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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

Ciências Biológicas

AMANDA PEZZINI MARTINS


ESTHER MARA MACIEL OLIVEIRA
HELENA CRISTINA DOS ANJOS MARTINS
LIVIA VITÓRIA DE AGUIAR OLIVEIRA
MARIA LAURA GONÇALVES
QUEZIA EMANUELLE FERREIRA
SAMARA SANTANA PEIXOTO
PAULO FRANCISCO FALCÃO ALMEIDA

TRATO DIGESTIVO DE PEIXES DA LAGOA DA PAMPULHA

Impacto da poluição da lagoa em Oreochromis niloticus

Belo Horizonte
2023
INTRODUÇÃO
A Lagoa da Pampulha é um reservatório artificial de relevância cultural e social, as
diversas intervenções artísticas e arquitetônicas conferiram à mesma o título de
Patrimônio Cultural da Humanidade. O crescimento descontrolado das comunidades
no entorno trouxe graves consequências para a preservação do ambiente, a
ocupação das bacias do Ressaca e do Sarandi causaram a aceleração da
degradação da água. (RESENDE, Alice Trópia et al., 2016)
A Lagoa da Pampulha apresenta uma grande variedade de animais, entre elas
estão diversas espécies de peixes, que acabam tendo o nicho e o habitat afetados
de modo negativo. O despejo de esgoto doméstico nos córregos que deságuam na
lagoa leva ao aumento de matéria orgânica, e consequentemente, ocasiona a
contaminação dos animais. Os peixes são impactados diretamente, pois
apresentam maior sensibilidade a poluentes aquáticos e são contaminados através
de absorção direta de substâncias da água pelas brânquias ou pelo alimento
ingerido. (SOUZA, 2019)
O risco de contaminação da Lagoa da Pampulha é uma preocupação geral, o livre
acesso a maior parte do curso d'água possibilita o contato direto de visitantes com a
água e aos animais que vivem nela. A pesca é uma atividade presente mesmo
diante dessa preocupação, tilápias, dourados e outros são pescados, consumidos e
ou vendidos sem nenhuma fiscalização. (ARAÚJO, Antônio Marcondes et al., 2017)
Segundo dados do EMBRAPA, a Oreochromis niloticus, tilápia encontrada na
Pampulha, é uma das espécies de peixe mais consumidas no Brasil. As tilápias
podem ser herbívoras, fitoplanctófagas, omnívoras ou detritívoras. A espécie
encontrada na Lagoa da Pampulha é fitoplanctófaga, ou seja, alimentam-se de
algas, mas aceitam rações à base de subprodutos agropecuários. (OLIVEIRA,
Elenise Gonçalves et al., 2007)
Pesquisas realizadas com Oreochromis niloticus da Lagoa da Pampulha, apontaram
a contaminação das tilápias com os dejetos do esgoto lançado na lagoa. Dados
apontaram que 73% das amostras apresentaram contaminação por coliformes, 20%
das amostras estavam fora do padrão preconizado pela legislação vigente para
Staphylococcus aureus e ausência de Salmonella sp. Os resultados corroboram os
impactos nos animais e o risco de contaminação humana através do consumo dos
mesmos. (Souza, 2019)

OBJETIVO
A existência de peixes em um corpo de água, é considerada como um excelente
“termômetro” do real estado de pureza da água. Os peixes são alvo de pesquisas
sendo utilizados como sentinelas do estado de conservação das águas continentais,
possuindo uma estreita relação entre as respostas dos peixes com a condição
ambiental do meio aquático.
A avaliação dos exemplares de tilápias da Lagoa da Pampulha e posterior
comparação com as tilápias comercializadas em mercados possibilita a identificação
de possíveis interferências advindas da poluição (contaminação, alterações
anatômicas, dentre outros).
O material digestório pode fornecer informações sobre a qualidade da alimentação
dos peixes e também sobre a presença de substâncias tóxicas na água, como
metais pesados e compostos orgânicos persistentes. A comparação com tilápias
comercializadas em mercados permite identificar se há diferenças significativas nos
níveis de contaminação e avaliar se a poluição da Lagoa da Pampulha pode estar
afetando a qualidade dos peixes lá viventes.
Somado à informação prévia de que civis pescam na Lagoa da Pampulha para
consumo próprio ou de terceiros, detectar possíveis alterações e contaminações no
material digestório é uma ferramenta para auxiliar a garantia da segurança alimentar
e monitorar a qualidade da água dessa importante área de lazer e turismo em Belo
Horizonte.

MÉTODOS
Os espécimes utilizados neste estudo foram provenientes da Lagoa da Pampulha e
de uma peixaria localizada na região Noroeste, ambos na cidade de Belo Horizonte,
Minas Gerais.
Neste estudo foram capturados 10 espécimes adultas de tilápia, sendo 2 fêmeas
(caracterizadas pela presença de ovos em seu interior) e 8 machos. Dentre os
exemplares, 5 deles são de origem da Lagoa da Pampulha, e os outros 5 foram
adquiridos em uma peixaria.
Procedimento anatômico
No laboratório, os animais foram medidos, deste modo, realizou-se a morfometria,
registrando os dados individuais referentes ao comprimento total, comprimento
padrão, distância do final do focinho até o pedúnculo caudal, dentre outros. Para
este procedimento utilizou-se o paquímetro.
Logo depois, foi realizada uma incisão central mediana a partir do opérculo até o
ânus, retirando estômago e intestino para que os resíduos presentes nestas
estruturas fossem analisados, posteriormente, com auxílio da lupa eletrônica e do
microscópio.

