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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA
CURSO DE FISIOTERAPIA

LORRÃYNE STÉPHANIE DINOÁ MENESES

ATUAÇÃO PRECOCE DA FISIOTERAPIA NO DESENVOLVIMENTO


MOTOR NA PREMATURIDADE EXTREMA: Um Relato de Caso

João Pessoa/PB
2021
LORRÃYNE STÉPHANIE DINOÁ MENESES

ATUAÇÃO PRECOCE DA FISIOTERAPIA NO DESENVOLVIMENTO


MOTOR NA PREMATURIDADE EXTREMA: Um Relato de Caso

Trabalho de Conclusão de Curso, orientado pela


Profa. Dra. Sandra Maria C. R. de Carvalho
apresentado como requisito parcial para obtenção
do grau de Bacharel em Fisioterapia, pela
Universidade Federal da Paraíba.

Orientadora: Profa. Dra. Sandra Maria C. R. de Carvalho

João Pessoa/PB
2021
LORRÃYNE STÉPHANIE DINOÁ MENESES

ATUAÇÃO PRECOCE DA FISIOTERAPIA NO DESENVOLVIMENTO MOTOR NA


PREMATURIDADE EXTREMA: Um Relato de Caso

Aprovada em: 09 de julho de 2021

BANCA EXAMINADORA

Profª Drª Sandra Maria Cordeiro Rocha de Carvalho


ORIENTADORA – UFPB

Profa. Dra. Maria Aparecida Bezerra

MEMBRO DA BANCA – UFPB

Profª Drª Maria do Socorro Nunes Gadelha

MEMBRO DA BANCA – UFPB

JOÃO PESSOA/PB

2021
Dedico este trabalho primeiramente а Deus, por
permitir que eu chegasse até aqui e ter controle sobre
todos os meus planos. Aos meus pais Shirley e Antônio
Irapuan, e minhas avós, Arlete e Sônia, por sempre me
incentivarem a dar o meu melhor, nunca me deixarem
abaixar a cabeça diante as dificuldades e sempre
acreditarem em mim, mesmo quando eu achava que não
era capaz. Ao meu namorado, por se fazer presente em
parte dessa caminhada e aos meus amigos, que foram
minha família durante toda essa jornada. Assim, dedico
esta conquista com muito orgulho.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por permitir que eu chegasse até aqui com forças que
eu nem acreditava ter, por sempre ter ouvido minhas orações silenciosas, meus
apelos e agradecimentos e por sempre me dar forças em momentos de fraqueza,
por ter segurado a minha mão e me alimentado com o amor dEle durante toda a
minha jornada acadêmica e, principalmente, durante toda a minha vida. Sem Ele, eu
não sou nada e sequer teria chegado até aqui.

Agradeço aos meus pais, Antônio Irapuan Lira de Meneses Júnior e Shirley
Dinoá de Andrade, por terem me criado com todo amor e dedicação que eu não sou
capaz de registrar em palavras, por todo apoio e ensinamento durante toda a minha
vida e por terem se abdicado tantas vezes só para que eu pudesse ser quem eu sou
hoje, por terem lutado batalhas para que eu pudesse ter o melhor da vida, por terem
me protegido e me cuidado sempre. Espero um dia ser metade do que vocês são.
Não sou capaz em descrever em palavras o tamanho da minha admiração por
vocês. Texto nenhum será capaz de expressar minha eterna gratidão. As minhas
avós, Arlete Dinoá e Sônia Maria, por terem contribuído tanto com a pessoa que eu
sou hoje, por terem participado de todos os momentos felizes da minha vida, por
estarem nas minhas melhores memórias e por sempre me incentivarem a crescer.
Aos meus avôs (in memorian) Antônio Irapuan Lira de Meneses e Erickson Ribeiro
de Andrade, que eu sei que lá do céu, estão me guiando em todos os momentos. E
a minha irmã, Rafaela Dinoá, que é o presente que eu sempre pedi a minha mãe.
Tenham certeza: Eu sou o que sou por vocês.

Agradeço ao meu namorado, Túlio Souto Maior Peixoto, que está comigo
desde a metade desta minha caminhada acadêmica, mas que divide muito além
dessa fase, agradeço pela paciência, por todo apoio de sempre e por ter ficado
comigo em momentos que nem eu sabia que precisava tanto, pela força e por
acreditar em mim em vezes que eu nem sabia que era capaz, e, por todo esse
tempo, ter sido meu colo e acalento quando eu me vi sozinha, não sou capaz de
inserir aqui a imensidão de coisas boas que você me proporciona, obrigada por
contribuir com quem eu sou.

Agradeço às minhas amigas, Amanda Cavalcanti, Marcela Holmes e Mayara


Cavalcanti, por terem me abraçado e terem sido a minha família longe de casa.
Pelos momentos compartilhados e por saberem exatamente o que falar em todas as
horas, cada puxão de orelha, cada incentivo e até mesmo cada reclamação foi
necessária para a construção da pessoa que me tornei hoje, vocês foram essenciais
no meu crescimento e, obrigada principalmente por terem sido abrigo em tantas
vezes que eu precisei, por terem sido o ombro em todas as vezes que eu chorei e
por terem ajudado a me levantar em tantas vezes que eu achei que fosse cair.

Aos meus amigos, Sérgio Rodrigo, Raquel Moura, Rayanne Nascimento, e


Cleudyson Joab, por tantos momentos e histórias compartilhadas, por terem me
ajudado e me ouvido em tantas situações, pelos sorrisos e pela paciência dessa
amizade, por tanta coisa boa e tanta leveza como tem que ser. Cada um de vocês
faz parte de um pedacinho de mim.

A minha orientadora, Sandra Maria Cordeiro Rocha de Carvalho, por ter ido
muito além de sala de aula e orientação. Por ter se mostrado alguém com um dos
corações mais lindos que eu já conheci, que exerce a profissão com o maior êxito e
humanidade. Por ter me aberto portas e ter me dado a oportunidade de participar e
me encontrar nessa jornada acadêmica. E por ter feito que o meu interesse e
dedicação pela pediatria só aumentasse desde o nosso primeiro contato. Obrigada
por tanta dedicação, conhecimento e sabedoria em toda essa caminhada. As minhas
professoras da banca: Maria do Socorro e Maria Aparecida, por terem contribuído
com toda a execução e apresentação desse trabalho e por terem acrescentado todo
conhecimento e ajuda.

Agradeço também a todos os meus professores que passaram por essa


jornada, desde o maternal até o presente momento, pois, sem esses profissionais,
eu tenho certeza que não teria essa carga de aprendizado que tenho hoje. Obrigada
por se dedicarem todos os dias, por enfrentarem tantos desafios nessa profissão e
por todo o conhecimento que vocês se dispõem a compartilhar.

Por fim e não menos importante, agradeço a todas as pessoas que mesmo
sem citar nomes, direta ou indiretamente, me ajudaram na construção de toda essa
jornada ou passaram na minha vida e deixaram boas lembranças e aprendizados.
“Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se
é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-
los sentados enfileirados em salas sem ar, com
exercícios estéreis, sem valor para a formação do
homem.”

Carlos Drummond de Andrade.


RESUMO

O recém-nascido prematuro, devido à imaturidade de seus órgãos e sistemas, pode


desencadear vários problemas resultantes de sua dificuldade de adaptação
extrauterina, afetando inclusive, o desenvolvimento motor normal dos bebês,
fazendo com que haja um atraso na hora de assumir suas funções normais. A
estimulação precoce nesses bebês entra como fator essencial no momento de
incentivar o desenvolvimento motor, sensorial e cognitivo desses bebês. Desta
forma, as crianças conseguem acompanhar de maneira mais eficaz o seu ritmo
normal de desenvolvimento sem que haja nenhuma sequela, ou seja, prejudicial ao
seu crescimento, mas para que o tratamento seja eficaz, é fundamental que esse
atraso seja identificado desde os primeiros meses da vida do bebê e para isso, se
faz necessária uma minuciosa avaliação. Tem-se o objetivo verificar quais os efeitos
da aplicação de um programa de estimulação precoce adequado à idade da criança
sobre o seu desenvolvimento motor e qual a resposta obtida durante toda a duração
do tratamento, visando a inclusão da participação familiar no processo terapêutico.
O presente estudo tem caráter descritivo, exploratório dentro de uma abordagem
qualitativa a partir de um estudo de caso individual utilizando instrumentos de
avaliação neuropsicomotora e plano terapêutico individualizado, destacando os
marcos motores no desenvolvimento motor. A amostra envolvida na pesquisa foi
composta por uma criança nascida com 30 semanas de idade gestacional (IG),
sendo classificada como prematura extrema, com risco de atraso no
Desenvolvimento Neuropsicomotor. Foi observado que a criança obteve ganhos
significativos em todo o seu desenvolvimento e atingiu o objetivo de aquisições dos
padrões típicos de desenvolvimento diante da sua idade cronológica. Além disso, foi
possível mostrar também a importância da participação familiar e como essa
interação da criança com a família é significativa durante todo o processo
terapêutico.

