Você está na página 1de 346

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Em busca dos sentimentos morais: do desenvolvimento das emoções básicas ao

papel das emoções morais complexas nos processos de julgamento

São Paulo

2020
LUCAS MURRINS MARQUES

Em busca dos sentimentos morais: do desenvolvimento das emoções básicas ao

papel das emoções morais complexas nos processos de julgamento

Defesa de Doutorado
apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em
Distúrbios do
Desenvolvimento da
Universidade Presbiteriana
Mackenzie como requisito à
obtenção do título de Doutor.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Sérgio


Boggio

São Paulo

2020
FICHA CATALOGRÁFICA

M357b Marques, Lucas Murrins.

Em busca dos sentimentos morais: do desenvolvimento das emoções

básicas ao papel das emoções morais complexas nos processos de

julgamento / Lucas Murrins Marques.

344 f. : il. ; 30 cm

Tese (Doutorado em Distúrbio do Desenvolvimento) –

Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2020.

Orientador: Paulo Sérgio Boggio.

Referências bibliográficas: f. 315-344.

1. Emoções morais. 2. Julgamento moral. 3. Teoria dos fundamentos


morais. I. Boggio, Paulo Sérgio, orientador. II. Título.

CDD 170
Apoio:

Este trabalho obteve apoio e financiamento:

Processo nº 2017/06136-2, Fundação de Amparo à Pesquisa do


Estado de São Paulo – (FAPESP).

O Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do


Desenvolvimento recebe apoio e financiamento:

Processo nº 0653/2018, Programa de Excelência Acadêmica (Proex)


da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
– Brasil (CAPES), Código de Financiamento 001.
Edital 2018 do Programa Institucional de Internacionalização (Print)
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
– Brasil (Capes), Código de Financiamento 88887.310255/2018-00.

Verba anual do Fundo Mackenzie de Pesquisa (MackPesquisa).


Folha de Identificação da Agência de Financiamento

Autor: Lucas Murrins Marques

Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento

Título do Trabalho: Em busca dos sentimentos morais: do desenvolvimento das emoções básicas ao
papel das emoções morais complexas nos processos de julgamento

O presente trabalho foi realizado com o apoio de 1:


CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
Instituto Presbiteriano Mackenzie/Isenção integral de Mensalidades e Taxas
MACKPESQUISA - Fundo Mackenzie de Pesquisa
Empresa/Indústria:
Outro:

1
Observação: caso tenha usufruído mais de um apoio ou benefício, selecione-os.
LUCAS MURRINS MARQUES

Em busca dos sentimentos morais: do desenvolvimento das emoções básicas ao

papel das emoções morais complexas nos processos de julgamento

Defesa de Doutorado
apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em
Distúrbios do
Desenvolvimento da
Universidade Presbiteriana
Mackenzie como requisito à
obtenção do título de Doutor.

Aprovado em_________________________________

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________________
Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio – Orientador
Universidade Presbiteriana Mackenzie

____________________________________________________________________
Prof. Dra. Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira
Universidade Presbiteriana Mackenzie

____________________________________________________________________
Prof. Dr. Elizeu Coutinho de Macedo
Universidade Presbiteriana Mackenzie

____________________________________________________________________
Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia
Universidade Federal da Paraíba

____________________________________________________________________
Prof. Dr. Óscar Filipe Coelho Neves Gonçalves
Universidade do Minho
Dedico este trabalho à minha esposa
Luciana, que tem compartilhado comigo
as maiores alegrias e conquistas da vida.

Te amo!
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço aos meus pais, Almir de Matos Marques e Helga Murrins
Marques, que desde sempre me apoiaram em todas as minhas escolhas e estiveram ao meu
lado como grandes mentores e amigos excepcionais.

Agradeço à minha esposa, Luciana Kiyomi Guedes Inumaru, por toda a convivência e
amizade, todo o companheirismo, o amor e a paciência de ter ao lado um Doutorando
perfeccionista. Agradeço imensamente por você ter aceito compartilhar esta caminhada da
vida ao meu lado e a cada dia construir cada momento de nossa família.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio, que desde uma breve conversa no
início de 2009 decidiu entrar nesta trajetória de um pouco mais de 10 anos de trabalho
conjunto. Com você aprendi muito e serei eternamente grato por ter me apresentado a
Psicologia e as Neurociências, com nada menos do que todo esse amor pelo tema que você
carrega diariamente.

À minha avó, Olivia de Matos Marques, que proporcionou, durante a maior parte da
minha trajetória acadêmica, bem-estar físico e emocional para que a minha formação, e mais
especificamente o presente trabalho, pudessem caminhar de forma próspera e saudável. Serei
eternamente grato.

Aos professores membros da banca, que proporcionaram discussões relevantes para o


aprimoramento deste trabalho.

Agradeço a todos os meus colegas do


(SCNLab), que fazem com que o trabalho seja sinônimo de prazer, rotina seja sinônimo de
novos caminhos, e o aprendizado se torne o sentido da vida. Agradeço especificamente às
minhas companheiras Graziela Bonato Vieira, Letícia Yumi Nakao Morello, Patrícia Moraes
Cabral e Rafaela Barreto dos Santos, que me acompanharam durante toda a jornada da
presente Tese. Agradeço por todos os momentos de conversa, risadas e pela prontidão em
ajudar. Com vocês eu aprendi que a realização de um trabalho sem companheirismo,
persistência, aprendizado compartilhado e alegria não gera os mesmos frutos. Cada uma de
vocês representa uma peça-chave em cada um dos estudos: Graziela no Estudo 2, Patrícia no
Estudo 4, Rafaela no Estudo 5, bem como a Patrícia e a Letícia no Estudo 6 e todas vocês nos
Estudos 1 e 3.
Aos pesquisadores dos EUA, Walter Sinnott-Armstrong ( ), Scott
Clifford ( ), Roberto Cabeza ( ) e Vijeth Iyengar
(Governo dos EUA), por toda a disponibilidade, parceria e ensino. Além de extraordinários
pesquisadores, pensadores e autores do instrumento-chave desta Tese (CLIFFORD ,
2015), eles deram todo o suporte à condução do Estudo 1. No mesmo sentido, agradeço ao
Professor Dr. Walter Sinnott-Armstrong e à Professora coreana Dra. Hyo-eun Kim (
) pelo constante acompanhamento, troca e ensino durante a execução do
Estudo 3.

Agradeço às professoras Eleir Evangelista, Andrea Schiavon, Solange Giardino, e Lya


Junqueira, do Colégio Presbiteriano Mackenzie, à professora e colega de Doutorado Suzete
Maia, do Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), e à coordenadora Eliane
Mello, da Escola Nossa Senhora das Graças (ENSG). Sem a colaboração de vocês em
disponibilizar o espaço dos colégios e o contato com os pais, as coletas do Estudo 4 com os
jovens com idade inferior a 18 anos não teria sido possível.

Agradeço ao jornalista e amigo Aurélio de Macedo, por todo o incrível trabalho e


empenho em revisar esta Tese.

Por fim, mas não menos importante, agradeço a cada um dos mais de 2.200
participantes que compõem a amostra dos seis estudos aqui apresentados.

.”

Eduardo Galeano
RESUMO

O estudo das emoções apresenta relevante crescimento. Dentre as categorias


emocionais, entende-se emoção moral por um conjunto de alterações fisiológicas e/ou
processamento cognitivo que apresentam como consequência o estabelecimento e
manutenção da integridade das estruturas sociais humanas. Mais recentemente, tem se
discutido amplamente o papel de intuições, gatilhos ou fundamentos morais que orientariam
o julgamento, nomeadamente os fundamentos: i) Cuidado; ii) Justiça; iii) Liberdade; iv)
Autoridade; v) Lealdade; e vi) Pureza. Além disso, alguns estudos demonstram o papel de
alguns aspectos no relacionamento e modulação dos julgamentos morais, tais como: i)
variações culturais; ii) processamento emocional básico; iii) categorização social; iv)
desenvolvimento; v) regulação emocional; e vi) o papel do processamento cerebral no
julgamento moral. Apesar destes achados, muitas lacunas ainda se encontram presentes nesta
temática de estudo. Sendo assim, por meio de seis estudos, a presente Tese teve como objetivo
geral descrever, correlacionar e modular a interface entre emoções e julgamento. Para isso,
cada estudo apresentou particularidades nos objetivos gerais e específicos, métodos,
casuísticas e desdobramentos, sendo todos devidamente justificados e diretamente
relacionados com o objetivo geral da presente Tese. Especificamente, os objetivos de cada
estudo foram: Estudo 1) traduzir, adaptar e validar instrumento de julgamento dos diferentes
fundamento morais para a população da cidade de São Paulo; Estudo 2) investigar os efeitos
da modulação das emoções básicas de nojo em tarefas de julgamento moral em relação a
diferentes grupos sociais; Estudo 3) investigar o papel da percepção de categorias grupais de
autores e vítimas em situações de violação do fundamento do Cuidado; Estudo 4) investigar e
correlacionar o julgamento moral em diferentes idades e sexos; Estudo 5) investigar os efeitos
da regulação emocional no julgamento moral; e Estudo 6) investigar os efeitos da
neuromodulação do Córtex Pré-frontal no julgamento moral. Como ponto central desta Tese,
alguns estudos envolveram cenários de crise e discussões atuais – por exemplo, conflitos
locais e globais considerando as diferentes culturas, sexos e grupos sociais. Com isso, além
de derivar contributos para o campo teórico entre emoções e julgamento moral, os resultados
poderão contribuir para discussões a respeito de fenômenos sociais no campo das ciências
morais em cenários contemporâneos e de crises.

Palavras-chave: Emoções Morais; Julgamento Moral; Teoria dos Fundamentos Morais;


Validação; Nojo; Desenvolvimento Moral; Julgamento Intergrupal; Regulação Emocional;
Neuromodulação.
ABSTRACT

The study of emotions presents relevant growth. Among the emotional categories, it is
understood moral emotion, by a set of physiological changes and/or cognitive processing that
present as a consequence the establishment and maintenance of the integrity of human social
structures. More recently, the role of intuitions, triggers, or moral foundations that would
guide judgment, have been widely discussed: i) Care; ii) Justice; iii) Liberty; iv) Authority; v)
Loyalty; and vi) Purity. In addition, some studies demonstrate the role of some aspects in the
relationship and modulation of moral judgments, such as: i) cultural variations; ii) basic
emotional processing; iii) social categorization; iv) development; v) emotion regulation; and
vi) the role of brain processing in moral judgment. Despite these findings, many gaps are still
present in this study topic. Thus, through six studies, this thesis aimed to describe, correlate
and modulate the interface between emotions and judgment. For this, each Study presents
particularities in the general and specific objectives, methods, and casuistic, all being duly
justified and directly related to the general objective of the present thesis. Specifically, the
objectives of each Study were: Study 1) To translate, adapt and validate an instrument of
judgment of the different moral foundations for the population of the city of São Paulo; Study
2) Investigate the effects of the modulation of the basic emotion of Disgust on moral judgment
relative to different social groups; Study 3) Investigate the role of perception of Group
Categories of Authors and Victims in situations of violation of the Care Foundation; Study 4)
Investigate and correlate moral judgment at different ages and sex; Study 5) Investigate the
effects of emotion regulation on moral judgment; and Study 6) Investigate the effects of
Neuromodulation of Prefrontal Cortex on moral judgment. At the heart of this thesis, some
studies will involve current crisis scenarios and discussions (eg, local and global conflicts
regarding different cultures, sexes, and social groups). Thus, in addition to deriving
contributions to the theoretical field between emotions and moral judgment, the results may
contribute to discussions about social phenomena in the field of moral sciences in
contemporary and crisis scenarios.

Keywords: Moral Emotions; Moral Judgment; Moral Foundations Theory; Validation;


Disgust; Moral Development; Intergroup Judgment; Emotional Regulation;
Neuromodulation.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Representação do crescente número de publicações com os termos “Julgamento
Moral”, “Julgamento Moral + Emoção” e “Julgamento Moral + Teoria dos Fundamentos
Morais”, nos últimos 50 anos na base de dados SCOPUS. ............................................ 28
Figura 2. Representação da análise fatorial considerando os sete fatores para a amostra total.
Os números em tabela representam os códigos das vinhetas, abaixo do nome dos
fundamentos estão representados os valores do alfa de Cronbach para cada fundamento e
juntamente com os arcos estão as correlações entre os fundamentos morais. Cuidado E =
Cuidado emocional; Cuidado F = Cuidado físico. ......................................................... 54
Figura 3. Representação do julgamento moral para cada fundamento das VFMs em relação
às amostras brasileira e norte-americana, em que os valores representam o julgamento
moral médio (1 = “nada errado” a 5 = “extremamente errado”) e as barras representam o
intervalo de confiança de 95%........................................................................................ 56
Figura 4. Representação do julgamento moral (1 = “nada errado” a 5 = “extremamente
errado”) para cada fundamento das VFMs em relação à ideologia social (1 =
“extremamente liberal” a 10 = “extremamente conservador”). A linha representada pela
cor do fundamento moral representa a tendência linear da correlação, enquanto a faixa
cinza em torno de cada linha representa o intervalo de confiança de 95%. ................... 58
Figura 5. Representação do julgamento moral (1 = “nada errado” a 5 = “extremamente
errado”) para cada fundamento das VFMs em relação à ideologia política (1 =
“extremamente esquerda” a 10 = “extremamente direita”). A linha representada pela cor
do fundamento moral representa a tendência linear da correlação, enquanto a faixa cinza
em torno de cada linha representa o intervalo de confiança de 95%. ............................. 59
Figura 6. Representação da distribuição dos participantes ao longo dos espectros ideológicos
político (1 = “extremamente esquerda” a 10 = “extremamente direita”) e social (1 =
“extremamente liberal” a 10 = “extremamente conservador”). ...................................... 61
Figura 7. Representação da análise fatorial considerando os seis fatores em comum
encontrados para as análises fatorias com as amostras masculina e feminina. Os números
em tabela representam os códigos das vinhetas, abaixo do nome dos fundamentos estão
representados os valores do alfa de Cronbach para cada fundamento e juntamente com os
arcos estão as correlações entre os fundamentos morais. ............................................... 63
Figura 8. Representação do julgamento moral para cada fundamento das VFMs em relação
às amostras brasileira e norte-americana para ambos os sexos, em que os valores
representam o julgamento moral médio (1 = “nada errado” a 5 = “extremamente errado”)
e as barras representam o intervalo de confiança de 95%. ............................................. 65
Figura 9. Representação do julgamento moral para cada fundamento das VFMs em relação
às amostras brasileira e norte-americana para ambos os sexos, em que os valores
representam o julgamento moral médio (1 = “nada errado” a 5 = “extremamente errado”)
e as barras representam o intervalo de confiança de 95%. ............................................. 67
Figura 10. Representação da variação da intensidade do cheiro ao longo do tempo para os
diferentes grupos experimentais. A linha representada pela cor do grupo experimental
representa a tendência suavizada baseada nos valores médios, enquanto a faixa cinza em
torno de cada linha representa o intervalo de confiança de 95%. ................................... 90
Figura 11. Representação do desenho experimental do Estudo 2......................................... 95
Figura 12. Representação do julgamento moral para cada fundamento das VFMs, para os
diferentes autores da violação, em que os valores representam o julgamento moral médio
(1 = “ ”a5=“ ”) e as barras representam o intervalo de
confiança de 95%.......................................................................................................... 100
Figura 13. Representação do julgamento moral para cada fundamento das VFMs, para os
diferentes autores da violação e para ambos os momentos avaliados, em que os valores
representam o julgamento moral médio (1 = “nada errado” a 5 = “extremamente errado”),
as barras representam o intervalo de confiança de 95% e os pontos representam as
respostas individuais. .................................................................................................... 102
Figura 14. Representação do julgamento de odor desagradável para cada condição
experimental, em que os valores em preto representam o julgamento de desagrado médio
(1 = “nada desagradável” a 5 = “extremamente desagradável”), as barras representam o
intervalo de confiança de 95% e os pontos representam as respostas individuais. ...... 104
Figura 15. Representação da relação entre julgamento moral e sensibilidade ao nojo, para os
diferentes fundamentos morais e autores da violação. Os pontos representam as respostas
individuais dos participantes, a linha representada pela cor do autor da violação
representa a tendência linear, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha representa o
intervalo de confiança de 95%...................................................................................... 106
Figura 16. Representação da relação entre julgamento moral e ideologia social, para os
diferentes fundamentos morais e autores da violação. Os pontos representam as respostas
individuais dos participantes, a linha representada pela cor do autor da violação
representa a tendência linear, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha representa o
intervalo de confiança de 95%...................................................................................... 107
Figura 17. Representação da relação entre julgamento moral e ideologia política, para os
diferentes fundamentos morais e autores da violação. Os pontos representam as respostas
individuais dos participantes, a linha representada pela cor do autor da violação
representa a tendência linear, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha representa o
intervalo de confiança de 95%...................................................................................... 108
Figura 18. Representação do desenho experimental do Estudo 3....................................... 127
Figura 19. Representação do julgamento moral para as diferentes categorias grupais e tipos
de Cuidado, em que os valores representam o julgamento moral médio
a e as barras representam o intervalo de
confiança de 95%.......................................................................................................... 131
Figura 20. Representação do julgamento de proximidade em relação à vítima da violação,
para as diferentes categorias grupais e tipos de Cuidado, em que os valores representam
o julgamento de proximidade médio (1 = “nada próximo” a 5 = “extremamente próximo”)
e as barras representam o intervalo de confiança de 95%. ........................................... 133
Figura 21. Representação do julgamento de proximidade em relação ao autor da violação,
para as diferentes categorias grupais e tipos de Cuidado, em que os valores representam
o julgamento de proximidade médio (1 = “nada próximo” a 5 = “extremamente próximo”)
e as barras representam o intervalo de confiança de 95%. ........................................... 135
Figura 22. Representação da relação entre julgamento moral e julgamento de proximidade
em relação à vítima da violação, para as diferentes categorias grupais e tipos de Cuidado.
Os pontos representam as respostas individuais dos participantes, a linha representada
pela cor do tipo de Cuidado representa a tendência linear, enquanto a faixa cinza em torno
de cada linha representa o intervalo de confiança de 95%. .......................................... 136
Figura 23. Representação da relação entre julgamento moral e julgamento de proximidade
em relação ao autor da violação, para as diferentes categorias grupais e tipos de Cuidado.
Os pontos representam as respostas individuais dos participantes, a linha representada
pela cor do tipo de Cuidado representa a tendência linear, enquanto a faixa cinza em torno
de cada linha representa o intervalo de confiança de 95%. .......................................... 138
Figura 24. Representação do desenho experimental do Estudo 4....................................... 158
Figura 25. Representação do julgamento moral por fundamento moral e sexo (Parte 1), em
que os valores representam o julgamento moral médio (1 = “nada errado” a 5 =
“extremamente errado”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%. ... 161
Figura 26. Representação do julgamento moral por fundamento moral e idade (Parte 1), em
que os valores representam o julgamento moral médio (1 = “nada errado” a 5 =
“extremamente errado”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%. ... 162
Figura 27. Representação da relação entre julgamento moral e idade (Parte 1), para os
diferentes fundamentos morais e sexos. Os pontos representam as respostas individuais
dos participantes, as linhas representam a tendência, enquanto a faixa cinza em torno da
linha representa o intervalo de confiança de 95%. ....................................................... 163
Figura 28. Representação do julgamento moral por fundamento moral e idade (Parte 2), em
que os valores representam o julgamento moral médio (1 = “nada errado” a 5 =
“extremamente errado”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%. ... 165
Figura 29. Representação do julgamento moral por fundamento moral e idade (Parte 2), em
que os valores representam o julgamento moral médio (1 = “nada errado” a 10 =
“extremamente errado”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%. ... 166
Figura 30. Representação da relação entre julgamento moral e idade (Parte 2), para os
diferentes fundamentos morais e sexos. Os pontos representam as respostas individuais
dos participantes, as linhas representam a tendência, enquanto a faixa cinza em torno da
linha representa o intervalo de confiança de 95%. ....................................................... 167
Figura 31. Representação da relação entre julgamento moral e idade (Partes 1 e 2), para os
diferentes fundamentos morais e sexos. Os pontos representam as respostas individuais
dos participantes, as linhas representam a tendência, enquanto a faixa cinza em torno da
linha representa o intervalo de confiança de 95%. ....................................................... 168
Figura 32. Sequência de blocos experimentais. .................................................................. 185
Figura 33. Sequ� ncia dos estímulos de cada trial. .............................................................. 186
Figura 34. Representação da localização muscular do posicionamento da ECG. .............. 189
Figura 35. Representação do procedimento realizado no pré-processamento dos dados da
ECG, com destaque para os diferentes canais (superior relacionado ao registro ECG e
inferior relacionado ao intervalo de tempo entre os batimentos cardíacos) e os momentos
específicos para a derivação dos 13 pontos de IBI. ...................................................... 190
Figura 36. Representação do desenho experimental do Estudo 5....................................... 191
Figura 37. Representação do julgamento de valência por fundamento moral e estratégia de
regulação emocional, em que os valores representam o julgamento de valência médio (1
= “extremamente negativa” a 9 = “extremamente positiva”) e as barras representam o
intervalo de confiança de 95%...................................................................................... 196
Figura 38. Representação do julgamento de ativação por fundamento moral e estratégia de
regulação emocional, em que os valores representam o julgamento de ativação médio (1
= “nada ativadora” a 9 = “extremamente ativadora”) e as barras representam o intervalo
de confiança de 95%. .................................................................................................... 199
Figura 39. Representação do julgamento moral por fundamento moral e estratégia de
regulação emocional, em que os valores representam o julgamento moral médio (1 =
“nada errado” a 10 = “extremamente errado”) e as barras representam o intervalo de
confiança de 95%.......................................................................................................... 202
Figura 40. Representação da relação entre julgamento moral e hábitos de supressão
emocional, para os diferentes fundamentos morais e estratégias de regulação emocional.
Os pontos representam as respostas individuais dos participantes, a linha representada
pela cor da estratégia representa a tendência linear, enquanto a faixa cinza em torno de
cada linha representa o intervalo de confiança de 95%. ............................................... 204
Figura 41. Representação da relação entre julgamento moral e hábitos de reavaliação
cognitiva, para os diferentes fundamentos morais e estratégias de regulação emocional.
Os pontos representam as respostas individuais dos participantes, a linha representada
pela cor da estratégia representa a tendência linear, enquanto a faixa cinza em torno de
cada linha representa o intervalo de confiança de 95%. ............................................... 205
Figura 42. Representação do número de palavras negativas e positivas utilizadas durante cada
estratégia de reavaliação cognitiva, em que os valores representam o número de palavras
médias e as barras representam o intervalo de confiança de 95%. ............................... 207
Figura 43. Representação do número de palavras relacionadas a cada processo cognitivo
durante cada estratégia de reavaliação cognitiva, em que os valores representam o número
de palavras médias e as barras representam o intervalo de confiança de 95%. ............ 209
Figura 44. Representação dos valores delta do intervalo interbatidas (IBI) para cada momento
avaliado e cada fundamento moral. A linha representada pela cor do fundamento moral
representa a tendência suavizada baseada nos valores médios, enquanto a faixa cinza em
torno de cada linha representa o intervalo de confiança de 95%. ................................. 210
Figura 45. Representação dos valores delta do intervalo interbatidas (IBI) para cada momento
avaliado e cada estratégia de regulação emocional. A linha representada pela cor da
estratégia representa a tendência suavizada baseada nos valores médios, enquanto a faixa
cinza em torno de cada linha representa o intervalo de confiança de 95%. ................. 212
Figura 46. Representação dos valores deltas do intervalo interbatidas (IBI) para cada
momento avaliado, cada fundamento moral e cada estratégia de regulação emocional. A
linha representada pela cor da estratégia representa a tendência suavizada baseada nos
valores médios, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha representa o intervalo de
confiança de 95%.......................................................................................................... 213
Figura 47. Representação dos valores delta do intervalo interbatidas (IBI) para cada momento
avaliado, cada fundamento moral e cada estratégia de regulação emocional. A linha
representada pela cor do fundamento moral representa a tendência suavizada baseada nos
valores médios, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha representa o intervalo de
confiança de 95%.......................................................................................................... 214
Figura 48. Áreas-alvo e os principais achados dos efeitos de ETCC no julgamento moral.
...................................................................................................................................... 230
Figura 49. Sequ� ncia dos estímulos de cada trial. .............................................................. 237
Figura 50. Padrões de montagens das condições experimentais seguindo o sistema
internacional de Eletroencefalografia 10-20 (JASPER, 1958) e simulação via sistema
COMETS2 (LEE et al., 2017). ..................................................................................... 240
Figura 51. Representação do desenho experimental do Estudo 6....................................... 242
Figura 52. Representação do julgamento de valência por fundamento moral e estimulação,
em que os valores representam o julgamento de valência médio (1 = “extremamente
negativa” a 9 = “extremamente positiva”) e as barras representam o intervalo de confiança
de 95%. ......................................................................................................................... 245
Figura 53. Representação do julgamento de ativação por fundamento moral e estimulação,
em que os valores representam o julgamento de ativação médio (1 = “nada ativador” a 9
= “extremamente ativador”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
...................................................................................................................................... 246
Figura 54. Representação do julgamento moral por fundamento moral e estimulação, em que
os valores representam o julgamento moral médio (1 = “nada errado” a 5 =
“extremamente errado”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%. ... 248
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Caracterização de cada um dos seis estudos. ........................................................ 32


Tabela 2. Resultados das análises fatoriais confirmatórias para diferentes números de fatores.
........................................................................................................................................ 52
Tabela 3. Modelo de regressão para julgamento moral de cada fundamento moral em relação
às ideologias social e política. ........................................................................................ 60
Tabela 4. Julgamento moral médio para cada fundamento moral e sexo. ............................ 68
Tabela 5. Caracterização da amostra coletada, com relação aos valores obtidos de idade e nas
escalas/questionários. ..................................................................................................... 99
Tabela 6. Apresentação dos valores médios (e erro padrão) para os julgamentos de
proximidade em relação à vítima da violação. ............................................................. 133
Tabela 7. Resultados da análise de correlação entre julgamento moral e julgamento de
proximidade em relação à vítima da violação. ............................................................. 137
Tabela 8. Resultados da análise de correlação entre julgamento moral e julgamento de
proximidade em relação ao autor da violação. ............................................................. 137
Tabela 9. Descrição da distribuição da amostra entre os sexos (G1 e G4). ........................ 160
Tabela 10. Descrição da distribuição da amostra entre os sexos (G5 e G9). ...................... 164
Tabela 11. Caracterização dos diferentes blocos de estratégias de regulação emocional para
os seis fundamentos morais (valores para cada estratégia representam média e desvio
padrão). ......................................................................................................................... 188
Tabela 12. Apresentação dos resultados do teste Bonferroni para a interação
FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA para o julgamento de valência............................... 197
Tabela 13. Apresentação dos resultados do teste Bonferroni para a interação
FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA para o julgamento de Ativação. ............................ 200
Tabela 14. Apresentação dos resultados do teste Bonferroni para a interação
FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA para o julgamento moral. ...................................... 203
Tabela 15. Apresentação dos resultados do teste Bonferroni para a interação
TEMPO*FUNDAMENTO para o intervalo interbatidas (IBI). ................................... 211
Tabela 16. Caracterização dos diferentes blocos experimentais para os seis fundamentos
morais (valores para cada bloco representam média e desvio padrão). ........................ 238
LISTA DE ABREVIAÇÕES

ANOVA – Análise de Variância


CPFDL – Córtex Pré-frontal Dorsolateral
CPFM – Córtex Pré-frontal Medial
CPFV – Córtex Pré-frontal Ventral
CPFVM – Córtex Pré-frontal Ventromedial
DERS
DSS –
EAPN – Escala de Afeto Positivo e Negativo
ECG – Eletrocardiografia
ECP – Estimulação Cerebral Profunda
EMT – Estimulação Magnética Transcraniana
EMTr – EMT repetida
ERQ –
ESN – Escala de Sensibilidade ao Nojo
ETCC – Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua
IBI – Intervalo interbatidas
MCE – Modelo do Conteúdo de Estereótipo
MFQ
PANAS –
QFM – Questionário de Fundamentos Morais
QRE – Questionário de Regulação Emocional
QRE-RC – Questionário de Regulação Emocional-Reavaliação Cognitiva
QRE-S – Questionário de Regulação Emocional-Supressão
SAM –
SCNLab –
TALE – Termo de Assentimento Livre e Esclarecido
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TFM – Teoria dos Fundamentos Morais
TMD – Teoria da Moralidade Diádica
UPM – Universidade Presbiteriana Mackenzie
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 26
1.1. Moral e julgamento moral ........................................................................................ 26
1.2. Teoria dos Fundamentos Morais ............................................................................. 28
1.3. Outras visões contemporâneas ................................................................................. 30
1.4. Criação dos desenhos experimentais ....................................................................... 30

ESTUDO 1 ............................................................................................................................ 34
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ........................................................................... 35
2. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 35
2.1. Instrumentos de avaliação dos fundamentos morais ............................................. 35
2.2. Vinhetas dos Fundamentos Morais (VFMs) ........................................................... 36
2.3. Instrumentos de investigação dos julgamentos morais no Brasil ......................... 37
3. OBJETIVOS .................................................................................................................... 39
3.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 39
3.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 39
4. HIPÓTESES E RESULTADOS ESPERADOS ........................................................... 40
5. MÉTODO......................................................................................................................... 42
5.1 Fase 1: Tradução e adaptação ................................................................................... 42
........................................................................................... 43
............................................................................................... 43
................................................................................................... 43
................................................................................................. 44
5.2 Fase 2: Validação psicométrica ................................................................................. 45
.......................................................................................................... 45
5.3 Fase 3: Exploração das diferenças culturais, ideológicas e de sexo ....................... 46
.................................................................................... 46
........................................................................................................................ 46
5.4 Procedimentos............................................................................................................. 47
5.5 Aspectos éticos ............................................................................................................ 47
5.6 Análise estatística dos dados...................................................................................... 48
6. RESULTADOS ................................................................................................................ 50
6.1 Fase 2: Validação psicométrica ................................................................................. 50
..................................................................................... 50
................................................................................. 50
6.2 Fase 3: Exploração das diferenças culturais, ideológicas e de sexo ....................... 55
.............................................................................................. 55
.......................................................................................... 57
.............................................................................................................. 57
............................................................................................................ 58
................................................................................................. 61
........................................................................................... 63
.............................................................................................................................. 63
................................................................................................................................ 64
......................................................................................... 65
.......................................................................................................................... 65
........................................................................................................................ 66
7. DISCUSSÃO .................................................................................................................... 69
7.1 Fase 1: Tradução e adaptação ................................................................................... 69
7.2 Fase 2: Validação psicométrica ................................................................................. 70
7.3 Fase 3: Exploração das diferenças culturais, ideológicas e de sexo ....................... 71
.............................................................................................. 71
.......................................................................................... 72
................................................................................................. 73
7.4 Limitações e direções futuras .................................................................................... 75
8. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 77

ESTUDO 2 ............................................................................................................................ 78
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ........................................................................... 79
2. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 79
2.1. Emoção de nojo e julgamento moral ....................................................................... 79
2.2. Categorização grupal ................................................................................................ 81
3. OBJETIVOS .................................................................................................................... 85
3.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 85
3.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 85
4. HIPÓTESES E RESULTADOS ESPERADOS ........................................................... 86
5. MÉTODO......................................................................................................................... 87
5.1 Estudo piloto 1: ........................................................ 87
5.2 Estudo piloto 2: ........................................ 88
5.3 Participantes ............................................................................................................... 91
5.4 Instrumentos ............................................................................................................... 92
......................................................................................... 92
............................................................................................ 93
5.5 Procedimentos............................................................................................................. 94
5.6 Aspectos éticos ............................................................................................................ 96
5.7 Análise estatística dos dados...................................................................................... 96
6. RESULTADOS ................................................................................................................ 98
6.1 Caracterização da amostra ........................................................................................ 98
6.2 Julgamento moral vs. Grupo experimental vs. Autor da violação ........................ 99
6.3 Modulação Afetiva (EAPN) ..................................................................................... 102
6.4 Sensação de odor desagradável ............................................................................... 103
6.5 Sensibilidade ao nojo e julgamento moral ............................................................. 105
6.6 Ideologias social e política........................................................................................ 106
6.7 Hábitos de regulação emocional (supressão e reavaliação cognitiva) ................. 108
7. DISCUSSÃO .................................................................................................................. 109
7.1 Exposição ao odor desagradável ............................................................................. 110
7.2 Julgamento moral entre os dois momentos avaliados ........................................... 111
7.3 Sensibilidade ao nojo................................................................................................ 113
7.4 Ideologias social e política........................................................................................ 114
7.5 Regulação emocional ................................................................................................ 114
7.6 Limitações e direções futuras .................................................................................. 115
8. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 116

ESTUDO 3 .......................................................................................................................... 117


1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ......................................................................... 118
2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................ 118
2.1. Violações do Cuidado e percepção de dor ............................................................. 118
2.2. & ................................................................................................ 120
2.3. Categorização social e julgamento moral.............................................................. 121
3. OBJETIVOS .................................................................................................................. 123
3.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 123
3.2 Objetivos específicos ................................................................................................ 123
4. HIPÓTESES E RESULTADOS ESPERADOS ......................................................... 124
5. MÉTODO....................................................................................................................... 125
5.1 Participantes ............................................................................................................. 125
5.2 Instrumentos ............................................................................................................. 126
........................................................................................................ 126
....................................................................................... 126
5.3 Procedimentos........................................................................................................... 127
5.4 Aspectos éticos .......................................................................................................... 127
5.5 Análise estatística dos dados.................................................................................... 128
6. RESULTADOS .............................................................................................................. 130
6.1 Amostra ..................................................................................................................... 130
6.2 Julgamento moral ..................................................................................................... 130
6.3 Julgamento de proximidade (vítima)...................................................................... 132
6.4 Julgamento de proximidade (autor) ....................................................................... 134
6.5 Correlações – Julgamento moral e proximidade com a vítima ............................ 135
6.6 Correlações – Julgamento moral e proximidade com o autor ............................. 137
7. DISCUSSÃO .................................................................................................................. 139
7.1 Julgamento moral ................................................................................................. 139
7.2 Julgamentos de proximidade (autor e vítima) ................................................... 142
7.3 Limitações e direções futuras .............................................................................. 144
8. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 145

ESTUDO 4 .......................................................................................................................... 146


1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ......................................................................... 147
2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................ 147
2.1. Desenvolvimento emocional e moral ..................................................................... 147
2.2. Diferenças de sexo no julgamento moral............................................................... 150
3. OBJETIVOS .................................................................................................................. 153
3.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 153
3.2 Objetivos específicos ................................................................................................ 153
4. HIPÓTESES E RESULTADOS ESPERADOS ......................................................... 154
5. MÉTODO....................................................................................................................... 155
5.1 Participantes ............................................................................................................. 155
5.2 Instrumentos ............................................................................................................. 156
....................................................................................... 156
.......................................................................................... 156
5.3 Procedimentos........................................................................................................... 157
5.4 Aspectos éticos .......................................................................................................... 158
5.5 Análise estatística dos dados.................................................................................... 159
6. RESULTADOS .............................................................................................................. 160
6.1 Parte 1 – Grupos G1 a G4 ....................................................................................... 160
................................................................................... 160
............................................................................................... 161
............................................................................................. 162
6.2 Parte 2 – Grupos G5 a G9 ....................................................................................... 164
................................................................................... 164
............................................................................................... 164
............................................................................................. 165
7. DISCUSSÃO .................................................................................................................. 169
7.1 Sexo ............................................................................................................................ 170
7.2 Idade .......................................................................................................................... 170
................................................................................................................. 170
................................................................................................................. 173
7.3 Limitações e direções futuras .................................................................................. 173
8. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 175

ESTUDO 5 .......................................................................................................................... 176


1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ......................................................................... 177
2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................ 177
2.1. Regulação emocional ............................................................................................... 178
2.2. Julgamento moral e regula� � o emocional ............................................................. 179
3. OBJETIVOS .................................................................................................................. 181
3.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 181
3.2 Objetivos específicos ................................................................................................ 181
4. HIPÓTESES E RESULTADOS ESPERADOS ......................................................... 182
5. MÉTODO....................................................................................................................... 183
5.1 Participantes ............................................................................................................. 183
5.2 Instrumentos ............................................................................................................. 183
....................................................................................... 183
............................................................................................. 185
....................................................................................... 189
5.3 Procedimentos........................................................................................................... 190
5.4 Aspectos éticos .......................................................................................................... 192
5.5 Análise estatística dos dados.................................................................................... 192
6. RESULTADOS .............................................................................................................. 194
6.1 Caracterização da amostra ...................................................................................... 194
6.2 Variação afetiva (negativos e positivos) ................................................................. 194
6.3 Julgamento de valência ............................................................................................ 195
6.4 Julgamento de ativação ............................................................................................ 198
6.5 Julgamento moral ..................................................................................................... 201
6.7 Análise dos textos durante reavaliação cognitiva .................................................. 206
6.8 Intervalo interbatidas (IBI) ..................................................................................... 209
7. DISCUSSÃO .................................................................................................................. 215
7.1 Julgamentos de valência, ativação e moral ............................................................ 215
7.2 Contagem de palavras.............................................................................................. 220
7.3 Intervalo interbatidas (IBI) ..................................................................................... 221
7.4 Limitações e direções futuras .................................................................................. 223
8. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 224

ESTUDO 6 .......................................................................................................................... 225


1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ......................................................................... 226
2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................ 226
2.1. Neurofisiologia do julgamento moral .................................................................... 226
2.2. Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua ........................................... 227
2.3. Neuromodulação do julgamento moral ................................................................. 229
......................................................... 230
........................................................ 231
3. OBJETIVOS .................................................................................................................. 233
3.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 233
3.2 Objetivos específicos ................................................................................................ 233
4. HIPÓTESES E RESULTADOS ESPERADOS ......................................................... 234
5. MÉTODO....................................................................................................................... 235
5.1 Participantes ............................................................................................................. 235
5.2 Instrumentos ............................................................................................................. 236
....................................................................................... 236
............................................................................................. 236
............................. 239
5.3 Procedimentos........................................................................................................... 241
5.4 Aspectos éticos .......................................................................................................... 242
5.5 Análise estatística dos dados.................................................................................... 243
6. RESULTADOS .............................................................................................................. 244
6.1 Caracterização da amostra ...................................................................................... 244
6.2 Julgamento de valência ............................................................................................ 244
6.3 Julgamento de ativação ............................................................................................ 245
6.4 Julgamento moral ..................................................................................................... 247
7. DISCUSSÃO .................................................................................................................. 249
7.1 Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua ............................................ 249
7.2 Julgamento entre os fundamentos morais ............................................................. 252
7.3 Limitações e direções futuras .................................................................................. 252
8. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 254

DISCUSSÃO GERAL ....................................................................................................... 255


1. TFM NO CONTEXTO BRASILEIRO ESTUDADO ................................................ 256
1.1. Validação e comprovação do modelo teórico ........................................................ 256
2. FUNDAMENTOS MORAIS E A EXPERIÊNCIA EMOCIONAL ......................... 257
2.1. Modulação emocional e julgamento dos fundamentos morais ........................... 257
2.2. Categorização grupal e julgamentos dos fundamentos morais ........................... 259
2.3. Desenvolvimento do julgamento dos fundamentos morais ................................. 260
2.4. Processamento cerebral e reavaliação cognitiva .................................................. 261
3. CONCLUSÃO GERAL ................................................................................................ 261

ANEXOS ............................................................................................................................. 263


ANEXO A........................................................................................................................ 264
ANEXO B ........................................................................................................................ 265
ANEXO C........................................................................................................................ 266
ANEXO D........................................................................................................................ 267
ANEXO E ........................................................................................................................ 268
ANEXO F ........................................................................................................................ 269
ANEXO G ....................................................................................................................... 270
ANEXO H ....................................................................................................................... 271
ANEXO I ......................................................................................................................... 272
ANEXO J ........................................................................................................................ 273
ANEXO K ....................................................................................................................... 274
ANEXO L ........................................................................................................................ 277
ANEXO M....................................................................................................................... 281
ANEXO N........................................................................................................................ 284
ANEXO O ....................................................................................................................... 287
ANEXO P ........................................................................................................................ 289
ANEXO Q ....................................................................................................................... 292
ANEXO R........................................................................................................................ 295
ANEXO S ........................................................................................................................ 296
ANEXO T ........................................................................................................................ 299
ANEXO U........................................................................................................................ 303
ANEXO V........................................................................................................................ 306
ANEXO W ...................................................................................................................... 311
ANEXO X........................................................................................................................ 313

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 315


26

1. INTRODUÇÃO

Esta Tese de Doutorado encontra-se vinculada ao Projeto de Produtividade em


Pesquisa 1D do CNPq do Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio e à bolsa de Doutorado Regular da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), do Doutorando Lucas
Murrins Marques (processo: 2017/06136-2), uma vez que todos apresentam como temática de
investigação a interação entre processos emocionais e morais.

Antes de aprofundar o motivo de escolha de cada um dos seis estudos que compõem a
presente Tese, vale apresentar a linha teórica que embasou a construção desses estudos.
Assim, a seguir encontra-se uma breve apresentação do que vem a ser a moral e o julgamento
moral, bem como a Teoria dos Fundamentos Morais, linha teórica condutora desta Tese.

1.1. Moral e julgamento moral

O estudo das emoções apresenta relevante crescimento desde os primeiros ensaios da


filosofia clássica grega até achados experimentais das neurociências. Dentre as mais diversas
definições, entende-se emoção como uma alteração comportamental, fisiológica e subjetiva
do indivíduo em resposta a uma dada situação (FRIJDA, 2000), ou ainda uma alteração
fisiológica e/ou processamento cognitivo que motiva o indivíduo para uma ação que mantenha
sua sobrevivência (EKMAN, 1992).

Desta forma, é possível relacionar o importante papel que as emoções têm nos
julgamentos morais. Hume (1777) defende que a moral é determinada por sentimentos que
nos fazem definir se uma atitude é virtuosa ou criminosa. Além disso, o mesmo autor afirma
que para fazer um julgamento moral, todos os fatos devem ser previamente vivenciados e
conhecidos, de maneira que a mente, ao contemplar esses fatos conhecidos, nos faz sentir uma
impressão nova que resulte em algumas emoções como desgosto, desprezo, afeto, admiração,
raiva, vergonha e culpa (HUME, 1777). Desta forma, emoções ditas “básicas”, que podem ser
classificadas como emoções primitivas, por possuírem origem em regiões subcorticais
(TRACY e RANDLES, 2011), poderiam também ser consideradas emoções morais. Assim
como aponta HAIDT (2003), todo processamento emocional que apresenta como
consequência o estabelecimento e manutenção da integridade das estruturas sociais humanas
27

pode ser considerado uma emoção moral. Neste sentido, torna-se evidente que o constructo
da “moral” se caracteriza por uma somatória de aspectos tanto emocionais quanto de
elaboração cognitiva, apesar de, contraditoriamente ao pensamento comum, o raciocínio
cognitivo moral estar pouco presente em nossos julgamentos morais (HAIDT, 2001). Atitudes
e julgamentos podem ser tomados, muitas vezes, de forma automática, sem necessariamente
usar o raciocínio, com base em conceitos já preestabelecidos (FAZIO e WILLIAMS, 1986).

Considerada como um dos tópicos de maior discussão teórico-científica da história da


humanidade, a moral é tipicamente compreendida como o alicerce da vida social, o conjunto
de estruturas ou fundamentos que suportam a estabilidade das relações sociais. Em outras
palavras, a moral nada mais é do que todo o conjunto de processos sociais, emocionais e
cognitivos que garantem a integridade da vida social (HAIDT, 2012). Neste sentido, todos os
impulsos que norteiam uma melhor adaptação e interação dos pontos sociais, sendo eles
individuais e/ou grupais, podem ser considerados facilitadores ou orientadores morais. No
cotidiano social, diferentes nomes são atribuídos a esses norteadores, como “valores”,
“virtudes” e “caráter”, sendo eles utilizados para expressar muitas vezes as mesmas coisas, no
caso os fundamentos da moral (HAIDT e JOSEPH, 2004; 2007; HAIDT, 2008). Como se
pode observar na Figura 1, embora haja publicações sobre julgamento moral desde 1896,
indexadas em bases de dados como o SCOPUS, apenas nas últimas décadas houve um
aumento considerável no número de publicações, destacando a relevância que o estudo desse
tema tem ganhado no cenário internacional.
28

Figura 1. Representação do crescente número de publicações com os termos “Julgamento


Moral”, “Julgamento Moral + Emoção” e “Julgamento Moral + Teoria dos Fundamentos
Morais”, nos últimos 50 anos na base de dados SCOPUS.
Fonte: Scopus (https://www.scopus.com).

1.2. Teoria dos Fundamentos Morais

De acordo com o Modelo Intuicionista Social (HAIDT, 2001), o julgamento moral


seria substancialmente influenciado por “intuições” ou reações afetivas automáticas. Por sua
vez, essas intuições seriam reações desenvolvidas ao longo da evolução, como forma de
solução diante de situações que possam comprometer a integridade das estruturas sociais
humanas (HAIDT, 2003). Sendo assim, a partir dos pressupostos do Modelo Intuicionista
Social, surge na literatura acerca do processamento moral a Teoria dos Fundamentos Morais
(TFM). Segundo HAIDT e JOSEPH (2004), tais intuições emergem sempre que pelo menos
um dos seis fundamentos morais se apresenta ameaçado: i) Cuidado; ii) Justiça; iii) Liberdade;
iv) Autoridade; v) Lealdade; e vi) Pureza. Os seis fundamentos podem ser descritos e
exemplificados, resumidamente, da seguinte forma (HAIDT, 2012):
29

i) – situações que envolvam prejuízo no cuidado emocional e


físico entre humanos e humanos em relação a animais (agressão física em
resposta a traição afetiva).

ii) – situações que envolvam trapaça (uso de dinheiro público


para fins pessoais).

iii) – situações que envolvam restrição da liberdade


(predeterminar a escolha de outrem).

iv) – situações que envolvam desrespeito e menosprezo em


relação a uma figura de autoridade (conversas paralelas durante celebração
religiosa).

v) – situações de deslealdade perante algo (funcionário que


realiza trabalhos paralelos para a empresa concorrente).

vi) – situações que envolvam “degradação” de princípios


(comportamentos sexuais como incesto).

Destes, assim como apresentado por HAIDT (2008), os três primeiros caracterizam
fundamentos orientados para a valorização do indivíduo (Fundamentos Individualizantes),
enquanto os últimos três valorizam o coletivo (Fundamentos Coesivos). Neste sentido, a
literatura recente acerca do processamento moral se baseia nos pressupostos da TFM (HAIDT,
2003; 2008; 2012; GRAHAM , 2013), estimulando, por exemplo, o desenvolvimento de
instrumentos como o (GRAHAM , 2011) e o
(CLIFFORD , 2015). Por outro lado, o grau em que os dilemas
morais se envolvem no processamento de emoções varia consistentemente com a influência
que a emoção exerce no julgamento moral (GREENE , 2001). No entanto, Haidt e Greene
discordaram sobre o papel da razão na psicologia moral por causa da crença de Greene na
relevância do pensamento de modo manual – que é o sistema de julgamento racional e
controlado – em contraste com o modo automático, regulado por emoção e intuição, defendido
por HAIDT (2001), que considera a emoção como a única fonte de julgamento moral,
30

racionalizada pelo modo manual (GREENE, 2013). Além disso, estima-se que o julgamento
moral se altere de acordo com as influências sociais e culturais (HAIDT , 1993). No
entanto, esta concepção contrasta com a crença difundida no século 20 de que um processo
racional e deliberado toma parte na decisão moral (KOHLBERG, 1969; TURIEL, 1983).
Embora seja forte a noção de que o julgamento se baseia nas implicações emocionais da moral,
ainda assim as evidências são consideradas insuficientes e não comprovadas por alguns, que
argumentam que as emoções podem exercer escassa influência no julgamento moral
(HUEBNER , 2009).

1.3. Outras visões contemporâneas

Nos últimos anos, um grupo de pesquisadores criticou a TFM argumentando que não
há módulos de ativação específicos que possam desencadear violações específicas para cada
um dos fundamentos morais. Assim, acreditando também nos pontos defendidos por
GRAHAM (2013), de que a moralidade é construída com base no nativismo,
aprendizagem cultural, intuicionismo e pluralismo, um grupo de pesquisadores,
predominantemente representados por Kurt Gray, desenvolveu a Teoria da Moralidade
Diádica (TMD), que sugere que moralidade ou violações morais são socialmente
representadas por diferentes tipos de danos, mas mantêm a mesma base ontológica (SCHEIN
e GRAY, 2018).

1.4. Criação dos desenhos experimentais

A presente Tese, de uma maneira ou de outra, não busca destrinchar qual linha teórica
melhor esboça o tópico da moral, mas sim explorar de que maneira os diferentes fundamentos
morais respondem a diferentes situações, a depender do objetivo de cada um dos seis estudos.
Assim, o objetivo geral da presente tese está na investigação dos fundamentos morais e dos
diferentes fenômenos que possibilitam a modulação do julgamento de violações destes
fundamentos, com principal foco nos processos emocionais. Para tal fim, a presente tese se
estrutura em seis estudos individuais, cada qual com seu objetivo individual e casuística
particular. Todos os estudos apresentam como fator comum o julgamento de violações
31

representativas de cada fundamento moral, ora por meio de vinhetas, ora por meio de imagens,
apenas diferindo a variável independente investigada. Desta forma, cada um dos estudos
buscou responder uma pergunta em relação ao julgamento dos fundamentos morais:

Estudo 1 – Como se dará a validação de um instrumento para o julgamento


dos fundamentos morais em uma amostra de universitários da cidade de São
Paulo?
Estudo 2 – A exposição a odor negativo influencia no julgamento moral dos
diferentes fundamentos morais?
Estudo 3 – A proximidade interpessoal influencia no julgamento moral de
violações dos fundamentos do Cuidado físico e emocional?
Estudo 4 – A idade e o sexo dos participantes influenciam no julgamento moral
dos diferentes fundamentos morais?
Estudo 5 – O uso de estratégias de regulação emocional influencia no
julgamento moral dos diferentes fundamentos morais?
Estudo 6 – A neuromodulação de regiões do Córtex Pré-frontais influencia no
julgamento moral dos diferentes fundamentos morais?

Para além dos estudos 2 a 6, que buscaram investigar a influencia de alguma variável
no julgamento moral dos diferentes fundamentos morais, o Estudo 1 surgiu da necessidade de
adaptação e validação do instrumento (CLIFFORD et al., 2015)
a fim de possibilitar a realização dos demais estudos da presente tese. De qualquer modo,
apenas os estudos 2 e 4 utilizaram diretamente as vinhetas validadas, sendo que os estudos 5
e 6 utilizaram um conjunto de imagens selecionadas a partir das situações apresentadas nas
vinhetas validadas e, o Estudo 3 utilizou vinhetas representativas de violações dos
fundamentos do Cuidado emocional e físico, desenvolvidas e compartilhadas pelos
pesquisadores Professor Dr. Walter Sinnott-Armstrong ( ) e a Professora Dra.
Hyo-eun Kim ( ). Seja pelo uso de vinhetas ou imagens, todos os
estudos investigaram os julgamentos morais de maneira separada entre violações de diferentes
naturezas, agrupadas entre os diferentes fundamentos morais. A decisão em utilizar imagens
representativas dos fundamentos morais nos estudos 5 e 6 se deu pelo fato de possibilitar uma
maior experiência moral aos participantes, além de, no caso do Estudo 5, possibilitar que o
32

registro fisiológico fosse registrado por maior duração ao longo da visualização das imagens
por parte dos participantes.

Outro ponto de importante destaque está no número total de fundamentos investigados.


Assim como pode-se observar nos resultados do Estudo 1, apesar de autores como HAIDT
(2012) dividirem os fundamentos morais nos seis fundamentos acima descritos, tanto o estudo
de CLIFFORD (2015) quanto o presente Estudo 1 observaram que o fundamento do
Cuidado pode tanto se dividir em dois, considerando a divisão entre Cuidado emocional e
Cuidado físico quanto entre violações do Cuidado em relação a humanos quanto em relação a
animais. Assim, em relação a presente tese e como destacado na Tabela 1, alguns estudos
foram conduzidos anteriormente a realização das análises fatoriais, as quais definiram o
número de fundamentos morais. Desta forma, os estudos 2, 4 (parte 1), 5 e 6 apresentam 6
fundamentos como número total de fundamentos morais1, enquanto os estudos 1 e a parte 2
do estudo 4 utilizaram 7 fundamentos morais (considerando a divisão entre Cuidado
emocional e Cuidado físico), uma vez que foram realizados posteriormente a realização das
análises fatoriais descritas no Estudo 1. A Tabela 1 apresenta um resumo das semelhanças e
diferenças entre os 6 estudos.

Tabela 1. Caracterização de cada um dos seis estudos.


Fonte: Próprio autor.
Estudo Objetivo Instrumento Nº Fundamentos investigados
Traduzir, adaptar e validar as VFMs para o
7 fundamentos (validação), 6 fundamentos
Estudo 1 português do Brasil para uma amostra Vinhetas dos Fundamentos Morais (VFMs)
(comparação entre sexos)
universitária da cidade de São Paulo.
Investigar o impacto da exposição a odor
negativo na modulação do julgamento de 6 fundamentos -
Estudo 2 Vinhetas dos Fundamentos Morais (VFMs)
vinhetas, apresentandp violações dos
fundamentos morais.
Investigar o impacto da proximidade
interpessoal no julgamento de vinhetas Vinhetas representativas dos fundamentos Vinhetas representativas dos fundamentos
Estudo 3
apresentando violações do cuidado emocional e morais do Cuidado morais do Cuidado
físico.
Investigar as diferenças de idade e sexo no 5 fundamentos (8-17 anos), 7 fundamentos (18-
Estudo 4 julgamento de vinhetas apresentando violações Vinhetas dos Fundamentos Morais (VFMs) 40 anos) -
dos fundamentos morais.
Investigar o impacto do uso de regulação
emocional na modulação do julgamento de Figuras baseadas nas Vinhetas dos 6 fundamentos -
Estudo 5
imagens, apresentando violações dos Fundamentos Morais
fundamentos morais.
Investigar o impacto da neuromodulação do
Córtex Pré-frontal no julgamento de imagens, Figuras baseadas nas Vinhetas dos 6 fundamentos -
Estudo 6
apresentando violações dos fundamentos Fundamentos Morais
morais.

1
Destes estudos, apenas o Estudo 4 Parte 1 utilizou 5 destes 6 fundamentos, uma vez que foi decidido por excluir
vinhetas do fundamento da Pureza, visto que elas apresentam conteúdo inapropriado para a amostra com idade
inferior a 18 anos.
33

Portanto, os 6 estudos que compõem a presente tese se diferenciam em relação a


casuística, objetivos, número de fundamentos testados e instrumento utilizado, sempre
orientados a responderem as perguntas particulares de cada estudo. Contudo, apesar destas
particulariedades, todos os estudos de maneira conjunta buscam aprofundar o conhecimento
a respeito do julgamento moral dentre os diferentes fundamentos morais e dos fatores que
modulam estes fundamentos, no caso de alguns fatores ocorrendo de maneira similar e em
outros de maneira específica para cada fundamento.

A descrição completa dos seis estudos citados é apresentada a seguir em capítulos


separados. Ao final das conclusões gerais, encontram-se todos os anexos e também as
referências em lista única para todos os estudos.
34

ESTUDO 1

TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO E VALIDAÇÃO DAS


VINHETAS DOS FUNDAMENTOS MORAIS EM
UMA AMOSTRA DE SÃO PAULO
35

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

O presente estudo se justifica na medida em que atualmente a comunidade científica


brasileira tem à disposição apenas o instrumento Questionário de Fundamentos Morais (QFM)
para o estudo direto do julgamento moral entre os diferentes fundamentos morais. Como
apresentado anteriormente, este instrumento, apesar de amplamente utilizado, avalia apenas a
valorização dos diferentes fundamentos morais, não possibilitando a avaliação dos
julgamentos morais de situações cotidianas para os diferentes fundamentos. Desta forma, ter
à disposição um instrumento como as Vinhetas dos Fundamentos Morais (VFMs; CLIFFORD
, 2015) para estudos na população brasileira, de respostas comportamentais e fisiológicas
nos mais diversos tópicos, certamente representará um avanço no estudo dos julgamentos
morais no cenário nacional, que conta com uma população tão miscigenada nos aspectos
religiosos, étnicos, econômicos, educacionais e políticos.

Além disso, considerando que este estudo também busca comparar as respostas obtidas
na amostra brasileira com os da amostra original dos Estados Unidos (EUA), torna-se evidente
o impacto positivo na elaboração de futuros estudos transculturais que trabalhem com o
mesmo instrumento de investigação.

Por fim, vale destacar que as análises exploratórias relacionadas à diferença de sexo
buscam destacar importante fenômeno psicossocial, com significativo impacto social e
emocional, mas que normalmente não recebe a apropriada atenção e esforço por parte da
comunidade científica. Desta forma, o presente estudo possibilitará uma melhor compreensão
de possíveis diferenças de sexo no julgamento moral, destrinchando como estas possíveis
diferenças se apresentam em resposta ao julgamento moral dos diversos fundamentos morais.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Instrumentos de avaliação dos fundamentos morais

Segundo a Teoria dos Fundamentos Morais (TFM), as intuições morais podem se


dividir tipicamente em seis grupos/fundamentos (HAIDT e JOSEPH, 2004): Cuidado, Justiça,
36

Liberdade, Autoridade, Lealdade e Pureza. Ao examinar a TFM, o principal instrumento


utilizado pelos pesquisadores é o Questionário de Fundamentos Morais (QFM), caracterizado
por dois conjuntos de questões que solicitam aos participantes que façam julgamentos morais
abstratos e relatem a relevância de cada fundamento para a tomada de decisões morais
(GRAHAM , 2011). Esse instrumento provou ser muito útil para a avaliação de variações
no julgamento moral de acordo com diferentes ideologias sociais (GRAHAM , 2009),
ideologias políticas (GRAHAM , 2012) e até mesmo diferenças de sexo (GRAHAM
, 2011). No entanto, o instrumento captura preocupações morais abstratas em vez de
julgamentos morais sobre comportamentos específicos (WAGEMANS , 2018). De
acordo com o Modelo Intuicionista Social, as pessoas podem não ter um bom acesso
introspectivo às causas de seus julgamentos morais e, assim, suas preocupações morais
abstratas podem não refletir exatamente como elas formam juízos morais. Além disso,
instrumentos baseados em valores abstratos podem sofrer de ambiguidade, levando diferentes
respondentes a interpretar as questões de maneira diferente.

Em resposta a essas preocupações, vários outros instrumentos foram desenvolvidos


apresentando conjuntos morais e imorais de imagens (CRONE , 2018) ou textos
(CHADWICK , 2006; KNUTSON , 2010; LOTTO , 2014; CLIFFORD ,
2015), em uma tentativa de medir mais diretamente o julgamento moral. No entanto, para
nosso conhecimento, apenas o (CLIFFORD , 2015)
apresenta situações concretas que avaliam todos os seis fundamentos da moralidade.

2.2. Vinhetas dos Fundamentos Morais (VFMs)

As Vinhetas dos Fundamentos Morais (VFMs) consistem em 90 vinhetas curtas, cada


uma das quais descreve brevemente um indivíduo cometendo uma violação moral específica.
O comportamento em cada vinheta é projetado para representar uma violação de um dos seis
fundamentos morais: i) Cuidado (27 vinhetas); ii) Justiça (12 vinhetas); iii) Liberdade (11
vinhetas); iv) Autoridade (14 vinhetas); v) Lealdade (16 vinhetas); e vi) Pureza (10 vinhetas).
As VFMs diferem do QFM, pois: i) descrevem um comportamento concreto em vez de valores
abstratos; ii) sugerem uma perspectiva uniforme, começando com “Voc� � [este agente
fazendo este ato]”; e iii) são mais curtas e mais próximas umas das outras em extensão e
complexidade.
37

Como resultado, as VFMs têm vários outros pontos fortes como ferramenta de
pesquisa. Primeiro, o formato compacto e padronizado das vinhetas as torna passíveis de uma
variedade de métodos experimentais, como eletrofisiologia ou ressonância magnética
funcional, que podem ser empregados desde os domínios da Psicologia Comportamental à
Neurociência Cognitiva. Segundo, o grande número de vinhetas permite desenhos
experimentais mais elaborados, como experimentos intraparticipantes, e que os pesquisadores
selecionem subconjuntos de vinhetas que correspondam a outros aspectos, como violação
moral e/ou nível de violação.

Os esforços de validação demonstram que as pontuações das VFMs correspondem às


pontuações do QFM da maneira esperada. Desde o desenvolvimento e a validação das VFMs,
as vinhetas têm sido utilizadas em diversos estudos como alternativa ou como complemento
ao QFM. Por exemplo, DEHGHANI (2016) utilizaram as VFMs para demonstrar que o
desacordo moral prediz maior distância social, mas que esse efeito é particularmente
pronunciado para o fundamento da Pureza. CLIFFORD (2017) usou tanto o QFM quanto as
VFMs para demonstrar que o fundamento moral da Lealdade prediz a força partidária.
WAGEMANS (2018) demonstraram que a sensibilidade ao nojo prediz julgamentos
morais mais severos, especificamente para o fundamento da Pureza. Estes estudos
demonstram a efetividade das VFMs como um instrumento de pesquisa a respeito do
julgamento moral.

Apesar dos muitos usos das VFMs, elas ainda não passaram por nenhum processo de
tradução e validação para o português do Brasil, ressaltando a importância de validar um
instrumento para diversos ambientes sociopolíticos como o encontrado no nosso país.

2.3. Instrumentos de investigação dos julgamentos morais no Brasil

Estudos publicados por grupos brasileiros que examinam o julgamento moral se


enquadram em duas categorias gerais: i) aqueles em que a aquisição de dados foi realizada
fora do Brasil (HANNIKAINEN , 2017; HANNIKAINEN , 2018) e, portanto, não
utilizaram instrumentos brasileiros; ou ii) aqueles que utilizaram outras formas de
mensuração, como sentenças morais/imorais não validadas ou com pequena validação
(MOLL, DE OLIVEIRA-SOUZA, BRAMATI , 2002; MOLL , 2005), imagens
38

emocionais (MOLL, DE OLIVEIRA-SOUZA, ESLINGER , 2002) e dilemas morais


(HAIDT , 1993). Além disso, alguns grupos de pesquisa brasileiros têm buscado validar
instrumentos como o QFM (SILVINO , 2016) ou avaliar aspectos de emoções morais
como culpa e vergonha (LIMA , 2015). No entanto, a falta de desenvolvimento ou criação
de instrumentos capazes de avaliar o julgamento moral de situações morais representativas de
cada fundamento moral dificulta a análise desse tema no Brasil.
39

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

O objetivo do presente estudo foi traduzir e validar as VFMs para o português do Brasil
para uma amostra universitária da cidade de São Paulo e investigar o papel das ideologias
social e política e do sexo nos julgamentos morais. Todos os procedimentos recomendados
internacionalmente (BEATON , 2002) e nacionalmente (BORSA , 2012) foram
adotados para o trabalho. É importante ressaltar que este estudo não objetivou validar esse
instrumento para a população brasileira, considerando todas as suas diferentes culturas,
dialetos e níveis socioeconômicos. Desta forma, a amostra aqui avaliada foi caracterizada por
estudantes universitários da cidade de São Paulo.

3.2 Objetivos específicos

Traduzir e adaptar o instrumento (CLIFFORD


, 2015) para o português e amostra da cidade de São Paulo.
Validar o maior número possível de vinhetas originais (90) em relação a cada
um dos fundamentos morais.
Comparar os julgamentos morais dos diferentes fundamentos entre a amostra
brasileira e a amostra do estudo original (CLIFFORD , 2015).
Avaliar a influência do perfil ideológico social e político no julgamento dos
diferentes fundamentos morais.
Avaliar as diferenças de sexo no julgamento dos diferentes fundamentos morais
e a relação entre cultura e sexo.
40

4. HIPÓTESES E RESULTADOS ESPERADOS

Tendo em vista o modelo de tradução, adaptação e validação aqui proposto, serão


sugeridas hipóteses para as Fases 1, 2 e 3. Em relação à Fase 1, contando com a colaboração
dos autores originais do instrumento VFMs (CLIFFORD , 2015), acredita-se que os
processos de tradução e adaptação do instrumento cumprirão as recomendações
internacionacionais (BEATON , 2002) e nacionais (BORSA , 2012), apresentando
significativa compatibilidade com o instrumento e objetivos originais. Já em relação à Fase 2,
apesar de alguns estudos apresentarem diferenças culturais no julgamento dos fundamentos
morais (HAIDT , 1993; HAIDT e HERSH, 2001; HAIDT e JOSEPH, 2007; KOLEVA
, 2012), acredita-se que um significativo número de vinhetas será validado para a amostra
em questão, possibilitando o uso deste relevante instrumento em futuros estudos. Por fim,
considerando a Fase 3, espera-se replicar os achados de GRAHAM (2009) em relação à
ideologia social, os achados de GRAHAM (2012) em relação à ideologia política e os
achados de GRAHAM (2011) em relação às diferenças de sexo. Contudo, vale destacar
alguns pontos importantes: i) Estes três últimos estudos apontados fizeram uso do instrumento
QFM, portanto divergências na forma de captura dos dados podem alterar os resultados; ii)
possíveis diferenças culturais poderão impactar nos resultados e na comparação com os
estudos citados; e iii) para as análises de sexo, foram consideradas apenas vinhetas que
apresentavam homens como autores das violações morais. Considerando os efeitos aqui
expostos, é esperado observar:

Diferenças no julgamento moral entre as amostras estudadas, nas quais


brasileiros apresentarão julgamentos mais leves que os participantes dos EUA.
Não haverá diferenças significativas entre as amostras para fundamentos
morais específicos.
Diferenças nos julgamentos morais em relação à ideologia social, em que
participantes mais liberais apresentarão julgamentos mais elevados para os fundamentos de
Cuidado, Justiça e Liberdade e inferiores para os fundamentos de Autoridade, Lealdade e
Pureza, quando comparados aos participantes mais conservadores.
Diferenças nos julgamentos morais em relação à ideologia política, em que
participantes de orientação mais à esquerda apresentarão julgamentos mais elevados para os
41

fundamentos de Cuidado, Justiça e Liberdade e inferiores para os fundamentos de Autoridade,


Lealdade e Pureza, quando comparados aos participantes de orientação mais à direita.
Diferenças nos julgamentos morais em relação a sexo, em que mulheres
apresentarão julgamentos mais elevados apenas nos fundamentos de Cuidado e Pureza.
42

5. MÉTODO

Este estudo foi realizado pelo (SCNLab;


Rua Piauí, 181, 10°andar, São Paulo) do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP). No entanto, todo o processo de coleta
dos dados comportamentais dos participantes ocorreu em ambiente virtual, ou seja, todos os
participantes responderam aos questionários de forma on-line em ambiente externo ao
laboratório. Todos os procedimentos de organização e análise de dados foram realizados
dentro de ambiente laboratorial.

Este estudo contou com um experimento de design transversal inter-participantes, ou


seja, ocorreu uma única participação com cada participante, que foi exposto a diferentes
condições experimentais. A seguir, encontra-se a descrição detalhada das diferentes fases do
estudo, sendo elas: Fase 1) Tradução e adaptação; Fase 2) Validação psicométrica; e Fase 3)
Exploração das diferenças culturais, ideológicas e de sexo.

5.1 Fase 1: Tradução e adaptação

Como descrito por BEATON (2002) e BORSA (2012), foram realizadas


quatro etapas principais no processo de tradução e validação das VFMs: 1) Tradução do
instrumento do inglês para o português do Brasil; 2) Síntese de versões traduzidas e validação
por juízes especialistas; 3) Avaliação do instrumento pelo público-alvo; 4) Tradução reversa;
e 5) Validação do instrumento pelo público-alvo. Os primeiros quatro passos (Fase 1) visam
certificar que o processo de tradução ocorreu da melhor maneira possível, respeitando o
conteúdo original e garantindo que a versão criada seja compreensível para o público-alvo. O
quinto passo (Fase 2) teve como objetivo avaliar em uma amostra brasileira de estudantes
universitários da cidade de São Paulo se o instrumento efetivamente capturou a variação no
julgamento moral entre os seis fundamentos. A seguir, a descrição completa das diferentes
etapas da Fase 1.
43

A primeira etapa caracterizada pelo processo de tradução das 90 vinhetas finais do


estudo original (Anexo K), do inglês para o português, ocorreu através do recrutamento de
três professores de inglês, todos bilíngues (português e inglês). Cada professor traduziu
independentemente todas as 90 vinhetas e, em seguida, reuniram-se todos em um grupo para
decidir sobre a melhor versão de cada vinheta traduzida.

A versão sintetizada foi enviada para seis especialistas nas áreas de Ciências
Cognitivas, Neurociências ou Filosofia. Nesta fase, o objetivo principal era avaliar se as
vinhetas se enquadravam no contexto da cidade de São Paulo (por exemplo, com esportes
contextualizados, e expressões), se estavam claras e objetivas, e se a magnitude da
violação moral, para a qual elas foram originalmente criadas, ainda se encontrava preservada.
Todos os seis especialistas tiveram acesso à versão original em inglês e à versão traduzida
sintetizada. A partir dessas revisões, os autores se encontraram e, quando necessário,
realizaram os ajustes necessários, caracterizados predominantemente por ajustes no processo
de tradução. Finalmente, para cada uma das 90 vinhetas, uma única versão foi criada a partir
dos comentários e modificações fornecidos pelos seis especialistas.

A versão final da tradução foi enviada para outros dois professores de inglês (também
bilíngues), para realizar o processo de tradução reversa. Novamente, assim como no processo
de tradução da língua original para o português do Brasil, os dois professores bilíngues
realizaram a síntese de cada uma das versões construídas para uma única versão. É importante
notar que, como recomendado por BEATON (2002) e BORSA (2012), em todos
esses processos de tradução, nenhum professor bilíngue tinha algum conhecimento da função
do instrumento e, no caso do processo de tradução reversa, nenhum professor bilíngue tinha
acesso à versão original em inglês, o que garantiu o objetivo de encontrar inconsistências ou
erros conceituais entre as duas versões.
44

A fim de assegurar maior compatibilidade entre as versões original e brasileira, tanto


em relação ao conteúdo da vinheta quanto na intensidade da violação moral, a versão
sintetizada da tradução reversa foi enviada para revisão dos autores originais das VFMs
(CLIFFORD , 2015). A partir desta etapa de tradução e adaptação, quatro rodadas de
revisão foram realizadas entre todos os autores originais e autores brasileiros, finalizando em
uma versão considerada adequada por todos os autores. Nesse estágio, os ajustes consistiram
principalmente em mudanças para melhorar o ajuste ao contexto brasileiro, como pode ser
visto no próximo parágrafo.

Várias vinhetas foram revisadas para preservar o significado da vinheta original. Em


alguns casos (por exemplo, vinhetas #110, #205, #302, #401, #406, #603, #609, #701, #705,
#707, #708, #714 e #810 do Anexo K), a versão retro traduzida resultou em termos diferentes
do original, alterando efetivamente o significado da vinheta. Como exemplo, as vinhetas #509
e #503, que na versão original apareceram respectivamente como "
"e"
", e a versão traduzida apresentou as respectivas versões
"Você vê um homem dizendo a sua noiva que ela deveria mudar para seu partido político" e
"Você vê um homem dizendo à sua namorada que ela deveria se converter à religião dele".
Durante as revisões com os autores originais, ficou evidente que em ambos os casos o termo
"deveria" diminuiría a intensidade da violação. Neste sentido, as vinhetas foram reajustadas
para "Você vê um homem dizendo a sua noiva que ela tem que mudar para seu partido
político" e "Você vê um homem dizendo a sua namorada que ela tem que se converter à sua
religião", aumentando a intensidade da violação.

Notamos aqui outra adaptação cultural que merece atenção. A vinheta #202 que
aparece no original como "
" foi julgada pelos especialistas em ciência cognitiva
como algo imoral e, portanto, eles sugeriram a versão: "Você vê uma mulher jogando seu gato
fora da janela porque ele arranhou a mobília". Entretanto, os autores originais esperavam que
essa nova vinheta representasse uma violação mais intensa quando comparada à vinheta
original, além do fato de que a sugestão desse especialista poderia indicar uma possível
45

variação cultural da percepção do fundamento moral do Cuidado. Se essa hipótese de variação


cultural fosse confirmada com a validação aqui realizada, a mudança na intensidade dessa
vinheta poderia ser uma variável interveniente para a interpretação dos dados. Desta forma,
decidiu-se reajustar a vinheta para manter a intensidade da violação original, resultando na
vinheta: "Você vê uma mulher jogando seu gato do outro lado da sala porque ele arranhou a
mobília".

Finalmente, ajustes relativos a esportes foram feitos, como no exemplo da vinheta


#108, na qual a versão "Você vê um homem rindo de um colega de trabalho deficiente em um
jogo de softball de escritório" foi adaptada para "Você vê um homem rindo de um colega com
deficiência física durante um jogo de futebol de escritório".

5.2 Fase 2: Validação psicométrica

Foram coletados dados de 505 indivíduos da cidade de São Paulo, dos quais foram
utilizados 494 para a versão sintetizada e traduzida das 90 vinhetas (11 participantes foram
excluídos devido ao registro de dados incorretos/incompletos). Os participantes tinham uma
idade média de 22,65 (±6,51) e 385 eram mulheres.

A predominância de mulheres na amostra pode influenciar os resultados da presente


validação, uma vez que vários estudos demonstram que o sexo pode modular o julgamento
moral (BUCCIARELLI, 2015; FRIESDORF , 2015; BAEZ , 2017; ARMSTRONG
, 2018; WARD e KING, 2018). Embora os dados aqui descritos sugiram que as mulheres
tendem a fazer julgamentos morais mais severos, parece improvável que o desequilíbrio
sexual tenha afetado as correlações entre os itens e outras medidas.
46

5.3 Fase 3: Exploração das diferenças culturais, ideológicas e de sexo

Considerando os padrões de modulação dos julgamentos morais de acordo com as


variações na ideologia social entre extremamente liberais e extremamente conservadores
(GRAHAM , 2009), e ideologia política variando entre extrema esquerda e extrema
direita (GRAHAM , 2012), todos os participantes responderam duas perguntas: i) "

", para a qual as respostas variavam em uma escala de 10 pontos (1


= " " e 10 = " "); e ii) adaptado do Latin
American Public Opinion Project (LAPOP, https://www.vanderbilt.edu/lapop/brazil.php) foi
perguntado aos participantes: “

”, para a qual as respostas


variavam em uma escala de 10 pontos (1 = " "; e 10 =
" "). Ambas as ideologias são tipicamente vistas como equivalentes,
apenas apresentando maior uso da ideologia política em países europeus e da ideologia social
nos EUA (FUCHS e KLINGEMANN, 1990). Um exemplo dessa equivalência está no estudo
de GRAHAM (2012), no qual, segundo os autores, foi avaliada a ideologia política, mas
fizeram uso de uma escala de ideologia social, afinal para estes autores dos EUA, ideologia
política é avaliada em uma escala “liberal-conservador”. Assim, decidimos aqui avaliar as
duas ideologias separadamente, a fim de verificar se os padrões variam no contexto brasileiro,
uma vez que ambas as ideologias são tipicamente usadas no Brasil.

