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Brasília - DF
2021
RODOLFO SOARES MENDES NUNES
BRASÍLIA – DF
2021
N972e Nunes, Rodolfo Soares Mendes.
Efeitos do cronotipo, horário de treinamento e qualidade do sono
no desempenho de nadadores adolescentes / Rodolfo Soares
Mendes Nunes. – 2021.
45 f. : il. ; 30 cm.
CDU 796
Primeiramente a Deus, rei dos reis, bondoso, justo e misericordioso. Em certas passagens no
caminho da vida onde não conseguimos entender ou compreender seus propósitos, mas cabe a
nós ajoelharmos e agradecermos a tudo que ele nos condiciona ter e claro, o que deixamos no
caminho para seguir a estrada da vida.
Gostaria de agradecer muitas pessoas que estiveram, passaram e estão em minha vida na esfera
do campo acadêmico. Todos os colegas que oportunizaram comigo as disciplinas do mestrado,
colegas da Iniciação Científica e todos os colaboradores do grupo de pesquisa (CronoExS).
Vocês me possibilitaram estar inserido em inúmeros estudos na promoção do campo vasto de
conhecimentos.
Meus familiares, tios (a), primos (a) em especial, Sebastião Mendes, Aparecida Mendes, Helena
Mendes e minha madrinha Maria Mendes, todos em um momento de suas vidas me trouxeram
aprendizado e muito amor e carinho deixo aqui minha singela gratidão por tudo. Meus amigos
que viveram histórias fantásticas, muito obrigado pelo respeito e consideração. Momentos bons
outros nem tanto, mas aqui chegamos, saudáveis, vivos, e com muita esperança em um futuro
mais justo e próspero. Gratifico a todos, vocês são impulsos na minha vida, muito obrigado por
me deixarem fazer parte da vida de vocês também.
Deixo aqui também um enorme agradecimento aos meus professores que sem dúvida nenhuma
foram os maiores percursores desta minha escolha de dar continuidade a minha educação
acadêmica, muitos de certa forma direta ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento
de meus conhecimentos e experiências no campo esportivo, teórico, prático e científico. Fico
aqui com fortes emoções em poder estar hoje relembrando e escrevendo tudo que pude viver na
companhia dos meus professores. Dedico o término desta fase a todos vocês, sem esquecer de
nenhum em mente e coração, muitíssimo obrigado aos meus mentores (a) que passaram na
minha vida.
Agradecer por tudo que não obtive êxito e diante de inúmeros obstáculos pude analisar e
concluir que precisamos abusar da persistência e seguir na busca dos nossos sonhos por mais que
seja complexo ou doloroso devemos seguir no processo evolutivo. As oportunidades que não
chegaram ou as portas que se fecharam, foram combustíveis fundamentais para o meu
desenvolvimento como ser humano, por isso, eu preciso sim, agradecer o lado triste da vida, pois
jamais posso esquecer o quanto foi difícil chegar até este presente momento, e jamais pensar que
foi um salto e sim um pequeno passo diante desta estrada longa que se chama vida.
E o perdão é lindo quando vem do coração, muito obrigado pelos erros e acertos, tudo foi um
mar de aprendizado.
Muito obrigado UCB, pelo amparo estrutural e condições de podermos desenvolver o ensino
superior promovendo pesquisas cientificas e trazendo para sociedade possibilidades reais de
transformação social, cultural e levando completo conhecimento adquirido para todo território
brasileiro.
Por fim, mas não tão menos importante quanto aos demais agradecimentos, quero finalizar
agradecendo a minha orientadora Doutora Elaine C. Vieira por todo suporte, dedicação, atenção
e compartilhamento de seu vasto conhecimento na produção científica. Muito obrigado, pela
liberdade de escolha do nosso projeto com a disciplina Natação, foi um grande desafio,
acreditamos juntos que ainda temos um longo caminho de investigações nas áreas trabalhadas.
O saber é um fato que facilmente gera arrogância a
sabedoria tem a humildade intrínseca.
Eduardo Marinho.
RESUMO
O objetivo desta pesquisa transversal foi investigar os efeitos do horário do dia, cronotipo
realmente existe diferenças entre meninas com meninos nas relações entre ansiedade, depressão,
qualidade do sono e desempenho de natação em adolescentes. Participaram do estudo 33
nadadores competitivos, 20 meninos e 13 meninas de dois centros de natação diferentes. Os
nadadores realizaram dois testes de desempenho do nado livre, 50m e 400m em dois horários, às
8h e às 18h, com intervalo de 48h de diferença entre ciclo dia com ciclo, noite, em uma piscina
de 50 metros de distância descoberta, ambas com as mesmas temperaturas. O cronotipo,
depressão, níveis de ansiedade e qualidade do sono foram avaliados por questionários validados
cientificamente. Nenhum efeito da hora do dia foi observado em participantes do sexo feminino
nos testes de 50m e 400m. Os nadadores do sexo masculino tiveram desempenho semelhante nos
testes de 50m, independentemente da hora do dia, mas no ensaio de 400m, os meninos obtiveram
seus melhores tempos na avaliação do período da tarde em comparação com as avaliações
matinais. A melhor performance noturna foi observada entre o cronotipo intermediários. A
análise de regressão linear obtida de toda amostra revelou correlação positiva entre qualidade do
sono e níveis de ansiedade (p = 0,016; R2 = 0,1769) e qualidade do sono e níveis de depressão (p
= 0,006; R2 = 0,2192). Não houve correlação entre o cronotipo e a qualidade do sono em ambos
os sexos (p = 0,4044; R2 = 0,0232). Conclui-se nesta pesquisa que o horário do dia pode
influenciar no desempenho de nadadores jovens que difere nas distâncias nos testes de esforço e
diferença entre meninos e meninas. Também foi demostrado a importância da qualidade do sono
em nadadores adolescentes como um fator que influencia os níveis de ansiedade e depressão e
assim proporcionando consequentemente a perda de desempenho dos atletas.
