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JHONATTA WILLIAN FERREIRA DE ANDRADE

ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA, ECONÔMICA E AMBIENTAL


DO SISTEMA WOOD FRAME COM MADEIRA DE
REFLORESTAMENTO PARA FINS HABITACIONAIS

Tangará da Serra – MT
2018
JHONATTA WILIAN FERREIRA DE ANDRADE

ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA, ECONÔMICA E AMBIENTAL


DO SISTEMA WOOD FRAME COM MADEIRA DE
REFLORESTAMENTO PARA FINS HABITACIONAIS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia Civil
da Universidade do Estado de Mato Grosso
– UNEMAT, como pré-requisito para a
obtenção do Título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Maurício Dallastra

Tangará da Serra – MT
2018
Verso da folha de rosto

FICHA CATALOGRÁFICA

Obs: Os detalhes de como fazer essa ficha serão fornecidos individualmente, na Biblioteca. Mas o

procedimento é entrar no site : http://www.unemat.br/caceres/biblioteca/?link=ficha-catalografica, e

entrar com as informações pedidas e aguardar 7 dias para a obtenção do número/registro CDU.

A FICHA DE SER ANEXADA/FORMATA nesta folha


FOLHA DE APROVAÇÃO

JHONATTA WILLIAN FERREIRA DE ANDRADE

ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA, ECONÔMICA E AMBIENTAL


DO SISTEMA WOOD FRAME COM MADEIRA DE
REFLORESTAMENTO PARA FINS HABITACIONAIS

Artigo científico apresentado à Universidade do Estado do Mato Grosso como Trabalho de


Conclusão de Curso para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Banca Examinadora

____________________________________________
Prof.(a) Maurício Dallastra (UNEMAT)
Orientador

____________________________________________
Prof.(a) Ma. Gislene Ramos Bessa (UNEMAT)
Membro convidado

___________________________________________
Prof.(a) Gabrielli Steinhowser Machado Sanches (UNEMAT)
Membro convidado

Tangará da Serra
2018
“Acredite que você pode, assim você já está no
meio do caminho. ”
(Theodore Roosevelt)
RESUMO

O Wood Frame é um sistema construtivo composto por perfis leves de madeira revestidos com chapas
em OSB (Oriented Strand Board), largamente utilizado nos países desenvolvidos. O objetivo do presente trabalho
foi realizar uma pesquisa bibliográfica abordando o sistema construtivo em Wood Frame e seus componentes,
comparando-o com o sistema em alvenaria convencional, sob aspectos de conforto térmico e acústico,
durabilidade, resistência, custo e sustentabilidade. Além da pesquisa bibliográfica foi realizado um questionário
com profissionais da construção civil de Tangará da Serra, objetivando a avaliação da adoção do sistema em Wood
Frame na cidade por esses profissionais e as possíveis medidas para ampliação da utilização deste sistema em
Tangará da Serra. Constatou-se, por meio da pesquisa bibliográfica que o sistema em Wood Frame é mais
vantajoso, quando comparado ao sistema em alvenaria, sob todos os aspectos abordados no presente trabalho,
constatou-se ainda que, apesar das vantagens apresentadas pelo sistema, o mesmo ainda é pouco utilizado no
Brasil. Através da aplicação do questionário foi verificado que os principais fatores que influem na baixa difusão
desse sistema em Tangará da Serra é a falta de mão de obra especializada e a baixa procura pelo sistema em Wood
Frame pelos consumidores. Quando levantadas as possíveis soluções para que haja uma popularização do sistema
na cidade, observou-se que as soluções mais citadas pelos profissionais entrevistados foram a divulgação do
sistema ao público leigo e a realização de minicursos e palestras relacionadas ao Wood Frame, capacitando desta
forma os profissionais para atuarem no projeto e construção de edificações utilizando esse sistema construtivo.
Palavras-chave: Construções em madeira. Sistema construtivo industrializado. Sustentabilidade.
ABSTRACT

The Wood Frame is a constructive system composed of light wood profiles coated with OSB (Oriented
Strand Board), widely used in developed countries. The objective of the present work was to perform a
bibliographical research about the construction system in Wood Frame and its components, comparing it with the
system in conventional masonry, under aspects of thermal and acoustic comfort, durability, resistance, cost and
sustainability. In addition to the bibliographical research, a questionnaire was carried out with civil construction
professionals from Tangará da Serra, aiming at the evaluation of the adoption of the system in Wood Frame in the
city by these professionals and the possible measures to expand the use of this system in Tangará da Serra. It was
verified, through the bibliographical research that the system in Wood Frame is more advantageous, when
compared to the system in masonry, in all aspects addressed in the present work, it was also verified that, despite
the advantages presented by the system, the same still little used in Brazil. Through the application of the
questionnaire it was verified that the main factors that influence the low diffusion of this system in Tangará da
Serra is the lack of specialized labor and the low demand for the system in Wood Frame by consumers. When the
possible solutions were proposed so that there is a popularization of the system in the city, it was observed that the
solutions most cited by the professionals interviewed were the dissemination of the system to the lay public and
the realization of mini-courses and lectures related to Wood Frame, professionals to work on the design and
construction of buildings using this constructive system
Palavras-chave: Wooden constructions. Industrialized construction system. Sustainability.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Abrigo de madeira construído pelo homem primitivo (120.000 a.C.).................... 14


Figura 2 - Aspecto das construções realizadas por agricultores (4.500 a 3.500 a.C.). ............ 15
Figura 3 – Madeira Laminada colada: a) vigas curvas; b) Seção transversal. ........................ 16
Figura 4 - Placa estrutural em OSB. ........................................................................................ 17
Figura 5 - variação da resistência da madeira em função do grau de umidade. ...................... 19
Figura 6 - Seção de madeira carbonizada ................................................................................ 22
Figura 7 - Resistência relativa de alguns materiais em função da temperatura....................... 22
Figura 8 - Estrutura após incêndio........................................................................................... 23
Figura 9 - Esforço de Compressão. ......................................................................................... 24
Figura 10 - Esforço de Tração. ................................................................................................ 25
Figura 11 - Esforço Cisalhante ................................................................................................ 26
Figura 12 - Distribuição das áreas plantadas no Brasil em 2012. ........................................... 29
Figura 13 - Evolução histórica da produção de madeira, em m³.. ........................................... 30
Figura 14 - Segmentos, produtos e consumo final da produção Florestal de florestas Plantadas.
.................................................................................................................................................. 31
Figura 15 - Produção florestal, por tipo de floresta e tipo de uso. .......................................... 32
Figura 16 - Uso da madeira na construção civil. ..................................................................... 36
Figura 17 - Origem da madeira utilizada na construção civil. ................................................ 37
Figura 18 - Radier para sistema Wood Frame......................................................................... 40
Figura 19 - Fundação do tipo radier pronta para concretagem. .............................................. 41
Figura 20 - Basement wall. ...................................................................................................... 42
Figura 21 - Elementos estruturais do Wood Frame. ................................................................ 43
Figura 22 - Comportamento das placas OSB sob ação do vento. ........................................... 44
Figura 23 - Modo de pregação: de topo e de ângulo. .............................................................. 45
Figura 24 - Diferentes soluções para extremidades das paredes: (a) hollow corner, (b)
California corner e (c) Tie. ....................................................................................................... 45
Figura 25 - Exemplo de drenagem em fundação. .................................................................... 47
Figura 26 - Camadas das paredes externas. ............................................................................. 48
Figura 27 - Camadas das paredes internas. ............................................................................. 48
Figura 28 - Piso aéreo, sistema em Wood Frame. ................................................................... 50
Figura 29 - Plataforma de piso com (a) e sem (b) elementos bloqueadores............................ 51
Figura 30 - Instalações hidráulicas, sanitárias e elétricas no sistema Wood Frame. ............... 52
Figura 31 - Furos e cortes em montantes................................................................................. 52
Figura 32 - Treliça de cobertura industrializada e chapa metálica com dentes estampados. .. 54
Figura 33 - Camadas do sistema de cobertura com telhas shingle. ......................................... 55
Figura 34 - Esquema do forro no sistema Wood Frame. ......................................................... 55
Figura 35 - Composição do RCD no Brasil. ........................................................................... 56
Figura 36 - Área de atuação dos profissionais entrevistados. ................................................. 65
Figura 37 - Tipo de projeto mais comum. ............................................................................... 66
Figura 38 - Sistema construtivo mais usual............................................................................. 66
Figura 39 - Sistemas construtivos oferecidos aos consumidores. ........................................... 67
Figura 40 - Fatores que impedem a difusão do Wood Frame, segundo entrevistados. ........... 68
Figura 41 - Medidas para difusão do Wood Frame, segundo entrevistados. .......................... 69
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classes de Umidade................................................................................................ 19


Tabela 2 - Classes de resistência das coníferas ....................................................................... 20
Tabela 3 - Classes de resistência das dicotiledôneas ............................................................... 20
Tabela 4 - Propriedades mecânicas de algumas espécies de Madeira. .................................... 25
Tabela 5 - Área de Floresta plantada no Brasil, em hectares................................................... 28
Tabela 6 - Área certificada no Brasil em 2016. ....................................................................... 35
Tabela 7 - Espaçamento entre montantes conforme US Wall Guide ....................................... 43
Tabela 8 - Especificações de pregos para montagem da estrutura das paredes. ...................... 44
Tabela 9 - Consumo de energia para produção de alguns materiais. ...................................... 57
Tabela 10 - Potencial de aquecimento global: alvenaria x Wood Frame. ............................... 58
Tabela 11 - Condutividade térmica dos materiais. .................................................................. 59
Tabela 12 - Comparativo de custo entre alvenaria convencional e Wood Frame. .................. 61
Tabela 13 - Relação entre a resistência e a densidade de alguns materiais. ............................ 62
Tabela 14 - Taxas mínimas de retenção de preservativos. ...................................................... 63
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12
1.1 Objetivos .................................................................................................................. 13
1.1.1 Objetivo Geral ....................................................................................................... 13
1.1.2 Objetivos Específicos ............................................................................................ 13
2 BREVE HISTÓRICO DO USO DA MADEIRA .................................................... 13
3 PROPRIEDADES FISICO-MECÂNICAS DA MADEIRA ................................. 17
3.1 Umidade................................................................................................................... 18
3.2 Densidade ................................................................................................................ 20
3.3 Retrabilidade........................................................................................................... 21
3.4 Resistência ao fogo .................................................................................................. 21
3.5 Resistência à compressão ....................................................................................... 24
3.6 Resistência à tração ................................................................................................ 25
3.7 Resistência ao cisalhamento ................................................................................... 26
3.8 Módulo de elasticidade ........................................................................................... 27
4 PRODUÇÃO E CONSUMO FLORESTAL NO BRASIL .................................... 27
5 MADEIR ILEGAL, MADEIRA LEGAL E MADEIRA CERTIFICADA .......... 32
6 CONSUMO DE MADEIRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................... 36
7 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................... 37
8 SISTEMA WOOD FRAME ....................................................................................... 39
8.1 Método construtivo ................................................................................................. 39
8.1.1 Fundação ................................................................................................................ 40
8.1.2 Estrutura ................................................................................................................. 42
8.1.3 Paredes ................................................................................................................... 47
8.1.4 Pisos ....................................................................................................................... 49
8.1.5 Instalações ......................................................................................................... 51
8.1.6 Cobertura e Forro .................................................................................................. 53
8.1.7 Esquadrias ......................................................................................................... 56
8.2 Comparação entre o Wood Frame e o sistema convencional em alvenaria ....... 56
8.2.1 Geração de resíduos ............................................................................................... 56
8.2.2 Consumo energético na cadeia produtiva do material ........................................... 57
8.2.3 Produção de CO2 ................................................................................................... 58
8.2.4 Conforto térmico ................................................................................................... 59
8.2.5 Custo ...................................................................................................................... 60
8.2.6 Resistência ............................................................................................................. 61
8.2.7 Durabilidade 62
9 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 64
10 RESULTADO E DISCUSSÕES ............................................................................. 65
11 CONCLUSÃO.......................................................................................................... 70
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 75
APÊNDICE A – Questionário ..................................................................................... 80
12

1 INTRODUÇÃO

O Brasil enfrenta atualmente um grande problema: o déficit habitacional, que chegou a


17,4 milhões de habitações em 2018 (BÖHM, 2018). Esse déficit cria a necessidade de
construção de um grande número de habitações, o que estimula um crescimento significativo
no setor da construção civil no país.

O crescimento do setor (construção civil) gera desenvolvimento econômico e social para


a população, contudo, causa uma série de problemas, principalmente relacionados ao consumo
energético, emissão de gases de efeito estufa (principalmente CO2) e geração de resíduos
(KARPINSKI et. al. 2009).

Diante de tais problemas é de suma importância o desenvolvimento de tecnologias


construtivas capazes de mitiga-los. Nesse contexto as construções industrializadas apresentam
uma série de vantagens em comparação com o sistema construtivo convencional em concreto
armado e vedação em alvenaria de blocos cerâmicos, destacando-se entre esses sistemas o Wood
Frame, sistema construtivo que pode gerar uma redução no impacto ambiental causado pelas
edificações, possibilitando o aproveitamento, de maneira sustentável, do grande potencial
florestal brasileiro.

