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Conceitos Básicos II

Energia e Eletricidade
Meta Apresentar as definições de energia, apontando as formas, o local onde
elas se encontram na natureza e quais as relações existentes entre elas,
bem como apresentar noções gerais sobre eletricidade.
Objetivos

Ao final desta aula você deverá ser capaz de:

 Definir corrente, tensão, potência e energia;


 Comparar as definições de energia de acordo com o senso comum e
com ciência;
 Identificar os recursos e as fontes de energia;
 Identificar quais as formas de energia existentes e as possíveis
relações existentes entre elas;
 Reconhecer as leis de conversões energéticas e suas possíveis
transformações.
Pré-requisitos

 Conceitos básicos de hidráulica e termodinâmica.


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Energia e Eletricidade

Energia e Eletricidade
Conceitos e Fundamentos

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Energia e Eletricidade

Sol, vento, água fresca...

Começamos nossa aula em um momento de relaxamento. Imagine que você


está caminhando em uma praia com seus amigos. Faz calor, mas uma brisa fresca
refresca seu rosto enquanto você sente a areia sob seus pés. Gostou?

Agora pense: você sabe o que é energia? Você conhece as fontes de energia
existentes? Você sabe como elas atuam em sua vida?

Antes de começar a pensar em todas as suas respostas para essas perguntas,


leia o trecho a seguir e observe as imagens.
Saiba Mais

Os hidratos de carbono são a principal fonte de energia alimentar em todo o mundo.


As principais fontes de hidratos de carbono na alimentação do Homem são os cereais,
raízes, tubérculos, leguminosas, vegetais e frutos e produtos lácteos.

Fonte: http://webleones.home.sapo.pt/alimentacao.html

Figura 1- chama de um fogão Figura 2 – exercício físico Figura 3 – crianças lendo Figura 4 – planta germinando

Observando atentamente as figuras e lendo o trecho proposto, com certeza você


os relacionou ao tema central de nossa aula: energia. Quando usamos nossos
músculos em um exercício físico, quando acendemos o queimador de nosso fogão
para preparar uma refeição, quando nos alimentamos e até mesmo quando estamos
lendo um livro, estamos usando energia. A energia está presente em nosso dia a dia,
nas mais variadas formas e é isso que veremos no decorrer desta aula.

O fato é que sem energia não haveria vida em nosso planeta e o ser humano,
único ser racional, sempre busca explicações para os fenômenos que o cercam. Hoje
graças à extensão do campo dos estudos energéticos, é possível fazer um

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levantamento do uso da energia desde a utilização de recursos naturais até a energia


ligada às modernas tecnologias. A abordagem do tema pode acontecer de forma mais
técnica ou pode também relacionar assuntos ligados aos temas socioeconômicos,
ambientais e até mesmo ao aspecto histórico desde sua evolução até resultado futuros.
Mas você deve estar se perguntando: Quais seriam esses recursos naturais geradores
de energia? Como a energia está ligada às modernas tecnologias? O que os temas
socioeconômicos têm a ver com isso?

Como você pode observar, as figuras apresentadas já respondem às questões


levantadas anteriormente. O sol, a água, o vento, as árvores e outros recursos naturais
estão ligados diretamente à geração de energia. Mais adiante você terá maiores
explicações sobre outros tipos de recursos naturais.

A energia pode ser gerada não somente por recursos naturais, mas também
através de modernas técnicas. Como exemplo de um artefato tecnológico moderno,
utilizado na geração de energia, podemos citar os painéis fotovoltaicos que, apesar de
aproveitarem a energia solar, um recurso natural, utilizam um sistema moderno, no
qual os painéis ou módulos solares são formados por células fotovoltaicas que
convertem a energia da luz em eletricidade. A luz é formada por fótons, partículas de
energia luminosa, que ao se chocarem com as células causam a transferência desta
energia aos elétrons. Esses elétrons constituem a cadeia atômica das substâncias que
compõem a célula fotovoltaica, formando corrente (medida em Ampère) e o campo
elétrico da célula cria a voltagem (medida em Volts). Com ambos temos a potência (em
Watts). As células fotovoltaicas são construídas em materiais semicondutores e grades
metálicas para coletar elétrons e transferi-los à parte externa. Recebe uma camada de
material transparente para encapsular e selar o conjunto de intempéries e outra
camada antirreflexiva, impedindo que a luz seja desperdiçada na reflexão.

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Figura 5 - Placa fotovoltaica

Quanto aos fatores socioeconômicos ligados à energia, podemos citar como


exemplo o caso das cidades de Macaé e Rio das Ostras. A exploração de petróleo na
Bacia de Campos, além de favorecer a ida de especialistas da área de extração para
essas duas cidades, beneficiou também o setor da construção civil, o número de
serviços ligados a essa atividade e também a mão de obra de todos os serviços
urbanos.

Pois bem, depois de todas essas informações, você saberia definir o que é
energia? Sim? Não? Acho que posso começar a trilhar um caminho para você.

Isso é energia!

Poucas palavras suportam tantos sentidos e definições como energia. Entre as


muitas definições de energia existentes na história do conhecimento científico, temos a
definição de Aristóteles que, em sua obra Metafísica, define energia como uma
realidade em movimento.

Na definição moderna, desenvolvida em meados do século XIX, juntamente com


a Termodinâmica energia adquiriu o sentido de variedades de fenômenos físicos. A
definição mais usual, que quase corresponde ao senso comum e é encontrada em
muitos livros, afirma que “energia é a medida da capacidade de efetuar trabalho”.

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Fique Sabendo Quem foi Aristóteles?

De todos os grandes pensadores da Grécia antiga,


Aristóteles (384-322 a.C.) é considerado um dos maiores
pensadores de todos os tempos. Até hoje o modo de
pensar e produzir conhecimento deve muito ao filósofo. Foi
ele o fundador da ciência que ficaria conhecida como
lógica e suas conclusões nessa área não tiveram
contestação alguma até o século 17. Sua importância no
campo da educação também é grande, mas de modo
indireto. Poucos de seus textos específicos sobre o
assunto chegaram a nossos dias. A contribuição de
Figura 6 - Aristóteles Aristóteles para o ensino está principalmente em escritos
sobre outros temas. Aristóteles prestou contribuições
importantes em diversas áreas do conhecimento humano, destacando-se: ética, política,
física, metafísica, lógica, psicologia, poesia, retórica, zoologia, biologia, história natural. É
considerado por muitos o filósofo que mais influenciou o pensamento ocidental, a
exemplo das palavras que ele criou e que passaram para quase todas as línguas
modernas (atualidade, axioma, categoria, energia, essência, potencial, potência, tópico,
virtualidade.

Fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles
http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/aristoteles-428110.shtml

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Fique Sabendo O que é Termodinâmica?

Figura 7 - Típico sistema termodinâmico, mostrando entrada de


uma fonte de calor (caldeira) na esquerda e saída para um redutor
de calor (condensador) na direita. Trabalho é extraído, neste
caso, por uma série de pistões

A Termodinâmica (do grego, therme, significa "calor" e dynamis, significa "potência")


é o ramo da Física que estuda os efeitos da mudança em temperatura, pressão e volume
em sistemas físicos na escala macroscópica. Grosso modo, calor significa "energia" em
trânsito, e dinâmica se relaciona com "movimento". Por isso, em essência, a
Termodinâmica estuda o movimento da energia e como a energia cria movimento.
Historicamente, a Termodinâmica se desenvolveu pela necessidade de aumentar a
eficiência das primeiras máquinas a vapor.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Termodin%C3%A2mica

Porém se investigarmos a fundo essa definição, perceberemos que ela se aplica


apenas a alguns tipos de energia, como a mecânica e a elétrica, que a princípio, são
conversíveis em outras formas de energia. Mas então a qual tipo de energia essa
definição não se aplica? Ela perde o sentido quando aplicada ao calor, pois esta forma
de energia é apenas parcialmente convertida em trabalho.

Você deve estar se perguntando: então qual a melhor, ou a mais correta


definição de energia? E essa pergunta eu posso te responder. A definição, que pode
ser considerada mais correta, foi proposta em 1872 por Maxwell, e afirma que “energia
é aquilo que permite uma mudança na configuração de um sistema, em oposição a

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uma força que resiste a esta mudança”.


Fique Sabendo

Quem foi James Clerk Maxwell?

