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Pró-Reitoria Acadêmica

Escola de Saúde
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física
Tese de Doutorado

EXERCÍCIO FÍSICO COMO REMÉDIO PARA ADOLESCENTES:


O IMPACTO NA QUALIDADE DO SONO, DEPRESSÃO E
ANSIEDADE

Autor: Irineu de Sousa Júnior


Orientadora: Profa. Drª. Elaine Cristina Vieira

Brasília - DF
2021
IRINEU DE SOUSA JÚNIOR

EXERCÍCIO FÍSICO COMO REMÉDIO PARA ADOLESCENTES: O IMPACTO NA


QUALIDADE DO SONO, DEPRESSÃO E ANSIEDADE

Tese apresentada ao Programa de Pós-


graduação Stricto Sensu em Educação
Física da Universidade Católica de
Brasília, como requisito parcial para
obtenção do título de Doutor em Educação
Física.

Orientadora: Profa. Drª. Elaine Cristina


Vieira

Brasília
2021
Tese de autoria de Irineu de Sousa Júnior, intitulada “EXERCÍCIO FÍSICO
COMO REMÉDIO PARA ADOLESCENTES: O IMPACTO NA QUALIDADE DO
SONO, DEPRESSÃO E ANSIEDADE”, apresentada como requisito parcial para a
obtenção do grau de Doutor em Educação Física da Universidade Católica de Brasília,
em 30/08/2021, defendida e aprovada pela Banca Examinadora abaixo assinada:

______________________________________________________
Profa. Drª. Elaine Cristina Vieira
Orientadora
Programa de Pós-graduação em Educação Física – UCB/DF

_____________________________________________________
Profa. Drª. Isabela Almeida Viana Ramos
Examinadora Interna
Programa de Pós-graduação em Educação Física – UCB/DF

____________________________________________________
Profa. Drª. Gislane Ferreira de Melo
Examinadora Interna
Programa de Pós-graduação em Educação Física – UCB/DF

_____________________________________________________
Profa. Drª. Camila Aparecida Machado de Oliveira
Examinadora Externa
Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP

____________________________________________________
Profa. Drª. Patricia Uchôa Leitão Cabral
Examinadora Externa
Universidade Estadual do Piauí – UESPI

____________________________________________________
Profa. Drª. Carolina Virginia Macêdo de Azevedo
Examinadora Externa (suplente)
Programa de Pós-graduação em Psicobiologia – UFRN

Brasília
2021
Dedico este percurso de formação ao
melhor capítulo da minha vida, meu filho
VITOR IRINEU, com quem compartilho
alegrias, aprendizados e momentos
inesquecíveis. Bons filhos conhecem o
prefácio da história dos seus pais. Filhos
brilhantes vão muito mais longe, conhecem
os capítulos mais importantes das suas
vidas.
AGRADECIMENTO

A palavra da vida é GRATIDÃO.... a Deus, a minha Família, Amigos,


Professores e Alunos.
Agradeço a Deus pela vida e sabedoria, especialmente pela saúde e por me
ensinar a conviver e respeitar as diferenças e os diferentes.
Aos meus pais pelo afeto, amor e por acreditarem no poder da educação como
caminho assertivo e pilar de um mundo melhor.
A minha esposa e ao meu filho pelo amor, dedicação, companheirismo e
contribuição em todas as etapas da minha vida pessoal e profissional.
Aos meus irmãos e familiares pelo carinho e compreensão do desígnio e da
missão da vida.
Aos meus amigos por compartilharem momentos prazerosos, de
aprendizagens e ensinamentos de vida vivida.
Aos meus Professores e Professoras da Universidade Estadual do Piauí
(UESPI) e Universidade Católica de Brasília (UCB-DF) que contribuíram para minha
vida humanista, acadêmica e profissional.
A minha orientadora, pelos ensinamentos e dedicação nessa caminhada do
Doutorado, especialmente por liderar o nosso Grupo de Pesquisa CronoExS.
Aos membros da Branca Examinadora pela propensão em analisar e contribuir
com esta importante etapa acadêmica.
Aos servidores e alunos do Instituto Federal do Piauí (IFPI) pelo
compartilhamento dos desafios diários na missão de conviver-aprender-ensinar e
pelas contribuição para o sucesso deste estudo.
Aos amigos da UESPI, IFPI e UCB-DF (especialmente do Grupo de Pesquisa
CronoExS) pelo companheirismo e compromisso em enfrentar os desafios diários em
busca do conhecimento histórico, cultural, humanístico e científico da área do
movimento humano.
Ser feliz não é viver momentos apenas de
alegria. É ter coragem de enfrentar os
momentos de tristeza e sabedoria para
transformar os problemas em
aprendizados. (À Procura da Felicidade)
RESUMO

SOUSA JÚNIOR, Irineu de. Exercício físico como remédio para adolescentes: o
impacto na qualidade do sono, depressão e ansiedade. 2021. 93f. Tese de Doutorado
(Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Educação Física) – Universidade
Católica de Brasília, Brasília, 2021.

Depressão, ansiedade e falta de sono são algumas das causas mais comuns de
doença entre adolescentes. Possivelmente, as razões para essas doenças incluem o
uso de redes sociais e a exposição à luz artificial de dispositivos eletrônicos. Pouco
se sabe sobre o impacto do treinamento funcional como uma ferramenta de
intervenção para melhorar esses parâmetros em adolescentes. Então, essa pesquisa
investigou o efeito do programa de treinamento funcional de 6 semanas sobre o nível
de consumo máximo de oxigênio (VO2máx), depressão, ansiedade e qualidade do sono
em adolescentes escolares. Foram analisados 34 participantes, 23 meninos e 11
meninas, com idades entre 15 e 17 anos. Os adolescentes passaram por 2 sessões
semanais de treinamento funcional moderado por 6 semanas. Depressão, níveis de
ansiedade e qualidade do sono foram medidos antes e após a intervenção com
treinamento funcional. As meninas exibiram níveis mais elevados de ansiedade e
depressão em relação aos meninos no início do estudo. A má qualidade do sono foi
observada, principalmente, nos adolescentes meninos (60,9%), quando comparados
às meninas (36,3%). Os níveis de depressão foram correlacionada positivamente com
a qualidade do sono para toda amostra. Uma correlação negativa foi encontrada entre
VO2máx, ansiedade e qualidade do sono apenas nas meninas. Seis semanas de
treinamento funcional aumentaram os níveis de VO2máx e a qualidade do sono apenas
nos meninos (p<0,02). Estes resultados sugerem que 6 semanas de intervenção com
treinamento funcional duas vezes por semana é suficientes para melhorar VO2máx e
disfunção do sono diurno em adolescentes escolares.

Palavras-chave: exercício físico; ansiedade; depressão; sono; adolescentes.


ABSTRACT

SOUSA JÚNIOR, Irineu de. Physical exercise as a medicine for adolescents: the
impact on sleep quality, depression and anxiety. 2021. 93f. Doctoral thesis (Stricto
Sensu Postgraduate Program in Physical Education) – Catholic University of Brasilia,
Brasilia, 2021.

Depression, anxiety and lack of sleep are some of the most common causes of illness
among teenagers. Possibly, the reasons for these diseases include the use of social
networks and exposure to artificial light from electronic devices. Little is known about
the impact of functional training as an intervention tool to improve these parameters in
adolescents. So, this research investigated the effect of the 6-week functional training
program on the maximum oxygen consumption level (VO2max), depression, anxiety and
sleep quality in adolescent schoolchildren. 34 participants were analyzed, 23 boys and
11 girls, aged between 15 and 17 years. Adolescents underwent 2 weekly sessions of
moderate functional training for 6 weeks. Depression, anxiety levels and sleep quality
were measured before and after the intervention with functional training. Girls exhibited
higher levels of anxiety and depression than boys at baseline. Poor sleep quality was
observed mainly in boys (60.9%) when compared to girls (36.3%). Depression levels
were positively correlated with sleep quality for the entire sample. A negative
correlation was found between VO2max, anxiety and sleep quality only in girls. Six
weeks of functional training increased VO2max levels and sleep quality only in boys
(p<0.02). These results suggest that 6 weeks of intervention with functional training
twice a week is sufficient to improve VO2max and daytime sleep dysfunction in
adolescent schoolchildren.

keywords: exercício físico; anxiety; depression; sleep; adolescents.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................10
2 OBJETIVOS.............................................................................................................14
2.1 OBJETIVO GERAL..............................................................................................14
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................14
3 REFERECIAL TEÓRICO.........................................................................................15
3.1 RITMOS BIOLÓGICOS E RITMOS CIRCADIANOS.............................................15
3.2 RITMOS BIOLÓGICOS, SONO E ADOLESCÊNCIA............................................19
3.3 EXERCÍCIO FÍSICO E SONO EM ADOLESCENTES...........................................26
3.4 ANSIEADE, DEPRESSÃO, SONO E EXERCÍCIO FÍSICO EM ADOLESCENTES
....................................................................................................................................30
4 MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................35
4.1 PARTICIPANTES.................................................................................................35
4.2 PROTOCOLO DA PESQUISA..............................................................................37
4.3 ANAMNESE E EXAME ANTROPOMÉTRICO......................................................39
4.4 QUESTIONÁRIOS................................................................................................40
4.5 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA.......................................42
4.6 PROGRAMA DE TREINAMENTO FUNCIONAL...................................................43
4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA.......................................................................................44
5 RESULTADOS........................................................................................................45
5.1 CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E VO2máx........................................45
5.2 NÍVEIS DE ANSIEDADE, DEPRESSÃO E QUALIDADE DO SONO ENTRE
ADOLESCENTES NO INÍCIO DO ESTUDO...............................................................46
5.3 NÍVEIS DE ANSIEDADE, DEPRESSÃO E QUALIDADE DO SONO ENTRE
ADOLESCENTES APÓS O TREINAMENTO.............................................................48
5.4 ANÁLISE DE REGRESSÃO LINEAR....................................................................50
6 DISCUSSÃO...........................................................................................................52
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................57
REFERÊNCIAS..........................................................................................................58
ANEXOS....................................................................................................................72
PRODUÇÕES ACADÊMICAS DESENVOLVIDAS...................................................87
11

1 INTRODUÇÃO

Os processos fisiológicos e comportamentais, como temperatura corporal,


pressão arterial e níveis hormonais, apresentam periodicidade, os quais chamamos
de ritmos biológicos. Assim, os ritmos biológicos que se repetem a cada período de
24h são chamados de ritmos circadianos (do latim: circa = cerca de, diano = um dia),
os quais passam por interferências dos ritmos ambientais, como o ciclo claro/escuro.
Esses ritmos ambientais apresentam capacidade de interferência na organização
temporal dos ritmos biológicos pelo processo de sincronização (GELFAND et al.,
2019; SACK et al., 2007; KRUITHOF; SMITS; TEUNISSEN, 2011; MARTINEZ; LENZ;
MENNA-BARRETO, 2008; DUARTE, 2018).
Além da influência ambiental, os seres humanos possuem um conjunto de
osciladores endógenos, os chamados relógios biológicos, responsáveis pela gênese
dos fenômenos periódicos nos organismos. Atualmente, pela presença de um
conjunto de relógios biológicos sincronizados por ciclos ambientais, faz-se mais
sentido a utilização do termo sistema de temporização circadiana – STC (KIM et al.,
2020; GELFAND et al., 2019; DUARTE, 2018).
Em termos históricos e evolutivos, as primeiras ideias da existência de relógios
biológicos relacionados à cronobiologia são datadas do século XVIII, quando em 1729
o astrônomo francês Jean-Jacques d'Ortous de Mairan fez observações sobre funções
circadianas em plantas. Mas, somente no século XIX (1814), é que o francês Julien-
Joseph Virey, considerado o pai da Cronobiologia, introduz o termo relógio biológico
em um trabalho sobre ritmos do corpo. Já a partir de 1938, Jürgen Aschoff,
considerado um dos fundadores da Cronobiologia, iniciou suas pesquisas sobre ritmos
circadianos, fornecendo uma base sólida para esse campo da ciência, especialmente
relacionada aos ritmos circadianos e arrastamento em muitos organismos, ou seja:
eventos rítmicos fisiológicos ou comportamentais coincidem em período e fase com
uma oscilação ambiental (JANSEN et al., 2007; BURGOS, 2015; ASCHOFF, 1965).
Na adolescência, a qual é definida, segundo a Organização Mundial de Saúde
(WHO, 2010), como o período compreendido entre 10 e19 anos de idade, os ritmos
circadianos passam por desalinhamento (GELFAND et al., 2019; SIVERTSEN et al.,
2013; SAXVIG et al., 2012; BARION; ZEE, 2007), denominado atraso na fase de sono,
onde os horários de dormir e acordar tornam-se mais tardios, com atrasos ≤2h
(MARTINEZ; LENZ; MENNA-BARRETO, 2008; OKAWA; UCHIYAMA, 2007;
12

