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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL

GENESIS DOS SANTOS PANTOJA


CLAUDINEI RODRIGUES BARBOSA

UM ESTUDO SOBRE AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA UTILIZAÇÃO


DA FÔRMA DE MADEIRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Belém -PA
2018
GENESIS DOS SANTOS PANTOJA
CLAUDINEI RODRIGUESBARBOSA

UM ESTUDO SOBRE AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA UTILIZAÇÃO


DA FÔRMA DE MADEIRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão apresentado


com vistas a obtenção do grau de
Engenheiro Civil pela Universidade
Federal do Pará, e orientado pela
Prof. Msc. Renato M. Neves.

Belém-PA
2018
GENESIS DOS SNTOS PANTOJA
CLAUDINEI RODRIGUES BARBOSA

UM ESTUDO SOBRE AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA UTILIZAÇÃO


DA FÔRMA DE MADEIRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado com vistas à obtenção do


grau de Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Pará, e orientado pelo
Prof. Msc. Renato M. Neves.

Banca Examinadora

________________________________________________
Prof. Msc. Renato M. Neves.

______________________________________________
Examinador 1

________________________________________________
Examinador 2

Julgadoem: _____/_____/____

Conceito: ___________________

Belém-PA
2018
AGRADECIMENTOS

Eu, Gênesis dos Santos Pantoja gostaria de expressar meus sinceros


agradecimentos:
Ao meu orientador, por sua dedicação e sabedoria, e principalmente pela
paciência dispensados durante a realização deste trabalho.
A meu colega Claudinei Barbosa, pelo companheirismo e comprometimento
durante a realização deste trabalho.
Aos meus parentes, pelos momentos felizes que suas companhias sempre
me proporcionam.
Aos meus colegas de turma, pelo companheirismo, amizade e momentos de
lazer durante esses seis anos de curso.
Aos professores da Faculdade de engenharia civil, pelos ensinamentos
repassados.

Eu, Claudinei Rodrigues Barbosa, agradeço primeiramente aos meus pais


pela oportunidade de cursar uma faculdade, e também por nunca me permitirem
desacreditar de meus sonhos.
Agradeço a Deus pelos dias de luz, proteção divina e vitórias por Ele
concedidos.
E por fim, agradeço a minha namorada, aos meus filhos e amigos pelo apoio
e força nos momentos difíceis da vida e também do curso de engenharia civil.
DEDICATÓRIA

Eu, Gênesis dos Santos Pantoja dedico este trabalho ao meu Deus, pois se
cheguei até aqui foi graças as suas bênçãos, e também a minha família, amigos e
alguns professores que juntos me deram todo o apoio necessário para trilhar o
caminho da vitória.
Eu, Claudinei Rodrigues Barbosa dedico este Trabalho de Conclusão a
minha mãe Maria Barbosa, a minha namorada Paulyana Nascimento, aos meus
filhos e a Deus.
A história da humanidade há muito se
caracteriza pela modificação do
ambiente natural com a finalidade de
adaptá-lo às suas necessidades,
anseios e busca por condições
seguras de se abrigar das
intempéries ambientais.

(PGIRCC,2009. p.7)
RESUMO

O presente trabalho demanda o desenvolvimento do tema voltado para as


vantagens e desvantagens da utilização da fôrma de madeira na construção civil.
Neste sentido, seu objetivo geral é a apresentação de um estudo comprovando
assumir um papel preponderante a utilização da forma de madeira nas edificações
erigidas pela indústria da construção civil no estado do Pará. Os objetivos
específicos demandam: a) Descrever os principais aspectos da indústria da
construção civil; b) Explicitar a panorâmica do Sistema Construtivo; c) Evidenciar as
vantagens e desvantagens da utilização da forma de madeira nas edificações. A
metodologia empregada assume caráter exploratório com um estudo qualitativo de
caráter de revisão bibliográfica embasado em autores que abordem o assunto em
questão.

Palavras-Chave: Fôrmas. Madeira. Edificações. Construção civil.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Madeira Serrada.........................................................................................25


Figura 2: Folha de compensado resinado..................................................................27
Figura 3: Folha de compensado plastificado..............................................................27
Figura 4: Dimensões das chapas compensadas........................................................28
Figura 5: Diagrama da pressão lateral.......................................................................33
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Dimensões de pregos............................................................................... 29


Tabela 2 – Coeficientes de majoração...................................................................... 31
Tabela 3 - Fatores de minoração.............................................................................. 31
Tabela 4 - Valores de 𝐤….……………………………………………………………....... 32
Tabela 5 - Valor de 𝐤𝐦𝐨…………………………………………………………………… 32
Tabela 6 - Classes de umidade................................................................................ .32
Tabela 7 - Características físicas e geométricas de compensados.......................... 33
Tabela 8 - Prazos de desforma................................................................................. 35
Tabela 9 -Vantagens e desvantagens do uso da madeira na construção civil........ 38
SUMÁRIO

RESUMO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................10

2 A INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL..................................................... 12

2.1 ENFOCANDO OS PRINCIPAIS ASPECTOS DA INDÚSTRIA DA


CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL: O USO DA MADEIRA.........,................ 12
2.1.1 O viés para o uso da forma de madeira na construção civil................... 14
2.2 O SISTEMA CONSTRUTIVO: ESPECIFICAÇÃO DO MATERIAL.............. .16
2.2.1 As edificações e a utilização da forma de madeira: retrospectiva
histórica e definições................................................................................ 16
2.2.2 Sistema de fôrma de madeira:conceitos características e relevância.. 20
2.2.2.1 Rigidez......................................................................................................... 21
2.2.2.2 Estanqueidade........................................................................................... 21
2.2.2.3 Durabilidade......................................................................................................... 21
2.2.2.4 Resistência mecânica à ruptura................................................................ 22
2.2.2.5 Reatividade química.....................................................................................22
2.2.2.6 Baixa aderência ao concreto..................................................................... 22
2.2.2.7 Estabilidade ................................................................................................ 22
2.2.2.8 Baixa absorção de água ............................................................................ 22
2.3 CATEGORIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE FÔRMAS.................................... 23
2.3.1 Sistema tradicional de fôrma de madeira................................................. 23
2.3.1.1 Materiais usados no sistema de fôrma de madeira................................. 24
2.3.1.2 Chapas de madeira compensada.............................................................. 26
2.3.1.3 Estruturação da fôrma................................................................................ 28
2.3.1.4 Complementos........................................................................................... 28
2.4 PREGOS...................................................................................................... 29

3 O CONTEXTO DA MENSURAÇÃO DE FÔRMAS...................................... 30


3.1 PADRÕES UTILIZADOS PARA A MENSURAÇÃO DAS FORMAS............ 30
3.2 PRESSÃO LATERAL DO CONCRETO…………………………………...... 33
3.3 PRESSÃO LATERAL EM FÔRMAS PARA PILARES
3.4 E VIGAS........................................................................................................34
3.4 PRAZOS PARA DESFORMA .......................... .................................................. 35
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E RESULTADOS.......................36
5 CONCLUSÕES...........................................................................................39
REFERÊNCIAS
ANEXOS
10

1 INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil constitui para o Brasil um dos setores


empresariais de maior representatividade na questão da absorção de mão de obra.
Outrossim, esse setor adquire a propriedade de ser, sob a ótica de Takahashi (2012)

Um dos maiores poderes econômicos, com alta geração de oportunidade de


emprego. É um segmento caracterizado pela precariedade na qualificação
da mão de obra e pela não continuidade do processo industrial, pois há
mobilização e desmobilização das equipes a cada obra executada.

