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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ESTUDO DE UM SECADOR SOLAR DE BAIXO


CUSTO PARA DESIDRATAÇÃO DE ALIMENTOS

RODRIGO AZEVEDO DE LIMA


NATAL - RN, 2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ESTUDO DE UM SECADOR SOLAR DE BAIXO


CUSTO PARA DESIDRATAÇÃO DE ALIMENTOS

RODRIGO AZEVEDO DE LIMA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia


Mecânica da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como parte dos
requisitos para a obtenção do título de

Engenheiro Mecânico, orientado pelo


Prof. Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza.

NATAL - RN
2019
i
ii

Agradecimentos

Este trabalho não poderia ter sido concluído sem a ajuda de diversas
pessoas as quais presto minha homenagem:

Primeiramente, aos meus pais e minha querida irmã, que nunca deixaram de
me apoiar para que eu chegasse até aqui, e não mediram esforços para me
propiciarem uma boa educação.

Por conseguinte, quero agradecer também ao engenheiro mecânico José de


Medeiros Leite Segundo, administrador da empresa na qual realizei o estágio
supervisionado, que através da convivência, me proporcionou a aquisição de
bastante conhecimento na área.

Ao professor orientador Luiz Guilherme Meira de Souza, pela oportunidade


que me deu em poder trabalhar ao seu lado, por sugerir ideias para acrescentar ao
trabalho, pela paciência, sinceridade, e por todo o conhecimento que recebi.

E, às pessoas com quem convivi no ambiente acadêmico. Principalmente


aos amigos mais próximos, que sempre me ajudaram com boa vontade, ao longo de
todo o curso.

LIMA, R.A. ESTUDO DE UM SECADOR SOLAR DE BAIXO CUSTO PARA


DESIDRATAÇÃO DE ALIMENTOS. 2019. 30 p. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Engenharia Mecânica) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal-RN, 2019.

Resumo
O presente trabalho tratou sobre um secador solar de baixo custo fabricado para
desidratação de alimentos. Teve como objetivo o estudo e análise de suas
características técnicas, bem como demonstrar a viabilidade de seu uso na
secagem dos produtos escolhidos. O secador solar de exposição direta proposto
funcionava em regime de convecção natural, e foi construído através de uma
iii

estrutura de aço sucateada. Para tal, foi efetuada a montagem do secador e uma
série de ensaios de secagem foram realizados. Através dos dados coletados
avaliou-se cada aspecto do secador, no tocante à eficiência, limitações, economia,
aplicação, entre outros. Sendo assim, tomando como base os vários resultados
obtidos, foi possível analisar, e ter o discernimento que é possível a fabricação de
secadores solar de custo reduzido com boa aplicabilidade para uso caseiro. Além
disso, constitui-se numa opção ecologicamente correta para desidratação de
alimentos, uma vez que, a fabricação desse secador permite a reutilização de
materiais recicláveis, e o processo se dá por meio de uma fonte limpa e renovável
de energia. Foi demonstrada a viabilidade de utilização do secador solar proposto
pela obtenção de produtos secos de boa qualidade, bom aspecto e sabor
apreciável, sendo para banana, batata-doce, berinjela, beterraba, coco e goiaba,
os respectivos tempos de secagem: 12h, 12h, 8h, 10h, 5h e 12h.

Palavras-chave: energia solar, secador solar, desidratação de alimentos,


viabilidade, baixo custo, reutilização de materiais.
LIMA, R.A. STUDY OF A LOW COST SOLAR DRYER FOR FOOD
DEHYDRATION. 2019. 30 p. Conclusion work project (Graduate in Mechanical
Engineering) - Federal University of Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2019.

Abstract
The present work dealt with a low cost solar dryer made for food dehydration. The
objective was to study and analyze the technical characteristics, as well as to
demonstrate the viability of its use in drying the chosen products. The proposed
direct exposure solar dryer operates under natural convection, and was
constructed from scrapped steel frame. For this, the dryer was assembled and a
series of drying tests were performed. Through the collected data, each aspect of
iv

the dryer was evaluated, regarding efficiency, limitations, economy, application,


among others. Thus, based on the various results obtained, it was possible to
analyze, and have the discernment that it is possible to manufacture low cost solar
dryers with good applicability for home use. Moreover, it is an ecologically correct
option for food dehydration, since the manufacture of this dryer allows the reuse of
recyclable materials, and the process takes place by a clean and renewable source
of energy. The viability of using the solar dryer proposed was demonstrated by
obtaining good quality dry products, good appearance and appreciable taste, being
the drying times for banana, sweet potato, eggplant, beet, coconut and guava, the
following: 12h, 8h, 10h, 5h and 12h.