Palavras-Chave: Prematuridade. Estimulação precoce. Desenvolvimento


motor. Participação da família.
ABSTRACT

Premature newborns, due to the immaturity of their organs and systems, can trigger
several problems resulting from their difficulty in extrauterine adaptation, even
affecting the normal motor development of babies, causing a delay in assuming their
normal functions. . Early stimulation in these babies is an essential factor when it
comes to encouraging the motor, sensory and cognitive development of these
babies. In this way, children can more effectively monitor their normal pace of
development without any sequelae, that is, harmful to their growth, but for the
treatment to be effective, it is essential that this delay is identified from the first
months of the baby's life and for that, a thorough evaluation is necessary. The
objective is to verify the effects of applying an early stimulation program appropriate
to the child's age on their motor development and what response is obtained
throughout the duration of the treatment, aiming at the inclusion of family participation
in the therapeutic process. This study has a descriptive, exploratory character within
a qualitative approach based on an individual case study using neuropsychomotor
assessment instruments and an individualized therapeutic plan, highlighting the
motor milestones in motor development. The sample involved in the research
consisted of a child born at 30 weeks of gestational age (GA), classified as extreme
premature, with risk of delay in Neuropsychomotor Development. It was observed
that the child made significant gains in all of his/her development and reached the
goal of acquiring typical developmental patterns in view of his/her chronological age.
In addition, it was also possible to show the importance of family participation and
how this interaction between the child and the family is significant throughout the
therapeutic process.

Keywords: Prematurity. Early stimulation. Motor development. Family


participation.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 12
2 OBJETIVOS 14
2.1 Objetivo geral 14
2.2 Objetivos específicos 14

3 REFERENCIAL TEÓRICO 15
3.1 Considerações sobre a prematuridade: conceito, epidemiologia, 15
classificação e fatores de risco
3.1.1 Fatores de risco associados à prematuridade 15
3.2 Noções básicas sobre neuroplasticidade e sua relação com o 16
Desenvolvimento Motor Normal (DMN) e anormal nos primeiros
anos de vida
3.2.1 Desenvolvimento motor e prematuridade 18
3.3 Estimulação precoce, desenvolvimento e a participação dos pais/ 19
responsáveis: protocolos de avaliação e tratamento
3.3.1 Papel do fisioterapeuta e a participação dos pais/ responsáveis 20
nos protocolos de estimulação precoce
3.4 Estudos sobre a estimulação precoce e/ou essencial em 22
crianças com risco de atraso no desenvolvimento motor por prematuridade
4 METODOLOGIA 25
4.1 Delineamento de pesquisa 25
4.2 Tipo do estudo 25
4.3 População e critérios de inclusão da amostra 25
4.4 Lócus de pesquisa 26
4.5 Procedimentos, instrumentos utilizados e formato da análise dos dados. 27
4.6 Aspectos éticos da pesquisa 29
5 RESULTADOS 31
6 DISCUSSÃO 34
7 CONCLUSÃO 37
REFERÊNCIAS 38
APÊNDICES 41
APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO PARA APLICAÇÃO REMOTA 41
FEITO ATRAVÉS DE VÍDEOCHAMADA
APÊNDICE 2 – QUESTIONÁRIO ADAPTADO APLICADO VIA GOOGLE 43
FORMS
ANEXOS 44
ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 44
ANEXO B – CARTA DE ANUÊNCIA DO SERVIÇO DE FISIOTERAPIA 47
INFANTIL
ANEXO C – CERTIDÃO DO DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA 48
12

1 INTRODUÇÃO

A prematuridade tem sido, há anos, um grande desafio no atendimento em


neonatologia, afetando o desenvolvimento e crescimento dos bebês, fazendo com
que esses bebês manifestem deficiências na área em que começaria a assumir
funções normais à idade. (SILVA, 2017)
O recém-nascido prematuro, devido à imaturidade de seus órgãos e sistemas,
pode desencadear vários problemas resultantes de sua dificuldade de adaptação
extrauterina, afetando inclusive, o desenvolvimento motor normal dos bebês,
fazendo com que haja um atraso na hora de assumir suas funções consideradas
normais de acordo com a idade.
O desenvolvimento motor é considerado um processo seqüencial, contínuo e
relacionado à idade cronológica, pelo qual o ser humano adquire uma enorme
quantidade de habilidades motoras, as quais progridem de movimentos simples e
desorganizados para a execução de habilidades motoras altamente organizadas e
complexas (WILLRICH; AZEVEDO; FERNANDES, 2009)
De acordo com Navajas e Caniato (2003), estimulação é o que todo bebê ou
criança recém-nascida necessita para desenvolver as suas capacidades. Já a
intervenção precoce atua de forma efetiva visando ajudar a criança com alteração
em seu desenvolvimento, desde os primeiros momentos de vida. A estimulação
precoce, sendo utilizada de forma preventiva, pode evitar déficits psicomotores, além
de estimular a integração afetiva entre o bebê e sua família.
Lima e Fonseca (2004) ainda apontam que a plasticidade neural fundamenta
e justifica a intervenção precoce para bebês que apresentem risco potencial de
atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor. Isso porque é justamente no período
de zero a 3 anos que o indivíduo é mais suscetível a transformações provocadas
pelo ambiente externo.
Essa atuação precoce requer conhecimento amplo dos marcos motores
considerados normais nos primeiros três anos de vida da criança, do aporte teórico
neurofisiológico e da biomecânica muscular que respalda o processo de
aprendizagem das aquisições motoras essenciais nos primeiros três anos de vida. A
partir desse conhecimento, conhecer os fatores de riscos e saber diferenciar o
13

quanto eles interferem no desenvolvimento motor da criança – como é o caso que se


pretender acompanhar e registrar nesse estudo.
Tendo em vista as argumentações abordadas acerca da atuação precoce da
fisioterapia em pediatria, especificamente com a temática prematuridade extrema, o
estudo pretendido parte do pressuposto de que quanto mais cedo intervir em
crianças com diagnóstico de atraso no DNPM por prematuridade, mediando ações
sensoriomotoras compatíveis com a idade cronológica da criança prematura, maior a
possibilidade da mesma adquirir suas habilidades motoras essenciais durante o
processo intervencionista.
Diante do exposto, o objetivo geral será analisar as aquisições motoras de
uma criança prematura extrema que se encontra na assistência fisioterapêutica
precoce desde os primeiros meses de vida. Pretende-se chegar ao mesmo, por
meios dos objetivos específicos, que são: compreender a partir das condições de
saúde materna, as condições de gestação, tipo de parto e condições do nascimento
da criança, qual o momento que a criança foi considerada de risco; avaliar o
potencial motor da criança na relação idade cronológica e idade corrigida; detectar
as fragilidades e potencialidades para aquisições motoras funcionais e enfatizar a
importância da participação do pais/responsáveis na continuidade da assistência em
domicilio.

A relevância do estudo pretendido parte do principio de é extremamente


necessário que haja uma alerta aos profissionais da área da saúde e aos pais desse
segmento populacional – crianças com atraso no DNPM, tão logo seja observado os
fatores de risco a partir da história da gestação materna, das condições do parto e
acompanhamento pós-natal na puericultura. Como também, vislumbra-se que possa
subsidiar estudos mais na temática com populações maiores.
14

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Analisar as aquisições motoras de uma criança prematura extrema que


possuiu a assistência fisioterapêutica precoce desde os primeiros meses de vida.

2.2 Objetivos específicos

 Compreender a partir das condições de saúde materna, as condições de


gestação, tipo de parto e condições do nascimento da criança, qual o
momento que a criança foi considerada de risco;
 Avaliar o potencial motor da criança na relação idade cronológica e idade
corrigida;
 Detectar as fragilidades e potencialidades para aquisiçoes motoras
funcionais;
 Enfatizar a importância da participação do pais/responsáveis na continuidade
da assistencia em domicilio.
15

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Considerações sobre a prematuridade: conceito, epidemiologia, classificação e


fatores de risco.

O termo prematuridade é definido, segundo a Organização Mundial de Saúde


(OMS, 1961), como o nascimento abaixo de 37 semanas de gestação. Ele pode ser
classificado em prematuridade moderada (32 semanas a 36 semanas de idade
gestacional), prematuridade acentuada (28 semanas a 31 semanas de idade
gestacional) e prematuridade extrema (inferior a 28 semanas de idade gestacional).
(LORENA; BRITO, 2009).
De acordo com pesquisa feita por Almeida et al. (2013), constatou-se que a
ocorrência de alguns fatores sociodemográficos e clínicos, associados à
prematuridade, é mais prevalente e importante que a de outros. No que diz respeito
aos fatores sociodemográficos, a idade ≤18 e ≥35 anos, o baixo peso pré-
gestacional, o uso de substâncias como tabaco e álcool, o baixo nível
socioeconômico, ser solteira, possuir baixa escolaridade e o estresse na gestação
são determinantes para um desfecho gestacional negativo.
É necessário que haja um acompanhamento pré-natal e uma estrutura
totalmente individualizada para proporcionar o acompanhamento necessário tanto
da mãe como do bebê, para que se tenha um parto saudável e sejam minimizados
os riscos, como confirmam:
[...] O resultado esperado de uma gestação é a obtenção de recém-nascido
(RN) sadio com mínimo trauma para a mãe. Em algumas situações, isso
não é possível, devido a complicações durante a gravidez ou parto, ou com
o concepto. Essas intercorrências no processo do ciclo gravídico puerperal
geram riscos à integridade da saúde tanto da mãe quanto do concepto e
podem evoluir para a morte. (Ramos HAC; Cuman RKN, 2009)

De acordo com Ramos e Cuman (2009), a principal forma de intervir e


prevenir agravos ou riscos são justamente o conhecimento e o monitoramento
desses fatores, bem como das condições de nascimento, considerando o estado
geral, as condições de saúde da mãe e a assistência prestada no processo do
nascimento, principal marco do ciclo gravídicopuerperal.