O sistema em Wood Frame pode ser descrito como um sistema construtivo


industrializado de longa vida útil, formado por perfis leves de madeira tratada e chapas
delgadas, podendo ser utilizados outros materiais para garantir a proteção contra intempéries e
proporcionar à edificação melhora no conforto térmico e acústico (CAMPOS, 2015)

Apesar das vantagens, o sistema Wood Frame ainda é pouco difundido no país,
diferentemente do que acontece em países norte-americanos e europeus, onde o sistema é
adotado na maior parte das habitações, fato que pode ser relacionado ao desconhecimento das
caraterísticas do sistema, principalmente no que tange ao comportamento estrutural e
durabilidade do mesmo (SLOMA, 2016). Desta forma, a difusão de conhecimentos torna-se um
fator decisivo para a aceitação, por parte da sociedade e profissionais, do sistema construtivo
industrializado em Wood Frame como solução construtiva para habitações, reduzindo os
impactos ambientais gerados pela construção civil e possibilitando uma redução do déficit
habitacional do Brasil de forma sustentável.
13

Os primeiros capítulos abordam, de maneira breve, a história da utilização da madeira


pelo homem, as propriedades do material, a produção florestal e o consumo de produtos
florestais no Brasil, a origem da madeira (madeira legal, ilegal e certificada), o consumo de
madeira pelo setor da construção civil no Brasil e a sustentabilidade na construção civil.

Em seguida é abordado o sistema em Wood Frame, descrevendo-se o método executivo


dos principais elementos que compõem o sistema, realizando-se, posteriormente, um estudo
comparativo entre este e a alvenaria convencional, sob aspectos técnicos, econômicos e
ambientais. Por fim, são apresentados a metodologia adotada no presente trabalho e os
resultados obtidos através do questionário aplicado aos profissionais.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Analisar a viabilidade técnica, econômica e ambiental do uso do sistema Wood Frame


com madeira de reflorestamento para construções habitacionais.

1.1.2 Objetivos Específicos

 Descrever o processo construtivo em Wood Frame;


 Comparar o sistema convencional em alvenaria com o sistema Wood Frame, em
aspectos técnicos, econômicos e sustentáveis;
 Realizar questionário com profissionais da construção civil em Tangará da Serra,
visando avaliar a adoção do sistema Wood Frame pelos mesmos, bem como as possíveis
soluções para a efetiva utilização do Wood Frame em construções habitacionais na
cidade.

2 BREVE HISTÓRICO DO USO DA MADEIRA

A madeira pode ser considerada um dos primeiros materiais que o homem foi capaz de
dominar, sendo usada ao longo da evolução humana para diversos fins, tais como: habitação,
ferramentas, armas, meios de transporte (como barcos e carruagens), entre outros usos, fato que
pode ser relacionado com a abundância deste material, sua origem natural e a necessidade de
ferramentas simples para o manuseio deste, conforme afirmam Branco e Lourenço (2012).
14

Especialistas datam o início do uso da madeira pelo homem primitivo, por volta de
120.000 a.C. (ALMEIDA, 2012), onde o homem dava seus primeiros passos no uso deste
material para fins habitacionais, utilizando para tal galhos de madeira entrelaçados, formando
uma estrutura de planta circular, conforme ilustra a figura 1.

Figura 1 - Abrigo de madeira construído pelo homem primitivo (120.000 a.C.).


Fonte: Almeida (2012).

Durante o período compreendido entre 40.000 a.C. e 10.000 a.C. o homem aperfeiçoava
suas técnicas de construção com madeira, chegando a construir abrigos com dimensões, em
planta, de aproximadamente 15 m x 9 m, cobertos com peles, e utilizando como estrutura
arranjo de galhos de árvores (ALMEIDA, 2012).

As construções das primeiras casas de madeira semelhantes às casas contemporâneas


datam de 4.500 a 3.000 a.C. e sua autoria é associada aos agricultores, que mesmo sem o
domínio dos conceitos relacionados ao projeto e dimensionamento de estruturas de madeira, o
que teoricamente diminuiria drasticamente a durabilidade dessas estruturas, foram capazes de
construir casas com dimensões consideravelmente grandes, com comprimentos entre 20m e
45m e larguras que chegavam aos 7m (ALMEIDA, 2012).

A figura 2 ilustra a aparência destas casas, sendo possível verificar certa semelhança
com as casas de madeira contemporâneas. Essas habitações não possuíam janelas e toda a
estrutura era composta por madeira e consistia em linhas de cinco troncos (pilares), cravados
no solo, onde apoiavam-se as vigas que davam suporte à estrutura da cobertura. As paredes
externas eram revestidas com uma trama de galhos entrelaçados coberta por argila.
15

Figura 2 - Aspecto das construções realizadas por agricultores (4.500 a 3.500 a.C.).
Fonte: Almeida (2012).

No início da idade média este tipo de construção entra em desuso, sendo utilizado em
sua substituição casas do tipo cabana, que surgiram primeiramente nas cidades, sendo
implementadas posteriormente nas zonas rurais. Almeida (2012) define casas do tipo cabana
como: “casas constituídas por troncos de madeira laminados” (ALMEIDA, p. 6, 2012).

Entre os séculos X e XVIII, a madeira foi o principal material usado na Europa, nas
habitações, ferramentas, máquinas, embarcações, etc. Durante a primeira guerra mundial a
indústria da madeira teve um rápido crescimento, crescimento substancialmente incrementado
após a segunda guerra mundial e desenvolvimento de adesivos resistentes à umidade.

O desenvolvimento de materiais compósitos baseados em madeira, principalmente a


partir do século XX, abriu novas oportunidades para o uso da madeira. A capacidade de
industrializar painéis e criar estruturas em diferentes formas, aliado a possibilidade de uso
combinado destes com resinas e outros materiais, bem como a oportunidade de utilização, de
maneira econômica, de resíduos de madeira gerados por outras atividades, produziu incentivos
para o desenvolvimento de novos materiais e técnicas, bem como a larga aplicação destes nas
estruturas contemporâneas. (YOUNGS, 2009)

Dentre os produtos derivados da madeira, podemos destacar a madeira laminada colada


(MLC) e as placas oriented strand board (OSB). O primeiro é obtido através da colagem de
peças de madeira maciça, enquanto o segundo consiste num aglomerado de lascas de madeira,
retangulares e longas, dispostas de maneira orientada.
16

A Madeira laminada colada (MLC) tem como principais vantagens não apresentar
limitações quanto às dimensões e redução nos defeitos naturais da madeira, visto que as peças
que compõem a MLC são selecionadas e dispostas de forma que essas variações na qualidade
da madeira (como nós, por exemplo) não afetem na capacidade resistente dos perfis,
possibilitando ainda a fabricação de peças curvas (ALMEIDA, 2012), conforme ilustra a figura
3.

(a) (b)
Figura 3 – Madeira Laminada colada: a) vigas curvas; b) Seção transversal.
Fonte: Almeida (2012)

As placas de OSB são indicadas para aplicações estruturais, pois apresentam boa
resistência mecânica, características hidrófugas (quando usados adesivos com propriedades
hidrofugantes), fácil aplicação e manuseio, bem como o baixo custo, visto que podem ser
utilizados materiais menos nobres para fabricação das mesmas. A figura 4 ilustra o aspecto de
uma placa OSB.
17

Figura 4 - Placa estrutural em OSB.


Fonte: LP Building products, 2016.

Quanto às características mecânicas o OSB tem uma resistência à flexão de 27Mpa no


plano longitudinal e 14Mpa no plano transversal, apresentando resistência à tração
perpendicular de 0,38Mpa. O módulo de elasticidade é de aproximadamente 7,5Gpa (VARA,
2015).

Dentre as técnicas construtivas modernas em madeira destaca-se, pela sua larga


utilização, o Wood Frame. Sistema que surgiu na América do Norte e é atualmente a solução
mais utilizada em habitações, não só na América do Norte, mas também em países europeus e
asiáticos (CAMPOS, 2015).

3 PROPRIEDADES FISICO-MECÂNICAS DA MADEIRA

No que tange aspectos relativos ao dimensionamento de estruturas de madeira, algumas


propriedades físico-mecânicas desse material são extremamente importantes, pois norteiam o
procedimento de dimensionamento e verificações da estrutura, seguindo o proposto pela norma
brasileira NBR 7190 – Projeto de estruturas de madeira (1997). Para Gesualdo (2003) as
principais propriedades físicas e mecânicas relativas ao dimensionamento de estruturas de
madeiras são:

 Propriedades Físicas: Umidade, Densidade, Retrabilidade, Resistência ao fogo;


 Propriedades Mecânicas: Resistência à compressão, Resistência à tração, Resistência ao
cisalhamento, Módulo de elasticidade.
18

A seguir são descritas cada uma das propriedades supracitadas, bem como as prescrições
da norma brasileira NBR 7190.

3.1 Umidade

A madeira é um material higroscópico, ou seja, sua umidade varia conforme a umidade


do ambiente, tendendo a um equilíbrio em função desta. Essa mudança nas condições de
umidade da madeira gera fenômenos conhecidos como retração e inchamento, que influem no
comportamento estrutural do material (ALMEIDA, 2012).

A água contida na madeira pode se apresentar em duas formas: água livre (encontra-se
contida nas cavidades das células) e água impregnada (contida nas paredes das células). A água
livre começa a reduzir de forma bastante rápida assim que há o corte da árvore, já água
impregnada é perdida de forma mais lenta (SZÜCS et. al., 2015)

O ponto de saturação das fibras (PSF) é o ponto onde há a mínima quantidade de água
livre e a máxima quantidade de água impregnada, para as madeiras brasileiras este valor é de
aproximadamente 25%. Esse ponto é de extrema importância, pois a perda de umidade pela
madeira até o ponto de saturação das fibras não implica em mudanças no comportamento
estrutural, não havendo, portanto, mudanças significativas no volume da mesma. A perda de
água após o PSF deve ocorrer de forma controlada para que se possam evitar problemas na
secagem da madeira, visto que nessa fase há uma redução volumétrica seguida por um aumento
na resistência mecânica da mesma (SZÜCS et. al., 2015).

A figura 5 ilustra a variação da resistência em função do grau de umidade.


19

Figura 5 - variação da resistência da madeira em função do grau de umidade.


Fonte: Pfeil, 2003.

A norma brasileira, NBR 7190 (1997), especifica a umidade de referência como 12%
para fins de ensaios para determinação de propriedades físicas e mecânicas da madeira. Como
essa umidade nem sempre corresponde à umidade de equilíbrio da madeira (que varia em
função da umidade relativa do ambiente), a norma propõe a classificação do ambiente em quatro
classes de umidade, para que se possa fazer, no momento da determinação da resistência de
cálculo, a correção da resistência em função da umidade do ambiente. A tabela 1 relaciona a
umidade relativa do ambiente com a respectiva classe de umidade e umidade de equilíbrio da
madeira (NBR 7190, 1997).

Tabela 1 - Classes de Umidade

Fonte: NBR 7190, 1997.


20

Matematicamente a umidade (U) é definida como:


𝑚1 −𝑚2
𝑈= × 100 (Equação 1)
𝑚2

Onde m1 é a massa úmida e m2 é a massa seca (GESUALDO, 2003).

3.2 Densidade

Duas definições de densidades são apresentadas pela norma brasileira: a densidade


básica e a densidade aparente. A densidade básica é o quociente da massa seca pelo volume
saturado, enquanto a densidade aparente é a razão entre a massa e o volume da madeira para
uma umidade de referência (12%) (SZÜCZ et al., 2015)

A norma brasileira apresenta uma relação entre a classe de resistência e as densidades


básicas e aparentes, para espécies dicotiledôneas e conífera, conforme apresentam as tabelas 2
e 3.

Tabela 2 - Classes de resistência das coníferas

Fonte: NBR 7190, 1997.

Tabela 3 - Classes de resistência das dicotiledôneas

Fonte: NBR 7190, 1997.


21

3.3 Retrabilidade

A redução da umidade da madeira à valores abaixo do ponto de saturação das fibras


(U≈25%) causa uma variação dimensional (retração) nas peças de madeira. Essa retração ocorre
nas três direções principais (longitudinal, transversal e radial), sendo mais expressiva na direção
tangencial, com valores de redução entre 5% a 10% da dimensão verde. A retração na direção
radial varia entre 2,5% e 5%, enquanto na direção longitudinal a retração é menos pronunciada,
com valores entre 0,1% e 0,3% (PFEIL, 2003).

3.4 Resistência ao fogo

A madeira é um material combustível, porém, ao contrário do que o senso comum leva


a acreditar, tem em seu comportamento ao fogo um aspecto de destaque. A partir do momento
em que as chamas começam a se propagar sobre a superfície da madeira é criada uma camada
de material carbonizado, camada esta que funciona como um isolante térmico e retarda de forma
bastante expressiva o avanço das chamas para o interior da seção do elemento. Essa taxa de
propagação, segundo Almeida (2012) é da ordem de 0,64mm/min, o que permite às estruturas
de madeira, quando adequadamente dimensionadas para tal, suportarem as cargas durante um
tempo maior que outros elementos como o aço e o concreto em altas temperaturas.

A madeira, [...] diante de altas temperaturas provavelmente terá maior


resistência que o aço, pois sua resistência não se altera sob altas temperaturas. Assim,
em um incêndio ela pode ser responsável pela propagação do fogo, mas em
contrapartida suportará a ação do fogo em alta temperatura durante um período de
tempo maior (GESUALDO, 2003 p. 7).

A figura 6 ilustra a seção de um elemento em madeira após incêndio, pode-se observar


a presença de uma camada carbonizada, que não mais possui capacidade resistente, a zona de
pirólise, onde a madeira se encontra aquecida, apresentando baixa resistência e após a zona de
pirólise a madeira apresenta uma camada de madeira inalterada, que permanece com suas
características inalteradas.
22

Figura 6 - Seção de madeira carbonizada


Fonte: Figueroa e Moraes, 2009

A figura 7 apresenta a resistência relativa de alguns materiais em função da temperatura,


onde pode-se observar que o aço, a uma temperatura de 600°C, apresenta aproximadamente
45% de sua resistência inicial, chegando a menos de 20% em temperaturas superiores a 800°C.

Esse comportamento do aço pode levar à ruína da estrutura que, nessas condições, muito
provavelmente, apresentará grandes deformações (CBCA, 2004), ao passo que uma estrutura
de madeira, devidamente projetada para situações de incêndio, resistiria à essas temperaturas
sem apresentar deformações.

