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Cadernos PDE

I
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
CONSUMO CONSCIENTE DE ENERGIA ELÉTRICA

Mércia Branco Franzin1


Marcelo Alves de Carvalho2

RESUMO
Neste artigo apresentaremos várias formas de produção de energia elétrica, seu transporte e
custo/consumo, relacionando seus aspectos positivos e negativos. Serão identificadas as
situações socioambientais envolvidas em cada processo, bem como a Física neles existentes.
Com isso, será possível verificar as possibilidades de substituição de determinado tipo de
energia por outra, e comparar os custos/benefícios no seu consumo. Atualmente, quase a
totalidade dos equipamentos funciona por meio da energia elétrica, e, portanto é necessária
uma quantidade muito grande de geração desta energia. O consumo consciente de energia
elétrica é de suma importância, principalmente levando-se em consideração os impactos
socioambientais que são causados pela sua geração. Faremos também um relato sobre os
resultados obtidos por meio da aprendizagem em relação aos tópicos acima citados,
apresentado no estudo de caso realizado “in loco” com os alunos do terceiro ano do Ensino
Médio do Colégio Estadual Padre José de Anchieta – Apucarana/PR.
Palavras-chave: Geração de Energia Elétrica – Impactos Ambientais – Custo/Consumo –
Energias Alternativas.

_________________________
1
Aluna da disciplina de Física do Programa PDE 2014/2015 pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) – Londrina/PR.
Professora da Rede Pública Estadual de Educação. Especialista em Fundamentos da Matemática e Ensino de Jovens e
Adultos. E-mail:merciafranzin@bol.com.br
2
Professor/Orientador da disciplina de Física do Programa PDE 2014/2015 da Universidade Estadual de Londrina (UEL) –
Londrina/PR.
1 INTRODUÇÃO

Atualmente o consumo de energia elétrica vem aumentando


consideravelmente em todos os aspectos sociais, e isso mostra o quanto ela é necessária para a
nossa sobrevivência e também apresenta uma preocupação em adquirirmos hábitos saudáveis
quanto ao consumo da mesma.
Por isso é importante promover um reconhecimento das fontes de energia
que abastecem nosso município, bem como os princípios físicos em cada uma das usinas
geradoras de energia e comparar custos/benefícios que cada uma propõe ao consumidor, bem
como apresentar formas de geração de energias alternativas para diminuir o consumo de
energia elétrica em nossas residências.
É finalidade deste artigo, demonstrar as possibilidades de substituição de
fontes de energia para realização do mesmo trabalho. Por exemplo, o aquecimento de água em
algumas residências por meio de aquecedores solares, uma vez que, usando-se os aquecedores
também podemos comparar custo/consumo em residências que utilizam destes equipamentos
com outras que não fazem uso dos mesmos.
O desenvolvimento deste artigo será a explanação dos trabalhos
desenvolvidos pelos alunos do terceiro ano do Ensino Médio na disciplina de Física, o qual
deverá proporcionar aos mesmos conhecimentos inerentes a conceitos físicos existentes na
geração de energia elétrica, bem como seu transporte e uso consciente.

2 O ESTUDO DA FÍSICA

O estudo da Física vem proporcionar um conhecimento sobre fenômenos


naturais, os quais auxiliam no desenvolvimento do ser humano desde a antiguidade, com a
descoberta das forças e movimentos.

