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Pró-Reitoria Acadêmica

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física


Mestrado em Educação Física

EFEITOS DO CRONOTIPO, HORÁRIO DE TREINAMENTO E


QUALIDADE DO SONO NO DESEMPENHO DE NADADORES
ADOLESCENTES

Autor: Rodolfo Soares Mendes Nunes


Orientadora: Profa. Dra. Elaine Cristina Vieira

Brasília - DF
2021
RODOLFO SOARES MENDES NUNES

EFEITOS DO CRONOTIPO, HORÁRIO DE TREINAMENTO E QUALIDADE DO


SONO NO DESEMPENHO DE NADADORES ADOLESCENTES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação Stricto Sensu em Educação Física da
Universidade Católica de Brasília como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre em
Educação Física.

Área de concentração: Atividade Física, Saúde e


Desempenho

Orientadora: Profa. Dra. Elaine Cristina Vieira

BRASÍLIA – DF
2021
N972e Nunes, Rodolfo Soares Mendes.
Efeitos do cronotipo, horário de treinamento e qualidade do sono
no desempenho de nadadores adolescentes / Rodolfo Soares
Mendes Nunes. – 2021.
45 f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília,


Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física,
2021.
Orientação: Profa. Dra. Elaine Cristina Vieira.

1. Atletas. 2. Natação. 3. Nado livre. 4. Ansiedade. 5. Depressão.


I. Vieira, Elaine Cristina. II. Título.

CDU 796

Ficha elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da Universidade Católica de Brasília (SIBI/UCB)


Bibliotecária Sara Mesquita Ribeiro CRB1/2814
Dissertação de autoria de Rodolfo Soares Mendes Nunes, intitulada “EFEITOS DO
CRONOTIPO, HORÁRIO DE TREINAMENTO E QUALIDADE DO SONO NO
DESEMPENHO DE NADADORES ADOLESCENTES”, apresentada como requisito parcial
para obtenção do grau de Mestre em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, em
26 de fevereiro de 2021, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

Profa. Dra. Elaine Cristina Vieira


Orientadora
Universidade Católica de Brasília - UCB

Profa. Dra. Gislane Ferreira de Melo


Examinadora Interna
Universidade Católica de Brasília - UCB

Prof. Dr. Emerson Ramirez Farto


Examinador Externo
Universidade Católica de Brasília - UCB

Prof. Dr. Serevino Leão de Albuquerque Neto


Suplente
Universidade Católica de Brasília - UCB
DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação para àquelas pessoas que


infelizmente não tiveram oportunidade de poder
dar continuidade aos seus estudos.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, rei dos reis, bondoso, justo e misericordioso. Em certas passagens no
caminho da vida onde não conseguimos entender ou compreender seus propósitos, mas cabe a
nós ajoelharmos e agradecermos a tudo que ele nos condiciona ter e claro, o que deixamos no
caminho para seguir a estrada da vida.

Gostaria de agradecer muitas pessoas que estiveram, passaram e estão em minha vida na esfera
do campo acadêmico. Todos os colegas que oportunizaram comigo as disciplinas do mestrado,
colegas da Iniciação Científica e todos os colaboradores do grupo de pesquisa (CronoExS).
Vocês me possibilitaram estar inserido em inúmeros estudos na promoção do campo vasto de
conhecimentos.

Meus familiares, tios (a), primos (a) em especial, Sebastião Mendes, Aparecida Mendes, Helena
Mendes e minha madrinha Maria Mendes, todos em um momento de suas vidas me trouxeram
aprendizado e muito amor e carinho deixo aqui minha singela gratidão por tudo. Meus amigos
que viveram histórias fantásticas, muito obrigado pelo respeito e consideração. Momentos bons
outros nem tanto, mas aqui chegamos, saudáveis, vivos, e com muita esperança em um futuro
mais justo e próspero. Gratifico a todos, vocês são impulsos na minha vida, muito obrigado por
me deixarem fazer parte da vida de vocês também.

Deixo aqui também um enorme agradecimento aos meus professores que sem dúvida nenhuma
foram os maiores percursores desta minha escolha de dar continuidade a minha educação
acadêmica, muitos de certa forma direta ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento
de meus conhecimentos e experiências no campo esportivo, teórico, prático e científico. Fico
aqui com fortes emoções em poder estar hoje relembrando e escrevendo tudo que pude viver na
companhia dos meus professores. Dedico o término desta fase a todos vocês, sem esquecer de
nenhum em mente e coração, muitíssimo obrigado aos meus mentores (a) que passaram na
minha vida.

Agradecer por tudo que não obtive êxito e diante de inúmeros obstáculos pude analisar e
concluir que precisamos abusar da persistência e seguir na busca dos nossos sonhos por mais que
seja complexo ou doloroso devemos seguir no processo evolutivo. As oportunidades que não
chegaram ou as portas que se fecharam, foram combustíveis fundamentais para o meu
desenvolvimento como ser humano, por isso, eu preciso sim, agradecer o lado triste da vida, pois
jamais posso esquecer o quanto foi difícil chegar até este presente momento, e jamais pensar que
foi um salto e sim um pequeno passo diante desta estrada longa que se chama vida.

Além desses agradecimentos, deixo aqui o meu reconhecimento de devoção e demonstração de


amor, minha mãe querida que batalhou e criou 03 filhos praticamente, sozinha na sequência de
duas perdas de 02 filhos recém-nascidos, não existiu amor maior do que foi me dado, dedico este
passo acadêmico a senhora, com muito carinho e gratidão por não ter abandonado seus 3
herdeiros, Rodrigo S. Mendes Nunes, Rodolfo S. Mendes Nunes e Renan Rafael S Mendes
Nunes. Muito Obrigado Ondina Tereza Medes Nunes. Deixo também meus agradecimentos ao
meu Pai, Almiro Soares Nunes que mostrou que na vida caímos e levantamos e jamais temos o
direito de julgar outra pessoa e se pudermos estender as mãos para quem está no chão e ajudar
levantar.

E o perdão é lindo quando vem do coração, muito obrigado pelos erros e acertos, tudo foi um
mar de aprendizado.

Muito obrigado ao corpo docente do programa de pós-graduação em Educação Física da


universidade católica de Brasília, não existe maior honra em poder conviver e absorver cada
conhecimento compartilhado por todos vocês.

Muito obrigado Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela


concessão da bolsa de estudo.

Muito obrigado UCB, pelo amparo estrutural e condições de podermos desenvolver o ensino
superior promovendo pesquisas cientificas e trazendo para sociedade possibilidades reais de
transformação social, cultural e levando completo conhecimento adquirido para todo território
brasileiro.

Por fim, mas não tão menos importante quanto aos demais agradecimentos, quero finalizar
agradecendo a minha orientadora Doutora Elaine C. Vieira por todo suporte, dedicação, atenção
e compartilhamento de seu vasto conhecimento na produção científica. Muito obrigado, pela
liberdade de escolha do nosso projeto com a disciplina Natação, foi um grande desafio,
acreditamos juntos que ainda temos um longo caminho de investigações nas áreas trabalhadas.
O saber é um fato que facilmente gera arrogância a
sabedoria tem a humildade intrínseca.

Eduardo Marinho.
RESUMO

Referência: NUNES, Rodolfo Soares Mendes. Título: Efeitos do cronotipo, horário de


treinamento e qualidade do sono no desempenho de nadadores adolescentes. 2021. 48 folhas.
Mestrado em Educação Física – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2021.

O objetivo desta pesquisa transversal foi investigar os efeitos do horário do dia, cronotipo
realmente existe diferenças entre meninas com meninos nas relações entre ansiedade, depressão,
qualidade do sono e desempenho de natação em adolescentes. Participaram do estudo 33
nadadores competitivos, 20 meninos e 13 meninas de dois centros de natação diferentes. Os
nadadores realizaram dois testes de desempenho do nado livre, 50m e 400m em dois horários, às
8h e às 18h, com intervalo de 48h de diferença entre ciclo dia com ciclo, noite, em uma piscina
de 50 metros de distância descoberta, ambas com as mesmas temperaturas. O cronotipo,
depressão, níveis de ansiedade e qualidade do sono foram avaliados por questionários validados
cientificamente. Nenhum efeito da hora do dia foi observado em participantes do sexo feminino
nos testes de 50m e 400m. Os nadadores do sexo masculino tiveram desempenho semelhante nos
testes de 50m, independentemente da hora do dia, mas no ensaio de 400m, os meninos obtiveram
seus melhores tempos na avaliação do período da tarde em comparação com as avaliações
matinais. A melhor performance noturna foi observada entre o cronotipo intermediários. A
análise de regressão linear obtida de toda amostra revelou correlação positiva entre qualidade do
sono e níveis de ansiedade (p = 0,016; R2 = 0,1769) e qualidade do sono e níveis de depressão (p
= 0,006; R2 = 0,2192). Não houve correlação entre o cronotipo e a qualidade do sono em ambos
os sexos (p = 0,4044; R2 = 0,0232). Conclui-se nesta pesquisa que o horário do dia pode
influenciar no desempenho de nadadores jovens que difere nas distâncias nos testes de esforço e
diferença entre meninos e meninas. Também foi demostrado a importância da qualidade do sono
em nadadores adolescentes como um fator que influencia os níveis de ansiedade e depressão e
assim proporcionando consequentemente a perda de desempenho dos atletas.