James Clerk Maxwell nasceu em Edimburgoa,


Escócia a 13 de Junho de 1831 e morreu em 5 de
Novembro de 1879, Cambridge, Inglaterra. Maxwell
oi um físico e matemático britânico. Ele é mais
conhecido por ter dado a sua forma final à teoria
moderna do eletromagnetismo, que une a
eletricidade, o magnetismo e a óptica. Esta é a
teoria que surge das equações de Maxwell, assim
chamadas em sua honra e porque ele foi o primeiro
a escrevê-las juntando a Lei de Ampère, por ele
próprio modificada, a Lei de Gauss, e a Lei da
Figura 8 - James Clerk Maxwell
indução de Faraday. Maxwell demonstrou que os
campos elétricos e magnéticos se propagam com a velocidade da luz. Ele apresentou
uma teoria detalhada da luz como um efeito eletromagnético, isto é, que a luz
corresponde à propagação de ondas elétricas e magnéticas, hipótese que tinha sido
posta por Faraday. Demonstrou em 1864 que as forças elétricas e magnéticas têm a
mesma natureza: uma força elétrica em determinado referencial pode tornar-se
magnética se analisada noutro, e vice-versa. Ele também desenvolveu um trabalho
importante em mecânica estatística, tendo estudado a teoria cinética dos gases e
descoberto a chamada distribuição de Maxwell-Boltzmann. Maxwell é considerado por
muitos o mais importante físico do séc. XIX, o seu trabalho em eletromagnetismo foi a
base da relatividade restrita de Einstein e o seu trabalho em teoria cinética de gases
fundamental ao desenvolvimento posterior da mecânica quântica.

Fonte: http://www.ifi.unicamp.br/~ghtc/Biografias/Maxwell/Maxwellbio.html

Esta definição refere-se à mudança de condições, à alteração do estado de um


sistema (quando digo sistema, quero me referir à região de interesse, delimitada
fisicamente ou não, excluindo, dessa forma, tudo o que está fora dessa região) e inclui
duas idéias importantes: (1) as modificações de estado implicam em vencer
resistências; e (2) é justamente a energia que permite obter estas modificações de
estado. Ou seja, para elevar uma massa até uma determinada altura, aquecer ou
esfriar um volume de gás, transformar uma semente em planta, converter minério em

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ferramentas, jogar futebol, ler este texto, sorrir, enfim, qualquer processo que se
associe a alguma mudança, é necessária a obtenção de fluxos energéticos.

Eu posso sentir...

Mais importante que definir energia é perceber a existência dela, é sentir a


energia, é saber que a energia é a causa e a origem primeira de todas as mudanças.

Depois de todas as informações apresentadas, acredito que você deva estar


achando um pouco mais simples entender as permanentes mudanças que acontecem
em nosso mundo. Boa parte das leis físicas que governam o mundo natural são, no
fundo, variantes das leis básicas dos fluxos energéticos, as eternas e inescapáveis leis
de conservação e dissipação que estruturam todo o Universo, desde o micro ao
macrocosmo.

Como primeiro exemplo de um conceito associado à energia, podemos citar o


conceito da potência que corresponde ao fluxo de energia no tempo, ou seja, a
variação do tempo associada à alteração do estado de um sistema. Ao se tratar de
fluxos de energia em processos humanos e econômicos, o tempo é um fator essencial.

Figura 9 - Madeira queimando Figura 10- Ferrugem

Nas figuras apresentadas anteriormente você pode observar dois processos de


oxidação: a queima da madeira e a formação de ferrugem. O primeiro processo mostra
a formação de um combustível, processo no qual a oxidação acontece em um curto
espaço de tempo, já no segundo exemplo, a formação de um resíduo, a ferrugem,

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acontece lentamente. Ambos são processos energéticos, mas de sentido totalmente


diverso devido às distintas taxas ou velocidades nas quais ocorrem.

Relacionando o conceito de potência ao de energia, de forma mais direta,


podemos dizer que potência é a grandeza que determina a quantidade de energia
concedida por uma fonte a cada unidade de tempo. Em outros termos, potência é a
rapidez com a qual certa quantidade de energia é transformada.

Geralmente as demandas energéticas são medidas em kWh (quilo Watt por


hora), kJ (quilo Joule) ou kcal (quilo caloria), mas sob uma imposição de tempo, ou
seja, com dado requerimento de potência, avaliada em kW.

Uma sociedade moderna, que busca atender suas demandas energéticas de


forma rápida é tão insaciável em potência quanto em energia.

As formas da energia

Se formos considerar a energia como capacidade de promover mudanças de


estado, podemos encontrá-la representada, fisicamente, de diversas formas. De uma
maneira geral, um potencial energético é o produto obtido através de uma variável da
quantidade considerada e uma variável da disponibilidade de conversão entre formas
energéticas. Desta forma, podemos concluir que potencial energético é a capacidade
potencial de se obter energia. É importante ressaltar que apenas nos processos de
conversão é identificada a existência de energia, a qual se apresenta como calor ou
como trabalho.
Importante

Calor é o fluxo energético decorrente da diferença de temperatura, correspondente


a uma variação desordenada, enquanto que trabalho é um processo equivalente à
elevação de um peso, e este é correspondente a uma variação ordenada de energia.

Pode ser que ainda não estejam muito claros para você alguns conceitos e
algumas definições sobre as formas de energia existentes, por isso, a partir desse
momento irei apresentá-las.

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Fundamentais para o processo básico de conversão de energia no Universo, em


nível atômico, podem ser identificadas as energias nuclear e atômica.

A energia nuclear resulta da fusão dos núcleos de átomos


leves, como do hidrogênio, em um processo físico onde ocorre
uma diferença de massa, entre os reagentes e os produtos de
reação, que corresponde a significativas quantidades de energia
liberada. Trata-se de um processo de sedutoras possibilidades
para a geração de energia comercial, mas de difícil controle e,
na atualidade na escala das realizações humanas, sua única Figura 11- Símbolo da
energia nuclear
aplicação tem sido destrutiva, como nas bombas de hidrogênio.

Já a energia atômica relaciona-se com processos de


fissão de átomos pesados, como urânio, tório e plutônio4 em
decorrência da instabilidade natural ou provocada de alguns
de seus isótopos. Tais materiais tendem a converter-se em
outros materiais com número atômico mais baixo com
liberação de energia devido à perda de massa observada. Figura 12 - Explosão de uma
bomba de hidrogênio

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Fique Sabendo

Figura 13 - Tabela periódica

Urânio

O urânio (homenagem ao planeta Urano) é um elemento químico de símbolo U e de


massa atômica igual a 238 u apresenta número atômico 92 (92 prótons e 146 nêutrons).
À temperatura ambiente, o urânio encontra-se no estado sólido. É um elemento metálico
radioativo pertencente à família dos actinídeos. Foi descoberto em 1789 pelo alemão
Martin Heinrich Klaproth. Foi o primeiro elemento onde se descobriu a propriedade da
radioatividade. O Urânio é utilizado em indústria bélica (bombas atômicas e espoleta para
bombas de hidrogênio) e como combustível em usinas nucleares para geração de
energia elétrica.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ur%C3%A2nio

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Tório

O tório (homenagem ao deus escandinavo da guerra Tor) é um elemento químico


de símbolo Th e de número atômico igual a 90 (90 prótons e 90 elétrons), com massa
atómica aproximada de 232,0 u. À temperatura ambiente, o tório encontra-se no estado
sólido. Foi descoberto em 1828 por Jöns Jacob Berzelius. O tório é um metal natural,
ligeiramente radioativo. Quando puro, o tório é um metal branco prateado que mantém o
seu brilho por diversos meses. Entretanto, em presença do ar escurece lentamente
tornando-se cinza ou, eventualmente, preto. O óxido de tório (ThO2), também chamado
de “tória”, apresenta um dos pontos de ebulição mais elevados (3300°C) de todos os
óxidos. Quando aquecido no ar, o metal de tório inflama-se e queima produzindo uma luz
branca brilhante.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%B3rio

Plutônio

O plutônio (homenagem ao corpo celeste Plutão) é um elemento químico de


símbolo Pu e de número atômico igual a 94 (94 prótons e 94 elétrons). À temperatura
ambiente, o plutônio encontra-se no estado sólido. Tem aparência de prata e adquire um
aspecto amarelado quando oxidado. É quimicamente reativo. É atacado por ácidos como
o clorídrico concentrado. Apresenta seis variedades alotrópicas com diferentes estruturas
cristalinas. É um poderoso emissor de partículas alfa. Um pedaço grande pode aquecer o
suficiente para ferver água. É extremamente perigoso para a saúde. Só pode ser
manuseado com equipamentos e proteções especiais. Precauções devem ser inclusive
tomadas para evitar formação acidental de massa crítica.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Plut%C3%B4nio

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Fique Sabendo Energia Atômica

Quer saber mais sobre energia atômica? Então acesse o site


http://ciencia.hsw.uol.com.br/bomba-nuclear.htm e veja considerações e informações
importantes sobre o que ela é capaz.

