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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DUAS


CONFIGURAÇÕES DE UM FORNO SOLAR DO TIPO
CAIXA FABRICADO A PARTIR DE UM ORELHÃO EM
DESUSO

Edykellton da Silva Souza


NATAL- RN, 2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

Estudo comparativo entre duas configurações de um forno


solar do tipo caixa fabricado a partir de um orelhão em
desuso

Edykellton da Silva Souza

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Engenharia Mecânica da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Engenheiro Mecânico,
orientado pelo Prof. Dr. Luiz Guilherme
Meira de Souza.

NATAL – RN
2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DUAS


CONFIGURAÇÕES DE UM FORNO SOLAR DO TIPO
CAIXA FABRICADO A PARTIR DE UM ORELHÃO EM
DESUSO

EDYKELLTON DA SILVA SOUZA

Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso

Prof. Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza


Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Orientador

Me. Aldo Paulino de Medeiros Junior


Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Avaliador Interno

Me. Mário Cesar Oliveira Spinelli


Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Avaliador Interno

NATAL, 27 de julho de 2019.


Dedicatória

Dedico este trabalho à Deus, aos meus pais, que me deram toda base de educação e
compreensão ao longo do curso, aos meus irmãos, à minha noiva Taliane Paz e ao professor
Dr. Luiz Guilherme.
Agradecimentos

Agradeço primeiramente à Deus por tudo que tem proporcionado na minha vida até
hoje.

Agradeço aos meus pais por todo incentivo em toda minha trajetória, pela educação que
me deram, pela compreensão da minha ausência em muitos momentos pelo fato de estar
dedicado
ao curso.

Agradeço à minha noiva Taliane Paz, que ao longo do curso inteiro me motivou, foi
compreensiva em muitos momentos de ausência e perseverou orando por mim.

Aos meus amigos de curso, pelos incentivos nas horas difíceis.

Ao Professor Luiz Guilherme, pela paciência e disposição em ajudar.


Souza, ESS. Estudo comparativo entre duas configurações de um forno solar do tipo
caixa fabricado a partir de um orelhão em desuso. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Engenharia Mecânica) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Natal-RN, 2019.

Resumo
A utilização da energia solar para assamento e assamento de alimentos é uma realidade no
mundo. São utilizados os fornos (assamento) e os fogões solares(assamento) de vários tipos,
princípios e materiais. No LMHES/UFRN há mais de trinta anos a assamento de alimentos
tem sido estudada e para tanto já foram fabricados e estudados inúmeros protótipos solares.
Esse trabalho apresenta um novo modelo de forno solar, para o assamento de alimentos,
fabricado a partir de um orelhão em desuso. O forno foi estudado para duas configurações:
forno negro e forno misto (negro + espelhado). Será apresentado um estudo comparativo
entre essas duas configurações, destacando-se a que apresenta maior viabilidade de
utilização por parte de comunidades carentes. Para o estudo comparativo foram realizados
testes de assamento para vários alimentos, sendo a configuração de forno negro a mais
eficiente e viável nos campos térmico e econômico. As principais características do forno
solar fabricado foram seus fáceis processos de fabricação, montagem e operação, baixo
custo e reutilização de materiais. O objetivo principal do estudo foi repassar as tecnologias
de fabricação, montagem e operação do forno para ajudar comunidades carentes na
alternativa para o uso do GLP, de alto custo, e também minimizar o uso da lenha para a
operação de assamento de alimentos.

Palavras-chave: energia solar, forno solar, assamento de alimentos, reutilização de


materiais, baixo custo.
Souza, ESS. Comparative study between two bands of a box type solar oven made from
a disused telephone booth. 2019. Graduation in Mechanical Engineering - Federal
University of Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2019..

Abstract
The use of solar energy for baking and roasting food is a reality in the world. Ovens
(roasting) and solar cookers (cooking) of various types, principles and materials are used.
In the LMHES / UFRN for more than thirty years the cooking of food has been studied and
for that have already been manufactured and studied countless solar prototypes. This work
presents a new model of solar oven, for the food roasting, made from a disused telephone
booth. The oven was studied for two configurations: black oven and mixed oven (black +
mirrored). A comparative study will be presented between these two configurations,
highlighting the one that presents greater viability of use by poor communities. For the
comparative study, bake tests were performed for various foods, the black furnace
configuration being the most efficient and viable in the thermal and economic fields. The
main characteristics of the solar oven manufactured were its easy manufacturing processes,
assembly and operation, low cost and reuse of materials. The main goal of the study was to
review furnace fabrication, assembling and operation technologies to help underprivileged
communities in the alternative to use high-cost LPG, and also to minimize the use of
firewood for the food roasting operation.

