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TRABALHO DE FÍSICA

DESMISTIFICANDO A TERMODINÂMICA: UMA ABORDAGEM


PEDAGÓGICA ATRAVÉS DA HISTÓRIA DA CIÊNCIA E ATIVIDADES
LÚDICAS

CAIO COSTA RIBEIRO


CAUÃ BASTOS MACHADO
ELOAH BRITO RAPOSO SANTANA DE FARIA

ESTELA ALVES DE SOUZA

ISABELLY DE ALMEIDA CALADO

JULIA ROBERTA FRANCISCA DA CONCEIÇÃO

KAREN COUTINHO DA SILVA

MARCELI ANTUNES DE ALMEIDA

MARCELO ANGELO CASTRO DA CUNHA

2023

MARICÁ
RESUMO

A intenção deste trabalho é abordar a dificuldade no ensino de Termodinâmica


no Ensino Médio, propondo uma nova abordagem acessível com base em
artigos científicos. Sugerimos o uso de experimentos práticos em sala de aula
ou em casa e a explicação de conceitos de forma lúdica para facilitar o
entendimento. A história da ciência também é destacada como um recurso
valioso para o ensino.

Palavras-Chaves: Termodinâmica, História da Ciência, Ensino Médio,


Experimento, Abordagem Lúdica.
INTRODUÇÃO

Não podemos negar que a Física é uma disciplina conceitual que causa aflição
a muitos alunos, negar isso seria muito ingenuidade. É claro, que muito dos
problemas que os alunos enfrentam com essa disciplina em específico vêm de
acarretado de outras bases que não foram bem solidificadas ao longo da sua
construção como discente.

Dentro deste contexto, atividades práticas como experimentos podem ser de


grande ajuda na explanação dos conceitos físicos. Experiências tangíveis
oferecem aos alunos a oportunidade de visualizar os conceitos abstratos,
tornando-os mais acessíveis (Ferreira, J.P. 2015, p.72). No presente trabalho,
será apresentado o experimento "termômetro de álcool e água", um exemplo
prático que permite uma compreensão mais profunda da termodinâmica.

O conhecimento englobado pela física forma um corpo articulado de modo


complexo, e parte da dificuldade de se ensinar essa disciplina advém do fato de
não reconhecermos ou considerarmos essa complexidade em toda a sua
extensão. Ao tratarmos de modo simplificado um corpo de conhecimento que é
muito complicado e repleto de sutilezas, podemos acabar por fazer com que ele
se torne ininteligível aos estudantes (ROBILOTTA, 1988, p.9).

No que se tangue ao ensino da Física em sala de aula, o professor encontra


muitos empecilhos em sua trajetória, onde a falta de recursos na maioria das
vezes é o mais presente. Outra dificuldade comumente encontrada em outras
matérias de ciências, é que as mesmas são em diversos pontos conceituais
tornando-se assim dificultosas para quanto à maneira de serem discutidos com
os alunos, uma vez que podem se configurar como abstratos demais (Silva, T.L.
2018, p.45).

Diante disso, com a finalidade de tornar a Física algo mais próximo da realidade
e da compreensão do aluno, o uso da História da Ciência pode e deve ser um
recurso utilizado. Contudo, mesmo parecendo uma tarefa simples, sua aplicação
não é destituída de dificuldades, pois, para muitos alunos, História e Física são
duas coisas totalmente diferentes, não guardando entre si qualquer tipo de
relação. O conhecimento, para eles, é compartimentado, dividido, e a resistência
em juntar as partes e enxergar o todo é muito grande: História é História, Física
é Física, tudo em gavetas incomunicáveis. (Hülsendeger, MJVC.2007)

A História da Ciência é uma disciplina de importância crucial para a formação e


desenvolvimento do aluno, já que ela tem a capacidade de levar o discente à
reflexão não apenas sobre os estatutos da ciência, mas também o leva a
elaborar sobre seus processos. Podendo ainda, revelar ambições ainda mais
profundas, que estão relacionadas a questões econômicas, sociais e políticas
(Martins, R.S. 2020, p.33).

