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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ESTUDO DE UM FORNO SOLAR DE BAIXO CUSTO


PARA COCÇÃO DE ALIMENTOS

VINICIUS AUGUSTO BELIZARIO DE SOUZA


NATAL- RN, 2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ESTUDO DE UM FORNO SOLAR DE BAIXO CUSTO


PARA COCÇÃO DE ALIMENTOS

VINICIUS AUGUSTO BELIZARIO DE SOUZA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de Engenharia
Mecânica da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como parte dos
requisitos para a obtenção do título de
Engenheiro Mecânico, orientado pelo
Prof. Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza.

NATAL - RN
2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ESTUDO DE UM FORNO SOLAR DE BAIXO CUSTO


PARA COCÇÃO DE ALIMENTOS

VINICIUS AUGUSTO BELIZARIO DE SOUZA

Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso

Prof. Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza ___________________________


Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Orientador

Aldo Paulino de Medeiros Junior ___________________________


Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Avaliador Interno

Josenilton Lopes dos Santos ___________________________


Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Avaliador Interno

NATAL, 12 de dezembro de 2022.


i

Dedico este trabalho

À Deus, minha família, amigos e meu orientador.

Em especial ao meu companheiro Dunga que nos deixou no dia da apresentação deste trabalho.
ii
iii

Agradecimentos

Primeiramente agradeço a Deus por permitir que eu chegasse até esta etapa
que sem ele eu jamais teria conseguido.

Agradeço também a minha família por todo apoio financeiro e emocional.


Agradeço a minha namorada por todo apoio, aos meus amigos próximos, ao meu
orientador Prof. Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza por me proporcionar este
momento, aos meus colegas de faculdade e a todos que contribuíram de forma direta
ou indireta com a realização desse sonho.
iv

Souza, VABS. Estudo de um forno solar de baixo custo para cocção de


alimentos. 2022. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia
Mecânica) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2022.

Resumo
Com intuito de tornar socialmente viável o uso de energia limpa e renovável
combatendo os danos ecológicos causados devido ao uso extensivo de lenha para
cozinhar alimentos, apresenta-se a elaboração, fabricação, estudo e
desenvolvimento de um forno solar tipo caixa de baixo custo para cocção de
alimentos. O forno foi fabricado a partir de duas caixas fabricadas em madeira
aglomerada (mdp) de dimensões diferentes. Entre as duas caixas foi adicionado
serragem de carnaúba nas laterais e base do forno para agir como o principal
isolante térmico. As partes internas da caixa de menor dimensão foram revestidas
com chapa de aço galvanizado e pintadas com tinta preta fosca para a obtenção
de maior concentração da radiação solar incidente no interior do forno estudado. O
experimento foi realizado em dois dias, sendo o primeiro dia de ensaio sem
alimentos, onde foram medidas as temperaturas da chapa, as temperaturas do ar
no interior do forno, as temperaturas do vidro(tampa) interno, as temperaturas do
vidro(tampa) externo, as temperaturas das seis faces externas do forno e ainda, a
radiação térmica incidente no momento do ensaio para a determinação do nível de
perda térmica e posterior determinação de sua eficiência térmica. No segundo dia
foram realizados ensaios assando bolos, pizza, e nuggets de frango para obtenção
do tempo de cozimento. Os resultados expuseram que o forno chegou às
temperaturas máximas na superfície interna e no ar de 122,1°C e 117,7°C
respectivamente, com o teste realizado sem a presença de alimentos. O
assamento dos bolos teve duração de 80 minutos; a pizza de 20 minutos e os
nuggets de frango de 45 minutos. Diante disso, ainda é possível comprovar a
viabilidade da utilização do forno solar como fonte alternativa ao processo de
cocção e a utilização de serragem de carnaúba como um eficiente isolante térmico.
Podendo então substituir o uso de isolantes com um custo mais elevado.

Palavras-chave: forno solar, baixo custo, fabricação, cocção de alimentos,


viabilidade térmica.
v
vi

Souza, VABS. Study of a low cost solar oven for food cooking. 2022.
Conclusion work project (Graduate in Mechanical Engineering) - Federal University
of Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2022.

Abstract
In order to make the use of clean and renewable energy socially viable,
combating the ecological damage caused due to the extensive use of firewood to
cook food, the elaboration, manufacture, study and development of a low-cost box-
type solar oven for cooking are presented. of food. The oven was manufactured
from two boxes made of agglomerated wood (mdp) of different dimensions.
Between the two boxes, carnauba sawdust was added to the sides and base of the
oven to act as the main thermal insulator. The internal parts of the smaller box were
coated with galvanized steel sheet and painted with matte black paint to obtain a
higher concentration of incident solar radiation inside the kiln studied. The
experiment was carried out in two days, the first day of the test without food, where
the temperatures of the plate, the temperatures of the air inside the oven, the
temperatures of the internal glass (lid), the temperatures of the glass (lid) were
measured. external temperature, the temperatures of the six external sides of the
oven and also the incident thermal radiation at the time of the test for the experience
of the level of thermal loss and subsequent experience of its thermal efficiency. On
the second day, tests were performed baking cakes, pizza, and chicken nuggets to
obtain the cooking time. The results stated that the oven reached maximum
temperatures on the inner surface and not on the air of 122.1°C and 117.7°C
respectively, with the test carried out without the presence of food. The test of the
cakes lasted 80 minutes; a 20-minute pizza and the 45-minute chicken nuggets. In
view of this, it is still possible to prove the feasibility of using the solar oven as an
alternative source to the cooking process and the use of carnauba sawdust as an
efficient thermal insulation. It can then replace the use of insulators at a higher cost.

Keywords: solar oven, low cost, manufacturing, food cooking, thermal viability.
vii

Lista de Ilustrações

Figura 1 – Organograma das fontes de energia. ____________________________ 5

Figura 2 – Intensidade da radiação solar média anual. _______________________ 7

Figura 3 – Componentes da radiação solar.________________________________ 8

Figura 4 – Forno solar desenvolvido por Horace de Suassere em 1767. _________ 10

Figura 5 – Primeiro forno solar fabricado na UFRN. ________________________ 12

Figura 6 – Ilustração do forno solar tipo caixa. _____________________________ 13

Figura 7 – Forno solar fabricado a partir de uma sucata de fogão convencional. __ 14

Figura 8 – Forno fabricado a partir de chapas de material compósito de baixa


condutividade. _____________________________________________________ 15

Figura 9 – Forno solar estudado por Gomes. ______________________________ 15

Figura 10 – Forno solar com recinto solar fabricado totalmente em vidro. ________ 16

Figura 11 – Forno solar estudado por Spinelli. _____________________________ 17

Figura 12 – Efeito estufa Gerado na caixa quente. _________________________ 18

Figura 13 – Orientação do vidro em relação ao sol. _________________________ 18

Figura 14 – Calor da panela transferido para o cabo. _______________________ 19

Figura 15 – Ar aquecido pode escapar através das frestas. __________________ 19

Figura 16 – Massa térmica dentro do fogão. ______________________________ 20

Figura 17 – Montagem do forno parte 1 __________________________________ 22

Figura 18 – Montagem do forno parte 2 __________________________________ 22

Figura 19 – Montagem do forno parte 3. _________________________________ 23

Figura 20 – Montagem do forno parte 4. _________________________________ 23

Figura 21 – Montagem do forno parte 5. _________________________________ 24


viii

Figura 22 – Fabricação do forno parte 6. _________________________________ 24

Figura 23 – Montagem do forno parte 7. _________________________________ 25

Figura 24 – Bolos em processo de assamento. ____________________________ 27

Figura 25 – Pizza e Nuggets em processo de assamento. ___________________ 27

Figura 26 – Termômetro associado aos termopares. ________________________ 28

Figura 27 – Termômetro digital. ________________________________________ 28

Figura 28 – Radiômetro digital. ________________________________________ 29

Figura 29 – Gráfico das temperaturas da superfície absorvedora em função do tempo.


