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TRABALHO DE ECONOMIA C

A GLOBALIZAÇÃO E A REGIONALI
ZAÇÃO DO MUNDO

Economia C, 12
01/02/23
I - MUNDIALIZAÇÃO ECONÓMICA
Noção e evolução

O mundo contemporâneo é marcado pela enorme facilidade de circulaçã


o de bens, pessoas, produtos, serviços, capitais e informações. A quase ins
tantaneidade das transferências permite que o que ocorre nas diferentes
esferas (política, económica, cultural…) rapidamente se propague até área
s cada vez mais distantes e diversificadas.
Estamos cada vez mais interdependentes e conscientes de que os proble
mas mundiais também são nossos, e que, o que nos afeta a nós afeta tam
bém os outros. Os conceitos “globalização” e “mundialização” invadiram o
nosso vocabulário. Frequentemente considerados sinónimos eram sobret
udo usados para nos referirmos às interdependências económicas entre a
s nações. Embora facilmente confundidos, revestem-se de um caráter be
m diferente.

O conceito mundialização refere-se a um fenómeno caracterizado pela li


vre circulação de bens, serviços e capitais, pela mundialização das empre
sas, pela existência de um mercado financeiro global e pelo enfraquecime
nto da regulação dos mercados e da atividade económica. Os mercados do
s principais produtos estão quase todos mundializados, como são exemplo
o petróleo e energia, as indústrias aeronáutica, informática, robótica, cons
trução naval, telecomunicações, armamento, produtos televisivos, entre o
utros.

Por outro lado, falar de Globalização remete para um conjunto de transfo


rmações económicas, políticas, sociais e culturais que se fazem sentir a nív
el mundial. Nas suas formas mais visíveis, estas transformações estão freq
uentemente associadas a inovações tecnológicas. As novidades tecnológic
as, e a velocidade a que estas ocorrem no mundo contemporâneo, contrib
uem para crer que a globalização constitui um fenómeno completamente
novo.

Em síntese, globalização é uma forma mais aperfeiçoada e ampla do conc


eito de mundialização. Enquanto a mundialização está mais ligada à integr
ação crescente de certas partes do mundo do ponto de vista económico, a
globalização é mais abrangente e abarca além da dimensão económica ta
mbém as dimensões sociais, políticas, culturais, religiosas e jurídicas.

Uma das consequências da mundialização da economia são as interdepen


dências entre as economias. Mas o que é isto? Um exemplo deste acontec
imento é a crise de 2007, que todos já ouvimos falar, que se iniciou nos EU
A mas que rapidamente se estendeu a todo o Mundo afetando cotações d
e ações, rendimentos de investidores, fundos de poupança entre outras c
oisas.

O processo de mundialização

Contrariamente ao que possamos pensar, a mundialização é um processo


antigo, que começou provavelmente com o mercado mundial de especiari
as na Idade Média, encontrando-se, nos dias de hoje, associada à evoluçã
o dos meios de transporte e das novas tecnologias de informação e comu
nicação. A mundialização iniciou-se no século XV, com a época dos descob
rimentos, que se caracterizou pelo desenvolvimento das trocas mercantis
e dos movimentos migratórios que se seguiram, atingindo várias partes do
mundo. Este movimento de trocas mundiais foi aumentado com a Revoluç
ão industrial e as inovações derivadas da mesma.

A 1º «europeização» do mundo

No século XVI a economia europeia expandiu-se para além do Mediterrâ


neo, com a navegação nos Oceanos Atlântico e Índico. Com isto novas áre
as de outros continentes surgem como centros económicos. Como são os
casos da América do Sul, que gerou fluxo de produtos e da África, que pro
vocou o fluxo de produtos e mão de obra. Assim é a Europa que controla o
comércio e o impulsiona e que transforma as matérias-primas vindas de o
utras regiões. Com esta mundialização surge a divisão internacional do tra
balho do comércio mundial que se estabelece em três pólos: África, Améri
ca e Europa. Cada um destes pólos tinha uma função distinta. África forne
cia mão de obra escrava para as plantações da América, que por sua vez p
roduzia matérias-primas, como o algodão e o açúcar, entregues à Europa,
que consequentemente era a possuidora de capital e transformadora de
matérias-primas, que vendia posteriormente para a América e África. Assi
m, o tráfico de escravos constitui o fator central no desenvolvimento do c
omércio mundial controlado pela Europa, constituindo um marco do proc
esso de mundialização. O comércio entre a Europa, África e a América con
tribui de forma decisiva para o desencadear da Revolução Industrial, ao pr
oporcionar as condições necessárias ao desenvolvimento industrial.

A 1º Revolução industrial

A Revolução Industrial consiste no conjunto de transformações técnicas


e económicas que ocorreram na Europa no final do século XVIII. A invençã
o da máquina a vapor e a sua posterior aplicação à indústria e aos transpo
rtes é considerada como a grande causa da Revolução Industrial. Esta per
mitiu aumentar a produção e os níveis de consumo, entre outras. Como é
óbvio existem alguns fatores principais que levaram a esta Revolução:

- Inovações tecnológicas: a inovação tecnológica foi essencial para a revol


ução industrial, pois as novas técnicas apoiaram o aumento da produção,
devido à invenção da máquina a vapor, à modernização dos transportes e
à utilização de novas fontes de energia.

- Fornecimento de capitais: o capital acumulado possibilitou o financiame


nto de parte importante das inovações técnicas e dos investimentos indus
triais.

- Fornecimento de matérias-primas: as matérias-primas oriundas dos merc


ados facilitaram o desenvolvimento industrial, como foi o caso do algodão
vindo da América.

- Mão de obra disponível: devido às inovações e às reformas no sistema d


e propriedade da terra, ocorreu um aumento na produção e posteriormen
te a libertação da mão de obra para as manufacturas.

- Aumento da procura: a procura cresceu tanto no mercado interno como


nos mercados externos coloniais.

1º Revolução Industrial, os mercados e a mundialização


Durante a 1º Revolução Industrial, a procura internacional estimulou a pr
odução industrial, que contribuiu para uma maior produtividade, o que lev
ou a uma baixa dos custos e preços.

