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EPISÓDICA
Doutor em Ciências.
São Paulo
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
EPISÓDICA
Discente
Orientador
São Paulo
2018
i
Alves, Marcus Vinicius Costa
Episódica / Marcus Vinicius Costa Alves. -- São Paulo, 2018, xix, 99p.
Retrieval.
Mental; 5. Pupilometria.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
Banca Examinadora
Suplentes:
Prof . Dr . Claudia Berlim de Mello
Universidade Federal de São Paulo
iv
Esta tese foi realizada no Departamento de Psicobiologia da Universidade
v
Esta tese foi financiada com bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Projeto: 2013/24847-2.
vi
Como sempre, dedico todo meu trabalho
para eles.
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Agradecimentos
Amodeo Bueno, torcedor fanático e irrefreável do Esporte Clube Bahia. Poucas pessoas
podem ter o prazer de dizer que têm em seu orientador um dos seus melhores amigos e
eu sou uma delas. Obrigado pelo apoio e pelos conselhos em momentos difíceis. Tenho
imenso orgulho de ter sido seu aluno por tanto tempo e da confiança que você depositou
Às amigas da sala 10, Sil e Lari, que apesar da distância nos últimos anos, foram
Agradeço à família, minhas tias Sandra e Rosa, que foram importantes na minha
criação e são também culpadas pelo que me tornei, e aos primos que sempre apoiaram
iniciação científica e hoje mestranda Susanny Tassini pela ajuda tanto na coleta, quanto
na tabulação dos dados de alguns dos meus experimentos e que me ajudou muito nestes
mais de 4 anos em que trabalhamos juntos. Ao colega Felipe Aedo-Jury, que colaborou
comigo em boa parte das análises pupilométricas nos meus últimos trabalhos, e a
Priscila Covre que foi uma incrível colaboradora, direcionadora e parceira em boa parte
deste processo.
Agradeço aos meus amigos de Salvador por me manterem com os pés no chão,
mas também me apoiarem: Leo, Neneco, Thiagostinho, Victor Negão, Alvinho, tio
Sérgio, Xandão, Gui Goiaba, Gabi, Debora, Leozão, Modesto, Bomfim, Paulittle, Brian,
à Ana Thereza por ter estado ao meu lado durante muitos anos e também aos amigos
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Chaparia e Berna, que podem nem saber, mas em diversos momentos foram das pessoas
Agradeço aos amigos que fiz em São Paulo por permitirem que a vida nela fosse
Calegas, Bruno Antonio, Jansêra da Bahia, Roger, Diegão, Mancha, Flavinha, Sarah e
Nanai; Aos de casa aquilo mesmo não muda nada: Leo #P., Jordan e Marina; E aos
Lanini, Thiago Rivero, Regina, Vivi, Cadu, Deborah Amanda, Deinha, Drica, Karina e
área, se tornando peça fundamental no esquema tático da minha vida. Agradeço ao meu
cachorro, Chico (que imagino não vá ler essas páginas), mas teve grande presença na
colegas e amigas nestes anos de psicobio: M nica Miranda, Claudinha Berlim e Gabi;
Também agradeço aos funcionários que foram importantes para todos os meus
dias no departamento: Gilbertinho, Dora, Flávia, Brunão, Nelsão, Maria, Mara, Jacque,
Val, Socorro, Mané, Maurício, Cris, Léa e tantos outros, que são fundamentais para o
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em 2012/2013. Com muito afeto e desejo de que se mantenha forte para possibilitar a
outros futuros cientistas o que ele possibilitou a mim. E com isso, pela vivência,
agradeço aos colegas de quando fui aluno (XCV) e aos queridos alunos que pude
receber posteriormente, quando fui coordenador (XIIICV). E, claro, todos os alunos que
estiveram presentes nas edições em que fui menos ativo na coordenação, porém ainda
sobre os meus estudos (Michael Anderson, Nelson Cowan, Mario Parra e Sergio Della
de forma excepcional durante o período que passei em seu laboratório. Agradeço aos
ciência e que me deu base para caminhar - até porque ele não acredita em carros - por
esta estrada tão difícil. Sem dúvidas, continua sendo um dos meus exemplos até hoje.
que com suas críticas e elogios me ajudaram a seguir querendo me aperfeiçoar na escrita
e divulgação científica, para fazer com que a ciência, o conhecimento e o senso crítico
alcancem o maior número de pessoas possíveis, e que saindo dos muros da academia se
Por mais que ela não saiba retribuir às vezes, agradeço à cidade de Salvador,
apesar do aparente cadafalso, ser sempre a minha fortaleza. Que em meio à minha
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saudade nunca deixou de ser a base telúrica para que as minhas raízes sempre fossem
meus experimentos, exaurindo seus recursos mentais e dilatando suas pupilas durante
Gostaria de agradecer a muito mais gente do que este espaço permite, pois
reconheço com plena certeza de que tudo que resultou neste trabalho não poderia ser
expresso apenas em citações, mas sim ao reconhecer que, nestes anos estudando o
esquecimento, minha vida foi tocada, transformada e reconstruída por cada pessoa de
maneira inesquecível.
xi
“Penso que só há um caminho para a ciência ou
para a filosofia: encontrar um problema, ver a sua
beleza e apaixonar-se por ele; (...) poderão então
descobrir, para vosso deleite, a existência de toda uma
família de problemas-filhos, encantadores ainda que
talvez difíceis, para cujo bem estar poderão trabalhar,
com um sentido, até o fim dos vossos dias.”
Popper, K.; 1984.
“Em Busca de Um Mundo Melhor”.
xii
Memória
Carlos Drummond de Andrade
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
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Sumário
Memória ............................................................................................................... 19
3. OBJETIVOS ............................................................................................................ 25
4. MÉTODOS .............................................................................................................. 26
xiv
4.3.2.2. Posição Serial ........................................................................................ 29
5. EXPERIMENTOS-PILOTOS ................................................................................. 34
apresentadas ......................................................................................................... 43
xv
5.3.4. Resultados ................................................................................................... 45
6. EXPERIMENTO 1 .................................................................................................. 48
7. EXPERIMENTO 2 .................................................................................................. 57
8. EXPERIMENTO 3 .................................................................................................. 64
9. EXPERIMENTO 4 .................................................................................................. 71
xvi
9.5. Discussão .............................................................................................................. 77
xvii
Lista de Figuras
Figura 7 – Palavras Recordadas (A) e Dilatação da Pupila (B) pelas condições e grupos
do EXP-Piloto3 .............................................................................................................. 46
blocos (A e B) ................................................................................................................ 52
xviii
Figura 21 – Dilatação da pupila Total no Experimento 4 por condições ..................... 75
xix
Lista de Tabelas
Tabela 4 – Resultados dos escores das tarefas por ordem de realização ...................... 77
xx
Lista de Anexos
xxi
Lista de Abreviaturas
EXP – Experimento
IP – Interferência Proativa
IR – Interferência Retroativa
L - Lista de Palavras
R - Recordação Livre
xxii
Resumo
quando aprendidas pelos indivíduos, logo, o esquecimento seria justificado pela disputa
esforço mental durante o tempo em que está ocorrendo (IR). O presente estudo se
ou por causa da limitada capacidade de recursos mentais dos indivíduos para o controle
pupila dos indivíduos. O Experimento 1 (N - 20) replicou nosso estudo anterior que
memórias mais lábeis, porém não encontrando este efeito. No Experimento 3 (N – 30)
resultados do nosso estudo indicam que não há efeito interferente do esforço mental na
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1. INTRODUÇÃO
Esquecer informações antes aprendidas é uma das situações mais comuns pelas
quais as pessoas passam diariamente. Todavia - talvez por ser tão comum - o
esquecimento é tratado como algo intrísico à vida moderna, sendo inclusive por diversas
depender do contexto. Em alguns momentos pode ser visto como algo exclusivamente
mental ou, de forma menos dramática, como desatenção ou desinteresse -, por outro
lado, também pode ser percebido como a fuga - muitas vezes desejada - de um estímulo
aversivo, como exemplo: uma pessoa que deseje imensamente esquecer alguém ou algo
que a faz sofrer. Em verdade, essa visão maniqueísta do esquecimento parece enraizada
no sentido que ele terá no contexto e, no entanto, quando se tratando das evidências
abarcadas nas ciências cognitivas, entende-se que a incapacidade de esquecer pode ser
tão exasperadora quanto à incapacidade de lembrar (Luria, 1968; Parker, Cahill &
irrelevantes não permanecem para sempre nos cérebros das pessoas, se faz também a
Storm, 2011).