A energia resultante destes processos também é elevada e se apresenta,


essencialmente, como calor. Como o controle dessas reações tem sido conseguido,
além das bombas atômicas, a energia da fissão tem sido empregada como fonte
energética para geração de energia elétrica e para mover navios e submarinos,
mediante ciclos térmicos.

A dependência entre a variação de massa observada nos processos de fusão


nuclear, ou fissão atômica, e a energia liberada é dada pela conhecida expressão
proposta em 1922 por Einstein:

Onde:

m = diferença de massa na reação


c = velocidade da luz

Figura 14 - Einstein

Em se tratando de energia química, apresenta grande interesse graças as suas


reações químicas e liberação de energia acumulada na forma de ligações entre os
átomos e moléculas. Para exemplificar a extensa aplicação da energia química,
podemos tomar como modelo a energia dos combustíveis. As reações espontâneas e
as ligações químicas existentes nas moléculas dos reagentes contêm mais energia do
que as ligações observadas nas moléculas dos produtos. A energia química de

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materiais como gasolina, álcool, óleo combustível e lenha é convertida em energia


térmica, na forma de gases, sob alta temperatura.

O conteúdo energético dos combustíveis é


medido por seu Poder Calorífico, um parâmetro que
fornece a quantidade de calor disponível por unidade
de massa ou de volume do combustível.

Você sabia que para disponibilizar a energia


Figura 15 - Também nas baterias químicas química dos combustíveis, além das tecnologias
e nas pilhas elétricas se observam
processos envolvendo energia química e empregando combustão, existem, na atualidade,
eletricidade
perspectivas promissoras para as técnicas de
conversão direta? Pois então, essas técnicas são aplicadas nas chamadas células de
combustível, e elas produzem diretamente energia elétrica a partir de combustíveis,
com alta eficiência, mediante reações isotérmicas a temperaturas relativamente baixas.

As reações nos músculos de homem, assim como também nos músculos dos
animais, acontecem graças à transformação da energia química dos alimentos, uma
espécie de combustível, em energia mecânica nos músculos para suas atividades
vitais, em processos de baixa temperatura.

E a tão falada energia elétrica? O que se pode dizer sobre ela?

Figura 16 – relâmpago Figura 17 – capacitores Figura 18 – Torre Eiffel

Embora seja correto considerar a existência de energia elétrica nas cargas


estacionárias, como se observa nas nuvens eletricamente carregadas e na ameaça de
uma descarga atmosférica ou ainda nos capacitores elétricos, a energia elétrica é mais
frequentemente associada à circulação de cargas elétricas através de um campo de

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potencial elétrico. Dessa forma, ela é definida pelo produto entre a potência elétrica e o
tempo durante o qual esta potência se desenvolve. Por sua vez, a potência elétrica é
dada como o produto entre a corrente e a tensão medida entre os dois pontos onde
circula tal corrente. Os dois tipos básicos de corrente elétrica são a corrente contínua,
quando seu valor é constante com o tempo, como ocorre nas baterias, ou a corrente
alternada, que varia de modo senoidal com o tempo, no caso brasileiro e americano
com frequência de 60 Hz, enquanto na Europa adota-se 50 Hz. A corrente alternada é
mais usada por ser a forma mais simples para produzir, transportar e utilizar em
motores elétricos.
Importante

No caso particular da corrente alternada trifásica, onde uma carga é alimentada por
três condutores com corrente alternada equilibrada, a potência fornecida é dada pela
expressão abaixo:

Pel  V .I . 3 ( 15 )

Onde: V e I correspondem respectivamente à tensão entre as fases e à corrente em


uma das fases. Outra particularidade importante da corrente elétrica alternada é a
possibilidade de separar sua potência em dois componentes básicos: a potência ativa,
associada às cargas de caráter resistivo e, portanto à sua efetiva utilização, e a potência
reativa, decorrente a formação periódica de campos elétricos e magnéticos no circuito,
sem efeito útil.

A energia térmica, às vezes equivocadamente denominada de calor, pode


apresentar-se essencialmente de duas formas: radiação térmica ou energia interna.

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Figura 19 – Energia térmica

Como radiação térmica, por exemplo, na radiação solar, a energia térmica não
apresenta qualquer meio material de suporte, já que se trata de uma radiação
eletromagnética, com proporção e distribuição de quantidade de radiação térmica, dada
basicamente em função da temperatura do corpo emissor.

Na figura seguinte, você poderá perceber como acontece a distribuição de


quantidade de radiação térmica para corpos a duas temperaturas diferentes. É possível
observar, também, que a radiação térmica é de fato uma potência e a energia
associada pode ser determinada por sua integral no tempo.

Figura 20 - Distribuição espectral da radiação térmica

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A energia interna corresponde à capacidade de promover mudanças, associada


à agitação térmica de um material, que pode ser medida por sua temperatura. No caso
de sistemas monofásicos, onde a variação de energia interna implica em variação de
temperatura, o calor específico expressa a relação entre esta energia e a variação de
temperatura. No caso de sistemas em mudança de estado (fusão, evaporação, etc.) e,
portanto, com duas fases calor latente indica esta variação isotérmica. Nomes como
calor latente e calor específico, ainda hoje extensamente usados, são uma lembrança
do tempo em que se acreditava, equivocadamente, que calor era armazenado nas
substâncias. Particularmente para gases, a variação da energia interna U relaciona-
se com a variação da temperatura T através do Calor Específico ao volume
constante, como mostra a expressão a seguir.

 U 
CV =   ( 16 )
 T V

A transferência de energia interna de um corpo para outro se dá mediante os


processos de condução de calor, quando a energia flui através de meios estáticos, ou
processos de convecção térmica, quando o fluxo de energia está necessariamente
associado à movimentação de um fluido, que pode ocorrer de modo forçado ou natural;
nesse último caso com o escoamento sendo uma decorrência das variações de
densidade do fluido em função da temperatura.

Quer um exemplo muito simples dessa variedade de processos energéticos? Dê


uma olhada na figura que segue.

Figura 21 – Panela sobre chama

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Uma panela com água, aquecida na chama de um fogão a gás é um


interessante exemplo dessa variedade, envolvendo desde a combustão do gás até a
acumulação de energia na água.

Outra forma energética com importantes variações é a energia mecânica, que


pode ser potencial ou cinética. No primeiro caso, a energia mecânica associa-se
diretamente a uma força estática e pode ser potencial elástica, tal como se acumula em
molas ou em gases comprimidos, ou gravitacional, dependendo da posição de uma
massa em um campo gravitacional. Um bom exemplo desta última forma de energia é
a energia hidráulica na água acumulada em uma represa. A potência associada à
utilização de energia hidráulica pode ser definida pela expressão a seguir:

Phidr =   V  h (17)

onde  corresponde ao peso específico da água, V à vazão volumétrica e h à


altura disponível da queda. A energia mecânica cinética, que se associa à inércia das
massas em movimento, pode considerar velocidades lineares, como é o caso da
energia eólica, ou movimentos rotacionais, como dos volantes de inércia.

O que você está achando sobre as formas de energia apresentadas? São


muitas? Pois tenho mais uma informação para lhe dar: as formas anteriormente
apresentadas não esgotam todas as maneiras de se considerar a energia; sempre
existirão outras formas quando houver possibilidade de promover alguma mudança de
estado.
Saiba Mais

Você ficou curioso para conhecer outras formas de promover mudança de estado de
um sistema e ao mesmo tempo gerar energia? Então busque na área MATERIAL DE
CONSULTA o arquivo As formas de Energia, e saiba mais sobre o assunto. Lá você
também encontrará tabelas que apresentam valores de energia e potência para
processos reais, naturais ou tecnológicos. As variáveis energéticas apresentadas nas
tabelas permitem traduzir em uma mesma linguagem, fenômenos aparentemente sem
qualquer semelhança. Confira!