The study aimed to investigate the eff ects of time-of-day, chronotype, and sex differences on the
relationships between anxiety, depression, sleep quality, and swimming performance in
adolescents. Thirty three competitive swimmers, 20 boys (14.8 ±1.60 years) and 13 girls (14.4
±1.51 years) from two different swimming centers participate in the study. The swimmers
performed 50-m and 400-m front crawl trials twice at 8:00h and 18:00h with an interval of 48h
in a 50-m swimming pool. Chronotype, depression, anxiety levels, and sleep quality were
measured by questionnaires. No effect of time of day was observed in girls at 50 and 400-m
trials. Boy participants had similar swimming performance at 50-m trials independently of time
of day, but in the 400-m trials boy participants had their best trial time in the evening compared
to their morning trials. The best evening performance was observed among N-types. Linear
regression analysis obtained from the whole population revealed a positive correlation between
sleep quality and anxiety levels (p=0.016; R2=0.1769) and sleep quality and depression levels
(p=0.006; R2=0.2192). There was no correlation between chronotype and sleep quality in both
sexes (p=0.4044; R2=0.0232). We concluded in this research that the time of day can influence
the performance of adolescent swimmers which differs on the distance trials and sexes. We also
demonstrated the importance of sleep quality among adolescents swimmers as a factor that can
influence anxiety and depression and thus consequently affecting the athletes' performance.
M Metros
H Horas
RC Ritmo Circadiano
FC Frequência Cardíaca
DP Desvio Padrão
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 13
2. OBJETIVOS......................................................................................................................... 17
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................... 17
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................. 17
3. HIPÓTESE ........................................................................................................................... 17
4. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 18
4.1 HISTÓRIA DA NATAÇÃO................................................................................................... 18
4.2 MUDANÇA CULTURAL NO SÉCULO XX DIANTE DA MODALIDADE ESPORTIVA
NATAÇÃO ................................................................................................................................... 18
4.3 NATAÇÃO COMPETITIVA XIX ......................................................................................... 20
4.4 RITMOS CIRCADIANOS, CRONOTIPO E DESEMPENHO ESPORTIVO ...................... 21
4.5 VARIAÇÃO CIRCADIANA NO DESEMPENHO DE NATAÇÃO .................................... 22
4.6 QUALIDADE DO SONO NO DESEMPENHO ESPORTIVO ............................................. 23
4.7 ANSIEDADE E DEPRESSÃO NO DESEMPENHO ESPORTIVO ..................................... 23
5. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 25
5.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO ......................................................................................... 25
5.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA................................................................................................. 25
5.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ................................................................................................ 26
5.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ............................................................................................... 26
5.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................................ 27
5.5.1 Questionários para avaliação da qualidade de sono e cronotipo ................................... 27
5.5.2 Teste de 400m e 50m nado livre em piscina de 50 metros .............................................. 27
5.5.3 Questionários para a identificação de predisposição a depressão e ansiedade. ........... 28
5.5.4 Avaliações antropométricas .............................................................................................. 28
6. ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................................. 29
7. RESULTADOS .................................................................................................................... 29
8. DISCUSSÃO......................................................................................................................... 34
9. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 36
10. REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 37
11. APÊNDICE........................................................................................................................... 42
13
1. INTRODUÇÃO
circadianos que diferem entre os sexos podem influenciar o desempenho esportivo e deveriam ser
considerados pelos técnicos na preparação do treinamento esportivo.
Um fator importante que pode influenciar o desempenho esportivo é o cronotipo. O
interesse pelo estudo da tipologia individual (cronotipo) aumentou nos últimos anos, tentando
trazer ao campo científico esportivo uma forma de compreender a organização temporal dos
processos regulatórios do corpo humano. O cronotipo pode ser definido como um atributo dos
seres humanos que reflete sua fase circadiana. Essas etapas revelam em que momento do dia as
funções físicas do indivíduo como, níveis hormonais, temperatura corporal, faculdades
cognitivas, alimentação e padrões de sono são ativos. Embora o cronotipo seja considerado uma
medida indireta do ritmo circadiano, ainda não está claro em que medida o cronotipo é uma
manifestação direta do relógio interno do indivíduo ou o resultado de fatores externos, por
exemplo, interação social (incluindo o despertador), horário das refeições, horário de trabalho,
etc. Os cronotipos podem ser divididos em 3 tipos: matutinos (inclinação pelo período da
manhã), intermediários (propensão flexível) e vespertinos (preferência pelo período da noite).