1
1.1. A Ciência da Memória e do Esquecimento
Friederich Nietzsche.
memória, tendo em vista que permite a exposição de diversos processos mnem nicos,
tal condição. Contudo, se a informação foi completamente perdida pela memória que
antes podia recuperá-la ou se a informação está apenas impedida de ser recuperada por
outros fatores, por enquanto, pode ser apenas alvo de especulação filosófica (Davis,
seja, palavras são apresentadas para os indivíduos e, após determinado tempo, é pedido
para que seja feita a recordação dessas listas. Quando não há uma ordem previamente
2
estipulada para a recordação, esta recuperação é chamada de Recordação Livre. A partir
considerado como decorrente da memória de longo prazo (Bueno, 2001; Deese, 1957;
prazo (Deese, 1957; Glanzer & Cunitz, 1966; Gruneberg, 1972). A posição serial das
se constitui de uma entidade única (Bueno, 2001; Tulving, 2001). A memória possui
Decaimento (ou Deterioração), em que se sugere que a perda de informação ocorre com
o passar do tempo (Wixted, 2010). A Teoria do Decaimento sugere que com o passar do
sistema neural das pessoas, isto é, perdidas inexoravelmente (Roediger, Weinstein &
Agarwal, 2010).
3
A perda das informações com o passar do tempo, apesar de plausível, não pode
esquecimento desta forma seria afirmar que as memórias seriam como músculos – se
esse esquecimento e, por outro, esta teoria não consegue justificar estudos que
demonstram que uma série de fatores diversos – que não apenas o tempo – podem
intervir na fixação das memórias (McGeoch, 1932; Lechner, Squire & Byrne, 1999;
ainda que estejam presentes no cérebro dos indivíduos, não estariam aptas a serem
recuperadas (Roediger, Weinstein & Agarwal, 2010; Wixted, 2010). Basicamente, esta
teoria defende que não necessariamente o traço da memória esteja perdido para sempre
quando há uma falha na recordação, mas sim que ele pode apenas estar inacessível
e o modo de recuperação (Tulving & Thompson, 1973; Tulving, 1983; Lepage e cols.,
tem que ser reinstalada com a intervenção do lobo temporal medial que participa
4
Uncapher, Otten & Rugg, 2006). Além das estruturas hipocampais e parahipocampais, é
para a codificação quanto para a recuperação. De fato, essa relação implica uma
sistema para manter por algum tempo as informações entrantes de modo a permitir a
de pistas do ambiente (Lepage e cols., 2000; Squire, 2004; Tulving, 1974; Tulving &
Thompson, 1973). Para utilizar eficientemente pistas do ambiente, como pistas para
momento da aquisição for a tentativa de recuperação, supõe-se que menos esforço será
gasto para se recolocar no contexto original da aquisição e, com isso, mais fácil será
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Buffer), além das demandas executivas habituais (Baddeley, 2000; 2008; Repovs &
Baddeley, 2006; Quinette e cols., 2006) sugerem que o retentor episódico é na verdade
informações irrelevantes e, com isso, tentando reduzir a interferência causada por elas
(Lechner, Squire & Byrne, 1999; Wixted, 2004). Segundo a Teoria da Interferência,
a primeira informação (A) e a segunda (B) disputam sua existência, quando o alvo da
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Figura 1: Paradigmas clássicos da Teoria da Interferência (Alves, 2013; Alves & Bueno, 2017)
e Pilzecker em 1900 (apud Lechner, Squire & Byrne, 1999). A interferência retroativa
foi inicialmente definida como a interferência que ocorre quando uma informação ou
tarefa é inserida entre a apresentação de outra informação que deverá ser recordada e a
posterior recordação desta informação (Cowan, Beschin & Della Sala, 2004; Dewar,
Cowan & Della Sala, 2007; Lechner, Squire & Byrne, 1999; McGaugh, 2000).
codificação das memórias nos indivíduos, todavia, estudos com interferência retroativa
por um processo sugerido também pela primeira vez por Müller e Pilzecker em 1900: a
Consolidação da Memória (Lechner, Squire & Byrne, 1999; McGaugh, 1999, 2000). Ao
7
1.1.2. Consolidação da Memória
memórias tornam-se estáveis (Dudai, 2012; Nadel & Bohbot, 2001). A ideia é a de que
cerebrais (Dudai, Karni, & Born, 2015; McGaugh, 2000; Nadel & Moscovitch, 1997,
consolidação sistêmica.
Dudai, 2012; Robertson, 2012). Sendo assim, a interferência retroativa aconteceria não
2007; Dudai, 2004; McGaugh, 1966; 2000; Robertson, 2012; Squire & Alvarez, 1995).
(Figura 2) (Dudai, 2004; McGaugh, 1966; Sosic-Vasic e cols., 2018; Wixted, 2004).
8
Figura 2: Interferência Retroativa durante a consolidação da memória (Alves, 2013; Alves & Bueno,
2017)
subículo e córtex entorrinal (Wixted, 2004) – possui uma grande relação com a
consolidação sistêmica. Caso esta formação sofra alguma lesão antes do processo de
consolidação estar completo, memórias ainda não consolidadas não serão mais passíveis
de recordação (Lechner, Squire & Byrne, 1999; Moscovitch & Nadel, 1998; Wixted,
2004). O registro definitivo das memórias se daria pelo gradual armazenamento destas
independentes do hipocampo (Dudai, 2012; Lechner, Squire & Byrne, 1999; Meeter &
Murre, 2004; McGaugh, 2000; Squire & Alvarez, 1995; Wixted, 2010).
9
McCulloch, 2000; Anderson & Spellman, 1995; Fawcett & Taylor; Andrejkovicks,
Balla & Bereczki, 2013; Harand, Bertran, La Joie e cols., 2013; Wixted, 2004).
Pacientes que sofrem lesões no lobo temporal medial podem apresentar uma leve
da amnésia (Lechner, Squire & Alvarez, 1995). Essa perda pode indicar exatamente os
materiais ainda não consolidados (Dudai, 2012; Lechner, Squire & Alvarez, 1995;
Squire & Byrne, 1999). Todavia, a característica principal de lesões no lobo temporal
memórias por um curto espaço de tempo – o que sugere que processos posteriores ao
recebimento da informação são necessários para que ocorra a fixação destas memórias
causador da amnésia (Dewar, Della Sala, Beschin & Cowan, 2010, Nadel & Moscovitch,
revelaram que, quando uma informação dada para a recordação destes pacientes é
há uma maior recordação da informação-alvo (Cowan, Beschin & Della Sala, 2004).
memória. Uma particularidade desse tipo de condição seria a de que pacientes com
consolidação das memórias, o que faria com que os efeitos de degradação dos traços de
visíveis (Cowan, Beschin & Della Sala, 2004; Dewar, Cowan & Della Sala, 2010). Tais
10
resultados também seriam uma indicação de que um intervalo sem atividade cognitiva
retroativa são variáveis, muito da informação perdida pelos indivíduos pode ser devido
2017), como o tipo de tarefa realizada nessa interferência, o contexto na realização dos
processo de consolidação.
retroativa (Dewar, Della Sala & Cowan, 2007; Wixted, 2004). Todavia, não é apenas
pela similaridade que uma tarefa pode interferir com outra (Willians & Donovick, 2008).
informação-alvo é a de que o esforço mental exigido por estas tarefas possa ser o
diferencial para o surgimento ou não do efeito interferente (Dewar, Della Sala & Cowan,
uso de recursos mentais na realização da tarefa interferente por meio de esforço mental
11
durante o processo de consolidação da memória (Cowan, Beschin & Della Sala, 2004;
Dewar, Cowan & Della Sala, 2007, Dewar, Cowan & Della Sala, 2010).
informações com mais facilidade (Abel & Bäuml, 2012; Dewar, Cowan & Della Sala,
2007; Dewar, Della Sala, Beschin & Cowan, 2010; Wixted, 2004; Wixted, 2010),
porém pouco se sabe se tal melhora é devida à não realização de tarefas que demandem
estudos que, ao testar esta possibilidade, não conseguem encontrar um efeito tão
proeminente quantos os encontrado nos estudos com pacientes amnésicos (Alves, 2013;
“Esquecer não é uma simples vis inertiæ [força inercial], mas uma força inibidora,
ativa, graças à qual o que é por nós experimentado não penetra mais em nossa
consciência, (...) não poderia haver felicidade, jovialidade, esperança, orgulho,
presente, sem o esquecimento.”
