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Máquinas Térmicas A

Trocadores de Calor – Análise Indireta

Prof. Dr. Vinícius G. S. Simionatto


FEM – Escola Politécnica
vinicius.simionatto@puc-campinas.edu.br
Análise de Trocadores de Calor
• A análise de trocadores de calor pode ser feita através do balanço
energético entre os fluidos de entrada e de saída do trocador de calor.
• Para esta análise podemos partir da equação de Bernoulli:
𝑝 𝑉2
+ + 𝑔𝑧 = 𝐾 [𝐽/𝑘𝑔]
𝜌 2
• Aqui temos a energia potencial gravitacional, a energia potencial de
pressão e a energia cinética, todas por unidade de massa do fluido.
Por isso podemos chamar o termo 𝐾 de 𝐸𝐵
• Note que este termo pode ser constante se assumirmos algumas
premissas.

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Análise de Trocadores de Calor
• Como estamos calculando a troca de calor, a energia de um elemento
diferencial de fluido deve também incluir a energia térmica. Então, no
ponto 𝑖 do fluido, temos:
2 𝑢 𝑇𝑖 é a energia
𝑝𝑖 𝑉𝑖 térmica por unidade
𝐸𝐵𝑖 + 𝐸𝑇𝑖 = + + 𝑔𝑧𝑖 + 𝑢 𝑇𝑖 de massa
𝜌𝑖 2
• A hipótese de fluido incompressível não é mais válida, pois a
densidade de alguns fluidos tende a variar com a temperatura. Além
disso, utiliza-se no lugar da densidade o volume específico 𝑣𝑖 = 1/𝜌𝑖 ,
portanto a equação se torna:
𝑉𝑖2
𝐸𝐵𝑖 + 𝐸𝑇𝑖 = 𝑝𝑖 𝑣𝑖 + + 𝑔𝑧𝑖 + 𝑢 𝑇𝑖
2
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Análise de Trocadores de Calor
• A soma 𝐸𝐵𝑖 + 𝐸𝑇𝑖 é a quantidade de energia por unidade de massa
presente no fluido.

• Por isso podemos multiplicá-la pela vazão mássica (que é a mesma na


entrada e na saída do trocador, pois estamos assumindo regime
permanente) para obter a vazão energética de entrada e saída do
fluido.
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Análise de Trocadores de Calor
• Assim, temos:
𝑉𝑒2 𝑉𝑠2
𝑚 𝑢 𝑇𝑒 + 𝑝𝑒 𝑣𝑒 + + 𝑔 𝑧𝑒 − 𝑚 𝑢 𝑇𝑠 + 𝑝𝑠 𝑣𝑠 + + 𝑔 𝑧𝑠 = 𝑞
2 2
* 𝑒 representa entrada e 𝑠 representa saída

• Assumindo que os ganhos de energia cinética e potencial


gravitacional tenham sido desprezíveis no trajeto, a equação se
simplifica para:
𝑚 𝑢 𝑇𝑒 + 𝑝𝑒 𝑣𝑒 − 𝑚 𝑢 𝑇𝑠 + 𝑝𝑠 𝑣𝑠 = 𝑞
• Introduz-se aqui a entalpia de um fluido, que é dada por:
ℎ = 𝑢 + 𝑝𝑣

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Análise de Trocadores de Calor
• Desta forma a equação pode ser reescrita como:
𝑞 = 𝑚 ℎ𝑠 − ℎ𝑒
• Se estamos calculando a potência de troca de calor 𝑞 para o fluido
que esfria, o resultado será um número negativo. Já se calcularmos
para o fluido que se aquece, o resultado será positivo.
• Caso não haja troca de fase no fluido durante o aquecimento ou
resfriamento, a variação da entalpia é diretamente proporcional ao
calor específico do fluido (considerado constante) e à temperatura.
Assim, tem-se:
𝑞 = 𝑚𝑐𝑝 (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 )

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Análise de Trocadores de Calor
• Portanto, para a análise de troca térmica de ponta-a-ponta de um
trocador de calor, pode-se utilizar:
𝑞 = 𝑚𝑐𝑝 𝑇𝑒 − 𝑇𝑠 = 𝑈𝐴(Δ𝑇𝑚 )
Sendo:
• 𝑞 = Fluxo de calor • 𝑈 = Coeficiente global de troca de calor
• 𝑚 = Vazão mássica • 𝐴 = Área de troca de calor
• 𝑐𝑝 = Calor específico • Δ𝑇𝑚 é a diferença de temperatura
• 𝑇𝑒 = Temperatura de entrada do fluido média ao longo do trocador.
• 𝑇𝑠 = Temperatura de saída do fluido

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Análise de Trocadores de Calor
• Note que, na equação:
𝑞 = 𝑚𝑐𝑝 𝑇𝑒 − 𝑇𝑠 = 𝑈𝐴(Δ𝑇𝑚 )
A diferença de temperaturas Δ𝑇𝑚 pode ser diferente a depender da
localidade em que são medidas no trocador. Por isso, é necessário
definir formas de calcular este termo específicas para cada tipo de
trocador de calor.

