Você está na página 1de 40

IFRN - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO

RIO GRANDE DO NORTE


TÉCNICO INTEGRADO EM MECÂNICA

ADLLA YASMIM DANTAS DE SOUZA


DEYVID VINICIUS FONSECA CAMPOS
ÉRIK VINICIOS DE SOUZA CAMPÊLO

CONSTRUÇÃO DE UM PROTÓTIPO DE PÁ EÓLICA A PARTIR DE


COMPÓSITOS COM FIBRAS NATURAIS

SANTA CRUZ – RN
2017
ADLLA YASMIM DANTAS DE SOUZA
DEYVID VINICIUS FONSECA CAMPOS
ÉRIK VINICIOS DE SOUZA CAMPÊLO

CONSTRUÇÃO DE UM PROTÓTIPO DE PÁ EÓLICA A PARTIR DE


COMPÓSITOS COM FIBRAS NATURAIS

Trabalho de conclusão apresentado ao curso


técnico integrado em Mecânica do Instituto
Federal de Educação Ciência e Tecnologia do
Rio Grande do Norte como requisito à obtenção
do grau de Técnico em Mecânica.

Orientador: Prof. Mestre Salomão Sávio Batista

SANTA CRUZ – RN
2017

Página | 2
ADLLA YASMIM DANTAS DE SOUZA
DEYVID VINICIUS FONSECA CAMPOS
ÉRIK VINICIOS DE SOUZA CAMPÊLO

CONSTRUÇÃO DE UM PROTÓTIPO DE PÁ EÓLICA A PARTIR DE


COMPÓSITOS COM FIBRAS NATURAIS

Trabalho apresentado ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia


do Rio Grande do Norte – IFRN, como requisito parcial para obtenção do título
de Técnico em Mecânica.

Data de Aprovação: Santa Cruz – RN, ______de__________de_________.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________
Prof Ms. Salomão Sávio Batista
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

_______________________________________________
Prof. Dr. Maxymme Mendes de Melo
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

______________________________________________
Prof. Ms. Antonio Salema de Medeiros Galvão Filho
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do rio Grande do Norte

Página | 3
“Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
acreditar no sonho que se tem, ou que seus planos
nunca vão dar certo, ou que você nunca vai ser alguém
(...). Se você quiser alguém em quem confiar, confie
em si mesmo. Quem acredita, sempre alcança!”

Renato Russo.

Página | 4
AGRADECIMENTOS

A Deus, por toda a graça que nos foi concebida e por atender nossas
orações nos momentos difíceis.
Aos nossos pais, por nunca terem deixado de nos incentivar, por sempre
buscarem forças para nos ajudar nos momentos em que precisamos, por
colaborarem conosco durante toda a nossa vida, e por serem o nosso alicerce.
Ao nosso mestre, amigo e orientador Salomão Sávio Batista, por todo o apoio
ao longo dos 4 anos de curso no IFRN, pela orientação nas nossas pesquisas,
e pelas lições de vida que nos foram repassadas.
Ao IFRN Campus Santa Cruz, pela oportunidade que nos foi dada, pela
estrutura que nos foi oferecida, e pelas condições para que esse trabalho se
desenvolvesse.
Aos nossos amigos pela compreensão.
Foi muito difícil chegarmos até aqui, mas o que nos resta é agradecer por todos
os professores e por todas as pessoas que passaram pela nossa vida e que de
certa forma deixou sua contribuição para esse trabalho.

Página | 5
Resumo

O presente trabalho objetiva a construção um protótipo uma pá eólica para


micro geração de energia, tal que a construção dessa pá seja feita a partir de
compósitos de fibras naturais de duas espécies distintas de ”Bambu”. a
primeira espécie é a Dendrocalamus Giganteus, mais conhecida como bambu
gigante, uma das espécies que possui a maior resistência mecânica da
categoria. A segunda espécie utilizada no processo é a Bambusa Vulgaris,
também conhecida como bambu brasileiro. Atualmente, os produtores de
geradores eólicos estão procurando fornecer às companhias de energia elétrica
turbinas mais eficientes a um custo cada vez mais baixo, e com materiais
ecológicos e renováveis. Nesse contexto, os compósitos de fibras naturais
aparecem como uma das principais alternativas para suprir a necessidade do
mercado em atender as especificações físico-mecânicas e sustentáveis das
pás. O bambu se destaca por possuir alta resistência à tração e à flexão,
quando comparado a compósitos reforçados por outros tipos de fibras vegetais,
porém, espécies diferentes apresentam resultados distintos para resistência
mecânica e custos. Logo, esse trabalho visa o uso de dois tipos distintos com o
objetivo de realizar a otimização das variáveis mecânicas e financeiras para a
disseminação do uso do bambu como fonte de matéria prima para diversos
setores da economia. Como resultados alcançados, espera-se obter um
protótipo de uma pá eólica com módulos de resistência à tração e à flexão
altos, com totais condições de uso para a finalidade de micro geração de
energia, e apresentar o bambu como material com potencial para as mais
diversas aplicações.

Palavras-chave: Bambu; Compósitos; Energia; Eólica.

Página | 6
Abstract

The objective of this work is to construct a prototype wind turbine for micro
power generation, such that the construction of this shovel is made from natural
fiber composites of two different species of "Bambu". the first species is the
Dendrocalamus Giganteus, better known as giant bamboo, one of the species
that has the highest mechanical strength of the category. The second species
used in the process is Bambusa Vulgaris, also known as Brazilian bamboo.
Currently, wind farm producers are looking to provide more efficient turbines at
increasingly lower cost, with green and renewable materials. In this context,
natural fiber composites appear as one of the main alternatives to meet the
need of the market to meet the physical-mechanical and sustainable
specifications of the blades. the bamboo stands out because it has high tensile
and flexural strength, when compared to composites reinforced by other types
of vegetal fibers, however, different species present different results for
mechanical resistance and costs. Therefore, this work aims at the use of two
distinct types with the objective of optimizing the mechanical and financial
variables for the dissemination of the use of bamboo as a source of raw
material for various sectors of the economy. As results achieved, it is expected
to obtain a prototype of a wind turbine with high tensile and flexural strength
modules, with full use conditions for the purpose of micro energy generation,
and present the bamboo as potential material for the most applications.

