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FACULDADE UNA DE CATALÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Fundamentos do Transformador de Distribuição

José Luiz Gonzaga dos Santos; Leonardo Vitorino Firmino de Souza; Lidyane Rangel do
Prado; Stéfany Cristina Oliveira da Silva
Faculdade UNA de Catalão
Mariana Nalesso Gonçalves; Professor Orientador, Curso de Engenharia Elétrica.
luiz_go3000@yahoo.com.br; leofirmino22@hotmail.com; lidyrangel@gmail.com;
tefecrist@gmail.com.

Resumo

Transformador é uma máquina elétrica estacionária que, como outros equipamentos


elétricos, apresenta diferentes característica conforme seu funcionamento. Esse
equipamento tornou-se indispensável na utilização de energia por outros aparelhos
elétricos, ao ponto de ser possível encontrar transformadores tanto na saída de usinas
geradora energia elétrica como no carregador do celular. A escolha do objeto de estudo,
transformador de distribuição, resulta por ser uma das principais máquinas dentro do
Sistema Elétrico de Potência, a rápida evolução desde sua criação e o seu início recente
na utilização da tecnologia. Diante desse contexto, o estudo desenvolvido por meio de
revisão bibliográfica e estudo físico, mostra as características gerais do transformador e,
com estudo minucioso aos de distribuição, sua importância e utilização no sistema elétrico.
Citando o processo de criação e desenvolvimento, desde os cálculos que define seu
comportamento, a função dos materiais existentes no seu interior e exterior, até
demonstração prática da abertura do transformador para o estudo.

Palavras-chave: Transformadores, energia, distribuição.

Abstract

Transformer is a stationary electrical machine that, like other electrical equipment, has
different characteristics according to its operation. This resource has become indispensable
in the use of energy by other electrical devices, at to the point where it is possible to find
transformers both at the output of power generating plants and in the cell phone charger.
The choice of the object of study, distribution transformer, resulted in being one of the main
machines within the Electric Power System, a rapid evolution since its creation and its recent
beginnings in the use of technology. In this context, the study developed through a literature
review and physical study, shows the general characteristics of the transformer and, with a
detailed study of distribution, its importance and use in the electrical system. Citing the
creation and development process, from the calculations that define its behavior, the
function of the materials inside and outside it, to the demonstration of opening the
transformer to study.
Keywords: Transformers, energy, distribution.
1. INTRODUÇÃO

A história do eletromagnetismo, princípio básico de funcionamento do transformador,


