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Psicogerontologia
Psicologia Social
Trabalho de Investigação
Diogo Lengue
Malam Djaura
Beja
Junho, 2021
1
Índice
Introdução………………………………….………………………..…………..3
Capítulo I
Nome capítulo……………………………………..……………………...………3
Capítulo II
Nome capítulo……………………………….………...……….…………………7
Capítulo III
Nome capítulo……………………………………………………………………11
Conclusão ……………………………………………………………………….19
Bibliografia ……………………………………………………………………..20
2
“Em cada idade somos movidos por diferentes tipos de estímulo. A criança quer
aprender a caminhar falar, escrever. O adolescente quer ser adulto, quer saber quem é e
quem vai ser. É estimulado pelo futuro, pela formação, pela busca. O adulto tem como
principais estímulos a profissão, o casamento, a formação de uma família, os filhos, a
criação de soluções para a vida. E para o velho, quais são os estímulos, já que ele está
próximo do fim de vida e, teoricamente, não tem a etapa seguinte para querer chegar lá?
Ainda que não tenha um longo futuro pela frente, a motivação, o estímulo do velho é
viver bem e intensamente no presente, ter satisfação com a vida que leva agora e
mostrar que pode e deve viver bem, deixando um modelo de velho feliz para os que um
dia também serão idosos.”
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Agradecimentos
Agradecemos aos nossos avós e a todas as pessoas idosas que nos inspiraram ao longo
da vida e que nos impulsionaram a ser a nossa melhor versão. Agradecemos
particularmente aos idosos do Lar do Largo dos Valentes pela participação, pela
dedicação, pelo carinho e pelos desafios em que aceitaram participar. Sem eles este
projeto de investigação não seria possível.
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Introdução
Este trabalho de investigação tem como tema “Minha querida dopamina”. Ao longo
deste trabalho iremos caracterizar e analisar um grupo de idosos institucionalizados, as
suas tristezas, estados depressivos, as suas motivações, ou ausência delas, e formas
inovadoras e “fora da caixa” de combate a esses estados psicológicos. O principal
objetivo é criar estratégias de motivação e combate à depressão para proporcionar um
sentido de propósito nesta fase da vida, alento, alegria, saúde mental e bem-estar às
pessoas em questão.
O envelhecimento demográfico em Portugal é um fenómeno crescente e conhecido há
décadas. Este fenómeno tem suscitado interesse, ainda mais, numa era em que a
esperança média de vida tende a aumentar. Porém, se é inegável esta realidade, também
é incontornável que nesta fase da vida, para além as dores físicas, há também as “dores
da alma” vinculadas à perceção do fim e à falta de propósitos e objetivos na vida.
A questão do afastamento das suas casas para um lar, das rotinas diárias, dos netos e dos
filhos, os problemas de saúde, a morte do cônjuge e de amigos são de tal forma
impactantes, que muitas vezes a depressão passa a ser a companhia de grande parte dos
idosos. Barroso&Tapadinhas (2006) num estudo como objetivo de comparar a
depressividade e os sentimentos de solidão entre um grupo de idosos institucionalizados
e não institucionalizados concluíram que os idosos institucionalizados são os que
apresentam mais sentimentos de solidão e maiores níveis de depressividade.
A depressão é vivida de forma muito mais intensa durante o processo de
envelhecimento, em torno de uma sucessão de acontecimentos negativos e traumáticos
vivenciados pelo individuo, como é exemplo o luto de pessoas próximas (Conceição,
2012). Este facto leva muitas vezes ao suicídio como é do conhecimento geral, e com
grande incidência no Alentejo, porém transversal a todo o território nacional. Num
estudo realizado com 157 idosos institucionalizados na cidade do Porto, Santos et al.
(cit.por Martins, 2008) verificaram que 49,5% apresentavam um quadro depressivo
(20% com depressão major e 29,5% depressão minor).
É importante sublinhar que a depressão é sempre um dos distúrbios psiquiátricos que
mais se distinguem na população idosa e que as taxas de suicídio encontradas em idosos
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são quase o dobro das que se verificam nas restantes faixas etárias (Chapman et al., cit.
Por Medeiros, 2010).
