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JULIANA PEDROSO MORAES VILELA DE CASTRO

ESTUDO DO SONO E DO CICLO VIGÍLIA-SONO


EM INDIVÍDUOS EM ESTADOS MENTAIS DE RISCO
PARA O DESENVOLVIMENTO DE PSICOSE E DE
TRANSTORNO BIPOLAR

Tese apresentada à Universidade Federal de


São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para
obtenção do Título de doutor em Ciências.

São Paulo
2015
JULIANA PEDROSO MORAES VILELA DE CASTRO

ESTUDO DO SONO E DO CICLO VIGÍLIA-SONO


EM INDIVÍDUOS EM ESTADOS MENTAIS DE RISCO
PARA O DESENVOLVIMENTO DE PSICOSE E DE
TRANSTORNO BIPOLAR

Tese apresentada à Universidade Federal de


São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para
obtenção do Título de doutor em Ciências.

Orientador:
Prof. Dr. Sergio Tufik
Co-orientadores:
Profa. Dra. Elisa Brietzke
Prof. Dr. Fernando Morgadinho S Coelho
Profa. Dra. Lia Rita Azeredo Bittencourt

São Paulo
2015
Castro, Juliana Pedroso Moraes Vilela de
Estudo do sono e do ciclo vigília-sono em indivíduos em
estados mentais de risco para o desenvolvimento de psicose e
transtorno bipolar / Juliana Pedroso Moraes Vilela de Castro. --
São Paulo, 2015.
xvi, 113f.
Tese (Doutorado) - Universidade Federal de São Paulo. Escola
Paulista de Medicina. Programa de Pós-Graduação em
Psicobiologia.
Título em inglês: Sleep and wake-sleep cycle study in at-risk
mental states individuals for psychosis and bipolar disorder.
1. Sono; 2. Ritmo circadiano; 3. Eletroencefalograma; 4. Psicose;
5. Transtorno bipolar.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE PSICOBIOLOGIA

Chefe do Departamento:
Profa. Dra. Deborah Suchecki

Coordenador do Programa de Pós-Graduação:


Profa. Dra. Vania D’Almeida

iii
JULIANA PEDROSO MORAES VILELA DE CASTRO

ESTUDO DO SONO E DO CICLO VIGÍLIA-SONO EM INDIVÍDUOS


EM ESTADOS MENTAIS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO
DE PSICOSE E DE TRANSTORNO BIPOLAR

PRESIDENTE DA BANCA:
Prof. Dr. Sergio Tufik

BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Sergio Tufik
Prof. Dr. José Carlos Fernandes Galduróz
Profa. Dra. Maria Eugênia Mesquita
Prof. Dr. Francisco Hora de Oliveira Fontes
Prof. Dr. Alberto Jorge Remesar Lopez

SUPLENTES:
Profa. Dra. Ligia Maria Lucchesi
Profa. Dra. Rosana Souza Cardoso Alves

iv
Dedicatória

Dedico esse trabalho aos voluntários desse estudo

e aos seus familiares.

Cada participante, cada familiar, a seu modo,

deu sua contribuição na vontade de verem seus

sofrimentos e angústias diminuídos, bem como,

de contribuírem com a Ciência, visando a

ajudarem seus semelhantes.

Meu respeito e agradecimentos profundos a essas

pessoas.

vi
AGRADECIMENTOS

Aos meus amados pais, Elenice e José Aloisio, agradeço por me proporcionarem
essa existência, agradeço pelo amor de nossa família, pela nossa amizade,
agradeço por acreditarem em mim e por me apoiarem em cada dificuldade
enfrentada ao longo dessa tese e pelo incentivo constante na realização desse
trabalho.

À minha querida filha Maria Fernanda, agradeço por me proporcionar tantos


aprendizados, pelos sorrisos que me traz, pelas demonstrações infinitas de
carinho, pelas brincadeiras e pela compreensão.

À minha irmã e amiga Analaura, ao meu cunhado José Augusto e à minha


sobrinha linda Manuela, agradeço pela alegria que proporcionam, tornando essa
jornada mais leve.

Aos meus tios Eunice e Paulo Assumpção pelo carinho e apoio ao longo da minha
vida.

À Maria Ogata, agradeço pelo eterno apoio, carinho e amizade, bem como a toda
família Kuba.

Ao Jorge Ogata e sua família, agradeço pela amizade e momentos descontraídos


juntos.

Ao Fernando Ogata, agradeço por compartilhar nosso maior tesouro, nossa filha,
pela ajuda nos artigos dessa tese e pela nossa amizade.

Ao Programa de Pós-Graduação do Departamento de Psicobiologia, agradeço


pela oportunidade de desenvolver meu doutorado.

Ao dr. Sergio Tufik, agradeço imensamente pela orientação dessa tese, pelas
ideias e contribuições nesse trabalho, pelo seu apoio e incentivo constantes nas

vii
variadas dificuldades que se apresentaram e, acima de tudo, pelo seu entusiasmo
imprescindível ao nosso trabalho.

Aos professores Rodrigo Bressan e Elisa Brietzke, do Departamento de


Psiquiatria, agradeço pela idealização do projeto, bem como pela oportunidade
dessa colaboração e parceria entre nossos departamentos.

À minha co-orientadora Dra. Elisa Brietzke, agradeço profundamente pelos


valiosos conhecimentos compartilhados, pelas discussões do trabalho, por todas
as correções da tese, dos relatórios, pôsteres e artigos, enfim, pela sua
importante contribuição nesse estudo.

Ao caro co-orientador, Dr. Fernando Morgadinho, agradeço pelas discussões,


pelo apoio, pelas oportunidades das colaborações que realizamos e pela
amizade.

Ao Márcio Zanini, agradeço muitíssimo pela sua dedicação e ajuda


incomensurável na coleta dos dados, pela sua amizade e paciência comigo.

Aos pesquisadores Dr. Ary Gadelha Araripe Neto, agradeço pelas contribuições
nos artigos dessa tese, bem como suas discussões e apoio nesse trabalho, e dra.
Gracciele Rodrigues da Cunha Asevedo pela ajuda com os prontuários dos
voluntários do PRISMA.

À AFIP, agradeço pelo suporte financeiro e pela infraestrutura disponibilizada para


a realização das polissonografias e da actigrafia.

Ao CNPq e à Capes, agradeço pelo apoio financeiro.

À FAPESP, agradeço muitíssimo pela bolsa de doutorado concedida (Processo


2011/10925-6).

À Maria Cristina Jorge, agradeço pela ajuda constante na biblioteca da


Psicobiologia e pelas várias conversas sempre agradáveis.

viii
À Mara Vianna, Valéria Acquilino, Júlio Nascimento, agradeço pela disposição
com que sempre me auxiliaram nos assuntos da secretaria.

Aos funcionários, leitores e técnicos da polissonografia e da actigrafia,


principalmente Isabel Gomara, Adriana Carvalho, João Reinfelderon Júnior,
Fernando Nunes e Amanda Saba, pelo auxílio técnico fundamental nesse
trabalho.

Aos amigos da “casinha da dra. Lia”, agradeço pelo imenso prazer de nossa
convivência e pela amizade de que desfrutamos: Adriana Hora, Aline Millani, Ana
Cristina Lotaif, Cibele Dal Fabbro, Clarice Fuzi, Denise Servantes, Fabiana
Yagihara, Gabriela Pontes Luz, Giovana Diaferia, Glaury Coelho, Glorinha
Ferreira, Lara Napolis, Laura Castro, Ligia Lucchesi, Luciana Badke, Luciana
Godoy, Luciana Oliveira, Luciana Palombini, Luciana Storti Mancuso, Marcia
Oliveira, Otávio Ferraz, Paulo Cunali, Rafaella Bazante, Renata Santos, Rodrigo
Gomes, Rogério Santos Silva, Rowdley Rossi, Silvério Garbuio, Tatiana Vidigal,
Thaís Moura, Valdete Moreira.

À Gabriela Pontes Luz e à Fabiana Yagihara, agradeço pelo acolhimento com que
me receberam quando cheguei no grupo da dra. Lia.

À Rafaella Bazante e à Luciana Oliveira, agradeço por serem tão solícitas e


carinhosas quando precisei, especialmente no final dessa tese.

Aos amigos Altay Alves Lino de Souza e Bruno da Silva Brandão Gonçalves,
pelas preciosas e queridas colaborações nas análises dos dados espectrais e de
actigrafia, respectivamente.

À querida co-orientadora Dra. Lia Bittecourt, minha orientadora de origem, além


de amiga mais que especial do meu coração, ofereço meus agradecimentos
emocionados pelo privilégio da sua amizade, pelos momentos de comemorações
inesquecíveis, pela sua simplicidade, pelo seu cuidado, profissionalismo e pelo
seu amparo em todas fases dessa tese.

ix
SUMÁRIO

Dedicatória ........................................................................................................vi
Agradecimentos ................................................................................................vii
Lista de Tabelas ................................................................................................xii
Lista de Abreviaturas ........................................................................................xiii
Resumo ............................................................................................................xv
1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................1
1.1. OBJETIVOS .....................................................................................4
1.1.1. Objetivos específicos ..................................................................4
2. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................5
2.1. Esquizofrenia e Transtorno bipolar ....................................................6
2.2. Os estados mentais de risco (EMR) ....................................................13
2.3. Sono normal, ritmo circadiano e regulação do sono ...........................14
2.3.1. Sono normal ...............................................................................14
2.3.2. Ritmo circadiano .........................................................................17
2.3.3. Regulação do sono .....................................................................19
2.4. Anormalidades do padrão de sono e do ciclo vigília-sono ..................21
2.4.1. Na esquizofrenia e no transtorno bipolar ....................................21
2.4.2. Nos estados mentais de risco .....................................................30
3. CASUÍSTICA E MÉTODO ............................................................................32
3.1. Participantes ......................................................................................33
3.1.1. Indivíduos em estados mentais de risco .....................................33
3.1.2. Indivíduos saudáveis ..................................................................36
3.2. Procedimentos ...................................................................................36
3.2.1. Avaliação clínica .........................................................................36
3.2.2. Avaliação clínica dos ritmos biológicos .......................................36
3.2.2.1. Questionários de sono .......................................................36
3.2.2.2. Actimetria ..........................................................................37
3.2.2.3. Polissonografia (PSG) .......................................................39
3.2.2.4. Análise espectral do eletroencefalograma do sono ............40

x
3.3. Cálculo amostral ................................................................................41
3.4. Análise estatística ..............................................................................42
4. RESULTADOS .............................................................................................43
4.1. Características da amostra ................................................................44
4.2. Dados polissonográficos ....................................................................45
4.3. Dados espectrais ...............................................................................48
4.4. Questionários .....................................................................................50
4.5. Dados da actigrafia ............................................................................52
4.6. Comparações adicionais ....................................................................54
4.7. Actogramas .......................................................................................59
5. DISCUSSÃO .................................................................................................60
6. CONCLUSÕES .............................................................................................70
7. ANEXOS .......................................................................................................74
Anexo 1. Carta de aprovação do Comitê de Ética ....................................75
Anexo 2. Actogramas dos voluntários .......................................................76
8. REFERÊNCIAS ............................................................................................113
Abstract
Bibliografia Consultada

xi
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Características sócio-demográficas da amostra ................................................... 44

Tabela 2. Classificação clínica dos EMR e medicações em uso .......................................... 45

Tabela 3. Parâmetros polissonográficos dos grupos controle e EMR ................................. 46

Tabela 4. Comparação dos parâmetros polissonográficos entre os grupos ....................... 47

Tabela 5. Valores do poder espectral do EEG entre os grupos da amostra ....................... 48

Tabela 6. Questionários ........................................................................................................... 51

Tabela 7. Dados actigráficos (Software) ................................................................................ 53

Tabela 8. Dados actigráficos (Variáveis do ritmo circadiano) ............................................... 54

Tabela 9. Comparação entre os indivíduos saudáveis e os indivíduos em EMR não


medicados ................................................................................................................ 56

Tabela 10. Comparação entre os indivíduos em EMR não-medicados e medicados .......... 57

Tabela 11. Comparação entre os indivíduos em EMR para psicose e para transtorno
bipolar ....................................................................................................................... 58

xii
LISTA DE ABREVIATURAS

AASM American Academy of Sleep Medicine

Ac Função de autocorrelação

ARMS At risk mental states

Aβ Proteína beta-amilóide

CEPTS Calgary Early Psychosis Treatment Service

DSM Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders

EEG Eletroencefalograma

EMG Eletromiograma

EMR Estados mentais de risco

EOG Eletrooculograma

EPPIC Early Psychosis Prevention and Intervention Centre

ES Eficiência do sono

ESE Escala de Sonolência de Epworth

European Network of National Schizophrenia Networks Studying


EU-GEI
Gene-Environment Interactions

ev/h Eventos por hora

F10 Início de M10

F5 Início da atividade das 5h consecutivas menos ativas

FEPP First Episode Psychosis Program

H Expoente de Hurst

IAH Índice de apneia e hipopneia

ID Índice de despertar

IDR Índice de distúrbio respiratório do sono

IMC Índice de massa corpórea

IQSP Índice de Qualidade de sono de Pittsburgh

IS Interdaily stability ou estabilidade interdiária

xiii
ISRS Inibidores seletivos da recaptação de serotonina

IV Intradaly variability ou variabilidade intradiária

LEO Lambeth Early Onset

LREM Latência de sono REM

LS Latência do sono

M10 Atividade das 10h consecutivas mais ativas

min minutos

MST Motor Sequence Task ou tarefa de sequência motora

NREM Non-Rapid Eyes Movements

NSQ Núcleos supraquiasmáticos

PANSS Positive and Negative Syndrome Scale

PRISMA Programa de Reconhecimento e Intervenção em Estados Mentais de Risco

PSD Power spectral density ou densidade espectral de força

PSG Polissonografia

QMV Questionário de matutinidade e vespertinidade

REM Rapid Eyes Movements ou movimento rápido dos olhos

SAEN Sample entropy ou entropia da amostra

SpO2 Saturação de oxigênio média

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

ToL Tower of London

TB Transtorno bipolar

TTS Tempo total de sono

WASO Wake after sleep onset ou tempo acordado após início do sono

xiv
RESUMO

A psicose e o transtorno bipolar são doenças mentais crônicas comuns


frequentemente associadas à grave incapacidade dos seus portadores. O
conceito de estados mentais de risco é uma estratégia para a identificação dos
indivíduos em risco para desenvolver essas doenças e é baseada na presença de
sintomas prodrômicos. Desajustes no padrão de sono e no ritmo circadiano têm
sido descritos desde as primeiras manifestações desses sintomas, nas fases
iniciais do curso clínico da psicose e do transtorno bipolar. Objetivo: Verificar
possíveis alterações no padrão de sono e no ciclo vigília-sono em indivíduos em
estados mentais de risco e indivíduos saudáveis. Casuística e Métodos:
Participaram desse estudo 40 voluntários, de ambos os gêneros e com idade
entre 13 e 27 anos. Eles foram distribuídos em dois grupos, conforme os critérios
para o grupo de indivíduos em estados mentais de risco (n=20) e grupo controle
saudável (n=20). Os indivíduos em estados mentais de risco foram classificados
como ultra-alto risco para psicose conforme a CAARMS (Comprehensive
Assessment of At-Risk Mental State) ou como ultra-alto risco para transtorno
bipolar de acordo com os critérios propostos por Bechdolf e colaboradores. Os
participantes realizaram duas noites consecutivas de polissonografia,
responderam a questionários, utilizaram o actígrafo por 15 dias e preencheram
um diário de sono. Os questionários utilizados foram: Escala de Sonolência de
Epworth, Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh, e Questionário de
Matutinidade e Vespertinidade. Resultados: O grupo dos indivíduos em estados
mentais de risco apresentou pior qualidade de sono de acordo com o Índice de
Pittsburgh (p=0,010), maior duração de cochilo (p=0,038), menor duração de
vigília (p=0,001), maior tempo total de sono (p=0,011), menor duração de
atividade (p=0,021), um ritmo vigília-sono mais fragmentado (apontado pelos
valores de autocorrelação e variabilidade intradiária; p=0,008 e p=0,011,
respectivamente), menos sincronizado e com o ciclo claro-escuro (estabilidade
interdiária, p=0,015), com menor amplitude (M10, p=0,008) e menor poder
espectral de β1 (p=0,033), quando comparado ao grupo controle saudável.

xv
Conclusões: Os resultados apontam para uma pior qualidade de sono, prejuízo
na sincronização de frequências β, e alterações no ritmo circadiano, representado
nesse estudo pelo ciclo vigília-sono, no grupo dos indivíduos em estados mentais
de risco.

xvi
1. INTRODUÇÃO
I N T R O D UÇ ÃO

A esquizofrenia e o transtorno bipolar (TB) são transtornos psiquiátricos

que, juntos, ocorrem em 3% da população mundial (1,2). Os indivíduos geralmente

apresentam os primeiros indícios durante a adolescência ou no início da vida

adulta, e o curso dessas doenças costuma ser crônico e debilitante (3). Além disso,

mesmo com os mais modernos tratamentos disponíveis, a maioria dos portadores


(4)
dessas condições permanece com graves prejuízos funcionais .

Nesse sentido, a literatura psiquiátrica tem-se voltado para o estudo de

estratégias preventivas para estes transtornos, o que, espera-se, minimizaria seu

impacto clínico, familiar, econômico e social. No caso dos transtornos mentais

maiores, um grande corpo de evidências, iniciado com os relatos clássicos de


(5)
Kraepelin, ainda no século XIX [ver ], aponta para a presença de um período

com duração desde dias até anos, em que os sintomas da psicose ou dos

transtornos de humor iniciam-se gradualmente, aumentando em frequência,

intensidade e duração, até adquirirem impacto funcional suficiente para serem

considerados como um transtorno mental bem estabelecido [ver (6)].

A sistematização das observações de que indivíduos com

esquizofrenia e TB apresentam, no início do curso desses transtornos, sintomas

psicóticos e maníacos leves, atenuados e fugazes levou à possibilidade da

identificação desse período de transição, denominado de pródromo (7). Porém,

como a evolução para um transtorno mental propriamente dito não ocorre em


todos os casos, estes indivíduos têm sido classificados, em observações

longitudinais, como portadores de estados mentais de risco (at risk mental states,

ARMS) (8-10). Estudos prospectivos nesse grupo indicam taxas de conversão de

ARMS para psicose de 15 a 54%, no período de um ano (11) e de cerca de 24%

para TB (8). Esta é, ainda, uma fase em que a psicopatologia é bastante

indiferenciada, sendo comum pacientes em risco para psicose evoluírem para

transtorno bipolar no seguimento (12-14). Além disso, existe um considerável grau

de sobreposição na susceptibilidade genética para essas doenças (15) e entre os

2
I N T R O D UÇ ÃO

sintomas e suas alterações neurobiológicas nos estados mentais de risco (12).

Nesse sentido, a relação em potencial entre a sobreposição genética e fenotípica

da psicose e do TB levanta a questão sobre a natureza da fase de risco de

diferentes transtornos mentais.