(LEVANDOVSK, 2013).
Um estudo longitudinal muito importante no campo da cronobiologia executado pelo
pesquisador Alemão (CRISTOPHER et al. 2017) demostrou que adolescentes de 12 até 17 anos,
foram caracterizados com cronotipo vespertino, tendo a preferência de seu comportamento no
período da tarde.
Atualmente, os adolescentes enfrentam um problema de saúde crônico generalizado: a
privação do sono. Embora a sociedade frequentemente considere o sono como um luxo que
pessoas ambiciosas ou ativas não podem pagar. A sociedade brasileira do sono sugere, dormir o
suficiente é uma necessidade biológica tão importante para uma boa saúde mental e fisiológica
quanto se alimentar bem ou praticar exercícios físicos. As consequências da privação de sono
durante a adolescência são particularmente graves. Os adolescentes passam uma grande parte do
dia na escola; no entanto, eles são incapazes de maximizar as oportunidades de aprendizagem
oferecidas pelo sistema educacional, uma vez que a privação do sono afeta sua capacidade de
estar alerta, de prestar atenção, prejudica o desempenho físico, debilita sua capacidade de
resolver problemas, lidar com o estresse e reter informações. Jovens que não dormem o
suficiente carrega um risco significativo de problemas emocionais, comportamentais, como
irritabilidade, depressão, baixo controle dos impulsos, violência, reclamações de saúde, uso de
tabaco e álcool, função cognitiva e tomada de decisão prejudicados e menor desempenho global.
Diante das diretrizes da Fundação Nacional do Sono é recomendado aos adolescentes dormirem
de 8 a 10 horas por noite (HIRSHKOWITZ et al. 2015).
15
Pressupõe-se que a baixa duração do sono tenha implicações adversas sobre a saúde geral
e o bem-estar dos jovens impactando negativamente aspectos de desempenho físico e
recuperações fisiológicas (SHOCHAT et al. 2013; FULLAGAR et al. 2015; SAWCZUK et al.
2018). Segundo SIGRIDUR et al. (2020) em seu estudo com 130 nadadores adolescentes,
mostrou que aqueles que treinavam no período matutino possuíam uma redução nas horas de
sono durante a noite. Entretanto, quando os atletas não treinavam pela manhã, havia uma melhor
qualidade de sono noturna. Os resultados levantam preocupações tanto sobre a saúde geral dos
esportistas e sequelas negativas no desempenho dos nadadores (SIGRIDUR et al. 2020). Esse
resultado vai de encontro ao problema do presente estudo onde técnicos tendem a colocar
nadadores adolescentes para treinar nos horários entre as 5h e 6h da manhã, com a possibilidade
de não obter desempenho esperado por conta da redução horas de sono dos atletas.
Estudos na área da natação apontam que a falta de sono aguda afeta o desempenho físico
diurno causando assim o desalinhamento circadiano. No estudo de Anderson et al. (2018) foi
investigado 27 nadadores colegiais maiores de idade que se auto-relataram vespertinos sem o uso
de questionários científicos, uma metodologia qualitativa executado pelo próprio pesquisador de
forma de entrevista com os atletas. A pesquisa apontou nadadores 6% mais lentos, ocorrendo
aumento de 50-70% de esforço pela manhã. O delineamento metodológico foi executado com
dois testes de desempenho na distância de 200 metros em uma piscina de 50 metros, primeiro
teste às 7h pela manhã e outro no mesmo dia às 19h da noite.
Segundo VITALE et al. (2019) os estudos sobre ritmos circadianos no campo esportivo,
ainda são incipientes e controversos. Entretanto, os autores constataram que indivíduos
vespertinos possuem alterações no sistema nervoso autônomo com relação à frequência cardíaca,
ou seja, as respostas aos exercícios dentro deste grupo são mais altas que os matutinos no
período da manhã. Já no ciclo escuro ambas as características de cronotipos apresentam um
equilíbrio melhor em suas frequências cardíacas.
Pesquisas em população adulta apontam nadadores que alegavam treinar no período da
manhã obtiveram melhor desempenho nos testes matinais e os atletas que afirmaram treinar na
etapa da noite alcançaram melhor performance no estágio noturno. Além disso, a percepção de
subjetiva de esforço (PSE) após cada sessão de teste ficou alinhada com o horário habitual de
treino, os que treinavam de noite a PSE foram mais baixa no período noturno e mais alta pela
manhã. Esse entendimento e sua relação com desempenho físico estão também ligados com o
horário do dia de treinamento (DALE, 2014). Esse estudo vem demostrando que o cronotipo
individual e o horário de treinamento habitual são de fato uma forma de entender melhor a
relação do comportamento circadiano com relação ao desempenho desportivo.
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MAH et al. (2011) apresentaram em seu estudo, atletas que estenderam a duração do
sono obtiveram melhor desempenho em velocidade nos testes em sprint, melhoraram a técnica
na execução do movimento, a sugestão dos autores neste estudo aos esportistas é que tenham
uma noite de sono entre 9 a 10, para atingirem seu desempenho máximo em seus treinamentos e
consequentemente competições.