A escassez de saúde mental devido à depressão contribui para a rápida deteriorização da
pessoa e das competências cognitivas e motoras. Sequeira (2010) considera que fatores
patológicos, genéticos, ambientais e socioculturais interferem no envelhecimento
psicológico. Segundo Figueiredo (2007) as áreas da personalidade e do funcionamento
cognitivo são as que mais são consideradas aquando o estudo do envelhecimento
psicológico. No parecer de Fontaine (2000, p.25) o envelhecimento psicológico refere-
se “(…) às competências comportamentais que a pessoa pode mobilizar em resposta às
mudanças do ambiente.”. Esta abordagem compreende capacidades como a memória, a
inteligência e as motivações.
É exatamente nas motivações que queremos atuar, criando um plano/projeto que
estimule a dopamina nos idosos para promover a motivação. Exatamente por ser
conhecida como a “hormona da motivação”, esta é uma substância química que atua no
centro de recompensa do cérebro e promove sentimentos de prazer, motivação e
gratificação. Por isso, quando os níveis de dopamina diminuem podemos sentir-nos
desmotivados, tristes e, conduzir-nos a uma depressão. A boa notícia é que o contrário
também se verifica.
Parte I
Capítulo I- Caracterização instituição e grupo de idosos
O conhecimento destas pessoas idosas permitiu a conceção e o desenvolvimento do
projeto “Minha querida dopamina”. Sendo um projeto, elaborado em conjunto com os
utentes, familiares, voluntários e amigos privilegiou os pressupostos do método de
investigação-ação participativa. Assim, partimos desse modelo no sentido de analisar,
explorar e rentabilizar as potencialidades individuais e os recursos endógenos, bem
como procurar resolver os problemas, ou pelo menos minimizar e aliviar o sofrimento, e
as satisfazer as necessidades subjacentes. Procurou-se tornar os sujeitos os protagonistas
das suas vidas.
Deste modo, partindo dos contributos e das necessidades dos idosos, o projeto justifica
a sua importância, designadamente pela realização de ações que proporcionaram um
maior número de atividades de acordo com as suas expectativas e os seus interesses e
que promoveram as relações interpessoais propiciando momentos de convívio e de
diálogo, bem como o respeito mútuo entre os idosos. De forma a sustentar a
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investigação e a intervenção, mobilizaram-se contributos teóricos ligados sobretudo à
terceira idade, que se tornaram essenciais na problematização, na reflexão e na ação.
A concretização do projeto permitiu ainda uma constante reflexão acerca do papel do
Psicogerontólogo junto da população idosa, bem como da pertinência da sua presença
neste âmbito de intervenção.
O presente estudo apresenta o projeto desenvolvido no Lar dos Valentes, em Ervidel.
Trata-se de uma instituição privada com caraterísiticas muito próprias e diferenciadoras.
Esta instituição tem como objetivo uma institucionalização com um espírito diferente,
os idosos vivem em comunidade mas com a independência necessária e com uma visão
mais humanista.
Os idosos teem quartos individuais, mobililados com as suas próprias mobílias, lençóis,
cortinados, para se sentirem mais “em casa”. Como esta instituição se situa em meio
rural, e com uma enorme extensão de terreno de quintal, os idosos podem também trazer
consigo os seus animais de estimação para não quebrar este importante laço de afeto. A
jardinagem e a horticultura também fazem parte integrante do dia a dia.
O Lar dos Valentes cuja finalidade passa pela promoção do respeito pelas pessoas e
suas necessidades para um envelhecimento feliz, ativo e bem-sucedido.
A abordagem do envelhecimento ativo e bem-sucedido e sem doença mental baseia-se
na humanização do olhar da sociedade para os idosos e no reconhecimento dos seus
direitos humanos, e nos princípios de valorização, dignidade, capacidade,
autorrealização e necessidades.
As necessidades psicológicas explicam o comportamento motivacional, em que o
resultado dos estímulos que agem sobre os indivíduos levam à acção, motivação é ter
um motivo para a ação. Para que haja ação ou reação é preciso que um estímulo seja
implementado, resultante do exterior ou proveniente do próprio organismo, designando-
se por ciclo motivacional.
Com o processo de envelhecimento as necessidades psicológicas mantêm-se e muitas
vezes a sociedade só está focada em suprir as necessidades básicas/fisiológicas. Porém,
como mostra Maslow na sua pirâmide há outras necessidades que precisam ser
satisfeitas.
