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O trabalho de Tamás Szmrecsányi, professor e economista brasileiro, insere-se no campo

histórico do pensamento econômico, sociológico e especificamente tratando da evolução

científica e tecnológica em relação ao desenvolvimento econômico dos países europeus e

norte-americanos industrializados, dentre o período do século XVIII ao século XX.

O texto aponta três fatores importantes nesta evolução científica e tecnológica: progresso

científico, progresso técnico e o progresso econômico. O autor descreve tais fatores em

ordem cronológica desde a Primeira Revolução Industrial ao início da Segunda Revolução

Industrial, fazendo referência também ao início da Primeira Grande Guerra.

No primeiro capítulo, é retratado o início da Revolução Industrial na Grã-Bretanha, é

reforçada a ideia que o desenvolvimento econômico, militar e político facilita o progresso

técnico, principalmente pela organização social adquirida, as maiores produções e a

institucionalização e sistemática do conhecimento induzem o progresso científico.

Com o desenvolvimento capitalista e a aparição de grandes cidades, surge a necessidade da

geração de bens a fim de suprir as grandes demandas desses lugares, como Londres. O carvão

e a produção têxtil são essenciais para a manutenção da vida, e surgem do desenvolvimento

dos métodos de extração e na produção; os dois processos têm papel importante na economia

inglesa que foca o conhecimento universitário para atender tais setores.

Um item essencial para o desenvolvimento econômico da Grã-Bretanha é a invenção da

máquina a vapor, que foi desenvolvida de um investimento estadual e iniciou o processo de

substituição da habilidade e esforço humano pela utilização dos dispositivos mecânicos, que

eram, e ainda são, mais eficazes e mais aperfeiçoados. Tal item foi capaz de gerar mudança

em toda a vida da sociedade.

A modernização dos equipamentos no setor da agricultura e na manufatura, gerou a

mão-de-obra de baixo custo e numerosa o bastante para se submeter a uma disciplina

industrial e também a migração urbana, que tinha como propósito a ascensão financeira.

As minas de carvão junto com a indústria têxtil algodoeira podem ser consideradas como

motores da Primeira Revolução Industrial. O aumento de seu consumo tem ascendência como

fonte de calor doméstico, devido a raridade e o preço da madeira, e principalmente o

crescimento urbano que proporcionou o aumento da procura e consequentemente o aumento

da extração de carvão.

Essa exploração torna-se econômica e tecnologicamente fundamental para o início da

Primeira Revolução Industrial. Por volta do século XVIII a procura pelo minério era tão

grande que fazia-se necessário máquinas a vapor cada vez mais potentes e também a possibilidade de transporte que acarretou o
desenvolvimento do transporte por canais e

posteriormente ao aparecimento das estradas de ferro.

Na segunda parte do texto, denominada como "A profissionalização das pesquisa no século

XIX", o autor mostra o processo realizado na Europa e na América do Norte, principalmente

França, Grã-Bretanha, Alemanha e EUA. Observamos que em todos os países citados, as


transformações sociais e econômicas que ocorrem são similares, principalmente o processo

científico e técnico do desenvolvimento econômico.

Até o término da Primeira Revolução Industrial as descobertas científicas não tiveram efeitos

diretos na evolução tecnológica. No início do século XIX a situação vai se modificando

progressivamente.

O telégrafo elétrico pode ser considerado exemplo dos novos vínculos entre o progresso

técnico e o progresso científico uma vez que utilizou os conhecimentos de física sobre a

eletricidade. Pensando por este ponto de partida, podemos então citar as experiências

eletromagnéticas de Faraday, que conduziram ao aparecimento das indústrias de máquinas

elétricas.

Com a transformação das ciências e das técnicas em atividades sociais autônomas, no

decorrer do século XIX, as relações entre ciência, tecnologia e economia tornaram-se

visíveis. De certo, tal fenômeno não ocorreu da mesma forma em todos os países.

Com a constituição da chamada "ciência moderna", que remonta ao Renascimento e à

Revolução Científica dos séculos XVI e XVII, é que ocorreu a origem desse processo.