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Conversões Energéticas: as Leis

"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Lavoisier


Fique Sabendo

Quem foi Lavoisier?

Em 26 de agosto de 1743 nasceu o químico francês Antoine Laurent


de Lavoisier. Em 1764 graduou-se em direito, mas nunca exerceu a
profissão. Lavoisier tinha um grande interesse pelas ciências, talvez o
direito tenha perdido um bom advogado, mas a química ganhou um de
seus mais célebres cientistas. Em 1768 associou-se à Ferme Générale,
uma organização de financistas que, através de um convênio com o
governo, exercia o direito de coletar impostos relativos a um grande
número de produtos comerciais. A cobrança de impostos era altamente
repressiva, pois a nobreza e o clero estavam isentos de impostos. Estes

Figura 22 - Antoine eram pagos por aqueles que não eram nem da nobreza nem do clero, ou
Laurent Lavoisier seja, os que pertenciam às classes sociais inferiores. Esse sistema não
era só opressivo, era também corrupto. A ligação de Lavoisier com a Ferme Générale e seu
envolvimento com o governo monárquico eram muito malvistos pela população e não passaram
despercebidos no clima conturbado da França pré-revolucionária. Essa associação acabaria por
custar-lhe a vida. Lavoisier foi preso e acusado de peculato (desvio de dinheiro público). Julgado
culpado, foi conduzido à guilhotina e executado em 8 de maio de 1794. Comenta-se que, no dia
seguinte, o famoso matemático Joseph-Louis Lagrange teria dito: "Não necessitaram senão de um
momento para fazer cair essa cabeça e cem anos não serão suficientes para reproduzir outra
semelhante". Lavoisier é conhecido como o introdutor da Química Moderna. Em 1789 lançou uma
publicação que é considerada o marco da Química Moderna, "Tratado Elementar da Química", que
logo foi traduzido para várias línguas. A freqüente utilização da balança o levou à descoberta da
importância fundamental da massa da matéria em estudos químicos, o que fez concluir que a soma
das massas dos reagentes é igual à soma das massas dos produtos de uma reação, a famosa "Lei
da conservação das massas". Lavoisier criou uma nomenclatura das substâncias químicas
semelhante à que ainda está em uso; surgiram, assim, os compostos do oxigênio, enxofre e fósforo,
respectivamente. Deve-se a ele também a conclusão de que a água é uma substância composta,
formada por hidrogênio e oxigênio. A partir da publicação do "Tratado Elementar da Química" até o
dia de sua morte, ele se dedicou ao estudo da fisiologia, realizando, entre outras, pesquisas
relativas à respiração e à transpiração.

Fonte: http://www.cdcc.usp.br/quimica/galeria/lavoisier.html

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Você deve estar se perguntando o motivo pelo qual a tão famosa frase de
Lavoisier, químico francês, está introduzindo este nosso capítulo. Acredito que, a essa
altura de nossos estudos, você já deve estar relacionando essa frase com o conteúdo
apresentado. Se ainda não fez essa relação, pense agora!

Pronto! Com certeza você conseguiu realizar esse trabalho mental. Você pode
muito bem concluir que é através dos processos de transformação que são geradas as
diversas formas de energia. Pois bem, vamos dar prosseguimento às explicações.

Semelhante às transformações que ocorrem na natureza, de acordo com a frase


de Lavoisier, nos potenciais energéticos, sempre entendidos como potenciais para
promoção de mudanças, existe também a possibilidade de inter-conversão, ou seja,
uma forma energética que pode, eventualmente, ser convertida em outra, de modo
espontâneo ou intencional, permitindo nesse último caso adequar-se a alguma
utilização desejada. Frequentemente se empregam as expressões “processos de
geração de energia” ou “sistema de consumo de energia”, quando o mais correto seria
falar em “processos de conversão de energia”.

A figura a seguir apresenta as principais formas de conversão entre seis formas


básicas de energia (adaptado de Tronconi, 1987), podendo se observar que, enquanto
alguns processos foram desenvolvidos e aperfeiçoados pelo homem, outros só são
possíveis mediante processos naturais, como a conversão energética muscular e a
fotossíntese.

Figura 23 - Processos de conversão energética

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Quaisquer que sejam os sistemas considerados e as formas de energia


envolvidas, todos os processos de conversão energética são regidos por duas leis
físicas fundamentais, que constituem efetivamente a estrutura essencial da ciência
energética. A História da Ciência se refere frequentemente ao caráter revolucionário
destas formulações e à dificuldade de sua assimilação pelos estudiosos ao longo do
tempo, como decorrência do impacto de seus conceitos. Estas relações físicas de
enorme importância, que se sustentam apenas pela observação de processos reais
desde o microcosmo até a escala das estrelas, são apresentadas a seguir.

A Lei da Conservação da Energia

A Lei de Conservação de Energia é a primeira lei básica segundo a qual a


energia não se cria nem se destrói, salvo nos casos em que ocorrem reações atômicas
ou nucleares e então podem se observar transformações de massa em energia.

Assim, pode-se mostrar que a soma da energia e da massa do universo é uma


constante. Como na grande maioria das situações, tal dualidade massa-energia não
precisa ser considerada, é suficiente afirmar que, em um dado período de tempo, a
somatória dos fluxos e estoques energéticos em um processo ou sistema é constante,
como se apresenta na expressão abaixo;

E entra = E sai + E sistema (18)

Para um processo em regime permanente, no qual não ocorrem variações no

tempo, não ocorrerão variações de estoque, E sistema , e, naturalmente, a soma dos

fluxos energéticos na entrada e na saída devem ser iguais. Esta situação tem grande
interesse prático, pois na maioria dos casos estamos interessados em sistemas
operando em condição normal ou estável.

A Lei da Conservação de Energia também é conhecida como Primeira Lei da


Termodinâmica e ela permite efetuar balanços energéticos, determinar perdas,
quantificar fluxos energéticos, etc. Baseia-se também nesta lei, o conceito de

desempenho ou eficiência energética de um sistema energético,  energ , relacionando o


efeito energético útil com o consumo energético no sistema, como pode ser observado

21
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

na figura e nas equações seguintes. Tais dados são válidos somente para um sistema
em regime permanente.
Importante

Sabendo que energia nunca desaparece, mas apenas muda de forma, a palavra
“consumo” refere-se efetivamente à contribuição de energia.

Figura 24 - Sistema energético generalizado

Eutil Econsumida  Perdas Perdas


 energ = = =1- (19)
E consumida Econsumida E consumida

A outra relação física básica dos processos energéticos é a Lei da Dissipação da


Energia, segundo a qual, em todos os processos reais de conversão energética,
sempre deve existir uma parcela de energia térmica como produto. Por exemplo, se o
objetivo do processo é transformar energia mecânica em calor, tal conversão pode ser
total, como ocorre nos freios, mas se o propósito for o inverso, a conversão de energia
térmica em energia mecânica será sempre parcial, pois uma parcela dos resultados
deverá sempre ser calor. Em outras palavras, existem inevitáveis perdas térmicas nos
processos de conversão energética, que se somam às outras perdas inevitáveis
decorrentes das limitações tecnológicas e econômicas dos sistemas reais, tais como
isolamento térmico imperfeito, atrito, perdas de carga e inércias, entre outras.