Figura 7 - Resistência relativa de alguns materiais em função da temperatura.


Fonte: CBCA, 2004
23

A figura 8 apresenta perfis metálicos retorcidos depois da perda de resistência


provocada pelas altas temperaturas, enquanto a estrutura em madeira, apesar de carbonizada
ainda possuir capacidade resistente.

Figura 8 - Estrutura após incêndio.


Fonte Szücs et. al, 2015.

Mesmo o concreto, em situação de incêndio, tem um comportamento indesejável,


conforme afirmam Silva e Fruchtengarten (2012):

O concreto, além da redução da resistência, perde área resistente devido ao


“spalling”. O “spalling” é um lascamento da superfície do elemento de concreto,
devido à pressão interna da água ao evaporar-se e ao comportamento diferencial dos
materiais componentes do concreto. Em concretos de alta resistência pode ocorrer o
“spalling” explosivo, pela maior dificuldade de percolação da água. O “spalling”
reduz a área resistente do concreto e expõem a armadura ao fogo (SILVA;
FRUCHTENGARTEN, p. 21, 2012).

No Brasil ainda não existem normas que ofereçam suporte ao dimensionamento de


estruturas de madeira em situação de incêndio, nem mesmo a NBR 7190 traz parâmetros e
diretrizes para dimensionamento nessas condições, o que leva aos projetistas adotarem os
parâmetros apresentados por normas estrangeiras, principalmente o Eurocode 5, que recomenda
o dimensionamento de estruturas adotando a seção líquida efetiva restante após a ocorrência do
sinistro (CAMPOS, 2015).
24

3.5 Resistência à compressão

Entende-se como compressão o esforço aplicado que tende a encurtar as dimensões de


uma peça estrutural (figura 9). Para Assan (2015): “[..] quando o vetor entra na seção, ela é
chamada de força normal de compressão, porque ela comprime (encurta) a barra” (ASSAN,
p.91, 2015).

Nas estruturas em madeira, a resistência à compressão pode ser considerada uma das
principais características mecânicas do material, visto que a norma brasileira permite a
determinação das demais propriedades mecânicas a partir do valor da resistência à compressão
paralela às fibras da madeira (item 6.3.3 da NBR 7190).

Figura 9 - Esforço de Compressão.


Fonte: Autor, 2018.

Devido à suas propriedades anisotrópicas a madeira apresenta diferentes


comportamentos a depender do sentido e direção dos esforços aplicados, desta forma, a
resistência da mesma aos esforços de tração e compressão podem ser avaliados paralela e
perpendicularmente ao eixo longitudinal das fibras, destaca-se, porém, a análise da resistência
na direção paralela ao eixo longitudinal da peça, visto que esta situação é a mais comumente
verificada em construções de madeira (PFEIL, 2003).

A tabela 4, adaptada da NBR 7190 (1997), apresenta os valores médios de resistência


de algumas espécies de madeira, de acordo com o anexo E da norma brasileira.
25

Tabela 4 - Propriedades mecânicas de algumas espécies de Madeira.

Fonte: Adaptado de NBR 7190, 1997

A determinação da resistência de cálculo, para esforços de compressão (fc0,d), pode ser


obtida pela equação 2.

𝑓𝑐0,𝑘
𝑓𝑐0,𝑑 = 𝑘𝑚𝑜𝑑,𝑚é𝑑 × (Equação 2)
𝛾𝑐

Com γc = 1,4 para esforços de compressão.

3.6 Resistência à tração

Entende-se como tração o esforço axial que tende a provocar um alongamento na peça
solicitada, esticando-a (Figura 10) (ASSAN, 2015).

Figura 10 - Esforço de Tração.


Fonte: Autor, 2018.

As madeiras, de maneira geral, como pode ser constatado na tabela 4, possuem


resistências média a tração superiores às de compressão, contudo, a norma brasileira prevê a
determinação da classe de resistência de uma determinada madeira em função da resistência
26

característica à compressão (fc0,k), que pode ser adotada, segundo a mesma norma, como sendo
70% do valor de fc0,m (NBR 7190, 1997).

A resistência característica à compressão (fc0,k) e a resistência característica à tração


(ft0,k), para efeitos de dimensionamento, segundo a NBR 7190 (1997) são as mesmas, sendo
definidas em função da classe de resistência. A determinação da resistência de cálculo, para
esforços de tração (ft0,d), pode ser obtida pela equação 3.

𝑓𝑡0,𝑘
𝑓𝑡0,𝑑 = 𝑘𝑚𝑜𝑑,𝑚é𝑑 × (Equação 3)
𝛾𝑡

Com γt = 1,8 para esforços de tração.

Na determinação da resistência de cálculo, porém, a norma prevê coeficientes de


minoração da resistência diferentes (1,4 para compressão e 1,8 para tração), sendo este maior
para peças solicitadas à tração, fato relacionado ao mecanismo de ruptura do material sob
diferentes solicitações (tração e compressão). De acordo com Pfeil (2003), enquanto as peças
solicitadas à compressão apresentam grande deformação antes da ruptura (comportamento
dúctil), as solicitadas à tração apresentam um comportamento frágil na ruptura, fator que
implica na utilização de um coeficiente minoração de resistência maior, visando a segurança da
estrutura em serviço.

3.7 Resistência ao cisalhamento

Conforme afirma Assan (2015), o cisalhamento é o esforço que tende a imprimir, na


seção transversal do elemento, um deslizamento tangencial entre dois planos fictícios, conforme
exemplifica a figura 11.

Figura 11 - Esforço Cisalhante


Fonte: Autor, 2018.
27

A determinação da resistência característica ao cisalhamento (fv0,k), de acordo com a


NBR 7190 (1997), pode ser realizada por meio de ensaios, valores tabelados (Tabelas 8 e 9 da
NBR 7190) ou correlações com a resistência à compressão característica (fc0,k). Em seu item
6.6.3, a norma brasileira traz as seguintes correlações:

 Para Coníferas: fv0,k/fc0,k = 0,15.


 Para dicotiledôneas: fv0,k/fc0,k = 0,12.

A determinação da resistência de cálculo, para esforços de cisalhamento (fv0,d), pode ser


obtida pela equação 4.

𝑓𝑣0,𝑘
𝑓𝑣0,𝑑 = 𝑘𝑚𝑜𝑑,𝑚é𝑑 × (Equação 4)
𝛾𝑣

Com γv = 1,8 para esforços de cisalhamento.

3.8 Módulo de elasticidade

A maioria dos materiais conhecidos possuem um diagrama tensão-deformação com um


trecho inicial apresentando um comportamento linear elástico. O módulo de Elasticidade ‘E’,
representa o coeficiente angular desta reta tensão (σ) x deformação (ε), sendo considerado igual
para esforços de compressão e de tração no trecho elástico linear (TIMOSHENKO; GERE,
1983).

O módulo de elasticidade é de suma importância na verificação dos estados limites


relativos às deformações excessivas, visto que o mesmo exprime a deformabilidade de um dado
material. Conforme afirmam Timoshenko e Gere (1983): “ O alongamento de uma barra
linearmente elástica é diretamente proporcional à carga e ao comprimento e inversamente
proporcional ao módulo de elasticidade e área da seção transversal. ” (TIMOSHENKO;
GERE, p. 7, 1983).

Os valores médios para algumas espécies de madeiras foram apresentados na tabela 4,


onde pôde-se observar a maior rigidez apresentada pelas espécies dicotiledôneas frente às
coníferas.

4 PRODUÇÃO E CONSUMO FLORESTAL NO BRASIL

As florestas cobrem aproximadamente 30% da superfície terrestre (aproximadamente


3.870 milhões de hectares), deste total cerca de 95% correspondem a florestas nativas. As
28

florestas tropicais representam 47% do total, as subtropicais em torno de 9% e as florestas


temperadas e boreais, 44% (PEREIRA, 2003).

É um fato inegável o imenso potencial florestal do Brasil, possuindo a maior extensão


de florestas tropicais do planeta, liderando, assim, a produção e consumo de madeiras tropicais.
Estima-se que aproximadamente 64% do território nacional possua algum tipo de cobertura
vegetal (PEREIRA, 2003).

O Brasil possui a segunda maior área de vegetação do mundo, cerca de 496 milhões de
hectares, ficando atrás somente da Rússia. Deste total, as florestas plantadas correspondem a
aproximadamente 10 milhões de hectares (SNIF, 2017). A tabela 5 seguir apresenta a área total
de florestas plantadas entre os anos de 2014 e 2016.

Tabela 5 - Área de Floresta plantada no Brasil, em hectares.

Fonte: SNIF, 2017.

A produção de eucalipto, como ilustra a tabela 5, representa a maior parcela da produção


nacional de floresta plantada, cerca de 75% do total. Em segundo lugar, com aproximadamente
21% do total, temos o pinus, espécie com larga produção na região sudeste do país. As demais
espécies como a teca e o paricá, apresentam tímida produção, somando, juntas, apenas cerca de
4% do total produzido no país.

A figura 12 apresenta a distribuição das áreas plantadas no país, onde destaca-se o estado
de Minas Gerais como o maior produtor nacional de floresta plantada, com aproximadamente
1,5 milhões de hectares em 2012. Os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
lideram a produção nacional de Pinus, representando, juntos, cerca de 80% do total produzido.
29

Figura 12 - Distribuição das áreas plantadas no Brasil em 2012.


Fonte: ABRAF, 2013.

Quanto ao rendimento florestal, conforme afirma Pereira (2003), as florestas tropicais


manejadas, com ciclos de corte de 30 anos, apresentam produtividade entre 20 e 30 m³/ ha /
ano. As florestas plantadas, por sua vez, apresentam produtividade de até 45 m³/ ha / ano em
ciclos de até 25 anos. Essa produtividade varia em função da espécie plantada (Pinus ou
Eucalipto), bem como a finalidade da madeira (celulose, painéis ou madeira serrada).

Essa vantagem competitiva das florestas brasileiras pode ser explicada pelas condições
climáticas, bem como a capacitação tecnológica do país nas últimas décadas, como por exemplo
a hibridização de espécies e a clonagem, que aumentam significativamente a adaptabilidade e
produtividade das florestas plantadas, conforme afirma Bison (2004):

A seleção clonal, associada a técnicas de manejo, contribuiu para expressivo


aumento no volume de madeira e produção de celulose por hectare, principalmente
porque as empresas dispunham de milhões de plantas oriundas de propagação sexuada
e evidentemente aplicaram uma forte intensidade de seleção. Tanto é assim que a
produtividade de madeira passou de 20 m³/há/ano em 1960 para 40 m³/há/ano em
1998 (BISON, p. 7,2004)

Para se ter uma ideia da magnitude desta produção, as florestas plantadas alcançam
níveis de até 5m³/ ha / ano, na Finlândia; 10 m³/ ha / ano, em Portugal; 15 m³ / ha / ano, nos
Estados Unidos e 18 m³/ ha/ ano na África do Sul (PNF, 2000).

O volume de madeira extraída em 2016 foi próximo de 268milhões de metros cúbicos,


sendo aproximadamente 227 milhões de metros cúbicos (84,7%) provenientes de florestas
30

plantadas e os 41 milhões de metros cúbicos restantes (15,3%) provenientes de extração vegetal


(floresta nativa), apresentando a silvicultura extração 5,6 vezes superior à extração vegetal
(SNIF, 2017).

A figura 13 apresenta a evolução histórica da quantidade de madeira extraída, por tipo


de floresta, entre os anos de 1994 e 2016. Onde pode-se observar uma redução na extração de
florestas naturais e um crescimento da extração de florestas plantadas. Contudo, a quantidade
total extraída apresentou uma redução de aproximadamente 6,05% entre 1994 e 2016, fato que
pode estar relacionado à grande redução (aproximadamente 75,6%) da quantidade extraída de
madeira em florestas naturais.

Figura 13 - Evolução histórica da produção de madeira, em m³..


Fonte: SNIF, 2017

A produção Florestal do Brasil possui diversas finalidades, a figura 14 apresenta os


principais segmentos industriais atendidos por essa produção, bem como os principais produtos
e consumidores finais dos mesmos.
31

Figura 14 - Segmentos, produtos e consumo final da produção Florestal de florestas Plantadas.


Fonte: ABRAF, 2013

De acordo com SNIF (2017), a destinação da produção pode ser dividida em: Madeira
para combustível e madeira para indústria. Os produtos para combustíveis, representados pelo
carvão vegetal e lenha, representaram, em 2016, 45,73% do volume total produzido. Já para o
uso industrial (produção de papel e celulose, produção de chapas, madeira serrada, entre outros)
foram destinados os 54,27% restantes, dos quais 58,68% foram destinados à indústria de papel
e celulose. A figura 15 apresenta, de forma detalhada a distribuição da produção, classificando-
a em função do tipo de floresta (Natural ou plantada) e tipo de uso (madeira para combustível
e madeira para indústria).
32

Figura 15 - Produção florestal, por tipo de floresta e tipo de uso.


Fonte: SNIF, 2017

A partir da figura 15, pode-se observar que a maior parte da madeira extraída das
florestas naturais tem como destinação o uso como combustível, ao contrário do que acontece
com a produção de florestas plantadas, que tem como principal destinação o uso para indústria.
O eucalipto tem como principal finalidade atender à indústria de papel e celulose, o pinus por
sua vez tem larga utilização para outras finalidades industriais, entre elas a indústria moveleira
e a construção civil.

A indústria de produtos madeireiros alcançou, em 2015, um valor de produção de R$


98,95 bilhões, um aumento de 14% em relação ao ano de 2014, gerando aproximadamente
625.563 empregos diretos nos diversos segmentos do setor florestal. Os segmentos do setor
florestal que mais geraram empregos em 2015 foram a produção moveleira (191.929 empregos)
e a produção de papel e celulose (177.323 empregos) (SNIF, 2017).