Keywords: Bamboo; Composites; Energy; Wind.

Página | 7
SUMÁRIO

1. Introdução ........................................................................................................................ 11

1.1 Objetivos ..................................................................................................... 12

1.1.2 Objetivo geral .......................................................................................................... 12

1.1.3 Objetivos específicos ............................................................................................. 12

2.0 Revisão Bibliográfica .................................................................................................... 13

2.1 Energia Eólica ................................................................................................... 13

2.2 Conceituando o bambu .......................................................................................15


2.3 Conceituando BLC (Bambu Laminado Colado) ................................................. 18

2.4 Conceituando compósitos ................................................................................. 20

2.5 Propriedades das fibras de bambu ............................................................... 21

3.0 Materiais e Métodos....................................................................................................... 24

3.1 Coleta da matéria-prima .................................................................................... 24

3.2 Tratamento dos colmos da espécie Bambusa Vulgaris ..................................... 26

3.3 Corte dos colmos e preparação da fibra ............................................................ 28

3.4 Construção do molde.................................................................................... 28

3.5 Construção do compósito. ................................................................................. 29

4.0 Resultados e Discussões ............................................................................................. 33

4.1 Análise de custos .............................................................................................. 34

5.0 Considerações finais ...................................................................................................... 35

6.0 Referências ....................................................................................................................... 37

Página | 8
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Partes do Bambu .................................................................................................... 16


Figura 2 - Formação dos colmos do bambu ....................................................................... 17
Figura 3 - Entouceiramento Dendrocalamus Giganteus ................................................... 17
Figura 4 - Bambusa Vulgaris ................................................................................................. 18
Figura 5 - Configurações de colagem das laminas para obtenção das peças de BLC.
..................................................................................................................................................... 19
Figura 6 - Espessura da parede Gigante. .......................................................................... 22
Figura 7 - Colmos do bambu da espécie Bambusa Vulgaris, utilizados nessa
pesquisa..................................................................................................................................... 25
Figura 8 - Bambusa Vulgaris sendo seccionado.. ............................................................... 25
Figura 9 - Bambu Dendrocalamus Giganteus utilizado nesse trabalho ......................... 26
Figura 10 - Retirada de umidade da fibra. ............................................................................ 27
Figura 11 - - Bambu da espécie bambusa vulgaris após a secagem. ............................. 27
Figura 12 - Corte longitudinal da seção circular .................................................................. 28
Figura 13 - Molde em gesso e modelo da asa de um drone ............................................. 29
Figura 14 - Pó do Bambu ........................................................................................................ 30
Figura 15 - Resina utilizada no processo.. ........................................................................... 30
Figura 16- Pesagem de Resina.............................................................................................. 31
Figura 17 - Pesagem de Fibra ................................................................................................ 31
Figura 18 - Compósito no Molde concentração de 20%.. .................................................. 32
Figura 19 - Compósito no molde concentração de 30%. ................................................... 32
Figura 20 - Segundo protótipo em lixamento. ...................................................................... 32
Figura 21 - Pá eólica pronta. .................................................................................................. 33
Figura 22 - Pá eólica fraturada ............................................................................................... 33
Figura 23 - Pá eólica com 30% de concentração de fibra. ................................................ 34

Página | 9
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição das espécies de bambus nos principais biomas brasileiros. .... 15
Tabela 2 - Características físico-mecânicas do bambu Dendrocalamus Giganteus. .... 23
Tabela 3 - Propriedades mecânicas do Bambusa Vulgaris. .............................................. 23
Tabela 5 - Concentrações dos modelos dos protótipos. .................................................... 31
Tabela 6 - Análise de custos .................................................................................................. 35

Página | 10
1. Introdução

Diversos estudos realizados nos últimos anos têm apontado impactos


socioambientais do consumo de energia. A questão energética se tornou um
dos tópicos de maior importância na atualidade. Assim, uma aplicação que vem
se tornando mais importante a cada dia é o aproveitamento da energia eólica
como fonte alternativa de energia para produção de eletricidade.
Atualmente, os produtores de geradores eólicos estão procurando
fornecer às companhias de energia elétrica turbinas mais eficientes a um custo
cada vez mais baixo, e com materiais ecológicos e renováveis. Neste contexto,
os compósitos de fibras naturais surgem como uma alternativa viável, em que
um de seus principais usos é o direcionamento de novos materiais tidos como
sustentáveis, tal que suas atividades de processamento não realizam a
degradação ao meio ambiente.

As fibras vegetais possuem, de acordo com Kuruvilla (1999), muitas


características que potenciam o seu uso, e o torna bastante vantajoso, como
por exemplo: Baixa densidade, baixo custo, resistência mecânica e módulo
elevados, além de não serem abrasivas, não desgastando, portanto, os
materiais de processo. Outra vantagem das fibras vegetais, se encontra no fato
de serem abundantes e oriundas de fontes renováveis. As características
mecânicas encontradas nessas fibras são facilmente comparadas a de outros
reforços poliméricos usualmente empregados na indústria.

Dentre essas fibras, o bambu se destaca por possuir alta resistência à


tração e à flexão, quando comparado a compósitos reforçados por outros tipos
de fibras vegetais. O bambu é bastante conhecido pelas civilizações orientais
e, segundo PEREIRA e BERALDO (2007), seu uso é datado de 1600 a.C.

O Bambu apresenta-se como uma alternativa viável de fonte renovável e


sustentável, sendo, de acordo com Xuhe (2003), uma planta de origem tropical
e subtropical, abundante em todo o mundo e ocorre naturalmente em todos os
continentes, constituindo-se de importante fonte de renda e promoção social
para populações de baixa renda em países subdesenvolvidos e em
desenvolvimento.

Página | 11
Tendo como embasamento as considerações colocadas acima, este
trabalho tem como objetivo desenvolver pás eólicas a partir de compósitos de
duas espécies distintas de bambu, a espécie Dendrocalamus Giganteus e a
espécie Bambusa Vulgaris.