2.1 Aspectos Históricos da Física e do Ensino de Física


Desde que o homem começou a se preocupar com a ideia de fixar-se num
determinado lugar, deixando de ser nômade, iniciaram-se as dúvidas de como garantir sua
subsistência neste espaço. Foi a partir desse período que o homem começou a observar a
natureza e seus fenômenos para tirar proveito deles na tentativa de resolver problemas de
ordem prática para sua sobrevivência.
As observações realizadas pelos gregos deram início a mais antiga das
ciências, a Astronomia. Apesar de outros povos como chineses e árabes também contribuírem
com seus estudos e observações, até o período do Renascimento “a maior parte da ciência
conhecida pode ser resumida à Geometria Euclidiana, à astronomia Geocêntrica de Ptolomeu
(150 d.C.) e à Física de Aristóteles (384-322 a.C.)”.(PARANÁ, 2008, p.38).
Aristóteles no século IV a.C., por meio de suas observações, descobriu os
quatro elementos que formariam o universo: terra, água, fogo e ar, e os classificou como
coisas pesadas e coisas leves.
As coisas pesadas (terra e água) aproximavam-se do centro da Terra e as
coisas leves (fogo e ar) se afastariam dele, mas, para Aristóteles ainda havia um quinto
elemento, o éter, que não se aproxima e nem se afasta de centro da Terra.
Nicolau Copérnico (1473-1543), no período do Renascimento, revelou por
meio de seus estudos a Teoria Heliocêntrica, fato que ocasionou grandes transformações na
ciência e na sociedade, e grande colaboração para os estudos de movimentos realizados por
Isaac Newton (1642-1727).
No final do século XV, com a ampliação da sociedade comercial, houve a
necessidade de novos estudos sobre conhecimentos físicos que impulsionaram mudanças
econômicas, políticas e culturais, ocasionando a Revolução Industrial do século XVIII, com a
apresentação e o uso de máquinas à vapor nas indústrias, especialmente na Inglaterra.
A Física que conhecemos hoje foi basicamente iniciada por Galileu Galilei
(1562-1643). A partir de suas observações pelo telescópio, validou as ideias de Nicolau
Copérnico, em que o Universo passou a ser infinito, o céu imperfeito e o espaço podiam ser
descrito por meio da linguagem matemática.
A partir dos estudos de Newton, a Teoria da Gravitação deu consistência aos
trabalhos de Brahe e Kepler, onde marcou o início de uma nova concepção de Universo,
deixando de se apresentar com algo divino, podendo ser interpretado pelas leis da Física e
equações matemáticas, originando assim os primeiros passos para a ciência moderna.
A proposta da ciência moderna era que o comportamento do Universo
seguia regularidades mecânicas: uniforme, mecânico e previsível, e também se apoiava em
dois pilares: a matemática para expressar leis e a experimentação como forma de comprovar
as mesmas leis.
Durante o século XVIII, os filósofos europeus iluministas, em especial os
franceses, seguiram as ideias de Descartes e Newton, concentrando-se na matemática e na
experimentação, pois gostariam de uma sociedade mais racional.
Em meados do século XVIII, o contexto social da Inglaterra favorecia o
avanço do conhecimento físico, uma vez que o uso de máquinas à vapor apresentou mudanças
de produção de bens, contribuindo nas transformações sociais e tecnológicas. Naquele
contexto histórico, a termodinâmica iniciou seus primeiros passos e a própria natureza passou
a ser matéria-prima.
A partir de então “o calor passou a ser entendido como a forma de energia
relacionada ao movimento, possibilitando o estabelecimento das leis da Termodinâmica.”
(PARANÁ, 2008, p.44).
Mayer, em 1842, ao concluir que calor e trabalho são manifestações de
energia elaborou uma síntese onde afirmava que a energia não pode ser destruída, mas,
somente mudar de forma. Neste período, a Física veio contribuir novamente para um avanço
na sociedade capitalista, Maxwell, em 1861, previu que “os campos eletromagnéticos
poderiam se propagar como ondas e completou uma visão geral de todos os campos de forças
até então conhecidos, ao mesmo tempo em que lançou as bases tanto para a produção de
energia elétrica quanto para as modernas telecomunicações.” (PARANÁ, 2008, p. 44).
Somente no início do século XX, Einstein apresentou a Teoria da
Relatividade, ao perceber que as equações de Maxwell não obedeciam a mudanças de
referencial.
Com o período de grandes guerras, os cientistas se refugiaram
especialmente nos Estados Unidos, onde tinham liberdade para desenvolverem suas pesquisas
e o nascimento da mecânica quântica.