Keywords: Solar Oven, Clean Energy, Solar Energy


Lista de Figuras

Figura 1. Caixa solar constrída por Horace de Saussure ........................................... 3

Figura 2. Bárbara Kerr e Shery Cole com um dos modelos de seus fogões Solares .. 5

Figura 3. Sam Erwin e o seu forno solar .................................................................... 5

Figura 4 . Mapa solar mundial .................................................................................... 7

Figura 5. Processos de aproveitamento da energia solar ........................................... 9

Figura 6. Radiação solar global no Brasil ................................................................. 10

Figura 7. Esquema de funcionamento de um fogão tipo caixa ................................. 11

Figura 8. Modelo de fogão tipo caixa ....................................................................... 12

Figura 9. Esquema de um fogão/forno solar tipo caixa............................................. 12

Figura 10. Concentrador Parabólico ......................................................................... 12

Figura 11. Concentrador Cônico .............................................................................. 13

Figura 12. Forno solar tipo painel ............................................................................. 13

Figura 13. Fogão solar de placa plana construído na Universidade Federal do Ceará
................................................................................................................................. 14

Figura 14. Princípio de assamento de um forno solar .............................................. 14

Figura 15. Laboratório de Maquinas de Fluxo – Acervo pessoal .............................. 16

Figura 16. Orelhão utilizado no experimento – Acervo pessoal ................................ 16

Figura 17. Forno solar configuração mista – Acervo pessoal ................................... 17

Figura 18. Forno solar configuração mista – Acervo pessoal ................................... 17

Figura 19. Forno solar configuração corpo negro – Acervo pessoal ......................... 18

Figura 20. Termômetro utilizado............................................................................... 18

Figura 21. Cronômetro utilizado ............................................................................... 19


Figura 22. Radiômetro utilizado ............................................................................... 19

Figura 23. Forno tipo caixa posicionado - Acervo Pessoal ....................................... 22


Lista de Gráficos

Gráfico 1. Tempos de assamento ............................................................................ 24

Gráfico 2. Comparativo temperaturas na base - Sem carga ..................................... 25

Gráfico 3. Comparativo Temperatura do Ar Sem Carga ........................................... 25

Gráfico 4. Temperaturas ambiente nos testes .......................................................... 26

Gráfico 5. Comparativo Radiação Térmica nos Testes ............................................ 26

Gráfico 6. Comparativo Assamento de Bolo em Configurações Distintas................. 27

Gráfico 7. Comparativo Assamento de Pizza em Configurações Distintas ............... 28

Gráfico 8. Comparativo Assamento de Empanado em Configurações Distintas....... 28

Gráfico 9. Comparativo Assamento de Pães na nata em Configurações Distintas ... 29

Gráfico 10. Tempos de assamento Comparativo ..................................................... 29


Lista de Tabelas

Tabela 1 . Classificação de fontes energéticas - Goldemberg e Lucon (2012) ........... 7

Tabela 2 . Configuração corpo negro sem carga...................................................... 20

Tabela 3. Tempo do assamento do bolo - Tipo Corpo Negro ................................... 20

Tabela 4. Tempo do assamento da pizza - Tipo Corpo Negro ................................. 21

Tabela 5. Tempo do assamento do empanado - Tipo Corpo Negro ......................... 21

Tabela 6. Tempo do assamento da calabresa - Tipo Corpo Negro .......................... 21

Tabela 7. Tempo do assamento dos pães na nata - Tipo Corpo Negro ................... 21

Tabela 8. Dados configuração mista sem carga ....................................................... 22

Tabela 9. Tempo de assamento do bolo - Configuração Mista................................. 22

Tabela 10. Tempo de assamento da pizza - Configuração Mista ............................. 23

Tabela 11. Tempo de assamento do empanado - Configuração Mista ..................... 23

Tabela 12. Tempo de assamento da calabresa - Configuração Mista ...................... 23

Tabela 13. Tempo de assamento dos pães na nata - Configuração Mista ............... 23

Tabela 14. Comparativo configuração mista e configuração caixa sem carga ......... 24

Tabela 15. Comparativos tempo de assamento configuração mista e configuração


caixa com carga ....................................................................................................... 26
Sumário

Dedicatória..................................................................................................... iv

Agradecimentos ............................................................................................... v

Resumo ......................................................................................................... vi

Abstract ........................................................................................................ vii

Lista de Tabelas .............................................................................................. xi

Sumário ........................................................................................................ xii