_________________________________________________________________ 35

Figura 30 - Gráfico das radiações em função do tempo. _____________________ 36

Figura 31 – Bolos prontos para consumo. ________________________________ 40

Figura 32 – Pizza e nuggets prontos para consumo. ________________________ 41


ix

Lista de Tabelas

Tabela 1 – Dimensões externas e internas do forno solar. ....................................... 21

Tabela 2 – Temperaturas internas e radiação coletadas. ......................................... 34

Tabela 3 – Temperaturas externas coletadas. .......................................................... 36

Tabela 4 – Temperaturas e áreas externas............................................................... 38

Tabela 5 – Contribuições energéticas e eficiência do forno solar. ............................ 39

Tabela 6 – Tempo de assamento e peso dos alimentos. .......................................... 41


x

Sumário

Agradecimentos ............................................................................................. iii

Resumo ......................................................................................................... iv

Abstract ......................................................................................................... vi

Lista de Ilustrações ....................................................................................... vii

Lista de Tabelas ............................................................................................ ix

Sumário .......................................................................................................... x

1 Introdução .................................................................................................... 1

1.1 Apresentação do trabalho ..................................................................... 1

1.2 Objetivos ............................................................................................... 4

2 Revisão Bibliográfica ................................................................................... 5

2.1 Conceito de energia renováveis ............................................................ 5

2.2 Energia Solar ........................................................................................ 6

2.2.1 Potencial solar ................................................................................ 6

2.2.2 Radiação solar................................................................................ 8

2.2.3 Processos de aproveitamento da energia solar.............................. 9

2.3 Histórico dos fornos solares .................................................................. 9

2.4 Forno solar tipo caixa .......................................................................... 12

2.5 Princípios do aquecimento no forno solar ........................................... 17

2.5.1 Ganho de calor (efeito estufa) ...................................................... 18

2.5.2 Perda de calor .............................................................................. 19

2.5.3 Estocagem de calor ...................................................................... 20

3 Materiais e Métodos .................................................................................. 21

3.1 Processo de fabricação e montagem do forno solar ........................... 21

3.2 Procedimento experimental................................................................. 25

3.3 Procedimento para o cálculo do balanço de energia .......................... 29

3.3.1 Energia que entra no forno ........................................................... 29


xi

3.3.2 Energia que sai do forno............................................................... 30

3.3.3 Energia absorvida pelo forno ........................................................ 32

3.3.4 Rendimento interno do forno ........................................................ 32

4 Resultados e Discussões .......................................................................... 34

4.1 Ensaio sem carga ............................................................................... 34

4.1.1 Balanço energético do forno ......................................................... 37

4.2 Ensaio com carga ............................................................................... 40

5 Conclusões e Sugestões ........................................................................... 42

5.1 Conclusões ......................................................................................... 42

5.2 sugestões ............................................................................................ 42

6 Referências ............................................................................................... 44
1

1 Introdução

1.1 Apresentação do trabalho

Ao longo da história da humanidade, a energia se mostra como um fator


fundamental para grande parte das necessidades do homem. De tal modo que muitos
conhecimentos e ganhos tecnológicos incorporados pelo homem surgem na busca
por apropriação e domínio da conversibilidade da energia, em outros termos, o
processo de obtenção da energia na configuração que melhor se adapta às suas
necessidades (SILVA, 2006)

Ainda em concordância com Silva (2006), os inúmeros estágios do


conhecimento científico e dos domínios tecnológicos concederam que fontes
energéticas diferentes fossem utilizadas ao longo dos registros das atividades
humanas, por meio de variadas tecnologias de conversão. Portanto, a utilização dos
recursos energéticos que foi, e segue sendo, um fator primordial no processo de
provisão das necessidades das sociedades em diferentes situações históricas.

Considerando o ritmo de crescimento da população mundial e o surgimento


de novas demandas trazidas pelo avanço tecnológico, a energia é uma necessidade
para a sobrevivência de uma sociedade que cresce cada vez mais. Nesse contexto,
tornou-se um desafio da sociedade cientifica e técnica elaborar tecnologias que
supram as necessidades humanas (BRASCAM SOLUÇÕES AMBIENTAIS, 2020).

Em virtude da quantiosa disponibilidade de riquezas naturais e ótimas


condições climáticas o brasil possui um enorme potencial para produção de energia
de fontes renováveis. Porém, seu guarnecimento de energia primária até então é
dominado por combustíveis fósseis, em especial petróleo e gás (GILS, SAIMON e
SORIA, 2017).

A energia solar é considerada uma alternativa energética grandemente


promissora para confrontar as adversidades causadas pela expansão da oferta de
energia com menor impacto ambiental além de se caracterizar como uma fonte
inesgotável de energia. Ademais há a possibilidade de ser solução ideal para zonas
distantes que ainda não possui acesso à energia elétrica, principalmente em um país
como o Brasil que devido as suas condições climáticas se encontram bons indicadores
de insolação em grande parte de sua extensão territorial. (NEXSOLAR, 2016)
2

Referindo-se sobre utilização em grande escala pode-se dividir as aplicações


da energia solar em duas categorias. A energia solar fotovoltaica, um processo de
aproveitamento da energia solar para conversão direta em energia elétrica, utilizando
os painéis fotovoltaicos e a energia térmica (coletores planos e concentradores)
relacionada basicamente aos sistemas de aquecimento de água. (LARA, 2014)

As principais conclusões dos relatórios internacionais Geração Solar e


Revolução Elétrica do Mar do Norte, lançados recentemente pelo Greenpeace,
afirmam que em 2030 a energia solar poderá atender às necessidades energéticas de
dois terços da população mundial. (SCHERER, L. A. et al, 2015)

O uso de fogões solares para cocção de alimentos é uma das aplicações mais
práticas e econômicas da energia solar, esta prática é bem utilizada em países como
Índia, China, Peru e entre outros. Já no Brasil a utilização dos fogões solares se
concentra na zona rural de regiões áridas e semiáridas onde a extração de lenha para
obtenção de energia térmica manifesta valores consideráveis pelo desmatamento da
caatinga. (MELO, 2008)

Sabe-se que em grande maioria os alimentos precisam passar por um


processo de cozimento para que estejam próprios para consumo. Existem várias
maneiras de realizar esse processo e todas elas demandam uma fonte de calor e
instrumentos ou equipamentos que possibilitem controlar e direcionar o calor. Tendo
como exemplo o fogão que é mundialmente utilizado para a preparação das refeições
que precisam passar por algum tratamento térmico. De modo que, este equipamento
necessita de alguns tipos de combustíveis como o gás de cozinha, carvão, querosene
e a lenha. (MACÊDO, 2022)

Diante dos altos níveis de desemprego e do aumento dos preços do botijão


de gás liquefeito de petróleo (GLP), devido à cotação dos barris de petróleo no
mercado internacional, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
divulgados em 2018 mostram que 14 milhões de famílias utilizavam lenha ou carvão
para cozinhar alimentos, um aumento de 3 milhões em relação a 2016. Isso é notado
principalmente em regiões mais carentes, no Nordeste por exemplo o aumento do uso
da lenha é bem maior doque em outras regiões. (MACÊDO, 2022)
3

Com desemprego contribuindo para o aumento da utilização da lenha nos


lares brasileiros surge um problema adicional, que é a utilização da lenha catada, não
comercial, em fogões rústicos com queima ineficiente. A população carente acaba
consumindo mais lenha e sendo expostas a uma quantidade grande de partículas, o
que pode agravar problemas de saúde.

Segundo Araújo (2007), na produção de lenha para fins comerciais, uma boa
parte da árvore como: troncos e galhos finos é descartada constituindo os resíduos
florestais. Ademais, as indústrias que utilizam a madeira para fins não energéticos
(serrarias e indústrias de móveis) geram resíduos industriais como: pontas de toras e
serragem em diferentes tamanhos de partículas e densidade, que podem ter um
aproveitamento energético ou serem utilizados para fabricação de MDP.

Segundo Varela et. al. (2013) na sua dissertação de mestrado, analisou a


viabilidade térmica do um forno solar fabricado utilizando sucata de pneus. Foi
verificado que com esse forno foi então possível assar alimentos em um determinado
horário do dia com maior radiação solar, e também constatou o baixo custo da
fabricação por ter sido fabricado utilizando apenas três pneus usados, sendo viável
bastante viável para pessoas de baixa renda e sem acesso à energia.

A utilização da energia solar para cocção de alimentos é uma das aplicações


mais antigas e difundidas dessa fonte energética tendo como principal característica
sua função social. Na África por exemplo é feita a utilização massiva do uso do fogão
e/ou forno solar, colaborando para um incentivo de não utilização da lenha, que
contribui decisivamente para o equilíbrio ambiental do planeta Terra. (LION, 2007)

A tecnologia de utilizar materiais recicláveis para fabricar fornos solares além


de não poluir o meio ambiente, evita a poluição de gases gerada pela queima de lenha
utilizada nos fogões a lenha, evita também a disputa pela extração de lenha entre
moradores locais, a desertificação ocasionada pela extração em excesso e os riscos
que podem trazer à saúde além disso é uma tecnologia de fácil acesso para
comunidades de baixa renda. (GOMES, 2009)

Portanto este trabalho tem como principal objetivo a fabricação, estudo e teste
de um forno solar tipo caixa de baixo custo (utilizando a serragem de carnaúba como
isolante térmico) que será utilizado para cocção de alimentos. Este forno poderá ser
4

fabricado a partir de materiais recicláveis como: madeira reutilizada, chapas de metal,


serragem de carnaúba, espelho e elementos de baixo custo visando sua aplicação
para comunidades carentes e onde há incidência solar satisfatória.

1.2 Objetivos

O objetivo deste trabalho é fabricar, estudar a viabilidade térmica e testar um


forno solar tipo caixa feito de madeira mdp contendo isolamento térmico de serragem
de carnaúba sendo concluído por elementos de baixo custo.

Como objetivos específicos, tem-se:

• Apresentar e analisar as etapas do processo de fabricação do forno.

• Efetuar testes com e sem alimentos para medir e observar a capacidade de


assamento do forno solar.

• Realizar um balanço térmico do forno proposto.

