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Mundialização X Globalização

Mundialização e a Globalização são duas expressões que não são equivalentes, no entanto, são
expressões próximas em termos de conceitos, sendo por isso confundidas constantemente.

O termo mundialização é um conceito essencialmente económico onde as trocas comerciais são à escala
mundial, livre de circulação de capitais, de tecnologias e de pessoas e localização das atividades
produtivas no espaço internacional, enquanto que o termo globalização vai além do domínio
económico, abarcando a dimensão social, política e cultural da mundialização.

Evolução do processo da mundialização

A mundialização é um fenómeno que remota os séculos XV e XVI e que pode ser visto como uma longa
caminhada do processo capitalista, que começou na época dos Descobrimentos e que se desenvolveu
por cinco séculos até chegar aos dias de hoje. Esta evolução só foi possível graças à expansão para além
do Mediterrâneo que permitiu que as fronteiras fossem abertas e que novos “mundos” fossem
explorados, fazendo com que os europeus integrassem novas regiões do mundo no sistema produtivo e
de trocas da Europa. A partir deste período surgiram então novos centros económicos, nomeadamente
três polos: África, América e a Europa, que juntos formam o comércio triangular.

O comércio triangular permitiu que os países europeus e as suas metrópoles como Portugal, Espanha,
Inglaterra e França estabelecessem trocas comerciais pelo mundo inteiro, o que permitiu um negócio
muito lucrativo.

Da Europa, com destino ao continente africano, partiam embarcações carregadas de produtos


manufaturados, como armas de fogo, ferro, tabaco e joias de pouco valor… produtos estes que eram
trocados por escravos. Muitas vezes acontecia de colonos americanos comprarem diretamente na África
sem qualquer intermediário, o que prova o quão vantajoso, lucrativo e necessário era o negócio de
tráfico de escravos. Quando chegavam à América, os escravos que sobreviviam às viagens nas naus
eram vendidos aos donos de minas e de plantações em troca dos seus produtos: açúcar, tabaco, moedas
de ouro e prata, que depois eram comprados pelos Europeus. A partir desta informação, não é uma
surpresa que o fator central no desenvolvimento do comércio mundial tenha sido este negócio.

O comércio destes países contribuiu para o desencadear da Revolução Industrial, pois proporcionou
condições necessárias ao desenvolvimento industrial, nomeadamente a acumulação de capitais,
matérias primas e novos mercados para colocar produtos manufaturados.

Revolução Industrial

A Revolução Industrial é o processo que levou à substituição das ferramentas e da mão-de-obra, pelas
máquinas levando à produção em larga escala e transformando a Europa e a América do Norte em
nações predominantemente industriais. Este processo levou a um extraordinário aumento da riqueza e
permitiu a acumulação de capital capaz de financiar o progresso técnico e o alto custo da instalação nas
indústrias, investimento esse teve como consequência o aumento da produtividade e dos lucros em
larga escala.

1.ª Revolução Industrial

A Primeira Revolução Industrial teve início na Inglaterra por volta de 1750 e por isso a Revolução
Indústria Inglesa foi pioneira, esta possuía capital, estabilidade política e tinha colônias na África e na
Ásia que garantiam fornecimento de matéria-prima e mão de obra barata.

Esta assentou em transformações profundas a nível de produção, nomeadamente o aumento da


produção industrial, do investimento e da população e tinha como principal característica, o surgimento
de mecanização que transformou todos os setores, especialmente do ramo têxtil.
Concluímos então que os fatores centrais desta primeira revolução industrial são:

 Inovações tecnológicas - nomeadamente a invenção da máquina a vapor e a utilização de


fontes de energia como o vapor e o carvão;
 Fornecimento de capitais – capital acumulado pela Europa, resultante do comércio de mão de
obra escrava e de mercadorias;
 Fornecimento de matérias-primas – obtenção de matérias-primas nos mercados coloniais;
 Mão de obra disponível – permitiram aumentar a capacidade de produção;
 Aumento da procura – procura crescente do mercado interno europeu e dos mercados
externos coloniais por consequência do crescimento demográfico e o melhoramento dos
rendimentos e níveis de consumo que estimulou a produção.

Neste período, verificou-se ainda uma partilha de mercados entre a Grã-Bretanha e a França. Estas duas
potências, juntamente com os EUA eram nações que vinculavam a sua capacidade de influenciar e
dominar economicamente outras regiões do mundo, já que os mesmos necessitavam de novas fontes
de matérias-primas, de mão de obra abundante e barata e um mercado consumidor cada vez mais
amplo.

2.ª Revolução Industrial

Começou na segunda metade do século XX, iniciou-se a Segunda Revolução Industrial que só terminou
em no fim da 2ª Guerra Mundial. Neste período, que teve como principais causas fatores relacionados
às Revoluções Burguesas, mais precisamente revoluções como a Revolução Francesa e a Revolução
Inglesa, que tinham como base o pensamento liberal e que foram responsáveis pelo fortalecimento do
capitalismo. Do um ponto de vista tecnológico, não houve uma grande evolução desde a primeira fase…
foi mais um aprimoramento e aperfeiçoamento das tecnologias da Primeira Revolução, nomeadamente
desenvolvimentos dentro da indústria química, elétrica, de petróleo e do aço que apesar de terem
levado ao desenvolvimento industrial também acabaram por gerar desemprego, uma vez que a mão de
obra foi substituída por máquinas, gerando um grande excedente na produção.

