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São Paulo
2020
LUCAS MURRINS MARQUES
Defesa de Doutorado
apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em
Distúrbios do
Desenvolvimento da
Universidade Presbiteriana
Mackenzie como requisito à
obtenção do título de Doutor.
São Paulo
2020
FICHA CATALOGRÁFICA
344 f. : il. ; 30 cm
CDD 170
Apoio:
Título do Trabalho: Em busca dos sentimentos morais: do desenvolvimento das emoções básicas ao
papel das emoções morais complexas nos processos de julgamento
1
Observação: caso tenha usufruído mais de um apoio ou benefício, selecione-os.
LUCAS MURRINS MARQUES
Defesa de Doutorado
apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em
Distúrbios do
Desenvolvimento da
Universidade Presbiteriana
Mackenzie como requisito à
obtenção do título de Doutor.
Aprovado em_________________________________
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________________________
Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio – Orientador
Universidade Presbiteriana Mackenzie
____________________________________________________________________
Prof. Dra. Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira
Universidade Presbiteriana Mackenzie
____________________________________________________________________
Prof. Dr. Elizeu Coutinho de Macedo
Universidade Presbiteriana Mackenzie
____________________________________________________________________
Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia
Universidade Federal da Paraíba
____________________________________________________________________
Prof. Dr. Óscar Filipe Coelho Neves Gonçalves
Universidade do Minho
Dedico este trabalho à minha esposa
Luciana, que tem compartilhado comigo
as maiores alegrias e conquistas da vida.
Te amo!
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço aos meus pais, Almir de Matos Marques e Helga Murrins
Marques, que desde sempre me apoiaram em todas as minhas escolhas e estiveram ao meu
lado como grandes mentores e amigos excepcionais.
Agradeço à minha esposa, Luciana Kiyomi Guedes Inumaru, por toda a convivência e
amizade, todo o companheirismo, o amor e a paciência de ter ao lado um Doutorando
perfeccionista. Agradeço imensamente por você ter aceito compartilhar esta caminhada da
vida ao meu lado e a cada dia construir cada momento de nossa família.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio, que desde uma breve conversa no
início de 2009 decidiu entrar nesta trajetória de um pouco mais de 10 anos de trabalho
conjunto. Com você aprendi muito e serei eternamente grato por ter me apresentado a
Psicologia e as Neurociências, com nada menos do que todo esse amor pelo tema que você
carrega diariamente.
À minha avó, Olivia de Matos Marques, que proporcionou, durante a maior parte da
minha trajetória acadêmica, bem-estar físico e emocional para que a minha formação, e mais
especificamente o presente trabalho, pudessem caminhar de forma próspera e saudável. Serei
eternamente grato.
Por fim, mas não menos importante, agradeço a cada um dos mais de 2.200
participantes que compõem a amostra dos seis estudos aqui apresentados.
“
.”
Eduardo Galeano
RESUMO
The study of emotions presents relevant growth. Among the emotional categories, it is
understood moral emotion, by a set of physiological changes and/or cognitive processing that
present as a consequence the establishment and maintenance of the integrity of human social
structures. More recently, the role of intuitions, triggers, or moral foundations that would
guide judgment, have been widely discussed: i) Care; ii) Justice; iii) Liberty; iv) Authority; v)
Loyalty; and vi) Purity. In addition, some studies demonstrate the role of some aspects in the
relationship and modulation of moral judgments, such as: i) cultural variations; ii) basic
emotional processing; iii) social categorization; iv) development; v) emotion regulation; and
vi) the role of brain processing in moral judgment. Despite these findings, many gaps are still
present in this study topic. Thus, through six studies, this thesis aimed to describe, correlate
and modulate the interface between emotions and judgment. For this, each Study presents
particularities in the general and specific objectives, methods, and casuistic, all being duly
justified and directly related to the general objective of the present thesis. Specifically, the
objectives of each Study were: Study 1) To translate, adapt and validate an instrument of
judgment of the different moral foundations for the population of the city of São Paulo; Study
2) Investigate the effects of the modulation of the basic emotion of Disgust on moral judgment
relative to different social groups; Study 3) Investigate the role of perception of Group
Categories of Authors and Victims in situations of violation of the Care Foundation; Study 4)
Investigate and correlate moral judgment at different ages and sex; Study 5) Investigate the
effects of emotion regulation on moral judgment; and Study 6) Investigate the effects of
Neuromodulation of Prefrontal Cortex on moral judgment. At the heart of this thesis, some
studies will involve current crisis scenarios and discussions (eg, local and global conflicts
regarding different cultures, sexes, and social groups). Thus, in addition to deriving
contributions to the theoretical field between emotions and moral judgment, the results may
contribute to discussions about social phenomena in the field of moral sciences in
contemporary and crisis scenarios.
ESTUDO 1 ............................................................................................................................ 34
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ........................................................................... 35
2. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 35
2.1. Instrumentos de avaliação dos fundamentos morais ............................................. 35
2.2. Vinhetas dos Fundamentos Morais (VFMs) ........................................................... 36
2.3. Instrumentos de investigação dos julgamentos morais no Brasil ......................... 37
3. OBJETIVOS .................................................................................................................... 39
3.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 39
3.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 39
4. HIPÓTESES E RESULTADOS ESPERADOS ........................................................... 40
5. MÉTODO......................................................................................................................... 42
5.1 Fase 1: Tradução e adaptação ................................................................................... 42
........................................................................................... 43
............................................................................................... 43
................................................................................................... 43
................................................................................................. 44
5.2 Fase 2: Validação psicométrica ................................................................................. 45
.......................................................................................................... 45
5.3 Fase 3: Exploração das diferenças culturais, ideológicas e de sexo ....................... 46
.................................................................................... 46
........................................................................................................................ 46
5.4 Procedimentos............................................................................................................. 47
5.5 Aspectos éticos ............................................................................................................ 47
5.6 Análise estatística dos dados...................................................................................... 48
6. RESULTADOS ................................................................................................................ 50
6.1 Fase 2: Validação psicométrica ................................................................................. 50
..................................................................................... 50
................................................................................. 50
6.2 Fase 3: Exploração das diferenças culturais, ideológicas e de sexo ....................... 55
.............................................................................................. 55
.......................................................................................... 57
.............................................................................................................. 57
............................................................................................................ 58
................................................................................................. 61
........................................................................................... 63
.............................................................................................................................. 63
................................................................................................................................ 64
......................................................................................... 65
.......................................................................................................................... 65
........................................................................................................................ 66
7. DISCUSSÃO .................................................................................................................... 69
7.1 Fase 1: Tradução e adaptação ................................................................................... 69
7.2 Fase 2: Validação psicométrica ................................................................................. 70
7.3 Fase 3: Exploração das diferenças culturais, ideológicas e de sexo ....................... 71
.............................................................................................. 71
.......................................................................................... 72
................................................................................................. 73
7.4 Limitações e direções futuras .................................................................................... 75
8. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 77
ESTUDO 2 ............................................................................................................................ 78
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ........................................................................... 79
2. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 79
2.1. Emoção de nojo e julgamento moral ....................................................................... 79
2.2. Categorização grupal ................................................................................................ 81
3. OBJETIVOS .................................................................................................................... 85
3.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 85
3.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 85
4. HIPÓTESES E RESULTADOS ESPERADOS ........................................................... 86
5. MÉTODO......................................................................................................................... 87
5.1 Estudo piloto 1: ........................................................ 87
5.2 Estudo piloto 2: ........................................ 88
5.3 Participantes ............................................................................................................... 91
5.4 Instrumentos ............................................................................................................... 92
......................................................................................... 92
............................................................................................ 93
5.5 Procedimentos............................................................................................................. 94
5.6 Aspectos éticos ............................................................................................................ 96
5.7 Análise estatística dos dados...................................................................................... 96
6. RESULTADOS ................................................................................................................ 98
6.1 Caracterização da amostra ........................................................................................ 98
6.2 Julgamento moral vs. Grupo experimental vs. Autor da violação ........................ 99
6.3 Modulação Afetiva (EAPN) ..................................................................................... 102
6.4 Sensação de odor desagradável ............................................................................... 103
6.5 Sensibilidade ao nojo e julgamento moral ............................................................. 105
6.6 Ideologias social e política........................................................................................ 106
6.7 Hábitos de regulação emocional (supressão e reavaliação cognitiva) ................. 108
7. DISCUSSÃO .................................................................................................................. 109
7.1 Exposição ao odor desagradável ............................................................................. 110
7.2 Julgamento moral entre os dois momentos avaliados ........................................... 111
7.3 Sensibilidade ao nojo................................................................................................ 113
7.4 Ideologias social e política........................................................................................ 114
7.5 Regulação emocional ................................................................................................ 114
7.6 Limitações e direções futuras .................................................................................. 115
8. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 116
1. INTRODUÇÃO
Antes de aprofundar o motivo de escolha de cada um dos seis estudos que compõem a
presente Tese, vale apresentar a linha teórica que embasou a construção desses estudos.
Assim, a seguir encontra-se uma breve apresentação do que vem a ser a moral e o julgamento
moral, bem como a Teoria dos Fundamentos Morais, linha teórica condutora desta Tese.
Desta forma, é possível relacionar o importante papel que as emoções têm nos
julgamentos morais. Hume (1777) defende que a moral é determinada por sentimentos que
nos fazem definir se uma atitude é virtuosa ou criminosa. Além disso, o mesmo autor afirma
que para fazer um julgamento moral, todos os fatos devem ser previamente vivenciados e
conhecidos, de maneira que a mente, ao contemplar esses fatos conhecidos, nos faz sentir uma
impressão nova que resulte em algumas emoções como desgosto, desprezo, afeto, admiração,
raiva, vergonha e culpa (HUME, 1777). Desta forma, emoções ditas “básicas”, que podem ser
classificadas como emoções primitivas, por possuírem origem em regiões subcorticais
(TRACY e RANDLES, 2011), poderiam também ser consideradas emoções morais. Assim
como aponta HAIDT (2003), todo processamento emocional que apresenta como
consequência o estabelecimento e manutenção da integridade das estruturas sociais humanas
27
pode ser considerado uma emoção moral. Neste sentido, torna-se evidente que o constructo
da “moral” se caracteriza por uma somatória de aspectos tanto emocionais quanto de
elaboração cognitiva, apesar de, contraditoriamente ao pensamento comum, o raciocínio
cognitivo moral estar pouco presente em nossos julgamentos morais (HAIDT, 2001). Atitudes
e julgamentos podem ser tomados, muitas vezes, de forma automática, sem necessariamente
usar o raciocínio, com base em conceitos já preestabelecidos (FAZIO e WILLIAMS, 1986).
Destes, assim como apresentado por HAIDT (2008), os três primeiros caracterizam
fundamentos orientados para a valorização do indivíduo (Fundamentos Individualizantes),
enquanto os últimos três valorizam o coletivo (Fundamentos Coesivos). Neste sentido, a
literatura recente acerca do processamento moral se baseia nos pressupostos da TFM (HAIDT,
2003; 2008; 2012; GRAHAM , 2013), estimulando, por exemplo, o desenvolvimento de
instrumentos como o (GRAHAM , 2011) e o
(CLIFFORD , 2015). Por outro lado, o grau em que os dilemas
morais se envolvem no processamento de emoções varia consistentemente com a influência
que a emoção exerce no julgamento moral (GREENE , 2001). No entanto, Haidt e Greene
discordaram sobre o papel da razão na psicologia moral por causa da crença de Greene na
relevância do pensamento de modo manual – que é o sistema de julgamento racional e
controlado – em contraste com o modo automático, regulado por emoção e intuição, defendido
por HAIDT (2001), que considera a emoção como a única fonte de julgamento moral,
30
racionalizada pelo modo manual (GREENE, 2013). Além disso, estima-se que o julgamento
moral se altere de acordo com as influências sociais e culturais (HAIDT , 1993). No
entanto, esta concepção contrasta com a crença difundida no século 20 de que um processo
racional e deliberado toma parte na decisão moral (KOHLBERG, 1969; TURIEL, 1983).
Embora seja forte a noção de que o julgamento se baseia nas implicações emocionais da moral,
ainda assim as evidências são consideradas insuficientes e não comprovadas por alguns, que
argumentam que as emoções podem exercer escassa influência no julgamento moral
(HUEBNER , 2009).
Nos últimos anos, um grupo de pesquisadores criticou a TFM argumentando que não
há módulos de ativação específicos que possam desencadear violações específicas para cada
um dos fundamentos morais. Assim, acreditando também nos pontos defendidos por
GRAHAM (2013), de que a moralidade é construída com base no nativismo,
aprendizagem cultural, intuicionismo e pluralismo, um grupo de pesquisadores,
predominantemente representados por Kurt Gray, desenvolveu a Teoria da Moralidade
Diádica (TMD), que sugere que moralidade ou violações morais são socialmente
representadas por diferentes tipos de danos, mas mantêm a mesma base ontológica (SCHEIN
e GRAY, 2018).
A presente Tese, de uma maneira ou de outra, não busca destrinchar qual linha teórica
melhor esboça o tópico da moral, mas sim explorar de que maneira os diferentes fundamentos
morais respondem a diferentes situações, a depender do objetivo de cada um dos seis estudos.
Assim, o objetivo geral da presente tese está na investigação dos fundamentos morais e dos
diferentes fenômenos que possibilitam a modulação do julgamento de violações destes
fundamentos, com principal foco nos processos emocionais. Para tal fim, a presente tese se
estrutura em seis estudos individuais, cada qual com seu objetivo individual e casuística
particular. Todos os estudos apresentam como fator comum o julgamento de violações
31
representativas de cada fundamento moral, ora por meio de vinhetas, ora por meio de imagens,
apenas diferindo a variável independente investigada. Desta forma, cada um dos estudos
buscou responder uma pergunta em relação ao julgamento dos fundamentos morais:
Para além dos estudos 2 a 6, que buscaram investigar a influencia de alguma variável
no julgamento moral dos diferentes fundamentos morais, o Estudo 1 surgiu da necessidade de
adaptação e validação do instrumento (CLIFFORD et al., 2015)
a fim de possibilitar a realização dos demais estudos da presente tese. De qualquer modo,
apenas os estudos 2 e 4 utilizaram diretamente as vinhetas validadas, sendo que os estudos 5
e 6 utilizaram um conjunto de imagens selecionadas a partir das situações apresentadas nas
vinhetas validadas e, o Estudo 3 utilizou vinhetas representativas de violações dos
fundamentos do Cuidado emocional e físico, desenvolvidas e compartilhadas pelos
pesquisadores Professor Dr. Walter Sinnott-Armstrong ( ) e a Professora Dra.
Hyo-eun Kim ( ). Seja pelo uso de vinhetas ou imagens, todos os
estudos investigaram os julgamentos morais de maneira separada entre violações de diferentes
naturezas, agrupadas entre os diferentes fundamentos morais. A decisão em utilizar imagens
representativas dos fundamentos morais nos estudos 5 e 6 se deu pelo fato de possibilitar uma
maior experiência moral aos participantes, além de, no caso do Estudo 5, possibilitar que o
32
registro fisiológico fosse registrado por maior duração ao longo da visualização das imagens
por parte dos participantes.
1
Destes estudos, apenas o Estudo 4 Parte 1 utilizou 5 destes 6 fundamentos, uma vez que foi decidido por excluir
vinhetas do fundamento da Pureza, visto que elas apresentam conteúdo inapropriado para a amostra com idade
inferior a 18 anos.
33
ESTUDO 1
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Além disso, considerando que este estudo também busca comparar as respostas obtidas
na amostra brasileira com os da amostra original dos Estados Unidos (EUA), torna-se evidente
o impacto positivo na elaboração de futuros estudos transculturais que trabalhem com o
mesmo instrumento de investigação.
Por fim, vale destacar que as análises exploratórias relacionadas à diferença de sexo
buscam destacar importante fenômeno psicossocial, com significativo impacto social e
emocional, mas que normalmente não recebe a apropriada atenção e esforço por parte da
comunidade científica. Desta forma, o presente estudo possibilitará uma melhor compreensão
de possíveis diferenças de sexo no julgamento moral, destrinchando como estas possíveis
diferenças se apresentam em resposta ao julgamento moral dos diversos fundamentos morais.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Como resultado, as VFMs têm vários outros pontos fortes como ferramenta de
pesquisa. Primeiro, o formato compacto e padronizado das vinhetas as torna passíveis de uma
variedade de métodos experimentais, como eletrofisiologia ou ressonância magnética
funcional, que podem ser empregados desde os domínios da Psicologia Comportamental à
Neurociência Cognitiva. Segundo, o grande número de vinhetas permite desenhos
experimentais mais elaborados, como experimentos intraparticipantes, e que os pesquisadores
selecionem subconjuntos de vinhetas que correspondam a outros aspectos, como violação
moral e/ou nível de violação.
Apesar dos muitos usos das VFMs, elas ainda não passaram por nenhum processo de
tradução e validação para o português do Brasil, ressaltando a importância de validar um
instrumento para diversos ambientes sociopolíticos como o encontrado no nosso país.
3. OBJETIVOS
O objetivo do presente estudo foi traduzir e validar as VFMs para o português do Brasil
para uma amostra universitária da cidade de São Paulo e investigar o papel das ideologias
social e política e do sexo nos julgamentos morais. Todos os procedimentos recomendados
internacionalmente (BEATON , 2002) e nacionalmente (BORSA , 2012) foram
adotados para o trabalho. É importante ressaltar que este estudo não objetivou validar esse
instrumento para a população brasileira, considerando todas as suas diferentes culturas,
dialetos e níveis socioeconômicos. Desta forma, a amostra aqui avaliada foi caracterizada por
estudantes universitários da cidade de São Paulo.
5. MÉTODO
A versão sintetizada foi enviada para seis especialistas nas áreas de Ciências
Cognitivas, Neurociências ou Filosofia. Nesta fase, o objetivo principal era avaliar se as
vinhetas se enquadravam no contexto da cidade de São Paulo (por exemplo, com esportes
contextualizados, e expressões), se estavam claras e objetivas, e se a magnitude da
violação moral, para a qual elas foram originalmente criadas, ainda se encontrava preservada.
Todos os seis especialistas tiveram acesso à versão original em inglês e à versão traduzida
sintetizada. A partir dessas revisões, os autores se encontraram e, quando necessário,
realizaram os ajustes necessários, caracterizados predominantemente por ajustes no processo
de tradução. Finalmente, para cada uma das 90 vinhetas, uma única versão foi criada a partir
dos comentários e modificações fornecidos pelos seis especialistas.
A versão final da tradução foi enviada para outros dois professores de inglês (também
bilíngues), para realizar o processo de tradução reversa. Novamente, assim como no processo
de tradução da língua original para o português do Brasil, os dois professores bilíngues
realizaram a síntese de cada uma das versões construídas para uma única versão. É importante
notar que, como recomendado por BEATON (2002) e BORSA (2012), em todos
esses processos de tradução, nenhum professor bilíngue tinha algum conhecimento da função
do instrumento e, no caso do processo de tradução reversa, nenhum professor bilíngue tinha
acesso à versão original em inglês, o que garantiu o objetivo de encontrar inconsistências ou
erros conceituais entre as duas versões.
44
Notamos aqui outra adaptação cultural que merece atenção. A vinheta #202 que
aparece no original como "
" foi julgada pelos especialistas em ciência cognitiva
como algo imoral e, portanto, eles sugeriram a versão: "Você vê uma mulher jogando seu gato
fora da janela porque ele arranhou a mobília". Entretanto, os autores originais esperavam que
essa nova vinheta representasse uma violação mais intensa quando comparada à vinheta
original, além do fato de que a sugestão desse especialista poderia indicar uma possível
45
Foram coletados dados de 505 indivíduos da cidade de São Paulo, dos quais foram
utilizados 494 para a versão sintetizada e traduzida das 90 vinhetas (11 participantes foram
excluídos devido ao registro de dados incorretos/incompletos). Os participantes tinham uma
idade média de 22,65 (±6,51) e 385 eram mulheres.
violação, uma vez que havia uma quantidade estrita de vinhetas para cada fundamento em
comparação com a quantidade de vinhetas com um autor masculino.
5.4 Procedimentos
Além das medidas apresentadas no tópico anterior, como idade, sexo, ideologia social
e política, para cada vinheta foram realizados dois julgamentos: i) os participantes foram
convidados a julgar quão moralmente errado era o comportamento na situação, em uma escala
de 5 pontos (1 = " "a5" "); e ii) os participantes foram
solicitados a julgar porque o comportamento descrito na vinheta estava errado. Os
participantes poderiam escolher entre sete opções de resposta, seis das quais representavam
os fundamentos morais e uma sétima opção indicando que "
". Para preparar os participantes para esta tarefa,
cada um dos fundamentos morais foi descrito em detalhes no início da participação, das
maneiras mencionadas na introdução do presente estudo.
virtual (Anexo A). Os participantes foram devidamente avisados que poderiam deixar o estudo
a qualquer momento que desejassem sem necessidade de justificativa. Além disso, todas as
informações fornecidas foram estritamente sigilosas e cada participante foi nomeado e
referenciado com uma codificação. Ao final da coleta de dados, todos os participantes foram
informados que todas as situações morais tratavam de situações fictícias. Por fim, a coleta de
dados do presente estudo só foi iniciada após aprovação pelo Comitê de Ética da Universidade
Presbiteriana Mackenzie e pela Plataforma Brasil (CAAE: 76803617.5.0000.0084; data de
aprovação: 28/11/2017).
A estrutura fatorial dos julgamentos morais foi explorada usando uma estrutura
de análise fatorial exploratória e considerando uma estimativa de máxima verossimilhança.
Por assumir o número de fatores, foi especificado o valor fixo de sete fatores – um para cada
um dos fundamentos morais e dois para o fundamento do Cuidado (físico e emocional).
Complementando as análises exploratórias, análises de correlação de
foram feitas em relação a cada ideologia, a saber, social e política. Posteriormente, foram
realizadas duas regressões lineares múltiplas em relação a cada ideologia, considerando todos
os sete fatores da análise fatorial. Em todos os casos, a variável independente foi caracterizada
pelos valores médios obtidos pela primeira questão de julgamento moral, calculada para cada
fundamento moral, baseada em todas as vinhetas representativas de cada fundamento moral,
e a variável dependente caracterizada pelo valor médio obtido através de cada escala de
ideologia.
Com relação aos dados comportamentais relativos ao julgamento moral dos
diferentes fundamentos morais e das diferentes amostras, foram feitas Análises de Variância
49
6. RESULTADOS
A estrutura fatorial dos julgamentos morais foi realizada por meio de uma análise
fatorial exploratória, utilizando estimativa de máxima verossimilhança e rotação Promax, uma
vez que foi assumido que os fatores se correlacionariam (rotação oblíqua). Seguindo a
abordagem de CLIFFORD (2015), foi controlada a análise para sete fatores, sendo um
para cada fundamento moral e dois para o fundamento do Cuidado (físico e emocional)2. As
cargas fatoriais rotacionadas encontram-se no Anexo N. As cargas fatoriais maiores ou iguais
a 0,4 aparecem em negrito, enquanto as cargas fatoriais menores que 0,3 são apresentadas em
cor cinza.