• Demonstrar a capacidade do forno de assar mais de um elemento


simultaneamente.
5

2 Revisão Bibliográfica

2.1 Conceito de energia renováveis

Segundo Villalva et. Al. (2012) podemos chamar as fontes renováveis de


energia dessa forma por elas serem consideradas inesgotáveis diante dos padrões
humanos de aproveitamento. E por isso podemos fazer uso continuo delas sem que
nunca se acabem, justamente por serem renováveis.

Nas fontes de energia renováveis o “uso pela humanidade não causa uma
variação significativa nos seus potenciais e se suas reposições a curto prazo são
relativamente certas” (JANNUZZI et. Al., 1997).

No entendimento de Bezerra (2002) geralmente, as fontes de energia, que


não dependem de recursos que são definitivamente limitados e seu uso não tem como
consequência, seu esgotamento são consideradas renováveis. Já as fontes de
energias que tem como base combustíveis fósseis ou outros recursos minerais que
vão se esgotando com seu uso são consideradas não renováveis.

As energias reconhecidas como limpas são energias que geram bem menos
impacto em sua utilização e geração, tendo como exemplo a energia eólica que gera
impacto visual, porém, possui um potencial bem menor que outras energias tidas
como fósseis, que é o caso do petróleo e seus derivados. (LAYRARGUES, 2000)

Figura 1 – Organograma das fontes de energia.

Fonte: ecoguia.cm-mirandela.pt/index.php?oid=86
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2.2 Energia Solar

Devido ao sol ser uma fonte inesgotável e abundante de energia, em


proporções terrestres de tempo, sabe-se que o aproveitamento dessa energia como
fonte de luz ou calor é indiscutivelmente uma das opções energéticas mais sustentável
e promissora.

De acordo com Grimm (2007) o sol é a estrela que se encontra mais próxima
de nosso planeta e também a mais estudada. Tal esfera de gás, que em seu núcleo
reações termonucleares, com maior destaque para a fusão, converte 600 milhões de
toneladas de hidrogênio em hélio por segundo.

Segundo Aldabó (2002), de toda radiação que incide na atmosfera chega ao


solo terrestre de forma direta apenas 25%. Ao incidir na atmosfera, a radiação sofre
uma série de reflexões, absorções e dispersões. Logo a radiação coletada em solo, é
oriunda de radiações refletidas, diretas e difusas.

Ainda de acordo com Aldabó (2002) o aproveitamento da energia solar é


considerado como uma forma de utilização de forma indireta. Pois de forma direta, a
energia solar pode ser empregada na produção de calor, potência e energia elétrica,
utilizando para isso dispositivos conhecidos como coletores solares.

O sol é responsável pelo fornecimento da energia consumida pela


humanidade desde seus primórdios. A energia armazenada pelas plantas através da
fotossíntese, as modernas hidrelétricas cujas represas são abastecidas graças ao
ciclo das águas, os geradores eólicos alimentados pelos ventos que são produzidos
pelas diferenças de temperatura da atmosfera, os combustíveis fósseis gerados a
partir de resíduos orgânicos de tempos primitivos, são exemplos incontestáveis de
nossa dependência energética do Sol. (BEZERRA, 2018)

2.2.1 Potencial solar

Segundo Fagner (2019) a superfície do sol emite cerca de 64,16 MW de


energia eletromagnética, que são lançados no espaço. Toda essa energia vem de um
conjunto de fusões e reações termonucleares que acontecessem no núcleo solar.

A terra em sua superfície recebe cerca de 1 kW/m², de radiação


eletromagnética, embora possa atingir maiores picos em algumas localidades. Com
7

exceção das regiões Ártica e Antártica, ela recebe em média cerca de 3,6 kWh/m²*dia.
As massas continentais, excluídas as regiões Ártica e Antártica, possuem uma área
em torno de 132,5 x 1012 m². Sendo então a incidência solar nessas regiões de 4,77
x 108 GWh/dia. Portanto, a incidência anual é em torno de 1,74 x 1011 GWh. (SILVA,
2019)

Considerando que o consumo energético anual é em torno de 1,5 x 108 GWh,


percebe-se que a energia disponível nas massas continentais representa mais de
1.000 vezes o consumo de energia que a humanidade pode chegar a utilizar. Ou seja,
menos que 1% da energia solar disponível nas massas continentais seria suficiente
para suprir o consumo energético requerido pela humanidade. Levando em conta toda
a área de terra essa disponibilidade sobe para 1,02 X 1013GWh.

O brasil por ser um país tropical é privilegiado devido a sua posição


geográfica, com isso possui grande potencial energético, durante quase todo o ano,
referindo-se ao uso de equipamentos solares. O brasil bastante favorecido no
potencial solar, tendo uma disponibilidade energética anual ótima como pode ser
identificado na Figura 2.

Figura 2 – Intensidade da radiação solar média anual.

Fonte: Portal Solar, mapa solar do Brasil.


8

2.2.2 Radiação solar

Conforme Pereira (2002) podemos ter a definição de radiação solar como:


radiação solar é a fonte primária de todos os fenômenos atmosféricos e de processos
físicos, químicos e biológicos observados em ecossistemas agrícolas, podendo ser
aproveitada sob várias formas, tais como a captura pela biomassa, o aquecimento de
ar e água para fins domésticos e industriais, foto eletricidade para pequenos
potenciais e fontes para ciclos termodinâmicos variados.

De acordo com Batista (2013) a radiação solar é influenciada pelo ar


atmosférico, nuvens e também pela poluição antes de chegar ao solo terrestre e ser
captada por células e módulos fotovoltaicos. A radiação que atinge uma superfície
horizontal do solo é formada por raios solares que chegam de todas as direções e são
absorvidos, espalhados e refletidos pelas moléculas de ar, vapor, poeira, arvores e
nuvens.

A radiação global é a soma da radiação direta com a radiação difusa. A


radiação direta corresponde aos raios solares que chegam diretamente do Sol em
linha reta e incidem sobre o plano horizontal com uma inclinação que depende do
ângulo zenital do Sol. Já a radiação difusa corresponde aos raios solares que chegam
indiretamente ao plano terrestre. Ou seja, é o resultado da difração na atmosfera e da
reflexão da luz nas partículas do ar, nas nuvens e em outros objetos. A Figura 3 ilustra
os componentes da radiação solar. (BATISTA, 2013)

Figura 3 – Componentes da radiação solar.

Fonte: Focusolar (2015)


9

Pode-se medir a radiação global através de um instrumento chamado


pirômetro, seu funcionamento se baseia em uma redoma de vidro que recebe luz em
todas as direções e a concentra em um sensor de radiação solar posicionado em seu
interior. A radiação solar também pode ser medida com utilização de sensores
baseados em células fotovoltaicas de silício. Tais sensores capturam uma faixa mais
estreita do espectro solar, porém, não conseguem distinguir a radiação direta e difusa,
mas podem ser utilizados em grade parte das aplicações fotovoltaicas. (BATISTA,
2013)

2.2.3 Processos de aproveitamento da energia solar

Segundo ALDABÓ (2002) o aproveitamento das radiações pode-se dividir em


três tipos de formas de transformação da energia. Sendo eles os processos térmicos
que utilizam diretamente o calor do sol como energia podendo ser em baixa (até 100
°C), média (entre 100 e 1000°C) e alta temperatura (acima de 1000 °C). Os processos
elétricos que fazem uso do processo fotovoltaico para transformarem radiação solar
diretamente em energia elétrica. E por fim os processos químicos que convertem
radiação solar em energia química através da fotossíntese (energia bioquímica). Os
métodos de obtenção de potência térmica solar são basicamente os mesmos para
tecnologias convencionais, entretanto o combustível utilizado é a energia solar na
forma de radiação eletromagnética, ao invés do combustível fóssil.

Desta forma, entre os processos de aproveitamento da energia solar, os mais


usados atualmente são o aquecimento de água e a geração fotovoltaica de energia
elétrica. No Brasil, o primeiro é mais encontrado nas regiões Sul e Sudeste, devido a
características climáticas, e o segundo, nas regiões Norte e Nordeste, em
comunidades isoladas da rede de energia elétrica (MELO, 2008).

2.3 Histórico dos fornos solares

Há muito tempo atrás nossos antepassados já faziam utilização da energia do


sol para aquecer água, secar frutas e cozinhar vegetais, contudo a primeira cozinha
solar e/ou fogão solar com tecnologia moderna se atribui ao franco-suíço Horace de
Saussure, considerado por muitos o avô da energia solar, ele projetou e fabricou uma
pequena caixa solar entre outros inventos relacionados com esta fonte de energia no
10

ano de 1767. Ele cozinhou frutas em um fogão solar do tipo caixa primitivo em que
alcançava temperaturas de até 190 °F (88°C). (RAMOS FILHO, 2011)

O forno solar que Horace de Saussure projetou era formado por duas caixas
de madeira de pinho de tamanhos diferentes, sendo colocadas uma dentro da outra,
isoladas com lã e cobertas por três vidros conforme mostra a Figura 4.

Figura 4 – Forno solar desenvolvido por Horace de Suassere em 1767.