Em relação às análises descritas abaixo, consideramos primeiro apenas o conjunto de


31 vinhetas recomendadas para comparações entre os sexos (ver descrição da validação no
tópico ) e, posteriormente, excluímos todas as vinhetas que não
mencionam o sexo do autor, e aquelas vinhetas que apresentam uma mulher como autora da
47

violação, uma vez que havia uma quantidade estrita de vinhetas para cada fundamento em
comparação com a quantidade de vinhetas com um autor masculino.

Dessa forma, foram utilizadas 23 vinhetas divididas em seis fundamentos principais:


Cuidado = 2 vinhetas; Justiça = 5 vinhetas; Liberdade = 4 vinhetas; Autoridade = 3 vinhetas;
Lealdade = 6 vinhetas; e Pureza = 3 vinhetas. Para cada vinheta, os participantes foram
solicitados a julgar quão moralmente errado o comportamento na situação estava em uma
escala de 5 pontos, variando de 1 = “ ”a5=“ ”.

5.4 Procedimentos

Os dados foram coletados por meio de formulários (via formulário Google®),


com apresentação aleatória da sequência das VFMs.

Além das medidas apresentadas no tópico anterior, como idade, sexo, ideologia social
e política, para cada vinheta foram realizados dois julgamentos: i) os participantes foram
convidados a julgar quão moralmente errado era o comportamento na situação, em uma escala
de 5 pontos (1 = " "a5" "); e ii) os participantes foram
solicitados a julgar porque o comportamento descrito na vinheta estava errado. Os
participantes poderiam escolher entre sete opções de resposta, seis das quais representavam
os fundamentos morais e uma sétima opção indicando que "
". Para preparar os participantes para esta tarefa,
cada um dos fundamentos morais foi descrito em detalhes no início da participação, das
maneiras mencionadas na introdução do presente estudo.

5.5 Aspectos éticos

O estudo foi conduzido de acordo com os requerimentos do Comitê de Ética da


Universidade Presbiteriana Mackenzie e baseado nas recomendações estabelecidas na
Declaração de Helsinki (1964), conforme emenda em Tóquio (1975), Veneza (1983) e Hong-
Kong (1989). Todos os participantes tiveram pleno conhecimento dos objetivos e métodos do
experimento, assim como forneceram consentimento por meio do preenchimento do TCLE
48

virtual (Anexo A). Os participantes foram devidamente avisados que poderiam deixar o estudo
a qualquer momento que desejassem sem necessidade de justificativa. Além disso, todas as
informações fornecidas foram estritamente sigilosas e cada participante foi nomeado e
referenciado com uma codificação. Ao final da coleta de dados, todos os participantes foram
informados que todas as situações morais tratavam de situações fictícias. Por fim, a coleta de
dados do presente estudo só foi iniciada após aprovação pelo Comitê de Ética da Universidade
Presbiteriana Mackenzie e pela Plataforma Brasil (CAAE: 76803617.5.0000.0084; data de
aprovação: 28/11/2017).

5.6 Análise estatística dos dados

Todos os testes estatísticos realizados e reportados em relação a análises fatoriais e


avaliação de confiabilidade foram feitos com o uso do pacote estatístico SPSS® (versão 21,
IBM, USA). Para as análises de variância, adotou-se nível de significância (α) de 5%, e foram
feitas com o uso do pacote estatístico STATISTICA (versão 8.0, Dell, N. C., USA). A seguir,
encontram-se as especificidades das análises estatísticas realizadas:

A estrutura fatorial dos julgamentos morais foi explorada usando uma estrutura
de análise fatorial exploratória e considerando uma estimativa de máxima verossimilhança.
Por assumir o número de fatores, foi especificado o valor fixo de sete fatores – um para cada
um dos fundamentos morais e dois para o fundamento do Cuidado (físico e emocional).
Complementando as análises exploratórias, análises de correlação de
foram feitas em relação a cada ideologia, a saber, social e política. Posteriormente, foram
realizadas duas regressões lineares múltiplas em relação a cada ideologia, considerando todos
os sete fatores da análise fatorial. Em todos os casos, a variável independente foi caracterizada
pelos valores médios obtidos pela primeira questão de julgamento moral, calculada para cada
fundamento moral, baseada em todas as vinhetas representativas de cada fundamento moral,
e a variável dependente caracterizada pelo valor médio obtido através de cada escala de
ideologia.
Com relação aos dados comportamentais relativos ao julgamento moral dos
diferentes fundamentos morais e das diferentes amostras, foram feitas Análises de Variância
49

(ANOVAs) de medidas repetidas, em que as variáveis dependentes se caracterizaram pelos


valores obtidos na avaliação dos julgamentos morais e os fatores foram os diferentes
FUNDAMENTO e AMOSTRA.
Já em relação aos dados comportamentais relativos ao julgamento moral dos
diferentes fundamentos morais, das diferentes amostras e de ambos os sexos, foram feitas
ANOVAs de medidas repetidas, em que as variáveis dependentes se caracterizaram pelos
valores obtidos na avaliação dos julgamentos morais e os fatores foram os diferentes
FUNDAMENTO, AMOSTRA e SEXO.
Nas ANOVAs em que efeitos estatisticamente significativos foram observados
( <0.05), fez-se teste Bonferroni para se averiguar o sentido dos efeitos observados.
Ao longo do texto, na descrição dos achados das ANOVAs e análises ,
os valores representados correspondem à média±erro padrão da variável dependente
analisada, exceto pelos gráficos que apresentam os valores médios±intervalo de confiança.
Todos os gráficos foram construídos por meio do software R-Studio® e da
biblioteca GGPLOT2, utilizando gráficos e .
50

6. RESULTADOS

6.1 Fase 2: Validação psicométrica

Conforme apresentado no Anexo M, primeiro foram calculadas as frequências com


que cada vinheta foi classificada como violando cada fundamento moral ou como não
moralmente erradas. Todas as 90 vinhetas foram submetidas à análise fatorial descrita abaixo.

A estrutura fatorial dos julgamentos morais foi realizada por meio de uma análise
fatorial exploratória, utilizando estimativa de máxima verossimilhança e rotação Promax, uma
vez que foi assumido que os fatores se correlacionariam (rotação oblíqua). Seguindo a
abordagem de CLIFFORD (2015), foi controlada a análise para sete fatores, sendo um
para cada fundamento moral e dois para o fundamento do Cuidado (físico e emocional)2. As
cargas fatoriais rotacionadas encontram-se no Anexo N. As cargas fatoriais maiores ou iguais
a 0,4 aparecem em negrito, enquanto as cargas fatoriais menores que 0,3 são apresentadas em
cor cinza.

O primeiro fator captura Cuidado emocional, com a maioria das vinhetas de Cuidado
emocional recebendo um fator de carga maior que 0,4. Esses resultados podem indicar que,
independentemente do nível de violação moral (conforme apresentado no tópico
), todas as vinhetas de Cuidado emocional de ambas as culturas (EUA e
Brasil) são representativas do mesmo fundamento, o que ilustra que situações de Cuidado
emocional são vistas da mesma maneira entre as culturas. Esses resultados também podem
demonstrar que as VFMs, expressando situações de violação moral, em vez de preocupação
moral abstrata (QFM), permitem que variações culturais do que cada situação moral viola
apareçam, o que possivelmente não ocorreria apenas analisando o julgamento de situações

2
Embora as vinhetas de Cuidado físico sejam divididas entre aquelas com violações cometidas em relação aos
seres humanos e outras em relação aos animais, optou-se por não seguir com a divisão em três fatores para
Cuidado, porque havia um número insuficiente de vinhetas envolvendo danos físicos a humanos (ver descrição
na Tabela 2).
51

morais abstratas. Assim, além de considerar certos fundamentos morais importantes, as VFMs
permitem que seja avaliado como um conjunto de diferentes situações características de um
mesmo fundamento podem ser avaliados de formas diferentes. Estudos futuros podem
investigar a especificidade de situações de Cuidado emocional, ao representar variações
culturais. Curiosamente, os únicos casos em que as vinhetas de Cuidado não foram carregadas
nesse fator foram as vinhetas julgadas como violadoras do fundamento da Liberdade. Esse
achado poderia ser interpretado à luz do fato de que a maioria das vinhetas de Cuidado
menciona explicitamente as situações de , que podem ser classificadas como violação
de Cuidado ou como violação de Liberdade, mesmo que nenhuma vinheta apresente a palavra
“ ”.

O segundo fator identificado captura o fundamento da Lealdade, com 12 das 16


vinhetas relevantes carregando esse fator. Nenhuma outra vinheta é carregada nesse fator em
0,4 ou superior. As vinhetas de Lealdade representaram um desafio único porque, embora a
maioria das vinhetas tenha sido carregada corretamente nesse fator, várias não foram julgadas
erradas por pelo menos 50% dos participantes. As VFMs originais também encontraram níveis
mais baixos de violação no fundamento da Lealdade, mas algum aspecto do contexto cultural
brasileiro pode ter potencializado esse padrão (ver Discussão). No entanto, entre aqueles que
veem os comportamentos nessas vinhetas como moralmente errados, há um consenso claro de
que essas ações representam uma violação do fundamento da Lealdade, tornando-as
apropriadas para inclusão no conjunto recomendado de vinhetas para estudos futuros (todas
as vinhetas em negrito do Anexo O).

O terceiro fator identificado corresponde à Justiça e sete dos 12 cenários carregam


fortemente esse fator, enquanto outros quatro têm cargas marginais (>0,3). Mais uma vez, não
há evidência de outros fundamentos fazendo o para o fator Justiça. Sete das 10
vinhetas de Pureza carregam no quarto fator identificado e não há mais nenhuma evidência de
. O quinto fator identificado captura o fundamento da Autoridade, com 10 das
14 vinhetas relevantes sendo carregadas. Sete das oito vinhetas envolvendo Cuidado físico
carregaram no sexto fator. Sem surpresa, duas das vinhetas de Cuidado emocional também
carregaram esse fator, sugerindo que esses aspectos do Cuidado estão intimamente
relacionados. Finalmente, o sétimo fator identificado representa a Liberdade, mas apenas seis
das 11 vinhetas carregam claramente esse fator. Semelhante ao conjunto original das VFMs,
52

o fator Liberdade parece ser o menos bem desenvolvido, no entanto, nenhuma outra vinheta
cruza esse fator.

Em conjunto, a análise fatorial exploratória sugere que as VFMs brasileiras foram


validadas conforme o esperado. As correlações entre os fatores mostram que elas estão
relacionadas (Figura 2 para a matriz de correlação completa), mas não redundantes (média r
= 0,38). As maiores correlações foram entre Justiça e Cuidado emocional (r = 0,57) e entre
Pureza e Lealdade (r = 0,57). Seguindo CLIFFORD (2015), foram realizadas três
análises fatoriais confirmatórias (Tabela 2).

Optamos pela divisão em sete fatores, dividindo o Cuidado entre as vinhetas que
apresentam violações físicas e emocionais (RMSEA = 0,05), uma vez que o número de
vinhetas que apresentam violações físicas aos humanos era limitado. Assim, acreditamos que
a divisão de sete fatores fornece um instrumento com um número razoável de vinhetas por
fator (com o mínimo de sete vinhetas nos fundamentos da Liberdade e Pureza).

Tabela 2. Resultados das análises fatoriais confirmatórias para diferentes números de fatores.
Fonte: Próprio autor.
Fatores Descrição χ2 χ2/ RMSEA
2 Individualizantes e Coesivos 11.210,64 3.914 2,86 ,061
6 Seis fundamentos morais 9.228,91 3.900 2,37 ,053
7 Divisão por Cuidado físico e emocional 8.729,83 3.894 2,24 ,050
7 Divisão por Cuidado humano e animal 8.758,87 3.894 2,25 ,050
8 Divisão por Cuidado emocional, físico e para animais 8.644,03 3.887 2,22 ,050
Nota: Negrito sinaliza o modelo adotado.

Das 90 vinhetas usadas na análise fatorial, duas (#807 e #809) foram excluídas por
apresentarem mais do que 50% de classificação como "
"; oito vinhetas (#301, #302, #407, #508, #511,
#606, #613 e #806) não representam nenhum dos sete fatores; nove vinhetas (#101, #106,
#107, #115, #116, #401, #412, #607 e #609) foram classificadas em dois fatores diferentes; e
três vinhetas (#505, #506 e #708) foram classificadas em um fator diferente comparado ao
estudo original. Assim, considerando um conjunto recomendado de vinhetas para estudos
futuros, foram excluídas essas 22 vinhetas, resultando em um conjunto de 68 vinhetas para
53

todos os sete fatores: Fator 1/Cuidado emocional = 11 vinhetas; Fator 2/Lealdade = 15


vinhetas; Factor 3/Justiça = 9 vinhetas; Fator 4/Pureza = 7 vinhetas; Fator 5/Autoridade = 10
vinhetas; Fator 6/Cuidado físico = 9 vinhetas; e Fator 7/Liberdade = 7 vinhetas (Anexo O).
Como principal razão para o corte de vinhetas, foram adotados os padrões realizados pelo
estudo original (CLIFFORD , 2015), como incluindo apenas vinhetas: i) com cargas
fatoriais superiores a “0,3” no fator predito (considerando o estudo original); e ii) que não
possuíam . Escolhemos excluir vinhetas que tenham sido carregadas acima de
"0,3" em um fator diferente, em vez do fator previsto, uma vez que consideramos que estudos
futuros que investiguem diferenças entre amostras americanas e brasileiras não poderão usar
essas vinhetas para o mesmo fator entre as amostras.

Por fim, embora as vinhetas #101, #106, #107 e #116 não tenham sido incluídas nas
análises posteriores do presente estudo, nem no conjunto de vinhetas recomendado, elas
apresentaram cargas fatoriais significativas tanto para o Cuidado físico quanto emocional.
Desta forma, caracterizam-se por um grupo de quatro vinhetas que representam
significativamente o fundamento de Cuidado independentemente do tipo de violação
(emocional ou física). Assim, aqueles estudos que buscam investigar os juízos morais
relacionados ao fundamento de Cuidado comparando violações físicas com emocionais e
aqueles que representam os dois tipos de violações devem fazer uso dessas quatro vinhetas.

Com base nessas considerações, foi criado um conjunto de escalas calculando a média
das classificações de julgamento das vinhetas recomendadas de cada categoria. A
confiabilidade de cada conjunto de vinhetas foi mensurada por meio do coeficiente de
Cronbach: Cuidado emocional = 0,85; Cuidado físico = 0,84; Justiça = 0,71; Liberdade = 0,83;
Autoridade = 0,86; Lealdade = 0,89; e Pureza = 0,79 (Figura 2).
54

Figura 2. Representação da análise fatorial considerando os sete fatores para a amostra total.
Os números em tabela representam os códigos das vinhetas, abaixo do nome dos fundamentos
estão representados os valores do alfa de Cronbach para cada fundamento e juntamente com
os arcos estão as correlações entre os fundamentos morais. Cuidado E = Cuidado emocional;
Cuidado F = Cuidado físico.
Fonte: Próprio autor.
55

6.2 Fase 3: Exploração das diferenças culturais, ideológicas e de sexo

Considerando que um dos principais objetivos do trabalho foi a validação atual,


comparamos os resultados do estudo original (CLIFFORD , 2015) para todos os sete
fundamentos morais com os resultados da presente validação para o português do Brasil.
Assim, incluímos na análise abaixo 416 participantes (313 mulheres; idade média de 31,92;
DP ± 5,41) do estudo original dos EUA (CLIFFORD , 2015). Neste estudo, os
participantes estavam limitados à faixa etária de 18 a 40 anos e tiveram uma distribuição
equilibrada de liberais e conservadores.

Foi realizada uma ANOVA de medidas repetidas considerando as amostras como


fatores e o valor médio de cada fundamento moral como variável dependente. Aqui, o valor
médio para cada um dos sete fatores foi calculado a partir de todas as vinhetas recomendadas
(Anexo O), e assim os valores médios para a amostra original dos EUA também derivaram
das pontuações obtidas para as mesmas 68 vinhetas recomendadas aqui. Os resultados
revelaram efeito principal significativo da AMOSTRA (F1.908 = 67,02; <0,001; ηp = 0,07),
do FUNDAMENTO (F6.5448 = 481,39; <0,001; ηp = 0,35) e da interação
AMOSTRA*FUNDAMENTO (F6.5448 = 176,74; <0,001; ηp = 0,16). Como foi observado
efeito significativo para a interação AMOSTRA*FUNDAMENTO, foi realizado um teste
de Bonferroni que revelou diferenças significativas ( <0,001) entre amostras para
Cuidados emocional, Cuidado físico, Justiça, Liberdade e Pureza, mas não para Autoridade e
Lealdade ( =1,000). Curiosamente, para os fundamentos que diferiram entre as amostras,
apenas a Pureza apresenta níveis mais baixos para a validação brasileira (3,45 ± 0,04) em
comparação com os resultados do estudo original (3,85 ± 0,04). Assim, os resultados
mostraram que Cuidado, Justiça e Liberdade são significativamente julgados como mais
errados na presente validação em comparação a CLIFFORD (2015). A Figura 3 mostra
esses resultados.

Obviamente, não é possível afirmar com certeza se esses resultados se justificam por
diferenças na cultura, estímulo ou composição da amostra3. Uma explicação plausível é que a
amostra brasileira era mais liberal e de esquerda do que a amostra norte-americana (ver Figura

3
É improvável que as diferenças se justifiquem por diferenças de sexo, porque o equilíbrio entre os sexos foi
bastante semelhante nas duas amostras.
56

6 para compreender a distribuição ideológica entre os participantes brasileiros), mas não


podemos ter certeza porque não temos medidas comparáveis a respeito da amostra original
norte-americana. Vale destacar que esses achados são meramente ilustrativos, pois não se
pode supor que as pontuações do Brasil e dos EUA sejam diretamente comparáveis, visto que
há claras diferenças de cultura e vocabulário.

Figura 3. Representação do julgamento moral para cada fundamento das VFMs em relação
às amostras brasileira e norte-americana, em que os valores representam o julgamento moral
médio (1 = “ ”a5=“ ”) e as barras representam o intervalo
de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
57

Dado que o trabalho anterior de Graham . (2009) encontrou relações consistentes


entre os fundamentos morais e a ideologia social, demonstrando correlações negativas para
Cuidado e Justiça e positivas para Autoridade, Lealdade e Pureza, em que valores mais altos
indicam uma ideologia mais conservadora, foi avaliado este mesmo padrão no contexto
brasileiro. Os resultados indicam uma correlação significativa com Cuidado físico ( =-0.17;
<0.001), Liberdade ( =-0.15; =0.001), Autoridade ( =0.26; <0.001), Lealdade ( =0.21;
<0.001) e Pureza ( =0.21; <0.001), mas não para Cuidado emocional ( =0.00; 0.935) ou
Justiça ( =0.07; 0.117), como representado pela Figura 4. Considerando esses resultados,
foi calculada uma regressão linear múltipla para prever a ideologia social com base em cada
um dos sete fatores da análise fatorial.

Os resultados indicam que os sete fatores explicaram 16,57% da variância ( =.18;


F7.48=14.98; <.001). Assim, é interessante comparar esses resultados com GRAHAM
(2009), pois estes autores encontraram correlações significativas para Cuidado, Justiça,
Autoridade, Lealdade e Pureza, enquanto não encontramos o mesmo padrão para Cuidado
emocional e Justiça. É importante notar que aqui o fundamento do Cuidado foi dividido entre
violações emocionais e físicas, seguindo a distribuição de vinhetas e os resultados da análise
fatorial do estudo de CLIFFORD (2015). Esta divisão demonstra que apenas o
fundamento do Cuidado físico segue os achados de GRAHAM (2009). Além disso, aqui
foi incluído o fundamento da Liberdade, seguindo novamente a distribuição de vinhetas de
CLIFFORD (2015), resultando em um novo achado comparado a GRAHAM
(2009). Foi, ainda, encontrado que o fundamento da Liberdade está negativamente
correlacionado à ideologia social, seguido pelo fundamento do Cuidado físico (Figura 4).
58

Figura 4. Representação do julgamento moral (1 = “ ” a 5 = “


”) para cada fundamento das VFMs em relação à ideologia social (1 = “
” a 10 = “ ”). A linha representada pela cor do fundamento
moral representa a tendência linear da correlação, enquanto a faixa cinza em torno de cada
linha representa o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.

Por fim, considerando a ideologia política, foi feito o mesmo procedimento utilizado
com a ideologia social. Conforme representado pela Figura 5, os resultados revelaram o
mesmo padrão, com correlação significativa para o Cuidado físico ( =-0.13; 0.003),
Liberdade ( =-0.14; =0.002), Autoridade ( =0.24; <0.001), Lealdade ( =0.21; <0.001) e
Pureza ( =0.14; 0.002), mas não com o Cuidado emocional ( =-0.06; 0.215) e Justiça
( =0.07; 0.135). Considerando esses resultados, uma regressão linear múltipla foi calculada
para prever a ideologia política com base em cada um dos sete fatores da análise fatorial. Os
59

resultados indicam que os sete fatores explicam 14,28% da variância ( =.15; F7.48=12.73;
<.001). Assim, em geral, considerando ambas as ideologias, todos os cinco fundamentos que
se correlacionam significativamente com ambas as ideologias, ou seja, Cuidado físico,
Liberdade, Autoridade, Lealdade e Pureza, parecem seguir o mesmo padrão que varia de
a e a
(Figura 5).

Figura 5. Representação do julgamento moral (1 = “ ” a 5 = “


”) para cada fundamento das VFMs em relação à ideologia política (1 = “
” a 10 = “ ”). A linha representada pela cor do fundamento moral
representa a tendência linear da correlação, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha
representa o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
60

Tabela 3. Modelo de regressão para julgamento moral de cada fundamento moral em


relação às ideologias social e política.
Fonte: Próprio autor.
Beta
Ideologia Social ( = 0.18; ajustado = 0.17)
Cuidado (e) -0,057 -0,909 0,364
Cuidado (f) -0,188 -3,682 <0,001**
Justiça 0,036 0,698 0,486
Liberdade -0,181 -3,386 0,001*
Autoridade 0,264 4,514 <0,001***
Lealdade 0,066 1,154 0,249
Pureza 0,160 3,129 0,002*
Ideologia Política ( = 0.15; ajustado = 0.14)
Cuidado (e) -0,201 -3,152 0,002*
Cuidado (f) -0,091 -1,759 0,079
Justiça 0,044 0,826 0,409
Liberdade -0,144 -2,648 0,008*
Autoridade 0,262 4,418 <0,001**
Lealdade 0,163 2,805 0,005*
Pureza 0,075 1,449 0,148
“Cuidado (e)” refere-se a cenários de Cuidado emocional, “Care (f)”, ao Cuidado físico a um humano ou a um animal não humano
(considerando que a análise fatorial incluiu ambos os tipos de dano físico no mesmo fator). * p<.01; ** p<.001.

Além disso, a semelhança de como ambas as ideologias estão relacionadas aos


fundamentos morais não surpreende, uma vez que a autoidentificação política
e a autoidentificação social estão positivamente correlacionadas
( = 0,49; <0,001). A Figura 6 apresenta a distribuição de participantes para cada um dos 10
pontos de ambas as escalas (ideologia social e ideologia política).
61

Figura 6. Representação da distribuição dos participantes ao longo dos espectros ideológicos


político (1 = “ ” a 10 = “ ”) e social (1 =
“ ” a 10 = “ ”).
Fonte: Próprio autor.

Antes de investigar as possíveis diferenças de julgamento entre os sexos, se fez


necessário certificar que todas as 68 vinhetas eram classificadas da mesma forma entre
homens e mulheres, a fim de posteriormente garantir que possíveis diferenças de sexo não se
dão simplesmente por diferenças instrumentais. Assim, foram realizadas duas análises
fatoriais exploratórias utilizando estimativa de máxima verossimilhança e rotação Promax.

As cargas fatoriais rotacionadas para as participantes mulheres encontram-se no Anexo


P, enquanto que as cargas fatoriais para os participantes homens encontram-se no Anexo Q.
Como pode ser observado nos anexos, a maior parte das 90 vinhetas apresentou carga fatorial
62

semelhante à validação das 68 vinhetas com a amostra total, contudo, existem muitas
discrepâncias entre participantes homens e mulheres. Um exemplo dessa discrepância está no
fato das vinhetas representativas do fundamento do Cuidado se dividirem em dois fatores para
a amostra feminina, mas não se dividirem na amostra masculina.

Neste sentido, foi criada uma lista de 31 vinhetas distribuídas nos seis principais
fundamentos: Fator 1/Cuidado = 4 vinhetas; Fator 2/Lealdade = 7 vinhetas; Fator 3/Justiça =
5 vinhetas; Fator 4/Pureza = 6 vinhetas; Fator 5/Autoridade = 5 vinhetas; e Fator 6/Liberdade
= 4 vinhetas (Anexo R). As cargas fatoriais maiores ou iguais a 0,4 aparecem em negrito,
enquanto as cargas fatoriais menores que 0,3 são apresentadas em cor cinza. O principal
objetivo da criação desta segunda lista de vinhetas está na disponibilização de um conjunto de
vinhetas que permitam estudos futuros investigar diferenças de sexo, garantindo que o
instrumento é adequado para tal fim.

Foi avaliada a confiabilidade (coeficiente de Cronbach) de cada conjunto de vinhetas


para estas 31 vinhetas: Cuidado = 0,80; Justiça = 0,72; Liberdade = 0,82; Autoridade = 0,82;
Lealdade = 0,85; e Pureza = 0,71. Além disso, foram calculadas correlações entre os fatores
mostrando que eles estão relacionadoss (Figura 7 para a matriz de correlação completa). A
Figura 7 apresenta o código de todas as 31 vinhetas.

Por fim, para enfim avaliar as diferenças de sexo, considerando a amostra brasileira e
norte-americana, foram adotados os critérios descritos no tópico , seguindo as
análises com 23 vinhetas4. Apesar das 31 vinhetas apresentarem compatibilidade com ambos
os sexos, foi decidido por trabalhar com as 23 vinhetas pelo fato de se assumir que o sexo do
agente da violação poderia influenciar as diferenças de sexo dos participantes. Neste caso, foi
assumida a limitação de somente se avaliar o julgamento de violações cometidas por homens.
A seguir, encontram-se as análises de sexo, primeiro considerando a particularidade de cada
amostra e depois considerando as particularidades de cada sexo.

4
Todas as 23 vinhetas: Cuidado - #103 e #105; Justiça - #402, #403, #405, #406 e #408; Liberdade - #502, #503,
#509 e #510; Autoridade - #605, #610 e #611; Lealdade - #703, #704, #707, #709, #710 e #715; Pureza - #802,
#803 e #805.
63

Figura 7. Representação da análise fatorial considerando os seis fatores em comum


encontrados para as análises fatorias com as amostras masculina e feminina. Os números em
tabela representam os códigos das vinhetas, abaixo do nome dos fundamentos estão
representados os valores do alfa de Cronbach para cada fundamento e juntamente com os
arcos estão as correlações entre os fundamentos morais.
Fonte: Próprio autor.

ANOVA para medidas repetidas revelou um efeito principal de SEXO do participante


(F1.402=18.00; <0.001; ηp=0.04), de FUNDAMENTO (F5.2460=244.76; <0.001; ηp=0.33),
bem como da interação SEXO*FUNDAMENTO (F5.2460=4.01; =0.001; ηp=0.01). Assim, os
participantes do sexo feminino (3,99 ± 0,03) julgaram significativamente mais severamente
64

que os do sexo masculino (3,73 ± 0,05), independentemente do fundamento moral julgado.


Além disso, foram observadas diferenças significativas para o julgamento entre todos os
fundamentos morais ( <0.002), exceto ( =1.000) na comparação entre Cuidado (4,39 ± 0,04)
e Justiça (4,44 ± 0,03).

Como foi observado efeito significativo para a interação SEXO*FUNDAMENTO, foi


realizado um teste de Bonferroni, que revelou diferenças significativas ( <0,014)
entre participantes do sexo feminino e masculino para os fundamentos do Cuidado (Feminino
4,56 ± 0,04; Masculino 4,21 ± 0,07), Liberdade (Feminino 4,36 ± 0,04; Masculino 3,91 ±
0,07) e Lealdade (Feminino 3,02 ± 0,05; Masculino 2,65 ± 0,10). Assim, os resultados
mostraram que, embora as mulheres geralmente apresentem julgamentos mais elevados, esse
padrão é significativo apenas em seis dos seis fundamentos morais investigados (Figura 8).

Considerando a amostra dos EUA, primeiro realizamos uma ANOVA de medidas


repetidas, que seguindo a análise com a amostra brasileira revelou um efeito principal do
SEXO do participante (F1.414=13.42; <0.001; ηp=0.03), de FUNDAMENTO (F5.2070=98.33;
<0.001; ηp=0.19), bem como da interação SEXO*FUNDAMENTO (F5.2070=6.77; =0.001;
ηp=0.02). As participantes norte-americanas (3,67 ± 0,04) apresentam julgamentos
significativamente mais severos que os participantes do sexo masculino (3,39 ± 0,07).
Posteriormente, o teste de Bonferroni revelou diferenças significativas entre os
participantes do sexo feminino e masculino para os fundamentos do Cuidado (Feminino 4,01
± 0,05; Masculino 3,38 ± 0,09; <0.001) e Autoridade (Feminino 3,57 ± 0,05; Masculino 3,21
± 0,08; =0.034), mas não para os demais fundamentos ( =1.000). Desta forma, como
observado para a amostra brasileira, as mulheres da amostra norte-americana também
apresentam julgamentos mais elevados para o fundamento do Cuidado. No entanto, apenas os
participantes brasileiros diferem significativamente nos fundamentos da Liberdade e Lealdade
entre os sexos, enquanto apenas os participantes norte-americanos diferem nos fundamentos
da Autoridade, revelando importante diferença cultural do sexo no julgamento moral com
especificidade de fundamento moral (Figura 8). No próximo tópico encontra-se a apresentação
da comparação entre as duas amostras para cada sexo.
65

Figura 8. Representação do julgamento moral para cada fundamento das VFMs em relação
às amostras brasileira e norte-americana para ambos os sexos, em que os valores representam
o julgamento moral médio (1 = “ ”a5=“ ”) e as barras
representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.

ANOVA para medidas repetidas revelou efeito principal de AMOSTRA (F1.210=13.30;


<0.001; ηp=0.06), FUNDAMENTO (F5.1050=70.23; <0.001; ηp=0.25), bem como para a
interação AMOSTRA*FUNDAMENTO (F5.1050=30.10; <0.001; ηp=0.13). Assim,
participantes masculinos brasileiros (3.73±0.06) julgam significativamente mais severamente
que os participantes masculinos norte-americanos (3.39±0.07), independentemente do
66

fundamento moral. Em seguida, teste de Bonferroni demonstrou que os participantes


brasileiros julgam significativamente mais severo para violações de todos os fundamentos
( <0.019), exceto para o fundamento da Lealdade ( =1.000), no qual não foram observadas
diferenças entre as amostras (Tabela 4 apresenta os valores de média e erro padrão).

A mesma análise usada para investigar os participantes do sexo masculino foi usada
para as participantes do sexo feminino. Assim, ANOVA para medidas repetidas revelou um
efeito principal da AMOSTRA (F1.696=48.57; <0.001; ηp=0.07), FUNDAMENTO
(F5.3480=274.45; <0.001; ηp=0.28), bem como para a interação
AMOSTRA*FUNDAMENTO (F5.3480=118.15; <0.001; ηp=0.15). Como observado para os
homens, as brasileiras (3,99 ± 0,03) também apresentam julgamentos significativamente mais
elevados que as participantes femininas dos EUA (3,67 ± 0,03). Além disso, observamos por
meio do teste de Bonferroni que as mulheres brasileiras demonstram julgamentos
significativamente mais altos do que as participantes norte-americanas para todos os
fundamentos ( <0.001), exceto para o fundamento da Lealdade ( =1.000), no qual não foram
observadas diferenças entre as amostras (Figura 9 representa as comparações entre amostras
para cada sexo).
67

Figura 9. Representação do julgamento moral para cada fundamento das VFMs em relação
às amostras brasileira e norte-americana para ambos os sexos, em que os valores representam
o julgamento moral médio (1 = “ ”a5=“ ”) e as barras
representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
68

Tabela 4. Julgamento moral médio para cada fundamento moral e sexo.


Fonte: Próprio autor.
Amostra N Sexo Fundamento Média±Erro Pad.
Validação (Brasil) 385 Mulheres Cuidado 4.56±0.04
Justiça 4.53±0.03
Liberdade 4.36±0.04
Autoridade 3.89±0.04
Lealdade 3.02±0.05
Pureza 3.57±0.05
109 Homens Cuidado 4.21±0.08
Justiça 4.35±0.06
Liberdade 3.91±0.08
Autoridade 3.86±0.08
Lealdade 2.65±0.10
Pureza 3.40±0.10
Original (EUA) 313 Mulheres Cuidado 4.01±0.05
Justiça 3.90±0.04
Liberdade 3.31±0.05
Autoridade 3.57±0.05
Lealdade 3.16±0.06
Pureza 4.08±0.06
103 Homens Cuidado 3.38±0.08
Justiça 3.84±0.06
Liberdade 3.11±0.08
Autoridade 3.21±0.08
Lealdade 2.92±0.10
Pureza 3.88±0.10
69

7. DISCUSSÃO

O presente estudo buscou validar o instrumento


(CLIFFORD , 2015) para a língua portuguesa em uma amostra brasileira de universitários
da cidade de São Paulo. Como discutido no referencial teórico, este instrumento é
caracterizado como uma importante ferramenta de pesquisa sobre o julgamento moral, e
apresenta diferenças significativas em relação a outros instrumentos, uma vez que permite ao
participante fazer julgamentos a respeito de diferentes fundamentos morais em relação a
situações cotidianas. A seguir, apresentamos uma discussão relativa aos principais pontos das
etapas de validação, bem como aos resultados das análises exploratórias. Em princípio, pôde-
se observar:

i) Efetiva validação do instrumento original, atingindo o número de 68 vinhetas


entre os seis fundamentos morais.
ii) Diferença significativa nos julgamentos morais entre as amostras do Brasil e
dos EUA.
iii) Variação no julgamento moral dos diferentes fundamentos morais de acordo
com variações no perfil ideológico social e político.
iv) Diferença significativa no julgamento moral entre homens e mulheres,
independentemente do fundamento moral.
v) Diferenças significativas no julgamento moral entre homens e mulheres
brasileiros e norte-americanos, de acordo com o fundamento moral investigado.

Nos próximos parágrafos, os achados acima destacados serão abordados em maior


profundidade e relacionados à literatura prévia.

7.1 Fase 1: Tradução e adaptação

Considerando os parâmetros estipulados por BEATON (2002) e BORSA


(2012), o presente estudo, de forma integrada com os autores do instrumento original, realizou
os seguintes processos: 1) Tradução do instrumento do inglês para o português do Brasil; 2)
Síntese de versões traduzidas e validação por juízes especialistas; 3) Avaliação do instrumento
70

pelo público-alvo; 4) Tradução reversa; e 5) Validação do instrumento pelo público-alvo.


Dessa forma, foi possível certificar que a padronização entre o estudo original e a presente
validação foi garantida. Além disso, a presença dos autores originais garantiu que as
diferenças culturais e linguísticas que poderiam modular a magnitude da violação de cada
vinheta fossem controladas, garantindo novamente a padronização do instrumento. Essas
diferenças tornam-se claras nos exemplos apresentados no método, nos quais várias vinhetas
originais apresentaram esportes e contextos diferentes do cenário brasileiro, bem como nos
casos em que as diferenças de palavras entre inglês e português levaram a níveis mais baixos
da violação, tornando o processo de revisão entre o Brasil e os EUA ainda mais valioso. No
entanto, em todas essas mudanças e adaptações, o objetivo principal era manter a intensidade
de cada violação, bem como a referência a fundamentos morais específicos para os quais cada
vinheta foi originalmente desenvolvida/proposta, mesmo considerando que essas alterações
levaram a mudanças significativas, como nos casos das vinhetas #108, #116 e #202.

7.2 Fase 2: Validação psicométrica

Em relação à análise fatorial das VFMs, os resultados da validação apontam para uma
estreita relação com os achados do trabalho original de CLIFFORD (2015), no qual se
encontraram oito fatores derivados dos seis fundamentos morais, uma vez que o fundamento
do Cuidado foi dividido em três, considerando violações física aos animais e aos humanos e
violações especificamente emocionais. Aqui, encontramos sete fatores que representam
principalmente todos os seis fundamentos morais, dividindo as vinhetas de Cuidado entre
aquelas relativas ao aspecto físico e aquelas relacionadas ao aspecto emocional. Este resultado
demonstrou que as violações físicas do Cuidado em relação a humanos e animais são julgadas
erradas em uma perspectiva similar pela amostra brasileira. No entanto, o fato de que o fator
relacionado à violação do Cuidado em relação a humanos manteve a maior parte das vinhetas
originais relacionadas a este fundamento confirma a validade significativa do instrumento na
avaliação do julgamento moral em relação aos diferentes fundamentos morais.

Como principal discrepâncias em relação à validação original, um ponto se destaca.


Algumas das vinhetas, como a #809, não se encaixam em nenhum dos sete fatores, um ponto
que pode ser justificado pelo fato de que uma porção significativa dos participantes apontou
71

essas situações como “


” (Anexo M).

7.3 Fase 3: Exploração das diferenças culturais, ideológicas e de sexo

Outro ponto interessante do presente estudo diz respeito aos achados derivados da
análise de variância entre os dois estudos de validação. A partir dessa análise, é possível
compreender que os participantes brasileiros julgam as violações de Cuidado, Justiça e
Liberdade como significativamente mais incorretas do que os participantes da amostra dos
EUA. Por outro lado, o padrão inverso é observado para violações de Pureza. Possivelmente,
esses achados refletem características marcantes relacionadas à cultura, à ideologia social e
aos cenários políticos de cada amostra. Vale ressaltar que os quatro fundamentos julgados
mais incorretos pelos participantes brasileiros são caracterizados por fundamentos
individualizantes.

Como apresentado por HAIDT (2008), os fundamentos morais podem ser subdivididos
em duas visões/sistemas principais em relação ao foco do valor moral: os fundamentos
individualizantes e os coesivos. Os fundamentos de Cuidado, Justiça e Liberdade são
tipicamente considerados como fundamentos individualizantes, uma vez que consideram o
indivíduo como o lócus do valor moral. Diferentemente, os fundamentos de Autoridade,
Lealdade e Pureza enfocam o grupo como o lócus do valor moral, sendo considerados
fundamentos obrigatórios (HAIDT, 2008). Nesse sentido, verificamos aqui que os
participantes brasileiros julgam violações relacionadas à individualização de forma
significativamente alta em comparação ao julgamento dos norte-americanos, o que pode
indicar que, possivelmente, independentemente do fundamento moral, a amostra brasileira
avaliada pode ter um viés individualizante ao realizar julgamentos morais. Este ponto também
é evidente quando consideramos a diferença significativa observada para o fundamento de
Pureza, no qual os participantes brasileiros julgaram essas violações como menos incorretas
do que os participantes dos EUA. Alguns participantes no final do estudo comentaram que
apesar de considerarem algumas vinhetas de Pureza " ", não as consideraram
incorretas, já que o autor da violação poderia realizar o ato em um ambiente privado, sem
72

prejudicar ninguém (especialmente para as vinhetas #801, #808 e #805). Assim, como
discutido para os fundamentos de Cuidado, Justiça e Liberdade, a diferença significativa para
os julgamentos de Pureza entre as duas amostras também pode refletir uma diferença cultural
significativa em relação à abordagem individualizante que pode ter influenciado de alguma
forma os julgamentos de Autoridade e Lealdade, embora não haja diferença entre as amostras
para estes fundamentos. A amostra brasileira apresentou, ainda, julgamentos mais severos
com relação a fundamentos individualizantes e menos severos com relação a fundamentos
coesivos. Em ambos os aspectos, a amostra brasileira se assemelha a padrões encontrados com
mais frequência entre liberais em estudos anteriores nos EUA (GRAHAM . 2009), o que
se evidencia quando analisada a distribuição dos participantes ao longo do espectro ideológico
social (Figura 6).

Apesar de o presente estudo já ter realizado algumas análises exploratórias em relação


às ideologias sociais e políticas, outros estudos são necessários para melhor compreender as
diferenças culturais em relação ao modo como os diferentes fundamentos morais são
caracterizados pela amostra brasileira. A partir da presente validação, um novo instrumento
de pesquisa neste tópico está disponível para pesquisadores brasileiros e os achados aqui
relatados encontram-se parcialmente alinhados com a literatura. Em relação à ideologia social,
GRAHAM (2009) encontraram correlações significativas para Cuidado, Justiça,
Autoridade, Lealdade e Pureza, enquanto aqui não foi encontrado o mesmo padrão para
Cuidado emocional e Justiça. É importante notar que aqui o fundamento do Cuidado foi
dividido entre violações emocionais e físicas, seguindo a distribuição de vinhetas e os
resultados da análise fatorial do estudo de CLIFFORD (2015). Essa divisão demonstra
que apenas o fundamento do Cuidado físico segue os achados de GRAHAM (2009).
Além disso, aqui o fundamento de Liberdade foi incluído, seguindo novamente a distribuição
de vinhetas de CLIFFORD (2015), resultando em um novo achado comparado a
GRAHAM (2009). Além disso, aqui foi encontrado que o fundamento da Liberdade está
negativamente correlacionado à ideologia social. Quanto à ideologia política, os achados
caminham no mesmo sentido, uma vez que ambas as escalas se correlacionam.
73

As mulheres, independentemente da cultura, julgam significativamente mais alto


(julgamento mais severo) do que os homens em ambos os fundamentos de Cuidado
(emocional e físico), Liberdade e Pureza, sem diferenças significativas para os fundamentos
de Justiça, Autoridade e Lealdade. Esses resultados estão fortemente de acordo com
GRAHAM (2011), que também encontraram escores mais altos para mulheres nos
fundamentos de Cuidado e Pureza, além de escores mais altos para mulheres em Justiça, e
uma tendência a menores escores para mulheres em Autoridade e Lealdade. Como defendido
por esses autores, a diferença encontrada para o fundamento do Cuidado poderia ser explicada
pelas diferenças significativas entre os sexos relacionados à empatia (EISENBERG e
LENNON, 1983; BAEZ , 2017), enquanto as diferenças observadas para o fundamento
da Pureza poderia ser explicada por diferenças de sensibilidade ao nojo entre os sexos
(TYBUR , 2011). Aqui também encontramos escores significativamente mais altos para
mulheres no fundamento da Liberdade, o que pode estar relacionado à ideologia política
feminina (BOEHM e BOEHM, 2009), apesar da ausência de resultados significativos para o
fundamento da Justiça, o que também está fortemente relacionado ao perfil político. Vale
ressaltar que a ausência de diferenças significativas em relação a GRAHAM (2011)
podem demonstrar que diferentes formas de avaliação do julgamento moral (QFM VFMs)
podem levar a resultados díspares. De qualquer forma, mais estudos devem abordar essa base
para entender profundamente suas particularidades em relação às diferenças entre os sexos.

Com relação à ausência de resultados significativos para Autoridade e Lealdade,


embora GRAHAM (2011) encontraram escores significativamente maiores para homens
nestes fundamentos, seus resultados foram marginalmente significativos ( > 0,06). Assim,
hipotetizamos que, uma vez que esses dois fundamentos representam fortemente fundamentos
coesivos, que são orientados para o valor dos benefícios coletivos (HAIDT, 2008), eles devem
ser fortemente importantes para ambos os sexos. De outro modo, a Pureza, embora também
caracterizada por um fundamento coesivo, parece sofrer uma influência muito maior de
processos emocionais, como o nojo (HORBERG , 2009; WAGEMANS , 2018).
Neste caso, as mulheres sendo mais sensíveis ao nojo (TYBUR , 2011) e ao conteúdo
emocional (WARD e KING, 2018), parecem ter um julgamento mais severo em face das
violações de Pureza. Estudos futuros devem avaliar a sensibilidade ao nojo dos participantes,
a fim de explicar melhor essa diferença entre homens e mulheres.
74

Dito isso, após a análise exploratória realizada, também foi investigado como as
diferenças entre os sexos estão relacionadas às diferenças culturais entre o estudo original dos
EUA (CLIFFORD , 2015) e o estudo de validação no Brasil. Aqui encontramos que os
fundamentos do Cuidado, Justiça, Liberdade e Pureza diferem significativamente entre as
duas amostras, demonstrando que o julgamento na amostra da cidade de São Paulo é
significativamente mais elevado do que o julgamento da amostra norte-americana para os três
primeiros, e significativamente menor para o fundamento da Pureza.

Como observamos aqui na seção de resultados, as bases emocionais e físicas do


Cuidado variam significativamente entre os sexos nas duas amostras e entre as amostras,
independentemente do sexo. Estes resultados demonstram que estes fundamentos do Cuidado
são significativamente impactados pela cultura e pelo sexo. Na mesma linha, o fundamento
da Justiça varia de acordo com a amostra investigada, mas não em relação ao sexo,
contrariando os achados de GRAHAM (2011), que encontraram maior julgamento para
as mulheres (fazendo uso do QFM). Como apresentado anteriormente nesta discussão, é
possível que essa diferença possa ser explicada em relação às diferenças no instrumento de
pesquisa (QFM VFMs), mesmo porque, além dos dados brasileiros, não houve diferença
no sexo entre os participantes dos EUA, o mesmo país de GRAHAM (2011). Por fim,
também encontramos diferenças culturais para mulheres e homens nos fundamentos da
Liberdade, seguindo os fundamentos do Cuidado e Justiça. Entretanto, em relação à
Liberdade, foi possível observar uma particularidade em que, além das diferenças culturais,
observou-se uma diferença específica entre o sexo na amostra brasileira, na qual as mulheres
apresentaram julgamentos mais elevados do que os homens brasileiros e ambos os sexos da
amostra norte-americana. É possível que essas diferenças expressem o efeito de apreciação da
Liberdade, principalmente pela amostra feminina brasileira, que nos últimos anos aumentou
os movimentos feministas e daqueles que buscam a liberdade de expressão. Além disso, vale
ressaltar que nas análises aqui apresentadas foram utilizadas apenas vinhetas em que o autor
da violação moral é um homem, um ponto que possivelmente impactou fortemente este
resultado. Estudos futuros devem investigar essa diferença de sexo relacionada ao fundamento
da Liberdade, considerando violações morais causadas por homens e mulheres.

Em seguida, outro achado altamente importante está relacionado ao fundamento da


Autoridade, que apresenta uma diferença significativa entre as amostras para mulheres, mas
não para homens, e mostra uma diferença significativa entre sexos para a amostra dos EUA.
75

Estes resultados podem demonstrar que as mulheres da amostra dos EUA julgam
significativamente mais alto do que os homens dos EUA e que as mulheres brasileiras para o
fundamento da Autoridade. Na sequência da Autoridade, o fundamento da Pureza também
apresenta uma diferença significativa entre as amostras para as mulheres, mas não para os
homens. Assim, em vez de apresentar diferenças de sexo na amostra dos EUA, apresentou
diferenças na amostra brasileira. Antes de discutir essa diferença específica de sexo para a
amostra brasileira, vale a pena mencionar que, em geral, o fundamento da Pureza foi o único
que os participantes brasileiros julgaram significativamente mais abaixo que os participantes
dos EUA.

Quando analisados com profundidade, descobrimos que os homens brasileiros


julgavam significativamente mais baixo que as mulheres brasileiras violações da Pureza. Um
possível motivo a ser considerado é que os participantes brasileiros realmente julgaram
inferiores aos EUA, mas a diferença de sexo nesta amostra só é evidente nos níveis mais altos
de mulheres, já que presumem que a maioria das vinhetas de Pureza cobrem conteúdo sexual
e que os autores das violações eram apenas homens, por isso possivelmente as mulheres
consideravam mais errado, igualando o julgamento com o da amostra dos EUA.

Por fim, o fundamento da Lealdade não apresentou diferença significativa, nem de


efeito cultural nem de sexo. Assim, duas possibilidades podem explicar os resultados: i) a
Lealdade pode ser um fundamento sólido que não pode ser influenciado por fenômenos
sexuais e culturais; ii) as VFMs podem não ser o melhor instrumento para investigar o
fundamento da Lealdade, uma vez que a Lealdade representa o fenômeno e todas as
vinhetas deste fundamento descrevem a falta de Lealdade em relação a outrem, e não em
relação ao participante. Por outro lado, ambas as possibilidades podem estar erradas, uma vez
que GRAHAM (2011) observaram tendência para julgamentos inferiores em
participantes mulheres neste fundamento (apesar de usarem o QFM).

7.4 Limitações e direções futuras

As principais limitações deste estudo são: i) a não utilização de outras medidas em


relação aos fundamentos morais, como o QFM (GRAHAM , 2011; SILVINO ,
2016), medidas que permitiriam um maior controle experimental; ii) maior variabilidade na
76

cidade de São Paulo, uma vez que é uma cidade de 12 milhões de habitantes, apresenta uma
ampla gama de culturas, religiões e níveis socioeconômicos, e como demonstrado por
ARUTYUNOVA (2016), provavelmente diferenças culturais podem modular os padrões
observados aqui para cada sexo; iii) a diferença na proporção de homens e mulheres pode ter
influenciado de alguma forma os resultados do presente estudo; iv) considerando as vinhetas
utilizadas para a análise das diferenças sexuais, somente violações com um homem como
agente foram utilizadas; e v) não foi controlada a sensibilidade ao nojo dos participantes, o
que pode ter impactado nas diferenças de sexo encontradas para o fundamento da Pureza.
77

8. CONCLUSÃO

No que se refere aos dados da análise fatorial, os achados seguem os padrões


observados na literatura, para além do fato de que no presente estudo se encontrou a divisão
do fundamento moral do Cuidado em dois fatores distintos: Cuidado emocional e Cuidado
físico (independentemente se relacionado a humanos ou animais).
Em relação às diferenças culturais observadas, se destacam os maiores
julgamentos por parte dos participantes brasileiros para os fundamentos de Cuidado
(emocional e físico), Justiça e Liberdade e menores para o fundamento da Pureza em relação
às respostas da amostra dos EUA.
Com relação às análises relacionadas aos perfis ideológicos, ambas as
ideologias seguem os padrões observados na literatura, em que participantes de orientação
mais liberal e à esquerda apresentam julgamentos mais elevados para os fundamentos de
Cuidado, Justiça e Liberdade e inferiores para os fundamentos de Autoridade, Lealdade e
Pureza, quando comparados aos participantes de orientação mais conservadora e à direita.
Vale destacar que o presente estudo acrescentou o fundamento moral da Liberdade,
fundamento este não presente nos achados da literatura em relação aos perfis ideológicos.
Observou-se diferenças de sexo no julgamento moral, em que mulheres
apresentaram julgamentos mais elevados.
Complementando a diferença de sexo no julgamento moral, foi possível
observar uma relação entre sexo e amostra em alguns fundamentos morais como Liberdade,
Autoridade e Pureza, destacando a importância de se considerar a cultura em estudos sobre as
diferenças de sexo nos processos de julgamento e tomada de decisão.
78

ESTUDO 2

IMPACTO DA EXPOSIÇÃO A ODOR


NEGATIVO NA MODULAÇÃO DO
JULGAMENTO DE VINHETAS,
APRESENTANDO VIOLAÇÕES DOS
FUNDAMENTOS MORAIS
79

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

A partir do conteúdo discutido na introdução da presente Tese, pode-se entender que


processos emocionais são tipicamente entendidos como alicerce para o julgamento moral.
Esses processos embasam julgamento subsequente, direcionando de forma enviesada a forma
como compreendemos moralmente determinada situação, bem como os indivíduos que
possam estar relacionados com a situação julgada. Especificamente, o tema dos julgamentos
em relação a diferentes grupos representa um aspecto observado no cotidiano afetivo e social,
e que tem sido considerado como a crise humanitária deste século, tornando-se ainda mais
evidente com a situação de alguns grupos de refugiados.

Desta forma, o Estudo 2 foi construído a fim de se investigar de que forma o fator da
categorização intergrupal e o processamento emocional básico podem influenciar o
julgamento moral. Como principal objetivo, destaca-se a investigação do papel da emoção de
nojo no julgamento moral dos diferentes fundamentos morais. Especificamente, buscou-se
investigar a forma como se dão os julgamentos morais em relação a refugiados como autores
de violações, e se a indução da emoção de nojo promove alguma modulação nesses
julgamentos. Para tal fim, utilizou-se o referencial teórico acerca da indução da emoção de
nojo por meio da exposição a odor negativo, assim como a literatura a respeito dos processos
de categorização grupal.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Emoção de nojo e julgamento moral

Achados de alguns estudos indicam que o nojo influencia os nossos julgamentos morais,
tornando-os mais severos (SCHNALL , 2008). Além disso, constatou-se que esse efeito
é encontrado em direção oposta a outras emoções negativas, mostrando que a resposta vem
especificamente do nojo (ZHONG , 2010; SCHNALL, 2017). Esse resultado foi
encontrado através de duas vertentes: limpeza e indução de nojo por intermédio do cheiro. Os
métodos utilizados para a limpeza foram a utilização de um antiséptico nas mãos antes de
tocar nos equipamentos utilizados e memorização de frases que apresentavam características
de limpeza antes dos participantes classificarem questões de moralidade social (ZHONG
80

, 2010). Já a indução de nojo foi feita com o uso do ( com odor fortemente
negativo de enxofre), em três condições diferentes (intensidade do odor), enquanto os
participantes realizavam a tarefa com questões de julgamento moral. Os achados demonstram
que a exposição a odor negativo está relacionada a julgamentos morais mais conservadores
(SCHNALL , 2008), ou seja, sentimento emocional negativo com o nojo modulando o
processamento moral subsequente. Esses achados também mostram que o nojo pode induzir
distribuição justa, assim como conservação da própria pureza física (SCHNALL, 2017).

Embora seja notável a importância da emoção de nojo nos processos de julgamento


moral, a relação entre eles ainda não é evidente. Há três alegações atualmente de que essa
relação existe: nojo como consequência de violação moral, em que a emoção de nojo é relatada
ao avaliar uma situação em que ocorre a violação da moral, mais especificamente quando a
violação moral está relacionada à Pureza; nojo como amplificador do juízo moral, em que a
indução de nojo pode fazer as situações parecerem mais erradas e tornar o julgamento mais
duro; e nojo como uma emoção moralizante, em que sentir a emoção de nojo nos induz a
julgar que um ato é errado, diferente da primeira alegação por não ocorrer uma avaliação
moral e da segunda por não ampliar um julgamento moral já avaliado. Contudo, mesmo com
essas alegações, não é possível distinguir o porquê dessa emoção ser moralizante, já que
alguns estudos mostram que vários comportamentos podem evocar a emoção de nojo mesmo
não sendo considerados comportamentos com valor moral (PIZARRO , 2011).

Estudos também mostram que quanto maior o nível de sensibilidade ao nojo, maior a
propensão em julgar um ato intencional como mais moralmente errado. Esses estudos
mostram uma ligação entre atitudes intuitivas, especificamente no grupo homossexual
masculino, e a sensibilidade ao nojo. Porém, ainda não foi encontrada uma explicação para
essa ligação, assim como a da emoção de nojo com a moral (INBAR , 2009).

Algumas hipóteses de que o nojo e os comportamentos que violam o fundamento de


Cuidado podem influenciar no julgamento moral político também foram estudadas e as
pesquisas mostraram que eles podem aumentar a tendência das pessoas julgarem uma questão
política como uma questão moral, assim como também podem levar grupos políticos a terem
um julgamento moral mais duro contra seus oponentes (BEN‐NUN BLOOM, 2014). Isso pode
ocorrer também devido ao fato de que os grupos morais, conservadores e liberais julgam o
grupo oposto em geral como tendo menos moral que eles próprios (GRAHAM , 2012).
81

Diversos estudos têm utilizado a emoção de nojo, uma vez que esta tem se mostrado
relevante para achados na Teoria dos Fundamentos Morais (TFM). O nojo é uma emoção
moralizante, como citado anteriormente, e como consequência disso tem sido notável em
estudos da moral, mais que outras emoções, como a tristeza, por não demonstrarem impacto
significativo em achados de estudos da moral. Para além disso, o nojo pode influenciar as
pessoas a serem mais cautelosas em relação a quem possa ter quebrado normas morais e
potencializar o senso de escassez e recursos, afetando também preocupações com justiça e
igualdade econômica, podendo afetar diferentes grupos morais e políticos (SCHNALL e
CANNON, 2012). Sendo assim, esses fundamentos morais estariam presentes em todas as
interações sociais, ocorrendo de forma comum ou com prejuízos (o que levaria a situações de
dilemas morais), o que destaca a importância da forma como o processo de categorização
intergrupal ocorre. O tópico seguinte abordará de forma aprofundada o Modelo de Conteúdo
de Estereótipo (MCE), relacionando seus pressupostos com a influência da categorização
social no julgamento moral.

2.2. Categorização grupal

FISKE (2007), assim como HAIDT (2003), apontam a importância do processo


de categorização e julgamento para a sobrevivência e evolução da espécie humana. Mais
especificamente, através destes processos, possíveis aliados/ ou inimigos/
(categoria da afetuosidade) são identificados e categorizados, assim como é questionada a
capacidade destes em executar suas intenções (categoria da competência). Desta forma, os
autores FISKE (2007) desenvolveram o Modelo de Conteúdo de Estereótipo (MCE),
com o qual se pode compreender que as estruturas sociais possuem como base mecanismos
automáticos/implícitos de categorização de outros indivíduos e grupos a partir destas duas
categorias, nomeadamente: afetuosidade e competência.

Dentre as principais características dessas categorias, a afetuosidade está mais


relacionada com avaliações das possíveis intenções de um sujeito, portanto associada à
confiança, sinceridade, amizade e moralidade, enquanto a competência teria como foco a
captura de possíveis habilidades, como inteligência, destreza, criatividade e precisão (FISKE,
2018). Os mesmos autores apresentam que, apesar das categorias de competência e
afetuosidade serem distintas, quando ocorre o julgamento de pessoas individualmente, os
82

níveis de ambas as categorias apresentam correlação positiva entre si, embora seja modesta.
No entanto, quando o julgamento se caracteriza como um julgamento de grupos sociais, essas
categorias apresentam uma correlação negativa. A intersecção destes critérios gera diferentes
sentimentos com relação ao estímulo julgado. Os grupos classificados com alta competência
e alta afetuosidade são considerados e geram sentimento de orgulho. Por outro lado,
os grupos classificados como podem ser separados em três subgrupos, dois
“moderados” e um considerado mais extremo do que os demais. Os grupos moderados podem
ser considerados “ambivalentes”, uma vez que uma das categorias é classificada com alta
intensidade, mas a outra não. Desta forma, um dos grupos moderados apresenta alta
competência e baixa afetuosidade, o que elicia sentimento de inveja. O outro grupo moderado
apresenta baixa competência e alta afetuosidade, levando ao sentimento de pena ou piedade.
Alguns grupos sociais são classificados como extremos, apresentando baixa
competência e baixa afetuosidade, levando ao sentimento de nojo. Tipicamente, neste grupo
estão inclusos pessoas pobres consideradas brancas, pessoas pobres consideradas negras,
viciados em drogas, benificiários do governo, moradores de rua e imigrantes sem documentos
legalizados. O preconceito, portanto, vai muito além de uma simples antipatia, pois os grupos
com baixa competência e baixa afetuosidade evocam também sentimentos de desprezo
(FISKE, 2018).

Paralelamente, o estudo de HARRIS e FISKE (2006) investigou a atividade cerebral


diante de imagens que apresentassem separadamente quatro classes de valores: orgulho,
inveja, piedade e nojo. Todas as classes possuíam imagens com objetos e outras com humanos.
Imagens humanas relacionadas à categoria “piedade” apresentavam prioritariamente imagens
de moradores de rua e dependentes químicos. Os resultados demonstraram que imagens que
apresentaram humanos em condições de orgulho, inveja e piedade ativaram Córtex Pré-frontal
Medial (CPFM), ao passo que imagens que apresentaram todas as quatro classes com objetos
tiveram o mesmo resultado que imagens com humanos em situações de nojo, sendo o resultado
nenhuma ativação de CPFM. Ou seja, grupos avaliados com baixas pontuações em ambos os
eixos do MCE geram sentimentos de nojo e desprezo, com atividade cerebral envolvendo
hipoativação do CPFM e hiperativação de estruturas como ínsula (relacionada ao
processamento de nojo) e amígdala (relacionada ao sistema de alerta e reconhecimento de
conflito (PHELPS e LEDOUX, 2005). Desta forma, pode-se afirmar que esses grupos são
processados como objetos, ou sub-humanos, uma vez que o processamento desta informação
83

está correlacionado à hipoativação de CPFM, região relacionada à formação de impressão de


características de pessoas ao invés de objetos (HARRIS e FISKE, 2006).

A partir dos achados apresentados por HARRIS e FISKE (2006) surge uma questão: se
a percepção de rebaixados níveis de ambas as categorias do MCE leva ao aumento da ativação
de estruturas relacionadas ao processamento de nojo, como a ínsula, então o sentido contrário
também pode ser validado? Ou seja, a modulação dos níveis de sentimento de nojo pode
influenciar no julgamento das categorias do MCE frente a outros indivíduos ou grupos sociais?
Analisados de forma conjunta, o estudo de HARRIS e FISKE (2006) e o de SCHNALL
(2008), apresentado logo no início do presente referencial teórico, apontam que
provavelmente ambos os fenômenos encontram-se alinhados e bidirecionalmente
influenciados. Neste sentido, o presente estudo se justifica porque objetiva compreender a
influência da exposição a estímulo evocador da emoção de nojo diante de julgamento moral
em relação a diferentes grupos sociais. Cabe reforçar que o presente estudo visa compreender
mais especificamente um grupo localizado no extremo, sendo classificado com
baixa afetuosidade e competência. Especificamente, será investigado o processamento moral
diante do grupo de imigrantes sem documentos legalizados, e classificado neste estudo como
refugiados. Desta forma, compreende-se o termo refugiados por indivíduos perseguidas por
motivo de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas. Tais indivíduos,
por se encontrarem enquadrados nessa descrição, têm entre seus direitos humanos o direito de
asilo e a serem beneficiários do estado.

Segundo FISKE (2007), o grupo de pessoas beneficiárias do governo e imigrantes


sem documentos legalizados se enquadram como extremo por serem classificados
com baixa competência e baixa afetuosidade, que eliciam os sentimentos de nojo. Contudo, é
possível destacar que a percepção desse grupo como um também é notada em
crianças. No estudo de CAMERON (2006), são apresentadas intervenções entre o
contato de crianças de 5 a 10 anos como intervenção para reduzir atitudes negativas em relação
aos refugiados como seu . Neste estudo, foi destacado que a intervenção através do
contato das crianças leva a mais inclusão do de refugiados, mostrando que quanto
menor a idade exposta à intervenção, mais positivas as atitudes em relação ao outro. Desta
forma, uma melhor compreensão acerca dos processos morais envolvidos em processos de
categorização intergrupal se faz necessária. Por fim, vale destacar que apesar do referencial
teórico apresentar as escalas de afetuosidade e competência para a categorização grupal, o
84

presente estudo não utilizou estas escalas. Como será apresentado a seguir, objetivou entender
a relação entre a modulação da emoção de nojo e o julgamento moral, e não a categorização
grupal em si.

Apresentado o referencial teórico que embasa o presente estudo, a seguir encontram-


se as descrições dos objetivos, métodos e procedimentos.
85

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Este estudo teve como objetivo geral investigar a influência da exposição a estímulo
evocador da emoção de nojo diante de julgamento moral em relação a violações morais
realizadas por pessoas indefinidas e refugiados.

3.2 Objetivos específicos

Diferenciar os níveis de julgamento moral em relação a refugiados entre os


grupos experimentais.
Diferenciar os níveis de afeto positivo e negativo durante o experimento para
cada uma das condições experimentais e entre os grupos experimentais.
Diferenciar o julgamento de sensação de odor desagradável na sala
experimental entre os grupos experimentais.
Correlacionar os níveis de sensibilidade ao nojo e o julgamento de sensação de
odor desagradável na sala experimental.
Correlacionar os julgamentos morais de ambos os grupos sociais investigados
e os perfis ideológicos (social e político).
Correlacionar os julgamentos morais de ambos os grupos sociais investigados
e os hábitos de regulação emocional.
86

4. HIPÓTESES E RESULTADOS ESPERADOS

Tendo em vista o modelo experimental aqui proposto, serão sugeridas hipóteses para
os achados comportamentais de julgamento moral e sua relação com as medidas controle.
Considerando que alguns estudos têm demonstrado a efetividade do instrumento
para a indução/evocação da emoção de nojo, e seu efeito na modulação do julgamento moral,
espera-se encontrar efeito significativo na modulação de afetos positivos e negativos,
julgamento moral e também do julgamento moral diferenciado/potencializado nos casos de
violações morais causadas por refugiados. Ou seja:

Efetividade do instrumento na variabilidade do nível de afeto


positivo e negativo durante o experimento para cada uma das condições experimentais,
tornando o afeto negativo maior e o afeto positivo menor conforme maior a intensidade do
odor negativo.
Diferenças nos níveis de julgamento moral conforme o grupo experimental, em
que maior intensidade do odor negativo estará relacionada a julgamento mais conservador.
Diferenças no julgamento moral de refugiados e pessoas indefinidas
apresentará especificidade relacionada a cada fundamento moral, nos quais acredita-se que os
fundamentos coesivos apresentarão maiores níveis de julgamento para refugiados comparados
a pessoas indefinidas.
Julgamento moral mais severo em relação a refugiados se encontrará
potencializado conforme aumento da intensidade de odor negativo.
Julgamento moral mais severo em relação a refugiados se encontrará
potencializado nos participantes com ideologia social e política mais conservadora e à direita,
respectivamente.
Correlação positiva entre os níveis de sensibilidade ao nojo e a sensação de
desagrado na sala experimental.
Correlação negativa entre os hábitos de reavaliação cognitiva e os níveis dos
julgamentos morais.
87

5. MÉTODO

Este estudo foi realizado no (SCNLab;


Rua Piauí, 181, 10°andar, São Paulo) do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP). Este laboratório encontra-se
plenamente equipado com todo o material descrito no presente método para a execução total
do experimento. Todos os procedimentos de aquisição e análise de dados foram realizados
dentro de ambiente laboratorial.

Este estudo contou com um experimento de design transversal, inter-participantes,


balanceado e controlado, em que ocorreu apenas uma participação por voluntário.

Foi feito um estudo piloto para avaliar duas variáveis do instrumento antes das coletas.
Primeiro um piloto para verificar se as vinhetas de refugiados e pessoas indefinidas eram
julgadas de maneira distinta. Depois foi feito um piloto para avaliar a substância do
que foi utilizada para induzir a emoção de nojo, e com isso foi possível avaliar o tempo de
duração, a quantidade de jatos e a adequação das salas de coleta. A seguir, a descrição
detalhada dos pilotos realizados.

5.1 Estudo piloto 1:

A primeira atividade se caracterizou pela condução de um estudo “piloto” com as duas


condições das vinhetas morais (vinhetas originais e vinhetas adaptadas em relação a
refugiados) para verificar se as duas condições são avaliadas da mesma forma. Neste sentido,
foi criado um formulário contando com 42 vinhetas, sendo 30 originais (cinco para cada
fundamento moral) e 12 adaptadas em relação a refugiados (duas para cada fundamento
moral).

Desta forma, foram coletados 20 participantes declaradamente saudáveis,


universitários e sem problemas respiratórios ou com alguma forma de obstrução nasal
temporária. Análise de Variância (ANOVA) para medidas repetidas demonstrou efeito
significativo para o fator FUNDAMENTO (F5,95=16,32; <0,001; ηp=0,46) e para a interação
FUNDAMENTO*GRUPO (F5,95=3,38; =0,007; ηp=0,15), mas não para o fator GRUPO
(F1,19=0,10; =0,922; ηp=0,00). Considerando o efeito significativo observado na interação
88

FUNDAMENTO*GRUPO, foi realizado de Fisher LSD, o qual revelou diferenças


significativas entre as vinhetas originais e adaptadas para refugiados nos fundamentos de
Justiça ( =0,048), Liberdade ( =0,029) e Pureza ( =0,024), mas não para os fundamentos de
Cuidado ( =0,886), Autoridade ( =0,545) e Lealdade ( =0,119). Ou seja, em relação ao
fundamento de Justiça, as vinhetas adaptadas (4,50±0,15) foram avaliadas como mais imorais
que as originais (4,22±0,16), da mesma forma que para Pureza as vinhetas adaptadas
(4,05±0,14) foram avaliadas como mais imorais que as originais (3,73±0,15). Por outro lado,
as vinhetas relativas ao fundamento da Liberdade apresentaram o sentido inverso, sendo as
vinhetas adaptadas (4,25±0,21) avaliadas como menos imorais que as originais (4,56±0,17).

Considerando os resultados acima apresentados, é possível compreender que


independentemente do tipo de vinheta (refugiado pessoas indefinidas), os fundamentos
morais são avaliados de forma variada. Este achado encontra-se alinhado a outros estudos da
área (GRAHAM , 2009; GRAHAM , 2011; CLIFFORD , 2015) e também aos
dados coletados no Estudo 1. Além disso, foi possível verificar variações no padrão de
julgamento dos fundamentos de Justiça, Liberdade e Pureza entre os tipos de vinhetas. Essas
variações podem representar possíveis achados pilotos do estudo, os quais podem ou não se
manter com o aumento da amostra do presente estudo. Cabe reforçar que mesmo que esse
padrão mude com a amostra completa, a ausência de variação entre os tipos de vinhetas não
representa um prejuízo, uma vez que o objetivo do estudo é verificar se o julgamento moral
dos diferentes fundamentos e diferentes tipos de vinhetas (pessoas indefinidas e refugiados)
apresentará variação consoante o grupo experimental (exposição a diferentes intensidades de
odor negativo). Neste sentido, o segundo estudo piloto, descrito a seguir, objetivou avaliar se
de fato existem variações na percepção de nojo consoante variação no número de
aplicados na sala experimental.

5.2 Estudo piloto 2:

O estudo de SCHNALL (2008), apresentado no referencial teórico, aponta o uso


de duas intensidades de cheiro, sendo elas a apresentação de quatro e oito . Contudo,
este estudo realizou a coleta de dados em ambiente aberto, o que pode ter modulado a
intensidade do cheiro. Desta forma, no presente estudo, decidiu-se por primeiramente verificar
89

estas possíveis variações com três intensidades de odor: i) três ; ii) quatro ; e iii)
seis .

Neste sentido, foram coletados 26 participantes declaradamente saudáveis,


universitários e sem problemas respiratórios ou com alguma forma de obstrução nasal
temporária. Os participantes foram convidados a entrar na sala experimental a cada dois
minutos e avaliar a intensidade do odor negativo em uma escala de 7 pontos, na qual 7
= .O foi aplicado em uma sacola plástica localizada
dentro da lixeira na sala por 20 minutos, sendo descartado em uma lixeira fora da sala após
esses 20 minutos.

ANOVA para medidas repetidas demonstrou efeito significativo para o fator TEMPO
(F11,253=41,36; <0,001; ηp=0,64), o fator GRUPO (F1,23=11,65; <0,001; ηp=0,50) e para a
interação TEMPO*GRUPO (F22,253=5,62; <0,001; ηp=0,33). Considerando o efeito principal
de GRUPO, foi realizado de Bonferroni, o qual revelou diferenças significativas
entre as avaliações da intensidade do cheiro dos participantes do grupo “3jatos” com o grupo
“6jatos” ( <0,001), e entre o grupo “4jatos” e “6jatos” ( =0,020), mas não para a comparação
entre as avaliações dos grupos “3jatos” e “4jatos” ( =0,133). Desta forma, pode-se considerar
que a intensidade do cheiro avaliada pelo grupo “6jatos” (3,78±0,32) é significativamente
maior do que a dos grupos “4jatos” (2,43±0,32) e do grupo “3jatos” (3,78±0,42).

Em seguida, foi realizado outro de Bonferroni, mas agora em relação ao efeito


na interação TEMPO*GRUPO. De maneira geral, todos os grupos apresentam declínio na
intensidade do cheiro ao longo do tempo. Especificamente em relação ao grupo “3jatos”, foi
possível observar diferença significativa em relação ao segundo minuto de exposição ao
cheiro, nos minutos 12 ( =0,011), 14 ( =0,001), 16 ( <0,001), 18 ( <0,001) e 20 ( <0,001)
de exposição ao cheiro, e os minutos 2 ( <0,001) e 4 ( <0,001) após a retirada da lixeira da
sala. Em relação ao grupo “4jatos”, foi possível observar diferença significativa em relação
ao segundo minuto de exposição ao cheiro, nos minutos 14 ( =0,005), 16 ( <0,001), 18
( <0,001) e 20 ( <0,001) de exposição ao cheiro, e os minutos 2 ( <0,001) e 4 ( <0,001) após
a retirada da lixeira da sala. Já relativo ao grupo “6jatos”, somente foi possível observar
diferença significativa em relação ao segundo minuto de exposição ao cheiro, nos minutos 2
( <0,001) e 4 ( <0,001) após a retirada da lixeira da sala. Por fim, ainda em relação ao último
de Bonferroni, considerando a variação entre os grupos ao longo do tempo, foi
90

possível observar diferenças significativas entre os grupos “6jatos” e “3jatos” nos momentos
de 10 minutos ( <0,001), 12 minutos ( <0,001), 14 minutos ( <0,001), 16 minutos ( =0,001)
e 18 minutos ( =0,035), entre os grupos “6jatos” e “4jatos” nos momentos de 14 minutos
( =0,011) e 16 minutos ( =0,020). Não foram encontradas diferenças significativas entre os
grupos “3jatos” e “4jatos”. A Figura 10 apresenta esta variação ao longo do tempo para os três
grupos.

Figura 10. Representação da variação da intensidade do cheiro ao longo do tempo para os


diferentes grupos experimentais. A linha representada pela cor do grupo experimental
representa a tendência suavizada baseada nos valores médios, enquanto a faixa cinza em torno
de cada linha representa o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.

Vale ressaltar que não entraram nas análises os momentos 0 de exposição ao cheiro
(momento exato da aplicação do cheiro na sala) e 2 e 4 minutos após a retirada da lixeira, uma
vez que todos os grupos não apresentavam variância (todas as respostas eram iguais a zero)
91

no momento 0 e os grupos “3jatos” e “4jatos” nos momentos 2 e 4 minutos após a retirada da


lixeira da sala.

A partir destes resultados, foi possível definir a escolha das intensidades de cheiro de
acordo com o objetivo do presente estudo. Desta forma, considerando a possibilidade de
polarização dos efeitos da intensidade do cheiro na possível modulação do julgamento moral,
a escolha pelos grupos “4jatos” e “6jatos” foi assumida, uma vez que ambos os grupos diferem
da ausência de cheiro (grupo experimental que não será apresentado a nenhum tipo de odor
negativo), e ambos apresentam uma intensidade de cheiro significativamente diferente. Além
disso, optou-se pelo grupo “4jatos” em vez do “3jatos”, uma vez que o primeiro possui
intensidade do cheiro elevada até o 14º minuto de exposição, enquanto o segundo apresenta
redução significativa na intensidade do cheiro a partir do 12º minuto de exposição. Deste
modo, considerou-se a diferença significativa entre os grupos “4jatos” e “6jatos” no intuito de
utilizar dois grupos experimentais distintos, e considerou-se a duração da intensidade do
cheiro na sala do grupo “4jatos” ser maior que o grupo “3jatos”,uma vez que um período de
efeito mais longo possibilita que o participante sob esta condição experimental esteja de fato
sob o efeito do cheiro durante toda a realização da tarefa experimental (aproximadamente 15
minutos para avaliar o segundo grupo de vinhetas).