CROWLEY; ACEBO; CARSKADON, 2007). O desalinhamento circadiano na


adolescência está relacionado, fisiologicamente, com o aumento na produção e
liberação dos hormônios luteinizante, folículo-estimulante, testosterona, estrogênio e
hormônio do crescimento, os quais fornecem maior tolerância à pressão do sono (KIM
et al., 2020; ROCHE et al., 2018; BARBOSA, 2019; DUARTE, 2018).
Esse atraso da fase de sono acomete entre 7 e 16% dos adolescentes
(WEITZMAN et al., 1981; CROWLEY; ACEBO; CARSKADON, 2007; MARTINEZ;
LENZ; MENNA-BARRETO, 2008) e está correlacionado com sonolência diurna
excessiva, baixo desempenho acadêmico, reduzida aptidão física, menor frequência
escolar e níveis elevados de indicadores de depressão (SCHAFER et al., 2016;
SIVERTSEN et al., 2013; MARTINEZ; LENZ; MENNA-BARRETO, 2008;
FREDRIKSEN et al., 2004; SAXVIG et al., 2012). Essa taxa de acometimento pode
atingir 68% dos adolescentes que frequentam o ensino médio (SAXVIG et al., 2012).
Essas condições fisiológicas de atraso de fase e a recente independência
social, haja vista o menor controle dos pais em relação ao horário do sono e uso de
telas à noite, impacta nos compromissos sociais desses adolescentes no início da
manhã, especialmente pelo aumento da sonolência no ambiente escolar, onde os
horários de início das aulas do ensino médio costumam ser mais cedo. Para lidar com
a sonolência, muitos adolescentes consomem regularmente bebidas energéticas com
alto teor de cafeína e outros estimulantes, criando ainda mais interrupções no sono e
prejudicando a adesão a programas de exercícios físicos (KIM et al., 2020; OGAWA
et al., 2018; GUIMARÃES, 2008; CORTEZ, 2014; LOGAN et al., 2018; LIMA, 2021).
Dessa forma, escolas, pais e professores de educação física enfrentam um
desafio diário: baixo desempenho acadêmico, aumento da sonolência diurna, maiores
níveis de depressão e baixo nível de atividade física/aptidão cardiorrespiratória. Como
processo de reduzir os efeitos do desalinhamento circadiano na saúde e desempenho
acadêmico dos adolescentes, diversos estudos foram desenvolvidos utilizando a
estratégia de atrasar o início da aula pela manhã (NEUROTH et al., 2021; WIDOME
et al., 2020; RHIE; CHAE, 2018; TEMKIN et al., 2018; NAHMOD et al., 2017).
Para reduzir a sonolência diurna na escola e aumentar o rendimento
acadêmico, diversos estudos comprovam que o atraso (entre 30 e 65 minutos) no
início das aulas pela manhã estende a duração do sono noturno dos adolescentes e
diminuir sua necessidade de sono de recuperação nos fins de semana (WIDOME et
al., 2020), além de cumprir o tempo mínimo de sono recomendado pela Academia
13

americana de Pediatria – AAP para saúde e bem-estar (YOO; KIM, 2020; YEO et al.,
2019; NAHMOD et al., 2017) e torna esses adolescentes menos sonolentos e com
melhores rendimentos acadêmicos (TEMKIN et al., 2018; WHEATON; CHAPMAN;
CROFT, 2016) em comparação aos seus pares que frequentavam as escolas com
início precoce (antes das 7h30min).
Como estratégia para melhorar a saúde mental entre adolescentes, estudos
comprovam que a maior duração do sono está ligada à redução dos níveis de
ansiedade e depressão (ZHOU et al., 2021; NEUROTH et al., 2021; DAS-FRIEBEL et
al., 2020; WAHLSTROM; BERGER; WIDOME, 2017); redução índices de transtornos
psiquiátricos (BERGER; WAHLSTROM; WIDOME, 2019; WHEATON; CHAPMAN;
CROFT, 2016) e aumento do bem-estar mental (YOO; KIM, 2020; YEO et al., 2019;
ZIPORYN et al., 2017).
Além disso, o exercício físico vem sendo estudado por diversos grupos de
pesquisas da área da saúde, uma vez que está relacionado à melhora da qualidade
sono, redução da ansiedade e depressão entre adolescentes (YOO; KIM, 2020;
KANDOLA et al., 2020; XU et al., 2019; MENDELSON et al., 2015; OGAWA et al.,
2018). Por conta dos adolescentes passarem a maior parte do dia na escola, esta é
reconhecida como um ambiente chave para incentivar a atividade física desses
escolares.
Assim, o comportamento sedentário, presente em 61% dos adolescentes
(YOO; KIM, 2020) deve ser enfrentado com atividades físicas leves, por exemplo:
caminhada lenta, entre 3 e 5 equivalentes metabólicos – MET’s, para reduzir o risco
de depressão em até 22% entre jovens (KANDOLA et al., 2020). Outra pesquisa
demonstrou que apenas 13,6% dos adolescentes atingem o nível de atividade física
recomendado pela Organização Mundial de Saúde, o qual é 60 minutos de atividade
física moderada/dia, e que esses adolescentes apresentam níveis mais baixos de
depressão e ansiedade (MCMAHON et al., 2016).
Para a melhoria da qualidade do sono, 60 minutos de exercícios físicos diário
estão associados ao sono suficiente entre os adolescentes (FOTI et al., 2011); além
de que: qualidade do sono percebida é preditora de maior atividade física moderada
a vigorosa (KIM et al., 2020); níveis de atividade física estão associados a uma melhor
qualidade do sono entre os adolescentes, com a quantidade ideal de atividade física
variando entre meninos e meninas (XU et al., 2019); e que o risco multiplicativo de
14

doenças para adolescentes que apresentam sono insuficiente ou de baixa qualidade


estão associado a níveis mais baixos de atividade física (GILLIS; EL-SHEIKH, 2019).
No entanto, pesquisas exclusivas com adolescentes escolares envolvendo
aspectos psicológicos e fisiológicos, como depressão e ansiedade, sono, consumo de
oxigênio e intervenção com exercícios físicos ainda são escassos na população
brasileira e mundial, sendo esse um dos determinante no delineamento dessa nossa
pesquisa.
Sendo assim, este estudo investigou os determinantes de saúde: propriedade
do sono, saúde mental e aptidão cardiorrespiratória de adolescentes escolares e
analisou os efeito do treinamento físico sobre o nível de desempenho aeróbico,
depressão, ansiedade e qualidade do sono nesses adolescentes.
15

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar o efeito do treinamento funcional sobre o nível de desempenho


aeróbico, depressão, ansiedade e qualidade do sono em adolescentes.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Determinar os efeitos de um programa de treinamento funcional de seis semanas


sobre os parâmetros da composição corporal e VO2máx dos participantes;
b) Investigar os impactos de um programa de treinamento funcional de seis semanas
sobre os níveis de ansiedade, depressão e qualidade do sono em adolescentes
escolares.
c) Identificar quais componentes do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburg (PSQI)
sofrem interferência após um programa de treinamento funcional de seis semanas
em adolescentes.
d) Verificar a correlações entre VO2máx, ansiedade, depressão e qualidade do sono
entre meninos, meninas e amostra geral.
16

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 RITMOS BIOLÓGICOS E RITMOS CIRCADIANOS

Definimos ritmos biológicos como um processo que ocorre periodicamente, ou


seja, a manifestação de um fenômeno biológico com o mesmo período aproximado
de repetição (ASCHOFF, 1965; DUARTE, 2018).
Os primeiros estudos sobre ritmos biológicos em humanos foram desenvolvidos
por Jürgen Aschoff, médico alemão que introduziu a ideia de que mudar o ciclo claro-
escuro de uma pessoa pode resultar em efeitos prejudiciais, como correlações com
doenças mentais (transtornos psiquiátricos e desvantagens de trabalho por turno)
(ASCHOFF, 1965; DAAN, 1998; DAAN, 2000).
Com suas descobertas iniciais sobre o ritmo de 24 horas de variação na
temperatura corporal, Aschoff passou a aprofundar-se nos mecanismos básicos que
controlam a ritmicidade biológica, concluindo que as oscilações circadianas de
processos biológicos eram internas, ou seja, não dependiam de exposição prévia ao
padrão claro-escuro. Além disso, criou o termo zeitgeber (termo alemão que significa
sincronizador) para se referir a sinais ambientais externos que sincronizam um
oscilador endógeno com o ciclo ambiental, além de fundamentar a Regra de Aschoff
(relação entre sincronização por arrastamento e ciclo claro-escuro) (DAAN, 1998;
ASCHOFF, 1965; DAAN, 2000).
Essas manifestações organizam a sequência de eventos orgânicos que
compõem o dia a dia de um organismo, o que conceituamos como organização
temporal interna, a qual é observada mesmo em ritmos biológicos em livre-curso (sob
condições de isolamento temporal, inclusive com a eliminação de sinais temporais do
ambiente, tal como a luz solar – ciclo dia/noite). Os processos biológicos manifestados
em ritmos de livre-curso tendem a exibir períodos maiores que 24 horas (MENNA-
BARRETO; WEY, 2007).
Essa ritmicidade biológica endógena privilegia a comunicação oscilatória entre
diferentes órgãos e sistemas de forma mais difusa e integradora, como ocorre com o
sistema endócrino (MARKUS; BARBOSA JUNIOR; FERREIRA, 2003).
Apesar da origem dos ritmos biológicos ser reconhecidamente endógena, os
seres humanos passam cotidianamente por processos de ajuste de seus ritmos,
através da ação de ciclos ambientais (exógenos) que arrastam nossos sistemas de
17

temporização, processo biológico conhecido como arrastamento e mascaramento.


Em parte, pela capacidade de plasticidade dos sistemas de temporização, podemos
alterar nossa rotina e adaptarmo-nos a mudanças de fuso horário (MENNA-
BARRETO; WEY, 2007).
Ademais, esses ritmos biológicos passam por ajustes fisiológicos, desde a vida
fetal até a velhice, passando pela adolescência, e essa característica mutável também
é verificada na magnitude dos impactos dos ciclos ambientais ao longo da vida
(MENNA-BARRETO; WEY, 2007).
E como forma de controle interno, os genes do relógio biológico atuam na
tradução de proteínas que controlam a ritmicidade biológica do organismo. Essas
proteínas controlam ciclicamente sua própria transcrição gênica pelos mecanismos de
retroalimentação negativa (alça de retroalimentação negativa), onde a proteína
traduzida regula negativamente a transcrição do seu próprio gene e expressando,
assim, uma ritmicidade autossustentada pelos mecanismos básicos em que o efeito
final de uma proteína tem o objetivo de inibir o efeito inicial da sua própria produção
pelo gene (BURGOS, 2015).
Entre as proteínas já encontradas envolvidas na expressão da ritmicidade
biológica de mamíferos, podemos citar: PERIOD1, PERIOD2, PERIOD3, CLOCK,
BMAL1, CRYPTOCHROME1, CRYPTOCHROME2, CASEÍNA QUINASE Iε, REV-
ERBα, REV-ERBβ e ROR. A transcrição dessas proteínas são primariamente dirigidas
pelo heterodímero CLOCK:BMAL1 através de uma cascata de transcrição, a fim de
controlar a expressão rítmica biológica (BURGOS, 2015).
Assim, a base molecular da ritmicidade biológica é constituída pela
concentração fásica dessas diferentes proteínas, levando 24 horas para completar o
conjunto de ciclo de transcrição. Esse arrastamento ou sincronização acontece
diariamente pela informação luminosa do ciclo claro-escuro ambiental, efeito chamado
de ressincronização (BURGOS, 2015).
Em relação à sua classificação, os ritmos biológicos são divididos em:
circadianos (24h±4h), ultradianos (menor que 20h), infradianos (maior que 28h),
circanuais (1 ano), circalunares (período de uma lunação), circasseptanos (1 semana)
e circamarés (12h). Os ritmos circadianos são os mais estudados atualmente, por
seguirem uma frequência relativamente alta e relevância nas investigações das
doenças e processos metabólicos (JANSEN et al., 2007).
18

