Você está na página 1de 18

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIDADE ACADÊMICA DO CABO DE SANTO AGOSTINHO


Coordenação do Curso de Engenharia Mecânica

PROJETO DE PESQUISA: Análise da importância do uso de fornos solares de baixo custo


no Nordeste brasileiro

CABO DE SANTO AGOSTINHO/PERNAMBUCO


FEVEREIRO – 2021
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIDADE ACADÊMICA DO CABO DE SANTO AGOSTINHO
Coordenação do Curso de Engenharia Mecânica

PROJETO DE PESQUISA: Análise da importância do uso de fornos solares de baixo custo


no Nordeste brasileiro

Projeto de pesquisa apresentado à Unidade Acadêmica do Cabo de


Santo Agostinho (UACSA), da Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE), em cumprimento às exigências da disciplina
Português IV, ministrada pelo Prof. Dr. Natanael Duarte de Azevedo,
para 2ª V. A.
Graduando: Rafaella Eduarda Gama Cruz
Linha de Pesquisa: Energia Renovável. Energia Solar
Orientador: Prof. Emerson Torres Aguiar Gomes

Cabo de Santo Agostinho/Pernambuco


Fevereiro – 2021
2

1. Análise da importância do uso de fornos solares tipo caixa no Nordeste brasileiro

2. Linha de pesquisa: Energia Renovável. Energia Solar

3. Professor orientador: Emerson Torres Aguiar Gomes

4. Contextualização do projeto de pesquisa

Fontes renováveis de energia são recursos energéticos que se renovam em um breve


período de tempo ao serem consumidos, sendo considerados, portanto, inesgotáveis. Também
são conhecidas por serem pouco poluentes, pois em comparação com os combustíveis fósseis,
emitem menos gases de efeito estufa quando utilizadas para gerar energia e trabalho, sem
prejudicar o desenvolvimento sustentável. Em razão disso, estão conseguindo uma boa inserção
no mercado mundial.
A energia solar é uma das fontes de energia alternativas, renováveis e limpas, gerada
pelo calor e luz do sol, cuja aplicação cresce de forma gradativa em escala global. São diversas
as áreas de uso desse tipo de energia, sendo elas: térmicas em geral, obtenção de força motriz
diversa, obtenção de energia elétrica e obtenção de energia química. Entretanto, suas aplicações
mais difundidas no mundo, se encontram nos campos términos e fotovoltaicos.
O forno solar é um exemplo dos inúmeros tipos de tecnologias que são utilizadas para
o aproveitamento da energia solar. Considerado uma alternativa ecológica, possui a função de
cozer alimentos por meio apenas da luz do sol, e é utilizado de forma massiva em países pobres
ou em desenvolvimento, como Índia, China e países do continente africano. Existem numerosos
tipos de fornos solares, dentre eles os principais são: forno do tipo caixa, painel e parabólico.
Porém, o forno do tipo caixa é o mais usado por ser simples, fácil de construir, bastante versátil
e capaz de atingir altas temperaturas.
O Brasil, possui condições de tempo e clima bastante favoráveis à utilização desse
equipamento solar. Sendo o Nordeste brasileiro, considerado uma das regiões do país mais
propícias para a aplicação de seu uso, dada sua alta taxa de incidência da radiação do sol
praticamente o ano todo, como consequência de sua localização próxima ao equador. Contudo,
são os conhecidos fornos convencionais os mais utilizados nessa região, sendo o forno
convencional a gás e o forno a lenha os principais.
O gás de cozinha conhecido popularmente como GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), com
o tempo vem ficando cada vez mais custoso, e como o próprio nome já diz, é um produto
3

derivado do refino do petróleo, combustível fóssil associado a ameaças ambientais, como a