3.1.1 Fatores de risco associados à prematuridade

O estudo feito por Oliveira LL; Gonçalves AC; Costa JSD; Bonilha ALL (2016)
mostrou os índices que mais prevalecem entre os riscos nas gestações, sendo:
16

hipertensão materna em 49% casos, alterações útero-placentárias em 20,1% dos


casos, doenças infecciosas em 11,5% dos casos, cardiopatias em 5,7 % dos casos,
diabetes em 1,9% dos casos. A hipertensão é a complicação clínica mais comum da
gestação, ocorrendo em 10 a 22% das gestações. Encontraram-se maiores
frequências de prematuridade entre as mulheres com gestação múltipla, com pré-
natal inadequado, que tiveram partos induzidos e com tipo de parto cesariano.
Outros fatores podem ser associados, como:

A idade materna também influência diretamente nos riscos, mulheres


adolescentes (menores de 20 anos) e com idade avançada (maiores de 34 anos)
apresentaram associação com o parto prematuro.

[...] A gravidez na adolescência é fator de maior concentração de agravos à


saúde materno-fetal. As intercorrências relativas à gravidez na adolescência
se potencializam quando associadas a condições socioeconômicas e
geográficas, bem como à fragilidade da estrutura familiar e dificuldade de
acesso aos serviços assistenciais. (RAMOS; CUMAN, 2009.)

Quanto ao tipo de parto, a cesariana apresentou maior proporção de


nascimentos prematuros, principalmente porque muitos partos cesáreos são
induzidos por fatores de riscos que afetam diretamente a gestação, fazendo os
recém-nascidos por cesariana tenham bem mais de chances de serem prematuros.
O baixo peso ao nascer entrou como um importante fator de risco para a
prematuridade, bebês que apresentavam peso menor que 2500g apresentaram
quatro vezes mais chances de estar associado ao nascimento prematuro. (Oliveira
LL; Gonçalves AC; Costa JSD; Bonilha ALL, 2016)
É necessário lidar com os fatores de risco de forma cuidadosa e com muita
atenção, para que posteriormente os riscos sejam minimizados de forma que não
afete de forma significativa o desenvolvimento da criança dentro do âmbito social e
para que futuramente o bebê não apresente alterações emocionais e de
comportamento.

3.2 Noções básicas sobre neuroplasticidade e sua relação com o Desenvolvimento


Motor Normal (DMN) e anormal nos primeiros anos de vida

Durante os primeiros anos de vida há maior plasticidade cerebral, o que favorece


o surgimento de respostas adaptativas às diferentes situações, sendo assim a
17

melhor fase para haver algum tipo de intervenção, pois as crianças podem
desenvolver todas as suas potencialidades, a intervenção só é efetiva e eficiente se
for aplicada em um período específico, e quanto mais precoce for, maiores os
benefícios (FORMIGA; PEDRAZZANI; TUDELLA, 2004; WILLRICH et al., 2008).
De acordo com Medeiros et al. (2009), o desenvolvimento motor é um
processo de mudanças complexas e interligadas das quais participam todos os
aspectos de crescimento e maturação dos aparelhos e sistemas dos organismos. É
dependente da biologia, do comportamento e do ambiente e não apenas da
maturação do sistema nervoso. Também está relacionado com a idade, tanto na
postura quanto no movimento da criança. Um bom desenvolvimento motor repercute
na vida futura da criança nos aspectos sociais, intelectuais e culturais, pois, ao
apresentar alguma dificuldade motora, a criança se refugia do meio ao qual não
domina, e consequentemente deixando de realizar ou realizando com pouca
frequência determinadas atividades.
O desenvolvimento motor se faz em etapas, dos movimentos grosseiros aos
mais finos, evoluindo de forma sequencial: controle de cabeça, rolar, sentar, ficar em
pé e andar. (Medeiros et al. 2009). Dobrochinski e Parra (2016) ressaltaram também
que esse período inicial da vida é, ao mesmo tempo, de grande oportunidade e de
grande vulnerabilidade para o desenvolvimento cerebral e, consequentemente,
neuropsicomotor.
Acredita-se que no primeiro ano de vida, a criança tenha adquirido todos os
padrões de movimento fundamentais e que, a partir de então, esteja aprendendo a
colocá-los em uso em atividades significativas. Os principais marcos no
desenvolvimento são divididos nos 4 primeiros semestres de vida do bebê, onde
inicia-se o processo de maturação física, intelectual e cognitivo. O quadro 1
apresenta as principais mudanças que ocorrem no desenvolvimento motor normal
de uma criança em seu primeiro ano de vida.
Quadro 1: Marcos do desenvolvimento motor no primeiro ano de vida
18

Fonte: (Goldberg, 2002)

3.2.1 Desenvolvimento motor e prematuridade


Willrich et al. (2009) fala que entre as principais causas de atraso motor
encontram-se: baixo peso ao nascer, distúrbios cardiovasculares, respiratórios e
neurológicos, infecções neonatais, desnutrição, baixas condições socioeconômicas,
nível educacional precário dos pais e prematuridade.
No caso de crianças nascidas prematuras, para compensar a desvantagem
da imaturidade biológica, foi elaborada a correção da idade gestacional para
distinguir adequadamente o atraso no desenvolvimento. Para correção da idade
subtrai-se o número de semanas de sua gestação, de um total de 40 semanas. Esta
diferença corresponde ao tempo de prematuridade da criança, que é então
descontado de sua idade cronológica.
[...] Neste sentido, crianças com desenvolvimento motor atípico, ou que se
apresentam com risco de atrasos, merecem atenção e ações específicas, já
que os problemas de coordenação e controle do movimento poderão se
prolongar até a fase adulta. Além disso, atrasos motores frequentemente
associam-se a prejuízos secundários de ordem psicológica e social, como
baixa autoestima, isolamento, hiperatividade, entre outros, que dificultam a
socialização de crianças e o seu desempenho escolar. (WILLRICH et al.,
2009)

Para que não haja atrasos significativos no desenvolvimento, é necessária


uma avaliação precoce e imediata para que haja identificação dos déficits motores,
visando a intervenção o mais cedo possível através de condutas voltadas para a
estimulação sensório, motora e cognitiva da criança.

As intervenções nos primeiros anos de vida podem auxiliar nos ganhos do


desenvolvimento humano e prevenir as incapacidades ou condições
indesejáveis, sendo que os indivíduos que mais necessitam de intervenção
19

são bebês e crianças de até 3 anos de vida com alto risco de retardo mental
e atrasos no desenvolvimento. (WILLRICH et al., 2009, p. 53)

Com a identificação precoce de distúrbios no desenvolvimento motor,


realizada através de uma avaliação criteriosa nos primeiros anos de vida, é possível
determinar uma intervenção adequada, fazendo com as crianças com diagnóstico de
atraso possam seguir a mesma sequência que as crianças com desenvolvimento
normal. Para isso, é necessário também que haja uma participação ativa dos pais
juntamente com o terapeuta nos programas de intervenção fisioterapêutica.
(WILLRICH et al. 2009)
É importante ressaltar que mesmo conhecendo as fases do desenvolvimento
motor, existem crianças que não apresentam manifestações clínicas de atraso no
desenvolvimento, que podem não alcançar seu potencial pleno por não terem
recebidos estímulos adequados, mesmo estando estes bem nutridos e sadios. Por
isso existe a necessidade de não só diagnosticar os atrasos, mas também garantir
um bom desenvolvimento (FIGUEIRAS, 2005).