5 MADEIRA ILEGAL, MADEIRA LEGAL E MADEIRA CERTIFICADA

O desmatamento da floresta amazônica, segundo especialistas, pode ser considerado


com um dos fatores que mais influenciam as mudanças climáticas observadas nas últimas
33

décadas. Segundo IPT (2009), entre 43% e 80% da produção de madeira na Amazônia é de
origem ilegal, oriunda da exploração predatória e insustentável, motivada, principalmente, pela
expansão pecuária.

Na região da Amazônia Legal, de acordo com a Lei n° 12.651/2012, apenas 20% da


propriedade pode ser desmatada, os outros 80% correspondem à Reserva Legal (RL), onde é
permitido o manejo sustentável de produtos florestais, madeireiros ou não.

Conforme afirma IPT (2009), a extração de madeira de florestas naturais pode ocorrer
de duas maneiras: através do manejo florestal ou através da conversão de uso do solo, como a
pecuária e agricultura, por meio do desflorestamento. Em ambos os casos é necessário
protocolar solicitação junto aos órgãos responsáveis, que por sua vez, através de análise
documental, permitirá ou não a exploração da área em questão.

Entende-se por madeira ilegal, aquela extraída sem o licenciamento exigido, bem como
as extraídas em desacordo com a lei de exploração. A madeira ilegal pode ser associada à
grilagem de terras, desmatamento ilegal e falsificação de documentação de transporte (DI
MAURO, 2013).

A demanda do mercado por uma quantidade limitada de espécies gera um aumento na


valorização dessas madeiras e uma consequente pressão florestal, em especial sobre as madeiras
de lei. Objetivando uma redução nesta pressão, o Instituto de Pesquisas Técnicas do estado de
São Paulo (IPT), desenvolveu, em 2013, um catálogo de madeiras alternativas passíveis de uso
na construção civil. Essas espécies fazem parte do inventário disponíveis por empresas
certificadas.

A Amazônia é de longe o bioma mais afetado pela extração de madeira ilegal, conforme
Uehara et. al. (2011), estima-se que cerca 35% da produção madeireira amazônica, em 2009,
tenham sido exploradas de maneira ilegal.

Para Braga e Sarrouf (2011) madeira legal é aquela que cumpre as exigências legais e
relativas à documentação. A madeira legal pode vir de atividade de manejo florestal sustentável
ou ainda de desmatamento, desde que autorizado pelos órgãos ambientais competentes (DI
MAURO, 2013).

No entanto, mesmo sendo legal, a madeira proveniente de desmatamento


autorizado nem sempre é sustentável e contribui para a conservação da floresta, pois
pode ter caráter predatório e seu custo de produção é inferior quando comparado ao
do manejo florestal (DI MAURO, p. 62, 2013).
34

A madeira certificada, por sua vez, é aquela extraída dentro de uma floresta detentora
de um plano de manejo certificado, plano este que atende aos critérios dos sistemas de
certificação aos quais está vinculada a floresta. Por conta das boas práticas adotadas, a
certificação comprova a origem ambientalmente correta, economicamente viável e socialmente
justa dos produtos florestais (DI MAURO, 2013).

Ainda segundo Di Mauro (2013), os dois principais tipos de certificação são a


certificação de manejo florestal e a certificação de cadeia de custódia, e os dois principais
sistemas de certificação do Brasil são o FSC Brasil e o INMETRO CERFLOR.

A certificação de manejo florestal, além de seguir de forma rígida as imposições legais,


requer o cumprimento de outras normas, intrínsecas ao sistema de certificação, que garantem o
cumprimento de critérios baseados nos três pilares da sustentabilidade: ser ecologicamente
correto, socialmente justo e economicamente viável (SNIF, 2017).

A certificação de cadeia de custódia pode ser requerida por qualquer empresa que
participe da cadeia produtiva da madeira (serrarias, fabricantes, gráficas, etc.) e deseje utilizar
os selos de certificação em seus produtos (VOIVODIC, 2010).

A Cadeia de Custódia garante a rastreabilidade desde a produção da matéria-


prima que sai das florestas, passando por todos os processos de manufatura até chegar
ao consumidor final. Assegura-se de que não haverá mistura de matéria-prima
certificada com a convencional ou que essa combinação aconteça dentro de regras e
controles muito rígidos. As serrarias, os fabricantes, os designers e as gráficas que
desejam utilizar o selo FSC em seus produtos precisam obter o certificado para
garantir o acompanhamento de toda a cadeia produtiva (ZERBINI, p. 6, 2014).

Segundo FSC Brasil (2018), o sistema de certificação FSC tem como princípios:

 Princípio 1 – Conformidade com as leis e princípios do FSC;


 Princípio 2 – Posse, direitos e responsabilidades de uso;
 Princípio 3 – Direito dos povos indígenas;
 Princípio 4 – Relações comunitárias e direito dos trabalhadores;
 Princípio 5 – Benefícios da floresta;
 Princípio 6 – Impacto ambiental;
 Princípio 7 – Plano de manejo;
 Princípio 8 – Monitoramento e avaliação;
 Princípio 9 – Manutenção de florestas de alto valor de conservação;
 Princípio 10 – Plantações.
35

O sistema INMETRO CEFLOR por sua vez, tem um total de cinco princípios, sendo
eles, segundo Di Mauro (2013):

 Princípio 1 – Cumprimento da legislação;


 Princípio 2 – Racionalização no uso dos recursos florestais a curto, médio e longo prazo,
em busca pela sustentabilidade;
 Princípio 3 – Zelo pela diversidade biológica;
 Princípio 4 – Respeito às águas, ao solo e ao ar;
 Princípio 5 – Desenvolvimento ambiental, econômico e social das regiões em que se
insere a atividade florestal.

Entre as vantagens da certificação, a FSC Brasil (2018) destaca:

 Preços melhores: Principalmente no mercado europeu, onde as empresas dão


preferência à utilização de produtos certificados.
 Aumento na produtividade. Pois os trabalhadores treinados com adequadas técnicas de
manejo florestal reduzem de maneira significante os desperdícios na extração de
produtos florestais.
 Melhoria na imagem da empresa. As empresas que utilizam material de origem
certificada demonstram responsabilidade socioambiental com o manejo das florestas.

A tabela 6 seguir ilustra os dados referentes às certificações no Brasil em 2016.

Tabela 6 - Área certificada no Brasil em 2016.

Fonte: IBÁ, 2017.

Conforme pode-se observar na tabela 6, a certificação FSC é a que possui maior área
certificada, totalizando 8 milhões de hectares (entre área plantada e área manejada), bem como
o maior número de certificados (97 certificados, no total).
36

A utilização de produtos de origem certificada é de suma importância, visto que, apenas


dessa forma, garante-se a sustentabilidade das florestas, assegurando a subsistência das mesmas
para as próximas gerações.

6 CONSUMO DE MADEIRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Na construção civil o uso da madeira pode ocorrer de várias formas, sendo de forma
temporária (formas, escorras, estruturas provisórias, etc.) ou permanente (Estruturas,
esquadrias, forro, piso, casas pré-fabricadas, etc.) (SEBRAE, 2014). Ainda segundo SEBRAE
(2014), na construção civil brasileira, aproximadamente 80% da madeira é utilizada de forma
temporária, gerando assim uma quantidade de resíduos que nem sempre é disposta de maneira
adequada.

Uso da Madeira Na construção Civil

20%

80%

Temporário Permanente

Figura 16 - Uso da madeira na construção civil.


Fonte: SEBRAE, 2014.

Segundo IPT (2009), do total de madeira utilizado de forma permanente nas


construções, aproximadamente 50% empregado na fabricação de estruturas de cobertura, 13%
em forros e esquadrias e apenas 4% utilizados em casas pré-fabricadas.

Quanto à origem da madeira utilizada na construção civil, SEBRAE (2014) aponta que
o uso de madeiras de reflorestamento foi a solução encontrada pelo setor da construção civil
frente aos aumentos no custo da madeira de origem nativa. A figura 17 demonstra a
representatividade de cada tipo de madeira (nativa e de reflorestamento) na indústria da
construção civil.
37

Figura 17 - Origem da madeira utilizada na construção civil.


Fonte: SEBRAE, 2014.

Segundo FSC Brasil (2012), os projetos instalados no país possuem capacidade de


fornecer ao mercado brasileiro da construção civil aproximadamente 8,9 milhões de metros
cúbicos de madeira serrada por ano, contudo a demanda atual é cerca de 50 vezes menor (177
mil metros cúbicos). Desta forma, o setor deixa de aproveitar esse material disponível,
investindo em materiais e técnicas menos vantajosas do ponto de vista da sustentabilidade.

7 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Desde o início do último século, observa-se um crescimento expressivo da atividade


econômica e da população mundial. Esse crescimento vem pressionando sobremaneira os
recursos naturais, principalmente quanto às questões energéticas (SANTOS, 2010).

O desenvolvimento econômico de um país exige a construção de obras civis, estas por


sua vez impulsionam o mercado da construção civil, que deve crescer duas vezes e meia até
2050, conforme afirmam Agopyan e John (2011):

A demanda dos países em desenvolvimento por um ambiente


construído maior e de melhor qualidade [...] vai exigir acentuado crescimento do setor:
espera-se que a indústria de materiais de construção cresça duas vezes e meia entre
2010 e 2050 (AGOPYAN; JOHN, p. 14, 2011).

Desta forma surge a seguinte questão: Como atender a essa demanda de maneira
sustentável?

A definição de sustentabilidade, segundo Mikhailova (2004) é:

Em seu sentido lógico sustentabilidade é a capacidade de se sustentar, de se


manter. Uma atividade sustentável é aquela que pode ser mantida para sempre. Em
outras palavras: uma exploração de um recurso natural exercida de forma sustentável
durará para sempre, não se esgotará nunca. Uma sociedade sustentável é aquela que
não coloca em risco elementos do meio ambiente. Desenvolvimento sustentável é
aquele que melhora a qualidade da vida do homem na Terra ao mesmo tempo em que
respeita a capacidade de produção dos ecossistemas nos quais vivemos
(MIKHAILOVA, p. 25, 2004).
38

Segundo Agopyan e John (2011), o desafio do setor da construção civil é evoluir


economicamente, atendendo aos anseios da sociedade, mantendo, contudo, um ambiente
adequado para essa e as próximas gerações, atendendo ao tripé ambiente-economia-sociedade.
Ainda segundo Agopyan e John (2011), o impacto gerado pela construção civil abrange todas
as suas etapas: desde a extração da matéria prima até a destinação final dos resíduos, advindos
da demolição das construções, ao final da vida útil das mesmas.

Do ponto de vista da sustentabilidade, a construção civil é responsável pelo consumo da


maior parte dos recursos naturais e energéticos do Brasil, sendo também um grande gerador de
resíduos sólidos, líquidos e gasosos, interferindo, portanto, na qualidade de vida das pessoas
(CAMPOS, 2015).

Desta forma é de extrema importância o estudo de técnicas construtivas que reduzam o


impacto gerado pelas construções. Segundo Santos (2010) o caminho mais provável para isso
é a utilização dos recursos dentro da capacidade de reposição natural dos mesmos – evitando
um déficit ambiental – e o investimento em novas tecnologias.

As florestas exercem um papel extremamente importante na mitigação das mudanças


climáticas, absorvendo e estocando dióxido de carbono em sua biomassa (SANTOS, 2010).
Sob o ponto de vista da sustentabilidade as construções em madeira, quando garantido o
adequado manejo, apresentam-se como uma das mais sustentáveis, consumindo uma pequena
quantidade de energia, proporcionando conforto térmico e acústico e baixa produção de
resíduos (CARDOSO, 2015).

Contudo, o plantio de espécies exóticas deve ser realizado de maneira criteriosa, pois,
conforme afirmam Koch e Henkes (2013), o plantio de forma extensiva, criando “desertos
verdes”, ameaça a flora nativa e contribui para a extinção de espécies da fauna silvestre, que
essas têm na floresta nativa seu habitat. Ainda segundo Koch e Henkes (2013), as plantações
de espécies exóticas geram impactos ecológicos ainda maiores quando não é garantida a
existência de corredores biológicos (ecológicos) ligando áreas de floresta nativa.

Uma possível solução para redução do impacto causado pelo plantio dessas espécies
(exóticas) é o plantio no sistema consorciado, denominado sistema agrossilvipastoril, que
consiste na integração, de forma intencional, entre floresta, agricultura e pecuária. Entre as
vantagens desse sistema de integração pode-se citar: redução na ocorrência de erosão, melhor
39

produção pecuária e a redução no impacto ecológico causado por espécies exóticas, visto que
nesse sistema não são criadas barreiras entre áreas de vegetação nativa (EMBRAPA, 2008).

8 SISTEMA WOOD FRAME

8.1 Método construtivo

O Wood Frame, juntamente com os sistemas realizados com a madeira laminada colada
e madeira laminada cruzada, são alguns dos sistemas construtivos modernos que utilizam como
matéria prima a madeira.

Esse sistema construtivo surgiu na América do Norte em meados do século XIX,


apresentando-se como uma alternativa rápida e economicamente viável para as construções
durante o período do êxodo, denominado Marcha para o Oeste. Atualmente o sistema Wood
Frame é o método construtivo mais utilizado em países da América do Norte (representando
aproximadamente 95% das construções habitacionais), Europa e Ásia, onde as construções em
alvenaria são vistas como arcaicas (GRECO, 2016).

De maneira simplificada, o sistema consiste em uma estrutura formada por perfis leves
de madeira, geralmente madeiras de florestas plantadas, utilizando como fechamento placas
delgadas de madeira (OSB) preenchidas com material isolante (lã de vidro ou lã de rocha),
podendo ser revestidas com os mais diferentes tipos de materiais e geralmente construídas sobre
fundações do tipo radier (GRECO,2016; BRÜGGEMANN, 2017).