Durantes esses séculos é que se definiram e estabeleceram as características essenciais e seus

métodos. Nos países avançados, este período terminou por volta de 1830, mas somente 40

anos depois que se confirmou o aparecimento da ciência contemporânea.

Tornando-se as ciências e tecnologias mais efetivas e eficazes cessaram-se os amadores

esclarecidos e entusiastas e acendeu em grande proporção a formação universitária específica

e exigente.

Com a profissionalização das atividades científicas e tecnológicas, devido a formação

universitária direcionada a um sistema de exames e certificados, ocorreu um crescente

aparecimento de organizações que orientava-se na direção de intervenções práticas com uma

lógica de grupos de pressão.

A primeira dessas associações foi fundada na Alemanha, em 1822. A segunda, foi criada em

1831, num momento que os pesquisadores britânicos começaram a se sentir inferiorizados

com o avanço dos outros países europeus. A França só criou sua associação quarenta anos

mais tarde, quando ocorreu a derrota militar diante da Prússia. Os EUA fundaram a American

Association for the Advancement of Science, duas décadas depois, em 1848.

A era da especialização técnica e profissional, constituída fundamentalmente pelo século

XIX, teve importantes repercussões nas práticas e representações individuais e coletivas. A

leitura e a escrita científica foram profundamente afetadas, e começou-se a difundir diante de

revistas e obras especializadas, chamados de periódicos, que difundiam novos conhecimentos

e inovações.

Nos últimos anos do século XVIII, durante a fase construtiva da Revolução, depois do Terror

e antes de Napoleão, na França, iniciou-se em 1794 e 1795 as instituições de ensino superior

e que pesquisas inovadoras. A partir de instituições como a Escola Normal Superior, o


Museum

de História Natural e a Escola Politécnica de Paris o país recuperou a supremacia e o

prestígio científico, conservando-os durante as três primeiras décadas do século XIX.

Os progressos técnicos da Primeira Revolução Industrial foram, fundamentalmente,

britânicos, pois a supremacia científica francesa não teve contrapartida do nível tecnológico.

Entretanto, no âmbito das instituições científicas o modelo francês foi amplamente adotado

por muitos países do continente europeu.

Não foi atribuído, porém, grande importância a essas inovações francesas. Tal participação

abre as portas da ajuda pública e oficial para a pesquisa, práticas que se propagam

rapidamente no restante da Europa.

Os raros progressos científicos ingleses por volta do século XVIII foram devido às atividades

de algumas academias no interior do País. É importante dizer que, tais academias estavam

localizadas em centros industriais que permitia o contato permanente com as inovações

tecnológicas que estavam sendo introduzidas.

Porém, nem as ciências nem a tecnologia, nem quaisquer outras atividades econômicas e

sociais podem desenvolver-se se sustentadas apenas pela ação de alguns pesquisadores. É

necessário que haja a formação de futuros profissionais para exercer as atividades de

pesquisa. Tal processo ainda fazia-se falta na França e na Grã-Bretanha. O primeiro,

apresentava poucas realizações técnicas enquanto seu desenvolvimento econômico e social

permanecia menos contínuo.

Os efeitos negativos podem ser constatados no plano militar, com a derrota para a Prússia em

1871, e nas indústrias dinâmicas, principalmente nas de produtos químicos. Inicialmente, a

revolução química foi francesa mas as primeiras aplicações foram essencialmente britânicas.

A Grã-Bretanha foi também o país de descoberta das anilinas derivadas do carvão, tal

descoberta deu origem à prosperidade da indústria química alemã. Em 1840, os cursos

alemães de química eram os mais desenvolvidos no mundo, em termos qualitativos. O

progresso espetacular é atribuído às reformas do ensino universitário do começo do século

XIX.

As origens do desenvolvimento alemão se deu por auxílio financeiro e material, um dos

aspectos fundamentais da Segunda Revolução Industrial.

Pode ser analisada que em meados do século XIX, praticamente todos os cientistas alemães

eram professores ou estudantes que trabalhavam em laboratórios. Em seguida, a criação e

desenvolvimento de institutos de pesquisa interdisciplinares e extra-universitários forneciam

uma qualificação aos novos pesquisadores.

