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CTESP

PSICOGERONTOLOGIA

Fundamentos Psicológicos
em Terapias Expressivas e
criativas
DOCENTE: Drª Susana Justo
Henriques
Expressão musical DISCENTES: Gabriela Saraiva e
Jéssica Pereira

Anna Kendrick-Cups
(Pitch Perfect´s- “When im gone”)

ANO LETIVO 2021/22


Índice

Enquadramento………………………………………………………….2
Benefícios da terapia para a pessoa idosa……………………………....3
Tipologia………………………. ………………………………………4
Destinatários…………………………………………………………… 4
Metodologia…….……………………………………………………....5
Objetivos……………………………………………………….……….5
Setting……………..………………………….……………….……… ..5
Especificação / operacionalização da atividade……………………….5
Material…………………………………………………………………6
Bibliografia……………………………………………………………..7

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Enquadramento
“A música liberta da doença por algum tempo – e não só a música, mas a imaginação da
música”. (Sacks, 2012)

A música é composta por três elementos básicos: Harmonia, Melodia e Ritmo.


Harmonia é o conjunto agradável de notas musicais, por exemplo, acordes de viola.
Melodia são notas tocadas separadamente tais como em piano, saxofone e voz, por sua
vez o ritmo é a noção métrica-temporal da música, como as batidas. (Miranda, 2013)
Neste trabalho todas as componentes da música estão presentes, porém o ritmo é o
protagonista desta atividade de expressão musical.
Segundo Miranda (2013) o processamento musical envolve três etapas: percepção
musical, reconhecimento e emoção. O córtex auditivo primário e o giro temporal
superior são áreas responsáveis pela percepção musical. O córtex primário é sensível a
percepção do tom, enquanto o de associação auditiva é sensível aos processamentos
mais complexos lineares como a melodia e não lineares como a Harmonia. O ritmo é
processado no cerebelo, nos gânglios basais e nos lobos temporais superiores. O
reconhecimento música e a emoção envolve o orbito-frontal e o sistema límbico, eles
estão envolvidos com a memória musical e com as emoções ligadas a música.

Fig. 1-Divisão do encéfalo e suas áreas e cortex funcionais

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Benefícios da terapia com música para a pessoa idosa

O aumento da longevidade na população não tem apenas como consequência o aumento


da população idosa, mas também, por inerência, o aumento de doenças crónicas nessa
mesma população. Assim, para além das terapêuticas medicamentosas é necessário
introduzir na vida destas pessoas terapêuticas não-medicamentosas que possam, de
facto, contribuir para a melhoria geral do estado da saúde e melhor qualidade de vida
nesta etapa do ciclo da vida.
As terapias através da música, e a expressão musical neste sentido, já foram
cientificamente estudadas e aplicadas com efeitos muito positivos, quer a nível físico
quer mental.
Côrte e Lodovici Neto (2012) consideram que a produção científica atual, acerca do
tema, procura compreender a importância de tal terapia que leva à melhoria da saúde,
sob perspectiva positiva. Estes trazem o tratamento como ação que minimiza o
sofrimento, o que implica em uma melhor relação consigo e com quem o cerca. Além
de tentar mostrar que o doente pode restabelecer-se e manter ou voltar a ter contacto
com o mundo, numa aproximação com a realidade, estabelecendo laços afetivos, a
ponto de não se centrar só na doença minimizando seus efeitos, o que pode reverter de
forma positiva.
De acordo com o neurologista Oliver Sacks a música é essencial aos pacientes de
doenças crónicas, já que esta faz com que os mesmos se sintam bem, livres,
independentes e vivos. A música quando ouvida é como se todos os sintomas existentes
desaparecessem.
Côrte e Lodovici Neto (2012) mostram ainda que o tratamento de pessoas com doenças
crónicas no uso da música acontece por esta terapia ser algo que afeta todo o cérebro.
Côrte e Lodovici Neto referem ainda que nas suas experiências com os pacientes foi
possível perceber que alguns idosos que apresentavam, por exemplo, acinesia unilateral
ao ouvir música conseguiram fazer com que o seu corpo funcionasse em perfeita união.
Em músicos com demência, apesar da perda da memória semântica, não há perda da
memória musical (Weinstein et al., 2011).
As experiências de Sacks com seus pacientes no estudo apresentado por Côrte e
Lodovici Neto informam que a música faz uma excelente via de tratamento do doente,