Friederich Nietzsche, em Genealogia da Moral, 1887.
tarefas (Kahneman, 1973), ou seja, é o uso dos limitados recursos mentais afetando o
12
(Gopher & Donchin, 1986; Kahneman, 1973). Esforço Mental é um termo utilizado
para definir uma dimensão do conceito conhecido como Carga Cognitiva (Cognitive
uma tarefa em particular (Paas e cols. 2003; Paas & van Merriënboer, 1994). Baseada
Figura 3: Esquema da Carga Cognitiva (Cognitive Load) traduzido de Paas & van Merriënboer
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intrínsecos (ex: a aprendizagem de um conceito simples versus a aprendizagem de um
dos indivíduos para esta realização (ex: recursos mentais disponíveis, conhecimento
tendem a ser mais estáveis durante a realização de tarefas, tendo em vista que são
definidos por três diferentes dimensões, sendo elas a carga mental, o esforço mental e a
performance (Paas & van Merriënboer, 1994). A Carga Mental (Mental Load) é o
aspecto da carga cognitiva originada das demandas cognitivas das tarefas e do ambiente.
do sujeito. Ou seja, não importando as características dos sujeitos que realizarão uma
tarefa complexa A contra uma tarefa simples B, a tarefa A sempre implicará em uma
compreensão da carga cognitiva, tendo em vista que pode ser definida apenas como as
“conquistas” de quem aprende, o quão bem o indivíduo consegue realizar uma tarefa.
quantidade de erros cometidos, tempo realizando uma determinada tarefa dentre outros.
Indivíduos diferentes realizando a mesma tarefa (i.e. com carga mental igual), dispondo
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de recursos mentais diferentes, podem obter performances iguais (mesma quantidade de
1977; Shiffrin & Schneider, 1977; Westbrook, Kester & Braver, 2011). Ele engloba
realização da tarefa.
uma tarefa ou após a realização dela, como exemplo, novamente utilizando as tarefas A
sempre demandaria mais esforço mental para a sua realização, todavia, um certo
indivíduo pode simplesmente ter motivação maior para a realização da tarefa B e, com
implicando maior esforço mental para a sua realização. Outra possibilidade é a de que
mesmo a tarefa A sendo mais complexa e demandante, quando um sujeito que já tenha
experiência com ela, mas nenhuma experiência com a tarefa B realiza as duas, ele terá
maior demanda de esforço mental para a realização da segunda do que da primeira (Paas
& van Merriënboer, 1994). Sweller e colabores (2011) propuseram conceitualmente que
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as dimensões carga mental e esforço mental são constructos diferentes, porém
positivamente correlacionados.
que as informações são processadas pelos indivíduos por dois tipos diferentes de
1977; Shiffrin & Schneider, 1977). Estes dois sistemas possuem características díspares
Tabela 1: Teoria do Processamento Dual de Informações (Alves e cols., 2017; Pereira e cols., 2011)
fora do conhecimento
Grau de consciência exige conhecimento consciente
consciente
tarefas conhecidas ou
tarefas novas ou com muitos
Novidade relativa das tarefas praticadas, com características
aspectos variáveis
estáveis
16
Além de diversos outros fatores, estes sistemas se diferenciam principalmente
pela demanda de esforço mental que exigem (Kahneman, 1973; Paas & van
esforço, enquanto que o sistema controlado exige esforço por definição. As tarefas
realização de tarefas automáticas (Schneider & Shiffrin, 1977; Shiffrin & Schneider,
1977).
“The only true voyage of discovery, (... would be) to possess other eyes, to
Marcel Proust
mental empreendida (Goldinger & Papesh, 2012; Heitz, Schrock, Payne & Engle, 2008;
Hess & Polt, 1964; Jainta & Baccino, 2010; Kahneman & Peavler, 1969; Moresi e cols.,
2008; Otero, Weekes & Huton, 2011; Picado, Isaacowitz & Wingfield, 2010). O
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registro da variação do diâmetro pupilar dos indivíduos é também chamado de
potencial evocado (Just, Carpenter & Miyake, 2003), sendo possível também utilizar a
2000; Heitz, Schrock, Payne & Engle, 2008; Goldinger & Papesh, 2012; Otero, Weekes
& Huton, 2011). Sendo assim, a dilatação da pupila proporciona um índice da atividade
(Andreassi, 2000; Beatty, 1982; Beatty & Lucero-Wagoner, 2000; Kahneman, 1973),
pois reflete fatores aut nomos periféricos que, apesar de não estarem fisiologicamente
empiricamente relevantes e precisos para tal mensuração cognitiva (Beatty & Lucero-
Wagoner, 2000).
2000). Mas há também uma pequena alteração no diâmetro pupilar não relacionada a
tais oscilações, mas sim à cognição, e tal alteração, apesar de sutil – aproximadamente
recursos mentais pelos indivíduos (Beatty & Lucero-Wagoner, 2000; Hess & Polt, 1964;
18
1.4. Interferência Retroativa de Diferentes Demandas Cognitivas na
Consolidação da Memória
três minutos tarefas de Geração Aleatória de Números (GAN) com demanda mais baixa
(um número a cada dois segundos) e uma geração com demanda mais alta (um número
por segundo) (Hamdan, Souza, & Bueno, 2004), além de um intervalo vazio no qual
rápida foi substituída por uma tarefa de Geração Serial de Números - ou, simplesmente,
de 1 a 9.
efeito de tarefa versus intervalo vazio, já no segundo, este efeito se perdeu. Com isso, é
possível que este efeito interveniente na consolidação da memória esteja sujeito a outros
interferência que se torna maior ao se impedir uma recuperação efetiva dos intens na
19
Em Alves (2013) o material apresentado pós-aprendizagem e intervalos (Vazio,
efeito das tarefas pela similaridade do conteúdo, algo pouco realizado por pesquisadores,
tendo em vista que estes tendem a focar na interferência por itens semelhantes (Cowan e
cols., 2007; Wixted, 2004). Logo, tendo em vista que a interferência não específica
dos participantes na realização de tarefas que exijam alto esforço mental superem em
algum momento um limiar de recursos mentais que os indivíduos poderiam dispor para
entrada de diversas tarefas demandantes somadas que consigam ultrapassar este limiar
de esforço mental. Uma soma abaixo do limiar não causaria efeito nenhum de
memória (Dewar, Cowan, & Della Sala, 2007), como também pela incapacidade de
fazer uma boa recuperação episódica das informações gerada no contexto cognitivo dos
indivíduos após uma série de tarefas demandantes que os tornaria mais suscetíveis às
Alves (2013) não foi o suficiente para que a consolidação da memória fosse afetada.
Tendo em vista que a consolidação da memória é um processo que não tem o seu tempo
de duração ainda estabelecido e que o estudo fez tarefas de três minutos, este tempo
20
pode não ter sido o suficiente para causar a interferência retroativa de forma mais
(TCM). Ou seja, o efeito que surgiu no primeiro experimento poderia surgir no segundo
após mais algum tempo de tarefa. Esta hipótese se apoia na ideia de que, durante a
seria positiva, ou seja, uma melhora na realização das tarefas não geraria uma perda na
(Maniscalco e cols., 2017). Este realocação pode indicar que ao se realizar uma tarefa
com mais efetividade, menos recursos são necessários para realizá-la e, com isso, menos
anterior tenha surtido pouco efeito na consolidação da memória devido a uma não
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Operacional também está submissa aos efeitos do esquecimento devido à interferência
(Hardt, Nader & Nadel, 2013; White, 2012), e assim, argumente-se que uma boa
(Cowan & Saults, 2012). Kane e Engle (2000) em um de seus estudos encontraram que
interferência proativa quando não havia tarefas que demandavam recursos atencionais,
memória operacional durante a aquisição de novas palavras quando havia uma tarefa
nossos resultados com interferência retroativa em Alves (2013) parecem apontar para
fato que explicaria os resultados encontrados anteriormente (Alves, 2013; Varma e cols.,
(Cowan, Beschin, & Della Sala, 2004; Dewar, Cowan, & Della Sala, 2007) esteja na
ao aumento de interferência (Düzel e cols., 1997; Unsworth, Brewe, & Spillers, 2003a;
Bereczki; 2013, Cowan & Saults, 2012; Kane & Engle, 2000).