No Brasil, houve experiência com esse método construtivo no início do século XXI, por
parte de iniciativas acadêmicas, porém, adota-se como marco do sistema Wood Frame no Brasil
o ano de 2010, ano da fundação da Comissão da Casa Inteligente, dentro da Federação das
indústrias do Paraná (FIEP), para abrigar uma comissão de empresas, pesquisadores e
fornecedores ligados ao sistema construtivo em Wood Frame (ABDI, 2015)

Ainda segundo ABDI (2015), por ser considerado um sistema construtivo inovador, no
Brasil, o Wood Frame precisou passar por uma série de avaliações, onde foi verificado o
atendimento às normas de desempenho para que o sistema pudesse ser aprovado no Brasil,
culminando assim, em 2011, no desenvolvimento da SiNAT n°005: diretriz que estabelece os
parâmetros para atendimento dos requisitos de desempenho de sistema construtivos inovadores.
40

8.1.1 Fundação

Em todo e qualquer projeto de fundações é de extrema importância levar em


consideração as cargas de projeto, bem como as condições de suporte do solo onde essas serão
implantadas, para que se possa realizar a escolha do tipo de fundação mais adequado para cada
edificação (SLOMA, 2016).

Por se tratar de uma estrutura leve, quando comparada com a alvenaria convencional, o
sistema em Wood Frame possibilita a redução no custo com fundações.

Em sistemas em Wood Frame, o tipo de fundação mais comum no Brasil é o radier.


Sloma (2016) destaca ainda:

Esse tipo de fundação é recomendada para terrenos com poucos desníveis e


superfícies homogêneas, onde além da finalidade de suporte e distribuição das cargas
da estrutura, conta também com a função de piso para o pavimento térreo da
edificação (SLOMA, 2016, p.27)

A figura 18 ilustra uma fundação do tipo radier utilizada no sistema Wood Frame.

Figura 18 - Radier para sistema Wood Frame.


Fonte: Sloma, 2016.

Entende-se como radier a fundação do tipo rasa, formada por uma placa de concreto
armado que recebe todos os pilares de uma obra. Essa placa, geralmente com espessuras entre
12 e 15 cm, recebe armaduras positivas (parte inferior da placa) e negativas (parte superior da
41

placa) para que possam suportar e distribuir de maneira uniforme as cargas advindas da
estrutura ao solo (SLOMA, 2016).

Quando a solução adotada para fundação for o radier, é de suma importância a correta
locação das tubulações de água e esgoto, bem como demais instalações subterrâneas, visto que
estas serão concretadas junto ao elemento de fundação. A figura 19 mostra um radier pronto
para receber a concretagem, com as armaduras já posicionadas, bem como as tubulações
elétricas e hidrossanitárias corretamente posicionadas.

Figura 19 - Fundação do tipo radier pronta para concretagem.


Fonte: Ecker e Martins, 2014.

Uma alternativa a esse tipo de fundação, muito utilizada nos Estados Unidos da
América, é o uso de paredes estruturais denominadas “basement wall”, conforme ilustra a
figura 20.
42

Figura 20 - Basement wall.


Fonte: Vasques e Pizzo, 2014

Esse tipo de fundação, consiste em uma parede subterrânea, com função estrutural, que
recebe as cargas da estrutura e as transmitem ao solo, formando entre o piso da estrutura e o
solo um compartimento (com pelo menos 60 cm), servindo este para aumentar a temperatura
interna das residências, visto que o mesmo impede a ação dos efeitos térmicos do congelamento
do solo sobre o piso das edificações. Mesmo em países tropicais esse tipo de fundação pode
apresentar vantagens, pois possibilita a ventilação da estrutura, contribuindo para a redução da
temperatura no interior da edificação, bem como na redução da umidade na parte inferior da
estrutura (VASQUES; PIZZO, 2014).

8.1.2 Estrutura

Entende-se como estrutura, em sistemas em Wood Frame, a estrutura reticulada formada


pelo conjunto de montantes (elementos verticais), travessas (elementos horizontais) e painéis
ou chapas de madeira. Os elementos verticais e horizontais possuem seções típicas de 38 mm x
90 mm ou 38 mm x 140 mm, possuindo espaçamentos de 40 a 60cm, determinados em função
do tipo de carregamento ao qual a estrutura está submetida, conforme a tabela 7.
43

Tabela 7 - Espaçamento entre montantes conforme US Wall Guide

Fonte: Rocha, Pereira e Yokoyama, 2016.

Ecker e Martins (2014) trazem uma classificação mais ampla dos elementos que
compõem a estrutura, denominando-os: montantes, guias (superior e inferior), vergas, contra-
vergas e umbrais, conforme ilustra a figura 21.

Figura 21 - Elementos estruturais do Wood Frame.


Fonte: Ecker e Martins, 2014.

Os elementos estruturais devem ser realizados preferivelmente com a utilização de


madeiras de reflorestamento, tratadas com preservativos que inibam o ataque às estruturas por
organismos xilófagos, garantindo assim, a durabilidade necessária à estrutura (SINAT n° 005,
2017).

O dimensionamento da estrutura do Wood Frame ainda não é normatizado no Brasil,


desta forma, as empresas brasileiras que atuam no setor amparam-se nos processos construtivos
44

já consolidados em outros países, adotando, assim, as dimensões e os espaçamentos entre


elementos conforme a tabela 7, proposta por Rocha, Pereira e Yokoyama (2016),

As placas em OSB possuem, no sistema Wood Frame, dupla função: servir como
fechamento e atuar como um diafragma rígido para a estrutura (resistindo aos esforços de
cisalhamento provocados pelas cargas horizontais). A figura 22 ilustra o comportamento das
chapas de OSB sob ação de ventos.

Figura 22 - Comportamento das placas OSB sob ação do vento.


Fonte: Garcia et. al., 2014

De Acordo com Ecker e Martins (2014), a fixação entre elementos estruturais pode ser
realizada com uma série de dispositivos, entre estes pode-se destacar: mecanismos de encaixe,
pregos anelados, pregos do tipo ardox e parafusos. As dimensões sugeridas pelos códigos norte-
americanos encontram-se na tabela 8.

Tabela 8 - Especificações de pregos para montagem da estrutura das paredes.

Fonte: Dias, 2015


45

Sendo as dimensões dos pregos:

 16d: diâmetro de 4,1 mm e Comprimento de 89 mm;


 8d: diâmetro de 3,3 mm e Comprimento de 63 mm.

Figura 23 - Modo de pregação: de topo e de ângulo.


Fonte: Dias, 2005

Segundo Dias (2005), as tensões que se desenvolvem nas extremidades das paredes
tendem a ser maiores, com isso, faz-se necessária a utilização de disposições construtivas que
melhorem a resistência das paredes nesses pontos. Para tal, os montantes mais solicitados
(montantes da extremidade) precisam ser reforçados, sendo este reforço possível por meio de
uma série de soluções, algumas delas ilustradas na figura 24.

(a) (b) (c)

Figura 24 - Diferentes soluções para extremidades das paredes: (a) hollow corner, (b)
California corner e (c) Tie.
Fonte: Thallon, 2000.

A fixação entre a estrutura e a fundação pode se dar de inúmeras maneiras, a depender


do tipo de fundação e escolhas do projetista. Entre as alternativas mais utilizadas pode-se citar
a utilização de parafusos de fixação em arranques previamente inseridos na fundação no
momento da concretagem. Alternativamente a esse método podem ser utilizados parafusos
46

auto-atarrachantes (parabolts) ligados à fundação no momento da fixação dos elementos


estruturais (THALLON, 2000).

De acordo Com Dias (2005), existe uma concordância entre os códigos americanos,
Uniform Building code (UBC) e Internacional Residencial Code (IRC), no que tange às
recomendações acerca da fixação da estrutura nas fundações, sendo essas concordâncias:

 Usar parafusos com diâmetro mínimo de ½ in. (12,7mm);


 Utilizar no mínimo dois parafusos por peça fixada;
 Espaçamento entre parafusos: máximo 6ft. (Aprox. 1,83m);
 Deve haver um parafuso em cada borda do elemento, distando desta no máximo 12 in.
(30,5cm).

Na prática construtiva convencional, podem ser observadas formas


diferenciadas de se fazer a fixação dos painéis de parede à fundação. Esta forma de
fixação pode exercer influência sobre o comportamento da edificação frente à
solicitações laterais (DIAS, 2005, p.20).

As diferentes formas de fixação mencionadas por Dias (2005) referem-se ao número de


travessas inferiores utilizadas (Simples ou duplas), bem como ao tipo de elemento utilizado na
fixação (parafusos ou até mesmo barras ancoradas à fundação).

Grande importância deve ser dada a impermeabilização entre a fundação e a estrutura


do Wood Frame, visto que a umidade pode causar problemas nos elementos estruturais em
madeira. Para se reduzir a probabilidade de ocorrência deste evento, recomenda-se a
impermeabilização da fundação, na interface com a guia inferior, através da utilização de
mantas asfálticas (ou outro método de impermeabilização), bem como o tratamento da madeira
à umidade (SLOMA, 2016).

Para auxiliar na redução do risco de a umidade atingir a estrutura, recomenda-se, como


medida preventiva, a utilização de drenos nas regiões periféricas das fundações, conforme,
afirma Campos (2015): “é recomendado a instalação de um tubo de drenagem no perímetro
[...] para fazer o escoamento dessa água” (CAMPOS, p. 44, 2015).
47

Figura 25 - Exemplo de drenagem em fundação.


Fonte: Thallon, 2008.

8.1.3 Paredes

As paredes do sistema Wood Frame têm função portante, possuindo, além dos
elementos estruturais (montantes e travessas), diversas outras camadas, cada uma com uma
função específica. Algumas dessas camadas possuem coordenação modular de 1,20m x 2,40m,
contudo, as dimensões dos ambientes não ficam limitadas à essa modulação, visto que o corte
de peças para adequação de medidas não gera grande aumento nos custos. (BRÜGGEMANN,
2017).

As camadas que compõem cada parede dependem da aplicação da mesma (interna ou


externa), conforme o quadro 1. As figuras 26 e 27 ilustram as camadas que compõem uma
parede externa e interna.

Quadro 1 - Camadas das paredes Wood Frame


Camadas das Paredes Wood Frame
Parede Externa Parede Interna
Face Externa Face Interna Ambas as Faces
Acabamento Acabamento Acabamento
Placa cimentícia Gesso acartonado Gesso acartonado
Membrana hidrófuga Placa OSB Placa OSB
Placa OSB
Isolante termo acústico Isolante termo acústico
Isolante termo acústico

Fonte: adaptado de Brüggemann, 2017.


48

Figura 26 - Camadas das paredes externas.


Fonte: Brüggemann, 2017.

Figura 27 - Camadas das paredes internas.


Fonte: Brüggemann, 2017.

O sistema em Wood Frame possibilita o uso de uma gama de opções para acabamento
(ECKER; MARTINS, 2014), entre essas opções pode-se citar:
49

 Sidding Vinílico (Muito utilizado nos Estados Unidos da América);


 Revestimento cerâmico;
 Pintura;
 Blocos de tijolo a vista;
 Entre outros.

8.1.4 Pisos

Conforme afirma Thallon (2008) o piso é a parte da edificação com a qual o usuário tem
o maior contato, realizando, sobre este, atividades como andar e dançar. Desta forma, as
imperfeiçoes nesse sistema são de fácil percepção ao usuário.

Ainda segundo Thallon (2008) o subsistema de pisos exerce ainda a função de resistir
às cargas horizontais de utilização, atuando ainda como diafragma na transferência das cargas
laterais (vento, terremotos e solo) às paredes, que resistem a esses esforços, transmitindo-os às
fundações.

Desta forma, o correto dimensionamento e execução dos pisos influem sobremaneira no


comportamento estrutural e conforto de uma construção em Wood Frame, assim como ocorre
nos demais sistemas construtivos.

Quando o tipo de fundação adotada for do tipo radier a execução do piso no primeiro
pavimento se dá seguindo as mesmas técnicas construtivas utilizadas na alvenaria convencional
(CAMPOS, 2015). Entretanto, caso a fundação adotada seja do tipo basement wall ou sapatas
corridas, bem como o piso dos pavimentos superiores, a utilização de um sistema de piso,
denominado piso aéreo (SOUZA, 2013), formado por vigas de madeira e chapas de OSB, torna-
se indispensável.

Esse sistema de piso (aéreo) é descrito por Velloso (2010):

[..] uma trama estrutural formada por vigotas dispostas paralelamente,


apoiadas e fixadas à fundação no caso de pavimento ou piso térreo - ou às paredes
portantes do pavimento inferior - no caso de um entrepiso [...] (VELLOSO, p. 50,
2010).

A figura 28 ilustra o sistema de piso utilizado no pavimento superior de uma habitação


em Wood Frame:
50

Figura 28 - Piso aéreo, sistema em Wood Frame.


Fonte: Velloso, 2010.

As vigas utilizadas para o sistema de piso podem ser de seção retangular, seção T, ou
seção I (SOUZA, 2013). As vigas em seção I são, do ponto de vista estrutural, mais
interessantes, pois resultam em estruturas de pisos mais leves, resistindo de maneira mais
eficiente às flexões impostas (CAMPOS, 2015; VELLOSO, 2010).

O espaçamento entre as vigas no sistema de piso depende dos vãos e cargas atuantes na
estrutura, geralmente adotando-se vigas com espaçamentos entre 200 e 600mm (VELLOSO,
2010).