Dessa forma, os ritmos biológicos são importantes para manter uma


organização temporal do indivíduo: horas para dormir, trabalhar, estudar, alimentar-
se e atividade de lazer, sendo o sono um importante sincronizador entre as variáveis
internas e os ciclos ambientais, além de orientar os organismos para uma maior
eficiência em atividades diurnas (LIMA, 2021).
Outrossim, o principal contribuinte endógeno para a ritmicidade circadiana é o
marcapasso central (relógio biológico): núcleo supraquiasmático (NSQ) localizado na
região encefálica do hipotálamo anterior. Além desse oscilador central, órgãos como
músculo esquelético, fígado, retina, coração e pulmão apresentam osciladores
periféricos de sincronização rítmica circadiana (HASLER; CLARK, 2013; ANJOS,
2020).
O NSQ é influenciado por estímulos exógenos conhecidos como zeitgebers
(agentes sincronizadores) para ajustar ritmicidade interna com o dia de 24horas. O
zeitgeber mais poderoso em humanos é a luz, seguidos pela alimentação, exercícios
físicos e interação social. Este processo de sincronização do tempo interno para
externo é conhecido como entrainment (eventos rítmicos fisiológicos ou
comportamentais coincidindo em período e fase com uma oscilação ambiental).
Assim, a interação dos relógios biológicos e os ciclos ambientais constituem o sistema
de temporização circadiana (STC) (HASLER; CLARK, 2013).
A luz, detectada pela retina dos olhos, é responsável pela regulação de várias
funções comportamentais e fisiológicas, como o ajuste do relógio circadiano (relógio
biológico interno), o qual impulsiona diversas ações metabólicas (produções e
liberações hormonais, especialmente) e o ciclo sono/vigília. Dessa forma, o relógio
circadiano divide o sono para ocorrer em determinado momento do ciclo dia-noite,
equalizado por um mecanismo homeostático que rastreia a necessidade de sono
(LEGATES; FERNANDEZ; HATTAR, 2014).
Assim, a sincronização dos ritmos circadianos com eventos ambientais é
proporcionada por arrastamento, ou seja, o zeitgeber provoca o arrastamento para a
“situação de fase” (marcador endógeno e exógeno com pico de ondas oscilatórias
coincidentes) quando uma resposta fisiológica está “fora de fase” (pico da onda
oscilatória não é no mesmo instante do previsto). Essa diferença (positiva ou negativa)
de pico dos marcadores é expressa em ângulo de fase (atrasado ou adiantado)
(JANSEN et al., 2007).
19

Ademais, os ritmos circadianos têm ajustes transcritos como uma curva sinusal,
onde o período de arrastado é 24h (diferença entre dois picos) e há uma perfeita
sequência de ondas com altos e baixos a cada 12h. Além dessa configuração gráfica
em curva sinusal, alguns marcadores biológicos apresentam seus ritmos circadianos
em formato de ondas quadradas ou pulso único (temperatura e hormônio do
crescimento) (JANSEN et al., 2007).
Além disso, os ritmos circadianos influenciam no desempenho físico esportivo,
onde o platô de desempenho (maior capacidade cardiorrespiratória e força muscular)
ocorre entre 15 e 21h. Esse comportamento fisiológico é fundamental na prescrição,
intervenção e no desempenho de exercícios físicos (MELO et al., 2020).
20

3.2 RITMOS BIOLÓGICOS, SONO E ADOLESCÊNCIA

Definimos o sono como um estado periódico de repouso em que a consciência


entra em inatividade, mas com um sistema complexo e ativo de mecanismos
fisiológicos e comportamentais do sistema nervoso central (SNC), com o objetivo de
desencadear funções homeostáticas (conservação de energia), reposição de
neurotransmissores, remodelagem de sinapse e consolidação da memória (MELO et
al., 2020; BARBOSA, 2019).
O sono tem uma arquitetura peculiar (forma como é descrito graficamente) e
apresenta-se como um processo cíclico comporto por 5 fases ou estágios, os quais
são determinados por variáveis fisiológicas e eletrográficas, sendo as mais
importantes: eletroencefalograma (EEG), eletro-oculograma (EOG) e eletromiograma
(EMO) (MARTINS; MELO; TUFIK, 2001).
As fases ou estágios apresentam-se divididas em: Sono não-REM (NREM -
sem movimento rápido dos olhos) e sono REM (com movimentos rápido dos olhos,
também conhecido como sono paradoxal), iniciando o ciclo com o sono NREM e
finalizando no REM (em média, 90 minutos de duração cada ciclo) e repetições entre
4 a 6 vezes em uma noite (MELO et al., 2020; BARBOSA, 2019).
Quanto à fase NREM, essa é subdividida em 4 estágios: N1, N2, N3 e N4. O
estágio 1 (N1), conhecido como estágio de transição ou meio sono, é caracterizado
por um EEG de baixa amplitude e frequência mista (2 a 7 Hz), EMG alto e EOG com
movimentos oculares lentos. Representa 5% do tempo total de sono (MARTINS;
MELO; TUFIK, 2001).
O estágio 2 do sono NREM (N2), é identificado por episódios de fusos de sono
(ondas de curta duração, 12 a 14Hz, que aumentam e diminuem em amplitude para
produzir uma característica de fuso) e complexos-K (onda com um componente
negativo de alta amplitude seguido imediatamente por um componente positivo mais
lento). Normalmente, representa a maior proporção do sono (45 a 55%) (MARTINS;
MELO; TUFIK, 2001).
Já o estágio 3 NREM (N3) apresenta ondas lentas e alta amplitude, EMG com
baixa atividade e ausência de movimentos oculares, além da ocorrência de sonhos.
O estágio 4 NREM é semelhante ao anterior em relação ao comportamento do EEG,
EMG e EOG, com diferença apenas na quantidade de ondas lentas em 50% a mais
(MARTINS; MELO; TUFIK, 2001).
21

No sono REM, estágio de sono muito profundo, apresenta-se: aumento da


frequência da respiração, batimentos cardíacos, pressão arterial e temperatura
corporal e EEG semelhante à vigília. Apesar dessas respostas fisiológicas, nesta fase
encontra-se diminuição do tônus muscular (atonia muscular, inclusive) e emissão de
sons (MARTINS; MELO; TUFIK, 2001).
Assim, o tempo, a profundidade e a duração do sono são essenciais para a
restauração da função somática geral (restabelecimento físico), recuperação cognitiva
e memória (LE GATES; FERNANDEZ; HATTAR, 2014; HAGENAUER et al., 2009).
A adolescência está associada às modificações fisiológicas e
comportamentais, as quais estão relacionadas às transformações hormonais e no
córtex pré-frontal do cérebro (o cérebro permanece em maturação), sendo que uma
das transformações mais acentuadas está relacionada ao sono, cujos períodos de
dormir e acordar torna-se mais tardios em comparação às outras faixas etárias
(ANJOS, 2020).
Essas modificações nos períodos de dormir e acordar ocorrem em decorrência
do desenvolvimento puberal, onde há um atraso nos ritmos biológicos (os
adolescentes apresentam sonolência mais tardia e necessitam de mais horas de sono,
geralmente), e acentuada com o avançar da idade do adolescente (HAGENAUER et
al., 2009; CROWLEY; ACEBO; CARSKADON, 2007).
Esse retardamento é denominado de Atraso de Fase do Sono, o qual é
agravado por fatores sociais e ambientais (exposição excessiva à luz, telas,
alimentação inadequada, eventos sociais, inatividade física), sendo que a sua
reversão se dá por volta dos 20 anos de idade, o que é um determinante biológico
para o fim da adolescência (HAGENAUER et al., 2009; CROWLEY; ACEBO;
CARSKADON, 2007).
Para o adolescente, a National Sleep Foudation recomenda entre 8 e 10 horas
de sono diárias e o controle dos fatores associados à higiene do sono. Além disso, a
duração habitual do sono no adolescente de curta (menos de 6 horas) ou longa (mais
de 11 horas) duração está associado ao aumento de doenças crônicas,
psicossomáticas e mortalidade, especialmente pelo aumento de marcadores
inflamatórios deletérios (interleucinas) e redução das neurotrofinas (proteínas que
induzem a função dos neurônios: NGF e BDNF, por exemplo) (SILVA JUNIOR, 2020).
Alguns fatores também interferem na qualidade do sono dos adolescentes:
estrato econômico familiar baixo (necessitam iniciar as atividades de trabalho
22

precocemente), faixa etária (o avanço da idade é acompanhado pelo atraso na hora


de dormir, aumento das atividades escolares e exposição à telas após às 20h) e sexo
(as meninas tem piores qualidade de sono que os meninos, especialmente por
velocidade de maturação biológica) (BARBOSA, 2019).
Ademais, há um aumento da sonolência biológica para períodos mais tardios
da noite entre os adolescentes, levando a uma preferência de atividades noturnas
(GUIMARÃES, 2008; CORTEZ, 2014; LOGAN et al., 2018; LIMA, 2021). Então, a hora
de dormir torna-se mais tarde (em média, 2h/noite), especialmente pelos atrasos no
sistema de temporização circadiano e alterações no sistema de regulação
homeostática do sono (atraso na fase de sono), os quais fornecem maior tolerância à
pressão do sono, impactando nos compromissos sociais no início da manhã, na
qualidade do sono pela sua baixa duração e pela sonolência diurna excessiva
(ROCHE et al., 2018; COSTIGAN et al., 2016).
O atraso na fase de sono não é explicado apenas por fatores sociais (exposição
à luz noturnas, imersão em redes sociais, independência social e redução do controle
dos pais sobre o horário de dormir), mas também por fatores fisiológicos. As meninas
apresentam um atraso de fase do sono 1 ano antes que o atraso dos meninos (ou
seja: as meninas apresentam uma transição para o cronotipo vespertino 1 ano antes
que os meninos, aumentado suas preferências por horários noturnos),
coincidentemente com o início do desenvolvimento puberal mais jovem. Esse atraso
de fase do sono em perídios cronológicos diferentes (1 ano) entre meninas e meninos
está correlacionando com o desenvolvimento sexual secundário das meninas
(crescimento das mamas, presença de pelos pubianos e axilares, alargamento da
cintura pélvica) ser anterior ao desenvolvimento sexual secundário dos meninos
(crescimento de pelos pelo corpo, aumento da massa muscular) (HAGENAUER et al.,
2009; CROWLEY; ACEBO; CARSKADON, 2007).
Outros fatores fisiológicos para o atraso de fase estão relacionados a um
componente endógeno primário: impulso homeostático, o qual é pertinente com a
pressão do sono aumentada com o tempo de vigília. Em adolescentes pós-púberes,
há uma maior resistência ao impulso homeostático devido ao desenvolvimento
puberal, ou seja: os adolescentes resistem mais ao sono, possibilitando-os ficar
acordado até mais tarde e dormir mais pela manhã. Além disso, esses adolescentes
pós-púberes apresentam um acúmulo mais vagaroso de atividades de ondas lentas
23

(marcador eletroencefalográfico de impulso homeostático do sono) (HAGENAUER et


al., 2009; CROWLEY; ACEBO; CARSKADON, 2007).
Nessa perspectiva, soma-se, também, às implicações fisiológicas para o atraso
de fase o contexto de que ela se origine de mudanças no sistema de temporização
que são desencadeadas por aumento da produção hormonal (luteinizante, folículo-
estimulante, testosterona, estrogênio e hormônio do crescimento) associadas à
puberdade, sendo que essas mudanças alteram a velocidade de funcionamento do
núcleo supraquiasmático (NSQ), o qual sofre uma redução, resultando em um período
endógeno (ritmos circadianos gerados endogenamente) mais longo (HAGENAUER et
al., 2009; CROWLEY; ACEBO; CARSKADON, 2007).
Assim, os ritmos endógenos devem ser sincronizados por sinais de tempo
(como a luz) através de dois mecanismos: arrastamento discreto (exposição à luz pela
manhã) e arrastamento contínuo (mecanismos contínuos de sincronização, como o
relógio biológico). Também, o período desses ritmos endógenos em adolescentes é
mais alongado (24,27h) em comparação aos adultos (24,12h), fazendo com que a
saída rítmica do marcapasso circadiano atrase em relação ao ciclo da luz
(HAGENAUER et al., 2009; CROWLEY; ACEBO; CARSKADON, 2007).
Um outro determinante biológico para a preferência do horário de sono/vigília é
o cronotipo (perfil cronobiológico ou tipologia circadiana), o qual é a expressão da
ritmicidade circadiana em um indivíduo (horários de vigília e sono com preferências
diferentes), sendo divididos em: matutinos (preferência para dormir até as 22h e
acordar às 6h, em média), vespertinos (preferência para dormir à meia-noite e acordar
às 9h, em média) e intermediários ou indiferentes (horários intermediários e flexíveis)
(MELO et al., 2020; VITALE et al., 2017).
Os horários de pico das variáveis psicofisiológicos também são diferentes, haja
vista que os matutinos mostram picos anteriores em relação aos vespertinos (MELO
et al., 2020; VITALE et al., 2017).
Os estudos demonstram que a puberdade influencia o status puberal
(aumentam do percentual de gordura), o qual está relacionado com a mudança do
cronotipo para vespertino, acarretando pontos negativos para a saúde física e mental,
especialmente pelo aumento dos sintomas da ansiedade e início de episódios
depressivos em indivíduos com baixa duração de sono (TOUITOU; TOUITOU;
REINBERG, 2016; CARSKADON, 2011) e com uma menor qualidade do sono (MELO
et al., 2020).
24