Este contexto vivenciado pelo setor pode resultar no comprometimento da


produção dos acessórios como, por exemplo, a forma de madeira, utilizados nas
edificações sendo este um dos grandes desafios encontrados na construção civil. No
enfoque de Patrício (2013): “a construção civil é um termo usado para todo o tipo de
construção que tenha interação com a população, comunidade ou com a cidade, e
tem sido um nome adotado até presentemente”.
Fato a ser ressaltado é que em seus primórdios, a engenharia era
subdividida nos âmbitos civil e militar, no entanto, com o decurso do tempo, esta
divisão perdeu seu efeito, assumindo a conotação de construção civil para a
totalidade do que é pertinente ao trabalho de engenheiros e arquitetos civis com
demais profissionais de distintas áreas de conhecimento.
Não obstante, a construção civil tem sido um dos feitos que tem maior
representatividade no Brasil, “uma vez que “as grandes metrópoles estão
absorvendo a cada dia que passa, mais moradores, exigindo com que sejam
realizadas novas construções de estruturas urbanas” (PATRÍCIO, 2013).
A construção civil, em consonância com Medeiros (2009), “é um ramo em
que se exige uma grande atenção quando o assunto envolve segurança, gestão com
qualidade e respeito ao meio ambiente.” Neste contexto, os trabalhadores deste
âmbito compõem um grupo de pessoas que operam sua atividade laboral em
ambiente insalubre, devendo estar sempre atento aos materiais utilizados que, no
nosso caso é inerente à madeira.
A madeira é considerada como uma matéria-prima importante e versátil em
inúmeros setores da atividade humana, já que pode ser empregada em uma gama
variada de conjunturas. O uso da madeira na construção civil é temporário, na
instalação do canteiro de obras, nos andaimes, nos escoramentos e nas fôrmas.
11

Neste sentido, a madeira é um potencial material de construção civil por


intermédio de sua condizente utilização. Em face desse panorama torna-se
imprescindível o correto conhecimento das suas distintas propriedades físicas,
mecânicas e anatômicas e a consciência por parte de engenheiros, arquitetos e
construtores de que a tecnologia aplicada para aço e concreto não pode ser
permutada para a madeira.
Inúmeras pesquisas têm sido realizadas com o objetivo de tratar a madeira
para sua utilização em várias fases construtivas. A madeira em seu estado natural
possui propriedades próprias que podem ser modificadas com tecnologia moderna.
Em vista destes aspectos citados, assume importância a constituição deste trabalho
com o objetivo de evidenciar a utilização da forma de madeira na prática laboral das
edificações.
A contextualização do tema deverá responder ao seguinte problema:
- A utilização de forma de madeira apresenta mais vantagens ou
desvantagens no sistema construtivo das edificações erigidas pela indústria da
construção civil?
A resposta ao problema se embasa nas seguintes hipóteses:
a) Determinação dos fatores que demonstrem as vantagens da utilização
das formas de madeira no âmbito da construção civil;
b) As medidas que podem ser aplicadas para a minimização das
desvantagens advinda do emprego da forma de madeira no sistema construtivo.
O objetivo geral do trabalho é apresentar um estudo evidenciando as
vantagens e desvantagens na utilização da forma de madeira nas edificações
erigidas pela indústria da construção civil.
Mais especificamente pretende-se:
a) Descrever os principais aspectos da indústria da construção civil;
b) Explicitar a panorâmica do sistema construtivo;
c) Evidenciar as vantagens e desvantagens da utilização da forma de
madeira no âmbito da construção civil.
A metodologia empegada para a realização da pesquisa se fundamentou em
uma pesquisa qualitativa, traduzida em uma revisão bibliográfica, a qual forneceu
informações inseridas em fontes já elaboradas (referências) visando o exame de
cada assunto separadamente e a concepção de um quadro teórico (método
indutivo).
12

2 A INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1 ENFOCANDO OS PRINCIPAIS ASPECTOS DA INDÚSTRIA DA


CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL: O USO DA MADEIRA

No decurso do tempo, a construção civil assumiu papel de destaque como


um dos setores da atividade econômica que mais se desenvolveu no Brasil. Este
contexto confronta movimentos sucedidos no século XX, a conjuminação de fatores
atrelados à crise fiscal e previdenciária do Estado gerados pelo advento da Terceira
Revolução Industrial que “desencadeou severas transformações fizeram surgir por
meio de relações sociais de produção até a reprodução do cotidiano, ou seja, meios
de produção e família, com isso surge as novas redes sócio espaciais globalizando a
vida social” (SANTOS apud UNINDU, 2012).
Neste panorama, deve ser ressaltado que uma das grandes transformações
estruturais do setor foi a elevação da escala dos empreendimentos e migração de
empresas que tradicionalmente operavam nos segmentos de alta e média alta renda
em direção aos segmentos denominados econômicos. No entanto, em conformidade
com Souza (2014, p.1)

Esta decisão de atuar em larga escala leva à necessidade de fortes


investimentos em administração e na logística. Empecilhos de ordem legal
também se colocam, tendo em vista a existência de diferenças nos códigos
de obras que impedem as empresas de padronizarem seus projetos por
completo e adotarem sistemas construtivos padronizados.

A partir de 2007, em razão da progressiva aceleração do mercado da


construção civil, foi detectado pelas empresas do setor Impactantes grandes
entraves no decorrer das atividades, os quais são o desperdício de materiais, baixa
produtividade e elevação do custo da mão-de-obra.
Em consonância com Souza (2014, p.12) têm-se que este cenário

Incentiva os construtores a pensar na tecnologia como ferramenta de


competitividade e diversas empresas estão investindo na modernização dos
meios de produção e na crescente industrialização dos canteiros de obras,
com constante introdução de variedade de materiais, equipamentos,
processos construtivos e administrativos voltados à construção civil.
Contribuindo assim para a melhoria dos aspectos organizacionais, maior
competitividade e conduzindo o setor a uma maior qualidade construtiva e
redução de desperdícios.
13

Atualmente, o setor da construção civil se consubstancia como um dos


pilares na questão do desenvolvimento e da economia do país. A cadeia produtiva
da indústria da construção civil substancia o estímulo necessário à dinâmica
econômica, sendo simultaneamente, propulsora de renda, de emprego, de
investimento e da qualidade de vida.
Ademais, o setor da construção demanda inovações em seus produtos e
processos, de maneira a minimizar os dispêndios visando à maximização dos lucros
por intermédio do avanço na produtividade, na retração do consumo de materiais e
maior reaproveitamento destes.
Neste cenário, a indústria da construção brasileira promove fomentos
capazes de acelerar o crescimento econômico. A construção civil brasileira assume
o aspecto de materializar atividades produtivas da construção que abarca a
instalação, reparação, equipamentos e edificações de acordo com as obras a serem
realizadas.
O Código 45 da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE)
do IBGE interligam as atividades da construção civil como as atividades de
preparação do terreno, as obras de edificações e de engenharia civil, as instalações
de materiais e equipamentos imprescindíveis à operacionalização dos imóveis e as
obras de acabamento, levando em conta não só as construções novas, mas
também, as grandes reformas, as restaurações de imóveis e a manutenção corrente
(UNINDU, 2012).
Deve ser dito que, em inúmeras atividades da construção civil brasileira
torna-se imprescindível a aplicação de materiais acessórios, dentre os quais, pode
ser citado a madeira.
A aplicação da madeira como constituinte fundamental da estrutura de
edificações, não pode ser equiparada com o metal, entretanto, tem se evidenciado
de imensa vantagem, já que pode ser empregada em uma gama diversificada de
maneiras no transcurso da prática da atividade da construção civil, da mesma forma
que a sua utilização pode ocorrer temporária ou definitivamente.
Essa aplicação da madeira pode assumir várias formas, tais como, de
peças com parco ou nenhum processamento (madeira bruta e roliça) até peças com
alto nível de beneficiamento (lâminas, madeira tratada com preservativos, etc.).
14

2.1.1 O viés para o uso da forma de madeira na construção civil

De acordo com dados obtidos a partir de uma pesquisa executada pela CNI -
Confederação Nacional da Indústria e pela CBIC - Câmara Brasileira da Indústria da
Construção, determinaram que as empresas da construção civil apresentam reflexos
negativos devido à “falta de trabalhadores qualificados e têm dificuldades em
encontrar profissionais com qualificação básica, como pedreiros e serventes para
suprir esta demanda do setor (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA
2012).
Esse panorama, sob a ótica de Almeida (2012), explicita que um dos
desafios mais presente

Deve-se ao extraordinário esforço pessoal como uma condição necessária


para que a experiência cotidiana do trabalho seja um motor para
desenvolver habilidades. Habilidades que, entre outras contribuições,
tornam esses profissionais tidos como “desqualificados” em sujeitos aptos a
interação e ao diálogo (“técnico”) com um engenheiro ou outro profissional
envolvido no processo.