5.3 Participantes

Com base no estudo de SCHNALL (2008), estimou-se o tamanho de amostra de


no mínimo 120 indivíduos declaradamente saudáveis (baseado no autorrelato), de ambos os
sexos, e com idades compreendidas entre 18 e 35 anos. Os participantes foram
randomicamente subdivididos em três grupos experimentais (40 participantes por grupo).
Cada participante participou de apenas um encontro, por decorrência do limitado número de
vinhetas para a avaliação do julgamento moral. Foram incluídos apenas aqueles: i) sem
histórico de doenças neurológicas, psiquiátricas e psicológicas severas (autorrelato); ii) com
idade entre 18 e 35 anos; iii) sem uso de medicamento que atue no sistema nervoso central;
iv) sem histórico de dependência de álcool ou outras drogas; e v) ausência de
comprometimento ou obstrução das vias nasais no dia da coleta. O recrutamento se deu por
meio de informativos eletrônicos e os participantes foram pré-selecionados a partir da lista de
participantes de estudos anteriores sobre a moral conduzidos no laboratório. Todos os
92

participantes forneceram seu consentimento de participação no estudo por escrito, através do


Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE; Anexo B), sendo que ao final receberam
créditos extracurriculares pela colaboração.

5.4 Instrumentos

Questionário Pessoal: Questionário semiestruturado com perguntas sobre


idade, uso de medicações e histórico de saúde.

Escala de Ideologia Social: Instrumento adaptado de GRAHAM (2009).


O instrumento se caracteriza pela pergunta: “
”. Os participantes
julgaram em uma escala de 10 pontos (1 = “ ” e 10 = “
”).

Escala de Ideologia Política: Instrumento adaptado do Latin American Public


Opinion Project (LAPOP, https://www.vanderbilt.edu/lapop/brazil.php). O instrumento se
caracteriza pela pergunta: “
”. Os participantes julgaram
em uma escala de 10 pontos (1 = " "; e 10 = "
").

Escala de Sensibilidade ao Nojo (ESN): Versão brasileira (FERREIRA-


SANTOS , 2011) da (DSS) de HAIDT (1994). O
instrumento se caracteriza por 28 itens, com os quais o participante deve realizar dois
julgamentos, sendo eles: 1º) avaliar 14 itens em uma escala de 4 pontos, o “
” (0 = “ ”e4=“ ”); 2º)
93

avaliar 14 itens em uma escala de 4 pontos, o “


” (0 = “ ” e 4 = “ ”). Este
instrumento possui, como material final de análise, os valores médios relativos aos dois
aspectos avaliados.

Escala de Afeto Positivo e Negativo (EAPN): Versão brasileira (SIQUEIRA


, 1999) da (PANAS) de WATSON (1988).
Escala do tipo de 5 pontos, contendo 20 itens, os quais buscam avaliar o nível de afeto
positivo e negativo, possuindo como escore final o valor mínimo de 10 pontos e máximo de
50 pontos para cada afeto avaliado. No presente trabalho, esta escala foi utilizada como
medida de variabilidade de afeto após a condição experimental, sendo aplicada uma vez antes
da tarefa experimental e uma vez imediatamente após o término dela.

Questionário de Regulação Emocional (QRE): Versão brasileira (BOIAN


, 2009) do de GROSS e JOHN (2003). Questionário do
tipo de sete pontos, contendo 10 itens, os quais buscam avaliar os hábitos de uso de duas
estratégias de regulação emocional, nomeadamente Reavaliação Cognitiva (QRE-RC) e
Supressão Emocional (QRE-S). O questionário possui como escore final o valor mínimo de 6
pontos e máximo de 42 pontos para a estratégia QRE-RC; e valor mínimo de 4 pontos e
máximo de 28 pontos para a estratégia QRE-S.

Tarefa : Como paradigma experimental, foi adaptada tarefa


desenvolvida por SCHNALL (2008), na qual cada participante foi randomicamente
subagrupado única e exclusivamente em um dos grupos experimentais (40 participantes cada),
sendo eles: Grupo1/6jatos (exposto a odor fortemente negativo, seis jatos de ),
Grupo2/4jatos (exposto a odor levemente negativo, quatro jatos de ), Grupo3/0jatos
94

(exposto a odor neutro, nenhum jato de ). O conteúdo do se caracteriza por


enxofre, que apresenta odor negativo. A tarefa experimental se constituiu na exposição do
participante a determinado tipo de odor, no intuito de se verificar modulações no julgamento
moral, seguida do preenchimento de uma escala, sendo ela: Avaliar em uma escala de 7
pontos “ ” (0 = “ ” e 7 = “
”).

Vinhetas dos Fundamentos Morais (VFMs): Versão brasileira do (MARQUES ,


2020) (MFVs) de CLIFFORD (2015). O instrumento se
caracteriza por 68 vinhetas, representando os seis fundamentos morais destacados pela TFM,
nomeadamente: i) Cuidado (20 vinhetas); ii) Justiça (9 vinhetas); iii) Lealdade (15 vinhetas);
iv) Autoridade (10 vinhetas); v) Pureza (7 vinhetas); e vi) Liberdade (7 vinhetas). Em cada
momento avaliado, sendo um antes e outro após a manipulação experimental, ocorreu a
apresentação de cinco vinhetas referentes a cada fundamento moral em relação a pessoas
indefinidas (total de 30 vinhetas). Em relação às vinhetas em que um refugiado era
apresentado como autor da violação moral, o autor “um homem” ou “uma mulher” foi
substituído por “um refugiado” ou “uma refugiada” respectivamente. Desta forma, foram
utilizadas 24 vinhetas, representando quatro vinhetas para cada um dos seis fundamentos
morais. Apesar das vinhetas apresentarem níveis semelhantes de representação do fundamento
moral específico de cada categoria, o grupo de vinhetas apresentadas antes e depois foi
randomizado entre os participantes, excluindo possíveis influências de vinhetas específicas.
Os participantes deveriam julgar em uma escala de 5 pontos, o “
” (1 = “ ”e5=“ ”). Este instrumento
possuiu como material final de análise os valores médios relativos ao nível do quanto cada
vinheta é moralmente errada.

5.5 Procedimentos

Os participantes que se enquadraram nos critérios de inclusão do presente estudo foram


convidados a comparecer ao laboratório em apenas um encontro. Inicialmente, foi entregue e
apresentado o TCLE (Anexo B), e os participantes que concordaram com todas as informações
apresentadas seguiram para a sala experimental, onde permaneceram até o término do
95

preenchimento dos instrumentos aplicados antes da Tarefa . Antes da realização e


preenchimento dos demais instrumentos, os participantes responderam a Escala de Ideologia
Moral. Em seguida, cada participante foi convidado a responder o Questionário do
Participante, a escala ESN e a escala EAPN. Uma vez encerrado o preenchimento, o
participante foi convidado a realizar a tarefa de julgamento das VFMs. Após o término, o
pesquisador responsável convidou o participante a mudar de sala e realizou o procedimento
experimental da Tarefa especificamente em relação a qual grupo o participante foi
randomicamente incluído (Figura 11).

Figura 11. Representação do desenho experimental do Estudo 2.


Fonte: Próprio autor.

Durante esse período, os participantes ficaram confortavelmente sentados a uma


distância aproximada de meio metro de distância do monitor e sozinhos na sala. Como pode
ser observado na Figura 11, os participantes realizaram a tarefa de julgamento das VFMs
durante a modulação experimental (Tarefa ). Logo em seguida, os participantes
foram convidados a responder novamente a escala EAPN e as perguntas relativas à exposição
ao odor negativo (sensações de nojo). Terminada esta etapa, os participantes foram
encaminhados à saída do laboratório, onde o pesquisador responsável agradecia pela
96

participação no estudo e entregava os créditos extracurriculares para os participantes


universitários. A participação completa durou 35 minutos em média.

5.6 Aspectos éticos

O estudo foi conduzido de acordo com os requerimentos do Comitê de Ética da


Universidade Presbiteriana Mackenzie e baseado nas recomendações estabelecidas na
Declaração de Helsinki (1964), conforme emenda em Tóquio (1975), Veneza (1983) e Hong-
Kong (1989). Todos os participantes tiveram pleno conhecimento dos objetivos e métodos do
experimento, assim como forneceram consentimento por escrito através do TCLE (Anexo B).
Os participantes foram devidamente avisados que poderiam deixar o estudo a qualquer
momento que desejassem sem necessidade de justificativa. Além disso, todas as informações
fornecidas foram estritamente sigilosas e cada participante foi nomeado e referenciado com
uma codificação. Ao final da coleta de dados, todos os participantes foram informados que
todas as situações morais tratavam de situações fictícias, e o fato de algumas delas envolverem
refugiados se deu única e exclusivamente por conta do objetivo do estudo. Além disso, os
participantes dos grupos 4jatos e 6jatos foram informados a respeito da manipulação de odor
da sala. Por fim, a coleta de dados do presente estudo só foi iniciada após aprovação pelo
Comitê de Ética da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pela Plataforma Brasil (CAAE:
76803617.5.0000.0084; data de aprovação: 28/11/2017).

5.7 Análise estatística dos dados

Todos os testes estatísticos realizados e reportados no presente estudo utilizaram nível


de significância (α) de 5%, e foram feitos com o uso do pacote estatístico STATISTICA
(versão 8.0, Dell, N. C., USA). A seguir, encontram-se as especificidades das análises
estatísticas realizadas:

Com relação aos dados de caracterização da amostra, foram realizadas oito


Análises de Variância (ANOVA) univariada, em que as variáveis dependentes de cada análise
97

realizada se caracterizaram pelos valores obtidos nas escalas: Idade, Ideologia Social,
Ideologia Política, EAPN Negativo, EAPN Positivo, QRE-RC, QRE-S e ESN.
Com relação aos dados de relação entre as variáveis, correlações de
foram utilizadas para se verificar a relação entre as respostas da ESN, sensação de desagrado
com o odor da sala experimental, Ideologias Social e Política e os julgamentos do QRE-RC e
QRE-S.
Com relação aos dados comportamentais relativos ao julgamento moral dos
diferentes fundamentos morais, diferentes grupos experimentais e diferentes autores das
violações, foram realizadas Análises de Variância (ANOVAs) de medidas repetidas, em que
as variáveis dependentes se caracterizaram pelos valores obtidos na avaliação dos julgamentos
morais e os fatores foram os diferentes FUNDAMENTOS, AUTOR, MOMENTO e GRUPO
(experimental).
Com relação à variação de afetos positivos e negativos ao longo do
experimento, foi realizada uma ANOVA de medidas repetidas, em que as variáveis
dependentes se caracterizaram pelos valores obtidos nos momentos anterior e posterior à
realização do experimento e os fatores foram as condições de VALÊNCIA, o MOMENTO e
o GRUPO.
A fim de se avaliar as diferenças na sensação de odor desagradável entre os
diferentes grupos experimentais, foi realizada uma ANOVA de medidas repetidas, em que as
variáveis dependentes se caracterizaram pelos julgamentos de intensidade de odor
desagradável ao final da tarefa experimental, e como fator os GRUPOs experimentais.
Nas ANOVAs em que efeitos estatisticamente significativos foram observados
( <0.05), fez-se teste Bonferroni para averiguar o sentido dos efeitos observados.
Todos os gráficos apresentam como valor representado a média±intervalo de
confiança da variável dependente analisada (levando em consideração o intervalo de confiança
de 95%). Por outro lado, ao longo do texto, na descrição dos achados das ANOVAs e análises
, os valores representados correspondem à média±erro padrão da variável dependente
analisada.
Todos os gráficos foram construídos por meio do software R-Studio® e da
biblioteca GGPLOT2, utilizando gráficos , e .
98

6. RESULTADOS

6.1 Caracterização da amostra

Considerando possíveis perdas amostrais, no presente projeto foram coletados 130


participantes declaradamente saudáveis, sem qualquer histórico de transtorno psiquiátrico,
neurológico e em sua maioria universitários. Dos participantes coletados foram incluídos em
todas as análises descritas 126 participantes, uma vez que o dado comportamental de quatro
participantes não registrou ou apresentou algum tipo de variação5.

Assim, a fim de verificar a homogeneidade entre os grupos experimentais, foram


conduzidas oito ANOVAs univariadas para cada uma das medidas de caracterização da
amostra, não se observando diferenças significativas entre os grupos experimentais, seja para
o fator Idade (F(2,123)=0,15; =0,856; ηp=0,00), Ideologia Política (F(2,123)=1,23; =0,297;
ηp=0,02), EAPN Negativo (F(2,123)=0,38; =0,684; ηp=0,01), EAPN Positivo (F(2,123)=2,84;
=0,062; ηp=0,04), hábitos de Reavaliação Cognitiva (F(2,123)=0,07; =0,928; ηp=0,00), e
hábitos de Supressão (F(2,123)=0,47; =0,626; ηp=0,01). Contudo, o fator Ideologia Social
apresentou diferença significativa entre os grupos (F(2,123)=3,79; =0,025; ηp=0,06), no qual o
grupo experimental 0jatos (2,6±0,4) se diferenciou significativamente ( =0,021) do grupo
4jatos (4,0±0,4). No entanto, como será apresentado adiante no tópico referente à relação das
variáveis das ideologias social e política com o julgamento moral, essa diferença não impactou
a condução das análises aqui descritas, uma vez que não foram observadas diferenças na
modulação do julgamento de acordo com o grupo experimental (modulação do cheiro). No
caso da análise de correlação entre julgamento moral e a ideologia social, foram utilizados os
julgamentos morais de todos os grupos experimentais no momento anterior à modulação do
cheiro. Os dados das ANOVAs mencionadas podem ser observados na Tabela 5, em relação
aos valores de média e erro padrão.

5
Foram excluídos todos aqueles participantes que desviaram da média do grupo, em 50% ou mais das variáveis
analisadas. Foram considerados participantes todos aqueles que apresentaram 50% das medidas com 2.5
desvios padrões para cima ou para baixo do valor médio da variável dependente, ou então pelo fato de se constatar
falha na captação do dado.
99

Tabela 5. Caracterização da amostra coletada, com relação aos valores obtidos de idade e
nas escalas/questionários.
Fonte: Próprio autor.
0jatos (n 44) 4jatos (n 42) 6jatos (n 40) F
Idade 22.07 (0.48) 21.69 (0.49) 21.83 (0.51) 0.15 0.857
Ideologia Social 2.64 (0.35) 4.02 (0.36) 3.20 (0.37) 3.79 0.025*
Ideologia Política 4.98 (0.30) 5.38 (0.31) 4.70 (0.31) 1.23 0.297
EAPN Negativo 18.84 (1.12) 17.98 (1.14) 17.45 (1.17) 0.38 0.684
EAPN Positivo 33.66 (1.15) 29.79 (1.17) 31.28 (1.20) 2.84 0.062
Reavaliação Cognitiva 29.91 (1.10) 30.17 (1.13) 30.53 (1.15) 0.07 0.928
Supressão 15.39 (0.81) 14.43 (0.83) 15.45 (0.85) 0.47 0.626
ESN 2.38 (0.09) 2.38 (0.09) 2.31 (0.10) 0.19 0.824
Os valores representados para cada grupo experimental correspondem aos valores da média e erro padrão para cada escala/questionário,
assim como os valores de F e o nível de significância ( ) representam os resultados obtidos através das ANOVAs realizadas.

6.2 Julgamento moral vs. Grupo experimental vs. Autor da violação

Foi realizada ANOVA para medidas repetidas para verificar possíveis variações no
julgamento moral dos diferentes fundamentos, considerando o autor da violação (pessoas em
geral e refugiados) e os três grupos experimentais (0jatos, 4jatos e 6jatos). Os resultados
demonstram efeito principal para os fatores MOMENTO (F2,123=21,40; <0,001; ηp=0,15) e
FUNDAMENTO (F5,615=110,89; <0,001; ηp=0,47), bem como as interações
MOMENTO*FUNDAMENTO (F5615=5,94; <0,001; ηp=0,05), AUTOR*FUNDAMENTO
(F5,615=51,54; <0,001; ηp=0,30) e MOMENTO*AUTOR*FUNDAMENTO (F5,615=2,88;
=0,014; ηp=0,02). Não foram observados efeitos significativos para os fatores GRUPO
experimental (F2,123=0,39; 0,677; ηp=0,01) e AUTOR (F1,123=2,44; =0,121; ηp=0,02) e as
interações MOMENTO*GRUPO experimental (F2,123=1,54; =0,218; ηp=0,02),
AUTOR*GRUPO experimental (F2,123=0,01; =0,986; ηp=0,00), FUNDAMENTO*GRUPO
experimental (F10,615=0,95; =0,487; ηp=0,02), MOMENTO*AUTOR (F1,123=0,59; =0,443;
ηp=0,00), MOMENTO*AUTOR*GRUPO experimental (F2,123=2,15; =0,121; ηp=0,03),
MOMENTO*FUNDAMENTO*GRUPO experimental (F10,615=0,58; =0,829; ηp=0,01),
AUTOR*FUNDAMENTO*GRUPO experimental (F10,615=1,33; =0,208; ηp=0,02) e
MOMENTO*AUTOR*FUNDAMENTO*GRUPO experimental (F10,615=0,39; =0,951;
ηp=0,01).

Inicialmente, em relação ao efeito da interação entre AUTOR*FUNDAMENTO, foi


realizado de Bonferroni, que demonstrou, assim como apresentados na Figura 12,
100

que o fundamento da Pureza foi o único que apresentou diferenças entre os autores da
violação, sendo os julgamentos realizados por refugiados (4,3±0,1) avaliados
significativamente ( <0,001) mais incorretos que os de pessoas em geral (3,7±0,1).

Figura 12. Representação do julgamento moral para cada fundamento das VFMs, para os
diferentes autores da violação, em que os valores representam o julgamento moral médio (1
=“ ”a5=“ ”) e as barras representam o intervalo de
confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.

Em seguida, a fim de investigar o achado relativo ao efeito principal de MOMENTO,


foi possível observar que independentemente dos demais fatores (AUTOR, GRUPO
experimental e FUNDAMENTO), os julgamentos morais realizados na segunda metade do
protocolo experimental apresentaram julgamentos significativamente ( <0,001) mais
101

elevados que os observados na primeira metade. Em seguida, uma vez que foi observada
interação entre os fatores MOMENTO e FUNDAMENTO, foi realizado de
Bonferroni, o qual revelou que os fundamentos da Lealdade (antes 3,3±0,1; depois 3,6±0,1) e
Pureza (antes 3,9±0,1; depois 4,1±0,1) apresentaram significativo aumento dos valores de
julgamento moral entre a primeira e segunda metade do protocolo ( <0,002). Por fim, unindo
os resultados relativos à interação MOMENTO*FUNDAMENTO e o efeito principal
observado para os autores refugiados, fizemos um de Bonferroni para investigar a
interação MOMENTO*AUTOR*FUNDAMENTO, que revelou (Figura 13) efeito
significativo somente nos fundamentos de Lealdade e Pureza para autores refugiados entre a
primeira e a segunda parte do protocolo, em que o julgamento moral de refugiados foi
significativamente aumentado ( <0,02) na segunda metade do protocolo (Lealdade 3,5±0,1;
Pureza 4,4±0,1) comparada com a primeira metade (Lealdade 3,2±0,1; Pureza 4,1±0,1).
102

Figura 13. Representação do julgamento moral para cada fundamento das VFMs, para os
diferentes autores da violação e para ambos os momentos avaliados, em que os valores
representam o julgamento moral médio (1 = “ ”a5=“ ”), as
barras representam o intervalo de confiança de 95% e os pontos representam as respostas
individuais.
Fonte: Próprio autor.

6.3 Modulação Afetiva (EAPN)

Finalizadas as análises exploratórias referentes ao julgamento moral dos diferentes


fundamentos e diferentes autores da violação, e considerando a variação do julgamento moral
nos diferentes momentos do protocolo experimental, se faz necessária a investigação de
possíveis variações afetivas entre o início e o término do protocolo, uma vez que o estado
afetivo dos participantes pode estar relacionado com a variação do julgamento.

Neste sentido, foi realizada ANOVA para medidas repetidas considerando como fator
os três grupos experimentais, o momento avaliado e a valência afetiva (Negativo e Positivo),
103

e como variável dependente considerou-se as respostas da escala EAPN para os afetos


positivos e negativos. Os resultados apontam efeito principal para os fatores MOMENTO
(F1,123=35,38; <0,001; ηp=0,22), VALÊNCIA (F1,123=169,02; <0,001; ηp=0,58) e a
interação MOMENTO*VALÊNCIA (F1,123=23,23; <0,001; ηp=0,16), mas não para o fator
GRUPO (F2,123=0,95; =0,389; ηp=0,02) e as interações GRUPO*MOMENTO (F2,123=0,31;
=0,731; ηp=0,01), VALÊNCIA*GRUPO (F2,123=0,60; =0,551; ηp=0,01), e
MOMENTO*VALÊNCIA*GRUPO (F2,123=0,35; =0,707; ηp=0,01). Considerando o efeito
observado para a interação MOMENTO*VALÊNCIA, de Bonferroni revelou que os
afetos Positivo (antes 31,6±0,7; depois 25,4±1,1) e Negativo (antes 18,1±0,7; depois
15,2±0,8) apresentaram significativa diminuição de seus níveis entre o início e o fim do
protocolo ( <0,001).

6.4 Sensação de odor desagradável

Considerando que a modulação experimental não foi efetiva para modular


especificamente o julgamento moral nem os afetos positivo e negativo, ainda se faz necessário
investigar se a modulação de odor negativo realmente modulou a sensação de desagrado,
como no estudo piloto. Para tal, foi realizada uma ANOVA univariada considerando o grupo
experimental como fator e os julgamentos da escala de desagrado em relação ao cheiro da sala
(1 = “ ”e7=“ ”) como variável dependente.
Assim como pode ser observado na Figura 14, o resultado apontou efeito significativo de
grupo (F2,123=31,37; 0,001; ηp=0,34), no qual de Bonferroni revelou que os níveis
de desagrado foram significativamente maiores ( <0,001) durante os grupos 4jatos (5,0±0,3)
e 6jatos (4,8±0,3) quando comparados ao grupo 0jatos (2,3±0,3). Não foi observada diferença
significativa entre os grupos experimentais ativos ( =1,000).
104

Figura 14. Representação do julgamento de odor desagradável para cada condição


experimental, em que os valores em preto representam o julgamento de desagrado médio (1 =
“ ”a5=“ ”), as barras representam o intervalo
de confiança de 95% e os pontos representam as respostas individuais.
Fonte: Próprio autor.

Apesar de não ter sido encontrado qualquer efeito significativo da modulação


experimental no julgamento moral, resta saber se ao menos a sensação de desagrado
apresentou alguma relação com os julgamentos morais dos diferentes fundamentos e dos
diferentes autores. Para isso, foi realizada uma análise de correlação de , na qual não
se observou qualquer relação significativa.
105

6.5 Sensibilidade ao nojo e julgamento moral

Avaliada a modulação da sensação de desagrado, se faz necessário avaliar se os níveis


de sensibilidade ao cheiro apresentaram alguma relação com os níveis de sensação de
desagrado e dos julgamentos morais. Assim, observou-se correlação positiva dos níveis de
sensibilidade com os julgamentos dos fundamentos de Cuidado e Pureza ( <0,01) para os dois
grupos de autores: pessoas em geral (Cuidado r= 0,27; =0,002; Pureza r= 0,42; <0,001) e
refugiados (Cuidado r= 0,21; <0,001; Pureza r= 0,24; 0,006), o que demonstra que
independentemente do autor da violação moral, participantes com maior sensibilidade ao nojo
julgam violações dos fundamentos de Cuidado e Pureza como mais incorretas. Não foram
observadas outras relações significativas. Uma possível explicação para estes achados
significativos poderia estar na relação entre a sensibilidade ao nojo e as ideologias social e
política, no entanto não foram observadas relações significativas, seja em relação à ideologia
social ( =0,649), seja em relação à ideologia política ( =0,184).
106

Figura 15. Representação da relação entre julgamento moral e sensibilidade ao nojo, para os
diferentes fundamentos morais e autores da violação. Os pontos representam as respostas
individuais dos participantes, a linha representada pela cor do autor da violação representa a
tendência linear, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha representa o intervalo de
confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.

6.6 Ideologias social e política

Um dos objetivos iniciais do estudo buscava compreender a relação entre os diferentes


níveis de ideologia social e a modulação do julgamento moral. A partir de uma dificuldade
em conseguir um número balanceado de participantes com perfil liberal, moderado e
conservador, optou-se por apenas considerar esta variável como uma medida de controle e
não mais como um fator. Neste sentido, foi realizada uma análise de correlação de
entre os valores da escala de ideologia social e os julgamentos morais, somente revelando
efeito significativo entre os fundamentos Autoridade para pessoas em geral (r= 0,29; =0,001)
e para refugiados (r= 0,24; =0,007), e Pureza para pessoas em geral (r= 0,28; 0,002).
107

Figura 16. Representação da relação entre julgamento moral e ideologia social, para os
diferentes fundamentos morais e autores da violação. Os pontos representam as respostas
individuais dos participantes, a linha representada pela cor do autor da violação representa a
tendência linear, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha representa o intervalo de
confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.

Em seguida, foi conduzida análise de correlação de para a ideologia política,


apenas como uma análise exploratória complementar. Os resultados apontam achados
compatíveis com os de ideologia social, em que foi observada associação significativa para o
fundamento de Autoridade para ambos os grupos de autores (pessoas em geral r= 0.29,
=0,001; refugiados r= 0.29, 0.001). Vale destacar que toda as correlações significativas
para as duas ideologias apenas apresentam correlação fraca (r<0,35).
108

Figura 17. Representação da relação entre julgamento moral e ideologia política, para os
diferentes fundamentos morais e autores da violação. Os pontos representam as respostas
individuais dos participantes, a linha representada pela cor do autor da violação representa a
tendência linear, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha representa o intervalo de
confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.

6.7 Hábitos de regulação emocional (supressão e reavaliação cognitiva)

Por fim, outra medida controlada, de significativa importância para o presente estudo,
foram os hábitos de regulação emocional, uma vez que possíveis regulações poderiam estar
relacionadas com controles cognitivos da resposta emocional, e consequentemente
relacionados às mudanças no julgamento moral. Neste sentido, inicialmente foi conduzida
análise de correlação de entre os julgamentos morais de ambos os autores da violação
e os seis fundamentos morais, com os níveis de hábitos de supressão emocional. Não foram
observadas quaisquer associações significativas ( >0,05). Em seguida, outra análise de
correlação, agora em relação aos hábitos de reavaliação cognitiva também não revelou
quaisquer associações significativas ( >0,05).
109

7. DISCUSSÃO

O presente estudo teve como objetivo geral aprofundar a investigação sobre o tópico
das emoções morais. Em particular, investigar a influência da exposição a estímulo evocador
da emoção de nojo diante de julgamento moral em relação a violações morais realizadas por
pessoas em geral e refugiados. Os tópicos abaixo apresentam a discussão relativa aos
resultados encontrados, nos quais se pode observar:

i) Ausência de efeitos do instrumento na variabilidade do nível de


afeto positivo e negativo a depender da intensidade de odor negativo;
ii) Significativo aumento de afetos negativos com o avanço da tarefa
experimental;
iii) Diferenças no julgamento moral de refugiados e pessoas em geral apenas em
relação ao fundamento moral da Pureza;
iv) Significativa diferença dos níveis de desagrado em relação ao cheiro da sala,
dos grupos 4jatos e 6jatos em comparação ao grupo 0jatos;
v) Significativo efeito da exposição ao odor negativo e modulação da sensação de
desagrado na sala experimental;
vi) Ausência de correlação significativa entre a sensibilidade ao nojo e a sensação
de desagrado na sala experimental;
vii) Correlação positiva entre a sensibilidade ao nojo e violações dos fundamentos
morais de Cuidado e Pureza para ambos os grupos de autores;
viii) Correlação positiva entre as ideologias social e política com violações do
fundamento moral da Autoridade em ambos os grupos de autores, e específica correlação
positiva entre a ideologia social e violações da Pureza para autores refugiados;
ix) Ausência de correlação significativa entre a sensibilidade ao nojo e as
ideologias social e política;
x) Ausência de correlação significativa entre os hábitos de regulação emocional e
os julgamentos morais de violações dos diferentes fundamentos.
110

7.1 Exposição ao odor desagradável

Um dos principais objetivos do presente estudo se caracterizou pela modulação da


emoção de nojo via exposição do participante a uma sala contendo diferentes intensidades de
odor negativo. Seguindo a literatura, esperava-se encontrar que conforme exposição ao odor
negativo fosse observada modulação do julgamento moral. Contudo não se observou qualquer
efeito significativo na comparação entre os grupos de exposição ao odor (4jatos e 6jatos) com
o grupo controle (0jatos), e mesmo na comparação entre ambos os grupos ativos.

Segundo alguns estudos recentes, como o de LANDY e GOODWIN (2015), os


resultados, quando analisados conjuntamente, apontam que a literatura a respeito da influência
da emoção de nojo no comportamento/julgamento moral pode suscitar alguns pontos
relevantes de debate. Um primeiro ponto de debate levantado por LANDY e GOODWIN
(2015) está no fato de que quando comparados os tamanhos de efeito relacionados à indução
de nojo fica claro o viés de publicação, quando estudos com efeitos maiores são publicados e
aqueles com tamanhos de efeito menores não são. Somente este ponto já poderia explicar a
ausência de efeito aqui encontrada. Contudo, outros pontos se destacam, como as diferentes
formas de indução da emoção de nojo. Em seu estudo de meta-análise LANDY e GOODWIN
(2015) puderam observar que a indução da emoção de nojo por meio de estímulos olfativos e
gustativos era significativamente mais forte que a indução por meio de estímulos visuais. Este
ponto possivelmente não justifica a ausência de efeitos significativos no presente estudo, uma
vez que aqui foi utilizada a indução de nojo por estímulo olfativo. Além disso, assim como
apresentado nos resultados e melhor discutido a seguir, neste estudo foi encontrada variação
no nível de desagrado conforme exposição a odor negativo comparada ao grupo experimental
sem exposição.

Apesar de não encontrar efeito de modulação através do cheiro, os níveis de avaliação


do odor ativos, ou seja, de 4jatos e 6jatos, avaliados no final da tarefa de cada participante,
apresentaram diferença significativa na intensidade do odor negativo comparado com o grupo
que não apresentava odor nenhum na sala. Esses dados estão de acordo com os resultados do
estudo piloto realizado, que orientou a modulação experimental deste estudo. Ou seja, há
concordância nos dados de que houve o odor significantemente negativo na sala e dos níveis
do odor na sala em relação ao piloto, embora não haja efeito de modulação do julgamento
moral através do cheiro. Considerando o trabalho de LANDY e GOODWIN (2015), é possível
111

compreender que de fato os participantes podem ter sentido o odor negativo e


consequentemente sentido repulsa/desagrado, no entanto essa exposição e essa percepção
podem não ter gerado qualquer efeito no julgamento moral. Além disso, novamente
considerando o trabalho de LANDY e GOODWIN (2015), vale destacar que o efeito
significativo da indução da emoção de nojo no julgamento moral observado por alguns
trabalhos encontra-se majoritariamente em relação ao julgamento de violações do nojo e não
necessariamente em relação a outras formas de violação moral, como aqui investigadas
considerando os demais fundamentos morais.

7.2 Julgamento moral entre os dois momentos avaliados

Observamos que na avaliação do efeito principal de MOMENTO, o julgamento dos


participantes no segundo momento foi avaliado como mais errado, em comparação com o
primeiro momento. Além disso, considerando que foi encontrado um efeito de interação
MOMENTO*FUNDAMENTO, foi possível observar que os dois únicos fundamentos que
variam significantemente entre o primeiro e o segundo momento de resposta são os
fundamentos de Lealdade e Pureza, em que eles são avaliados como mais errados no segundo
(Figura 13). Podemos sugerir, de acordo com esse resultado, que pode ser um efeito gerado
pelo cansaço dos participantes no final da tarefa, ou a ansiedade de finalizar a coleta. Neste
sentido, foi importante avaliar se houve diferença afetiva entre os momentos. Feito isso,
observamos que houve uma queda tanto em afeto positivo quanto negativo, comparando os
dados de antes e depois da tarefa. Ou seja, no segundo momento da tarefa os participantes
podem ter avaliado os fundamentos como mais errados devido a uma modulação afetiva.
Diante disso, mais estudos são necessários para verificar o efeito da variação afetiva na
modulação específica do julgamento de violações de cada fundamento moral.

Foi possível observar, ainda, que em relação ao efeito observado para a interação
AUTOR*FUNDAMENTO há uma diferença significativa no julgamento do grupo de
refugiados, em que são avaliados como mais errados em comparação com o grupo de pessoas
em geral, especificamente no fundamento de Pureza. Considerando este achado, é interessante
observar que somente neste fundamento (Pureza) e neste grupo (refugiados) ocorre uma
variação entre o primeiro e o segundo momento, em que violações da Pureza são avaliadas no
grupo de refugiados como mais incorretas no segundo momento. Este achado encontra-se
112

alinhado com a literatura que demonstra um forte efeito de viés de , ou seja, uma
distorção do julgamento considerando maior preferência para membros internos ( )e
um maior distanciamento em relação a membros externos ( ). Considerando o
trabalho de CAPTARI (2019), fica claro que o comportamento de humildade em relação
a refugiados encontra correlação positiva com os fundamentos morais individualizantes e
correlação negativa com os fundamentos coesivos. Além disso, este trabalho ainda encontrou
que o comportamento preconceituoso em relação a refugiados apresenta correlação negativa
com os fundamentos morais individualizantes e correlação positiva com os fundamentos
coesivos. Assim, pode-se entender que a forma de lidar com refugiados apresenta por base um
distanciamento que pode ser compreendido por meio da desumanização. A linha de estudo
iniciada por FISKE (2007) demonstrou que imagens de indivíduos extremamente
tendem a ser considerados com baixa competência e baixa afinidade, promovendo
um senso de nojo e consequentemente uma busca por distanciamento, a fim de se evitar
qualquer contaminação. Deste modo, no presente estudo, diante de situações violação de
Pureza cometidas por refugiados, os participantes apresentaram julgamentos morais
significativamente mais elevados do que para pessoas em geral, e essa diferença ficou ainda
mais saliente no segundo bloco de respostas. Possivelmente, assim como apresentado
anteriormente, a variação de afeto ao longo da tarefa deve ter promovido um impacto no
julgamento específico de refugiados nesse fundamento. Mais estudos se fazem necessários
para se esclarecer esse possível efeito da variação de afeto no julgamento moral de refugiados
cometendo violações morais da Pureza.

Antes de continuar a discussão, um ponto merece destaque. Na descrição do método


do presente estudo, pode-se observar que foram utilizadas 42 vinhetas para cada momento
avaliado, sendo 30 para pessoas em geral e 12 para refugiados. Assim, pessoas em geral
contaram com cinco vinhetas para cada um dos fundamentos, enquanto refugiados contaram
com apenas duas vinhetas para cada fundamento. Esta diferença deve ser considerada como
um erro experimental, uma vez que todas as 30 vinhetas utilizadas para pessoas em geral eram
passíveis de adaptação para refugiados. Por conta deste erro, o número de vinhetas para o
cálculo da média restringiu a qualidade do dado, fazendo com que os resultados devam ser
compreendidos com cautela. Além disso, a amostra de cada grupo experimental foi dividida
em duas, sendo metade apresentada a 42 vinhetas e a outra metade a outras 42 vinhetas em
cada momento avaliado, destacando outro erro experimental. Este segundo erro fez com que
a comparação do julgamento entre os dois momentos avaliados deva novamente ser
113

compreendido com cautela, uma vez que não foram as mesmas vinhetas que foram
apresentadas nos dois momentos avaliados.

Cabe reforçar, no entanto, que este estudo conseguiu alcançar seu objetivo no intuito
de demostrar, apesar das limitações experimentais apresentadas acima, as diferenças no
julgamento moral de violações cometidas por refugiados e pessoas em geral.

7.3 Sensibilidade ao nojo

Especificamente em relação aos níveis de sensibilidade ao nojo, é possível questionar:


os resultados obtidos poderiam ter sido diferenciados devido à sensibilidade de cheiro dos
participantes? Para isso, foi feita a análise de correlação entre a escala de sensibilidade ao nojo
(ESN) e o nível de odor da sala, sendo observado que não houve resultado significativo, ou
seja, o nível de sensibilidade ao nojo do participante não teve nenhuma relação com o nível
de odor que eles julgavam estar na sala. Todavia, ao verificar a correlação do nível de
sensibilidade ao nojo e o julgamento moral em relação a todos os julgamentos do grupo de
pessoas em geral e refugiados, foram observados resultados significantemente relevantes nos
fundamentos de Cuidado e Pureza. Isto é, maior sensibilidade ao nojo está relacionada com o
julgamento mais severo de violações dos fundamentos de Pureza e Cuidado.

Por fim, ainda considerando a escala de sensibilidade ao nojo, foram feitas duas
correlações com as ideologias social e política. Não se observou resultados significativos, o
que demonstra que a sensibilidade ao nojo não está relacionada com os polos de ideologia
social, conservadores e liberais, e de ideologia política, esquerda e direita. Este achado pode
ser compreendido a partir do trabalho de FEINBERG (2014), no qual os autores
encontraram que independentemente da sensibilidade ao nojo o perfil ideológico social mais
liberal está relacionado com maior tendência a reavaliar a sensação do nojo. Assim,
possivelmente não foram observadas correlações com a sensibilidade ao nojo e ambas as
ideologias investigadas, pois o que deveria ter sido avaliado era a tendência a reavaliar o nojo,
e não a sensibilidade a este. Estudos futuros devem considerar estas duas métricas
(sensibilidade e tendência a reavaliar o nojo) como medidas de controle.
114

7.4 Ideologias social e política

Quando foram correlacionados o julgamento moral dos fundamentos morais com as


ideologias, foi possível observar que houve correlação positiva com o fundamento da
Autoridade independentemente do grupo e no fundamento de Pureza em relação ao grupo de
pessoas em geral. Este resultado encontra-se alinhado ao Estudo 1 da presente Tese, no qual
tanto os julgamentos em relação à Autoridade quanto em relação à Pureza apresentaram
correlação positiva com ambas as ideologias investigadas. No entanto, o Estudo 1 apresenta
outras correlações positivas e, além disso, apresenta, por meio da análise de regressão, que o
julgamento a outros fundamentos prediz ambas as ideologias. Especificamente, foi encontrado
que tanto Cuidado físico como Liberdade e Autoridade predizem efetivamente a ideologia
social, assim como Cuidado emocional, Liberdade, Autoridade e Lealdade predizem a
ideologia política. Possivelmente, as discrepâncias entre os estudos podem-se justificar por
alguns pontos. Primeiro, o presente estudo foi iniciado antes da finalização da análise fatorial
do Estudo 1, portanto a divisão em sete fundamentos não foi contemplada no presente estudo.
Desta forma, manter tanto vinhetas de Cuidado físico como emocional dentro do mesmo grupo
de vinhetas (Cuidado) pode ter levado à correlação significativa entre Cuidado e ambas as
ideologias. Segundo, Liberdade, Lealdade e Pureza correlacionaram significativamente com
ambas as ideologias no Estudo 1, não ocorrendo no presente estudo. Esta diferença pode ser
justificada considerando que no Estudo 1 foram utilizados os valores médios para cada um
dos fundamentos, considerando todas as vinhetas validadas para o Brasil, enquanto no
presente estudo foi calculado o valor médio de cinco vinhetas apenas para cada fundamento.

7.5 Regulação emocional

Em relação à escala de regulação emocional, não foi observada qualquer influência


dos níveis de hábito de supressão emocional e reavaliação cognitiva no julgamento moral.
Estes achados encontram-se distintos da literatura. Segundo os achados do trabalho de LI
(2017), era esperado que o julgamento de todos os fundamentos morais tivesse correlação
negativa com os hábitos de reavaliação cognitiva, e que especificamente o julgamento moral
dos fundamentos de Cuidado e Justiça pudesse predizer os hábitos de reavaliação cognitiva.
Já em relação aos hábitos de supressão emocional, não era esperada nenhuma correlação
significativa. Essa comparação é fortemente justificada uma vez que tanto o presente estudo
115

como o estudo de LI (2017) utilizaram o mesmo questionário de avaliação dos hábitos


de regulação emocional (Questionário de Regulação Emocional) adaptado de GROSS e JOHN
(2003) e ambos os trabalhos utilizaram como medida de julgamento moral o instrumento de
CLIFFORD (2015). Possíveis variações culturais podem ter comprometido a replicação
dos resultados, visto que o trabalho de LI (2017) foi conduzido na China, fortalecendo
a importância de novos estudos replicarem essas análises, inclusive em diferentes contextos
culturais e nacionalidades.

7.6 Limitações e direções futuras

As principais limitações deste estudo são: i) o não balanceamento dos autores das
violações entre homens e mulheres, impossibilitando a comparação do julgamentos entre os
sexos; ii) não foi balanceado o número de vinhetas para pessoas em geral e refugiados; iii)
não foram testadas as diferenças entre violações morais com envolvimento pessoal sem
envolvimento pessoal; iv) não foram testadas vinhetas apresentando membros do ;e
v) não foram avaliados os níveis de afetuosidade e competência dos autores das violações,
dificultando a categorização destes como reais . Em função disso, é necessário fazer
mais estudos a fim de compreender diferentes facetas do julgamento de violações morais, bem
como do papel do processo de categorização grupal no julgamento dos diferentes fundamentos
morais.
116

8. CONCLUSÃO

Apesar da manipulação do cheiro não ter se mostrado eficaz para modular o


julgamento moral, contrariamente a nossas hipóteses iniciais, a manipulação dos autores das
violações se mostrou eficaz, uma vez que ouve diferença significativa no julgamento moral
de acordo com o autor da violação, especificamente em relação ao fundamento da Pureza.
Esse resultado reforça os modelos de estereótipos de estudos anteriores (HARRIS e FISKE,
2006; FISKE , 2007; FISKE, 2018), mostrando que há diferença no julgamento
emocional, social e afetivo de acordo com os grupos sociais quando avaliados como
extremo. Diante destes achados, uma investigação aprofundada acerca da forma como
violações morais em relação a diferentes grupos sociais, considerados , pode
contribuir para um melhor entendimento acerca das bases dos julgamentos sociais.
117

ESTUDO 3

IMPACTO DA PROXIMIDADE INTERPESSOAL


NO JULGAMENTO DE VINHETAS
APRESENTANDO VIOLAÇÕES DO CUIDADO
EMOCIONAL E FÍSICO
118

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

O Estudo 3 teve como objetivo geral investigar o julgamento moral de vinhetas


relacionadas a violações do fundamento moral do Cuidado (emocional e físico), considerando
diferentes categorias grupais ( e ) de autores e vítimas das violações morais.
Em outras palavras, buscou-se compreender o papel de categorias grupais de autores e vítimas
em situações de violação do fundamento do Cuidado, no julgamento moral destas situações.

O presente estudo se justifica uma vez que os resultados obtidos permitirão


compreender possíveis distorções perceptivas relacionadas à categorização social, que por um
lado possibilitam o estreitamento de relações interpessoais em situações de , mas que
por outro lado, nas situações de muitas vezes promovem o distanciamento
interpessoal e um aumento na rigidez dos julgamentos morais. Além disso, os achados em
relação a indivíduos do possibilitarão compreender de que forma esse viés para o
promove movimentos de desengajamento moral que influenciam o julgamento moral.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Violações do Cuidado e percepção de dor

Como apresentado por HAIDT (2012), o fundamento moral do Cuidado/Agressão


representa situações que envolvem prejuízo no cuidado emocional e físico entre humanos e
humanos em relação a animais. No Estudo 1 da presente Tese, o processo de validação do
instrumento de CLIFFORD (2015) revelou, através da
análise fatorial, uma especificidade dentre as vinhetas deste fundamento, uma divisão
significativa entre vinhetas relativas às violações do Cuidado emocional e do Cuidado físico,
independentemente se a vítima fosse um humano ou um animal.

Estas duas formas de Cuidado, embora aparentemente distintas, apresentam em sua base
processos semelhantes. Estudos recentes demonstram que o processamento sensorial da dor
em si e o processamento da percepção de dor no outro compartilham dos mesmos sistemas
neurais (LAMM , 2011). Além disso, outros estudos revelam que outras formas de dor
também podem recrutar sistemas semelhantes. Esse é o caso da dor social, que pode ser
entendida como uma resposta emocional e física de dor frente a uma situação de rejeição,
119

exclusão, ostracismo e injustiça (LIEBERMAN e EISENBERGER, 2006). Embora


aparentemente distantes de situações de dor física que envolvam machucados, ferimentos,
contusões e mutilações, situações de dor social representam em sua base situações que
colocam o indivíduo em condições aversivas, de desconforto e que geram danos à essência
emocional do indivíduo, ou seja, condições muito semelhantes a dores físicas. Assim, para
ambos os tipos de dor, o que se observa é um impulso de busca pela sobrevivência, seja se
distanciando de condições dolorosas, reagindo com repulsa à exposição a imagens de dor ou
julgando estas condições como mais negativas, mais ativadoras de sistemas fisiológicos
(aumento do recrutamento simpático) e/ou como mais erradas. Além disso, é importante
destacar que, assim como a percepção de dor em si apresenta uma correlação positiva com a
percepção da dor no outro, revelando um componente empático na percepção de dor, alguns
estudos apontam que a presença de comportamento empático diante de situações de dor social
está relacionada com comportamentos pró sociais (TWENGE , 2007; MASTEN ,
2011). Ou seja, a percepção de dor em si e no outro parece estar relacionada com processos
sociais como comportamentos de ordem moral.

Contudo, esses achados relativos à percepção de dor, tipicamente levam em conta tarefas
de percepção de expressões faciais de dor ou parte do corpo (por exemplo mãos, pés e rosto),
sendo estimuladas por um estímulo doloroso (por exemplo uma agulha), muitas vezes não
apresentando o autor da situação de dor. Este elemento possui grande importância no
julgamento moral, uma vez que tipicamente a intensidade do julgamento se dá por conta de
quem cometeu o ato, possuindo diversas variáveis como possíveis moduladoras desse
julgamento, como contexto social (AKITSUKI e DECETY, 2009). Um exemplo dessas
variáveis está em estudos que apresentam variações no julgamento de dor do outro a depender
de sua etnia, sendo considerada ou (CIKARA , 2011). O que esses
estudos demonstram, de maneira geral, é uma maior empatia com a dor de indivíduos do
comparado a indivíduos do , seja medido por escala quanto por resposta de
ativação cerebral (XU , 2009; AVENANTI , 2010; AZEVEDO , 2013).

Agora, considerando os processos emocionais por trás do julgamento moral, e levando


em conta, assim como apresentado no Estudo 2, que diferenças na categorização social podem
influenciar o julgamento moral, os tópicos a seguir apresentam alguns achados a respeito do
que vem a ser o processo de categorização e e também a relação entre a
categorização grupal e o julgamento moral.
120

2.2. &

FISKE (2007), assim como HAIDT (2003), apontam a importância do processo


de categorização e julgamento para a sobrevivência e evolução da espécie humana. Mais
especificamente, através desses processos, possíveis aliados/ ou inimigos/
(categoria da afetuosidade) são identificados e categorizados. De acordo com a teoria da infra-
humanização, as pessoas atribuem mais emoções exclusivamente humanas a grupos de
pessoas do do que do (CASTANO , 2002), independentemente da
valência da emoção (CORTES , 2005). Ou seja, esses achados indicam que mesmo
processos de reconhecimento emocional se encontram enviesados ao priorizar o
reconhecimento daqueles tidos como .

Assim, desde trabalhos clássicos como o de TAJFEL (1971), no qual se


demonstrou uma tendência ao favorecimento do grupo em relação ao , muito tem se
descoberto a respeito do efeito do . Este efeito, caracterizado por uma preferência por
aqueles que fazem parte do próprio grupo, se apresenta saliente em diversas formas de
definição do que vem a ser o grupo. Um exemplo desta saliência está no trabalho de
MORRISON (2012), no qual foi demonstrado que a preferência para o ocorre
mesmo quando apenas palavras que representam o grupo são apresentadas. Mais tarde, o
mesmo grupo também demonstrou, por meio de uma tarefa em que os participantes eram
categorizados em grupos de cores (azul ou vermelho), que a preferência para o ocorre
inclusive quando a definição do grupo se dá apenas no momento do experimento
(MOLENBERGHS e MORRISON, 2012), destacando mais uma vez a saliência desse
processo de categorização.

Outro ponto de relevante impacto na presente temática está no fato de que a preferência
para o pode se manifestar inclusive pelo desvalor de atitudes degradantes cometidas
pelo membro do , como reportado por CAMPANHÃ (2011). Em uma tarefa
clássica de divisão monetária conhecida como o Jogo do Ultimato, em que os participantes
propunham divisões para um amigo e um desconhecido e de forma contrária o computador
propunha algumas divisões aos participantes, estes acreditando que estavam recebendo
propostas do amigo e do desconhecido. Os autores demonstraram que os participantes
aceitaram mais propostas justas e injustas que eles acreditavam vir de seu amigo, comparado
121

a propostas do desconhecido, além do fato de que os participantes avaliaram seus amigos


como mais justos, mesmo diante de propostas injustas. Estes achados destacam o forte efeito
de mesmo em situações de violações da justiça distributiva, indicando que
possivelmente violações morais cometidas por um membro do podem ser
amenizadas, enquanto violações cometidas por podem ser amplificadas como mais
imorais. Desta forma, possíveis diferenças na percepção de violações morais podem muito
possivelmente ocorrer por causa de diferenças na categorização de e ,
tanto do autor da violação quanto pela categorização social da vítima da violação

2.3. Categorização social e julgamento moral

O recente estudo de LIBERMAN (2018) demonstrou que crianças com idade entre
3 e 11 anos apresentam expectativa de que indivíduos do apresentarão
comportamentos em conformidade com as normas morais, enquanto que a expectativa em
relação a indivíduos do é de que estes violarão tais normas. Neste sentido, situações
de violação moral cometidas por indivíduos do devem ser compreendidas e
justificadas, a fim de não haver algum tipo de quebra de expectativa, ocorrendo diferentes
formas de “efeito de compensação” ou de desengajamento moral.

Desengajamento moral, conceito criado por Albert Bandura, diz respeito ao efeito de
abstração da consciência em relação a fatos e atos imorais, o qual possibilitaria que atos
imorais fossem considerados menos impactantes, seja para quem observa, seja para quem o
causa (BANDURA, 1990). Desta forma, comportamentos imorais causados por indivíduos do
seriam considerados menos errados e, portanto, não quebrariam a expectativa inicial
de que tal membro do se comportaria em conformidade com a norma. Segundo
MORTON e POSTMES (2011), uma possível forma de desengajamento moral ocorreria por
meio da “humanidade compartilhada”, que basicamente se caracteriza pela consideração de
que determinado ato imoral deve ser considerado como um “erro humano”, e portanto menos
imoral. No entanto, os autores encontraram uma correlação negativa entre a crença na
humanidade compartilhada e o sentimento de culpa por violação causada por um . Já
segundo o trabalho de AGUIAR (2017), outro mecanismo de desengajamento moral em
relação a violações cometidas pelo estaria relacionado ao efeito positivo ou negativo
122

de tal violação. Estes autores apontam que o viés de se atribuir um efeito positivo para uma
violação moral garantiria a proteção da identidade do grupo.

Por fim, vale apresentar o estudo de MOLENBERGHS (2014), que embasa


substancialmente o presente estudo. Os autores buscaram investigar a sensibilidade moral, ou
seja, os mecanismos automáticos envolvidos no processamento moral que estariam
relacionados ao processamento neural anterior a uma elaboração cognitiva mais sofisticada,
caracterizados por respostas emocionais vicárias à percepção de uma violação moral a outrem.
Neste sentido, eles desenharam um estudo no qual os participantes observavam uma sequência
de imagens apresentando agressões físicas de um indivíduo que poderia ser do ou
em relação a outro indivíduo do ou , ao mesmo tempo que eram
registradas imagens cerebrais e o participante relatava sua sensibilidade em relação ao autor e
à vítima. Os achados revelam maior sensibilidade em relação às vítimas do em
comparação com as vítimas do , somente quando o autor da violação era do
. Estes achados estão de acordo com os achados anteriores relacionados ao efeito de
demonstrando específica maior sensibilidade moral para violados por
. Além disso, os autores observaram que esta maior sensibilidade em relação à vítima
do está diretamente relacionada com maior ativação do Cortex Orbitofrontal, da
Amígdala e da Ínsula, o que explicaria a maior sensibilidade.

Contudo, apesar deste último estudo ter controlado tanto as categorias sociais de autores
e vítimas, resta saber se o nível de proximidade em relação a ambos possui alguma relação
com o julgamento moral da situação. Além disso, levando em consideração a relação entre
violações físicas e emocionais, se faz necessário a avaliação de ambos os tipos. Apresentado
o referencial teórico que embasa o presente estudo, a seguir encontram-se as descrições dos
objetivos, métodos e procedimentos.
123

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Este estudo teve como objetivo geral investigar o julgamento moral de vinhetas
relacionadas a violações do fundamento do Cuidado (emocional e físico), considerando
diferentes categorias grupais ( e ) de autores e vítimas das violações morais.

3.2 Objetivos específicos

Diferenciar o julgamento moral de vinhetas apresentando violações do


fundamento do Cuidado emocional e físico.
Diferenciar o julgamento de proximidade em relação à vítima da violação entre
violações do Cuidado emocional e físico.
Diferenciar o julgamento de proximidade em relação ao autor da violação entre
violações do Cuidado emocional e físico.
Correlacionar o julgamento moral e o julgamento de proximidade em relação
à vítima da violação de ambos os tipos de Cuidado.
Correlacionar o julgamento moral e o julgamento de proximidade em relação
ao autor da violação de ambos os tipos de Cuidado.
124

4. HIPÓTESES E RESULTADOS ESPERADOS

Tendo em vista o modelo experimental aqui proposto, serão sugeridas hipóteses para os
diferentes objetivos específicos. Considerando os achados de estudos como o de
MOLENBERGHS (2014), em que as diferenças entre pertencer ao ou ao
modulam processos de decisão como o julgamento moral, é esperado que as
categorias nas quais indivíduos do forem vítimas de violações do fundamento do
Cuidado apresentarão julgamentos morais mais elevados, bem como maior proximidade em
relação à vítima e maior distanciamento em relação ao autor. Por outro lado, nas condições
em que indivíduos do forem autores das violações, espera-se que menores
julgamentos morais sejam observados, bem como maior distanciamento em relação à vítima
e maior proximidade em relação ao autor. Em situações em que tanto vítimas como autores
forem do espera-se que ambos os níveis de proximidade se encontrarão altos, no
entanto o julgamento moral se encontrará mais baixo do que na condição em que o autor for
do e a vítima do . Já em relação aos julgamentos de proximidade, espera-se
que a proximidade seja maior em relação ao (tanto para autor quanto para vítima),
mas possivelmente apresentará menor proximidade em relação aos autores do quando
a vítima também for do .

Por fim, considerando os dois tipos de violações, físicas e emocionais, espera-se que
ambas sejam julgadas de maneira semelhante, no entanto acredita-se que violações físicas
sejam avaliadas como mais incorretas. Não existem hipóteses em relação à forma específica
com que cada tipo de violação se relacionará com os julgamentos de proximidade.
125

5. MÉTODO

Este estudo foi realizado pelo (SCNLab;


Rua Piauí, 181, 10°andar, São Paulo) do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP). No entanto, todo o processo de
recolha dos dados comportamentais dos participantes ocorreu em ambiente virtual, ou seja,
todos os participantes responderam aos questionários de forma em ambiente externo
ao laboratório. Todos os procedimentos de organização e análise de dados foram realizados
dentro de ambiente laboratorial.

Este estudo contou com um experimento de design transversal. Além disso, a amostra
foi divida em duas, sendo metade exposta a violações do Cuidado emocional e metade exposta
a violações do Cuidado físico. A seguir, encontra-se a descrição detalhada do método
realizado.

5.1 Participantes

Estimou-se o tamanho de amostra de 960 indivíduos declaradamente saudáveis


(baseado no autorrelato) de ambos os sexos e com idades compreendidas entre 18 e 35 anos.
Os participantes foram randomicamente subdivididos em 12 grupos de 80 participantes cada,
participando apenas de um grupo. Foram incluídos apenas aqueles: i) sem histórico de doenças
neurológicas, psiquiátricas e psicológicas severas (autorrelato); ii) com idade entre 18 e 35
anos; iii) sem uso de medicamento que atue no sistema nervoso central; iv) sem histórico de
dependência de álcool ou outras drogas; e v) aqueles que não haviam participado de outro
formulário do presente estudo. O recrutamento se deu por meio de informativos eletrônicos e
os participantes foram pré-selecionados a partir da lista de participantes de estudos anteriores
sobre a moral conduzidos no laboratório. Todos os participantes forneceram seu
consentimento de participação no estudo por escrito através do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE; Anexo C), sendo que ao final receberam créditos extracurriculares pela
colaboração.
126

5.2 Instrumentos

Questionário Pessoal: Questionário semiestruturado com perguntas sobre


idade, uso de medicações e histórico de saúde.

Vinhetas do Fundamento do Cuidado: Instrumento criado especificamente para


este estudo, pelos pesquisadores Dr. Walter Sinnott-Armstrong e Dra. Hyo-eun Kim. O
instrumento se caracteriza por 48 vinhetas, representando violações do fundamento do
Cuidado, no qual 24 representam violações do Cuidado emocional e 24 do Cuidado físico.
Além disso, cada um dos grupos de 24 vinhetas possui uma divisão em quatro categorias
grupais com seis vinhetas cada: IO) um indivíduo como autor da violação e um
como vítima da violação; II) um indivíduo como autor da violação e um
como vítima da violação; OI) um indivíduo como autor da violação e um
como vítima da violação; e OO) um indivíduo como autor da violação e
um como vítima da violação. Desta forma, assim como pode ser observado no
Anexo T, foram criados seis formulários via ® para cada tipo de Cuidado
(emocional e físico), contando cada um com quatro vinhetas, uma para cada combinação de
categorias grupais (II, IO, OI, e OO).

Os participantes deveriam realizar três principais julgamentos: i) julgar em uma escala


de 100 pontos, o “ ” (1 = “ ” e 100 =
“ ”); ii) julgar em uma escala de 5 pontos, “
” (1 = “ ”e5=“ ”); iii). julgar em
uma escala de 5 pontos, “ ” (1 = “
”e5=“ ”). Este instrumento possuiu como material final de
análise os valores médios relativos a cada um dos três julgamentos para cada uma das quatro
categorias grupais (II, IO, OI e OO).
127

5.3 Procedimentos

Os participantes que se enquadraram nos critérios de inclusão do presente estudo foram


convidados a responder um formulário apenas uma vez. Inicialmente, foi entregue e
apresentado o TCLE e, em seguida, cada participante foi convidado a responder à tarefa de
Vinhetas do Fundamento do Cuidado (sendo randomicamente alocado a um dos 12
formulários). Terminada esta etapa, era agradecida a participação e no período de uma semana
os participantes recebiam seus créditos extracurriculares via . A participação levava
cerca de 25 minutos.

Figura 18. Representação do desenho experimental do Estudo 3.


Fonte: Próprio autor.

5.4 Aspectos éticos

O estudo foi conduzido de acordo com os requerimentos do Comitê de Ética da


Universidade Presbiteriana Mackenzie e também baseado nas recomendações estabelecidas
na Declaração de Helsinki (1964), conforme emenda em Tóquio (1975), Veneza (1983) e
128

Hong-Kong (1989). Todos os participantes tiveram pleno conhecimento dos objetivos e


métodos do experimento, assim como forneceram consentimento por meio do preenchimento
do TCLE virtual (Anexo C). Os participantes foram devidamente avisados que poderiam
deixar o estudo a qualquer momento que desejassem sem necessidade de justificativa. Além
disso, todas as informações fornecidas foram estritamente sigilosas e cada participante foi
nomeado e referenciado com uma codificação. Por fim, a coleta de dados do presente estudo
só foi iniciada após aprovação pelo Comitê de Ética da Universidade Presbiteriana Mackenzie
e pela Plataforma Brasil (CAAE: 76803617.5.0000.0084; data de aprovação: 28/11/2017).

5.5 Análise estatística dos dados

Todos os testes estatísticos realizados e reportados no presente estudo utilizaram nível


de significância (α) de 5%, e foram feitos com o uso do pacote estatístico STATISTICA
(versão 8.0, Dell, N. C., USA). A seguir, encontram-se as especificidades das análises
estatísticas realizadas:

O julgamento moral das vinhetas foi realizado com uma ANOVA para medidas
repetidas, em que as variáveis dependentes se caracterizaram pelos valores obtidos no
julgamento, e os fatores foram os TIPOs de Cuidado e as CATEGORIAs grupais.
Considerando o julgamento de proximidade ao autor da violação da vinheta,
foi realizada uma ANOVA para medidas repetidas, em que as variáveis dependentes se
caracterizaram pelos valores obtidos no julgamento, e os fatores foram os TIPOs de Cuidado
e as CATEGORIAs grupais.
Considerando o julgamento de proximidade à vítima da violação da vinheta,
foi realizada uma ANOVA para medidas repetidas, em que as variáveis dependentes se
caracterizaram pelos valores obtidos no julgamento e os fatores foram os TIPOs de Cuidado
e as CATEGORIAs grupais.
Nas ANOVAs em que efeitos estatisticamente significativos foram observados
( <0.05), fez-se teste Bonferroni para se averiguar o sentido dos efeitos observados.
129

Complementando as análises de variância, análises de correlação de


foram realizadas pensando em duas relações: i) julgamento moral e proximidade com a vítima;
e ii) julgamento moral e proximidade com o autor.
Todos os gráficos apresentam como valor representado a média±intervalo de
confiança da variável dependente analisada (levando em consideração o intervalo de confiança
de 95%). Por outro lado, ao longo do texto, na descrição dos achados das ANOVAs e análises
, os valores representados correspondem à média±erro padrão da variável dependente
analisada.
Todos os gráficos foram construídos por meio do software R-Studio® e da
biblioteca GGPLOT2, utilizando gráficos e .
130

6. RESULTADOS

A descrição dos resultados a seguir apresenta apenas os dados relativos às análises


realizadas com os dados brasileiros.

6.1 Amostra

Considerando possíveis perdas amostrais, no presente projeto foram coletados 960


participantes declaradamente saudáveis, sem qualquer histórico de transtorno psiquiátrico,
neurológico e em sua maioria universitários. Dos participantes coletados, 86 foram excluídos
de todas as análises descritas, uma vez que antes da tarefa experimental alguns participantes
não passaram pelo critério de exclusão relacionado à compreensão da tarefa e medida de
atenção. Desta forma, a amostra se caracterizou por 874 participantes declaradamente
saudáveis, sem qualquer histórico de transtorno psiquiátrico, neurológico e em sua maioria
universitários, sendo 684 mulheres e 190 homens com idade média de 22.57 anos (±5.65).

6.2 Julgamento moral

Inicialmente, considerando os julgamentos morais, foi realizada ANOVA para


medidas repetidas no intuito de se demonstrar possíveis variações no julgamento moral em
relação às diferentes categorias grupais e tipos de Cuidado. Os resultados apontam diferenças
significativas para o fator CATEGORIA (F3.2616=12.88; <0.001; ηp=0.01), TIPO
(F1.872=52.18; <0.001; ηp=0.06) e apenas uma tendência para a interação
CATEGORIA*TIPO (F3.2616=2.60; 0.050; ηp=0.00), revelando julgamentos mais severos
para violações do Cuidado físico (PP; 89.40±0.60) comparado às violações do Cuidado
emocional (EP; 83.70±0.60). A partir destes achados, foram realizados dois testes
Bonferroni. O primeiro, relacionado ao efeito principal de CATEGORIA, revelou que o
julgamento moral das categorias OI (88.20±0.07), IO (86.8±0.70) e II (88.00±0.70) são
significativamente mais severos ( 0.001) que o julgamento para a categoria OO
(83.10±0.80). Não foi encontrada qualquer diferença significativa entre as categorias OI, IO
e II ( ≥0.690). Em seguida, apesar de apenas ter sido encontrada tendência para efeito
significativo para a interação CATEGORIA*TIPO, realizamos um segundo teste de
131

Bonferroni. Assim como pode ser observado na Figura 19, tanto as categorias OO (emocional
– 79.90±0.11; físico – 86.40±0.11), OI (emocional – 85.80±0.10; físico – 90.60±0.09) e II
(emocional – 83.90±0.10; físico – 92.10±0.90) se diferem significativamente ( 0.015) entre
os tipos de Cuidado. Não foi encontrada qualquer diferença significativa para a categoria IO
(emocional – 85.10±0.10; físico – 88.40±0.09) entre os diferentes tipos de Cuidado ( =0.456).
Interessante destacar que esta ausência de diferenças entre Cuidado emocional e físico para a
categoria IO representa principalmente um menor julgamento para Cuidado físico nesta
categoria. Isto pode ser afirmado uma vez que Cuidado emocional nesta categoria apenas se
diferencia estatisticamente do observado na categoria OO ( =0.002), enquanto Cuidado físico
nesta categoria não se diferencia das demais categorias ( >0.147).

Figura 19. Representação do julgamento moral para as diferentes categorias grupais e tipos
de Cuidado, em que os valores representam o julgamento moral médio a
e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
132

6.3 Julgamento de proximidade (vítima)

Considerando o julgamento de proximidade em relação à vítima da violação, foi


realizada ANOVA para medidas repetidas no intuito de demonstrar possíveis variações no
julgamento de proximidade em relação às diferentes categorias grupais e tipos de Cuidado,
especificamente considerando a vítima da violação. Os resultados apontam diferenças
significativas para o fator CATEGORIA (F3.2616=556.27; <0.001; ηp=0.39), TIPO
(F1.872=33.92; <0.001; ηp=0.04) e para a interação CATEGORIA*TIPO (F3.2616=3.75;
<0.011; ηp=0.00), revelando, diferentemente do julgamento moral, maiores julgamentos de
proximidade em relação à vítima para violações do Cuidado emocional (2.94±0.04)
comparado a violações do Cuidado físico (2.60±0.04). A partir destes achados, foram
realizados dois testes Bonferroni. O primeiro, relacionado ao efeito principal de
CATEGORIA, revelou que todas as categorias grupais se diferenciam entre si ( <0.008).

Em seguida, o segundo teste de Bonferroni realizado, agora em relação à


interação CATEGORIA*TIPO, revelou, assim como pode ser observado na Figura 20, que
apenas as categorias OO (emocional – 2.22±0.06; físico – 1.91±0.06) e OI (emocional –
3.39±0.08; físico – 2.81±0.08) se diferenciaram significativamente ( <0.030) entre os tipos
de Cuidado. Não foi encontrada qualquer diferença significativa para as categorias OI e IO
entre os diferentes tipos de Cuidado ( >0.369).
133

Figura 20. Representação do julgamento de proximidade em relação à vítima da violação,


para as diferentes categorias grupais e tipos de Cuidado, em que os valores representam o
julgamento de proximidade médio (1 = “ ”a5=“ ”) e as
barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.

Tabela 6. Apresentação dos valores médios (e erro padrão) para os julgamentos de


proximidade em relação à vítima da violação.
Fonte: Próprio autor.
Categorias Méd±Erro Pad.
II 4.05±0.05
IO 1.87±0.04
OI 3.10±0.06
OO 2.07±0.04
134

6.4 Julgamento de proximidade (autor)

Por fim, considerando o julgamento de proximidade em relação ao autor da violação,


foi realizada ANOVA para medidas repetidas no intuito de demonstrar possíveis variações no
julgamento de proximidade em relação às diferentes categorias grupais e tipos de Cuidado,
especificamente considerando o autor da violação. Diferentemente do observado nas duas
análises anteriores, os resultados apontam diferenças significativas apenas para o fator
CATEGORIA (F3.2616=1055.51; <0.001; ηp=0.55), mas não para o fator TIPO (F1.872=0.11;
<0.743; ηp=0.00) e para a interação CATEGORIA*TIPO (F3.2616=1.25; <0.291; ηp=0.291).
A partir destes achados, foi realizado apenas um teste Bonferroni, que revelou, assim
como pode ser observado na Figura 21, diferenças significativas ( <0.001) entre a categoria
OO (1.33±0.02) e as categorias IO (3.55±0.06) e II (3.55±0.06), da mesma forma que OI
(1.34±0.03) em relação a IO e II. Não foi encontrada qualquer outra diferença significativa
( =1,000).
135

Figura 21. Representação do julgamento de proximidade em relação ao autor da violação,


para as diferentes categorias grupais e tipos de Cuidado, em que os valores representam o
julgamento de proximidade médio (1 = “ ”a5=“ ”) e as
barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.

6.5 Correlações – Julgamento moral e proximidade com a vítima

Avaliados os julgamentos morais e de proximidade em relação tanto ao autor quanto


à vítima da violação, resta avaliar possíveis relações entre estes diferentes julgamentos. Para
isso, inicialmente foi realizada uma análise de correlação de no intuito de verificar a
relação entre os julgamentos morais e o julgamento de proximidade em relação à vítima da
violação, para ambos os tipos de violação e para todos as quatro categorias grupais.
136

Assim como apresentado na Figura 22 e na Tabela 7, observou-se relação significativa


positiva para as categorias OI e OO para violações emocionais, e para as categorias IO, OI e
OO para violações físicas. Não foram observadas outras relações significativas.

Figura 22. Representação da relação entre julgamento moral e julgamento de proximidade


em relação à vítima da violação, para as diferentes categorias grupais e tipos de Cuidado. Os
pontos representam as respostas individuais dos participantes, a linha representada pela cor
do tipo de Cuidado representa a tendência linear, enquanto a faixa cinza em torno de cada
linha representa o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
137

Tabela 7. Resultados da análise de correlação entre julgamento moral e julgamento de


proximidade em relação à vítima da violação.
Fonte: Próprio autor.
N
Violação Emocional
II 0,01 0,862 433
IO 0,03 0,530 433
OI 0,12 0,011* 433
OO 0,14 0,003* 433
Violação Física
II 0,08 0,100 441
IO 0,20 <0,001* 441
OI 0,16 <0,001* 441
OO 0,16 <0,001* 441

6.6 Correlações – Julgamento moral e proximidade com o autor

No mesmo sentido, como realizado para os julgamentos de proximidade em relação à


vítima da violação, outra análise de correlação de foi realizada no intuito de verificar
a relação entre os julgamentos morais e o julgamento de proximidade em relação ao autor da
violação, para ambos os tipos de violação e para todos as quatro categorias grupais. Assim
como apresentado na Figura 23 e na Tabela 8, observou-se relação significativa negativa para
todas as categorias grupais para violações emocionais, e para as categorias OI e OO para
violações físicas. Não foram observadas outras relações significativas.

Tabela 8. Resultados da análise de correlação entre julgamento moral e julgamento de


proximidade em relação ao autor da violação.
Fonte: Próprio autor.
N
Violação Emocional
II -0,13 0,006* 433
IO -0,12 0,009* 433
OI -0,29 <0,001* 433
OO -0,36 <0,001* 433
Violação Física
II -0,02 0,652 441
IO -0,12 0,011 441
OI -0,23 <0,001* 441
OO -0,23 <0,001* 441
138

Figura 23. Representação da relação entre julgamento moral e julgamento de proximidade


em relação ao autor da violação, para as diferentes categorias grupais e tipos de Cuidado. Os
pontos representam as respostas individuais dos participantes, a linha representada pela cor
do tipo de Cuidado representa a tendência linear, enquanto a faixa cinza em torno de cada
linha representa o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
139

7. DISCUSSÃO

Este estudo teve como objetivo geral investigar o julgamento moral de vinhetas
relacionadas a violações do fundamento moral do Cuidado (emocional e físico), considerando
diferentes categorias grupais ( e ) de autores e vítimas das violações morais.

Os principais achados do estudo demonstram:

i) Diferença significativa do julgamento moral entre os tipos de violação do


Cuidado, em que Cuidado físico é considerado mais errado que Cuidado
emocional.
ii) Diferença significativa específica do julgamento moral entre os tipos de violação
do Cuidado, exceto na cateroria IO.
iii) Diferença significativa do julgamento de proximidade entre os tipos de violação
do Cuidado, em que, diante de violações do Cuidado emocional, foram
observados maiores níveis de proximidade em relação à vítima da violação
quando comparado a violações do Cuidado físico.
iv) Diferença significativa do julgamento de proximidade com a vítima da violação,
entre os tipos de violação do Cuidado, em que especificamente se observou
maiores julgamentos de proximidade em relação à vítima do comparado
a vítima do e maior na categoria II do que em OI.
v) Diferença significativa do julgamento de proximidade com o autor da violação,
em que se observou especificamente maiores julgamentos de proximidade nas
categorias nas quais os autores das violações eram do .

Nos próximos parágrafos, os achados relativos ao Estudo 3 serão abordados em maior


profundidade.

7.1 Julgamento moral

Inicialmente, em relação aos julgamentos morais de violação do Cuidado físico e do


Cuidado emocional, os achados encontram-se alinhados com os do Estudo 1 da presente Tese,
140

no qual se demonstrou que existem de fato diferenças no julgamento dos dois tipos de
Cuidado, sendo violações do Cuidado físico julgadas como mais erradas. Uma possível
explicação para esta diferença está no fato de que possivelmente violações do Cuidado
emocional apresentam um dano que representa um conteúdo passível de interpretação, estando
mais sujeito a interpretação subjetiva da intensidade do dano. Por outro lado, violações do
Cuidado físico representam danos materiais e, portanto, com menor margem de interpretação
subjetiva a respeito da intensidade do dano.

Especificamente em relação à forma como o julgamento moral encontra-se modulado


diante das diferentes categorias grupais investigadas (independentemente do tipo de Cuidado),
foi possível observar que apenas a categoria OO (na qual apresenta tanto autor da violação
quanto vítima pertencendo ao ) se diferenciou das demais, com julgamentos
menores. Esta diferença salienta o viés de , caracterizado pela distorção do julgamento
a partir do momento que um encontra-se envolvido em uma situação julgada
(CASTANO , 2002). Desta maneira, pode-se pensar em duas principais formas de
atuação do viés de , sendo uma relacionada à intensificação do julgamento moral ao
se considerar um membro do inserido na situação imoral, e um efeito de atenuação
do julgamento moral ao se considerar uma situação imoral que não contém membros do
. Assim como observado com as análises de correlação, muito possivelmente o viés
de atuou principalmente por meio de uma intensificação do julgamento moral ao se
considerar um membro do inserido na situação imoral. Mais do que isso, o que se
observa majoritariamente (exceto na categoria II para Cuidado físico e emocional e na
categoria IO para Cuidado emocional) é uma intensificação do julgamento moral conforme
maior proximidade com a vítima da violação, inclusive quando a vítima é do eo
autor do (Cuidado físico). Contudo, antes de adentrarmos nas discussões relativas à
proximidade para com autor e vítima da violação, outro ponto merece destaque.