Um estudo nacional publicado recentemente, contou com a participação de 23 meninos e
11 meninas, adolescentes sedentários entre 15 e 17 anos, todos matriculados no ensino médio,
onde seu delineamento metodológico foi executado em suas respectivas escolas. Os desfechos
apontam uma associação entre VO2máx, aspectos psicológicos (ansiedade e depressão) e
qualidade do sono. Os autores demonstraram que quanto menor a qualidade do sono, menores os
níveis de VO2máx e maior probabilidade de desenvolver ansiedade e depressão. No entanto, o
VO2máx não foi associado a nenhuma destas variáveis entre os meninos, somente em meninas
(SOUSA et al. 2020).
Alguns fatores que são importantes para determinar o desempenho esportivo tem sido
negligenciado entre os técnicos de natação, incluindo a tipologia circadiana, a qualidade do sono
e o horário do dia. Como citado anteriormente, o cronotipo pode influenciar o desempenho do
esporte na avaliação do esforço percebido, escores de fadiga, cognição e tempos de corrida
(FACER et al. 2018; VITALE et al. 2017). Os treinadores precisam considerar todos esses
fatores mencionados ao agendar sessões de treinamento.
Na articulação da natação e suas formas metodológicas, elas se diferem entre técnicos, ou
seja, cada adota sua metodologia própria, alguns de forma subjetiva seguem em algum momento da
temporada a dupla sessão de treinamento, bem como aplicando treinos duas vezes ao mesmo dia,
assim na sua maioria iniciam os trabalhos entre as 5h e 6h da manhã, ocorrendo de fato a diminuição
das horas de sono dos nadadores. Nesse sentido, existem poucos estudos relacionados às diferenças
interindividuais na ritmicidade circadiana no desempenho da natação. Portanto, é fundamental
entender como o horário do dia, qualidade do sono e o cronotipo do indivíduo podem influenciar o
desempenho físico em nadadores jovens. Este trabalho teve como objetivo geral estudar se o horário
do dia e o cronotipo influenciam no nível de desempenho da natação em nadadores adolescentes.
Além disso, a presente pesquisa sondou a probabilidade de existir a diferença entre os sexos e a
associação entre qualidade do sono, ansiedade e depressão nos nadadores adolescentes.
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2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Neste estudo, conjectura que o desempenho dos atletas diferirá dependendo do horário do
dia e se isto terá um impacto importante na forma de execução e escolha dos horários de
treinamento para os atletas. Além disso, presume-se que grande parte dos adolescentes,
principalmente de cronotipo vespertino, possuam alterações psicobiológicas, como depressão,
ansiedade e distúrbios do sono que possam impactar no desempenho físico da natação quando
comparado com adolescentes de cronotipo matutino e intermediário.
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4. REVISÃO DE LITERATURA
Passando por este momento histórico, a natação sofreu nas mãos dos cristãos no que lhe
concerne demostravam que o ato de nadar nu se tornariam pecadores mortais. Mas que para os
marinheiros daquele período era quase que uma obrigação desenvolver a técnica da
sobrevivência aquática para estar inserido nas longas viagens marítimas.
Benjamin Franklin meados do século XVII foi um dos pioneiros na disseminação da
natação, e criador das primeiras nadadeiras, principais ferramentas que é utilizado no
desenvolvimento do esporte como ferramenta para desempenho técnico e força dos membros
inferiores.
Mas como toda história de exclusão e limitações para o sexo feminino, a natação teve por
muito tempo a triste distância das mulheres em sua prática, um dos motivos na época a forma
que os homens praticavam a natação era da mesma forma que vinham ao mundo, pelados, e
assim, não era tolerado mulheres na presença do mesmo espaço com homens nus. Entretanto,
sempre existiu a resistência feminina, mesmo assim, quem se arriscava nadar com as vestis, não
tinham tanto prazer e sim um grande desconforto, com volume grande de tecido, neste ponto o
esporte ficava inviável para mulheres. Só no final do século XVIII veio aparecer um traje que
permitia uma atividade mais confortável para as mulheres. Annette Kellerman uma australiana
no início do século XX foi a maior percursora de incentivo feminina e revolucionara na natação
desafiando as leis do ocidente na questão da liberdade do uso de trajes que facilitavam a prática
da natação, ela foi presa e toda sociedade masculina queria que ela fosse enforcada pela audácia
de não seguir as leis que impediam que as mulheres não pudessem aprender a nadar, nesta
mesma época um acidente causou muita tristeza na comunidade de Nova Iorque, em 15 de
junho de 1904, São Marcos da Igreja Luterana, um americano da paróquia em Manhattan (EUA),
inaugurou o barco de excursão General Slocum, abordo estavam 1400 tripulantes, após sair em
destino oposto da ilha para um piquenique religioso inicia-se um incêndio nos motores da
embarcação e para não colocar toda estrutura da doca em risco o capitão optou que todos
saíssem nadando, pois estavam a menos de 50 metros de distância da doca e foi aí que cerca de
1000 pessoas entre mulheres e crianças, perderam suas vidas afogados. Em 1917 foi criado
associação feminina de natação primeiro clube para mulheres que gostariam de aprender a nadar.