1 Introdução .................................................................................................... 1

2 Revisão Bibliográfica .................................................................................... 3

2.1 Histórico dos Fogões Solares .................................................................... 3

2.2 Energias Renováveis ............................................................................... 6

2.3 Energia Solar .......................................................................................... 7

2.4 Principais Tipos de Fornos e Fogões Solares ............................................ 10

2.5 Processo de Transferência de Calor no Forno Solar ................................... 14

2.5.1 Radiação ........................................................................................ 14

2.5.2 Condução ....................................................................................... 15

2.5.3 Convecção ..................................................................................... 15

2.6 Efeito Calorífero do Forno ..................................................................... 15

3 Materiais e Métodos .................................................................................... 16

3.1 Fabricação ............................................................................................ 16

3.2 Avaliação ............................................................................................. 18

4 Resultados e Discussões ............................................................................... 20

4.1 Testes configuração corpo negro ............................................................. 20

4.2 Testes configuração tipo misto (corpo negro + reflexivo) ........................... 22

5. Comparativo ........................................................................................... 24

6. Conclusões ............................................................................................. 30

7. Referências ............................................................................................ 31
1

1 Introdução

Devido à problemas no relacionado ao meio ambiente constantemente são discutidas


alternativas de energia limpa para diminuição de emissão de gases e novas tecnologias. A
captação de energia solar não é algo recente a pelo menos dois séculos antes de Cristo, quando
Arquimedes havia repelido um ataque romano a Siracusa os estudos tem se intensificado cada
vez mais, embora o foco maior esteja em energia eólica, a energia solar é um grande potencial
aqui no Brasil e principalmente na região Norte/Nordeste.
Segundo Beyer et al. 2004 os primeiros experimentos relacionados com fornos solares
tipo caixa para a preparação de alimentos foram descritos por Nicholas de Saussure, a mais de
200 anos, por volta de 1770. Saussure desenhou um fogão que consistia numa caixa retangular
isolada e com a parte de cima envidraçada. A tampa da caixa, refletora, encarrega-se de
concentrar a radiação dentro da caixa. Quando essa radiação entra na caixa, é absorvida pelo
seu fundo que é pintado de preto mate, quando é libertada por este, já tem um comprimento de
onda infravermelho, o que não permite que volta a passar pelo vidro (este é opaco aos
infravermelhos). Este aparelho atinge cerca de 160 ºC.
Seria mais sensato aproveitarmos mais a maior fonte de energia renovável do planeta, o
sol, pois ela é abundante, permanente, renovável, limpa e pode ser captada em qualquer parte
do planeta.
A verdade é que todos os combustíveis fósseis começaram como luz solar. A energia
solar é por excelência a mais ecologicamente correta. Trabalhando como um imenso reator à
fusão, o sol irradia na terra todos os dias um potencial energético extremamente elevado,
incomparável a qualquer outro sistema de energia (RAMOS, 2011)
O sol irradia anualmente o equivalente a 10 mil vezes a energia consumida pela
população mundial neste mesmo período. Apenas do seu grande potencial para gerar energia,
o sol ainda não é referência no contexto elétrico brasileiro (BEM, 2012).
Em alguns países com Índia, China e Peru é bem utilizada essa prática econômica de
uso de fogões solares para assamento de alimentos, na Índia e China superando 100.000
unidades.
No Estado do Rio Grande do Norte, de acordo com a matéria da Tribuna do Norte do
dia 8 de abril de 2007, a lenha ainda é o principal combustível do RN, superando eletricidade e
derivados de petróleo. Pesquisas comprovam que, quando se fala em oferta, o maior peso é do
petróleo, que, em 2005, representava 45,2% da energia disponível no estado. Entretanto, a lenha
que responde por 25,4% do consumo no estado, é o combustível mais usado entre industrias e
2

residências. Cálculos do coordenador do Grupo de Estudos Energéticos (Green) da UFRN, João


Hélio Gomes, que integrou equipe de pesquisadores, mostram que são consumidas cerca de um
milhão de toneladas de madeira anualmente no RN (TRIBUNA DO NORTE, 2007).
Com todos os avanços da tecnologia ainda, o uso de energia solar ainda precisar ser bem
melhor visto como benefício para a sociedade, principalmente áreas carentes do nosso país e do
mundo, o gás de cozinha tradicional (GLP) vem cada vez mais ficando mais custoso e inviável
para famílias de baixa renda, ou até mesmo para pessoas que moram no sertão ou o acesso à
compra do mesmo é difícil.
Há muitos benefícios envolvidos em um uso de forno solar como a questão financeira
que já foi relatada, o baixo custo do equipamento que pode ser facilmente montado com
materiais recicláveis, a questão de saúde quando tratamos o caso de pessoas que utilizam lenha
para assamento dos seus alimentos e evitar a poluição.
Nneste trabalho será apresentado um projeto de forno solar em duas configurações do
tipo caixa, a partir de um orelhão em desuso, um na configuração corpo negro e outro na
configuração tipo misto (corpo negro + reflexiva), realizar os comparativos e verificar qual
obterá o melhor desempenho e melhor viabilidade para uso de comunidades carentes.

1.1 Objetivo Geral

Comparativo entre dois tipos de forno solar do tipo caixa, um de configuração corpo
negro e na configuração do tipo misto(corpo negro + reflexivo)xiva, e outro de configuração
tipo mista para produzir o assamento de alimentos.

1.2 Objetivos Específicos

• Realizar testes de assamento de alimentos


• Comparar resultados com outros já testados
• Comparar resultados das duas configurações
3

2 Revisão Bibliográfica

2.1 Histórico dos Fogões Solares

Como já dito anteriormente, a confecção de forno solar não é uma tecnologia atual, ela
vem se aprimorando já de muito tempo, para entendermos essa importância traremos um breve
histórico sobre forno solar.

Passado um longo período de anos, no final do século XVIII o cientista francês


Lavoisier, em seus experimentos usando uma lente grande de 52 polegadas, e outra de 8,
conseguiu atingir temperaturas próximas de 1.750 ºC, por pouco não conseguindo fundir a
platina. Foi, indubitavelmente, a maior temperatura atingida naquela época pelo homem
(OLIVEIRA, 2009).

Desde a mais remota antiguidade os povos já utilizavam a energia do sol para aquecer
água, secar frutas e cozinhar vegetais, porém a primeira cozinha solar e/ou fogão solar com
tecnologia moderna se atribui ao franco-suíço Horace de Saussure, considerado o avô da energia
solar, que projetou e construiu uma pequena caixa solar entre outros inventos relacionados com
esta fonte de energia no ano de 1767. Ele cozinhou frutas em um fogão solar do tipo caixa
primitivo em que alcançava temperaturas de 190 °F (88°C) (RAMOS FILHO, 2011).