Ao analisar as diferenças de julgamento para Cuidado emocional e Cuidado físico nas


diferentes categorias sociais, observou-se diferenças significativa em todas as categorias
sociais, exceto em IO. O ponto interessante deste achado está no fato de que possivelmente o
que se encontra distinto nesta comparação para a categoria IO em relação às demais categorias
são os julgamentos para Cuidado físico. Isto pode ser afirmado uma vez que Cuidado
emocional nesta categoria apenas se diferencia estatisticamente do observado na categoria OO
( =0.002), enquanto Cuidado físico nesta categoria não se diferencia das demais categorias
141

( >0.147). Assim, violações do Cuidado emocional apresentam semelhantes níveis de


julgamento moral para as categorias que de alguma forma envolvem membros do . Já
em relação às violações do Cuidado físico, o que se observa são julgamentos morais atenuados
para a categoria IO em comparação com as demais categorias com envolvimento de um
. Muito possivelmente, a explicação para esta diferença está no fato de que, apesar de
violações do Cuidado físico serem tipicamente julgadas como mais erradas do que as
emocionais, e do que violações na categoria IO que também envolvem um membro do
, violações físicas nesta categoria podem ser atenuadas (em relação a violações físicas
nas categorias II e OI), uma vez que a vítima da violação pertence ao . Neste sentido,
essas violações para a categoria IO continuam sendo julgadas como mais incorretas do que as
mesmas violações na categoria OO (ausência de um membro do ), mas por possuir
uma vítima do , a violação possivelmente é atenuada.

Estes achados reforçam os achados anteriores, revisados por MOLENBERGHS


(2013), demonstrando o forte viés de , mas também apontam especificidades em
relação a julgamentos mais intensificados para violações que contêm membros do
como autor da violação. Este resultado, observado nas categorias II e IO, pode ser
compreendido a partir de estudos como o de BETTACHE (2019) e em relação a um
efeito “ovelha negra”. Segundo esse efeito (MARQUES e YZERBYT, 1988), violações
cometidas por membros do seriam avaliadas com maior vigilância, uma vez que
podem possivelmente gerar algum tipo de dano imediato ao grupo ou podem mesmo
contaminar o grupo a longo prazo. Assim, comportamentos de maior vigilância para com o
comportamento desviante do se mostram adaptativos para a manutenção da estrutura
social do grupo em questão. Um exemplo dessa vigilância está no trabalho de GOLLWITZER
e KELLER (2010), no qual estudantes jovens em ambiente escolar deveriam optar pela
punição a comportamentos desviantes causados por estudantes do e do ,
com histórico ou não de desvios. Os autores observaram que os estudantes optaram por
punições mais severas conforme maior histórico de desvios, somente para estudantes do
. Ou seja, maior ou menor histórico de comportamento desviante não fez diferença na
punição escolhida para ser direcionada a estudantes do . Por outro lado, em relação
a membros do , a vigilância foi maior e o histórico contou para a decisão pela
intensidade da punição.
142

Desta forma, os achados aqui revelados de julgamentos mais elevados para violações
contendo membros do (categorias II, IO e OI) em relação a violações da categoria
OO, demonstram que o viés de estava presente nos julgamentos morais de duas
formas principais: i) intensificando os julgamentos morais em situações em que eram
vítimas (categorias OI e II); e ii) intensificando os julgamentos morais em situações em que
eram autores (categorias IO e II).

7.2 Julgamentos de proximidade (autor e vítima)

Considerando o julgamento de proximidade em relação à vítima da violação, os


achados demonstram significativa diferença das categorias II e OI em relação às categorias
IO e OO. Inicialmente, esses achados encontram-se alinhados às hipóteses iniciais e à
literatura discutida anteriormente, uma vez que os participantes julgaram ter maior
proximidade para com aqueles do próprio grupo em relação àqueles do ,
especificamente às vítimas das violações morais. Contudo, observou-se diferenças inclusive
entre vítimas do mas com autores do e do . Este último resultado
destaca um importante achado, uma vez que demonstra que indivíduos do que são
vítimas de violações morais cometidas por são considerados mais próximos do que
aquelas mesmas vítimas que sofrem violações morais de . Desta forma, pode-se
entender que o viés de pode significativamente impactar na busca por se aproximar
da vítima moral, quando esta é do e sofre uma violação de alguém do mesmo grupo.
Além disso, caminhando no mesmo sentido dos achados para o julgamento moral, o que se
observa é mais uma vez o efeito ovelha negra, contudo agora modulando o julgamento de
proximidade em relação à vítima de uma violação cometida por um membro do .

No entanto, há um ponto que merece destaque neste achado. Apesar do efeito ovelha
negra ficar evidente na categoria II, o mesmo não ocorre na categoria IO em comparação com
OO, na qual se esperaria que o julgamento de proximidade em relação à vítima fosse
intensificado em IO, mas não em OO. O que se observou foi uma ausência de diferenças
significativas para a comparação entre estas duas categorias, revelando, muito possivelmente,
que a influência do efeito ovelha negra somente impactou no julgamento de proximidade em
relação à vítima na categoria social em que tanto autor quanto vítima são do . São
necessários mais estudos para compreender melhor as especificidades aqui apontadas.
143

Ainda em relação ao julgamento de proximidade em relação à vítima, outro achado


interessante foi a correlação entre este tipo de julgamento e o julgamento moral. Os achados
revelaram que nas categorias OI e OO e em ambos os tipos de violação se observam
correlações positivas entre os dois julgamentos, revelando que quanto maior a proximidade
com a vítima (independentemente do grupo social), mais errada é julgada a violação,
independentemente do tipo de violação. Além disso, para a categoria IO em violações físicas
também se observou o mesmo padrão de correlação, mas não para violações emocionais,
apontando que possivelmente somente violações físicas apresentam relação na proximidade
com aquele que sofre. Por outro lado, não foram observadas correlações significativas para
violações de ambos os tipos para a categoria II, destacando que em violações em que tanto
autor quanto vítima são do , a proximidade com a vítima não apresenta qualquer
relação com a forma com que julgará a moral.

Por outro lado, considerando o julgamento de proximidade com o autor da violação,


os achados caminham no mesmo sentido das hipóteses iniciais, em que se julgou como mais
próximos autores pertencentes ao (OI e II) em comparação com autores do
(OO e IO) Ou seja, os participantes julgaram ter maior proximidade com aqueles do próprio
grupo em comparação a aqueles do , especificamente aos autores das violações
morais. Interessante destacar que tanto o tipo de violação (emocional e física) quanto o grupo
da vítima da violação não impactaram esse julgamento, demonstrando que autores
considerados não passam a ser considerados mais próximos ao se variar o tipo de
violação ou quem a causou, nem intensificando nem atenuando o julgamento de proximidade.

Por fim, investigando os achados relativos à correlação entre os julgamentos morais e


a proximidade em relação ao autor da violação, o que se observa são correlações negativas em
todas as categorias para todos os tipos de violação, exceto para II e IO em violações físicas.
Estes achados revelam que majoritariamente quanto maior a proximidade com o autor, mais
atenuado se encontra o julgamento moral da violação, exceto para as categorias II e IO em
violações físicas, nas quais não se observou qualquer relação significativa. Uma possível
explicação para essas ausências de significância esteja no fato de que o viés de levou
os participantes a considerarem que a proximidade com autores de violações físicas que sejam
do não muda o fato de que aquela situação é incorreta, seja ela causada a um membro
do ou do .
144

7.3 Limitações e direções futuras

As principais limitações deste estudo são: i) a diferença na proporção de homens e


mulheres pode ter influenciado de alguma forma os resultados do presente estudo; ii) algumas
vinhetas apresentam autores e vítimas em ambos os sexos; iii) estudos futuros devem
investigar autores e vítimas declaradamente , declaradamente e
inespecíficos, assim possibilitando a real compreensão do efeito de e ; e iv)
considerando que possíveis efeitos do viés de podem não ter sido observados
adequadamente com o método aqui conduzido, estudos futuros podem conduzir tarefa muito
semelhante, contudo utilizando pessoas reais do convívio dos participantes, a fim de fortalecer
o viés e assim aproximar ainda mais a investigação da vida cotidiana.
145

8. CONCLUSÃO

A partir do conteúdo discutido no presente estudo, é possível afirmar que os resultados


demonstram um significativo impacto do viés de tanto no julgamento moral quanto
no julgamento de proximidade em relação às vítimas de violações morais do Cuidado.
146

ESTUDO 4

DIFERENÇAS DE IDADE E SEXO NO


JULGAMENTO DE VINHETAS,
APRESENTANDO VIOLAÇÕES DOS
FUNDAMENTOS MORAIS
147

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Este Estudo 4, como apresentado na introdução da presente Tese, representa uma


pesquisa a respeito do desenvolvimento do julgamento moral. Neste sentido, seu objetivo
geral é investigar se o julgamento moral dos diferentes fundamentos morais varia entre
diferentes grupos de idade, entre as idades de 8 e 40 anos e entre os sexos. O estudo se justifica
uma vez que os resultados obtidos permitirão compreender possíveis especificidades em
relação aos diferentes fundamentos morais, contribuindo para o campo das ciências morais.
Além disso, o estudo poderá contribuir para o campo do desenvolvimento humano, revelando
se momentos específicos do desenvolvimento possuem um maior impacto no
desenvolvimento do julgamento moral.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Desenvolvimento emocional e moral

O primeiro conceito de consciência de si está ligado ao corpo e deriva das primeiras


expe� � ncias da criança com o mundo exterior. A primeira diferenciação “eu”/ “não eu” tem
lugar no primeiro mês de vida e é consequência da confrontação entre sensações internas e de
estímulos externos. Assim, na infância, o “eu” é compreendido num sentido estritamente
físico, a criança pensa que o “eu” é uma parte do corpo, frequentemente localizada na cabeça
e sua diferenciação dos outros é a aparência física. Quando a criança tem aproximadamente 8
anos, começa a discriminar o corpo da mente, iniciando por isso a compreensão da natureza
subjetiva de “si próprio”, isto é, entender que ela é diferente dos outros não apenas pela
aparência física, mas por ter ideias próprias, comportamentos, opiniões, desejos diferentes
(COSTA, 1990).

Para PIAGET (1989), os valores morais são construídos a partir da interação do


sujeito com os diversos ambientes sociais e será durante a convivência diária, principalmente
com o adulto, que a criança irá construir seus valores, princípios e normas morais. Para que
estas interações aconteçam, há a ocorrência de processos de organização interna e adaptação,
e esta ocorre na interação de processos denominados assimilação e acomodação. Os esquemas
de assimilação se modificam de acordo com os estágios de desenvolvimento do indivíduo e
148

consistem na tentativa deste em solucionar situações a partir de suas estruturas cognitivas e


conhecimentos anteriores. Piaget argumenta, ainda, que o desenvolvimento da moral abrange
três fases, denominadas: i) Anomia, ii) Heteronomia e iii) Autonomia. A seguir encontram-se
as definições de cada uma destas fases.

A primeira fase denomina-se Anomia (crianças até 5 anos), na qual geralmente a moral
não se coloca, com as normas de conduta sendo determinadas pelas necessidades básicas.
Porém, quando as regras são obedecidas, são seguidas pelo hábito e não por uma consciência
do que é certo ou errado. Um bebê que chora até que seja alimentado é um exemplo dessa
fase. A segunda fase, presente tipicamente em crianças de 9 a 10 anos de idade, denomina-se
Heteronomia. Nesta fase, o certo é o cumprimento da regra e qualquer interpretação diferente
desta não corresponde a uma atitude correta. Um homem pobre que roubou um remédio da
farmácia para salvar a vida de sua esposa está tão errado quanto um outro que assassinou a
esposa, seguindo o raciocínio heteronômico. Por fim, durante a terceira e última fase do
desenvolvimento da moral, denominada Autonomia, o respeito às regras é gerado por meio de
acordos mútuos.

Entretanto, como apontado por VOZZOLA (2014), há pontos mais fortes que devem ser
considerados na teoria clássica de Piaget, como a interferência do ambiente no
desenvolvimento e que podemos estruturar esse ambiente para que ele estimule a criança, mas
também há outros aspectos nessa teoria que devem ser considerados, como o fato de que
Piaget subestima o papel da cultura e da educação, no fomento e no alento, da cognição e do
desenvolvimento moral.

Outra maneira de construção dos valores morais é descrita por BEE e BOYD (2009),
como a recompensa que os pais dão às crianças de acordo com comportamentos que eles
consideram moralmente aceitáveis e a punição por comportamentos que consideram
inaceitáveis, desta maneira é evidente a influência que a visão de mundo dos pais pode
interferir no desenvolvimento da criança.

Estudiosos de diferentes perspectivas afirmaram que as histórias e experiências de


relacionamento das crianças influenciam sua compreensão moral. No entanto, as avaliações
morais de crianças pequenas são limitadas em vários aspectos. Uma pesquisa feita por
SMETANA e BALL (2018) mostrou que as crianças fazem julgamentos morais distintivos
em relação a danos físicos e danos psicológicos, porque o primeiro é concreto e prontamente
149

observável (SMETANA , 2012), enquanto o último pode não ter consequências diretas e
observáveis e, portanto, requer compreensão mais avançada dos pensamentos e sentimentos
dos outros (HELWIG , 2001; JAMBON e SMETANA, 2014). Em particular, a
compreensão das crianças pequenas sobre danos psicológicos é prejudicada pela dificuldade
de coordenar avaliações morais com uma compreensão das intenções, ações e resultados
(JAMBON e SMETANA, 2014).

KOHLBERG (1976), diferentemente de outros autores, divide o desenvolvimento moral


em estágios, com base nas respostas a dilemas hipotéticos em forma de histórias, e concluiu
que há três níveis principais de raciocínio moral, cada um com dois estágios.

O primeiro nível é o de moralidade pré-convencional, que está dividido no primeiro


estágio de orientação a punição e obediência, quando a criança decide o que é errado com base
no que é punido; e no segundo estágio de individualismo, propósito instrumental e troca, no
qual a criança segue regras quando é de seu interesse imediato. O segundo nível é o de
moralidade convencional, que está dividido no terceiro estágio de expectativas interpessoais
mútuas, relacionamentos e conformismo interpessoal, no qual ações morais são aquelas que
cumprem as expectativas da família ou de outro grupo significativo; e no quarto estágio de
sistema social e consciência, em que ações morais são aquelas assim definidas por grupos
sociais mais amplos ou pela sociedade como um todo. Por fim, o terceiro nível é o de
moralidade de princípios e pós-convencional, que está dividido no quinto estágio de
orientação pelo contrato social, no qual as atitudes do indivíduo são voltadas a agir de modo
a alcançar o “bem maior para o maior número de pessoas”; e no sexto estágio de princípios
éticos universais, quando o indivíduo desenvolve e segue princípios éticos por escolha própria
na determinação do que é certo (KOHLBERG (1976).

É possível observar a incidência de cada estágio explicado por Kohlberg a partir de um


estudo feito por WALKER (1987), no qual foram feitas entrevistas individuais com os
membros de 80 famílias (pai, mãe e filho(a), N=240) com crianças de 6, 9, 12 e 15 anos. Nas
entrevistas foram discutidos dilemas hipotéticos e um dilema de vida real gerado pelo
indivíduo. Os resultados indicaram consistência no estágio moral entre respostas a dilemas
hipotéticos e reais, apoiando a noção de que os estágios são estruturas holísticas.

VOZZOLA (2014) aponta também alguns pontos fortes e fracos a serem ressaltados
em outros autores clássicos, como Kohlberg. Segundo o autor, em relação a Kohlberg é
150

necessário ressaltar que sua teoria fornece explicações de como, através do desenvolvimento,
as pessoas podem construir “um entendimento maior ou mais profundo das práticas sociais
particulares ou de contextos sociais mais específicos”, apesar dele ter colocado confiança
demais em divisões qualitativas a partir de dilemas hipotéticos. Mais recentemente, segundo
COSTA (1990), há fatores do desenvolvimento de identidade sendo divididos em individuais,
interpessoais e sociais. Dentre os fatores individuais, pode-se ressaltar a maturidade corporal,
a idade e as estruturas cognitivas, na área interpessoal a sua interação com o meio social e
físico, já na área social, as normas sociais e a hierarquia social são os principais pontos a serem
apresentados.

Contudo, os estudos supracitados não investigaram possíveis diferenças no julgamento


moral a depender do tipo de violação. Estes estudos se baseiam majoritariamente em dilemas
morais e não na avaliação da intensidade emocional ou no nível de erro de determinada atitude
violatória. Assim, a avaliação específica dos diferentes fundamentos morais para diferentes
idades pode contribuir para uma melhor compreensão do desenvolvimento do julgamento
moral ao longo das diferentes fases do desenvolvimento. Além disso, é fundamental destacar
a importância de se avaliar o desenvolvimento do julgamento moral também durante a idade
adulta, bem como nos diferentes sexos.

2.2. Diferenças de sexo no julgamento moral

Historicamente, as mulheres sempre foram mais vistas como menos morais que os
homens devido a sua emocionalidade mais alta (WARD e KING, 2018).

Julgamentos e comportamentos morais são influenciados pelas emoções que as


pessoas experimentam e sua maneira de regulá-las. Algumas emoções, como culpa, vergonha
e empatia estão ligadas diretamente com a tomada de decisão moral (TANGNEY , 2007;
COHEN , 2011; LEE e GINO, 2015), o que pode explicar uma possível diferença de
percepção emocional que interfira no julgamento moral, causando diferença de sexo em
relação ao julgamento moral. Um estudo feito por WARD e KING (2018) mostrou que as
mulheres experimentam mais emoções autoconscientes do que os homens, além de relatarem
maior preocupação empática. Foi demonstrado também que a preocupação empática medeia
as diferenças de sexo nos julgamentos morais (ROSEN , 2016).
151

Além disso, existem evidências de que homens comparados a mulheres relatam menor
intensidade de algumas emoções (BREBNER, 2003) e uma maior tendência a tentar
compreender suas emoções de forma geral. A supressão de emoções pode levar as pessoas a
ignorar as consequências emocionais aversivas dos dilemas morais (LEE e GINO, 2015),
concentrando-se em resultados utilitários. A maior tendência dos homens a suprimir as
emoções pode levá-los a atenuar as emoções aversivas ao considerar os dilemas morais. De
fato, uma metanálise feita por FRIESDORF (2015) demonstrou que as mulheres
experimentam reações afetivas mais fortes, levando-as a preferir decisões deontológicas, ou
seja, ao julgarem uma situação moral, as mulheres refletem mais sobre as variáveis da situação
e não apenas o aspecto formal, quantitativo do dilema. Sendo assim, podemos observar que
as diferentes formas de processamento das emoções entre homens e mulheres pode influenciar
diferentes formas de julgamento moral.

Assim como apresentado na introdução do Estudo 1, alguns estudos têm demonstrado


que o sexo pode modular o julgamento moral (GRAHAM , 2011; BUCCIARELLI, 2015;
FRIESDORF , 2015; ARUTYUNOVA , 2016; DUNKEL , 2016; BAEZ ,
2017; ARMSTRONG , 2018; WARD e KING, 2018). Estes achados, de maneira geral,
descrevem os impactos em variáveis como maiores níveis de julgamentos utilitários em
homens (FUMAGALLI , 2010; FRIESDORF , 2015; ARUTYUNOVA , 2016;
BAEZ , 2017), maiores níveis de julgamentos deontológicos em mulheres (FRIESDORF
, 2015), especificamente relacionados a decisões que requerem a evitação de condutas
prejudiciais (ARMSTRONG , 2018) e aumentada experiência emocional em mulheres
diante de julgamentos e dilemas morais (WARD e KING, 2018). Não obstante, todos estes
achados provêm de tarefas de dilemas, como o dilema do trem/bonde (THOMSON, 1984), o
qual apenas mede o julgamento do participante em relação a um eixo “utilitário-
deontológico”, não levando em consideração os diferentes fundamentos morais (HAIDT,
2012).

GRAHAM (2011), utilizando o Questionário dos Fundamentos Morais (QFM),


demonstrou que mulheres julgam mais alto que homens (avaliam como mais errado) nos
fundamentos do Cuidado, Justiça e Pureza, enquanto que encontraram apenas uma tendência
para julgamentos mais elevados para homens nos fundamentos da Lealdade e Autoridade
(lembrando que o QFM não avalia o fundamento da Liberdade). Os autores defendem seus
achados apontando que as diferenças no fundamento do Cuidado podem ser explicadas por
152

conta das diferenças de empatia entre os sexos (EISENBERG e LENNON, 1983; BAEZ
, 2017), enquanto as diferenças em Pureza podem expressar diferenças de sensibilidade ao
nojo entre homens e mulheres (TYBUR , 2011). Desta forma, estes achados de
GRAHAM (2011) demonstram que as diferenças de sexo no julgamento moral também
dizem respeito a particulares diferenças entre os diferentes fundamentos (GRAHAM ,
2011). No entanto, este instrumento (QFM) apenas avalia a valorização de fundamentos
morais abstratos, ao invés de avaliar o julgamento moral de situações cotidianas apresentando
violações dos diferentes fundamentos (WAGEMANS , 2018). Assim como observado
com os resultados do Estudo 1 especificamente para a amostra brasileira, participantes do sexo
feminino apresentaram julgamentos significativamente mais severos do que participantes do
sexo masculino nos fundamentos do Cuidado, Liberdade e Lealdade. Estes achados
demonstram diferenças em relação aos achados de GRAHAM (2011), os quais
possivelmente representam especificidades da forma de avaliação dos julgamentos morais por
meio das vinhetas. Neste sentido, o presente estudo poderá contribuir para a discussão acerca
das diferenças de sexo, uma vez que testará ambos os sexos diante dos diferentes fundamentos
morais em grupos de diferentes idades, variando dos 8 aos 40 anos de idade.

Apresentado o referencial teórico, a seguir encontram-se as descrições dos objetivos,


justificativas, métodos e procedimentos do presente estudo.
153

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Este estudo teve como objetivo geral investigar o julgamento moral dos diferentes
fundamentos morais em diferentes grupos de idades variando dos 8 aos 40 anos de idade.

3.2 Objetivos específicos

Investigar o julgamento moral nas diferentes idades avaliadas entre 8 e 17 anos


(G1 a G4), para cada um dos cinco fundamentos morais avaliados (Cuidado, Justiça,
Liberdade, Autoridade e Lealdade).
Investigar o julgamento moral nas diferentes idades avaliadas entre 18 e 40
anos (G5 a G9), para cada um dos sete fundamentos morais avaliados (Cuidado Emocional,
Cuidado Físico, Justiça, Liberdade, Autoridade, Lealdade e Pureza).
Investigar diferenças de sexo no julgamento dos diferentes fundamentos
morais.
Correlacionar o julgamento dos diferentes fundamentos morais com a idade,
para cada sexo.
154

4. HIPÓTESES E RESULTADOS ESPERADOS

Inicialmente em relação às diferenças de sexo, baseando-se nos resultados do Estudo


1, espera-se encontrar diferenças entre homens e mulheres nos fundamentos do Cuidado,
Liberdade e Lealdade independentemente da idade. Considerando diferenças entre os grupos
de idade, espera-se diminuição dos julgamentos morais entre os grupos G1 e G4, enquanto
nenhuma diferença é esperada entre os grupos G5 e G9. Considerando os efeitos aqui
expostos, é esperado observar:

Diferenças gerais de sexo e específicas para os fundamentos do Cuidado,


Liberdade e Lealdade.
Diminuição dos julgamentos morais com o avanço das idades (G1 a G4).
Nenhuma diferença no julgamento moral entre os grupos G5 a G9.
155

5. MÉTODO

Este estudo foi realizado pelo


(SCNLab; Rua Piauí, 181, 10°andar, São Paulo) do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
da Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP). As coletas de dados com os
grupos G1 a G4 ocorreu em três instituições de ensino, nomeadamente: Colégio Presbiteriano
Mackenzie (Rua Itambé, 135, Higienópolis, São Paulo), Escola Nossa Senhora das Graças
(Praça Barão de Angra, 91, Cidade Vargas, São Paulo) e Colégio UNASP de Hortolândia (Rua
Pastor Hugo Gegembauer, 265, Parque Hortolândia, São Paulo). Já a coleta de dados dos
participantes de G5 a G9 ocorreu integralmente na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Todos os procedimentos de análise de dados foram realizados dentro de ambiente laboratorial.

Este estudo contou com um experimento com design transversal, intra e inter-
participantes (cada participante foi exposto a diferentes condições experimentais, mas também
se comparou as diferenças entre os diferentes grupos de idade), em que ocorreu apenas uma
participação por voluntário. A seguir encontra-se a descrição detalhada do método realizado.

5.1 Participantes

Estimou-se o tamanho de amostra de 200 indivíduos declaradamente saudáveis


(baseado no autorrelato) de ambos os sexos, com idades compreendidas entre 8 e 40 anos. As
idades foram divididas em 9 grupos: Grupo 1 (8 anos a 10 anos e 11 meses); Grupo 2 (11 anos
a 12 anos e 11 meses); Grupo 3 (13 anos a 14 anos e 11 meses); Grupo 4 (15 anos a 17 anos
e 11 meses); Grupo 5 (18 anos a 20 anos e 11 meses); Grupo 6 (21 anos a 25 anos e 11 meses);
Grupo 7 (26 anos a 30 anos e 11 meses); Grupo 8 (31 anos a 35 anos e 11 meses); e Grupo 9
(36 anos a 40 anos e 11 meses). A escolha da divisão irregular entre os grupos G1 a G5 e a
cada 5 anos entre os grupos G6 a G9, se deu consoante uma expectativa de que as principais
variações possíveis se encontrariam primordialmente nos primeiros grupos.

Cada indivíduo participou de um único encontro. Foram incluídos apenas aqueles: i)


sem histórico de doenças neurológicas, psiquiátricas e psicológicas severas; ii) com idade
entre 8 e 40 anos (40 anos e 11 meses); iii) sem uso de medicamento que atue no sistema
nervoso central; iv) sem histórico de dependência de álcool ou outras drogas; e v) no caso dos
156

participantes com idade inferior a 18 anos, somente aqueles que apresentassem autorização
dos representantes legais. O recrutamento foi realizado por meio de contato com instituições
de ensino da cidade de São Paulo (G1 a G4), e a partir de informativos eletrônicos para os
participantes dos grupos G5 a G9.

5.2 Instrumentos

Questionário Pessoal: Questionário Semiestruturado com perguntas sobre


idade, escolaridade, uso de medicação, lateralidade, histórico de cirurgias etc. (G1 a G9).

Vinhetas dos Fundamentos Morais (VFMs): Versão brasileira (MARQUES


, 2020) do (MFVs) de CLIFFORD (2015). O
instrumento se caracteriza por 68 vinhetas, representando os seis fundamentos morais
destacados pela TFM, nomeadamente: i) Cuidado (20 vinhetas); ii) Justiça (9 vinhetas); iii)
Lealdade (15 vinhetas); iv) Autoridade (10 vinhetas); v) Pureza (7 vinhetas); e vi) Liberdade
(7 vinhetas).

Considerando as diferentes idades aqui investigadas, todas as 68 vinhetas foram


encaminhadas para três experts (três Doutores) nas áreas de Ciências Cognitivas e Psicologia
do Desenvolvimento. Neste processo, o principal objetivo se caracterizou em avaliar se as
vinhetas se adequam ao contexto e se estão minimamente compreensíveis para as idades-alvo.
A partir destas revisões, alguns ajustes sugeridos/recomendados foram realizados. O principal
ponto presente nas três revisões pelos experts se caracterizou pela exclusão do fundamento
moral da Pureza para os grupos G1 a G4 (idades inferiores a 18 anos), uma vez que segundo
os experts este fundamento aborda situações intensamente impactantes acima do aceito para
estas idades, nas quais ainda não se espera incluir vocabulário sexual e violento. Desta forma,
optou-se por excluir este fundamento moral da Parte 1, permanecendo os fundamentos morais:
Cuidado, Justiça, Lealdade, Liberdade e Autoridade para as coletas com os grupos G1 a G4
157

(Parte 1), e mantendo o fundamento da Pureza para os grupos G5, G7, G8 e G9 (Parte 2). Vale
ressaltar que esta decisão em não expor os participantes menores de idade não postula o fato
de que este fundamento, o da Pureza, não faça parte do conjunto de fundamentos morais
presentes também na infância/adolescência.

Desta forma, para cada participante dos grupos G1 a G4 ocorreu a apresentação de


cinco vinhetas referentes a cada fundamento moral (total de 25 vinhetas), enquanto aos
participantes dos grupos G5 a G9 foi apresentado um conjunto de 35 vinhetas (também foram
apresentadas 5 vinhetas por fundamento moral). Vale salientar que a segunda parte do estudo,
com os grupos G5 a G9, foi conduzida posteriormente à validação apresentada no Estudo 1
da presente Tese, portanto adotou-se a divisão em sete fundamentos (fundamento do Cuidado
subdividido entre Cuidado emocional e Cuidado físico), desta forma contando com 35
vinhetas totais ou cinco vinhetas para cada um dos sete fundamentos.

Os participantes deveriam julgar em uma escala de 5 pontos, o “


” (1 = “ ” e 5 = “ ”). Este
instrumento possuiu como material final de análise os valores médios relativos ao nível do
quanto cada vinheta é moralmente errada. O Anexo U apresenta todas as vinhetas brasileiras
utilizadas para o presente estudo.

5.3 Procedimentos

Os participantes que se enquadraram nos critérios de inclusão do presente estudo foram


convidados a participar deste estudo. Para os participantes dos grupos G1 a G4, inicialmente
foi conferido se o participante possuía autorização por parte dos responsáveis legais através
do preenchimento do TCLE, e se concordava com a participação através do Termo de
Assentimento Livre Esclarecido (TALE). Uma vez realizado esse procedimento, os
participantes seguiram para uma sala isolada onde permaneceram até o término da
participação. Os participantes foram convidados a realizar a tarefa de julgamento moral e, uma
vez finalizada, foram encaminhados à saída da sala, onde foi agradecida a participação no
estudo (Figura 24). Em relação aos participantes dos grupos G5 a G9, os procedimentos foram
exatamente os mesmos, exceto pelo fato de que eles somente precisavam preencher o TCLE
(mas não o TALE). A participação levava em torno de 30 minutos.
158

Figura 24. Representação do desenho experimental do Estudo 4.


Fonte: Próprio autor.

5.4 Aspectos éticos

O estudo foi conduzido de acordo com os requerimentos do Comitê de Ética da


Universidade Presbiteriana Mackenzie e também baseado nas recomendações estabelecidas
na Declaração de Helsinki (1964), conforme emenda em Tóquio (1975), Veneza (1983) e
Hong-Kong (1989). Todos participantes dos grupos G1 a G4 apresentaram o TCLE assinado
pelo responsável legal (Anexo D), além de confirmarem a própria participação via Termo de
Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) apropriado para cada idade dos 8 aos 18 anos,
compatível com a sua idade (Anexos H, I e J). Participantes e responsáveis legais foram
devidamente avisados que poderiam deixar o estudo a qualquer momento que desejassem sem
necessidade de justificativa. Já em relação aos participantes dos grupos G5 a G9, apenas
deferiam confirmar a própria participação via TCLE (Anexo E). Além disso, cada participante
foi nomeado e referenciado através de uma codificação. A coleta de dados do presente estudo
só foi iniciada após aprovação pelo Comitê de Ética da Universidade Presbiteriana Mackenzie
e pela Plataforma Brasil (CAAE: 76803617.5.0000.0084; data de aprovação: 28/11/2017).
159

5.5 Análise estatística dos dados

Todos os testes estatísticos realizados e reportados no presente estudo utilizaram nível


de significância (α) de 5%, e foram feitos com o uso do pacote estatístico STATISTICA
(versão 8.0, Dell, N. C., USA). A seguir, encontram-se as especificidades das análises
estatísticas realizadas:

Para as diferenças de idade foi realizada análise de variância (ANOVA) de


medidas repetidas, em que a variável dependente se caracterizou pelos valores obtidos na
avaliação dos julgamentos morais e os fatores foram os diferentes FUNDAMENTOS e a
IDADE.
Para as diferenças de sexo os mesmos métodos adotados para a análise de idade
foram utilizados.
Complementando as análises de variância, análises de correlação de
foram realizadas pensando na interação entre julgamento moral e idades dos participantes,
considerando os diferentes fundamentos morais e sexos.
Nas correlações em que efeitos estatisticamente significativos foram
observados ( <0.05), foi realizado teste de regressão linear para se averiguar a especificidade
de predição dos dados.
ANOVAs em que efeitos estatisticamente significativos foram observados
( <.05), foram feitos teste de Bonferroni para se averiguar o sentido dos efeitos
observados.
Todos os gráficos apresentam como valor representado a média±intervalo de
confiança da variável dependente analisada (levando em consideração o intervalo de confiança
de 95%). Por outro lado, ao longo do texto, na descrição dos achados das ANOVAs e análises
, os valores representados correspondem à média±erro padrão da variável dependente
analisada.
Todos os gráficos foram construídos por meio do software R-Studio® e da
biblioteca GGPLOT2, utilizando gráficos e .
160

6. RESULTADOS

Considerando as diferenças experimentais das coletas realizadas entre os grupos G1 a


G4 e G5 a G9, o processo de análise dos dados, assim como apresentado anteriormente, foi
dividido em duas partes, sendo a Parte 1 representada pela amostra de 8 a 17, enquanto a Parte
2 representada pela amostra de 18 a 40. Desta forma, a seguir encontra-se a descrição
específica de cada uma das partes.

6.1 Parte 1 – Grupos G1 a G4

Em relação aos grupos G1 a G4, foram coletados 307 participantes declaradamente


saudáveis, sem qualquer histórico de transtorno psiquiátrico e neurológico, e divididos entre
os quatro primeiros grupos de idade (G1 a G4), e ambos os sexos. Por conta de erros no
processo de coleta, os dados de 30 participantes foram perdidos, resultando na amostra de 277
participantes incluídos em todas as análises descritas. A descrição da distribuição dos
participantes por grupo e sexo se encontra na Tabela 9.

Tabela 9. Descrição da distribuição da amostra entre os sexos (G1 e G4).


Fonte: Próprio autor.
Grupo Sexo Média de idade±Erro Pad.
Feminino 66 9,47±0,61
G1
Masculino 60 9,49±0,62
Feminino 26 11,15±0,36
G2
Masculino 20 11,80±0,51
Feminino 24 13,38±0,50
G3
Masculino 14 12,00±0,51
Feminino 33 16,21±0,91
G4
Masculino 34 16,31±0,88
161

Inicialmente, foi realizada uma ANOVA para medidas repetidas em relação a possíveis
diferenças de sexo, na qual foi demostrado efeito significativo para o fator FUNDAMENTO
(F4,1100=106,59; <0,001; ηp=0,28), o fator SEXO (F1,275=5,93; =0,016; ηp=0,02), bem como
a interação FUNDAMENTO*SEXO (F4,1100=6,95; <0,001; ηp=0,02). Assim, participantes
do sexo feminino (4,18±0,04) julgaram significativamente de forma mais severa que os do
sexo masculino (4,04±0,04). Já em relação aos achados relativos da interação
FUNDAMENTO*SEXO, de Bonferroni demonstrou que especificamente em
relação a cada fundamento, participantes do sexo feminino (4,31±0,06) apenas julgaram
significativamente de forma mais severa comparado aos do sexo masculino (3,97±0,06) no
fundamento da Liberdade. Todas as demais comparações não foram significativamente
diferentes ( >0,077).

Figura 25. Representação do julgamento moral por fundamento moral e sexo (Parte 1), em
que os valores representam o julgamento moral médio (1 = “ ” a 5 =
“ ”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
162

Em seguida, foi realizada outra ANOVA para medidas repetidas, agora em relação a
possíveis diferenças de idade, na qual foi demonstrado efeito significativo para o fator
FUNDAMENTO (F4,1092=112,60; <0,001; ηp=0,29), bem como a interação
FUNDAMENTO*IDADE (F12,1092=8,48; <0,001; ηp=0,08), mas não para o fator IDADE
(F3,273=2,53; =0,057; ηp=0,02). Em relação aos achados relativos da interação
FUNDAMENTO*IDADE, de Bonferroni demonstrou três diferenças: i) G1
(3,71±0,09) se diferenciou significativamente do grupo G3 (3,09±0,16) no fundamento da
Lealdade ( <0,001); ii) G1 (4,54±0,06) se diferenciou significativamente do grupo G4
(3,89±0,08) no fundamento da Autoridade ( <0,001); e iii) G2 (3,91±0,10) se diferenciou
significativamente do grupo G4 (4,45±0,09) no fundamento da Liberdade ( =0,015). Todas
as demais comparações não foram significativamente diferentes ( >0,098).

Figura 26. Representação do julgamento moral por fundamento moral e idade (Parte 1), em
que os valores representam o julgamento moral médio (1 = “ ” a 5 =
“ ”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
163

Além disso, foi realizada uma análise de correlação de para verificar uma
possível relação entre a idade e o julgamento moral. Primeiro em relação a participantes do
sexo feminino, os resultados apontam, assim como pode se observar na Figura 27, correlação
negativa para Autoridade ( = -0,44; <0,001), Justiça ( = -0,16; =0,046) e Lealdade ( = -
0,21; =0,007), e por outro lado, correlação positiva para Liberdade ( = 0,26; 0,001). Em
seguida, considerando participantes do sexo masculino, os resultados apontam correlação
negativa para Autoridade ( = -0,31; <0,001) e correlação positiva para Liberdade ( = 0,22;
0,010).

Figura 27. Representação da relação entre julgamento moral e idade (Parte 1), para os
diferentes fundamentos morais e sexos. Os pontos representam as respostas individuais dos
participantes, as linhas representam a tendência, enquanto a faixa cinza em torno da linha
representa o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
164

6.2 Parte 2 – Grupos G5 a G9

Em relação aos grupos G5 a G9, foram coletados 260 participantes declaradamente


saudáveis, sem qualquer histórico de transtorno psiquiátrico e neurológico, e divididos entre
cinco grupos de idade (G5 a G9), e ambos os sexos. Por conta de erros no processo de coleta,
os dados de 15 participantes foram perdidos, resultando na amostra de 245 participantes
incluídos em todas as análises descritas. A descrição da distribuição dos participantes por
grupo e sexo se encontra na Tabela 10.

Tabela 10. Descrição da distribuição da amostra entre os sexos (G5 e G9).


Fonte: Próprio autor.
Grupo Sexo Média de idade±Erro Pad.
Feminino 43 18,88±0,86
G5
Masculino 24 19,00±0,66
Feminino 26 22,23±1,34
G6
Masculino 27 22,59±1,28
G7 Feminino 22 28,05±1,50
Masculino 24 27,42±1,60
G8 Feminino 25 33,08±1,55
Masculino 22 33,00±1,60
G9 Feminino 18 38,28±1,60
Masculino 14 38,50±1,40

Inicialmente, foi realizada uma ANOVA para medidas repetidas em relação a possíveis
diferenças de sexo, na qual foi demostrado efeito significativo para o fator FUNDAMENTO
(F6,1458=206,37; <0,001; ηp=0,45) e para o fator SEXO (F1,243=31,81; <0,001; ηp=0,11), mas
não para a interação FUNDAMENTO*SEXO (F6,1458=0,32; =0,387; ηp=0,00). Assim,
participantes do sexo feminino (4,25±0,03) julgaram significativamente de forma mais severa
que os do sexo masculino (3,98±0,04).
165

Figura 28. Representação do julgamento moral por fundamento moral e idade (Parte 2), em
que os valores representam o julgamento moral médio (1 = “ ” a 5 =
“ ”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.

Foi realizada uma ANOVA para medidas repetidas em relação a possíveis diferenças
de idade, na qual foi demostrado efeito significativo para o fator FUNDAMENTO
(F6,1440=192,51; <0,001; ηp=0,44) e para a interação FUNDAMENTO*IDADE
(F24,1440=2,83; <0,001; ηp=0,04), mas não para o fator IDADE (F4,240=1,08; =0,368;
ηp=0,01). Em seguida, de Bonferroni revelou que as diferenças observadas no fator
FUNDAMENTO demonstram que todos os fundamentos se diferenciam entre si ( 0,013),
exceto na comparação entre Autoridade ( 1,000; 3,47±0,05) e Lealdade (3,49±0,05),
Cuidado físico ( 1,000; 4,65±0,03) e Liberdade (4,59±0,03) e Cuidado emocional ( 0,947;
4,42±0,03) e Justiça (4,35±0,03). Já em relação aos achados relativos à interação
FUNDAMENTO*IDADE, de Bonferroni não demonstrou qualquer diferença
166

significativa entre os grupos para cada fundamento. Apenas foram observadas diferenças
específicas entre os fundamentos de um mesmo grupo de idade.

Figura 29. Representação do julgamento moral por fundamento moral e idade (Parte 2), em
que os valores representam o julgamento moral médio (1 = “ ” a 10 =
“ ”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.

Além disso, foi realizada uma análise de correlação de para verificar uma
possível relação entre a idade e o julgamento moral. Primeiro em relação a participantes do
sexo feminino, os resultados apontam, assim como pode se observar na Figura 30, apenas
correlação positiva para Justiça ( = 0,17; =0,041). Em seguida, considerando participantes
do sexo masculino, os resultados apontam correlação positiva para Autoridade ( = 0,28;
=0,002) e Liberdade ( = 0,40; 0,001).
167

Figura 30. Representação da relação entre julgamento moral e idade (Parte 2), para os
diferentes fundamentos morais e sexos. Os pontos representam as respostas individuais dos
participantes, as linhas representam a tendência, enquanto a faixa cinza em torno da linha
representa o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
168

Por fim, apenas a critério ilustrativo, a Figura 31 apresenta uma representação do


julgamento moral dos diferentes fundamentos morais, ao longo de todas as idades avaliadas6.
É possível notar que nos fundamentos da Autoridade e Lealdade ocorre uma diminuição dos
julgamentos morais até o período de 17 anos, seguindo com um aumento nas idades de 18 a
40. Por outro lado, observa-se um aumento significativo dos julgamentos morais do
fundamento da Liberdade até os 17 anos, seguido de um padrão estável nas idades de 18 a 40.

Figura 31. Representação da relação entre julgamento moral e idade (Partes 1 e 2), para os
diferentes fundamentos morais e sexos. Os pontos representam as respostas individuais dos
participantes, as linhas representam a tendência, enquanto a faixa cinza em torno da linha
representa o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.

6
É possível notar que os fundamentos do Cuidado E, Cuidado F e Pureza não apresentam respostas nas idades
de 8 a 17, visto que não foram avaliados nestas idades, assim como o fundamento do Cuidado que não
apresenta respostas nas idades de 18 a 40, pelo mesmo motivo.
169

7. DISCUSSÃO

O presente estudo teve como objetivo geral investigar o julgamento moral dos diferentes
fundamentos morais em diferentes grupos de idades variando dos 8 aos 40 anos de idade.

Os principais achados do estudo demonstram que:

Parte 1

i) Diferenças de sexo – participantes do sexo feminino apresentaram de forma


geral julgamentos significativamente mais severos, e especificamente para o fundamento da
Liberdade, quando comparadas a participantes do sexo masculino.
ii) Diferenças de idade e fundamento da Autoridade – julgamentos
significativamente menos severos para G4 comparado a G1.
iii) Diferenças de idade e fundamento da Lealdade – julgamentos
significativamente menos severos para G3 comparado a G1.
iv) Diferenças de idade e fundamento da Liberdade – julgamentos
significativamente mais severos para G4 comparado a G2.
v) Correlação entre idade e julgamento moral em participantes do sexo feminino
– correlação negativa para os fundamentos Autoridade, Justiça e Lealdade e positiva para
Liberdade.
vi) Correlação entre idade e julgamento moral em participantes do sexo masculino
– correlação negativa para o fundamento da Autoridade e positiva para Liberdade.

Parte 2

i) Diferenças de sexo – participantes do sexo feminino apresentaram de forma


geral julgamentos significativamente mais severos, quando comparadas a participantes do
sexo masculino.
ii) Correlação entre idade e julgamento moral em participantes do sexo feminino
– correlação positiva para o fundamento da Justiça.
170

iii) Correlação entre idade e julgamento moral em participantes do sexo masculino


– correlação positiva para os fundamentos da Autoridade e da Liberdade.

7.1 Sexo

Tanto para a Parte 1 quanto para a Parte 2 foram encontrados resultados com
julgamentos morais mais severos para participantes do sexo feminino, com especificidade
presente nas comparações do fundamento da Liberdade na Parte 1. Estes resultados
encontram-se alinhados ao Estudo 1 da presente Tese, em que, além das diferenças culturais,
observou-se uma diferença específica entre os sexos na amostra brasileira, as mulheres
apresentaram julgamentos mais elevados do que os homens brasileiros e ambos os sexos da
amostra norte-americana. Vale ressaltar que nas análises aqui apresentadas foram utilizadas
vinhetas em que o autor da violação moral poderia ser tanto um homem quanto uma mulher
(sem balanceamento entre o número de vinhetas para cada sexo), diferentemente do Estudo 1,
em que somente foram utilizadas vinhetas com autores do sexo masculino, no intuito de se
aumentar o controle experimental. No presente estudo, este critério não foi utilizado pelo fato
do estudo ter sido conduzido após os primeiros passos da validação, mas antes da conclusão
da validação e consequentemente da comparação das diferenças de sexo no Estudo 1. Mais
estudos se fazem necessários a fim de se aprofundar a compreensão entre as diferenças de
sexo no julgamento dos diferentes fundamentos morais entre os sexos, e em diferentes idades.

7.2 Idade

Inicialmente, foi feita a análise entre as médias de julgamento de cada grupo, sendo
possível observar que o grupo G1 (8 a 10 anos) apresenta médias superiores a G4 (15 a 17
anos) no fundamento da Autoridade e G3 (13 e 14 anos) no fundamento da Lealdade, assim
como o grupo G4 (15 a 17 anos) apresenta médias superiores a G2 (11 e 12 anos) no
fundamento da Liberdade. Este achado pode ser justificado a partir de alguns achados, em que
crianças mais novas (8 a 10 anos) levam as coisas que aprendem de maneira mais literal e têm
um pensamento mais concreto (TONIETTO , 2011) comparado às crianças mais velhas
171

(15 a 17 anos), que já entendem que, dependendo da situação, certas atitudes podem ser
consideradas menos erradas. Com o amadurecimento do cérebro durante a infância e
adolescência, progressivamente as crianças tornam-se capazes de avaliar múltiplos aspectos
de um problema, detectar possíveis erros na execução dessas ações e corrigi-los (BARROS e
HAZIN, 2013).

É possível observar um movimento de mudança entre os grupos G2 e G3 (12 e 13


anos), mas essa diferença não é estatisticamente significativa, só passa a ser significativa na
diferença entre os grupos G2 e o G4, sendo assim, pode-se considerar o G3 como um grupo
de transição nesta mudança de julgamento. As idades inseridas no G3 se caracterizam pelo
período em que os jovens, tipicamente, estão passando pela puberdade. É importante ressaltar
que não há diferença estatisticamente significativa entre os grupos: G1-G2; G1-G3; G2-G3;
G3-G4, o que destaca que esta mudança nos julgamentos somente se apresenta significativa
quando a comparação ocorre entre grupos de idade com um intervalo de idade maior.

Conforme houve um avanço nas idades, de acordo com cada grupo, o julgamento
moral foi ficando menos rígido, as situações eram entendidas como menos erradas pelos dois
últimos grupos (G3 e G4) em comparação com os dois primeiros (G1 e G2). Isso
possivelmente pode ser compreendido a partir de um maior amadurecimento do cérebro após
a puberdade nos grupos G3 e G4, principalmente na região do Córtex Pré-frontal, que, por
mais que termine seu amadurecimento apenas após os 20 anos, está muito mais amadurecido
comparado às crianças do G1 e G2 (BEE e BOYD, 2009).

Apesar de ter sido usado o teórico Kohlberg para o embasamento teórico e das análises,
não foram utilizados seus dilemas morais neste trabalho, a avaliação moral foi feita através
das vinhetas morais por representarem melhor situações morais em um contexto atual. Além
disso, vale destacar que os dilemas morais utilizados por Kohlberg, apesar de retratarem
diferentes fundamentos da moral, não possuem uma distribuição igualitária do número de
dilemas por fundamento da moral, nem possuem dilemas para todos os fundamentos sugeridos
por HAIDT e JOSEPH (2004), o que justifica a adoção de outro instrumento para o presente
estudo. Desta forma, o uso do instrumento VFMs adaptado de CLIFFORD (2015) se
adequa significativamente com o presente estudo, por dois principais motivos: 1) o
instrumento abrange os seis fundamentos da moral com significativa quantidade de estímulos
(vinhetas) para testagem; 2) por se caracterizar por frases escritas, o instrumento possibilita
172

adaptação cultural e por idade (possibilitando o controle de informações/conteúdo impróprio


para o público-alvo, no caso participantes menores de idade), além do fato de que mesmo
possuindo uma importante resposta ao julgamento moral, o instrumento não apresenta
imagens, que conhecidamente apresentam um maior impacto emocional, o qual pode ser
prejudicial a depender do objetivo e da amostra estudada. Ressaltando que o instrumento
original é dividido em seis fundamentos, mas foram utilizados apenas cinco, por ter sido
retirado o fundamento de Pureza, devido à idade da amostra.

Com isso, inicialmente, em relação à variação observada para o fundamento da


Autoridade, podemos relacionar com a teoria do desenvolvimento moral de KOHLBERG
(1976), na qual a visão das crianças a respeito das autoridades acompanha seu
desenvolvimento. As idades correspondentes aos grupos G1 e G2 (8 a 12 anos) encontram-se
descritas dentro do estágio 2 do nível I de desenvolvimento moral segundo Kohlberg, já as
idades correspondentes ao grupo G3 (13 a 14 anos) encontram-se descritas dentro do estágio
3 do nível II de desenvolvimento moral segundo Kohlberg. Segundo este autor, no nível I as
crianças veem a autoridade como algo totalmente fora delas, ou seja, elas veem autoridade
como algo que não conseguem controlar ou interferir. Já no nível II, os julgamentos de regras
de autoridade externa são internalizados, mas eles não são questionados ou analisados, ou seja,
o indivíduo começa a perceber que há diferentes julgamentos a respeito das regras
estabelecidas pelas autoridades, dando início a um processo de julgamentos pessoais, mas o
indivíduo não questiona a regra (BEE e BOYD, 2009).

Já em relação ao fundamento da Lealdade, no qual se observou uma variação


significativa entre os grupos G3 e G1, os valores em G1 foram mais severos comparados aos
valores de G3. Além disso, a média de julgamento no fundamento da Lealdade foi mais baixa
comparada às médias dos outros fundamentos. Este mesmo dado foi encontrado durante o
processo de validação das vinhetas morais, em que a média de julgamento do fundamento da
Lealdade nos adultos também foi menos severa comparada com a média de julgamento dos
outros fundamentos. Pode-se entender essa variação como consequência do conteúdo das
vinhetas morais, as quais, em relação à Lealdade, continham majoritariamente frases com
contexto de esporte, escola e amizades.

Por fim, a principal relação entre idade e julgamento moral é o fato de que conforme
há um aumento na idade as crianças julgam as frases referentes a Autoridade e Lealdade de
173

maneira “menos errada”. Essa diferença entre as idades pode se dar devido à menor
flexibilidade cognitiva e moral em crianças mais novas comparadas às mais velhas, além de
uma substituição do possível sentimento de culpa por auto justificação do ato conforme a
criança cresce (BLOOM, 2012).

Inicialmente, considerando os resultados obtidos para a correlação entre a idade dos


participantes de todos os grupos entre G5 e G9 e o julgamento moral, observou-se correlação
positiva para os fundamentos da Autoridade e da Justiça para participantes do sexo masculino
e apenas para Autoridade em participantes do sexo feminino. Apenas olhando para este
resultado, é possível compreender que conforme ocorre um avanço na idade dos participantes
entre 18 e 40 anos de idade, é possível observar julgamentos morais mais rígidos em relação
a violações da Autoridade em ambos os sexos e para violações da Justiça apenas em
participantes do sexo masculino.

Apesar da análise de variância revelar efeito significativo da interação


FUNDAMENTO*IDADE, análise de Bonferroni não demonstrou qualquer
diferença significativa entre os grupos para cada fundamento. Este resultado pode ser
compreendido de duas formas. Em primeiro lugar, a escolha em adotar um teste mais
conservador, para se averiguar o sentido dos efeitos observados em todos os estudos da
presente Tese se destaca como um ponto positivo, afinal preserva a qualidade dos dados. Por
outro lado, nestes casos, diferenças mais sutis não são notadas e passam despercebidas. Em
segundo lugar, é possível assumir que diferenças muito sutis foram observadas e que nesta
faixa de idade (18 a 40) o que ocorre é um nivelamento do julgamento moral, evidente com
os resultados das correlações que apenas revelaram dois fundamentos variando ao longo das
idades.

7.3 Limitações e direções futuras

As principais limitações deste estudo são: i) o não balanceamento dos autores das
violações entre homens e mulheres pode ter comprometido a interpretação dos dados da
174

comparação dos julgamentos entre os sexos; e ii) não foram utilizadas as mesmas vinhetas
entre a Parte1 (grupos G1 a G4) e a Parte 2 (grupos G5 a G9,) impossibilitando a comparação
direta dos dados destas duas partes. Neste sentido, mais estudos se fazem necessários a fim de
compreender diferentes facetas do julgamento de violações morais ao longo do
desenvolvimento.
175

8. CONCLUSÃO

A partir do conteúdo discutido no presente estudo, é possível afirmar que participantes


do sexo feminino apresentam julgamentos morais mais severos, confirmando os achados do
Estudo 1. Além disso, o estudo revelou variação do julgamento moral entre as idades a
depender do sexo.

Estudos futuros devem investigar a influência do sexo do autor das violações no


julgamento moral dos diferentes fundamentos nas diferentes idades, avaliando se os resultados
encontrados neste estudo se aplicam nas diferentes fases do desenvolvimento.
176

ESTUDO 5

IMPACTO DO USO DE REGULAÇÃO


EMOCIONAL NA MODULAÇÃO DO
JULGAMENTO DE IMAGENS,
APRESENTANDO VIOLAÇÕES DOS
FUNDAMENTOS MORAIS
177

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Vários estudos abordam a relação entre emoção e julgamento moral (PIZARRO, 2000;
GREENE , 2001; HAIDT, 2001; HELMUTH, 2001; HAIDT, 2003; KOENIGS ,
2007; MOLL e DE OLIVEIRA-SOUZA, 2007; TANGNEY , 2007; HUEBNER ,
2009; FEINBERG , 2012; ZHANG , 2017; WAGEMANS , 2018), algumas
vezes destacando a dualidade entre julgamentos mais rápidos/intuitivos e mais
lentos/deontológicos, outras defendendo o domínio que as emoções causam na orientação dos
processos de tomada de decisão (HAIDT, 2012; GREENE, 2013). De uma maneira ou de
outra, existe um grande interesse dos psicólogos morais em estudar a relação desses dois
fenômenos, uma vez que essa relação afeta áreas como direito, política, saúde pública e
processos de relacionamento interpessoal em geral. Além disso, as emoções estão sendo
discutidas atualmente como processos ativos, não mais como mera consequência fisiológica
de um determinado estímulo, destacando o importante papel dos processos cognitivos, como
a regulação da emoção, na modulação da resposta emocional. Nesse sentido, o presente estudo
procurou explorar o impacto do uso de diferentes estratégias de regulação emocional no
julgamento moral dos diferentes fundamentos. Especificamente, medidas comportamentais e
fisiológicas foram investigadas, utilizando-se imagens representativas dos diferentes
fundamentos morais.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Conforme destacado por Pizarro (2000), as emoções são tipicamente entendidas como
processos antagônicos aos julgamentos morais, às vezes não considerando seu impacto nos
processos de julgamento, às vezes assumindo que as emoções prejudicam os julgamentos. No
entanto, uma série de estudos contemporâneos aponta a estreita relação entre os dois
fenômenos, destacando frequentemente o papel causal que a modulação emocional
desempenha no impacto do julgamento moral (HAIDT , 1993; SCHNALL , 2008).
Esse impacto às vezes contribui para o julgamento, nos casos em que, por exemplo, nojo
emocional relacionado a uma violação moral orienta a recriminação de tal violação. Por outro
lado, as emoções também podem orientar o comportamento imoral, por exemplo, nos casos
em que os efeitos positivos orientam os atos de injustiça ou corrupção, como os
frequentemente observados em contextos políticos.
178

Atitudes e julgamentos podem ser tomados de forma automática, sem necessariamente


raciocinar, com base em conceitos pré-estabelecidos ou de maneira complexa, usando
diferentes perspectivas (VAN BAVEL , 2015). Como observado por KOENIGS
(2007), algumas estruturas cerebrais estão relacionadas a julgamentos morais mais
deontológicos e quando essas estruturas sofrem lesões cerebrais, os julgamentos mais
intuitivos predominam, demonstrando que os julgamentos morais estão presentes em ambas
as situações. No entanto, processos cognitivos podem estar presentes em maior ou menor grau.

Assim, em contraste com o entendimento de que processos racionais guiariam o


julgamento moral, HAIDT (2001) defende a emoção como a única fonte de julgamento moral.
No entanto, o que descobertas recentes revelam é que a emoção não é um processo
exclusivamente passivo, mas pode ser controlado ou modulado de acordo com a adaptação do
ambiente (MCRAE e GROSS, 2020).

2.1. Regulação emocional

Dentre as mais diversas definições, entende-se emoção como uma alteração


comportamental, fisiológica e subjetiva do indivíduo em resposta a uma dada situação
(FRIJDA, 2000), ou ainda uma alteração fisiológica e/ou processamento cognitivo que motiva
o indivíduo para uma ação que mantenha sua sobrevivência (EKMAN, 1992).

No entanto, uma distinção entre os conceitos de expressão/reação emocional e


regulação emocional se faz necessária. O primeiro (reação emocional) diz respeito ao processo
de resposta comportamental e fisiológica do sistema a partir da exposição a uma situação
emocional. Já o segundo (regulação emocional) trata da capacidade de modificação dessa
resposta, que é o objeto-foco do presente estudo. GROSS (2008) destaca cinco principais
estratégias de regulação emocional: i) seleção da situação; ii) modificação da situação; iii)
direcionamento atencional; iv) reavaliação cognitiva; e, por último, v) modulação da resposta.

No presente estudo, abordaremos especificamente as estratégias de direcionamento


atencional e reavaliação cognitiva. A estratégia de direcionamento atencional caracteriza-se
pela seleção intencional do direcionamento atencional em direção ou oposição (e.g., distração)
ao estímulo eliciador de uma emoção. Sua modulação varia de acordo com o direcionamento
179

de recursos atencionais para o estímulo-alvo. Já a estratégia de Mudança Cognitiva se


caracteriza pela reavaliação cognitiva do estímulo atentado, promovendo uma
exacerbação/aproximação (aumento da emoção vigente ou ) ou
atenuação/afastamento (diminuição da emoção vigente ou ) do impacto
emocional.

Indivíduos que se engajam nos processos de reavaliação cognitiva demonstraram ter


alterações fisiológicas que representam maior engajamento cognitivo em comparação com a
aus� ncia de uso de estratégias de regulação emocional (GROSS, 1998). MARQUES
(2018) demonstraram modulação do intervalo interbatidas (IBI) do registro
eletrocardiográfico (ECG) por decorr� ncia do uso de diferentes estratégias de reavaliação
cognitiva. Especificamente, observou-se que durante o uso da estratégia de
de imagens negativas, comparada ao e o olhar passivo dessas mesmas imagens,
levou a um aumento do recrutamento cardíaco (diminuição do IBI) nos primeiros segundos
de processamento. Este achado demonstra o elevado recrutamento cognitivo que é promovido
durante a “mudança de perspectiva” ( ; ex: olhar uma imagem intensamente
negativa e buscar entender que ela não é negativa), quando comparada ao “reforçar a
perspectiva” ( ; ex: olhar uma imagem intensamente negativa e pensar que ela é
ainda mais negativa). No recente estudo de VALIM (2019), os mesmos padrões de
ativação cardíaca relacionada com maior demanda cognitiva foram observados, revelando
também que o uso da estratégia de distração atencional apresentou menores intervalos de IBI
quando comparada às estratégias de observação e de reavaliação cognitiva (
de imagens negativas e de positivas).

2.2. Julgamento moral e regula� � o emocional

Alguns estudos têm investigado a influência da regulação emocional no julgamento


moral (FEINBERG , 2012; LEE , 2013; LI , 2017; ZHANG , 2017;
HELION e OCHSNER, 2018). Por exemplo, um dos estudos apontou que o hábito de
reavaliação cognitiva influencia a rigidez do julgamento moral, de modo que os indivíduos
que apresentam alta frequ� ncia de reavaliação cognitiva também apresentam julgamento
moral mais liberal (FEINBERG (2012). Neste mesmo sentido, outro estudo revelou que
o hábito de reavaliação cognitiva, além de estar relacionado a comportamentos menos
180

conservadores, também está relacionado a menor comportamento de suporte a políticas


conservadoras, o que demonstra que este controle cognitivo possui tanto influ� ncia no
julgamento moral quanto nas atitudes morais (LEE , 2013).

Contudo, apesar dos estudos supracitados indicarem o impacto da reavaliação


cognitiva no julgamento moral, ainda se faz necessário o estudo da comparação entre as
diferentes estratégias de regulação emocional (por exemplo, qual a diferença entre reavaliação
cognitiva e distração atencional?), a fim de avaliar se o impacto da reavaliação cognitiva sobre
o julgamento moral ocorre por via do reprocessamento dos rótulos cognitivos ou se ocorre por
via da supressão do impacto emocional. Além disso, em relação ao que se observa na literatura
teórica, não foram identificados estudos reportando os efeitos e o papel de outras técnicas de
regulação emocional, como a distração atencional diante do julgamento moral.
181

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Este estudo teve como objetivo investigar o impacto de diferentes estratégias de


regulação emocional no julgamento moral dos diferentes fundamentos morais.

3.2 Objetivos específicos

Comparar o efeito entre os diferentes tipos de regulação emocional no


julgamento de valência, ativação e julgamento moral das imagens morais, para cada um dos
seis fundamentos morais (Cuidado, Justiça, Autoridade, Liberdade, Lealdade e Pureza).
Comparar estratégias de reavaliação cognitiva ( e
) quanto ao número de palavras total, número de palavras relacionadas a emoções
positivas e negativas e número de palavras relacionadas a diferentes processos cognitivos
(Causalidade, Certeza, Discrepância, e Tentativas).
Comparar o intervalo interbatidas (IBI) do registro eletrocardiográfico (ECG)
entre as estratégias de regulação emocional diante de imagens dos diferentes fundamentos
morais.
182

4. HIPÓTESES E RESULTADOS ESPERADOS

Tendo em vista o modelo experimental aqui proposto, serão sugeridas hipóteses com
relação aos dados comportamentais (julgamento moral, valência e ativação) e psicofisiológico
(medida IBI do registro ECG). Considerando que as diferentes estratégias de regulação
emocional aqui estudadas aparentam possuir importante papel no processo de controle
cognitivo das emoções e de mudança de rótulos cognitivos (MCRAE e GROSS, 2020) e que
o uso de estratégias de reavaliação cognitiva modulam a experiência emocional subsequente
(MARQUES , 2018; BOGGIO , 2019; VALIM , 2019), tanto na resposta
comportamental quanto na psicofisiológica (MARQUES , 2018), é esperado que as
estratégias de regulação emocional ativas ( , e Distração) de
fato impactem o julgamento moral e a experiência emocional (julgamento de valência e
ativação). Considerando os efeitos aqui expostos, é esperado observar:

Diferenças nos julgamentos de valência e ativação, dependendo da estratégia


de reavaliação cognitiva utilizada. Comparado à estratégia Observação, esperam-se maiores
avaliações de valência, menores de ativação e julgamento moral para a estratégia de
e Distração, ao passo que menores avaliações de valência e maiores de ativação e
julgamento moral diante da estratégia de .
Baseando-se no trabalho de BOGGIO (2019), espera-se observar
diferenças no número de palavras negativas e positivas utilizadas para e
sendo maior número de palavras negativas para e maior número de
palavras positivas para Além disso, considerando processos cognitivos,
espera-se observar maior frequência de processos de tentativa comparado aos outros processos
estudados, uma vez que essas estratégias de reavaliação cognitiva representam “tentativas” de
mudança de rótulo cognitivo.
Diferenças na modulação da medida IBI do registro ECG, dependendo da
estratégia de reavaliação cognitiva utilizada e do fundamento moral avaliado. Baseado em
MARQUES (2018), VALIM (2019) e comparado à estratégia Observação, espera-
se maior recrutamento cardíaco diante da estratégia de e Distração, ao passo
que menor recrutamento cardíaco diante da estratégia de .
183

5. MÉTODO

Este estudo foi realizado pelo


(SCNLab; Rua Piauí, 181, 10°andar, São Paulo) do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
da Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP). Este laboratório encontra-se
plenamente equipado com todo o material descrito no presente método para a execução total
do experimento. Todos os procedimentos de aquisição e análise de dados foram realizados
dentro de ambiente laboratorial.

Este estudo contou com um experimento com design transversal, dentre participantes
(cada participante foi exposto a diferentes condições experimentais) e randomizado. A seguir,
encontra-se a descrição detalhada do método realizado.

5.1 Participantes

Com base no estudo de OCHSNER (2004), estimou-se o tamanho de amostra de


120 indivíduos para a pesquisa. Cada participante participou de apenas um encontro e foram
incluídos apenas universitários, com idade entre 18 e 35 anos e com visão normal ou corrigida
para o normal; e excluídos aqueles com histórico de doenças neurológicas e psiquiátricas; que
estivessem fazendo uso de medicamento com ação no sistema nervoso central. O recrutamento
se deu por meio de informativos eletrônicos e os participantes foram pré-selecionados a partir
da lista de participantes de estudos anteriores conduzidos no laboratório.

5.2 Instrumentos

Questionário Pessoal: Questionário semiestruturado com perguntas sobre


idade, escolaridade e sexo.
184

(SAM): Versão adaptada para o Brasil das escalas do


tipo de nove pontos (BRADLEY e LANG, 1994), as quais avaliam os níveis de valênica
e ativação do estímulo emocional apresentado entre: i) 0 = “ ”e9=
“ ”; e ii) “ ”e9=“ ”. No presente
estudo, estas escalas foram aplicadas imediatamente após a visualização de cada imagem a
fim de se avaliar a experiência emocional.

Questionário de Regulação Emocional (QRE): Versão brasileira (BOIAN


, 2009) do de GROSS e JOHN (2003). Questionário do
tipo de sete pontos, contendo 10 itens, os quais buscam avaliar os hábitos de uso de duas
estratégias de regulação emocional, nomeadamente Reavaliação Cognitiva (QRE-RC) e
Supressão Emocional (QRE-S). O questionário possui como escore final o valor mínimo de 6
pontos e máximo de 42 pontos para a estratégia QRE-RC; e valor mínimo de 4 pontos e
máximo de 28 pontos para a estratégia QRE-S.

Escala de Afeto Positivo e Negativo (EAPN): Versão brasileira (SIQUEIRA


, 1999) da (PANAS) de WATSON (1988).
Escala do tipo de cinco pontos, contendo 20 itens, os quais buscam avaliar o nível de
afeto positivo e negativo, possuindo como escore final o valor mínimo de 10 pontos e máximo
de 50 pontos para cada afeto avaliado. No presente trabalho, esta escala foi utilizada como
medida de variabilidade de afeto após a condição experimental, sendo aplicada uma vez antes
da tarefa experimental e uma vez imediatamente após o término dela.
185

Tarefa de Regulação Emocional: Como paradigma experimental, foram


adaptadas as tarefas desenvolvidas por OCHSNER (2004) e KANSKE (2010), em
que cada participante esteve presente apenas em uma sessão experimental, realizando todas
as diferentes estratégias de regulação emocional ( , , Distração
e Observação) em quatro blocos experimentais randomizados. Um exemplo da sequência está
exposto na Figura 32.

Figura 32. Sequência de blocos experimentais.


Fonte: Próprio autor.

Para a realização da tarefa, foi utilizado o software 2.0® (


) e monitor de 32 polegadas widescreen ( ® 320BX). As instruções para
cada um dos blocos foram destinadas a cada estratégia de regulação, se caracterizando por:
Bloco de – Instrução para diminuir a emoção negativa vigente (“
”); Bloco de –
Instrução para aumentar a emoção negativa vigente (“
”); Bloco de Distração – Instrução para realizar o cálculo
matemático apresentado (“
”); Bloco de Observação – Instrução para manter a emoção vigente (“
”). A sequ� ncia
de blocos experimentais foi rand� mica entre os participantes, controlando o efeito de um tipo
de regulação na modulação emocional e de julgamento das imagens do bloco experimental
seguinte (Figura 32). Cada bloco contou com apenas um tipo de instrução relativa à estratégia
de regulação em questão (somente , ou somente Distração, ou etc.), contando
com um total de 24 , divididos nos seis fundamentos morais (quatro tipos de situações
para cada fundamento moral).
186

A sequência em cada era idêntica entre os quatro blocos experimentais e ocorreu


da seguinte forma: imagem emocional/moral por 1000ms; tela com a instrução a respeito de
qual deverá ser a tarefa do participante durante a observação da imagem emocional/moral, por
1000ms (estratégia apareceu na frente da imagem emocional/moral, como marca d’água);
imagem emocional por 8000ms; tela com a avaliação de val� ncia sem tempo máximo para a
resposta; tela com a avaliação de ativação também sem tempo máximo para a resposta; tela
com o julgamento moral também sem tempo máximo para a resposta; e, por último, tela com
uma cruz de fixação por 2000ms para preparação para o seguinte (Figura 33). Os
julgamentos de valência e ativação utilizaram o método SAM de avaliação. Quanto à
avaliação do julgamento moral, o participante deveria avaliar as imagens respondendo à
pergunta “ ” em uma escala de 5 pontos (1 =
“ ”e5=“ ”).

Figura 33. Sequ� ncia dos estímulos de cada .


Fonte: Próprio autor.

Especificamente em relação ao bloco de Distração, no qual os participantes eram


instruídos a julgar se os cálculos matemáticos apresentados estavam corretos ou incorretos,
todos os cálculos foram extraídos do trabalho de VALIM (2019), não apresentando
diferenças estatísticas no nível de dificuldade dos cálculos matemáticos, e consequentemente
não apresentando tais diferenças entre os diferentes fundamentos morais.

Ainda em relação ao processo de julgamento de escalas, considerando que o nível de


engajamento dos participantes em realizar determinadas estratégias de regulação emocional
pode variar de acordo com a intensidade da imagem (SHEPPES , 2011; SHEPPES e
187

LEVIN, 2013) e que o nível de elaboração mental e de busca por avaliação em diferentes
perspectivas pode modular tanto o processo de reavaliação cognitiva quanto o julgamento
moral (FEINBERG , 2012), foram feitas avaliações extras com os participantes nos
blocos com estratégias de regulação emocional ativa ( , e
Distração). Nos blocos de reavaliação cognitiva, a cada quatro foi apresentada a seguinte
pergunta: “
)”. Desta forma, os dados foram organizados pela versão 1.4.0 do software
LIWC) desenvolvido por PENNEBAKER (2015)
e utilizando como base o Dicionário Brasileiro de Português (LIWC 2007). Assim, foi extraído
o número total de palavras e as seguintes dimensões: i) Emoções (Positivas e Negativas); e ii)
Processos Cognitivos (Causalidade, Certeza, Discrepância, e Tentativas). Para cada
estratégia de reavaliação cognitiva ( e ) foi calculada a
frequência de palavras considerando as duas dimensões exploradas (Emoções e Processos
Cognitivos). Já nos blocos com a estratégia de Distração, ao final de cada foi apresentada
a seguinte pergunta: “ ”.

Ao todo, foram utilizadas 96 imagens emocionais/morais com conteúdo negativo, sendo


24 imagens para cada um dos blocos relacionados ao uso de uma das estratégias de regulação
emocional (para acesso a todas as imagens para cada bloco:
https://drive.google.com/drive/folders/1gft9wIc9U-pE2v0URW9QzT4dyOzbi9St?usp=sharing). Todas as
imagens apresentadas foram controladas seguindo a resolução de 1024x758 pixels e o fundo
na cor preta. Além disso, todas as imagens selecionadas foram subdivididas nos seis
fundamentos da TFM nomeadamente Cuidado, Justiça, Lealdade, Liberdade, Autoridade e
Pureza. Esta seleção culminou na escolha de pelo menos quatro imagens situacionais para
cada fundamento moral, contando cada tipo de situação com exatamente quatro imagens
semelhantes. Um exemplo dessa seleção se caracteriza por imagens do fundamento de
Autoridade, em que pelo menos quatro imagens situacionais foram escolhidas, sendo uma
delas a imagem de uma criança desrespeitando os pais. A partir da escolha das imagens
situacionais, foi selecionado um número mínimo de quatro imagens aparentemente
semelhantes ou que representassem a mesma situação (desrespeito de filhos diante e para com
os pais). Assim, cada uma das quatro imagens apresentadas por fundamento moral em cada
bloco experimental, apresentou uma imagem semelhante (contendo a mesma configuração
situacional) nos demais tr� s blocos.
188

Considerando as particularidades de cada fundamento moral, ainda foram controladas a


particularidade de cada situação pertencente a cada fundamento moral e a semelhança entre
os blocos experimentais. Esse controle pode ser exemplificado pela situação 1 do fundamento
moral da Autoridade, em que se considerou situações de “desrespeito aos pais”. Nesta
subcategoria, foram selecionadas quatro imagens de desrespeito aos pais, as quais foram
apresentadas uma por bloco (uma por estratégia de regulação emocional). Desta forma, foi
garantido que as situações morais apresentadas para cada fundamento moral em cada bloco
fossem “aparentemente” (semelhança no tipo de situação) e “estatisticamente” (semelhança
nos valores estatísticos obtidos com a validação) semelhantes (Anexo S e T). Para garantir a
homogeneidade entre as os blocos de estratégia de regulação emocional, foram conduzidas
seis ANOVAs univariadas para cada um dos fundamentos morais (utilizando-se os valores de
julgamento moral obtidos com a validação das imagens), não se observando diferenças
significativas para a criação dos blocos de imagens para cada estratégia de regulação
emocional (Tabela 11).

Tabela 11. Caracterização dos diferentes blocos de estratégias de regulação emocional para
os seis fundamentos morais (valores para cada estratégia representam média e desvio padrão).
Fonte: Próprio autor.

Distração Observação F

Cuidado 4,74 (0,10) 4,79 (0,10) 4,75 (0,10) 4,70 (0,10) 0,14 0,93
Justiça 4,09 (0,15) 4,40 (0,15) 3,94 (0,15) 4,15 (0,15) 1,57 0,25
Liberdade 4,65 (0,16) 4,49 (0,16) 4,73 (0,16) 4,47 (0,16) 0,61 0,62
Autoridade 3,46 (0,15) 3,46 (0,15) 3,49 (0,15) 3,26 (0,15) 0,48 0,71
Lealdade 3,44 (0,34) 4,28 (0,34) 4,48 (0,34) 3,59 (0,34) 2,01 0,17
Pureza 4,53 (0,09) 4,45 (0,09) 4,71 (0,09) 4,80 (0,09) 3,01 0,07

A realização completa do treino e da tarefa experimental apresentou duração média de


1h e 45 minutos. Após a coleta de dados, todas as respostas dos níveis de val� ncia, ativação e
julgamento moral foram computadas, e um valor médio de cada uma das medidas foi derivado
para cada participante, de cada fundamento moral e para cada bloco experimental (estratégias
de regulação emocional).
189

Registro da Atividade Eletrocardiográfica (ECG): O sinal da ECG foi captado


através do posicionamento de tr� s eletrodos, sendo que o posicionamento dos polos positivo
e negativo ocorreu respectivamente em ambos os encontros intercostais direito e esquerdo e o
eletrodo de refer� ncia foi posicionado na face anterior/inferior da tíbia direita (Figura 34).