Neste período «formou-se» um triângulo económico internacional, entre


a Grã-Bretanha, França e EUA. Estes países dominavam o sistema mundial
de trocas

2º Revolução Industrial (segunda metade do século XIX) e a intensificaçã


o da mundialização

Na segunda metade do século XIX, a introdução da eletricidade como fon


te de energia e do aço como novo material, proporcionaram uma Revoluç
ão nas comunicações e nos transportes. O desenvolvimento dos carrinhos
de ferro, da frota marítima, e a abertura de novas rotas, originaram uma i
ntensificação das trocas comerciais à escala mundial, integrando também
as regiões periféricas no comércio. Assim, este período tem duas caracterí
sticas especiais:

- Aumento dos movimentos migratórios - neste período, verificou-se um a


umento da migração de europeus, devido ao desemprego e subemprego c
ausados pela modernização das indústrias.

- Saída de capitais - a emigração foi acompanhada pela saída de capitais d


a Europa, que se concentraram nos países de destino dos europeus, localiz
ando-se junto das matérias-primas, de forma a fazer diminuir os custos de
produção das indústrias europeias e financiando infraestruturas e atividad
es complementares à sua exploração.

A segunda metade do século XIX é, assim, marcada pela expansão da eco


nomia europeia do mundo, a chamada 2º Europeização do Mundo.

A primeira metade do século XX- o recuo da mundialização

A primeira metade do século XX foi marcada por políticas económicas pr


otecionistas, em resultado da devastação originada pela primeira Guerra
Mundial e pela Grande Depressão económica dos anos 30. O comércio int
ernacional apresentou taxas de crescimento quase nulas, os movimentos
de capitais foram bloqueados e o movimento migratório sofreu fortes rest
rições. Gerando assim um recuo da mundialização.

Esta retração bem como a crise mundial levaram à interrupção do proces


so de mundialização.

A aceleração da mundialização económica a partir de 1945

3ºRevolução Industrial

As necessidades de armamento e de comunicação incentivaram o aparec


imento de inovações nas áreas da tecnologia nuclear e da informática, que
tiveram aplicações nas atividades industriais, como na automação, e terciá
rios, como na banca, no audiovisual, nas telecomunicações, entre outros s
etores, contribuindo para a terciarização e maior competitividade das eco
nomias.

O desenvolvimento das TIC é a sua aplicação na atividade produtiva, nos


serviços financeiros e nos meios de comunicação social contribuíram para
uma maior circulação e difusão de produtos e processos à escala global, fa
vorecendo o processo de mundialização.

O fim da II Guerra Mundial e a reconstrução das economias europeia e ja


ponesa criaram condições para o renascimento do comércio internacional,
através de uma maior abertura das economias ao exterior e consequente
crescimento das exportações.

A substituição do princípio da especialização pelo princípio da concorrên


cia

A redução do peso da especialização nas trocas comerciais fez-se sentir,


em primeiro lugar, nos produtos primários, devido à sua menor procura, p
or terem sido substituídos por outros bens, como bens sucedâneos e, pos
teriormente, nos produtos manufaturados, devido à forte concorrência d
os novos países industrializados, que produzem a um custo mais reduzido
que os desenvolvidos, porque tem mão de obra muito mais barata.

O comércio mundial é, atualmente, cada vez mais baseado nas trocas de


produtos decorrentes da especialização, em resultado dos diferentes recu
rsos de cada interveniente (recursos naturais, tecnologia, especialização d
a mão de obra) e cada vez mais assente, na concorrência, no sentido de co
nquista das atividades melhor remuneradas e, portanto, mais lucrativas.

No contexto da atual mundialização uma parte significativa das trocas m


undiais baseia-se na troca de produtos similares, o que evidencia a forte c
oncorrência entre países e regiões.

Liberalização do comércio mundial

Na primeira metade do século XX, a intensificação do processo de mundi


alização foi interrompido pela grave crise da economia mundial, que levar
am os estados a adotar políticas protecionistas. A consequente devastaçã
o levou à necessidade de reconstrução económica dos países, tendo assim
sido criados o Banco Internacional para a Reconstrução e desenvolviment
o (BIRD), o Acordo Geral sobre a Redução das tarifas Aduaneiras (GATT), o
FMI, a Comunidade Económica Europeia (CEE) e a Associação Europeia de
Comércio Livre (EFTA).

O Banco Internacional para a reconstrução e Desenvolvimento (BIRD)

Este Banco foi criado, em 1945, para a reconstrução económica da Europ


a, e tinha como missão conceder empréstimos para financiar a reconstruç
ão das economias devastadas. Esta função foi posteriormente complemen
tada pelo Plano Marshall, que consistiu numa ajuda direta de donativos e
empréstimos dos EUA aos países que sofreram os efeitos negativos da Gu
erra e que precisavam de apoio financeiro para o relançamento das suas e
conomias.

No processo de reconstrução e de crescimento das economias, a liberaliz


ação das trocas comerciais desempenhou um papel relevante. Existiu assi
m um abandono do protecionismo e a defesa da celebração de acordos co
merciais para a redução recíproca das tarifas alfandegárias. Para atingir es
se objetivo era necessário criar uma organização para regular o comércio i
nternacional, o GATT.

GATT
O Acordo Geral sobre a Redução das Tarifas Aduaneiras (GATT), lançado
no âmbito da ONU, e que envolveu, inicialmente, cerca de 23 países, teve
como objetivo negociar a redução das Tarifas Aduaneiras, de forma a facili
tar as trocas entre os países. Esta redução das taxas sobre os produtos im
portados contribuiu para o aumento das importações, pois os produtos fic
am mais baratos. Ao aumento das importações realizadas por alguns paíse
s corresponde igual aumento das exportações de outros países, havendo,
assim, um aumento das trocas internacionais.