Figura 1. Caixa solar constrída por Horace de Saussure


Fonte: http://solarcooking;org/portugues/hitory-pt.htm

Importantes invenções no campo do fogão solar no século XIX:

• 1830: O astrônomo britânico John Herschel utilizou uma cozinha solar de sua invenção
durante sua viagem ao sul da África.
4

• 1860: Mouchot, na Argélia cozinhou com um refletor curvado, concentrando os raios


solares sobre uma pequena panela.
• 1881: Samuel P. Langley utilizou uma cozinha solar durante a subida ao monte Whitney
nos Estados Unidos.
• Charles Abbot desenhou um espelho concentrador e conseguiu alcançar com o mesmo
a temperatura em torno de 200ºC, em que esquentava azeite, retendo parte do calor por várias
horas após o por do sol, conseguindo cozinhar alguns alimentos durante a noite.

Só após 1950 é que os fornos solares tiveram um melhor andamento pois nesse período
o mundo ainda estava envolvendo em conflitos e guerras, após isso buscavam meio de criar um
futuro melhor.

No século XX houve utilização massiva dos combustíveis fósseis, possibilitando a


obtenção de energia abundante e relativamente barata em quase todas as camadas da população;
o mundo industrializado esqueceu as antigas e simples técnicas naturais e somente no último
terço desse século, quando começaram a surgir os problemas resultantes da destruição dos
produtos petrolíferos e pela crescente contaminação dos seus derivados, a energia solar voltou
a ser usada, ainda que de forma incipiente (LION, 2007)

Em 1960 a ONU realizou um estudo para avaliar as reais possibilidades de implantação


e desenvolvimento das cozinhas solares nos países desenvolvidos e em desenvolvimento,
concluindo que sim, eram viáveis, mas que necessitava apenas uma mudança nos costumes para
uma adaptação a sua utilização em grande escala. (LION FILHO, 2007).

Tivemos a contribuição também da engenheira Maria Telkes que criou inúmeros


desenhos de cozinhas solares que remetem muito ao nosso objetivo do uso de forno solares
como baixo custo, viáveis e portanto serem utilizados em países pobres.

Em 1970 no Arizona Sherry Cole e Bárbara Kerr desenvolveram modelos de fogões


solares que atraíram muita atenção por conta dos baixos preços. Simultaneamente, Dan Hallcy,
um pioneiro no campo da energia solar, fabricou a cozinha solar 30-60, esse nome se dá devido
a sua construção baseada em ângulos cujas medidas em graus eram essas (LION, 2007).
5

Figura 2. Bárbara Kerr e Shery Cole com um dos modelos de seus fogões Solares
Fonte (http://solarcooking.wikia.com/wiki/Barbara_Kerr)

Em 1992 a associação Solar Cookers International promoveu a Primeira Conferência


Mundial sobre a Cozinha Solar, um acontecimento histórico e marcante sobre esse tema, que
reuniu pesquisadores e entusiastas de 18 países. Essa Conferência repetiu-se em 1995, 1997,
2006 e recentemente, no ano de 2008, na Espanha (GOMES,2009).

Nos meados nos anos 80 houve a popularização do Solar Chef, de Sam Erwin, tornando-
se o mais eficiente forno solar doméstico. O mais simples era o Sunspot de BudClevette
juntamente com o Sun Oven, alcançado, portanto, uma maior difusão.

Figura 3. Sam Erwin e o seu forno solar


Fonte: (www.solar-chef.com/solar-chef-inventor)
6

No Brasil o estudo de fogões solares teve seu início e pioneirismo no Laboratório de


Energia Solar da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na década de 1980, através do
Pesquisador Arnaldo Moura Bezerra, que construiu vários tipos de Fogões à Concentração,
utilizando materiais diversos para a superfície refletora (LION FILHO, 2007).

No Rio Grande do Norte, o Laboratório de Máquinas Hidráulicas e Energia Solar


(LMHES) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foi o local promissor nessa
linha de pesquisa, fornos/fogões solares, o qual tem merecido destaque em mais de 20 anos de
estudos nessa área sob orientação do Prof. Dr. Luiz Guilherme Meire de Souza, no qual vem
desenvolvendo inúmeros modelos de fornos solares auxiliando também vários discentes
principalmente da área de Engenharia Mecânica (RAMOS FILHO, 2011).

2.2 Energias Renováveis

Nas fontes de energia renováveis o “uso pela humanidade não causa uma variação
significativa nos seus potenciais e se suas reposições a curto prazo são relativamente certas”
(JANNUZZI; SWISHER, 1997).
Na Tabela 1, mostra os exemplos das diferentes fontes de energia definidas
anteriormente. Pode-se observar na tabela que são muitas as fontes de energia que podem ser
exploradas, chamam atenção a diversificação de possibilidades de obtenção de energia por
fontes renováveis.
7

Tabela 1 . Classificação de fontes energéticas - Goldemberg e Lucon (2012)

2.3 Energia Solar

Os Países tropicais são os mais favoráveis ao uso de equipamentos solares devido a sua posição
geográfica que consequentemente recebem maiores quantidades de radiação solar, mais dias de
sol que países em outras regiões do hemisfério. Na Figura a baixo podemos constatar isso.