Palavras-chave: ritmos biológicos; ansiedade; atletas; natação; nado livre; desempenho.


ABSTRACT

The study aimed to investigate the eff ects of time-of-day, chronotype, and sex differences on the
relationships between anxiety, depression, sleep quality, and swimming performance in
adolescents. Thirty three competitive swimmers, 20 boys (14.8 ±1.60 years) and 13 girls (14.4
±1.51 years) from two different swimming centers participate in the study. The swimmers
performed 50-m and 400-m front crawl trials twice at 8:00h and 18:00h with an interval of 48h
in a 50-m swimming pool. Chronotype, depression, anxiety levels, and sleep quality were
measured by questionnaires. No effect of time of day was observed in girls at 50 and 400-m
trials. Boy participants had similar swimming performance at 50-m trials independently of time
of day, but in the 400-m trials boy participants had their best trial time in the evening compared
to their morning trials. The best evening performance was observed among N-types. Linear
regression analysis obtained from the whole population revealed a positive correlation between
sleep quality and anxiety levels (p=0.016; R2=0.1769) and sleep quality and depression levels
(p=0.006; R2=0.2192). There was no correlation between chronotype and sleep quality in both
sexes (p=0.4044; R2=0.0232). We concluded in this research that the time of day can influence
the performance of adolescent swimmers which differs on the distance trials and sexes. We also
demonstrated the importance of sleep quality among adolescents swimmers as a factor that can
influence anxiety and depression and thus consequently affecting the athletes' performance.

Keywords: Biological Rhythms, Anxiety, Athletes, Swimming, Freestyle, Performance.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

M Metros

H Horas

PSE Percepção Subjetiva de Esforço

VO2Máx Volume Máximo de Oxigênio

RC Ritmo Circadiano

UCB Universidade Católica Brasília

CEP Comitê Ético Pesquisa

ASBAC Associação dos Servidores do Banco Central

APAN Associação de Pais e Atletas da Natação

PSQI Questionário Qualidade do Sono

IMC Índice de Massa Corporal

FC Frequência Cardíaca

BDI Questionário de Identificação de Níveis de Ansiedade

BAI Questionário de Identificação de Níveis de depressão

DP Desvio Padrão

KG Unidade Básica Quilograma

L Unidade Básica Litro

°C Unidade Escala Celsius


LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1. Caracterização da amostra entre feminino e masculino (n 21) ..................................... 29


Figura 1. Resultados da população total durante os testes de 50m e 400m às 8h (manhã) e 18h
(tarde).............................................................................................................................................30
Figura 2. Resultado da população total durante ensaios de 50m e 400m às 8h (manhã) e 18h
(tarde) entre diferentes cronotipos. ............................................................................................... 31
Figura 3. Porcentagem da amostra total com boa e má qualidade do sono. ................................. 32
Figura 4. Porcentagem da população total entre os diferentes níveis de ansiedade (A) e depressão
(B). ................................................................................................................................................ 32
Figura 5. Correlações entre ansiedade, depressão e qualidade do sono em toda a população e
entre meninos e meninas. .............................................................................................................. 33
Figura 6. Correlações em toda a população entre cronotipo e qualidade do sono e entre qualidade
do sono nos matutinos................................................................................................................... 34
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 13
2. OBJETIVOS......................................................................................................................... 17
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................... 17
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................. 17
3. HIPÓTESE ........................................................................................................................... 17
4. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 18
4.1 HISTÓRIA DA NATAÇÃO................................................................................................... 18
4.2 MUDANÇA CULTURAL NO SÉCULO XX DIANTE DA MODALIDADE ESPORTIVA
NATAÇÃO ................................................................................................................................... 18
4.3 NATAÇÃO COMPETITIVA XIX ......................................................................................... 20
4.4 RITMOS CIRCADIANOS, CRONOTIPO E DESEMPENHO ESPORTIVO ...................... 21
4.5 VARIAÇÃO CIRCADIANA NO DESEMPENHO DE NATAÇÃO .................................... 22
4.6 QUALIDADE DO SONO NO DESEMPENHO ESPORTIVO ............................................. 23
4.7 ANSIEDADE E DEPRESSÃO NO DESEMPENHO ESPORTIVO ..................................... 23
5. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 25
5.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO ......................................................................................... 25
5.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA................................................................................................. 25
5.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ................................................................................................ 26
5.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ............................................................................................... 26
5.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................................ 27
5.5.1 Questionários para avaliação da qualidade de sono e cronotipo ................................... 27
5.5.2 Teste de 400m e 50m nado livre em piscina de 50 metros .............................................. 27
5.5.3 Questionários para a identificação de predisposição a depressão e ansiedade. ........... 28
5.5.4 Avaliações antropométricas .............................................................................................. 28
6. ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................................. 29
7. RESULTADOS .................................................................................................................... 29
8. DISCUSSÃO......................................................................................................................... 34
9. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 36
10. REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 37
11. APÊNDICE........................................................................................................................... 42
13

1. INTRODUÇÃO

Cerca de sete décadas a ciência caminha no desenvolvimento de estudos sobre os ritmos


biológicos, experimentos em animais e humanos vem sinalizando e mostrando fenômenos
básicos para entender o funcionamento interno dos organismos humanos. Jürgen Aschoff
nascido na Alemanha em 1913, pioneiro nos estudos da cronobiologia, médico, biólogo e
fisiologista do comportamento humano, aplicou inúmeras pesquisas sobre os ciclos claro e
escuro, através de análises com a temperatura corporal, sono-vigília e produção urinária. Ele e
seu colaborador Rütger Wever concluíram em seus rastreamentos longitudinais no período de 20
anos, que os humanos têm osciladores circadianos endógenos (ASCHOFF, 1965).
No campo científico do exercício físico dezenas de áreas já foram investigadas
separadamente, bem como os ritmos circadianos nas respostas fisiológicas ao exercício,
variáveis cardiovasculares e ventilatórias, parâmetros metabólicos, força muscular, potência
anaeróbia, desempenho psicomotor entre outros (MINATI, 2006).
Diversas variáveis relacionadas ao esporte são influenciadas pelos ritmos circadianos.
Funções tais como níveis de repouso sensório-motor, perceptivo, cognitivos e várias funções
neuromusculares, cardiovasculares e metabólicas ocorrem no início da noite, em linha com o
pico da temperatura corporal circadiana (FERNANDES et al. 2014).
Apesar dessas informações, algumas diferenças interindividuais na ritmicidade circadiana
de atletas não estão sendo consideradas pelos treinadores no que se refere ao planejamento das
sessões de treinamento, principalmente em esportes aquáticos tal como, natação.
A ciência do esporte atualmente vem buscando esclarecimentos quanto as investigações
no tratado das diferenças interindividuais na ritmicidade circadiana no emprego do desempenho
da natação, principalmente no contexto de grupos adolescentes. Portanto é de suma importância
entender como a hora do dia, qualidade do sono e o cronotipo podem influenciar o desempenho
de nado destes atletas.
Outro ponto importante é a diferença dos ritmos circadianos entre meninas e meninos, mas
essa diferença é sub-representada em mulheres e meninas, principalmente em pesquisas com sono e
desempenho esportivo circadiano (FUKUDA et al. 1976; KULJIS et al. 2013; MIYAHO et al. 1978).
Por exemplo, as mulheres que praticam o ciclo natural e aquelas que tomam anticoncepcionais
hormonais atingem suas temperaturas corporais noturnas mínimas mais cedo do que os homens, e as
mulheres que usam o ciclo natural diminuiu sua temperatura corporal noturna em comparação com
os homens. Além disso, o prejuízo noturno no desempenho cognitivo é maior nas mulheres do que
nos homens (ANDERSON S. 2020; BAKER et al. 2001; SANTHI et al. 2016). Todos esses fatores
14