3.3 Estimulação precoce, desenvolvimento e a participação dos pais/responsáveis:


protocolos de avaliação e tratamento

A estimulação precoce consiste em utilizar dos estímulos do ambiente que


sejam ricos em quantidade e qualidade, de maneira que estimulem a criança a
desenvolver seu potencial. Não tem a intenção de adiantar as etapas de evolução,
mas proporciona condições da criança a desenvolver de forma adequada, cada
estágio maturativo (PEREIRA; GRAVE, 2012). Visa proporcionar à criança os
experimentos sensório-motores de que tem a necessidade desde o nascimento,
para que seu potencial sensório motor possa se desenvolver ao máximo (URZÊDA
et al., 2009).
Quando não ocorrem estímulos suficientemente necessários durante os
primeiros anos de vida, a criança poderá vir a ter déficit na adaptação sensorial,
como também no desenvolvimento motor. Sendo assim é importante a intervenção
precoce em caso de um bebê apresentar desordens psicossomáticas de
desenvolvimento ou quando existe o risco psíquico (MATTOS; BELLANI, 2010).
Através do estímulo, ocorrerá união da adaptabilidade do cérebro à
competência de aprendizagem, sendo este uma forma de orientação da
potencialidade e das competências dos pequenos. A estimulação é uma forma de
20

gerar oportunidades e experiências de maneira a proporcionar a criança explorar,


adquirir habilidades e compreender o que ocorre ao seu redor (PERIN, 2010).
É muito importante para o desenvolvimento global da criança que ocorra a
participação em um ambiente lúdico. Através da brincadeira é possível um auxilio no
processo de aprendizagem, socialização e desenvolvimento, e a criança tem suas
capacidades motora, verbal e/ou cognitivas desenvolvidas. Se a criança não brinca,
é possível que deixe de desenvolver capacidades inatas pela falta de estimulação,
podendo se tornar um adulto inseguro, medroso e agressivo (MATTOS; BELLANI,
2010).
A estimulação psicomotora é indispensável no desenvolvimento motor, afetivo
e psicológico da criança para que ocorra sua formação de maneira integral, sendo
importante a prática de exercícios lúdicos praticados através de atividades
psicomotoras, com a intenção de corroborar com o desenvolvimento global da
criança e para que ela obtenha os pré-requisitos de grande importância também
para sua vida escolar (SOUZA et al., 2010). É importante manter um programa de
intervenção precoce no caso de crianças que foram expostas a riscos
socioambientais (maus tratos, abuso e negligência), com a finalidade de estimular o
desenvolvimento da criança, suas capacidades e, possibilitando a criança e a sua
família, uma melhora na qualidade de vida (SOEJIMA; BOLSANELLO, 2012).

É importante que a estimulação precoce, ocorra em conjunto com fatores


intrínsecos, atuando no desenvolvimento das habilidades de funcionalidade, através
de estímulos que são oferecidos pelas mais variadas áreas de atendimento, em
busca da independência na realização das atividades de vida diária (HALLAL;
MARQUES; BACCIALLI, 2008)

3.3.1 Papel do fisioterapeuta e a participação dos pais/ responsáveis nos


protocolos de estimulação precoce

É importante a identificação de sinais de atrasos no desenvolvimento de


bebês vulneráveis do ponto de vista biológico precocemente, realizando o
encaminhamento e execução de um programa de intervenção precoce. As
atividades e manuseios feitos durante a intervenção tem finalidade de tornar mais
fácil o desenvolver das coordenações sensório-motoras do bebê e aumentar a
aptidão da criança. As atividades também visam orientar os pais e/ou cuidadores
21

para uma adaptação melhorada a respeito dos cuidados com o bebê, como também
de estímulos necessários e posicionamento em casa (URZÊDA et al., 2009).
A intervenção precoce potencializa o desenvolvimento de crianças com
deficits intelectuais e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, direcionando as
trajetórias e marcos desenvolvimentais, prevenindo complicações secundárias e
garantindo benefícios em longo prazo. Trata-se de uma ação efetiva que
proporciona estímulos, facilita aquisições de habilidades e enriquece as vivências
dessa criança nos primeiros anos de vida. (MAIA et. al., 2002; GURALNICK, 2004,
2005)
A verificação do desenvolvimento infantil é parte integrante da atenção da
Fisioterapia na saúde infantil e compreende atividades relacionadas à promoção
do desenvolvimento neuropsicomotor adequado. O fisioterapeuta é um dos
profissionais responsáveis pela vigilância e estimulação das condições
neuropsicomotoras na infância que deverão ser facilitadas de diferentes formas e
devido a neuroplasticidade nesta faixa etária deverão permanecer no repertório
motor por toda vida. (YAMAGUCHI; ISRAEL, 2017)
A fisioterapia tem o papel fundamental de dar oportunidade para o bebê se
desenvolver normalmente, ajudando na sua organização global, ou seja,
diagnosticar alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, orientar os pais,
humanizar o ambiente, proporcionar melhor qualidade de postura evitando os
padrões anormais, possibilitando movimento e a percepção adequada à idade
gestacional (SILVA, 2017)
Essas estratégias são divididas em áreas de desenvolvimento físico, motor e
cognitivo conforme justificam os autores Navajas e Caniato (2003, p. 61).
[...] A estimulação precoce/essencial incentiva o desenvolvimento cognitivo
da criança e o conhecimento de seu corpo, para que obtenha um ganho
físico, intelectual, emocional e social. Com isto suas manobras não devem
resumir-se em repetições passivas e, muito menos, trazer sofrimento ao
bebê, devendo, desta forma, ser realizadas de acordo com o ritmo natural
de cada um. Para que haja sincronismo durante o tratamento, é essencial a
presença do casal, ou apenas da mãe, ou do pai, contribuindo para a
integração na relação família-bebê.

A família deve ser criteriosamente orientada, com a finalidade de


compreender as dificuldades, as limitações, as diferenças pessoais de ritmo e de
potencial da criança a ser estimulada. Quando a estimulação for realizada no
22

ambiente familiar, as condições devem ser analisadas para a aplicação de um


programa adequado. (NAVAJAS; CANIATO, 2003)
A perspectiva centrada na família garante efeitos mais favoráveis e resultados
mais positivos com a participação familiar ativa na prática do tratamento e a
continuidade deste em casa. (SILVA; KLHEINHANS, 2006; MATTOS; BELLANI,
2010).
O fisioterapeuta, através da estimulação precoce, acompanha os bebês de
alto risco, direcionando-os às suas famílias, em uma articulação dos fatores, tais
como a maturação, a autonomia, a psicomotricidade e a socialização, de forma que
possam atingir o melhor desenvolvimento possível. (SILVA, 2017)
A pesquisa realizada por Hadders-Algra (2011) revelou que por meio do
treinamento dos pais é possível um efeito positivo para que os mesmos possam
integrar atividades motoras em que permite a criança explorar as fronteiras de suas
próprias habilidades em rotinas da vida diária; sendo uma maneira simples e eficaz
de promover o desenvolvimento infantil. Como também, pode proporcionar um
ambiente confortável e seguro, portando é papel da família proporcionar os vínculos
afetivos, os cuidados e os estímulos necessários para o crescimento e
desenvolvimento da criança. Corroborando com o que defende Andrade el al (2005),
“A família ainda é responsável por mediar as relações da criança com a sociedade,
possibilitando o desenvolvimento cognitivo infantil”.
Vale ressaltar que o ambiente/contexto no qual a criança está inserida é
crítico para seu desenvolvimento; e a família é o primeiro universo de interação
social da criança, podendo proporcionar condições adequadas para o seu
crescimento, para o aprendizado, para aquisições de habilidades, especialmente em
se tratando de crianças com deficiência intelectual com a necessidade de atenção e
cuidados específicos (SILVA; DESSEN, 2001; MATTOS; BELLANI, 2010).

3.4 Estudos sobre a estimulação precoce e/ou essencial em crianças com risco de
atraso no desenvolvimento motor por prematuridade

Estudos demonstram que a alteração mais freqüente nos primeiros anos de


vida e na idade escolar dos prematuros é o atraso no desenvolvimento cognitivo,
principalmente problemas educacionais e comportamentais, e que crianças
prematuras têm pior desempenho em testes perceptual-motores, em provas de
23

controle postural e sugerem maior dificuldade na movimentação e coordenação


motora global, quando comparadas a crianças a termo (RUGOLO, 2005;
MAGALHÃES et al.., 2003)
De acordo com Navajas e Caniato (2003), estimulação é o que todo bebê ou
criança recém-nascida necessita para desenvolver as suas capacidades. Já a
intervenção precoce atua de forma efetiva visando ajudar a criança com alteração
em seu desenvolvimento, desde os primeiros momentos de vida. A estimulação
precoce, sendo utilizada de forma preventiva, pode evitar déficits psicomotores, além
de estimular a integração afetiva entre o bebê e sua família.
O planejamento de intervenções em fisioterapia, através da estimulação
precoce em bebês prematuros, traz vários benefícios e potencializa seu
desenvolvimento neuropsicomotor. Assim, seja qual for a causa da prematuridade,
ao identificar o atraso, esses programas devolvem aos bebês, após meses de
tratamento, uma melhora significativa quanto aos padrões motores normais de
cognição e comportamento. (SILVA, 2017)
De acordo com Silva (2017) vale ressaltar que o acompanhamento até o
primeiro ano de vida é fundamental no caso de bebês prematuros, pois, caso seja
detectada alguma alteração, é possível indicar, de forma precoce, o atendimento
adequado, com vistas à estimulação psicomotora global.
O autor supracitado (2017, p. 33) ainda reforça que:

[...] as fases do programa de estimulação precoce e/ou essencial devem ter


como objetivos favorecer a aceitação do tratamento e a hospitalização,
verificar o grau de coordenação motora, ganhos de coeficiente de
desenvolvimento e participação da família, promover estímulos visuais,
táteis e sonoros, além de estimular a deambulação, desenvolver hábitos de
vida diária e estímulo ao desenvolvimento da linguagem.