As chapas de OSB ou compensado são pregadas sobre a ossatura formada pelas vigas,
constituindo a superfície do piso. A fixação se dá por meio de pregos ou parafusos, devendo
estes estarem espaçados à cerca de 150mm, nas bordas e 300mm, na região central da chapa
(CAMPOS, 2015). As chapas devem ser fixadas transversalmente ao sentido das vigas,
auxiliando no travamento da plataforma do piso (VELLOSO, 2010). O travamento das vigas
por meio de barrotes (bloqueadores) é sugerido por Santos (2010), pois contribui para o
aumento na rigidez do diafragma formado pela plataforma do piso.
51

Figura 29 - Plataforma de piso com (a) e sem (b) elementos bloqueadores.


Fonte: Velloso, 2010.

Quando instalado em áreas molhadas o sistema de pisos deve possuir placas cimentícias
de 12mm instaladas sobre as chapas de OSB, sendo ainda necessária a impermeabilização por
meio de membrana acrílica impermeável (CAMPOS, 2015) ou manta de impermeabilização
(SINAT n° 005, 2017).

8.1.5 Instalações

De acordo com Vasques e Pizzo (2014), as instalações elétricas e hidráulicas no Wood


Frame podem ser executadas de forma muito semelhante às em alvenaria convencional,
apontando a utilização dos vãos internos aos montantes como um fator que agrega praticidade
e agilidade à execução dessas instalações.

A passagem das instalações (elétricas e hidráulicas) pode ser executada de forma que
fiquem totalmente ocultas na construção, utilizando-se para tal, os espaços disponíveis nas
paredes e/ou sob o piso, executando-se, quando necessários, rasgos nas vigas ou montantes para
passagem das tubulações (SLOMA, 2016).
52

Figura 30 - Instalações hidráulicas, sanitárias e elétricas no sistema Wood Frame.


Fonte: Campos, 2015

Quanto ao tamanho e posição dos furos ou cortes para passagem de instalações, Cardoso
(2015) recomenda:

Furos e/ou cortes laterais em montantes estruturais não devem ser efetuados
no terço médio da altura do elemento vertical. A profundidade de cortes laterais não
deve exceder em 25% a largura do montante e furos devem ter dimensões inferiores
a 40% da largura do montante. Além disso, a extremidade de um furo deve estar
distanciada no mínimo 1,6 cm (5/8”) da face externa dos montantes. Quando
necessários furos de diâmetro maior, devem ser usados montantes duplos, dessa
forma, a dimensão do furo fica limitada em 60% da largura do montante (CARDOSO,
p. 47, 2015).

A figura 31 ilustra tais recomendações:

Figura 31 - Furos e cortes em montantes.


Fonte: Cardoso, 2015.
53

As instalações hidráulicas podem utilizar tubos comuns de PVC ou ainda tubos PEX,
sistema composto por tubos flexíveis de polietileno reticulado, que reduzem o número de
conexões necessária, gerando assim, maior agilidade no processo (CAMPOS, 2015).

Segundo Campos (2015), uma consideração necessária deve ser feita quanto às
tubulações de esgoto que, em função de suas dimensões, não podem ser passadas no interior
das paredes, sendo necessário, portanto, a utilização de shafts para a passagem dos mesmos.

Quando se opta pela produção dos painéis de forma industrializada, estes saem da
fábrica com todos as camadas necessárias executadas, incluindo as instalações, sendo
necessários apenas a montagem dos mesmo no canteiro de obras, bem como a execução dos
arremates finais e a pintura dos mesmos (ABDI, 2015).

8.1.6 Cobertura e Forro

A utilização de treliças industrializadas, compostas por peças de madeira ligadas por


meio de chapas metálicas com dentes estampados, é bastante recorrente em edificações em
Wood Frame, gerando um aumento na produtividade, possibilitando ainda a utilização de
elementos de menores dimensões, geralmente com seção transversal de 3cm x 7cm (CAMPOS,
2015; CARDOSO, 2015; VELLOSO, 2010). O espaçamento adotado entre as treliças varia em
função dos vãos a serem vencidos e do tipo de telha utilizada, variando entre 60 cm e 120 cm,
o que dispensa, na maioria dos casos, a utilização de terças e caibros sobre essas treliças
(CAMPOS, 2015). Cardoso (2015) destaca que o espaçamento adotado para as treliças da
cobertura devem ser os mesmos adotados para os montantes das paredes, devendo-se atentar
para a coincidência entre os eixos das treliças e dos montantes.
54

Figura 32 - Treliça de cobertura industrializada e chapa metálica com dentes estampados.


Fonte: Velloso, 2010.

A fixação entre a treliça e as paredes estruturais se dá por meio da utilização de pregos


cravados em ângulo, unido o banzo inferior da treliça à travessa superior dos painéis
(VELLOSO, 2010). Conforme Thallon (2000), para que se evite o arranchamento das treliças
devido à ação de ventos podem ser utilizados conectores metálicos pré-furados para reforço
dessa conexão.

De acordo com Souza (2013), chapas de OSB podem ser utilizadas para enrijecimento
(contraventamento) da estrutura da cobertura bem como servirem de base para fixação de telhas.
Segundo Velloso (2010), essas chapas devem ser fixadas com sua maior dimensão
perpendicular às treliças (assim como no sistema de pisos), devendo-se ainda obedecer ao
máximo espaçamento entre os pregos: 150mm no perímetro da chapa e 300mm no centro da
mesma.

Quanto ao tipo de telha utilizado, Campos (2015) e Velloso (2010) afirmam não haver
restrições, podendo-se utilizar os mais diversos tipos de telhas, tais como: telhas cerâmicas,
metálicas, fibrocimento, concreto ou ainda telhas do tipo shingles.

Segundo Campos (2015), os telhados com telhas do tipo shingle são executados
aplicando-se sobre as chapas de OSB (base) uma camada impermeabilizante (subcobertura),
55

sobre a qual aplicam-se a telhas single que são fixadas por meio de pregos ou grampos. A figura
33 ilustra as camadas do sistema de cobertura com telhas shingle.

Figura 33 - Camadas do sistema de cobertura com telhas shingle.


Fonte: Campos, 2015.

A utilização de telhas cerâmicas dispensa a utilização das chapas de OSB sobre as


treliças. Nesse caso as ripas podem ser aplicadas diretamente sobre o banzo superior da treliça,
sendo indispensável o uso de uma manta impermeável, protegendo desta forma a estrutura da
ação prejudicial da água (VASQUES; PIZZO, 2014).

O forro, no sistema em Wood Frame, pode ser realizado com PVC ou gesso acartonado,
podendo estes serem fixados no banzo inferior da treliça. Acima do forro é necessário a
utilização de isolantes termo acústicos (lã de vidro, lã de rocha, lã de PET, etc.) a fim de se
garantir o desempenho da edificação (BRÜGGEMANN, 2017).

Figura 34 - Esquema do forro no sistema Wood Frame.


Fonte: Brüggemann, 2017.
56

8.1.7 Esquadrias

As esquadrias no sistema Wood Frame são as mesmas utilizadas no sistema


convencional em alvenaria (BRÜGGEMAN, 2017).

8.2 Comparação entre o Wood Frame e o sistema convencional em alvenaria

8.2.1 Geração de resíduos

Um dos grandes desafios para tornar a construção civil uma atividade sustentável é a
redução na geração de resíduos, visto que o setor é um dos maiores geradores de resíduos
(BRÜGGEMAN, 2017), gerando aproximadamente 40% de todo o lixo produzido pela
população (KARPINSKI et. al., 2009). Segundo Karpinski et. al. (2009) a geração per capita
de RCD (Resíduos de construção e demolição) no Brasil é de aproximadamente 0,6kg/ hab./
dia. Desta forma, o Brasil deve gerar anualmente cerca de 45,66 milhões de toneladas de RCD,
considerando uma população de 208,5 milhões de habitantes (G1, 2018).

A disposição desses resíduos se dá, na maior parte das vezes, de maneira irregular
(KARPINSKI, 2009), o que, segundo Pinto (2000), deteriora o ambiente local, compromete a
paisagem, o tráfego e a drenagem urbana, além de gerar um ambiente propício à multiplicação
de vetores patogênicos, tais como ratos, baratas, moscas, vermes, bactérias e fungos.

A construção com alvenaria convencional é um sistema construtivo associado a uma


grande geração de resíduos, principalmente pelos altos índices de perdas e retrabalhos
observados. Segundo Camargo (1995) o entulho que sai de uma obra é composto
principalmente por argamassa (64%) e componentes de vedação (30%).

COMPOSIÇÃO DO RCD NO BRASIL


Outros, 6%
Componentes de
vedação, 30%

Argamassa, 64%

Figura 35 - Composição do RCD no Brasil.


Fonte: Camargo, 1995.
57

Há uma certa divergência quanto aos percentuais de perdas nas obras de construção civil
no Brasil, alguns autores apontam perdas de mais de 30% enquanto outros afirmam não passar
de 0,2% (RODRIGUES, 2001). Ainda segundo Rodrigues (2001), pesquisas mais recentes
apontam para valores menores no desperdício de materiais, algo em torno de 8%, que, apesar
de não ser um número alarmante, pode reduzir em até 50% o lucro previsto para um
empreendimento.

Segundo ABDI (2015) e SILVA et. al. (2016) o sistema Wood Frame, por se tratar de
um sistema industrializado produzido com elevado controle tecnológico, é capaz de reduzir em
até 90% a quantidade de resíduos gerados, quando comparado com o sistema convencional.

8.2.2 Consumo energético na cadeia produtiva do material

Outro fator relacionado à sustentabilidade é o consumo energético em cada sistema


construtivo, pois, conforme afirma Laroca (2002), quão maior o consumo de energia maior é
também os impactos ao meio ambiente.

De acordo com Karpinski et. al. (2009) dos 40% da energia mundial consumidos pela
construção civil, cerca de 80% são consumidos nas atividades de extração, beneficiamento e
transporte de materiais, sendo algumas dessas atividades geradoras de emissões de gases que
promovem o aquecimento global e poluição do ar.

Segundo Souza (2013), a madeira apresenta um menor consumo de energia quando


comparada com outros materiais, sendo ainda um material de origem natural e renovável que
demanda pouca energia em seu beneficiamento. Na tabela 9 é possível verificar o consumo de
energia consumido na fabricação de alguns materiais utilizados na construção civil.

Tabela 9 - Consumo de energia para produção de alguns materiais.

Fonte: Adaptado de Laroca, 2002.


58

A partir da tabela 9, observa-se que o uso do concreto consome, por metro cúbico, o
dobro da energia consumida pela madeira serrada e o aço consome cerca de 131 vezes mais
energia quando comparado com a madeira serrada. Desta forma, pode-se inferir acerca dos
benefícios do uso do sistema em Wood Frame na redução do consumo de energia.

Além da redução no consumo de energia para produção da matéria prima, o conforto


térmico propiciado pelo Wood Frame reduz o consumo energético para aquecimento e
refrigeração, gerando ganhos ambientais e financeiros (CAMPOS, 2015).

8.2.3 Produção de CO2

Uma das formas de quantificar o impacto ambiental gerado por um material ou sistema
construtivo é a avaliação das emissões de dióxido de carbono (CO2) do mesmo, para tal é
utilizado um indicador denominado Potencial de Aquecimento Global (PAG), medido em Kg
CO2eq (quilograma de gás carbônico equivalente) (CAMPOS, 2015). A tabela 10 relaciona o
PAG dos sistemas construtivos em alvenaria e Wood Frame.

Tabela 10 - Potencial de aquecimento global: alvenaria x Wood Frame.

Fonte: Adaptado de Campos, 2015.

Através da análise dos valores de PAG, é possível verificar que a utilização do Wood
Frame poder reduzir em até 80% as emissões de dióxido de carbono, conforme afirma Campos
(2015). A redução do PAG no sistema Wood Frame se dá principalmente pelo valor do CO2
vinculado à madeira, visto que a mesma, durante o seu crescimento, absorve da atmosfera o
dióxido de carbono e o incorpora em sua estrutura (SILVA et. al., 2016).

Portanto, a partir da análise dos dados acima, o sistema em Wood Frame apresenta
menor emissão de CO2, oferecendo, assim, menor impacto ao meio ambiente, quando
comparado à alvenaria.
59

8.2.4 Conforto térmico

Uma das características mais importantes em uma edificação destinada à habitação é


proporcionar o conforto térmico aos usuários (LAROCA, 2002), reduzindo desta forma os
gastos com climatização.

Para Torres (2010), o isolamento térmico de um edifício tem por objetivo evitar as trocas
de calor entre o ambiente interno e externo à uma edificação, para tal, duas são as principais
características necessárias ao sistema de vedação: possuir baixa condutividade térmica e possuir
alto calor específico.

A madeira é considerada um material com boas características térmicas (LAROCA,


2002), conforme pode-se observar na tabela 11, que relaciona a condutividade térmica para
alguns materiais.

Tabela 11 - Condutividade térmica dos materiais.

Fonte: Laroca, 2002.

Conforme apresentado na tabela 11, as madeiras leves, os aglomerados de partículas e


compensados apresentam uma condutividade térmica cerca de 4 vezes menor que o tijolo e
cerca de 10 vezes menor que o concreto, confirmando o afirmado por Laroca (2002) sobre o
comportamento térmico da madeira.

Desta forma pode-se afirmar um melhor comportamento térmico do Wood Frame


quando comparado à alvenaria convencional, visto que a vedação no Wood Frame é composta
por madeiras, aglomerados de partículas (OSB), sendo utilizado ainda, no interior das paredes,
isolantes térmicos e acústicos, tais como lã de vidro e lã de rocha, ambos materiais com valores
muito baixos de condutividade térmica.
60

8.2.5 Custo

Um dos aspectos que influem na adoção de um sistema construtivo é o seu custo final,
visto que o mesmo pode, em determinados casos, impossibilitar a construção de uma edificação,
conforme afirma Mattos (2006):

Independentemente de localização, recursos, prazo, cliente e tipo de projeto,


uma obra é eminentemente uma atividade econômica e, como tal, o aspecto custo
reveste-se de especial importância (MATTOS, p. 22, 2006).