O primeiro fator captura Cuidado emocional, com a maioria das vinhetas de Cuidado
emocional recebendo um fator de carga maior que 0,4. Esses resultados podem indicar que,
independentemente do nível de violação moral (conforme apresentado no tópico
), todas as vinhetas de Cuidado emocional de ambas as culturas (EUA e
Brasil) são representativas do mesmo fundamento, o que ilustra que situações de Cuidado
emocional são vistas da mesma maneira entre as culturas. Esses resultados também podem
demonstrar que as VFMs, expressando situações de violação moral, em vez de preocupação
moral abstrata (QFM), permitem que variações culturais do que cada situação moral viola
apareçam, o que possivelmente não ocorreria apenas analisando o julgamento de situações
2
Embora as vinhetas de Cuidado físico sejam divididas entre aquelas com violações cometidas em relação aos
seres humanos e outras em relação aos animais, optou-se por não seguir com a divisão em três fatores para
Cuidado, porque havia um número insuficiente de vinhetas envolvendo danos físicos a humanos (ver descrição
na Tabela 2).
51
morais abstratas. Assim, além de considerar certos fundamentos morais importantes, as VFMs
permitem que seja avaliado como um conjunto de diferentes situações características de um
mesmo fundamento podem ser avaliados de formas diferentes. Estudos futuros podem
investigar a especificidade de situações de Cuidado emocional, ao representar variações
culturais. Curiosamente, os únicos casos em que as vinhetas de Cuidado não foram carregadas
nesse fator foram as vinhetas julgadas como violadoras do fundamento da Liberdade. Esse
achado poderia ser interpretado à luz do fato de que a maioria das vinhetas de Cuidado
menciona explicitamente as situações de , que podem ser classificadas como violação
de Cuidado ou como violação de Liberdade, mesmo que nenhuma vinheta apresente a palavra
“ ”.
o fator Liberdade parece ser o menos bem desenvolvido, no entanto, nenhuma outra vinheta
cruza esse fator.
Optamos pela divisão em sete fatores, dividindo o Cuidado entre as vinhetas que
apresentam violações físicas e emocionais (RMSEA = 0,05), uma vez que o número de
vinhetas que apresentam violações físicas aos humanos era limitado. Assim, acreditamos que
a divisão de sete fatores fornece um instrumento com um número razoável de vinhetas por
fator (com o mínimo de sete vinhetas nos fundamentos da Liberdade e Pureza).
Tabela 2. Resultados das análises fatoriais confirmatórias para diferentes números de fatores.
Fonte: Próprio autor.
Fatores Descrição χ2 χ2/ RMSEA
2 Individualizantes e Coesivos 11.210,64 3.914 2,86 ,061
6 Seis fundamentos morais 9.228,91 3.900 2,37 ,053
7 Divisão por Cuidado físico e emocional 8.729,83 3.894 2,24 ,050
7 Divisão por Cuidado humano e animal 8.758,87 3.894 2,25 ,050
8 Divisão por Cuidado emocional, físico e para animais 8.644,03 3.887 2,22 ,050
Nota: Negrito sinaliza o modelo adotado.
Das 90 vinhetas usadas na análise fatorial, duas (#807 e #809) foram excluídas por
apresentarem mais do que 50% de classificação como "
"; oito vinhetas (#301, #302, #407, #508, #511,
#606, #613 e #806) não representam nenhum dos sete fatores; nove vinhetas (#101, #106,
#107, #115, #116, #401, #412, #607 e #609) foram classificadas em dois fatores diferentes; e
três vinhetas (#505, #506 e #708) foram classificadas em um fator diferente comparado ao
estudo original. Assim, considerando um conjunto recomendado de vinhetas para estudos
futuros, foram excluídas essas 22 vinhetas, resultando em um conjunto de 68 vinhetas para
53
Por fim, embora as vinhetas #101, #106, #107 e #116 não tenham sido incluídas nas
análises posteriores do presente estudo, nem no conjunto de vinhetas recomendado, elas
apresentaram cargas fatoriais significativas tanto para o Cuidado físico quanto emocional.
Desta forma, caracterizam-se por um grupo de quatro vinhetas que representam
significativamente o fundamento de Cuidado independentemente do tipo de violação
(emocional ou física). Assim, aqueles estudos que buscam investigar os juízos morais
relacionados ao fundamento de Cuidado comparando violações físicas com emocionais e
aqueles que representam os dois tipos de violações devem fazer uso dessas quatro vinhetas.
Com base nessas considerações, foi criado um conjunto de escalas calculando a média
das classificações de julgamento das vinhetas recomendadas de cada categoria. A
confiabilidade de cada conjunto de vinhetas foi mensurada por meio do coeficiente de
Cronbach: Cuidado emocional = 0,85; Cuidado físico = 0,84; Justiça = 0,71; Liberdade = 0,83;
Autoridade = 0,86; Lealdade = 0,89; e Pureza = 0,79 (Figura 2).
54
Figura 2. Representação da análise fatorial considerando os sete fatores para a amostra total.
Os números em tabela representam os códigos das vinhetas, abaixo do nome dos fundamentos
estão representados os valores do alfa de Cronbach para cada fundamento e juntamente com
os arcos estão as correlações entre os fundamentos morais. Cuidado E = Cuidado emocional;
Cuidado F = Cuidado físico.
Fonte: Próprio autor.
55
Obviamente, não é possível afirmar com certeza se esses resultados se justificam por
diferenças na cultura, estímulo ou composição da amostra3. Uma explicação plausível é que a
amostra brasileira era mais liberal e de esquerda do que a amostra norte-americana (ver Figura
3
É improvável que as diferenças se justifiquem por diferenças de sexo, porque o equilíbrio entre os sexos foi
bastante semelhante nas duas amostras.
56
Figura 3. Representação do julgamento moral para cada fundamento das VFMs em relação
às amostras brasileira e norte-americana, em que os valores representam o julgamento moral
médio (1 = “ ”a5=“ ”) e as barras representam o intervalo
de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
57
Por fim, considerando a ideologia política, foi feito o mesmo procedimento utilizado
com a ideologia social. Conforme representado pela Figura 5, os resultados revelaram o
mesmo padrão, com correlação significativa para o Cuidado físico ( =-0.13; 0.003),
Liberdade ( =-0.14; =0.002), Autoridade ( =0.24; <0.001), Lealdade ( =0.21; <0.001) e
Pureza ( =0.14; 0.002), mas não com o Cuidado emocional ( =-0.06; 0.215) e Justiça
( =0.07; 0.135). Considerando esses resultados, uma regressão linear múltipla foi calculada
para prever a ideologia política com base em cada um dos sete fatores da análise fatorial. Os
59
resultados indicam que os sete fatores explicam 14,28% da variância ( =.15; F7.48=12.73;
<.001). Assim, em geral, considerando ambas as ideologias, todos os cinco fundamentos que
se correlacionam significativamente com ambas as ideologias, ou seja, Cuidado físico,
Liberdade, Autoridade, Lealdade e Pureza, parecem seguir o mesmo padrão que varia de
a e a
(Figura 5).
semelhante à validação das 68 vinhetas com a amostra total, contudo, existem muitas
discrepâncias entre participantes homens e mulheres. Um exemplo dessa discrepância está no
fato das vinhetas representativas do fundamento do Cuidado se dividirem em dois fatores para
a amostra feminina, mas não se dividirem na amostra masculina.
Neste sentido, foi criada uma lista de 31 vinhetas distribuídas nos seis principais
fundamentos: Fator 1/Cuidado = 4 vinhetas; Fator 2/Lealdade = 7 vinhetas; Fator 3/Justiça =
5 vinhetas; Fator 4/Pureza = 6 vinhetas; Fator 5/Autoridade = 5 vinhetas; e Fator 6/Liberdade
= 4 vinhetas (Anexo R). As cargas fatoriais maiores ou iguais a 0,4 aparecem em negrito,
enquanto as cargas fatoriais menores que 0,3 são apresentadas em cor cinza. O principal
objetivo da criação desta segunda lista de vinhetas está na disponibilização de um conjunto de
vinhetas que permitam estudos futuros investigar diferenças de sexo, garantindo que o
instrumento é adequado para tal fim.
Por fim, para enfim avaliar as diferenças de sexo, considerando a amostra brasileira e
norte-americana, foram adotados os critérios descritos no tópico , seguindo as
análises com 23 vinhetas4. Apesar das 31 vinhetas apresentarem compatibilidade com ambos
os sexos, foi decidido por trabalhar com as 23 vinhetas pelo fato de se assumir que o sexo do
agente da violação poderia influenciar as diferenças de sexo dos participantes. Neste caso, foi
assumida a limitação de somente se avaliar o julgamento de violações cometidas por homens.
A seguir, encontram-se as análises de sexo, primeiro considerando a particularidade de cada
amostra e depois considerando as particularidades de cada sexo.
4
Todas as 23 vinhetas: Cuidado - #103 e #105; Justiça - #402, #403, #405, #406 e #408; Liberdade - #502, #503,
#509 e #510; Autoridade - #605, #610 e #611; Lealdade - #703, #704, #707, #709, #710 e #715; Pureza - #802,
#803 e #805.
63
Figura 8. Representação do julgamento moral para cada fundamento das VFMs em relação
às amostras brasileira e norte-americana para ambos os sexos, em que os valores representam
o julgamento moral médio (1 = “ ”a5=“ ”) e as barras
representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
A mesma análise usada para investigar os participantes do sexo masculino foi usada
para as participantes do sexo feminino. Assim, ANOVA para medidas repetidas revelou um
efeito principal da AMOSTRA (F1.696=48.57; <0.001; ηp=0.07), FUNDAMENTO
(F5.3480=274.45; <0.001; ηp=0.28), bem como para a interação
AMOSTRA*FUNDAMENTO (F5.3480=118.15; <0.001; ηp=0.15). Como observado para os
homens, as brasileiras (3,99 ± 0,03) também apresentam julgamentos significativamente mais
elevados que as participantes femininas dos EUA (3,67 ± 0,03). Além disso, observamos por
meio do teste de Bonferroni que as mulheres brasileiras demonstram julgamentos
significativamente mais altos do que as participantes norte-americanas para todos os
fundamentos ( <0.001), exceto para o fundamento da Lealdade ( =1.000), no qual não foram
observadas diferenças entre as amostras (Figura 9 representa as comparações entre amostras
para cada sexo).
67
Figura 9. Representação do julgamento moral para cada fundamento das VFMs em relação
às amostras brasileira e norte-americana para ambos os sexos, em que os valores representam
o julgamento moral médio (1 = “ ”a5=“ ”) e as barras
representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
68
7. DISCUSSÃO
Em relação à análise fatorial das VFMs, os resultados da validação apontam para uma
estreita relação com os achados do trabalho original de CLIFFORD (2015), no qual se
encontraram oito fatores derivados dos seis fundamentos morais, uma vez que o fundamento
do Cuidado foi dividido em três, considerando violações física aos animais e aos humanos e
violações especificamente emocionais. Aqui, encontramos sete fatores que representam
principalmente todos os seis fundamentos morais, dividindo as vinhetas de Cuidado entre
aquelas relativas ao aspecto físico e aquelas relacionadas ao aspecto emocional. Este resultado
demonstrou que as violações físicas do Cuidado em relação a humanos e animais são julgadas
erradas em uma perspectiva similar pela amostra brasileira. No entanto, o fato de que o fator
relacionado à violação do Cuidado em relação a humanos manteve a maior parte das vinhetas
originais relacionadas a este fundamento confirma a validade significativa do instrumento na
avaliação do julgamento moral em relação aos diferentes fundamentos morais.
Outro ponto interessante do presente estudo diz respeito aos achados derivados da
análise de variância entre os dois estudos de validação. A partir dessa análise, é possível
compreender que os participantes brasileiros julgam as violações de Cuidado, Justiça e
Liberdade como significativamente mais incorretas do que os participantes da amostra dos
EUA. Por outro lado, o padrão inverso é observado para violações de Pureza. Possivelmente,
esses achados refletem características marcantes relacionadas à cultura, à ideologia social e
aos cenários políticos de cada amostra. Vale ressaltar que os quatro fundamentos julgados
mais incorretos pelos participantes brasileiros são caracterizados por fundamentos
individualizantes.
Como apresentado por HAIDT (2008), os fundamentos morais podem ser subdivididos
em duas visões/sistemas principais em relação ao foco do valor moral: os fundamentos
individualizantes e os coesivos. Os fundamentos de Cuidado, Justiça e Liberdade são
tipicamente considerados como fundamentos individualizantes, uma vez que consideram o
indivíduo como o lócus do valor moral. Diferentemente, os fundamentos de Autoridade,
Lealdade e Pureza enfocam o grupo como o lócus do valor moral, sendo considerados
fundamentos obrigatórios (HAIDT, 2008). Nesse sentido, verificamos aqui que os
participantes brasileiros julgam violações relacionadas à individualização de forma
significativamente alta em comparação ao julgamento dos norte-americanos, o que pode
indicar que, possivelmente, independentemente do fundamento moral, a amostra brasileira
avaliada pode ter um viés individualizante ao realizar julgamentos morais. Este ponto também
é evidente quando consideramos a diferença significativa observada para o fundamento de
Pureza, no qual os participantes brasileiros julgaram essas violações como menos incorretas
do que os participantes dos EUA. Alguns participantes no final do estudo comentaram que
apesar de considerarem algumas vinhetas de Pureza " ", não as consideraram
incorretas, já que o autor da violação poderia realizar o ato em um ambiente privado, sem
72
prejudicar ninguém (especialmente para as vinhetas #801, #808 e #805). Assim, como
discutido para os fundamentos de Cuidado, Justiça e Liberdade, a diferença significativa para
os julgamentos de Pureza entre as duas amostras também pode refletir uma diferença cultural
significativa em relação à abordagem individualizante que pode ter influenciado de alguma
forma os julgamentos de Autoridade e Lealdade, embora não haja diferença entre as amostras
para estes fundamentos. A amostra brasileira apresentou, ainda, julgamentos mais severos
com relação a fundamentos individualizantes e menos severos com relação a fundamentos
coesivos. Em ambos os aspectos, a amostra brasileira se assemelha a padrões encontrados com
mais frequência entre liberais em estudos anteriores nos EUA (GRAHAM . 2009), o que
se evidencia quando analisada a distribuição dos participantes ao longo do espectro ideológico
social (Figura 6).
Dito isso, após a análise exploratória realizada, também foi investigado como as
diferenças entre os sexos estão relacionadas às diferenças culturais entre o estudo original dos
EUA (CLIFFORD , 2015) e o estudo de validação no Brasil. Aqui encontramos que os
fundamentos do Cuidado, Justiça, Liberdade e Pureza diferem significativamente entre as
duas amostras, demonstrando que o julgamento na amostra da cidade de São Paulo é
significativamente mais elevado do que o julgamento da amostra norte-americana para os três
primeiros, e significativamente menor para o fundamento da Pureza.
Estes resultados podem demonstrar que as mulheres da amostra dos EUA julgam
significativamente mais alto do que os homens dos EUA e que as mulheres brasileiras para o
fundamento da Autoridade. Na sequência da Autoridade, o fundamento da Pureza também
apresenta uma diferença significativa entre as amostras para as mulheres, mas não para os
homens. Assim, em vez de apresentar diferenças de sexo na amostra dos EUA, apresentou
diferenças na amostra brasileira. Antes de discutir essa diferença específica de sexo para a
amostra brasileira, vale a pena mencionar que, em geral, o fundamento da Pureza foi o único
que os participantes brasileiros julgaram significativamente mais abaixo que os participantes
dos EUA.
cidade de São Paulo, uma vez que é uma cidade de 12 milhões de habitantes, apresenta uma
ampla gama de culturas, religiões e níveis socioeconômicos, e como demonstrado por
ARUTYUNOVA (2016), provavelmente diferenças culturais podem modular os padrões
observados aqui para cada sexo; iii) a diferença na proporção de homens e mulheres pode ter
influenciado de alguma forma os resultados do presente estudo; iv) considerando as vinhetas
utilizadas para a análise das diferenças sexuais, somente violações com um homem como
agente foram utilizadas; e v) não foi controlada a sensibilidade ao nojo dos participantes, o
que pode ter impactado nas diferenças de sexo encontradas para o fundamento da Pureza.
77
8. CONCLUSÃO
ESTUDO 2
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Desta forma, o Estudo 2 foi construído a fim de se investigar de que forma o fator da
categorização intergrupal e o processamento emocional básico podem influenciar o
julgamento moral. Como principal objetivo, destaca-se a investigação do papel da emoção de
nojo no julgamento moral dos diferentes fundamentos morais. Especificamente, buscou-se
investigar a forma como se dão os julgamentos morais em relação a refugiados como autores
de violações, e se a indução da emoção de nojo promove alguma modulação nesses
julgamentos. Para tal fim, utilizou-se o referencial teórico acerca da indução da emoção de
nojo por meio da exposição a odor negativo, assim como a literatura a respeito dos processos
de categorização grupal.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Achados de alguns estudos indicam que o nojo influencia os nossos julgamentos morais,
tornando-os mais severos (SCHNALL , 2008). Além disso, constatou-se que esse efeito
é encontrado em direção oposta a outras emoções negativas, mostrando que a resposta vem
especificamente do nojo (ZHONG , 2010; SCHNALL, 2017). Esse resultado foi
encontrado através de duas vertentes: limpeza e indução de nojo por intermédio do cheiro. Os
métodos utilizados para a limpeza foram a utilização de um antiséptico nas mãos antes de
tocar nos equipamentos utilizados e memorização de frases que apresentavam características
de limpeza antes dos participantes classificarem questões de moralidade social (ZHONG
80
, 2010). Já a indução de nojo foi feita com o uso do ( com odor fortemente
negativo de enxofre), em três condições diferentes (intensidade do odor), enquanto os
participantes realizavam a tarefa com questões de julgamento moral. Os achados demonstram
que a exposição a odor negativo está relacionada a julgamentos morais mais conservadores
(SCHNALL , 2008), ou seja, sentimento emocional negativo com o nojo modulando o
processamento moral subsequente. Esses achados também mostram que o nojo pode induzir
distribuição justa, assim como conservação da própria pureza física (SCHNALL, 2017).
Estudos também mostram que quanto maior o nível de sensibilidade ao nojo, maior a
propensão em julgar um ato intencional como mais moralmente errado. Esses estudos
mostram uma ligação entre atitudes intuitivas, especificamente no grupo homossexual
masculino, e a sensibilidade ao nojo. Porém, ainda não foi encontrada uma explicação para
essa ligação, assim como a da emoção de nojo com a moral (INBAR , 2009).
Diversos estudos têm utilizado a emoção de nojo, uma vez que esta tem se mostrado
relevante para achados na Teoria dos Fundamentos Morais (TFM). O nojo é uma emoção
moralizante, como citado anteriormente, e como consequência disso tem sido notável em
estudos da moral, mais que outras emoções, como a tristeza, por não demonstrarem impacto
significativo em achados de estudos da moral. Para além disso, o nojo pode influenciar as
pessoas a serem mais cautelosas em relação a quem possa ter quebrado normas morais e
potencializar o senso de escassez e recursos, afetando também preocupações com justiça e
igualdade econômica, podendo afetar diferentes grupos morais e políticos (SCHNALL e
CANNON, 2012). Sendo assim, esses fundamentos morais estariam presentes em todas as
interações sociais, ocorrendo de forma comum ou com prejuízos (o que levaria a situações de
dilemas morais), o que destaca a importância da forma como o processo de categorização
intergrupal ocorre. O tópico seguinte abordará de forma aprofundada o Modelo de Conteúdo
de Estereótipo (MCE), relacionando seus pressupostos com a influência da categorização
social no julgamento moral.
níveis de ambas as categorias apresentam correlação positiva entre si, embora seja modesta.
No entanto, quando o julgamento se caracteriza como um julgamento de grupos sociais, essas
categorias apresentam uma correlação negativa. A intersecção destes critérios gera diferentes
sentimentos com relação ao estímulo julgado. Os grupos classificados com alta competência
e alta afetuosidade são considerados e geram sentimento de orgulho. Por outro lado,
os grupos classificados como podem ser separados em três subgrupos, dois
“moderados” e um considerado mais extremo do que os demais. Os grupos moderados podem
ser considerados “ambivalentes”, uma vez que uma das categorias é classificada com alta
intensidade, mas a outra não. Desta forma, um dos grupos moderados apresenta alta
competência e baixa afetuosidade, o que elicia sentimento de inveja. O outro grupo moderado
apresenta baixa competência e alta afetuosidade, levando ao sentimento de pena ou piedade.
Alguns grupos sociais são classificados como extremos, apresentando baixa
competência e baixa afetuosidade, levando ao sentimento de nojo. Tipicamente, neste grupo
estão inclusos pessoas pobres consideradas brancas, pessoas pobres consideradas negras,
viciados em drogas, benificiários do governo, moradores de rua e imigrantes sem documentos
legalizados. O preconceito, portanto, vai muito além de uma simples antipatia, pois os grupos
com baixa competência e baixa afetuosidade evocam também sentimentos de desprezo
(FISKE, 2018).
A partir dos achados apresentados por HARRIS e FISKE (2006) surge uma questão: se
a percepção de rebaixados níveis de ambas as categorias do MCE leva ao aumento da ativação
de estruturas relacionadas ao processamento de nojo, como a ínsula, então o sentido contrário
também pode ser validado? Ou seja, a modulação dos níveis de sentimento de nojo pode
influenciar no julgamento das categorias do MCE frente a outros indivíduos ou grupos sociais?
Analisados de forma conjunta, o estudo de HARRIS e FISKE (2006) e o de SCHNALL
(2008), apresentado logo no início do presente referencial teórico, apontam que
provavelmente ambos os fenômenos encontram-se alinhados e bidirecionalmente
influenciados. Neste sentido, o presente estudo se justifica porque objetiva compreender a
influência da exposição a estímulo evocador da emoção de nojo diante de julgamento moral
em relação a diferentes grupos sociais. Cabe reforçar que o presente estudo visa compreender
mais especificamente um grupo localizado no extremo, sendo classificado com
baixa afetuosidade e competência. Especificamente, será investigado o processamento moral
diante do grupo de imigrantes sem documentos legalizados, e classificado neste estudo como
refugiados. Desta forma, compreende-se o termo refugiados por indivíduos perseguidas por
motivo de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas. Tais indivíduos,
por se encontrarem enquadrados nessa descrição, têm entre seus direitos humanos o direito de
asilo e a serem beneficiários do estado.
presente estudo não utilizou estas escalas. Como será apresentado a seguir, objetivou entender
a relação entre a modulação da emoção de nojo e o julgamento moral, e não a categorização
grupal em si.
3. OBJETIVOS
Este estudo teve como objetivo geral investigar a influência da exposição a estímulo
evocador da emoção de nojo diante de julgamento moral em relação a violações morais
realizadas por pessoas indefinidas e refugiados.