Contudo, o processo de liberalização das trocas e a integração de um nú


mero significativo de países no comércio mundial originou maior concorrê
ncia nos mercados e dificuldades acrescidas na harmonia das regras come
rciais internacionais. Tal situação levou à extinção do GATT e a sua substit
uição pela Organização Mundial do comércio (OMC).

OMC

A Organização Mundial do Comércio (OMC) procura firmar acordos relati


vos à eliminação de taxas alfandegárias, tendo em vista uma maior abertu
ra dos mercados. Tem como objetivo criar harmonia, equidade, liberdade
e a previsibilidade nas trocas entre os países-membros.

A OMC constitui, uma economia mundial cada vez mais globalizada, o fór
um para a eliminação de obstáculos ao comércio através de negociações c
omerciais multilaterais e para a definição e aplicação de regras que permi
tiram aos importadores e exportadores desenvolver a sua atividade num q
uadro de estabilidade e segurança.

Para isso segue uma série de princípios tais como: não discriminação; mai
or abertura; previsibilidade e transparência; concorrência leal; tratamento
especial e diferenciado para os países em desenvolvimento; e proteção do
ambiente.

Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento


Faz parte das Nações Unidas e tem como objetivo promover a integração
dos países em desenvolvimento na economia mundial, através das oportu
nidades oferecidas pelo comércio internacional.

CEE e a EFTA

O processo de liberalização das trocas foi intensificado na Europa Ociden


tal com a criação destas duas organizações. Têm como objetivo promover
a livre circulação de bens dentro dos seus respectivos espaços .

II - A GLOBALIZAÇÃO DO MUNDO ATUAL

A mundialização

A mundialização é característica das sociedades contemporâneas, que se


concretiza na internacionalização das trocas comerciais, das atividades pro
dutivas, na existência de um mercado financeiro global e na concorrência
pelo domínio dos mercados e recursos. Este processo de mundialização a
ssocia-se ao desenvolvimento dos meios e vias de comunicação, das tecno
logias de informação, contribuindo para uma maior facilidade e rapidez de
circulação de bens, serviços e capitais pelo mundo.

Globalização

Globalização é o processo de aproximação entre os diversos países e soci


edades presentes no mundo, tanto no âmbito económico, social, político
ou cultural.
A globalização permitiu uma maior conexão entre diversos pontos do plan
eta, fazendo com que estes compartilhassem algumas características. Assi
m nasce a ideia de Aldeia Global, ou seja, um mundo globalizado onde est
á tudo interligado.
O processo de globalização constitui-se pelo modo de como os mercados
de diferentes países e regiões interagem entre si, aproximando pessoas e
produtos.
Costumes, tradições, comidas e produtos típicos de determinada localidad
e passam a estar presentes noutros lugares totalmente diferentes. Isso ac
ontece graças às trocas e liberdade de informações que a globalização nos
pode proporcionar.
A quebra de fronteiras gerou uma expansão capitalista onde foi possível r
ealizar transações financeiras e expandir negócios, que até então eram res
tritos ao mercado interno, para mercados distantes e emergentes.

Mundialização das trocas

Não há nenhum país que consiga viver de forma independente e isolado,


dado que é necessário estabelecer trocas de bens e produtos que produz
ou não produz em quantidades suficientes. Assim, os países estabelecem r
elações de troca, caracterizadas pela interdependência entre os países exp
ortadores e importadores. Os importadores necessitam de bens e serviços
que não têm e os exportadores necessitam de vender os produtos em exc
esso.

O processo de integração económica cresceu sobretudo após o final da S


egunda Guerra Mundial, com o intuito de relacionar os países, favorecend
o o crescimento das economias.

Os movimentos internacionais de fatores produtivos


Movimento de capitais

Os movimentos internacionais de capitais podem ser divididos em investi


mentos diretos e investimentos de carteira ou financeiros.
Investimento Direto Estrangeiro

O Investimento Direto Estrangeiro - IDE - é considerado um meio importa


nte para o crescimento das economias. Na economia portuguesa, o investi
mento direto estrangeiro tem vindo a representar um papel importante a
nível de crescimento económico e competitividade das empresas nacionai
s.

O IDE mundial tem estado a crescer em níveis bastante consideráveis. O


maior volume de operações de IDE continua a ser sobretudo entre os país
es desenvolvidos, porém os países em desenvolvimento têm visto a sua im
portância a crescer tendo como objetivo tornarem-se destinatários cresce
ntes dos investimentos provenientes de países desenvolvidos.

As empresas multinacionais apresentam uma grande importância no que


diz respeito à mundialização das trocas e ao movimento da globalização. A
s empresas multinacionais são as empresas sediadas em determinado loca
l, mas que possuem atuação descentralizada, com filiais em dois ou mais p
aíses do mundo.

O principal objetivo destas empresas é a maximização dos lucros por mei


o do melhor acesso às matérias-primas e aos mercados consumidores. Ela
s funcionam de forma descentralizada, com vista a aproveitar as vantagen
s da localização de cada região.

Atualmente, as empresas, mesmo as médias, estão cada vez mais a delin


ear a sua política no plano mundial, como se pode ver na conceção do pro
duto, no marketing, na localização dos locais de produção, contribuindo, a
ssim, para um aumento da empregabilidade, e na implantação comercial.
As empresas transnacionais são grandes empresas, em muitos casos corp
orações, que possuem filiais em diversos países, ultrapassando os limites
físicos das fronteiras dos seus territórios de origem.

A maioria dessas grandes empresas tem a sua sede original nos países de
industrialização pioneira, a maioria localizada no hemisfério norte, ou seja,
são empresas de países desenvolvidos que acumulam um grande exceden
te de capital ao longo dos anos e usam esse excedente para expandir os se
us negócios, instalando filiais em países em desenvolvimento, utilizando a
ssim mão de obra barata, fazendo com que os seus lucros aumentem de f
orma considerável.

Investimentos de Carteira

Investimentos de carteira são uma variação dos IDE, onde os empresário


s não estão interessados em participar ativamente na vida de uma compa
nhia, nem na sua gestão. Num investimento de carteira existe um grupo d
e ativos que pertence a um investidor, pessoa física ou pessoa jurídica.