Recentemente, têm sido feitas tentativas de prevenção da conversão

utilizando intervenções como uso de antipsicóticos, a suplementação alimentar

com Omega-3 e a Terapia Cognitivo Comportamental (16-18), que, embora

promissoras, apresentam resultados ainda limitados pelo pequeno tamanho de

amostra ou falta de replicação dos resultados. Contudo, a neurobiologia dos

ARMS permanece ainda insuficientemente estudada. Nesse ínterim,

anormalidades no padrão de sono e no ciclo vigília-sono são sintomas frequentes

tanto na esquizofrenia quanto no TB (19-23) desde seus cursos iniciais (20,24). Desse

modo, hipotetizou-se que alterações no sono e/ou no ritmo circadiano do sono

poderiam estar presentes já nos estados mentais de risco desses transtornos.

Esse estudo se propôs, então, a identificar, de forma objetiva, possíveis

alterações nos ritmos biológicos nos estados mentais de risco. Esse projeto

integra um projeto temático do ProNEx (processo FAPESP/CNPq 11/50740-5):

Prevenção na esquizofrenia e no transtorno bipolar da Neurociência à

comunidade: uma Plataforma Multifásica, Multimodal e Translacional para

Investigação e Intervenção, cujo pesquisador principal é o Prof. Dr. Rodrigo


Affonseca Bressan, do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP (CEP UNIFESP:

0834/11).

3
I N T R O D UÇ ÃO

1.1. Objetivo

O objetivo desse trabalho foi comparar os ritmos biológicos de

indivíduos em estados mentais de risco para o desenvolvimento de psicose e

transtorno bipolar com controles saudáveis.

1.1.1. Objetivos específicos:

a) Comparar, por meio da polissonografia, a estrutura e microestrutura

do sono de indivíduos em EMR com controles saudáveis;

b) Comparar, por meio de actigrafia, o padrão do ciclo vigília-sono de

indivíduos em EMR com controles saudáveis;

c) Comparar, por meio de questionários específicos, o cronotipo, a

qualidade do sono e a presença de sonolência diurna de indivíduos

em EMR com controles saudáveis.

4
2. REVISÃO DA LITERATURA
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

2.1. Esquizofrenia e Transtorno bipolar

A esquizofrenia atinge cerca de 1% da população mundial e continua a

ser um dos mais graves transtornos de toda a medicina (25). Ela é caracterizada

por déficits na interação entre o pensamento, a emoção e o comportamento,

resultante da inadequada seleção, ordenação e sequenciação dos elementos

comportamentais (26). Nesse sentido, os problemas de interação social são uma

característica central dessa doença. Os sintomas positivos da esquizofrenia,

como alucinações e delírios, têm componentes sociais, enquanto os sintomas

negativos são exibidos como perda de motivação, isolamento social e auto-

negligência (27,28). Além disso, os prejuízos sociais na esquizofrenia têm sido

associados a piores desfechos clínicos (29), apesar da limitada compreensão dos

mecanismos subjacentes que sustentam essas deficiências. O primeiro episódio

de esquizofrenia é frequentemente precedido por um período prodrômico, o qual é

seguido por um ou mais episódios psicóticos, que, por sua vez, podem incluir

perda de contato com a realidade, distúrbios de memória, delírios e

alucinações (30). Os sintomas característicos da esquizofrenia envolvem uma

gama de disfunções cognitivas, comportamentais e emocionais, mas nenhum

sintoma é patognomônico do transtorno, de modo que seu diagnóstico envolve o

reconhecimento de um conjunto de sinais e sintomas associados a um

funcionamento profissional ou social prejudicado. Os critérios diagnósticos da

esquizofrenia estão sucintamente descritos no quadro 1.

6
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

Quadro 1. Critérios diagnósticos da Esquizofrenia

A. Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um presente por uma quantidade
significativa de tempo durante um período de um mês (ou menos, se tratados com
sucesso). Pelo menos um deles deve ser (1), (2) ou (3):
1. Delírios.
2. Alucinações.
3. Discurso desorganizado.
4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico.
5. Sintomas negativos (i.e., expressão emocional diminuída ou avolia).

B. Por um período significativo de tempo desde o início da perturbação, o nível de


funcionamento em uma ou mais áreas importantes do funcionamento, como
trabalho, relações interpessoais ou autocuidado, está acentuadamente abaixo do
nível alcançado antes do início (ou, quando o início se dá na infância ou na
adolescência, incapacidade de atingir o nível esperado de funcionamento
interpessoal, acadêmico ou profissional).

C. Sinais contínuos de perturbação persistem durante, pelo menos, seis meses. Esse
período de seis meses deve incluir, no mínimo, um mês de sintomas (ou menos, se
tratados com sucesso) que precisam satisfazer ao Critério A (i.e., sintomas da fase
ativa) e pode incluir períodos de sintomas prodrômico ou residuais. Durante esses
períodos prodrômico ou residuais, os sinais de perturbação podem ser manifestados
apenas por sintomas negativos ou por dois ou mais sintomas listados no Critério A
presentes em uma forma atenuada (p. ex., crenças esquisitas, experiências
perceptivas incomuns).

D. Transtorno esquizoafetivo e transtorno depressivo ou transtorno bipolar com


características psicóticas são descartados porque 1) não ocorreram episódios
depressivos maiores ou maníacos concomitantemente com os sintomas da fase
ativa, ou 2) se episódios de humor ocorreram durante os sintomas da fase ativa, sua
duração total foi breve em relação aos períodos ativo e residual da doença.

E. A perturbação pode ser atribuída aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex.,
droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica.

F. Se há história de transtorno do espectro autista ou de um transtorno de


comunicação iniciado na infância, o diagnóstico adicional de esquizofrenia é
realizado somente se delírios ou alucinações proeminentes, além dos demais
sintomas exigidos da esquizofrenia, estiverem também presentes por, pelo menos,
um mês (ou menos, se tratados com sucesso).

Especificar se:
Os especificadores de curso a seguir devem somente ser usados após um ano de duração do
transtorno e se não estiverem em contradição com os critérios de curso diagnóstico.
Primeiro episódio, atualmente em episódio agudo: A primeira manifestação do transtorno atende
aos sintomas diagnósticos definidos e ao critério de tempo. Um episódio agudo é um período de
tempo em que são satisfeitos os critérios de sintomas.

7
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

Primeiro episódio, atualmente em remissão parcial: Remissão parcial é um período de tempo


durante o qual é mantida uma melhora após um episódio anterior e em que os critérios
definidores do transtorno são atendidos apenas em parte.
Primeiro episódio, atualmente em remissão completa: Remissão completa é um período de
tempo após um episódio anterior durante o qual não estão presentes sintomas específicos do
transtorno.
Episódios múltiplos, atualmente em episódio agudo: múltiplos episódios podem ser
determinados após um mínimo de dois episódios (i.e., após um primeiro episódio, uma remissão
e pelo menos uma recaída).
Episódios múltiplos, atualmente em remissão parcial.
Episódios múltiplos, atualmente em remissão completa.
Contínuo: Os sintomas que atendem aos critérios de sintomas diagnósticos do transtorno
permanecem durante a maior parte do curso da doença, com períodos de sintomas em nível
subclínico muito breves em relação ao curso geral.
Não especificado.

Especificar se:
Com catatonia (consultar os critérios para catatonia associada a outro transtorno mental)

Especificar a gravidade atual:


A gravidade é classificada por uma avaliação quantitativa dos sintomas primários de psicose, os
quais incluem delírios, alucinações, desorganização do discurso, comportamento psicomotor
anormal e sintomas negativos. Cada um desses sintomas pode ser classificado quanto à
gravidade atual (mais grave nos últimos sete dias) em uma escala com 5 pontos, variando de 0
(não presente) a 4 (presente e grave). (Ver gravidade da Dimensões de Sintomas de Psicose
Avaliada pelo Clínico no capítulo “Instrumentos de Avaliação”.)
Nota: O diagnóstico de esquizofrenia pode ser feito sem a utilização desse especificador de
gravidade.

Fonte: DSM-5 (31).

8
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

Um conjunto de evidências no campo da esquizofrenia, a saber (a) o

curso crônico e recidivante, (b) a maior capacidade de resposta ao tratamento

durante o primeiro episódio de psicose, (c) a redução progressiva da substância

cinzenta tanto nas fases iniciais como no período prodrômico (retrospectivamente),

e (d) os sinais e sintomas precoces da doença, tem levado ao desenvolvimento de

programas de identificação precoce da esquizofrenia (32-35). Dentre eles, estão o

Early Psychosis Prevention and Intervention Centre – EPPIC, na Austrália (36), o

Lambeth Early Onset – LEO, no Reino Unido (37), o First Episode Psychosis

Program – FEPP, desde 1992, desenvolvido no Clarke Institute of Psychiatry, e o

Calgary Early Psychosis Treatment Service – CEPTS, desde 1996, na Universidade

de Calgary, esses últimos no Canadá.

Além da psicose, muitas outras doenças psiquiátricas se iniciam

durante a adolescência (38), como é o caso do TB (39,40). O TB é uma doença

recorrente, episódica e cíclica caracterizada por episódios de depressão maior,

intercalados por períodos de mania e períodos de relativa estabilidade do humor,

chamados de eutimia (41). Os critérios diagnósticos para o transtorno bipolar tipo I

estão sucintamente descritos no quadro 2.

9
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

Quadro 2. Critérios diagnósticos do Transtorno Bipolar tipo I

Episódio Maníaco
A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansível ou
irritável e aumento anormal e persistente da atividade dirigida a objetivos ou da
energia, com duração mínima de uma semana e presente na maior parte do dia,
quase todos os dias (ou qualquer duração, se a hospitalização se fizer necessária).
B. Durante o período de perturbação do humor e aumento da energia ou atividade,
três (ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) estão
presentes em grau significativo e representam uma mudança notável do
comportamento habitual:
1. Autoestima inflada ou grandiosidade.
2. Redução da necessidade de sono (p. ex., sente-se descansado com apenas três
horas de sono).
3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando.
4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados.
5. Distrabilidade (i.e., a atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos
significantes ou irrelevantes), conforme relatado ou observado.
6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou na
escola, seja sexualmente) ou agitação psicomotora (i.e., atividade sem propósito
não dirigida a objetivos).
7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências
dolorosas (p. ex., envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições
sexuais ou investimentos financeiros insensatos).
C. A perturbação do humor é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo
acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de
hospitalização a fim de prevenir dano a si mesmo ou a outras pessoas, ou existem
características psicóticas.
D. O episódio não é atribuível aos efeitos de uma substância (p. ex., droga de abuso,
medicamento, outro tratamento) ou a outra condição médica.
Nota: um episódio maníaco completo que surge durante tratamento antidepressivo (p. ex.,
medicamento, eletroconvulsoterapia), mas que persiste em um nível de sinais e sintomas
além do efeito fisiológico desse tratamento, é evidência suficiente para um episódio
maníaco e, portanto, para um diagnóstico de transtorno bipolar tipo I.
Nota: Os critérios A-D representam um episódio maníaco. Pelo menos um episódio
maníaco na vida é necessário para o diagnóstico de transtorno bipolar tipo I.

Episódio Hipomaníaco
A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou
irritável e aumento anormal e persistente da atividade ou energia, com duração
mínima de quatro dias consecutivos e presente na maior parte do dia, quase todos
os dias.

10
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

B. Durante o período de perturbação do humor e aumento de energia e atividade, três


(ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) persistem,
representam uma mudança notável em relação ao comportamento habitual e estão
presentes em grau significativo:
1. Autoestima inflada ou grandiosidade.
2. Redução da necessidade de sono (p. ex., sente-se descansado com apenas três
horas de sono).
3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando.
4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados.
5. Distrabilidade (i.e., a atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos
significantes ou irrelevantes), conforme relatado ou observado.
6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou na
escola, seja sexualmente) ou agitação psicomotora.
7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências
dolorosas (p. ex., envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições
sexuais ou investimentos financeiros insensatos).
C. O episódio está associado a uma mudança clara no funcionamento que não é
característica do indivíduo quando assintomático.
D. A perturbação do humor e a mudança no funcionamento são observáveis por outras
pessoas.
E. O episódio não é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no
funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização. Existindo
características psicóticas, por definição, o episódio é maníaco.
F. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex.,
drogas de abuso, medicamento, outro tratamento).
Nota: Um episódio hipomaníaco completo que surge durante tratamento antidepressivo (p.
ex., medicamento, eletroconvulsoterapia), mas que persiste em um nível de sinais e
sintomas além do efeito fisiológico desse tratamento, é evidência suficiente para um
diagnóstico de episódio hipomaníaco. Recomenda-se, porém, cautela para que 1 ou 2
sintomas (principalmente aumento da irritabilidade, nervosismo ou agitação após uso de
antidepressivo) não sejam considerados suficientes para o diagnóstico de episódio
hipomaníaco nem necessariamente indicativos de uma diátese bipolar.
Nota: Os critérios A-F representam um episódio hipomaníaco. Esses episódios são comuns
no transtorno bipolar tipo I, embora não necessários para o diagnóstico desse transtorno.

Episódio Depressivo Maior


A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo
período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao
funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2)
perda de interesse ou prazer.
Nota: Não incluir sintomas que sejam claramente atribuíveis a outra condição médica.

11
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por
relato subjetivo (p. ex., sente-se triste, vazio ou sem esperança) ou por observação
feita por outra pessoa (p. ex., parece choroso). (Nota: Em crianças e adolescentes,
pode ser humor irritável.)
2. Acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas, ou quase todas, as
atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (conforme indicado por relato
subjetivo ou observação feita por outra pessoa).
3. Perda ou ganho de peso significativo sem estar fazendo dieta (p. ex., mudança de
mais de 5% do peso corporal em um mês) ou redução ou aumento do apetite quase
todos os dias. (Nota: Em crianças, considerar o insucesso em obter o ganho de
peso esperado.)
4. Insônia ou hipersonia quase diária.
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observável por outras
pessoas; não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais
lento).
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser
delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por
estar doente).
8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão quase todos os
dias (por relato subjetivo ou observação feita por outra pessoa).
9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida
recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para
cometer suicídio.
B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no
funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo.
C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra
condição médica.
Nota: Os Critérios A-C representam um episódio depressivo maior. Esse tipo de episódio é
comum no transtorno bipolar tipo I, embora não seja necessário para o diagnóstico desse
transtorno.
Nota: Respostas a uma perda significativa (p. ex., luto, ruína financeira, perdas por
desastre natural, doença médica grave ou incapacidade) podem incluir sentimentos de
tristeza intensos, ruminação acerca da perda, insônia, falta de apetite e perda de peso
observados no Critério A, que podem se assemelhar a um episódio depressivo. Embora
tais sintomas possam ser entendidos ou considerados apropriados à perda, a presença de
um episódio depressivo maior, além da resposta normal exige inevitavelmente exercício do
juízo clínico, baseado na história do indivíduo e nas normas culturais para a expressão de
sofrimento no contexto de uma perda.

Fonte: DSM-5 (31).

12
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

A exemplo dos estudos sobre o risco de se desenvolver psicose

[ver (42)], pesquisas longitudinais com grupos de alto risco têm encontrado

evidências sobre o TB frequentemente evoluir a partir de antecedentes não-

específicos na infância de pessoas pré-dispostas ao longo do tempo. Dentre

esses antecedentes, têm sido observados a ansiedade e problemas de sono,

seguidos de distúrbios de humor menores durante a adolescência, culminando

com episódios de humor maiores no final da adolescência e no início da vida

adulta (43).

Nos últimos quinze anos, as publicações têm confirmado a existência

do período prodrômico antes do primeiro episódio de psicose ou mania, variando

na duração, na frequência e na intensidade dos sintomas (44-46). A detecção dos

indivíduos durante o período prodrômico poderia potencialmente permitir uma

intervenção precoce, com o objetivo de prevenir o aparecimento da doença,

atrasar o seu início, e reduzir as consequências clínicas, neurocognitivas e

funcionais da psicose e do TB (47-52).

2.2. Os estados mentais de risco (EMR)

Os estados mentais de risco, que correspondem aos pródromos em

análises retrospectivas, são uma apresentação clínica daqueles pacientes

considerados em risco clínico para desenvolver psicose ou TB. Eles são

caracterizados pela presença de sintomas atenuados dessas doenças e requerem

a ocorrência de prejuízo significativo no funcionamento durante o último

ano (10,53,54). Os EMR também diferem do período prodrômico por não poderem

ser confirmados, a menos que o aparecimento da doença tenha ocorrido.

Clinicamente, o termo “pródromo” tende a implicar na progressão

inevitável para a doença, sendo, por isso, um termo menos adequado para indicar

13
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

um risco provável da doença. Nesse sentido, o período prodrômico atende melhor

em estudos retrospectivos. Ao contrário, a condição de indivíduos com maior

probabilidade de transição para a psicose ou para o TB é melhor designada como

os estados mentais “em risco”, “alto risco clínico” ou “ultra alto risco” (55).

Estudos apontam que de 20 a 40% dos indivíduos em estados mentais

de risco para psicose desenvolvem um episódio psicótico ao longo do seguimento

de doze meses (10,45). O TB também apresenta um período prodrômico em que a

taxa de transição observada foi 22,8% dentro do período de aproximadamente 9

meses (8).

Yung e colaboradores (56) desenvolveram uma abordagem para psicose


denominada de ultra alto risco (ultra-high risk), sendo o critério mais

utilizado (8,44,57). A exemplo da abordagem de Yung, Bechdolf e colaboradores (8)

também propuseram critérios para ultra alto risco para o TB. O objetivo de ambas

abordagens é identificar jovens em busca de ajuda, que manifestem sintomas e

apresentem um funcionamento prejudicado, demonstrando um risco

consideravelmente aumentado para o início de psicose ou para o primeiro

episódio maníaco, justificando, dessa forma, esforços na prevenção da

conversão, além de permitir o estudo prospectivo desse processo de transição.

No presente estudo, os indivíduos em ultra alto risco para psicose ou

transtorno bipolar foram denominados de estados mentais de risco (EMR).

2.3. Sono normal, ritmo circadiano e regulação do sono

2.3.1. Sono normal

Acredita-se que o sono desempenha uma função restauradora

associada a um equilíbrio do sistema imunológico, crescimento somático, e

14
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

processo anabólico cerebral (58). Estudos também evidenciam o papel do sono em

tipos específicos de cognição (59,60) na consolidação da memória e na plasticidade

cerebral (61-64). Recentemente, a função restauradora do sono tem sido apoiada no

fato de que o estado de sono seria um estado funcional facilitador para o cérebro

realizar a eliminação de produtos de degradação da atividade neural que se

acumulam durante a vigília (65).