circadianos que diferem entre os sexos podem influenciar o desempenho esportivo e deveriam ser
considerados pelos técnicos na preparação do treinamento esportivo.
Um fator importante que pode influenciar o desempenho esportivo é o cronotipo. O
interesse pelo estudo da tipologia individual (cronotipo) aumentou nos últimos anos, tentando
trazer ao campo científico esportivo uma forma de compreender a organização temporal dos
processos regulatórios do corpo humano. O cronotipo pode ser definido como um atributo dos
seres humanos que reflete sua fase circadiana. Essas etapas revelam em que momento do dia as
funções físicas do indivíduo como, níveis hormonais, temperatura corporal, faculdades
cognitivas, alimentação e padrões de sono são ativos. Embora o cronotipo seja considerado uma
medida indireta do ritmo circadiano, ainda não está claro em que medida o cronotipo é uma
manifestação direta do relógio interno do indivíduo ou o resultado de fatores externos, por
exemplo, interação social (incluindo o despertador), horário das refeições, horário de trabalho,
etc. Os cronotipos podem ser divididos em 3 tipos: matutinos (inclinação pelo período da
manhã), intermediários (propensão flexível) e vespertinos (preferência pelo período da noite).
(LEVANDOVSK, 2013).
Um estudo longitudinal muito importante no campo da cronobiologia executado pelo
pesquisador Alemão (CRISTOPHER et al. 2017) demostrou que adolescentes de 12 até 17 anos,
foram caracterizados com cronotipo vespertino, tendo a preferência de seu comportamento no
período da tarde.
Atualmente, os adolescentes enfrentam um problema de saúde crônico generalizado: a
privação do sono. Embora a sociedade frequentemente considere o sono como um luxo que
pessoas ambiciosas ou ativas não podem pagar. A sociedade brasileira do sono sugere, dormir o
suficiente é uma necessidade biológica tão importante para uma boa saúde mental e fisiológica
quanto se alimentar bem ou praticar exercícios físicos. As consequências da privação de sono
durante a adolescência são particularmente graves. Os adolescentes passam uma grande parte do
dia na escola; no entanto, eles são incapazes de maximizar as oportunidades de aprendizagem
oferecidas pelo sistema educacional, uma vez que a privação do sono afeta sua capacidade de
estar alerta, de prestar atenção, prejudica o desempenho físico, debilita sua capacidade de
resolver problemas, lidar com o estresse e reter informações. Jovens que não dormem o
suficiente carrega um risco significativo de problemas emocionais, comportamentais, como
irritabilidade, depressão, baixo controle dos impulsos, violência, reclamações de saúde, uso de
tabaco e álcool, função cognitiva e tomada de decisão prejudicados e menor desempenho global.
Diante das diretrizes da Fundação Nacional do Sono é recomendado aos adolescentes dormirem
de 8 a 10 horas por noite (HIRSHKOWITZ et al. 2015).
15

Pressupõe-se que a baixa duração do sono tenha implicações adversas sobre a saúde geral
e o bem-estar dos jovens impactando negativamente aspectos de desempenho físico e
recuperações fisiológicas (SHOCHAT et al. 2013; FULLAGAR et al. 2015; SAWCZUK et al.
2018). Segundo SIGRIDUR et al. (2020) em seu estudo com 130 nadadores adolescentes,
mostrou que aqueles que treinavam no período matutino possuíam uma redução nas horas de
sono durante a noite. Entretanto, quando os atletas não treinavam pela manhã, havia uma melhor
qualidade de sono noturna. Os resultados levantam preocupações tanto sobre a saúde geral dos
esportistas e sequelas negativas no desempenho dos nadadores (SIGRIDUR et al. 2020). Esse
resultado vai de encontro ao problema do presente estudo onde técnicos tendem a colocar
nadadores adolescentes para treinar nos horários entre as 5h e 6h da manhã, com a possibilidade
de não obter desempenho esperado por conta da redução horas de sono dos atletas.
Estudos na área da natação apontam que a falta de sono aguda afeta o desempenho físico
diurno causando assim o desalinhamento circadiano. No estudo de Anderson et al. (2018) foi
investigado 27 nadadores colegiais maiores de idade que se auto-relataram vespertinos sem o uso
de questionários científicos, uma metodologia qualitativa executado pelo próprio pesquisador de
forma de entrevista com os atletas. A pesquisa apontou nadadores 6% mais lentos, ocorrendo
aumento de 50-70% de esforço pela manhã. O delineamento metodológico foi executado com
dois testes de desempenho na distância de 200 metros em uma piscina de 50 metros, primeiro
teste às 7h pela manhã e outro no mesmo dia às 19h da noite.
Segundo VITALE et al. (2019) os estudos sobre ritmos circadianos no campo esportivo,
ainda são incipientes e controversos. Entretanto, os autores constataram que indivíduos
vespertinos possuem alterações no sistema nervoso autônomo com relação à frequência cardíaca,
ou seja, as respostas aos exercícios dentro deste grupo são mais altas que os matutinos no
período da manhã. Já no ciclo escuro ambas as características de cronotipos apresentam um
equilíbrio melhor em suas frequências cardíacas.
Pesquisas em população adulta apontam nadadores que alegavam treinar no período da
manhã obtiveram melhor desempenho nos testes matinais e os atletas que afirmaram treinar na
etapa da noite alcançaram melhor performance no estágio noturno. Além disso, a percepção de
subjetiva de esforço (PSE) após cada sessão de teste ficou alinhada com o horário habitual de
treino, os que treinavam de noite a PSE foram mais baixa no período noturno e mais alta pela
manhã. Esse entendimento e sua relação com desempenho físico estão também ligados com o
horário do dia de treinamento (DALE, 2014). Esse estudo vem demostrando que o cronotipo
individual e o horário de treinamento habitual são de fato uma forma de entender melhor a
relação do comportamento circadiano com relação ao desempenho desportivo.
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MAH et al. (2011) apresentaram em seu estudo, atletas que estenderam a duração do
sono obtiveram melhor desempenho em velocidade nos testes em sprint, melhoraram a técnica
na execução do movimento, a sugestão dos autores neste estudo aos esportistas é que tenham
uma noite de sono entre 9 a 10, para atingirem seu desempenho máximo em seus treinamentos e
consequentemente competições.
Um estudo nacional publicado recentemente, contou com a participação de 23 meninos e
11 meninas, adolescentes sedentários entre 15 e 17 anos, todos matriculados no ensino médio,
onde seu delineamento metodológico foi executado em suas respectivas escolas. Os desfechos
apontam uma associação entre VO2máx, aspectos psicológicos (ansiedade e depressão) e
qualidade do sono. Os autores demonstraram que quanto menor a qualidade do sono, menores os
níveis de VO2máx e maior probabilidade de desenvolver ansiedade e depressão. No entanto, o
VO2máx não foi associado a nenhuma destas variáveis entre os meninos, somente em meninas
(SOUSA et al. 2020).
Alguns fatores que são importantes para determinar o desempenho esportivo tem sido
negligenciado entre os técnicos de natação, incluindo a tipologia circadiana, a qualidade do sono
e o horário do dia. Como citado anteriormente, o cronotipo pode influenciar o desempenho do
esporte na avaliação do esforço percebido, escores de fadiga, cognição e tempos de corrida
(FACER et al. 2018; VITALE et al. 2017). Os treinadores precisam considerar todos esses
fatores mencionados ao agendar sessões de treinamento.
Na articulação da natação e suas formas metodológicas, elas se diferem entre técnicos, ou
seja, cada adota sua metodologia própria, alguns de forma subjetiva seguem em algum momento da
temporada a dupla sessão de treinamento, bem como aplicando treinos duas vezes ao mesmo dia,
assim na sua maioria iniciam os trabalhos entre as 5h e 6h da manhã, ocorrendo de fato a diminuição
das horas de sono dos nadadores. Nesse sentido, existem poucos estudos relacionados às diferenças
interindividuais na ritmicidade circadiana no desempenho da natação. Portanto, é fundamental
entender como o horário do dia, qualidade do sono e o cronotipo do indivíduo podem influenciar o
desempenho físico em nadadores jovens. Este trabalho teve como objetivo geral estudar se o horário
do dia e o cronotipo influenciam no nível de desempenho da natação em nadadores adolescentes.
Além disso, a presente pesquisa sondou a probabilidade de existir a diferença entre os sexos e a
associação entre qualidade do sono, ansiedade e depressão nos nadadores adolescentes.
17

2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo do estudo foi verificar se o desempenho de nadadores adolescentes difere de


acordo com o horário do dia, bem como, fatores que possam interferir no desempenho dos
atletas.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Caracterizar os cronotipo de cada atleta e verificar se os horários do dia estão compatíveis


com a tipologia circadiana de cada atleta;
 Demonstrar a diferença no desempenho dos atletas em diferentes horários do dia através do
teste de nado livre de 400m e 50m em ambos os sexos;
 Investigar a associação entre ansiedade, depressão e qualidade do sono em atletas
adolescentes.