Muito embora o conhecimento histórico seja ferramenta importante no


desenvolvimento de uma visão crítica acerca das relações CTS no ensino de
física, a grande maioria dos livros didáticos não emprestam a devida importância.
Mesmo consistindo numa importante diretriz dos PCNs, o uso da história tem
sido negligenciado e, às vezes reduzido a um modo factual, ilustrativo, onde
muitos dos personagens que tiveram importantes contribuições no seu
desenvolvimento sequer são citados e tais feitos sequer são do conhecimento
dos professores. (BALDOW et.al v.3, n.1, p.3-19, maio 2010)

O Calor Como Fonte de Energia

A ideia de que o calor é energia foi introduzida por Rumford, um


engenheiro militar que, em 1978, trabalhava na perfuração de canos de canhão.
Observando o aquecimento das peças ao serem perfuradas, Rumford teve a
ideia de atribuir este equipamento ao trabalho que era realizado contra o atrito,
na perfuração. Em outras palavras, a energia empregada na realização daquele
trabalho era transferida para as peças, provocando uma elevação em suas
temperaturas. Portanto, a antiga ideia de que um corpo mais aquecido possui
maior quantidade de “calórico”, começava a ser substituída pela ideia de que
este corpo possui, realmente, maior quantidade de energia em seu interior.

A divulgação destas ideias provocou muitas discussões entres os


cientistas do Século IXX. Alguns deles realizaram experiencias que vieram
confirmar as suposições de Rumford. Entre estes cientistas, devemos destacar
James P. Joule (1818-1889), cujas celebres experiências acabaram por
estabelecer, definitivamente, que o calor é uma forma de energia.

A Revolução Industrial e o Desenvolvimento da Termodinâmica

A Termodinâmica desenvolveu-se em uma era marcada por profundas


mudanças, dentre as principais podemos destacar as socias na Europa, que
fizeram modificações substancias nos meios de produções. Até metade do
Século XVIII a Europa, bem como outras nações, possuía uma economia
baseada na agricultura e nos produtos artesanais. A partir da segunda metade
do Século XVIII, iniciou-se na Inglaterra a mecanização industrial, desviando a
acumulação da atividade comercial para o setor da produção. Esse fato trouxe
grandes mudanças, de ordem tanto econômica quanto social, que possibilitaram
o desaparecimento dos restos do feudalismo ainda existentes e a definitiva
implementação do modo de vida capitalista. A esse processo de grandes
transformações deu-se o nome de Revolução Industrial.

O início do processo industrial na Inglaterra deve-se, principalmente, ao


fato de ter sido esse país que mais acumulou capitais durante a fase do
capitalismo comercial. Nos Séculos XVII e XVIII, a Inglaterra, graças s seu
poderio naval e comercial, conseguiu formar um dos maiores impérios coloniais
da época. Em contraste, esse período contempla o fim do regime absolutista na
França e eclosão da revolução francesa; na ocasião, os principados, localizados
na atual Alemanha e na Itália, travavam disputas por territórios e influência
política. Sendo assim, de todas as nações onde poderia ter iniciado a Revolução
Industrial, a inglesa é quem dispunha de melhores condições. A Inglaterra
passou a ser a grande potência mundial. Ela era chamada de “Oficina do
Mundo”. Outros países depois começaram a se industrializar. Primeiramente a
Bélgica, Alemanha, França e os Estados Unidos, e, depois, outros como
Espanha, Portugal e Japão. No Brasil este processo só chegou no século XX
(IGLESIAS, 1990)

A Inglaterra também possuía uma burguesia solidificada que controlava o


Parlamento, dessa forma, tiveram a possibilidade de criar uma economia mais
independente. As Leis de Cerceamento que através da privatização de áreas
rurais comuns aos camponeses, o campo destinado a criação de ovelhas e a
obtenção de lã para suprir a atividade têxtil, que era a principal vertente industrial
da época, somadas a diminuição das áreas destinadas a agricultura,
contribuíram para o processo de êxodo rural das populações para a cidades.