As imperfeições nos processos de conversão


ENTROPIA – medida da
energética determinam o incremento líquido da entropia variação ou desordem em
um sistema.
no Universo. Assim, a entropia tende sempre a aumentar

22
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

no mundo real, já que apenas nos processos energéticos idealmente perfeitos ou


reversíveis, não ocorrem esta geração de entropia. Esta lei física, também conhecida
como Segunda Lei da Termodinâmica, apresenta especial relevância no caso dos
ciclos térmicos de potência, nos quais a conversibilidade dos fluxos de calor em
energia mecânica depende da temperatura da fonte térmica. Essas ações podem ser
calculadas conforme a expressão do rendimento máximo das máquinas térmicas
mostrada a seguir:

T2
 revers = 1 - (20)
T1

Nesta expressão, válida para máquinas térmicas reversíveis, T 1 e T2


corresponde, respectivamente, às temperaturas absolutas das fontes térmicas de alta e
baixa temperatura, cuja existência é indispensável para a produção de potência
mecânica. Além disso, deve-se observar que este rendimento é sempre inferior a
100%, incrementando-se com a elevação de T1 e a redução de T2, indicando que os
fluxos de calor apresentam um potencial de conversão em trabalho que depende das
temperaturas envolvidas. Como o trabalho sempre é totalmente conversível em
qualquer outra forma de energia e o calor sempre mostra esta limitação, considera-se
que aquelas energias diretamente conversíveis em trabalho são energias nobres,
enquanto as energias térmicas correspondem às energias de baixa qualidade.

De fato, o conceito de qualidade de energia


associa-se a sua capacidade de conversão em trabalho, EXERGIA - Em
que pode ser fornecida pela exergia, ou seja, a parcela termodinâmica, a exergia
de um sistema é o
“útil” dos fluxos energéticos. Deste modo, um fluxo de trabalho máximo durante
um processo que leve o
energia elétrica ou mecânica corresponde totalmente à
sistema ao equilíbrio com
exergia, ao passo que a exergia de um fluxo de calor um reservatório térmico.
Exergia é então a energia
depende de sua temperatura e da temperatura do disponível para ser usada
ambiente. Nos processos reais de conversão energética
sempre ocorre alguma destruição de exergia, que de modo distinto da energia, não se
conserva.

Como já foi comentado, um conceito muito importante relacionado à dissipação


energética e às perdas em processos de conversão energética é a entropia, cuja

23
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

variação permite medir a perfeição de um processo qualquer. De um modo geral, tem-


se que a variação da entropia em um processo pode ser calculada por:

Q
S =   + S gerada (21)
 T  rever

Dessa forma, podem ser observados dois termos: uma parcela reversível,
determinada pela troca de calor, e uma parcela irreversível ou gerada, de magnitude
proporcional às perdas no processo. Assim, como já afirmado, a variação de entropia
serve para avaliar a perfeição de processos de conversão energética. Por exemplo, em
sistemas adiabáticos, isto é, sem troca de calor, os processos ideais devem ser
isentrópicos (sem variação de entropia), apresentando, portanto Sgerada nula. Como os
processos reais sempre apresentam imperfeições e perdas, a entropia sempre tende a
se incrementar, podendo-se afirmar que “a entropia do Universo tende para um
máximo”. Na geração de entropia, é perdido como calor um potencial para produzir
trabalho, ou seja, a energia se degrada em qualidade. O Teorema de Gouy-Stodola8
relaciona a entropia gerada e o trabalho perdido, também chamado de irreversibilidade;

Wperdido = T0 × Sgerada = Irreversibilidade

Onde T0 refere-se à temperatura ambiente. Em resumo, processos reais de


conversão energética apresentam perdas, que podem ser avaliadas em termos da
geração de entropia ou da destruição de exergia, correspondendo sempre à redução
da qualidade do fluxo energético e produção de calor.

Acredito que possa não ter ficado muito clara, para você, a diferença entre
energia e exergia? Você quer uma comparação simples que ajude a organizar as
informações que foram expostas? Então observe o quadro seguinte, nele você
encontrará a comparação dos conceitos de energia e exergia.

24
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

Tabela 1 - Comparação entre Energia e Exergia

ENERGIA EXERGIA

Obedece à lei da conservação Não está sujeita a essa lei

É função do estado da matéria sob É função do estado da matéria sob


consideração consideração e da matéria no meio ambiente

É função do estado da matéria sob O estado de referência é imposto pelo meio


consideração ambiente, o qual pode variar

Para processos isobáricos alcança um


mínimo na temperatura do meio ambiente;
Aumenta com o crescimento da temperatura
nas temperaturas menores ela aumenta
quando a temperatura diminui

Ao contrário do rendimento energético, baseado na Lei de Conservação da


Energia, o rendimento exergético fundamenta-se em ambas as leis básicas das
convenções energéticas e apresenta várias formulações. Algumas delas são dadas a
seguir, sendo-lhe atribuídos ainda diversos outros nomes, tais como grau de perfeição,
efetividade, eficiência racional, rendimento isentrópico dentre outros. A figura a seguir
apresenta um sistema genérico considerado para a determinação deste parâmetro de
desempenho, devendo-se observar que como produto têm-se as parcelas de exergia
utilizada, exergia perdida (associada à geração de entropia) e exergia não utilizada

Figura 25 - Sistema energético generalizado, considerando os fluxos de exergia

25
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

Observe as formulações a seguir:

Ex util
1 = (22)
Ex consumida

 2 = Ex  Ex naoitilizada
util
(23)
Ex consumida

3 =
Ex util
(24)
Ex consumida  Ex naoutilizada

A primeira considera a razão entre a exergia necessária para alcançar um


determinado objetivo através de um processo totalmente reversível e a exergia
consumida num processo real para atingir o mesmo objetivo. Essa formulação é similar
ao rendimento isentrópico de uma turbina. A segunda formulação é similar à definição
do rendimento energético e indica que a parcela da exergia fornecida ao processo é
convertida. A terceira formulação considera que a exergia empregada no processo é
somente a diferença entre a exergia suprida e a exergia dos fluxos residuais.

O rendimento  2 , é usado sempre que se pode definir claramente um produto


para o processo que está sendo analisado, como é o caso da determinação do
rendimento exergético de uma caldeira e de uma central termelétrica. Por outro lado,
quando se está analisando partes de um processo, usa-se geralmente  3 no caso de

fluxos residuais constituírem o suprimento de exergia da etapa seguinte do processo e


 2 caso a etapa analisada seja terminal, com os fluxos residuais sendo lançados no
meio ambiente. Nos processos puramente dissipativos, onde é impossível distinguir
com clareza um produto, como é o caso dos processos de mistura, estrangulamento,
etc., deve-se calcular o rendimento exergético por meio da formulação abaixo. Nesses
processos o rendimento energético perde seu sentido de ser, pois a energia é sempre
conservada.

26
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

Ex saidoprocesso
4 =
Ex entranoprocesso
 1
Irreversabilidade
Ex entranoprocesso (25)

A seguir você poderá observar uma tabela que apresenta uma comparação de
rendimentos energéticos e exergéticos para alguns processos e equipamentos,
apresentando valores semelhantes em alguns casos e muito diferentes em outros,
como no aquecimento através de energia elétrica, onde apesar da conservação da
energia, é evidente sua degradação, pela conversão de energia de alta qualidade como
energia elétrica em calor de baixa temperatura. Em outros equipamentos, usados para
a produção de baixas temperaturas, não se definem eficiências energéticas, preferindo-
se empregar o coeficiente de performance, COP, como indicador de desempenho, que
relaciona o efeito frigorífico obtido pelo sistema e a demanda de potência
eletromecânica associada. Em todos os casos estes números devem ser considerados
como referências e valores típicos, podendo variar bastante caso a caso.

Tabela 2 - Eficiências de energéticas e exergéticas

Rendimento
Sistema
Energético Exergético

Central a Vapor (200 MW) 0.41 0.40

Turbina a Gás (25 MW) 0.30 0.30

Motor Diesel (20.000 HP) 0.40 0.40

Motor Elétrico (5 HP) 0.70 0.70

Turbina a Vapor (50 MW) 0.90 0.85

Sistema de Cogeração (10 MW) 0.75 0.33

Queimador de GLP, doméstico 0.90 0.50

Aquecedor Elétrico de Água 0.60 0.10

27
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

Caldeira (200 ton./h) 0.93 0.08

Sistema de Ar Condicionado (COP = 2,5) - 0.17

Refrigerador Doméstico (COP = 0,9) - 0.10

Bomba de Calor (COP = 3,5) - 0.60

Recursos energéticos

Começaremos este item de nossa aula por uma atividade que, tenho certeza, o
ajudará a compreender melhor os conceitos que iremos trabalhar. Assim, mãos a obra!

Pois bem, após ter sido apresentada para você uma definição bastante
abrangente do que vem a ser recursos naturais, agora veremos essa mesma definição,
porém de uma maneira mais direcionada.

