Simplificando, uma barragem de mina é uma estrutura construída para conter
resíduos de mineração e processamento de minério (DNPM, 2017). Existem 769 barragens de mineração no Brasil, das quais apenas 425 (55%) estão incluídas na Política Nacional de Segurança de Barragens (ANM, 2019), destacando o iminente desastre de rompimento de barragens no Brasil. São 219 pessoas morando no estado de Minas Gerais. Além disso, das 425 barragens monitorizadas no âmbito da política, 63 são consideradas de alto ou médio risco, enquanto 84 foram construídas de forma ascendente e, portanto, não são consideradas muito seguras ou estáveis (Pereira, 2005; ANM, 2019). A falha das barragens de resíduos mineiros provoca rápidas mudanças na cobertura do solo (Aires et al., 2018) e tem consequências graves, tais como perturbações hidrológicas, problemas socioeconómicos, poluição do ambiente físico e biológico, mortalidade e prejuízos na saúde e no bem-estar. existência. pertencem à população afetada (Foley et al., 2005; Dias et al., 2018; Carvalho et al., 2017; Queiroz et al., 2018; Magri et al., 2019; Neves et al., 2018). No dia 25 de janeiro de 2019, mais de três anos após o rompimento de uma barragem de rejeitos em Mariana, Minas Gerais (MG), foram iniciadas novas obras com a mineradora Vale S.A. Ruptura da barragem de rejeitos de minério de ferro relacionada. Será realizado em MG Brumadinho, Brasil. Ambas as barragens foram construídas de acordo com o Método de Melhoramento a Montante (G1, 2019). Os restos da Barragem I, associada à mina Córrego do Feijão, transbordaram de outras duas barragens e percorreram grandes extensões de terra no município de Brumadinho até serem definidos como Rio Paraopeba (Figura 1). O maior impacto imediato do rompimento de uma barragem é a perda de vidas. Até 2 de fevereiro de 2019, oito dias após o surto, ocorreram 110 mortes e 238 desaparecidos (G1, 2019). O elevado número de mortes causadas pelo desastre se deve principalmente à área administrativa da empresa próxima à barragem danificada e à área residencial que se estende desde a área de mineração até a comunidade do Parque da Cachoeira (Figura 1). Fotografias aéreas e topográficas mostraram que a delaminação danificou grandes áreas de terrenos, estruturas empresariais, habitações, atividades agrícolas e vegetação nativa (G1, 2019) (Figura 1). Contudo, a nível quantitativo, pouco se sabe sobre a dimensão e composição das áreas afetadas, dificultando a quantificação, caracterização e mitigação dos impactos. Como o acesso à área é limitado e a remoção de entulhos não é possível no curto prazo, o uso de ferramentas de geoprocessamento e imagens de satélite é essencial para caracterizar e investigar as áreas afetadas. Com base nessas considerações, o objetivo deste estudo é avaliar e caracterizar a área afetada pelos detritos do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão e discutir as consequências e a extensão do rompimento sob a perspectiva da mudança de território. À luz da capa e da literatura Figura 1. Esquematização da localização da mina Córrego do Feijão e das localidades atingidas pelo rompimento. Fonte: G1 (2019)
A cobertura do solo da área afetada foi mapeada integrando séries temporais
de dados de alta resolução do Google Earth Pro com o sistema de informações geográficas QGIS, seguindo a metodologia proposta por Pereira, Guimarães & Oliveira (2018). As classes de cobertura do solo foram mapeadas sem consulta de campo utilizando modelos visuais, geoespaciais e temporais descritos pelos mesmos autores. As classes mapeadas são: Mata Madura (floresta em estágio avançado de sucessão ecossistêmica); Regeneração natural (áreas cobertas naturalmente em vários estágios de sucessão) Florestas antropogênicas (áreas naturais sujeitas a perturbações humanas contínuas ao longo do tempo) Pântanos (ambientes pantanosos); pastagens; agricultura anual; água; Habitações e casas (aglomerados residenciais e de serviços como pousadas e estruturas associadas como pavimentos, esplanadas e armazéns) Estradas rurais; Edifícios empresariais (áreas com edifícios industriais e administrativos identificados pela presença de estruturas e veículos relacionados ao processamento de minério) barragens; e meus resíduos. A escala de mapeamento foi de 1:4000, o que corresponde a uma área maleável mínima de 400 m2 (IBGE, 2013). Por fim, as estruturas imobiliárias afetadas por rejeitos são listadas em duas categorias: Estruturas empresariais envolvidas na extração e processamento mineral, por ex. por exemplo, sedes administrativas, barragens e departamentos ferroviários); Outras estruturas afetadas são estruturas familiares (por exemplo, casas, edifícios agrícolas, bares e piscinas). A secção de carga não está incluída por se tratar de uma estrutura mista que se aplica a ambos os