Para esses adolescentes com cronotipo vespertino, o fim de semana é o


momento para retomar seu tempo de sono-vigília preferido (dormir e acordar em
horários e quantidades da sua preferência), o que provoca, consequentemente, mais
atrasos em seu tempo interno (ritmo circadiano). A extensão da diferença entre o
horário de sono-vigília do dia da semana (período escolar) e do fim de semana
(período sem atividades escolares), portanto, serve como um ligação para o
agravamento do grau de desalinhamento circadiano (HASLER; CLARK, 2013).
Além disso, a classificação de cronotipo é preditora de desempenho escolar,
especialmente pela sua influência nos fatores de aprendizagem, motivação, humor e
alerta, pois adolescentes de cronotipo matutino, independente do turno de estudo,
apresentam ritmos sociais mais regulares e menores consumo de álcool. Ademais,
existe um melhor desempenho acadêmico quando o adolescente faz teste escolar na
hora preferida do dia de acordo com o cronótipo (PRECKEL et al., 2019).
Outro fator que interfere no sono do adolescente é o uso de dispositivos
eletrônicos emissores de luz, especialmente próximo ao horário de dormir, haja vista
que intervém na fisiologia do sono o qual diminui na liberação do hormônio melatonina
pela glândula pineal prejudicando a indução do sono. Para isso, há uma relação
diretamente proporcional entre a quantidade de uso desses dispositivos e múltiplos
desfechos negativos: maior sonolência diurna, maior latência do sono, quantidade
inadequada de sono, menor duração do sono, atrasos na hora de dormir, interrupção
do sono pelos dispositivos a noite (TOUITOU; TOUITOU; REINBERG, 2016;
CARSKADON, 2011).
Esse uso de dispositivos eletrônicos influencia na mudança da sensibilidade do
Núcleo Supraquiasmático (NQS) à luz, pois os estímulos luminosos entre o pôr-do-sol
e o final da noite atrasam os ritmos circadianos. Diferentemente dessa ação, os
estímulos luminosos nas primeiras horas da manhã avançam esses ritmos
(HAGENAUER et al., 2009; CROWLEY; ACEBO; CARSKADON, 2007; BARBOSA,
2019).
Sendo assim, o corpo do adolescente está susceptível a atrasos devido a um
aumento da sensibilidade do sistema de temporização à luz no início da noite e uma
sensibilidade reduzida no início da manhã, pois as atividades sociais noturnas
favorecem a exposição à luz nos momentos de resposta do NQS, promovendo um
retardo nos ritmos biológicos e, consequentemente, retardando o despertar. Esse
despertar atrasado diminui a exposição à luz nas primeiras horas da manhã, o que
25

contribui, ainda mais, para o atraso dos ritmos biológicos dos adolescentes
(TOUITOU; TOUITOU; REINBERG, 2016; CARSKADON, 2011).
Da mesma forma, impulsionado pelos horários escolares antecipados pela
manhã (acordar antes das 6h) e latência noturna de sono (dormir após às 23h), os
adolescentes tendem a ter uma duração reduzida do sono, aumento da sonolência
diurna e aumento dos distúrbios do sono. Embora a duração do sono diminua, a
necessidade de sono, isto é, a quantidade de sono necessária para garantir o máximo
estado de alerta e desempenho, tende a aumentar. Assim, a grande maioria (71%)
dos alunos do ensino médio dorme menos de 8 horas por noite e 44% dormem menos
de 6 horas por noite (LOGAN et al., 2018).
Esses horários antecipados de início das aulas com a avançar da adolescência,
especialmente nos primeiros dias de aula, estão relacionados com privação do sono
significativa e sonolência diurna, especialmente porque o sistema regulador que
controla o sono (sistema de temporização circadiano) limita a capacidade do
adolescente realizar ajustes em decorrência do distúrbio de atraso de fase do sono
(CARSKADON, 2011; CARSKADON et al., 1998).
A diminuição da eficiência do sono e o aumento da sua perturbação estão
relacionados com o atraso de fase, agravados pelos horários de início da escola
durante a semana (normalmente mais cedo no ensino médio do que no ensino
fundamental ou infantil), resultando em agravamento do desalinhamento circadiano e
perda de sono (LOGAN et al., 2018).
Nos fins de semana, os adolescentes tendem a ficar acordados até mais tarde,
dormindo muito nesses dias para compensar o sono perdido. Esse excesso no fim de
semana aumenta, por sua vez, o atraso de fase do relógio circadiano, tornando, dessa
forma, difícil o acordar na manhã seguinte. Mudanças do tempo de sono entre os dias
da semana e final de semana são frequentemente chamadas de jet lag social, um
termo que caracteriza adequadamente o ciclo vicioso de desalinhamento circadiano,
distúrbios e perda de sono (LOGAN et al., 2018).
Como forma de identificar os possíveis fatores sociais envolvidos nessa
expressão de ritmicidade biológica em adolescentes, um estudo com adolescentes
rurais da mesma comunidade (matriculados na mesma escola), onde alguns não
dispunham de energia elétrica em casa, identificou que o acesso à energia elétrica
residencial está relacionado ao dormir mais tarde em comparação aos que não
possuíam tal acesso. Isso evidencia a influência de fatores sociais sobre a magnitude
26

do atraso de fase, aumentando ainda mais a sensibilidade a esses estímulos com o


avanço da maturação puberal e, consequentemente, aumentando a privação do sono
(sonolência diurna excessiva) em dias letivos (MARTINS; MELO; TUFIK, 2001).
Além do atraso de fase do sono (transtorno do ritmo circadiano), outros
transtornos de sono estão presentes na adolescência, tais como: sonolência diurna
excessiva (incapacidade de se mantes acordado e alerta durante os principais
períodos de vigília do dia), insônias (dificuldade de iniciar o sono ou manter o sono) e
as parassonias (experiências que ocorrem durante a transição do ciclo vigília-sono ou
no despertar inicial) (CARSKADON, 2011; CARSKADON et al., 1998).
Então, para se reduzir o agravamento do atraso de fase do sono na
adolescência, bem como seus efeitos deletérios para a saúde, é fundamental a prática
de exercícios físicos diários (≥60 minutos de atividades físicas moderadas),
especialmente no ambiente escolar, e hábitos de higiene do sono.
27

3.3 EXERCÍCIO FÍSICO E SONO EM ADOLESCENTES

Atualmente, programas de exercícios físicos são recomendados como


intervenção não-farmacológica para a melhoria da qualidade do sono, especialmente
pela promoção da saúde (redução das doenças: psicossomáticas, metabólicas e
cardiovasculares) e aumento da longevidade (MARTINS; MELO; TUFIK, 2001).
Para adolescentes, os quais são acometidos da desregulação do ciclo
sono/vigília (distúrbio de atraso da fase do sono), os programas de atividade física são
essenciais para reduzir o efeito do atraso de fase, pois diminuem: a sonolência diurna
excessiva, o impulso homeostático (os adolescentes ficam mais sensíveis ao sono,
ou seja, resistem menos à vigília prolongada) e o índice de depressão e ansiedade
(haja vista que os estudos demonstram que distúrbios do sono estão diretamente
correlacionados com ansiedade e depressão) (DOLEZAL et al., 2017; BRAND et al.,
2010; MERIKANTO et al., 2020; RICHARDSON et al., 2017; HAGENAUER et al.,
2009; CROWLEY; ACEBO; CARSKADON, 2007).
Ademais, programas de treinamento físico aumentam a eficiência e
continuidade do sono em adolescentes porque diminuem o sono muito leve (estágio
NREM-N1) e aumentam o sono profundo de ondas lentas (REM) (DOLEZAL et al.,
2017).
Além disso, as intervenções com exercícios físicos devem ser mais
incentivadas entre adolescentes do cronotipo vespertino, haja vista que esses são
acometidos de uma maior redução do nível de atividade física quando comparados
com seus pares de cronotipo matutino. Em relação ao sexo, meninos vespertinos
apresentam a maior redução de atividade física (do período pré-adolescência à fase
final da adolescência) (MERIKANTO et al., 2020).
Esse efeito regulador do exercício físico no sono é evidente inclusive em
adolescentes atletas (±7,69h de exercício físico/semana), os quais apresentam
melhores padrões de sono em comparação com adolescentes não atletas (±4,69h de
exercício físico/semana) (BRAND et al., 2010)
Porém, um baixo nível de atividade física e a privação de sono no adolescente
(menos de 8h de sono/semana) altera o funcionamento de várias regiões do sistema
nervoso central, incluindo o córtex pré-frontal. Essa região do cérebro está associada
ao julgamento e ao processo de tomada de decisão. Assim, essa privação promove
alterações no humor, exacerbando sintomas de distúrbios psiquiátricos (depressão,
28

ansiedade), e causa alterações metabólicas que aumentam a fome e,


consequentemente, a massa corporal. Esse é um gatilho para o surgimento da
obesidade entre populações adolescentes, bem como aumento do sedentarismo e
diminuição do nível de atividade física com consequente redução da aptidão
cardiorrespiratória (MELO et al., 2020; SOUSA JUNIOR et al., 2020).
Nesse sentido, o exercício físico tem demonstrado, em adolescentes, ser um
forte sinal não fótico, capaz de ajustar os ritmos circadiano (atraso de fase) gerados
por exposição inadequada à luz padrões, distúrbios do sono, maus hábitos
alimentares e outros desalinhamentos circadianos (MELO et al., 2020).
O comportamento sedentário, associado ao tempo excessivo exposto a telas,
tem influência nociva sobre a saúde do sono, especificamente pela exposição a luz
brilhante, a qual gera excitação fisiológica por conteúdos emocionais, atraso no ritmo
circadiano e supressão de melatonina (KIM et al., 2020; ROCHE et al., 2018; SILVA
JUNIOR, 2020).
Em uma investigação com adolescentes que tratou do efeito do treinamento
funcional aeróbico (com frequência de duas vezes/semana) sobre a qualidade do sono
e sonolência diurna, comprovou-se que esse treinamento é capaz de melhorar essa
qualidade entre os investigados do sexo masculino, além de reduzir a disfunção diurna
(sonolência diurna) entre participantes do sexo feminino após seis semanas de
treinamento físico funcional aeróbico. Além disso, foi encontrada uma correlação
negativa entre qualidade do sono e nível de depressão (SOUSA JUNIOR et al., 2020).
Por isso, exercícios físicos são considerados importantes para manutenção da
saúde geral desses adolescentes, ainda mais quando abordados sob contexto
patológico como quadro de obesidade e distúrbios do sono (MENDELSON et al.,
2015; KIM et al., 2020; SOUSA JUNIOR et al., 2020).
Além disso, o treinamento físico é um tratamento não farmacológico para
doenças ou distúrbios do sono, especialmente quando existe apneia obstrutiva do
sono (AOS) entre adolescentes com obesidade (redução do índice de AOS, melhora
da qualidade geral do sono, redução da sonolência diurna e do índice de massa
corporal) (MENDELSON et al., 2015; ROCHE et al., 2018).
Outra pesquisa com adolescentes (meninos e meninas) investigou o efeito do
exercício físico aeróbico ao ar livre por 2 (duas) semanas (30 minutos em cada sessão,
2X/semana) no ciclo sono-vigília (investigado pelo Diário de Sono e a Escala de
Sonolência de Karolinska), onde não se obtiveram relação entre as variáveis
29

investigadas (exercício físico, horário de acordar, qualidade do sono e sonolência),