Em relação a esse processo, deve ser mostrada a relevância assumida pela


valorização da capacidade desenvolvida, principalmente pelos encarregados e
mestres-de-obras, em que são apostas a responsabilidade de administrar e
interceder a prática das atividades indispensáveis no dia a dia da obra transitando
entre distintas espécies de comunicação
Isso significa dizer que estão sob sua égide tornar possível, evidente, eficaz
eficiente, efetivo e objetivo, o entendimento do planejamento (concebido por
empresários, arquitetos e engenheiros) juntamente com a repartição e realização
das tarefas entre as equipes (encarregados/ pedreiros e serventes).
Concretamente, na construção civil, sempre foi utilizado como procedimento
condizente a entrega nas mãos de encarregados e mestres, a responsabilidade pela
definição das fôrmas, nessa circunstância, de madeira, levando em conta que os
padrões adotados para dimensionamento objetivo fosse aceitável para abonar a
estabilidade das estruturas provisórias. No caso, deixava-se para trás o interesse
pelos custos resultantes da ausência de um rigor maior no trato das fôrmas.
Recentemente, com a valorização e o conseqüente aumento de custo da
madeira, a necessidade de maior qualidade a partir do controle tecnológico dos
materiais, a retração das perdas em materiais e produtividade da mão-de-obra, a
15

diminuição de prazos de entrega em razão da competitividade, etc., tornou-se


obrigatório que o engenheiro tome a devida consciência sobre a relevância
assumida pelo dimensionamento das fôrmas e escoramentos provisórios levando
em conta os planos de montagem e desmontagem e o reaproveitamento na mesma
obra.
No que é inerente à funcionalidade da madeira, Manfrinato (2015) reporta
que

Quando avaliado o uso da madeira na construção civil, é indispensável


evidenciar características intrínsecas do material que definem vantagens
quando comparada a outras matérias-primas utilizadas. A madeira possui
alta resistência específica de acordo com sua espécie, boas características
de isolamento térmico e absorção acústica, além de ser um material fácil de
ser trabalhado manualmente ou por máquinas. Exercendo assim, suas
funções: ambiental, estrutural, de isolamento e acabamento.

Além disso, existem vários motivos para que a madeira em fôrmas tenha uso
mais disseminado na construção civil. Nesta panorâmica, podem ser citados: o uso
de mão-de-obra (carpinteiro); a utilização de equipamentos e complementos de
menor complexidade, menos dispendiosos (serras manuais e mecânicas, furadeiras,
martelos etc.); boa resistência a impactos e ao manuseio (transporte e
armazenagem); possui a propriedade de reciclagem e possível de ser reutilizado e
por apresentar atributos físicos e químicos de acordo com o uso (mínima variação
dimensional devido à temperatura, não-tóxica etc.).
Há um constante crescimento do uso da madeira na construção civil, mesmo
com os preconceitos inerentes a ela, sempre atrelados a pouca divulgação das
informações de projetos específicos, desenvolvidos por profissionais habilitados e
dos efeitos ambientais das atividades construtivas decorrerem não só do ato de
construir, mas também, da operação das estruturas construídas (incluindo a sua
manutenção) e até da sua desativação (cada vez mais referida como
"desconstrução"), produzindo os seus efeitos (impactes diferenciados em cada uma
das fases).
Isso porque, a madeira evidencia um ponto deveras relevante, que é a
facilidade que este material apresenta em se adaptar às mais distintas formas. Não
obstante, a madeira possui resistência significativa, consoante Rezende (2010, p.
24), o que torna o material altamente indicado para utilização em fôrmas.
16

Ressalte-se, ainda que, os sistemas construtivos industrializados, em


madeira, são uma boa opção na demanda de suprimento, igualmente, do déficit
habitacional existente no país, em que a população em geral poderia ter a seu
alcance, habitações funcionais e com qualidade.
Do outro lado, as restrições ao emprego de madeira como componente de
sustentação e de molde para concreto armado são concernentes às espécies das
obras e condições de utilização como, por exemplo: escassa durabilidade;
insuficiente resistência nas ligações e emendas; imensas deformações quando
submetida a drásticas variações de umidade; e ser inflamável.

2.2 O SISTEMA CONSTRUTIVO: ESPECIFICAÇÃO DO MATERIAL

2.2.1 As edificações e a utilização da forma de madeira: retrospectiva histórica


e definições

Atualmente, encontra-se expansivamente disseminada por grande parte das


construtoras, a aplicação da tecnologia de fôrma, a qual principiou nos canteiros de
obra no limiar da década de 60. O desenvolvimento deste procedimento técnico
fundamentou-se nas idéias da engenharia civil, conjuminadas com as práticas
laborais e experiências do cotidiano nos canteiros.
Esse processo visava à otimização dos custos por intermédio do avanço da
produtividade e da retração no consumo de materiais a partir da elevação da
quantidade de reaproveitamento destes. A totalidade das peças de madeira que
constituíam fôrma assumiu a conotação de pré-confeccionadas na bancada, na a
dimensão definitiva por meio de um desenho característico e determinou-se sua
sequência passo a passo de montagem, atrelando-a com a de inspeção.
A inovação era encontrada na questão das peças possuírem suas
dimensões definitivas, levando em conta a totalidade dos pormenores de seus
encontros, cuja instalação era delineada para fins de execução sem o emprego de
serrotes, somente aparando-se os encontros, permutando-se o processo em uso
naquele momento de ajuste das dimensões no próprio local, já que as peças eram
somente semi prontas.
A outra drástica transformação no processo produtivo de fôrma foi a do uso
de escoras estrategicamente dispostas, objetivando possibilitar a remoção da
17

maioria da fôrma (entre 80% a 90%) enquanto que apenas estas conservavam-se
conectando uma diminuta parcela da fôrma, denominadas de tiras de
reescoramento, mesmo com a estrutura em plena etapa de tratamento, com idade
entre 3 a 5 dias.
A fôrma, primordialmente nomeada de reescoramento, já que estas eram
arranjadas 3 dias depois da concretagem das lajes e das vigas, antecedendo ao
início do descimbramento, hoje são chamadas de escoras remanescentes, já que, a
prática evidenciou maior segurança quando disposta antes ou no decorrer da
concretagem das vigas e lajes, obtendo-se assim, melhor uniformidade de
carregamento nestas.
As resultantes alcançadas com estas mudanças ultrapassaram as
expectativas iniciais, com a consecução exitosa da finalidade proposta sendo
atingida em poucos anos. Esse processo redundou na exatidão geométrica dos
elementos moldados vindo a melhorar nas mesmas proporções. Assim, o que se
percebeu é que, tendo-se a exatidão na medida de confecção das partes da fôrma,
normalmente retalhada para se obter peso adequado para transporte e manuseio
manual, bastaria montá-las sem que abrissem frestas entre as peças ou que não
remontassem uma sobre outra para se obter medida total correta (ASHII, 2017).
Neste contexto, criou-se o procedimento de inspeção de controle da
qualidade geométrica eficaz, apenas com observação cuidadosa, sem a
necessidade de utilização de qualquer instrumento de medição durante a montagem
(ASHII, 2017).
Desta forma, geravam-se os primeiros sistemas de produção de fôrma que,
no decorrer d0o tempo, adaptou-se a vários outros e a novos equipamentos e
acessórios além das imprescindibilidades progressivamente mais exigentes do
mercado. Atualmente, situa-se em níveis realmente satisfatórios, não apenas na
qualidade e produtividade, mas até, no custo.
Em algumas empresas o nível de excelência alcançou índices comparáveis
aos melhores do mundo, considerando-se, evidentemente, as diferenças de
processos operacionais de cada país, onde ainda existem grandes diferenças tanto
nos partidos estruturais adotados, como também, na quantidade e na qualidade dos
equipamentos de transportes verticais e horizontais utilizados (ASHII, 2017).
Dessa maneira o foco atual do setor da construção é demandar novidades
em seus produtos e processos, visando racionalizar os custos em prol da
18