Keywords: solar energy, solar dryer, food dehydration, viability, low cost, reuse of
materials.
Lista de ilustrações

Figura 2.1 – Distribuição média de energia solar


mundial...................................................4

Figura 2.2 – Radiação solar global diária do Brasil – média anual


típica..............................4

Figura 2.3 – Efeito estufa no interior de um secador


solar...................................................6

Figura 2.4 – Esquema de um secador solar de exposição


direta.........................................6

Figura 2.5 – Esquema de um secador solar de exposição


indireta......................................7
v

Figura 2.6 – Esquema de um secador solar operando em convecção


natural.....................7

Figura 2.7 – Esquema de um secador solar operando em convecção


forçada....................8

Figura 2.8 – Esquema de um secador solar


híbrido............................................................8

Figura 2.9 – Um dos produtos escolhidos para a secagem -


Banana................................10

Figura 2.10 – Um dos produtos escolhidos para a secagem - Batata-


doce.......................11

Figura 2.11 – Um dos produtos escolhidos para a secagem -


Berinjela.............................12

Figura 2.12 – Um dos produtos escolhidos para a secagem -


Beterraba...........................13

Figura 2.13 – Um dos produtos escolhidos para a secagem -


Coco..................................15

Figura 2.14 – Um dos produtos escolhidos para a secagem -


Goiaba...............................16

Figura 3.1 – Placa de aço utilizada na construção do


secador..........................................16

Figura 3.2 – Desenho representativo com as dimensões do secador


fabricado................17

Figura 3.3 – Secador no processo final de


montagem.......................................................18

Figura 3.4 – Termômetro digital com termopar


acoplado..................................................18

Figura 3.5 – Balança digital de


precisão............................................................................19

Figura 3.6 – Medidor portátil de radiação solar


global.......................................................20

Figura 3.7 – Distribuição das frutas no secador (ensaio


1)................................................20

Figura 3.8 – Distribuição de lascas e amostras de coco no secador (ensaio


2).................21
vi

Figura 3.9 – Amostras do coco


identificadas.....................................................................21

Figura 4.1 – Temperaturas médias do ar na entrada e saída do


secador..........................25

Figura 4.2 – Alimentos separados ao final da


secagem....................................................27

Figura 4.3 – Farinhas


produzidas......................................................................................27
Lista de tabelas

Tabela 2.1 – Percentual de umidade dos


alimentos............................................................9

Tabela 2.2 – Informações nutricionais da


banana.............................................................10

Tabela 2.3 – Informações nutricionais da batata-


doce......................................................11

Tabela 2.4 – Informações nutricionais da


berinjela...........................................................12

Tabela 2.5 – Informações nutricionais da


beterraba..........................................................13

Tabela 2.6 – Informações nutricionais do


coco.................................................................14

Tabela 2.7 – Informações nutricionais da


goiaba..............................................................15

Tabela 4.1 – Parâmetros medidos e calculados na


secagem............................................24

Tabela 4.2 – Variação de massa das amostras na secagem do


coco................................25

Tabela 4.3 – Eficiências dos processos de


secagem........................................................26
vii

Lista de símbolos

– Área da seção transversal por onde escoa o fluido (m²);

𝐴𝐶 – Área útil do coletor exposta à radiação (m²);

𝑐𝑝 – Calor específico à pressão constante (kJ/kg.K);

– Radiação solar global (W/m²);

𝑚̇ – Vazão mássica (kg/s);

𝑚𝑎 – Massa da amostra (g);

𝑚á𝑔𝑢𝑎 – Massa total de água das amostras (g);

𝑚i – Massa inicial das amostras (g);

𝑚f – Massa final das amostras (g);

𝜂𝑝 – Eficiência do processo de secagem;

𝜂𝑡 – Rendimento térmico;

– Perda de massa da amostra;

𝑝h – Perda horária de massa da amostra;

𝑃𝑢 – Potência útil transferida ao fluido de trabalho (W);

– Densidade específica do fluido (kg/m³);

𝑇secagem – Tempo de secagem (h);

𝑇̅𝑒 – Temperatura média do ar na entrada do secador (K);

𝑇̅𝑠 – Temperatura média do ar na saída do secador (K);

– Teor de umidade do produto;


viii

𝑈f – Teor de umidade final do produto; 𝑈perdida –

Teor de umidade perdida pelo produto; –

Velocidade de escoamento do fluido (m/s).

Sumário
Agradecimentos.................................................................................................................................i

Resumo.............................................................................................................................................i

Abstract.............................................................................................................................................ii

Lista de ilustrações..........................................................................................................................iii

Lista de tabelas................................................................................................................................v

Lista de símbolos.............................................................................................................................vi

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................1

1.1 Apresentação do trabalho..................................................................................................1

1.2 Objetivos.............................................................................................................................2

1.2.1 Objetivo geral..........................................................................................................2

1.2.2 Objetivos específicos..............................................................................................2

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................................3

2.1 A importância da utilização de energias alternativas.........................................................3

2.2 A energia solar...................................................................................................................3

2.3 O princípio da desidratação................................................................................................5

2.4 Os secadores solares.........................................................................................................6

2.5 Alimentos escolhidos para secagem..................................................................................9

2.5.1 Banana..................................................................................................................10

2.5.2 Batata-doce...........................................................................................................11

2.5.3 Berinjela................................................................................................................12

2.5.4 Beterraba..............................................................................................................13

2.5.5 Coco......................................................................................................................14

2.5.6 Goiaba...................................................................................................................15

3 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................................16

3.1 Eficiência do secador solar...............................................................................................23


ix

3.2 Eficiência do processo de secagem.................................................................................24

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................................25

5 CONCLUSÕES..................................................................................................................29

6 REFERÊNCIAS..................................................................................................................30
1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação do trabalho

Nos dias de hoje, a utilização da energia solar é de suma importância para o


Brasil, pois a posição geográfica do país nos garante grande incidência de radiação
solar todos os anos, sendo uma fonte de energia limpa e renovável, que não agride o
meio ambiente. Contudo, para o devido aproveitamento dessa energia, tecnologias
precisam ser constantemente implantadas no ramo (BANDEIRA, 2012).

