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CÓLEGIO COC PALMAS

ELETIVA - 2022

O mercúrio e seus riscos à comunidade indígena Munduruku – Rio


Tapajós (PA)

Yasmin Carvalho
Emanuella Araújo
Iulla de Paula
Bruna Sara
Pedro Lima

Riscos do mercúrio ao meio ambiente e à saúde humana

PALMAS – TO

2022
Sumário
1. A contaminação indígena
2. Riscos à saúde humana, animal e ambiental
3. Os impactos à minoria indígena
4. Conclusão
5. Bibliografia
1. A contaminação indígena
Um desastre pode ser definido como o resultado de eventos
adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema
vulnerável, causando danos humanos, materiais e ambientais e
consequentes prejuízos econômicos e sociais.
Um estudo realizado pelo instituto Fiocruz na região média do Rio
Tapajós nos municípios de Itaituba e Trairão, no Pará, afirma que o povo
indígena Munduruku apresenta altos índices de mercúrio no organismo
devido a atividade garimpeira presente na região.
"Esse projeto foi concebido para atender a um pedido da
Associação Indígena Pariri, que representa o povo indígena Munduruku,
em virtude da elevada devastação do ambiente natural e da contaminação
provocada pelo mercúrio no Tapajós e seus afluentes. Os resultados nos
mostram que a atividade garimpeira vem promovendo alterações de
grande escala no uso do solo nos territórios tradicionais da Amazônia,
com impactos socioambientais diretos e indiretos para as populações
locais, incluindo prejuízos à segurança alimentar, à economia local, à
saúde das pessoas e aos serviços ecossistêmicos", explicou o
coordenador do estudo e pesquisador da Escola Nacional de Saúde
Pública (Ensp/Fiocruz), Paulo Basta.
Portanto, será necessária uma análise mais profunda do objeto
estudado para entendermos o processo de contaminação e enfim,
solucionarmos tal impasse com medidas viáveis.

