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CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA
NATAL - RN
2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA
Em especial ao meu companheiro Dunga que nos deixou no dia da apresentação deste trabalho.
ii
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Agradecimentos
Primeiramente agradeço a Deus por permitir que eu chegasse até esta etapa
que sem ele eu jamais teria conseguido.
Resumo
Com intuito de tornar socialmente viável o uso de energia limpa e renovável
combatendo os danos ecológicos causados devido ao uso extensivo de lenha para
cozinhar alimentos, apresenta-se a elaboração, fabricação, estudo e
desenvolvimento de um forno solar tipo caixa de baixo custo para cocção de
alimentos. O forno foi fabricado a partir de duas caixas fabricadas em madeira
aglomerada (mdp) de dimensões diferentes. Entre as duas caixas foi adicionado
serragem de carnaúba nas laterais e base do forno para agir como o principal
isolante térmico. As partes internas da caixa de menor dimensão foram revestidas
com chapa de aço galvanizado e pintadas com tinta preta fosca para a obtenção
de maior concentração da radiação solar incidente no interior do forno estudado. O
experimento foi realizado em dois dias, sendo o primeiro dia de ensaio sem
alimentos, onde foram medidas as temperaturas da chapa, as temperaturas do ar
no interior do forno, as temperaturas do vidro(tampa) interno, as temperaturas do
vidro(tampa) externo, as temperaturas das seis faces externas do forno e ainda, a
radiação térmica incidente no momento do ensaio para a determinação do nível de
perda térmica e posterior determinação de sua eficiência térmica. No segundo dia
foram realizados ensaios assando bolos, pizza, e nuggets de frango para obtenção
do tempo de cozimento. Os resultados expuseram que o forno chegou às
temperaturas máximas na superfície interna e no ar de 122,1°C e 117,7°C
respectivamente, com o teste realizado sem a presença de alimentos. O
assamento dos bolos teve duração de 80 minutos; a pizza de 20 minutos e os
nuggets de frango de 45 minutos. Diante disso, ainda é possível comprovar a
viabilidade da utilização do forno solar como fonte alternativa ao processo de
cocção e a utilização de serragem de carnaúba como um eficiente isolante térmico.
Podendo então substituir o uso de isolantes com um custo mais elevado.
Souza, VABS. Study of a low cost solar oven for food cooking. 2022.
Conclusion work project (Graduate in Mechanical Engineering) - Federal University
of Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2022.
Abstract
In order to make the use of clean and renewable energy socially viable,
combating the ecological damage caused due to the extensive use of firewood to
cook food, the elaboration, manufacture, study and development of a low-cost box-
type solar oven for cooking are presented. of food. The oven was manufactured
from two boxes made of agglomerated wood (mdp) of different dimensions.
Between the two boxes, carnauba sawdust was added to the sides and base of the
oven to act as the main thermal insulator. The internal parts of the smaller box were
coated with galvanized steel sheet and painted with matte black paint to obtain a
higher concentration of incident solar radiation inside the kiln studied. The
experiment was carried out in two days, the first day of the test without food, where
the temperatures of the plate, the temperatures of the air inside the oven, the
temperatures of the internal glass (lid), the temperatures of the glass (lid) were
measured. external temperature, the temperatures of the six external sides of the
oven and also the incident thermal radiation at the time of the test for the experience
of the level of thermal loss and subsequent experience of its thermal efficiency. On
the second day, tests were performed baking cakes, pizza, and chicken nuggets to
obtain the cooking time. The results stated that the oven reached maximum
temperatures on the inner surface and not on the air of 122.1°C and 117.7°C
respectively, with the test carried out without the presence of food. The test of the
cakes lasted 80 minutes; a 20-minute pizza and the 45-minute chicken nuggets. In
view of this, it is still possible to prove the feasibility of using the solar oven as an
alternative source to the cooking process and the use of carnauba sawdust as an
efficient thermal insulation. It can then replace the use of insulators at a higher cost.
Keywords: solar oven, low cost, manufacturing, food cooking, thermal viability.