Entretanto, ainda tinham muita resistência, pois, em geral acreditava-se que exercícios
extenuantes poderiam prejudicar a fertilidade das mulheres e até no atletismo suspeitavam que
ficariam mais masculinas. O maior objetivo foi no sentido que quaisquer mulheres pudessem
aprender a nadar para que não acontecesse outra tragédia como a de Manhattan.
Infelizmente diante de toda revolução das mulheres ainda existia muita resistência dos
órgãos esportivos como comitê olímpico americano e sociedade de atletismos. Nas olimpíadas
de Estocolmo 1917 apenas poucas mulheres foram permitas participar a modalidade foi natação,
mas com muitas restrições, proibições de não poder competir as vistas de homens a não ser os
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juízes das provas e deveriam estar cobertas com roupa até o pescoço antes de executar sua prova.
Mesmo assim ainda hoje no mundo moderno visualizamos na cultura islâmica homens
assumindo total autoridade sobre as mulheres e impondo suas liberdades com certas limitações,
bem como suas vestimentas cobrindo todo corpo, e poucas ainda são permitidas a prática da
natação.
A difusão da natação pelo Brasil veio nos finais do século XVIII e Início do Século XIX,
curiosamente neste mesmo período na Europa já um pouco mais a frente no desenvolvimento do
esporte já se criavam as primeiras regras e primeiros eventos competitivos. No entanto, estes
eventos eram todos realizados no mar.
Nos registros que se tem no estado do rio de janeiro, Clube de Regatas Boqueirão do
Passeio (1897). Clube de Regatas Vasco da Gama (1898) e o Clube Internacional de Regatas
(1900). Clube de Regatas do Flamengo (1895) tinha sede na praia de mesmo nome. Esses são os
primeiros e audaciosos entusiastas a disseminar a modalidade natação pelo país, neste período
eram bem vistos por serem próximos ao mar e muitos salvamentos aquáticos como afogamentos
eram os nadadores destes clubes que se arriscam entrar em mar aberto arriscando suas vidas para
salvar outras pessoas da morte. Lembrando que a maioria dos associados destes clubes eram
comerciantes. Naquela época agremiações como conhecemos hoje associais se organizavam e
promovia os eventos competitivos que de certa forma se tornaria grandes momentos festivos
para toda sociedade carioca e por muito gosto tinham seu lado cultural, social e traziam em suas
marcas a promoção da melhoria estrutural em torno das praias do rio de janeiro. Antes mesmo de
se tornar um esporte competitivo todos os entusiastas pelo esporte já participavam de eventos
competitivos, porém, o maior intuído dos idealizadores destes clubes e associações sempre
esteve voltado ao desenvolvimento da região sul do Rio de Janeiro.
As primeiras provas a serem disputadas no Brasil foram 1500 metros livres e ela se
sustentou por 14 anos consecutivos, a partir de 1912 a federação carioca desenvolveu outras
provas abrindo espaço para comunidade de botafogo, além dos 1500 metros surgiram, 100
metros livres para iniciantes, 600 metros para seniores e 200 metros para juniores.
A primeira parição do Brasil em eventos olímpicos foi em 1932 em Los Angeles na
prova de 4 x 200, feito importante para toda sociedade aquática brasileira. Além disso, outro
marco fundamental nesta olimpíada foi a participação de uma única sul-americana em uma
olimpíada que na época já fora visto, Maria Lenk. Já nos jogos olímpicos de Berlim Alemanha
brilhou nadando e apresentando ao mundo o nado borboleta. Infelizmente ela não conquistou a
sonhada medalha olímpica, mas deixou um grande legado a toda comunidade aquática mundial.
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Décadas a frente Ricardo Prato, Gustavo Borges, Fernando Scherer, Thiago Pereira, César Cielo
entre outros.
como maratonas aquáticas e corrida de rua o atleta tende a ter uma ansiedade mais elevada ao
contrário de competições de tiro ao alvo e modalidades que utilizam mais a força.
O campo cognitivo remete a inúmeras reflexões quando o ensaio está relacionado ao
esporte, desempenho, saúde dos envolvidos nas vertentes positivas e negativas. Para alguns, o
negativo pode parecer bom e já em outros olhares podem ser ruim, não é tão simples encontrar
meio-termo ou certo e errado, é um campo em constante desenvolvimento, na presente
investigação com a modalidade natação ao explorar a literatura da psicologia do esporte,
aspectos cognitivos que aborda o conceito negativo dos transtornos de ansiedade e depressão,
observamos que níveis elevados de ansiedade podem prejudicar o desempenho, indo na
contramão de relatos que foram apontados na presente revisão da literatura. E logo observamos
outro lado científico que aborda mecanismos dentro do esporte buscando minimizar esses
sintomas negativos.
Ahmed Mohamed Maged et al. (2018) constatou em seu estudo que a natação promovo a
diminuição dos sintomas negativos no contexto físico bem como, cansaço, coordenação motora,
fadiga e nos aspectos cognitivos diminuindo sintomas de ansiedades em mulheres gravidas.