emissão de contaminantes à atmosfera. Além disso, esse gás apresenta difícil acesso para a sua
compra em áreas mais afastadas, o que estimula a busca pela obtenção e utilização da lenha.
A maior parte dos estudos realizados no Brasil sobre o uso da lenha, se concentra no
território do Nordeste. Onde ocorre um amplo desmatamento de sua vegetação nativa, visto que
a região possui uma grande necessidade desse combustível para o cozimento de alimentos. E
como consequência de sua utilização, evidencia-se uma grande emissão de gases nocivos à
saúde humana e ao meio ambiente, provenientes do seu processo de queima. Grande parte dessa
madeira é retirada de forma ilegal, sem nenhum tipo de autorização por parte do órgão
ambiental responsável.
Portanto, visando a redução do uso desses fornos convencionais e, consequentemente,
dos seus impactos negativos. A ideia de implantação de fornos solares no Nordeste brasileiro,
especificamente do tipo caixa, surge como uma possível solução a ser estudada de forma mais
aprofundada nesse projeto.

4.1 Objetivo geral

Analisar mediante estudos teóricos, a importância e as viabilidades da utilização no


Nordeste brasileiro, de fornos solares tipo caixa de baixo custo. Comparando seus impactos
com os de um forno convencional.

4.2 Objetivos específicos

 Conhecer a composição básica dos fornos solares tipo caixa;


 Projetar um forno solar tipo caixa e de baixo custo;
 Verificar as viabilidades térmicas, econômicas e ambientais da utilização do forno solar
proposto no Nordeste brasileiro;
 Analisar a importância desse tipo de forno solar na cocção de vários tipos de alimentos,
em comparação com o uso de um forno convencional.

4.3 Apresentação do problema de pesquisa

Sabe-se que as fontes alternativas de energia, apresentam diversas vantagens em relação


às fontes convencionais. Existem inúmeras tecnologias que permitem a geração limpa de
4

energia através da captação dessas fontes de energia alternativa, como as águas dos rios e
oceanos, luz solar, ventos, biomassa, ondas e o calor oriundo da terra. No Brasil, o Nordeste
brasileiro é considerado uma das regiões com maior incidência de radiação solar, recebendo
uma grande quantidade de projetos com o intuito de estimular a utilização da energia solar em
variadas áreas. Pensando nisso, como a abordagem do uso de fornos solares de baixo custo no
nordeste brasileiro, para o cozimento de alimentos, pode ser eficiente em relação a aspectos
econômicos, sociais e ambientais?

4.4 Justificativas (científica e social) da pesquisa

Existe uma infinidade de pequenos incentivos por parte do governo brasileiro, para o
emprego da energia solar como uma fonte de energia limpa e alternativa na região do Nordeste,
no entanto, considerando seu grande potencial solar existente, isso ainda é pouco significativo.
Diante disso, a escolha e elaboração desse projeto foram motivadas por meio da percepção do
pouco investimento nessa região, em tecnologias sustentáveis para o aproveitamento desse tipo
de energia, como é o caso dos fornos solares. Portanto, o tema “Análise da importância do uso
de fornos solares de baixo custo no Nordeste brasileiro”, foi visto como oportuno e de grande
relevância para ser avaliado e discutido. Com o objetivo de aumentar o conhecimento sobre o
assunto, atrair atenção para a sua importância, e contribuir para que haja interesse na elaboração
de novos projetos, como também no investimento para suas realizações.

5. Hipóteses da pesquisa

O Nordeste brasileiro apresenta uma grande quantidade de incidência de radiação solar


em seu território. À vista disso, a aplicabilidade de fornos solares de baixo custo nessa região
possui grande utilidade, uma vez que esse tipo de forno é conhecido por não haver a necessidade
do uso de gás, lenha ou energia elétrica para seu funcionamento, pois o calor que realiza a
cocção do alimento provém do sol. Ademais, sendo o Nordeste uma região que utiliza de forma
acentuada os fornos convencionais a gás e a lenha, e sabendo que seu uso acarreta graves
problemas ambientais. A massificação do uso do forno solar para o assamento de alimentos
nessa região, é vista como uma alternativa sustentável e viável, para combater os impactos
negativos advindos do uso desses fornos convencionais. Preservando assim a natureza,
contribuindo para amenizar o desequilíbrio ecológico, causado pelo consumo indiscriminado
da lenha, como também, minimizando a emissão dos gases poluentes para a atmosfera. Outra
5