2. Riscos à saúde humana, animal e ambiental


A poluição mercurial é extremamente prejudicial não somente à
saúde humana, mas a todo o ecossistema, começando pelos seres
aquáticos e atingindo os seres humanos, consumidores desses. Desse
modo, durante a pesquisa foram capturados oitenta e oito (88)
exemplares de peixes de diferentes espécies e todos estavam
contaminados por metais. A partir do resultado, foi possível concluir que
não apenas os peixes coletados estavam com índices altos de mercúrio
no organismo, mas também os seus principais consumidores. Os povos
indígenas afetados apresentaram níveis muito fortes da substância no
corpo pelo consumo em larga escala, bem como outras espécies de
peixes consumidores. “Os indígenas querem saber o que comer, pois os
peixes contaminados estão na nossa mesa e o alimento que temos vem
do rio. A presença do garimpo afeta não só a saúde, mas toda a nossa
vida social com a chegada das drogas, da violência doméstica e da
prostituição. É preocupante, mas precisamos de uma solução. A gente
tem que criminalizar e punir as pessoas que contaminam o rio”, admite a
líder indígena Alessandra Korap Munduruku.
Nesse sentido, é possível entendermos que o principal agente
transmissor da substância mercurial é a água de rios, lagos e afluentes.
Von Sperling (1996) define a poluição da água como a adição ou retirada
de substâncias que alterem o pH dessa, e consequentemente afeta os seus
consumidores. Bem como a obra “Erin Brockovich - Uma Mulher de
Talento” narra, pois no momento em que as vítimas da longa ingerem a
substância altamente tóxica, Cromo VI, por intermédio da água, é possível
vermos casos de câncer e, sem os devidos tratamentos a longo prazo, a
morte.
Sob esse prisma, a obra se relaciona diretamente com a realidade,
uma vez que as vítimas que não possuem acesso aos seus direitos
básicos como cidadãos são consideradas minorias da sociedade, como
os indígenas afetados pela substância tóxica que não são assistidos por
órgão estatais.
Portanto, infere-se que se o curso d’água estiver contaminado, toda
a população da região será gravemente afetada, implicando doenças
altamente tóxicas, a perda em massa de indígenas e o crescimento de
emissão mercurial nos afluentes, visto que geralmente não há a
fiscalização dos cursos d’água e de seu pH, como é denunciado pela obra,
colocando em risco, principalmente, as populações indígenas que usam
a prática da pesca como subsistência (BOSCHIO; BARBOSA, 1993).
3. Os impactos à minoria indígena
Diante desse cenário, é possível observar que as populações
indígenas são diretamente afetadas pela substância, tendo em vista que
a ocupação de terras pelos garimpeiros afeta não só o ecossistema, mas
há uma hierarquia imposta sobre as minorias.
Um levantamento feito pelo MapBiomas aponta que os índices de
áreas ocupadas por garimpeiros aumentaram em 495% entre 2010 e
2020, juntamente das taxas de contaminação por mercúrio por todo o
Brasil. Dessa forma, é necessário compreender o apelo feito pelas
sociedades indígenas por direitos básicos, uma vez que a perda em
massa de seus cidadãos atinge não só a cidadania praticada, mas a fonte
de proteína desses.
Desse modo, entende-se que os indígenas, por não serem tratados
como cidadãos dignos, acabam sendo marginalizados pela sociedade. É
possível observar que as crianças indígenas que habitam regiões
tomadas pela atividade garimpeira, por serem mais vulneráveis, estão
mais suscetíveis à contaminação por mercúrio que os adultos, por
exemplo, pois durante a pesquisa cerca de 15,8% delas apresentaram
problemas em testes de neurodesenvolvimento.
Dessa maneira, entende-se que o Brasil, por ser um país em
desenvolvimento, não direciona investimentos para a fiscalização da
atividade, sendo comum encontrarmos invasões constantes às terras
indígenas e explorações assíduas do meio, corroborando um grave
cenário explorador e hierárquico.
Portanto, é possível notar que o Estado não assiste as vítimas do
mercúrio emitido pelo garimpo, sendo necessária a criação de políticas
públicas que sejam aplicadas de maneira eficiente, de forma que as
minorias deixem de ser marginalizadas e comecem a ser valorizadas pela
sociedade. No entanto, o Estado não demonstra interesse na criação de
políticas protecionistas aos indígenas afetados pelo mercúrio, uma vez
que essas necessitariam de tempo e altos investimentos na área da
saúde, da justiça, do meio ambiente e da infraestrutura.
4. Conclusão
Com efeito, observa-se que a emissão mercurial em lagos e rios,
como o caso do Rio Tapajós, prejudica não apenas a saúde humana, mas
todo o ecossistema. Dessa maneira, devem ser analisadas medidas que
responsabilizem os agentes causadores do desequilíbrio atmosférico e
que assistam as vítimas afetadas por esses.
Nesse viés, são necessárias medidas que impeçam o escoamento
direto do mercúrio na água, evitando a contaminação indígena pelos
cursos d’água. A primeira medida a ser tomada é o planejamento da
atividade garimpeira e a fiscalização constante da ação, de forma que os
locais a serem tratados, em um segundo momento seriam menores, e
com isso os gastos seriam reduzidos.
Entretanto, existem locais em que as taxas de mercúrio e de acidez
nos rios são altas, necessitando de medidas drásticas. Um tratamento
viável e acessível é a construção de barragens nas saídas dos garimpos,
com o intuito de conter os resíduos. Expulsar os garimpeiros das terras
que foram invadidas é uma medida drástica e emergencial, mas
extremamente necessária para a manutenção da vida e da saúde da
comunidade em questão.
USEPA (2005) afirma que existem métodos eficazes que retiram
ou repõem a acidez da água, sendo esses classificados em ativo e
passivo. O método ativo envolve a neutralização da água por substâncias
alcalinas, visando a diminuição ou a erradicação de acidez na água. O
método passivo, por sua vez, cria um sistema de neutralização simples
que necessitará de pouca manutenção, utilizando reações biológicas e
químicas que ocorrem naturalmente na Drenagem Ácida de Minas (DAM).
Ambas as medidas mostram-se ser extremamente eficazes e viáveis.
Somado a isso, serão necessários movimentos que partam do
Ministério da Saúde, com testes constantes e exames de rotina, para que
enfim, o impasse seja tratado de maneira direta, evitando os altos índices
de contaminação.
Portanto, devem ser feitas fiscalizações constantes para que
desastres socioambientais, como o da comunidade Munduruku não
estejam presentes no hodierno.

5. Bibliografia
• AGUIAR, Danicley de. No Pará, estudo comprova contaminação
dos Munduruku por mercúrio de garimpo ilegal. 2020;
• ARAUJO, Patricia Correia de et al. Avaliação dos teores de
mercúrio na atmosfera em áreas de mineração artesanal ou de
pequena escala de ouro no Brasil e riscos à saúde humana. 2017;
• BASTA, Paulo Cesar; HACON, Sandra de Souza. Impacto do
mercúrio na saúde do povo indígena Munduruku, na bacia de
Tapajós. 2020;
• Bonumá, Nadia Bernardi. "Avaliação da qualidade da água sob
impacto das atividades de implantação de garimpo no município de
São Martinho da Serra." (2006);
• BOURSCHEIT, Aldem. Todos os indígenas de três aldeias
Munduruku no Pará estão contaminados por mercúrio do garimpo.
2021;
• DE-PAULA, Victor Gomes; LAMAS-CORRÊA, Ronald; TUTUNJI,
Valdi Lopes. Garimpo e mercúrio: impactos ambientais e saúde
humana. Universitas: ciências da saúde, v. 4, n. 1, p. 101-110,
2006;
• SILVA, Rayanne Maria Galdino et al. Influência do enxofre
elementar adicionado em um resíduo da mineração visando à
liberação de nutrientes no solo. Engenharia Sanitária e Ambiental,
v. 26, p. 309-316, 2021;
• VEIGA, Marcello Mariz da, Alberto Rogério Benedito da Silva, and
Jennifer J. Hinton. "O garimpo de ouro na Amazônia: aspectos
tecnológicos, ambientais e sociais."(CETEM/MCT, 2002).
• https://portal.fiocruz.br/noticia/estudo-analisa-contaminacao-por-
mercurio-entre-o-povo-indigena-munduruku;

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