O sono normal em humanos é dividido em duas fases: sono REM (do

inglês Rapid Eyes Movements) e sono NREM (do inglês Non-Rapid Eyes

Movements). O sono NREM é subdividido nos estágios N1, N2 e N3 de acordo

com a profundidade do sono (66). Em um adulto normal, essas fases alternam-se

ciclicamente em torno de 70-110 minutos (67). Cada sequência de sono NREM-

REM define um ciclo, que é repetido de 4 a 6 vezes ao longo da noite,

dependendo do tempo total de sono. Frequentemente, o sono se inicia pelo sono

NREM (estágio N1). Esse estágio representa a transição da vigília para o início do

sono, e dura poucos minutos. Além disso, o estágio N1 é associado com um baixo

limiar de despertar. Na sequência, o sono avança para N2, e depois para N3

(esse estágio é também chamado de sono de ondas lentas, sono delta ou sono

profundo), e intermitentemente ocorre o sono REM. De um modo geral, o sono

REM constitui de 20 a 25% do tempo total de sono, e sono NREM cerca de 75 a

80%. O estágio N2 é responsável pela maior quantidade do tempo de sono total

(45-55%). Além disso, o sono NREM é predominante na primeira metade da noite,

enquanto que os episódios de sono REM são crescentes e tornam-se mais

frequentes na segunda metade da noite (68).

Cada estágio apresenta um padrão eletroencefalográfico (EEG)

específico. Os estágios de sono NREM são caracterizados por baixa atividade

neuronal representada por ondas sincronizadas, ritmos alfa, ondas agudas do

vértex (no estágio N1), fusos do sono e complexos K (no estágio N2), e ondas

delta de alta amplitude as quais atingem pelo menos 75µV (no estágio N3). Os

15
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

fusos do sono são grafoelementos visualizados como um grupo de ondas rítmicas

(ou trem de pulso) de amplitude crescente e descrescente, de modo que, dentro

dos fusos, as ondas são mais rápidas. No EEG, os fusos apresentam frequências

de 11 Hz a 16 Hz, com duração mínima de 0,5 segundo, e são mediados pelo

circuito tálamo-cortical, contribuindo para a consolidação da memória durante o

sono, e interferindo no limiar de despertar de modo a prevenir que os estímulos

externos sejam sinalizados e transmitidos ao córtex [ver (69)]. Os complexos K são

caracterizados por uma onda negativa (espícula para cima) seguida de uma onda

positiva (espícula para baixo). No EEG, atingem frequências de 2 Hz ou menos,


(70)
sendo suas funções associadas à consolidação da memória durante o sono .

Durante o estágio N3, o limiar de despertar é muito maior do que nos demais

estágios. As taxas metabólicas e a temperatura cerebral são as menores. Além

disso, o fluxo simpático, a frequência cardíaca e a pressão sanguínea estão

diminuídas. Paralelamente, aumenta-se a atividade parassimpática. O sono REM

é caracterizado pelos movimentos rápidos dos olhos (monitorados pelo

eletrooculagrama, EOG), ondas dessincronizadas (similares às da vigília) e

grafoelementos como as ondas em dente-de-serra. Durante o sono REM, ocorre

significativa redução dos tônus de quase toda musculatura esquelética,

monitorada pela eletromiografia. Os movimentos dos olhos são eventos fásicos,

que ocorrem em oposição de fase. Essa fase do sono também está associada a

eventos oníricos, de modo que a probabilidade de recordar-se de um sonho é

maior quando o indivíduo é despertado durante o sono REM. Ainda durante o

sono REM, os mecanismos homeostáticos são atenuados: a respiração é menos

responsiva às mudanças no sangue referentes ao CO2 e O2, e as estimulações de

aquecimento e resfriamento apresentam baixas respostas ou mesmo nenhuma

resposta a elas. Como resultado, a temperatura corporal permanece como a

temperatura do ambiente (67).

16
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

Alguns fatores, sabidamente, podem modificar a duração e a

arquitetura do sono como a idade (71), a expressão de alguns genes, os ritmos

circadianos, a pressão homeostática causada pela vigília precedente, a

temperatura e luz ambientais, certas substâncias e medicamentos, e algumas

doenças como a narcolepsia e a apneia do sono.

2.3.2. Ritmo circadiano

Os ritmos circadianos são padrões de oscilações rítmicas que ocorrem

ao longo de, aproximadamente, 24 horas e que afetam as funções do organismo.

São alguns exemplos de ritmo circadiano a temperatura corporal central, a

liberação de alguns hormônios, e o ciclo vigília-sono. O principal marca-passo que

regula esses ritmos são os núcleos supraquiasmáticos (NSQ), localizados

bilateralmente no hipotálamo anterior. Paralelamente, a luz é o mais potente

zeitgeber (do alemão: “doador de tempo”), ou pista ambiental, para os NSQ. Os

NSQ recebem a informação luminosa diretamente via projeção do trato

retinohipotalâmico, e, então, enviam sinais via projeções diretas e indiretas para

outras áreas do cérebro (72,73). Os NSQ também coordenam os horários de

liberação de vários peptídeos e hormônios, incluindo a melatonina (pela glândula


(74)
pineal) a qual é responsável por promover o início do sono . Além disso, os

NSQ ainda regulam os ritmos periféricos via alterações na temperatura corporal, a

qual serve como uma pista universal a múltiplos sistemas e órgãos a respeito do

ciclo claro-escuro (75). Intracelularmente, o ritmo circadiano é controlado por

mecanismos genéticos. Desse modo, cada célula do organismo possui seu

próprio ritmo, e os NSQ têm como função sincronizá-los para que haja harmonia

entre o meio interno e externo. O mecanismo molecular de ritmicidade circadiana

intrínseco de cada célula é composto por diversos genes, chamados genes-

relógio, que atuam por meio de alças de retroalimentação de transcrição, tradução

17
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

e pós-transcrição, positivas e negativas, associadas a eventos sinalizadores. Os

principais genes envolvidos são: BMAL1, CLOCK, PERIOD1, PERIOD2,

PERIOD3, CRIPTOCROMO1, CRIPTOCROMO2, CASEÍNA KINASE1 ÉPSILON,

REV-ERB e RORA (74). Determinadas alterações nesses genes, como mutações

ou polimorfismos, são capazes de atrasar ou adiantar a fase dos ritmos

endógenos, causando as diferenças individuais na sincronização com o meio

ambiente (76-78).

No que se refere às diferenças individuais quanto à preferência pelos

horários de vigília e sono, ou seja, quanto aos cronotipos, os indivíduos podem

ser classificados como matutinos, indiferentes ou vespertinos. Os indivíduos

matutinos são aqueles que preferem realizar suas atividades pela manhã,

enquanto os vespertinos preferem realizar suas atividades à tarde ou à noite. Os

indivíduos indiferentes são aqueles com facilidade para se adaptar a qualquer um

destes horários, e é neste grupo que a maior parte da população está inserida. A

ferramenta mais utilizada para essa classificação é o questionário de matutinidade

e verspertinidade descrito por Horne e Ostberg (79).

Conforme já exposto, os NSQ regulam a atividade da glândula pineal,

responsável pela produção e secreção de melatonina. A melatonina é um

hormônio cuja concentração permanece baixa durante o dia, começa a aumentar

antes do início do sono, e tem seu pico de liberação na primeira parte da noite

(em torno das 4h). A síntese e a liberação da melatonina são predominantemente

reguladas pelo ciclo claro-escuro (80), sendo o horário de secreção da melatonina

associado com o aumento na propensão de sono (81-83). Normalmente, a duração

do ciclo vigília-sono segue de perto o ritmo circadiano endógeno de

melatonina (84). Nesse sentido, o sono prolongado e consolidado é possível

somente quando o sono ocorre durante um intervalo particular de fases


(85)
circadianas que coincidam com a noite biológica em humanos .

18
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

Consequentemente, tentar dormir fora desse intervalo resulta em latência de sono

prolongada, redução da eficiência do sono e diminuição do tempo total de

sono (85,86).

Clinicamente, uma ruptura na ritmicidade circadiana do sono por

fatores endógenos ou exógenos (ambientais), pode alterar a secreção de

melatonina, o nadir da temperatura, e os padrões de sono, resultando em

sintomas relevantes para a saúde [ver (87)].

2.3.3. Regulação do sono

De acordo com o modelo dos dois processos de regulação do sono

proposto po Borbély (88), o sono é regulado por um processo homeostático (o

processo S) e um processo circadiano (o processo C). O processo S corresponde

à acumulação de fadiga e/ou de um fator neuroquímico devido ao período prévio

de vigília para o balanço homeostático do organismo. Esta acumulação de fatores

neuroquímicos (como, por exemplo, a adenosina) promove o sono e é dissipada

quando o indivíduo dorme. Concomitantemente, o processo C funciona como um

oscilador, de modo que a propensão ao sono é mínima ao final de um período de

claro (dia) e é máxima durante o meio do período de escuro (noite) ou várias

horas antes do início do período de claro. Esse modelo prediz, qualitativamente, a

relação entre a duração do sono e o início do sono na fase circadiana. Em

condições normais, o oscilador circadiano é arrastado a oscilações rítmicas do

ambiente, tais como horários de trabalho e lazer, alimentação, e o ciclo claro-

escuro. Este último é o marcapasso ambiental mais influente no ciclo circadiano

do sono, capaz de inibir a produção de melatonina pela glândula pineal e elevar

agudamente os níveis de despertar. Além disso, a exposição excessiva à luz

19
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

altera negativamente a temporização circadiana do sono e os níveis de alerta,

vigilância e desempenho (89).

Com relação à idade, especificamente durante a adolescência, os

comportamentos de sono alteram-se. A principal alteração é no horário de início

do sono, que pode ser observada em toda parte do mundo. Estudos realizados

em Taiwan, Coreia, Japão, Estados Unidos, Canadá, Islândia, Suíça e Finlândia

mostraram que o horário de ir pra cama tornava-se mais tarde à medida que a

idade aumentava ou de acordo com um nível escolar mais longo (90,91). Uma

revisão de estudos sobre actigrafia e polissonografia com adolescentes descreveu

uma diminuição no tempo total de sono durante os dias de semana (92). Essa

redução, frequentemente, foi associada à necessidade de atender às normas

escolares, resultando em um tempo total de sono encurtado, de 5 a 8h por noite.

Aos finais de semana, sem as restrições escolares, os adolescentes iam dormir

ainda mais tarde, mas compensavam com horários de despertar também mais

tarde, de modo que adolescentes mais velhos dormiam mais durante os finais de

semana. Ou seja, como consequência do débito de sono, vinha o rebote de sono,

e um tempo total de sono maior durante os finais de semana, de 9 a 12h (93).

Nesse sentido, os fatores extrínsecos representados pelos horários

escolares, pelo menor controle dos pais, pelas demandas sociais, juntamente com

o uso dos computadores e televisão contribuem para o atraso de fase circadiana

verificada nos adolescentes. Somando-se aos fatores ambientais, há ainda a

modificação homeostática da necessidade de sono, que é uma mudança natural e

fisiológica. Essa mudança se relaciona com a taxa metabólica cerebral durante o

período de vigília, sendo que essa taxa é mais alta nas crianças e diminui durante

a adolescência (94,95).

20
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

2.4. Anormalidades do padrão de sono e do ciclo vigília-sono

2.4.1. Na esquizofrenia e no transtorno bipolar

Anormalidades no padrão de sono e no ciclo vigília-sono são comuns

na esquizofrenia e no transtorno bipolar (19,20,96-100). O período de vigília pode ser

aumentado durante estados de agitação psicótica (101), enquanto as

características dos distúrbios do sono no transtorno bipolar variam com o estado

afetivo. A exemplo disso, quadros de insônia ou hipersonia podem ser

experimentados durante episódios depressivos, ao passo que uma reduzida

necessidade de sono é frequentemente um critério-chave para um episódio de

mania, de acordo com a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais (31). Nesse último caso, a redução de sono tem sido
(102)
envolvida na patogênese dos episódios maníacos , e, consequentemente,

sendo também como um marcador precoce de um episódio depressivo

iminente (103).

Embora o tempo total de sono e a arquitetura do sono possam

melhorar com tratamento à base de medicamentos neurolépticos a longo prazo, o

sono pode permanecer fragmentado e não retorna ao padrão normal (21),

sugerindo que esse prejuízo seja de relevância fisiopatológica. Em estado de

agitação psicótica, há períodos prolongados de falta total de sono. Quando a

agitação melhora, uma insônia expressiva ainda pode ter lugar (104). Há relatos de
inversão quase total do ciclo vigília-sono, com o paciente dormindo durante o dia

e ficando acordado durante a noite (104). A insônia grave também é descrita em

exacerbações do quadro esquizofrênico e pode preceder o aparecimento de


(104,105)
outros sintomas por ocasião de recaídas , afetando de 30 a 80% dos

pacientes psicóticos (106-108). Além disso, a insônia é uma queixa frequente e está

entre as causas primárias responsáveis pela diminuição da qualidade de vida dos

indivíduos com esquizofrenia. As queixas de insônia incluem aumento da latência

21
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

de sono, dificuldade na manutenção do sono, redução do tempo total de sono e

múltiplos despertares, além da associação com pesadelos e queixa de sono não-

restaurador (104,108,109). Os pacientes com esquizofrenia podem vivenciar

alucinações aterrorizantes e pesadelos, ter distúrbios primários de sono, além de

apresentarem higiene de sono inadequada e aumento de movimentos periódicos

de membros inferiores (104). Em estudos recentes, foi sugerido que o sono REM

seria um estado neurobiológico útil para o estudo da esquizofrenia, uma vez que

tanto esse estágio do sono como essa patologia apresentariam relevantes

fenômenos em comum, dentre os quais destacam-se desconexões intracerebrais,

processos de responsividade e de diferenciação sensorial alterados, desativação

pré-frontal dorsolateral por diminuição do fluxo sanguíneo, e variações idênticas

nas concentrações neuroquímicas e farmacológicas para acetilcolina, dopamina,


(110,111)
noradrenalina, serotonina e glutamato .

Os estudos de polissonografia em pacientes com esquizofrenia

mostraram dificuldades da continuidade de sono, redução do sono de ondas

lentas, redução na latência do sono REM, aumento da porcentagem de sono REM

e redução da quantidade de sono NREM (112-114). Em estudo com pacientes não

submetidos a tratamento, foram notados aumento da latência de sono, redução

do estágio 3 do sono NREM e redução da latência do sono REM (109). Os

antipsicóticos de segunda geração aumentam significativamente o tempo total do

sono e o estágio N2. Além disso, eles também aumentam o sono de ondas lentas.

Já o haloperidol reduz significativamente o estágio N2 e aumenta a eficiência de

sono (105).

Paralelamente, os transtornos de ritmo do sono que se caracterizam

pela perda de sincronização entre o ciclo vigília-sono e o ambiente ocorrem

nesses pacientes. Isso pode levar os indivíduos a um atraso de fase do sono ou a

um padrão irregular do ciclo vigília-sono. Nesse sentido, indivíduos com

esquizofrenia, por apresentarem, frequentemente, privação social, são menos

22
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

expostos à luz do dia, e tendem a dessincronizar o ritmo circadiano do ciclo

vigília-sono (115). Wulff e colaboradores (116) descreveram profundas

anormalidades na temporização do ciclo vigília-sono nos horários de produção e

inibição dos níveis de melatonina em pessoas com esquizofrenia que

apresentavam problemas subjetivos de sono de longa duração. Pacientes com

esquizofrenia apresentaram irregularidades nos ciclos vigília-sono (117,118) ou

apresentaram também ritmos diurnos anormais de monoaminas (119),

prolactina (120) e melatonina (121,122). Por esse motivo, acredita-se que um atraso de

fase do sistema circadiano endógeno esteja relacionado a anormalidades de

continuidade do sono (119). Isso aconteceria ao se tentar dormir durante um

período cuja propensão a despertar fosse maior (o que ocorre cerca de 2h antes

do horário habitual de ir para cama), coincidindo com o topo da curva circadiana

endógena de temperatura corpórea central (123).

As oscilações cerebrais, ou seja, a atividade neural rítmica dentro de

uma ampla variedade de frequências cirscunscritas, relativas à atividade elétrica

repetitiva e/ou rítmica gerada espontaneamente em resposta ao estímulo pelo

tecido neural no sistema nervoso central, atuam em processos cognitivo-

sensoriais (124). As oscilações relacionadas a eventos em janelas de frequência de

alfa, beta, gama, delta e teta são altamente modificadas ao longo do córtex em

situações patológicas. Em particular, quadros neuropsiquiátricos com prejuízo

cognitivo, como ocorre na esquizofrenia e no TB, são possíveis de serem


(125,126)
diferenciados com base nas suas atividades eletrofisiológicas associadas .

Por esse motivo, acredita-se que as oscilações sincronizadas caracterizariam

biomarcadores neurofisiológicos [ver (127)].

Uma meta-análise sobre anormalidades no EEG espectral em

pacientes com esquizofrenia compilou 53 trabalhos com evidências nessa

área (128). Dentre os achados, foram frequentes aumentos de delta e teta em

pacientes com esquizofrenia crônica, principalmente, nas diferentes derivações do

23
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

EEG e estágios do sono. Pacientes com TB apresentaram, além de aumentos de

delta e teta, diminuição de alfa (129), sendo que os espectros do EEG não diferiram

entre os grupos de pacientes com esquizofrenia e TB. A saber, a atividade alfa e

suas respostas associadas relacionam-se ao processamento de sinais cognitivos

e sensoriais [ver (124)]. Um estudo com pacientes que apresentavam TB (eutímicos

e sem medicação) analisou a atividade alfa espontânea e as respostas alfa

visuais evocadas. Os pacientes mostraram menores poder de alfa do EEG

espontâneo e poder da resposta alfa visual, comparados com o grupo controle

saudável. A atividade alfa diminuída no EEG espontâneo é um importante achado

patológico em pacientes eutímicos com TB. Nesse sentido, segundo esses

autores, uma diminuição de respostas alfa evocadas poderia representar

correlatos biológicos a respeito do prejuízo cognitivo presente no TB.

As investigações de características como a densidade de REM e a

microestrutura do sono, tais como fusos do sono e complexos K, são mais

recentes e parecem ser mais precisas para entender as anormalidades do sono.

Wamsley e colaboradores (130) verificaram que pacientes com esquizofrenia

apresentaram diminuição tanto dos fusos do sono quanto da consolidação da

memória sono-dependente. Eles examinaram a atividade dos fusos do sono e a

consolidação da memória de procedimento motora sono-dependente em

pacientes com esquizofrenia medicados e compararam com voluntários

saudáveis. Nesse estudo, os participantes realizaram polissonografia por duas

noites consecutivas, de modo que, na segunda noite, antes de dormirem, eles

foram treinados em uma tarefa de sequência motora de digitação (the finger-

tapping Motor Sequence Task – MST), e, então, testados na manhã seguinte. Os

autores encontraram que o desempenho no MST dos pacientes com

esquizofrenia foi pior daquele dos voluntários saudáveis. Os pacientes também

mostraram reduções na densidade, número e coerência dos fusos do sono, mas

não mostraram anormalidades na morfologia dos fusos individuais ou na

24
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

arquitetura do sono. Além disso, a amplitude e o sigma power (poder espectral)

reduzidos de fusos individuais foram correlacionados com sintomas positivos mais

graves. Nesse sentido, os autores concluíram que as anormalidades nos fusos do

sono poderiam implicar em disfunção na rede tálamo-cortical presente na

esquizofrenia. Igualmente, a geração de fusos anormais poderia prejudicar a

consolidação da memória sono-dependente na esquizofrenia, contribuindo para o

aparecimento de sintomas positivos.