A relevância da pesquisa em questão, se faz presente no crescimento


do mercado de energia eólica no Brasil, principalmente no estado do Rio
Grande do Norte. Atualmente o estado possui a maior matriz eólica do país,
responsável por 115 dos 398 parques eólicos em funcionamento no Brasil, o
Rio Grande do Norte é privilegiado por sua posição geográfica, sendo
conhecido por “o lugar onde o vento faz a curva”, agregando grande parte dos
seus parques próximos ao litoral, tendo em vista o grande volume de ventos e
sua constante velocidade, segundo pesquisa revelada pela Agência Nacional
de Energia Elétrica.

Os resultados obtidos neste trabalho estão voltados, sobretudo, para


pequenos e médios proprietários rurais da região do Trairi potiguar.

1.1. Objetivos

1.1.2 Objetivo geral


Desenvolver protótipos de pás eólicas visando uma microgeração de
energia, a partir de compósitos de duas espécies distintas de bambu, a
espécie Dendrocalamus Giganteus e a espécie Bambusa Vulgaris.

1.1.3 Objetivos específicos


Estudar a planta bambu, sua anatomia e suas características físicas e
mecânicas.

Cortar os diferentes tipos de bambus manualmente através do BLC


(Bambu Laminado Colado), utilizando como aglutinante a Resina Ortoftálica;

Reduzir os custos de fabricação utilizando um material (bambu) nativo


presente em diversos locais;

Produzir material particulado das espécies Bambusa Vulgaris e


Dendrocalamus Giganteus

Página | 12
Construir pás compósitas com quatro concentrações diferentes (10%,
15%, 20% e 30%).

2.0 Revisão Bibliográfica

A presente revisão bibliográfica visa fundamentar o conhecimento sobre


a energia eólica, o bambu, sua anatomia e potencialidades, sobre a laminação
do bambu, e sobre materiais compósitos, sobretudo de fibras naturais.

2.1 Energia Eólica

De acordo com Rossi e Oliveira, a energia eólica tem origem na energia


solar. É uma forma de energia cinética produzida pelo aquecimento
diferenciado das camadas de ar, originando uma variação da massa especifica
e gradientes de pressão. Além disso, também é influenciada pelo movimento
de rotação da Terra sobre o seu eixo e depende significativamente de
influências naturais, como: continentalidade, maritimidade, latitude e altitude.
As formas de aproveitamento dessa energia estão associadas à conversão da
mesma em energia mecânica e elétrica.
O grande desenvolvimento da aplicação da energia eólica para geração
de eletricidade iniciou-se na Dinamarca em 1980, e estas turbinas possuíam
capacidade de geração (30-55 kW) bastante reduzida quando comparada com
valores atuais.
Aqui no Brasil, essa fonte de energia tem se mostrado uma excelente
solução na busca de formas alternativas de geração de energia para a região
Nordeste. É uma abundante fonte de energia renovável, limpa e disponível em
todos os lugares. A utilização desta fonte de energia para a geração de
eletricidade, em escala comercial, teve início em 1992 e, através de
conhecimentos da indústria aeronáutica, os equipamentos para geração eólica
evoluíram rapidamente em termos de ideias e conceitos preliminares para
produtos de alta tecnologia. Atualmente, a indústria de turbinas eólicas vem
acumulando crescimentos anuais acima de 30% e movimentando cerca de dois
bilhões de dólares em vendas por ano (PANORAMA, 2006).

Página | 13
O funcionamento de uma turbina eólica envolve vários campos do
conhecimento, incluindo meteorologia, aerodinâmica, eletricidade, controle,
bem como a engenharia civil, mecânica e estrutural. O princípio de
funcionamento baseia-se na conversão da energia cinética, a qual é resultante
do movimento de rotação causado pela incidência do vento nas pás do rotor da
turbina) em energia elétrica. As pás das máquinas modernas são dispositivos
aerodinâmicos com perfis especialmente desenvolvidos, equivalentes às asas
dos aviões, e que funcionam pelo princípio físico da sustentação.
A turbina eólica para geração de energia elétrica é composta pelos
seguintes subconjuntos:

 Torre - é o elemento que sustenta o rotor e a nacele na altura adequada


ao funcionamento da turbina eólica (esse item estrutural de grande porte
é de elevada contribuição no custo inicial do sistema).
 Rotor - é o componente que efetua a transformação da energia cinética
dos ventos em energia mecânica de rotação. No rotor são fixadas as pás
da turbina. Todo o conjunto é conectado a um eixo que transmite a
rotação das pás para o gerador, muitas vezes, através de uma caixa
multiplicadora.
 Nacele - é o compartimento instalado no alto da torre e que abriga todo
o mecanismo do gerador, o qual pode incluir: caixa multiplicadora, freios,
embreagem, mancais, controle eletrônico, sistema hidráulico.
 Caixa de multiplicação (transmissão) – é o mecanismo que transmite
a energia mecânica do eixo do rotor ao eixo do gerador.
 Gerador – é o componente que tem função de converter a energia
mecânica do eixo em energia elétrica.
 Mecanismos de controle – as turbinas eólicas são projetadas para
fornecerem potência nominal de acordo com a velocidade do vento
prevalecente, ou seja, a velocidade média nominal que ocorre com mais
frequência durante um determinado período.
 Anemômetro - Mede a intensidade e a velocidade dos ventos,
normalmente, de 10 em 10 minutos.
 Pás do rotor – Captam o vento e convertem sua potência ao centro do
rotor.

Página | 14
 Biruta (sensor de direção) – São elas que captam a direção do vento,
pois ele deve estar perpendicular à torre para se obter um maior
rendimento.

2.2 Conceituando o bambu

Para Salgado 2015 et al (Agenda 21, FAO, 1992), o bambu é um


produto florestal não madeireiro, de rápido crescimento, com comprimento de
fibras superior ao eucalipto. O uso de produtos florestais não madeireiros é tão
antigo como a civilização humana, e tem sido a principal fonte de alimento,
forragem, fibra medicina, cosméticos etc. (Mukerji, FAO, 1992). Atualmente,
80% da população dos países em desenvolvimento usam os produtos florestais
não madeireiros na saúde e nas suas necessidades nutricionais.