Fonte: http://solarcooking.org/saussure.htm
A criação e a utilização de fogões solares, teve uma excelente propagação,
no século XIX, esta propagação foi incentivada pelo astrônomo britânico John
Herschel, que fez utilização de uma cozinha solar de sua invenção durante sua viagem
ao sul da África, em 1830. Até o ano de 1860, Mouchot, na Argélia, cozinhou com um
refletor curvado, concentrando os raios solares sobre uma pequena panela. Em 1881,
Samuel P. Langley utilizou uma cozinha solar durante a subida ao monte Whitney nos
Estados Unidos. Vale lembrar que todos esses idealizadores de fogões solares, foram
fortes contribuintes e colaboradores, para que hoje esses instrumentos fossem
mundialmente reconhecidos. (GOMES, 2009)

No início do Século XX veio ocorrendo uma utilização massiva dos


combustíveis fósseis, tornando possível a obtenção de energia abundante e
relativamente barata em quase todas as camadas da população. Devido a isto, o novo
mundo industrializado esqueceu as antigas e simples técnicas naturais. Somente no
último terço desse século quando começaram a surgir os problemas resultantes da
distribuição e crescente poluição dos derivados do petróleo, a energia solar voltou a
ser usada ainda que de forma incipiente. (RAMOS FILHO, 2011)
11

Para tornar o fogão solar uma opção real de utilização massiva no cozimento
de alimentos, se destacam os projetos da engenheira Maria Telkes, que criou vários
modelos de cozinhas solares, caracterizados pelo baixo custo e fácil construção,
fatores importantes para a implantação desse modelo de cozinha em países pobres.
Na mesa época, China e Índia respectivamente fizeram enormes esforços para
distribuírem o maior número de fornos solares para a população. (SILVA, 2019)

Em 1960 um estudo da ONU foi publicado para avaliar as reais possibilidades


de implantação e desenvolvimento dos fogões solares nos países em
desenvolvimento. A conclusão dessa publicação foi que as cozinhas, fornos ou fogões
solares, eram viáveis, entretanto, era preciso apenas uma mudança nos costumes
para uma adaptação à sua utilização em grande escala (LION FILHO, 2007).

Em 1992 a associação Solar Cookers International promoveu a Primeira


Conferência Mundial sobre a Cozinha Solar, um acontecimento histórico e marcante
sobre esse tema, que reuniu pesquisadores e entusiastas de 18 países. Essa
Conferência repetiu-se em 1995, 1997, 2006 e recentemente, no ano de 2008, na
Espanha. (GOMES,2009)

Fornos solares vem sendo utilizados em grande escala na Índia, China,


Quênia, Afeganistão e Senegal para a cocção de alimentos e esterilização de água,
zonas estas, onde há escassez de combustível sólido. (SILVA, 2019)

No Brasil o estudo de fogões solares teve seu início e pioneirismo no


Laboratório de Energia Solar da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na década
de 1980, através do Pesquisador Bezerra, que construiu vários tipos de Fogões à
Concentração, utilizando materiais diversos para a superfície refletora. (LION
FILHO,2007)

Já no Rio Grande do Norte, o Laboratório de Máquinas Hidráulicas e Energia


Solar (LMHES) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foi o local
promissor nessa linha de pesquisa, fornos/fogões solares, o qual tem merecido
destaque em mais de 30 anos de estudos. (RAMOS FILHO, 2011)

O primeiro forno solar fabricado na Universidade Federal do Rio Grande do


Norte (UFRN) foi feito em madeira possuindo quatro segmentos de inox unidos
formando a superfície refletora que concentrava a radiação solar e a enviava para o
12

recinto de assamento. Fabricado em 1986, os ensaios demonstraram a baixa


eficiência do forno em função de um nível de absortividade do inox muito maior que o
espelho, apesar de sua boa refletividade. A Figura 5 mostra o primeiro forno solar
fabricado na UFRN.

Figura 5 – Primeiro forno solar fabricado na UFRN.

Fonte: Sousa (1986)

2.4 Forno solar tipo caixa

Segundo Pereira Neto (2018) resumidamente existe dois tipos de forno solar:
O tipo caixa espelhado e o tipo caixa com superfície absorvedora enegrecida. O forno
solar tipo caixa com superfície absorvedora simula o efeito estufa para assar os
alimentos propostos, ele é formado por uma caixa com isolante nas laterais e na
superfície inferior externa, interna e inferior enegrecida possuindo vidro na parte
superior da caixa e um heliostato. Já o forno solar tipo caixa espelhado utiliza o
fenômeno da reflexão para chegar ao mesmo objetivo, ele também é diferenciado pela
implementação de espelhos em suas superfícies internas e a inexistência de uma
superfície enegrecida. Mesmo possuindo características bem parecidas seus
princípios de funcionamento são bastante diferentes.

Os fornos tipo caixa, podem apresentar diferentes configurações e variações


na quantidade na quantidade de refletores externos, podendo variar entre 0 e 4
refletores, contendo superfícies planas ou levemente côncavas. Dessa forma, as
temperaturas de trabalho deste tipo de forno podem chegar até 150°C, tendo um
aquecimento lento, mas podem ser facilmente operados. Esta característica colabora
para que o alimento se mantenha sempre aquecido por um longo tempo sem
13

necessitar da presença de um operador. Vale lembrar também que os riscos de


operação são mínimos por não haver concentração de reflexos de luz solar e não
apresentar riscos de geração de chama durante o cozimento dos alimentos propostos.
Tendo como mais um ponto positivo normalmente, os projetos tendem para utilização
de materiais de baixo custo, de fácil transporte e de dimensões reduzidas. (PEREIRA
NETO, 2018)

Figura 6 – Ilustração do forno solar tipo caixa.

Fonte: http://www.sempresustentavel.com.br/solar.htm
Esse tipo de fogão encontra ampla aplicação em todo mundo, principalmente
na Ásia e na África, destacando-se a Índia e a China, como sendo os países que mais
tem investido em programas sociais que viabilizam a construção de fogões solares a
baixo custo, para uma utilização significativa por parte de seu povo (ARAÚJO, 2015).

Os fornos solares tipo caixa já foram objeto de estudo e desenvolvimento de


inúmeros artigos, teses de mestrado e doutorado pelo LMHES/UFRN além de serem
apresentados em congressos nacionais e internacionais. Tendo alguns exemplos
como publicado por Melo (2008), Sousa (2013), Gomes (2015), Pitta (2012) e Spinelli
(2016)

Melo (2008) Projetou fabricou e estudou um forno solar a partir de uma sucata
de fogão convencional a gás. O forno do fogão convencional foi utilizado como recinto
de assamento onde o absorvedor (panela) do forno solar ficou localizado, sendo
recoberto por uma lâmina de vidro para a geração do efeito estufa e tendo fundos e
laterais isolados por um compósito à base de gesso e isopor. Segmentos de espelhos
planos foram colocados nas laterais do forno para prover a concentração da radiação
e uma parábola refletora foi introduzida no recinto de assamento. Foram
demonstradas as viabilidades térmicas, econômica e de materiais do fogão em
14

estudo. A temperatura interna média do absorvedor ficou em torno de 150°C e a


temperatura interna do forno em torno de 120°C. A Figura 7 mostra o forno estudado.

Figura 7 – Forno solar fabricado a partir de uma sucata de fogão convencional.

Fonte: Melo (2008)


Sousa, et al. (2013) apresentaram no COBEM 2013 um forno solar de baixo
custo fabricado com blocos de material compósito, a partir de EPS em pó, gesso e
cimento. Acima da caixa do forno localizava-se uma superfície refletora para
concentrar os raios incidentes, enviados ao seu interior. Os blocos que constituíam o
forno apresentavam baixa condutividade térmica, eram leves e apresentavam boa
resistência mecânica. Foram realizados ensaios para assamento de pizzas, bolos,
empanados e quibes, com boa eficiência. O bolo foi assado em apenas cinquenta
minutos. O forno proposto pode ajudar a população mais carente de nossa região,
podendo constituir-se numa opção de geração de emprego e renda. A Figura 8 mostra
o forno solar fabricado em material compósito.
15

Figura 8 – Forno fabricado a partir de chapas de material compósito de baixa condutividade.

Fonte: Sousa (2013)

Gomes (2015), em sua Tese de Doutorado do PPGEM, estudou um forno


solar destinado a assar alimentos, construído a partir de resíduos de Medium Density
Fiberboard (MDF). A principal inovação do trabalho foi a fabricação do forno utilizando
resíduos de MDF da indústria moveleira. O MDF, por ser um derivado da madeira,
apresenta uma baixa condutividade térmica, se mostrando um bom isolante térmico,
propriedade importante para a minimização das perdas térmicas, e se apresenta como
um material sustentável. Os resultados de ensaios de assamento para vários
alimentos demonstraram a viabilidade do forno fabricado para esse fim. A Figura 9
mostra o forno solar estudado.

Figura 9 – Forno solar estudado por Gomes.