maximização dos lucros por intermédio da melhoria na produtividade, baixo


consumo de materiais e maior reaproveitamento dos mesmos. Neste sentido, as
fôrmas de madeira estão em bastante uso no setor de construção civil, para dar
formato às estruturas de concreto e para suportar o peso próprio, das cargas
acidentais e trabalho até que a mesma se torne autoportante.
O sistema de fôrma de madeira é o mais antigo processo de confecção de
fôrma na construção civil, e apesar das inovações no setor, ainda hoje, é o mais
utilizado, principalmente por pequenos construtores. Porém, vários outros materiais
e processos surgem no mercado de forma a melhor atender as necessidades das
construtoras, cada vez mais em busca de menores prazos e custos, além da
pressão por menor geração de resíduos.
Não obstante, subsequente a totalidade das requisições do mercado, o
cenário presente torna imperativo uma maior frequência na necessidade e incentivos
de certificações ambientais, tal qual a Leardership in Energy and Environmental
Desin - LEED, um sistema internacional de certificação e orientações ambientais
para as edificações objetivando fomentar a variação dos projetos, obra e
posteriormente a operação, sempre com o foco na sustentabilidade.
Esse tipo de certificação “possui benefícios econômicos, sociais e
ambientais, como uso racional e redução dos recursos naturais, uso de materiais e
tecnologias de baixo impacto ambiental, e redução, tratamento e reuso de resíduos
da construção e operação” (USGBC, 2013).
No entanto, deve ser dito que torna-se imprescindível, um estudo mais
aprofundado visando analisar os proveitos decorrentes da utilização desse sistema,
devido, mais recentemente, o processo convencional de produção de fôrmas ser
significativamente usado, muitas vezes em razão da ausência de conhecimento dos
construtores, que consideram apenas o custo do produto e não em sua integral
produção no empreendimento.
A fôrma para construção civil e seus subsistemas se constituem através de
definições e condições determinadas por normas, as quais devem ser obedecidas a
fim de evitar patologias futuras. Assim, conforme o explicita a NBR (15696:2009).
As formas conformam estruturas provisórias utilizadas para moldar o
concreto fresco, resistindo a totalidade das ações provenientes das cargas variáveis
______________
¹Tradução: LEED: Liderança em Energia e Design Ambiental.
19

resultantes das pressões do lançamento do concreto fresco até que o concreto se


torne autoportante.
Ainda consoante a NBR (15696:2009),outra estrutura provisória encontrada
no sistema construtivo diz respeito aos Escoramentos, os quais são

Estruturas provisórias com capacidade de resistir e transmitir às bases de


apoio da estrutura todas as ações provenientes das cargas permanentes e
variáveis resultantes do lançamento do concreto fresco sobre as fôrmas
horizontais e verticais, até que o concreto se torne autoportante.

Por fim, deve ser citado o Cimbramento que pela NBR (15696:2009),é o
conjunto de elementos-suporte que garantem o apoio consistente, indeformável,
resistente às intempéries, às cargas de peso próprio do concreto e das fôrmas,
inclusive às cargas decorrentes da movimentação operacional, de modo a garantir
total segurança durante as operações de concretagem das unidades estruturais
(DER-SP, 2013)
Uma inferência que emerge no centro, deste contexto é que o sistema de
fôrma é o conjunto completo dos elementos que a compõem incluindo a própria
fôrma, elementos de cimbramento, escoramento remanescente, equipamentos de
transporte, manutenção, etc.(ASHII, 2017).
Outrossim, deve-se acrescentar que, além destas funções básicas, a fôrma
e cimbramento possuem outras de igual relevância, tais como a que se reporta Ashii
(2017):
a) Proteção do concreto fresco na sua fase frágil, de cura, contra impactos,
variações de temperatura e, principalmente, de limitar a perda de água por
evaporação, fundamental para sua hidratação.
b) Servir de suporte para o posicionamento de outros elementos estruturais
como a armação ou cabos e acessórios de protensão, como também, elementos de
outros subsistemas, de instalações elétricas e hidráulicas.
c) Servir de suporte de trabalho para própria concretagem dos elementos
estruturais.
20

2.2.2 Sistema de fôrma de madeira:conceitos características e relevância

Do latim systema, um sistema é um conjunto ordenado de elementos que se


encontram interligados e que interagem entre si. O conceito é usado não somente
para definir um conjunto de conceitos, mas também, para objetos reais dotados de
organização.
Como exemplo, no que é inerente ao sistema de fôrma, este constitui o
conjunto integral dos componentes que o constituem, inserindo-se: a própria fôrma,
elementos de cimbramento, de escoramento remanescente, equipamentos de
transporte, de apoio e de manutenção, etc. Este sistema pode ser obtido por meio
de sua elaboração total ou parcela no canteiro de obra via um projeto específico de
produção de fôrma.
O fato é que, na produção de fôrmas para estruturas de concreto, a madeira
assume papel de destaque como o material mais utilizado no Brasil. Como
resultante da necessidade de se reduzir custos e prazos, o processo de fabricação
do modo quase artesanal caminha para a industrialização e especialização
(MOLITERNO APUD SALVADOR, 2013, p. 24).
Para isso, torna-se imprescindível, haver insumos básicos como a chapa
compensada, madeiras serradas e pregos, assim como, os equipamentos e
ferramentas de carpintaria tais como: serra circular de bancada, serra manual,
furadeiras, bancada de carpintaria, etc.
O espaço para instalação da carpintaria é de, no mínimo 50 m2, sendo
necessário outros 50 m2 para área de estoque dos insumos citados. A
disponibilidade desses espaços torna-se uma das pré-condições para escolha desta
opção. A alternativa quando não a tiver é a de aquisição ou locação do sistema já
pronto, disponíveis no mercado (ASHII, 2017).
O que distingue a gama variada de sistemas de fôrma ofertados é
essencialmente a qualidade do material empregado nas suas composições, tanto na
fôrma quanto no cimbramento, além das características que personaliza cada
sistema quanto à adequabilidade, praticidade, durabilidade e principalmente, ao
preço. Outrossim, a função do sistema de fôrma exerce forte influência na qualidade,
prazo e custo do empreendimento
Os procedimentos básicos que devem ser adotados na definição das
condições mínimas e os requisitos essenciais visando a performance condizente do
21

sistema de fôrma, constam nas normas NBR 14931:2004 e a NBR15696:2009, as


quais determinam alguns padrões que devem ser acatados para projetar e executar
as fôrmas e escoramento para estruturas de concreto, neste caso, consoante a
visão adotada por Costa (2014), têm-se:

2.2.2.1 Rigidez

As fôrmas devem possuir rigidez suficiente para suportar as tolerâncias


especificadas em projeto para a estrutura, para que a integridade dos elementos
estruturais não seja afetada.
O formato, a função e a durabilidade das peças de concreto não devem ser
alteradas (2014, p.23). A necessidade de uma estrutura sólida acarreta na garantia
do nível, posição e dimensões dos componentes de concreto, por esse motivo, as
fôrmas não devem sofrer deformações elevadas.

2.2.2.2 Estanqueidade

O sistema de fôrma deve ser estanque para garantir que a pasta de cimento
existente no concreto não seja perdida durante a concretagem, o que pode gerar o
surgimento de agregados miúdos na superfície do concreto.
Essa propriedade tem como objetivo impedir a entrada de agentes externos
que podem causar corrosão da armadura, diminuição da resistência estrutural e a
durabilidade da estrutura, uma vez que o processo de calcinação será facilitado
pelas condições desta (COSTA, 2014).

2.2.2.3 Durabilidade

Devido ao custo do sistema de fôrma e escoramento significar quase metade


do orçamento na fase inicial da construção de um edifício, torna-se interessante que
o sistema seja durável e com alto índice de reaproveitamento, a fim de reduzir os
custos do construtor pela agilidade na montagem e menor utilização de materiais
(COSTA, 2014).
22

2.2.2.4 Resistência mecânica à ruptura

O sistema de fôrmas deve ser capaz de resistir as cargas que possam


solicitá-lo durante o processo de construção, como ações ambientais, sobrecarga
acidental, peso próprio da estrutura, trafégo de pessoas e equipamentos (COSTA,
2014).

2.2.2.5 Reatividade química

Os materiais utilizados para a confecção de fôrma e desmoldantes devem


ser inertes, ou seja, não devem apresentar nenhuma reação química com o
concreto, de modo a não afetar a durabilidade e resistência estrutural (COSTA,
2014).

2.2.2.6 Baixa aderência ao concreto

Para que o processo de desfôrma ocorra sem imprevisto, as fôrmas devem


possuir baixa aderência ao concreto, a fim a garantir a perfeição da superfície, que
afeta diretamente na durabilidade da estrutura (COSTA, 2014).

2.2.2.7 Estabilidade

O sistema de fôrmas deve possuir estabilidade devido a necessidade de


garantir a segurança quanto ao processo de montagem das armaduras, lançamento
e adensamento do concreto, cura e desforma. Essa propriedade tem como objetivo
minimizar riscos, financeiros e quanto à segurança dos envolvidos no setor da
construção civil (COSTA, 2014).