Figura 4 . Mapa solar mundial


Fonte: LOSTER, 2006
8

O sol é a estrela mais próxima de nosso planeta e também a mais estudada. Esta esfera
de gás, que em seu núcleo reações termonucleares, com maior destaque para a fusão, converte
600 milhões de toneladas de hidrogênio em hélio por segundo (GRIMM, 2007).
A Energia solar pode ser indireta ou diretamente utilizada, as energias biomassa, eólica,
maremotriz, o fenômeno da fotossíntese, o crescimento dos seres vivos e mesmo as fontes não
renováveis são, em última análise, uma forma indireta de utilização da energia solar
(BEZERRA, 1998,p 16).
A energia irradiada pelo sol, para a atmosfera terrestre é praticamente constante. Esta
energia irradiada ou intensidade de radiação é descrita como a constante solar relativa a uma
área de 1m². O valor médio da constante solar é E0 = 1.367 W/m² (LOPO, 2009).
A energia solar pode ter vários tipos de aproveitamento como na iluminação, aquecimento de
fluidos, geração de potência mecânica e elétrica, fonte de energia térmica, entre outros. O que
nos deixa mais entusiasmado para o uso desse tipo de fonte é o os benefícios que se traz à
população, como economia, sem falar de uma fonte limpa e renovável.

Com isso nós temos 3 tipos de aproveitamento de transformação da energia de acordo


com a aplicação (ALDABÓ, 2002; BEZERRA, 2001):
• Processo térmico, que utiliza diretamente o calor da radiação do sol como energia,
dividindo-se em baixa temperatura (até 100ºC), média temperatura (de 100ªC a 1000ºC), alta
temperatura (acima de 1000ºC);
• Processo elétrico, que transforma a radiação solar diretamente em energia elétrica
através do processo fotovoltaico;
• Processo químico, que transforma a radiação solar em energia química por meio de
fotólise ou fotossíntese (energia bioquímica)
9

Figura 5. Processos de aproveitamento da energia solar


Fonte: (RAMOS FILHO, 2011)

O mapeamento da distribuição do recurso solar permite reconhecer áreas em que o


aproveitamento dessa energia é potencialmente significativo. Alguns municípios do nordeste,
como Petrolina (PE), Floriano (PI) ou Bom Jesus da Lapa (BA), tem valores de radiação solar
diária comparáveis aos das regiões mais ensolaradas no mundo como Dongola, no Deserto
Arábico (Sudão) E Dagget, no Deserto de Mojave (Califórnia/EUA). Na figura 1 visualiza-se a
distribuição de radiação global solar diária no Brasil. Os menores índices são observados no
Litoral Sul-Sudeste, mas mesmo com menores índices de radiação, ainda sim apresentam
grande potencial de aproveitamento energético.
10

Figura 6. Radiação solar global no Brasil


Fonte: Tiba, 2000.

Tratando-se de Natal, capital do Rio Grande do Norte, local de estudo, considera-se uma
radiação solar global média entre 0,5 a 0,7 kW/m2, com nível de iluminação médio da ordem
de oito horas por dia (BEZERRA, 2001). Essa radiação atinge valores máximos de 1,2 kW/m2
no intervalo das 11 às 13h (INPE, 2015).

2.4 Principais Tipos de Fornos e Fogões Solares

Existem vários tipos de fornos solares, dentre eles os principais são: fornos do tipo caixa,
fogões concentradores, fogões do tio painel e coletores de placa plana aplicados a cozinhas.
• Forno tipo caixa
11

O objetivo principal desse tipo de forno é gerar uma atmosfera ao redor do alimento que
provocará o chamado efeito estufa. Podendo ser feito de diversos tipos de materiais, o que
realmente é necessário é possuir um vidro ou algum outro tipo de material transparente que
permita a passagem dos raios solares para seu interior e mantenha boa parte do calor que é
necessário para assar o alimento. Pinta-se de preto também para caracterizar um corpo negro
com maior absorção.

Este tipo de forno pode ter distintos número de refletores externos, planos ou levemente
côncavos, colaborando para uma aceleração na temperatura interna, diminuindo o tempo de
assamento conforme podemos analisar nas figuras abaixo (SOCIEDADE DO SOL)

Figura 7. Esquema de funcionamento de um fogão tipo caixa


Fonte: Sociedade do sol
12

Figura 8. Modelo de fogão tipo caixa


Fonte: (http://fogaosolar.net)

Figura 9. Esquema de um fogão/forno solar tipo caixa


Fonte: Moura, 2007

• Fogões Concentradores

Fogões que captam a radiação solar e a concentram numa região focal, onde se posiciona o
absorvedor ou forma, promovendo o assamento dos alimentos. É necessário refletores para a
captação e reflexão da luz solar, geralmente espelhos (LION, 2007)

Figura 10. Concentrador Parabólico


13

Figura 11. Concentrador Cônico

• Fogão Painel
Pode ser desmontado e montado de maneira prática. O forno solar tipo painel, como mostrado
na figura abaixo, a panela fica localizada no centro do painel com superfície interna refletora.
A reflexão acontece devido a utilização de papel alumínio ou espelhos (SANTOS FILHO,
2008). O mais conhecido desses fogões é o de Bernad, desenvolvido posteriormente por
Barbara Kerr, justamente o da figura abaixo.

Figura 12. Forno solar tipo painel

Fonte: solarcooking.org

• Coletores de placa plana aplicada a cozinha

São cozinhas que promovem o assamento do alimento por meio de aquecimento através
de coletores de placa plana. Esses coletores aquecem algum fluido de trabalho como óleo ou ar
(QUEIROZ, 2005; LION, 2007)
14

Figura 13. Fogão solar de placa plana construído na Universidade Federal do Ceará
Fonte: LION, 2007

2.5 Processo de Transferência de Calor no Forno Solar

O calor dentro de um forno é transferido a partir de três processos básicos: Condução,


Radiação e Convecção, Observe a figura 7 (INCROPERA, 2003).