Tendo em vista o modelo experimental aqui proposto, serão sugeridas hipóteses para
os achados comportamentais de julgamento moral e sua relação com as medidas controle.
Considerando que alguns estudos têm demonstrado a efetividade do instrumento
para a indução/evocação da emoção de nojo, e seu efeito na modulação do julgamento moral,
espera-se encontrar efeito significativo na modulação de afetos positivos e negativos,
julgamento moral e também do julgamento moral diferenciado/potencializado nos casos de
violações morais causadas por refugiados. Ou seja:
5. MÉTODO
Foi feito um estudo piloto para avaliar duas variáveis do instrumento antes das coletas.
Primeiro um piloto para verificar se as vinhetas de refugiados e pessoas indefinidas eram
julgadas de maneira distinta. Depois foi feito um piloto para avaliar a substância do
que foi utilizada para induzir a emoção de nojo, e com isso foi possível avaliar o tempo de
duração, a quantidade de jatos e a adequação das salas de coleta. A seguir, a descrição
detalhada dos pilotos realizados.
estas possíveis variações com três intensidades de odor: i) três ; ii) quatro ; e iii)
seis .
ANOVA para medidas repetidas demonstrou efeito significativo para o fator TEMPO
(F11,253=41,36; <0,001; ηp=0,64), o fator GRUPO (F1,23=11,65; <0,001; ηp=0,50) e para a
interação TEMPO*GRUPO (F22,253=5,62; <0,001; ηp=0,33). Considerando o efeito principal
de GRUPO, foi realizado de Bonferroni, o qual revelou diferenças significativas
entre as avaliações da intensidade do cheiro dos participantes do grupo “3jatos” com o grupo
“6jatos” ( <0,001), e entre o grupo “4jatos” e “6jatos” ( =0,020), mas não para a comparação
entre as avaliações dos grupos “3jatos” e “4jatos” ( =0,133). Desta forma, pode-se considerar
que a intensidade do cheiro avaliada pelo grupo “6jatos” (3,78±0,32) é significativamente
maior do que a dos grupos “4jatos” (2,43±0,32) e do grupo “3jatos” (3,78±0,42).
possível observar diferenças significativas entre os grupos “6jatos” e “3jatos” nos momentos
de 10 minutos ( <0,001), 12 minutos ( <0,001), 14 minutos ( <0,001), 16 minutos ( =0,001)
e 18 minutos ( =0,035), entre os grupos “6jatos” e “4jatos” nos momentos de 14 minutos
( =0,011) e 16 minutos ( =0,020). Não foram encontradas diferenças significativas entre os
grupos “3jatos” e “4jatos”. A Figura 10 apresenta esta variação ao longo do tempo para os três
grupos.
Vale ressaltar que não entraram nas análises os momentos 0 de exposição ao cheiro
(momento exato da aplicação do cheiro na sala) e 2 e 4 minutos após a retirada da lixeira, uma
vez que todos os grupos não apresentavam variância (todas as respostas eram iguais a zero)
91
A partir destes resultados, foi possível definir a escolha das intensidades de cheiro de
acordo com o objetivo do presente estudo. Desta forma, considerando a possibilidade de
polarização dos efeitos da intensidade do cheiro na possível modulação do julgamento moral,
a escolha pelos grupos “4jatos” e “6jatos” foi assumida, uma vez que ambos os grupos diferem
da ausência de cheiro (grupo experimental que não será apresentado a nenhum tipo de odor
negativo), e ambos apresentam uma intensidade de cheiro significativamente diferente. Além
disso, optou-se pelo grupo “4jatos” em vez do “3jatos”, uma vez que o primeiro possui
intensidade do cheiro elevada até o 14º minuto de exposição, enquanto o segundo apresenta
redução significativa na intensidade do cheiro a partir do 12º minuto de exposição. Deste
modo, considerou-se a diferença significativa entre os grupos “4jatos” e “6jatos” no intuito de
utilizar dois grupos experimentais distintos, e considerou-se a duração da intensidade do
cheiro na sala do grupo “4jatos” ser maior que o grupo “3jatos”,uma vez que um período de
efeito mais longo possibilita que o participante sob esta condição experimental esteja de fato
sob o efeito do cheiro durante toda a realização da tarefa experimental (aproximadamente 15
minutos para avaliar o segundo grupo de vinhetas).
5.3 Participantes
5.4 Instrumentos
5.5 Procedimentos
realizada se caracterizaram pelos valores obtidos nas escalas: Idade, Ideologia Social,
Ideologia Política, EAPN Negativo, EAPN Positivo, QRE-RC, QRE-S e ESN.
Com relação aos dados de relação entre as variáveis, correlações de
foram utilizadas para se verificar a relação entre as respostas da ESN, sensação de desagrado
com o odor da sala experimental, Ideologias Social e Política e os julgamentos do QRE-RC e
QRE-S.
Com relação aos dados comportamentais relativos ao julgamento moral dos
diferentes fundamentos morais, diferentes grupos experimentais e diferentes autores das
violações, foram realizadas Análises de Variância (ANOVAs) de medidas repetidas, em que
as variáveis dependentes se caracterizaram pelos valores obtidos na avaliação dos julgamentos
morais e os fatores foram os diferentes FUNDAMENTOS, AUTOR, MOMENTO e GRUPO
(experimental).
Com relação à variação de afetos positivos e negativos ao longo do
experimento, foi realizada uma ANOVA de medidas repetidas, em que as variáveis
dependentes se caracterizaram pelos valores obtidos nos momentos anterior e posterior à
realização do experimento e os fatores foram as condições de VALÊNCIA, o MOMENTO e
o GRUPO.
A fim de se avaliar as diferenças na sensação de odor desagradável entre os
diferentes grupos experimentais, foi realizada uma ANOVA de medidas repetidas, em que as
variáveis dependentes se caracterizaram pelos julgamentos de intensidade de odor
desagradável ao final da tarefa experimental, e como fator os GRUPOs experimentais.
Nas ANOVAs em que efeitos estatisticamente significativos foram observados
( <0.05), fez-se teste Bonferroni para averiguar o sentido dos efeitos observados.
Todos os gráficos apresentam como valor representado a média±intervalo de
confiança da variável dependente analisada (levando em consideração o intervalo de confiança
de 95%). Por outro lado, ao longo do texto, na descrição dos achados das ANOVAs e análises
, os valores representados correspondem à média±erro padrão da variável dependente
analisada.
Todos os gráficos foram construídos por meio do software R-Studio® e da
biblioteca GGPLOT2, utilizando gráficos , e .
98
6. RESULTADOS
5
Foram excluídos todos aqueles participantes que desviaram da média do grupo, em 50% ou mais das variáveis
analisadas. Foram considerados participantes todos aqueles que apresentaram 50% das medidas com 2.5
desvios padrões para cima ou para baixo do valor médio da variável dependente, ou então pelo fato de se constatar
falha na captação do dado.
99
Tabela 5. Caracterização da amostra coletada, com relação aos valores obtidos de idade e
nas escalas/questionários.
Fonte: Próprio autor.
0jatos (n 44) 4jatos (n 42) 6jatos (n 40) F
Idade 22.07 (0.48) 21.69 (0.49) 21.83 (0.51) 0.15 0.857
Ideologia Social 2.64 (0.35) 4.02 (0.36) 3.20 (0.37) 3.79 0.025*
Ideologia Política 4.98 (0.30) 5.38 (0.31) 4.70 (0.31) 1.23 0.297
EAPN Negativo 18.84 (1.12) 17.98 (1.14) 17.45 (1.17) 0.38 0.684
EAPN Positivo 33.66 (1.15) 29.79 (1.17) 31.28 (1.20) 2.84 0.062
Reavaliação Cognitiva 29.91 (1.10) 30.17 (1.13) 30.53 (1.15) 0.07 0.928
Supressão 15.39 (0.81) 14.43 (0.83) 15.45 (0.85) 0.47 0.626
ESN 2.38 (0.09) 2.38 (0.09) 2.31 (0.10) 0.19 0.824
Os valores representados para cada grupo experimental correspondem aos valores da média e erro padrão para cada escala/questionário,
assim como os valores de F e o nível de significância ( ) representam os resultados obtidos através das ANOVAs realizadas.
Foi realizada ANOVA para medidas repetidas para verificar possíveis variações no
julgamento moral dos diferentes fundamentos, considerando o autor da violação (pessoas em
geral e refugiados) e os três grupos experimentais (0jatos, 4jatos e 6jatos). Os resultados
demonstram efeito principal para os fatores MOMENTO (F2,123=21,40; <0,001; ηp=0,15) e
FUNDAMENTO (F5,615=110,89; <0,001; ηp=0,47), bem como as interações
MOMENTO*FUNDAMENTO (F5615=5,94; <0,001; ηp=0,05), AUTOR*FUNDAMENTO
(F5,615=51,54; <0,001; ηp=0,30) e MOMENTO*AUTOR*FUNDAMENTO (F5,615=2,88;
=0,014; ηp=0,02). Não foram observados efeitos significativos para os fatores GRUPO
experimental (F2,123=0,39; 0,677; ηp=0,01) e AUTOR (F1,123=2,44; =0,121; ηp=0,02) e as
interações MOMENTO*GRUPO experimental (F2,123=1,54; =0,218; ηp=0,02),
AUTOR*GRUPO experimental (F2,123=0,01; =0,986; ηp=0,00), FUNDAMENTO*GRUPO
experimental (F10,615=0,95; =0,487; ηp=0,02), MOMENTO*AUTOR (F1,123=0,59; =0,443;
ηp=0,00), MOMENTO*AUTOR*GRUPO experimental (F2,123=2,15; =0,121; ηp=0,03),
MOMENTO*FUNDAMENTO*GRUPO experimental (F10,615=0,58; =0,829; ηp=0,01),
AUTOR*FUNDAMENTO*GRUPO experimental (F10,615=1,33; =0,208; ηp=0,02) e
MOMENTO*AUTOR*FUNDAMENTO*GRUPO experimental (F10,615=0,39; =0,951;
ηp=0,01).
que o fundamento da Pureza foi o único que apresentou diferenças entre os autores da
violação, sendo os julgamentos realizados por refugiados (4,3±0,1) avaliados
significativamente ( <0,001) mais incorretos que os de pessoas em geral (3,7±0,1).
Figura 12. Representação do julgamento moral para cada fundamento das VFMs, para os
diferentes autores da violação, em que os valores representam o julgamento moral médio (1
=“ ”a5=“ ”) e as barras representam o intervalo de
confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
elevados que os observados na primeira metade. Em seguida, uma vez que foi observada
interação entre os fatores MOMENTO e FUNDAMENTO, foi realizado de
Bonferroni, o qual revelou que os fundamentos da Lealdade (antes 3,3±0,1; depois 3,6±0,1) e
Pureza (antes 3,9±0,1; depois 4,1±0,1) apresentaram significativo aumento dos valores de
julgamento moral entre a primeira e segunda metade do protocolo ( <0,002). Por fim, unindo
os resultados relativos à interação MOMENTO*FUNDAMENTO e o efeito principal
observado para os autores refugiados, fizemos um de Bonferroni para investigar a
interação MOMENTO*AUTOR*FUNDAMENTO, que revelou (Figura 13) efeito
significativo somente nos fundamentos de Lealdade e Pureza para autores refugiados entre a
primeira e a segunda parte do protocolo, em que o julgamento moral de refugiados foi
significativamente aumentado ( <0,02) na segunda metade do protocolo (Lealdade 3,5±0,1;
Pureza 4,4±0,1) comparada com a primeira metade (Lealdade 3,2±0,1; Pureza 4,1±0,1).
102
Figura 13. Representação do julgamento moral para cada fundamento das VFMs, para os
diferentes autores da violação e para ambos os momentos avaliados, em que os valores
representam o julgamento moral médio (1 = “ ”a5=“ ”), as
barras representam o intervalo de confiança de 95% e os pontos representam as respostas
individuais.
Fonte: Próprio autor.
Neste sentido, foi realizada ANOVA para medidas repetidas considerando como fator
os três grupos experimentais, o momento avaliado e a valência afetiva (Negativo e Positivo),
103
Figura 15. Representação da relação entre julgamento moral e sensibilidade ao nojo, para os
diferentes fundamentos morais e autores da violação. Os pontos representam as respostas
individuais dos participantes, a linha representada pela cor do autor da violação representa a
tendência linear, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha representa o intervalo de
confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
Figura 16. Representação da relação entre julgamento moral e ideologia social, para os
diferentes fundamentos morais e autores da violação. Os pontos representam as respostas
individuais dos participantes, a linha representada pela cor do autor da violação representa a
tendência linear, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha representa o intervalo de
confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
Figura 17. Representação da relação entre julgamento moral e ideologia política, para os
diferentes fundamentos morais e autores da violação. Os pontos representam as respostas
individuais dos participantes, a linha representada pela cor do autor da violação representa a
tendência linear, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha representa o intervalo de
confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
Por fim, outra medida controlada, de significativa importância para o presente estudo,
foram os hábitos de regulação emocional, uma vez que possíveis regulações poderiam estar
relacionadas com controles cognitivos da resposta emocional, e consequentemente
relacionados às mudanças no julgamento moral. Neste sentido, inicialmente foi conduzida
análise de correlação de entre os julgamentos morais de ambos os autores da violação
e os seis fundamentos morais, com os níveis de hábitos de supressão emocional. Não foram
observadas quaisquer associações significativas ( >0,05). Em seguida, outra análise de
correlação, agora em relação aos hábitos de reavaliação cognitiva também não revelou
quaisquer associações significativas ( >0,05).
109
7. DISCUSSÃO
O presente estudo teve como objetivo geral aprofundar a investigação sobre o tópico
das emoções morais. Em particular, investigar a influência da exposição a estímulo evocador
da emoção de nojo diante de julgamento moral em relação a violações morais realizadas por
pessoas em geral e refugiados. Os tópicos abaixo apresentam a discussão relativa aos
resultados encontrados, nos quais se pode observar:
Foi possível observar, ainda, que em relação ao efeito observado para a interação
AUTOR*FUNDAMENTO há uma diferença significativa no julgamento do grupo de
refugiados, em que são avaliados como mais errados em comparação com o grupo de pessoas
em geral, especificamente no fundamento de Pureza. Considerando este achado, é interessante
observar que somente neste fundamento (Pureza) e neste grupo (refugiados) ocorre uma
variação entre o primeiro e o segundo momento, em que violações da Pureza são avaliadas no
grupo de refugiados como mais incorretas no segundo momento. Este achado encontra-se
112
alinhado com a literatura que demonstra um forte efeito de viés de , ou seja, uma
distorção do julgamento considerando maior preferência para membros internos ( )e
um maior distanciamento em relação a membros externos ( ). Considerando o
trabalho de CAPTARI (2019), fica claro que o comportamento de humildade em relação
a refugiados encontra correlação positiva com os fundamentos morais individualizantes e
correlação negativa com os fundamentos coesivos. Além disso, este trabalho ainda encontrou
que o comportamento preconceituoso em relação a refugiados apresenta correlação negativa
com os fundamentos morais individualizantes e correlação positiva com os fundamentos
coesivos. Assim, pode-se entender que a forma de lidar com refugiados apresenta por base um
distanciamento que pode ser compreendido por meio da desumanização. A linha de estudo
iniciada por FISKE (2007) demonstrou que imagens de indivíduos extremamente
tendem a ser considerados com baixa competência e baixa afinidade, promovendo
um senso de nojo e consequentemente uma busca por distanciamento, a fim de se evitar
qualquer contaminação. Deste modo, no presente estudo, diante de situações violação de
Pureza cometidas por refugiados, os participantes apresentaram julgamentos morais
significativamente mais elevados do que para pessoas em geral, e essa diferença ficou ainda
mais saliente no segundo bloco de respostas. Possivelmente, assim como apresentado
anteriormente, a variação de afeto ao longo da tarefa deve ter promovido um impacto no
julgamento específico de refugiados nesse fundamento. Mais estudos se fazem necessários
para se esclarecer esse possível efeito da variação de afeto no julgamento moral de refugiados
cometendo violações morais da Pureza.
compreendido com cautela, uma vez que não foram as mesmas vinhetas que foram
apresentadas nos dois momentos avaliados.
Cabe reforçar, no entanto, que este estudo conseguiu alcançar seu objetivo no intuito
de demostrar, apesar das limitações experimentais apresentadas acima, as diferenças no
julgamento moral de violações cometidas por refugiados e pessoas em geral.
Por fim, ainda considerando a escala de sensibilidade ao nojo, foram feitas duas
correlações com as ideologias social e política. Não se observou resultados significativos, o
que demonstra que a sensibilidade ao nojo não está relacionada com os polos de ideologia
social, conservadores e liberais, e de ideologia política, esquerda e direita. Este achado pode
ser compreendido a partir do trabalho de FEINBERG (2014), no qual os autores
encontraram que independentemente da sensibilidade ao nojo o perfil ideológico social mais
liberal está relacionado com maior tendência a reavaliar a sensação do nojo. Assim,
possivelmente não foram observadas correlações com a sensibilidade ao nojo e ambas as
ideologias investigadas, pois o que deveria ter sido avaliado era a tendência a reavaliar o nojo,
e não a sensibilidade a este. Estudos futuros devem considerar estas duas métricas
(sensibilidade e tendência a reavaliar o nojo) como medidas de controle.
114
As principais limitações deste estudo são: i) o não balanceamento dos autores das
violações entre homens e mulheres, impossibilitando a comparação do julgamentos entre os
sexos; ii) não foi balanceado o número de vinhetas para pessoas em geral e refugiados; iii)
não foram testadas as diferenças entre violações morais com envolvimento pessoal sem
envolvimento pessoal; iv) não foram testadas vinhetas apresentando membros do ;e
v) não foram avaliados os níveis de afetuosidade e competência dos autores das violações,
dificultando a categorização destes como reais . Em função disso, é necessário fazer
mais estudos a fim de compreender diferentes facetas do julgamento de violações morais, bem
como do papel do processo de categorização grupal no julgamento dos diferentes fundamentos
morais.
116
8. CONCLUSÃO
ESTUDO 3
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Estas duas formas de Cuidado, embora aparentemente distintas, apresentam em sua base
processos semelhantes. Estudos recentes demonstram que o processamento sensorial da dor
em si e o processamento da percepção de dor no outro compartilham dos mesmos sistemas
neurais (LAMM , 2011). Além disso, outros estudos revelam que outras formas de dor
também podem recrutar sistemas semelhantes. Esse é o caso da dor social, que pode ser
entendida como uma resposta emocional e física de dor frente a uma situação de rejeição,
119
Contudo, esses achados relativos à percepção de dor, tipicamente levam em conta tarefas
de percepção de expressões faciais de dor ou parte do corpo (por exemplo mãos, pés e rosto),
sendo estimuladas por um estímulo doloroso (por exemplo uma agulha), muitas vezes não
apresentando o autor da situação de dor. Este elemento possui grande importância no
julgamento moral, uma vez que tipicamente a intensidade do julgamento se dá por conta de
quem cometeu o ato, possuindo diversas variáveis como possíveis moduladoras desse
julgamento, como contexto social (AKITSUKI e DECETY, 2009). Um exemplo dessas
variáveis está em estudos que apresentam variações no julgamento de dor do outro a depender
de sua etnia, sendo considerada ou (CIKARA , 2011). O que esses
estudos demonstram, de maneira geral, é uma maior empatia com a dor de indivíduos do
comparado a indivíduos do , seja medido por escala quanto por resposta de
ativação cerebral (XU , 2009; AVENANTI , 2010; AZEVEDO , 2013).
2.2. &
Outro ponto de relevante impacto na presente temática está no fato de que a preferência
para o pode se manifestar inclusive pelo desvalor de atitudes degradantes cometidas
pelo membro do , como reportado por CAMPANHÃ (2011). Em uma tarefa
clássica de divisão monetária conhecida como o Jogo do Ultimato, em que os participantes
propunham divisões para um amigo e um desconhecido e de forma contrária o computador
propunha algumas divisões aos participantes, estes acreditando que estavam recebendo
propostas do amigo e do desconhecido. Os autores demonstraram que os participantes
aceitaram mais propostas justas e injustas que eles acreditavam vir de seu amigo, comparado
121
O recente estudo de LIBERMAN (2018) demonstrou que crianças com idade entre
3 e 11 anos apresentam expectativa de que indivíduos do apresentarão
comportamentos em conformidade com as normas morais, enquanto que a expectativa em
relação a indivíduos do é de que estes violarão tais normas. Neste sentido, situações
de violação moral cometidas por indivíduos do devem ser compreendidas e
justificadas, a fim de não haver algum tipo de quebra de expectativa, ocorrendo diferentes
formas de “efeito de compensação” ou de desengajamento moral.
Desengajamento moral, conceito criado por Albert Bandura, diz respeito ao efeito de
abstração da consciência em relação a fatos e atos imorais, o qual possibilitaria que atos
imorais fossem considerados menos impactantes, seja para quem observa, seja para quem o
causa (BANDURA, 1990). Desta forma, comportamentos imorais causados por indivíduos do
seriam considerados menos errados e, portanto, não quebrariam a expectativa inicial
de que tal membro do se comportaria em conformidade com a norma. Segundo
MORTON e POSTMES (2011), uma possível forma de desengajamento moral ocorreria por
meio da “humanidade compartilhada”, que basicamente se caracteriza pela consideração de
que determinado ato imoral deve ser considerado como um “erro humano”, e portanto menos
imoral. No entanto, os autores encontraram uma correlação negativa entre a crença na
humanidade compartilhada e o sentimento de culpa por violação causada por um . Já
segundo o trabalho de AGUIAR (2017), outro mecanismo de desengajamento moral em
relação a violações cometidas pelo estaria relacionado ao efeito positivo ou negativo
122
de tal violação. Estes autores apontam que o viés de se atribuir um efeito positivo para uma
violação moral garantiria a proteção da identidade do grupo.
Contudo, apesar deste último estudo ter controlado tanto as categorias sociais de autores
e vítimas, resta saber se o nível de proximidade em relação a ambos possui alguma relação
com o julgamento moral da situação. Além disso, levando em consideração a relação entre
violações físicas e emocionais, se faz necessário a avaliação de ambos os tipos. Apresentado
o referencial teórico que embasa o presente estudo, a seguir encontram-se as descrições dos
objetivos, métodos e procedimentos.
123
3. OBJETIVOS
Este estudo teve como objetivo geral investigar o julgamento moral de vinhetas
relacionadas a violações do fundamento do Cuidado (emocional e físico), considerando
diferentes categorias grupais ( e ) de autores e vítimas das violações morais.