Fonte: Gomes (2015)


16

Pitta (2012) fabricou um modelo de forno solar destinado a assar alimentos,


construído a partir de sucatas de vidros utilizados em janelas. Utilizou-se raspa de
pneu como isolante entre os elementos estruturais das paredes do forno. As principais
características do forno/fogão solar proposto foram seu baixo custo e fáceis processos
de fabricação e montagem. A borracha do pneu apresenta um bom isolamento
térmico, propriedade importante para a minimização das perdas térmicas e se
apresenta como um material sustentável. As temperaturas máximas do teste sem
carga foram 141 na superfície absorvedora e 94 no ar interno do forno. Um dos testes
de assamento foi o medalhão de merlúzia, 400 g, obtido em 45 minutos. A Figura 10
mostra o forno solar com recinto solar fabricado totalmente em vidro.

Figura 10 – Forno solar com recinto solar fabricado totalmente em vidro.

Fonte: Pitta (2012)


Spinelli (2016), em sua Dissertação de Mestrado, estudou um forno solar
fabricado a partir de chapas de MDF com capacidade de assar vários alimentos
simultaneamente. Foram realizados ensaios para o assamento de vários alimentos,
com variadas cargas. Em um desses ensaios foi produzido o assamento de oito bolos
em apenas oitenta minutos e seus resultados comparados com os vários tipos de
fornos solares já existentes mostrados pela literatura especializada. Foram analisadas
a viabilidade térmica, onde foram alcançadas temperaturas máximas de 140,5ºC, e
econômica de tal forno, que pode proporcionar a socialização do uso da energia solar
por comunidades carentes, podendo se tornar uma fonte de geração de emprego e
renda. A Figura 11 mostra o forno estudado por Spinelli.
17

Figura 11 – Forno solar estudado por Spinelli.

Fonte: Spinelli (2016)

2.5 Princípios do aquecimento no forno solar

Este tópico será baseado em observações feitas por Aalfs (2013), Spinelli
(2016) e Silva (2019).

Combinando os efeitos de radiação no corpo negro e efeito estufa, temos um


efeito duplo na geração e armazenamento de calor que são essenciais para a cocção
de alimentos, uma parte da que energia entra no forno é refletida para o ambiente
externo e boa parte é absorvida continuamente pelo ar e pelos materiais no interior do
forno.

Ao se colocar um corpo negro nessa região interna estará se aproveitando


ainda mais desse calor contido no interior do forno. Esse calor emitido por
infravermelho é transmitido ao vidro e retorna ao corpo negro sendo absorvido
novamente, promovendo uma elevação na temperatura até atingir um ponto de
equilíbrio entre o ganho e a perda de calor.

Portanto pode-se afirmar que uma caixa com uma determinada capacidade
de retenção pode atingir temperaturas mais elevadas se tiver uma luz solar mais forte
incidindo sobre ela, ou um adicional de raios solares causados por um refletor ou até
mesmo um melhor isolamento térmico.
18

2.5.1 Ganho de calor (efeito estufa)

Esse efeito é consequência do aquecimento em espaços fechados onde a luz


solar passa través de um material transferente, podendo ter como exemplo o vidro ou
plástico. A radiação solar que consegue passar em grande parte facilmente através
do vidro sendo absorvida e refletida por materiais no espaço fechado.

Por grande parte dessa energia radiante não conseguir passar de volta
através do vidro, fica presa no recinto de forno aquecendo-o. Outra parte da energia
luminosa, que não mudou seu comprimento de onda, é absorvida por outras partes
do ambiente interno do forno ou retorna pelo material transparente. A figura 12 ilustra
o efeito estufa.

Figura 12 – Efeito estufa Gerado na caixa quente.

Fonte: Aalfs (2013)

Portanto o ganho de calor será maior conforme a orientação do vidro em


relação ao sol, sendo inclinado de uma forma que posso passar mais luz solar por ele.
Como ilustrado na figura 13.

Figura 13 – Orientação do vidro em relação ao sol.

Fonte: Aalfs (2013)


19

2.5.2 Perda de calor

O calor dentro de um forno solar pode ser dissipado de diversas maneiras.


Sendo por condução, convecção ou radiação.

A Figura 14 ilustra um exemplo de transferência de calor onde o fogo transfere


calor para o material da panela e em seguida para o material do cabo. Da mesma
forma ocorre no forno solar tipo caixa, ocasionando perdas de calor por condução pelo
vidro, isolamentos laterais, fundo do forno até mesmo pelo ar.

Figura 14 – Calor da panela transferido para o cabo.

Fonte: Aalfs (2013)

Ocorrendo o ganho de calor no interior do forno, todas as superfícies


aquecidas e a panela ou alimento proposto passam a liberar calor ou irradiam calor
em suas redondezas. Grande parte desse calor irradiado fica contido no interior do
forno solar pois é refletido pelo vidro e paredes, porem uma parte consegue atravessar
o vidro tendo como destino o ambiente externo, dessa forma ocorre a perda de calor
por radiação.

Já a perda de calor por convecção ocorre devido as moléculas de ar se


moverem para fora e para dentro do forno pelas frestas. Estas frestas são
consequência de rachaduras ou imperfeições de fabricação, por isso devem ser
reduzidas na faze de projeto do forno reduzido este tipo de perda de calor. A figura 15
demostra como pode ocorrer esta perda de calor.

Figura 15 – Ar aquecido pode escapar através das frestas.

Fonte: Aalfs (2013)


20

2.5.3 Estocagem de calor

Com o aumento da densidade dos materiais dentro da armação isolada do


fogão solar ocorre o aumento da capacidade de retenção de calor dentro do fogão.
Portanto com o intuito de prolongar o tempo de aquecimento pode-se então adicionar
materiais pesados no interior da caixa, tendo como exemplo, rochas, tijolos, panelas
e entre outros. A figura 16 ilustra isso.

Figura 16 – Massa térmica dentro do fogão.

Fonte: Aalfs (2013)

A energia que é absorvida é então armazenada em forma de calor nos


materiais propostos, sendo irradiado dentro da caixa, fazendo com que a mesma se
mantenha aquecida por um período mais longo ao final do dia.
21

3 Materiais e Métodos

3.1 Processo de fabricação e montagem do forno solar

Neste capítulo serão apresentados os processos de fabricação e montagem


do forno solar proposto, os procedimentos realizados nos ensaios do forno e como
será realizado seu balanço de energia. Todos os experimentos foram realizados no
Laboratório de Máquinas Hidráulicas e Energia Solar (LMHES) da UFRN.

Fundamentando-se em uma fabricação relativamente simples, o forno solar


proposto é do tipo caixa e o material utilizado para formar as caixas que o compõem
foi a madeira MDP (Medium Density Particleboard) por seu baixo custo, durabilidade,
resistência à umidade e por ser ecologicamente correto. As placas das caixas
possuem uma espessura de 2 cm e suas dimensões serão apresentadas na Tabela
1. O forno solar apresenta caraterísticas típicas de uma estufa onde a cobertura
superior deve ser transparente permitindo a incidência dos raios solares em seu
interior, sendo então um vidro de 1 cm de espessura possuindo uma área de 0,28 m²,
dessa forma o forno pode ser apontado como uma caixa térmica onde os raios solares
serão recebidos e concentrados para elevação de sua temperatura interna que será
sustentada pelo afeito estufa.

Tabela 1 – Dimensões externas e internas do forno solar.


Dimensões Comprimento (cm) Largura (cm) Altura (cm) Volume (cm)
Externas 80 50 15 60 000
Internas 70 40 10 28 000
Fonte: Autoria própria.

O projeto básico consiste na montagem de duas caixas que foram formadas


com placas de madeira mdp com auxílio de parafusos, sendo uma menor no interior
de outra contendo dimensões superiores para que exista um espaço entre elas, onde
será colocado o isolante térmico (serragem de carnaúba). No exterior da caixa maior
foram fixadas alças para facilitar o transporte, e todo o interior da caixa menor foi
coberto por um revestimento metálico que posteriormente foi pintado na cor preto
fosco, para maximizar a absorção de calor, e por fim foi utilizado o vidro para tampar
a caixa e permitir a infiltração dos raios solares em seu interior.
22

A seguir as etapas de fabricação e montagem do forno solar proposto serão


descritas detalhadamente, sendo cada etapa seguida de uma imagem para facilitar o
entendimento.

1. Fabricação da caixa menor utilizando MDP e revestimento de sua parte


interna utilizando uma chapa metálica que posteriormente foi pintada
na cor preto fosco. Também foram instalados suportes para
futuramente serem a sustentação do vidro da tampa.

Figura 17 – Montagem do forno parte 1

Fonte: Autoria própria.

2. Fabricação de caixa maior utilizando MDP. Nesta etapa também foram


instaladas as alças para transporte do forno e calços para fixar a base
interna em um espaçamento de 5 cm.

Figura 18 – Montagem do forno parte 2

Fonte: Autoria própria.


23

3. Preenchimento da base da caixa maior com o isolante (serragem de


carnaúba) para assentamento da caixa menor.

Figura 19 – Montagem do forno parte 3.

Fonte: Autoria própria.


4. Encaixe da caixa menor na estrutura e preenchimento das laterais com o
isolante.

Figura 20 – Montagem do forno parte 4.

Fonte: Autoria própria.


24

5. Fechamento da parte superior da caixa com madeira MDP envernizada


e com vidro na parte interna.

Figura 21 – Montagem do forno parte 5.

Fonte: Autoria própria.