São considerados recursos energéticos, as reservas ou fluxos de energia


disponíveis na Natureza e que podem ser usados para atender às necessidades
humanas, podendo ser classificadas essencialmente como recursos fósseis ou como
recursos renováveis. Os recursos fósseis são aqueles materiais que armazenam
energia química, acumulada primariamente a partir da radiação solar em épocas
geológicas, como é o caso do petróleo, carvão mineral, turfa, gás natural, xisto
betuminoso, bem como podendo acumular energia atômica na forma de material físsil,
por exemplo, o urânio e o tório. As reservas de energia fóssil são necessariamente
finitas e, portanto se reduzem à medida que são consumidas.

Quanto aos recursos energéticos renováveis, esses são dados por fluxos
naturais, como ocorre na energia solar, em suas distintas formas, na energia hidráulica,
na energia eólica, na energia das ondas do mar e na energia da biomassa, bem como
nos fluxos energéticos dependentes do movimento planetário, por exemplo, a energia
talassomotriz, associada à variação do nível do mar nas marés e à energia geotérmica,
que na escala das realizações humanas existe como potência disponível. É importante
observar que a utilização inadequada de alguns potenciais energéticos renováveis
pode determinar sua exaustão, como acontece em reservatórios geotérmicos

28
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

sobreexplorados ou nos recursos de biomassa, quando explorados além de sua taxa


natural de reposição. Assim, se uma reserva florestal for explorada acima de sua taxa
típica de renovação sustentável, que para formações tropicais homogêneas é da ordem
de 15 tEP por hectare e por ano, o recurso energético perderá seu caráter de
renovabilidade.

A Tabela a seguir apresenta os níveis da reservas energéticas brasileiras tal


como constam do Balanço Energético Nacional e no Anuário da Agência Nacional de
Petróleo, em valores para 1999. Observe que as reservas fósseis são dadas em termos
de energia e podem se alterar com a descoberta de novos depósitos, enquanto a
energia hidráulica, por ser renovável, é apresentada como potência. Isto torna mais
complexa a comparação de sua magnitude relativa, que irá depender das taxas de
extração assim como das qualidades de energia disponíveis. Certamente 1 kWh de
energia hidráulica é mais nobre que a mesma quantia de energia na forma de petróleo
ou outro combustível, cuja rota de utilização passa por conversão para energia térmica,
reconhecidamente uma forma com limites de conversão.
Tabela 3 - Reservas energéticas brasileiras (BEN, 2000 e ANP, 2000)

Produto / Fonte Reserva Disponibilidade Unidade

Mar, provadas 1.169.199

Mar, provadas+estimadas 1.984.522

Terra, provadas 127.074


Petróleo 103 m3
Terra, provadas+estimadas 185.813

Total, provadas 1.296.273

Total, provadas+estimadas 2.170.335

Mar, provadas 145.756

Gás natural Mar, provadas+estimadas 252.706 106 m3

Terra, provadas 85.477

29
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

Terra, provadas+estimadas 151.164

Total, provadas 231.233

Total, provadas+estimadas 403.870

Óleo de xisto conforme BEN 382.786 tEP

Gás de xisto conforme BEN 104.340 tEP

Carvão mineral in situ, conforme BEN 2.566.674 tEP

Turfa conforme BEN 40.092 tEP

Energia Nuclear conforme BEN 2.566.674 tEP

Energia Hidráulica conforme BEN 1.347.780 tEP/ano

Na sequencia você poderá observar outra tabela, e essa apresenta as


estimativas para algumas reservas energéticas mundiais, valores dos quais,
naturalmente, apenas uma fração é que pode ser considerada utilizável, por restrições
econômicas e ambientais (Culp, 19991). É interessante observar que, mesmo com
contínuo esforço na reposição de reservas de petróleo e gás natural, elas vêm se
reduzindo nos últimos anos, sinalizando que nas próximas décadas se atingirá um pico
de produção, antecedendo a mudança para novas alternativas de suprimento,
provavelmente baseadas em fontes renováveis. Contribuem para isto, além do
desenvolvimento tecnológico das alternativas renováveis, as crescentes restrições
ambientais para o uso de combustíveis fósseis.

30
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

Tabela 4 - Reservas energéticas mundiais (Culp , 1991)

Reserva Disponibilidade Unidade

Carvão Mineral 200,0 x 1021 J

Petróleo 11,7 x 1021 J

Gás Natural 9,5 x 1021 J

Xisto Betuminoso 1,2 x 1021 J

Urânio-235 13,7 x 1021 J

Energia Geotérmica recuperável 0,4 x 1021 J

Energia Hidráulica 300 x 1010 W

Agora serão apresentadas algumas noções básicas sobre eletricidade, de modo


a facilitar o entendimento dos efeitos fisiológicos da mesma no corpo humano.

O estudo da eletricidade inicia com o circuito elétrico mais simples possível. O


circuito elétrico, mais simples que pode haver, consiste de uma fonte, um receptor e de
dois condutores ligando os terminais da fonte ao do receptor, como ilustra a figura
seguinte:

FONTE
CONDUTORES RECEPTOR

Figura 26 – Esquemático do Circuito Elétrico.

31
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

O circuito elétrico nada mais é do que um percurso completo por onde os


elétrons ou os portadores de carga podem sair de um terminal da fonte, passando por
meio de condutores e do receptor, até chegar ao terminal oposto da mesma fonte. A
fonte de energia elétrica recebe uma forma qualquer de energia e a transforma em
energia elétrica, podendo ser bateria, pilha, acumulador, gerador, etc. Os dois
condutores transportam a energia elétrica da fonte até o receptor. O receptor, na
linguagem técnica chamado de carga, faz o contrário da fonte, ou seja, recebe a
energia elétrica e a transforma em outra forma de energia.

Quando parte do corpo humano formar um circuito elétrico, é bem provável que
se tome um choque elétrico, se o circuito estiver fechado e dele fizer parte uma fonte
de energia elétrica.

Sobre corrente, tensão, potência e energia

Ao longo do circuito elétrico apresentado na figura 1 haverá um fluxo contínuo e


ordenado de cargas elétricas, e que é chamado de corrente elétrica.

A carga elétrica é uma grandeza fundamental (como massa, comprimento e


tempo) e por isso não pode ser definida em termos de outras grandezas. Há dois tipos
distintos de carga elétrica, a dos prótons e dos elétrons. Por convenção a carga elétrica
do próton é considerada positiva (+) e do elétron, negativa (-).

A quantidade de carga elétrica que um corpo possui é determinada pela


diferença entre o número de cargas elétricas positivas e negativas que o corpo contém.

A unidade que expressa a carga elétrica no Sistema Internacional de Medidas é


o coulomb (C), e a menor quantidade de carga elétrica conhecida é a possuída pelo
elétron (determinada experimentalmente e vale -1,6021x10-19 C).

A quantidade de carga elétrica que corresponde a 1 C é relativamente elevada


(por exemplo, a quantidade de carga elétrica transportada por um raio numa
tempestade é da ordem de 30 C).

Quando existem partículas dotadas de carga elétrica em movimento, tem-se


uma corrente elétrica. Portanto, corrente elétrica são cargas elétricas que se deslocam.

32
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

Denomina-se intensidade da corrente elétrica ao quociente entre a quantidade


de carga que passa por uma seção reta do condutor e o respectivo intervalo de tempo
gasto, sendo representada pelo símbolo i ou I (letra inicial da palavra francesa
intensité) e dado pela expressão 1.

Quantidade de c arg a
i  (1)
Tempo

A unidade fundamental de medida de intensidade de corrente elétrica no


Sistema Internacional de Medidas é o ampère (A). Os submúltiplos e múltiplos mais
utilizados da unidade fundamental são: o microampère (1 μA = 10 -6 A), o miliampère (1
mA = 10-3 A) e o quiloampère (1 kA = 103 A).

Uma corrente que passa em apenas uma direção todo o tempo é denominada
corrente contínua, enquanto uma corrente que se altera na direção do fluxo, é
denominada corrente alternada. A figura 2 ilustra alguns exemplos.

I i( t) i( t) i( t)

t t t t
0 0 0 0

CORRENTE CONTÍNUA CORRENTE ALTERNADA

Figura 27 – Exemplos de ondas de corrente contínua e alternada.

