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Escola de Saúde
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física
Tese de Doutorado
Brasília - DF
2021
IRINEU DE SOUSA JÚNIOR
Brasília
2021
Tese de autoria de Irineu de Sousa Júnior, intitulada “EXERCÍCIO FÍSICO
COMO REMÉDIO PARA ADOLESCENTES: O IMPACTO NA QUALIDADE DO
SONO, DEPRESSÃO E ANSIEDADE”, apresentada como requisito parcial para a
obtenção do grau de Doutor em Educação Física da Universidade Católica de Brasília,
em 30/08/2021, defendida e aprovada pela Banca Examinadora abaixo assinada:
______________________________________________________
Profa. Drª. Elaine Cristina Vieira
Orientadora
Programa de Pós-graduação em Educação Física – UCB/DF
_____________________________________________________
Profa. Drª. Isabela Almeida Viana Ramos
Examinadora Interna
Programa de Pós-graduação em Educação Física – UCB/DF
____________________________________________________
Profa. Drª. Gislane Ferreira de Melo
Examinadora Interna
Programa de Pós-graduação em Educação Física – UCB/DF
_____________________________________________________
Profa. Drª. Camila Aparecida Machado de Oliveira
Examinadora Externa
Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP
____________________________________________________
Profa. Drª. Patricia Uchôa Leitão Cabral
Examinadora Externa
Universidade Estadual do Piauí – UESPI
____________________________________________________
Profa. Drª. Carolina Virginia Macêdo de Azevedo
Examinadora Externa (suplente)
Programa de Pós-graduação em Psicobiologia – UFRN
Brasília
2021
Dedico este percurso de formação ao
melhor capítulo da minha vida, meu filho
VITOR IRINEU, com quem compartilho
alegrias, aprendizados e momentos
inesquecíveis. Bons filhos conhecem o
prefácio da história dos seus pais. Filhos
brilhantes vão muito mais longe, conhecem
os capítulos mais importantes das suas
vidas.
AGRADECIMENTO
SOUSA JÚNIOR, Irineu de. Exercício físico como remédio para adolescentes: o
impacto na qualidade do sono, depressão e ansiedade. 2021. 93f. Tese de Doutorado
(Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Educação Física) – Universidade
Católica de Brasília, Brasília, 2021.
Depressão, ansiedade e falta de sono são algumas das causas mais comuns de
doença entre adolescentes. Possivelmente, as razões para essas doenças incluem o
uso de redes sociais e a exposição à luz artificial de dispositivos eletrônicos. Pouco
se sabe sobre o impacto do treinamento funcional como uma ferramenta de
intervenção para melhorar esses parâmetros em adolescentes. Então, essa pesquisa
investigou o efeito do programa de treinamento funcional de 6 semanas sobre o nível
de consumo máximo de oxigênio (VO2máx), depressão, ansiedade e qualidade do sono
em adolescentes escolares. Foram analisados 34 participantes, 23 meninos e 11
meninas, com idades entre 15 e 17 anos. Os adolescentes passaram por 2 sessões
semanais de treinamento funcional moderado por 6 semanas. Depressão, níveis de
ansiedade e qualidade do sono foram medidos antes e após a intervenção com
treinamento funcional. As meninas exibiram níveis mais elevados de ansiedade e
depressão em relação aos meninos no início do estudo. A má qualidade do sono foi
observada, principalmente, nos adolescentes meninos (60,9%), quando comparados
às meninas (36,3%). Os níveis de depressão foram correlacionada positivamente com
a qualidade do sono para toda amostra. Uma correlação negativa foi encontrada entre
VO2máx, ansiedade e qualidade do sono apenas nas meninas. Seis semanas de
treinamento funcional aumentaram os níveis de VO2máx e a qualidade do sono apenas
nos meninos (p<0,02). Estes resultados sugerem que 6 semanas de intervenção com
treinamento funcional duas vezes por semana é suficientes para melhorar VO2máx e
disfunção do sono diurno em adolescentes escolares.
SOUSA JÚNIOR, Irineu de. Physical exercise as a medicine for adolescents: the
impact on sleep quality, depression and anxiety. 2021. 93f. Doctoral thesis (Stricto
Sensu Postgraduate Program in Physical Education) – Catholic University of Brasilia,
Brasilia, 2021.