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Lista de Ilustrações
Figura 10 – Forno solar com recinto solar fabricado totalmente em vidro. ________ 16
Lista de Tabelas
Sumário
Resumo ......................................................................................................... iv
Abstract ......................................................................................................... vi
Sumário .......................................................................................................... x
1 Introdução .................................................................................................... 1
6 Referências ............................................................................................... 44
1
1 Introdução
O uso de fogões solares para cocção de alimentos é uma das aplicações mais
práticas e econômicas da energia solar, esta prática é bem utilizada em países como
Índia, China, Peru e entre outros. Já no Brasil a utilização dos fogões solares se
concentra na zona rural de regiões áridas e semiáridas onde a extração de lenha para
obtenção de energia térmica manifesta valores consideráveis pelo desmatamento da
caatinga. (MELO, 2008)
Segundo Araújo (2007), na produção de lenha para fins comerciais, uma boa
parte da árvore como: troncos e galhos finos é descartada constituindo os resíduos
florestais. Ademais, as indústrias que utilizam a madeira para fins não energéticos
(serrarias e indústrias de móveis) geram resíduos industriais como: pontas de toras e
serragem em diferentes tamanhos de partículas e densidade, que podem ter um
aproveitamento energético ou serem utilizados para fabricação de MDP.
Portanto este trabalho tem como principal objetivo a fabricação, estudo e teste
de um forno solar tipo caixa de baixo custo (utilizando a serragem de carnaúba como
isolante térmico) que será utilizado para cocção de alimentos. Este forno poderá ser
4
1.2 Objetivos
2 Revisão Bibliográfica
Nas fontes de energia renováveis o “uso pela humanidade não causa uma
variação significativa nos seus potenciais e se suas reposições a curto prazo são
relativamente certas” (JANNUZZI et. Al., 1997).
As energias reconhecidas como limpas são energias que geram bem menos
impacto em sua utilização e geração, tendo como exemplo a energia eólica que gera
impacto visual, porém, possui um potencial bem menor que outras energias tidas
como fósseis, que é o caso do petróleo e seus derivados. (LAYRARGUES, 2000)
Fonte: ecoguia.cm-mirandela.pt/index.php?oid=86
6
De acordo com Grimm (2007) o sol é a estrela que se encontra mais próxima
de nosso planeta e também a mais estudada. Tal esfera de gás, que em seu núcleo
reações termonucleares, com maior destaque para a fusão, converte 600 milhões de
toneladas de hidrogênio em hélio por segundo.
exceção das regiões Ártica e Antártica, ela recebe em média cerca de 3,6 kWh/m²*dia.
As massas continentais, excluídas as regiões Ártica e Antártica, possuem uma área
em torno de 132,5 x 1012 m². Sendo então a incidência solar nessas regiões de 4,77
x 108 GWh/dia. Portanto, a incidência anual é em torno de 1,74 x 1011 GWh. (SILVA,
2019)
ano de 1767. Ele cozinhou frutas em um fogão solar do tipo caixa primitivo em que
alcançava temperaturas de até 190 °F (88°C). (RAMOS FILHO, 2011)
O forno solar que Horace de Saussure projetou era formado por duas caixas
de madeira de pinho de tamanhos diferentes, sendo colocadas uma dentro da outra,
isoladas com lã e cobertas por três vidros conforme mostra a Figura 4.
Fonte: http://solarcooking.org/saussure.htm
A criação e a utilização de fogões solares, teve uma excelente propagação,
no século XIX, esta propagação foi incentivada pelo astrônomo britânico John
Herschel, que fez utilização de uma cozinha solar de sua invenção durante sua viagem
ao sul da África, em 1830. Até o ano de 1860, Mouchot, na Argélia, cozinhou com um
refletor curvado, concentrando os raios solares sobre uma pequena panela. Em 1881,
Samuel P. Langley utilizou uma cozinha solar durante a subida ao monte Whitney nos
Estados Unidos. Vale lembrar que todos esses idealizadores de fogões solares, foram
fortes contribuintes e colaboradores, para que hoje esses instrumentos fossem
mundialmente reconhecidos. (GOMES, 2009)
Para tornar o fogão solar uma opção real de utilização massiva no cozimento
de alimentos, se destacam os projetos da engenheira Maria Telkes, que criou vários
modelos de cozinhas solares, caracterizados pelo baixo custo e fácil construção,
fatores importantes para a implantação desse modelo de cozinha em países pobres.
Na mesa época, China e Índia respectivamente fizeram enormes esforços para
distribuírem o maior número de fornos solares para a população. (SILVA, 2019)
Segundo Pereira Neto (2018) resumidamente existe dois tipos de forno solar:
O tipo caixa espelhado e o tipo caixa com superfície absorvedora enegrecida. O forno
solar tipo caixa com superfície absorvedora simula o efeito estufa para assar os
alimentos propostos, ele é formado por uma caixa com isolante nas laterais e na
superfície inferior externa, interna e inferior enegrecida possuindo vidro na parte
superior da caixa e um heliostato. Já o forno solar tipo caixa espelhado utiliza o
fenômeno da reflexão para chegar ao mesmo objetivo, ele também é diferenciado pela
implementação de espelhos em suas superfícies internas e a inexistência de uma
superfície enegrecida. Mesmo possuindo características bem parecidas seus
princípios de funcionamento são bastante diferentes.