Os bambus são considerados uma das mais importantes subfamílias


das gramíneas, reunindo um total entre 80 a 90 gêneros e com cerca de 1000
a 1300 espécies distribuídas pelos continentes, excluindo a Europa que não
possui espécies nativas (Salgado, 1990).

Tabela 1 - Distribuição das espécies de bambus nos principais biomas


brasileiros.

BIOMAS ESPÉCIES %

Mata Atlântica 151 65

Amazônia 60 26

Cerrado 21 9

Total 232 100

Fonte: Filgueiras & Gonçalves (2004)

Na forma de propagação também denominado de Rizoma, o bambu se


divide em duas diferentes formas: entouceirantes e alastrantes. Os primeiros
crescem na forma de densas touceiras, já o alastrante pelo próprio nome nos

Página | 15
diz, eles formam touceiras bem menos densas e em seguida se estendem
lateralmente com grande rapidez graças ao desenvolvimento de rizomas
compridos, delgados e de crescimentos ilimitado.

Uma das partes mais importantes do bambu é o seu colmo, que


conhecemos como caule, existindo 4 tipos diferentes: Estritamente eretos,
eretos porém arqueados na extremidade, estritamente ascendentes e
trepadores e, por fim, eretos na base e ascendentes na parte superior.

Figura 1- Partes do Bambu


Fonte: NMBA (2004)

O Instituto do bambu em sua cartilha acrescenta que o bambu possui


formato oco, com diafragmas denominados de nó separando partes chamadas
de entrenó, assim como seu diâmetro modifica conforme ocorre o seu
crescimento, parte essa não utilizada comercialmente.

Página | 16
Figura 2 - Formação dos colmos do bambu
Fonte: Instituto do Bambu

Temos como exemplo de entouceirantes os dois tipos de bambus


propostos o Dendrocalamus Gigante e o Bambusa Vulgaris.

Figura 3 - Entouceiramento Dendrocalamus Giganteus


Fonte: Sítio da Mata

O bambu gigante é classificado comercialmente quanto ao seu valor


pela sua espessura de parede, consequentemente sua capacidade de suportar
carregamentos também possuem maiores valores. Já o vulgaris como é uma
planta totalmente nativa, ou seja, sem expressividade comercial, não possui o
mesmo valor que o gigante, diminuindo bastante o custo do compósito.

Página | 17
Figura 4 - Bambusa Vulgaris
Fonte: Guadua Bamboo

2.3 Conceituando BLC (Bambu Laminado Colado)

O Bambu Laminado Colado - BLC, é o produto final de um processo de


laminação a partir da fibra de bambu. De acordo com Barelli (2009), muitos são
os produtos que utilizam o BLC como matéria-prima, podendo apresentar
variações quanto a suas formas, espessuras, tipos de colagem/prensagem e
acabamento. O BLC, que inicialmente foi comercializado nos países asiáticos,
vem ganhando força no mercado ocidental por apresentar uma ampla
possibilidade de aplicações e possuir qualidade.

São poucas as ações necessárias ao manejo das touceiras. Os tratos


culturais consistem em manter as moitas limpas através de capinas, realizar
adubações anuais de manutenção com “NPK 20 5 20” e efetuar uma colheita anual
(PEREIRA e GARBINO, 2002). O corte dos colmos maduros é realizado durante a
estação seca, nos meses de maio a agosto, pois nesta época os colmos
apresentam menor teor de umidade interior e menor quantidade de seiva,
minimizando o ataque de fungos e insetos (PEREIRA e BERALDO, 2007).

Página | 18
Segundo Hidalgo Lopez (2003), somente os colmos maduros são indicados
para a confecção de BLC, devido ao fato de apresentarem características máximas
de resistência físico-mecânica.

Após a secagem dos colmos, é iniciado o processamento do BLC;


Primeiramente, consiste em seccionar os colmos em tamanhos pré-definidos, em
seguida, o bambu passa pelo processo de refilação, no qual segundo Barelli
(2009), utiliza-se a serra circular dupla refiladeira para seccionar os pedaços de
colmos longitudinalmente.

Ainda segundo Barelli (2009), a finalização do processo de laminação do


bambu é realizada pela plaina de quatro faces. Neste processo, procura-se realizar
um menor desgaste na região da casca, que é mais rica em fibras e mais
resistente. As dimensões das lâminas podem variar de acordo com a espessura da
parede do colmo, obtendo-se lâminas com padrões de 5 a 9 mm de espessura por
2 a 3 cm de largura e de comprimento variável, a critério do projeto que irá ser
desenvolvido.

Para obtenção de peças em BLC, as lâminas de bambu podem ser coladas


lado a lado e/ou face a face, sempre evitando manter justapostas verticalmente as
linhas de cola – o que criaria uma região de fragilidade e comprometeria a
resistência da peça. Como mostra a figura a seguir:

Figura 5 - Configurações de colagem das laminas para obtenção das peças de BLC.
Fonte: Barelli (2009)

Página | 19
2.4 Conceituando compósitos

De acordo com Hannant (1994), compósitos são materiais formados pela


união de dois ou mais componentes, no que diz respeito a suas propriedades
físicas e químicas, e o objetivo dessa combinação é que quando misturados
apresentem um comportamento muito distinto do apresentado por ambos
quando não misturados. Os materiais que constituem a estrutura dos
compósitos podem ser classificados em matriz e reforço. A matriz é a fase
continua que preenche espaços vazios que ficam entre os materiais reforços.
Enquanto os materiais reforços são a fase dispersa.

A norma ASTM D3878 (2007) define compósito como uma substância


que consiste de dois ou mais materiais, insolúveis entre si, que são
combinados para formar um material de engenharia útil, exibindo certas
propriedades que não se encontram nos materiais isoladamente.