2.2 O Ensino da Física

“É preciso ver o ensino da Física com mais gente e menos álgebra, a


emoção dos debates, a força dos princípios e a beleza dos conceitos.” (PARANÁ, 2008, p.50).
A partir da ideia expressa pelo autor, podemos analisar que o ensino da Física pode ser
voltado para uma perspectiva contemporânea, a qual relaciona a Física e as suas aplicações
cotidianas para uma melhoria na qualidade de vida.
Desta forma, podemos dizer que a Física é uma ciência que, desde o
princípio, visa descobertas para resolver situações problemas na sociedade.
Doravante, podemos afirmar que a Física “deve educar para a cidadania e
isso se faz considerando a dimensão crítica do conhecimento científico sobre o Universo de
fenômenos e não da neutralidade da produção desse conhecimento, mas seu
comprometimento e envolvimento com aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais.”
(PARANÁ, 2008, p.50).
Baseados na evolução da História, como apresentado no item anterior, e nos
conceitos de Física, o ponto de partida da prática pedagógica está nas Diretrizes Curriculares
da Educação Básica de Física, a qual se apresenta como conteúdos estruturantes os conceitos
abordados neste projeto.
Analisando as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Física,
observamos que a Termodinâmica acontece a partir de estudos de fenômenos térmicos e seus
axiomas, desenvolvendo assim o Princípio da Conservação de Energia.
Da mesma análise, também podemos citar sobre o Eletromagnetismo, o qual
foi gerado a partir de estudos de fenômenos elétricos e magnéticos realizados por Ampére,
Faraday e Lenz, fenômenos estes que serão abordados no decorrer deste trabalho.

3 APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

De acordo com Moreira (1999), a aprendizagem significativa é um processo


por meio do qual uma nova informação relaciona-se de maneira substantiva (não-literal) e não
arbitrária, a um aspecto relevante da estrutura do conhecimento do aluno. Dessa maneira, os
novos conhecimentos vão sendo incorporados aos conhecimentos já adquiridos e esses vão se
transformando em âncoras para receberem sempre novos conceitos.
Moreira (1999) afirma que na teoria de Ausubel essas âncoras são
consideradas como conceitos subsunçores que dão suporte a novos conhecimentos, facilitando
a compreensão das novas informações, o que dá significado real ao conhecimento adquirido.
Conduzir as atividades de ensino com base na aprendizagem significativa,
pode resultar em algo prazeroso ao aluno e ao mesmo tempo evidenciar que a Física tem uma
aplicação direta na evolução da humanidade.
De acordo com Guimarães (2009) “o trabalho em grupo nas escolas é um
passo inicial para uma vida inteira em que os estudantes (e futuros profissionais) terão que
atuar em grupos pequenos ou grandes para, por exemplo, implementar um projeto ou resolver
problemas variados”.
Uma das finalidades do trabalho em grupo é o cooperativismo, isso implica
que a realização do trabalho final depende de todos os envolvidos no processo.
Uma vez que o trabalho será desenvolvido em grupo, faz-se necessário
lembrar que as atividades em laboratórios, devem ser prazerosas e que as experiências
propostas sejam cativantes a tal ponto que não se perca a motivação que perpassa aluno/saber.
O documento que norteia o ensino de Física no Paraná, aponta “a
importância das atividades experimentais para uma melhor compreensão acerca dos
fenômenos físicos.” (PARANÁ, 2008, p.71)
Observando as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do
Paraná para a disciplina de Física (PARANÁ, 2008, p.74) “outro aspecto a considerar é que
uma experiência que permite manipulação de materiais pelos estudantes ou uma
demonstração experimental pelo professor, nem sempre precisa estar associada a um aparato
sofisticado”.
Este documento também ressalva a ideia que “um experimento deve ser
planejado após uma análise teórica” (PARANÁ, 2008, p.71).
Retomando a ideia de Charlot (2000), as atividades práticas nas aulas de
Física devem apresentar-se de forma cativante visando uma relação de motivação que
interliga o aluno com o saber.
Para Charlot (2000), os conceitos de mobilização e motivação são
inseparáveis, pois quando estamos motivados, nos mobilizamos a atingir os nossos objetivos e
quando nos mobilizamos é porque temos motivação para atingir nossos ideais.
Quanto à motivação, são apontadas por Pintrich & Schunk (1996 apud
LABURÚ, 2006) quatro fontes favorecedoras para esta situação: o desafio, a curiosidade, o
controle e a fantasia, para que as experiências se apresentem cativantes e calcadas como
novidades.
As atividades experimentais devem contemplar duas dimensões de
satisfação: satisfação de baixo nível e satisfação de alto nível.
Para Pintrich & Schunk (1996 apud LABURÚ, 2006) encontra-se no
esforço pedagógico a atividade experimental cativante como satisfação de baixo nível, pois
depende da mediação do professor em incentivar essas atividades. Uma satisfação de alto
nível, também apoiada na intervenção do professor, mas agora num outro aspecto, o de
promover inferência para a construção do conhecimento científico.
Como a proposta do projeto é o trabalho em grupo incluindo atividades
experimentais, vale lembrar que LABURÚ (2006) acrescenta como critério de verificação a
cooperação e interação positiva entre os alunos.
Neste trabalho assume-se o compromisso de verificar que a Física como
ciência em evolução traz o bem para a humanidade, já que por meio dos conhecimentos
científicos, dos fenômenos naturais e suas aplicações no cotidiano, tornam nossas vidas
melhores.