Os progressos podem ser atribuídos a organização interna das universidades e ao

funcionamento do sistema universitário alemão. Contudo, o sistema acabou sendo vítima de

seu próprio sucesso, bloqueando as iniciativas interdisciplinares exigidas, por causa de uma
excessiva afluência dos estudantes. Pareceu então indispensável criar outras instituições de

pesquisas e de formação.

Esses fatores, junto com a queda dos preços, devido a grande depressão (1873-1896), levam a

indústria química alemã a diversificar suas atividades em direção ao ramo farmacêutico

associando-se às pesquisas que geraria, mais tarde, a criação e o desenvolvimento do Instituto

de Estudos em Doenças Infecciosas.

A Segunda Revolução Industrial ocorreu entre 1870 a 1880 e 1920 a 1930. Neste período

tivemos a "Grande Depressão" dos países anglos-saxônicos e a Primeira Guerra Mundial, que

se revelou muito importante para o teste de algumas novas técnicas. Embora acabado logo

após a Guerra, a Segunda Revolução Industrial ainda está em curso e em alguns países sequer

começou.

O aço tem um papel fundamental devido suas vantagens, em relação aos outros materiais

utilizados até então, como a resistência e a plasticidade. O principal obstáculo é a utilização

em larga escala, pois no período estudado, seu custo era muito elevado.

Com o processo de fabricação do aço baseado na injeção de oxigênio no metal em fusão,

tentativa bem sucedida do engenheiro inglês Henry Bessemer (1813-1898), foi possível a

baixa do preço da matéria prima.

Outra grande utilização era dos equipamentos e materiais elétricos, onde o mercado era

dividido entre duas empresas alemãs e duas norte-americanas. Muito mais que o aço, a

energia elétrica constituiu um dos símbolos fundamentais da Segunda Revolução Industrial,

tratando-se de uma inovação tecnológica. A eletricidade deu origem a novos produtos, processos de produção, ramos industriais e

novas práticas econômicas e sociais. A difusão de seu uso provocou mudanças na localização

de atividades produtivas, na capacidade de produção e nos fluxos das trocas internacionais.

Com os processos de produção cada vez mais rápidos com a utilização das tecnologias já

desenvolvidas passemos a analisar então o desenvolvimento inicial da indústria

automobilística: A inovação de tais indústrias não se caracteriza pelo produto final mas sim

pela forma de seus processos como a produção em série, posteriormente conhecido como

fordismo

A indústria automobilística é um bom exemplo de uma solução puramente empresarial para a

melhor utilização, não só dos recursos, mas também da tecnologia existente. Utilizando-se do

motor a combustão interna, do princípio das peças intercambiáveis e das possibilidades de

transformações industriais devido a baixa do preço do aço e do aparecimento de máquinas

mais aperfeiçoadas.

A revolução fordista de produção e do consumo foi uma linha de montagem que permitiu a

fabricação em massa de produtos que incorporam vários componentes. O processo é

altamente mecanizado e veloz, porém monótono e mais intenso que os precedentes, inspirado
nas linhas de "desmonte" dos grandes abatedouros-frigoríficos de Chicago. Originou-se da

conjugação de uma intensa mecanização da produção, acoplada à linha de montagem e de um

aumento real dos salários pagos. Funcionou de forma excepcional enquanto as tendências de

consumo acompanharam as de produção.

A utilização e difusão da eletricidade junto de sua adoção no lugar da energia hidráulica e da

máquina a vapor, contribuiu, inicialmente, para a redução de necessidade de energia para a

movimentação de máquinas e equipamentos existentes, posteriormente, para dar origem a um

novo maquinário mais eficaz e especializado.

Tais mudanças se tornaram possíveis devido a descentralização da oferta de energia

proporcionada pelos motores elétricos, que fazia diretamente a transmissão de energia dos

equipamentos produtivos.

O progresso da ciência revolucionou as técnicas de produção, enquanto a integração dos

conhecimento à produção trouxe vantagem competitiva para as empresas que adotaram

primeiro as novas tecnologias. Todos esses elementos acabam influenciando o

desenvolvimento científico, que tornou-se dependente do acesso aos instrumentos, materiais e

conhecimentos mais avançados

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