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CHUVAS D’AMAZÔNIA: Uma revisão das mudanças do regime de chuvas como

consequência da ação exploratória na Floresta Amazônica

Grupo de trabalho: Humanismo ecológico, racismo ambiental e mudanças climáticas na


Amazônia

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Maria Fernanda de Souza Martins
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Marcello França da Silva Júnior

Palavras-chave: Chuvas, Amazônia, Exploração, Meio ambiente

A historicidade do Brasil – rica em diversidade, multiculturalismo e identidade – revela


também as sombras e manchas em que essa história foi feita. Os problemas seculares, os quais
se manifestam nas diferentes relações sociais, chegam, inclusive, no meio ambiente. Desde o
descobrimento e invasão do país, a biodiversidade é explorada: antes com o Pau-Brasil, açúcar
e especiarias; hoje, com as madeireiras, a mineração e a agropecuária, elementos que, embora
desempenhem fundamental papel no desenvolvimento socioeconômico, acarretam diversas
problemáticas socioambientais, como as alterações climáticas provenientes dessa exploração
antrópica.
O desenvolvimento da indústria em diversos setores na Amazônia não acompanhou os
princípios de sustentabilidade. Em consequência disso, o que se observou no mundo (a gênese
de problemas socioambientais) apresentou-se também na floresta tropical, sendo uma
problemática, cuja responsabilidade se estabelece para diferentes agentes sociais. Ademais,
observa-se que uma das consequências para o meio ambiente é a alteração do regime de chuvas
na Amazônia a qual foi resultado de uma degradação histórica e politicamente mantida por
instituições de poder, ocasionando o desequilíbrio ecológico, o que acometeu a biodiversidade
brasileira.
A produção desse estudo se faz mediante a análise do regime de chuva, por base do ciclo
hidrológico da Amazônia e a relação com a degradação ambiental das últimas décadas. Este
estudo busca analisar a relação histórica da exploração dos recursos ambientais, verificar os

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Graduanda em Direito (UFPA/2023). Participante do grupo de pesquisa: Desenvolvimento, Democracia e
Minorias. E-mail: fenandinha3004@gmail.com
2
Licenciado em Letras, com habilitação em Língua portuguesa (UEPA/2018). Pós-graduando em psicolinguística
(FAMESSP/2023). E-mail: marcellofa41@gmail.com
impactos climáticos, sobretudo, na mudança do regime de chuvas na região amazônica e
destacar o racismo ambiental em relação à fauna e flora e raízes culturais.
É importante considerar a dimensão da floresta tropical não apenas em sua extensão,
mas a representatividade no clima mundial. Segundo Nobre et al. (2009), a floresta caracteriza
um importante regulador do clima global sendo esta uma relevante fonte de vapor d’água para
todo o sistema climático. Todavia, entre 2015 e 2022 a área total desmatada alcançou cerca de
12.500 km² segundo o Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite
(PRODES), o que decerto modifica o curso natural da natureza e traduz diversas problemáticas
nos ecossistemas. Estudos confirmam a mudança no regime de chuvas na região amazônica,
como aponta Amorim (2017), em que se constata a redução do índice de precipitação e aumento
de temperatura em áreas da região norte do Brasil acompanhadas do aumento progressivo do
desmatamento.
Diante disso, por meio desse estudo, infere-se que as mudanças climáticas foram e são
resultadas de uma degradação histórico-social, mantida nos alicerces da sociedade
contemporânea, em que o desequilíbrio do regime de chuvas é um óbice não apenas da geração
presente, como também preocupação para as futuras, além disso, é fato que o conjunto dessas
degradações e suas consequências climáticas refletem a displicência governamental e social.
Por esse motivo, é fulcral que cada vez mais, não apenas estudos, mas ações práticas possam
(re)existir a fim da mitigação desse entrave na sociedade brasileira, uma vez que a promessa
constitucional de direitos inalienáveis não há de existir sem o respeito ao meio ambiente, à
dignidade humana e, sobretudo, à democracia.

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