Como pano de fundo para essa era revolucionário houve paralelamente


um processo tecnológico pautando na ciência, principalmente na química e na
física. O desenvolvimento de máquinas e equipamentos era crucial para o
aumento da produção e geração de capital. A revolução industrial constituiu-se,
sem dúvida, num dos principais fatores externalistas para o desenvolvimento da
física e, em particular, da termodinâmica nos séculos XVIII e XIX.

A Teoria do Calórico

A máquina a vapor foi muito importante para o desenvolvimento da


Termodinâmica. Contudo, na época em que se deu a construção destas
máquinas existia outra teoria termodinâmica, a teoria do calórico, cujos estatutos
eram discordantes com os estatutos do modelo científico vigente. Esta teoria
explicava que o calor era uma substância fluida, que permeava os corpos e que
era indestrutível e que não podia ser criada. O trânsito do calor entre dois corpos
era explicado em termos do fluxo desta substância entre eles. Com essa teoria
chegou-se a vários modelos teóricos como os da calorimetria. Mas foi só no
século XVIII que os conceitos de temperatura e calor foram diferenciados, já que
muitas vezes, eram vistos de formas parecidas. Foi o médico e químico escocês
Joseph Black (1728-1797), o primeiro a distingui-los. Ensinava que a
temperatura era a tensão exercida pelo fluido calórico no interior de um corpo
(MEDEIROS, 2007). Segundo Medeiros (1999), tal estudo constitui numa
importante contribuição para o desenvolvimento das ideias de calor latente e
capacidade térmica.

Quem contestou a ideia do calórico foi o Conde Rumford (1753-1814),


cujo nome era Benjamin Thompson. Que em 1798 ao trabalhar na perfuração de
canhões observou que a quando a broca estava gasta, produzia mais calor do
que quando afiada, o que vinha a desafiar o principio lógico da teoria do calórico.
O que acontecia era que, quando parte da massa de um corpo era arrancada,
este aquecia pela liberação do calórico ali contido. Contudo, ele observou que
quando a broca estava ‘cega’, era neste momento que o metal aquecia mais, ou
seja, liberava mais calor e não quando a broca estava afiada, como era previsto
pela teoria do calórico. Ele chegou à conclusão que o calor só podia ser uma
forma de movimento mecânico. E assim a teoria da dinâmica do calor foi
ganhando mais adeptos (MASON, 1964).

O químico inglês Humphrey Davy (1778-1829) foi uma das pessoas que
apoiou Rumford. Davy realizou um interessante experimento no qual mostrou a
produção do calor através do movimento, no ano de 1799. De posse de dois
pedaços de gelos, começou a esfregá-los até eles derreterem (WILSON E OS
EDITORES DE LIFE, 1968).

As Máquinas a Vapor e o Desenvolvimento da Termodinâmica

A ideia de que algo pode ser movido a partir do vapor, vem da antiguidade.
Têm-se registros do século I a.C. do que poderia ser um motor a vapor, a
máquina de Heron de Alexandria, que ele chamou de eolipila. O seu
funcionamento dava-se segundo o princípio da terceira lei de Newton. Sua
máquina não realizava nenhum trabalho útil e não foi formalizado nenhum estudo
científico a respeito deste instrumento. Séculos depois, por volta de 1690, Denis
Papin (1647-1712) apresentou sua famosa Panela de Pressão, que foi o princípio
para o entendimento da existência de uma força elástica no vapor, e que ele
poderia produzir movimento.

No entanto, supostamente a primeira bomba construída com esta


finalidade, bombear água das minas, foi a do capitão Thomas Savery (1650 -
1715), por volta de 1698, composta por um grande cilindro de metal preenchido
com vapor vindo de um ebulidor e uma válvula, a qual cortava o fornecimento,
enquanto o cilindro era resfriado por um banho de água fria. O resfriamento
provocava a condensação do vapor no interior do cilindro, formando vácuo.
Quando atingia a baixa pressão, esta era capaz de “sugar” água de
aproximadamente 10 metros abaixo da bomba, após isso um novo ciclo se
iniciava.