Tendo em vista o modelo experimental aqui proposto, serão sugeridas hipóteses para os
diferentes objetivos específicos. Considerando os achados de estudos como o de
MOLENBERGHS (2014), em que as diferenças entre pertencer ao ou ao
modulam processos de decisão como o julgamento moral, é esperado que as
categorias nas quais indivíduos do forem vítimas de violações do fundamento do
Cuidado apresentarão julgamentos morais mais elevados, bem como maior proximidade em
relação à vítima e maior distanciamento em relação ao autor. Por outro lado, nas condições
em que indivíduos do forem autores das violações, espera-se que menores
julgamentos morais sejam observados, bem como maior distanciamento em relação à vítima
e maior proximidade em relação ao autor. Em situações em que tanto vítimas como autores
forem do espera-se que ambos os níveis de proximidade se encontrarão altos, no
entanto o julgamento moral se encontrará mais baixo do que na condição em que o autor for
do e a vítima do . Já em relação aos julgamentos de proximidade, espera-se
que a proximidade seja maior em relação ao (tanto para autor quanto para vítima),
mas possivelmente apresentará menor proximidade em relação aos autores do quando
a vítima também for do .
Por fim, considerando os dois tipos de violações, físicas e emocionais, espera-se que
ambas sejam julgadas de maneira semelhante, no entanto acredita-se que violações físicas
sejam avaliadas como mais incorretas. Não existem hipóteses em relação à forma específica
com que cada tipo de violação se relacionará com os julgamentos de proximidade.
125
5. MÉTODO
Este estudo contou com um experimento de design transversal. Além disso, a amostra
foi divida em duas, sendo metade exposta a violações do Cuidado emocional e metade exposta
a violações do Cuidado físico. A seguir, encontra-se a descrição detalhada do método
realizado.
5.1 Participantes
5.2 Instrumentos
5.3 Procedimentos
O julgamento moral das vinhetas foi realizado com uma ANOVA para medidas
repetidas, em que as variáveis dependentes se caracterizaram pelos valores obtidos no
julgamento, e os fatores foram os TIPOs de Cuidado e as CATEGORIAs grupais.
Considerando o julgamento de proximidade ao autor da violação da vinheta,
foi realizada uma ANOVA para medidas repetidas, em que as variáveis dependentes se
caracterizaram pelos valores obtidos no julgamento, e os fatores foram os TIPOs de Cuidado
e as CATEGORIAs grupais.
Considerando o julgamento de proximidade à vítima da violação da vinheta,
foi realizada uma ANOVA para medidas repetidas, em que as variáveis dependentes se
caracterizaram pelos valores obtidos no julgamento e os fatores foram os TIPOs de Cuidado
e as CATEGORIAs grupais.
Nas ANOVAs em que efeitos estatisticamente significativos foram observados
( <0.05), fez-se teste Bonferroni para se averiguar o sentido dos efeitos observados.
129
6. RESULTADOS
6.1 Amostra
Bonferroni. Assim como pode ser observado na Figura 19, tanto as categorias OO (emocional
– 79.90±0.11; físico – 86.40±0.11), OI (emocional – 85.80±0.10; físico – 90.60±0.09) e II
(emocional – 83.90±0.10; físico – 92.10±0.90) se diferem significativamente ( 0.015) entre
os tipos de Cuidado. Não foi encontrada qualquer diferença significativa para a categoria IO
(emocional – 85.10±0.10; físico – 88.40±0.09) entre os diferentes tipos de Cuidado ( =0.456).
Interessante destacar que esta ausência de diferenças entre Cuidado emocional e físico para a
categoria IO representa principalmente um menor julgamento para Cuidado físico nesta
categoria. Isto pode ser afirmado uma vez que Cuidado emocional nesta categoria apenas se
diferencia estatisticamente do observado na categoria OO ( =0.002), enquanto Cuidado físico
nesta categoria não se diferencia das demais categorias ( >0.147).
Figura 19. Representação do julgamento moral para as diferentes categorias grupais e tipos
de Cuidado, em que os valores representam o julgamento moral médio a
e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
132
7. DISCUSSÃO
Este estudo teve como objetivo geral investigar o julgamento moral de vinhetas
relacionadas a violações do fundamento moral do Cuidado (emocional e físico), considerando
diferentes categorias grupais ( e ) de autores e vítimas das violações morais.
no qual se demonstrou que existem de fato diferenças no julgamento dos dois tipos de
Cuidado, sendo violações do Cuidado físico julgadas como mais erradas. Uma possível
explicação para esta diferença está no fato de que possivelmente violações do Cuidado
emocional apresentam um dano que representa um conteúdo passível de interpretação, estando
mais sujeito a interpretação subjetiva da intensidade do dano. Por outro lado, violações do
Cuidado físico representam danos materiais e, portanto, com menor margem de interpretação
subjetiva a respeito da intensidade do dano.
Desta forma, os achados aqui revelados de julgamentos mais elevados para violações
contendo membros do (categorias II, IO e OI) em relação a violações da categoria
OO, demonstram que o viés de estava presente nos julgamentos morais de duas
formas principais: i) intensificando os julgamentos morais em situações em que eram
vítimas (categorias OI e II); e ii) intensificando os julgamentos morais em situações em que
eram autores (categorias IO e II).
No entanto, há um ponto que merece destaque neste achado. Apesar do efeito ovelha
negra ficar evidente na categoria II, o mesmo não ocorre na categoria IO em comparação com
OO, na qual se esperaria que o julgamento de proximidade em relação à vítima fosse
intensificado em IO, mas não em OO. O que se observou foi uma ausência de diferenças
significativas para a comparação entre estas duas categorias, revelando, muito possivelmente,
que a influência do efeito ovelha negra somente impactou no julgamento de proximidade em
relação à vítima na categoria social em que tanto autor quanto vítima são do . São
necessários mais estudos para compreender melhor as especificidades aqui apontadas.
143
8. CONCLUSÃO
ESTUDO 4
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
2. REFERENCIAL TEÓRICO
A primeira fase denomina-se Anomia (crianças até 5 anos), na qual geralmente a moral
não se coloca, com as normas de conduta sendo determinadas pelas necessidades básicas.
Porém, quando as regras são obedecidas, são seguidas pelo hábito e não por uma consciência
do que é certo ou errado. Um bebê que chora até que seja alimentado é um exemplo dessa
fase. A segunda fase, presente tipicamente em crianças de 9 a 10 anos de idade, denomina-se
Heteronomia. Nesta fase, o certo é o cumprimento da regra e qualquer interpretação diferente
desta não corresponde a uma atitude correta. Um homem pobre que roubou um remédio da
farmácia para salvar a vida de sua esposa está tão errado quanto um outro que assassinou a
esposa, seguindo o raciocínio heteronômico. Por fim, durante a terceira e última fase do
desenvolvimento da moral, denominada Autonomia, o respeito às regras é gerado por meio de
acordos mútuos.
Entretanto, como apontado por VOZZOLA (2014), há pontos mais fortes que devem ser
considerados na teoria clássica de Piaget, como a interferência do ambiente no
desenvolvimento e que podemos estruturar esse ambiente para que ele estimule a criança, mas
também há outros aspectos nessa teoria que devem ser considerados, como o fato de que
Piaget subestima o papel da cultura e da educação, no fomento e no alento, da cognição e do
desenvolvimento moral.
Outra maneira de construção dos valores morais é descrita por BEE e BOYD (2009),
como a recompensa que os pais dão às crianças de acordo com comportamentos que eles
consideram moralmente aceitáveis e a punição por comportamentos que consideram
inaceitáveis, desta maneira é evidente a influência que a visão de mundo dos pais pode
interferir no desenvolvimento da criança.
observável (SMETANA , 2012), enquanto o último pode não ter consequências diretas e
observáveis e, portanto, requer compreensão mais avançada dos pensamentos e sentimentos
dos outros (HELWIG , 2001; JAMBON e SMETANA, 2014). Em particular, a
compreensão das crianças pequenas sobre danos psicológicos é prejudicada pela dificuldade
de coordenar avaliações morais com uma compreensão das intenções, ações e resultados
(JAMBON e SMETANA, 2014).
VOZZOLA (2014) aponta também alguns pontos fortes e fracos a serem ressaltados
em outros autores clássicos, como Kohlberg. Segundo o autor, em relação a Kohlberg é
150
necessário ressaltar que sua teoria fornece explicações de como, através do desenvolvimento,
as pessoas podem construir “um entendimento maior ou mais profundo das práticas sociais
particulares ou de contextos sociais mais específicos”, apesar dele ter colocado confiança
demais em divisões qualitativas a partir de dilemas hipotéticos. Mais recentemente, segundo
COSTA (1990), há fatores do desenvolvimento de identidade sendo divididos em individuais,
interpessoais e sociais. Dentre os fatores individuais, pode-se ressaltar a maturidade corporal,
a idade e as estruturas cognitivas, na área interpessoal a sua interação com o meio social e
físico, já na área social, as normas sociais e a hierarquia social são os principais pontos a serem
apresentados.
Historicamente, as mulheres sempre foram mais vistas como menos morais que os
homens devido a sua emocionalidade mais alta (WARD e KING, 2018).
Além disso, existem evidências de que homens comparados a mulheres relatam menor
intensidade de algumas emoções (BREBNER, 2003) e uma maior tendência a tentar
compreender suas emoções de forma geral. A supressão de emoções pode levar as pessoas a
ignorar as consequências emocionais aversivas dos dilemas morais (LEE e GINO, 2015),
concentrando-se em resultados utilitários. A maior tendência dos homens a suprimir as
emoções pode levá-los a atenuar as emoções aversivas ao considerar os dilemas morais. De
fato, uma metanálise feita por FRIESDORF (2015) demonstrou que as mulheres
experimentam reações afetivas mais fortes, levando-as a preferir decisões deontológicas, ou
seja, ao julgarem uma situação moral, as mulheres refletem mais sobre as variáveis da situação
e não apenas o aspecto formal, quantitativo do dilema. Sendo assim, podemos observar que
as diferentes formas de processamento das emoções entre homens e mulheres pode influenciar
diferentes formas de julgamento moral.
conta das diferenças de empatia entre os sexos (EISENBERG e LENNON, 1983; BAEZ
, 2017), enquanto as diferenças em Pureza podem expressar diferenças de sensibilidade ao
nojo entre homens e mulheres (TYBUR , 2011). Desta forma, estes achados de
GRAHAM (2011) demonstram que as diferenças de sexo no julgamento moral também
dizem respeito a particulares diferenças entre os diferentes fundamentos (GRAHAM ,
2011). No entanto, este instrumento (QFM) apenas avalia a valorização de fundamentos
morais abstratos, ao invés de avaliar o julgamento moral de situações cotidianas apresentando
violações dos diferentes fundamentos (WAGEMANS , 2018). Assim como observado
com os resultados do Estudo 1 especificamente para a amostra brasileira, participantes do sexo
feminino apresentaram julgamentos significativamente mais severos do que participantes do
sexo masculino nos fundamentos do Cuidado, Liberdade e Lealdade. Estes achados
demonstram diferenças em relação aos achados de GRAHAM (2011), os quais
possivelmente representam especificidades da forma de avaliação dos julgamentos morais por
meio das vinhetas. Neste sentido, o presente estudo poderá contribuir para a discussão acerca
das diferenças de sexo, uma vez que testará ambos os sexos diante dos diferentes fundamentos
morais em grupos de diferentes idades, variando dos 8 aos 40 anos de idade.
3. OBJETIVOS
Este estudo teve como objetivo geral investigar o julgamento moral dos diferentes
fundamentos morais em diferentes grupos de idades variando dos 8 aos 40 anos de idade.
5. MÉTODO
Este estudo contou com um experimento com design transversal, intra e inter-
participantes (cada participante foi exposto a diferentes condições experimentais, mas também
se comparou as diferenças entre os diferentes grupos de idade), em que ocorreu apenas uma
participação por voluntário. A seguir encontra-se a descrição detalhada do método realizado.
5.1 Participantes
participantes com idade inferior a 18 anos, somente aqueles que apresentassem autorização
dos representantes legais. O recrutamento foi realizado por meio de contato com instituições
de ensino da cidade de São Paulo (G1 a G4), e a partir de informativos eletrônicos para os
participantes dos grupos G5 a G9.
5.2 Instrumentos
(Parte 1), e mantendo o fundamento da Pureza para os grupos G5, G7, G8 e G9 (Parte 2). Vale
ressaltar que esta decisão em não expor os participantes menores de idade não postula o fato
de que este fundamento, o da Pureza, não faça parte do conjunto de fundamentos morais
presentes também na infância/adolescência.
5.3 Procedimentos
6. RESULTADOS
Inicialmente, foi realizada uma ANOVA para medidas repetidas em relação a possíveis
diferenças de sexo, na qual foi demostrado efeito significativo para o fator FUNDAMENTO
(F4,1100=106,59; <0,001; ηp=0,28), o fator SEXO (F1,275=5,93; =0,016; ηp=0,02), bem como
a interação FUNDAMENTO*SEXO (F4,1100=6,95; <0,001; ηp=0,02). Assim, participantes
do sexo feminino (4,18±0,04) julgaram significativamente de forma mais severa que os do
sexo masculino (4,04±0,04). Já em relação aos achados relativos da interação
FUNDAMENTO*SEXO, de Bonferroni demonstrou que especificamente em
relação a cada fundamento, participantes do sexo feminino (4,31±0,06) apenas julgaram
significativamente de forma mais severa comparado aos do sexo masculino (3,97±0,06) no
fundamento da Liberdade. Todas as demais comparações não foram significativamente
diferentes ( >0,077).
Figura 25. Representação do julgamento moral por fundamento moral e sexo (Parte 1), em
que os valores representam o julgamento moral médio (1 = “ ” a 5 =
“ ”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
162
Em seguida, foi realizada outra ANOVA para medidas repetidas, agora em relação a
possíveis diferenças de idade, na qual foi demonstrado efeito significativo para o fator
FUNDAMENTO (F4,1092=112,60; <0,001; ηp=0,29), bem como a interação
FUNDAMENTO*IDADE (F12,1092=8,48; <0,001; ηp=0,08), mas não para o fator IDADE
(F3,273=2,53; =0,057; ηp=0,02). Em relação aos achados relativos da interação
FUNDAMENTO*IDADE, de Bonferroni demonstrou três diferenças: i) G1
(3,71±0,09) se diferenciou significativamente do grupo G3 (3,09±0,16) no fundamento da
Lealdade ( <0,001); ii) G1 (4,54±0,06) se diferenciou significativamente do grupo G4
(3,89±0,08) no fundamento da Autoridade ( <0,001); e iii) G2 (3,91±0,10) se diferenciou
significativamente do grupo G4 (4,45±0,09) no fundamento da Liberdade ( =0,015). Todas
as demais comparações não foram significativamente diferentes ( >0,098).
Figura 26. Representação do julgamento moral por fundamento moral e idade (Parte 1), em
que os valores representam o julgamento moral médio (1 = “ ” a 5 =
“ ”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
163
Além disso, foi realizada uma análise de correlação de para verificar uma
possível relação entre a idade e o julgamento moral. Primeiro em relação a participantes do
sexo feminino, os resultados apontam, assim como pode se observar na Figura 27, correlação
negativa para Autoridade ( = -0,44; <0,001), Justiça ( = -0,16; =0,046) e Lealdade ( = -
0,21; =0,007), e por outro lado, correlação positiva para Liberdade ( = 0,26; 0,001). Em
seguida, considerando participantes do sexo masculino, os resultados apontam correlação
negativa para Autoridade ( = -0,31; <0,001) e correlação positiva para Liberdade ( = 0,22;
0,010).
Figura 27. Representação da relação entre julgamento moral e idade (Parte 1), para os
diferentes fundamentos morais e sexos. Os pontos representam as respostas individuais dos
participantes, as linhas representam a tendência, enquanto a faixa cinza em torno da linha
representa o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
164
Inicialmente, foi realizada uma ANOVA para medidas repetidas em relação a possíveis
diferenças de sexo, na qual foi demostrado efeito significativo para o fator FUNDAMENTO
(F6,1458=206,37; <0,001; ηp=0,45) e para o fator SEXO (F1,243=31,81; <0,001; ηp=0,11), mas
não para a interação FUNDAMENTO*SEXO (F6,1458=0,32; =0,387; ηp=0,00). Assim,
participantes do sexo feminino (4,25±0,03) julgaram significativamente de forma mais severa
que os do sexo masculino (3,98±0,04).
165
Figura 28. Representação do julgamento moral por fundamento moral e idade (Parte 2), em
que os valores representam o julgamento moral médio (1 = “ ” a 5 =
“ ”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
Foi realizada uma ANOVA para medidas repetidas em relação a possíveis diferenças
de idade, na qual foi demostrado efeito significativo para o fator FUNDAMENTO
(F6,1440=192,51; <0,001; ηp=0,44) e para a interação FUNDAMENTO*IDADE
(F24,1440=2,83; <0,001; ηp=0,04), mas não para o fator IDADE (F4,240=1,08; =0,368;
ηp=0,01). Em seguida, de Bonferroni revelou que as diferenças observadas no fator
FUNDAMENTO demonstram que todos os fundamentos se diferenciam entre si ( 0,013),
exceto na comparação entre Autoridade ( 1,000; 3,47±0,05) e Lealdade (3,49±0,05),
Cuidado físico ( 1,000; 4,65±0,03) e Liberdade (4,59±0,03) e Cuidado emocional ( 0,947;
4,42±0,03) e Justiça (4,35±0,03). Já em relação aos achados relativos à interação
FUNDAMENTO*IDADE, de Bonferroni não demonstrou qualquer diferença
166
significativa entre os grupos para cada fundamento. Apenas foram observadas diferenças
específicas entre os fundamentos de um mesmo grupo de idade.
Figura 29. Representação do julgamento moral por fundamento moral e idade (Parte 2), em
que os valores representam o julgamento moral médio (1 = “ ” a 10 =
“ ”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
Além disso, foi realizada uma análise de correlação de para verificar uma
possível relação entre a idade e o julgamento moral. Primeiro em relação a participantes do
sexo feminino, os resultados apontam, assim como pode se observar na Figura 30, apenas
correlação positiva para Justiça ( = 0,17; =0,041). Em seguida, considerando participantes
do sexo masculino, os resultados apontam correlação positiva para Autoridade ( = 0,28;
=0,002) e Liberdade ( = 0,40; 0,001).
167
Figura 30. Representação da relação entre julgamento moral e idade (Parte 2), para os
diferentes fundamentos morais e sexos. Os pontos representam as respostas individuais dos
participantes, as linhas representam a tendência, enquanto a faixa cinza em torno da linha
representa o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
168
Figura 31. Representação da relação entre julgamento moral e idade (Partes 1 e 2), para os
diferentes fundamentos morais e sexos. Os pontos representam as respostas individuais dos
participantes, as linhas representam a tendência, enquanto a faixa cinza em torno da linha
representa o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
6
É possível notar que os fundamentos do Cuidado E, Cuidado F e Pureza não apresentam respostas nas idades
de 8 a 17, visto que não foram avaliados nestas idades, assim como o fundamento do Cuidado que não
apresenta respostas nas idades de 18 a 40, pelo mesmo motivo.
169
7. DISCUSSÃO
O presente estudo teve como objetivo geral investigar o julgamento moral dos diferentes
fundamentos morais em diferentes grupos de idades variando dos 8 aos 40 anos de idade.
Parte 1
Parte 2
7.1 Sexo
Tanto para a Parte 1 quanto para a Parte 2 foram encontrados resultados com
julgamentos morais mais severos para participantes do sexo feminino, com especificidade
presente nas comparações do fundamento da Liberdade na Parte 1. Estes resultados
encontram-se alinhados ao Estudo 1 da presente Tese, em que, além das diferenças culturais,
observou-se uma diferença específica entre os sexos na amostra brasileira, as mulheres
apresentaram julgamentos mais elevados do que os homens brasileiros e ambos os sexos da
amostra norte-americana. Vale ressaltar que nas análises aqui apresentadas foram utilizadas
vinhetas em que o autor da violação moral poderia ser tanto um homem quanto uma mulher
(sem balanceamento entre o número de vinhetas para cada sexo), diferentemente do Estudo 1,
em que somente foram utilizadas vinhetas com autores do sexo masculino, no intuito de se
aumentar o controle experimental. No presente estudo, este critério não foi utilizado pelo fato
do estudo ter sido conduzido após os primeiros passos da validação, mas antes da conclusão
da validação e consequentemente da comparação das diferenças de sexo no Estudo 1. Mais
estudos se fazem necessários a fim de se aprofundar a compreensão entre as diferenças de
sexo no julgamento dos diferentes fundamentos morais entre os sexos, e em diferentes idades.
7.2 Idade
Inicialmente, foi feita a análise entre as médias de julgamento de cada grupo, sendo
possível observar que o grupo G1 (8 a 10 anos) apresenta médias superiores a G4 (15 a 17
anos) no fundamento da Autoridade e G3 (13 e 14 anos) no fundamento da Lealdade, assim
como o grupo G4 (15 a 17 anos) apresenta médias superiores a G2 (11 e 12 anos) no
fundamento da Liberdade. Este achado pode ser justificado a partir de alguns achados, em que
crianças mais novas (8 a 10 anos) levam as coisas que aprendem de maneira mais literal e têm
um pensamento mais concreto (TONIETTO , 2011) comparado às crianças mais velhas
171
(15 a 17 anos), que já entendem que, dependendo da situação, certas atitudes podem ser
consideradas menos erradas. Com o amadurecimento do cérebro durante a infância e
adolescência, progressivamente as crianças tornam-se capazes de avaliar múltiplos aspectos
de um problema, detectar possíveis erros na execução dessas ações e corrigi-los (BARROS e
HAZIN, 2013).
Conforme houve um avanço nas idades, de acordo com cada grupo, o julgamento
moral foi ficando menos rígido, as situações eram entendidas como menos erradas pelos dois
últimos grupos (G3 e G4) em comparação com os dois primeiros (G1 e G2). Isso
possivelmente pode ser compreendido a partir de um maior amadurecimento do cérebro após
a puberdade nos grupos G3 e G4, principalmente na região do Córtex Pré-frontal, que, por
mais que termine seu amadurecimento apenas após os 20 anos, está muito mais amadurecido
comparado às crianças do G1 e G2 (BEE e BOYD, 2009).
Apesar de ter sido usado o teórico Kohlberg para o embasamento teórico e das análises,
não foram utilizados seus dilemas morais neste trabalho, a avaliação moral foi feita através
das vinhetas morais por representarem melhor situações morais em um contexto atual. Além
disso, vale destacar que os dilemas morais utilizados por Kohlberg, apesar de retratarem
diferentes fundamentos da moral, não possuem uma distribuição igualitária do número de
dilemas por fundamento da moral, nem possuem dilemas para todos os fundamentos sugeridos
por HAIDT e JOSEPH (2004), o que justifica a adoção de outro instrumento para o presente
estudo. Desta forma, o uso do instrumento VFMs adaptado de CLIFFORD (2015) se
adequa significativamente com o presente estudo, por dois principais motivos: 1) o
instrumento abrange os seis fundamentos da moral com significativa quantidade de estímulos
(vinhetas) para testagem; 2) por se caracterizar por frases escritas, o instrumento possibilita
172
Por fim, a principal relação entre idade e julgamento moral é o fato de que conforme
há um aumento na idade as crianças julgam as frases referentes a Autoridade e Lealdade de
173
maneira “menos errada”. Essa diferença entre as idades pode se dar devido à menor
flexibilidade cognitiva e moral em crianças mais novas comparadas às mais velhas, além de
uma substituição do possível sentimento de culpa por auto justificação do ato conforme a
criança cresce (BLOOM, 2012).