Depression, anxiety and lack of sleep are some of the most common causes of illness
among teenagers. Possibly, the reasons for these diseases include the use of social
networks and exposure to artificial light from electronic devices. Little is known about
the impact of functional training as an intervention tool to improve these parameters in
adolescents. So, this research investigated the effect of the 6-week functional training
program on the maximum oxygen consumption level (VO2max), depression, anxiety and
sleep quality in adolescent schoolchildren. 34 participants were analyzed, 23 boys and
11 girls, aged between 15 and 17 years. Adolescents underwent 2 weekly sessions of
moderate functional training for 6 weeks. Depression, anxiety levels and sleep quality
were measured before and after the intervention with functional training. Girls exhibited
higher levels of anxiety and depression than boys at baseline. Poor sleep quality was
observed mainly in boys (60.9%) when compared to girls (36.3%). Depression levels
were positively correlated with sleep quality for the entire sample. A negative
correlation was found between VO2max, anxiety and sleep quality only in girls. Six
weeks of functional training increased VO2max levels and sleep quality only in boys
(p<0.02). These results suggest that 6 weeks of intervention with functional training
twice a week is sufficient to improve VO2max and daytime sleep dysfunction in
adolescent schoolchildren.
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................10
2 OBJETIVOS.............................................................................................................14
2.1 OBJETIVO GERAL..............................................................................................14
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................14
3 REFERECIAL TEÓRICO.........................................................................................15
3.1 RITMOS BIOLÓGICOS E RITMOS CIRCADIANOS.............................................15
3.2 RITMOS BIOLÓGICOS, SONO E ADOLESCÊNCIA............................................19
3.3 EXERCÍCIO FÍSICO E SONO EM ADOLESCENTES...........................................26
3.4 ANSIEADE, DEPRESSÃO, SONO E EXERCÍCIO FÍSICO EM ADOLESCENTES
....................................................................................................................................30
4 MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................35
4.1 PARTICIPANTES.................................................................................................35
4.2 PROTOCOLO DA PESQUISA..............................................................................37
4.3 ANAMNESE E EXAME ANTROPOMÉTRICO......................................................39
4.4 QUESTIONÁRIOS................................................................................................40
4.5 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA.......................................42
4.6 PROGRAMA DE TREINAMENTO FUNCIONAL...................................................43
4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA.......................................................................................44
5 RESULTADOS........................................................................................................45
5.1 CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E VO2máx........................................45
5.2 NÍVEIS DE ANSIEDADE, DEPRESSÃO E QUALIDADE DO SONO ENTRE
ADOLESCENTES NO INÍCIO DO ESTUDO...............................................................46
5.3 NÍVEIS DE ANSIEDADE, DEPRESSÃO E QUALIDADE DO SONO ENTRE
ADOLESCENTES APÓS O TREINAMENTO.............................................................48
5.4 ANÁLISE DE REGRESSÃO LINEAR....................................................................50
6 DISCUSSÃO...........................................................................................................52
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................57
REFERÊNCIAS..........................................................................................................58
ANEXOS....................................................................................................................72
PRODUÇÕES ACADÊMICAS DESENVOLVIDAS...................................................87
11
1 INTRODUÇÃO
americana de Pediatria – AAP para saúde e bem-estar (YOO; KIM, 2020; YEO et al.,
2019; NAHMOD et al., 2017) e torna esses adolescentes menos sonolentos e com
melhores rendimentos acadêmicos (TEMKIN et al., 2018; WHEATON; CHAPMAN;
CROFT, 2016) em comparação aos seus pares que frequentavam as escolas com
início precoce (antes das 7h30min).
Como estratégia para melhorar a saúde mental entre adolescentes, estudos
comprovam que a maior duração do sono está ligada à redução dos níveis de
ansiedade e depressão (ZHOU et al., 2021; NEUROTH et al., 2021; DAS-FRIEBEL et
al., 2020; WAHLSTROM; BERGER; WIDOME, 2017); redução índices de transtornos
psiquiátricos (BERGER; WAHLSTROM; WIDOME, 2019; WHEATON; CHAPMAN;
CROFT, 2016) e aumento do bem-estar mental (YOO; KIM, 2020; YEO et al., 2019;
ZIPORYN et al., 2017).