O que acarreta a circulação da corrente elétrica no circuito é a diferença de


potencial (também chamado de diferença de tensão) existente entre o ponto inicial e
final do condutor ou elementos do circuito.

O conceito básico de diferença de potencial pode ser compreendido mais


facilmente ao se analisar um análogo mecânico, um bloco descendo um plano
inclinado.

Da mecânica tem-se que este bloco se move para baixo devido à diferença de
potencial gravitacional criada pela elevação do plano. O potencial gravitacional do

33
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

bloco no ponto superior do plano é maior que o potencial gravitacional no ponto inferior,
acarretando o movimento do corpo através do mesmo (do ponto de potencial maior
para o de potencial menor).

Da mesma forma, também as cargas elétricas se movem ordenadamente ao


longo de um condutor ou de algum elemento do circuito, o que constitui a corrente
elétrica, graças a uma diferença de potencial elétrico criada por algum dispositivo
apropriado.

O movimento das cargas através dos elementos do circuito é sempre


acompanhado de fenômenos energéticos tais como, desprendimento de calor,
transformação de energia elétrica em mecânica ou vice-versa, transformação de
energia elétrica em energia luminosa, transformação de energia elétrica em energia
magnética, etc.

A grandeza dada pela expressão 2 é chamada de tensão ou de diferença de


potencial entre os terminais do elemento e seu símbolo é a letra v ou V.

Energia
v  (2)
C arg a

A unidade de tensão no Sistema Internacional de Medidas é o volt (V). Os


submúltiplos e múltiplos mais utilizados são: o milivolt (1 mV = 10 -3 V) e o quilovolt (1
kV = 103 V).

Para que haja e seja mantida a diferença de potencial elétrico e


consequentemente a circulação da corrente elétrica em um circuito (a menos em
situações que resultem de elementos com energia carregados previamente) é
necessária a presença das fontes. As fontes são capazes de fornecer energia a fim de
excitar o circuito e, consequentemente manter uma diferença de tensão permitindo a
circulação da corrente.

Existem várias maneiras de produzir a diferença de tensão em uma fonte, que é


chamada de força eletromotriz (f.e.m.). Alguns métodos são mais utilizados do que
outros:

34
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

 Fricção. Tensão produzida friccionando-se dois materiais. Este processo é o menos


usado, e sua aplicação principal é nos geradores de Van der Graaff, empregados em
laboratórios de alta tensão;

 Pressão. É chamada de piezoeletricidade e a tensão é produzida por pressão


mecânica exercida sobre os cristais de certas substâncias. A capacidade de
potência do cristal é muito pequena e são mais utilizados em equipamentos de
comunicação, osciladores, etc;

 Calor. É chamada de termoeletricidade e a tensão é produzida pelo aquecimento de


uma junção onde dois metais diferentes são colocados em contato. É utilizada nos
pares termoelétricos e apresentam um rendimento muito baixo (cerca de 1%) apesar
de uma capacidade de potência maior que a do método anterior;

 Luz. É chamada de fotoeletricidade e a tensão é produzida fazendo-se incidir luz


sobre substâncias fotossensitivas. Exemplos de dispositivos que operam sobre este
princípio são as células fotoelétricas e as câmeras de televisão. Usado em aparelhos
de medida e controle, como relés, medidores de luz, etc. A capacidade de potência
neste método é muito pequena;

 Ação química. A tensão é produzida por reação química, ou seja, através da


transformação de energia química em energia elétrica, através da combinação de
materiais. Como exemplo, pode-se citar as pilhas (seca, mercúrio, alcalinas, etc) e
as baterias (ácido-chumbo, níquel-cádmio, etc). As pilhas e baterias encontram
grande utilidade como fonte de tensão contínua em automóveis, aeronaves, navios,
sistemas telefônicos, sistemas de alarmes e sinalização, equipamentos portáteis de
iluminação, etc.

 Magnetismo. A tensão é produzida em um condutor quando o mesmo se move


dentro de um campo magnético ou quando um campo magnético corta o citado
condutor. Grandes quantidades de energia podem ser obtidas utilizando-se no
processo uma fonte de energia mecânica. A potência mecânica pode ser fornecida
por diferentes fontes, tais como, turbinas hidráulicas (quedas d'água, marés), a
vapor (térmica, nuclear) ou eólica, máquinas a diesel ou a gasolina. A conversão
final dessas fontes de energia em eletricidade é feita pelos geradores;

35
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

 Outros, como a emissão termoiônica, que ocorrem nas válvulas, as pilhas solares,
que convertem energia luminosa em energia elétrica, conversão
magnetohidrodinâmica, através de gases ionizados, etc.

Foi visto que a diferença de potencial V entre dois pontos relaciona a quantidade
de energia necessária para transportar uma quantidade de carga elétrica entre estes
dois pontos. A potência elétrica p desenvolvida para realizar este trabalho é dada pelo
quociente entre o trabalho realizado e o correspondente intervalo de tempo conforme
mostra a expressão 3.

Trabalho
p   v  i (3)
Tempo

A unidade de potência no Sistema Internacional de Medidas é denominada watt


(W). Os submúltiplos e múltiplos de maior interesse neste trabalho são o miliwatt (1
mW = 10-3 W) e o quilowatt (1 kW = 103 W).

A energia elétrica w gerada ou absorvida pelo elemento é dado pela expressão


4.

ˆ
w  Potencia  Tempo (4)

A unidade de medida de energia no Sistema Internacional de Medidas é o joule (J).

CORRENTE CONTÍNUA E CORRENTE ALTERNADA

As primeiras pesquisas, experiências e aplicações em eletricidade foram feitas


com corrente contínua, mas quando o uso da mesma se popularizou, certas
desvantagens no seu uso tornaram-se evidentes, podendo-se citar a dificuldade de
elevação e diminuição da tensão. Estas dificuldades foram sanadas através da
aplicação da corrente alternada, o que permitiu uma maior flexibilidade em sua
utilização.

36
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

Na atualidade, quase a totalidade da energia elétrica que se emprega para


finalidades comerciais é produzida sob a forma de corrente alternada. Esta preferência
não se baseia em nenhuma superioridade definida da corrente alternada sobre a
contínua no que se concerne a sua aplicabilidade nos usos industriais e domésticos,
mas sim devido à praticidade de sua produção e transmissão.

Como já visto anteriormente uma tensão ou corrente é chamada alternada se ela


muda de direção e intensidade.

Uma tensão ou corrente é chamada alternada periódica se ela muda de direção


e intensidade de uma maneira repetitiva. A figura 3 mostra uma onda de tensão
alternada periódica (no caso senoidal) passando por valores positivos (acima do eixo
horizontal) e negativos (abaixo do eixo horizontal) em um período de tempo T, após o
qual repete continuamente esta mesma série de valores de maneira cíclica.

v( t)
TENSÃO

t
TEMPO

T
PERÍODO

Figura 28– Onda de tensão senoidal

.
O intervalo de tempo para que se complete um ciclo da onda alternada é
chamada de período. É representado pela letra T e expresso em segundos (s). O
número de ciclos realizados pela onda por segundo é chamado de frequência,
representado pela letra f e expresso em hertz (Hz) e dado pela expressão 5.

1
f  (5)
T

37
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

As mais altas frequências são usadas em transmissão de rádio e televisão, onde


podem ser irradiadas pelo espaço com grande eficiência em direções escolhidas. Estas
ondas podem ter desde 1.000 Hz (ondas médias) até 10 MHz (ondas curtas) na
transmissão de rádio e na faixa de 55 a 216 MHz em VHF e de 470 a 890 MHz em
UHF na transmissão de TV e atinge a 100 GHz nas microondas. Ondas acima desta
frequência resultam numa forma de radiação que é sentida na forma de calor que são
os raios infravermelhos, para depois, em uma frequência muito mais alta, serem
capazes de impressionar os olhos, que corresponde ao espectro da luz visível.

Uma larga faixa de frequências (de 500 Hz a 50 MHz) é usada em fornos


elétricos. São encontradas frequências da ordem de centenas a milhares de ciclos em
circuitos telefônicos.

No Brasil, a frequência comercial é normalizada em 60 Hz, mas também já


existiu a frequência de 50 Hz. Na América do Norte a frequência normalizada também
é de 60 Hz, mas já existiram outras frequências, como, 25 e 133 Hz. Hoje todos os
países do mundo operam com 50 Hz ou 60 Hz. No Japão, as duas frequências são
utilizadas, já que o mesmo é um arquipélago e cada uma de suas ilhas opera
separadamente.