3. HIPÓTESE

Neste estudo, conjectura que o desempenho dos atletas diferirá dependendo do horário do
dia e se isto terá um impacto importante na forma de execução e escolha dos horários de
treinamento para os atletas. Além disso, presume-se que grande parte dos adolescentes,
principalmente de cronotipo vespertino, possuam alterações psicobiológicas, como depressão,
ansiedade e distúrbios do sono que possam impactar no desempenho físico da natação quando
comparado com adolescentes de cronotipo matutino e intermediário.
18

4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1 HISTÓRIA DA NATAÇÃO


Os primeiros sinais desta modalidade esportiva vêm através da arte, pinturas da idade da
pedra cerca de dez mil anos atrás. Por outro lado, evidências por escrito foram descobertas dois
mil anos antes de cristo. Escritas estas que podemos encontrar em livros como a bíblia, Alcorão
entre outros. No ano de 1538 Nikolaus Wynmann professor de línguas estrangeiras bem como
Suíça e Alemã foi o primeiro autor a escrever um livro completo sobre Natação titulado (O
nadador, ou um diálogo sobre a arte de nadar, alegre e Agradável de ler) (ESCALANTE et al.
2012)
Os gregos foram os primeiros a construírem piscinas no ambiente militar, no entanto, a
natação não era considerada um esporte de competição, e até relatos daquela época modalidade
aquática era direcionado o seu ensino nas esferas das artes marciais.
Os primeiros relatos sobre a competição com a natação vêm bem antes de Cristo, os
japoneses já desenvolviam estes eventos muito antes dos Europeus. Além disso, todos os
imperadores asiáticos determinavam que todas as crianças deveriam aprender a nadar como um
ensinamento militar.
O primeiro clube direcionado ao ensino da natação tem seu registro relatado no século
XVIII no ano de 1796 na Suécia, matemático Jons Svanberg, todos os alunos formados neste
programa de ensino recebem o título de mestre e essa ação é executada até dias atuais.
A história deste esporte tão praticado em todo mundo nos leva a profundas descobertas
ricas e muito interessante, diante do que foi viste nesta revisão bibliográfica ainda consta
inúmeros assuntos para trabalhar e compartilhar com todos aqueles que se entusiasta com essa
modalidade, temas com invenções dos materiais que são utilizados no treinamento, bem como
óculos de natação, processo de melhoria durante a sua criação. Quais os lugares que foram feitos
as primeiras provas em ambientes fechados, ou seja, primeira piscina coberta. Curiosidade que
podemos buscar em canais digitais em seus acervos, international swimming hall of fame é um
dos poucos locais onde se navega e aprofunda o conhecimento da modalidade natação.

4.2 MUDANÇA CULTURAL NO SÉCULO XX DIANTE DA MODALIDADE ESPORTIVA


NATAÇÃO
Nos primórdios do império romano final dos 400 anos d.C. até final do século XVIII a
natação era vista com uma ação muito importante, no entanto, romanos e gregos não poupavam
desprezo com pessoas sem cultura, iletrados, rotulavam quem não sabia ler e nem nadar, não
seriam úteis para aquela sociedade.
19

Passando por este momento histórico, a natação sofreu nas mãos dos cristãos no que lhe
concerne demostravam que o ato de nadar nu se tornariam pecadores mortais. Mas que para os
marinheiros daquele período era quase que uma obrigação desenvolver a técnica da
sobrevivência aquática para estar inserido nas longas viagens marítimas.
Benjamin Franklin meados do século XVII foi um dos pioneiros na disseminação da
natação, e criador das primeiras nadadeiras, principais ferramentas que é utilizado no
desenvolvimento do esporte como ferramenta para desempenho técnico e força dos membros
inferiores.
Mas como toda história de exclusão e limitações para o sexo feminino, a natação teve por
muito tempo a triste distância das mulheres em sua prática, um dos motivos na época a forma
que os homens praticavam a natação era da mesma forma que vinham ao mundo, pelados, e
assim, não era tolerado mulheres na presença do mesmo espaço com homens nus. Entretanto,
sempre existiu a resistência feminina, mesmo assim, quem se arriscava nadar com as vestis, não
tinham tanto prazer e sim um grande desconforto, com volume grande de tecido, neste ponto o
esporte ficava inviável para mulheres. Só no final do século XVIII veio aparecer um traje que
permitia uma atividade mais confortável para as mulheres. Annette Kellerman uma australiana
no início do século XX foi a maior percursora de incentivo feminina e revolucionara na natação
desafiando as leis do ocidente na questão da liberdade do uso de trajes que facilitavam a prática
da natação, ela foi presa e toda sociedade masculina queria que ela fosse enforcada pela audácia
de não seguir as leis que impediam que as mulheres não pudessem aprender a nadar, nesta
mesma época um acidente causou muita tristeza na comunidade de Nova Iorque, em 15 de
junho de 1904, São Marcos da Igreja Luterana, um americano da paróquia em Manhattan (EUA),
inaugurou o barco de excursão General Slocum, abordo estavam 1400 tripulantes, após sair em
destino oposto da ilha para um piquenique religioso inicia-se um incêndio nos motores da
embarcação e para não colocar toda estrutura da doca em risco o capitão optou que todos
saíssem nadando, pois estavam a menos de 50 metros de distância da doca e foi aí que cerca de
1000 pessoas entre mulheres e crianças, perderam suas vidas afogados. Em 1917 foi criado
associação feminina de natação primeiro clube para mulheres que gostariam de aprender a nadar.
Entretanto, ainda tinham muita resistência, pois, em geral acreditava-se que exercícios
extenuantes poderiam prejudicar a fertilidade das mulheres e até no atletismo suspeitavam que
ficariam mais masculinas. O maior objetivo foi no sentido que quaisquer mulheres pudessem
aprender a nadar para que não acontecesse outra tragédia como a de Manhattan.
Infelizmente diante de toda revolução das mulheres ainda existia muita resistência dos
órgãos esportivos como comitê olímpico americano e sociedade de atletismos. Nas olimpíadas
de Estocolmo 1917 apenas poucas mulheres foram permitas participar a modalidade foi natação,
mas com muitas restrições, proibições de não poder competir as vistas de homens a não ser os
20

juízes das provas e deveriam estar cobertas com roupa até o pescoço antes de executar sua prova.
Mesmo assim ainda hoje no mundo moderno visualizamos na cultura islâmica homens
assumindo total autoridade sobre as mulheres e impondo suas liberdades com certas limitações,
bem como suas vestimentas cobrindo todo corpo, e poucas ainda são permitidas a prática da
natação.

4.3 NATAÇÃO COMPETITIVA XIX

A difusão da natação pelo Brasil veio nos finais do século XVIII e Início do Século XIX,
curiosamente neste mesmo período na Europa já um pouco mais a frente no desenvolvimento do
esporte já se criavam as primeiras regras e primeiros eventos competitivos. No entanto, estes
eventos eram todos realizados no mar.
Nos registros que se tem no estado do rio de janeiro, Clube de Regatas Boqueirão do
Passeio (1897). Clube de Regatas Vasco da Gama (1898) e o Clube Internacional de Regatas
(1900). Clube de Regatas do Flamengo (1895) tinha sede na praia de mesmo nome. Esses são os
primeiros e audaciosos entusiastas a disseminar a modalidade natação pelo país, neste período
eram bem vistos por serem próximos ao mar e muitos salvamentos aquáticos como afogamentos
eram os nadadores destes clubes que se arriscam entrar em mar aberto arriscando suas vidas para
salvar outras pessoas da morte. Lembrando que a maioria dos associados destes clubes eram
comerciantes. Naquela época agremiações como conhecemos hoje associais se organizavam e
promovia os eventos competitivos que de certa forma se tornaria grandes momentos festivos
para toda sociedade carioca e por muito gosto tinham seu lado cultural, social e traziam em suas
marcas a promoção da melhoria estrutural em torno das praias do rio de janeiro. Antes mesmo de
se tornar um esporte competitivo todos os entusiastas pelo esporte já participavam de eventos
competitivos, porém, o maior intuído dos idealizadores destes clubes e associações sempre
esteve voltado ao desenvolvimento da região sul do Rio de Janeiro.
As primeiras provas a serem disputadas no Brasil foram 1500 metros livres e ela se
sustentou por 14 anos consecutivos, a partir de 1912 a federação carioca desenvolveu outras
provas abrindo espaço para comunidade de botafogo, além dos 1500 metros surgiram, 100
metros livres para iniciantes, 600 metros para seniores e 200 metros para juniores.
A primeira parição do Brasil em eventos olímpicos foi em 1932 em Los Angeles na
prova de 4 x 200, feito importante para toda sociedade aquática brasileira. Além disso, outro
marco fundamental nesta olimpíada foi a participação de uma única sul-americana em uma
olimpíada que na época já fora visto, Maria Lenk. Já nos jogos olímpicos de Berlim Alemanha
brilhou nadando e apresentando ao mundo o nado borboleta. Infelizmente ela não conquistou a
sonhada medalha olímpica, mas deixou um grande legado a toda comunidade aquática mundial.
21

Décadas a frente Ricardo Prato, Gustavo Borges, Fernando Scherer, Thiago Pereira, César Cielo
entre outros.