Estes ativos podem ser ações, fundos, títulos públicos, títulos de crédito,
aplicações imobiliárias, entre outros. A carteira permite a diversificação do
s ativos bem como do risco, levando uma maior tranquilidade ao investido
r.

A gestão dos investimentos têm incorporado uma relação clara entre risc
o e retorno. O retorno esperado pelo investidor está relacionado com o ris
co que pretende correr. Esta atitude depende do seu perfil, no caso de nã
o querer correr riscos, irá optar por uma carteira com menor risco, logo m
enor retorno, se for propenso ao risco irá optar neste caso por uma carteir
a de maior risco, logo maior retorno.
A diminuição deste perigo, pode ser conseguida pela sua diversificação, j
á que assim não está a deixar o seu dinheiro apenas num lugar. Repartir o
capital em vários ativos costuma proporcionar maior segurança financeira.
Assim, é importante saber o efeito que cada título poderá ter na carteira.

Movimentos da população

Os movimentos populacionais, também denominados de migrações, são


movimentos que envolvem qualquer forma de mudança de um grupo soci
al do seu local de origem para outro. Geralmente essas mudanças ocorre
m pela procura de melhores condições de vida, tanto no sentido económic
o como político, religioso, entre outros.

Movimentos Migratórios

Quando o número de pessoas que se desloca é muito elevado, os movim


entos migratórios afetam inevitavelmente as áreas de partida, mas també
m têm impactos sociais, económicos, demográficos e ambientais nas áreas
de destino.

Ultimamente, o mundo tem assistido a um crescimento dos fluxos migrat


órios, resultado também do processo de globalização e do desenvolvimen
to dos transportes, como se pode observar pelo quadro abaixo.

À esquerda, temos os 20 principais destinos de migrantes e à direita, os 2


0 países de origem da maioria dos migrantes.

Os fluxos de turismo

O turismo desenvolve a atividade económica associada à viagem e à per


manência das pessoas em lugares fora do seu meio de residência, por um
período inferior a um ano e por motivos de descanso, lazer, negócios entr
e outros.
Os Fluxos de Informação

Os fluxos de informação são responsáveis pela busca, seleção, tratament


o, armazenamento, disseminação e uso das informações necessárias aos p
rocessos organizacionais que resultam em conhecimento com valor agreg
ado às necessidades dos projetos de inovação.

As novas tecnologias de informação e comunicação e a economia


informacional

As novas tecnologias da informação incluem o conjunto de meios de com


unicação provenientes de diversas áreas como a área das telecomunicaçõ
es, do audiovisual e da informática.

Estas novas tecnologias possibilitam:


- a ligação do mundo em rede, aumentando a capacidade da sociedad
e processar a informação. Esta informação tornou-se importante co
m o desenrolar da atividade económica e da vida social, passando a
estar disponível em tempo real.
- um amplo e rápido acesso à informação, tendo contribuído para que
as populações passassem a conhecer outras realidades e a apresenta
r mentalidades diferentes do passado.
- - a adoção por parte das empresas da sua oferta às necessidades esp
ecíficas dos seus clientes, através do eficaz tratamento da informaçã
o recolhida junto do consumidor. Os sistemas de interação com o co
nsumidor possibilitam às empresas o melhoramento da sua estratégi
a de produção ou marketing.

Estas novas tecnologias contribuíram também:


- para alterar as expectativas das populações quanto à melhoria das s
uas condições de vida.
Com o desenvolvimento destas tecnologias da informação e da comunica
ção podemos falar de uma sociedade de informação e de conhecimento.

Esta sociedade de informação surge com o conjunto dos meios que perm
item o acesso e a organização da informação. É baseado na existência de u
ma rede para a circulação da informação.
Já a sociedade de conhecimento representa a posse de conhecimento e re
quer a existência de capital intangível (educação, formação profissional, in
vestigação e desenvolvimento). Aqui, o capital humano torna-se progressi
vamente mais importante do que o capital físico.

Empresas em rede e a economia informacional

A economia informacional é a economia caracterizada pelo peso crescen


te da ciência, da tecnologia e da informação na produção, pela flexibilizaçã
o e reorganização da produção em relação à demanda e por uma globalid
ade sistémica onde os elementos se organizam em fluxos supranacionais.
A economia informacional é tão global como desigual, implicando uma no
va divisão internacional do trabalho, cuja dinâmica determinará a evoluçã
o da economia mundial nos próximos tempos, assim como as possibilidad
es de desenvolvimento dos diversos países.

A Globalização dos Mercados


O mercado global

Mercado global é o mercado a nível mundial, onde é possível realizar tro


cas comerciais entre todos os continentes do mundo. Isto é o resultado de
uma economia de mercado que propõe a livre iniciativa e o livre comércio,
além, obviamente, da própria globalização, que vai diminuindo as fronteir
as entre os países.
Com isto, acontece uma homogeneização dos mercados, isto é uma iguald
ade do mercado, no que toca a necessidades, desejos e expectativas. Para
além de uma homogeneização, há também um consumo massificado, ou s
eja, por todo o mundo são consumidos o mesmo tipo de bens e serviços, q
ue apresentam também as mesmas características.

As marcas globais

À medida que o mercado se torna mais competitivo, cria-se a necessidad


e por parte das empresas, de distinguirem os seus produtos, fazê-los, dest
acando-os. É aqui que surgem as marcas, concebidas para serem como um
título de propriedade industrial, dando ao seu “dono” a oportunidade de e
ntrar no mercado e expandir o seu produto.

As marcas têm um papel fundamental na manutenção e conquista dos m


ercados. Com isto, os produtos e as marcas tornam-se globais, dado que ci
rculam internacionalmente, sendo reconhecidos e utilizados por milhões d
e cidadãos.

A Transnacionalização do Produto

Além da mundialização das trocas a globalização tem como caraterística


dominante a transnacionalização da produção.

Comecemos por definir o conceito de transnacionalização. A transnacion


alização da produção sucede quando a atividade produtiva é segmentada
e cada segmento é instalado num determinado país, em função das vanta
gens competitivas que este oferece.