Figura 34. Representação da localização muscular do posicionamento da ECG.


Fonte: Adaptado de https://www.pngfuel.com.

Os eletrodos descartáveis utilizados apresentaram superfície de contato de 10mm e já


possuiam gel condutor. Com relação ao traçado da ECG coletado, inicialmente foi realizada
uma fase de pré-processamento que contém: a) ganho de 1000μS/V; b) filtro passa-alta de
0.05Hz; e c) filtro passa-baixa de 35Hz. Além disso, todas as funções, assim como a aquisição
e a análise dos dados da ECG, foram realizadas através do equipamento de medidas periféricas
BIOPAC® e software Acknowledge® (BiopacInc). A coleta de dados da tarefa experimental
190

ocorreu concomitantemente ao registro da ECG por meio de pareamento dos softwares


BIOPAC e E-Prime. Nesse sentido, levando em consideração o desenvolvido para a
presente tarefa, foram criados marcadores temporais para cada imagem moral e então foi
possível registrar o tempo do intervalo interbatidas (IBI) para a tarefa inteira. Foram extraídos
13 pontos de IBI (um segundo de intervalo entre cada um dos pontos), sendo um desses pontos
criado para o momento anterior à apresentação da imagem (IBI-1 ou 1 segundo antes do início
da apresentação da imagem) apenas para ser utilizado como linha de base para o cálculo do
delta (todos os IBIs de 0 a 11 subtraídos do valor de IBI-1), o seguinte para a imagem
propriamente dita (IBI0) e os demais pontos (do IBI1 ao IBI11) para os segundos de
observação da imagem (Figura 35). Tal padrão foi baseado em trabalhos na literatura que
realizaram análises similares (GUNTHER MOOR , 2010; GUNTHER MOOR ,
2014; MARQUES , 2018; VALIM , 2019).

Figura 35. Representação do procedimento realizado no pré-processamento dos dados da


ECG, com destaque para os diferentes canais (superior relacionado ao registro ECG e inferior
relacionado ao intervalo de tempo entre os batimentos cardíacos) e os momentos específicos
para a derivação dos 13 pontos de IBI.
Fonte: Próprio autor.

5.3 Procedimentos

Os participantes que se enquadraram nos critérios de seleção da amostra foram


convidados a comparecer ao laboratório em apenas um encontro. Inicialmente, foi entregue e
191

apresentado o TCLE e os participantes que concordaram com todas as informações


apresentadas seguiram para a sala experimental, onde permaneceram até o término da
participação. Antes do treinamento acerca da forma como utilizar as diferentes estratégias de
regulação emocional, cada participante foi convidado a responder o Questionário do
Participante, o QRE-RC, o QRE-S e a escala EAPN. Após o término dessa etapa, o
pesquisador responsável realizou a limpeza da região dos eletrodos cardíacos com algodão
com álcool. Em seguida, foram posicionados os eletrodos da ECG e iniciou-se a tarefa
experimental de regulação emocional. Durante toda a sessão experimental, os participantes
permaneceram na mesma sala, que se encontrava propriamente adaptada para a condução do
presente estudo. Neste período, os participantes estavam confortavelmente sentados a uma
distância aproximada de 1 metro do monitor e sozinhos na sala. Após o término da tarefa
experimental, retirada dos eletrodos e limpeza da pele, os participantes foram convidados a
responder novamente a escala EAPN (Figura 36). Após essa etapa, o experimento terminava
e os créditos extracurriculares eram entregues aos participantes universitários.

Figura 36. Representação do desenho experimental do Estudo 5.


Fonte: Próprio autor.
192

5.4 Aspectos éticos

O estudo foi conduzido de acordo com os requerimentos do Comitê de Ética da


Universidade Presbiteriana Mackenzie e baseado nas recomendações estabelecidas na
Declaração de Helsinki (1964), conforme emenda em Tóquio (1975), Veneza (1983) e Hong-
Kong (1989). Todos os participantes tiveram pleno conhecimento dos objetivos e métodos do
experimento, assim como forneceram consentimento por escrito através do TCLE (Anexo F).
Os participantes foram devidamente avisados que poderiam deixar o estudo a qualquer
momento que desejassem sem necessidade de justificativa. Além disso, todas as informações
fornecidas foram estritamente sigilosas e cada participante foi nomeado e referenciado com
uma codificação. Por fim, a coleta de dados do presente estudo só foi iniciada após aprovação
pelo Comitê de Ética da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pela Plataforma Brasil
(CAAE: 76803617.5.0000.0084; data de aprovação: 28/11/2017).

5.5 Análise estatística dos dados

Todos os testes estatísticos realizados e reportados no presente estudo utilizaram nível


de significância (α) de 5%, e foram feitos com o uso do pacote estatístico STATISTICA
(versão 8.0, Dell, N. C., USA).

Foram realizadas análises da variação de afetos positivos e negativos a fim de


se verificar possíveis variações de afeto consoante a tarefa experimental como um todo. Desta
forma, foram realizadas duas ANOVAs de medidas repetidas, sendo uma para cada um dos
afetos (negativo e positivo), em que as variáveis dependentes eram os valores obtidos nos
momentos anterior e posterior à realização do experimento e o fator foi o TEMPO.
Foram realizadas ANOVAS de medidas repetidas para cada uma das avaliações
das imagens (de valência, de ativação e de julgamento moral), em que as variáveis
dependentes se caracterizaram pelos valores médios de cada avaliação em função da estratégia
de regulação emocional (fator ESTRATÉGIA) e do fundamento moral (fator
FUNDAMENTOS).
193

Em relação às análises dos textos descritos durante as estratégias de reavaliação


cognitiva, foram realizadas ANOVAs: i) univariada, para comparar a contagem de palavras
entre as duas ESTRATÉGIAs de reavaliação cognitiva ( e );
ii) uma de medidas repetidas para se verificar as diferenças no número de palavras entre os
fatores EMOÇÃO (emoções negativas e positivas) e ESTRATÉGIA ( e
); e, por último, iii) uma de medidas repetidas para se verificar as diferenças no
número de palavras entre os fatores PROCESSO cognitivo (Causalidade, Certeza,
Discrepância, e Tentativas) e ESTRATÉGIA ( e ).
Com relação aos dados de ECG relativos aos tempos de cada IBI registrado,
inicialmente foi realizada uma ANOVA para medidas repetidas, em que as variáveis
dependentes se caracterizaram pelos valores obtidos em cada IBI para cada estratégia de
regulação emocional e os fatores foram as ESTRATÉGIAS de regulação emocional, os
FUNDAMENTOS morais e o TEMPO dos IBIs.
Perante a detecção de efeitos estatisticamente significativos para efeitos
principais com mais de três níveis ou interação, fez-se teste de Bonferroni para
identificar as diferenças significativas. Ao longo do texto, na descrição dos achados das
ANOVAs e análises , os valores representados correspondem à média ± erro padrão
da variável dependente analisada, exceto pelos gráficos que apresentam os valores
médios±intervalo de confiança. Todos os gráficos foram construídos por meio
do software R-Studio® e da biblioteca GGPLOT2, utilizando gráficos ,
e .
194

6. RESULTADOS

6.1 Caracterização da amostra

No presente estudo, foram coletados 120 participantes declaradamente saudáveis, sem


qualquer histórico de transtorno psiquiátrico, neurológico e em sua maioria universitários. Dos
participantes coletados, 108 foram incluídos em todas as análises descritas. O motivo da
exclusão a de 12 participantes se justifica uma vez que alguns deles foram
considerados , ou seja, apresentaram 2,5 desvios padrões para cima ou para baixo do
valor médio da variável dependente em pelo menos 50% das variáveis dependentes, ou por
perda parcial ou completa de sinal nas variáveis psicofisiológicas. Desta forma, os
participantes excluídos se enquadram em pelo menos um dos seguintes grupos: i) participantes
em medidas comportamentais (cinco participantes); e ii) participantes ou
falha na captação do registro ECG (sete participantes). A seguir, encontra-se toda a descrição
dos resultados baseada nos 108 participantes.

6.2 Variação afetiva (negativos e positivos)

A fim de verificar possíveis variações nos níveis de afetos negativos, por decorrência
da tarefa experimental, foi realizada ANOVA para medidas repetidas como variável
dependente os valores da escala EAPN Neg. antes e depois da tarefa experimental, e como
fator o TEMPO. Não foi observada diferença significativa para o fator TEMPO (F1,431=13,61;
<0,001; ηp=0,03). Em seguida, o mesmo procedimento foi realizado para os afetos positivos
através da escala EAPN Pos, revelando diferença significativa entre os momentos anterior
(3,38±0,56) e posterior (3,02±0,03) da tarefa experimental (F1,431=136,26; <0,001; ηp=0,24).
Dessa forma, é possível afirmar que a tarefa experimental apresentou impacto na diminuição
dos afetos positivos entre a primeira e a segunda avaliação, não sendo possível afirmar o
impacto de cada estratégia de regulação emocional, visto que a ordem dos blocos foi
randomizada entre os participantes, além do fato das avaliações da EAPN só terem sido
realizadas antes e após a realização de todos os blocos.
195

6.3 Julgamento de valência

Inicialmente, considerando os julgamentos de valência, foi realizada ANOVA para


medidas repetidas no intuito de se demonstrar possíveis variações no julgamento de valência
das imagens por conta do fundamento moral avaliado e pela influência da estratégia de
regulação empregada. Os resultados apontam diferenças significativas para o fator
FUNDAMENTO (F5,2140=388,70; <0,001; ηp=0,48), ESTRATÉGIA (F3,428=24,51; <0,001;
ηp=0,15) e para a interação FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA (F15,2140=4,00; <0,001;
ηp=0,03). A partir destes achados, foram realizados três testes Bonferroni. O
primeiro, relacionado ao efeito principal de FUNDAMENTO revelou que os julgamentos de
valência de todos os fundamentos morais se diferenciam entre si ( <0,001), com exceção da
comparação entre o fundamento do Cuidado (1,97±0,06) em relação ao fundamento da Pureza
(2,13±0,06; =0,052). O segundo teste de Bonferroni realizado, agora em relação ao
efeito principal de ESTRATÉGIA, revelou que todas as estratégias se diferenciam entre si
( <0,007), exceto nas comparações entre a estratégia de Distração (2,60±0,12) com
Observação (2,75±0,12; =1,000) e Distração com (2,21±0,12; =0,107). Por
fim, o terceiro e último teste realizado em relação ao efeito na interação
FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA revelou diferenças significativas entre cada uma das
estratégias de regulação emocional para os diferentes fundamentos da moral. A Figura 37 e a
Tabela 12 apresentam representações dessas diferenças encontradas.
196

Figura 37. Representação do julgamento de valência por fundamento moral e estratégia de


regulação emocional, em que os valores representam o julgamento de valência médio (1 =
“ ”a9=“ ”) e as barras representam o intervalo
de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
197

Tabela 12. Apresentação dos resultados do teste Bonferroni para a interação


FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA para o julgamento de valência.
Fonte: Próprio autor.
Fundamento Moral Estratégias comparadas
Distração 1,71±0,13 2,68±0,13 0,000*
Distração 1,71±0,13 Observação 1,95±0,13 1,000
Distração 1,71±0,13 1,55±0,13 1,000
Cuidado
2,68±0,13 Observação 1,95±0,13 0,038*
2,68±0,13 1,55±0,13 0,000*
Observação 1,95±0,13 1,55±0,13 1,000
Distração 3,45±0,13 3,62±0,13 0,000*
Distração 3,45±0,13 Observação 3,85±0,13 1,000
Distração 3,45±0,13 3,02±0,13 1,000
Autoridade
3,62±0,13 Observação 3,85±0,13 0,013*
3,62±0,13 3,02±0,13 0,000*
Observação 3,85±0,13 3,02±0,13 0,004*
Distração 3,53±0,14 4,08±0,14 1,000
Distração 3,53±0,14 Observação 3,59±0,14 1,000
Distração 3,53±0,14 2,80±0,14 0,041*
Justiça
4,08±0,14 Observação 3,59±0,14 1,000
4,08±0,14 2,80±0,14 0,000*
Observação 3,59±0,14 2,80±0,14 0,011*
Distração 2,82±0,16 3,97±0,16 0,000*
Distração 2,82±0,16 Observação 2,94±0,16 1,000
Distração 2,82±0,16 2,32±0,16 1,000
Lealdade
3,97±0,16 Observação 2,94±0,16 0,000*
3,97±0,16 2,32±0,16 0,000*
Observação 2,94±0,16 2,32±0,16 0,318
Distração 2,09±0,13 3,22±0,13 0,000*
Distração 2,09±0,13 Observação 2,21±0,13 1,000
Distração 2,09±0,13 1,94±0,13 1,000
Liberdade
3,22±0,13 Observação 2,21±0,13 0,000*
3,22±0,13 1,94±0,13 0,000*
Observação 2,21±0,13 1,94±0,13 1,000
Distração 2,02±0,13 2,88±0,13 0,002*
Distração 2,02±0,13 Observação 1,98±0,13 1,000
Distração 2,02±0,13 1,64±0,13 1,000
Pureza
2,88±0,13 Observação 1,98±0,13 0,001*
2,88±0,13 1,64±0,13 0,000*
Observação 1,98±0,13 1,64±0,13 1,000
198

6.4 Julgamento de ativação

Com relação aos julgamentos de ativação, foi realizada ANOVA para medidas
repetidas no intuito de se demonstrar possíveis variações no julgamento de ativação das
imagens por conta do fundamento moral avaliado e pela influência da estratégia de regulação
empregada. Os resultados apontam diferenças significativas para o fator FUNDAMENTO
(F5,2140=649,34; <0,001; ηp=0,60), ESTRATÉGIA (F3,428=11,80; <0,001; ηp=0,08) e para a
interação FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA (F15,2140=5,06; <0,001; ηp=0,03). A partir destes
achados, foram realizados três testes Bonferroni. O primeiro, relacionado ao efeito
principal de FUNDAMENTO, revelou que o julgamento de ativação de todos os fundamentos
morais se diferenciam entre si ( <0,001), com exceção: i) da comparação entre o fundamento
do Cuidado (7,17±0,07) em relação ao fundamento da Pureza (6,98±0,09; =0,210); e ii) da
comparação entre o fundamento da Autoridade (4,08±0,09) em relação ao fundamento da
Justiça (4,20±0,09; =1,000), apresentando o mesmo padrão encontrado para o julgamento de
valência (comparação entre Cuidado e Pureza). O segundo teste de Bonferroni
realizado, agora em relação ao efeito principal de ESTRATÉGIA, revelou apenas que a
estratégia de (5,02±0,15) se diferencia significativamente de todas as outras
estratégias ( <0,006), não apresentando qualquer outra diferença entre as outras estratégias
( >0,069). Por fim, o terceiro e último teste realizado em relação ao efeito na
interação FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA revelou diferenças significativas entre cada uma
das estratégias de regulação emocional dos diferentes fundamentos da moral. A Figura 38 e a
Tabela 13 apresentam representações dessas diferenças encontradas.
199

Figura 38. Representação do julgamento de ativação por fundamento moral e estratégia de


regulação emocional, em que os valores representam o julgamento de ativação médio (1 =
“ ”a9=“ ”) e as barras representam o intervalo de
confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
200

Tabela 13. Apresentação dos resultados do teste Bonferroni para a interação


FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA para o julgamento de Ativação.
Fonte: Próprio autor.
Fundamento Moral Estratégias comparadas
Distração 7,22±0,15 6,57±0,18 1,000
Distração 7,22±0,15 Observação 7,32±0,15 1,000
Distração 7,22±0,15 7,58±0,18 1,000
Cuidado
6,57±0,18 Observação 7,32±0,15 0,897
6,57±0,18 7,58±0,18 0,018*
Observação 7,32±0,15 7,58±0,18 1,000
Distração 4,27±0,18 3,37±0,18 0,112
Distração 4,27±0,18 Observação 3,90±0,18 1,000
Distração 4,27±0,18 4,79±0,18 1,000
Autoridade
3,37±0,18 Observação 3,90±0,18 0,000*
3,37±0,18 4,79±0,18 0,000*
Observação 3,90±0,18 4,79±0,18 0,125
Distração 3,95±0,18 3,98±0,18 1,000
Distração 3,95±0,18 Observação 3,93±0,18 1,000
Distração 3,95±0,18 5,03±0,18 0,006*
Justiça
3,98±0,18 Observação 3,93±0,18 1,000
3,98±0,18 5,03±0,18 0,003*
Observação 3,93±0,18 5,03±0,18 0,005*
Distração 5,26±0,21 4,61±0,21 1,000
Distração 5,26±0,21 Observação 5,37±0,21 1,000
Distração 5,26±0,21 5,98±0,21 1,000
Lealdade
4,61±0,21 Observação 5,37±0,21 0,819*
4,61±0,21 5,98±0,21 0,000*
Observação 5,37±0,21 5,98±0,21 1,000
Distração 6,80±0,17 5,60±0,17 0,001*
Distração 6,80±0,17 Observação 6,62±0,17 1,000
Distração 6,80±0,17 6,76±0,17 1,000
Liberdade
5,60±0,17 Observação 6,62±0,17 0,019*
5,60±0,17 6,76±0,17 0,002*
Observação 6,62±0,17 6,76±0,17 1,000
Distração 7,00±0,17 2,88±0,13 0,094
Distração 7,00±0,17 Observação 7,32±0,17 1,000
Distração 7,00±0,17 7,53±0,17 1,000
Pureza
6,09±0,17 Observação 7,32±0,17 0,000*
6,09±0,17 7,53±0,17 0,000*
Observação 7,32±0,17 7,53±0,17 1,000

Desta forma, torna-se evidente a variação da experiência emocional diante da


observação de imagens apresentando situações imorais, de acordo com o emprego de cada
uma das quatro estratégias de regulação emocional.
201

6.5 Julgamento moral

ANOVA para medidas repetidas foi realizada para verificar possíveis variações nos
valores médios de julgamento moral das imagens por conta do fundamento moral avaliado e
também pela influência da estratégia de regulação empregada. Os resultados apontam
diferenças significativas para o fator FUNDAMENTO (F5,2140=216,47; <0,001; ηp=0,34),
ESTRATÉGIA (F3,428=54,63; <0,001; ηp=0,28) e para a interação
FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA (F15,2140=4,02; <0,001; ηp=0,03). A partir destes achados,
foram realizados três testes Bonferroni. O primeiro, relacionado ao efeito principal
de FUNDAMENTO, revelou que os julgamentos morais de todos os fundamentos morais se
diferenciam entre si ( <0,001), com exceção do fundamento da Pureza (4,38±0,03), que não
diferiu do fundamento do Cuidado (4,46±0,04; =0,273) e da Liberdade (4,29±0,04; =0,249).
O segundo teste de Bonferroni realizado, agora em relação ao efeito principal de
ESTRATÉGIA, revelou que todas as comparações apresentaram diferenças significativas
( <0,001), exceto Distração (4,30±0,07) comparada a Observação (4,10±0,07; <0,212) e
(4,54±0,07; <0,078). Por fim, o terceiro e último teste realizado em
relação ao efeito na interação FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA revelou diferenças
significativas entre cada uma das estratégias de regulação emocional dos diferentes
fundamentos da moral. A Figura 39 e a Tabela 14 apresentam representações dessas diferenças
encontradas.
202

Figura 39. Representação do julgamento moral por fundamento moral e estratégia de


regulação emocional, em que os valores representam o julgamento moral médio (1 = “
” a 10 = “ ”) e as barras representam o intervalo de confiança de
95%.
Fonte: Próprio autor.
203

Tabela 14. Apresentação dos resultados do teste Bonferroni para a interação


FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA para o julgamento moral.
Fonte: Próprio autor.
Fundamento Moral Estratégias comparadas
Distração 4,75±0,07 3,83±0,07 0,000*
Distração 4,75±0,07 Observação 4,41±0,07 1,000
Distração 4,75±0,07 4,87±0,07 1,000
Cuidado
3,83±0,07 Observação 4,41±0,07 0,000*
3,83±0,07 4,87±0,07 0,000*
Observação 4,41±0,07 4,87±0,07 0,020*
Distração 3,75±0,08 2,74±0,08 0,000*
Distração 3,75±0,08 Observação 4,41±0,07 1,000
Distração 3,75±0,08 4,02±0,08 1,000
Autoridade
2,74±0,08 Observação 4,41±0,07 0,000*
2,74±0,08 4,02±0,08 0,000*
Observação 4,41±0,07 4,02±0,08 0,026*
Distração 3,83±0,09 3,25±0,09 0,000*
Distração 3,83±0,09 Observação 3,75±0,09 1,000
Distração 3,83±0,09 4,33±0,09 0,004*
Justiça
3,25±0,09 Observação 3,75±0,09 0,004*
3,25±0,09 4,33±0,09 0,000*
Observação 3,75±0,09 4,33±0,09 0,000*
Distração 4,38±0,09 3,23±0,09 0,000*
Distração 4,38±0,09 Observação 4,06±0,09 1,000
Distração 4,38±0,09 4,57±0,09 1,000
Lealdade
3,23±0,09 Observação 4,06±0,09 0,000*
3,23±0,09 4,57±0,09 0,000*
Observação 4,06±0,09 4,57±0,09 0,003*
Distração 4,57±0,08 3,56±0,08 0,000*
Distração 4,57±0,08 Observação 4,39±0,08 1,000
Distração 4,57±0,08 4,66±0,08 1,000
Liberdade
3,56±0,08 Observação 4,39±0,08 0,000*
3,56±0,08 4,66±0,08 0,000*
Observação 4,39±0,08 4,66±0,08 1,000
Distração 4,55±0,07 3,76±0,07 0,000*
Distração 4,55±0,07 Observação 4,43±0,07 1,000
Distração 4,55±0,07 4,78±0,07 1,000
Pureza
3,76±0,07 Observação 4,43±0,07 0,000*
3,76±0,07 4,78±0,07 0,000*
Observação 4,43±0,07 4,78±0,07 0,741*

Além disso, foram conduzidas correlações entre os julgamentos de ativação e valências


com os julgamentos morais dos diferentes fundamentos para o bloco de Observação. Os
resultados indicam que para todos os fundamentos existem correlações significativas, tanto de
valência com julgamento moral (Cuidado r= -0,59 <0,001; Justiça r= -0,71 <0,001;
Liberdade r= -0,63 <0,001; Autoridade r= -0,51 <0,001; Lealdade r= -0,71 <0,001; e
Pureza r= -0,61 <0,001), quanto de ativação com julgamento moral (Cuidado r= 0,52
<0,001; Justiça r= 0,54 <0,001; Liberdade r= 0,65 <0,001; Autoridade r= 0,48 <0,001;
Lealdade r= 0,64 <0,001; e Pureza r= 0,65 <0,001).
204

6.6 Relação entre julgamento moral e hábitos de regulação emocional

Outra medida controlada, de significativa importância para o presente estudo, foram os


hábitos de regulação emocional. Neste sentido, inicialmente foi conduzida análise de
correlação de entre os julgamentos morais das estratégias de regulação emocional e
os fundamentos morais, com os níveis de hábitos de supressão emocional. Somente foram
observadas correlações significativas com cinco fundamentos durante a estratégia de
Observação, nomeadamente (Figura 40): Cuidado (r= 0,33 <0,001); Autoridade (r= 0,42
<0,001); Lealdade (r= 0,29; =0,003); Liberdade (r= 0,34 <0,001); e Pureza (r= 0,36
<0,001). Não se observou relação significativa para o fundamento da Justiça nessa estratégia
( =0,304) ou para qualquer fundamento nas demais estratégias ( 0,108).

Figura 40. Representação da relação entre julgamento moral e hábitos de supressão


emocional, para os diferentes fundamentos morais e estratégias de regulação emocional. Os
pontos representam as respostas individuais dos participantes, a linha representada pela cor da
estratégia representa a tendência linear, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha
representa o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
205

Em seguida, outra análise de correlação, agora em relação aos hábitos de reavaliação


cognitiva, caminhando no mesmo sentido, revelou que apenas os mesmos fundamentos
durante a estratégia de Observação apresentaram relação significativa também com os hábitos
de reavaliação cognitiva (Figura 41): Cuidado (r= 0,35 <0,001); Autoridade (r= 0,28
=0,003); Lealdade (r= 0,22; =0,024); Liberdade (r= 0,33 =0,001); e Pureza (r= 0,40
<0,001). Não se observou relação significativa para o fundamento da Justiça nessa estratégia
( =0,231) ou para qualquer fundamento nas demais estratégias ( 0,147).

Figura 41. Representação da relação entre julgamento moral e hábitos de reavaliação


cognitiva, para os diferentes fundamentos morais e estratégias de regulação emocional. Os
pontos representam as respostas individuais dos participantes, a linha representada pela cor da
estratégia representa a tendência linear, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha
representa o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
206

Considerando estes achados de correlação, resta saber se o julgamento moral nas


estratégias Distração, e variou significativamente mais ou
menos comparado aos julgamentos nos mesmos fundamentos durante a estratégia
Observação. Para isso, os valores de julgamento moral durante a estratégia Observação de
cada fundamento foram subtraídos dos julgamentos dos mesmos fundamentos para cada
estratégia ativa (Distração, e ). Em seguida, esses valores
delta para cada fundamento moral e estratégia de regulação emocional ativa foram
correlacionados aos hábitos de supressão emocional e reavaliação cognitiva. Os resultados
revelam que nenhuma variação nos julgamentos durante o uso das estratégias ativas
(Distração, e ) está relacionada aos hábitos de regulação
emocional, tanto para supressão emocional ( 0,147) quanto para reavaliação cognitiva
( 0,108), o que sugere que os hábitos de ambas as regulações emocionais (supressão e
reavaliação cognitiva) apenas apresentaram relação com os julgamentos morais durante a
estratégia de Observação de imagens contendo situações com violação moral.

6.7 Análise dos textos durante reavaliação cognitiva

Antes de seguir para os resultados das medidas fisiológicas de ECG, foram realizadas
três ANOVAS para a análise dos textos escritos durante os blocos de reavaliação cognitiva
( e ), sendo: i) uma para a contagem de palavras entre as duas
estratégias; ii) uma para a contagem de palavras emocionais positivas e negativas entre as duas
estratégias; e iii) uma para a contagem de palavras relacionadas aos processos cognitivos
(Causalidade, Certeza, Discrepância, e Tentativas).

A primeira ANOVA (univariada) em relação ao número bruto de palavras entre as


estratégias revelou efeito principal significativo para o fator FUNDAMENTO (F1,1302=5,41;
<0,020; ηp=0,00), no qual foi observado maior número de palavras em
(29,93±0,74) comparado a (27,50±0,74).

Em seguida, em relação à ANOVA para medidas repetidas para emoções positivas e


negativas, foi observado efeito principal de ESTRATÉGIA (F1,1302=11,17; =0,001; ηp=0,01)
e a interação ESTRATÉGIA*EMOÇÃO (F1,1302=55,18; <0,001; ηp=0,04), mas não para o
fator EMOÇÃO (F1,1302=31,16; 0,438; ηp=0,00). Neste sentido, a partir destes achados foi
207

realizado teste Bonferroni, o qual demonstrou para maior


( <0,000) frequência de palavras positivas (6,27±0,27) comparado a negativas (3,96±0,28),
enquanto que para maior ( <0,000) frequência de palavras negativas
(6,97±0,28) comparado a positivas (5,09±0,27). A Figura 42 representa essas diferenças.

Figura 42. Representação do número de palavras negativas e positivas utilizadas durante cada
estratégia de reavaliação cognitiva, em que os valores representam o número de palavras
médias e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
208

Por último, em relação aos processos cognitivos presentes nos textos durante o uso das
estratégias de reavaliação cognitiva, ANOVA para medidas repetidas revelou efeito principal
de ESTRATÉGIA (F1,1302=21,75; =0,001; ηp=0,02), PROCESSO (F4,5208=586,08; 0,001;
ηp=0,31) e a interação ESTRATÉGIA*PROCESSO (F4,5208=10,29; <0,001; ηp=0,01). Desta
forma, assim como pode ser observado na Figura 43, o processo cognitivo mais empregado
durante as estratégias de reavaliação cognitiva foi Tentativas (13,33±0,27), seguido de
(8,83±0,22), Causalidade (5,47±0,18), Discrepância (5,46±0,15) e Certeza (2,02±0,12). Além
disso, de Bonferroni revelou que somente o processo de Tentativas foi
estatisticamente diferente entre os dois tipos de reavaliação cognitiva ( <0,001), com maior
frequência em (14,86±0,38) comparado a (11,81±0,38). Não
foram observadas diferenças significativas entre os dois tipos de reavaliação cognitiva para os
demais processos cognitivos ( >0,118).
209

Figura 43. Representação do número de palavras relacionadas a cada processo cognitivo


durante cada estratégia de reavaliação cognitiva, em que os valores representam o número de
palavras médias e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.

6.8 Intervalo interbatidas (IBI)

Com relação aos valores obtidos em cada IBI, ANOVA para medidas repetidas revelou
efeito principal significativo para os fatores TEMPO (F11,4708=108,00; <0,001; ηp=0,20),
FUNDAMENTO (F5,2140=8,38; <0,001; ηp=0,02) e as interações TEMPO*FUNDAMENTO
(F55,23540=5,06; <0,001; ηp=0,01) e TEMPO*ESTRATÉGIA (F33,4708=108,00; <0,001;
ηp=0,02), mas não para o fator ESTRATÉGIA (F3,428=1,48; =0,218; ηp=0,01), ou para as
interações FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA (F15,2140=1,22; =0,246; ηp=0,01) e
TEMPO*FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA (F165,23540=1,10; =0,183; ηp=0,01).
210

A partir destes achados, foram realizados três testes de Bonferroni. O


primeiro, relacionado ao efeito principal de FUNDAMENTO, revelou que os julgamentos
morais de todos os fundamentos morais não se diferenciam entre si, exceto em: i) Pureza, que
se diferencia de todos os demais fundamentos morais ( <0,045); e ii) Justiça, que se diferencia
significativamente de Cuidado e Liberdade ( <0,035). O segundo teste de Bonferroni
realizado, agora em relação à interação TEMPO*FUNDAMENTO, revelou que todas as
comparações não apresentam diferenças significativas ( >0,050), exceto nas comparações
destacadas na Tabela 15 e demonstradas na Figura 44.

Figura 44. Representação dos valores delta do intervalo interbatidas (IBI) para cada momento
avaliado e cada fundamento moral. A linha representada pela cor do fundamento moral
representa a tendência suavizada baseada nos valores médios, enquanto a faixa cinza em torno
de cada linha representa o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
211

Tabela 15. Apresentação dos resultados do teste Bonferroni para a interação


TEMPO*FUNDAMENTO para o intervalo interbatidas (IBI).
Fonte: Próprio autor.
Tempo Fundamentos comparados
IBI 2 Lealdade Pureza 0,008
Autoridade Pureza 0,033
IBI 3 Justiça Pureza 0,000
Lealdade Pureza 0,000
Cuidado Pureza 0,001
Justiça Pureza 0,000
IBI 4
Lealdade Pureza 0,000
Liberdade Pureza 0,008
Autoridade Justiça 0,005
Autoridade Pureza 0,016
Cuidado Justiça 0,050
Cuidado Pureza 0,002
IBI 5
Justiça Liberdade 0,014
Justiça Pureza 0,000
Lealdade Pureza 0,000
Liberdade Pureza 0,006
IBI 6 Justiça Pureza 0,000
Autoridade Justiça 0,004
IBI 7 Justiça Liberdade 0,000
Justiça Pureza 0,000
Cuidado Pureza 0,001
IBI 8
Justiça Pureza 0,000
Autoridade Cuidado 0,023
Autoridade Justiça 0,000
Cuidado Pureza 0,000
IBI 9 Justiça Liberdade 0,000
Justiça Lealdade 0,042
Justiça Pureza 0,000
Lealdade Pureza 0,000
Autoridade Cuidado 0,000
Autoridade Justiça 0,000
Cuidado Pureza 0,000
Justiça Liberdade 0,001
IBI 10
Justiça Lealdade 0,000
Justiça Pureza 0,000
Lealdade Pureza 0,000
Lealdade Pureza 0,000
Autoridade Cuidado 0,032
Autoridade Justiça 0,001
Autoridade Pureza 0,015
IBI 11 Cuidado Pureza 0,000
Justiça Pureza 0,000
Lealdade Pureza 0,000
Liberdade Pureza 0,000

No mesmo sentido, o último teste de Bonferroni demonstrou que em relação


à interação TEMPO*ESTRATÉGIA não foram observadas diferenças significativas, exceto
na comparação entre a estratégia de Distração e ( =0,026) no intervalo IBI10
(Figura 45).
212

Figura 45. Representação dos valores delta do intervalo interbatidas (IBI) para cada momento
avaliado e cada estratégia de regulação emocional. A linha representada pela cor da estratégia
representa a tendência suavizada baseada nos valores médios, enquanto a faixa cinza em torno
de cada linha representa o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.

Apesar de não terem sido observados resultados significativos para as interações


FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA e TEMPO*FUNDAMENTO*ESTRATÉGIA, as figuras
46 e 47 apresentam representações da forma como ocorreram as variações de IBI para todos
os seis fundamentos morais durante as quatro estratégias de regulação, apenas para facilitar a
compreensão dos resultados observados durante as interações TEMPO*FUNDAMENTO e
TEMPO*ESTRATÉGIA.
213

Figura 46. Representação dos valores deltas do intervalo interbatidas (IBI) para cada
momento avaliado, cada fundamento moral e cada estratégia de regulação emocional. A linha
representada pela cor da estratégia representa a tendência suavizada baseada nos valores
médios, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha representa o intervalo de confiança de
95%.
Fonte: Próprio autor.
214

Figura 47. Representação dos valores delta do intervalo interbatidas (IBI) para cada momento
avaliado, cada fundamento moral e cada estratégia de regulação emocional. A linha
representada pela cor do fundamento moral representa a tendência suavizada baseada nos
valores médios, enquanto a faixa cinza em torno de cada linha representa o intervalo de
confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
215

7. DISCUSSÃO

O presente estudo teve como principal objetivo entender como diferentes formas de
regulação emocional podem modular a experiência emocional, considerando julgamento de
valência e ativação e estando diante de imagens apresentando violações morais. Além disso,
se propôs a investigar possíveis variações psicofisiológicas decorrentes da
percepção/julgamento moral.

Os principais achados do estudo demonstram que:

i) Diminuição dos níveis de afeto positivo e aumento de afetos negativos após a


tarefa em comparação com a avaliação anterior à tarefa.
ii) Variação no julgamento de valência, dependendo da estratégia de regulação
emocional utilizada e fundamento moral.
iii) Variação no julgamento de ativação, dependendo da estratégia de regulação
emocional utilizada e fundamento moral.
iv) Variação no julgamento moral, dependendo da estratégia de regulação
emocional utilizada e fundamento moral.
v) Variação no número de palavras emocionais negativas e positivas durante os
blocos de reavaliação cognitiva.
vi) Variação no número de palavras relacionadas a diferentes processos cognitivos
durante os blocos de reavaliação cognitiva.
vii) Variação nos valores de IBI, dependendo da estratégia de regulação emocional
utilizada e fundamento moral.

Nos próximos parágrafos, os achados relativos ao Estudo 5 serão abordados em maior


profundidade e relacionados à literatura prévia.

7.1 Julgamentos de valência, ativação e moral

Inicialmente, as análises dos resultados apontam que em relação às estratégias de


regulação emocional, nomeadamente Distração, reavaliação cognitiva de aumento da emoção
vigente ( ), reavaliação cognitiva de diminuição da emoção vigente (
) e a estratégia proposta da Observação, dentre elas a estratégia de
216

evidenciou efetividade na diminuição do julgamento de ativação, intensificação no


julgamento de valência e no julgamento moral mais brando em relação ao efeito produzido na
aplicação de outras estratégias. Isso mostra que a estratégia de foi mais
eficaz para a diminuição do impacto emocional produzido através da apresentação de imagens
imorais, o que está de acordo com a literatura que demostra que o nível de elaboração mental
e de busca por avaliação em diferentes perspectivas pode modular tanto o processo de
reavaliação cognitiva quanto o julgamento moral (FEINBERG , 2012). Além disso, de
acordo com os estudos realizados por Gross e Ochsner (2008) em que o processo de mudança
cognitiva, caracterizado pela reavaliação cognitiva do estímulo percebido, promove uma
exacerbação/aproximação (aumento da emoção vigente ou ) ou
atenuação/afastamento (diminuição da emoção vigente ou ) do impacto
emocional. Desta forma, tanto o direcionamento atencional quanto a mudança cognitiva
ocorrem durante o processamento emocional. Uma vez instaurada a emoção, passa a ocorrer
a modulação da resposta, intensificando ou suprimindo a emoção já presente (OCHSNER e
GROSS, 2008). Além disso, é interessante notar que apesar da estratégia de Distração ter sido
evidenciada como uma estratégia eficaz para alcançar uma diminuição do impacto emocional
na visualização de imagens negativas, essa estratégia no presente estudo não evidenciou tal
eficácia no objetivo proposto, visto que ao comparar a estratégia de Distração com a realização
de uma visualização passiva não se obteve uma diferença significativa.

É também notável que a estratégia de mostrou efetividade no aumento


da emoção vigente, o que, por sua vez, está relacionado com a literatura na qual estudos já
relataram que a reavaliação de rótulos cognitivos proporciona um maior impacto emocional.
Assim como a estratégia de , observamos que esse resultado está de acordo
com estudos em que após o momento em que já se encontra presente a emoção induzida, as
estratégias de e proporcionam a intensificação ou a
diminuição do impacto emocional (OCHSNER e GROSS, 2008). Portanto, mesmo diante de
um cenário com situações imorais e envolvendo a atividade de um julgamento moral, emoções
negativas foram induzidas e as instruções propostas no experimento, mesmo entrelaçada a
uma questão de imoralidade, se basearam no mecanismo de estratégia emocional de e
, resultando na redução e no aumento do impacto emocional, como já
relatado na literatura e já citado no presente Estudo.
217

Considerando as medidas de valência e ativação, os dados mostram que as imagens


imorais dos diferentes fundamentos da moral apresentam características emocionais distintas,
dessa forma não se faz necessário a análise comparativa entre os fundamentos, visto que não
proporcionaria dados relevantes e sólidos para o presente estudo.

No que concerne aos dados obtidos no julgamento de valência alguns pontos notáveis
requerem maior atenção. As estratégias de e demostraram eficácia, uma
vez que foram condizentes com seus próprios objetivos, alcançando respectivamente maiores
pontuações e menores pontuações no julgamento de valência, ou seja, a estratégia de
proporcionou um abrandamento para o julgamento da negatividade das imagens
imorais, diminuindo proporcionalmente a emoção vigente. Por outro lado, como era esperado,
a estratégia de proporcionou uma maior severidade para o julgamento da
negatividade das imagens imorais, aumentando assim a emoção vigente. Vale apontar que,
embora os fundamentos morais propostos por Haidt (2003) apresentem variados níveis de
valência e ativação (SZEKELY e MIU, 2015), a estratégia de e se
mantiveram fiéis à nossa hipótese inicial, sendo efetivos na modulação emocional quando
comparados à estratégia de Observação.

Já a respeito das estratégias de Distração e Observação, não se obteve disparidade nos


dados obtidos na etapa do julgamento de valência, como também em nenhuma das etapas
propostas no experimento. Resultado que não correspondeu aos resultados obtidos em outros
estudos já realizados por nosso grupo e fora dele e às expectativas construídas no presente
estudo. Neste sentido, esse resultado nos permite compreender e evidenciar que o tempo
previsto e estipulado no presente estudo, para a realização do cálculo matemático usado na
estratégia de Distração, não foi efetivo para a ocorrência de uma ideal distração, uma vez que,
possivelmente, permitiu que os indivíduos realizassem a atividade do cálculo e ainda houvesse
tempo para que visualizassem a imagem. Dessa forma, a estratégia de distração proposta não
resultou em uma significativa diferença em relação à realização da Observação.

Considerando as variações entre os fundamentos morais, a análise dos resultados do


julgamento de valência apresenta diferenças significativas entre todos os fundamentos morais
propostos, exceto o fundamento moral de Cuidado e Pureza. Este achado pode ser
compreendido a partir dos altos valores de julgamento de ativação e baixos julgamentos de
valência com que estes fundamentos morais foram avaliados.
218

Cruzando, agora, os resultados obtidos entre as estratégias e os fundamentos, a


estratégia de Distração, semelhante a dados já colhidos em outras análises aqui relatadas,
comparada à estratégia de Observação, não se diferencia em nenhum dos fundamentos morais.
Já a estratégia de , igualmente comparada à estratégia de Observação, se
diferenciou nos fundamentos de Autoridade e Justiça, isto é, os participantes ao serem
induzidos a pensarem que a situação imoral apresentada fosse pior, comparado a quando eram
induzidos a apenas olhar para a imagem passivamente, apresentaram variação para os
julgamentos de valência nos fundamentos de Autoridade e Justiça.

Por fim, como esperado, a estratégia de mostrou diferenças


significativas em todos os fundamentos morais propostos e para todas as estratégias (exceto
para o fundamento de Justiça nas comparações com as estratégias de Distração e Observação),
ou seja, a estratégia de evidenciou ser efetiva para a diminuição da emoção
vigente induzida pelas imagens imorais apresentadas.

Em relação aos dados obtidos no julgamento de ativação, a estratégia de


notavelmente se diferenciou das demais estratégias especificamente no fundamento moral da
Justiça, o que sugere, junto com o fator de caracterização de imagens imorais negativas de
baixa valência predominante nesse fundamento moral apresentado, uma possível relação
significativa com o atual cenário brasileiro, no qual os indivíduos estão imersos em múltiplos
cenários de injustiças e corrupção, possivelmente potencializou perspectivas que tendem a
pensarem em situações mais injustas do que perspectivas de solução.

Ainda a respeito da estratégia de , não foi observada nenhuma diferença


estatisticamente significativa comparada à realização de uma Observação em todos os
fundamentos morais, exceto Justiça, o que reforça a hipótese anterior a respeito do cenário
político brasileiro, fazendo com que os participantes não alcançassem um aumento
significativo no julgamento de ativação das imagens, o que curiosamente foi oposto às
expectativas iniciais. Uma possível explicação para esses achados diz respeito aos altos
valores de julgamento de ativação e baixos julgamentos de valência com que estes
fundamentos da moral foram avaliados.

Já no que concerne à estratégia de Distração, como já rapidamente mencionado, não


se obteve qualquer diferença significativa nos dados obtidos do julgamento de ativação com
relação à realização de Observação, ou seja, de acordo especificamente com os dados do
219

julgamento de ativação, os participantes ao serem induzidos a se distraírem por meio de


cálculos matemáticos no centro da imagem observada, não apresentaram qualquer variação
comparado ao mesmo julgamento de ativação quando lhes eram proposto apenas a realização
da estratégia de Observação das imagens imorais apresentadas. Como já descrito, o resultado
nos permite compreender que a forma de indução de distração utilizada no estudo aqui em
questão não foi efetiva, pois não permitiu que ocorresse a completa distração objetivada pela
estratégia proposta, visto que o tempo de apresentação do cálculo matemático também
permitiu a observação passiva, resultando em diferenças não significativas em comparação a
realização da estratégia de Observação.

No que diz respeito aos dados obtidos no julgamento moral, notavelmente a estratégia
de evidenciou-se efetiva em todos os fundamentos da moral, o que se
apresenta em concordância com o estudo realizado por Gross já relatado no presente Estudo
(OCHSNER e GROSS, 2008), bem como o estudo de LI (2017), que demonstrou maior
efeito da reavaliação cognitiva, em comparação com a estratégia de supressão, pelo fato de
possibilitar julgamentos morais mais deontológicos. A estratégia de Distração, por sua vez,
não se diferenciou da estratégia de Observação em nenhum fundamento moral, novamente
destacando que possivelmente a forma como esta estratégia foi aplicada (tempo muito longo
para a realização do cálculo matemático) diminuiu seu impacto na modulação da experiência
emocional e julgamento moral. Por outro lado, as estratégias de e
se mostraram substancialmente efetivas na modulação do julgamento moral, se
diferenciando do julgamento em Observação para todos os fundamentos, exceto na
comparação Observação vs para o fundamento da Liberdade. Muito
possivelmente essa ausência de diferenças pode representar um provável efeito teto.

Já em relação aos achados a respeito da menor variação do julgamento moral para


imagens dos fundamentos de Cuidado e Pureza, pode-se considerar que estão alinhados com
a literatura. O estudo de LI (2017) demonstrou que cenários representando o fundamento
moral do Cuidado envolvem um alto conflito e induzem a emoções intensas, enquanto que o
estudo de (ZHANG (2017)) demonstrou que o comportamento de repúdio moral
provocado por situações representativas do fundamento da Pureza levam a uma menor
flexibilidade para uma reavaliação cognitiva do que representação de situações que induzem
ou que estejam mais atreladas à raiva moral. Desta forma, torna-se, portanto, uma justificativa
em relação à inflexibilidade do julgamento para situações dos fundamentos do Cuidado e da
220

Pureza, que envolvem um maior impacto emocional, possivelmente envolvendo baixa


flexibilidade no julgamento de valência para essas duas categorias. Vale citar também o estudo
realizado por ZHANG (2017), que embora haja claras diferenças experimentais dos dois
últimos trabalhos citados, este fez uso da escala
(DERS), de GRATZ e ROEMER (2004), que mede diferenças individuais na dificuldade de
regulação emocional, variável não controlada no presente estudo. Por meio da utilização dessa
ferramenta, o estudo relatou que dificuldades de regulação da emoção estavam intimamente
relacionadas com o julgamento moral no fundamento de Cuidado e Pureza.

7.2 Contagem de palavras

A partir dos relatos captados durante os blocos de reavaliação cognitiva (


e ), foi possível observar alguns fenômenos interessantes.
Inicialmente, foi possível observar maior volume de palavras nos textos durante o bloco de
do que no bloco de , o que evidencia um possível maior
engajamento cognitivo para pensar algo bom de algo negativo do que pensar algo ruim de
algo negativo, assim como defendido por (MARQUES , 2018). Em seguida,
considerando as diferenças no número de palavras negativas e positivas entre as duas
estratégias de reavaliação cognitiva e diretamente relacionado com as hipóteses iniciais, foi
revelado maior número de palavras negativas durante e maior de positivas
durante , destacando o exercício de tentar mudar a perspectiva para reavaliar
o rótulo cognitivo da situação da imagem. Por fim, buscando compreender os Processo
Cognitivos envolvidos em ambas as estratégias, bem como a fim de investigar o engajamento
cognitivo para reavaliar a situação das imagens, foi investigado o volume de palavras relativas
a cada um dos processos investigados (Causalidade, Certeza, Discrepância, e
Tentativas). Os resultados apontam para um maior volume de palavras descritoras do processo
de Tentativas comparado aos demais processos, destacando o alto engajamento envolvido
durante esses blocos. Além disso, esses resultados revelam que o número de palavras relativas
a este processo foi maior durante quando comparado a , o que
novamente revela que possivelmente a estratégia de foi cognitivamente mais
desafiadora.
221

Estes achados estão alinhados ao estudo de FEINBERG (2012), o qual


demonstrou que maiores elaborações cognitivas estavam relacionadas a maiores tempos de
reação para o julgamento moral e a julgamentos mais elaborados (mais deontológicos). Desta
forma, os achados aqui apresentados contribuem para o que já se sabia sobre o fenômeno e
adicionam os achados a respeito da contagem de palavras relacionadas a Emoções e Processos
Cognitivos.

7.3 Intervalo interbatidas (IBI)

Em relação aos efeitos psicofisiológicos, inicialmente vale salientar o padrão típico


observado. Alguns trabalhos de revisão têm demonstrado que a resposta do sistema nervoso
autônomo frente a estímulos emocionais recruta tanto sistema simpático quanto
parassimpático (BRADLEY e LANG, 2000). No entanto, como apresentado por BRADLEY
(2009) em relação a achados de estudos clássicos (LACEY, 1967; LACEY, 1970), esse
recrutamento se apresenta distinto diante da valência emocional do estímulo processado e na
forma como o recrutamento cardíaco se dá (BRADLEY, 2009). Desta forma, especificamente
em relação ao recrutamento de sistemas simpático e parassimpático, observam-se
particularidades temporais, sendo que inicialmente, logo após a exposição a um estímulo
emocional, ocorre um predomínio de ativação de sistema parassimpático, seguido de
predomínio de ativação de simpático. Tipicamente, observa-se uma desaceleração cardíaca
inicial seguida de aceleração, achado este também encontrado no presente estudo. Os
resultados apontam que, independentemente da estratégia de reavaliação e do fundamento
moral, os tempos de IBI variam ao longo do tempo, seguindo os padrões observados na
literatura.

Em seguida, vale destacar os achados em consideração ao papel das estratégias de


regulação emocional. Os resultados demonstram que independentemente dos fundamentos
morais, a estratégia de Distração recrutou maior aceleração cardíaca nos momentos IBI6 a
IBI11, que correspondem aos últimos 5000ms de apresentação da imagem e,
consequentemente, tempo do emprego da estratégia. Este achado relativo ao maior
recrutamento cardíaco durante Distração está alinhado aos achados de MONACO (2017)
e VALIM (2019), também com aumento cardíaco durante estresse diante de cálculos
aritméticos, justificado pelo maior engajamento cognitivo durante a realização desta estratégia
222

(VALIM , 2019). Nesse sentido, o resultado encontrado no presente estudo pode ser
justificado pelo conteúdo da atividade para a qual o participante direcionava sua atenção.

Com relação aos achados referentes aos fundamentos morais, constatou-se que a partir
do momento IBI2 ocorre uma diferenciação do fundamento da Pureza em relação aos demais
fundamentos, diferença esta que permanece até o último registro, o IBI11 (se diferenciando
de todos os fundamentos). Revisando a Figura 44, é possível notar que esta diferença se dá
pelo fato de os valores de IBI para o fundamento da Pureza se caracterizarem por valores mais
elevados (menor recrutamento cardíaco). No entanto, ao revisar a Figura 46, o que se destaca
são os rebaixados valores de IBI para a estratégia de Distração neste fundamento da Pureza,
o que reduziria a média dos dados de Pureza (independentemente da estratégia), e não os
aumentaria. Contudo, ao se comparar os valores de IBI de Pureza em relação aos demais
fundamentos, somente para a estratégia de Distração, é possível notar que os valores são muito
próximos, e que de fato a grande diferença para o fundamento de Pureza se encontra nos altos
valores de IBI para as estratégias de Observação, e .

Apesar de confuso e contraintuitivo, este achado revela um importante ponto. Muito


possivelmente, os participantes diante de imagens com violações de Pureza (zoofilia,
necrofilia etc.) apresentaram experiência emocional negativa (também revelada pelos
julgamentos de valência e ativação), o que possivelmente levou a duas principais reações: i)
se engajar cognitivamente para a resolução do cálculo matemático (se distrair); e ii) desviar a
atenção da tela contendo a imagem imoral. A primeira reação é esperada, e assim como
apresentado acima, condiz com os achados da literatura (MARQUES , 2018; VALIM
, 2019) e também com os achados aqui apresentados da interação TEMPO*ESTRATÉGIA.
Já a segunda reação contraria as hipóteses iniciais e também as instruções direcionadas aos
participantes, uma vez que eles foram instruídos a olhar fixamente a tela nos blocos das
estratégias Observação, e . Alguns estudos destacam que
diante de estímulos emocionalmente intensos, os participantes tendem a optar por se distrair
ao invés de observar e entrar mais em contato com o estímulo (SHEPPES , 2011;
SHEPPES e LEVIN, 2013), mesmo quando são instruídos a observar. Contudo, esta é apenas
uma hipótese para a interpretação dos dados do presente estudo, e seria necessária alguma
medida de direcionamento ocular para de fato afirmar que os participantes desviam o olhar
diante de estímulos de violação da Pureza. No entanto, é importante ter essa possibilidade em
mente antes de defender o aumento dos valores de IBI para as estratégias de Observação,
223

e , o que possivelmente estaria incorreto. Um exemplo desse


equívoco está no trabalho de FEESER (2014), no qual se observou durante o uso de
menores níveis de condutância da pele e menor tempo de fixação ocular nos
estímulos emocionais negativos, e o efeito oposto para . Este achado, apesar de
interessante, revela um equívoco experimental, uma vez que tanto e
, por se tratar de estratégias de esforço para a mudança de rótulos cognitivos,
levariam a maior tempo de fixação ocular, a fim de compreender melhor o estímulo. Apesar
de FEESER (2014) terem instruído seus participantes a realizarem ,é
mais provável que eles tenham realizado a estratégia de Distração. De forma semelhante,
possivelmente no presente estudo ocorreu esse mesmo comportamento, impactando nos
achados, mas por outro lado, revelando a saliência do fundamento da Pureza, impactando o
uso de estratégias de regulação e modulando a fisiologia cardíaca, assim como defendido por
ZHANG (2017) e apresentado no início da Discussão do presente estudo.

7.4 Limitações e direções futuras

As principais limitações deste estudo são: i) o não balanceamento dos autores das
violações entre homens e mulheres, impossibilitando a comparação do julgamentos entre os
sexos; ii) não foram testados os julgamentos de dilemas morais nas diferentes condições de
regulação emocional; iii) não foram testadas as diferenças entre violações morais
vs. ; iv) não foram avaliados os níveis de
sensibilidade ao nojo; e vi) não foi avaliado os níveis de dificuldade de regulação emocional.
Cabe reforçar que é necessário fazer mais estudos a fim de compreender diferentes facetas do
julgamento de violações morais, bem como do papel de diferentes estratégias de regulação
emocional no julgamento dos diferentes fundamentos morais.
224

8. CONCLUSÃO

A partir do conteúdo discutido no presente estudo, é possível afirmar que a estratégia


de regulação emocional de se mostrou a mais efetiva na modulação de
julgamentos para imagens imorais dos diferentes fundamentos da moral. Além disso, o estudo
revelou que violações da Justiça podem apresentar distorção cultural, impactando na
experiência emocional e no julgamento moral. Por último, violações da Pureza apresentaram
distinta modulação da experiência emocional, do julgamento moral e também da fisiologia
emocional.

Estudos futuros devem investigar de que forma dificuldade de regulação emocional


pode impactar a capacidade de reavaliação cognitiva de imagens imorais, bem como devem
mensurar variações no padrão de fixação ocular, a fim de controlar se de fato os participantes
seguiram as regulações instruídas.
225

ESTUDO 6

IMPACTO DA NEUROMODULAÇÃO DO
CÓRTEX PRÉ-FRONTAL NO JULGAMENTO
DE IMAGENS, APRESENTANDO VIOLAÇÕES
DOS FUNDAMENTOS MORAIS
226

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Ao longo dos estudos 1 a 5 foram apresentados resultados demonstrando a forma como


os diferentes fundamentos morais são julgados, assim como foram apresentados fatores
importantes na modulação desses julgamentos. Como investigado e discutido neste Estudo 6,
processos fisiológicos apresentam um papel crucial no processamento moral, destacando-se a
atividade neural, principalmente de estruturas corticais de regiões frontais.

O presente trabalho se justifica na medida em que poucos estudos foram feitos a


respeito da neuromodulação de estruturas do Córtex Pré-frontal no julgamento moral. Entre
esses poucos estudos, nenhum se propôs a investigar a neuromodulação do julgamento moral,
considerando os diferentes fundamentos morais. Desta forma, observa-se a necessidade de
aumentar o conhecimento acerca das especificidades das estruturas corticais Córtex Pré-
frontal Dorsolateral (CPFDL) e Córtex Pré-frontal Ventromedial (CPFVM) na percepção e
julgamento de violações dos diferentes fundamentos morais. Compreender esta especificidade
poderá esclarecer o papel destas duas estruturas no julgamento moral, destacando sutilezas
relacionadas a tópicos da moral, como por exemplo o papel do CPFVM no julgamento moral
de violações do Cuidado e da Autoridade.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Neurofisiologia do julgamento moral

Estudos e revisões acerca do julgamento moral têm sido cada vez mais comuns devido
à sua relevância, e alguns deles se dedicaram a buscar uma base neural responsável pelos
processos que os conduzam (FORBES e GRAFMAN, 2010). A partir de uma revisão literária,
do chamado dos estudos de neuroimagem funcional, escrita por GREENE e HAIDT
(2002), foi possível um maior entendimento da fisiologia do “cérebro moral” (ver
VERPLAETSE (2014) para uma revisão) e os autores apontam algumas estruturas como
sendo as mais mencionadas em estudos anteriores: i) Giro Frontal Medial; ii) Sulco Temporal
Superior; iii) Junção Temporoparietal; iv) Córtex Orbitofrontal; v) Córtex Ventromedial; e vi)
Córtex Pré-frontal Dorsolateral. Vale ressaltar que, assim como apresentado por FORBES e
GRAFMAN (2010), algumas estruturas do Córtex Pré-frontal merecem destaque, uma vez
227

que possuem distinto impacto em processos cognitivos e sociais de importante relevância para
o julgamento moral.

Dando continuidade ao raciocínio do julgamento de intuição moral, após uma análise


de artigos publicados anteriormente, FORBES e GRAFMAN (2010) sugerem uma função
auxiliar ao Córtex Pré-frontal Dorsolateral direito: a integração de respostas emocionais
complexas que são geradas pela avaliação de informações do contexto que está sendo julgado,
aumentando o peso da emoção nesta decisão. Porém, GREENE (2004) encontram
evidências que demostram um envolvimento maior da mesma região em dilemas morais
pessoais mais difíceis, os quais requerem um maior processamento cognitivo racional.

Por outro lado, em relação a outra estrutura citada anteriormente, GREENE (2007)
demonstra que pacientes com lesões no Córtex Pré-frontal Ventromedial (CPFVM)
apresentam julgamentos morais mais utilitários, portanto com menor elaboração cognitiva.
Mais recentemente, outro estudo a respeito do processo de categorização grupal (discutido no
Estudo 3 da presente Tese) demonstrou que o CPFVM apresentava maior ativação em
situações em que o participante se avaliava como pertencente ao grupo, comparado a situações
em que não pertencia (MOLENBERGHS e MORRISON, 2012), revelando o papel do
CPFVM também no processo de categorização social.

No entanto, estes estudos descritos apenas revelam correlações entre diferentes formas
de julgamento moral e ativação cerebral, sendo necessário o estudo causal entre estrutura e
comportamento. Neste sentido, técnicas de neuromodulação se mostram como uma
significante alternativa.

2.2. Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua

Entre as principais técnicas de neuromodulação, destacam-se a Estimulação Magnética


Transcraniana (EMT) e a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) com um
significativo crescimento no número de publicações a cada ano. Quando comparada à EMT,
a ETCC apresenta-se como uma ferramenta neurocientífica de fácil manuseio, baixo custo e
relevante significância no uso em pesquisa (NITSCHE , 2008).
228

Desde o início da primeira década do século 21, estudos estruturados que vêm sendo
realizados com a ETCC demonstram que, através da aplicação de uma corrente elétrica
contínua de baixa intensidade (tipicamente entre 1 e 2 mA), se pode observar a modulação da
excitabilidade cortical da região imediatamente abaixo dos eletrodos (NITSCHE , 2005).
Essa corrente elétrica é gerada a partir de um aparelho estimulador e circula através do
posicionamento de dois eletrodos no escalpo (eletrodos anodo e catodo). Por meio de estudos
de estimulação do córtex motor, entende-se que o potencial da membrana em repouso se
aproxima ou se distancia do limiar do potencial de ação. Consequentemente, observa-se que
a excitabilidade cortical da região abaixo do eletrodo anodo aumenta ao passo que a
excitabilidade cortical da região abaixo do eletrodo catodo diminui (NITSCHE e PAULUS,
2000). Sendo assim, pode-se entender que os processos cognitivos e comportamentais
associados às estruturas corticais estimuladas pelo eletrodo anodo são facilitados, ao passo
que as mesmas estruturas quando estimuladas pelo eletrodo catodo leva à supressão de tais
processos (NITSCHE , 2005). Além disso, é importante ressaltar que os efeitos da ETCC
perduram além do momento de estimulação. Por exemplo, 10 minutos em participantes
saudáveis costuma gerar modulação cortical de até 1 hora (NITSCHE , 2005), e ela ainda
é relativamente indolor e permite um controle placebo mais confiável (BOGGIO ,
2016b). Assim, testar as relações causais entre estimulação e fenômeno cognitivo utilizando
ETCC é potencialmente uma aposta interessante.

Assim, além dos estudos iniciais com modulação motora (NITSCHE , 2003),
outros estudos demonstraram a efetividade da aplicação da ETCC também no estudo de
processos cognitivos, como: memória (BOGGIO, FREGNI , 2009), integração
multissensorial (MARQUES , 2014), tomada de decisão (FECTEAU , 2007),
percepção emocional (BOGGIO , 2008), empatia à dor (RÊGO , 2015) e reavaliação
cognitiva das emoções (MARQUES , 2018). Desta forma, reforça-se a competência desta
técnica no uso em pesquisas em população saudável (NITSCHE , 2008) e clínica
(NITSCHE , 2008; BRUNONI , 2012), bem como com ambas as populações no
tópico da Cognição Social (BOGGIO , 2016a).

Contudo, apesar dos achados positivos apresentados, nos últimos anos alguns achados
negativos foram observados, principalmente em relação a funções cognitivas (HORVATH
, 2015a; b). Dentre estes, observam-se achados demonstrando alta variabilidade
interparticipantes (BENWELL , 2015; LI , 2015; HSU , 2016a; LI , 2019),
229

destacando que os efeitos da ETCC se mostram dependentes do estado da excitabilidade na


(BENWELL , 2015; HSU , 2016b; LI , 2019). Além disso, essa
variação na excitabilidade na pode se apresentar distinta no mesmo participante, a
depender do seu estado no momento da aplicação (HORVATH , 2016), dificultando
inclusive a replicação de resultados com a mesma amostra nas mesmas condições
experimentais. Assim como revisado por CHRYSIKOU (2017), algumas dessas
diferenças de resultados entre estudos podem se justificar por características de mais fácil
controle, como por exemplo o tamanho amostral (MINARIK , 2016), muitas vezes
caracterizado por amostras pequenas e heterogêneas. Por fim, estes mesmos autores destacam
que outros pontos devem ser levados em consideração, como o fato dos estudos não
padronizarem tamanho de eletrodo, intensidade de corrente e tarefas experimentais, assim
como o fato da maior parte desses estudos com achados negativos se caracterizarem pelo
estudo de funções cognitivas, portanto com maior variabilidade inter e intraparticipantes
(CHRYSIKOU , 2017).

A ETCC, mesmo considerando aplicações positivas e negativas, ainda se mostra como


uma interessante ferramenta neuromodulatória, com significativa efetividade na modulação
de funções cognitivas e motoras. Especificamente em relação ao julgamento moral,
atualmente encontram-se poucos estudos que objetivaram compreender o efeito da ETCC em
CPF durante o julgamento moral e, para o nosso conhecimento, em relação ao julgamento dos
diferentes fundamentos morais, nenhum estudo foi realizado até o momento.

2.3. Neuromodulação do julgamento moral

Observa-se na literatura alguns estudos apontando o possível uso de neuromodulação


para a modulação de julgamentos morais (BELL e DEWALL, 2018; DI NUZZO , 2018),
focando em duas principais estruturas corticais (Figura 48): Córtex Pré-frontal Dorsolateral
(CPFDL) e Córtex Pré-frontal Ventromedial (CPFVM).
230

Figura 48. Áreas-alvo e os principais achados dos efeitos de ETCC no julgamento moral.
Fonte: Próprio autor.

Em relação ao CPFDL, o primeiro estudo que investigou o efeito da neuromodulação


do julgamento moral foi o de TASSY (2011). Os autores realizaram EMT de baixa
intensidade e de múltiplos pulsos (conhecida por gerar inibição cortical) em CPFDL direito
durante uma tarefa de julgamento de dilemas morais, em que o participante deveria julgar se
considerava como aceitável determinada atitude imoral. Os autores observaram significativo
aumento de julgamentos utilitários (em prol da maioria) durante EMT ativa comparado à
condição placebo. Desta forma, este achado aponta o significativo papel dessa estrutura no
julgamento moral, e mais especificamente na elaboração de avaliações que considerem os
diferentes atributos contidos em uma violação moral. Posteriormente, de maneira semelhante,
JEURISSEN (2014) também demonstraram que EMT de múltiplos pulsos sobre CPFDL
direito está relacionada a uma maior frequência de julgamentos utilitários, no entanto
revelaram a especificidade de que esta diferença somente foi notada em dilemas com
envolvimento pessoal, comparado a dilemas sem envolvimento pessoal e dilemas não morais.

Já em relação à utilização de ETCC, KUEHNE (2015) realizaram tarefa muito


semelhante a JEURISSEN (2014), no entanto procuraram neuromodular região
homóloga contralateral, ou seja, o CPFDL esquerdo. Para tal fim, realizaram três condições
231

experimentais: duas ativas (anódica e catódica) e uma placebo, sendo nos três casos o eletrodo-
alvo posicionado em CPFDL esquerdo e o eletrodo de referência em Córtex Parietal direito.
Os autores observaram que somente a condição anódica apresentou significativa modulação
do julgamento moral em comparação com a condição placebo e apresentou a diminuição de
julgamentos utilitários (maior frequência de julgamentos deontológicos), destacando assim o
papel dessa estrutura em hemisfério esquerdo no processo de articulação de raciocínios
morais. Contudo, em um estudo recente conduzido por ZHENG (2018), foi observado
efeito oposto ao de KUEHNE (2015), em que os autores realizaram ETCC bilateral do
CPFDL, com as condições anodo direita/catodo esquerda, catodo direita/anodo esquerda e
placebo. Foi observada diminuição do julgamento utilitário diante de dilemas com
envolvimento pessoal durante a condição anodo à direita e eletrodo catodo à esquerda. Ao
interpretar conjuntamente estes achados com o uso de ETCC, fica evidente a necessidade de
padronização experimental, uma vez que a localização do posicionamento do eletrodo “de
refe�ncia” pode impactar significativamente as conclusões experimentais, bem como a
comparação entre estudos.

Considerando agora o CPFVM, alguns estudos também foram realizados, os quais se


basearam em estudos clássicos de neuroimagem da Neurociência Social em relação a
processos de empatia (SHAMAY-TSOORY , 2003), Teoria da Mente (SHAMAY-
TSOORY , 2005) e julgamento moral (GREENE, 2007; MOLL e DE OLIVEIRA-
SOUZA, 2007).

O primeiro trabalho com neuromodulação de Córtex Pré-frontal Ventral (CPFV) e


julgamento moral realizado por FUMAGALLI (2010), se deu por meio da ETCC, no
qual se buscou neuromodular de forma anódica e catódica o CPFV e o Córtex Occipital (com
eletrodo de referência em deltoide direito), tarefa de julgamento moral de dilemas morais com
envolvimento pessoal ou sem envolvimento pessoal e dilemas não morais. Os autores
observaram que a modulação cerebral somente foi efetiva em participantes mulheres, as quais
apresentaram maior frequência de respostas utilitárias após ETCC anódica em CPFV e menor
frequência de frequência após ETCC catódica, comparado aos julgamentos realizados
anteriormente à modulação experimental (FUMAGALLI , 2010). Vale destacar que os
232

autores não encontraram efeito significativo para ETCC em Córtex Occipital, e também não
realizaram a condição placebo para controle passivo. Desta forma, estes achados sinalizam
que a neuromodulação do julgamento moral em CPFV pode sim impactar o julgamento, no
entanto destaca a particularidade de diferentes vias de processamento entre homens e mulheres
(FUMAGALLI , 2010). Mais recentemente, de maneira complementar, YUAN
(2017) demonstraram em uma tarefa de julgamento de imagens representando atos imorais,
na qual era avaliado o julgamento moral (“ ”a“ ”) e avaliação de
resposta emocional às imagens (“ ”a“ ”), que ETCC anódica em
CPFVM (com referência em deltoide direito) significativamente elevou as avaliações de
julgamento moral e as avaliações de atratividade comparado a ETCC placebo. Os autores não
avaliaram diferenças entre sexos que poderiam complementar os achados de FUMAGALLI
(2010). Por último, um trabalho recente do grupo de RIVA (2018), conhecido por
vários estudo em relação à neuromodulação de processos emocionais (RIVA , 2012;
RIVA , 2014), investigou três condições experimentais de ETCC e uma placebo em tarefa
de julgamento de dilemas morais, sendo a montagem com um eletrodo de 9cm2 em CPFVM
2
e o eletrodo de “refe�ncia” em Occipital (eletrodo com 25 cm ). Dentre as duas condições
ativas de ETCC, os autores realizaram uma com ETCC anódica e outra catódica (considerando
a localização do eletrodo em CPFVM). Os achados revelaram efeitos semelhantes a
FUMAGALLI (2010) e YUAN (2017), nos quais os participantes que receberam
ETCC anódica em CPFVM apresentaram maior frequência de julgamentos utilitários.

Analisados de forma conjunta, os achados referentes à neuromodulação de CPFDL e


CPFVM destacam o importante papel causal destas estruturas em processos de julgamento
moral. No entanto, todas essas descobertas representam tarefas de dilemas morais, como o
problema do bonde/trem (THOMSON, 1984), que apenas mede o julgamento do participante
em relação a um eixo utilitário-deontológico e aparentemente unicamente em relação ao
fundamento moral do Cuidado, sem levar em conta os diferentes fundamentos morais. Neste
sentido, estudos relacionados à neuromodulação do julgamento moral frente aos diferentes
fundamentos morais se tornam importantes, a fim de revelar especificidades dessas estruturas
no julgamento particular dos diferentes fundamentos morais.
233

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Este estudo teve como objetivo investigar o papel do Córtex Pré-frontal no julgamento
moral dos diferentes fundamentos morais, por meio da neuromodulação por ETCC. Em
particular, buscou-se investigar as particularidades do CPFDL esquerdo e do CPFVM nesse
tipo de julgamento.

3.2 Objetivos específicos

Diferenciar os julgamentos de valência para os diferentes fundamentos morais,


entre as diferentes condições experimentais.
Diferenciar os julgamentos de ativação para os diferentes fundamentos morais,
entre as diferentes condições experimentais.
Diferenciar os julgamentos morais para os diferentes fundamentos morais,
entre as diferentes condições experimentais.
234

4. HIPÓTESES E RESULTADOS ESPERADOS

Tendo em vista o modelo experimental aqui proposto, serão sugeridas hipóteses para a
modulação das duas estruturas aqui investigadas.

Em relação à modulação do CPFDL, as hipóteses se dividem, uma vez que os resultados


se contradizem. Considerando os resultados de BOGGIO, ZAGHI (2009), e RÊGO
(2015), espera-se observar um aumento da regulação emocional diante da neuromodulação
do CPFDL, o que possivelmente impactaria no julgamento moral comparado à condição
placebo. Desta forma, considerando também os estudos recentes de JEURISSEN (2014)
e ZHENG (2018), espera-se que ETCC anódica em CPFDL esquerdo aumente os níveis
de julgamento moral. Não é esperado que haja modulação dos julgamentos de valência e
ativação seguindo os achados de MARQUES (2018). Para a modulação de CPFVM,
levando em consideração os estudos de RIVA (2018), YUAN (2017),
FUMAGALLI (2010), espera-se encontrar aumento de julgamentos utilitários
comparado a ETCC placebo.

Assim, comparado a ETCC placebo, espera-se que tanto ETCC anódica em CPFDL
quanto em CPFVM apresente julgamentos mais utilitários. No entanto, seja para ETCC em
CPFDL, seja em CPFVM, não existem hipóteses específicas para cada um dos fundamentos
da moral.
235

5. MÉTODO

Este estudo foi realizado pelo


(SCNLab; Rua Piauí, 181, 10°andar, São Paulo) do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
da Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP). Este laboratório encontra-se
plenamente equipado com todo o material descrito no presente método para a execução total
do experimento. Todos os procedimentos de aquisição e análise de dados foram realizados
dentro de ambiente laboratorial.

Este estudo contou com um experimento com design transversal intraparticipantes


(cada participante foi exposto a diferentes condições experimentais), balanceado e placebo
controlado. A seguir, encontra-se a descrição detalhada do método realizado.

5.1 Participantes

Estimou-se o tamanho de amostra de no mínimo 30 indivíduos declaradamente


saudáveis (baseado no autorrelato) de ambos os sexos, e com idades compreendidas entre 18
e 35 anos. Foram incluídos apenas aqueles: i) sem histórico de doenças neurológicas,
psiquiátricas e psicológicas severas (baseado no autorrelato do participante); ii) destros
segundo avaliação pela Escala de Dominância Lateral de Edimburgo; iii) com idade entre 18
e 35 anos; iv) sem uso de medicamento que atue no sistema nervoso central; v) sem histórico
de dependência de álcool ou outras drogas; e vi) sem presença de implantes metálicos na
cabeça, cirurgia cerebral ou marca-passo. O recrutamento foi realizado por meio de
informativos eletrônicos. Todos os participantes forneceram seu consentimento de
participação no estudo por escrito, através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE; Anexo G), sendo que ao final receberam créditos extracurriculares pela colaboração.
Cada um participou em três encontros intercalados por no mínimo 48 horas.
236

5.2 Instrumentos

Questionário Pessoal: Questionário semiestruturado com perguntas sobre


idade, escolaridade, uso de medicações, lateralidade e histórico de cirurgias.

(SAM): Versão adaptada para o Brasil das escalas do


tipo de nove pontos (BRADLEY e LANG, 1994), as quais avaliam os níveis de valênica
e ativação do estímulo emocional apresentado entre: i) 0 = “ ”e9=
“ ”; e ii) “ ”e9=“ ”. No presente
estudo, estas escalas foram aplicadas imediatamente após a visualização de cada imagem a
fim de se avaliar a experiência emocional.

Escala de Dominância Lateral de Edimburgo: Versão adaptada para o Brasil da


(OLDFIELD, 1971). Escala do tipo de três pontos, contendo 10
itens, os quais avaliam o predomínio do uso da mão direita e esquerda para resolução de cada
uma das tarefas apresentadas nos 10 itens. No presente estudo, esta escala foi utilizada como
critério de inclusão para a participação, sendo aplicada apenas uma única vez antes da
realização da tarefa experimental. Somente foram incluídos os participantes que pontuaram
lateralidade destra acima de 40% (destros).

Tarefa de Julgamento Moral: Como paradigma experimental, foi adaptada a


tarefa utilizada no Estudo 5 da presente Tese. A tarefa experimental se constituiu na
observação, seguida de avaliação, de imagens de conhecida val� ncia negativa e ativação
variada. Esta avaliação ocorreu em dois momentos por meio de resposta no teclado numérico
pela mão dominante do participante: (i) julgamento da val� ncia; e (ii) julgamento da ativação
237

(ambos seguindo o método SAM de avaliação). Além disso, foi proposto ao participante
realizar um julgamento: avaliar em uma escala de 5 pontos o “
” (1 = “ e 5 = “ ”). A sequ� ncia de
apresentação ( ) ocorreu da seguinte forma: imagem emocional/moral por 10000ms; tela
com a avaliação de val� ncia sem tempo máximo para a resposta; tela com a avaliação de
ativação também sem tempo máximo para a resposta; tela com o julgamento moral também
sem tempo máximo para a resposta; e, por último, tela com uma cruz de fixação por 2000ms
para preparação para o seguinte (Figura 49). Para a realização da tarefa, foi utilizado o
software 2.0® ( ) e monitor de 32 polegadas widescreen
( ® 320BX).

Figura 49. Sequ� ncia dos estímulos de cada .


Fonte: Próprio autor.