4.4 RITMOS CIRCADIANOS, CRONOTIPO E DESEMPENHO ESPORTIVO

O conceito de ritmos circadianos (RC) no desempenho físico humano tem sido


extensivamente pesquisado principalmente na população adulta (ATKINSON, 1996; DRUST,
2005). Atividades físicas envolvendo a aptidão aeróbica, a aptidão anaeróbia, as habilidades
motoras finas e grossas mostraram um RC claro (SOUISSI, 2007). Muitas funções fisiológicas
associadas ao desempenho atlético também demonstraram um RC específico (WINGET, 1985).
Funções tais como níveis de repouso sensório-motor, perceptivo, cognitivos e várias funções
neuromusculares, cardiovasculares e metabólicas ocorrerem no início da noite, em linha com o
pico da temperatura corporal circadiana (FERNANDES et al. 2014). O pico da temperatura
corporal no início da noite leva a maior utilização dos carboidratos e maior interação das pontes
de actina-miosina no músculo (STARKIE et al. 1999). Outra razão para se acreditar que o
melhor horário do dia para o desempenho esportivo é no início da noite, está relacionado com o
ritmo circadiano do cortisol. Este hormônio está associado a uma diminuição no desempenho
esportivo principalmente pelo fato de seu pico circadiano ocorrer no período da manhã (TAFET
et al. 2001). Embora a literatura científica demonstre que o melhor horário do dia para a melhora
do desempenho esportivo seja no início da noite, as diferenças entre os cronotipo dos atletas
devem ser consideradas nos seus ciclos de treinamentos diários. O cronotipo não traz apenas
informações sobre o ritmo circadiano do homem, além disso, demostra os níveis de
personalidade, humor e desempenho cognitivo o qual foram demonstrados diferir entre os
cronotipo matutinos e vespertinos. Os matutinos acordam e dormem mais cedo que os
intermediários e vespertinos pelo fato de possuírem um pico de melatonina plasmática 3 horas
antes dos vespertinos (ADAN et al. 2012). Poucos estudos têm sido realizados com relação ao
efeito do cronotipo e desempenho esportivo. Uma revisão sistemática de dez artigos científicos
mostrou que a percepção de esforço e os valores das pontuações dos níveis de fadiga são
influenciados pelo cronotipo (VITALE et al. 2017). Assim, atletas e treinadores devem estar
cientes do efeito do horário do dia e do cronotipo no desempenho esportivo. Portanto, se faz
necessário mais pesquisas principalmente na área de natação para extrair dos atletas o seu
melhor horário do dia de acordo com seu cronotipo potencializando assim seu melhor
desempenho esportivo.
22

4.5 VARIAÇÃO CIRCADIANA NO DESEMPENHO DE NATAÇÃO

Protocolos distribuídos por aspectos comportamentais e ambientais, costumam ser


aplicados em experimentos quando o assunto é relacionado ao efeito do horário do dia no
desempenho esportivo. Pesquisadores que atuam na ciência da natação, desenvolvem essas
manipulações onde nadadores são expostos à privação de sono, sono-vigília com pouca para luz,
testes de desempenho intermitentes, por exemplo, 6 séries de 200 metros em intensidade
máxima, métodos de análises durando 24 horas do dia, causando um efeito de desregulação
circadiana nos ritmos biológicos dos atletas. Tudo isso para investigar em qual melhor horário do
dia pode encontrar o momento para um excelente desempenho e assim, verificar alguma
diferença entre os sexos e até mesmo faixa etárias.
Estudos como de Christopher Kline et al. (2006) provou essas variações da hora do dia
no desempenho da natação. A análise estatística mostrou que o desempenho foi pior nos horários
das 02:00 am. 05:00 am. Bem como, as 08:00 am., diferente dos testes aplicados as 11:00 am.
14:00 pm. 20:00 pm. E 23:00 pm. Que mostraram uma melhor eficiência de nado. A literatura
vem discutindo este ponto fisiológico bem como ritmo circadiano em nadadores, devido aos
resultados de competições internacionais como campeonato mundial e olimpíadas que é notória
a baixa diferença de tempo entre, primeiro coloca e terceiro lugar nas diversas provas que a
modalidade oferece nas distâncias desde 50, 100 metros livres entre outras provas de outros três
nados existentes, peito, costas e borboleta, resultados estes que são muito próximos, separados
por milésimos de segundos. Sendo assim, atletas conhecendo seu pico de desempenho circadiano
podem muito bem mudar seu tempo circadiano nos horários de suas competições.
De fato, a ciência deixa inconclusivas quais mecanismos podem agir mascarando o efeito
dos horários do dia, por apresentar estudos com limitações e fatores externos como ambiental,
baixo número de amostras, protocolos não aplicáveis na prática do dia-dia dos atletas e assim,
temos lacunas não preenchidas para garantir essas mudanças com eficiência. Ferramentas que
complementam essas investigações tem sido inserida para reforçar essas avaliações e cooperar
nas diferenças das variáveis que interligam o desempenho desde fatores cognitivos como
questionários de Beck que busca identificar os níveis de ansiedade, monitoramento da qualidade
do sono e a identificação do cronotipo para melhor aferir os ritmos circadianos na performance
destes esportistas. Ainda não sabemos os verdadeiros agentes intermediadores destes efeitos, se
são aspectos neurais, desenvolvimento motivacional intrínseco de cada atleta, e assim é preciso
continuar com pesquisas profundas para tentar esclarecer essas respostas.
23

4.6 QUALIDADE DO SONO NO DESEMPENHO ESPORTIVO

A habilidade de um esportista para alcançar seu alto desempenho é determinada por


diversos fatores. Diante de influências já conhecidas como capacidade física (HARRIES et al.
2015) e nutrição esportiva (SPRIET et al. 2015), a qualidade do sono também é um fator
determinante para a busca do melhor desempenho e recuperação do organismo (FULLAGAR et
al. 2015). Atualmente, as pesquisas sobre a duração e qualidade do sono em atletas tem ganhado
muito destaque surgindo o interesse dos técnicos de montar estratégias para a correção do tempo
de sono para assim atingir a recuperação do organismo e prevenir o over training (SAMUELS et
al. 2009; VENTER et al. 2014). Várias pesquisas apontam que a diminuição das horas diárias do
sono está causando uma diminuição no desempenho físico e cognitivo de atletas profissionais.
Além disso, a capacidade aeróbica, força muscular, estabilidade emocional, coordenação motora
e tomadas de decisões também estão sendo prejudicadas pela privação do sono.
Dessa forma, potencializando a baixa recuperação metabólica das funcionalidades
orgânicas desses atletas (FULLAGAR, 2015). Para não atletas, a quantidade de horas de sono
por noite indicadas pela Fundação Nacional do Sono deve estar em torno de 07 a 08 horas.
(VENTER, 2014). Pesquisadores estão utilizando estratégias de recuperação pós treinamento
para melhorar o sono dos atletas e avaliar o desempenho e suas recuperações subsequentes sob a
forma de imersão em água fria, conhecida como crio estimulação de corpo inteiro. Esta técnica é
uma estratégia de recuperação cada vez mais utilizada por atletas de alto nível. A exposição ao
frio induz um número de efeitos fisiológicos considerados benéficos para recuperação atlética,
como a diminuição dos níveis de lactato sanguíneo, diminuição dos níveis de fadiga física e
indução do sono. Esses pontos mencionados acima são sugestões que buscam evitar o excesso de
carga do treinamento no decorrer do período mais importante do ciclo principal para preparação
da competição (SCHAAL, 2015).

4.7 ANSIEDADE E DEPRESSÃO NO DESEMPENHO ESPORTIVO

Ao aprofundar no campo científico explorando a literatura esportiva é possível encontrar


algumas divergências nas relações e conceitos entre pesquisadores a respeitos destes aspectos
cognitivos. CRATTY (1984) sustenta que sintomas de ansiedade nos níveis adequados entre
atletas, podem ocorrer alguns benefícios, bem como melhor concentração e maior atenção a sua
competição. Em contrapartida, o baixo nível de ansiedade é possível que o esportista se torna
apático, por conseguinte desinteressado e com isso, seu desempenho pode ser abaixo da sua,
expectativas. O autor ainda acrescenta que a dependência da modalidade esportiva contribui
para níveis altos e baixos da ansiedade, provas de longa duração que exige maior resistência,
24