O processo de transnacionalização pode ser realizado pela abertura de fil


iais ou pela subcontratação de empresas locais que se especializam na pro
dução de determinados produtos ou componentes do produto.

Os investimentos diretos estrangeiros e as multinacionais

Os investimentos diretos no estrangeiro que deram origem às empresas


multinacionais caracterizaram a primeira fase do processo de transnacion
alização, muito subordinado à obtenção e controlo das fontes de matéria
s-primas, de que grandes empresas petrolíferas norte-americanas e europ
eias são exemplo. Numa fase posterior, as empresas multinacionais alarga
ram os seus interesses às atividades industriais e de serviços, implantando
filiais em países com fatores atrativos, cuja produção se destinava, em pri
meiro lugar, à exportação e, complementarmente, aos mercados locais.

Alguns dos fatores atrativos do investimento estrangeiro são a mão de o


bra barata, redução de custos, produtividades acrescidas, acesso aos merc
ados, infraestruturas de transporte e de comunicação, apoio ao investime
nto e economias de escala.

Os investimentos diretos estrangeiros e as empresas transnacionais

A transnacionalização da produção tem sido caracterizada pela decompo


sição dos processos produtivos e sua implantação em diversos territórios:
cada empresa especializa-se numa determinada componente do produto.

Transnacionalização da produção

A decomposição dos processos produtivos dos produtos é extensível às a


tividades desenvolvidas pelas empresas. É o caso de empresas de capital n
orte americano que instalam os seus serviços de contabilidade ou de infor
mática na Índia ou as suas fábricas na China, devido ao preço competitivo
da mão de obra. A coordenação das várias atividades é realizada pelas “e
mpresas-mãe”, sediadas num qualquer país.

As empresas transnacionais (ETN) - a atuação em rede

As empresas transnacionais são organizadas mundialmente numa estrut


ura em rede: num país estabelecem serviços informáticos, num outro subc
ontratam empresas de marketing, noutro os publicitários, noutro os enge
nheiros e consultores, etc. Ao contrário das empresas multinacionais que s
ão organizadas de forma piramidal em filiais localizadas em vários países q
ue constituem centros de produção controlados hierarquicamente a partir
da sede central (estabelecida numa qualquer cidade norte-americana, eur
opeia ou japonesa).

A segmentação dos processos produtivos e a sua localização em diversos


países dá, assim, origem à constituição de empresas geograficamente dist
antes, mas que operam em rede, dadas as ligações e interesses comuns.

Este modo de funcionamento é possível em virtude de um fator extrema


mente importante e que permite a coordenação á distância das várias par
celas do processo produtivo que são as novas TIC, que permitem: Tomada
de decisões em tempo real através da reunião de administrações por vide
oconferência; Controlo das linhas de produção à distância; e a Movimenta
ção de capitais por via eletrónica.

Deste modo, grandes marcas globais, como a Coca Cola, a Nike, a Apple o
u a Microsoft apoiam a sua estratégia na transnacionalização da sua produ
ção, utilizando para a produção parcelar dos seus produtos, matérias prim
as também oriundas de vários pontos do globo, distribuindo, posteriorme
nte, a sua produção à escala global.

A Globalização Financeira

A mundialização das trocas e a globalização das atividades económicas, e


xigiram financiamento internacional devido aos elevados montantes neces
sários e que apenas podiam ser adquiridos junto de economias com recurs
os monetários elevados, levando assim à transferência de meios monetári
os entre países através da concessão de créditos e financiamentos diretos
(fundos de investimento, ações e obrigações) intermediados por grandes
bancos internacionais. Por estas razões criaram-se condições para o apare
cimento de um mercado financeiro global.

Os grandes bancos internacionais constituem verdadeiras empresas tran


snacionais - instalando-se em vários países, desenvolvem, desta forma, u
ma atividade global.
A redução das barreiras entre os mercados financeiros nacionais e os cen
tros financeiros e internacionais origina, assim, uma maior interdependên
cia entre as atividades financeiras transnacionais e as atividades financeira
s nacionais.

Neste sentido, a liberalização dos movimentos de capitais e a globalizaçã


o financeira foram beneficiadas pelo desenvolvimento das novas TIC que p
assaram a permitir transações de elevados montantes à escala global, atra
vés de um simples computador. Comprar e vender ações nas várias bolsas
mundiais, através da comunicação eletrónica, é um exemplo da importânc
ia da internet na globalização financeira

A globalização financeira, associada ao movimento de liberalização dos c


apitais, pode ser caracterizada por três elementos:

- a descompartimentação dos mercados - ocorrendo a fusão e o fim d


a diferenciação entre bancos de investimento e bancos comerciais (d
epósitos e investimento) e a atividade seguradora e bancária
- a desregulação da atividade financeira - que consiste na concessão d
e créditos sem garantias, de créditos a descoberta, ou de taxas de jur
o superiores á média de mercado, constituindo uma fonte de atraçã
o de clientes mas ao mesmo tempo um maior risco para a atividade
-
- a desintermediação - que consiste numa sucessiva diminuição da im
portãncia dos bancos no financiamento, através da conversão dos cr
éditos na sua posse em títulos e sua venda ao público em geral que n
eles aplica as suas poupanças, ou seja os bancos são apenas interme
diários entre as empresas que emitem títulos para se financiar, o pú
blico que os compra e os prestadores de garantias que financiam a e
mpresa caso a procura de títulos seja reduzida.

O financiamento direto dos agentes económicos nos mercados de capitai


s mundiais (substituindo o financiamento bancário) diminui, por um lado,
os custos de financiamento (pois o recurso ao financiamento direto evita o
s custo inerentes ao crédito bancário) mas aumenta, por outro, os riscos
(de câmbio, de taxa de juro e especulativo). Dadas as relações estreitas qu
e se estabelecem entre bancos, bolsas de valores e demais instituições fin
anceiras à escala global, os riscos estendem-se a todos eles, afetando os a
gentes económicos e as economias.