Entre os fatores que podem influenciar o custo de uma obra pode-se citar o custo com
materiais e o custo com a mão de obra.

Segundo Mattos (2006), existem diversas formas de se realizar um orçamento, entre


elas, cita a TCPO (Tabela de composição de preços para orçamento), que fornece a composição
dos insumos necessários, devendo esta ser utilizada em conjunto com uma fonte para os custos
unitários, geralmente adotando-se a SINAPI (Sistema nacional de preços e índices para a
construção civil). Ainda segundo Mattos (2006), a melhor forma de realizar um orçamento é a
utilização de dados históricos da empresa, pois estes expressam, de maneira mais precisa, a
produtividade e custos, que podem variar em função de aspectos intrínsecos de cada empresa.

Tanto a TCPO, como a SINAPI ainda não trazem em suas publicações os insumos e
custos para o sistema Wood Frame, o que dificulta a realização de um orçamento em regiões
onde não há empresas consolidadas na execução de obras nesse sistema. Desta forma, o presente
trabalho faz a estimativa dos custos utilizando como base trabalhos anteriores, que foram
elaborados a partir de orçamentos fornecidos por empresas consolidadas no ramo.

Os custos, tanto de materiais como de mão de obra podem sofrer variações expressivas
em função de aspectos locais, como disponibilidade de mão de obra, equipamentos e materiais.
Em geral as regiões sul e sudeste do país, dada sua grande produção de madeira de
reflorestamento, tendem a apresentar as maiores vantagens na implementação do sistema em
Wood Frame, porém, mesmo nessas regiões o custo do material (principalmente na
superestrutura e fechamento) tende a ser maior. A tabela 12 traz os custos apresentados por
alguns autores:
61

Tabela 12 - Comparativo de custo entre alvenaria convencional e Wood Frame.

Fonte: Autor, 2018.

A partir da tabela 12, observa-se que o custo no sistema Wood Frame é em média 25,8%
menor que a alvenaria convencional. Essa redução no custo se dá principalmente na
infraestrutura (por ser um sistema leve) e no custo com mão de obra, pois, por se tratar de um
sistema industrializado, o Wood Frame pode reduzir em até 75% o prazo de execução
(VASQUES; PIZZO, 2014).

8.2.6 Resistência

A madeira por se tratar de um material de origem natural e orgânica apresenta valores


de resistência que variam conforme a espécie vegetal, podendo ainda apresentar variações de
resistência dentro de uma mesma espécie, de uma árvore para outra (PFEIL, 2003). A tabela 4,
apresentada no capítulo 3 traz a resistência média de algumas espécies de madeira, conforme
apresentado pela norma NBR 7190 (1997).

A norma NBR 7190 (1997) permite a determinação da resistência característica a partir


da resistência média, utilizando-se para tal uma redução de 30% nessa resistência (média).
Sendo assim, a partir da tabela 4, as resistências características das espécies de madeiras,
mesmo para espécies com densidades baixas, partem de 28 Mpa (E. Grandis), podendo chegar
a valores acima dos 60 Mpa (Sucupira).

Comparando-se as resistências da madeira e do concreto, material utilizado para


confeccionar os elementos portantes em estruturas de alvenaria convencional, a depender da
classe de resistência do concreto e da espécie de madeira, ambos podem apresentar resistências
62

características próximas, porém, a madeira apresenta a vantagem de apresentar boa resistência


aos esforços de tração e aos esforços de compressão, enquanto o concreto tem, na maiorias dos
casos, sua resistência à tração desconsiderada nos cálculos estruturais, sendo necessária a
utilização de armaduras de aço para que o mesmo possa resistir à esses esforços (tração). A
tabela 13 relaciona a resistência característica à compressão e a densidade de alguns materiais
estruturais.

Tabela 13 - Relação entre a resistência e a densidade de alguns materiais.

Fonte: NBR 7190 (1997), NBR 6118 (2014) e NBR 8800 (2008).

Conforme a tabela 13, pode-se observar que, apesar de possuir uma resistência
ligeiramente abaixo do concreto, a madeira apresenta uma excelente relação entre a resistência
e a densidade, chegando à aproximadamente 5,8 no caso do Eucalyptus Punctata, valor maior
até mesmo que o aço, material amplamente conhecido por ser um material “leve” (quando se
leva em consideração a resistência em função do peso).

Essa propriedade da madeira (possuir boa resistência e ser leve) é de suma importância
no dimensionamento estrutural, visto que, em função desta, as estruturas em madeira podem
resistir a cargas de utilização maiores que uma seção de concreto de mesma dimensão, pois
possuirá menor peso próprio.

8.2.7 Durabilidade

A madeira, por se tratar de um material orgânico, está sujeita ao ataque de organismos


que podem provocar sua deterioração. Esses organismos podem atacar desde que as condições
necessárias para tal (umidade, temperatura e acesso à madeira) sejam garantidas (ALMEIDA,
2012).

Além do ataque biológico, citado por Almeida (2012), Reinprecht (2016) aborda os
mecanismos abióticos que podem alterar as propriedades físicas, químicas e mecânicas da
madeira, sendo eles: radiação ultravioleta, altas temperaturas, ação do fogo, reações químicas e
umidade.
63

Segundo Reinprecht (2016), a proteção contra a deterioração da madeira pode ser feita
segundo duas metodologias distintas: proteção estrutural e proteção química. Ainda segundo
Reinprecht (2016), a proteção estrutural pode ser alcançada de duas formas, a primeira consiste
na utilização de espécies de madeira com adequada resistência natural à deterioração. A
segunda consiste na adoção de projetos adequadamente desenvolvidos com vista à proteção da
estrutura, prevendo-se detalhes construtivos que reduzam a suscetibilidade à deterioração.

A proteção química por sua vez consiste na aplicação de preservativos químicos na


madeira, visando a redução na suscetibilidade aos ataques biológicos (REINPRECHT, 2016).
Atualmente a técnica de proteção química mais utilizada é a aplicação de preservativos em
autoclave (PIRES; MARTINS, 2016). A tabela 14 traz os valores mínimos de retenção dos
preservativos para tratamento químico das peças estruturais no sistema em Wood Frame,
conforme recomendações do SINAT (2017).

Tabela 14 - Taxas mínimas de retenção de preservativos.

Fonte: SINAT n° 005, 2017

Sendo:

 CCA-C: Arseniato de cobre cromatado tipo C;


 CCB: Borato de cobre cromatado;
 CA-B: Cobre e azóis tipo B.

A diretriz Sinat n° 005 (2017) prevê a utilização de preservativos químicos em todos os


elementos estruturais do sistema Wood Frame, visto que as madeiras de reflorestamento são
suscetíveis ao ataque de organismos, tais como bactérias, fungos, insetos, etc. Além da proteção
química, a Sinat n° 005 (2017) prevê adoção de detalhes construtivos que dificultem a ação de
mecanismos que possam degradar as estruturas de madeira, entre esses detalhes construtivos
pode-se citar: adoção de beiral com projeção mínima de 600mm, utilização de membrana
impermeabilizante hidrófuga em todas as paredes externas da edificação, uso de
64

impermeabilização entre a fundação e a soleira da estrutura, bem como a impermeabilização


(com no mínimo 200mm de altura) de todos os rodapés sujeitos à ação de água.

De forma geral, a deterioração do concreto por ataques biológicos não é um problema


recorrente, porém, a ação da umidade nas estruturas de concreto pode contribuir para a redução
na durabilidade dessas estruturas, visto que a mesma pode lixiviar os compostos presentes na
pasta de cimento, além de transportar agentes dissolvidos tais como cloretos e sulfatos, agentes
que podem causar a corrosão da armadura e a degradação do próprio concreto (BRANDÃO,
1998). Desta forma a adoção de medidas para evitar umidade excessiva no concreto também se
torna fundamental.

Portanto, apesar da madeira oferecer maior suscetibilidade ao ataque biológico, o fator


que vai determinar a durabilidade de uma estrutura, independentemente do material adotado, é
a utilização de meios adequados de proteção dessas estruturas, por meio de preservativos
químicos e por adoção de detalhes construtivos que prolonguem a vida útil dessas estruturas,
tudo isso aliado à adequada manutenção dos elementos construtivos.

9 MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia adotada no presente trabalho foi a pesquisa bibliográfica, que, de acordo


com Gil (2008), tem seu desenvolvimento com base em materiais já elaborados. Para tal foi
realizada vasta pesquisa bibliográfica em livros, revistas, artigos técnicos e científicos,
desenvolvidos no país e no exterior. A pesquisa bibliográfica apresenta a vantagem possibilitar
ao autor acesso à uma vasta quantidade de dados, os quais dificilmente poderia conseguir de
forma direta (GIL, 2008).

Além da pesquisa bibliográfica foi realizado um questionário estruturado, com


perguntas fechadas de múltipla escolha e dicotômicas. O questionário continha 15 questões e
foi aplicado a 31 profissionais da construção civil de Tangará da Serra, sendo estes engenheiros
(as), arquitetos (as), e técnicos em edificações. O questionário foi aplicado entre os dias 03 de
outubro e 01 de novembro de 2018, sendo utilizada a ferramenta de formulários, Google
Forms®, para coleta e análise dos dados obtidos na pesquisa.

Este questionário tinha por objetivo a avaliação da adoção de sistemas construtivos por
tais profissionais, com ênfase no Wood Frame, avaliando-se ainda as medidas que poderiam
aumentar a utilização desse sistema construtivo na cidade.
65

10 RESULTADO E DISCUSSÕES

A primeira questão tinha por objetivo levantar a área de atuação dos profissionais, para
tal foi elaborada uma questão de múltipla escolha com as opções: projeto arquitetônico, projeto
estrutural, projetos complementares, construção e consultoria. A figura 36 traz os resultados
obtidos.

Área de Atuação dos profissionais entrevistados

Consultoria 18

Construção 15

Projetos Complementares 23

Projeto Estrutural 19

Projeto Arquitetônico 21

0 5 10 15 20 25

Figura 36 - Área de atuação dos profissionais entrevistados.


Fonte: Autor, 2018.

A partir da figura 36, a maior parte dos entrevistados atuam na elaboração de projetos
complementares (74,2%) e projeto arquitetônico (67,7%), apenas 48,4% dos profissionais
entrevistados realizam a construção das edificações.

A segunda questão apresentada aos profissionais tinha por objetivo avaliar o tipo de
projeto mais comum (residencial unifamiliar, residencial multifamiliar, comercial ou
institucional). Com base nas respostas foi possível verificar que o tipo de projeto mais comum
aos profissionais são as residências unifamiliares (80,6%) e o menos comum construções
institucionais, sendo o projeto mais comum apenas à 3,2% dos profissionais.
66

Tipo de Projeto mais comum


Institucional
Comercial 3.2%
6.5%
Residencial
Multifamiliar
9.7%

Residencial
Unifamiliar
80.6%

Figura 37 - Tipo de projeto mais comum.


Fonte: Autor, 2018.

Quanto ao tipo de sistema construtivo mais utilizado, objeto da terceira questão, a maior
parte dos entrevistados diz ser o sistema em alvenaria convencional, apenas um profissional
relatou ter como sistema construtivo mais utilizado a alvenaria estrutural, as demais opções de
sistema construtivos (Estruturas de concreto pré-moldadas, Estruturas metálicas, light steel
frame e Wood Frame) não foram citadas como sistema construtivo mais usual por nenhum dos
profissionais entrevistados, evidenciando a baixa utilização de sistemas construtivos
industrializados em Tangará da Serra.

Sistema Construtivo mais usual

Alvenaria Convencional
Alvenaria
Convencional Alvenaria Estrutural
96.8%

Alvenaria Estruturas de Concreto pré-


Estrutural moldadas
3.2% Estruturas Metálicas

Light steel frame

Light wood frame

Figura 38 - Sistema construtivo mais usual.


Fonte: Autor, 2018.
67

A quarta questão abordou os sistemas construtivos oferecidos aos consumidores pelos


profissionais, observou-se que nenhum dos profissionais oferecem, atualmente, o Wood Frame
aos consumidores de Tangará da serra, porém alguns dos entrevistados declararam oferecer aos
clientes o sistema construtivo em light steel frame.

Sistemas Construtivos oferecidos aos consumidores

Light wood frame 0

Light steel frame 4

Estruturas Metálicas 20

Estruturas de Concreto pré-moldadas 18

Alvenaria Estrutural 12

Alvenaria Convencional 28

0 5 10 15 20 25 30

Figura 39 - Sistemas construtivos oferecidos aos consumidores.


Fonte: Autor, 2018.

A Quinta pergunta abordou o conhecimento dos sistemas construtivos industrializados


por parte dos profissionais. 96,8% dos entrevistados afirmaram conhecer algum sistema
construtivo industrializado e apenas 3,2% relataram não conhecer os sistemas construtivos
industrializados.

A sexta pergunta questionou os profissionais quanto ao conhecimento do sistema Wood


Frame, sendo apresentada uma imagem ilustrativa do sistema. Foi constatado que 87,1% dos
profissionais relataram conhecer o sistema, isso revela que nem todos os profissionais que
relataram conhecer sistemas construtivos industrializados têm conhecimento do sistema em
Wood Frame.

A sétima questão tinha por objetivo avaliar quantos dos profissionais já haviam
realizado algum projeto ou executado alguma obra em Wood Frame, dos entrevistados, apenas
um relatou já ter realizado alguma obra em Wood Frame, os demais participantes responderam
negativamente à pergunta.
68

As perguntas oito a onze foram respondidas apenas por aqueles que respondessem
afirmativamente à sétima questão. Essas questões objetivavam obter informações sobre o
número de edificações executadas pelos profissionais no sistema Wood Frame, as
características que determinaram a adoção do Wood Frame, se houve algum receio por parte
dos clientes e, caso tenham havido, quais foram esses receios e se, ao final da obra, o usuário
recebeu informações sobre a manutenção, reforma e ampliação da edificação.