como maratonas aquáticas e corrida de rua o atleta tende a ter uma ansiedade mais elevada ao
contrário de competições de tiro ao alvo e modalidades que utilizam mais a força.
O campo cognitivo remete a inúmeras reflexões quando o ensaio está relacionado ao
esporte, desempenho, saúde dos envolvidos nas vertentes positivas e negativas. Para alguns, o
negativo pode parecer bom e já em outros olhares podem ser ruim, não é tão simples encontrar
meio-termo ou certo e errado, é um campo em constante desenvolvimento, na presente
investigação com a modalidade natação ao explorar a literatura da psicologia do esporte,
aspectos cognitivos que aborda o conceito negativo dos transtornos de ansiedade e depressão,
observamos que níveis elevados de ansiedade podem prejudicar o desempenho, indo na
contramão de relatos que foram apontados na presente revisão da literatura. E logo observamos
outro lado científico que aborda mecanismos dentro do esporte buscando minimizar esses
sintomas negativos.
Ahmed Mohamed Maged et al. (2018) constatou em seu estudo que a natação promovo a
diminuição dos sintomas negativos no contexto físico bem como, cansaço, coordenação motora,
fadiga e nos aspectos cognitivos diminuindo sintomas de ansiedades em mulheres gravidas.
Um estudo de caso de 2018 aplicado em uma mulher de 24 anos que após 4 meses de ter
dado à luz, ela se encontrava com quadro de obesidade, além disso, ela passou 7 anos sobre o
diagnóstico de ansiedade, depressão e seu organismo era resistente aos farmacológicos,
fluoxetinas e citalopram (Fluoxetina & Citalopram são medicamento antidepressivo da classe
dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina). Seu objetivo era se livrar da medicação e
sanar os sintomas de ansiedade e depressão, então, recorreu ao esporte e sua escolha foi a
natação em águas abertas, após 3 meses já não sentia mais sintomas crônicos da doença e não
fazia mais o uso dos medicamentos, logo após um período de um ano praticando a natação, ela
não precisava mais da medicação, ansiedade e depressão foram diagnosticados em níveis baixos.
Depressão e transtornos de ansiedade podem ocorrer em atletas, podendo afetar
negativamente o desempenho dessa população (REARDON, 2017). Os adolescentes são
particularmente suscetíveis a alterações psicológicas, entre elas estão os níveis de ansiedade e
depressão que possibilitam a suas variações entre os sexos. Recentemente, uma pesquisa
Brasileira executadas com adolescentes sedentários foram identificados níveis mais altos de
depressão e possuíam uma correlação com má qualidade do sono para ambos os sexos. As
meninas relataram sintomas de ansiedade, e indicativos depressivos significativamente maiores
do que os meninos (SOUSA, 2020). Assim sendo, a qualidade do sono vem sendo sinalizado
como um forte percursor com essas relações dos aspectos cognitivos negativos. Essas linhas de
investigações têm sido importantes para rastrear o desenvolvimento da boa saúde mental de
atletas no senário esportivo, por isso, a pesquisa científica precisa investigar mais estas variáveis
(JOHNSTON, 2019; REARDON, 2019).
25

Os baixos níveis psicológicos podem ser explicados por diversos fatores, podendo ser
devido ao período de treinamento que não foi próximo a nenhuma competição e também, pode
ser na decorrência ao alto índice de confiança entre os atletas (LUNDQVIST, 2011). De fato, foi
sugerido que o período de treinamento desempenha um papel importante no nível de depressão
em nadadores. Hammond (2013), apresentou em seu estudo que antes da competição, 68% dos
nadadores exibiam níveis de depressão severa e as mulheres apresentavam níveis mais elevados
de depressão do que os homens. Após a competição, 26% relataram sintomas de depressão leves
a moderadas. Os autores deste estudo relataram que existe uma forte relação entre baixo
desempenho competitivo com altos níveis de depressão que tendem a mudar com o período de
treinamento. Desta forma, a comissão técnica e responsáveis pelos atletas mais jovens precisam
estar atentos aos danos psicológicos diante de derrotas entre os nadadores e assim, inserindo
profissionais que atuam na área da psicologia esportiva para estarem acompanhando a rotina dos
esportistas (HAMMOND, 2013).

5. MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO

O presente estudo com caráter transversal foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa
com Seres Humanos da Universidade Católica de Brasília (UCB) iniciado após aprovação pelo
CEP (10541319.3.0000.0029) com parecer (3.320.474).
Inicialmente foram realizadas duas palestras com os pais e/ou responsáveis para
explicação de todas as etapas do projeto e assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido. Os nadadores foram convidados a assinarem um termo de assentimento e os
questionários foram aplicados em sala reservada, acompanhados e supervisionados pelo autor do
estudo e pela colaboradora mestranda em psicologia do esporte da Universidade Estadual de
Maringá-PR.

5.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A pesquisa foi composta por 33 voluntários, adolescentes, atletas nadadores, os quais


eram 13 meninas e 23 meninos, com idade entre 12 e 17 anos (ECA - Estatuto da criança e
adolescentes, art. 2º). Estes atletas, eram nadadores do Distrito Federal integrantes do ASBAC e
participantes paranaenses da Associação de Pais e Atletas (APAN). Todos os atletas recrutados
para o presente estudo eram federados em seus respectivos estados, os quais possuíam
experiência em competições nacional e internacional. Participaram da pesquisa somente os
26

atletas que apresentaram assinado o termo de consentimento aprovado pelo comitê de ética de
pesquisa científica de humanos.
De forma qualitativa feita pelo pesquisador do estudo, foi investigado quais eram as
especificidades dos nadadores, a parcela maior alegou ser velocistas competindo em provas de
50, 100 e 200 metros. Os nados específicos eram heterogêneos, entretanto todos alegavam que já
competiram em provas do nado livre, o mesmo utilizado nos testes de desempenho,
proporcionando uma facilitação a logística do estudo e por ser o nado mais utilizado na natação,
metodologia sustentada pela literatura. É quase unanime ao profundar em estudos científicos de
natação a sua utilização de protocolos avaliativos, serem feitos com no do livre.

5.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Para serem incluídos na pesquisa, os adolescentes precisaram cumprir os seguintes


critérios: ser atleta nadador (a) com experiência competitiva de pelo menos um ano, não
apresentar doenças ou lesões que comprometessem a integridade e a participação nos testes de
desempenho, idade mínima de 12 anos e máximo 17 anos, não consumir no momento da
pesquisa nenhum medicamento que possa interferir na avaliação das variáveis aferidas. Os
participantes receberam orientações do autor na palestra oferecida gratuitamente a não
consumirem bebidas com cafeína nos dias das coletas. Também foram orientados a não ingestão
de álcool e realização de atividade física vigorosa nas 24 horas que antecederam as avaliações.
Somente foram incluídos no estudo os participantes saudáveis que passaram pelo teste de
anamnese e que não apresentaram qualquer problema cardíaco (lista citada na Anamnese) ou
qualquer tipo de doença bem, nenhum problema físico que pudesse impedir a realização do teste
de 50m e 400m.

5.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Foram excluídos do estudo todos aqueles indivíduos que apresentaram um dos seguintes
critérios: não comparecimento em qualquer uma das etapas e das avaliações da presente
pesquisa, apresentaram qualquer tipo de doenças ou lesões físicas durante o período do ensaio.
Foram excluídos do estudo participantes que sentiram algum tipo de dor em qualquer parte do
corpo (dor nas costas, tendões, dores musculares, dores de cabeça) ou qualquer sinal de
desconforto.
Quanto aos critérios para suspensão ou encerramento da pesquisa, isso ocorreu em
qualquer fase da mesma, caso a pesquisa trouxesse prejuízos de qualquer natureza (social,
afetiva, psicológica, cognitiva, funcional) para a amostra envolvida ou seus responsáveis. Além
27

disso, os adolescentes envolvidos nessa pesquisa tiveram total liberdade e direito de abandonar, a
qualquer momento, esta pesquisa sem penalidades e/ou prejuízos, retirando o seu consentimento.

5.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.5.1 Questionários para avaliação da qualidade de sono e cronotipo

O primeiro procedimento foi a aplicação dos questionários de cronotipo e qualidade do


sono. A identificação do cronotipo foi realizada por meio do questionário de Matutinidade-
Vespertinidade (HORNE, 1976), adaptado para o Brasil (BENEDITO, 1900). Este questionário
apresenta 19 questões, que incluem a escolha dos horários de preferência para a realização de
tarefas distintas, como atividades físicas e cognitivas, incluindo também os horários de
preferência em relação à alimentação, sono e despertar. Para avaliar a qualidade do sono dos
atletas, utilizamos a versão brasileira do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI)
(Gomes, 2017).
Depois dos questionários os atletas passaram por uma avaliação antropométrica, foi
utilizado o sistema de investigação bioimpedância (Sample InBody 270) para fornecer
informações atuais e completas sobre as estruturas corporais dos participantes, segue as variáveis
no fluxograma.
5.5.2 Teste de 400m e 50m nado livre em piscina de 50 metros
28

No início do período experimental foi aplicado um teste de desempenho de nado livre de


400 (MLAVOIE, 1986). Em dois horários diferentes do dia entre 07:00/08:00 e 18:00/19:00 para
verificar se o desempenho dos atletas difere de acordo com o horário do dia e cronotipo. Após 48
horas do primeiro ciclo refizemos as avaliações replicando os dados da coleta. O mesmo
protocolo foi repetido com teste de 50m livre. Antes do início de cada teste os atletas fizeram um
aquecimento de 800m na piscina (tabela 1) e imediatamente depois do aquecimento foi avaliada
a percepção de esforço (PSE) usando a classificação proposta por (FOSTER et al. 2001). A
ordem dos atletas foi randomizada e os nadadores foram avisados a manter seu trabalho,
alimentação e padrões de sono e hábitos diários tão próximos do normal quanto possível.
Durante o teste de 400 metros foi registrado os tempos das parciais a cada 50m (tabela usando
um cronômetro da marca Vollo (Vl-510) e imediatamente após cada teste monitoramos as
variáveis da frequência cardíaca colocando o dedo indicador e médio na lateral do pescoço,
próximo de uma veia carótida, pressionando levemente até sentir a pulsação (FC). Em seguida o
pesquisador utilizando uma escala criada pelo fisiologista sueco Gunnar Borg para a
classificação da percepção subjetiva do esforço (PSE), numa escala numérica de 0 a 10.