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T.C. de Fluxo Paralelo
• O trocador de calor de fluxo em paralelo possui grande diferença de
temperatura entre os fluidos no início do fluxo, e esta diferença
diminui ao longo do trocador de calor:

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T.C. de Fluxo Paralelo
𝑑𝑞 = −𝑚ℎ 𝑐𝑝,ℎ 𝑇ℎ + 𝑑𝑇ℎ − 𝑇ℎ = −𝑚ℎ 𝑐𝑝,ℎ 𝑑𝑇ℎ = −𝐶ℎ 𝑑𝑇ℎ
𝑄 = 𝑚𝑐𝑝 Δ𝑇

∴ 𝑞 = 𝑚𝑐𝑝 Δ𝑇
Hipóteses:
• O T.C. é isolado termicamente do ambiente.
• Não há condução de calor axial
• A variação dos calores específicos com a
temperatura é desprezível.
• Variações de energia cinética e potencial
são desprezíveis.
• O coeficiente global de troca de calor é
constante

𝑑𝑞 = 𝑚𝑐 𝑐𝑝,𝑐 𝑇𝑐 + 𝑑𝑇𝑐 − 𝑇𝑐 = 𝑚𝑐 𝑐𝑝,𝑐 𝑑𝑇𝑐 = 𝐶𝑐 𝑑𝑇𝑐


𝐶𝑥 é a capacidade térmica do fluido 𝑥.

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T.C. de Fluxo Paralelo
• Já tendo uma visão do trocador de calor como um todo, a troca de
calor em um determinado local é dada por:

𝑑𝑞 = 𝑈𝑑A ΔT

• Esta equação deve ser integrada ao longo de todo o trocador para


que se possa obter a troca de calor global

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T.C. de Fluxo Paralelo
• Para isso, podemos primeiramente olhar para a diferença de
temperaturas de uma forma diferencial. Assim, se:
Δ𝑇 = 𝑇ℎ − 𝑇𝑐
Então:
𝑑Δ𝑇 = 𝑑𝑇ℎ − 𝑑𝑇𝑐
• Do balanço de energia feito anteriormente, temos:
1 1
𝑑Δ𝑇 = −𝑑𝑞 +
𝐶ℎ 𝐶𝑐

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T.C. de Fluxo Paralelo
• Da equação do trocador de calor temos:
𝑑𝑞 = 𝑈𝑑A ΔT
• Substituindo na Eq. anterior, temos:
1 1 1 1
𝑑Δ𝑇 = −𝑑𝑞 + = −𝑈𝑑𝐴Δ𝑇 +
𝐶ℎ 𝐶𝑐 𝐶ℎ 𝐶𝑐
• Rearranjando, temos:
𝑑Δ𝑇 1 1
= −𝑈 + 𝑑𝐴
Δ𝑇 𝐶ℎ 𝐶𝑐

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T.C. de Fluxo Paralelo
• Integrando de ambos os lados, teremos:
𝑠 𝑠
𝑑Δ𝑇 1 1 * 𝑒 e 𝑠 são a entrada e a
= −𝑈 + 𝑑𝐴 saída do trocador de calor.
𝑒 Δ𝑇 𝐶ℎ 𝐶𝑐 𝑒
• Resolvendo as integrais, temos:
Δ𝑇𝑠 1 1
ln = −𝑈𝐴 +
Δ𝑇𝑒 𝐶ℎ 𝐶𝑐
• Devemos lembrar que:
𝑞 = ±𝑚𝑥 𝑐𝑝,𝑥 𝑇𝑥,𝑒 − 𝑇𝑥,𝑠 = ±𝐶𝑥 𝑇𝑥,𝑒 − 𝑇𝑥,𝑠 * x pode ser ℎ
(hot) ou 𝑐 (cold)
• Portanto:
𝑞 𝑞
𝐶ℎ = 𝑒 𝐶𝑐 =
𝑇ℎ,𝑒 − 𝑇ℎ,𝑠 𝑇𝑐,𝑠 − 𝑇𝑐,𝑒