22
A partir do que fora explicitado acima sobre as hipóteses do presente estudo, é
assim como demonstrado por estudos recentes (Ben- akov, Eshel e Dudai, 2013;
Öztekin & Badre, 2011; Raajimakers e Jakab, 2013). Já as hipóteses de TCM, TREF e
SISP são hipóteses prioritariamente de interferência retroativa. Tendo em vista que não
há estudos que investiguem a influência do esforço mental como estímulo que provoque
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2. Justificativa
esforço mental dos indivíduos. A testagem destas hipóteses poderá indicar novos
caminhos para estudos sobre o esquecimento e, com isso, futuramente gerar práticas
24
3. Objetivos
a. Objetivo Geral
b. Objetivo Específico
interferência;
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4. Métodos
4.1. Participantes
tratamento com fármacos com atuação no sistema nervoso central, além de qualquer
eye-tracker.
26
4.2. Aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa (Anexo 2)
Para o registro do diâmetro da pupila foi utilizado o aparelho Tobii T120® Eye-
em 120 Hz; acurácia de 0.5 graus; 30 x 22 x 30 cm; 1280 x 1024 pixels; registro
preta durante todo o experimento, com uma pequena cruz braca (ponto de fixação) no
da tela. Tendo em vista que o foco do estudo eram os dados pupilométricos e o aparelho
a cabeça dos participantes não foi restringida. O eyetracker registrava o diâmetro das
luminosidade das coletas entre participantes. A luz artificial da sala tinha por volta de
800 lux (condição em que a média basal do diâmetro pupilar está por volta de 4.5 cm).
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regulada com o propósito de deixá-los com seus olhos centralizados em relação à tela.
Uma calibragem individual de nove pontos foi realizada antes de cada registro
pupilométrico.
Antes da análise, os dados obtidos pelo eye tracker passaram por um tratamento
no qual eram excluídos qualquer registro em que o sistema acusasse não ter conseguido
também pode haver perdas de sinais devido à movimentação ostensiva da cabeça dos
experimento ocorria o registro da pupila do participante para se obter uma média basal
da pupila. Durante esse registro basal o participante deveria observar a tela do eye
tracker por três minutos, sendo recomendado que não pensasse ou realizasse qualquer
esforço mental neste intervalo. A dilatação da pupila em cada condição (DPupil) era
(MPC) subtraída pela média do diâmetro do registro basal (MPB) que aconteceu antes
de todo o experimento: MPC – MPB = DPupil. Após isso, foi obtida uma média da
A análise da dilatação da pupila se dará pela média, pois analisar apenas o auge
Papesh, 2012; Klingner e cols., 2011). A decisão pela utilização de uma média basal de
três minutos, ao invés de uma baseline de apenas um segundo antes de cada trial se deu
pelo fato de que as tarefas realizadas nesses estudos tinham longa duração - 3 ou 6
minutos - e com esta média basal era possível se considerar a adequação e flutuação
fisiológica natural das pupilas durante um grande intervalo de tempo realizando uma
28
média truncada que excluiu 10% de dados extremos (outliers e erros de sinal). Em todos
os participantes a média truncada foi igual à média normal, garantido uma média pupilar
segura.
deste estudo, sendo estas palavras substantivos concretos da língua portuguesa, não
palavras conforme a sua posição de entrada. Tal análise é feita por meio da curva de
Posição Serial (Bueno, 2001). A recordação por posição serial nas listas de palavras nos
posterior (I-Post), 10 a 12; e Final (Fim), 13 a 15. O efeito de Primazia pode ser
que das centrais (I-Ant e Centro, principalmente), enquanto que a Recência é encontrada
com a diferença das palavrais finais (Fim) para as centrais (I-Post e Centro,
29
4.3.3. Metrônomo
Um metr nomo digital foi utilizado para que os participantes pudessem realizar
4.3.3. Tarefas
(Schulz, Schmalbach, Brugger & Witt, 2012). Este teste requer o envolvimento de
a aleatoriedade requisitada pela tarefa (Hamdan, Souza & Bueno, 2004; Jahanshahi e
cols., 2006).
cognitivos de forma diferente e gradual, sendo que A-Gan é uma tarefa mais exigente e
B-Gan menos, mas ainda assim, as duas são difíceis (Alves, 2013; Hamdan, Souza &
Bueno, 2004).
30
Os resultados da Geração Aleatória de Números foram computados e gerados
com o programa RNG Calculator (Towse & Neil, 1998) para se encontrar o índice RNG
números (%N) gerados por participante para o máximo possível nos experimentos – 90
números na condição B-GAN e 180 na condição A-GAN (Evans, 1978; Towse & Neil,
deste índice.
uma tarefa complexa para eles (Neuringer, 1986; Scott, Barnard & May, 2001). A tarefa
Funções Executivas (Dirnberger & Jahanshashi, 2010; Hamdan, Souza & Bueno, 2004;
número por segundo. A tarefa de contagem (uma simples contagem de 1 a 9), por
31
rapidamente e assim exigir relativamente menos recursos cognitivos dos indivíduos, ela
pelos participantes.
séries de contagem ele recordava quantos objetos viu em todas as telas, na mesma
processar informação ao mesmo tempo, pois na tarefa eles contam estímulos que
operacional para conseguir realizá-la (Case, Kurland & Goldberg, 1982; Conway e cols.,
2005).
A teoria do esforço mental afirma que este está intrínsicamente relacionado com
sistemas de processamento cognitivo (Alves e cols, 2017; Kirschner & Kirschner, 2012).
Com isso, a tarefa C-SPAN poderá se mostrar uma tarefa extremamente demandante e
utilizado em nossos estudos. Com isso buscamos testar se o possível efeito interferente
similaridade dos estímulos - tarefa de memória operacional - do que pelo uso do esforço
mental.
32
4.3.3.4. Intervalo Vazio
aparelho de eye tracker, porém ele recebia também a instrução de que era
33
5. Experimentos-Pilotos
34
5.1. Experimento-Piloto 1: Controle da demanda cognitiva das tarefas
Tendo em vista o que foi encontrado no estudo anterior realizado por Alves
verificar e controlar alguns pontos que se tornam importantes para a testagem das
como proposta testar a dilatação da pupila dos participantes enquanto realizam tarefas
desta tese - sem a presença da tarefa de recordação de lista de palavras, evitando com
isso um aumento pupilar fruto da carga mental proveniente da retenção destas palavras.
mentais: GAN), e o intervalo Vazio, que poderia ser considerado de exigência nula de
recursos mentais. Todavia, no trabalho anterior foi sugerido a partir dos resultados
segundo exige a mesma demanda mental que o intervalo Vazio, com a vantagem de não
5.1.1. Participantes
idade 24,38 (± 3,50) anos; escolaridade 14 (± 2,55)) anos. Destes participantes, 11 eram
mulheres (73,33%).
35
5.1.2. Tarefas
pare permitir uma análise aprofundada do esforço mental nestas tarefas, estas foram
segundo (G-1/.8s).
Para este experimento, também foram analisados dois índices extras à dilatação
da pupila, sendo estes as piscadelas (blinks) e os picos pupilares (pupil peaks). Após o
foram escontrados com uma simples análise exploratória das médias pupilares. As
tracker de registrar os dois olhos simultaneamente por pelo menos .06s. Qualquer sinal
análise estatística. Uma breve explicação deste processo pode ser encontrado em anexo
(Anexo 5)
36
Piscadelas e picos pupilares podem ser usados como índices relevantes à análise
incosciente dos participantes para uma tarefa que demandará esforço mental e a
Ichikawa, & Steinhauer, 2008). Picos pupilares indicam não só o momento em que o
esforço mental exigido pelas tarefas chega ao seu auge, como também se equivalem às
5.1.4. Procedimento
explicação das tarefas que os participantes realizariam, eles realizaram cada tarefa de
forma pseudo-aleatória - diferente para cada participante - por três minutos cada com
5.1.5. Resultados
dos participantes nas diferentes condições encontrou diferença estatística [F (7; 98) =
16,733, p < .001], e o teste post-hoc de Bonferroni mostrou diferença entre as condições
GAN e todas as outras (Contagens e intervalo Vazio) [p < 0,05; d > 1,0]; e entre o
intervalo Vazio e todas as outras condições [p < 0,05; d > 0,6], exceto para a condição
37
Figura 4: Médias e erros-padrão da Dilatação da pupila (mm) por tarefa do EXP-Piloto1. *
Representa diferença estatística entre as condições e as outras (p<0,05). # Representa diferença estatística
(p<0,05) entre a condição VAZIO e todas as outras condições, exceto a condição C-1/1s.
diferença estatística entre as condições [F (7; 98) = 8,013, p < 0,001]; o post-hoc de
Bonferroni mostrou diferenças entre GAN e as outras condições [p < 0,001; d > 1,0],
exceto COdd-1/1s [p = 0,45 para G-1/2s; p = 0,24 para G-1/1s; e p = 0,62 para G-1/.8s]
e C-1/2s [p = 1,0 para G-1/2s; p = 1,0 para G-1/1s; e p = 1,0 para G-1/.8s].
realização das tarefas, inclusive no intervalo vazio, quando os participantes estão mais
direcionados à realização das tarefas, ou seja, quando mesmo as tarefas Contagem ainda
não estão automatizadas. A análise das piscadelas não revelou diferença (Tabela 2).