característica relevante, é que sendo capazes de serem usados em locais isolados, onde não há
rede elétrica, porém, apresenta insolação em abundância. Esses fornos proporcionam para
comunidades carentes um grande poder aquisitivo, em razão do seu baixo custo orçamentário
e de sua facilidade de construção. Assim como, possuem a possibilidade de servir como uma
opção de geração de renda, por meio do domínio da construção do forno solar para sua futura
comercialização.

6. Fundamentação teórica

6.1 Energia solar e suas vantagens

O consumo excessivo de combustíveis fosseis para produção de energia, tem chamado


atenção devido aos danos causados aos recursos ambientais. Em busca de um desenvolvimento
econômico e social sustentável, países estão optando pela aplicabilidade de fontes renováveis
de energia, como uma possível alternativa. Preservando por meio disso, o meio ambiente e seus
recursos para as futuras gerações do ser humano na terra (FREITAS; ARAÚJO, 2018).
Ao se falar de energia, deve-se lembrar que o sol é responsável pela origem de
praticamente todas as outras fontes de energia. A energia solar consiste no aproveitamento da
radiação solar emitida pelo sol, que chega à superfície da terra em forma de ondas
eletromagnéticas ou fótons.
Essa radiação pode ocorrer de forma direta, que se refere à parcela de raios emitidos
pelo sol que atinge a superfície diretamente sem reflexões, ou difusa, que se refere à parcela de
raios solares que se encontra dispersa e atenuada por reflexões em nuvens, poeira, vapor d’água
e outros elementos na atmosfera. A soma desses dois tipos de radiação resulta na radiação solar
global (FREITAS; ARAÚJO, 2018).
O aproveitamento da energia solar pode ocorrer em múltiplas áreas, como: o
aquecimento solar (de ambientes, de alimentos, de água), energia heliotérmica (energia elétrica
produzida por meio dos raios solares de maneira indireta), e a energia solar fotovoltaica
(eletricidade produzida a partir da luz do sol).
Esse tipo de energia, possui inúmeras vantagens ambientais, econômicas e sociais.
Sendo as principais:
 É uma fonte de energia renovável e abundante;
 Não ocasiona ruídos nem poluição;
 Possui uma vida útil elevada;
6

 É uma fonte de energia gratuita;


 Proporciona a redução da conta de luz em 90%;
 Possui necessidade mínima de manutenção (tanto preventiva quanto corretiva);
 Apresenta um tempo de retorno de investimento relativamente curto;
 Facilidade e agilidade de instalação;
 Capacidade de instalação em locais isolados da rede elétrica;
 Possibilidade de sua implantação em casas, comércios e indústrias;
 Gera renda e empregos.

6.2 Potencial Solar no Nordeste brasileiro

Quando se trata do uso de fontes de energia alternativas, o Nordeste brasileiro se


encontra em evidência. Atualmente, por causa de suas condições climáticas favoráveis à
presença de ventos fortes, a região é considerada o maior centro de produção de energia eólica
do país, ocupando o 5º lugar no ranking mundial. Porém, existe outra fonte de energia renovável
abundante nessa região, e ela é oriunda da luz solar.
Dentre as três principais regiões brasileiras que se destacam por possuírem um elevado
potencial solar (Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste), o Nordeste se sobressai devido ao clima
predominantemente semiárido, aos seus altos níveis de insolação durante todo o ano, e sua baixa
pluviosidade e umidade. A região recebe uma incidência média diária que varia de 4,5 a 6
kWh/m2dia, o que a torna um local com grande capacidade para produção de energia mediante
captação dos raios solares. Empregando para isso, equipamentos e tecnologias que
desempenham esse papel. (FREITAS; ARAÚJO, 2018).
Nas figuras 1 e 2 abaixo, é possível observar os índices médios anuais de irradiação
solar horizontal e diária no Brasil, respectivamente. Sendo possível concluir que os maiores
índices de radiação se encontram na região Nordeste.