6. Fabricação do heliostato com estrutura metálica para encaixe do forno


e fixação do espelho refletor no heliostato.

Figura 22 – Fabricação do forno parte 6.

Fonte: Autoria própria.


25

7. Para finalizar, o forno tipo caixa foi posicionado na estrutura do heliostato e


tendo como resultado o forno proposto finalizado.

Figura 23 – Montagem do forno parte 7.

Fonte: Autoria própria.

3.2 Procedimento experimental

Os ensaios foram realizados em dois dias, sendo um dia sem carga no forno
para que fossem medidas as temperaturas evolutivas ao decorrer do tempo. No dia
seguinte, foram realizados ensaios com carga colocando o forno a teste para saber
em quanto tempo aconteceria a cocção de determinados alimentos anteriormente
selecionados. Em ambos os dias as condições climáticas estavam favoráveis para
realização dos ensaios, com boa incidência solar e sem presença de nuvens.

O forno foi então colocado em local aberto para que sua exposição ao sol
acontecesse de forma máxima, podendo também obter um melhor foco da radiação
solar em seu interior. Devido ao aquecimento através da radiação solar de duas
formas, sendo direta e indiretamente, o forno alcança temperaturas suficientes em seu
interior. Sendo a radiação direta os raios solares que incidem sobre o vidro
transparente da tampa do forno, e a indireta a radiação solar refletida pelo eliostato
para o interior da caixa.
26

O que ocorre dentro de um forno tipo caixa é que a luz do sol, tanto direta
quanto aquela que é refletida, entra na caixa através do seu topo de vidro. Na caixa
ela se torna energia térmica que é absorvida pelo interior do forno e pelo alimento
sujeitado a cocção. A partir daí esse calor interno faz com que a temperatura dentro
do forno solar da caixa aumente até o ponto em que a perda de calor dentro o forno
seja igual ao ganho. Assim temperaturas suficientes para o cozimento de alimentos
são alcançadas sem maiores dificuldades.

O primeiro dia de ensaio foi realizado dia 01 de novembro de 2022, no


Laboratório de Máquinas Hidráulicas e Energia Solar (LMHES). Neste dia foram
coletadas e analisadas as temperaturas nos seguintes locais do forno proposto: chapa
interna, ar no interior do forno, vidro da tampa em sua parte interna, vidro da tampa
em sua parte externa e nas laterais leste, sul, oeste, norte e inferior da parte externa
do forno para a determinação do nível de perda térmica e posterior determinação de
sua eficiência térmica. Prezando por melhores condições de radiação solar o ensaio
teve início às 12h e 30 min e finalizado as 13h e 30 min. As temperaturas foram
coletadas em intervalos de 4 minutos durante 1 hora de ensaio e juntamente com as
temperaturas foram medidos os níveis de radiação solar global nos mesmos intervalos
de 4 minutos.

No dia 02 de novembro de 2022 foi realizado o segundo dia de ensaio sendo


desta vez com alimentos, novamente no LMHES. Primeiramente o forno foi
posicionado em local aberto para maior exposição ao sol até que chegasse em sua
temperatura máxima de aproximadamente 122°C em sua chapa metálica interna
como observado no primeiro dia de experimento. O ensaio teve duas etapas sendo a
primeira para assar dois bolos simultaneamente e a segunda para assar uma pizza e
uma porção de nuggets de frango também simultaneamente.

A primeira etapa teve início às 10h e 25 min quando foram colocados dois
bolos de mesma gramatura no forno proposto, sendo um de chocolate e outro de
cenoura. As 11h e 45min foi retirado o bolo de chocolate e as 12h e 5 min foi retirado
o bolo de cenoura que demorou um pouco mais para assar. A Figura 24 mostra os
bolos distribuídos dentro do forno solar tipo caixa durante o processo de assamento.
27

Figura 24 – Bolos em processo de assamento.

Fonte: Autoria própria.

A segunda etapa do experimento teve início após a retirada dos bolos. As 12h
e 10min foram adicionados simultaneamente uma pizza de frango e uma porção de
nuggets de frango. As 12h e 30min foi retirada a pizza se mantendo apenas os nuggets
no forno que foram retirados as 12 e 55min finalizando o experimento. A figura 25
mostra a pizza e os nuggets distribuídos dentro do forno proposto durante o processo
de assamento.

Figura 25 – Pizza e Nuggets em processo de assamento.

Fonte: Autoria própria.


28

Para obtenção e acompanhamento da elevação das temperaturas internas do


forno foram utilizados 3 (três) termopares tipo K, sendo o primeiro colocado no centro
da superfície absorvedora (chapa metálica), o segundo fixado na metade da distância
entre o vidro e o fundo do forno, onde, o mesmo realiza a coleta da temperatura do ar
interno e o terceiro colocado na parte interna do vidro da tampa do forno. Para isso foi
utilizado o medidor TH-060 RS232 Datalogger conforme mostra o equipamento na
figura 26.

Figura 26 – Termômetro associado aos termopares.

Fonte: Autoria própria.

Foi então utilizado para medição das temperaturas externas do forno e do


vidro no experimento o medidor de temperatura a laser infravermelho modelo HM-88C
HIGHMED tal equipamento é mostrado na figura 27.

Figura 27 – Termômetro digital.

Fonte: Autoria própria.


29

O equipamento utilizado para coletar a radiação global, consiste no radiômetro


MES-100, conforme consta na Figura 28.

Figura 28 – Radiômetro digital.

Fonte: Autoria própria.

3.3 Procedimento para o cálculo do balanço de energia

Os processos para realização dos cálculos do balanço de energia serão


demonstrados nas equações expostas nos subtópicos a seguir. Todos os processos
para cálculo do balanço de energia vão de acordo com PEREIRA NETO (2018).

3.3.1 Energia que entra no forno

A energia total que entra no forno proposto tem origem de duas fontes. Sendo
uma a radiação solar global que incide diretamente no topo do forno e a outra a
radiação solar direta que é refletida no espelho do heliostato posicionado acima do
forno. A equação (1) mostra a energia total que entra no forno.

𝐸𝑒 = 𝐸𝑔 + 𝐸𝑟𝑒 (1)

Sendo:

𝐸𝑒 = Energia que entra no forno (W);

𝐸𝑔𝑑 = Energia da radiação solar global que incide diretamente no forno (W);

𝐸𝑟𝑒 = Energia da reflexão do espelho do heliostato (W).

Para obtenção das energias de entrada no forno, foram utilizadas as


equações (2) e (3) mostradas a seguir.
30

𝐸𝑔𝑑 = 𝐼𝑔 𝜏𝑣 𝐴𝑣 (2)
𝐸𝑟𝑒 = 𝐼𝑑 𝜌𝑒 𝜏𝑣 𝐴𝑢 (3)

Onde:

𝐼𝑔 = Radiação instantânea global que entra no forno;

𝐼𝑑 = Radiação instantânea direta que entra no forno;

Sendo 𝐼𝑑 = 0,8𝐼𝑔 para condições de céu limpo com poucas nuvens;

𝜌𝑒 = Refletividade do espelho = 0,90;

𝜏𝑣 = Transmissividade do vidro = 0,85;

𝐴𝑣 = Área do vidro = 0,28 m²;

𝐴𝑢 = Área útil do espelho = 0,37 m².

3.3.2 Energia que sai do forno

Por não existir um isolante ideal, haverá sempre perdas de energia. Portanto
analisando as perdas no caso do forno proposto. Haverá perdas de energia pelas
laterais e por sua parte inferior através da convecção. Juntamente com perdas de
energia por seu vidro na parte superior que ocorrerão por convecção e por radiação
como demonstrado na equação (4).

𝐸𝑝 = 𝐸𝑝𝑆 +𝐸𝑝𝑂 + 𝐸𝑝𝑁 + 𝐸𝑝𝐿 + 𝐸𝑝𝐼 + 𝐸𝑝𝑉 𝑐 + 𝐸𝑝𝑉 𝑟 (4)

Onde:

𝐸𝑝𝑆 = Energia perdida pelo forno pela região sul (W);

𝐸𝑝𝑂 = Energia perdida pelo forno pela região oeste (W);

𝐸𝑝𝑁 = Energia perdida pelo forno pela região norte (W);

𝐸𝑝𝐿 = Energia perdida pelo forno pela região leste (W);

𝐸𝑝𝐼 = Energia perdida pelo forno pela região inferior (W).


31

𝐸𝑝𝑉 𝑐 = Energia perdida pelo forno pela região do vidro por convecção (W);

𝐸𝑝𝑉 𝑟 = Energia perdida pelo forno pela região do vidro por radiação (W);

Com intuito de quantificar a energia perdida, foi utilizada a lei de Newton para
o resfriamento, se tratando da convecção na equação (5). No caso da equação (6) foi
utilizada a lei de Stefan-Boltzman, para a radiação.