Figura 14. Princípio de assamento de um forno solar

Fonte: solarcooking.org

2.5.1 Radiação

É a designação dada à energia radiante emitida pelo Sol, em particular que é transmitida
sob a forma de radiação eletromagnética.
15

O forno solar faz o processo de assamento dos alimentos graças à radiação fornecida
pelo sol, mas essa radiação também é emitida pelos objetivos no interior do forno até mesmo
pelo alimento.

2.5.2 Condução

Condução é a transferência de calor através de um corpo, de molécula a molécula, o


corpo mais quente cede calor ao menos quente. A constante Adição de calor favorece o choque
entre as moléculas transferindo energia das mais energéticas para as menos energéticas.
A panela que é aquecida por radiação, transmite o calor ao alimento e a água através de
condução, transmitindo o mesmo a partir de suas moléculas para as moléculas do material que
está em contato com essa fonte de calor.

2.5.3 Convecção

É o processo de transferência de calor que ocorre através do deslocamento de camadas


de um fluido, ou seja, ocorre com líquidos e gases.
O ar quente aquecido no fundo da panela, ou do próprio forno tende a subir e trocar calor com
o ar frio que desce, promovendo uma circulação de ar, aquecendo o ambiente.

2.6 Efeito Calorífero do Forno

Combinando os efeitos de radiação no corpo negro e efeito estufa, temos um efeito


duplo na geração e armazenamento de calor que são essenciais para o assamento de alimentos,
uma parte da que energia entra no forno é refletida para o ambiente externo e boa parte é
absorvida continuamente pelo ar e pelos materiais no interior do forno.

Ao se colocar um corpo negro nessa região interna estará se aproveitando ainda mais
desse calor contido no interior do forno. Esse calor emitido por infravermelho é transmitido ao
vidro e retorna ao corpo negro sendo absorvido novamente, promovendo uma elevação na
temperatura até atingir um ponto de equilíbrio entre o ganho e a perda de calor.
16

3 Materiais e Métodos

O trabalho divide-se em quatro etapas: Fundamentação teórica, fabricação, análise e


comparativo.
Essa primeira etapa da pesquisa contou com o estudo teórico baseado em bibliografias
que tratam da propagação de calor e da construção de fornos solares para que a escolha dos
materiais e a disposição dos mesmos fossem da melhor maneira possível, possibilitando a maior
absorção de calor e a mínima emissão.

3.1 Fabricação

Os dois tipos de forno solar foram fabricados no Laboratório de Máquinas Hidráulicas


e Energia Solar, como indicado na figura 7, utilizando praticamente todo material reciclável.

Figura 15. Laboratório de Maquinas de Fluxo – Acervo pessoal

O diferencial desse trabalho se constitui em um comparativo de um forno fabricado a


partir de um orelhão em desuso em dois tipos de configuração e realizar um comparativo entre
eles.

Figura 16. Orelhão utilizado no experimento – Acervo pessoal


17

Figura 17. Forno solar configuração mista – Acervo pessoal

Figura 18. Forno solar configuração mista – Acervo pessoal


18

Figura 19. Forno solar configuração corpo negro – Acervo pessoal

3.2 Avaliação

Para este trabalho utilizamos os seguintes equipamentos:

• Termômetro
• Cronômetro
• Radiômetro
• Termopar

Figura 20. Termômetro utilizado


19

Figura 21. Cronômetro utilizado

Figura 22. Radiômetro utilizado


Foram realizados procedimentos de posicionamento dos fornos onde havia maior
captação da radiação solar, ajustando os refletores e os termômetros de maneira favorável para
obtenção das leituras com a preocupação que não houvesse nenhum dano no equipamento. A
leitura e anotação dos dados foram coletados no intervalo de 15 minutos, a temperatura
ambiente e da parede interna do forno e da chapa.
20

Foram realizados testes nos dois tipos de configuração durantes vários dias e
apresentaram resultados satisfatórios.

Algumas considerações foram tomadas como:

✓ Velocidade do vento desprezível


✓ Localização geográfica aberta, livre de interferência de sombras

4 Resultados e Discussões

4.1 Testes configuração corpo negro

• Sem carga

Tabela 2 . Configuração corpo negro sem carga

SEM CARGA
CONFIGURAÇÃO CORPO NEGRO
Tª NA BASE Tª AR Tº AMBIENTE
HORÁRIO RADIAÇÃO GLOBAL (W/m²)
(°C) (°C) (°C)
10:30 29 29 29 865
10:45 77 70 29 910
11:00 80 65,8 29 860
11:15 83 65 30 840
11:30 92 58 29 870
11:45 105 62,7 29 900
12:00 109 71,7 31 955
12:15 112 73,5 31 885

o Assamento do bolo

Tabela 3. Tempo do assamento do bolo - Tipo Corpo Negro


BOLO Horário Inicial Horário Final Tempo(min)
Configuração Corpo
11:10 12:34 84
Negro
21

o Assamento da Pizza

Tabela 4. Tempo do assamento da pizza - Tipo Corpo Negro


PIZZA Horário Inicial Horário Final Tempo(min)
Configuração Corpo
11:55 12:19 24
Negro

o Assamento do Empanado

Tabela 5. Tempo do assamento do empanado - Tipo Corpo Negro


Empanado Horário Inicial Horário Final Tempo(min)
Configuração Corpo
12:05 12:34 29
Negro

o Assamento da Calabresa

Tabela 6. Tempo do assamento da calabresa - Tipo Corpo Negro


Calabresa Horário Inicial Horário Final Tempo(min)
Configuração Corpo
12:33 13:38 65
Negro

o Assamento Pães com nata

Tabela 7. Tempo do assamento dos pães na nata - Tipo Corpo Negro


Pães com nata Horário Inicial Horário Final Tempo(min)
Configuração Corpo
12:35 12:55 20
Negro
22