Além disso, o exercício físico vem sendo estudado por diversos grupos de
pesquisas da área da saúde, uma vez que está relacionado à melhora da qualidade
sono, redução da ansiedade e depressão entre adolescentes (YOO; KIM, 2020;
KANDOLA et al., 2020; XU et al., 2019; MENDELSON et al., 2015; OGAWA et al.,
2018). Por conta dos adolescentes passarem a maior parte do dia na escola, esta é
reconhecida como um ambiente chave para incentivar a atividade física desses
escolares.
Assim, o comportamento sedentário, presente em 61% dos adolescentes
(YOO; KIM, 2020) deve ser enfrentado com atividades físicas leves, por exemplo:
caminhada lenta, entre 3 e 5 equivalentes metabólicos – MET’s, para reduzir o risco
de depressão em até 22% entre jovens (KANDOLA et al., 2020). Outra pesquisa
demonstrou que apenas 13,6% dos adolescentes atingem o nível de atividade física
recomendado pela Organização Mundial de Saúde, o qual é 60 minutos de atividade
física moderada/dia, e que esses adolescentes apresentam níveis mais baixos de
depressão e ansiedade (MCMAHON et al., 2016).
Para a melhoria da qualidade do sono, 60 minutos de exercícios físicos diário
estão associados ao sono suficiente entre os adolescentes (FOTI et al., 2011); além
de que: qualidade do sono percebida é preditora de maior atividade física moderada
a vigorosa (KIM et al., 2020); níveis de atividade física estão associados a uma melhor
qualidade do sono entre os adolescentes, com a quantidade ideal de atividade física
variando entre meninos e meninas (XU et al., 2019); e que o risco multiplicativo de
14
2 OBJETIVOS
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Ademais, os ritmos circadianos têm ajustes transcritos como uma curva sinusal,
onde o período de arrastado é 24h (diferença entre dois picos) e há uma perfeita
sequência de ondas com altos e baixos a cada 12h. Além dessa configuração gráfica
em curva sinusal, alguns marcadores biológicos apresentam seus ritmos circadianos
em formato de ondas quadradas ou pulso único (temperatura e hormônio do
crescimento) (JANSEN et al., 2007).
Além disso, os ritmos circadianos influenciam no desempenho físico esportivo,
onde o platô de desempenho (maior capacidade cardiorrespiratória e força muscular)
ocorre entre 15 e 21h. Esse comportamento fisiológico é fundamental na prescrição,
intervenção e no desempenho de exercícios físicos (MELO et al., 2020).
20
contribui, ainda mais, para o atraso dos ritmos biológicos dos adolescentes
(TOUITOU; TOUITOU; REINBERG, 2016; CARSKADON, 2011).
Da mesma forma, impulsionado pelos horários escolares antecipados pela
manhã (acordar antes das 6h) e latência noturna de sono (dormir após às 23h), os
adolescentes tendem a ter uma duração reduzida do sono, aumento da sonolência
diurna e aumento dos distúrbios do sono. Embora a duração do sono diminua, a
necessidade de sono, isto é, a quantidade de sono necessária para garantir o máximo
estado de alerta e desempenho, tende a aumentar. Assim, a grande maioria (71%)
dos alunos do ensino médio dorme menos de 8 horas por noite e 44% dormem menos
de 6 horas por noite (LOGAN et al., 2018).
Esses horários antecipados de início das aulas com a avançar da adolescência,
especialmente nos primeiros dias de aula, estão relacionados com privação do sono
significativa e sonolência diurna, especialmente porque o sistema regulador que
controla o sono (sistema de temporização circadiano) limita a capacidade do
adolescente realizar ajustes em decorrência do distúrbio de atraso de fase do sono
(CARSKADON, 2011; CARSKADON et al., 1998).