Al-Qureshi (1984) define os materiais compósitos como materiais de


moldagem estrutural ( também chamados de materiais de engenharia), feitos
de dois ou mais materiais constituintes, com suas próprias propriedades, e que,
juntos , resultam em um material com propriedades realçadas ou diferente da
dos materiais originais.

Os compósitos classificam-se em três grupos: reforçados particulados,


reforçados com fibras e estruturais. Os compósitos reforçados com fibras têm o
desempenho controlado principalmente pelo teor e pelo comprimento da fibra,
pelas propriedades físicas da fibra e da matriz e pela aderência entre as duas
fases (Hannant, 1994).

Os compósitos reforçados com fibras têm o desempenho controlado


principalmente pelo teor e pelo comprimento da fibra, pelas propriedades
físicas da fibra e da matriz e pela aderência entre as duas fases (Hannant,
1994). Segundo Johnston (1994) a orientação de uma fibra relativa ao plano de
ruptura, ou fissura, influencia fortemente a sua habilidade em transmitir cargas.
Uma fibra que se posiciona paralela ao plano de ruptura não tem efeito,
enquanto que uma perpendicular tem efeito máximo.

Página | 20
Al-Qureshi (1984) classifica os materiais compósitos com base na estrutura
formada pelos materiais componentes, conforme descrição abaixo.

 Materiais compósitos fibrosos: São materiais nos quais as fibras


geralmente são recobertas ou encontram-se unidas por matriz, podendo
apresentar uma disposição orientada ou aleatória;

 Materiais compósitos laminados: Consistem de uma combinação de


várias camadas de reforços nos compósitos. Classificam-se em três
tipos: lâminas ou camadas (fortemente aderidas de mesmo material,
porém com reforço em uma ou em várias direções), sanduíche e
esqueletos (colmeias);
 Materiais compósitos particulados: São caracterizados por partículas
dispersas numa matriz, na qual se podem destacar as seguintes formas:
esféricas, planas, elipsoidais, maciças e ocas entre outras;

 Materiais compósitos híbridos: São materiais que apresentam em sua


constituição combinações de vários tipos de reforços, tais como: fibras e
partículas, ou vários tipos de partículas ou fibras;

2.5 Propriedades das fibras de bambu

“O bambu é um material que possui propriedades mecânicas compatíveis às


dos materiais utilizados em estruturas de concreto armado” (Lima Jr... 2000).

Como podemos observar, segundo imagem de Lira (2012), a secção


transversal do Bambu possui a distribuição das fibra mais adensada na
superfície externa formando uma espécie de proteção.

Página | 21
Figura 6 - Espessura da parede Gigante.
Autor: Lira (2012)

No conceito de Hidalgo López (2003) o bambu reúne excepcionais


características físicas e mecânicas, que permitem grande diversidade de usos
na construção de estruturas, pisos, paredes, tetos e cortinas.

Para se ter uma ideia do uso do Bambu como estrutura para construção
em madeira ou suporte para outras áreas como alvenaria, temos como
exemplo a mais famosa construção, onde o bambu foi empregado, está
localizada na Índia, o famoso palácio Taj Mahal.

Em condições de uso Rural, a utilização do bambu é talvez a mais


variada possível conhecida pelo homem, pois conseguimos realizar com ela
instalações agrícolas e avícolas, cercados para animais, alimentos forrageiros,
controle de erosão, delimitação de áreas, cercas vivas, quebra-ventos, tutores
para algumas culturas, canteiros, indo até emprego medicinais.

Segundo Salgado (2014) o Bambu apresenta as seguintes propriedades


mecânicas:

Resistência a Tração: 258,503 Mpa (Entrenó), 224,082 Mpa (Nó);

Resistência a Compressão: 84,631 Mpa (Entrenó), 55,113 Mpa (Nó);

Resistência a Flexão: Máxima – 270,663 Mpa; Mínima - 74,824 Mpa;

Página | 22
De acordo com Londoño (2004), Na América são encontrados 40% das
espécies de bambus lenhosos do mundo, aproximadamente 320 espécies em
22 gêneros; o Brasil é o país com maior diversidade, reúne 81 % dos gêneros.

Segundo Téchne (2008), a resistência a tração do bambu gigante


sozinho chega a 135 Mpa , como mostra a tabela 2.

Tabela 2 - Características físico-mecânicas do bambu Dendrocalamus


Giganteus.

Espécie Resistência à Resistência à Resistência


tração compressão ao
cisalhamento
Dendrocalamus 135Mpa 40 Mpa 7Mpa
Gianteus
Fonte: Téchne, 2008

No que se refere a espécie bambusa vulgaris, apresentou, segundo


Ghavami (1992), os seguintes valores de resistência.

Tabela 3 - Propriedades mecânicas do Bambusa Vulgaris.

Parte do Tração Compressão E – Mód. de Cisalhamento


bambu (Mpa) (Mpa) Elast. tração Transv. (Mpa)
(com nó) (GPa)
Base 131,60 37,50 8,46 39,00
Intermediária 106,10 39,50 8,50 42,50
Topo 145,60 42,00 9,45 42,00
Média 127,70 39,66 8,80 41,20
Fonte: (GHAVAMI, 1992)

Página | 23
3 Materiais e Métodos

Os bambus apresentam diferentes resultados de resistência mecânica e


custos, então o presente trabalho visa o uso de dois tipos distintos com o
objetivo de otimização das variáveis mecânicas e financeiras para a
disseminação do uso do bambu como fonte de matéria prima para diversos
setores da economia.

Para o desenvolvimento desse projeto, adotou-se a metodologia de corte


BLC (Bambu Laminado Colado). Para a construção da pá, utilizou-se o
conceito de compósitos.

3.1 Coleta da matéria-prima

Para a primeira etapa do processo de fabricação, utilizou-se da aquisição


da matéria-prima, ambos tipos de fibras, no caso do Bambusa Vulgaris, como
foi citado anteriormente, ele é encontrado na natureza de forma aleatória
quanto a sua localização. O bambu utilizado nesta pesquisa, foi coletado em
uma propriedade particular as margens da BR 406, município de São Gonçalo
do Amarante, RN.