As áreas localizadas no Nordeste do Brasil têm taxas de radiação solar


anuais comparáveis às melhores regiões do mundo. Sendo assim, o uso dessa
energia se torna uma alternativa ambientalmente correta e sustentável, para o
emprego de projetos de baixo custo, a fim de servir famílias de baixa renda e
pequenos agricultores (TIBA et al., 2000).

Nosso país é o terceiro maior produtor mundial de frutas, ficando atrás


apenas da China e da Índia, portanto a fruticultura é um dos setores mais importantes
para o agronegócio brasileiro (EMBRAPA et al., 2019).

Porém, o grande problema está no enorme desperdício desses alimentos


perecíveis. O mau manuseio, indevido armazenamento, e a ausência de
infraestrutura adequada é o maior motivo dessa perda (OLIVEIRA; RIBEIRO;
SATURNO, 2018).

A utilização da energia solar para a secagem de grãos, frutas e outros


produtos alimentícios apresenta-se como uma excelente saída para tal problema. A
desidratação propicia uma maior vida útil dos alimentos na prateleira, pois evita a
proliferação de microrganismos, impedindo que se estraguem, além de manter suas
propriedades nutricionais originais (ALMEIDA; LIMA; SOUZA, 2016).

Fora isso, Almeida, Lima e Souza (2016) ressalta que os produtos desidratados
servem como matéria-prima para a produção de alimentos diferenciados, como por
exemplo, massas, biscoitos, iogurtes, sorvetes, doces, sucos, entre outros.
2

Então, para o processo de secagem ocorrer, se faz necessário o uso dos


secadores solares, que possuem como sua principal finalidade a redução/eliminação
da umidade dos produtos expostos, pela ação do calor do sol.
Dessa forma, realizou-se o estudo de um secador solar de baixo custo de
exposição direta, fabricado a partir de uma estrutura de aço em desuso, buscando-se
justificar sua viabilidade econômica, principalmente em comunidades de agricultura
familiar, constituindo-se numa opção de geração de emprego e renda para essas
pessoas, que também contribui na conservação e manutenção da qualidade dos
alimentos, diminuindo os índices de desperdício alimentar.

Serão apresentados os processos de fabricação, montagem e levantamento


de desempenho do secador solar proposto, que tem como principais características a
simplicidade de fabricação e o baixo custo.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Demonstrar a viabilidade de utilização de um secador solar de baixo custo na


desidratação de alimentos.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Projetar e fabricar o secador solar proposto;


b) Escolher os alimentos a serem secos;
c) Testar o secador na secagem dos produtos escolhidos;
d) Demonstrar a boa relação custo-benefício do secador, e sua viabilidade;
e) Produzir farinha com os alimentos secos.
3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A importância da utilização de energias alternativas

“O século XXI chegou com enormes desafios para a humanidade, figurando


entre eles o objetivo de garantir que a crescente demanda por energia seja suprida
de forma segura, sem comprometer a qualidade de vida das futuras gerações.”
(COPEL et al., 2014, p. 14).

Energias renováveis representam uma alternativa às fontes de energias


convencionais, sendo uma possibilidade de mudança na atual matriz energética. Já
que o uso de recursos naturais como o petróleo, carvão, gás natural, entre outros,
provoca inúmeros danos ambientais, como o agravamento do efeito estufa.

2.2 A energia solar

Como o objetivo deste trabalho é o estudo de um secador, cujo o meio de


obtenção de calor é a energia solar, faz-se uma análise bibliográfica sobre o potencial
e importância dessa fonte de energia alternativa.

A energia que vem do sol é renovável e praticamente inesgotável na escala


terrestre do tempo, podendo ser aproveitada pela sociedade para suprir suas
necessidades energéticas, considerando seus múltiplos usos.

O sol emite para a atmosfera terrestre uma taxa de radiação solar estimada
em cerca de 1,5 x 1012 GWh/ano, mais de 10.000 vezes que o consumo de energia
mundial. Isso equivale a dizer que menos de 1% da energia solar disponível seria
suficiente para suprir as necessidades energéticas da humanidade. Tais dados
constatam que a energia solar tem o maior potencial técnico de aproveitamento,
quando comparada a outras fontes renováveis (TOLMASQUIM, 2016).

