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Boa tarde,

Antes de iniciarmos a observação e posterior análise dos resultados do inquérito que disponibilizámos
online, vamos recapitular alguns conceitos apresentados no 1o período, para que assim seja mais claro a
base das nossas hipóteses teóricas, que vou passar a citar:

1. A depressão não resulta da necessidade de ser amado (carência);

2. A sociedade e as redes sociais têm um papel predominante na saúde mental de uma pessoa;

3. A depressão é o “gatilho” do suicídio.

Os distúrbios mentais são um tema cada vez mais abordado na atualidade, contudo, continua a ser
um tema desprezado na sociedade, com especial atenção para a população mais jovem.

As perturbações mentais são, assim, condições de saúde que envolvem, de forma isolada ou
combinada, alterações do pensamento, da emoção e do comportamento, as mais comuns são as
perturbações de ansiedade e depressivas, sendo, assim, fácil concluir que qualquer pessoa ao longo da vida
pode ser afetada por estas doenças pelas mais diversas razões.

Como, também, já referimos na nossa última apresentação o nosso questionário foi baseado nas
hipóteses teóricas que criamos no último período, com o principal objetivo de analisar o quanto a população
se encontra informada sofre alguns dos distúrbios mentais que mais afetam a população mundial, que como
referimos na nossa primeira apresentação representa cerca de 280 milhões de pessoas no mundo inteiro.

Assim, para dar continuidade ao projeto que temos estado a realizar (no decorrer do ano), vamos
passar à análise dos dados obtidos no inquérito realizado no formato digital, depois da sua disponibilização
obtemos 236 respostas, sendo, contudo 69,1% do género feminino e apenas 30,5% do género masculino.

Das respostas que obtivemos a faixa etária predominante é a dos 35-60 anos, que como podemos
ver no gráfico representa 62,3%, seguido dos adolescentes e jovens adultos entre os 16-20 anos, que
corresponde a uma percentagem de 20,8%.

A nossa terceira pergunta destina-se à divisão das pessoas que responderam a este questionário, por
regiões de Portugal e algumas no estrangeiro. Como podemos ver por este gráfico, Arruda dos Vinhos, Vila
Franca de Xira e Alhandra forma as regiões de onde obtemos mais respostas, embora, existem também
outras regiões de Lisboa que obtemos uma elevada resposta, sendo as mesmas em Alverca e no Sobral de
Monte Agraço.

A primeira pergunta referente ao tema da análise tem apenas como objetivo perceber quem
conhece ou pelo menos ouviu falar das perturbações mentais mais comuns na sociedade atual. Para nossa
surpresa a maioria dos inquiridos mostra-se consciencializado com o tema, e mesmo que não se encontra
completamente dentro do assunto mostra-se atento à informação divulgada nos media e nas plataformas
que utiliza. Contudo esta informação pode ser apenas politicamente correta, que como vamos ver mais para
a frente, através das respostas obtidas nas perguntas de justificação que pouco é o conhecimento sobre o
mesmo assunto, claro com certas exceções.

Numa análise mais detalhada, nestes gráficos está representada a divisão dos dados por género para
que se consiga verificar as principais diferenças entre ambos, é importante referir que o mesmo será feito ao
longo do trabalho, ou seja, para as restantes perguntas do inquérito.

No género feminino verificamos que apenas um dos inquiridos declarou que sente que é pouca a
informação que circula no seu contexto social, contudo existe também uma percentagem reduzida de
pessoas que sabem parcialmente do que é que se tratam os distúrbios mentais. O mesmo se verifica no
género masculino, contudo com uma maior percentagem de pessoas que afirmam que apenas ouviram falar
do tema, e apenas uma que demonstrou que não tem interesse nas condições mentais da sociedade.

Quando questionados sobre o quão à vontade se encontram a falar sobre a saúde mental, os
inquiridos tendem a responder que conseguem falar abertamente sobre o assunto com as pessoa à sua
volta, no entanto este número é justificado pela predominante faixa etária dos 35-60 anos, como já foi
referido anteriormente.

Numa análise mais detalhada, subdividimos as faixas etárias em dois grupos os jovens entre 10-20
anos e os adultos acima do 21. No total das 56 respostas obtidas por jovens e adolescentes, verificamos que
a maioria consegue apenas falar sobre este assunto com determinadas pessoas, representando 53,5% dos
dados obtidos nesta faixa etária, até porque no contexto familiar não é um assunto típico

Por outro lado, a partir das 180 respostas obtidas pelos adultos, a grande maioria demonstra-se
confortável em falar sobre este assunto com as pessoas que os rodeiam, como é natural, uma vez que, os
adultos apresentam uma experiência de vida diferente da dos jovens que estão agora a inicia-la.