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fazendo com que este possa conviver melhor com a doença, tal terapia traz a estes
indivíduos melhor reabilitação minimizando seu sofrimento. Estas práticas terapêuticas
vêm trazendo resultados positivos no tratamento das patologias, que afetam a
capacidade física, cognitiva, psicológica ou subjetiva das pessoas.
A depressão é uma das patologias frequentes nesta população idosa e segundo
Noordhoek e Jokl, pode-se considerar que a interação dessas pessoas com a música é
muito impactante e positiva na saúde mental “já que esta interfere ao mesmo tempo, nos
aspectos emocionais, físicos e sociais da população analisada”. Esta interfere
directamente na recuperação da memória, autoestima e neuroplasticidade atuando como
ferramenta de prevenção, reabilitação e intervenção.
A música promove a libertação de dopamina inundando assim os sistemas
dopaminérgicos, o que faz também uma óptima opção para tratamento de pessoas com a
doença de Parkinson.
A música pode ser um tópico muito individual. Cada pessoa, de acordo com a sua
personalidade, experiência de vida, ambiente ou influências tem o seu gosto e estilo
musical. Uns preferem rock, outros música pop, outros música popular e alguns música
clássica. O que é facto é que é inegável a importância do papel da música na vida do Ser
Humano e como ela pode ter uma papel terapêutico, curativo ou até mesmo potenciador
cognitivo como, por exemplo, o chamado “Efeito Mozart”, descoberto em 1993 por
Rauscher, que explica o aumento do raciocínio humano provocado pela música.

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Atividade de expressão musical “Cups”
Tipologia
Atividade de expressão musical com recurso a coreografia usando apenas as mãos e um
copo. O copo serve de “instrumento” musical.

Metodologia
Com o recurso à música da interprete Anna Kendrick (Pitch Perfect´s- “When im gone”)
e à coreografia Cups. Esta tarefa visa criar uma dinâmica com um copo em que é
necessário atenção, memória, concentração, coordenação e ritmo para desenvolver a
atividade.

Destinatários
Esta atividade destina-se a idosos, inclusivamente idosos cadeirantes ou acamados.

Setting
Uma mesa, uma cadeira e um copo de plástico. A pessoa está sentada à mesa e com um
copo vai copiando os movimentos e realizar, com ritmo e ordem correta, o passo-a-
passo com o copo de plástico.

Objetivos
Treinar a memória e a coordenação motora
Melhorar a atenção e concentração
Aumentar a autoestima
Melhorar a saúde
Arrancar sorrisos

Especificação / operacionalização da atividade, com descrição das


várias fases
A ideia é criar uma sequência de movimentos, com ritmo, coordenação e lógica ao
compasso de uma música. Utilizando apenas as mãos, um copo plástico e o bater
ritmado no tampo de uma mesa.

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1ª parte
Palma, palma
Bate na mesa (mão direita), bate na mesa (mão esquerda), bate na mesa (mão direita)
1,2,3

2ª parte
Palma, pega no copo, move o copo e solta

3ª parte
Palma, pega na lateral do copo com a mão direita, bate com a boca do copo na palma da
mão esquerda, vira o copo e pousa na mesa com a boca do copo virada para cima.

4ª parte mão direita pega na “boca do copo” e entrega o fundo do copo para a mão
esquerda, bate a mão direita na mesa e cruza o copo por cima do braço direito e coloca o
copo na mesa.

A pessoa está sentada à mesa e com um copo vai copiando os movimentos e realizar,
com ritmo e ordem correta, o passo-a-passo com o copo de plástico. Com a integração
de cada parte da coreografia vai-se gradualmente aumentando a velocidade do ritmo até
se conseguir acompanhar a música “When im gone” de Anna Hendricks.

Material
Mesa
Cadeira
Copo plástico
Coluna de som/telemóvel com youtube ou PC com colunas e wifi

Estudo de Caso (Memórias musicais em pessoas idosas)


https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.1/14853/1/11.%20C%C3%A1tia%20Caro%20
Mem%C3%B3rias%20Musicais%20%28Revisto%29.pdf

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Bibliografia

Miranda K., O Poder da Música no cérebro, 2012


http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/arquivos/1201

Boggio P. e Rocha V., A música por uma óptica neurocientífica, 2013


https://www.scielo.br/j/pm/a/4MYkTmWFfsG4P9jfRMdmh4G/?lang=pt

Revista Enfermagem Contemporânea, Salvador, dez. 2012


file:///C:/Users/gabri/AppData/Local/Temp/46-Texto%20do%20Artigo-80-2-10-20121218.pdf

Scientific Eletronic Library Online

https://www.scielo.br/j/pm/a/4MYkTmWFfsG4P9jfRMdmh4G/?lang=pt

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