especialmente devido à grade irregularidade do ciclo sono-vigília e da baixa
frequência e duração das sessões de exercício físico (LOFRANO-PRADO et al..,
2012).
Já um estudo que investigou o efeito do exercício físico aeróbico na qualidade
do sono com adolescentes (homens e mulheres), o grupo que fez exercício físico
aeróbico por 3 semanas (corrida 3x/semana) melhorou objetivamente o sono (avaliado
por eletroencefalograma) em comparação com grupo controle (sem prática de
treinamento físico sistematizado), além de diminuir a latência do sono, e a sonolência
diurna (KALAK et al., 2012).
Soma-se, também, outra investigação com adolescentes obesos submetidos a
treinamento físico (aeróbico e resistência) por 12 (doze) semanas, com acumulado de
180 minutos semanais, evidenciou aumento da duração do sono e eficiência do sono
(mensurado por Polissonografia), além do aumento do nível de atividade física diário
(aumento de MET’s diários) (MENDELSON et al., 2015).
E, como forma de acompanhar por mais tempo o efeito do treinamento físico
nos parâmetros do sono, um estudo com adolescentes obesos com intervenção de
exercícios físicos aeróbicos por 36 (trinta e seis) semanas, avaliou a relação entre
qualidade do sono (duração do sono e apneia obstrutiva do sono, avaliados por
polissonografia) e aptidão cardiorrespiratória (avaliada por teste de esforço máximo
incremental), onde resultou em diminuição de peso corporal, melhora da aptidão
cardiorrespiratória, aumento da duração do sono e modificação da arquitetura do sono
(aumento da fase do movimento rápido dos olhos e diminuição do estágio N3)
(ROCHE et al.., 2018).
Sendo assim, o exercício físico evidencia-se como um importante regulador do
sistema circadiano (sistema responsável pelo controle de diversas ações/respostas
do organismo, especialmente liberação de hormônios), por meio de modificação
temporal entre o organismo e meio ambiente, sincronizando os osciladores biológicos
(ROCHE et al., 2018; CARTER et al., 2015).
Assim, o exercício físico (atividade física sistematizada) funciona como um
higienizador natural do sono através de aspectos biológicos envolvendo conservação
de energia, restituição de tecidos corporais e regulação da temperatura (KIM et al.,
2020; CESPEDES et al., 2018).
30

Para isso, níveis recomendados de atividade física (um dia fisicamente ativo
com menos exposição à telas) e sono (entre 8-9 horas) são componentes
indispensáveis para manutenção de um estilo de vida saudável na juventude (ROCHE
et al., 2018). Isso se justifica porque o inadequado tempo de sono está relacionado ao
aumento do índice de massa corporal (IMC) e aumento da ingestão calórica, os quais
aumentam do risco de doenças cardiovasculares (CESPEDES et al., 2018; CARTER
et al., 2015).
Assim, alterações na quantidade e qualidade do sono, sonolência diurna e
fadiga são o motivo para a diminuição do nível de atividade física em adolescentes
obesas. Neste sentido, um programa de treinamento físico durante 12 semanas (180
min/sem) afeta a qualidade do sono e nível de atividade física espontânea em obesos
adolescentes (KIM et al., 2020; COSTIGAN et al., 2016).
31

3.4 ANSIEDADE, DEPRESSÃO, SONO E EXERCÍCIO FÍSICO EM ADOLESCENTES

A ansiedade é uma doença psiquiátrica caracterizada pela preocupação


excessiva ou constante no tempo futuro e permeada pelo pensamento negativo de
que algo negativo irá acontecer, podendo ser somatizada (manifestação de sintomas
físicos) por sudorese, arritmias cardíacas e distúrbios do sono (CHAWLA et al., 2021;
BECKER et al., 2017; LOADES et al., 2020; STIGLIC; VINER, 2019).
Atualmente, cerca de 3,6% dos adolescentes mundialmente estão com
diagnóstico de transtorno de ansiedade. Já no Brasil, esse índice está em 5,8%, sendo
que os principais tipos de ansiedade que acometem os adolescentes são: transtorno
de ansiedade de separação, transtorno de ansiedade social (fobia social), transtornos
do pânico e perturbações de ansiedade generalizada. Assim, uma das estratégias
para se reduzir a ansiedade é a ação através de programas de intervenção no
ambiente escolar (programas de exercícios físicos, ações de higiene do sono, início
mais tardio das aulas matinais) (FEISS et al., 2019; MARTINS; CUNHA, 2021).
Em tempos de isolamento social, como o vivenciado pela Pandemia do COVID-
19, os sintomas de agravamento da ansiedade entre adolescentes foram
correlacionados com aumento do uso de telas/internet, redução nas atividades físicas
e redução da qualidade do sono (em especial, aumento da latência e interrupção do
sono) (CHAWLA et al., 2021; STIGLIC; VINER, 2019).
Assim, vários estudos têm demonstrado a alta relação dos problemas do sono
na psicopatologia do adolescente, especialmente na ansiedade, o que indica o papel
fundamental do sono na saúde mental dos adolescentes (OGAWA et al., 2018;
SOUSA JUNIOR et al., 2020; DOPP et al., 2012; CARTER et al., 2015; COSTIGAN et
al., 2016; PUTRA; WASITA; ANANTANYU, 2018).
No adolescente, além de se investigar a média de duração de sono como
ferramenta de monitoramento e predição da ansiedade, deve-se investigar a
variabilidade intraindividual (VII) dos padrões de sono e vigília, ou seja: variações
regulares diárias nos padrões de sono (noite após noite) de um mesmo sujeito, a qual
é impulsionada pela rápida maturação biológica e demandas ambientais complexas
(início das aulas às 7h30min, exposição a redes sociais, acesso a telas à noite)
(BECKER et al., 2017).
Destaca-se, também, que a ansiedade, quando associada com a insônia, deixa
os adolescentes em estado de vigília e alerta, com pensamentos que o impedem de
32

dormir, haja vista que os distúrbios do sono podem estar correlacionados com
problemas emocionais e comportamentais, sendo a ansiedade uma preocupação
excessiva que pode gerar medo e nervosismo nos adolescentes, situação essa
agravada quando associada com fatores estressantes ou uso de fármacos
(NABKASORN et al., 2005; DOPP et al., 2012).
Nessa perspectiva, a prática de exercício físico desempenha um papel
fundamental sobre a saúde mental e aptidão física, especialmente pela melhora na
capacidade cardiorrespiratória e nos níveis de ansiedade (STELLA et al., 2005; DOPP
et al., 2012; LOFRANO-PRADO et al., 2012).
Quanto ao efeito do exercício físico aeróbico nos níveis de ansiedade e
depressão, uma pesquisa cuja intervenção foram de 2 (duas) semanas com
treinamento aeróbico (caminhada de 1,6 km) durante todos os dias da semana entre
adolescentes do sexo feminino, mostrou-se eficaz na redução dos escores de
depressão (avaliada pelo Inventário de Depressão de Beck – BDI-II) (PUTRA;
WASITA; ANANTANYU, 2018).
Em relação à depressão, esse é um transtorno mental comum entre
adolescentes, tendo uma prevalência mundial diagnosticada de 4,4% e no Brasil de
5,1% (quinto país mais depressivo) (ZHOU et al., 2020).
Etiologicamente, a depressão é diagnosticada através da presença de sintomas
dos transtornos de humor ou afetivos, cuja distinção entre uma depressão maior ou
reação de adaptação depressiva dá-se pela presença ou não de diversos sintomas
(humor deprimido, irritabilidade, ideação suicida, baixa auto estima, sentimento de
culpa), existindo 29 subdivisões para esse transtorno. Entre adolescentes, os tipos de
depressão mais comum são: transtorno depressivo de conduta e episódio depressivo
maior, os quais são diagnosticados de acordo com o quantitativo dos sintomas
descritos acima (ZHOU et al., 2020; NABKASORN et al., 2005; MAIA; SOUSA;
AZEVEDO, 2011; LOFRANO-PRADO et al., 2012).
Um dos achados epidemiológicos bem evidentes em estudos da depressão e
ansiedade mostrou que as meninas têm maior prevalência de sintomas em
comparação a meninos, além da concomitância entre aumento dos níveis de
depressão e transformações hormonais, físicas, psicológicas e comportamentais da
puberdade (ZHOU et al., 2020; NABKASORN et al., 2005; MAIA; SOUSA; AZEVEDO,
2011; LOFRANO-PRADO et al., 2012).
33

Fisiologicamente, as meninas são mais susceptíveis aos transtornos de humor


ou afetivos, os quais desencadeiam a depressão, especialmente pelos seguintes
mecanismos biológicos: maior susceptibilidade a processos inflamatórios
generalizados, os quais diminuem a sensibilidade de recompensa pelo cérebro
(conjunto de estruturas morfológicas encefálicas que captam e promovem a sensação
do prazer, sendo essas estruturas inibidas nos transtornos de depressão); e os ciclos
hormonais dos períodos menstruais que acometem as mulheres através do humor
deprimido e baixa auto estima (ciclo do estrogênio) (ZHOU et al., 2020; MONTEIRO;
LAGES, 2007; NABKASORN et al., 2005; MAIA; SOUSA; AZEVEDO, 2011;
LOFRANO-PRADO et al., 2012).
Ao mesmo tempo, outros estudos demostram que o sono insuficiente está
associado a um deletério equilíbrio emocional entre adolescentes sem distúrbios
psiquiátricos diagnosticados, ou seja, menos sono está associado a mais sintomas
depressivos, sentimentos de desesperança e maior ansiedade (NABKASORN et al.,
2005; MAIA; SOUSA; AZEVEDO, 2011; LOFRANO-PRADO et al., 2012).
Soma-se a isso o fato de que a qualidade ruim do sono está associada a menos
horas de sono nas noites escolares (período de aula, exceto feriados, finais de
semana e férias), além da diminuição do estado de alerta diurno e mais humor
deprimido. Um atraso na fase do sono (sentir-se sonolento mais tarde em comparação
com outras faixas etárias) está associado com níveis mais altos de depressão
(STELLA et al., 2005; DOPP et al., 2012; COSTIGAN et al., 2016).
Assim, em indivíduos com depressão, há uma diminuição acentuada no sono
de ondas lentas, diminuição da latência para o sono REM e um aumento na densidade
dos episódios REM. Além dos distúrbios do sono, a interrupção de outros ritmos
circadianos, como alterações nas flutuações rítmicas diárias dos hormônios (incluindo
melatonina e cortisol), também é evidente nos transtornos de humor (LE GATES;
FERNANDEZ; HATTAR, 2014).
Outra condição importante a ser considerada é o comportamento ativo (300
minutos de atividade física moderada ou vigorosa por semana) do adolescente com
depressão durante o tratamento, haja vista que a prática de exercício físico reduz o
agravamento da doença. Isso comprovou-se com um estudo de 6 (seis) semanas de
intervenção com exercício físico (treinamento físico em intensidade
preferencial/circuito aeróbico e de fortalecimento), onde os adolescentes que
passaram por essas sessões de exercício físico reduziram os sintomas depressivos
34

avaliados pela Escala de Children's Depression Inventory-2/CDI-2 (CARTER et al.,


2015).
No entanto, uma intervenção com treinamento funcional por 6 (seis) semanas
(2x/semana) com adolescentes (meninos e meninas) não foi suficiente para melhorar
a ansiedade e depressão (investigada pelos Inventário de Ansiedade Depressão de
Beck – BAI e BDI) (SOUSA JUNIOR et al., 2020).
Já, intervenções com exercício físico aeróbico (50 minutos de exercício
físico/corrida de intensidade leve, 3 vezes/semana) por 8 (oito) semanas, realizados
com adolescentes do sexo feminino, demonstrou o efeito positivo do exercício físico
na depressão medida pela Escala do Centro de Estudo Epidemiológico de Depressão
– CES-D, onde os indivíduos que participaram da intervenção melhoraram o estado
depressivo, especificamente quando comparados com adolescentes que praticavam
atividades físicas habituais (grupo controle) (NABKASORN et al., 2005).
Em outra intervenção com exercício físico por 8 (oito) semanas (3X/semana)
entre adolescentes, houveram pequenos efeitos no bem-estar psicológico analisado
com a Escala de Florescimento tanto naqueles que participaram de Programas de
Resistência e Aeróbica como naqueles que participaram do Programa de Atividade
Aeróbica, diferente do que ocorreu quanto ao estresse psicológico, o qual não foram
evidenciadas mudanças (COSTIGAN et al., 2016).
Em relação à intensidade do exercício físico aeróbico, intervenções entre 70 a
80% da zona de treinamento (baseada no consumo máximo de oxigênio) por períodos
de 120 dias, aproximadamente, são eficazes no tratamento da depressão entre
adolescentes, mesmo os diagnosticados com depressão grave (clinicamente) e/ou
com tratamento médico psiquiátrico (internados ou não) (DOPP et al., 2012; CARTER
et al., 2015).
Quando se aumenta a intervenção para 12 semanas de exercício aeróbico
(exercícios supervisionados e independentes), adolescentes com depressão
avaliadas pela Children's Depression Rating Scale/CDRS-R e pelo Quick Inventory of
Depressive Symptomatology/QIDS tiveram diminuição significativa de sintomas
depressivos e aumento no nível de atividade física, evidenciando o poder do exercício
físico no tratamento dos transtornos depressivos entre adolescentes (DOPP et al.,
2012).
Outros distúrbios do sono, como a sonolência diurna excessiva (SDE), além de
estar relacionada a fatores pertinentes ao sono, está associada ao baixo nível de
35

atividade física e à presença de depressão, especialmente favorecidos pelos


atividades sociais e hábitos de vida da sociedade em geral (favorecimento dos
adolescentes por horários noturnos e início das aulas cada vez mais cedo)
(BARBOSA, 2019).
36

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 PARTICIPANTES

Finalizaram o estudo 34 adolescentes fisicamente inativos com idade entre 14


e 17 anos (15,35±0,6), regularmente matriculados em uma instituição de ensino
pública (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí/Teresina,
Brasil), sendo 23 meninos com média de idade de 15,3±0,5 e 11 meninas com média
de idade de 15,4±0,8 (ver fluxograma 01 – Seleção Amostral).