Ramakrishnan e colaboradores (131) investigaram a relação entre

variáveis neuropsicológicas, resolução de problemas e aprendizado processual,

com parâmetros de sono em pacientes com esquizofrenia medicados. Eles foram

submetidos ao aprendizado de duas tarefas durante a vigília, e testados nessas

tarefas após um período de sono. As tarefas foram Tower of London (ToL) e

mirror tracing. A ToL é uma tarefa de planejamento executivo e requer que o

indivíduo desenvolva uma estratégia para mover esferas alinhadas sobre varetas

de uma posição inicial para uma posição alvo final. O mirror tracing é uma tarefa

em que o indivíduo deve desenhar o traçado de uma estrela por meio da

observação dos próprios movimentos de sua mão através de um espelho. Um

aumento na densidade dos complexos K foi associado com melhores

desempenhos na tarefa ToL (pré e pós-noite de polissonografia), enquanto

porcentagens mais altas de ondas lentas foram associadas à realização mais

rápida da tarefa ToL. A ToL é uma tarefa de função executiva, e parece que o

complexo K está ligado a esse domínio. Nesse sentido, alterações no complexo K

poderiam estar envolvidos na fisiopatologia da esquizofrenia.

Yang e Wilkelman (132) mostraram que pacientes com esquizofrenia

apresentaram maior densidade de REM em relação aos controles normais. A

densidade de REM foi inversamente correlacionada com os sintomas positivos,

desempenho cognitivo, queixas emocionais, bem como o escore total na Positive


and Negative Syndrome Scale (PANSS), que é uma escala para quantificação

25
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

dos sintomas positivos e negativos. Os autores sugeriram que a densidade de

REM está intimamente associada com a gravidade dos sintomas da

esquizofrenia. Igualmente, outros estudos têm mostrado que pacientes com


(133)
esquizofrenia que referem alucinações têm períodos de REM mais curtos .

Considerando o tratamento medicamentoso dos pacientes com

esquizofrenia, como regra geral, os antipsicóticos de primeira geração melhoram

a manutenção do sono por aumentar o tempo total de sono e a eficiência do sono,

e reduzir a latência do sono e o tempo de vigília após o início do sono. Entretanto,

seus efeitos na latência do sono REM, tempo de sono REM, e densidade de REM

são controversos (105,134,135). Comparados com os neurolépticos típicos, os

antipsicóticos atípicos melhoram o sono, com efeitos relativamente consistentes

na continuidade do sono, e aumento tanto no tempo total de sono quanto da

eficiência do sono (134,135). Vários estudos com polissonografia têm mostrado que

a clozapina aumenta o tempo total de sono, a eficiência do sono e o N2, e diminui

a latência do sono e a vigília (134,136). A olanzapina aumenta o tempo total de sono,

o N2 e a densidade de REM, e diminui a vigília e o N1 (136,137), enquanto que a

risperidona aumenta o N3 (138).

No TB, os distúrbios de sono comumente presentes são insônia,

hipersonia, despertar precoce, reduzida eficiência do sono, e latência de REM

alterada (22). A relação entre o ciclo vigília-sono e as alterações do humor parecem


ser importantes no TB, com a virada da mania para a depressão ou eutimia

ocorrendo, frequentemente, durante ou depois do sono, enquanto as alterações

positivas do humor depressivo para a mania ou hipomania são mais prováveis de


(139,140)
acontecer após um período de vigília . A duração do sono também parece

ser crítica, de modo que a diminuição espontânea do tempo total de sono parece
(141)
predizer o início da mania ou hipomania no dia seguinte , enquanto a extensão
(141,142)
do sono frequentemente se associa à depressão . Corroborando esses

achados, por outro lado, o ajuste dos ritmos circadianos e o tratamento dos

26
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

distúrbios de sono por meio de medicações e técnicas psico-educativas

mostraram-se efetivos em prevenir recaídas no TB (23,143).

Os estudos polissonográficos envolvendo pacientes com TB mostraram


(112,144)
que a principal característica parece ser a redução do tempo total de sono .

Quando adormece, o paciente com a forma clássica de mania pode despertar

duas ou três horas depois totalmente revigorado. Como na depressão, a duração

do estágio 3 pode estar encurtada. Barbini e colaboradores (145) encontraram um

menor tempo de sono associado a níveis mais altos de sintomas maníacos no dia

seguinte (como refletido em escalas de cooperação e irritabilidade).

Outros estudos têm abordado o ritmo do ciclo vigília-sono de pacientes

com TB. Foram conduzidos estudos com pacientes em livre-curso ambiental por

várias semanas consecutivas. Os autores observaram que esses pacientes

tipicamente expressavam um ou mais ciclos vigília-sono de 48 ou 72 horas

consecutivas quando eles transitavam da depressão para a mania (139,146). Os

autores ainda compararam essa situação àquelas de voluntários saudáveis

estudados em condições de livre-curso prolongado, quando seus ciclos vigília-

sono dessincronizavam espontaneamente a partir do marcapasso circadiano

endógeno. Esses dados sugerem que um controle circadiano anormal da

organização do sono possa ser de importância fisiopatológica em pacientes com

TB. De fato, um atraso no ritmo diurno da secreção de melatonina tem sido


descrito nesses pacientes (147). A favor dessa hipótese, a classificação de

cronotipo verpertino foi associada a maior gravidade do TB, incluindo procura de

tratamento anterior (em idade mais jovem) e maior probabilidade de mudanças

rápidas de humor.

No que tange aos tratamentos farmacológicos do TB, os

estabilizadores de humor lítio e valproato são frequentemente utilizados,

parecendo influenciar o ritmo circadiano. O tratamento com lítio é capaz de

27
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

sustentar e melhorar os efeitos da mudança de fase e alterações de humor


(148)
decorrentes da privação total de sono . A classe de antidepressivos inibidores

seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) pode também exercer efeitos na

depressão por meio da modulação do relógio circadiano. Curiosamente, os ISRS

e os estabilizadores de humor podem ter ações terapêuticas antagônicas em

pacientes com TB (149), o que poderia estar relacionado com as ações opostas nos

ritmos uma vez que os ISRS causam um avanço de fase nos ritmos enquanto o

lítio pode causar um atraso de fase (150,151). Outro antidepressivo com efeito nos

ritmos é a agomelatina, que tem mostrado ressincronizar os ritmos circadianos

referentes à temperatura corporal, cortisol, e outros hormônios, tanto em modelos

animais quanto em humanos (152). Embora a latência de ação seja similar entre a

agomelatina e os ISRS, a agomelatina parece não ter efeito na transmissão

central de serotonina ou na densidade e função dos receptores da

serotonina (153,154).

Há uma vasta literatura documentando os déficits cognitivos no TB que

abrangem vários domínios do funcionamento neurocognitivo incluindo memória


(155)
verbal, aprendizado verbal, atenção, e funcionamento executivo [ver ]. O

padrão de funcionamento executivo de pacientes eutímicos tem sido semelhante

ao padrão de indivíduos com prejuízos cognitivos leves mas sem histórico de

TB (156), ou com déficits de memória e de aprendizado verbal (157)


. Além disso,

déficits no funcionamento executivo são relacionados a alterações estruturais no

córtex pré-frontal de indivíduos com TB. Concomitantemente, outras

anormalidades podem ser observadas durante os estados de humor, podendo

explicar porque alguns déficits cognitivos são mais pronunciados durantes

episódios de depressão ou de mania. Nesse sentido, a memória verbal parece ser

um preditor de desfecho funcional de longo prazo, em alguns estudos


(158)
longitudinais conduzidos com pacientes eutímicos .

28
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

Paralelamente, as medicações usadas para tratar o TB desafiam a

compreensão dos déficits cognitivos nessa população. Isso porque a medicação

tanto mascara como contribui para a presença de distúrbios do sono significativos

durante o período de eutimia, levando, no caso da disfunção cognitiva, a uma

importante questão: se as medicações são as causadoras de fato dos problemas,


(155)
de forma direta ou indireta, via perturbações do sono [ver ]. Além disso, todas

as drogas antidepressivas, antipsicóticas e estabilizadores de humor alteram a

função monoaminérgica, ou seja, a função da serotonina, dopamina e

norepinefrina, de modo que os distúrbios do sono são propostos como evidente

manifestação de interações entre o sistema dopaminérgico-serotoninérgico com

os ritmos circadianos e o padrão de sono (151,159,160). A administração do

antidepressivo agomelatina (um agonista do receptor de melatonina, e um

antagonista fraco do receptor de serotonina 2C) leva a aumentos diretos (2 dias) e

indiretos (14 dias) na atividade neuronal monoaminérgica (161). Nesse sentido,

esses resultados apontam uma função modulatória da melatonina sobre a

atividade monoaminérgica, interagindo os sistemas circadiano e monoaminérgico.

Além disso, McClung (162) sugeriu que as monoaminas apresentariam um ritmo

circadiano em seus níveis de liberação, nas enzimas relacionadas à sua síntese,

e na apresentação de receptores. Tem sido proposto que pacientes com TB

apresentem deslocamento ou arritimicidade no sistema circadiano, de modo que

ele funcionaria em um ciclo ligeiramente mais longo ou mais curto que 24h. Em

um estudo com pacientes eutímicos, eles exibiram menores níveis de melatonina

e pico de melatonina mais tardio quando comparados com o grupo controle de

pessoas saudáveis (163). Outros resultados mostraram que, em condições de

privação de sono, foi observado um aumento de sensibilidade à molécula de

serotonina (164). Igualmente, pacientes que eram homozigóticos para a variante

longa do gene transportador de serotonina exibiram maior melhora do humor após

privação de sono do que aqueles que eram heterozogóticos e homozigóticos para

a variante curta (165).

29
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

2.4.2. Nos estados mentais de risco

A investigação de anormalidades nos ritmos biológicos nos estados

mentais de risco ainda é incipiente e incompleta. Os estudos já realizados

apresentam limitações como contaminação pela presença da doença já

estabelecida (ainda que de modo recente), efeitos de medicações, ou utilização

de instrumentos subjetivos apenas (como escalas e questionários).

Poucos estudos têm pesquisado as anormalidades do sono em

pacientes nos estágios iniciais de psicose. Nesta população, alterações no padrão

de sono, no ritmo circadiano do sono e em outros ritmos biológicos, quantificadas

de forma subjetiva, são frequentes e incluem atraso de fase do sono, despertares

noturnos, sono não restaurador, e consequente sonolência diurna (45,47).

Em um estudo com pacientes não tratados e com diagnóstico recente de

transtornos psicóticos, realizaram-se polissonografia e testes neurocognitivos (20).

Os resultados mostraram um reduzido poder de sigma associado à atenção e ao

raciocínio prejudicados mas não ao quociente de inteligência. Keshavan e

colaboradores (20) sugeriram que os prejuízos nos fusos do sono fossem

associados a déficits cognitivos durante o curso inicial dos transtornos psicóticos.

Alguns estudos investigaram, subjetiva e retrospectivamente, as

anormalidades do padrão de sono e do ciclo vigília-sono durante os estágios

prodrômicos. Nas avaliações de primeiro epidódio psicótico, os sintomas


(166)
prodrômicos mais frequentes foram os distúrbios do sono , os quais

precederam o primeiro episódio psicótico de 77 a 100% dos pacientes (166,167). Em

indivíduos com mania psicótica, o período prodrômico foi caracterizado por

sintomas de humor alterado, perturbações do sono e declínio geral de

funções (168). Miller e colaboradores (169) conduziram um ensaio clínico com a

olanzapina. Foi um estudo duplo-cego, placebo-controlado com 60 pacientes

30
R E V I S ÃO D A L I T E R AT UR A

jovens (média de idade de 16 anos) que preenchiam critérios para ultra-alto risco

para psicose. Foram referidas anormalidades do sono em 37% dos pacientes.

Duas meta-análises com mais de mil indivíduos de alto risco

apresentaram déficits na maioria dos domínios neurocognitivos, como memória de

trabalho, memória verbal, memória visual, atenção, velocidade de processamento,

fluência verbal e funções executivas (170). Nesse sentido, um padrão de sono

adequado é necessário para preservar o desempenho cognitivo, especialmente

nos processos de memória (171). Isso tem sido mostrado em estudos de privação

de sono, em que se observou prejuízo da retenção da memória bem como de sua

codificação (172).

As evidências da literatura apontam para alterações nos ritmos

biológicos presentes já nos estados mentais de risco para o desenvolvimento da

psicose e do transtorno bipolar. A favor dessa hipótese, as anormalidades no

padrão de sono e no ciclo vigília-sono são sintomas frequentes tanto da

esquizofrenia e do transtorno bipolar (19-23) quanto nos cursos iniciais dessas

patologias (24,173).

31
3. CASUÍSTICA E MÉTODO
C AS UÍ S T I C A E M É T O D O

Esse estudo foi conduzido com a aprovação do Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP – CEP 0834/11

(Anexo 1).

3.1. Participantes

Foram selecionados 40 voluntários para esse estudo, com idade entre

13 e 27 anos, de ambos os gêneros. Vinte indivíduos preencheram os critérios

para o grupo estados mentais de risco (EMR) e 20 indivíduos preecheram os

critérios para o grupo controle.

Os participantes ou seus responsáveis, no caso daqueles menores de

18 anos de idade, leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE). Os participantes menores de idade leram e assinaram o

Termo de Assentimento.

Os indivíduos elegíveis para os grupos controle foram pareados com o

grupo EMR nos parâmetros de gênero (em todos os casos) e idade (tanto quanto

foi possível durante o recrutamento).

3.1.1. Indivíduos em estados mentais de risco

Foram recrutados indivíduos atendidos no ambulatório do Programa de

Reconhecimento e Intervenção em Estados Mentais de Risco (PRISMA) do

Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo e que

preenchessem os critérios de inclusão do estudo. Devido à possibilidade de

presença de sintomas psicóticos e maníacos na população em geral, sem

significado clínico (174), apenas indivíduos que procuravam auxílio por problemas
emocionais, mentais ou psicológicos foram incluídos.

33
C AS UÍ S T I C A E M É T O D O

O grupo de indivíduos em EMR compreendeu duas possibilidades de

entrada:

a) preenchimento de critério para ultra alto risco para psicose proposto

por Yung e colaboradores (9) ou

b) preenchimento de critérios para alto risco para TB, conforme descrito

por Bechdolf e colaboradores (8).

Os critérios de inclusão no grupo EMR encontram-se sucintamente

descritos no quadro 3.

Critérios de exclusão de participação do estudo para indivíduos em EMR:

a) Diagnóstico de transtorno bipolar ou transtornos psicóticos:

indivíduos que preenchessem critérios da Structured Clinical

Interview para o DSM-IV (175) para TB, transtorno esquizoafetivo,

transtorno delirante persistente ou esquizofrenia.

b) Uso prévio, ou seja, antes no início do estudo, de estabilizadores de

humor ou antipsicóticos por quatro semanas ou mais.

c) Comorbidade psiquiátrica.

d) Indivíduos com risco de suicídio ou comportamento suicida.

e) Comorbidade clínica: doença clínica e/ou neurológica aguda,

instável, não-tratada ou clinicamente significativa.

f) Outras condições: gravidez, amamentação, doença cerebral

orgânica, indivíduos com inabilidade em prover o TCLE.

g) Distúrbio do sono prévio que modificasse o padrão de sono ou o

ritmo circadiano.

34
C AS UÍ S T I C A E M É T O D O

Quadro 3. Critérios de inclusão para os Estados Mentais de Risco

Ultra-Alto Risco para Esquizofrenia


Grupo 1: Presença de sintomas positivos de gravidade moderada mas não
Sintomas positivos francamente psicóticos; presentes mais de uma vez por mês, mais do que
atenuados 1 hora por semana nos anos recentes, associados com redução no
funcionamento social e ocupacional.
Grupo 2: Presença de episódios breves de uma doença psicótica completa, podem
Sintomas psicóticos estar envolvidos todos os sintomas de uma psicose (especialmente
breves e autolimitados delírios e alucinações).
Grupo 3: História de psicose em familiar de primeiro grau ou um diagnóstico de
Vulnerabilidade transtorno de personalidade esquizotípica, associado com um declínio no
funcionamento social e ocupacional.
Ultra-Alto Risco para Transtorno Bipolar
Grupo 1: Pelo menos 2 dias consecutivos, mas menos do que 4 dias: humor
Mania Limítrofe persistentemente elevado; humor expansivo e irritável acompanhado por,
pelo menos, dois dos seguintes critérios:
(1) auto-estima inflada ou grandiosidade,
(2) necessidade de sono reduzida,
(3) mais loquaz que de costume ou pressão para continuar falando,
(4) fuga de ideias ou experências subjetivas que os pensamentos
estão acelerados,
(5) distrabilidade,
(6) aumento de atividade dirigida a objetivos ou agitação psicomotora.
Grupo 2: Por pelo menos 1 semana: humor deprimido ou perda de interesse ou
Depressão + prazer, acompanhado por, pelo menos, dois dos seguintes critérios:
características (1) perda de peso significativa,
ciclotímicas (2) insônia ou hipersonia aproximadamente todos os dias,
(3) agitação ou retardo psicomotor,
(4) fadiga ou perda de energia,
(5) sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada,
(6) habilidade diminuída para pensar ou concentrar-se,
(7) pensamentos de morte recorrentes ou ideação suicida recorrente.
Grupo 3: Por pelo menos 1 semana: humor deprimido ou perda de interesse ou
Depressão + prazer, acompanhado por, pelo menos, dois dos seguintes critérios:
risco genético (1) perda de peso significativa,
(2) insônia ou hipersonia aproximadamente todos os dias,
(3) agitação ou retardo psicomotor,
(4) fadiga ou perda de energia,
(5) sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada,
(6) habilidade diminuída para pensar ou concentrar-se,
(7) pensamentos de morte recorrentes ou ideação suicida recorrente,
(8) parentes de primeiro grau com transtorno bipolar.

35
C AS UÍ S T I C A E M É T O D O

3.1.2. Indivíduos saudáveis

Para o grupo controle, foram selecionados indivíduos saudáveis,

pareados por gênero e idade com os indivíduos em EMR, provenientes de

divulgação nos serviços da universidade. Eles foram submetidos ao mesmo

protocolo do grupo EMR. Apenas indivíduos sem história pessoal ou familiar de

transtornos mentais foram incluídos. Os mesmos critérios de exclusão do grupo

EMR foram aplicados ao grupo controle.