4 ENERGIA ELÉTRICA

4.1 Geração de Energia Elétrica

A geração de energia elétrica no Brasil se dá por meio de usinas geradoras


de energia elétrica utilizando fontes naturais como a água e o ar.
As usinas que utilizam a força da água são hidrelétricas e termelétricas, e as
que utilizam a força do ar são usinas eólicas.

4.1.1 Usinas Hidrelétricas

Quase metade da energia elétrica produzida no Brasil é obtida a partir das


usinas hidrelétricas. (PENTEADO, 2005)
De acordo com Almeida (2010, p. 233) “a construção de hidrelétricas
podem implicar impactos ambientais muito sérios... Envolve, além dos equipamentos
instalados, o desvio do curso do rio, a preparação de um terreno e a formação de um
reservatório”.
Sabemos que, para a construção dessas usinas é necessário uma barragem
criando grandes represas, provocando o alagamento de extensas áreas, situação necessária
para manter o reservatório de água utilizada na geração de energia.
Algumas das vantagens de usinas hidrelétricas são: baixa emissão de gases
poluentes que provocam o efeito estufa; fonte de energia renovável e que dispensa o uso de
combustíveis; não produz dejetos tóxicos ou radioativos, além da compensação financeira pela
utilização dos recursos hídricos. Esta compensação é para construção de vilas para a população
ribeirinha com casas de alvenaria, escolas, clínicas, estações de tratamento de água e esgoto.
Sob outro olhar, as desvantagens seriam, além do impacto socioambiental, a
situação econômica da população ribeirinha que tira seu sustento do rio, da pesca, pois a
construção de hidrelétricas altera o ciclo dos peixes e também traz prejuízo para a fauna local.
O caminho que a energia faz para chegar até o consumidor é longo, e desde
a sua geração até o consumo, conseguimos relacionar vários conceitos físicos.
Ainda na usina, a energia para ser gerada, necessita do trabalho de geradores
(que giram com a força da água), cujo princípio de funcionamento se baseia na indução
magnética (Lei de Lenz), bem perto deles, na casa de força, estão os transformadores
(equipamentos que acumulam e enviam energia para os cabos de transmissão).
A energia produzida pelos geradores é transmitida para os transformadores
por meio de cabos aéreos, revestidos por camadas de materiais isolantes e fixados em grandes
torres de metal.
Durante o percurso, a eletricidade passa por diversas subestações, onde
passam por transformadores que aumentam ou diminuem sua voltagem, alterando as tensões
elétricas (força eletromotriz – Lei de Faraday).
Quando a energia sai da usina passa por transformadores que elevam sua
tensão, para que a perda da energia pelo Efeito Joule não seja de grandes proporções, quando
está se aproximando para o uso em geral por seus consumidores, os transformadores
diminuem essas tensões para não causarem danos. Assim forma-se a rede de distribuição.