O valor de pico ou valor máximo, como o próprio nome diz, é o mais alto valor
instantâneo de tensão ou corrente em cada ciclo.

Conforme a corrente alternada ganhou popularidade, tornou-se necessário


comparar a corrente alternada com a corrente contínua. Uma lâmpada de 100 W, por
exemplo, funciona tão bem em uma fonte de 110 V alternada como em uma fonte de
110 V contínua, mas pode ser observado que uma tensão senoidal com valor de pico
de 110 V não fornece à lâmpada a mesma quantidade de energia que a fonte contínua
de 110 V. Isto é devido ao fato de que a potência dissipada pela lâmpada é função do
fluxo de corrente através da mesma, e devido à fonte ser alternada este valor está
variando ao longo do tempo. Como a corrente está variando continuamente, a potência
dissipada na lâmpada também varia. Neste caso torna-se importante determinar o valor
de corrente média alternada que seja equivalente a um valor contínuo.

Define-se valor eficaz ou valor rms da corrente alternada a uma corrente


contínua equivalente que dissipa a mesma energia quando circula através de um

38
Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

elemento qualquer. Um ampère rms de corrente alternada é tão eficaz na produção de


energia quanto um ampère de corrente contínua. De forma análoga o valor eficaz é
definido para a tensão alternada.

Para a onda de tensão (ou corrente) senoidal tem-se o valor eficaz dado pela
expressão 6.

Vmax
Vef  (6)
2

A potência instantânea p em circuito alternado é dada pelo produto da tensão


instantânea pela corrente instantânea conforme mostra a expressão 7.

p ( t )  v ( t )  i( t ) (7)

RESISTÊNCIA, INDUTÂNCIA, CAPACITÂNCIA E IMPEDÂNCIA

Todo circuito elétrico, não importa seu tamanho e complexidade, apresenta três
propriedades básicas, que são a resistência, indutância e capacitância.

A resistência elétrica é a capacidade de um condutor qualquer se opor à


passagem de corrente elétrica pelo mesmo, quando existe uma diferença de tensão
aplicada sobre ele, ou seja, representa a dificuldade que as cargas elétricas encontram
para se movimentarem através do condutor. Quanto maior a mobilidade das cargas
elétricas, menor a resistência elétrica do condutor.

A resistência elétrica é uma característica do condutor, portanto, depende do


material de que é feito o mesmo, de sua forma e dimensões e também da temperatura
a que está submetido o condutor.

Toda fonte, condutor ou receptor de energia elétrica possui resistência. O valor


desta resistência, como já comentado no capítulo anterior, foi determinado pela
primeira vez em 1826 por George Simon Ohm, que experimentalmente obteve a
dependência entre a tensão e a corrente, obtendo uma reta. A relação entre a tensão e
a corrente foi denominada resistência elétrica, um nome bastante sugestivo, já que

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Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

fornece na realidade uma ideia da resistência que o elemento opõe ao movimento das
cargas elétricas.

O cálculo da resistência elétrica (R) de um condutor é dado pela Lei de Ohm,


que relaciona a tensão aplicada (v) com a correspondente intensidade de corrente
elétrica (i) através da relação dada pela expressão 8.

v
R  (8)
i

A unidade de resistência elétrica no Sistema Internacional de Unidades é o ohm,


representado pela letra grega Ω.

Um componente especificamente projetado para possuir resistência é chamado


resistor e depende do material utilizado e de suas características físicas e construtivas.

A indutância é a característica de um circuito elétrico que se faz presente pela


oposição na partida, na parada, ou na variação da corrente elétrica. Em outras
palavras, é a característica apresentada por um condutor elétrico em se opor às
variações corrente que o atravessa.

Por definição, a indutância (L) de um condutor é a razão entre o módulo da


tensão induzida (e(t)), pela variação da corrente que ocorre na variação do tempo
(∆I/∆t), conforme a expressão 9.

e(t) di( t )
L   e(t)  L
i dt (9)
t

A unidade de indutância no Sistema Internacional de Unidades é o henry,


representado pela letra H.

Um indutor é um dispositivo elétrico construído para armazenar energia na forma


de campo magnético, normalmente combinando o efeito de vários laços da corrente
elétrica, sendo geralmente construído como uma bobina de material condutor com um
núcleo de material ferromagnético.

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Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

A capacitância ou capacidade é a propriedade que os componentes elétricos


têm de armazenar energia elétrica sob a forma de campo eletrostático, sendo definida
como a propriedade de um componente elétrico em se opor a variação da tensão.

Por definição, a capacitância (C) de um componente é a razão entre o módulo


da corrente (i(t)), produzida pela variação da tensão que ocorre na variação do tempo
(∆v/∆t), dado pela expressão 10.

i( t ) dv(t)
C   i( t )  C
v dt (10)
t

Também a capacitância (C) pode ser definida em termos da carga (q) e da


tensão (v) conforme mostra a expressão 11.

q
C  (11)
v

A unidade de capacitância no Sistema Internacional de Unidades é o farad,


representado pela letra F.

Em geral chama-se capacitor, de forma e tamanho arbitrário, a um conjunto de


dois condutores isolados através de um material não condutor, que tem a propriedade
de armazenar carga elétrica em virtude da presença de um campo eletrostático.

Como já comentado todos os componentes do circuito elétrico apresentam


resistência, indutância e capacitância, em maior ou menor quantidade. Resumindo:

 A energia é consumida – o elemento de circuito é um resistor puro. A energia em


uma resistência nunca é armazenada é sempre dissipada em calor de uma forma
irreversível;

 A energia é armazenada em um campo magnético - o elemento é um indutor puro.


Um indutor ideal nunca dissipa energia, apenas a armazena. Um indutor físico (real)
sempre tem uma resistência associada. Com isto a energia já não pode ser
armazenada e recuperada sem perdas;

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Conceitos Básicos II
Energia e Eletricidade

 A energia é armazenada em um campo elétrico - o elemento é um capacitor puro.


Um capacitor ideal nunca dissipa energia, apenas a armazena. Um capacitor real
sempre tem uma resistência associada. Com isto sempre ocorre perdas no
armazenamento e na remoção da energia.

Portanto, os resistores dissipam energia, já os indutores e capacitores não


dissipam, mas armazenam energia, a qual pode ser recuperada em um momento
posterior. Por esta razão os indutores e capacitores são chamados de elementos
armazenadores.

Em circuitos excitados por corrente alternada, a resistência de um resistor não


se altera na presença da frequência, ou seja, apresenta a mesma resistência qualquer
que seja a frequência da fonte de excitação.

Diferentemente do resistor, o indutor e o capacitor já têm os seus


comportamentos diferenciados na presença da frequência e a oposição que a corrente
elétrica sofre ao atravessar estes elementos é chamado de reatância. O indutor na
presença da frequência apresenta uma “resistência” chamada de reatância indutiva e o
capacitor de reatância capacitiva.

Se a forma de onda da tensão ou da corrente for senoidal, com frequência f, a


reatância indutiva (XL) e a reatância capacitiva (XC) são expressas por 12 e 13.

XL  2  f L   L (12)

1 1
XC   (13)
2f C C

A impedância é a oposição total ao fluxo de uma corrente alternada em um


circuito que contenha resistência e reatância, sendo representada pela letra Z,
expresso em ohms e dado pela expressão 14.

Z  R 2  ( X L  X C )2 (14)

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Energia e Eletricidade

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Janeiro, pg 54-55

Ésquilo, Prometeu Acorrentado, Coleção Universidade de Bolso (Tragédias Gregas),


Editora Tecnoprint, Rio de Janeiro, s/d, pg 119

Schaden,E., "A origem e posse do fogo na Mitologia Guarani", in Leituras de


Etnologia Brasileira, ed. E. Schaden, Cia. Editora Nacional, 1976, pg 311

Maclagan,D., Mitos de la Creación, Ed. Debate, Madrid, 1989, pg 31

Blake,W., The Marriage of Heaven and Hell, The Illustrated Poets Series, Aurun
Press, London, 1986, pg 33

Prigogine,I. e Stengers,I., A Nova Aliança, Ed. Universidade de Brasília, 1988


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136

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