De acordo com Perin (2010) o estímulo une adaptabilidade do cérebro à


capacidade de aprendizagem, é uma forma de orientação do potencial e das
capacidades dos pequenos, estimulando a criança abre-se um leque de
oportunidades e experiências que o fará explorar, adquirir habilidades e entender o
que ocorre ao seu redor.
O trabalho com os bebês prematuros deve ser feito de forma preventiva,
através de uma detecção precoce de algum atraso e do encaminhamento para o
tratamento especifico. Esses bebês devem ser acompanhados no seu
desenvolvimento, principalmente em suas variadas fases e áreas de comportamento
24

que refletem a integridade e maturação do sistema nervoso central da criança


(URZÊDA et al., 2009)
Como foi pontuado durante toda a discussão nesse estudo, o tratamento
fisioterapêutico em prematuro utiliza da estimulação precoce para desenvolver as
capacidades do bebê, facilitar aquisições de habilidades, enriquecer as vivências da
criança e, de forma preventiva, aproveitando da plasticidade neural, evitar déficits
psicomotores (BRITTO, 2013; WILLRICH et al., 2008; NAVAJAS; CANIATO, 2003).
O acompanhamento fisioterapêutico previne, minimiza ou corrige os desvios do
desenvolvimento, impedindo que sequelas apareçam no futuro, para que não limite
as atividades funcionais do bebê (MAIA et al., 2009).
25

4 METODOLOGIA

4.1 Delineamento da pesquisa

Esta pesquisa tem caráter descritivo, exploratório dentro de uma abordagem


qualitativa, sendo essa, a melhor forma de capturar as informações necessárias para
a realização da pesquisa. O tipo de pesquisa escolhido foi um estudo de caso
individual tendo como objetivo estudar os efeitos de uma abordagem fisioterapêutica
centrada na estimulação precoce como forma de intervenção no tratamento.
Como principais instrumentos de coleta de dados, foram utilizados
questionários de avaliação neuropsicomotora, destacando os marcos motores no
desenvolvimento motor.

4.2 Tipo do estudo

Trata-se de um estudo de caso com uma criança do sexo feminino, nascida


em 06/07/2019 com 30 semanas de idade gestacional (IG) que teve sua intervenção
fisioterapêutica iniciada em 13/09/2019 com dois meses após o nascimento, no
Serviço de Fisioterapia Infantil da UFPB, tendo sido realizada 21 sessões até o dia
10/12/2019 e, ao fim do estudo, encontrava-se em acompanhamento remoto devido
ao isolamento social ocasionado pela pandemia do COVID-19, tendo sido realizadas
as devidas orientações necessárias para a continuidade do tratamento em ambiente
domiciliar.

4.3 População e critérios de inclusão da amostra

A amostra envolvida na pesquisa foi composta por uma criança nascida com
30 semanas de idade gestacional (IG), sendo classificada como prematura extrema,
com risco de atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor atendida no Serviço de
Fisioterapia Infantil da Universidade Federal da Paraíba, conforme autorização da
direção do Serviço de fisioterapia, e consequente participação da família. (ANEXO
A)
O critério de inclusão da participante incluiu: 1. Criança com diagnóstico de
prematuridade extrema apresentando risco no atraso em seu desenvolvimento
neuropsicomotor; 2. Assiduidade da criança nos atendimentos prestados pelo
26

serviço; 3. Consentimento livre e esclarecido dos pais e/ ou responsáveis pela


criança, concordando com a participação no programa.
A pesquisa se iniciou partir de uma conversa presencial e individual com a
responsável pela criança para obtenção de informações sobre a história pregressa
da mãe e histórico da gravidez; informações sobre o histórico hospitalar da criança;
a estrutura familiar; como se dava a rotina de cuidados com a criança; quais as
expectativas em relação ao futuro e ao desenvolvimento da criança; quais eram as
expectativas em relação à terapia e os ganhos que poderíamos obter. Através da
entrevista realizada, é possível observar quais as necessidades específicas da
criança e prioridades a serem traçadas no plano terapêutico, além de incluir a
participação familiar nos cuidados domiciliares e nas intervenções fisioterapêuticas
realizadas no serviço. As avaliações também foram gravadas em formato e vídeo
para o registro no acompanhamento em relação ao desenvolvimento e principais
marcos motores da criança para posteriormente serem analisadas pelo pesquisador.
Ainda na primeira fase da pesquisa, foi realizada a avaliação através da ficha
de avaliação existente no Serviço de Fisioterapia Infantil, as possíveis causas que
podem ter influenciado a criança ter nascido prematura e a existência do atraso
motor e foi possível avaliar o quadro clínico da criança para melhor
acompanhamento do caso.
A segunda fase da pesquisa se deu traçando um plano terapêutico de acordo
com a necessidade e individualidade da criança onde serão discutidas com os
responsáveis as propostas para o tratamento, o estabelecimento de metas de forma
que haja uma participação conjunta do terapeuta e família de forma contínua e
organizada.
A terceira fase aconteceu por meio de sugestões e orientações do terapeuta
aos pais e responsáveis pela criança sobre as estimulações e o acompanhamento a
ser feito em ambiente domiciliar para obtenção de êxito no tratamento e, caso seja
necessário, sejam feitas adaptações para melhor desenvolvimento da criança.

4.4 Lócus da pesquisa

Os atendimentos aconteceram no Serviço de Fisioterapia Infantil com a


participação dos pais durante as sessões, de acordo com o plano terapêutico
previamente estabelecido com propostas de intervenção que visem à estimulação do
27

sistema motor da criança, fazendo com que fosse possível obter ganhos funcionais.
O processo de participação familiar durante os atendimentos no serviço foi essencial
para que houvesse colaboração com as atividades realizadas em cada atendimento
e que deveriam ser reproduzidas em casa de acordo com as instruções com o
objetivo de reforçar os ganhos motores e assegurar que a criança tenha tido ganhos
significativos em seu desenvolvimento.
As sessões duraram em torno de 40 a 60 minutos, ocorrendo duas vezes na
semana, em que foram trabalhadas metas funcionais previamente traçadas no plano
terapêutico por meio de condutas que trabalharam a estimulação precoce do
sistema motor e cognitivo da criança, através de práticas baseadas no Conceito
Bobath.
O conceito Bobath se pauta na visão atual do controle motor, resultado de um
sistema dinâmico e flexível que sinaliza o potencial para a plasticidade como a base
do desenvolvimento, da aprendizagem e da recuperação do sistema nervoso e
muscular. Outro princípio norteador da técnica refere-se à aprendizagem motora,
que é descrita como uma série de processos associados com a prática, o
treinamento ou a experiência que resulta em mudanças relativamente permanentes
no comportamento motor (ALCANTARA; COSTA; LACERDA; 2011)
Sendo assim, os atendimentos presenciais aconteceram no período de
setembro/2019 até dezembro/2019, tendo sido interrompido pelo fim do período
letivo. O retorno aos atendimentos presenciais não aconteceu devido a instauração
da Pandemia Mundial de COVID-19, fazendo assim com que os atendimentos e
condutas realizadas tivessem que ser readptadas para a realização através das
plataformas virtuais, contando com maior colaboração dos pais/ responsáveis para a
realização das atividades em ambiente domiciliar e foram realizados de março/2020
até março/2021, permitindo o acompanhamento do desenvolvimento da criança
através de avaliações virtuais e feedbacks da família através de vídeos e fotos.

4.5 Procedimentos, instrumentos utilizados e formato da análise de dados

Considerando o que a criança nasceu prematura, foi feita a correção da


idade gestacional para que o atraso no desenvolvimento fosse identificado de forma
adequada. Para a correção da idade subtraiu-se o numero de semanas de gestação
28

de um total de 40 semanas. A diferença obtida correspondeu ao tempo de


prematuridade da criança e foi descontado de sua idade cronológica.
Ao final de cada mês foi feita a reavaliação da criança baseada na ficha
disponibilizada pelo próprio Serviço com o objetivo de registrar os ganhos motores
da criança e seu acompanhamento, a fim de serem traçadas novas metas e
mudanças nas condutas realizadas com base nos marcos motores (QUADRO 2)
bem como será considerado o feedback da família em relação aos estímulos
realizados, quais as dificuldades enfrentadas e como vem sendo visto o processo de
evolução da criança, sendo esta a quinta fase do estudo.
QUADRO 2: Demonstração dos Marcos Motores
MARCOS NO DESENVOLVIMENTO MOTOR DA CRIANÇA
Segue as luzes com o olhar;
0 – 3 MESES Reage a sons;
Sustenta a cabeça;
Estende os braços.
Agarra os objetos;
4 – 6 MESES Senta-se com apoio da mãe;
Leva o pé à boca de forma espontânea;
Apoia-se nos antebraços;
Começa a tentativa de rolar;
Consegue sentar-se ainda sem muito equilíbrio.
Possui controle do tronco ao sentar-se mantendo os
7 – 9 MESES braços livres;
Realiza transferência de peso entre os membros;
Rola sozinha para ambos os lados;
Começa a rastejar para se locomover alternando
movimentos de braços e pernas;
Mantem-se em posição de “4 apoios” para se deslocar.
A criança começa a engatinhar para se locomover;
10 – 12 MESES Realiza mudanças do sentado para de pé sozinha;
Usa objetos como apoio pra conseguir ficar em pé;
Adquire equilíbrio e é capaz de dar passos com apoio;
Consegue dar seus primeiros passos livremente;
Espera-se que a criança já esteja com todas as suas
13 – 15 MESES habilidades motoras desenvolvidas, realizando todas as
mudanças de posicionamento e realizando a marcha
livremente.

Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir do referencial teórico (Godoy; 1993)

Em função da instauração da Pandemia Mundial acerca do Covid-19, os


instrumentos de avaliação e a metodologia de acompanhamento à criança tiveram
que ser adaptados de acordo com o pandêmico. A avaliação neuropsicomotora foi
29

adaptada de forma que pudesse ser feita a partir de um questionário online realizado
através de vídeo chamada contendo 19 itens correspondentes aos níveis motores
em que a criança obtinha até o presente momento, 7 itens correspondentes a
adaptação domiciliar frente a pandemia e 12 itens que visaram avaliar a participação
familiar em ambiente domiciliar. (APÊNDICE 1) O questionário ainda ofereceu
espaço para o acréscimo de observações que pudessem contribuir para melhor
avaliação e melhora do acompanhamento da criança. Além disso, foram solicitados
imagens e vídeos em que fosse possível realizar o acompanhamento da criança de
forma remota, através da visualização e análise do seu desenvolvimento, ainda que
de forma subjetiva. Ao final da pesquisa, foi aplicado um questionário online através
da plataforma Google Forms (APÊNDICE 2) afim de avaliar as interações
neuromotoras da criança, o acompanhamento realizado de forma online e os
impactos da pandemia no ambiente familiar.

4.6 Aspectos Éticos da Pesquisa

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade


Federal da Paraíba (CEP/CCS/UFPB). Aos pais e responsáveis das crianças, será
entregue um termo de consentimento livre e esclarecido (conforme Resolução do
CNS 466/2012) (ANEXO A) a ser assinado, autorizando a participação assim como
a divulgação científica dos dados coletados via respostas objetivas, gravação da
entrevista e imagens cedidas voluntariamente pelos pais das atividades realizadas
em domicílio, assegurando também que os riscos sejam mínimos e previsíveis a
exemplo do cansaço da criança, desconforto dos pais em algumas perguntas e em
relação aos benefícios, o estudo vislumbra uma aproximação efetiva dos pais no
processo terapêutico, bem como subsidiar um aprofundamento de pesquisas nessa
temática.
As entrevistas e todo o tratamento, durante o período presencial, foram
realizados individualmente em ambiente apropriado de forma a minimizar qualquer
desconforto por parte dos entrevistados e estarão cientes da possibilidade de que
podem retirar seu consentimento a qualquer momento.
A pesquisa foi iniciada após a aprovação do Comitê de Ética, tendo todos os
cuidados com os fatores de riscos e benefícios propostos ao usuário e sendo
30

esclarecido que a qualquer momento, poderá haver desistência em relação à sua


participação no estudo.
31

5 RESULTADOS

No quadro abaixo podem ser encontrados os resultados extraídos das


avaliações feitas na criança com toda evolução de movimentos e aprendizados de
acordo com os estímulos e orientações prescritos.

Quadro 3: Comparação do desenvolvimento motor típico em relação à evolução das


aquisições motoras da criança ao longo de quatro trimestre.

Fonte: Adaptado de GOLDBERG, Cindy; SANT, A. V. Desenvolvimento motor normal. Tecklin


JS, organizadora. Fisioterapia pediátrica. 3a ed. Porto Alegre: Artmed, p. 13-33, 2002. Com os
dados obtidos pela pesquisadora durante a pesquisa.

Durante toda a avaliação e condutas propostas, foram consideradas a idade


cronológica e a idade corrigida da criança para que pudesse ser feito todo o
comparativo dos ganhos e evoluções de acordo com suas capacidades com a
correção da idade. Nos primeiros 3 meses de vida, foi realizada a avaliação e
primeiro contato com a criança, onde, através desta foi verificado que os seus
reflexos apresentaram-se de forma positiva, a exemplo do reflexo tônico cervical –
RTCA, reações labirínticas, reflexo de Moro, fuga e asfixia, que, a medida que
houveram as estimulações foram sendo inibidos até o final do terceiro trimestre,
onde surgiram os primeiros marcos motores, o controle da cabeça, a coordenação
viso manual e coordenação viso-cefálica já se instauravam a medida que a
estimulação foi acontecendo. Portanto, dentro dessa análise e da conduta realizada
32

no primeiro trimestre, a criança apresentou uma proximidade com os marcos


motores compatíveis com esse primeiro trimestre. Dentro da idade corrigida, em que
ela estaria com 0 meses, devido a sua prematuridade, foi compatível com o que se
era esperado dentro dos movimentos típicos.
Dos 4 aos 6 meses de vida, período equivalente ao 2º trimestre, o bebê teve
como resposta positiva as estimulações todas as reações típicas esperadas dentro
do período. No fim do segundo trimestre, com sua idade corrigida, a criança tinha 4
meses de vida, devido ao nascimento prematuro, então, as ações realizadas foram
compatíveis dentro do esperado. Foram realizadas condutas que estimulavam as
reações de endireitamento e equilíbrio com o uso do disco de propriocepção e o uso
do rolo para estimular o apoio do antebraço em postura prona, facilitando assim, a
aquisição e ganhos dos padrões típicos do desenvolvimento, apesar da
prematuridade.
No início do 3º trimestre, o retorno aos atendimentos aconteceu em
FEV/2020, onde iniciamos novas condutas para que mantivéssemos os ganhos
esperados dentro do desenvolvimento motor. Eram realizadas estimulações como as
mudanças de decúbitos de forma independente e também estimulações ao sentar
independente com o uso da bola suíça, de forma que a criança adquirisse total
equilíbrio e controle de tronco. Mas, infelizmente, com a instauração do decreto no
dia 17 de março de 2020 (Portaria Nº 343) as atividades presenciais foram
suspensas devido a pandemia e, por isso, precisamos nos adaptar ao atendimento
remoto, onde entrou a maior colaboração e participação familiar dentro dos
estímulos e condutas realizadas, mesmo assim, a evolução era constante, e os
marcos esperados foram alcançados dentro dos padrões motores típicos, onde,
através dos vídeos foi possível perceber os ganhos.

Do fim do terceiro trimestre até o quarto trimestre em diante, as condutas


foram todas realizadas de forma remota, através de cartilhas educacionais e
instruções que enfatizaram posicionamentos importantes, posturas antigravitacionais
que trabalhassem as cadeias musculares e a estimulação motora com o uso da
ludicidade, sempre compatível com o interesse e a idade da criança, de forma que
ela respondesse bem a dinâmica estabelecida. Ao fim do quarto trimestre, a criança
já realizava ações de forma independentes tendo equilíbrio estático em postura
bípede e realizando as transferências sozinha. Tais ações e ganhos foram
33

compatíveis e positivos levando em consideração a idade corrigida, apesar dos 15


meses em idade cronológica ao fim do 4º trimestre, com a correção a criança tinha
13 meses.
Analisando os resultados, é possível observar que ao decorrer de todas as
avaliações de acordo com a idade corrigida, a criança realizava todos os
movimentos esperados de acordo com os marcos motores mostrados na tabela,
apresentando ganhos significativos em seu desempenho motor. A Tabela acima
retrata o resultado da intervenção fisioterapêutica precoce juntamente com a
colaboração da participação dos pais no desenvolvimento motor da criança, através
de protocolos e condutas individualizadas voltadas para a necessidade e evolução
através da estimulação motora. Os exercícios e condutas utilizadas apresentaram
bons resultados sobre a evolução do quadro clínico da criança submetida a
estimulação precoce.
Favazza e Siperstein (2016) e Silva et Al. (2017) destacam em seus estudos
que é de fundamental importância os programas monitorizados incluirem membros
da família e colegas em experiências positivas de brincadeiras que trabalhem o
aspecto motor, uma vez que têm o potencial de influenciar favoravelmente o
desenvolvimento global. Evidenciando a importância de a criança estar inserida em
um ambiente que permita interação, favorecendo cada vez mais evolução na
aquisição das habilidades motoras.
34