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A teoria de Maslow é uma das mais importantes teorias da motivação, defendendo que
as necessidades dos seres humanos obedecem a uma hierarquia. No momento em que o
indivíduo realiza uma necessidade, surge outra, exigindo que as pessoas procurem
meios para satisfazê-la.
Na base dessa pirâmide encontramos as necessidades mais baixas, as necessidades
fisiológicas, e no topo, as necessidades mais elevadas, as de autorrealização. A partir
dessas necessidades, Maslow procurou compreender e explicar as ações e o
comportamento humano, o que sustenta a teoria do nosso estudo empírico.
A motivação é ter um motivo para a ação. Portanto, entre o motivo e a ação, existem
estímulos, é preciso ter metas, objetivos, propósitos de vida.
A melhor maneira de se manter motivado é desenvolvendo o compromisso, a
responsabilidade e uma intenção. Para tal este projeto de intervenção estimula a
produção de dopamina através da criação de um propósito de vida para estes indivíduos,
indo de encontro às suas características individuais e interesses.
As doenças do foro psíquico que sucedem em maior número são a síndrome depressiva
e a demência. De acordo com os autores Carvalho & Fernandez (2002) considerar a
depressão como intrínseca do processo de envelhecimento é comum por parte da família
e pelos profissionais. De uma forma geral, a depressão é subestimada, quer pela pessoa
que a vive, quer pela família, e mesmo pelos profissionais, fundamentando-a como
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intrínseca ao processo de envelhecimento. Estudos indicam que a depressão pode ser o
primeiro sintoma da Doença de Alzheimer e pode manifestar-se muitos anos antes.
Contudo, na maioria das situações esta perturbação desenvolve-se de forma progressiva
e poderá trazer consequências nefastas para o indivíduo sendo necessário reconhecê-la
com uma doença e recorrer a terapias adequadas (Conceição, 2012).
O processo de envelhecimento, ao ser encarado de forma depressiva e receosa, pode
causar problemas psicológicos, que se refletem negativamente nas funções cognitivas,
mas essencialmente na perda de papéis, ausência de apoio familiar, falta de afeto,
discriminação, diminuição da participação social, entre outros (Faria, 2011).
Estados emocionais podem ser gerados apenas por meio do pensamento (...) Mayer &
Salovey, 1999)
O objetivo do presente estudo foi conhecer os benefícios da motivação no idoso
institucionalizado e a forma como a própria dinâmica exerce influência no grupo. Para
tal, através de uma metodologia qualitativa e com contornos de investigação-ação, foi
criado e implementado um projeto, que a nosso ver, dá mais sentido à vida destas
pessoas, fornece uma sensação de propósito e de utilidade real. O projeto envolveu um
grupo de 10 pessoas do Lar dos Valente, em Ervidel, e é, na sua essência, uma
Universidade Sénior…ao contrário, ou seja, com disciplinas ministradas pelos idosos.
Também foi constituído um grupo de teatro e um grupo coral, dirigidos por idosos do
grupo de análise. As disciplinas vão desde o crochet, teatro, jardinagem, culinária,
costura, contos tradicionais, poesia e lengalengas, jogo da malha, mezinhas, fabrico de
peões e cante alentejano. Os alunos são familiares dos utentes do lar, colaboradores da
instituição, voluntários e pessoas disponíveis para aprender estas “artes”.
Os instrumentos de recolha de dados utilizados foram a pesquisa documental e a
observação direta, atenta e empática.
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3) II Parte – Investigação
O ESTUDO
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O sentimento de tristeza e solidão foi avaliado pela escala geriátrica de depressão.
Obteve-se uma elevada taxa de incidência de depressão (49.4%), mais prevalente entre
as mulheres (59.1%) que entre os homens (41.6%). A depressão relacionou-se com o
menor nível cognitivo, menor adaptação à vida institucional, menor participação em
atividades de lazer, maior índice de solidão e maior dependência nas AVDs. As
condições de maior índice de solidão e a menor participação em atividades de lazer
foram as mais relacionadas com a depressão em contexto institucional. Sugerem-se
novos estudos para a compreensão da relação entre a depressão e falta de um projeto de
vida na terceira idade que promova motivação. É necessário encarar que as tradicionais
atividades propostas aos idosos em contexto de instituicionalização muitas vezes não
respeitam a individualidade da pessoa e não vai de encontro aos seus interesses, o que
muitas vezes leva à recusa da participação o que leva a uma maior solidão e depressão.