30 depende das pessoas, pessoas jovens (10-20) - 53,5%


3 disseram não, pessoas jovens (10-20) - 5,4%
23 disseram sim, pessoas jovens (10-20) - 41,1%
Total: 56
131 pessoas disseram sim, adultos (21-+60) - 72,7%
7 disseram não, adultos (21-+60) - 3,9%
42 depende das pessoas (21-+60) - 23,4%
Total: 180

São vários os sintomas fisiológicos que acompanham a ansiedade e a depressão, levando-nos a


questionar sobre a opinião das pessoas em relação ao impacto destas perturbações na realização das
atividades diárias. Os dados obtidos são praticamente unânimes, com uma percentagem de 94,5% que
afirmam que, sim, estas perturbações afetam o quotidiano das pessoas de forma negativa.

No nosso ponto de vista, esta questão deveria ser fundamentada por parte dos inquiridos, de forma
a percebermos se estão realmente familiarizados com os distúrbios mentais, como dizem estar. Obtivemos
cerca de 135 respostas abertas, que variavam dentro das mesmas opiniões. Todavia encontramos algumas
que se destacaram pela positiva, que vamos passar a analisar:

O estado da nossa mente é fundamental para encararmos o nosso dia a dia “dito” normal como deve ser. Se
por algum motivo a nossa mente não está bem, o sono é perturbado, consequentemente vem o cansaço
mental e físico, vem a falta de energia, ânimo, o medo e a capacidade de encarar um pequeno
acontecimento como ele é realmente: pequeno.

O que mais nos chamou a atenção nesta reposta foi a cronologia apresentada pela inquirida, que
embora demonstra um conhecimento superficial sobre o tema, tem uma opinião relativamente formada,
com uma perspetiva diferente de desencadear os fatores/ faculdades cognitivas e motoras da doença.

Cada indivíduo tem diferentes limites de tolerância e de lidar com as suas próprias fragilidades, podendo
levá-lo a situações de fragilidades extremas que o influenciem negativamente ao ponto de confusão e
exaustão, originando a sua decadência e "queda" pessoal.

Em caso de estar deprimida só há vontade de dormir e esperar que o tempo passe …tomar alguma
medicação que nos apague a mente por dias, a vontade de tomar banho ou fazer a sua refeição passa para
segundo ou terceiro plano, ter de ir para o trabalho passa a ser uma tortura. Na minha opinião sim, afeta a
realização de todo o tipo de tarefas.

O corpo humano deve ser considerado como um todo, sendo que as suas dimensões psicológica, mental e
física influenciam-se umas às outras. Desta forma, um indivíduo com uma perturbação de depressão ou
ansiedade, por exemplo, vai ter alterações nas suas atividades básicas da vida diária. No caso da depressão,
por exemplo, poderíamos considerar um indivíduo que já não sente vontade e energia para ir trabalhar, para
se alimentar ou mesmo para se levantar da cama, começando a falhar nestas tarefas.

Apesar de termos outras respostas que se assemelham a esta, na parte “poderíamos considerar um
indivíduo que já não sente vontade e energia para ir trabalhar, para se alimentar ou mesmo para se levantar
da cama, começando a falhar nestas tarefas”, evidencia uma maturidade que nos surpreendeu pela positiva,
pois estávamos à espera de obter este tipo de resposta de uma pessoa mais adulta, com uma maior
experiência de vida e não uma jovem entre os 16-20 anos.

Uma pessoa depressiva tem mais tendência para se isolar, tem mais tendência para usar uma linguagem
negativista usando palavras como "péssimo", "triste", "sozinho'..... Parece que o mundo está todo contra
nós... uma pessoa depressiva muitas vezes necessita de um escape para colmatar frustrações vividas no
presente e no passado e isso pode passar pela alimentação, já não importa a qualidade dos alimentos, se
fazem bem ou se fazem mal, aquela dieta que o nutricionista disse para se fazer, neste momento é
irrelevante, eu preciso é de afogar as minhas frustrações e tentar voltar ao normal ainda que à custa da
minha saúde, se engordar temos pena, se vou beber para esquecer, azar.... Eu quero é que me deixem...... E
é assim que o estado mental das pessoas pode ser afetado.

Para concluir esta pequena análise, vamos mostrar a resposta mais impactante que obtivemos.
Antes de a analisarmos mais a fundo, vamos passar à sua leitura - (ler). Como puderam ver, esta resposta
mostra um conhecimento mais profundo das piores fases desta doença tão complexa e solitária, fazendo-
nos pensar que este testemunho vai além da teoria, um testemunho capaz de sensibilizar qualquer um.