2.2.2.8 Baixa absorção de água

É recomendável que os materiais que constituem as fôrmas apresentem


baixa absorção de água, para que não haja comprometimento da hidratação do
cimento, apesar de ser necessário que as fôrmas sejam saturadas antes do
lançamento do concreto (COSTA, 2014).
23

.A relevância que assume a fôrma é devido ser um dos subsistemas dos


muitos que compõem o sistema construtivo, todos trabalhando em prol das
necessidades do empreendimento. Todos estes múltiplos subsistemas
interdependem-se e contribuem para o resultado do todo. A fôrma, no entanto, tem
uma particularidade única dentro deste contexto: é o que inicia todo o processo, e
por isso, passa a ser referência para os demais, estabelecendo e padronizando o
grau de excelência exigida para toda a obra (ASHII, 2017).

2.3 CATEGORIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE FÔRMAS

A categorização dos sistemas de fôrma é resultante da espécie de material


utilizado em sua fabricação e de acordo com o tipo de obra, conforme explicitados
nos subitens abaixo:

2.3.1 Sistema tradicional de fôrma de madeira

O sistema de fôrma de madeira é o mais utilizado no Brasil, em razão da


tradição das empresas de aplicar esse processo, além de sua condição de propiciar
maior acessibilidade às empresas de pequeno e médio porte.
Este sistema está sob a égide do mestre de obras que com sua experiência
torna prescindível um projeto exclusivo da efetivação das fôrmas, fator que acarreta
possíveis ausências de critérios no processo e que produz maior dispêndio nos
custos já que o consumo de material está diretamente ligado a execução.
Um exemplo da falta de critérios onerar em excesso e causar um grande
prejuízo a uma obra, surge na questão em que duas obras similares usam montante
de materiais integralmente distintos e são realizadas por diferentes equipes.
O processo em si torna imprescindível um mais elevado número de mão de
obra e maior qualificação em analogia aos outros sistemas. Outrossim, produz uma
enorme quantidade de resíduos devido ao baixo reaproveitamento das peças.No
contexto presente do sistema construtivo nacional, esses fatores engessam, em
grande parte, o processo por causa da escassez de mão de obra especializada e,
mais notadamente, pelas fiscalizações ambientais.
De acordo com a literatura pertinente ao tema, o vocábulo fôrma significa um
molde ou modelo. A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) (2017)
24

afirma que: “Além de modelar, de dar forma a qualquer peça em concreto que
desejarmos construir, as fôrmas são responsáveis por atender a várias exigências
não menos importantes”, tais como:
• Garantir a geometria (dimensões e formatos);
• Garantir o posicionamento das peças (junto com o cimbramento permite a
locação exata no espaço de todas as peças estruturais);
• Manter a conformação do concreto “fresco”;
• Permitir a obtenção de superfícies especificadas (concreto aparente, a ser
revestido, texturado, etc.);
• Possibilitar o posicionamento de outros elementos nas peças (furos de
passagens, inserts, elementos de instalações hidráulicas e elétricas, espaçadores, a
própria armadura);
• Proteger o concreto novo (devido a fragilidade do concreto novo, as fôrmas
o protegem contra impactos acidentais bem como contra variações bruscas da
temperatura ambiente);
• Evitar a fuga de finos (as fôrmas devem ser estanques, evitando perda de
argamassa ou nata de cimento);
• Limitar a perda de água do concreto fresco (mantendo a quantidade de
água necessária para hidratação do concreto)
Devem-se considerar fôrmas não apenas as chapas de madeira ou material
específico e sim todo o travamento que acompanha está.

2.3.1.1 Materiais usados no sistema de fôrma de madeira

Na concepção de moldes para uso nas estruturas de concreto no sistema


construtivo, antes do advento das chapas compensadas cuja evidenciam um
desempenho melhor, o que mais se usava era a madeira serrada (FIGURA 1), a
qual apesar de produzir maior quantidade de resíduos e baixa padronização das
peças, também tornava necessária uma mão de obra para a elaboração das fôrmas.
No entanto, essa espécie de madeira continua sendo bastante empregada
na execução de escoramentos. As peças de madeira serrada no formato de
pontaletes, sarrafos e tábuas “não devem possuir defeitos em suas dimensões,
formato, arqueamento, rachaduras, podridão, fendas, além dos limites de tolerância
25

para cada classe, que são divididas em primeira qualidade industrial, segunda
qualidade industrial e de terceira qualidade indústria” (YAZIGI, 2013)
Neste sentido, o enfoque de Magnagnagno (2014, p.22) baseado em um
estudo realizado pelo Diretório Acadêmico de Engenharia Civil da UFPR aponta que
as limitações ao emprego de madeira como componente de sustentação e de molde
para concreto armado concernem ao tipo de obra e condições de uso, como por
exemplo: pouca resistência nas ligações e emendas; grandes deformações quando
submetida a variações bruscas de umidade; e ser inflamável.
A constituição das formas podem se originar de tábuas de pinho (araucária –
pinheiro do Paraná); cedrinho (cedrilho); jatobá e pinus (não-recomendado). O pinho
utilizado na construção é denominado de pinho de terceira categoria ou 3ª
construção ou IIIª C.
Em geral, as tábuas são usadas nas fôrmas como painéis laterais e de fundo
dos componentes a concretar. Algumas madeireiras podem fornecer, ainda, pinho
tipo IVª Rio com qualidade suficiente para serem usadas como fôrmas na construção
(MAGNAGNAGNO, 2014, P.23).
Deve ser destacado que, normalmente a nomenclatura usada no mercado
com escopo na descrição das tábuas é a polegada.

Figura 1 : Madeira Serrada

Fonte: Alpina Eucaliptos, 2013


26

2.3.1.2 Chapas de madeira compensada

Habitualmente são empregadas como substitutivo de tábuas nos painéis das


fôrmas dos elementos de concreto armado. Estão condizentes com o concreto
aparente, evidenciando um acabamento superior ao alcançado a partir de painéis de
tábuas.
Nas obras correntes são usadas chapas resinadas, pelo seu custo menos
dispendioso, e, nas obras em que são requisitado melhor acabamento, exige-se o
emprego de chapas plastificadas, devido poder ser reaproveitado diversas vezes
compensando seu alto custo.
Embasada em uma pesquisa engendrada por Nazar, Costa (2014, p.28)
aludiu alguns pontos que considerou essencial, para um maior entendimento sobre a
utilização das chapas de madeira compensadas, que no caso foi:
1) As madeiras em forma de compensado apresentam uma distribuição das
lâminas que a compõem, no sentido vertical e horizontal, o que ocasiona uma
distribuição das tensões quando o material é solicitado.
2) As chapas de madeira compensada são fabricadas pela união de três ou
mais lâminas, alternando-se as direções da fibras em ângulos retos, sob pressão,
com auxílio de um adesivo, quase sempre em painéis com número ímpar de
lâminas.
3) O posicionamento cruzado das lâminas proporciona ao painel de
compensado uma excelente resistência mecânica, tornando-o a prova de
movimentações de contratação e expansão.
4) Quando comparada a madeira serrada, a chapa de compensado possuem
maior resistência normal às fibras, menor probabilidade de surgimento de trincas e
possibilidade de fabricação de grandes peças, porém seu custo é mais elevado.
São duas as configurações em que se pode encontrar compensados no
mercado, nesta acepção tem-se:
1) Compensado resinado
No que concerne ao compensado resinado (FIGURA 2), este é elaborado a
partir de lâminas internas de pinus e externas em madeira dura (hardwood). As
lâminas são apostas uma sobre as outras em sentidos rotativos, em número ímpar.
Com as capas no mesmo sentido e então coladas entre si com resina fólica (100% a
27

prova d’água), sob uma pressão de 15 Kg/cm² e submetidas a temperatura média de


135°C (MADECAL MADEIRA, 2017).
Podem ser encontrados com dimensões de 2,50 m x 1.25 m ou 2,44 m x
1,22 m, com espessura variando de 6mm a 21 mm (MADECAL MADEIRA, 2017).

Figua 2: Folha de compensado resinado

Fonte: Madlimoeiro, 2013.