𝐸𝑝 = 𝑄𝑐𝑜𝑛𝑣 = ℎ𝑐 . 𝐴𝑠 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑎𝑚𝑏 ) (5)


𝐸𝑝 = 𝑄𝑟𝑎𝑑 = ℎ𝑟 . 𝐴𝑠 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑎𝑚𝑏 ) (6)

Sendo:

ℎ𝑐 = Coeficiente de transferência de calor por convecção, em W/m²K;

ℎ𝑟 = Coeficiente de transferência de calor por radiação, em W/m²K;

𝐴𝑠 = área da superfície, em m²;

𝑇𝑠 = temperatura da superfície, em K;

𝑇𝑎𝑚𝑏 = temperatura ambiente, em K;

Segundo Duffie et. Al (1991) o coeficiente de transferência de calor por


convecção, entre o ar ambiente e a superfície externa, pode ser determinado pela
equação (7).

ℎ𝑐(𝑣𝑒−𝑎) = 2,8 + 3. 𝑣𝑣 (7)

Onde:

𝑣𝑣 = velocidade do vento, em m/s.

Esta equação é válida para velocidades de vento compreendidas entre 0,0 e


7,0 m/s. Na UFRN, local onde foram feitos os testes, foram constatados velocidade
de 0.5 m/s à uma temperatura média ambiente de 31,8°C de acordo com a central
meteorológica do LMHES. (SPINELLI, 2016).
32

De acordo com Duffie et. Al (1991) o coeficiente de troca térmica radiativa


entre a superfície externa do vidro da cobertura e a abóbada celeste é função das
condições climáticas do local considerado podendo ser determinado através da
equação (8).

4 4
−8
𝑇𝑣𝑒 − 𝑇𝑠𝑘𝑦
ℎ𝑟(𝑣𝑒−𝑎) = 5,16 ∗ 10 (8)
𝑇𝑣𝑒 − 𝑇𝑎𝑚𝑏

Onde:

𝑇𝑣𝑒 = temperatura externa do vidro, em K.

𝑇𝑠𝑘𝑦 = temperatura da abóbada celeste, em K.

𝑇𝑎𝑚𝑏 = temperatura ambiente, em K.

Sem incorrer em erros significativos, pode-se obter o valor de 𝑇𝑠𝑘𝑦 , a partir de


𝑇𝑎𝑚𝑏 , através da equação (9).

1,5
𝑇𝑠𝑘𝑦 = 0,0552 ∗ 𝑇𝑎𝑚𝑏 (9)

3.3.3 Energia absorvida pelo forno

𝐸𝑎𝑏𝑠 = 𝐸𝑒 − 𝐸𝑝 (10)

Sendo:

𝐸𝑎𝑏𝑠 = Energia total absorvida pelo forno (W).

3.3.4 Rendimento interno do forno

O rendimento interno do forno será calculado pela razão entre a energia


absorvida pelo alimento e a energia total que entra no forno segundo com a equação
(11).
33

𝐸𝑎𝑏𝑠
𝜂𝑅𝐼 = ∗ 100 (11)
𝐸𝑒𝑓

Onde:

𝜂𝑅𝐼 = Rendimento interno do forno.


34

4 Resultados e Discussões

4.1 Ensaio sem carga

No dia 01 de novembro de 2022 foi realizado o ensaio sem carga no forno


solar proposto com intuito de medir seu desempenho. O ensaio foi realizado no
Laboratório de Máquinas Hidráulicas e Energia Solar (LMHES) da UFRN e teve início
às 12 horas e 33 minutos tendo a finalidade de aferir temperaturas em alguns pontos
do forno para a determinação do nível de perda térmica e posterior determinação de
sua eficiência térmica. Após a aquisição dos dados (temperaturas e radiações), eles
foram organizados em uma tabela como mostrado na Tabela 2.

Tabela 2 – Temperaturas internas e radiação coletadas.


hora 𝑻𝒄𝒉𝒂𝒑𝒂 (°C) 𝑻𝒂𝒓 (°C) 𝑻𝒊𝒗 (°C) 𝑻𝒆𝒗 (°C) 𝑰𝒈 (W/m²) 𝑰𝒅 (W/m²) Tempo

12:30 73,1 65 36 43 960 768 Sol

12:34 80,7 70 48 46,4 1023 818,4 Sol

12:38 81,4 71,1 52,9 49,3 1030 824 Sol

12:42 87,6 77,2 59,5 52,9 1072 857,6 Sol


12:46 91,9 80,9 63,9 54,1 1020 816 Sol

12:50 96,6 86 69,7 59,4 950 760 Sol

12:54 100 88,3 73,6 64,9 1000 800 Sol


12:58 105 95 78,7 72,9 1023 818,4 Sol

13:02 107 98,3 81,5 73 950 760 Sol

13:06 110 101,6 82,8 73,2 1030 824 Sol


13:10 112,4 108,7 87,8 73,5 1060 848 Sol

13:14 115 112,3 89,3 73,6 1080 864 Sol

13:18 117 116,3 93,6 73,8 1040 832 Sol


13:22 120 117,5 97,7 74,2 1025 820 Sol

13:26 122 117,6 97,9 75,5 1045 836 Sol

13:30 122,1 117,7 98 75,6 1050 840 Sol

Fonte: Autoria própria.


Sendo:

𝑇𝑐ℎ𝑎𝑝𝑎 = Temperatura da chapa interna do forno.


35

𝑇𝑎𝑟 = Temperatura do ar interno do forno.

𝑇𝑖𝑣 = Temperatura na parte interna do vidro da tampa do forno.

𝑇𝑒𝑣 = Temperatura na parte externa do vidro da tampa do forno.

Com os dados coletados da Tabela 2, foi possível gerar a Figura 29 que


mostra um gráfico das temperaturas coletadas na superfície absorvedora em função
do tempo. Com os dados também foi possível gerar a Figura 30 que mostra um gráfico
das radiações coletadas em função do tempo.

Figura 29 – Gráfico das temperaturas da superfície absorvedora em função do tempo.

140

120

100
Temperatura (°C)

80

60

40

20

0
12:46
12:30

12:34

12:38

12:42

12:50

12:54

12:58

13:02

13:06

13:10

13:14

13:18

13:22

13:26

13:30

Tempo (h)

T.chapa T.ar T.iv T.ev

Fonte: Autoria própria.


36

Figura 30 - Gráfico das radiações em função do tempo.


1200

1000
Radiação (W/m²)

800

600

400

200

13:06
12:30

12:34

12:38

12:42

12:46

12:50

12:54

12:58

13:02

13:10

13:14

13:18

13:22

13:26

13:30
Tempo (h)

I.g I.d

Fonte: Autoria própria.


No mesmo ensaio onde foram coletadas as temperaturas já expostas foram
também coletadas as temperaturas das superfícies laterais externas, com a finalidade
de posteriormente obter as taxas de perda de energia.

As temperaturas foram medidas em três pontos (a, b e c) em cada superfície


externa do forno, sendo as laterais (Sul, Oeste, Leste e Norte) e as superfícies inferior
e superior (Parte externa do vidro da tampa e fundo do forno). Portanto, com os dados
coletados foi possível elaborar a Tabela 3.

Tabela 3 – Temperaturas externas coletadas.


Superfície Ta (°C) Tb (°C) Tc (°C) Média(°C) Des.Padrão(°C) Incidência
Sul 32,3 33,3 32,3 32,63 0,57 Sombra
Oeste 40,2 40,1 40,1 40,13 0,05 Sol
Leste 34,3 33,8 34,4 34,16 0,32 Sombra
Norte 34,8 36 34,9 35,23 0,66 Sol
Inferior 37 35,4 34,9 35,76 1,09 Sombra
Vidro 60 58 62 60 2 Sol
Fonte: Autoria própria.
37

Analisando a Tabela 3 observa-se que a região com maior concentração de


energia é a região superior do forno como esperado, devido à grande incidência solar
em sua superfície provocada pela soma da radiação solar global que incide
diretamente sobre a região superior do forno juntamente com a radiação solar refletida
pelo heliostato chegando a uma média de temperatura de 60°C.

Da mesma forma foi observado que ouve menor concentração de energia na


região Sul do forno for ser uma área que recebeu baixa radiação solar por estar em
uma posição onde não recebeu radiação solar direta nem refletida pelo heliostato.

4.1.1 Balanço energético do forno

Com a obtenção das temperaturas e radiações é medidas nos ensaios será


possível realizar o balanço de energia do forno, com intuito de quantificar as taxas de
energia adquiridas e perdidas pelo forno durante seu uso, além de determinar sua
eficiência.

a) Energia que entra no forno

Para calcular a energia efetiva que entra no forno proposto, é necessário


calcular a energia de radiação solar global que incide diretamente no forno e a energia
da reflexão do espelho do heliostato utilizando as equações (2) e (3) juntamente com
alguns dados já situados no tópico 3.3 para em seguida determinar a energia total que
entra no forno utilizando a equação (1).

𝐸𝑔𝑑 = 1040 ∗ 0,85 ∗ 0,28 = 247,52 𝑊

𝐸𝑟𝑒 = 832 ∗ 0,90 ∗ 0,85 ∗ 0,37 = 235,49 𝑊

Portanto a energia efetiva que entra no forno é dada pela soma a seguir:

𝐸𝑒 = 247,52 + 235,49 = 483,01 𝑊

b) Energia perdida pelo forno

Com intuito de quantificar a taxa de energia perdia ocorrida durante o ensaio


do forno, será realizada a soma das perdas entre as parcelas dos processos de
convecção e radiação utilizando as equações (5) e (6) juntamente com dados já
38

citados no tópico 3.3. Para isso será necessário o agrupamento dos termos dessas
equações para obtenção do resultado.