5.5.3 Questionários para a identificação de predisposição a depressão e ansiedade.


Para avaliar a predisposição a depressão e a ansiedade foram aplicados os questionários
da escala de ansiedade e depressão (BDI) de Beck (GOMES et al, 2017). Estes questionários
foram aplicados e supervisionados pelo pesquisador responsável. As escalas selecionadas
depressão e ansiedade de Beck podem ser usadas para o público de adolescentes, pois são
validadas para a população em análise. Um estudo com 568 adolescentes apresentou dados sobre
a aplicação do Inventário de Depressão de Beck e comprovou que este questionário pode ser
usado nessa população (TERI, 1982). Outros estudos também validaram as escalas de Beck
como uma escala de alta sensibilidade, especificidade e poder preditivo positivo para identificar
uma predisposição à depressão e ansiedade em adolescentes (STEER et al. 1995). É importante
ressaltar, que estas escalas não são utilizadas para diagnóstico de depressão e ansiedade, mas são
utilizadas para pesquisa em adolescentes para detectar uma predisposição a depressão e
ansiedade.

5.5.4 Avaliações antropométricas

Depois dos questionários os atletas passaram por uma avaliação antropométrica, foi
utilizado o sistema de investigação bioimpedância (Sample InBody 270) para fornecer
informações atuais e completas sobre as estruturas corporais dos participantes, segue as variáveis
no fluxograma e os resultados (Tabela 1).
29

6. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram expressos como estatísticos descritivos (média ± DP). A distribuição


normal das variáveis foi avaliada para todos os grupos em cada condição por meio do teste de
Shapiro-Wilk. A regressão linear com teste de Pearson foi utilizada para verificar as associações
entre todas as variáveis dependentes. A comparação dos valores médios para diferentes horários
do dia entre duas variáveis para o mesmo sujeito foi analisada pelo teste t pareado e as diferenças
entre os sexos pela manhã e à tarde foram analisadas por ANOVA de duas vias. Os dados de não
normalidade foram apresentados como box-plot pelo teste de Kruskal-Wallis. A significância
estatística foi definida em um nível alfa de 0,05. O software estatístico usado pela GraphPad
Software, Inc. (San Diego, CA, EUA).

7. RESULTADOS

As características antropométricas entre meninos e meninas são apresentadas na Tabela


1. Idade, altura e IMC foram semelhantes entre meninos e meninas. As medições de
bioimpedância mostraram que a massa corporal, massa muscular, água corporal, massa muscular
no tronco, braços direitos, esquerdos e pernas foram maiores em meninos em comparação com
meninas, enquanto a porcentagem de gordura corporal e massa gorda total foram menores nos
meninos do que nas meninas.
Tabela 1. Caracterização da amostra entre feminino e masculino (n 21)
30

As comparações entre os valores médios do desempenho nos testes de 50m obtidos em


toda a população, não mostrou efeito da hora do dia (Figura 1A). Quando estratificamos por
sexo, nenhum efeito de hora do dia foi observado em meninas e meninos. O melhor desempenho
no tempo do ensaio de 50m foi alcançado pelos meninos nos testes da manhã e da tarde em
comparação com as meninas (Figura 1B). Entretanto, os desempenhos de natação em todos os
participantes diferiram significativamente segundo o horário do dia nos testes de 400m (Figura
1C). Para verificar se essa diferença estava relacionada ao sexo, analisamos por separado os
dados dos testes de 400m entre nadadores de ambos os sexos.
Não houve diferença estatística entre o desempenho matutino e noturno nas meninas
(Figura 1D). No entanto, os participantes do sexo masculino tiveram seu melhor tempo de teste à
tarde, em comparação com seus tempos matinais. Esses dados sugerem que o melhor
desempenho no período da tarde está relacionado ao tempo de desempenho dos meninos e não
das meninas.

Figura 1. Resultados da população total durante os testes de 50m e 400m às 8h (manhã) e 18h (tarde).Painel
A, tempo de atuação na prova de 50m. Painel B, tempo de desempenho na prova de 50m entre meninos e meninas.
Painel C, tempo de atuação na prova de 400m. Painel D, tempo de desempenho na prova de 400m entre meninos e
meninas. Os valores são expressos em segundos. * p <0,05 e ** p <0,01 manhã vs noite; ## p <0,01 ### p <0,001
meninos vs meninas.
31

Em seguida, foi analisado em nossa amostra o cronotipo dos atletas, entre meninos,
apenas 5 adolescentes foram identificados como vespertinos, 5 como matutinos e 10
intermediários. 4 meninas foram identificadas como matutinas e 9 intermediárias. Não havia
vespertinos entre as nadadoras do sexo feminino.
Não houve variações diurnas significativas nos testes de 50m entre os matutinos,
intermediários e vespertinos (Figura 2A-C). No entanto, no teste de 400m, os intermediários
exibiram o melhor tempo de desempenho no período da tarde em comparação com o teste da
manhã (Figura 2E). Nenhuma diferença estatística foi observada nos matutinos e vespertinos
para o teste de 400m (Figura 2D e F).

Figura 2. Resultado da população total durante ensaios de 50m e 400m às 8h (manhã) e 18h (tarde) entre
diferentes cronotipos.
Painel A, tempo de desempenho na prova de 50m entre os Matutinos. Painel B, tempo de desempenho na prova de
50m entre os Intermediários. Painel C, tempo de atuação na prova de 50m entre os Vespertinos. Painel D, tempo de
desempenho na prova de 400 m entre os Matutinos. Painel E, tempo de desempenho na prova de 400m entre os
Intermediários. Painel F, tempo de desempenho na prova de 400m entre os Vespertinos. Os valores são expressos
em segundos. * p <0,05 manhã vs noite. Com relação à qualidade do sono dos atletas, os escores médios totais do
PSQI mostraram má qualidade do sono em 42,4% do total de nadadores. Por outro lado, 57,5% pontuaram menos de
cinco, o que é indicativo de boa qualidade do sono.
32

Os escores médios totais do PSQI mostraram má qualidade do sono em 42,4% do total de


nadadores. Por outro lado, 57,5% pontuaram um escore menos de cinco, o que é indicativo de
boa qualidade do sono (Figura 3).

Figura 3. Porcentagem da amostra total com


boa e má qualidade do sono.

Após estratificação por sexo, 18,1% das meninas e 24,2% dos meninos apresentaram má
qualidade do sono. Além disso, 21,3% das meninas e 36,4% dos meninos exibiram boa
qualidade de sono.
Os escores de ansiedade mostraram que 60,6% dos adolescentes nadadores apresentaram
níveis mínimos de ansiedade, 33,4% apresentaram nível de ansiedade leve e 6% com nível
moderado (Figura 4A). Em relação aos níveis de depressão, 84% dos participantes exibiram
níveis mínimos de depressão, enquanto 16% tinham níveis de depressão leve.

Figura 4A Figura 4 B

Figura 4. Porcentagem da população total entre os diferentes níveis de ansiedade (A) e depressão (B).

A maioria dos meninos e meninas apresentaram níveis mínimos de ansiedade 21,1%


(meninas), 39,8% (meninos). Níveis leves de ansiedade foram encontrados em 15% das meninas
e 18,1% dos meninos, enquanto níveis moderados foram observados em 3% das meninas e 3%
dos meninos. Com relação aos níveis de depressão, um nível leve de depressão foi observado em
10% dos meninos e 6% das meninas. Em contraste, níveis mínimos de depressão foram
encontrados em 51% dos meninos e 33% das meninas participantes.
33

A análise de regressão linear obtida de toda a população revelou uma correlação positiva
entre qualidade do sono e níveis de ansiedade (p = 0,016; R2 = 0,1769) e qualidade do sono e
níveis de depressão (p = 0,006; R2 = 0,2192, Figura 5). Níveis mais altos de ansiedade e
depressão se correlacionaram positivamente com a baixa qualidade do sono nas meninas (p =
0,008; R2 = 0,4797, p = 0,07; R2 = 0,2542, Figura 5). Os mesmos resultados foram observados
em meninos (p = 0,04; R2 = 0,2077, p = 0,02; R2 = 0,2459, Figura 5).