A diminuição da eficiência do sono e o aumento da sua perturbação estão
relacionados com o atraso de fase, agravados pelos horários de início da escola
durante a semana (normalmente mais cedo no ensino médio do que no ensino
fundamental ou infantil), resultando em agravamento do desalinhamento circadiano e
perda de sono (LOGAN et al., 2018).
Nos fins de semana, os adolescentes tendem a ficar acordados até mais tarde,
dormindo muito nesses dias para compensar o sono perdido. Esse excesso no fim de
semana aumenta, por sua vez, o atraso de fase do relógio circadiano, tornando, dessa
forma, difícil o acordar na manhã seguinte. Mudanças do tempo de sono entre os dias
da semana e final de semana são frequentemente chamadas de jet lag social, um
termo que caracteriza adequadamente o ciclo vicioso de desalinhamento circadiano,
distúrbios e perda de sono (LOGAN et al., 2018).
Como forma de identificar os possíveis fatores sociais envolvidos nessa
expressão de ritmicidade biológica em adolescentes, um estudo com adolescentes
rurais da mesma comunidade (matriculados na mesma escola), onde alguns não
dispunham de energia elétrica em casa, identificou que o acesso à energia elétrica
residencial está relacionado ao dormir mais tarde em comparação aos que não
possuíam tal acesso. Isso evidencia a influência de fatores sociais sobre a magnitude
26
Para isso, níveis recomendados de atividade física (um dia fisicamente ativo
com menos exposição à telas) e sono (entre 8-9 horas) são componentes
indispensáveis para manutenção de um estilo de vida saudável na juventude (ROCHE
et al., 2018). Isso se justifica porque o inadequado tempo de sono está relacionado ao
aumento do índice de massa corporal (IMC) e aumento da ingestão calórica, os quais
aumentam do risco de doenças cardiovasculares (CESPEDES et al., 2018; CARTER
et al., 2015).
Assim, alterações na quantidade e qualidade do sono, sonolência diurna e
fadiga são o motivo para a diminuição do nível de atividade física em adolescentes
obesas. Neste sentido, um programa de treinamento físico durante 12 semanas (180
min/sem) afeta a qualidade do sono e nível de atividade física espontânea em obesos
adolescentes (KIM et al., 2020; COSTIGAN et al., 2016).
31
dormir, haja vista que os distúrbios do sono podem estar correlacionados com
problemas emocionais e comportamentais, sendo a ansiedade uma preocupação
excessiva que pode gerar medo e nervosismo nos adolescentes, situação essa
agravada quando associada com fatores estressantes ou uso de fármacos
(NABKASORN et al., 2005; DOPP et al., 2012).
Nessa perspectiva, a prática de exercício físico desempenha um papel
fundamental sobre a saúde mental e aptidão física, especialmente pela melhora na
capacidade cardiorrespiratória e nos níveis de ansiedade (STELLA et al., 2005; DOPP
et al., 2012; LOFRANO-PRADO et al., 2012).
Quanto ao efeito do exercício físico aeróbico nos níveis de ansiedade e
depressão, uma pesquisa cuja intervenção foram de 2 (duas) semanas com
treinamento aeróbico (caminhada de 1,6 km) durante todos os dias da semana entre
adolescentes do sexo feminino, mostrou-se eficaz na redução dos escores de
depressão (avaliada pelo Inventário de Depressão de Beck – BDI-II) (PUTRA;
WASITA; ANANTANYU, 2018).
Em relação à depressão, esse é um transtorno mental comum entre
adolescentes, tendo uma prevalência mundial diagnosticada de 4,4% e no Brasil de
5,1% (quinto país mais depressivo) (ZHOU et al., 2020).
Etiologicamente, a depressão é diagnosticada através da presença de sintomas
dos transtornos de humor ou afetivos, cuja distinção entre uma depressão maior ou
reação de adaptação depressiva dá-se pela presença ou não de diversos sintomas
(humor deprimido, irritabilidade, ideação suicida, baixa auto estima, sentimento de
culpa), existindo 29 subdivisões para esse transtorno. Entre adolescentes, os tipos de
depressão mais comum são: transtorno depressivo de conduta e episódio depressivo
maior, os quais são diagnosticados de acordo com o quantitativo dos sintomas
descritos acima (ZHOU et al., 2020; NABKASORN et al., 2005; MAIA; SOUSA;
AZEVEDO, 2011; LOFRANO-PRADO et al., 2012).