Esta fase representa, então o início de um novo período da industrialização, que apesar de ter
começado inicialmente na Inglaterra expandiu-se para outros países.

Especificamente nos EUA, a Segunda Revolução Industrial está associada a grandes nomes, como Nikola
Tesla mais conhecido pelas suas contribuições no sistema de fornecimento de eletricidade em
corrente alternada e Thomas Edison que é conhecido por muita gente como O homem que inventou a
lâmpada elétrica, pois… uma mentira, assim como a grande maioria das invenções que se estudam hoje
em dia, e que na teoria, foi ele que inventou… Thomas Edison não passava de um empresário sem
escrúpulos que foi capaz de passar por cima dos verdadeiros inventores que nunca receberam crédito
pelas suas descobertas … um homem que ameaçou, explorou e comprou, tornando-se rico e famoso…
como um génio da época (só um aparte, o próprio Tesla foi explorado e rebaixado por Edison…
acabando por morrer na pobreza, isto porque o Tesla apoiava melhorias na qualidade de vida sem o
objetivo de enriquecer, mostrando ter carácter, ao contrário de Edison) mas adiante… neste período
verificou-se ainda uma intensificação da circulação de mercadorias, pessoas e capitais entre a Europa e
o mundo todo, que tiveram consequências.

As consequências da Segunda Revolução Industrial podem ser vistas tanto a nível económico como
social. O desenvolvimento tecnológico propiciou a produção em massa e uma nova forma de
organização do trabalho, dando origem a novas relações entre os empregadores e empregados, isto
graças à substituição do ferro pelo aço, que passou então a ter um papel fundamental nas indústrias,
nomeadamente nas ferrovias, na indústria naval e na fabricação de armamentos; a indústria química
começou a ganhar destaque, passando a produzir uma grande diversidade de produtos variados, desde
fertilizantes a papel; o uso do petróleo, em substituição do carvão, como fonte de energia foi capaz de
aumentar ainda mais a produção; e a eletricidade que foi utilizada para iluminação pública e transporte
e que possibilitou avanços na comunicação.
No entanto, apesar de todas estas vantagens, a segunda Revolução Industrial também teve
consequências negativas, sendo o êxodo rural um deles, que aconteceu devido à tal substituição de
mão de obra por máquinas que levou a classe trabalhadora a deslocar-se para as cidades à procura de
emprego onde ocorreu a abundância da oferta (resultando também no rebaixamento dos salários e na
degradação das condições de trabalho), e levando à concentração de muita população no mesmo local e
ao aumento do desemprego que levou, por conseguinte, ao aumento da pobreza e da violência.

3.ª Revolução Industrial

Chegámos então à terceira parte da revolução industrial, que ocorreu no fim da 2ª Guerra Mundial em
1945 e onde o avanço tecnológico conseguiu desenvolver não só o campo produtivo, mas também o
campo científico que alcançou avanços e aprimoramentos nunca antes vistos. A produção elevou-se e
os lucros também, na medida em que houve diminuição dos gastos com a manufatura e do tempo que
se leva para chegar até o produto final.

Começamos com o facto de que, graças à 2ª Guerra Mundial, se tornasse necessário desenvolver novas
inovações, no caso a tecnologia nuclear e a informática como a bomba atómica e os primeiros
computadores que acabaram por contribuir não só para as indústrias nucleares, mas também para
serviços como transportes e a educação, tecnologias essas que ainda permitiram um crescimento da
competitividade das empresas e para o desenvolvimento da terciarização da economia, contudo apesar
deste desenvolvimento o ser humano, como faz com tudo, começou a abusar do meio e dos seus
recursos naturais que passaram a ser explorados irracionalmente e que ameaçam o suprimento das
gerações futuras.

Esta irracionalidade levou mais uma vez, ao aumento do desemprego a graves problemas ambientais e
as mudanças climáticas pois o aumento das indústrias acarretou o aumento das emissões de gases
poluentes à atmosfera, o que tem provocado o agravamento do efeito estufa e também alguns
desastres naturais pelo mundo inteiro.

Com o fim da 2ª Guerra Mundial, a Europa ficou completamente devastada levando à necessidade de a
relançar o comercio mundial e estabilizar a economia mundial. Para isso foram criados organismos como
o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e o Acordo Geral de Tarifas e
Comércio (GATT). Existem outras organizações regionais, mas vou concentrar-me nas que citei
anteriormente.

Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD)

Esta organização tem como objetivo conceder empréstimos para financiar e reconstruir as economias
devastadas pela guerra, organização esta que foi complementada pelo Plano Marshall, uma estratégia
dos EUA para combater o avanço soviético no início da Guerra Fria e desta forma ajudar a Europa a
reconstruir-se.

Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT)

Já o GATT foi um acordo internacional que pretendia promover o comércio internacional e reduzir
barreiras comerciais como as tarifas alfandegárias, regulando o comércio internacional. Este acordo foi
então assinado por 23 estados, em Genebra, no ano de 1947 e continuo até 1994, quando 123 países
assinaram os acordos que estabeleceram a Organização Mundial do Comércio (OMC). No entanto, não
podemos esquecer que este acordo foi o instrumento que, de fato, regulamentou por mais de quatro
décadas as relações comerciais entre os países.

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