Figura 5. Correlações entre ansiedade, depressão e qualidade do sono em toda a população e entre meninos e
meninas. Por outro lado, a análise de regressão linear global dos atletas não mostrou nenhuma correlação entre o
cronotipo e a qualidade do sono (Figura 6) em ambos os sexos (p = 0,4044; R2 = 0,0232), mas em toda a
população houve uma correlação negativa entre os tipos matutinos com a qualidade de sono (p= 0,04; R 2 =
0,5217). Esses dados indicam que nadadores adolescentes com altos escores de depressão e ansiedade exibem
baixa qualidade de sono, mas aqueles com os maiores escores matinais apresentam melhor qualidade de sono.
34

Figura 6. Correlações em toda a população entre cronotipo e qualidade do sono e entre qualidade do sono nos
matutinos.

8. DISCUSSÃO

Esta dissertação de mestrado traz importantes resultados que revelam que a hora do dia é
um fator notável no desempenho dos atletas. Nadadores adolescentes tiveram melhor
desempenho no período da tarde, apenas no ensaio de 400m e esses dados foram evidentes no
grupo dos meninos, mas não no grupo das meninas. Curiosamente, o melhor desempenho no
final da tarde foi observado nos participantes com cronotipo intermediário. Nossos dados
indicam que o estado geral de humor e a qualidade do sono dos participantes foram satisfatórios,
mas os nadadores adolescentes com escores leve e moderado de depressão e ansiedade
apresentaram baixa qualidade do sono. Além disso, os nadadores matutinos foram aqueles que
tiveram a melhor qualidade do sono. Ainda não existe na literatura tanto da psicologia quanto a
esportiva qual dessas variáveis chegam na frente para ocasionar a má qualidade de sono ou a
ansiedade e depressão, ou seja, será que níveis leves ou moderados de ansiedade e depressão
podem resultar nas noites mal dormidas? Ou a diminuição das horas de sono pode estar
ocasionando níveis leves para moderados nestes aspectos cognitivos? O estudo abre mais essa
lacuna para futuras pesquisas.
A maioria dos participantes deste estudo compete provas de 50m livre, entretanto, não
houve efeito do horário do dia nesta distância na amostra total, também nem após a estratificação
por sexo. Esses dados corroboram com um estudo realizado com nadadores competitivos do
sexo masculino com idade entre 17 e 27 anos, onde não houve efeito do horário do dia nas
provas de 50m livre entre 10h00 e 17h00 (FELIPE D et al. 2018). Uma revisão de literatura
publicado recentemente sobre os efeitos da hora do dia no desempenho máximo de exercícios de
curta duração, observou que a maioria dos estudos publicados até o momento desta investigação
nos nadadores adolescentes, mostra que exercícios máximos de curta duração apresentam
flutuações diurnas, com pico de desempenho nos horários entre 16h e 20h. A probabilidade dos
35

testes de desempenho dos 50m livres não apresentar diferença entre os dois horários do dia na
investigação global da amostra nem estratificação entre os sexos, possa ser justificada por essa
relação da variação diurna. No entanto, esses efeitos podem ser minimizados por vários fatores:
curtas exposições a ambientes moderadamente quentes e úmidos; protocolos de aquecimento
ativo; condições de jejum intermitente; aquecimento enquanto ouve música; ou períodos
prolongados de treinamento em um horário específico do dia (MIRIZIO et al. 2020).
A falta de efeito da hora do dia no desempenho no teste de 50m em ambos os sexos não
possam ser explicadas por nenhum dos fatores acima, pois ambos os testes foram realizados no
mesmo dia e repetidos após 48h. Por outro lado, o efeito da hora do dia não foi atenuado nos
testes de 400m. Além disso, o protocolo de aquecimento foi o mesmo para as tentativas de 50m e
400m. A temperatura da água de ambas as piscinas se manteve estável não apresentando
diferença no ciclo claro e também no ciclo escuro, estabilidade em torno de 27° C, os atletas não
estavam em jejum intermitente, não foi a proposta do estudo controlar a parte da nutrição, no
entanto, o autor da pesquisa sugeriu a não ingestão de alimentos que potencializasse o
desempenho antes dos testes, principalmente no período da manhã com relação á cafeína. Não
ouviam música durante o aquecimento e todos treinavam bem acostumados a treinarem no
período da manhã e tarde. O efeito do cronotipo não poderia explicar a falta de efeito da hora do
dia no desempenho nos 50m porque a maioria (53%) dos adolescentes eram intermediários.
Além disso, constatamos melhor desempenho no teste de 400m no período da tarde nos
indivíduos intermediários. Nossos resultados nos testes de 400m podem ser explicados pelo fato
de que, após a puberdade, os meninos tendem a ser mais orientados à noite do que as meninas
(Anderson ST, 2020) em nossa população os cronotipos vespertinos foram identificados apenas
entre os meninos, já as meninas eram do tipo matutino ou intermediário. O melhor desempenho
no final da tarde na prova dos 400m também pode ser explicado pela temperatura corporal, mas
infelizmente não foi possível apropriação destas ferramentas para aferir este parâmetro. De fato,
em um estudo com (n14) nadadores adolescentes, o efeito da hora do dia foi evidente tanto em
provas de natação de 100m e 400m em meninos e meninas. No entanto, os resultados foram
baseados em toda amostra, os autores não estratificaram os dados por sexo, além disso, os testes
foram feitos em uma piscina de 25 metros e os pesquisadores aplicaram aquecimento de 500
metros, ações que podem ter relação com os resultados obtidos pelo estudo (BAXTER &
REILLY, 1983)
Os resultados desta pesquisa demonstraram em duas equipes de natação de diferentes
Estados do Brasil, que o melhor desempenho no teste de 400m foi alcançado pelos meninos à
tarde, mas não pelas meninas. Esses efeitos podem ser explicados pela relação ao ciclo menstrual
com elevação acentuada da temperatura corporal coincidindo com a ovulação. Temperaturas em
homens e mulheres são mais semelhantes quando as mulheres estão na fase folicular (pré-
36

ovulatória), mas na fase lútea (última etapa do ciclo menstrual) a temperatura corporal aumenta
cerca de 0,4 °C em comparação com estágio folicular (Parry, 1997; Baker, 2007). Não ouve essa
investigação no presente estudo, com isso, é sugerido que futuros estudos possam ser feitos um
acompanhando no ciclo menstrual das meninas, e também aferição da temperatura corporal para
verificar se o efeito da hora do dia no desempenho é afetado por esses componentes.

9. CONCLUSÃO

Conclui-se nesta pesquisa que o horário do dia pode influenciar o desempenho de


nadadores adolescentes de acordo com a distância das provas e do sexo. Também foi demostrado
a importância da qualidade do sono em nadadores adolescentes como um fator que pode
influenciar os seus níveis de ansiedade e a depressão e consequentemente afetar o desempenho dos
atletas. O presente estudo destaca uma metodologia aplicável de considerável importância para
um campo prático, onde é possível identificar atletas velocistas obtendo melhor desempenho nas
avaliações de meio fundo (400m). Ou seja, técnicos tendo em mãos outra visão do potencial de
seus atletas, assim, inserindo os nadadores em competições de acordo com a distância da prova e
horário do dia. A maioria dos atletas do presente estudo alegaram de forma verbal ao pesquisador
que competem ou já competiram em provas de 50m em suas competições de natação. Os atletas e
treinadores não sabiam que seu melhor desempenho na natação era nos 400m livres, essa
performance poderia mudar de acordo com o horário do dia. Com base nessas revelações, os
treinadores podem considerar a tipologia circadiana dos atletas, qualidade do sono, para orientar e
ajudar os nadadores a alcançar desempenhos ideais e monitorando essas variáveis e evitar efeitos
deletérios do horário do dia no desempenho de natação.
Por fim, essa pesquisa aconselha uma investigação longitudinal buscando envolver os
atletas em todo percurso do ciclo anual de preparação, investigando os efeitos do controle do
sono nos períodos pré, competição, pós provas, seus níveis de ansiedade e depressão pós vitorias
e também logo depois de uma derrota. Da mesma forma, investigações mais profundas do
contexto da fisiologia bem como, marcadores hormonais que de certa forma estão diretamente
ligados a todas as variáveis levantadas nesta pesquisa tal qual, melatonina, cortisol, coleta de
lactato nos dois ciclos de testes. Esses são incentivos do autor principal desta pesquisa para
outros cientistas impulsionando para darem continuidade nas investigações de todo contexto
apresentado e com a oportunidade de receberem apoio financeiro governamental que fomenta
pesquisas científicas, haja visto que neste estudo não teve nenhum recurso.
37

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42

11. APÊNDICE
43
44

ARTIGOS ACEITOS PARA PUBLICAÇÃO


45

PROJETOS ESPORTIVOS SOCIAIS

Participação filantrópica em conjunto com multiprofissionais da área da natação em


quatro equipes das categorias de base do esporte. O projeto conta com equipes das regiões norte,
nordeste e sudeste do Brasil.

 Atuando em análises Biomecânicos dos quatro nados;


 Investigações periodizadas nos aspectos cognitivos utilizando ferramentas científicas, bem
como questionários de ansiedade e depressão;
 Controle de da qualidade do sono dos nadadores.

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