Foi uma das conclusões que chegamos através da observação, a maioria das atividades
tradicionais tendem a infantilizar os idosos e não vão de encontro às características e
personalidade. Cada um tem características, habilidades, gostos e interesses diferentes
que devem ser respeitadas e tidas em conta.
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Caraterização grupo
95 anos
Viúva
Arte: crochet
Não sabe ler, sabe fazer o próprio nome e fazer cálculos matemáticos devido à sua
actividade como comerciante.
A D. Mariana apesar dos seus 95 anos encontra-se em plena posse das suas faculdades
mentais. Está institucionalizada há 25 anos, quando acompanhou a institucionalização
do marido com demência vascular. O marido faleceu e ela transferiu-se para um lar na
sua terra, para ficar perto do filho e dos netos.
De todos os elementos do grupo é a que apresenta maior grau de resiliência e por isso
menor índice de depressão. Tem sentido de humor, é curiosa com o ambiente em seu
redor, não é apática e é bastante comunicativa. Apresenta apetite e sono normais e
regulados.
Contudo não revela interesse em participar nas atividades tradicionais por não de
identificar.
79 anos
Casada
Arte: mezinha
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80 anos
Viúvo
Arte: Fazer peões à mão
Não sabe ler, nem escrever.
O Sr. José Gaspar está institucionalizado há 9 meses, depois de ter ficado viúvo. Chora
muito por causa da sua esposa falecida, o que o leva a ter um humor deprimido em
determinados momentos do dia e por vezes mostra alguma impaciência e
agressividades, devido ao estado depressivo. Contudo reage bem aos estímulos,
participa nas atividades, gosta de explorar o quintal, fazer trabalhos na horta e cuidar do
seu animal de estimação. Apetite normal, apresenta problemas de insónia.
69 anos
Casada
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Professora
A D. Maria José mostra uma personalidade forte, porém sensível e com fortes índices
de depressão e ansiedade. Foi institucionalizada recentemente e ainda se está a adaptar a
esta mudança de estilo de vida. Recusa a participação em atividades que incluam música
ou dança, prefere ficar a ler e a escrever poesia.
70 anos
Casado
O sr. Vitor é a pessoa mais culta, porém humilde. Apresenta um estilo de comunicação
assertiva e é muito mais alinhado com os seus valores. É alegre, simpático, gosta de
cantar à alentejana e falar de geografia. Apresenta poucos níveis de depressão, apesar da
sua falta de motivação para as actividades da vida diária indicarem a presença de
depressão leve e baixa dopamina. É casado com a D. Maria José, com quem partilha o
quarto no lar. Apresenta apetite e sono exagerados para a norma.
Hortense Godinho
72 anos
Casada
Arte: Costura
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trabalhos manuais, talvez por ter sido costureira e ter afinidades com trabalhos criativos
que saiam das suas mãos. Apetite e sono regular.
Rosa Maria
65 anos
Solteira
Arte: Danças etnográficas
Não sabe ler, nem escrever
A D. Rosa está institucionalizada há muitos anos, é solteira e tem um humor
desregulado. Oscila entre a depressão e a euforia, nesses momentos de euforia adora
dançar e é a estrela da festa. Tem um relacionamento saudável com todos os elementos
do grupo e todos gostam dela.
Tem uma auto-estima baixa, tendência para o isolamento nos momentos depressivos.
Participa pouco nas atividades. Apetite e sono desregulados.
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2.1. TEMA E OBJETIVOS
Com o presente estudo, “Minha querida dopamina” pretende-se conhecer os benefícios
de atividades que promovam um propósito, responsabilidade e motivação. A pertinência
do atual estudo fundamenta-se, tal como referido anteriormente, nos benefícios da
motivação para a satisfação de necessidades psicológicas, para a promoção do seu bem-
estar mental e preservação das funções cognitivas remanescentes.
A diferença do presente estudo está na visão do indivíduo como um ser único e provido
de vontades e desejos muito próprios.