Para calcular o coeficiente convectivo será utilizada a equação (7) juntamente


com a velocidade do vendo e temperatura ambiente já citados.

ℎ𝑐(𝑣𝑒−𝑎) = 2,8 + 3 ∗ 0,5 = 4,3 𝑊/𝑚²𝐾

Para o cálculo das perdas, foi necessário utilizar as médias das temperaturas
nas partes laterais externas, bem como também, nas superfícies externas do vidro e
inferior do forno já coletadas, além de suas respectivas áreas. Com os dados obtidos,
foi montado a Tabela 5.

Tabela 4 – Temperaturas e áreas externas.


Superfície 𝑻𝒔 (°C) 𝑨𝒔𝒆 (m²)
Sul 32,63 0,12
Oeste 40,13 0,075
Leste 34,16 0,075
Norte 35,23 0,12
Inferior 35,76 0,4
Externa do vidro 60 0,4
Fonte: Autoria própria.
No cálculo da temperatura de céu, é necessário converter a temperatura
ambiente, que foi obtida em Celsius, para Kelvin, dessa forma 31,8°C será 304,95 K.
Logo a temperatura da abóbada celeste é obtida utilizando a equação (9).

𝑇𝑠𝑘𝑦 = 0,0552 ∗ 304,951,5 = 293,95 𝐾

Com isso utilizando a equação (8) o coeficiente radiativo, ℎ𝑟(𝑣𝑒−𝑎) assume o


valor de:

−8
333,154 − 293,954
ℎ𝑟(𝑣𝑒−𝑎) = 5,16 ∗ 10 = 8,87 𝑊/𝑚²𝐾
333,15 − 304,95

Com os dados das equações de perdas já agrupados tem-se os seguintes


valores de perda para cada superfície.

𝐸𝑝𝑠 = 4,3 ∗ 0,12 ∗ (305,78 − 304,95) = 0,43 W


39

𝐸𝑝𝑜 = 4,3 ∗ 0,075 ∗ (313,28 − 304,95) = 2,68 W

𝐸𝑝𝑛 = 4,3 ∗ 0,12 ∗ (308,38 − 304,95) = 1,76 W

𝐸𝑝𝑙 = 4,3 ∗ 0,075 ∗ (307,31 − 304,95) = 0,76 W

𝐸𝑝𝑖 = 4,3 ∗ 0,4 ∗ (308,91 − 304,95) = 6,81 W

𝐸𝑝𝑣𝑐 = 4,3 ∗ 0,4 ∗ (333,15 − 304,95) = 48,50 W

𝐸𝑝𝑣𝑟 = 8,87 ∗ 0,4 ∗ (333,15 − 304,95) = 100,05 W

Portanto, utilizando a equação (4) a energia perdida será:

𝐸𝑝 = 0,43 + 2,68 + 1,76 + 0,76 + 6,81 + 48,50 + 100,05 = 161,09 𝑊

c) Energia absorvida pelo forno

Após serem calculadas as taxas de energia que entraram e saíram do forno,


será agora calculada a taxa de energia absorvida pelo forno utilizando a equação (10).

𝐸𝑎𝑏𝑠 = 483,01 − 161,09 = 321,92 𝑊


d) Rendimento interno do forno

Para calcular o rendimento interno do forno foi utilizada a equação (11).

321,92
𝜂𝑅𝐼 = ∗ 100 = 66,64%
483,01

Com todas as taxas de energia e sua eficiência obtidas, foi possível elaborar
a Tabela 6 que expõe de forma percentual as parcelas de energia que entra, que sai
e que é absorvida pelo forno.

Tabela 5 – Contribuições energéticas e eficiência do forno solar.


Descriminação Energia (W) Porcentagem (%)
Energia que entra no forno 483,01 100%
Energia que sai do forno 161,90 33,35%
Energia absorvida 321,92 66,64%
Fonte: Autoria própria.
40

4.2 Ensaio com carga

No dia 02 de novembro de 2022 foi realizado o ensaio sendo com alimentos,


novamente no LMHES. O ensaio teve duas etapas sendo a primeira para assar dois
bolos simultaneamente e a segunda para assar uma pizza juntamente com uma
porção de nuggets de frango.

A primeira etapa teve início às 10 horas e 25 minutos quando a temperatura


da chapa atingiu sua temperatura máxima estimada de 122°C. Então foram colocados
dois bolos de mesma gramatura (800g) no forno proposto, sendo um de chocolate e
outro de cenoura. As 11h e 45min foi retirado o bolo de chocolate levando 1 hora e 20
minutos para ficar pronto para consumo. As 12 horas e 5 minutos foi retirado o bolo
de cenoura levando 1 hora e 40 minutos para assar demorando um pouco mais para
ficar pronto devido sua coloração ser um pouco mais clara fazendo com que haja
menos concentração de radiação em sua superfície. A Figura 31 mostra os dois bolos
prontos para consumo após seu processo de assamento, sendo o da direita o bolo de
cenoura e o da esquerda o bolo de chocolate.

Figura 31 – Bolos prontos para consumo.

Fonte: Autoria própria.

As 12 horas e 10 minutos foram adicionados simultaneamente uma pizza de


frango de (600g) e uma porção de nuggets de frango de (300g). As 12h e 30min foi
retirada a pizza pronta para consumo totalizando apenas 20 minutos para assar. Os
nuggets foram retirados as 12 horas e 55 minutos e ficaram prontos para consumo em
41

45 minutos. A figura 32 mostra a pizza e os nuggets após o processo de assamento


prontos para consumo.

Figura 32 – Pizza e nuggets prontos para consumo.

Fonte: Autoria própria.

Todos os resultados mostraram a viabilidade do forno para assamento dos


alimentos propostos. Após aquisição do tempo de assamento dos alimentos foi
elaborada a Tabela 4.

Tabela 6 – Tempo de assamento e peso dos alimentos.


Alimento Tempo de assamento quantidade peso
Bolo de chocolate 80 min 1 800g
Bolo de cenoura 100 min 1 800g
Pizza 20 min 1 600g
Nuggets de frango 45 min 1 300g
Fonte: autoria própria.
42

5 Conclusões e Sugestões

5.1 Conclusões

Diante dos fatos e dos valores apresentados, eficiências e tempo de


assamento verifica-se que o forno se apresenta como uma ótima opção para assar
alimentos em locais que possuam boa incidência solar, motivo este que justifica seu
uso no nordeste brasileiro. Devido a isso pode-se chegar as seguintes conclusões em
relação ao forno solar proposto:

• O forno proposto é um elemento alternativo para substituição de combustível


poluente, lenha e GLP.
• O experimento tem limitações, devido necessitar da radiação solar, limitando-
se ao tempo das 10h às 14h, para seu pleno funcionamento.
• Pode ser facilmente confeccionado, tendo também um baixo custo nos
materiais utilizados. Desta forma, podendo ser utilizado por todas as classes sociais.
• Apresentou capacidade de assar todos os alimentos testados.
• O forno apresentou capacidade de assar mais de um tipo de alimento
simultaneamente.
• Os riscos de operabilidade do forno solar são baixíssimos, exigindo alguns
poucos cuidados que podem ser facilmente repassados.
• Sua simples operação não necessita de tanto empenho do operador,
requerendo apenas regular a angulação do heliostato conforme o movimento aparente
do sol, em média de 30 em 30 minutos.
• Os tempos de assamento do forno solar proposto foram sempre superiores
quando comparados aos de um forno convencional, devido terem a capacidade de
chegar a uma temperatura de até 250°C.

5.2 sugestões

Diante de uma análise processual é notável que se pode sugerir alguns pontos
que possam melhorar a eficácia do projeto, como:

• recomenda-se a implementação de uma base giratória de fácil manuseio


juntamente com um mecanismo de ajuste de melhor manuseio para o heliostato, com
43

a finalidade de facilitar a operação do forno solar proposto reduzindo o esforço do


operador para acompanhar o posicionamento do sol.
• Aumentar a dimensão total do forno para maior capacidade de cocção
simultânea de vários alimentos.
• Aumentar a distância entre o absorvedor e o vidro da tampa do forno proposto,
evitando perdas energéticas maiores. Pois uma altura pequena entre o vidro e a placa
absorvedora intensifica as trocas convectivas e radioativas do vidro.
• Implementação de um programa utilizando a distribuição de um manual de
fabricação e manuseio simplificado do forno solar proposto em comunidades carentes,
proporcionando o incentivo do uso de energia sustentável e de fácil para todos, como
a energia solar.
44

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Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande


do Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia Mecânica.
Natal, RN, 2022.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza.

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Fabricação - Monografia. 4. Cocção de Alimentos - Monografia. 5.
Viabilidade Térmica - Monografia. I. Souza, Luiz Guilherme Meira
de. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 620.92

Elaborado por Fernanda de Medeiros Ferreira Aquino - CRB-15/301

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