Um estudo de caso de 2018 aplicado em uma mulher de 24 anos que após 4 meses de ter
dado à luz, ela se encontrava com quadro de obesidade, além disso, ela passou 7 anos sobre o
diagnóstico de ansiedade, depressão e seu organismo era resistente aos farmacológicos,
fluoxetinas e citalopram (Fluoxetina & Citalopram são medicamento antidepressivo da classe
dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina). Seu objetivo era se livrar da medicação e
sanar os sintomas de ansiedade e depressão, então, recorreu ao esporte e sua escolha foi a
natação em águas abertas, após 3 meses já não sentia mais sintomas crônicos da doença e não
fazia mais o uso dos medicamentos, logo após um período de um ano praticando a natação, ela
não precisava mais da medicação, ansiedade e depressão foram diagnosticados em níveis baixos.
Depressão e transtornos de ansiedade podem ocorrer em atletas, podendo afetar
negativamente o desempenho dessa população (REARDON, 2017). Os adolescentes são
particularmente suscetíveis a alterações psicológicas, entre elas estão os níveis de ansiedade e
depressão que possibilitam a suas variações entre os sexos. Recentemente, uma pesquisa
Brasileira executadas com adolescentes sedentários foram identificados níveis mais altos de
depressão e possuíam uma correlação com má qualidade do sono para ambos os sexos. As
meninas relataram sintomas de ansiedade, e indicativos depressivos significativamente maiores
do que os meninos (SOUSA, 2020). Assim sendo, a qualidade do sono vem sendo sinalizado
como um forte percursor com essas relações dos aspectos cognitivos negativos. Essas linhas de
investigações têm sido importantes para rastrear o desenvolvimento da boa saúde mental de
atletas no senário esportivo, por isso, a pesquisa científica precisa investigar mais estas variáveis
(JOHNSTON, 2019; REARDON, 2019).
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Os baixos níveis psicológicos podem ser explicados por diversos fatores, podendo ser
devido ao período de treinamento que não foi próximo a nenhuma competição e também, pode
ser na decorrência ao alto índice de confiança entre os atletas (LUNDQVIST, 2011). De fato, foi
sugerido que o período de treinamento desempenha um papel importante no nível de depressão
em nadadores. Hammond (2013), apresentou em seu estudo que antes da competição, 68% dos
nadadores exibiam níveis de depressão severa e as mulheres apresentavam níveis mais elevados
de depressão do que os homens. Após a competição, 26% relataram sintomas de depressão leves
a moderadas. Os autores deste estudo relataram que existe uma forte relação entre baixo
desempenho competitivo com altos níveis de depressão que tendem a mudar com o período de
treinamento. Desta forma, a comissão técnica e responsáveis pelos atletas mais jovens precisam
estar atentos aos danos psicológicos diante de derrotas entre os nadadores e assim, inserindo
profissionais que atuam na área da psicologia esportiva para estarem acompanhando a rotina dos
esportistas (HAMMOND, 2013).
5. MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo com caráter transversal foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa
com Seres Humanos da Universidade Católica de Brasília (UCB) iniciado após aprovação pelo
CEP (10541319.3.0000.0029) com parecer (3.320.474).
Inicialmente foram realizadas duas palestras com os pais e/ou responsáveis para
explicação de todas as etapas do projeto e assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido. Os nadadores foram convidados a assinarem um termo de assentimento e os
questionários foram aplicados em sala reservada, acompanhados e supervisionados pelo autor do
estudo e pela colaboradora mestranda em psicologia do esporte da Universidade Estadual de
Maringá-PR.
atletas que apresentaram assinado o termo de consentimento aprovado pelo comitê de ética de
pesquisa científica de humanos.
De forma qualitativa feita pelo pesquisador do estudo, foi investigado quais eram as
especificidades dos nadadores, a parcela maior alegou ser velocistas competindo em provas de
50, 100 e 200 metros. Os nados específicos eram heterogêneos, entretanto todos alegavam que já
competiram em provas do nado livre, o mesmo utilizado nos testes de desempenho,
proporcionando uma facilitação a logística do estudo e por ser o nado mais utilizado na natação,
metodologia sustentada pela literatura. É quase unanime ao profundar em estudos científicos de
natação a sua utilização de protocolos avaliativos, serem feitos com no do livre.
Foram excluídos do estudo todos aqueles indivíduos que apresentaram um dos seguintes
critérios: não comparecimento em qualquer uma das etapas e das avaliações da presente
pesquisa, apresentaram qualquer tipo de doenças ou lesões físicas durante o período do ensaio.
Foram excluídos do estudo participantes que sentiram algum tipo de dor em qualquer parte do
corpo (dor nas costas, tendões, dores musculares, dores de cabeça) ou qualquer sinal de
desconforto.
Quanto aos critérios para suspensão ou encerramento da pesquisa, isso ocorreu em
qualquer fase da mesma, caso a pesquisa trouxesse prejuízos de qualquer natureza (social,
afetiva, psicológica, cognitiva, funcional) para a amostra envolvida ou seus responsáveis. Além
27
disso, os adolescentes envolvidos nessa pesquisa tiveram total liberdade e direito de abandonar, a
qualquer momento, esta pesquisa sem penalidades e/ou prejuízos, retirando o seu consentimento.
Depois dos questionários os atletas passaram por uma avaliação antropométrica, foi
utilizado o sistema de investigação bioimpedância (Sample InBody 270) para fornecer
informações atuais e completas sobre as estruturas corporais dos participantes, segue as variáveis
no fluxograma e os resultados (Tabela 1).