O importante deste trabalho não foi a obtenção de resultados pré-determinados, mas sim
ir ao encontro aquilo que cada sujeito precisava para se sentir motivado nesta fase da
vida. O foco foi garantir que cada um teria um motivo para a acção, que todos os dias o
despertar não fosse pesado e a vida desprovida de sentido. O fazer que em termos de
grupo nascesse um sentimento de integração e pertença, valorizar as suas capacidades e
competências, em suma, (re)criar um projeto de vida nesta última fase das suas vidas.
Face ao exposto, o objetivo geral do presente estudo consistiu em compreender quais os
contributos e impactos da prática do teatro, do cante e da partilha de conhecimentos
com terceiros na saúde mental e motivação de idosos institucionalizados.
A questão de partida diz respeito ao problema sobre o qual se pretende intervir, e como
refere Coutinho (2011) é esta questão que irá orientar o percurso e as etapas de
investigação, obrigando o investigador a restringir o objeto de estudo, de forma a que
seja claro quais as informações que terão de se obter para concretizar os objetivos. Na
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formulação da questão de partida é necessário ter em conta que, como reforça Cardona
Moltó (2002), citada por Coutinho (2011), esta deve ser o mais específica possível e
fazer referência tanto ao objetivo principal da investigação como ao grupo sobre o qual
se vai intervir.
PLANO DE AÇÃO
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partilha de ensinar. Aulas de costura, felicidade e
conhecimentos 2. Estimular a teatro culinária, bem-estar na
com terceiros na motivação nos Atelier de teatro, cante terceira idade
saúde mental e idosos com a cante alentejano
motivação de implementação alentejano
idosos de um Atelier de
institucionalizados. propósito de Contos
vida. tradicionais
3. Estimular as e
competências lengalengas
remanescentes Atelier de
dos talentos Pintura
individuais Atelier de
4. Aumentar a Mezinhas
auto-estima Atelier de
com a Fabrico de
sensação do peões
sentido da vida
e de utilidade
pessoal
5. Promover
momentos de
proximidade
entre o grupo
em questão,
seus familiares
participantes
das actividades
e comunidade
em geral.
6. Criar um
grupo de teatro
7. Criar um
grupo coral
8. Tornar as
actividades
interessantes e
autosuficientes
SESSÃO 1
NOME DA SESSÃO: Aula de culinária #1
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propósito de vida e motivação para o dia a dia. Ao mesmo tempo os participantes aprendem a
fazer salgadinhos de qualidade. Estimular a pessoa, dar-lhe sentido de propósito e motivação.
MATERIAIS: manteiga; dentes de alho; louro; chouriço; carne de vaca picada; salsa
picada; cebola; farinha; sumo limão; sal; pimenta; noz-moscada; 3 ovos;pão ralado; óleo
alimentar para fritar
PROCEDIMENTOS: Na cozinha do lar a D. Maria recebe as “alunas” e vai
demonstrando como prepara a receita. As alunas vão tirando notas numa primeira fase.
Depois da teoria cada “aluna” faz os seus próprios salgados e no fim fazem um lanche
com todos os utentes do lar. Na próxima sessão irão a prender uma receita de pudim de
ovos.
SESSÃO 2
NOME DA SESSÃO: Aula de crochet #1
SESSÃO 3
19
SESSÃO 4
NOME DA SESSÃO: Aula de cante alentejano #1
OBJETIVO DA SESSÃO: O sr. Victor vai ensinar a 6 utentes do lar modas alentejanas.
O objectivo é formar um grupo coral masculino do Lar dos Valentes para animar as
festas e os próprios. O Sr. Victor era serralheiro civil, mas sempre adorou cantar e tocar
viola. Detém conhecimentos e um capital humano que deve ser partilhado. O objetivo é dar-lhe
um propósito de vida e motivação para o dia a dia. Estimular a pessoa, dar-lhe sentido de
propósito e motivação
MATERIAIS: voz
PROCEDIMENTOS: Os utentes serão encaminhadas para a capela do lar onde farão os
seus ensaios.