Nota: Médias (±Desvio Padrão) dos picos pupilares em milímetros e piscadelas por quantidade.
38
Uma correção foi realizada para determinar a relação entre o índice de
correlação entre as condições GAN (G-1/2s e G-1/1s [r = 0,89; p < 0,001]; G-1/2s e G-
1/.8s [r = 0,92; p < 0,001]; e G-1/1s e G-1/.8s [r = 0,92; p < 0,001]), não encontramos
5.1.5. Discussão
cognitiva, as tarefas GAN foram todas igualmente exigentes e mais exigentes (maior
tarefas demandam processos sem esforço mental e com esforço mental que podem ser
A única exceção foi encontrada na condição C1/1s, que foi tão demandante
quanto o intervalo Vazio. Isso pode ser explicado pela facilidade desta tarefa em
particular, que exige um esforço mental tão pequeno, equivalente a um intervalo não
preenchido (Posner & Fan, 2008). Esta tarefa de contagem em particular parece ter um
efeito teto em sua realização, talvez pelo fato de que este ritmo de contagem tende a ser
o mesmo que as pessoas realizam em diversos momentos de sua vida. Apesar de mais
evidências serem necessárias para certificar essa afirmação, este resultado confirma a
39
proposta de Alves (2013) da utilização dela como uma condição de controle substituta
cognitiva e aquelas com alta demanda cognitiva. No entanto, os picos das tarefas de
Contagem foram semelhantes aos picos do intervalo Vazio, exceto pela contagem de
geralmente ocorre no início das tarefas (Siegle e cols., 2008). Este resultado implica que
das tarefas GAN. Essa ideia também explica o resultado diferente da condição de
não é tão simples quanto contar de 1 a 9, pois o participante deve inibir o contar de
números pares.
Outro ponto é que os picos de dilatação da pupila ocorrem no início das tarefas
estejam apenas buscando realizar as tarefas com mais efetividade, mas também
realizando as tarefas com o menor uso possível de recursos cognitivos (Debue &
implica necessariamente que o uso de recursos cognitivos foi semelhante. Uma possível
40
explicação para esse fen meno é que a piscadela esteja realmente relacionada ao
engajamento cognitivo (Jongkees e cols., 2016), mas assim que a tarefa é iniciada, os
Assim, não houve piscadelas suficientes para um efeito estatístico. Outra possibilidade,
que iria contra a literatura sobre piscar, é que esse efeito não é tão suscetível às
demandas cognitivas, pelo menos às exigências das tarefas deste estudo. Como o piscar
tende a ser considerado representativo de vários fatores, ainda está longe de ser bem
vez teve como seu principal objetivo testar se a tarefa Contagem poderá ser utilizada
nos experimentos posteriores como uma tarefa controle para as tarefas de alta demanda
Tendo em vista esta proposta, este experimento não contou com a mensuração de dados
pupilométricos.
5.2.1. Participantes
idade 20,33 (± 1,45) anos; escolaridade 13,87 (± 0,83) anos). Destes participantes, 9
41
5.2.2. Procedimentos
frente a tela preta de um computador com um ponto de fixação em cruz para simular a
situação experimental dos nossos outros estudos. Aos participantes era informado que
em uma velocidade de uma palavra por segundo e após isso passavam por uma de três
5.2.3. Resultados
não haver normalidade para as três condições [p < 0,05], utilizamos o teste não-
paramétrico de Friedman para analisar a diferença entre elas. Houve diferença estatística
entre as condições para a recordação da lista de palavras [χ2(2) = 5,773; p < 0,05], para
comparar a diferença entre as condições, foi realizado uma análise post-hoc com o teste
< 0,05; d > 1,0] e Contagem [Z = -2,145; p < 0,17; d > 1,0]. A análise das posições
42
Figura 5: Médias e erros-padrão da Recordação Livre e Posição Serial por condições do EXP-Piloto2.
5.2.4. Discussão
Tendo em vista que este experimento não contou com uma medida
pupilométrica, seu foco não era testar o esforço mental requerido na realização das
anteriores, é possível supor que a demanda mental nestas duas tarefas é quase
inexistente.
43
utilizadas nos experimentos posteriores desta tese - sem a presença da tarefa de
recordação de lista de palavras, evitando com isso um aumento pupilar fruto da carga
O segundo experimento-piloto (Exp-Piloto2) por sua vez tem como seu principal
objetivo testar se a tarefa Contagem poderá ser utilizada nos experimentos posteriores
como uma tarefa controle para as tarefas de alta demanda cognitiva. Este experimento
5.3.1. Participantes
idade 24,68 (± 3,34) anos; escolaridade 16,88 (± 2,72) anos). Destes participantes, 11
5.3.2. Tarefas
5.3.3. Procedimentos
44
desenho experimental utilizado no Exp-Piloto2 e nos nossos trabalhos anteriores, ou
seja, após a aquisição das listas de palavras por parte dos participantes, estes realizavam
seguido da tarefa B-GAN e A-GAN; já no ABV, a ordem era inversa (Figura 6). Cada
minutos.
5.3.4. Resultados
indicou diferença estatística [F (3, 14) = 112,410; p < 0,05; Wilk's Λ = 0,771, η2 parcial
= 0,229], com o post-hoc indicando diferença apenas condição Vazio [p < 0,05; d =
condições B-GAN [p < 0,05; d > 1] e A-GAN [p < 0,05; d = 0,83] para o grupo VBA
(Figura 7A).
45
Figura 7: Médias e erros-padrão das Palavras Recordadas (A) e Dilatação da Pupila (B) pelas
diferença estatística [F (3, 14) = 112,410; p < 0,05; Wilk's Λ = 0,771, η2 parcial =
0,229], porém novamente apenas entre as condições VAZIO [p < 0,05; d > 1]. Houve
diferença estatística entre todas as condições dentro dos seus grupos [p < 0,05] (Figura
7B).
5.3.5. Discussão
replicação quase que exata dos resultados encontrados em Alves (2013), mesmo tendo
eram realizadas ao menos duas vezes por participantes (em dois blocos de três tarefas,
lista de palavras se perde quando a tarefa Vazio é a última tarefa do bloco experimental,
46
isso provavelmente se deve à não permanência de recursos mentais para a consolidação
condições, nos dois grupos, sem haver relação entre condição x grupo. Contudo, algo
inesperado ocorreu, em que o intervalo Vazio para o grupo ABV se dilatou mais do que
no grupo VBA. Este resultado pode ser fruto da reverberação de palavras por parte dos
tendo em vista que não há melhora na recordação por parte deles, sendo assim, é
realização prévia de duas tarefas demandantes, ou seja, uma maior atenção e possível
em que as tarefas são apresentadas podem influenciar como estas afetarão a recordação
interferência que desejamos testar. Tendo em vista que com os Exp-Piloto 1 e 2 nós
Vazio, os nossos experimentos posteriores não vão mais contar com o intervalo Vazio.
47
6. Experimento I
Objetivos:
Contagem
48
Após a realização dos pilotos para garantir o controle das tarefas e desenho
de Alves (2013) utilizando a nova tarefa controle (CONT). Além disso, tendo em vista
memória devido a uma não relação entre as estruturas cerebrais responsáveis pela
presente estudo que essa hipótese dos Tipos de Sistema de Processamento (SISP)
relacionada com o córtex pré-frontal - se torna deficitária com a realização das tarefas
de GAN e isto deveria causar um efeito interveniente devido à relação desta área
GAN pode apenas não ter sido o suficiente para que este efeito surgisse. Assim como
Kane e Engle (2000) em um de seus estudos encontraram que participantes com alta
49
6.2. Tarefas
GAN) e C-SPAN.
6.3. Participantes
idade 22,60 (± 4,40) anos; escolaridade 14,84 (± 1,99) anos). Destes participantes, 14
6.4. Procedimento
50
O experimentador lia para o participante a primeira lista de palavras em uma
velocidade de uma palavra por segundo. A leitura das palavras era então seguida por um
intervalo de três minutos no qual uma das condições era realizada de forma
Durante este intervalo o participante era instruído a observar o tempo todo a tela para o
6.5. Resultados
GAN, e A-GAN), uma ANOVA de medidas repetidas foi realizada para verificar a
diferença entre a recordação de palavras, sendo que não houve diferença estatística
saber CONT e B-GAN [p = 0,4 ; d = 0,4] e A-GAN [p < 0,001; d > 1], e B-GAN e A-
51
Figura 9: Médias e erros-padrão da Dilatação da Pupila e Recordação Livre no Experimento 1
demonstrou diferença apenas entre as condições Vazio e C-SPAN [p < 0,05; d = 0,7].