é conhecida desde as civilizações antigas, ou seja, antes de correlacionarem a eletricidade
ao magnetismo.
Com o intuito de detalhar os fatos históricos que levaram a criação do transformador,
serão apresentados alguns dos registros da humanidade a respeito do conhecimento que
se obteve do eletromagnetismo, até o ponto objetivo da construção do transformador. O
equipamento trouxe e vem trazendo vários benefícios ao sistema elétrico, e assim, esse
trabalho irá detalhar sobre suas características, formas, tamanhos, capacidades e
aplicações.
A história do transformador vem desde o fim do XVI, onde os antigos gregos
possuíam o conhecimento sobre alguns fenômenos da eletricidade e do magnetismo.
Conheciam-se alguns materiais como o âmbar e o magneto natural, por exemplo, que
tinham a capacidade de atraírem e repelirem objetos magnéticos. Porém, mesmo
conhecendo algumas propriedades destes materiais, pouco se sabia sobre eles, o
fenômeno observado era chamado de eflúvio. Somente em 1729 se deram as primeiras
pesquisas relacionadas ao eletromagnetismo, citado no trabalho de Stephen Gray como
magnetismo e eletricidade. (PIRES, 2008).
Ainda segundo Pires (2008), em 1729, Stephen Gray mostrou que a ideia inicial de
que se existia uma aura, um eflúvio elétrico ligado aos corpos de propriedades elétricas e
magnéticas, já não era mais o princípio que definia os fenômenos eletromagnéticos. Com
seus estudos e pesquisas, ele descobriu que essa natureza era independente e que podia
ser transferida de um corpo para o outro, e a batizou de fluido elétrico.
Ainda no início do século XVIII, Charles Du Flay, confirmou a ideia de Fluido Elétrico,
observando através de pesquisas a possível ideia de se existirem fluidos diferentes.
Seguido por Charles, veio o professor Pieter Von Musschenbrook, que em 1745 inventou
um dispositivo capaz de armazenar a eletricidade, a garrafa de Leyden. Jean Antoine, aluno
de Pieter, associou o fenômeno elétrico ao fluido elétrico em direções opostas. (PIRES,
2008)
Vale ressaltar que as pesquisas, por mais que relevantes, não se passavam de
deduções. Apenas a chegada de Benjamin Franklin, com suas pesquisas e experimentos
utilizando a garrafa de Leyden, trouxe rumos diferentes do que se acreditava teoricamente
sobre a eletricidade e magnetismo. O que antes era tratado como um fenômeno existente
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia Elétrica 2
através do atrito e com fluidos diferentes veio a se tornar um elemento presente em
qualquer matéria, sem a necessidade de se atritarem e hipoteticamente em apenas um
fluido. Lembrando que Benjamin Franklin, nunca abandonou a ideia do eflúvio. Notou-se
que a existência da eletricidade e o magnetismo poderia trazer à humanidade vários
benefícios, como Charles Du Flay mostrou, naquele tempo já se tinha a capacidade de
armazenar eletricidade. (PIRES, 2008)
Seguido por Benjamin Franklin, vários outros cientistas contribuíram para o
desenvolvimento e descoberta do comportamento da eletricidade e magnetismo. Entre eles,
Franz Ulrich Theodor Aepinus, contestou a ideia do eflúvio e o substituiu pela ação à
distância. Posteriormente, John Micheli, em 1750 descobriu a lei do Inverso do quadrado
da distância para a força entre polos. Em 1767 Joseph Priestley, fez a observação de uma
esfera, trazendo a teoria de que a força elétrica deveria seguir a lei do inverso do quadrado
das distâncias. (PIRES, 2008)
A esse nível histórico, relacionado ao surgimento do transformador, as pesquisas
passaram a ter mais relevância e levar a uma definição geral sobre eletricidade e
magnetismo. A partir de 1767, houve confirmação e mudanças das teorias e leis já citadas,
e também a criação de várias novas teorias. Chegando a ser citado nesse período a
equação de Laplace e a Teoria do potencial da função V. (PIRES, 2008)
A ideia de que a eletricidade e o magnetismo poderiam ter relação entre si, se deu
em 1735 com a publicação de um artigo, que descreveu talheres que foram atingidos por
um raio e ficaram imantados. Em julho de 1820, foi definitivamente descoberto o
eletromagnetismo, com o físico Hans Chistian Oersted, que fez experimentos com uma
agulha e aplicando uma corrente, notou que a agulha se movia paralelamente ao condutor.
Mesmo diante dessa descoberta, o físico não esclareceu sobre esse fenômeno, pois ele
acreditava nas leis dos fluídos, que se chocou com a ação a distância em que se obteve
em seus experimentos. Oersted, deu continuidade, investigando vários outros cientistas em
relação a pesquisas e experimentos. (TRANSFORMADORES UNIÃO, 2019)
Em outubro de 1820, Jean Baptiste Biot e Félix Savart, demostraram uma lei
quantitativa que modulava o campo magnético gerado por uma corrente. Em 1825, o físico
André Marie Ampère, apresentou a descoberta feita com suas pesquisas, que há atração
entre dois fios paralelos, com sentido de correntes iguais, e repulsão com sentido de
correntes diferentes. Apresentou também, que fios enrolados em forma de espiral, com
passagem de corrente, funcionavam como imãs. Aos estudos e descobertas feitas, ele deu
ao seu trabalho o nome de eletrodinâmica. (TRANSFORMADORES UNIÃO, 2019)
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Finalmente, Michael Faraday fez a descoberta da eletrolise, do dínamo e contestou
várias teorias anteriores a dele, relacionadas a eletromagnetismo. As linhas de força, eram
consideradas por ele em formato de tubos e ele afirmava que elas fornecem a direção e a
intensidade de suas forças. Diante de vários estudos, propôs que a eletricidade não atua
por uma ação a distância no espaço vazio e sim através de um meio.
(TRANSFORMADORES UNIÃO, 2019)
Segundo Pires (2008) no mesmo período, nos Estados Unidos, Joseph Henry
descobriu a indução elétrica e foi o criador do primeiro motor. Após essas pesquisas e
criações, vários outros cientistas se aprofundaram em conceitos a respeito de imãs,
eletroímãs, eletricidade e magnetismo.
Em 1831, Michael Faraday criou o transformador, um equipamento que possui núcleo
e enrolamentos. Tem como funcionamento a indução de correntes e segue os princípios
básicos do eletromagnetismo que diz como é possível ter uma corrente elétrica quando
submetido a um campo magnético variável. (PIRES, 2008)
Diante dos fatos citados, enfatiza-se que os transformadores só funcionam em
corrente alternada.
Mesmo as características dos transformadores já tendo sido estudadas, o termo
“transformador” só surgiu em 1885, quando Ottó Blánthy, Miksa Déri e Kárroly Zipernowsky,
requereriam a patente do dispositivo denominado como “ZDB Transformer”. A partir daí, os
transformadores sofreram várias modificações de acordo com a necessidade de utilização
dos mesmos. (TRANSFORMADORES UNIÃO, 2019)
Em 1889, Mikhail Dolivo, junto com Charles Eugene Lancelot, desenvolveram o
primeiro sistema de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia trifásica, realizando a
ligação da cidade de Lauffen e Frankfurt. Aqui se pode notar a importância de todos os
fatos históricos citados, e o desenvolvimento de cada pesquisa e experimento. (PIRES,
2008)
Ainda que neste artigo o foco seja os transformadores de distribuição, existem
diversos tipos de transformadores, como os transformadores de baixa potência, ilustrados
na figura 1 e 2:

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Figura 1 – Transformador de estabilizador Figura 2 – Transformador de alta frequência
(Fonte: Autoria própria) (Fontes: Autoria própria)

E mesmo em equipamentos pequenos, o funcionamento é basicamente o mesmo de


transformadores maiores, salvo algumas diferenças como a frequência de trabalho, tipo de
dissipação do calor gerado e a aplicação para o qual são empregados. O transformador de
estabilizador, figura 1, executa o papel de transformador abaixador de tensão. Atuando na
faixa de tensão de 220/12V frequência nominal da rede (60Hz). O transformador de alta
frequência, figura 2, atua como filtro para frequências muito altas, na ordem de kHz e acima,
se comportando como um circuito aberto para essas frequências.
Outro transformador que deve ser citado são os transformadores de corrente,
comumente chamados de TC, figura 3.

Figura 3 – Transformadores de corrente instalados para medições.

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(Fonte: Autoria própria)

Essas máquinas na maioria das vezes são usadas para medições, utilizando o
campo magnético oscilante gerado pelo condutor que estiver passando no interior do
núcleo, caso seja do tipo anel, ou o campo gerado pelo secundário/primário para operar
devido seu funcionamento. (MAMEDE. F, 2019)
Diante de vários tipos de transformadores o mais comum deste tipo de máquina, é o
transformador utilizado nas redes de distribuição, que servem para distribui energia elétrica
para diferentes tipos de consumidores, urbanos e rurais. Tem como função realizar a
transformação da tensão normalmente de 13,8 kV para 220V/127V tornando-a própria para
a utilização, e são instalados em postes, estes que compõe a rede de distribuição de baixa
tensão, esta responsável por conduzir a energia até aos consumidores. O transformador de
distribuição é o objeto de estudo deste trabalho e com o objetivo de avaliar os aspectos
construtivos e de funcionamento destes equipamentos, foi realizado um experimento de
abertura de alguns transformadores, que serão apresentados no desenvolvimento desse
artigo.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os transformadores, conforme visto na seção anterior, são máquinas elétricas


estáticas, ou seja, não possuem partes rotativas, e são destinadas à transformação de
energia elétrica em energia elétrica, modificando a amplitude dos sinais de tensão e
corrente alternadas, sem modificar suas características de frequência. Estes equipamentos
podem ser constituídos por mais de um circuito eletromagnético, podendo transformar
simultaneamente mais de uma fase.
Os transformadores trifásicos são indispensáveis para o funcionamento do sistema
elétrico. Eles permitem alcançar níveis de tensão conforme a necessidade da geração,
transmissão e também da distribuição de energia elétrica.
A alteração no nível de tensão é necessária para reduzir as perdas que ocorrem
nos condutores durante a transmissão de energia em longas distâncias. Segundo Simone
(2010), tratando-se de potência, a relação entre a tensão e a corrente é inversamente
proporcional, conforme a equação 2.1.