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6. ANÁLISE ESTATÍSTICA
7. RESULTADOS
Figura 1. Resultados da população total durante os testes de 50m e 400m às 8h (manhã) e 18h (tarde).Painel
A, tempo de atuação na prova de 50m. Painel B, tempo de desempenho na prova de 50m entre meninos e meninas.
Painel C, tempo de atuação na prova de 400m. Painel D, tempo de desempenho na prova de 400m entre meninos e
meninas. Os valores são expressos em segundos. * p <0,05 e ** p <0,01 manhã vs noite; ## p <0,01 ### p <0,001
meninos vs meninas.
31
Em seguida, foi analisado em nossa amostra o cronotipo dos atletas, entre meninos,
apenas 5 adolescentes foram identificados como vespertinos, 5 como matutinos e 10
intermediários. 4 meninas foram identificadas como matutinas e 9 intermediárias. Não havia
vespertinos entre as nadadoras do sexo feminino.
Não houve variações diurnas significativas nos testes de 50m entre os matutinos,
intermediários e vespertinos (Figura 2A-C). No entanto, no teste de 400m, os intermediários
exibiram o melhor tempo de desempenho no período da tarde em comparação com o teste da
manhã (Figura 2E). Nenhuma diferença estatística foi observada nos matutinos e vespertinos
para o teste de 400m (Figura 2D e F).
Figura 2. Resultado da população total durante ensaios de 50m e 400m às 8h (manhã) e 18h (tarde) entre
diferentes cronotipos.
Painel A, tempo de desempenho na prova de 50m entre os Matutinos. Painel B, tempo de desempenho na prova de
50m entre os Intermediários. Painel C, tempo de atuação na prova de 50m entre os Vespertinos. Painel D, tempo de
desempenho na prova de 400 m entre os Matutinos. Painel E, tempo de desempenho na prova de 400m entre os
Intermediários. Painel F, tempo de desempenho na prova de 400m entre os Vespertinos. Os valores são expressos
em segundos. * p <0,05 manhã vs noite. Com relação à qualidade do sono dos atletas, os escores médios totais do
PSQI mostraram má qualidade do sono em 42,4% do total de nadadores. Por outro lado, 57,5% pontuaram menos de
cinco, o que é indicativo de boa qualidade do sono.
32
Após estratificação por sexo, 18,1% das meninas e 24,2% dos meninos apresentaram má
qualidade do sono. Além disso, 21,3% das meninas e 36,4% dos meninos exibiram boa
qualidade de sono.
Os escores de ansiedade mostraram que 60,6% dos adolescentes nadadores apresentaram
níveis mínimos de ansiedade, 33,4% apresentaram nível de ansiedade leve e 6% com nível
moderado (Figura 4A). Em relação aos níveis de depressão, 84% dos participantes exibiram
níveis mínimos de depressão, enquanto 16% tinham níveis de depressão leve.
Figura 4A Figura 4 B
Figura 4. Porcentagem da população total entre os diferentes níveis de ansiedade (A) e depressão (B).
A análise de regressão linear obtida de toda a população revelou uma correlação positiva
entre qualidade do sono e níveis de ansiedade (p = 0,016; R2 = 0,1769) e qualidade do sono e
níveis de depressão (p = 0,006; R2 = 0,2192, Figura 5). Níveis mais altos de ansiedade e
depressão se correlacionaram positivamente com a baixa qualidade do sono nas meninas (p =
0,008; R2 = 0,4797, p = 0,07; R2 = 0,2542, Figura 5). Os mesmos resultados foram observados
em meninos (p = 0,04; R2 = 0,2077, p = 0,02; R2 = 0,2459, Figura 5).
Figura 5. Correlações entre ansiedade, depressão e qualidade do sono em toda a população e entre meninos e
meninas. Por outro lado, a análise de regressão linear global dos atletas não mostrou nenhuma correlação entre o
cronotipo e a qualidade do sono (Figura 6) em ambos os sexos (p = 0,4044; R2 = 0,0232), mas em toda a
população houve uma correlação negativa entre os tipos matutinos com a qualidade de sono (p= 0,04; R 2 =
0,5217). Esses dados indicam que nadadores adolescentes com altos escores de depressão e ansiedade exibem
baixa qualidade de sono, mas aqueles com os maiores escores matinais apresentam melhor qualidade de sono.
34
Figura 6. Correlações em toda a população entre cronotipo e qualidade do sono e entre qualidade do sono nos
matutinos.