Fonte: http://www.sempresustentavel.com.br/solar.htm
Esse tipo de fogão encontra ampla aplicação em todo mundo, principalmente
na Ásia e na África, destacando-se a Índia e a China, como sendo os países que mais
tem investido em programas sociais que viabilizam a construção de fogões solares a
baixo custo, para uma utilização significativa por parte de seu povo (ARAÚJO, 2015).
Melo (2008) Projetou fabricou e estudou um forno solar a partir de uma sucata
de fogão convencional a gás. O forno do fogão convencional foi utilizado como recinto
de assamento onde o absorvedor (panela) do forno solar ficou localizado, sendo
recoberto por uma lâmina de vidro para a geração do efeito estufa e tendo fundos e
laterais isolados por um compósito à base de gesso e isopor. Segmentos de espelhos
planos foram colocados nas laterais do forno para prover a concentração da radiação
e uma parábola refletora foi introduzida no recinto de assamento. Foram
demonstradas as viabilidades térmicas, econômica e de materiais do fogão em
14
Este tópico será baseado em observações feitas por Aalfs (2013), Spinelli
(2016) e Silva (2019).
Portanto pode-se afirmar que uma caixa com uma determinada capacidade
de retenção pode atingir temperaturas mais elevadas se tiver uma luz solar mais forte
incidindo sobre ela, ou um adicional de raios solares causados por um refletor ou até
mesmo um melhor isolamento térmico.
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Por grande parte dessa energia radiante não conseguir passar de volta
através do vidro, fica presa no recinto de forno aquecendo-o. Outra parte da energia
luminosa, que não mudou seu comprimento de onda, é absorvida por outras partes
do ambiente interno do forno ou retorna pelo material transparente. A figura 12 ilustra
o efeito estufa.
3 Materiais e Métodos
Os ensaios foram realizados em dois dias, sendo um dia sem carga no forno
para que fossem medidas as temperaturas evolutivas ao decorrer do tempo. No dia
seguinte, foram realizados ensaios com carga colocando o forno a teste para saber
em quanto tempo aconteceria a cocção de determinados alimentos anteriormente
selecionados. Em ambos os dias as condições climáticas estavam favoráveis para
realização dos ensaios, com boa incidência solar e sem presença de nuvens.
O forno foi então colocado em local aberto para que sua exposição ao sol
acontecesse de forma máxima, podendo também obter um melhor foco da radiação
solar em seu interior. Devido ao aquecimento através da radiação solar de duas
formas, sendo direta e indiretamente, o forno alcança temperaturas suficientes em seu
interior. Sendo a radiação direta os raios solares que incidem sobre o vidro
transparente da tampa do forno, e a indireta a radiação solar refletida pelo eliostato
para o interior da caixa.
26
O que ocorre dentro de um forno tipo caixa é que a luz do sol, tanto direta
quanto aquela que é refletida, entra na caixa através do seu topo de vidro. Na caixa
ela se torna energia térmica que é absorvida pelo interior do forno e pelo alimento
sujeitado a cocção. A partir daí esse calor interno faz com que a temperatura dentro
do forno solar da caixa aumente até o ponto em que a perda de calor dentro o forno
seja igual ao ganho. Assim temperaturas suficientes para o cozimento de alimentos
são alcançadas sem maiores dificuldades.
A primeira etapa teve início às 10h e 25 min quando foram colocados dois
bolos de mesma gramatura no forno proposto, sendo um de chocolate e outro de
cenoura. As 11h e 45min foi retirado o bolo de chocolate e as 12h e 5 min foi retirado
o bolo de cenoura que demorou um pouco mais para assar. A Figura 24 mostra os
bolos distribuídos dentro do forno solar tipo caixa durante o processo de assamento.
27
A segunda etapa do experimento teve início após a retirada dos bolos. As 12h
e 10min foram adicionados simultaneamente uma pizza de frango e uma porção de
nuggets de frango. As 12h e 30min foi retirada a pizza se mantendo apenas os nuggets
no forno que foram retirados as 12 e 55min finalizando o experimento. A figura 25
mostra a pizza e os nuggets distribuídos dentro do forno proposto durante o processo
de assamento.