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𝑆 =𝑉∗𝐼 2.1

Na equação 2.1, S é a potência aparente, em volt-ampere (VA); V é a tensão, em


volts (V); e I é a corrente, em amperes (A).
Existem diversos tipos de transformadores, que podem operar em vários níveis de
tensão, a depender de sua aplicação. Em relação aos transformadores de distribuição,
objeto de estudo deste trabalho, a tensão de operação mais comumente encontrada é de
13800 V na média tensão, com saída na baixa de 220/127 V, 380/220V ou ainda 440/380V.
O transformador é composto por dois circuitos eletricamente isolados entre si, que
são acoplados magneticamente através de um núcleo ferromagnético.
A modificação dos níveis de tensão entre o lado primário e o lado secundário desse
equipamento é obtida variando a quantidade de espiras dos circuitos elétricos de cada um
dos lados. (JORDÃO, 2002).
A quantidade de espiras nos enrolamentos primário e secundário, relacionadas à
tensão e a corrente em cada um destes, pode ser descrita pela equação 2.2.

𝑉1 𝑁1 𝐼2 2.2
= =
𝑉2 𝑁2 𝐼1

A figura 4 apresenta o circuito equivalente do transformador, ilustrando a relação de


transformação que existe entre os enrolamentos primário e secundário.

Figura 4 – Processo de transformação


(Fonte: JORDÃO, 2002.)

O princípio básico do funcionamento de um transformador é a indução


eletromagnética, em uma corrente elétrica variável no enrolamento primário cria um fluxo
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magnético variável no núcleo do transformador e, portanto, um campo magnético variável
através do enrolamento secundário. Esse campo magnético variável induz uma força
eletromotriz no enrolamento secundário. Com isso se obtém a tensão desejada de saída.

“Basicamente, um transformador consiste em dois ou mais enrolamentos


acoplados por meio de um fluxo magnético comum. Se um desses
enrolamentos, o primário conectado a uma fonte de tensão alternada, então
será produzido um fluxo alternado cuja amplitude depende da tensão do
primário, da frequência da tensão aplicada e do número de espiras. Uma
porção desse fluxo, denominado fluxo mútuo, concatena um segundo
enrolamento, o secundário, induzindo neste uma tensão cujo valor depende
do número de espiras do secundário, assim como a magnitude do fluxo
comum e da frequência. Ao se estabelecer uma porção adequada entre os
números de espiras do primário e do secundário, praticamente qualquer
relação de tensão, ou relação de transformação pode ser obtido.” (UMANS,
2014, p. 63 e 64)

O circuito equivalente do transformador ideal demonstrado na figura 5, apresenta um


transformador sem perdas, onde a tensão injetada no primário é a mesma que sai no
secundário, sendo assim a potência e fluxos iguais.

Figura 5 - Circuito Equivalente de um transformador ideal

(Fonte: CHAPMAN, 2013. Pag 88).

Um transformador não deve ser analisado sem levar em consideração suas


imperfeições. Segundo Chapman (2013), existem perdas que devem ser modeladas na
construção de um transformador, como as perdas nos enrolamentos dos circuitos elétricos,

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e que podem ser representadas através de elementos resistivos e reativos no circuito
equivalente.
Segundo o autor, as perdas no enrolamento primário são relativas à potência joulica
que é perdida no cobre dos condutores, portanto sendo representando por uma resistência.
Ainda de acordo com Chapman (2013), outra perda representada no enrolamento
primário é a de fluxo disperso. Essa perda é devida a uma parte do fluxo que se dispersa e
não passa pelo núcleo de ferro. Devido a essa perda de fluxo, a parte da magnetização fica
retida.
A impedância em paralelo, apresentada no circuito equivalente da figura 5,
representa as perdas no núcleo, de acordo com Chapman (2013). A perda por histerese
magnética é uma delas, e causa uma diminuição de fluxo efetivo devido a magnetização do
núcleo. Este efeito pode ser representado por uma reatância chamada de reatância de
magnetização. Por outro lado, existem correntes circulante no núcleo, chamadas de
correntes parasitas, que provocam um aquecimento e causam perdas de potência ativa.
Dessa forma, este efeito é representado por uma resistência.
A tensão transformada do primário para o secundário é a tensão de entrada menos
as quedas de tensão decorrentes das perdas naturais do equipamento. A tensão do
secundário sofre as mesmas perdas que ocorreram no primário representadas pela
resistência e reatância, portanto a potência de saída pode ser menor que a potência de
entrada.
Para cálculos de valores das perdas citadas, existem equações capazes de obter o
resultado das perdas no ferro e no cobre, conforme a equação 2.3 e 2.4.