Também foi encontrada diferença na dilatação da pupila [F(2;38) = 50,640; p < 0,001]
entre todas as condições: CONT e A-GAN [p < 0,001; d > 1]; CONT e C-SPAN [p <
Também fizemos uma análises das nossas varíaveis dependentes pela ordem em
houve diferença estatística [F(2;36) = 2,901; p = 0,05], porém apenas para as condições
B-GAN [p < 0,05; d > 1] e A-GAN [p <0,05; d = 0,69]. Em B (Figura 10B), houve
52
Figura 10: Médias e erros-padrão da Palavras Recordadas no Experimento 1 utilizando a ordem dos
encontramos diferença estatística para a dilatação da pupila entre os blocos tanto para
quando A era realizado antes do bloco B [F(2;36) = 0,956; p = 0,39] (Figura 11A),
como para quando B era realizado antes de A [F(2;36) = 2,755; p = 0,07] (Figura 11B).
Figura 11: Médias e erros-padrão da Dilatação da pupila no Experimento 1 utilizando a ordem dos
6.6. Discussão
53
replicação dos resultados em Alves (2013), mesmo com este trabalho utilizando uma
A-GAN e B-GAN. Outro fator importante é a mudança do efeito destas tarefas quando
estão em contextos que demandam mais esforço mental, naquele caso, a tarefa B-GAN
memória, pois as tarefas não deveriam possuir efeitos interferentes retroativos que
Squire & Byrne, 1999). Com isso, o primeiro experimento nos dá um direcionamento de
CONT é uma tarefa que demanda quase nenhum esforço mental, B-GAN é uma tarefa
mais difícil, porém menos que A-GAN e, por fim, a tarefa C-SPAN é extremamente
cognitiva (Beatty & Lucero-Waggoner, 2000). Além disso, apesar de não haver
foram realizadas as tarefas (A->B, ou B->A), notamos que essa diferença surge na
recordação de palavras, ao menos nas tarefas GAN. É compreensível que isso ocorra
porque a tarefa CONT é automática e não vai se tornar mais interferente no segundo
bloco e a tarefa C-SPAN é tão demandante que não há como esperar muito mais
dilatação na pupila dos participantes e efeito interferente, restando então para as tarefas
GAN uma mudança no efeito. Ou seja, tanto as tarefas GAN do bloco A, quanto as
54
por demandas mentais, e assim quando faziam parte do segundo bloco de tarefas a se
Piloto3.
efeitos encontrados aqui, esta hipótese não é explicativa. Se o efeito fosse igual ao
sugerido em trabalhos anteriores com amnésicos (Cowan, Beschin, & Della Sala, 2004;
Dewar, Cowan, & Della Sala, 2007), a mera entrada de tarefas que demandassem o
como é possível ver aqui, há uma complexidade maior nesse fen meno.
Alves (2013) encontrou efeito tarefa vs. Vazio, porém após a redução do uso de
recursos mentais esse efeito não foi encontrado novamente. Sendo assim, uma proposta
Tulving & Thompson, 1973). Varma e colaborades (2017) testaram também com
argumentar que este efeito está mais relacionado com o tempo. Além disso, os
frontal (GAN)), pois as duas tarefas afetam a recordação de forma semelhante quando
55
Uma possível explicação aqui pode ser direcionada pelo estudo de Szmalec e
operacional acaba por impedir que os indivíduos realizem associações fortes entre o
episódio). Com o isso, a sobrecarga causada pela realização das tarefas deixa os
56
7. Experimento II
Objetivos:
suscetibilidade à interferência:
(recordação e pupilometria);
possibilidade de interferência.
57
Em nosso estudo anterior e nos primeiros resultados encontrados no presente
estudo, as tarefas que surgem antes aparentemente influenciam a recordação das listas
de palavras das tarefas posteriores, porém este poderia não ser um simples efeito de
interferência proativa, mas uma confluência de efeitos. Observamos também que
quando tarefas com demanda mental moderada surgem antes de tarefas com demandas
maiores, há uma tendência a maior recordação de palavras do que quando o contrário
ocorre.
Tendo em vista que a teoria da consolidação da memória sugere que nos
primeiros momentos as memórias ainda se encontram lábeis e que a labilidade diminui
ao longo do tempo (McGeoch, 1932; Lechner, Squire & Byrne, 1999), é possível crer
que no início da interferência retroativa as tarefas interferentes causariam um maior
efeito na recordação da lista de palavras. Com o Experimento 2 buscaremos investigar,
principalmente, a relação entre o tempo de realização das tarefas e as suas
consequências para o esquecimento devido ao esforço cognitivo.
Este experimento vai buscar investigar as hipóteses explicativas propostas à
medida que, primeiramente, visa testar a influência da primeira tarefa na consolidação
da memória, logo, este é um teste, prioritariamente, da hipótese de Tempo de
Consolidação da Memória. Tendo em vista que no presente experimento também
aumentaremos o tempo de realização das tarefas interferentes, verificaremos a
influência deste tempo para a recordação livre, pois nos experimentos anteriores apenas
utilizamos tarefas interferentes durante 3 minutos. Além disso, as análises permitirão
testar também a hipótese de Treino/Efetividade da Realização das Tarefas, hipótese na
qual a tarefa anterior influencia a tarefa subsequente, ou seja, por exemplo, com a
apresentação de uma tarefa mais difícil (A-GAN) a segunda tarefa demandante (B-GAN)
se torne menos complexa e consequentemente os participantes consigam recordar mais
itens (TREF), as tarefas de Contagem servirão como Controle deste efeito. Como os
paricipantes realizarão tarefas demandantes durante um longo período, também será
verificado se há uma redução da recordação quando confrontados com tarefas que
sobrecarreguem os recursos cognitivos dos participantes (LEC).
7.1. Tarefas
Neste experimento foram utilizadas apenas as tarefas CONT, B-GAN e A-GAN.
58
7.2. Participantes
idade 24,77 (± 4,06) anos; escolaridade 14,36 (± 1,50) anos). Destes participantes, 11
7.3. Procedimento
59
7.4. Resultados
Figura 13: Médias e erros-padrão das Palavras recordadas no Experimento 2 pela ordem e tarefa. *
condições [p < 0,001; d > 1], exceto CONT-AGAN [p = 1,0], e esta sendo também
Figura 14: Médias e erros-padrão das Palavras recordadas no Experimento 2 pela tarefa. *
representa diferença estatística (p<0,05) para as condições que contém GAN no início.
60
Não houve diferença estatística entre as condições por ordem da tarefa para a
Figura 15: Médias e erros-padrão da Dilatação da pupila pela ordem e tarefa. * representa diferença
estatística (p<0,05).
Aqui não realizamos a análise das pupilas por condições devido ao fato de que
cada condição continha duas tarefas e isto não permitiria uma compreensão não
7.5. Discussão
61
(Maniscalco e cols., 2017). Além disso, outro ponto importante para se considerar é que,
não havendo diferença entre as tarefas GAN e CONT quando estas estão na segunda
tarefa, não é possível supor que a perda de informações na recordação livre se dá pelo
treino delas.
Em contrapartida, não seria impossível considerar pela primeira vez em nossos
resultados que a hipótese da interferência retroativa na consolidação da memória estaria
correta. Tendo em vista que a labilidade da memória se dá no período inicial em que
esta é aprendida (Lechner, Squire & Byrne, 1999), a diferença encontrada nos
resultados com todas as condições - tarefas CONT no início vão ser menos detrimentais
para a recordação livre - poderia indicar que este período inicial pouco demandante
cognitivamente permitiria que as memórias em seu estágio mais frágil fossem
consolidadas, se tornando resistentes às demandas posteriores, não importando estas
quais fossem. Porém esta ainda não é uma explicação convincente, na medida que ainda
assim não houve efeito gradual do esforço mental nesta fase inicial, tendo em vista que
as recordações em B-GAN e A-GAN foram semelhantes. Uma explicação possível para
isto seria que as tarefas GAN, não importando o esforço mental, são extremamente
demandantes e vão afetar a interferência, contudo, tendo em vista os resultados em
Alves (2013) e os primeiros experimentos do presente estudo que demonstram
exatamente o contrário - as tarefas GAN nem sempre vão causar uma interferência
suficientemente forte para a recordação livre ser afetada - este argumento não possui
uma base que o sustente. Todavia, os resultados aqui ainda não são suficientes para
descartar esta hipótese por completo.