Figura 1: Índices de irradiação de acordo com as regiões brasileiras.

Fonte: INPE, Atlas Brasileiro de Energia Solar 2ª Edição, (2017).


7

Figura 2: Mapa Solarimétrico do Brasil, com a média anual da irradiação diária (MJ/m2 dia).

Fonte: Atlas Solarímétrico do Brasil. Recife: Editora Universitária da UFPE, (2000).

6.3 Processos de aproveitamento de energia solar

Os processos de aproveitamento das radiações solares para transformação em energia,


podem ser divididos em três, sendo eles: (ALDABÓ, 2002; BEZERRA, 2001).
 Térmicos: processo por meio do qual a luz solar é captada e convertida em energia
térmica. Pode ser realizado mediante diversas tecnologias, como painéis fotovoltaicos,
aquecedores solares e usinas heliotérmica;
 Elétricos: processo onde ocorre a transformação da radiação solar em energia elétrica,
por intermédio de células fotovoltaicas compostas de materiais que desempenham essa função.
O material mais difundido para esse uso é o silício;
 Químicos: processo de conversão fotossintético, onde a radiação luminosa é absorvida
e transformada em energia química.
8

6.4 Composição básica dos fornos solares tipo caixa

Para a escolha dos materiais a serem utilizados na construção de fornos solares tipo
caixa, alguns pontos devem ser levados em consideração, como a resistência do material a
elevadas temperaturas que podem ser atingidas no seu interior e à umidade, tendo em vista que
durante a cocção dos alimentos é liberado vapor de água. Na confecção desse tipo de forno, é
imprescindível que haja a utilização de basicamente quatro tipos de materiais, sendo eles:
 Estruturais – responsáveis por garantir que a caixa mantenha a sua forma durante toda
sua vida útil. Dentre os materiais estruturais, pode-se destacar: papelão, madeira, plástico,
compensado, alcatex, bambu, metal, cimento, tijolos e pedras.
 Isolantes – diminuem as perdas térmicas do forno solar durante o processo de cozimento
de alimentos, ajudando a manter temperaturas altas o suficiente para a cocção. Porém, para isso
é importante que o fundo da caixa e suas paredes tenham um bom isolamento, mediante o uso
de materiais isolantes que fazem uma boa retenção de calor. São exemplos de bons materiais
isolantes: penas, palha, lã e poliestireno.
 Transparentes – permitem o aquecimento do forno solar por meio da criação do efeito
estufa no interior da caixa. Ao menos uma superfície do forno deve ser transparente e estar
voltada para o sol, considerando para isso dois fatores importantes: a angulação e a direção do
sol. Os materiais transparentes utilizados com mais frequência são: vidro e plástico.
 Refletores – canalizam e concentram a energia solar, minimizando as perdas térmicas
em seu interior e aumentando a velocidade de cocção. São exemplos desse tipo de material:
folha de alumínio, espelhos, etc.

Figura 3: Materiais construtivos do forno solar tipo caixa.

Fonte: http://solarcooking.org/portugues/sbcdes-pt.htm.
9

6.5 Tipos de fornos solares

Os fornos solares são equipamentos que geram calor e promovem o cozimento de


alimentos, por meio do uso da luz solar. Existem três tipos básicos de fornos solares, sendo eles:
forno tipo caixa, forno painel e forno parabólico.