Os países tropicais recebem grandes incidências solares, devido à posição


geográfica global, recebem energia solar quase o ano todo, o que torna bastante
4

favorável o uso de equipamentos solares. Entre eles se encontra o Brasil, com


disponibilidade equivalente a 1,13 x 10 10 GWh/ano (QUEIROZ, 2005). Pode-se
perceber a veracidade da informação observando-se a Figura 2.1.
Figura2.1 – Distribuição média de energia solar mundial
.

Fonte: Loster (2006).

O Nordeste é uma das regiões de nosso país mais privilegiadas nesse quesito,
apresenta uma média de radiação solar global que se situa na faixa de 500 a 700
W/m², conforme mostra a Figura 2.2, retirada do Atlas de energia elétrica do Brasil
(BEZERRA, 2001).

Figura 2.2 – Radiação solar global diária do Brasil – média anual típica.
5

Fonte: ANEEL (2005).


Como pode ser visto, os maiores índices de radiação são observados na região
Nordeste, energia que ainda é pouco utilizada, por falta de investimentos.

Citar a energia solar como solução para todos os problemas energéticos da


humanidade representa desconhecer as limitações técnicas de tal alternativa, como
por exemplo: seu custo elevado, dependência climática, baixo rendimento, etc.
Porém, tal fonte não pode ser desprezada por nenhum país do mundo. Em tempos
de economia de combustíveis convencionais, representa uma importante alternativa
para a composição da matriz energética.

2.3 O princípio da desidratação

O processo de desidratação consiste na retirada de água do alimento por


evaporação, através de sua exposição à radiação solar por longos períodos de
tempo, sob condições climáticas favoráveis, preferencialmente a altas temperaturas,
baixa umidade relativa e ventos moderados. Seu principal objetivo é propiciar uma
maior vida útil ao produto, trata-se de uma das técnicas mais antigas de preservação
de alimentos, segundo afirmação de Almeida, Lima e Souza (2016):

A secagem é um processo físico que consiste na eliminação de água por


evaporação, de modo a melhorar a conservação de um produto. É um dos
métodos mais antigos de conservação de alimentos e surgiu quando os
povos primitivos observaram que as sementes das plantas, com que se
alimentavam, se conservavam por mais tempo depois de expostas ao sol. A
partir daí começaram a secar ao sol outros alimentos, nomeadamente carne,
peixe e os próprios grãos (ALMEIDA; LIMA; SOUZA, 2016, p. 2).
6

A desidratação ocorre com o fornecimento de calor para evaporar a umidade


do produto, e um meio de transporte para remover o vapor de água formado na
superfície desse produto. Neste trabalho foi feito o emprego de correntes convectivas
como meio de transporte, combinadas com o calor da radiação solar.

2.4 Os secadores solares

Os secadores solares são classificados como sistemas de energia solar ativa,


captando a energia do sol, e transformando-a em energia térmica, com o objetivo de
fornecer calor ao produto posto no secador.

De acordo com Bezerra (2001), o funcionamento dos secadores solares


depende de um fluxo de ar, que percorre toda sua área interna, e sofre aumento de
temperatura durante seu trajeto, pela exposição aos raios solares. Os produtos a
serem secos dispostos no coletor perdem umidade ao entrarem em contato com o ar
aquecido, no qual atua como meio de transporte para remover o vapor de água
formado na superfície do produto. O aquecimento da massa de ar no interior do
secador ocorre através do princípio o efeito estufa, como ilustra a Figura 2.3.

Figura 2.3 – Efeito estufa no interior de um secador solar.

Fonte: Silva (2013).

Quanto à classificação dos secadores solares, existem dois principais tipos: de


exposição direta, quando o alimento é colocado diretamente no coletor solar, de
modo que a radiação solar incida diretamente sobre ele, e de exposição indireta,
quando há uma câmara separada para pôr o material a ser seco. Existem também os
secadores mistos, que combinam os dois tipos de exposição citados.
7

Figura 2.4 – Esquema de um secador solar de exposição direta.

Fonte: Silva (2013).


Figura 2.5 – Esquema de um secador solar de exposição indireta.

Fonte: Silva (2013).

Ao tratar-se do fluxo de ar que circula em seu interior, pode-se classificá-los


quanto ao regime de operação: convecção natural (secagem passiva), convecção
forçada (secagem ativa) e híbrido.

No secador de convecção natural, o ar circula espontaneamente em seu


interior, de forma natural. Nele, o ar é aquecido, e por ser menos denso, é arrastado
até a saída do coletor, promovendo a secagem do produto.

Figura 2.6 – Esquema de um secador solar operando em convecção natural.


8

Fonte: Silva (2013).


Ao contrário disso, no secador de convecção forçada, o ar sofre a ação de forças
externas, como ventiladores ou bombas, sendo forçado a escoar.

Figura 2.7 – Esquema de um secador solar operando em convecção forçada.

Fonte: Silva (2013).

Já o secador híbrido, se utiliza de outras fontes de energia em seu processo


de secagem, além da energia solar. A Figura 2.8 ilustra um secador híbrido, onde
uma resistência elétrica é usada, a fim de melhorar o rendimento do secador.

Figura 2.8 – Esquema de um secador solar híbrido.


9

Fonte: Silva (2013).