As principais limitações deste estudo são: i) o não balanceamento dos autores das
violações entre homens e mulheres pode ter comprometido a interpretação dos dados da
174
comparação dos julgamentos entre os sexos; e ii) não foram utilizadas as mesmas vinhetas
entre a Parte1 (grupos G1 a G4) e a Parte 2 (grupos G5 a G9,) impossibilitando a comparação
direta dos dados destas duas partes. Neste sentido, mais estudos se fazem necessários a fim de
compreender diferentes facetas do julgamento de violações morais ao longo do
desenvolvimento.
175
8. CONCLUSÃO
ESTUDO 5
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Vários estudos abordam a relação entre emoção e julgamento moral (PIZARRO, 2000;
GREENE , 2001; HAIDT, 2001; HELMUTH, 2001; HAIDT, 2003; KOENIGS ,
2007; MOLL e DE OLIVEIRA-SOUZA, 2007; TANGNEY , 2007; HUEBNER ,
2009; FEINBERG , 2012; ZHANG , 2017; WAGEMANS , 2018), algumas
vezes destacando a dualidade entre julgamentos mais rápidos/intuitivos e mais
lentos/deontológicos, outras defendendo o domínio que as emoções causam na orientação dos
processos de tomada de decisão (HAIDT, 2012; GREENE, 2013). De uma maneira ou de
outra, existe um grande interesse dos psicólogos morais em estudar a relação desses dois
fenômenos, uma vez que essa relação afeta áreas como direito, política, saúde pública e
processos de relacionamento interpessoal em geral. Além disso, as emoções estão sendo
discutidas atualmente como processos ativos, não mais como mera consequência fisiológica
de um determinado estímulo, destacando o importante papel dos processos cognitivos, como
a regulação da emoção, na modulação da resposta emocional. Nesse sentido, o presente estudo
procurou explorar o impacto do uso de diferentes estratégias de regulação emocional no
julgamento moral dos diferentes fundamentos. Especificamente, medidas comportamentais e
fisiológicas foram investigadas, utilizando-se imagens representativas dos diferentes
fundamentos morais.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Conforme destacado por Pizarro (2000), as emoções são tipicamente entendidas como
processos antagônicos aos julgamentos morais, às vezes não considerando seu impacto nos
processos de julgamento, às vezes assumindo que as emoções prejudicam os julgamentos. No
entanto, uma série de estudos contemporâneos aponta a estreita relação entre os dois
fenômenos, destacando frequentemente o papel causal que a modulação emocional
desempenha no impacto do julgamento moral (HAIDT , 1993; SCHNALL , 2008).
Esse impacto às vezes contribui para o julgamento, nos casos em que, por exemplo, nojo
emocional relacionado a uma violação moral orienta a recriminação de tal violação. Por outro
lado, as emoções também podem orientar o comportamento imoral, por exemplo, nos casos
em que os efeitos positivos orientam os atos de injustiça ou corrupção, como os
frequentemente observados em contextos políticos.
178
3. OBJETIVOS
Tendo em vista o modelo experimental aqui proposto, serão sugeridas hipóteses com
relação aos dados comportamentais (julgamento moral, valência e ativação) e psicofisiológico
(medida IBI do registro ECG). Considerando que as diferentes estratégias de regulação
emocional aqui estudadas aparentam possuir importante papel no processo de controle
cognitivo das emoções e de mudança de rótulos cognitivos (MCRAE e GROSS, 2020) e que
o uso de estratégias de reavaliação cognitiva modulam a experiência emocional subsequente
(MARQUES , 2018; BOGGIO , 2019; VALIM , 2019), tanto na resposta
comportamental quanto na psicofisiológica (MARQUES , 2018), é esperado que as
estratégias de regulação emocional ativas ( , e Distração) de
fato impactem o julgamento moral e a experiência emocional (julgamento de valência e
ativação). Considerando os efeitos aqui expostos, é esperado observar:
5. MÉTODO
Este estudo contou com um experimento com design transversal, dentre participantes
(cada participante foi exposto a diferentes condições experimentais) e randomizado. A seguir,
encontra-se a descrição detalhada do método realizado.
5.1 Participantes
5.2 Instrumentos
LEVIN, 2013) e que o nível de elaboração mental e de busca por avaliação em diferentes
perspectivas pode modular tanto o processo de reavaliação cognitiva quanto o julgamento
moral (FEINBERG , 2012), foram feitas avaliações extras com os participantes nos
blocos com estratégias de regulação emocional ativa ( , e
Distração). Nos blocos de reavaliação cognitiva, a cada quatro foi apresentada a seguinte
pergunta: “
)”. Desta forma, os dados foram organizados pela versão 1.4.0 do software
LIWC) desenvolvido por PENNEBAKER (2015)
e utilizando como base o Dicionário Brasileiro de Português (LIWC 2007). Assim, foi extraído
o número total de palavras e as seguintes dimensões: i) Emoções (Positivas e Negativas); e ii)
Processos Cognitivos (Causalidade, Certeza, Discrepância, e Tentativas). Para cada
estratégia de reavaliação cognitiva ( e ) foi calculada a
frequência de palavras considerando as duas dimensões exploradas (Emoções e Processos
Cognitivos). Já nos blocos com a estratégia de Distração, ao final de cada foi apresentada
a seguinte pergunta: “ ”.
Tabela 11. Caracterização dos diferentes blocos de estratégias de regulação emocional para
os seis fundamentos morais (valores para cada estratégia representam média e desvio padrão).
Fonte: Próprio autor.
Distração Observação F
Cuidado 4,74 (0,10) 4,79 (0,10) 4,75 (0,10) 4,70 (0,10) 0,14 0,93
Justiça 4,09 (0,15) 4,40 (0,15) 3,94 (0,15) 4,15 (0,15) 1,57 0,25
Liberdade 4,65 (0,16) 4,49 (0,16) 4,73 (0,16) 4,47 (0,16) 0,61 0,62
Autoridade 3,46 (0,15) 3,46 (0,15) 3,49 (0,15) 3,26 (0,15) 0,48 0,71
Lealdade 3,44 (0,34) 4,28 (0,34) 4,48 (0,34) 3,59 (0,34) 2,01 0,17
Pureza 4,53 (0,09) 4,45 (0,09) 4,71 (0,09) 4,80 (0,09) 3,01 0,07
5.3 Procedimentos
6. RESULTADOS
A fim de verificar possíveis variações nos níveis de afetos negativos, por decorrência
da tarefa experimental, foi realizada ANOVA para medidas repetidas como variável
dependente os valores da escala EAPN Neg. antes e depois da tarefa experimental, e como
fator o TEMPO. Não foi observada diferença significativa para o fator TEMPO (F1,431=13,61;
<0,001; ηp=0,03). Em seguida, o mesmo procedimento foi realizado para os afetos positivos
através da escala EAPN Pos, revelando diferença significativa entre os momentos anterior
(3,38±0,56) e posterior (3,02±0,03) da tarefa experimental (F1,431=136,26; <0,001; ηp=0,24).
Dessa forma, é possível afirmar que a tarefa experimental apresentou impacto na diminuição
dos afetos positivos entre a primeira e a segunda avaliação, não sendo possível afirmar o
impacto de cada estratégia de regulação emocional, visto que a ordem dos blocos foi
randomizada entre os participantes, além do fato das avaliações da EAPN só terem sido
realizadas antes e após a realização de todos os blocos.
195
Com relação aos julgamentos de ativação, foi realizada ANOVA para medidas
repetidas no intuito de se demonstrar possíveis variações no julgamento de ativação das
imagens por conta do fundamento moral avaliado e pela influência da estratégia de regulação
empregada. Os resultados apontam diferenças significativas para o fator FUNDAMENTO
(F5,2140=649,34; <0,001; ηp=0,60), ESTRATÉGIA (F3,428=11,80; <0,001; ηp=0,08) e para a
interação FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA (F15,2140=5,06; <0,001; ηp=0,03). A partir destes
achados, foram realizados três testes Bonferroni. O primeiro, relacionado ao efeito
principal de FUNDAMENTO, revelou que o julgamento de ativação de todos os fundamentos
morais se diferenciam entre si ( <0,001), com exceção: i) da comparação entre o fundamento
do Cuidado (7,17±0,07) em relação ao fundamento da Pureza (6,98±0,09; =0,210); e ii) da
comparação entre o fundamento da Autoridade (4,08±0,09) em relação ao fundamento da
Justiça (4,20±0,09; =1,000), apresentando o mesmo padrão encontrado para o julgamento de
valência (comparação entre Cuidado e Pureza). O segundo teste de Bonferroni
realizado, agora em relação ao efeito principal de ESTRATÉGIA, revelou apenas que a
estratégia de (5,02±0,15) se diferencia significativamente de todas as outras
estratégias ( <0,006), não apresentando qualquer outra diferença entre as outras estratégias
( >0,069). Por fim, o terceiro e último teste realizado em relação ao efeito na
interação FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA revelou diferenças significativas entre cada uma
das estratégias de regulação emocional dos diferentes fundamentos da moral. A Figura 38 e a
Tabela 13 apresentam representações dessas diferenças encontradas.
199
ANOVA para medidas repetidas foi realizada para verificar possíveis variações nos
valores médios de julgamento moral das imagens por conta do fundamento moral avaliado e
também pela influência da estratégia de regulação empregada. Os resultados apontam
diferenças significativas para o fator FUNDAMENTO (F5,2140=216,47; <0,001; ηp=0,34),
ESTRATÉGIA (F3,428=54,63; <0,001; ηp=0,28) e para a interação
FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA (F15,2140=4,02; <0,001; ηp=0,03). A partir destes achados,
foram realizados três testes Bonferroni. O primeiro, relacionado ao efeito principal
de FUNDAMENTO, revelou que os julgamentos morais de todos os fundamentos morais se
diferenciam entre si ( <0,001), com exceção do fundamento da Pureza (4,38±0,03), que não
diferiu do fundamento do Cuidado (4,46±0,04; =0,273) e da Liberdade (4,29±0,04; =0,249).
O segundo teste de Bonferroni realizado, agora em relação ao efeito principal de
ESTRATÉGIA, revelou que todas as comparações apresentaram diferenças significativas
( <0,001), exceto Distração (4,30±0,07) comparada a Observação (4,10±0,07; <0,212) e
(4,54±0,07; <0,078). Por fim, o terceiro e último teste realizado em
relação ao efeito na interação FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA revelou diferenças
significativas entre cada uma das estratégias de regulação emocional dos diferentes
fundamentos da moral. A Figura 39 e a Tabela 14 apresentam representações dessas diferenças
encontradas.
202
Antes de seguir para os resultados das medidas fisiológicas de ECG, foram realizadas
três ANOVAS para a análise dos textos escritos durante os blocos de reavaliação cognitiva
( e ), sendo: i) uma para a contagem de palavras entre as duas
estratégias; ii) uma para a contagem de palavras emocionais positivas e negativas entre as duas
estratégias; e iii) uma para a contagem de palavras relacionadas aos processos cognitivos
(Causalidade, Certeza, Discrepância, e Tentativas).
Figura 42. Representação do número de palavras negativas e positivas utilizadas durante cada
estratégia de reavaliação cognitiva, em que os valores representam o número de palavras
médias e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
208
Por último, em relação aos processos cognitivos presentes nos textos durante o uso das
estratégias de reavaliação cognitiva, ANOVA para medidas repetidas revelou efeito principal
de ESTRATÉGIA (F1,1302=21,75; =0,001; ηp=0,02), PROCESSO (F4,5208=586,08; 0,001;
ηp=0,31) e a interação ESTRATÉGIA*PROCESSO (F4,5208=10,29; <0,001; ηp=0,01). Desta
forma, assim como pode ser observado na Figura 43, o processo cognitivo mais empregado
durante as estratégias de reavaliação cognitiva foi Tentativas (13,33±0,27), seguido de
(8,83±0,22), Causalidade (5,47±0,18), Discrepância (5,46±0,15) e Certeza (2,02±0,12). Além
disso, de Bonferroni revelou que somente o processo de Tentativas foi
estatisticamente diferente entre os dois tipos de reavaliação cognitiva ( <0,001), com maior
frequência em (14,86±0,38) comparado a (11,81±0,38). Não
foram observadas diferenças significativas entre os dois tipos de reavaliação cognitiva para os
demais processos cognitivos ( >0,118).
209
Com relação aos valores obtidos em cada IBI, ANOVA para medidas repetidas revelou
efeito principal significativo para os fatores TEMPO (F11,4708=108,00; <0,001; ηp=0,20),
FUNDAMENTO (F5,2140=8,38; <0,001; ηp=0,02) e as interações TEMPO*FUNDAMENTO
(F55,23540=5,06; <0,001; ηp=0,01) e TEMPO*ESTRATÉGIA (F33,4708=108,00; <0,001;
ηp=0,02), mas não para o fator ESTRATÉGIA (F3,428=1,48; =0,218; ηp=0,01), ou para as
interações FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA (F15,2140=1,22; =0,246; ηp=0,01) e
TEMPO*FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA (F165,23540=1,10; =0,183; ηp=0,01).
210
Figura 44. Representação dos valores delta do intervalo interbatidas (IBI) para cada momento
avaliado e cada fundamento moral. A linha representada pela cor do fundamento moral
representa a tendência suavizada baseada nos valores médios, enquanto a faixa cinza em torno
de cada linha representa o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
211
Figura 45. Representação dos valores delta do intervalo interbatidas (IBI) para cada momento
avaliado e cada estratégia de regulação emocional. A linha representada pela cor da estratégia
representa a tendência suavizada baseada nos valores médios, enquanto a faixa cinza em torno
de cada linha representa o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
Figura 46. Representação dos valores deltas do intervalo interbatidas (IBI) para cada
momento avaliado, cada fundamento moral e cada estratégia de regulação emocional. A linha
representada pela cor da estratégia representa a tendência suavizada baseada nos valores
médios, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha representa o intervalo de confiança de
95%.
Fonte: Próprio autor.
214
Figura 47. Representação dos valores delta do intervalo interbatidas (IBI) para cada momento
avaliado, cada fundamento moral e cada estratégia de regulação emocional. A linha
representada pela cor do fundamento moral representa a tendência suavizada baseada nos
valores médios, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha representa o intervalo de
confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
215
7. DISCUSSÃO
O presente estudo teve como principal objetivo entender como diferentes formas de
regulação emocional podem modular a experiência emocional, considerando julgamento de
valência e ativação e estando diante de imagens apresentando violações morais. Além disso,
se propôs a investigar possíveis variações psicofisiológicas decorrentes da
percepção/julgamento moral.
No que concerne aos dados obtidos no julgamento de valência alguns pontos notáveis
requerem maior atenção. As estratégias de e demostraram eficácia, uma
vez que foram condizentes com seus próprios objetivos, alcançando respectivamente maiores
pontuações e menores pontuações no julgamento de valência, ou seja, a estratégia de
proporcionou um abrandamento para o julgamento da negatividade das imagens
imorais, diminuindo proporcionalmente a emoção vigente. Por outro lado, como era esperado,
a estratégia de proporcionou uma maior severidade para o julgamento da
negatividade das imagens imorais, aumentando assim a emoção vigente. Vale apontar que,
embora os fundamentos morais propostos por Haidt (2003) apresentem variados níveis de
valência e ativação (SZEKELY e MIU, 2015), a estratégia de e se
mantiveram fiéis à nossa hipótese inicial, sendo efetivos na modulação emocional quando
comparados à estratégia de Observação.
No que diz respeito aos dados obtidos no julgamento moral, notavelmente a estratégia
de evidenciou-se efetiva em todos os fundamentos da moral, o que se
apresenta em concordância com o estudo realizado por Gross já relatado no presente Estudo
(OCHSNER e GROSS, 2008), bem como o estudo de LI (2017), que demonstrou maior
efeito da reavaliação cognitiva, em comparação com a estratégia de supressão, pelo fato de
possibilitar julgamentos morais mais deontológicos. A estratégia de Distração, por sua vez,
não se diferenciou da estratégia de Observação em nenhum fundamento moral, novamente
destacando que possivelmente a forma como esta estratégia foi aplicada (tempo muito longo
para a realização do cálculo matemático) diminuiu seu impacto na modulação da experiência
emocional e julgamento moral. Por outro lado, as estratégias de e
se mostraram substancialmente efetivas na modulação do julgamento moral, se
diferenciando do julgamento em Observação para todos os fundamentos, exceto na
comparação Observação vs para o fundamento da Liberdade. Muito
possivelmente essa ausência de diferenças pode representar um provável efeito teto.
(VALIM , 2019). Nesse sentido, o resultado encontrado no presente estudo pode ser
justificado pelo conteúdo da atividade para a qual o participante direcionava sua atenção.
Com relação aos achados referentes aos fundamentos morais, constatou-se que a partir
do momento IBI2 ocorre uma diferenciação do fundamento da Pureza em relação aos demais
fundamentos, diferença esta que permanece até o último registro, o IBI11 (se diferenciando
de todos os fundamentos). Revisando a Figura 44, é possível notar que esta diferença se dá
pelo fato de os valores de IBI para o fundamento da Pureza se caracterizarem por valores mais
elevados (menor recrutamento cardíaco). No entanto, ao revisar a Figura 46, o que se destaca
são os rebaixados valores de IBI para a estratégia de Distração neste fundamento da Pureza,
o que reduziria a média dos dados de Pureza (independentemente da estratégia), e não os
aumentaria. Contudo, ao se comparar os valores de IBI de Pureza em relação aos demais
fundamentos, somente para a estratégia de Distração, é possível notar que os valores são muito
próximos, e que de fato a grande diferença para o fundamento de Pureza se encontra nos altos
valores de IBI para as estratégias de Observação, e .
As principais limitações deste estudo são: i) o não balanceamento dos autores das
violações entre homens e mulheres, impossibilitando a comparação do julgamentos entre os
sexos; ii) não foram testados os julgamentos de dilemas morais nas diferentes condições de
regulação emocional; iii) não foram testadas as diferenças entre violações morais
vs. ; iv) não foram avaliados os níveis de
sensibilidade ao nojo; e vi) não foi avaliado os níveis de dificuldade de regulação emocional.
Cabe reforçar que é necessário fazer mais estudos a fim de compreender diferentes facetas do
julgamento de violações morais, bem como do papel de diferentes estratégias de regulação
emocional no julgamento dos diferentes fundamentos morais.
224
8. CONCLUSÃO
ESTUDO 6
IMPACTO DA NEUROMODULAÇÃO DO
CÓRTEX PRÉ-FRONTAL NO JULGAMENTO
DE IMAGENS, APRESENTANDO VIOLAÇÕES
DOS FUNDAMENTOS MORAIS
226
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Estudos e revisões acerca do julgamento moral têm sido cada vez mais comuns devido
à sua relevância, e alguns deles se dedicaram a buscar uma base neural responsável pelos
processos que os conduzam (FORBES e GRAFMAN, 2010). A partir de uma revisão literária,
do chamado dos estudos de neuroimagem funcional, escrita por GREENE e HAIDT
(2002), foi possível um maior entendimento da fisiologia do “cérebro moral” (ver
VERPLAETSE (2014) para uma revisão) e os autores apontam algumas estruturas como
sendo as mais mencionadas em estudos anteriores: i) Giro Frontal Medial; ii) Sulco Temporal
Superior; iii) Junção Temporoparietal; iv) Córtex Orbitofrontal; v) Córtex Ventromedial; e vi)
Córtex Pré-frontal Dorsolateral. Vale ressaltar que, assim como apresentado por FORBES e
GRAFMAN (2010), algumas estruturas do Córtex Pré-frontal merecem destaque, uma vez
227
que possuem distinto impacto em processos cognitivos e sociais de importante relevância para
o julgamento moral.
Por outro lado, em relação a outra estrutura citada anteriormente, GREENE (2007)
demonstra que pacientes com lesões no Córtex Pré-frontal Ventromedial (CPFVM)
apresentam julgamentos morais mais utilitários, portanto com menor elaboração cognitiva.
Mais recentemente, outro estudo a respeito do processo de categorização grupal (discutido no
Estudo 3 da presente Tese) demonstrou que o CPFVM apresentava maior ativação em
situações em que o participante se avaliava como pertencente ao grupo, comparado a situações
em que não pertencia (MOLENBERGHS e MORRISON, 2012), revelando o papel do
CPFVM também no processo de categorização social.
No entanto, estes estudos descritos apenas revelam correlações entre diferentes formas
de julgamento moral e ativação cerebral, sendo necessário o estudo causal entre estrutura e
comportamento. Neste sentido, técnicas de neuromodulação se mostram como uma
significante alternativa.
Desde o início da primeira década do século 21, estudos estruturados que vêm sendo
realizados com a ETCC demonstram que, através da aplicação de uma corrente elétrica
contínua de baixa intensidade (tipicamente entre 1 e 2 mA), se pode observar a modulação da
excitabilidade cortical da região imediatamente abaixo dos eletrodos (NITSCHE , 2005).
Essa corrente elétrica é gerada a partir de um aparelho estimulador e circula através do
posicionamento de dois eletrodos no escalpo (eletrodos anodo e catodo). Por meio de estudos
de estimulação do córtex motor, entende-se que o potencial da membrana em repouso se
aproxima ou se distancia do limiar do potencial de ação. Consequentemente, observa-se que
a excitabilidade cortical da região abaixo do eletrodo anodo aumenta ao passo que a
excitabilidade cortical da região abaixo do eletrodo catodo diminui (NITSCHE e PAULUS,
2000). Sendo assim, pode-se entender que os processos cognitivos e comportamentais
associados às estruturas corticais estimuladas pelo eletrodo anodo são facilitados, ao passo
que as mesmas estruturas quando estimuladas pelo eletrodo catodo leva à supressão de tais
processos (NITSCHE , 2005). Além disso, é importante ressaltar que os efeitos da ETCC
perduram além do momento de estimulação. Por exemplo, 10 minutos em participantes
saudáveis costuma gerar modulação cortical de até 1 hora (NITSCHE , 2005), e ela ainda
é relativamente indolor e permite um controle placebo mais confiável (BOGGIO ,
2016b). Assim, testar as relações causais entre estimulação e fenômeno cognitivo utilizando
ETCC é potencialmente uma aposta interessante.