SESSÃO 5
NOME DA SESSÃO: Aula de poesia
OBJETIVO DA SESSÃO: A D. Maria José era professora. Sempre adorou poesia e
literatura e até chegou a editar três livros. A D. Maria José vai criar um Clube de leitura
no lar e recitar poemas. Depois todos tentarão escrever uma poema, uma quadra ou uma
simples rima. Estimula a cognição de todos, enquanto aprendem. A D. Maria José detém
conhecimentos e um capital humano que deve ser partilhado. O objetivo é dar-lhe um propósito
de vida e motivação para o dia a dia. Estimular a pessoa, dar-lhe sentido de propósito e
motivação
MATERIAIS: livros, papel, canetas
PROCEDIMENTOS: As alunas serão encaminhadas para a sala de leitura do lar, onde a
D. Maria José as espera e lá irão fazer as suas leituras.
SESSÃO 6
20
PROCEDIMENTOS: Os alunos serão encaminhadas para a sala de actividades físicas
do lar, onde a D. Rosa as espera e lá irão fazer as suas danças.
SESSÃO 7
NOME DA SESSÃO: Aula de jardinagem #1
SESSÃO 8
NOME DA SESSÃO: Aula de peões #1
OBJETIVO DA SESSÃO: O sr. José Gaspar, conhecido por todos por Pianadas,
desde sempre que faz piões. Um brinquedo dos seus tempos de criança que deve ser
prepétuado para não ser esquecido. Os netos e o seu amigo Manuel António serão os
seus alunos. O sr. José Gaspar detém conhecimentos e um capital humano que deve ser
partilhado. O objetivo é dar-lhe um propósito de vida e motivação para o dia a dia. Estimular a
pessoa, dar-lhe sentido de propósito e motivação
SESSÃO 9
NOME DA SESSÃO: Aula de mezinhas #1
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OBJETIVO DA SESSÃO: A D. Bárbara vem de uma geração de pessoas pobres e
com pouco acesso a remédios. Então as “mezinhas” eram o remédio. As netas e as
auxiliares do lar e a enfermeira serão as suas alunas. A D. Bárbara irá ensinar a fazer o
melhor chá de poejos para a tosse. A D. Bárbara detém conhecimentos e um capital humano
que deve ser partilhado. O objetivo é dar-lhe um propósito de vida e motivação para o dia a dia.
Estimular a pessoa, dar-lhe sentido de propósito e motivação
MATERIAIS: poejos secos, água quente, chávenas e um ingrediente secreto que só ela
sabe e irá revelar.
PROCEDIMENTOS: Na cozinha do lar a D. Bárbara recebe as “alunas” e vai
demonstrando como prepara a receita. Na próxima sessão irão aprender outra mezinha
para a tosse com “xarope caseiro de cenoura”.
SESSÃO 10
NOME DA SESSÃO: Criação grupo teatro
Nas universidades seniores inscritas na Rutis declaram ter como princípios e ser “como
respostas socioeducativas que visam criar e dinamizar regularmente atividades nas áreas
sociais, culturais, do conhecimento, do saber e convívio, a partir dos 50 anos de idade,
prosseguidas por entidades públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos" in RCM
76/29. A abordagem do envelhecimento ativo e bem-sucedido baseia-se no
reconhecimento dos direitos humanos das pessoas mais velhas, e nos princípios de
independência, participação dignidade, assistência e autorrealização. O planeamento
estratégico deixa de ter um enfoque baseado nas necessidades e passa a estar baseado
nos direitos, o que permite o reconhecimento dos direitos das pessoas mais velhas à
igualdade de oportunidades e tratamento de todos os aspetos da vida à medida que
22
envelhecem.” No nosso projeto os ideais são semelhantes só que o enfoque é diferente,
apostamos nas competências dos mais velhos como veículos e partilhar de
conhecimentos aos mais novos, porque acreditamos no capital humano das pessoas da
terceira idade.
Por outro lado, na questão da criação de um grupo de teatro e a elaboração de
dramatizações e textos para levar à cena, e tudo o que envolve esta arte do teatro, visam
benefícios psicoterapêuticos aos mais velhos, tanto no que diz respeito ao corpo, sendo
este a ferramenta principal do ator em cena, quanto no que tange aos seus aspectos
psicológicos e sociais. As atividades grupais vinculadas ao teatro entram nesse contexto
social como mais uma oportunidade de serviço. O mesmo acontece com o grupo coral,
onde o cantar se tornou o ponto alto do dia.
Zimerman (2000) reflete sobre a natureza gregária do ser humano, já que, desde o
nascimento, nós participamos de diferentes grupos, numa permanente busca de
identidade, a partir das relações com o outro.