Aparentemente, a explicação mais plausível para os resultados encontrados
novamente é a de que o montante de recursos cognitivos utilizados para a manutenção
da realização da tarefa fazem com que os indivíduos se tornem mais suscetíveis à
interferência ao passar do tempo. Ou seja, a hipótese de que há um Limitar de esforço
mental. Principalmente quando nota-se que a tarefa CONT, pela sua automatização, não
afeta a recordação mesmo quando sendo realizada durante os 3 minutos iniciais. A
forma de interpretar estes resultados poderia ser de que os 3 minutos iniciais
permitiriam aos indivíduos uma reserva maior de recursos para não perderem as
informações - algo que gira em torno da ideia da labilidade da memória - e, se iniciando
os 3 minutos finais, estes já não seriam capazes de afetar com tanta intensidade a
recordação. Somando-se aqui também a ideia de que o modo de Recuperação se torna
mais complexo quanto maior for a distância temporal entre a aquisação e a recuperação
62
(Fuster, 2001; Sosic-Vasic e cols., 2017), uma tarefa inicial mais demandante poderia
exigir recursos mentais iniciais que tornassem mais difíceis para os indivíduos de
conseguir se recolocar no contexto mental da aprendizagem do que quando estas vem
no final, e assim, atrapalhando a recuperação.
Os resultados deste experimento demonstram novamente a complexidade do
tópico aqui investigado e, para tentar responder os pontos trazidos aqui, realizamos o
Experimento 3.
63
8. Experimento III
Objetivos:
ocorre;
demandante GAN;
64
A realização do terceiro experimento deste estudo visou testar algumas das
hipóteses propostas, principalmente a possibilidade que a labilidade da memória seria
um fator fundamental para a suscetibilidade à interferência. Aqui buscamos
compreender como o tempo de realização da tarefa poderia influenciar a interferência,
mas este experimento também permitiu testar as hipóteses do limiar do esforço mental
(LEC), do treino das tarefas (TREF), além de tentar replicar o que foi encontrado no
Experimento 2.
Neste experimento, a análise dos resultados indicará se, conforme a demanda de
recursos cognitivos seja aumentada em um intervalo maior de tempo, o participante vai
sofrer maior efeito interferente na consolidação da memória. Caso os resultados
indiquem que os participantes sofrem um efeito agudo em alguma das condições e a
partir desta condição qualquer uma mais demandante afete a recordação da mesma
forma, estaremos comprovando um efeito de LEC.
Caso todas as condições se diferenciem na análise e afetem a consolidação de
forma diferente, mas gradual, não só o limite dos recursos estaria influenciando, mas
como a efetividade na tarefa (TREF). Além disso, com esse experimento será possível
verificar um efeito de TCM, pois caso a interferência esteja relacionada com uma
grande duração de tarefa interferente, ela surgirá afetando a recordação livre de forma
semelhante em todos os grupos, porém se a labilidade for o ponto principal da
interferência, o efeito surgirá apenas nas tarefas GAN.
8.1. Tarefas
8.2. Participantes
idade 24,68 (± 3,34) anos; escolaridade 16,88 (± 2,72) anos). Destes participantes, 21
65
8.3. Procedimento
Aqui, após o registro da pupila basal dos participantes, estes passaram por um
curto treino da tarefa GAN, para evitar que a efetividade de realização desta tarefa varie
em excesso durante o experimento (Figura 16).
participante passava então por seis minutos de tarefa (na Figura 16 representada como
três blocos de dois minutos de tarefa). Após isso, fazia a Recordação Livre da lista de
passava por mais três blocos de tarefa de dois minutos cada e depois recordava as
palavras. Este processo sendo realizado ao todo quatro vezes, em que o participante
passava ao menos uma vez em cada uma das condições de forma aleatória, sendo estas:
CONT, com seis minutos de contagem (Sem esforço mental); GAN-2, com os dois
(mínimo esforço mental, ao menos neste experimento); GAN-4 (com quatro minutos de
66
neste experimento); e, por fim, GAN-6 com seis minutos de A-GAN (esforço mental
máximo).
8.4. Resultados
(Figura 17).
Figura 17: Médias e erros-padrão das Palavras recordadas no Experimento 3 por condições. *
tarefas não demonstrou diferença estatística relevante entre as condições [p > 0,05]
(Tabela 3). Como já era esperado, houve diferença entre as tarefas GAN e CONT,
67
Tabela 3: Resultados da dilatação da pupila (mm) por minutos de tarefa
Nota: Médias (±Desvio Padrão) dos picos pupilares em milímetros e piscadelas por quantidade.
8.5. Discussão
tentar replicar o que foi encontrado no Experimento 2. Neste experimento, a análise dos
GAN2, como não houve diferença entre GAN4 e todas as outras condições, é bem
tarefas extremamente demandantes como GAN não vão afetar a memória de forma mais
apenas a partir dos 12 minutos após uma aquisição e, neste caso, não necessariamente
questionáveis, em primeiro lugar, tendo em vista que muitos dos estudos que propõem a
fazem tarefas com 10 minutos ou menos (Cowan, Beschin, & Della Sala, 2004; Dewar,
68
Cowan, & Della Sala, 2007; Fatania & Mercer, 2017; Martini e cols., 2017), em
segundo lugar, porque segundo a própria base teórica que esses estudos utilizam,
mesmo poucos minutos de tarefa executiva deveriam ser o suficiente para reduzir
qualquer possibilidade de recordação das palavras, enquanto que GAN4 e GAN6 não
Outra hipótese que pouco se sustenta com o presente resultado é a de que haveria
uma piora na recordação livre após o treino excessivo. Apesar de termos treinado a
tarefa GAN antes do estudo não é possível supor que houve um trade-off com a melhora
na realização das tarefas, contudo o treino ainda assim pode acabar suprimindo um
Tendo em vista que novamente verificamos que não é o tempo de realização das
aparentemente a nossa única hipótese que se mantém resistente aos diversos testes é a
de que o uso dos limitados recursos mentais está tornando os participantes mais
realização constante da tarefa A-GAN na condição GAN-6 parece ter sido o fator
prepoderante para a perda de informações, muito tempo realizando uma tarefa tão
demandante após uma série de outras tarefas pode acabar por deixar o participante
(2017), a relação entre o Córtex Pré-Frontal e as funções executivas controladas por ele
69
utilizar os recursos cognitivos para a recuperação, ou seja, mais suscetibilidade à
interferência.
ainda não são o suficiente para que isso possa ser argumentado. O Experimento 4 vem
70
9. Experimento IV
Objetivos:
livre.
71
O esforço mental necessário para realizar tarefas automáticas é mínimo e
pelos indivíduos após uma quantidade considerável de experiências com elas, como um
treino (Jacoby, 1998; McCabe, Roediger, Karpicke, 2011), neste último experimento a
automatização das tarefas CONT vai diferenciá-las das tarefas que, apesar de poderem
tarefas, porém com uma análise mais detalhada. Aqui os participantes serão divididos
em grupos realizando a mesma tarefa até o fim do experimento, alguns passaram quase
quarenta minutos fazendo a tarefa CONT (sempre tendo que fazer recordações livres
durante esse tempo), outros realizaram tarefas extremamente demandantes por este
estudo buscou testar se haveria uma sobrecarga cognitiva após uma série de repetições
interferência aumentada.
9.1. Tarefas
9.2. Participantes
ambos os sexos (média de idade 22,39 (± 3,33) anos; escolaridade 14,80 (± 2,06) anos).