Assim, além dos estudos iniciais com modulação motora (NITSCHE , 2003),
outros estudos demonstraram a efetividade da aplicação da ETCC também no estudo de
processos cognitivos, como: memória (BOGGIO, FREGNI , 2009), integração
multissensorial (MARQUES , 2014), tomada de decisão (FECTEAU , 2007),
percepção emocional (BOGGIO , 2008), empatia à dor (RÊGO , 2015) e reavaliação
cognitiva das emoções (MARQUES , 2018). Desta forma, reforça-se a competência desta
técnica no uso em pesquisas em população saudável (NITSCHE , 2008) e clínica
(NITSCHE , 2008; BRUNONI , 2012), bem como com ambas as populações no
tópico da Cognição Social (BOGGIO , 2016a).
Contudo, apesar dos achados positivos apresentados, nos últimos anos alguns achados
negativos foram observados, principalmente em relação a funções cognitivas (HORVATH
, 2015a; b). Dentre estes, observam-se achados demonstrando alta variabilidade
interparticipantes (BENWELL , 2015; LI , 2015; HSU , 2016a; LI , 2019),
229
Figura 48. Áreas-alvo e os principais achados dos efeitos de ETCC no julgamento moral.
Fonte: Próprio autor.
experimentais: duas ativas (anódica e catódica) e uma placebo, sendo nos três casos o eletrodo-
alvo posicionado em CPFDL esquerdo e o eletrodo de referência em Córtex Parietal direito.
Os autores observaram que somente a condição anódica apresentou significativa modulação
do julgamento moral em comparação com a condição placebo e apresentou a diminuição de
julgamentos utilitários (maior frequência de julgamentos deontológicos), destacando assim o
papel dessa estrutura em hemisfério esquerdo no processo de articulação de raciocínios
morais. Contudo, em um estudo recente conduzido por ZHENG (2018), foi observado
efeito oposto ao de KUEHNE (2015), em que os autores realizaram ETCC bilateral do
CPFDL, com as condições anodo direita/catodo esquerda, catodo direita/anodo esquerda e
placebo. Foi observada diminuição do julgamento utilitário diante de dilemas com
envolvimento pessoal durante a condição anodo à direita e eletrodo catodo à esquerda. Ao
interpretar conjuntamente estes achados com o uso de ETCC, fica evidente a necessidade de
padronização experimental, uma vez que a localização do posicionamento do eletrodo “de
refe�ncia” pode impactar significativamente as conclusões experimentais, bem como a
comparação entre estudos.
autores não encontraram efeito significativo para ETCC em Córtex Occipital, e também não
realizaram a condição placebo para controle passivo. Desta forma, estes achados sinalizam
que a neuromodulação do julgamento moral em CPFV pode sim impactar o julgamento, no
entanto destaca a particularidade de diferentes vias de processamento entre homens e mulheres
(FUMAGALLI , 2010). Mais recentemente, de maneira complementar, YUAN
(2017) demonstraram em uma tarefa de julgamento de imagens representando atos imorais,
na qual era avaliado o julgamento moral (“ ”a“ ”) e avaliação de
resposta emocional às imagens (“ ”a“ ”), que ETCC anódica em
CPFVM (com referência em deltoide direito) significativamente elevou as avaliações de
julgamento moral e as avaliações de atratividade comparado a ETCC placebo. Os autores não
avaliaram diferenças entre sexos que poderiam complementar os achados de FUMAGALLI
(2010). Por último, um trabalho recente do grupo de RIVA (2018), conhecido por
vários estudo em relação à neuromodulação de processos emocionais (RIVA , 2012;
RIVA , 2014), investigou três condições experimentais de ETCC e uma placebo em tarefa
de julgamento de dilemas morais, sendo a montagem com um eletrodo de 9cm2 em CPFVM
2
e o eletrodo de “refe�ncia” em Occipital (eletrodo com 25 cm ). Dentre as duas condições
ativas de ETCC, os autores realizaram uma com ETCC anódica e outra catódica (considerando
a localização do eletrodo em CPFVM). Os achados revelaram efeitos semelhantes a
FUMAGALLI (2010) e YUAN (2017), nos quais os participantes que receberam
ETCC anódica em CPFVM apresentaram maior frequência de julgamentos utilitários.
3. OBJETIVOS
Este estudo teve como objetivo investigar o papel do Córtex Pré-frontal no julgamento
moral dos diferentes fundamentos morais, por meio da neuromodulação por ETCC. Em
particular, buscou-se investigar as particularidades do CPFDL esquerdo e do CPFVM nesse
tipo de julgamento.
Tendo em vista o modelo experimental aqui proposto, serão sugeridas hipóteses para a
modulação das duas estruturas aqui investigadas.
Assim, comparado a ETCC placebo, espera-se que tanto ETCC anódica em CPFDL
quanto em CPFVM apresente julgamentos mais utilitários. No entanto, seja para ETCC em
CPFDL, seja em CPFVM, não existem hipóteses específicas para cada um dos fundamentos
da moral.
235
5. MÉTODO
5.1 Participantes
5.2 Instrumentos
(ambos seguindo o método SAM de avaliação). Além disso, foi proposto ao participante
realizar um julgamento: avaliar em uma escala de 5 pontos o “
” (1 = “ e 5 = “ ”). A sequ� ncia de
apresentação ( ) ocorreu da seguinte forma: imagem emocional/moral por 10000ms; tela
com a avaliação de val� ncia sem tempo máximo para a resposta; tela com a avaliação de
ativação também sem tempo máximo para a resposta; tela com o julgamento moral também
sem tempo máximo para a resposta; e, por último, tela com uma cruz de fixação por 2000ms
para preparação para o seguinte (Figura 49). Para a realização da tarefa, foi utilizado o
software 2.0® ( ) e monitor de 32 polegadas widescreen
( ® 320BX).
Desta forma, foi garantido que as situações morais apresentadas para cada fundamento
moral em cada bloco fossem “aparentemente” (semelhança no tipo de situação) e
“estatisticamente” (semelhança nos valores estatísticos obtidos com a validação) semelhantes
(Anexo V, W e X). A fim de garantir a homogeneidade entre os blocos experimentais, foram
conduzidas seis ANOVAs univariadas para cada um dos fundamentos morais (utilizando-se
os valores de julgamento moral obtidos com a validação das imagens), não se observando
diferenças significativas entre os blocos experimentais (Tabela 16).
Tabela 16. Caracterização dos diferentes blocos experimentais para os seis fundamentos
morais (valores para cada bloco representam média e desvio padrão).
Fonte: Próprio autor.
Bloco A Bloco B Bloco C F
Cuidado 4,70 (0,11) 4,79 (0,11) 4,75 (0,11) 0,16 0,852
Justiça 4,15 (0,16) 4,40 (0,16) 3,94 (0,16) 2,08 0,181
Liberdade 4,47 (0,18) 4,48 (0,18) 4,61 (0,18) 0,17 0,845
Autoridade 3,26 (0,15) 3,46 (0,15) 3,49 (0,15) 0,73 0,510
Lealdade 4,30 (0,06) 4,40 (0,06) 4,48 (0,06) 2,09 0,179
Pureza 4,80 (0,10) 4,45 (0,10) 4,71 (0,10) 3,45 0,077
Equipamento composto por um estimulador que oferece uma corrente direta de baixa
intensidade, dois eletrodos de borracha (cada um com 16 cm² de superfície) que são
envolvidos em esponjas embebidas em solução salina e posicionadas sobre áreas-alvo para
estimulação no couro cabeludo, além de faixas elásticas que sustentam, durante o teste, os
eletrodos no devido local (NITSCHE , 2008). Para a padronização do posicionamento
dos eletrodos (Figura 50), foi utilizado o sistema internacional Eletroencefalografia 10-20
(JASPER, 1958) e simulação via sistema COMETS2 (LEE , 2017). Baseado no trabalho
de MARQUES (2018), a montagem relativa à condição do CPFDL se caracterizou por:
eletrodo anodo posicionado em F3 e catodo em F4. Seguindo o sistema internacional
Eletroencefalografia 10-20, considera-se a correspondência de F3 e F4 com o CPFDL
esquerdo e direito respectivamente. Já para a montagem relativa à condição do CPFVM,
baseado no trabalho de RIVA (2018), os eletrodos foram posicionados da seguinte
maneira: eletrodo anodo posicionado em Fpz e catodo em Oz. Seguindo o sistema
internacional Eletroencefalografia 10-20, considera-se a correspondência de Fpz com o
CPFVM e de Oz com área visual primária. Por fim, relativo à condição placebo, a montagem
realizada foi a mesma da condição CPFVM.
240
5.3 Procedimentos
6. RESULTADOS
Com relação aos julgamentos de ativação, foi realizada ANOVA mista no intuito de
se demonstrar possíveis variações no julgamento de ativação das imagens por conta do
fundamento moral avaliado e pela influência da estimulação aplicada. Os resultados apontam
diferenças significativas para o fator FUNDAMENTO (F5,150=134,95; <0,001; ηp=0,82), mas
não para o fator CONDIÇÃO (F2,60=0,18; =0,834; ηp=0,01) ou para a interação
FUNDAMENTO*CONDIÇÃO (F10,300=0,39; 0,950; ηp=0,01). A partir destes achados, foi
realizado apenas um de Bonferroni, em relação ao efeito principal de
FUNDAMENTO, revelando que todos os fundamentos se diferenciam entre si ( <0,001),
246
Por fim, considerando os julgamentos morais, foi realizada ANOVA para medidas
repetidas no intuito de se demonstrar possíveis variações no julgamento moral das imagens
por conta do fundamento moral avaliado e pela influência da estimulação aplicada. Os
resultados apontam diferenças significativas para o fator FUNDAMENTO (F5,150=72,82;
<0,001; ηp=0,71), mas não para o fator CONDIÇÃO (F2,60=0,72; =0,491; ηp=0,02) e para a
interação FUNDAMENTO*CONDIÇÃO (F10,300=0,66; 0,761; ηp=0,02). A partir destes
achados, foi realizado apenas um de Bonferroni, em relação ao efeito principal de
FUNDAMENTO, revelando que todos os fundamentos se diferenciam entre si ( <0,007),
exceto: i): o fundamento da Autoridade em relação à Liberdade ( =1,000) e à Pureza
( =0,839); e ii) e o fundamento da Pureza em relação à Liberdade ( =0,839). Apesar de
nenhum efeito significativo ter sido observado para o fator CONDIÇÃO ou mesmo para a
interação entre os dois fatores, a Figura 54 apresenta uma representação dos julgamentos de
valência entre as condições de estimulação e dos fundamentos morais.
248
Figura 54. Representação do julgamento moral por fundamento moral e estimulação, em que
os valores representam o julgamento moral médio (1 = “ ”a5=“
”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
249
7. DISCUSSÃO
O presente estudo teve como principal objetivo entender o papel do Córtex Pré-frontal
no julgamento moral dos diferentes fundamentos morais. Em particular, buscou-se investigar
as particularidades do CPFDL esquerdo e do CPFVM nesse tipo de julgamento.
Assim, o que se observou no presente estudo foi uma ausência de qualquer efeito
modulatórios das condições experimentais de ETCC anódica em CPFDL esquerdo e catodo
em região homóloga contralateral, e de ETCC anódica em CPFVM e catodo em Córtex Visual
Primário, em comparação com ETCC placebo. Esta ausência de efeitos significativos não foi
exclusiva dos julgamentos morais, mas também dos julgamentos de valência e ativação,
demonstrando que a experiência emocional também não sofreu qualquer modulação pelas
estimulações ativas comparadas a placebo. Seguindo os achados de MARQUES (2018),
não era esperado que a condição de ETCC em CPFDL tivesse algum efeito na modulação do
julgamentos de valência e ativação, não possuindo qualquer hipótese em relação a estes
julgamentos para a condição de ETCC em CPFVM. Contudo, já em relação ao julgamento
moral, seguindo os trabalhos apresentados na introdução do presente estudo, esperava-se que
diante de ETCC em CPFDL e em CPFVM fossem observados julgamentos mais utilitários
(FUMAGALLI , 2010; YUAN , 2017; RIVA , 2018; ZHENG , 2018), de
maneira geral, mas sem hipótese específica para cada fundamento moral.
Poderia-se dizer que a ausência de efeito se justifica pela diferença de sexo como
FUMAGALLI (2010) apontou. No entanto, o estudo destes autores encontrou que a
ETCC somente foi efetiva em mulheres, e em nosso estudo, dos 31 participantes, 25 eram
mulheres (~80%), o que distancia esta hipótese de diferenças de sexo. Portanto, futuros
estudos devem considerar o sexo como um fator de análise, pautando-se em estudos de ETCC,
como o de FUMAGALLI (2010), e em estudos estritamente comportamentais mais
específicos de julgamentos moral, como o Estudo 1 da presente Teses.
Considerando, para além do possível impacto das diferenças de sexo, cada estudo
citado acima apresenta uma particularidade, como diferenças no tamanho dos eletrodos, no
tempo de estimulação, na região do posicionamento dos eletrodos, na padronização do
posicionamento de ambos os eletrodos (montagens bilaterais balanceadas, não balanceadas,
251
extraencefálica etc), assim como o indiscutível impacto das diferenças das tarefas e dos
estímulos experimentais. Contudo, antes de debruçar sobre as diferenças na forma de
avaliação moral, vale comparar alguns parâmetros da estimulação.
No entanto, apesar das semelhanças, nenhum efeito foi observado no presente estudo,
seja de aumento ou de diminuição do julgamento moral, o que possivelmente salienta três
importantes diferenças experimentais: i) diferenças no posicionamento dos eletrodos em
relação a YUAN (2017), no qual se utilizou montagem extraencefálica, o que pode ter
impactado na profundidade da modulação; ii) diferenças na forma de avaliar o julgamento
moral, no qual o estudo de ZHENG (2018) utilizou um eixo “utilitário-deontológico” e
o presente estudo utilizou um eixo “mais e menos errado”; e iii) diferenças no estímulo moral,
no qual ZHENG (2018) utilizou dilemas morais e o presente estudo utilizou julgamento
de imagens contendo violações morais. Vale reforçar que são necessários mais estudos para
esclarecer estas dúvidas em relação aos achados apresentados, bem como estudos de
replicação que podem clarear pontos específicos das diferenças encontradas, destacando quais
mudanças de parâmetros foram mais significativas para a variação dos resultados.
Além disso, de acordo com a discussão levantada por RIVA (2018), a modulação
da atividade em Córtex Pré-frontal apenas seria impactada em dois casos: i) em condições de
tarefas que envolvam algum caráter emocional próprio, como se colocar como autor da
decisão em “dilemas da ponte” (seguindo o trabalho de GREENE (2001)); e ii) em
252
As principais limitações deste estudo são: i) o não balanceamento dos autores das
violações entre homens e mulheres, impossibilitando a comparação do julgamentos entre os
sexos; ii) não foram testados os julgamentos de dilemas morais nas diferentes condições de
ETCC; iii) não foram testadas as diferenças entre violações morais “
253
8. CONCLUSÃO
DISCUSSÃO GERAL
256
As análise fatoriais das VFMs apontaram para uma estreita relação com os achados do
trabalho original de CLIFFORD (2015), no qual se encontrou oito fatores derivados dos
seis fundamentos morais, uma vez que o fundamento do Cuidado foi dividido em três,
considerando violações físicas aos animais e aos humanos, além de violações especificamente
emocionais. Aqui, encontramos sete fatores que representam principalmente todos os seis
fundamentos morais, dividindo as vinhetas de Cuidado entre aquelas relativas ao aspecto
físico e aquelas relacionadas ao aspecto emocional. Este resultado demonstrou que as
violações físicas do Cuidado em relação a humanos e animais são julgadas erradas em uma
perspectiva similar pela amostra brasileira.
São vários os trabalhos que investigam e discutem a relação entre emoção e julgamento
moral, algumas vezes destacando a dualidade entre julgamentos mais rápidos/intuitivos e mais
lentos/deontológicos, em outros casos defendendo o domínio que as emoções causam na
orientação dos processos de tomada de decisão (HAIDT, 2012; GREENE, 2013). Alguns
achados indicam que o nojo influencia os nossos julgamentos morais, tornando-os mais
severos (SCHNALL , 2008). Além disso, outros estudos destacam que apesar do
importante papel das emoções nos julgamentos morais, comportamentos de regulação
emocional ou mesmo hábitos destas regulações promoveriam mudanças no julgamentos moral
(FEINBERG , 2012).
Outra possível explicação para a ausência do efeito de modulação emocional está nas
diferenças culturais entre os participantes aqui investigados e os participantes dos demais
estudos. É importante reforçar que mais estudos se fazem necessários a fim de averiguar se
realmente a indução da emoção de nojo não apresenta qualquer efeito no julgamento moral,
ou se este achado diz respeito ao instrumento utilizado para avaliar o julgamento moral, visto
que os principais achados da literatura utilizaram julgamentos de dilemas morais.
O Estudo 5 também investigou o papel das emoções no julgamento moral, tanto pela
avaliação pareada de julgamento moral, julgamento de valência e julgamento de ativação de
imagens representativas dos diferentes fundamentos morais quanto pela investigação do uso
de diferentes estratégias de regulação emocional para a modulação do julgamento moral. Os
achados demonstram significativa relação do julgamento moral com os julgamentos de
valência e ativação, independentemente do fundamento moral. Além disso, imagens dos
fundamentos do Cuidado e da Pureza foram julgadas como mais erradas, mais negativas e
mais intensas quando comparadas às imagens dos demais fundamentos, destacando o maior
impacto emocional diante destes fundamentos.
Além disso, por meio do registro eletrocardiográfico, foi possível verificar que diante
de imagens do fundamento moral da Pureza os participantes apresentaram menor engajamento
cardíaco do que nas demais imagens dos demais fundamentos. A partir deste achado, pode-se
pensar no possível desvio atencional durante a apresentação das imagens, casos em que os
participantes desviariam o olhar diante de imagens intensas, o que levaria a uma diminuição
do engajamento cognitivo/emocional para processar tal imagem, mesmo julgando ela como
intensa, negativa e errada.
O que se observa com estes dois estudos, de maneira geral, é um efeito de ovelha negra,
no qual violações cometidas por membros do seriam avaliadas com maior vigilância,
uma vez que podem possivelmente gerar algum tipo de dano imediato ao grupo ou podem
mesmo contaminar o grupo a longo prazo. Assim, comportamentos de maior vigilância para
com o comportamento desviante do se mostram adaptativos para a manutenção da
estrutura social do grupo em questão (MARQUES e YZERBYT, 1988).
O Estudo 3 também contribui significativamente para esta discussão, uma vez que
demonstrou relação significativa entre o julgamento moral e o nível de proximidade para com
a vítima e o autor da violação, isso a depender do tipo de violação. Foi possível observar que
apesar dos participantes julgarem violações físicas como mais erradas do que violações
emocionais, quando apresentados diante de violações emocionais com um conhecido como
vítima, os participantes julgaram como maior a sua proximidade com esta vítima. Além disso,
260
diante de violações em que um conhecido era a vítima, os participantes julgaram ter maior
proximidade com a vítima conhecida em situações em que o autor era também conhecido
comparado a situações em que a vítima era conhecida, mas o autor não. Ou seja, estes achados
demonstram que de fato a categorização grupal, bem como a proximidade com a vítima,
podem exercer um impacto no julgamento moral de violações do Cuidado. No entanto, o
Estudo 3 não apresentou violações dos outros fundamentos morais, o que permitiria investigar
se os achados aqui encontrados se fazem exclusivos para o fundamento do Cuidado físico e
emocional ou se podem ser compreendidos para todos ou alguns fundamentos em específico.
Mais estudos se fazem necessários para investigar estas lacunas.
3. CONCLUSÃO GERAL
A presente Tese teve como principal objetivo explorar a relação entre julgamentos
morais e processos emocionais, baseando-se principalmente na Teoria dos Fundamentos
Morais. Ao longo de seis estudos, diferentes aspectos foram abordados, concluindo que a
experiência emocional e o julgamento moral caminham juntos, sofrendo influências de
variáveis como sexo, idade, relações interpessoais, ideologias sociais/políticas e de processos
cognitivos. Os resultados dos estudos 2 e 5 demonstram que a experiência emocional
influencia o julgamento moral, assim como os resultados do Estudo 5 também elucidam o
impacto de processos cognitivos no controle emocional e moral. Neste sentido, a presente
262
Tese cumpre seu objetivo, revelando achados inovadores para a literatura e disponibilizando
a validação em português de um instrumento para investigação dos fundamentos morais.
263
ANEXOS
264
ANEXO A
ESTUDO 1
Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador
Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter
outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer
penalidade ou prejuízo.
Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.
_________________________________ ________________________________
Lucas Murrins Marques Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio
Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8878 Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8001
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265
ANEXO B
ESTUDO 2
Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador
Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter
outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer
penalidade ou prejuízo.
Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.
_________________________________ ________________________________
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266
ANEXO C
ESTUDO 3
Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador
Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter
outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer
penalidade ou prejuízo.
Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.
________________________________ ________________________________
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267
ANEXO D
ESTUDO 4
Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador
Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter
outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer
penalidade ou prejuízo.
Declaro que expliquei ao Responsável pelo Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste
estudo, seus eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou
prejuízo, assim como esclareci as dúvidas apresentadas.
________________________________ ________________________________
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268
ANEXO E
ESTUDO 4
Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador
Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter
outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer
penalidade ou prejuízo.
Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.
________________________________ ________________________________
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269
ANEXO F
ESTUDO 5
Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador
Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter
outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer
penalidade ou prejuízo.
Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.
________________________________ ________________________________
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270
ANEXO G
ESTUDO 6
Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.
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271
ANEXO H
ESTUDO 4
Declaro que li e entendi os objetivos desta pesquisa, e que as dúvidas que tive foram resolvidas pelo
Pesquisador. Entendo que estou participando para ajudar o pesquisador, e que, a qualquer momento posso parar
para tirar qualquer dúvida, assim como desistir de participar.
Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.
________________________________ ________________________________
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272
ANEXO I
ESTUDO 4
Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo
Pesquisador. Entendo que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito a parar para
tirar qualquer dúvida, assim como desistir de participar.
Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.
________________________________ ________________________________
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273
ANEXO J
ESTUDO 4
Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador.
Entendo que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito a parar para tirar qualquer
dúvida, assim como desistir de participar.
Nome do Participante de Pesquisa: ____________________________
Assinatura do Participante de Pesquisa: _________________________
Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.
________________________________ ________________________________
Lucas Murrins Marques Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio
Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8878 Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8001
lucasmurrins@gmail.com psboggio@gmail.com
Universidade Presbiteriana Mackenzie Universidade Presbiteriana Mackenzie
274
ANEXO K
405 You see a referee intentionally privileging his favorite team. Justiça
You see a tenant bribe the real estate agent to be the first to have the
406 Justiça
apartment painted.
407 You see a soccer player pretending to be heavily injured by a rival player. Justiça
408 You see a boy jump the line because his friend is an employee. Justiça
409 You see someone cheating during a card game with unfamiliar people Justiça
410 You see a politician using tax money to build an extension in his own home. Justiça
You see a teacher giving a low grade to a student just because he does not
411 Justiça
like him.
You see a woman lying about the total number of days she took on vacation
412 Justiça
from work.