Como já referimos, hoje em dia as perturbações mentais são das doenças que mais afetam o ser
humano, no entanto não existe consenso por parte de especialistas quanto às razões que desencadeiam
doenças como a depressão... apenas é consensual que pessoas com uma vida mais difícil, que tenham
desenvolvido algum trauma ou que se sentem excluídas e sozinhas têm tendência a desenvolver estas
doenças.

Tendo em conta esta informação, questionamo-nos enquanto grupo, se a carência na vida de cada
diagnosticado influenciaria o desencadeamento de doenças deste calibre, uma vez que muitas destas
pessoas afirmam sentirem-se solitárias e incompreendidas por parte da sociedade e das pessoas à sua volta
que deviam por sua vez ajudá-las nos momentos difíceis, mas que no então, na concessão do indivíduo,
nunca estão disponíveis e sim indiferentes aos seus sentimentos.

Das respostas que obtivemos à cerca do assunto, a grande maioria, 83,1%, respondeu que sim, a
depressão pode ocorrer pela falta de amor por parte dos entes queridos, enquanto 16,9% respondeu que
não, uma percentagem que apesar de inferior é aquela que confirma a nossa primeira hipótese teórica.

Dentro das respostas que afirmam que a depressão resulta da carência de um individuo por parte
daqueles que o rodeiam decidimos destacar alguns exemplos:

“Eu acho que a depressão pode ocorrer por falta de amor, se a pessoa tem consciência de que ninguém o
ama começa a sentir uma solidão enorme que pode vir a trazer pensamentos negativos como "para quê eu
existo" "porquê estou neste mundo" e etc.”
“Ter alguém ao nosso lado que nos ouça, que nos ajude e nos dê coragem para enfrentarmos estados
depressivos é fundamental para o bem-estar físico e psicológico de qualquer indivíduo. Se não houver amor,
apoio e atenção daqueles que nos são mais próximos, é meio caminho andado para cairmos no abismo.”

“Pode ocorrer, mas não é condição obrigatória. Mesmo as pessoas amadas podem ter depressões.”

“Não necessariamente, mas o nosso estado de espírito é muitas vezes influenciado por o que e quem nos
rodeia. Quando sentimos falta de apoio por parte das pessoas que nos são mais próximas, isso tem impacto
direto na forma como nos sentimos”

A partir dos exemplos anteriores percebemos que grande parte daqueles que responderam que “sim”,
acreditam que o carinho e o afeto que as pessoas recebem é um fator que desencadeia exclusivamente
estas perturbações mentais. No entanto, dentro destas que afirmam a mesma teoria apesar de
concordarem, também acreditam que não depende exclusivamente disso, que mesmo pessoas que tenham
amor à sua volta são capazes de se sentir solitárias e por consequência apresentar um quadro de depressão
ou níveis de ansiedade muito altos.

Para refutar o pensamento dos indivíduos acima, que de certa forma estão de acordo com a nossa linha de
pensamento, decidimos salientar outros dois exemplos

“Respondi não pois, apesar de considerar que esta seria uma situação possível de desencadear uma
perturbação depressiva, não é, ao contrário do que muitos pensam, o cenário mais comum. Diria que a
depressão está mais relacionada com o feedback que cada um dá a si mesmo, com essa motivação, do que
com o amor que recebemos dos outros. As pessoas podem ter um excelente núcleo familiar e ainda assim
sofrer de depressão.”

“Penso que a depressão é algo que já está dentro de nós, pois depende da força e da personalidade de cada
um. Existem pessoas que estão rodeadas de amor e no entanto sofrem de estados depressivos e outras que
não têm ninguém na vida e vão à luta sem nunca se deixarem ir a baixo.”

Percebemos a partir destes testemunhos que tal como nós enquanto grupo, também estas pessoas
acreditam que a depressão é mais um problema interior que está relacionado connosco próprios, do que
propriamente com fatores exteriores.

Trata-se de um distúrbio cerebral que pode ser consequência de um desequilíbrio químico, resumo uma
doença com um teor mais profundo e problemático do que se pode achar inicialmente. A depressão não
acontece por falta de amor, a nosso ver, até porque muitas destas pessoas apesar de se sentirem sozinhas
muitas vezes não se encontram. Aliás, muitas vezes estão rodeadas de tantas pessoas que as amam e que só
querem ajudar… mas acho que a questão da depressão é exatamente essa é sentirmo-nos sozinhos neste
mundo tão vasto apesar de não o estarmos.

Como já referimos, a saúde mental detém um impacto muito significativo na vida das pessoas, no
entanto, sabendo que existem dezenas de motivos para influenciar a mesma decidimos reservar uma das
perguntas do questionário para dar oportunidade aos indivíduos que responderam de enumerar aquelas que
os mesmos acreditam ser as mais comuns e impactantes na saúde mental de cada um. Das respostas que
obtivemos os motivos mais comuns estão relacionados com questões afetivas, financeiras, económicas, o
desemprego e o isolamento, sendo o último influenciado pela pandemia que ainda estamos a viver e a
tentar ultrapassar.