6 DISCUSSÃO

O presente estudo teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de


uma criança nascida pré termo de risco e avaliar os efeitos de um programa de
intervenção precoce visando o desenvolvimento motor normal, sem atrasos ou
riscos para criança, os resultados evidenciaram padrão de desenvolvimento estável,
progredindo para os padrões esperados dentro da normalidade, onde atendeu o
objetivo inicial proposto de estar andando até os 18 meses de vida. E isso vai de
acordo com o que Formiga e Ramos (2016) falam sobre a intervenção precoce em
bebês de risco, onde enfatizam sobre possuir importante significado no sentido de
fortalecer e/ou formar novas conexões neuronais, estimulando a melhora do
desenvolvimento desses bebês. Eles apontaram que programas de Intervenção
Precoce (PIP), são considerados essenciais para prevenir danos ou agravos ao
desenvolvimento de crianças prematuras cujas famílias não podem garantir por si
só, estimulação adequada durante a primeira infância.
A fisioterapia e as condutas de estimulação e intervenção precoce são de
extrema importância desde o primeiro momento onde vai promover estímulos
adequados e direcionados a necessidade de desenvolvimento da criança até todo o
processo de evolução de acordo com cada fase que a criança se encontra. A
estimulação é uma ferramenta que visa evitar e/ou minimizar prejuízos acerca do
diagnóstico de atraso no desenvolvimento motor na criança. Para Silva (2017), o
fisioterapeuta, através da estimulação precoce, acompanha os bebês de alto risco,
direcionando-os às suas famílias, em uma articulação dos fatores, tais como a
maturação, a autonomia, a psicomotricidade e a socialização, de forma que possam
atingir o melhor desenvolvimento possível. Para Volpi et. Al. (2010) a marcha
independente é o resultado final do desenvolvimento motor grosso bem sucedido.
Para atingir essa habilidade, a criança deve ter exercitado sua motricidade
corporal global, ter tido experiência na posição de joelhos e no andar com apoio.
Onde, nos resultados, é possível perceber que a criança teve esses ganhos de
acordo com a evolução de sua idade.
A pesquisa feita por Podenciano et. Al. (2018) mostra que fisioterapia precoce
promove benefícios durante o processo evolutivo do lactente aproxima a idade
corrigida da idade cronológica. Sendo de extrema importância no desenvolvimento
35

neuropsicomotor do bebê prematuro, principalmente, quando iniciada nos primeiros


anos de vida.
De acordo com a pesquisa de Israel et al (2020), os resultados do estudo feito
com oito lactentes prematuros mostraram que a intervenção precoce:
[...] estimulou o desenvolvimento dos lactentes prematuros do estudo. O
protocolo adotado consistia desde uma estimulação sensorial, tátil e
proprioceptiva nas primeiras sessões até a estimulação das etapas motoras,
à medida que os bebês evoluíam motoramente. Em particular, mudanças
positivas foram observadas em algumas categorias da escala como
integração dos reflexos primitivos, coordenação visuo-cefálica, tônus
muscular e etapas motoras como o rolar, sentar, quatro apoios e ficar em
pé, embora nenhuma criança tenha adquirido a marcha sem apoio com 12
meses.

Por meio dos resultados, pode-se dizer que a intervenção fisioterapêutica


precoce é um componente importante na melhora do desenvolvimento motor da
criança, juntamente com o protocolo de atividades adequados e a junção da
participação da família, é possível obter-se êxito no tratamento e promover maior
qualidade no desenvolvimento do bebê, de forma mais segura.
Sendo assim, quanto mais precoce for feita a intervenção, mais chances de
sucesso de um padrão de desenvolvimento normal, sendo cada vez mais necessária
a interação familiar e inserção dos membros no tratamento proposto. Nesse sentido,
os resultados encontrados vão de acordo com o que Horta e Soares (2020) afirmam:
Quanto mais expuser uma criança a estímulos e intervenções positivos, maior a
possibilidade de aproveitar as suas potencialidades cerebrais, otimizando seus
padrões de desenvolvimento. Portanto o investimento em programas de intervenção
precoce e de orientação familiar pode permitir indivíduos mais sadios e adaptados.
Com a instauração da pandemia a nível mundial, houve uma reestruturação e
adaptação em relação aos protocolos propostos para o tratamento, por isso, o uso
de meios de comunicação virtuais e disseminação de materiais educativos através
de cartilhas informativas, vídeos e disponibilização de materiais através de mídias
sociais facilitaram o entendimento sobre a importância das condutas domiciliares e
também a execução das estimulações em ambiente domiciliar, onde, nesse caso, a
família atuou como o principal agente facilitador na construção do desenvolvimento
da criança, visto que é onde a criança passa mais tempo e tem mais contato em sua
vivência diária.
É o que comprovam Silva HL; Bezerra FHG; Brasileiro IC; (2017) onde dizem
que a família tem papel fundamental na melhora dos déficits do DM, para tal, o uso
36

de cartilhas, folhetos e mídias digitais obtiveram bons resultados, pois além de ser
simples de fazer, conseguem abranger um número maior de pessoas levando o
máximo de informações. O uso de materiais educativos em saúde apontou
resultados positivos no que diz respeito ao auxílio dos pais quanto às abordagens
terapêuticas.
A participação ativa dos pais/ responsáveis também contribuiu
significativamente para a evolução e ganhos motores da criança, seja em ambiente
clínico ou domiciliar, pois, com a presença e participação familiar nas condutas, é
possível executa-las de maneira mais afetiva e obter ganhos significativos durante
todas as etapas do tratamento.
A participação familiar no processo terapêutico torna-se indispensável para
que a criança possa evoluir dentro de casa. Além disso, fortalece o elo entre o
cuidador/ criança, melhorando as experiências. Como bem define os pesquisadores
De Fonseca Lopes et al ( 2017) quando discorre que:
[...] A estimulação precoce (EP) viabiliza condições para que a criança
alcance seu desenvolvimento pleno por meio de experiências e
vivências significativas decorrentes do contato com as pessoas, objetos e
espaços por meio da estimulação sensório perceptiva, motora, cognitiva,
de comunicação e de aquisição de hábitos da vida diária, com o intuito
de que a criança atinja padrões de desenvolvimento adaptáveis às suas
características e possibilidades.
.
O estudo de De Souza Vasconcelos et. Al, em 2019, diz que resultados de
intervenção precoce são melhores quando os pais participam ativamente do
tratamento da criança. Observou-se que a interação mãe e filho é responsável por
construir um ambiente mais adequado para estimular o desenvolvimento do bebê. O
autor supracitado acrescenta que “[...] onde é dito que a intervenção dos
profissionais será mais significativa se estes notarem que a criança está inserida em
um contexto familiar em que o desenvolvimento é estimulado”. Demonstrando
assim, que a junção da intervenção pelo profissional com o estímulo familiar, torna o
tratamento mais eficaz, facilitando a interação da criança em ambiente clínico como
domiciliar, sendo possível obter resultados cada vez mais positivos visando a
independência e a funcionalidade da criança em todo o seu processo de
desenvolvimento.
37

7 CONCLUSÃO

Este estudo buscou apontar os principais ganhos motores da criança em seu


primeiro ano de vida a partir da intervenção fisioterapêutica, evidenciando a
importância da estimulação precoce e ressaltando também a relevância da
participação familiar durante o processo de tratamento e ganhos de aquisições
motoras.

Foi observado, durante todo o tempo do estudo e através das avaliações


realizadas, que a criança obteve ganhos significativos em todo o seu
desenvolvimento e atingiu o objetivo de aquisições dos padrões típicos de
desenvolvimento diante da sua idade cronológica. Além disso, foi possível mostrar
também a importância da participação familiar e como essa interação da criança
com a família é significativa durante todo o processo terapêutico.

Portanto, é sugerido que sejam realizados mais estudos e sejam publicados


mais trabalhos com amostras maiores, buscando melhores evidências estatísticas
sobre a atuação fisioterapêutica no desenvolvimento motor em indivíduos nascidos
com prematuridade extrema.

Como viés desse estudo, houve a instauração da Pandemia Mundial de


Covid-19, sendo necessária readequação do atendimento para o formato remoto e,
levando em consideração ter sido um relato de caso, dificultou assim a realização
dos atendimentos e acompanhamento de todo os ganhos da criança de forma
totalmente presencial por conta das normas de segurança.
38

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes de


Estimulação Precoce: Crianças de zero a 3 anos com Atraso no Desenvolvimento
Neuropsicomotor Decorrente de Microcefalia. Brasília: Ministério da Saúde, 2016,
123 p. Disponível em:
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_estimulacao_criancas_0a3an
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CARVALHO, Monica Vieira Portugal de. O Desenvolvimento Motor Normal da
Criança de 0 A 1 Ano: Orientações para pais e cuidadores. Fundação Oswaldo
Aranha Centro Universitária de Volta Redonda, 2011.
DE ALMEIDA, Thassiany Sarmento Oliveira et al. Investigação sobre os fatores de
risco da prematuridade: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Ciências da
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DE BRITTO, Isnara Teixeira. Bebês prematuros: concepções de suas mães acerca
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41

APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO PARA APLICAÇÃO REMOTA ATRAVÉS DE


VIDECHAMADA
1. I D E N T I F I C A Ç Ã O:
Nome da criança: Data
nascimento
____/___/__
_
País ou Responsável:
Endereço:

2. AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DA QUARENTENA EM DOMICILIO DOS


USUÁRIOS E DA FAMILIA.
Você recebeu orientações de como estimular/posicionar e exercitar a criança em
domicilio?
[ ] SIM [ ] NÃO
Caso sim, quais foram as atividades orientadas?
[ ] alongamentos [ ] posicionamentos (posição sentada, em pé, etc)
[ ] outras orientações
(______________________________________________________)
Você esta sentindo alguma(s) dificuldade(s) em ficar em casa nessa quarentena
(Pandemia - Covid19)? [ ] SIM [ ] NÃO
- Caso positivo, quais as maiores DIFICULDADES encontradas para enfrentar essa
pandemia Covid19?
- Caso negativo, como você esta SUPERANDO essa fase de pandemia Covid19?