A energia total que entra no forno proposto tem origem de duas fontes. Sendo
uma a radiação solar global que incide diretamente no topo do forno e a outra a
radiação solar direta que é refletida no espelho do heliostato posicionado acima do
forno. A equação (1) mostra a energia total que entra no forno.
𝐸𝑒 = 𝐸𝑔 + 𝐸𝑟𝑒 (1)
Sendo:
𝐸𝑔𝑑 = Energia da radiação solar global que incide diretamente no forno (W);
𝐸𝑔𝑑 = 𝐼𝑔 𝜏𝑣 𝐴𝑣 (2)
𝐸𝑟𝑒 = 𝐼𝑑 𝜌𝑒 𝜏𝑣 𝐴𝑢 (3)
Onde:
Por não existir um isolante ideal, haverá sempre perdas de energia. Portanto
analisando as perdas no caso do forno proposto. Haverá perdas de energia pelas
laterais e por sua parte inferior através da convecção. Juntamente com perdas de
energia por seu vidro na parte superior que ocorrerão por convecção e por radiação
como demonstrado na equação (4).
Onde:
𝐸𝑝𝑉 𝑐 = Energia perdida pelo forno pela região do vidro por convecção (W);
𝐸𝑝𝑉 𝑟 = Energia perdida pelo forno pela região do vidro por radiação (W);
Com intuito de quantificar a energia perdida, foi utilizada a lei de Newton para
o resfriamento, se tratando da convecção na equação (5). No caso da equação (6) foi
utilizada a lei de Stefan-Boltzman, para a radiação.
Sendo:
𝑇𝑠 = temperatura da superfície, em K;
Onde:
4 4
−8
𝑇𝑣𝑒 − 𝑇𝑠𝑘𝑦
ℎ𝑟(𝑣𝑒−𝑎) = 5,16 ∗ 10 (8)
𝑇𝑣𝑒 − 𝑇𝑎𝑚𝑏
Onde:
1,5
𝑇𝑠𝑘𝑦 = 0,0552 ∗ 𝑇𝑎𝑚𝑏 (9)
𝐸𝑎𝑏𝑠 = 𝐸𝑒 − 𝐸𝑝 (10)
Sendo:
𝐸𝑎𝑏𝑠
𝜂𝑅𝐼 = ∗ 100 (11)
𝐸𝑒𝑓
Onde:
4 Resultados e Discussões
140
120
100
Temperatura (°C)
80
60
40
20
0
12:46
12:30
12:34
12:38
12:42
12:50
12:54
12:58
13:02
13:06
13:10
13:14
13:18
13:22
13:26
13:30
Tempo (h)
1000
Radiação (W/m²)
800
600
400
200
13:06
12:30
12:34
12:38
12:42
12:46
12:50
12:54
12:58
13:02
13:10
13:14
13:18
13:22
13:26
13:30
Tempo (h)
I.g I.d
Portanto a energia efetiva que entra no forno é dada pela soma a seguir:
citados no tópico 3.3. Para isso será necessário o agrupamento dos termos dessas
equações para obtenção do resultado.
Para o cálculo das perdas, foi necessário utilizar as médias das temperaturas
nas partes laterais externas, bem como também, nas superfícies externas do vidro e
inferior do forno já coletadas, além de suas respectivas áreas. Com os dados obtidos,
foi montado a Tabela 5.
−8
333,154 − 293,954
ℎ𝑟(𝑣𝑒−𝑎) = 5,16 ∗ 10 = 8,87 𝑊/𝑚²𝐾
333,15 − 304,95
321,92
𝜂𝑅𝐼 = ∗ 100 = 66,64%
483,01
Com todas as taxas de energia e sua eficiência obtidas, foi possível elaborar
a Tabela 6 que expõe de forma percentual as parcelas de energia que entra, que sai
e que é absorvida pelo forno.
5 Conclusões e Sugestões
5.1 Conclusões
5.2 sugestões
Diante de uma análise processual é notável que se pode sugerir alguns pontos
que possam melhorar a eficácia do projeto, como:
6 Referências
GILS, Hans; SIMON, Sonja; SORIA, Rafael. 100% Renewable Energy Supply
for Brazil—The Role of Sector Coupling and Regional Development. Energies, [S.L.],
v. 10, n. 11, p. 1859, 13 nov. 2017. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/en10111859.
SILVA, Fagner Lima da. Fabricação e estudo de um forno solar tipo caixa
para assamento de alimentos. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação
em Engenharia Mecânica) - Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal, 2019.