4.1.2 Usinas Termelétricas

No Brasil, a predominância de energia elétrica é proveniente de usinas


hidrelétricas, mas também existe uma colaboração vinda de usinas termelétricas.
“As termelétricas usam carvão mineral, gás natural e óleo como
combustível”. (ALMEIDA, 2010, p. 232)
Essas usinas são construídas próximas de rios, dos quais se desvia parte da
água para a liquefação do vapor d’água.
A água é devolvida ao leito do rio numa temperatura mais alta, pondo em
risco várias formas de vida aquática e acarretando prejuízo ao ecossistema local.
Comparando-se as usinas hidrelétricas com as termelétricas, as termelétricas
apresentam uma rápida edificação e assim, levam menor tempo para a geração de energia.
Com o intuito de reduzir os custos com torres e linhas de transmissão, são
instaladas em locais próximos aos das regiões de consumo.
É utilizada de forma estratégica, quando há um período de seca que causa
diminuição de água nas represas que abastecem as hidrelétricas.
O custo final da energia produzida por essas usinas é mais caro que a
energia produzida pelas hidrelétricas, pois é necessária a aquisição de combustíveis fósseis
para o funcionamento da mesma.
Nestas usinas, o caminho entre a geração de energia e o consumidor pode
ser mais curto, uma vez que ela pode ser construída próxima da área de consumo.
Conforme Gonçalves Filho (2010, p. 145):

O movimento do eixo de um gerador é obtido pela queima de um


combustível, em geral carvão ou óleo. A água é vaporizada em uma caldeira
e o vapor, conduzido a alta pressão por uma tubulação até as pás de uma
turbina, cujo eixo está acoplado a um gerador.
Com o choque do vapor d’água à alta pressão e as pás da turbina, obtém-se o
movimento do gerador. Posteriormente, o vapor d’água é resfriado no
radiador, onde a água volta ao estado líquido, sendo depois injetada na
caldeira, para ser novamente vaporizada”.

Após o processo de geração de energia, a transmissão acontece da mesma


forma que nas hidrelétricas, passam pelos cabos de transmissão, pelas subestações que
aumentam ou diminuem as voltagens, até chegar aos consumidores.
Os conceitos físicos compreendidos nesta etapa do projeto são: termometria,
correntes de convecção e estados físicos da matéria.
As usinas nucleares também são usinas termelétricas, apenas utilizam outro
combustível: o urânio.
No Brasil encontram-se localizadas na Central Nuclear Almirante Álvaro
Alberto, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, central composta por três unidades: Angra1,
Angra2, e Angra3.
Como relata Penteado (2005, p. 163) “a participação de energia nuclear no
fornecimento de energia elétrica é apenas de 1,49%” do consumo do país.
Analisando a tabela apresentada pela Aneel (2008), o Brasil ocupa o 23º
lugar mundial em produção de energia nuclear, produzindo 2.007MW por meio das Usinas
Angra1 e Angra2.
Sobre os impactos socioambientais que uma usina nuclear pode gerar, além
dos impactos de uma termelétrica de combustíveis fósseis é a água devolvida ao mar, de
temperatura aproximadamente 60ºC maior que a temperatura ambiente e os rejeitos
radioativos.
As usinas nucleares, como são termelétricas, efetuam o mesmo
procedimento para geração de energia elétrica de uma termelétrica que utiliza combustíveis
fósseis para seu abastecimento. Mesmo assim podemos apontar algumas vantagens da usina
nuclear em relação a termelétricas comuns: uma usina nuclear pode ser construída utilizando-
se de menor área em relação à termelétrica; as reservas de combustíveis que mantém as
termelétricas são menores que as reservas de energia nuclear; elas não contribuem para o
efeito estufa.
Em relação às desvantagens podemos citar: para a construção e operação
dessas usinas os custos são muito altos; descarte do lixo atômico e a causa de acidentes
nucleares, que resultam na liberação de material radioativo, altamente prejudicial à vida e ao
meio ambiente; possibilidade do uso da energia nuclear para a construção de armamentos
nucleares.
De acordo com Gonçalves Filho (2010, p. 146) o processo de geração de
energia em uma usina nuclear, segue da forma:

O movimento do eixo gerador também é obtido pelo choque das moléculas


do vapor d’água a alta pressão com as pás da turbina. O combustível
utilizado é o urânio.