Houve apenas um entrevistado que relatou já ter realizado obra ou projeto em Wood
Frame. Segundo o mesmo foram realizadas menos que cinco edificações nesse sistema. O
entrevistado não respondeu à questão de número 9 que perguntava sobre as características que
foram determinantes na escolha do sistema. Quando questionado se houveram receios quanto
ao sistema Wood Frame o participante respondeu afirmativamente, assinalando esses receios
como durabilidade da estrutura e outros. Ainda segundo o participante, o usuário, ao final da
obra, recebeu informações quanto aos procedimentos de manutenção, reforma e ampliação da
edificação no sistema Wood Frame.

A décima terceira questão, respondida por todos os profissionais entrevistados,


questionava-os sobre quais fatores, na opinião dos profissionais, impediam a difusão do sistema
em Wood Frame na região. Os resultados são apresentados na figura 40.

Qual/ Quais fatores impedem a difusão do wood frame na


região ?

Outros 5

Alto custo dos materiais utilizados 5


Falta de Fornecedores de produtos
15
relacionados ao sistema
Baixa aceitação do sistema por parte
20
dos consumidores

Falta de Mão de Obra Especializada 23

0 5 10 15 20 25

Figura 40 - Fatores que impedem a difusão do Wood Frame, segundo entrevistados.


Fonte: Autor, 2018.
69

Conforme a figura 40 o fator que, na opinião dos entrevistados, mais influi na baixa
difusão do sistema na região é a falta de mão de obra especializada (citada por 74,19% dos
entrevistados). A baixa aceitação por parte dos consumidores aparece em segunda colocação,
sendo citada por 64,52% dos questionados e em terceiro lugar a falta de fornecedores de
produtos relacionados ao sistema (48,39%). O alto custo dos materiais utilizados e outros
fatores foram citados apenas por 16,13% dos questionados.

A décima quarta questão perguntava aos entrevistados se os mesmos acreditavam que


as informações técnicas sobre o sistema construtivo em Wood Frame eram bem difundidas.
Apenas 28 dos questionados responderam à essa questão, dos quais 25 (89,28%) responderam
acreditar que as informações técnicas sobre o Wood Frame não são bem difundidas.

A décima quinta questão tinha por objetivo saber se os profissionais acreditavam que o
sistema em Wood Frame precisava ser melhor difundido, e quais medidas seriam interessantes,
na opinião dos entrevistados, para que essa difusão ocorresse. Dos 31 entrevistados, 30
responderam à essa questão. A figura 41 seguir traz os resultados à essa questão.

Caso você ache que o sistema precise ser Wood Frameifundido.


Qual/quais medidas você acha mais interessantes ?

Criação de uma linha de crédito


7
específica para o sistema
incentivos financeiros ao sistema por
10
parte do poder público
Curso de pós-graduação em wood
11
frame
Minicursos /palestras sobre o sistema
16
wood frame

Divulgação do sistema ao público leigo 26

0 5 10 15 20 25 30

Figura 41 - Medidas para difusão do Wood Frame, segundo entrevistados.


Fonte: Autor, 2018.

Conforme a figura 41, 86,67% dos entrevistados que responderam à décima quinta
questão acreditam que a divulgação do sistema ao público leigo é uma medida interessante para
difundir o sistema em Wood Frame. 53,33% citam minicursos e palestra sobre o sistema com
uma medida para difundir o sistema. A criação de um curso de pós-graduação, implementação
70

de incentivos financeiros e criação de uma linha de crédito específica para esse sistema
construtivo, aparecem com uma quantidade menor de votos, 36,67%, 33,33% e 23,33%,
respectivamente.

11 CONCLUSÕES

O sistema Wood Frame é um sistema construtivo industrializado, amplamente utilizado


em diversos países desenvolvidos, sendo a principal técnica construtiva para fins habitacionais
nesses países. Esse sistema utiliza como material estrutural a madeira, geralmente advinda de
espécies como o pinus e o eucalipto. A madeira é um material que possui propriedades físicas
e mecânicas que a caracteriza como uma ótima solução para aplicações estruturais.

Com base na pesquisa bibliográfica, foi possível verificar que a madeira apresenta,
quando comparada ao concreto, melhor resistência (aos esforços de tração e compressão),
menor peso específico e melhor comportamento em situações de incêndio, sendo ainda um
material renovável e que auxilia na redução do CO2 contido na atmosfera.

Contudo, apesar das vantagens, a maior parte da madeira utilizada na construção civil
tem aplicação de forma temporária, principalmente em sistemas de cimbramento e formas. De
forma permanente, a madeira é utilizada na construção civil principalmente em estruturas de
cobertura e como esquadrias.

A utilização da madeira de forma temporária gera um aumento na produção de RCD,


contribuindo para a manutenção da construção civil como o setor da economia que mais gera
resíduos sólidos urbanos, dificultando dessa forma o cumprimento dos princípios de
sustentabilidade, por parte do setor.

Diante dos problemas habitacionais do Brasil, vide o alto déficit habitacional


apresentado pelo país, as técnicas construtivas tradicionais não se apresentam como a melhor
solução, tanto em aspectos econômicos, como em aspectos relacionados à sustentabilidade e
meio ambiente, visto que as mesmas, em especial o sistema em alvenaria tradicional,
apresentam altos índices de perdas, consumo energético elevado, altas taxas de emissões de
CO2, bem como custos e prazos elevados. Desta forma, faz-se necessário a utilização de
técnicas construtivas que gerem menores impactos, nesse aspecto o sistema Wood Frame
apresenta-se como uma das alternativas mais viáveis, quer por aspectos sustentáveis, quer por
71

aspectos econômicos, aproveitando desta forma, o grande potencial florestal brasileiro, pais
com a segunda maior área de florestas do mundo.

A pesquisa bibliográfica evidenciou as vantagens do sistema Wood Frame frente ao


sistema em alvenaria convencional, onde foi possível constatar que o Wood Frame gera
menores impactos ambientais. Apresentando uma redução de 80% na taxa de emissões de gases
de efeito estufa. Redução no volume de resíduo gerado (dado o controlo tecnológico em
sistemas de produção industrializados) de até 90%. Redução no consumo energético, tanto na
cadeia produtiva como o consumo para refrigeração, visto que o sistema apresenta um melhor
desempenho térmico.

Quanto ao custo, apesar dos materiais utilizados serem relativamente mais caros, o custo
final é em média 25,8% menor que o observado em obras correntes de alvenaria, fato
relacionado à dois fatores principais: redução no custo com fundações (visto que o sistema é
composto por uma estrutura leve em madeira) e redução no custo com mão de obra, pois nesse
sistema o prazo de execução da obra é em torno de quatro vezes menor que o prazo necessário
para uma residência convencional em alvenaria.

No que tange à durabilidade do sistema construtivo, conclui-se que a mesma pode ser
equiparada à do sistema convencional em alvenaria, desde que a madeira seja adequadamente
tratada (com o uso de preservativos e atendimento aos valores mínimos de retenção dos
mesmos), e que sejam adotados detalhes construtivos que dificultem a ação dos mecanismos de
deterioração da madeira, principalmente a ação de organismos xilófagos e ação da umidade,
principais mecanismos de deterioração da madeira.

Uma das principais vantagens do Wood Frame, quando comparada à outras soluções
construtivas em madeira, é a utilização de madeira advinda de florestas plantadas. Florestas que
propiciam o fornecimento de uma madeira com custos menos elevados e auxiliam na
preservação das áreas de floresta nativa, áreas que sofrem grande pressão florestal dada a
procura, por parte do mercado consumidor, de um número muito restrito de espécies
consagradas no meio técnico por suas propriedades mecânicas e de resistência ao ataque de
organismos xilófagos. Essa pressão tende a elevar o preço da madeira de origem nativa, o que
por sua vez estimula a extração ilegal e de forma exploratória da madeira, que gera grandes
impactos ambientais, como os observados na Amazônia atualmente.
72

O Brasil apresenta a vantagem de possuir principalmente espécies dicotiledôneas em


reflorestamento, espécies estas que apresentam, quando comparadas às coníferas cultivadas nos
Estados Unidos, por exemplo, maior resistência mecânica e durabilidade. Fator que pode tornar
o Wood Frame ainda mais competitivo frente a outros sistemas construtivos.

Contudo, apesar dos benefícios que as florestas plantadas podem oferecer, a plantação
de espécies exóticas em larga escala, principalmente o pinus, pode gerar grandes impactos
ecológicos, pois dado o seu rápido crescimento, essas árvores podem suprimir outras espécies
nativas que servem como habitat para um grande número de espécies animais. Os impactos são
ainda maiores quando são criadas barreiras que impedem o corredor ecológico entre áreas com
vegetação nativa.

Uma alternativa para conciliar as vantagens de utilização da madeira de reflorestamento,


com a redução nos impactos ecológicos negativos é a utilização do sistema consorciado
denominado sistema silvopastoril, que integra, em uma mesma área, as atividades de pecuária,
lavoura e silvicultura, sistema este que além de propiciar maior produtividade, reduz as vastas
áreas denominadas “desertos verdes”.

Apesar das vantagens apresentadas pelo Wood Frame, a sua utilização no Brasil ainda
é incipiente, fato que pode ser relacionado ao desconhecimento das vantagens apresentadas pelo
sistema e pela baixa ofertada de mão de obra especializada nesse tipo de construção.

Em Tangará da serra, através do questionário aplicado, pode-se concluir que a adoção


do Wood Frame esbarra em algumas dificuldades, principalmente pela falta de mão de obra
qualificada, apta a executar obras e projetos nesse sistema e a baixa procura por esse sistema,
pelos consumidores, o que pode ser relacionado a falta de conhecimento dos benefícios
apresentados por esse sistema construtivo.

Para que o sistema em Wood Frame tenha uma maior representatividade na construção
civil local são necessárias ações que atuem principalmente na divulgação do sistema construtivo
ao público leigo (seja ele consumidor ou mesmo profissionais da área da construção civil que
não possuem conhecimento das características e vantagens do Wood Frame). Essa divulgação
pode ser alcançada com a realização de showrooms em eventos relacionados ao mercado da
construção civil, para apresentação do sistema e comprovação, por parte dos consumidores, do
bom desempenho apresentado pelo Wood Frame. Além da divulgação do sistema ao público
73

leigo é necessário capacitar mão de obra para a realização de obras em Wood Frame, essa
capacitação pode ser realizada por meio de minicursos, bem como palestras e workshops.

A criação de um curso de pós-graduação voltado ao sistema construtivo em Wood


Frame na cidade pode ser considerada uma medida interessante, visto que na região existe a
oferta de cursos de graduação em engenharia civil e arquitetura, cursos diretamente ligados à
construção civil. Essa medida auxiliaria na capacitação destes profissionais para realização de
projetos nesse sistema, visto que disciplinas como dimensionamento de estruturas de madeira
e métodos construtivos inovadores não constam como disciplinas obrigatórias na grade desses
cursos.

A inexistência de uma normativa que estabeleça os requisitos e métodos para o


dimensionamento de estruturas em Wood Frame é outro fator limitante. A atual norma de
dimensionamento de estruturas de madeira (NBR 7190) não é aplicável a esse sistema, visto
que o mesmo possui peças com espessuras inferiores à mínima espessura permitida por esta
norma para elementos da estrutura principal (5cm). Outros dois fatores que limitam a utilização
dessa norma no sistema em Wood Frame é que a mesma não apresenta uma metodologia de
cálculo aplicável ao dimensionamento de diafragmas rígidos (comportamento apresentado
pelas placas em OSB) e também não traz requisitos para o dimensionamento de estruturas de
madeira em situação de incêndio. Esses fatores, somados, levam à adoção de dimensões e
disposições construtivas já consolidadas em outros países, onde o Wood Frame já é aplicado há
mais tempo, recorrendo-se, ainda, às normativas estrangeiras em casos mais específicos de
dimensionamento.

Desta forma conclui-se que o sistema em Wood Frame precisa percorrer um longo
caminho até sua aplicação em larga escala nas habitações brasileiras, sendo necessário a quebra
de barreiras culturais e profissionais que limitam a popularização do sistema, bem como a
criação de normas brasileiras que sejam capazes de fornecer parâmetros para o
dimensionamento de estruturas em Wood Frame. Entretanto, iniciativas como a criação da
diretriz Sinat n° 005 e emissão do documento de avalição técnica DATec n° 020, que
possibilitaram o financiamento de obras residenciais em Wood Frame, demonstram que os
primeiros passos rumo à popularização do sistema foram dados, sendo necessário a partir de
agora um esforço conjunto entre empresas e instituições de ensino para que o sistema seja
melhor difundido, iniciando-se essa difusão principalmente no meio acadêmico, capacitando os
estudante (futuros profissionais) para realização de projetos em Wood Frame.
74

Para fins de trabalhos futuros sugere-se:

 Realização de uma pesquisa com o objetivo de avaliar os principais fatores que


influem na escolha, por parte do consumidor, do sistema construtivo a ser
utilizado em uma construção residencial e como o sistema em Wood Frame
poderia ser viável levando em consideração esses fatores;
 Realização de uma pesquisa acerca do método de dimensionamento de estruturas
compostas por diafragmas rígidos a fim de se propor uma metodologia a ser
inclusa em uma próxima revisão da norma brasileira de dimensionamento de
estruturas de madeira, NBR 7190, tornando-a, desta forma, aplicável ao
dimensionamento das chapas em OSB que compõem os sistemas de paredes e
piso no sistema em Wood Frame.
75

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APÊNDICE A – Questionário
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