Ao todo, foram utilizadas 72 imagens emocionais/morais com conteúdo negativo, sendo


24 imagens para cada dia de participação (para acesso a todas as imagens para cada bloco
https://drive.google.com/drive/folders/1cjIE2HGw6NP5gZ-_twPF7J1vNlUXybR1?usp=sharing). Todas as imagens
apresentadas foram controladas seguindo a resolução de 1024x758 pixels e o fundo na cor
preta. Além disso, todas as imagens selecionadas foram subdivididas nos seis fundamentos
morais: Cuidado, Justiça, Lealdade, Liberdade, Autoridade e Pureza. A seleção culminou na
escolha de pelo menos quatro imagens situacionais para cada fundamento moral, contando
cada tipo de situação com exatamente três imagens semelhantes (uma para cada dia de coleta).
Um exemplo dessa seleção se caracteriza por imagens do fundamento de Autoridade, em que
pelo menos três imagens situacionais foram escolhidas, sendo uma delas a imagem de uma
criança desrespeitando os pais. A partir da escolha destas imagens situacionais, foi
238

selecionado um número mínimo de três imagens aparentemente semelhantes ou que


representassem a mesma situação (desrespeito de filhos diante e para com os pais). Assim,
cada uma destas três imagens apresentadas por fundamento moral em cada condição
experimental (condição de ETCC e dia de participação) apresentou uma imagem semelhante
(contendo a mesma configuração situacional) nos demais dois dias. Com isso, considerando
as particularidades de cada fundamento moral, ainda foi controlado a particularidade de cada
situação pertencente a cada fundamento moral, e a semelhança entre os blocos experimentais.

Desta forma, foi garantido que as situações morais apresentadas para cada fundamento
moral em cada bloco fossem “aparentemente” (semelhança no tipo de situação) e
“estatisticamente” (semelhança nos valores estatísticos obtidos com a validação) semelhantes
(Anexo V, W e X). A fim de garantir a homogeneidade entre os blocos experimentais, foram
conduzidas seis ANOVAs univariadas para cada um dos fundamentos morais (utilizando-se
os valores de julgamento moral obtidos com a validação das imagens), não se observando
diferenças significativas entre os blocos experimentais (Tabela 16).

Tabela 16. Caracterização dos diferentes blocos experimentais para os seis fundamentos
morais (valores para cada bloco representam média e desvio padrão).
Fonte: Próprio autor.
Bloco A Bloco B Bloco C F
Cuidado 4,70 (0,11) 4,79 (0,11) 4,75 (0,11) 0,16 0,852
Justiça 4,15 (0,16) 4,40 (0,16) 3,94 (0,16) 2,08 0,181
Liberdade 4,47 (0,18) 4,48 (0,18) 4,61 (0,18) 0,17 0,845
Autoridade 3,26 (0,15) 3,46 (0,15) 3,49 (0,15) 0,73 0,510
Lealdade 4,30 (0,06) 4,40 (0,06) 4,48 (0,06) 2,09 0,179
Pureza 4,80 (0,10) 4,45 (0,10) 4,71 (0,10) 3,45 0,077

A realização completa da tarefa experimental apresentou duração média de 30


minutos. Após a coleta de dados, todas as respostas dos níveis de val� ncia, ativação e
julgamento moral foram computadas, e um valor médio de cada uma das medidas foi derivado
para cada participante, de cada dia de participação (cada condição experimental de ETCC).
239

Equipamento composto por um estimulador que oferece uma corrente direta de baixa
intensidade, dois eletrodos de borracha (cada um com 16 cm² de superfície) que são
envolvidos em esponjas embebidas em solução salina e posicionadas sobre áreas-alvo para
estimulação no couro cabeludo, além de faixas elásticas que sustentam, durante o teste, os
eletrodos no devido local (NITSCHE , 2008). Para a padronização do posicionamento
dos eletrodos (Figura 50), foi utilizado o sistema internacional Eletroencefalografia 10-20
(JASPER, 1958) e simulação via sistema COMETS2 (LEE , 2017). Baseado no trabalho
de MARQUES (2018), a montagem relativa à condição do CPFDL se caracterizou por:
eletrodo anodo posicionado em F3 e catodo em F4. Seguindo o sistema internacional
Eletroencefalografia 10-20, considera-se a correspondência de F3 e F4 com o CPFDL
esquerdo e direito respectivamente. Já para a montagem relativa à condição do CPFVM,
baseado no trabalho de RIVA (2018), os eletrodos foram posicionados da seguinte
maneira: eletrodo anodo posicionado em Fpz e catodo em Oz. Seguindo o sistema
internacional Eletroencefalografia 10-20, considera-se a correspondência de Fpz com o
CPFVM e de Oz com área visual primária. Por fim, relativo à condição placebo, a montagem
realizada foi a mesma da condição CPFVM.
240

Figura 50. Padrões de montagens das condições experimentais seguindo o sistema


internacional de Eletroencefalografia 10-20 (JASPER, 1958) e simulação via sistema
COMETS2 (LEE , 2017).
Fonte: Próprio autor.

Tanto a condição placebo como as condições ativas apresentaram intensidade de


corrente de 1,0mA (densidade de corrente de 0,062mA/cm²), (rampa de aumento da
corrente no início) e (rampa de diminuição da corrente no final) com 15 segundos
cada. O tempo de estimulação foi de 15 minutos (tempo da tarefa experimental) nas condições
ativas, dos quais 5 minutos foram prévios ao início da tarefa e 10 minutos durante a tarefa. Na
condição placebo, após 30 segundos de estimulação a corrente foi diminuída até 0mA,
permanecendo da mesma forma até o encerramento da tarefa experimental. Vale ressaltar que
a ordem das condições experimentais foi randomizada e balanceada entre as três tarefas
experimentais (Tarefa A, B e C como apresentado no Anexo X) e entre os participantes.
241

5.3 Procedimentos

Os participantes que se enquadraram nos critérios de inclusão do presente estudo foram


convidados a comparecer ao laboratório três dias. Inicialmente, foi entregue e apresentado o
TCLE e o participante que concordasse com todas as informações apresentadas seguia para a
sala experimental, onde permaneceria até o término da participação. Em seguida, o
participante era convidado a responder o Questionário Pessoal e a Escala de Dominância
Lateral de Edimburgo. Após o término do preenchimento, o pesquisador responsável realizava
o posicionamento dos eletrodos da ETCC, com as etapas de medição, posicionamento e
. Por fim, era explicada a tarefa experimental.

Durante toda a sessão experimental, os participantes permaneciam na mesma sala. Esta


sala se encontrava propriamente adaptada para a condução do presente estudo, sendo isolada
de forma acústica e luminosa. Durante a realização da tarefa, os participantes encontravam-se
confortavelmente sentados a uma distância aproximada de 1 metro de distância do monitor e
sozinhos na sala.

Após o término da tarefa experimental, da ETCC, ocorria a retirada dos


eletrodos e limpeza da pele (Figura 51). Terminada esta etapa, os participantes eram
encaminhados à saída do laboratório, onde era agradecida a participação no estudo e, no caso
da terceira participação, os créditos extracurriculares eram entregues.
242

Figura 51. Representação do desenho experimental do Estudo 6.


Fonte: Próprio autor.

5.4 Aspectos éticos

O estudo foi conduzido de acordo com os requerimentos do Comitê de Ética da


Universidade Presbiteriana Mackenzie e também baseado nas recomendações estabelecidas
na Declaração de Helsinki (1964), conforme emenda em Tóquio (1975), Veneza (1983) e
Hong-Kong (1989). Todos os participantes tiveram pleno conhecimento dos objetivos e
métodos do experimento, assim como forneceram consentimento por meio do preenchimento
presencial do TCLE (Anexo G). Os participantes foram devidamente avisados que poderiam
deixar o estudo a qualquer momento que desejassem, sem necessidade de justificativa. Além
disso, todas as informações fornecidas foram estritamente sigilosas e cada participante foi
nomeado e referenciado com uma codificação. Todos os participantes foram informados dos
efeitos e sensações esperados perante o uso da ETCC. Ao final da coleta de dados, todos os
participantes foram informados que todas as situações morais eram situações fictícias. Por
fim, a coleta de dados do presente estudo só foi iniciada após aprovação pelo Comitê de Ética
da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pela Plataforma Brasil (CAAE:
76803617.5.0000.0084; data de aprovação: 28/11/2017).
243

5.5 Análise estatística dos dados

Todos os testes estatísticos realizados e reportados no presente estudo utilizaram nível


de significância (α) de 5%, e foram feitos com o uso do pacote estatístico STATISTICA
(versão 8.0, Dell, N. C., USA). A seguir, encontram-se as especificidades das análises
estatísticas realizadas:

Com relação aos dados comportamentais relativos às avaliações de valência e


ativação, bem como ao julgamento moral das imagens, foram realizadas três ANOVAs mistas,
sendo uma para cada uma das avaliações (valência, ativação e julgamento moral), em que as
variáveis dependentes se caracterizaram pelo valor médio obtido na avaliação/julgamento das
imagens para cada condição experimental e os fatores de análise foram a CONDIÇÃO e os
FUNDAMENTOS morais.
Nas ANOVAs em que efeitos estatisticamente significativos foram observados
( <0.05), foi feito teste Bonferroni para se averiguar o sentido dos efeitos
observados.
Todos os gráficos apresentam como valor representado a média±intervalo de
confiança da variável dependente analisada (levando em consideração o intervalo de confiança
de 95%). Por outro lado, ao longo do texto, na descrição dos achados das ANOVAs e análises
, os valores representados correspondem à média±erro padrão da variável dependente
analisada.
Todos os gráficos foram construídos por meio do software R-Studio® e da
biblioteca GGPLOT2, utilizando gráficos .
244

6. RESULTADOS

6.1 Caracterização da amostra

Considerando possíveis perdas amostrais, no presente estudo foram coletados 31


participantes declaradamente saudáveis, sem qualquer histórico de transtorno psiquiátrico,
neurológico e em sua maioria universitários. Considerando os critérios de inclusão e exclusão,
além dos métodos de verificação de (estar 2.5 desvios padrões para cima ou para baixo
do valor médio da variável dependente, em pelo menos 50% das medidas, ou então pelo fato
de se constatar falha na captação do sinal), nenhum participante coletado foi excluído. Desta
forma, a amostra se caracterizou por 31 participantes, sendo 25 mulheres e 6 homens com
idade média de 21.42 anos (±2.39).

6.2 Julgamento de valência

Inicialmente, considerando os julgamentos de valência, foi realizada ANOVA para


medidas repetidas no intuito de se demonstrar possíveis variações no julgamento de valência
das imagens por conta do fundamento moral avaliado e pela influência da estimulação
aplicada. Os resultados apontam diferenças significativas para o fator FUNDAMENTO
(F5,150=97,14; <0,001; ηp=0,76), mas não para o fator CONDIÇÃO (F2,60=0,11; =0,893;
ηp<0,001) e para a interação FUNDAMENTO*CONDIÇÃO (F10,300=0,32; 0,976;
ηp=0,01). A partir destes achados, foi realizado apenas um de Bonferroni, em relação
ao efeito principal de FUNDAMENTO, revelando que todos os fundamentos se diferenciam
entre si ( <0,001), exceto: i): o fundamento do Cuidado em relação à Justiça ( =1,000); ii), o
fundamento da Autoridade em relação à Liberdade ( =1,000) e à Pureza ( =0,466); e iii) e o
fundamento da Pureza em relação à Liberdade ( =1,000). Apesar de nenhum efeito
significativo ter sido observado para o fator CONDIÇÃO ou mesmo para a interação entre os
dois fatores, a Figura 52 apresenta uma representação dos julgamentos de valência entre as
condições de estimulação e dos fundamentos morais.
245

Figura 52. Representação do julgamento de valência por fundamento moral e estimulação,


em que os valores representam o julgamento de valência médio (1 = “ ”
a9=“ ”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.

6.3 Julgamento de ativação

Com relação aos julgamentos de ativação, foi realizada ANOVA mista no intuito de
se demonstrar possíveis variações no julgamento de ativação das imagens por conta do
fundamento moral avaliado e pela influência da estimulação aplicada. Os resultados apontam
diferenças significativas para o fator FUNDAMENTO (F5,150=134,95; <0,001; ηp=0,82), mas
não para o fator CONDIÇÃO (F2,60=0,18; =0,834; ηp=0,01) ou para a interação
FUNDAMENTO*CONDIÇÃO (F10,300=0,39; 0,950; ηp=0,01). A partir destes achados, foi
realizado apenas um de Bonferroni, em relação ao efeito principal de
FUNDAMENTO, revelando que todos os fundamentos se diferenciam entre si ( <0,001),
246

exceto: i): o fundamento do Cuidado em relação à Justiça ( =1,000); ii), o fundamento da


Autoridade em relação à Liberdade ( =0,699) e à Pureza ( =1,000); e iii) e o fundamento da
Pureza em relação à Liberdade ( =0,486). Apesar de nenhum efeito significativo ter sido
observado para o fator CONDIÇÃO ou mesmo para a interação entre os dois fatores, a Figura
53 apresenta uma representação dos julgamentos de valência entre as condições de
estimulação e dos fundamentos morais.

Figura 53. Representação do julgamento de ativação por fundamento moral e estimulação,


em que os valores representam o julgamento de ativação médio (1 = “ ”a9=
“ ”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
247

6.4 Julgamento moral

Por fim, considerando os julgamentos morais, foi realizada ANOVA para medidas
repetidas no intuito de se demonstrar possíveis variações no julgamento moral das imagens
por conta do fundamento moral avaliado e pela influência da estimulação aplicada. Os
resultados apontam diferenças significativas para o fator FUNDAMENTO (F5,150=72,82;
<0,001; ηp=0,71), mas não para o fator CONDIÇÃO (F2,60=0,72; =0,491; ηp=0,02) e para a
interação FUNDAMENTO*CONDIÇÃO (F10,300=0,66; 0,761; ηp=0,02). A partir destes
achados, foi realizado apenas um de Bonferroni, em relação ao efeito principal de
FUNDAMENTO, revelando que todos os fundamentos se diferenciam entre si ( <0,007),
exceto: i): o fundamento da Autoridade em relação à Liberdade ( =1,000) e à Pureza
( =0,839); e ii) e o fundamento da Pureza em relação à Liberdade ( =0,839). Apesar de
nenhum efeito significativo ter sido observado para o fator CONDIÇÃO ou mesmo para a
interação entre os dois fatores, a Figura 54 apresenta uma representação dos julgamentos de
valência entre as condições de estimulação e dos fundamentos morais.
248

Figura 54. Representação do julgamento moral por fundamento moral e estimulação, em que
os valores representam o julgamento moral médio (1 = “ ”a5=“
”) e as barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Próprio autor.
249

7. DISCUSSÃO

O presente estudo teve como principal objetivo entender o papel do Córtex Pré-frontal
no julgamento moral dos diferentes fundamentos morais. Em particular, buscou-se investigar
as particularidades do CPFDL esquerdo e do CPFVM nesse tipo de julgamento.

Os principais achados do estudo demonstram:

i) Ausência de diferenças significativas das condições ativas de estimulação em


relação à estimulação placebo, tanto para o julgamento de valência e ativação
quanto para o julgamento moral.
ii) Variação no julgamento de valência, da ativação e do julgamento moral,
dependendo do fundamento moral.

Nos próximos parágrafos, os achados relativos ao Estudo 6 serão abordados em maior


profundidade e relacionados à literatura prévia.

7.1 Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua

Inicialmente, considerando o objetivo geral deste Estudo 6, é de extrema importância


discutir a ausência de qualquer efeito significativo da modulação cerebral sobre os
julgamentos investigados (valência, ativação e julgamento moral). Assim como apresentado
no referencial teórico deste estudo, alguns trabalhos em Neurociência Afetiva e Social veem
demonstrando significativa eficácia da ETCC na modulação de comportamentos
socioemocionais, o que orientou o presente estudo a utilizar este instrumento
neuromodulatório para a investigação do papel de estruturas corticais frontais nos julgamentos
de imagens contendo violações morais. No entanto, apesar de estudos como o de ZHENG
(2018) em CPFDL e o de RIVA (2018) e YUAN (2017) em CPFVM terem
demonstrado efetivo impacto da modulação destas regiões no julgamento moral, não foi o
resultado observado no presente estudo.

Como visto anteriormente, alguns autores defendem que a efetividade da ETCC


depende de uma série de fatores que muitas vezes não são profundamente considerados em
protocolos experimentais (ver HORVATH (2014) para uma revisão aprofundada).
250

Dentre estes, destacam-se: i) a variabilidade intra e interparticipantes relacionada a variações


na excitabilidade cortical na (HORVATH , 2016); ii) padronização dos
parâmetros experimentais como tamanho de eletrodos (mesmas dimensões vs. dimensões
distintas), montagem dos eletrodos (extra encefálica vs. totalmente encefálica, balanceada vs.
não balanceada, bilateral vs. unilateral) e intensidade de corrente; e iii) padronização da tarefa
experimental (tarefas distintas podem levar a resultados distintos da ETCC).

Assim, o que se observou no presente estudo foi uma ausência de qualquer efeito
modulatórios das condições experimentais de ETCC anódica em CPFDL esquerdo e catodo
em região homóloga contralateral, e de ETCC anódica em CPFVM e catodo em Córtex Visual
Primário, em comparação com ETCC placebo. Esta ausência de efeitos significativos não foi
exclusiva dos julgamentos morais, mas também dos julgamentos de valência e ativação,
demonstrando que a experiência emocional também não sofreu qualquer modulação pelas
estimulações ativas comparadas a placebo. Seguindo os achados de MARQUES (2018),
não era esperado que a condição de ETCC em CPFDL tivesse algum efeito na modulação do
julgamentos de valência e ativação, não possuindo qualquer hipótese em relação a estes
julgamentos para a condição de ETCC em CPFVM. Contudo, já em relação ao julgamento
moral, seguindo os trabalhos apresentados na introdução do presente estudo, esperava-se que
diante de ETCC em CPFDL e em CPFVM fossem observados julgamentos mais utilitários
(FUMAGALLI , 2010; YUAN , 2017; RIVA , 2018; ZHENG , 2018), de
maneira geral, mas sem hipótese específica para cada fundamento moral.

Poderia-se dizer que a ausência de efeito se justifica pela diferença de sexo como
FUMAGALLI (2010) apontou. No entanto, o estudo destes autores encontrou que a
ETCC somente foi efetiva em mulheres, e em nosso estudo, dos 31 participantes, 25 eram
mulheres (~80%), o que distancia esta hipótese de diferenças de sexo. Portanto, futuros
estudos devem considerar o sexo como um fator de análise, pautando-se em estudos de ETCC,
como o de FUMAGALLI (2010), e em estudos estritamente comportamentais mais
específicos de julgamentos moral, como o Estudo 1 da presente Teses.

Considerando, para além do possível impacto das diferenças de sexo, cada estudo
citado acima apresenta uma particularidade, como diferenças no tamanho dos eletrodos, no
tempo de estimulação, na região do posicionamento dos eletrodos, na padronização do
posicionamento de ambos os eletrodos (montagens bilaterais balanceadas, não balanceadas,
251

extraencefálica etc), assim como o indiscutível impacto das diferenças das tarefas e dos
estímulos experimentais. Contudo, antes de debruçar sobre as diferenças na forma de
avaliação moral, vale comparar alguns parâmetros da estimulação.

Primeiro, considerando a estimulação em CPFDL, o design experimental mais


próximo do presente estudo se caracteriza pelo estudo de ZHENG (2018), no qual ETCC
bilateral balanceada foi realizada em CPFDL, com eletrodo anodo à direita e catodo à esquerda
e tarefa de dilema moral. Seguindo a literatura sobre os efeitos da ETCC, se esperava observar
no presente estudo efeito oposto, no qual o efeito da ETCC catódica em CPFDL esquerdo e
modulação excitatória em região homóloga contralateral levaria a julgamentos morais menos
utilitários e mais dependentes, representados por processos de reavaliação cognitiva. No
mesmo sentido, agora considerando a estimulação em CPFVM, o estudo mais semelhante ao
presente estudo foi o de YUAN (2017), no qual ETCC, com eletrodo anodo em CPFVM
e catodo com montagem extraencefálica em deltoide direito e tarefa de dilema moral,
apresentou impacto significativo no aumento dos julgamentos de ativação e moral (escala
muito semelhante à aplicada no presente estudo).

No entanto, apesar das semelhanças, nenhum efeito foi observado no presente estudo,
seja de aumento ou de diminuição do julgamento moral, o que possivelmente salienta três
importantes diferenças experimentais: i) diferenças no posicionamento dos eletrodos em
relação a YUAN (2017), no qual se utilizou montagem extraencefálica, o que pode ter
impactado na profundidade da modulação; ii) diferenças na forma de avaliar o julgamento
moral, no qual o estudo de ZHENG (2018) utilizou um eixo “utilitário-deontológico” e
o presente estudo utilizou um eixo “mais e menos errado”; e iii) diferenças no estímulo moral,
no qual ZHENG (2018) utilizou dilemas morais e o presente estudo utilizou julgamento
de imagens contendo violações morais. Vale reforçar que são necessários mais estudos para
esclarecer estas dúvidas em relação aos achados apresentados, bem como estudos de
replicação que podem clarear pontos específicos das diferenças encontradas, destacando quais
mudanças de parâmetros foram mais significativas para a variação dos resultados.

Além disso, de acordo com a discussão levantada por RIVA (2018), a modulação
da atividade em Córtex Pré-frontal apenas seria impactada em dois casos: i) em condições de
tarefas que envolvam algum caráter emocional próprio, como se colocar como autor da
decisão em “dilemas da ponte” (seguindo o trabalho de GREENE (2001)); e ii) em
252

condições de tarefas que envolvam ganhos e perdas e portanto maior processamento


cognitivo/deliberado (seguindo o trabalho de MOLL (2008)). Por conta de qualquer um
dos pontos apresentados por RIVA (2018), a questão é que as situações de violações
morais apresentadas aos participantes não envolvem nem se colocar emocionalmente nas
situações, nem situações de ganhos e/ou perdas próprias. Neste sentido, a neuromodulação de
regiões, tanto do CPFDL quanto do CPFVM, não modularia os julgamentos morais no
presente estudo, e foi o que ocorreu. Outro exemplo de que estas premissas se justificam está
nos resultados do estudo de ZHENG (2018) com a neuromodulação de CPFDL, no qual
a ETCC somente apresentou modulação significativa em dilemas morais pessoais, aqueles em
que havia envolvimento dos participantes com o dilema. Assim, mais estudos se fazem
necessários a fim de demonstrar se diante de dilemas ou percepção de violações morais dos
diferentes fundamentos morais, com envolvimento pessoal/situações de ganhos e perdas, esses
efeitos significativos da ETCC apareceriam.

7.2 Julgamento entre os fundamentos morais

Em relação aos achados relativos aos efeitos principais de FUNDAMENTO,


encontrados em todas as análises (julgamentos de valência, ativação e moral), todas as
comparações apresentaram diferenças significativas de: i) o fundamento da Autoridade em
relação à Liberdade e à Pureza; e ii) o fundamento da Pureza em relação à Liberdade. Além
disso, especificamente nos julgamentos de valência e ativação, foi encontrada diferença entre
o fundamento do Cuidado em relação à Justiça. Estes achados se encontram alinhados aos
demais estudos da presente Tese, em que significativas diferenças de julgamento existem entre
os fundamentos morais, destacando a particularidade de cada fundamento.

7.3 Limitações e direções futuras

As principais limitações deste estudo são: i) o não balanceamento dos autores das
violações entre homens e mulheres, impossibilitando a comparação do julgamentos entre os
sexos; ii) não foram testados os julgamentos de dilemas morais nas diferentes condições de
ETCC; iii) não foram testadas as diferenças entre violações morais “
253

” vs. ; e iv) não foram testadas as montagens invertidas


com ETCC anódica em CPFDL direito e catodo em região contralateral homóloga, assim
como catodo em CPFVM e anodo em área visual primária. Neste sentido, mais estudos se
fazem necessários a fim de compreender diferentes facetas do julgamento de violações morais,
bem como do papel de diferentes estruturas cerebrais na formação e no processamento de
julgamentos diante de tais violações dos diferentes fundamentos morais.
254

8. CONCLUSÃO

A partir do conteúdo discutido no presente estudo, é possível afirmar que,


considerando os parâmetros da ETCC (tamanho de eletrodos, intensidade de corrente e
posicionamentos dos eletrodos) bem como a forma de investigação dos julgamentos morais
(por meio de imagens contendo situações de violação moral), as condições de ETCC ativa não
foram efetivas na modulação dos julgamentos investigados. No entanto, foram observadas
diferenças nos julgamentos dos diferentes fundamentos morais.

Estudos futuros devem investigar diversas manipulações dos parâmetros utilizados no


presente estudo e nos demais estudos apresentados no referencial teórico, a fim de buscar
compreender de fato de que forma os diferentes parâmetros da ETCC e da tarefa de avaliação
do julgamento moral impactam neste fenômeno.
255

DISCUSSÃO GERAL
256

1. TFM NO CONTEXTO BRASILEIRO ESTUDADO

1.1. Validação e comprovação do modelo teórico

O Estudo 1 aqui apresentado realizou a adaptação e validação do instrumento de


CLIFFORD (2015), no intuito de disponibilizar um novo instrumento para avaliação do
julgamento moral dos diferentes fundamentos morais, além de instrumentalizar os demais
estudos aqui reportados. A presença dos autores originais garantiu que fossem controladas as
diferenças culturais e linguísticas que poderiam modular a magnitude da violação de cada
vinheta.

As análise fatoriais das VFMs apontaram para uma estreita relação com os achados do
trabalho original de CLIFFORD (2015), no qual se encontrou oito fatores derivados dos
seis fundamentos morais, uma vez que o fundamento do Cuidado foi dividido em três,
considerando violações físicas aos animais e aos humanos, além de violações especificamente
emocionais. Aqui, encontramos sete fatores que representam principalmente todos os seis
fundamentos morais, dividindo as vinhetas de Cuidado entre aquelas relativas ao aspecto
físico e aquelas relacionadas ao aspecto emocional. Este resultado demonstrou que as
violações físicas do Cuidado em relação a humanos e animais são julgadas erradas em uma
perspectiva similar pela amostra brasileira.

Como principal ponto de discrepâncias em relação à validação original, destaca-se que


algumas das vinhetas, como #809, não se encaixam em nenhum dos sete fatores, um ponto
que pode ser justificado pelo fato de que uma porção significativa dos participantes apontou
estas situações como “
”. Este achado salienta o fato de que muitos participantes brasileiros julgaram as
vinhetas como pouco erradas, o que fica evidente com a comparação entre as amostras, na
qual dos cinco fundamentos que se diferenciam entre as amostras (Cuidado emocional,
Cuidado físico, Justiça, Liberdade e Pureza), apenas no fundamento da Pureza os participante
brasileiros apresentam julgamentos menos severos. Uma possível hipótese para este padrão
encontrado pode se explicar pelo perfil ideológico social apresentado, contando a amostra
brasileira com mais participantes autodeclarados liberais comparados a participantes
autodeclarados conservadores. Assim, o padrão encontrado por GRAHAM (2009)
explicaria o motivo dos fundamentos do Cuidado emocional, Cuidado físico, Justiça e
Liberdade se encontrarem mais severos que os observados para a amostra norte-americana e
257

somente o fundamento da Pureza apresentar padrão inverso. Os fundamentos da Autoridade


e Lealdade não apresentaram diferenças entre as amostras, o que inviabilizaria esta hipótese,
se não fossem pelos casos discutidos na introdução do Estudo 1, nos quais muitos participantes
não consideraram as vinhetas representativas dos fundamentos da Autoridade, seja pelo
julgamento pouco severo, seja por assinalarem as vinhetas como “
”.

2. FUNDAMENTOS MORAIS E A EXPERIÊNCIA EMOCIONAL

2.1. Modulação emocional e julgamento dos fundamentos morais

São vários os trabalhos que investigam e discutem a relação entre emoção e julgamento
moral, algumas vezes destacando a dualidade entre julgamentos mais rápidos/intuitivos e mais
lentos/deontológicos, em outros casos defendendo o domínio que as emoções causam na
orientação dos processos de tomada de decisão (HAIDT, 2012; GREENE, 2013). Alguns
achados indicam que o nojo influencia os nossos julgamentos morais, tornando-os mais
severos (SCHNALL , 2008). Além disso, outros estudos destacam que apesar do
importante papel das emoções nos julgamentos morais, comportamentos de regulação
emocional ou mesmo hábitos destas regulações promoveriam mudanças no julgamentos moral
(FEINBERG , 2012).

O Estudo 2 aqui apresentado se pautou nesta discussão buscando investigar a


influência da exposição a estímulo evocador da emoção de nojo diante do julgamento moral
dos diferentes fundamentos morais. Contrariamente às hipóteses levantadas a partir da
literatura, não foram encontrados efeitos significativos da exposição ao odor negativo na
modulação do julgamento moral, independentemente da intensidade do odor e do fundamento
moral investigado. Assim como defendido por LANDY e GOODWIN (2015), quando
analisados conjuntamente, os resultados apontam que a literatura a respeito da influência da
emoção de nojo no comportamento/julgamento moral pode sofrer de alguns pontos de
relevante debate, como viés de publicação por conta do tamanho de efeito e o método de
indução do nojo. No entanto, apesar da efetiva modulação da sensação de desagrado a
depender da intensidade do odor aplicado, não foram encontradas relações significativas entre
modulação de nojo e julgamento moral.
258

Outra possível explicação para a ausência do efeito de modulação emocional está nas
diferenças culturais entre os participantes aqui investigados e os participantes dos demais
estudos. É importante reforçar que mais estudos se fazem necessários a fim de averiguar se
realmente a indução da emoção de nojo não apresenta qualquer efeito no julgamento moral,
ou se este achado diz respeito ao instrumento utilizado para avaliar o julgamento moral, visto
que os principais achados da literatura utilizaram julgamentos de dilemas morais.

O Estudo 5 também investigou o papel das emoções no julgamento moral, tanto pela
avaliação pareada de julgamento moral, julgamento de valência e julgamento de ativação de
imagens representativas dos diferentes fundamentos morais quanto pela investigação do uso
de diferentes estratégias de regulação emocional para a modulação do julgamento moral. Os
achados demonstram significativa relação do julgamento moral com os julgamentos de
valência e ativação, independentemente do fundamento moral. Além disso, imagens dos
fundamentos do Cuidado e da Pureza foram julgadas como mais erradas, mais negativas e
mais intensas quando comparadas às imagens dos demais fundamentos, destacando o maior
impacto emocional diante destes fundamentos.

Além disso, por meio do registro eletrocardiográfico, foi possível verificar que diante
de imagens do fundamento moral da Pureza os participantes apresentaram menor engajamento
cardíaco do que nas demais imagens dos demais fundamentos. A partir deste achado, pode-se
pensar no possível desvio atencional durante a apresentação das imagens, casos em que os
participantes desviariam o olhar diante de imagens intensas, o que levaria a uma diminuição
do engajamento cognitivo/emocional para processar tal imagem, mesmo julgando ela como
intensa, negativa e errada.

Por fim, o Estudo 5 também avaliou o impacto de diferentes estratégias de regulação


emocional na modulação do julgamento moral. Os achados corroboram as hipóteses
levantadas, destacando significativo papel das estratégias na modulação dos julgamentos de
valência, ativação e moral quando comparado aos julgamentos observados no bloco de
observação. Esses achados indicam que apesar da significativa relação entre a experiência
emocional avaliada pela valência e ativação e o julgamento moral, este último julgamento
pode ser manipulado por meio de estratégias de controle cognitivo das emoções. No entanto,
a modulação no sentido de diminuir a emoção vigente apenas foi efetiva por meio da estratégia
259

de . Mais estudos se fazem necessários para melhor compreender o motivo


da ausência de efetividade da estratégia de Distração no controle emocional.

2.2. Categorização grupal e julgamentos dos fundamentos morais

Assim como apresentado nas introduções dos Estudos 2 e 3, o processo de


categorização grupal se mostra universal e se encontra permeado por outros processos, como
o julgamento moral.

O que se observa com estes dois estudos, de maneira geral, é um efeito de ovelha negra,
no qual violações cometidas por membros do seriam avaliadas com maior vigilância,
uma vez que podem possivelmente gerar algum tipo de dano imediato ao grupo ou podem
mesmo contaminar o grupo a longo prazo. Assim, comportamentos de maior vigilância para
com o comportamento desviante do se mostram adaptativos para a manutenção da
estrutura social do grupo em questão (MARQUES e YZERBYT, 1988).

No Estudo 2, foi observado efeito específico para o fundamento da Pureza, em que


violações cometidas por refugiados foram consideradas mais erradas do que as mesmas
violações cometidas por pessoas indefinidas. Neste caso, uma limitação do estudo está no fato
de que não foram investigadas vinhetas para pessoas de fato conhecidas, apenas refugiados,
que seriam indivíduos de outro grupo que se encontram em nosso grupo. No entanto, os
resultados revelam que diante de violações do fundamento da Pureza cometidas por
refugiados, os julgamentos se tornam mais severos. Além disso, observou-se relação
significativa entre a sensibilidade dos participantes ao nojo e o julgamento moral dos
fundamentos do Cuidado e da Pureza, independentemente de quem fosse o autor da violação.
Isto salienta a magnitude destes dois fundamentos para a coesão grupal.

O Estudo 3 também contribui significativamente para esta discussão, uma vez que
demonstrou relação significativa entre o julgamento moral e o nível de proximidade para com
a vítima e o autor da violação, isso a depender do tipo de violação. Foi possível observar que
apesar dos participantes julgarem violações físicas como mais erradas do que violações
emocionais, quando apresentados diante de violações emocionais com um conhecido como
vítima, os participantes julgaram como maior a sua proximidade com esta vítima. Além disso,
260

diante de violações em que um conhecido era a vítima, os participantes julgaram ter maior
proximidade com a vítima conhecida em situações em que o autor era também conhecido
comparado a situações em que a vítima era conhecida, mas o autor não. Ou seja, estes achados
demonstram que de fato a categorização grupal, bem como a proximidade com a vítima,
podem exercer um impacto no julgamento moral de violações do Cuidado. No entanto, o
Estudo 3 não apresentou violações dos outros fundamentos morais, o que permitiria investigar
se os achados aqui encontrados se fazem exclusivos para o fundamento do Cuidado físico e
emocional ou se podem ser compreendidos para todos ou alguns fundamentos em específico.
Mais estudos se fazem necessários para investigar estas lacunas.

2.3. Desenvolvimento do julgamento dos fundamentos morais

O Estudo 4 possibilitou a discussão acerca do desenvolvimento do julgamento moral


em idades de 8 a 40 anos e em ambos os sexos. Os achados revelam que alguns fundamentos
como a Autoridade, Justiça, Liberdade e Lealdade variam ao longo das primeiras idades (8 a
17 anos), apresentando particularidades em relação a sexo, mas sempre tornando os
julgamentos menos severos. Interessante destacar que no intervalo de 18 a 40 anos
participantes do sexo feminino apresentam correlação positiva de idade com o julgamento
moral para o fundamento da Justiça, enquanto participantes do sexo masculino apresentam
correlação positiva para os fundamentos da Autoridade e Liberdade. Ou seja, o que se observa
é uma variação significativa e não linear do julgamento moral ao longo de diferentes idades,
apresentando especificidade para fundamento moral e sexo.

Estes achados complementam os achados do Estudo 1, que apresenta diferenças de


sexo entre os diferentes fundamentos morais. Além disso, o Estudo 1 também revelou que
essas diferenças de sexo podem sofrer influências culturais, como no caso das diferenças de
sexo entre as amostras brasileira e norte-americana. Cabe ressaltar que um ponto que merece
destaque para estudos futuros diz respeito ao sexo do autor da violação, visto que na presente
Tese todas as análises de diferenças de sexo utilizaram somente vinhetas com um homem
como autor da violação. Assim como observado no Estudo 3, características do autor da
violação podem influenciar o julgamento moral, indicando que possivelmente estudos futuros
que busquem compreender o julgamento moral dos diferentes fundamentos morais ao longo
do desenvolvimento devem levar em consideração esta importante variável.
261

2.4. Processamento cerebral e reavaliação cognitiva

Retomando achados clássicos como o de KOENIGS (2007) e recentes


discussões, como vistas em trabalhos como o de RIVA (2018), o Estudo 6 buscou
investigar o papel do Córtex Pré-frontal no julgamento moral dos diferentes fundamentos
morais, por meio da neuromodulação por ETCC. Este estudo explorou, de forma inovadora,
a especificidade dos diferentes fundamentos morais, não revelando qualquer diferença
significativa em relação à modulação ativa das duas regiões do Córtex Pré-frontal
investigadas. O Estudo 6 salienta dois importantes pontos. O primeiro ponto diz respeito ao
fato de que nos últimos anos alguns achados negativos foram observados para a modulação
por meio da ETCC, principalmente em relação a funções cognitivas, destacando-se a alta
variabilidade interparticipantes e o fato de que os efeitos da ETCC se mostram dependentes
do estado da excitabilidade na (BENWELL , 2015; HSU , 2016b; LI ,
2019). Já o segundo ponto se caracteriza pela forma de investigar os fundamentos morais.
Tanto o Estudo 2 quanto o Estudo 6 realizaram a modulação de alguma variável, emoção de
nojo e atividade cerebral respectivamente, sem encontrar qualquer impacto no julgamento
moral dos diferentes fundamentos. Este padrão pode revelar que a investigação dos
julgamentos morais por meio das vinhetas morais aqui validadas pode não ser sensível para a
mensuração do impacto de determinada intervenção no julgamento moral dos diferentes
fundamentos morais. Novos estudos se fazem necessários para comprovar se estes pontos
levantados de fato representam os achados aqui encontrados.

3. CONCLUSÃO GERAL

A presente Tese teve como principal objetivo explorar a relação entre julgamentos
morais e processos emocionais, baseando-se principalmente na Teoria dos Fundamentos
Morais. Ao longo de seis estudos, diferentes aspectos foram abordados, concluindo que a
experiência emocional e o julgamento moral caminham juntos, sofrendo influências de
variáveis como sexo, idade, relações interpessoais, ideologias sociais/políticas e de processos
cognitivos. Os resultados dos estudos 2 e 5 demonstram que a experiência emocional
influencia o julgamento moral, assim como os resultados do Estudo 5 também elucidam o
impacto de processos cognitivos no controle emocional e moral. Neste sentido, a presente
262

Tese cumpre seu objetivo, revelando achados inovadores para a literatura e disponibilizando
a validação em português de um instrumento para investigação dos fundamentos morais.
263

ANEXOS
264

ANEXO A

ESTUDO 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARTICIPANTE DE PESQUISA

Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “VALIDAÇÃO DAS VINHETAS MORAIS”


pertencente ao projeto submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie,
intitulado “Em busca dos sentimentos morais: do desenvolvimento das emo�es básicas ao papel das
emoções morais complexas nos processos de julgamento”, que propõe avaliar o julgamento moral em
diferentes situações. O experimento será realizado por meio virtual em apenas uma participação. Durante esta
tarefa, você deverá ler vinhetas e julgar os níveis morais das mesmas e deverá escolher qual dos fundamentos
morais aquela situação descrita viola. Além disso você realizará o preenchimento de algumas escalas e
questionários a fim de compreendermos alguns aspectos individuais. Tanto as escalas utilizadas quanto a tarefa
são seguras e apresentam riscos mínimos ao participante. Ao final do estudo você será comunicado sobre os
resultados do mesmo.
Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador Responsável para o esclarecimento de eventuais
dúvidas (no endereço abaixo), e terá o direito de retirar-se do estudo a qualquer momento, sem qualquer
penalidade ou prejuízo. As informações coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros participantes e
será garantido o sigilo, a privacidade e a confidencialidade das questões respondidas, sendo resguardado o nome
dos participantes (apenas o Pesquisador Responsável terá acesso a essa informação), bem como a identificação
do local da coleta de dados.
Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa, poderá entrar em contato
com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Rua da Consolação, 896
- Ed. João Calvino – 4º andar sala 400 - telefone 2766-7615 e e-mail prpg.pesq.etica@mackenzie.br. O Comitê
de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie (CEP/UPM), organizado e criado pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) em conformidade com a legislação em vigor do Conselho
Nacional de Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde, é um Colegiado interdisciplinar, com múnus público,
de caráter consultivo, deliberativo e educativo, criado para defender os interesses dos participantes da pesquisa
em sua integridade e dignidade, e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos.
Desde já agradecemos a sua colaboração.

Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador
Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter
outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer
penalidade ou prejuízo.

Nome do Participante de Pesquisa: ____________________________


Assinatura do Participante de Pesquisa: _________________________

Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.

São Paulo, de de 201_.

_________________________________ ________________________________
Lucas Murrins Marques Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio
Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8878 Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8001
lucasmurrins@gmail.com psboggio@gmail.com
Universidade Presbiteriana Mackenzie Universidade Presbiteriana Mackenzie
265

ANEXO B

ESTUDO 2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARTICIPANTE DE PESQUISA

Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “JULGAMENTO MORAL” pertencente ao


projeto submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie, intitulado “Em
busca dos sentimentos morais: do desenvolvimento das emoções básicas ao papel das emoções morais
complexas nos processos de julgamento”, que propõe avaliar o julgamento moral em diferentes situações. O
experimento será realizado em encontro único com o seguinte procedimento: você sentará confortavelmente
diante de um computador para realizar a tarefa de julgamento moral. Durante esta tarefa, você deverá ler
vinhetas e julgar os níveis morais das mesmas. Além disso você realizará o preenchimento de algumas escalas
e questionários a fim de compreendermos alguns aspectos individuais. Tanto as escalas utilizadas quanto a
tarefa são seguras e apresentam riscos mínimos ao participante. Ao final do estudo você será comunicado sobre
os resultados do mesmo.
Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador Responsável para o esclarecimento de eventuais
dúvidas (no endereço abaixo), e terá o direito de retirar-se do estudo a qualquer momento, sem qualquer
penalidade ou prejuízo. As informações coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros participantes e
será garantido o sigilo, a privacidade e a confidencialidade das questões respondidas, sendo resguardado o nome
dos participantes (apenas o Pesquisador Responsável terá acesso a essa informação), bem como a identificação
do local da coleta de dados.
Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa, poderá entrar em contato
com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Rua da Consolação, 896
- Ed. João Calvino – 4º andar sala 400 - telefone 2766-7615 e e-mail prpg.pesq.etica@mackenzie.br. O Comitê
de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie (CEP/UPM), organizado e criado pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) em conformidade com a legislação em vigor do Conselho
Nacional de Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde, é um Colegiado interdisciplinar, com múnus público,
de caráter consultivo, deliberativo e educativo, criado para defender os interesses dos participantes da pesquisa
em sua integridade e dignidade, e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos.
Desde já agradecemos a sua colaboração.

Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador
Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter
outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer
penalidade ou prejuízo.

Nome do Participante de Pesquisa: ____________________________


Assinatura do Participante de Pesquisa: _________________________

Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.

São Paulo, de de 201_.

_________________________________ ________________________________
Lucas Murrins Marques Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio
Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8878 Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8001
lucasmurrins@gmail.com psboggio@gmail.com
Universidade Presbiteriana Mackenzie Universidade Presbiteriana Mackenzie
266

ANEXO C

ESTUDO 3

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARTICIPANTE DE PESQUISA

Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “MORAL TRANSCULTURAL” pertencente ao


projeto submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie, intitulado “Em
busca dos sentimentos morais: do desenvolvimento das emoções básicas ao papel das emoções morais
complexas nos processos de julgamento”, que propõe avaliar o julgamento moral em diferentes situações de
violações do fundamento moral do cuidado causadas e direcionadas a indivíduos de diferentes níveis de
proximidade (relacionadas a pessoas próximas e distantes de você). O experimento será realizado por meio
virtual em apenas uma participação. Durante esta tarefa, você deverá ler vinhetas e julgar os níveis morais das
mesmas e o nível de proximidade que você sente em relação a cada um dos personagens da história (agentes e
vítimas). Além disso você realizará o preenchimento de algumas escalas e questionários a fim de
compreendermos alguns aspectos individuais. Tanto as escalas utilizadas quanto a tarefa são seguras e
apresentam riscos mínimos ao participante. Ao final do estudo você será comunicado sobre os resultados do
mesmo.
Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador Responsável para o esclarecimento de eventuais
dúvidas (no endereço abaixo), e terá o direito de retirar-se do estudo a qualquer momento, sem qualquer
penalidade ou prejuízo. As informações coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros participantes e
será garantido o sigilo, a privacidade e a confidencialidade das questões respondidas, sendo resguardado o nome
dos participantes (apenas o Pesquisador Responsável terá acesso a essa informação), bem como a identificação
do local da coleta de dados.
Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa, poderá entrar em contato
com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Rua da Consolação, 896 -
Ed. João Calvino – 4º andar sala 400 - telefone 2766-7615 e e-mail prpg.pesq.etica@mackenzie.br. O Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie (CEP/UPM), organizado e criado pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie (UPM) em conformidade com a legislação em vigor do Conselho Nacional de Ética em
Pesquisa do Ministério da Saúde, é um Colegiado interdisciplinar, com múnus público, de caráter consultivo,
deliberativo e educativo, criado para defender os interesses dos participantes da pesquisa em sua integridade e
dignidade, e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos. Desde já agradecemos a
sua colaboração.

Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador
Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter
outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer
penalidade ou prejuízo.

Nome do Participante de Pesquisa: ____________________________


Assinatura do Participante de Pesquisa: _________________________

Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.

São Paulo, de de 201_.

________________________________ ________________________________
Lucas Murrins Marques Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio
Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8878 Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8001
lucasmurrins@gmail.com psboggio@gmail.com
Universidade Presbiteriana Mackenzie Universidade Presbiteriana Mackenzie
267

ANEXO D

ESTUDO 4

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


PAIS ou RESPONSÁVEIS pelo Participante de Pesquisa

Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “MAPAS EMOCIONAIS CORPORAIS DE


EMOÇÕES BÁSICAS E COMPLEXAS” pertencente ao projeto submetido ao Com� de� Ética em Pesquisa da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, intitulado “Em busca dos sentimentos morais: do desenvolvimento
das emoções básicas ao papel das emoções morais complexas nos processos de julgamento”, que se propõe
avaliar o desenvolvimento da consciência de emoções básicas e complexas ao longo do desenvolvimento infantil
comparando com o desenvolvimento do julgamento moral, utilizando crianças com uma faixa etária entre 8 e 17
anos. Os dados para o estudo serão coletados através do preenchimento da pintura de duas silhuetas humanas e
do julgamento de algumas situações sociais. Os instrumentos de avaliação serão aplicados pelo Pesquisador
Responsável e tanto os instrumentos de coleta de dados quanto o contato interpessoal oferecem riscos mínimos
aos participantes.
Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador Responsável para o esclarecimento de eventuais
dúvidas (no endereço abaixo), e terá o direito de retirar a permissão para participar do estudo a qualquer
momento, sem qualquer penalidade ou prejuízo. As informações coletadas serão analisadas em conjunto com a
de outros participantes e será garantido o sigilo, a privacidade e a confidencialidade das questões respondidas,
sendo resguardado o nome dos participantes (apenas o Pesquisador Responsável terá acesso a essa informação),
bem como a identificação do local da coleta de dados. Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os
aspectos éticos da pesquisa, poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Presbiteriana Mackenzie - Rua da Consolação, 896 - Ed. João Calvino – 4º andar sala 400 - telefone 2766-
7615 e e-mail prpg.pesq.etica@mackenzie.br . O Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana
Mackenzie (CEP/UPM), organizado e criado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) em
conformidade com a legislação em vigor do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde, é
um Colegiado interdisciplinar, com múnus público, de caráter consultivo, deliberativo e educativo, criado para
defender os interesses dos participantes da pesquisa em sua integridade e dignidade, e para contribuir no
desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos. Desde já agradecemos a sua colaboração.

Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador
Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter
outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer
penalidade ou prejuízo.

Nome do Responsável pelo Participante de Pesquisa: _______________________________


Assinatura do Responsável pelo Participante de Pesquisa: ____________________________

Declaro que expliquei ao Responsável pelo Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste
estudo, seus eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou
prejuízo, assim como esclareci as dúvidas apresentadas.

São Paulo, de de 201_.

________________________________ ________________________________
Lucas Murrins Marques Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio
Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8878 Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8001
lucasmurrins@gmail.com psboggio@gmail.com
Universidade Presbiteriana Mackenzie Universidade Presbiteriana Mackenzie
268

ANEXO E

ESTUDO 4

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARTICIPANTE DE PESQUISA

Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “MAPAS EMOCIONAIS CORPORAIS DE


EMOÇÕES BÁSICAS E COMPLEXAS” pertencente ao projeto submetido ao Com� de� Ética em Pesquisa da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, intitulado “Em busca dos sentimentos morais: do desenvolvimento
das emoções básicas ao papel das emoções morais complexas nos processos de julgamento”, que se propõe
avaliar o desenvolvimento da consciência de emoções básicas e complexas ao longo do desenvolvimento infantil
comparando com o desenvolvimento do julgamento moral, utilizando crianças com uma faixa etária entre 8 e 17
anos. Os dados para o estudo serão coletados através do preenchimento da pintura de duas silhuetas humanas e
do julgamento de algumas situações sociais. Os instrumentos de avaliação serão aplicados pelo Pesquisador
Responsável e tanto os instrumentos de coleta de dados quanto o contato interpessoal oferecem riscos mínimos
aos participantes.
Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador Responsável para o esclarecimento de eventuais
dúvidas (no endereço abaixo), e terá o direito de retirar-se do estudo a qualquer momento, sem qualquer
penalidade ou prejuízo. As informações coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros participantes e
será garantido o sigilo, a privacidade e a confidencialidade das questões respondidas, sendo resguardado o nome
dos participantes (apenas o Pesquisador Responsável terá acesso a essa informação), bem como a identificação
do local da coleta de dados.
Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa, poderá entrar em contato
com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Rua da Consolação, 896 -
Ed. João Calvino – 4º andar sala 400 - telefone 2766-7615 e e-mail prpg.pesq.etica@mackenzie.br. O Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie (CEP/UPM), organizado e criado pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie (UPM) em conformidade com a legislação em vigor do Conselho Nacional de Ética em
Pesquisa do Ministério da Saúde, é um Colegiado interdisciplinar, com múnus público, de caráter consultivo,
deliberativo e educativo, criado para defender os interesses dos participantes da pesquisa em sua integridade e
dignidade, e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos. Desde já agradecemos a
sua colaboração.

Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador
Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter
outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer
penalidade ou prejuízo.

Nome do Participante de Pesquisa: ____________________________


Assinatura do Participante de Pesquisa: _________________________

Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.

São Paulo, de de 201_.

________________________________ ________________________________
Lucas Murrins Marques Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio
Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8878 Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8001
lucasmurrins@gmail.com psboggio@gmail.com
Universidade Presbiteriana Mackenzie Universidade Presbiteriana Mackenzie
269

ANEXO F

ESTUDO 5

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARTICIPANTE DE PESQUISA

Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “EFEITOS DA REGULAÇÃO EMOCIONAL


NO JULGAMENTO MORAL” pertencente ao projeto submetido ao Com� de � Ética em Pesquisa da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, intitulado “Em busca dos sentimentos morais: do desenvolvimento
das emoções básicas ao papel das emoções morais complexas nos processos de julgamento”, que se propõe
avaliar a relação entre o uso de diferentes estratégias de regulação emocional no julgamento moral. O
experimento será realizado em encontro único com o seguinte procedimento: você sentará confortavelmente
diante de um computador e será conectado aos aparelhos de registo de sinais periféricos para realizar a tarefa de
julgamento moral e também a tarefa de observação e avaliação de imagens. Durante a tarefa de julgamento moral
você deverá ler vinhetas e julgar os níveis morais das mesmas. Já em relação a tarefa de observação de imagens
emocionais você deverá seguir uma das três estratégias de regulação emocional que será instruída pelo
pesquisador responsável. Após a apresentação de cada imagem, você deverá julgar essas fotos quanto à valência
e intensidade. Além disso você realizará o preenchimento de escalas e questionários para se avaliar níveis de
afeto (positivo e negativo), e hábitos de reavaliação cognitiva. Serão registrados, durante a tarefa de avaliação
de imagens, sinais periféricos de variabilidade da atividade cardíaca. Tanto as escalas utilizadas quanto a técnica
de registro de sinais periféricos são seguras e apresentam riscos mínimos ao participante. Ao final do estudo você
será comunicado sobre os resultados do mesmo.
Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador Responsável para o esclarecimento de eventuais
dúvidas (no endereço abaixo), e terá o direito de retirar-se do estudo a qualquer momento, sem qualquer
penalidade ou prejuízo. As informações coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros participantes e
será garantido o sigilo, a privacidade e a confidencialidade das questões respondidas, sendo resguardado o nome
dos participantes (apenas o Pesquisador Responsável terá acesso a essa informação), bem como a identificação
do local da coleta de dados. Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa,
poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie -
Rua da Consolação, 896 - Ed. João Calvino – 4º andar sala 400 - telefone 2766-7615 e e-mail
prpg.pesq.etica@mackenzie.br. O Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie
(CEP/UPM), organizado e criado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) em conformidade com a
legislação em vigor do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde, é um Colegiado
interdisciplinar, com múnus público, de caráter consultivo, deliberativo e educativo, criado para defender os
interesses dos participantes da pesquisa em sua integridade e dignidade, e para contribuir no desenvolvimento
da pesquisa dentro de padrões éticos. Desde já agradecemos a sua colaboração.

Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador
Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter
outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer
penalidade ou prejuízo.

Nome do Participante de Pesquisa: ____________________________


Assinatura do Participante de Pesquisa: _________________________

Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.

São Paulo, de de 201_.

________________________________ ________________________________
Lucas Murrins Marques Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio
Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8878 Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8001
lucasmurrins@gmail.com psboggio@gmail.com
Universidade Presbiteriana Mackenzie Universidade Presbiteriana Mackenzie
270

ANEXO G

ESTUDO 6

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARTICIPANTE DE PESQUISA

Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “NEUROMODULAÇÃO DO JULGAMENTO


MORAL”. O presente projeto tem o interesse em avaliar o papel de estruturas cerebrais em processos de
julgamento moral. Os achados provenientes deste estudo permitirão compreender mais profundamente o papel
de estruturas e circuitarias neurais nos processos de tomada de decisão relacionados a conteúdo moral.
O experimento será realizado em encontro único, seguindo o procedimento: você sentará confortavelmente
diante de um computador e será conectado aos aparelhos de Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua
(ETCC) para realizar a tarefa de julgamento de situações morais. Nesta tarefa, após a apresentação de cada
situação, você deverá julgar o quanto esta é moralmente errada. Além disso você realizará o preenchimento de
escalas e questionários para se avaliar o perfil social, político e também o seu índice de lateralidade. Todas as
escalas utilizadas são seguras e apresentam riscos mínimos ao participante. A ETCC é uma técnica não-invasiva
de estimulação cerebral através da indução de corrente contínua de baixa intensidade por eletrodos posicionados
no couro cabeludo. Por segurança, esta técnica não será aplicada nos seguintes casos: histórico de epilepsia,
neurocirurgia ou trauma craniano; pacientes com transtornos psiquiátricos e neurológico; e implante de marca-
passo. Caso você apresente qualquer destas características avise ao pesquisador. O procedimento é simples e
seguro, não requer preparo prévio e oferece riscos mínimos, tendo como possíveis efeitos adversos:
formigamento ou coceira no couro cabeludo sob a região estimulada e tontura. De qualquer forma todas as coletas
serão acompanhadas com um psicólogo da instituição. O experimento é não invasivo, não necessita de preparo
para a realização, todos materiais são descartáveis e hipoalérgicos.
Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador Responsável para o esclarecimento de eventuais
dúvidas (no endereço abaixo), e terá o direito de retirar-se do estudo a qualquer momento, sem qualquer
penalidade ou prejuízo. As informações coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros participantes e
será garantido o sigilo, a privacidade e a confidencialidade das questões respondidas, sendo resguardado o nome
dos participantes (apenas o Pesquisador Responsável terá acesso a essa informação), bem como a identificação
do local da coleta de dados. Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa,
poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie -
Rua da Consolação, 896 - Ed. João Calvino – 4º andar sala 400 - telefone 2766-7615 e e-mail
prpg.pesq.etica@mackenzie.br. O Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie
(CEP/UPM), organizado e criado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) em conformidade com a
legislação em vigor do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde, é um Colegiado
interdisciplinar, com múnus público, de caráter consultivo, deliberativo e educativo, criado para defender os
interesses dos participantes da pesquisa em sua integridade e dignidade, e para contribuir no desenvolvimento
da pesquisa dentro de padrões éticos. Desde já agradecemos a sua colaboração.
Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador
Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter
outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer
penalidade ou prejuízo.

Nome do Participante de Pesquisa: ____________________________


Assinatura do Participante de Pesquisa: _________________________

Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.

São Paulo, de de 201_.

________________________________ ________________________________
Lucas Murrins Marques Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio
Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8878 Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8001
lucasmurrins@gmail.com psboggio@gmail.com
Universidade Presbiteriana Mackenzie Universidade Presbiteriana Mackenzie
271

ANEXO H

ESTUDO 4

TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TALE)


Participante de Pesquisa (8 a 10 anos)

Queremos te convidar a participar da nossa pesquisa “MAPAS EMOCIONAIS CORPORAIS DE EMOÇÕES


BÁSICAS E COMPLEXAS” que faz parte de uma pesquisa maior chamada “Em busca dos sentimentos
morais: do desenvolvimento das emoções básicas ao papel das emoções morais complexas nos processos
de julgamento”. Nesta pesquisa queremos entender se a forma como ficamos emocionados (ficamos tristes e
alegres) têm alguma coisa a ver com a forma como dizemos que alguma coisa é certa ou errada. Você
responderá de duas formas, lendo algumas frases de situações do dia-a-dia e nos dizendo o quanto acha que
elas estão certas ou erradas, e também pintará alguns corpinhos humanos pensando como as pessoas se sentem
em diferentes emoções. Todas as tarefas que faremos oferecem riscos mínimos, como por exemplo você ficar
sem vontade de continuar as tarefas.
Em qualquer momento você poderá perguntar ao Pesquisador o que quiser, e poderá desistir de participar, sem
qualquer problema. Tudo que você fizer será analisado junto com as respostas dos outros participantes, e por
isso garantimos que ninguém saberá o que você respondeu e nem contaremos para mais ninguém.

Declaro que li e entendi os objetivos desta pesquisa, e que as dúvidas que tive foram resolvidas pelo
Pesquisador. Entendo que estou participando para ajudar o pesquisador, e que, a qualquer momento posso parar
para tirar qualquer dúvida, assim como desistir de participar.

Nome do Participante de Pesquisa: ____________________________


Assinatura do Participante de Pesquisa: _________________________

Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.

São Paulo, de de 201_.

________________________________ ________________________________
Lucas Murrins Marques Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio
Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8878 Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8001
lucasmurrins@gmail.com psboggio@gmail.com
Universidade Presbiteriana Mackenzie Universidade Presbiteriana Mackenzie
272

ANEXO I

ESTUDO 4

TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TALE)


Participante de Pesquisa (11 a 13 anos)

Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “MAPAS EMOCIONAIS CORPORAIS DE


EMOÇÕES BÁSICAS E COMPLEXAS” que faz parte de um projeto maior chamado “Em busca dos
sentimentos morais: do desenvolvimento das emoções básicas ao papel das emoções morais complexas
nos processos de julgamento”. Neste estudo que te convidamos a participar, queremos entender a relação entre
as nossas emoções (sentir tristeza e alegria) e a forma como avaliamos o que é certo e errado. Você responderá
de duas formas, lendo frases de situações sociais e respondendo o quanto acha que elas estão certas ou erradas,
e também pintará corpinhos humanos em diferentes emoções. Todas as tarefas que faremos oferecem riscos
mínimos, como por exemplo você ficar sem vontade de continuar as tarefas.
Em qualquer momento você poderá perguntar ao Pesquisador o que desejar, e poderá desistir de participar, sem
qualquer problema. Todas as suas respostas serão analisadas juntamente com a dos outros participantes, e por
isso garantimos o sigilo, a privacidade e a confidencialidade das suas respostas.

Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo
Pesquisador. Entendo que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito a parar para
tirar qualquer dúvida, assim como desistir de participar.

Nome do Participante de Pesquisa: ____________________________


Assinatura do Participante de Pesquisa: _________________________

Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.

São Paulo, de de 201_.

________________________________ ________________________________
Lucas Murrins Marques Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio
Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8878 Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8001
lucasmurrins@gmail.com psboggio@gmail.com
Universidade Presbiteriana Mackenzie Universidade Presbiteriana Mackenzie
273

ANEXO J

ESTUDO 4

TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TALE)


Participante de Pesquisa (14 a 17 anos)

Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “MAPAS EMOCIONAIS CORPORAIS DE


EMOÇÕES BÁSICAS E COMPLEXAS” que faz parte de um projeto maior chamado “Em busca dos
sentimentos morais: do desenvolvimento das emoções básicas ao papel das emoções morais complexas nos
processos de julgamento”. Neste estudo que te convidados a participar, buscamos entender a relação entre as
nossas emoções e a forma como avaliamos certo e errado. Todas as suas respostas serão feitas por meio de uma
escala onde você julgará algumas situações sociais e também com a pintura de corpinhos humanos. Todas as
tarefas que faremos oferecem riscos mínimos, como por exemplo você ficar com tédio das tarefas.
Em qualquer momento você poderá perguntar ao Pesquisador o que desejar, e poderá desistir de participar, sem
qualquer problema. Todas as suas respostas serão analisadas juntamente com a dos outros participantes, e por
isso garantimos o sigilo, a privacidade e a confidencialidade das suas respostas.

Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador.
Entendo que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito a parar para tirar qualquer
dúvida, assim como desistir de participar.
Nome do Participante de Pesquisa: ____________________________
Assinatura do Participante de Pesquisa: _________________________

Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus
eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,
assim como esclareci as dúvidas apresentadas assim como esclareci as dúvidas apresentadas.

São Paulo, de de 201_.

________________________________ ________________________________
Lucas Murrins Marques Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio
Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8878 Rua Piauí nº181, 10º andar. 2114-8001
lucasmurrins@gmail.com psboggio@gmail.com
Universidade Presbiteriana Mackenzie Universidade Presbiteriana Mackenzie
274

ANEXO K

VINHETAS ORIGINAIS (CLIFFORD , 2015)

Cód. Cenário Fund.


You see a man telling a woman that his painting seems to have been made by
101 Cuidado (e)
a child.
102 You see a girl saying that another girl is too ugly to enter to a party. Cuidado (e)
103 You see a man saying out loud to his wife that the dinner she cooked is awful. Cuidado (e)
104 You see a girl laughing when she realizes that her friend's father is a janitor. Cuidado (e)
105 You see a boy saying to a woman that she looks like herfat dog. Cuidado (e)
You see a girl telling a boy that his older brother is much more attractive than
106 Cuidado (e)
him
You see a man laughing as he passes by a cancer patient who has his bald
107 Cuidado (e)
head.
You see a man laughing at a physically disabled colleague during the soccer
108 Cuidado (e)
game at work.
109 You see a man quickly cancelling his blind date as soon ashe sees the woman. Cuidado (e)
You see a teenager laughing at an amputee man who passed him on the
110 Cuidado (e)
subway
You see a girl laughing at another student who forgot the lines at a school
111 Cuidado (e)
theatre play.
You see a woman talking out loud about how fat another woman is wearing
112 Cuidado (e)
jeans.
You see a woman intentionally avoiding sitting next to an obese woman on
113 Cuidado (e)
the bus.
You seea boymaking fun ofhisbrother because his girlfriend broke up with
114 Cuidado (e)
him
115 You see a teenage girl clearly staring at a disfigured woman as she passes by. Cuidado (e)
116 You see a girl telling her classmate that it looks like she gained weight Cuidado (e)
You see a boy leaving a series of booby traps to kill loose cats in his
201 Cuidado (f, a)
neighbourhood.
You see a woman throwing her cat on the other side of the roombecause he
202 Cuidado (f, a)
has scratched the furniture.
203 You see a woman intentionally driving her car to run over a squirrel. Cuidado (f, a)
You see a zoo trainer hittinga dolphinto get it to perform some tricks and
204 Cuidado (f, a)
entertain the audience.
205 You see a man whipping his horse because he broke the fence. Cuidado (f, a)
206 You see a boy throwing stones at the cows that are in the local meadow. Cuidado (f, a)
207 You see a girl shooting birds in a forest repeatedly with a lead gun. Cuidado (f, a)
You see a woman leaving her dog outside in the rain after it has scrambled
208 Cuidado (f, a)
the trash.
301 You see a boy putting tacks in another student's chair. Cuidado (f, h)
You see a woman beating her own son with a strap because he got a bad
302 Cuidado (f, h)
grade at school
You see a teacher hittinga student's hand with a rulerfor falling asleepduring
303 Cuidado (f, h)
class.
You see a judge taking up a criminal case, even though he is friend with the
401 Justiça
defendant.
402 You see a student copying a classmate'sanswer sheet on a final exam. Justiça
403 You see an athlete taking a shortcut during a marathon to win. Justiça
You see an employee lying about how many hours she worked during the
404 Justiça
week.
275

405 You see a referee intentionally privileging his favorite team. Justiça
You see a tenant bribe the real estate agent to be the first to have the
406 Justiça
apartment painted.
407 You see a soccer player pretending to be heavily injured by a rival player. Justiça
408 You see a boy jump the line because his friend is an employee. Justiça
409 You see someone cheating during a card game with unfamiliar people Justiça
410 You see a politician using tax money to build an extension in his own home. Justiça
You see a teacher giving a low grade to a student just because he does not
411 Justiça
like him.
You see a woman lying about the total number of days she took on vacation
412 Justiça
from work.
501 You see a father forcing his son to become a airplane pilot just like him. Liberdade
You see a man forbidding his wife from wearing clothes that he has not yet
502 Liberdade
approved.
503 You see a man telling his girlfriend that she has toconvert to his religion. Liberdade
You see a boss pressuring employee to buy the products from his relatives'
504 Liberdade
stores.
505 You see a mother telling her son that she will choose all his friends. Liberdade
You see a parent demanding that his son take over the family restaurant
506 Liberdade
business.
507 You see a pastor prohibiting his congregation to use bright colours at church. Liberdade
508 You see a mother forcing her daughter to enroll in medical school. Liberdade
You see a man saying to his fiancée that she has tochange to his political
509 Liberdade
party.
You see on TV a political leader trying to forbid the use of hooded jackets in
510 Liberdade
the country
You see a woman pressuring her daughter to become a famous news anchor
511 Liberdade
in the evening paper.
You see a girl repeatedly interrupting her teacher while she explains a new
601 Autoridade
concept.
You see a player publicly yelling with his soccer coach during a decisive
602 Autoridade
match.
You see an employee trying to underestimate all herboss's ideas in front of
603 Autoridade
others.
You see a boy turning up the TV volume while his father talks to him about
604 Autoridade
military service.
605 You see a group of women talking loudly during a church sermon. Autoridade
606 You see a student claiming that the professor who is giving class is a fool. Autoridade
You see a teaching assistant denying what the head professor saysi n front of
607 Autoridade
his students.
You see a team member speaking loudly and interrumpting the supervisor's
608 Autoridade
speech the team.
You see a man turning his back and walking away while the boss questions
609 Autoridade
his work.
You see a trainee disobey a company order to dress professionally and comb
610 Autoridade
his hair.
You see a man covertly watching sports on his cell phone during a
611 Autoridade
pastor's/priest sermon.
You see a girl ignoring her father's orders on taking the car after the permitted
612 Autoridade
time.
You see a famous player ignoring the coach's order to come to the bench
613 Autoridade
during a match.
You see a teenager getting home late and ignoring the time stipulated by the
614 Autoridade
parents.
276

You see a former Brazilian politician saying publicly that he would never buy
701 Lealdade
any Brazilian product.
You see a teacher publicly saying that she hopesanother school to win the
702 Lealdade
math contest
703 You see a man leaving the family business to work for the main competitor. Lealdade
704 You see a Brazilian telling foreigner that Brazil is a bad world influence. Lealdade
You see an employee joking withcompetitors about the bad results of his own
705 Lealdade
company from last year.
You see the wife of a team coach salling cookies in order to raise money for
706 Lealdade
theopposing team.
You see the class representative (spokesperson) saying on TV that the rival
707 Lealdade
University is better
You see a coach celebrating with the opposing team players who have just
708 Lealdade
won the match.
You see a team capitan booing his own teamduring a match at his own
709 Lealdade
university.
You see a Brazilian swimmer celebrating while his partner is being beaten by
710 Lealdade
a Chinese opponent.
711 You see a mayor saying that the nearby city is a much better city. Lealdade
712 You see a man secretly voting against his wife at the local beauty contest. Lealdade
You see a Brazilian celebrity agreeing with a complaint of a foreign dictator
713 Lealdade
about Brazil.
You see a former secretary of state publicly renounce his Brazilian
714 Lealdade
citizenship.
You see a university president singing the anthem of a rival university at an
715 Lealdade
academic event.
You see a Brazilian ambassador in Argentina joking about the stupidity of
716 Lealdade
Brazilians.
801 You see a man having sex with a frozen chicken before he cooks it for dinner. Pureza
You see a homosexual in a gay bar offering sex to anyone who buys him a
802 Pureza
drink.
You see a man at a bar using his cell phone to watch people having sex with
803 Pureza
animals.
804 You see a drunk old man offering to have oral sex with anyone in the bar. Pureza
805 You see a man looking in the trash for discarded female underwear. Pureza
806 You see an employee of a morgue eating a pepperoni pizza over a corpse. Pureza
807 You see two first-degree cousins getting married in a formal ceremony. Pureza
808 You see a woman having sex with her deceased husband. Pureza
809 You see a single man buying a sex doll that looks like hissecretary. Pureza
You see a story about an ancient tribe that eats the flesh of its deceased
810 Pureza
members.

“Cuidado (e)” se refere a cenários apresentando violações do Cuidado emocional,


enquanto que “Cuidado (f, a)” se refere a Cuidado físico em relação a animais, e “Cuidado
(f, h)” se refere ao Cuidado físico em relação a humanos.
277

ANEXO L

VINHETAS TRADUZIDAS

Cod. Cenário Fund.


Você vê um adolescente rindo de um homem amputado que passou por ele no
101 Cuidado (e)
metrô.
Você vê uma garota rindo de outro estudante que esqueceu as falas em uma
102 Cuidado (e)
peça da escola.
Você vê uma mulher comentando em voz alta sobre o quão gorda outra
103 Cuidado (e)
mulher está a usar calça jeans.
Você vê um homem cancelando rapidamente um encontro às cegas assim que
104 Cuidado (e)
ele vê a mulher.
Você vê um menino dizendo a uma mulher que ela parece como seu cachorro
105 Cuidado (e)
obeso.
106 Você vê uma menina rindo quando percebe que o pai da amiga é um zelador. Cuidado (e)
Você vê um homem rindo enquanto ele passa por um paciente com câncer
107 Cuidado (e)
que tem sua cabeça careca.
Você vê uma garota dizendo que outra garota é muito feia para entrar em uma
108 Cuidado (e)
festa/balada.
Você vê uma adolescente claramente encarando uma mulher desfigurada
109 Cuidado (e)
enquanto ela passa.
Você vê um menino tirando sarro de seu irmão porque a namorada terminou
110 Cuidado (e)
com ele.
Você vê um homem dizendo em voz alta para sua mulher que o jantar que ela
111 Cuidado (e)
cozinhou está horrível.
Você vê um homem dizendo a uma mulher que sua pintura parece ter sido
112 Cuidado (e)
feita por uma criança.
Você vê uma mulher intencionalmente evitando sentar ao lado de uma mulher
113 Cuidado (e)
obesa no ônibus.
Você vê uma garota dizendo a um menino que o irmão mais velho dele é
114 Cuidado (e)
muito mais atraente que ele.
Você vê uma garota dizendo a colega de classe que parece que ela ganhou
115 Cuidado (e)
peso.
Você vê um homem rindo de um colega deficiente físico durante o jogo de
116 Cuidado (e)
futebol do trabalho.
Você vê uma mulher intencionalmente direcionando seu carro para atropelar
201 Cuidado (f, a)
um esquilo.
Você vê uma mulher jogando seu gato para o outro lado da sala por ele ter
202 Cuidado (f, a)
arranhando os móveis.
Você vê uma mulher deixando o seu cachorro do lado de fora na chuva
203 Cuidado (f, a)
depois dele ter mexido no lixo.
204 Você vê um menino jogando pedras nas vacas que estão no pasto local. Cuidado (f, a)
Você vê um treinador de zoológico batendo em um golfinho para que ele
205 Cuidado (f, a)
realize os truques e assim entretenha a platéia.
206 Você vê um homem chicoteando seu cavalo por ele ter quebrado o cercado. Cuidado (f, a)
Você vê uma garota atirando repetidamente com uma arma de chumbinho em
207 Cuidado (f, a)
pássaros na floresta.
Você vê um menino montando uma série de armadilhas para matar gatos
208 Cuidado (f, a)
soltos em sua vizinhança.
301 Você vê um menino colocando taxinhas na cadeira de outro aluno. Cuidado (f, h)
Você vê um professor batendo na mão de um estudante com uma régua por
302 Cuidado (f, h)
estar adormecendo durante a aula.
Você vê uma mulher espancando o próprio filho com uma cinta por ele tirar
303 Cuidado (f, h)
notas ruins na escola.
278

Você vê um estudante copiando a folha de respostas de um outro estudante


401 Justiça
em um exame final.
402 Você vê um atleta pegando um atalho durante uma maratona para ganhar. Justiça
Você vê um inquilino subornar a imobiliária para ser o primeiro a ter o
403 Justiça
apartamento pintado.
Você vê um jogador de futebol fingindo ser gravemente machucado por um
404 Justiça
jogador adversário.
Você vê alguém trapaceando durante um jogo de cartas com pessoas
405 Justiça
desconhecidas.
406 Você vê um árbitro intencionalmente privilegiando a equipe favorita dele. Justiça
407 Você vê um juiz assumir um caso criminal, embora ele seja amigo do réu. Justiça
Você vê uma funcionária mentir sobre quantas horas ela trabalhou durante a
408 Justiça
semana.
409 Você vê um menino furando a fila porque o amigo dele é um funcionário. Justiça
Você vê uma mulher mentir sobre o total de dias que ela tirou de férias do
410 Justiça
trabalho.
Você vê um professor dando uma nota ruim para um aluno apenas porque não
411 Justiça
gosta dele.
Você vê um político usando dinheiro de impostos para construir uma
412 Justiça
extensão em sua própria casa.
Você vê um homem dizendo a sua noiva que ela tem que mudar para o
501 Liberdade
partido político dele.
Você vê um pai exigindo que o filho de se torne piloto comercial assim como
502 Liberdade
ele.
Você vê um homem dizendo a sua namorada que ela tem que se converter
503 Liberdade
para a religião dele.
504 Você vê uma mãe dizendo ao filho que ela vai escolher todos os amigos dele. Liberdade
Você vê um homem proibindo sua esposa de usar roupas que ele ainda não
505 Liberdade
aprovou.
Você vê um chefe pressionando os funcionários para comprarem os produtos
506 Liberdade
das lojas dos familiares dele.
Você vê uma mulher pressionando sua filha a ser uma famosa apresentadora
507 Liberdade
de notícias do jornal da noite.
Você vê na TV um líder político tentando proibir no país o uso de blusas que
508 Liberdade
tem capuz.
509 Você vê uma mãe forçando a filha a se inscrever na faculdade de medicina Liberdade
Você vê um pai exigindo que o filho dele assuma o negócio de restaurantes
510 Liberdade
da família.
Você vê um pastor proibindo os fiéis dele de usarem cores brilhantes na
511 Liberdade
igreja.
Você vê uma menina ignorando as ordens do pai por pegar o carro depois do
601 Autoridade
horário permitido.
Você vê uma menina repetidamente interrompendo a professora dela
602 Autoridade
enquanto ela explica um novo conceito.
Você vê um estagiário desobedecer a uma ordem da empresa para se vestir
603 Autoridade
profissionalmente e arrumar o cabelo.
Você vê uma adolescente chegando tarde em casa e ignorando o horário
604 Autoridade
estipulado pelos pais.
Você vê uma funcionária tentando desvalorizar todas as ideias do chefe dela
605 Autoridade
na frente dos outros.
Você vê um jogador gritando publicamente com o treinador de futebol dele
606 Autoridade
durante um jogo decisivo.
Você vê um homem disfarçadamente assistindo esportes no celular durante o
607 Autoridade
sermão de um pastor.
Você vê um menino aumentando o som da TV enquanto o pai fala com ele
608 Autoridade
sobre o serviço militar.
279

Você vê um auxiliar retrucando o que o professor titular diz na frente dos


609 Autoridade
alunos dele.
Você vê um membro da equipe falando alto e interrompendo o discurso do
610 Autoridade
supervisor a equipe.
Você vê um grupo de mulheres conversando alto durante um sermão da
611 Autoridade
igreja.
Você vê um homem virando as costas e se afastando enquanto o chefe
612 Autoridade
questiona o trabalho dele.
Você vê um estudante afirmando que o professor que está dando a aula é um
613 Autoridade
tolo.
Você vê um jogador famoso ignorando a ordem do treinador para vir para o
614 Autoridade
banco durante um jogo.
Você vê um funcionário brincando com concorrentes sobre o quão ruim a
701 Lealdade
empresa que trabalha foi no ano passado.
Você vê um treinador comemorando com os jogadores da equipe adversária
702 Lealdade
que acabaram de vencer o jogo.
Você vê um ex-político brasileiro dizendo publicamente que ele nunca
703 Lealdade
compraria nenhum produto brasileiro.
Você vê um prefeito dizendo que a cidade vizinha é uma cidade muito
704 Lealdade
melhor.
Você vê um embaixador brasileiro brincando na Argentina sobre a estupidez
705 Lealdade
dos brasileiros.
Você vê um homem deixando a empresa familiar para trabalhar para o
706 Lealdade
principal concorrente.
Você vê uma professora publicamente dizendo que acredita que outra escola
707 Lealdade
vença o concurso de matemática.
Você vê um capitão do time vaiando sua própria equipe durante um jogo em
708 Lealdade
sua própria universidade.
Você vê o representante de classe dizendo na TV que a universidade rival é
709 Lealdade
melhor.
Você vê uma celebridade brasileira concordando com a denúncia de um
710 Lealdade
ditador estrangeiro a respeito do Brasil.
Você vê o reitor cantando o hino da universidade rival durante um evento
711 Lealdade
universitário.
Você vê um homem secretamente votando contra a esposa dele em um
712 Lealdade
concurso de beleza local.
Você vê um brasileiro dizendo aos estrangeiros que o Brasil é uma má
713 Lealdade
influência mundial.
Você vê a esposa do treinador de um time vendendo biscoitos para subsidiar a
714 Lealdade
equipe adversária.
Você vê um ex-secretário de estado renunciar publicamente a sua cidadania
715 Lealdade
brasileira.
Você vê um nadador brasileiro comemorando enquanto o companheiro dele
716 Lealdade
está sendo vencido por um rival chinês.
Você vê um homem fazendo sexo com uma galinha congelada antes de a
801 Pureza
cozinha-la para o jantar.
Você vê um homem idoso bêbado oferecendo ter sexo oral com qualquer um
802 Pureza
no bar.
Você vê um homem em um bar usando o próprio celular para assistir pessoas
803 Pureza
tendo relações sexuais com animais.
804 Você vê uma mulher tendo relações íntimas com o falecido marido. Pureza
Você vê um homossexual em um bar gay oferecendo sexo para qualquer um
805 Pureza
que lhe comprar uma bebida.
Você vê um funcionário de um necrotério comendo uma pizza de pepperoni
806 Pureza
em cima de um cadáver.
Você vê uma história sobre uma tribo remota que come a carne de seus
807 Pureza
membros falecidos.
280

Você vê um homem procurando no lixo roupas íntimas femininas


808 Pureza
descartadas.
809 Você vê dois primos de primeiro grau casando em uma cerimônia formal. Pureza
Você vê um homem solteiro comprando uma boneca inflável que parece com
810 Pureza
a secretária dele.