2) Compensado Plastificado
No que é inerente ao compensado plastificado (FIGURA 3) este é produzido
de maneira análoga ao resinado. A distinção conforma-se no término do processo,
em que os compensados são revestidos por um filme, uma resina de fenol-
formaldeído modificada com desmoldantes.
Esta chapa de compensado, possui maior poder impermeabilizante, ou seja
apresentam melhor rendimento para o uso em estruturas de concreto. Apesar de
seu preço ser mais elevado que as chapas resinadas, são mais duráveis e resistem
a maior número de reaproveitamentos. (FORMACOMP apud COSTA, 2014).
As dimensões encontradas no mercado são de 2,50m x 1,25m ou 2,44 m
x1,22 m com espessuras variando de 6mm a 21mm (REVECOM, 2013)

Figura 3: Folha de compensado plastificado.

Fonte: Madlimoeiro, 2013.


28

2.3.1.3 Estruturação da fôrma

A estrutura do molde da fôrma de madeira em compensado ou tábuas se


conforma segundo as suas dimensões. Em geral, esta estruturação é realizada a
partir da madeira, e, possui como escopo a expansão da segurança na realização da
concretagem da peça pertinente. Uma demonstração modelar de como um molde
feito com chapas de compensando pode ser estruturado se explicita na FIGURA 4.

Figura 4 - Dimensões das chapas compensadas.


A A

A corte AA
A

Ripas de 1”x2” Chapa compensada 1,10x2,20 m

Fonte: Fajersztajn (1987).

A espessura da chapa e as dimensões das ripas se alteram conforme a


necessidade e pressão solicitada pela peça. Para execução de algumas estruturas
pode-se utilizar de alguns complementos como peças metálicas ou ainda sistemas
mistos de peças de madeira e metálica (PETRUCCI apud MAGNAGNAGNO, 2014).

2.3.1.4 Complementos

Os complementos e acessórios são empregados visando o reforço e


travamento dos moldes feitos de tábuas ou de chapas compensadas. Essas peças
podem ser peças únicas de madeira ou metálicas ou, ainda conjuntos de peças de
madeira e metal, como por exemplo: guias, talas de emenda, cunhas, placas de
apoio, chapuzes, gravatas, escoras (mão-francesa), espaçadores e tirantes
(MAGNAGNAGNO, 2014).
29

2.4 PREGOS

Fato raro que ocorre no mercado da construção civil é o emprego de outros


conectores para junções que não os pregos. Consoante o ponto de vista de Pfeil (2008)
apud Muller(2016 p. 35) “os pregos são fabricados com arame de aço-doce, em grande
variedade de tamanhos. “ Essa diversificação de tamanhos dos pregos, no que é
inerente ao comprimento e a bitola é muito extensa,como mostra a Tabela 1, mas cabe
ao projetista uniformizar ao máximo o uso destes na execução e montagem das fôrmas.
O autor assinala que “com a penetração do prego na madeira, as fibras se
afastam, podendo ocorrer fendilhamento na madeira, ou seja, rachadura.”, fato que pode
ser evitado via o acatamento das normas de projeto às normas construtivas abarcando
dimensões e espaçamentos entre os pregos. Normalmente o diâmetro do prego é 1/8 a
1/10 da menor espessura da madeira atravessada. Segundo a NBR 7190 (ABNT, 1997),
o diâmetro do prego não deve ultrapassar 1/5 da menor espessura atravessada.

Tabela 1- Dimensões de pregos

Fonte: Maranhão apud Müller 2016, p. 36).

Para a elaboração das fôrmas, são empregados pregos visando solidificar a


estrutura. Assim, as peças que são pregadas, estão sujeitos a uma força de
arrancamento, sendo que a NBR 7190 (ABNT, 1997), preconiza levar em contar uma
força admissível na execução do processo.
30

3 O CONTEXTO DA MENSURAÇÃO DE FÔRMAS

A fôrma é uma estrutura, ainda que provisória, e, dessa maneira deve ter a
determinação de suas medidas. A integral determinação de medidas solicita dois
estudos diferentes, sendo primeiro o da fôrma e o segundo de cimbramento
(ASSAHI, 2005, p. 106). No caso, eles vão propiciar a rigidez e resistência
imprescindíveis a cada um dos elementos inseridos no sistema.
O paradigma aritmético que abarca a mensuração das fôrmas é de grande
proporção. Neste nexo, deve-se levar em conta a totalidade do conjunto de ações
que agem sobre as fôrmas, destacados no item 2.2 (cargas atuantes nas fôrmas).

3.1 PADRÕES UTILIZADOS PARA A MENSURAÇÃO DAS FORMAS

Os padrões empregados visando a mensuração das fôrmas aplicam os


coeficientes ditados pela Norma brasileira. Os conceitos essenciais explicitados por
Nazar (2007, p. 98) demandando a compreensão de algumas inferências, são:
a) Estados limites: São as conjunturas assumidos pela estrutura, a partir dos
quais apresenta performances impróprias às finalidades da construção;
b) Estados limites últimos: São os que por sua mera ocorrência estabelecem
a paralisação, no todo ou em parte, do uso da construção;
c) Estados limites de utilização: São os que, por sua ocorrência, repetição ou
duração, acarretam efeitos estruturais deletérios às condições especificadas para o
emprego normal da construção, ou que são indícios de comprometimento da
durabilidade da estrutura;
d) Ações permanentes: São as que demonstram pequena variação no
transcorrer de praticamente toda a vida da construção; Deve ser ressaltado que se
deve possuir o conhecimento de sua definição, contudo, não existe na mensuração
de fôrmas e cimbramento;
e) Ações variáveis: inversamente às ações permanentes, exibem variação
significativa no decorrer da vida da construção;
f) Ações excepcionais: São as que apresentam duração extremamente curta
e com baixa probabilidade de ocorrência durante a vida da construção;
No que é concernente ao coeficiente de majoração e sobre os fatores de
minoração, em conformidade com a NBR 7190 (ABNT, 1997), as variáveis que são
31

aplicadas nos cálculos para a mensuração de fôrmas obedecem aos padrões


insertos nas Tabelas 2 e32.

Tabela 2 – Coeficientes de majoração.

Fonte: NBR 7190 (ABNT, 1997, p. 13).

Tabela 3 - Fatores de minoração.


Fonte: NBR 7190 (ABNT, 1997, p. 09).

Sendo:

ψ0– Ações variáveis secundárias para o estado limite último.


ψ1– Ações variáveis de média duração para o estado limite de utilização.
Ψ2– Ações variáveis de longa duração para o estado limite de utilização.

Outrossim, a NBR 7190 (ABNT, 1997) enfatiza ainda, os coeficientes de


modificação kmod que afetam os valores de cálculo das propriedades da madeira em
função da classe de carregamento da estrutura, da classe de umidade admitida e do
contingente uso da madeira de segunda categoria.
O Coeficiente de modificação kmod é constituído pela equação 1:
kmod=k mod,1.k mod,2.kmod,3 (1)

O coeficiente kmod,1, que considera a classe de carregamento e a espécie de


material utilizado é observado na Tabela 4.
32

Tabela 4 - Valores de 𝐤𝐦𝐨𝐝,𝟏

Fonte: NBR 7190 (ABNT, 1997, p. 18).

No que é inerente ao coeficiente parcial de modificação k mod,2 este pondera o


panorama da classe de umidade e o tipo de material usado, indicado na Tabela 5.
Tabela 5 - Valor de 𝐤𝐦𝐨𝐝,𝟐

Fonte: NBR 7190 (ABNT, 1997, p. 18).

Sob a ótica de Nazar (2007, p. 100), os valores de kmod,2 são referenciados


em consonância com as TABELAS 5 e 6. No tocante às fôrmas, esse coeficiente é
sempre 0,8, em razão das características de utilização (umidade acima de 85%).
Tabela 6 - Classes de umidade

Fonte: NBR 7190 (ABNT, 1997, p. 13).


33

Mencione-se ainda que, na visão de Nazar (2007, p. 102) os parâmetros


para tipificação de madeira compensada, empregadas na mensuração de fôrmas, as
quais decorrentes das pressões de trabalho e deformação máxima (flecha). As
características físicas e geométricas para compensados são parte constante da
Tabela 6.
Tabela 7 - Características físicas e geométricas de compensados.

Fonte: Nazar apud Müller (2016, p. 43).