3.2. Procedimentos

3.2.1. Avaliação clínica

Todos os indivíduos foram submetidos à avaliação clínica padronizada

para coleta de dados clínicos e biográficos. Após o recrutamento, os voluntários

foram encaminhados ao Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal

de São Paulo para os demais procedimentos.

3.2.2. Avaliação clínica dos ritmos biológicos

3.2.2.1. Questionários de sono

As seguintes escalas foram utilizadas:

a) Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (176)

É uma escala mundialmente utilizada para avaliar a qualidade subjetiva

do sono. Foi traduzida, adaptada e validada para o uso no Brasil por Bertolazi e

colaboradores (177). Consiste de 10 questões baseadas em categorias como

avaliação subjetiva da qualidade do sono, latência, duração, eficiência habitual,

36
C AS UÍ S T I C A E M É T O D O

perturbações no sono, uso de medicação para dormir e disfunções diurnas. A

pontuação menor que 5 indica boa qualidade do sono.

b) Escala de Sonolência de Epworth (178)

Avalia a sonolência subjetiva diurna por meio de um questionário que

avalia a probabilidade de adormecer em oito situações envolvendo atividades

diárias. Foi traduzida, adaptada e validada para o uso no Brasil por Bertolazi e

colaboradores (179). Sua pontuação varia de 0 a 24, sendo que os escores acima

de 10 sugerem o diagnóstico da sonolência diurna excessiva.

c) Questionário de matutinidade e vespertinidade – QMV (79)

A identificação de indivíduos matutinos e vespertinos foi feita pela

versão em língua portuguesa do QMV feita por Benedito-Silva e

colaboradores (180). O escore total, variável de 16 a 86, é o resultado da soma dos

escores individuais dos 19 itens que compõem o questionário. Os pontos de corte

sugeridos pelos autores e que definem os cronotipos são: 16-30 = vespertino; 31-

41 = moderadamente vespertino; 42-58 = indiferente; 59-69 = moderadamente

matutino; 77-86 = matutino.

3.2.2.2. Actimetria

Para estudo do ritmo circadiano, foi escolhido o ciclo vigília-sono. Os

participantes utilizaram o actímetro, que consiste em um aparelho com a

aparência de um relógio de pulso, utilizado na mão não dominante. O actígrafo

contém um acelerômetro miniaturizado que detecta os períodos de movimento e

37
C AS UÍ S T I C A E M É T O D O

os registra em uma memória interna. A actimetria, por isso, é útil para se

investigar o padrão do ciclo vigília-sono (181). Os dados registrados são

transferidos para o computador, onde um software de análise fornece informações

a respeito do padrão atividade-repouso. O actograma gerado a partir dos dados,

permite a visualização gráfica do perfil do ciclo atividade-repouso durante o

período de uso do actígrafo. Os voluntários foram orientados a utilizar o actígrafo

(Actwach-64®, Respironics, Inc. Co., USA) por um período de quinze dias

consecutivos, e a preencher um diário de sono e atividades para comparação e

auxílio na análise dos registros obtidos pelo actígrafo.

Os dados foram analisados de duas formas. No primeiro caso, utilizou-

se o algoritmo da marca Respironics® (software Actware5.0) para inferir os

valores de atividade (referente à vigília) e repouso (referente ao sono). A duração

da época de registro utilizada foi de um minuto.

No segundo caso, como o ritmo circadiano de atividade e repouso não

apresenta exatamente um comportamento de uma função senoidal, e por não se

relacionar aos parâmetros obtidos pelo ajuste à função cosseno, foram utilizadas

variáveis transformadas, tais como: função de autocorrelação (Ac), o expoente de

Hurst (H), a estabilidade interdiária do ritmo (interdaily stability, IS) e a

variabilidade intradiária do ritmo (intradaly variability, IV), a atividade das 10 horas

consecutivas mais ativas (M10), o início de M10 (F10), o início da atividade das 5
horas consecutivas menos ativas (F5), o poder de densidade espectral (power

spectral density, PSD, PSD low, PSD high), e a entropia da amostra (sample

entropy, SAEN).

A inclinação da função de autocorrelação está relacionada com a

fragmentação do ritmo, de modo que, quanto mais negativa, mais fragmentado o

ritmo (182-184). O expoente de Hurst é calculado a partir da autocorrelação, e indica

a robustez do ritmo, varia de 0 a 1, de modo que, quanto mais próximo de 1, mais

38
C AS UÍ S T I C A E M É T O D O

robusto é o ritmo. A estabilidade interdiária indica o grau de semelhança entre os

padrões circadianos de atividade em dias diferentes, sendo que valores mais altos
(185-187)
indicam um ritmo mais estável e sincronizado com o zeitgeber de 24h [ver .

A variabilidade intradiária representa o grau de fragmentação do ritmo, isto é, a

frequência das transições entre os períodos de repouso e os períodos de


(188)
atividade durante um determinado dia [ver ], sendo que valores menores

indicam um ritmo menos fragmentado. O M10 (durante o dia) indica o pico do


(189, 190)
horário médio do ritmo e o F10 indica o início de M10 [ver ]. O F5 (durante

a noite) indica o início do nadir do ritmo (190). A entropia da amostra se utiliza de

um método de análise que mede a entropia de uma série temporal, ou seja,

verifica diferentes medidas de ordem e previsibilidade na série (191), de modo que,

quanto maior este valor, mais irregular e menos previsível é o ritmo. A densidade

do poder espectral mostra o comprimento das variações (de ritmo, por exemplo)

como uma função de frequência, ou seja, ele mostra como as variações de

frequência são fortes e quais variações são fracas [ver (183,192,193)], de modo que,

quanto mais próximo de 0, menos robusto é o ritmo.

3.2.2.3. Polissonografia (PSG)

Os participantes realizaram duas noites consecutivas de

polissonografia completa, sendo a primeira noite de adaptação, e a segunda noite

de registro. Foi utilizado o sistema digital EMBLA S7000 (Embla Systems, Inc.,

Broomfield, CO, USA). Todos os sensores de registro foram fixados ao paciente

de maneira não invasiva com a utilização de fita adesiva ou colódio elástico. As

variáveis fisiológicas a seguir foram monitorizadas de forma simultânea e

contínua: eletroencefalograma (C3-A2, C4-A1, F4-M1, F3-M2, O1-A2, O2-A1);

eletrooculograma (EOG-Esquerdo-A2, EOG-Direito-A1); eletromiograma de

superfície (músculo da região submentoniana, músculo tibial anterior, masseter e

sétimo espaço intercostal); eletrocardiograma (derivação V1 modificada); fluxo

39
C AS UÍ S T I C A E M É T O D O

aéreo (termopar e transdutor de pressão); esforço respiratório (tórax e abdome),

registrados por pletismografia de indutância; ronco; posição corporal e saturação

da oxihemoglobina. O estagiamento do sono e os eventos associados foram

marcados de acordo com a recomendação da Academia America do Sono (194).

3.2.2.4. Análise espectral do EEG do sono

Foi utilizada uma sintaxe específica em R (versão 2.10.1) para a

análise espectral do EEG do sono. As derivações de ondas de C3-A2, C4-A1, O1-

A2, e O2-A1 foram decompostas em bandas de frequências delta (<4 Hz), teta (4–

7,9 Hz), alfa 1 (8–9,9 Hz), alfa 2 (10–12,9 Hz), beta 1 (13–17,9 Hz), beta 2 (18–

29,9 Hz), e gama (≥30 Hz) usando uma transformação de Fourier, com taxa de

amostragem de 200 Hz, e épocas de 20 segundos. As configurações de filtro

utilizadas estavam de acordo com os critérios de aquisição de dados do EEG do

sono (filtro de baixa frequência de 0,3 Hz; filtro de alta frequência de 35 Hz; tempo

constante de 0,3 segundos e filtro notch de 60 Hz). Os artefatos foram excluídos

conforme descrito a seguir: os dados descritivos (média, desvio padrão, mediana,

e intervalo interquartil) de cada janela de 20 segundos foram calculados, e os 5%

com maior amplitude de sinal (máximo–mínimo) de cada estágio do sono foram

considerados discrepantes e foram excluídos das análises. Para a validação

desse procedimento, um polissonografista experiente identificou, subjetivamente,


os artefatos excluídos em 30 polissonografias. Os resultados da análise visual e a

sintaxe R foram comparados usando-se um teste Kappa (κ=0,79; P=0,002), que

mostrou uma boa corcondância entre os dois métodos.

40
C AS UÍ S T I C A E M É T O D O

3.3. Cálculo amostral

O cálculo do tamanho da amostra para esse estudo baseou-se na


(195)
prevalência do fenômeno estudado . Como não há um valor de prevalência

para os estados mentais de risco, foi utilizado, nesse caso, a prevalência da

esquizofrenia e do transtorno bipolar juntas, ou seja, 3% (Kessler et al., 2005;

Perala et al., 2007). Sendo assim, foi calculado o valor do N de acordo com a

equação:

N = p x q x (DP)² / e²

Sendo:
p = prevalência do fenômeno (3%);
q = (1-p) (97%);
DP = desvio padrão do erro (2);
e = índice de significância (5%).

Da equação, resultou N=47, valor próximo ao recrutado nesse estudo

(N=40).

Os grupos foram pareados para gênero e idade durante o recrutamento.

Esse rigor metodológico se deveu à variação que se poderia esperar no padrão

sono, tanto quantitativa como qualitativamente, na faixa etária estudada (13 a 27

anos). Se não controlado, seria um viés na análise dos dados, além da

necessidade de um N maior para cada covariante. Nesse sentido, o pareamento

garantiria aos resultados maior validade interna, de modo que as diferenças

encontradas entre os grupos fossem mais específicas e as conclusões mais

adequadas à amostra estudada.

41
C AS UÍ S T I C A E M É T O D O

3.4. Análise estatística

A amostra foi composta por 2 grupos: grupo controle e grupo EMR

(estados mentais de risco). Os cálculos estatísticos foram realizados utilizando-se

o Statistical Package for the Social Sciences, versão 21.0 (SPSS, Chicago,

Illinois). Para análises descritivas foram utilizadas medidas de tendência central

(média) e dispersão (desvio-padrão), para as variáveis categóricas, os dados

foram representados por porcentagem (%). A amostra foi testada para

normalidade, pelo teste de Shapiro-Wilk, e os grupos foram comparados pelos

testes não-paramétricos de Wilcoxon, para amostras relacionadas, e de Mann-

Whitney para amostras independentes. O índice de significância adotado nas

análises foi p<0,05. Os resultados da análise do EEG foram apresentados como

poder espectral médio (mV2/Hz).

42
4. RESULTADOS
R E S UL T AD O S

4.1. Características da amostra

As características sociodemográficas da amostra estão descritas na

tabela 1. Como previsto, não houve diferenças entre os grupos, permitindo, desse

modo, assegurar-se que as alterações dos parâmetros analisados não estavam

associadas a características como idade ou escolaridade, por exemplo.

Tabela 1. Características sócio-demográficas da amostra

Controle (N=20) EMR (N=20) U P

Idade em anos (média, DP) 19,1 ± 3,96 18,3 ± 4,01 175 0,505

IMC (kg/m2) 23,4 ± 4,1 21,1 ± 3,6 132 0,066

Escolaridade (anos de estudo) 11,9 ± 2,7 10,7 ± 2,7 150 0,173

Sexo Masculino 65% (13) 65% (13) - -

EMR: estados mentais de risco; IMC: índice de massa corpórea


Teste não-paramétrico de Mann-Whitney para amostras independentes;
Resultados mostrados como média ± desvio padrão ou frequência.

As características clínicas do grupo EMR e as medicações utilizadas

(após entrada no estudo) estão descritas na tabela 2.

44
R E S UL T AD O S

Tabela 2. Classificação clínica dos EMR e medicações.

Ultra alto risco (%, N) Medicação em uso (N)

Psicose (65%,13) 1 2 1+2 2+3 1+2+3 N

Sintomas psicóticos atenuados


2 1 1 0 0 6
(77%, 10)
Sintomas psicóticos breves e
0 0 0 1 0 0
intermitentes (7,6%,1)
Sintomas psicóticos atenuados +
0 0 0 0 1 1
vulnerabilidade (15,4%, 2)

Transtorno bipolar (25%, 7)

Depressão + risco genético (86%, 6) 0 1 1 0 0 4

Depressão + ciclotimia (14%, 1) 0 0 0 0 0 1

EMR: estados mentais de risco;


1: Antipsicóticos atípicos (Quetiapina ou Risperidona); 2: Antidepressivos inibidores seletivos da
recaptação de serotonina (Fluoxetina, Sertralina, Desvenlafaxina ou Escitalopram); 3:
Benzodiazepínicos (Cloxazolam ou Alprazolam); N: Nenhuma
Teste não-paramétrico de Mann-Whitney para amostras independentes;
Resultados mostrados em frequência (%) e valores absolutos.

4.2. Dados polissonográficos

Os dados polissonográficos das 1ª e 2ª noites de exame estão

apresentados na tabela 3. O teste não-paramétrico de Wilcoxon não apresentou

diferenças significativas entre as medidas do grupo controle. Em contrapartida, o

tempo total de sono (P=0,035), a eficiência do sono (P=0,031), e a quantidade de

sono REM (P=0,009) aumentaram na segunda noite no grupo de EMR. Além

disso, houve diminuição nos valores da latência do sono (P=0,049).

45
Tabela 3. Parâmetros polissonográficos dos grupos controle e EMR

Controle (N=20) EMR (N=20)


1ª noite 2ª noite Z P 1ª noite 2ª noite Z P
TTS min 374,60±47,53 379,34±42,65 -0,181 0,868 338,26±86,23 372,69±82,70 -2,107 0,035
ES % 87,96±9,84 90,51±8,26 -1,811 0,073 76,65±17,84 85,15±14,50 -2,154 0,031
LS min 15,70±18,43 12,90±15,65 -1,107 0,280 45,42±41,31 25,98±20,30 -1,965 0,049
LREM min 100,92±52,09 89,76±37,82 -0,926 0,368 135,02±53,32 121,98±52,29 -0,544 0,603
WASO min 37,39±47,99 28,11±36,54 -1,932 0,053 56,82±58,38 41,71±53,85 -1,420 0,163
N1% 7,11±3,77 6,50±4,43 -1,590 0,116 7,20±4,09 5,48±2,99 -1,836 0,067
N2% 48,92±7,15 47,29±6,32 -0,986 0,337 52,10±8,13 49,46±11,00 -1,799 0,073
N3% 24,58±7,71 26,35±5,29 -1,248 0,221 25,25±8,05 25,40±7,27 -0,675 0,516
REM% 19,39±4,21 19,87±4,45 -0,503 0,630 15,45±5,16 19,66±8,33 -2,533 0,009
ID ev/h 8,01±2,80 13,13±18,29 -1,711 0,089 11,37±7,65 9,54±5,56 -1,586 0,117
IDR ev/h 2,88±2,68 2,93±2,54 -0,463 0,658 3,80±10,54 2,99±7,33 -0,853 0,410
IAH ev/h 0,76±0,88 1,03±1,19 -1,069 0,298 3,11±10,67 1,93±6,87 -1,856 0,067
SpO2% 96,70±0,46 96,18±0,83 -2,507 0,010 96,21±1,81 96,47±1,77 -1,113 0,278
EMR: estados mentais de risco; TTS: tempo total de sono; ES: eficiência do sono; LS: latência do sono; LREM: latência de sono REM;
WASO: tempo acordado após início do sono; ID: índice de despertar; IDR: índice de distúrbio respiratório do sono; IAH: índice de apneia e
hipopneia; SpO2: saturação de oxigênio média; min: minutos; ev/h: eventos por hora.
Teste não-paramétrico de Wilcoxon para amostras relacionadas;
Resultados mostrados em média ± desvio padrão.
R E S UL T AD O S

46
R E S UL T AD O S

Para as comparações dos parâmetros polissonográficos entre os

grupos controle e EMR, utilizaram-se os dados da 2ª noite de ambos os grupos,

pois essa noite representou a pós-adaptação dos participantes. Os dados estão

descritos na tabela 4. O teste não-paramétrico de Mann-Whitney mostrou que a

latência de sono no grupo EMR foi maior comparado ao grupo controle (P=0,022).

Tabela 4. Comparação dos parâmetros polissonográficos entre os grupos

Controle (N=20) EMR (N=20) U P

TTS min 379,34 ± 42,65 372,69 ± 82,70 189,50 0,784

ES % 90,51 ± 8,26 85,15 ± 14,50 143,00 0,126

LS min 12,90 ± 15,65 25,98 ± 20,30 116,00 0,022

LREM min 89,76 ± 37,82 121,98 ± 52,29 131,50 0,064

WASO min 28,11 ± 36,54 41,71 ± 53,85 151,50 0,194

N1% 6,50 ± 4,43 5,48 ± 2,99 189,50 0,784

N2% 47,29 ± 6,32 49,46 ± 11,00 189,50 0,784

N3% 26,35 ± 5,29 25,40 ± 7,27 168,50 0,402

REM% 19,87 ± 4,45 19,66 ± 8,33 187,50 0,743

ID eventos/h 13,13 ± 18,29 9,54 ± 5,56 187,50 0,743

IDR eventos/h 2,93 ± 2,54 2,99 ± 7,33 134,00 0,075

IAH eventos/h 1,03 ± 1,19 1,93 ± 6,87 149,00 0,169

SpO2% 96,18 ± 0,83 96,47 ± 1,77 128,50 0,053

EMR: estados mentais de risco; TTS: tempo total de sono; ES: eficiência do sono; LS: latência
do sono; LREM: latência de sono REM; WASO: tempo acordado após início do sono; ID: índice
de despertar; IDR: índice de distúrbio respiratório do sono; IAH: índice de apneia e hipopneia;
SpO2: saturação de oxigênio média; min: minutos; ev/h: eventos por hora.
Teste não-paramétrico de Mann-Whitney para amostras independentes;
Resultados mostrados em média ± desvio padrão.

47
R E S UL T AD O S

4.3. Dados espectrais

Os dados espectrais foram obtidos a partir das derivações (C3-A2, C4-

A1, O1-A2, e O2-A1) e para todos os estágios do sono (N1, N2, N3 e REM) e

comparados entre os grupos controle e EMR (tabela 5). Na derivação central C4-

A1 durante o estágio N2, o grupo EMR mostrou menor poder espectral do que o

grupo controle em beta (P=0,033). Nas demais comparações, não houve

diferenças.