Apesar de inovadora, não se sabe quão eficiente era a máquina de


Savery. Uma quantidade muita grande de vapor descarregado no cilindro frio
condensava-se para aquecê-lo, o que representava uma perda considerável de
potência, isso sem mencionar que as minas continuavam a inundar,
possivelmente por decorrência de explosões devido ao uso de vapor em alta
pressão e, consequentemente, a alta temperatura, duvida-se até que a máquina
tenha chegado a funcionar adequadamente.

Por volta de 1712, algumas das necessidades não atendidas pela


máquina de Savery puderam ser concretizadas na máquina do ferreiro inglês
Thomas Newcomen (1664- 1729). Ele, com o invento de uma bomba hidráulica,
capaz de realizar a tarefa de bombeamento de água, aperfeiçoou a máquina
usando um cilindro com um êmbolo móvel, ligado a uma grande alavanca. Ela
cedia ao contrapeso, puxando o embolo e forçando a entrada do vapor por
sucção. Uma vez cheio, o suprimento de vapor era interrompido e um banho de
água resfriava o cilindro, condensando o vapor e produzindo vácuo. O peso da
atmosfera forçava, então, o embolo para baixo, expulsando a água do cilindro e
bombeando a água da mina; devido ao contrapeso, o balanço realizava uma
força ascensional, iniciando um novo ciclo. A máquina de Newcomen funcionava
muito bem e era um sucesso nas minas de carvão. Sua construção era simples,
de baixo custo e sem muita técnica. Dessa forma, qualquer trabalhador
conseguiria manuseá-la. Seu único problema estava no alto consumo de
combustível no aquecimento da água.

Apesar das melhorias significativas, impostas pela máquina, ficou


complexo atender à crescente necessidade do bombeamento de água nas
minas, à medida que se tornavam cada vez mais profundas. O conhecimento
técnico, que era a base de construção das máquinas na época, não conseguia
dá respostas as suas necessidades. Até aquele momento, nenhum construtor,
inventor ou idealizador vinham se baseando de conhecimentos dos fenômenos
físicos e de conceitos que explicassem o funcionamento destes motores a vapor.
Neste período, parece-nos que boa parte estavam mais preocupados em fazer
com que as máquinas funcionassem e gerassem lucros; embora, alguns deles,
já apontassem para o calor ou fogo como os responsáveis pelo o seu
funcionamento.

A academia também já mostrava interesse pelo estudo e melhoramento


do funcionamento de máquinas a vapor. Algumas universidades recebiam
equipamentos para serem utilizadas nas aulas dos cursos de engenharia e de
física, no intuito de obter respostas a estas problemáticas. Começava-se a
estreitar a relação entre a técnica e a ciência ou vice-versa. O ambiente
acadêmico começou, então, a atrair pesquisadores, cientistas, inventores e
detentores de saberes técnicos, como, por exemplo, o James Watt (1736-1819).

James Watt era um engenheiro escocês. Ao tomar conhecimento do motor


de Newcomen, ele buscou estudá-lo, iniciando com a tarefa de consertar um
modelo em escala da máquina dele, o qual era usado em aulas da universidade,
mas que, por alguma razão, não era capaz de manter um funcionamento
contínuo. Watt também ficou bastante impressionado com a quantidade de calor
necessária para colocar a máquina em funcionamento, percebendo que quando
o vapor era resfriado no cilindro, perdia-se parte da energia e,
consequentemente, o seu rendimento.

O vapor passou a ser resfriado no condensador, feito por Watt, em um


local reservado da máquina, onde ele procedeu uma série de experiências para
entender como o vapor se comportava e, então, identificou que o problema da
máquina de Newcomen estava no desperdício de calor no momento do
aquecimento das paredes do cilindro, que, posteriormente, eram resfriadas pela
injeção de água fria para condensar o vapor. Ele notou que sempre que isso se
repetia, em sequência, ocasionava o resfriamento do cilindro, levando o vapor
quente a perder potência para reaquecê-lo no ciclo seguinte.