501 You see a father forcing his son to become a airplane pilot just like him. Liberdade
You see a man forbidding his wife from wearing clothes that he has not yet
502 Liberdade
approved.
503 You see a man telling his girlfriend that she has toconvert to his religion. Liberdade
You see a boss pressuring employee to buy the products from his relatives'
504 Liberdade
stores.
505 You see a mother telling her son that she will choose all his friends. Liberdade
You see a parent demanding that his son take over the family restaurant
506 Liberdade
business.
507 You see a pastor prohibiting his congregation to use bright colours at church. Liberdade
508 You see a mother forcing her daughter to enroll in medical school. Liberdade
You see a man saying to his fiancée that she has tochange to his political
509 Liberdade
party.
You see on TV a political leader trying to forbid the use of hooded jackets in
510 Liberdade
the country
You see a woman pressuring her daughter to become a famous news anchor
511 Liberdade
in the evening paper.
You see a girl repeatedly interrupting her teacher while she explains a new
601 Autoridade
concept.
You see a player publicly yelling with his soccer coach during a decisive
602 Autoridade
match.
You see an employee trying to underestimate all herboss's ideas in front of
603 Autoridade
others.
You see a boy turning up the TV volume while his father talks to him about
604 Autoridade
military service.
605 You see a group of women talking loudly during a church sermon. Autoridade
606 You see a student claiming that the professor who is giving class is a fool. Autoridade
You see a teaching assistant denying what the head professor saysi n front of
607 Autoridade
his students.
You see a team member speaking loudly and interrumpting the supervisor's
608 Autoridade
speech the team.
You see a man turning his back and walking away while the boss questions
609 Autoridade
his work.
You see a trainee disobey a company order to dress professionally and comb
610 Autoridade
his hair.
You see a man covertly watching sports on his cell phone during a
611 Autoridade
pastor's/priest sermon.
You see a girl ignoring her father's orders on taking the car after the permitted
612 Autoridade
time.
You see a famous player ignoring the coach's order to come to the bench
613 Autoridade
during a match.
You see a teenager getting home late and ignoring the time stipulated by the
614 Autoridade
parents.
276
You see a former Brazilian politician saying publicly that he would never buy
701 Lealdade
any Brazilian product.
You see a teacher publicly saying that she hopesanother school to win the
702 Lealdade
math contest
703 You see a man leaving the family business to work for the main competitor. Lealdade
704 You see a Brazilian telling foreigner that Brazil is a bad world influence. Lealdade
You see an employee joking withcompetitors about the bad results of his own
705 Lealdade
company from last year.
You see the wife of a team coach salling cookies in order to raise money for
706 Lealdade
theopposing team.
You see the class representative (spokesperson) saying on TV that the rival
707 Lealdade
University is better
You see a coach celebrating with the opposing team players who have just
708 Lealdade
won the match.
You see a team capitan booing his own teamduring a match at his own
709 Lealdade
university.
You see a Brazilian swimmer celebrating while his partner is being beaten by
710 Lealdade
a Chinese opponent.
711 You see a mayor saying that the nearby city is a much better city. Lealdade
712 You see a man secretly voting against his wife at the local beauty contest. Lealdade
You see a Brazilian celebrity agreeing with a complaint of a foreign dictator
713 Lealdade
about Brazil.
You see a former secretary of state publicly renounce his Brazilian
714 Lealdade
citizenship.
You see a university president singing the anthem of a rival university at an
715 Lealdade
academic event.
You see a Brazilian ambassador in Argentina joking about the stupidity of
716 Lealdade
Brazilians.
801 You see a man having sex with a frozen chicken before he cooks it for dinner. Pureza
You see a homosexual in a gay bar offering sex to anyone who buys him a
802 Pureza
drink.
You see a man at a bar using his cell phone to watch people having sex with
803 Pureza
animals.
804 You see a drunk old man offering to have oral sex with anyone in the bar. Pureza
805 You see a man looking in the trash for discarded female underwear. Pureza
806 You see an employee of a morgue eating a pepperoni pizza over a corpse. Pureza
807 You see two first-degree cousins getting married in a formal ceremony. Pureza
808 You see a woman having sex with her deceased husband. Pureza
809 You see a single man buying a sex doll that looks like hissecretary. Pureza
You see a story about an ancient tribe that eats the flesh of its deceased
810 Pureza
members.
ANEXO L
VINHETAS TRADUZIDAS
ANEXO M
503 Liberdade 2,4% 1,4% 85,6% 6,5% 0,2% 0,4% 3,4% 4,6
504 Liberdade 2,6% 5,1% 82,4% 4,5% 0,2% 3,4% 1,8% 4,7
505 Liberdade 4,5% 1,4% 78,7% 8,1% 0,0% 0,6% 6,7% 4,1
506 Liberdade 7,5% 0,6% 78,7% 6,5% 1,0% 0,8% 4,9% 4,4
507 Liberdade 1,2% 2,0% 76,5% 8,1% 0,6% 3,4% 8,1% 4,3
508 Liberdade 4,9% 1,0% 74,1% 8,7% 1,0% 0,0% 10,3% 3,9
509 Liberdade 0,6% 6,5% 72,3% 13,2% 0,8% 1,0% 5,7% 4,6
510 Liberdade 1,0% 10,3% 70,0% 12,3% 1,2% 0,6% 4,5% 4,4
511 Liberdade 18,8% 0,4% 69,4% 5,3% 0,6% 0,8% 4,7% 4,1
601 Autoridade 4,7% 1,0% 1,0% 82,4% 3,6% 0,4% 6,9% 3,9
602 Autoridade 4,5% 1,6% 0,8% 81,4% 6,9% 0,2% 4,7% 3,8
603 Autoridade 9,5% 0,6% 1,4% 79,8% 3,8% 1,0% 3,8% 3,9
604 Autoridade 1,6% 3,6% 1,0% 75,7% 13,0% 0,0% 5,1% 3,9
605 Autoridade 1,4% 1,0% 3,4% 70,6% 2,6% 0,0% 20,9% 3,2
606 Autoridade 8,3% 0,6% 2,4% 69,8% 2,6% 0,2% 16,0% 3,5
607 Autoridade 14,2% 0,8% 1,6% 61,9% 4,5% 7,3% 9,7% 3,8
608 Autoridade 14,2% 0,2% 0,2% 61,3% 9,5% 0,0% 14,6% 3,1
609 Autoridade 5,7% 0,4% 0,0% 56,1% 3,4% 4,0% 30,4% 2,9
610 Autoridade 11,5% 0,4% 2,2% 54,5% 1,0% 1,4% 28,9% 3,0
611 Autoridade 13,0% 1,8% 4,0% 54,0% 21,3% 0,4% 5,5% 3,9
612 Autoridade 7,7% 1,0% 2,0% 52,6% 12,1% 0,4% 24,1% 3,3
613 Autoridade 14,4% 0,8% 3,6% 49,6% 7,3% 1,8% 22,5% 3,2
614 Autoridade 23,7% 0,6% 10,3% 36,2% 1,4% 1,0% 26,7% 3,1
701 Lealdade 4,3% 0,8% 2,0% 4,0% 78,7% 1,2% 8,9% 4,0
702 Lealdade 8,3% 0,4% 7,5% 3,0% 73,9% 0,2% 6,7% 3,9
703 Lealdade 4,0% 1,2% 4,3% 1,0% 67,2% 0,6% 21,7% 3,3
704 Lealdade 1,0% 0,4% 0,4% 3,4% 67,0% 0,6% 27,1% 3,2
705 Lealdade 9,1% 0,4% 0,4% 0,8% 64,0% 0,2% 25,1% 3,2
706 Lealdade 2,4% 1,6% 0,4% 2,8% 60,5% 1,2% 31,0% 3,2
707 Lealdade 4,3% 1,6% 0,8% 1,2% 59,5% 0,4% 32,2% 3,0
708 Lealdade 1,6% 0,4% 1,4% 1,8% 58,5% 0,2% 36,0% 2,9
709 Lealdade 5,7% 0,4% 1,4% 0,8% 58,1% 0,0% 33,6% 2,9
710 Lealdade 1,8% 0,6% 1,0% 1,2% 57,9% 0,4% 37,0% 2,9
711 Lealdade 0,6% 1,8% 0,2% 1,2% 53,4% 0,2% 42,5% 2,7
712 Lealdade 13,4% 0,6% 0,6% 0,6% 53,0% 1,0% 30,8% 3,1
713 Lealdade 1,4% 1,0% 0,2% 2,4% 52,8% 0,8% 41,3% 2,8
714 Lealdade 2,6% 0,6% 0,2% 2,4% 52,4% 0,2% 41,5% 2,6
715 Lealdade 1,6% 18,2% 0,2% 0,8% 48,6% 0,6% 30,0% 3,2
716 Lealdade 1,6% 3,4% 5,3% 7,5% 39,9% 2,6% 39,7% 3,1
801 Pureza 3,0% 0,2% 1,2% 1,2% 1,0% 86,4% 6,9% 4,5
802 Pureza 2,4% 0,8% 2,0% 1,4% 0,4% 83,6% 9,3% 4,3
803 Pureza 6,9% 1,0% 2,0% 3,6% 0,6% 77,5% 8,3% 4,3
804 Pureza 2,4% 0,0% 2,6% 0,8% 0,4% 68,0% 25,7% 3,6
805 Pureza 4,3% 0,2% 1,6% 2,2% 0,0% 65,8% 25,9% 3,5
806 Pureza 17,2% 0,4% 1,0% 10,7% 1,2% 58,9% 10,5% 4,1
807 Pureza 5,5% 0,4% 3,2% 2,2% 1,2% 44,5% 42,9% 2,8
283
808 Pureza 4,7% 0,0% 3,2% 1,2% 0,4% 43,3% 47,2% 2,7
809 Pureza 2,0% 0,2% 0,4% 1,6% 0,4% 35,0% 60,3% 2,3
810 Pureza 1,4% 0,4% 0,6% 12,6% 0,4% 10,9% 73,7% 1,9
ANEXO N
503 Liberdade 0.00 0.09 0.03 0.04 -0.16 0.22 0.43 4.56
504 Liberdade -0.01 0.08 0.15 0.02 0.05 0.07 0.34 4.44
505 Liberdade 0.17 0.00 0.10 -0.03 -0.09 0.36 0.17 4.72
506 Liberdade 0.16 0.02 0.34 -0.04 0.05 0.04 0.15 4.38
507 Liberdade 0.29 -0.09 0.04 -0.10 0.13 -0.10 0.45 4.12
508 Liberdade 0.04 0.10 0.10 0.01 -0.14 0.12 0.26 4.55
509 Liberdade 0.02 -0.01 0.13 -0.02 0.09 0.09 0.60 4.46
510 Liberdade -0.02 0.06 -0.07 -0.09 0.08 -0.04 0.88 3.88
511 Liberdade 0.15 0.08 0.23 0.19 -0.21 0.02 0.12 4.27
601 Autoridade 0.11 -0.07 0.15 0.08 0.52 0.02 0.05 3.75
602 Autoridade 0.02 0.11 0.04 0.10 0.35 0.11 0.03 3.53
603 Autoridade -0.03 -0.02 -0.07 0.09 0.66 0.04 0.08 3.20
604 Autoridade 0.08 -0.07 0.25 -0.03 0.53 -0.14 -0.07 3.13
605 Autoridade 0.00 0.14 0.09 0.09 0.52 0.13 0.06 3.92
606 Autoridade 0.12 0.23 0.24 0.03 0.22 -0.15 -0.04 3.15
607 Autoridade 0.04 -0.04 -0.06 0.34 0.49 -0.05 0.05 2.94
608 Autoridade 0.02 0.08 0.08 0.01 0.54 -0.12 -0.01 3.05
609 Autoridade 0.07 0.37 0.01 -0.06 0.32 0.03 -0.09 3.26
610 Autoridade -0.02 0.14 0.09 0.04 0.53 0.12 0.11 3.90
611 Autoridade 0.14 0.06 -0.05 -0.07 0.61 0.13 0.03 3.82
612 Autoridade -0.03 0.04 0.04 0.02 0.64 0.09 0.25 3.89
613 Autoridade 0.23 0.23 -0.03 0.20 0.20 -0.09 0.01 3.12
614 Autoridade 0.09 0.04 0.09 -0.04 0.42 -0.02 0.28 3.89
701 Lealdade 0.07 0.42 0.05 0.07 0.25 0.02 -0.12 3.34
702 Lealdade 0.03 0.33 0.07 -0.20 0.18 0.02 -0.18 3.01
703 Lealdade -0.03 0.77 0.07 0.02 -0.20 -0.06 0.07 3.21
704 Lealdade -0.06 0.84 -0.07 -0.14 0.06 0.01 0.02 2.76
705 Lealdade -0.07 0.50 0.18 0.02 0.08 0.11 -0.04 3.98
706 Lealdade -0.09 0.46 -0.09 0.20 0.21 -0.01 -0.02 2.65
707 Lealdade -0.01 0.73 0.00 -0.13 0.12 0.04 0.06 2.94
708 Lealdade 0.09 0.26 0.32 -0.17 0.18 -0.03 -0.07 3.87
709 Lealdade -0.05 0.76 -0.01 -0.08 0.02 0.11 -0.17 2.92
710 Lealdade 0.04 0.50 0.02 0.13 -0.13 -0.04 0.03 3.05
711 Lealdade -0.06 0.58 -0.05 -0.15 0.24 0.08 0.02 3.21
712 Lealdade 0.08 0.42 -0.20 0.08 0.12 0.11 0.08 3.12
713 Lealdade -0.08 0.74 0.00 0.05 -0.06 -0.04 0.05 2.91
714 Lealdade 0.00 0.40 -0.05 0.05 0.17 0.03 0.00 3.17
715 Lealdade -0.08 0.63 -0.06 0.13 0.01 -0.02 0.06 2.74
716 Lealdade 0.10 0.33 0.12 -0.01 0.14 0.03 -0.11 3.17
801 Pureza -0.04 -0.08 -0.01 0.63 0.10 0.25 -0.10 4.47
802 Pureza -0.02 0.04 -0.01 0.53 0.23 0.02 -0.08 3.53
803 Pureza 0.03 0.08 0.06 0.56 -0.18 0.14 -0.07 4.31
804 Pureza -0.09 -0.15 -0.04 0.72 0.19 0.12 0.03 4.25
805 Pureza 0.00 0.08 -0.10 0.48 0.29 -0.09 -0.08 2.75
806 Pureza 0.04 0.12 0.01 0.19 0.18 0.14 -0.17 4.10
807 Pureza 0.05 0.15 -0.12 0.39 0.14 -0.12 -0.15 2.33
286
808 Pureza 0.09 -0.01 0.05 0.57 -0.08 -0.02 -0.03 3.61
809 Pureza -0.07 0.18 -0.07 0.30 0.17 -0.11 -0.03 1.90
810 Pureza 0.11 0.18 0.14 0.44 -0.16 -0.12 -0.08 2.83
ANEXO O
ANEXO P
Fundament
Cod Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5 Fator 6 Fator 7
o
101 Cuidado (e) ,56 -,02 ,12 ,05 ,01 ,18 -,10
102 Cuidado (e) ,37 ,08 ,14 ,00 ,14 ,12 ,06
103 Cuidado (e) ,42 ,06 ,23 ,10 ,01 ,12 -,07
104 Cuidado (e) -,03 ,11 -,02 ,27 -,07 ,29 ,11
105 Cuidado (e) ,42 ,01 ,13 ,04 ,05 ,22 ,01
106 Cuidado (e) ,60 ,04 ,23 ,04 -,11 ,05 -,02
107 Cuidado (e) ,61 ,08 ,01 ,13 -,19 ,07 -,09
108 Cuidado (e) ,37 ,02 ,23 -,05 ,09 ,20 ,00
109 Cuidado (e) ,06 -,08 ,02 ,20 ,08 ,47 ,06
110 Cuidado (e) ,26 ,17 ,02 ,15 ,11 ,14 -,05
111 Cuidado (e) ,19 ,11 ,05 ,01 ,04 ,50 -,04
112 Cuidado (e) ,10 ,26 -,05 ,01 ,03 ,38 ,07
113 Cuidado (e) ,14 ,08 -,02 ,18 ,01 ,28 ,12
114 Cuidado (e) ,02 ,21 -,01 -,13 ,15 ,41 ,03
115 Cuidado (e) ,12 ,38 -,03 ,04 -,16 ,25 ,11
116 Cuidado (e) ,68 -,05 ,11 ,02 -,02 ,09 -,06
201 Cuidado (f) ,58 -,07 ,05 -,06 ,05 -,08 ,02
202 Cuidado (f) ,34 -,13 -,14 ,11 ,08 ,15 ,07
203 Cuidado (f) ,59 ,02 -,20 -,04 ,12 ,06 ,13
204 Cuidado (f) ,75 ,00 -,05 -,02 ,01 -,09 ,01
205 Cuidado (f) ,85 ,07 -,06 -,04 -,12 -,09 -,01
206 Cuidado (f) ,73 ,00 -,20 -,03 -,03 -,11 ,10
207 Cuidado (f) ,69 -,06 -,23 -,03 ,13 ,02 ,02
208 Cuidado (f) ,41 -,16 -,06 -,01 ,19 ,00 -,12
301 Cuidado (f) ,43 -,03 ,07 -,01 ,23 ,07 -,07
302 Cuidado (f) ,21 -,16 ,21 ,10 ,04 ,11 -,05
303 Cuidado (f) ,33 -,13 ,09 -,07 -,03 ,00 ,08
401 Justiça -,10 -,08 ,24 -,12 ,58 -,04 -,06
402 Justiça ,07 ,01 ,64 -,15 ,12 -,11 ,04
403 Justiça ,06 ,00 ,52 ,02 ,16 -,10 -,05
404 Justiça ,04 -,09 ,22 -,05 ,33 ,09 ,02
405 Justiça -,03 -,03 ,40 ,02 ,24 -,01 ,11
406 Justiça -,21 -,05 ,64 -,10 ,13 ,10 ,07
407 Justiça -,02 ,04 ,41 ,16 -,13 ,04 -,09
408 Justiça -,15 -,09 ,41 ,12 ,29 -,02 ,20
409 Justiça -,01 -,10 ,21 -,18 ,51 ,15 -,04
410 Justiça -,18 -,07 ,18 ,22 ,31 ,03 ,11
411 Justiça ,12 -,04 ,43 -,06 ,05 ,05 -,09
290
ANEXO Q
Fundament
Cod Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5 Fator 6 Fator 7
o
101 Cuidado (e) ,78 -,16 ,04 -,06 ,14 ,14 -,14
102 Cuidado (e) ,64 -,04 ,04 -,02 ,10 ,09 ,10
103 Cuidado (e) ,55 ,10 -,02 ,05 ,00 ,19 ,21
104 Cuidado (e) ,32 ,28 -,12 ,31 ,03 -,01 ,06
105 Cuidado (e) ,72 ,09 ,00 ,00 -,11 ,23 -,05
106 Cuidado (e) ,41 -,02 ,17 -,01 -,01 ,42 -,04
107 Cuidado (e) ,51 -,08 ,00 -,11 ,11 ,57 -,15
108 Cuidado (e) ,29 -,06 ,19 ,13 -,15 ,32 ,30
109 Cuidado (e) ,57 ,15 ,15 -,05 ,01 -,20 ,05
110 Cuidado (e) ,14 ,23 ,09 ,14 -,08 ,10 ,21
111 Cuidado (e) ,19 ,13 ,14 -,23 -,01 -,09 ,40
112 Cuidado (e) ,24 ,26 -,02 -,07 ,04 -,21 ,47
113 Cuidado (e) ,37 ,18 -,13 ,19 ,14 ,06 ,13
114 Cuidado (e) ,33 ,28 -,03 -,12 ,05 -,21 ,23
115 Cuidado (e) ,41 ,19 -,31 ,09 ,07 -,02 ,29
116 Cuidado (e) ,94 -,26 -,11 -,08 ,08 ,08 -,14
201 Cuidado (f) -,14 ,16 ,13 ,06 -,10 ,93 -,08
202 Cuidado (f) -,11 -,01 -,25 ,09 ,14 ,43 ,15
203 Cuidado (f) -,03 ,10 -,06 -,08 ,19 ,59 ,06
204 Cuidado (f) ,15 ,01 -,09 ,16 ,05 ,63 ,03
205 Cuidado (f) ,12 ,01 -,15 ,07 ,02 ,72 ,01
206 Cuidado (f) -,09 ,10 ,09 ,13 -,18 ,83 ,04
207 Cuidado (f) ,29 -,05 -,19 ,14 ,01 ,65 -,03
208 Cuidado (f) ,15 -,12 -,15 ,07 -,06 ,43 ,05
301 Cuidado (f) ,26 -,05 ,14 ,21 -,18 ,14 ,32
302 Cuidado (f) ,14 -,34 ,08 ,09 -,12 ,11 ,55
303 Cuidado (f) -,21 ,00 ,03 -,08 -,07 ,48 ,46
401 Justiça ,07 -,10 ,63 ,20 -,11 -,14 ,08
402 Justiça -,10 -,08 ,68 -,23 ,10 ,30 -,10
403 Justiça ,13 -,13 ,35 ,09 ,03 ,21 -,01
404 Justiça -,12 -,07 ,50 ,09 ,16 -,15 ,32
405 Justiça ,08 -,08 ,49 ,13 -,19 ,04 ,24
406 Justiça ,12 -,10 ,54 -,24 -,01 ,28 -,02
407 Justiça ,19 ,07 ,02 -,33 ,21 ,16 ,07
408 Justiça -,12 ,07 ,48 ,13 ,11 ,16 ,00
409 Justiça -,05 -,02 ,53 -,05 ,12 ,04 ,02
410 Justiça -,13 ,04 ,31 ,05 ,24 ,09 -,15
411 Justiça -,09 ,04 ,28 -,15 ,16 ,42 ,13
293
ANEXO R
Nível
Cod Fundamento
errado
101 Cuidado 4,78
102 Cuidado 4,17
103 Cuidado 4,41
105 Cuidado 4,55
402 Justiça 4,76
403 Justiça 4,54
405 Justiça 4,14
406 Justiça 4,75
408 Justiça 4,27
502 Liberdade 4,12
503 Liberdade 4,56
509 Liberdade 4,46
510 Liberdade 3,88
603 Autoridade 3,20
605 Autoridade 3,91
610 Autoridade 3,90
611 Autoridade 3,82
612 Autoridade 3,89
703 Lealdade 3,21
704 Lealdade 2,76
707 Lealdade 2,94
709 Lealdade 2,92
710 Lealdade 3,05
713 Lealdade 2,91
715 Lealdade 2,74
802 Pureza 3,53
803 Pureza 4,31
805 Pureza 2,75
808 Pureza 3,61
809 Pureza 1,90
810 Pureza 2,83
ANEXO S
VINHETAS ESTUDO 2
Você vê uma mulher pressionando sua filha a ser uma famosa apresentadora
511 Liberdade
de notícias do jornal da noite.
Você vê uma menina repetidamente interrompendo a professora dela
601 Autoridade
enquanto ela explica um novo conceito.