Tabela 5. Valores do poder espectral do EEG entre os grupos da amostra

Derivação Banda Estágio do sono CONTROLE EMR U p


O2-A1 Teta R 4,27 ± 1,17 4,85 ± 3,06 188,0 0,745
O2-A1 Teta N3 2,62 ± 1,21 3,32 ± 1,11 138,0 0,094
O2-A1 Teta N2 4,16 ± 0,99 4,40 ± 0,94 182,0 0,626
O2-A1 Teta N1 4,13 ± 0,88 4,29 ± 1,35 184,5 0,675
O2-A1 Delta R 17,27 ± 1,74 15,82 ± 5,59 196,0 0,914
O2-A1 Delta N3 22,34 ± 3,10 19,00 ± 6,81 152,0 0,194
O2-A1 Delta N2 17,97 ± 2,07 16,19 ± 5,87 184,0 0,665
O2-A1 Delta N1 15,85 ± 2,44 15,70 ± 2,11 199,0 0,978
O2-A1 Beta2 R 0,29 ± 0,11 0,74 ± 1,54 167,0 0,372
O2-A1 Beta2 N3 0,06 ± 0,04 0,31 ± 0,80 170,0 0,417
O2-A1 Beta2 N2 0,17 ± 0,07 0,24 ± 0,29 177,0 0,534
O2-A1 Beta2 N1 0,45 ± 0,18 0,38 ± 0,17 156,0 0,234
O2-A1 Beta1 R 0,84 ± 0,30 0,72 ± 0,33 163,0 0,317
O2-A1 Beta1 N3 0,43 ± 0,32 0,35 ± 0,24 187,5 0,735
O2-A1 Beta1 N2 1,03 ± 0,56 2,76 ± 6,11 170,0 0,417
O2-A1 Beta1 N1 0,99 ± 0,34 1,18 ± 0,85 199,0 0,978
O2-A1 Alfa R 1,53 ± 0,38 1,64 ± 0,57 168,0 0,387
O2-A1 Alfa N3 0,64 ± 0,45 0,65 ± 0,29 179,0 0,570
O2-A1 Alfa N2 1,46 ± 0,69 1,20 ± 0,56 154,0 0,213
O2-A1 Alfa N1 1,97 ± 0,74 1,95 ± 1,04 192,0 0,829
O2-A1 Alfa R 2,95 ± 0,96 3,08 ± 2,09 196,0 0,914
O2-A1 Alfa N3 1,03 ± 0,63 2,81 ± 4,70 134,0 0,074
O2-A1 Alfa N2 2,20 ± 0,61 2,47 ± 0,96 174,0 0,482
O2-A1 Alfa N1 3,90 ± 1,66 4,03 ± 1,61 184,0 0,665
O1-A2 Teta R 4,31 ± 1,05 3,88 ± 1,20 160,0 0,279
O1-A2 Teta N3 2,65 ± 1,08 3,04 ± 1,37 169,0 0,402
O1-A2 Teta N2 4,00 ± 0,99 3,89 ± 1,45 197,0 0,935
O1-A2 Teta N1 4,22 ± 0,73 4,13 ± 1,71 184,0 0,665

48
R E S UL T AD O S

O1-A2 Delta R 16,91 ± 1,63 16,23 ± 2,87 180,0 0,589


O1-A2 Delta N3 21,72 ± 2,09 18,91 ± 5,14 136,0 0,083
O1-A2 Delta N2 17,99 ± 1,97 16,51 ± 4,05 199,0 0,978
O1-A2 Delta N1 15,46 ± 1,69 13,73 ± 4,21 155,0 0,224
O1-A2 Beta2 R 0,31 ± 0,10 0,38 ± 0,42 191,0 0,808
O1-A2 Beta2 N3 0,06 ± 0,03 0,13 ± 0,20 159,0 0,267
O1-A2 Beta2 N2 0,17 ± 0,06 0,15 ± 0,09 163,0 0,317
O1-A2 Beta2 N1 0,42 ± 0,17 1,93 ± 4,78 200,0 1,000
O1-A2 Beta1 R 0,89 ± 0,33 1,39 ± 1,53 167,0 0,372
O1-A2 Beta1 N3 0,46 ± 0,32 0,68 ± 0,86 179,0 0,570
O1-A2 Beta1 N2 1,07 ± 0,57 0,89 ± 0,35 165,0 0,344
O1-A2 Beta1 N1 0,99 ± 0,34 1,04 ± 0,37 189,0 0,766
O1-A2 Alfa R 1,60 ± 0,38 1,66 ± 0,74 164,0 0,330
O1-A2 Alfa N3 0,65 ± 0,42 0,64 ± 0,40 197,0 0,935
O1-A2 Alfa N2 1,42 ± 0,66 3,21 ± 5,63 189,0 0,766
O1-A2 Alfa N1 1,95 ± 0,66 2,42 ± 1,08 140,0 0,105
O1-A2 Alfa R 3,10 ± 1,13 3,41 ± 1,83 193,0 0,850
O1-A2 Alfa N3 1,06 ± 0,58 1,34 ± 0,69 156,0 0,234
O1-A2 Alfa N2 2,19 ± 0,66 2,09 ± 0,85 197,0 0,935
O1-A2 Alfa N1 4,01 ± 1,95 3,77 ± 2,00 196,0 0,914
C4-A1 Teta R 3,91 ± 1,04 3,55 ± 1,60 183,0 0,646
C4-A1 Teta N3 2,07 ± 0,63 3,42 ± 3,84 186,0 0,705
C4-A1 Teta N2 2,98 ± 0,55 3,18 ± 1,02 195,0 0,892
C4-A1 Teta N1 3,48 ± 0,69 3,98 ± 1,21 160,0 0,279
C4-A1 Delta R 18,37 ± 1,42 16,85 ± 5,30 194,0 0,871
C4-A1 Delta N3 22,07 ± 1,62 19,72 ± 6,76 179,0 0,570
C4-A1 Delta N2 19,00 ± 1,48 17,69 ± 6,22 167,0 0,372
C4-A1 Delta N1 16,55 ± 1,51 15,05 ± 5,33 192,0 0,829
C4-A1 Beta2 R 0,32 ± 0,11 1,68 ± 4,38 166,0 0,358
C4-A1 Beta2 N3 0,06 ± 0,04 0,60 ± 1,71 181,0 0,607
C4-A1 Beta2 N2 0,17 ± 0,06 0,45 ± 1,03 131,0 0,062
C4-A1 Beta2 N1 0,51 ± 0,19 0,50 ± 0,37 148,0 0,160
C4-A1 Beta1 R 0,74 ± 0,28 0,69 ± 0,33 171,5 0,441
C4-A1 Beta1 N3 0,43 ± 0,32 0,35 ± 0,20 189,0 0,766
C4-A1 Beta1 N2 1,04 ± 0,64 0,65 ± 0,36 121,0 0,033
C4-A1 Beta1 N1 1,05 ± 0,32 2,63 ± 5,39 163,0 0,317
C4-A1 Alfa R 1,15 ± 0,30 1,48 ± 1,07 181,0 0,607
C4-A1 Alfa N3 0,93 ± 0,69 0,96 ± 0,66 194,0 0,871
C4-A1 Alfa N2 1,66 ± 0,80 1,28 ± 0,69 136,0 0,083
C4-A1 Alfa N1 1,72 ± 0,43 1,48 ± 0,47 137,0 0,088
C4-A1 Alfa R 2,09 ± 0,80 2,11 ± 1,35 199,0 0,978
C4-A1 Alfa N3 1,10 ± 0,60 1,10 ± 0,63 194,0 0,871
C4-A1 Alfa N2 1,85 ± 0,52 3,69 ± 6,06 198,0 0,957
C4-A1 Alfa N1 2,91 ± 1,17 3,14 ± 1,15 171,0 0,433
C3-A2 Teta R 4,18 ± 1,05 3,79 ± 1,48 161,0 0,291

49
R E S UL T AD O S

C3-A2 Teta N3 2,17 ± 0,50 2,25 ± 1,09 192,0 0,829


C3-A2 Teta N2 3,37 ± 0,69 3,02 ± 1,25 159,0 0,267
C3-A2 Teta N1 3,70 ± 0,75 3,79 ± 1,74 177,0 0,534
C3-A2 Delta R 17,78 ± 1,77 16,36 ± 5,99 189,0 0,766
C3-A2 Delta N3 21,90 ± 1,52 20,91 ± 2,61 153,0 0,204
C3-A2 Delta N2 18,75 ± 1,48 17,66 ± 4,90 186,0 0,705
C3-A2 Delta N1 16,18 ± 1,67 14,78 ± 4,69 200,0 1,000
C3-A2 Beta2 R 0,33 ± 0,13 0,34 ± 0,25 162,0 0,304
C3-A2 Beta2 N3 0,05 ± 0,02 0,12 ± 0,22 193,0 0,850
C3-A2 Beta2 N2 0,17 ± 0,06 0,15 ± 0,09 145,0 0,137
C3-A2 Beta2 N1 0,52 ± 0,18 0,38 ± 0,18 131,0 0,062
C3-A2 Beta1 R 0,79 ± 0,33 2,10 ± 4,41 178,0 0,552
C3-A2 Beta1 N3 0,43 ± 0,33 0,84 ± 1,54 178,0 0,552
C3-A2 Beta1 N2 1,05 ± 0,66 1,01 ± 0,84 167,0 0,372
C3-A2 Beta1 N1 1,09 ± 0,36 1,03 ± 0,33 187,0 0,725
C3-A2 Alfa R 1,23 ± 0,34 1,20 ± 0,56 171,0 0,433
C3-A2 Alfa N3 0,97 ± 0,70 0,90 ± 0,57 191,0 0,808
C3-A2 Alfa N2 1,73 ± 0,80 1,34 ± 0,90 140,0 0,105
C3-A2 Alfa N1 1,79 ± 0,48 3,41 ± 5,33 185,0 0,685
C3-A2 Alfa R 2,32 ± 0,91 2,56 ± 1,43 189,0 0,766
C3-A2 Alfa N3 1,15 ± 0,61 1,36 ± 0,62 159,0 0,267
C3-A2 Alfa N2 1,96 ± 0,60 1,78 ± 0,64 167,0 0,372
C3-A2 Alfa N1 3,14 ± 1,23 3,07 ± 1,68 184,0 0,665

EMR = estados mentais de risco


Os resultados são mostrados pelas derivações do EEG, banda e estágio do sono;
Teste não-paramétrico de Mann-Whitney para amostras independentes;
Resultados mostrados como poder espectral médio ± desvio padrão;
Valores de poder espectral representados em µV2/Hz.

4.4. Questionários

Os resultados dos questionários estão representados na tabela 6. O

grupo EMR apresentou pior qualidade de sono, comparado ao grupo controle, por

apresentar um escore total acima de 5 (P=0,010).

50
R E S UL T AD O S

Tabela 6. Questionários

Controle EMR
U P
N=20 N=20
Escala de sonolência diurna de
9,35 ± 4,68 8,20 ± 4,30 178,00 0,558
Epworth
Índice de qualidade do sono de
4,95 ± 2,16 7,70 ± 3,69 106,50 0,010
Pittsburgh
Questionário de matutinidade e
48,45 ± 7,86 44,5 ± 10,04 134,00 0,075
vespertinidade

EMR: estados mentais de risco;


Teste não-paramétrico de Mann-Whitney para amostras independentes;
Resultados mostrados em média ± desvio padrão.

A figura 1 apresenta a distribuição dos cronotipos entre os grupos

controle e EMR. Não houve diferença entre os grupos.

Distribuição dos cronotipos


80
Controle EMR
70

60

50
%
40

30

20

10

0
Matutino Indiferente Vespertino

Figura 1. Distribuição dos cronotipos dos grupos da amostra

EMR: estados mentais de risco.


Resultados mostrados em frequência.

51
R E S UL T AD O S

4.5. Dados da actigrafia

Os resultados de actigrafia pela análise utilizando-se o software

Actware5.0 estão apresentados na tabela 7. Os parâmetros foram analisados e

comparados considerando-se três períodos: vigília, sono e 24h.

Durante o período de vigília, o grupo EMR apresentou menores valores

nos parâmetros: duração da vigília (P=0,001) e duração de atividade (P=0,028),

comparado ao grupo controle. Além disso, o grupo EMR apresentou maior

duração do cochilo (P=0,038), comparado ao grupo controle.

Com relação ao período de sono, não houve diferenças entre os

grupos.

Durante o período das 24h, o grupo EMR apresentou menores valores

nos parâmetros: tempo total de vigília (P=0,001) e duração total de atividade

(P=0,021), comparado ao grupo controle. Além disso, o grupo EMR apresentou

maior tempo total de sono (P=0,011), comparado ao grupo controle.

52
R E S UL T AD O S

Tabela 7. Dados actigráficos (Software)

Controle EMR U P
Vigília
Uso do actígrafo (dias) 13,65±4,74 14,30±6,78 167,50 0,386
Retirada do actígrafo (min) 165,41±180,56 100,51±92,63 156,00 0,242
Duração da vigília (min) 993,10±207,95 778,05±136,96 67,00 0,001
Atividade (min) 218,14±22,47 197,57±26,36 119,00 0,028
Índice de atividade 87,74±6,47 86,83±8,53 199,00 0,989
Cochilos (min) 23,83±21,97 44,15±35,35 123,00 0,038
Sono
Uso do actígrafo (dias) 14,65±4,74 15,30±6,78 167,50 0,386
Retirada do actígrafo (min) 0,0±0,0 0,03±0,12 190,00 1,000
Duração do sono (min) 392,36±80,15 400,83±98,52 200,00 1,000
Atividade (min) 10,07±4,23 12,04±4,66 153,00 0,211
Índice de atividade 29,07±12,01 33,68±11,88 156,00 0,242
WASO (min) 16,79±11,05 20,28±15,57 178,00 0,565
Latência do sono (min) 8,94±3,67 12,68±9,80 146,00 0,149
Eficiência do sono (%) 95,76±2,85 95,04±3,41 174,00 0,495
24h
Uso do actígrafo (dias) 14,04±3,38 13,60±4,95 197,00 0,941
Retirada do actígrafo (min) 133,02±111,38 119,05±99,83 187,00 0,738
Tempo total de vigília (min) 952,35±64,33 847,31±112,38 84,00 0,001
Tempo total de sono (min) 388,70±54,32 462,16±106,3 107,00 0,011
Atividade total (min) 154,68±23,19 136,18±32,06 115,00 0,021
Índice de atividade 68,78±9,78 68,02±8,22 171,50 0,449

EMR: estados mentais de risco; WASO: tempo acordado após início do sono;
Teste não-paramétrico de Mann-Whitney para amostras independentes;
Resultados mostrados em média ± desvio padrão.

A tabela 8 mostra a análise dos dados conforme as variáveis

transformadas. Nessa análise, o grupo EMR apresentou menores valores nos

seguintes parâmetros: função de autocorrelação (P=0,008), estabilidade

interdiária (P=0,015), as 10h mais ativas (P=0,008) e as 10h mais ativas no perfil

médio (P=0,005), comparado ao grupo controle. Além disso, o grupo EMR

53
R E S UL T AD O S

mostrou valores maiores nos parâmetros: variabilidade intradiária (P=0,008) e

início de M10 (F10) (P=0,010), comparado ao grupo controle.

Tabela 8. Dados actigráficos (Variáveis do ritmo circadiano)

Controle EMR
U P
(N=19) (N=19)
Função da autocorrelação -0,11 ± 0,02 -0,14 ± 0,03 97,00 0,008
Expoente de Hurst 0,96 ± 0,01 0,95 ± 0,01 128,00 0,084
Variabilidade intradiária 0,31 ± 0,05 0,37 ± 0,07 100,00 0,011
Estabilidade interdiária 0,52 ± 0,12 0,41 ± 0,12 104,00 0,015
Power spectral density -1,05 ± 0,05 -1,04 ± 0,04 185,00 0,901
Power spectral density low -1,20 ± 0,07 -1,20 ± 0,09 189,00 0,989
Power spectral density high -0,92 ± 0,07 -0,90 ± 0,05 156,00 0,351
Entropia da amostra 0,18 ± 0,04 0,16 ± 0,03 137,00 0,141
10h mais ativas (M10) 231,76 ± 28,69 200,32 ± 38,77 96,00 0,008
M10pm 218,48 ± 29,44 185,01 ± 40,59 91,00 0,005
Início das 10h mais ativas (F10) 578,63 ± 129,27 686,75 ± 116,65 99,50 0,010

EMR: estados mentais de risco; M10: 10h consecutivas de maior atividade; M10pm: M10 no perfil
médio; F10: início de M10; F5: início das 5h consecutivas menos ativas;
Teste não-paramétrico de Mann-Whitney para amostras independentes;
Resultados mostrados em média ± desvio padrão.

4.6. Comparações adicionais

Compararam-se, ainda, os principais parâmetros de polissonografia e

actigrafia entre:

1) o grupo controle (todos não-medicados) e os indivíduos não-

medicados do grupo EMR (tabela 9);

2) os indivíduos não-medicados e medicados do grupo EMR (tabela 10);

3) os indivíduos com risco para psicose e com risco para transtorno

bipolar do grupo EMR (tabela 11).

54
R E S UL T AD O S

Na tabela 9, verifica-se que os indivíduos não-medicados do grupo

EMR (n=12) apresentaram menores duração de vigília (P=0,033), duração de

atividade (P=0,012), função de autocorrelação (P=0,024), estabilidade interdiária

(P=0,017), M10 (P=0,008) e M10pm (P=0,014), enquanto que foram maiores a

latência do sono (P=0,014), a duração total de atividade (P=0,020), a duração de

cochilo (P=0,039), a variabilidade intradiária (P=0,052), o início de M10 (F10)

(P=0,050), além de pior qualidade de sono (P=0,019), comparados com o grupo

controle pareado (n=12).

A tabela 10 mostra que os indivíduos medicados (N=8) do grupo EMR

apresentaram menores função de autocorrelação (P=0,033) e expoente de Hurst

(P=0,003), enquanto que foram maiores a variabilidade intradiária (P=0,020), o

PSD (P=0,031) e o PSDlow (P=0,004), comparado aos indivíduos não-medicados

(N=12) também do grupo EMR.

Não houve diferenças entre os indivíduos com risco para psicose

(N=13) e os indivíduos com risco para transtorno bipolar (N=7) (tabela 11).