O processo de geração de energia é semelhante ao das usinas termelétrica. O


combustível utilizado nestas usinas são elementos químicos radioativos como o urânio, o
plutônio e o tório.
Dentro das varetas do elemento combustível, ocorre a fissão dos átomos, o
que ocasiona o aquecimento da água que passa pelo reator a uma temperatura de 320ºC,
mantida sob uma pressão de 157 vezes maior que a pressão atmosférica, para que a água não
entre em ebulição.
A troca de calor entre as águas do primeiro circuito e do circuito secundário,
que são independentes entre si, é de responsabilidade do gerador de vapor.
Em virtude desta troca de calor, a água do circuito secundário se transforma
em vapor que movimenta a turbina, a qual aciona o gerador elétrico.
O vapor deste circuito, depois de mover a turbina, passa por um
condensador, onde é refrigerado pela água do mar, por meio de um terceiro circuito
independente. A água que passa pelo reator não está em contato com as demais devido aos
circuitos serem independentes.
A partir do gerador elétrico o procedimento da transmissão de energia
elétrica segue o mesmo sistema das demais usinas.

4.1.3 Usinas Eólicas

Nas usinas eólicas a geração de energia elétrica acontece por meio da


transformação da energia cinética.
A incidência do vento nas pás da hélice causa um movimento de rotação,
acoplado em um gerador, que por sua vez transforma essa energia cinética em elétrica.
É uma energia limpa de fonte renovável, embora apresente também alguns
prejuízos como alteração da paisagem, a poluição sonora e a mortandade de pássaros que se
chocam contra suas hélices.

5 CONSUMO CONSCIENTE DE ENERGIA ELÉTRICA

Para um uso consciente de energia elétrica em nossas residências, além do


slogam “a luz que você apaga, você não paga” é necessário pensar em fontes alternativas de
geração de energia.
Essas fontes, não necessitam expressamente gerar energia elétrica, mas
subsídios para economizá-la.
Sendo assim, podemos pensar como forma alternativa para o consumo de
energia elétrica, os aquecedores solares, não no intuito de geração de energia elétrica (como
células fotovoltaicas), mas sim, para o aquecimento de água utilizada nas residências.

5.1 Aquecedor Solar para água do chuveiro

O processo de aquecimento de água por meio do aquecedor solar se dá por


placas coletoras solares e um reservatório de água chamado Boiler.
É de responsabilidade das placas a absorção da radiação solar. A energia
térmica absorvida pelas placas é transmitida para a água que circula dentro das tubulações de
cobre.
O reservatório térmico é um recipiente cilíndrico de cobre ou aço, isolados
termicamente, para evitar o máximo de perdas de calor pelo processo de condução térmica, e
sua função é armazenar a água quente, fazendo com que a água esteja aquecida para qualquer
hora de uso.
A função da caixa de água fria é alimentar o reservatório, para que ele
sempre fique cheio. É por termossifão que a água circula entre os coletores e o reservatório.
Nesse processo, a água dos coletores é mais quente e menos densa que a
água do reservatório, como a água fria é mais densa, empurra a água quente para o
reservatório, causando a circulação.