6.6 Forno tipo caixa

Os fornos solares tipo caixa recebem esse nome por serem receptáculos fechados, são
conhecidos pela sua facilidade de confecção e uso, como também pelo baixo custo para sua
construção e sua capacidade de atingir temperaturas elevadas. Consistem em uma caixa isolada
termicamente, com cobertura transparente que permite a passagem dos raios solares e impede
que o calor saia. Tem por objetivo gerar uma atmosfera ao redor do alimento provocando o
efeito estufa, apresentando um funcionamento parecido ao de um forno convencional no
processo de assamento de alimentos. Sua estrutura costuma ser pintada na cor preta a fim de
potencializar a absorção de calor, visto que cores mais escuras tendem a refletir menos e
absorver mais a luz solar.
Esse tipo de forno aproveita tanto a radiação direta como a radiação difusa, sendo
possível o seu funcionamento em dias parcialmente nublados. O isolamento térmico faz com
que a cocção de alimentos continue durante determinado tempo, mesmo sem a presença de
radiação solar. Uma das principais vantagens do forno solar tipo caixa, é a sua possibilidade de
operar sem que haja interferência direta do usuário, fazendo com que o alimento que se encontra
em cozimento permaneça aquecido por mais tempo. Além disso, é importante ressaltar que os
riscos de operação são mínimos, já que o equipamento não produz nenhum tipo de chama,
fazendo com que o usuário não fique suscetível a queimaduras. (ARAÚJO, 2015).
A presença de refletores na composição dos fornos solares tipo caixa é de suma
importância, pois contribuem para a aceleração no aumento da temperatura interna e,
consequentemente, na diminuição do tempo de cozimento através da concentração de
radiação solar no interior da caixa. Quanto maior a quantidade de refletores mais rápido será
o processo de cocção.
10

Figura 4: Ilustração de um forno solar tipo caixa.

Fonte: http://www.sempresustentavel.com.br/solar.htm.

6.7 História dos fornos solares

Não é de hoje que a energia proveniente do sol vem sendo utilizada para aquecer água,
secar frutas e etc. A primeira aplicação com esse tipo de energia ocorreu durante uma guerra
que aconteceu entre gregos e romanos na antiguidade, e foi feita pelo físico, matemático,
astrônomo e inventor Arquimedes de Siracusa. Ele construiu um conjunto de espelhos
parabólicos, com o objetivo de direcionar a radiação solar e com isso, queimar as velas dos
navios romanos.
Decorrido um longo período de tempo, o cientista francês Lavoisier, aproximadamente
na segunda metade do século XVIII, utilizou uma grande lente de 52 polegadas e outra de 8,
que foram capazes de atingir temperaturas próximas de 1750 ºC, considerada naquela época a
maior temperatura alcançada pelo homem (RAMOS FILHO, 2011).
No entanto, foi em 1767 que o primeiro fogão solar foi criado pelo franco-suíço Horace
Benédict de Saussure, e quem descreveu os primeiros experimentos com esse tipo de forno foi
seu filho Nicolas Théodore de Saussure, por volta de 1770. O forno, mostrado na figura 5, foi
confeccionado com duas caixas de madeira de pinho uma dentro da outra, isoladas com lã com
três coberturas de vidro, ele foi capaz de atingir temperaturas em cerca de 190 ºF (88 ºC) sendo
possível cozinhar algumas frutas (BEYER, 2004).
11

Figura 5: Caixa solar construída por Horace Benédict de Saussure.

Fonte: http://solarcooking.org/saussure.htm.

Em um dado período do século XX, houve uma crescente utilização de combustíveis


fósseis devido ao seu baixo custo. Como consequência, a energia solar acabou perdendo sua
importância, porquanto o custo para seu uso estava elevado. Na época, não se tinha consciência
sobre os efeitos negativos que poderiam ser causados para o meio ambiente, provenientes do
uso desses combustíveis fósseis. Todavia, o aumento no valor desses combustíveis, que ocorreu
a partir da década de 70, e uma gama de acontecimentos em anos posteriores, como guerras
envolvendo a exploração do petróleo, contribuíram para o ressurgimento e aumento do interesse
pelo uso da energia solar. (RAMOS FILHO, 2011). Foi após esse tempo que começaram as
preocupações em função da poluição e da má utilização dos recursos.