Você vê um jogador gritando publicamente com o treinador de futebol dele
602 Autoridade
durante um jogo decisivo.
Você vê uma funcionária tentando desvalorizar todas as ideias do chefe dela
603 Autoridade
na frente dos outros.
Você vê um menino aumentando o som da TV enquanto o pai fala com ele
604 Autoridade
sobre o serviço militar.
Você vê um auxiliar retrucando o que o professor titular diz na frente dos
607 Autoridade
alunos dele.
Você vê um membro da equipe falando alto e interrompendo o discurso do
608 Autoridade
supervisor a equipe.
Você vê um estagiário desobedecer a uma ordem da empresa para se vestir
610 Autoridade
profissionalmente e arrumar o cabelo.
Você vê um homem disfarçadamente assistindo esportes no celular durante o
611 Autoridade
sermão de um pastor.
Você vê uma menina ignorando as ordens do pai por pegar o carro depois do
612 Autoridade
horário permitido.
Você vê uma adolescente chegando tarde em casa e ignorando o horário
614 Autoridade
estipulado pelos pais.
Você vê um ex-político brasileiro dizendo publicamente que ele nunca
701 Lealdade
compraria nenhum produto brasileiro.
Você vê uma professora publicamente dizendo que acredita que outra escola
702 Lealdade
vença o concurso de matemática.
Você vê um homem deixando a empresa familiar para trabalhar para o
703 Lealdade
principal concorrente.
Você vê um funcionário brincando com concorrentes sobre o quão ruim a
705 Lealdade
empresa que trabalha foi no ano passado.
Você vê o representante de classe dizendo na TV que a universidade rival é
707 Lealdade
melhor.
Você vê um treinador comemorando com os jogadores da equipe adversária
708 Lealdade
que acabaram de vencer o jogo.
Você vê um capitão do time vaiando sua própria equipe durante um jogo em
709 Lealdade
sua própria universidade.
Você vê um prefeito dizendo que a cidade vizinha é uma cidade muito
711 Lealdade
melhor.
Você vê uma celebridade brasileira concordando com a denúncia de um
713 Lealdade
ditador estrangeiro a respeito do Brasil.
Você vê um embaixador brasileiro brincando na Argentina sobre a estupidez
716 Lealdade
dos brasileiros.
Você vê um homem fazendo sexo com uma galinha congelada antes de a
801 Pureza
cozinha-la para o jantar.
Você vê um homossexual em um bar gay oferecendo sexo para qualquer um
802 Pureza
que lhe comprar uma bebida.
Você vê um homem em um bar usando o próprio celular para assistir pessoas
803 Pureza
tendo relações sexuais com animais.
Você vê um homem idoso bêbado oferecendo ter sexo oral com qualquer um
804 Pureza
no bar.
Você vê um homem procurando no lixo roupas íntimas femininas
805 Pureza
descartadas.
Você vê um funcionário de um necrotério comendo uma pizza de pepperoni
806 Pureza
em cima de um cadáver.
807 Você vê dois primos de primeiro grau casando em uma cerimônia formal. Pureza
808 Você vê uma mulher tendo relações íntimas com o falecido marido. Pureza
Você vê um homem solteiro comprando uma boneca inflável que parece com
809 Pureza
a secretária dele.
298
Você vê uma história sobre uma tribo remota que come a carne de seus
810 Pureza
membros falecidos.
202 Você vê uma refugiada jogando seu gato para o outro lado da sala por ele ter
Cuidado (f)
Adaptada arranhando os móveis.
203 Você vê uma refugiada intencionalmente direcionando seu carro para
Cuidado (f)
Adaptada atropelar um esquilo.
206 Você vê um menino refugiado jogando pedras nas vacas que estão no pasto
Cuidado (f)
Adaptada local.
208 Você vê uma refugiada deixando o seu cachorro do lado de fora na chuva
Cuidado (f)
Adaptada depois dele ter mexido no lixo.
402 Você vê um estudante refugiado copiando a folha de respostas de um outro
Justiça
Adaptada estudante em um exame final.
403 Você vê um atleta refugiado pegando um atalho durante uma maratona para
Justiça
Adaptada ganhar.
406 Você vê um inquilino refugiado subornar a imobiliária para ser o primeiro a
Justiça
Adaptada ter o apartamento pintado.
407 Você vê um jogador de futebol refugiado fingindo ser gravemente machucado
Justiça
Adaptada por um jogador adversário.
501 Você vê um pai refugiado exigindo que o filho de se torne piloto comercial
Liberdade
Adaptada assim como ele.
503 Você vê um refugiado dizendo a sua namorada que ela tem que se converter
Liberdade
Adaptada para a religião dele.
505 Você vê uma refugiada dizendo ao filho que ela vai escolher todos os amigos
Liberdade
Adaptada dele.
509 Você vê um refugiado dizendo a sua noiva que ela tem que mudar para o
Liberdade
Adaptada partido político dele.
601 Você vê uma menina refugiada repetidamente interrompendo a professora
Autoridade
Adaptada dela enquanto ela explica um novo conceito.
610 Você vê um estagiário refugiado desobedecer a uma ordem da empresa para
Autoridade
Adaptada se vestir profissionalmente e arrumar o cabelo.
612 Você vê uma menina refugiada ignorando as ordens do pai por pegar o carro
Autoridade
Adaptada depois do horário permitido.
614 Você vê uma adolescente refugiada chegando tarde em casa e ignorando o
Autoridade
Adaptada horário estipulado pelos pais.
701 Você vê um ex-político refugiado dizendo publicamente que ele nunca
Lealdade
Adaptada compraria nenhum produto brasileiro.
705 Você vê um funcionário refugiado brincando com concorrentes sobre o quão
Lealdade
Adaptada ruim a empresa que trabalha foi no ano passado.
708 Você vê um treinador refugiado comemorando com os jogadores da equipe
Lealdade
Adaptada adversária que acabaram de vencer o jogo.
711 Você vê um prefeito refugiado dizendo que a cidade vizinha é uma cidade
Lealdade
Adaptada muito melhor.
801 Você vê um refugiado fazendo sexo com uma galinha congelada antes de a
Pureza
Adaptada cozinha-la para o jantar.
803 Você vê um refugiado em um bar usando o próprio celular para assistir
Pureza
Adaptada pessoas tendo relações sexuais com animais.
804 Você vê um refugiado idoso bêbado oferecendo ter sexo oral com qualquer
Pureza
Adaptada um no bar.
808
Você vê uma refugiada tendo relações íntimas com o falecido marido. Pureza
Adaptada
ANEXO T
VINHETAS ESTUDO 3
(Originais)
You see your mother hitting your son for not paying attention while she is
PP1_4 II
telling him what to do for her.
PP2_1 You see a man pushing a woman down a hill for getting in his way. OO
You see a speaker throwing a shoe at your spouse who is snoring while the
PP2_2 OI
speaker is telling story.
You see your mother hitting her neighbor for not paying attention while she is
PP2_3 IO
telling him what to do for her.
You see your sister slapping your brother whom she is arguing with in a
PP2_4 II
parking lot.
You see a speaker throwing a shoe at an audience member who is snoring
PP3_1 OO
while the speaker is telling a story.
You see a woman hitting your son for not paying attention while she is telling
PP3_2 OI
him what to do for her.
PP3_3 You see your sister slapping a man whom she is arguing with in a parking lot. IO
You see your son punching your daughter for walking on the plants in front
PP3_4 II
of his house.
You see a woman hitting her neighbor for not paying attention while she is
PP4_1 OO
telling him what to do for her.
You see a woman slapping your brother whom she is arguing with in
PP4_2 OI
a parking lot
You see your son punching his neighbor for walking on the plants in front of
PP4_3 IO
his house.
PP4_4 You see your mother pouring her hot coffee on your son for insulting her. II
PP5_1 You see a woman slapping a man whom she is arguing with in a parking lot. OO
You see a man punching your daughter for walking on the plants in front of
PP5_2 OI
his house.
PP5_3 You see your mother pouring her hot coffee on a man for insulting her. IO
You see your grown-up son pushing your daughter down the hill for getting
PP5_4 II
in his way.
You see a man punching his neighbor for walking on the plants in front of his
PP6_1 OO
house.
PP6_2 You see a woman pouring her hot coffee on your son for insulting her. OI
You see your grown-up son pushing a woman down a hill for getting in his
PP6_3 IO
way.
You see your adult son throwing a shoe at your spouse who is snoring while
PP6_4 II
the speaker is telling a story.
Você vê sua mãe batendo no seu filho por ele não estar prestando atenção no
PP1_4 II
que ela está mandando ele fazer para ela.
Você vê um homem empurrando uma mulher de uma colina por ela ter
PP2_1 OO
entrado em seu caminho
Você vê um palestrante lançando um sapato no seu cônjuge que está
PP2_2 OI
roncando enquanto ele está contando a história.
Você vê sua mãe batendo no vizinho por ele não prestar atenção no que ela
PP2_3 IO
está mandando ele fazer para ela.
Você vê sua irmã estapeando seu irmão que estava argumentando com ela no
PP2_4 II
estacionamento.
Você um palestrante lançando um sapato em um membro da audiência que
PP3_1 OO
está roncando enquanto o palestrante conta uma história.
Você vê uma mulher batendo em seu filho por ele não estar prestando atenção
PP3_2 OI
no que ela está mandando ele fazer para ela.
Você vê sua irmã estapeando um homem que estava argumentando com ela
PP3_3 IO
no estacionamento.
Você vê seu filho batendo em sua filha por ela ter pisado nas plantas em
PP3_4 II
frente a casa dele.
Você vê uma mulher batendo no namorado dela por ele não estar prestando
PP4_1 OO
atenção no que ela está mandando ele fazer para ela.
Você vê uma mulher batendo no seu irmão que estava argumentando com ela
PP4_2 OI
no estacionamento.
Você vê seu filho batendo em seu vizinho por ele ter pisado nas plantas em
PP4_3 IO
frente a sua casa.
PP4_4 Você vê sua mãe jogando o café quente dela em seu filho que a insultou. II
Você vê uma mulher batendo em um homem que está argumentando com ela
PP5_1 OO
no estacionamento.
Você vê um homem batendo em sua filha por ela ter pisado nas plantas em
PP5_2 OI
frente a sua casa.
PP5_3 Você vê sua mãe jogando o café quente dela em um homem que a insultou. IO
Você vê seu filho adulto empurrando sua filha de uma colina por ela ter
PP5_4 II
entrado em seu caminho.
Você vê um homem batendo em seu vizinho por ele ter pisado nas plantas em
PP6_1 OO
frente a sua casa.
PP6_2 Você vê uma mulher mãe jogando o café quente no filho dela que a insultou. OI
Você vê seu filho adulto empurrando uma mulher de uma colina por ela ter
PP6_3 IO
entrado em seu caminho.
Você seu filho adulto lançando um sapato em em sua esposa que está
PP6_4 II
roncando enquanto o palestrante conta uma história.
ANEXO U
VINHETAS ESTUDO 4
(8-17 anos)
(18-40 anos)
ANEXO V
ESTUDO 5
CLASSIFICAÇÃO DE CADA IMAGEM MORAL
Não Nível
Cod Situação Cuidado Justiça Liberdade Autoridade Lealdade Pureza
errada errado
1 DC DC6 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 4,8
2 DC DC5 95% 0% 0% 0% 0% 0% 5% 4,75
3 CC CC1 90% 0% 0% 0% 10% 0% 0% 4,8
4 CC CC2 90% 5% 0% 0% 5% 0% 0% 4,8
5 AC AC5 90% 0% 10% 0% 0% 0% 0% 4,75
6 DC DC1 90% 5% 0% 0% 5% 0% 0% 4,35
7 CC CC3 85% 0% 0% 0% 5% 10% 0% 5
8 CC CC4 85% 0% 0% 0% 15% 0% 0% 4,95
9 CC CC7 85% 0% 0% 0% 10% 5% 0% 4,95
10 BC BC8 85% 0% 15% 0% 0% 0% 0% 4,9
11 CC CC8 85% 0% 0% 0% 10% 5% 0% 4,85
12 AC AC6 85% 0% 15% 0% 0% 0% 0% 4,8
13 CC CC6 85% 0% 0% 0% 15% 0% 0% 4,7
14 AC AC1 85% 0% 10% 0% 0% 0% 5% 4,65
15 AC AC7 85% 0% 10% 0% 0% 0% 0% 4,65
16 AC AC8 85% 0% 10% 0% 0% 0% 5% 4,55
17 AC AC3 85% 0% 15% 0% 0% 0% 0% 4,5
18 BC BC4 80% 0% 20% 0% 0% 0% 0% 4,9
19 BC BC5 80% 0% 20% 0% 0% 0% 0% 4,75
20 AC AC2 80% 0% 20% 0% 0% 0% 0% 4,65
21 DC DC4 80% 0% 0% 0% 20% 0% 0% 4,65
22 BC BC6 75% 0% 25% 0% 0% 0% 0% 5
23 AC AC4 75% 0% 10% 0% 5% 10% 0% 4,9
24 BC BC7 75% 0% 25% 0% 0% 0% 0% 4,8
25 DC DC8 70% 0% 0% 0% 25% 5% 0% 5
26 DC DC7 70% 0% 5% 0% 25% 0% 0% 4,95
27 BC BC3 70% 0% 30% 0% 0% 0% 0% 4,75
28 BC BC1 70% 0% 25% 0% 0% 0% 5% 4,05
29 DC DC3 70% 0% 0% 0% 10% 0% 20% 3,75
30 CC CC5 65% 0% 0% 0% 30% 5% 0% 4,8
31 DC DC2 40% 0% 0% 0% 60% 0% 0% 4,7
32 BC BC2 15% 5% 10% 0% 0% 70% 0% 4,7
33 DA DA5 5% 90% 0% 0% 0% 0% 5% 3,8
34 CA CA6 5% 90% 0% 0% 0% 0% 5% 3,6
35 CA CA7 5% 90% 0% 0% 5% 0% 0% 3,6
36 DA DA8 5% 90% 0% 0% 0% 0% 5% 3,45
37 SBA SBA4 11% 89% 0% 0% 0% 0% 0% 3,95
38 SBA SBA5 14% 86% 0% 0% 0% 0% 0% 3,67
39 AA AA7 15% 85% 0% 0% 0% 0% 0% 3,5
40 CA CA4 5% 85% 0% 0% 0% 0% 10% 3,5
41 AA AA6 15% 85% 0% 0% 0% 0% 0% 3,25
42 SBA SBA7 10% 80% 0% 5% 0% 5% 0% 3,78
43 CA CA3 10% 80% 0% 0% 0% 0% 10% 3,5
44 DA DA7 10% 80% 0% 0% 0% 0% 10% 3,5
45 SBA SBA8 10% 80% 0% 0% 5% 5% 0% 3,5
46 DA DA6 10% 80% 0% 0% 5% 0% 5% 3,3
47 AA AA5 10% 80% 0% 0% 0% 0% 10% 3,15
48 AA AA8 15% 80% 0% 0% 0% 0% 5% 3
307
ANEXO W
ESTUDO 5
IMAGENS MORAIS POR ESTRATÉGIA DE REGULAÇÃO EMOCIONAL
Não Nível
Cod Situação Cuidado Justiça Liberdade Autoridade Lealdade Pureza Regulação
errada errado Emocional
Cuidado CC1 90% 0% 0% 0% 10% 0% 0% 4,8 Distração
Cuidado CC2 90% 5% 0% 0% 5% 0% 0% 4,8 Distração
Cuidado AC7 85% 0% 10% 0% 0% 0% 0% 4,65 Distração
Cuidado CC6 85% 0% 0% 0% 15% 0% 0% 4,7 Distração
Autoridade DA8 5% 90% 0% 0% 0% 0% 5% 3,45 Distração
Autoridade SBA4 11% 89% 0% 0% 0% 0% 0% 3,95 Distração
Autoridade AA5 10% 80% 0% 0% 0% 0% 10% 3,15 Distração
Autoridade DA6 10% 80% 0% 0% 5% 0% 5% 3,3 Distração
Justica AJ4 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 3,95 Distração
Justica AJ8 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 3,85 Distração
Justica DJ4 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,1 Distração
Justica BJ1 0% 5% 90% 5% 0% 0% 0% 4,45 Distração
Lealdade CLE11 21% 0% 0% 79% 0% 0% 0% 2,45 Distração
Lealdade CLE14 21% 0% 0% 79% 0% 0% 0% 3,25 Distração
Lealdade CLE4 10% 0% 5% 75% 0% 0% 10% 4,05 Distração
Lealdade DLE1 15% 10% 0% 75% 0% 0% 0% 4 Distração
Liberdade BLI6 15% 0% 0% 0% 85% 0% 0% 4,7 Distração
Liberdade BLI8 15% 0% 0% 0% 85% 0% 0% 4,45 Distração
Liberdade SDLI7 0% 5% 10% 0% 80% 5% 0% 4,72 Distração
Liberdade SALI6 5% 5% 10% 5% 76% 0% 0% 4,72 Distração
Pureza AS8 5% 0% 0% 0% 0% 90% 5% 4,65 Distração
Pureza CS6 5% 0% 0% 0% 0% 90% 5% 4,65 Distração
Pureza SDS2 11% 5% 0% 0% 0% 84% 0% 4,47 Distração
Pureza SDS6 11% 5% 0% 0% 5% 79% 0% 4,33 Distração
Cuidado DC5 95% 0% 0% 0% 0% 0% 5% 4,75
Cuidado AC1 85% 0% 10% 0% 0% 0% 5% 4,65
Cuidado AC6 85% 0% 15% 0% 0% 0% 0% 4,8
Cuidado CC7 85% 0% 0% 0% 10% 5% 0% 4,95
Autoridade CA7 5% 90% 0% 0% 5% 0% 0% 3,6
Autoridade AA6 15% 85% 0% 0% 0% 0% 0% 3,25
Autoridade CA4 5% 85% 0% 0% 0% 0% 10% 3,5
Autoridade DA7 10% 80% 0% 0% 0% 0% 10% 3,5
Justica DJ6 0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 4,15
Justica BJ5 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,45
Justica BJ8 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,4
Justica BJ3 0% 5% 90% 5% 0% 0% 0% 4,6
Lealdade CLE5 15% 0% 5% 80% 0% 0% 0% 4,35
Lealdade CLE2 25% 0% 0% 75% 0% 0% 0% 4,35
Lealdade DLE5 10% 0% 5% 75% 0% 5% 5% 4,55
Lealdade CLE12 21% 0% 0% 75% 0% 0% 4% 3,85
Liberdade BLI4 15% 0% 0% 0% 85% 0% 0% 4,5
Liberdade BLI1 15% 0% 0% 0% 80% 0% 5% 4,05
Liberdade BLI7 20% 0% 0% 0% 80% 0% 0% 4,5
Liberdade SALI7 5% 0% 14% 0% 76% 5% 0% 4,89
Pureza SDS8 0% 6% 0% 0% 0% 94% 0% 4,28
Pureza AS5 5% 0% 0% 0% 10% 85% 0% 4,7
Pureza CS3 10% 0% 0% 0% 5% 85% 0% 4,7
Pureza SDS3 14% 7% 0% 0% 0% 79% 0% 4,11
Cuidado AC5 90% 0% 10% 0% 0% 0% 0% 4,75 Observação
312
ANEXO X
ESTUDO 6
IMAGENS MORAIS POR TAREFA
Não Nível
Fundamento Imagem Cuidado Autoridade Justica Lealdade Liberdade Pureza Blocos
errada Errado
Cuidado DC6 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 4,80 Bloco A
Cuidado AC3 85% 0% 15% 0% 0% 0% 0% 4,50 Bloco A
Cuidado AC8 85% 0% 10% 0% 0% 0% 5% 4,55 Bloco A
Cuidado CC4 85% 0% 0% 0% 15% 0% 0% 4,95 Bloco A
Autoridade CA6 5% 90% 0% 0% 0% 0% 5% 3,60 Bloco A
Autoridade AA7 15% 85% 0% 0% 0% 0% 0% 3,50 Bloco A
Autoridade AA8 15% 80% 0% 0% 0% 0% 5% 3,00 Bloco A
Autoridade DA4 5% 80% 0% 5% 0% 0% 10% 2,95 Bloco A
Justica DJ3 0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 4,00 Bloco A
Justica BJ7 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,55 Bloco A
Justica DJ8 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,10 Bloco A
Justica AJ6 0% 0% 90% 10% 0% 0% 0% 3,95 Bloco A
Lealdade CLE3 15% 0% 5% 80% 0% 0% 0% 4,45 Bloco A
Lealdade CLE13 25% 0% 0% 75% 0% 0% 0% 4,18 Bloco A
Lealdade CLE6 15% 0% 10% 75% 0% 0% 0% 4,20 Bloco A
Lealdade CLE9 21% 0% 0% 75% 0% 0% 4% 4,38 Bloco A
Liberdade BLI2 10% 0% 0% 0% 90% 0% 0% 3,75 Bloco A
Liberdade BLI3 15% 0% 5% 0% 80% 0% 0% 4,50 Bloco A
Liberdade ELI2 5% 0% 11% 0% 79% 5% 0% 4,84 Bloco A
Liberdade ELI6 14% 0% 10% 0% 76% 0% 0% 4,78 Bloco A
Pureza CS8 5% 0% 0% 0% 0% 95% 0% 4,70 Bloco A
Pureza AS6 10% 0% 0% 0% 0% 85% 5% 4,70 Bloco A
Pureza AS2 15% 0% 0% 0% 5% 80% 0% 4,95 Bloco A
Pureza CS5 10% 0% 0% 0% 10% 80% 0% 4,85 Bloco A
Cuidado DC5 95% 0% 0% 0% 0% 0% 5% 4,75 Bloco B
Cuidado AC1 85% 0% 10% 0% 0% 0% 5% 4,65 Bloco B
Cuidado AC6 85% 0% 15% 0% 0% 0% 0% 4,80 Bloco B
Cuidado CC7 85% 0% 0% 0% 10% 5% 0% 4,95 Bloco B
Autoridade CA7 5% 90% 0% 0% 5% 0% 0% 3,60 Bloco B
Autoridade AA6 15% 85% 0% 0% 0% 0% 0% 3,25 Bloco B
Autoridade CA4 5% 85% 0% 0% 0% 0% 10% 3,50 Bloco B
Autoridade DA7 10% 80% 0% 0% 0% 0% 10% 3,50 Bloco B
Justica DJ6 0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 4,15 Bloco B
Justica BJ5 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,45 Bloco B
Justica BJ8 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,40 Bloco B
Justica BJ3 0% 5% 90% 5% 0% 0% 0% 4,60 Bloco B
Lealdade CLE5 15% 0% 5% 80% 0% 0% 0% 4,35 Bloco B
Lealdade CLE12 21% 0% 0% 75% 0% 0% 4% 4,33 Bloco B
Lealdade CLE2 25% 0% 0% 75% 0% 0% 0% 4,35 Bloco B
314
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