2.1 Perdas no Transformador

PERDAS NO FERRO

As perdas no ferro se dão pelas variações de indução nos núcleos ferromagnéticos


do transformador, e ela pode se subdividir em duas categorias, que são elas perdas
Foucault, que são geradas pelas correntes induzidas pela circulação de correntes parasitas;
e as perdas por Histerese, causadas pela Histerese magnética. (MAMEDE. F, 2019).
O valor das perdas Foucault pode ser obtido através da equação 2.3.

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𝑷𝑭 = 𝑲𝑭 . 𝑽 . (𝒇 . 𝑩𝒎𝒆 )𝟐 2.3

Onde KF é o coeficiente de perdas Foucault, V é o volume útil do núcleo


ferromagnético, f a frequência das variações de indução, Bm é o valor máximos das
induções senoidalmente variáveis, e é a espessura das chapas laminadas do núcleo.
Observando a equação 2.3, pode-se analisar que as perdas por Foucault são
proporcionais ao quadrado da frequência, da indução máxima e da espessura das chapas
laminadas, que é inversamente proporcional a resistividade do material utilizado para sua
formação.
Segundo MAMEDE. F (2019), as perdas por histerese ocorrem quando o material
magnético é submetido a um campo magnético alternado, onde os seus dipolos magnéticos
se chocam para obter sua polaridade norte-sul em cada ciclo. Quando os dipolos
magnéticos se chocam, o material ferromagnético é aquecido, gerando perdas por calor, as
quais são denominadas perdas por histerese, e podem ser obtidas através da equação 2.4.

𝟏,𝟔 2.4
𝑷𝑯 = Ƞ . 𝐕 . 𝐟 𝐁𝐦á𝐱𝐢𝐦𝐨

Onde Ƞ é o coeficiente de perdas histéricas, V é o volume útil do material laminado,


f a frequência e Bmáximo a indução máxima.

PERDAS NO COBRE

O transformador possui enrolamentos primários e secundários, e a perda no cobre é


dada pelo aquecimento das bobinas dos enrolamentos, onde parte da energia é dissipada
em calor, tendo como agente causador desse aquecimento o efeito Joule. Este efeito é a
colisão das cargas, que causa o aumento de temperatura, ou seja, o efeito joule ocorrerá
sempre onde existir passagem de corrente. (MAMEDE. F, 2019).
Para ocorrer dissipação de energia por efeito Joule, o meio que atravessa a corrente
elétrica deve apresentar alguma resistência elétrica, esta que é a capacidade do material
de se opor a corrente. Portanto a resistência elétrica de um material será a definição de
quanto calor será produzido, quando ocorrer à travessia dos fluxos magnéticos. Para se
calcular o efeito Joule, temos a equação 2.6.

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𝑸 = 𝒊𝟐 . 𝑹 . 𝒕 2.5

em que Q é o calor, em Joules; i é a corrente elétrica, em Ampères; E é a resistência


elétrica, em ohms; e t é o intervalo de tempo, em segundos.
A quantidade de calor dissipado é diretamente proporcional à resistência elétrica,
sendo assim, quanto maior a resistência elétrica de um meio, maior será a quantidade de
calor produzida ao conduzir eletricidade. Da mesma forma o tempo, quanto mais tempo
passar corrente em um corpo, maior será a perda por calor dissipado. (MAMEDE. F, 2019).

