com a bola.
de 20,3 a 25,4 linha. Posicione a bola na 3. Pé que não realiza o chute fica próximo à bola.
cm, fitas ou linha mais próxima à parede. 4. Chuta a bola com o peito do pé ou com a sua
marcadores, Diga para a criança correr e parte interna (não com os dedos).
uma parede e chutar a bola com força em
espaço livre direção à parede. Repita
para chutar a uma segunda tentativa.
bola
Pontuação da habilidade
6. Uma bola de Coloque uma fita no chão a 1. Arremesso se inicia com um movimento para
Arremesso tênis, uma 6,1 metros da parede. Faça a baixo da mão e do braço.
com a mão parede e 6,1 criança ficar atrás da fita em 2. Rotaciona a cintura e o ombro de forma que o
por cima metros de direção à parede. Diga para a lado que não realiza o arremesso fique em direção
espaço livre. criança arremessar forte a à parede.
bola em direção à parede. 3. Dá um passo adiante com o pé do lado que não
realiza o arremesso.
4. A mão que arremessa segue o movimento após
soltar a bola, ao redor do corpo e em direção à
cintura do lado que não realizou o arremesso.
Pontuação da habilidade
6. Uma bola de Coloque uma fita no chão a 1. Mão dominante se movimenta para trás e para
Arremesso tênis, uma 4,6 metros da parede. Faça a baixo alcançando atrás do tronco.
com a mão parede e 4,6 criança ficar atrás da fita em 2. Passos à diante com o pé oposto à mão do
por baixo metros de direção à parede. Diga para a arremesso.
espaço livre. criança arremessar a bola 3. Bola é lançada a diante, batendo na parede, sem
por baixo em direção à quicar antes.
parede. 4. A mão segue o movimento após soltar a bola até
a altura do peito.
Pontuação da habilidade
Pontuação de habilidade com bola total bruta
APÊNDICE 4 - FICHA DE CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES

FICHA DE CARACTERIZAÇÃO

Sujeito: ______

Informações Pessoais

Data da avaliação: ____/____/______


Nome:__________________________________________________________
Data de nascimento: ____/____/______ Idade:_____________________
Sexo: ( ) F ( ) M
Endereço: _______________________________________________________
Nome do Responsável: ____________________________________________
Telefone e E-mail para contato:______________________________________
_______________________________________________________________

Nascimento e Desenvolvimento
A seguir você responderá algumas perguntas sobre o nascimento e desenvolvimento de seu filho(a).

- Informe a idade gestacional em que seu filho(a) nasceu: __________________


- Informe qual foi o tipo de parto de seu filho(a): cesárea ( ) parto normal ( )
- Logo após o nascimento, seu filho precisou de cuidados especiais (como auxílio para respirar ou
outros)? Sim ( ) Não ( )
- Se sim, descreva abaixo quais foram esses cuidados:_______________________
_________________________________________________________________________________
_____________________________________________________
- Abaixo, informe com quantos meses ou anos o seu filho iniciou as atividades citadas:
Rolar: _________________
Sentar: ________________
Engatinhar:_____________
Ficou em pé: ___________
Andou: ________________

- Seu filho(a) apresenta ou apresentou alguma alteração no desenvolvimento motor? Sem sim,
descreva a seguir. _______________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

- Seu filho(a) apresenta algum diagnóstico de problemas nas articulações, ossos ou músculos? Se
sim, descreva a seguir. ________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

- Seu filho(a) apresenta algum diagnóstico de problemas no sistema nervoso? Se sim, descreva a
seguir. ____________________________________________
_______________________________________________________________

- Seu filho(a) apresenta alguma dificuldade para enxergar ou escutar? Se sim, descreva a seguir.
________________________________________________
_______________________________________________________________

- Seu filho(a) apresenta dificuldades na escola para se concentrar ou prestar atenção nas aulas? Se
sim, descreva a seguir. __________________________
_______________________________________________________________

- Seu filho(a) queixa-se de dor em alguma parte do corpo? Se sim, descreva a seguir.
_________________________________________________________

Dados Escolares

Escola de Origem:_________________________________________________
Ano/ Série: ______________________________________________________
Seu filho(a) faz aulas de educação física na escola? _____________________
Seu filho(a) já foi reprovado em alguma série? Se sim, informe qual. ________
_______________________________________________________________

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