6.8 Obtenção de calor no forno solar

O processo de cocção do alimento em um forno solar, ocorre quando boa parte da luz
do sol, seja direta ou difusa, penetra na caixa por meio de sua tampa transparente, e é convertida
em energia térmica. Essa luz, é absorvida pelo fundo preto presente no forno, e o calor em seu
interior, promove o aumento da temperatura, de maneira que a perda de calor dentro se torne
igual ao ganho. Grande parte dessa radiação solar, não consegue retornar para o exterior por
intermédio da tampa, uma vez que tem seu comprimento de onda afetado ao ser transformada
em calor. E como consequência, fica retida no espaço fechado, ocasionando o efeito estufa.

6.9 Processos de transferência de calor em fornos solares

A cocção de alimentos em fornos solares ocorre através de três processos básicos de


propagação de calor, sendo eles: condução, convecção e radiação.
12

6.9.1 Condução

É o processo de transferência de calor que ocorre em meios sólidos, líquidos e gasosos,


de molécula para molécula, quando existe uma diferença de temperatura em um meio. Onde o
corpo com temperatura mais alta cede calor para o corpo com temperatura mais baixa. A
constante adição de calor favorece a interação entre as moléculas que se movem cada vez mais
rapidamente, transferindo energia das mais energéticas para as menos energéticas (ÇENGEL,
2012). No forno solar, esse processo se inicia por meio da panela que é aquecida por radiação,
e por meio dela o calor é transmitido ao alimento e a água por condução, transmitindo o mesmo
a partir de suas moléculas para as moléculas do material que está em contato com essa fonte de
calor.

Figura 6: Calor transferido por condução através da panela para o cabo.

Fonte: Solarcooking, princípios dos projetos de fogões solares.

6.9.2 Convecção

É a transferência de calor que ocorre prioritariamente em meios fluidos (líquidos ou


gases), por meio do deslocamento de massas de fluido por diferenças de densidades. O ar quente
aquecido no fundo da panela, ou do próprio forno por radiação, tende a subir por se tornar
menos denso e a trocar calor com o ar frio que desce por ser mais denso. Esse processo se repete
numerosas vezes, surgindo então a corrente de convecção que promove uma circulação de ar,
aquecendo o ambiente (ÇENGEL, 2012).

Figura 7: Ar aquecido que escapa do forno pelas frestas através da convecção.

Fonte: Solarcooking, princípios dos projetos de fogões solares.


13

6.9.3 Radiação

É o nome dado à energia radiante emitida pelo sol, sua transmissão não exige a presença
de um meio material, isto é, a radiação se propaga ainda que haja a presença de vácuo, sob a
forma de ondas eletromagnéticas na região do infravermelho. O forno solar realiza o processo
de cocção dos alimentos por meio da radiação fornecida pelo sol, que ao entrar em contato com
o vidro transforma-se em energia térmica, essa radiação também é emitida pelos objetos no
interior do forno e até mesmo pelo alimento. Quando um corpo tem sua temperatura superior
ao zero absoluto (-273,15 °C) ele é capaz de emitir radiação térmica em várias direções, por
intermédio de uma ampla faixa de comprimento de onda. (MAGRI, 2012)

Figura 8: Calor irradiado por meio do forno aquecido.

Fonte: Solarcooking, princípios dos projetos de fogões solares.