O secador projetado que está em estudo é de exposição direta, e trabalha em


regime de convecção natural. Trata-se de um coletor solar plano de baixa
concentração.

2.5 Alimentos escolhidos para secagem

O secador proposto promoverá a secagem das frutas e hortaliças mostradas


a seguir. As tabelas desta seção mostram as informações nutricionais dos alimentos,
os valores apresentados são referentes à quantidade de 100 gramas de parte
comestível, segundo a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO).

Tabela 2.1 – Percentual de umidade dos alimentos.

ALIMENTO UMIDADE

Banana 71,9%

Batata-doce 69,5%

Berinjela 93,8%
10

Beterraba 86%

Coco 43%

Goiaba 85%

Fonte: NEPA (2011).

2.5.1 Banana

Figura 2.9 – Um dos produtos escolhidos para a secagem - Banana.

Banana é uma pseudobaga da bananeira, uma planta herbácea, vivaz, acaule,


da família “Musaceae”. Banana é o quarto produto alimentar mais produzido no
mundo, depois do arroz, trigo e milho. É cultivada em 130 países.

Originárias do sudeste da Ásia, as bananas são cultivadas em praticamente


todas as regiões tropicais do planeta. Vulgarmente, inclusive para efeitos comerciais,
o termo banana refere-se às frutas de polpa macia e doce, que podem ser
consumidas cruas. São fonte apreciável de vitamina A, vitamina C, fibras e potássio.
11

As bananas formam-se em cachos, na parte superior dos pseudocaules, que


nascem de um verdadeiro caule subterrâneo, cuja longevidade chega a 15 anos ou
mais. Depois da maturação e colheita do cacho de bananas, o pseudocaule, dando
origem, posteriormente, a um novo pseudocaule.

Tabela 2.2 – Informações nutricionais da banana.

Fonte: NEPA (2011).


2.5.2 Batata-doce

Figura 2.10 – Um dos produtos escolhidos para a secagem - Batata-doce.

A batata-doce é um tubérculo que cresce nas raízes de uma planta conhecida


cientificamente como “Ipomoea batatas”. Ela é muito rica em um antioxidante
chamado betacaroteno, que contribui para a formação de vitamina A no organismo,
principalmente em crianças. A batata-doce também é muito rica em fibras, vitamina
C, potássio, manganês, vitamina B6, entre outras substâncias que proporcionam
benefícios como prevenção de deficiência em vitamina A, prevenção do câncer e
regulação níveis de açúcar no sangue.

As folhas e brotos da batata-doce são comestíveis após breve cozimento,


sendo saborosas e nutritivas, de produção facílima e abundante. Também podem ser
12

consumidas na forma frita. É encontrada nas cores laranja, branco, vermelho, rosa,
violeta, amarelo e roxo.

Tabela 2.3 – Informações nutricionais da batata-doce.

Fonte: NEPA (2011).

2.5.3 Berinjela

Figura 2.11 – Um dos produtos escolhidos para a secagem - Berinjela.

A berinjela é o fruto da planta “Solanum melongena”, originária da Índia,


considerada de fácil cultivo nos trópicos e que pertence à mesma família do
pimentão. Existem vários tipos desse fruto, que se diferenciam pelas suas cores. As
mais comuns são o vermelho escuro ou roxo, mas pode também ser branco.

Por ser rica em proteínas, vitaminas (A, B1, B2, B5, C), minerais (cálcio,
fósforo, ferro, potássio, magnésio) e alcaloides, que atuam diminuindo a pressão
sanguínea, os naturalistas recomendam o seu consumo para prevenir alguns males
referentes ao fluxo sanguíneo. É recomendada nos casos de artrite, apresentando
13

bons resultados no reumatismo, bem como na diabetes e nas inflamações da pele


em geral. É também muito digestiva, nutritiva e laxante. Por esse motivo, é indicada
nos casos de desnutrição, indigestão e prisão de ventre. O consumo da berinjela é
também indicado para problemas do fígado e do estômago (ZANIN, 2017).

Tabela 2.4 – Informações nutricionais da berinjela.

Fonte: NEPA (2011).

2.5.4 Beterraba

Figura 2.12 – Um dos produtos escolhidos para a secagem - Beterraba.

A beterraba é uma planta herbácea da família das quenopodiáceas. O nome é derivado


do substantivo francês “betterave”. A raiz tuberculizada serve, além dos fins culinários, para
produção de açúcar/sacarose.

Destaca-se como uma das hortaliças mais ricas em ferro, tanto na raiz quanto
nas folhas. Quando em condição natural, a beterraba se conserva por até uma
semana, se mantida em local fresco e sombreado. Na Europa, a beterraba é usada
também como combustível alternativo, na preparação de etanol.
14

A beterraba tem poucas calorias, é cheia de vitaminas, minerais e


antioxidantes poderosos. Contém potássio, magnésio, ferro, vitaminas A, B6 e C,
ácido fólico, zinco, hidratos de carbono, proteína e fibra solúvel. Traz inúmeros
benefícios para a saúde, como a melhoria da função cerebral, prevenção do
câncer/anemia, controle da pressão arterial, fortalecimento dos ossos, redução do
colesterol ruim, dentre outros (JONES, 2017).

