A Mundialização Económica
escravo;
As expressões “mundialização” e “globalização”
não são equivalentes em termos de conceitos,
no entanto, muito próximas.
O termo mundialização é um conceito
essencialmente económico: trocas comerciais à
escala mundial, livre circulação de capitais, de
tecnologias e de pessoas e localização das
atividades produtivas no espaço internacional,
enquanto que o termo globalização vai além do
domínio económico, abarcando a dimensão
social, política e cultural do fenómeno da
mundialização.
A crise financeira de 2007 estendeu-se a outros
países e regiões, afetando as ações nas Bolsas
mundiais, rendimentos de investidores, entre
outros produtos financeiras. Os efeitos da crise
são demonstrativos das interdependências
entre as economias, características da
mundialização económica.
O processo de mundialização
A mundialização está ligada à evolução dos
meios de transporte, bem como às novas
tecnologias de informação e comunicação, no
entanto, este fenómeno já remonta ao seculo
XVI e à época dos Descobrimentos.
O movimento das trocas à escala mundial é
incentivado pelas inovações nas atividades
produtivas e na área dos transportes, sendo a
mundialização, um processo que se foi
desenvolvendo e intensificando ao longo do
tempo.
Evolução da mundialização
1.ª “europeização”
O século XVI foi marcado pela expansão da
economia europeia para além do
Mediterrâneo, o que veio permitir a integração
de novas regiões do mundo no sistema
produtivo e de trocas. Estas novas áreas
surgem como centros económicos, gerando
fluxos de capitais.
O comércio mundial estabeleceu-se em três
polos:
- África – fornecedora de mão de obra escrava;
- América – produto com base no trabalho
- Europa – possuidora de capital e
transformadora de matérias-primas que vende
pra África e América.
Este processo junta-se também a Índia, que
fornece à Europa tecidos depois trocados em
África por escravos. O tráfico de escravos
constitui o fator central no desenvolvimento do
comércio mundial controlado pela Europa,
constituindo um marco do processo de
mundialização.
O comércio contribui para o desencadear da
Revolução Industrial, ao proporcionar as
condições necessárias ao desenvolvimento
industrial: acumulação de capitais, matérias-
primas e mercados.
1.ª Revolução Industrial
A Revolução Industrial, fenómeno britânico
assentou transformações profundas a nível da
produção no final do século XVIII: aumento da
produção industrial, do investimento e da
população, aumento dos níveis de consumo,
entre outras.
Os fatores centrais da 1.ª Revolução Industrial
Inovações tecnológicas – A intervenção da
máquina a vapor;
Fornecimento de capitais – capital acumulado
pela Europa, resultante do comércio de mão de
obra escrava e de mercadorias;
Fornecimento de matérias-primas – obtenção
de matérias-primas nos mercados coloniais,
como algodão vindo da América, que
proporcionou o desenvolvimento da indústria
têxtil;
Mão de obra disponível – inovações e as
reformas no sistema de propriedade da terra
que permitiram aumentar a produção;
Aumento da procura – a maior procura do
mercado interno europeu e dos mercados
externos coloniais resultou do crescimento
demográfico, da melhoria dos rendimentos e
do aumento dos níveis de consumo por
exemplo, que levou também à modernização
do setor do ramo têxtil.
1.ª Revolução Industrial, os mercados e a
mundialização
No período da 1.ª Revolução Industrial, no
espaço, económico internacional, o triangulo
Grã-Bretanha, França e EUA constitui a
estrutura dominante do sistema mundial de
trocas, onde a industrialização e os mercados
estão interligados enquanto fornecedores de
matérias-primas, capitais e compradores.
2.ª Revolução Industrial e a intensificação da
mundialização
Na segunda metade do século XIX, verificou-se
uma intensificação da circulação de
mercadorias, pessoas e capitais, entre a Europa
e outras regiões do planeta, sendo este
aumento dos fluxos migratórios e de capitais
uma das características da mundialização neste
período.
Aumento dos movimentos migratórios
Em consequência do desemprego e terciarização da economia.
subemprego verificou-se um aumento das
migrações. No início do século XIX, saíram da
Europa 70 milhões de emigrantes para a
América do Norte e para a América Latina.
Saída de capitais
A emigração europeia foi acompanhada pela
saída de capitais da Europa, localizando-se
junto das fontes de matérias-primas,
financiando infraestruturas e atividades
complementares à exploração. Estes
investimentos geraram rendimentos que
regressavam aos países de origem.
A primeira metade do século XX – o recuo da
mundialização
Esta época foi marcada por políticas
económicas protecionistas das atividades
agrícolas e industriais, em resultado da
devastação causada pela I Guerra Mundial, pela
Grande Depressão e pela II Guerra Mundial.
Neste período, o comércio apresentou taxas de
crescimento modestas, os movimentos de
capitais foram bloqueados e o movimento
migratório sofreu fortes restrições (caso de
países como a Itália de Mussolini e da
Alemanha de Hitler)
A retratação do comércio mundial,
acompanhada pela crise da economia mundial,
interrompeu a intensificação do processo de
mundialização registada no período anterior.
Para aumentar o crescimento foi então
necessário focar-se na expansão territorial
europeia via exploração e ocupação das
colónias.
A aceleração da mundialização
económica a partir de 1945
A 3.ª Revolução Industrial
A II Guerra Mundial incentivou a pesquisa e o
aparecimento de inovações como a tecnologia
nuclear e a informática como por exemplo, a
bomba atómica. A aplicação da eletrónica e da
informática e da informação alargou-se a
outras atividades industriais e aos serviços,
contribuindo para o crescimento da
competitividade e para o processo de
Nos finais dos anos 70, a sociedade entrou na
era da informação, baseada na eletrónica, a
automação, a robotização e as
telecomunicações.
O desenvolvimento das novas tecnologias (base
da 3.ª Revolução Industrial) contribuíram para a
maior circulação e difusão de produtos e
processos à escala global, favorecendo o
processo de mundialização.
O fim da II Guerra Mundial e a reconstrução das
economias europeia e japonesa criaram
condições para o renascimento do comércio
através de uma maior abertura das economias
ao exterior.
A liberalização do comércio mundial
Terminada a II Guerra Mundial