6.10 Projeto, tamanho e operação do forno

O tamanho da caixa do forno solar deve ser mensurado levando em consideração alguns
fatores como: se a caixa apresenta espaço suficiente para uma quantidade considerável de
alimentos cozidos, se pode ser facilmente transportada caso necessário, e se oferece espaço
suficiente para acomodar os utensílios de cozinha.
Ao comparar a área de perda de calor da caixa, com a sua superfície de coleta da radiação
solar, foi observado que quanto maior a área de captação, maiores temperaturas de assamento
serão obtidas. Possuindo duas caixas áreas de coleta da luz do sol de mesmo tamanho e
dimensão, a que apresentar um menor volume ficará mais quente, pois a sua área de perda de
calor se torna menor.
Para um melhor funcionamento, um forno solar tipo caixa que se encontra voltado para
o sol do meio dia, deve apresentar um comprimento maior em sua dimensão leste-oeste.
Fazendo por meio disso, um melhor uso durante um considerável período de tempo, do refletor
presente em sua composição. Em fornos de configuração quadrada ou que possuem uma maior
dimensão norte-sul, uma quantidade menor de energia solar será captada, pois a maior
14

porcentagem da luz solar não atinge a área de coleta de luz da caixa, sendo ela refletida do
refletor para o chão.
Quanto mais tempo o forno estiver voltado para o sol, maior será sua eficiência, sendo
para este fim, necessário considerar dois fatores importantes: sua angulação e a direção do sol.
O forno solar tipo caixa que não apresenta refletor em sua estrutura precisa ser reposicionado
para ficar voltado para o sol, enquanto ele se move por meio do céu de meio-dia. Já as caixas
que possuem refletor, captam uma porção maior de energia solar através do regulamento do seu
refletor a fim de acompanhar o movimento do sol. Elas trabalham em temperaturas mais altas
em razão do seu reposicionamento sucessivo a cada 30-40 minutos. O ajuste de posição torna-
se menos necessário quando a dimensão leste-oeste da caixa é relativamente maior do que a
dimensão norte-sul.

7. Metodologia

Com o objetivo de detalhar os procedimentos adotados para a realização da pesquisa, os


tópicos apresentados nos objetivos específicos serão desenvolvidos de forma clara e precisa
através da reunião de informações e dados que servirão de base para a construção da
investigação. Investigação essa, que terá como finalidade observar e discutir aspectos sobre a
importância do uso de fornos solares tipo caixa e de baixo custo no Nordeste brasileiro, levando
em consideração diversos fatores como: a energia solar e suas vantagens, o potencial solar no
Nordeste brasileiro, os processos de aproveitamento de energia solar, história do forno solar,
tipos de fornos solares, composição básica dos fornos solares tipo caixa, obtenção de calor no
forno solar, e projeto, dimensão e operação do forno. A coleta de dados ocorrerá por meio da
utilização de pesquisas bibliográficas, pois será feita a partir de materiais publicados em
documentos monográficos, dissertações, e pesquisas online baseados no assunto. Quanto à
natureza da pesquisa a ser realizada, ela pode ser classificada como pesquisa básica, visto que
tem como intuito gerar conhecimento, porém sem necessariamente ter um propósito imediato.
Sobre a forma de abordagem da mesma, a pesquisa se classificará como qualitativa, porquanto
são utilizados conteúdos já publicados para a análise do problema. Com relação aos objetos,
será uma pesquisa exploratória, já que envolve levantamento bibliográfico, e análise de
exemplos que estimulam a compreensão do tema.
E sobre o método de investigação, o conteúdo do projeto faz a opção pelo uso do método
hipotético-dedutivo, pois possibilita ao pesquisador apresentar uma hipótese e parte, por meio
da dedução, para a sua comprovação ou não.
15

8. Cronograma

MÊS/ETAPAS Janeiro Fevereiro

Escolha do tema X

Levantamento
bibliográfico X

Coleta de dados X

Análise dos dados X

Organização do
roteiro/partes X

Entrega do projeto X
16

9. Referências

ALBADÓ, Ricardo. Energia Solar. São Paulo: Artliber Editora, 2002.

ARAÚJO, C. C. Fabricação e estudo de um forno solar tipo caixa com dispositivo de


transporte. 2015. 74 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica). Programa de Pós
Graduação em Engenharia Mecânica. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal -
RN, 2015.