Tabela 2.5 – Informações nutricionais da beterraba.

Fonte: NEPA (2011).


2.5.5 Coco

Figura 2.13 – Um dos produtos escolhidos para a secagem - Coco.

O coqueiro (Cocos nucifera L.), é um membro da família “Arecaceae” (família


das palmeiras). É a única espécie classificada no gênero “Cocos” que, por sua vez, é
constituída de três a quatro variedades. É uma das mais importantes espécies
tropicais, sendo considerada uma planta de mil e uma utilidades. No Brasil, o cultivo
do coqueiro predomina no litoral do Nordeste, região onde se concentra as principais
agroindústrias de coco (LOIOLA, 2009).

O coqueiro tem origem no Sudeste da Ásia. A planta foi introduzida no Brasil


pelos colonizadores portugueses no século XVI, disseminando-se por muitas regiões,
15

principalmente pelo litoral nordestino. Botanicamente falando, o coco é um fruto seco


simples classificado como drupa fibrosa (não uma noz). Junto à casca (exocarpo) é
encontrada uma camada grossa e fibrosa (mesocarpo). No interior, uma polpa branca
(albúmen sólido), oleosa, com espessura variável que toma toda a cavidade interna é
parcialmente preenchida com água, a famosa “água de coco” (albúmen líquido).

Tabela 2.6 – Informações nutricionais do coco.

Fonte: NEPA (2011).

2.5.6 Goiaba

Figura 2.14 – Um dos produtos escolhidos para a secagem - Goiaba.

Goiaba é o fruto da goiabeira, árvore da espécie “Psidium guajava”, originária


da América tropical. O fruto é constituído de uma casca verde, amarelada ou roxa,
com superfície irregular, cerca de 8cm de diâmetro. Em seu interior, há uma polpa
rosada, branca ou dourada, contendo dezenas de pequenas sementes duras, mas
que podem ser ingeridas sem problemas.

Somente as variedades de polpas brancas e vermelhas são comercializadas. A


branca, de casca esverdeada, e a vermelha, de casca amarelada e interior rosado.
16

As goiabas são consumidas principalmente “in natura” ou em forma de doce,


chamado goiabada. Compotas, geleias e sucos também são comuns. São muito ricas
em vitamina C, mais do que a laranja ou o limão. Além da vitamina C, possui
quantidades razoáveis de vitaminas A e do complexo B e sais minerais, como cálcio,
fósforo e ferro.

Tabela 2.7 – Informações nutricionais da goiaba.

Fonte: NEPA (2011).

3 MATERIAIS E MÉTODOS

O secador do estudo foi construído a partir de uma base de aço abandonada


com 3mm de espessura, mostrada na Fig. 3.1, combinada com o uso de materiais de
baixo custo e fácil acesso, como perfis de madeira inutilizados, vidros em desuso,
isopores, etc.

Figura 3.1 – Placa de aço utilizada na construção do secador.


17

Fonte: Disponibilizada pelo autor.

A seguir serão listados todos os processos de fabricação e montagem do secador


solar de exposição direta, que trabalha em regime de convecção natural:

1. Lixamento e limpeza da placa de aço abandonada para formação da superfície absorvedora


do secador;

2. Corte de perfis de madeira para fixação nas laterais do secador, através de rebites, servindo
de apoio para colocação dos vidros da cobertura do secador;

3. Pintura da base com tinta de cor preto fosco, com finalidade de melhorar a absorção de
radiação solar da mesma;
4. Colocação de isopor de 4cm de espessura na parte de baixo da placa, para o devido
isolamento térmico da mesma;

5. Corte e montagem dos vidros, usados na cobertura e superfície do coletor;

6. Inserção do secador em um suporte, utilizando-se de tijolos como apoio para deixálo com
uma menor inclinação. A inclinação recomendada para esse tipo de secador é de 15,5º,
mas devido ao escorregamento das amostras, foi utilizada uma inclinação de 10º;
18

7. Colocação de um anteparo de isopor na saída do secador solar, a fim de facilitar o fluxo de


ar natural em seu interior, fazendo com que o ar entre pelo lado correto do secador.

O equipamento foi montado nas dependências do Laboratório de Máquinas


Hidráulicas e Energia Solar (LMHES) da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN). Ao final do processo de fabricação o secador ficou com as dimensões
em cm mostradas na Figura 3.2.

Figura 3.2 – Desenho representativo com as dimensões do secador fabricado.

Fonte: Disponibilizada pelo autor.

Figura 3.3 – Secador no processo final de montagem.


19

Fonte: Disponibilizada pelo autor.

Dados dos processos de secagem foram coletados através de aparelhos de


medição fornecidos pelo laboratório. Os valores das temperaturas do ar na entrada e
saída do secador foram obtidos utilizando-se termopares acoplados a um termômetro
digital.

Figura 3.4 – Termômetro digital com termopar acoplado.

Fonte: Disponibilizada pelo autor.