LOCAL DE ESTUDO
Peixe Impactado (Lagoa da Pampulha) - A Lagoa da Pampulha localiza-se no
município de Belo Horizonte, MG. É um lago artificial que faz parte da Bacia dos
Rios das Velhas. Sua vegetação, que antes era composta pelo bioma cerrado, foi
descaracterizada devido à forte ação antrópica na região. O clima da lagoa é
classificado como tropical de altitude, com duas estações bem definidas ao longo do
ano: a estação chuvosa, entre outubro e março, e a estação seca, entre abril e
setembro. Na estação chuvosa, ocorre cerca de 90% da precipitação média anual,
cujo valor é 1.500 mm, ao ano, já a temperatura do ar apresenta pequena amplitude
ao longo do ano, variando de 13,1ºC a 28,8ºC.
Peixe Referência (Peixaria) - O peixe referência, foi pescado no Rio São Francisco
que se estende de Minas Gerais até o Oceano Atlântico. Ao longo do curso do rio o
bioma predominante é o Cerrado e a Caatinga e as margens são formadas por
matas ciliares. A pluviosidade apresenta média anual de 1.036 mm. O trimestre
mais chuvoso é de novembro a janeiro, contribuindo 60% da precipitação anual,
enquanto o mais seco é de junho a agosto. Já o clima apresenta uma variabilidade
associada à transição do úmido para o árido, com temperatura média anual
variando de 18° a 27°C.

COLETA DE DADOS
Todos os métodos e pesquisas foram feitos com peixes da própria lagoa e peixes
comprados em uma peixaria.
A metodologia foi utilizada a partir da morfometria, registrando os dados individuais
referentes ao comprimento total, comprimento padrão, distância do final do focinho
até o pedúnculo caudal, dentre outros. Foram retirados estômago e intestino para
que os resíduos presentes nestas estruturas fossem analisados. Posteriormente,
com auxílio da lupa eletrônica e do microscópio, notou-se uma diferença em sua
anatomia e em todo seu trato gastrointestinal. A partir dos dados obtidos
formaram-se gráficos comparativos e mais adiante, iremos também comparar os
habitats das mesmas.
O trabalho em si tem como objetivo focar em sensibilizar a população a não
consumir os pescados da lagoa da Pampulha já que devem ser “consideradas,
ainda, as ações do serviço de inspeção e da vigilância sanitária, descrevendo-se as
características internas e externas do pescado, que asseguram sua qualidade para
o consumo. “(GERMANO, 1998)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Antonio Marcondes et al. LAGOA DA PAMPULHA. Revista De Trabalhos
Acadêmicos–Universo Belo Horizonte, v. 1, n. 2, 2017. Disponível em:
<http://revista.universo.edu.br/index.php?journal=3universobelohorizonte3&page=art
icle&op=view&path%5B%5D=4232&path%5B%5D=0> Acesso em: 19 de abril de
2023

Germano, Pedro Manuel Leal; Germano, Maria Izabel Simöes; Oliveira, Carlos
Augusto Fernandes de.Aspectos da qualidade do pescado de relevância em saúde
pública / The quality aspects of the fish in the public health.Hig. aliment ; 12(53):
30-7, jan.-fev. 1998. Artigo em Português | LILACS | ID: lil-213370.

OLIVEIRA, Elenise Gonçalves et al. Produção de tilápia: mercado, espécie, biologia


e recria. 2007. Disponível em:
<https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/69806/1/Circular45.pdf>
Acesso em:15 de abril de 2023
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RESENDE, Alice Trópia et al. Os pescadores da Lagoa da Pampulha. Feira
Brasileira de Colégios de Aplicação e Escolas Técnicas, 2016. Disponível em:
https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/42747 Acesso em: 20 de abril de 2023
RIDOLFI, Stéphano Diniz; POSSATO, Luiz Alfredo. Avaliação da qualidade da água
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24, 2016. Disponível em:
<http://www.meioambientepocos.com.br/anais-2016/376.%20Avalia%C3%A7%C3%
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SOUZA, Rafael Miranda. Avaliação da qualidade microbiológica de peixes da


espécie Oreochromis niloticus da Lagoa da Pampulha-Belo Horizonte - MG.
NBC-Periódico Científico do Núcleo de Biociências, v. 9, n. 18, 2019. Disponível em:
<https://www.metodista.br/revistas-izabela/index.php/bio/article/view/1984> Acesso
em: 19 de abril de 2023.

RIDOLFI, S, D. POSSATO, L, A. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA


LAGOA DA PAMPULHA, BELO HORIZONTE - MG. Novembro de 2016. XIII
CONGRESSO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE DE POÇOS DE CALDAS.
Disponível em:
<http://www.meioambientepocos.com.br/anais-2016/376.%20Avalia%C3%A7%C3%
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