Atlas Solarimétrico do Brasil: banco de dados solarimétricos /coordenador Chigueru Tiba...et


al.- Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2000. 111p.

BEYER, H. G., PEREIRA, E. B., MARTINS, F. R., ABREU, S. L., COLLE, S., PEREZ, R.,
SCHILLINGS, C., MANNSTEIN, H., MEYER, R.. Assessing satellite derived irradiance
information for South America within the UNEP resource assessment project SWERA.
Proceedings of 5th ISES European Solar Conference in Freiburg, Germany, September, 2004.

BEZERRA, A.M., Aplicações térmicas da energia solar, Editora Universitária - UFPB, João
Pessoa, 2001.

Como a Energia Solar pode ser aproveitada. [S. l.], [S. d.]. Disponível em:
<https://www.portalsolar.com.br/como-a-energia-solar-pode-ser
aproveitada#:~:text=O%20uso%20da%20energia%20solar,meio%20da%20energia%20solar
%20fotovoltaica>. Acesso em: 22 dez. 2020.

ÇENGEL, Y. A.; GHAJAR, A. J. Transferência de Calor e Massa: uma abordagem prática.


4ª. ed. [S. l.]: Mc Graw Hill, Bookman, 2012. 906 p.

FREITAS, Daniel; ARAÚJO, Fabiane. Construção e avaliação da viabilidade da utilização de


um fogão solar tipo caixa de baixo custo na cidade de governador dix-sept Rosado/RN. 2018.
12 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciência e Tecnologia) – Universidade
Federal Rural do Semiárido, Natal – RN, 2018.

INPE. Atlas Brasileiro de Energia Solar. Disponível em: Acesso em: 28 jan. 2021.

MAGRI, R. Análise Termoelástica da Desmontagem da União Eixo-Cubo com Interferência


Transversal Utilizando o Método dos Elementos Finitos. 2012. 85 p. Graduação em
Engenharia Mecatrônica. Universidade de São Paulo. Escola de Engenharia de São Carlos,
São Paulo, 2012.

O avanço da energia solar no nordeste brasileiro. [S. l.], [2017]. Disponível em:
<https://blog.bluesol.com.br/energia-solar-no-nordeste/>. Acesso em: 27 dez. 2020

O que é Energia Solar?. [S. l.], [s. d.]. Disponível em:<https://www.portalsolar.com.br/o-que-


e-energia-solar-.html>. Acesso em: 22 dez. 2020.

Potencial de energia solar: Quais as melhores regiões brasileiras para captação da luz solar.
[S. l.], [2016]. Disponível em:<http://borealsolar.com.br/blog/2016/10/26/potencial-de-
17

energia-solar-quais-as-melhores-regioes-brasileiras-para-captacao-da-luz-solar/>. Acesso em:


22 dez. 2020.

Princípios dos Projetos dos Fogões Solares de Caixa. [S. d.]. Disponível em:
<http://solarcooking.org/portugues/sbcdes-pt.htm>. Acesso em: 28 jan. 2021.

RAMOS FILHO, Ricardo Eugênio Barbosa. Análise de desempenho de um fogão solar


construído a partir de sucatas de antena de TV. 2011. 96 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Mecânica) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal - RN, 2011.

Sempre sustentável. Energia Solar. [S. d.]. Disponível em:


<http://www.sempresustentavel.com.br/solar.htm>. Acesso em: 28 jan. 2021.

Solarcooking. Horace de Saussure and his Hot Boxes of the 1700 ́s. [S. d.]. Disponível
em:<http://solarcooking.org/saussure.htm>. Acesso em: 24 jan. 2021.

SOUZA, U.R.L.F. Estudo de um forno solar do tipo caixa fabricado com materiais
alternativos. 2018. 53 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia
Mecânica) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal - RN, 2018.

Você também pode gostar