2.2 Aspectos Construtivos dos Transformador

O corpo do transformador é envolvido por sua carcaça, que é o recipiente que


acomoda todos componentes internos e externos do mesmo. Dentro da carcaça,
encontram-se componentes fundamentais para realizar a transformação da energia, como
o núcleo ferromagnético, que é o responsável por conduzir a corrente induzida no primário
até o enrolamento secundário, as bobinas que envolvem núcleo, um dos elementos
responsáveis por realizar a transformação da tensão, os barramentos primário e secundário
que funcionam como centros de redistribuição da corrente; e também os componentes que
complementam o funcionamento principal, como o radiador que realiza o resfriamento do
óleo isolante, óleo isolante responsável por resfriar e isolar o transformador, os elementos
para aterramento da carcaça, importantes para a proteção do equipamento evitando
descargas elétricas e borracha de vedação que veda o vazamento do óleo, conforme ilustra
a figura 6. (MAMEDE. F, 2019)

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Figura 6 – Vista superior e interna do transformador trifásico.
(Fonte: Autoria própria)

Externamente, o equipamento é composto por buchas primárias (H1, H2 e H3), que


são conectadas à média tensão; e buchas secundárias (X0, X1, X2 e X3), por onde obtém-
se a baixa tensão, conforme demonstrado na figura 7.

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Figura 7 – Buchas do transformador trifásico
(Fonte: Autoria própria)

Ainda em seu lado externo opcionalmente, durante a construção do transformador,


podem ser adicionados acessórios em sua parte externa ou interna (a critério de projeto
fabricante). Dentre estes, destacam-se:
- Os para-raios, que é um equipamento destinado à proteção contra sobretensão,
em caso de descargas atmosféricas e também sobretensão provocadas na linha de
distribuição em média tensão por chaveamento da rede. (MAMEDE. F, 2020).
- Os relés, dispositivos de proteção que podem ser utilizados no interior e também
no exterior do transformador. Um exemplo de aplicação é o relé de gás, que tem a
instalação no interior do transformador, instalado entre o tanque de expansão e o tanque
principal em transformadores preenchidos com óleo e tem como finalidade a detecção do
acumulo de gás e pressão dentro do transformador. (MAMEDE. F, 2020).
Todo transformador possui na parte externa de sua carcaça a placa de identificação,
com todas as características elétricas da máquina como potência, impedância, tensão de
entrada e saída, tipo de óleo isolante, relação de transformação e demais características,
conforme demonstra a figura 08. (MAMEDE. F, 2019)

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Figura 8 - Placa de Identificação de um Transformador Trifásico.

(Fonte: Autoria própria)

O comutador de tape, que nos transformadores mais novos é localizado na parte


externa e nos mais antigos na interna, serve para controlar a tensão de saída nos casos
em que a tensão que chega à bucha primária é diferente do que o desejado. Quando isso
acontece, a sua saída também é afetada, e pode ocasionar danos aos aparelhos elétricos
utilizados pelos consumidores finais da energia elétrica, quando funcionam com níveis de
tensão mais baixos ou mais altos que os que foram projetados para operar. (MAMEDE. F,
2019).
Nesses casos, é necessário alterar o tape do transformador, ou seja, reconfigurar as
suas bobinas para que a saída possua o nível de tensão correto. É necessário identificar
na saída se a tensão esta baixa, e então será preciso aumentar o tape, ou se estiver alta,
é necessário diminuir o tape.
Existem dois tipos de ensaios para teste de transformador são eles: o ensaio a vazio
que determina as perdas no núcleo ou perdas por histerese e Foucault, as correntes a
vazio, a relação de transformação e os parâmetros do ramo magnetizante; o ensaio curto-
circuito detecta as perdas no cobre, a queda de tensão interna e a impedância, resistência
e reatância percentual (OLIVEIRA, 1984).

Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia Elétrica 14


3. METODOLOGIA

Foi realizado uma revisão bibliográfica em livros de um período do ano de 1984 a


2020, uma grande margem de tempo, devido a ideia e fundamento do transformador não
ter se alterado. E visando aprofundar tecnicamente no assunto foi realizado também a
abertura de dois transformadores da classe de distribuição em uma empresa terceirizada
da concessionária de energia de Goiás, na cidade de Catalão, Goiás, sendo um monofásico
e um trifásico, ambos com chave seletora de tape externo. Durante o processo, foram
observados e documentados os dispositivos opcionais que os equipamentos estudados
possuíam, sendo eles as chaves fusíveis e os para-raios.
Para realizar o procedimento, foram utilizados os seguintes itens: item 1, a chave
estrela 18x19, item 2 a chave inglesa, item 3 o alicate universal e item 4 a luva de vaqueta.
A figura 9 apresenta as ferramentas utilizadas.