72
Destes participantes, 27 eram mulheres (60%). Os participantes foram dividos
aleatoriamente em dois grupos e não houve diferença estatística para os dados sócio-
9.3. Procedimento
aqui não havia intervalo entre os blocos de tarefas. Além disso, os participantes
pupila por três minutos. Após esse registro o participante recebia as instruções acerca da
participante observou a tela do eye tracker e teve seu diâmetro pupilar registrado. Após
depois da apresentação das palavras o participante realizou uma das tarefas durante três
minutos e após os três minutos de tarefa o participante tinha que recordar as palavras da
73
Logo depois da recordação da primeira lista de palavras o participante ouvia a
segunda lista de palavras e devia novamente realizar a tarefa da sua condição por três
minutos, e após esse tempo recordar as palavras da nova lista. Esse procedimento se
9.4. Resultados
Figura 19: Médias e erros-padrão da Recordação Livre Total no Experimento 4 por condições. *
(Figura 20), há diferença estatítica apenas a partir da quarta lista [lista 4: F(2;38) =
4,874; p = 0,013; lista 5: F(2;38) = 6,851; p = 0,003; lista 6: F(2;38) = 4,060; p = 0,025],
0,010; d > 1] na quarta lista; e nas listas 5 e 6, entre CONT e as outras duas condições
74
(A-GAN [lista 5: p = 0,05; d > 1; lista 6: p = 0,05; d > 1]; C-SPAN [lista 5: p < 0,01; d
Figura 20: Médias e erros-padrão da Recordação Livre no Experimento 4 por listas e condições. *
representa diferença estatística (p<0,05) entre a condição CONT e as outras condições. # representa diferença
[F(2;34) = 3,483; p < 0,05 ], o post-hoc de Tuckey demonstrou diferença entre todas as
condições: CONT x A-GAN [p < 0,05; d > 1]; CONT x C-SPAN [p < 0,05; d >1]; e A-
Figura 21: Médias e erros-padrão da Dilatação da pupila Total no Experimento 4 por condições. *
75
Utilizando-se a ANOVA com as listas (1-6) para a análise (Figura 22), há
diferença estatítica entre todas as condições em todas as listas [p < 0,05; d > 1], com
exceção da lista 4, em que não há diferença entre a condição A-GAN e C-SPAN [p >
Figura 22: Médias e erros-padrão da Dilatação da pupila no Experimento 4 por listas e condições. *
representa diferença estatística (p<0,05) entre todas as condições. # representa diferença estatística (p<0,05)
C-SPAN, o resultado do teste (Tabela 4). Na tarefa GAN não houve diferença entre as
primeira vez em que o participante realizava a tarefa e a última [F(5,55) =; p < 0,001;
post-hoc p < 0,05] e, com isso, não houve melhora na realização de tarefas por parte dos
participantes e nem piora (com exceção da última C-SPAN, resultado que pode ser
76
Tabela 4: Resultados dos escores das tarefas por ordem de realização
A-GAN 0,35 (±0,04) 0,35 (±0,05) 0,35 (±0,05) 0,35 (±0,04) 0,35 (±0,4) 0,35 (±0,05) 0,58
C-SPAN 0,68 (±0,08) 0,62 (±0,07) 0,60 (±0,09) 0,58 (±0,10) 0,59 (±0,07) 0,57 (±0,10) 0,08
Nota: Médias (±Desvio Padrão) dos índices Evans e span de memória operacional por ordem da realização de tarefas.
9.5. Discussão
Este experimento permitiu testar as hipóteses LEC, TCM, TREF e SISP. Aqui as
cognitiva global empreendida pelo participante interferiu na recordação das palavras das
listas. Os resultados aqui demonstraram que a tarefa CONT além de, com a série de
listas, se tornar ainda mais automatizada (dilatação da pupila), ela afeta menos a
recordação livre.
que a partir da quarta lista já é possível ver uma diferença na recordação livre entre
ainda maior e CONT se diferencia das duas tarefas demandantes. Esse resultado parece
vão ficando exauridos dos seus recursos mentais e com isso se tornam mais suscetíveis
que se à medida em que o recurso cognitivo dos participantes vai se tornando escasso
entre a capacidade de recordação das três primeiras para as três últimas listas.
77
demandam muitos recursos mentais para a sua realização. Porém é possível ver nos
escores das tarefas que não houve melhora dos participantes na realização das tarefas C-
SPAN - com exceção da última tarefa realizada - e mesmo assim houve uma diminuição
da recordação de palavras deles. Isso implica que não é a realização em si da tarefa que
recursos cognitivos para a plena realização das tarefas os participantes terminam por
2017). Este resultado também sugere que a interferência pela limitação dos recursos que
2000).
resultados parecem apontar mais para as tarefas que demandam esforço mental alto e
muito alto, do que para sistemas cognitivos diferenciados, tendo em vista que a perda
das informações não ocorre no início da forma que seria esperada, mas apenas após uma
que a utilização dos recursos mentais termina por deixar os indivíduos mais suscetíveis
uma vez que ocorrem um imediatamente após o outro, isto é, separados por muito
pouco tempo, o que já é sugerido que faz com que os contextos se tornem muito
78
mecanismo que aciona o modo de recuperação é menos efetivamente utilizado, o que
79
10. Discussão Geral
procuramos testar é a que o esforço mental teria uma relação com o esquecimento de
(Brawn e cols., 2018; Cowan, Beschin & Della Sala, 2004; Dewar, Cowan & Della Sala,
2007; Fatania & Mercer, 2017; Martini e cols., 2017; Ravishankar e cols. 2017), nossos
resultados parecem confirmar os estudos que dizem não haver este tipo de interferência
naturalmente era que quanto maior o esforço mental das tarefas interferentes e menor os
(1974) de que há um modo de recuperação que pode ser afetado por interferências.
80
mental avaliado pela dilatação da pupila foi o que era esperado em relação às tarefas
tarefa CONT sendo praticamente nula. Os resultados pareceram se direcionar para o que
interferência, contudo esta não seria uma explicação suficiente do estudo (Cowan,
intervenientes e os recursos dispostos para elas. Apesar do tempo ser fundamental para
que o efeito interveniente ocorra (Fuster, 2001), neste estudo encontramos mais
haver um tempo em que o efeito interferente ocorre com mais probabilidade (Sosic-
Vasic e cols., 2017), o efeito encontrado aqui pareceu estar mais relacionado com a
limitação dos recursos congnitivos após uma longa tarefa demandante, como sugerido
por outros estudos (Ben- akov, Eshel e Dudai, 2013; Öztekin & Badre, 2011;
81
(Düzel e cols., 1997; Küper, 2017; Nyberg e cols., 1995; Tulving, 1974; Tulving &
Thompson, 1973).
(1974).
diferente do que fora sugerido para a testagem em Alves (2013), não é possível
cognitivos (Schneider & Shiffrin, 1977; Shiffrin & Schneider, 1977), não interfere com
seguida de tarefas caracterizadas como motoras e implícitas (Brown & Robertson, 2007;
82
Por fim, é importante ressaltar que o córtex pré-frontal participa dos processos
necessários para a recuperação (Cabeza e cols., 1997) e, além disso, a tarefa GAN, um
córtex pré-frontal (Alves, Ferreira, Bueno & Sato, em preparação; Jahanshahi e cols.,
2000.; Jahanshahi e cols., 2006.; ). Nova hipótese é que uma tarefa muito demandante
dessa hipótese é evidente que mais trabalho experimental será necessário para testar as
diferentes pressuposições.
83
11. Conclusão
tarefas. Além disso, concluímos que seja possível que ele esteja sujeito a outros fatores,
no nosso caso, que a interferência seja causada por uma suscetibilidade devido ao
Após este estudo, foi possível obter um quadro geral sobre a influência de tarefas
das hipóteses a partir dos resultados obtidos, exploramos com mais detalhes a influência
mental continuam sendo estudadas experimentalmente, pois sua relação tem uma
84
12. Referências
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13. Abstract
The Interference Theory suggests that information tends to dispute its existence when
prior to the entry of the target memories (Proactive Interference) and subsequent to that
the time it is occurring. The present study aimed to investigate whether the loss of
1 (N - 20) replicated our previous study that demonstrated a possible non - existence of
the interfering effect on memory consolidation. Experiment 2 (N - 22) tested how the
tasks performed at the initial moment of memory consolidation could influence recall
by interfering with more labile memories, but this effect was not fund. In Experiment 3
(N - 30) the participants performed tasks over a longer period of time, testing whether
indicating the possibility of the second hypothesis being more correct. Finally, in
causing a cognitive overload. The results of our study indicate that there is no
and retroactive effect on the retrieval of information that people have for evocation.
93
14. Anexos
94
Anexo 2: Comitê de Ética
95
96
Anexo 3: Listas de Palavras (Recordação Livre)
(Ruiz, 2006)
97
Anexo 4: Tobii T120® Eye-Tracker
30 x 22 x 30 cm
http://www.tobii.com/en/eye-tracking-research/global/products/hardware/tobii-t60t120-eye-tracker/
98
Anexo 5: Mensuração de Piscadelas
imediatamente por uma perda de sinal (piscadelas). Eventos em que houve uma perda
derivados da perda de sinal do eye tracker. A figura abaixo mostra um exemplo destes
dois eventos.
Oliphant, T. E. (2007) Python for Scientific Computing, Computing in Science & Engineering,
9, 10-20.
99