Interessando-se cada vez mais pela pesquisa no melhoramento das


máquinas a vapor, Watt empenhou-se em descobrir como evitar este desperdício
e apesar de não ter nenhuma formação acadêmica, realizou experiências que
se enquadram com as atividades científicas.

Inicialmente, James Watt enfrentou alguns problemas em seus estudos.


Mesmo já se sabendo na época que diferentes materiais de mesma quantidade
necessitavam de diferentes quantidades de calor para serem igualmente
aquecidas; não foi fácil encontrar materiais que utilizassem de uma quantidade
menor de vapor no aquecimento do cilindro da máquina de Newcomen. Outro
problema foi encontrar uma medida precisa de água necessária para a
condensação do vapor, pois uma medida a mais resfriaria o cilindro.

Finalmente Watt, percebeu que era impossível manter o cilindro sempre


quente, uma quantidade de água próxima da ebulição e um vácuo perfeito em
seu interior. Não existia meios de evitar que a água vaporizasse e destruísse o
vácuo. Foi aí que surgiu a ideia de usar dois cilindros: um que se mantivesse
sempre quente, produzindo trabalho mecânico, e outro sempre frio, para que o
vapor pudesse ser condensado. Watt patenteou um novo modelo, uma máquina
rotativa de ação dupla, que superou o modelo de máquina de Newcomen e, pela
primeira vez, permitiu o aproveitamento do vapor para impulsionar toda espécie
de mecanismo. O uso do condensador diminuiu consideravelmente o
desperdício de energia e, por consequência, melhorou a potência, a eficiência e
a relação custo-benefício. Criou-se assim o sistema das fábricas. As máquinas
térmicas foram utilizadas em larga escala nos setores produtivos, modificando
os modos de produção, comércio, economia e sociedade em geral, logo,
acelerou-se a revolução industrial.

Criação do Termômetro e Sua Relação com a Física

O termômetro é uma invenção que remonta ao século XVII e foi uma adição
crucial para a física experimental, em especial, na área da termodinâmica. O
princípio fundamental de um termômetro é baseado no fenômeno da dilatação
térmica, um tópico fundamental em física. Esse instrumento não só possibilitou
medições de temperatura mais precisas, mas também permitiu que cientistas e
estudantes explorassem os conceitos da termodinâmica de forma mais prática e
tangível (Johnson, F.D. 2002, p. 25).

Assimilação Lúdica de Conceitos Termodinâmicos Através do Experimento


de Termômetro de e Água

O experimento do termômetro de água proporciona uma oportunidade


excepcional para explorar a dilatação térmica em um cenário controlado, mas
facilmente acessível. O uso de materiais comuns, como água, torna o
experimento acessível e aplicável em ambientes educacionais com recursos
limitados (Santos, M.L. 2019, p. 40).

Por que é eficaz para explicar a dilatação térmica? Simplesmente porque, neste
experimento, o fenômeno é observável a olho nu. A mudança visível no nível do
líquido dentro do termômetro caseiro não apenas valida a teoria da dilatação
térmica, mas também torna o conceito mais concreto para os estudantes (Davis,
R.E. 2016, p. 12).
A natureza lúdica deste experimento permite uma assimilação mais fácil e menos
intimidadora dos conceitos de física. O caráter interativo e prático do experimento
promove o engajamento dos alunos e facilita a retenção de conceitos
termodinâmicos (Williams, J.T. 2020, p. 19). Ao permitir que os alunos vejam e
interajam com os conceitos em um ambiente prático, eles são mais propensos a
entender e lembrar dos princípios fundamentais de termodinâmica e dilatação
térmica.

Métodos e Materiais

Materiais

- 1 pote de conserva ou garrafa de vidro (de preferência com tampa)

- 1 canudo

- Massinha de modelar

- Água

Procedimento

1. Preparação do Pote: Primeiramente, limpe o pote de conserva ou a garrafa


de vidro para assegurar que não haja resíduos que possam interferir no
experimento.