55
R E S UL T AD O S

Tabela 9. Comparação entre os indivíduos saudáveis e os indivíduos em EMR


não medicados

Controle EMRNãoMedicado
U P
N=12 N=12
Parâmetros polissonográficos
Tempo total de sono (min) 373,10 ± 47,78 378,75 ± 86,00 61,00 0,541
Eficiência do sono (%) 90,57 ± 9,36 83,23 ± 17,68 44,00 0,110
Latência de sono (min) 11,61 ± 12,80 30,45 ± 22,71 30,00 0,014
Latência de sono REM (min) 83,64 ± 39,42 115,37 ± 54,66 51,00 0,242
WASO (min) 27,74 ± 37,60 49,49 ± 65,00 52,50 0,272
N1 (%) 5,70 ± 2,90 4,60 ± 2,26 59,50 0,486
N2 (%) 47,86 ± 6,90 51,06 ± 10,87 62,50 0,600
N3 (%) 25,41 ± 5,37 26,27 ± 8,95 70,50 0,943
REM (%) 21,03 ± 4,31 17,96 ± 7,55 53,50 0,298
Índice de despertar (eventos/h) 14,60 ± 23,58 8,92 ± 6,94 58,00 0,434
Questionários
Escore da ESE 10,92 ± 4,60 7,17 ± 4,72 43,00 0,095
Escore IQSP 4,91 ± 2,42 7,58 ± 2,35 32,00 0,019
Escore QMV 49,98 ± 8,00 42,75 ± 6,89 41,50 0,080
Parâmetro actigráficos
Duração da vigília (na vigília) (min) 935,41 ± 159,85 816,54 ± 153,50 45,00 0,033
Duração de atividade (na vigília) (min) 228,88 ± 18,69 205,59 ± 19,84 45,00 0,012
Cochilo (min) 17,74 ± 18,69 35,42 ± 28,15 44,00 0,039
Latência de sono (min) 9,05 ± 3,92 12,65 ± 11,37 60,00 0,478
Duração de atividade (no sono) 11,17 ± 3,18 12,06 ± 5,62 71,00 0,932
Eficiência do sono (%) 94,81 ± 2,84 95,02 ± 3,73 67,00 0,713
WASO (no sono) 20,53 ± 11,02 19,54 ± 15,97 62,00 0,551
Tempo total de sono (nas 24h) 390,72 ± 49,32 422,22 ± 99,79 63,00 0,378
Duração de atividade (nas 24h) 166,37 ± 13,13 145,01 ± 30,68 45,00 0,020
Duração da vigília (nas 24h) 963,15 ± 55,62 885,65 ± 121,89 48,00 0,068
Função de autocorrelação -0,10 ± 0,01 -0,13 ± 0,01 38,00 0,024
Expoente de Hurst 0,96 ± 0,01 0,96 ± 0,01 59,00 0,410
Variabilidade intradiária 0,29 ± 0,04 034 ± 0,06 41,00 0,052
Estabilidade interdiária 0,53 ± 0,10 0,42 ± 0,12 32,00 0,017
Power spectral density -1,04 ± 0,03 -1,06 ± 0,03 53,00 0,319
Power spectral density low -1,22 ± 0,08 -1,25 ± 0,07 56,00 0,347
Power spectral density high -0,91 ± 0,07 -0,90 ± 0,05 71,00 0,671
Entropia da amostra 0,17 ± 0,03 0,16 ± 0,03 60,00 0,590
M10 244,85 ± 18,25 209,10 ± 38,85 28,00 0,008
M10pm 229,69 ± 21,33 193,36 ± 43,13 30,00 0,014
F10 583,83 ± 108,63 679,00 ± 122,87 49,00 0,050
F5 62,91 ± 55,48 101,66 ± 79,49 56,00 0,139
EMR: estados mentais de risco; ESE: Escala de Sonolência de Epworth; IQSP: Índice de
Qualidade de sono de Pittsburgh; QMV: Questionário de Matutinidade e Vespertinidade; M10: 10h
consecutivas de maior atividade; M10pm: M10 no perfil médio; F10: início de M10; F5: início das
5h consecutivas menos ativas;
Teste não-paramétrico de Mann-Whitney para amostras independentes;
Resultados mostrados em média ± desvio padrão.

56
R E S UL T AD O S

Tabela 10. Comparação entre os indivíduos em EMR não-medicados e


medicados
EMRNãoMedicado EMRMedicado
U P
N=12 N=8
Parâmetros polissonográficos
Tempo total de sono (min) 378,75 ± 86,00 363,58 ± 82,38 41,00 0,610
Eficiência do sono (%) 83,23 ± 17,68 88,02 ± 7,99 47,00 0,955
Latência de sono (min) 30,45 ± 22,71 19,26 ± 14,90 36,00 0,384
Latência de sono REM (min) 115,37 ± 54,66 131,90 ± 50,40 38,00 0,473
WASO (min) 49,49 ± 65,00 30,05 ± 31,19 40,00 0,571
N1 (%) 4,69 ± 2,26 6,66 ± 3,69 35,00 0,333
N2 (%) 51,06 ± 10,87 47,05 ± 11,48 38,00 0,473
N3 (%) 26,27 ± 8,95 24,08 ± 3,76 40,00 0,571
REM (%) 17,96 ± 7,55 22,21 ± 9,29 32,50 0,246
Índice de despertar (eventos/h) 8,92 ± 6,94 10,46 ± 2,55 26,00 0,094
Questionários
Escore da ESE 7,17 ± 4,72 9,75 ± 3,24 29,00 0,147
Escore IQSP 7,58 ± 2,35 7,87 ± 5,30 45,00 0,835
Escore QMV 42,75 ± 6,89 47,12 ± 13,63 43,00 0,720
Parâmetro actigráficos
Duração da vigília (na vigília) (min) 816,54± 153,50 720,29 ± 86,81 27,00 0,115
Duração de atividade (na vigília) (min) 205,59 ± 19,84 185,52 ± 31,47 29,00 0,157
Cochilo (min) 32,42 ± 28,15 57,25 ± 42,65 31,00 0,208
Latência de sono (min) 12,65 ± 11,37 12,70 ± 7,57 45,00 0,851
Duração de atividade (no sono) 12,06 ± 5,62 12,01 ± 3,04 44,00 0,792
Eficiência do sono (%) 95,02 ± 3,73 95,06 ± 3,11 42,00 0,678
WASO (no sono) 19,5 ± 15,97 21,39 ± 15, 94 41,00 0,624
Tempo total de sono (nas 24h) 422,22 ± 99,79 522,07 ± 90,47 23,00 0,057
Duração de atividade (nas 24h) 145,01 ± 30,68 122,92 ± 31,23 29,00 0,157
Duração da vigília (nas 24h) 885,65 ± 121,89 789,79 ± 68,04 24,00 0,069
Função de autocorrelação -0,13 ± 0,02 -0,16 ± 0,03 20,50 0,033
Expoente de Hurst 0,96 ± 0,01 0,94 ± 0,01 11,00 0,003
Variabilidade intradiária 0,34 ± 0,06 0,42 ± 0,07 18,00 0,020
Estabilidade interdiária 0,42 ± 0,12 0,40 ± 0,13 45,00 0,851
Power spectral density -1,06 ± 0,03 -1,02 ± 0,04 20,00 0,031
Power spectral density low -1,25 ± 0,07 -1,12 ± 0,07 12,00 0,004
Power spectral density high -0,90 ± 0,05 -0,90 ± 0,05 45,00 0,851
Entropia da amostra 0,16 ± 0,03 0,16 ± 0,04 36,00 0,384
M10 209,10 ± 38,85 187,15 ± 37,13 30,00 0,181
M10pm 193,36 ± 43,13 172,47 ± 35,35 33,00 0,270
F10 679,00 ± 122,87 698,37 ± 113,82 46,00 0,893
F5 101,66 ± 79,49 112,50 ± 57,19 34,50 0,315
EMR: estados mentais de risco; ESE: Escala de Sonolência de Epworth; IQSP: Índice de
Qualidade de sono de Pittsburgh; QMV: Questionário de Matutinidade e Vespertinidade; M10: 10h
consecutivas de maior atividade; M10pm: M10 no perfil médio; F10: início de M10; F5: início das
5h consecutivas menos ativas;
Teste não-paramétrico de Mann-Whitney para amostras independentes;
Resultados mostrados em média ± desvio padrão.

57
R E S UL T AD O S

Tabela 11. Comparação entre os indivíduos em EMR para psicose e para


transtorno bipolar
EMRPsicose EMRTBipolar
U P
N=13 N=7
Parâmetros polissonográficos
Tempo total de sono (min) 386,86 ± 74,33 346,37 ± 96,78 33,00 0,341
Eficiência do sono (%) 88,66 ± 5,30 78,61 ± 23,10 42,50 0,831
Latência de sono (min) 19,82 ± 13,02 37,41 ± 27,04 28,00 0,183
Latência de sono REM (min) 126,43 ± 54,52 113,71 ± 27,04 39,00 0,643
WASO (min) 28,62 ± 20,94 66,02 ± 85,12 37,00 0,536
N1 (%) 5,00 ± 1,80 6,35 ± 4,53 34,50 0,404
N2 (%) 47,26 ± 10,99 53,52 ± 10,58 31,00 0,275
N3 (%) 26,78 ± 7,00 22,82 ± 7,57 33,00 0,351
REM (%) 20,94 ± 7,81 17,28 ± 9,34 38,00 0,575
Índice de despertar (eventos/h) 10,10 ± 6,06 8,5 ± 4,75 40,50 0,714
Questionários
Escore da ESE 7,69 ± 4,55 9,14 ± 3,93 39,00 0,625
Escore IQSP 8,15 ± 3,48 6,85 ± 4,18 38,00 0,573
Escore QMV 42,46 ± 9,66 48,28 ± 10,32 30,00 0,232
Parâmetro actigráficos
Duração da vigília (na vigília) (min) 771,30 ± 159,71 790,56 ± 90,00 42,00 0,817
Duração de atividade (na vigília) (min) 199,04 ± 28,37 194,82 ± 24,00 39,00 0,643
Cochilo (min) 47,90 ± 37,13 37,19 ± 33,34 38,00 0,588
Latência de sono (min) 14,93 ± 11,26 8,48 ± 4,34 27,00 0,157
Duração de atividade (no sono) 12,35 ± 4,99 11,46 ± 4,28 41,00 0,757
Eficiência do sono (%) 94,24 ± 3,75 96,51 ± 2,17 28,00 0,183
WASO (no sono) 23,00 ± 17,28 15,22 ± 11,12 35,00 0,438
Tempo total de sono (nas 24h) 461,09 ± 121,53 464,15 ± 78,95 45,00 1,000
Duração de atividade (nas 24h) 137,10 ± 32,78 134,45 ± 33,16 42,00 0,817
Duração da vigília (nas 24h) 844,69 ± 127,88 852,15 ± 85,09 41,00 0,757
Função de autocorrelação -0,14 ± 0,02 -0,13 ± 0,04 28,00 0,177
Expoente de Hurst 0,95 ± 0,01 0,95 ± 0,01 35,00 0,438
Variabilidade intradiária 0,39 ± 0,06 0,35 ± 0,09 27,00 0,157
Estabilidade interdiária 0,44 ± 0,13 0,37 ± 0,10 32,00 0,311
Power spectral density -1,04 ± 0,05 -1,04 ± 0,03 39,00 0,643
Power spectral density low -1,18 ± 0,08 -1,24 ± 0,11 34,00 0,393
Power spectral density high -0,91 ± 0,06 -0,89 ± 0,02 34,00 0,393
Entropia da amostra 0,16 ± 0,04 0,16 ± 0,03 42,00 0,817
M10 202,82 ± 38,53 188,09 ± 41,08 44,00 0,938
M10pm 188,09 ± 41,08 179,28 ± 42,23 44,00 0,938
F10 692,61 ± 113,37 675,85 ± 131,05 43,00 0,861
F5 96,38 ± 80,97 123,85 ± 42,53 27,50 0,163
EMR: estados mentais de risco; ESE: Escala de Sonolência de Epworth; IQSP: Índice de
Qualidade de sono de Pittsburgh; QMV: Questionário de Matutinidade e Vespertinidade; M10: 10h
consecutivas de maior atividade; M10pm: M10 no perfil médio; F10: início de M10; F5: início das
5h consecutivas menos ativas;
Teste não-paramétrico de Mann-Whitney para amostras independentes;
Resultados mostrados em média ± desvio padrão.

58
R E S UL T AD O S

4.7. Actogramas

Os actogramas dos 40 voluntários estão representados no Anexo 2

(itens 1 a 40), para análise visual dos padrões do ciclo vigília-sono dos grupos

controle e EMR.

59
5. DISCUSSÃO
D I S C US S ÃO

Este estudo explorou o sono e o ciclo vigília-sono, como parâmetros dos

ritmos biológicos, nos estados mentais de risco para psicose e transtorno bipolar.

Seus resultados foram:

1) Os indivíduos em EMR apresentaram pior qualidade subjetiva de

sono e maior latência para início do sono na polissonografia

2) Os indivíduos em EMR para essas doenças apresentaram padrões

de ritmo do ciclo vigília-sono piores do que aqueles apresentados

pelo grupo controle saudável, quando avaliados pela actigrafia;

3) Além disso, o grupo EMR apresentou menor poder espectral na

frequência beta, no estágio N2 do sono, em relação ao grupo

controle.

Os dados da estrutura da polissonografia, apesar de menos exuberantes

do que aqueles do ciclo vigília-sono, merecem atenção. O grupo controle não

mostrou diferença entre as noites de polissonografia. Em contrapartida, o grupo

EMR mostrou que houve adaptação dos indivíduos devido às diferenças dos

parâmetros polissonográficos da 1ª com a 2ª noite (tempo total de sono, eficiência

de sono, latência de sono e % de sono REM), em decorrência, talvez, de

ansiedade. Corroborando esse achado, a ansiedade é frequentemente observada

na esquizofrenia, mas costuma ser negligenciada por um longo tempo (196-199).


Vários estudos têm estabelecido que na fase prodrômica da esquizofrenia, a

ansiedade indica uma progressão no sentido de descompensação psicótica. Além

disso, no decurso da doença, a ansiedade aumenta o risco de recidiva e a

incidência de tentativas de suicídio, agravando o déficit cognitivo, social e o

estigma, e interferindo no funcionamento e qualidade de vida (197-199). Por outro

lado, os piores parâmetros na primeira noite de polissonografia podem ser

meramente em decorrência do efeito da primeira noite. Esse efeito é um fenômeno

61
D I S C US S ÃO

bem conhecido e caracterizado, dentre outras alterações, por maior fragmentação

da arquitetura do sono, latência de sono aumentada e sono REM diminuído devido

ao ambiente de laboratório desconfortável (200). Além disso, a capacidade de

adaptação dos indivíduos em EMR sugere que processos como a

neuroplasticidade e a cognição (memória) estejam preservado. De qualquer forma,

a realização das duas noites de exame pareceu importante nesse estudo,

considerando a condição mental e psicológica do grupo EMR.

A partir dos dados de polissonografia, também destaca-se o

reduzido tempo total de sono (TTS) em ambos os grupos, observado tanto pela

polissonografia quanto pela actigrafia. O TTS variou, em média, de 6h10min a

6h30, nos dois grupos. Essa redução chama a atenção principalmente pela média

de idade da amostra, 18 anos. Os estudos têm evidenciado que a restrição de


(201)
sono pode preceder um episódio de psicose em indivíduos vulneráveis [ver ].

Além disso, a restrição de sono pode levar a prejuízos da memória, a piores

desempenhos em testes cognitivos, prolongar o tempo de reação (202), e também

comprometer o sistema glinfático (203,204). O sistema glinfático é responsável por

promover a remoção de proteínas cujos resíduos, decorrentes de sua

metabolização, são neurotóxicos. Essas proteínas, como a β-amilóide (Aβ),

localizam-se no espaço intersticial que circunda as células do cérebro, e estão

ligadas a doenças neurodegenerativas. O fluido cerebrospinal, no cérebro,

interage com o fluido intersticial, removendo as proteínas intersticiais (incluindo

Aβ). Além disso, o fluido cerebrospinal possui uma concentração proteica

intersticial maior na vigília do que durante o sono, possivelmente indicando que o


(65)
excesso de vigília estaria associado com a produção de Aβ [ver ].
Posteriormente, foi demonstrado que o clearance de Aβ estava aumentado

durante o sono e que o ciclo vigília-sono, mas não o sistema circadiano, regularia

o clearance glinfático. Nesse sentido, fortalece-se a ideia da função restaurativa

do sono, em decorrência da troca de estado funcional (da vigília para o sono),

62
D I S C US S ÃO

facilitando o clearance da degradação de produtos da atividade neural

acumulados durante a vigília (65).

Outro achado polissonográfico foi a maior latência do sono do grupo

EMR (26 minutos), comparada com o grupo controle (13 minutos). Na

comparação entre os indivíduos não medicados do grupo EMR com o grupo

controle saudável pareado (que também não era medicado), a latência para início

do sono foi ainda maior, refletindo, talvez, uma interferência medicamentosa.

Contudo, na comparação entre os indivíduos do grupo EMR (EMR não medicados

x EMR medicados, e EMR para psicose x EMR para TB) não houve diferença

quanto à latência, sugerindo que essa alteração seja intrínseca aos estados

mentais de risco. A respeito da latência de sono, Lunsford-Avery e

colaboradores (205) associaram um aumento da latência e da fragmentação do

sono (acessados pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittisburgh) com sintomas

negativos em indivíduos em EMR quando comparados a controles saudáveis,

com idade e gênero controlados. Além disso, reduções talâmicas bilaterais foram

observadas em adolescentes em EMR, quando comparados com controles

saudáveis, e elas foram associadas com latência do sono aumentada e eficiência

do sono reduzida. Os autores concluem que alterações no sono de indivíduos em

EMR para psicose parecem estar relacionadas a sintomas aumentados e às

reduções no volume talâmico, uma vez que se trata de uma estrutura vital para a

saúde do sono. Ainda que o aumento na latência do sono no grupo EMR do

presente estudo não seja preocupante, ele poderia, em parte, já corroborar os

resultados de Lunsford-Avery (205), além de refletir a tendência ao cronotipo

vespertino desse grupo (devido aos valores mais elevados de F10, um dos

parâmetros da actigrafia associado à vespertinidade), conforme tem sido


(23,206)
amplamente descrito para os pacientes com transtorno bipolar [ver ].

Os dados mostraram que o grupo EMR, comparado com o grupo

controle, apresenta um ritmo mais fragmentado, menos regular, ou seja, menos

63
D I S C US S ÃO

sincronizado com o ciclo claro-escuro, com menor amplitude de atividade motora,

e início do período de atividade acontecendo mais tarde. Além disso, o grupo

EMR exibiu uma redução do tempo de vigília, que parece ser decorrente dos

cochilos realizados durante o período diurno. Apesar de os grupos não

apresentarem diferenças quanto aos cronotipos investigados pelo questionário de

matutinidade e vespertinidade, o grupo EMR parece ser mais vespertino do que o

grupo controle em decorrência dos valores mais elevados de F10. Esses valores

mais elevados indicam que o início do período de atividade do grupo EMR era

mais tardio. Além disso, o grupo EMR apresentou pior qualidade de sono,

avaliada pelo questionário de Pittsburgh, comparado ao grupo controle.

Esses resultados estão alinhados com um robusto corpo de evidência

sobre anormalidades de ritmo presentes em pacientes com esquizofrenia ou

transtorno bipolar. As alterações nos ritmos circadianos em indivíduos com

esquizofrenia crônica podem ter grande impacto em seu funcionamento geral e na

capacidade de manter uma vida social adequada. Dentre essas alterações, está

uma menor exposição à luz do dia, o que contribui para a redução na

sincronização do ritmo circadiano endógeno com o meio ambiente (207). Também

foram encontradas diferenças no ritmo de atividade-repouso entre jovens com

fenótipo bipolar e controles (208). Entre outros achados, esse estudo mostrou que o

fenótipo bipolar estava associado à fragmentação e à amplitude relativa reduzida

do ritmo circadiano de atividade e repouso. Um ritmo fragmentado tem sido

relacionado à degeneração do sistema de temporização circadiano, além de ser

correlacionado com uma pior qualidade de sono, menor amplitude para o ritmo de

atividade motora e piores desempenhos cognitivo e motor, concomitante à


(209)
reduzida interação social [ver para revisão], influenciando negativamente a

qualidade de vida.