A partir dos gráficos apresentados percebemos que a grande maioria das pessoas que respondeu ao
questionário acreditam que as redes sociais são o fator capaz de influenciar a personalidades de cada um e
que são muitas vezes uma ameaça à saúde mental, mais precisamente 89,4%, sendo que os restantes 10,6%
representam aqueles que não consideram as redes sociais uma influência na saúde mental de pessoas em
geral.

Uma justificativa para a opinião daqueles que responderam “sim” é bastante simples de explicar
uma vez que é de conhecimento geral que a sociedade e as próprias redes sociais proclamam um
estereotipo perfeitamente falso daquilo que é possível alcançar na vida, seja um corpo perfeito inalcançável
ou uma vida sem preocupações onde tudo é arco-íris.

Segundo especialistas, os adolescentes são os que correm um maior risco de cair na dependência
por diversos motivos, seja pela sua tendência para a impulsividade, a necessidade de terem influência social
ampla e expansiva ou a necessidade de reafirmar a identidade de grupo.

É importante, ainda, ressaltar que quadros de dependência emocional muito forte podem levar a
uma frustração, capaz de nos “deitar a baixo” …por vezes de um sítio onde não conseguimos sair sem
alguma ajuda.

A sociedade de hoje é uma sociedade que se baseia em estereótipos, discriminando muitas vezes
pessoas de todos os géneros e aparências, levando muitas vezes consequências muito prejudiciais, daí
decidirmos reservar uma pergunta especifica para perceber a opinião dos indivíduos à certa do assunto. De
acordo com os dados adquiridos 89% concorda que a discriminação é uma ameaça à saúde mental enquanto
que os restantes 11% afirmam que não.

Para refutar os indivíduos que responderam que não, encontrámos informações que afirmam que
vítimas de discriminação têm um risco quatro vezes maior de desenvolver depressão ou ansiedade, o que
confirma a tese inicial.

Os preconceitos estigmatizantes são fruto da ignorância e trazem como consequência obstáculos


para à vida daqueles que sofrem de doenças mentais. Para ajudarmos estas pessoas é necessário passarmos
a informação e o pensamento de que as pessoas devem ser julgadas pelos seus próprios méritos, não pelas
doenças que estas sofrem permitindo-lhes assim oferecer uma vida normal.

13.

Para terminar o questionário decidimos utilizar a escala de Likert para determinar o grau de concordância do
indivíduo relativamente às seguintes afirmações:

- A depressão é uma doença mental que necessita de tratamento, tal como qualquer outro tipo de doença;
- A depressão/ ansiedade, continua a ser visto como um assunto “tabu” na sociedade portuguesa atual;
- A depressão pode provocar algum desconforto quando o tema surge numa conversa;
- É importante dar atenção à saúde mental;
- A depressão pode ser agravada pela falta de autoestima, desencadeada pela influência dos media;
- A pandemia agravou a instabilidade mental dos jovens.;
- A depressão pode levar ao suicídio.
Antes de concluirmos esta apresentação, queremos apenas apresentar o feedback obtido dos nossos
inquiridos às perguntas que criámos e organizamos de acordo com a escala de Likert para determinar o seu
grau de concordância. Na análise das respostas obtidas não ficámos muito surpreendidos com os resultados,
pois rondam dentro das conclusões que o nosso grupo recolheu da análise que fizemos sobre este tema no
início do projeto.

De uma forma geral, as opções mais selecionadas formam as “concordo” e “concordo plenamente”,
contudo, como podem ver através dos gráficos apresentados existem exceções, mesmo que insignificantes
para o estudo que pretendíamos.

Desta tabela de perguntas, a que mais importava para o nosso estudo, era a última referente ao
suicídio, visto que permite fundamentar a nossa última hipótese teórica. Mais de metade dos inquiridos
concorda na sua totalidade que a depressão é um fator impulsionador do suicídio (67,3%), porém 11 pessoas
(4,7%) responderam que a depressão em nada influencia uma pessoa autodestruir-se ou automatizar-se, o
que prova que é necessário falar muito mais sobre este tema. É preciso sensibilizar as pessoas para que
deixemos de olhar para o assunto como algo que não deve ser propagado… já está mais que provado que
falar sobre o assunto e trazer um monte de informações novas sobre o tema pode fazer a diferença no meio
social. Não podemos esquecer que quando uma pessoa recorre a este ato, é porque acredita que não têm
outra alternativa… o nosso objetivo enquanto sociedade é mostrar a estas pessoas que têm algo na vida
porque lutar, que a vida é uma dádiva e temos de saber aproveita-la ao máximo.

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