Figura 23. Forno tipo caixa posicionado - Acervo Pessoal

4.2 Testes configuração tipo misto (corpo negro + reflexivo)

o Sem carga

Tabela 8. Dados configuração mista sem carga

CONFIGURAÇÃO MISTA
Tª NA BASE Tª AR Tº AMBIENTE
HORÁRIO RADIAÇÃO GLOBAL (W/m²)
(°C) (°C) (°C)
10:30 29 29 29 998
10:45 86,8 62,2 29 1072
11:00 93,8 70 29 1184
11:15 115 78,1 30 947
11:30 114 90 29 1038
11:45 114 92 29 1000
12:00 115 93 31 981
12:15 115 95 31 1040

o Assamento do bolo

Tabela 9. Tempo de assamento do bolo - Configuração Mista


BOLO Horário Inicial Horário Final Tempo(min)
Configuração Mista 12:00 13:30 90
23

o Assamento da Pizza

Tabela 10. Tempo de assamento da pizza - Configuração Mista


PIZZA Horário Inicial Horário Final Tempo(min)
Configuração Mista 11:12 11:38 26

o Assamento do Empanado

Tabela 11. Tempo de assamento do empanado - Configuração Mista


Empanado Horário Inicial Horário Final Tempo(min)
Configuração Mista 11:00 11:33 33

o Assamento Calabresa

Tabela 12. Tempo de assamento da calabresa - Configuração Mista


Calabresa Horário Inicial Horário Final Tempo(min)
Configuração Mista 11:49 12:58 69

o Assamento Pães na nata

Tabela 13. Tempo de assamento dos pães na nata - Configuração Mista


Pães com nata Horário Inicial Horário Final Tempo(min)
Configuração Mista 12:27 12:52 25
24

Assamentos
100
90
90 84
80
69
70 65

60
50
Configuração Mista
40 33
29 Configuração Corpo Negro
30 26 24 25
20
20
10
0
Tempo(min)
BOLO PIZZA EMPANADO CALABRESA PÃES

Gráfico 1. Tempos de assamento

5. Comparativo

Tabela 14. Comparativo configuração mista e configuração caixa sem carga


25

Tª NA BASE - SEM CARGA


140
115 114 114 115 115 112
120 109
105
100 93,8 92
86,8 83
77 80
80

60

40 29 29

20

0
10:30 10:45 11:00 11:15 11:30 11:45 12:00 12:15

Tª NA BASE (°C) CONF. MISTA Tª NA BASE (°C) CONF. CORPO NEGRO

Gráfico 2. Comparativo temperaturas na base - Sem carga

Tª AR - SEM CARGA
100 92 93 95
90
90
78,1
80 71,7 73,5
70 70
70 65,8 65 62,7
62,2
58
60
50
40
29 29
30
20
10
0
10:30 10:45 11:00 11:15 11:30 11:45 12:00 12:15

Tª AR (°C) CONF. MISTA Tª AR (°C) - CONF. CORPO NEGRO

Gráfico 3. Comparativo Temperatura do Ar Sem Carga


26

Tª AMBIENTE - SEM CARGA


31,5
31 31 31 31
31

30,5
30 30
30

29,5
29 29 29 29 29 29 29 29 29 29
29

28,5

28
10:30 10:45 11:00 11:15 11:30 11:45 12:00 12:15

Tº AMBIENTE (°C) CONF. MISTA Tº AMBIENTE (°C) CONF. CORPO NEGRO

Gráfico 4. Temperaturas ambiente nos testes

RADIAÇÃO TÉRMICA
1400
1184
1200 1072
998 1038 1000 1040
947 981 955
1000 910 870 900 885
865 860 840
800

600

400

200

0
10:30 10:45 11:00 11:15 11:30 11:45 12:00 12:15

RADIAÇÃO GLOBAL (W/m²) CONF. MISTA RADIAÇÃO GLOBAL (W/m²) CORPO NEGRO

Gráfico 5. Comparativo Radiação Térmica nos Testes

Tabela 15. Comparativos tempo de assamento configuração mista e configuração caixa com carga

Horário Horário
BOLO Tempo(min)
Inicial Final
Configuração Mista 12:00 13:30 90
Configuração Caixa 11:10 12:34 84
27

Horário Horário
PIZZA Tempo(min)
Inicial Final
Configuração Mista 11:12 11:38 26
Configuração Caixa 11:55 12:19 24

Horário Horário
Empanado Tempo(min)
Inicial Final
Configuração Mista 11:00 11:33 33
Configuração Caixa 12:05 12:34 29

Horário Horário
Calabresa Tempo(min)
Inicial Final
Configuração Mista 11:49 12:58 69
Configuração Caixa 12:33 13:38 65

Horário Horário
Pães com nata Tempo(min)
Inicial Final
Configuração Mista 12:27 12:52 25
Configuração Caixa 12:35 12:55 20