“Cuidado (e)” se refere a cenários apresentando violações do Cuidado emocional,


enquanto que “Cuidado (f, a)” se refere a Cuidado físico em relação a animais, e “Cuidado
(f, h)” se refere ao Cuidado físico em relação a humanos.
281

ANEXO M

CLASSIFICAÇÃO DE CADA VINHETA PARA A AMOSTRA BRASILEIRA


Não Nível
Cod Fund. Cuidado Justiça Liberdade Autoridade Lealdade Pureza
errada errado
101 Cuidado (e) 68,8% 0,4% 14,8% 0,4% 5,1% 1,4% 9,1% 3,8
102 Cuidado (e) 67,2% 0,2% 14,6% 1,4% 1,4% 7,7% 7,5% 4,1
103 Cuidado (e) 61,5% 0,6% 19,0% 0,4% 1,0% 1,4% 16,0% 3,5
104 Cuidado (e) 56,5% 0,4% 22,7% 1,6% 0,6% 7,7% 10,5% 3,9
105 Cuidado (e) 54,9% 0,6% 38,5% 1,4% 0,2% 2,6% 1,8% 4,6
106 Cuidado (e) 54,0% 2,2% 9,5% 0,8% 6,3% 6,1% 21,1% 3,6
107 Cuidado (e) 54,0% 0,4% 29,4% 0,4% 0,8% 13,6% 1,4% 4,8
108 Cuidado (e) 53,2% 0,0% 36,0% 1,4% 3,6% 1,6% 4,0% 4,2
109 Cuidado (e) 53,0% 0,2% 20,0% 0,2% 0,8% 1,2% 24,5% 3,2
110 Cuidado (e) 51,6% 0,2% 13,2% 0,0% 0,6% 2,0% 32,4% 2,8
111 Cuidado (e) 50,4% 0,4% 43,1% 0,2% 0,8% 2,8% 2,2% 4,4
112 Cuidado (e) 45,3% 0,8% 33,6% 0,6% 0,8% 18,2% 0,6% 4,8
113 Cuidado (e) 43,9% 0,6% 31,8% 0,4% 0,4% 7,3% 15,6% 3,8
114 Cuidado (e) 43,3% 1,4% 43,5% 1,4% 0,2% 9,3% 0,8% 4,7
115 Cuidado (e) 43,1% 2,2% 40,1% 0,8% 0,2% 12,6% 1,0% 4,8
116 Cuidado (e) 42,7% 3,2% 48,4% 0,4% 0,6% 3,4% 1,2% 4,6
201 Cuidado (f, a) 76,1% 0,8% 4,0% 2,4% 0,2% 12,8% 3,6% 4,5
202 Cuidado (f, a) 74,1% 0,6% 2,6% 1,2% 0,4% 14,4% 6,7% 4,4
203 Cuidado (f, a) 71,7% 2,0% 2,8% 1,8% 0,2% 20,2% 1,2% 4,8
204 Cuidado (f, a) 69,0% 0,6% 7,7% 1,2% 0,2% 19,6% 1,6% 4,8
205 Cuidado (f, a) 67,8% 0,6% 4,9% 1,4% 0,4% 23,5% 1,4% 4,6
206 Cuidado (f, a) 67,6% 0,8% 8,7% 0,8% 0,4% 21,3% 0,4% 4,9
207 Cuidado (f, a) 65,4% 1,2% 3,6% 1,4% 0,4% 24,9% 3,0% 4,6
208 Cuidado (f, a) 60,5% 0,6% 2,8% 1,0% 0,0% 33,6% 1,4% 4,8
301 Cuidado (f, h) 64,2% 1,2% 26,5% 1,0% 1,6% 3,8% 1,6% 4,5
302 Cuidado (f, h) 61,7% 0,6% 16,8% 7,7% 0,6% 11,5% 1,0% 4,7
303 Cuidado (f, h) 34,4% 2,2% 41,7% 11,7% 0,2% 7,7% 2,0% 4,7
401 Justiça 0,6% 92,3% 0,2% 1,2% 5,1% 0,2% 0,4% 4,8
402 Justiça 1,0% 89,9% 0,8% 2,8% 4,0% 0,4% 1,0% 4,5
403 Justiça 0,8% 89,3% 0,8% 4,3% 4,3% 0,0% 0,6% 4,7
404 Justiça 0,8% 88,3% 0,0% 4,0% 0,6% 0,6% 5,7% 4,5
405 Justiça 3,2% 87,4% 1,0% 4,3% 2,6% 0,2% 1,2% 4,3
406 Justiça 0,8% 86,2% 1,2% 1,4% 6,1% 0,4% 3,8% 4,1
407 Justiça 1,2% 83,0% 0,4% 7,7% 1,8% 0,8% 5,1% 4,0
408 Justiça 3,0% 80,6% 0,8% 2,0% 5,3% 1,8% 6,5% 4,1
409 Justiça 1,2% 79,1% 0,2% 5,1% 10,7% 0,2% 3,4% 4,3
410 Justiça 0,6% 76,3% 0,6% 6,7% 11,1% 4,0% 0,6% 4,9
411 Justiça 1,0% 65,6% 15,4% 14,4% 2,0% 1,2% 0,4% 4,8
412 Justiça 0,8% 64,0% 0,6% 5,1% 10,9% 1,0% 17,6% 3,7
501 Liberdade 4,5% 0,8% 86,8% 5,5% 0,2% 0,4% 1,8% 4,5
502 Liberdade 1,4% 1,0% 86,2% 4,3% 0,6% 0,6% 5,9% 4,3
282

503 Liberdade 2,4% 1,4% 85,6% 6,5% 0,2% 0,4% 3,4% 4,6
504 Liberdade 2,6% 5,1% 82,4% 4,5% 0,2% 3,4% 1,8% 4,7
505 Liberdade 4,5% 1,4% 78,7% 8,1% 0,0% 0,6% 6,7% 4,1
506 Liberdade 7,5% 0,6% 78,7% 6,5% 1,0% 0,8% 4,9% 4,4
507 Liberdade 1,2% 2,0% 76,5% 8,1% 0,6% 3,4% 8,1% 4,3
508 Liberdade 4,9% 1,0% 74,1% 8,7% 1,0% 0,0% 10,3% 3,9
509 Liberdade 0,6% 6,5% 72,3% 13,2% 0,8% 1,0% 5,7% 4,6
510 Liberdade 1,0% 10,3% 70,0% 12,3% 1,2% 0,6% 4,5% 4,4
511 Liberdade 18,8% 0,4% 69,4% 5,3% 0,6% 0,8% 4,7% 4,1
601 Autoridade 4,7% 1,0% 1,0% 82,4% 3,6% 0,4% 6,9% 3,9
602 Autoridade 4,5% 1,6% 0,8% 81,4% 6,9% 0,2% 4,7% 3,8
603 Autoridade 9,5% 0,6% 1,4% 79,8% 3,8% 1,0% 3,8% 3,9
604 Autoridade 1,6% 3,6% 1,0% 75,7% 13,0% 0,0% 5,1% 3,9
605 Autoridade 1,4% 1,0% 3,4% 70,6% 2,6% 0,0% 20,9% 3,2
606 Autoridade 8,3% 0,6% 2,4% 69,8% 2,6% 0,2% 16,0% 3,5
607 Autoridade 14,2% 0,8% 1,6% 61,9% 4,5% 7,3% 9,7% 3,8
608 Autoridade 14,2% 0,2% 0,2% 61,3% 9,5% 0,0% 14,6% 3,1
609 Autoridade 5,7% 0,4% 0,0% 56,1% 3,4% 4,0% 30,4% 2,9
610 Autoridade 11,5% 0,4% 2,2% 54,5% 1,0% 1,4% 28,9% 3,0
611 Autoridade 13,0% 1,8% 4,0% 54,0% 21,3% 0,4% 5,5% 3,9
612 Autoridade 7,7% 1,0% 2,0% 52,6% 12,1% 0,4% 24,1% 3,3
613 Autoridade 14,4% 0,8% 3,6% 49,6% 7,3% 1,8% 22,5% 3,2
614 Autoridade 23,7% 0,6% 10,3% 36,2% 1,4% 1,0% 26,7% 3,1
701 Lealdade 4,3% 0,8% 2,0% 4,0% 78,7% 1,2% 8,9% 4,0
702 Lealdade 8,3% 0,4% 7,5% 3,0% 73,9% 0,2% 6,7% 3,9
703 Lealdade 4,0% 1,2% 4,3% 1,0% 67,2% 0,6% 21,7% 3,3
704 Lealdade 1,0% 0,4% 0,4% 3,4% 67,0% 0,6% 27,1% 3,2
705 Lealdade 9,1% 0,4% 0,4% 0,8% 64,0% 0,2% 25,1% 3,2
706 Lealdade 2,4% 1,6% 0,4% 2,8% 60,5% 1,2% 31,0% 3,2
707 Lealdade 4,3% 1,6% 0,8% 1,2% 59,5% 0,4% 32,2% 3,0
708 Lealdade 1,6% 0,4% 1,4% 1,8% 58,5% 0,2% 36,0% 2,9
709 Lealdade 5,7% 0,4% 1,4% 0,8% 58,1% 0,0% 33,6% 2,9
710 Lealdade 1,8% 0,6% 1,0% 1,2% 57,9% 0,4% 37,0% 2,9
711 Lealdade 0,6% 1,8% 0,2% 1,2% 53,4% 0,2% 42,5% 2,7
712 Lealdade 13,4% 0,6% 0,6% 0,6% 53,0% 1,0% 30,8% 3,1
713 Lealdade 1,4% 1,0% 0,2% 2,4% 52,8% 0,8% 41,3% 2,8
714 Lealdade 2,6% 0,6% 0,2% 2,4% 52,4% 0,2% 41,5% 2,6
715 Lealdade 1,6% 18,2% 0,2% 0,8% 48,6% 0,6% 30,0% 3,2
716 Lealdade 1,6% 3,4% 5,3% 7,5% 39,9% 2,6% 39,7% 3,1
801 Pureza 3,0% 0,2% 1,2% 1,2% 1,0% 86,4% 6,9% 4,5
802 Pureza 2,4% 0,8% 2,0% 1,4% 0,4% 83,6% 9,3% 4,3
803 Pureza 6,9% 1,0% 2,0% 3,6% 0,6% 77,5% 8,3% 4,3
804 Pureza 2,4% 0,0% 2,6% 0,8% 0,4% 68,0% 25,7% 3,6
805 Pureza 4,3% 0,2% 1,6% 2,2% 0,0% 65,8% 25,9% 3,5
806 Pureza 17,2% 0,4% 1,0% 10,7% 1,2% 58,9% 10,5% 4,1
807 Pureza 5,5% 0,4% 3,2% 2,2% 1,2% 44,5% 42,9% 2,8
283

808 Pureza 4,7% 0,0% 3,2% 1,2% 0,4% 43,3% 47,2% 2,7
809 Pureza 2,0% 0,2% 0,4% 1,6% 0,4% 35,0% 60,3% 2,3
810 Pureza 1,4% 0,4% 0,6% 12,6% 0,4% 10,9% 73,7% 1,9

“Cuidado (e)” se refere a cenários apresentando violações do Cuidado emocional,


enquanto que “Cuidado (f, a)” se refere a Cuidado físico em relação a animais, e “Cuidado
(f, h) se refere ao Cuidado físico em relação a humanos.
“Nível errado” representa o julgamento médio do quão errada era a situação
apresentada em uma escala de 5 pontos, na qual 0 = e 5 =
.
284

ANEXO N

RESULTADO DA ANÁLISE FATORIAL


Fator Fator Fator Fator Fator Fator Fator Nível
Cod Fundamento
1 2 3 4 5 6 7 errado
101 Cuidado (e) 0.68 -0.16 -0.03 -0.03 0.12 0.32 -0.13 4.78
102 Cuidado (e) 0.52 -0.03 0.05 -0.02 0.13 0.19 0.06 4.17
103 Cuidado (e) 0.59 -0.02 0.00 0.03 0.05 0.26 0.00 4.42
104 Cuidado (e) 0.33 0.14 -0.07 0.26 -0.05 -0.06 0.08 3.59
105 Cuidado (e) 0.65 -0.05 -0.01 -0.03 0.04 0.26 -0.03 4.55
106 Cuidado (e) 0.43 -0.03 0.11 0.01 0.01 0.45 -0.08 4.75
107 Cuidado (e) 0.48 -0.03 -0.12 0.02 0.02 0.51 -0.15 4.78
108 Cuidado (e) 0.42 -0.02 0.17 -0.02 0.01 0.26 0.04 4.57
109 Cuidado (e) 0.52 0.02 0.05 0.10 -0.01 -0.08 0.01 3.85
110 Cuidado (e) 0.33 0.13 -0.03 0.11 0.11 0.11 0.01 3.85
111 Cuidado (e) 0.50 0.19 0.08 -0.06 -0.12 0.01 0.01 4.09
112 Cuidado (e) 0.44 0.27 -0.08 -0.04 -0.03 -0.08 0.15 3.52
113 Cuidado (e) 0.32 0.14 0.00 0.20 -0.04 0.06 0.11 3.82
114 Cuidado (e) 0.41 0.26 -0.03 -0.16 0.02 -0.09 0.07 2.84
115 Cuidado (e) 0.45 0.31 -0.22 0.00 -0.07 0.05 0.13 3.19
116 Cuidado (e) 0.68 -0.22 -0.08 -0.05 0.09 0.35 -0.05 4.79
201 Cuidado (f) -0.12 0.08 0.19 0.02 -0.01 0.69 -0.04 4.84
202 Cuidado (f) 0.04 -0.01 -0.10 0.11 0.04 0.34 0.12 4.36
203 Cuidado (f) 0.03 0.12 -0.01 0.00 0.08 0.53 0.10 4.50
204 Cuidado (f) 0.11 0.02 -0.02 0.05 0.07 0.66 0.02 4.64
205 Cuidado (f) 0.08 0.08 -0.04 0.02 -0.02 0.75 -0.02 4.85
206 Cuidado (f) -0.06 0.06 0.01 0.07 -0.01 0.70 0.06 4.77
207 Cuidado (f) 0.12 0.00 -0.09 0.05 0.09 0.63 0.01 4.63
208 Cuidado (f) 0.07 -0.11 -0.03 0.05 0.04 0.43 -0.02 4.82
301 Cuidado (f) 0.27 -0.03 0.14 0.10 0.02 0.26 0.05 4.53
302 Cuidado (f) 0.29 -0.20 0.13 0.09 -0.07 0.14 0.10 4.68
303 Cuidado (f) -0.05 0.00 0.13 0.01 -0.17 0.37 0.20 4.72
401 Justiça -0.07 -0.10 0.45 0.00 0.33 -0.11 0.01 4.00
402 Justiça -0.04 -0.02 0.65 -0.09 0.06 0.17 -0.08 4.76
403 Justiça 0.01 -0.04 0.54 0.10 0.06 0.08 -0.10 4.54
404 Justiça 0.03 -0.04 0.36 0.05 0.16 -0.04 0.10 4.05
405 Justiça 0.05 -0.05 0.47 0.09 0.08 -0.03 0.12 4.14
406 Justiça 0.07 -0.04 0.65 -0.12 -0.01 -0.01 -0.05 4.75
407 Justiça 0.18 0.07 0.21 0.00 -0.10 0.11 -0.09 4.50
408 Justiça -0.20 0.00 0.56 0.15 0.20 -0.04 0.12 4.27
409 Justiça 0.06 -0.07 0.40 -0.11 0.28 -0.06 -0.02 4.33
410 Justiça -0.22 0.04 0.38 0.19 0.22 -0.07 0.02 3.75
411 Justiça 0.10 0.01 0.42 -0.06 -0.03 0.18 -0.09 4.84
412 Justiça -0.02 -0.01 0.35 -0.04 -0.06 0.33 -0.11 4.91
501 Liberdade -0.01 0.02 -0.01 0.18 0.01 0.13 0.48 4.35
502 Liberdade -0.06 -0.05 -0.08 -0.09 0.18 -0.02 1.00 4.12
285

503 Liberdade 0.00 0.09 0.03 0.04 -0.16 0.22 0.43 4.56
504 Liberdade -0.01 0.08 0.15 0.02 0.05 0.07 0.34 4.44
505 Liberdade 0.17 0.00 0.10 -0.03 -0.09 0.36 0.17 4.72
506 Liberdade 0.16 0.02 0.34 -0.04 0.05 0.04 0.15 4.38
507 Liberdade 0.29 -0.09 0.04 -0.10 0.13 -0.10 0.45 4.12
508 Liberdade 0.04 0.10 0.10 0.01 -0.14 0.12 0.26 4.55
509 Liberdade 0.02 -0.01 0.13 -0.02 0.09 0.09 0.60 4.46
510 Liberdade -0.02 0.06 -0.07 -0.09 0.08 -0.04 0.88 3.88
511 Liberdade 0.15 0.08 0.23 0.19 -0.21 0.02 0.12 4.27
601 Autoridade 0.11 -0.07 0.15 0.08 0.52 0.02 0.05 3.75
602 Autoridade 0.02 0.11 0.04 0.10 0.35 0.11 0.03 3.53
603 Autoridade -0.03 -0.02 -0.07 0.09 0.66 0.04 0.08 3.20
604 Autoridade 0.08 -0.07 0.25 -0.03 0.53 -0.14 -0.07 3.13
605 Autoridade 0.00 0.14 0.09 0.09 0.52 0.13 0.06 3.92
606 Autoridade 0.12 0.23 0.24 0.03 0.22 -0.15 -0.04 3.15
607 Autoridade 0.04 -0.04 -0.06 0.34 0.49 -0.05 0.05 2.94
608 Autoridade 0.02 0.08 0.08 0.01 0.54 -0.12 -0.01 3.05
609 Autoridade 0.07 0.37 0.01 -0.06 0.32 0.03 -0.09 3.26
610 Autoridade -0.02 0.14 0.09 0.04 0.53 0.12 0.11 3.90
611 Autoridade 0.14 0.06 -0.05 -0.07 0.61 0.13 0.03 3.82
612 Autoridade -0.03 0.04 0.04 0.02 0.64 0.09 0.25 3.89
613 Autoridade 0.23 0.23 -0.03 0.20 0.20 -0.09 0.01 3.12
614 Autoridade 0.09 0.04 0.09 -0.04 0.42 -0.02 0.28 3.89
701 Lealdade 0.07 0.42 0.05 0.07 0.25 0.02 -0.12 3.34
702 Lealdade 0.03 0.33 0.07 -0.20 0.18 0.02 -0.18 3.01
703 Lealdade -0.03 0.77 0.07 0.02 -0.20 -0.06 0.07 3.21
704 Lealdade -0.06 0.84 -0.07 -0.14 0.06 0.01 0.02 2.76
705 Lealdade -0.07 0.50 0.18 0.02 0.08 0.11 -0.04 3.98
706 Lealdade -0.09 0.46 -0.09 0.20 0.21 -0.01 -0.02 2.65
707 Lealdade -0.01 0.73 0.00 -0.13 0.12 0.04 0.06 2.94
708 Lealdade 0.09 0.26 0.32 -0.17 0.18 -0.03 -0.07 3.87
709 Lealdade -0.05 0.76 -0.01 -0.08 0.02 0.11 -0.17 2.92
710 Lealdade 0.04 0.50 0.02 0.13 -0.13 -0.04 0.03 3.05
711 Lealdade -0.06 0.58 -0.05 -0.15 0.24 0.08 0.02 3.21
712 Lealdade 0.08 0.42 -0.20 0.08 0.12 0.11 0.08 3.12
713 Lealdade -0.08 0.74 0.00 0.05 -0.06 -0.04 0.05 2.91
714 Lealdade 0.00 0.40 -0.05 0.05 0.17 0.03 0.00 3.17
715 Lealdade -0.08 0.63 -0.06 0.13 0.01 -0.02 0.06 2.74
716 Lealdade 0.10 0.33 0.12 -0.01 0.14 0.03 -0.11 3.17
801 Pureza -0.04 -0.08 -0.01 0.63 0.10 0.25 -0.10 4.47
802 Pureza -0.02 0.04 -0.01 0.53 0.23 0.02 -0.08 3.53
803 Pureza 0.03 0.08 0.06 0.56 -0.18 0.14 -0.07 4.31
804 Pureza -0.09 -0.15 -0.04 0.72 0.19 0.12 0.03 4.25
805 Pureza 0.00 0.08 -0.10 0.48 0.29 -0.09 -0.08 2.75
806 Pureza 0.04 0.12 0.01 0.19 0.18 0.14 -0.17 4.10
807 Pureza 0.05 0.15 -0.12 0.39 0.14 -0.12 -0.15 2.33
286

808 Pureza 0.09 -0.01 0.05 0.57 -0.08 -0.02 -0.03 3.61
809 Pureza -0.07 0.18 -0.07 0.30 0.17 -0.11 -0.03 1.90
810 Pureza 0.11 0.18 0.14 0.44 -0.16 -0.12 -0.08 2.83

“Cuidado (e)” se refere a cenários apresentando violações do Cuidado


emocional, enquanto que “Cuidado (f)” se refere a Cuidado físico.
“Nível errado” representa o julgamento médio do quão errada era a situação
apresentada em uma escala de 5 pontos, na qual 0 = “ ” e 5
”.
Células em cinza representam carga fatorial ≥,3; Células em negrito
representam carga fatorial ≥,4.
Embora as vinhetas #101, #106, #107 e #116 não tenham sido incluídas nas
análises posteriores do Estudo 1, nem no conjunto de vinhetas recomendadas (Anexo
O), elas apresentaram cargas fatoriais significativas para Cuidado físico e emocional,
sendo caracterizadas por um grupo de quatro vinhetas representando o fundamento
do Cuidado, independentemente do tipo de dano.
287

ANEXO O

VINHETAS VALIDADAS E RECOMENDADAS


(INDEPENDENTE DE SEXO)
Fator Fator Fator Fator Fator Fator Fator Nível
Cod Fund.
1 2 3 4 5 6 7 errado
105 Cuidado (e) 0.6495 4,6
103 Cuidado (e) 0.5891 4,4
102 Cuidado (e) 0.5178 4,2
109 Cuidado (e) 0.5173 3,9
111 Cuidado (e) 0.4958 4,1
112 Cuidado (e) 0.4354 3,5
108 Cuidado (e) 0.424 4,6
114 Cuidado (e) 0.4139 2,8
110 Cuidado (e) 0.3291 3,8
104 Cuidado (e) 0.3268 3,6
113 Cuidado (e) 0.3205 3,8
205 Cuidado F 0.754 4,9
206 Cuidado (f) 0.699 4,8
201 Cuidado (f) 0.6865 4,8
204 Cuidado (f) 0.6605 4,6
207 Cuidado (f) 0.6271 4,6
203 Cuidado (f) 0.5268 4,5
208 Cuidado (f) 0.4305 4,8
303 Cuidado (f) 0.3672 4,7
202 Cuidado (f) 0.3409 4,4
406 Justiça 0.6457 4,7
402 Justiça 0.6452 4,8
408 Justiça 0.5606 4,3
403 Justiça 0.5386 4,5
405 Justiça 0.4656 4,1
411 Justiça 0.4161 4,8
409 Justiça 0.3989 4,3
410 Justiça 0.3825 3,7
404 Justiça 0.3601 4,1
502 Liberdade 0.9992 4,1
510 Liberdade 0.8774 3,9
509 Liberdade 0.6015 4,5
501 Liberdade 0.4757 4,3
507 Liberdade 0.4461 4,1
503 Liberdade 0.428 4,6
504 Liberdade 0.3382 4,4
603 Autoridade 0.6575 3,2
612 Autoridade 0.6395 3,9
611 Autoridade 0.6125 3,8
288

608 Autoridade 0.5392 3,0


610 Autoridade 0.5332 3,9
604 Autoridade 0.5298 3,1
601 Autoridade 0.5225 3,8
605 Autoridade 0.5181 3,9
614 Autoridade 0.4235 3,9
602 Autoridade 0.35 3,5
704 Lealdade 0.8358 2,8
703 Lealdade 0.7702 3,2
709 Lealdade 0.7624 2,9
713 Lealdade 0.7441 2,9
707 Lealdade 0.7275 2,9
715 Lealdade 0.631 2,7
711 Lealdade 0.5753 3,2
710 Lealdade 0.4979 3,1
705 Lealdade 0.4961 4,0
706 Lealdade 0.4635 2,6
701 Lealdade 0.4226 3,3
712 Lealdade 0.4186 3,1
714 Lealdade 0.3974 3,2
702 Lealdade 0.3325 3,0
716 Lealdade 0.3262 3,2
804 Pureza 0.7167 4,3
801 Pureza 0.6287 4,5
808 Pureza 0.5703 3,6
803 Pureza 0.5611 4,3
802 Pureza 0.5322 3,5
805 Pureza 0.4788 2,7
810 Pureza 0.4364 2,8

“Cuidado (e)” se refere a cenários apresentando violações do Cuidado


emocional, enquanto que “Cuidado (f)” se refere a Cuidado físico em relação a
animais e humanos (considerando que a análise fatorial incluiu no Fator 6 violações
de cuidado físico tanto para humanos como para animais).
“Nível errado” representa o julgamento médio do quão errada era a situação
apresentada em uma escala de 5 pontos, na qual 0 = “ ” e 5 =
“ ”.
289

ANEXO P

RESULTADO DA ANÁLISE FATORIAL (AMOSTRA FEMININA)

Fundament
Cod Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5 Fator 6 Fator 7
o

101 Cuidado (e) ,56 -,02 ,12 ,05 ,01 ,18 -,10
102 Cuidado (e) ,37 ,08 ,14 ,00 ,14 ,12 ,06
103 Cuidado (e) ,42 ,06 ,23 ,10 ,01 ,12 -,07
104 Cuidado (e) -,03 ,11 -,02 ,27 -,07 ,29 ,11
105 Cuidado (e) ,42 ,01 ,13 ,04 ,05 ,22 ,01
106 Cuidado (e) ,60 ,04 ,23 ,04 -,11 ,05 -,02
107 Cuidado (e) ,61 ,08 ,01 ,13 -,19 ,07 -,09
108 Cuidado (e) ,37 ,02 ,23 -,05 ,09 ,20 ,00
109 Cuidado (e) ,06 -,08 ,02 ,20 ,08 ,47 ,06
110 Cuidado (e) ,26 ,17 ,02 ,15 ,11 ,14 -,05
111 Cuidado (e) ,19 ,11 ,05 ,01 ,04 ,50 -,04
112 Cuidado (e) ,10 ,26 -,05 ,01 ,03 ,38 ,07
113 Cuidado (e) ,14 ,08 -,02 ,18 ,01 ,28 ,12
114 Cuidado (e) ,02 ,21 -,01 -,13 ,15 ,41 ,03
115 Cuidado (e) ,12 ,38 -,03 ,04 -,16 ,25 ,11
116 Cuidado (e) ,68 -,05 ,11 ,02 -,02 ,09 -,06
201 Cuidado (f) ,58 -,07 ,05 -,06 ,05 -,08 ,02
202 Cuidado (f) ,34 -,13 -,14 ,11 ,08 ,15 ,07
203 Cuidado (f) ,59 ,02 -,20 -,04 ,12 ,06 ,13
204 Cuidado (f) ,75 ,00 -,05 -,02 ,01 -,09 ,01
205 Cuidado (f) ,85 ,07 -,06 -,04 -,12 -,09 -,01
206 Cuidado (f) ,73 ,00 -,20 -,03 -,03 -,11 ,10
207 Cuidado (f) ,69 -,06 -,23 -,03 ,13 ,02 ,02
208 Cuidado (f) ,41 -,16 -,06 -,01 ,19 ,00 -,12
301 Cuidado (f) ,43 -,03 ,07 -,01 ,23 ,07 -,07
302 Cuidado (f) ,21 -,16 ,21 ,10 ,04 ,11 -,05
303 Cuidado (f) ,33 -,13 ,09 -,07 -,03 ,00 ,08
401 Justiça -,10 -,08 ,24 -,12 ,58 -,04 -,06
402 Justiça ,07 ,01 ,64 -,15 ,12 -,11 ,04
403 Justiça ,06 ,00 ,52 ,02 ,16 -,10 -,05
404 Justiça ,04 -,09 ,22 -,05 ,33 ,09 ,02
405 Justiça -,03 -,03 ,40 ,02 ,24 -,01 ,11
406 Justiça -,21 -,05 ,64 -,10 ,13 ,10 ,07
407 Justiça -,02 ,04 ,41 ,16 -,13 ,04 -,09
408 Justiça -,15 -,09 ,41 ,12 ,29 -,02 ,20
409 Justiça -,01 -,10 ,21 -,18 ,51 ,15 -,04
410 Justiça -,18 -,07 ,18 ,22 ,31 ,03 ,11
411 Justiça ,12 -,04 ,43 -,06 ,05 ,05 -,09
290

412 Justiça ,15 -,02 ,35 -,06 ,00 -,09 -,04


501 Liberdade ,26 ,02 ,03 ,09 -,06 ,02 ,37
502 Liberdade ,03 -,07 -,04 -,11 ,07 ,01 ,93
503 Liberdade ,22 ,02 ,16 ,13 -,23 -,07 ,30
504 Liberdade ,01 ,09 ,16 ,06 -,06 -,08 ,39
505 Liberdade ,52 ,00 ,13 -,09 -,13 ,01 ,10
506 Liberdade -,03 ,01 ,43 -,01 ,07 ,07 ,18
507 Liberdade ,02 -,18 -,07 -,06 ,29 ,35 ,40
508 Liberdade ,17 ,00 ,13 -,01 -,18 ,11 ,26
509 Liberdade ,03 -,03 ,22 -,02 ,04 ,07 ,54
510 Liberdade -,01 ,03 -,09 -,17 ,03 ,16 ,83
511 Liberdade ,02 ,00 ,29 ,19 -,24 ,13 ,16
601 Autoridade ,09 -,04 ,05 ,11 ,56 ,06 ,00
602 Autoridade ,07 ,18 ,14 ,22 ,20 -,10 ,00
603 Autoridade ,01 ,12 -,08 ,18 ,44 -,15 ,04
604 Autoridade ,01 -,09 -,05 -,10 ,76 ,21 -,06
605 Autoridade ,02 ,23 ,14 ,21 ,37 -,14 ,06
606 Autoridade -,08 ,20 ,07 ,01 ,38 ,25 -,06
607 Autoridade -,07 ,04 -,09 ,43 ,40 -,01 ,03
608 Autoridade -,05 ,07 -,20 ,04 ,61 ,17 ,03
609 Autoridade ,01 ,41 -,01 -,02 ,31 ,11 -,15
610 Autoridade ,09 ,28 ,13 ,10 ,35 -,13 ,09
611 Autoridade ,22 ,17 -,06 ,04 ,43 -,04 -,01
612 Autoridade ,20 ,13 -,04 ,10 ,46 -,16 ,20
613 Autoridade -,05 ,21 -,09 ,26 ,19 ,26 ,05
614 Autoridade ,10 ,11 ,14 ,01 ,35 -,14 ,19
701 Lealdade ,04 ,60 ,10 -,01 ,16 -,02 -,18
702 Lealdade ,03 ,40 ,00 -,19 ,11 ,06 -,13
703 Lealdade -,09 ,68 -,06 -,01 -,14 ,18 ,13
704 Lealdade -,04 ,85 -,12 -,19 ,01 ,09 ,07
705 Lealdade -,10 ,58 ,32 ,04 -,04 -,13 -,02
706 Lealdade -,04 ,60 -,04 ,21 ,02 -,06 -,08
707 Lealdade ,01 ,85 ,01 -,21 ,00 -,01 ,05
708 Lealdade -,04 ,29 ,22 -,23 ,29 ,12 -,05
709 Lealdade ,03 ,74 -,04 -,04 -,07 ,04 -,13
710 Lealdade -,01 ,44 -,03 ,11 -,19 ,16 ,07
711 Lealdade ,03 ,68 -,05 -,13 ,07 -,06 ,00
712 Lealdade ,08 ,55 -,10 ,09 -,08 -,01 ,05
713 Lealdade -,09 ,70 -,05 ,04 -,06 ,04 ,09
714 Lealdade -,08 ,56 ,06 ,04 -,02 -,04 -,01
715 Lealdade -,09 ,66 -,04 ,14 -,11 -,04 ,09
716 Lealdade ,02 ,37 ,12 ,00 ,12 ,11 -,13
801 Pureza ,23 -,08 -,01 ,60 -,01 -,09 -,11
802 Pureza -,02 ,01 -,10 ,60 ,11 ,04 ,00
803 Pureza ,16 -,02 -,01 ,50 -,17 ,12 -,07
291

804 Pureza ,07 -,20 ,04 ,75 ,00 -,09 ,02


805 Pureza -,12 ,14 -,12 ,54 ,13 ,00 -,03
806 Pureza ,07 ,11 ,04 ,27 ,14 ,00 -,16
807 Pureza -,14 ,08 -,16 ,44 ,17 ,14 -,13
808 Pureza -,05 -,03 ,07 ,58 -,19 ,15 -,01
809 Pureza -,14 ,21 -,02 ,35 ,01 ,03 -,06
810 Pureza -,14 ,08 ,11 ,42 -,03 ,26 -,07

“Cuidado (e)” se refere a cenários apresentando violações do Cuidado


emocional, enquanto que “Cuidado (f)” se refere a Cuidado físico.
“Nível errado” representa o julgamento médio do quão errada era a situação
apresentada em uma escala de 5 pontos, na qual 0 = “ ” e 5
”.
Células em cinza representam carga fatorial ≥,3; Células em negrito
representam carga fatorial ≥4.
292

ANEXO Q

RESULTADO DA ANÁLISE FATORIAL (AMOSTRA MASCULINA)

Fundament
Cod Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5 Fator 6 Fator 7
o

101 Cuidado (e) ,78 -,16 ,04 -,06 ,14 ,14 -,14
102 Cuidado (e) ,64 -,04 ,04 -,02 ,10 ,09 ,10
103 Cuidado (e) ,55 ,10 -,02 ,05 ,00 ,19 ,21
104 Cuidado (e) ,32 ,28 -,12 ,31 ,03 -,01 ,06
105 Cuidado (e) ,72 ,09 ,00 ,00 -,11 ,23 -,05
106 Cuidado (e) ,41 -,02 ,17 -,01 -,01 ,42 -,04
107 Cuidado (e) ,51 -,08 ,00 -,11 ,11 ,57 -,15
108 Cuidado (e) ,29 -,06 ,19 ,13 -,15 ,32 ,30
109 Cuidado (e) ,57 ,15 ,15 -,05 ,01 -,20 ,05
110 Cuidado (e) ,14 ,23 ,09 ,14 -,08 ,10 ,21
111 Cuidado (e) ,19 ,13 ,14 -,23 -,01 -,09 ,40
112 Cuidado (e) ,24 ,26 -,02 -,07 ,04 -,21 ,47
113 Cuidado (e) ,37 ,18 -,13 ,19 ,14 ,06 ,13
114 Cuidado (e) ,33 ,28 -,03 -,12 ,05 -,21 ,23
115 Cuidado (e) ,41 ,19 -,31 ,09 ,07 -,02 ,29
116 Cuidado (e) ,94 -,26 -,11 -,08 ,08 ,08 -,14
201 Cuidado (f) -,14 ,16 ,13 ,06 -,10 ,93 -,08
202 Cuidado (f) -,11 -,01 -,25 ,09 ,14 ,43 ,15
203 Cuidado (f) -,03 ,10 -,06 -,08 ,19 ,59 ,06
204 Cuidado (f) ,15 ,01 -,09 ,16 ,05 ,63 ,03
205 Cuidado (f) ,12 ,01 -,15 ,07 ,02 ,72 ,01
206 Cuidado (f) -,09 ,10 ,09 ,13 -,18 ,83 ,04
207 Cuidado (f) ,29 -,05 -,19 ,14 ,01 ,65 -,03
208 Cuidado (f) ,15 -,12 -,15 ,07 -,06 ,43 ,05
301 Cuidado (f) ,26 -,05 ,14 ,21 -,18 ,14 ,32
302 Cuidado (f) ,14 -,34 ,08 ,09 -,12 ,11 ,55
303 Cuidado (f) -,21 ,00 ,03 -,08 -,07 ,48 ,46
401 Justiça ,07 -,10 ,63 ,20 -,11 -,14 ,08
402 Justiça -,10 -,08 ,68 -,23 ,10 ,30 -,10
403 Justiça ,13 -,13 ,35 ,09 ,03 ,21 -,01
404 Justiça -,12 -,07 ,50 ,09 ,16 -,15 ,32
405 Justiça ,08 -,08 ,49 ,13 -,19 ,04 ,24
406 Justiça ,12 -,10 ,54 -,24 -,01 ,28 -,02
407 Justiça ,19 ,07 ,02 -,33 ,21 ,16 ,07
408 Justiça -,12 ,07 ,48 ,13 ,11 ,16 ,00
409 Justiça -,05 -,02 ,53 -,05 ,12 ,04 ,02
410 Justiça -,13 ,04 ,31 ,05 ,24 ,09 -,15
411 Justiça -,09 ,04 ,28 -,15 ,16 ,42 ,13
293

412 Justiça ,04 -,05 ,19 -,15 ,03 ,65 -,11


501 Liberdade -,32 -,08 ,02 ,33 -,03 ,12 ,68
502 Liberdade ,01 -,02 -,09 ,00 ,06 -,04 ,88
503 Liberdade -,05 ,07 -,13 -,23 ,05 ,23 ,66
504 Liberdade ,08 ,22 ,26 -,02 -,12 ,25 ,23
505 Liberdade -,05 -,04 ,13 -,06 ,04 ,36 ,35
506 Liberdade ,19 ,21 ,32 ,00 -,17 ,24 ,19
507 Liberdade ,37 -,07 ,10 -,09 ,01 -,22 ,58
508 Liberdade -,20 ,18 -,01 -,07 ,05 ,21 ,36
509 Liberdade -,02 -,16 -,03 -,02 ,21 ,19 ,67
510 Liberdade -,07 -,01 -,05 ,03 ,04 -,03 ,81
511 Liberdade ,11 ,15 ,11 ,06 ,04 ,12 ,27
601 Autoridade ,02 -,09 ,41 ,22 ,26 ,00 ,05
602 Autoridade ,00 ,02 -,07 ,04 ,48 ,17 ,10
603 Autoridade ,06 -,13 ,19 ,23 ,57 -,02 -,08
604 Autoridade ,00 -,02 ,58 ,28 ,04 -,24 -,20
605 Autoridade ,05 ,10 ,20 ,05 ,45 ,21 -,06
606 Autoridade ,01 ,08 ,43 ,14 ,09 -,30 ,12
607 Autoridade ,09 -,03 ,23 ,48 ,06 -,04 -,14
608 Autoridade ,00 ,10 ,46 ,16 ,15 -,20 -,26
609 Autoridade -,06 ,20 ,08 -,02 ,47 -,03 ,00
610 Autoridade -,09 -,03 ,19 ,15 ,56 ,18 ,02
611 Autoridade ,14 -,01 ,19 ,01 ,60 ,00 -,12
612 Autoridade -,01 -,11 ,28 ,00 ,74 -,12 ,13
613 Autoridade ,17 ,29 ,07 ,20 ,21 -,04 -,09
614 Autoridade ,26 ,01 ,02 -,09 ,51 -,25 ,31
701 Lealdade ,12 ,15 ,04 ,31 ,32 -,08 ,01
702 Lealdade ,03 ,23 ,30 -,11 ,17 -,03 -,17
703 Lealdade -,02 ,72 ,02 -,08 -,11 -,02 ,15
704 Lealdade -,01 ,73 -,13 ,03 ,10 ,05 -,13
705 Lealdade ,02 ,45 ,06 ,14 ,03 ,32 -,03
706 Lealdade -,23 ,25 ,10 ,40 ,07 -,06 ,09
707 Lealdade ,03 ,54 ,07 ,03 ,18 -,02 ,04
708 Lealdade ,11 ,10 ,36 -,06 ,21 -,03 -,05
709 Lealdade -,11 ,76 ,06 -,13 ,14 ,15 -,15
710 Lealdade -,15 ,47 ,09 ,09 ,13 -,06 ,14
711 Lealdade -,04 ,34 -,02 -,15 ,52 ,03 ,11
712 Lealdade -,02 ,21 -,12 ,20 ,22 ,11 ,18
713 Lealdade -,02 ,83 -,06 ,01 -,14 ,02 -,01
714 Lealdade ,13 -,01 -,16 ,16 ,47 -,02 ,05
715 Lealdade -,12 ,65 -,10 ,09 ,05 ,05 -,03
716 Lealdade ,09 ,10 ,14 ,04 ,31 -,09 ,10
801 Pureza -,01 -,06 -,07 ,62 ,09 ,33 -,07
802 Pureza ,00 ,02 ,17 ,59 ,15 ,05 -,12
803 Pureza -,04 ,01 -,01 ,48 -,04 ,18 ,15
294

804 Pureza -,11 -,13 -,14 ,70 ,32 ,14 ,04


805 Pureza ,07 ,05 ,15 ,71 -,06 -,10 -,16
806 Pureza ,12 ,07 -,06 ,11 ,20 ,18 -,23
807 Pureza ,05 ,47 -,12 ,40 -,11 -,01 -,27
808 Pureza -,05 -,17 ,03 ,56 ,14 ,07 ,24
809 Pureza -,22 ,15 ,07 ,39 ,12 -,12 ,01
810 Pureza ,00 ,19 ,08 ,38 -,25 -,10 ,08

“Cuidado (e)” se refere a cenários apresentando violações do Cuidado


emocional, enquanto que “Cuidado (f)” se refere a Cuidado físico.
“Nível errado” representa o julgamento médio do quão errada era a situação
apresentada em uma escala de 5 pontos, na qual 0 = “ ” e 5
”.
Células em cinza representam carga fatorial ≥,3; Células em negrito
representam carga fatorial ≥,4.
295

ANEXO R

VINHETAS VALIDADAS E RECOMENDADAS


(ESTUDOS COM COMPARAÇÃO DE SEXO)

Nível
Cod Fundamento
errado
101 Cuidado 4,78
102 Cuidado 4,17
103 Cuidado 4,41
105 Cuidado 4,55
402 Justiça 4,76
403 Justiça 4,54
405 Justiça 4,14
406 Justiça 4,75
408 Justiça 4,27
502 Liberdade 4,12
503 Liberdade 4,56
509 Liberdade 4,46
510 Liberdade 3,88
603 Autoridade 3,20
605 Autoridade 3,91
610 Autoridade 3,90
611 Autoridade 3,82
612 Autoridade 3,89
703 Lealdade 3,21
704 Lealdade 2,76
707 Lealdade 2,94
709 Lealdade 2,92
710 Lealdade 3,05
713 Lealdade 2,91
715 Lealdade 2,74
802 Pureza 3,53
803 Pureza 4,31
805 Pureza 2,75
808 Pureza 3,61
809 Pureza 1,90
810 Pureza 2,83

“Nível errado” representa o julgamento médio do quão errada era a situação


apresentada em uma escala de 5 pontos, na qual 0 = “ ” e 5 =
“ ”.
296

ANEXO S

VINHETAS ESTUDO 2

Cod. Cenário Fund.


Você vê um adolescente rindo de um homem amputado que passou por ele no
110 Cuidado (e)
metrô.
Você vê uma garota rindo de outro estudante que esqueceu as falas em uma
111 Cuidado (e)
peça da escola.
Você vê uma mulher jogando seu gato para o outro lado da sala por ele ter
202 Cuidado (f)
arranhando os móveis.
Você vê uma mulher intencionalmente direcionando seu carro para atropelar
203 Cuidado (f)
um esquilo.
Você vê um treinador de zoológico batendo em um golfinho para que ele
204 Cuidado (f)
realize os truques e assim entretenha a platéia.
205 Você vê um homem chicoteando seu cavalo por ele ter quebrado o cercado. Cuidado (f)
206 Você vê um menino jogando pedras nas vacas que estão no pasto local. Cuidado (f)
Você vê uma garota atirando repetidamente com uma arma de chumbinho em
207 Cuidado (f)
pássaros na floresta.
Você vê uma mulher deixando o seu cachorro do lado de fora na chuva
208 Cuidado (f)
depois dele ter mexido no lixo.
301 Você vê um menino colocando taxinhas na cadeira de outro aluno. Cuidado (f)
401 Você vê um juiz assumir um caso criminal, embora ele seja amigo do réu. Justiça
Você vê um estudante copiando a folha de respostas de um outro estudante
402 Justiça
em um exame final.
403 Você vê um atleta pegando um atalho durante uma maratona para ganhar. Justiça
Você vê uma funcionária mentir sobre quantas horas ela trabalhou durante a
404 Justiça
semana.
405 Você vê um árbitro intencionalmente privilegiando a equipe favorita dele. Justiça
Você vê um inquilino subornar a imobiliária para ser o primeiro a ter o
406 Justiça
apartamento pintado.
Você vê um jogador de futebol fingindo ser gravemente machucado por um
407 Justiça
jogador adversário.
408 Você vê um menino furando a fila porque o amigo dele é um funcionário. Justiça
Você vê alguém trapaceando durante um jogo de cartas com pessoas
409 Justiça
desconhecidas.
Você vê uma mulher mentir sobre o total de dias que ela tirou de férias do
412 Justiça
trabalho.
Você vê um pai exigindo que o filho de se torne piloto comercial assim como
501 Liberdade
ele.
Você vê um homem proibindo sua esposa de usar roupas que ele ainda não
502 Liberdade
aprovou.
Você vê um homem dizendo a sua namorada que ela tem que se converter
503 Liberdade
para a religião dele.
Você vê um chefe pressionando os funcionários para comprarem os produtos
504 Liberdade
das lojas dos familiares dele.
505 Você vê uma mãe dizendo ao filho que ela vai escolher todos os amigos dele. Liberdade
Você vê um pai exigindo que o filho dele assuma o negócio de restaurantes
506 Liberdade
da família.
508 Você vê uma mãe forçando a filha a se inscrever na faculdade de medicina Liberdade
Você vê um homem dizendo a sua noiva que ela tem que mudar para o
509 Liberdade
partido político dele.
Você vê na TV um líder político tentando proibir no país o uso de blusas que
510 Liberdade
tem capuz.
297

Você vê uma mulher pressionando sua filha a ser uma famosa apresentadora
511 Liberdade
de notícias do jornal da noite.
Você vê uma menina repetidamente interrompendo a professora dela
601 Autoridade
enquanto ela explica um novo conceito.
Você vê um jogador gritando publicamente com o treinador de futebol dele
602 Autoridade
durante um jogo decisivo.
Você vê uma funcionária tentando desvalorizar todas as ideias do chefe dela
603 Autoridade
na frente dos outros.
Você vê um menino aumentando o som da TV enquanto o pai fala com ele
604 Autoridade
sobre o serviço militar.
Você vê um auxiliar retrucando o que o professor titular diz na frente dos
607 Autoridade
alunos dele.
Você vê um membro da equipe falando alto e interrompendo o discurso do
608 Autoridade
supervisor a equipe.
Você vê um estagiário desobedecer a uma ordem da empresa para se vestir
610 Autoridade
profissionalmente e arrumar o cabelo.
Você vê um homem disfarçadamente assistindo esportes no celular durante o
611 Autoridade
sermão de um pastor.
Você vê uma menina ignorando as ordens do pai por pegar o carro depois do
612 Autoridade
horário permitido.
Você vê uma adolescente chegando tarde em casa e ignorando o horário
614 Autoridade
estipulado pelos pais.
Você vê um ex-político brasileiro dizendo publicamente que ele nunca
701 Lealdade
compraria nenhum produto brasileiro.
Você vê uma professora publicamente dizendo que acredita que outra escola
702 Lealdade
vença o concurso de matemática.
Você vê um homem deixando a empresa familiar para trabalhar para o
703 Lealdade
principal concorrente.
Você vê um funcionário brincando com concorrentes sobre o quão ruim a
705 Lealdade
empresa que trabalha foi no ano passado.
Você vê o representante de classe dizendo na TV que a universidade rival é
707 Lealdade
melhor.
Você vê um treinador comemorando com os jogadores da equipe adversária
708 Lealdade
que acabaram de vencer o jogo.
Você vê um capitão do time vaiando sua própria equipe durante um jogo em
709 Lealdade
sua própria universidade.
Você vê um prefeito dizendo que a cidade vizinha é uma cidade muito
711 Lealdade
melhor.
Você vê uma celebridade brasileira concordando com a denúncia de um
713 Lealdade
ditador estrangeiro a respeito do Brasil.
Você vê um embaixador brasileiro brincando na Argentina sobre a estupidez
716 Lealdade
dos brasileiros.
Você vê um homem fazendo sexo com uma galinha congelada antes de a
801 Pureza
cozinha-la para o jantar.
Você vê um homossexual em um bar gay oferecendo sexo para qualquer um
802 Pureza
que lhe comprar uma bebida.
Você vê um homem em um bar usando o próprio celular para assistir pessoas
803 Pureza
tendo relações sexuais com animais.
Você vê um homem idoso bêbado oferecendo ter sexo oral com qualquer um
804 Pureza
no bar.
Você vê um homem procurando no lixo roupas íntimas femininas
805 Pureza
descartadas.
Você vê um funcionário de um necrotério comendo uma pizza de pepperoni
806 Pureza
em cima de um cadáver.
807 Você vê dois primos de primeiro grau casando em uma cerimônia formal. Pureza
808 Você vê uma mulher tendo relações íntimas com o falecido marido. Pureza
Você vê um homem solteiro comprando uma boneca inflável que parece com
809 Pureza
a secretária dele.
298

Você vê uma história sobre uma tribo remota que come a carne de seus
810 Pureza
membros falecidos.
202 Você vê uma refugiada jogando seu gato para o outro lado da sala por ele ter
Cuidado (f)
Adaptada arranhando os móveis.
203 Você vê uma refugiada intencionalmente direcionando seu carro para
Cuidado (f)
Adaptada atropelar um esquilo.
206 Você vê um menino refugiado jogando pedras nas vacas que estão no pasto
Cuidado (f)
Adaptada local.
208 Você vê uma refugiada deixando o seu cachorro do lado de fora na chuva
Cuidado (f)
Adaptada depois dele ter mexido no lixo.
402 Você vê um estudante refugiado copiando a folha de respostas de um outro
Justiça
Adaptada estudante em um exame final.
403 Você vê um atleta refugiado pegando um atalho durante uma maratona para
Justiça
Adaptada ganhar.
406 Você vê um inquilino refugiado subornar a imobiliária para ser o primeiro a
Justiça
Adaptada ter o apartamento pintado.
407 Você vê um jogador de futebol refugiado fingindo ser gravemente machucado
Justiça
Adaptada por um jogador adversário.
501 Você vê um pai refugiado exigindo que o filho de se torne piloto comercial
Liberdade
Adaptada assim como ele.
503 Você vê um refugiado dizendo a sua namorada que ela tem que se converter
Liberdade
Adaptada para a religião dele.
505 Você vê uma refugiada dizendo ao filho que ela vai escolher todos os amigos
Liberdade
Adaptada dele.
509 Você vê um refugiado dizendo a sua noiva que ela tem que mudar para o
Liberdade
Adaptada partido político dele.
601 Você vê uma menina refugiada repetidamente interrompendo a professora
Autoridade
Adaptada dela enquanto ela explica um novo conceito.
610 Você vê um estagiário refugiado desobedecer a uma ordem da empresa para
Autoridade
Adaptada se vestir profissionalmente e arrumar o cabelo.
612 Você vê uma menina refugiada ignorando as ordens do pai por pegar o carro
Autoridade
Adaptada depois do horário permitido.
614 Você vê uma adolescente refugiada chegando tarde em casa e ignorando o
Autoridade
Adaptada horário estipulado pelos pais.
701 Você vê um ex-político refugiado dizendo publicamente que ele nunca
Lealdade
Adaptada compraria nenhum produto brasileiro.
705 Você vê um funcionário refugiado brincando com concorrentes sobre o quão
Lealdade
Adaptada ruim a empresa que trabalha foi no ano passado.
708 Você vê um treinador refugiado comemorando com os jogadores da equipe
Lealdade
Adaptada adversária que acabaram de vencer o jogo.
711 Você vê um prefeito refugiado dizendo que a cidade vizinha é uma cidade
Lealdade
Adaptada muito melhor.
801 Você vê um refugiado fazendo sexo com uma galinha congelada antes de a
Pureza
Adaptada cozinha-la para o jantar.
803 Você vê um refugiado em um bar usando o próprio celular para assistir
Pureza
Adaptada pessoas tendo relações sexuais com animais.
804 Você vê um refugiado idoso bêbado oferecendo ter sexo oral com qualquer
Pureza
Adaptada um no bar.
808
Você vê uma refugiada tendo relações íntimas com o falecido marido. Pureza
Adaptada

“Cuidado (e)” se refere a cenários apresentando violações do Cuidado


emocional, enquanto que “Cuidado (f)” se refere a Cuidado físico.
299

ANEXO T

VINHETAS ESTUDO 3
(Originais)

Cod. Cenário Cat.


You see a woman throwing a gift into the trash right in front of the man who
EP1_1 OO
gave her the gift.
EP1_2 You see a man telling your adult daughter that she looks just like a fat pig. OI
You see your grown-up son snickering as he passes by a sick patient because
EP1_3 IO
she is thin and frail
You see your grown-up son loudly telling your mother that the dinner she
EP1_4 II
cooked tastes awful.
EP2_1 You see a man telling a woman that she looks like a fat pig. OO
You see a man snickering as he passes by your sick mother because she is a
EP2_2 OI
thin and frail.
You see your grown-up son loudly telling his host that the dinner she cooked
EP2_3 IO
tastes awful.
You see your grown-up daughter making fun of your adult son for getting
EP2_4 II
dumped by his girlfriend.
You see a man snickering as he passes by a sick patient because she is thin
EP3_1 OO
and frail.
You see a dinner guest loudly telling your mother that the dinner she cooked
EP3_2 OI
tastes awful.
You see your grown-up daughter making fun of a man for getting dumped by
EP3_3 IO
his girlfriend.
You see your grown-up daughter announcing to your father that he looks like
EP3_4 II
a child when he is dancing.
You see a dinner guest loudly telling his host that the dinner she cooked tastes
EP4_1 OO
awful.
You see a woman making fun of your adult son for getting dumped by his
EP4_2 OI
girlfriend.
You see your grown-up daughter announcing to a man that he looks like a
EP4_3 IO
child when he is dancing.
You see your adult daughter throwing a gift into the trash right in front of
EP4_4 II
your son, who gave her the gift.
EP5_1 You see a woman making fun of a man for getting dumped by his girlfriend. OO
You see a woman announcing to your father that he looks like a child when
EP5_2 OI
he is dancing.
You see your adult daughter throwing a gift into the trash right in front of the
EP5_3 IO
man who gave her the gift.
You see your adult son telling your adult daughter that she looks like a fat
EP5_4 II
pig.
You see a woman announcing to a man that he looks like a child when he is
EP6_1 OO
dancing.
You see a woman throwing a gift into the trash right in front of your son, who
EP6_2 OI
gave her the gift.
EP6_3 You see your adult son telling a woman that she looks like a fat pig. IO
You see your grown-up son snickering as he passes by your sick mother,
EP6_4 II
because she is thin and frail.
PP1_1 You see a woman pouring her hot coffee on a man for insulting her. OO
PP1_2 You see a man pushing your daughter down a hill for getting in his way. OI
You see your adult son throwing a shoe at an audience member who is
PP1_3 IO
snoring while the speaker is telling a story.
300

You see your mother hitting your son for not paying attention while she is
PP1_4 II
telling him what to do for her.
PP2_1 You see a man pushing a woman down a hill for getting in his way. OO
You see a speaker throwing a shoe at your spouse who is snoring while the
PP2_2 OI
speaker is telling story.
You see your mother hitting her neighbor for not paying attention while she is
PP2_3 IO
telling him what to do for her.
You see your sister slapping your brother whom she is arguing with in a
PP2_4 II
parking lot.
You see a speaker throwing a shoe at an audience member who is snoring
PP3_1 OO
while the speaker is telling a story.
You see a woman hitting your son for not paying attention while she is telling
PP3_2 OI
him what to do for her.
PP3_3 You see your sister slapping a man whom she is arguing with in a parking lot. IO
You see your son punching your daughter for walking on the plants in front
PP3_4 II
of his house.
You see a woman hitting her neighbor for not paying attention while she is
PP4_1 OO
telling him what to do for her.
You see a woman slapping your brother whom she is arguing with in
PP4_2 OI
a parking lot
You see your son punching his neighbor for walking on the plants in front of
PP4_3 IO
his house.
PP4_4 You see your mother pouring her hot coffee on your son for insulting her. II
PP5_1 You see a woman slapping a man whom she is arguing with in a parking lot. OO
You see a man punching your daughter for walking on the plants in front of
PP5_2 OI
his house.
PP5_3 You see your mother pouring her hot coffee on a man for insulting her. IO
You see your grown-up son pushing your daughter down the hill for getting
PP5_4 II
in his way.
You see a man punching his neighbor for walking on the plants in front of his
PP6_1 OO
house.
PP6_2 You see a woman pouring her hot coffee on your son for insulting her. OI
You see your grown-up son pushing a woman down a hill for getting in his
PP6_3 IO
way.
You see your adult son throwing a shoe at your spouse who is snoring while
PP6_4 II
the speaker is telling a story.

“EP” se refere a cenários apresentando violações do Cuidado emocional, enquanto


que “PP” se refere a Cuidado físico (no ing� “� ” “ ”
respectivamente).
IO) um indivíduo Ingroup como autor da violação e um Outgroup como vítima da
violação; II) um indivíduo Ingroup como autor da violação e um Ingroup como vítima
da violação; OI) um indivíduo Outgroup como autor da violação e um Ingroup como
vítima da violação; e OO) um indivíduo Outgroup como autor da violação e um
Outgroup como vítima da violação.
301

(Traduzidas para o Brasil)

Cod. Cenário Cat.


Você vê uma mulher jogando um presente no lixo na frente do homem que a
EP1_1 OO
presenteou.
Você vê um homem falando a sua filha adulta que ela se parece com uma
EP1_2 OI
porca gorda.
Você vê seu filho crescido rindo enquanto ele passa por uma paciente doente,
EP1_3 IO
pelo fato dela ser magra e frágil.
Você vê seu filho falando alto a mãe dele que a comida que ela cozinhou
EP1_4 II
estava horrível.
Você vê um homem falando a uma mulher que ela se parece com uma porca
EP2_1 OO
gorda.
Você vê um homem rindo enquanto ele passa por sua mãe doente, pelo fato
EP2_2 OI
dela ser magra e frágil.
Você vê seu filho em uma visita falando alto que a comida oferecida estava
EP2_3 IO
horrível.
Você vê sua filha mais nova tirando sarro de seu filho mais velho pelo fato de
EP2_4 II
a namorada dele ter terminado o namoro.
Você vê um homem rindo enquanto ele passa por uma paciente doente, pelo
EP3_1 OO
fato dela ser magra e frágil.
Você vê um convidado dizendo em voz alta para sua mãe que o jantar que ela
EP3_2 OI
preparou (cozinhou) tem um gosto horrível.
Você vê sua filha mais velha tirando sarro de um homem pelo fato de a
EP3_3 IO
namorada dele ter terminado o namoro.
Você vê sua filha crescida dizendo para seu pai que ele parece uma criança
EP3_4 II
quando está dançando.
Você vê um convidado dizendo em voz alta para a anfitriã que o jantar que
EP4_1 OO
ela preparou (cozinhou) tem um gosto horrível.
Você vê uma mulher tirando sarro de seu filho mais velho pelo fato de a
EP4_2 OI
namorada dele ter terminado o namoro.
Você vê sua filha crescida dizendo para um homem que ele parece uma
EP4_3 IO
criança quando está dançando.
Você vê sua filha crescida jogando um presente no lixo na frente do seu filho
EP4_4 II
que a presenteou.
Você vê uma mulher tirando sarro de um homem pelo fato de a namorada
EP5_1 OO
dele ter terminado o namoro.
Você vê uma mulher dizendo para o seu Pai que ele parece uma criança
EP5_2 OI
quando está dançando.
Você vê sua filha adulta jogando um presente no lixo na frente do homem que
EP5_3 IO
a presenteou.
Você vê seu filho adulto falando a sua filha adulta que ela se parece com uma
EP5_4 II
porca gorda.
Você vê uma mulher dizendo para um homem que ele parece uma criança
EP6_1 OO
quando está dançando.
Você vê uma mulher jogando um presente no lixo na frente do seu filho que a
EP6_2 OI
presenteou.
Você vê seu filho crescido falando a uma mulher ela se parece com uma
EP6_3 IO
porca gorda.
Você vê seu filho crescido rindo enquanto ele passa por sua mãe doente, pelo
EP6_4 II
fato dela ser magra e frágil.
Você vê uma mulher jogando o café quente dela em um homem que a
PP1_1 OO
insultou.
Você vê um homem empurrar sua filha de uma colina por que ela entrou no
PP1_2 OI
caminho dele.
Você vê seu filho adulto lançando um sapato em um membro da audiência
PP1_3 IO
que está roncando enquanto o palestrante conta uma história.
302

Você vê sua mãe batendo no seu filho por ele não estar prestando atenção no
PP1_4 II
que ela está mandando ele fazer para ela.
Você vê um homem empurrando uma mulher de uma colina por ela ter
PP2_1 OO
entrado em seu caminho
Você vê um palestrante lançando um sapato no seu cônjuge que está
PP2_2 OI
roncando enquanto ele está contando a história.
Você vê sua mãe batendo no vizinho por ele não prestar atenção no que ela
PP2_3 IO
está mandando ele fazer para ela.
Você vê sua irmã estapeando seu irmão que estava argumentando com ela no
PP2_4 II
estacionamento.
Você um palestrante lançando um sapato em um membro da audiência que
PP3_1 OO
está roncando enquanto o palestrante conta uma história.
Você vê uma mulher batendo em seu filho por ele não estar prestando atenção
PP3_2 OI
no que ela está mandando ele fazer para ela.
Você vê sua irmã estapeando um homem que estava argumentando com ela
PP3_3 IO
no estacionamento.
Você vê seu filho batendo em sua filha por ela ter pisado nas plantas em
PP3_4 II
frente a casa dele.
Você vê uma mulher batendo no namorado dela por ele não estar prestando
PP4_1 OO
atenção no que ela está mandando ele fazer para ela.
Você vê uma mulher batendo no seu irmão que estava argumentando com ela
PP4_2 OI
no estacionamento.
Você vê seu filho batendo em seu vizinho por ele ter pisado nas plantas em
PP4_3 IO
frente a sua casa.
PP4_4 Você vê sua mãe jogando o café quente dela em seu filho que a insultou. II
Você vê uma mulher batendo em um homem que está argumentando com ela
PP5_1 OO
no estacionamento.
Você vê um homem batendo em sua filha por ela ter pisado nas plantas em
PP5_2 OI
frente a sua casa.
PP5_3 Você vê sua mãe jogando o café quente dela em um homem que a insultou. IO
Você vê seu filho adulto empurrando sua filha de uma colina por ela ter
PP5_4 II
entrado em seu caminho.
Você vê um homem batendo em seu vizinho por ele ter pisado nas plantas em
PP6_1 OO
frente a sua casa.
PP6_2 Você vê uma mulher mãe jogando o café quente no filho dela que a insultou. OI
Você vê seu filho adulto empurrando uma mulher de uma colina por ela ter
PP6_3 IO
entrado em seu caminho.
Você seu filho adulto lançando um sapato em em sua esposa que está
PP6_4 II
roncando enquanto o palestrante conta uma história.

“EP” se refere a cenários apresentando violações do Cuidado emocional, enquanto


que “PP” se refere a Cuidado físico (no ing� � : “ ” “ ”
respectivamente).
IO) um indivíduo Ingroup como autor da violação e um Outgroup como vítima da
violação; II) um indivíduo Ingroup como autor da violação e um Ingroup como vítima da
violação; OI) um indivíduo Outgroup como autor da violação e um Ingroup como vítima
da violação; e OO) um indivíduo Outgroup como autor da violação e um Outgroup como
vítima da violação.
303

ANEXO U

VINHETAS ESTUDO 4
(8-17 anos)

Cod. Cenário Fund.


110 Você vê um menino tirando sarro de seu irmão porque a namorada Cuidado (e)
terminou com ele.
202 Você vê uma mulher jogando seu gato para o outro lado da sala por ele Cuidado (p, a)
ter arranhando os móveis.
203 Você vê uma mulher deixando o seu cachorro do lado de fora na chuva Cuidado (p, a)
depois dele ter mexido no lixo.
206 Você vê um homem chicoteando seu cavalo por ele ter quebrado o Cuidado (p, a)
cercado.
208 Você vê um menino montando uma serie de armadilhas para matar Cuidado (p, a)
gatos soltos em sua vizinhança.
402 Você vê um atleta pegando um atalho no caminho durante uma Justiça
competição para ganhar.
404 Você vê um jogador de futebol fingindo ser gravemente machucado Justiça
por um jogador adversário.
405 Você vê alguém trapaceando em um jogo de cartas enquanto joga com Justiça
um grupo de estranhos.
406 Você vê um árbitro intencionalmente ajudando sua equipe favorita a Justiça
vencer.
409 Você vê um menino furando a fila porque o seu amigo é um Justiça
funcionário.
502 Você vê um pai exigindo que seu filho se torne engenheiro assim Liberdade
como ele.
504 Você vê uma mãe dizendo ao filho que ela vai escolher todos os Liberdade
amigos dele.
505 Você vê um homem proibindo sua esposa de usar roupas que ele ainda Liberdade
não aprovou.
509 Você vê uma mãe forçando a filha a se inscrever na faculdade de Liberdade
medicina
511 Você vê um pastor proibindo os fiéis dele de usarem cores brilhantes Liberdade
na igreja.
601 Você vê uma menina ignorando as ordens do pai por pegar o carro Autoridade
depois do horário permitido.
602 Você vê uma menina repetidamente interrompendo a professora dela Autoridade
enquanto ela explica a matéria.
611 Você vê um grupo de mulheres conversando alto durante um sermão Autoridade
da igreja.
612 Você vê um menino virar as costas e se afastar enquanto o professor Autoridade
fala com ele.
614 Você vê um jogador famoso ignorando a ordem do treinador para vir Autoridade
para o banco durante um jogo.
702 Você vê um treinador comemorando com os jogadores da equipe Lealdade
adversária que acabaram de vencer o jogo.
707 Você vê uma professora publicamente dizendo que espera que outra Lealdade
escola vença o concurso de matemática.
709 Você vê o representante de classe dizendo para todos que a escola rival Lealdade
é melhor
711 Você vê o diretor da escola cantando o hino da escola rival em um Lealdade
evento escolar.
716 Você vê um nadador brasileiro comemorando enquanto um rival Lealdade
chinês vence seu companheiro de equipe.
304

(18-40 anos)

Cod. Cenário Fund.