20

Sabe-se que dois parâmetros são de fundamental importância na secagem de


quaisquer produtos: sua umidade inicial, e sua umidade final (após seco). Para que o
alimento seja considerado desidratado ou seco, a literatura especializada determina
um percentual residual de massa de água final menor que 20%. Para a produção de
farinha, recomenda-se a eliminação de toda ou quase toda massa de água do
alimento.

Uma balança digital de precisão foi utilizada na determinação desses


parâmetros. Amostras do produto foram pesadas ao decorrer do processo, para que
fosse verificado se o ponto de desidratação desejado na secagem havia sido
alcançado. Quando o produto não atingia o ponto desejado em um dia de secagem,
no dia seguinte o processo era reiniciado.

Figura 3.5 – Balança digital de precisão.

Fonte: Disponibilizada pelo autor.

Também foi utilizado um medidor de radiação solar global, que funciona a


partir do direcionamento de seu sensor à luz solar, fornecendo em W/m² o valor de
radiação solar global no momento da medição.
21

Figura 3.6 – Medidor portátil de radiação solar global.

Fonte: Disponibilizada pelo autor.

No primeiro ensaio foram utilizados 256g de banana, 397g de batata doce,


383g de berinjela, 369g de beterraba e 408g de goiaba. As frutas foram partidas e
distribuídas no secador, como mostra a Figura 3.7.

Figura 3.7 – Distribuição das frutas no secador (ensaio 1).


22

Fonte: Disponibilizada pelo autor.


Um segundo ensaio, mais detalhado, foi realizado, uma massa de 1kg de
polpa de coco foi utilizada, e cortada em lascas de tamanhos variados para a
secagem. Dessas lascas foram adotadas duas amostras para servirem de base para
secagem, essas amostras pesaram cada uma 7,4g, a amostra 1 foi posta no topo do
secador (próximo à saída de ar), e a amostra 2 na parte inferior (próximo à entrada
de ar). Os pedaços de coco foram distribuídos no secador, como mostra a Figura 3.8.

Figura 3.8 – Distribuição de lascas e amostras de coco no secador (ensaio 2).

Fonte: Disponibilizada pelo autor.

Figura 3.9 – Amostras do coco identificadas.


23

Fonte: Disponibilizada pelo autor.


3.1 Eficiência do secador solar

O rendimento térmico ou eficiência do secador é determinado pela equação


3.1. Representa a razão entre a potência entregue e a potência disponibilizada para o

sistema.

Onde:

𝑃𝑢 = 𝑚̇ . 𝑐𝑝 . Δ𝑇

𝑚̇ = 𝜌 . 𝑉 . 𝐴

Δ𝑇 = (𝑇̅𝑠 − 𝑇̅𝑒)

𝜂𝑡 – Rendimento térmico;

𝑃𝑢 – Potência útil transferida ao fluido de trabalho (W);

– Radiação solar global (W/m2);

𝐴𝐶 – Área útil do coletor exposta à radiação (m2);

𝑚̇ – Vazão mássica (kg/s);

𝑐𝑝 – Calor específico à pressão constante (kJ/kg.K);

– Densidade específica do fluido (kg/m³);

– Velocidade de escoamento do fluido (m/s);


24

– Área da seção transversal por onde escoa o fluido (m²);

𝑇̅𝑠 – Temperatura média do ar na saída do secador (K);

𝑇̅𝑒 – Temperatura média do ar na entrada do secador (K).


3.2 Eficiência do processo de secagem

A eficiência do processo de secagem pode ser avaliada através das massas


do produto a ser seco. A equação 3.2 apresenta os parâmetros necessários para
essa determinação. A massa de água é calculada a partir do percentual de umidade
de cada produto “in natura”.

Onde:

𝜂𝑝 – Eficiência do processo de secagem;

𝑚i – Massa inicial das amostras (g);

𝑚f – Massa final das amostras (g);

𝑚á𝑔𝑢𝑎 – Massa total de água das amostras (g);

– Teor de umidade do produto.


25

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A secagem dos alimentos foi realizada na penúltima semana do mês de


outubro, entre os dias 21 e 25, ano 2019, aos arredores do Laboratório de Máquinas
Hidráulicas e Energia Solar da UFRN. Os dias estavam bem ensolarados, sem muita
presença de nuvens. A temperatura ambiente durante o período de secagem teve
média diária de 30ºC.

Na Tabela 4.1 estão especificados os dados gerais de cada processo de secagem, da


banana, batata-doce, berinjela, beterraba, coco e goiaba, respectivamente.

Tabela 4.1 – Parâmetros medidos e calculados na secagem.

𝑚i 𝑚𝑓 𝑈perdida 𝑈𝑓 𝑇secagem
Alimento
(g) (g) (%) (%) (%) (h)
Banana 256 115 71,9 55,1 16,8 12
Batata-doce 397 173 69,5 56,4 13,1 12
Berinjela 383 29 93,8 92,4 1,4 8
Beterraba 369 55 86 85,1 0,9 10
Coco 1000 700 43 30,0 13,0 5
Goiaba 408 84 85 79,4 5,6 12

Fonte: Disponibilizada pelo autor.