Fluxograma 1 – Fluxograma de Seleção Amostral

Adolescentes Selecionados
N = 1.132 Excluídos
N = 537
Critérios do Estudo
não preencheram o Termo de
Consentimento (n = 382)
não preencheram o Termo de
Assentimento (n = 155)
Critérios do Estudo preenchidos
N = 595
Excluídos
N = 443
Critérios do Estudo
não preencheram o
Anamnese/BAI/BDI/PSQI (n = 327)
não realizaram a Avaliação Antropométrica
Critérios do Estudo preenchidos (n = 116)
N = 152

Excluídos
N = 37
Critérios do Estudo
não realizaram a avaliação
cardiorrespiratória
Critérios do Estudo preenchidos
N = 115

Excluídos
N = 81
Critérios do Estudo
desistiram (n = 23)
faltaram ao programas de treinamento
Completaram todo o Protocolo do Estudo funcional (n = 58 )
N = 34
37

Todos os participantes foram informados detalhadamente sobre o protocolo do


estudo, os potenciais riscos e benefícios e, antes de participar do estudo, os pais ou
responsáveis assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido para que a
participação do adolescente atendesse aos critérios do Comitê de Ética em Pesquisa
com Seres Humanos da Universidade Católica de Brasília (aprovado com CAAE:
94728218.2.0000.0029).
A coleta de dados quanto e a intervenção com treinamento funcional foram
realizadas no período de outubro a novembro de 2019 durante as aulas regulares de
Educação Física. Todos os alunos do IFPI/Teresina possuem 1 aula semanal de
Educação Física Escolar, sendo que, para essa pesquisa, aumentou-se para 2 aulas
semanais ministradas pelo mesmo professor/pesquisador e em ambiente exclusivo
(ginásio esportivo).
Os critérios de inclusão do estudo foram: ter entre 14 e 17 anos, sexo masculino
e feminino e estar no parâmetro de inatividade física segundo os critérios do
questionário Internacional de Atividade Física – IPAQ (anexo 01) (LUCIANO et al.,
2016). Os critérios de exclusão foram não comparecimento em qualquer uma das
etapas e avaliações do presente estudo e apresentar qualquer tipo de doença ou lesão
física no período do estudo.
Foram incluídos no estudo apenas participantes que passaram no teste de
anamnese e que não possuíam doenças cardíacas ou qualquer tipo de enfermidade
que os impedissem de realizar qualquer etapa do estudo. Além disso, os participantes
fumantes, grávidas, sob uso de medicamento de qualquer natureza e obesos
(seguindo os pontos de corte internacionais para índice de massa corporal para
sobrepeso e obesidade por sexo entre adolescentes) (COLE et al., 2000) não
participaram desse estudo.
Além disso, os adolescentes concordaram em participar de todas as etapas do
estudo, apresentando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
assinado pelos pais ou responsável (anexo 02), além do Termo de Assentimento para
Menores de Idade assinado pelo próprio adolescente (anexo 03).
38

4.2 PROTOCOLO DA PESQUISA

Essa pesquisa experimental consistiu em duas etapas de coleta de dados,


conforme fluxograma 02. Na primeira etapa do pré-treinamento, os participantes, após
entregar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e Termo de
Assentimento para Menores de Idade, foram submetidos à Anamneses de Saúde com
perguntas acerca do histórico pessoal e familiar de saúde que objetivou caracterizar
os participantes, bem como identificar possíveis alterações fisiológicas que impediriam
a participação do mesmo no estudo, e Avaliação Antropométrica (medida da massa
corporal, peso e estatura).

Fluxograma 2 – Protocolo da pesquisa

ETAPA PRÉ- ETAPA PÓS-


TREINAMENTO TREINAMENTO

Avaliação Avaliação
Cardiorrespiratória Cardiorrespiratória

TCLE, Avaliação IPAQ


Antropométrica BAI
Anamnese, Programa de Treinamento Funcional BDI
IPAQ, BAI, BDI, PSQI
Semana 2
Semana 1

Semana 3

Semana 4

Semana 5

Semana 6

PSQI

Além disso, os adolescentes responderam os seguintes questionários:


Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), Inventário de Depressão Infantil (BDI) e
questionário de avaliação do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburg (PSQI). Um
teste de corrida de Vai-e-vem de 20 metros de Léger (LEGER et al.,1988) para estimar
o VO2máx foi realizado em todos os participantes antes do programa de treinamento
funcional (GOMES et al., 2017; DUARTE; DUARTE, 2001).
Após participarem do Programa de Exercícios Físicos (Programa de
Treinamento Funcional de Seis Semanas), ocorreu a segunda etapa dessa pesquisa
39

experimental, onde todos os participantes foram submetidos novamente aos mesmos


procedimentos com questionários (BAI, BDI, PSQI), avaliação antropométrica e teste
de corrida de Vai-e-vem de 20 metros de Léger.
40

4.3 ANAMNESE E EXAME ANTROPOMÉTRICO

Os participantes foram submetidos a um exame de anamnese (anexo 04) para


investigação do histórico pessoal e familiar de saúde objetivando identificar qualquer
doença cardíaca ou outra doença, além de deficiências físicas ou neurológica que o
impedissem de realizar os testes físicos e participar do programa de treinamento.
A massa corporal foi medida com uma balança analógica portátil (InBody 230)
e a altura foi medida com um estadiômetro em pé (Cescorf), seguindo as
padronizações de Silva et al. (2008). O índice de massa corporal (IMC) foi calculado
por: peso corporal (em quilogramas) dividido pelo quadrado da estatura (em metros),
e analisado com base nos pontos de corte relatados por Cole et al. (2000) (anexo 05).
41

4.4 QUESTIONÁRIOS

O questionário BDI (Inventário de Depressão de Beck – anexo 06) consiste em


21 conjuntos de afirmações sobre sintomas depressivos dos últimos 15 dias que são
classificados em uma escala ordinal de 0–3, produzindo pontuações totais que variam
de 0 a 63. Os limites sugeridos para os níveis de gravidade foram os seguintes: 0–11
(depressão mínima/sem depressão), 12–19 (depressão leve) 20–35 (depressão
moderada) e 36-63 (depressão severa). Este questionário foi aplicado com supervisão
do setor de psicologia do IFPI (Teresina) e apresenta um Cronbach ά de 0,86 (GOMES
et al., 2017).
Em relação à escala BAI (Inventário de Ansiedade de Beck – anexo 07) é um
instrumento composto por 21 itens que têm como objetivo mensurar a gravidade dos
sintomas de ansiedade e o indivíduo deve apontar, em uma escala de quatro pontos,
o nível de gravidade dos sintomas com um ά de Cronbach de 0,90. A pontuação total
varia de 0 a 63 e permite verificar o nível de intensidade da ansiedade. A classificação
descrita no manual recomenda que o nível de ansiedade seja classificado como
mínimo (0–10), leve (11–19), moderado (20–30) ou grave (31–63) (GOMES et al.,
2017). Também foi aplicado com supervisão do setor de psicologia do IFPI (Teresina).
Além disso, o BAI e o BDI fornecem quatro categorias de pontuações de
gravidade rotuladas como "mínimas", "leves", "moderadas" ou "graves", e essas
classificações são úteis para a estimativa da gravidade dos sintomas e do risco no
desenvolvimento do presente modelo experimental. Ademais, como esses
instrumentos são utilizados como instrumentos de triagem e não para fins
diagnósticos, eles foram adequados para medir os níveis clínicos de ansiedade e
depressão. Intervalos leves a moderados foram usados como critérios para identificar
os níveis clínicos na amostra populacional atual.
O PSQI (Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh – anexo 08), desenvolvido
por Buysse et al. (1989) e adaptado no Brasil por adolescentes por Passos et al.
(2017), é um questionário de autorrelato que avalia a qualidade do sono em um
intervalo de tempo de 1 mês com um Cronbach ά de 0,71. A medida consiste em 19
itens individuais, criando 7 componentes (qualidade subjetiva do sono, latência do
sono, duração do sono, eficiência habitual do sono, distúrbios do sono, uso de
medicação para dormir e disfunção diurna) que produzem um escore global. A soma
dos valores atribuídos aos sete componentes varia de zero a vinte e um no escore
42

total do questionário indicando que quanto maior o número, pior a qualidade do sono.
Os valores de corte e significados classificatórios estão entre 0 e 4 pontos (boa
qualidade do sono), entre 5 e 10 pontos (má qualidade do sono) e entre 11 e 21 pontos
(presença de distúrbio do sono) (PASSOS et al., 2017).
43

4.5 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA

A aptidão cardiorrespiratória foi avaliada com o teste de Vai-e-vem de 20


metros de Léger, importante indicador do consumo máximo de oxigênio. Os
participantes realizaram o teste em grupos de 4 alunos e foram orientados a correr
entre duas linhas fixas com 20 metros de distância, de acordo com sinais de áudio
ditando a velocidade de corrida. A velocidade inicial de corrida era de 8,5km/h e
aumentou 0,5km/h a cada estágio seguinte, sendo que cada um desses estágios tem
duração aproximada de 1 minuto e número de idas e vindas entre 7 e 15 (DUARTE;
DUARTE, 2001).
Para isso, um sistema de som emite bips, a intervalos específicos para cada
estágio, sendo que a cada bip o avaliado deve estar cruzando com um dos pés uma
das 2 linhas paralelas, ou seja, saindo de uma das linhas corre em direção a outra,
cruza esta linha com pelo menos um dos pés ao ouvir um bip e volta em sentido
contrário. O término de um estágio é sinalizado com 2 bips consecutivos e com uma
voz avisando o número do estágio concluído.
Os participantes foram informados que o teste terminaria quando não
conseguissem mais manter a velocidade/ritmo e atingir as linhas paralelas por dois
bips consecutivos, conforme indicado pelo sinal de áudio.
O cálculo da predição do VO2máx é demonstrado através da equação presente
no anexo 09, devendo o último estágio atingido ser anotado para esse cálculo. Além
disso, a especificação de cada estágio (velocidade, tempo entre os bips, número de
idas/vindas) é também demonstrada no anexo 09.
A duração do teste depende da aptidão cardiorrespiratória de cada pessoa,
sendo máximo e progressivo, menos intenso no início e se tornando mais intenso no
final, perfazendo um total possível de 21 minutos.
44