Um dos achados epidemiológicos bem evidentes em estudos da depressão e
ansiedade mostrou que as meninas têm maior prevalência de sintomas em
comparação a meninos, além da concomitância entre aumento dos níveis de
depressão e transformações hormonais, físicas, psicológicas e comportamentais da
puberdade (ZHOU et al., 2020; NABKASORN et al., 2005; MAIA; SOUSA; AZEVEDO,
2011; LOFRANO-PRADO et al., 2012).
33
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 PARTICIPANTES
Adolescentes Selecionados
N = 1.132 Excluídos
N = 537
Critérios do Estudo
não preencheram o Termo de
Consentimento (n = 382)
não preencheram o Termo de
Assentimento (n = 155)
Critérios do Estudo preenchidos
N = 595
Excluídos
N = 443
Critérios do Estudo
não preencheram o
Anamnese/BAI/BDI/PSQI (n = 327)
não realizaram a Avaliação Antropométrica
Critérios do Estudo preenchidos (n = 116)
N = 152
Excluídos
N = 37
Critérios do Estudo
não realizaram a avaliação
cardiorrespiratória
Critérios do Estudo preenchidos
N = 115
Excluídos
N = 81
Critérios do Estudo
desistiram (n = 23)
faltaram ao programas de treinamento
Completaram todo o Protocolo do Estudo funcional (n = 58 )
N = 34
37
Avaliação Avaliação
Cardiorrespiratória Cardiorrespiratória
Semana 3
Semana 4
Semana 5
Semana 6
PSQI
4.4 QUESTIONÁRIOS
total do questionário indicando que quanto maior o número, pior a qualidade do sono.
Os valores de corte e significados classificatórios estão entre 0 e 4 pontos (boa
qualidade do sono), entre 5 e 10 pontos (má qualidade do sono) e entre 11 e 21 pontos
(presença de distúrbio do sono) (PASSOS et al., 2017).
43
5 RESULTADOS
Massa corporal (kg) 50,7 ± 5,9 * 51,3 ± 5,9 * 60,4 ± 11,9 60,6 ± 11,7
IMC (kg /m2) 19,4 ± 1,3 19,5 ± 1,4 20,5 ± 3,1 20,6 ± 3,1
Estatura (cm) 1,6 ± 0,0 1,6 ± 0,0 1,7 ± 0,0 1,7 ± 0,0
VO2máx (ml/kg.min) 32,1 ± 2,6 **** 32,3 ± 3,0 **** 39,1 ± 3,1 40,3 ± 3,3 #
Os dados são média ± DP. Meninos vs meninas no início e após o treinamento (*p≤0,05); **** p≤0,0001.
Meninos no início do estudo vs após o treinamento (#p≤0,05).
Figura 1 – Níveis de ansiedade, depressão e qualidade do sono em adolescentes, pré e pós 6 semanas
de treinamento funcional.