3.5 PRESSÃO LATERAL DO CONCRETO

No momento em que o concreto é lançadod numa fôrma, ele é contido pelas


laterais da fôrma. Na ótica de Da Cruz apud Müller (2016, p. 44), “a fôrma precisa
responder à pressão causada pela massa, que tende a posição de equilíbrio. No
entanto, ao se realizar o adensamento, esse repouso é perturbado por uma
fluidificação da mistura que passará a se comportar de modo semelhante a um
líquido.”
Neste sentido, quando este líquido é mantido num reservatório, exerce
pressão sobre as paredes laterais, cujo valor dependerá de sua massa volumétrica e
da altura final em relação ao fundo do recipiente. Assim, o concreto se comportará
de modo similar (DA CRUZ APUD MÜLLER, (2016, p. 44) segundo exposto na
Figura 5.
Figura 5 - Diagrama da pressão lateral

Fonte: Cruz apud Müller (2016, p. 45).


34

Devido a mensuração das fôrmas requisitar de maneira especial o


conhecimento da pressão que o concreto exerce sobre as paredes do molde, Nazar
apud Müller (2016, p.45) aduz que

Os carregamentos impostos pelo concreto fresco nas paredes de vigas ou


de colunas são sensivelmente diferentes dos carregamentos em lajes
horizontais. O concreto comporta-se como um fluído produzindo pressões
hidrostáticas que atuam lateralmente nas fôrmas verticais. A pressão lateral
efetiva é influenciada pelo peso, velocidade de concretagem, temperatura
da mistura do concreto, uso de retardadores e pelo efeito da vibração ou
métodos de adensamento.

Nazar apud Müller (2016, p.45) demanda individualizar estes fatores assim:
Peso do concreto: tem influência direta na pressão hidrostática. A pressão
é a mesma em todas as direções e pode-se considerar a densidade em 2.400kg/m³.
Velocidade de concretagem: tem efeito primário na pressão lateral das
fôrmas e essa pressão é proporcional até o limite da pressão total.
Temperatura: na hora do lançamento tem importante influência na pressão,
pois afeta o tempo para o início de endurecimento.
Vibração: A vibração interna tende a consolidar o concreto e eleva de 10%
a 20% a pressão lateral, quando comparada com o concreto lançado sem vibração.
Se a velocidade de concretagem assume enorme proporções, a pressão
sobre a fôrma será máxima e se for baixa, as primeiras porções de concreto jogados
poderão desenvolver uma resistência cisalhante, ou seja, poderão estar com a pega
iniciada, dentro de certo tempo, o que retrai o valor da pressão do concreto.
Deve ser destacado que, a pressão lateral é hidrostática a partir da
superfície livre (MARANHÃO APUD MÜLLER, 2016, P.46), alcança o máximo e
então decresce, devido ao desenvolvimento de resistências cisalhantes, reduzindo a
carga efetiva e diminuindo a pressão lateral.

3.6 PRESSÃO LATERAL EM FÔRMAS PARA PILARES E VIGAS

O cálculo da pressão lateral que o concreto exerce nas faces laterais das
fôrmas abarca inúmeras variáveis intrínsecas. A determinação dos valores foram
resultantes de pesquisas experimentais, sendo que cada pesquisa executada por
distintos autores, obtiveram resultados diferentes.
35

Para Nazar (2007, p. 116) na s construções, “as fôrmas dos pilares são pequenas e
o concreto lançado as preenche em um tempo relativamente rápido. A vibração colabora
para que a pressão nas fôrmas seja maior nos pilares do que em paredes de concreto”.

3.4 PRAZOS PARA DESFORMA

A retirada das fôrmas só deverá ser executada quando o concreto estiver


suficientemente endurecido para resistir aos esforços que nele atuarem. Um plano
prévio de desforma pode reduzir custos, prazos e melhorar a qualidade.
A desforma deve ser realizada de modo progressivo visando obstar o
surgimento de fissuras e trincas. Da mesma maneira, é assinalado o emprego de
pessoal capacitado para processar a desforma. Neste sentido, deve ser conferido o
encargo da desforma a, minimamente, um auxiliar de carpintaria (preterir serventes),
sob a égide de um carpinteiro profissional ou pedreiro experiente. Nunca usar
ferramentas que sejam deletérias às formas ou mesmo à superfície do concreto
(evitar o uso dos pés – de – cabras ou pontaletes).
Na tabela 8, fornecida pela empresa Mecan Industria e Locação de
Equipamentos para Construção Ltda., estão especificados os prazos de desforma
definidos pela norma, tanto para concretos com cimento Portland comum e cura
úmida como para concretos aditivados (com cimento de alta resistência inicial):
Tabela 8. Prazos de desforma.
Prazo de desforma

Tipos de fôrmas Concreto comum Concreto com


ARI
Paredes, pilares e faces 3 dias 2 dias
laterais de vigas
Lajes até 10 cm de 7 dias 3 dias
espessura
Faces inferiores de vigas 14 dias 7 dias
com reescoramento
Lajes com mais de 10 cm de 21 dias 7 dias
espessura e faces inferiores
de vigas com menos de 10
m de vão
Arcos e faces inferiores de 28 dias 10 dias
vigas com mais de 10 m de
vão
FONTE: Mecan Industria e Locação de Equipamentos para Construção Ltda.
36

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E RESULTADOS

A metodologia utilizada para a consecução do objetivo proposto foi a de


revisão bibliográfica. A revisão bibliográfica é a base que sustenta qualquer pesquisa
científica. O campo do conhecimento se baseou em material já constituído por e
traduzindo as idéias de diversos autores sobre o objeto de estudo, no caso, as
fôrmas de madeira. Esse caráter metodológico adotou como procedimentos a
pesquisa qualitativa. A pesquisa qualitativa (bibliográfica) permitiu a coleta de
informação a partir de fontes já elaboradas (referências) a fim de examinar cada
caso separadamente e constituir um quadro teórico (método indutivo).
Assim, após a execução do estudo se evidenciou as vantagens e
desvantagens da aplicação da das fôrmas de madeira na construção civil. O uso da
madeira como parte essencial da estrutura de edificações evidencia-se vantajosa
basicamente devido à durabilidade, segurança, manutenção e economia de energia.
Como já visto, a madeira é um dos materiais mais antigos usados em
edificações, sendo que após a Revolução Industrial foi preterida para o estudo de
novos materiais como o aço e o concreto. Mesmo com a tecnologia mostrada por
esses materiais, a madeira continua em foco devido os benefícios demonstrados.
Deve ser ressalvado que, a aquisição deste material está intrinsecamente
atrelada à forma consciente de como se agir, principalmente em relação aos
fornecedores e escolha das espécies ideais para cada tipo de construção, visando,
sobremaneira, a obtenção de menor impacto ambiental.
No caso, deve ser respeitada a distinção entre a denominada madeira legal,
a qual é extraída segundo as requisições da legislação de exploração, e a chamada
madeira certificada, cuja segue as exigências das leis e leva em conta outras
características ambientais, sociais, econômicos e sustentáveis.
Dentre as vantagens que a madeira apresenta na construção civil, consoante
a MADECAL MADEIRA (2017) tem-se:
- Alta Resistência: a madeira é considerada como o primeiro material capaz
de resistir não apenas a esforços de compressão, mas também, de tração. Possui
uma baixa massa volumétrica e alta resistência mecânica. Ademais, pode
apresentar igual resistência à compressão que o concreto e dez vezes mais
resistência a flexão, além da resistência ao corte. Não sofre resiliência quando
submetida a choques imprevistos que podem acarretar efeitos deletérios.
37