Os bambus foram inicialmente cortados em varas com cerca de 10 a 15


metros de comprimento, como é possível observar na figura 7. Foram cortadas
6 varas nessas dimensões. As varas de 10 a 15 metros foram seccionadas em
pedaços menores, com cerca de 2,5 metros de comprimento. Em seguida o
material foi transportado até o local de realização do trabalho.

Página | 24
Figura 7 - Colmos do bambu da espécie Bambusa Vulgaris, utilizados nessa pesquisa.
Fonte: Autores

Figura 8 - Bambusa Vulgaris sendo seccionado.


Fonte: Autores.

O bambu da espécie Dendrocalamus Giganteus, utilizado nessa


pesquisa para a produção do material compósito, foi doado pela empresa

Página | 25
BAMBUECO MPE. O bambu já havia passado pelo processo de secagem,
logo, já estava com baixo teor de umidade e alto teor de amido.

A figura 09 apresenta a touceira da espécie gigante que foi utilizada


nesta pesquisa.

Figura 9 - Bambu Dendrocalamus Giganteus utilizado nesse trabalho.


Fonte: Autores

3.2 Tratamento dos colmos da espécie Bambusa Vulgaris

Com o objetivo de diminuir o teor de umidade da fibra, levando em


consideração que a resistência mecânica do bambu aumenta em decorrência
da umidade, deu-se início ao processo de tratamento dos colmos da espécie
Bambusa Vulgaris.

Após o transporte, o material foi secado por meio de uma fonte de calor
artificial, para retirar o máximo de água possível da fibra, e também acelerar o
processo de mudança de coloração da parte mais externa do bambu. Esse
processo está representado na figura a seguir.

Página | 26
Figura 10 - Retirada de umidade da fibra.
Fonte: Autores.

Na etapa seguinte, os colmos ficaram expostos ao sol durante 10 dias,


configurando o processo natural de secagem da fibra. A eficiência do
tratamento pode ser observada ao final dos 10 dias, pela diferença na
coloração dos colmos, sendo sua coloração inicial verde escuro, e no final tons
amarelados, como mostra a figura 11.

Figura 11 - Bambu da espécie bambusa vulgaris após a secagem.


Fonte: Autores.

No processo de secagem do bambu, a fibra aumenta seu teor de amido,


responsável por sua resistência.

Página | 27
3.3 Corte dos colmos e preparação da fibra

Os cortes dos colmos foram realizados a partir de marcações de 4 em 4


centímetros da seção circular do bambu, para então serem realizados os cortes
longitudinais na extensão do colmo. De acordo com o entendimento do corte
em BLC.

Os cortes foram realizados manualmente, de acordo com o que se observa


na figura 12.

Figura 12 - Corte longitudinal da seção circular. Fonte: Autores.

Construção do Molde

Diante da experiência com as etapas anteriores, no processo de uso da


fibra dos Bambus, observou-se como solução plausível o uso de confecção de

Página | 28
um molde a partir de um modelo de hélice. Sendo utilizado em escala de
redução de 1:15, onde a hélice empregada é parte constitutiva de um drone.

Assim, já que o drone precisa necessariamente de um ângulo de ataque


para sustentação do equipamento, podendo ser empregada por exemplo para
a geração de energia eólica.

Figura 13 - Molde em gesso e modelo da asa de um drone.


Fonte: Autores.

O modelo apresentado possui as dimensões de 8mm de largura 100 mm de


comprimento e 1 mm de espessura.

Já o molde possui volume de 1 litro, 16 cm de comprimento, 12 cm de


largura e 5 a 6 cm de altura.

Foram empregados diversos moldes para confecção de diversos protótipos,


com configurações diversas de quantidade de resina, catalisador e carga (fibra
de bambus), optou-se pelo processo de transformação do bambu em pó, para
assim poder misturar com a resina e melhorar a adesão fibra/matriz.

3.5 Construção do compósito.


Na construção do compósito ocorreram diversos problemas com o modelo
de 1 metro de comprimento, constituído com ângulo de ataque entre outros.
Assim, os pesquisadores resolveram construir uma pá eólica em escala para
que, a partir dessas dificuldades encontrar o modo correto da construção da
pá de cerca de 1m de comprimento ou até maior.

Página | 29
Assim, foi tido como primeiro passo a produção do material particulado.
Como ferramenta, foi necessária uma serra circular, no caso uma Serra
Mármore de 1300 W da marca Makita, com disco para corte de madeira.

Figura 14 - Particulado de Bambu.


Fonte: Autores.

Utilizou-se resina Ortoftálica, mais comumente comercializada com a


finalidade de produção de peças em resina e fibra de vidro, e o uso de um
catalisador isobutano, adquiridos junto no mesmo comércio.

Figura 15 - Resina utilizada no processo.


Fonte Autores.

Após esse processo foi a análise de capacidade em peso do molde, e


encontrou-se o máximo de 28,74 gramas da mistura Matriz, Catalisador e
Fibra, vale ressaltar que o catalisador é geralmente empregado à cerca de 1%.

Foi realizado uma primeira experiência colocando apenas cerca de 10% de


fibra, tornando-se quebradiço.

Página | 30
Para realizar o procedimento de pesagem da resina e da fibra, utilizou-
se uma balança analítica do laboratório de química do IFRN Campus Santa
Cruz.

O processo de preparação do compósito foi idealizado inicialmente com a


pesagem da Fibra, com cerca de 10%, 15%, 20% e 30%, toda porcentagem
pertinente é relativa ao valor total de 28,74g de material no molde.

Figura 17 - Pesagem do material


Figura 16- Pesagem de Resina. particulado.
Fonte: Autores. Fonte: Autores.

Tabela 4 - Concentrações dos modelos dos protótipos.

Número do Concentração Quantidade Quantidade Concentração


modelo de fibra de fibra (g) de resina (g) de catalisador
1 10% 2,9 25,6 1%
2 15% 4,5 24 1%
3 20% 5,7 22,8 1%
4 30% 8,9 19,6 1%

Após o processo de pesagem da Fibra e Resina/Catalisador ocorreu a


mistura dos componentes e a colocação no molde, em que algumas
configurações ficaram destoante da quantidade de fibra em relação a matriz,

Página | 31
como se a fibra não fosse bem envolvida pela resina, dando uma ideia de falta
da resina para aquele quantitativo.