Tabela 2 - As pontuações dos componentes do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburg (PSQI) dos
participantes
PRÉ-TREINAMENTO PÓS-TREINAMENTO
COMPONENTES PSQI
Meninos Meninas Meninos Meninas
Qualidade subjetiva do sono 1,4 ± 0,7 1,6 ± 1,1 0,8 ± 0,8 1,4 ± 1,1
Latência 1,0 ± 0,9 1,1 ± 1,2 0,4 ± 0,5 1,0 ± 1,3
Duração do sono 1,1 ± 1,1 1,0 ± 1,1 1,2 ± 1,0 1,2 ± 1,0
Eficiência habitual do sono 0,3 ± 0,8 0,5 ± 1,2 0,5 ± 1,0 1,1 ± 1,4
Uso de medicamentos 0,1 ± 0,4 0,4 ± 1,0 0,08 ± 0,2 0,3 ± 0,9
Distúrbios de sono 1,3 ± 1,1 1,6 ± 0,8 1,0 ± 0,4 1,2 ± 0,9
Disfunção diurna 1,2 ± 0,9 2,1 ± 0,9 * 1,3 ± 0,8 1,8 ± 0,9
Pontuação total de PSQI 6,7 ± 3,3 8,6 ± 5,5 5,5 ± 2,8 * 8,3 ± 5,1
Os dados são média ± DP. Pré-treinamento e pós-treinamento, meninos e meninas. *p≤0,05 vs meninos
49
Figura 2 – Análise de regressão linear em toda a população. Correlações entre VO2máx, ansiedade,
depressão e qualidade do sono em toda a população. BAI (Inventário de Ansiedade de Beck), BDI
(Inventário de Depressão de Beck), PSQI (Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh)
Figura 3 - Análise de regressão linear (por sexo). Correlações entre VO2máx, ansiedade, depressão e
qualidade do sono entre meninos e meninas. BAI (Inventário de Ansiedade de Beck), BDI (Inventário
de Depressão de Beck), PSQI (Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh)
6. DISCUSSÃO
Ademais, as meninas, a partir dos 13 anos, tem duas vezes mais probabilidade
de apresentar depressão e altos níveis de sintomas depressivos em comparação aos
meninos (CERVANTES; PARRADO; CAPDEVILA, 2012; CHAPLIN; GILLHAM;
SELIGMAN, 2009).
É fundamental compreender a trajetória de desenvolvimento em direção à
depressão para as meninas. Uma rota potencial para essa tendência são os primeiros
sentimentos de ansiedade. Na infância, as meninas se preocupam mais que os
meninos. Também, os Transtornos de Ansiedade Generalizada e Transtornos
Depressivos Maior compartilham de etiologias genéticas comuns, sendo evidente
sintomas de ansiedade antes dos sintomas depressivos, o que configura uma variável
de predição (CHAPLIN; GILLHAM; SELIGMAN, 2009).
Além disso, os níveis de ansiedade em meninas foram correlacionados
negativamente com VO2 em valores máximos em nosso estudo. Resultados
semelhantes foram observados em estudo com estudantes universitários que
demonstrou que o traço de ansiedade é um fator importante que também determina a
resposta do treinamento do VO2max (CERVANTES; PARRADO; CAPDEVILA, 2012).
No entanto, os alunos não eram adolescentes e não foi estratificado por gênero.
De fato, a literatura sugere que vários fatores são importantes para atingir
aumentos no VO2máx, incluindo a quantidade e a intensidade do exercício, sexo, raça
e idade em adultos (BOUCHARD; RANKINEN, 2001). Em contraste, pesquisas com
adolescentes não mostraram diferenças significativas de gênero, sugerindo que o
treinamento físico deve incluir, pelo menos, duas sessões por semana com duração
de 20 minutos ou mais por sessão, realizadas em uma intensidade moderada para
melhorar seu VO2máx (PAYNE; MORROW JR, 1993). Porém, mais estudos devem ser
realizados para verificar a relação entre ansiedade e VO2máx em adolescentes e a
influência do gênero.
Em relação à depressão, esse foi o único parâmetro psicológico que se
correlacionou para toda a amostra em nosso estudo, sugerindo a importância desse
aspecto na saúde do adolescente. Infelizmente, 6 semanas de treinamento funcional
não foram suficientes para neutralizar a depressão e a ansiedade dos participantes.
Em contraste com nossos dados, um breve relatório em adolescentes
irlandeses mostrou que níveis moderados e altos de atividade física estão
inversamente associados com ansiedade e sintomas depressivos (KEYES, et al.,
2015). No entanto, este estudo baseou-se nos níveis de atividade física baseados no
55
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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ANEXO 01
(Questionário Internacional de Atividade Física – IPAQ)
74
75
ANEXO 02
(Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE)
76
77
ANEXO 03
(Termo de Assentimento para Menores de Idade)
78
79
ANEXO 04
(ANAMNESE)
80
81
ANEXO 05
(Pontos de Cortes do IMC para Crianças e Adolescentes, Cole et al., 2000)
82
ANEXO 06
(Inventário de Depressão de Beck - BDI)
83
84
ANEXO 07
ANEXO 08
ANEXO 09
DESTAQUE