4.6 PROGRAMA DE TREINAMENTO FUNCIONAL

O professor de educação física escolar conduziu as sessões de treinamento e,


antes do programa funcional, todos os participantes seguiram um aquecimento de 5
minutos (corrida moderada com uma escala de percepção de esforço de Borg de 3-
4). O treinamento funcional foi realizado em grupo, onde os participantes realizaram
dois ciclos de dez exercícios (estações) de 15 minutos cada ciclo e 30 segundos de
descanso entre as séries e 3 minutos de descanso entre os ciclos.
Todos os participantes estavam familiarizados com todos os testes e exercícios
usados nesta pesquisa. O treinamento funcional incluiu: pular corda, abdominais,
polichinelos, burpee, rosca bíceps, extensão de tríceps, corrida entre cones,
arremesso de medicine ball, corridas laterais e salto sobre cama elástica.
Nas últimas 3 semanas, o treinamento manteve o número total de dez estações
de exercícios com aumento no tempo total de 20 minutos a cada ciclo e o período de
descanso entre as séries foi reduzido em 15 segundos.
O programa de treinamento funcional foi realizado duas vezes por semana
durante 6 semanas. A intensidade do exercício foi calculada para atingir 65-70% de
sua frequência cardíaca máxima. A frequência cardíaca foi medida a cada dois ciclos
durante as 6 semanas de intervenção.
45

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA

A normalidade dos dados foi verificada pelo teste de Shapiro-Wilk. Todas as


variáveis com distribuição normal foram apresentadas como média ± DP (escores de
VO2máx e BDI) e analisadas por ANOVA de dois fatores para verificar a interação grupo
x tempo. Os dados de não normalidade foram apresentados como box plot e dispersão
(escore BAI e escore global PSQI); os grupos foram comparados no pré e pós-
treinamento pelos testes de Kruskal-Wallis, seguidos pelos testes de Dunn para
comparações múltiplas. Além disso, foi realizada uma regressão linear com correlação
de Pearson para verificar as associações entre todas as variáveis dependentes. O
nível de significância foi p ≤ 0,05. O software estatístico utilizado foi o GraphPad
Software, Inc. (San Diego, CA, EUA).
46

5 RESULTADOS

5.1 CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E VO2máx

As características antropométricas entre meninos e meninas participantes e o


VO2máx (capacidade cardiorrespiratória) são apresentadas na tabela 1. No início do
estudo, o peso corporal das meninas era menor do que os meninos (p<0,01), ao passo
que não houve diferença estatística no IMC (índice de massa corporal) e na estatura
entre meninos e meninas. A análise estatística revelou que os participantes do sexo
feminino exibiram menor VO2máx do que os participantes do sexo masculino no início
do estudo (p<0,0001).

Tabela 1 - Caracterização da amostra


MENINAS MENINOS

PARÂMETROS Pré- Pré-


Pós-Treinamento Pós-Treinamento
Treinamento Treinamento

Massa corporal (kg) 50,7 ± 5,9 * 51,3 ± 5,9 * 60,4 ± 11,9 60,6 ± 11,7
IMC (kg /m2) 19,4 ± 1,3 19,5 ± 1,4 20,5 ± 3,1 20,6 ± 3,1
Estatura (cm) 1,6 ± 0,0 1,6 ± 0,0 1,7 ± 0,0 1,7 ± 0,0
VO2máx (ml/kg.min) 32,1 ± 2,6 **** 32,3 ± 3,0 **** 39,1 ± 3,1 40,3 ± 3,3 #
Os dados são média ± DP. Meninos vs meninas no início e após o treinamento (*p≤0,05); **** p≤0,0001.
Meninos no início do estudo vs após o treinamento (#p≤0,05).

Após 6 semanas de programa de treinamento funcional, as meninas ainda


apresentavam peso corporal inferior ao dos meninos (p <0,01) e não foram
observadas diferenças estatísticas significativas nas demais características
antropométricas examinadas dos participantes. No entanto, a análise estatística do
número completado de vaivéns no teste de corrida de 20m mostrou melhora do VO2máx
apenas nos meninos, sem diferença estatística nas meninas.
47

5.2 NÍVEIS DE ANSIEDADE, DEPRESSÃO E QUALIDADE DO SONO ENTRE


ADOLESCENTES NO INÍCIO DO ESTUDO

No início do estudo (ver figura 1), as meninas apresentaram escore de


ansiedade mais elevados (figura 1a) com níveis moderados de ansiedade
(média=26,5, p<0,0164) em relação aos meninos (média=10,48) (fig.1a). Os índices
mais elevados de ansiedade entre as adolescentes do sexo feminino foram
considerados níveis leves 45% e graves 37%, enquanto os níveis mínimo e moderado
foram de 9% no início do estudo. Por outro lado, 65% dos meninos no início do estudo
não apresentavam ansiedade, 26% tinham níveis de ansiedade leves e 4,5% exibiam
níveis de ansiedade moderados e graves.

Figura 1 – Níveis de ansiedade, depressão e qualidade do sono em adolescentes, pré e pós 6 semanas
de treinamento funcional.

Fonte: Sousa Junior (2021)


FIGURA 1: a - Pontuação do BAI antes e depois da intervenção: *p<0,05 meninas pré vs meninos pré.
#p<0,05 meninas pós vs meninos pós. b - Pontuação do BDI antes e depois da intervenção: **p<0,002
meninas pré vs meninos pré. #p<0,05 meninas pós vs meninos pós . c - Escore global do PSQI antes
e após a intervenção: *p<0,05 meninos pré vs meninos pós.

Já na figura 1b, são apresentados os níveis de depressão entre meninos e


meninas no início do estudo. Os pontos de corte dos níveis de depressão
48

demonstraram níveis moderados de depressão em meninas (média=23,8), enquanto


níveis mínimos de depressão foram observados em meninos (média=10,9, p <0,002).
A maioria das meninas exibiu níveis moderados de depressão (46%) seguido
por 27% com depressão leve, 18% depressão grave e 9% não tinha depressão. Entre
os meninos, 66% não tinham depressão, 17% apresentavam níveis de depressão leve
e 17% exibiam níveis moderados de depressão.
Os escores médios totais do PSQI mostraram má qualidade do sono em
meninos e meninas (Tabela 2). O índice de qualidade do sono no início do estudo
demonstrou que 36,36% das meninas e a maioria dos meninos (60,9%) assinalaram
mais de cinco pontos na escala do PSQI, o que é indicativo de má qualidade do sono
(Fig. 1c) com nenhum efeito estatisticamente significativo entre os grupos. Além disso,
36,36% das adolescentes do sexo feminino marcaram mais de 10 pontos na escala
do PSQI, o que é um indicativo de distúrbios do sono, em comparação com 17,4%
dos meninos.

Tabela 2 - As pontuações dos componentes do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburg (PSQI) dos
participantes

PRÉ-TREINAMENTO PÓS-TREINAMENTO

COMPONENTES PSQI
Meninos Meninas Meninos Meninas

Qualidade subjetiva do sono 1,4 ± 0,7 1,6 ± 1,1 0,8 ± 0,8 1,4 ± 1,1
Latência 1,0 ± 0,9 1,1 ± 1,2 0,4 ± 0,5 1,0 ± 1,3
Duração do sono 1,1 ± 1,1 1,0 ± 1,1 1,2 ± 1,0 1,2 ± 1,0
Eficiência habitual do sono 0,3 ± 0,8 0,5 ± 1,2 0,5 ± 1,0 1,1 ± 1,4
Uso de medicamentos 0,1 ± 0,4 0,4 ± 1,0 0,08 ± 0,2 0,3 ± 0,9
Distúrbios de sono 1,3 ± 1,1 1,6 ± 0,8 1,0 ± 0,4 1,2 ± 0,9
Disfunção diurna 1,2 ± 0,9 2,1 ± 0,9 * 1,3 ± 0,8 1,8 ± 0,9
Pontuação total de PSQI 6,7 ± 3,3 8,6 ± 5,5 5,5 ± 2,8 * 8,3 ± 5,1
Os dados são média ± DP. Pré-treinamento e pós-treinamento, meninos e meninas. *p≤0,05 vs meninos
49

5.3 NÍVEIS DE ANSIEDADE, DEPRESSÃO E QUALIDADE DO SONO ENTRE


ADOLESCENTES APÓS O TREINAMENTO

Em seguida, investigamos os níveis de ansiedade, depressão e qualidade do


sono entre adolescentes, antes e depois das 6 semanas de treinamento funcional.
Após o treinamento funcional, houve uma diferença estatisticamente significativa nos
níveis de ansiedade entre os dois sexos (figura 1a).
Observamos diminuição de 45% para 18% dos níveis de ansiedade leve, e os
níveis de ansiedade severa também diminuíram de 37% para 18% entre as meninas.
Os níveis mínimos de ansiedade aumentaram para 55%, enquanto não houve
mudanças nos níveis de ansiedade moderada (9%) para os participantes do sexo
feminino. Porém, quando analisados os principais valores da intervenção pré e pós-
exercício, não houve significância estatística.
Entre os meninos, 65% tinham níveis mínimos de ansiedade, enquanto 26%
apresentavam ansiedade leve e 4,5% níveis de ansiedade moderada e grave,
respectivamente. Embora a maioria dos meninos adolescentes apresentasse níveis
médios mínimos de ansiedade no início do estudo, esses níveis diminuíram ainda
mais após o programa de exercícios (média=8,2), mas não alcançaram significância
estatística (figura 1a). Curiosamente, após a intervenção com exercícios, o percentual
de níveis mínimos de ansiedade aumentou para 74%, e os meninos que apresentaram
níveis moderados e graves de ansiedade diminuíram os níveis para ansiedade leve
26%.
Dessa forma, seis semanas de treinamento funcional diminuíram a depressão
em meninas para níveis leves (média=18,7) e os meninos também tiveram uma
diminuição nos níveis de depressão (média=8,3) após a intervenção de exercício,
embora não tenha alcançado significância estatística quando analisados os valores
principais (figura 1b).
Outra observação importante é que seis semanas de treinamento funcional não
foram suficientes para melhorar a qualidade do sono em meninas, conforme mostrado
na figura 1c. No entanto, o programa de exercícios foi capaz de melhorar a qualidade
do sono em meninos de (média=6,7) para (média=5,56, p<0,028) quase atingindo os
escores de boa qualidade do sono. Além disso, o percentual de maus dormidores
entre os meninos diminuiu de 60,9% para 47,8% após a intervenção com exercício.
50

A análise dos componentes específicos do PSQI indicou que a disfunção do


sono diurno foi mais evidente nas meninas do que nos meninos (p<0,01) no início do
estudo e essa diferença desapareceu após a intervenção com exercícios (Tabela 2),
mostrando melhorias na disfunção diurna em adolescentes do sexo feminino após o
treinamento funcional programa.
51

5.4 ANÁLISE DE REGRESSÃO LINEAR

Primeiro aplicamos uma análise de regressão linear obtida de toda a população


(ver figura 2), seguida pela estratificação por gênero. Os dados de toda a população
revelaram correlação negativa entre o VO2máx e os níveis de ansiedade (p˂0,0001).
Níveis mais elevados de ansiedade foram correlacionados com níveis mais baixos de
VO2máx em adolescentes (figura 2a).
Por outro lado, nenhuma correlação significativa foi encontrada entre o VO2máx
e os níveis de depressão em toda a população (figura 2b). Adolescentes que relataram
baixa qualidade do sono, conforme observado nos maiores escores do PSQI, tinham
maior probabilidade de apresentar menor VO2 em níveis máximos (figura 2c).

Figura 2 – Análise de regressão linear em toda a população. Correlações entre VO2máx, ansiedade,
depressão e qualidade do sono em toda a população. BAI (Inventário de Ansiedade de Beck), BDI
(Inventário de Depressão de Beck), PSQI (Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh)

Fonte: Sousa Junior (2021)

A figura 2c mostra que não há correlação significativa entre a qualidade do sono


e os níveis de ansiedade entre os adolescentes. No entanto, houve uma correlação
positiva entre a qualidade do sono e os sintomas de depressão (figura 2e), indicando
que adolescentes com altos escores de depressão apresentam baixa qualidade do
sono.
52

Já comparações entre meninos e meninas mostraram diferenças significativas


entre VO2máx, níveis de ansiedade e qualidade do sono apenas em meninas (figura
3a-b). Quando abordamos toda a população, não foi encontrada correlação
significativa entre a qualidade do sono e os níveis de ansiedade dos adolescentes
(figura 3c). Apesar disso, uma correlação positiva entre qualidade do sono e
depressão foi encontrada para meninos e meninas (figura 3d).
Além disso, níveis mais elevados de depressão foram correlacionados com
escores mais elevados do PSQI para toda a amostra, indicando que adolescentes
com altos escores de depressão apresentam baixa qualidade do sono.