5.2 Resultados Obtidos

“É preciso ver o ensino da Física com mais gente e menos álgebra, a


emoção dos debates, a força dos princípios e a beleza dos conceitos.” (PARANÁ, 2008,
pág.50).
A partir da ideia expressa pelo autor, podemos analisar que o ensino da
Física pode ser voltado para uma perspectiva contemporânea, a qual relaciona a Física e as
suas aplicações cotidianas para uma melhoria na qualidade de vida.
Neste trabalho, apresentamos a Física como participação ativa na melhoria
de qualidade de vida a partir da geração de energia elétrica, a qual foi representada pelos
alunos do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Padre José e Anchieta – Ensino
Fundamental, Médio e Profissional.
Os alunos do 3º ano do Ensino Médio receberam com boa aceitação a
proposta do Projeto de Intervenção, bem como o Material Didático Pedagógico para a
implementação do mesmo. Então, os alunos foram organizados em cinco grupos, os quais
ficaram responsáveis pela construção de maquetes que representavam alguns tipos de usinas
geradoras de energia (eólica, hidrelétrica e termelétrica), corrente elétrica e transformador e
eletroímã, e aquecedor solar, ficando assim distribuído as atividades: Grupo Gangue do OVO
– Usina Hidrelétrica; Grupo Elétrons – Usina Termelétrica; Grupo Os Muleque é Físico –
Corrente Elétrica, Transformador e Eletroímã; Grupo Romero Brito – Aquecedor Solar e
Grupo Átomos Microscópicos – Usina Eólica.
A Física “deve educar para a cidadania e isso se faz considerando a
dimensão crítica do conhecimento científico sobre o Universo de fenômenos e não da
neutralidade da produção desse conhecimento, mas seu comprometimento e envolvimento
com aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais.” (PARANÁ, 2008, pág.50).
Educar para a cidadania significa também uma abordagem de trabalho em
equipe, no qual, entrelaçam ideias e ideiais.
De acordo com Moreira (1999), a aprendizagem significativa é um processo
por meio do qual uma nova informação relaciona-se de maneira substantiva (não literal) e não
arbitrária, a um aspecto relevante da estrutura do conhecimento do aluno. Dessa maneira, os
novos conhecimentos vão sendo incorporados aos conhecimentos já adquiridos e esses vão se
transformando em âncoras para receberem sempre novos conceitos.
Conduzir as atividades do Ensino de Física com base na aprendizagem
significativa pode resultar em algo prazeroso para o aluno e ao mesmo tempo evidenciar que a
Física tem uma aplicação direta na evolução da humanidade.
Desta forma, os alunos responderam a um questionamento sobre energia,
dentro de seu conhecimento de mundo, sem nenhuma leitura prévia sobre os conceitos
abordados nesta atividade.
Como a aprendizagem significativa se dá pelo processo da assimilação de
conhecimentos subsunçores para um conhecimento científico, por meio de pesquisas
realizadas pelos grupos para a organização das maquetes e apresentação de seus trabalhos
como forma de Mostra Científica para a comunidade escolar. Esse processo fez com que a
participação efetiva de cada membro dos grupos, adquirisse conhecimento científico que
desse subsídio à sua explicação e, ainda mais, que partindo do pressuposto de conhecimento
de mundo, cada um, pode, por meio da aprendizagem significativa, aprimorar seus
conhecimentos de forma responsável e prazerosa.
Durante a realização do trabalho, os alunos de cada equipe foram orientados
pela professora (em período contraturno), em suas pesquisas e montagens das maquetes, bem
como os textos explicativos para o dia da Mostra Científica para a comunidade escolar.

6 CONCLUSÃO

A Física “deve educar para a cidadania e isso se faz considerando a


dimensão crítica do conhecimento científico sobre o Universo de fenômenos e não da
neutralidade da produção desse conhecimento, mas seu comprometimento e envolvimento
com aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais.” (PARANÁ, 2008, pág.50).
Pensando a partir desta perspectiva, os conceitos físicos sobre geração de
energia elétrica foram apropriados pelos alunos com a utilização dos conhecimentos prévios e
aprimorados pelo trabalho em equipe. As equipes desenvolveram maquetes que
representavam a geração de energia por vários tipos de usinas e também um aquecedor solar
para a representação da substituição de energia elétrica utilizada no aquecimento da água com
a energia solar, como forma de consumo consciente de energia.
O desenvolvimento deste trabalho foi de suma importância para os alunos,
que verificaram as aplicações de conceitos físicos em nosso dia a dia. Também para uma
verificação entre conhecimento de mundo (antes de realizarem as atividades) e conhecimento
científico (após realizarem as atividades, as quais proporcionaram um reconhecimento por
parte dos alunos sobre o trabalho em grupo, e quão grande a relevância de cada um em
respeitar o trabalho do próximo e cumprir com suas responsabilidades).
Ao término deste trabalho, foi possível constatar que, mais que aprender os
conceitos físicos envolvidos em cada questão, todos os participantes, apropriaram-se de
conhecimentos científicos da Física, passaram a perceber a importância da Geração de
Energia Elétrica e consequentemente o quanto é essencial clareza no Consumo Consciente de
Energia Elétrica.
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