Figura 18 - Compósito no Molde Figura 19 - Compósito no molde


concentração de 20%. concentração de 30%.
Fonte: Autores. Fonte: Autores.

Após a retirada do protótipo no molde, ocorreu o processo de usinagem


para retirada das rebarbas e lixamento para acabamento, deixando a pá numa
condição bem melhor que a inicial.

Figura 20 - Segundo protótipo em


lixamento.
Fonte Autores.

Página | 32
4 Resultados e Discussões

O presente trabalho apresentou como resultados, a obtenção de várias


pás com diferentes configurações de resina e fibra.

Figura 21 - Pá eólica pronta. Figura 22 - Pá eólica fraturada.


Fonte: Autores. Fonte: Autores.

Foi realizado um teste simples para verificar a fragilidade das amostras


das pás com todos os protótipos construídos. Para isso, elas foram jogadas de
altura de 1,5 m em um chão plano regular de azulejo, e foi verificado que o
modelo com 10% de fibra fraturou. Os outros três modelos resistiram ao
esforço aplicado no impacto. Com isso, constatou-se que o modelo com 10% é
o mais frágil dentre as 4 configurações de concentrações utilizadas nesse
trabalho.

A pá que tem 15% visualizada à esquerda, foi a que ao ver dos


pesquisadores conseguiu ter a melhor relação de resina e fibra. Pois observou-
se a fibra bastante envolvida com a resina. Otimizando assim a adesão fibra

Página | 33
matriz, um dos grandes objetivos quanto se trata de compósitos com fibras
naturais.

Figura 23 - Pá eólica com 30% de concentração de fibra.


Fonte: Autores.

Já a concentração de 30%, além da constatação visual, no processo de


acabamento já foi devidamente observada a perda de fibra por não está
devidamente envolvida pela resina.

O molde bastante reduzido dificulta as condições de fabricação, como


também, a falta de ferramentas que poderiam melhorar o procedimento de
fabricação.

4.1 Análise de custos


Foi realizada uma análise de custos da construção dos quatro protótipos
das pás eólicas com fibras naturais de bambu. Os valores utilizados foram
cotados nas empresas de seus respectivos segmentos de mercado. O custo
dos protótipos das pás em fibra de bambu, com escala reduzida, considerando

Página | 34
os materiais utilizados e desconsiderando o valor referente a mão-de-obra para
a fabricação, ficou em torno de R$ 20,30. Esse valor obtido demonstra um valor
mais acessível quando comparado a fabricação das pás em fibra de carbono.

Tabela 5 - Análise de custos

Material Valor Unitário Quantidade Valor Total


Cera de carnaúba R$ 9,00 1 R$ 9,00
Resina com R$ 32,00/kg 1/10 R$ 3,20
catalisador
Vara de bambu R$ 25,00/ metro 0,3 m R$ 7,50
Dendrocalamus
Giganteus
Vara de bambu R$ 2,00/ metro 0.3 m R$ 0,60
Bambusa Vulgaris
Total R$ 20,30

5.0 Considerações finais

Ao final do projeto, observou-se que se torna viável e vantajoso trabalhar


com materiais compósitos de fibra de bambu, pois suas características
mecânicas são relevantes e seu custo de mercado é baixo, gerando assim, um
alto custo-benefício ao processo.

A região do Trairi não apresenta nenhum parque eólico, diferente de


outras localidades no estado, mas, estudos de empresas privadas já
comprovaram a viabilidade de instalação, sobretudo nas áreas mais altas da
zona rural. Com isso, conclui-se que a construção de um gerador eólico com as
pás feitas a partir de compósitos de fibras naturais irá reduzir em mais de 100%
os custos de materiais, o que irá incentivar a construção de geradores eólicos
nas pequenas e médias propriedades rurais da região.

Página | 35
Os pesquisadores tiveram diversas dificuldades no processo de
desfibramento do material, associado aos desafios de fabricação de um modelo
maior, como sugestão para trabalhos futuros, a construção de um modelo em
uma impressora 3D, e construção do molde em gesso com formas maiores.

Outra sugestão de trabalhos futuros, é a fabricação de corpos de prova


com material desfibrado e particulado para o comparativo de ambos os casos.

Vale salientar que o bambu nativo foi constitutivo de uma região


específica da região metropolitana da cidade de Natal, então seria de grande
valia, analisar outros bambus de diversas outras regiões para saber a sua
variabilidade.

É válido também, incluir a sugestão de analisar as variáveis eólicas,


como: velocidade angular, voltagem, amperagem, rendimento e potência
elétrica.

Página | 36
6.0 Referências

ALBUQUERQUE, P.C.R ; Prof.ª Dr.ª BARBOSA, J.C; COSTA, A.S; Compósito


de Grevílea robusta reforçada com lâmina de bambu Guadua tagoara para
aplicação no aerogerador. In: XXIV Congresso de Iniciação Científica da
Unesp.

ALMEIDA, Antenor Timo Pinheiro de; SILVA, Micael Martins


da. Desenvolvimento e montagem de um gerador eólico com pás
compósitas. 2011. 84 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Mecânica,
Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade de Brasília, Brasília,
2011.

AL-QURESHI, H.A. Composite Materials: Fabrication and Analysis, 1984.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM


D3039/D3039M- 14: Standard Test Method for tensile properties of polymer
matrix composite materials. 2014.

APAWOOD – THE ENGINEERING PLAYWOOD ASSOCIATION. Softwood


Plywood Celebrates 100th Anniversary, 1905 – 2005.