Você vê uma garota dizendo que outra garota é muito feia para entrar em uma
102 Cuidado (e)
festa/balada.
Você vê um homem dizendo em voz alta para sua mulher que o jantar que ela
103 Cuidado (e)
cozinhou está horrível.
Você vê um menino dizendo a uma mulher que ela parece como seu cachorro
105 Cuidado (e)
obeso.
Você vê um homem cancelando rapidamente um encontro às cegas assim que
109 Cuidado (e)
ele vê a mulher.
Você vê um adolescente rindo de um homem amputado que passou por ele no
110 Cuidado (e)
metrô.
Você vê uma mulher jogando seu gato para o outro lado da sala por ele ter
202 Cuidado (f)
arranhando os móveis.
Você vê uma mulher intencionalmente direcionando seu carro para atropelar
203 Cuidado (f)
um esquilo.
205 Você vê um homem chicoteando seu cavalo por ele ter quebrado o cercado. Cuidado (f)
206 Você vê um menino jogando pedras nas vacas que estão no pasto local. Cuidado (f)
Você vê uma mulher deixando o seu cachorro do lado de fora na chuva
208 Cuidado (f)
depois dele ter mexido no lixo.
Você vê um estudante copiando a folha de respostas de um outro estudante
402 Justiça
em um exame final.
Você vê uma funcionária mentir sobre quantas horas ela trabalhou durante a
404 Justiça
semana.
405 Você vê um árbitro intencionalmente privilegiando a equipe favorita dele. Justiça
Você vê um inquilino subornar a imobiliária para ser o primeiro a ter o
406 Justiça
apartamento pintado.
Você vê alguém trapaceando durante um jogo de cartas com pessoas
409 Justiça
desconhecidas.
Você vê um pai exigindo que o filho de se torne piloto comercial assim como
501 Liberdade
ele.
Você vê um homem proibindo sua esposa de usar roupas que ele ainda não
502 Liberdade
aprovou.
Você vê um chefe pressionando os funcionários para comprarem os produtos
504 Liberdade
das lojas dos familiares dele.
Você vê um homem dizendo a sua noiva que ela tem que mudar para o
509 Liberdade
partido político dele.
Você vê na TV um líder político tentando proibir no país o uso de blusas que
510 Liberdade
tem capuz.
Você vê uma menina repetidamente interrompendo a professora dela
601 Autoridade
enquanto ela explica um novo conceito.
Você vê um jogador gritando publicamente com o treinador de futebol dele
602 Autoridade
durante um jogo decisivo.
Você vê um homem disfarçadamente assistindo esportes no celular durante o
611 Autoridade
sermão de um pastor.
Você vê uma menina ignorando as ordens do pai por pegar o carro depois do
612 Autoridade
horário permitido.
Você vê uma adolescente chegando tarde em casa e ignorando o horário
614 Autoridade
estipulado pelos pais.
Você vê uma professora publicamente dizendo que acredita que outra escola
702 Lealdade
vença o concurso de matemática.
Você vê o representante de classe dizendo na TV que a universidade rival é
707 Lealdade
melhor.
Você vê um capitão do time vaiando sua própria equipe durante um jogo em
709 Lealdade
sua própria universidade.
305

Você vê um prefeito dizendo que a cidade vizinha é uma cidade muito


711 Lealdade
melhor.
Você vê um embaixador brasileiro brincando na Argentina sobre a estupidez
716 Lealdade
dos brasileiros.
Você vê um homem fazendo sexo com uma galinha congelada antes de a
801 Pureza
cozinha-la para o jantar.
Você vê um homossexual em um bar gay oferecendo sexo para qualquer um
802 Pureza
que lhe comprar uma bebida.
Você vê um homem em um bar usando o próprio celular para assistir pessoas
803 Pureza
tendo relações sexuais com animais.
Você vê um homem idoso bêbado oferecendo ter sexo oral com qualquer um
804 Pureza
no bar.
808 Você vê uma mulher tendo relações íntimas com o falecido marido. Pureza
306

ANEXO V

ESTUDO 5
CLASSIFICAÇÃO DE CADA IMAGEM MORAL
Não Nível
Cod Situação Cuidado Justiça Liberdade Autoridade Lealdade Pureza
errada errado
1 DC DC6 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 4,8
2 DC DC5 95% 0% 0% 0% 0% 0% 5% 4,75
3 CC CC1 90% 0% 0% 0% 10% 0% 0% 4,8
4 CC CC2 90% 5% 0% 0% 5% 0% 0% 4,8
5 AC AC5 90% 0% 10% 0% 0% 0% 0% 4,75
6 DC DC1 90% 5% 0% 0% 5% 0% 0% 4,35
7 CC CC3 85% 0% 0% 0% 5% 10% 0% 5
8 CC CC4 85% 0% 0% 0% 15% 0% 0% 4,95
9 CC CC7 85% 0% 0% 0% 10% 5% 0% 4,95
10 BC BC8 85% 0% 15% 0% 0% 0% 0% 4,9
11 CC CC8 85% 0% 0% 0% 10% 5% 0% 4,85
12 AC AC6 85% 0% 15% 0% 0% 0% 0% 4,8
13 CC CC6 85% 0% 0% 0% 15% 0% 0% 4,7
14 AC AC1 85% 0% 10% 0% 0% 0% 5% 4,65
15 AC AC7 85% 0% 10% 0% 0% 0% 0% 4,65
16 AC AC8 85% 0% 10% 0% 0% 0% 5% 4,55
17 AC AC3 85% 0% 15% 0% 0% 0% 0% 4,5
18 BC BC4 80% 0% 20% 0% 0% 0% 0% 4,9
19 BC BC5 80% 0% 20% 0% 0% 0% 0% 4,75
20 AC AC2 80% 0% 20% 0% 0% 0% 0% 4,65
21 DC DC4 80% 0% 0% 0% 20% 0% 0% 4,65
22 BC BC6 75% 0% 25% 0% 0% 0% 0% 5
23 AC AC4 75% 0% 10% 0% 5% 10% 0% 4,9
24 BC BC7 75% 0% 25% 0% 0% 0% 0% 4,8
25 DC DC8 70% 0% 0% 0% 25% 5% 0% 5
26 DC DC7 70% 0% 5% 0% 25% 0% 0% 4,95
27 BC BC3 70% 0% 30% 0% 0% 0% 0% 4,75
28 BC BC1 70% 0% 25% 0% 0% 0% 5% 4,05
29 DC DC3 70% 0% 0% 0% 10% 0% 20% 3,75
30 CC CC5 65% 0% 0% 0% 30% 5% 0% 4,8
31 DC DC2 40% 0% 0% 0% 60% 0% 0% 4,7
32 BC BC2 15% 5% 10% 0% 0% 70% 0% 4,7
33 DA DA5 5% 90% 0% 0% 0% 0% 5% 3,8
34 CA CA6 5% 90% 0% 0% 0% 0% 5% 3,6
35 CA CA7 5% 90% 0% 0% 5% 0% 0% 3,6
36 DA DA8 5% 90% 0% 0% 0% 0% 5% 3,45
37 SBA SBA4 11% 89% 0% 0% 0% 0% 0% 3,95
38 SBA SBA5 14% 86% 0% 0% 0% 0% 0% 3,67
39 AA AA7 15% 85% 0% 0% 0% 0% 0% 3,5
40 CA CA4 5% 85% 0% 0% 0% 0% 10% 3,5
41 AA AA6 15% 85% 0% 0% 0% 0% 0% 3,25
42 SBA SBA7 10% 80% 0% 5% 0% 5% 0% 3,78
43 CA CA3 10% 80% 0% 0% 0% 0% 10% 3,5
44 DA DA7 10% 80% 0% 0% 0% 0% 10% 3,5
45 SBA SBA8 10% 80% 0% 0% 5% 5% 0% 3,5
46 DA DA6 10% 80% 0% 0% 5% 0% 5% 3,3
47 AA AA5 10% 80% 0% 0% 0% 0% 10% 3,15
48 AA AA8 15% 80% 0% 0% 0% 0% 5% 3
307

49 CA CA2 0% 80% 10% 5% 0% 0% 5% 3


50 DA DA4 5% 80% 0% 5% 0% 0% 10% 2,95
51 SBA SBA6 15% 75% 0% 5% 0% 5% 0% 3,72
52 DA DA2 5% 75% 0% 10% 0% 0% 10% 3,65
53 CA CA5 5% 75% 0% 0% 5% 0% 15% 3,5
54 SBA SBA2 22% 72% 0% 0% 6% 0% 0% 3,74
55 SBA SBA1 18% 71% 0% 6% 0% 6% 0% 3,74
56 CA CA8 5% 70% 0% 0% 10% 0% 15% 3,2
57 AA AA3 5% 70% 0% 0% 0% 0% 25% 2,85
58 SBA SBA3 31% 69% 0% 0% 0% 0% 0% 2,63
59 DA DA3 20% 65% 0% 10% 0% 0% 5% 3,25
60 DA DA1 15% 60% 0% 15% 0% 0% 10% 3,45
61 AA AA2 25% 60% 0% 0% 5% 0% 10% 3,35
62 CA CA1 0% 45% 30% 5% 0% 0% 20% 3
63 BA BA5 0% 35% 5% 0% 25% 0% 35% 2,7
64 BA BA2 0% 35% 20% 0% 15% 0% 30% 2,3
65 BA BA3 15% 30% 10% 0% 0% 0% 45% 2,55
66 BA BA1 5% 30% 0% 0% 25% 0% 40% 2,45
67 AA AA4 10% 30% 0% 0% 0% 0% 60% 1,95
68 BA BA7 10% 25% 5% 0% 25% 0% 35% 2,6
69 BA BA4 55% 20% 0% 0% 0% 0% 25% 3,35
70 AA AA1 5% 20% 0% 0% 0% 0% 75% 1,6
71 BA BA6 65% 15% 0% 0% 5% 0% 15% 3,7
72 BA BA8 65% 10% 10% 0% 15% 0% 0% 4,6
73 DJ DJ6 0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 4,15
74 DJ DJ7 0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 4,1
75 DJ DJ3 0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 4
76 BJ BJ7 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,55
77 BJ BJ4 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,45
78 BJ BJ5 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,45
79 BJ BJ8 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,4
80 DJ DJ4 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,1
81 DJ DJ8 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,1
82 AJ AJ4 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 3,95
83 AJ AJ8 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 3,85
84 CJ CJ2 5% 0% 90% 0% 5% 0% 0% 4,7
85 BJ BJ3 0% 5% 90% 5% 0% 0% 0% 4,6
86 BJ BJ1 0% 5% 90% 5% 0% 0% 0% 4,45
87 AJ AJ6 0% 0% 90% 10% 0% 0% 0% 3,95
88 AJ AJ3 0% 0% 90% 0% 5% 0% 5% 3,8
89 DJ DJ5 0% 0% 90% 5% 0% 0% 5% 3,7
90 AJ AJ5 0% 0% 90% 0% 0% 0% 10% 3,4
91 CJ CJ5 5% 5% 85% 0% 5% 0% 0% 4,65
92 CJ CJ3 5% 0% 85% 0% 10% 0% 0% 4,5
93 BJ BJ2 0% 5% 85% 5% 0% 0% 5% 4,35
94 BJ BJ6 0% 0% 85% 10% 0% 0% 5% 4,35
95 AJ AJ1 0% 5% 85% 10% 0% 0% 0% 3,7
96 CJ CJ1 15% 0% 80% 0% 5% 0% 0% 4,75
97 CJ CJ8 10% 0% 80% 0% 10% 0% 0% 4,65
98 CJ CJ6 10% 0% 80% 0% 5% 0% 5% 4,45
99 DJ DJ1 0% 0% 80% 20% 0% 0% 0% 3,9
100 AJ AJ7 0% 0% 80% 0% 0% 0% 20% 3,1
101 CJ CJ7 10% 0% 75% 0% 10% 0% 5% 4,55
102 CJ CJ4 10% 0% 75% 0% 10% 0% 5% 4,45
103 DJ DJ2 0% 0% 65% 10% 0% 0% 25% 3,1
104 AJ AJ2 0% 15% 60% 0% 0% 0% 25% 3,15
105 DLE DLE3 15% 0% 5% 80% 0% 0% 0% 4,65
308

106 CLE CLE3 15% 0% 5% 80% 0% 0% 0% 4,45


107 CLE CLE5 15% 0% 5% 80% 0% 0% 0% 4,35
110 DLE DLE5 10% 0% 5% 75% 0% 5% 5% 4,55
111 DLE DLE7 15% 0% 10% 75% 0% 0% 0% 4,5
112 CLE CLE7 10% 0% 10% 75% 0% 5% 0% 4,45
113 CLE CLE1 15% 0% 0% 75% 0% 5% 5% 4,4
114 CLE CLE8 15% 0% 10% 75% 0% 0% 0% 4,4
115 CLE CLE2 25% 0% 0% 75% 0% 0% 0% 4,35
116 CLE CLE6 15% 0% 10% 75% 0% 0% 0% 4,2
117 CLE CLE4 10% 0% 5% 75% 0% 0% 10% 4,05
118 DLE DLE1 15% 10% 0% 75% 0% 0% 0% 4
122 DLE DLE6 15% 0% 10% 70% 0% 0% 5% 4,15
123 DLE DLE4 5% 0% 20% 65% 0% 5% 5% 4,55
124 DLE DLE8 20% 5% 10% 65% 0% 0% 0% 4,4
127 SBLE SBLE8 33% 0% 0% 62% 0% 5% 0% 3,94
128 SBLE SBLE6 24% 5% 0% 62% 10% 0% 0% 3,89
129 SBLE SBLE5 24% 0% 0% 62% 5% 10% 0% 3,78
130 DLE DLE2 15% 0% 5% 60% 0% 0% 20% 3,85
131 BLE BLE4 15% 0% 5% 60% 5% 0% 15% 3,3
137 SBLE SBLE4 32% 0% 0% 53% 0% 16% 0% 3,74
138 SBLE SBLE7 29% 0% 0% 52% 14% 5% 0% 4
139 SBLE SBLE2 33% 6% 0% 50% 0% 11% 0% 3,58
140 SBLE SBLE3 31% 6% 0% 50% 0% 13% 0% 3,26
141 BLE BLE6 10% 0% 0% 50% 20% 0% 20% 3,25
142 SBLE SBLE1 32% 0% 0% 47% 5% 16% 0% 3,79
144 BLE BLE8 5% 0% 0% 40% 0% 0% 55% 2,3
145 BLE BLE1 20% 0% 0% 30% 20% 0% 30% 2,6
146 BLE BLE7 5% 0% 0% 30% 0% 0% 65% 1,8
147 BLE BLE3 25% 0% 0% 20% 0% 0% 55% 2,05
148 BLE BLE2 10% 0% 0% 20% 0% 0% 70% 1,95
149 BLE BLE5 0% 0% 10% 20% 0% 0% 70% 1,9
150 ALE ALE5 15% 0% 0% 15% 20% 0% 50% 2,45
151 ALE ALE8 25% 0% 0% 10% 65% 0% 0% 3,85
152 ALE ALE6 35% 0% 0% 10% 55% 0% 0% 3,8
153 ALE ALE7 30% 0% 0% 10% 55% 0% 5% 3,35
154 ALE ALE3 25% 0% 5% 10% 50% 0% 10% 3,2
155 ALE ALE4 35% 0% 0% 5% 60% 0% 0% 3,75
156 ALE ALE1 45% 0% 10% 0% 45% 0% 0% 4,05
157 ALE ALE2 5% 0% 35% 0% 0% 0% 60% 2,1
158 BLI BLI2 10% 0% 0% 0% 90% 0% 0% 3,75
159 BLI BLI6 15% 0% 0% 0% 85% 0% 0% 4,7
160 BLI BLI4 15% 0% 0% 0% 85% 0% 0% 4,5
161 BLI BLI5 15% 0% 0% 0% 85% 0% 0% 4,5
162 BLI BLI8 15% 0% 0% 0% 85% 0% 0% 4,45
163 SDLI SDLI4 5% 0% 11% 0% 84% 0% 0% 4,84
164 SDLI SDLI7 0% 5% 10% 0% 80% 5% 0% 4,72
165 BLI BLI3 15% 0% 5% 0% 80% 0% 0% 4,5
166 BLI BLI7 20% 0% 0% 0% 80% 0% 0% 4,5
167 BLI BLI1 15% 0% 0% 0% 80% 0% 5% 4,05
168 ELI ELI3 11% 0% 5% 0% 79% 5% 0% 4,95
169 ELI ELI2 5% 0% 11% 0% 79% 5% 0% 4,84
170 SDLI SDLI2 0% 0% 17% 6% 78% 0% 0% 4,63
171 SALI SALI7 5% 0% 14% 0% 76% 5% 0% 4,89
172 ELI ELI6 14% 0% 10% 0% 76% 0% 0% 4,78
173 SALI SALI6 5% 5% 10% 5% 76% 0% 0% 4,72
174 ELI ELI7 24% 0% 5% 0% 71% 0% 0% 4,94
175 SDLI SDLI5 10% 0% 19% 0% 71% 0% 0% 4,89
309

176 ELI ELI4 26% 0% 5% 0% 68% 0% 0% 4,79


177 SALI SALI2 11% 0% 21% 0% 68% 0% 0% 4,68
178 ELI ELI8 29% 0% 5% 0% 67% 0% 0% 4,89
179 ALI ALI4 20% 0% 15% 0% 65% 0% 0% 4,9
180 SDLI SDLI3 12% 0% 24% 0% 65% 0% 0% 4,68
181 ELI ELI1 26% 0% 11% 0% 63% 0% 0% 4,79
182 SDLI SDLI8 19% 0% 19% 0% 62% 0% 0% 4,89
183 SALI SALI5 24% 0% 14% 0% 62% 0% 0% 4,83
184 CLI CLI6 40% 0% 0% 0% 60% 0% 0% 4,8
185 SDLI SDLI6 5% 0% 30% 0% 60% 5% 0% 4,72
186 SCLI SCLI3 11% 0% 32% 0% 58% 0% 0% 4,95
187 ELI ELI5 29% 0% 5% 0% 57% 10% 0% 4,94
188 SALI SALI8 17% 0% 28% 0% 56% 0% 0% 4,39
189 SCLI SCLI4 0% 0% 47% 0% 53% 0% 0% 5
190 ALI ALI6 40% 0% 10% 0% 50% 0% 0% 5
191 ALI ALI8 40% 0% 10% 0% 50% 0% 0% 4,85
192 SDLI SDLI1 22% 0% 28% 0% 50% 0% 0% 4,79
193 SALI SALI4 39% 0% 6% 0% 50% 6% 0% 4,68
194 SALI SALI3 35% 0% 12% 0% 47% 6% 0% 4,37
195 ALI ALI1 45% 0% 5% 0% 45% 0% 5% 4,55
196 SCLI SCLI5 0% 5% 52% 0% 43% 0% 0% 4,94
197 SCLI SCLI8 0% 0% 5%2 0% 43% 5% 0% 4,89
198 SCLI SCLI2 0% 0% 5%8 0% 42% 0% 0% 4,95
199 SCLI SCLI6 5% 0% 55% 0% 40% 0% 0% 4,61
200 DLI DLI7 5% 0% 0% 0% 40% 0% 55% 2,05
201 SALI SALI1 44% 0% 17% 0% 39% 0% 0% 4,58
202 SCLI SCLI1 0% 0% 63% 0% 37% 0% 0% 5
203 ALI ALI2 45% 0% 10% 0% 35% 0% 10% 4,1
204 DLI DLI1 10% 0% 5% 0% 35% 0% 50% 2,15
205 DLI DLI5 5% 0% 5% 0% 35% 0% 55% 2,15
206 DLI DLI3 5% 0% 0% 0% 35% 0% 60% 2
207 DLI DLI4 5% 0% 0% 0% 35% 0% 60% 1,95
208 DLI DLI8 5% 0% 0% 0% 35% 0% 60% 1,95
209 SCLI SCLI7 0% 5% 62% 0% 33% 0% 0% 4,94
210 ALI ALI3 30% 5% 35% 0% 30% 0% 0% 4,75
211 CLI CLI2 35% 0% 10% 0% 30% 0% 25% 2,75
212 DLI DLI6 5% 0% 5% 0% 30% 0% 60% 1,95
213 DLI DLI2 10% 0% 0% 0% 30% 0% 60% 1,8
214 CLI CLI4 50% 0% 20% 0% 25% 0% 5% 3,8
215 CLI CLI8 45% 0% 5% 0% 25% 0% 25% 3,3
216 CLI CLI3 20% 5% 5% 0% 25% 0% 45% 2,65
217 ALI ALI7 60% 5% 15% 0% 20% 0% 0% 4,7
218 ALI ALI5 35% 10% 25% 0% 20% 0% 10% 4,25
219 CLI CLI1 60% 10% 5% 0% 20% 0% 5% 3,4
220 CLI CLI7 70% 0% 15% 0% 15% 0% 0% 4,5
221 CLI CLI5 80% 0% 10% 0% 10% 0% 0% 4,45
222 CS CS8 5% 0% 0% 0% 0% 95% 0% 4,7
223 SDS SDS8 0% 6% 0% 0% 0% 94% 0% 4,28
224 AS AS4 5% 0% 0% 0% 5% 90% 0% 4,75
225 CS CS7 5% 0% 0% 0% 5% 90% 0% 4,75
226 AS AS8 5% 0% 0% 0% 0% 90% 5% 4,65
227 CS CS6 5% 0% 0% 0% 0% 90% 5% 4,65
228 AS AS5 5% 0% 0% 0% 10% 85% 0% 4,7
229 AS AS6 10% 0% 0% 0% 0% 85% 5% 4,7
230 CS CS3 10% 0% 0% 0% 5% 85% 0% 4,7
231 SDS SDS2 11% 5% 0% 0% 0% 84% 0% 4,47
232 AS AS2 15% 0% 0% 0% 5% 80% 0% 4,95
310

233 CS CS5 10% 0% 0% 0% 10% 80% 0% 4,85


234 CS CS2 15% 5% 0% 0% 0% 80% 0% 4,8
235 CS CS4 5% 0% 0% 0% 10% 80% 5% 4,55
236 SDS SDS6 11% 5% 0% 0% 5% 79% 0% 4,33
237 SDS SDS3 14% 7% 0% 0% 0% 79% 0% 4,11
238 SDS SDS4 18% 6% 0% 0% 0% 76% 0% 4,21
239 SDS SDS7 15% 5% 0% 0% 5% 75% 0% 4,5
240 CS CS1 5% 5% 0% 0% 0% 75% 15% 4,25
241 AS AS3 5% 0% 0% 0% 5% 75% 15% 4,2
242 AS AS7 5% 0% 0% 0% 0% 75% 20% 3,85
243 SDS SDS5 15% 15% 0% 0% 0% 70% 0% 4,67
244 SDS SDS1 33% 6% 0% 0% 0% 61% 0% 4,32
245 AS AS1 30% 0% 0% 0% 5% 60% 5% 4,4
246 BS BS4 10% 0% 0% 0% 35% 55% 0% 5
247 BS BS7 0% 0% 0% 0% 15% 55% 30% 3,15
248 BS BS5 0% 0% 0% 0% 10% 55% 35% 2,8
249 BS BS8 0% 0% 0% 0% 5% 50% 45% 2,7
250 SBS SBS5 10% 45% 0% 0% 0% 45% 0% 4,06
251 DS DS3 0% 15% 0% 20% 5% 45% 15% 3,95
252 BS BS6 5% 5% 5% 0% 30% 40% 15% 4,05
253 SBS SBS3 5% 58% 0% 5% 0% 32% 0% 4,11
254 BS BS1 15% 10% 0% 0% 40% 30% 5% 4,35
255 DS DS4 0% 15% 0% 15% 0% 30% 40% 2,3
256 SBS SBS7 6% 61% 0% 0% 6% 28% 0% 3,61
257 DS DS8 0% 20% 0% 20% 10% 25% 25% 2,9
258 DS DS5 0% 15% 0% 15% 0% 25% 45% 2,2
259 DS DS1 0% 15% 0% 5% 0% 25% 55% 2,1
260 SBS SBS1 6% 71% 0% 0% 0% 24% 0% 3,95
261 BS BS2 10% 10% 10% 0% 15% 20% 35% 3,15
262 DS DS2 0% 20% 0% 20% 0% 20% 40% 2,3
263 DS DS6 0% 15% 0% 20% 0% 20% 45% 2,25
264 DS DS7 0% 15% 0% 20% 0% 20% 45% 2,1
265 SBS SBS4 6% 71% 0% 6% 0% 18% 0% 3,95
266 SBS SBS6 12% 71% 0% 0% 0% 18% 0% 3,67
267 SBS SBS8 12% 59% 0% 6% 6% 18% 0% 3,44
268 BS BS3 50% 0% 0% 0% 25% 15% 10% 4,5
269 SBS SBS2 0% 100% 0% 0% 0% 0% 0% 2
311

ANEXO W

ESTUDO 5
IMAGENS MORAIS POR ESTRATÉGIA DE REGULAÇÃO EMOCIONAL

Não Nível
Cod Situação Cuidado Justiça Liberdade Autoridade Lealdade Pureza Regulação
errada errado Emocional
Cuidado CC1 90% 0% 0% 0% 10% 0% 0% 4,8 Distração
Cuidado CC2 90% 5% 0% 0% 5% 0% 0% 4,8 Distração
Cuidado AC7 85% 0% 10% 0% 0% 0% 0% 4,65 Distração
Cuidado CC6 85% 0% 0% 0% 15% 0% 0% 4,7 Distração
Autoridade DA8 5% 90% 0% 0% 0% 0% 5% 3,45 Distração
Autoridade SBA4 11% 89% 0% 0% 0% 0% 0% 3,95 Distração
Autoridade AA5 10% 80% 0% 0% 0% 0% 10% 3,15 Distração
Autoridade DA6 10% 80% 0% 0% 5% 0% 5% 3,3 Distração
Justica AJ4 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 3,95 Distração
Justica AJ8 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 3,85 Distração
Justica DJ4 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,1 Distração
Justica BJ1 0% 5% 90% 5% 0% 0% 0% 4,45 Distração
Lealdade CLE11 21% 0% 0% 79% 0% 0% 0% 2,45 Distração
Lealdade CLE14 21% 0% 0% 79% 0% 0% 0% 3,25 Distração
Lealdade CLE4 10% 0% 5% 75% 0% 0% 10% 4,05 Distração
Lealdade DLE1 15% 10% 0% 75% 0% 0% 0% 4 Distração
Liberdade BLI6 15% 0% 0% 0% 85% 0% 0% 4,7 Distração
Liberdade BLI8 15% 0% 0% 0% 85% 0% 0% 4,45 Distração
Liberdade SDLI7 0% 5% 10% 0% 80% 5% 0% 4,72 Distração
Liberdade SALI6 5% 5% 10% 5% 76% 0% 0% 4,72 Distração
Pureza AS8 5% 0% 0% 0% 0% 90% 5% 4,65 Distração
Pureza CS6 5% 0% 0% 0% 0% 90% 5% 4,65 Distração
Pureza SDS2 11% 5% 0% 0% 0% 84% 0% 4,47 Distração
Pureza SDS6 11% 5% 0% 0% 5% 79% 0% 4,33 Distração
Cuidado DC5 95% 0% 0% 0% 0% 0% 5% 4,75
Cuidado AC1 85% 0% 10% 0% 0% 0% 5% 4,65
Cuidado AC6 85% 0% 15% 0% 0% 0% 0% 4,8
Cuidado CC7 85% 0% 0% 0% 10% 5% 0% 4,95
Autoridade CA7 5% 90% 0% 0% 5% 0% 0% 3,6
Autoridade AA6 15% 85% 0% 0% 0% 0% 0% 3,25
Autoridade CA4 5% 85% 0% 0% 0% 0% 10% 3,5
Autoridade DA7 10% 80% 0% 0% 0% 0% 10% 3,5
Justica DJ6 0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 4,15
Justica BJ5 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,45
Justica BJ8 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,4
Justica BJ3 0% 5% 90% 5% 0% 0% 0% 4,6
Lealdade CLE5 15% 0% 5% 80% 0% 0% 0% 4,35
Lealdade CLE2 25% 0% 0% 75% 0% 0% 0% 4,35
Lealdade DLE5 10% 0% 5% 75% 0% 5% 5% 4,55
Lealdade CLE12 21% 0% 0% 75% 0% 0% 4% 3,85
Liberdade BLI4 15% 0% 0% 0% 85% 0% 0% 4,5
Liberdade BLI1 15% 0% 0% 0% 80% 0% 5% 4,05
Liberdade BLI7 20% 0% 0% 0% 80% 0% 0% 4,5
Liberdade SALI7 5% 0% 14% 0% 76% 5% 0% 4,89
Pureza SDS8 0% 6% 0% 0% 0% 94% 0% 4,28
Pureza AS5 5% 0% 0% 0% 10% 85% 0% 4,7
Pureza CS3 10% 0% 0% 0% 5% 85% 0% 4,7
Pureza SDS3 14% 7% 0% 0% 0% 79% 0% 4,11
Cuidado AC5 90% 0% 10% 0% 0% 0% 0% 4,75 Observação
312

Cuidado DC1 90% 5% 0% 0% 5% 0% 0% 4,35 Observação


Cuidado BC8 85% 0% 15% 0% 0% 0% 0% 4,9 Observação
Cuidado CC3 85% 0% 0% 0% 5% 10% 0% 5 Observação
Autoridade DA5 5% 90% 0% 0% 0% 0% 5% 3,8 Observação
Autoridade SBA5 14% 86% 0% 0% 0% 0% 0% 3,67 Observação
Autoridade CA2 0% 80% 10% 5% 0% 0% 5% 3 Observação
Autoridade CA3 10% 80% 0% 0% 0% 0% 10% 3,5 Observação
Justica DJ7 0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 4,1 Observação
Justica BJ4 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,45 Observação
Justica AJ3 0% 0% 90% 0% 5% 0% 5% 3,8 Observação
Justica AJ5 0% 0% 90% 0% 0% 0% 10% 3,4 Observação
Lealdade DLE3 15% 0% 5% 80% 0% 0% 0% 4,65 Observação
Lealdade CLE7 10% 0% 10% 75% 0% 5% 0% 4,45 Observação
Lealdade CLE8 15% 0% 10% 75% 0% 0% 0% 4,4 Observação
Lealdade CLE1 15% 0% 0% 75% 0% 5% 5% 4,4 Observação
Liberdade BLI5 15% 0% 0% 0% 85% 0% 0% 4,5 Observação
Liberdade SDLI4 5% 0% 11% 0% 84% 0% 0% 4,84 Observação
Liberdade ELI3 11% 0% 5% 0% 79% 5% 0% 4,95 Observação
Liberdade SDLI2 0% 0% 17% 6% 78% 0% 0% 4,63 Observação
Pureza AS4 5% 0% 0% 0% 5% 90% 0% 4,75 Observação
Pureza CS7 5% 0% 0% 0% 5% 90% 0% 4,75 Observação
Pureza CS2 15% 5% 0% 0% 0% 80% 0% 4,8 Observação
Pureza CS4 5% 0% 0% 0% 10% 80% 5% 4,55 Observação
Cuidado DC6 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 4,8
Cuidado AC3 85% 0% 15% 0% 0% 0% 0% 4,5
Cuidado AC8 85% 0% 10% 0% 0% 0% 5% 4,55
Cuidado CC4 85% 0% 0% 0% 15% 0% 0% 4,95
Autoridade CA6 5% 90% 0% 0% 0% 0% 5% 3,6
Autoridade AA7 15% 85% 0% 0% 0% 0% 0% 3,5
Autoridade AA8 15% 80% 0% 0% 0% 0% 5% 3
Autoridade DA4 5% 80% 0% 5% 0% 0% 10% 2,95
Justica DJ3 0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 4
Justica BJ7 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,55
Justica DJ8 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,1
Justica AJ6 0% 0% 90% 10% 0% 0% 0% 3,95
Lealdade CLE3 15% 0% 5% 80% 0% 0% 0% 4,45
Lealdade CLE6 15% 0% 10% 75% 0% 0% 0% 4,2
Lealdade CLE13 25% 0% 0% 75% 0% 0% 0% 2,05
Lealdade CLE9 21% 0% 0% 75% 0% 0% 4% 4,05
Liberdade BLI2 10% 0% 0% 0% 90% 0% 0% 3,75
Liberdade BLI3 15% 0% 5% 0% 80% 0% 0% 4,5
Liberdade ELI2 5% 0% 11% 0% 79% 5% 0% 4,84
Liberdade ELI6 14% 0% 10% 0% 76% 0% 0% 4,78
Pureza CS8 5% 0% 0% 0% 0% 95% 0% 4,7
Pureza AS6 10% 0% 0% 0% 0% 85% 5% 4,7
Pureza AS2 15% 0% 0% 0% 5% 80% 0% 4,95
Pureza CS5 10% 0% 0% 0% 10% 80% 0% 4,85
313

ANEXO X

ESTUDO 6
IMAGENS MORAIS POR TAREFA

Não Nível
Fundamento Imagem Cuidado Autoridade Justica Lealdade Liberdade Pureza Blocos
errada Errado
Cuidado DC6 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 4,80 Bloco A
Cuidado AC3 85% 0% 15% 0% 0% 0% 0% 4,50 Bloco A
Cuidado AC8 85% 0% 10% 0% 0% 0% 5% 4,55 Bloco A
Cuidado CC4 85% 0% 0% 0% 15% 0% 0% 4,95 Bloco A
Autoridade CA6 5% 90% 0% 0% 0% 0% 5% 3,60 Bloco A
Autoridade AA7 15% 85% 0% 0% 0% 0% 0% 3,50 Bloco A
Autoridade AA8 15% 80% 0% 0% 0% 0% 5% 3,00 Bloco A
Autoridade DA4 5% 80% 0% 5% 0% 0% 10% 2,95 Bloco A
Justica DJ3 0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 4,00 Bloco A
Justica BJ7 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,55 Bloco A
Justica DJ8 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,10 Bloco A
Justica AJ6 0% 0% 90% 10% 0% 0% 0% 3,95 Bloco A
Lealdade CLE3 15% 0% 5% 80% 0% 0% 0% 4,45 Bloco A
Lealdade CLE13 25% 0% 0% 75% 0% 0% 0% 4,18 Bloco A
Lealdade CLE6 15% 0% 10% 75% 0% 0% 0% 4,20 Bloco A
Lealdade CLE9 21% 0% 0% 75% 0% 0% 4% 4,38 Bloco A
Liberdade BLI2 10% 0% 0% 0% 90% 0% 0% 3,75 Bloco A
Liberdade BLI3 15% 0% 5% 0% 80% 0% 0% 4,50 Bloco A
Liberdade ELI2 5% 0% 11% 0% 79% 5% 0% 4,84 Bloco A
Liberdade ELI6 14% 0% 10% 0% 76% 0% 0% 4,78 Bloco A
Pureza CS8 5% 0% 0% 0% 0% 95% 0% 4,70 Bloco A
Pureza AS6 10% 0% 0% 0% 0% 85% 5% 4,70 Bloco A
Pureza AS2 15% 0% 0% 0% 5% 80% 0% 4,95 Bloco A
Pureza CS5 10% 0% 0% 0% 10% 80% 0% 4,85 Bloco A
Cuidado DC5 95% 0% 0% 0% 0% 0% 5% 4,75 Bloco B
Cuidado AC1 85% 0% 10% 0% 0% 0% 5% 4,65 Bloco B
Cuidado AC6 85% 0% 15% 0% 0% 0% 0% 4,80 Bloco B
Cuidado CC7 85% 0% 0% 0% 10% 5% 0% 4,95 Bloco B
Autoridade CA7 5% 90% 0% 0% 5% 0% 0% 3,60 Bloco B
Autoridade AA6 15% 85% 0% 0% 0% 0% 0% 3,25 Bloco B
Autoridade CA4 5% 85% 0% 0% 0% 0% 10% 3,50 Bloco B
Autoridade DA7 10% 80% 0% 0% 0% 0% 10% 3,50 Bloco B
Justica DJ6 0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 4,15 Bloco B
Justica BJ5 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,45 Bloco B
Justica BJ8 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,40 Bloco B
Justica BJ3 0% 5% 90% 5% 0% 0% 0% 4,60 Bloco B
Lealdade CLE5 15% 0% 5% 80% 0% 0% 0% 4,35 Bloco B
Lealdade CLE12 21% 0% 0% 75% 0% 0% 4% 4,33 Bloco B
Lealdade CLE2 25% 0% 0% 75% 0% 0% 0% 4,35 Bloco B
314

Lealdade DLE5 10% 0% 5% 75% 0% 5% 5% 4,55 Bloco B


Liberdade BLI4 15% 0% 0% 0% 85% 0% 0% 4,50 Bloco B
Liberdade BLI1 15% 0% 0% 0% 80% 0% 5% 4,05 Bloco B
Liberdade BLI7 20% 0% 0% 0% 80% 0% 0% 4,50 Bloco B
Liberdade SALI7 5% 0% 14% 0% 76% 5% 0% 4,89 Bloco B
Pureza SDS8 0% 6% 0% 0% 0% 94% 0% 4,28 Bloco B
Pureza AS5 5% 0% 0% 0% 10% 85% 0% 4,70 Bloco B
Pureza CS3 10% 0% 0% 0% 5% 85% 0% 4,70 Bloco B
Pureza SDS3 14% 7% 0% 0% 0% 79% 0% 4,11 Bloco B
Cuidado AC5 90% 0% 10% 0% 0% 0% 0% 4,75 Bloco C
Cuidado DC1 90% 5% 0% 0% 5% 0% 0% 4,35 Bloco C
Cuidado BC8 85% 0% 15% 0% 0% 0% 0% 4,90 Bloco C
Cuidado CC3 85% 0% 0% 0% 5% 10% 0% 5,00 Bloco C
Autoridade DA5 5% 90% 0% 0% 0% 0% 5% 3,80 Bloco C
Autoridade SBA5 14% 86% 0% 0% 0% 0% 0% 3,67 Bloco C
Autoridade CA2 0% 80% 10% 5% 0% 0% 5% 3,00 Bloco C
Autoridade CA3 10% 80% 0% 0% 0% 0% 10% 3,50 Bloco C
Justica DJ7 0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 4,10 Bloco C
Justica BJ4 0% 0% 95% 5% 0% 0% 0% 4,45 Bloco C
Justica AJ3 0% 0% 90% 0% 5% 0% 5% 3,80 Bloco C
Justica AJ5 0% 0% 90% 0% 0% 0% 10% 3,40 Bloco C
Lealdade DLE3 15% 0% 5% 80% 0% 0% 0% 4,65 Bloco C
Lealdade CLE1 15% 0% 0% 75% 0% 5% 5% 4,40 Bloco C
Lealdade CLE7 10% 0% 10% 75% 0% 5% 0% 4,45 Bloco C
Lealdade CLE8 15% 0% 10% 75% 0% 0% 0% 4,40 Bloco C
Liberdade BLI5 15% 0% 0% 0% 85% 0% 0% 4,50 Bloco C
Liberdade SDLI4 5% 0% 11% 0% 84% 0% 0% 4,84 Bloco C
Liberdade ELI3 11% 0% 5% 0% 79% 5% 0% 4,45 Bloco C
Liberdade SDLI2 0% 0% 17% 6% 78% 0% 0% 4,63 Bloco C
Pureza AS4 5% 0% 0% 0% 5% 90% 0% 4,75 Bloco C
Pureza CS7 5% 0% 0% 0% 5% 90% 0% 4,75 Bloco C
Pureza CS2 15% 5% 0% 0% 0% 80% 0% 4,80 Bloco C
Pureza CS4 5% 0% 0% 0% 10% 80% 5% 4,55 Bloco C
315

REFERÊNCIAS

AGUIAR, T. et al. Tolerance of effective ingroup deviants as a function of moral


disengagement/Tolerancia de la disidencia efectiva de los miembros del endogrupo como
función de la desconexión moral. Revista de Psicología Social, v. 32, n. 3, p. 659-678, 2017.
ISSN 0213-4748.

AKITSUKI, Y.; DECETY, J. Social context and perceived agency affects empathy for
pain: an event-related fMRI investigation. Neuroimage, v. 47, n. 2, p. 722-734, 2009. ISSN
1053-8119.

ARMSTRONG, J.; FRIESDORF, R.; CONWAY, P. Clarifying Gender Differences in


Moral Dilemma Judgments: The Complementary Roles of Harm Aversion and Action
Aversion. Social Psychological and Personality Science, p. 1948550618755873, 2018.
ISSN 1948-5506.

ARUTYUNOVA, K. R.; ALEXANDROV, Y. I.; HAUSER, M. D. Sociocultural


influences on moral judgments: East–West, male–female, and young–old. Frontiers in
psychology, v. 7, p. 1334, 2016. ISSN 1664-1078.

AVENANTI, A.; SIRIGU, A.; AGLIOTI, S. M. Racial bias reduces empathic


sensorimotor resonance with other-race pain. Current Biology, v. 20, n. 11, p. 1018-1022,
2010. ISSN 0960-9822.

AZEVEDO, R. T. et al. Their pain is not our pain: brain and autonomic correlates of
empathic resonance with the pain of same and different race individuals. Human brain
mapping, v. 34, n. 12, p. 3168-3181, 2013. ISSN 1065-9471.
316

BAEZ, S. et al. Men, women… who cares? A population-based study on sex


differences and gender roles in empathy and moral cognition. PloS one, v. 12, n. 6, p.
e0179336, 2017. ISSN 1932-6203.

BANDURA, A. Selective activation and disengagement of moral control. Journal of


Social Issues, v. 46, n. 1, p. 27-46, 1990. ISSN 0022-4537.

BARROS, P. M.; HAZIN, I. Avaliação das funções executivas na infância: revisão


dos conceitos e instrumentos. Revista Psicologia em Pesquisa, v. 7, n. 1, 2013. ISSN 1982-
1247.

BEATON, D. et al. Recommendations for the cross-cultural adaptation of health status


measures. New York: American Academy of Orthopaedic Surgeons, p. 1-9, 2002.

BEE, H.; BOYD, D. A Criança em Desenvolvimento-12. Artmed Editora, 2009.


ISBN 8536325275.

BELL, S. B.; DEWALL, N. Does transcranial direct current stimulation to the


prefrontal cortex affect social behavior? A meta-analysis. Social cognitive and affective
neuroscience, v. 13, n. 9, p. 899-906, 2018. ISSN 1749-5016.

BEN‐NUN BLOOM, P. Disgust, harm, and morality in politics. Political Psychology,


v. 35, n. 4, p. 495-513, 2014. ISSN 0162-895X.
317

BENWELL, C. S. et al. Non-linear effects of transcranial direct current stimulation as


a function of individual baseline performance: evidence from biparietal tDCS influence on
lateralized attention bias. cortex, v. 69, p. 152-165, 2015. ISSN 0010-9452.

BETTACHE, K. et al. Monitoring moral virtue: When the moral transgressions of in-
group members are judged more severely. Journal of Cross-Cultural Psychology, v. 50, n.
2, p. 268-284, 2019. ISSN 0022-0221.

BLOOM, P. Moral nativism and moral psychology. The social psychology of


morality: Exploring the causes of good and evil, p. 71-89, 2012.

BOEHM, C.; BOEHM, C. Hierarchy in the forest: The evolution of egalitarian


behavior. Harvard University Press, 2009. ISBN 0674028449.

BOGGIO, P. S. et al. Temporal lobe cortical electrical stimulation during the encoding
and retrieval phase reduces false memories. PloS one, v. 4, n. 3, p. e4959, 2009. ISSN 1932-
6203.

BOGGIO, P. S. et al. Writing about gratitude increases emotion-regulation efficacy.


The Journal of Positive Psychology, p. 1-12, 2019. ISSN 1743-9760.

BOGGIO, P. S. et al. Social psychology and noninvasive electrical stimulation.


European Psychologist, 2016a.
318

______. Transcranial Direct Current Stimulation in Social and Emotion Research. In:
(Ed.). Transcranial Direct Current Stimulation in Neuropsychiatric Disorders: Springer,
2016b. p.143-152.

BOGGIO, P. S. et al. Differential modulatory effects of transcranial direct current


stimulation on a facial expression go-no-go task in males and females. Neuroscience letters,
v. 447, n. 2-3, p. 101-105, 2008. ISSN 0304-3940.

BOGGIO, P. S.; ZAGHI, S.; FREGNI, F. Modulation of emotions associated with


images of human pain using anodal transcranial direct current stimulation (tDCS).
Neuropsychologia, v. 47, n. 1, p. 212-217, 2009. ISSN 0028-3932.

BOIAN, A.; SOARES, D.; SILVA, J. Questionário de Regulação Emocional adaptado


para a população brasileira. Retrieved December, v. 15, p. 2010, 2009.

BORSA, J. C.; DAMÁSIO, B. F.; BANDEIRA, D. R. Cross-cultural adaptation and


validation of psychological instruments: Some considerations. Paidéia (Ribeirão Preto), v.
22, n. 53, p. 423-432, 2012. ISSN 0103-863X.

BRADLEY, M. M. Natural selective attention: Orienting and emotion.


Psychophysiology, v. 46, n. 1, p. 1-11, 2009. ISSN 1469-8986.
319

BRADLEY, M. M.; LANG, P. J. Measuring emotion: the self-assessment manikin and


the semantic differential. Journal of behavior therapy and experimental psychiatry, v. 25,
n. 1, p. 49-59, 1994. ISSN 0005-7916.

______. Emotion and motivation. Handbook of psychophysiology, v. 2, p. 602-642,


2000.

BREBNER, J. Gender and emotions. Personality and individual differences, v. 34,


n. 3, p. 387-394, 2003. ISSN 0191-8869.

BRUNONI, A. R. et al. Clinical research with transcranial direct current stimulation


(tDCS): challenges and future directions. Brain stimulation, v. 5, n. 3, p. 175-195, 2012.
ISSN 1935-861X.

BUCCIARELLI, M. Moral dilemmas in females: children are more utilitarian than


adults. Frontiers in psychology, v. 6, p. 1345, 2015. ISSN 1664-1078.

CAMERON, L. et al. Changing children's intergroup attitudes toward refugees:


Testing different models of extended contact. Child development, v. 77, n. 5, p. 1208-1219,
2006. ISSN 0009-3920.

CAMPANHÃ, C. et al. Responding to unfair offers made by a friend: neuroelectrical


activity changes in the anterior medial prefrontal cortex. Journal of Neuroscience, v. 31, n.
43, p. 15569-15574, 2011. ISSN 0270-6474.
320

CAPTARI, L. E. et al. Prejudicial and Welcoming Attitudes toward Syrian Refugees:


The Roles of Cultural Humility and Moral Foundations. Journal of Psychology and
Theology, v. 47, n. 2, p. 123-139, 2019. ISSN 0091-6471.

CASTANO, E. et al. I belong, therefore, I exist: Ingroup identification, ingroup


entitativity, and ingroup bias. Personality and Social Psychology Bulletin, v. 28, n. 2, p.
135-143, 2002. ISSN 0146-1672.

CHADWICK, R. A. et al. An index of specific behaviors in the moral domain.


Behavior Research Methods, v. 38, n. 4, p. 692-697, 2006. ISSN 1554-351X.

CHRYSIKOU, E. G. et al. Revisiting the Effectiveness of Transcranial Direct Current


Brain Stimulation for Cognition: Evidence, Challenges, and Open Questions. Frontiers in
Human Neuroscience, v. 11, p. 448, 2017. ISSN 1662-5161.

CIKARA, M.; BRUNEAU, E. G.; SAXE, R. R. Us and them: Intergroup failures of


empathy. Current Directions in Psychological Science, v. 20, n. 3, p. 149-153, 2011. ISSN
0963-7214.

CLIFFORD, S. Individual Differences in Group Loyalty Predict Partisan Strength.


Political Behavior, v. 39, n. 3, p. 531-552, 2017. ISSN 0190-9320.

CLIFFORD, S. et al. Moral foundations vignettes: A standardized stimulus database


of scenarios based on moral foundations theory. Behavior research methods, v. 47, n. 4, p.
1178-1198, 2015. ISSN 1554-3528.
321

COHEN, T. R. et al. Introducing the GASP scale: a new measure of guilt and shame
proneness. Journal of personality and social psychology, v. 100, n. 5, p. 947, 2011. ISSN
1939-1315.

CORTES, B. P. et al. Infrahumanization or familiarity? Attribution of uniquely human


emotions to the self, the ingroup, and the outgroup. Personality and Social Psychology
Bulletin, v. 31, n. 2, p. 243-253, 2005. ISSN 0146-1672.

COSTA, M. E. Desenvolvimento da identidade. Psicologia do desenvolvimento e


educação de jovens. Vol. 2, 1990.

CRONE, D. L. et al. The Socio-Moral Image Database (SMID): A novel stimulus set
for the study of social, moral and affective processes. PloS one, v. 13, n. 1, p. e0190954,
2018. ISSN 1932-6203.

DEHGHANI, M. et al. Purity homophily in social networks. Journal of


Experimental Psychology: General, v. 145, n. 3, p. 366, 2016. ISSN 1939-2222.

DI NUZZO, C. et al. How brain stimulation techniques can affect moral and social
behaviour. Journal of Cognitive Enhancement, v. 2, n. 4, p. 335-347, 2018. ISSN 2509-
3290.
322

DUNKEL, C. S.; GLADDEN, P. R.; MATHES, E. W. Sex differences in moral


reasoning: The role of intelligence and life history strategy. Human Ethology Bulletin, v. 31,
p. 5-16, 2016.

EISENBERG, N.; LENNON, R. Sex differences in empathy and related capacities.


Psychological bulletin, v. 94, n. 1, p. 100, 1983. ISSN 1939-1455.

EKMAN, P. An argument for basic emotions. Cognition & emotion, v. 6, n. 3-4, p.


169-200, 1992. ISSN 0269-9931.

FAZIO, R. H.; WILLIAMS, C. J. Attitude accessibility as a moderator of the attitude–


perception and attitude–behavior relations: An investigation of the 1984 presidential election.
Journal of personality and social psychology, v. 51, n. 3, p. 505, 1986. ISSN 1939-1315.

FECTEAU, S. et al. Activation of prefrontal cortex by transcranial direct current


stimulation reduces appetite for risk during ambiguous decision making. Journal of
Neuroscience, v. 27, n. 23, p. 6212-6218, 2007. ISSN 0270-6474.

FEESER, M. et al. Transcranial direct current stimulation enhances cognitive control


during emotion regulation. Brain stimulation, v. 7, n. 1, p. 105-112, 2014. ISSN 1935-861X.

FEINBERG, M. et al. Gut check: Reappraisal of disgust helps explain liberal–


conservative differences on issues of purity. Emotion, v. 14, n. 3, p. 513, 2014. ISSN 1931-
1516.
323

FEINBERG, M. et al. Liberating reason from the passions: Overriding intuitionist


moral judgments through emotion reappraisal. Psychological science, v. 23, n. 7, p. 788-795,
2012. ISSN 0956-7976.

FERREIRA-SANTOS, F. et al. Escala de Sensibilidade ao Nojo–Revista, versões


Português de Portugal (DS-R-pt) e Português do Brasil (DS-R-br): LabReport 2011.

FISKE, S. T. Stereotype content: Warmth and competence endure. Current directions


in psychological science, v. 27, n. 2, p. 67-73, 2018. ISSN 0963-7214.

FISKE, S. T.; CUDDY, A. J.; GLICK, P. Universal dimensions of social cognition:


Warmth and competence. Trends in cognitive sciences, v. 11, n. 2, p. 77-83, 2007. ISSN
1364-6613.

FORBES, C. E.; GRAFMAN, J. The role of the human prefrontal cortex in social
cognition and moral judgment. Annual review of neuroscience, v. 33, p. 299-324, 2010.
ISSN 0147-006X.

FRIESDORF, R.; CONWAY, P.; GAWRONSKI, B. Gender differences in responses


to moral dilemmas: A process dissociation analysis. Personality and Social Psychology
Bulletin, v. 41, n. 5, p. 696-713, 2015. ISSN 0146-1672.

FRIJDA, N. H. The psychologists’ point of view. Handbook of emotions, v. 2, p. 59-


74, 2000.
324

FUCHS, D.; KLINGEMANN, H.-D. The left-right schema. Continuities in political


action: A longitudinal study of political orientations in three western democracies, p.
203-234, 1990.

FUMAGALLI, M. et al. Brain switches utilitarian behavior: does gender make the
difference? PLoS One, v. 5, n. 1, p. e8865, 2010. ISSN 1932-6203.

GOLLWITZER, M.; KELLER, L. What you did only matters if you are one of us.
Social Psychology, 2010.

GRAHAM, J. et al. Moral foundations theory: The pragmatic validity of moral


pluralism. In: (Ed.). Advances in experimental social psychology: Elsevier, v.47, 2013.
p.55-130. ISBN 0065-2601.

GRAHAM, J.; HAIDT, J.; NOSEK, B. A. Liberals and conservatives rely on different
sets of moral foundations. Journal of personality and social psychology, v. 96, n. 5, p. 1029,
2009. ISSN 1939-1315.

GRAHAM, J.; NOSEK, B. A.; HAIDT, J. The moral stereotypes of liberals and
conservatives: Exaggeration of differences across the political spectrum. PloS one, v. 7, n. 12,
p. e50092, 2012. ISSN 1932-6203.

GRAHAM, J. et al. Mapping the moral domain. Journal of personality and social
psychology, v. 101, n. 2, p. 366, 2011. ISSN 1939-1315.
325

GRATZ, K. L.; ROEMER, L. Multidimensional assessment of emotion regulation and


dysregulation: Development, factor structure, and initial validation of the difficulties in
emotion regulation scale. Journal of psychopathology and behavioral assessment, v. 26, n.
1, p. 41-54, 2004. ISSN 0882-2689.

GREENE, J. Moral Tribes: Emotion, Reason, and the Gap Between Us and Them:
London: Atlantic Books 2013.

GREENE, J.; HAIDT, J. How (and where) does moral judgment work? Trends in
cognitive sciences, v. 6, n. 12, p. 517-523, 2002. ISSN 1364-6613.

GREENE, J. D. Why are VMPFC patients more utilitarian? A dual-process theory of


moral judgment explains. Trends in cognitive sciences, v. 11, n. 8, p. 322-323, 2007. ISSN
1364-6613.

GREENE, J. D. et al. The neural bases of cognitive conflict and control in moral
judgment. Neuron, v. 44, n. 2, p. 389-400, 2004. ISSN 0896-6273.

GREENE, J. D. et al. An fMRI investigation of emotional engagement in moral


judgment. Science, v. 293, n. 5537, p. 2105-2108, 2001. ISSN 0036-8075.

GROSS, J. J. The emerging field of emotion regulation: an integrative review. Review


of general psychology, v. 2, n. 3, p. 271, 1998. ISSN 155798560X.
326

______. Emotion regulation. Handbook of emotions, v. 3, n. 3, p. 497-513, 2008.

GROSS, J. J.; JOHN, O. P. Individual differences in two emotion regulation processes:


implications for affect, relationships, and well-being. Journal of personality and social
psychology, v. 85, n. 2, p. 348, 2003. ISSN 1939-1315.

GUNTHER MOOR, B. et al. Peer rejection cues induce cardiac slowing after
transition into adolescence. Developmental psychology, v. 50, n. 3, p. 947, 2014. ISSN 1939-
0599.

GUNTHER MOOR, B.; CRONE, E. A.; VAN DER MOLEN, M. W. The heartbrake
of social rejection: heart rate deceleration in response to unexpected peer rejection.
Psychological Science, v. 21, n. 9, p. 1326-1333, 2010. ISSN 0956-7976.

HAIDT, J. The emotional dog and its rational tail: a social intuitionist approach to
moral judgment. Psychological review, v. 108, n. 4, p. 814, 2001. ISSN 1939-1471.

______. The moral emotions. Handbook of affective sciences, v. 11, n. 2003, p. 852-
870, 2003.

______. Morality. Perspectives on psychological science, v. 3, n. 1, p. 65-72, 2008.


ISSN 1745-6916.
327

______. The righteous mind: Why good people are divided by politics and
religion. Vintage, 2012. ISBN 0307907031.

HAIDT, J.; HERSH, M. A. Sexual morality: The cultures and emotions of


conservatives and liberals 1. Journal of Applied Social Psychology, v. 31, n. 1, p. 191-221,
2001. ISSN 0021-9029.

HAIDT, J.; JOSEPH, C. Intuitive ethics: How innately prepared intuitions generate
culturally variable virtues. Daedalus, v. 133, n. 4, p. 55-66, 2004. ISSN 0011-5266.

______. The moral mind: How five sets of innate intuitions guide the development of
many culture-specific virtues, and perhaps even modules. The innate mind, v. 3, p. 367-391,
2007.

HAIDT, J.; KOLLER, S. H.; DIAS, M. G. Affect, culture, and morality, or is it wrong
to eat your dog? Journal of personality and social psychology, v. 65, n. 4, p. 613, 1993.
ISSN 1939-1315.

HAIDT, J.; MCCAULEY, C.; ROZIN, P. Individual differences in sensitivity to


disgust: A scale sampling seven domains of disgust elicitors. Personality and Individual
differences, v. 16, n. 5, p. 701-713, 1994. ISSN 0191-8869.

HANNIKAINEN, I. R.; MACHERY, E.; CUSHMAN, F. A. Is utilitarian sacrifice


becoming more morally permissible? Cognition, v. 170, p. 95-101, 2018. ISSN 0010-0277.
328

HANNIKAINEN, I. R.; MILLER, R. M.; CUSHMAN, F. A. Act versus impact:


Conservatives and liberals exhibit different structural emphases in moral judgment. Ratio, v.
30, n. 4, p. 462-493, 2017. ISSN 1467-9329.

HARRIS, L. T.; FISKE, S. T. Dehumanizing the lowest of the low: Neuroimaging


responses to extreme out-groups. Psychological science, v. 17, n. 10, p. 847-853, 2006. ISSN
0956-7976.

HELION, C.; OCHSNER, K. N. The role of emotion regulation in moral judgment.


Neuroethics, v. 11, n. 3, p. 297-308, 2018. ISSN 1874-5490.

HELMUTH, L. Moral reasoning relies on emotion: American Association for the


Advancement of Science 2001.

HELWIG, C. C.; ZELAZO, P. D.; WILSON, M. Children's judgments of


psychological harm in normal and noncanonical situations. Child development, v. 72, n. 1,
p. 66-81, 2001. ISSN 0009-3920.

HORBERG, E. J. et al. Disgust and the moralization of purity. Journal of personality


and social psychology, v. 97, n. 6, p. 963, 2009. ISSN 1939-1315.

HORVATH, J. C.; CARTER, O.; FORTE, J. D. Transcranial direct current


stimulation: five important issues we aren't discussing (but probably should be). Frontiers in
systems neuroscience, v. 8, p. 2, 2014. ISSN 1662-5137.
329

HORVATH, J. C.; FORTE, J. D.; CARTER, O. Evidence that transcranial direct


current stimulation (tDCS) generates little-to-no reliable neurophysiologic effect beyond MEP
amplitude modulation in healthy human subjects: a systematic review. Neuropsychologia, v.
66, p. 213-236, 2015a. ISSN 0028-3932.

______. Quantitative review finds no evidence of cognitive effects in healthy


populations from single-session transcranial direct current stimulation (tDCS). Brain
stimulation, v. 8, n. 3, p. 535-550, 2015b. ISSN 1935-861X.

HORVATH, J. C. et al. Effects of a common transcranial direct current stimulation


(tDCS) protocol on motor evoked potentials found to be highly variable within individuals
over 9 testing sessions. Experimental brain research, v. 234, n. 9, p. 2629-2642, 2016. ISSN
0014-4819.

HSU, T.-Y.; JUAN, C.-H.; TSENG, P. Individual differences and state-dependent


responses in transcranial direct current stimulation. Frontiers in human neuroscience, v. 10,
2016a.

______. Individual differences and state-dependent responses in transcranial direct


current stimulation. Frontiers in human neuroscience, v. 10, p. 643, 2016b. ISSN 1662-
5161.

HUEBNER, B.; DWYER, S.; HAUSER, M. The role of emotion in moral psychology.
Trends in cognitive sciences, v. 13, n. 1, p. 1-6, 2009. ISSN 1364-6613.
330

HUME, D. An Enquiry Concerning the Principles of Morals, 1777 ed. Sec. VI, Part
I, para, v. 196, 1777.

INBAR, Y. et al. Disgust sensitivity predicts intuitive disapproval of gays. Emotion,


v. 9, n. 3, p. 435, 2009. ISSN 1931-1516.

JAMBON, M.; SMETANA, J. G. Moral complexity in middle childhood: Children’s


evaluations of necessary harm. Developmental Psychology, v. 50, n. 1, p. 22, 2014. ISSN
1939-0599.

JASPER, H. Report of the committee on methods of clinical examination in


electroencephalography. Electroencephalogr Clin Neurophysiol, v. 10, p. 370-375, 1958.

JEURISSEN, D. et al. TMS affects moral judgment, showing the role of DLPFC and
TPJ in cognitive and emotional processing. Frontiers in neuroscience, v. 8, p. 18, 2014.
ISSN 1662-453X.

KANSKE, P. et al. How to regulate emotion? Neural networks for reappraisal and
distraction. Cerebral Cortex, v. 21, n. 6, p. 1379-1388, 2010. ISSN 1460-2199.

KNUTSON, K. M. et al. Behavioral norms for condensed moral vignettes. Social


cognitive and affective neuroscience, v. 5, n. 4, p. 378-384, 2010. ISSN 1749-5016.
331

KOENIGS, M. et al. Damage to the prefrontal cortex increases utilitarian moral


judgements. Nature, v. 446, n. 7138, p. 908-911, 2007. ISSN 1476-4687.

KOHLBERG, L. Stage and sequence: The cognitive-developmental approach to


socialization. Rand McNally, 1969.

______. Moral stages and moralization: The cognitive-development approach. Moral


development and behavior: Theory research and social issues, p. 31-53, 1976.

KOLEVA, S. P. et al. Tracing the threads: How five moral concerns (especially
Purity) help explain culture war attitudes. Journal of Research in Personality, v. 46, n. 2, p.
184-194, 2012. ISSN 0092-6566.

KUEHNE, M. et al. Transcranial direct current stimulation of the left dorsolateral


prefrontal cortex shifts preference of moral judgments. PloS one, v. 10, n. 5, p. e0127061,
2015. ISSN 1932-6203.

LACEY, J. Some autonomic-central nervous system interrelationships. Physiological


correlates of emotion, p. 205-227, 1970.

LACEY, J. I. Somatic response patterning and stress: Some revisions of activation


theory. Psychological stress: Issues in research, p. 14-42, 1967.
332

LAMM, C.; DECETY, J.; SINGER, T. Meta-analytic evidence for common and
distinct neural networks associated with directly experienced pain and empathy for pain.
Neuroimage, v. 54, n. 3, p. 2492-2502, 2011. ISSN 1053-8119.

LANDY, J. F.; GOODWIN, G. P. Does incidental disgust amplify moral judgment?


A meta-analytic review of experimental evidence. Perspectives on Psychological Science, v.
10, n. 4, p. 518-536, 2015. ISSN 1745-6916.

LEE, C. et al. COMETS2: an advanced MATLAB toolbox for the numerical analysis
of electric fields generated by transcranial direct current stimulation. Journal of neuroscience
methods, v. 277, p. 56-62, 2017. ISSN 0165-0270.

LEE, J. J.; GINO, F. Poker-faced morality: Concealing emotions leads to utilitarian


decision making. Organizational Behavior and Human Decision Processes, v. 126, p. 49-
64, 2015. ISSN 0749-5978.

LEE, J. J.; SOHN, Y.; FOWLER, J. H. Emotion regulation as the foundation of


political attitudes: does reappraisal decrease support for conservative policies? PloS one, v.
8, n. 12, p. e83143, 2013. ISSN 1932-6203.

LI, L. M.; UEHARA, K.; HANAKAWA, T. The contribution of interindividual factors


to variability of response in transcranial direct current stimulation studies. Frontiers in
cellular neuroscience, v. 9, p. 181, 2015. ISSN 1662-5102.
333

LI, L. M. et al. Brain state and polarity dependent modulation of brain networks by
transcranial direct current stimulation. Human brain mapping, v. 40, n. 3, p. 904-915, 2019.
ISSN 1065-9471.

LI, Z. et al. Habitual cognitive reappraisal was negatively related to perceived


immorality in the harm and fairness domains. Frontiers in psychology, v. 8, p. 1805, 2017.
ISSN 1664-1078.

LIBERMAN, Z. et al. Children’s expectations about conventional and moral


behaviors of ingroup and outgroup members. Journal of experimental child psychology, v.
165, p. 7-18, 2018. ISSN 0022-0965.

LIEBERMAN, M. D.; EISENBERGER, N. I. A pain by any other name (rejection,


exclusion, ostracism) still hurts the same: The role of dorsal anterior cingulate cortex in social
and physical pain. Social neuroscience: People thinking about thinking people, p. 167-187,
2006.

LIMA, F. F. et al. Evidências de validade para as escalas de culpa e vergonha em uma


amostra de estudantes universitários. Encontro: Revista de Psicologia, v. 16, n. 25, p. 97-
114, 2015. ISSN 2178-6941.

LOTTO, L.; MANFRINATI, A.; SARLO, M. A new set of moral dilemmas: Norms
for moral acceptability, decision times, and emotional salience. Journal of Behavioral
Decision Making, v. 27, n. 1, p. 57-65, 2014. ISSN 1099-0771.
334

MARQUES, J. M.; YZERBYT, V. Y. The black sheep effect: Judgmental extremity


towards ingroup members in inter‐and intra‐group situations. European Journal of Social
Psychology, v. 18, n. 3, p. 287-292, 1988. ISSN 0046-2772.

MARQUES, L. M. et al. Translation and validation of the Moral Foundations


Vignettes (MFVs) for the Portuguese language in a Brazilian sample. Judgment and
Decision Making, v. 15, n. 1, p. 149-158, 2020. ISSN 1930-2975.

MARQUES, L. M. et al. Tuning and disrupting the brain—modulating the McGurk


illusion with electrical stimulation. Frontiers in human neuroscience, v. 8, p. 533, 2014.
ISSN 1662-5161.

MARQUES, L. M.; MORELLO, L. Y.; BOGGIO, P. S. Ventrolateral but not


Dorsolateral Prefrontal Cortex tDCS effectively impact emotion reappraisal–effects on
Emotional Experience and Interbeat Interval. Scientific reports, v. 8, n. 1, p. 15295, 2018.
ISSN 2045-2322.

MASTEN, C. L.; MORELLI, S. A.; EISENBERGER, N. I. An fMRI investigation of


empathy for ‘social pain’and subsequent prosocial behavior. Neuroimage, v. 55, n. 1, p. 381-
388, 2011. ISSN 1053-8119.

MCRAE, K.; GROSS, J. J. Emotion regulation. Emotion, v. 20, n. 1, p. 1, 2020. ISSN


1433893363.
335

MINARIK, T. et al. The importance of sample size for reproducibility of tDCS effects.
Frontiers in human neuroscience, v. 10, p. 453, 2016. ISSN 1662-5161.

MOLENBERGHS, P. The neuroscience of in-group bias. Neuroscience &


Biobehavioral Reviews, v. 37, n. 8, p. 1530-1536, 2013. ISSN 0149-7634.

MOLENBERGHS, P. et al. Increased moral sensitivity for outgroup perpetrators


harming ingroup members. Cerebral Cortex, v. 26, n. 1, p. 225-233, 2014. ISSN 1460-2199.

MOLENBERGHS, P.; MORRISON, S. The role of the medial prefrontal cortex in


social categorization. Social cognitive and affective neuroscience, v. 9, n. 3, p. 292-296,
2012. ISSN 1749-5024.

MOLL, J.; DE OLIVEIRA-SOUZA, R. Moral judgments, emotions and the utilitarian


brain. Trends in cognitive sciences, v. 11, n. 8, p. 319-321, 2007. ISSN 1364-6613.

MOLL, J. et al. Functional networks in emotional moral and nonmoral social


judgments. Neuroimage, v. 16, n. 3, p. 696-703, 2002. ISSN 1053-8119.

MOLL, J. et al. The neural correlates of moral sensitivity: a functional magnetic


resonance imaging investigation of basic and moral emotions. Journal of neuroscience, v.
22, n. 7, p. 2730-2736, 2002. ISSN 0270-6474.
336

MOLL, J. et al. The moral affiliations of disgust: A functional MRI study. Cognitive
and behavioral neurology, v. 18, n. 1, p. 68-78, 2005. ISSN 1543-3633.

MOLL, J. et al. The cognitive neuroscience of moral emotions. 2008. ISSN


0262693550.

MONACO, A. et al. Sensory trigeminal ULF-TENS stimulation reduces HRV


response to experimentally induced arithmetic stress: A randomized clinical trial. Physiology
& behavior, v. 173, p. 209-215, 2017. ISSN 0031-9384.

MORRISON, S.; DECETY, J.; MOLENBERGHS, P. The neuroscience of group


membership. Neuropsychologia, v. 50, n. 8, p. 2114-2120, 2012. ISSN 0028-3932.

MORTON, T. A.; POSTMES, T. Moral duty or moral defence? The effects of


perceiving shared humanity with the victims of ingroup perpetrated harm. European Journal
of Social Psychology, v. 41, n. 1, p. 127-134, 2011. ISSN 0046-2772.

NITSCHE, M. A. et al. Transcranial direct current stimulation: state of the art 2008.
Brain stimulation, v. 1, n. 3, p. 206-223, 2008. ISSN 1935-861X.

NITSCHE, M. A.; PAULUS, W. Excitability changes induced in the human motor


cortex by weak transcranial direct current stimulation. The Journal of physiology, v. 527, n.
3, p. 633-639, 2000. ISSN 0022-3751.
337

NITSCHE, M. A. et al. Facilitation of implicit motor learning by weak transcranial


direct current stimulation of the primary motor cortex in the human. Journal of cognitive
neuroscience, v. 15, n. 4, p. 619-626, 2003. ISSN 0898-929X.

NITSCHE, M. A. et al. Modulating parameters of excitability during and after


transcranial direct current stimulation of the human motor cortex. The Journal of physiology,
v. 568, n. 1, p. 291-303, 2005. ISSN 1469-7793.

OCHSNER, K. N.; GROSS, J. J. Cognitive emotion regulation: Insights from social


cognitive and affective neuroscience. Current directions in psychological science, v. 17, n.
2, p. 153-158, 2008. ISSN 0963-7214.

OCHSNER, K. N. et al. For better or for worse: neural systems supporting the
cognitive down-and up-regulation of negative emotion. Neuroimage, v. 23, n. 2, p. 483-499,
2004. ISSN 1053-8119.

OLDFIELD, R. C. The assessment and analysis of handedness: the Edinburgh


inventory. Neuropsychologia, v. 9, n. 1, p. 97-113, 1971. ISSN 0028-3932.

PENNEBAKER, J. W. et al. The development and psychometric properties of


LIWC2015. 2015

PHELPS, E. A.; LEDOUX, J. E. Contributions of the amygdala to emotion processing:


from animal models to human behavior. Neuron, v. 48, n. 2, p. 175-187, 2005. ISSN 0896-
6273.
338

PIAGET, J. et al. Psychogenesis and the history of science. Columbia University


Press, 1989. ISBN 0231059922.

PIZARRO, D. Nothing more than feelings? The role of emotions in moral judgment.
Journal for the Theory of Social Behaviour, v. 30, n. 4, p. 355-375, 2000. ISSN 0021-
8308.

PIZARRO, D.; INBAR, Y.; HELION, C. On disgust and moral judgment. Emotion
Review, v. 3, n. 3, p. 267-268, 2011. ISSN 1754-0739.

RÊGO, G. G. et al. Hemispheric dorsolateral prefrontal cortex lateralization in the


regulation of empathy for pain. Neuroscience letters, v. 594, p. 12-16, 2015. ISSN 0304-
3940.

RIVA, P. et al. Selective changes in moral judgment by noninvasive brain stimulation


of the medial prefrontal cortex. Cognitive, Affective, & Behavioral Neuroscience, p. 1-14,
2018. ISSN 1530-7026.

RIVA, P. et al. Buffer the pain away: stimulating the right ventrolateral prefrontal
cortex reduces pain following social exclusion. Psychological science, v. 23, n. 12, p. 1473-
1475, 2012. ISSN 0956-7976.
339

RIVA, P. et al. Reducing aggressive responses to social exclusion using transcranial


direct current stimulation. Social cognitive and affective neuroscience, v. 10, n. 3, p. 352-
356, 2014. ISSN 1749-5024.

ROSEN, J. B.; BRAND, M.; KALBE, E. Empathy mediates the effects of age and sex
on altruistic moral decision making. Frontiers in behavioral neuroscience, v. 10, p. 67,
2016. ISSN 1662-5153.

SCHEIN, C.; GRAY, K. The theory of dyadic morality: Reinventing moral judgment
by redefining harm. Personality and Social Psychology Review, v. 22, n. 1, p. 32-70, 2018.
ISSN 1088-8683.

SCHNALL, S. Disgust as embodied loss aversion. European Review of Social


Psychology, v. 28, n. 1, p. 50-94, 2017. ISSN 1046-3283.

SCHNALL, S.; CANNON, P. R. The clean conscience at work: Emotions, intuitions


and morality. Journal of management, spirituality & religion, v. 9, n. 4, p. 295-315, 2012.
ISSN 1476-6086.

SCHNALL, S. et al. Disgust as embodied moral judgment. Personality and social


psychology bulletin, v. 34, n. 8, p. 1096-1109, 2008. ISSN 0146-1672.

SHAMAY-TSOORY, S. G. et al. Characterization of empathy deficits following


prefrontal brain damage: the role of the right ventromedial prefrontal cortex. Journal of
cognitive neuroscience, v. 15, n. 3, p. 324-337, 2003. ISSN 0898-929X.
340

SHAMAY-TSOORY, S. G. et al. Impaired “affective theory of mind” is associated


with right ventromedial prefrontal damage. Cognitive and Behavioral Neurology, v. 18, n.
1, p. 55-67, 2005. ISSN 1543-3633.

SHEPPES, G.; LEVIN, Z. Emotion regulation choice: selecting between cognitive


regulation strategies to control emotion. Frontiers in human neuroscience, v. 7, p. 179,
2013. ISSN 1662-5161.

SHEPPES, G. et al. Emotion-regulation choice. Psychological science, v. 22, n. 11,


p. 1391-1396, 2011. ISSN 0956-7976.

SILVINO, A. M. D. et al. Adaptation of the Moral Foundations Questionnaire to


Brazilian Portuguese. Psico-USF, v. 21, n. 3, p. 487-495, 2016. ISSN 1413-8271.

SIQUEIRA, M.; MARTINS, M.; MOURA, O. Construção e validação fatorial da


EAPN: Escala de Ânimo Positivo e Negativo. Revista da Sociedade de Psicologia do
Triângulo Mineiro, v. 2, n. 3, p. 34-40, 1999.

SMETANA, J. G.; BALL, C. L. Young children's moral judgments, justifications, and


emotion attributions in peer relationship contexts. Child development, v. 89, n. 6, p. 2245-
2263, 2018. ISSN 0009-3920.
341

SMETANA, J. G. et al. Developmental changes and individual differences in young


children’s moral judgments. Child development, v. 83, n. 2, p. 683-696, 2012. ISSN 1467-
8624.

SZEKELY, R. D.; MIU, A. C. Incidental emotions in moral dilemmas: the influence


of emotion regulation. Cognition and Emotion, v. 29, n. 1, p. 64-75, 2015. ISSN 0269-9931.

TAJFEL, H. et al. Social categorization and intergroup behaviour. European journal


of social psychology, v. 1, n. 2, p. 149-178, 1971. ISSN 0046-2772.

TANGNEY, J. P.; STUEWIG, J.; MASHEK, D. J. Moral emotions and moral


behavior. Annu. Rev. Psychol., v. 58, p. 345-372, 2007. ISSN 0066-4308.

TASSY, S. et al. Disrupting the right prefrontal cortex alters moral judgement. Social
cognitive and affective neuroscience, v. 7, n. 3, p. 282-288, 2011. ISSN 1749-5024.

THOMSON, J. J. The trolley problem. Yale LJ, v. 94, p. 1395, 1984.

TONIETTO, L. et al. Interfaces entre funções executivas, linguagem e


intencionalidade. Paidéia (Ribeirão Preto), v. 21, n. 49, p. 247-255, 2011. ISSN 0103-863X.

TRACY, J. L.; RANDLES, D. Four models of basic emotions: a review of Ekman and
Cordaro, Izard, Levenson, and Panksepp and Watt. Emotion Review, v. 3, n. 4, p. 397-405,
2011. ISSN 1754-0739.
342

TURIEL, E. The development of social knowledge: Morality and convention.


Cambridge University Press, 1983. ISBN 0521273056.

TWENGE, J. M. et al. Social exclusion decreases prosocial behavior. Journal of


personality and social psychology, v. 92, n. 1, p. 56, 2007. ISSN 1939-1315.

TYBUR, J. M. et al. Sex differences and sex similarities in disgust sensitivity.


Personality and Individual Differences, v. 51, n. 3, p. 343-348, 2011. ISSN 0191-8869.

VALIM, C. P.; MARQUES, L. M.; BOGGIO, P. S. A positive emotional-based


meditation but not mindfulness-based meditation improves emotion regulation. Frontiers in
Psychology, v. 10, 2019.

VAN BAVEL, J. J.; FELDMANHALL, O.; MENDE-SIEDLECKI, P. The


neuroscience of moral cognition: From dual processes to dynamic systems. Current Opinion
in Psychology, v. 6, p. 167-172, 2015. ISSN 2352-250X.

VERPLAETSE, J. et al. Moral Brain. Springer, 2014. ISBN 9400791291.

VOZZOLA, E. C. Moral development: Theory and applications. Routledge, 2014.


ISBN 1317975081.
343

WAGEMANS, F.; BRANDT, M. J.; ZEELENBERG, M. Disgust sensitivity is


primarily associated with purity-based moral judgments. Emotion, v. 18, n. 2, p. 277, 2018.
ISSN 1931-1516.

WALKER, S. N.; SECHRIST, K. R.; PENDER, N. J. The health-promoting lifestyle


profile: development and psychometric characteristics. Nursing research, 1987. ISSN 1538-
9847.

WARD, S. J.; KING, L. A. Gender Differences in Emotion Explain Women’s Lower


Immoral Intentions and Harsher Moral Condemnation. Personality and Social Psychology
Bulletin, v. 44, n. 5, p. 653-669, 2018. ISSN 0146-1672.

WATSON, D.; CLARK, L. A.; TELLEGEN, A. Development and validation of brief


measures of positive and negative affect: the PANAS scales. Journal of personality and
social psychology, v. 54, n. 6, p. 1063, 1988. ISSN 1939-1315.

XU, X. et al. Do you feel my pain? Racial group membership modulates empathic
neural responses. Journal of Neuroscience, v. 29, n. 26, p. 8525-8529, 2009. ISSN 0270-
6474.

YUAN, H. et al. Transcranial direct current stimulation of the medial prefrontal cortex
affects judgments of moral violations. Frontiers in psychology, v. 8, p. 1812, 2017. ISSN
1664-1078.
344

ZHANG, L.; KONG, M.; LI, Z. Emotion regulation difficulties and moral judgment
in different domains: the mediation of emotional valence and arousal. Personality and
Individual Differences, v. 109, p. 56-60, 2017. ISSN 0191-8869.

ZHENG, H.; LU, X.; HUANG, D. tDCS over DLPFC leads to less utilitarian response
in moral-personal judgment. Frontiers in neuroscience, v. 12, p. 193, 2018. ISSN 1662-
453X.

ZHONG, C.-B.; STREJCEK, B.; SIVANATHAN, N. A clean self can render harsh
moral judgment. Journal of experimental social psychology, v. 46, n. 5, p. 859-862, 2010.
ISSN 0022-1031.

Você também pode gostar