8. DISCUSSÃO
Esta dissertação de mestrado traz importantes resultados que revelam que a hora do dia é
um fator notável no desempenho dos atletas. Nadadores adolescentes tiveram melhor
desempenho no período da tarde, apenas no ensaio de 400m e esses dados foram evidentes no
grupo dos meninos, mas não no grupo das meninas. Curiosamente, o melhor desempenho no
final da tarde foi observado nos participantes com cronotipo intermediário. Nossos dados
indicam que o estado geral de humor e a qualidade do sono dos participantes foram satisfatórios,
mas os nadadores adolescentes com escores leve e moderado de depressão e ansiedade
apresentaram baixa qualidade do sono. Além disso, os nadadores matutinos foram aqueles que
tiveram a melhor qualidade do sono. Ainda não existe na literatura tanto da psicologia quanto a
esportiva qual dessas variáveis chegam na frente para ocasionar a má qualidade de sono ou a
ansiedade e depressão, ou seja, será que níveis leves ou moderados de ansiedade e depressão
podem resultar nas noites mal dormidas? Ou a diminuição das horas de sono pode estar
ocasionando níveis leves para moderados nestes aspectos cognitivos? O estudo abre mais essa
lacuna para futuras pesquisas.
A maioria dos participantes deste estudo compete provas de 50m livre, entretanto, não
houve efeito do horário do dia nesta distância na amostra total, também nem após a estratificação
por sexo. Esses dados corroboram com um estudo realizado com nadadores competitivos do
sexo masculino com idade entre 17 e 27 anos, onde não houve efeito do horário do dia nas
provas de 50m livre entre 10h00 e 17h00 (FELIPE D et al. 2018). Uma revisão de literatura
publicado recentemente sobre os efeitos da hora do dia no desempenho máximo de exercícios de
curta duração, observou que a maioria dos estudos publicados até o momento desta investigação
nos nadadores adolescentes, mostra que exercícios máximos de curta duração apresentam
flutuações diurnas, com pico de desempenho nos horários entre 16h e 20h. A probabilidade dos
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testes de desempenho dos 50m livres não apresentar diferença entre os dois horários do dia na
investigação global da amostra nem estratificação entre os sexos, possa ser justificada por essa
relação da variação diurna. No entanto, esses efeitos podem ser minimizados por vários fatores:
curtas exposições a ambientes moderadamente quentes e úmidos; protocolos de aquecimento
ativo; condições de jejum intermitente; aquecimento enquanto ouve música; ou períodos
prolongados de treinamento em um horário específico do dia (MIRIZIO et al. 2020).
A falta de efeito da hora do dia no desempenho no teste de 50m em ambos os sexos não
possam ser explicadas por nenhum dos fatores acima, pois ambos os testes foram realizados no
mesmo dia e repetidos após 48h. Por outro lado, o efeito da hora do dia não foi atenuado nos
testes de 400m. Além disso, o protocolo de aquecimento foi o mesmo para as tentativas de 50m e
400m. A temperatura da água de ambas as piscinas se manteve estável não apresentando
diferença no ciclo claro e também no ciclo escuro, estabilidade em torno de 27° C, os atletas não
estavam em jejum intermitente, não foi a proposta do estudo controlar a parte da nutrição, no
entanto, o autor da pesquisa sugeriu a não ingestão de alimentos que potencializasse o
desempenho antes dos testes, principalmente no período da manhã com relação á cafeína. Não
ouviam música durante o aquecimento e todos treinavam bem acostumados a treinarem no
período da manhã e tarde. O efeito do cronotipo não poderia explicar a falta de efeito da hora do
dia no desempenho nos 50m porque a maioria (53%) dos adolescentes eram intermediários.
Além disso, constatamos melhor desempenho no teste de 400m no período da tarde nos
indivíduos intermediários. Nossos resultados nos testes de 400m podem ser explicados pelo fato
de que, após a puberdade, os meninos tendem a ser mais orientados à noite do que as meninas
(Anderson ST, 2020) em nossa população os cronotipos vespertinos foram identificados apenas
entre os meninos, já as meninas eram do tipo matutino ou intermediário. O melhor desempenho
no final da tarde na prova dos 400m também pode ser explicado pela temperatura corporal, mas
infelizmente não foi possível apropriação destas ferramentas para aferir este parâmetro. De fato,
em um estudo com (n14) nadadores adolescentes, o efeito da hora do dia foi evidente tanto em
provas de natação de 100m e 400m em meninos e meninas. No entanto, os resultados foram
baseados em toda amostra, os autores não estratificaram os dados por sexo, além disso, os testes
foram feitos em uma piscina de 25 metros e os pesquisadores aplicaram aquecimento de 500
metros, ações que podem ter relação com os resultados obtidos pelo estudo (BAXTER &
REILLY, 1983)
Os resultados desta pesquisa demonstraram em duas equipes de natação de diferentes
Estados do Brasil, que o melhor desempenho no teste de 400m foi alcançado pelos meninos à
tarde, mas não pelas meninas. Esses efeitos podem ser explicados pela relação ao ciclo menstrual
com elevação acentuada da temperatura corporal coincidindo com a ovulação. Temperaturas em
homens e mulheres são mais semelhantes quando as mulheres estão na fase folicular (pré-
36
ovulatória), mas na fase lútea (última etapa do ciclo menstrual) a temperatura corporal aumenta
cerca de 0,4 °C em comparação com estágio folicular (Parry, 1997; Baker, 2007). Não ouve essa
investigação no presente estudo, com isso, é sugerido que futuros estudos possam ser feitos um
acompanhando no ciclo menstrual das meninas, e também aferição da temperatura corporal para
verificar se o efeito da hora do dia no desempenho é afetado por esses componentes.
9. CONCLUSÃO
10. REFERÊNCIAS
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