Não obstante, exemplos variados da resistência da madeira são os


apresentados pelos arqueólogos que costumam achar peças antigas ainda
existentes, tais como: sarcófagos, embarcações, esculturas, utensílios domésticos,
armas, instrumentos musicais, elementos de construções, etc. Outrossim, em Kyoto,
no Japão se pode verificar templos milenares construídos com estrutura de madeira.
- Manutenção: a madeira assume a conotação de ser uma matéria-prima
bastante versátil a qual pode ser usada de inúmeras formas segundo a espécie de
aplicação demandada, além de permitir ligações e emendas fáceis de executar.
- Isolante Término e Acústico: A madeira é um isolante natural, tanto
térmico quanto acústico. As boas condições naturais de isolamento permite a
economia de energia em aparelhos de climatização de ambiente.
- Segurança: a madeira inversamente ao metal, ao concreto e ao ferro, que
deformam-se quando submetidos a altas temperaturas, perdendo sua função
estrutural, possui uma resistência maior ao fogo.
“Num incêndio, as temperaturas atingem mais do que 1000°C. No entanto, o
aço, a 500°C, já perdeu 80% de sua resistência, enquanto que o concreto começa a
perder resistência a partir dos 80°C. A madeira, submetida a um severo incêndio,
teve sua seção reduzida, mas não a ponto de eliminar sua capacidade de suportar
seu próprio peso e o peso extra das barras de aço.” (PINTO, 2007)
Outras vantagens da madeira é que esta pode ser utilizada de outros modos
na construção, tais como:
Pesada Interna: peça de madeira serrada ou painel laminado colado que são
usados como vigas, caibros, pranchas e tábuas usados em estruturas de telhado;
Leve Externa e Interna Estrutural: tábuas e pontaletes usados de forma
temporária nas construções, como andaimes, escoramentos e formas para
concreto;Interna Decorativa: que demanda uma variedade de cores e texturas da
madeira são utilizadas como forros, painéis, lambris e guarnições;Leve em
Esquadrias: inerentes à portas, venezianas, caixilhos e molduras;
Assoalhos Domésticos: Produtos de madeira sólida e produtos trabalhados
para uso imanente em pisos (assoalhos, tacos, tacões e parquetes).
Em relação às variáveis que evidenciam as desvantagens da utilização da
madeira na construção, tem-se conforme estudo da MADECAL MADEIRA (2017):
- Combustível: esta é uma das variáveis que mais apresenta preconceito no
uso da madeira na construção devido aos acidentes de incêndio registrados no início
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de sua história. Atualmente, o mercado apresenta como forma de diminuir o impacto


desta variável é que a empresa Montana Química lançou o produto “Osmoguard
FR100”, cuja função é a de retardar o efeito da chama e a produção de fumaça.
- Vulnerabilidade: a madeira é considerada como demasiadamente
vulnerável aos agentes externos, como cupins e insetos. Toda a madeira exposta
deve ser protegida com verniz ou stain. A distinção entre esses produtos é que o
primeiro, forma camadas na superfície da madeira, já o segundo, penetra sem
formar película. Também, torna-se imprescindível executar um tratamento químico
no solo do entorno da obra, visando evitar organismos xilófagos.
- Variabilidade: Devido à madeira ser resultante do crescimento de um ser
vivo implica em variações das suas espécies e tamanhos. Assim, ela deve estar
sempre bem tratada para evitar que ela atue como uma esponja absorvendo toda a
umidade, o que provoca a dilatação.
Ressalte-se que, a falta de conhecimento das propriedades e o uso errôneo
da madeira são os maiores acarretadores de impactos negativos em seu
desempenho. A madeira pode ser utilizada na construção civil não só
temporariamente, no caso, na instalação de canteiro de obras, nos andaimes, nos
escoramentos e nas formas, mas também, de maneira definitiva nas esquadrias, nas
estruturas de cobertura, nos forros e nos pisos.
Tabela 9: Vantagens e desvantagens do uso da madeira na construção civil.
VANTAGENS DESVANTAGENS

- Alta Resistência: a madeira é considerada como o - Combustível: esta é uma das variáveis que
primeiro material capaz de resistir não apenas a esforços mais apresenta preconceito no uso da madeira
de compressão, mas também, de tração. Possui uma na construção devido aos acidentes de
baixa massa volumétrica e alta resistência mecânica. incêndio registrados no início de sua história.
- Manutenção: a madeira assume a conotação de ser - Vulnerabilidade: a madeira é considerada
uma matéria-prima bastante versátil a qual pode ser como demasiadamente vulnerável aos agentes
usada de inúmeras formas segundo a espécie de externos, como cupins e insetos. Toda a
aplicação demandada, além de permitir ligações e madeira exposta deve ser protegida com verniz
emendas fáceis de executar. ou stain.
- Isolante Término e Acústico: A madeira é um isolante - Variabilidade: Devido à madeira ser
natural, tanto térmico quanto acústico. As boas resultante do crescimento de um ser vivo
condições naturais de isolamento permitem a economia implica em variações das suas espécies e
de energia em aparelhos de climatização de ambiente. tamanhos. Assim, ela deve estar sempre bem
tratada para evitar que ela atue como uma
esponja absorvendo toda a umidade, o que
- Segurança: a madeira inversamente ao metal, ao provoca a dilatação.
concreto e ao ferro, que se deformam quando
submetidos a altas temperaturas, perdendo sua função
estrutural, possui uma resistência maior ao fogo
Fonte: Autoria, 2018.
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5 CONCLUSÕES

A pesquisa realizada alcançou de modo exitoso seu objetivo geral já que


apresentou um estudo evidenciando as vantagens e desvantagens na utilização da
forma de madeira das edificações erigidas pela indústria da construção civil.
Da mesma maneira, atingiu seus objetivos específicos ao contextualizar um
referencial teórico abordando a temática referente às formas de madeira, neste
sentido, reportou sobre a indústria da construção civil: enfocando os principais
aspectos da indústria da construção civil no Brasil: o uso da madeira; tratando do
sistema construtivo: especificação do material; categorizou s sistemas de fôrmas;
explicitou o contexto da mensuração de fôrmas: mostrou os padrões utilizados para
a mensuração das formas; a pressão lateral do concreto na fôrma de madeira; e a
pressão lateral em fôrmas para pilares e vigas; por fim, enfatizou os prazos para
desforma.
Não obstante, a partir do desenvolvimento contextualizado, respondeu-se de
modo afirmativo o questionamento que norteou a problemática do trabalho
pertinente, já que ficou comprovado ser vantajosa a utilização de fôrma de madeira
no sistema construtivo das edificações erigidas pela indústria da construção civil.
Conforme foi abordado nos procedimentos metodológicos e nos resultados,
torna-se imprescindível uma visão holística das variáveis que influenciam a concreta
vantagem da utilização da maneira na construção civil, salvo, nas questões em que
é levada em conta como desvantagens, as quais estão sendo aos poucos
eliminadas com o avanço dos estudos sobre essas questões.
Assim, alcançadas as propostas elencadas por meio do desenvolvimento
desta revisão bibliográfica foram extraídos os seguintes pontos considerados de
relevância para uma maior compreensão do as unto tratado, dentre os quais:
A aplicação da madeira como constituinte fundamental da estrutura de
edificações, não pode ser equiparada com o metal, entretanto, tem se evidenciado
de imensa vantagem, já que pode ser empregada em uma gama diversificada de
maneiras no transcurso da prática da atividade da construção civil, da mesma forma
que a sua utilização pode ocorrer temporária ou definitivamente.
Recentemente, com a valorização e o conseqüente aumento de custo da
madeira, a necessidade de maior qualidade a partir do controle tecnológico dos
materiais, a retração das perdas em materiais e produtividade da mão-de-obra, a
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diminuição de prazos de entrega em razão da competitividade, etc., tornou-se


obrigatório que o engenheiro tome a devida consciência sobre a relevância
assumida pelo dimensionamento das fôrmas e escoramentos provisórios
considerando os planos de montagem e desmontagem e o reaproveitamento na
mesma obra.
O foco atual do setor da construção é demandar novidades em seus
produtos e processos, visando racionalizar os custos em prol da maximização dos
lucros por intermédio da melhoria na produtividade, baixo consumo de materiais e
maior reaproveitamento dos mesmos. Neste sentido, as fôrmas de madeira estão em
bastante uso no setor de construção civil, para dar formato às estruturas de concreto
e para suportar o peso próprio, das cargas acidentais e trabalho até que a mesma se
torne autoportante.
O fato é que, na produção de fôrmas para estruturas de concreto, a madeira
assume papel de destaque como o material mais utilizado no Brasil. Para isso,
torna-se imprescindível, haver insumos básicos como a chapa compensada,
madeiras serradas e pregos, assim como, os equipamentos e ferramentas de
carpintaria tais como: serra circular de bancada, serra manual, furadeiras, bancada
de carpintaria, etc.
A estrutura do molde da fôrma de madeira em compensado ou tábuas se
conforma segundo as suas dimensões. Em geral, esta estruturação é realizada a
partir da madeira, e, possui como escopo a expansão da segurança na realização da
concretagem da peça pertinente.
A retirada das fôrmas só deverá ser executada quando o concreto estiver
suficientemente endurecido para resistir aos esforços que nele atuarem. Um plano
prévio de desforma pode reduzir custos, prazos e melhorar a qualidade.
A desforma deve ser realizada de modo progressivo visando obstar o
surgimento de fissuras e trincas. Da mesma maneira, é assinalado o emprego de
pessoal capacitado para processar a desforma.
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ANEXOS
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