No fundo, estes elementos da globalização financeira são fundamentais


para a manutenção da liberalização dos fluxos de capital eintegração dos
mercados financeiros globais, constituindo, contudo, potenciais riscos de c
rise financeira (que acompanham a liberalização dos movimentos de capit
ais e são exemplo da instabilidade nos mercados financeiros), caso se inici
em num dado mercado, provocam um efeito dominó na economia mundi
al devido à interligação financeira e económica existente, atualmente.

A Globalização Cultural

A globalização cultural é a homogeneização mundial de expressões artísti


cas, valores e tradições. Isto acontece graças à ligação entre os países em t
odo o mundo, ou seja, a globalização. Aqui, na globalização cultural o que
acontece é que as pessoas de uns países adotam costumes de outros, resu
ltado de uma maior disseminação de informações e intercâmbio comercial.
Globalização e aculturação

A aculturação é o nome dado ao contacto e interação de duas ou mais cu


lturas, originando uma nova cultura. O processo de aculturação pode ocor
rer de forma imposta ou de forma natural. A forma imposta está presente
numa relação de poder entre grupos. O trauma é o principal efeito desta i
mposição cultural, principalmente quando a cultura da parte dominada é s
ubestimada pela parte dominante. Um claro exemplo disto foi quando os
europeus ao lidarem com índios e negros, tentaram incutir neles alguns co
stumes e valores, como o catolicismo enquanto religião.
Por outro lado, o processo de aculturação pode ocorrer de outra forma,
ou seja a existência de uma assimilação de aspetos culturais entre os povo
s de forma natural.

Os consumos e estilos de vida


O consumo global

Os estilos de vida mudam e tendem a fundir-se por vários motivos tais co


mo:
- uma maior facilidade de circulação de pessoas, bens e capitais entre
países;
- uma redução das distâncias geográficas e temporais, ou seja, é possí
vel contactar em tempo real com pessoas que estejam do outro lado
do mundo;
- o aumento da importância das grandes empresas transnacionais, do
minantes no mercado internacional e das grandes superfícies comer
ciais - paradigma das sociedades de consumo.

Como tudo tem aspetos positivos e negativos.

São aspetos positivos:


- a melhoria das condições de vida e do grau de satisfação das populaç
ões que se traduz na possibilidade de adquirir bens alimentares, vest
uário, automóveis, viagens, artigos de lazer e uma multiplicidade de
outros produtos, bens e serviços.

A publicidade, o marketing e outras técnicas comerciais desempenham, ne


ste contexto, um papel fulcral.

São aspetos negativos:


- o consumo sem regras (consumismo);
- a destruição dos recursos naturais;
- aumento da emissão de gases nocivos para a atmosfera;
- o aumento das desigualdades e exclusão entre países desenvolvidos
e em desenvolvimento.

Os estilos de vida

Estilos de vida são as práticas quotidianas em formas de consumo que en


volvem escolhas particulares e pessoais em domínios completamente disti
ntos como a habitação, o vestuário, os hábitos de trabalho, o lazer, a religi
ão ou a arte, por exemplo.

Os diversos estilos de vida são, na era da globalização, influenciados pelo


s meios de comunicação e pelo marketing, exemplificando.

Os estilos de vida refletem valores, atitudes e comportamentos tanto ind


ividuais como de grupo, contribuindo para a construção dessas identidade
s pessoais e coletivas. Refletem também a influência da classe social e o ní
vel económico de cada um, assim como as diferentes condições sociais.

III - A GLOBALIZAÇÃO E OS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

A polarização das trocas mundiais

Na primeira fase da mundialização das trocas, o comércio mundial esteve


centrado na Europa, mas após a segunda guerra mundial, os EUA entrara
m numa posição de dominância dos mercados internos e dos mercados ex
ternos acompanhados mais tarde pelo Japão e pelos NPI e também pela C
hina.

Sendo assim passou a haver um único centro comercial estando concentr


ado em três pólos geográficos: Europa ocidental, América do Norte e Japã
o/NPI designada por Tríade. Até ao final do século XX, estes três polos con
centravam os maiores fluxos comerciais em termos mundiais.

O início do século XXI foi marcado pelo crescimento das economias emer
gentes, particularmente, a China. Este crescimento foi associado ao aume
nto das exportações derivado da redução de barreiras comerciais. A partic
ipação crescente destes países no comércio mundial, assinala mudanças n
a polarização geográfica do comércio mundial.

A desigual destribuição dos benefícios da globalização

Um dos efeitos da globalização económica mundial tem sido o crescimen


to das economias, a redução da pobreza e o aumento do bem estar. No en
tanto, estes efeitos positivos não são igualmente distribuídos por todos os
países.

A difusão das novas tecnologias, o investimento direto estrangeiro e o cr


escimento do comércio, não têm o mesmo efeito em todos os países. Ness
e sentido, no caso dos países em desenvolvimento, mesmo integrados na
economia-mundo e registando algum crescimento económico, este tipo d
e globalização pode não beneficiá-los, caso este crescimento não seja dura
douro e/ou não produza efeitos na melhoria das condições de vida da pop
ulação.

Por isso, caso exista um aumento na convergência dos níveis de vida da p


opulação entre países vai ser exigido um aumento mais acentuado do níve
l do PIB per capita nos países em desenvolvimento.Além disso uma regula
ção das regras do comércio mundial mais favorável para os países em des
envolvimento será um fator essencial para esse crescimento.

A crise económica internacional e o crescimento das economias

A crise financeira de 2007 e a crise económica que se lhe seguiu, acabou


por afetar toda a economia mundial, que registou uma forte desaceleraçã
o no seu crescimento, em resultado da estagnação e até quebra da ativida
de económica, afetando maioritariamente os países desenvolvidos.

O continente Asiático foi o continente menos afetado, o que mostra o m


aior dinamismo da região da Ásia, muito associado às exportações e à cres
cente procura interna. É de destacar o crescimento da China e o seu lugar
de liderança em termos de crescimento económico mundial.