BARELLI, Breno Giordano Pensa. DESIGN PARA A SUSTENTABILIDADE:


MODELO DE CADEIA PRODUTIVA DO BAMBU LAMINADO COLADO (BLC)
E SEUS PRODUTOS. 2009. 152 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Arquieterura, Universidade Estadual Paulista “júlio de Mesquita Filho”, Bauru,
2009.
BRASIL, Trata, Saneamento no Brasil, 2012. Disponível em:
http://www.tratabrasil.org.br/saneamento-no-brasil, acessado em 10/07/2016

CARVALHO, Leila de Carvalho e. PRODUÇÃO DE FIBRAS DE BAMBU PARA A


FABRICAÇÃO DE COMPÓSITA POLIURETANA DE MAMONA. Rio de Janeiro:
Departamento de Engenharia Civil, 2007.

Página | 37
CBIC, Câmara brasileira da indústria da construção, Défict Habitacional no
Brasil, 2012.Disponível em: http://www.cbicdados.com.br/menu/deficit-
habitacional/deficit-habitacional-no-brasil, acessado em 10/07/2016;

CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA, 2011,


Blumenau. METODOLOGIA PARA CARACTERIZAÇÃO DAS FIBRAS DE
BAMBU E COMPÓSITOS DE BAMBU. Blumenau: Abenge, 2011. 8 p.

FILGUEIRAS, T.S & GONÇALVES, A.P.S. A Checklist of the Basal Grasses


and Bamboos in Brazil (Poaceae). Bamboo Science & Culture. The journal of
the American Bamboo Society.Vol. 18. 2004.

GHAVAMI, K. O bambu, forte como o aço. DC Tecnologia , p. 24-26,


Março,1992

GRAÇA, C. I. C. C. R. Valorização dos resíduos de lentes oftálmicas orgânicas.


2009. 77 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia do Ambiente -
Tecnologias Ambientais, Faculdade de CiÊncias e Tecnologia, Universidade do
Algarve, Portugal, 2010.

GUADUA BAMBOO, https://www.guaduabamboo.com/species/bambusa-


vulgaris, acessado em 04/09/2017;

Gupta, M. K. , Srivastava, R. K. A Review on Characterization of Hybrid Fibre


Reinforced Polymer Composite, American Journal of Polymer Science &
Engineering, Motilal Nehru National Institute of Technology Allahabad, India,
2016;

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo 2012 Natal Rio


Grande do Norte, 2012. Disponível em:
http://cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?codmun=240810, Acessado em
20/07/2016.

LIMA JR..., Características mecânicas do bambu Dendrocalamus giganteus:


Análise 75 teórica e experimental. João Pessoa: Federal University of Paraíba
and The University of Sheffield, 2000. p. 394-406.

Página | 38
LIRA, Carlos, Espessura da Parede do Gigante. Disponível em:
http://nosdobambucarloslira.blogspot.com.br/. Acessado em: 18/07/2016.

LONDOÑO, X. La Subtribu Guaduinae de América, SIMPOSIO


INTERNACIONAL GUADUA; Pereira, Colômbia, 2004.

LÓPEZ, Oscar Hidalgo. Bamboo – The Gift of the Gods. D’Vinni Ltda, Bogotá,
D’VINNI Press LTDA, Colombia, 2003, 270p.

MARINHO, Nelson Potenciano. CARACTERÍSTICAS DAS FIBRAS DO


BAMBU (Dendrocalamus giganteus) E POTENCIAL DE APLICAÇÃO EM
PAINÉIS DE FIBRA DE MÉDIA DENSIDADE. 2012.

MARTINS, F.R.; GUARNIERI, R.A.; PEREIRA, E.B. O aproveitamento da


energia eólica. Revista Brasileira de Ensino de Física, São José dos
Campos, v. 30, n. 1, p.1304-13, 17 out. 2007.
MATA, Sítio da, Produtos: Bambu Gigante, 2016. Disponível em:
http://www.sitiodamata.com.br/produtos/bambu-gigante-d-giganteus.html,
acessado em 18/07/2016

NATIONAL MISSION ON BAMBOO APLICATIONS, Tecnology, information,


Forescasting and Assesment Coucil (TIFAC) Government of India, 2004. 56 p.

PACHECO, Fabiana. Energias Renováveis: breves conceitos. Conjuntura e


Planejamento, Salvador, n. 149, p.4-11, out. 2006.

Pereira, M. A. dos R., Beraldo, A. L., 2010, Bambu de Corpo e Alma, Canal 6,
Brasil, 2ed.

ROSSI, Pedro Henrique Jochims; OLIVEIRA, Cássia Pederiva de. Disponível


em: <http://www.pucrs.br/ce-eolica/faq.php?q=1#1>.

SALGADO, Antônio Luiz de Barros. Bambu com Sal: aqui e agora, lá e então.
Campinas, Amaro Comunicações, 2014, 352p.

SILVA, Balbiere Barbosa da; AZEREDO, Denis Paulo da Silva. Aerogeradores,


conceitos das turbinas e suas principais tecnologias. Bolsista de
Valor, Guarus, n. 1, p.339-342, 2010.

Página | 39
SILVA, Roberto Magno de Castro e. O BAMBU NO BRASIL E NO
MUNDO. 2005.

SÍTIO DA MATA, Preço Bambu Gigante. Disponível em:


http://www.sitiodamata.com.br/bambus.html. Acessado em: 18/07/2016.

VASCONCELLOS, Raphael Moras de. Cartilha de Fabricação de Móveis de


Bambu. 2004. 59 ff. Maceio, Alagoas, Brasil. Disponível em:
https://biowit.files.wordpress.com/2010/10/cartilhamoveisinbambu.pdf.
Acessado em: 20 Maio 2016.

WINANDY, J. E. Opportunity and Development of Bio-Based Composites. In


Proceeding of International Workshop on Prefabricated Bamboo Panel Module
Hosing. Anais… Beijing, China. Nov.24-25, 2005

XUHE, C. Promotion of Bamboo for Poverty Alleviation and Economic


Development In: PROCEEDING OF INTERNATIONAL WORKSHOP ON
BAMBOO INDUSTRIAL UTILIZATIONS, October, 2003: International Network
for bamboo and Rattan-INBAR, Nanjing Forestry University of China, 2003.

ZEISS, http://www.zeiss.com.br/vision-care/pt_br/zeiss-products.html, acessado


dia 18/07/2016;

Página | 40

Você também pode gostar