2. Preparação da Tampa: Faça um pequeno furo no centro da tampa do pote


de conserva ou da garrafa de vidro. O furo deve ser apenas grande o suficiente
para permitir que o canudo passe.

3. Insira o Canudo: Insira o canudo pelo furo feito na tampa, garantindo que ele
não toque no fundo do recipiente.

4. Vedação: Use a massinha de modelar para vedar o espaço em torno do


canudo na tampa, de modo a evitar qualquer fuga de ar ou líquido.

5. Adição de Água: Encha o pote ou a garrafa com água até um nível que seja
visível, mas não cheio demais para evitar derramamento.

6. Montagem Final: Feche o recipiente com a tampa que contém o canudo já


vedado com massinha.
7.Observação: Com o termômetro caseiro montado, o experimento está pronto
para demonstrações de dilatação térmica. Observe como o nível da água no
canudo se altera com as mudanças na temperatura ambiente ou quando o
recipiente é colocado em diferentes condições térmicas.

Ao seguir esse método, os estudantes podem observar de forma prática e lúdica


os conceitos de dilatação térmica e termodinâmica, tornando os tópicos menos
abstratos e mais acessíveis para compreensão. Este experimento simples, mas
eficaz, serve como uma excelente ferramenta pedagógica para tornar a física
mais engajante e compreensível (Smith, A.L. 2018, p. 63).

Considerações Finais

A revolução industrial constituiu-se, sem dúvida, num dos principais fatores


externa listas para o desenvolvimento da Física, e, em particular, da
Termodinâmica. Correlacioná-la com a História da Ciência em uma linha do
tempo histórica e com a humanização das personagens nelas contidas, pode
ajudar o aluno do ensino médio a desmistificar essa construção linear e acabada
da ciência, em especial da Física, mostrando-a como uma construção humana,
atribuindo-lhe características de saber científico e não apenas um monte de
equações sem sentido que precisam ser decoradas.

É de suma importância desvencilhar os alunos do conceito arcaico do despejo


de equações matemáticas, que muitas das vezes são apresentadas fora do
contexto no qual surgiram. Não se questiona, com muita frequência, se tudo
aquilo tem algum significado para o aluno; afinal, aquilo é a Física, o grande
bicho papão do Ensino Médio.

Inserido nesse cenário, o experimento do termômetro caseiro de álcool e água


revela-se como uma ferramenta pedagógica relevante. Ele permite uma
abordagem lúdica, tornando o aprendizado uma experiência prática e
envolvente, conforme apontado por Maria Montessori, que defendia que "a
educação não é o que o professor dá; é um processo natural que se desenvolve
espontaneamente no ser humano".
De acordo com Freire, o “conhecimento emerge apenas através da invenção e
reinvenção, através de um questionamento inquieto, impaciente, continuado e
esperançoso de homens no mundo, com o mundo e entre si”. O conhecimento é
um processo que transforma tanto aquilo que se conhece como também o
conhecedor. Isto é, o conhecimento surge apenas da relação dialógica e
recíproca entre um trinômio formado pelo conhecimento ele mesmo, o professor
e o aluno.

Assim, uma educação em Física que incorpora experimentos práticos e


históricos, como o termômetro caseiro, e adota uma abordagem lúdica pode
tornar os conceitos mais acessíveis e significativos para os alunos, indo além
das equações para tocar a curiosidade e o senso de descoberta que são
fundamentais para o aprendizado.

Referencias

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Disponível em < https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=7918022 >


Acesso em 16 de abril de 2023.

Disponível em < https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6170862 >


Acesso em 16 de abril de 2023.

Disponível em <
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/143565/mod_resource/content/2/Texto6
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MASON, S. F.. História da Ciência: As principais correntes do pensamento


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MEDEIROS, A. Os Pressupostos, as Possibilidades Explicativas e os Obstáculos
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ROBILOTTA, Manoel Roberto. Cinza, o branco e o preto - da relevancia da


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