Figura 9 – Ferramentas utilizadas no procedimento de abertura dos transformadores.


(Fonte: Autoria própria)
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia Elétrica 15
O transformador trifásico, apresentado na figura 10, é da marca “MEGA” com
tensões de operação 13,8kV/220V e potência nominal de 75kVA.

Figura 10 –Transformador trifásico.


(Fonte: Autoria própria)

Figura 11 – Placa do Transformador Trifásico


(Fonte: Autoria própria)
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia Elétrica 16
Este equipamento em específico, segundo dados obtidos através da placa, possui
3,65% de impedância interna. Sua ligação no primário é do tipo delta, comumente chamado
de triângulo, e no lado do secundário, a ligação é em estrela, que é característica das redes
de distribuição, por possuir o condutor neutro disponível. Esse arranjo das bobinas no
interior do transformador é exemplificado na figura 12, pelo diagrama unifilar de ambas as
ligações:

(a) (b)
Figura 12 – Representação da Ligação em Delta ou Triângulo (a) e da Ligação em estrela (b).

(Fonte: CHAPMAN, 2013. Pag 122).

O transformador monofásico escolhido, figura 13, é da marca “ITB”, com potência


nominal de 10kVA, a tensão primária de operação é 13,8kV e a secundária de 220V fase-
neutro e/ou 440V fase-fase.
Diferentemente do trifásico, a impedância interna observada é de 2,53%,
entretanto, possui as configurações de ligação delta-estrela, no primário e secundário
respectivamente. Informações adquiridas da placa do transformador, figura 14.

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Figura 13 – Transformador monofásico.
(Fonte: Autoria própria)

Figura 14 – Placa do transformador Monofásico


(Fonte: Autoria própria)

Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia Elétrica 18


4. RESULTADOS

Analisando as figuras 11 e 14, nota-se que devido o transformador monofásico ter


sido fabricado em abril de 2020, esse modelo apresenta um desenho em sua placa
chamado código QR. Este código, quando escaneado, direciona o operador aos dados de
placa equipamento e ao site do fabricante, como mostra a figura 15.

Figura 15 – Resultado do código QR lido na placa do Trafo monofásico


(Fonte: App Leitor QR)

Excluindo a diferença do número de fases entre os dois transformadores abertos


(mono e trifásico), que reflete na potência nominal de cada um e a localização da chave
seletora de tape, os equipamentos selecionados para o estudo são iguais no que tange o
seu funcionamento, como observado e comparado na figura 16.

Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia Elétrica 19


Figura 16 – Interior dos transformadores monofásico e trifásico
(Fonte: Autoria própria)

Quando os transformadores sofrem algum tipo de dano, ou chegam ao fim da sua


vida útil, ou ainda necessitam passar por procedimentos de reconstrução, eles são enviados
para um depósito onde será armazenado com segurança. Um tipo de local de
armazenamento pode ser observado na figura 17.

Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia Elétrica 20


Figura 17 – Transformadores com defeito armazenados em local seguro.
(Fonte: Autoria própria)

Muitos desses transformadores serão transformados futuramente em sucata, sendo


reaproveitado o metal da carcaça, do núcleo e a porcelana das buchas dos barramentos.
O óleo nem sempre é reciclável ou reaproveitável, por tanto, é encaminhado para o
fabricante que fará o descarte adequado, pois essas substâncias são tóxicas e podem
causar danos ao meio ambiente.
Quando ocorre um acidente, como o vazamento de óleo em local inapropriado,
usam-se algumas almofadas recheadas com serragem para fazer absorção do máximo
possível. Depois é feita a coleta da porção do solo que foi exposta diretamente ao
vazamento com auxílio de pás e vassoura e armazenados em sacos plásticos, que serão
descartados em locais apropriados. A figura 18 apresenta exemplos de itens que podem
ser utilizados para coleta de óleo.

Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia Elétrica 21


Figura 18– Aparatos improvisados para coleta de óleo vazado de transformadores no meio ambiente.
(Fonte: Autoria própria)

Transformadores possuem diversos tipos de sistemas de proteção. Os sistemas


mais comuns utilizados nas redes de distribuição, e que foi possível fazer registro
fotográfico durante a execução do artigo, são: chave fusível e para-raios. Cada
equipamento do gênero tem uma ou mais aplicações específicas.
A chave fusível, apresentada na figura 19, é um dispositivo normalmente usado
para proteger o transformador contra sobrecorrente (correntes acima de um valor nominal
previamente estabelecido pelo fabricante), entretanto, também é utilizada em manobras de
circuito.

Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia Elétrica 22


Figura 19 – Chave fusível para classe de tensão de 13,8kV.
(Fonte: Autoria própria)

Outro uso muito comum dessa ferramenta é o chamado “by-pass”, que nada mais é
do que colocar um cartucho do tipo lâmina no lugar do cartucho comum, ou um elo fusível
muito acima do valor para aquele circuito, com isso o elemento fusível não irá romper caso
atinja o limiar de operação.
Também foi possível registrar um elo fusível, apresentado na figura 20, que é o
elemento que se rompe no momento em que houver uma sobrecorrente num certo limiar
ou durante certo tempo pré-estabelecido, é instalado no interior do porta fusíveis.

Figura 20 – Elo fusível para rede de distribuição em 13,8/34,5kV.

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(Fonte: Autoria própria)

O conceito de para-raios foi apresentado anteriormente. Na prática foi possível


registrar dois para-raios de classe de tensão diferentes, bem como observar sua
composição e analisar seu possível funcionamento. A figura 21 evidencia a experiência.

Figura 21 – Elo fusível para rede de distribuição em 13,8/34,5 kV.


(Fonte: Autoria própria)

Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia Elétrica 24


5. CONCLUSÃO

Portanto, mediante a todas as leis e teorias concretizadas, resume-se que os


transformadores são definidos como dispositivos capazes de transformar a amplitude da
tensão e da corrente, sem alterar as características fundamentais destes sinais.
Internamente, estes equipamentos possuem circuitos elétricos isolados, acoplados através
de um circuito magnético.
Observou-se cada elemento interno e externo, almejando um melhor entendimento de
cada um, sendo possível notar a importância de todos para o funcionamento do Sistema
Elétrico de Potência (SEP), na parte da distribuição. Um equipamento de grande relevância
por realizar a transformação de tensões altas para uma tensão utilizada de acordo com as
classes que os equipamentos dos consumidores exigem. Neste estudo, pôde notar-se que
o transformador é composto por diversos componentes, em sua maioria são dispostos
internamente, podendo ser acompanhado ou não por componentes de proteção. Foram
apresentados os fundamentos da história dos transformadores, também ferramentas e
acessórios para sua manutenção.
Analisou-se que, as características fundamentais de um transformador monofásico e
um trifásico são na maior parte as mesmas. Ambos são construídos para operar na faixa
de tensão de distribuição, sendo a potência o único parâmetro variante entre eles. As
semelhanças se encaixam no modo como são montados também, visto que, foi utilizado o
mesmo processo de abertura para ambos.
Tendo em vista a vasta série de modelos de transformadores, que não foram
apresentados nesta obra, cabe aos futuros projetos a explanação desses equipamentos.

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Referências

MAMEDE, JOÃO. F. Proteção de Sistemas Elétricos de Potência. 2º Edição, Rio de Janeiro:


LTC, Livros Técnicos e Científicos Ltda, Grupo GEN, 2020.

JORDÃO, Rubens. G. Transformadores. 1º Edição, São Paulo: Editora Blucher, 2002.

SIMONE, Gilio. A. Transformadores - Teoria e Exercícios. 1º Edição, São Paulo: Editora Érica,
2010.

PIRES, Antonio S. T. Evolução das ideias da física. 1º Edição, São Paulo: Editora Livraria da
Física, 2008.

JOÃO, MAMEDE. F. Manual de Equipamentos Elétricos. 5º Edição, Rio de Janeiro: LTC, Livros
Técnicos e Científicos Ltda, Grupo GEN, 2019.

CHAPMAN, Stephen J. Fundamentos de Máquinas Elétricas. 5º Edição, Porto Alegre: Editora


AMGH, 2013.

OLIVEIRA, J. C. Transformadores: Teoria e Ensaios, São Paulo/ SP: Editora Edgard Blucher.
1984.

Links:
A História do Transformador Elétrico. Transformadores União, São Paulo, 13, Março. 2019.
Disponível em: https:<//www.transformadoresuniao.com.br/post/a-história-do-transformador-
elétrico> Acesso em: 08 de Abril de 2021.

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