grupos. Segundo Pereira, Guimarães & Oliveira (2018), a contabilidade é realizada por meio da interpretação dos dados do Google Earth Pro. A interpretação dos dados das imagens resultantes do Sentinel 2B e das séries temporais do Google Earth Pro permitiu o mapeamento da cobertura do solo antes de ser enterrado na lama (Figura 2). Os afloramentos cobrem um total de 297,28 ha de terreno, a maior parte dos quais baixos e relativamente planos, circundando o leito do canal. Foram encontradas grandes variações na cobertura, permitindo mapear 12 classes de cobertura do solo. Os resultados apresentados na Figura 2 mostram que muitos edifícios e estruturas fixas, bem como áreas agrícolas e estradas circulares, foram destruídas devido à lama. A Figura 3A é um diagrama que mostra a distribuição da cobertura do solo em áreas afetadas por rejeitos de minas. Antes do surto, as atividades agrícolas ocupavam 37,9 ha. Em relação à área total, 8% da terra consiste em agricultura, 5% em pastagens, 2% em águas superficiais e 15% nos próprios componentes da barragem quebrados/danificados (por exemplo, blocos e leitos). Aproximadamente 19% da área afetada é ocupada por atividades humanas não agrícolas, enquanto os restantes 51% da área afetada são cobertos por vegetação natural. A maior parte da vegetação nativa está conservada (65%) e cerca de 26% é vegetação em estágio intermediário de conservação. Além disso, 9% das plantas são produzidas em ambientes pantanosos, que são críticos para a biodiversidade e a conservação da água (Figura 3B). Dos 57 ha de terras perturbadas (19% da área afetada, Figura 3A), 86% situam-se em áreas empresariais. 12% são ocupados por moradias e sobrados e 2% são estradas rurais (Figura 3C). A maior parte das áreas destruídas estava associada a empresas, mas as propriedades familiares foram as mais afetadas. 59% das estruturas foram afetadas (Figura 4). Os danos estruturais foram suficientemente graves para que um total de 193 estruturas fossem diretamente afetadas pela lama. Figura 4. Número de estruturas permanentes afetadas por resíduos de minas. O rompimento da barragem de rejeitos do complexo mineiro do Córrego do Feijão provocou alterações muito significativas na cobertura do solo. Estas mudanças permitem uma avaliação integrada e realista do impacto das catástrofes. Abaixo estão alguns dos principais impactos socioeconómicos e ambientais das perturbações, numa perspectiva de mudança da cobertura do solo com um enfoque local/regional. As jazidas de minas de ferro na região do Quadrilátero Ferrífero apresentam alto potencial de poluição ambiental física e biológica no curto ou longo prazo devido ao seu teor de minérios finos e à presença de metais pesados (Carvalho et al., 2017; Queiroz et al., 2018). Os fluxos de resíduos que chegam ao fundo do terreno poluem os mananciais locais e o Rio Paraopeba. A disposição de resíduos destrói a piscicultura e outras formas de vida aquática devido à asfixia devido ao aumento da carga de sedimentos (Lopes, 2016). A poluição também afeta a sobrevivência das comunidades tradicionais a jusante (Figura 5A) e o abastecimento de água de cidades, como a região metropolitana de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais (Figura 1). Os 12 milhões de metros cúbicos de lama aumentarão o transporte de sedimentos ao longo do tempo (Magri et al., 2019), contaminando sedimentos de fundo e barragens hidrelétricas nos rios Paraopeba e São Francisco, bem como fontes subterrâneas de poluição. Todos os animais selvagens, e não apenas os peixes, são afectados (Figura 5AB). 51% da área afectada é um ecossistema natural rico em biodiversidade, dos quais mais de 65% (98,18 ha) são florestas na fase ecológica desenvolvida (Figura 1). e 2). A gravidade dessas perdas é destacada pelo fato de que as florestas afetadas são florestas semidecíduas do ecossistema Cerrado/Mata Atlântica (IBGE, 2004), dois hotspots de biodiversidade altamente ameaçados (Myers et al., 2000). A presença de resíduos de minas nestes ecossistemas pode levar à biodisponibilidade, bioacumulação e distribuição regional de metais pesados, afetando a biodiversidade e a resiliência ambiental em grandes escalas espaciais (Dias et al., 2018; Queiroz et al., 2018). Se o lodo chegar ao oceano através do estuário do Rio São Francisco, poderá ter sérios impactos na fauna marinha (Magri et al., 2019). Nesta região, a lama cobre grandes áreas de terras férteis (Figura 2). Além da poluição geoquímica, a secagem dos resíduos de minério de ferro leva à formação de camadas finas, densas e espessas de argila que dificultam fisicamente as atividades agrícolas (Silva et al., 2016). O solo afetado ocupa a parte inferior da saída, onde há alta concentração de matéria orgânica e argila altamente ativa, o que garante a disponibilidade de água e nutrientes (Schaefer, 2013). Os solos afetados são, portanto, mais férteis em comparação com os recursos fornecidos pelo Latossolo e Camisolão dominantes regionalmente (FEAM, 2010). A ocupação destas terras destruiu grandes áreas de agricultura anual, especialmente culturas hortícolas, como alface e outras culturas folhosas (Figura 5C). O gado e outros animais também foram enterrados na lama, destruindo 14,16 ha de pastagens (Figura 5D). À medida que as terras agrícolas, os recursos hídricos e as interações dos ecossistemas são gravemente afetadas, a produção de alimentos, a segurança alimentar e a saúde pública na região tendem a ser gravemente afetadas (Carvalho et al., 2017; Dias et al., 2018). Além disso, a lama destruiu muitas estradas, casas, bens e instalações de produção (Figuras 2, 3, 4), causando graves perdas económicas às famílias afetadas, 81 das quais perderam as suas casas (Coelho, 2019). Perdas humanas, ambientais e socioeconómicas em grande escala também terão um impacto significativo no estado psicológico, mental e psicossocial das populações afetadas (Neves et al., 2018). Portanto, são necessárias pesquisas sobre o processo de degradação socioambiental e sua dinâmica temporal e espacial. Devido à escala e natureza do impacto imediato, a investigação visa: a) Diagnosticar as condições socioeconômicas, ambientais e psicológicas após um desastre é considerado uma emergência. b) Abordar questões relativas à natureza e probabilidade de contaminação de resíduos. (c) Avaliar os efeitos imediatos da poluição na saúde humana e nos ecossistemas. Os resultados deste estudo fornecerão orientação para a seleção de técnicas e métodos para a restauração de impactos de curto e médio prazo, bem como investigação cognitiva para encontrar soluções para mitigar os danos a longo prazo. Finalmente, dado o grande número de estruturas empresariais e familiares encontradas nas (previstas) trilhas de lama (114 estruturas, Figura 4), é necessária investigação relacionada com a melhoria da gestão de riscos nas empresas mineiras. Compensação para famílias afetadas.
Devido ao seu tamanho e natureza descubra e considere o impacto imediato os
objetivos da pesquisa de emergência são: a) Diagnosticar. socioeconômico, ambiental, Psicologia pós-desastre; (B) Endereço natureza dos resíduos e seu potencial de contaminação; que c) Avaliar o impacto imediato da contaminação sobre: Saúde dos seres humanos e dos ecossistemas. decisão Este estudo fornecerá orientação escolhendo técnicas e métodos de recuperação Efeitos de curto e médio prazo Insights para pesquisa para encontrar soluções reduz danos a longo prazo. finalmente, porque existem muitas estruturas Empreendedores e famílias no caminho certo Lama (Projetada) (114 estruturas, Figura 4). Necessidade de pesquisas relacionadas à melhoria Gestão de riscos de mineradoras como o desenvolvimento Acompanhamento e Compensação às Famílias Complexidade e intensidade relevantes alcançadas efeitos observados e seu significado; os métodos estão além do escopo deste estudo. Cada um requer uma análise aprofundada. Campo específico de estudo. Mas brevemente Dimensões de impacto em perspectiva mudança de cobertura do solo, desde que Perspectivas importantes para pesquisadores você pode gerenciar seus estudos por conta própria. Esses estudos Você precisa medir e corrigir. Do curto ao longo prazo, perdas necessárias desde abordagens específicas até a maioria é multidisciplinar e integrativo. além disso, este trabalho apresenta uma abordagem O mesmo se aplica aos níveis local e regional. Como resultado, através de uma investigação mais aprofundada investigue cada efeito de interferência A barragem do Córrego do Feijão poderia e deveria ter sido feita. O estudo foi realizado para direcioná-los. Especialmente no campo da ciência. POSSIVEIS CAUSAS DO ROMPIMENTO Uma delas é que tenha ocorrido a liquefação no solo, ou seja, uma pressão na estrutura, levando ao problema. Outra suspeita é que explosões com dinamites ocorridas perto do local tenham influenciado no rompimento. A Vale nega. O que se sabe é que a barragem I do córrego do Feijão estava desde 2016 sem fiscalizações por parte da Agência Nacional de Mineração (ANM). A Vale contava com normas de segurança internacionais e assegura que respeitava todos os procedimentos. Após o acidente ambiental, o Ministério Público Federal recomendou ao Ibama, Secretaria do Meio Ambiente de Minas Gerais e ANM que não concedam novas licenças ambientais para barragens que utilizem a técnica de alteamento a montante. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) também foi aberta no Senado para investigar as causas do acidente, sendo presidida pela senadora Rose de Freitas (PODE-ES). Após quase seis meses de análises, 14 pessoas foram indiciadas, como engenheiros e executivos da Vale. (STOODI)