Desta maneira, o teatro e o cante provocam mudanças no grupo como uma totalidade,
como se constituísse uma nova identidade coletiva única. Os participantes interagem
ativamente onde alguns, encarregues das atividades assumem postura de líderes. Na
verdade, o facto de sujeitos individuais, com pouco em comum terem sido
transformados num grupo, dota-os de uma conexão que melhora as relações
interpessoais, aumenta os laços afectivos e de pertença e união.
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CAPÍTULO IV- Conclusões da Investigação
CONCLUSÕES
Construir e definir um projeto permite que os idosos definam objetivos, metas, rotinas
que deem sentido aos anos que os esperam, e que não fiquem sentados à espera dos anos
passarem desprovidos de intenção ou sentido de vida.
O projeto de vida possibilita que cada um deles se reinvente, sem perder a sua
identidade. Cabe aos profissionais que trabalham com a população sénior, incutir a
criação destes projetos, investir tempo a conhecer o idoso, a construir com ele um
projeto de vida que lhe dê sentido aos anos que passam. Mostrar que nunca é tarde e
encontrar na sua história motivações e competências que os levem à criação desse
projeto. É essencial que os cuidadores, formais e informais, entendam que, como refere
Vieira e Margarido e Mendes (2009) et al Santos, R. (2017) “Entender o processo de
envelhecimento pressupõe que tenhamos consciência de que os idosos não envelhecem
todos da mesma maneira, ou seja, devemos perceber as suas diferenças individuais,
rejeitando a visão de uniformidade para os idosos (...). As pessoas idosas são mais
heterogéneas que qualquer outro grupo etário. (...) devemos pôr a tónica na experiência
subjetiva do envelhecimento. “Se na esfera social e familiar nos relacionamos com os
outros conforme a sua maneira de ser, a sua história e o seu passado, os profissionais e
cuidadores devem fazê-lo também com os idosos com os quais trabalham, de forma a
compreender muitos dos seus comportamentos, gerir a sua ação tendo em conta a
individualidade de cada um, com respeito não só pelo que foram, mas pelo que são hoje.
Deve destinar um tempo para o escutar e conhecer, ouvi-lo com atenção e deixá-lo
decidir, dar-lhe margem para escolher e optar. Não se pode verdadeiramente cuidar sem
os conhecer e darmo-nos a conhecer.
O presente estudo demostrou a importância da individualização no cuidado ao idoso,
seja na forma de o estimular, de o apoiar, de comunicar, pois só considerando a sua
individualidade é que poderemos criar uma relação de proximidade e capacitá-lo,
encorajá-lo a ser mais, a acreditar nas suas capacidades, a ter objetivos e planos. Após
esta análise, pode-se afirmar que os objetivos propostos para este estudo foram
concretizados.
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“Envelhecer bem depende do equilíbrio entra as limitações e as potencialidades do
indivíduo, o qual permitirá que, com os diferentes graus de eficácia, ele venha a lidar
com as perdas ocorridas com o envelhecimento.” (Santos, R. 2017).
As mais-valias deste método são óbvias a nível individual da saúde mental, mas é,
igualmente, primordial o seu cariz de relacionamento interpessoal entre o grupo,
sociabilização com a comunidade e de manutenção de contactos familiares.
Foram identificados como principais contributos, o aumento da motivação, a
diminuição da depressão, a alteração do comportamento dos participantes, o aumento da
capacidade comunicação e socialização, o fortalecimento de laços e do sentimento de
pertença e a promoção de momentos de diversão.
O presente estudo constituiu uma mais-valia, no sentido em que, devido ao aumento no
número de idosos institucionalizados, as instituições de apoio têm de obrigatoriamente
repensar as suas atividades e intervenções.
É tempo de cuidar do idoso considerando a sua heterogeneidade, realizar projetos de
intervenção individualizados, com o idoso.
Para estudos futuros, seria pertinente estender o projeto a idosos integrados na
instituição.
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Bibliografia/Webgrafia
https://blog.psicologiaviva.com.br/motivacao/
https://www.wikiwand.com/pt/Demografia_de_Portugal
https://www.google.com/search?client=firefox-b-
d&q=universidades+seniores+em+portugal
FREUD, Sigmund. Psicologia de grupo e análise do ego. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
(Obras completas de Sigmund Freud, v. 18)
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