A seguir mostraremos uma visão geral do comparativo das duas configurações em


relação à um forno convencional:

BOLO

Convencional 40

Configuração Corpo Negro 84

Configuração Mista 90

0 20 40 60 80 100

Gráfico 6. Comparativo Assamento de Bolo em Configurações Distintas


28

PIZZA

Convencional 15

Configuração Corpo Negro 24

Configuração Mista 26

0 5 10 15 20 25 30

Gráfico 7. Comparativo Assamento de Pizza em Configurações Distintas

EMPANADO

Convencional 15

Configuração Corpo Negro 29

Configuração Mista 33

0 5 10 15 20 25 30 35

Gráfico 8. Comparativo Assamento de Empanado em Configurações Distintas


29

PÃES COM NATA

Convencional 7

Configuração Corpo Negro 20

Configuração Mista 25

0 5 10 15 20 25 30

Gráfico 9. Comparativo Assamento de Pães na nata em Configurações Distintas

Tempos de Assamento
100
90
90 84
80
69
70 65

60
50
50 Configuração Mista
40
40 33 Configuração Corpo Negro
29
30 26 24 25 Convencional
20
20 15 15

10 7

0
Tempo(min)
BOLO PIZZA EMPANADO CALABRESA PÃES

Gráfico 10. Tempos de assamento Comparativo


30

6. Conclusões

A cerca de todos os dados coletados e análise realizados, pôde-se constatar que os dois tipos
de configuração são totalmente viáveis para utilização, obteve-se dados satisfatórios para essa
comprovação. Porém, é certo que em comparação a um forno convencional o tempo de
assamento dos fornos apresentados são maiores, mas há vantagens como em não utilizar
gás(GLP), não necessitar de energia elétrica e sim utilização de uma fonte de energia renovável
(sol) conseguimos ter resultados aceitáveis.

Os dois tipos mostram melhor eficiência em horários pré-definidos entre 10:00 às 13:30
horas, sob boas condições solares.

No comparativo entre o forno solar do tipo corpo negro e do tipo configuração mista, o
forno de configuração tipo corpo negro obteve melhores resultados em relação ao tempo de
assamento dos alimentos, com uma diferença de 2 à 4 minutos de diferença de ganho em tempo
em relação ao de configuração mista. Conclui-se que fica mais viável a confecção do forno
solar na configuração tipo corpo negro, pois obteve melhores resultados e a sua fabricação
necessita de menos passos que o de configuração mista, pelo fato de não necessitar da colocação
dos espelhos, ou superfície reflexiva no forno.
31

7. Referências

BEZERRA, A.M., Aplicações térmicas da energia solar, Editora Universitária - UFPb, João
Pessoa, 2001.
GOLDEMBERG, José; LUCON, Oswaldo., Energia e meio ambiente no Brasil. Estudos
Avançados, v. 21, n. 59, p. 7-20, 2007.
GOLDEMBERG, J.; LUCON, O. Energia., Meio Ambiente e Desenvolvimento. 3.ed. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012.
GRIMM, Alice Marlene. Notas de Aulas de Meteorologia Básica. Universidade Federal
do Paraná, Departamento de Física, 1999. Disponível em:
<http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/index.html>. Acesso em 10 fevereiro 2019
HALLIDAY, David; RENISCK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física 2:
Gravitação, Ondas e Termodinâmica. 4. ed. Pittsburgh: Ltc, 1996. 288 p.
JANNUZZI, G. M.; SWISHER, J.N.P. Planejamento integrado de recursos energéticos –
meio ambiente, conservação de energia e fontes renováveis. Campinas: Autores Associados,
1997. 174p
MELO. Aroldo de Vieira, Projeto, Construção e Análise de Desempenho de um Forno Solar
Alternativo Tipo Caixa a Baixo Custo, 2008. 67f. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Mecânica) – Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Mecânica, Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.
PEREIRA, A.R.; ANGELOCCI,L.R.; SENTELHAS, P.C. Agrometeorologia: fundamentos e
aplicações práticas. Guaíba: Agropecuária, 2002. 478p.
PEREIRA, Enio Bueno e COLLE, Sérgio. A energia que vem do sol. 1997. Dissertação
(Mestrado em Divisão de Geofísica Espacial) - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Santa
Catarina.
COMETTA, Emilio. Energia solar - utilização e empregos práticos. Goiânia: Hemus, 2004.
NETO, M. C. M. Fogão solar à Concentração com Parábola Refletora Construída em Material
Compósito. Dissertação de Mestrado – PPGEM/UFRN, 2010.
ROCHA FILHO, Joãao Bernardes da; SALAMI, Marcos Alfredo; HILLEBRAND, Vicente.
Construção e caracterização de uma célula fotoelétrica para fins didáticos. Revista Brasileira
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CRAVEIRO, Paulo Marcos Aragão. Mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável:


Fortaleza: Universidade Aberta do Nordeste, [2012?]. (Energias renováveis.
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QUÍMICA EM INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 8 ., 2009, Uberlândia. Anais...Uberlândia: UFU,
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GOMES, J. W. Construção e Análise de Desempenho de um Forno/Fogão Solar Tipo Caixa
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SANTOS FILHO, Edésio Anunciação;DA SILVA, Valdemir Conceição. –Construção e Teste
de Forno Solar. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de
Engenharia Mecânica da Faculdade de Aracruz – FAACZ. Orientador: Profº. MSc Johnson
Pontes de Moura.
33

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