Outros dados mostraram que esses pacientes tendem a viver de um

modo mais passivo, apresentando baixo nível de atividade motora sendo,

64
D I S C US S ÃO

(115)
frequentemente, também um sinal de depressão . Um estudo correlacionou

a intensidade dos sintomas depressivos com o desajuste no ritmo


(210, 211)
circadiano , de modo que estados depressivos mais graves estavam

associados com um oscilador circadiano mais atrasado em relação ao início do

sono. Os resultados desta tese parecem ir ao encontro desse estudo, em que o

grupo EMR iniciava as 10 horas de maior atividade (M10) mais tarde, mostrando

uma tendência ao atraso de fase em relação ao início do sono. Uma amplitude

reduzida do ritmo de atividade motora pode estar relacionada a uma diminuição

na capacidade ou uma dificuldade do sistema de temporização circadiano em

ajustar a atividade durante uma determinada fase. Além disso, a integridade do

córtex frontal influencia os valores de M10 [ver (209)].

Wulff e colaboradores (116) registraram anormalidades no ciclo vigília-

sono e nos níveis de melatonina de portadores de esquizofrenia que

apresentavam problemas subjetivos de sono. As alterações do padrão vigília-sono

foram associadas a ritmos circadianos de secreção de melatonia atrasados ou em

livre-curso, implicando em uma perda de sincronia entre o ritmo interno e o ciclo

claro-escuro (sincronizador externo). Outro estudo observou que pacientes com

esquizofrenia, comparados com controles, realizavam mais cochilos durante o

dia (212), o que foi demonstrado em nosso trabalho pela alta fragmentação do ritmo

(demonstrada pelas variáveis de autocorrelação e de variabilidade intradiária) no

grupo EMR. Nesse sentido, há um consenso que os ritmos biológicos

desempenham um papel crítico na desregulação das emoções do transtorno

bipolar, na maioria das fases da doença (depressão, mania, episódios


(96,97,163,213,214)
prodrômicos, e períodos interepisódios) .

Os ritmos biológicos diários são regulados por sincronizadores (os

zeitgebers) que são modificáveis. Esses sincronizadores são pistas ambientais

tais como a exposição à luz, contatos sociais, alimentação e exercícios (215).

Nesse sentido, muitos aspectos da vida contemporânea entram em conflito com a

65
D I S C US S ÃO

adaptação biológica ao ciclo claro-escuro de 24h, o qual mantém a relação entre

o ciclo vigília-sono e o sistema circadiano endógeno. Evidências sugerem que

determinados eventos da vida associados à ruptura dos ritmos sociais precedem

o início de episódios unipolares e bipolares, desencadeando sintomas afetivos. O

desenvolvimento de distúrbios de humor em resposta a uma ruptura no ritmo

circadiano é chamado de social zeitgeber theory. Esta teoria propõe que

alterações nos ritmos biológicos e no humor desencadeiam episódios de mania

ou depressão. Isso aconteceria porque os indivíduos rompem as suas rotinas

sociais normais e, consequentemente, o ciclo vigília-sono (216). Ehlers e

colaboradores (217) propuseram que a via primária da teoria do zeitgeber social

consistia de uma cadeia de eventos nos quais a instabilidade dos ritmos sociais

podiam levar a uma instabilidade em ritmos biológicos específicos,


particularmente o sono. Nesse sentido, os zeitgebers sociais, tais como as

relações pessoais, refeições, exercícios ou demandas sociais (como escola e

trabalho) são tarefas que servem para arrastar os ritmos biológicos, como a
(216)
tempertatura, os níveis hormonais e o sono [ver ]. Estudos mostraram que

uma terapia que foca no ritmo social e interpessoal é um tratamento validado para

o transtorno bipolar (218,219). Essas pesquisas evidenciaram importantes efeitos

nesses pacientes como: maior tempo de recorrência de um episódio bipolar,

remissão de longo prazo reduzida, e número de tentativas de suicídio


reduzida (220). Essa terapia atinge os zeitgebers, os quais têm um impacto

relevante nos sistemas circadiano/sono (221). Contudo, ainda é desconhecido se

indivíduos bipolares são mais vulneráveis aos eventos associados à ruptura dos

ritmos ou aos zeitgebers porque eles têm um funcionamento anormal do

sincronizador. No presente estudo, os resultados apontam para um prejuízo na

sincronização do ciclo vigília-sono com o ciclo claro-escuro de indivíduos em EMR

quando comparados com controles saudáveis. A estabilidade do ritmo (medida


por IS) depende da exposição ao zeitgeber ciclo claro-escuro, da integridade do

sistema do trato retino-hipotalâmico, da presença de sincronizadores sociais e da

66
D I S C US S ÃO

prática de atividades físicas (209). Também existe uma associação entre a

amplitude da atividade motora diária (M10) e o IS [3,4].

Comumente, os distúrbios do sono e a instabilidade dos ritmos de 24h


(23)
permanecem quando pacientes com TB não estão agudamente doentes [ver ].

Essa desregulação dos ritmos circadianos tem sido reportada em amostras com

alto risco familiar (214) e em indivíduos em risco para hipomania (213). A

sensibilidade biológica à luz, como medida na supressão noturna do hormônio

melatonina, tem sido proposta como um traço marcador de vulnerabilidade ao

TB (222). A secreção de melatonina em atraso de fase circadiana tem sido

observada em pacientes com TB eutímicos (163), e em pacientes com TB que se

autodeclararam vespertinos (206). Como já comentado, alterações na relação do

sono com os ritmos circadianos podem ter implicações clínicas, incluindo o

aspecto endógeno do ritmo da melatonina. Dentre as práticas utilizadas para

auxílio na sincronização dos ritmos circadianos endógenos com o ciclo vigília-

sono pretendido ou necessário, têm-se incluído a exposição ou prevenção à luz

em horários estabelecidos (223-225), além do uso de melatonina em horários

adequados (226-228).

Considerando as alterações observadas por meio da actimetria, seria

razoável a elaboração de um protocolo de pesquisa visando a melhorar a relação

dos indivíduos em EMR com o meio, ou seja, tanto na questão das relações
interpessoais, quanto na questão do ciclo claro-escuro. Seria interessante, por

exemplo, um protocolo que prevesse a realização de atividade física, como a

prática de esportes coletivos, em um ambiente externo, ou seja, exposto à luz

natural. Assim, seriam trabalhados os parâmetros de exposição à luz (principal

sincronizador externo), de aumento da amplitude da atividade motora (um

segundo sincronizador) e a relação social, que, neste caso, teria dupla função:

socializar o indivíduo e ajudar na sincronização também, uma vez que os efeitos

sociais são, por si, agentes sincronizadores (um terceiro sincronizador).

67
D I S C US S ÃO

Em tempo, é relevante diferenciar os casos de desajuste de fase

circadiana interno daqueles que envolvem incompatibilidade entre a fase

circadiana e o ambiente externo.

Considerando a atividade eletrofisiológica, alterações no EEG podem

indicar distúrbios nas interações neurais que dão suporte à cognição e à vigília na
(229)
ausência de uma atividade dirigida a uma tarefa [ver ]. As oscilações de

frequência beta têm sido associadas com a formação de redes funcionais

amplamente distribuídas no contexto de processamento sensorial, coordenação

sensório-motora e da manutenção da postura durante o funcionamento normal do

cérebro (127,230). Outras evidências (231) sugeriram que a atividade de banda beta

sincronizada serviria para a manutenção sensório-motora ou cognitiva dos

estados reais. Uhlhaas e colaboradores (127) mostraram um prejuízo relevante nos

déficits de sincronização de longo alcance em pacientes crônicos com

esquizofrenia durante a organização perceptual. Em outro estudo, os autores

verificaram que pacientes com esquizofrenia falhavam ao predizer

adequadamente as causas das percepções sensórias que poderiam, por

exemplo, atribuir a uma fonte externa um discurso auto-gerado como resultado de

uma falha na cópia de eferência. Nesse sentido, o menor poder espectral de β

encontrado no grupo EMR do presente estudo parece corrobar achados na

literatura. Sugere-se que a atividade de banda beta sincronizada refletiria um

modelo que amortece a capacidade de responsividade auditiva para o discurso

autogerado (232), devido às funções de beta que se associam à entrada sensorial,

percepção atenção, controle motor de longo alcance, entre outras. Além disso, foi

encontrada uma coerência reduzida de banda beta entre as regiões temporal e

frontal em pacientes eutímicos durante o repouso (126). Manoach e

colaboradores (233) observaram que tanto parentes jovens de primeiro grau de

pacientes com esquizofrenia quanto pacientes no curso inicial da doença e não-

medicados apresentavam redução na atividade elétrica, principalmente com

68
D I S C US S ÃO

redução dos fusos do sono no estágio N2. Ainda foi mostrado que essa redução

afetou negativamente diversas medidas da função cognitiva.

Tomados em conjunto, esses resultados parecem refletir alterações

importantes nos EMR, as quais podem, a médio prazo, serem agravadas pela

condição da esquizofrenia e do transtorno bipolar. Fazendo um paralelo entre os

EMR e esses transtornos mentais, no primeiro caso, foram observadas alterações

acentuadas em apenas um parâmetro circadiano (o ciclo vigília-sono), alterações

sutis na microestrutura do sono (apenas banda beta), pior qualidade do sono

(pelo questionário de Pittsburgh) sem alteração da estrutura do sono

propriamente. Em contrapartida, na esquizofrenia e no TB, as alterações do ritmo

circadiano atingem outros parâmetros (como a secreção de melatonina),

permitindo identificar distúrbios de ritmo (como o atraso de fase do sono), as

alterações na microestrutura são mais consistentes (afetando bandas delta, teta e

alfa) e a estrutura do sono apresenta alterações significativas (como a redução do

sono de ondas lentas).

Os resultados aqui obtidos devem ser interpretados à luz de algumas

limitações. Entre estas, está o tamanho de amostra relativamente pequeno.

Porém, considerando a baixa prevalência da esquizofrenia em diferentes

populações, estimada em torno de 1% (234), um N=20 é relevante nesse contexto.

Outra limitação é que parte da amostra de indivíduos em EMR apresentava-se em


uso de medicação. Contudo, não houve diferenças nas comparações entre o

grupo medicado e o não-medicado. Como pontos fortes do estudo destacam-se o

rigor da avaliação clínica de casos e controles e a robustez do protocolo de

avaliação do sono e do ritmo circadiano de atividade-repouso (ou sono-vigília).

A título de fornecer um material útil para pesquisas futuras nessa área,

consideramos importante destacar as dificuldades encontradas durante o

processo de recrutamento de voluntários. De modo geral, a quantidade de jovens

69
D I S C US S ÃO

que procura um ambulatório em busca de ajuda devido a queixas de sintomas

psiquiátricos é pequena. Perante essa dificuldade de limitação de recrutamento, o

Programa de Intervenção em Indivíduos em Estados Mentais de Risco (o

PRISMA) realizou, e ainda realiza, tentativas, com diferentes níveis de sucesso,

de recrutamento de voluntários em estados mentais de risco em diferentes

serviços de saúde mental. Além disso, o reduzido interesse de alguns jovens com

EMR também foi um desafio. Pelo fato de eles não possuírem sintomas graves e

pelo estigma da doença mental, frequentemente, abandonavam o

acompanhamento antes mesmo de realizarem os exames (ressonâncias, coletas

de sangue, polissonografias, entre outros). Além disso, a participação dos jovens

envolvia algumas idas e vindas ao campus para a realização desses exames.

Como alguns deles eram menores de idade, necessitavam da companhia de um

responsável, o que nem sempre era possível. Finalmente, superadas essas

limitações, não raro os participantes não compareciam aos exames agendados.

Essas ausências implicavam em reagendamentos, atrasando o andamento do

estudo.

Os trabalhos sobre estados mentais de risco com amostras acima de

100 indivíduos são estudos longitudinais, cujos recrutamentos se deram ao longo

de até 15 anos (235-237). Esses trabalhos contaram e contam com sistemas de

assistência a pacientes portadores de problemas relacionados à saúde mental

mais articulados do que no Brasil, onde, a exemplo do PRISMA, o paciente

portador de psicose ou de TB é avaliado muitos anos após o surgimento dos

sintomas. Portanto, o recrutamento de indivíduos em EMR depende da

construção de parcerias com serviços de atenção primária e secundária. Isso tem

sido feito pela equipe do PRISMA, todavia, o recrutamento desses casos depende

da divulgação do entendimento dos EMR e da própria existência de um serviço de

intervenção precoce voltado para os EMR, que é único no Brasil, junto aos

profissionais de saúde mental. Nesse sentido, o recrutamento de voluntários em

70
D I S C US S ÃO

EMR é um desafio até mesmo para grupos de pesquisa atuantes em sistemas de

saúde mais estruturados. A vantagem do grupo do PRISMA é poder usufruir da

experiência desses grupos em relação ao treinamento dos profissionais que

façam a referência de pacientes e também na possibilidade da constituição de

consórcios nacionais e internacionais para possibilitar o seguimento de um maior

número de sujeitos. A este respeito, o PRISMA atua, há cerca de 2 anos, como

centro associado do projeto EU-GEI (European Network of National Schizophrenia

Networks Studying Gene-Environment Interactions), coordenado pelo Prof. Jim

van Os, da Universidade de Maastrich. Assim, apesar dos desafios, tanto em

termos mundiais como locais, esse tipo de estudo tem sido realizado.

Por fim, os dados desse estudo ainda serão interpretados no contexto

completo do projeto temático do qual faz parte. Em recente publicação de nosso


grupo (238) no periódico Neuroscience and Biobehavioral Reviews, o tema dos

ritmos biológicos e EMR despertou grande interesse nos editores, evidenciando a

relevância desse assunto na pesquisa científica. Sem dúvida, a prevenção da

psicose e do transtorno bipolar não se limitará à intervenção nos ritmos

biológicos, mas acredita-se que os ritmos sejam essenciais para a sua prevenção.

71
6. CONCLUSÕES
C O N C L US Õ E S

1. Os resultados desse estudo foram:

a. Alterações do ciclo vigília-sono encontradas nos indivíduos em

EMR;

b. Menor poder espectral de beta no grupo EMR;

c. Pior qualidade do sono nos indivíduos em EMR.

2. Esses indivíduos apresentaram um ciclo vigília-sono mais

fragmentado, não sincronizado com o ciclo claro-escuro, com baixa

amplitude na atividade motora diurna, e mais vespertino. Além disso,

o grupo EMR exibiu uma vigília mais passiva e com mais cochilos

durante o dia. Isso sugere uma ruptura com as rotinas sociais

normais e, consequentemente, uma dessincronização do sistema

interno com o ambiental.

3. O menor poder espectral de β do grupo EMR poderia refletir uma

alteração nas oscilações corticais desses indivíduos.

4. Os resultados abrem novas perspectivas de investigação visando a

abordagens diretas nos sincronizadores exógenos, os quais atuam

nos sistemas de temporização circadiana.

73
7. ANEXOS
ANEXOS

Anexo 1. Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa

75
ANEXOS

Anexo 2. Actogramas dos voluntários

Actograma do voluntário-controle 1

Actograma do voluntário-controle 2

76
ANEXOS

Actograma do voluntário-controle 3

Actograma do voluntário-controle 4

77
ANEXOS

Actograma do voluntário-controle 5

Actograma do voluntário-controle 6

78
ANEXOS

Actograma do voluntário-controle 7

Actograma do voluntário-controle 8

79
ANEXOS

Actograma do voluntário-controle 9

Actograma do voluntário-controle 10

80
ANEXOS

Actograma do voluntário-controle 11

Actograma do voluntário-controle 12

81
ANEXOS

Actograma do voluntário-controle 13

Actograma do voluntário-controle 14

82
ANEXOS

Actograma do voluntário-controle 15

Actograma do voluntário-controle 16

83
ANEXOS

Actograma do voluntário-controle 17

Actograma do voluntário-controle 18

84
ANEXOS

Actograma do voluntário-controle 19

Actograma do voluntário-controle 20

85
ANEXOS

Actograma do voluntário-EMR 1

Actograma do voluntário-EMR 2

86
ANEXOS

Actograma do voluntário-EMR 3

Actograma do voluntário-EMR 4

87
ANEXOS

Actograma do voluntário-EMR 5

Actograma do voluntário-EMR 6

88
ANEXOS

Actograma do voluntário-EMR 7

Actograma do voluntário-EMR 8

89
ANEXOS

Actograma do voluntário-EMR 9

Actograma do voluntário-EMR 10

90
ANEXOS

Actograma do voluntário-EMR 11

Actograma do voluntário-EMR 12

91
ANEXOS

Actograma do voluntário-EMR 13

Actograma do voluntário-EMR 14

92
ANEXOS

Actograma do voluntário-EMR 15

Actograma do voluntário-EMR 16

93
ANEXOS

Actograma do voluntário-EMR 17

Actograma do voluntário-EMR 18

94
ANEXOS

Actograma do voluntário-EMR 19

Actograma do voluntário-EMR 20

95
8. REFERÊNCIAS
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113
ABSTRACT
ABSTRACT

The psychotic disorders and the bipolar disorder are common chronic mental

disorders, usually associated with severe disability. The concept of at-risk mental

states (ARMS) is a strategy for identifying individuals at risk for developing those

disorders and is based on the presence of prodromal symptoms. Circadian rhythm

misalignments have been proposed as part of this very early phase of the clinical

course of psychosis or bipolar disorder. Objective: To compare wake-sleep cycle

changes in ARMS individuals and a healthy control group. Methods: Forty

volunteers, both genders, aged between 13 and 27 years old, participated in this

study. Twenty were ARMS group, and twenty were healthy controls. The ARMS

individuals were classified as ultra-high risk either for psychosis according to

CAARMS (Comprehensive Assessment of At-Risk Mental State) or for ultra-high

risk for bipolar disorder according to criteria proposed by Bechdolf and colleagues.

Participants used the actigraph for fifteen days, filled a sleep diary, and filled the

questionnaires Epworth Somnolence Scale, Pittsburgh Sleep Quality Index, and

Morningness and Eveningness Questionnaire. Results: When compared to

healthy volunteers, the ARMS group presented worse sleep quality (p=0.010),

more nap duration (p=0.038), less total wake time (p=0.001), more total sleep time

(p=0.011), less total activity duration (p=0.021), a rhythm more fragmented (by

values of autocorrelation and intradaily variability; p=0.008 and p=0.011,

respectively), less synchronized with dark-light circadian cycle (interdaily stability,

p=0.015), with lower amplitude (M10, p=0.008), and lower β1 spectral power
(p=0.033). Conclusions: The results showed the ARMS group had worse sleep

quality, impairment in β sync frequencies, and changes in sleep-wake cycle

compared to the control group.

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