Através desses dados, observamos que os produtos finais ficaram com umidade
menor que 20%. Significa que os alimentos obtidos ao final do processo podem
ser considerados secos, como desejado.
26

Tendo em vista que o secador é de pequeno porte e de baixa concentração


solar, podemos dizer que bons tempos de secagem foram obtidos. Sendo para
banana, batata-doce, berinjela, beterraba, coco e goiaba, os respectivos tempos
de secagem: 12h, 12h, 8h, 10h, 5h e 12h.

A Tabela 4.2 apresenta os resultados da secagem do coco, e mostra a variação de


massa das amostras 1 e 2.
Tabela 4.2 – Variação de massa das amostras na secagem do coco.

𝑚𝑎1 𝑝h1 𝑝1 𝑚𝑎2 𝑝h2 𝑝2


Hora
(W/m²) (g) (%) (%) (g) (%) (%)
09:30 750 7,40 0,0 0,0 7,40 0,0 0,0
10:30 900 6,45 12,8 12,8 6,66 10,0 10,0
11:30 870 5,80 10,1 21,6 6,15 7,7 16,9
12:30 860 5,38 7,2 27,3 5,78 6,0 21,9
13:30 720 5,02 6,7 32,2 5,45 5,7 26,4
14:30 500 4,83 3,8 34,7 5,26 3,5 28,9
Fonte: Disponibilizada pelo autor.

Foi percebido que a amostra 1, situada próxima à saída do secador, foi a que
apresentou maior percentual de massa perdida. O que evidencia o bom
funcionamento do equipamento, pois o ar é aquecido em sua parte inferior, e por ser
menos denso, sobe arrastado pela corrente de ar atmosférico, tendo uma maior
temperatura na saída do secador, fazendo com que o alimento localizado nessa
região seque mas rápido.

Na Figura 4.1 têm-se os valores das temperaturas médias do ar na entrada e saída


do secador. Os valores informados estão em ºC.

Figura 4.1 – Temperaturas médias do ar na entrada e saída do secador.


27

Fonte: Disponibilizada pelo autor.


Com base nos valores de temperaturas médias, medidos através de
termopares acoplados a um termômetro digital, observou-se o correto funcionamento
do equipamento, tendo em vista que as temperaturas sofrem aumento gradativo da
entrada para a saída do secador, 36ºC na entrada e 47ºC na saída.

Foram calculadas as eficiências dos processos de secagem, levando em


consideração as massas iniciais, finais, e de água da carga total de cada alimento, os
resultados dos cálculos estão reproduzidos na Tabela 4.3.

Tabela 4.3 – Eficiências dos processos de secagem.

Alimento

Banana
Batata-doce
Berinjela
Beterraba
Coco
Goiaba
Fonte: Disponibilizada pelo autor.
28

Os valores obtidos representam eficiências de processo bastante


significativas. É razoável considerarmos satisfatórios os desempenhos dos processos
de secagem, visto que utilizamos um secador de fabricação caseira de pequena área,
que opera em regime de convecção natural, o que significa baixa vazão de ar, e
consequentemente baixa vazão mássica.

Terminada a secagem foram separados os alimentos, e armazenados em recipientes.


Posteriormente, foram produzidas farinhas dos seguintes alimentos:

batata-doce, berinjela, beterraba e goiaba, com auxílio de um liquidificador industrial.

Quanto aos aspectos referentes à aparência, sabor e qualidade dos produtos


pós-secagem, pode-se considerar que foram satisfatórios. Os alimentos secos e as
farinhas produzidas estão mostrados nas Figuras 4.2 e 4.3.

Figura 4.2 – Alimentos separados ao final da secagem.

Fonte: Disponibilizada pelo autor.

Figura 4.3 – Farinhas produzidas.


29

Fonte: Disponibilizada pelo autor.


5 CONCLUSÕES

Considerando os objetivos definidos inicialmente pelo trabalho, e após análise


dos resultados obtidos, apresentam-se as conclusões a seguir.

1. O secador solar fabricado mostrou-se viável na desidratação dos alimentos, tendo


em vista as boas eficiências dos processos;

2. Apesar do baixo custo e simplicidade do secador, foram obtidos bons tempos de


secagem nos processos, demonstrando a boa relação custo-benefício do secador;

3. O secador proposto é uma alternativa para geração de emprego e renda em


comunidades carentes, pois os produtos secos possuem significativo valor agregado;

4. O equipamento pode ser aplicado no combate ao desperdício alimentar, pois


possibilita uma maior vida útil aos alimentos;

5. O processo de secagem por exposição direta mostrou-se eficiente, podendo


produzir perda de massa compatível com o que aponta a literatura especializada em
desidratação de alimentos;
30

6. A produção de alimentos secos, a partir da secagem, pode ser realizada em


regiões de zona rural e urbana, principalmente na região Nordeste do nosso país, onde
há abundância de radiação solar durante o ano todo;

7. A farinha obtida como produto final pode ser de grande utilidade para alimentação
em geral, e serve de matéria-prima para produção de alimentos diferenciados.

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(Mestrado em Engenharia Mecânica) – Universidade Federal do Rio Grande do
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