- A criança teve algum contato direto ou indireto com alguém com Covid-19? Se sim,
há quanto tempo?
- A criança apresenta ou apresentou algum sintoma semelhante aos sintomas do
Covid-19? Se sim, quais?

3. AVALIAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DOS FAMILIARES NAS ATIVIDADES


(ORIENTAÇÕES EM DOMICILIO) DAS CRIANÇAS DURANTE A PANDEMIA-
COVID19
Em que intensidade ocorre a participação dos pais/responsável pela criança nas
orientações essenciais (alongamentos, posicionamentos e interação com
brinquedos).

[ ] todo dia [ ] pelo menos três a quatro vezes


por semana
[ ] pelo menos uma a duas vezes por semana [ ] nehuma vez
[ ] outros
(..........................................................................................................................)

Qual (is) brinquedo(s) possui em domicilio que, usualmente, utiliza para estimular a
criança?

[ ] brinquedos sonoros [ ] brinquedos coloridos [ ] rolinhos [ ] outros


(......................................................................................................................................
42

......)
Na sua percepção (compreensão) em que NÍVEL DE EVOLUÇÃO a criança estava
quando participava do projeto?

[ ] Esboçando o controle da cabeça


[ ] Controle de cabeça com lateralidade (desvio p/ direita e esquerda seguindo som
e/ou luz)
[ ] iniciando o rolar
[ ] rolar completo com apoio nos antebraços
[ ] ficar na postura de „gatinhas‟ e engatinhar (deslocar-se d eum ponto a outro)
[ ] sentar sem apoio
[ ] ficar na postura de pé (bípede)
[ ] sair da posição deitada , sentar e ficar em pé
[ ] Ficar em pé e deslocar-se com apoio
[ ] outros padrões funcionais /essenciais
(......................................................................................................................................
..)
E ATUALMENTE, na sua percepção (compreensão) em que NÍVEL DE EVOLUÇÃO
a criança se encontra?
[ ]Rolar para os dois lados;
[ ] Rolar apenas para um lado;
[ ] Rodar a cabeça para o lado;
[ ] Controlar a cabeça;
[ ] Sustentar a cabeça de “barriga para baixo”
[ ] Sentar com apoio;
[ ] Sentar sem apoio;
[ ] Dobrar o joelho;
[ ] Elevar o quadril;
[ ] Levar a mão a boca;
[ ] Levar o pé a boca;
[ ] Manter a mão aberta;
[ ] Apoio com o antebraço;
[ ] Rastejar;
[ ] Engatinhar;
[ ] Ficar em pé com apoio;
[ ] Ficar em pé sem apoio;
[ ] Conseguir se equilibrar sozinho;
[ ] Realiza também outras ações como:
....................................................................................

Data da entrevista: JOAO PESSOA .___/___/___


43

APÊNDICE 2 – QUESTIONÁRIO ADAPTADO APLICADO VIA GOOGLE FORMS

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdigtKdCAwLZoRbmnyTu42vyeqqvEOb
RqEOyBdoX3VKkSTtjA/viewform?usp=sf_link
44

ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(De acordo com a Resolução do CNS no. 466/2012)

Prezado (a) Senhor (a)

Esta pesquisa é sobre ATUAÇÃO PRECOCE DA FISIOTERAPIA NO


DESENVOLVIMENTO MOTOR NA PREMATURIDADE EXTREMA: Um Estudo
retrospectivo e prospectivo que será desenvolvido pela acadêmica LORRÃYNE
STÉPHANIE DINOÁ MENESES, aluna concluinte do Curso de Fisioterapia da
Universidade Federal da Paraíba, sob a orientação da Profa. Dra. Sandra Maria
Cordeiro Rocha de Carvalho.
O objetivo geral do estudo é analisar as aquisições motoras de uma criança
prematura extrema que se encontra na assistência fisioterapêutica precoce desde os
primeiros meses de vida. E, os objetivos específicos, são: compreender a partir das
condições de saúde materna, as condições de gestação, tipo de parto e condições
do nascimento da criança, qual o momento que a criança foi considerada de risco;
avaliar o potencial motor da criança na relação idade cronológica e idade corrigida;
detectar as fragilidades e potencialidades para aquisições motoras funcionais e
enfatizar a importância da participação do pais/responsáveis na continuidade da
assistência em domicilio.
A finalidade deste trabalho é contribuir para o processo ensino aprendizado
promovendo uma experiência intervencionista por meio de um estudo de caso
(retrospectivo e prospectivo) de uma criança considerada de alto risco para atraso
no DNPM, que estava inserida no Serviço de Fisioterapia Infantil da UFPB no ano de
2019 e por ocasião da pandemia da Covid19 ficou em isolamento social sendo
realizadas as orientações por meio das redes sociais com a participação dos pais.
Em relação aos benefícios direto e indireto, para a criança e os pais/
responsáveis, podemos elencar a importância da informação sobre a prematuridade
extrema, a conscientização e o compromisso dos mesmos com a participação ativa
nas atividades que deverão ser realizadas no cotidiano da criança. Partindo do
pressuposto teórico-prático de que quanto mais cedo intervir maior possibilidade de
êxito e potencialização das aquisições motoras respaldando-se pela
neuroplasticidade remanescente de crianças consideradas de alto risco para atraso
no DNPM.
45

Solicitamos a sua colaboração para responder a um questionário on line (via


google formulário) contendo perguntas abertas acerca do acompanhamento da sua
filha nos SFI -/UFPB presencial e durante o isolamento social (realizado com a
participação dos pais), como também, sua autorização para apresentar os
resultados deste estudo em eventos da área de saúde e publicar em revista
científica. Por ocasião da publicação dos resultados, seu nome será mantido em
sigilo. Informamos, também, que o estudo proposto não oferece riscos à saúde da
criança, mas se em algum momento as perguntas contidas no questionário possam
remeter a lembranças e/ou episódios considerados traumáticos psicologicamente,
causando desconforto, o(a) senhor(a) poderá desistir de participar sem maiores
danos ao acompanhamento terapêutico da criança, conforme estabelece a
Resolução 466/12 da CONEP/MS).
Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, o(a)
senhor(a) não é obrigado(a) a fornecer as informações sobre a assistência
terapêutica da criança e/ou colaborar com as atividades solicitadas pelo
Pesquisador(a). Caso decida não participar do estudo, ou resolver a qualquer
momento desistir do mesmo, não haverá modificação na assistência que vem
recebendo na Instituição presencial (com controle da pandemia) e on line na
persistência da pandemia da Covid19.
Os pesquisadores estarão a sua disposição para qualquer esclarecimento que
considere necessário em qualquer etapa da pesquisa.
Diante do exposto, declaro que fui devidamente esclarecido(a) e dou o meu
consentimento para participar da pesquisa e para publicação dos resultados. Estou
ciente que receberei uma cópia desse documento.
______________________________________
Assinatura do Participante da Pesquisa
ou Responsável Legal
Atenciosamente,

___________________________________________
Assinatura do Pesquisador Responsável

___________________________________________
Assinatura do Pesquisador Participante
46

Contato do Pesquisador (a) Responsável:


Caso necessite de maiores informações sobre o presente estudo, favor ligar para o (a)
pesquisador (a) Sandra Maria Cordeiro Rocha de Carvalho  (83) 996137711 // Endereço (Setor
de Trabalho): CCS/Departamento de Fisioterapia (32167183) /// E-mail institucional:
sandra.cordeiro@academico.ufpb.br
Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba
Campus I - Cidade Universitária - 1º Andar – CEP 58051-900 – João Pessoa/PB
 (83) 3216-7791 – E-mail: comitedeetica@ccs.ufpb.br

Obs.: O sujeito da pesquisa ou seu representante e o pesquisador responsável deverão


rubricar todas as folhas do TCLE apondo suas assinaturas na última página do referido
Termo.
47

ANEXO B – CARTA DE ANUÊNCIA DO SERVIÇO DE FISIOTERAPIA INFANTIL


48

ANEXO C – CERTIDÃO DO DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

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