Relativamente ao modo de recuperação das economias posterior à crise,


particularmente em 2012, esta foi mais vigorosa no caso dos NPI e dos paí
ses em desenvolvimento. No caso dos NPI, os preços elevados de alguns p
rodutos de exportação e as políticas de contra-ciclo seguidas, levaram à re
dinamização da procura interna para combater a recessão. Ao contrário d
as políticas seguidas pelas economias desenvolvidas em que houve uma c
ontração da procura interna para conter a despesa pública e o défice exter
no, levando a uma recuperação do seu crescimento.

A médio e longo prazos, as economias em desenvolvimento a fim de gara


ntirem um crescimento económico sustentado, terão de apostar em políti
cas que privilegiem o aumento da produtividade, de forma a diminuir os e
feitos negativos do excesso de procura, apostando, por exemplo, na subid
a dos preços e défices comerciais.

A crise económica internacional e o comércio mundial

A crise internacional levou a que existisse um abrandamento do crescime


nto económico global, reflexo do abrandamento da procura.

Embora todas as regiões tenham registado um menor crescimento nas e


xportações e importações, a maior quebra verificou-se nas economias des
envolvidas.

A diminuição da procura, proveniente da queda das suas importações, or


iginou um menor crescimento das exportações das outras regiões do mun
do.
As economias em desenvolvimento, tendo resistido melhor à crise econó
mica, registaram um crescimento significativo das suas importações, dada
a dinamização da procura interna, beneficiou as exportações das restantes
economias do mundo.

O crescimento das economias em desenvolvimento

O crescimento das economias em desenvolvimento, até mesmo durante


a crise económica internacional, reflete a sua participação no comércio m
undial e os efeitos da globalização assim como as políticas de desenvolvim
ento.

As diferenças de desempenho económico entre os países em desenvolvi


mento são assinaláveis, dadas as políticas e os modelos de inserção na eco
nomia internacional seguidos, além dos constrangimentos a que muitas d
elas estiveram sujeitos, entre os quais há a destacar o elevado endividame
nto externo.

Um dos exemplos de um conjunto de medidas que ficaram estabelecidas


para reajustar a economia foi o Consenso de Washington, medidas essas f
ormuladas pelo FMI e pelo Banco Mundial.

A globalização e a destribuição do rendimento

Um dos efeitos negativos da globalização é a má divisão dos rendimentos


na população levando a que exista uma grande desigualdade social.

Ao nível dos países em desenvolvimento os efeitos da globalização são d


uplos. Em alguns, os efeitos da globalização fizeram-se sentir positivament
e no rendimento e na sua distribuição mais justa, como no caso da Améric
a Latina. Por outro lado, existem outros em que a maior integração na eco
nomia mundial tem conduzido a uma também maior desigualdade na distr
ibuição do rendimento, como no caso do continente Asiático.
Já nos países desenvolvidos, a globalização e as políticas económicas seg
uidas têm conduzido ao aumento da desigualdade entre os grupos sociais,
como no caso da porção da população menos qualificada. A entrada no m
ercado mundial de países concorrentes (ex: NPI, BRICS...), que apresenta n
íveis mais elevados de produtividade e custos salariais mais baixos, repres
enta um forte impacto negativo no emprego e nos níveis de rendimento.

IV - A REGIONALIZAÇÃO ECONÓMICA MUNDIAL

A integração económica

Inicialmente, para abordarmos este tema é preciso definir os conceitos d


e regionalização e de integração económica. A regionalização consiste na c
onstituição de espaços económicos regionais, através de acordos de integr
ação económica. Já a integração económica compreende a reunião de vári
os mercados nacionais num só mercado de maior dimensão. No processo
de integração vão-se eliminando os impedimentos à livre troca e estabele
cendo elementos de cooperação entre os países que integram essas regiõ
es.

Para o desenvolvimento e crescimento das economias no período a seguir


à ll Guerra Mundial contribuiu, como se viu, a liberalização do comércio m
undial, à qual esteve associada um processo de regionalização, traduzido
na criação de espaços geográficos e económicos onde não há barreiras à li
vre troca de produtos, de qual a atual União Europeia (antiga CEE) é exem
plo.

Os acordos de integração regional reúnem vários mercados nacionais nu


m só mercado de maior dimensão, de modo a aumentar as trocas entre as
economias pertencentes à região e a estimular o seu crescimento, por via
da liberalização do comércio e da obtenção de economias de escala.

A União Europeia, o Mercosul, o NAFTA, a ASEAN e a SADC constituem e


xemplos de organizações de integração regional no mundo.
(gráfico no slide)

Este gráfico trata da evolução do comércio internacional de mercadorias


da União Europeia (UE). Considera a quota-parte da UE nos mercados mu
ndiais de importação e exportação, o comércio entre os Estados-Membros
da UE, os principais parceiros comerciais da UE e as categorias de produto
s mais comercializadas.

A UE representa cerca de 15 % do comércio mundial de mercadorias. O v


alor do comércio internacional de mercadorias excede consideravelmente
o dos serviços (cerca do triplo), o que reflete a natureza de alguns serviços,
de difícil prestação além-fronteiras.

Formas de integração económica formal

Um grau elevado de integração implica a criação de instituições comuns


a todos os países da organização e a progressiva transferência de parte da
s soberanias nacionais para tais instituições. O comércio foi uma das prim
eiras áreas em que os países da UE concordaram em abdicar da sua sober
ania, transferindo para a Comissão Europeia a responsabilidade pelas ques
tões comerciais, incluindo a negociação, em seu nome, de acordos comerc
iais internacionais.

As organizações de integração económica distinguem-se pela forma de int


egração acordada, que comporta um grau menor ou maior de integração.
Uma zona de comércio livre, por exemplo, possui menor grau de integraçã
o do que uma união aduaneira, pois esta, para além da livre circulação de
produtos, fixa também uma pauta aduaneira comum no comércio com paí
ses terceiros (o que não acontece com a zona de comércio livre onde cada
país estabelece a sua pauta aduaneira).