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T.C. de Fluxo Paralelo
• Substituindo os valores de 𝐶ℎ e 𝐶𝑖 e reorganizando, temos:
Δ𝑇𝑠 𝑈𝐴
ln =− 𝑇ℎ,𝑒 − 𝑇ℎ,𝑠 + 𝑇𝑐,𝑠 − 𝑇𝑐,𝑒
Δ𝑇𝑒 𝑞
• Rearranjando, temos:
Δ𝑇𝑠 𝑈𝐴 𝑈𝐴
ln =− 𝑇ℎ,𝑒 − 𝑇𝑐,𝑒 − 𝑇ℎ,𝑠 − 𝑇𝑐,𝑠 =− (Δ𝑇𝑒 − Δ𝑇𝑠 )
Δ𝑇𝑒 𝑞 𝑞
• Assim, podemos isolar 𝑞 para obter:
Δ𝑇𝑠 − Δ𝑇𝑒
𝑞 = 𝑈𝐴
ln Δ𝑇𝑠 /Δ𝑇𝑒

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T.C. de Fluxo Paralelo
• Comparando com a proposição inicial:
𝑞 = 𝑈𝐴(Δ𝑇𝑚 )
• Podemos trocar o nome da diferença de temperaturas média Δ𝑇𝑚
para Δ𝑇𝑙𝑚 para representar a nova média obtida. Assim:

Δ𝑇𝑠 − Δ𝑇𝑒 Δ𝑇𝑒 − Δ𝑇𝑠


Δ𝑇𝑙𝑚 = =
ln Δ𝑇𝑠 /Δ𝑇𝑒 ln Δ𝑇𝑒 /Δ𝑇𝑠

• Chamamos este termo de temperatura média logarítmica do


trocador. Esta fórmula vale apenas para trocadores de calor de fluxo
paralelo.

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T.C. de Contrafluxo
• A fórmula da temperatura média logarítmica para o trocador de calor
de contrafluxo é dada por:
Δ𝑇1 − Δ𝑇2 Δ𝑇2 − Δ𝑇1
Δ𝑇𝑙𝑚 = =
ln Δ𝑇1 /Δ𝑇2 ln Δ𝑇2 /Δ𝑇1
• Neste caso as diferenças de temperatura são definidas por:
Δ𝑇1 = 𝑇ℎ,𝑒 − 𝑇𝑐,𝑠
Δ𝑇2 = 𝑇ℎ,𝑠 − 𝑇𝑐,𝑒

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Resumo
• A média logarítmica de temperaturas Δ𝑇𝑙𝑚 é utilizada para a análise
indireta de trocadores de calor dos tipos paralelo ou em contrafluxo
apenas.
Δ𝑇1 − Δ𝑇2 Δ𝑇2 − Δ𝑇1
Δ𝑇𝑙𝑚 = =
ln Δ𝑇1 /Δ𝑇2 ln Δ𝑇2 /Δ𝑇1

Paralelo Contrafluxo
Δ𝑇1 = 𝑇ℎ,𝑠 − 𝑇𝑐,𝑠 Δ𝑇1 = 𝑇ℎ,𝑒 − 𝑇𝑐,𝑠
Δ𝑇2 = 𝑇ℎ,𝑒 − 𝑇𝑐,𝑒 Δ𝑇2 = 𝑇ℎ,𝑠 − 𝑇𝑐,𝑒

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Exercício 1
Um trocador de calor de tubos concêntricos e contrafluxo é utilizado para resfriar
um lubrificante para uma grande turbina a gás industrial. A vazão de água através
do tubo interno é de 0,2 kg/s e o fluxo de óleo pelo duto exterior é de 0,1 kg/s. O
óleo e a água entram a temperaturas de 100°C e 30°C. Qual deve ser o
comprimento do tubo para que o óleo saia a 60°C? Calcule também este
comprimento caso o trocador fosse de fluxo paralelo.
U = 2500 W/m²K

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Exercício 2
Um fluido resultante de um processo industrial possui calor específico
de 3,5 kJ/kg.K e flui a uma vazão mássica de 2 kg/s. Ele deve ser
refrigerado de 80°C para 50°C com água fria, que é captada de um
reservatório a 15°C e flui a 2,5 kg/s. Assumindo que o coeficiente global
de troca de calor do trocador seja de 2000 W/m²K, calcule a área de
troca de calor necessária se (a) o trocador trabalha em fluxo paralelo e
(b) o trocador trabalha em contrafluxo.

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Exercício 3
Considere um trocador de calor de tubos concêntricos com área de troca de calor de
60 m², que opera segundo as seguintes condições:

Fluido Quente Fluido Frio


Capacidade térmica [kW/K] 6 4
Temperatura de Entrada [°C] 70 40
Temperatura de Saída [°C] 54 n/a

a) Determine a temperatura de saída do fluido frio.


b) Este trocador de calor opera em fluxo paralelo ou contrafluxo? Você consegue
afirmar isso apenas com base nas informações disponíveis?
c) Calcule o coeficiente global de troca de calor.

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Tabelas Úteis

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Tabelas Úteis

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Obrigado

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