Figura 3 - Análise de regressão linear (por sexo). Correlações entre VO2máx, ansiedade, depressão e
qualidade do sono entre meninos e meninas. BAI (Inventário de Ansiedade de Beck), BDI (Inventário
de Depressão de Beck), PSQI (Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh)

Fonte: Sousa Junior (2021)


53

6. DISCUSSÃO

Os achados do presente estudo revelam que duas sessões de treinamento


funcional por semana, durante 6 semanas durante as aulas regulares de EF, são
eficazes na redução da má qualidade do sono diurno em meninas e na melhoria da
qualidade do sono e dos níveis de VO2máx em meninos. No entanto, esta intervenção
de exercício específico não foi suficiente para melhorar os níveis de ansiedade e
depressão em adolescentes escolares.
Nosso estudo encontrou sintomas de ansiedade leves a graves em meninas e
níveis mínimos em meninos, enquanto as meninas exibiram níveis moderados de
depressão em comparação com níveis mínimos de depressão em meninos. O
questionário BAI utilizada no presente trabalho tem sido amplamente utilizada em
pesquisas clínicas, principalmente como uma medida de ansiedade geral e tem sido
sugerida como uma boa ferramenta para medir um indicador de gravidade de
ansiedade em pacientes da atenção primária com diferentes transtornos de ansiedade
(PIOTROWSKI, 1999; MUNTINGH et al., 2011; REPPOLD; HUTZ, 2013).
As meninas relataram sintomas de ansiedade significativamente mais elevados
e sintomas depressivos mais elevados do que os meninos. Essa tendência está de
acordo com outros estudos, como o desenvolvido no estado da Pensilvânia (EUA)
(CHAPLIN; GILLHAM; SELIGMAN, 2009) ao utilizar o RCMAS (escala de ansiedade
autorrelatada) e desenvolvido em todo o território estadunidense com utilização do
CIDI (questionário estruturado pela OMS para avaliação de ansiedade entre
adolescentes e classificação segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística dos
Transtornos Mentais - DSM-IV) (MERIKANGAS et al., 2010).
Essa tendência (meninas são mais afetadas com ansiedade que meninos,
especialmente por volta dos 13-15 anos) está relacionada a ocorrência de sintomas
duas vezes mais em meninas e continuidade proporção até o final da adolescência
(CHAPLIN; GILLHAM; SELIGMAN, 2009; COSTELLO; COPELAND; ANGOLD, 2011;
MERIKANGAS et al., 2010).
Uma das razões que as meninas são mais propensas a sintomas depressivos
do que os meninos no desenvolvimento da adolescência estão relacionados aos
sintomas de ansiedade total no início dessa fase (preocupação e hipersensibilidade,
preocupações sociais e concentração, e ansiedade fisiológica) (CHAPLIN; GILLHAM;
SELIGMAN, 2009).
54

Ademais, as meninas, a partir dos 13 anos, tem duas vezes mais probabilidade
de apresentar depressão e altos níveis de sintomas depressivos em comparação aos
meninos (CERVANTES; PARRADO; CAPDEVILA, 2012; CHAPLIN; GILLHAM;
SELIGMAN, 2009).
É fundamental compreender a trajetória de desenvolvimento em direção à
depressão para as meninas. Uma rota potencial para essa tendência são os primeiros
sentimentos de ansiedade. Na infância, as meninas se preocupam mais que os
meninos. Também, os Transtornos de Ansiedade Generalizada e Transtornos
Depressivos Maior compartilham de etiologias genéticas comuns, sendo evidente
sintomas de ansiedade antes dos sintomas depressivos, o que configura uma variável
de predição (CHAPLIN; GILLHAM; SELIGMAN, 2009).
Além disso, os níveis de ansiedade em meninas foram correlacionados
negativamente com VO2 em valores máximos em nosso estudo. Resultados
semelhantes foram observados em estudo com estudantes universitários que
demonstrou que o traço de ansiedade é um fator importante que também determina a
resposta do treinamento do VO2max (CERVANTES; PARRADO; CAPDEVILA, 2012).
No entanto, os alunos não eram adolescentes e não foi estratificado por gênero.
De fato, a literatura sugere que vários fatores são importantes para atingir
aumentos no VO2máx, incluindo a quantidade e a intensidade do exercício, sexo, raça
e idade em adultos (BOUCHARD; RANKINEN, 2001). Em contraste, pesquisas com
adolescentes não mostraram diferenças significativas de gênero, sugerindo que o
treinamento físico deve incluir, pelo menos, duas sessões por semana com duração
de 20 minutos ou mais por sessão, realizadas em uma intensidade moderada para
melhorar seu VO2máx (PAYNE; MORROW JR, 1993). Porém, mais estudos devem ser
realizados para verificar a relação entre ansiedade e VO2máx em adolescentes e a
influência do gênero.
Em relação à depressão, esse foi o único parâmetro psicológico que se
correlacionou para toda a amostra em nosso estudo, sugerindo a importância desse
aspecto na saúde do adolescente. Infelizmente, 6 semanas de treinamento funcional
não foram suficientes para neutralizar a depressão e a ansiedade dos participantes.
Em contraste com nossos dados, um breve relatório em adolescentes
irlandeses mostrou que níveis moderados e altos de atividade física estão
inversamente associados com ansiedade e sintomas depressivos (KEYES, et al.,
2015). No entanto, este estudo baseou-se nos níveis de atividade física baseados no
55

questionário de Avaliação Centrada no Paciente e Aconselhamento para o Exercício


mais Nutrição e não na intervenção com exercícios.
Assim, a intervenção de exercícios específicos em adolescentes necessária
para melhorar a depressão permanece obscura. Uma meta-análise recente em jovens
com diagnóstico ou sintomas limiares de depressão usando medidas de autorrelato
mais comumente o Inventário de Depressão de Beck (BDI) mostrou um possível efeito
positivo da atividade física para sintomas de depressão (MATRICCIANI; OLDS;
PETKOV, 2012).
As possíveis intervenções de exercícios com base nesses estudos incluem
atividade aeróbica de intensidade moderada a vigorosa, praticada várias vezes por
semana durante 8 ou mais semanas. Embora essas possíveis intervenções tenham
sido recomendadas, poucos estudos incluíram apenas adolescentes e ainda são
necessárias pesquisas para estabelecer quais intervenções de exercícios são
necessárias para melhorar a depressão em adolescentes.
Embora as 2 sessões semanais e a intervenção total de exercícios de 6
semanas possam ser consideradas curtas, pudemos observar efeitos positivos na
qualidade do sono e disfunção do sono diurno em nossos participantes.
Nossos resultados mostraram má qualidade do sono entre os adolescentes
escolares, com 36,36% das meninas apresentando distúrbios do sono enquanto os
meninos apresentavam 17,4%. Como os distúrbios do sono e a qualidade do sono
não são o mesmo aspecto, avaliamos esses aspectos separadamente. A análise dos
componentes específicos do PSQI indicou que a disfunção do sono diurno foi mais
evidente nas meninas em relação nos meninos.
Essa evidência também foi verificada em um estudo com adolescentes
escolares (meninos e meninas) do Canadá, em que as meninas têm maior dificuldade
em permanecer acordadas durante as aulas (independente do turno) em comparação
aos meninos, demonstrando que as meninas são mais vulneráveis aos impactos
negativos das mudanças da qualidade do sono durante a adolescência
(GAUDREAULT et al., 2018).
A vulnerabilidade das meninas aos impactos negativos do sono explica porque
observamos uma melhora na qualidade do sono quando analisamos o escore total do
PSQI apenas em meninos após a intervenção com exercícios.
Outro achado do nosso trabalho foi uma correlação negativa entre o VO2máx e
a baixa qualidade do sono apenas em adolescentes do sexo feminino. A relação
56

inversa entre o VO2máx e inadequada qualidade do sono foi demonstrada em homens


adultos saudáveis em comparação com seus pares que relataram sono alterado (altos
escores de baixa qualidade do sono), sendo que valores mais baixos de VO2máx foram
encontrados quando comparados aos participantes com boa qualidade de sono
(ANTUNES et al., 2017).
Todavia, estudos com adolescentes não abordaram a relação direta entre
aptidão cardiorrespiratória e qualidade do sono. Mesmo assim, um estudo com
adolescentes brasileiros encontrou associação significativa de IMC (índice de massa
corporal), idade, altura e falta de prática de qualquer atividade esportiva com aptidão
cardiorrespiratória em meninos e nível econômico, IMC e TV no quarto em meninas
(VICTO et al., 2017). Curiosamente, a TV no quarto foi positivamente associada ao
excesso de peso. Meninas que têm TV no quarto apresentam níveis mais baixos de
aptidão cardiorrespiratória (SISSON et al., 2011).
A American Academy of Pediatrics e a National Sleep Foundation recomendam
que os adolescentes durmam de 8,5 a 10 horas por noite. Alguns estudos examinaram
a relação entre sono insuficiente e o desenvolvimento de depressão em adolescentes
(CLARKE; HARVEY, 2012; DAG; KUTLU; 2017; LIMA et al., 2020; WANG et al., 2017;
YIP, 2015).
A correlação positiva entre depressão e qualidade do sono encontrada em
nosso estudo foi evidente tanto em meninos quanto em meninas. De acordo com
nossos resultados, um estudo descritivo e transversal em adolescentes turcos
encontrou uma correlação positiva moderada entre os escores do BDI e do PSQI
(DAG; KUTLU, 2017).
Alguns fatores podem limitar os resultados do presente estudo, incluindo o
baixo número de participantes e super-representação de amostras de meninos. Além
disso, não avaliamos o VO2máx utilizando uma medida direta com ergoespirometria
devido à falta dessa tecnologia na escola. Outra limitação do presente estudo foi o
ciclo menstrual das meninas que não conseguimos controlar. O desempenho e a
massa corporal na mulher podem mudar ou ter resultados diferentes dependendo do
ciclo menstrual.
Os pontos fortes deste estudo estão em sua intervenção com exercícios em
uma população pouco estudada quando comparada à de adultos. Além disso, este é
o primeiro estudo que inclui uma ampla gama de aspectos psicológicos e fisiológicos,
57

como depressão e ansiedade, sono, consumo de oxigênio e intervenção com


exercícios em adolescentes escolares.
58

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dado o exposto, as evidências desse estudo indicaram uma associação entre


treinamento com exercícios físicos e melhoria na qualidade do sono (escore geral)
para os adolescentes do sexo masculino e redução apenas do quesito disfunção de
sono diurna (sonolência diurna) para as adolescentes do sexo feminino.
Além disso, os dados de toda a amostra revelaram uma correlação negativa
entre o VO2máx e os graus de ansiedade, ou seja: adolescentes que apresentam
melhores níveis de aptidão cardiorrespiratória possuem indicadores de ansiedade
mais baixos. Essa tendência (envolvendo toda a amostra) foi seguida para qualidade
do sono e os sintomas de depressão, pois: melhores níveis de qualidade do sono são
associados a menores índices de depressão.
Quanto aos efeitos do treinamento físico sobre os níveis de ansiedade e
depressão, os resultados demostram que a frequência de apenas 2 vezes por semana
não foi suficiente para melhorar a ansiedade e depressão. Esses resultados
evidenciam um problema crônico das escolas brasileiras: a redução das aulas de
Educação Física, especialmente no ensino médio. No entanto, as evidências
científicas demonstram que as a prática regular de exercício físico é fundamental para
a saúde mental dos adolescentes, sendo as aulas de Educação Física Escolar o
espaço apropriado. Para isso, políticas educacionais que aumentem a frequência
semanal dessa prática corporal do movimento é salutar e imprescindível
Assim, podemos direcionar futuros estudos para investigar os impactos do
treinamento físico nos índices de depressão, como intervenções superiores a 6
semanas e/ou com 3 ou mais sessões por semana.
59

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73

ANEXO 01
(Questionário Internacional de Atividade Física – IPAQ)
74
75

ANEXO 02
(Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE)
76
77

ANEXO 03
(Termo de Assentimento para Menores de Idade)
78
79

ANEXO 04
(ANAMNESE)
80
81

ANEXO 05
(Pontos de Cortes do IMC para Crianças e Adolescentes, Cole et al., 2000)
82

ANEXO 06
(Inventário de Depressão de Beck - BDI)
83
84

ANEXO 07

(Inventário de Ansiedade de Beck - BAI)


85

ANEXO 08

(Escala PSQI - Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh)


86
87

ANEXO 09

[Equação preditiva para estimar o VO2máx e Especificação para realização do Teste


de Vai-e-vem de 20 metros de Léger, (DUARTE;DUARTE, 2001)]

Equação preditiva para estimar o VO2máx

Especificação para realização do Teste de Vai-e-vem de 20 metros de Léger


88

PRODUÇÕES ACADÊMICAS DESENVOLVIDAS AO LONGO DO DOUTORADO


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DESTAQUE

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