Efeitos do processo de integração regional

A integração regional, iniciada no período do pós-guerra, e de que a UE é


o expoente máximo, possibilitou, não só o crescimento das economias int
egradas, mas também o crescimento das restantes economias.
- Crescimento das economias integradas - Mercado de maior dimensão,
aumento das trocas, crescimento do investimento e da produção, preços
mais baixos devido às economias de escala e aumento do rendimento e d
os níveis de consumo.

- Crescimento das economias fora das regiões integradas - Obtenção d


e produtos mais baratos, em resultado da baixa de preços inerente às eco
nomias de escala e crescimento das exportações devido à maior procura p
or parte das regiões integradas.

Os acordos entre as regiões integradas e as outras economias, permitiram


que existisse uma maior inserção das economias não integradas regionalm
ente no comércio mundial, respeitando as regras da OMC. Estes acordos s
ão facilitados pela redução do número de parceiros, pois as regiões integr
adas intervêm como um só nas negociações. A OMC constitui numa econo
mia mundial, cada vez mais globalizada o fórum para a eliminação dos obs
táculos do livre comércio, através das negociações comerciais e multilater
ais, e para a definição e aplicação de regras que permitiam aos importador
es e exportadores desenvolver a atividade num quadro de estabilidade e s
egurança.

Assim, conclui-se que a integração permitiu um alargamento dos mercado


s levando à obtenção de economias de escala que alavancam a competitivi
dade entre empresas gerando assim uma vertente de mundialização.

Integração informal

A par dos processos de integração formal, com acordos e constituição de


organizações económicas de integração, existem também processos de int
egração informal, em que países de uma região menos desenvolvida estab
elecem entre si relações comerciais, de forma a incentivarem o cresciment
o da sua produção e a tornarem-se mais competitivos nos mercados exter
nos. Foi o que aconteceu na Ásia, no período que sucedeu a ll Guerra Mun
dial, e antes da constituição da ASEAN, em que o Japão, numa primeira fas
e, comprava matérias-primas baratas a países da região, tendo posteriorm
ente instalado as suas indústrias nestes países devido aos seus baixos salár
ios, re-exportando a produção para a Europa e para os EUA.

Entre o Japão e outros países asiáticos, como a Coreia do Sul, Taiwan e,


mais tarde, Tailândia e Malásia, estabeleceu-se, assim, uma integração inf
ormal:

- a nível do investimento - implantação de indústrias japonesas nos país


es da região;

- a nível das trocas - exportação dos produtos transformados nesses país


es para o

Japão e sua reexportação para os mercados externos; importação de equi


pamento e tecnologia do Japão.

Dessa integração informal resultou um incremento da industrialização, n


ovos fluxos comerciais e uma inserção mais competitiva da região no merc
ado mundial.

A integração regional, formal e informal, através da liberalização e cres


cimento das trocas, dentro e fora das regiões, tem proporcionado aos paí
ses um crescimento mais rápido das suas economias e uma maior inserç
ão na economia mundial.

RESUMINDO

- A mundialização contemporânea é caracterizada pela mundialização das


trocas e das empresas, pela existência de um mercado financeiro global e
pelo enfraquecimento do poder de regulação dos Estados Nacionais.

- A mundialização pode ser entendida como um processo que se foi dese


nvolvendo ao longo do tempo, associado a certos momentos históricos, co
mo os Descobrimentos e a Revolução Industrial.
- Fruto da expansão, a Europa torna-se no centro da economia-mundo, do
minando o comércio mundial de mercadorias e de mão de obra, e concent
rando os capitais. O comércio mundial, assente na divisão internacional do
trabalho, proporcionou à Europa as condições necessárias ao desenvolvim
ento industrial - acumulação de capitais, matérias-primas e mercados.

- A Revolução Industrial está associada à mundialização económica - as ma


térias-primas, os capitais, as técnicas, os produtos e o trabalho circulam n
o espaço internacional; o aumento da procura, em particular da procura e
xterna, estimulou a industrialização.

- No século xx, as inovações na área da eletrónica, da informática e o dese


nvolvimento das TIC contribuíram para uma maior circulação e difusão de
produtos e de processos à escala global, favorecendo o processo de mundi
alização. A internet veio reforçar a diminuição do poder de regulação por
parte dos Estados, dado o caráter transnacional da comunicação e das ativ
idades económicas a ela associadas.

- Com o fim da II Guerra Mundial, o comércio mundial deixou de estar cen


trado na Europa, passando a estar polarizado em três grandes potências r
egionais - América do Norte, Europa Ocidental e Japão -, que criaram zona
s de influência em seu redor, intensificando as trocas e os movimentos de
capitais. Atualmente, as economias emergentes, como a China, surgem co
mo novos pólos do comércio global.

- no contexto atual da globalização, verifica-se uma forte concorrência ent


re países e regiões, no sentido da conquista de maiores níveis de rendibili
dade, o que, conjugado com as TIC, conduz à transnacionalização das ativi
dades produtivas, conduzida por empresas que atuam globalmente, em re
de, e cuja atividade escapa à regulação do poder dos Estados.

- a mundialização das trocas e das atividades produtivas exige elevados fin


anciamentos, que circulam pelo mundo em tempo real, contribuindo para
a criação de um mercado financeiro global, caracterizado pela desregulaçã
o e maior exposição aos riscos.
- a globalização pode ser entendida como a dimensão global do fenómeno
da mundialização económica, ou seja, a dimensão económica do fenómen
o alarga-se aos domínios social, político e cultural, verificando-se a difusão
à escala global de valores, produtos culturais e estilos de vida.

- a globalização tem constituído um fator de crescimento das economias,


de redução da pobreza e de aumento do bem-estar; no entanto, estes ben
efícios não se distribuem igualmente por todos os países, verificando-se u
m aumento das desigualdades no mundo.

- a criação de espaços regionais mediante processos de integração intensi


fica as trocas entre os países das várias regiões, cria potencialidades come
rciais em resultado de acordos comerciais entre regiões integradas e não i
ntegradas, contribuindo para uma maior dinamização do comércio mundi
al.

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